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Resumo
Résumé
Ideação Suicida em Prostitutas de Rua
Abstract
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Ideação Suicida em Prostitutas de Rua
Agradecimentos
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Ideação Suicida em Prostitutas de Rua
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Ideação Suicida em Prostitutas de Rua
Índice
Introdução 6
Enquadramento Teórico 8
1. Comportament os Suicidários 8
1.1. Definições 10
1.1.1. Ideação Suicida 10
1.1.2. Para-S uicídio 12
1.1.3. Tentativa de S uicídio 13
1.1.4. S uicídio 14
1.2. Fact ores de Risco nos Comporta ment os S uicidários 18
1.3. Prevalência de Comportament os Suicidários 22
2. Trabalho Sexual 27
2.1. Definição 27
2.2. Prost it uiçã o de Rua 32
2.3. A Rua como u m Palco 34
2.4. Fact ores de Risco da Prost ituição de Rua 36
2.5. A Gestão do Estigma e a Procura do S uporte Social 39
2.6. Prost it uição e Consumo de Drogas 42
2.7. Comportament o S uicidário e Prost ituição de Rua 44
Componente Empírica 50
3. Object ivos 50
4. Hipóteses 51
5. Mét odo 51
5.1. Instrument os e Técnicas 51
5.1.1. Questionário de Ideação S uicida 51
5.1.2. Escala de Satisfação co m o S uporte Social 52
5.1.3. Entrevista Estrut urada 53
5.2. Amostra 54
5.3. Procedimentos 56
6. Apresentação e Discussão dos Resultados 58
Conclusão 74
Bibliografia 76
Anexos
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Ideação Suicida em Prostitutas de Rua
Introdução
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Enquadramento Teórico
1. Comportamentos suicidários
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1.1. Definições
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intensidade e continuidade destes pensa ment os, pelo que acha mos
que a definição mais completa e abrangente de ideação suicida é a
que baliza num cont in uum que vai desde pensamentos generalistas
acerca da morte, passando pela ideia de suicídio, até aspect os mais
concret os e operacionais da colocação e m ma rcha do plano suicida,
co mo a elaboração, planeament o e execução, com maior ou menor
grau de a mbivalência (Cassorla, 2004; Meleiro & Bahls, 2004 cit in
Gil, 2006).
Se é cert o que a existência de vários instrument os
padronizados veio de alguma forma auxiliar na identificação da
presença de ideação suicida, não pode mos cair no logro de acreditar
que este constructo é facilmente detectável. Partimos desde logo da
dificuldade de encontrar uma definição de ideação suicida
universalmente aceite (como pode mos constatar dos exe mplos acima
descritos). A esta dificuldade acre sce o busílis de a ideação suicida
ser o único const ruct o dos co mporta ment os suicidários que sendo
um pensa ment o ou ideia, não é passível de uma observação
objectiva, podendo ocorrer sit uações em que por quest ões morais,
religiosas, culturais ou outras a pessoa negue a existência de
ideação suicida, quando na realidade esta está presente, o que pode
ocasionar um enviesamento dos resultados obtidos (Silva et al.,
2006).
Para finalizar, recorre mos à expressão de Shea (2002, p. 20),
de que o “t urbilhão em q ue cada indivíd uo se enco nt ra é único” , para
reforçar a ideia de que não deveremos catalogar todos os indivíduos
que apresentem alguma ideação suicida de uma for ma simplista, uma
vez que a passage m ao acto, de um indivíduo co m ideação suicida,
ocorre em me nos de 1% das sit uações, e depende de um
conglome rado de fact ores, tais como, st ressores externos, conflit os
internos, disfunções neurobiológicas, entre outros (S hea, 2002).
