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Aluízio Borém

DNA e Direito
Professor do Departamento de
Fitotecnia da UFV
borem@mail.ufv.br

Daniel Amin Ferraz


Professor do Departamento de
Direito da UFV
damin@mail.ufv.br

Pesquisa Fabrício R. Santos


Professor do Departamento de
Biologia Geral, ICB, UFMG
fsantos@icb.ufmg.br
As análises de DNA estão reduzindo as ambigüidades na identificação de criminosos

m 1892, o uso de impressões do importante de identificação indivi- as enzimas de restrição produz frag-
digitais deixadas pelas extre- dual. mentos de diferentes comprimentos,
midades dos dedos passaram A informação contida no DNA é dependendo da seqüência gênica do
a ter aplicação para fins de determinada pela seqüência como as indivíduo. Por exemplo, um indivíduo
identificação pessoal. A des- letras do alfabeto genético (A, C, G e T) que apresenta a seqüência AAGCTT,
coberta de que a impressão digital de estão dispostas nos cromossomos. No reconhecida como sítio de corte pela
um indivíduo é uma característica sin- caso do homem, existem 3 bilhões enzima Hind III, terá seu DNA frag-
gular, isto é, não existe outra pessoa dessas letras escritas nos cromossomos mentado por essa enzima em tantos
com o mesmo padrão de impressão na de cada célula do corpo humano, sem- fragmentos quantas forem as vezes
população, estimulou seu uso para pre na mesma ordem em todas as que essa seqüência ocorrer. Assim, se
fins de identificação. Nem mesmo gê- células do indivíduo. É a ordem como o DNA de um indivíduo S1 possui 50
meos idênticos possuem impressões essas letras estão escritas nos cromos- sítios com a referida seqüência e o do
digitais iguais. somos que faz com que cada indivíduo indivíduo S2 possui 55 desses sítios, a
Da mesma forma, o método de seja diferente dos demais. Obviamente, fragmentação do DNA desses indiví-
identificação individual molecular, ou quanto mais diferentes são os indivídu- duos produzirá um padrão de frag-
seja, a impressão digital de DNA, tem os, mais distinta é a ordem das letras no mentos diferente. O tamanho de cada
contribuído enormemente para solu- genoma. Analogamente, indivíduos apa- fragmento produzido depende da dis-
ções de casos forenses. O primeiro rentados, irmãos, pais e filhos, etc. tância entre esses sítios, e o número de
caso de grande repercussão de uso de apresentam proporcionalmente maior fragmentos depende do número de
DNA na identificação individual ocor- similaridade na seqüência gênica. Em sítios. Essa variação de número e tama-
reu em 1986, na Inglaterra, com a última instância, somente gêmeos idên- nho dos fragmentos é usualmente re-
exoneração de um suspeito de homi- ticos, que são clones humanos naturais, ferida como polimorfismo, em uma
cídio, após análise de evidencias de apresentam a mesma ordem ou se- clara alusão à multitude de formas dos
DNA coletadas na cena do crime e qüência gênica. Portanto, o perfil de fragmentos do DNA.
comparadas com o DNA do acusado. DNA é uma simples e rápida maneira de
A partir de 1987, o FBI e vários se comparar seqüências de DNA de Obtenção do Perfil de DNA
laboratórios de criminalística em dife- dois ou mais indivíduos.
rentes países passaram a utilizar os O exame do perfil do DNA possui as O padrão de fragmentos do DNA
marcadores de DNA para associar in- mais variadas aplicações judiciais. Seu ou perfil de DNA de uma pessoa pode
divíduos a evidências biológicas. Amos- emprego em casos criminais e civis tem ser obtido pela análise do seu material
tras de sangue, saliva, pêlos, sêmen, sido prática constante em vários países, genético.
etc. encontradas na cena do crime incluído o Brasil, embora limitado pelo O procedimento, de forma simpli-
passaram a ser consideradas evidênci- custo dos testes. O exame do perfil do ficada, inclui sete etapas:
as contundentes, e até mesmo instru- DNA também pode ser usado para 1. Coleta da amostra: sangue, sali-
mentos de prova. casos de disputa por propriedade de va, sêmen, pêlos, dente, ossos ou
