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IICongresso Brasileiro de Redução de Riscos e Desastres:

Rio de Janeiro, RJ, Brasil – 11 a 14 de Outubro de 2017

ANÁLISE DE REQUISITOS DE DESEMPENHO DE EDIFICAÇÕES: RELAÇÕES COM


O CONCEITO DE RESILIÊNCIA
Morgane Bigolin1,Mariana Bianchin Pires2 e Luiz Carlos Pinto da Silva Filho3
1
UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, morgane.b@gmail.com
2
UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mariana_bianchin@hotmail.com
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UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, lcarlos66@gmail.com

RESUMO

As mudanças climáticas são causas constantes de eventos naturais extremos e tem se tornado um
desafio constante nas políticas e definições de normas e regulamentos para o ambiente construído.
Em diversos países o termo resiliência já aparece como uma constante preocupação nesses
documentos. O paradigma da resiliência tem se tornado, uma importante agenda do século XXI, que
juntamente com a sustentabilidade tem gerado importantes discussões. O conceito de resiliência
embute em si uma série de valores, porém, ainda existem várias discrepâncias no entendimento do
conceito. As diferenças nos conceitos teóricos e a abrangência parcial nos modelos de construção da
resiliência apresentados na literatura têm gerado significativas discussões, ressaltando a necessidade
de estudos acerca deste assunto. A partir dos conceitos estudados a respeito de resiliência, o objetivo
deste trabalho foi, através de um conceito de resiliência gerado a partir de revisão da literatura,
analisar a ABNT NBR 15575 - Edificações habitacionais - Desempenho, também chamada Norma de
Desempenho. Os requisitos e parâmetros da referida norma foram qualitativamente classificados em
positivos, negativos e condicionantes em termos de aumento de resiliência. Os resultados apontaram
uma afinidade positiva na maioria dos requisitos com relação a Persistência, e, de uma maneira geral,
os requisitos da norma não colaboram para a facilitação de adaptabilidade e transformação e em
alguns pontos são até mesmo negativos. É importante ressaltar que os requisitos que promovem uma
permanência da edificação, muitas vezes não contam com os fatores de risco associados e quando
apontam não se verificou a preocupação com previsões climáticas futuras. Assim, apesar de a Norma
ter se mostrado um importante avanço na área da construção civil, ainda são possíveis diversos
avanços na incorporação de requisitos que contemplem as questões de risco e resiliência.

Palavras-chave: Resiliência. Norma de Desempenho. Ambiente construído. Edificações.

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IICongresso Brasileiro de Redução de Riscos e Desastres:

Rio de Janeiro, RJ, Brasil – 11 a 14 de Outubro de 2017

1 INTRODUÇÃO

O crescimento do patrimônio construído e a migração de pessoas para as cidades são fatores


