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Revista Brasileira de Futsal e Futebol


ISSN 1984-4956 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
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A UTILIZAÇÃO DE JOGOS EDUCATIVOS PARA O APRENDIZADO DO FUTEBOL


NAS CATEGORIAS DE INICIAÇÃO SUB 11
1 1 1
Persio Jordano Monteiro , Rinaldo Alexandre Cardoso , Paulo Edison da Cruz Junior

RESUMO ABSTRACT

O presente artigo vai procurar visualizarmos o Educational Use of Games for the Learning of
jogo como instrumento educacional e Football in Categories of Initiation Under 11
facilitador no ensino aprendizagem do futebol,
desmitificando a idéia que o jogo futebol aliena The purpose of the present article is to make
e propondo uma metodologia em que o jogo us visualize the game as an educational
tem papel principal na superação de um instrument and facilitating factor in teaching
paradigma em que a vitória a qualquer custo and learning about soccer, demystifying the
vale mais do que o prazer do jogo. Desta idea that the football game alienates, and
forma, abordaremos temas que irão além do proposing a methodology which the game has
ensino puramente técnico do jogo, sem deixar leading role in overcoming a paradigm in which
de lado a busca constante pela excelência, the victory at all costs is above the pleasure of
portanto, esta dentro deste estudo analisarmos playing football. In this way, we will tackle
outros aspectos que tange a pedagogia do subjects that go beyond strictly technical
esporte. Assim, nos apoiando em autores que teaching about the game, without setting aside
acreditam em um jogo que vá alem das regras the constant search for excellence; therefore,
básicas do futebol como Freire (2003), Scaglia this study involves the analysis of other
citado po Piccolo (1999), Santana (2004), aspects that tackle sport pedagogy. Thus,
Rose Junior (2002), Scaglia e Reverdito getting as reference, authors who believe in a
(2009), Kunz (2001), Piccolo (1999), Betti game that goes beyond the basic rules of
(1997) Montagner(1999) entre outros. soccer like Freire (2003), Scaglia in Picollo
Verificou-se que sem deixar a margem o bom (1999), Santana (2004), Rose Junior (2002),
ensino pratico do futebol, tem-se a Scaglia and Reverdito (2009), Kuns (2001),
necessidade de colocar questões relativas à Picollo (1999), Betti (1997), Montagner (1999)
dimensão conceitual e atitudinal, como valores and so forth. It was realized that, without laying
culturais, morais e sociais que devem sem aside the practical teaching, it’s necessary
duvida incorporar os programas, devem dealing with issues related to conceptual and
configurar no rol das funções de todo attitudinal dimensions, like cultural, moral and
professor. social values that must undoubtedly be part of
the programs, they must appear in the roll of
Palavras-chave: Futebol, Iniciação, Jogos, the function of every teacher.
Jogo educativo.
Key Words: Footabll, Tutorial, Games,
Educational Game.

1 - Programa de Pós-Graduação Lato sensu Email: efe_monteiro@hotmail.com


da UGF em Futebol e Futsal: As Ciências do Rua Emidio Luiz de Deus, 206
Esporte e a Metodologia do Treinamento Sertão da Quina, Ubatuba, São Paulo
CEP: 11680-000

Email: paulojrcruz@hotmail.com Email: pepejudo@hotmail.com


Rua Bonsucesso, 273 Av. Dario Leite Carrijo, 1356
Estufa I, Ubatuba, São Paulo Enseada, São Sebastião, São Paulo
CEP: 11680-000 CEP: 11600-000

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INTRODUÇÃO o jogo como degradações das atividades dos


