Sunteți pe pagina 1din 29

1

CLASI - CENTRO LATINO AMERICANO SER INTEGRAL


FAVI – FACULDADE VICENTINA
PSICOLOGIA TRANSPESSOAL

ARAYCI DE FÁTIMA PINHEIRO ABBEHUSEN MIGUEL

MEDICINA HOMEOPÁTICA E PSICOLOGIA TRANSPESSOAL


É POSSÍVEL A UNIÃO NA PRÁTICA MÉDICA?

SANTO ANDRÉ – SP
2018
2

ARAYCI DE FÁTIMA PINHEIRO ABBEHUSEN MIGUEL

MEDICINA HOMEOPÁTICA E PSICOLOGIA TRANSPESSOAL


É POSSÍVEL A UNIÃO NA PRÁTICA MÉDICA?

Trabalho apresentado à (Centro Latino Americano


Ser Integral – Clasi e Faculdade Vicentina - Favi
como sendo um requisito parcial para que se
possa obter o título de (informe o título conforme o
caso).

Orientador (a): Rodrigo Marcilio Wentzcovitch

SANTO ANDRÉ – SP
2018
3

Gratidão eterna aos professores do Clasi – Centro Latino –Americano de saúde


Integral por todo empenho e dedicação, em especial a Rodrigo Marcilio
Wentzcovitch que foi mestre, amigo e pai de todos nós. Obrigada a minha família
que me apoia incondicionalmente em todas as minhas decisões por mais estranhas
que pareçam. Agradeço especialmente aos meus colegas da turma Conexão T pois
cada um com sua história, sua personalidade e sua busca me inspiraram a olhar
para meu próprio caminho. Dedico esta obra a todos aqueles que como eu
acreditam num futuro pleno em colaboração entre as mais diversas áreas da saúde.
Que todos nós tenhamos em mente que juntos somos mais fortes e capazes de
transformar nosso mundo num lugar harmonioso e menos doente, a começar por
nós mesmos.
4

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo estudar aspectos gerais da homeopatia e sua
prática médica partindo de bases históricas e conceitos elaborados pelo seu criador,
Samuel Hahnemann. Relacionar o adoecimento com aspectos psicológicos e
energéticos do ser humano para finalmente traçar um paralelo entre os conceitos
homeopáticos e a psicologia transpessoal. A partir de tal análise concluir pelos
benefícios que o uso desses dois pilates poderão propiciar ao paciente na obtenção
de cura profunda e duradoura.
5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6

DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 7

1.HISTÓRIA ................................................................................................................ 7

1.1 Teoria Hipocrática ................................................................................................. 7

1.2 Teoria de Paracelso .............................................................................................. 8

1.3 O início da homeopatia – Samuel Hahnemann ..................................................... 9

2. PRINCÍPIOS GERAIS DA HOMEOPATIA.............................................................. 9

2.1 Lei de Similitude .................................................................................................... 9

2.2Experimentação no homem são ............................................................................. 9

2.3Uso de medicamento atenuado, diluído e dinamizado ......................................... 10

2.4 Medicamento único ............................................................................................. 10

3. O CAMINHO PARA UMA BOA PRÁTICA HOMEOPÁTICA................................ 10

3.1 Os sintomas segundo a homeopatia ................................................................... 11

3.2 Níveis de cura na homeopatia ............................................................................. 13

3.2.1 Cura de primeiro nível, cura clínica ou cura nosológica ................................... 13

3.2.2 Cura de segundo nível ou cura miasmática ..................................................... 14

3.2.3 Cura de terceiro nívelou cura pessoal ou existencial ....................................... 14

4. A DOENÇA E AS SOMBRAS ............................................................................... 15

5. TRANSDISCIPLINARIDADE ................................................................................ 17

6. A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL ...................................................................... 19

7. TRANSDISCIPLINARIDADE APLICADA A SAÚDE DO DEPARTAMENTO DE


MEDICINA PREVENTIVA DA ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA ....................... 21

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 24
6

INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de instigar o pensamento


holístico na atuação médica. Relacionar a medicina homeopática e a psicologia
transpessoal como uma nova forma de atendimento para se obter a cura
entendendo o ser humano como um todo englobando aspectos físicos,
emocionais e energéticos.

Para tal estudo realizamos uma revisão bibliográfica de publicações médicas e


de psicologia transpessoal visando mitigar distâncias evidenciando que mais se
pode fazer pelos pacientes ao se abrir os olhos e as mentes para novos
saberes.

O adoecimento físico é o destino e a última etapa de um sofrimento que se


iniciou no emocional. Essa compreensão possibilita a realização da prevenção
na sua mais completa e perfeita forma. Prevenir e tratar a doença pode ir além
das técnicas materiais resumidas a medicamentos, vacinas, alimentação e
exercícios físicos. A abordagem verdadeira e profunda se inicia quando
enxergamos as feridas sentimentais iniciamos desde aí o acolhimento evitando
que a dor se materialize em doenças físicas. A reconciliação e a harmonia
entre as áreas da medicina e da psicologia permite unir forças com o objetivo
único de se obter a cura.
7

DESENVOLVIMENTO

1. HISTÓRIA

1.1 Teoria Hipocrática

História da homeopatia de Hipócrates a Hahnemann desde a antiguidade o


número 4 (quatro) surge com um interessante simbolismo. Desde povos
indígenas, tribos africanas e várias outras civilizações o número quatro
representa a plenitude, a totalidade, a abrangência e a universalidade.