preocupantes, de modo que os problemas urbanos associados passam a ter particular relevância. A Organização
das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 70% da população mundial viverá em cidades até 2050. O atual
cenário para o setor habitacional indica crescimento da demanda, haja visto o déficit histórico observado
principalmente nos países em desenvolvimento como o Brasil.
No Brasil, a preocupação com o aumento da necessidade de novas moradias está associada também
com a qualidade dessas edificações. A cultura do desempenho na construção civil mostra-se recente, com a
publicação e homologação da Norma de Desempenho NBR 15.575 (ABNT, 2013) apenas em 2013. Contudo,
apesar da cadeia não estar plenamente preparada, desde 2010 a norma já está sendo utilizada por órgãos de
financiamento e empresas construtoras, provocando uma mudança importante no paradigma de avaliação de
sistemas construtivos no Brasil. Esta Norma traz uma série de requisitos que devem ser atendidos pelas
edificações residenciais construídas no país. Esses requisitos se dividem em três grandes grupos: segurança,
habitabilidade e sustentabilidade. A norma estabelece que as propostas para novas construções devam ser
avaliadas não só quanto a itens materiais e estruturais, tais como segurança e durabilidade, mas também quanto
a aspectos ligados à funcionalidade e conforto do usuário, tais como: conforto térmico, acústico, lumínico e
estanqueidade dos sistemas, etc., passando a avaliar, assim, o desempenho do produto “edificação” entregue
ao consumidor.
Apesar desses importantes avanços, o setor da construção no Brasil ainda precisa incorporar
rapidamente alguns conceitos e preocupações ligadas às temáticas das mudanças climáticas. A segurança,
salubridade e o funcionamento adequado das edificações são essenciais para assegurar o bem-estar dos
usuários, preparando para um adequado enfrentamento aos impactos dos eventos climáticos extremos. E, por
conseguinte, aumentando seu nível de resiliência. O conceito de resiliência embute em si uma série de valores,
porém, ainda existem várias discrepâncias no entendimento do conceito. Dessa forma, é possível encontrar
oportunidades para aplicação em campos não plenamente explorados, como o das edificações. As discrepâncias
nos conceitos teóricos e a abrangência parcial nos modelos de construção da resiliência, apresentados na
literatura técnica, têm gerado importantes discussões, o que ressalta a necessidade de estudos acerca deste
assunto.
Embora a adoção e difusão do conceito de resiliência, quando se trata de gerenciamento de risco seja
relativamente atual, seu uso como termo científico aparece pela primeira vez ainda em 1625, quando Sir Francis
Bacon utiliza o termo para explicar a força dos ecos, no compendio de história natural “Sylvia Sylvarum”
(ALEXANDER, 2013). Desde então o termo vem sendo utilizado por diversas áreas de conhecimento, das áreas
de mecânica, na qual o termo foi utilizado com a função de descrever uma das propriedades de comportamento
do aço, até as áreas das ciências sociais (artes, literatura, direito, psicologia). (ALEXANDER, 2013). O termo
“Resiliência” vem sendo estudado em diversas áreas tomando para si conceituações diferenciadas em cada uma
delas. Existem quatro principais campos em que o termo é aplicado. O primeiro se refere à área de mecânica e
propriedade de materiais; o segundo é aplicado para designar a propriedade de sistemas ecológicos; o terceiro
é empregado na área da psicologia; e o quarto significado é utilizado como propriedade de sistemas dinâmicos.
(HOLLNAGEL, 2014).
O conceito na mecânica apareceu em 1858, descrevendo a resistência e ductilidade de barras de aço.
Neste contexto, a resiliência do aço está ligada à sua resistência perante aplicação de força (rigidez) e absorver
deformações (ductilidade) (ALEXANDER, 2013). Também foi utilizado com o objetivo de explicar porque madeiras
não quebravam com severos impactos (HOLLNAGEL, 2014).
O segundo conceito de resiliência, aplicado no campo da ecologia (segunda área) inicia principalmente
no trabalho de Holling em 1973. Neste artigo a definição é “a persistência das relações de um sistema e uma
medida para a habilidade dos sistemas absorverem mudanças em estados variáveis, motrizes variáveis e

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parâmetros e ainda assim persistir” (HOLLING, 1973 p. 17). A primeira revisão sistemática a respeito do tema de
resiliência foi apresentada em Plodinec (2009). Neste trabalho, são apresentados além da primeira definição de
Holling, 1973, mais 14 diferentes definições para o termo resiliência no campo da ecologia.
Apesar da ampla disseminação do conceito, principalmente atualmente na gestão de risco, Davoudi, S;
Brook e Mehmood, (2013) afirmam que é possível categorizar os conceitos dentro de três abordagens: Resiliência
ecológica, Engenharia de resiliência e resiliência evolucionária, cada qual com diferentes pontos de vista a
respeito de equilíbrio e comportamento frente aos impactos. Dessa forma, a partir desses conceitos, o objetivo,
deste artigo é propor uma análise sintética comparando os requisitos definidos na Norma de Desempenho com
as características da resiliência evolucionária. Os requisitos e parâmetros da referida norma foram
qualitativamente classificados em positivos, negativos e condicionantes em termos de aumento de resiliência.
Por se inserir em um campo recente de estudo, esta proposta se justifica por explorar uma nova base de
conhecimento e verificar a afinidade da Norma de Desempenho recém proposta com as características de
resiliência, temática atual e pertinente no cenário de mudanças climáticas. Através deste estudo, pretende-se
contribuir com fundamentos teóricos que possam ser aplicados na prática à definição de estratégias de
resiliência para edificações.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO E METODOLOGIA

