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Revista do leitor
2019, v.2,n. 7
Conselho Editorial:
Ademir Barbosa Junior
Daniel Soares Filho
Luiz Carlos Peres
Contatos:
Valter Norberto Ramos (valternramos@gmail.com)
Daniel S Filho (dsfilho2016@gmail.com)
O conteúdo dos textos reflete, única e exclusivamente, a opinião de seus respectivos autores. Assim como as suas formas e estruturas são de inteira responsabilidade
dos que assinam os textos.
1
EDITORIAL
Então o ano chega em sua metade e as energias que inicialmente cau-
savam dúvidas e reboliços começam a se assentar. A lama que outrora
dificultava nosso caminhar dá lugar a argila seca, possibilitando o per-
feito equilibrio sobre nossos pés. As dúvidas dão lugar as certezas e o
que era desforme agora toma forma. Peço licença para fazer uma aná-
lise sob a ótica da cultura Yourubá, trazendo para uma visão bastante
simplória, uma das funções ou atribuições do Orixá que homenagea-
mos este mês, a mais velha dos Orixás, Nanã Buruquê. Assim como
um de seus itãs, quando Oxalá utilizou elementos pertencentes ao reino
de Nanã para nos criar de forma definitiva, dando forma ao que era
desforme, salvamos Nanã por nos ajudar e permitir chegar até aqui,
solidificando com sua energia esse projeto que é a Revista do Leitor
Umbandista, onde muitos umbandistas encontram solo firme para re-
pousar suas vistas e semear dentro de si conhecimento.
Que Nanã nos permita perceber que até mesmo dentro do mais pro-
fundo pantano existe vida, força e energia que o sustenta, mantém e
modifica!
Saluba Nanã!
2
Você conhece o nosso projeto?
www.umbandobem.com.br
3
CONSELHO NACIONAL DE UMBANDA - Mãos que se unem por Daniel Soares Filho
5
Mulheres na Umbanda porPaiPaiDermes
por Dermes
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novo estratagema. pria esposa, a quem reabilitou.
No dia da festa, ao lado do Então, Oxalá colocou uma
trono de Oxalá, à sua direita, es- pena vermelha em sua testa e de-
tava a cadeira da esposa princi- cretou que, a partir daquele dia,
pal. Em dado momento, quando os iniciados passariam a usar
ela se ausentou, as outras duas uma pena igual em suas testas,
esposas colocaram na cadeira um ornando as cabeças raspadas e
preparado mágico. Quando a es- pintadas, para que os Orixás mais
posa principal de Oxalá se sen- facilmente os identificassem.
tou, percebeu que estava A tradição da pena vermelha
sangrando e saiu em disparada. ocorre nos Cultos de Nação e
Oxalá, indignado por ela haver também em alguns segmentos
quebrado um tabu, expulsou-a. umbandistas nas chamadas saídas
A filha de Oxum, então, foi à de iaô. Quem acompanha o ritual
casa de sua mãe, em busca de au- por vezes desconhece o signifi-
xílio. Oxum preparou-lhe um cado ancestral do reconheci-
banho de folhas numa bacia. De- mento de Oxalá frente ao
pois do banho, envolveu a filha feminino ao ponto de lidar com
em panos limpos e a pôs para um seu interdito (quizila), o ver-
descansar numa esteira. A água melho, em lindo gesto de arre-
da bacia, vermelha, havia se pendimento e conciliação.
transformado nas penas ecodidé, Ademir Barbosa Junior (Pai
raras e preciosas. Dermes de Xangô) é sacerdote
Oxalá gostava muito dessas umbandista, escritor e tera-
penas, contudo tinha dificuldade peuta holístico. Professor da
área de Letras, é Mestre em Li-
em encontrá-las. Ouviu dizer que teratura Brasileira pela USP, onde
Oxum tinha essas penas, pois a se graduou, e Doutor Honoris Causa
filha de Oxum andara aparecendo pelo IEG-MCNG (Limeira – SP).
em algumas festas ornada com Instagram: dermesautor Contato:
penas ecodidé. Foi, então, à casa ademirbarbosajunior@yahoo.com.
de Oxum, onde encontrou a pró- br
7
Mediunidade ou Vocação por Santino
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Há uma diferença em querer ser que tem sido um grande problema
médium e ser médium de fato. dentro de nossas casas de santo.