adultos que perde a seriedade ao nível das
Sobre o fenômeno do jogo pode-se distrações anódinas.
dizer que existe uma grande variedade de Como terceira característica encontra-
teorias, conceitos, resultados, de maneira tal se o isolamento e a limitação, ou melhor, o
que torna difícil uma definição estandardizada lugar e a duração que ocupa. O jogo é jogado
e única para o jogo em si devido à sua até que se chegue a um fim, e por diversas
multifuncionalidade. vezes, esse fim se restringe a limites de tempo
No entanto, sabemos que o futebol é e de espaço impostos pela realidade.
muito difundido pela mídia fazendo com que Rossetto Junior e colaboradores
este esporte seja o preferido das crianças e (2008), dizem que o jogo para a criança, não é
adolecentes, como diz a letra da música de uma atividade do passado ou do futuro, mas
Samuel Rosa do grupo mineiro Skank, “quem do presente, do agora, da realidade criada por
nunca sonhou em ser um jogador de futebol”. suas características, e enfatiza ainda que não
Portanto, pretendemos com este artigo é uma atividade apenas imaginária mas
que tem como objetivo visualizarmos dentro de representativa/interpretativa, sendo então um
uma revisão bibliográfica, tendo em vista uma misto das vivências concretas com a fantasia.
proposta de trabalho no ensino e Para Kishimoto (1999) o jogo
aprendizagem do futebol para menores, tradicional é um tipo de jogo livre, espontâneo,
utilizarmo-nos do jogo como forma no qual a criança brinca pelo prazer de fazê-lo.
metodológica dentro de duas variáveis que A força de tais jogos explica-se pelo poder da
são: o jogo como facilitador em uma expressão oral. Enquanto manifestação
perspectiva de ensino e aprendizagem e o espontânea da cultura popular, os jogos
jogo educativo, procurando assim desmitificar tradicionais têm as funções de perpetuar a
a idéia de que o futebol é um esporte que cultura infantil e desenvolver formas de
aliena. convivência social, desta forma, Huizinga
Desta forma, cabem as perguntas, (1995), define que é no jogo e pelo jogo que a
será que o esporte futebol educa? Quando ele civilização se desenvolve.
educa? E como ele pode ser utilizado na Assim, Scaglia e Reverdito (2009)
transformação sócio-cultural dos alunos? dizem que o jogo está além de sua
Para que possamos atingir nossos objetivos caracterização de jogo e somente poderá ser
nos apoiaremos em autores como Samulski verificado como manifestação de jogo quando
citado por Scalon (2004), Kishimoto (1999), revelado no ato de jogar. Consideram como
Freire (2003), Picollo (1999), entre outros, que um sistema complexo e ao aceitar sua
percebem no jogo uma forma de ensino que complexidade, não se poderá esperar que a
visa não somente o aprimoramento da técnica fragmentação de sua trama – apenas sua
e da tática do futebol, mas também caracterização – venha revelar o todo.
proporciona uma educação de corpo inteiro, Com isso, os autores complementam
desta forma, refletiremos também sob o que o jogo é dinâmico e complexo, logo,
prisma educacional da responsabilidade de ordem e desordem, certezas e incertezas,
quem trabalha com o futebol nas categorias confusão e clareza, coabitam um mesmo
iniciais. sistema, que não prevê apenas soluções, mas,
problemas, sem eliminar a simplicidade e
Conceito do Jogo tampouco a complexidade.
Procuremos entender então o que é Para Samulski citado por Scalon
jogo, para Huizinga (1995), uma das primeiras (2004) uma boa compreensão sobre o
características fundamentais do jogo seria o desenvolvimento psíquico por meio do jogo
fato de ser livre, de proporcionar ao jogador a nos dá a teoria de Piaget, segundo ela a
liberdade de expressão, de poder vivenciar e criança para construir o conhecimento leva-se
recriá-lo. à frente em uma direção constante entre
Uma segunda característica seria o assimilação e acomodação.
jogo em oposição à vida real, porém, não Por assimilação, entende-se a
distante dela um jogo pode ser de faz de conta tendência da criança de adaptar as condições
e, no entanto, extremamente sério e do meio ambiente à organização interna já
relacionado à realidade; Caillois (1990) define existente, já a acomodação entende a

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adaptação da criança às condições objetivas Para Campos (2001) desde sua chegada ao
do meio ambiente. nosso país por Charles Miller, esse esporte é
Assim, diante de um ambiente de tido como a paixão nacional, desta forma há
compulsão, o jogo, em sua dimensão uma evidência, torna-se necessário uma
complexa, permite revelar infinitas implicações discussão em torno da metodologia aplicada
pedagógicas. Para Reverdito e Scaglia (2009), em seu desenvolvimento em escolinhas de
essas implicações poderão ser dispostas futebol.
sobre quatro princípios: Segundo Scaglia (2009) a Inglaterra
foi um dos primeiros países a aceitar e utilizar
- não esquecer coisas aprendidas: o jogo o esporte como um meio de educação. Por
permite à criança, não a ânsia de re-vivenciar meio das aulas, possibilitava ao estudante
a satisfação eufórica provocada ao aprender desenvolver sua capacidade de liderança, o
/resolver um problema, mas a repetir controle de si próprio, além de saber conciliar
intensamente aquilo que aprenderá, uma atitude de liberdade com ordem.
permitindo, por conseguinte, continuar a Qualidades estas, que vinham ao encontro das
praticar, garantindo a permanente idéias de construção de um modelo de homem
rememoração das novidades assimiladas. inglês. Este, além de forte e possuidor das
qualidades acima citadas, deveria adquirir
- manter a aprendizagem: o jogo permite à também outras, tais como: lealdade,
criança e ao jovem exercitarem o que cooperação, autodisciplina, iniciativa,
aprenderão, só pelo prazer de repetir e tenacidade e espírito esportivo. Na somatória,
vivenciar todas as sensações manifestas no ter-se-iam preenchido todas as necessidades
momento da aprendizagem. da administração do império britânico.
Com este exemplo, pode-se perceber
- aperfeiçoar a aprendizagem: é natural na que há muito tempo o esporte começou a ser
criança, quando assimilado prazerosamente, a visto não apenas como um esforço físico em
busca pelo aperfeiçoamento daquela busca de um rendimento, mas sim como um
capacidade/movimento/ação. A criança meio de se atingir outras competências e
repetidamente busca o aperfeiçoamento do habilidades, ou seja, de se educar com o
que fora aprendido, pela beleza da esporte.
ação/gesto/movimento. Com isso, Santana (2004) acredita
que para a criança, além de aprender
- novos desafios: após este processo de habilidades e desenvolver capacidades, a
estabilização e fixação do aprendido, a criança ação pedagógica deve se ater à construção de
está pronta, suficientemente segura e valores e atitudes; nesta perspectiva seriam os
encorajada para uma nova aquisição, um novo fins do esporte proporcionar o prazer, a
desafio, uma nova situação que mantenha evolução da consciência, a introdução a uma
laços com aquela que foi superada. cultura de lazer, a construção da cidadania e a
valorização da auto estima, contrapondo-se ao
O Jogo Educativo paradigma vigente de rendimento que tem
Freire (2003) define futebol da como fim maior os resultados.
seguinte maneira: é um esporte organizado Para Freire (2003) alguns princípios
em um conjunto particular de movimentos, pedagógicos devem nortear o trabalho de
que, pela manipulação de uma bola com os ensino e aprendizagem em uma escolinha de
seguimentos corporais, excetuando os futebol que vise uma educação por inteiro.
membros superiores, expressa as idéias e os Vamos refletir sobre eles:
sentimentos de indivíduos e, de uma maneira Ensinar futebol a todos - pensamos
mais global, a cultura de povos. que uma escolinha de futebol deve
O futebol é um dos maiores proporcionar a todos os seus alunos
fenômenos esportivos do mundo, sendo o experiências que visem aumentar a sua
mais popular dos esportes com bola, não há capacidade de movimento e raciocínio sobre o
como negar sua influência no mundo infantil e jogo, não privilegiando os melhores e deixando
adulto (Frisselli e Mantovani, 1999; Daolio, de lado os menos habilidosos, logo, segundo o
2003). autor, quem já é bom terá a oportunidade de