Primeiramente, foi realizada uma análise dos principais conceitos relativos à resiliência com o intuito de
escolher a abordagem considerada mais adequada ao ambiente construído.
Nos sistemas sócio ecológicos, podem ser reconhecidas três abordagens para o conceito de resiliência:
Engenharia de Resiliência, Resiliência Ecológicas e Resiliência Evolucionária. Esses conceitos serão elaborados na
sequência.

2.1 Engenharia de resiliência

Nesta abordagem, resiliência é a habilidade de retornar a um estado de equilíbrio depois de um estresse.


(GUNDERSON, 2000). Assim, em engenharia para um sistema ser resiliente a definição se concentra em
estabilidade em um presumido equilíbrio, a resistência a distúrbios e à velocidade para retornar a um estado de
equilíbrio (BERKES E FOLKE, 1998). Dessa forma, o sistema resiliente necessita quatro habilidades: robustez,
relativo a resistência para enfrentar estresses; redundância, propriedade no qual elementos são possíveis de
serem substituídos; confiabilidade, identificar rapidamente os problemas prioritários e aplicação dos recursos
para atingir os objetivos; e rapidez para atingir os objetivos eficientemente (BRUNEAU et al., 2003). Esta
abordagem é mais frequentemente utilizada em gestão de risco e segurança (STEEN; AVEN, 2011)
Hollnagel (2014), mais tarde, define que engenharia de resiliência no ambiente construído deve ser
constituída de quatro habilidades: habilidade de responder à distúrbios, habilidade de monitoramento,
habilidade de aprendizado do evento ocorrido, e habilidade de antecipar ameaças e oportunidades. A Figura 1
apresenta uma síntese das relações entres as habilidades e o ambiente externo. Nesta abordagem, se aceita
então a ideia de sistema em equilíbrio e resiliência como sendo o retorno e este estado prévio depois de um
distúrbio.
Figura 2. Interações entre a habilidade da resiliência

Fonte: Adaptado de Hollnagel (2014)


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2.2 Resiliência ecológica

O trabalho pioneiro que introduziu a visão de resiliência em ecossistemas foi de Holling, 1973 que contrastava
resiliência e estabilidade. Holling sugeriu que Resiliência era a medida da habilidade desses sistemas absorverem
mudanças e ainda assim persistir e Estabilidade, a habilidade de retornar a um estado de equilíbrio depois de um
distúrbio temporário (HOLLING, 1973). Essa definição é importante, porque desafia o paradigma de equilíbrio
(LIAO, 2012) e introduz a ideia de multi-equilíbrio, rejeitando ideia de único equilíbrio (DAVOUDI, S; BROOKS;
MEHMOOD, 2013).
Nesta abordagem, resiliência é resultado de tolerância e reorganização contrastando com a Engenharia de
Resiliência que reforça a questão de resistência e recuperação (LIAO, 2012). A ideia nesta abordagem é que
existem mais que um estado de equilíbrio, assim o sistema não precisa retornar a um estado de equilíbrio
anterior e sim evoluir para em um contínuo entre estados (DAVOUDI, et al., 2012). Esta interpretação de estados
múltiplos de equilíbrio é mais aproximada à realidade dos sistemas sócio ecológicos, uma vez que, a ideia de que
não há somente um estado ótimo de equilíbrio nestes sistemas (BERKES, 2007). Além disso, estudos (MARIA
PINTO et al., 2014, ELKADI, 2016) afirmam que comunidades que passaram por desastres não gostariam de voltar
a mesma situação anterior ao desastre. Na abordagem de Resiliência Ecológica apesar de conceber o conceito
de multi-equilíbrios ainda há a ideia de um sistema equilibrado, contrastando neste ponto com o pensamento
da Resiliência Evolucionária.

