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Introdução
Heresias haviam surgido na igreja de Colossos, e esses falsos ensinos estavam
ameaçando a igreja, desencaminhando os crentes novos a um sistema religioso
sincrético, ou seja, uma mistura de crenças religiosas e filosóficas provenientes de
culturas orientais, gregas, romanas e judaicas. Esses falsos ensinos tinham vários
componentes principais, todos interligados de várias maneiras, tais como: Gnosticismo,
cultos aos anjos, negação da supremacia de Cristo, ascetismo, esoterismo, e outros.
Paulo, como veremos no decorrer do estudo, procura combatê-los.
I – A CARTA DE PAULO
1. Lugar de origem
Esta carta é conhecida como pertencente a categoria das “cartas do cativeiro” ou
“cartas de prisão”. Os estudiosos apontam três lugares como os mais prováveis para
procedência desta carta:
Cesaréia – Paulo, depois de ser preso em Jerusalém (At 21.27 – 40), passou dois
anos na prisão de Cesaréia, antes de ser levado a Roma (At 23.33 – 26.32),
assim, esta cidade é vista como um lugar favorável de onde deveria ter sido
escrita esta carta.
Há vários indícios que aprovam esta opinião. Primeiro, a quantidade de pessoas
que iam juntos com Paulo a Jerusalém, e que estiveram com ele na prisão na
Ásia (At 20.4; 24.23; ver Cl 4.7 – 14; Fm 23.24). Segundo, as atividades
missionárias que Paulo planejava, ao escrever Colossenses e Filemom, e a
remessa dessas cartas para Colossos, por meio de Tíquico, fazem sentido se o
ponto de partida é Cesaréia. Terceiro, Onésimo teria vindo a Cesaréia porque
tinha amigos dessa área, e teria voltado, depois, a Colossos com Tíquico.
Éfeso – Os indícios de que Paulo foi encarcerado na cidade de Éfeso, não tem,
no entanto, nenhuma sustentação bíblica. Atos não relata nenhuma prisão do
apóstolo em Éfeso. Tudo que se pode dizer é que as lutas que Paulo sofreu
nesta cidade (At 19.23–41) podem ter-se refletido na correspondência dele com
os Coríntios (1Co 4.9-13; 2Co 1.8-10; 4.4-12; 6.4,5; 11.23,25). A referência a uma
luta contra “bestas” em Éfeso (1Co 15.23) pode ser metafórica, indicativa de
confronto verbal com seus adversários, em vez de luta de caráter físico com
animais, como ocorria na arena.
Roma – O argumento mais forte que é defendido pela maioria dos estudiosos
no assunto é de que Paulo escreveu esta carta enquanto estava preso em Roma
(ver At 28.16-31), aguardando comparecer perante Cesar (At 25.11,12). O
cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos, em
nome do apóstolo (Cl 4.7). A relativa liberdade que Paulo usufruía na prisão, e o
companheirismo de seus colaboradores, fazem de Roma um lugar provável.
2. Autoria.
A própria carta afirma haver sido escrita por Paulo (1.1; 4.8). Apesar da carta ser algo
diferente das outras que são atribuídas a Paulo, tais como Gálatas, Coríntios,
Filipenses. No entanto, alguns eruditos acreditavam que a ameaça dos falsos ensinos
sofrida pelos crentes de Colossos, exigia que Paulo declarasse e aplicasse sua epístola
de modos diferentes. Outro argumento a favor da autoria paulina, defendida por muitos
estudiosos do assunto, é a íntima conexão existente entre Colossenses e Filemom.
Visto que a autoria paulina de Filemom raramente é questionada, entende-se que
Colossenses também veio da mão de Paulo. O nome de Timóteo está incluso nas duas
epístolas (Cl 1.1; Fm 1). Sem falar que, Onésimo, tema principal da carta a Filemom, é
mencionado nesta epístola como membro do grupo em Colossos (4.9).
