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Ano 16 - n° 62 - Julho / Agosto / Setembro - 2019

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

MOTIVAÇÕES CRISTÃS
(Estudo em 1 e 2 Pedro)

Pr. Samuel Mury de Aquino


LIÇÕES
SUMÁRIO 12
LIÇÃO 1 – BENEFÍCIOS
EXTRAORDINÁRIOS PARA VENC
ER

LIÇÃO 2 – A GRANDIOSIDADE
16
02
52o CONGRESSO DA NOSSA SALVAÇÃO
ESTADUAL DA MCM
LIÇÃO 3 – O SEGREDO PARA
20 UMA VIDA SANTA

03
PALAVRA DO PRESIDENTE CAS DA NOVA VIDA
24 LIÇÃO 4 – AS
MAR
PR. ELILDES JUNIO
LIÇÃO 5 – A VIDA CRISTÃ E AS
28 AUTORIDADES

05 MISSÕES ESTADUAIS 32
LIÇÃO 6 – CHAMADOS PARA
FAZER DIFERENÇA

LIÇÃO 7 – ASPECTOS DO
36 SERVIÇO CRISTÃO

07 PRIMEIRAS PALAVRAS
PR. AMILTON VARGAS LIÇÃO 8 – A VIDA CRISTÃ
40 E O SOFRIMENTO

LIÇÃO 9 – O PADRÃO PARA UMA


44
09 CAPACITAÇÃO
LIDERANÇA APROVADA
PARA ESCOLA BÍBLICA
LIÇÃO 10 – CONHECIMENTO QUE
48 FORTALECE E PRODUZ FRUTOS

ÉO
LIÇÃO 11 – A PALAVRA DE DEUS

10 ESCOLA BÍBLICA DE FÉRIAS


VIRA CRIANÇA
52 ALICERCE PARA A FÉ CRISTÃ

TRA
LIÇÃO 12 –ADVERTÊNCIAS CON
OS FALSOS MESTRES
APRESENTAÇÃO
56
11 PR. SAMUEL MURY
DE AQUINO 60
LIÇÃO 13 – CRESCIMENTO ESPI
UM ALVO PERMANENTE
RITUAL:
PALAVRA DO PRESIDENTE
Querido(a) irmão(ã), é uma
honra chegar até você, como pre-
sidente da Convenção Batista Flu-
minense, através da revista Palavra
e Vida. Não há mérito em mim para
tamanho privilégio! Estou no exercí-
cio da função unicamente pela bon-
dade de Deus. A glória é dele!
Reconhecemos o trabalho rea-
lizado pelas diretorias anteriores,
bem como pelo nosso diretor exe-
cutivo e pela equipe de gestores e
colaboradores, pois chegamos até
aqui pela instrumentalidade de ser-
vos valiosos. Como diretoria atual,
temos consciência da grande res- A Convenção é a expressão da
ponsabilidade diante de nós e nos cooperação das igrejas batistas. E
comprometemos a fazer o melhor nós sabemos que as igrejas não
pela causa. são os templos, mas as pessoas.
Por essa razão, pedimos as ora- Igreja é gente, logo, a Convenção
ções de todo o povo batista flumi- somos nós. A Convenção somos eu
nense. Precisamos mais de oração e você cooperando no Reino.
do que de água para beber. A Bíblia ensina que “assim como
Temos uma linda história. Nos- em um corpo temos muitos mem-
sas doutrinas são bíblicas. Nossa bros, e todos os membros não têm
identidade denominacional é em- a mesma função, assim também
polgante. Somos o povo da perfeita nós, embora muitos, somos um
e inerrante Palavra de Deus. Somos só corpo em Cristo e, individual-
aqueles que creem piamente no po- mente, membros uns dos outros”
der do Senhor e que se dedicam à (Romanos 12.4-5).
oração, nutrindo um estilo de vida A beleza da cooperação é saber
devocional e testemunhal. que Deus nos capacita para dife-
São essas verdades que ca- rentes funções, visando o mesmo
racterizam a nossa Convenção, propósito. Temos a mesma missão.
que vai muito além de estruturas. Estamos aqui, como Convenção,

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para anunciar a mensagem da sal- lizar treinamentos. Se envolva com
vação em Jesus. essa causa! Vamos evangelizar as
Deus tem movido o coração da cidades fluminenses!
diretoria. Estamos empolgados e A solução é Jesus. Por isso,
queremos contagiar as igrejas, mo- como Convenção, contribuiremos
tivando-as, juntamente com seus para termos Igrejas cada vez mais
pastores, a avançarmos ainda mais. fortes. Igrejas doutrinárias e relacio-
Nós, batistas, temos uma marca namentos saudáveis, desenvolven-
incontestável: o ardor evangelístico. do os dons espirituais nos múltiplos
Somos uma denominação missio- ministérios, sensíveis à voz do Es-
nária. Temos sentido o direciona- pírito e obedientes no cumprimento
mento do Espírito Santo, levando da missão.
as Igrejas ao engajamento com a Deus está nos concedendo um
obra da expansão missionária. O abençoado ano convencional, que
alinhamento da Convenção Batis- culminará com o maior encontro
ta Brasileira com a visão de Igreja da família batista fluminense, a
Multiplicadora tem sido uma grande 112ª Assembleia da CBF, na cida-
bênção para o Brasil batista e não de de Campos, em julho de 2020.
será diferente no nosso campo. A Ele, portanto, sejam honra, gló-
Em 2020, a Convenção realiza- ria e louvor!
rá a Campanha de Evangelização
“Sim, Eu Creio!” e, desde já, Mis-
sões Estaduais está à disposição Elildes Junio Macharete Fonseca
das Igrejas e Associações para rea- Presidente da Convenção Batista Fluminense

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PRIMEIRAS PALAVRAS

SIM, EU CREIO!
Concebida por nossa liderança de
Missões Estaduais, a Campanha Esta-
dual de Evangelização tem como tema
a declaração de fé: SIM, EU CREIO!
Esse tema me lembra o texto do
evangelho em Marcos 9.14-24, regis-
tando a história de um pai que levou
seu filho à presença dos discípulos
para ser curado de uma enfermidade
espiritual, pois ele sofria pela ação de
um demônio que o humilhava intensa-
mente, tentava matá-lo jogando-o no
chão, no fogo e na água, tirava-lhe o
direito de falar, emudecendo-o. Quando
Jesus chegou ao lugar, viu uma discus-
são. Ao perguntar sobre o assunto que Esse texto é um grande desafio
motivava a discussão, “17  Um homem, para a minha e para sua vida, pois...
no meio da multidão, respondeu: SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO
Mestre, eu te trouxe o meu filho, que A COLOCAR A FÉ EM PRÁTICA –
está com um espírito que o impede Quando somos desafiados a colocar a
de falar. 18  Onde quer que o apanhe, fé em prática corremos o mesmo risco
joga-o no chão. Ele espuma pela dos discípulos: eles fracassaram mes-
boca, range os dentes e fica rígido. mo tendo recebido do Senhor o poder
Pedi aos teus discípulos que expul- para expulsar demônios. Para a decep-
sassem o espírito, mas eles não con- ção do pai, eles falharam. Da mesma
seguiram”. forma que a Igreja falha, os crentes
Jesus criticou a instabilidade na fé falham, os líderes falham, os diáconos
de seus discípulos e mandou trazer o falham e o pastor também falha, pois
menino que manifestou a possessão falta-nos o poder, o amor, a sabedoria e
demoníaca. Jesus perguntou ao pai so- a fé. Precisamos ter em nossas mentes
bre o tempo de sofrimento do menino, e corações a certeza de que a melhor
ao que o pai informou que era desde atitude é permanecer na presença do
a infância, pedindo que tivesse compai- Mestre, pois é imperioso colocar a fé
xão deles, ajudando-os. Respondendo- em ação.
-o Jesus disse: “Tudo é possível àque- SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO
le que crê.” 24 Imediatamente o pai do A PERSEVERAR, NÃO DESISTIR –
menino exclamou: “Creio, ajuda-me O pai daquele jovem não desistiu, pois
a vencer a minha incredulidade!” quando alguém como aquele pai, per-

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manece esperando em Jesus, colocan- torcer pelo time adversário, “virar a ca-
do a fé em prática, é vencedor, mesmo saca”). Hoje de um lado; amanhã de
diante da incredulidade dos outros! outro. A inconstância permanente tor-
Hoje, nós também fracassamos, na-se perversão, dissimulação. Quan-
mas à semelhança dos discípulos, pre- do, onde e em que fomos inconstantes?
cisamos refletir sobre a razão do fra- Uma resposta sincera que nos leve a
casso, onde e por que erramos? Assim confessar nossas faltas, talvez nos leve
ao reconhecimento de que não temos
seremos edificados e cresceremos em
mais intimidade com o Pai. Isso nos
poder, misericórdia, amor e graça. Pre-
impõe a obrigação de renunciar e viver
ciso ser sincero e perguntar a mim mes-
a constância na prática da fé. Não são
mo: onde estou falhando? Com quem
apenas palavras, mas vida!
tenho falhado? Por que tenho falhado?
Talvez com humildade preciso reconhe- Jesus está ensinado que fé é muito
cer que estou falhando em minha cami- mais do que proferir palavras de efeito
nhada espiritual. Quando temos a sin- emocional, como se fossem mágicas,
ceridade de reconhecer nossas falhas, tipo: o sangue de Jesus tem poder, tá
confessando-as, restauramos a possi- amarrado, vade retro. Sem a fé que me
bilidade de alcançar, pela fé, as vitórias leve a testemunhar de Jesus, minha
vida não terá sentido. Viver pela fé é
que o Senhor quer dar a cada um de
mais do que aprender doutrinas difíceis,
nós, porém é preciso que aprendamos
participar de cerimônias, ou ter hábitos
essa preciosa lição.
religiosos e certos costumes.
SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO
Dizer SIM, EU CREIO! é estar
A RECONHECER A RAZÃO DE
disposto a ser um com o Pai através de
NOSSAS FALHAS – Reconhecemos Jesus Cristo. A relevância do ensino no
que falhamos com você que não é cren- texto citado no início não está no tama-
te, ao sonegar-lhe a oportunidade de nho da fé, mas sim no poder sobrenatu-
conhecer a Jesus como Salvador, Se- ral da fé: “Tudo é possível ao que crê”
nhor e Mestre. Falhamos com você que (Mc 9.23).
é membro afastado, espiritualmente en-
Dizer SIM, EU CREIO! É Descansar
fermo, magoado por causa dos discípu-
em Deus, confiar totalmente em Cris-
los que não têm fé e que estão desco-
to, crer integralmente no Seu infinito
nectados, embora na Igreja. Ao refletir
poder... Então faça como aquele pai:
sobre o porquê faltou a fé, encontramos
diga SIM, EU CREIO! AJUDA-ME NA
a origem de nossas falhas (inconstân-
MINHA INCREDULIDADE (falta de fé).
cia e incredulidade), como disse Jesus
no texto correlato, em Mateus 17.17: Restaure aquilo que está quebrado,
“Ó geração incrédula e perversa! até busque intimidade com o Senhor, dei-
quando estarei eu convosco, e até xando-o encher a sua vida com amor e
quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.” graça, que vem pela fé no Cristo Vivo.
Nesse texto Jesus usa a palavra
grega διιστραμίνη (diestrammine) que Pr. Amilton Vargas
se traduz por “perversa, má”, derivado Diretor Executivo da Convenção Batista
Fluminense e Pastor Interino da
de Strefw (dar a volta, mudar de lado,
PIB Universitária do Brasil

8
APRESENTAÇÃO
Estudaremos neste trimestre sobre Somos motivados pelos temas prin-
motivações cristãs, a partir das cartas cipais das cartas, como a salvação e a
do apóstolo Pedro. Pois diante da per- nova vida, a submissão, o sofrimento,
seguição e sofrimento que os cristãos a perseguição, o relacionamento como
estavam passando, era necessário aju- cristãos e Igreja, o crescimento e a ma-
dá-los e encorajá-los, fortalecendo-os turidade espiritual, o desenvolvimento
para que pudessem continuar firmes na fé, o combate aos falsos mestres e
como seguidores de Jesus Cristo. a triunfante volta de Cristo. A primeira
São cartas com muitas orienta- carta tem sua ênfase no fortalecimento
ções práticas para a vida cristã, e po- da fé para enfrentar a perseguição e o
demos afirmar que sua mensagem é sofrimento. E a segunda, no conheci-
extremamente atual. Como Igreja cristã mento para enfrentar os falsos mestres
temos muitos desafios e, neste trimes- e os ensinos heréticos que vêm grande
tre, receberemos ensinamentos pro-
poder de destruição para a Igreja.
fundos para nos auxiliarem em nossa
caminhada de fé, com fundamentação Que o Senhor nos fortaleça através
bíblico-teológico e alicerçado em ensi- da Sua poderosa Palavra e seja um
nos recebidos pelo apóstolo diretamente tempo de desenvolvimento e cresci-
do Senhor Jesus. mento espiritual!

QUEM ESCREVEU
Pastor Samuel Mury de Aquino,
pastor Batista há 22 anos, dos quais
quase 20 destes na Terceira Igreja Ba-
tista em São Fidélis. Formado em Teo-
logia pelo Seminário Teológico Batista
do Sul do Brasil, com convalidação pela
Faculdade Unida de Vitória, formado
em Psicologia pela Universidade Está-
cio de Sá e Pós-Graduado em Gestão
de Pessoas e Liderança Avançada pelo da JUNED (Junta de Educação da CBF),
Instituto Haggai. hoje JUNEDAS; atualmente é membro
Na denominação, foi presidente da do Conselho Deliberativo da CBF.
ABACENF (Associação Centro Flumi- Casado com a Profª Carla Verônica
nense); presidente da OPPBB - Sub-se- Romão Neto Mury de Aquino e pai do
ção Centro Fluminense; presidente da João Vitor, Júlia e Juliane, todos servos
OPBBFL por dois mandatos; presidente do Rei Jesus.

11
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 1
Texto Básico: 1Pedro 1.1,2

BENEFÍCIOS EXTRAORDINÁRIOS
PARA VENCER

O apóstolo Pedro escreve para A carta foi escrita provavelmente


os cristãos que estavam disper- entre os anos 62 a 67 d.C., sendo
sos, ou seja, todos que habitavam limitada pelo fato da morte do após-
fora da Palestina e, por conse- tolo Pedro, neste período. A respeito
quência, todo cristão que habita- da autoria, existem controvérsias e
va em meio aos gentios, sendo o objeções sobre ter sido realmente
local que hoje conhecemos como escrita por Pedro. Mas é possível
Turquia, com o objetivo de pre- refutá-las fundamentado nos se-
pará-los para o enfrentamento guintes fatos: declaração em 1 Pe-
de dias difíceis, de perseguição e dro 5.1, que era uma “testemunha
duras provações. A menção aos das aflições de Cristo”; a partir da
locais, como sendo as províncias origem e localização da moradia de
da Ásia Menor, nos revela a forma- Pedro; crescimento a partir de um
ção de um círculo e a carta como conhecimento inicial no grego koinê
uma circular deveria alcançar todo e um aprofundamento nos estudos;
o povo de Deus naquelas regiões, influência de Silvano, um homem
provavelmente em lugares onde culto que facilmente poderia ter in-
Paulo não havia atuado. fluenciado a vida de Pedro e revi-

12
sado o texto original com uma mar- vezes tiveram que viver desta ma-
ca expressiva de um grego culto no neira literalmente, desde o chamado
estilo e linguagem; reconhecimento de Abraão para fazer parte do povo
da tradição de escritores do segundo eleito de Deus e residir em Canaã.
século; utilização da carta sem obje- Assim, ele habitou em tendas e cla-
ções à autoria do apóstolo Pedro e à ramente foi revelado pelo escritor aos
ação e capacitação do Espírito Santo Hebreus, a sua real condição: “Pela fé
para a escrita da carta. peregrinou na terra prometida como
A carta tem profundidade teológi- se estivesse em terra estranha; viveu
ca, doutrinária e revela ensinamentos em tendas, bem como Isaque e Jacó,
práticos para o povo enfrentar todo co-herdeiros da mesma promessa.
tipo de adversidades e receber o Pois ele esperava a cidade que tem
encorajamento e fortalecimento ne- alicerces, cujo arquiteto e edificador
cessários para alcançar a vitória em é Deus”. (Hb 11.9,10)
meio a uma sociedade não cristã. O O tempo que o povo viveu no
apóstolo Pedro estava preparando o Egito como escravos também nos
povo de Deus para uma situação que mostra que eram forasteiros naquela
viria de sofrimentos e perseguições terra, bem como o tempo de pere-
muito mais severas do que estavam grinação no deserto revela uma vez
experimentando e que teriam a opor- mais a condição do povo de Deus
tunidade de demonstrar que de fato como estrangeiros e peregrinos nes-
eram leais a Cristo, independente do ta terra. É interessante notar que em
sofrimento e de toda provação. nenhum momento o povo de Deus,
O que era importante para os cris- vivendo como forasteiros, ficaram de-
tãos dispersos daquela época para samparados. Apesar das limitações
serem fortalecidos e encorajados a impostas tanto no Egito como no
suportarem a perseguição, assim deserto, o povo desfrutou de um cui-
como para os nossos dias? Como dado todo especial de Deus, sendo
compreender a dimensão da cida- sempre supridas as suas necessida-
dania celeste na terra? Quais os re- des. Viver na presença e na vontade
cursos que estavam disponíveis para de Deus em qualquer lugar significa
o enfrentamento dos dias difíceis? que desfrutaremos das suas maravi-
Quais os benefícios que poderiam lhosas bênçãos e, consequentemen-
auxiliar um cristão em meio às perdas te, teremos sempre o melhor para as
e ao sofrimento? nossas vidas.
O Novo Testamento apresenta o
1 – FORASTEIROS NESTE MUNDO conceito de forasteiros de duas ma-
neiras distintas: o homem forasteiro
O conceito de forasteiro é conhe- para com Deus e o homem forastei-
cido pelo povo de Deus desde o An- ro para com o mundo. Em Efésios
tigo Testamento, quando por diversas 2.11,12, o apóstolo Paulo fala da con-

