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MOTIVAÇÕES CRISTÃS
(Estudo em 1 e 2 Pedro)
LIÇÃO 2 – A GRANDIOSIDADE
16
02
52o CONGRESSO DA NOSSA SALVAÇÃO
ESTADUAL DA MCM
LIÇÃO 3 – O SEGREDO PARA
20 UMA VIDA SANTA
03
PALAVRA DO PRESIDENTE CAS DA NOVA VIDA
24 LIÇÃO 4 – AS
MAR
PR. ELILDES JUNIO
LIÇÃO 5 – A VIDA CRISTÃ E AS
28 AUTORIDADES
05 MISSÕES ESTADUAIS 32
LIÇÃO 6 – CHAMADOS PARA
FAZER DIFERENÇA
LIÇÃO 7 – ASPECTOS DO
36 SERVIÇO CRISTÃO
07 PRIMEIRAS PALAVRAS
PR. AMILTON VARGAS LIÇÃO 8 – A VIDA CRISTÃ
40 E O SOFRIMENTO
ÉO
LIÇÃO 11 – A PALAVRA DE DEUS
TRA
LIÇÃO 12 –ADVERTÊNCIAS CON
OS FALSOS MESTRES
APRESENTAÇÃO
56
11 PR. SAMUEL MURY
DE AQUINO 60
LIÇÃO 13 – CRESCIMENTO ESPI
UM ALVO PERMANENTE
RITUAL:
PALAVRA DO PRESIDENTE
Querido(a) irmão(ã), é uma
honra chegar até você, como pre-
sidente da Convenção Batista Flu-
minense, através da revista Palavra
e Vida. Não há mérito em mim para
tamanho privilégio! Estou no exercí-
cio da função unicamente pela bon-
dade de Deus. A glória é dele!
Reconhecemos o trabalho rea-
lizado pelas diretorias anteriores,
bem como pelo nosso diretor exe-
cutivo e pela equipe de gestores e
colaboradores, pois chegamos até
aqui pela instrumentalidade de ser-
vos valiosos. Como diretoria atual,
temos consciência da grande res- A Convenção é a expressão da
ponsabilidade diante de nós e nos cooperação das igrejas batistas. E
comprometemos a fazer o melhor nós sabemos que as igrejas não
pela causa. são os templos, mas as pessoas.
Por essa razão, pedimos as ora- Igreja é gente, logo, a Convenção
ções de todo o povo batista flumi- somos nós. A Convenção somos eu
nense. Precisamos mais de oração e você cooperando no Reino.
do que de água para beber. A Bíblia ensina que “assim como
Temos uma linda história. Nos- em um corpo temos muitos mem-
sas doutrinas são bíblicas. Nossa bros, e todos os membros não têm
identidade denominacional é em- a mesma função, assim também
polgante. Somos o povo da perfeita nós, embora muitos, somos um
e inerrante Palavra de Deus. Somos só corpo em Cristo e, individual-
aqueles que creem piamente no po- mente, membros uns dos outros”
der do Senhor e que se dedicam à (Romanos 12.4-5).
oração, nutrindo um estilo de vida A beleza da cooperação é saber
devocional e testemunhal. que Deus nos capacita para dife-
São essas verdades que ca- rentes funções, visando o mesmo
racterizam a nossa Convenção, propósito. Temos a mesma missão.
que vai muito além de estruturas. Estamos aqui, como Convenção,
3
para anunciar a mensagem da sal- lizar treinamentos. Se envolva com
vação em Jesus. essa causa! Vamos evangelizar as
Deus tem movido o coração da cidades fluminenses!
diretoria. Estamos empolgados e A solução é Jesus. Por isso,
queremos contagiar as igrejas, mo- como Convenção, contribuiremos
tivando-as, juntamente com seus para termos Igrejas cada vez mais
pastores, a avançarmos ainda mais. fortes. Igrejas doutrinárias e relacio-
Nós, batistas, temos uma marca namentos saudáveis, desenvolven-
incontestável: o ardor evangelístico. do os dons espirituais nos múltiplos
Somos uma denominação missio- ministérios, sensíveis à voz do Es-
nária. Temos sentido o direciona- pírito e obedientes no cumprimento
mento do Espírito Santo, levando da missão.
as Igrejas ao engajamento com a Deus está nos concedendo um
obra da expansão missionária. O abençoado ano convencional, que
alinhamento da Convenção Batis- culminará com o maior encontro
ta Brasileira com a visão de Igreja da família batista fluminense, a
Multiplicadora tem sido uma grande 112ª Assembleia da CBF, na cida-
bênção para o Brasil batista e não de de Campos, em julho de 2020.
será diferente no nosso campo. A Ele, portanto, sejam honra, gló-
Em 2020, a Convenção realiza- ria e louvor!
rá a Campanha de Evangelização
“Sim, Eu Creio!” e, desde já, Mis-
sões Estaduais está à disposição Elildes Junio Macharete Fonseca
das Igrejas e Associações para rea- Presidente da Convenção Batista Fluminense
4
PRIMEIRAS PALAVRAS
SIM, EU CREIO!
Concebida por nossa liderança de
Missões Estaduais, a Campanha Esta-
dual de Evangelização tem como tema
a declaração de fé: SIM, EU CREIO!
Esse tema me lembra o texto do
evangelho em Marcos 9.14-24, regis-
tando a história de um pai que levou
seu filho à presença dos discípulos
para ser curado de uma enfermidade
espiritual, pois ele sofria pela ação de
um demônio que o humilhava intensa-
mente, tentava matá-lo jogando-o no
chão, no fogo e na água, tirava-lhe o
direito de falar, emudecendo-o. Quando
Jesus chegou ao lugar, viu uma discus-
são. Ao perguntar sobre o assunto que Esse texto é um grande desafio
motivava a discussão, “17 Um homem, para a minha e para sua vida, pois...
no meio da multidão, respondeu: SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO
Mestre, eu te trouxe o meu filho, que A COLOCAR A FÉ EM PRÁTICA –
está com um espírito que o impede Quando somos desafiados a colocar a
de falar. 18 Onde quer que o apanhe, fé em prática corremos o mesmo risco
joga-o no chão. Ele espuma pela dos discípulos: eles fracassaram mes-
boca, range os dentes e fica rígido. mo tendo recebido do Senhor o poder
Pedi aos teus discípulos que expul- para expulsar demônios. Para a decep-
sassem o espírito, mas eles não con- ção do pai, eles falharam. Da mesma
seguiram”. forma que a Igreja falha, os crentes
Jesus criticou a instabilidade na fé falham, os líderes falham, os diáconos
de seus discípulos e mandou trazer o falham e o pastor também falha, pois
menino que manifestou a possessão falta-nos o poder, o amor, a sabedoria e
demoníaca. Jesus perguntou ao pai so- a fé. Precisamos ter em nossas mentes
bre o tempo de sofrimento do menino, e corações a certeza de que a melhor
ao que o pai informou que era desde atitude é permanecer na presença do
a infância, pedindo que tivesse compai- Mestre, pois é imperioso colocar a fé
xão deles, ajudando-os. Respondendo- em ação.
-o Jesus disse: “Tudo é possível àque- SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO
le que crê.” 24 Imediatamente o pai do A PERSEVERAR, NÃO DESISTIR –
menino exclamou: “Creio, ajuda-me O pai daquele jovem não desistiu, pois
a vencer a minha incredulidade!” quando alguém como aquele pai, per-
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manece esperando em Jesus, colocan- torcer pelo time adversário, “virar a ca-
do a fé em prática, é vencedor, mesmo saca”). Hoje de um lado; amanhã de
diante da incredulidade dos outros! outro. A inconstância permanente tor-
Hoje, nós também fracassamos, na-se perversão, dissimulação. Quan-
mas à semelhança dos discípulos, pre- do, onde e em que fomos inconstantes?
cisamos refletir sobre a razão do fra- Uma resposta sincera que nos leve a
casso, onde e por que erramos? Assim confessar nossas faltas, talvez nos leve
ao reconhecimento de que não temos
seremos edificados e cresceremos em
mais intimidade com o Pai. Isso nos
poder, misericórdia, amor e graça. Pre-
impõe a obrigação de renunciar e viver
ciso ser sincero e perguntar a mim mes-
a constância na prática da fé. Não são
mo: onde estou falhando? Com quem
apenas palavras, mas vida!
tenho falhado? Por que tenho falhado?
Talvez com humildade preciso reconhe- Jesus está ensinado que fé é muito
cer que estou falhando em minha cami- mais do que proferir palavras de efeito
nhada espiritual. Quando temos a sin- emocional, como se fossem mágicas,
ceridade de reconhecer nossas falhas, tipo: o sangue de Jesus tem poder, tá
confessando-as, restauramos a possi- amarrado, vade retro. Sem a fé que me
bilidade de alcançar, pela fé, as vitórias leve a testemunhar de Jesus, minha
vida não terá sentido. Viver pela fé é
que o Senhor quer dar a cada um de
mais do que aprender doutrinas difíceis,
nós, porém é preciso que aprendamos
participar de cerimônias, ou ter hábitos
essa preciosa lição.
religiosos e certos costumes.
SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO
Dizer SIM, EU CREIO! é estar
A RECONHECER A RAZÃO DE
disposto a ser um com o Pai através de
NOSSAS FALHAS – Reconhecemos Jesus Cristo. A relevância do ensino no
que falhamos com você que não é cren- texto citado no início não está no tama-
te, ao sonegar-lhe a oportunidade de nho da fé, mas sim no poder sobrenatu-
conhecer a Jesus como Salvador, Se- ral da fé: “Tudo é possível ao que crê”
nhor e Mestre. Falhamos com você que (Mc 9.23).
é membro afastado, espiritualmente en-
Dizer SIM, EU CREIO! É Descansar
fermo, magoado por causa dos discípu-
em Deus, confiar totalmente em Cris-
los que não têm fé e que estão desco-
to, crer integralmente no Seu infinito
nectados, embora na Igreja. Ao refletir
poder... Então faça como aquele pai:
sobre o porquê faltou a fé, encontramos
diga SIM, EU CREIO! AJUDA-ME NA
a origem de nossas falhas (inconstân-
MINHA INCREDULIDADE (falta de fé).
cia e incredulidade), como disse Jesus
no texto correlato, em Mateus 17.17: Restaure aquilo que está quebrado,
“Ó geração incrédula e perversa! até busque intimidade com o Senhor, dei-
quando estarei eu convosco, e até xando-o encher a sua vida com amor e
quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.” graça, que vem pela fé no Cristo Vivo.
Nesse texto Jesus usa a palavra
grega διιστραμίνη (diestrammine) que Pr. Amilton Vargas
se traduz por “perversa, má”, derivado Diretor Executivo da Convenção Batista
Fluminense e Pastor Interino da
de Strefw (dar a volta, mudar de lado,
PIB Universitária do Brasil
8
APRESENTAÇÃO
Estudaremos neste trimestre sobre Somos motivados pelos temas prin-
motivações cristãs, a partir das cartas cipais das cartas, como a salvação e a
do apóstolo Pedro. Pois diante da per- nova vida, a submissão, o sofrimento,
seguição e sofrimento que os cristãos a perseguição, o relacionamento como
estavam passando, era necessário aju- cristãos e Igreja, o crescimento e a ma-
dá-los e encorajá-los, fortalecendo-os turidade espiritual, o desenvolvimento
para que pudessem continuar firmes na fé, o combate aos falsos mestres e
como seguidores de Jesus Cristo. a triunfante volta de Cristo. A primeira
São cartas com muitas orienta- carta tem sua ênfase no fortalecimento
ções práticas para a vida cristã, e po- da fé para enfrentar a perseguição e o
demos afirmar que sua mensagem é sofrimento. E a segunda, no conheci-
extremamente atual. Como Igreja cristã mento para enfrentar os falsos mestres
temos muitos desafios e, neste trimes- e os ensinos heréticos que vêm grande
tre, receberemos ensinamentos pro-
poder de destruição para a Igreja.
fundos para nos auxiliarem em nossa
caminhada de fé, com fundamentação Que o Senhor nos fortaleça através
bíblico-teológico e alicerçado em ensi- da Sua poderosa Palavra e seja um
nos recebidos pelo apóstolo diretamente tempo de desenvolvimento e cresci-
do Senhor Jesus. mento espiritual!
QUEM ESCREVEU
Pastor Samuel Mury de Aquino,
pastor Batista há 22 anos, dos quais
quase 20 destes na Terceira Igreja Ba-
tista em São Fidélis. Formado em Teo-
logia pelo Seminário Teológico Batista
do Sul do Brasil, com convalidação pela
Faculdade Unida de Vitória, formado
em Psicologia pela Universidade Está-
cio de Sá e Pós-Graduado em Gestão
de Pessoas e Liderança Avançada pelo da JUNED (Junta de Educação da CBF),
Instituto Haggai. hoje JUNEDAS; atualmente é membro
Na denominação, foi presidente da do Conselho Deliberativo da CBF.
ABACENF (Associação Centro Flumi- Casado com a Profª Carla Verônica
nense); presidente da OPPBB - Sub-se- Romão Neto Mury de Aquino e pai do
ção Centro Fluminense; presidente da João Vitor, Júlia e Juliane, todos servos
OPBBFL por dois mandatos; presidente do Rei Jesus.
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DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 1
Texto Básico: 1Pedro 1.1,2
BENEFÍCIOS EXTRAORDINÁRIOS
PARA VENCER
12
sado o texto original com uma mar- vezes tiveram que viver desta ma-
ca expressiva de um grego culto no neira literalmente, desde o chamado
estilo e linguagem; reconhecimento de Abraão para fazer parte do povo
da tradição de escritores do segundo eleito de Deus e residir em Canaã.
século; utilização da carta sem obje- Assim, ele habitou em tendas e cla-
ções à autoria do apóstolo Pedro e à ramente foi revelado pelo escritor aos
ação e capacitação do Espírito Santo Hebreus, a sua real condição: “Pela fé
para a escrita da carta. peregrinou na terra prometida como
A carta tem profundidade teológi- se estivesse em terra estranha; viveu
ca, doutrinária e revela ensinamentos em tendas, bem como Isaque e Jacó,
práticos para o povo enfrentar todo co-herdeiros da mesma promessa.
tipo de adversidades e receber o Pois ele esperava a cidade que tem
encorajamento e fortalecimento ne- alicerces, cujo arquiteto e edificador
cessários para alcançar a vitória em é Deus”. (Hb 11.9,10)
meio a uma sociedade não cristã. O O tempo que o povo viveu no
apóstolo Pedro estava preparando o Egito como escravos também nos
povo de Deus para uma situação que mostra que eram forasteiros naquela
viria de sofrimentos e perseguições terra, bem como o tempo de pere-
muito mais severas do que estavam grinação no deserto revela uma vez
experimentando e que teriam a opor- mais a condição do povo de Deus
tunidade de demonstrar que de fato como estrangeiros e peregrinos nes-
eram leais a Cristo, independente do ta terra. É interessante notar que em
sofrimento e de toda provação. nenhum momento o povo de Deus,
O que era importante para os cris- vivendo como forasteiros, ficaram de-
tãos dispersos daquela época para samparados. Apesar das limitações
serem fortalecidos e encorajados a impostas tanto no Egito como no
suportarem a perseguição, assim deserto, o povo desfrutou de um cui-
como para os nossos dias? Como dado todo especial de Deus, sendo
compreender a dimensão da cida- sempre supridas as suas necessida-
dania celeste na terra? Quais os re- des. Viver na presença e na vontade
cursos que estavam disponíveis para de Deus em qualquer lugar significa
o enfrentamento dos dias difíceis? que desfrutaremos das suas maravi-
Quais os benefícios que poderiam lhosas bênçãos e, consequentemen-
auxiliar um cristão em meio às perdas te, teremos sempre o melhor para as
e ao sofrimento? nossas vidas.