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se aperfeiçoar e os menos dotados atletas; não que o talento tenha que ser
melhorarão a partir do que já sabem. ignorado, mas que outras dimensões tenham
Ensinar futebol bem a todos - ensinar que ser exploradas para a formação de
futebol não é ensinar qualquer coisa, temos pessoas que pensam, sentem, e que portanto,
que ensinar cada aluno, não importa o grau de seus objetivos podem vir de encontro a não
habilidade com que inicie, com o passar do ser um atleta de alto nível, e se vierem a ser
tempo o aluno deve expressar habilidades ou não um desportista profissional, que
para jogar um bom futebol, o processo aprendam principalmente a gostar de esporte.
pedagógico exige paciência. Assim, Montagner (1999) assegura que muitos
Ensinar mais que futebol a todos - procuram o esporte não apenas para serem
devemos aqui fazer com que nosso aluno atletas, mas sim porque o esporte é um
vivencie as mais variadas situações em que elemento motivador e fortemente difundido
possa discutir regras, criar regras, conviver em culturalmente no mundo, pelo interesse em
grupo contribuindo para o seu sua prática, pelo gosto de jogar.
desenvolvimento moral e social, desafiar o Com relação à especialização precoce
aluno a pensar sobre a ação que fez; são vista no âmbito de aprendizado esportivo que
coisas que contribuem para o desenvolvimento visa um contexto puramente competitivo no
da inteligência do aluno, portanto, pensamos qual a busca pela performance fica explícita,
neste momento não no craque de futebol, mas Santana (2005) acredita que não dá para
no ser humano que estamos educando. reduzir a ação do pedagogo esportivo apenas
Ensinar a gostar de esporte - aqui a à consideração desses e de outros fatores sob
ação pedagógica é proporcionar que o aluno o signo da racionalidade. Há outras dimensões
tenha prazer no que faz se utilizando de humanas como afetividade, sociabilidade,
atenção, carinho e liberdade de criação, logo, desenvolvimento moral e toda uma série de
antes de qualquer ensinamento o aluno deve evidências que em geral não são consideradas
gostar do que faz. quando da iniciação esportiva.
A maioria das escolinhas de futebol Desta forma, utilizando-se desta
ainda hoje, mesmo com o avanço do metodologia os professores e técnicos pensam
conhecimento sobre o aprendizado infantil, que os seus alunos são máquinas e quase
insiste em manter um padrão vinculado a um sempre visam os resultados em busca do
pensamento simplista, no qual fomenta a auto-rendimento (performance).
hipertrofia de gestos técnicos; este Consequentemente fazem com que os
pensamento acredita que os fundamentos seus alunos exerçam uma carga elevada de
devem ser aprendidos por partes. Para treinamento entre a idade de 6 a 11 anos,
Reverdito e Scaglia (2009) um trabalho período da infância; com isso estão
pautado no molde tecnicista. comprometendo o desenvolvimento das
Rose Junior (2002) em seu trabalho habilidade motoras das crianças e estão
discute que a iniciação esportiva pode ser especificando os movimentos e mecanizando-
analisada diante de quatro problemas relativos os, sendo que pouco proporcionaram aos
à pedagogia dos esportes: prática alunos que nesta fase deveriam estar
esportivizada, prática repetitiva de gestos desenvolvendo um vasto repertório motor, e
técnicos em diferentes níveis de ensino, assim prejudicando-os para que possam
fragmentação de conteúdos e especialização escolher (autonomia) uma melhor situação
precoce. para a resolução dos seus problemas.
Costa (2007), também define como Para Piccolo (1999), por meio de
método parcial esta metodologia que procura modelos internacionais que vem sendo
desenvolver os fundamentos por partes. copiados há várias décadas mantemos a
Diante desta visualização, Santana ilusão de que quanto mais cedo se começar o
(2005) é totalmente contrário a esta idéia treinamento maior será o índice técnico
reducionista como o esporte é tratado na alcançado, sem observar que países
iniciação esportiva, comentando que temos desenvolvidos no esporte já abandonaram
que pensar o ser humano como um todo, e esse referencial.
que suas partes se inter-relacionam. Para isso, Kunz (2001) aponta para alguns
temos que pensar que o local de possíveis problemas devido à especialização
aprendizagem não é um lugar de formação de precoce, vejamos: formação escolar deficiente