Hoje há muitas pessoas querendo Perdemos a essência da mediuni-
ser médium impulsionados pelo dade, e colocamos em cheque toda
exterior, por aquilo que se vê (rou- a credibilidade da espiritualidade
pas, guias, poder, hierarquia). As que ali está plantada e pronta para
pessoas se intitulam médiuns. operar em favor do bem maior e
Também nós, pais e mães de san- da caridade fraterna.
tos, muitas vezes contribuímos Quando a mediunidade é nata, o
para isso, preocupados com a desenvolvimento não é sofrido, é
quantidade e não com a qualidade um bálsamos para nosso caminhar.
de nossas correntes mediúnicas, A espiritualidade não demora em
fechamos os olhos e deixamos equilibrar nossa energia com a
para outros a missão que é nossa. energia delas, e logo nos sentimos
Missão de orientar, direcionar, es- totalmente envolvidos pela graça.
clarecer, enfim, ser luz na vida da- Também não é algo tão novo, pois
queles que nos procuram. Para no decorrer de nossa vida, a espi-
isso fomos escolhidos, enviados e ritualidade vai nos dando sinais,
consagrados. Há muitas formas que algo especial foi reservado pra
de alguém ajudar dentro dpele nós, não no sentido de sermos su-
uma casa de santo, além da mediu- perior ao outro, mas de podermos,
nidade de incorporação. Servir pela mediunidade, servir a todos
não se torna maior ou menor por que baterem em nossa porta.
aquilo que se exerce dentro de Quando nossa corrente mediúnica
uma casa de santo, porém pelo é formada por médiuns natos, só
propósito com que se exerce. temos a ganhar. Mesmo contra a
Aquele que serve não é maior nem nossa vontade, muitas vezes,
menor aquele que incorpora. somos conduzidos por caminhos
Todos exercemos uma função e, que não gostaríamos de trilhar.
bem exercida, toda a casa de santo Nossa liberdade já não é mais
é beneficiada. nossa, somos conduzidos pelos
Quando não definimos o tipo de desígnios daqueles que nos esco-
mediunidade e como exercê-la, lheram e nos deram a oportuni-
abrimos a porta pra mistificação dade de respondermos ao seu
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convite.
Podemos tentar recusar, buscar outras trilhas, fazer outros caminhos,
mas só estaremos completos se respondermos ao chamado, nem que
para isso precisemos voltar várias vezes a este mundo. Ao final de
tudo, só seremos felizes diante do nosso sim.
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MAS AFINAL, O QUE É
TRONQUEIRA?
A palavra “tronqueira” vem de tronco, antigamente se chamava de
tronqueira aqueles troncos que se usavam na entrada das fazendas,
quando não havia porteira, havia o tronco, aquilo é uma tronqueira.
Tronqueira é o que bloqueia a entrada.
Muitos são, os que chegam em um templo de Umbanda e se melin-
dram, se assustam com as firmezas existentes na porta. Aquelas ca-
sinhas, conhecidas como tronqueiras, que tem como finalidade o
assentamento das forças dos nossos exús e pombagiras.
A tronqueira é um recurso maravilhoso, colocado pelo astral em
prol dos templos de Umbanda, que recebem os assistidos, na sua
grande maioria, com seres trevosos à atormentá-los.
Este recurso, é no templo, um ponto de força, onde está firmado
(ativado) o poder dos guardiões que militam em dimensões à nossa
esquerda.
O ponto de força funciona como pára-raios, é um portal que impede
as forças hostis se servirem do ambiente religioso de forma detur-
pada.
Texto retirado da internet
Saravá Umbanda!
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RAÍZES DE UMBANDA – Defumação Por Evandro
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• Obedeça ao seguinte item: sem- vicção. Obedeça às regras e terá
pre que fizer uma defumação para um bom resultado.
atrair coisas boas, use ervas ou Eis dois pontos que podem ser
elementos em número par. Ex: 2, cantados durante a defumação:
4, 6, 8, 10, 12.