O Novo Testamento apresenta o
1 – FORASTEIROS NESTE MUNDO conceito de forasteiros de duas ma-
neiras distintas: o homem forasteiro
O conceito de forasteiro é conhe- para com Deus e o homem forastei-
cido pelo povo de Deus desde o An- ro para com o mundo. Em Efésios
tigo Testamento, quando por diversas 2.11,12, o apóstolo Paulo fala da con-
13
dição espiritual do homem sem Deus A dispersão provocada pela per-
e o chama de estrangeiro, não perten- seguição (At 8.1-4), conduz a Igreja
cendo ao povo de Deus, numa condi- à uma ação missionária e evange-
ção tenebrosa e assustadoramente lística por toda a parte e pela con-
separado de Deus. Mas em Cristo, o sequente salvação de muitas vidas.
homem tem sua condição modificada Talvez a acomodação atual exija
e assim passa a fazer parte da famí- uma perseguição.
lia de Deus e não mais é forasteiro Pedro se dirige “aos dispersos no
no sentido espiritual, mas passa a Ponto, na Galácia, na Capadócia, na
ser um forasteiro para este mundo província da Ásia e na Bitínia”, en-
(Ef 2.19-21). Estão no mundo, mas corajando-os a viverem plenamen-
não pertencem ao mundo (Jo 17). te a vida cristã e aproveitando para
Pedro enfatiza em sua mensagem demonstrar no testemunho de uma
que seus leitores eram forasteiros vida prática a qualidade da vida com
neste mundo e que por mais que so- o Senhor. Existe um propósito no fato
fressem em diversos aspectos seria de vocês estarem dispersos nas di-
algo passageiro e temporário. Aqui versas regiões e misturados com os
somos apenas hóspedes na terra, gentios, pois vocês são diferentes
pois a nossa “pátria está nos céus”. por pertencerem a Cristo. A Igreja de
Cristo está espalhada no ambiente
2 – DISPERSOS POR UM social para testemunhar.
PROPÓSITO
3 – EXCLUSIVIDADE DOS
A dispersão do povo de Deus sem- CRISTÃOS
pre teve um propósito especial a ser
atingido, seja na disciplina, seja no Na saudação de sua primeira car-
testemunho para outros povos, seja ta, Pedro apresenta alguns detalhes
no ensino. O certo é que Deus se uti- que fazem parte da vida de um cris-
lizou desse expediente para conduzir tão autêntico. Seus destinatários de-
o seu povo ao Egito e por lá foram es- veriam entender que eram privilegia-
cravizados por mais de 400 anos até dos e com alegria deveriam cumprir a
saírem em direção à Terra Prometida, parte que lhes cabia como testemu-
servindo de grande testemunho para nhas de Cristo.
outros povos sobre o Deus de Israel. ERAM ELEITOS EM DEUS PAI
O reino de Israel sendo espalhado – A eleição era um conceito comum
pelas terras e depois o reino de Judá para os cristãos do primeiro século.
sendo levado à Babilônia como cati- Diferentemente das questões que
vos, visando uma ação disciplinar e envolvem intermináveis discussões
corretiva pelo envolvimento com ou- ao longo do tempo, para os primeiros
tros deuses, mostra novamente uma leitores era algo muito natural a com-
dispersão disciplinar. preensão de que os salvos eram elei-
tos desde a fundação do mundo, pois
14
não se trata de um desvio de plano e o sangue de Jesus em nossas vidas.
rota, mas um plano estabelecido pelo Que benefício extraordinário!
Senhor desde a eternidade e concre-
tizado no tempo pela proclamação do CONCLUSÃO
evangelho. A certeza de serem eleitos Em meio às lutas e perseguições
segundo a presciência de Deus Pai que o povo de Deus tem que enfren-
deveria ser o recurso para enfrentar tar, Deus sempre enviou os recursos
todo tipo de dificuldade e perseguição, necessários para que todos alcan-
prosseguindo firme e leal ao Senhor. cem grandes vitórias. Embora muitas
ERAM SANTIFICADOS NO ES- vezes o contexto aponte para o de-
PÍRITO – Não há salvo que viva in- sespero, preocupações, desânimo e
dependente de sua vida cristã, pois enfraquecimento na fé, Deus sempre
há uma implicação direta na vida envia uma mensagem de esperança.
de um cristão e a demonstração de
um comportamento ético e moral na PARA PENSAR E AGIR:
prática da justiça e na expectativa de
agradar a Deus, e isso só é possível 1º - Pedro escreveu aos cristãos
pela presença exclusiva, maravilhosa peregrinos em determinados lugares.
e extraordinária do Espírito Santo. Como você entende a sua peregrina-
ção neste mundo?
ERAM CHAMADOS PARA A
OBEDIÊNCIA – A eleição e a san- 2º - O povo de Deus disperso tem
tificação estavam diretamente liga- um propósito a cumprir, sendo que
geralmente a dispersão ocorre em
das ao relacionamento que deveria
ambiente hostil. O que leva um cris-
ser desenvolvido pelos cristãos de
tão a cumprir o propósito de Deus em
obediência irrestrita aos ensinos e
tais condições?
mandamentos de Jesus, suportando
com determinação e perseverança as 3º - Todo cristão desfruta de ma-
perseguições em busca de uma tão neira exclusiva de benefícios ex-
grande vitória. traordinários para alcançar a vitória
– “graça e paz abundantes”, através
ERAM LAVADOS E REMIDOS do Senhor Jesus.
PELO SANGUE DE JESUS – O con-
ceito do sacrifício do Antigo Testa-
mento está na mente de Pedro de- Segunda: 1Pedro 1.1-9
monstrando por semelhança o que
Terça: Hebreus 11.8-16
acontecia com o sangue dos animais
que eram oferecidos para o perdão Quarta: Efésios 2.11-22
Leitura Diária
15
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 2
Textos Básicos: 1Pedro 1.3-12
A GRANDIOSIDADE
DA NOSSA SALVAÇÃO
16
bênçãos que recebemos através da tes que esta mudança inquieta e in-
salvação em Cristo. Vejamos: comoda os não cristãos, que no caso
podem ser o cônjugue, parentes, ami-
1 – A SALVAÇÃO NOS PROPORCIONA gos, patrão, empregado, enfim, todo
UMA NOVA VIDA aquele que não tem uma experiência
pessoal com o Senhor Jesus. A res-
Um dos conceitos presentes na surreição de Jesus é a garantia da
salvação é a regeneração, ou seja, nossa regeneração!
o ser gerado de novo, o novo nas-
cimento exigido pelo Senhor Jesus. 2 – A SALVAÇÃO NOS GARANTE
Este é um tema importante para o
apóstolo Pedro, uma vez que os seus UMA HERANÇA
leitores estavam sendo atacados e Diante de perdas e sofrimento dos
perseguidos, tendo que habitar em cristãos, Pedro os encoraja e os for-
lugares isolados e vivendo como refu- talece apontando para os benefícios
giados e forasteiros. Assim, o ensino que eles haviam recebido pela salva-
tinha como intenção mostrar-lhes que ção e também revelando a promessa
a nova vida é um presente de Deus, de Cristo aos seus de uma herança
que muda a essência e consequen- eterna nos céus. Em contraste com
temente, transforma completamente as perdas em vários aspectos, eles
a realidade espiritual. Jesus instruiu tinham motivos suficientes para uma
Nicodemos sobre a necessidade de tranquilidade interior pautado na pro-
nascer de novo (Jo 3.1ss). A mensa- messa de uma herança de qualida-
gem do evangelho é uma mensagem de infinitamente superior a todas as
que proclama a nova vida em Cristo. conquistas alcançadas nesta terra.
Para Louis Berkof, regeneração é O convite era para tirar os olhos dos
“o ato de Deus pelo qual o princípio problemas e dificuldades enfrentadas
da nova vida é implantado no ho- na terra e olhar com alegria para os
mem, e a disposição dominante da benefícios prometidos nos céus; dei-
alma é tornada santa, e o primeiro xar o transitório pelo permanente.
exercício santo desta nova disposi- A carta oferece o valor da herança
ção é assegurado”1. para os cristãos em três aspectos:
O que se percebe é uma mudan- INCORRUPTÍVEL – (aftharton,
ça ocasionada pela ação do Espírito em grego) significa o que não é pe-
Santo na vida produzindo o resultado recível, passível de morte. Jesus de-
espiritual, mudança que atinge o ser clarou que uma herança em termos
como um todo, no que diz respeito às terrenos pode ser alvo de traça e
emoções, à vontade e ao intelecto. A ferrugem, e de ser roubada por la-
qualidade de vida do cristão é com- drões (Mt 6.19-21), mas a herança
pletamente antagônica aos costumes celestial do cristão nunca poderá so-
vividos na sociedade pagã e Pedro frer qualquer tipo de dano ou ação
sinaliza para os seus leitores/ouvin- de corrupção.
1 - BERKHOF, L. Teologia Sistemática. Luz para o Caminho Publicações, Campinas SP, 1990, pág. 471
17
INCONTAMINÁVEL – (amiantos, paração com o ouro refinado pelo
em grego) refere-se ao que é puro, fogo, e que recebe uma aprovação ao
que não pode ser contaminado, sem fim do teste. Assim também, a fé dos
mácula ou qualquer mancha. Uma cristãos depois de testada é compro-
herança terrena pode sofrer conta- vada ser uma fé genuína, autêntica,
minação, pode ser de origem ilícita, produzindo ao contrário de revolta
pode provocar contendas e divisões e decepção, uma ação profunda de
no âmbito familiar, enfim, pode ser louvor, honra e glória a Jesus Cristo
uma herança suja. Mas a herança do quando do seu retorno. Uma manifes-
povo de Deus é livre de contaminação tação de exaltação a Cristo em sua
e jamais poderá ser alcançada pelos volta triunfal.
poderes do mal. Em vez de derrota e fracasso nas
IMARCESCÍVEL – (amarantos, provações, em vez de tristeza perma-
em grego) com o significado de não nente e desânimo, o cristão se apre-
murchar ou perder o seu valor, em senta diante do seu Senhor com de-
contraste com as lindas flores que monstrações mais profundas do seu
murcham e caem, nossa herança per- amor e da sua alegria incomparável,
manece, é indestrutível por sua natu- produzidas pela salvação.
reza, e jamais sofrerá algum dano ou As provações servem para mos-
estrago. Que herança maravilhosa trar o quanto nós confiamos em Cris-
nós temos assegurada nos céus! to, como a nossa fé está fundamenta-
O apóstolo Pedro faz questão de da na experiência da salvação e não
registrar que a nossa herança está em fantasias e equívocos de uma fal-
guardada nos céus e que um dia sa religiosidade ou erro de interpre-
certamente haveremos de recebê-la tação bíblica. Assim, a essência da
das mãos do nosso Senhor. A nossa nossa fé é provada e aprovada diante
herança está guardada pelo próprio das perseguições que se apresentam
Deus. de diversas maneiras com requintes
Um dos nossos hinos diz de for- de crueldade. Temos um exemplo
ma belíssima: “No poder de Cristo, em 1Pedro 4.12: “Amados, não es-
o Mestre; minha vida, salva está! Do tranheis o fogo ardente que surge no
perigo que cercá-la, Ele poderá livrá- meio de vós, destinado a provar-vos,
-la; seu poder eterno sempre a suste- como se alguma coisa extraordinária
rá” 2. Você está seguro em Cristo! vos estivesse acontecendo”. Sofri-
mento para o cristão não é novidade,
3 – A SALVAÇÃO NOS SUSTENTA pois Cristo já havia ensinado a res-
peito, com o propósito de prepará-los
NAS PROVAÇÕES para os dias futuros.
A nossa fé é testada através das O apóstolo Pedro diz que era pos-
provações e dificuldades, ao que o sível viver alegre como resultado da
apóstolo Pedro apresenta uma com- salvação, mas por um breve tempo
2 - SOUZA, Manuel Avelino - (1886-1962). Hino 324 - REFÚGIO VERDADEIRO - Cantor Cristão
18
seriam atingidos por algumas prova-
ções, sendo que é possível inferir do CONCLUSÃO
texto o aspecto temporário de qual- A salvação não apenas tira o ho-
quer sofrimento e dor. Com uma visão mem do inferno e da condenação
bíblica e correta, todo cristão pode
eterna, mas oferece inúmeros bene-
desfrutar de paz interior em meio a
fícios que são desfrutados desde já
todo tipo de perseguição. Jesus nos
ensinou: “Tenho-vos dito isto, para e continuam por toda a eternidade.
que em mim tenhais paz; no mundo Desfrutamos do relacionamento com
tereis aflições, tende bom ânimo, eu Deus e com os nossos irmãos, rece-
venci o mundo” (Jo 16.33). bemos o cuidado amoroso de Deus
em todas as circunstâncias e vivemos
4 – A SALVAÇÃO NOS REVELA pautados em uma viva esperança da
A SUA GRANDEZA glória eterna com uma herança ma-
ravilhosa.
Na revelação bíblica tem uma li-
nha de pensamento que perpassa PARA PENSAR E AGIR:
todo o Antigo Testamento que fala da
salvação da humanidade. Os profetas 1º - Você já percebeu que algumas
indagaram sobre esta tão grande sal- pessoas recebem uma herança e,
vação, houve um exame cuidadoso passado algum tempo, ficam sem
para conferir as promessas sobre a nada? Perdem tudo o que ganha-
vinda do Messias e a consequente ram? Ainda bem que nossa herança
salvação. Os apóstolos anunciaram a é indestrutível, incomparável, incor-
salvação por todos os lugares, o que ruptível, enfim, uma herança eterna
podemos perceber como ênfase da nos céus!
carta, assim como da pregação de
2º - A salvação não é resultado de
Pedro em Atos 2; 4 e 10, apontando
que não há salvação a não ser em boas ações ou boas obras, não é pelo
Cristo (At 4.12). O texto de 1Pedro nosso merecimento, mas é a mani-
1.12 diz que a grandeza da salvação festação da graça de Deus median-
são “coisas que até os anjos anseiam te a nossa fé depositada em Cristo.
observar”, numa demonstração de Como você valoriza a sua salvação?
algo maravilhoso que foi concedido
aos homens e era necessário retratar
em oposição às situações vividas de Segunda: 1Pedro 1.3-12
sofrimento e perseguições. Terça: Atos 2.14-41
Quando lemos os textos paralelos Quarta: Jeremias 31.1-28
de Efésios 2 e Colossenses 1, perce-
Leitura Diária
19
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 3
Texto Básico: 1Pedro 1.13-16
O SEGREDO PARA
UMA VIDA SANTA
20
mum um homem levantar a sua ves- centes, perde o seu controle e, como
timenta longa até a cintura e ficar em consequência, comete muitos erros e
condições de desenvolver uma ação equívocos. Diante da ordem da Pala-
rapidamente, seja andar, correr ou vra de Deus podemos concluir que ser
entrar numa batalha, e de igual forma sóbrio é uma escolha da nossa parte.
a mente vigilante. 1.3 - A Importância de ESPE-
O cristão precisa estar atento RAR NA GRAÇA – Somos confron-
àquilo que ocupa o seu pensamen- tados com a realidade de abandonar
to e, de alguma forma, o seduz para nossas capacidades e conceitos de
produzir um resultado negativo na que conseguimos vencer por nós
vida, agindo para uma realidade de mesmos, e compreendemos a neces-
erro e desobediência. John Stott, afir- sidade de viver na dependência com-
ma que “o uso responsável da nossa pleta e total da graça, pois pela gra-
mente enriquece a nossa vida cristã”1. ça somos salvos, pela graça somos
O apóstolo Paulo escreve em Filipen- santificados, pela graça vencemos e
ses 4.7,8: “E a paz de Deus, que ex- prosseguimos, pela graça superamos
cede todo o entendimento, guardará as adversidades e provações. Todo
os seus corações e as suas mentes cristão é convidado a esperar inteira-
em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, mente na graça e atingir o estado per-
tudo o que for verdadeiro, tudo o que feito prometido pelo Senhor Jesus.
