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Parte geral
- Hannah M. Chaia
A matéria de Direito Processual Civil I busca compreender perguntas voltadas para o processo, como:
Antes de tratar dessas perguntas, é necessário entender quais e o que são os equivalentes jurisdicionais.
Os equivalentes jurisdicionais são alternativas à jurisdição. O novo Código de Processo Civil enaltece
essas alternativas, criando um sistema similar ao dos EUA. Nos EUA há os centros judiciários de solução
consensual sem jurisdição e, a diferença entre os EUA e o Brasil, é que no Judiciário norte-americano os
juízes serão acionados em último caso (porém os casos são protocolados de qualquer maneira) e, no
Judiciário brasileiro, o juiz ainda é a primeira alternativa. No Brasil tudo acontece no Judiciário: se um juiz
não soluciona o conflito, encaminha o caso para outro juiz.
No novo Código de Processo Civil, quando tem-se um conflito e este acaba no Poder Judiciário, o
processo é encaminhado ao centro, onde ocorrerá a tentativa de acordo através de meios alternativos de
resolução de conflito. Não havendo solução, o caso será encaminhado ao juiz.
o Transação: tem-se uma composição recíproca de interesses de forma bilateral: autor e réu cedem em
prol do interesse comum.
o Submissão: também é uma concessão integral e unilateral daquele que é pedido, no entanto, aqui
abdica-se a resistência.
o Arbitragem: é a instituição de um terceiro imparcial de confiança das partes para a solução do conflito.
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3) Heterocomposição – tem a mesma essência da autocomposição, porém a terceira pessoa envolvida
nesse caso irá resolver o problema e sentenciá-lo. A jurisdição se encaixa na heterocomposição.
JURISDIÇÃO
Jurisdição é a aplicação do direito pelo Poder Judiciário com definitividade e criatividade a fim de resolver
uma crise jurídica de direito material, buscado a pacificação social. Trata-se de uma heterocomposição,
pois um terceiro imparcial assume o monopólio da solução do direito, que irá resolver a controvérsia. A
jurisdição não é arbitrária, deve-se fundamentar para julgar.
A jurisdição é criativa, ou seja, a boa fé objetiva não se resume apenas ao contrato, mas deve permanecer
após o vencimento do contrato, como no exemplo das propagandas comercias das cervejas Bhrama e
Nova Schin com o Zeca Pagodinho. Aqui a norma jurídica sai do abstrato e vai para o concreto, cria-se
algo.
ENTENDA O CASO:
Em setembro de 2003 o cantor firma um contrato de 1 ano com a cervejaria Schincariol para ser garoto
propaganda da marca Nova Schin. O acordo vence em setembro de 2004. No dia 12 de março de 2004, a
Brahma estreia um comercial onde Zeca Pagodinho é o personagem principal. No dia 15 do mesmo mês,
a Schin pede a suspensão do comercial da Brahma e tem o pedido negado pela Conar (Conselho de Auto-
Regulamentação Publicitária). A Schin, então, processa o cantor por quebra de contrato mais perdas e
danos. O advogado de Zeca recorre solicitando a suspensão do comercial e o cantor dá uma declaração
de que não leu o contrato que assinou. No dia 19 a Schin consegue uma liminar para retirar do ar a
campanha da Brahma. Em abril de 2004 o Conar proíbe a Brahma de veicular publicidade com Zeca
Pagodinho. O cantor foi condenado a pagar perdas e danos pois violou a boa-fé, mesmo após a conclusão
do contrato.
Antes desse caso, a boa-fé objetiva só era tratada quando vinculada à um contrato. Após esse caso,
houve uma mudança no Direito Civil e a boa-fé passa a não ser resumida a um contrato, deve ser mantida
mesmo após sua conclusão.
Sobre a criatividade no caso em questão: A primeira norma criativa é a que estava na sentença do juiz, o
juiz criou uma norma jurídica individualizada, saindo do abstrato e aplicando-se num caso concreto “Zeca
está condenado a pagar...”. Essa norma jurídica é o dispositivo da sentença. A segunda norma jurídica
criativa é a fundamentação dessa sentença, pois a boa-fé passa a não ser limitada a um contrato, o juiz
cria outra norma jurídica especial. Ou seja, a norma foi construída nesse caso concreto e poderá expandir-
se e orientar outros casos futuros. Essa norma é chamada no direito norte-americano de “ratio decidendi”,
que é o precedente.
Trânsito em julgado é quando a sentença torna-se definitiva, não podendo mais ser modificada, seja por
ter transcorrido o prazo para a interposição de eventuais recursos ou por não caber mais recurso sobre
ela.
O que é direito? Direito é uma posição de vantagem dada pela norma de direito material.
Direito real x Direito pessoal – Direito real é a posição de vantagem que incide sobre um objeto, um
bem. O direito pessoal é a legítima expectativa de exercer uma posição de vantagem sobre um bem,
trata-se de uma expectativa de vantagem.
O processo apenas surgirá se essa posição de vantagem não for observada pelas partes, ou seja, para
que a jurisdição exista, é preciso que haja uma crise de direito material. Direito material é o direito em si. O
caminho no qual se chega ao direito material, é o direito formal. O processo é o instrumento do direito
material, está a serviço do direito material. Exemplo: eu tenho direito de vender meu celular, caso eu tenha
esse direito lesado, surge a crise do direito material que leva ao ajuizamento de uma ação.
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Valorização do precedente: O direito brasileiro valoriza o procedente. Um precedente é uma decisão
anterior que se aplicará em casos semelhantes no futuro. Não é necessariamente vinculante. Precedentes,
geralmente, são casos de tribunais, não de um único juiz. A jurisprudência é a repetição de uma mesma
razão de decidir.
Norma jurídica individualizada x norma jurídica especial – A norma jurídica individualizada é o comando
que o juiz destina a alguém. A norma jurídica especial é construída no caso concreto, mas é capaz de
expandir-se e de orientar outros casos concretos. Exemplo do caso do Zeca Pagodinho, a condenação de
pagar perdas e danos à Nova Schin é a norma jurídica individualizada e a violação da boa fé mesmo após
a conclusão do contrato é a norma jurídica especial.
ASPECTOS DA JURISDIÇÃO
A. Poder – A jurisdição é um poder pois é o monopólio de dizer o direito. Para isso deve ter força e
domínio, deve possuir o poder de subordinar a vontade do outro, ou seja, deve tem a possibilidade de
subordinar uma pessoa à determinada decisão.
B. Função – A jurisdição é uma função típica do Poder Judiciário, a função de julgar. As funções atípicas
do Poder Judiciário seriam as funções administrativas.
C. Atividade – A jurisdição também é uma atividade, pois para se aplicar a lei, para se dizer o direito, é
necessário uma série de processos. A atividade da jurisdição é o processo e o processo é algo abstrato,
é o conjunto de atos que levam ao resultado final que é o direito material. O processo é um instrumento
para a resolução de uma controvérsia.
O processo é uma marcha, um movimento, a força motriz. O processo é algo abstrato, não se vê. O que
se vê são os procedimentos, os atos encadeados, que são coisas concretas. Processo = procedimento +
relação jurídica de Direito Processual. Há uma motivação para seguir adiante com o processo – direitos,
deveres, poderes, faculdades, ônus, etc.
É necessário ajuizar uma demanda para se fazer o que deseja, pois existe um monopólio jurisdicional em
que o Estado fornece ao autor a faculdade de exercer o direito de ação e ao réu o direito de contestar
(caso o réu não conteste, pode sofrer resultado desfavorável). Dessa forma, o fato do autor exercer uma
faculdade gera, para o réu, um ônus, o qual o réu deverá exercer tendo que se defender, caso contrário
poderá sofrer um resultado desfavorável.
Poder – Faculdade que é conferida ao indivíduo de afetar a esfera jurídica de outrem, tornando-se autor
do processo, submetendo a outra pessoa a ser o recorrido (réu).
Relação jurídica de Direito Processual – Sinais que motivam o progresso da ação. É a relação entre o
autor, juiz e réu que, exercendo suas faculdades, ônus, poderes e deveres, motivam o processo a alcançar
um resultado.
Conteúdo da sentença – Solução da crise de direito material, é a tutela jurisdicional. Quando o juiz diz o
preceito ou a norma de direito material que regula a relação das duas pessoas com relação a um bem
contravertido, ele dá a tutela jurisdicional.
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1) ESCOPOS DA JURISDIÇÃO – jurídico, social, educacional e político
A jurisdição possui quatro objetivos: jurídico, social, educacional e político. A finalidade jurídica da
E s c o p o s d a ju r is d iç ã o
jurisdição é de aplicar o direito. A finalidade social da jurisdição é pacificar a sociedade e resolver os
conflitos. O escopo educacional da jurisdição é o efeito pedagógico, ou seja, se a sentença foi
desfavorável para um, a tendência é que esta sirva de lição para os demais. E, por último, o aspecto
político da jurisdição é a credibilidade, pois cada vez que a jurisdição é exercida pelo Poder Judiciário de
forma efetiva, este aumenta o seu poder político e a credibilidade do próprio órgão Judiciário.
Resolver os conflitos
Social
da sociedade
Político Credibilidade
2) CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
o Substitutividade – A substitutividade foi uma ideia desenvolvida pelo italiano Chiovenda no século XX.
É a ideia de que o juiz substitui a vontade das partes pela vontade da lei, ou seja, ele tira o que cada
parte quer e aplica à elas o que a lei determina. Porém Chiovenda estava errado pois defendia que
essa ideia era absoluta, mas nas ações constitutivas necessárias não tem substitutividade como no
exemplo do divórcio com filhos e da mudança de nome, portando, a substitutividade na jurisdição não é
absoluta. É uma característica que nem sempre estará presente.
o Lide – O conceito clássico de lide é do italiano Carnelutti, este afirma que a lide é “o conflito de
interesses qualificado por uma pretensão resistida”. Como na substitutividade, as exceções à regra aqui
são as ações constitutivas necessárias – ex: nome, divórcio.
o Inércia – O juiz só exercerá a jurisdição se for provocado a fazê-lo, ou seja, ele não vai ao “problema”.
Há uma exceção, que é quando se trata da alimentação numa investigação acerca da paternidade.
3) PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
o Investidura – A jurisdição só pode ser exercida por quem tem investidura, ou seja, por quem recebeu a
função jurisdicional pela Constituição, (juízes). Investidura pertence aos magistrados que receberam o
poder de exercer a jurisdição.
o Territorialidade – A jurisdição coincide com os limites territoriais brasileiros, ou seja, ela é exercida nos
exatos limites da soberania nacional. A decisão de um juiz vale no Brasil inteiro.
Obs.: Foro = unidade territorial da comarca ou subseção.
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o Indelegabilidade – Significa que não se pode delegar as atribuições de um juiz competente. Há
indelegabilidade externa e interna. A externa significa que o Poder Judiciário não pode delegar suas
atribuições para os outros poderes. A interna significa que, em regra, um juiz não pode ceder suas
atribuições para outro juiz. Na indelegabilidade interna tem-se a carta precatória (para outra comarca ou
subseção) e carta rogatória (para outro país). A ideia da carta rogatória serve para solicitar auxílio de
outro Poder Judiciário para completar um processo.
o Inevitabilidade – É impossível evitar a jurisdição, todos estão sujeitos à jurisdição.
o Inafastabilidade – Significa que nenhuma lesão ou ameaça de lesão poderá escapar da jurisdição.
Qualquer controvérsia poderá ser judicializada. Há uma exceção: a justiça desportiva. Qualquer
controvérsia que houver no esporte, para ser levada ao Poder Judiciário, precisa primeiro esgotar a
justiça desportiva.
o Juiz natural e promotor natural – Juiz natural ou promotor natural é a exigência de um método
aleatório para a designação de um magistrado e de um promotor para um determinado caso. Isso quer
dizer que não se pode escolher um juiz x para um determinado caso.
Jurisdição é quando se diz o direito para o caso concreto. A jurisdição pode ser voluntária ou contenciosa.
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
A jurisdição voluntária, na verdade, é obrigatória. Nela não existe, necessariamente, um conflito (lide), mas
o indivíduo é obrigado a procurar o Poder Judiciário. É a necessária intervenção do Poder Judiciário por
expressa previsão legal.
Há dois tipos de sistemas: inquisitivo e dispositivo. O inquisitivo é um sistema que tende a dar mais poder
ao juiz, dando menos liberdade para a parte provocar. O dispositivo deixa a critério da parte o momento e
o desejo de provocar o desejo judiciário (ex: modelo norte-americano).
A jurisdição voluntária não precisa de provocação, é um sistema inquisitivo com pitadas de dispositivo. O
juiz não se vincula nem mesmo à legalidade, ele pode julgar de acordo com a equidade, da forma que for
melhor às partes, ainda que as partes não tenham pleiteado aquilo. Portanto, na jurisdição voluntária, o
juiz não se vincula a legalidade estrita, ele pode fugir dos termos da lei e pode aplicar ao caso concreto
aquilo que for melhor em benefício das partes.
Participação do Ministério Público: art. 736 do novo CPC – ocorre em todas aas hipóteses, mas é possível
que mantenha a interpretação de que essa intervenção somente é necessária nas hipóteses do artigo 178.
