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Governo Federal
Presidente da República Federativa do Brasil
Luis Inácio Lula da Silva
Ministério da Educação
Fernando Haddad
Diretor da UAB
Celso Costa
Reitor IF-MT
José Bispo Barbosa
Diretor de Ensino
Ghilson Ramalho Corrêa
Diagramador
Alexandro Uguccioni Romão
Revisão
Maria Antônia da Silva
FUNDAMENTOS
DA BIOQUÍMICA
Reginaldo Vicente Ribeiro
Wander Miguel de Barros
Abril de 2010
Unidade I.
Introdução à Bioquímica
Tópico 1 – Estudo da Bioquímica
Tópico 2 – Água
Unidade II.
Peptídeos
Tópico 1 – Aminoácidos
Tópico 2 – Peptídeos
Tópico 3 – Proteínas
Tópico 4 – Enzimas
Unidade III.
Carboidratos
Tópico 1 – Carboidratos
Tópico 2 – Origem dos carboidratos
Tópico 3 – Reação de ciclização
Tópico 4 – Destino dos carboidratos no organismo
Unidade IV.
Lipídeos
Tópico 1 – Lipídios
Tópico 2 – Classificação dos lipídeos
Unidade V.
Ácidos Nucléicos
Tópico 1 – Ácidos Nucléicos
Tópico 2 – Ácido Desoxirribonucléico – DNA
Tópico 3 – Ácido Ribonucléico – RNA
Unidade VI.
Metabolismo
Tópico 1 – Introdução ao metabolismo
Tópico 2 – Metabolismo dos carboidratos
Tópico 3 – Visão geral do metabolismo das biomoléculas
Tópico 4 – Respiração anaeróbica
Ementa da Disciplina
Objetivo Geral:
Objetivos específicos:
Tópico 2 – Água:
Conhecer as propriedades da água é fundamental para a compreensão das
biomoléculas. Estão lembrados das ligações intramoleculares e intermoleculares? As
moléculas de água têm a capacidade de formar ligações de hidrogênio, uma com as
outras, que são denominadas de ligações intramoleculares, ou com as moléculas que são
solúveis as interações intermoleculares. Relembrando química geral as pontes de
hidrogênio como também são conhecidas, ligações reversíveis por isso são consideradas
fracas resultantes da atração de um átomo eletronegativo e um átomo eletropositivo
(BOTH & SANCHEZ, 2008). Essa característica permite com que a molécula de água
se reestruture dinamicamente, determinando indiretamente o formato das biomoléculas,
como exemplo o formato do ovo, a espuma do sabão (PELLEY, 2007).
A hidrossolubilidade de alguma molécula é determinada pelo grau de formação
de ligações de hidrogênio com a água, portanto quanto maior o grau de ligação de
hidrogênio com água, maior será a solubilidade, por essa razão moléculas de alto peso
molecular como proteínas, ácidos nucléicos, polissacarídeos conseguem manter a forma
e solubilidade organizando um grande número de ligações de hidrogênio (PELLEY,
2007).
Unidade II – Proteínas.
Você está prestes a conhecer melhor os compostos orgânicos mais abundantes da
matéria viva e que exercem funções fundamentais em todos os processos biológicos. Se
você pensou nas proteínas, acertou. Quimicamente, as proteínas são moléculas
complexas de alto valor molecular e constituídas de unidades menores denominadas de
aminoácidos.
Tópico 1 – Aminoácidos
Os aminoácidos são compostos orgânicos, basicamente formados por carbono,
hidrogênio, oxigênio e nitrogênio; possuindo alguns deles enxofre. Aminoácidos são
também chamados de monopeptídeos, sendo eles os principais responsáveis pela
constituição das proteínas. Mais de 300 tipos de aminoácidos são descritos de fontes
naturais, porém apenas 20 são determinados por códons específicos (triplets de
nucleotídeos) no material genético dos seres vivos.
Fórmula geral:
Os aminoácidos possuem um átomo de carbono central (α) onde estão ligados
covalentemente um grupo amino primário (-NH2), um grupo carboxílico (-COOH), um
átomo de hidrogênio e uma cadeia lateral (R) diferente para cada aminoácido (Figura
2). Existem duas exceções, a prolina e a hidroxiprolina, que são iminoácidos.