O meridiano divide a terra em quatro partes, são quatro pontos cardeais (norte,
sul, leste e oeste), são quatro estações do ano (primavera, verão, outono e
inverno), quatro fases da lua (nova, minguante, crescente e cheia). Na
psicanalise Jung reconhece no quaternário o arquétipo da totalidade dos
princípios psíquicos conscientes e inconscientes e cita funções fundamentais
da consciência: o pensamento, o sentimento, a intuição e a sensação
(REZENDE, 2009, pp. 49 – 51).

Filósofos gregos imaginaram o universo formado por quatro elementos (terra,


ar, fogo e água) e quatro qualidades (quente, frio, seco e úmido). Essa
estrutura quaternária deu origem à concepção dos quatros humores do corpo
humano e segundo a escola hipocrática os humores são quatro substâncias
necessárias a manutenção da vida e da saúde: sangue, fleuma, bile amarela e
bile negra.

Sangue – armazenado no fígado e levado ao coração onde se aquece. Desta


forma é considerado quente e úmido pode ser relacionado ao elemento ar, a
primavera e ao comportamento sanguíneo.

Fleuma – são as secreções mucosa, úmidas e frias, relacionadas ao elemento


água, ao inverno e ao comportamento fleumático.

Bile amarela – secretada pelo fígado, é quente e seca, relacionada ao


elemento fogo, ao verão e ao comportamento colérico.

Bile negra – produzida pelo baço e estômago, é fria e seca, relacionada ao


elemento terra, ao outono e ao comportamento melancólico.
8

A saúde está presente quando estes humores são harmônicos em proporção,


propriedades, quantidade e estão misturados. A doença vem quando há falta
ou excesso. A desarmonia dos humores ( discrasia ) leva a doença e a
harmonia (eucrasia) leva a saúde.

A doutrina humoral guiou a prática médica por mais de dois mil anos e
começou a ser abandonada com a descoberta da estrutura celular. O
conhecimento microscópico e seu aprofundamento com o passar dos tempos
permitiu concluir que a teoria hipocrática dos quatro humores pode ser aplicada
a biologia molecular identificando-se as quatro bases que integram o DNA
(adenina, timina, guanina e citosina) formadas por quatro elementos químicos
(carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio).

1.2 Teoria de Paracelso

Paracelso, pseudônimo de Fhilippus Aureolus Theophrastus Bombstus von


Hohenheim (1493 – 1541) foi médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista
suíço – alemão. Seu pseudônimo significa “superior a Celso” (médico romano),
e é considerado o reformador do medicamento, possui reputação de mago e
aura de místico. Estudou ciências ocultas e magia negra aprendendo com
ladrões curandeiros e ciganos escandalizando as escolas médicas tradicionais
da época.

Segundo ele o homem reúne em si mesmo todos os componentes do mundo


(minerais, plantas, animais e corpos celestes). Ele pode adquirir conhecimento
da natureza/cura de modo mais direto e interno o que não é feito pelo cérebro
racional, mas sim pelo corpo astral. Afirmava que os corpos eram compostos
por energia (fogo ou enxofre alquímico), solidez (terra ou sal) e fluidez (líquido
ou mercúrio). Era adepto do esoterismo e misticismo acreditando na existência
de um princípio vital benéfico. Obtinha curas espetaculares e foi o primeiro a
usar venenos em pequenas doses para curar, preparando medicamentos com
enxofre, ferro, mercúrio e assim criou o princípio da homeopatia e da química.
Intuiu o princípio da similitude ainda que precariamente pode ser considerado o
precursor do pensamento Hahnemanniano.
9

1.3 O início da homeopatia – Samuel Hahnemann

Christian Frederico Samuel Hahnemann nasceu em Meissen, Alemanha em


1755 e morreu em Paris em 1843. Filho de um pintor de porcelana estudou
medicina com grande dificuldade econômica trabalhando como tradutor para
custear os estudos. Teve assim a oportunidade de conhecer Hipócrates até os
mais recentes autores da época e afirmava “reúno em meus pensamentos a
síntese do saber e sou um grande médico que triunfa sobre a morte”.

Em 1790 trabalha como tradutor de um livro de Matéria Médica do escocês


Cullen que discorre sobre o uso da quina (medicamento usado para o
tratamento da malária). Hahnemann movido de grande curiosidade e
acreditando que a quina curava a malária por causar efeitos semelhantes aos
da doença, realizou em si mesmo o experimento. Usou a quina quatro vezes ao
dia e passou a desenvolver os sintomas das febres intermitentes. Suspendia o
remédio e voltava a sentir-se saudável. Neste momento teve a intuição do
princípio da semelhança anunciando em latim “Similia Similibus Curentur”.

2. PRINCÍPIOS GERAIS DA HOMEOPATIA

2.1 - Lei da Similitude

Segundo Hahnemann “o poder curativo dos medicamentos deriva das virtudes


que eles possuem de produzir sintomas semelhantes aos sintomas das
doenças, mas com energia superior a estes”. Ou seja, a lei da similitude orienta
que o estudo do doente deve envolver tanto os aspectos da doença quanto as
características singulares e próprias do indivíduo. A partir desse estudo se
busca o medicamento que mais se assemelha ao todo. A ação desse
medicamento mais potente sobre o organismo resultará na cura.

2.2 - Experimentação no homem são

Para Hahnemann “não há meio mais seguro, mais natural e infalível de


encontrar os efeitos próprios dos medicamentos que usá-los separadamente,
10

em doses moderadas e em indivíduos sãos. Os medicamentos produzirão


efeitos físicos e mentais”. A esta produção de efeitos se dá o nome de
Patogenesia e ao conjunto de Patogenesias se denomina de Matéria Médica
Homeopática.

