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ARTIGOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
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03/10/2019 Da lei penal no tempo (Penal) - Artigo jurídico - DireitoNet
Não há infração ou sanção penal sem lei anterior, isto é, sem lei prévia. Esse
desdobramento do princípio da legalidade traduz a ideia da anterioridade
penal, segundo o qual a para a aplicação da lei penal, exige-se lei anterior
tipi cando o crime e prevento a sua sanção.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
CF, Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene ciar o réu;
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CP, art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória.
TEMPO DO CRIME
Cezar Roberto Bitencourt cita algumas exceções à teoria adotada. Ensina que
“o Código, implicitamente, adota algumas exceções à teoria da atividade, como,
por exemplo: o marco inicial da prescrição abstrata começa a partir do dia em que
o crime consuma-se; nos crimes permanentes, do dia em que cessa a
permanência; e nos de bigamia, falsi cação e alteração de assentamento do
registro civil, da data em que o fato torna-se conhecido” (BITENCOURT, 2007,
p. 172).
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ABOLITIO CRIMINIS
Entende-se por novatio legis in pejus, também chamada de lex gravior, a lei
posterior que, de qualquer modo, agrava a situação do agente.
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Para veri car qual a lei penal mais bené ca, em regra, é possível a sua
veri cação hipoteticamente. Quando ambas as leis penais (anterior e
posterior) forem de fácil constatação naquilo em que houve o favorecimento
ao agente, aplica-se desde logo a mais vantajosa ao réu. É o que ocorreu, por
exemplo, com o crime de “porte ilegal de drogas para consumo próprio” do
art. 16, da Lei nº 6368/76 revogada pelo artigo 28 da Lei nº 11.343/06 (lex
mitior), que foi possível a veri cação literal da lei mais bené ca.
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a nova ser aplicada somente aos fatos ainda não decididos, nada impedindo seja
ouvido o réu a respeito” (JESUS, 2006, p. 93).
Para saber qual o juiz competente para a aplicação da lei penal mais bené ca,
basta observar a existência de trânsito em julgado da sentença. Inexistindo
trânsito em julgado da sentença condenatória, a competência é do juízo de
conhecimento (primeiro grau ou o Tribunal, caso seja ação penal originária)
ou do tribunal recursal, caso esteja em grau de recurso (Tribunais Estaduais,
TRF, Superiores etc.). Havendo o trânsito em julgado, compete ao Juízo da
Execução, nos termos do artigo 66, inciso I, da LEP, art. 13 LICPP e da
Súmula 611 do STF: “transitada em julgado a sentença condenatória, compete
ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna”.
Uma das questões mais importantes desse estudo se refere à incidência da lei
penal que se encontra em vacatio legis. Sancionada, promulgada e publicada
uma lei penal mais bené ca, é possível sua aplicação imediata? Isto é, antes
mesmo de encerrar o prazo da sua vacatio, caso existente?
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Por outro lado, a corrente moderna, da qual fazem parte Basileu Garcia,
Damásio de Jesus, Frederico Marques, Celso Delmanto, Cezar Roberto
Bitencourt, Rene Ariel Dotti, Bustos Ramirez, Francisco de Assis Toledo e
Magalhães Noronha, admite a combinação de leis favoráveis ao réu, sob o
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fundamento de que o juiz não cria uma terceira lei, mas apenas efetua uma
integração das normas, pois, quem pode aplicar o todo, pode aplicar
somente uma parte dela. A propósito, Damásio disserta que “Se o juiz pode
aplicar o todo de uma ou de outra lei para favorecer o sujeito, não vemos por que
não possa acolher parte de uma e de outra para o mesmo m, aplicando o
preceito constitucional. Este não estaria sendo obedecido se o Juiz deixasse de
aplicar a parcela bené ca da lei nova, porque impossível a combinação de leis”
(JESUS, 2006, p. 94/95).