13
dição espiritual do homem sem Deus A dispersão provocada pela per-
e o chama de estrangeiro, não perten- seguição (At 8.1-4), conduz a Igreja
cendo ao povo de Deus, numa condi- à uma ação missionária e evange-
ção tenebrosa e assustadoramente lística por toda a parte e pela con-
separado de Deus. Mas em Cristo, o sequente salvação de muitas vidas.
homem tem sua condição modificada Talvez a acomodação atual exija
e assim passa a fazer parte da famí- uma perseguição.
lia de Deus e não mais é forasteiro Pedro se dirige “aos dispersos no
no sentido espiritual, mas passa a Ponto, na Galácia, na Capadócia, na
ser um forasteiro para este mundo província da Ásia e na Bitínia”, en-
(Ef 2.19-21). Estão no mundo, mas corajando-os a viverem plenamen-
não pertencem ao mundo (Jo 17). te a vida cristã e aproveitando para
Pedro enfatiza em sua mensagem demonstrar no testemunho de uma
que seus leitores eram forasteiros vida prática a qualidade da vida com
neste mundo e que por mais que so- o Senhor. Existe um propósito no fato
fressem em diversos aspectos seria de vocês estarem dispersos nas di-
algo passageiro e temporário. Aqui versas regiões e misturados com os
somos apenas hóspedes na terra, gentios, pois vocês são diferentes
pois a nossa “pátria está nos céus”. por pertencerem a Cristo. A Igreja de
Cristo está espalhada no ambiente
2 – DISPERSOS POR UM social para testemunhar.
PROPÓSITO
3 – EXCLUSIVIDADE DOS
A dispersão do povo de Deus sem- CRISTÃOS
pre teve um propósito especial a ser
atingido, seja na disciplina, seja no Na saudação de sua primeira car-
testemunho para outros povos, seja ta, Pedro apresenta alguns detalhes
no ensino. O certo é que Deus se uti- que fazem parte da vida de um cris-
lizou desse expediente para conduzir tão autêntico. Seus destinatários de-
o seu povo ao Egito e por lá foram es- veriam entender que eram privilegia-
cravizados por mais de 400 anos até dos e com alegria deveriam cumprir a
saírem em direção à Terra Prometida, parte que lhes cabia como testemu-
servindo de grande testemunho para nhas de Cristo.
outros povos sobre o Deus de Israel. ERAM ELEITOS EM DEUS PAI
O reino de Israel sendo espalhado – A eleição era um conceito comum
pelas terras e depois o reino de Judá para os cristãos do primeiro século.
sendo levado à Babilônia como cati- Diferentemente das questões que
vos, visando uma ação disciplinar e envolvem intermináveis discussões
corretiva pelo envolvimento com ou- ao longo do tempo, para os primeiros
tros deuses, mostra novamente uma leitores era algo muito natural a com-
dispersão disciplinar. preensão de que os salvos eram elei-
tos desde a fundação do mundo, pois

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não se trata de um desvio de plano e o sangue de Jesus em nossas vidas.
rota, mas um plano estabelecido pelo Que benefício extraordinário!
Senhor desde a eternidade e concre-
tizado no tempo pela proclamação do CONCLUSÃO
evangelho. A certeza de serem eleitos Em meio às lutas e perseguições
segundo a presciência de Deus Pai que o povo de Deus tem que enfren-
deveria ser o recurso para enfrentar tar, Deus sempre enviou os recursos
todo tipo de dificuldade e perseguição, necessários para que todos alcan-
prosseguindo firme e leal ao Senhor. cem grandes vitórias. Embora muitas
ERAM SANTIFICADOS NO ES- vezes o contexto aponte para o de-
PÍRITO – Não há salvo que viva in- sespero, preocupações, desânimo e
dependente de sua vida cristã, pois enfraquecimento na fé, Deus sempre
há uma implicação direta na vida envia uma mensagem de esperança.
de um cristão e a demonstração de
um comportamento ético e moral na PARA PENSAR E AGIR:
prática da justiça e na expectativa de
agradar a Deus, e isso só é possível 1º - Pedro escreveu aos cristãos
pela presença exclusiva, maravilhosa peregrinos em determinados lugares.
e extraordinária do Espírito Santo. Como você entende a sua peregrina-
ção neste mundo?
ERAM CHAMADOS PARA A
OBEDIÊNCIA – A eleição e a san- 2º - O povo de Deus disperso tem
tificação estavam diretamente liga- um propósito a cumprir, sendo que
geralmente a dispersão ocorre em
das ao relacionamento que deveria
ambiente hostil. O que leva um cris-
ser desenvolvido pelos cristãos de
tão a cumprir o propósito de Deus em
obediência irrestrita aos ensinos e
tais condições?
mandamentos de Jesus, suportando
com determinação e perseverança as 3º - Todo cristão desfruta de ma-
perseguições em busca de uma tão neira exclusiva de benefícios ex-
grande vitória. traordinários para alcançar a vitória
– “graça e paz abundantes”, através
ERAM LAVADOS E REMIDOS do Senhor Jesus.
PELO SANGUE DE JESUS – O con-
ceito do sacrifício do Antigo Testa-
mento está na mente de Pedro de- Segunda: 1Pedro 1.1-9
monstrando por semelhança o que
Terça: Hebreus 11.8-16
acontecia com o sangue dos animais
que eram oferecidos para o perdão Quarta: Efésios 2.11-22
Leitura Diária

dos pecados do povo de Israel. Agora Quinta: Atos 8.1-13


o pecador que recebe a Cristo como Sexta: Efésios 1.1-14
salvador recebe a purificação comple- Sábado: Colossenses 2.9-15
ta dos seus pecados pelo sangue de
Domingo: 1João 1.5-2.2
Jesus. Nada e ninguém pode substituir

15
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 2
Textos Básicos: 1Pedro 1.3-12

A GRANDIOSIDADE
DA NOSSA SALVAÇÃO

Diante do quadro de perseguição Diante dos sofrimentos e das


e sofrimento que o povo estava en- perseguições, muitos se amargu-
frentando, e a tendência era piorar, ram e se revoltam contra Deus, por
o apóstolo Pedro envia uma carta um erro de interpretação bíblica ou
para conforto e fortalecimento da fé por maldade de algum líder no ensi-
a partir da experiência pessoal de no de um evangelho falso, herético
cada um com o Senhor. Depois de e antibíblico que, com uma teolo-
uma saudação enfática sobre bene- gia focada e voltada para o aqui e
fícios desfrutados pelos cristãos, o agora, e completamente descarac-
autor passa a contrapor o sofrimen- terizada dos ensinos de Jesus e do
to com os benefícios da salvação; e
Novo Testamento, diminuem o sacri-
as dificuldades e perseguições com
fício de Jesus e a grandiosidade da
a segurança e satisfação profundas
nossa salvação.
em Cristo no céu. O dualismo está
presente na carta apontando para a É preciso considerar todos os
difícil realidade vivida no presente e a benefícios que os cristãos desfru-
esperança da glória eterna nos céus tam a partir de sua experiência com
com alegria, segurança e satisfação. Cristo e a presença constante de

16
bênçãos que recebemos através da tes que esta mudança inquieta e in-
salvação em Cristo. Vejamos: comoda os não cristãos, que no caso
podem ser o cônjugue, parentes, ami-
1 – A SALVAÇÃO NOS PROPORCIONA gos, patrão, empregado, enfim, todo
UMA NOVA VIDA aquele que não tem uma experiência
pessoal com o Senhor Jesus. A res-
Um dos conceitos presentes na surreição de Jesus é a garantia da
salvação é a regeneração, ou seja, nossa regeneração!
o ser gerado de novo, o novo nas-
cimento exigido pelo Senhor Jesus. 2 – A SALVAÇÃO NOS GARANTE
Este é um tema importante para o
apóstolo Pedro, uma vez que os seus UMA HERANÇA
leitores estavam sendo atacados e Diante de perdas e sofrimento dos
perseguidos, tendo que habitar em cristãos, Pedro os encoraja e os for-
lugares isolados e vivendo como refu- talece apontando para os benefícios
giados e forasteiros. Assim, o ensino que eles haviam recebido pela salva-
tinha como intenção mostrar-lhes que ção e também revelando a promessa
a nova vida é um presente de Deus, de Cristo aos seus de uma herança
que muda a essência e consequen- eterna nos céus. Em contraste com
temente, transforma completamente as perdas em vários aspectos, eles
a realidade espiritual. Jesus instruiu tinham motivos suficientes para uma
Nicodemos sobre a necessidade de tranquilidade interior pautado na pro-
nascer de novo (Jo 3.1ss). A mensa- messa de uma herança de qualida-
gem do evangelho é uma mensagem de infinitamente superior a todas as
que proclama a nova vida em Cristo. conquistas alcançadas nesta terra.
Para Louis Berkof, regeneração é O convite era para tirar os olhos dos
“o ato de Deus pelo qual o princípio problemas e dificuldades enfrentadas
da nova vida é implantado no ho- na terra e olhar com alegria para os
mem, e a disposição dominante da benefícios prometidos nos céus; dei-
alma é tornada santa, e o primeiro xar o transitório pelo permanente.
exercício santo desta nova disposi- A carta oferece o valor da herança
ção é assegurado”1. para os cristãos em três aspectos:
O que se percebe é uma mudan- INCORRUPTÍVEL – (aftharton,
ça ocasionada pela ação do Espírito em grego) significa o que não é pe-
Santo na vida produzindo o resultado recível, passível de morte. Jesus de-
espiritual, mudança que atinge o ser clarou que uma herança em termos
como um todo, no que diz respeito às terrenos pode ser alvo de traça e
emoções, à vontade e ao intelecto. A ferrugem, e de ser roubada por la-
qualidade de vida do cristão é com- drões (Mt 6.19-21), mas a herança
pletamente antagônica aos costumes celestial do cristão nunca poderá so-
vividos na sociedade pagã e Pedro frer qualquer tipo de dano ou ação
sinaliza para os seus leitores/ouvin- de corrupção.
1 - BERKHOF, L. Teologia Sistemática. Luz para o Caminho Publicações, Campinas SP, 1990, pág. 471

17
INCONTAMINÁVEL – (amiantos, paração com o ouro refinado pelo
em grego) refere-se ao que é puro, fogo, e que recebe uma aprovação ao
que não pode ser contaminado, sem fim do teste. Assim também, a fé dos
mácula ou qualquer mancha. Uma cristãos depois de testada é compro-
herança terrena pode sofrer conta- vada ser uma fé genuína, autêntica,
minação, pode ser de origem ilícita, produzindo ao contrário de revolta
pode provocar contendas e divisões e decepção, uma ação profunda de
no âmbito familiar, enfim, pode ser louvor, honra e glória a Jesus Cristo
uma herança suja. Mas a herança do quando do seu retorno. Uma manifes-
povo de Deus é livre de contaminação tação de exaltação a Cristo em sua
e jamais poderá ser alcançada pelos volta triunfal.
poderes do mal. Em vez de derrota e fracasso nas
IMARCESCÍVEL – (amarantos, provações, em vez de tristeza perma-
em grego) com o significado de não nente e desânimo, o cristão se apre-
murchar ou perder o seu valor, em senta diante do seu Senhor com de-
contraste com as lindas flores que monstrações mais profundas do seu
murcham e caem, nossa herança per- amor e da sua alegria incomparável,
manece, é indestrutível por sua natu- produzidas pela salvação.
reza, e jamais sofrerá algum dano ou As provações servem para mos-
estrago. Que herança maravilhosa trar o quanto nós confiamos em Cris-
nós temos assegurada nos céus! to, como a nossa fé está fundamenta-
O apóstolo Pedro faz questão de da na experiência da salvação e não
registrar que a nossa herança está em fantasias e equívocos de uma fal-
guardada nos céus e que um dia sa religiosidade ou erro de interpre-
certamente haveremos de recebê-la tação bíblica. Assim, a essência da
das mãos do nosso Senhor. A nossa nossa fé é provada e aprovada diante
herança está guardada pelo próprio das perseguições que se apresentam
Deus. de diversas maneiras com requintes
Um dos nossos hinos diz de for- de crueldade. Temos um exemplo
ma belíssima: “No poder de Cristo, em 1Pedro 4.12: “Amados, não es-
o Mestre; minha vida, salva está! Do tranheis o fogo ardente que surge no
perigo que cercá-la, Ele poderá livrá- meio de vós, destinado a provar-vos,
-la; seu poder eterno sempre a suste- como se alguma coisa extraordinária
rá” 2. Você está seguro em Cristo! vos estivesse acontecendo”. Sofri-
mento para o cristão não é novidade,
3 – A SALVAÇÃO NOS SUSTENTA pois Cristo já havia ensinado a res-
peito, com o propósito de prepará-los
NAS PROVAÇÕES para os dias futuros.
A nossa fé é testada através das O apóstolo Pedro diz que era pos-
provações e dificuldades, ao que o sível viver alegre como resultado da
apóstolo Pedro apresenta uma com- salvação, mas por um breve tempo
2 - SOUZA, Manuel Avelino - (1886-1962). Hino 324 - REFÚGIO VERDADEIRO - Cantor Cristão

18
seriam atingidos por algumas prova-
ções, sendo que é possível inferir do CONCLUSÃO
texto o aspecto temporário de qual- A salvação não apenas tira o ho-
quer sofrimento e dor. Com uma visão mem do inferno e da condenação
bíblica e correta, todo cristão pode
eterna, mas oferece inúmeros bene-
desfrutar de paz interior em meio a
fícios que são desfrutados desde já
todo tipo de perseguição. Jesus nos
ensinou: “Tenho-vos dito isto, para e continuam por toda a eternidade.
que em mim tenhais paz; no mundo Desfrutamos do relacionamento com
tereis aflições, tende bom ânimo, eu Deus e com os nossos irmãos, rece-
venci o mundo” (Jo 16.33). bemos o cuidado amoroso de Deus
em todas as circunstâncias e vivemos
4 – A SALVAÇÃO NOS REVELA pautados em uma viva esperança da
A SUA GRANDEZA glória eterna com uma herança ma-
ravilhosa.
Na revelação bíblica tem uma li-
nha de pensamento que perpassa PARA PENSAR E AGIR:
todo o Antigo Testamento que fala da
salvação da humanidade. Os profetas 1º - Você já percebeu que algumas
indagaram sobre esta tão grande sal- pessoas recebem uma herança e,
vação, houve um exame cuidadoso passado algum tempo, ficam sem
para conferir as promessas sobre a nada? Perdem tudo o que ganha-
vinda do Messias e a consequente ram? Ainda bem que nossa herança
salvação. Os apóstolos anunciaram a é indestrutível, incomparável, incor-
salvação por todos os lugares, o que ruptível, enfim, uma herança eterna
podemos perceber como ênfase da nos céus!
carta, assim como da pregação de
2º - A salvação não é resultado de
Pedro em Atos 2; 4 e 10, apontando
que não há salvação a não ser em boas ações ou boas obras, não é pelo
Cristo (At 4.12). O texto de 1Pedro nosso merecimento, mas é a mani-
1.12 diz que a grandeza da salvação festação da graça de Deus median-
são “coisas que até os anjos anseiam te a nossa fé depositada em Cristo.
observar”, numa demonstração de Como você valoriza a sua salvação?
algo maravilhoso que foi concedido
aos homens e era necessário retratar
em oposição às situações vividas de Segunda: 1Pedro 1.3-12
sofrimento e perseguições. Terça: Atos 2.14-41
Quando lemos os textos paralelos Quarta: Jeremias 31.1-28
de Efésios 2 e Colossenses 1, perce-
Leitura Diária

bemos a grandeza da nossa salvação Quinta: Atos 4.1-13


pela ação poderosa e extraordinária Sexta: João 3.1-21
de Deus, trazendo libertação e reden- Sábado: Hebreus 12.1-11
ção a todos os homens na pessoa do
Domingo: Tiago 1.1-15
Seu Filho Jesus Cristo.

19
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 3
Texto Básico: 1Pedro 1.13-16

O SEGREDO PARA
UMA VIDA SANTA

Por que há um distanciamento Responder a essas perguntas


entre a teologia e a prática, entre pode nos ajudar, neste tempo tão
doutrina e vivência? Como desen- complexo para a vida cristã, a al-
volver uma vida santificada em um cançarmos um padrão elevado e es-
mundo completamente dominado perado para um seguidor de Cristo
pelo pecado e contrário aos valores e, consequentemente, atingir a ex-
estabelecidos na Palavra de Deus? pectativa de Deus para nós. Destas
O que estava impedindo ou dificul- e outras perguntas podemos extrair
tando os primeiros leitores, para que o segredo para uma vida santa e
Pedro os chamasse para uma vida agradável a Deus. Vejamos:
de santidade? Quais eram as ques-
tões envolvidas que seriam capazes 1 – A SANTIDADE E AS ATITUDES
de influenciá-los para uma derrota e RESULTANTES DE ESCOLHAS
retorno às práticas antigas, antes da (1Pe 1.13)
conversão? Atualmente, o que leva
os cristãos a terem uma vida dúbia 1.1 – A importância de “CIN-
em que exaltam o pertencimento a GIR OS LOMBOS DO VOSSO EN-
uma determinada Igreja, mas trata TENDIMENTO” - Traduzido na NVI
com desprezo e negligência o seu como “estejam com a mente pre-
testemunho e compromisso com o parada, prontos para agir”, assim,
evangelho? o contexto nos ensina que era co-

20
mum um homem levantar a sua ves- centes, perde o seu controle e, como
timenta longa até a cintura e ficar em consequência, comete muitos erros e
condições de desenvolver uma ação equívocos. Diante da ordem da Pala-
rapidamente, seja andar, correr ou vra de Deus podemos concluir que ser
entrar numa batalha, e de igual forma sóbrio é uma escolha da nossa parte.
a mente vigilante. 1.3 - A Importância de ESPE-
O cristão precisa estar atento RAR NA GRAÇA – Somos confron-
àquilo que ocupa o seu pensamen- tados com a realidade de abandonar
to e, de alguma forma, o seduz para nossas capacidades e conceitos de
produzir um resultado negativo na que conseguimos vencer por nós
vida, agindo para uma realidade de mesmos, e compreendemos a neces-
erro e desobediência. John Stott, afir- sidade de viver na dependência com-
ma que “o uso responsável da nossa pleta e total da graça, pois pela gra-
mente enriquece a nossa vida cristã”1. ça somos salvos, pela graça somos
O apóstolo Paulo escreve em Filipen- santificados, pela graça vencemos e
ses 4.7,8: “E a paz de Deus, que ex- prosseguimos, pela graça superamos
cede todo o entendimento, guardará as adversidades e provações. Todo
os seus corações e as suas mentes cristão é convidado a esperar inteira-
em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, mente na graça e atingir o estado per-
tudo o que for verdadeiro, tudo o que feito prometido pelo Senhor Jesus.
for nobre, tudo o que for correto, tudo
o que for puro, tudo o que for amá- 2 – A SANTIDADE E AS ATITUDES
vel, tudo o que for de boa fama, se
houver algo de excelente ou digno de
RESULTANTES DA OBEDIÊNCIA
(1Pe 1.14)
louvor, pensem nessas coisas”. Em
Colossenses 3.1,2, o convite era para No passado, antes da conversão,
pensar nas coisas que são de cima eles tinham um comportamento que
e ocupar a mente com as coisas do era regido pela ignorância e sepa-
alto. Em 1Coríntios 2.16, ele diz que ração da vida com Deus. Paulo, em
temos “a mente de Cristo”. A mente é Efésios 2, declara que os homens
uma parte importante no processo de sem Cristo são “filhos da ira e filhos
uma vida santa e podemos escolher da desobediência”, algemados por
o que deve ocupá-la. Satanás e inclinados a viver para
1.2 - A importância da SO- agradar a carne e os pensamentos,
BRIEDADE – “Sejam sóbrios”, foi portanto, incapazes de viver para
a exortação de Pedro no sentido de obedecer a Palavra de Deus e os
manterem-se no equilíbrio, atentos, seus mandamentos.
vigilantes. Como exemplo, podemos 1.1 - A obediência marca um
citar uma pessoa que utiliza algum novo estilo de vida – Transformados
tipo de bebida alcoólica ou entorpe- em novas criaturas, agora os cristãos
1 - STOTT, J. Ouça o Espírito Ouça o Mundo, ABU Editora, São Paulo SP, 1997, pág. 129

