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PESQUISA 3
TÉCNICAS DE PESQUISA
APRESEN TAÇÃO
Anteriormente, foram vistos métodos relativos à abordagem. Agora,
veremos os métodos de procedimentos. Estes são menos abstratos do que
aqueles apresentados na unidade anterior. A palavra técnica remete ao prático;
ao conjunto de preceitos e processos que serve a alguma ciência.
Ao entrarmos em algum curso de graduação, já estamos sendo inseridos
no universo daquela área: às correntes teóricas estudadas, às áreas afins, aos
teóricos considerados cânones, pesquisas realizadas, interesses investigativos
da área, à história das descobertas – fundamentos, aquilo que era aceito e já
não é mais, descobertas que refutaram visões anteriores –, assim por diante.
Todos esses tópicos – entre outros – contribuem com o mergulho em um
área. Assim, ao realizar pesquisa, nada é desperdiçado.
Toda a caminhada acadêmica contribui para a elaboração (idealização/
organização) e aplicação de uma pesquisa bem fundamentada e orientada.
Conhecer a área de realização de pesquisa – e outras áreas que podem dar
suporte, pois há áreas que podem se comunicar muito bem – contribui para
que a pesquisa siga uma rota consistente, como poderá ser visto a seguir.
Vamos às técnicas!
2 TÉCNICAS DE PESQUISA
Neste tópico, veremos as principais técnicas de pesquisa utilizadas em
investigações. Elas deverão ser analisadas em sua pertinência, tendo em vista
os objetivos da investigação.
A o m a n u s e a r a o b ra , o u t ro s p ro c e d i m e n t o s p o d e m a c o n t e c e r
concomitantemente – verticalizando a análise. Esses podem ser a observação
crítica dos dados internos à obra, análise do contexto de produção e dos
atores envolvidos (quem produziu, quando produziu, para quem produziu,
com qual objetivo produziu, quais as estratégias discursivas empregadas tendo
em vista aquele documento), reflexão sobre o conteúdo, juízo do material
para o universo científico e para a pesquisa em si, entre outros.
Se a história é contada, por quem ela está sendo contada? Na visão de qual
historiador? A partir de um autor que tem qual posicionamento?
O estudo de caso apresenta uma série de vantagens, o que faz com que se
torne o delineamento mais adequado em várias situações. Suas principais
vantagens são: o estímulo a novas descobertas, a ênfase na totalidade e a
simplicidade dos procedimentos. Entre as limitações pelo estudo de caso, a
mais grave refere-se à dificuldade de generalização dos resultados obtidos.
Por essa razão cabe lembrar que, embora se processe de forma relativamente
simples, ele pode exigir do pesquisador nível de capacitação mais elevado
que o requerido para outros tipos de delineamento.
O estudo de caso é considerado uma investigação de um ou poucos
objetos – por esse motivo, possibilita o aprofundamento do conhecimento
sobre esse(s) objeto(s) (YIN, 2001). O estudo de caso é considerado como
uma forma de realizar uma pesquisa aplicada – uma vez que pode buscar a
aplicação de conhecimentos para a produção de mudanças, transformações
sociais (BOAVENTURA, 2004).
De acordo com Gil (2008), essa aplicação possibilita a resolução de
conhecimentos sobre uma realidade em uma dada circunstância. Essa
forma de estudo possui alguns procedimentos, tais como: coletar e analisar
informações sobre o objeto investigado – este podendo ser um grupo, uma
sala de aula, uma família, a realidade de uma instituição, uma comunidade,
entre outros, dependendo dos objetivos da pesquisa. Esta pesquisa pode,
com base nesse contexto e grupo investigados, levantar dados qualitativos
(números, datas, porcentagens, formar gráficos, tabelas, preencher planilhas,
fazer cálculos matemáticos variados – incluindo os probabilísticos –, entre
outros) e qualitativos (dados de uma natureza mais sutil, a partir de um
questionário aplicado, ou uma entrevista com um ou mais envolvidos,
desejando compreender, dependendo da teoria empregada, aspectos sutis e
que serão interpretados à luz de alguma corrente teórica específica).
2.6 PESQUISA-AÇÃO
A pesquisa-ação é uma pesquisa que se interessa pela produção de uma
mudança na realidade investigada. Os pesquisadores e os participantes se
envolvem de forma a alterar aquilo que é investigado, o contexto, as relações,
a organização, entre outras possibilidades.
Em outras palavras, a cooperação é aspecto-chave, integrante dessa
pesquisa. Diehl e Tatim (2004, p. 62):
Essas são algumas das técnicas mais conhecidas ao realizar uma pesquisa.
Ao longo dos textos foram apresentados aspectos essenciais, centrais para
cada tipo de técnica. Contudo, como já dito, ler artigos, dissertações, teses
que utilizaram tais técnicas pode contribuir e muito para a compreensão dos
caminhos investigativos seguidos – ampliando o conhecimento, visualizando
possibilidades.
As técnicas acima podem ser muito bem amparadas por outras técnicas.
Dependendo da investigação, torna-se útil engendrar ferramentas para que
o contexto, a situação, o(s) objeto(s) sejam compreendidos a partir de uma
investigação dedicada e aprofundada.