Zwitterion:
Os aminoácidos são compostos
anfóteros: apresentam uma parte
ácida (-COO-) e uma parte básica
(-NH3+). Por isso, ocorre uma
neutralização intramolecular
produzindo um sal. O sal
apresenta dipolo e é chamado
zwitterion.
Figura 2 – Fórmula geral de um aminoácido.
O que é Fenilcetonúria?
Os alimentos proibidos na fenilcetonúria são os que têm alto teor de fenilalanina. Entre eles
estão as carnes e derivados, o feijão, ervilha, soja, grão-de-bico, lentilha, amendoim, leite e
derivados, achocolatado, ovos, nozes, gelatinas, bolos, farinha de trigo, alimentos industrializados
com altos teores de fenilalanina, pães em geral, biscoitos, e alimentos para fins especiais contendo
aspartame.
Tópico 2 - Peptídeos:
Os peptídeos são biomoléculas formadas pela ligação covalente entre dois ou
mais aminoácidos através de ligações comumente chamadas de ligação peptídica. A
união dos peptídeos se dá entre o grupo carboxila de um e o grupo amina de outro
aminoácido, sempre ocorrendo a remoção de um grupo hidroxila (OH) de uma molécula
e um hidrogênio (H) da outra molécula, que se unem, resultando na liberação de uma
molécula de água (desidratação). Observe no esquema abaixo como ocorre a formação
de uma ligação peptídica.
Função biológica:
Os peptídeos possuem grande importância biológica, exercendo sua função
mesmo em quantidades muito pequenas. Alguns hormônios de vertebrados, como a
insulina, glucagon e corticotrofina são compostos por menos de 50 resíduos de
aminoácidos.
Como peptídeos pequenos de ocorrência natural também podemos citar a
ocitocina, bradicinina, tireotrofina, encefalinas e os venenos de fungos.
Tópico 3 - Proteínas:
Como já vimos, as proteínas são as moléculas de elevado peso molecular e que
são sintetizadas pelos organismos vivos através da condensação de um grande número
Funções Biológicas:
As proteínas apresentam uma grande diversidade de funções biológicas, dentre
elas podemos destacar as seguintes atividades:
Estrutural – Colágeno (tecido conjuntivo fibroso – tendões, osso, cartilagem);
Enzimática – DNA-polimerase (replica e repara o DNA);
Hormonal – Insulina (regula o metabolismo da glucose);
Contráteis – Miosina e Actina (filamentos espessos na miofibrila);
Homeostase sanguínea - Fibrinogênio (precursor da fibrina na coagulação do
sangue);
Transporte – Hemoglobina (transporta O2 no sangue de vertebrados);
Armazenamento – Ferritina (armazenamento de ferro no baço).
Classificação:
Baseado na sua composição, as proteínas são classificadas em:
Simples: consistem somente de cadeias polipeptídicas;
Conjugadas: além das cadeias polipeptídicas também possuem componentes
orgânicos e/ou inorgânicos.
A porção não-peptídica das proteínas conjugadas é denominada grupo
prostético. As mais importantes proteínas conjugadas são: nucleoproteínas,
lipoproteínas, fosfoproteínas, metaloproteínas, glicoproteínas, hemoproteínas e
flavoproteínas.
Contém Glúten???
Doença Celíaca
Desnaturação e renaturação:
Você já observou como fica o aspecto do ovo após frita-lo, ou quando uma
mulher faz uma “chapinha” em seus cabelos ondulados? Se você já observou, terá
notado que as características naturais tanto do ovo quanto dos fios de cabelo são
alteradas após serem submetidas a altas temperaturas. Você poderá se perguntar, mas
que relação existe entre um ovo e o cabelo.... a resposta é: Proteínas. Isso mesmo,
ambos são constituídos predominantemente por proteínas. Quando as proteínas são
submetidas a processos químicos ou físicos, como temperatura elevada, as mesmas são
desnaturadas.
A desnaturação ocorre pela alteração da conformação tridimensional nativa das
proteínas (estrutura secundária, terciária e quaternária) sem romper as ligações
peptídicas (estrutura primária). Como a estrutura tridimensional específica das proteínas
é fundamental para o exercício de suas funções, alterações estruturais provocadas pela
desnaturação ocasionam a perda parcial ou completa das suas funções biológicas.
Muitas vezes, em condições fisiológicas, as proteínas recuperam a conformação nativa e
restauram atividade biológica quando o agente desnaturante é removido em processo
denominado renaturação.