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA
Na jurisdição contenciosa, existe um conflito entre as partes. Nosso sistema é, em regra, dispositivo, pois
exige a provocação de uma das partes, mas o juiz vai ganhando poderes para guiar o processo. Trata-se
de um misto de dispositivo com inquisitivo. Só existe se provocada em um primeiro momento, inicialmente
dispositiva. Mas, no curso do processo, o juiz vai ganhando poderes, tornando-se inquisitiva.
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
1) Jurisdição penal e civil – Penal são as matérias afetas/relacionadas ao crime; Civil é tudo o que não
for penal.
2) Jurisdição superior ou inferior – Jurisdição superior é a instância recursal e jurisdição inferior são os
juízes de primeiro grau.
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3) Jurisdição comum ou especial – Jurisdição comum é a justiça federal e estadual, jurisdição especial
são os tribunais do trabalho eleitoral e militar.
Obs.: Jurisdição contenciosa e voluntária – Jurisdição contenciosa é quando possui lide. Jurisdição
E s p é c ie s d e ju r is d iç ã o
voluntária é quando o Poder Judiciário assume uma espécie de fiscalização de interesses privados, isso
significa que o Estado sabe que as partes não estão em uma situação de disputa, pelo contrário, as partes
desejam o cumprimento da lei mas, não pode ser resolvida por mero acordo. Sendo assim, o Estado
intervém para que seja possível fazer valer a lei. Jurisdição voluntária é, então, uma administração estatal
de interesses privados. Exemplo: divórcio, alteração de nome, guarda de filhos, entre outros.
Matérias relacionadas
Penal
ao crime
Juízes de primeiro
Inferior
grau
Justiça federal e
Comum
estadual
Tribunais do trabalho,
Especial
eleitoral e militar
Divisão de competências: Em regra, o STF (art. 102, CF) só aprecia matéria constitucional, ou seja,
questões de controle de constitucionalidade. O STJ (art. 105, CF) é o responsável por uniformizar a
legislação federal, que apresenta interpretação controvertida nos tribunais, ou seja, o STJ trata da
uniformização do direito federal. Os Tribunais Regionais Federais (art. 108, CF) são responsáveis,
principalmente, pelos recursos das varas federais. As Varas da Justiça Federal (art. 109, CF) são
responsáveis pelas questões de competência da União. Os Tribunais de Justiça (arts. 125 e 126, CF)
são responsáveis, principalmente, pelos recursos das varas que não federais. As Varas da Justiça
Estadual têm sua regulamentação prevista nas legislações federal e estaduais e são responsáveis
pelas questões não previstas pelas justiças especializadas.
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PROCESSO
Carnelutti diz que o processo é o meio de solução de conflitos ou lide. É uma relação jurídica processual
somada ao procedimento, composto pelo aspecto interior (processo) e exterior (procedimento). Processo é
o instrumento usado para tornar efetivo um direito material. O processo é o meio de que se valo o Estado
para cumprir a função jurisdicional. É, pois, o instrumento da jurisdição, de realização da justiça e do
poder.
A alma do processo é o conjunto de faculdades, ônus, deveres e poderes. Só ajuíza-se uma demanda pois
existe um monopólio jurisdicional que o Estado me dá a faculdade de exigir o direito. Processo é
procedimento + relação jurídica de direito processual. É o corpo e a alma.
PROCEDIMENTO
Segundo Carreira Alvim, procedimento é o modus operandi do processo. É a exteriorização do processo,
ou seja, é o andamento do processo, o modo como se encadeiam os atos processuais. Assim,
procedimento é o meio pelo qual se instaura, desenvolve-se e termina o processo. É o lado visível do
processo em sua forma.
Portanto, a relação jurídico processual é o vínculo dinâmico que se estabelece entre os sujeitos
processuais e se expressa nas situações por ele ocupadas (direitos, deveres, sujeições e ônus). Objeto na
relação jurídico processual é a prestação jurisdicional: a obtenção de uma sentença.
Conceito da professora: Relação jurídica de direito processual é a relação entre autor juiz e réu que
exercendo faculdades, ônus, poderes e deveres motivam a marcha (processo) a alcançar o seu resultado.
O resultado é a solução da crise de direito material.
Relação entre direito material (real e pessoal) e processo – O direito material é uma vantagem que foi
atribuída pelo legislador ao jurisdicionado. Já o Direito Processual não é uma vantagem, é um instrumento
que fará com que essa vantagem seja coativamente realizada se esta não for voluntariamente realizada.
O conceito de processo modificou-se ao longo do tempo, nem sempre foi instrumento do direito material.
Houve um período, no Direito Romano, em que processo não era uma ciência autônoma, pertencia e era
adjetivo ao direito civil. No direito romano o processo era uma mera reação do direito material. É como se
houvesse um direito material que representa o processo.
Ao longo da história, teremos processo como procedimento, como contrato, como relação jurídica, como
situação jurídica e, por fim, como instrumento à luz da Constituição Federal.
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1) Processo como procedimento – O processo como procedimento é o conceito mais antigo de
processo, originado no Direito Romano. Este significava um duelo com o direito material: o Estado não
atuava para pacificar o conflito, mas sim para que aquele duelo fosse justo e não prejudicasse a
sociedade. No período romano, o processo se confundia com o direito. Processo como procedimento
era, então, a visão do processo como uma mera reação do direito material contra o opositor. Processo
não era autônomo, era um adjetivo, um apêndice do Direito Civil.
2) Processo como contrato – Num determinado momento da história surge a ideia da litiscontestatio.
Era um período em que o império estava tão enfraquecido que quando havia um conflito material,
estabelecia-se uma espécie de contrato. O autor e o réu envolvidos no processo estabeleciam entre si
a forma e o método pela qual eles fariam atuar o direito material. O processo como contrato era a
litiscontestatio, ou seja, uma espécie de acordo em que as partes submetiam-se a um método para a
resolução de sua controvérsia.
3) Processo como relação jurídica – A ideia de processo como relação jurídica surgiu em 1856 com
Oscar Von Bülow. Bülow escreveu uma tese onde trouxe a ideia de que a relação de direito processual
não é uma relação bilateral, ou seja, entre A e B onde um tem uma vantagem e outro tem uma
obrigação. A relação de direito processual aqui tem a ideia de que o processo civil ganha autonomia,
se tornando independente. O processo ganha pressupostos próprios que nada tem a ver com o direito
material e visa o nexo de finalidade, como por exemplo discutir a competência do juiz no processo, se
A tem interesse em relação à B, se A pode ser autor do processo em relação à B, entre outros. Há no
processo como relação jurídica uma relação triangular: o juiz, o autor e o réu.
4) Processo como situação jurídica – Foi o alemão James Goldschmidt, quem construiu a natureza
jurídica do processo de uma nova perspectiva: o processo como conjunto de situações processuais
pelas quais atravessam as partes até chegar a uma sentença definitiva. O processo como situação
jurídica significa o dinamismo processual em que se sucedem elementos procedimentais e elementos
da relação jurídica. O dinamismo é o procedimento e a relação, o que gera uma sucessão de
situações jurídicas. O dinamismo é visível.
5) Processo como método ou instrumento à luz da CF – Parte da ideia de que o processo, apesar de
ser uma ciência autônoma, é instrumental. O processo é um instrumento que serve para a aplicação
do direito material, portando, se não for instrumento, não tem utilidade.
Relação jurídica de
Procedimento Método ou processo
direito processual
ESCOPOS DO PROCESSO
O processo é um instrumento de técnica jurídica, cujo escopo principal é a aplicação da lei a um caso
controvertido, não solucionado extraprocessualmente, e cuja solução é pedida pelo autor. Todo processo
deve ser efetivo, por isso deve dar a quem tem direito tudo aquilo e exatamente aquilo que tem o direito de
obter. Para Carnelutti e Chiovenda a efetividade é a real finalidade do processo, o escopo do processo,
assim, é a justa composição da lide (solução desta).
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Há três crises principais (certeza, situação jurídica e adimplemento) que são subdivisões de uma crise
maior ainda que é a crise de certeza ou crise de reconhecimento que se tem quando o problema é
solucionar a existência ou inexistência de um modo de direito. É necessário que o Estado reconheça quem
tem razão no processo. O que leva ao resultado é o próprio processo (por isso diz-se que o processo é
como uma marcha para frente – ex da bicicleta). Todos os procedimentos que existem em certeza,
situação jurídica e adimplemento são de investigação, em efetividade de execução e em proteção de
cautela.
Crises de direito material
Efetividade
Proteção
Crise de certeza É o juiz dizer se aquilo é ou não (ex: falsidade de documento – a crise é saber se o
documento é falso ou verdadeiro). Você pretende que o juiz declare a existência, a inexistência ou o modo
de ser de um direito. Neste, a tutela é declaratória.
Crise de situação jurídica É quando se precisa não apenas de um reconhecimento de direito, pois
quando se reconhece um direito, automaticamente, muda o estado da pessoa (ex: usucapião; divórcio –
vai de casadx para solteirx). Pretende-se que se constitua ou se altere uma dada situação jurídica. Neste,
a tutela é constitutiva.
Crise de adimplemento É quando, além da certeza, pede-se uma condenação a uma prestação. Não
basta apenas reconhecer, é preciso condenar alguém a fazer, não fazer ou entregar alguma coisa. Ex:
contrato de compra e venda que não foi cumprido, pede-se não só que o juiz reconheça que o contrato
existe, mas também que a prestação transgredida seja efetivamente cumprida. Neste, a tutela é
condenatória e o procedimento é de execução.
Crise de efetividade Tem-se o reconhecimento do direito, mas a prestação que foi reconhecida não foi
cumprida. Portanto, espera-se que o juiz constranja de alguma forma a parte sucumbente a prestar ou
realizar algo. Ou seja, há uma situação de inadimplemento e é necessário constranger o sucumbente a
uma prestação. Neste, a tutela é executiva e o procedimento é de execução.
Crise de proteção Tem-se o problema do processo em si mesmo em que se busca a urgência, algo que
não se pode esperar. Busca-se uma cautela, uma providencia que assegure o resultado útil do processo.
Neste, a tutela é de urgência e o procedimento é cautelar ou antecipado.
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
Neoconstitucionalismo – É uma nova vertente do pós-guerra, surge aqui a força normativa da Constituição.
Nesse novo modelo constitucional, todas as normas jurídicas devem passar pela lente, pelo filtro
constitucional. O neoconstitucionalismo tem um reflexo no processo civil que é o chamado
neoprocessualismo, que é a Constituição aplicada ao processo.
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Neoprocessualismo – O procedimento tem um valor constitucional que é inerente à ele. Antes, o processo
civil era construído de acordo com o que era mais interessante pra o direito material, a relação sempre foi
uma relação direta: processo-direito material. A partir dessa concepção do neoconstitucionalismo, ele não
pode mais pensar apenas no direito material. O neoprocessualismo observa se o procedimento é
constitucional ou não, devendo observar as restrições dadas pela Constituição. Assim, neoprocessualismo
é, então, a construção do procedimento imbuído de valor constitucional, a relação instrumental processo-
direito deve agora ser iluminada pelos princípios constitucionais. Princípios são mandados de otimização.
Teoria dos direitos fundamentais: dimensão subjetiva e objetiva, eficácia vertical e horizontal:
A dimensão subjetiva é o direito subjetivo, é uma posição de vantagem assegurada ao jurisdicionado. Se o
texto constitucional diz que o indivíduo possui o direito a ampla defesa, este tem imediatamente o direito
de se defender. Trata-se de um direito subjetivo instrumental, ou seja, um direito subjetivo que permite
utilizar-se de outro direito subjetivo.
A eficácia vertical era a ideia de que os direitos fundamentais eram eficazes contra o Estado, tratava-se de
uma relação cidadão-Estado, aqui os cidadãos deveriam ser protegidos do Estado.
A eficácia horizontal é a ideia de que os direitos fundamentais se alargam por toda a sociedade, inclusive
nas relações privadas, de forma que qualquer processo, ainda que não seja cidadão x Estado, esses
direitos fundamentais devem ser observados. Portanto, válido tanto para as relações privado x Estado,
como para as relações privado x privado.
Devido é pretensão de correção, é qualquer noção de justiça aplicada em determinado momento histórico.
É um ideal de justiça, uma ideia regulativa de discurso. Processo aqui é o processo constitucional, é um
meio ou método de formação de norma jurídica. Legal é a norma ou o princípio.
O processo legal subdivide-se em devido processo formal e substancial. O devido processo formal é o
procedimento justo. Entretanto, ter um procedimento justo não garante que a decisão, a sentença será
justa. Surge, então, o devido processo substancial, onde é necessária uma sentença proporcional,
razoável e legítima.
3) PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE
A palavra efetividade significa a capacidade de se produzir efeitos. Para tanto, é necessário que o
processo disponha de instrumentos adequados para a realização do objetivo a que se propõem. “Eu tenho
direito, no processo, a tudo aquilo que eu tenho direito de obter” (Chiovenda). É satisfazer tudo aquilo que
o direito material prometeu. O processo tem obrigação de dar efetividade, ou seja, devolver tudo aquilo
que o direito material prometeu. É a noção de instrumentalidade.