2.3 - Uso de medicamento atenuado, diluído e dinamizado

Hahnemann usou pela primeira vez doses mínimas de medicamentos


preparados segundo seus próprios métodos e assim demonstrou que quanto
mais diluído e dinamizado, o remédio mais eficiente e penetrante será sua
ação.

2.4 - Medicamento único

Há somente um medicamento que cobre o quadro do doente e só o remédio


mais semelhante deve ser administrado. Quando os sintomas mudam deve-se
avaliar novamente o doente buscando um medicamento “Simillium”.

3. O CAMINHO PARA UMA BOA PRÁTICA HOMEOPÁTICA

A principal ideia na homeopatia e também a mais difícil de ser compreendida é


que se deve curar o doente e não as doenças. Hipócrates já afirmava que
“existem doentes e não doenças”, mas esta noção só se tornou mais clara para
os médicos mediante os princípios homeopáticos definidos por Samuel
Hahnemann. Hoje sabemos que existem as doenças, com sintomas
patognomônicos e comuns a todo processo patológico e existem os doentes
que se expressam através de seus sintomas característicos peculiares e raros.
A formação médica tradicional com os estudos das patologias sob os aspectos
puramente físicos é tremendamente ineficiente. O homeopata deve conhecer o
paciente em todos os seus sintomas mentais, psíquicos, físicos locais e gerais
com modalidades reacionais próprias, sintomas concomitantes e alternados e
principalmente sintomas raros, peculiares, característicos de cada indivíduo. O
11

conjunto de todas essas características revela a constituição, o temperamento


e a reação vital do paciente (individualização do enfermo).

O modelo de homem adotado por Hahnemann é composto por quatro


instâncias: corpo físico, alma vegetativa, alma sensitiva e alma intelectiva (sede
do intelecto e da vontade). Segundo Hahnemann a enfermidade do ser
humano é entidade única que evolui com manifestações clínicas que vão se
transformando e mudando o local no organismo podendo receber as mais
variadas denominações, mas é sempre a mesma doença, que vai
comprometendo cada vez mais profundamente as estruturas orgânicas e
provocando lesões cada vez mais graves (BAROLLO, p.1).

O organismo humano é todo interligado em cada uma de suas trilhões de


células num conjunto que se modifica e regenera a cada instante. A
semelhança do que ocorre no universo, na Via Láctea, no Sol tudo se interliga.
No planeta Terra seus ecossistemas, com animais, vegetações a interligação
também está presente. Seria possível ser diferente com o homem?

3.1 - Os sintomas segundo a Homeopatia

Os sintomas são um modo “anormal” de sentir seja no estado psíquico, seja no


corpo físico do indivíduo. São a manifestação de um desequilíbrio mental ou
fisiopatológico na intimidade de tecidos e órgãos e o início do processo se dá
quando surge uma desarmonia da força vital produzido por causas psíquicas
e/ou energéticas.
A energia vital perturbada se relaciona de uma maneira automática provocando
mudanças energéticas, funcionais e estruturais no organismo de acordo com
as tendências mórbidas constitucionais hereditárias ou adquiridas.
Essas mudanças funcionais e estruturais são o que chamamos de processos
fisiopatológicos ou doenças anatomoclínicas. Para os homeopatas as doenças
são transtornos dinâmicos que começam na mente, modificam o estado geral
para evidenciar-se por último na periferia do corpo físico (extremidades, pele e
mucosas). A partir daí as doenças pode migrar pelo organismo chegando a
12

estruturas mais profundas e vitais. Sabemos também que doenças de um


sistema ou órgão significam que as etapas anteriores foram cumpridas.
Logo, para os homeopatas é comum o conceito que as doenças são de origem
psíquica provocadas por estados de conflitos inconscientes. Entretanto, na
homeopatia se acredita ainda que para desenvolver um conflito psíquico
inconsciente é necessário um estado susceptível prévio, uma predisposição.
Conflitos familiares e sociais agindo sobre uma mente susceptível provoca no
homem desequilíbrios dos mais variados chegando finalmente ao nível do
corpo físico. Sendo assim, não basta haver o fator desencadeante psicológico
para se cair num conflito emocional. É imprescindível haver uma constituição
psicofísica predisposta e esse aspecto é individual e próprio.
Francisco Xavier Eizayaga em seu Tratado de Medicina Homeopática, trata
das faculdades psíquicas do homem classificando-as como:

1.Inteligência.
2.Vontade.
3.Sensibilidade.

A inteligência é a faculdade pela qual o indivíduo conhece e sabe o que


conhece, permite que ele reflita sobre o que ocorre com ele mesmo. Este
entendimento ocorre por três caminhos diferentes: por dedução, por indução e
por intuição (captação direta e imediata do acontecimento. Segundo Eizayaga
o homem nasce com uma certa “dose” de inteligência que se desenvolve até
chegar a idade adulta. Essa “dose” não pode ser aumentada por nenhum
procedimento, pode ser apenas cultivada pelo estudo.
A vontade é a potência da alma que se move a fazer ou não fazer algo. A
vontade permite ou não a realização de inúmeros feitos segundo o exercício de
livre arbítrio. A vontade se exercita por meio de uma “ginástica do espírito”.
A sensibilidade é a faculdade de sentir o que ocorre fora e dentro do homem
por meio de percepções e sensações vindas tanto dos órgãos do sentido,
quanto toda gama de elementos próprios dos instintos e emoções com suas
perturbações inclusive. Essas condições psíquicas podem ser modificas,
perturbadas, destruídas e melhoradas. A sensibilidade alterada é o fator
desencadeante das doenças.
13