A desnaturação pode ocorrer quando as proteínas são submetidas às seguintes
condições:
1. Ácidos e bases fortes - Modificações no pH resultam em alterações no estado iônico
de cadeias laterais das proteínas, que modificam as pontes de hidrogênio.
2. Solventes orgânicos - Solventes orgânicos solúveis em água como o etanol,
interferem com as interações hidrofóbicas por sua interação com os grupos R não-
polares e forma pontes de hidrogênio com a água e grupos protéicos polares.
3. Detergentes. - As moléculas anfipáticas interferem com as interações hidrofóbicas e
podem desenrolar as cadeias polipeptídicas.
Tópico 4 – Enzimas
As enzimas são proteínas especializadas na função específica de acelerar reações
químicas (catálise) que ocorrem sob condições termodinâmicas não-favoráveis. Elas
estão entre as biomoléculas mais notáveis devido a sua extraordinária especificidade e
poder catalítico, que são muito superiores aos dos catalisadores produzidos pelo
homem. Praticamente todas as reações que caracterizam o metabolismo celular são
catalisadas por enzimas. As enzimas são, portanto, consideradas as unidades funcionais
do metabolismo celular.
Para ser classificada como enzima, uma proteína deve:
Apresentar extraordinária eficiência catalítica.
Demonstrar alto grau de especificidade em relação a seus substratos (reagentes) e
aos seus produtos.
Acelerar a velocidade das reações em 106 a 1.012 vezes mais do que as reações
correspondentes não-catalisadas.
Não ser consumida ou alterada ao participar da catálise.
Não alterar o equilíbrio químico das reações.
Ter sua atividade regulada geneticamente ou pelas condições metabólicas.
Figura 6 – Representação ação de enzimas sacarase sobre o substrato sacarose (Sonia Lopes).
(Figura 7).
Enzimas Digestivas
As enzimas digestivas são
substâncias secretadas pelo
pâncreas, fígado, glândulas
salivares, estômago. Elas
são muito importantes para
a auxiliar na digestão,
fazem a quebra de
moléculas grandes como os
polissacarídeos (grandes
aglomerados de glicose),
emulsificam (fazem a
quebra aumentando a
superfície de contato das
partículas) a gordura,
quebram proteínas e outros
compostos da digestão. O
quando ao lado mostra as
principais enzimas
digestivas, local de ação,
substrato e o produto da
degradação.
Resumindo...
Os peptídeos são formados pela condensação de dois ou mais aminoácidos, que
se unem por meio de uma ligação covalente forte, chamada de ligação peptídica. A
ligação peptídica ocorre entre o grupo carboxila de um aminoácido e o grupo amina de
outro, formando e liberando uma molécula de água em cada ligação feita.
Cada aminoácido contém um átomo de carbono central (carbono α) no qual
estão ligados um grupo amino (-NH2), um grupo carboxílico (-COOH), um átomo de
hidrogênio e um grupo R. Além de formar proteínas, os aminoácidos tem outros papéis
biológicos importantes.
As proteínas apresentam uma elevada gama de funções nos seres vivos.
Além de servir como material estrutural, as proteínas estão envolvidas na regulação
metabólica, transporte, defesa e catálise. As proteínas consistem de uma ou mais cadeias
polipeptídicas. As proteínas são classificadas de acordo com sua conformação e
composição. As proteínas fibrosas (exemplo, o colágeno) são longas, moléculas
enoveladas insolúveis em água e fisicamente rígidas. As proteínas globulares (exemplo,
a hemoglobina) são moléculas compactas e esféricas quase sempre solúveis em água.
Várias condições físicas e químicas podem romper a estrutura das proteínas.
Agentes desnaturantes incluem ácidos ou bases fortes, agentes redutores. metais
pesados, mudanças da temperatura e estresse mecânico. A perda das estruturas
secundária e terciária da proteína ou rompimento de ligações peptídicas é denominada
desnaturação da proteína.
As enzimas são catalisadores do sistema biológico (aceleram a velocidade das
reações químicas que ocorrem no organismo). As enzimas aceleram as reações
químicas, pois reduzem a energia de Ativação (energia necessária para iniciar uma
reação). Constituição: são formadas por proteínas, com exceção das ribozimas que são
constituídas por ribossomos.
