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Quem somos nós afinal? enraizado em cada um(a) de nós.

Fazemos
O V.U.L.V.A. é um coletivo que tem a porque acreditamos que não é apenas
EDITORIAL proposta de reforçar o feminismo e de
incentivar a discussão e informação sobre a
comparecer aos shows, comprar discos, fazer
o social e ir embora. Fazemos porque
opressão de gênero. Essa idéia surgiu há mais acreditamos que é responsabilidade de cada
de um ano atrás quando resolvemos dar a cara um(a) de nós resistir e revidar.
a bater e iniciar um programa de rádio feminista #1
chamado V.U.L.V.A., apresentado na Ralacoco Ufa! Finalmente, depois de muita correria,
- Rádio Laboratório de Comunicação conseguimos terminar a edição de estréia do
Comunitária, no espaço físico da UnB. A idéia zine. A nossa missão foi dificultada por
foi crescendo e hoje temos planos de realizar inúmeros motivos: profissionais, educacionais,
outras formas de intervenção, pois além da falta de tempo e falta de vergonha na
entendemos que com ações práticas podemos cara. Mas o principal motivo é que a gente
contribuir muito mais. ainda está se encontrando como coletivo, e
O maior objetivo do coletivo é exatamente nenhuma de nós tem muita prática nesse
a ação autônoma e independente, é dar maior negócio de produzir todo o zine, passar de
visibilidade à discussão sobre os papéis de maneira clara pro papel o que a gente pensa,
gênero e incentivar outras iniciativas, montar, ilustrar... Mas a vontade era grande.
alternativas com um espírito faça-você- Vontade de ter voz e contribuir com algo que a
mesmx, como forma de resistência e gente acredita mesmo, e aí no final das contas
conscientização. Entristece ver a proliferação valeu a pena quebrar a cara até que saísse
de um discurso libertário hipócrita que se algo. É isso... aqui está uma mostra de que
resume a uma pancada de frases feitas, você também pode fazer, e um pequeno
quando na prática o sexismo continua esboço do que sentimos e acreditamos.
Aah... o mês de maio!
O mais fácil foi escolher a temática que
iríamos abordar, afinal, o lançamento do zine
acontece exatamente no fatídico mês de maio.
Um mês envolto por uma aura supostamente
feminina. Mês das mães, das noivas, um mês
rosa e perfumado. Nessa época todos os
estereótipos imagéticos são reafirmados. A
noiva emocionada entrando no altar de branco,
a noiva não tão tradicional assim, a noiva que
se prepara pra ser mãe e aquela que já é mãe.
A imagem da boa mãe, a mãe ternura, a mãe
moderna, a mãe que exige um par de sapatos,
a mãe do anel de ouro, a mãe do cartão
perfumado e cheio de enfeites. A mãe que “é
tudo igual”.
Um monte de imagens e um monte de
temas que nós poderíamos abordar. Por fim
fizemos escolhas arbitrárias mesmo, que
apesar de não abarcarem todas as
possibilidades, podem contribuir um pouco
para uma reflexão sobre o que representa esse
mês, suas instituições e todas as imagens de
mulher presentes nele.
Todas as Imagens de
~
Mae do Zeitgeist.
Pensem nas mães “perversas”, como conceito de mãe na literatura judaico-cristã.
Catarina, A Grande! Pensem nas mães E agora pensem em tudo que acreditamos
madrastas que nos desenharam na sobre todas as mulheres (todas) a partir
memória no momento que narravam delas. Mas parem de pensar nas flores e no
aqueles clássicos contos infantis. Pensem tom cor-de-rosa que supostamente
nas mães feministas, oh sim, elas existem: combinam com as mães, porque muitas
Betty Friedan, por exemplo, foi mãe. E ficou mães gostam mais do azul e de outros tons
bastante aborrecida quando percebeu que frios e de outras coisas profundas, que não
depois que isso aconteceu ninguém cabem na bolsa ou no cartão do “dia das
esperava mais nada dela. Pensem nas mães”. Pensem também que há por aí até
mães que defendem a legalização do mães que não tem o tal instinto materno e
aborto e que fazem isso apenas por outras que nasceram, mas não
apreciarem o conceito de liberdade já que reproduziram gente. Pensem nas mães da
gostam de ser mães e escolheram isso publicidade do dia das mães. O que ela
quando quiseram. Pensem no filho perdido consegue nos vender, além do produto a
de Frida Kahlo e na dor que ela sentiu. ser comprado?
Pensem nas mães da história da pintura, * Zeitgeist é um termo alemão que significa
basicamente “O espírito do tempo”. Ele se refere a
nas “Madonas”, a tradicional imagem da uma visão de mundo particular predominante em
virgem com o menino, para lembrar de um certo período socio-cultural.
todas as outras mães que representam o
Os "rituais" são conjuntos de consumindo produtos de vitrine com o