A inteligência e a vontade, como ingredientes puramente espirituais não tem


por si só a capacidade de adoecer, mas caso haja influências e perturbações
vindas de uma sensibilidade alterada, este adoecimento pode surgir.
A sensibilidade por sua vez está ligada a órgãos físicos como sistema nervoso
central e sistema nervoso periférico sendo a mais “carnal” das funções
psíquicas do homem.
Essas três faculdades humanas não são entidades distintas. Elas são parte da
alma humana e o predomínio de uma sobre a outra também pode gerar
adoecimento. A inteligência e a vontade pertencem a um plano superior e
constituem o ser humano racional, a alma imortal. A afetividade e a
sensibilidade estão diretamente ligados à matéria e ao se desarmonizarem
podem adoecer o resto do ser.
Por esta razão dão o máximo de importância aos sintomas afetivos e
transtornos de sensibilidade, da emoção e dos instintos. Muitos pacientes
desconhecem, diminuem ou ocultam as anomalias do seu temperamento e de
seus sentimentos. Muitos sequer suspeitam que no seu inconsciente existem
motivos de tensão psíquica ou conflitos não resolvidos que podem ser a base
do seu adoecimento físico.
De qualquer maneira essa conduta anormal revela profunda desarmonia vital e
com o tratamento homeopático se consegue liberar a inteligência e a vontade
das influências compulsivas que travam e distorcem sua ação. Estas
influências provem do inconsciente seja como emoções, neuroses, instintos u
até distúrbios do sensório que acabam por gerar doença. Seria possível que a
associação a outros métodos de tratamento sugeridos pela psicologia
transpessoal ampliariam esse efeito de medicamentos homeopáticos? Seria
possível abreviar o tempo de tratamento usando esta associação?

3.2 Níveis de cura na homeopatia


(BAPTISTA; AGUIAR, 2011, p.18 - 19).

3.2.1 Cura de primeiro nível ou cura clínica ou nível nosológico

Consiste na cura dos sintomas individualmente e na cura da entidade clínica


como um todo (doença). Para obter este nível, a lógica está em determinar os
14

sintomas característicos do quadro atual e as características individuais, ou


seja, utiliza-se a Lei dos Semelhantes, ainda que de forma muito reduzida
buscando o característico e peculiar da doença. São as curas mais comuns, as
que usam os sintomas da doença atual, mas com a preocupação de
individualizá-las. Não seria o que se chama "usar o medicamento homeopático
como se usa o alopático". Ou seja, dar determinado medicamento para curar
determinadas lesões, sem analisar o caso como um todo. Estamos nesse nível
próximos do modelo da medicina ortodoxa que entende a doença como algo
em si e a cura seria a simples remoção dos sintomas.

3.2.2 - Cura de segundo nível ou cura miasmática

É a cura da predisposição a adoecer. Para este, a lógica consiste em


determinar o conjunto de sintomas da pessoa, não mais o quadro nosológico,
podendo mesmo desconsiderar os sintomas atuais da expressão da entidade
clínica.
Neste caso o que se quer é corrigir o adoecer. Todas as doenças ao longo da
história do indivíduo fazem diferença e são pesquisadas. Suas doenças, suas
reações perante sua vida e suas doenças, o que o fez adoecer, com isso se
obtém outros resultados. A cura aqui faz referência ao desaparecimento dos
diversos desconfortos do paciente encarando-o na sua totalidade sintomática e
suas formas de expressão. Na prática se observa que este estado de bem-
estar não é definitivo e por vezes os sintomas retornam. Estas situações
indicam que o medicamento embora tenha provocado melhora, não atingiu o
âmago da doença essencial. A semelhança é entre os sintomas do
medicamento e um conjunto de sintomas do doente, chamado por Mais Elizaldi
de mosaico de sintomas. Muitos desses medicamentos perdem totalmente a
capacidade de atuar no processo de cura sendo necessário voltar a se buscar
o medicamento simillimum.

3.2.3 - Cura de terceiro nível ou cura pessoal ou existencial

É a cura das pessoas, promovendo o pleno desenvolvimento de suas


potencialidades existenciais. Consiste em determinar os sintomas, geralmente
15

mentais, que expressam uma peculiar maneira de sofrer e reagir ao sofrimento.


A confirmação deste ideal de cura exige uma observação ao longo de toda uma
vida, pois implica numa transformação existencial que conduz o homem para a
realização de suas potencialidades existenciais e o cumprimento dos altos fins
da existência (HAHNEMANN, 2001, §9). Assim podemos falar da cura
miasmática, ou seja, a eliminação de toda extensão da doença primitiva oculta.
Trata-se de cura da totalidade do indivíduo e que pressupõe a mudança de
atitude vital, ressignificação das vivências e traumas do paciente. É a totalidade
do ser humano que se põe em direção ao equilíbrio. A verdadeira arte de curar
está em evitar visões exclusivamente patologistas (corpo) e exclusivamente
psicoespirituais (alma/ espírito/ emoção). O homem deve ser encarado como
um todo.