Principais Características: Apresentam alta especificidade ao substrato;
Algumas enzimas são proteínas simples, sendo consistidas apenas por cadeias
polipeptídicas, porém a maioria das enzimas somente exerce sua atividade catalítica em
associação com Cofatores, que podem ser metais inorgânicos ou moléculas orgânicas
derivadas de vitaminas. Apoenzima + co-fator = Holoenzima (enzima ativa).
Alguns fatores podem interferir na atividade enzimática: pH, Temperatura,
Concentração de substrato, Concentração enzimática e Inibidores enzimáticos.
Auto Avaliação:
Classificação:
A classificação mais usadas para o estudo de carboidratos se baseia no número
de moléculas: monossacarídeos (apenas 1 molécula), dissacarídeos (2 moléculas) e
polissacarídeos (mais de 1 molécula), como mostra o quadro 1, não confunda número de
moléculas com números de átomos, por exemplo a glicose com fórmula molecular de
C6H12O6, é uma molécula formada por 24 átomos, sendo 6 de cabono, 12 hidrogênios e
6 oxigênio.
É importanto salientar que as moléculas de monossacarídeos unem formando
uma molécula de dissacarídeo, e muitas moléculas de monossacarídeoas formam os
polissacarídeos, essa união é estabelecida pela ligação glicosídica, é uma ligação
covalente resultante da reação de condensação das hidroxilas livres dos
monossacarídeos.
Quadro 2- Classificação dos principais carboidratos por número de molécula.
Classe Exemplo Função biológica
Glicose Fonte de energia
H C OH C= O
desoxiribose, galactose,
manose.
H C OH H C OH
H H Glicídios que possuem o
grupo cetona em sua
Aldeído Cetona
estrutura: frutose, ribose,
xilulose.
Ligação glicosídica:
A Ligação Glicosídica ocorre entre o carbono anomérico de um monossacarídeo
e qualquer outro carbono do monossacarídeo seguinte, através de suas hidroxilas e com
a saída de uma molécula de água (desidratação), constituindo os dissacarídeos e
polissacarídeos.
respiração celular, reação química que transforma a glicose em CO2, H2O gerando ATP
(Adenosina trifosfato); veja a unidade VI (Metabolismo celular).
A insulina é um hormônio protéico sintetizado pelas pâncreas é responsável para
ativar o GLUT, facilitando assim o transporte a glicose para o citoplasma da célula.
Intolerância à Lactose
A intolerância à lactose é uma inabilidade para digerir completamente a lactose, o
dissacarídeo predominante do leite. A lactose é um dissacarídeo e sua absorção requer hidrólise
prévia no intestino delgado por uma b-galactosidase, comumente chamada lactase, tranformando-a
em glicose e galactose. A deficiência de lactase conduz à má-digestão da lactose e à conseqüente
intolerância. A lactose não digerida, conforme passa pelo intestino é fermentada por bactérias,
havendo produção de ácidos orgânicos de cadeia curta e gases. Isto resulta em cólicas, flatulência,
dor e diarréia. Há dois tipos de classificação para deficiência de lactase: do tipo primário é uma
condição permanente. A forma congênita de deficiência de lactase é muito rara, enquanto a não
persistência de lactase do tipo adulto é muito comum e afeta cerca de ¾ da população mundial. A
deficiência de lactose secundária é, usualmente, condição temporária causada por dano à mucosa
intestinal. Iogurte e outros produtos fermentados, bem como leites hidrolizados, amenizam os sintomas
dos intolerantes. Da mesma forma, ingerir pequenas quantidades de leite a cada vez, ingerir leite
juntamente com as refeições, usar preferencialmente leite integral e acrescentar chocolate ao leite
podem aumentar a tolerância à lactose. Por outro lado, fatores psicológicos devem ser considerados
no que diz respeito à intolerância à lactose, já que é sabido que as funções cerebrais exercem forte
influência sobre a percepção de sintomas (ARRUDA, 2002).
Auto avaliação...
Unidade IV – Lipídeos.
Tópico 1 - Lipídios
Sabe aquela “gordurinha” que insiste em se acumular no abdômen? Na verdade
o termo correto para gorduras seria “lipídios” que se origina do grego (lipus = gordura).
São compostos orgânicos heterogêneos poucos solúveis em água, mas solúveis em
solventes apolares. Os lipídeos são biomoléculas existentes nos organismos vivos e que
exibem uma grande variedade estrutural, como os óleos, fosfolipídeos, esteróides,
carotenóies, ceras, hormônios, algumas vitaminas e outros componentes celulares que
diferem grandemente tanto em suas estruturas como em suas funções.
