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propostas e desafios
Juliana Giannini
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Ver anexo 1.
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Ver anexo 2.
antes mesmo da primeira atividade do Projeto. No entanto, alguns problemas
específicos da produção textual, mesmo que identificados, acabam não sendo
pautados e trabalhados de maneira aprofundada e intencional, por diversas razões.
O que nos pareceu relevante e de certa maneira urgente era definir com maior
clareza quais os aspectos que gostaríamos de identificar a partir da atividade
diagnóstica, para que ela cumprisse seu propósito e fosse de fato significativa e
transformadora para o planejamento do ensino.
Em 2018, ao longo das reuniões de área e de orientação, a dificuldade em
identificar e tipificar os “problemas de escrita” tornou-se pauta e conduziu diversos
momentos de estudo, diálogo e planejamentos. No caso específico do 8º ano,
decidiu-se pela análise específica de um caso que, em um primeiro olhar, chamou
muito a atenção, justamente porque apresentava muitas questões que já se espera
que estejam resolvidas ou pelo menos encaminhadas neste momento do percurso
escolar. Mobilizado pelo incômodo gerado pelos “problemas de escrita” e pela
constatação da necessidade de atendimento à diversidade, o estudo deste caso
específico tinha como objetivo identificar e tipificar os problemas encontrados e
pensar em intervenções mais ajustadas ao caso que se apresentou.
Depois das primeiras sequências de atividades que compõem o Projeto
Publicidade, os alunos produzem, individualmente, uma análise de peça publicitária.
Para isso, passam, em sala de aula e em casa, por momentos de planejamento, de
escrita e de revisão deste texto. O que se espera neste momento é que os alunos
escrevam textos que sejam capazes de expor ao leitor uma interpretação da peça
publicitária, por meio da análise de elementos textuais e visuais. É uma proposta
que apresenta um nível alto de dificuldade, se considerado o grau de complexidade
de articulação dos âmbitos concretos e subjetivos do objeto analisado.
Por isso, o caso escolhido foi bastante significativo: o texto produzido pela
aluna apresentava uma interpretação adequada da peça publicitária, mas não
explicitava os procedimentos analíticos com base nos quais se havia atingido a
significação. Em outras palavras, o texto apresentava um olhar crítico para a peça
publicitária, mas não evidenciava os fundamentos para este olhar; não destrinchava
seus elementos a fim de, ao reuni-los, dar-lhes um novo significado. Além disso, a
produção apresentava outro problema, agora no nível do texto, ao não apresentar
relações coerentes entre os parágrafos.
Outros problemas também foram identificados neste primeiro momento de
análise da produção da aluna, e invariavelmente nos deparamos com outra
dificuldade: a de hierarquizar os problemas encontrados, ou decidir com qual deles
deveríamos lidar nesta determinada ocasião. O desejo é, obviamente, de lidar com
todos eles, mas visto a impossibilidade disto, foi preciso escolher em função das
potencialidades que os momentos de produção ofereciam. Neste caso, optou-se por
intervenções que trabalhassem de maneira mais aprofundada com dois aspectos.
Primeiro, a compreensão da diferença entre descrever, explicar e interpretar, que
nos é cara ao longo de toda a escolaridade e que se torna cada vez mais presente à
medida em que os alunos avançam em seus percursos - e o Projeto Publicidade
trabalha intensamente com estas três competências. Depois, a reflexão
aprofundada sobre a seleção e hierarquização de informações, e
consequentemente a paragrafação, dada a complexidade dos textos produzidos,
com articulações múltiplas entre diferentes planos do objeto analisado.
Sucedeu-se a isso o planejamento de uma intervenção específica, ajustada
para a produção textual da aluna. A atividade buscava que o seu olhar se voltasse
para o procedimento de análise, para a descrição do objeto, para que depois fizesse
destas descrições detalhadas o fundamento para a interpretação dos significados da
peça e, assim, avançar na proposta. No entanto, a avaliação destas produções
textuais indicou que este caso específico era, em realidade, bastante comum. Com
uma alteração do planejamento, foi então organizada uma aula de ajuste, na qual os
alunos que apresentavam especificamente estas duas questões em suas produções
deveriam realizar a nova proposta.
A atividade era a seguinte:
Para o objetivo de desenvolver a descrição da peça, o enunciado pareceu
acertado. A proposição de uma situação hipotética, mas verossímil, conduziu a um
momento de escrita com um propósito específico: era preciso descrever algo que
não se vê para que outro possa compreender do que se fala. A aluna, em sua
resposta, apresentou um cuidado com a ordem das informações, além de fazer uso
adequado dos verbos:
A segunda parte da atividade tematizava a articulação e a organização das
informações no parágrafo:
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Ver anexos 3 e 4.
Ao final do trimestre, o que se observou foi um progresso, mesmo que
pequeno, na competência analítica: na produção de texto da Prova Trimestral, que
solicitava uma nova análise de peça publicitária, a aluna demonstrou ter avançado
ao descrever, além dos elementos que a compunham, também a maneira como
estava a reprodução da peça publicitária4 - o que pode parecer um excesso, mas
que é bastante representativo de seu percurso.
Coincidentemente, durante o processo de reflexão feito em reunião de área
sobre as intervenções ajustadas propostas para o 8º ano, tivemos a oportunidade de
conhecer a professora argentina Mirta Torres, pesquisadora da área de didática da
leitura e da escrita, durante a primeira Jornada ZDP da Escola da Vila de 2018. Em
sua palestra inicial, a professora apresentou o conceito de progressões, orientando,
com isso, o trabalho feito pela área de Língua Portuguesa e Literatura neste
momento.
Trata-se, segundo ela, de um conceito novo na área e que impacta em muito
a visão da escola sobre o ensino e a aprendizagem quando se pensa em trajetórias
escolares. Sabe-se que a adequação e o avanço dos alunos no que diz respeito à
leitura e à escrita formam-se em períodos prolongados. As progressões possibilitam,
então, que o professor se dê conta de situações potentes, ao longo da escolaridade,
para compreender em que consiste determinada competência ou, como coloca a
professora, em que sentido se orienta o progresso. Em outras palavras, pensar
sobre as progressões de aprendizagem é uma oportunidade para que os
professores reflitam sobre determinados conteúdos e, a partir disso, orientem o
planejamento do ensino e promovam situações em que os alunos avancem na
leitura e na escrita de textos. Como é explicitado no documento “Progresiones de
los aprendizajes - Segundo ciclo” (2018), elaborado por Ana María Kaufman, Maria
Elena Rodríguez e Flavia Caldani,
Se entiende por progresiones la descripción de recorridos posibles y pertinentes para
la enseñanza y el aprendizaje de contenidos fundamentales de la trayectoria escolar.
Estas descripciones se sustentan en el enfoque didáctico adoptado por el Diseño
Curricular para cada área. Por lo tanto, las progresiones no representan líneas de
desarrollo natural sino que reconocen un contexto escolar situado en el marco de las
definiciones propias del sistema educativo en la Ciudad Autónoma de Buenos Aires.
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Ver anexo 5.
Sin embargo, al estar basadas en evidencia de aula e investigación didáctica, son
verificables y proporcionan criterios claros y compartidos para el monitoreo de los
aprendizajes con una perspectiva formativa, orientada a la toma de decisiones para
la enseñanza. (2018: 6)
Referências
Anexos
Anexo 3: Versão final da análise de peça publicitária (antes da intervenção ajustada)
Anexo 4: Versão final da análise de peça publicitária (depois da intervenção
ajustada)
Anexo 5: Produção de texto da Prova Trimestral