4. A DOENÇA E AS SOMBRAS

No livro “A Doença como Linguagem da Alma” o Dr. Rüdiger Dahlke, médico


com formação em medicina naturalista, psicoterapia e psicossomática faz uma
interessante análise sobre o significado da doença em nossas vidas. Segundo
ele a doença é um caminho que deve simplesmente ser percorrido. Não é bom
nem mau e o que fazer com isso depende pura e simplesmente do paciente
que deve aprender e crescer a partir dos próprios sintomas. Distorcer o
significado da doença para avaliar uma pessoa é um grande mal-entendido. A
interpretação do sintoma de uma doença como uma incriminação (por exemplo
“você está com prisão de ventre porque é avarento!”) implica no
desconhecimento do caráter da sombra que existe em cada sintoma. A
“sombra” não assume o ataque, e é por isso que é preciso ter cautela,
sabedoria, paciência e energia para se enxergar a relação com o tema
expresso no sintoma da doença. Quem culpa a si mesmo por adoecer deixa de
aproveitar as oportunidades de renascimento na doença.
Ver o plano da alma através do sintoma permite que a pessoa se torne mais
sábia e com mais consciência de responsabilidade. Assim se assume o próprio
destino e a doença se transforma em oportunidade possibilitando responder as
indicações do próprio padrão. A difícil tarefa de relacionar essa experiência
16

com o padrão anímico é uma possível atuação da psicologia transpessoal


como auxiliar no autoentendimento e cura.
A medicina acadêmica acredita ser capaz de eliminar totalmente as doenças. A
física e a química comprovam que tudo se transforma e nada desaparece sem
haver uma reposição. O mesmo ocorre com as doenças e ao contrário do que
a medicina tradicional afirma o adoecimento não pode ser eliminado pura e
simplesmente. Ele pode ser modificado quanto ao local e forma de
acometimentos no organismo. Segundo cita Dr. Dahlke, no esoterismo há uma
relação entre o sólido com o elemento terra, material; o líquido com elemento
água ( anímico) e a forma gasosa com o elemento ar. Ao tomamos emprestado
esse conceito o corpo pode ser relacionado com a manifestação do mundo
material ( vibração mais baixa), o plano anímico com a média vibração e o
mental com a vibração mais elevada. No processo do surgimento da doença a
energia será armazenada.

“Quando um tema com o qual não queremos lidar se aproxima de nós,


economizamos energia ao deixarque ele mergulhe no âmbito anímico e,
mais longe ainda, no corpo. Aquilo que não queremos ter na consciência
e, ignorando, acreditamos deixar de lado, aterrissa de fato ao lado ou, na
terminologia de JUNG, na sombra. A sombra consiste, portanto, de tudo
aquilo que percebemos e não aceitamos, e que gostaríamos de não ver.
Em posição diametralmente oposta está o EGO, que consiste de tudo
aquilo que aceitamos em nós e com o qual nos identificamos. Neste
sentido, não há nenhum ego nem nenhum ser humano que se alegre ao
reencontrar os temas acumulados na sombra.
Como a sombra é uma parte necessária a nossa totalidade, somente
podemos tornar-nos sãos, no sentido de íntegros, através justamente de
sua integração. Uma pessoa inteira consiste de ego e sombra. Os dois
juntos resultam no si mesmo ou self, que representa a pessoa integrada,
que realizou a si mesma. A aceitação e elaboração dos temas da sombra
materializados nos sintomas é consequentemente um caminho de busca
de si mesmo. Sintomas são a manifestação da sombra muito acessíveis
devido ao fato de terem emergido das profundezas da alma para a
17

superfície do mundo corpóreo, tornando-se assim excepcionais


indicadores do caminho da perfeição.” (DAHLKE, 2007, p. 19).

Jean Yves Leloup no capítulo 3 do livro Terapeutas do Deserto trata do tema


das sombras descrevendo os tipos de sombra citados por Graf Durckheim. O
primeiro tipo é a repressão da agressividade. A energia da vontade de agredir
os outros se volta contra nós mesmos gerando impulsos suicidas. A chave está
em encontrar uma maneira de não reprimir a agressividade, mas sim orientá-la
de forma diferente transformando em criatividade. A criatividade será usada de
forma saudável impedindo o adoecimento.
A segunda fonte de sombra é a repressão da sexualidade que não se resume
ao órgão sexual apenas. A dimensão é muito maior e ao reprimir a sexualidade
sufocamos as manifestações do amor como gratidão, ternura, perdão que
permitem trilhar um caminho espiritual saudável e completo.
A terceira fonte de sombra é a repressão do feminino tanto para o homem
quanto para a mulher. Ao reprimir o feminino reprime-se também a dimensão
contemplativa, o estar presente, olhar o belo do momento e contemplar o
próprio ser, seria o retorno a dimensão espiritual. A repressão do “olhar para
dentro” é mais uma fonte de infinitos adoecimentos.
A quarta fonte de sombra é a repressão da individualidade criadora. Como é
possível ser criativo quando se precisa lutar todos os dias pela sobrevivência
exercendo um trabalho que não se gosta e sem espaço para expandir a
imaginação. O grande desafio é introduzir fantasia, poesia na vida diária. A
leveza destas atitudes também nos impede de adoecer.
A quinta fonte de sombra descrita por Graf Durckheim é a repressão do ser
essencial, da espiritualidade. Reprimir o sujeito é reduzi-lo a objeto dos
acontecimentos e das circunstâncias, é esquecer a dignidade do ser humano.
O segredo está em permanecer o mais próximo possível do seu mais íntimo
desejo.

5. TRANSDISCIPLINARIDADE

No Artigo Transdisciplinaridade e Homeopatia a professora e homeopata Célia


Regina Barollo aborda a interessante união entre homeopatia e metodologias
18

transdisciplinares como uma maneira de incrementar o pensamento médico em


busca de maior eficácia no tratamento.
Segundo afirma, existem três pilares da metodologia transdisciplinar que se
aplicam a homeopatia que seriam diferentes níveis de realidade, lógica do
terceiro incluído e complexidade.