Casamen o
palavras, ações e posturas de forte dinheiro do marido. Uma menina é
carga simbólica e que demonstram a criada para ser uma boa ama de casa,
transição de uma fase para a outra, seus brinquedos são panelinhas de
como por exemplo, o casamento, que é plástico, carrinho de bebê e para as
futuras dondocas um mini kit de
O ri ual do
um dos rituais de passagem mais
importantes da nossa sociedade. É a maquiagem infantil. Na adolescência
agregação de duas famílias, onde um ela é entupida com revistas de fofoca e
beijo sela as palavras "até que a morte dicas pré-adolescentes de "como
os separe" ou "felizes para sempre, conquistar aquele gato", assim é
amém", o que de maneira mais prática formada em sua mente a idéia de amor
implica basicamente em dividir a ideal/eterno onde ela só estaria
mesma cama e conta corrente. Além finalmente completa (ou feliz pra
disso, a pressão social de "juntar as sempre) com isso bem claro na mente
escovas de dente" está relacionada à dela.
passagem para a "adultez", uma Nascer, casar e procriar... o ciclo
mudança de status tanto social quanto não fala nada sobre felicidade, a
emocional. sociedade é que vincula essa idéia ao
A noiva era tida como uma deusa, termo "casar". Mas para casar não é
mas logo depois do beijo conjugal preciso só o amor e para ser feliz não é
encontra-se na condição de criada- preciso do amor de outra pessoa, só
chefe ou dona de casa, adquirindo uma que na nossa cultura o amor conjugal é
imagem dissimulada e mais servil, irmão siamês da felicidade plena.
ocupando suas horas ociosas Ninguém quer envelhecer sozinho,
ainda mais uma mulher que tem como "papel na "Eu sei que ele me ama. Ele não diz muito e nós
vida" deixar sua semente no mundo. Ela deve "laçar" já passamos da fase dos agrados e dos presentes.
(como se tivesse que ir a caça) um homem para Mas ele nunca fez nada que feriu a mim ou às
tornar-se seu marido. Porém, se ela permanecer crianças". Essa é uma situação de conformismo,
sem se casar, sua alma gêmea deve ter sido uma mas ela acredita ainda no seu ideal romântico, onde
vítima fatal de uma guerra ou está desperdiçando feliz realmente é o casal que vive economicamente
sua vida com a pessoa errada. Algumas das muito bem, sempre juntos e bem vestidos, morando
mulheres que “conseguiram” casar fazem disso um na casa dos sonhos .A grande farsa é mostrar que
ato de fé e afirmam que mesmo nas dificuldades do você deve encontrar a pessoa que vai conseguir
dia-a-dia, estão muito felizes. A verdade passar o máximo de tempo com você e vice-versa da
é que, por mais desapontadas que maneira mais romântica e plena possível.
elas estejam, o fato de admitir o
fracasso é abandonar
todo o esforço que
tiveram ao longo
da sua vida.
Quando a gente decidiu o tema desse Essas perguntas se resumem no

Familia=Prisão? primeiro zine eu logo me prontifiquei a


escrever algo sobre família, tentar falar um
pouco sobre como é estreita essa noção de
que uma família igualitária é aquela em que
seguinte: será que é possível estabelecer
uma relação livre e igualitária de fato dentro
de um casamento/ namoro/relacionamento
e da lógica da família como nos foi
o homem concorda em lavar as louças no apresentada desde pequenxs e como hoje
fim de semana. Questionar um pouco a conhecemos? Sendo a sociedade em si
aquela crença na família da “mulher sexista, e sendo a família uma célula de
moderna” das revistas femininas. Uma reprodução dos valores dessa mesma
imagem que abafa o debate sobre a sociedade, como a gente pode combater o
estrutura de poder e dominação presente sexismo ao mesmo tempo em que fazemos
na família nuclear, baseada na estrutura parte e, de certa forma, “colaboramos” com
papai, mamãe e filhinhos. os valores dessa família? Se as relações
Mas aí o tema foi crescendo e se humanas são mesmo baseadas sempre em
complicando: família, família nuclear, relações de poder, que esperança há de
família e papéis sociais, família e liberdade, que os relacionamentos, por mais livres que