Os marcadores moleculares po- linhagens e variedades melhoradas, pa- qualquer outro tecido celular ou fluido
dem ser utilizados para caracterizar o ternidade, determinação de sucessão do indivíduo.
DNA de um indivíduo em um padrão de bens por herança, propriedade de 2. Isolamento do DNA: o DNA
ou perfil de fragmentos que lhe é órgãos construídos em laboratório e deve ser extraído das células ou dos
particular. Diferentemente das impres- identificação de cadáveres, entre ou- tecidos da amostra. Dependendo do
sões digitais, que podem ser alteradas tros. método de análise utilizado, uma pe-
por cirurgia, o DNA de uma pessoa quena quantidade de amostra pode
não pode ser deliberadamente altera- Análise do DNA ser suficiente, como, por exemplo, as
do. Conseqüentemente, o perfil de células descamadas da epiderme da
DNA tem sido considerado um méto- A digestão ou o corte do DNA com testa do indivíduo, depositadas em um
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boné por ele utilizado. Al- E nos quatro locais do geno-
ternativamente, uma gotí- ma humano analisado com
cula de saliva deixada em as quatro sondas. Isto não
um telefone ou no selo de significa necessariamente
uma carta pode também que o indivíduo S2 seja o
conter DNA suficiente para autor do crime. Obviamen-
as análises. te, para saber com que con-
3. Corte do DNA: a eta- Figura 1. Perfil de DNA evidenciando fragmentos de vicção essa evidência deve
pa seguinte é a digestão ou DNA de diferentes comprimentos ser considerada, é necessá-
fragmentação do DNA com rio conhecer com que fre-
uma enzima de restrição. qüência esse perfil de DNA
As enzimas Hind III, EcoR I, entre Um exemplo é encontrado na população humana e
outras, têm sido freqüentemente utili- isto é uma questão de probabilidade.
zadas para essa finalidade. Após o O DNA como forma de identifica- Após a análise do perfil do DNA com
DNA ser tratado com a enzima de ção individual está revolucionando o um determinado número de sondas, o
restrição, ele constituirá um grande sistema judicial. Tome-se o exemplo laboratório emite um laudo informan-
número de fragmentos de diferentes de dois indivíduos que tenham sido do a probabilidade do DNA do indiví-
tamanhos. indiciados. Para fins de ilustração, se- duo S2 e da evidência E serem exata-
4. Separação dos Fragmentos: os jam esses dois indivíduos designados mente iguais apenas por coincidência.
fragmentos de DNA são ordenados S1 e S2. A análise de uma amostra de Normalmente, o nível de exigência
por tamanho, utilizando-se a técnica sêmen ou outro tecido coletado na estatística, nessas análises, é extrema-
da eletroforese. Esse procedimento cena do crime, aqui designada evidên- mente elevado, para se evitar falso
consiste em submeter os fragmentos cia E, pode esclarecer o caso sem a positivos e negativos, sendo estes últi-
do DNA, dentro de um gel, a uma necessidade de submeter a vítima a mos muito raros.
corrente elétrica. O gel utilizado nor- um estresse adicional de reviver todo Além dos RFLPs, RAPDs - outros
malmente é feito com a agarose, subs- o episódio ao depor no julgamento, tipos de marcadores moleculares - têm
tância extraída de algas marinhas. O fazendo a identificação positiva do sido utilizados em análises criminoló-
gel de agarose possui uma consistên- indivíduo. Ademais, pode a vítima gicas. Por exemplo, vários laboratori-
cia similar à da gelatina. O procedi- encontrar-se em um estado tão debili- os de análise de DNA, como os do FBI,
mento consiste, portanto, em deposi- tado que não consiga proceder ao vêm utilizando os marcadores STR
tar os fragmentos de DNA em uma reconhecimento do agressor. (pequenas seqüências repetidas) em
canaleta (um pequeno sulco) molda- A análise do DNA dos dois indiví- suas análises. Esses marcadores são
da na extremidade do gel próxima do duos e da evidência pode dirimir dú- altamente individualísticos e a análise
