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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017

MATERIAL DIDÁTICO

PROPRIEDADE, DESAPROPRIAÇÃO E
LEI DE PROTESTOS

0800 283 8380


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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3


UNIDADE 2 – O DIREITO DE PROPRIEDADE.......................................................... 4
2.1 IMPORTÂNCIA E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA PROPRIEDADE ....................................... 4
2.2 LIMITAÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE .................................................................. 7
2.3 A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE .......................................................................... 8

UNIDADE 3 – POSSE, COMPOSSE E PROPRIEDADE ......................................... 12


UNIDADE 4 - DESAPROPRIAÇÃO .......................................................................... 17
4.1 ESPÉCIES DE DESAPROPRIAÇÃO .............................................................................. 19

UNIDADE 5 – LEI DOS PROTESTOS – LEI Nº 9.492/1997 .................................... 26


5.1 NOÇÕES SOBRE PROTESTO E TÍTULOS ..................................................................... 26
5.2 FINALIDADE LEGAL DO PROTESTO, GARANTIAS DOS SERVIÇOS, COMPETÊNCIA DO
TABELIÃO .................................................................................................................... 27
5.3 DINÂMICA DO SERVIÇO............................................................................................ 28
5.4 ESPÉCIES DE PROTESTO ......................................................................................... 41
5.5 TÍTULOS E DOCUMENTOS PROTESTÁVEIS .................................................................. 44
5.6 PRINCÍPIOS QUE REGEM OS PROTESTOS .................................................................. 46
5.7 O PROTESTO DE CERTIDÕES DE DÍVIDA ATIVA (CDA) E A EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA .. 51

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Desde um passado bem remoto, a propriedade foi alvo de filósofos,
economistas, juristas e outros estudiosos que buscaram determinar a origem,
evolução, regime, função social e função individual da propriedade.
A verdade é que desde a antiguidade, o homem teve a necessidade de
demarcar sua área, seu espaço, de adquirir bens que lhe garantissem a segurança
e, desde então, podemos dizer que o Direito de Propriedade é o mais importante de
todos os direitos subjetivos, portanto nosso primeiro conteúdo a ser analisado neste
módulo.
A Desapropriação enquanto “transferência compulsória da propriedade
particular para o poder público ou seus delegados, por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização (...)”
(MEIRELLES, 1994, p. 303) também será objeto de estudo.
Evidentemente que não poderíamos deixar sem comentos a Lei de
Protestos, Lei nº 9.492, de 10 de setembro de 1997, que regula os serviços
concernentes ao protesto de títulos e, devido, dentre outros motivos, sua importância
no sistema econômico de nosso país, por abranger o crédito, verdadeiro instrumento
de subsistência de qualquer sociedade.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.

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UNIDADE 2 – O DIREITO DE PROPRIEDADE


Vale a pena iniciarmos nossas análises sobre o Direito de Propriedade com
a fala do jurista MIGUEL REALE:

A propriedade não é apenas uma disposição individual e singular de um


indivíduo, mas é, ao contrário, algo que implica sempre a correlação de
duas pessoas entre si, em função da necessidade social em geral, e é a
razão pela qual, no projeto do Código Civil, aparece um novo conceito de
posse.
Se os senhores estudarem todos os Códigos, todos eles sem exceção, o
alemão, o italiano, o francês, os senhores encontrarão apenas uma noção
de posse: posse é a projeção do domínio, posse é o direito de detenção da
coisa em razão do domínio que se possui, da legitimidade do domínio, e
isso não há dúvida nenhuma, o núcleo da posse, a ideia de posse, é direito,
é uma detenção da coisa. Porém, é mister olhar as coisas com um pouco
mais de atenção. Quando se toma posse de um terreno abandonado há
muito tempo, e na maior da boa-fé nele se constrói uma casa para a morada
da família, ou para a alimentação de seus filhos, para criar a sua horta, para
ter o seu alimento, nós dizemos que há uma nova forma de posse, a posse
pro labore, a posse trabalho.
E entendendo assim, nós introduzimos no projeto do código o conceito de
posse trabalho, com repercussão fundamental em vários aspectos e
momentos.
Assim, por exemplo, com o usucapião, os que já começaram a estudar
Direito desde o primeiro ano sabem, o usucapião é a aquisição da coisa
pela sua utilização mansa e pacífica durante um certo tempo. Pois bem, em
razão da diferença da posse trabalho, o projeto reduz pela metade o tempo
necessário para que se dê usucapião.
Uma coisa é ocupar a terra com o meu dinheiro, com a minha capacidade
dominadora, e então obedeço o tempo de 20 anos. Mas se eu fiz, ao
contrário, no exercício de uma posse de trabalho, o usucapião se opera pela
metade do tempo. Estão vendo, portanto, que este código está cheio de
inspiração ética. (REALE, 2001.p. 58-59).

2.1 Importância e fundamentos jurídicos da propriedade


O direito de propriedade é sem dúvida alguma o mais importante de todos os
direitos subjetivos materiais.
Há unanimidade dos civilistas no sentido de que o direito de propriedade,
como direito real, por excelência, constitui o cerne do direito das coisas,
representando a propriedade, a espinha dorsal do direito privado. Realmente, dentro
do sistema permanente de apropriação de riquezas em que vivemos, inevitáveis os
conflitos de interesses entre as pessoas, envolvendo disputas sobre bens,
reclamando sua disciplinação pelo ordenamento jurídico (HARADA, 2005).

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O direito de propriedade, em sentido amplo, recai tanto sobre coisas


corpóreas como sobre as incorpóreas. Quando incide exclusivamente sobre coisas
corpóreas, recebe a designação de domínio.
Nem todos os Códigos seguem o exemplo do Código Napoleônico, definindo
o direito de propriedade1, tanto que KIYOSHI HARADA (2005) nos instiga a definir
propriedade estudando seus caracteres e elementos constitutivos, tomando por base
o civilista WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO.
Pode-se dizer, em primeiro lugar, que o direito de propriedade é absoluto, à
medida que oponível erga omnes, e apresenta caráter de plenitude. O proprietário
dispõe da coisa como bem lhe aprouver, sujeitando-se, apenas, a determinadas
limitações impostas no interesse da coletividade, ou decorrentes da coexistência do
direito de propriedade dos demais indivíduos.
O segundo atributo desse direito é o da exclusividade, que, aliás, decorre do
primeiro. Não pode a mesma coisa pertencer com exclusividade e simultaneamente
a duas ou mais pessoas. O art. 1.231 do Código Civil agasalha esse caráter
exclusivo ao prescrever que “a propriedade presume-se exclusiva e ilimitada até
prova em contrário”.
Dos dois atributos acima decorre o terceiro: a irrevogabilidade. Assim, uma
vez adquirida a propriedade, de regra, não pode ser perdida senão pela vontade do
proprietário. A propriedade tem, pois, um sentido perpétuo, subsistindo
independentemente de exercício, enquanto não sobrevier causa legal extintiva. Com
a morte do proprietário transfere-se a propriedade a seus sucessores.
Vejamos agora os elementos constitutivos da propriedade, que estão
contidos na regra do art. 1.228 do Código Civil, que assim prescreve: “O proprietário
tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de
quem quer que injustamente a possua ou detenha”.
O direito de usar, gozar e dispor dos bens corresponde aos atributos da
propriedade romana: jus utendi, fruendi et abutendi. O jus utendi implica a
possibilidade de usar a coisa segundo a vontade exclusiva do proprietário, o que
afasta a idêntica faculdade em relação a estranhos. O jus fruendi consiste no poder
de colher os frutos naturais ou civis da coisa. O jus abutendi corresponde ao abusus

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Pelo Código Napoleônico, o direito de propriedade "é o direito de gozar e de dispor das coisas da
maneira mais absoluta, desde que não se faça uso proibido pelas leis e regulamentos".
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do romano, não no sentido antissocial, comparável ao ato ilícito, mas no sentido de


dispor da coisa, alienando-a ou consumindo-a. Aliás, a ideia de uso antissocial do
domínio é simplesmente incogitável nos dias atuais.
Para tornar efetivo o direito de usar, gozar e dispor da coisa, a lei assegura a
seu proprietário o direito de reivindicá-la das mãos de quem quer que injustamente a
detenha.
Quanto aos fundamentos, temos algumas teorias que procuram esclarecer a
natureza do direito de propriedade, bem como a legitimidade desse direito.
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO (2009) fez um resumo da matéria
seguindo os estudos de Planiol e Ahrens:
a) Teoria de ocupação: é a mais antiga, e sustenta que a ocupação seria o
fundamento do direito de propriedade. Entretanto, sendo a ocupação apenas um
modo de adquirir a propriedade, obviamente não basta para justificar o direito de
propriedade; aquisição de direito pressupõe logicamente a preexistência desse
direito capaz de ser adquirido. A própria realidade na esfera internacional desmente
a teoria. Ninguém ignora o fenômeno da expulsão e aniquilamento do povo indígena,
primitivo ocupante da terra.
b) Teoria da lei: é a defendida, entre outros, por Montesquieu, para quem a
propriedade é concessão do direito positivo. É falha a teoria à medida que se funda
na vontade humana. Assim como o legislador a instituiu poderia também suprimi-la.
Daí a necessidade de colocar a propriedade acima da lei.
c) Teoria de especificação: é a formulada pelos economistas, que afirmam
que só o trabalho, criador único de bens, constitui título legítimo para a propriedade.
Segundo Planiol, é falsa essa teoria porque o trabalho deve ter por recompensa o
salário e não a própria coisa por ele produzida. Conteria o germe da negação do
direito de propriedade.
d) Teoria da natureza humana: essa teoria, que desfrutou e continua
desfrutando grande prestígio entre os estudiosos, é a sustentada pela doutrina da
Igreja Católica2, segundo a qual a propriedade é inerente à própria natureza do

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Pio XI, na Encíclica Quadragesimo Anno, afirma que o “direito de possuir bens individualmente não
provem da lei dos homens, mas da natureza; a autoridade pública não pode aboli-lo, porém, somente
regular o seu uso e acomodá-lo ao bem do homem”.

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homem; ela representa a condição de existência e de liberdade da criatura humana,


constitui a garantia e expressão da individualidade humana, pressuposto e
instrumento de desenvolvimento intelectual e moral do homem.
A verdade é que o direito de propriedade fundamenta-se na lei que o
consagra. Entre nós, ele sempre teve fundamento na Lei Maior, porque convencido
o legislador constituinte de sua legitimidade e de sua conveniência, por representar
uma necessidade (HARADA, 2005).

2.2 Limitações ao direito de propriedade


Vimos linhas atrás que o direito de propriedade reveste-se das
características de absolutismo, de exclusividade e de irrevogabilidade, sendo certo
que os dois primeiros caracteres estão contidos na norma do art. 1.231 do Código
Civil, que declara que “a propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em
contrário”.
Todavia, é fora de dúvida que o domínio vem sofrendo limitações ao longo
dos tempos, de conformidade com a nova ordem social que está surgindo na
sociedade moderna, onde a intervenção do poder público faz-se cada vez mais
necessária para restringir a liberdade individual e subordinar o direito de propriedade
às exigências do bem comum.
Assim é que ao lado das restrições voluntárias (usufruto, servidões,
cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade etc.) existem inúmeras limitações
que decorrem da própria natureza das coisas, ou que são impostas por lei.
As limitações que decorrem da natureza do direito, como ensina SILVIO
RODRIGUES (1979), explicam-se através do recurso à noção de abuso de direito. O
proprietário, no uso de seu direito, não pode ultrapassar determinados lindes sob
pena de cometer abusos e o ato deixar de ser lícito (art. 188, n. 1, in fine, do CC).
As limitações de ordem legal são numerosíssimas. Existem as de direito
privado, como aquelas concernentes ao direito de vizinhança, reguladas pelo Código
Civil. Há também as limitações de direito público (urbanísticas e administrativas), tais
como: as referentes à proteção do patrimônio histórico e artístico, nas três esferas
governamentais (União, Estados e Municípios); aquelas estatuídas nos Códigos de
Minas, de Caça, de Pesca e Florestal; as previstas nas leis de uso e ocupação do

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solo urbano e urbanizável, procurando conciliar o direito de propriedade com o


interesse maior da coletividade, principalmente nas megalópoles; as voltadas para a
proteção da ecologia e preservação ambiental; aquelas de natureza militar, que vão
desde as restrições a transações imobiliárias nas faixas de fronteiras com outros
países até a requisição de móveis e imóveis necessários às forças armadas e à
defesa passiva da população (HARADA, 2005).
Enfim, existem, ainda, inúmeras limitações objetivando a proteção da
lavoura, do comércio, da indústria, sem contar aquelas capituladas nas leis penais e
eleitorais.
Pode-se dizer, sinteticamente, que as restrições à liberdade do proprietário
de dispor da coisa de maneira que melhor lhe aprouver atingem o caráter absoluto
da propriedade; as servidões e outras formas de uso de propriedade alheia limitam
seu caráter exclusivo; as desapropriações, bem como as nacionalizações de bens
estrangeiros, afetam o caráter da irrevogabilidade ou o caráter perpétuo da
propriedade (HARADA, 2005).