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(porque dedica o maior tempo que tem aos mas que necessite de experiências vividas e
treinamentos), devido à grande exigência em sentidas, o que levará o indivíduo a uma
acompanhar com êxito a carreira esportiva; a aprendizagem mais profunda que dificilmente
unilaterização de um desenvolvimento que será esquecida, levando este a pensar, falar e
deveria ser plural; reduzida e/ou menor agir a partir de uma reflexão; com isso o
participação em atividades, brincadeiras e futebol além de desenvolver outros potenciais
jogos do mundo infantil, que são do aluno, no que diz respeito à sua emoção,
indispensáveis para o desenvolvimento da vai fazer com que ele se torne mais flexível e
personalidade na infância. humanizado; para melhor compreensão,
Dessa forma Piccolo (1999) ressalta ratifica que as vivências são atividades que
que as consequências de um treinamento permitem aos participantes envolver-se por
rigoroso que força a especialização precoce, inteiro, observar a própria ação e reação,
não se mostram a curto prazo e, portanto, extrair insigthes para autoconhecimento,
muitas vezes são menosprezadas, pois antes valores construtivos e conclusões sobre
da prática esportiva devemos considerar os qualquer conteúdo, portanto, tomar
direitos da criança, em que ela precisa consciência de que pertence e faz sua própria
primeiramente brincar, e brincar de praticar história dentro de um contexto sócio-cultural.
esportes. Seguindo este diálogo, Betti (1997)
Com isso, os profissionais de afirma que devemos entender que o
Educação Física devem proporcionar aos seus movimento que a criança realiza dentro de um
alunos várias situações problemas para que jogo tem repercussões sobre todas as
possam contribuir com o seu desenvolvimento dimensões do seu comportamento e mais, que
cognitivo e motor, respeitando o conhecimento esta atividade veicula e faz a criança introjetar
prévio de cada um deles, e que, possam determinados valores e normas de
ampliar a cognição dos alunos por meio de comportamento.
situações reais do jogo, tendo eles autonomia Diante de tais referências fica explícito
na escolha da sua ação, pois assim estarão a importância do jogo de futebol como um
desenvolvendo-os individualmente sem que os facilitador educacional, sendo ele uma paixão
prejudiquem, e respeitando-os nas suas fases nacional e de grande facilidade em sua prática
de desenvolvimento. no que diz respeito a materiais para sua
Freire e Scaglia (2003) colaboram com execução (joga-se futebol com bolas de papel
nosso trabalho dizendo que cada faixa etária e meia e gols feitos de chinelos), no entanto,
apresenta determinadas características quanto Piccolo (1999) afirma que o futebol é e será
ao desenvolvimento motor, afetivo, social, aquilo que quem comanda quer que ele seja;
cognitivo, moral e sexual, embora a idade não assim concluímos que o futebol não é
seja aceita como um balizador muito confiável. educador por si só e a intervenção de um
Diante de tais considerações, Piccolo profissional de qualidade que tenha essa meta
(1999) propõe que o futebol pode ser discutido em seu trabalho é indispensável.
por meio de três áreas de manifestações
distintas e inter-atuantes que dizem respeito a: Categoria Sub-11
esporte performance, esporte participação e O aluno é a pessoa que receberá os
esporte educação. Destas três áreas nos benefícios da ação educativa e, dessa
prenderemos às duas últimas por terem maneira, é alguém cuja conduta pode se
objetivos claros de formação, norteados por modificar por influência da aprendizagem,
princípios sócio educativos, que preparem portanto, aprender a técnica de um esporte
seus praticantes para a cidadania. seria aprender a utilizar técnicas corporais
Para Goleman (2001) o ambiente básicas e adequadas a características
educacional deve proporcionar a aquisição de específicas de uma modalidade esportiva.
inteligência emocional. De uma reflexão sobre Assim, consideramos importante a
sua ação, neste caso específico a do necessidade de conhecermos bem o aluno no
autocontrole evidenciado em seus trabalhos qual iremos aplicar nossa metodologia.
na busca de uma consciência interiorizada. A criança nesta faixa etária (crianças
Assim, Pereira (2001, p.24) pressupõe até 11 anos de idade) apresenta traços
que não se deve dar ênfase a uma educação individuais bem definidos, estando abertas às
em que se preze apenas a parte intelectual, informações oriundas de seu ambiente; tem

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grande interesse por atividades que envolvam a utilização em escolinhas de futebol. De