2.3 Resiliência Evolucionária

Recentemente a ideia de equilíbrio começou a ser discutida mais profundamente na perspectiva dos sistemas
sócio ecológicos. Esta nova abordagem começou a ser chamada de Resiliência Evolucionária e seu modelo
contrasta com as abordagens ecológicas e de engenharia, principalmente, por questionar a ideia de equilíbrio.
Na abordagem evolucionaria a resiliência é entendida como a capacidade de mudar, se auto reorganizar,
aprendizado e adaptação em resposta aos estresses (CARPENTER, S. et al., 2001)
Folke et al., (2010) conceitua resiliência dentro da abordagem evolucionária como o sistema sócio ecológico
que possua as características de persistência, adaptabilidade e transformação. Davoudi; Brooks;
Mehmood(2013) adicionam a estes componentes a preparação, uma vez que em atividades humanas pode-se
esperar que se tenham algumas ferramentas de prevenção e aprendizado para interferir e mudar um cenário de
distúrbio. Assim, um sistema pode ser mais ou menos resiliente dependendo de suas capacidades de
persistência, adaptabilidade, transformação e preparação. Pode-se inferir então, que a resiliência vai depender
da capacidade de aprendizado da sociedade em ser persistente, flexível e inovador (DAVOUDI, S; BROOKS;
MEHMOOD, 2013).
Este conceito por ser considerado como o mais adequado a realidade dinâmica do ambiente construído foi
definido como base para avaliação dos requisitos da Norma de Desempenho. É importante destacar que para
fim de avaliação dos requisitos foram utilizadas as habilidades consideradas como: persistência, adaptabilidade
e transformação. Para tanto, considerou-se as seguintes definições:
a) Persistência: habilidade de um sistema permanecer funcional e operável apesar das falhas, durante o
passar do tempo e após sofrer distúrbios.
b) Adaptabilidade: habilidade de um sistema sofrer ou permitir pequenas adaptações para manter as
funções frente a um distúrbio.
c) Transformação: habilidade de um sistema se reconstruir e modificar rapidamente e eficientemente
quando atingido por um distúrbio.

2.4 Norma de desempenho _ NBR15.575 (ABNT, 2013)

No Brasil os primeiros estudos que trabalhavam com o conceito de avaliação de edificações por
desempenho iniciaram durante as décadas de 1970 e 1980, pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Estes
estudos culminaram no lançamento em 2013 da NBR 15575: Edificações Habitacionais – Desempenho (ABNT,
2013). A norma apresenta além dos requisitos, os critérios quantitativos e métodos para avaliação dos
desempenhos mínimos a serem atingidos pelas edificações e sistemas construtivos buscando atender às

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necessidades dos usuários. Além destes, a norma também indica intervenientes e suas incumbências e
responsabilidades técnicas, enfatizando também a importância dos usuários quanto à realização das
manutenções. Assim, a Norma de Desempenho surge como um novo balizador da construção civil nacional, que
além de organizar normas já existentes, referentes a vários aspectos, também reforça alguns requisitos mais
adormecidos no contexto de avaliação da construção.
Esta norma é composta de seis partes: requisitos gerais, sistemas estruturais, sistemas de pisos, sistemas de
vedação vertical internas e externas, sistemas de coberturas e sistemas hidro sanitários. Para cada sistema, são
definidos requisitos referentes à segurança, habitabilidade e sustentabilidade que são apresentados conforme
segue na Figura 2.