Sempre que fizer uma defumação A.
para limpeza e descarrego o nú- Corre gira pai Ogum / filhos que-
mero de ervas ou elementos deve rem defumar / Umbanda tem defu-
ser ímpar. Ex: 3, 5, 7, 9, 11. A não mamento É preciso preparar /
ser quando a defumação for dire- com incenso e benjoim / Alecrim e
cionada a um determinado guia, alfazema / defuma filhos de fé /
entidade ou orixá. Aí obedeça ao com as ervas de Jurema.
número de ervas correspondentes
àquela entidade. Pode ser despa- B.
chado no local mais apropriado à Defuma Umbanda / defuma bem /
entidade. defuma esses filhos (ou essa casa)
A mistura das ervas pode ser feita / para o nosso bem.
em grandes quantidades para ser
utilizada no decorrer do tempo.
Entretanto, deve ser guardada em
um recipiente com tampa e ao
abrigo da luz. Os dias mais apro-
priados para o uso da defumação Evandro Mendonça, Babalo-
são segunda-feira e sexta-feira, de rixá e Escritor Umbandista e
preferência às 18h. Ou no horário Africanista. Autor de treze
Obras e três a serem publica-
em que mais se adequar.
das. E-mail: evandroro-
Ao fazer uma defumação para sul@bol.com.br Fan page-
atrair coisas boas, comece na porta facebook.com/Ileaxexan-
da frente e termine na porta dos goeoya
fundos. Sempre que fizer uma de-
fumação de limpeza e descarrego,
comece na porta dos fundos e ter-
mine na porta da frente.
Faça-o com fé, confiança e con-
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seja na oração, ou no bater de palmas, eu sou Zé Pilintra, e como vocês
dizem na terra, já comi o pão que o diabo amassou, já sofri quase tudo
que um espírito poderia sofrer, já passei por quase tudo, nessa e em
outras vidas e continuo aqui nesse planeta, tentando melhorar, ajudar
e encaminhar cada um espírito que recorre a mim com algum pedido
de ajuda.
Talvez eu ainda seja bastante humanizado nesse planeta, e por isso en-
tenda tanto os erros e distúrbios humanos, porque ninguém viveu na
pele tanto eles como eu, ninguém melhor que eu para compreender e
entender a cada ser humano.
Sendo assim, não me deem fronteiras, não pertenço a um determinado
Culto ou Seita, se no Catimbó sou Doutor, na Umbanda sou Malandro,
na Quimbanda sou Boêmio, sou Alma sou um Espírito pronto para
ajudar a todos que me chamarem em nome Deus, Jesus, Olorum, Oba-
talá, Jeová, Alá, Oxalá, Buda, Zambi etc.
A todos que precisarem e nos chamarem em todos os lugares do
mundo, eu e meu amigos, guerreiro das conchas e o velho João da
Mata, estaremos.
Para o bem não há fronteiras, só uma língua universal.
Essa é mais ou menos uma parte de uma de minhas encarnações. Só
falei o que poderia ter falado!
Zé Pilintra das Almas!
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Umbanda: Religião? Culto? Filosofia? por Mãe Raquel
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A Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade; da mesma
forma como Maria ampara nos braços o filho querido, também serão
amparados os que dela se socorrerem.”
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O Incrível caso do Exu 7 da Lira - Parte II
A fama de Seu Sete era tão grande sua tronqueira.
que chegou a marca de 5.000 pes-
soas por sessão. Durante as ses- A fama de Seu Sete foi tão grande,
sões, o Seu Sete chegava a que na década de 70, vários eram
consumir de 40 a 60 litros de ca- os carros que transitavam com
chaça e 16 caixas de charutos. En- adesivos de um 7 preto em um
tretanto, ao desincorporar, Mãe fundo em vermelho, demons-
Cacilda não tinha qualquer vestí- trando a devoção daquela família
gio do uso do álcool e fumo, sendo ao seu Sete da Lira.
que ao final dos trabalhos per-
manecia tão normal e calma como Um dos momentos mais esperados
quando no início. As sessões dura- pelos fieis em Santíssimo era o
vam, em média, de 12 a 14 horas. “Pino da hora grande”, que ocorria
A bebida era uma importantíssima exatamente a meia noite, mo-
ferramenta de trabalho do Seu mento em que seu Sete realizava
Sete, pois era utilizada como um as preces e convidava seus fieis a
dos elementos para a realização realizarem um auto exame de
das curas e descarregos. O elevado consciência, sempre dizendo
consumo de álcool durante as ses- “Olhem para dentro de si mes-
sões sem influenciar a Mãe Ca- mos”. Essa auto análise, muitas
cilda, se dava em razão da “Coroa vezes revelava defeitos que seus
de Palha de Cana” que Seu Sete fieis reconheciam que só lhe
possuía. Através dela, a ingestão davam prejuízos, acarretando os
desse elemento impedia que sua males que lhes afligiam.