Limitações [...]
a) o observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no
observador.
b) a ocorrência espontânea não pode ser prevista, o que impede, muitas
vezes, o observador de presenciar o fato.
c) fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador.
d) a duração dos acontecimentos é variável: pode ser rápida ou demorada
e os fatos podem ocorrer simultaneamente; nos dois casos, torna-se difícil
a coleta dos dados.
e) Vários aspectos da vida cotidiana, particular, podem não ser acessíveis ao
pesquisador (MARCONI; LAKATOS, 1982, p. 66).
3.2 ENTREVISTA
As entrevistas desejam levantar informações sobre aqueles que são
entrevistados. Alguns objetivos mais específicos podem ser (MARCONI;
LAKATOS, 1982): busca por compreender fatos (não claros, obscuros), entender
a opinião sobre acontecimentos, averiguação de sentimentos, anseios que
inspiram atitudes, compreensão de planos de ação, metas individuais, inferir
possíveis condutas, entender fatores que motivam opiniões, entre outras
possibilidades.
• Fazer contato com o entrevistado. Esse primeiro contato não pode ser
tratado sem sua devida atenção. Um contato inicial, com uma postura
amistosa, produz significativos resultados em todo o processo.
• O contato inicial tem o objetivo de ganhar e manter a confiança.
• No contato inicial, os objetivos da pesquisa precisam ficar claros – assim o
entrevistado consegue compreender a relevância de sua participação. Caso
compreenda, terá mais chances de se engajar na investigação – e isso é
determinante.
• No contato inicial – e em todas as etapas –, a conversa deve ser mantida
em tom de cordialidade e amizade.
• A formulação de perguntas é feita de acordo com a entrevista – sua natureza,
quais os objetivos.
• Cada pergunta deve ser feita respeitando o tempo de fala – só então,
introduzir outra pergunta.
• Toda a pergunta que oriente a resposta precisa ser alterada – a formulação
da pergunta pode interferir em tudo o que o entrevistado dirá. Assim, um mal
desenvolvimento de perguntas pode colocar todos os dados a perder. Não é
raro que o pesquisador tenha que excluir toda uma gama de dados por ter
formulado mal suas questões (perguntas que estimulavam o entrevistado a
dar respostas esperadas). Por isso, sempre é interessante que as perguntas
sejam expostas em grupos de estudo ou, pelo menos, a um pesquisador
mais experiente (orientador de pesquisa e/ou outros).
• As respostas devem ser registradas em variados meios – anotadas durante
a entrevista. Ainda, gravar a entrevista necessitará de autorização prévia do
entrevistado.
• Respostas anotadas depois da entrevista – sem o uso de gravador ou outro
suporte – dificultam a objetividade. Depois de algum tempo, nossa memória
não tem certeza e acaba juntando pedaços – distorcendo informações.
• O ato de resumir o que foi dito também pode distorcer a informação –
resumir é dizer do jeito do pesquisador. Isso nem sempre vai ao encontro
do que o entrevistado realmente disse.
• O pesquisador pode ter uma lista de temas que deseja investigar. Se tiver
10 assuntos, produzir uma ou duas perguntas sobre cada tema.
• Questionário muito longo pode não ser muito respondido.
• Se o questionário for curto demais, pode não oferecer informações
suficientes para a compreensão de aspectos essenciais à pesquisa.
• O tema deve ir ao encontro dos objetivos da pesquisa.
• O ideal é que o tempo de resposta seja curto – sugerem-se menos de 30
minutos.
• Pode ser acompanhado de notas explicativas – orientações que sejam
pertinentes – e esclarecimento de entidades que contribuem com o
desenvolvimento da pesquisa.
• A estética deve contribuir para que as respostas sejam dadas de forma
organizada.
• Sugere-se um pré-teste – verificando falhas. A partir disso, o questionário
será reformulado – ampliando ou eliminando elementos. Há perguntas que
podem estar com duplo sentido – podemos querer perguntar algo que
não está claro. Podemos perguntar algo querendo, na verdade, fazer uma
pergunta completamente diferente.
• Economia de viagens.
• Atinge várias pessoas ao mesmo tempo.
• Abrange mais áreas (de um bairro, comunidade, cidade, escola,
por exemplo).
• Reduz-se o risco de distorção.
• As respostas costumam ser mais breves e pontuais.
Vantagens • Em boa parte, não se deseja o nome – por isso, as pessoas
sentem-se mais livres e fazem uso do anonimato.
• Menos influência do pesquisador e, por consequência, menos
distorção.
• Consegue-se respostas que, pessoalmente, seria muito difícil
obter – dificuldade de deslocamento, agenda que não coincide.
• Entre outras vantagens.
• Há poucos questionários que voltam.
• Há um número bastante grande de perguntas que voltam em
branco.
• Não é possível aplicar com pessoas analfabetas.
• Há perguntas que não são compreendidas pelo informante,
Desvantagens fazendo com que ele responda achando que compreendeu –
não podendo ele tirar as dúvidas.
• A devolução pode ser tardia – muitas vezes dias, semanas, meses
após a escrita, entrega ou publicação dos resultados da pesquisa.
• Desconhecimento das circunstâncias – não se sabe se o
informante parou, se prestou atenção na hora de responder.
FONTE: Adaptado de MARCONI; LAKATOS (1982).
ABNT. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.