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5) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO
Quando fala-se em adequação deve-se pensar em três espécies de adequação, objetiva, subjetiva e
teleológica.
o Adequação objetiva – O processo deve ser adequado aos direitos por ele tutelados. Não pode dar o
mesmo procedimento processual a direitos diferentes, por isto que a execução contra a fazenda pública
ou a execução de alimentos possuem um tratamento adequado, por exemplo. Acontece entre uma
relação do instrumento processual com o seu objeto imediato que é o direito material.
o Adequação subjetiva – As regras processuais tem de ser adequadas aos sujeitos que dela vão se valer,
é preciso atentar para as características dos sujeitos envolvidos, ou seja, é a adaptação aos sujeitos do
processo. A adequação subjetiva é a aplicação do princípio da igualdade no processo. O tratamento
dado ao idoso é diferente do tratamento dado ao jovem ou o prazo diferenciado dado para a fazenda
pública, são exemplos de adequação subjetiva.
o Adequação teleológica – A regra processual tem de ser adequada aos fins para os quais ela foi criada.
O processo deve atingir uma determinada finalidade. Os juizados especiais devem ser um
procedimento célere, e o processo de execução não objetiva a discussão do direito, mas o cumprimento
da sentença.
Lealdade – Quando se fala em lealdade, conduta leal, não se fala em conduta neutra mas sim em uma
conduta que observa os deveres da má-fé, independente de uma mera neutralidade. Exemplo: “cards on
the table” – direito inglês deve avisar a parte contrária o que vai ser usado contra ela e suas provas, não
podendo surpreender a parte contrária.
Cooperação – O juiz vai exercer um dever de esclarecimento. O dever da cooperação é uma repercussão
da lealdade no processo. Dentro da cooperação, há o dever de consulta, dever de esclarecimento e dever
de prevenção.
7) PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
Ciência da demanda + possibilidade de reagir + possibilidade de influenciar o juiz.
Dimensão substancial
Dimensão formal Não basta que você tenha ciência ao processo e
O réu tem direito de ser informado sobre a poder reagir a demanda, você tem que ter o
tendência de um processo contra ele e tem o poder de influenciar o convencimento do juiz (é
direito de ser citado, de participar do processo. quando seu argumento foi levado em
Se o réu não for informado sobre o processo, consideração). Art. 10 do CPC. O princípio do
esse processo tem um vício de dimensão formal. contraditório na dimensão substancial é
Art. 9º do CPC. A dimensão formal é, pois, a relacionado com o princípio da cooperação e
ciência sobre a demanda + possibilidade de com o princípio da ampla defesa. O contraditório
reação (é uma forma do processo que te permite 11
pode ser inútil desde que o resultado do
ser ouvido). convencimento do juiz for benéfico àquele que foi
privado do contraditório.
8) PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE
Art. 277. Processo é um instrumento a serviço do direito material. Essa concepção de processo como
instrumento pode ser chamado de Processo Civil de Resultados. Processo é o modo de se alcançar o
resultado, se o resultado vier a ser alcançado sem qualquer prejuízo ainda que inobservando a forma, não
deve ser declarada a nulidade do processo.
Relativização da coisa julgada: em casos excepcionais, o STJ tem decidido que a justiça deve preponderar
sobre a segurança.
o Dispositivo: ideia de que o procedimento deve ser mais privatista, atender mais a vontade das
partes. Dispositivo que decorre da ideia de que o direito é disponível para as partes e por isso as
partes devem provocar o Poder Judiciário e poderiam ter uma certa autonomia na direção do
procedimento. O que importa aqui é a vontade das partes, ela que guia o procedimento. Exemplo
de sistema jurídico que segue de forma preponderante o princípio dispositivo: EUA – o juiz é um
mero fiscal do processo, deixando as partes livres para que elas corram atrás das provas, construir
as teses jurídicas para que a decisão seja pelo juiz proferido, mas ele não intervém no processo,
esperando a provocação das partes, elas são as protagonistas do processo. Ideia de que a
provocação deve ser protagonizada pelas partes.
o Inquisitivo: exige uma atividade mais proativo do magistrado. Magistrado produz prova de ofício,
pode determinar que determinada testemunha seja ouvida, determina a perícia etc. A direção do
procedimento é pública, é realizada pelo Estado juiz.
Nosso sistema: dispositivo em parte pois exige provocação do interessado. O processo não se inicia de
ofício, apenas mediante provocação. Mas a partir da provocação o processo segue por impulso oficial e o
juiz tem poderes instrutórios e decisórios.
Obs.: o novo CPC traz maiores poderes para as partes, o que é chamado de negócios processuais. Agora
as partes podem alterar o procedimento.
1. AÇÃO
A ação é uma faculdade, trata-se de um poder abstrato de provocar a prestação jurisdicional, é invisível.
2. DEMANDA
Exercício concreto da ação, é a ação protocolada. A demanda é o ato de provocação concreta, é algo
abstrato que é materializado pela petição inicial. . Quando efetivamente escrevo uma petição inicial e digo
que meu direito material foi violado e pleiteio uma ação judicial, eu estou demandando. Pleiteia-se uma
tutela jurisdicional. A petição inicial é o veículo em que produz-se a pretensão.
3. PRETENSÃO
Pretensão é a vontade, o desejo manifesto de subordinar a vontade do outro à minha própria vontade.
Tem-se duas pretensões: a primeira vontade é fazer com que o outro sucumba à minha vontade; já a
segunda vontade é o próprio bem da vida, ou seja, que se faça algo, declare algo, entregue algo. A
pretensão é chamada de pretensão bifronte, pois o meu primeiro pedido será para o juiz (para que ele faça
com quem o outro sucumba à minha vontade) e o meu segundo pedido é o bem da vida. A pretensão dá a
primeira marcha para o processo, pois o processo nasce com a protocolação da petição inicial. O processo
nasce com o protocolo, com a petição inicial.
4. OBJETO DO PROCESSO
O objeto do processo é a pretensão, é o bem da vida desejado. O objeto é o tema a ser decidido (thema
decidendum). A petição inicial termina com um pedido, esse pedido é o objeto do processo. A partir do
P r o c e d im e n to s
momento em que a pretensão é feita, esta vincula o magistrado e este só poderá julgar na medida em que
é provocado para tanto, isso significa que o juiz não pode decidir nem a mais (extra petita), nem a menos
(infra petita) e nem desvinculado do pedido (ultra petita), do contrário estará violando o princípio da inércia.
Fase decisória
Jurisdição
voluntária
a) Procedimento comum Especial
Jurisdição
contenciosa
Fora do CPC
Art. 318, CPC. É um procedimento padrão, amplo (tudo que não for específico). Admite todos os meios de
defesa, todas as provas em direito, garante ao máximo as garantias fundamentais. É um procedimento
residual, ou seja, serve para qualquer tipo de direito material controvertido desde que não exista um
específico. O procedimento comum possui quatro fases:
O processo só caminha para frente, não retroage para fases passadas, o instituto que garantirá isso é
chamado de preclusão. Por exemplo, se o processo se encontra na fase instrutória, ele não retroagirá à
fase anterior. A preclusão é a perda de uma oportunidade.
Perde-se uma oportunidade por três razões: tempo, consumação e lógica. A preclusão temporal é o
instituto que garante que o processo não volte à fase anterior. A preclusão consumativa é a perda de
oportunidade de praticar o ato uma vez que já praticou o ato, por exemplo, tem-se 15 dias para apresentar
a petição, caso apresente esta no primeiro dia, perde-se a oportunidade de apresentá-la novamente nos
outros 14 dias. A preclusão lógica é quando pratica-se dois atos incompatíveis: a partir do momento que
pratica-se um ato, não pode praticar um segundo ato incompatível com aquele primeiro. Exemplo: ou
recorre ou não recorre, é ilógico recorrer e dois dias depois anular a ação recorrida.
b) Procedimentos especiais
Arts. 539 a 770, CPC. O procedimento específico decorre do princípio da adequação, pois o processo se
adequa ao seu objetivo. Adequação teleológica do processo.
o Jurisdição voluntária (arts. 719 a 770) – às vezes não se tem uma lide, controvérsia, há somente a
aplicação da lei. O juiz homologa a vontade das partes, mesmo que não haja conflitos;
o Jurisdição contenciosa (arts. 539 a 718) – há um conflito ou perspectiva de conflito.
QUANTO AO MOMENTO
1) Demanda inicial – É a primeira demanda que se faz no processo, é a demanda que é corporificada
pela petição inicial.
2) Demanda ulterior – É possível que em um processo se tenha mais de uma demanda, mais de um
pedido de tutela de bem jurisdicional. Demanda ulterior é o pedido que o réu faz contra o autor, é aquela
demanda que surge após a petição inicial. A demanda ulterior não é conexa. Demanda ulterior é qualquer
pedido de tutela jurisdicional feita no curso do processo. Nem todo processo terá uma demanda ulterior
mas todo processo terá uma demanda inicial. Exemplo: demanda de alimentos (inicial) e ação declaratória
incidental (ulterior).
QUANTO À NATUREZA DA TUTELA JURISDICIONAL (PROCESSO SINCRÉTICO E PEDIDO
IMEDIATO)
Todo processo e procedimento é instrumento do direito material, é feio pensando no direito material. O
direito material passa por crises e para cada crise há uma tutela.
A primeira crise é a crise de conhecimento, é a crise onde precisa reconhecer um direito, o procedimento
de conhecimento tem uma fase postulatória, ordinatória, instrutória e decisória. A tutela declaratória é para
dar certeza. Precisa o juiz dizer que “sim” ou “não” que é falso ou verdadeiro, ou seja, pede-se certeza por
parte do juiz; exemplo: divórcio.
Certeza
(declaratória)
ju r is d ic io n a l
1) Demanda cognitiva/conhecimento – Precisa conhecer o direito para que ele seja resolvido. O
procedimento de conhecimento se subdivide em três:
a) Certeza (Declaratória) – O juiz deve reconhecer que tal fato é falso ou não.
b) Situação Jurídica (Constitutiva) – Deseja alterar a situação jurídica/status.
c) Adimplemento (Condenatória) – Ligada à Direitos Prestacionais. Deve agir juntamente com a tutela
executiva. Só tem fase executiva nas sentenças condenatórias. Única que pode te levar à uma
execução.
3) Demanda cautelar – Visa o provimento de urgência. Essa tutela revela uma crise de urgência, de risco,
de perigo ou de proteção. A tutela cautelar tem eficácia conservativa. É diferente da tutela antecipada, a
qual tem eficácia satisfativa.
A demanda é um ato da parte (só a parte pode demandar), postulatório (visa a um ato do Estado-juiz) e
argumentativo (conteúdo: argumentos → convencimento). É o ato de vir a juiz pleitear a tutela jurisdicional.
Nela constam elementos que individualizam a demanda, são eles as partes (autor, réu e terceiro), a causa
de pedir e o pedido.
No processo civil se tem um capaz no processo, não importa a idade, esse incapaz é parte, mas ele
demandará, precisará de um representante. No processo civil será sempre representação, não existe
assistência. Esse representante deverá ser o responsável legal por ele.
Não necessariamente se tem apenas uma pessoa em cada parte, pode haver um litisconsórcio (litis = lide;
consórcio = união). Pode ser passivo (vários réus) ou ativo (vários autores). As partes (sujeitos parciais)
não são os únicos sujeitos do processo, o juiz, o MPF, o perito, o servidor do cartório, testemunha, entre
outros, também são partes do processo, mas são partes imparciais. Quem não é nem parcial nem
imparcial é chamado de “terceiro” que se dividem em dois: terceiros desinteressados (aqueles que não
têm interesse no litígio, infinito) e terceiros juridicamente interessados.
Autor
Parcial
Réu
PARTES Imparcial
Juridicamente
desinteressados
Terceiros
Juridicamente
interessados
Parte legítima – aquela que tem autorização para estar em juízo discutindo a situação jurídica.
Parte ilegítima – não obstante esteja em juízo, não tem autorização para tanto.
Representação processual – quem representa outrem no processo. Ex.: mãe que representa o filho
menor de idade.
Substituição processual – é quem defende direito alheio em nome próprio. Situação de hipossuficiência.
Pluralidade das partes – litisconsórcio.
Sujeitos imparciais – todos aqueles que participam da demanda, mas nela não fazem pedido de tutela
jurisdicional.
Sujeitos parciais – fazem pedido de tutela jurisdicional.
Terceiros interessados juridicamente – aquele interessado porque tem uma relação jurídica conexa.
2. CAUSA DE PEDIR (fática e jurídica)
Causa de pedir é o segundo elemento da demanda. A demanda processual reproduz a norma jurídica.
Essa reprodução ocorre no que se chama de causa de pedir. Causa de pedir são as razões pelas quais a
demanda é trazida ao Judiciário. A demanda começa com a causa de pedir fática.
Para começar a enunciar as razões, ou seja, para começar a demanda, é preciso descrever, concretizar a
norma jurídica para aquele caso concreto. A demanda começa, então, com a causa de pedir fática (razão
pela qual vem ao Judiciário fazer o pedido). Além disso, é preciso citar o enquadramento jurídico no qual a
narrativa fática seja cabível. A causa de pedir fática vincula o juiz, a causa de pedir jurídica não vincula o
juiz, pois ele pode dar mais, menos e fora do pedido (extra/infra/ultra petita).
Fattispecie antecedente normativo. É uma descrição de fatos, uma descrição abstrata de fatos.