21
têm uma nova maneira de pensar, tudo que fizessem. Temos vivido um
de viver e agir. Pedro diz: “não vos novo procedimento em nossa vida?
amoldeis às paixões que tínheis an-
teriormente”, chamando o povo para 3 – A SANTIDADE E AS
manter o seu novo estilo de vida, e ATITUDES RESULTANTES DO
não fraquejar diante das dificuldades, RELACIONAMENTO
mas de forma absoluta obedecer a
Palavra de Deus. É uma advertência Fazer parte do povo de Deus
para não imitar o padrão do mundo requer algumas condições bem es-
e rejeitar qualquer tentativa de uma pecíficas e uma delas é que para
imposição ao modelo mundano de relacionar-se com Ele a exigência
vida. A palavra “paixões”, aqui, indica é de uma vida santa. “Está escrito”
anelos distorcidos e pervertidos, de- nos revela um detalhe importante na
sejos sexuais impuros. O nosso estilo aceitação das Escrituras do AT como
de vida marca a nossa obediência a sendo inspirada, assim como outros
Cristo ou não. apóstolos e escritores do NT fize-
1.2 - A obediência marca um ram uso dos textos, validando a sua
novo procedimento – “Do grego inspiração e aplicação à nossa vida.
anastrophe, que significa conduta, Tanto no AT quanto no NT, o que se
comportamento, modo de vida, esse pode concluir é que o povo de Deus
termo é usado comumente para de- deve demonstrar na sociedade que
signar a forma anterior de vida” 2. Das vive a realidade desse Deus santo.
treze vezes que esta palavra apare- O comentarista R. N. Champlin, diz:
ce no NT, oito delas são nas cartas “Os santos são exortados a ocupa-
de Pedro, indicando a importância do rem um lugar singular na história,
procedimento do cristão. evidenciando o fato de que há um
Deus santo que impõe condições à
Todo aquele que ainda não foi
alcançado pela salvação vive preso vida humana, e que pode, se for obe-
nas amarras do pecado e do poder decido, elevar infinitamente o nível
das trevas e, como consequência, da vida humana. O evangelho é a
vive para a prática do pecado e toda mensagem de como Deus pode fa-
influência do mal que resulta em uma zer isso, e de como o fará”3.
vida de desobediência. Os cristãos Para relacionar-se com Deus,
foram advertidos por Pedro para que o convite para o povo de Israel era
demonstrassem um novo procedi- de santificação, no entanto o povo
mento, uma nova maneira de viver e, de Deus não a buscava verdadei-
pela obediência, viver a santidade em ramente, apenas usava os rituais,
2 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6,
1995, pág. 104
3 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6,
1995, pág. 105

22
cerimônias e seguia a letra da Lei, na essência da alma para um novo
num falso processo de santificar-se. procedimento de vida, de conduta
Sabemos que essa concepção era e comportamento, abrimos mão e
falha, e que era insuficiente no pro- renunciamos aos apelos ilusórios e
cesso de purificação e de uma vida temporários de uma vida de satisfa-
santa. A nova vida em Cristo ofere- ção para este mundo e vivemos ple-
ce ao homem a oportunidade de re- namente em abundância a nova vida
lacionar-se intimamente com Deus em Cristo, separados para um rela-
pelo processo que compõe toda a cionamento santo com o Deus santo.
salvação e santificação (conversão,
justificação, redenção, regeneração, PARA PENSAR E AGIR:
filiação, santificação), em que somos
1º - Por que é tão discrepante na
reconciliados com Deus através de
vida de alguns cristãos modernos as
Cristo. Assim, o sangue de Cristo e a
verdades espirituais e a vida prática?
obra do Espírito Santo nos concede
o privilégio do relacionamento. 2º - O conhecimento da Palavra
de Deus oferece ao cristão recursos
Portanto, ser santo é uma ordem
para moldar-se a uma vida agradável
a ser aplicada na vida de todo cristão,
a Deus pela conduta e comportamen-
tanto no padrão de comportamento
to na demonstração do Fruto do Es-
e conduta, quanto na identificação e
pírito.
aproximação do Deus santo. “O alvo
da santidade na vida cristã deve mo- 3º - Relacionar-se com Deus é um
ver todo cristão a viver de maneira grande privilégio! É o resultado das
diferenciada” (Itamir N. S.). O nosso nossas escolhas e da nossa obediên-
Deus é Deus perfeitamente santo, cia, aceitando as suas exigências e
por isso devemos ansiar pela busca aplicando-as em nossa vida. Tenho
de uma vida de santidade e perfeição. como alvo em minha vida a busca da
santidade?
CONCLUSÃO
Pertencemos a Deus através dos
méritos de Jesus Cristo, mediante a
fé para compor os membros da famí- Segunda: 1Pedro 1.13-16
lia de Deus, fazer parte da sua Igreja Terça: Levítico 11.44-47
e do seu Reino. Chamados das trevas Quarta: Colossenses 3.1-17
para a luz; da morte para a vida; da
Leitura Diária

Quinta: Romanos 13.11-14


perdição para a salvação; do pecado Sexta: Efésios 5.1-20
para a santidade.
Sábado: Hebreus 13.20,21
Embora no mundo, não pertence- Domingo: João 17.8-19
mos a ele. Uma vez transformados

23
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 4
Texto Básico: 1Pedro 1.22-25; 2.1-12

AS MARCAS DA NOVA VIDA

A nova vida traz algumas marcas oferecidos como recursos que são
que são demonstradas pelas ações fundamentais para todos os cristãos
e decisões na vida diária, contra- de todos os tempos e culturas.
pondo um estilo de vida anterior Vejamos as características da
marcado por aspectos negativos. nova vida:
O apóstolo Pedro apresenta algu-
mas figuras ilustrativas a respeito 1 – A NOVA VIDA SE FUNDAMENTA
dessa nova natureza que são muito
NO SACRIFÍCIO DE CRISTO
profundas e cheias de significados, (1Pe 1.17-21)
exemplos comparativos com símbo-
los conhecidos por seus ouvintes. A nova vida não estava pautada
As orientações foram dadas para em coisas temporárias e passagei-
pessoas que necessitavam de forta- ras, nem mesmo herdadas dos pais,
lecimento na fé e de ensinamentos ou de qualquer outro aspecto, mas
que os ajudassem a caminhar com Pedro faz questão de mostrar o va-
base sólida em meio aos perigos e lor da nova vida e a necessidade de
ciladas do caminho, além das prova- que cada cristão reconheça a sua
ções e dificuldades experimentadas. real importância.
A partir da regeneração que experi- Alguns aspectos da nova vida:
mentaram e da mudança na essên- 1.1 O preço do resgate – Pedro
cia da alma, agora havia uma ne- se utiliza de uma figura conhecida
cessidade de prosseguir nos ajustes por todos: o resgate dos escravos.
da nova vida através dos elementos Com o termo que eles estavam fa-

24
miliarizados, uma vez que existia a Portanto, valorize a nova vida e
forma de um escravo se tornar livre, se paute pelo sacrifício de Cristo na
assim os exorta que por mais impor- cruz; procure uma vida diária cons-
tância que os homens dão ao ouro e ciente e completamente devotada a
à prata, são insignificantes no que diz Cristo, como manifestação de adora-
respeito à salvação e à vida eterna. ção e gratidão.
Não há dinheiro que pague o resgate
da alma humana. 2 – A NOVA VIDA SE DESENVOLVE
1.2 O precioso sangue de Cris- NA MANIFESTAÇÃO DO AMOR
to – Não foi com coisas corruptíveis (1Pe 1.22-25)
e contamináveis que alcançamos o
benefício da nova vida, mas Pedro O amor é resultado de uma vida
aponta para a cruz de Cristo, o Cor- transformada e purificada por Jesus
deiro, à semelhança da Páscoa, sem para habitação do Espírito Santo de
mancha e sem mácula, que foi en- Deus, bem como, pela obediência
tregue como oferta substitutiva para aos mandamentos do Senhor reve-
remir os pecadores através do seu lados por sua Palavra. Em 1João
sangue derramado. 4.7,8, lemos que a demonstração de
amor da nossa parte declara se so-
1.3 A libertação da influência do
mos do Senhor ou não, se de fato já
pecado – A maneira de viver daque-
experimentamos uma nova vida, por-
le que não tem Jesus é considerada
que “Deus é amor”. Uma vida salva
inútil e vã, assim como todas as pos-
e santificada deve demonstrar amor
sibilidades de mudança no aspecto
tanto para com Deus como para com
espiritual. A pessoa pode ter tudo
nesta vida em termos financeiros e o próximo.
intelectuais, mas sem Jesus a vida O amor mencionado por Pedro
está completamente vazia. não é apenas da boca para fora, me-
1.4 A manifestação do plano ras palavras produzidas e repetidas
eterno da salvação – A morte de Je- sem sentido e valor. Pelo contrário,
sus na cruz não foi um acidente no ele fala de um amor intenso, não
percurso ou um plano B pautado na fingido; ardente, não superficial; per-
ação humana, nem mesmo estabe- manente, não passageiro; “amor que
lecido após o Éden (Gn 3), mas foi jamais acaba” (1Co 13), algo que ele
um plano conhecido por Deus antes tinha conhecimento pessoal, uma vez
da fundação do mundo e manifesto que foi assim amado pelo Senhor e
no tempo por amor. Assim, a nossa confrontado sobre o quanto amava
nova vida se fundamenta neste amor ao Senhor (Jo 21.15-17).
de Deus por nós através do sacrifício O amor de Deus foi demonstrado
do Seu Único Filho, Jesus Cristo. Es- pela morte de Cristo na cruz por toda
tamos seguros e alicerçados pela fé a humanidade e incentivado para que
no Senhor! fosse uma marca presente na vida

25
dos discípulos de Cristo que deveriam deleita em ferir a outrem; a inveja (ph-
amar-se mutuamente. Uma vez que thonos) se dói da vantagem alheia; o
os cristãos foram inseridos na família dolo (dolos) empresta duplicidade ao
de Deus e gerados por uma semen- coração; a hipocrisia (hupokrisis) ou
te incorruptível, pela proclamação do lisonja forma duplicidade à língua; a
evangelho, a Palavra de Deus que per- maledicência (katalalia) fere o cará-
manece para sempre, não teriam que ter alheio”1.
ter qualquer medo em amar, pois o O testemunho é a marca dos ver-
amor de Cristo deve nos constranger. dadeiros discípulos do Senhor Jesus
em qualquer contexto, por aquilo que
3 – A NOVA VIDA SE FORTALECE NO falam ou praticam. Simon Kistemaker
TESTEMUNHO (1Pe 2.1-4,11,12) diz: “os cristãos estão vivendo numa
Os cristãos, ao serem transforma- vitrine; estão à mostra. Sua conduta,
dos, recebem novos valores a serem obras e palavras são constantemente
desenvolvidos na vida diária em vá- avaliadas pelos não cristãos que que-
rios aspectos, seja na forma de fa- rem ver se os cristãos vivem aquilo
lar, de pensar, de agir; seja no trato que professam”2.
com a família, com o cônjuge, com os O recurso que eu e você temos
companheiros do local de trabalho ou para viver a nova vida é a ação do
escola/faculdade e com os vizinhos. Espírito Santo e a poderosa Palavra
Mas ao receber coisas novas, de Deus. A metáfora do recém-nas-
é preciso deixar outras (2Co 5.17), cido é fortíssima para nós, uma vez
abrir mão de uma forma anterior de que devemos de forma ardente nos
viver (1Pe 4.2-4). E na recomenda- alimentar da Palavra de Deus e sentir
ção de Pedro e dos demais apóstolos a sua falta como um bebê sente do
todos os traços e práticas da velha leite materno.
vida precisam ser abandonados, toda
“malícia, engano, fingimentos, inveja 4 – A NOVA VIDA CUMPRE O
e murmurações”. A presença de ví- PROPÓSITO DE DEUS
cios imundos são incompatíveis com (1Pe 2.5,9,10)
a nova vida e, portanto, são comple-
tamente reprovados. A metáfora utili- Somos o templo vivo! Na descri-
zada pelo apóstolo se compara com ção de Pedro: “casa espiritual”, e não
o tirar roupas velhas e sujas, jogá-las mais a presença de Deus em templos
fora e vestir uma roupa nova. O co- de alvenaria, mas em nosso cora-
mentarista bíblico R. N. Champlin nos ção. Outra comparação importante
ajuda no entendimento desse conjun- é o desenvolvimento da Igreja no
to de palavras: “A malícia (kakia) se acréscimo dos novos crentes, “quais
1 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6,
1995, pág. 112
2 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 132

26
pedras vivas”, em que somos colo- e de todas as épocas. Que maravi-
cados no corpo de Cristo, sua Igre- lha, que privilégio, que bênção temos
ja, com propósitos definidos. Somos em Cristo!
pedra da grande Pedra que é Cristo.
Somos o “sacerdócio santo”, em que CONCLUSÃO
não se restringe a um pequeno grupo
Através da nova vida em Cristo
de pessoas, pelo contrário, todo cris-
somos chamados para fazer diferen-
tão é um sacerdote diante de Deus,
ça em um mundo avesso a Deus e
tem competência para se apresentar
à sua Palavra; somos chamados para
diante de Deus, tem livre acesso a
influenciar pessoas pelo testemunho
Ele mediante Jesus Cristo. Aqui está de uma vida santificada e separada
o princípio do sacerdócio universal de para servir ao Senhor; somos chama-
todos os crentes. dos para ser bênção de Deus na vida
Você tem competência para de outras pessoas.
apresentar sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por Jesus Cristo, PARA PENSAR E AGIR:
seja pelo “louvor de lábios que con-
fessam o seu nome” ou pelas boas 1º - Elementos mundanos são in-
obras como demonstração de amor compatíveis com a vida cristã. Como
(Hb 13.15,16). alguém que nasceu de novo permite
Temos uma missão singular para uma série de vícios em sua vida?
cumprir neste mundo como cristãos. 2º - Em que se fundamenta a sua
Pedro escreve aos gentios converti- nova vida? Na autojustificação? Na
dos que eram peregrinos e disper- religiosidade? Nas boas obras?
sos e que receberam uma condição 3º - Somos salvos por Deus me-
especial, brilhantemente chamados: diante Jesus Cristo para o cumpri-
povo eleito. Assim como Israel ha- mento de um propósito, em que ex-
via sido eleito para testemunhar de perimentamos vários privilégios. A
Deus para o mundo, agora a Igreja sua nova vida cumpre os propósitos
tinha essa responsabilidade; sacer- de Deus?
dócio real perante Deus em favor
do mundo (Êx 19.6); nação santa
para fazer diferença neste mundo Segunda: 1Pedro 1.17-25
como filhos de Deus e pertencentes
Terça: 1Pedro 2.1-12
a uma pátria de outra dimensão, pois
temos uma nova identidade (Fp 3.20; Quarta: Filipenses 3.7-21
Leitura Diária

Hb 13.14); povo adquirido por um Quinta: 1João 4.7-21


alto preço (Cl 1.20-22; Ef 2.11-19), Sexta: Mateus 4.18-25
para um propósito bem definido: Sábado: Efésios 4.17-32
anunciar as grandezas de Deus a to-
Domingo: Romanos 12.1-10
das as pessoas, em todos os lugares

27
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 5
Textos Básicos: 1Pedro 2.13-25

A VIDA CRISTÃ E AS
AUTORIDADES

Vivemos em um tempo de gran- respeito da vontade de Deus e de


des conflitos por questões ideoló- como deveriam relacionar-se com
gicas e partidárias, em que muitas as autoridades.
vezes o resultado são brigas, divi- Temos aqueles que julgam que
sões, contendas, desarmonias, se- o cristão deve ter um comportamen-
parações e infelizmente, em alguns to de total subserviência ao poder
casos, até morte. Muitas amizades do Estado sem qualquer questio-
são desfeitas, familiares rompem namento, pois há uma dificuldade
o relacionamento e os posiciona- permanente na vida dos cristãos
mentos de ambos os lados, muitas em relação ao comportamento idea-
vezes é contraditório em relação às lizado pela Palavra de Deus sobre
Escrituras. como ele deve se relacionar com as
O apóstolo Pedro está tratando autoridades.
de um aspecto importante para os
cristãos que estavam vivendo como 1 – SUBMISSÃO ÀS AUTORIDADES
forasteiros e peregrinos, dispersos As orientações de Pedro aos
por regiões difíceis e montanhosas cristãos sobre a questão da obe-
por questão das autoridades ro- diência às autoridades, inicialmente,
manas. Ensinou-os para que tives- tratam do problema de interpretação
sem uma compreensão profunda a judaica que não era possível qual-