médium fosse afetada por seus
efeitos. Seu ponto riscado é um Sem hora para acabar, a noite pa-
mistério até hoje, pois nunca foi recia pequena para Seu Sete da
revelado. Segundo informações Lira e seus fieis que varavam a
ele esta guardado a sete chaves em madrugada sem qualquer sinal de
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desânimo, aliás, muito pelo con- taria pronto e assim faziam a sau-
trário. A Lira era uma grande festa dação para iniciar os trabalhos. Já
na qual a alegria contaminava a incorporado desde o interior da re-
todos que cercavam o Protagonista sidência de sua médium, Seu Sete
das sessões de sábado à noite em ia percorrendo com passos lentos
Santíssimo. Semanas após sema- e firmes o grande quintal que se-
nas, meses após meses e anos após parava a casa de seu congá. O
anos eram sempre assim. Para os campo de força do Seu Sete pode-
“Setistas” era como se o tempo pa- ria ser sentido por quem dele se
rasse, os problemas eram deixados aproximava emanando uma espé-
de lado e a emoção tomava conta cie de “ quentura energética”.
de todos que, entre um “golinho” Durante o carnaval, Seu Sete era
e outro, de seu poderoso marafo se homenageado por varias escolas
deixavam contagiar pela sagrada de samba e blocos de carnaval do
gira do Rei da Música. Incorporar Rio de Janeiro, e haviam alguns
o Exu Sete da Lira não era tarefa que eram comandados direta-
fácil, Dona Cacilda mantinha-se mente por ele, como o bloco “Os
em jejum absoluto 24 horas antes Carijós” que mais tarde herdaria o
das sessões, os paramentos de Seu nome de “Sete da Lira”. Em uma
Sete eram complexos e extrema- oportunidade, incorporado em
mente pesados e chamavam a plena avenida, Seu Sete comandou
atenção pela riqueza de detalhes: o bloco. Inevitavelmente, atraia
Capas que tinham em média 7 qui- olhares, aplausos e assovios da
los, gorro que cobria os cabelos de multidão que assistia. Nos sete
Cacilda e que provavelmente pro- dias que antecediam o inicio do
duziam intenso calor em sua ma- carnaval, Seu Sete realizava o
téria; camisa; colete; calça; bota e"Ebó de Carnaval", geralmente pa-
cartola. ramentado com fantasias nas cores
verde e rosa comandava o ritual de
Por volta das 22 horas, os Ogãs re- limpeza do corpo, da cabeça e dos
cebiam o sinal de que Seu Sete es- caminhos, para proteção para o
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madeira, jogando marafo nas pes-
soas que ali se encontravam e rea-
lizando seus descarregos e suas
curas. Quando julgava necessário
ia de pessoa em pessoa e pedia
para cantar uma "marchinha de
carnaval", enquanto a pessoa can-
tava ele realizava a cura. O fato de
uma pessoa em dificuldades cantar
uma música alegre, alterava seu
padrão vibracional, o que facili-
ano que praticamente acabara de tava a realização da cura.
começar. Os confetes e serpenti-
nas se destacavam no galpão du- Durante a sessão, Seu Sete ga-
rante essa época, demonstrando a nhava constantemente presentes
alegria que pode ser obtida através de seus fieis. Eram cartas, bebidas,
da música. charutos, etc., tudo como forma de
Como dito acima, Seu Sete rece- agradecimento pelos seus “mila-
bia várias honrarias pelo seu tra- gres”. A mesa não tinha hora para
balho de cura e caridade, dentre acabar e às vezes ia ate o amanhe-
eles um troféu de Rei do Carnaval, cer. Uma das curas mais impres-
o qual ficava guardado em sua sala sionantes praticada pelo Seu Sete,
de troféus, e que não era exposta se deu com Luzia de Assis, filha
ao público. caçula de Cacilda, a qual nasceu
Após o Pino da hora grande, o cega e teve a visão devolvida
momento mais esperado por seus ainda criança em um dos primei-
fieis era a “Mesa de Cura”, mo- ros "milagres" do Seu Sete. Várias
mento em que Seu Sete ia, ro- curas eras testemunhadas durante
deado por seus cambones, a “Mesa de Cura”, desde as mais
andando por uma enorme mesa de simples até as mais complexas
como: câncer, cegueira, tetraplegia
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e paralisia entre muitos outros. As advertindo àqueles que "pisaram
giras de sábado eram muito espe- na bola" com Seu Sete ou com o
radas, pois possuíam um destaque santo em geral."