4. O propósito da carta.
O principal propósito desta carta estava ligado com o relatório de Epafras a respeito
dos falsos ensinos que ameaçavam aquela igreja. Assim, Paulo tinha como objetivo
advertir os irmãos contra essas heresias, e fazê-los lembrar-se da verdade do ensino
que já haviam recebido, e no qual agora viviam (Cl 1.5). O apóstolo Paulo procura
esclarecer-lhes mostrando que Cristo tinha vencido os poderes do mal através de sua
morte na cruz (Cl 2.15). Isto significa que os falsos ensinos e as leis escravizadoras
provenientes da sabedoria humana, e dos espíritos que governam o universo ( Cl 2.8),
nenhuma autoridade exercem sobre os crentes (Cl 2.10); a prisão em que antigamente
atormentavam as pessoas, na forma de débitos não-pagos, foi cancelada (Cl 2.14).
Paulo quer que os irmãos entendam esta verdade, pelo que os leva a lembrar-se de
que devem andar na luz das tradições que receberam sobre Cristo e o Evangelho. Pois
um dos grandes perigos dos falsos ensinos em qualquer congregação é que eles
distorcem o plano de Deus, transformando-o em exclusivismo. Em oposição a isso,
Paulo é inspirado a escrever que os crentes já foram circuncidados na união com Cristo
(Cl 2.11,12).
Colossos era uma cidade situada nas proximidades do rio Meander, no vale do Lico,
dezoito quilômetros a leste de Laudicéia, e a cento e sessenta quilômetros a leste
Éfeso, no sudoeste da Ásia Menor, hoje é uma região pertencente à Turquia
ocidentental. Por está localizada em uma rota comercial, foi não só proeminente, mas
também próspera até o século VIII d. C., quando ocorreu uma mudança no sistema de
estradas que favorecia a Laudicéia.
Os registros históricos indicam que essa cidade desfrutava de imensa riqueza e
prestígio, nos tempos antigos (anterior a 400 a. C.). Graças a seus interesses
comerciais, Colossos havia sido uma cidade cosmopolita importante, que incluía
diferentes elementos religiosos e culturais. Em torno do ano 200 a. C., Antíoco III havia
fixado cerca de 2 mil judeus nesta cidade. Isto explica o por que do governador romano
proibir exportação de dinheiro destinado a pagar o imposto do templo, pois os judeus
já haviam crescido a tal ponto que já existiam cerca de dez mil naquela área da Frígia.
Porém, durante o período helenístico e romano, a importância de Colossos havia
diminuído. Na época do apóstolo Paulo, era a cidade menos importante da área.
Registram os historiadores que ela havia sido grandemente destruida por um terremoto
em 61 d. C., diferente das cidades vizinhas de Laudicéia, e Hierápolis (cerca de vinte
e cinco quilômetros).
As descobertas arqueológicas na cidade têm-se limitado a algumas inscrições, a
algumas moedas e uma igreja da antigüidade. Porém, mesmo limitadas, essas
descobertas dão maior significado à carta de Paulo aos Colossenses.
III- A IGREJA EM COLOSSOS
IV – AS HERESIAS COLOSSENSES
1. Gnosticismo.
Gnosticismo é o nome que sé dá a um sistema religioso complexo, sincrético, em cujo
ensino o conhecimento (Gnosis) assume importância crucial. Este intento da heresia
filosófica colossense pode explicar algumas referências como “filosofias e vãs
sutilezas” (2.8), “tradição dos homens” (2.8), julgamentos “pelo comer, ou pelo
beber” (2.16, 20-22), pessoa “rebelde inchado na sua carnal compreensão” (2.8),
“aparência de sabedoria” (2.23).
Ninguém conhece com certeza a origem do gnosticismo. Alguns acreditam que
começou com um grupo herético dentro do judaísmo. Os proponentes dessa teoria
citam o apocalipse de Adão e A paráfrase de Sem como antigos documentos
gnósticos que revelam uma origem judaica. Outros dão a ele um contexto cristão. Uma
forma incipiente pode ter-se infiltrado na igreja em Colossos ou pode ter tido uma base
completamente pagã. Durante os séculos II a IV o gnósticismo foi considerado uma
séria ameaça para os pais da igreja como: Agostinho, Justino Mártir, Irineu,
Clemente de Alexandria, Tertuliano e Orígines.