28
quer tipo de obediência aos impera- bem como, para a Igreja. Se uma Igre-
dores, reis, governadores, autorida- ja tem em suas dependências áreas
des ímpias, pois a única autoridade construídas ilegalmente, o governo
a ser obedecida é Deus. Nenhuma tem todo o direito de agir contra ela.
autoridade civil pode reivindicar qual- No que diz respeito às construções,
quer tipo de submissão e o cristão temos hoje uma legislação com crité-
verdadeiro também não pode aceitar rios bem definidos quanto ao número
esse tipo de conduta. de portas, tubulação hidráulica para
Vemos que o próprio Senhor Je- emergência de incêndio, extintores
sus fez questão de romper com o en- com prazo de validade e em locais
sinamento equivocado da submissão, visíveis, saídas de emergências, em-
ao tratar dos impostos dizendo “dai a pregados registrados com todos os
César o que é de César ...” (Lc 20.25), direitos assegurados, planta assina-
bem como, reconheceu a investidura da por engenheiros e arquitetos, en-
de autoridades dadas por Deus Pai. fim, temos leis que orientam as Igre-
Assim, o cristão tem as obrigações no jas, bem como, todos os cidadãos em
que diz respeito à sua cidadania ter- suas vidas particulares.
rena em cumprir com os seus direitos 1.3 - As autoridades cruéis é um
e deveres. grande desafio para ser entendido e
Pedro está falando das autorida- aceito, pois o próprio Nero era alguém
des instituídas de forma legítima, que classificado não só pelos cristãos
são levantadas por Deus para gover- como alguém mal e cruel, mas a pró-
nar sobre determinado povo e para pria história o declara em seus regis-
o bem do cidadão. Estas merecem tros. Como aceitar que pessoas dessa
respeito e obediência por parte dos natureza sejam “ministros de Deus”
cristãos. diante do seu povo? Como reconhe-
1.1 - A motivação na submissão cer que homens como Adolf Hitler,
é uma questão importante, pois não Mao Tse Tung, Stalin e tantos outros
trata de livrar-se do castigo, da puni- ditadores foram colocados e permiti-
ção, das perdas, mas está relaciona- dos por Deus como autoridade?
da com o Senhor. Pedro diz: “sujeitai- O grande exemplo vem do Se-
-vos, pois, a toda autoridade humana nhor Jesus que diante das autorida-
por amor do Senhor” (1Pe 2.13). Não des romanas e judaicas não se opôs
se tratava de uma questão qualquer, a nenhuma delas, mesmo diante da
mas de uma identificação com Cristo tortura e do plano para crucificá-lo.
e seus ensinos, era algo muito mais Ele reconheceu que eram autori-
profundo a ser observado. dades constituídas por Deus e não
1.2 - O equilíbrio na submissão fariam nada, se Ele não permitisse.
deve ser outra questão a ser com- A orientação de Pedro era imitar o
preendida, pois temos a consciência exemplo de Cristo. Ele diz: “pois ele,
de leis gerais para toda a população, quando ultrajado, não revidava com

29
ultraje; quando maltratado, não fazia para regular a maneira da sociedade
ameaças, mas entregava-se àque- se comportar e se desenvolver nas
le que julga retamente” (1Pe 2.23). diversas áreas, mas quando o Estado
Jesus não fez nada para se opor às quer legislar contra os princípios da
autoridades da sua época no que diz Palavra de Deus o cristão precisa se
respeito à sua prisão, julgamento, manifestar. Hoje temos questões sé-
condenação, tortura e morte. rias que afrontam a família idealizada
por Deus e que estão sendo conduzi-
2 – A SUBMISSÃO E O CONFLITO das pelos órgãos oficiais do governo,
ENTRE A LEI DE DEUS E DOS requerendo uma submissão por parte
HOMENS de toda a população com consequên-
cias perante a justiça.
Tanto o apóstolo Pedro como o Na Bíblia, encontramos exemplos
apóstolo Paulo não apresentam ne- que são encorajadores para se posi-
nhum ponto que limita a obediência cionar quando o conflito aparecer. Da-
ao Estado, deixando em aberto uma niel, diante do decreto do rei exigindo
submissão absoluta e total. O que fica adoração por 30 dias, não teve dúvi-
explícito no texto é a obediência às da em se posicionar. Diante de uma
autoridades por amor a Cristo, pois ação do “governo/autoridade” Daniel
toda autoridade foi instituída por Deus não negociou a sua fidelidade a Deus:
e que os cristãos são encorajados a “Finalmente esses homens disseram:
uma vida de submissão na conduta e Jamais encontraremos algum motivo
comportamento para glorificar a Cris- para acusar esse Daniel, a menos
to. Independente de qualquer situa- que seja algo relacionado com a lei
ção, o cristão é exortado a obedecer? do Deus dele” (Dn 6.5); “Quando Da-
Mesmo que haja um conflito entre a niel soube que o decreto tinha sido
lei de Deus e a lei dos homens? publicado, foi para casa, para o seu
Essa concepção produz algumas quarto, no andar de cima, onde as ja-
considerações, especialmente quan- nelas davam para Jerusalém. Três ve-
do nos lembramos da atitude de Pe- zes por dia ele se ajoelhava e orava,
dro diante das autoridades. Após ser agradecendo ao seu Deus, como cos-
preso juntamente com João, ele diz: tumava fazer (Dn 6.10). Daniel ficou
“Julguem os senhores mesmos se com a Lei de Deus, não teve medo
é justo aos olhos de Deus obedecer da punição e condenação à morte na
aos senhores e não a Deus. Pois não cova dos leões.
podemos deixar de falar do que vi- Portanto, todo cristão precisa de
mos e ouvimos” (At 4.19,20). discernimento para definir quando é
A submissão às autoridades hu- o limite de obediência ao governo civil
manas tem restrições a partir do li- à luz das Escrituras Sagradas, apli-
mite de atuação de cada esfera de cando o conceito da dupla cidadania.
poder, pois as leis humanas servem É importante também lembrar que a

30
submissão está ligada ao nosso rela- ou ruins, sejam os governantes nas
cionamento com Cristo, uma vez que esferas (federal, estadual ou munici-
Ele foi obediente até a morte na cruz. pal); sejam os superiores (patrões ou
diretores), enfim, o cristão é chama-
3 – A SUBMISSÃO DIVERSIFICADA do para dar o exemplo de que serve
A questão dos escravos foi tra- verdadeiramente a Cristo, pois mira o
tada pelo apóstolo Pedro dentro do seu exemplo, que sofreu injustamen-
contexto da escravidão, uma vez te, tendo todos os motivos para re-
que a população no primeiro sécu- belar-se, mas ficou mudo diante das
lo era composta entre 25 a 40% de autoridades romanas e judaicas. Je-
escravos na sociedade romana. Era sus é o nosso exemplo de submissão!
uma mensagem dirigida aos cristãos Somos submissos não a homens e
de como deveriam se comportar em instituições, mas a Deus!
relação aos seus senhores. Ele diz:
“Escravos, sujeitem-se a seus senho- PARA PENSAR E AGIR:
res com todo o respeito, não apenas
1º - Por que os cristãos devem su-
aos bons e amáveis, mas também
aos maus” (1Pe 2.18). Um novo mo- jeitar-se às autoridades?
delo de vida está sendo proposto aos 2º - Existe um limite para que os cris-
servos a partir do ensino e exemplo tãos se submetam às autoridades?
deixado pelo próprio Senhor Jesus: 3º - A escravidão, em todas as
“Amem, porém, os seus inimigos, épocas, nos envergonha e nos cons-
façam-lhes o bem e emprestem a trange, mas faz parte da história hu-
eles, sem esperar receber nada de mana. À luz da Bíblia, como conciliar
volta. Então, a recompensa que terão o ensino cristão e a submissão aos
será grande e vocês serão filhos do
senhores na escravidão?
Altíssimo, porque ele é bondoso para
com os ingratos e maus” (Lc 6. 35). 4º - A submissão a Deus oferece
O apóstolo Paulo escreveu nesta sabedoria ao homem para viver bem
mesma direção: “Escravos, obede- com todos.
çam em tudo a seus senhores ter-
renos, não somente para agradar os
homens quando eles estão observan-
do, mas com sinceridade de coração, Segunda: 1Pedro 2.13-25
pelo fato de vocês temerem ao Se- Terça: Daniel 1
nhor” (Cl 3.22). Quarta: Romanos 13.1-7
Leitura Diária

CONCLUSÃO Quinta: Lucas 6.27-36


Sexta: 1Timóteo 2.1-3
Somos exortados à submissão
Sábado: Filemom 1
às autoridades que foram levantadas
Domingo: 1Coríntios 7.20-22
por Deus, independente se são boas

31
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 6
Texto Básico: 1Pedro 3

CHAMADOS PARA FAZER


DIFERENÇA

O assunto principal do capítulo


3 é a continuação da submissão do
1 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO
cristão, sendo que agora apresen- NO LAR (1Pe 3.1-7)
tado em três níveis diferentes, ao O apóstolo Pedro apresenta al-
qual o cristão é convocado para fa- guns conselhos práticos para uma
zer diferença. vida feliz e harmoniosa no lar como
Os conflitos estavam se avolu- resultado direto das ações de uma
mando à medida que as pessoas esposa cristã para com o seu mari-
se convertiam a Cristo e não sa- do, bem como, do marido cristão e
biam como deveriam se comportar sua esposa. Podemos entender um
e como tomar decisões que fossem pouco melhor sobre a submissão no
de acordo com a vontade de Deus contexto do lar, por uma analogia feita
em Cristo, seja em relação ao casa- por John MacArthur, que disse: “Um
mento, seja em relação ao mundo e comandante não é necessariamente
também o posicionamento em rela- superior em caráter às tropas sob
ção ao Reino. Pedro então oferece seu comando, mas a sua autoridade
aos cristãos alguns ensinos práticos é vital para o bom funcionamento da
para um viver de consciência pura e unidade”1. Foi Deus quem instituiu a
santa, para uma compreensão cor- estrutura hierárquica na família.
reta do cristão no mundo “que jaz no 1.1 - A esposa cristã através
maligno” e para um viver de sujeição das suas atitudes pode ganhar o
a Cristo de forma plena. seu marido para Cristo. Pedro diz
1 - MACARTHUR, J. Comentário do Novo Testamento. 1 Pedro, 2004

32
que mesmo sem usar palavras para – tratando-a com amor, respeito, su-
pregar o evangelho, mas com sabe- prindo as suas necessidades em vá-
doria, aproveitando cada oportunida- rios aspectos, seja ela cristã ou não.
de para testemunhar da presença de c) “tratem-nas com honra, como par-
Cristo em sua vida, mostrando res- te mais frágil” – o marido deve tratar
peito e submissão. Pedro ensina que a mulher com dignidade, não como
é possível manter o casamento e alguém inferior ou superior, mas como
continuar sendo fiel ao Senhor Jesus, alguém que merece cuidado e prote-
sendo a mulher sábia descrita em ção. d) “como co-herdeiras do dom da
Provérbios 14.1. O procedimento da graça da vida” – numa demonstração
mulher cristã será uma bênção para de que ambos serão beneficiados
o seu marido. com o casamento e a mulher tem os
1.2 - A esposa cristã e o seu mesmos direitos espirituais que o ho-
compromisso com Deus – A preo- mem. e) “de forma que não sejam in-
cupação em ser uma boa esposa terrompidas as vossas orações” – aqui
está no fato de que isso glorifica a Pedro salienta que o marido que não
Deus, e são atitudes que apontam vive bem com sua esposa, que não
para o Senhor. A mulher cristã tem a trata com cordialidade e respeito,
consciência de que Deus é soberano como alguém especial diante de Deus,
sobre tudo e todos. que não procura ter um bom relacio-
1.3 - A esposa cristã que obe- namento em casa, pautado no amor
dece a Palavra de Deus tem uma sincero, doador, altruísta, não terá as
oportunidade extraordinária para suas orações atendidas por Deus.
ganhar o seu marido pelo seu bom
testemunho. Pedro diz: “sejam gan- 2 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO
hos sem palavras, pelo procedimento NO MUNDO (1Pe 3.8-12)
de sua mulher, observando a con-
duta honesta e respeitosa de vocês” As regras de conduta cristã são
(1Pe 3.1,2). Que belo ensino para exortações gerais apresentadas pelo
vencer! apóstolo Pedro, mas é interessante
1.4 - O esposo cristão também observar a repetição da exortação ao
tem a sua parte a ser feita – O após- amor fraternal na carta em 1.22 e 3.8,
tolo Pedro declara alguns aspectos sendo que o texto está em conexão
específicos, e de responsabilidade com Romanos 12.9-21.
para o marido: a) “a vida comum do Uma vez que foram alcançados
lar com discernimento” – aqui está por Cristo para uma nova vida, a
em questão a vida plena dentro de maneira de se comportar diante da
um quarto. No AT a palavra se refe- sociedade deveria ser marcada por
re à relação sexual no casamento, valores e princípios diferentes do
à intimidade mais profunda e Pedro mundo, e as virtudes pela presença
está falando da união. b) “tendo con- do Espírito Santo deveria moldar e
sideração para com a vossa mulher” prevalecer na vida do cristão.

33
Os ensinamentos apresentados do mal. A partir do exemplo de Cristo
seriam colocados em prática a partir que sofreu injustamente, cada cristão
da realidade do amor, uma vez que é orientado a resignar-se diante da
experimentaram o grandioso amor de soberana vontade de Deus (v.17).
Deus na pessoa de Cristo. Portanto, O ímpeto missionário e a com-
amar rompe com todo o anseio de
preensão da responsabilidade de
vingança e de contrariedade quanto
testemunhar de Cristo ao mundo da
ao sofrimento injustificado, mesmo
primeira geração de cristãos após
praticando o bem. A vida cristã deve
a ressurreição estava em baixa, e
ser vista na ótica proposta pelo Se-
nhor, pois mesmo fazendo o bem a diante de tantos perigos e sofrimen-
perseguição nos alcança, mas ela tos, como deveriam viver e praticar o
não pode provocar o mal para sempre evangelho? A geração que recebeu
e nem mesmo atingir a nossa alma, a mensagem estava disposta a ca-
pois estamos seguros em Cristo. lar-se diante de todas as zombarias,
ameaças e perseguições impostas
O povo de Deus deveria consi-
pelos inimigos. Portanto, ao fazer de
derar profundamente o que estava
acontecendo e o propósito para o Cristo o nosso Senhor, precisamos
qual haviam sido alcançados, pois dar a Ele o trono do nosso coração e,
Pedro diz que “para isso vocês foram consequentemente, testemunharmos
chamados”, ou seja, para testemu- de forma ousada e corajosa do nosso
nhar da presença de Cristo em suas Senhor, preparados para responder a
vidas e da sua graça maravilhosa. O razão da nossa esperança.
ensino de Jesus foi na contramão da O apóstolo Pedro fundamenta o
vingança, do retribuir mal com mal, sofrimento com a vitória do cristão to-
de revidar as ofensas e agressões, mando como exemplo o Senhor Jesus,
pelo contrário, Ele abençoava os seus com o propósito de fortalecer a nossa
ofensores. Seguindo o exemplo de fé e nos ajudar em nosso testemunho.
Jesus, nós também podemos aben- O fundamento do seu ensino fala do
çoar aqueles que estão à nossa volta reinado soberano de Cristo sobre a
(Mt 5.43-48). morte, sobre o pecado, sobre o inferno,
sobre tudo e todos.
3 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO
A sua morte foi atestada pelos sol-
PARA O REINO (1Pe 3.13-22)
dados à sua volta, rompendo com as
Através das ações de Cristo e da objeções em relação à sua humani-
sua vitória completa sobre os pode- dade e ressurreição. O ensino é que
res das trevas e do diabo, o apóstolo nós também teremos o triunfo sobre
Pedro fundamenta para os seus leito- a morte à semelhança de Jesus e
res que eles também seriam vitorio- viveremos com Ele. A sua morte foi
sos diante de todas as provações e consequência do nosso pecado, uma
sofrimentos impostos pelos poderes vez, que Ele nunca cometeu pecado.

34
Jesus conquistou a vitória sobre o pe- a diferença em nosso lar, no mundo
cado através da cruz e da ressurreição pela nossa conduta e testemunho e
(1Co 15.54-57). para o Reino, pela vitória completa de
A vitória de Jesus sobre o inferno Cristo na cruz sobre a morte, o pe-
tem sido objeto de grandes discus- cado e o inferno. Faça a diferença!!!
sões e diversas interpretações. Mas Jesus Cristo venceu e vivo está!
podemos afirmar que não foi uma se-
gunda chance dada pelo Senhor Je-
PARA PENSAR E AGIR:
sus aos “espíritos em prisões”, nem 1º - Em um tempo com tantas dis-
tampouco que eram os anjos caídos cussões em relação ao homem e à
na referência de Gênesis 6.1-8, mas mulher, aos papéis do marido e da
Pedro se refere aos contemporâneos esposa, como conciliar os ensinos de
de Noé que ouviram a mensagem da Pedro sobre o casamento cristão na
pregação, rejeitaram e impuseram atualidade?
dificuldades a Noé que manteve-se 2º – O sofrimento foi uma marca
fiel a Deus na construção da arca no ministério de Jesus e dos após-
e na transmissão da mensagem de tolos, bem como da Igreja, não só
Deus para o povo. Assim, o espírito no primeiro século, mas ao longo da
vivificado de Cristo estava presen- história. Como o cristão deve com-
te na mensagem de Noé aos seus preender o sofrimento e a sujeição à
contemporâneos anunciando o juízo luz da Bíblia?
dEle que estava para vir ao mundo 3º - A nossa fidelidade a Deus
ímpio (1Pe 1.10,11). tem uma recompensa, assim como
Jesus, com a sua ressurreição, foi com Noé, que creu em Deus e
declara a todos os poderes e potes- atuou em uma sociedade completa-
mente contrária a Deus e à sua von-
tades que Ele venceu e triunfou com-
tade, mas Noé foi salvo juntamente
pletamente trazendo uma tão grande
com a sua família como mensageiro
salvação (não como consequência do
da justiça.
batismo) a todos que nEle crê e man-
tém-se fiéis em todas as circunstân-
cias. A pregação foi a sua declaração
de vitória completa! Segunda: 1Pedro 3.1-7
Terça: Efésios 5.21-33
CONCLUSÃO Quarta: 1Pedro 3.8-13
Leitura Diária

O tema sujeição está diretamente Quinta: Efésios 4.17-32


relacionado com o chamado de Cristo Sexta: 1Pedro 3.14-22
para fazermos diferença neste mundo Sábado: Atos 4.29-31
como suas testemunhas. Desta for-
Domingo: Hebreus 11.1-7
ma, temos a oportunidade de fazer

35
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 7
Texto Básico: 1Pedro 4.7-11