que era a marca de Seu Sete, após
o Pino da Hora Grande e a Mesa Os feitos de Seu Sete chegaram
de Cura, por volta das 4 horas da aos ouvidos de Flávio Cavalcanti,
madrugada, o terreiro virava uma o qual rapidamente mandou sua
festa onde eram tocadas vários produção até Santíssimo para con-
tipos de músicas, desde samba atá vidar Dona Cacilda e Seu Sete
marchinhas de carnaval, mas para participar do programa, o
mesmo assim o Seu Sete não dei- qual aceitou sem hesitar. Seu Sete
xava de realizar seu trabalho de foi anunciado com todo estarda-
cura. lhaço de uma grande atração. Ao
ver o anúncio, Chacrinha ficou
A Tenda Espírita Filhos da Cabo- louco para levá-la ao seu pro-
cla Jurema tinha outras sessões. As grama e mais o rápido possível
giras de Caboclo eram realizadas mandou sua produção entrar em
pela Cabocla Jurema, as giras de contato com Cacilda, a qual já era
Ogum pelo Ogum Delocó, as de conhecida de Chacrinha.
Preto Velhos pela Vovó Cambinda,
e as de Exu e Pomba Gira pela Au-
dara Maria e Rosa Vermelha.
Muito mais severa que Seu Sete da
Lira, Sra. Audara Maria coman-
dava sua gira com extrema beleza,
mas também cobrava o que de er-
rado estivesse acontecendo no Ter-
reiro e não media palavras para
colocar tudo nos “eixos” e até
ditar punições. A Pomba-gira che-
gava colocando ordem na casa e
20
Como está a sua fé? por Silzem
Axé
Silzem Mendonça Melo. Dirigente espiritual do Templo Escola de Umbanda o Arco Iris
de Aruanda. Pedagoga, Terapeuta, Especialista em: Terapia floral de Saint Germain,
Numerologia e Terapia Xamânica. Página no Facebook:
www.facebook.com/silzem.melo.9
Página no Instagram: www.instagram.com/SilzemMendonca
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O preconceito inter-religioso e os problemas intrarreligiosos por Resende
Que a nossa religião, nossa amada ligião e com o aval do então impe-
Umbanda, sofra preconceitos de rador. Se a religião católica demo-
pessoas de outra religião até é rou mais de três séculos para se
compreensível, uma vez que in- firmar e ainda assim sofreu pre-
clusive o Cristianismo sofreu conceitos, o que diremos da Um-
esses ataques ainda quando Jesus banda que tem pouco mais de um
Cristo estava vivo. E o mesmo foi século?
morto por seguidores da religião O que temos hoje é a grande
mais antiga que temos conheci- massa da população se dizendo
mento, o Judaísmo. Foi somente cristã, alguns praticantes outros
após o Concílio de Niceia – o pri- nem tanto, mas todos pregando a
meiro Concílio Ecumênico reali- palavra do Evangelho da forma
zado pela Igreja Católica - entre que lhes convém. Interpretações
os dias 20 de maio e 25 de julho completamente diferentes são
de 325 d.C., na cidade de Niceia dadas às palavras da Bíblia e
da Bitínia, atual cidade Iznik (Tur- assim, aquele que está atrás do
quia), que a situação começou a púlpito conduz sua assistência, ne-
mudar e isso só foi possível por- gando a espiritualidade e qualquer
que o concílio tinha o aval do Im- outra religião que esteja contra a
perador Constantino. O evento foi palavra e as doutrinas da Bíblia
realizado com o intuito de harmo- Sagrada. Até aqui não contei novi-
nizar a igreja ao concretizar uma dade nenhuma, mas o que vem
assembleia que representasse toda ocorrendo na nossa religião é são
a cristandade, de modo a discutir os problemas intrarreligiosos.