Em condições ambientes podem ser sólidos, líquidos ou pastosos. Quando têm mais de
dez átomos de carbono formam os ácidos graxos superiores, muito utilizados como
lubrificantes e na fabricação de fármacos e cosméticos. Os saturados mais importantes são:
butírico, láurico, mirístico, palmítico e esteárico. Os insaturados mais importantes são: oléico,
linoleico e linolênico.
Importância Biológica:
Reserva de energia (1 g de gordura = 9 kcal) em animais e sementes oleaginosas,
sendo a principal forma de armazenamento os triacilgliceróis (triglicerídeos);
Armazenamento e transporte de combustível metabólico;
Componente estrutural das membranas biológicas;
São moléculas que podem funcionar como combustível alternativo à glicose, pois
são os compostos bioquímicos mais calóricos para geração de energia metabólica
através da oxidação de ácidos graxos;
Oferecem isolamento térmico, elétrico e mecânico para proteção de células e órgãos
e para todo o organismo (panículo adiposo sob a pele), o qual ajuda a dar a forma
estética característica;
Dão origem a moléculas mensageiras, como hormônios, prostaglandinas, etc.
As gorduras (triacilgliceróis), devido à sua função de substâncias de reserva, são
acumuladas principalmente no tecido adiposo, para ocasiões em que há alimentação
insuficiente.
Tópico 2 - Classificação:
Os lipídeos são geralmente classificados nos seguintes grupos: Ácidos graxos e
seus derivados, Triglicerídeos, Ceras, Fosfolipideos, Esfingolipideos e Lipoproteínas.
Ácidos graxos:
Este é o grupo mais abundante de lipídeos nos seres vivos, e são compostos
derivados dos ácidos carboxílicos. Os ácidos graxos são ácidos monocarboxílicos de
longas cadeias de hidrocarbonetos acíclicas, não polares, sem ramificações e, em geral,
número par de átomos de carbono. Podem ser saturados, monoinsaturados, (contem uma
ligação dupla) ou poliinsaturados (contem duas ou mais ligações duplas). Os mais
abundantes contêm C16 e C18 átomos. Em geral, as duplas ligações nos ácidos graxos
Saponificação:
Triglicerídeos:
Os triglicerídeos (triacilgliceróis) são ésteres de ácidos graxos com o glicerol
(Figura 7). São formados pela ligação de 3 moléculas de ácidos graxos com o glicerol,
um triálcool de 3 carbonos, através de ligações do tipo éster, nessa união há perda de
água. Os triglicerídeos podem ser chamados de gorduras ou óleos, dependendo do
estado físico na temperatura ambiente: se forem sólidos, são gorduras, e líquidos são
óleos. No organismo, tanto os óleos como as gorduras podem ser hidrolisados pelo
auxílio de enzimas específicas, as lipases (tal como a fosfolipase A ou a lipase
pancreática), que permitem a digestão destas substâncias.
Função Biológica:
Nos animais, os triglicerídeos são
lipídeos que servem, principalmente, para a
estocagem de energia; as células lipidinosas
são ricas em triglicerídeos. É uma das mais
eficientes formas de estocagem de energia,
principalmente com triglicerídeos
saturados; cada ligação C-H é um sítio
potencial para a reação de oxidação, um As aves aquáticas beneficiam-se da
insolubilidade dos óleos em água; elas lubrificam
processo que fornece por grama as penas com uma substância oleosa produzida
por uma glândula especial localizada na cauda, o
aproximadamente o dobro da energia que faz as penas repelirem a água, impedindo que
fornecida por carboidratos. a pele se molhe.
Carotenóides:
São pigmentos de cor vermelha, laranja ou amarela, insolúveis em água e solúveis em óleos e solventes
orgânicos. Estão presentes nas células de todas as plantas, nas quais desempenham papel importante
no processo de fotossíntese. Os carotenóides são importantes também para muitos animais. Por
exemplo, a molécula de caroteno, um carotenóide alaranjado presente na cenoura e em outros
vegetais, é matéria-prima para a produção da vitamina A, essencial a muitos animais. Essa vitamina é
importante, por exemplo, para nossa visão, pois é precursora do retinal, uma substância sensível à luz
presente na retina dos olhos dos vertebrados
Ceras:
São formados pela união de álcool a uma ou mais moléculas de ácidos graxos.