competição, é mais interativa em jogos em acordo com Freire (2003) os jogos aqui
grupo, possui maior capacidade de propostos terão como ênfase apenas uma
concentração e melhor noção de tempo e habilidade específica, no entanto, os demais
espaço, lateralidade definida e domínio das fundamentos ou diversos deles também serão
extremidades mais estruturadas. exercitados.
Desta forma, Reverdito e Scaglia
(2009) afirmam que as crianças desta idade Finalização:
estão mais propensas à aquisição de Trata-se da habilidade mais decisiva
habilidades coletivas, portanto, os objetivos no futebol podendo ser feita com um chute,
específicos deverão estar orientados para a cabeceio, ou até de peito ou barriga; caso
formação de um conhecimento global e de consiga marcar o gol, ela é considerada bem-
regras básicas determinantes no jogo, sucedida, o gol é o objetivo maior do jogo.
conhecer os princípios gerais e específicos Mais importante que chutar, cabecear ou
que regem o jogo, desenvolvimento das lançar a bola é fazer o gol. No entanto, para
capacidades perceptivas e ampliação que a finalização seja bem-sucedida, quanto
potencial das habilidades e capacidades mais desenvolvidas forem as outras
coordenativas, aspectos básicos de relação habilidades, maiores as chances disso ocorrer
coletiva (jogo em equipe) em espaços amplos (Freire, 2003).
e aprendizagem de elementos das situações Uma vez que estas habilidades
de jogo livre de imposições táticas, orientados estejam bem desenvolvidas a equipe se torna
para uma prática multiforme, e evitar a mais produtiva, mas sempre levando em
especialização precoce. Os conteúdos consideração a importância do aprendizado
principais dessa fase deverão privilegiar em dos outros fundamentos técnicos. Sugestões
linhas gerais: de atividades para desenvolver a finalização:
Defesa - formas flexíveis e variadas de
marcação individual, ações prévias de Rebatida - é uma das brincadeiras mais
marcação por zona e apresentação de funções populares entre as crianças que jogam na rua.
específicas, regras de ação individual frente ao Utilizando traves ou metas improvisadas, os
oponente direto (atacante) com ou sem bola jogadores, em duplas, tentam fazer gols
para recuperar a bola ou evitar o gol, como finalizando contra a meta da dupla adversária.
posição e atitude defensiva, interceptação, Procuram chutar forte para que a bola entre na
dificultar as ações técnicas do atacante, evitar meta, ou seja, rebatida. Caso seja rebatida, a
a progressão do adversário, etc. dupla que defende tenta levá-la até uma área
Ataque - formas básicas próxima do gol (combinada entre as duplas)
(fundamentos) de técnicas gerais e o jogo em para então pegá-la com as mãos ou parar a
equipe de forma reduzida ou simplificada, jogada (as regras podem ser combinadas
regras de ação individual frente ao oponente pouco antes do jogo). A dupla que ataca
direto (defensor) para apoiar o companheiro procura dominar a bola e finalizar para fazer o
da mesma equipe, ocupar e atuar nos espaços gol. Podem ser criadas muitas variações. Uma
vazios, superar seu oponente direto e delas é combinar não utilizar as mãos na
identificar um colega melhor posicionado, defesa. Outra é só finalizar fora de uma área
como receber e passar, desmarcar para delimitada, e assim por diante.
receber e passar para um colega melhor
posicionado, progredir ou passar, passar ou Futbeisebol - uma adaptação do jogo de
lançar ou fintar, etc. beisebol para o futebol. Demarca-se uma área
Jogos/Brincadeiras para o Aprendizado do no campo com quatro lados iguais, formando a
Futebol figura de um quadrado, com um aluno em
cada um dos cantos. Esses quatro alunos
Procuraremos a partir de agora propor jogam em um mesmo time. Os quatro alunos
alguns jogos/brincadeiras que evidenciaram jogam contra outro aluno que, de um ponto
com sua prática o desenvolvimento das determinado no chão, chuta a bola a maior
habilidades específicas para o futebol, não distância possível. Enquanto um dos quatro do
queremos aqui propor uma receita de bolo e outro time vai buscar a bola, aquele que
sim sugerir formas de jogos/brincadeiras para chutou a bola procura conquistar o maior