2.3 A função social da propriedade


Ao longo da evolução dos conceitos e do próprio Direito, a propriedade veio
se constituindo elemento imprescindível para o modo de produção capitalista,
representado pela conjugação entre o capital, isto é, a propriedade do empresário ou
industrial, e a força física dos trabalhadores, que por sua vez trabalham na
expectativa de amealhar bens, ou seja, constituir seu próprio patrimônio, sua
propriedade.
Como consequência, a própria produção científica, durante anos, deu ênfase
ao aspecto individual da propriedade, como instituto eminentemente de direito
privado, cuja disciplina era regida principalmente pelo Código Civil de 1916, o qual
conferia ao proprietário o poder de uso ilimitado e incondicionado sobre seus bens.
Isto é, a propriedade servia apenas ao dono, e não tinha qualquer função
instrumental na lida dos interesses públicos.
Com o advento da noção de função social da propriedade, o pensamento
que girava em torno do instituto paulatinamente se modificou. Por influência, já no
século XX, do jurista Léon Duguit, a noção de função social, antes concebida por

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Augusto Comte, foi incorporada ao conceito de direito de propriedade. A partir de


então, a noção do instituto passou a abranger a sua flexibilização, nos casos em que
o bem não fosse utilizado de forma a atender, concomitantemente aos interesses do
proprietário, os interesses coletivos (EVANGELISTA, 2013).
Para JOSÉ AFONSO DA SILVA (1989), a função social da propriedade não
se confunde com os sistemas de sua limitação. Enquanto estes dizem respeito ao
exercício do direito, aquela refere-se à estrutura do direito de propriedade.
A propriedade que não cumpre sua função social perde seu caráter de
intangível. Melhor dizendo, o ordenamento jurídico não aceita como legítima a
propriedade que não cumpre sua função social e, assim, o Estado se vê munido dos
fundamentos para a imposição do uso adequado, ou de outra destinação que
implique na perda da propriedade.
Sejamos sucintos: a concepção de função social nasceu da noção de que,
enquanto vivente em sociedade, o homem deve empregar esforços no sentido de
dar sua contribuição ao bem estar da coletividade em detrimento dos interesses
unicamente individuais. Neste contexto, erige-se a teoria da função social, segundo
a qual “todo indivíduo tem o dever social de desempenhar determinada atividade, de
desenvolver da melhor forma possível sua individualidade física, moral e intelectual,
para com isso cumprir sua função social da melhor maneira” (FIGUEIREDO, 2008, p.
83).
O transporte da teoria da função social para o âmbito do direito de
propriedade evoca o dever atribuído ao proprietário de fazer uso de seus bens de
forma a cumprir uma função social, ou seja, de forma que o exercício do direito de
propriedade obedeça aos parâmetros legais e morais estabelecidos, no intuito de
contribuir para o interesse coletivo.
A função social da propriedade é matéria de ordem constitucional. Com
efeito, o instituto está previsto em diversos dispositivos constitucionais, de sorte que
se conclui pela elevada importância assumida pelo mesmo em nosso ordenamento
jurídico.
Vejamos:
a) Função social da propriedade como princípio da ordem econômica:

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Segundo o artigo 170 da Constituição Federal, a ordem econômica encontra


fundamento na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, e tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados, dentre outros princípios, o da propriedade privada e o da função social
da propriedade.
A propriedade, na condição de direito fundamental, está elencada como
princípio da ordem constitucional econômica, tendo em vista estar fortemente
relacionada à satisfação das necessidades humanas primárias. Com efeito,
conforme leciona EDSON LUIZ PETERS (2009), o direito de propriedade é condição
sem a qual não se garante o direito maior à vida. Neste diapasão, se a finalidade da
ordem econômica consiste em assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, não se pode olvidar a propriedade, que garanta ao
indivíduo o poder de uso e gozo sobre os bens de produção e consumo.
b) Função social da propriedade como princípio da política urbana:
O regime da política constitucional urbana decorre da associação entre os
artigos 182 e 21, XX, ambos da Constituição Federal. Com base nos citados
dispositivos, a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei federal, in casu, a Lei nº
10.257/00 (Estatuto da Cidade), tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
Evidencia-se no ordenamento constitucional os princípios da função social e
da dignidade da pessoa humana, este sob a forma de bem-estar dos habitantes das
cidades. Transportando para o âmbito da propriedade privada urbana, e tendo em
mente a função social no sentido de dever genérico de colaboração para a
consecução do interesse coletivo, pode-se facilmente relacionar a função social da
propriedade urbana como instrumento para o alcance do objetivo traduzido na
garantia do bem-estar dos habitantes (EVANGELISTA, 2013).
Assim, observa-se que a propriedade privada urbana resta igualmente
vinculada à sua função social. Com efeito, o artigo 182, § 2º, da CF, impõe
expressamente o atendimento da função social da propriedade, sob os parâmetros a
serem fixados pelos planos diretores dos centros urbanos.

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O não atendimento da função social sujeita ao proprietário sanções de


caráter restritivo, como o parcelamento compulsório, edificação compulsória ou o
imposto predial territorial urbano progressivo no tempo (artigo 183, I e II, da CF); ou
até mesmo punições que importem na perda da titularidade sobre o bem, mediante
indenização paga com títulos da dívida pública, como é o caso da desapropriação-
sanção (artigo 183, III, da CF).
c) Função social da propriedade como princípio da política agrícola e
fundiária:
O texto constitucional consagra expressamente a função social da
propriedade rural, quando, em seu artigo 186, dispõe:

Artigo186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em
lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.

O exercício da propriedade rural resta, portanto, condicionado ao


cumprimento da função social que, in casu, manifesta-se no efetivo aproveitamento.
Entretanto, o mero aproveitamento não basta por si só, mas necessita ser exercido
de forma proveitosa ao interesse público (EVANGELISTA, 2013).
Em última análise, o descumprimento da função social da propriedade rural
tem como consequências a desapropriação-sanção prevista no artigo 184 da
Constituição Federal, realizada para fins de interesse público (reforma agrária),
mediante o pagamento de indenização em títulos da dívida agrária, resgatáveis em
até 20 anos.

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UNIDADE 3 – POSSE, COMPOSSE E PROPRIEDADE

A palavra posse deriva do latim possessio que provém de potis, prefixo


potestas, que significa poder; e sessio, sufixo da mesma origem de sedere, que quer
dizer, estar firme, assentado. Indica, portanto, um poder que se prende a uma coisa.
A posse, portanto, não se confunde com a propriedade. Esta é fundada em
uma relação de direito, enquanto aquela é fundada em uma relação de fato.
Justificativas para estudarmos a posse:
1 – A posse é a exteriorização da propriedade, que é o principal direito real;
existe uma presunção de que o possuidor é o proprietário da coisa. A aparência é a
de que o possuidor é o dono, embora possa não ser.
2 – A posse precisa ser estudada e protegida para evitar violência e manter
a paz social; assim, se o indivíduo não defende seus bens através do desforço
imediato, instituto este legitimado pelo ordenamento jurídico pátrio, previsto no
parágrafo 1º do Artigo 1.210 do CC/02, e perde a posse deles, esse indivíduo não
pode usar a força para recuperá-los, precisa pedir à Justiça. Você continua
proprietário dos seus bens, mas, para recuperar a posse da coisa esbulhada só
através do Estado-Juiz, para evitar violência.
3 – A posse existe no mundo antes da propriedade, afinal a posse é um fato
que está na natureza, enquanto a propriedade é um direito criado pela sociedade; os
homens primitivos tinham a posse dos seus bens, a propriedade só surgiu com a
organização da sociedade e o desenvolvimento do direito.
A propriedade prevalece sobre a posse. (Súmula 487 do STF: será deferida
a posse a quem evidentemente tiver o domínio, se com base neste for disputada).
Detenção é estado de fato que não corresponde a nenhum direito (Artigo
1.198 do CC/02).
JOÃO JOSÉ DA SILVA JUNIOR (2012), de maneira bem didática,
exemplifica o estado da detenção assim:

O motorista de ônibus; o motorista particular em relação ao carro do patrão;


o bibliotecário em relação aos livros; o caseiro do sítio ou da casa de praia,
etc. Tais pessoas não têm posse, mas, mera detenção, por isso jamais
podem adquirir a propriedade pela usucapião dos bens que ocupam, pois só
a posse prolongada enseja a usucapião, a detenção prolongada não enseja

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nenhum direito. O detentor é o fâmulo, ou seja, aquele que possui a coisa


em nome do verdadeiro possuidor, obedecendo a ordens dele.

Então, pode-se concluir que a posse é menos do que a propriedade, e a


detenção é menos do que a posse, pois existe um estado de fato inferior à posse
que é a detenção.
Dois juristas alemães fizeram estudos profundos sobre a posse que
merecem nossa atenção:
a) Teoria Subjetiva:
Em 1803, Savigny elaborou um tratado sobre a posse afirmando que a
posse seria a soma de dois elementos: o “corpus” e o “animus”. O corpus é o
elemento material, é o poder físico da pessoa sobre a coisa, é o elemento
externo/objetivo, é a ocupação da coisa pela pessoa; já o animus é o elemento
interno/subjetivo, é a vontade de ser dono daquela coisa possuída, é a vontade de
ter aquela coisa como sua. Assim, para este jurista, o locatário, o usufrutuário, o
comodatário não teriam posse, pois sabem que não são donos. Tais pessoas teriam
apenas detenção, não poderiam sequer se proteger como autoriza o Artigo 1.210 e
seu parágrafo 1º. (ex.: o inquilino não poderia defender a casa onde mora contra um
ladrão, pois o inquilino seria mero detentor). Savigny errou ao valorizar demais o
animus. Para ele, posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma
coisa (corpus) com a intenção de tê-la para si (animus).
b) Teoria Objetiva:
Ihering criticou Savigny e propôs que se o proprietário tem a posse, não há
necessidade de distinção entre elas. Porém, o proprietário pode transferir sua posse
a terceiros para um melhor uso econômico (ex.: uma pessoa que herda uma fazenda
e por não saber administrá-la, decide então alugá-la/arrendá-la ou emprestá-la a um
agricultor/empresário). Assim, a posse se fragmenta em posse indireta (do
proprietário) e posse direta (do locatário/arrendatário ou comodatário). Ambos os
possuidores têm direito a exercer a proteção possessória do que autoriza o Artigo
1.210, do CC/02.
Nosso Código Civil adotou a Teoria Objetiva de Ihering, como se vê dos
Artigos 1.196 e 1.197, ambos do CC/02.

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Ihering veio depois de Savigny e pôde aperfeiçoar a Teoria Subjetiva. Na


prática, a diferença entre as teorias é porque para Ihering, o proprietário e o
possuidor direto podem defender a posse, já que o proprietário permanece
possuidor indireto (ex.: o MST invade uma fazenda alugada, então tanto o
proprietário como o arrendatário podem defender as terras e/ou acionar a Justiça).
Não obstante, o indivíduo deva reunir os dois elementos (objetivo = corpus,
e o subjetivo = animus), para ter posse. Para a teoria objetiva idealizada por Ihering,
possuidor é aquele que exerce sobre a coisa uma das faculdades da propriedade,
isto é, possuidor é aquele que usa, goza, ou dispõe da coisa. Em outras palavras, o
possuidor é aquele que tem o “corpus”, pois, presume-se que tem também o
“animus”, cabendo, então, ao seu contestante comprovar que aquele indivíduo não
tem o elemento subjetivo - “animus”.
Ihering desprezou o animus e deu importância à fragmentação do corpus
para uma melhor exploração econômica da coisa. Nesse sentido, posse para Ihering
é a relação de fato entre pessoa e coisa para fim de sua utilização econômica, seja
para si, seja cedendo-a para outrem.
A posse pode ser classificada em objetiva e subjetiva. No primeiro caso, esta
classificação leva em conta elementos externos, visíveis, e divide a posse em justa e
injusta. A posse injusta é a violenta, clandestina ou precária, a posse justa é o
contrário (Artigo 1.200 do CC/02).
A classificação subjetiva leva em conta a condição psicológica do possuidor,
ou seja, elementos internos/íntimos do possuidor, e divide a posse em de boa-fé e
de má-fé. A posse é de boa-fé quando o possuidor tem a convicção de que sua
posse não prejudica ninguém (Artigo 1.201 do CC/02). A posse é de má-fé quando o
possuidor sabe que tem vício.
Ainda precisamos definir a ‘composse’ que é a posse exercida por duas ou
mais pessoas, como o condomínio é a propriedade exercida por duas ou mais
pessoas (Art. 1199 do C.C/02). A composse pode ser tanto na posse direta como na
indireta (ex.: dois irmãos herdam um apartamento e alugam a um casal, hipótese em
que os irmãos condôminos terão composse indireta e o casal a composse direta).
Uma vez que nosso legislador adotou a teoria objetiva da posse de Ihering,
podemos inferir então que possuidor é todo aquele que ocupa a coisa, seja ou não