for nobre, tudo o que for correto, tudo
o que for puro, tudo o que for amá- 2 – A SANTIDADE E AS ATITUDES
vel, tudo o que for de boa fama, se
houver algo de excelente ou digno de
RESULTANTES DA OBEDIÊNCIA
(1Pe 1.14)
louvor, pensem nessas coisas”. Em
Colossenses 3.1,2, o convite era para No passado, antes da conversão,
pensar nas coisas que são de cima eles tinham um comportamento que
e ocupar a mente com as coisas do era regido pela ignorância e sepa-
alto. Em 1Coríntios 2.16, ele diz que ração da vida com Deus. Paulo, em
temos “a mente de Cristo”. A mente é Efésios 2, declara que os homens
uma parte importante no processo de sem Cristo são “filhos da ira e filhos
uma vida santa e podemos escolher da desobediência”, algemados por
o que deve ocupá-la. Satanás e inclinados a viver para
1.2 - A importância da SO- agradar a carne e os pensamentos,
BRIEDADE – “Sejam sóbrios”, foi portanto, incapazes de viver para
a exortação de Pedro no sentido de obedecer a Palavra de Deus e os
manterem-se no equilíbrio, atentos, seus mandamentos.
vigilantes. Como exemplo, podemos 1.1 - A obediência marca um
citar uma pessoa que utiliza algum novo estilo de vida – Transformados
tipo de bebida alcoólica ou entorpe- em novas criaturas, agora os cristãos
1 - STOTT, J. Ouça o Espírito Ouça o Mundo, ABU Editora, São Paulo SP, 1997, pág. 129
21
têm uma nova maneira de pensar, tudo que fizessem. Temos vivido um
de viver e agir. Pedro diz: “não vos novo procedimento em nossa vida?
amoldeis às paixões que tínheis an-
teriormente”, chamando o povo para 3 – A SANTIDADE E AS
manter o seu novo estilo de vida, e ATITUDES RESULTANTES DO
não fraquejar diante das dificuldades, RELACIONAMENTO
mas de forma absoluta obedecer a
Palavra de Deus. É uma advertência Fazer parte do povo de Deus
para não imitar o padrão do mundo requer algumas condições bem es-
e rejeitar qualquer tentativa de uma pecíficas e uma delas é que para
imposição ao modelo mundano de relacionar-se com Ele a exigência
vida. A palavra “paixões”, aqui, indica é de uma vida santa. “Está escrito”
anelos distorcidos e pervertidos, de- nos revela um detalhe importante na
sejos sexuais impuros. O nosso estilo aceitação das Escrituras do AT como
de vida marca a nossa obediência a sendo inspirada, assim como outros
Cristo ou não. apóstolos e escritores do NT fize-
1.2 - A obediência marca um ram uso dos textos, validando a sua
novo procedimento – “Do grego inspiração e aplicação à nossa vida.
anastrophe, que significa conduta, Tanto no AT quanto no NT, o que se
comportamento, modo de vida, esse pode concluir é que o povo de Deus
termo é usado comumente para de- deve demonstrar na sociedade que
signar a forma anterior de vida” 2. Das vive a realidade desse Deus santo.
treze vezes que esta palavra apare- O comentarista R. N. Champlin, diz:
ce no NT, oito delas são nas cartas “Os santos são exortados a ocupa-
de Pedro, indicando a importância do rem um lugar singular na história,
procedimento do cristão. evidenciando o fato de que há um
Deus santo que impõe condições à
Todo aquele que ainda não foi
alcançado pela salvação vive preso vida humana, e que pode, se for obe-
nas amarras do pecado e do poder decido, elevar infinitamente o nível
das trevas e, como consequência, da vida humana. O evangelho é a
vive para a prática do pecado e toda mensagem de como Deus pode fa-
influência do mal que resulta em uma zer isso, e de como o fará”3.
vida de desobediência. Os cristãos Para relacionar-se com Deus,
foram advertidos por Pedro para que o convite para o povo de Israel era
demonstrassem um novo procedi- de santificação, no entanto o povo
mento, uma nova maneira de viver e, de Deus não a buscava verdadei-
pela obediência, viver a santidade em ramente, apenas usava os rituais,
2 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6,
1995, pág. 104
3 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6,
1995, pág. 105
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cerimônias e seguia a letra da Lei, na essência da alma para um novo
num falso processo de santificar-se. procedimento de vida, de conduta
Sabemos que essa concepção era e comportamento, abrimos mão e
falha, e que era insuficiente no pro- renunciamos aos apelos ilusórios e
cesso de purificação e de uma vida temporários de uma vida de satisfa-
santa. A nova vida em Cristo ofere- ção para este mundo e vivemos ple-
ce ao homem a oportunidade de re- namente em abundância a nova vida
lacionar-se intimamente com Deus em Cristo, separados para um rela-
pelo processo que compõe toda a cionamento santo com o Deus santo.
salvação e santificação (conversão,
justificação, redenção, regeneração, PARA PENSAR E AGIR:
filiação, santificação), em que somos
1º - Por que é tão discrepante na
reconciliados com Deus através de
vida de alguns cristãos modernos as
Cristo. Assim, o sangue de Cristo e a
verdades espirituais e a vida prática?
obra do Espírito Santo nos concede
o privilégio do relacionamento. 2º - O conhecimento da Palavra
de Deus oferece ao cristão recursos
Portanto, ser santo é uma ordem
para moldar-se a uma vida agradável
a ser aplicada na vida de todo cristão,
a Deus pela conduta e comportamen-
tanto no padrão de comportamento
to na demonstração do Fruto do Es-
e conduta, quanto na identificação e
pírito.
aproximação do Deus santo. “O alvo
da santidade na vida cristã deve mo- 3º - Relacionar-se com Deus é um
ver todo cristão a viver de maneira grande privilégio! É o resultado das
diferenciada” (Itamir N. S.). O nosso nossas escolhas e da nossa obediên-
Deus é Deus perfeitamente santo, cia, aceitando as suas exigências e
por isso devemos ansiar pela busca aplicando-as em nossa vida. Tenho
de uma vida de santidade e perfeição. como alvo em minha vida a busca da
santidade?
CONCLUSÃO
Pertencemos a Deus através dos
méritos de Jesus Cristo, mediante a
fé para compor os membros da famí- Segunda: 1Pedro 1.13-16
lia de Deus, fazer parte da sua Igreja Terça: Levítico 11.44-47
e do seu Reino. Chamados das trevas Quarta: Colossenses 3.1-17
para a luz; da morte para a vida; da
Leitura Diária
23
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 4
Texto Básico: 1Pedro 1.22-25; 2.1-12
A nova vida traz algumas marcas oferecidos como recursos que são
que são demonstradas pelas ações fundamentais para todos os cristãos
e decisões na vida diária, contra- de todos os tempos e culturas.
pondo um estilo de vida anterior Vejamos as características da
marcado por aspectos negativos. nova vida:
O apóstolo Pedro apresenta algu-
mas figuras ilustrativas a respeito 1 – A NOVA VIDA SE FUNDAMENTA
dessa nova natureza que são muito
NO SACRIFÍCIO DE CRISTO
profundas e cheias de significados, (1Pe 1.17-21)
exemplos comparativos com símbo-
los conhecidos por seus ouvintes. A nova vida não estava pautada
As orientações foram dadas para em coisas temporárias e passagei-
pessoas que necessitavam de forta- ras, nem mesmo herdadas dos pais,
lecimento na fé e de ensinamentos ou de qualquer outro aspecto, mas
que os ajudassem a caminhar com Pedro faz questão de mostrar o va-
base sólida em meio aos perigos e lor da nova vida e a necessidade de
ciladas do caminho, além das prova- que cada cristão reconheça a sua
ções e dificuldades experimentadas. real importância.
A partir da regeneração que experi- Alguns aspectos da nova vida:
mentaram e da mudança na essên- 1.1 O preço do resgate – Pedro
cia da alma, agora havia uma ne- se utiliza de uma figura conhecida
cessidade de prosseguir nos ajustes por todos: o resgate dos escravos.
da nova vida através dos elementos Com o termo que eles estavam fa-
24
miliarizados, uma vez que existia a Portanto, valorize a nova vida e
forma de um escravo se tornar livre, se paute pelo sacrifício de Cristo na
assim os exorta que por mais impor- cruz; procure uma vida diária cons-
tância que os homens dão ao ouro e ciente e completamente devotada a
à prata, são insignificantes no que diz Cristo, como manifestação de adora-
respeito à salvação e à vida eterna. ção e gratidão.
Não há dinheiro que pague o resgate
da alma humana. 2 – A NOVA VIDA SE DESENVOLVE
1.2 O precioso sangue de Cris- NA MANIFESTAÇÃO DO AMOR
to – Não foi com coisas corruptíveis (1Pe 1.22-25)
e contamináveis que alcançamos o
benefício da nova vida, mas Pedro O amor é resultado de uma vida
aponta para a cruz de Cristo, o Cor- transformada e purificada por Jesus
deiro, à semelhança da Páscoa, sem para habitação do Espírito Santo de
mancha e sem mácula, que foi en- Deus, bem como, pela obediência
tregue como oferta substitutiva para aos mandamentos do Senhor reve-
remir os pecadores através do seu lados por sua Palavra. Em 1João
sangue derramado. 4.7,8, lemos que a demonstração de
amor da nossa parte declara se so-
1.3 A libertação da influência do
mos do Senhor ou não, se de fato já
pecado – A maneira de viver daque-
experimentamos uma nova vida, por-
le que não tem Jesus é considerada
que “Deus é amor”. Uma vida salva
inútil e vã, assim como todas as pos-
e santificada deve demonstrar amor
sibilidades de mudança no aspecto
tanto para com Deus como para com
espiritual. A pessoa pode ter tudo
nesta vida em termos financeiros e o próximo.
intelectuais, mas sem Jesus a vida O amor mencionado por Pedro
está completamente vazia. não é apenas da boca para fora, me-
1.4 A manifestação do plano ras palavras produzidas e repetidas
eterno da salvação – A morte de Je- sem sentido e valor. Pelo contrário,
sus na cruz não foi um acidente no ele fala de um amor intenso, não
percurso ou um plano B pautado na fingido; ardente, não superficial; per-
ação humana, nem mesmo estabe- manente, não passageiro; “amor que
lecido após o Éden (Gn 3), mas foi jamais acaba” (1Co 13), algo que ele
um plano conhecido por Deus antes tinha conhecimento pessoal, uma vez
da fundação do mundo e manifesto que foi assim amado pelo Senhor e
no tempo por amor. Assim, a nossa confrontado sobre o quanto amava
nova vida se fundamenta neste amor ao Senhor (Jo 21.15-17).
de Deus por nós através do sacrifício O amor de Deus foi demonstrado
do Seu Único Filho, Jesus Cristo. Es- pela morte de Cristo na cruz por toda
tamos seguros e alicerçados pela fé a humanidade e incentivado para que
no Senhor! fosse uma marca presente na vida
25
dos discípulos de Cristo que deveriam deleita em ferir a outrem; a inveja (ph-
amar-se mutuamente. Uma vez que thonos) se dói da vantagem alheia; o
os cristãos foram inseridos na família dolo (dolos) empresta duplicidade ao
de Deus e gerados por uma semen- coração; a hipocrisia (hupokrisis) ou
te incorruptível, pela proclamação do lisonja forma duplicidade à língua; a
evangelho, a Palavra de Deus que per- maledicência (katalalia) fere o cará-
manece para sempre, não teriam que ter alheio”1.
ter qualquer medo em amar, pois o O testemunho é a marca dos ver-
amor de Cristo deve nos constranger. dadeiros discípulos do Senhor Jesus
em qualquer contexto, por aquilo que
3 – A NOVA VIDA SE FORTALECE NO falam ou praticam. Simon Kistemaker
TESTEMUNHO (1Pe 2.1-4,11,12) diz: “os cristãos estão vivendo numa
Os cristãos, ao serem transforma- vitrine; estão à mostra. Sua conduta,
dos, recebem novos valores a serem obras e palavras são constantemente
desenvolvidos na vida diária em vá- avaliadas pelos não cristãos que que-
rios aspectos, seja na forma de fa- rem ver se os cristãos vivem aquilo
lar, de pensar, de agir; seja no trato que professam”2.
com a família, com o cônjuge, com os O recurso que eu e você temos
companheiros do local de trabalho ou para viver a nova vida é a ação do
escola/faculdade e com os vizinhos. Espírito Santo e a poderosa Palavra
Mas ao receber coisas novas, de Deus. A metáfora do recém-nas-
é preciso deixar outras (2Co 5.17), cido é fortíssima para nós, uma vez
abrir mão de uma forma anterior de que devemos de forma ardente nos
viver (1Pe 4.2-4). E na recomenda- alimentar da Palavra de Deus e sentir
ção de Pedro e dos demais apóstolos a sua falta como um bebê sente do
todos os traços e práticas da velha leite materno.
vida precisam ser abandonados, toda
“malícia, engano, fingimentos, inveja 4 – A NOVA VIDA CUMPRE O
e murmurações”. A presença de ví- PROPÓSITO DE DEUS
cios imundos são incompatíveis com (1Pe 2.5,9,10)
a nova vida e, portanto, são comple-
tamente reprovados. A metáfora utili- Somos o templo vivo! Na descri-
zada pelo apóstolo se compara com ção de Pedro: “casa espiritual”, e não
o tirar roupas velhas e sujas, jogá-las mais a presença de Deus em templos
fora e vestir uma roupa nova. O co- de alvenaria, mas em nosso cora-
mentarista bíblico R. N. Champlin nos ção. Outra comparação importante
ajuda no entendimento desse conjun- é o desenvolvimento da Igreja no
to de palavras: “A malícia (kakia) se acréscimo dos novos crentes, “quais
1 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6,
1995, pág. 112
2 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 132
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pedras vivas”, em que somos colo- e de todas as épocas. Que maravi-
cados no corpo de Cristo, sua Igre- lha, que privilégio, que bênção temos
ja, com propósitos definidos. Somos em Cristo!
pedra da grande Pedra que é Cristo.