ASPECTOS DO SERVIÇO
CRISTÃO

De forma recorrente, o Novo Embora a perseguição e o sofri-


Testamento apresenta os ensinos mento estivessem levando cristãos
sobre a expectativa da Igreja em à morte, Pedro mostra a real condi-
relação à volta de Jesus. Não que ção de cada pessoa diante de Deus
fixe uma data para este grande e o que cada um pode esperar no
acontecimento, mas segue o ensino juízo final, aconselhando a todos,
do próprio Senhor Jesus que disse quanto à conduta e a prática do
que o dia está determinado por serviço cristão. Como um pastor ca-
Deus Pai, e ninguém sabe o dia e rinhoso, ele encoraja os cristãos a
nem a hora. O apóstolo Pedro segue perseverarem, revelando que cada
a linha da necessidade de prepara- pessoa terá que prestar contas
ção para este grande dia. diante de Deus no juízo final.
A perspectiva da volta de Jesus
condiciona todos os aspectos da
1 – O SERVIÇO TEM COMO
nossa vida e do nosso serviço. A MOTIVAÇÃO UNIR A IGREJA
vida diária oferece muitas dificulda- O apóstolo Pedro orienta sobre a
des para um cristão, mas ao mesmo necessidade da Igreja se fortalecer
tempo muitas oportunidades para na união através de duas ações bem
demonstrar o compromisso e a fi- específicas: vigilância e sobriedade.
delidade ao Senhor através de um Vigilante em oração para não cair nas
viver pautado no servir. armadilhas do inimigo, nas tentações

36
do pecado e insensatez com relação A hospitalidade sempre foi reco-
às coisas deste mundo; e com sobrie- mendada e elogiada pelos ensinos
dade, fazendo boas escolhas e aguar- do Senhor Jesus (Mt 25.35-40). Na-
dando fielmente “o fim de todas as queles dias não havia muitas hos-
coisas”, o grandioso retorno de Cristo. pedagens e os cristãos perseguidos
A comunhão da Igreja deve ser precisavam de amparo, acolhimento
e ajuda mútua para que pudessem
desenvolvida em três aspectos: Amor,
encarar as provações.
Oração e Hospitalidade. O amor é um
tema recorrente na carta, um incenti- Paulo também fala de hospitali-
vo aos cristãos para que demonstras- dade (Rm 12.13), e podemos citar o
sem verdadeiro amor uns para com exemplo em que foi instado e cons-
os outros. Pedro utiliza a expressão trangido a ficar na casa de Lídia, a
“amor intenso” (αγαπην εκτενη), ou vendedora de púrpura, após a sua
seja, não é só a manifestação do conversão (At 16.14,15). Paulo fala
amor, mas o termo grego ektenes se da hospitalidade como critério para
o pastorado (1Tm 3.2) e também
refere ao esforço máximo dos mús-
fala às viúvas para que demonstrem
culos de um atleta na corrida. Assim,
suas boas obras sendo hospitaleiras
cada cristão deve se esforçar ao má-
(1Tm 5.9,10).
ximo para demonstrar amor verda-
deiro para com os outros, mesmo Vivemos dias em que o relacio-
que seja diante de afrontas, perdas namento está difícil, e por causa de
ou injustiças, uma demonstração de diversos fatores existe uma dificulda-
amor sacrificial, pautado no exemplo de para se receber alguém em casa,
de Jesus. seja conhecido da Igreja, do bairro,
da cidade, enfim, o fato de ter alguém
A oração vem com a convocação em nossa casa, atualmente, surge
para a dedicação, pois Pedro sabia como uma preocupação, um “ensino
muito bem como ele e os amigos estranho” para um cristão, especial-
apóstolos deixaram o Senhor Jesus mente por causa da violência. Ainda
orando sozinho e foram dormir. Não há aqueles que nunca recebem nin-
vigiaram e foram advertidos pelo guém, nem mesmo os parentes em
Senhor que sem vigilância estavam suas casas, vivendo somente para si
sujeitos à tentação e, consequen- mesmos.
temente, à derrota e queda. Pedro
deseja, a partir de sua experiência, 2 – O SERVIÇO TEM COMO
despertar os seus leitores para a im- RECURSO OS DONS
portância da oração como recurso ESPIRITUAIS
para o fortalecimento na vida cristã e
a unidade da Igreja. Com a oração o O cristão recebe na conversão o
cristão estabelece uma ligação com dom do Espírito, que é a presen-
Deus que o aproxima da relação com ça do Espírito Santo em sua vida; é
os homens. conduzido a demonstrar o Fruto do

37
Espírito na nova vida diária, atra- locou os membros no corpo, cada um
vés de várias características em seu deles como quis” (1Co 12.11,18). Isso
comportamento e atitudes; e ainda contribui para que cada cristão saiba
recebe a capacitação sobrenatural de da sua importância e significado para
Deus que são os dons espirituais, o corpo de Cristo, que é a Igreja, bem
para desenvolver-se espiritualmente como, valorizando a coletividade em
na vida cristã. No NT temos uma lista detrimento do particular.
de dons em Romanos 12.4-8; Efésios O serviço é prestado a Deus para
4.8-14 e 1Coríntios 12. o benefício do próximo, mesmo que
O ensino de Pedro está de acor- este próximo ainda não seja um filho
do com o objetivo para o qual cada de Deus, mas que deve ser alcança-
cristão é capacitado com pelo me- do por uma atitude de serviço como
nos um dom, e que deve ser usa- resultado dos dons espirituais. Darrell
do para o benefício de todos. Ele W. Robinson, diz: “Os dons devem ser
diz: “Cada um exerça o dom que usados para evangelizar aqueles que
recebeu para servir aos outros” estão perdidos, levá-los a Cristo, tra-
(1Pe 4.10). Este ensino está alinhado zê-los para dentro do corpo, e equi-
com o ensino de Paulo em 1Coríntios pá-los para evangelizar os outros. Os
12.4-7 em que o dom espiritual é para dons são usados de muitas maneiras
o “proveito comum”, nunca para or- para cumprir Sua missão por meio do
gulho e vaidades pessoais, mas para corpo de Cristo, mas, de uma manei-
servir à Igreja e promover a edificação ra especial, Deus usa os dons para o
do corpo de Cristo. evangelismo”1.
Na Igreja “há diversidade de dons, O desafio para cada cristão é des-
(...) há diversidade de operações, cobrir o seu dom e colocar-se à in-
(...) há diversidade de ministérios” teira disposição de Cristo para servir
(1Co 12.4-7), para assegurar que haja a Igreja. Envolva-se! Comprometa-se!
espaço para todos se envolverem na Faça a sua parte!!! Sirva ao Senhor!
dinâmica do Reino, para servir ao
Senhor em áreas específicas, contri-
3 – O SERVIÇO SE DESENVOLVE
buindo assim para o crescimento es- PELA MANIFESTAÇÃO DA
piritual da Igreja. GRAÇA
Os dons espirituais são distribuí- O serviço que deve ser ministrado
dos particularmente pelo próprio Se- uns aos outros como dom recebido
nhor, não concedendo ao cristão a oferece uma ideia aos cristãos que
escolha por um ou outro dom: “Todas foram beneficiados de forma extraor-
essas coisas, porém, são realizadas dinária com uma capacitação sobre-
pelo mesmo e único Espírito, e ele as natural de Deus, que não fazia parte
distribui individualmente, a cada um, deles mesmos, portanto, era uma
conforme quer. Mas agora Deus co- manifestação da multiforme graça de
1 - ROBINSON, Darrell W. IGREJA: Celeiro de Dons. JUERP, Rio de Janeiro RJ, 2000, pág. 144

38
Deus. As diversas possibilidades de
servir estavam diretamente ligadas
CONCLUSÃO
ao fato de que cada pessoa recebe O cristão tem o chamado para ser-
um dom para ser usado para a glória vir ao Senhor, mas diante dos desafios
de Deus e para a edificação e cresci- e dificuldades em vários aspectos, so-
mente encorajados pelo Espírito San-
mento da Igreja. A multiforme graça de to e pela poderosa Palavra de Deus
Deus em relação aos dons nos reve- é que conseguimos viver como Igreja
la que Deus supre todas as áreas na unida do Senhor. Só assim podemos
vida da Igreja, como sendo uma varie- desenvolver o nosso serviço através
dade de dons para o proveito de todos. dos dons espirituais e cumprirmos com
a vontade de Deus pela demonstração
O apóstolo Pedro ensina sobre da sua graça.
dois aspectos fundamentais na ma- A nossa motivação no serviço, no
neira como os cristãos poderiam evi- uso dos dons espirituais, no amor e
denciar o dom como favor recebido nas orações só tem significado e rele-
de Deus: pelo falar (lalei) e pelo servir vância se forem para a glória de Deus.
(diaconei) (1Pe 4.11).
PARA PENSAR E AGIR:
Aquele que havia recebido o dom
de Deus para falar, deveria com cora- 1º - Sua vida de serviço a Deus
tem fortalecido a comunhão da sua
gem e ousadia transmitir a Palavra de Igreja?
Deus com fidelidade, pois a mensa-
2º - As injustiças, decepções, má-
gem não é da própria pessoa, mas é goas e dificuldades obstruem o seu
a divina e inspirada Palavra de Deus. serviço a Deus?
Uma vez sendo fiel no testemunho ao 3º - Você tem utilizado os dons
compartilhar a Palavra de Deus, qual- espirituais para servir ao Senhor fiel-
quer pessoa terá a convicção de que mente?
Deus fala por intermédio dele. 4º – A variedade de dons tem
Assim também, os cristãos com como propósito suprir todas as ne-
cessidades da Igreja. Você tem feito
o dom de servir, deveriam fazê-lo na
a sua parte?
força que vem de Deus, com a depen-
dência de Deus, para que Ele seja
sempre glorificado. A ideia principal,
Segunda: 1Pedro 4.7-11
no original, tem a ver com a vida de
serviço do diácono, mas de forma am- Terça: Efésios 4.1-13
pliada e não ferindo o texto, todos os Quarta: Romanos 12.1-7
Leitura Diária

cristãos são convocados a servirem Quinta: 1Coríntios 12.1-11


ao Senhor através do serviço presta- Sexta: 1Coríntios 12.12-31
do aos semelhantes. Deus dá força Sábado: Lucas 12.41-48
suficiente a todos para a realização
Domingo: Mateus 25.14-30
da sua vontade soberana e graciosa.

39
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 8
Textos Básicos: 1Pedro 4.12-19

A VIDA CRISTÃ
E O SOFRIMENTO

Os judeus, por natureza, sempre O ensino de Pedro quanto ao so-


estiveram envolvidos em algum tipo frimento, se fundamenta no ensino
de perseguição ou dificuldade. No do próprio Senhor Jesus Cristo que
primeiro século foram perseguidos disse “no mundo tereis aflições, ten-
cruelmente, especialmente a partir de bom ânimo, eu venci o mundo”
da atitude de Nero em incendiar a ci- (Jo 16.33), e contradiz os ensinos
dade de Roma, no ano de 64 d.C., e modernos da Igreja, especialmen-
colocar a culpa nos cristãos. Os cris- te o evangelho da prosperidade. O
tãos foram queimados vivos, joga- ensino aponta algumas verdades de
dos para as feras, decapitados, so- forma bem objetivas para os cristãos
freram todo tipo de tortura e morte. enfrentarem todo tipo de provação e
A questão é que os gentios dificuldade e serem fortalecidos.
convertidos a Cristo estavam pas-
sando por provações por causa do 1 – SER CRISTÃO NÃO NOS
nome de Cristo, sofrendo também
ISENTA DO SOFRIMENTO
as perseguições por causa da fé
cristã, sem entender bem o que Não devemos estranhar a pre-
estava acontecendo. O apóstolo sença do sofrimento em nossa
Pedro, então, escreveu uma carta vida. Este foi o conselho de Pedro,
para ajudá-los e fortalecê-los na fé, como se fosse alguma coisa nova,
encorajando-os para os propósitos como algo que não fazia parte dos
eternos de Cristo para a sua Igreja ensinos do Senhor Jesus para os
e seus servos. seus discípulos. Pelo contrário,

40
existem várias advertências quanto à
presença do sofrimento na vida dos
2 – SER CRISTÃO NO SOFRIMENTO
cristãos. É UMA IDENTIFICAÇÃO COM
O apóstolo Pedro se identifica CRISTO
com eles no sofrimento, chama-os O verso 13 nos indica um parado-
carinhosamente de “amados” e se xo da vida cristã diante do sofrimen-
coloca ao lado deles para ajudá-los a to, pois acrescenta a alegria: “Mas
compreenderem o que estão passan- alegrem-se à medida que participam
do. Ele diz: “não se surpreendam com dos sofrimentos de Cristo”. Uma coi-
o fogo que surge entre vocês” (v.12), sa é saber que a provação e o so-
ou seja, com a perseguição dura e frimento fazem parte da vida cristã,
cruel, pois é natural o ódio do mundo mas ter alegria no sofrimento é algo
incrédulo para com os seguidores de estranho para qualquer pessoa. Na
Cristo (Jo 15.18-23). verdade, podemos dizer que é raro e
Há sempre um propósito maior quase impossível.
estabelecido por Deus em nosso Alegrar-se por sofrer pelo nome
sofrimento, para testar, por meio da de Cristo foi para os apóstolos uma
provação, a nossa fidelidade e amor. grande honra e privilégio, sendo na
Tanto no AT quanto no NT, vemos
atualidade uma coisa totalmente es-
os servos de Deus enfrentando todo
tranha à vida cristã, que busca so-
tipo de provação e sofrimento de for-
mente o prazer, a satisfação e real-
ma injusta, mas sobretudo, estavam
mente não considera o sofrer pelo
cônscios de que Deus sempre tinha
nome de Cristo.
um propósito a ser cumprido na vida
de cada um deles. Deus não é um A história está repleta de exem-
sádico que brinca com o sofrimen- plos tanto no NT quanto na história
to em nossa vida, mas estabelece- da Igreja. Pedro experimentou sofrer
-o como uma escola para o nosso pelo nome de Cristo: “Eles foram con-
aprendizado e crescimento, é uma vencidos pelo discurso de Gamaliel.
oportunidade para crescermos em Chamaram os apóstolos e mandaram
nossa fé (Rm 5.1-6). açoitá-los (...) Os apóstolos saíram
O apóstolo Pedro está preocupa- do Sinédrio, alegres por terem sido
do em mostrar aos cristãos que há considerados dignos de serem humi-
um propósito no sofrimento e que lhados por causa do Nome de Jesus”
por meio da “prova” eles são testa- (At 5.40,41).
dos. Para isso, utiliza a figura do pro- O ilustre missionário Salomão
cesso de purificação do ouro. Assim Luiz Ginsburg, quando estava no nor-
também acontece na vida do cristão, te do Estado do Rio de Janeiro, na
pois o sofrimento é para testar a au- cidade de São Fidélis, foi apedrejado
tenticidade da fé e eliminar as devi- e se alegrou em sofrer pelo Nome de
das impurezas. Jesus. No começo do trabalho, uma

41
casa foi alugada e o missionário dian-
te de uma multidão de mais de 1000
3 – CAUSAS REAIS DO
pessoas e em conversa com o polí- SOFRIMENTO NA VIDA DOS
tico mais influente, lhe convida para CRISTÃOS
entrar. Eis o diálogo: “- Se eu entrar, Nem todo sofrimento está as-
é para quebrar a tua cabeça”. O mis- sociado à questão da fé, do rela-
sionário responde: “pois bem, entre e cionamento com Cristo. É preciso
quebre a minha cabeça, mas primeiro reconhecer o sofrimento como
ouça o que eu tenho para lhe dizer”. causa de escolhas erradas, de
Uma pedra foi atirada e acertou a ca- caminhos maus, de comportamento
beça do auxiliar de Salomão L. Gins- equivocado, de participação e en-
burg. Em São Fidélis, o missionário volvimento em coisas ilícitas. Muitas
foi preso por pregar o evangelho do pessoas sofrem porque cometeram
Senhor Jesus1. algum crime e são tolhidos da liber-
A alegria vem com uma pro- dade, outros sofrem pela infração da
messa a ser desfrutada “na glória lei. Por isso, preciso avaliar sincera-
futura”. Pedro está transmitindo aos mente e descobrir qual o motivo do
cristãos uma palavra de segurança meu sofrimento.
e certeza, que estariam recebendo O sofrimento na vida dos cris-
do Senhor algo muito mais valioso. tãos é uma oportunidade de glori-
Ele diz: “para que também, quando ficar a Deus. Pedro chama a atenção
a sua glória for revelada, vocês exul- dos cristãos para aproveitar as opor-
tem com grande alegria” (1Pe 4.13b). tunidades na perseguição e no so-
Jesus, através das bem-aventuran- frimento para testemunhar de Cristo
ças, também assegurou aos discí- e do evangelho. Que não seja como
pulos que após o sofrimento vem assassino ou ladrão, mas fazendo o
a recompensa futura (Mt 5.10-12). bem. “Contudo, se sofre como cris-
O ensino do apóstolo Paulo foi na tão, não se envergonhe, mas glori-
mesma direção em Romanos 8.18. fique a Deus por meio desse nome”
A alegria no sofrimento revela (1Pe 4.16). John Piper escreveu um
a presença do Espírito Santo de importante artigo intitulado “Não des-
Deus em nós, “o Espírito da glória, perdice seu câncer”, por ocasião de
o Espírito de Deus, repousa sobre uma cirurgia, declarando que uma
vocês” (1Pe 4.14). É justamente a enfermidade pode ser uma extraor-
presença consoladora do Espírito dinária oportunidade para glorificar
que nos ajuda e nos fortalece para a Deus. Paulo fala dessa honra: “Por-
resistir ao sofrimento e saber que que vos foi concedida a graça de pa-
não estamos sozinhos, pois o Senhor decerdes por Cristo e não somente
está conosco! de crerdes nele” (Fp 1.29).
1 - FERREIRA, Ebenézer Soares - História dos Batistas Fluminenses. Juerp. Rio de Janeiro, 1991, p54.