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dono dessa coisa (Artigo 1196 do CC/02), salvo os casos de detenção já vistos
(Artigo 1.198 de CC/02). Sabemos também que o proprietário, mesmo que deixe de
ocupar a coisa, mesmo que perca o contato físico sobre a coisa, continua por uma
ficção jurídica seu possuidor indireto, podendo proteger a coisa contra agressões de
terceiros (Artigo 1197 do CC/02).
Quanto aos poderes inerentes à propriedade (referidos no art. 1.196), eles
são três, sobre os quais falamos anteriormente: o uso, a fruição (ou gozo) e a
disposição, conforme artigo 1228 do CC/02. Então, todo aquele que usa, frui ou
dispõe de um bem é seu possuidor (Artigo 1196 do CC/02). É por isso que a
propriedade é conhecida como um direito complexo, porque é a soma de três
atributos/poderes/faculdades.
Para adquirir a posse de um bem, basta usar, fruir ou dispor desse bem.
Pode ter apenas um, dois ou os três poderes inerentes à propriedade que será
possuidor da coisa (Artigo 1204 do CC/02: “em nome próprio” para diferenciar a
posse da detenção do 1.198 do CC/02). É por isso que pode haver dois possuidores
(o direto e o indireto), pois a posse pertence a quem tem o exercício de algum dos
três poderes inerentes ao domínio (SILVA JUNIOR, 2012).
Perde-se a posse quando a pessoa deixa de exercer sobre a coisa qualquer
dos três poderes inerentes ao domínio, conforme Artigos 1.223, 1.224, 1196 e 1204,
do C.C/02.
Chegamos à ‘propriedade’! O mais importante e complexo direito real. É o
único direito real sobre a coisa própria, pois os demais direitos reais do art. 1.225 do
CC/02 são direitos reais sobre coisas alheias.
Nosso ordenamento protege a propriedade a nível constitucional (Artigo 5º,
XXII e 170, II da CF/88). A propriedade é mais difícil de ser percebida do que a
posse, pois a posse está no mundo da natureza, enquanto a propriedade está no
mundo jurídico.
O Código Civil em seu Artigo 1.228 conceitua o direito de propriedade como:
o direito de usar, gozar e dispor da coisa, bem como de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha.

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Então, a propriedade é o poder de usar, fruir (gozar) e dispor de um bem


(três faculdades/atributos/poderes do domínio) e mais o direito de reaver essa coisa
do poder de quem injustamente a ocupe.
Pelo conceito legal de propriedade, percebe-se porque se trata de um direito
complexo. A complexidade é justamente porque a propriedade é a soma de três
faculdades e mais esse direito de reaver de terceiros.

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UNIDADE 4 - DESAPROPRIAÇÃO

Vejamos inicialmente a definição de juristas renomados para


desapropriação:
Segundo PONTES DE MIRANDA (1968, p. 371) “é a retirada da propriedade
com indenização integral, a que a Constituição de 1967, art. 150, § 2º, 1ª parte,
exige ser prévia e justa”.
Para HELY LOPES MEIRELLES (1994),

desapropriação ou expropriação é a transferência compulsória da


propriedade particular para o Poder Público ou seus delegados, por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e
justa indenização e, ainda, por desatendimento a normas do Plano Diretor
(desapropriação sanção, art. 182, § 4º, III, da CF), neste caso com
pagamento em títulos da dívida pública municipal, aprovados pelo Senado
Federal.

ODETE MEDAUAR (1996) conceitua a desapropriação “como figura jurídica


pela qual o poder público, necessitando de um bem para fins de interesse público,
retira-o do patrimônio do proprietário, mediante prévia e justa indenização”.
Na lição de JOSÉ CRETELLA JÚNIOR (2002), a desapropriação é “o ato
pelo qual o Estado, necessitando de um bem particular, para fins de interesse
público, obriga o proprietário a transferir-lhe a propriedade desse bem, mediante
prévia e justa indenização”.
Finalmente, MASSAMI UYEDA (1988, p. 17), após confrontar as
conceituações dadas por autores nacionais e alienígenas sustenta que latíssimo
sensu a desapropriação pode ser conceituada “como complexo procedimento de
direito público, mediante o qual o Estado se assenhoreia de bem móvel ou imóvel,
fundado em interesse público, indenizado o proprietário”.
O exame dos conceitos acima permite identificar traços comuns, tais como o
caráter de direito público, em que o gênero interesse público constitui-se no
fundamento da desapropriação, na perda compulsória da propriedade e na justa
indenização. No confronto de interesses público e privado, prevalece o primeiro. É o
princípio da supremacia do interesse público. O aspecto da perda da propriedade
diferencia a desapropriação das limitações ao uso de propriedades, estabelecidas
por normas de direito civil (direito de vizinhança) ou por normas de direito público
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(urbanísticas e administrativas), bem como das requisições de móveis ou imóveis


necessários às forças armadas e à defesa passiva da população. A desapropriação
atinge, pois, o caráter perpétuo do direito de propriedade, que fica substituído pela
justa indenização, salvo no caso de desapropriação de gleba nociva em que não
haverá indenização de espécie alguma (HARADA, 2005).
De fato, a Carta Magna:
prevê a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, mediante pagamento prévio da justa indenização em dinheiro,
conforme art. 5º, inciso XXIV;
faculta a desapropriação por contrariedade ao Plano Diretor da cidade,
mediante pagamento do valor real da indenização em títulos da dívida pública
municipal, segundo o art. 182, § 4º, inciso III;
permite a desapropriação, por interesse social, para fins de reforma agrária,
de imóvel rural que não esteja cumprindo a função social da propriedade,
mediante pagamento da justa indenização em títulos da dívida agrária,
conforme prescrito no art. 184; finalmente,
impõe à União o dever de expropriar glebas onde forem encontradas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas, sem qualquer indenização.
O exame crítico dos textos constitucionais permite vislumbrar de maneira
cristalina três diferentes hipóteses de desapropriações permitidas: a de propriedade
que cumpre a função social, a de propriedade que não cumpre a função social,
distinguindo a urbana da rural, e a de propriedade nociva à coletividade.
No entendimento de KIYOSHI HARADA (2005, p. 34), a conceituação
clássica já não corresponde à realidade de nossos dias. O pagamento prévio da
justa indenização, em dinheiro ou em títulos, deixou de ser requisito constitucional
para todas as hipóteses de desapropriação.
O mesmo autor conceitua então a desapropriação como sendo: um instituto
de direito público consistente na retirada da propriedade privada pelo Poder Público
ou seu delegado, por necessidade ou utilidade pública, ou interesse social, mediante
o pagamento prévio da justa indenização em dinheiro (art. 5º, XXIV, da CF), por
interesse social para fins de reforma agrária (art. 184 da CF), por contrariedade ao
Plano Diretor da cidade (art. 182, § 4º, 11I, da CF), mediante prévio pagamento do

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justo preço em títulos da dívida pública, com cláusula de preservação de seu valor
real, e por uso nocivo da propriedade, hipótese em que não haverá indenização de
qualquer espécie (art. 243 da CF)”.
O interesse público (como gênero) e a necessidade pública, a utilidade
pública, o interesse social, o interesse social para fins de reforma agrária, o
interesse social para o desenvolvimento da política urbana e o interesse social para
erradicação de propriedade nociva (enquanto espécies) são a mola propulsora da
desapropriação.

4.1 Espécies de desapropriação


Além das espécies citadas temos a chamada desapropriação urbanística,
isto é, aquela que se faz em relação à área incluída no Plano Diretor, para fins de
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e assegurar o bem-
estar de seus habitantes.
A dicotomia prevista no art. 590 do Código Civil de 1916 – necessidade
pública e utilidade pública – desapareceu com o advento do Decreto-lei nº 3.365, de
21-7-1941, o qual fundiu, em seu art. 5º, as duas espécies sob a denominação de
utilidade pública. Esse diploma legal continua sendo o estatuto básico das
desapropriações.
Prescreve o art. 5º do Decreto-lei nº 3.365/41:
Consideram-se casos de utilidade pública:
a) A seguridade nacional.
b) A defesa do Estado.
c) O socorro público em caso de calamidade.
d) A salubridade pública.
e) A criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento
regular de meios de subsistência.
f) O aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais.
g) A assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saúde,
clínicas, estações de clima e fontes medicinais.
h) A exploração e a conservação dos serviços públicos.

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i) A abertura, conservação e melhoramento de vias e logradouros públicos; a


execução de planos de urbanização; o loteamento de terrenos, edificados ou não,
para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou
ampliação de distritos industriais (com redação determinada pela Lei nº 6602/78).
j) O funcionamento dos meios de transporte coletivo.
l) A preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos,
isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas
necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou
característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados
pela natureza.
m) A preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e
outros bens móveis de valor histórico ou artístico.
n) A construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e
cemitérios.
o) A criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves.
p) A reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica,
artística ou literária.
q) Os demais casos previstos por leis especiais.
§ 1º A construção ou ampliação de distritos industriais, de que trata a alínea
‘i’ do caput deste artigo, inclui o loteamento das áreas necessárias à instalação de
indústrias e atividades correlatas, bem como a revenda ou lotação dos respectivos
lotes a empresas previamente qualificadas (acrescentado pela Lei nº 6602/78);
§2º A efetivação da desapropriação para fins de criação ou ampliação de
distritos industriais depende de aprovação, prévia e expressa, pelo Poder Público
competente, do respectivo projeto de implantação (acrescentado pela Lei nº
6602/78).
Ainda que desaparecendo a dicotomia, é possível vislumbrar casos de
necessidade pública no elenco do art. 5º, como ocorre nos quatro primeiros incisos,
como bem explica KIYOSHI HARADA (2005, p.36-7).
Como se sabe, a necessidade pública, em matéria de desapropriação, surge
quando o poder público defronta-se com um problema urgente e inadiável, só
removível mediante a transferência do bem particular a seu domínio. Às vezes,

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sobrevém a necessidade pública de desapropriar como consequência da


desapropriação por utilidade pública, como é comum acontecer, por exemplo, na
abertura de longas avenidas, que impõem, muitas vezes, a execução de taludes em
vários de seus trechos. Os prédios que ficarem localizados no topo desses taludes
devem ser desapropriados para a segurança de seus moradores e a dos
transeuntes da nova avenida. Emerge aí a premente necessidade de preservar a
segurança e a integridade física dos moradores e dos transeuntes, hipótese em que
a desapropriação pode atingir apenas as benfeitorias.
Já a utilidade pública aparece quando a incorporação da propriedade
privada ao domínio estatal atende ao interesse coletivo que, encampado pelo poder
político, converte-se em interesse público a ser satisfeito pelo regime da despesa
pública. Na realidade, necessidade pública e utilidade pública são espécies de que é
gênero o interesse público. Todavia, a lei específica considera como sendo de
utilidade pública todas as hipóteses elencadas no art. 5º, que é taxativo,
comportando, no entanto, outras previsões por leis especiais, conforme
expressamente ressalvado na letra ‘q’. O que se pode afirmar é que a
desapropriação só é possível diante de expressa previsão legal de utilidade pública.
Contudo, decretada a desapropriação com fundamento em certo item do art.
5º, ela subsistirá, não ensejando retrocessão, se o bem expropriado vier a ser
destinado a uma finalidade diversa, que tenha fundamento em outro inciso legal.
Quanto a isso não há divergência doutrinária ou jurisprudencial. É o caso, por
exemplo, de imóvel desapropriado com fundamento na letra ‘m’, para construção de
cemitério e que, mais tarde, veio a ser destinado à construção de estádio (letra n).
Dispõe da Lei nº 4.132, de 10-9-62, em seu art. 1º, a desapropriação por
interesse social que será decretada para promover a justa distribuição da
propriedade ou condicionar o seu uso ao bem-estar social na forma do art. 147 da
Constituição Federal.
Os casos de interesse social estão elencados no art. 2º dessa lei. São eles:
I - O aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem
correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos
centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico.