Somos o “sacerdócio santo”, em que CONCLUSÃO
não se restringe a um pequeno grupo
Através da nova vida em Cristo
de pessoas, pelo contrário, todo cris-
somos chamados para fazer diferen-
tão é um sacerdote diante de Deus,
ça em um mundo avesso a Deus e
tem competência para se apresentar
à sua Palavra; somos chamados para
diante de Deus, tem livre acesso a
influenciar pessoas pelo testemunho
Ele mediante Jesus Cristo. Aqui está de uma vida santificada e separada
o princípio do sacerdócio universal de para servir ao Senhor; somos chama-
todos os crentes. dos para ser bênção de Deus na vida
Você tem competência para de outras pessoas.
apresentar sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por Jesus Cristo, PARA PENSAR E AGIR:
seja pelo “louvor de lábios que con-
fessam o seu nome” ou pelas boas 1º - Elementos mundanos são in-
obras como demonstração de amor compatíveis com a vida cristã. Como
(Hb 13.15,16). alguém que nasceu de novo permite
Temos uma missão singular para uma série de vícios em sua vida?
cumprir neste mundo como cristãos. 2º - Em que se fundamenta a sua
Pedro escreve aos gentios converti- nova vida? Na autojustificação? Na
dos que eram peregrinos e disper- religiosidade? Nas boas obras?
sos e que receberam uma condição 3º - Somos salvos por Deus me-
especial, brilhantemente chamados: diante Jesus Cristo para o cumpri-
povo eleito. Assim como Israel ha- mento de um propósito, em que ex-
via sido eleito para testemunhar de perimentamos vários privilégios. A
Deus para o mundo, agora a Igreja sua nova vida cumpre os propósitos
tinha essa responsabilidade; sacer- de Deus?
dócio real perante Deus em favor
do mundo (Êx 19.6); nação santa
para fazer diferença neste mundo Segunda: 1Pedro 1.17-25
como filhos de Deus e pertencentes
Terça: 1Pedro 2.1-12
a uma pátria de outra dimensão, pois
temos uma nova identidade (Fp 3.20; Quarta: Filipenses 3.7-21
Leitura Diária
27
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 5
Textos Básicos: 1Pedro 2.13-25
A VIDA CRISTÃ E AS
AUTORIDADES
28
quer tipo de obediência aos impera- bem como, para a Igreja. Se uma Igre-
dores, reis, governadores, autorida- ja tem em suas dependências áreas
des ímpias, pois a única autoridade construídas ilegalmente, o governo
a ser obedecida é Deus. Nenhuma tem todo o direito de agir contra ela.
autoridade civil pode reivindicar qual- No que diz respeito às construções,
quer tipo de submissão e o cristão temos hoje uma legislação com crité-
verdadeiro também não pode aceitar rios bem definidos quanto ao número
esse tipo de conduta. de portas, tubulação hidráulica para
Vemos que o próprio Senhor Je- emergência de incêndio, extintores
sus fez questão de romper com o en- com prazo de validade e em locais
sinamento equivocado da submissão, visíveis, saídas de emergências, em-
ao tratar dos impostos dizendo “dai a pregados registrados com todos os
César o que é de César ...” (Lc 20.25), direitos assegurados, planta assina-
bem como, reconheceu a investidura da por engenheiros e arquitetos, en-
de autoridades dadas por Deus Pai. fim, temos leis que orientam as Igre-
Assim, o cristão tem as obrigações no jas, bem como, todos os cidadãos em
que diz respeito à sua cidadania ter- suas vidas particulares.
rena em cumprir com os seus direitos 1.3 - As autoridades cruéis é um
e deveres. grande desafio para ser entendido e
Pedro está falando das autorida- aceito, pois o próprio Nero era alguém
des instituídas de forma legítima, que classificado não só pelos cristãos
são levantadas por Deus para gover- como alguém mal e cruel, mas a pró-
nar sobre determinado povo e para pria história o declara em seus regis-
o bem do cidadão. Estas merecem tros. Como aceitar que pessoas dessa
respeito e obediência por parte dos natureza sejam “ministros de Deus”
cristãos. diante do seu povo? Como reconhe-
1.1 - A motivação na submissão cer que homens como Adolf Hitler,
é uma questão importante, pois não Mao Tse Tung, Stalin e tantos outros
trata de livrar-se do castigo, da puni- ditadores foram colocados e permiti-
ção, das perdas, mas está relaciona- dos por Deus como autoridade?
da com o Senhor. Pedro diz: “sujeitai- O grande exemplo vem do Se-
-vos, pois, a toda autoridade humana nhor Jesus que diante das autorida-
por amor do Senhor” (1Pe 2.13). Não des romanas e judaicas não se opôs
se tratava de uma questão qualquer, a nenhuma delas, mesmo diante da
mas de uma identificação com Cristo tortura e do plano para crucificá-lo.
e seus ensinos, era algo muito mais Ele reconheceu que eram autori-
profundo a ser observado. dades constituídas por Deus e não
1.2 - O equilíbrio na submissão fariam nada, se Ele não permitisse.
deve ser outra questão a ser com- A orientação de Pedro era imitar o
preendida, pois temos a consciência exemplo de Cristo. Ele diz: “pois ele,
de leis gerais para toda a população, quando ultrajado, não revidava com
29
ultraje; quando maltratado, não fazia para regular a maneira da sociedade
ameaças, mas entregava-se àque- se comportar e se desenvolver nas
le que julga retamente” (1Pe 2.23). diversas áreas, mas quando o Estado
Jesus não fez nada para se opor às quer legislar contra os princípios da
autoridades da sua época no que diz Palavra de Deus o cristão precisa se
respeito à sua prisão, julgamento, manifestar. Hoje temos questões sé-
condenação, tortura e morte. rias que afrontam a família idealizada
por Deus e que estão sendo conduzi-
2 – A SUBMISSÃO E O CONFLITO das pelos órgãos oficiais do governo,
ENTRE A LEI DE DEUS E DOS requerendo uma submissão por parte
HOMENS de toda a população com consequên-
cias perante a justiça.
Tanto o apóstolo Pedro como o Na Bíblia, encontramos exemplos
apóstolo Paulo não apresentam ne- que são encorajadores para se posi-
nhum ponto que limita a obediência cionar quando o conflito aparecer. Da-
ao Estado, deixando em aberto uma niel, diante do decreto do rei exigindo
submissão absoluta e total. O que fica adoração por 30 dias, não teve dúvi-
explícito no texto é a obediência às da em se posicionar. Diante de uma
autoridades por amor a Cristo, pois ação do “governo/autoridade” Daniel
toda autoridade foi instituída por Deus não negociou a sua fidelidade a Deus:
e que os cristãos são encorajados a “Finalmente esses homens disseram:
uma vida de submissão na conduta e Jamais encontraremos algum motivo
comportamento para glorificar a Cris- para acusar esse Daniel, a menos
to. Independente de qualquer situa- que seja algo relacionado com a lei
ção, o cristão é exortado a obedecer? do Deus dele” (Dn 6.5); “Quando Da-
Mesmo que haja um conflito entre a niel soube que o decreto tinha sido
lei de Deus e a lei dos homens? publicado, foi para casa, para o seu
Essa concepção produz algumas quarto, no andar de cima, onde as ja-
considerações, especialmente quan- nelas davam para Jerusalém. Três ve-
do nos lembramos da atitude de Pe- zes por dia ele se ajoelhava e orava,
dro diante das autoridades. Após ser agradecendo ao seu Deus, como cos-
preso juntamente com João, ele diz: tumava fazer (Dn 6.10). Daniel ficou
“Julguem os senhores mesmos se com a Lei de Deus, não teve medo
é justo aos olhos de Deus obedecer da punição e condenação à morte na
aos senhores e não a Deus. Pois não cova dos leões.
podemos deixar de falar do que vi- Portanto, todo cristão precisa de
mos e ouvimos” (At 4.19,20). discernimento para definir quando é
A submissão às autoridades hu- o limite de obediência ao governo civil
manas tem restrições a partir do li- à luz das Escrituras Sagradas, apli-
mite de atuação de cada esfera de cando o conceito da dupla cidadania.
poder, pois as leis humanas servem É importante também lembrar que a
30
submissão está ligada ao nosso rela- ou ruins, sejam os governantes nas
cionamento com Cristo, uma vez que esferas (federal, estadual ou munici-
Ele foi obediente até a morte na cruz. pal); sejam os superiores (patrões ou
diretores), enfim, o cristão é chama-
3 – A SUBMISSÃO DIVERSIFICADA do para dar o exemplo de que serve
A questão dos escravos foi tra- verdadeiramente a Cristo, pois mira o
tada pelo apóstolo Pedro dentro do seu exemplo, que sofreu injustamen-
contexto da escravidão, uma vez te, tendo todos os motivos para re-
que a população no primeiro sécu- belar-se, mas ficou mudo diante das
lo era composta entre 25 a 40% de autoridades romanas e judaicas. Je-
escravos na sociedade romana. Era sus é o nosso exemplo de submissão!
uma mensagem dirigida aos cristãos Somos submissos não a homens e
de como deveriam se comportar em instituições, mas a Deus!
relação aos seus senhores. Ele diz:
“Escravos, sujeitem-se a seus senho- PARA PENSAR E AGIR:
res com todo o respeito, não apenas
1º - Por que os cristãos devem su-
aos bons e amáveis, mas também
aos maus” (1Pe 2.18). Um novo mo- jeitar-se às autoridades?
delo de vida está sendo proposto aos 2º - Existe um limite para que os cris-
servos a partir do ensino e exemplo tãos se submetam às autoridades?
deixado pelo próprio Senhor Jesus: 3º - A escravidão, em todas as
“Amem, porém, os seus inimigos, épocas, nos envergonha e nos cons-
façam-lhes o bem e emprestem a trange, mas faz parte da história hu-
eles, sem esperar receber nada de mana. À luz da Bíblia, como conciliar
volta. Então, a recompensa que terão o ensino cristão e a submissão aos
será grande e vocês serão filhos do
senhores na escravidão?
Altíssimo, porque ele é bondoso para
com os ingratos e maus” (Lc 6. 35). 4º - A submissão a Deus oferece
O apóstolo Paulo escreveu nesta sabedoria ao homem para viver bem
mesma direção: “Escravos, obede- com todos.
çam em tudo a seus senhores ter-
renos, não somente para agradar os
homens quando eles estão observan-
do, mas com sinceridade de coração, Segunda: 1Pedro 2.13-25
pelo fato de vocês temerem ao Se- Terça: Daniel 1
nhor” (Cl 3.22). Quarta: Romanos 13.1-7
Leitura Diária
31
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 6
Texto Básico: 1Pedro 3
32
que mesmo sem usar palavras para – tratando-a com amor, respeito, su-
pregar o evangelho, mas com sabe- prindo as suas necessidades em vá-
doria, aproveitando cada oportunida- rios aspectos, seja ela cristã ou não.
de para testemunhar da presença de c) “tratem-nas com honra, como par-
Cristo em sua vida, mostrando res- te mais frágil” – o marido deve tratar
peito e submissão. Pedro ensina que a mulher com dignidade, não como
é possível manter o casamento e alguém inferior ou superior, mas como
continuar sendo fiel ao Senhor Jesus, alguém que merece cuidado e prote-
sendo a mulher sábia descrita em ção. d) “como co-herdeiras do dom da
Provérbios 14.1. O procedimento da graça da vida” – numa demonstração
mulher cristã será uma bênção para de que ambos serão beneficiados
o seu marido. com o casamento e a mulher tem os
1.2 - A esposa cristã e o seu mesmos direitos espirituais que o ho-
compromisso com Deus – A preo- mem. e) “de forma que não sejam in-
cupação em ser uma boa esposa terrompidas as vossas orações” – aqui
está no fato de que isso glorifica a Pedro salienta que o marido que não
Deus, e são atitudes que apontam vive bem com sua esposa, que não
para o Senhor. A mulher cristã tem a trata com cordialidade e respeito,
consciência de que Deus é soberano como alguém especial diante de Deus,
sobre tudo e todos. que não procura ter um bom relacio-
1.3 - A esposa cristã que obe- namento em casa, pautado no amor
dece a Palavra de Deus tem uma sincero, doador, altruísta, não terá as
oportunidade extraordinária para suas orações atendidas por Deus.
ganhar o seu marido pelo seu bom
testemunho. Pedro diz: “sejam gan- 2 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO
hos sem palavras, pelo procedimento NO MUNDO (1Pe 3.8-12)
de sua mulher, observando a con-
duta honesta e respeitosa de vocês” As regras de conduta cristã são
(1Pe 3.1,2). Que belo ensino para exortações gerais apresentadas pelo
vencer! apóstolo Pedro, mas é interessante
1.4 - O esposo cristão também observar a repetição da exortação ao
tem a sua parte a ser feita – O após- amor fraternal na carta em 1.22 e 3.8,
tolo Pedro declara alguns aspectos sendo que o texto está em conexão
específicos, e de responsabilidade com Romanos 12.9-21.
para o marido: a) “a vida comum do Uma vez que foram alcançados
lar com discernimento” – aqui está por Cristo para uma nova vida, a
em questão a vida plena dentro de maneira de se comportar diante da
um quarto. No AT a palavra se refe- sociedade deveria ser marcada por
re à relação sexual no casamento, valores e princípios diferentes do
à intimidade mais profunda e Pedro mundo, e as virtudes pela presença
está falando da união. b) “tendo con- do Espírito Santo deveria moldar e
sideração para com a vossa mulher” prevalecer na vida do cristão.
33
Os ensinamentos apresentados do mal. A partir do exemplo de Cristo
seriam colocados em prática a partir que sofreu injustamente, cada cristão
da realidade do amor, uma vez que é orientado a resignar-se diante da
experimentaram o grandioso amor de soberana vontade de Deus (v.17).
Deus na pessoa de Cristo. Portanto, O ímpeto missionário e a com-
amar rompe com todo o anseio de
preensão da responsabilidade de
vingança e de contrariedade quanto
testemunhar de Cristo ao mundo da
ao sofrimento injustificado, mesmo
primeira geração de cristãos após
praticando o bem. A vida cristã deve
a ressurreição estava em baixa, e
ser vista na ótica proposta pelo Se-
nhor, pois mesmo fazendo o bem a diante de tantos perigos e sofrimen-
perseguição nos alcança, mas ela tos, como deveriam viver e praticar o
não pode provocar o mal para sempre evangelho? A geração que recebeu
e nem mesmo atingir a nossa alma, a mensagem estava disposta a ca-
pois estamos seguros em Cristo. lar-se diante de todas as zombarias,
ameaças e perseguições impostas
O povo de Deus deveria consi-
pelos inimigos. Portanto, ao fazer de
derar profundamente o que estava
acontecendo e o propósito para o Cristo o nosso Senhor, precisamos
qual haviam sido alcançados, pois dar a Ele o trono do nosso coração e,
Pedro diz que “para isso vocês foram consequentemente, testemunharmos
chamados”, ou seja, para testemu- de forma ousada e corajosa do nosso
nhar da presença de Cristo em suas Senhor, preparados para responder a
vidas e da sua graça maravilhosa. O razão da nossa esperança.
ensino de Jesus foi na contramão da O apóstolo Pedro fundamenta o
vingança, do retribuir mal com mal, sofrimento com a vitória do cristão to-
de revidar as ofensas e agressões, mando como exemplo o Senhor Jesus,
pelo contrário, Ele abençoava os seus com o propósito de fortalecer a nossa
ofensores. Seguindo o exemplo de fé e nos ajudar em nosso testemunho.
Jesus, nós também podemos aben- O fundamento do seu ensino fala do
çoar aqueles que estão à nossa volta reinado soberano de Cristo sobre a
(Mt 5.43-48). morte, sobre o pecado, sobre o inferno,
sobre tudo e todos.
3 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO
A sua morte foi atestada pelos sol-
PARA O REINO (1Pe 3.13-22)
dados à sua volta, rompendo com as
Através das ações de Cristo e da objeções em relação à sua humani-
sua vitória completa sobre os pode- dade e ressurreição. O ensino é que
res das trevas e do diabo, o apóstolo nós também teremos o triunfo sobre
Pedro fundamenta para os seus leito- a morte à semelhança de Jesus e
res que eles também seriam vitorio- viveremos com Ele. A sua morte foi
sos diante de todas as provações e consequência do nosso pecado, uma
sofrimentos impostos pelos poderes vez, que Ele nunca cometeu pecado.