42
O sofrimento é um convite para
uma avaliação sincera em relação CONCLUSÃO
à vida cristã, é a correção que auxi- A vida pecaminosa traz consigo
lia no ajustamento para a eternidade as devidas consequências de sofri-
no juízo final. Tem como propósito a mento e morte, mas como entender
purificação, o quebrantamento e a um cristão autêntico e fiel passar por
mudança em nossas atitudes. provações e sofrimento? O apóstolo
Pedro nos revela os motivos reais pe-
4 – O SOFRIMENTO E A VONTADE los quais passamos por adversidades
DE DEUS NA VIDA DO CRISTÃO e como devemos aproveitá-las para
glorificar a Deus. Que não soframos
Existem situações em nossas vi- por ações erradas e escolhas con-
das que não entendemos muito bem o trárias à Palavra de Deus, e sim, por
que está acontecendo. Assim também confiarmos de forma absoluta e plena
era com os cristãos destinatários des- no Senhor Jesus Cristo.
ta carta, e Pedro ensina que o cristão,
ao sofrer por causa do Nome de Cris- PARA PENSAR E AGIR:
to, sofrer injustamente, experimenta a
vontade de Deus, pois sabe que Deus 1º - Quando sofremos, principal-
está no controle de todas as coisas e mente de forma injusta, o que vem pri-
nada foge ao seu domínio (Rm 8.28). meiro à nossa mente? Como nos po-
sicionamos em relação à vida cristã?
Pedro estabelece aos cristãos a
necessidade de submeterem-se à 2º - Por que na atualidade alguns
vontade de Deus. Aos que “sofrem cristãos não aceitam o sofrimen-
de acordo com a vontade de Deus to como sendo a vontade de Deus?
Como entender um Deus que nos
devem confiar suas vidas ao seu fiel
deixa sofrer?
Criador” (v.19). Independentemente
da situação em que se encontra, seja 3º - A dinâmica do relacionamen-
boa ou ruim, a convocação é para to com o Senhor demonstra até que
entregar-se aos cuidados de Deus ponto estamos dispostos a manter o
(Lc 23.46). nosso compromisso com Ele.
Outro ensino importante destina-
do aos leitores sofredores é que a Segunda: 1Pedro 4.12-19
realidade difícil não deve impedi-los
Terça: Daniel 3.1-23
de praticarem o bem, ou seja, para
quem está sofrendo afrontas, injúrias, Quarta: Daniel 6
Leitura Diária

calúnias, difamação, provação ou Quinta: Isaías 53.7-12


perseguição, a orientação do após- Sexta: Tiago 1.1-17
tolo Pedro é para continuar fazen- Sábado: Atos 27.14-44
do o bem. Só com a ajuda do Deus
Domingo: Atos 28.1-10
Criador é possível!!!

43
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 9
Texto Básico: 1Pedro 5.1-4

O PADRÃO PARA UMA


LIDERANÇA APROVADA

O apóstolo Pedro orienta os lí-


deres para que estivessem com-
1 – CONVOCADOS PARA UMA
prometidos com o Senhor e agindo NOBRE MISSÃO
com responsabilidade, especial- “Pastoreiem o rebanho de
mente diante do difícil quadro que Deus que está aos seus cuida-
os cristãos estavam passando e dos”. (1Pe 5.2a) Esta foi a reco-
necessitavam de todo o carinho, mendação do apóstolo Pedro aos
apoio, ajuda e proteção, além de pastores, a partir da sua própria
um ensino coerente com a fé cris- experiência de ter sido chamado
tã e encorajamento para uma vida pelo Senhor Jesus para que esti-
cristã vitoriosa. Os líderes deveriam vesse apascentando o Seu rebanho
auxiliar as ovelhas, compreendendo (Jo 21.16). A primeira missão de
sua própria realidade. um pastor é cuidar das ovelhas, é
Pedro usa suas experiências prover o alimento certo e necessá-
com o Senhor para compartilhar do rio para o sustento de cada uma, é
chamado e exercício do ministério, evitar que as ovelhas se alimentem
bem como a maneira que cada um de coisas venenosas e, consequen-
deveria se comportar como líder temente, sejam levadas à enfermi-
do povo de Deus. Ele se apresenta dades e morte.
como alguém que viu os sofrimen- Há um destaque especial no tex-
tos de Cristo, seja a agonia do Ge- to para a questão do pertencimen-
tsêmani ou da prisão e tortura an- to. As ovelhas pertencem a Deus, o
tes da crucificação. Portanto, Pedro rebanho é do Senhor, e se em ter-
apresenta um padrão a ser seguido mos humanos uma pessoa tem res-
para ser aprovado pelo Senhor. ponsabilidades diante da lei como

44
depositário fiel (“aquele que assume Senhor aos que pregam o evangelho,
a guarda de determinado bem. Sob que vivam do evangelho” (1Co 9.14).
pena de responder por perdas e da- Portanto, Pedro estabelece uma
nos”), que precisa zelar com fidelida- orientação muito importante, tanto
de, é preciso considerar o quão sério para aqueles dias quanto para o nos-
é cuidar das ovelhas do Senhor. so. Há muitos pastores que se emba-
Cuidar do rebanho do Senhor é raçam com o dinheiro, seja o seu ou
uma nobre responsabilidade, é um o da Igreja, por falta de sabedoria e
grande privilégio altamente gratifican- por não se submeterem aos preceitos
te, por isso deve ser encarado como da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo
uma tarefa excelente. O apóstolo também ensina sobre o cuidado
Paulo, ao se despedir dos anciãos que o pastor deve ter em relação
da Igreja em Éfeso, diz: “Cuidem de ao dinheiro. Em Atos dos Apóstolos
vocês mesmos e de todo o reba- 20.33, o evangelista Lucas registrou
nho sobre o qual o Espírito Santo a orientação de Paulo aos líderes da
os colocou como bispos, para pas- Igreja em Éfeso: “Não cobicei a prata
torearem a igreja de Deus, que ele nem o ouro nem as roupas de nin-
comprou com o seu próprio sangue” guém”. Para o Jovem pastor Timóteo,
(At 20.28). Que zelo e cuidado o pas- ele disse: “Os que querem ficar ricos
tor precisa ter, protegendo as ovelhas caem em tentação, em armadilhas e
dos inimigos que se aproximam para em muitos desejos descontrolados e
devorar e destruir o rebanho! nocivos, que levam os homens a mer-
gulharem na ruína e na destruição,
2 – MOTIVAÇÃO E DISPOSIÇÃO pois o amor ao dinheiro é a raiz de
PARA O MINISTÉRIO todos os males. Algumas pessoas,
“Não façam isso por ganân- por cobiçarem o dinheiro, desvia-
cia, mas com o desejo de servir”. ram-se da fé e se atormentaram a
(1Pe 5.2b) O pastor deve servir ao si mesmas com muitos sofrimentos”
Senhor não pela recompensa, pelo (1Tm 6.9,10). O pastor deve ter um
salário, pelo pagamento, mas de boa cuidado permanente e constante, a-
vontade, com um coração disposto. O tenção redobrada quanto ao dinheiro.
apóstolo Pedro está se referindo aos O trabalho do pastor não pode
pastores que tinham, entre tantas res- estar pautado no prestígio, na au-
ponsabilidades, a supervisão e con- topromoção, na busca pelo poder,
trole das finanças e poderiam, moti- mas sempre disposto a fazer o me-
vados pela ganância, se apropriarem lhor para o Senhor Jesus e para o
do dinheiro consagrado para a obra. seu Reino. O pastor não deve ser
A orientação bíblica é que “digno é preguiçoso nem indiferente ao traba-
o obreiro do seu salário” (Lc 10.7), e lho que tem para ser realizado, pois
o apóstolo Paulo reforça essa ideia, deve fazê-lo com boa vontade e com
dizendo: “Assim ordenou também o alegria em servir.

45
de Cristo. As atitudes corretas men-
3 – A CONSCIÊNCIA NAS ATITUDES cionadas por Pedro para cada pastor
PARA COM O REBANHO são servir e liderar de boa vontade,
“Não ajam como dominado- sendo modelo.
res dos que lhes foram confiados,
mas como exemplos para o reba- 4 – A GARANTIA DE UMA RECOM-
nho” (1Pe 5.3), é uma exortação PENSA NÃO TRANSITÓRIA,
muito importante para apontar que MAS PERMANENTE
os pastores não eram os senhores do
rebanho, eles não devem usurpar a “Quando se manifestar o Su-
posição dAquele que de fato “domi- premo Pastor, vocês receberão
na sobre tudo e todos”. A dominação a imperecível coroa da glória”
apontada por Pedro trata daqueles (1Pe 5.4), retrata um ensino sobre a
que, após assumirem o rebanho do recompensa que é constante no NT,
Senhor, se apossam de uma autori- desde os ensinos de Jesus nos evan-
dade que não tem e, como ditadores gelhos, bem como nos dos apóstolos,
arbitrários, atropelam todos que es- culminando no livro do Apocalipse.
tão pela frente com exigências anti- Há uma recompensa prometida!
bíblicas, ações e estratégias munda- O apóstolo Pedro reitera o ensino
nas, com um padrão completamente da volta de Cristo e reforça aos leito-
diferente daquele apresentado pelo res que há um dia determinado por
Senhor para um líder, para um pastor Deus Pai, em que o Supremo Pastor
chamado para cuidar do rebanho do Jesus voltará e trará consigo a re-
Senhor, visando apenas seus fins. compensa para cada um de forma
As ovelhas foram confiadas aos especial.
pastores (presbíteros, bispos) para O contraste utilizado no que diz
que recebam todo o cuidado e pro- respeito à recompensa é muito in-
teção necessária e, para isso, a teressante, pois naqueles dias, nos
orientação do apóstolo Pedro é que jogos olímpicos gregos era comum
os pastores sejam exemplos, sirvam o vencedor ganhar uma coroa, uma
de modelo, de referenciais. O escritor guirlanda confeccionada de hera, sal-
aos Hebreus deixou-nos um claro en- sa, murta, azeitona ou carvalho, uma
sino neste aspecto: “Lembrai-vos dos coroa que logo murchava e desapa-
vossos pastores, que vos falaram a recia. Porém, a coroa prometida pelo
palavra de Deus, a fé dos quais imitai, Senhor é imperecível, indestrutível,
atentando para a sua maneira de viver” incorruptível, incontaminável, uma
(Hb 13.7). Cada líder é chamado para recompensa que durará para sempre.
servir de exemplo para o rebanho, e Temos o desafio da perseverança e
a palavra grega utilizada é (τυποι – da fidelidade para com o Senhor.
typoi), em que o líder deve ser um Conta-se que um missionário,
modelo, uma vez que segue o modelo após décadas de serviço no campo,

46
retorna ao seu país, e quando o avião Porém, é certo que haverá de sofrer
aterrissa, havia uma multidão com maior rigor diante do Senhor pela res-
faixas, cartazes, banda de música, ponsabilidade do chamado (Tg 3.1).
tapete vermelho e uma autoridade O apóstolo Pedro oferece orien-
então é recebida, ao que o pastor tações práticas para a administração
missionário com sua esposa saem eclesiástica, para o ofício pastoral
sem serem notados, não havia nin- e, principalmente, para ser um líder
guém os esperando. Então o pastor aprovado.
ouviu a doce voz do Senhor que dizia:
“Meu filho, você ainda não chegou em PARA PENSAR E AGIR:
casa! A sua festa e recompensa es-
tão garantidas!” 1º - Ao longo do tempo, muitos lí-
deres se perderam na condução do
CONCLUSÃO povo de Deus e passaram a liderar
pela imposição, opressão e perse-
Ser líder aprovado requer seguir guição. Por que muitos pastores não
o exemplo do Mestre, do Supremo cumprem verdadeiramente com a
Pastor Jesus Cristo, que nos oferece sua missão em cuidar do rebanho do
o padrão, a referência, o ideal a ser Senhor?
atingido. Cada pastor é um co-pastor 2º - Por que alguns líderes se pau-
do Senhor Jesus Cristo. tam por aspectos negativos e munda-
O rebanho, que é do Senhor, deve nos na condução do povo de Deus?
ser tratado com amor, carinho, res- 3º - Os pastores comprometidos
peito, proteção, e deve ser conduzido com o Supremo Pastor submetem-se
aos pastos verdejantes da inerrante à Palavra de Deus e dão um ótimo
e inspirada Palavra de Deus, ao ver- exemplo para as ovelhas através de
dadeiro alimento para a alma. Cada atos e palavras. O pastor foi chamado
pastor tem a responsabilidade de cui- para ser uma bênção para a Igreja,
dar com zelo do rebanho que perten- para cada ovelha.
ce ao Senhor.
Cada ovelha, na compreensão de
sua realidade de pertencimento ao
Senhor, deve, com alegria, aceitar e
Segunda: 1Pedro 5.1-4
submeter-se ao pastor que foi comis-
sionado e enviado por Jesus Cristo Terça: 1Pedro 5.5-7
para cuidar e protegê-la dos perigos Quarta: 1Pedro 5.8-14
Leitura Diária

na caminhada. Quinta: João 21.15-19


A recompensa está garantida para Sexta: Marcos 10.35-45
aquele que desenvolve o seu chama- Sábado: João 13.1-17
do de forma exemplar, em obediên- Domingo: Hebreus 12.1-3
cia e submissão ao Supremo Pastor.

47
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 10
Texto Básico: 2Pedro 1.1-11

CONHECIMENTO QUE
FORTALECE E PRODUZ FRUTOS
Os temas propostos por Pedro to diferente de alguns nos dias de
também faziam parte dos ensina- hoje que se apresentam como lí-
mentos de Paulo sobre erros que deres do povo de Deus, mas não
estavam presentes em Colossos, tem nada de servo, e sim de dono
Éfeso e Corinto. e patrão. A palavra apóstolo tem o
A carta foi escrita provavelmente sentido de mensageiro enviado, e
na década de 60d.C., antes da mor- somente os doze e Paulo são re-
te de Pedro (64 – 67 d.C.), e dirigida conhecidos como tais, não existem
aos cristãos judeus e gentios espa- outros apóstolos ao longo da Igreja,
lhados por conta da perseguição e nem tampouco em nossos dias. Em
Atos 1.20-26 tem os critérios para
das dificuldades impostas por razão
alguém ser apóstolo.
da fé em Cristo. Assim, a preocupa-
ção pastoral do apóstolo Pedro para Os destinatários são pessoas
com os cristãos é para manterem o que foram alcançadas pela salva-
foco no conhecimento e no cresci- ção em Cristo e “receberam co-
mento, auxiliando-os no combate nosco uma fé igualmente valiosa”
aos erros e apontando para a volta (2Pe 1.1c), ou seja, Pedro se identi-
triunfante do Senhor Jesus e a ne- fica com os cristãos, revelando que
cessidade de preparação. não existe, no Reino de Deus, uma
pessoa que seja superior ou inferior
1 – O CONHECIMENTO PLENO a outra; pelo contrário, todos são
DE DEUS RESULTA EM iguais perante o Senhor.
GRAÇA E PAZ O relacionamento com Deus
através de Cristo Jesus proporcio-
O autor se apresenta como Si- na ao cristão alcançar o “pleno co-
mão Pedro, apóstolo e servo. Mui- nhecimento” (epignõsis) de Deus,

48
declarado por D. A. Carson, “como o vos dou; não vo-la dou como o mun-
meio pelo qual a graça e a paz po- do a dá” (Jo 14.27). A graça de Cristo
dem transbordar na vida do crente”1, promove a paz com Deus, promoven-
contrastando com o conhecimento do a mudança real no coração do pe-
(gnõsis) dos gnósticos (Adeptos de cador pelo perdão dos pecados, para
uma heresia iniciada no primeiro sé- que seja desfrutada a verdadeira paz.
culo que se desenvolveu nos séculos A declaração de Pedro aos cris-
seguintes, dentre os seus postulados, tãos é que desfrutassem de graça e
defendiam uma espécie de conheci- paz multiplicadas através do conhe-
mento misterioso e mais elevado cimento pleno de Deus. Conhecer a
para a salvação, ensinavam que a Deus de forma profunda e pessoal,
salvação nada tinha com relação à somente pelo relacionamento com
vida física e não criam na divindade Cristo, e não por um conhecimento
de Jesus Cristo)2. superficial, teórico e vazio de signifi-
A graça (do grego χαρις - charis) é cado e vida.
o favor imerecido de Deus para cada
um de nós, é o meio pelo qual somos 2 – O PROGRESSO ESPIRITUAL SE
salvos. Somos justificados gratuita- REVELA NA VIDA PRÁTICA
mente pela graça, que nos fortalece
diante das nossas fraquezas e nos Pedro ensina que Deus proveu os
livra do pecado. Enfim, Pedro deseja cristãos com todos os recursos neces-
que a graça seja multiplicada na vida sários para o progresso espiritual, a
partir do pleno conhecimento de Deus,
dos cristãos.
para que todos tenham não só a com-
A paz (do grego ειρηνη – eirênê) é preensão da fé, mas o resultado prático
uma palavra que se origina no meio da fé, que oferece segurança e fortale-
do povo de Deus no AT (Shalon). cimento na vida cristã e condição para
Essa paz não significa ausência de enfrentar os erros.
tribulações, dificuldades, problemas,
2.1 – OS RECURSOS PARA O
lutas, adversidades; a paz na vida do
CRESCIMENTO JÁ FORAM CON-
cristão não depende das circunstân-
CEDIDOS POR DEUS
cias externas, do contexto de vida,
da movimentação de governantes O desenvolvimento na vida cristã
através de passeatas, caminhadas se pauta em dois aspectos conce-
e mobilização popular, não é fruto didos por Deus como recurso, para
de uma droga medicamentosa ou da que cada cristão tenha a condição de
meditação oriental. A PAZ É FRUTO aplicar em sua vida diária, que são: O
DA GRAÇA DE DEUS EM CRISTO, poder de Deus e suas promessas.
é uma ação de Jesus em nós e por Pedro declara: “Seu divino poder
nós, “deixo-vos a paz, a minha paz nos deu todas as coisas de que ne-
1 - CARSON, D. A., Comentário Bíblico Vida Nova. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2009, pág. 2078
2 - BROADMAN, Trad. Adiel Almeida de Oliveira, Juerp, Rio de Janeiro,1985, p 207