Figura 2. Requisitos Agrupados da Norma de Desempenho NBR 15.575 (ABNT, 2013)

Segurança Habitabilidade Sustentabilidade

Desempenho Estanqueidade Durabilidade


estrutural

Segurança Conforto térmico Manutenabilidade


contra incêndio

Segurança Conforto acústico Adequação


no uso e operação Ambiental

Conforto lumínico

Saúde e higiene

Funcionalidade e
acessibilidade

Conforto tátil

Qualidade do ar

Fonte: Adaptado NBR15.575 (ABNT, 2013)

O presente estudo entende que resiliência é uma função fundamental para edificações que são parte
importante do ambiente construído e estão susceptíveis a todos impactos dos eventos naturais extremos e
tecnológicos. A resiliência das mesmas precisa assim, ser contemplada e reforçada nas normas e
regulamentações que regem sobre o tema. Para análise, selecionou-se a Norma de Desempenho que estabelece
requisitos para as edificações. No entanto, foram analisados apenas os requisitos relativos às partes de
Requisitos Gerais, Sistemas Estruturais, Sistemas de Vedação Interna e Externa e Sistemas de Coberturas,
considerados os mais relevantes para o presente estudo.
Assim, considerando a listagem dos requisitos da Norma de Desempenho e as habilidades de um sistema
resiliente na abordagem evolucionária foram cruzados e avaliados respondendo os seguintes questionamentos:
a) O requisito da Norma de Desempenho X colabora de forma positiva, negativa, condicional ou não
é aplicável para o aumento da Habilidade de Persistência da edificação?
b) O requisito da Norma de Desempenho X colabora de forma positiva, negativa, condicional ou não
é aplicável para o aumento da Habilidade de Adaptabilidade da edificação?

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c) O requisito da Norma de Desempenho X colabora de forma positiva, negativa, condicional ou não
é aplicável para o aumento da Habilidade de Transformação da edificação?