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1.1.2. Para-suicídio
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1.1.4. Suicídio
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Bradvik, 2007), até ao facto de, por norma, as mulheres serem mais
propensas a relatar problemas de saúde quando questionadas, be m
co mo a recorrer com maior frequência a serviços de saúde a fim de
tratarem uma depressão. A maior procura por parte das mulheres
dos serviços de saúde resultaria por um lado, numa maior
prevalência de casos conhecidos e, por out ro lado, na diminuição da
letalidade dos comporta ment os suicidários (Moscicki, 1994 cit in
W ebster, 1996).
Como já referimos anteriormente, as mulheres de uma forma
geral, pelo menos no mundo ocidental, apresenta m uma maior
prevalência de comporta ment os suicidários do que os ho mens. Esta
maior prevalência de comportament os suicidários no género
fe minino, deve ser t ida em cont a co mo u m fact or de risco para o
est udo dos co mporta mentos suicidários (Moscicki et al, 1988). N o
entanto, o género não explica t udo per se, e diferentes aut ores
sugere m vários fact ores de risco a que as mulheres se encont raria m
mais expostas.
Da análise da literatura sobre este te ma, sobressaem, co mo
principais fact ores de risco no género fe minino, a conflit ualidade
marital, os episódios de violência perpetrados por estranhos, a
ausência de suporte social (Hopp, 2005), o baixo nível
socioeconó mico, a existência de diagnóst icos psiquiátricos ao longo
da vida (Moscicki et al 1988), no meada mente a depressão e
esquizofrenia (Sánchez, 2001), o baixo nível de escolaridade
(W ebster, 1996), os problemas fa miliares, o assédio, o dese mprego
(Baby et al., 2006), o abuso sexual e físico na infância (Briere &
Runt z, 1986), a vivência de experiências traumáticas, onde se
destacam as violações (com especial destaque para as levadas a cabo
pelos companheiros), e níveis elevados de desesperança, angústia,
uso de drogas e álcool (W eaver et al., 2007).
A vivência em centros urbanos, possivelmente pela maior
alienação e isolamento social que propiciam às mu lheres, també m
foi considerada fact or de risco no género fe minino, nu m est udo
levado a cabo na Dina marca (Qin, Agerbo, W estergard-Nielsen,
Eriksson & Mortenssen 2000). Não menosprezando nenhum dos
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O K u w a i t , o B a h r e i n e a C h i n a s ã o d o s p o u c o s p aí s e s o n d e a t a x a d e s u i c í d i o f e m i n i n a é
superior à masculina. No caso da China, a taxa de suicídio feminina é cerca de 25% superior à
m a s c u l i n a ( P h i l l i p s , L i & Z h a n g , 2 0 0 2 ) .
2
Neste momento gostaríamos de fazer um pequeno aparte que cremos poderá ser relevante e
que se relaciona com a categorização de “domésticas” utilizado por Veiga. Não sendo a
prostituição uma profissão que usufrua dos mesmos direitos e deveres legais e fiscais de tantas
outras profissões, e acarretando um estigma social, muitas das mulheres que a praticam, quando
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questionadas sobre a sua actividade profissional, preferem denominar-se de “domésticas” a
expor-se como prostitutas. Tal poderá ter como consequência o enviesamento dessa categoria e,
logo, a contaminação de certos estudos.
3
Sendo Portugal um país geograficamente pequeno não deixa de ser um país com bastantes
heterogeneidades, que, no caso dos comportamentos suicidários são bem patentes,
nomeadamente entre o Norte e o Sul do país, tal como salientamos para os suicídios
consumados.
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2. Trabalho sexual
2.1. Definição
4
Este enfoque que damos à mulher no trabalho sexual prende-se com o facto do âmbito deste
estudo se focar em prostitutas (mulheres) de rua, pelo que nos parece supérfluo estar, neste
momento, a centrar atenções na prostituição levada a cabo por homens e trangéneros, pese
e m b o r a s e j a u m a v e r t e n t e d o t r a b a l h o s e x u a l a in d a b a s t a n t e n e g l i g e n c i a d a ( O l i v e i r a , 2 0 0 4 ) e
que merece, assim, um olhar mais detalhado.