Sanctio iuris prescrição normativa. É a consequência normativa, consequência jurídica da ocorrência
daqueles fatos.
Causa de pedir fática – Narra-se o fato concreto e para essa história pede-se uma consequência jurídica.
(CONCRETO)
Causa de pedir jurídica – Enquadramento jurídico da história. (ABSTRATO)
A. Causa de pedir próxima – É um novo nome que se dá a causa de pedir fática. São, portanto, os fatos.
Quem diz isso é Daniel Assumpção. Para esse autor, o direito decorre do fato. Cândido Rangel Dinamarco,
por sua vez, afirma que a causa de pedir próxima são os direitos, pois, para ele, primeiro vem o direito e
depois vem os fatos, pois os fatos só serão relevantes para o direito a partir do momento em que este fato
foi positivado.
Daniel Assumpção causa de pedir fática (fatos), pois primeiro vem o fato e depois o direito. (fato =
próximo)
Dinamarco causa de pedir jurídica, pois primeiro vem o direito, depois o fato (o fato só é importante para
o direito depois que for positivado). (direito = próximo)
B. Causa de pedir remota – Daniel Assumpção afirma que a causa de pedir remota é o próprio Direito. É
a causa de pedir jurídica. Já Dinamarco afirma que a causa de pedir remota são os fatos.
Daniel Assumpção causa de pedir jurídica (direito), pois primeiro vem o fato e depois o direito (direito =
remoto)
Dinamarco causa de pedir fática (fatos), primeiro vem o direito e depois vem o fato (fato = remoto)
Obs.: Nunca utilizar as expressões “causa próxima” e “causa remota” sem identificar os autores nos quais
se baseou.
PEDIDO
1) PEDIDO IMEDIATO
É a tutela do direito, é o pedido de tutela jurisdicional (declaratória, constitutiva, condenatória). O pedido
representa a tutela do Poder Judiciário. O pedido imediato é abstrato. Elemento abstrato é aquele que diz
respeito a fundamentação jurídica e ao provimento mediato.
2) PEDIDO MEDIATO
É o pedido do bem da vida, da prestação que se deseja, é o dever ser previsto na norma de direito
material. O pedido mediato é concreto.
4) PEDIDO GENÉRICO
Art. 324, §1º, CPC. O pedido genérico é aquele pedido certo mas ainda não quantificado. Trata-se de uma
exceção da regra (certo e determinado).
5) PEDIDO COMINATÓRIO
É o pedido para aplicação de uma multa ou de uma pena em caso de descumprimento da decisão judicial,
que pode ser aplicada pelo juiz (tutela de urgência).
6) PEDIDO IMPLÍCITO
Art. 322, §1º art. 323, CPC. É o pedido + atualização do débito, correção monetária, etc.
7) PEDIDO INDIVISÍVEL
Art. 328, CPC. Diz respeito a uma obrigação indivisível (aquela que não pode ser repartida sem perder sua
substância). Nos casos de solidariedade ativa um credor pode exigir sozinho a obrigação por inteiro e a
partir dai ele reparte, mas ele pode pleitear sozinho uma ação inteira; o bem indivisível (indivisibilidade
material - exemplo: herança – não há como pleitear partilha no inicio do processo; o herdeiro pede-se o
bem por inteiro, somente depois na partilha ele se torna divisível).
8) PEDIDO ALTERNATIVO
Art. 325, CPC. É aquele que diz respeito a uma obrigação alternativa (é quando uma prestação pode ser
cumprida de duas ou mais formas por exigência de lei ou contrato, à escolha do devedor). O juiz deve dar
a chance ao devedor de escolher, exemplo: perda total de veículo – valor da tabela FIP ou o mesmo carro
do mesmo modelo.
p e d id o s
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
A cumulação de pedidos é quando ocorre mais de um pedido, decorrentes do mesmo ato. Provoca-se
apenas uma vez o Poder Judiciário para Compatibilidade
pedir tudo aquilo que o indivíduo acha que tem jus devido ao
direito material. No Brasil não é obrigado a cumular pedido como nos EUA, a cumulação é facultativa, ou
seja, pode ou não pedir tudo de uma vez. O objetivo da cumulação de pedidos é a celeridade e economia
processual, pois se usa o mesmo mecanismo para vários pedidos. Por esse motivo, não se pode existir
Procedimento
cumulação de demandas totalmente diferentes.
Competência
Há três requisitos para se cumular pedidos (art. 327, NCPC):
Primeiro Compatibilidade entre os pedidos (exemplo: rescisão do contrato e cumprimento do contrato
ao mesmo tempo – não é possível pois são excludentes, são incompatíveis).
Segundo Ter o mesmo procedimento, pois se eles forem incompatíveis não se pode cumular (exemplo:
um pedido exige um procedimento especial e outro um procedimento especial diferente deste, não há
como compatibilizá-los).
Terceiro O juiz dos pedidos precisa ter competência absoluta. A competência absoluta decorre da
matéria (não pode ser mudada pelas partes), foi instituída em relação a matéria por uma razão de
especialização da organização judiciária. Exemplo: pedido de paternidade (vara de família) e pedido de
herança (vara de sucessões).
Obs.: A competência é a medida da jurisdição, divisão de trabalho. Todo e qualquer magistrado tem
jurisdição, mas somente alguns magistrados podem exercer determinada competência. A competência
pode ser absoluta ou relativa. A competência absoluta decorre da matéria, não pode ser modificada; se
for diferente não poderá ser cumulada. A competência relativa é aquela que é feita em proveito das
partes e pode ser modificada, se essa competência for diferente, pode cumular; é possível alterar por
consenso ou acordo o lugar que será ajuizado a demanda.
Art. 327, NCPC. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos,
ainda que entre eles não haja conexão.
§2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se
o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais
diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados,
que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§3º O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
CLASSIFICAÇÃO
(a) Cumulação simples É a justaposição de pedidos, a soma de pedidos. Exemplo: divórcio + guarda
das crianças; dano material + dano moral.
(c) Cumulação eventual ou subsidiária Há a preferência pelo pedido principal mas, se não for
possível, o autor aceita o pedido subsidiário. A parte possui alternativas em ordem de preferência. Se o juiz
não der a alternativa “a”, a parte perde a demanda, pois não deixa que o juiz escolha. O juiz só analisa o
segundo pedido se o primeiro for improcedente. E, por isso, pode ser recorrido, diferente da cumulação
alternativa que não tem como recorrer (sempre que tiver a negativa, pode recorrer; para chegar ao
segundo tem que negar o primeiro). Exemplo: A pleiteia um produto novo, mas caso o juiz entenda que A
não faz jus a esse produto ou tornar impossível, pleiteia-se a devolução do dinheiro e se essa não for
possível pleiteia-se a rescisão do contrato. Há um escalonamento, ordem de preferência. Aqui há tanto
sucumbência, quanto interesse recursal.
(d) Cumulação sucessiva Há uma relação de sucessividade, ou seja, existe uma relação de
antecedência lógica entre os pedidos. É uma soma de um pedido prejudicial + pedido prejudicado. Dessa
forma, só se analisa o segundo pedido se o primeiro for acolhido. Exemplo: reconhecimento de
paternidade + pensão alimentícia. Segundo Dinamarco, é possível que a prejudicial (demanda principal)
seja julgada procedente e a demanda prejudicada (demanda acessória) não, o que acontecerá quando
faltar algum outro requisito para a tutela jurisdicional. Exemplo: o autor é declarado filho do réu mas possui
rendimento suficiente, portanto não é concedida a pensão alimentícia.
Arts. 329, NCPC. Quando é feita a petição inicial faz-se o pedido e a causa de pedir. Esta reflete os
elementos da demanda (incluindo a parte). Não se pode alterar o pedido nem a causa de pedir pois nosso
sistema é preclusivo. Preclusão é a perda do direito de manifestar-se no processo, é a perda da
capacidade de praticar os atos processuais por não tê-los feito na oportunidade devida ou na forma
prevista. Dessa forma, quando diz-se que o nosso sistema é preclusivo, significa dizer que o processo não
volta as fases (postulatória, ordinatória, instrutória e decisória). A preclusão visa a estabilização, que é a
impossibilidade de alterar a demanda.
Só é possível alterar o pedido ou causa de pedir até a citação do réu, de forma livre e sem a necessidade
da autorização deste. Porém, após a citação, essa alteração só poderá ser feita com a autorização do réu.
Essa autorização, no entanto, pode ser implícita.
Fez-se uma demanda pedindo danos morais mas, posteriormente, pediu-se também danos
materiais, é possível mudar a demanda? Se for antes da citação do réu, sim. Se for depois, não.
CASO
Petição: Laura quebra notebook da professora Juliana dentro da sala de aula e é agredida verbalmente.
Em razão disso, Juliana pede danos materiais e lucro cessante. Após Laura ser citada, Juliana percebe
que poderia ter pedido danos morais. Pode ocorrer a alteração do pedido? Pode, com o consentimento de
Laura. Assim, Juliana faz uma petição narrando a historia e pedindo danos morais. É cabível o
consentimento tácito/implícito. Juliana deve avisar Laura do pedido de danos morais para que esta tenha
direito de ampla defesa, mas Laura não sabe que pode recusar o pedido de Juliana. Se Laura nega tudo o
que a Juliana falou, ela não recusa expressamente, apenas se defende. Quando se defende, entende-se
que, implicitamente, Laura aceitou o pedido de Juliana.
O que é revelia? É um réu citado que deixa de responder a demanda, se tornando um réu revel. É a
ausência jurídica de defesa. Exemplo: Sara faz um pedido, o réu é citado e não ingressa na demanda, não
contrata nenhum advogado, logo, ele não faz parte do processo, pois segue à sua revelia. Desse modo,
pode-se fazer cumulação de pedidos? Pode, desde que o réu seja novamente citado.
Não se pode mudar as partes da demanda em qualquer momento. Na alteração subjetiva não se tem
momentos, tem-se casos em que pode-se alterar a parte. Pode-se alterar o polo passivo (réu) da demanda
em três hipóteses (novidade do NCPC): alterar o réu, acrescentar o outro réu ou permanecer com o
mesmo réu. Não existe mais nomeação à autoria (forma de escapar da inevitabilidade – o réu poderia
recusar a jurisdição). Com o novo CPC, quem é ouvido não é mais o réu e sim o autor. Sempre que o réu
alega que não é ele quem deve figurar (parte ilegítima), ele deve indicar quem deveria (caso souber).
Exemplo 01 (alienação do objeto litigioso) Helena fez um negócio com Igor e entregou seu carro a ele.
No entanto, Igor não pagou o que devia. Dessa forma, Helena ajuíza uma demanda pedindo o pagamento
+ a devolução do carro. Nesse período, Igor revende o carro para Nathan. Nathan passa a ter um objeto
litigioso, pois o carro é objeto de uma controvérsia. O maior interessado de litigar é Nathan, pois é o mais
interessado em ficar com o carro. Dessa forma, Nathan pode trocar de lugar com Igor, desde que Helena
aceite.
Exemplo 02 (morte): O pai de Arthur tem uma dívida de condomínio no prédio em que residem. Se ele
morre, a demanda continua contra quem? Automaticamente, o patrimônio do falecido é transferido para os
herdeiros, e o patrimônio responde pelas dívidas do "de cujos" (falecido). Caso exista demandas nas quais
o "de cujos" seja o devedor, o espólio (Espólio = ente não personificado, massa indivisa de bens deixada
pelo de cujos) deverá se habilitar no processo para ingressar como parte (habilitação do espólio).
Quando falece uma pessoa, fica uma massa de bens, um coletivo. Essa universalidade se transfere
integralmente para os herdeiros que recebem em igual proporção. Assim, Arthur se habilitará no processo
e passará a ser parte no lugar de seu pai.
Exemplo 03 (ilegitimidade do réu): Vinícius ocupa um terreno desconhecido achando que está
abandonado. Constrói uma casa, lavoura, etc. Contrata Otto por dois anos com carteira assinada. Lorena,
dona da propriedade, passa e vê que alguém construiu uma casa. Assim, Lorena ajuíza uma ação contra
Otto, mas deveria ser contra Vinícius. Otto, então, alega ilegitimidade, pois está ali por forca empregatícia.
Se Otto tem conhecimento, ele tem obrigação de falar quem construiu aquela casa (NCPC). A autora da
ação (Lorena) tem a faculdade de alterar o réu, acrescentar o outro réu (Vinícius) ou permanecer com o
mesmo réu.
Relação jurídica processual A relação jurídica processual decorre dos vínculos jurídicos entre os
sujeitos do processo. Ou seja, decorrem de motivações que levam o processo para frente. Esses vínculos
jurídicos podem ser poderes, deveres, ônus e faculdade. Há uma relação triangular entre as partes: autor,
juiz e réu (ainda, existem outras figuras como os terceiros, advogados, auxiliadores, etc.). Minimamente, a
relação pode ser angular, ou seja, a estrutura mínima é autor e juiz, pois é possível ajuizar uma demanda
e esta não ser aceita (nesse caso a figura do réu não aparece pois este não chega a ser chamado).
Obs.: Os auxiliadores são o escrivão, perito, tradutor – pessoas que estão fora do processo mas auxiliam.