49
cessitamos para a vida e para a pie- dinâmica de desenvolvimento espi-
dade” (v.3). Sendo bem objetivo, ele ritual constante, tendo como alvo a
afirma que a presença da graça de frutificação.
Cristo em nós por meio da salvação e A fé salvadora produz o novo nas-
pela ação do Espírito Santo, propicia cimento em Cristo, mas devemos
a nós o poder de Deus que produz a acrescentar à nossa fé algumas ca-
iluminação para uma vida de santida- racterísticas muito importantes para
de e justiça. nos ajudar em nossa caminhada. São
Pedro ensina que o Espírito Santo sete qualidades mencionadas pelo
nos oferece recursos poderosos para apóstolo para o nosso crescimento
desfrutar de uma vida abundante ofe- constante (Veja os versos 5-7):
recida em Cristo e para viver de for- A Virtude tem a ver com excelên-
ma piedosa, a fim de desenvolver em cia moral, com uma vida que rejeita os
sua vida diária uma conduta certa,
vícios e comprova a nossa fé.
que tenha como alvo agradar a Deus.
O Conhecimento nos indica um
O segundo aspecto menciona-
discernimento moral, para que o cris-
do são as promessas de Deus como
tão saiba discernir entre o certo e o
recurso de Deus para nós. Pedro tem
errado, o caminho bom e o mau, en-
a intenção de ajudar-nos na dinâmi-
tre o que agrada e o que não agrada
ca da vida, no combate à sedução de
a Deus.
uma vida pecaminosa incentivada por
falsos mestres e suas heresias. Ele O Domínio Próprio é a demons-
orienta os cristãos e enfatiza a impor- tração do fruto do Espírito, sendo es-
tância das promessas quanto à uma pecialmente, neste caso, um elemen-
vida piedosa, vivendo semelhantes a to muito importante para o cristão agir
Cristo, “no mundo, mas não do mun- diante do sofrimento e perseguição,
do”, mostrando claramente que atra- agir com temperança e paciência,
vés da Palavra de Deus temos tudo mostrando equilíbrio nas decisões. É
que necessitamos para uma vida o autocontrole, a palavra tem o sen-
cristã autêntica e vitoriosa: “ele nos tido de poder, da pessoa saber se
deu as suas grandiosas e preciosas controlar.
promessas, para que por elas vocês A Perseverança tem o significa-
se tornassem participantes da natu- do de constância espiritual. Pedro
reza divina e fugissem da corrupção conclama seus leitores a resistirem
que há no mundo” (v.4). as investidas das doutrinas e práticas
2.2 – OS RECURSOS PARA O do gnosticismo e continuarem leais
CRESCIMENTO TEM COMO ALVO ao Senhor.
A FRUTIFICAÇÃO A Piedade está relacionada à
Pedro enfatiza que a presença do reverência para com Deus. O cristão
poder e das promessas de Deus na deve viver de acordo com a adoração
vida do cristão deve levá-lo a uma e os padrões da vida cristã. Piedade

50
significa “adoração certa” e depen- dos em Cristo. Esquecem principal-
dência de Deus. mente a Palavra de Deus.
A Fraternidade nos remete à A frutificação revela que genuina-
necessidade de aplicarmos o princí- mente temos a salvação em Cristo,
pio do amor cristão à nossa família que nascemos de novo e vivemos
cristã, que é a Igreja, aos amigos e para o Senhor. É uma comprovação
familiares. Assim, com este conselho da pessoa do Espírito Santo habitan-
evita-se muitos conflitos e experimen- do em nós, promovendo e produzindo
tamos uma verdadeira comunhão. resultados para a glória de Deus. Todo
O Amor é o resumo de toda a lei. cristão deve esperar ansiosamen-
Pedro foi amado pelo Senhor e con- te pela entrada no “Reino eterno de
frontado na demonstração do amor Cristo” e aguardar a sua gloriosa vol-
sincero e verdadeiro para com Ele: ta, procurando viver sempre para Ele.
“Tu me amas? Tu sabes que te amo”.
Nos escritos de Paulo o “amor é o
PARA PENSAR E AGIR:
vínculo da perfeição” (Cl 3.14). 1º - O conhecimento que tenho de
Cristo e o meu relacionamento com
CONCLUSÃO Ele me proporciona graça e paz?
2º - Qual o impacto do poder de
O pleno conhecimento de Deus
Deus e das suas promessas em mi-
concede ao cristão a oportunidade
nha vida?
de desenvolver-se espiritualmente
e, através desse crescimento, gerar 3º - Tenho me empenhado por
frutos. Quando o cristão está com- acrescentar à minha fé as qualidades
prometido com Cristo e alicerçado propostas pelo apóstolo Pedro, para
na Palavra, automaticamente revela ser um cristão frutífero?
aqueles que não estão se desenvol- 4º - O pleno conhecimento de
vendo ou crescendo no Senhor. Deus na pessoa de Cristo deve ser o
Pedro fala de quatro caracterís- alvo de todos nós!
ticas negativas dessas pessoas na
Igreja (Veja os versos 8 e 9):
1º - são estéreis, inativos e ocio-
sos, não querem servir ao Senhor; Segunda: 2Pedro 1.1-11
2º - são improdutivos e inoperan- Terça: Romanos 5.20-6.18
tes, não há frutos na vida deles; Quarta: Gálatas 5.16-26
Leitura Diária

3º - são cegos espiritualmente, e o Quinta: Romanos 5.1-8


resultado é um viver de trevas; Sexta: Salmos 1
4º - são esquecidos, têm memória Sábado: Judas 1
fraca e não se lembram dos ensinos Domingo: Lucas 13.6-9
do Senhor e dos benefícios alcança-

51
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 11
Texto Básico: 2Pedro 1.12-21

A PALAVRA DE DEUS É O
ALICERCE PARA A FÉ CRISTÃ

A vida cristã tem um alicerce, conhecimento de homens declara-


uma fundação, uma base que sus- damente ateístas, espíritas ou em
tenta nossa caminhada de fé. A nos- religiões contrárias ao Evangelho de
sa salvação tem Cristo como alicer- Cristo, aceitando-os como legítimos
ce e fundamento, mas a nossa vida ensinos para a vida e ignorando os
cristã se desenvolve e fundamenta- ensinos da Palavra de Deus. Alguns
-se na Palavra de Deus, na revela- que conhecendo a Cristo como Se-
ção pelas Escrituras Sagradas, pela nhor, mas se deixando levar por
iluminação do Espírito. conselhos maus, promovem dissen-
Pedro contrapõe os ensinos ções e divisões no meio da Igreja,
afetando diretamente a comunhão
equivocados e distorcidos que es-
entre os irmãos.
tavam chegando para os cristãos e
os falsos mestres com a sua própria
experiência com o Senhor e com a 1 – VERDADES QUE
verdade genuína do Evangelho, ali- FUNDAMENTAM NOSSA FÉ
cerçado na Palavra de Deus. Os cristãos tinham consciência
Muitos cristãos na atualidade es- da mudança que havia ocorrido em
tão fundamentando suas vidas em suas vidas e da necessidade de
ensinos corrompidos, fontes conta- desenvolver-se na vida espiritual,
minadas, em ensinos pautados no sendo um processo constante na

52
maturidade cristã. Pedro convoca os são ensinos lembrados por Pedro, ao
cristãos para que “empenhem-se ain- escrever sua carta para encorajar os
da mais, em consolidar o chamado e cristãos.
a eleição” (v.10), a fim de terem con- O apóstolo Paulo também se uti-
dições de evitar o erro e o tropeço. lizou da repetição do ensino para
O apóstolo fala de coisas que fortalecer a Igreja do Senhor. Em Fili-
eles já conheciam, que já fazia par- penses 3.1, ele diz: “Escrever-lhes de
te da dinâmica de vida deles. Mas novo as mesmas coisas não é can-
havia uma necessidade de reafirmar sativo para mim e é uma segurança
as verdades para os leitores/ouvin- para vocês”; e em Romanos 15.15
tes, de forma constante, a fim de que diz: “A respeito de alguns assuntos,
estivessem fortalecidos contra todas eu lhes escrevi com toda a franque-
as investidas do mal, seja através da za, como para fazê-los lembrar-se
perseguição, do sofrimento ou pelo novamente deles, por causa da graça
equívoco dos ensinos heréticos, para que Deus me deu”. O apóstolo João
que se lembrassem da origem e da seguiu na mesma direção: “Não lhes
essência da salvação alcançada. escrevo porque não conhecem a ver-
A garantia da entrada no Reino dade, mas porque vocês a conhecem
de Deus se dá através da suficiência e porque nenhuma mentira procede
da verdade” (1Jo 2.21).
de Cristo, pela salvação que resulta
da manifestação da graça pela fé. Há O apóstolo Pedro fala que é im-
um propósito em viver de forma san- portante ajudar os cristãos a respeito
ta e pura, aplicando a mensagem do de verdades que já foram aceitas e
Evangelho à vida diária, uma vez que assimiladas, mas que por alguma ra-
“estão solidamente firmados na ver- zão, os cristãos estavam desatentos,
dade que receberam” (2Pe 1.12). então o apóstolo utiliza o termo grego
que significa despertar, acordar, como
O fato de conhecer um ensino da
falta de atenção. Um cristão pode se
Palavra de Deus não significa que os
acomodar com as conquistas, vitó-
cristãos não tenham necessidade de
rias e glórias do passado e viver aco-
serem lembrados das verdades fun-
modado com o presente, aceitando
damentais da fé cristã, pois uma ca-
passivamente as induções do diabo,
racterística negativa citada por Pedro
abrindo brechas para uma vida de
anteriormente foi justamente o fato da- transgressão. Calvino declara que “so-
quele que não busca a maturidade es- mos ensinados pelo exemplo de Pe-
piritual se esquecer da purificação dos dro que, quanto menos tempo de vida
seus pecados e negligenciar a busca nos resta, mais diligentes devemos
por uma vida digna do evangelho. ser ao executar nosso ofício”1. Mesmo
A verdade histórica da morte, se- com a morte próxima, Pedro demons-
pultamento e ressurreição de Jesus trou o seu compromisso com Cristo.
1 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 349

53
panhado de outros apóstolos – Tiago
2 – O TESTEMUNHO QUE e João, por isso a expressão “E ouvi-
FUNDAMENTA NOSSA FÉ mos esta voz dirigida do céu” (v.18).
Os ensinos que estão sendo Simon J. Kistemaker comenta so-
compartilhados têm uma base só- bre o fato de Pedro usar a transfigu-
lida, um fundamento, um alicerce. ração de Jesus para demonstrar que
Diferente dos ensinos que estavam a “entrada no Reino eterno do nosso
se infiltrando nas Igrejas, que se ba- Senhor” está plenamente suprida. Ele
seavam em mitos, lendas, histórias diz: “Como testemunhas humanas, foi
inventadas e fábulas, Pedro alertava permitido aos apóstolos um rápido
aos cristãos para que pudessem se olhar do céu no qual Jesus governa
ancorar em ensinos verdadeiros, de com poder, honra e glória, e onde é o
uma pessoa que presenciou a glória Filho de Deus que recebe o amor e a
e a majestade do Salvador. Não era aprovação do Pai”2.
um ensino fruto de histórias huma- O testemunho e o ensino de Pe-
nas, mas resultado da revelação de dro estão abalizados em sua expe-
Deus aos homens. Ele fala da auto- riência com o próprio Senhor Jesus,
ridade do evangelho em detrimento o que fundamenta a nossa fé.
dos ensinos mundanos e diabólicos.
O apóstolo utiliza o termo grego para 3 – A PALAVRA QUE FUNDAMENTA
fábulas que significa mito, que era
ensinado pelos falsos mestres.
NOSSA FÉ
“Fomos testemunhas oculares da Através da sua Palavra, Deus
sua majestade” (...) lhe foi dirigida a revelou o seu plano de salvar a hu-
voz que disse: “Este é o meu filho ama- manidade, utilizando os profetas na
do, em quem me agrado” (v.16,17). transmissão de sua soberana vonta-
Este ensino do apóstolo tem como de. Pedro conclama seus ouvintes/
meta revelar a fonte da experiência leitores a se atentarem ao que es-
de Pedro e a autenticidade da men- tava escrito nos profetas como uma
sagem do evangelho em que foram luz brilhante nas trevas; não como
alcançados, revelando que a vinda do uma palavra dos homens a respeito
Senhor não era uma história sem fun- de Deus, mas a Palavra de Deus
damentos, inventada para enganar revelada aos homens.
os cristãos, pelo contrário, era fruto Pedro fundamentava o seu teste-
do ensino do próprio Senhor Jesus. munho, como vimos no verso 18, na
Pedro apresenta sua experiência no palavra falada por Deus, agora, ver-
monte da transfiguração, quando ou- so 19 em diante, ele se volta para a
viu a voz de Deus confirmando a di- Palavra escrita, as Escrituras Sagra-
vindade de Cristo, e ele estava acom- das do AT como fundamento para a
2 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 359

54
fé. Era a palavra dos apóstolos sendo
confirmada pelo estudo sistemático CONCLUSÃO
do AT. O apelo do apóstolo é para que A fundamentação da nossa fé
os cristãos prestem bastante atenção está nas verdades compartilhadas
a todas as profecias que estão nas pelos apóstolos, que conviveram com
Escrituras, pois todas se cumprirão. o Senhor Jesus sendo assim teste-
Se as promessas do AT se cumpri- munhas oculares dos seus ensinos,
ram, é necessário que os cristãos es- viveram aquilo que ensinaram e re-
tejam atentos às profecias que ainda gistraram tais ensinos nas Escrituras
irão se cumprir. para que estes chegassem até nos-
sos dias. Portanto a nossa fé está na
A expressão no verso 19 “até que Palavra de Deus que é infalível, iner-
o dia clareie e a estrela da alva nasça rante, inspirada, divina e que chegou
em seus corações” são simbólicas, até nós pela ação do Espírito Santo
uma descrição poética, apontando em todos os tempos.
para o dia da volta gloriosa de Jesus
e não para a referência ao amanhe- PARA PENSAR E AGIR:
cer quando desponta Vênus, conhe-
1º - As verdades contidas na Pala-
cida como a estrela da alva. Esse
vra de Deus são lembradas na dinâ-
conhecimento da volta de Jesus deve
mica de sua vida diária, em momen-
ser guardado pelo cristão em seu co- tos de decisões e escolhas? Você
ração com expectativa e confiança. vive pautado por ela?
As Escrituras não são o resulta- 2º - Você duvida da Palavra de
do da ação humana em escrevê-la, a Deus, dos seus ensinos e profecias,
sua origem não está no homem, mas julgando que é puramente uma escri-
em Deus pela ação do Espírito Santo. ta de homens? Você questiona a ins-
Aqui nos versos 20 e 21, Pedro não piração da Bíblia?
está falando que é impossível ao ho- 3º - Devemos agradecer diaria-
mem interpretar a Palavra de Deus, mente pela Palavra de Deus estar
mas aponta para a fonte completa e disponível em todos os momentos da
total das Escrituras. Deus usou ho- nossa vida.
mens santos ao longo dos séculos
para transmitir a sua vontade revela-
da através das Escrituras. Segunda: 2Pedro 2.12-21
Terça: 2Timóteo 3.8-17
O apóstolo Pedro transmite aos
cristãos que os seus ensinos tinham Quarta: Atos 17.10-14
Leitura Diária

como fundamentação a Palavra de Quinta: João 1.1-14


Deus, oriunda não como um projeto Sexta: Hebreus 10-1-10
humano, não como fruto da invenção Sábado: Hebreus 10.32-29
e desejos humanos, mas a sua ori-
Domingo: Tiago 5.7-11
gem está em Deus.

55
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 12
Texto Básico: 2Pedro 2

ADVERTÊNCIAS CONTRA OS
FALSOS MESTRES

Em oposição aos ensinos de- ensina mentiras com motivos e in-


clarados sobre a vida autêntica teresses pessoais para, de alguma
do apóstolo Pedro, fundamentada forma, enganar os seus seguidores
e comprovada pelas Escrituras do e levá-los a satisfazerem os seus
NT, sua experiência pessoal com próprios desejos.
o Senhor Jesus e a autoridade da
Pedro orienta a Igreja a buscar
palavra proclamada como fruto da
o progresso espiritual para ter con-
revelação do próprio Deus na ação
dições de conhecer, refutar e com-
do Espírito Santo, a carta traz o
bater os ensinos errados dos falsos
retrato dos falsos mestres e dos
seus ensinos, que estavam atuan- mestres. Uma maneira de vencer o
tes nas Igrejas. erro e a mentira é através da verda-
de revelada nas Escrituras. “Cuida-
O comentarista bíblico Warren
do, para que ninguém vos engane”
Wiersbe diz que “os falsos ensina-
(Mt 24.4).
mentos dentro da Igreja são muito
mais perigosos que a perseguição Há quem defenda que Pedro uti-
externa (At 20.28-32)”1. O falso lizou-se dos escritos de Judas para
mestre não é aquele que ensina a escrever a sua carta; outros defen-
Palavra de Deus de forma equivo- dem que foi o contrário, Judas usou
cada por ignorância ou desconheci- os ensinos de Pedro; ainda alguns
mento, mas um cristão que conhe- comentaristas defendem que am-
ce a verdade, mas deliberadamente bos tiveram uma mesma fonte para
1 - WIERSBE, W. W., Comentário Bíblico Wiersbe Novo Testamento. Geográfica Editora Ltda, Santo André SP, 2008,
pág. 805

56
compor a carta. O certo é que ambos razões: 1º) o seu método é traiçoeiro
apresentam uma mensagem de ad- e conduz a meios vergonhosos, le-
vertência e conclama a todos a bata- vando a fé a ser difamada; 2º) o seu
lharem pela fé numa guerra espiritual. ensino é uma completa negação da
verdade e 3º) o seu destino é causar
1 – A PRESENÇA DOS FALSOS destruição tanto a si mesmos quanto
MESTRES aos seus seguidores”2.
O apóstolo Pedro diz que os fal-
O apóstolo Pedro envia uma ad- sos mestres surgem no meio do povo
vertência aos cristãos sobre as di- de Deus, eles estão na rotina da Igre-
ficuldades que teriam de enfrentar, ja, eles fazem parte da Igreja como
além das perseguições e sofrimento. membros. Talvez uma pessoa que
Ele diz: “surgirão entre vocês falsos passa a fazer parte da Igreja recen-
mestres” (v.1), numa coerência com temente seja “olhada”, seja vista com
os ensinos de Jesus, apontando para desconfiança, mas alguém conhe-
um tempo em que os mestres esta- cido, envolvido e até respeitado no
riam satisfazendo de forma ilusória as meio da Igreja tenha facilidade para
pessoas. Jesus advertiu em Mateus cumprir o papel de falso mestre.
24.11: “e numerosos falsos profetas
surgirão e enganarão a muitos”. Sobre a forma de agir, diz-nos o
texto que “Estes introduzirão secre-
O apóstolo Paulo, por diversas tamente heresias destruidoras”, ou
vezes, alertou os cristãos a respei- seja, trabalham nas sombras, nos
to da presença de falsos pastores e bastidores, fingem ser o que não são,
mestres. Em Éfeso, reunido com os pois agem com hipocrisia. Apresen-
líderes da Igreja, ele traz uma dura tam os seus ensinos heréticos sem-
advertência: “Sei que, depois da mi- pre de forma próxima à verdade, bus-
nha partida, lobos ferozes penetrarão cando enganar os que ouvem.
no meio de vocês e não pouparão o
rebanho. E dentre vocês mesmos se
levantarão homens que torcerão a
2 – O ENSINO DOS FALSOS
verdade, a fim de atrair os discípulos. MESTRES
Por isso, vigiem!” (At 20.29-31). O apóstolo Pedro defende que as
Por que tantos alertas sobre a heresias destruidoras têm a ver com
presença dos falsos mestres na dinâ- o ensino gnóstico, uma seita que
mica da Igreja ou na vida da Igreja? atuava dentro das Igrejas provocando
Por que tanta preocupação com pes- todo tipo de divisões, em que o ensino
soas que ensinam coisas erradas? D. atingia diretamente a pessoa de Cris-
A. Carson fala sobre o perigo dos fal- to, a obra expiatória, a criação, o rela-
sos mestres para a Igreja. Ele diz: “Os cionamento direto com Deus, a reali-
falsos profetas são perigosos por três dade do pecado ou inexistência dele.
2 - CARSON, D. A., Comentário Bíblico Vida Nova. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2009, pág. 2086