´-
família e relações de poder... É impossível acreditamos que sejam, possam se livrar
escrever tanto em um espaço tão pequeno. dessa hierarquia de poder?
Então resolvi colocar pra jogo algumas Existem alguns questionamentos que
perguntas que eu sempre me faço, na o feminismo coloca sobre esse assunto e
posição de uma mulher que namora um que podem ajudar na nossa reflexão
homem e que vive isso na pele todo dia, pessoal. Algumas teorias partem do
mulher que se confronta e que é pressuposto de que a família como
confrontada. instituição é o principal espaço para o
o controle das mulheres e de que o casamento é um contrato para legalizar esse domínio. Em uma
análise material, assume-se que a família nuclear como hoje a conhecemos nasceu com a
propriedade privada. Todo o sentimentalismo e moral associados à noção de família, portanto,
estariam encobrindo o verdadeiro interesse econômico por trás dela, uma maneira de assegurar aos
homens herdeiros
legítimos através do
confinamento da
mulher ao privado e
da exigência de
fidelidade por parte
dela (o que não se
estende tão rigi-
damente ao ho-
mem). Assim, o
casamento e a fa -
mília em sua própria
origem e finalidade,
possuiriam padrões
diferentes para a
conduta sexual fe-
minina e masculina,
impossibilitando a
igualdade plena.
De acordo com essa ótica, a proposta de uma
reforma legal e de direitos iguais no casamento
não soluciona o problema. Existe uma autoridade
personificada nos pais, maridos e parceiros, que
não é compatível com a emancipação. A solução
seria uma destruição da concepção do pai chefe
de família que encaminha o filho a uma existência
independente e entrega a filha a outro homem.
Mais importante do que procurar uma
conclusão ou até mesmo uma solução, é repensar
as relações de poder e aplicar os frutos dessas
reflexões dentro das nossas próprias vidas e
relacionamentos pessoais. Cabe refletir se há a
necessidade de não haver nenhuma família
absolutamente, para que se destrua a lógica de
organização social baseada na troca de mulheres,
ou se há esperança de existirem relacionamentos
igualitários dentro da sociedade como está
organizada. Um primeiro e importante passo é
tentar construir relações mais livres, abertas ao
diálogo e auto-questionadoras, sejam elas homo
ou hétero, sejam mais ou menos marcadas pelas
relações de poder existentes na nossa dinâmica
social.
ins.tin.to assim se estabelece aquela noção dos
s. m. 1. Estímulo ou impulso natural, opostos natureza X cultura. Se nasceu mulher
involuntário, pelo qual homens e animais cumpra seu papel natural de criação, proteção
executam certos atos sem conhecer o fim ou o e cuidado dos filhos; enquanto homem, você
porquê desses atos. 2. Aptidão inata pode escolher, afinal não é movido por
“estímulos ou impulsos naturais involuntários”,
mãe você é racional, está bem além disso, coisas
s. f. 1. Mulher ou fêmea de animal que teve um da evolução...
ou mais filhos. 2. Fig. Causa ou origem de O que é instinto é natural, não pode ser
alguma coisa. 3. Mulher generosa, que mudado. E daí percebemos a utilidade do
dispensa cuidados maternais. discurso de um suposto instinto materno, que
confina a mulher ao privado e ao cuidado dos
Esses são termos na boca do senso comum, filhos, e impulsiona aquela senhora a seguir
além de institucionalizados no dicionário. E sua sina: a de lembrar seu papel no processo
nada mais natural que ser mulher. O tal instinto reprodutivo, que seja, não somente cuidar,
materno que vira-e-mexe é invocado na mídia, mas viver para o outro. Quem não é mãe,
quando uma senhora salta em um córrego simplesmente não é. É um ser incompleto, que
para salvar seu filho de um afogamento, ou é não cumpriu seu ciclo natural. O discurso da
utilizado como base para julgamentos de valor naturalidade da maternidade insiste em nos
quando uma mãe “desnaturada” joga um obrigar a corresponder aos atributos de mãe:
recém-nascido no lixo em sua cidade. A mãe docilidade, fragilidade, doação... Ele quer nos
assim é natureza, mesmo desnaturada. E ensinar a “ser mulher de verdade”.
Alguns fatos bem pessoais de mundo onde caibam vários