eletrodo negativo. Com a corrente vidas, incriminando um dos indivídu- de 13 regiões do genoma humano,
elétrica, o DNA migrará dentro do gel os e inocentando o outro. Após o corte com os kits disponíveis para esses
na direção oposta, isto é, em direção do DNA com a enzima de restrição, a marcadores, permite a emissão de lau-
ao eletrodo positivo. Os fragmentos separação dos fragmentos pela eletro- dos que estabelecem uma probabili-
menores de DNA migram mais rapi- forese e a sua transferência para a dade de 1 para 82 bilhões de distinguir
damente que os maiores, permitindo, membrana de náilon, um dos possí- dois indivíduos.
dessa forma, separá-los por tamanho. veis padrões evidenciados com quatro Desde que o DNA foi apontado
5. Transferência do DNA: após a possíveis sondas está representado na como um mecanismo de identificação,
separação dos fragmentos no gel, eles Figura 2. várias empresas estão sendo cridas no
são transferidos do gel para uma mem- Examinando os perfis produzidos Brasil para analisar o DNA, a exemplo
brana de náilon, por capilaridade. com as quatro sondas (Figura 2), o das empresas LabGene (www.funarbe.
Uma vez fixados nessa membrana, os indivíduo S1 pode ser excluído como org.br/labgene) e Gene (www. gene.
fragmentos podem ser manipulados sendo o autor do crime, uma vez que com.br).
para sua visualização. seu perfil de DNA é diferente daquele
6. Hibridização de sondas: a adi- apresentado pela evidência E (sondas Confiabilidade
ção de sondas coloridas ou radioati- 1, 2 e 4). Tecnicamente, seria mais dos Testes de DNA
vas à membrana de náilon permite a apropriado dizer que o indivíduo S1
visualização dos fragmentos, que pos- poderia ser excluído de ter deixado Embora o perfil de DNA seja con-
suem seqüência gênica complemen- aquela evidência no local do crime. O siderado uma prova irrefutável de iden-
tar à da sonda. Cada sonda utilizada entendimento dos criminalistas é de tificação, é necessário o estabeleci-
tipicamente evidencia apenas alguns que a relação entre a evidência, o mento de padrões de análise e níveis
dos fragmentos presentes na mem- crime e sua autoria deva receber igual de estringência nos cálculos estatísti-
brana. atenção. Entretanto, é inquestionável cos. Adicionalmente, os laboratórios
7. Perfil do DNA: o perfil final do pela análise do DNA, que a evidência que prestam esse tipo de serviço de-
DNA é constituído, após a hibridiza- E não possui o mesmo perfil que o vem ser submetidos a testes denomi-
ção, de diferentes sondas à membra- indivíduo S1. nados duplamente cegos, para assegu-
na. O resultado é um padrão de ban- O DNA do indivíduo S2 correspon- rar que eles estejam trabalhando com
das de diferentes tamanhos (Figura 1). de perfeitamente com o da evidência um controle de qualidade aceitável,
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uma vez que estão em jogo a mentos de dupla leitura em
liberdade de um inocente e a cada etapa da análise e de
sanção cabível para o autor preservação de parte da
do delito. amostra para eventuais rea-
nálises. Mesmo assim, con-
Testes de Paternidade tinuarão a acontecer enga-
nos e compete ao advogado
O teste de DNA é a mais bem qualificado questionar
precisa e confiável tecnolo- e criticar resultados inespe-
gia disponível para identifi- rados.
cação de paternidade. Normalmente, Figura 2. Perfil hipotético de DNA A utilização do DNA, tanto na área
quando se deseja fazer a identificação de dois indivíduos, S1 e S2, e da criminal quanto na cível (civil e mer-
de um dos pais de um indivíduo, faz- evidência E, coletada na cena do cantil), tem auxiliado o Direito na sua
se a análise do DNA do suposto pai, da crime constante busca de justiça.
mãe e do filho. Finalmente, alguns cientistas acre-
O laudo de um teste de paternida- ditam que, no futuro, o perfil de DNA
de deve claramente relatar uma das quando o grau de parentesco é de fará parte da identificação pessoal de