34
Jesus conquistou a vitória sobre o pe- a diferença em nosso lar, no mundo
cado através da cruz e da ressurreição pela nossa conduta e testemunho e
(1Co 15.54-57). para o Reino, pela vitória completa de
A vitória de Jesus sobre o inferno Cristo na cruz sobre a morte, o pe-
tem sido objeto de grandes discus- cado e o inferno. Faça a diferença!!!
sões e diversas interpretações. Mas Jesus Cristo venceu e vivo está!
podemos afirmar que não foi uma se-
gunda chance dada pelo Senhor Je-
PARA PENSAR E AGIR:
sus aos “espíritos em prisões”, nem 1º - Em um tempo com tantas dis-
tampouco que eram os anjos caídos cussões em relação ao homem e à
na referência de Gênesis 6.1-8, mas mulher, aos papéis do marido e da
Pedro se refere aos contemporâneos esposa, como conciliar os ensinos de
de Noé que ouviram a mensagem da Pedro sobre o casamento cristão na
pregação, rejeitaram e impuseram atualidade?
dificuldades a Noé que manteve-se 2º – O sofrimento foi uma marca
fiel a Deus na construção da arca no ministério de Jesus e dos após-
e na transmissão da mensagem de tolos, bem como da Igreja, não só
Deus para o povo. Assim, o espírito no primeiro século, mas ao longo da
vivificado de Cristo estava presen- história. Como o cristão deve com-
te na mensagem de Noé aos seus preender o sofrimento e a sujeição à
contemporâneos anunciando o juízo luz da Bíblia?
dEle que estava para vir ao mundo 3º - A nossa fidelidade a Deus
ímpio (1Pe 1.10,11). tem uma recompensa, assim como
Jesus, com a sua ressurreição, foi com Noé, que creu em Deus e
declara a todos os poderes e potes- atuou em uma sociedade completa-
mente contrária a Deus e à sua von-
tades que Ele venceu e triunfou com-
tade, mas Noé foi salvo juntamente
pletamente trazendo uma tão grande
com a sua família como mensageiro
salvação (não como consequência do
da justiça.
batismo) a todos que nEle crê e man-
tém-se fiéis em todas as circunstân-
cias. A pregação foi a sua declaração
de vitória completa! Segunda: 1Pedro 3.1-7
Terça: Efésios 5.21-33
CONCLUSÃO Quarta: 1Pedro 3.8-13
Leitura Diária
35
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 7
Texto Básico: 1Pedro 4.7-11
ASPECTOS DO SERVIÇO
CRISTÃO
36
do pecado e insensatez com relação A hospitalidade sempre foi reco-
às coisas deste mundo; e com sobrie- mendada e elogiada pelos ensinos
dade, fazendo boas escolhas e aguar- do Senhor Jesus (Mt 25.35-40). Na-
dando fielmente “o fim de todas as queles dias não havia muitas hos-
coisas”, o grandioso retorno de Cristo. pedagens e os cristãos perseguidos
A comunhão da Igreja deve ser precisavam de amparo, acolhimento
e ajuda mútua para que pudessem
desenvolvida em três aspectos: Amor,
encarar as provações.
Oração e Hospitalidade. O amor é um
tema recorrente na carta, um incenti- Paulo também fala de hospitali-
vo aos cristãos para que demonstras- dade (Rm 12.13), e podemos citar o
sem verdadeiro amor uns para com exemplo em que foi instado e cons-
os outros. Pedro utiliza a expressão trangido a ficar na casa de Lídia, a
“amor intenso” (αγαπην εκτενη), ou vendedora de púrpura, após a sua
seja, não é só a manifestação do conversão (At 16.14,15). Paulo fala
amor, mas o termo grego ektenes se da hospitalidade como critério para
o pastorado (1Tm 3.2) e também
refere ao esforço máximo dos mús-
fala às viúvas para que demonstrem
culos de um atleta na corrida. Assim,
suas boas obras sendo hospitaleiras
cada cristão deve se esforçar ao má-
(1Tm 5.9,10).
ximo para demonstrar amor verda-
deiro para com os outros, mesmo Vivemos dias em que o relacio-
que seja diante de afrontas, perdas namento está difícil, e por causa de
ou injustiças, uma demonstração de diversos fatores existe uma dificulda-
amor sacrificial, pautado no exemplo de para se receber alguém em casa,
de Jesus. seja conhecido da Igreja, do bairro,
da cidade, enfim, o fato de ter alguém
A oração vem com a convocação em nossa casa, atualmente, surge
para a dedicação, pois Pedro sabia como uma preocupação, um “ensino
muito bem como ele e os amigos estranho” para um cristão, especial-
apóstolos deixaram o Senhor Jesus mente por causa da violência. Ainda
orando sozinho e foram dormir. Não há aqueles que nunca recebem nin-
vigiaram e foram advertidos pelo guém, nem mesmo os parentes em
Senhor que sem vigilância estavam suas casas, vivendo somente para si
sujeitos à tentação e, consequen- mesmos.
temente, à derrota e queda. Pedro
deseja, a partir de sua experiência, 2 – O SERVIÇO TEM COMO
despertar os seus leitores para a im- RECURSO OS DONS
portância da oração como recurso ESPIRITUAIS
para o fortalecimento na vida cristã e
a unidade da Igreja. Com a oração o O cristão recebe na conversão o
cristão estabelece uma ligação com dom do Espírito, que é a presen-
Deus que o aproxima da relação com ça do Espírito Santo em sua vida; é
os homens. conduzido a demonstrar o Fruto do
37
Espírito na nova vida diária, atra- locou os membros no corpo, cada um
vés de várias características em seu deles como quis” (1Co 12.11,18). Isso
comportamento e atitudes; e ainda contribui para que cada cristão saiba
recebe a capacitação sobrenatural de da sua importância e significado para
Deus que são os dons espirituais, o corpo de Cristo, que é a Igreja, bem
para desenvolver-se espiritualmente como, valorizando a coletividade em
na vida cristã. No NT temos uma lista detrimento do particular.
de dons em Romanos 12.4-8; Efésios O serviço é prestado a Deus para
4.8-14 e 1Coríntios 12. o benefício do próximo, mesmo que
O ensino de Pedro está de acor- este próximo ainda não seja um filho
do com o objetivo para o qual cada de Deus, mas que deve ser alcança-
cristão é capacitado com pelo me- do por uma atitude de serviço como
nos um dom, e que deve ser usa- resultado dos dons espirituais. Darrell
do para o benefício de todos. Ele W. Robinson, diz: “Os dons devem ser
diz: “Cada um exerça o dom que usados para evangelizar aqueles que
recebeu para servir aos outros” estão perdidos, levá-los a Cristo, tra-
(1Pe 4.10). Este ensino está alinhado zê-los para dentro do corpo, e equi-
com o ensino de Paulo em 1Coríntios pá-los para evangelizar os outros. Os
12.4-7 em que o dom espiritual é para dons são usados de muitas maneiras
o “proveito comum”, nunca para or- para cumprir Sua missão por meio do
gulho e vaidades pessoais, mas para corpo de Cristo, mas, de uma manei-
servir à Igreja e promover a edificação ra especial, Deus usa os dons para o
do corpo de Cristo. evangelismo”1.
Na Igreja “há diversidade de dons, O desafio para cada cristão é des-
(...) há diversidade de operações, cobrir o seu dom e colocar-se à in-
(...) há diversidade de ministérios” teira disposição de Cristo para servir
(1Co 12.4-7), para assegurar que haja a Igreja. Envolva-se! Comprometa-se!
espaço para todos se envolverem na Faça a sua parte!!! Sirva ao Senhor!
dinâmica do Reino, para servir ao
Senhor em áreas específicas, contri-
3 – O SERVIÇO SE DESENVOLVE
buindo assim para o crescimento es- PELA MANIFESTAÇÃO DA
piritual da Igreja. GRAÇA
Os dons espirituais são distribuí- O serviço que deve ser ministrado
dos particularmente pelo próprio Se- uns aos outros como dom recebido
nhor, não concedendo ao cristão a oferece uma ideia aos cristãos que
escolha por um ou outro dom: “Todas foram beneficiados de forma extraor-
essas coisas, porém, são realizadas dinária com uma capacitação sobre-
pelo mesmo e único Espírito, e ele as natural de Deus, que não fazia parte
distribui individualmente, a cada um, deles mesmos, portanto, era uma
conforme quer. Mas agora Deus co- manifestação da multiforme graça de
1 - ROBINSON, Darrell W. IGREJA: Celeiro de Dons. JUERP, Rio de Janeiro RJ, 2000, pág. 144
38
Deus. As diversas possibilidades de
servir estavam diretamente ligadas
CONCLUSÃO
ao fato de que cada pessoa recebe O cristão tem o chamado para ser-
um dom para ser usado para a glória vir ao Senhor, mas diante dos desafios
de Deus e para a edificação e cresci- e dificuldades em vários aspectos, so-
mente encorajados pelo Espírito San-
mento da Igreja. A multiforme graça de to e pela poderosa Palavra de Deus
Deus em relação aos dons nos reve- é que conseguimos viver como Igreja
la que Deus supre todas as áreas na unida do Senhor. Só assim podemos
vida da Igreja, como sendo uma varie- desenvolver o nosso serviço através
dade de dons para o proveito de todos. dos dons espirituais e cumprirmos com
a vontade de Deus pela demonstração
O apóstolo Pedro ensina sobre da sua graça.
dois aspectos fundamentais na ma- A nossa motivação no serviço, no
neira como os cristãos poderiam evi- uso dos dons espirituais, no amor e
denciar o dom como favor recebido nas orações só tem significado e rele-
de Deus: pelo falar (lalei) e pelo servir vância se forem para a glória de Deus.
(diaconei) (1Pe 4.11).
PARA PENSAR E AGIR:
Aquele que havia recebido o dom
de Deus para falar, deveria com cora- 1º - Sua vida de serviço a Deus
tem fortalecido a comunhão da sua
gem e ousadia transmitir a Palavra de Igreja?
Deus com fidelidade, pois a mensa-
2º - As injustiças, decepções, má-
gem não é da própria pessoa, mas é goas e dificuldades obstruem o seu
a divina e inspirada Palavra de Deus. serviço a Deus?
Uma vez sendo fiel no testemunho ao 3º - Você tem utilizado os dons
compartilhar a Palavra de Deus, qual- espirituais para servir ao Senhor fiel-
quer pessoa terá a convicção de que mente?
Deus fala por intermédio dele. 4º – A variedade de dons tem
Assim também, os cristãos com como propósito suprir todas as ne-
cessidades da Igreja. Você tem feito
o dom de servir, deveriam fazê-lo na
a sua parte?
força que vem de Deus, com a depen-
dência de Deus, para que Ele seja
sempre glorificado. A ideia principal,
Segunda: 1Pedro 4.7-11
no original, tem a ver com a vida de
serviço do diácono, mas de forma am- Terça: Efésios 4.1-13
pliada e não ferindo o texto, todos os Quarta: Romanos 12.1-7
Leitura Diária
39
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 8
Textos Básicos: 1Pedro 4.12-19
A VIDA CRISTÃ
E O SOFRIMENTO
40
existem várias advertências quanto à
presença do sofrimento na vida dos
2 – SER CRISTÃO NO SOFRIMENTO
cristãos. É UMA IDENTIFICAÇÃO COM
O apóstolo Pedro se identifica CRISTO
com eles no sofrimento, chama-os O verso 13 nos indica um parado-
carinhosamente de “amados” e se xo da vida cristã diante do sofrimen-
coloca ao lado deles para ajudá-los a to, pois acrescenta a alegria: “Mas
compreenderem o que estão passan- alegrem-se à medida que participam
do. Ele diz: “não se surpreendam com dos sofrimentos de Cristo”. Uma coi-
o fogo que surge entre vocês” (v.12), sa é saber que a provação e o so-
ou seja, com a perseguição dura e frimento fazem parte da vida cristã,
cruel, pois é natural o ódio do mundo mas ter alegria no sofrimento é algo
incrédulo para com os seguidores de estranho para qualquer pessoa. Na
Cristo (Jo 15.18-23). verdade, podemos dizer que é raro e
Há sempre um propósito maior quase impossível.
estabelecido por Deus em nosso Alegrar-se por sofrer pelo nome
sofrimento, para testar, por meio da de Cristo foi para os apóstolos uma
provação, a nossa fidelidade e amor. grande honra e privilégio, sendo na
Tanto no AT quanto no NT, vemos
atualidade uma coisa totalmente es-
os servos de Deus enfrentando todo
tranha à vida cristã, que busca so-
tipo de provação e sofrimento de for-
mente o prazer, a satisfação e real-
ma injusta, mas sobretudo, estavam
mente não considera o sofrer pelo
cônscios de que Deus sempre tinha
nome de Cristo.
um propósito a ser cumprido na vida
de cada um deles. Deus não é um A história está repleta de exem-
sádico que brinca com o sofrimen- plos tanto no NT quanto na história
to em nossa vida, mas estabelece- da Igreja. Pedro experimentou sofrer
-o como uma escola para o nosso pelo nome de Cristo: “Eles foram con-
aprendizado e crescimento, é uma vencidos pelo discurso de Gamaliel.
oportunidade para crescermos em Chamaram os apóstolos e mandaram
nossa fé (Rm 5.1-6). açoitá-los (...) Os apóstolos saíram
O apóstolo Pedro está preocupa- do Sinédrio, alegres por terem sido
do em mostrar aos cristãos que há considerados dignos de serem humi-
um propósito no sofrimento e que lhados por causa do Nome de Jesus”
por meio da “prova” eles são testa- (At 5.40,41).
dos. Para isso, utiliza a figura do pro- O ilustre missionário Salomão
cesso de purificação do ouro. Assim Luiz Ginsburg, quando estava no nor-
também acontece na vida do cristão, te do Estado do Rio de Janeiro, na
pois o sofrimento é para testar a au- cidade de São Fidélis, foi apedrejado
tenticidade da fé e eliminar as devi- e se alegrou em sofrer pelo Nome de
das impurezas. Jesus. No começo do trabalho, uma
41
casa foi alugada e o missionário dian-
te de uma multidão de mais de 1000
3 – CAUSAS REAIS DO
pessoas e em conversa com o polí- SOFRIMENTO NA VIDA DOS
tico mais influente, lhe convida para CRISTÃOS
entrar. Eis o diálogo: “- Se eu entrar, Nem todo sofrimento está as-
é para quebrar a tua cabeça”. O mis- sociado à questão da fé, do rela-
sionário responde: “pois bem, entre e cionamento com Cristo. É preciso
quebre a minha cabeça, mas primeiro reconhecer o sofrimento como
ouça o que eu tenho para lhe dizer”. causa de escolhas erradas, de
Uma pedra foi atirada e acertou a ca- caminhos maus, de comportamento
beça do auxiliar de Salomão L. Gins- equivocado, de participação e en-
burg. Em São Fidélis, o missionário volvimento em coisas ilícitas. Muitas
foi preso por pregar o evangelho do pessoas sofrem porque cometeram
Senhor Jesus1. algum crime e são tolhidos da liber-
A alegria vem com uma pro- dade, outros sofrem pela infração da
messa a ser desfrutada “na glória lei. Por isso, preciso avaliar sincera-
futura”. Pedro está transmitindo aos mente e descobrir qual o motivo do
cristãos uma palavra de segurança meu sofrimento.
e certeza, que estariam recebendo O sofrimento na vida dos cris-
do Senhor algo muito mais valioso. tãos é uma oportunidade de glori-
Ele diz: “para que também, quando ficar a Deus. Pedro chama a atenção
a sua glória for revelada, vocês exul- dos cristãos para aproveitar as opor-
tem com grande alegria” (1Pe 4.13b). tunidades na perseguição e no so-
Jesus, através das bem-aventuran- frimento para testemunhar de Cristo
ças, também assegurou aos discí- e do evangelho. Que não seja como
pulos que após o sofrimento vem assassino ou ladrão, mas fazendo o
a recompensa futura (Mt 5.10-12). bem. “Contudo, se sofre como cris-
O ensino do apóstolo Paulo foi na tão, não se envergonhe, mas glori-
mesma direção em Romanos 8.18. fique a Deus por meio desse nome”
A alegria no sofrimento revela (1Pe 4.16). John Piper escreveu um
a presença do Espírito Santo de importante artigo intitulado “Não des-
Deus em nós, “o Espírito da glória, perdice seu câncer”, por ocasião de
o Espírito de Deus, repousa sobre uma cirurgia, declarando que uma
vocês” (1Pe 4.14). É justamente a enfermidade pode ser uma extraor-
presença consoladora do Espírito dinária oportunidade para glorificar
que nos ajuda e nos fortalece para a Deus. Paulo fala dessa honra: “Por-
resistir ao sofrimento e saber que que vos foi concedida a graça de pa-
não estamos sozinhos, pois o Senhor decerdes por Cristo e não somente
está conosco! de crerdes nele” (Fp 1.29).