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Se, inicialmente, estes autores, definem a prostituta como sendo “a mulher...”,
posteriormente, fazem a ressalva que a pessoa que se prostitui tanto pode ser feminina como
masculino.
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No original, em inglês, os termos “streetwalker” e “prostitute” são substantivos de género
neutro.
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N a r e a l i d a d e q u e n o s f o i p o s s í v e l o b s e r v a r , e s t a d e s c r i ç ã o a p r e s e n t a d a p o r G o l d s m i t h , n ã o s e
encontrava nas mulheres que se prostituíam na rua, sendo mais próxima da imagem dos
transgéneros com que nos deparamos.
8
A denominação de fora-da-lei é usada pela autora para nomear as prostitutas que não são
controladas por um chulo.
9
Como Oliveira (2004) refere, um dos pontos do código de ética destas mulheres, passa por
não roubar os clientes. Para James, as larápias são mulheres que se servem da prostituição
como uma capa ao abrigo da qual efectuam furtos, sendo essa a sua principal fonte de
rendimentos.
10
Para James, tanto no caso das senhoras, como no caso das veteranas, a idade é um posto, no
entanto, as primeiras destinguem-se das segundas pela maior classe e profissionalismo.
11
Para James, as puro sangue, são as mulheres novas e com uma atitude profissional
relativamente à prostituição.
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O c o n t e x t o o n d e a s e s t r a n g e i r a s , e x e r c e m o t r a b a l h o s e x u a l , i r á d e p e n d e r e m g r a n d e p a r t e d a
sua situação legal. Muitas das mulheres que se encontram ilegalmente no país, optam por
trabalhar em contextos de interior, como estratégia de evitamento das autoridades (Oliveira,
2004).
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13
Pelas razões enumeradas por Oliveira, em 2008, e que se prendem, maioritariamente, com
uma maior liberdade na gestão da sua carreira.
14
“As vagabundas pelas ruas são em Lisboa, como em todas as cidades da Europa, as mais
b a i x a s , a s m a i s m i s e r á v e i s e d e s g r a ç a d a s d e t o d a s a s p r o s t i t u t a s. ”
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Ao fazermos esta afirmação temos de ter em consideração, que com a maior concorrência,
nomeadamente com a chegada de mulheres estrangeiras, e com as maiores despesas fixas, os
valores ganhos pelas mulheres que se prostituem em apartamentos, não diferem muito dos
valores ganhos pelas mulheres que se prostituem na rua.
16
Como vimos, quando abordamos a condições de trabalho na rua, apesar de não existir uma
rede formal, informalmente, estas mulheres tendem a manter laços de proximidade. O
estabelecimento de ligações com outras mulheres, pode ter por base, questões meramente
estratégicas de redução de risco de agressão, ou ser resultante simplesmente, de afeição
genuína.
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1997). Ta mbé m Johnst one (2007) refere que dentro da indúst ria do
sexo, são as prost it utas de rua, as que são “ vítimas” das atit udes
mais negativas por parte dos ho mens.
Se por um lado é importante estare m visíveis, a fim de
poderem angariar o maior nú mero possível de clientes, por outro, é
importante resguardare m-se, a fim de evitare m sere m vistas por
determinadas pessoas, que estas mulheres não quere m que saibam
desta sua actividade. Em alguns casos, esta reserva prende-se co m
fact ores puramente inst rumentais, como é exemplo a fuga da polícia,
a fim de evitar a prisão, quer nos países em que a prostit uição é
ilegal (Goffma n, 1986), quer, entre nós, no caso das imigrantes e m
sit uação irregular. Estas mulheres també m tendê m a omit ir
determinada informação aos técnicos dos serviços sociais, a fim de
evitar que estes levante m questões quanto à origem ou quantidade
dos seus rendiment os ou quant o às suas capacidades enquant o
mães 17. Noutros casos, esta reserva, te m cont ornos mais e mocionais
e relacionais, pois não deseja m ser vistas e, consequentemente,
identificadas, como prostitutas de rua, precisamente pelas pessoas
que lhes são mais próxi mas, como familiares, a migos ou conhecidos,
co m receio da estig matização por que m lhes é mais querido
(Oliveira, 2008).