4. Ascetismo (2.16,23).
A palavra ascetismo vem do grego ÁSKESIS, EXERCÍCIO (espiritual). Doutrina que
disciplina criticamente a prática da ascese (seqüência de exercícios que tem como
objetivo levar a pessoa à realização plena da virtude e a mortificação de
certos desejos da carne). Os seguidores desta heresia ensinavam aos cristãos a
desprezar os aspectos corporais e sensíveis da vida humana. Alguns ascetas rejeitavam
a encarnação de Cristo, pois, para eles, se a carne é má e seus desejos também, então
Cristo não veio em carne, pois isso faria de Jesus uma pessoa má. Outros ascetas
entregavam-se a toda sorte de impurezas a fim de mortificar o corpo, era uma espécie
de prostituição cultual. No entanto, tais atitudes estavam trazendo um grande prejuízo
espiritual aos que tais atos praticavam.
Segundo o evangelista João “o verbo se fez carne e abitou entre nós” (Jo 1.14). A
Bíblia também nos exorta a vivenciarmos uma santificação completa, “espírito, alma
e corpo” (1Ts 5.23), pois o nosso corpo é templo do Espírito Santo, e assim sendo, o
nosso corpo pertence ao Senhor (1Co 3.16; 6.19,20; Cl 2.17). Concluímos, portanto, que
a ascese não preenche os requisitos bíblicos de uma vida cristã verdadeiramente
santificada.
2. Esoterismo (2.8).
A idéia básica deste termo é a da posição de conhecimento ou verdades que
permanecem oculta ou veladas (esotérico = conhecimento público) para os que não
foram designados a recebê-los.
No pensamento antigo, o termo STOICHEIA era os princípios básicos ou fundamentais
do conhecimento e da criação, constituindo a totalidade do mundo. O sincretismo
helenístico e a filosofia de Pitágoras influenciaram de tal forma, que estes
“rudimentos do mundo”, conforme fala o texto supracitado, foram promovidos a
posição de “espíritos”, personificados como governantes cósmicos, e divinizados de
acordo com todos os demais corpos astrais do universo.
STOICHEIA ou STOICHEION também designa os corpos celestes que, em certos
casos, eram personificados e adorados. O controle que tais espíritos elementares
exerciam sobre os seres humanos (a sorte, ou destino), segundo eles, só podia ser
quebrado mediante o conhecimento correto (gnosis) e/ou rito, em geral, na forma de
feitiçaria ou práticas ascética (vv 20-23).
“ Um dos princípios básicos da astrologia é que existecorrespondência entre
os movimentos dos deuses lá em cima e as alteraçõesque ocorrem aqui em
baixo, na terra. As pessoas acreditavam que suas vidas eramcontroladas por
essas divindades estelares, e por isso procuravam aplacá-lasmediante
adoração, ou diminuir-lhe o poder mediante a feitiçaria,os rituais mágicos,
despachos, e assim por diante. Certas crendices ecostumes que Paulo expõe
em sua carta relacionam-se à astologia” (ArturG. Patzia).
A Bíblia no entanto, proíbe adoração a qualquer que não seja Deus (Mt 4.10; Ap 22.8,9;
At 10.25,26) pois só o Senhor deve ser adorado (Jo 5.23,24; Fp 2.10; Hb 1.5,6; Ap 5.13,14).
Nossa confiança não deve ser depositada nos astros, mas sim no Senhor (Sl 34.22; 37.3;
125. 1; Pv 3.5; 16.20; 30.5).
Conclusão
Na história do cristianismo observa-se que, já em épocas remotas, houve o surgimento
de muitas heresias no meio da igreja de Cristo, e hoje também não é diferente pois os
apóstolos Paulo e Pedro nos advertiu quanto a isso (1Tm 4.1,2; 2Pe 2.1-3). Por isso
precisamos estar preparados para combater todo e qualquer tipo de heresia que
surgem para confundir a fé de muitos cristãos.
Bibliografia:
Comentário de Caramuru Afonso; Bíblia de referência Thompson, vida; Dicionário de
religiões crenças e ocutismo, vida; Novo Comentário bíblico Efésios, Colossenses,
Filemom, vida; Revista Ensinador cristão, CPAD; Dicionário teológico, CPAD;
Enciclopedia de Apologética, vida; BEP, CPAD.