1 - FERREIRA, Ebenézer Soares - História dos Batistas Fluminenses. Juerp. Rio de Janeiro, 1991, p54.
42
O sofrimento é um convite para
uma avaliação sincera em relação CONCLUSÃO
à vida cristã, é a correção que auxi- A vida pecaminosa traz consigo
lia no ajustamento para a eternidade as devidas consequências de sofri-
no juízo final. Tem como propósito a mento e morte, mas como entender
purificação, o quebrantamento e a um cristão autêntico e fiel passar por
mudança em nossas atitudes. provações e sofrimento? O apóstolo
Pedro nos revela os motivos reais pe-
4 – O SOFRIMENTO E A VONTADE los quais passamos por adversidades
DE DEUS NA VIDA DO CRISTÃO e como devemos aproveitá-las para
glorificar a Deus. Que não soframos
Existem situações em nossas vi- por ações erradas e escolhas con-
das que não entendemos muito bem o trárias à Palavra de Deus, e sim, por
que está acontecendo. Assim também confiarmos de forma absoluta e plena
era com os cristãos destinatários des- no Senhor Jesus Cristo.
ta carta, e Pedro ensina que o cristão,
ao sofrer por causa do Nome de Cris- PARA PENSAR E AGIR:
to, sofrer injustamente, experimenta a
vontade de Deus, pois sabe que Deus 1º - Quando sofremos, principal-
está no controle de todas as coisas e mente de forma injusta, o que vem pri-
nada foge ao seu domínio (Rm 8.28). meiro à nossa mente? Como nos po-
sicionamos em relação à vida cristã?
Pedro estabelece aos cristãos a
necessidade de submeterem-se à 2º - Por que na atualidade alguns
vontade de Deus. Aos que “sofrem cristãos não aceitam o sofrimen-
de acordo com a vontade de Deus to como sendo a vontade de Deus?
Como entender um Deus que nos
devem confiar suas vidas ao seu fiel
deixa sofrer?
Criador” (v.19). Independentemente
da situação em que se encontra, seja 3º - A dinâmica do relacionamen-
boa ou ruim, a convocação é para to com o Senhor demonstra até que
entregar-se aos cuidados de Deus ponto estamos dispostos a manter o
(Lc 23.46). nosso compromisso com Ele.
Outro ensino importante destina-
do aos leitores sofredores é que a Segunda: 1Pedro 4.12-19
realidade difícil não deve impedi-los
Terça: Daniel 3.1-23
de praticarem o bem, ou seja, para
quem está sofrendo afrontas, injúrias, Quarta: Daniel 6
Leitura Diária
43
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 9
Texto Básico: 1Pedro 5.1-4
44
depositário fiel (“aquele que assume Senhor aos que pregam o evangelho,
a guarda de determinado bem. Sob que vivam do evangelho” (1Co 9.14).
pena de responder por perdas e da- Portanto, Pedro estabelece uma
nos”), que precisa zelar com fidelida- orientação muito importante, tanto
de, é preciso considerar o quão sério para aqueles dias quanto para o nos-
é cuidar das ovelhas do Senhor. so. Há muitos pastores que se emba-
Cuidar do rebanho do Senhor é raçam com o dinheiro, seja o seu ou
uma nobre responsabilidade, é um o da Igreja, por falta de sabedoria e
grande privilégio altamente gratifican- por não se submeterem aos preceitos
te, por isso deve ser encarado como da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo
uma tarefa excelente. O apóstolo também ensina sobre o cuidado
Paulo, ao se despedir dos anciãos que o pastor deve ter em relação
da Igreja em Éfeso, diz: “Cuidem de ao dinheiro. Em Atos dos Apóstolos
vocês mesmos e de todo o reba- 20.33, o evangelista Lucas registrou
nho sobre o qual o Espírito Santo a orientação de Paulo aos líderes da
os colocou como bispos, para pas- Igreja em Éfeso: “Não cobicei a prata
torearem a igreja de Deus, que ele nem o ouro nem as roupas de nin-
comprou com o seu próprio sangue” guém”. Para o Jovem pastor Timóteo,
(At 20.28). Que zelo e cuidado o pas- ele disse: “Os que querem ficar ricos
tor precisa ter, protegendo as ovelhas caem em tentação, em armadilhas e
dos inimigos que se aproximam para em muitos desejos descontrolados e
devorar e destruir o rebanho! nocivos, que levam os homens a mer-
gulharem na ruína e na destruição,
2 – MOTIVAÇÃO E DISPOSIÇÃO pois o amor ao dinheiro é a raiz de
PARA O MINISTÉRIO todos os males. Algumas pessoas,
“Não façam isso por ganân- por cobiçarem o dinheiro, desvia-
cia, mas com o desejo de servir”. ram-se da fé e se atormentaram a
(1Pe 5.2b) O pastor deve servir ao si mesmas com muitos sofrimentos”
Senhor não pela recompensa, pelo (1Tm 6.9,10). O pastor deve ter um
salário, pelo pagamento, mas de boa cuidado permanente e constante, a-
vontade, com um coração disposto. O tenção redobrada quanto ao dinheiro.
apóstolo Pedro está se referindo aos O trabalho do pastor não pode
pastores que tinham, entre tantas res- estar pautado no prestígio, na au-
ponsabilidades, a supervisão e con- topromoção, na busca pelo poder,
trole das finanças e poderiam, moti- mas sempre disposto a fazer o me-
vados pela ganância, se apropriarem lhor para o Senhor Jesus e para o
do dinheiro consagrado para a obra. seu Reino. O pastor não deve ser
A orientação bíblica é que “digno é preguiçoso nem indiferente ao traba-
o obreiro do seu salário” (Lc 10.7), e lho que tem para ser realizado, pois
o apóstolo Paulo reforça essa ideia, deve fazê-lo com boa vontade e com
dizendo: “Assim ordenou também o alegria em servir.
45
de Cristo. As atitudes corretas men-
3 – A CONSCIÊNCIA NAS ATITUDES cionadas por Pedro para cada pastor
PARA COM O REBANHO são servir e liderar de boa vontade,
“Não ajam como dominado- sendo modelo.
res dos que lhes foram confiados,
mas como exemplos para o reba- 4 – A GARANTIA DE UMA RECOM-
nho” (1Pe 5.3), é uma exortação PENSA NÃO TRANSITÓRIA,
muito importante para apontar que MAS PERMANENTE
os pastores não eram os senhores do
rebanho, eles não devem usurpar a “Quando se manifestar o Su-
posição dAquele que de fato “domi- premo Pastor, vocês receberão
na sobre tudo e todos”. A dominação a imperecível coroa da glória”
apontada por Pedro trata daqueles (1Pe 5.4), retrata um ensino sobre a
que, após assumirem o rebanho do recompensa que é constante no NT,
Senhor, se apossam de uma autori- desde os ensinos de Jesus nos evan-
dade que não tem e, como ditadores gelhos, bem como nos dos apóstolos,
arbitrários, atropelam todos que es- culminando no livro do Apocalipse.
tão pela frente com exigências anti- Há uma recompensa prometida!
bíblicas, ações e estratégias munda- O apóstolo Pedro reitera o ensino
nas, com um padrão completamente da volta de Cristo e reforça aos leito-
diferente daquele apresentado pelo res que há um dia determinado por
Senhor para um líder, para um pastor Deus Pai, em que o Supremo Pastor
chamado para cuidar do rebanho do Jesus voltará e trará consigo a re-
Senhor, visando apenas seus fins. compensa para cada um de forma
As ovelhas foram confiadas aos especial.
pastores (presbíteros, bispos) para O contraste utilizado no que diz
que recebam todo o cuidado e pro- respeito à recompensa é muito in-
teção necessária e, para isso, a teressante, pois naqueles dias, nos
orientação do apóstolo Pedro é que jogos olímpicos gregos era comum
os pastores sejam exemplos, sirvam o vencedor ganhar uma coroa, uma
de modelo, de referenciais. O escritor guirlanda confeccionada de hera, sal-
aos Hebreus deixou-nos um claro en- sa, murta, azeitona ou carvalho, uma
sino neste aspecto: “Lembrai-vos dos coroa que logo murchava e desapa-
vossos pastores, que vos falaram a recia. Porém, a coroa prometida pelo
palavra de Deus, a fé dos quais imitai, Senhor é imperecível, indestrutível,
atentando para a sua maneira de viver” incorruptível, incontaminável, uma
(Hb 13.7). Cada líder é chamado para recompensa que durará para sempre.
servir de exemplo para o rebanho, e Temos o desafio da perseverança e
a palavra grega utilizada é (τυποι – da fidelidade para com o Senhor.
typoi), em que o líder deve ser um Conta-se que um missionário,
modelo, uma vez que segue o modelo após décadas de serviço no campo,
46
retorna ao seu país, e quando o avião Porém, é certo que haverá de sofrer
aterrissa, havia uma multidão com maior rigor diante do Senhor pela res-
faixas, cartazes, banda de música, ponsabilidade do chamado (Tg 3.1).
tapete vermelho e uma autoridade O apóstolo Pedro oferece orien-
então é recebida, ao que o pastor tações práticas para a administração
missionário com sua esposa saem eclesiástica, para o ofício pastoral
sem serem notados, não havia nin- e, principalmente, para ser um líder
guém os esperando. Então o pastor aprovado.
ouviu a doce voz do Senhor que dizia:
“Meu filho, você ainda não chegou em PARA PENSAR E AGIR:
casa! A sua festa e recompensa es-
tão garantidas!” 1º - Ao longo do tempo, muitos lí-
deres se perderam na condução do
CONCLUSÃO povo de Deus e passaram a liderar
pela imposição, opressão e perse-
Ser líder aprovado requer seguir guição. Por que muitos pastores não
o exemplo do Mestre, do Supremo cumprem verdadeiramente com a
Pastor Jesus Cristo, que nos oferece sua missão em cuidar do rebanho do
o padrão, a referência, o ideal a ser Senhor?
atingido. Cada pastor é um co-pastor 2º - Por que alguns líderes se pau-
do Senhor Jesus Cristo. tam por aspectos negativos e munda-
O rebanho, que é do Senhor, deve nos na condução do povo de Deus?
ser tratado com amor, carinho, res- 3º - Os pastores comprometidos
peito, proteção, e deve ser conduzido com o Supremo Pastor submetem-se
aos pastos verdejantes da inerrante à Palavra de Deus e dão um ótimo
e inspirada Palavra de Deus, ao ver- exemplo para as ovelhas através de
dadeiro alimento para a alma. Cada atos e palavras. O pastor foi chamado
pastor tem a responsabilidade de cui- para ser uma bênção para a Igreja,
dar com zelo do rebanho que perten- para cada ovelha.
ce ao Senhor.
Cada ovelha, na compreensão de
sua realidade de pertencimento ao
Senhor, deve, com alegria, aceitar e
Segunda: 1Pedro 5.1-4
submeter-se ao pastor que foi comis-
sionado e enviado por Jesus Cristo Terça: 1Pedro 5.5-7
para cuidar e protegê-la dos perigos Quarta: 1Pedro 5.8-14
Leitura Diária
47
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 10
Texto Básico: 2Pedro 1.1-11
CONHECIMENTO QUE
FORTALECE E PRODUZ FRUTOS
Os temas propostos por Pedro to diferente de alguns nos dias de
também faziam parte dos ensina- hoje que se apresentam como lí-
mentos de Paulo sobre erros que deres do povo de Deus, mas não
estavam presentes em Colossos, tem nada de servo, e sim de dono
Éfeso e Corinto. e patrão. A palavra apóstolo tem o
A carta foi escrita provavelmente sentido de mensageiro enviado, e
na década de 60d.C., antes da mor- somente os doze e Paulo são re-
te de Pedro (64 – 67 d.C.), e dirigida conhecidos como tais, não existem
aos cristãos judeus e gentios espa- outros apóstolos ao longo da Igreja,
lhados por conta da perseguição e nem tampouco em nossos dias. Em
Atos 1.20-26 tem os critérios para
das dificuldades impostas por razão
alguém ser apóstolo.
da fé em Cristo. Assim, a preocupa-
ção pastoral do apóstolo Pedro para Os destinatários são pessoas
com os cristãos é para manterem o que foram alcançadas pela salva-
foco no conhecimento e no cresci- ção em Cristo e “receberam co-
mento, auxiliando-os no combate nosco uma fé igualmente valiosa”
aos erros e apontando para a volta (2Pe 1.1c), ou seja, Pedro se identi-
triunfante do Senhor Jesus e a ne- fica com os cristãos, revelando que
cessidade de preparação. não existe, no Reino de Deus, uma
pessoa que seja superior ou inferior
1 – O CONHECIMENTO PLENO a outra; pelo contrário, todos são
DE DEUS RESULTA EM iguais perante o Senhor.
GRAÇA E PAZ O relacionamento com Deus
através de Cristo Jesus proporcio-
O autor se apresenta como Si- na ao cristão alcançar o “pleno co-
mão Pedro, apóstolo e servo. Mui- nhecimento” (epignõsis) de Deus,
48
declarado por D. A. Carson, “como o vos dou; não vo-la dou como o mun-
meio pelo qual a graça e a paz po- do a dá” (Jo 14.27). A graça de Cristo
dem transbordar na vida do crente”1, promove a paz com Deus, promoven-
contrastando com o conhecimento do a mudança real no coração do pe-
(gnõsis) dos gnósticos (Adeptos de cador pelo perdão dos pecados, para
uma heresia iniciada no primeiro sé- que seja desfrutada a verdadeira paz.
culo que se desenvolveu nos séculos A declaração de Pedro aos cris-
seguintes, dentre os seus postulados, tãos é que desfrutassem de graça e
defendiam uma espécie de conheci- paz multiplicadas através do conhe-
mento misterioso e mais elevado cimento pleno de Deus. Conhecer a
para a salvação, ensinavam que a Deus de forma profunda e pessoal,
salvação nada tinha com relação à somente pelo relacionamento com
vida física e não criam na divindade Cristo, e não por um conhecimento
de Jesus Cristo)2. superficial, teórico e vazio de signifi-
A graça (do grego χαρις - charis) é cado e vida.
o favor imerecido de Deus para cada
um de nós, é o meio pelo qual somos 2 – O PROGRESSO ESPIRITUAL SE
salvos. Somos justificados gratuita- REVELA NA VIDA PRÁTICA
mente pela graça, que nos fortalece
diante das nossas fraquezas e nos Pedro ensina que Deus proveu os
livra do pecado. Enfim, Pedro deseja cristãos com todos os recursos neces-
que a graça seja multiplicada na vida sários para o progresso espiritual, a
partir do pleno conhecimento de Deus,
dos cristãos.
para que todos tenham não só a com-
A paz (do grego ειρηνη – eirênê) é preensão da fé, mas o resultado prático
uma palavra que se origina no meio da fé, que oferece segurança e fortale-
do povo de Deus no AT (Shalon). cimento na vida cristã e condição para
Essa paz não significa ausência de enfrentar os erros.
tribulações, dificuldades, problemas,
2.1 – OS RECURSOS PARA O
lutas, adversidades; a paz na vida do
CRESCIMENTO JÁ FORAM CON-
cristão não depende das circunstân-
CEDIDOS POR DEUS
cias externas, do contexto de vida,
da movimentação de governantes O desenvolvimento na vida cristã
através de passeatas, caminhadas se pauta em dois aspectos conce-
e mobilização popular, não é fruto didos por Deus como recurso, para
de uma droga medicamentosa ou da que cada cristão tenha a condição de
meditação oriental. A PAZ É FRUTO aplicar em sua vida diária, que são: O
DA GRAÇA DE DEUS EM CRISTO, poder de Deus e suas promessas.