as heresias que poderiam dividir a Partindo da frase “o seu terreiro é
Igreja. Então assim, mais de três Umbanda mas a Umbanda não é
séculos depois, a igreja católica só o seu terreiro” que fique claro
começava a se firmar. Em cima de com isso que nem toda a verdade
um livro sagrado adotado pela re- do seu terreiro é a verdade abso-
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luta principalmente porque a Um- sar que o outro está atacando, ex-
banda não tem um livro sagrado e plique-se, caso seja possível, mas
dogmas. Se formos visitar outros o que não podemos permitir é que
terreiros, até mesmo dissidentes de a vaidade e o conhecimento nos
outras casas, veremos que a forma tornem pessoas tão soberbas a
de se ter a gira será diferente! Al- ponto de nos colocarmos acima de
gumas pessoas exageram nesse qualquer um e de todos. Que a pa-
“diferente” que às vezes beira à ciência e a sabedoria santa sejam
loucura, mas não nos cabe julgar nossos direcionadores na missão
porque quem nos instituiu como que abraçamos com carinho. Que
juízes? não nos ataquemos porque já nos
Eu leio bastante e gosto de fre- basta sermos atacados por outrem.
quentar outros terreiros, sempre Que a verdade não seja a “nossa”
com o intuito de ampliar o conhe- verdade, mas a que nossos guias
cimento, entender porque aquilo é nos ensinam e nos mostram o
do jeito que é naquele terreiro e tempo todo. E que sobretudo, pre-
quando tenho oportunidade, visito valeça o amor e a caridade, pilares
até mesmo terreiros fora do país. da nossa religião, quer os outros
As redes sociais estão cheias de entendam ou não.
páginas e blogs sobre Umbanda e
as pessoas estão tão melindradas
com o ataque à religião que uma
simples pergunta pode dar a enten-
der que é ataque ou tentativa de
disseminar discórdia.
Como sempre digo, quando se pu-
blica algo, aquilo se torna público.
Quem ler essa publicação terá a Professor Wanderley Zito
sua interpretação (que é pessoal). Matias de Resende é mé-
dium umbandista, com Es-
Então, esteja preparado para ser pecialização em Teologia.
entendido ou não. E antes de pen-
24
Projeto Umbandobem
Um passo de cada vez: projeto mente os post motivacionais nas
Umbandobem redes sociais;
- iniciamos a formação de uma bi-
Nos últimos dois meses, o projeto bliografia para contribuir com os
Umbandobem tem caminhado terreiros que desejem formar uma
com cuidado e organização. Sabe- biblioteca para estudos sobre a es-
mos que a “empolgação” inicial é piritualidade;
fundamental para que sejamos to- - juntaram-se ao projeto alguns es-
mados pela alegria de ver uma ini- critores umbandistas que doaram
ciativa de ajuda ao próximo. seus livros para sorteios para os
Passados os arroubos dos primei- leitores da RLU (agradecemos a
ros momentos, é hora de organizar André Cozta; Ademir Barbosa So-
tudo e fazer “a gira girar”. brinho, Valter Norberto e Daniel
Algumas conquistas queremos Soares).
compartilhar com os nosso leito-
res: Agora, estamos, de vento em
- Lançamos o site www.umbando- poupa, partindo para mais conso-
bem.com.br (convidamos sempre lidação de ações. Para tanto, toda
a todos a acessarem e darem suas ajuda é bem-vinda e só engran-
opiniões e colocarem-se à disposi- dece o projeto. Estão nos planos os
ção para ajudar); seguintes passos:
- “ancoramos” a Revista do Leitor - Confecção de camisas com a
Umbandista (RLU) no site (aju- identidade do projeto para os inte-
dem-nos divulgando entre seus grantes do grupo responsável pela
amigos); promoção dos eventos;
- criamos, nas redes sociais, nosso - início do evento “sorteio de li-
espaço tanto no Facebook como vros para leitores da RLU”;
no Instagram; - escolha das instituições que
- temos disponibilizado diaria- serão ajudadas pelas campanhas
25
arrecadação do Umbandobem;
- disponibilização de resenhas sobre livros de temática umbandista no
site do Umbandobem;
- ciclo de plalestras sobre Umbanda nos terreiros que possuem em suas
estruturas espaço para ensino.
http://www.umbandobem.com.br
http://www.facebook.com/umbandobem
http://www.instagram.com/umbandobem
26
VAMOS CANTAR UM PONTO?