3 RESULTADOS

Através da análise dos requisitos e critérios da NBR 15575 (ABNT, 2013) e visto as habilidades de uma
edificação resiliente (Permanência, Adaptabilidade e Transformação) gerou-se uma categorização. Classificou-se
cada requisito com quatro possíveis tipo de influência em cada habilidade: positivo, negativo, condicional e não
se aplica. Assim, pode-se ver como a norma está atuando em relação a melhoria da resiliência das edificações.
Em relação a Segurança Estrutural abordada na Norma, nota-se que todos os requisitos são favoráveis
a Permanência da edificação, tanto em relação a se manter em nível de operabilidade mesmo com solicitações,
como por proporcionar facilidade de manutenção em alguns itens. Em contrapartida, estes requisitos acabam
por prejudicar a Adaptabilidade, uma vez que esses requisitos não consideram uma possível flexibilidade do
sistema, apenas a resistência relativa à rigidez. Alguns requisitos, entretanto, podem facilitar a adaptação da
edificação, como a consideração de “Solicitações de cargas provenientes de peças suspensas atuantes nos SVVIE”
prevendo, então, a resistência necessária caso a estrutura seja solicitada dessa maneira. Em relação a “Ações
transmitidas por portas”, como não especifica o tipo de porta que pode ser utilizado, pode-se considerar a
existência de Adaptabilidade e mesmo Transformação. O mesmo ocorre com outros requisitos dos Sistemas de
Cobertura. Já para a habilidade de Transformação, a grande maioria dos requisitos não se aplica. Como
condicional encontra-se os requisitos relativos à estabilidade e resistência estrutural, pois dependerá da solução
de modificação adotada. Os requisitos que trazem influência positiva na Transformação estão em sua grande
maioria também relacionados com a Adaptabilidade, como a consideração de possíveis solicitações futuras de
forro, porta, carga suspensa, entre outros.
Os requisitos relativos a Segurança Contra Incêndio contribuem positivamente para as habilidades de
resiliência ou não se aplicam. Para a Persistência, a maioria dos requisitos influenciam de forma positiva, pois
são voltados para a preservação da construção, tentando sempre evitar o colapso final. Como em um evento de
incêndio é preciso se adaptar a situação gerada até conseguir extinguir o fogo ou fugir da edificação, vários
requisitos são apontados como favoráveis a Adaptação, como “Dificultar a inflamação generalizada” e “Sistema
de extinção e sinalização de incêndio”. Com relação a Transformação, os requisitos que tentam preservar a
edificação antes do colapso permitem a ocorrência de modificações após o evento, logo atuam de forma positiva
nessa habilidade também.
Como o propósito desse trabalho é em relação à resiliência da edificação como sistema físico, a maioria
dos requisitos de Segurança no Uso e Operação acabam por não se aplicar diretamente às habilidades. Contudo,
a “Integridade do sistema de coberturas” é favorável a Persistência da edificação, assim como a “Manutenção e
Operação” que influência de forma positiva em todas as habilidades. Os itens relativos à Estanqueidade também
têm pouca influência na Adaptabilidade e Transformação, sendo positiva apenas em “Condições de salubridade
no ambiente habitável” que influencia a Adaptabilidade no critério de “Captação e escoamento de águas
pluviais”. Já para a Persistência, todos os requisitos são favoráveis, pois evitam o dano da edificação.
O Desempenho Térmico apresenta influência positiva através de todos os requisitos na Persistência,
pois atua diretamente sobre a habitabilidade das edificações, como a isolação térmica da cobertura que auxilia
em manter conforto térmico no interior da habitação. Como os requisitos de “Desempenho de inverno”,
“Desempenho de verão” e as “Aberturas para ventilação” são relativos à adaptação da edificação ao seu
ambiente externo, esses são favoráveis a habilidade de Adaptabilidade. Entretanto para a Transformação,
nenhum dos requisitos são aplicáveis.
Como as habilidades analisadas são relativas a resiliência, quando considerados ameaças de eventos
naturais e tecnológicos extremos, essa não tem relação com os requisitos levantados pelo Desempenho Acústico,
pois não são tão relevantes para a integridade do sistema, sendo mais aplicáveis em relação ao conforto do
usuário. Assim como o Desempenho Lumínico, que apenas apresenta influência positiva na Adaptabilidade pelos
requisitos “Iluminação natural” de forma geral e os da NBR 15215 (ABNT, 2005) do Sistema de Cobertura, pois
se adéqua a situações na qual a falta de energia poderia ser suprida por essa iluminação natural.
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Os requisitos que possuem maior afinidade com influência positiva são os relacionados com
Durabilidade e Manutenibilidade, pois preservam a edificação agindo de forma favorável a Persistência. Em sua
grande maioria, seus requisitos também são positivos na Adaptabilidade, contendo apenas alguns condicionais,
tendo em vista o que o critério de durabilidade pode ser resolvido de diferentes formas. De forma equivalente,
esses requisitos também têm influência positiva para a Transformação, pois quase todos prezam por possíveis
modificações através da manutenção e das adaptações que serão necessárias para a edificação manter sua vida
útil. Com relação aos requisitos de Saúde, Higiene e Qualidade do Ar, estes só têm efeito favorável na
Persistência, pois visa manter a habitabilidade da edificação, não se aplicando às demais habilidades.
A Funcionalidade e Acessibilidade é de grande relevância para a resiliência geral da edificação. Quando
o requisito é relativo a espaço e manutenção atua de forma positiva na Persistência, pois é uma forma de manter
a edificação por mais tempo e com uma habitabilidade mais adequada. Para a habilidade de Adaptação, todos
os requisitos são relevantes, considerando que se há espaço e manutenção a flexibilidade é possível, assim como
para a Transformação.
Os requisitos relativos ao Conforto Tátil e Antropodinâmico não são aplicáveis as habilidades de
resiliência em sua maioria. Entretanto, como o requisito “Conforto tátil e adaptação ergonômica” considera a
limpeza do sistema, influência de forma positiva na Persistência, uma vez que há relação com a manutenção.
Favorece, também, a Adaptabilidade no requisito de “Adequação antropodinâmica de dispositivos de manobra”,
pois para adaptar um ambiente é necessário que os componentes tenham um funcionamento adequado, como
uma janela que permite a ventilação do local quando possibilita ao usuário sua abertura.
O último item analisado é a Adequação Ambiental, onde o requisito “Utilização e reuso de água”
influência positivamente na Persistência quando considerado a auto sustentabilidade. Em relação a
Adaptabilidade também é favorável, uma vez que é uma forma de adaptação ao meio ambiente, sendo um
requisito não aplicável apenas em Transformação.
Após a análise dos requisitos apresentados na ABNT NBR 15575 pode-se concluir que, apesar da Norma
não ser diretamente aplicada a resiliência de edificações, ela influência de forma positiva em grande parte dos
requisitos analisados, conforme mostrado na Figura 3. Um número elevado dos requisitos propostos na Norma
não se aplica às habilidades associadas à resiliência.