A fim de gerir a informa ção sobre o seu modo de vida, a
mulher pode socorrer-se de variadas estratégias, como ter um
e mprego norm at ivo, que just ifique os ganhos econó micos e as
ausências de casa, escolher locais onde se possa facilmente
esconder, no caso de ver algum conhecido ou t rabalhar e m áreas
afastadas do seu local de residência de forma a não estar tão sujeita
a ser reconhecida e não expor os seus fa miliares à “ vergonha” ou
17
N o d e c u r s o d o n o s s o t r a b a l h o d e t e r r e n o c o n s t a t a m o s a e x i s t ê n c i a d e a l g u m a s m u l h e r e s q u e ,
sendo beneficiárias do Rendimento Social de Inserção (RSI), ocultavam à técnica da Segurança
S o c i a l , q u e a c o m p a n h a v a o s e u c a s o , e s t e s e u t ra b a l h o . E s t a o c u l t a ç ã o t i n h a p o r b a s e q u e r o
receio de que se procedesse ao corte da sua prestação de RSI, quer o receio de que a
informação chegasse às técnicas da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ),
levando a que a guarda dos seus filhos lhes pudesse vir a ser retirada.
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Para Goffman (1986), esta gestão da informação passa essencialmente por, mostrar ou não
mostrar; dizer ou não dizer; admitir ou não admitir; mentir ou não mentir, e em cada caso,
decidir a quem, como, quando e onde.
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sua não utilização por mot ivos económicos 19, leva a uma maior
ostracização e estig mat ização relativa mente à profissional que não o
usa (Chapkis, 1997), que por norma são as prost it utas
t oxicodependentes. Coloca-se assim, um duplo peso sobre as
prost it utas toxicodependentes, pois ao estigma a que são votadas
pela sociedade no geral, são agora també m ostracizadas e
estig matizadas pelas suas pares.
O peso da prostit uição pode just ificar os resultados
encontrados por Gilchrist , Gruer e At kinson (2005), nu m est udo
levado a cabo com duas a most ras de t oxicodependentes, em que
uma das amostras era constituída por prostitutas. Estes autores
encontrara m níveis superiores de uso de cocaína, drogas injectáveis
e overdoses acidentais, no grupo das prostit utas, sugerindo que a
prostituição seria um fact or ainda mais desequilibrador nas mulheres
t oxicodependentes.
Gilchrist , Gruer e At kinson (2005) encont raram, ainda, valores
superiores de tentativas de suicídio entre as prost itutas
t oxicodependentes, co m uma prevalência de 53% de tentativas de
suicídio ao longo da vida, comparat iva mente co m as não prostit utas,
que apresentava m uma prevalência de apenas 39%.
A conclusões similares chegara m Alegría e colaboradores
(1994) Estes autores, encont raram um forte correlação entre a
sint omatologia depressiva e o uso de drogas injectáveis, exist indo
neste caso u ma percentagem de 90,0% de sint omat ologia depressiva
alta, nas consumidoras de drogas injectáveis, cont ra apenas 52,2 %
nas não consu midoras.
No que diz respeito, ao contexto onde a prostituição ocorre
Alegría e colaboradores (1994), ta mbé m encont raram níveis mais
altos de sint omatologia depressiva em prost itutas de rua,
relativa mente a prostitutas de interior, 86,8% e 45,1 %
respectiva mente.