Os ésteres são compostos de ácidos graxos de cadeia longa e alcoóis de cadeia longa
como constituintes proeminentes da maioria das ceras. Funcionam como um
revestimento de proteção em folhas, caules, frutos e na pele de animais. As ceras podem
ser encontradas em animais e vegetais, sendo mais frequente no reino vegetal. Embora
tenha valor econômico, não têm a mesma importância que as gorduras e óleos. As ceras
de carnaúba e de babaçu, por exemplo, constituem bases alternativas para geração de
energia. São encontrados também na secreção de alguns insetos, como a cera das
abelhas (Figura 8).
Fosfolipídeos:
Do ponto de vista químico, um fosfolipídio é constituído por uma mistura de
ésteres do glicerol, ácidos graxos superiores, ácido fosfórico e um aminoálcool (colina,
colamina ou serina). Os fosfolipídios ocorrem em praticamente todos os seres vivos,
sendo eles os principais componentes das membranas celulares (Figura 9). Os
fosfolipídios se ordenam em bicamadas, formando vesículas. Estas estruturas são
importantes para conter substâncias hidrossolúveis em um sistema aquoso - como no
caso das membranas celulares ou vesículas sinápticas. Mais de 40% das membranas das
Esfingolipídios:
Os Esfingolipídios são o segundo maior componente lipídico das membranas
animais e vegetais. A principal diferença entre os esfingolipídios e os fosfolipídios é o
álcool no qual estes se baseiam: em vez do glicerol, eles são derivados de um
aminoálcool de cadeia longa. Em animais, o aminoálcool é a esfingosina e nas plantas é
a fitoesfingosina. As moléculas mais simples desse grupo são as ceramidas, derivadas
de ácidos graxos ligados ao grupo amino (-NH2) da esfingosina.
Esteróides:
Os esteróides são
encontrados em células eucariontes
e em algumas bactérias. Suas
moléculas são formadas por quatro
anéis não-planares fusionados, três
com seis carbonos e um com cinco
(Figura 10). Distinguem-se os
esteróides pela localização de
ligações duplas e vários outros
Lipoproteínas:
As lipoproteínas são agregados esféricos macromoleculares formados por
triacilgliceróis, ésteres do colesterol, fosfolipídios e proteínas anfipáticas. As partículas
de lipoproteínas variam em tamanho. Quanto maiores, menor a densidade. Em ordem de
densidades crescentes e tamanhos decrescentes a enumeração seria: quilomicrons,
quilomicrons remanescentes, VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa), IDL
(lipoproteína de densidade intermediária) LDL(lipoproteínas de densidade baixa) e
HDL (lipoproteínas de densidade alta).
O colesterol e as lipoproteínas... O
colesterol HDL representa a fracção de colesterol que circula na corrente sanguínea ligado às
liproteinas plasmáticas de alta densidade (HDL-High Density Lipoprotein). É chamado de “bom
colesterol”, uma vez que níveis elevados deste tipo de colesterol estão relacionados com a redução
do risco cardiovascular. As lipoproteinas de alta densidade (HDL) são responsáveis pelo
transporte do colesterol em excesso, da corrente sanguínea para o fígado, onde é catabolizado. Já
o colesterol LDL representa a fracção de colesterol ligado às liproteinas plasmáticas de baixa
densidade (LDL-Low Density Lipoprotein). Define-se como “mau colesterol”, uma vez que as
lipoproteinas plasmáticas de baixa densidade transportam o colesterol do fígado para a corrente
sanguínea, favorecendo a sua acumulação nos órgãos e tecidos. Valores elevados de colesterol
LDL estão associados a um aumento do risco cardiovascular e ao desenvolvimento da
aterosclerose.
Resumindo...
São compostos orgânicos heterogêneos poucos solúveis em água, mas solúveis
em solventes não-polares. Principais funções: Participam da constituição das
membranas biológicas, são precursores de compostos essenciais, agentes emulsificantes,
isolantes, fonte e transporte de energia, além de componentes de biossinalização intra e
intercelulares; São amplamente utilizados na preparação de produtos industriais como:
sabões, resinas, lubrificantes, etc.
Os lipídeos são classificados nos seguintes grupos: Ácidos graxos e seus
derivados, Triglicerídeos, Ceras, Fosfolipideos, Esfingolipideos e Lipoproteínas.
Auto avaliação:
Unidade V.