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Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a súmula 711: “A lei penal
mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. Ao
comentar a referida súmula, Roberval Rocha Ferreira Filho aduz que “o STF
discute sobre a aplicabilidade da lei posterior mais gravosa aos fatos praticados
pelo acusado, responsável pela sequência de atos do crime continuado ou pelo
crime permanente. Conforme o entendimento [da] Corte, se o agente permaneceu
na prática de crimes (crime continuado) ou permaneceu na prática delituosa
(crime permanente), mesmo após edição de lex gravior, a aplicação da pena
deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, ainda que sofra maior punição
pelo crime”. (FERREIRA FILHO, 2009, p. 228).
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Novamente, Régis Prado ensina que a lei excepcional “visa atender situações
excepcionais, de anormalidade social ou de emergência, não xando prazo para
sua vigência; vale dizer, tem e cácia enquanto perdurar o fato que a motivou. De
sua vez, a lei temporária prevê formalmente o período de tempo de sua vigência,
ou seja, delimita de antemão o lapso temporal em que estará em vigor. Exige
duas condicionantes: situação transitória de emergência e termo de vigência”.
(PRADO, 2010, p. 45).
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Bitencourt assevera que “as leis penais em branco não são revogadas em
consequência da revogação de seus complementos. Tornam-se apenas
temporariamente inaplicáveis por carecerem de elemento indispensável à
con guração da tipicidade” (BITENCOURT, 2007, p. 171).
Para a quarta teoria, em que são partidários Fernando Capez e Luiz Régis
Prados, as normas penais em branco sujeitam-se as regras gerais da
sucessão de leis no tempo (irretroatividade e retroatividade), porém, é
necessário veri car o critério de temporariedade no complemento da lei
penal em branco. Existindo a temporariedade (típico de normas de vigência
temporária), haverá ultra-atividade, no entanto, inexistindo a
temporariedade, haverá a retroatividade in mellius. Desta maneira,
“ocorrendo modi cação posterior in mellius do complemento da norma penal
em branco, para se saber se haverá ou não retroação, é imprescindível veri car se
o complemento revogado tinha ou não as características de temporariedade”
(CAPEZ, 2007, p. 65).
Por m, a quinta corrente, seguida por Alberto Silva Franco e pelo Supremo
Tribunal Federal, entende que: a) em se tratando de norma penal em branco
homogênea, sempre haverá efeitos retroativos; b) em se tratando de norma
penal em branco heterogênea, revestindo-se o complemento de
excepcionalidade, não há retroatividade, no caso contrário, isto é, não
havendo excepcionalidade no complemento da norma penal, incide a
retroatividade.
LEI INTERMEDIÁRIA
Consiste a lei intermediária aquela que não era vigente ao tempo do fato e
nem ao tempo do julgamento, porém, vigorou durante o processo criminal.
Em outros termos, a lei intermédia surge no interregno de tempo entre o
fato criminoso e o julgamento e prevalecerá, caso seja mais favorável, às
demais leis (do tempo do fato ou do julgamento).
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Portanto, “Se a lei intermediária for a mais favorável, deverá ser aplicada.
Assim, a lei posterior, mais rigorosa, não pode ser aplicada pelo princípio geral da
irretroatividade, como também não pode ser aplicada a lei da época do fato, mais
rigorosa. Por princípio excepcional, só poderá ser aplicada a lei intermediária, que
é a mais favorável. Nessa hipótese, a lei intermediária tem dupla extra-atividade:
é, ao mesmo tempo, retroativa e ultra-ativa!” (BITENCOURT, 2007, p.
167/168).
Para encerrar o estudo sobre lei penal no tempo, será respondida a seguinte
questão: É possível a retroatividade da lei interpretativa e da jurisprudência?
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 11. Ed.
São Paulo: Saraiva, 2007. Vol. 1.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 11. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2007. Vol. 1.
DELMANTO, Celso. Et al. Código Penal Comentado. 8. Ed. São Paulo: Saraiva,
2010.
DOTTI, Rene Ariel. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 3. Ed. São Paulo: RT,
2010.
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal: Parte Geral. 28ª Ed. São Paulo:
Saraiva, 2006. Vol. 1.
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal: Parte Geral. 4. Ed. Rio de Janeiro: Lumen
Iuris, 2008.
PRADO, Luiz Régis. Comentários ao Código Penal. 5. Ed. São Paulo: RT, 2010.
SANTOS, Juarez Cirino. Manual de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo:
Conceito Editorial, 2011.
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