Figura 3. Gráfico da Análise de Requisitos Acumulados

Fonte: Elaborado pelo autor

Através da Figura 4 nota-se que o maior número de requisitos com influência positiva é com relação a
habilidade de Persistência, aproximadamente 75% dos requisitos analisados. O número não gera surpresa, uma
vez que se percebe uma tradicional e consolidada abordagem das Normas em relação a edificação focada
principalmente em resistência. As outras duas habilidades relativas a resiliência, Adaptabilidade e

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Transformação, não são contempladas de igual maneira, havendo inclusive requisitos que influenciam
negativamente na possibilidade de obter estas habilidades.

Figura 4. Gráfico da Análise Comparativas de Requisitos

Fonte: Elaborado pelo autor

4 CONCLUSÃO

Considerando as atuais preocupações com relação, principalmente, às mudanças climáticas e seus


efeitos no ambiente construído o termo resiliência vem ganhando importância como estratégia para lidar com o
risco associado aos eventos extremos. O termo já vem sendo incorporado em diversos documentos e
regulamentos em todo o mundo. Com relação a edificações já surgem algumas normas específicas para lidar com
a resiliência de edificações. Por ser um termo recente e amplamente difundido entre as áreas é percebido uma
multiplicidade de entendimentos. Assim, a partir de uma revisão de literatura buscou-se entender as principais
abordagens para a definição do termo e a escolha da mais adequada para avaliação do ambiente construído.
Assim, a partir dos conceitos estudados a respeito de resiliência, o objetivo deste trabalho foi analisar a Norma
de Desempenho, ABNT NBR 15575 - Edificações habitacionais – Desempenho (ABNT, 2013). Os requisitos e
parâmetros da referida norma foram qualitativamente classificados em positivos, negativos e condicionantes em
termos de aumento de resiliência, nas estratégias de Persistência, Adaptabilidade e Transformação.
Os resultados apontaram uma afinidade positiva na maioria dos requisitos com relação a Persistência,
o que não causa surpresa, uma vez que a Norma visa um adequado desempenho da edificação ao longo de sua
vida útil. Entretanto, de uma maneira geral os requisitos da mesma não colaboram para a facilitação de
Adaptabilidade e Transformação e em alguns pontos são até mesmo negativos. Percebe-se que apesar de a
Norma de Desempenho ter sido concebida no intuito também de favorecer a inovação na construção civil, seus
requisitos não indicam os favorecem uma maior flexibilidade. Isto se justifica em parte, uma vez que os requisitos
no grupo da sustentabilidade são superficiais e não estão plenamente desenvolvidos. Neste grupo possivelmente
se encontrariam os requisitos afins às habilidades de Adaptabilidade e Transformação. É importante ressaltar
também que os requisitos mesmo promovendo uma permanência da edificação, muitas vezes não contam com
os fatores de risco (inundação, temporais, granizo, vendavais, fogo etc.) e quando apontam não foi percebido
uma preocupação com previsões climáticas futuras. Assim, apesar da Norma ter mostrado um importante avanço
na área da construção civil, ainda são possíveis diversos avanços na incorporação de requisitos que contemplem
as questões de risco e resiliência.
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Agradecimentos: Agradecemos o apoio e financiamento do FINEP através do projeto Desenvolvimento
de Tecnologias Sociais para construção, recuperação, manutenção, e uso sustentável de moradias,
especialmente Habitação de Interesse Social, e para a redução de riscos socioambientais (Morar.TS). Convênio
Nº 01.11.0025.00

REFERÊNCIAS

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