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II - A instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja


exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola (VETADO).
III - O estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de
povoamento e trabalho agrícola.
IV - A manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância
expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habitação, formando
núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias.
V - A construção de casas populares.
VI - As terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela
conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos,
transporte, eletrificação, armazenamento de água e irrigação, no caso em que não
sejam ditas áreas socialmente aproveitadas.
VII - A proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e
de reservas florestais.
VIII - A utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características,
sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas (acrescentado pelo
art. 31 da Lei nº 6513/77).
§ 1º O disposto no item I deste artigo só se aplicará nos casos de bens
retirados de produção ou tratando-se de imóveis rurais cuja produção, por
ineficientemente explorados, seja inferior à média da região, atendidas as condições
naturais do seu solo e sua situação em relação aos mercados.
§ 2º As necessidades de habitação, trabalho e consumo serão apuradas
anualmente segundo a conjuntura e condições econômicas locais, cabendo o seu
estudo e verificação às autoridades encarregadas de velar pelo bem-estar e pelo
abastecimento das respectivas populações.
Como se vê, embora o art. 1º da lei prescreva que a desapropriação será
“decretada para promover a justa distribuição da propriedade ou condicionar o seu
uso ao bem-estar social”, nem todos os incisos do art. 2º relacionam-se com
propriedades que não estão cumprindo a função social. São os casos, por exemplo,
dos incisos III, V, VI, que nada têm que ver com disfunção social da propriedade.
Outrossim, a hipótese do inciso I, que cuida de desapropriação de bem improdutivo
ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e

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consumo, está absorvida pela desapropriação por interesse social para fins de
reforma agrária (HARADA, 2005).
Os casos mais comuns de desapropriação por interesse social são os dos
incisos IV e V. Na hipótese do inciso IV, normalmente, ela é decretada para impedir
a reintegração de posse por parte do proprietário do imóvel, com o que traria graves
problemas sociais. Daí por que a lei exige como requisito para desapropriar a
existência de núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias.
KIYOSHI HARADA (2005) lembra que todas as desapropriações decretadas
com base nesse inciso legal, durante mais de duas décadas em que integrou o
Departamento de Desapropriações da Prefeitura de São Paulo, tiveram por
motivação a necessidade de impedir o cumprimento do mandado de reintegração de
posse pelo proprietário da gleba invadida, evitando que fiquem ao relento dezenas
de famílias.
As desapropriações pelo inciso V intensificam-se em períodos de governos
comprometidos com a melhoria de condições de vida dos hipossuficientes. Às
vezes, ocorre desapropriação-meio para viabilizar a desapropriação-fim, por
utilidade pública. Em outras palavras, a desapropriação por utilidade pública, para
execução de obras ao longo de um córrego, por exemplo, pode implicar remoção de
centenas de famílias humildes, que esgota a capacidade do serviço de assistência
social da entidade expropriante, ensejando prévia construção de casas populares,
hipótese em que se fará a desapropriação por interesse social.
O prazo para desapropriar é de 2 (dois) anos a contar da declaração de
interesse social (art. 3º).
O art. 4º determina a venda ou locação dos bens expropriados a quem
estiver em condições de dar-lhes destinação social prevista. É claro que no caso de
desapropriação para manutenção de posseiros em terrenos urbanos (inciso IV)
descabe falar-se em venda ou locação.
Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária é espécie
prevista no art. 184 da CF e só pode atingir o imóvel rural que não esteja cumprindo
a função social e a justa indenização é paga em títulos da dívida agrária, resgatáveis
em até 20 anos, com exceção das benfeitorias úteis e necessárias, que serão
indenizadas em dinheiro.

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Estão excluídas da desapropriação a pequena e média propriedade rural,


assim definidas em lei, desde que seu proprietário não possua outra, bem como a
propriedade produtiva (art. 185 da CF). O art. 186 da CF já traçou os critérios
objetivos para a definição da função social da propriedade rural, como vimos,
deixando para o legislador ordinário sua melhor explicitação.
A Constituição Federal de 1988 inseriu, no Título VII, o Capítulo II, que cuida
da Política Urbana (arts. 182 e 183), a desapropriação urbanística por
descumprimento da função social.
Passou ao Município a tarefa de elaborar e executar a política de
desenvolvimento urbano, fixando, desde logo, o objetivo de ordenar o crescimento
pleno das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes (art.
182, caput). Na verdade, são dois objetivos: um objetivo-meio e outro objetivo-fim.
Elegeu o Plano Diretor, também conhecido como Plano Integrado, que é impositivo
para as cidades com mais de 20 mil habitantes, como instrumento básico para a
consecução desse objetivo (§ 1º). Prescreveu que a propriedade urbana cumpre a
função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no Plano Diretor (§ 2º). Com isso permitiu a flexibilização do conceito de
função social da propriedade urbana de conformidade com as peculiaridades e
necessidades de cada comuna, segundo o que for estabelecido na lei do Plano
Diretor de cada Município.
Finalmente, a Constituição Federal confere aos Municípios os instrumentos
de execução da política urbana para as áreas incluídas no Plano Diretor da cidade,
conforme prescrição do § 4º do art. 182:

É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área


incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não-utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - Parcelamento ou edificação compulsórios.
II - Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo.
III - Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo
de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

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Como se vê, a desapropriação surge como último recurso de que pode


lançar mão a Municipalidade para ordenar as funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar coletivo.
É nesse contexto que surge essa modalidade inovadora de desapropriação
urbanística, restrita à área incluída no Plano Diretor (HARADA, 2005).

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UNIDADE 5 – LEI DOS PROTESTOS – LEI Nº 9.492/1997

REINALDO VELLOSO DOS SANTOS (2012) ao introduzir o assunto


“protesto notarial” em sua dissertação de Mestrado menciona que o protesto é
tradicionalmente tratado no âmbito do Direito Comercial não apenas porque sua
disseminação esteve historicamente relacionada à intensificação do uso da letra de
câmbio, mas também pela larga aplicação aos títulos de crédito, com repercussões
“por todo o ordenamento mercantil” e, mais recentemente, aos contratos
empresariais.
Ele comenta que desde sua origem é ato praticado perante um notário,
profissional que formaliza juridicamente a manifestação de vontade do interessado,
servindo para comprovação da falta de aceite ou de pagamento e que, ao longo do
processo histórico, houve uma sensível ampliação do campo de aplicação do
protesto, que embora costumeiramente atrelado ao direito cambiário, se irradiou
para obrigações tipicamente tratadas no âmbito civil.
Em 1997, com a publicação da Lei nº 9492, foi regulamentado os serviços
concernentes ao protesto de títulos que em seu artigo 1º já define protesto como
sendo “ato formal e solene destinado a prover inadimplência e descumprimento de
obrigação originária de títulos e outros documentos”.
WALTER CENEVIVA (2000, p. 71) explica que

ato formal e solene corresponde à atuação, sob responsabilidade do


delegado, marcado pelo rigoroso respeito aos procedimentos previstos em
lei, para a exteriorização do inadimplemento do devedor.

Objeto, finalidades, garantias dos serviços, espécies de protesto, títulos e


documentos protestáveis, enfim, dinâmica da ordem de serviços e alguns tópicos
especiais como o protesto de certidões de dívida ativa e a eficiência administrativas
completam a unidade.

5.1 Noções sobre protesto e títulos


O Protesto é o ato pelo qual se comprova, oficialmente, que uma obrigação
foi descumprida ou não aceita e encontra na Lei nº 9492/97, competências e

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regulamentos sobre os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros


documentos de dívida, além de outras providências.
VICENTE DE ABREU AMADEI (2004, p. 75) melhor define a finalidade do
protesto ao referir que este tem o condão de provar uma “situação cambiária
insatisfeita”.
O serviço de protesto de títulos é prestado pelo Tabelião de Protesto. A Lei
nº 8935/94, em seu art. 5º, assim nomeia este profissional. Enquadra a atividade de
protesto dentro daquelas típicas dos notários. O ato do protesto é o que sedimenta
um procedimento, voltado à obtenção de um resultado: provar a insatisfação de uma
situação cambiária.
O ato do protesto é, portanto, notarial, no sentido de que lança em notas o
acontecido, o presenciado, e certifica que aquilo ocorreu. Não há um juízo de
qualificação meramente documental. O Tabelião de Protestos verifica o título
apresentado, se contém algum vício. Em não havendo algo que impeça o
procedimento do protesto, o Tabelião diligenciará a intimação do devedor. Aguarda-
se a conduta do intimado para, após, caso o mesmo não se prontifique a cumprir a
obrigação, “tirar-se” o protesto (MORAES, 2013).
Essa série de situações que ocorrem durante o procedimento, confirma a
natureza notarial do protesto. As atividades mencionadas nos incisos I e III do art. 6º
da Lei nº 8935/94 são exercidas pelo Tabelião de Protesto. Formalizam
juridicamente a vontade das partes, no sentido de que testificam a insatisfação da
situação cambiária ou em forma similar às cambiárias. Autenticam fatos, de forma a
certificar que o devedor deixou de agir.
Entretanto, isso não afasta o enquadramento do Protesto como um ato de
registro. É que o Tabelião de Protesto lança o teor do protesto em seu Livro,
procedendo a verdadeiro assentamento registrário.

5.2 Finalidade legal do protesto, garantias dos serviços, competência do


Tabelião
Podem-se citar como finalidades legais do protesto a garantia do direito de
regresso contra os coobrigados dos títulos de crédito, a negativação do nome do
devedor, bem como a comprovação da apresentação do título ou documento de

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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
28

dívida ao devedor (Registradores e Notários - MG/2009 apud GUGLIOTTI; BARCI


JUNIOR, 2012).
Os serviços de protestos garantem a autenticidade, a publicidade, a
segurança e a eficácia dos atos jurídicos prestados e ficam sujeitos ao regime
estabelecido na Lei nº 9.492/97.
Segundo artigo 11 da Lei nº 8935/94, compete privativamente ao Tabelião
de Protestos de Títulos:

I - Protocolar de imediato os documentos de dívida, para prova do


descumprimento da obrigação.
II - Intimar os devedores dos títulos para aceitá-los, devolvê-los ou pagá-los,
sob pena de protesto.
III - Receber o pagamento dos títulos protocolizados, dando quitação.
IV - Lavrar o protesto, registrando o ato em livro próprio, em microfilme ou
sob outra forma de documentação.
V - Acatar o pedido de desistência do protesto formulado pelo apresentante.
VI - Averbar:
a) o cancelamento do protesto;
b) as alterações necessárias para atualização dos registros efetuados.
VII - Expedir certidões de atos e documentos que constem de seus registros
e papéis.
Parágrafo único. Havendo mais de um tabelião de protestos na mesma
localidade, será obrigatória a prévia distribuição dos títulos.

Frise-se que todos os atos praticados pelos Tabeliães de Protesto devem


estar necessariamente em conformidade com o que dispõe a Lei nº 9.492/97
(GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR, 2012).

5.3 Dinâmica do serviço


a) Da ordem dos serviços:
A Lei nº 9.492/97 dispõe que o atendimento ao público será, no mínimo, de
seis horas diárias, que normalmente vai das 12 horas às 18 horas, horário em que é
possível inclusive realizar o pagamento do título no cartório.
Desde que no horário de funcionamento do cartório, todos os documentos
apresentados ou distribuídos serão protocolizados dentro de 24 horas, obedecendo-
se à ordem cronológica de entrega.
Ao apresentante do título ou de outro documento de dívida, será entregue
recibo, o qual conterá as características daquele, sendo de sua responsabilidade os
dados fornecidos.

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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
29

No caso do título apresentado consistir em cheque, neste deverá constar a


prova de apresentação ao banco sacado e o protesto poderá ser lavrado no lugar do
pagamento ou do domicílio do emitente.
No entanto, dispensa-se a prova de apresentação ao banco se o protesto
pretendido tiver por fim instruir medidas pleiteadas contra o estabelecimento de
crédito.
b) Da distribuição:
Nos locais onde houver mais de um Tabelionato de Protesto de Títulos, é
obrigatória a prévia distribuição dos títulos e documentos de dívida a serem
protestados.
Neste caso, referida distribuição será realizada por um serviço instalado e
mantido pelos próprios Tabelionatos, a não ser que já exista Ofício Distribuidor
organizado antes da promulgação da Lei nº 9.492/97, ou seja, antes de 10 de
setembro de 1997.
Na hipótese de existir um único Tabelionato de Protesto de Títulos na
localidade, dispensa-se a prévia distribuição daqueles, os quais serão
automaticamente a ele remetidos.
A recepção, distribuição e entrega dos títulos e documentos de dívida
deverão ocorrer na mesma data aos Tabelionatos de Protesto, obedecendo-se, no
entanto, os critérios de qualidade e quantidade.
Tratando-se de Duplicatas Mercantis e de Prestação de Serviços, estas
poderão ser recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados, cuja
veracidade dos dados informados será de inteira responsabilidade do apresentante
e os quais serão instrumentalizados pelo Tabelionato.
Compete ao Tabelião de Protesto examinar a forma do título ou documento
de dívida protocolizado e, se este não contiver nenhum vício formal, terá curso
normal, do contrário, o Tabelião obstará o registro do protesto.
Cumpre ressalvar, todavia, que não cabe ao Tabelião de Protesto investigar
a existência de prescrição ou caducidade do título ou documento de dívida
protocolizado (GUGLIOTTI; BARCI JUNIORL, 2012).

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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
30

Tratando-se de títulos ou outros documentos de dívida em moeda


estrangeira, emitidos fora do Brasil, estes poderão ser protestados, desde que
estejam acompanhados de tradução realizada por tradutor público juramentado.
Neste caso, o registro do protesto deverá conter necessariamente a
descrição do documento e sua tradução. O pagamento deste se dará em moeda
corrente nacional e caberá ao apresentante do referido documento de dívida a
respectiva conversão na data da apresentação deste para protesto.
Tratando-se de títulos ou outros documentos de dívida em moeda
estrangeira, emitidos no Brasil, o Tabelião deverá observar o disposto no Decreto-lei
nº 857/69, e legislação complementar superveniente.
Tratando-se de títulos ou documentos de dívida sujeitos a qualquer tipo de
correção, o pagamento será feito pela conversão em vigor no dia da apresentação
destes, sendo que o valor deverá ser indicado pelo apresentante.
c) Do prazo:
Protocolizado o título ou o documento de dívida, será registrado o protesto
deste em três dias úteis, a contar da apresentação do título (Registradores e
Notários - ES/2007 apud GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR, 2012).
Para a contagem do referido prazo, deve-se excluir o dia do protocolo e
incluir o do vencimento. (Registradores e Notários - PR/2007 e ES/2007 apud
GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR, 2012).
Nos dias em que não houver expediente bancário para o público em geral ou
naqueles em que este não obedecer ao horário normal, estes não serão
considerados como dias úteis.
Se, por motivo de força maior, a intimação for realizada excepcionalmente
no último dia do prazo ou ainda em data posterior a esta, o protesto será tirado no
primeiro dia útil subsequente.
d) Da intimação:
Uma vez realizado o protocolo do título ou do documento da dívida, o
devedor será intimado no endereço fornecido pelo apresentante deste, por meio de
carta expedida pelo Tabelião de Protesto, considerando-se cumprida a intimação
com a comprovação da entrega da referida carta no endereço informado.