Tópico 1 - Ácidos Nucléicos
Os ácidos nucléicos são assim chamados por seu caráter ácido e por terem sido
originalmente descobertos no núcleo das células, no século XIX. Na natureza há dois
tipos de ácidos nucléicos: DNA ou ácido desoxiribonucléico e RNA ou ácido
ribonucléico. Analogamente a um sistema de comunicação, essas informações são
mantidas dentro da célula em forma de código, que no caso denomina-se código
genético.
Em sua estrutura primária, os ácidos nucléicos (DNA e RNA) podem ser vistos
como uma cadeia linear composta de unidades químicas simples chamadas
nucleotídeos. Um nucleotídeo é um composto químico e possui três partes: um grupo
fosfato, uma pentose (molécula de açúcar com cinco carbonos) e uma base orgânica
(Figura 11). Nas moléculas de DNA a pentose é uma desoxiribose enquanto que nas
moléculas de RNA a pentose é uma ribose. A base orgânica, também conhecida como
base nitrogenada, é quem caracteriza cada um dos nucleotídeos, sendo comum o uso
tanto do termo seqüência de nucleotídeos quanto o termo seqüência de bases. As bases
são adenina (A), guanina (G), citosina (C), timina (T) e uracila (U), sendo as duas
primeiras chamadas de purinas e as três últimas chamadas de pirimidinas (Figura 12).
No DNA são encontradas as bases A, G, C e T. No RNA encontra-se a base U ao invés
da base T.
Função biológica:
pode ser visualizado na Figura13. As duas fitas são anti-paralelas, ou seja, as fitas
possuem orientação 5' 3' opostas uma em relação a outra.
Resumindo...
Auto avaliação:
9) Uma cadeia de RNA foi produzida tendo como molde o filamento de DNA
esquematizado abaixo:
- GACATGACGAGAAGCTAT-
a) Qual a seqüência de bases neste RNA?
b) Quantos aminoácidos constituirão o peptídeo a partir desta molécula de
RNA?
10) Suponha que uma molécula de DNA seja constituída de 1400 nucleotídeos e,
destes 20 % são de citosinas. Qual será a quantidade dos quatro tipos de
nucleotídeos nessa molécula?
Unidade VI – Metabolismo.
Tópico 1 – Introdução ao metabolismo
Nesta unidade entenderemos melhor como os seres vivos obtem energia para
manter suas funções vitais. Todo organismo gasta energia constantemente para manter
as diversas atividades celulares, nas quais moléculas são modificadas, quebradas ou
unidas entre si, transformando-se em outras. A soma de todas as reações químicas que
acontecem no organismo vivos é chamada de metabolismo. Este conjunto de reações
que permite o crescimento e reprodução das células, mantendo as suas estruturas e
adequando respostas aos seus ambientes.
A maioria das estruturas que compõem os seres vivos é fabricada a partir de três
classes básicas de moléculas: aminoácidos, glicídios e lipídeos. Como estas moléculas
são vitais, o metabolismo concentra-se no síntese destas, na construção de células e
tecidos ou na sua degradação para uso como fonte de energia. Muitos compostos
bioquímicos podem ser condensados formando polímeros, como o DNA e as proteínas.
Estas macromoléculas são parte essencial de todos os organismos vivos.
Respiração aeróbica:
A maioria dos seres vivos produz ATP para suas necessidades energéticas por
meio da respiração celular, um processo de oxidação em que o O2 é essencial, pois atua
como agente oxidante de moléculas orgânicas. Nesse processo, moléculas de ácidos
graxos ou de glicídios, principalmente glicose, são degradadas, formando moléculas de
CO2 e de H2O e liberando energia, a qual é utilizada na produção de moléculas de ATP
a partir de ADP e Pi.
Se compararmos os reagentes e produtos da respiração celular da glicose com os
de sua combustão, veremos que os processos são equivalentes. Nos dois casos, uma
molécula de glicose (C6H12O6) reage com seis moléculas de O2, 30 moléculas de ADP e
30 Pi, produzindo seis moléculas de CO2, seis moléculas de H2O e 30 ATP:
C6H12O6 + 6CO2 + 30 ADP + 30 Pi → 6CO2 + 6H2O + 30 ATP
Essa reação é capaz de liberar cerca de 686 kcal mol. Se toda essa quantidade de
energia fosse liberada de uma só vez na respiração celular, como acontece na
combustão, a célula seria danificada. Na respiração celular, a energia das moléculas
orgânicas é liberada pouco a pouco, em uma sequencia ordenada de reações químicas
bem controladas, e imediatamente armazenada na forma de ATP.