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número de bases possível (a cada verso do Bobinho – essa variação é para quem está
quadrado que ele chegar conquista uma começando a aprender futebol. Em uma roda
base). Quando o jogador que foi buscar a bola de jogadores habilidosos, o bobinho ficaria
conseguir, chutando direto ou passando a um para sempre. Faz-se uma roda e um é
companheiro, que a bola passe sobre uma das escolhido para ficar no meio tentando pegar a
laterais do quadrado, o adversário para de bola. Os jogadores da roda passam a bola
marcar os pontos. Um a um os jogadores se entre si, evitando que ela seja tocada pelo
revezam nos chutes. Podem ser usadas várias bobinho. Se este a tocar, quem perdeu a bola
áreas de jogo em um campo de futebol. vai para a roda. É recomendado que a roda
nunca seja formada por muitos alunos. Com
Levantadinha - jogo de característica onde Dois Toques e Um Bobinho – o que muda é
dois jogadores de linha precisam levantar a a exigência quanto à habilidade de passar. É
bola (ter o controle da bola no alto e tocar para isso que define certa metodologia de ensino
o seu companheiro) para que ele finalize em que o aluno se torna mais ativo. O passe
chutando a bola de primeira. Com isso pode- dentro de uma situação de necessidade, no
se fazer inúmeros controles da bola, fazendo caso o bobinho, torna-se contextualizado. É
embaixadinhas, tabela e etc... bem diferente de colocar dois alunos, um de
frente para o outro e exigir que passem a bola
Centroavante - neste jogo o centroavante fica entre si 100, 200 vezes. Isso é monótono e tira
em um determinado espaço da linha de ataque o gosto pelo esporte, criança gosta de brincar.
contra o goleiro, podendo dar no máximo dois Tudo que é feito brincando motiva mais a
toques na bola, e desta forma o atacante pode criança do que o que é feito nas rotinas
finalizar de várias formas, de longe, mais monótonas da educação tradicional. No caso
próximo do gol, com bola rasteira, bola no alto, aqui mencionado, é a situação que exige, e
colocando a bola ou com um chute forte. não o professor. Com Um Toque e Um
Bobinho – com apenas um toque o aluno já
Passe: deve ter bastante habilidade em passar.
Segundo Freire (2003), no futebol Podem-se levar meses até que consiga tal
moderno o passe é um dos mais importantes habilidade. Às vezes, em crianças muito
fundamentos. Como o sistema de marcação novas, um ou dois toques não serão
se tornou muito rígido, a condição física do suficientes para tanto.
jogador tornou-se muito boa sobrando pouco É possível também utilizar essas
espaço para jogar tornando o jogo mais veloz. variações com dois bobinhos, uma vez que se
Sendo assim, o principal recurso para isto é o têm dois marcando, o passe deverá ser muito
passe rápido. O passe, em suas diversas bem feito, aprimorando cada vez mais este
modalidades (assistência, lançamento, fundamento.
cruzamento e passe comum) em qualquer
esporte coletivo, é a ação que torna esse Passa 10 - é uma brincadeira muito utilizada
esporte coletivo. Nada mais garante melhor a em aulas de Educação Física. Aqui o objetivo
relação coletiva entre os jogadores que o específico é passar. Na maioria das
passe. Aprender a passar é aprender a brincadeiras o passe é um meio para se atingir
socializar as habilidades individuais. um determinado objetivo. Nesta, ao contrário,
Sugestões de atividades para desenvolver o o fim é o passe. A equipe que conseguir
passe: realizar 10 vezes consecutivas o passe, sem
que o adversário toque a bola, marca um
Bobinho - é uma brincadeira muito divertida ponto. Pode-se iniciar sugerindo o passa 5,
que por sua dinâmica acelerada se torna uma por exemplo, depois no passa 6 e assim por
atividade muito próxima da realidade do jogo; diante, até chegar ao passa 10. Quando
é uma atividade que muitas escolas de futebol aumentar a habilidade de passar dos alunos, o
utilizam para o desenvolvimento do passe e espaço de jogo pode diminuir, exigindo dessa
muitos times profissionais, seleções mundiais forma, passes mais rápidos.
utilizam no aquecimento para o jogo e até
mesmo no próprio treinamento. Controle de Bola:
Para (Freire, 2003) existem variações De modo geral o jogador precisa
para esta atividade: Com Três Toques e Um controlar a bola quando ela chega a ele

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proveniente de um passe, de um lançamento Mãe da Rua - o próprio nome indica que se


ou quando sobra de um desarme, de um trata de uma brincadeira de rua, na qual uma
desvio, etc. O controle eficiente é, portanto, a criança fica no meio da rua como pegador e as
habilidade de reter a bola em condições de outras tentam atravessar de um lado ao outro
realizar uma jogada num tempo mínimo. O da rua, evitando serem pegas. O detalhe é que
jogador pode controlar a bola com o peito, com os que tentam atravessar a rua conduzem a
partes diferentes dos pés, com a cabeça, com bola com os pés. A mãe da rua é feita em uma
a coxa, etc. O controle é condição de base área delimitada, que faz as vezes da rua. Por
para realização de qualquer jogada no futebol. solicitar nível maior de habilidade, após ser
Sugestões de atividades para desenvolver o feita com um único pegador, pode ser feita
controle de bola: também com 2 e até 3 jogadores.

Embaixadinha - consiste em uma brincadeira Zerinho - dentre as brincadeiras de corda,


que o jogador deverá manter a bola no alto, uma das mais simples é o zerinho, porque as
chutando-a e com os pés, mantendo a maior crianças não precisam pular corda, mas
parte do tempo o controle sobre este apenas entrar por um lado e sair correndo pelo
movimento, utilizando também o peito, coxa, outro, sem tocar na corda. Nessa brincadeira,
etc. Desafio de Controle – os alunos formam as crianças desenvolvem coordenações
duplas. O professor pede que um de cada vez, espaços-temporais bastantes significativas
durante certo tempo, faça um maior número orientadas pelo ritmo das batidas da corda. Na
possível de embaixadas em cada tentativa. escola de futebol o que se fez foi
Seu colega na dupla conta o total conseguido simplesmente pedir que os alunos brinquem
em cada tentativa e informa ao professor. de zerinho, porém, conduzindo uma bola com
Feita periodicamente, essa brincadeira serve os pés.
como referência para o aluno.
Pega-pega Com a Bola: todos os alunos
Futevôlei - jogar futevôlei está se tornando deverão estar com uma bola, menos o
esporte nacional, até mesmo com pegador que ao pegar o colega fica com a sua
campeonatos, principalmente em praias, é bola e este então passa a ser o novo pegador;
fascinante ver o controle de bola que possuem este jogo pode ser variado com mais de um
os jogadores de futevôlei. Para iniciantes em pegador.
futebol, no entanto, é extremamente difícil ter
controle para realizar uma partida desse jogo. Desarme:
Afinal, trata-se de um jogo de voleibol em que É o principal recurso de defesa. O
a bola não pode cair no chão e não pode ser jogador desarma seu adversário sendo mais
retida com qualquer parte do corpo. Portanto, veloz que este ou sendo mais forte. Este
algumas adaptações devem ser feitas para desarme pode ser feito também antecipando a
que todos possam jogar. Por exemplo, permitir bola antes que ela chegue ao adversário. A
no início, que o aluno possa se auxiliar com as habilidade de desarme deve superar as
mãos ou jogar com redes bastante baixas. habilidades do atacante no momento da
Ainda, que a bola possa quicar uma ou duas jogada Freire (2003). Sugestões de atividades
vezes no chão, antes de ser tocada por um para desenvolver o desarme: Utilizaremos
jogador. alguns exemplos já citados em outras
habilidades.
Condução:
Para Freire (2003) é a habilidade que Mãe da Rua - neste caso, esta brincadeira que
permite ao jogador levar a bola de um ponto a já foi sugerida para desenvolver a habilidade
outro do campo sem ser desarmado, antes de de conduzir bola, deve ser adaptada para
efetuar um passe, um cruzamento, ou outra desenvolver a habilidade de desarmar. Quanto
jogada qualquer. É uma habilidade difícil de menor for o número de pegadores no meio da
ser aplicada, dada à rigidez do sistema de rua, maior a dificuldade para desarmar,
marcação. A condução exige um excelente portanto, maiores as solicitações desta
controle de bola e sua eficiente proteção, o habilidade.
que é feito com o corpo todo. Sugestões de
atividades para desenvolver a condução:

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Bobinho - foi sugerido para desenvolver a Futemão - consiste em dividir o grupo em dois
habilidade de passar, no entanto aquele que times. A regra do jogo é pegar a bola com as
fica de bobinho exerce a habilidade de mãos e passar com os pés; dessa forma
desarmar; para enfatizar o desarme, basta facilita com que o aluno consiga lançar esta
colocar um maior número de bobinhos na bola com uma distância e precisão melhores.
roda. Uma vez que outro aluno recebe a bola com a
mão, deverá lançá-la com os pés para um
Saída com Atraso - o professor lança uma outro colega do time; o time adversário poderá
bola na direção do gol para dois alunos. Um interceptar a qualquer momento, bloqueando
deles é o atacante, que ao sinal do professor ou até mesmo pegando a bola do adversário.
sai na frente, devendo dominar a bola e tentar Para finalizar só poderá utilizar a cabeça e
fazer o gol. O outro aluno é defensor e sai com como todos podem pegar a bola com as mãos,
certo atraso, após o sinal do professor, não necessita de goleiro.
tentando desarmar o atacante.
Futetênis - brincadeira utilizada também para
Drible: o exercício de outros fundamentos. O campo
Podemos também chamar de finta. É a de jogo deve ser maior do que quando se
habilidade de evitar que o adversário desarme objetiva o passe comum. Devem-se pontuar as
o jogador que tem a posse da bola, enquanto zonas de queda da bola de forma que as
este a conduz ou controla. O desarme é a zonas mais ao fundo do campo valham mais
jogada que se contrapõe ao drible. O drible é pontos que as próximas da rede ou corda que
uma jogada eficiente quando, eliminando a divide o campo em duas partes. Pode ser
marcação de um adversário, coloca o próprio jogado com um ou dois jogadores de cada
jogador ou seu companheiro em boas lado.
condições de finalizar, de passar ou de
receber um passe. O drible exige velocidade Bola no Saco - dois jogadores, cada um com
na condução da bola, tirando-a do alcance do um saco de pano ou de plástico, distantes um
adversário (Freire, 2003). Sugestões de do outro uns 15 metros, cada dupla com uma
atividades para desenvolver o drible: bola. Um jogador de cada vez lança a bola,
sendo que seu companheiro na dupla procura
Cada um Por Si - os alunos devem ficar à recolhê-la dentro do saco. Na medida em que
vontade espalhados pelo campo, em duplas, vai aumentando o número de acertos aumenta
cada dupla com uma bola. Em cada dupla, o a distância entre os jogadores.
aluno que está de posse da bola procura
driblar o adversário. Desarmado, invertem-se Cruzamento:
os papéis. É um tipo de passe semelhante ao
lançamento, feito no ataque a partir das
Jogo de Três - dois na linha e um no gol. Os laterais do campo, próximo da linha de fundo.
dois na linha procuram driblar um ao outro e É uma jogada muito importante de ataque e
fazer o gol no terceiro, que faz o papel de visa colocar o atacante em posição de marcar
goleiro. Quem fizer o gol, torna-se o goleiro o gol. É um dos recursos mais eficientes para
(Freire, 2003). romper os sistemas de marcação.
Praticamente todas as atividades
Lançamento: recomendadas para exercitar o lançamento,
O lançamento é um fundamento podem ser utilizadas também para o
decisivo quando bem aplicado. Trata-se de cruzamento (Freire, 2003). Sugestões de
uma modalidade do passe, assim como o atividades para desenvolver o cruzamento:
cruzamento ou a assistência. Porém, com rara
freqüência é utilizado com eficiência. Somente Cruzamento da Linha de Fundo - é uma
jogadores com muito controle de bola, com brincadeira muito utilizada na cultura popular
excepcional noção de tempo e espaço, com do futebol. Um jogador coloca-se na lateral do
ótima habilidade para conduzir a bola e com campo com a bola sobre a linha de fundo.
boa força de chute podem lançar bem uma Repetidamente ele cruza essa bola na direção
bola (Freire, 2003). Sugestões de atividades das traves. Vários jogadores se colocam
para desenvolver o lançamento:

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próximos das traves procurando finalizar de ou adestradores de gestos técnicos visando ao


cabeça ou com os pés. rendimento esportivo máximo.
Enfim, procuramos por meio deste
Cruzamento da Linha de Fundo em trabalho não esgotar o diálogo entre futebol e
Movimento - o jogador que vai cruzar parte educação, mas sim fomentar a idéia de um
com a bola dominada e corre pela lateral até a esporte que eduque que seja mais que futebol,
linha de fundo, de onde cruza na direção das que faça de quem o pratique um ser melhor.
traves. De acordo com Freire (2003) educar é mais
que transmitir conteúdos, é mais que
Cabeceio: determinar comportamentos restritos; educar é
É uma habilidade bastante requerida ensinar a viver.
tanto para atacar quanto para defender.
Geralmente é utilizada quando se trata de REFERÊNCIAS
bolas altas. O cabeceio pode ser ofensivo
quando utilizado para servir um companheiro 1- Betti, I.C. Rangel. Reflexões a respeito do
em condições de finalizar ou para direcionar a esporte como meio educativo na educação
bola para o gol; o cabeceio pode ser fisica escolar. Kinesis. Santa Maria. Núm.15.
defensivo, quando utilizado para interromper 1997. p.39.
uma jogada do adversário (Freire, 2003).
Sugestões de atividades para desenvolver o 2- Caillois, R. Os jogos e os homens. Lisboa.
cabeceio: Cotovia. 1990.

Cruzamentos com Cabeceio - igual ao 3- Campos, P.M. O gol é necessário.


exercício descrito anteriormente a respeito de Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 2001.
cruzamentos, mas, neste caso, enfatizam-se
as finalizações de cabeça (Freire, 2003). 4- Costa, C.F. Futsal Aprenda a Ensinar.
Visual books. Florianópolis. 2007. p.33.
Futemão - como já visto anteriormente,
consiste em dividir o grupo em dois times. A 5- Daolio, J. Cultura educação física e futebol.
regra do jogo é pegar a bola com as mãos e Unicamp. Campinas. 2003.
passar com os pés, e a finalização deve ser
sempre com a cabeça. 6- Freire, J.B.; Scaglia, A.J. Educação como
pratica corporal. São Paulo. Scipione. 2003.
Futevôlei de Cabeça - igual ao futevôlei
descrito anteriormente, porém só valendo 7- Freire, J.B. Pedagogia do Futebol.
passes de cabeça. Campinas. Autores Associados. 2003.

CONCLUSÃO 8- Frisselli, A. Mantovani. M. Futebol teoria e


pratica. Phorte. São Paulo. 1999.
Não sendo então o esporte educativo
na sua totalidade, concluímos que é preciso 9- Huizinga. Homo ludens. São Paulo.
fazer dele um meio educacional, e este só o Perspectiva. 1995.
será quando tiver por finalidade criar
ambientes de aprendizagem que oportunizem 10- Kunz, E. Transformação didático
aos alunos/jogadores a construção de pedagógico dos esportes. 4ª edição. Ijuí.
conhecimentos não apenas concernentes à Unijui. 2001.
técnica e à tática. As questões relativas à
dimensão conceitual e atitudinal como valores 11- Kishimoto, T.M. Jogos infantis: O jogo a
culturais, morais e sociais, devem incorporar criança e a educação, Petropolis, RJ, vozes,
os programas, devem configurar no rol das 1999. p.15
funções de todo professor.
Portanto, este esporte educativo/social 12- Montagner, P.C. A formação do jovem
requer profissionais comprometidos com a sua atleta e a pedagogia da aprendizagem
função de educador. Não meros treinadores esportiva. Unicamp. Campinas. 1999.

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13- Piccolo, V.N. Pedagogia dos esportes. 3ª


edição. Campinas. Papirus. 1999.

14- Reverdito, R.S.; Scaglia, A.J. Pedagogia


do esporte: jogos coletivos de invasão. São
Paulo. Phorte. 2009.

15- Rossetto Junior, A.J. e colaboradores.


Jogos educativos: Estrutura e Organização da
Prática. 4ª edição. São Paulo. Phorte. 2008.

16- Rose Junior, D. Esporte e atividade na


infância e adolecência: Uma abordagem
multidiciplinar. Porto Alegre. Artmed. 2002.

17- Santana, W.C. Pedagogia do esporte na


infância e complexidade. In Paes, R.R.;
Balbino, H.F. Pedagogia dos esportes:
Conteúdos e Perspectivas. Rio de janeiro.
Guanabara Koogan. 2005.

18- Santana, W.C. Futsal: Apontamentos


Pedagogicos na Iniciação e na Especialização.
Campinas. Autores Associados. 2004.

19- Samulski, D.M. in. Scalon, R.M. (org). A


psicologia do esporte e a criança. Porto
Alegre. Edipucrs. 2004. p.149-153.

20- Scaglia, A.J. Escola de futebol: Uma


pratica pedagógica. In Piccolo, V.L.N. (org).
Pedagogia dos esportes. Campinas. Papirus.
1999.

21- Scaglia, A.J. A Pedagogia do esporte e


suas responsabilidades sócio-educativas.
Disponivel em: http://
www.cidadedofutebol.com.br>. 2009.

Recebido 13/09/2009
Aceito 20/09/2009

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