19
N o e n t a n t o , d e a c o r d o c o m M e i e r e G e i s ( 1 9 9 7) , o p r i n c i p a l r i s c o d e c o n t r a c ç ã o d e V I H
a d v é m p r e c i s a m e n t e d a n ã o u t i l i z a ç ã o d e p r e s e r v at i v o s c o m c l i e n t e s r e g u l a r e s , c o m q u e m j á
existe uma relação mais próxima, levando a um maior facilitismo no uso destes.
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1. Homicídio (21)
2. Morte relacionada co m consumo de drogas (20)
3. Acidente (13)
4. Morte relacionada co m consumo de álcool (10)
5. VIH/SIDA (9)
6. Doença cerebrovascular (6)
7. S uicídio (5)
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Apenas com o intuito de facilitar a interpretação deste dado, recordamos aqui os valores
encontrados no estudo de 1985 de Ramsay e Bagley, que já haviam sido previamente
apresentados no capítulo referente à prevalência de comportamento suicidários. Estes autores
encontraram uma prevalência de tentativas de suicídio ao longo da vida na ordem dos 4.2%,
enquanto, na análise aos últimos doze meses, essa prevalência desceu para apenas 0.8%.
21
Do mesmo modo, recordamos os dados de Ramsay e Bagley, referentes à ideação suicida ao
longo da vida, que foram de 13.4%, enquanto, nos últimos doze meses desceu para 3.9%. A
conclusões similares chegaram Meltzer e colaboradores, no seu estudo de 2002, com
prevalências de 14.9% e 3.9% para os mesmos períodos.
Analisando apenas os últimos doze meses, Bellerosse e colaboradores, encontraram no seu
estudo de 1994, uma variação entre 0.7% e 8%, dependendo da faixa etária.
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países ocidentais, dos quais Port ugal faz parte, e a China, també m
se reflecte m nos comportament os suicidários 22.
Hong, Li, Fang e Zhao (2007) refere m a existência de quatro
variáveis estatisticamente significativas para a ideação suicida nas
trabalhadoras do sexo, a saber: a insatisfação com a vida, os
consumos abusivos de álcool, tere m sido forçadas ou ludibriadas
para o sexo comercial e terem um parceiro estável. Quando a
atenção se focou nas tentativas de suicídio, as variáveis
estatisticamente mais significativas prendiam-se com a existência de
múlt iplos parceiros estáveis, experiências de violação nos últ imos 6
meses, pressão de pares para se dedicarem ao t rabalho sexual ou
preocupações financeiras co mo principal motivação para se
dedicarem ao trabalho sexual. No que concerne às características
de mográficas, as principais diferenças entre mulheres que
reportaram ideação/tentativa de suicídio e as que não o fizera m,
prendiam-se com a escolaridade (com uma média de 5,6 anos de
est udo para as primeiras e 6,7 anos de estudo para as últimas), e
co m o fact o de vivere m com o parceiro (com u ma percentagem de
18,4% para as primeiras e de 6,2% para as últimas).
Apesar de considerarmos que este estudo é importante por
dirigir alguma atenção aos comporta ment os suicidários nas
trabalhadoras do sexo, julga mos que falha, ao não procurar saber do
estado da saúde mental destas mulheres. Mesmo defendendo que o
suicídio não é uma doença mental, ne m está se mpre associado a
alguma patologia do foro mental, não pode mos obviar que e m
muit os casos as duas condições se cruza m.
Num est udo co m um cariz mais qualitativo e com o objectivo
de analisar a relação entre o suicídio e a prostituição na
adolescência, Kidd e Kral (2002) focam-se nas e moções e
sentiment os associados a tentativas de suicídio. Para estes aut ores,
os jovens que se prost it uíam, à data da tentativa de suicídio, t inha m
22
No capítulo relativo à prevalência de comportamentos suicidários, já fizemos referência ao
facto da China ser um dos poucos países onde a taxa de suicídio feminino, é superior à taxa de
suicídio masculino.