SUJEITOS DO PROCESSO
Os sujeitos do processo são classificados em parciais e imparciais; e, principais e secundários. Os
sujeitos parciais são aqueles que têm interesse direto na controvérsia (partes e advogados). Os sujeitos
imparciais são aqueles que não têm interesse na controvérsia, todo aparato estatal que existe para
solucionar essa controvérsia (juízes, auxiliadores). Os sujeitos principais são aqueles que estão na
controvérsia diretamente (autor e réu). Os sujeitos secundários são o “resto”, inclusive os advogados.
Obs.: Situação jurídica ativa e passiva Situação jurídica ativa é uma situação favorável. Poderes e
faculdades são situações jurídicas ativas, pois são situações favoráveis para o autor. Ônus e deveres são
situações jurídicas passivas pois são obrigações, são desfavoráveis.
JUIZ
O juiz não tem faculdades, ônus, poderes e deveres. Ele terá poder e dever quando coligados, pois o
poder-dever do juiz são duas coisas interligadas: o juiz tem poder pois tem o dever de exercê-lo. Dessa
forma, sempre que no CPC tiver uma autorização ao juiz com a palavra “pode”, deve ler-se “deve”, pois o
juiz tem poder na medida que tem o dever e, com seu poder, ele age no seu dever. A principal
característica do juiz é a imparcialidade. Ele perderá a imparcialidade em duas hipóteses: impedimento e
suspeição.
(a) Impedimento: São causas objetivas de parcialidade. No impedimento não se discute se aquela relação
afeta ou não afeta o ânimo do juiz. Exemplo: o juiz já foi advogado do processo que está julgando – era
advogado, mas passou para concurso de juiz. Fica claro, que foi comprometida a sua imparcialidade. Art.
144, NCPC. É possível alegar impedimento em qualquer processo, mesmo depois de transitado em
julgado.
(b) Suspeição: São causas subjetivas de parcialidade. Existe conflito para se provar se há ou não
parcialidade, é algo polêmico, pois julga-se o que é amizade. Normalmente o critério utilizado pelo Poder
Judiciário é: se x frequenta a casa de y, são amigos; se não frequenta, não são amigos. Art. 145, NCPC.
Poderes do juiz O juiz possui poderes administrativos e poderes jurisdicionais. O poder administrativo
ou de polícia tem o objetivo de manter a ordem, o decoro e a urbanidade das audiências. O poder
jurisdicional subdivide-se em ordinatório, instrutório, decisório e executivo.
(a) Ordinatório – Cabe ao juiz impulsionar o processo (ex.: marcar audiência);
(b) Instrutório – Poder de produzir provas;
(c) Decisório – Poder e dever de julgar e decidir;
(d) Executivo – Poder e dever de adotar os meios mais eficazes e satisfatórios, é o poder de
determinar o cumprimento das decisões.
Deveres do juiz O juiz pode equivaler-se de qualquer medida lícita para satisfazer o credor – princípio
da atipicidade dos meios executórios. Outros deveres são: prestar a tutela jurisdicional, promover a
qualquer tempo a autocomposição (o juiz pode propor um acordo a qualquer tempo pois tem-se um
objetivo de promover uma mudança da cultura da sentença para a cultura da autocomposição, para que se
tenha menos condenações e mais acordos). Obs.: o juiz não pode usar força policial (só aqueles que têm
porte de arma), mas pode requisitá-la.
Obs.: Atualmente existe um número muito grande de demanda de contrato de adesão com cláusula
abusiva. Se o PROCOM ou o Ministério Público indicar o processo coletivo, a eficácia é efetiva e só há
uma demanda. Porém se cada um ajuíza uma demanda separadamente, acaba por ter muitas demandas,
o que gasta dinheiro e tempo. Desse modo, o juiz pode (deve) pedir ao MP ou à Defensoria Pública que se
faça a demanda coletiva quando perceber que há muitas demandas iguais.
Vedações e garantias Art. 95 da CF. Confere-se vedações e garantias ao juiz para que ele não seja
constrangido a adotar medidas que deturpem a ordem. Em regra, o cargo de juiz é vitalício após dois anos
de exercício. Só pode perder o cargo o juiz que tiver vinculado à sentenças judiciais transitadas em julgado
por motivo de algum crime.
AUXILIARES DA JUSTIÇA
Escrivão Esse cargo foi extinto há muitos anos, entretanto, já haviam aquelas pessoas que ocupavam o
cargo quando foi extinto. Essas pessoas tornaram-se analistas especiais, é o chefe do cartório. O
escrivão ganhava mais que o escrevente, mas as atribuições eram as mesmas.
Chefe de secretaria Atualmente, se faz concurso para técnico judiciário ou analistas que trabalham no
cartório judiciário. O chefe de secretaria é a pessoa que irá chefiar a secretaria do juiz (recebe mais do que
os analistas). Chefe de secretaria é uma função gratificada, mas o concurso é para analista. O papel do
chefe de secretaria e dos analistas do cartório é a guarda e conservação dos atos processuais, atuação
dos processos. O chefe de secretaria não precisa da decisão do juiz, ele pode realizar atos ordinatórios,
vistas dos autos. Segundo o NCPC (art. 153), o chefe de secretaria deve observar uma ordem cronológica,
para evitar que os processos mais difíceis fossem deixados de lado, evitando reclamações na ouvidoria e
corregedoria.
Obs.: NCPC: os magistrados devem observar preferencialmente a ordem cronológica. Como
preferencialmente, não quer dizer que, necessariamente, o magistrado irá realizar, pois não é obrigado.
Oficial de Justiça É um servidor concursado que é longa manus (“braço”, extensão) do magistrado. As
diligências externas são cumpridas pelo oficial de justiça. Obs.: NCPC: Art. 154, VI, § único: Sempre que o
oficial de justiça fizer um ato de comunicação ao réu, ele deverá certificar, no próprio mandado, se houve
alguma proposta de acordo. Ao colher a assinatura do réu, este pode fazer uma proposta de acordo para o
autor; se isso ocorrer e o autor acolher, intermediado pelo oficial de justiça, o juiz deve homologar a
proposta em juízo.
TIPOS DE DILIGÊNCIA
(a) Citação – Ato de comunicação que integra o réu ao processo. Em regra, quem deve fazer a citação
não é o oficial de justiça, mas sim os correios. A citação pelos correios só funciona quando o réu recebe e
assina o recebimento. O prazo para que a pessoa se defenda começa a correr com o aviso do
recebimento. O oficial de justiça possui fé pública e pode efetuar a citação em qualquer hora do dia e em
qualquer lugar (exceto culto religioso, funeral de um parente de até segundo grau, doença grave como
debilidade motora e em bodas [lua de mel] + 3 dias subsequentes). Para citar alguém fora do Brasil, é
preciso se utilizar da carta rogatória, e para citar alguém de um estado para outro a carta é precatória.
Obs.: Inacessibilidade social significa que o local para citar a pessoa é inacessível e a citação ocorre por
edital.
(b) Penhora – Ato de constrição patrimonial (bloqueio) que antecede a expropriação na execução (atos
materiais para que o credor seja satisfeito). O bem é indisponível, mas continua com a pessoa (limita
direito de propriedade).
(c) Sequestro – Cautelar de sequestro. Apreende o bem, busca-se um objeto específico. Exemplo:
desejar cautelarmente a apreensão de carro para que a dívida do devedor seja paga.
(e) Arresto – O que interessa aqui é uma pecúnia, é apreender qualquer bem que vise a transformação
em pecúnia (dinheiro). Visa garantir um bem, é uma medida cautelar com nome específico que pode
ocorrer a qualquer momento. Além disso, o oficial de justiça irá executar a ordem do juiz, realizar o pregão
(ato de convocar as partes ao julgamento) e auxiliar o juiz na manutenção da ordem.
Perito Alguém com conhecimento técnico a ser utilizado nas hipóteses em que haja necessidade de
esclarecimento científico. No Brasil, o perito é para conhecimento científico, qualquer conhecimento que
não seja jurídico precisa-se valer de um perito judicial. O perito é remunerado pelas partes, há a
possibilidade das partes confrontarem o parecer. Em regra o juiz é quem nomeia o perito. O perito pode
escolher não querer participar (num prazo de 15 dias), ou seja, ele pode recusar a perícia, o que é
chamado de escura. O NCPC admite que as partes, consensualmente, acolham um perito para a
homologação do magistrado – perito consensual.
Intérprete e tradutor Intérprete de sinais (linguagem para pessoas com deficiências auditivas), assim o
juiz irá nomear um intérprete. O tradutor é responsável por redigir um documento de língua estrangeira
para o português e traduzir linguagem de testemunhas para o português.
O NCPC estabelece que o conciliador é aquele que atuará preferencialmente naqueles processos em que
não há vínculos anteriores, onde o conflito não vai continuar. Já a mediação é designada nas hipóteses em
que há um vinculo anterior e por isso, os conflitos tendem a multiplicar-se.
Obs.: Disparidade de armas O NCPC diz que em regra o réu tem 15 dias para a defesa, mas se tiver
muito volume de documento que torne a defesa humanamente impossível, o juiz pode, de ofício, ampliar o
prazo. Isso gera um direito subjetivo no réu (ele ter que exigir esse direito do juiz – no final das contas
quem vai julgar se as circunstâncias geraram ou não desigualdade é o juiz).
MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público é tratado pelo Novo Código de Processo Civil em seus artigos 176 a 181. O Ministério
Público é um grande fiscal da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e
individuais indisponíveis. O Ministério Público defenderá situações de direitos que dizem respeito à valores
constitucionais, situações indisponíveis.
O Ministério Público atua como um fiscal da lei ou custos legis. Ele fiscaliza a ordem pública nos casos
expostos no artigo 178 do CPC, ou seja, em casos de interesse público ou social, interesse de incapaz
vulnerável e em casos de litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Nesse último, o MP atua
para manter a ordem.
Quando o MP for custos legis ele é parte imparcial no processo. Quando o MP for parte do processo, será
parcial no processo. Quando o MP é imparcial, ele tem 15 dias para se manifestar. Quando o MP funciona
como parte, ele possui o prazo em dobro.
Substituição processual Quando alguém defende interesse alheio em nome próprio é chamado de
substituição processual. Quando o MP atua em interesse alheio em nome próprio é substituição
processual. Existe uma diferença entre legitimidade e substituição processual. Legítimo é quem deve
figurar no processo. O MP não tem essa legitimidade ordinária, ele tem uma legitimidade extraordinária,
que é a substituição processual.
Interesse público primário x Interesse público secundário Interesse público primário é aquele
interesse que afeta todos os cidadãos enquanto integrantes de um Estado. São os bens públicos de uso
de todos, são as políticas de saúde, de educação, de moradia, de mobilidade urbana, de políticas sociais,
entre outros. O interesse público primário não é um interesse financeiro. É o interesse em que o MP
atuará.
Interesse público secundário é aquele interesse que é meramente financeiro, pecuniário. Assim, se um
policial bate com o carro da polícia, o Estado é quem pagará o reparo daquele carro, mas como é de
interesse exclusivamente financeiro, o Ministério Público não atuará.
Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
e direitos sociais e individuais indisponíveis.
Art. 177. O Ministério Público exercerá o direito de ação em conformidade com suas atribuições
constitucionais.
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem
jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz (que seja vulnerável);
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do
Ministério Público.
Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público:
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo;
II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer.
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a
partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, §1º.
§1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz
requisitará os autos e dará andamento ao processo.
§2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo
próprio para o Ministério Público.
Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo
ou fraude no exercício de suas funções.
Ministério Público x Defensoria pública O papel do MP não se confunde com o papel da defensoria
pública. A defensoria defende os hipossuficientes e o MP defende os direitos sociais, os direitos coletivos.
O MP defenderá também os direitos individuais indisponíveis, que são aquelas situações de
vulnerabilidade. Em casos de demanda coletivas, o MP defenderá o regime democrático, a ordem jurídica
e os direitos sociais e individuais indisponíveis; já a defensoria pública poderá propor ação coletiva em prol
dos hipossuficientes. O MP defenderá a ordem, defenderá os vulneráveis, o que é diferente da defesa dos
hipossuficientes que será feita pela defensoria pública. Obs.: Hipossuficientes são aquelas pessoas que
sobrevivem com o mínimo de condições financeiras e os miseráveis.
Intimação – nulidade Questão muito comum na jurisprudência. Ocorrerá nulidade do processo quando
o Ministério Público deveria ter sido intimado para participar deste mas o juiz não o fez. Assim, quando o
MP não participa do processo, ocorre nulidade. Pois, no processo, há uma forma que deve ser observada,
se essa forma não é observada, o processo deve voltar ao início.
Assim, se o Ministério Público deve ser intimado e não foi, logo, ele não interviu. Quando isso ocorre,
todos os atos processuais são anulados e o processo retroage ao início. Em todas as fases do processo, a
ordem de apresentação, de participação é autor – réu – MP.
Capacidade processual Capacidade processual é a capacidade de ser parte. Possui capacidade de ser
parte todo sujeito de direito na orbita civil (pessoas naturais, jurídicas e formais) e, possui capacidade
processual, tem capacidade para estar em juízo, de ser parte, toda pessoa em gozo de seus direitos.
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.