Diferentes níveis de realidade:

O médico homeopata busca compreender o paciente em seu sofrimento


essencial analisando aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais.
Hahnemann ao iniciar a prática homeopática buscou compreender os níveis de
realidade dos medicamentos concluindo quais suas potencialidades curativas.
Paralelo a isso analisou os pacientes buscando entender o que havia digno de
cura em cada caso individual. A partir daí adequava um ao outro criando a Lei
dos Semelhantes.
Anos mais tarde, estudiosos como Kent (1849-1916) e Allen (1824-1925)
encaravam a enfermidade como o resultado da problemática do espírito,
sempre a doença estaria ligada a conflito de origem espiritual ou metafísica.
Masi Elizalde (1932-2003) elaborou os níveis de cura ampliando a
compreensão da enfermidade humana seguindo o pensamento de Kent e
Allen.

Lógica do terceiro incluído:


Célia Barollo faz referência no seu texto Transdisciplinaridade e Homeopatia a
palestra proferida por Patrick Paul na Associação Palas Athena, São Paulo,
2000. Nesta fala ele afirma

Entre o médico e o paciente sempre existe o terceiro incluído, elemento


que propicia a ligação médico-paciente e que faz do médico um curador,
é o sagrado fazendo parte da consulta. O médico é apenas instrumento
de cura, pois nem sempre é possível conduzir os pacientes pelo caminho
da cura: se torna um curador quando for permitido e possível. Sempre
existe o imponderável, o oculto e intangível na alma de cada paciente,
muitas vezes inacessível ao curador”.
19

Das palavras citadas no artigo surge o questionamento a respeito da possível


relação favorável ao emprego da psicologia transpessoal atuando com ponte
entre o “oculto, intangível na alma do paciente” e o curador. A psicologia
transpessoal com métodos diversos poderia ser o elo que falta entre a
medicina homeopática e a alma do paciente.

Complexidade:
A complexidade está presente em absolutamente tudo na homeopatia. Desde
as experimentações de Hahnemann realizadas no homem são, em busca das
características dos medicamentos, até as preparações dos remédios, sua
coleta, classificação, estudo do paciente como um todo, a pesquisa dos
sintomas, muitas vezes sintomas não analisados pelo paciente.

Todo ser humano está envolto em uma complexa rede de relações,


intrapessoais, interpessoais e transpessoais. A racionalidade homeopática
se encaixa perfeita e completamente a proposta transdisciplinar. Tal como o
pensamento transdisciplinar o principal objetivo da homeopatia é criar
condições para o surgimento de pessoas autênticas, assegurando as
condições para a realização máxima de suas potencialidades criativas, uma
vez que também está voltada para o equilíbrio entre a pessoa exterior e a
pessoa interior... a homeopatia é um instrumento para a realização de um
projeto de saúde estável com qualidade de vida. (BAROLLO, p. 4).

6.A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL

O termo “transpessoal” foi citado pela primeira vez por Jung quando utilizou as
palavras suprapessoa (1916) e suprapessoal (1917). Pierre Weil define a
psicologia transpessoal como um ramo da psicologia especializada no estudo
dos estados de consciência lidando com a “Experiência Cósmica” ou estados
ditos “superiores” ou “ampliados” da consciência. Estes estados de consciência
consistem na entrada numa dimensão fora do espaço-tempo tal como costuma
ser percebida pelos nossos cinco sentidos. É uma ampliação da consciência
20

comum com visão direta de uma realidade que se aproxima muito dos
conceitos de física moderna (Weil, 1999, p.9).
Foi oficializada e enunciada em 1968 por Abraham Harold Maslow que a
chama de Quarta Força da Psicologia, centrada mais no cosmos do que nas
necessidades e interesses humanos, ou seja, segundo Maslow o ser humano
deveria transcender sua Psique (pessoal), para conectar-se ao Todo ou a
outras realidades transpessoais (dimensões espirituais e evolução da
consciência). A partir dessa abordagem o indivíduo passa a se perceber como
parte integrante de um todo expandindo a consciência para além do próprio
ego.
São diversas as técnicas englobadas pela Psicologia Transpessoal como
relaxamento, imaginação criativa, meditação, técnicas de respiração, dança
circular, escrita de temas como a descrição do Eu esta última técnica em
especial pode ser de extrema utilidade na prática homeopática no consultório.
O homeopata, por diversas vezes depara-se com a árdua missão da
elaboração na anamnese homeopática. O questionamento é amplo e envolve
desde queixas locais referentes ao principal sintoma que levou o doente até a
consulta chegando a aspectos emocionais e características próprias do
paciente. Tal abordagem, nos dias de hoje, é muitas vezes surpreendente para
os pacientes e o homeopata se depara com silêncios profundos e respostas
vazias que dificultam seu trabalho em busca do medicamento único e similar
para cada caso. O uso das técnicas transpessoais pode facilitar este “olhar
para dentro”. O método homeopático clássico não permite interferir na narrativa
do doente, pode-se apenas ouvir e questionar um ou outro ponto que tenha
ficado confusa ou obscura. A semelhança das práticas terapêuticas da
psicologia transpessoal, a anamnese como pilar para ambas as áreas pode ser
o ponto inicial de fusão entre os dois caminhos. A escuta integral das queixas
do doente, a história de vida, o falar de si já promove um alívio significativo. A
sensação de acolhimento e atenção são o primeiro bálsamo para alívio dos
sintomas.Aprofundando a técnica transpessoal pode-se reconhecer os níveis e
estados de consciência do doente entendendo mais claramente como a
energia se acumula, desloca e concentra no psiquismo e no corpo físico do
paciente. Trata-se até aqui do que se chama de eixo horizontal da psicologia
21

transpessoal que permite ao indivíduo se auto observar e refletir sobre sua


condição trazendo luz ao que anteriormente estava oculto.
Num segundo momento, o processo terapêutico transpessoal evolui e adentra
o que se denomina de eixo vertical. Nesta fase do atendimento, técnicas são
usadas para despertar o doente a percepção da sua intuição, sua comunicação
com o “ Eu Superior”. O indivíduo finalmente se enxerga como parte de um
todo atingindo compreensão, plenitude e paz e um sentido mais profundo a sua
vida. Uma forma eficaz de atingir este estágio é com a prática regular da
meditação, seja mindfulness, meditação ativa ou técnicas meditativas
clássicas.