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Componente Empírica
3. Objectivos
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4. Hipóteses
5. Método
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5.2. Amostra
Tabela 3
Nacionalidade
F %
Portuguesa 41 78,8
Sul Americana 6 11,5
PALOP 4 7,7
Romena 1 1,9
Total 52 100
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Tabela 4
Nível de escolaridade Idade Abandono Escolar
F % F %
1º Ciclo 21 40,4 Antes dos 13 anos 15 29,4
2º Ciclo 10 19,2 14 a 16 anos 21 41,2
3º Ciclo 8 15,4 17 e 18 15 29,4
Secundário 11 21,2 Total 52 100
Superior 2 3,8
Total 52 100
Tabela 5
Maternidade Número de filhos
F % F %
Sim 45 86,5 1 12 26,7
Não 7 13,5 2 16 35,6
Total 52 100 3 ou mais 17 37,8
Total 45 100
Relação Amorosa Estável
F %
Sim 23 44,2
Não 29 55,8
Total 52 100
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5.3. Procedimentos
23
Dentro do paradigma de intervenção da redução de riscos e minimização de danos, existem
vários projectos que disponibilizam, entre outros, actos de enfermagem, encaminhamento
médico especializado, acompanhamento social e psicológico, disponibilização de informação
s o b r e s a ú d e s e x u a l , e n t r e g a d e b e n s a li m e n t a r e s , p r e s e r v a t i v o s e t r o c a d e K i t s d e p r e v e n ç ã o d e
SIDA.
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A todas as participantes, foi explicado o objectivo do estudo e garantido o anonimato e
confidencialidade do mesmo, a fim de obter o seu consentimento. Não foi solicitado a nenhuma
m u l h e r q u e a s s i n a s s e u m d o c u m e n t o d e c o n s e nt i m e n t o i n f o r m a d o , p o r a c r e d i t a r m o s q u e e s t e
seria um obstáculo à sua participação, no entanto todas as participantes foram informadas que
poderiam interromper a sua participação a qualquer momento caso não desejassem prosseguir a
s u a c o l a b o r a ç ã o .
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Tabela 6
Tempo na Prostituição
F %
Até 12 meses 6 11,5
1 a 4 anos 10 19,2
5 ou mais anos 36 69,2
Total 52 100
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Tabela 7
Familiares / Conhecimento Prostituição Familiares / Reacção à Prostituição
F % F %
Sim 32 61,5 Muito Mal 25 78,1
Não 20 38,5 Nem Bem, Nem Mal 7 21,9
Total 52 100 Total 32 100
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Tabela 8
Motivo Entrada Prostituição Motivo Manutenção na Prostituição
F % F %
Chulo/ 6 11,5 Subsistência 40 78,4
Carência 33 63,5 Consumo Drogas 10 19,6
Sustentar Drogas 11 21,2 Passar Tempo 1 2
Influência Amigas 2 3,8 Total 51 100
Total 52 100
Tabela 9
Pensou Deixar Prostituição Porque Pensou Deixar a Prostituição
F % F %
Sim 47 90,4 Desejo Vida Melhor 35 76,1
Não 5 9,6 Familia 7 15,2
Total 52 100 Outros 4 8,7
Total 46 100
Porque não Deixou
F %
Falta Alternativas 45 88,2
Distração/Passar 1 2
Consumo Drogas 5 9,8
Total 51 100
60
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Tabela 10
Diagnóstico Saúde Mental Qual foi o Diagnóstico
F % F %
Sim 29 55,8 Depressão 25 88,2
Não 23 44,2 Ansiedade e Stress 4 13,8
Total 52 100 Total 29 100
Tabela 11
Quando foi Diagnosticada Existiu Acompanhamento