Incapaz O incapaz será assistido por seus pais, tutor ou curador, na forma da lei, caso contrário será
designado curador especial.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei
Curador especial O curador especial não é parte do processo. Parte é o curatelado. O curador especial
é o representante da parte. O curador especial pode praticar todos os atos de defesa do curatelado,
incluindo embargos à execução (Súmula 196, do STJ), ação cautelar incidental e mandado de segurança
contra ato judicial. São atos de defesa dos interesses do cautelado. O ideal é que o curador especial seja
um advogado e membro da defensoria pública.
O curador especial não pode reconvir, não pode propor a ação para o curatelado. O curador especial não
pode reconvir porque a reconvenção não é um ato de defesa. O curador especial também não pode dispor
do direito discutido (porque não é dele).
O curador especial não pode ajuizar demanda pois, geralmente, não possui nenhuma relação com o
curatelado. Ele também não pode reconvir. Reconvenção é uma ampliação objetiva da demanda, é uma
ação dentro de uma outra ação. Chama-se demanda reconvencional ou demanda ulterior. O curador não
poderá fazer uma reconvenção a favor do curatelado, pois o curador está ali apenas para defendê-lo, não
para pedir “coisa a mais”.
A curadoria especial deve ser preferencialmente feita pela defensoria pública. Há duas hipóteses em que
haverá designação do curador especial, essas hipóteses estão expostas no artigo 72 do NCPC.
Obs.: Réu revel Torna-se revel o réu que não responder à ação, quando regularmente citado. Assim,
revelia é a ausência de defesa do réu. Revel é aquele que devidamente citado não se contrapõe ao pedido
formulado pelo autor. Ele permanece inerte e não responde à ação. Neste caso, os fatos afirmados pelo
autor presumem-se verdadeiros, porém esta presunção de veracidade não é absoluta. Ficticiamente, o réu
teve ciência, pois seu nome foi publicado nos editais online.
Capacidade processual das pessoas casadas A capacidade processual das pessoas casadas
dependerá da situação e da posição processual da pessoa.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real
imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de
bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV - [devem ser citados nas ações] que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de
ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
§2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas
hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.
§3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for negado por um
dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo.
Polo ativo – consentimento Em algumas demandas precisará do consentimento do cônjuge para propor
a demanda. O cônjuge sozinho não poderá propor demandas de direitos reais imobiliários. Consentimento
não significa ir junto, apenas uma autorização. Em caso de união estável, também necessitará de
consentimento. No entanto, esse consentimento só será necessário se o autor declarar que está em uma
união estável ou se o juiz tiver o conhecimento dessa união estável, o que terá que ser confirmado pelas
partes. Importante salientar que, embora há a necessidade de um consentimento, não constará o nome de
ambos no contrato, pois, do contrário, iria se configurar como litisconsórcio. A ausência da autorização do
cônjuge, implicará em uma intimação deste para que tenha ciência da demanda; no entanto, o processo
continuará normalmente.
Art. 1.647, CC. (...) nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação
absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.
Art. 1.649, CC. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará
anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular,
autenticado.
Polo passivo – litisconsórcio necessário (Art. 73, §1º) No polo passivo, o litisconsórcio é necessário, é
obrigatório. Nesse caso não é mais consentimento, os cônjuges sofrerão o processo juntos, serão réus
juntos. Há exceção quando se tem separação total de bens. O art. 73, §1º do novo Código de Processo
Civil elencará quando será necessário o litisconsórcio do casal.
Ações possessórias – polo ativo ou passivo (Art. 73, §2º) Ação possessória tem por objeto a tutela
jurídica da posse. Aqui, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas
hipóteses de composse ou de ato praticado por ambos. Composse é posse exercida por dois ou mais
indivíduos sobre a mesma coisa indivisa.
Representação processual das pessoas jurídicas e pessoas formais Art. 75, NCPC.
LITISCONSÓRCIO
Há situações na vida que envolvem duas ou mais pessoas. O litisconsórcio é o fenômeno processual que
consiste na pluralidade de partes em uma lide, é uma complexidade subjetiva, é uma multiplicidade de
partes que tende a acompanhar o que ocorre no mundo da vida. As pessoas podem, voluntariamente, se
unir para proporem conjuntamente uma demanda.
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,
quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de
conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do
litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
§2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da
intimação da decisão que o solucionar.
CLASSIFICAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO
Há quatro possíveis classificações do litisconsórcio: quanto ao polo da relação processual, quanto ao
momento do seu estabelecimento, quanto à divisibilidade da pretensão ou objeto do processo e, por fim,
quanto à obrigatoriedade.
Conexão – Quando o juiz determina a reunião das demandas. Em casos que as demandas têm
pontos em comum. Exemplo: Juliana x Pedro e Juliana x João conexão Juliana x Pedro e João.
Sucessão – Quando alguma parte do processo morre deixando herdeiros. Ex: Juliana x Igor. Igor
morre deixando dois herdeiros. Os herdeiros de Igor entram como parte processual, ficando assim
Juliana x herdeiro 1 e herdeiro 2.
Intervenção de terceiros – Há situações em que a decisão tomada num processo tem reflexo em outra
relação jurídica de direito material, estendendo indiretamente os efeitos da sentença à terceira pessoa
estranha à relação jurídica processual originária. Portanto, haverá sempre um vínculo entre o terceiro,
o objeto litigioso do processo e a relação jurídica material deduzida. O terceiro pode intervir
voluntariamente ou mediante provocação de uma das partes. A intervenção mediante provocação de
uma das partes envolve três institutos diversos: nomeação à autoria, denunciação da lide (quando a
parte ré chama um garantidor para eventual suspensão da demanda) e chamamento ao processo. Na
intervenção voluntária tem-se dois institutos: assistência e oposição.
3) Quanto à divisibilidade da pretensão ou objeto do processo (de acordo com o direito material
discutido)
(a) Simples – (objeto divisível) É o litisconsórcio que admite faticamente soluções diferentes. Não há
necessidade de uniformidade de tratamento entre os litisconsortes.
(b) Unitário – (objeto indivisível) Art. 116. É aquele que exige o tratamento uniforme.
O eixo de referência para que se saiba se o litisconsorte é simples ou unitário é sempre o direito
material. Olha-se a relação de direito material para saber se essa relação exigirá tratamento uniforme.
Deve-se analisar quantas relações jurídicas existem naquele problema. Se existir duas ou mais, o
litisconsórcio é simples. Exemplo: grávida x pessoa normal num acidente aéreo. Se tiver apenas uma
relação jurídica, deve-se analisar, então, se a relação jurídica é divisível ou indivisível. Se a relação for
divisível será litisconsórcio simples, pois será possível tratar a relação diferentemente. Se a relação for
indivisível, será litisconsórcio unitário. Exemplo: anulação de casamento – não é possível divorciar um
cônjuge e não divorciar o outro, é apenas um casamento, portanto a relação jurídica é única, é uma
relação jurídica indivisível. Obs.: Demandas repetitivas são similares mas não iguais, são diferentes,
será litisconsórcio simples. Ação constitutiva necessária é quando se precisa do Estado para
chancelar a vontade das partes por exemplo divórcio e casamento, é litisconsórcio unitário, pois se é
um casal, não tem como chancelar a vontade apenas de um.
Em suma, observa-se:
Quantas relações jurídicas existem no problema? Se for duas ou mais: litisconsórcio simples. Se for uma,
pergunta-se: a relação jurídica é divisível ou indivisível? Se for divisível: litisconsórcio simples. Se for
indivisível: litisconsórcio unitário.
4) Quanto à obrigatoriedade
(a) Facultativo – Na grande maioria dos casos, o litisconsórcio é facultativo. O indivíduo se litisconsorcia
pela própria vontade, à fim de obter economia processual.
(b) Necessário – (art. 114) O art. 114 determinará quando haverá litisconsórcio necessário. O
litisconsórcio será necessário quando a lei determinar (ex.: divórcio) e quando for unitário passivo (unitário
ativo é facultativo pois ninguém é obrigado a se associar com outra pessoa; exceção: lei da SA). Exceção:
hipóteses de solidariedade passiva de bem indivisível.
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação
jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
Art. 115, CPC. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será:
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo;
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados.
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira
a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do
processo.
Conduta alternativa (visa melhorar a situação, mas não há certeza quanto ao resultado)
A conduta alternativa não determina um resultado. Pratica-se essa conduta para melhorar ou tentar
melhorar a situação do indivíduo no processo. Litisconsórcio simples No litisconsórcio simples,
quando há uma conduta alternativa por parte de um dos litisconsortes, poderá afetar os demais
litisconsortes, mas o fará por uma mera coincidência. Litisconsórcio unitário No litisconsórcio unitário,
quando há uma conduta alternativa por parte de um dos litisconsortes, não prejudicará nunca os demais
litisconsortes, afetará apenas positivamente, pois o objeto é um só.
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes
distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os
outros, mas os poderão beneficiar.
Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e todos devem ser
intimados dos respectivos atos.
3. REGIME DO LITISCONSÓRCIO
Quando que as pessoas podem litigar? Quando houver comunhão, conexão ou afinidade. Há uma
“hierarquia” no próprio artigo. A comunhão é mais forte do que a conexão que, por sua vez, é mais forte
que a afinidade. Comunhão: Situação de co-titularidade. O mesmo direito pertence a mais de uma
pessoa. Conexão: É uma situação de semelhança (do mesmo fato e/ou do mesmo bem) que torna a
tramitação mais econômica, mais célere, tanto para as pessoas envolvidas quanto para o Poder Judiciário.
A causa de pedir fática e o bem da vida tem que ser semelhante ao do outro. Afinidade: Coincidência dos
elementos abstratos da demanda.
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,
quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide (ex: solidariedade);
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir (ex: mesma causa de pedir fática
ou mesmo bem da vida – acidente de carro e disputa pela mesma propriedade);
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito (ex: coincidência de elementos
abstratos, como demanda pela pílula anticoncepcional de farinha ou inconstitucionalidade de um mesmo
tributo).
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
1) ASSISTÊNCIA
Assistência é a primeira forma de intervenção de terceiros. Parte é aquele que figura na relação
processual (autor e réu). Por vezes, a relação autor e réu pode envolver uma outra pessoa, que é
chamada de terceiro. O terceiro pode pleitear ingresso espontâneo na demanda para defender uma das
partes. O terceiro ingressará espontaneamente quando houver interesse jurídico reflexo, atua de forma
meramente coadjuvante. O assistente (terceiro) pode ingressar em qualquer fase do processo inclusive em
fase recursal em instancias extraordinárias.
Assistente simples Vinculado à vontade do assistido, mas caso omisso o assistido, o assistente o
substitui. É quando há uma relação jurídica que é reflexa de uma outra relação jurídica. Exemplo: contrato
de sublocação. O assistente tem uma relação jurídica com o assistido. Exemplo: João é dono de um
imóvel e o aluga para Gabriel. Fernando é sublocador do imóvel. João entre com uma ação contra o
Gabriel (assistido), e Fernando (assistente) entra no processo para ajudar Gabriel contra João.
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a
sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de
jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
2) AMICUS CURIAE
Amicus curiae é uma expressão em latim que significa “amigo da corte” ou “amigo do tribunal”, é a pessoa
ou entidade estranha à causa, quem vem auxiliar o tribunal, provocada ou voluntariamente, oferecendo
esclarecimentos sobre questões essenciais ao processo. Deve demonstrar interesse na causa, em virtude
da relevância da matéria e de sua representatividade quanto à questão discutida, requerendo ao tribunal
permissão para ingressar no feito. O objetivo dessa figura processual é proteger direitos sociais lato sensu,
sustentando teses fáticas ou jurídicas em defesa de interesses públicos ou privados, que serão
reflexamente atingidos com o desfecho do processo.
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da
demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa
natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.
§1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição
de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do §3º.
§2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do
amicus curiae.
§2º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas.
Existem determinadas demandas que existem grande repercussão social. Exemplo: Demanda em VV para
rediscutir a constitucionalidade do PDU de lá, porque não tem nenhum planejamento urbanístico. Em
razão disso, o MP discute a constitucionalidade deste PDU. Por isso, o MP pediu a declaração de
inconstitucionalidade do PDU. Além disso, quando declarada a inconstitucionalidade de um PDU,
acontece, em regra, são declaradas a nulidade de todos os atos desde o nascedouro. Então, o MP pediu a
demolição de todos os prédios aos arredores da praia, para que não cause mais sombra na praia.
Existem, então, muitos interessados nesta demanda, porque enquanto tramitava a liminar, nenhum
construtor conseguia construir em VV. Neste processo, existem várias organizações que tem muito
conhecimento. Quando Paulo (arquiteto de VV que fala que isto não prejudicará a cidade) pleiteia o
ingresso dele no processo, ele pleiteia como amicus curiae. Alguém com notável representatividade, com
notável conhecimento especifico que poderá agregar de forma técnica ao processo. Além disso, ele tem
que ter representatividade adequada (tem que possuir uma capacitação dentro do meio dos profissionais
no meio no qual ele se insere. Que ele possa ser compreendido como melhor representante daquele meio
profissional. Melhor pessoa para defender aquele interesse frente ao Poder Judiciário. Representar aquela
classe de forma adequada).
Amicus curiae não tem relação jurídica. É um mero debate de ideias. Não se pode afirmar que o amicus é
um litisconsorte, porque cabe ao magistrado decidir em que momento o amicus vai se manifestar, ou seja,
ele terá seu “poder”.