7.TRANSDISCIPLINARIDADE APLICADA A SAÚDE DO DEPARTAMENTO


DE MEDICINA PREVENTIVA DA ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA.

Numa pesquisa realizada em busca de estudos relacionando as áreas médica


e da psicologia transpessoal surgiu a informação sobre o Setor de
Transdisciplinaridade aplicada a saúde do Departamento de Medicina
Preventiva da Escola Paulista de medicina. Segundo relatado no site
http://www2.unifesp.br/dmed/trans/quem-somos “em 1997, atendendo a um
convite do então reitor da UNIFESP, Dr. Hélio Egidio, para que se
desenvolvesse pesquisa sobre Homeopatia nesta instituição (por solicitação do
Ministério da Educação), se encontrou desafios metológicos: como mensurar
os efeitos de preparações ultra diluídas e imateriais em seres humanos. Nesta
ocasião estruturava-se o Setor de Geriatria e Gerontologia sob direção do Prof.
Dr. Luiz Roberto Ramos, que se dedicava ao estudo epidemiológico do
Envelhecimento, que começava a evidenciar a importância do estilo de vida na
manutenção da capacidade funcional do ser humano ao longo de sua velhice.

Ao lado disso havia o desafio de superar o modelo topográfico da medicina


convencional que, atribuindo a cada diagnóstico isolado um tratamento,
sobrecarregava o idoso com uma carga medicamentosa intolerável, gerando o
problema da polifarmácia.
22

Diante deste panorama, foi elaborado um ensaio clínico para evidenciar o


efeito da intervenção homeopática individualizada agregada ao tratamento de
idosos atendidos em ambulatório geriátrico geral.

Ficou demonstrado que a intervenção não molecular gerava um incremento na


Qualidade de Vida dos idosos e, principalmente, um ganho no sentido da vida
medido pelo domínio da Espiritualidade do WHOQOL.

Desta forma constatou-se que o estudo do envelhecimento demandava um


referencial ampliado que alcançasse outras dimensões que não só a física; foi
adotado um modelo multidimensional de homem proposto pelo professor de
física quântica da Universidade de Oregon Prof.Amit Goswami.

A partir deste referencial desenvolveu-se uma avaliação epidemiológica


multidimensional da coorte de idosos residentes na Vila Clementino, levando
em conta aspectos físicos (clínica e laboratório), metabólicos (nutrição,
antropometria e análise isotópica de unhas), vital (qualidade de vida
psicométrica e clinimétrica) e mental (postura física e perfil de personalidade).

Além da avaliação, desenvolveu-se um protocolo de intervenção


multidimensional que tem sido ensaiado diante de doenças crônicas no meio
corporativo e em idosos, com resultados animadores.

Para elaborar estes resultados foi necessário mudar de paradigma referencial e


assim encontramos na transdisciplinaridade a atitude teórica que
necessitávamos.

O conceito de Transdisciplinaridade tem evoluído desde a sua origem, com


Piaget (1896-1980), na década de 70, até os dias atuais. Ainda considerado
um tema polêmico no meio acadêmico, o pensamento transdisciplinar favorece
uma nova organização do conhecimento que permite a articulação entre os
fundamentos científicos como, por exemplo, da Medicina com as diferentes
áreas: Ciências Humanas, Filosofia, Tecnologia, Valores culturais e espirituais,
busca uma nova compreensão da visão de homem e de mundo abrindo-se a
23

uma lógica inclusiva para além dos limites estáveis do conhecimento


disciplinar.

Com Einstein, há cerca de um século, a dimensão imaterial (energia) é


resgatada pelo domínio científico. Surge a Física Quântica, que começa a
compreender a incerteza inerente aos fenômenos e reconhece que a
Realidade é um “caldo” complexo de possibilidades que colapsam como
objetos perceptíveis na dependência de um arcabouço informacional. Amit
Goswami nos traz a visão quântica de homem, que postula a correspondência
hierárquica e interdependente de seus cinco corpos da consciência: físico, vital,
mental, supramental e sublime, este último considerado como ilimitado.

A atitude transdisciplinar tem 3 pilares fundamentais:

1. Todos os fenômenos são complexos e como tal devem ser encarados.


2. A realidade é multidimensional e a causalidade se dá do imaterial para
o material.
3. Deve-se utilizar uma lógica inclusiva na busca de um entendimento da
realidade por meio de seus fenômenos.

Isto deve acontecer sem que se perca o rigor científico, abertura para o novo e
respeito pela diversidade.

Em 2010 o grupo atuava no prédio do Setor de Estudos do Envelhecimento da


Disciplina de Medicina Preventiva Clínica do Departamento de Medicina
Preventiva UNIFESP, com um atendimento piloto de idosos com esta
abordagem, resolvendo o problema de consenso entre as disciplinas
envolvidas (medicina, homeopatia, acupuntura, nutrição, psicologia,
odontologia, fisioterapia, educação física) graças a utilização do método
fenomenológico de Goethe. Neste período foi oferecido, pela primeira vez no
mundo acadêmico, um curso de Extensão em Transdisciplinaridade aplicada a
Saúde pela Universidade Católica de Brasília, com a finalidade de formar
profissionais para a implantação da atitude transdisciplinar no novo Hospital da
Criança de Brasília com ênfase no atendimento onco hematológico.
24

Além disso havia ainda um trabalho com o eixo Sustentabilidade pessoal,


coletiva e planetária em dois projetos de pesquisa corporativa no SEBRAE-MT
e SESI-SC.