duas alternativas: primeiro grau ou impossíveis de ser forma tão natural que ele será parte
definidos se são irmãos gêmeos idên- integrante das carteiras de identidade.
1. O indivíduo testado está excluí- ticos.
do e, portanto, não pode ser o pai As mesmas considerações feitas Literatura Consultada
biológico em questão. sobre identificação pessoal de huma-
nos ao longo deste artigo se aplicam à Alcamo, E. 1999. DNA technology:
2. O individuo testado não está identificação de animais e plantas. the awesome skill. New York: Hard-
excluído da possibilidade de ser o pai O perfil do DNA de variedades court Academic Press. 348 p.
biológico em questão. A estatística no híbridas de milho foi utilizado em um Ballantyne, J., Sensabaugh, G. e
laudo deve estabelecer com que pro- longo e controverso processo judicial Witkowski, J. 1989. DNA technology
babilidade o indivíduo pode ser o pai nos Estados Unidos, quando uma em- and forensic science. New York: Cold
biológico do filho considerado. presa de melhoramento de plantas foi Spring Harbor Laboratory. 368p.
acusada de ter se apropriado ilegal- Borém, A. e Santos, F.R. 2001.
Precisão dos Testes mente de linhagens parentais de outra Biotecnologia simplificada. Visconde
empresa. A análise do DNA das linha- do Rio Branco: Editora Suprema. 230p.
Os testes de paternidade podem gens suspeitas e do híbrido contribuiu Drlica, K. 1996. Understanding
provar com 100% de certeza que um para esclarecer o caso. Atualmente DNA and gene cloning : a guide for the
indivíduo não é o pai biológico da um rígido controle de identificação curious. New York: John Wiley &
criança. Por outro lado, não existe molecular por DNA é feito pelas em- Sons. 3a. edicao. 323 p.
nenhum teste disponível que prove presas que produzem variedades hí- Georgia Bureau of Investigation:
com 100% de certeza que um indiví- bridas. http://www.ganet.org/gbi/fsdna.html
duo seja o pai biológico da criança. Kreuzer, H. e Massey, A. 2000.
Esses testes podem conferir um grau Considerações Finais Recombinant DNA and biotechnolo-
de confiança de paternidade de até gy. 2a. edicao. Washington: ASM Press.
99,9%, para os casos onde a amostra Considerando que a análise de 431p.
de DNA da mãe, filho e suposto pai é DNA é uma técnica poderosa de iden- Lewin, B. 1999. Genes VII. Oxford:
analizada. Quando falta um dos geni- tificação, ela deve ser utilizada de Oxford Univ Press. 847 p.
tores, como no caso de amostras so- forma extremamente criteriosa. O ní- Messina, L. 2000. Biotechnology.
mente do filho e do suposto pai ou do vel de sensibilidade de alguns dos New York: H.W. Wilson. 186p.
filho e da suposta mãe, a precisão do procedimentos de identificação por Perelman, C. 1999. Ética e direito.
teste pode ser igual ou pouco superior DNA é tão alto que as células das mãos São Paulo: Editora Martins Fontes.
a 99%. do laboratorista ou aquelas presentes 322p.
em um simples espirro podem conta- Phillips, R.L. e Vasil, I.K. 2001.
As seguintes situações podem re- minar a amostra. DNA-based markers in plants. New
sultar uma menor precisão dos testes: Dessa forma, o cuidado na coleta, York: Kluwer Academic Press. 512 p.
• Casamento interaciais, ou de po- custódia e manipulação da amostra Tourinho Neto, F. 1997 A constitui-
pulações não padronizadas. Nesses são determinantes para a validade das ção na visão dos tribunais. volume 3.
casos, os laboratórios são obrigados a análises. Finalmente, o ser humano é Tribunal Regional Federal – 1ª Região.
utilizar tabelas genéricas ao invés de passível de erro. Laboratoristas podem 589p.
específicas para as populações em rotular erroneamente um frasco, tro- Watson, J.D.; Gilman, M. e Witko-
análise. car códigos ou nomes, etc. Em razão wski, J. 1992. Recombinant DNA. New
• Pai biológico é parente do supos- desses possíveis erros, é que muitos York: W H Freeman & Co. Press. 2a.
to pai. Esses casos são mais graves laboratórios trabalham com procedi- edicao. 626 p.

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