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31

O Tabelião poderá fazer a remessa da intimação por portador seu ou por


qualquer outro meio, desde que se assegure o recebimento e comprovação desta,
seja por meio de protocolo, aviso de recebimento (AR) ou ainda por documento
equivalente (art. 14, Lei nº 9492/97).
A intimação deverá conter:
1. Nome e endereço do devedor.
2. Elementos de identificação do título ou documento de dívida.
3. Prazo-limite para cumprimento da obrigação no Tabelionato.
4. Número do protocolo.
5. Valor a ser pago.
A intimação será, no entanto, por edital, nas seguintes hipóteses:
1. Se a pessoa indicada para aceitar ou pagar for:
a) desconhecida;
b) sua localização for incerta; ou,
c) sua localização for ignorada;
d) for residente ou domiciliada fora da competência territorial do Tabelionato.
2. Ninguém se dispuser a receber a intimação no endereço fornecido pelo
apresentante.
Tratando-se de citação por edital, este será fixado no Tabelionato de
Protesto e também será publicado pela imprensa local, nos locais onde houver jornal
de circulação diária.
Frise-se que aquele que fornecer propositadamente endereço incorreto,
agindo de má-fé, responderá por perdas e danos, independentemente de incorrer
em outras sanções civis, administrativas ou mesmo penais (GUGLIOTTI; BARCI
JUNIOR, 2012).
e) Da desistência e sustação de protesto:
É possível que o apresentante retire o título ou documento de dívida a ser
protestado, desistindo da realização de tal ato, desde que o faça antes da sua
lavratura e sejam pagos os emolumentos e demais despesas a ela relativa.
No caso do título ou documento de dívida cujo protesto tiver sido sustado
judicialmente, estes permanecerão no Tabelionato, à disposição do juízo respectivo

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32

e, neste caso, só poderá ser pago, protestado ou retirado mediante autorização


judicial.
Também pode ocorrer a revogação da ordem de sustação, caso em que não
haverá nova intimação do devedor. Sendo este o caso, a lavratura e o registro do
protesto serão efetivados até o primeiro dia útil subsequente ao do recebimento da
revogação.
Mas se a materialização do ato depender de consulta a ser formulada ao
apresentante, a lavratura e o registro de protesto serão efetivados até o primeiro dia
útil subsequente à data da resposta dada.
Após a ordem de sustação se tornar definitiva, o título ou o documento de
dívida será encaminhado ao juízo respectivo em duas hipóteses a seguir descritas:
a) Quando não constar determinação expressa a qual das partes o título ou
o documento de dívida deverá ser entregue. Ou,
b) Se decorridos trinta dias sem que a parte autorizada tenha comparecido
para retirar referido título ou documento.
Cumpre ressalvar que as dúvidas do Tabelião de Protesto serão resolvidas
pelo juízo competente (artigo 18 da Lei nº 9.492/97).
f) Do pagamento:
O pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para protesto
será feito da seguinte forma:
a) Diretamente no Tabelionato competente.
b) No valor igual ao declarado pelo apresentante.
c) Acrescido dos emolumentos e demais despesas.
Se o pagamento for oferecido dentro do prazo legal, perante o Tabelionato
competente, no valor igual ao declarado pelo apresentante acrescido dos
emolumentos e demais despesas e no horário normal de funcionamento dos
serviços, este não poderá ser recusado pelo Tabelionato de Protesto, o qual dará a
respectiva quitação (Registradores e Notários - PR/2007 apud GUGLIOTTI; BARCI
JUNIOR, 2012).
O valor pago devido recebido pelo Tabelionato de Protesto será colocado à
disposição do apresentante do título ou de documento de dívida, no primeiro dia útil
subsequente ao do recebimento.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
33

Se o recebimento do pagamento se der por meio de cheque, ainda que


tenha sido emitido por estabelecimento bancário, a quitação fica condicionada à
efetiva liquidação.
Tratando-se de débito parcelado, será dada quitação da parcela paga em
apartado, devolvendo-se o original ao apresentante, para que este possa proceder
ao pagamento das parcelas a vencer.
g) Do registro do protesto:
Passados três dias úteis contados da protocolização do título ou documento
de dívida, sem que tenha ocorrido a desistência e sustação do protesto, ou ainda, o
pagamento devido, será lavrado e registrado o protesto pelo Tabelião, o qual
entregará o respectivo instrumento ao apresentante.
O protesto será tirado nas seguintes hipóteses:
1) Por falta de pagamento.
2) Por falta de aceite. Ou,
3) Por não ter sido devolvido.
Tratando-se de falta de aceite, o protesto só poderá ser efetuado antes do
vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a
devolução (Registradores e Notários - SC/2008 apud GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR,
2012).
Após o vencimento, só será possível realizar o protesto por falta de
pagamento e neste caso vedam-se a recusa da lavratura e o registro de protesto,
salvo por hipótese prevista na lei cambial.
Tratando-se de letra de câmbio retida pelo sacado, bem como de duplicata
enviada para aceite, não devolvida dentro do prazo legal, o protesto poderá:
i) no caso da letra de câmbio, poderá ser baseado na segunda via desta;
ii) no caso da duplicata, poderá ser baseado nas suas indicações, que se
limitarão a conter os mesmos requisitos lançados pelo sacador ao tempo da sua
emissão, vedada a exigência de qualquer formalidade não prevista na Lei que regula
a emissão e circulação das duplicatas.
Os devedores deverão constar do termo de lavratura e registro de protesto.
Consideram-se devedores:
1. Os emitentes de notas promissórias.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
34

2. Os emitentes de cheques.
3. Os sacados nas letras de câmbio.
4. Os sacados nas duplicatas.
5. Indicados pelo apresentante ou credor como responsáveis pelo
cumprimento da obrigação.
O registro do protesto e seu instrumento deverão conter:
1. Data e número de protocolização.
2. Nome do apresentante e endereço.
3. Reprodução ou transcrição do documento ou das indicações feitas pelo
apresentante e declarações nele inseridas.
4. Certidão das intimações feitas e das respostas eventualmente oferecidas.
5. Indicação dos intervenientes voluntários e das firmas por eles honradas.
6. A aquiescência do portador ao aceite por honra.
7. Nome, número do documento de identificação do devedor e endereço.
8. Data e assinatura do Tabelião de Protesto, de seus substitutos ou de
Escrevente autorizado.
Tratando-se de arquivos conservados por gravação eletrônica da imagem,
cópia reprográfica ou micrográfica do título ou documento de dívida, dispensam-se a
sua transcrição literal e as declarações nele inseridas no registro e no instrumento.
Todos os termos dos protestos lavrados, inclusive para fins especiais, por
falta de pagamento, de aceite ou de devolução, serão registrados em um único livro.
Referidos termos conterão as anotações do tipo e do motivo do protesto, além dos
demais requisitos relativos ao que devem conter o registro do protesto e seu
instrumento.
Para fins falimentares, só podem ser protestados os títulos ou documentos
de dívida de responsabilidade das pessoas sujeitas às consequências da legislação
falimentar.
Frise-se que conforme dispõe o artigo 24 da Lei nº 9.492/97, o deferimento
de processamento de concordata não impede o protesto (GUGLIOTTI; BARCI
JUNIOR, 2012).
h) Das averbações e do cancelamento:

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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35

A retificação de erros materiais deverá ser averbada e feita sob


responsabilidade do Tabelião de Protesto de Títulos e não são devidos quaisquer
emolumentos para tanto.
Referida averbação pode ser realizada de ofício ou mediante requerimento
do interessado.
Em qualquer dos casos, exige-se a apresentação do instrumento
eventualmente expedido que contenha o erro a ser corrigido, bem como dos
documentos que comprovem o erro apresentado.
Já o cancelamento do registro de protesto não pode ser feito de ofício, mas
sim por qualquer interessado que fará a solicitação diretamente no Tabelionato de
protesto de Títulos.
Para tanto, o interessado deverá apresentar o documento protestado, cuja
cópia ficará arquivada. Na hipótese de não ser possível a apresentação deste, seja o
original do título, seja o documento de dívida, exigir-se-á a declaração de anuência,
com identificação e firma reconhecida, daquele que figurou no registro de protesto
como credor, originário ou por endosso translativo.
Na hipótese de apresentante por endosso-mandato, bastará a declaração de
anuência do credor endossante.
Lembre-se de que o cancelamento do registro do protesto pode se fundar
nos seguintes motivos:
1. Pagamento do título ou documento de dívida. E,
2. Por outro motivo efetivado por determinação judicial. E, no caso da
extinção da obrigação se der por meio desta, para o cancelamento do registro em
questão, bastará a apresentação de certidão expedida pelo juízo processante, com
menção do trânsito em julgado, que substituirá o título ou o documento de dívida
protestado.
E, em ambos os casos, deverão ser pagos os emolumentos devidos ao
Tabelião.
Saliente-se que a competência para a realização do cancelamento do
registro referido será do Tabelião titular, seus substitutos ou ainda pelo escrevente
autorizado (GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR, 2012).

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36

Finalmente, tratando-se de registro de protesto lavrado sob a forma de


microfilme ou gravação eletrônica, consoante dispõe o § 6º do artigo 26 da Lei nº
9.492/97, “o termo de cancelamento será lançado em documento apartado, que será
arquivado juntamente com os documentos que instruíram o pedido, e anotado no
índice respectivo”.
i) Das certidões e informações do protesto:
Qualquer pessoa poderá requerer, perante o Tabelião de Protesto, certidão
de protesto a qual será por este expedida, no máximo, em cinco dias úteis.
Referidas certidões abrangerão pelo menos os últimos cinco anos anteriores à data
do pedido, salvo na hipótese de se referir a protesto específico.
Assim, dependendo do interesse da parte requisitante e mediante
pagamento devido diferenciado, as certidões de protesto poderão ser referentes a
períodos anteriores aos cinco anos mencionados.
Constarão das certidões de protesto, inclusive daquelas relativas à prévia
distribuição:
1. O nome do devedor.
2. O número do Registro Geral do devedor (RG), constante da Cédula de
Identidade, ou seu número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC),
se pessoa jurídica.
Esses dados deverão ser fornecidos pelo apresentante do título, sob pena
de recusa do recebimento e subsequente extração da certidão.
Se tiver ocorrido averbação de eventual cancelamento de registro de
protesto, via de regra, estes não constarão das certidões solicitadas, exceto se
nestas houver requerimento expresso e por escrito do próprio devedor, ou ainda por
ordem judicial nesse sentido.
Segundo o artigo 28 da Lei nº 9.492/97, “sempre que a homonímia puder ser
verificada simplesmente pelo confronto do número de documento de identificação, o
Tabelião de protesto dará certidão negativa”.
Tratando-se de certidão por relação das pessoas, estas só poderão ser
concedidas às entidades representativas do comércio, da indústria e das instituições
financeiras (Registradores e Notários - SP/2011 apud GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR,
2012).