Se desenvolvia ainda, um ensaio clínico com idosos de periferia (São Matheus)


com o intuito de avaliar, com a metodologia multidimensional, o impacto da
prática meditativa no processo de envelhecimento dos mesmos.

A equipe contava com cerca de 20 profissionais de saúde locados na vila


Clementino, bem como outros 25 locados em São Matheus (HGSM), todos
voluntários interessados na produção científica.

Em Novembro de 2010 foi realizada a 1ª Jornada de Transdisciplinaridade


aplicada a Saúde na UNIFESP com a presença de mais de 100 participantes.
Diante desta demanda e do crescente interesse sobre o tema em vários
departamentos da UNIFESP (Psicobiologia, Neuro-muscular, Psiquiatria,
obstetrícia, etc), foi criado o Setor de Transdisciplinaridade aplicada a Saúde
Coletiva, na Área de Práticas em Saúde do Departamento de Medicina
Preventiva da UNIFESP, por decisão do Conselho Departamental.”

8.CONCLUSÃO

A homeopatia é uma especialidade médica que compreende a indivíduo além


das suas mazelas físicas. O doente é um ser integral composto de corpo, alma
e energia/força vital. A cura ideal deve se processar nestes três níveis
implicando numa transformação existencial conduzindo o homem para a
realização de suas potencialidades com mudança de atitude vital,
ressignificação das vivências consequentemente levando ao equilíbrio.
A psicologia transpessoal compreende o ser humano como um ser espiritual
capaz de ampliar sua consciência para uma “experiência cósmica” se
percebendo como parte de um todo evoluindo mental e espiritualmente
atingindo finalmente plenitude e paz.
25

Pelo exposto fica claro que as duas técnicas usadas em conjunto se


complementarão e beneficiarão enormemente aqueles que buscam pela saúde
plena compatível com a definição da OMS para saúde que define a saúde
como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente
ausência de afecções e enfermidades".

“ Durante a construção da Catedral de Notre-Dame um passante pergunta a


dois trabalhadores de pedra o que eles estão fazendo. Um deles responde que
está quebrando pedras e o outro diz que está construindo uma catedral. Não
se pode reprimir em nós mesmos os construtores de catedral. Não somos
somente trabalhadores de pedra. O trabalho é pesado para ambos, mas a
orientação do coração é diferente. Esse é um trabalho sobre lucidez para que
se nasça um ser autêntico, o ser centrado no essencial. Alguém em boa saúde.
É isso que podemos desejar uns aos outros”.(LELOUP; BOFF, 2013, p. 103).

***

Sobre a autora:

"Arayci Pinheiro nasceu em Salvador/BA tem 47 anos. Formou-se em Medicina pela


Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública em 1994, realizou entre 1995 e 1998
residência em Anestesiologia e entre 1997 e 1998 pós graduação em Medicina do
Trabalho. Atuou nestas áreas até 2004 quando mudou-se para São Paulo por motivos
familiares. Afastou-se da medicina para cuidar das filhas pequenas retornando a
atividade com médica do trabalho em várias empresas a partir de 2006 já na capital
paulista. Em 2008 concluiu a pós graduação em Homeopatia quando passa a
enxergar o paciente de uma maneira mais completa passando a se interessar por
abordagens mais amplas do indivíduo nas áreas de espiritualidade e meditação".
26

ANEXO 1

Entendimento do homem e suas dimensões

Fonte: http://www2.unifesp.br/dmed/trans/modelo
27

Fonte: http://www2.unifesp.br/dmed/trans/modelo/psicologia
28

Fonte: http://www2.unifesp.br/dmed/trans
29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVAREZ, Mani. Psicologia Transpessoal: A Aliança entre Espiritualidade e Ciência:


O resgate do universo multidimensional da consciência humana no terceiro milênio.
São Paulo: All Print Editora, 2006.

BAPTISTA, Helena Veras; AGUIAR, José Romão Trigo de. “Cura no Terceiro Nível:
Estudo de um caso clínico”. IN:_____. A Cura na Homeopatia. São Paulo: 2011, pp.
14 – 20.

BAROLLO, Célia Regina. “Transdisciplinaridade e homeopatia”. São Paulo: pp. 1 –


6.

DAHLKE, Rüdiger. A Doença como Linguagem da Alma. São Paulo: Cultrix, 1999.

EIZAYAGA, Francisco Xavier. Tratado de Medicina Homeopatica. Buenos Aires:


Ediciones Marecel, 1981.

HAHNEMANN, Samuel. Organon da arte de curar. São Paulo: Robe Editorial, 2001.

LELOUP, J.-Y.; BOFF, Leonardo. Terapeutas do Deserto: De Fílon de Alexandria e


Francisco de Assis a Graf Dürckheim. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.

ODOUL, Michael. Diga-me onde dói e eu te direi por quê: Os gritos do corpo são as
mensagens das emoções. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

PUSTIGLIONE, Marcelo. 17 Lições de Homeopatia: Estudos avançados do organon


e leitura atualizada dos “textos maiores” de Samuel Hahnemann. São Paulo: Typus,
2000.

REZENDE, Joffre Marcondes de. À Sombra do Plátano: Crônicas de História da


Medicina. São Paulo: Unifesp, 2009.

SALDANHA, Vera. Psicologia Transpessoal: Abordagem Integrativa: Um


conhecimento Emergente em Psicologia da Consciência. Rio Grande do Sul: Unijuí,
2008.

S-ar putea să vă placă și