Obs.: A decisão do juiz é irrecorrível quanto à representatividade de alguém. Quanto ao pedido de alguém.
3) DENUNCIAÇÃO DA LIDE
A denunciação da lide não é obrigatória, é facultativa. É a forma de intervenção de terceiros na qual estes
são chamados ao processo na qualidade de litisconsorte da parte que o chamou. A denunciação da lide
serve para que uma das partes possa exercer contra terceiros seu direito de regresso, sendo utilizada nas
ações reivindicatórias ou de domínio. Tal modalidade de intervenção de terceiro é obrigatória, por exemplo,
ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que
esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta. Autor e réu podem fazer denunciação da lide. A
única intervenção de terceiro que só pode ser feita pelo réu é o chamamento ao processo.
A denunciação da lide busca proteger o direito de regresso que só nasce depois que o réu paga, denuncia
no prazo da contestação. Representa a ampliação do objeto do processo, pois o réu formula uma nova
demanda em face de terceiro. Exemplo: Bárbara tem um motorista, Arthur. Arthur bateu no carro de Paula.
Paula, então, entra com uma ação contra Bárbara, já que ela é a proprietária do carro. Bárbara na
contestação faz dois pedidos: 1) não foi culpa do meu motorista e 2) caso seja entendido pelo juiz que
Arthur é o culpado, condene-o a me reembolsar. A denunciação da lide, nesse caso: 1) Arthur assiste
Bárbara no processo; 2) réu na demanda ulterior eventual de Bárbara.
Hipóteses Evicção (direito de regresso) e direito de garantia. Direito de garantia é quando se tem uma
relação contratual que garante/traz uma garantia. Aqui existe uma indenização porque existe um contrato
que gera uma garantia. Exemplo: Contrato de seguro. Obs.: É possível tanto uma denunciação da lide
como uma demanda autônoma. A evicção é uma possível consequência contratual que prejudica uma das
partes da relação, algo que deve ser fortemente combatido, uma vez que não é justo que uma pessoa seja
beneficiada por conta do prejuízo da outra. Dessa forma, o direito de regresso é o direito de ser
ressarcido de um prejuízo causado por terceiro em juízo. Exemplo: Amy comprou uma casa de Caio e
fizeram um contrato de compra e venda, mas para que essa casa seja considerada de propriedade de
Amy, é preciso ir no cartório de registro e imóveis e fazer uma escritura pública, o registro dessa escritura
deve ser feito no nome de Amy na matrícula do imóvel, tornando-a proprietária. Isso porque só fazendo o
contrato de compra o venda, o máximo que se tem em relação a Caio é um direito pessoal e não real –
Amy tem direito de exigir que ele passe a escritura mas não tem direito sobre a casa ainda (por não ter o
registro da escritura pública num cartório de registro de imóveis), passando a ter o direito real de
propriedade. Caio, porém, vende a casa para Amy por R$100 mil e, posteriormente, Paula diz que paga
R$300 mil pela casa, aproveitando que a escritura ainda não foi passada para Amy e, portanto, a casa
ainda não é de Amy. Assim, Caio acaba fazendo um novo contrato de compra e venda, vendendo a casa
para Paula que, antes de Amy, pretende a obtenção da escritura pública ou a registra. Amy, então, ajuíza
uma demanda contra Paula para que ela passe a escritura pública para Amy, que foi a primeira a comprar,
mas Paula tem um direito de regresso em relação a Caio, porque se ela perder a casa para Amy, Paula
terá que ser indenizado por Caio e, se Amy perder a casa também tem direito de regresso/indenizatório
contra Caio (chamado de direito de evicção). Nessa hipótese, então, Amy pode fazer uma denunciação da
lide a Caio para que caso ela sucumba e perca a casa, na mesma demanda já é ressarcida pelo valor que
pagou e não obteve. As possibilidades dependem da boa fé ou má fé de Paula. Nesse caso, é possível
tanto uma denunciação da lide como uma demanda autônoma.
Casos que são vedados a denunciação da lide Demandas de direito administrativo em que há
responsabilidade do Estado. Exemplo: um agente do Estado causa danos à mim e resolvo propor uma
demanda contra o Estado do ES em razão de um erro médico cometido no São Lucas e este,
internamente, pode responsabilizar o seu agente que causou o dano. Nesse caso, o Estado não pode
denunciar a lide o médico para que ele diretamente me pague? Não, o Estado deve responder sozinho
pois o tipo de responsabilidade que existe entre o Estado e o jurisdicionado/cidadão é objetiva. Então,
nessa relação não se discute culpa e sim se há o evento danoso e se há autoria, ou seja, o nexo de
causalidade. Nesse caso não se quer saber se o médico agiu de forma errada por negligência,
imprudência ou imperícia e sim quero ser indenizada porque demonstrei o evento danoso, o nexo de
causalidade e a autoria. Se o Estado pudesse trazer o médico, a relação que existe entre eles é uma
responsabilidade subjetiva, então se fosse possível a denunciação da lide nesse caso a questão da culpa
apareceria no processo e por isso não é possível. Somente se mantém a discussão da responsabilidade
objetiva.
4) CHAMAMENTO AO PROCESSO
Art. 130. O chamamento ao processo é a única intervenção de terceiros que somente o réu pode pleitear.
Nas hipóteses de solidariedade, o réu pode ser escolhido pelo autor. Uma vez que ele escolhe um dos
devedores, este devedor vai pagar a divida inteira. Duas divergências: a primeira corrente (majoritária)
diz que o chamamento ao processo é a verdadeira formação de um litisconsórcio, porque tem-se a opção
de escolher com quem se quer litigar, mas uma vez escolhido o devedor tem a opção de trazer o
codevedor para responder essa demanda em praticamente uma situação de litisconsórcio unitário em
razão da uniformidade da situação (Didier). A segunda corrente (minoritária) diz que isso é um direito de
regresso, o chamado ao processo não está ali para responder esta dívida perante o credor, está ali para
ratear a divida perante o credor. Chamamento ao processo é, então, uma forma de rateio de débito, por
isso ela só é possível ao réu. Intervenção de terceiros que se limita às hipóteses de solidariedade.
Situações em que pode ocorrer o chamamento ao processo Um fiador pode chamar os outros
fiadores. Exemplo: Gabriel alugou uma casa e colocou como fiadora Laura. Laura está nessa relação
jurídica para garantir o pagamento frente ao credor. O credor pode ajuizar uma demanda contra o fiador
porque se o fiador for réu ele pode fazer o chamamento ao processo do afiançado pois tem direito de
recobrar o valor pago a título de fiança em relação ao devedor. Supondo que Gabriel fez a locação da casa
e tem três fiadoras: Laura, Fernanda e Maria e a demanda é proposta apenas contra Fernanda, Fernanda
pode chamar ao processo, então, as demais fiadoras para responder igualmente com ela ou ratear a
dívida com ela. Então, o chamamento ao processo é exclusivo do réu exatamente porque é uma forma de
rateio de débito – hipóteses apenas de solidariedade passiva ou relação fiador–afiançado.
A teoria menor do Direito Civil (Art. 50, CC) diz que é preciso provar o desvio de finalidade e a confusão
patrimonial para fins de desconsideração, tendo, então, dois pressupostos. Não basta a inadimplência da
empresa, pois a empresa pode estar inadimplente e não ter sua personalidade desconsiderada. Para que
haja a possibilidade de entrar no patrimônio do sócio é preciso demonstrar que a empresa servia como
fachada para que o sócio imiscuísse o seu patrimônio pessoal com o da empresa. A teoria maior diz que
basta a inadimplência, a insolvência. Então, o consumidor busca o ressarcimento frente ao fornecedor. E
este fornecedor está insolvente. O consumidor só precisa provar que a empresa não pagou. Se a empresa
não paga, o sócio paga.
Seja na teoria maior ou menor, o NCPC traz a desconsideração da personalidade jurídica para instaurar
um incidente processual, o sócio vai ser previamente intimado sobre o pedido, tendo oportunidade de
refutar o pedido e, posteriormente, o juiz poderá decidir a respeito da desconsideração. Agora, no
incidente existe uma possibilidade prévia de refutação que não existia antes. Antes de o juiz decidir ele
tem a oportunidade de ouvir o sócio, sobre o que ele tem a dizer sobre aquele pedido.
Desconsideração inversa da personalidade jurídica (art. 133, §2º) Muito comum quando um dos
cônjuges não mantém o patrimônio dele ou o que construiu durante a vida conjugal no nome dele. Ele
coloca no nome da empresa. Quando o outro cônjuge resolve se separar do primeiro, rateia (pois são
casados em comunhão total de bens) e vai procurar o patrimônio dele, não acha nada, nem no banco,
nada em seu nome pois está tudo no nome da empresa. Então é possível alegar que há uma confusão
patrimonial entre a pessoa física e a pessoa jurídica e, na separação, o cônjuge prejudicado irá buscar o
patrimônio na empresa para fins de regime de separação. Exemplo: Marido que mantém o patrimônio no
nome da empresa. Quando a mulher separa, não tem nada no nome dele. Ela pode alegar que existe uma
confusão patrimonial e que na sua separação vai buscar patrimônio na empresa.
Obs.: Incidente – Discussão aparta que ocorre no mesmo processo e nesse incidente será ouvido
previamente o réu sobre o pedido de desconsideração porque ele não foi parte na demanda originária.
Depois que o sócio sai da sociedade ele não responde mais pelo patrimônio da empresa.
COMPETÊNCIA
Competência é a medida da jurisdição. Todo juiz tem o poder de saber dizer o direito. A questão é que a
competência é uma divisão de trabalho. É definir quem será aquele que receberá a atribuição de julgar
uma demanda em dado caso concreto.
(a) Foro ou comarca Determinado como uma divisão organizacional do Poder Judiciário.
(b) Fórum Imóvel, diferente de foro.
(c) Juízo Órgão jurisdicional dentro da Comarca, também chamado de Vara.
(d) Seção Judiciária Própria divisão da Justiça Federal (Estado). TRF1 (NORTE, CENTRO-OESTE,
MG, BA, PI, MA), TRF 2 (RJ, ES), TRF 3 (SÃO PAULO E MATO GROSSO DO SUL), TRF4 (PORTO
ALEGRE, PARANÁ E SC), TRF5 (RESTANTE DO NORDESTE).
(e) Circunscrição Subdivisão da seção judiciária
(f) Instância Grau de jurisdição.
2) Competência Absoluta: Material, pessoal e funcional. A competência absoluta é de ordem pública. Não
pode ser modificada pelas partes. Estabelecida em razão da matéria ou da pessoa ou do critério funcional,
não podendo ser derrogada por convenção entre as partes.
Além disso, existem cinco critérios para dividir a competência, quais sejam:
(a) Critério material: Divide-se por matéria, que considera o objeto da discussão. Fundado, então, com
base na natureza do conflito.
(c) Critério territorial: Pertinência entre os dados da demanda e um determinado território. Domicílio do
réu, em regra. Ao local em que se situa o conflito ou a parte do conflito. Há exceções, exemplo: se for uma
demanda consumerista, a regra é o domicilio do autor, para favorecer aquele que é o hipossuficiente na
relação.
(d) Critério funcional: Fundado com base na função a ser exercida naquele momento (fase do processo,
objeto do processo). Exemplo: juiz que sentencia é aquele que, em regra, liquida, os processos acessórios
são distribuídos por dependência em relação ao principal, competência recursal.
(e) Valor da causa: Fundado com base no valor da causa. Exemplo: Juizados Especiais. Somente no
Juizado Federal o valor da causa é uma competência absoluta (exceção).
PRIMEIRA ETAPA Jurisdição brasileira. Pode ser facultativa ou exclusiva. Facultativa (arts. 21 e 22
CPC) Pode optar por ajuizar a demanda no Brasil. Hipóteses em que é possível a jurisdição brasileira:
quando o réu é domiciliado no Brasil; se no Brasil tiver que ser cumprida uma obrigação; se o fundamento
for fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Exclusiva (art. 23 CPC) Qualquer demanda que diz respeito
a imóveis situados no Brasil. Em divórcios nos quais há imóveis no Brasil para partilhar, tem que ser no
Brasil também. Se tiver, então, uma demanda no Brasil e outra idêntica movida pela outra parte no
Canadá, qual se cumpre? É possível a existência de duas demandas idênticas porque são as mesmas
partes, a causa de pedir e pedido e essas demandas estão tramitando ao mesmo tempo, então é uma
questão de litispendência. No Brasil, se há uma situação de litispendência, a primeira demanda determina
a extinção da segunda. Dessa forma, se proponho uma demanda hoje contra A e amanhã proponho outra
contra ele, a segunda deve ser extinta por força da litispendência. Mas quando há duas demandas
idênticas em jurisdições diversas, não há litispendência, então será cumprida aquela que for homologada
primeiro. A sentença estrangeira, para que passe a surtir efeitos no Brasil, precisa sofrer um “exequatur”
(ordem de execução de sentença estrangeira), ou seja, a ordem de homologação dada pelo STJ. Se o
processo internacional tramitar mais rápido que o brasileiro e conseguir o exequatur antes do processo
brasileiro, este será extinto. No Brasil basta ocorrer o trânsito em julgado, não é necessário esse
exequatur.
QUARTA ETAPA Antes não tinha esta competência no CPC, era só encontrada na Constituição (arts.