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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37

Do pedido da extração da certidão por relação de pessoas deverão constar


necessariamente
1. Os nomes e documentos das pessoas das quais pretende-se a extração
das certidões por relação.
2. A nota de se tratar de informação reservada para uso institucional
exclusivo do solicitante.
3. A ressalva de que referida informação reservada não poderá ser
divulgada à terceiros.
Na hipótese de ser desatendido o caráter sigiloso exigido ou de serem
fornecidas informações de protestos cancelados, suspender-se-á o fornecimento da
certidão por relação pretendida.
Por óbvio, somente poderão ser prestadas informações, ainda que sigilosas,
relativas às restrições de crédito pelas entidades representativas do comércio, da
indústria e das instituições financeiras se os registros de protesto não tiverem sido
cancelados (Registradores e Notários - SP/2011).
Aos Tabelionatos é facultado organizar, instalar e manter um Serviço de
Informações de Protesto de Títulos, nas localidades onde houver mais de um
Tabelionato de Protesto.
Tanto as certidões, como as informações e relação de pessoas, serão
elaboradas pelo nome dos devedores, os quais, conforme dito anteriormente,
deverão ser devidamente identificados. Estas deverão abranger os protestos
lavrados e registrados por falta de pagamento.
É vedada nas certidões, informações e relações em questão a exclusão ou
omissão de nomes e de protestos, seja de forma provisória, seja de forma parcial.
Finalmente, deve-se explicar que é possível extração de certidão ou
prestação de informação de protocolo se houver requerimento expresso e por escrito
do devedor ou ainda mediante determinação judicial nesse sentido.
j) Dos livros e arquivos:
A escrituração do livro de protocolo será diária e dar-se-á:
1. Mediante processo manual, mecânico, eletrônico ou informatizado.
2. Em folhas soltas e com colunas destinadas às seguintes anotações:
a) número de ordem;

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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38

b) natureza do título ou documento de dívida;


c) valor;
d) apresentante;
e) devedor; e,
f) ocorrências.
3. Constará do termo de encerramento o número de documentos
apresentados no dia.
4. A data da protocolização será a mesma do termo diário do encerramento.
A competência para abertura e encerramento dos livros de Registros de
Protesto, mediante numeração e rubrica de suas folhas, dar-se-á pelo:
1. Tabelião de protestos.
2. Seu substituto. Ou por,
3. Escrevente autorizado.
Quanto ao índice de localização dos protestos registrados, deverão ser
observadas as seguintes condições:
1. Deverá conter os nomes dos devedores, na forma da lei.
2. É vedada a exclusão ou omissão de nomes de devedores.
3. É vedada a exclusão ou omissão de protestos.
A exclusão ou omissão de nomes ou protestos será vedada, ainda que
parcial ou provisoriamente, exceto se decorrer do cancelamento definitivo destes
protestos.
Deverá conter referência:
a) Ao livro e à folha onde estiver registrado o protesto.
b) Ao microfilme ou arquivo eletrônico onde estiver registrado o protesto. Ou,
c) Ao número do registro e aos cancelamentos de protestos efetuados.
A elaboração dos índices para o arquivo de protestos poderá dar-se de três
maneiras, a saber:
1. Pelo sistema de fichas.
2. Por microfichas. Ou,
3. Pelo banco eletrônico de dados.
Guarda e conservação dos arquivos. Cabe ao Tabelião de Protestos
arquivar:

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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1. Intimações.
2. Editais.
3. Documentos apresentados para a averbação no registro de protestos e
ordens de cancelamentos.
4. Mandados e ofícios judiciais.
5. Solicitações de retiradas de documentos pelo apresentante.
6. Comprovantes de entrega de pagamentos aos credores. E,
7. Comprovantes de devolução de documentos de dívida irregulares.
Os arquivos realizados pelo Tabelião de Protestos deverão ser
obrigatoriamente por este guardados e conservados por pelo menos:

PRAZO TIPO DE ARQUIVO


Para as intimações e editais correspondentes a
Um ano documentos protestados e ordens de cancelamento
(Registradores e Notários- MS/2009).

Seis meses Para as intimações e editais correspondentes a


documentos pagos ou retirados além do tríduo legal.

Para os comprovantes de entrega de pagamentos aos


Trinta dias credores, para as solicitações de retirada dos
apresentantes.

Trinta dias Para os comprovantes de devolução, por irregularidade,


aos mesmos, dos títulos e documentos de dívidas.

Não precisam ser guardados Os livros e documentos microfilmados ou gravados por


nem conservados processo eletrônico de imagens.

Até solução definitiva do juízo Os mandados judiciais de sustação de protesto, juntamente


com os respectivos documentos.
competente

Para livros de protocolo (Registradores e Notários -


Três anos SC/2008).

Para os livros de registros de protesto e respectivos títulos


Dez anos
(Registradores e Notários - SC 2008).

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40

k) Dos emolumentos:
Salvo quando o serviço for estatizado, os Tabeliães de Protesto receberão
pelos atos praticados em sua serventia, diretamente das partes e a título de
remuneração, os emolumentos fixados em Lei Estadual, bem como em decretos
regulamentadores desta.
Tanto as despesas devidas pela prática do ato realizado pelo Tabelião, bem
como os emolumentos dela decorrentes, poderão ser por este exigidos previamente.
Na hipótese de referidas despesas e emolumentos serem ressarcidos pelo
devedor no Tabelionato, quando da prestação de contas, o valor destas deverá ser
reembolsado ao apresentante do título ou documento de dívida.
Note-se que o § 1º do artigo 37 da Lei nº 9.492/97 fala em reembolso de
igual importância e não valor equivalente, o que exclui qualquer atualização
monetária do valor a ser restituído pelo Tabelionato.
O § 2º do artigo 37 da lei em questão ressalva que “todo e qualquer ato
praticado pelo Tabelião de Protesto será cotado, identificando-se as parcelas
componentes do seu total”, ou seja, deverá ocorrer uma descriminação
pormenorizada dos atos praticados, bem como do valor correspondente destes,
individualmente.
Por fim, dispõe a lei em comento que serão cobrados os mesmos valores
devidos para o ato de microfilmagem pelos atos de digitalização e gravação
eletrônica de títulos e outros documentos.
Por fim, consta na art.38 da Lei em comento que a responsabilidade dos
Tabeliães de Protesto de Títulos é subjetiva, entretanto, se o ato lesionante que
acarretar prejuízo for causado pelos substitutos por eles designados ou Escreventes
por eles autorizados, embora continuem responsáveis civilmente pela indenização
cabível, terão assegurados o direito de regresso contra referidos causadores diretos
do dano.
E levando-se em conta a fé pública atribuída aos atos praticados nos
Tabelionatos de Protesto de Títulos, a autenticação realizada pelo Tabelião de
Protesto, por seu substituto designado ou escrevente por ele autorizado, da
reprodução de microfilme ou do processamento eletrônico da imagem, do título ou

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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
41

qualquer documento arquivado no Tabelionato, guarda o mesmo valor do original,


independentemente de restauração judicial.
Já quanto ao termo inicial da incidência de juros, taxas e atualizações
monetárias decorrente da obrigação constante do título ou documento de dívida,
este se dará conforme o prazo assinado ou na ausência deste, a contar da data em
que foi efetuado o registro de protesto.
Dispõe ainda a Lei nº 9.492/97, em suas disposições finais que os
Tabeliães, para a prática dos atos de sua serventia, poderão adotar, a sua escolha
e, independentemente de qualquer autorização, sistemas de computação,
microfilmagem, gravação eletrônica de imagem e quaisquer outros meios de
reprodução que entendam necessários e/ou cabíveis.

5.4 Espécies de protesto


Acompanhando o raciocínio de SHEILA LUFT MARTINS (2012), vamos
partir do entendimento que a origem de um protesto está sempre em um instrumento
escrito no qual a dívida esteja expressa e se comprove sua existência e que dessa
maneira, teremos duas categorias distintas de protesto: a do protesto comum e do
protesto especial.
O protesto comum representa a busca pelo fim ordinário do protesto de
títulos, com base no direito cambiário, que significa testificar a situação cambiária
não adimplida; enquanto o protesto especial traduz uma finalidade diversa por não
ser protesto cambial, mesmo podendo ocorrer no tabelionato de protestos.
Relembrando que, de acordo com o art. 21 da Lei de Protestos, o protesto
comum permite a comprovação de três tipos de insatisfação cambiária, quais sejam:
a) Protesto por falta ou recusa do pagamento (testifica o descumprimento do
prazo de pagamento).
b) Protesto por falta ou recusa de aceite (demonstra que a letra de câmbio
ou a duplicata – que permitem aceite – não foram assinadas). E,
c) Protesto por falta ou recusa de devolução (prova que o título foi
encaminhado para aceite e não devolvido).
O protesto por falta de aceite não impõe nenhuma obrigação ao não
aceitante, deixando de aperfeiçoar o título, apenas provando a diligência do

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portador, o que já é suficiente para demonstrar que no vencimento o título não será
quitado e, dessa maneira, desde logo legitima o portador a regressivamente exigir os
anteriores obrigados (art. 28 do Dec. 2.044/1908, art. 44 da Lei Uniforme de
Genebra - LUG3, art. 13 da Lei nº 5.474/63, e art. 21, § 1º da Lei nº 9.492/97). O
mesmo ocorre no protesto por falta de devolução, mas que por estar circulando em
razão do endosso, faz surgirem obrigações cambiárias que precisam ser adimplidas
(art. 13 da Lei nº 5.474/63, e art. 21, § 3º da Lei nº 9.492/97).
Assim, protestos por falta de aceite e por falta de devolução demonstram,
primordialmente, o zelo do portador.
Já o protesto por falta de pagamento vai além, porque além de comprovar a
diligência do portador (como nos dois últimos tipos), também demonstra a mora do
devedor que não cumpriu a obrigação no seu vencimento (art. 28 do Dec.
2.044/1908, art. 44 da LUG, art. 13 da Lei 5.474/63, e art. 21, § 2º da Lei 9.492/97).
Logicamente, enquanto as duas primeiras modalidades – falta de aceite e
falta de devolução – ocorrem antes do vencimento da obrigação, o protesto por falta
de pagamento tem lugar unicamente depois do vencimento (MARTINS, 2012).

3
RUBENS REQUIÃO (1998) cataloga os seguintes casos de protesto necessário na Lei Uniforme de
Genebra (Decreto 57.663, de 24 de janeiro de 1966):

a) Falta de aceite ou de pagamento, para conservar os direitos do portador contra o sacador e contra
os outros coobrigados, a exceção do aceitante (arts. 44 e 53, al. 2).

b) Letra pagável a certo termo de vista, em que houver falta de data, para o efeito de constatar essa
omissão, e o portador conservar os seus direitos de regresso contra os endossantes e contra o
sacador (art. 25).

c) Uma pessoa indicada por intervenção, para aceitar ou pagar, não o fazer, para exercer o seu
direito de ação antes do vencimento, contra o que fez a indicação (art. 56, al. 2).

d) Não sendo a letra aceita, nem paga por intervenientes, para conservar o direito de regresso contra
aquele que tiver indicado as pessoas para pagarem em caso de necessidade (art. 60).

e) Pluralidade de exemplares, para o portador poder exercer seu direito de regresso, quando o que
enviar ao aceite uma das vias, e a pessoa em cujas mãos se encontrar não entregue essa via ao
portador legítimo doutro exemplar, para poder exercer o seu direito de ação (art. 66);

f) No caso de cópia, e a pessoa em cujas mãos se encontre o título original se recusar a entregá-lo ao
legítimo portador da cópia, para exercer o seu direito de ação contra as pessoas que tenham
endossado ou avalizado a cópia (art. 68, al. 2).

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A segunda espécie – chamada de protesto especial – leva esta


denominação por não ser comum, ou seja, não ser cambial, além de surgir em razão
de uma finalidade específica legalmente prevista. Nesse cenário, tal modalidade de
protesto deve ser compreendida por exclusão, sendo um protesto especial
admissível por disposição legal, no âmbito extrajudicial do serviço notarial, que não
tem, em si, a finalidade de testificar uma insatisfação cambiária (AMADEI, 2004).
O protesto especial também apresenta dois tipos distintos, sendo o primeiro
para fins falimentares, conforme prevê o art. 94, I da Lei nº 11.101/05 e o art. 23
parágrafo único, da Lei nº 9.492/97, e o segundo de protesto de contrato de câmbio,
regulada no art. 75 da Lei nº 4.728/65, e que habilita o credor à ação executiva
(MARTINS, 2012).
Convém, entretanto, não confundir algumas espécies de protesto, fato muito
comum. Primeiramente, é importante distinguir o protesto especial para fins de
falência (art. 94, I da Lei nº 11.101/05) do protesto extraordinário por decorrência da
falência (art. 19, II, do Dec. 2.044/1908), pois enquanto aquele é pressuposto do
pedido de falência, este é protesto que pressupõe falência já decretada.
Outra confusão comum, que deve ser evitada é entre o protesto por falta de
devolução (art. 13 da Lei nº 5.474/63, e art. 21, § 3º, da Lei nº 9.492/97), e o protesto
por indicação (art. 31 do Dec. 2.044/1908, art. 13, § 1º, da Lei nº 5.474/63, e art. 21,
§ 3º, da Lei nº 9.492/97), porque enquanto o primeiro protesto se observa a partir da
espécie de obrigação cambiária não adimplida, sendo tirado da letra de câmbio ou
das indicações da duplicata, o segundo tipo é determinado a partir do objeto material
do protesto, sendo específico para as duplicatas (não pela apresentação do título ou
cópia, mas pela informação simplesmente) (MARTINS, 2012).
Por fim, outro embaraço frequente é entre o protesto comum ou especial e o
protesto necessário ou facultativo. Trata-se, em verdade, de critérios diferentes de
classificação que observam a finalidade intrínseca de cada protesto no primeiro tipo
e os efeitos jurídicos causados ao portador no segundo caso. Isso porque, com
relação a esta última classificação, o protesto necessário representa um ônus do
legítimo portador do título repercutindo diretamente em sua esfera jurídica, seja
positivamente (por traduzir a conquista de um direito), seja negativamente (por
representar a perda de um direito). Com relação ao protesto facultativo, a própria

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denominação já demonstra que pode ser dispensado, tratando-se de uma faculdade


de seu titular (MARTINS, 2012).