Ciclo de Krebs:
O ácido pirúvico, formado no hialoplasma durante a glicólise, penetra na
mitocôndria, onde perde CO2 com a ação de enzimas denominadas descarboxilases. O
ácido pirúvico, então, converte-se em aldeído acético.
O aldeído acético, pouco reativo, combina-se com uma substância denominada
coenzima A (CoA), originando a acetil-coenzima A (Acetil-CoA), que é reativa. Esta,
por sua vez, combina-se com um composto já existente na matriz mitocondrial,
chamado ácido oxalacético. Nesse momento, inicia-se o ciclo de Krebs, fenômeno
biológico que ocorre na matriz mitocondrial.
Da reação da acetil-CoA com o ácido oxalacético surge o ácido cítrico. Essa
molécula sofre uma série de desidrogenações (perdas de hidrogênio) e de
descarboxilações (perdas de carbono) até originar novamente uma molécula de ácido
oxalacético, definindo um ciclo de reações, que constitui o ciclo de Krebs. Nesse ciclo,
portanto, o ácido oxalacético é reagente, pois é de sua reação com a Acetil-CoA que
surge o ácido cítrico e produto, pois é produzido a partir de transformações do ácido
cítrico. Dessa forma, o ciclo de Krebs é também conhecido como ciclo do ácido cítrico.
Você poderá observar na Figura 12 que, durante o ciclo de Krebs, ocorre a total
descarboxilação e desidrogenação com a liberação respectiva de CO2 e H+. Os
hidrogênios retirados são capturados por aceptores que podem ser o NAD+ ou o flavina
adenina dinucleotídeo (FAD+), com a conseqüente produção de NADH2 e FADH2.
Nesse processo, cada Acetil-CoA metabolizada libera energia suficiente para a
síntese de uma molécula de ATP e hidrogênios que permitem a produção de três
moléculas de NADH2 e uma de FADH2.
Da molécula original de glicose restam, agora, apenas os hidrogênios que foram
capturados para formar NADH2 e FADH2. Os átomos de carbono da glicose são
expelidos para o meio externo na forma de CO2 pela expiração.
A fermentação alcoólica
Na fermentação alcoólica, a glicose inicialmente sofre glicólise, originando duas
moléculas de ácido pirúvico, 2 NADH2 e um saldo energético positivo de 2 ATP. Em
seguida, o ácido pirúvico é descarboxilado, originando aldeído acético e CO2, sob ação
de enzimas descarboxilases. O aldeido acético, então, atua como aceptor dos
hidrogênios do NADH2 e se converte em álcool etílico (Figura 16).
A fermentação láctica
Na fermentação láctica, a glicose sofre glicólise exatamente como na
fermentação alcoólica. Porém, enquanto na fermentação alcoólica o aceptor de
hidrogênios é o aldeído acético (que se origina do ácido pirúvico descarboxilado), na
fermentação láctica o aceptor de hidrogênios é o próprio ácido pirúvico, que se converte
em ácido láctico. Portanto, não havendo descarboxilação do ácido pirúvico, não ocorre
formação de CO2 (Figura 17).
Acredita-se que os primeiros seres vivos que povoaram a Terra devem ter sido
fermentativos. A respiração aeróbica teria surgido no planeta milhões de anos depois da
fermentação, permitindo o desenvolvimento de formas de vida mais complexas.
Resumindo...
Auto avaliação...
1. Quantas moléculas de piruvato se formam a partir de uma molécula de glicose
durante a Glicólise?
6. Que tipo de célula do corpo humano pode fazer glicólise anaeróbica? Qual o
produto desse processo?
a) Porque quando esse fungo cresce na ausência de oxigênio, consome muito mais
glicose do que na presença de oxigênio.
b) Qual a diferença entre o metabolismo energético das células que ficam na superfície
da massa do pão e o metabolismo energético das células que ficam em seu interior?
c) Explique por que esse fermento faz a pão crescer e ficar macio.
Referências Bibliográficas:
LOPES, Sônia e ROSSO, Sérgio. Biologia. Vol. Único. 1 ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.
BOTH, L.; SANCHEZ, M.U. C. Química orgânica II. Cuiaba, MT, IFMT, 2008.