é uma ação de Jesus em nós e por Pedro declara: “Seu divino poder
nós, “deixo-vos a paz, a minha paz nos deu todas as coisas de que ne-
1 - CARSON, D. A., Comentário Bíblico Vida Nova. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2009, pág. 2078
2 - BROADMAN, Trad. Adiel Almeida de Oliveira, Juerp, Rio de Janeiro,1985, p 207
49
cessitamos para a vida e para a pie- dinâmica de desenvolvimento espi-
dade” (v.3). Sendo bem objetivo, ele ritual constante, tendo como alvo a
afirma que a presença da graça de frutificação.
Cristo em nós por meio da salvação e A fé salvadora produz o novo nas-
pela ação do Espírito Santo, propicia cimento em Cristo, mas devemos
a nós o poder de Deus que produz a acrescentar à nossa fé algumas ca-
iluminação para uma vida de santida- racterísticas muito importantes para
de e justiça. nos ajudar em nossa caminhada. São
Pedro ensina que o Espírito Santo sete qualidades mencionadas pelo
nos oferece recursos poderosos para apóstolo para o nosso crescimento
desfrutar de uma vida abundante ofe- constante (Veja os versos 5-7):
recida em Cristo e para viver de for- A Virtude tem a ver com excelên-
ma piedosa, a fim de desenvolver em cia moral, com uma vida que rejeita os
sua vida diária uma conduta certa,
vícios e comprova a nossa fé.
que tenha como alvo agradar a Deus.
O Conhecimento nos indica um
O segundo aspecto menciona-
discernimento moral, para que o cris-
do são as promessas de Deus como
tão saiba discernir entre o certo e o
recurso de Deus para nós. Pedro tem
errado, o caminho bom e o mau, en-
a intenção de ajudar-nos na dinâmi-
tre o que agrada e o que não agrada
ca da vida, no combate à sedução de
a Deus.
uma vida pecaminosa incentivada por
falsos mestres e suas heresias. Ele O Domínio Próprio é a demons-
orienta os cristãos e enfatiza a impor- tração do fruto do Espírito, sendo es-
tância das promessas quanto à uma pecialmente, neste caso, um elemen-
vida piedosa, vivendo semelhantes a to muito importante para o cristão agir
Cristo, “no mundo, mas não do mun- diante do sofrimento e perseguição,
do”, mostrando claramente que atra- agir com temperança e paciência,
vés da Palavra de Deus temos tudo mostrando equilíbrio nas decisões. É
que necessitamos para uma vida o autocontrole, a palavra tem o sen-
cristã autêntica e vitoriosa: “ele nos tido de poder, da pessoa saber se
deu as suas grandiosas e preciosas controlar.
promessas, para que por elas vocês A Perseverança tem o significa-
se tornassem participantes da natu- do de constância espiritual. Pedro
reza divina e fugissem da corrupção conclama seus leitores a resistirem
que há no mundo” (v.4). as investidas das doutrinas e práticas
2.2 – OS RECURSOS PARA O do gnosticismo e continuarem leais
CRESCIMENTO TEM COMO ALVO ao Senhor.
A FRUTIFICAÇÃO A Piedade está relacionada à
Pedro enfatiza que a presença do reverência para com Deus. O cristão
poder e das promessas de Deus na deve viver de acordo com a adoração
vida do cristão deve levá-lo a uma e os padrões da vida cristã. Piedade
50
significa “adoração certa” e depen- dos em Cristo. Esquecem principal-
dência de Deus. mente a Palavra de Deus.
A Fraternidade nos remete à A frutificação revela que genuina-
necessidade de aplicarmos o princí- mente temos a salvação em Cristo,
pio do amor cristão à nossa família que nascemos de novo e vivemos
cristã, que é a Igreja, aos amigos e para o Senhor. É uma comprovação
familiares. Assim, com este conselho da pessoa do Espírito Santo habitan-
evita-se muitos conflitos e experimen- do em nós, promovendo e produzindo
tamos uma verdadeira comunhão. resultados para a glória de Deus. Todo
O Amor é o resumo de toda a lei. cristão deve esperar ansiosamen-
Pedro foi amado pelo Senhor e con- te pela entrada no “Reino eterno de
frontado na demonstração do amor Cristo” e aguardar a sua gloriosa vol-
sincero e verdadeiro para com Ele: ta, procurando viver sempre para Ele.
“Tu me amas? Tu sabes que te amo”.
Nos escritos de Paulo o “amor é o
PARA PENSAR E AGIR:
vínculo da perfeição” (Cl 3.14). 1º - O conhecimento que tenho de
Cristo e o meu relacionamento com
CONCLUSÃO Ele me proporciona graça e paz?
2º - Qual o impacto do poder de
O pleno conhecimento de Deus
Deus e das suas promessas em mi-
concede ao cristão a oportunidade
nha vida?
de desenvolver-se espiritualmente
e, através desse crescimento, gerar 3º - Tenho me empenhado por
frutos. Quando o cristão está com- acrescentar à minha fé as qualidades
prometido com Cristo e alicerçado propostas pelo apóstolo Pedro, para
na Palavra, automaticamente revela ser um cristão frutífero?
aqueles que não estão se desenvol- 4º - O pleno conhecimento de
vendo ou crescendo no Senhor. Deus na pessoa de Cristo deve ser o
Pedro fala de quatro caracterís- alvo de todos nós!
ticas negativas dessas pessoas na
Igreja (Veja os versos 8 e 9):
1º - são estéreis, inativos e ocio-
sos, não querem servir ao Senhor; Segunda: 2Pedro 1.1-11
2º - são improdutivos e inoperan- Terça: Romanos 5.20-6.18
tes, não há frutos na vida deles; Quarta: Gálatas 5.16-26
Leitura Diária
51
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 11
Texto Básico: 2Pedro 1.12-21
A PALAVRA DE DEUS É O
ALICERCE PARA A FÉ CRISTÃ
52
maturidade cristã. Pedro convoca os são ensinos lembrados por Pedro, ao
cristãos para que “empenhem-se ain- escrever sua carta para encorajar os
da mais, em consolidar o chamado e cristãos.
a eleição” (v.10), a fim de terem con- O apóstolo Paulo também se uti-
dições de evitar o erro e o tropeço. lizou da repetição do ensino para
O apóstolo fala de coisas que fortalecer a Igreja do Senhor. Em Fili-
eles já conheciam, que já fazia par- penses 3.1, ele diz: “Escrever-lhes de
te da dinâmica de vida deles. Mas novo as mesmas coisas não é can-
havia uma necessidade de reafirmar sativo para mim e é uma segurança
as verdades para os leitores/ouvin- para vocês”; e em Romanos 15.15
tes, de forma constante, a fim de que diz: “A respeito de alguns assuntos,
estivessem fortalecidos contra todas eu lhes escrevi com toda a franque-
as investidas do mal, seja através da za, como para fazê-los lembrar-se
perseguição, do sofrimento ou pelo novamente deles, por causa da graça
equívoco dos ensinos heréticos, para que Deus me deu”. O apóstolo João
que se lembrassem da origem e da seguiu na mesma direção: “Não lhes
essência da salvação alcançada. escrevo porque não conhecem a ver-
A garantia da entrada no Reino dade, mas porque vocês a conhecem
de Deus se dá através da suficiência e porque nenhuma mentira procede
da verdade” (1Jo 2.21).
de Cristo, pela salvação que resulta
da manifestação da graça pela fé. Há O apóstolo Pedro fala que é im-
um propósito em viver de forma san- portante ajudar os cristãos a respeito
ta e pura, aplicando a mensagem do de verdades que já foram aceitas e
Evangelho à vida diária, uma vez que assimiladas, mas que por alguma ra-
“estão solidamente firmados na ver- zão, os cristãos estavam desatentos,
dade que receberam” (2Pe 1.12). então o apóstolo utiliza o termo grego
que significa despertar, acordar, como
O fato de conhecer um ensino da
falta de atenção. Um cristão pode se
Palavra de Deus não significa que os
acomodar com as conquistas, vitó-
cristãos não tenham necessidade de
rias e glórias do passado e viver aco-
serem lembrados das verdades fun-
modado com o presente, aceitando
damentais da fé cristã, pois uma ca-
passivamente as induções do diabo,
racterística negativa citada por Pedro
abrindo brechas para uma vida de
anteriormente foi justamente o fato da- transgressão. Calvino declara que “so-
quele que não busca a maturidade es- mos ensinados pelo exemplo de Pe-
piritual se esquecer da purificação dos dro que, quanto menos tempo de vida
seus pecados e negligenciar a busca nos resta, mais diligentes devemos
por uma vida digna do evangelho. ser ao executar nosso ofício”1. Mesmo
A verdade histórica da morte, se- com a morte próxima, Pedro demons-
pultamento e ressurreição de Jesus trou o seu compromisso com Cristo.
1 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 349
53
panhado de outros apóstolos – Tiago
2 – O TESTEMUNHO QUE e João, por isso a expressão “E ouvi-
FUNDAMENTA NOSSA FÉ mos esta voz dirigida do céu” (v.18).
Os ensinos que estão sendo Simon J. Kistemaker comenta so-
compartilhados têm uma base só- bre o fato de Pedro usar a transfigu-
lida, um fundamento, um alicerce. ração de Jesus para demonstrar que
Diferente dos ensinos que estavam a “entrada no Reino eterno do nosso
se infiltrando nas Igrejas, que se ba- Senhor” está plenamente suprida. Ele
seavam em mitos, lendas, histórias diz: “Como testemunhas humanas, foi
inventadas e fábulas, Pedro alertava permitido aos apóstolos um rápido
aos cristãos para que pudessem se olhar do céu no qual Jesus governa
ancorar em ensinos verdadeiros, de com poder, honra e glória, e onde é o
uma pessoa que presenciou a glória Filho de Deus que recebe o amor e a
e a majestade do Salvador. Não era aprovação do Pai”2.
um ensino fruto de histórias huma- O testemunho e o ensino de Pe-
nas, mas resultado da revelação de dro estão abalizados em sua expe-
Deus aos homens. Ele fala da auto- riência com o próprio Senhor Jesus,
ridade do evangelho em detrimento o que fundamenta a nossa fé.
dos ensinos mundanos e diabólicos.
O apóstolo utiliza o termo grego para 3 – A PALAVRA QUE FUNDAMENTA
fábulas que significa mito, que era
ensinado pelos falsos mestres.
NOSSA FÉ
“Fomos testemunhas oculares da Através da sua Palavra, Deus
sua majestade” (...) lhe foi dirigida a revelou o seu plano de salvar a hu-
voz que disse: “Este é o meu filho ama- manidade, utilizando os profetas na
do, em quem me agrado” (v.16,17). transmissão de sua soberana vonta-
Este ensino do apóstolo tem como de. Pedro conclama seus ouvintes/
meta revelar a fonte da experiência leitores a se atentarem ao que es-
de Pedro e a autenticidade da men- tava escrito nos profetas como uma
sagem do evangelho em que foram luz brilhante nas trevas; não como
alcançados, revelando que a vinda do uma palavra dos homens a respeito
Senhor não era uma história sem fun- de Deus, mas a Palavra de Deus
damentos, inventada para enganar revelada aos homens.
os cristãos, pelo contrário, era fruto Pedro fundamentava o seu teste-
do ensino do próprio Senhor Jesus. munho, como vimos no verso 18, na
Pedro apresenta sua experiência no palavra falada por Deus, agora, ver-
monte da transfiguração, quando ou- so 19 em diante, ele se volta para a
viu a voz de Deus confirmando a di- Palavra escrita, as Escrituras Sagra-
vindade de Cristo, e ele estava acom- das do AT como fundamento para a
2 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 359
54
fé. Era a palavra dos apóstolos sendo
confirmada pelo estudo sistemático CONCLUSÃO
do AT. O apelo do apóstolo é para que A fundamentação da nossa fé
os cristãos prestem bastante atenção está nas verdades compartilhadas
a todas as profecias que estão nas pelos apóstolos, que conviveram com
Escrituras, pois todas se cumprirão. o Senhor Jesus sendo assim teste-
Se as promessas do AT se cumpri- munhas oculares dos seus ensinos,
ram, é necessário que os cristãos es- viveram aquilo que ensinaram e re-
tejam atentos às profecias que ainda gistraram tais ensinos nas Escrituras
irão se cumprir. para que estes chegassem até nos-
sos dias. Portanto a nossa fé está na
A expressão no verso 19 “até que Palavra de Deus que é infalível, iner-
o dia clareie e a estrela da alva nasça rante, inspirada, divina e que chegou
em seus corações” são simbólicas, até nós pela ação do Espírito Santo
uma descrição poética, apontando em todos os tempos.
para o dia da volta gloriosa de Jesus
e não para a referência ao amanhe- PARA PENSAR E AGIR:
cer quando desponta Vênus, conhe-
1º - As verdades contidas na Pala-
cida como a estrela da alva. Esse
vra de Deus são lembradas na dinâ-
conhecimento da volta de Jesus deve
mica de sua vida diária, em momen-
ser guardado pelo cristão em seu co- tos de decisões e escolhas? Você
ração com expectativa e confiança. vive pautado por ela?
As Escrituras não são o resulta- 2º - Você duvida da Palavra de
do da ação humana em escrevê-la, a Deus, dos seus ensinos e profecias,
sua origem não está no homem, mas julgando que é puramente uma escri-
em Deus pela ação do Espírito Santo. ta de homens? Você questiona a ins-
Aqui nos versos 20 e 21, Pedro não piração da Bíblia?
está falando que é impossível ao ho- 3º - Devemos agradecer diaria-
mem interpretar a Palavra de Deus, mente pela Palavra de Deus estar
mas aponta para a fonte completa e disponível em todos os momentos da
total das Escrituras. Deus usou ho- nossa vida.
mens santos ao longo dos séculos
para transmitir a sua vontade revela-
da através das Escrituras. Segunda: 2Pedro 2.12-21
Terça: 2Timóteo 3.8-17
O apóstolo Pedro transmite aos
cristãos que os seus ensinos tinham Quarta: Atos 17.10-14
Leitura Diária
55
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 12
Texto Básico: 2Pedro 2
ADVERTÊNCIAS CONTRA OS
FALSOS MESTRES
56
compor a carta. O certo é que ambos razões: 1º) o seu método é traiçoeiro
apresentam uma mensagem de ad- e conduz a meios vergonhosos, le-
vertência e conclama a todos a bata- vando a fé a ser difamada; 2º) o seu
lharem pela fé numa guerra espiritual. ensino é uma completa negação da
verdade e 3º) o seu destino é causar
1 – A PRESENÇA DOS FALSOS destruição tanto a si mesmos quanto
MESTRES aos seus seguidores”2.
O apóstolo Pedro diz que os fal-
O apóstolo Pedro envia uma ad- sos mestres surgem no meio do povo
vertência aos cristãos sobre as di- de Deus, eles estão na rotina da Igre-
ficuldades que teriam de enfrentar, ja, eles fazem parte da Igreja como
além das perseguições e sofrimento. membros. Talvez uma pessoa que
Ele diz: “surgirão entre vocês falsos passa a fazer parte da Igreja recen-
mestres” (v.1), numa coerência com temente seja “olhada”, seja vista com
os ensinos de Jesus, apontando para desconfiança, mas alguém conhe-
um tempo em que os mestres esta- cido, envolvido e até respeitado no
riam satisfazendo de forma ilusória as meio da Igreja tenha facilidade para
pessoas. Jesus advertiu em Mateus cumprir o papel de falso mestre.