F % F %
Até 12 meses 10 35,7 Sim 20 69
1 a 2 anos 6 21,4 Não 9 31
3 a 4 anos 3 10,7 Total 29 100
5 ou mais anos 9 32,1
Total 28 100
Mantém Acompanhamento
F %
Sim 11 37,9
Não 18 62,1
Total 29 100
61
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Tabela 12
Consumo Drogas Tipo Consumos
F % F %
Sim 17 32,7 Simples 8 47,1
Não 35 67,3 Múltiplos 9 52,9
Total 52 100 Total 17 100
Tabela 13
Substâncias
F %
Cocaína 8 47,1
Heroína+Cocaína 7 41,2
Heroín+Coca+Hax 1 5,8
Haxixe+Cocaína 1 5,8
Total 17 100
62
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Tabela 14
Frequência Consumos Cocaína Frequência Consumos Heroína
F % F %
1 vez por mês ou menos 2 11,8 1 vez por mês ou menos 1 12,5
Todos os dias 15 88,2 Todos os dias 7 87,5
Total 17 100 Total 8 100
Frequência Consumos Haxixe
F %
Várias vezes semana 2 100
Total 2 100
63
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Tabela 15
Consumo Álcool Frequência Consumos Álcool
F % F %
Sim 11 21,2 Até 4 vezes por mês 1 9,1
Não 41 78,8 Várias vezes por semana 3 27,3
Total 52 100 Todos os dias 7 63,6
Total 11 100
Consumo Álcool Diário
F %
1 ou 2 bebidas 2 18,2
3 ou 4 bebidas 6 54,5
Mais de 5 bebidas 3 27,3
Total 11 100
Tabela 16
Vítima Violência
F %
Sim 49 94,2
Não 3 5,8
Total 52 100
64
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Tabela 17
Batida, Esmurrada, Pontapeada, Violada / Forçada a Actos Sexuais
F % F %
Sim 27 55,1 Sim 25 51
Não 22 44,9 Não 24 49
Total 49 100 Total 49 100
Insultada Assaltada / Roubada
F % F %
Sim 42 85,7 Sim 37 75,5
Não 7 14,3 Não 12 24,5
Total 49 100 Total 49 100
Raptada / Forçada a Entrar em Carros
F %
Sim 12 24,5
Não 37 75,5
Total 49 100
Tabela 18
Última Agressão
F %
Últimos 12 meses 19 54,3
1 a 4 anos 6 17,1
5 ou mais anos 10 28,6
Total 35 100
65
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Tabela 19
Agressão Mais Grave
F %
Companheiro / Chulo 7 19,4
Roubo Violento 10 27,8
Violação 8 22,2
Agressão Física 7 19,4
Rapto 4 11,1
Total 36 100
66
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Tabela 20
Conhecido Tentou Suicídio Familiar Tentou Suicídio
F % F %
Sim 26 50 Sim 13 25
Não 26 50 Não 39 75
Total 52 100 Total 52 100
67
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Tabela 21
Tentou Suicídio Nº Tentativas Suicídio
F % F %
Sim 23 44,2 1 Vez 10 43,5
Não 29 55,8 2 Vezes 6 26,1
Total 52 100 3 ou Mais Vezes 7 30,4
Total 23 100
Tabela 22
Última Tentativa Suicídio
F %
Últimos 12 Meses 6 26,1
1 a 4 anos 8 34,8
5 e mais anos 9 39,1
Total 23 100
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Tabela 23
Relação Amorosa / Suicídio Motivo Tentativa Suicídio
F % F %
Sim 12 52,2 Conflitos Fam. 11 47,8
Não 11 47,8 Filhos 4 17,4
Total 23 100 Saúde Mental 7 30,4
Violência na Prostituição 1 4,3
Total 23 100
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Tabela 24
Ideação Suicida (Pontuação QIS)
M DP
Prostitutas de Rua 41,71 29,92 Ponto de corte (Reynolds, ≥ 41
(Ferreira e Castela)
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Tabela 25
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Conclusão
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Bibliografia
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