violênciaS uns tempos pra cá me fizeram refletir


bastante nesse aspecto, nessa
violência implícita que assola
inclusive esse espaço que nós
mundos”, mas devido a essas
experiências fica a questão, temos
mesmo consciência do que estamos
fazendo?!
chamamos de libertário, que carrega No Brasil a cada 4 (quatro)
todos os nossos sonhos e minutos uma mulher é agredida
expectativas do que queremos para em seu próprio lar por uma
o mundo lá fora. Digo lá fora como se pessoa com quem mantém uma
estivesse de fato fora dele por não relação de afeto.
querer ou não me sentir parte dele (http://www.benditazine.com.br)
como é, como alguém que espera Uma violência doméstica que
construir e resistir às coisas como acontece em baixo de nossos
elas são. Em vista do que narizes, com pessoas próximas e
desejamos, toda essa estrutura passa como se fosse algo que não
falida deve ser minada nas suas nos diz respeito já que parece
brechas e nossa arma é recriar esse cercada pelo âmbito particular da
pequeno mundo que, como diria o família e, seguindo aquele velho
velho lema zapatista, se torne “um ditado da sabedoria (?) popular, “em
briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. libertários, anti-sexistas, anti-homofóbicos, anti-
Mais do que isso, essa violência doméstica está racistas e todas essas negações de uma
marcada por uma reafirmação de uma estrutura sociedade conservadora que afirmamos não
familiar tradicional, hierárquica e dominadora que querermos, acabamos reproduzindo até pelo
se manifesta através de uma violência física e simples fato de não discutirmos isso?! Talvez não
principalmente moral em que um homem se vê no tanto a violência física, mas essa violência
direito quase de propriedade em relação à mulher simbólica que se manifesta em uma indiferença
(...) hipócrita acaba sendo tão perigosa quanto.
E mais do que muita gente fala e questiona Mais do que pensar em uma violência
nessas conversas informais, onde as opiniões explícita contra as mulheres é pensar nessa
acabam sendo mais sinceras, a falta de informação violência simbólica e cotidiana que nos viola e
contribui para se pensar que esse tipo de violência ataca, a todxs, que nos separa em guetos e
só acontece de forma irregular, e quando se fala estigmas específicos. Sendo de extrema
nem parece tão violenta assim... “87% dos casos importância para repensarmos esse espaço
de violência doméstica foram cometidas pelos libertário que pretendemos construir, tomemos
maridos e companheiros das vítimas”. Nesses nota dessa violência que estigmatiza, marca e
dados fica uma reflexão desses valores que ataca tanto homens quanto mulheres. Não
envolvem a família, o casamento e a própria queremos ver todos os homens como agressores
maneira de como lidar diante dos fatos. Quando se em potencial, nem sermos vistas como vítimas
diz companheiro não se espera ouvir agressor. E propensas sempre; revisitar e repensar nossas
de onde vem tanta violência e descaso? Será que ações em relação a/ao outrx dentro do nosso
não estamos predispostos, mesmo implicitamente, espaço é construir de fato uma zona autônoma,
a certos valores que mesmo quando nos dizemos livre e concreta, precursora de mentes liberadas
que estão dispostas a construir um mundo novo.
WenDo Brasil - Auto-defesa feminista Ligue 180
mais informações: Serviço de orientação às mulheres em situação de
V.U.L.V.A. Recomenda
http://www.wendobrasil.rg3.net/ violência da Secretaria Especial de Políticas para
as Mulheres. Funciona todos os dias, inclusive
Para assistir: finais de semana e feriados, 24horas.
Estamira. O Documentário de Marcos Prado
acompanha o tratamento psiquiátrico de uma
catadora de lixo diagnosticada como louca. Ao
longo do filme conhecemos um pouco de sua
história de vida marcada pelos mais diversos tipos
de violência.

Na web:
Menstrual Attack - Blog de divulgação de bandas
com mulher(es) em sua formação.
www.menstrualattack.blogspot.com

Zine Ao Ataque
Feito por meninas de várias cidades do Nordeste,
que apesar da distância física conseguem
produzir um material bem bacana. O zine trata de
assuntos como anarco-feminismo e libertação ani-
mal.
Blog: www.coletivoaoataque.blogspot.com/
Quem fez essa bagaça: Alaíse, Kika, Karol, Jully. Não jogue fora,
Quer reclamar, elogiar ou dar pitaco? Escreve aí! passe adiante!
A gente quer agradecer a todo mundo que ajudou a fazer isso aqui e a quem incentivou depois
do informativo, mandou e-mail, reclamou, sugeriu... São muitas pessoas e o espaço não foi
suficiente. Obrigada Marcão pelos toques de profissional, obrigada Poney por ter ajudado pra
caramba nas montagens e obrigada Felipe CDC pela chance de lançar o zine no Headbangers.
©
Copyleft V.U.L.V.A.-Todo conteúdo pode ser reproduzido livremente, basta citar a fonte.

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