57
Para os gnósticos, Jesus não era Os gnósticos distorceram a Pala-
o soberano Filho de Deus, não era vra de Deus com uma sutileza teo-
o Senhor como afirmado nas Escri- lógica, transformando a graça em
turas, mas um senhor como muitos uma licenciosidade pecaminosa; e
outros existentes. Jesus era apenas isso era, na visão deles, uma ajuda
um homem comum com uma mente no crescimento espiritual e na des-
elevada. Por isso, Pedro afirma: “che- truição do corpo, unindo o comporta-
gando a negar o Soberano Senhor mento pagão tomado pelos vícios e
que os resgatou” (v.1), ao contrário pecados, fazendo com que as imo-
de obedecer a Cristo, e utiliza a pa- ralidades se tornassem uma prática
lavra resgate, que está relacionada normal no meio da Igreja. Cuidado!!!
à compra de escravos para que seja Infelizmente os falsos mestres
um servo obediente. sempre encontram alguém no meio
Portanto, assim como Pedro, o da Igreja para enganar e se submeter
apóstolo Paulo combateu intensa- a toda forma de depravação, promis-
mente o ensino dos gnósticos que es- cuidade e devassidão, aceitando os
tavam presentes na Igreja em Corinto, falsos ensinos.
Colossos e Éfeso, apontando para os
erros através das suas cartas. Os en- 3 – A CONDENAÇÃO DOS FALSOS
sinos heréticos defendiam a criação MESTRES
não sendo atribuída a Deus, a ênfa- O propósito pelo qual os falsos
se na libertação pelo conhecimento mestres ensinavam é advertido por
e a indiferença quanto à questão da Pedro. Revelando a sua ganância e
moralidade, pois julgavam que esta- avareza, eles enganavam o povo e
vam em um nível elevado (Cl 1.15-16; os conduzia por uma vida imoral e
Cl 2.8,9). sexualmente pervertida, visando o
Outra vertente do ensino dos dinheiro e o lucro. Pedro utiliza uma
gnósticos está relacionada com a expressão bem comum no comércio,
questão da existência humana. Sen- ao dizer: “E por avareza farão de vós
do o corpo feito de matéria, que é negócio com palavras fingidas”(v.3).
essencialmente má, este deve ser Não é muito diferente do que aconte-
destruído e assim a alma será liberta ce em nossos dias.
pelo conhecimento humano. Ensina- Muitas pessoas são atraídas por
vam que a depravação não atinge a palavras bonitas que incentivam a
alma e assim promovia, no meio da vitória e tantas promessas vazias e
Igreja, os erros para a inclinação de equivocadas por erro de interpre-
uma vida sexual impura, de uma vida tação bíblica e maldade. Com isso,
de devassidão, e seduzia os instáveis, esses líderes religiosos querem o
como Pedro havia advertido: “Muitos dinheiro e, ao mesmo tempo, man-
seguirão os caminhos vergonhosos ter cada um sem o conhecimento da
desses homens” (v.2). verdade por um ensino envenenado.

58
Eles prometem muito, mas cumprem falsos mestres porque exaltam-se
pouco, no dizer de Pedro “são fontes a si mesmos, em vez de a Cristo, e
sem água”, que na verdade é inútil; muitas amam, adorar pessoas popu-
são “nuvens carregadas pelo vento”, lares e de sucesso. Além disso, o ca-
bonitas para apreciar, mas sem pro- minho falso facilita o viver em pecado
duzir a chuva necessária; falando de e, ao mesmo tempo, o fingir ter uma
liberdade, mas escravizando os se- vida religiosa”3.
guidores e sendo eles mesmos es- Cuidado com os falsos mestres e
cravos também. os falsos ensinos! Busquem o conhe-
Eles não eram salvos, eram pes- cimento através da leitura, do estudo,
soas que ouviram a mensagem do da meditação na Palavra de Deus,
evangelho e passaram a fazer parte para que não sejam levados pelos er-
da comunidade, mas não houve con- ros nos “ventos de doutrinas”.
versão, arrependimento, submissão a
Cristo. A parábola do Semeador mos- PARA PENSAR E AGIR:
tra que três partes das sementes se
1º - Os falsos mestres se apro-
perderam (beira do caminho, entre es-
veitam da boa fé das pessoas e sor-
pinhos e terreno pedregoso). O cristão
rateiramente ensinam suas mentiras
autêntico, é um salvo para sempre,
e seus erros. Por que parece mais
tem a vida eterna e nunca perecerá.
fácil seguir os falsos mestres e seus
A condenação dos falsos mestres ensinos do que mestres e ensinos
é certa, assim como os exemplos uti- verdadeiros?
lizados por Pedro na carta, eles so-
2º - Qual a melhor maneira para
frerão a pena do pecado. O julgamen-
combater os falsos mestres e seus
to já está marcado e a condenação
ensinos?
virá pela determinação de Deus Pai
na pessoa do Seu Filho Jesus. Por- 3º - Você consegue detectar os
tanto, toda desobediência e rebelião falsos mestres com seus ensinos
receberão justa retribuição. Pode pa- atualmente?
recer que estão enganando a todos
sem qualquer consequência, mas a
recompensa pelo erro e por conduzir
pessoas ao erro será dada no grande Segunda: 2Pedro 2.1-11
Dia do Senhor. Terça: 2Pedro 2.12-22
Quarta: 1Timóteo 4.1-10
CONCLUSÃO
Leitura Diária

Quinta: 2Tessalonicenses 2.1-17


Infelizmente, a falsa doutrina será Sexta: Judas 1
mais popular que o caminho da ver- Sábado: Colossenses 2.1-15
dade. O comentarista Warren Wiesr- Domingo: 2Timóteo 4.1-8
be, diz: “As pessoas escolhem seguir
3 - WIERSBE, W. W., Comentário Bíblico Wiersbe Novo Testamento. Geográfica Editora Ltda, Santo André SP, 2008,
pág. 809

59
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 13
Textos Básicos: 2Pedro 3

CRESCIMENTO ESPIRITUAL:
UM ALVO PERMANENTE

Ao terminar suas orientações tição de um ensino era uma prática


de forma amorosa, o apóstolo comum naquele tempo. O apóstolo
Pedro volta-se para a importância Paulo mesmo disse: “irmãos meus,
da Palavra de Deus, em que o foco (...) no Senhor. Não me aborreço de
é a fundamentação das verdades escrever-vos as mesmas coisas, e é
contidas nas Escrituras. Lembrando segurança para vós” (Fp 3.1).
que todas as promessas de Deus O progresso espiritual se funda-
se cumpriram e este é justamente o menta em algumas lições. Vejamos:
motivo pelo qual deveriam se pau-
tar: Deus cumpre a sua Palavra!
1 – CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Podemos perceber o encoraja- PELO PODER DA PALAVRA
mento para os cristãos e o incentivo
à uma vida cristã em crescimento A ênfase da carta está no des-
constante, para refutar os ensinos pertamento dos cristãos a respeito
errados dos falsos mestres e ter de promessas feitas pelo Senhor no
condições de fazer boas escolhas. decorrer da história e como elas se
Pedro estava preocupado em re- cumpriram. Ele fala da necessidade
petir ensinos que já anteriormente dos cristãos se lembrarem das pa-
haviam sido ensinados, seja por ele lavras anunciadas pelos profetas do
ou por algum dos apóstolos. A repe- AT e que apontavam para a vinda do

60
Salvador Jesus Cristo. As profecias promessas de Deus. O apóstolo Pe-
do AT se cumpriram plenamente na dro registra sua ação junto aos cris-
história e servem como fundamenta- tãos, tentando persuadi-los quanto
ção para a Igreja, bem como, para os à tolice de acreditar em promessas
não crentes como uma advertência que não se cumpriram. Eles diziam:
que todas as promessas de Deus se “O que houve com a promessa da sua
cumprem. vinda? Desde que os antepassados
O apóstolo Pedro queria lembrar morreram, tudo continua como desde
aos cristãos da criação dos céus e o princípio da criação” (2Pe 3.3,4).
da terra, declarando: “pela palavra de A orientação e a advertência do
Deus já desde a antiguidade existi- apóstolo era para que seus leitores/
ram os céus, e a terra” (v. 5), em con- ouvintes estivessem alertas e vigilan-
sonância com Salmos 33.6: “Pela pa- tes contra os escarnecedores e zom-
lavra do Senhor foram feitos os céus, badores que trariam falsos ensinos.
e todo o exército deles pelo espírito Simon J. Kistamaker diz que
da sua boca” e Hebreus 1.1-3 que diz: “O escárnio não deve ser confundido
“Havendo Deus antigamente falado com a zombaria. A zombaria retrata
muitas vezes, e de muitas maneiras, frivolidade, mas o escárnio é um pe-
aos pais, pelos profetas, a nós falou- cado intencional. Ocorre quando, de-
-nos nestes últimos dias pelo Filho, liberadamente, a pessoa mostra des-
(...) por quem fez também o mundo... prezo por Deus e seu Filho”1.
e sustentando todas as coisas pela
Pedro diz “Não se esqueçam dis-
palavra do seu poder”.
to, amados”, numa referência direta
Ele queria lembrá-los também do como o Senhor governa a história.
cumprimento da Palavra de Deus na Deus é atemporal. Para Ele passado,
execução do juízo, no dilúvio, des- presente e futuro são a mesma coi-
truindo o mundo e todos os ímpios. sa, “um dia como mil anos e mil anos
Assim, deveriam saber que os céus e como um dia” (v.8). Na visão dos
a terra estão reservados “para o fogo, escarnecedores Deus estava indife-
guardados para o dia do juízo e para rente à situação humana e o mundo
a destruição dos ímpios” (v.7). Preste estava à própria sorte. Numa visão
atenção na Palavra de Deus! deísta, o mundo foi criado e abando-
nado; jamais acabará.
2 – O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
A Bíblia atesta que Deus não
CONFRONTA OS INCRÉDULOS demora para cumprir a sua Palavra,
Em vários momentos ao longo mesmo que em nossa concepção es-
da história podemos constatar a pre- teja demorando. Deus tem um dia em
sença dos zombadores, dos incré- que executará a sua vontade sobera-
dulos e dos ímpios em relação às na e diz que será como a vinda de um
1 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 434

61
ladrão à noite, de forma repentina, nalidades. O Senhor Jesus, no sermão
quando menos as pessoas estiverem profético, em Mateus 24 e 25, proferiu
esperando. vários ensinos com exemplos sobre
O povo de Deus não será sur- a necessidade de preparação. Jesus
preendido na segunda vinda de Cris- virá e nós esperamos a sua vinda!
to, porque vive pautado pelos ensinos Diante de todo o exposto, Pedro
da Palavra de Deus e está preparado deixa os escarnecedores e zomba-
para qualquer dia e horário estar para dores de lado e foca nos cristãos,
sempre com o Senhor na glória ce- para que reflitam sobre a importância
lestial. Não esqueça da Palavra! de suas vidas, a motivação que im-
pulsiona a caminhada, as mudanças
3 – O CRESCIMENTO ESPIRITUAL que se fazem necessárias, enfim, se
FORTALECE NA PRONTIDÃO o fim está próximo, e este mundo vai
terminar, como devemos aproveitar a
Um dos temas recorrentes nos nossa vida? Que tipo de pessoa de-
ensinos do Senhor Jesus e dos após- vemos ser? A ordem é que vivamos
tolos trata da necessidade de viver em santidade e piedade (v.11), para
preparado para a morte ou para a que haja empenho na busca de uma
triunfante volta do Senhor Jesus. vida agradável diante de Deus, não
A preparação para o encontro com importando o dia e a hora da volta de
Deus no AT era algo de muita impor- Jesus, pois o cristão vive de maneira
tância e levado a sério pelo povo de imaculada e irrepreensível para Deus
Deus. No NT, a ideia não é se preparar todos os dias.
para um dia especial de festividades,
rituais e cerimoniais, mas viver prepa- 4 – CRESCIMENTO ESPIRITUAL:
rado a cada dia, como sendo o último
dia vivido nesta terra, compreenden-
UM ALVO PERMANENTE
do que um dia a morte chegará e não O autor retoma o ensino principal
sabemos quando será, então há a da carta com foco no conhecimento
necessidade de viver preparado para e nas condições ideais para vencer
estar com o Senhor eternamente. os falsos ensinos e os falsos mestres.
Prontidão e vigilância são adver- O recurso que cada cristão tem para
tências para os discípulos de Jesus, a progredir na vida espiritual é buscar
fim de que aproveitem ao máximo para na inerrante, infalível, inspirada e di-
servir e honrar ao Senhor a cada dia vina Palavra de Deus de forma cons-
com alegria. Pelo fato de não se pre- tante e permanente.
pararem, muitos vivem na negligência Para evitar as ações contrárias
e na omissão, deixam para depois um dos homens abomináveis que atuam
compromisso mais profundo com o dentro das Igrejas para proliferar o
Senhor. Adiam o aspecto da prepara- engano e conduzir pessoas para o
ção e deixam passar o tempo com ba- caminho errado, cada cristão preci-

62
sa ter cuidado, viver vigilante, tendo Jesus de maneira santa, irrepreensí-
a consciência de que o foco precisa vel e imaculada; e, por fim, 4º) a es-
estar na Palavra de Deus, nos ensi- tabelecerem como alvo permanente
nos recebidos pelas Escrituras e re- a busca pelo crescimento espiritual
jeitarem qualquer tentativa de menos- através das disciplinas espirituais:
prezar Deus, Jesus, a Sua Palavra ou Bíblia e Oração.
qualquer um dos seus apóstolos.
O alvo permanente para o cristão PARA PENSAR E AGIR:
é o crescimento e com dois aspectos 1º - O crescimento é uma ação
muito importantes: graça e conheci- natural na vida e deve ser também na
mento, sabendo que ambos vêm de vida cristã.
Deus para nós na pessoa de Cristo.
2º - Por que algumas pessoas
Não adianta conhecer a verdade de
acabam sendo vítimas dos falsos en-
forma teórica, ter embasamento bíblico
sinos e falsos mestres?
de forma sistemática, mas negligenciar
a vida espiritual, as disciplinas espiri- 3º - Os zombadores e os escar-
tuais, o viver de forma santa e piedosa. necedores conhecem a Palavra de
É preciso ter conhecimento da Palavra Deus, mas distorcem as Escrituras
para produzir proximidade, intimidade para enganarem os discípulos instá-
com Jesus, e assim as duas coisas veis. Como manter-se em condições
acontecem: o conhecimento bíblico se de resistir os homens abomináveis e
manifesta na vida prática. Aquilo que seus ensinos?
cremos será desenvolvido através das 4º - O crescimento espiritual deve
nossas atitudes e comportamentos. ser um alvo permanente na vida do
cristão. Assumo diante de Deus o com-
CONCLUSÃO promisso de persistir em busca deste
alvo permanente em minha vida, pela
Os cristãos são chamados por leitura diária da Bíblia e na separação
Pedro de “amados”, mas ao mes- de um tempo para a oração?
mo tempo são advertidos. Uma vez
que deseja que sejam vitoriosos na
vida cristã, ele os encoraja: 1º) a se
lembrarem constantemente da Pala- Segunda: 2Pedro 3.1-7
vra de Deus, seja pelos profetas ou
Terça: 2Pedro 3.8-14
pelos apóstolos; 2º) a não se esque-
cerem do cumprimento da Palavra e Quarta: 2Pedro 3.15-18
Leitura Diária

das promessas ao longo dos séculos, Quinta: Colossenses 1.3-11


especialmente com o nascimento do Sexta: Mateus 24.36-42
Salvador Jesus Cristo; 3º) a fazerem Sábado: Mateus 24.43-51
um esforço para viver neste mundo Domingo: Efésios 4.1-16
mal aguardando a triunfante volta de

63
Currículo
2020
Primeiro Trimestre Revista da Convenção Batista Fluminense
Ano 16 - n° 63 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2019
TRATAMENTO BÍBLICO:
Ansiedade e Depressão Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas

Pr. Eduardo Luiz de Carvalho Faria


Diretoria da Convenção Batista Fluminense:
Presidente: Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca

Segundo Trimestre Primeiro Vice-Presidente: Pr. Geraldo Geremias


Segundo Vice-Presidente: Dcª Lindomar Ferreira Da Silva
Terceiro Vice-Presidente: Pr. Dario Francisco De Oliveira
OS DEZ MANDAMENTOS
Primeira Secretária: Lilia Matilde Freichos Godoy
PARA OS DIAS ATUAIS
Segunda Secretária: Lina Silvana De Abreu Xavier De Oliveira
Pr. Romilton Lourenço Terceiro Secretário: Pr. Paulo Cesar Conceição Dos Santos
Quarto Secretário: Pr. Ozéas Dias Gomes Da Silva

Terceiro Trimestre
Diretor de Educação Religiosa:
Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
EXERCENDO A MORDOMIA
CRISTÃ Redator: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Pr. Mauro Stélio Sanches Revisão Bíblico Doutrinária: Pr. Jailton Barreto Rangel
Pr. Elias Muniz dos Santos

Quarto Trimestre
Pr. Pedro Salvador de Azevedo

Revisão e copidesque: Edilene Oliveira


CARTAS DE PAULO
Pr. Ronaldo Silveira Mota Produção Editorial, Diagramação e Impressão:
Print Master Editora (22) 3021-3091

Distribuição:
Print Master Editora
Seja Mordomo
Convenção Batista Fluminense
Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais
Rua Visconde de Morais, 231 - lngá - Niterói - RJ
revistas que o número de jovens e adultos
matriculados na EBD ou em outro grupo de CEP 24210-145
estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção Tel.: (21) 2620-1515
se for este o seu caso. Queremos investir seu E-mail: contato@batistafluminense.org.br
dízimo também em outros projetos.

Acesse nosso site:

www.batistafluminense.org.br

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