ZOA ATABAQUE...
Vou enfeitar meu abaçá
Prá quando vovó chegar
Prá quando vovó chegar
Com cipreste e manacá
Quero ver tudo tão lindo
Quero ver nanã dançar
O tambor tocando
E os filhos de umbanda cantando
E o abaça vibrando
Saudando nanã buruquê
Saluba ê, saluba
Saluba vovó de umbanda
Saluba Nanã!
27
Umbanda em Poema por Jorge Dérykis
Meus irmãos, que a doce paz e as mensagem que nosso amigo espi-
vibrações de Maria Aantíssima al- ritual nos brindava quando se fazia
cance nossos corações aquecendo- presente. Viver no plano físico é,
nos e revivendo a chama do amor além de tudo o que sabemos ( res-
divinal, a qual habita nosso ítimo gate, prova, evolução e etc.), a
desde sempre! oportunidade de se perceber. É
oportunidade para olhar para sí e
Neste mês de Julho, um mês bas- fitar com olhos espirituais tudo
tante emblemático para alguns e aquilo que queremos ou não co-
apenas mais um mês para outros, nosco habitando nosso íntimo. Um
resolvi falar um pouco sobre trans- determinado guia da linha dos
formação. Certa vez, realizando Exus, um grande amigo espiritual
um trabalho de criação artística que me acompanha e me permite
para uma cliente muito especial, ser seu médium, ensinou-nos que
acabei escrevendo uma palavra de é necessário, para essa metamor-
forma “errada” mas que fez tanto fose ocorrer, que realizemos o que
sentido que habita até hoje meus chamamos de exame de consciên-
pensamentos, METAMORFOSE- cia. Esse procedimento, como dito
SE. Sempre ouvi de um amigo es- por ele, é bastante demorado e pre-
piritual e de seu aparelho que cisa ser feito com extrema veraci-
ninguém tem a capacidade e dade, concentração e
mesmo se tivesse não teria o di- principalmente em terceira pessoa
reito de mudar ninguém. Que cada sem realizar qualquer tipo de jul-
um de nós possui um relógio espi- gamento, ou seja, como se estivés-
ritual que só alarma quando esta- semos vendo um filme de nossa
mos prontos para o tão falado própria vida, onde somo o diretor,
despertar. Analisando de forma o ator e o espectador, desprovido
muito fria e racional, META- de críticos. Iniciar esse processo
MORFOSE-SE, trás essa mesma requer, segundo nosso amigo, que
32
forcemos nossa mente para econ- uma distancia que não houvesse
trar a primeira lembrança de nos- distorção da sua prórpia imagem.
sas vidas, após encontrar, forçar Após isso deveria perguntar em
um pouco mais para alguma ante- voz audível o seguinte: Quem é
rior e repetir isso pelo menos tres você?
vezes e então, só após isso inicia-
se o exame de consciência, par- Esse procedimento deveria ser re-
tindo dessa lembrança primária até petido até que, por impulso cons-
os dias de hoje. ciente ou não, alguma resposta
viesse verbal ou mentalmente.
Dentro deste mesmo tema, desper-
tar, “metamorfose-se-ar”,ele ensi- Meus irmãos, vários são os proce-
nava outra coisa pra aqueles que dimentos, milhares são os espíritos
nem mesmo conseguiam se acei- que tentam nos auxiliar e infinti é
tar, que não encoontravam forças o amor do Pai por nós, porém,
para realizar tal procedimento ho- qual é o tamanho da nossa vontade
meopático e nem mesmo tinham de sair do casulo?
interesse em iniciar essas lembran-
ças pelos mais diversos motivos. Saravá Umbanda!
Dizia ele que, durante determi-
nado tempo, em alguns momentos Valter Norberto Ramos
pré-determinados, a pessoa se co- Médium da TESJ
locasse diante de um espelho, Colaborador da Cabana de
Santo Antônio
olhasse atentamento durante al-
Secretário do CNU
guns instantes, percebendo inicial- Escritor Umbandista
mente as nuances do próprio rosto Empresário
e em seguida fixasse em seus prór- Idealizador do projeto Um-
prios olhos, aproximando-se vaga- bandobem
rosamente do espelho, respeitando Email: valternramos@gmai.com
Facebook: http://www.facebook.com.br/livroagira