109 e 110). A jurisprudência acrescenta neste rol mais dois órgãos: Fundação Pública e Agência
Regulamentadora (Exemplos: ANS, ANA, ANAC). Exemplo: Inadimplente na FDV que deseja se formar.
Pede um mandado de segurança. A FDV só funciona pois tem uma autorização do MEC, órgão que é
federal. Assim, se a demanda tiver matéria educacional, quem entrou com a ação estará discutindo uma
hipótese à concessão dada pelo MEC. Então, competência da Justiça Federal. Se for ajuizar uma
demanda contra a União, é facultativa. Sempre que tiver União, não importa o interesse, a competência é
da Justiça Federal.
SEXTA ETAPA Competência territorial. Deve-se, primeiramente, estabelecer o que é uma relação
consumerista e se há uma relação consumerista. Caso se trate de uma relação consumerista, o foro será
no domicílio do consumidor.
SÉTIMA ETAPA Competência do juízo. Se a comarca tiver só um juiz, não terá distribuição. Se tiver
mais de um e tiver a especialização de matéria, você deve conhecê-la e distribuí-la, respeitando a
especialização.
Existe um instituto chamado “conexão de demandas” (art. 55). As demandas neste instituto, embora
tenham sido propostas de forma separadas, podem ser reunidas pelo mesmo juízo por: (i) uma ordem
judicial e/ou (ii) pelo pedido do réu. Podem ter, então, partes diferentes. As demandas são reputadas
conexas quando for comum a causa de pedir fática ou o pedido (bem da vida). Além deste instituto,
existe o da “continência” (arts. 56 e 57), que é uma conexão mais forte, mais ampla. Na continência,
tem-se as mesmas partes, a mesma causa de pedir. Mas, um pedido é mais amplo que o outro. Isso
também é chamado de litispendência (demandas iguais) parcial. Estas demandas, então, são
parcialmente iguais. Nos dois casos as demandas serão reunidas para julgamento conjunto. Mas esta
reunião só será possível se as duas tiverem competências relativas, ou, uma tiver competência absoluta
e outra relativa. Porque se as duas tiverem competências absolutas distintas, não podem ser reunidas. A
conexão é um grau menor de semelhança, entre causa de pedir e pedido. A continência é um grau maior
de semelhança, entre partes e causa de pedir. Só é possível reconhecer a conexão até a sentença,
porque o objetivo é a economia processual.
Há ainda o chamado critério de prevenção (arts. 58 e 59), pelo qual a reunião se fará no juízo prevento.
Aquele que recebeu primeiro a distribuição será o prevento. Ele que, por distribuição, receberá todas as
demandas conexas
Obs.: Em regra, o réu que propõe a conexão. Mas também pode ocorrer de ofício.
Exemplo: Demanda 01 – Danos morais e lucros cessantes. Depois faz-se a mesma demanda, com as
mesmas partes, a mesma causa de pedir e com um pedido menor. Tem um pedido mais amplo e um
pedido menos amplo. Isto é continência. Mas, neste caso, em específico, a demanda maior foi proposta
primeiro (que é a continente, porque tem mais) e a contida (tem menos pedido) foi proposta em segundo.
Isto poderia acontecer para burlar a distribuição dos processos. Neste caso, não faz sentido reunir as
duas. Então, ela será extinta. É uma novidade do NCPC.
No antigo CPC, conexão e continência geravam sempre reunião. Litispendência gerando sempre
extinção. Mas, no novo CPC, se a demanda contida (menor) é proposta posteriormente ela pode ser
extinta. No caso da demanda continente ser proposta posteriormente, nenhuma das demandas pode ser
extinta. Porque, se a primeira (que no caso é a contida) for extinta, será uma violação do juiz natural.
Então, deve-se manter as duas. Pelo princípio da prevenção (evitar escolha do juiz).
Art. 62 – Inderrogável significa que não pode ser modificado, ou seja, é absoluta.
Art. 63 – Relativa se for em razão do valor e do território.
Art. 64, §4º – Em regra, se o juiz incompetente tomou uma decisão, ele deve remeter o processo ao juiz
competente. Este juiz competente decide se ele mantém a decisão anterior ou se a revoga. Então, a
nulidade não é imediata. Isso, é na alegação da incompetência relativa.
Em regra, toda competência territorial é relativa, pois é feita pensando no bem das partes. Há uma
exceção: se for uma ação real imobiliária que verse sobre propriedade, vizinhança, servidão (exemplo:
imóvel que não tem saída para a rua). Pleitear a servidão para fins de transporte. Imóvel incrustado em
determinada área sem saída, posse imobiliária, nunciação de obra nova (exemplo: vizinho não observa
regras de construção e faz a varanda para o terreno vizinho, o vizinho ajuíza uma demanda de nunciação
de obra nova antes da obra concluir) e divisão e demarcação de terras (exemplo: propriedade herdada
por seis indivíduos, embora a competência seja territorial, ela é absoluta, pois o único local em que se
pode propor a ação é onde está o imóvel). Nesses casos citados a competência será absoluta.
Obs.: Se o réu não mora no Brasil e nem tem imóvel no Brasil, não faz sentido propor demanda no Brasil,
pois não haverá jurisdição. Se o réu for ausente, a demanda será proposta no foro do seu último domicílio.
Novidade do NCPC Antigamente, a mulher tinha prerrogativa de escolherem o seu domicílio. Agora, não
existe mais essa prerrogativa. Em caso de casamento e união estável, o foro é o guardião do filho incapaz,
no ultimo domicílio do casal ou no foro do domicílio do réu.
Obs.02: Prorrogação ocorre na competência relativa. Aquele que era incompetente relativamente torna-se
competente pela falta de impugnação do réu. O que não ocorre na competência absoluta, em que há um
vício de competência, pois envolve ordem pública.
Obs.03: Ação de adjudicação compulsória deve ser ajuizada no local do imóvel, pois não é mais direito
pessoal, mas sim real.
Obs.04: Rescisão contratual e reintegração da posse (ação de direito real imobiliário). Acumulação de
pedidos (pode cumular pois a competência relativa prorroga-se). Um tem competência absoluta e o outro
tem competência relativa. A competência absoluta atrai a relativa. Ajuíza-se a demanda no local do imóvel.
Obs.05: Se tiver duas competências absolutas (indisponíveis), os pedidos não poderão cumular.
ADMISSIBILIDADE E MÉRITO
Admissibilidade e mérito É quando a demanda observa todas as formalidades. Por isso, pode ser
admitida entre as partes. Admissibilidade quer dizer que devem ser analisados os requisitos para a
validade da demanda proposta pelas partes (tempo, modo e lugar). Dessa forma, devem ser analisadas
as condições da ação (filtro para depois ser analisado o mérito) e os pressupostos processuais. Mérito é
quando você consegue chegar ao final, passa pelo juízo de admissibilidade, ou seja, analisa se o
demandante tem ou não o direito ao pedido formulado por ele em sua demanda, é analisar se o
demandante possui mérito. O mérito é, então, o ato de dizer se existe, ou não, amparo no direito
material.
Direito de ação e acesso a uma ordem jurídica justa Direito de ação é o direito que todos os
cidadãos possuem de propor uma ação, é um direito potestativo. Você pode exercer pelo seu arbítrio,
mas existe limites. Obs.: Potestativo é pelo seu puro poder, pura vontade. É o exercício de poder.
TEORIA DA AÇÃO
A teoria da ação é muito próxima, muito peculiar, da teoria do próprio processo. Isso pois ação e
processo tiveram desenvolvimentos paralelos e simultâneos.
1) Teoria Material A teoria material da ação nada mais é do que não saber distinguir o direito da ação
do direito material. Isso pois, naquele momento, os processualistas romanos acreditavam que o direito de
ação era exercido não contra o Estado mas contra a parte contrária. É como se o direito material fosse à
guerra. Atualmente, o direito de ação é o direito de todo cidadão poder propor uma ação, eu peço
“Estado, submeta a outra parte à minha vontade”. O direito de ação é sempre um direito potestativo, no
entanto, na teoria material é como se o direito de ação fosse um acessório. Só existe o direito de ação
quando existe o direito material. Não existe, então, a ação propriamente dita. Os processualistas não
tinham o conhecimento do que era a ação em si, é como se o direito material fosse “à luta”, ou seja,
ocupasse o lugar da ação num processo.
2) Teoria concreta da ação e autonomia do direito de ação (direito potestativo e incondicionado)
Posteriormente, chegou-se a conclusão que o direito de ação era distinto do direito material. Há,
entretanto, um grande problema: apesar de perceber que a ação é diferente do direito material, os
processualistas não discernem que são coisas autônomas. Eles compreendiam, à época, que só teria
ação se ganhasse a ação. Se perdesse não havia direito de ação. Exemplo: Yuri entra com uma ação
contra Francisco, mas perde essa ação. Ele exerceu seu direito de ação, mas, no entendimento dessa
teoria, Yuri não exerceu seu direito de ação, pois não ganhou a ação.
3) Teoria abstrata Existe uma completa desvinculação entre direito material e direito de ação. A
autonomia evolui até que os processualistas chegam à conclusão que são duas coisas completamente
autônomas e independentes. O direito de ação passa a ser potestativo e incondicionado. Ou seja, não
precisa ganhar para ter direito de ação. Nesse momento, passa a ser irrelevante se a pessoa ganhou ou
perdeu a causa, seu direito de ação foi exercido. A teoria que se inicia na teoria concreta cresce e
transforma-se na teoria abstrata. Nesse momento, pode-se propor qualquer ação, mesmo que absurdas,
pois não há vinculação alguma com o direito material. Exemplo: Carol entra com uma ação dizendo que
Larissa é pai. É uma demanda esdruxula, mas seria uma ação permitida na teoria abstrata.
Teoria eclética (abstrato, mas condicionado) Teoria atualmente adotada pelo Brasil. A teoria eclética
é de Liebman. Liebman percebeu que o direito de ação não pode ser exercido tão incondicionadamente,
tão livremente. Só posso propor uma ação contra aquela pessoa que protagonize, que seja autor daquele
direito material. Aqui, Carol não poderia mais propor uma ação contra Larissa dizendo que ela é pai, pois
ser pai é exclusivo do sexo masculino. Não é mais possível propor uma ação esdruxula, absurda.
Demandas impossíveis têm acesso à justiça, podem ser protocoladas mas, se a demanda não preencher
todos os requisitos da ação, essa demanda será prematuramente extinta, pois é inviável, incabível. A
teoria eclética descobriu que a teoria da ação não pode ser completamente desvinculada do direito
material, ou seja, deve existir alguns pontos de contato entre o processo e o direito material para barrar
demandas absurdas. A teoria eclética passa a pregar que a ação é condicionada, autônoma.
CONDIÇÕES DA AÇÃO
Não há previsão expressa no Código acerca das condições da ação. Também com Liebman, surgem as
condições da ação. No CPC revogado, existiam três condições da ação. As condições, atualmente, com
o novo CPC, são legitimidade e interesse de agir (interesse processual).
Legitimidade extraordinária É a substituição processual. Por vezes, o Código aceita que outra
pessoa que não seja o protagonista do direito material pleiteie uma ação. É aquele que age em
próprio nome em defesa de interesse alheio.
3) Teoria da asserção Para separar a ação de mérito, deve-se usar a teoria da asserção. A teoria da
asserção diz que as condições da ação são aferidas em conformidade às assertivas ou afirmativas da
petição inicial. Se for necessário produzir prova para esclarecer os fatos narrados, a questão é de mérito,
ou seja, a questão é de direito material. Exemplo: Luara diz que Vinícius é pai e Vinícius nega. Até esse
ponto, as questões da ação foram preenchidas, pois é viável que Vinícius seja pai, só saberá se é pai ou
não, quando produzir provas. Se Vinícius for comprovado não ser pai, Luara não terá direito material, mas
teve direito de ação. Sua narrativa foi coerente e pertinente em termos de pertinência subjetiva.
4) Carência da ação (art. 485, CPC) Quando há carência de ação, ou seja, falta de legitimidade, falta de
interesse processual, acontece a extinção da ação sem o julgamento de mérito, ou seja, a sentença não
faz coisa julgada material, pois a questão pode ser reproposta desde que seja corrigido o vício.
Extinção sem julgamento de mérito.
Possibilidade de repropositura da ação (desde que eu corrija o vício, eu posso repropor).
Não há produção de coisa julgada material e não será cabível ação rescisória.
Pressupostos negativos – não pode existir para que o processo seja válido. Não pode ter coisa
julgada anterior, não pode ter litispendência (duas demandas idênticas em curso) e não pode ter
perempção que é quando o meu direito de ação desaparece depois de ter abandonado o processo
por três vezes.
Explicação sobre a perempção: Eu posso ajuizar uma demanda e posso abandoná-la. Se isso acontecer
o juiz irá extinguir sem mérito, assim, eu posso propor uma nova demanda, pois não houve resolução de
mérito. Posso abandonar. Depois da terceira vez, na quarta vez que eu protocolar, se o juiz tiver
conhecimento sobre essas três vezes em que eu abandonei o processo, o juiz irá extinguir a demanda
imediatamente porque eu não tenho mais direito de ação; caso ele não tenha conhecimento, esperará a
contestação do réu que irá informá-lo.