5.5 Títulos e documentos protestáveis


É no artigo 1º da Lei nº 9.492/97 que estabelece o protesto como ato formal
e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação
originada em título e outros documentos de dívida que podemos observar uma
aplicação dessa lei bem mais abrangente, não se restringindo aos títulos de crédito,
mas abarcando, também, outros documentos de dívida.
Convém, entretanto, definir exatamente o que se entende por documentos
de dívida. De acordo com WALTER CENEVIVA (2002, p. 64), a lei usa o vocábulo
dívida no “sentido de débito imputado pelo apresentante e não de obrigação
efetivamente existente, livre de discussão sobre sua legalidade”.
Documentos de dívida suscetíveis de protesto não contemplam apenas os
títulos de crédito, mas também os títulos – documentos – ordinários que confirmem
obrigações certas, líquidas e exigíveis, e que possam ser protestadas pelo Tabelião
em razão da previsão legal (MARTINS, 2012).
Citem-se, como exemplos:

o contrato de câmbio (art. 75 da Lei nº 4.728/65) e, para fins de falência (art.


10 do Dec.-lei 7.661/45), o débito decorrente de aluguel e encargos de
locação (inclusive despesas de condomínio) decorrentes de contrato de
locação escrito, a confissão de dívida, a verificação judicial, acordos com
força executiva e outros documentos de dívida de responsabilidade das
pessoas sujeitas às consequências da legislação falimentar (art. 23,
parágrafo único da Lei nº 9.492/97) (AMADEI, 2004, p. 85).

No entendimento do mesmo autor, não se pode ampliar o rol dos títulos


protestáveis, sem previsão legal específica, ou seja, os títulos passíveis de protesto
são exclusivamente os títulos de crédito ou documentos de dívidas que estejam
previstos expressamente na lei.
Nesse contexto, são protestáveis dentro do rol dos títulos de crédito, títulos
representativos de valor em dinheiro como, por exemplo, o cheque, a duplicata, a
nota promissória, a letra de câmbio, o warrant, a cédula rural pignoratícia, a cédula
rural hipotecária, a cédula hipotecária, a letra hipotecária, a cédula de crédito
bancário, entre outros.
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Já no que pertine aos documentos de dívida, há de se considerar que


existem os documentos de dívida que são de responsabilidade das pessoas
submetidas aos efeitos da legislação falimentar (artigo 23, parágrafo único, da Lei nº
9.492/97) representando qualquer título líquido que permita execução (art. 585
CPC), ainda que não seja cambial ou cambiariforme, assim como título líquido
formalizado em mera verificação de conta judicial, não deixando de lado outros
documentos de dívidas protestáveis com previsão legal, mesmo que ausente o fim
falimentar, que tem como exemplo o contrato de câmbio (AMADEI, 2004).
Entretanto, existe entendimento dissidente que surge a partir da análise de
que a lei foi criada com o objetivo de criar meios mais simples, rápidos e menos
custosos para a solução de conflitos envolvendo débito e crédito, e da premissa de
que uma lei não utiliza expressões inúteis. Dentro desse delineamento, e
considerando que não se pode restringir o que a lei não restringe, possível concluir
que qualquer forma de prova escrita que demonstre a existência de uma relação de
crédito, líquida e certa, pode ser considerado um documento de dívida, na
concepção da Lei nº 9.492/97 (SOUZA, 2011).
Não são apenas os títulos executivos, por conseguinte, que devem ser
reputados como documentos de dívida. Basta observar que débitos resultantes da
prestação do serviço de água, luz, esgoto ou gás podem ser objeto de apontamento,
enquadrando-se na concepção de documentos de dívida (MARTINS, 2012).
O serviço prestado pelo tabelionato de protestos significa além de segurança
jurídica, rapidez e baixo custo para os interessados. Dessa forma, quanto mais se
puder resolver através deste caminho, mais se auxiliará o Poder Judiciário, já
sobrecarregado de tantas ações, e o reconhecimento da relevância deste serviço, é
vital dentro desse processo, e vai ao encontro do espírito da Lei nº 9.492/97.
Há que se frisar, por fim, que apenas poderão ser protestados títulos e
outros documentos de dívida expressos em moeda brasileira. Excepcionalmente,
contudo, de acordo com os artigos 10 e 11 da Lei nº 9.492/97, já expostos
anteriormente, poderão ser apresentados documentos de dívida em moeda
estrangeira:

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Art. 10. Poderão ser protestados títulos e outros documentos de dívida em


moeda estrangeira, emitidos fora do Brasil, desde que acompanhados de
tradução efetuada por tradutor público juramentado.
§ 1º Constarão obrigatoriamente do registro do protesto a descrição do
documento e sua tradução.
§ 2º Em caso de pagamento, este será efetuado em moeda corrente
nacional, cumprindo ao apresentante a conversão na data de apresentação
do documento para protesto.
§ 3º Tratando-se de títulos ou documentos de dívidas emitidos no Brasil, em
moeda estrangeira, cuidará o Tabelião de observar as disposições do
Decreto-lei nº 857, de 11 de setembro de 1969, e legislação complementar
ou superveniente.
Art. 11. Tratando-se de títulos ou documentos de dívida sujeitos a qualquer
tipo de correção, o pagamento será feito pela conversão vigorante no dia da
apresentação, no valor indicado pelo apresentante.

Para serem passíveis de protesto os instrumentos de dívida emitidos fora do


país, eles:
devem preencher algumas condições como indicar o valor da dívida em
moeda estrangeira aceitável, mesmo que seja de país que não mantenha
relações diplomáticas com o Brasil;
devem estar traduzidos por tradutor público juramentado e, também,
registrados na Junta Comercial do Estado ou Distrito Federal;
ser convertida, pelo apresentante, por escrito, para o valor da moeda
nacional, sendo proibida a aceitação de moeda estrangeira.
Nesses casos, ao registrar o protesto o notário cuidará para fazer a
descrição dos elementos essenciais e reproduzir integralmente a tradução.
A conversão para moeda nacional, que deve ser feita pelo apresentante, não
se confunde com atualizações de valor ou outro tipo de correção, pois o tabelião se
restringe a observar o valor indicado no título, cabendo ao devedor impugnar em
juízo, se for o caso (CENEVIVA, 2002).
Ditas regras se aplicam apenas para os títulos privados, eis que para os
títulos judiciais reconhecidos por sentença estrangeira, o protesto dependerá da
homologação da sentença que compete ao Superior Tribunal de Justiça, conforme
art. 105 da Constituição Federal (MARTINS, 2012).

5.6 Princípios que regem os protestos


Vimos em vários momentos do curso a importância dos princípios regentes
na seara do Direito, pois bem, o serviço de protesto acaba sofrendo influência de

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inúmeros princípios, a começar pelos princípios do direito público e também do


direito administrativo, como por exemplo, os elencados no artigo 37 da CF/88:
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência; bem
como os princípios da continuidade do serviço público e da fiscalização.
Existem alguns princípios sobre os quais teceremos alguns comentários
enquanto ato e não procedimento, os quais se restringem ao protesto de títulos, a
saber:
a) Princípio de oficialidade:
Este primeiro princípio observa que o protesto representa um ato oficial que
precisa ocorrer necessariamente pelas mãos de um Tabelião de protesto, que torna
o ato solene, oficial, e gera uma presunção de veracidade.
O protesto possui uma oficialidade administrativa especial, que apresenta fé
pública e traduz autenticidade e certeza, e que por estes motivos não se confunde
com a oficialidade da administração pública em geral (MARTINS, 2012).
Outrossim, mesmo que se sustente que o protesto seja ato jurídico do
portador do título, e não do Tabelião, que apenas o testemunha de modo qualificado
e lhe dá forma e registro; sustenta ainda o traço de oficialidade:
i) Primeiro, porque esse ato do portador não se pode concretizar de outro
modo senão sob a presença do Tabelião.
ii) Segundo, porque além da forma especial prescrita em lei ser da
substância do ato, o protesto exige registro, sem que o qual sequer existe, i.e.,
embora na formação o protesto seja notarial (e até aí o Tabelião é apenas
testemunha qualificada e especial que dá forma pública ao ato), uma vez formado
passa a ser ato de registro (ato esse que é próprio do Oficial, não do portador do
título) (AMADEI, 2004, p. 105).
Dessa oficialidade do protesto, surgem algumas repercussões como, por
exemplo, a presunção de veracidade por ser o ato realizado por alguém que tem fé
pública. Assim, há uma presunção relativa de ser o protesto perfeito não apenas na
sua forma, bem como nos fatos nele declarados.
Outra característica resultante do princípio da oficialidade é a da solenidade
do ato. Isto porque o protesto precisar cumprir várias exigências especialmente

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previstas em lei, e também por ser lavrado necessariamente por um oficial investido
em função pública, o que acarreta uma formalidade para o ato (MARTINS, 2012).
b) Princípio de unitariedade:
Como a própria denominação já exprime, determina que o protesto seja
realizado em apenas um ato.
Isto porque o protesto é feito a partir do título e não da pessoa ou pessoas
obrigadas. O protesto se faz contra a falta de adimplemento ou de aceite e não
contra alguém (MARTINS, 2012).
Em razão desse princípio, em sentido restrito, não consiste numa série de
atos, mas sim em ato único, e como resultado disso, caso o protesto seja por falta
de pagamento em que ocorreu a intimação apenas do obrigado principal, será
inviável novo protesto do mesmo título contra eventuais coobrigados, assim como se
o protesto for por falta de pagamento (comum), prescindível o protesto para fins de
falência. Outra repercussão disso é que se o protesto for feito por falta de aceite ou
de devolução, inútil será o protesto por falta de pagamento, bem como se o protesto
realizou-se por falta de pagamento não se protestará por falta de aceite ou
devolução. Tudo isso demonstra a unitariedade do protesto (MARTINS, 2012).
c) Princípio de insubstitutividade:
O princípio da insubstitutividade informa que o protesto é prova que não
pode ser substituída, ou seja, que não consegue ser suprida por outro ato,
testemunha ou documento. Nem mesmo o Poder Judiciário pode substituir a
atividade que deve acontecer no tabelionato de protesto. Em razão disso, alguns
autores denominam o protesto de prova insubstituível.
Ocorre, todavia, que este princípio sofreu certa adequação e acabou sendo
relativizado em determinadas situações, como acontece no Brasil, desde a adoção
da Lei Uniforme de Genebra (LUG), que possibilita o protesto ser substituído pela
“declaração de recusa do aceite ou pagamento”, conforme apregoa o art. 8º, do
Anexo II, da lei referida.
Embora, exista essa previsão legal, na prática ainda permanece a
insubstitutividade. Isto se deve a dois motivos: primeiro, por ser o protesto
pressuposto processual ou condição da ação em diversas situações; segundo, em

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razão da possibilidade de substituição do protesto ser de difícil implementação


prática, o que torna mais simples e imediata a tirada do protesto.
d) Princípio da celeridade:
O princípio da celeridade resulta do Direito Cambiário, que requer uma
rápida circulação que é própria da dinâmica mercantil. Assim, crucial que os prazos
sejam voltados, dentro do possível, para a maior celeridade, flexibilidade e
informalismo possível (MARTINS, 2012).
Isto já se observa na protocolização dos títulos apresentados ou distribuídos,
que deve ocorrer em até 24 horas, além do procedimento do protesto, com um todo,
ter o prazo máximo de três dias úteis, incluindo-se o dia do vencimento, mas
excluindo-se o do apontamento.
Outra disposição legal que orienta no sentido da brevidade, é a que dispõe
sobre o protesto ser tirado no primeiro dia útil seguinte, quando ocorrer motivo de
força maior ou a intimação for excepcionalmente realizada no último dia do prazo.
Até mesmo para a expedição de certidões, o prazo a ser observado é de, no
máximo, cinco dias úteis.
Esses e outros casos, como a da lavratura do protesto que deve acontecer
até o primeiro dia útil subsequente quando ele for sustado judicialmente e
posteriormente liberado, demonstram que a atividade deve ser realizada dentro da
maior brevidade possível, até para conseguir surtir todos os efeitos almejados pela
lei (tudo isto conforme arts. 5º, 12, 13, 17 e 27 da Lei nº 9.492/97).
e) Princípio da formalidade simplificada:
Este princípio confirma o anterior e determina um atenuamento e redução do
formalismo no procedimento do protesto.
Observa-se essa orientação já no procedimento de intimação, que para se
efetivar necessita apenas da entrega do aviso no endereço fornecido pelo portador,
não sendo necessário o recebimento pessoal pelo devedor, pois regular será a
intimação, quando o aviso entregue, for recebido por qualquer pessoa (arts. 14 e 15
da Lei nº 9.492/97).
Esse encaminhamento, da formalidade simplificada, também se aplica no
caso de ser a intimação por edital, que mesmo presumindo a impossibilidade da
intimação pessoal, regular será quando o devedor for residente ou domiciliado fora

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da competência territorial do Tabelião. Admissível o edital ainda, quando frustrada a


intimação porque nenhuma pessoa recebeu a intimação no endereço fornecido,
como também quando o carteiro não foi atendido (no caso de intimação pelo
correio), conforme disposição dos art. 15 da Lei nº 9.492/97.
Dessa forma, seja na redução de prazos como na simplificação do
procedimento, a celeridade é exigência atual e imperiosa, desde que não se coloque
em risco a segurança formal imprescindível na atividade (MARTINS, 2012).
f) Princípio de rogação:
Representa a necessidade de provocação por parte do interessado, para
que ocorra o protesto. Significa dizer, em outras palavras, que é vedado ao Tabelião
agir de ofício ficando condicionado à movimentação da parte. Como ato voluntário,
depende da vontade e iniciativa de seu detentor, motivo pelo qual o Tabelião deve
permanecer inerte, aguardando a apresentação.
Referido princípio acaba se projetando desde o início do procedimento até o
momento de seu registro, mantendo-se nos atos de cancelamento e retificação. São
permitidas poucas exceções, o que ocorre quando averbações de retificação por
erro são realizadas de ofício (MARTINS, 2012).
Além disso, deve-se observar a correlação entre o requerimento efetuado e
o protesto e a simetria especular título-protesto. Pelo primeiro não se pode protestar
fora dos limites definidos no requerimento de quem apresenta o título, ou seja, o
Tabelião não pode se afastar do requerimento para efetivar o protesto, assim, se o
apresentante solicita um protesto comum ao oficial não é permitido lavrar um
protesto especial. Essa orientação também deve informar a lavratura do ato notarial
nas indicações feitas pelo requerente e no seu pedido de protesto. Já a simetria
especular título-protesto, determina que o que se protesta é o título apresentado
pelo requerente, sendo espelhado no registro de protesto. Não significa, entretanto,
que o instrumento do protesto seja pura e simples imagem do título, enfim é protesto
e não título, contendo elementos próprios que o título não apresenta. Contudo, não
se pode afastar dos elementos próprios do protesto, devendo refletir, por transcrição
literal, reprodução ou arquivamento (AMADEI, 2004).