24.11: “e numerosos falsos profetas
surgirão e enganarão a muitos”. Sobre a forma de agir, diz-nos o
texto que “Estes introduzirão secre-
O apóstolo Paulo, por diversas tamente heresias destruidoras”, ou
vezes, alertou os cristãos a respei- seja, trabalham nas sombras, nos
to da presença de falsos pastores e bastidores, fingem ser o que não são,
mestres. Em Éfeso, reunido com os pois agem com hipocrisia. Apresen-
líderes da Igreja, ele traz uma dura tam os seus ensinos heréticos sem-
advertência: “Sei que, depois da mi- pre de forma próxima à verdade, bus-
nha partida, lobos ferozes penetrarão cando enganar os que ouvem.
no meio de vocês e não pouparão o
rebanho. E dentre vocês mesmos se
levantarão homens que torcerão a
2 – O ENSINO DOS FALSOS
verdade, a fim de atrair os discípulos. MESTRES
Por isso, vigiem!” (At 20.29-31). O apóstolo Pedro defende que as
Por que tantos alertas sobre a heresias destruidoras têm a ver com
presença dos falsos mestres na dinâ- o ensino gnóstico, uma seita que
mica da Igreja ou na vida da Igreja? atuava dentro das Igrejas provocando
Por que tanta preocupação com pes- todo tipo de divisões, em que o ensino
soas que ensinam coisas erradas? D. atingia diretamente a pessoa de Cris-
A. Carson fala sobre o perigo dos fal- to, a obra expiatória, a criação, o rela-
sos mestres para a Igreja. Ele diz: “Os cionamento direto com Deus, a reali-
falsos profetas são perigosos por três dade do pecado ou inexistência dele.
2 - CARSON, D. A., Comentário Bíblico Vida Nova. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2009, pág. 2086
57
Para os gnósticos, Jesus não era Os gnósticos distorceram a Pala-
o soberano Filho de Deus, não era vra de Deus com uma sutileza teo-
o Senhor como afirmado nas Escri- lógica, transformando a graça em
turas, mas um senhor como muitos uma licenciosidade pecaminosa; e
outros existentes. Jesus era apenas isso era, na visão deles, uma ajuda
um homem comum com uma mente no crescimento espiritual e na des-
elevada. Por isso, Pedro afirma: “che- truição do corpo, unindo o comporta-
gando a negar o Soberano Senhor mento pagão tomado pelos vícios e
que os resgatou” (v.1), ao contrário pecados, fazendo com que as imo-
de obedecer a Cristo, e utiliza a pa- ralidades se tornassem uma prática
lavra resgate, que está relacionada normal no meio da Igreja. Cuidado!!!
à compra de escravos para que seja Infelizmente os falsos mestres
um servo obediente. sempre encontram alguém no meio
Portanto, assim como Pedro, o da Igreja para enganar e se submeter
apóstolo Paulo combateu intensa- a toda forma de depravação, promis-
mente o ensino dos gnósticos que es- cuidade e devassidão, aceitando os
tavam presentes na Igreja em Corinto, falsos ensinos.
Colossos e Éfeso, apontando para os
erros através das suas cartas. Os en- 3 – A CONDENAÇÃO DOS FALSOS
sinos heréticos defendiam a criação MESTRES
não sendo atribuída a Deus, a ênfa- O propósito pelo qual os falsos
se na libertação pelo conhecimento mestres ensinavam é advertido por
e a indiferença quanto à questão da Pedro. Revelando a sua ganância e
moralidade, pois julgavam que esta- avareza, eles enganavam o povo e
vam em um nível elevado (Cl 1.15-16; os conduzia por uma vida imoral e
Cl 2.8,9). sexualmente pervertida, visando o
Outra vertente do ensino dos dinheiro e o lucro. Pedro utiliza uma
gnósticos está relacionada com a expressão bem comum no comércio,
questão da existência humana. Sen- ao dizer: “E por avareza farão de vós
do o corpo feito de matéria, que é negócio com palavras fingidas”(v.3).
essencialmente má, este deve ser Não é muito diferente do que aconte-
destruído e assim a alma será liberta ce em nossos dias.
pelo conhecimento humano. Ensina- Muitas pessoas são atraídas por
vam que a depravação não atinge a palavras bonitas que incentivam a
alma e assim promovia, no meio da vitória e tantas promessas vazias e
Igreja, os erros para a inclinação de equivocadas por erro de interpre-
uma vida sexual impura, de uma vida tação bíblica e maldade. Com isso,
de devassidão, e seduzia os instáveis, esses líderes religiosos querem o
como Pedro havia advertido: “Muitos dinheiro e, ao mesmo tempo, man-
seguirão os caminhos vergonhosos ter cada um sem o conhecimento da
desses homens” (v.2). verdade por um ensino envenenado.
58
Eles prometem muito, mas cumprem falsos mestres porque exaltam-se
pouco, no dizer de Pedro “são fontes a si mesmos, em vez de a Cristo, e
sem água”, que na verdade é inútil; muitas amam, adorar pessoas popu-
são “nuvens carregadas pelo vento”, lares e de sucesso. Além disso, o ca-
bonitas para apreciar, mas sem pro- minho falso facilita o viver em pecado
duzir a chuva necessária; falando de e, ao mesmo tempo, o fingir ter uma
liberdade, mas escravizando os se- vida religiosa”3.
guidores e sendo eles mesmos es- Cuidado com os falsos mestres e
cravos também. os falsos ensinos! Busquem o conhe-
Eles não eram salvos, eram pes- cimento através da leitura, do estudo,
soas que ouviram a mensagem do da meditação na Palavra de Deus,
evangelho e passaram a fazer parte para que não sejam levados pelos er-
da comunidade, mas não houve con- ros nos “ventos de doutrinas”.
versão, arrependimento, submissão a
Cristo. A parábola do Semeador mos- PARA PENSAR E AGIR:
tra que três partes das sementes se
1º - Os falsos mestres se apro-
perderam (beira do caminho, entre es-
veitam da boa fé das pessoas e sor-
pinhos e terreno pedregoso). O cristão
rateiramente ensinam suas mentiras
autêntico, é um salvo para sempre,
e seus erros. Por que parece mais
tem a vida eterna e nunca perecerá.
fácil seguir os falsos mestres e seus
A condenação dos falsos mestres ensinos do que mestres e ensinos
é certa, assim como os exemplos uti- verdadeiros?
lizados por Pedro na carta, eles so-
2º - Qual a melhor maneira para
frerão a pena do pecado. O julgamen-
combater os falsos mestres e seus
to já está marcado e a condenação
ensinos?
virá pela determinação de Deus Pai
na pessoa do Seu Filho Jesus. Por- 3º - Você consegue detectar os
tanto, toda desobediência e rebelião falsos mestres com seus ensinos
receberão justa retribuição. Pode pa- atualmente?
recer que estão enganando a todos
sem qualquer consequência, mas a
recompensa pelo erro e por conduzir
pessoas ao erro será dada no grande Segunda: 2Pedro 2.1-11
Dia do Senhor. Terça: 2Pedro 2.12-22
Quarta: 1Timóteo 4.1-10
CONCLUSÃO
Leitura Diária
59
DATA DO ESTUDO
LIÇÃO 13
Textos Básicos: 2Pedro 3
CRESCIMENTO ESPIRITUAL:
UM ALVO PERMANENTE
60
Salvador Jesus Cristo. As profecias promessas de Deus. O apóstolo Pe-
do AT se cumpriram plenamente na dro registra sua ação junto aos cris-
história e servem como fundamenta- tãos, tentando persuadi-los quanto
ção para a Igreja, bem como, para os à tolice de acreditar em promessas
não crentes como uma advertência que não se cumpriram. Eles diziam:
que todas as promessas de Deus se “O que houve com a promessa da sua
cumprem. vinda? Desde que os antepassados
O apóstolo Pedro queria lembrar morreram, tudo continua como desde
aos cristãos da criação dos céus e o princípio da criação” (2Pe 3.3,4).
da terra, declarando: “pela palavra de A orientação e a advertência do
Deus já desde a antiguidade existi- apóstolo era para que seus leitores/
ram os céus, e a terra” (v. 5), em con- ouvintes estivessem alertas e vigilan-
sonância com Salmos 33.6: “Pela pa- tes contra os escarnecedores e zom-
lavra do Senhor foram feitos os céus, badores que trariam falsos ensinos.
e todo o exército deles pelo espírito Simon J. Kistamaker diz que
da sua boca” e Hebreus 1.1-3 que diz: “O escárnio não deve ser confundido
“Havendo Deus antigamente falado com a zombaria. A zombaria retrata
muitas vezes, e de muitas maneiras, frivolidade, mas o escárnio é um pe-
aos pais, pelos profetas, a nós falou- cado intencional. Ocorre quando, de-
-nos nestes últimos dias pelo Filho, liberadamente, a pessoa mostra des-
(...) por quem fez também o mundo... prezo por Deus e seu Filho”1.
e sustentando todas as coisas pela
Pedro diz “Não se esqueçam dis-
palavra do seu poder”.
to, amados”, numa referência direta
Ele queria lembrá-los também do como o Senhor governa a história.
cumprimento da Palavra de Deus na Deus é atemporal. Para Ele passado,
execução do juízo, no dilúvio, des- presente e futuro são a mesma coi-
truindo o mundo e todos os ímpios. sa, “um dia como mil anos e mil anos
Assim, deveriam saber que os céus e como um dia” (v.8). Na visão dos
a terra estão reservados “para o fogo, escarnecedores Deus estava indife-
guardados para o dia do juízo e para rente à situação humana e o mundo
a destruição dos ímpios” (v.7). Preste estava à própria sorte. Numa visão
atenção na Palavra de Deus! deísta, o mundo foi criado e abando-
nado; jamais acabará.
2 – O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
A Bíblia atesta que Deus não
CONFRONTA OS INCRÉDULOS demora para cumprir a sua Palavra,
Em vários momentos ao longo mesmo que em nossa concepção es-
da história podemos constatar a pre- teja demorando. Deus tem um dia em
sença dos zombadores, dos incré- que executará a sua vontade sobera-
dulos e dos ímpios em relação às na e diz que será como a vinda de um
1 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São
Paulo SP, 2006, pág. 434
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ladrão à noite, de forma repentina, nalidades. O Senhor Jesus, no sermão
quando menos as pessoas estiverem profético, em Mateus 24 e 25, proferiu
esperando. vários ensinos com exemplos sobre
O povo de Deus não será sur- a necessidade de preparação. Jesus
preendido na segunda vinda de Cris- virá e nós esperamos a sua vinda!
to, porque vive pautado pelos ensinos Diante de todo o exposto, Pedro
da Palavra de Deus e está preparado deixa os escarnecedores e zomba-
para qualquer dia e horário estar para dores de lado e foca nos cristãos,
sempre com o Senhor na glória ce- para que reflitam sobre a importância
lestial. Não esqueça da Palavra! de suas vidas, a motivação que im-
pulsiona a caminhada, as mudanças
3 – O CRESCIMENTO ESPIRITUAL que se fazem necessárias, enfim, se
FORTALECE NA PRONTIDÃO o fim está próximo, e este mundo vai
terminar, como devemos aproveitar a
Um dos temas recorrentes nos nossa vida? Que tipo de pessoa de-
ensinos do Senhor Jesus e dos após- vemos ser? A ordem é que vivamos
tolos trata da necessidade de viver em santidade e piedade (v.11), para
preparado para a morte ou para a que haja empenho na busca de uma
triunfante volta do Senhor Jesus. vida agradável diante de Deus, não
A preparação para o encontro com importando o dia e a hora da volta de
Deus no AT era algo de muita impor- Jesus, pois o cristão vive de maneira
tância e levado a sério pelo povo de imaculada e irrepreensível para Deus
Deus. No NT, a ideia não é se preparar todos os dias.
para um dia especial de festividades,
rituais e cerimoniais, mas viver prepa- 4 – CRESCIMENTO ESPIRITUAL:
rado a cada dia, como sendo o último
dia vivido nesta terra, compreenden-
UM ALVO PERMANENTE
do que um dia a morte chegará e não O autor retoma o ensino principal
sabemos quando será, então há a da carta com foco no conhecimento
necessidade de viver preparado para e nas condições ideais para vencer
estar com o Senhor eternamente. os falsos ensinos e os falsos mestres.
Prontidão e vigilância são adver- O recurso que cada cristão tem para
tências para os discípulos de Jesus, a progredir na vida espiritual é buscar
fim de que aproveitem ao máximo para na inerrante, infalível, inspirada e di-
servir e honrar ao Senhor a cada dia vina Palavra de Deus de forma cons-
com alegria. Pelo fato de não se pre- tante e permanente.
pararem, muitos vivem na negligência Para evitar as ações contrárias
e na omissão, deixam para depois um dos homens abomináveis que atuam
compromisso mais profundo com o dentro das Igrejas para proliferar o
Senhor. Adiam o aspecto da prepara- engano e conduzir pessoas para o
ção e deixam passar o tempo com ba- caminho errado, cada cristão preci-
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sa ter cuidado, viver vigilante, tendo Jesus de maneira santa, irrepreensí-
a consciência de que o foco precisa vel e imaculada; e, por fim, 4º) a es-
estar na Palavra de Deus, nos ensi- tabelecerem como alvo permanente
nos recebidos pelas Escrituras e re- a busca pelo crescimento espiritual
jeitarem qualquer tentativa de menos- através das disciplinas espirituais:
prezar Deus, Jesus, a Sua Palavra ou Bíblia e Oração.
qualquer um dos seus apóstolos.
O alvo permanente para o cristão PARA PENSAR E AGIR:
é o crescimento e com dois aspectos 1º - O crescimento é uma ação
muito importantes: graça e conheci- natural na vida e deve ser também na
mento, sabendo que ambos vêm de vida cristã.
Deus para nós na pessoa de Cristo.
2º - Por que algumas pessoas
Não adianta conhecer a verdade de
acabam sendo vítimas dos falsos en-
forma teórica, ter embasamento bíblico
sinos e falsos mestres?
de forma sistemática, mas negligenciar
a vida espiritual, as disciplinas espiri- 3º - Os zombadores e os escar-
tuais, o viver de forma santa e piedosa. necedores conhecem a Palavra de
É preciso ter conhecimento da Palavra Deus, mas distorcem as Escrituras
para produzir proximidade, intimidade para enganarem os discípulos instá-
com Jesus, e assim as duas coisas veis. Como manter-se em condições
acontecem: o conhecimento bíblico se de resistir os homens abomináveis e
manifesta na vida prática. Aquilo que seus ensinos?
cremos será desenvolvido através das 4º - O crescimento espiritual deve
nossas atitudes e comportamentos. ser um alvo permanente na vida do
cristão. Assumo diante de Deus o com-
CONCLUSÃO promisso de persistir em busca deste
alvo permanente em minha vida, pela
Os cristãos são chamados por leitura diária da Bíblia e na separação
Pedro de “amados”, mas ao mes- de um tempo para a oração?
mo tempo são advertidos. Uma vez
que deseja que sejam vitoriosos na
vida cristã, ele os encoraja: 1º) a se
lembrarem constantemente da Pala- Segunda: 2Pedro 3.1-7
vra de Deus, seja pelos profetas ou
Terça: 2Pedro 3.8-14
pelos apóstolos; 2º) a não se esque-
cerem do cumprimento da Palavra e Quarta: 2Pedro 3.15-18
Leitura Diária
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Currículo
2020
Primeiro Trimestre Revista da Convenção Batista Fluminense
Ano 16 - n° 63 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2019
TRATAMENTO BÍBLICO:
Ansiedade e Depressão Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas
Terceiro Trimestre
Diretor de Educação Religiosa:
Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
EXERCENDO A MORDOMIA
CRISTÃ Redator: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Pr. Mauro Stélio Sanches Revisão Bíblico Doutrinária: Pr. Jailton Barreto Rangel
Pr. Elias Muniz dos Santos
Quarto Trimestre
Pr. Pedro Salvador de Azevedo
Distribuição:
Print Master Editora
Seja Mordomo
Convenção Batista Fluminense
Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais
Rua Visconde de Morais, 231 - lngá - Niterói - RJ
revistas que o número de jovens e adultos
matriculados na EBD ou em outro grupo de CEP 24210-145
estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção Tel.: (21) 2620-1515
se for este o seu caso. Queremos investir seu E-mail: contato@batistafluminense.org.br
dízimo também em outros projetos.
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