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5.7 O protesto de certidões de dívida ativa (CDA) e a eficiência administrativa


SÉRGIO LUIZ JOSÉ BUENO (2011, p. 19-20) nos ensina que pela
literalidade da lei, tem-se o protesto como um ato formal e solene, ao qual a doutrina
se incumbe de adicionar sua natureza de ato jurídico e de ato público. Quanto à
finalidade, fica evidente a destinação do instituto como um meio de prova, ou seja,
seu fim testificante e, buscando entre as mais diversas e refinadas referências ao
protesto extrajudicial, o que se pretende provar é uma obrigação insatisfeita. Já o
seu objeto está ligado com a materialidade documental que veicula a relação
obrigacional cujo descumprimento pretende-se provar.
Por detrás desse conceito aparentemente simples, tem-se nos efeitos ou nos
seus atributos um maior espectro do alcance real deste instituto, o que para
LAMANAUSKAS e GUÉRCIO NETO (2013) trata da iniciativa que toma o credor na
busca de ver seu crédito satisfeito. É neste sentido que o Desembargador CARLOS
HENRIQUE ABRÃO (2011, p. 9) procura conceituar o instituto, ao afirmar que:

Primordialmente, o protesto significa o interesse, o móvel que agita o credor


na exigência do valor resultante de operação preenchendo as formalidades
legais, prevalecendo o norte probatório que se desdobra em outros critérios
de efetividade instrumental na destinação do sentido da dívida no tempo e
no espaço.

Essa caracterização é recheada de elementos que demonstram a


necessidade de instrumentos que permitam que as obrigações sejam cumpridas,
principalmente aquelas que não o são de forma espontânea. E tal premência se
coaduna com todo o sistema econômico, que, mormente no âmbito privado, se
funda significativamente nas relações obrigacionais e nos negócios jurídicos,
colapsaria se o descumprimento fosse a regra e não a exceção. Para fornecer tal
garantia, o complexo das normas jurídicas se vale das mais diversas formas de
proporcionar o adimplemento, tais como a execução, a ação cambiária ou mesmo o
protesto. Este último reveste-se de atributos que lhe são fornecidos pela supracitada
lei – que regulamenta a atividade – na exata medida para que se cumpra tal função
(LAMANAUSKAS; GUÉRCIO NETO, 2013).
Não foi por menos que se colocou o protesto extrajudicial na mão de
operadores do Direito e não de outras entidades, como, por exemplo, das
instituições financeiras. A imprescindibilidade dos atributos da publicidade,
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autenticidade, segurança jurídica e eficácia, trazida pela referida lei, bem como pela
norma que rege a atividade de Notários e Registradores (Lei Federal nº 8.935/1994)
fez com que a atividade fosse constitucionalmente delegada pelo Poder Público a
um profissional do Direito, aprovado em concurso público.
Essa introdução, excerto de artigo elaborado com maestria por
LAMANAUSKAS e GUÉRCIO NETO (2013) dá título e tônica às discussões. Ou
seja, falaremos da possibilidade de protesto de Certidão de Dívida Ativa (CDA) que
ainda não é tema pacificado nos tribunais brasileiros.
Por definição:
a Dívida Ativa da Fazenda Pública são os créditos tributários ou não
tributários, definidos na Lei nº 4.320, de 17 de março de 19644, regularmente
inscritos em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a
respectiva receita será escriturada a esse título;
a Certidão de Dívida Ativa constitui-se como título executivo extrajudicial, nos
termos do art. 585, inciso VII, do CPC5, e goza de presunção de certeza e
liquidez6, viabilizando a propositura da execução fiscal.

4
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados
como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias.

§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, serão
inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua
liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título.

§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de


obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são
os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios,
contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros,
laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por
estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis
definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de
subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras
obrigações legais.

5 CPC. Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:


[...]
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; (Redação dada
pela Lei nº 11.382, de 2006).

6 CTN. Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito
de prova pré-constituída.
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova
inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
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Os autores citam os Tribunais de Justiça do Estado de São Paulo que tem


proferido decisões em sentidos opostos, porém, empregando os mesmos
argumentos e fundamentos, os quais apontam pela “possibilidade” e pela
“desnecessidade”, também mencionado por RENATA ESPÍNDOLA VIRGÍLIO
(2009):

De um lado, alega-se a desnecessidade do protesto por parte da Fazenda


Pública, tendo em vista que a Certidão de Dívida Ativa é um título público,
dotado de liquidez e certeza, o que já demonstra o inadimplemento ou
descumprimento da obrigação, sendo que existe meio próprio para a
cobrança do crédito, por meio da execução fiscal. O protesto, pois, seria
uma cobrança indireta do crédito, sem que exista previsão legal expressa
de sua utilização para créditos públicos.

De outro lado, defende-se que o protesto notarial não serve apenas para
“constituir o devedor em mora”, mas também para provar o descumprimento da
obrigação, tornando o fato público de forma mais ampla e mais eficiente que a
publicidade conferida pela inscrição em dívida ativa. Não há, ademais, vedação legal
para essa prática, mas, ao revés, existe autorização pela Lei nº 9.492/97.
Não temos intenção de alongar nas discussões sobre “desnecessidade” e
“possibilidade” de uso, mas sim apontar de imediato que o protesto de CDA é um
eficiente mecanismo administrativo e que oferece vantagens na recuperação de
créditos tributários de forma ágil e não onerosa.
Àqueles que queiram aprofundar na matéria sugerimos duas leituras:
1) VIRGÍLIO, Renata Espíndola. Possibilidade de protesto da Certidão de
Dívida Ativa (CDA) pela Fazenda Pública, por falta de pagamento do crédito
exeqüendo. Jus Navigandi, Teresina, ano 15 n. 2525 31maio 2010. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/14946.
2) LAMANAUSKAS, Milton Fernando; GUÉRCIO NETO, Arthur Del. O
protesto de certidões de dívida ativa e a eficiência administrativa. In: PEDROSO,
Regina (coord.) Estudos Avançados de Direito Notarial e Registral. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.
Pois bem, vamos aos benefícios do instituto de protesto de CDA:

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a) Legalidade – o protesto de CDA é legalmente previsto nos diplomas


federais – Lei Federal nº 9.492/1997 e Código Tributário Nacional (art. 202), bem
como na Lei Estadual paulista nº 11.331/2002, conforme já decidiu o Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo; desta forma, para o estado de São Paulo, restou
clara a desnecessidade de Lei Municipal ou Estadual a autorizar o Protesto de CDA.
b) Gratuidade – o credor que apresenta o título a protesto não paga nada
para protestar; ou seja, só terá algum custo ao apresentante, se este vier a desistir
do protesto. Logo, salvo nesta única hipótese, protestar não gera custos, tanto ao
particular como ao Poder Público, que se livra da enorme burocracia e de todo
trâmite judicial preparatório das ações de execução fiscal.
c) Agilidade na recuperação dos créditos e maior eficácia – em um curto
prazo há resposta ao credor quanto ao pagamento do valor devido, prazo este
extremamente reduzido se comparado com o longo processo de execução; grande
parcela dos devedores, temerosos de ter seu nome protestado, efetuam o
pagamento no prazo constante de intimação; trata-se de um procedimento
consoante à moderna premência por maior celeridade e em total simetria com
avanços legais almejados para acelerar o processo de cobrança e execução das
dívidas ativas.
d) Educação dos devedores – em alguns casos, é sabida a inadimplência
de má-fé (o devedor que se oculta, conhecedor das dificuldades e embaraços que
cria à cobrança dos tributos); em outros casos, a inadimplência resulta da simples
falta de planejamento do orçamento doméstico ou empresarial; seja duma forma ou
de outra, os devedores, cientes que medidas rápidas de recuperação de créditos
são tomadas contra inadimplentes, pensarão duas vezes antes de não pagar o que
é devido. Dívidas para com o Poder Público, normalmente, são deixadas em último
lugar, numa escala de prioridades dos devedores, pois sabem que este tipo de
dívida leva mais tempo para ser cobrada. Protestar pode ser o primeiro passo num
processo de moralização na cobrança de valores pelo Poder Público, mostrando à
maioria da população, que paga seus impostos, que medidas efetivas são tomadas
contra apenas a minoria inadimplente.
e) Justiça distributiva e condição menos gravosa ao devedor – como
visto, o protesto é um procedimento de cobrança de indubitável menor gravosidade

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ao devedor, na justa medida que não lhe tolhe os bens, tal como a execução fiscal; é
considerado, igualmente, um procedimento distanciado de qualquer abuso ou
coação, pois não atenta contra o contribuinte, mas, sim, é feito em prol da
sociedade, e de uma proclamada justiça distributiva.
f) Benefícios a toda comunidade - ao contrário do que se pode
inicialmente imaginar, a adoção do protesto de CDA não é uma medida “impopular”;
ao contrário, sua adoção traz inúmeros benefícios a toda sociedade: primeiramente,
retira da sociedade o encargo de arcar com os valores daqueles que não pagam
seus impostos em dia; em segundo lugar, evita a contumaz e epidêmica
inadimplência, que se propaga à medida que os devedores percebem que suas
dívidas não são cobradas; e, em terceiro lugar, mas não menos importante, é sabido
que o Estado e os Municípios têm altíssimos valores de créditos tributários a serem
recuperados. A adoção do protesto de CDA – feita com sucesso em alguns
Municípios paulistas, como o de Campinas e São Bernardo do Campo – aumenta a
efetiva arrecadação de impostos que resultaram em novos investimentos do Poder
Público, premiando o cidadão bom pagador, devolvendo-lhe o tributo pago,
prestando bons serviços à comunidade.
g) Desafogamento do Judiciário – o meio extrajudicial de cobrança da
dívida ativa certamente retira do Poder Judiciário inúmeras ações de execução,
propiciando, com isto, uma melhor prestação jurisdicional e preservando a garantia
constitucional do acesso à Justiça.
h) Eficiência do administrador público – considerando o alto volume de
créditos a serem recuperados, o moroso trâmite da execução judicial, e a premência
de o administrador público buscar os meios mais eficientes para atingir os resultados
almejados pela Administração, a cobrança extrajudicial da dívida ativa afigura-se
como uma possibilidade que cumpre os requisitos da eficiência no manejo dos
meios disponíveis para alcançar o interesse público, pelo menor custo, com o melhor
e mais ágil resultado.
i) Responsabilidade fiscal – a própria adoção de medidas eficazes e a
conduta eficiente do gestor público espantam as severas punições previstas na Lei
de Responsabilidade Fiscal, que estabeleceu como obrigação do administrador a
busca da efetiva arrecadação; ou seja, não basta o lançamento do tributo para se

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vislumbrar a probidade; devem ser, sim, adotadas medidas consistentes para que os
valores adentrem efetivamente aos cofres públicos – e, no que tange ao tema, o
protesto de CDA aparece como a solução que preenche as exigências de
responsabilidade fiscal, tal como propugnado pelo Tribunal de Contas do Estado de
São Paulo (LAMANAUSKAS, GUÉRCIO NETO, 2013, p. 153-5).
Enfim, o protesto é o meio legal existente, colocado à disposição dos
credores para busca da satisfação de relações obrigacionais e negócios jurídicos
não cumpridos, que gera resultados mais rápidos, com uma enorme vantagem frente
aos demais: integral gratuidade ao credor.

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REFERÊNCIAS

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Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos
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