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18/10/2019 Consulta: SINASE - Furto de adolescente contra ascendente - Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Ado…

(http://www.crianca.mppr.mp.br/)
Consulta: SINASE - Furto de adolescente contra ascendente

Pergunta:
Quando um adolescente pratica furto contra seus pais, é aplicável o disposto no art. 181, do Código Penal, que isenta de
pena os autores de crime contra o patrimônio sem o emprego de violência praticado contra seus ascendentes, ou é
possível a imposição de medidas socioeducativas, dada sua natureza jurídica diversa das penas?

Resposta:
Durante muito tempo se defendeu a não incidência da "escusa absolutória" prevista pelo citado art. 181, do Código Penal,
a adolescentes autores de atos infracionais contra o patrimônio de seus ascendentes sem emprego de violência, que
assim estariam sujeitos à aplicação de medidas socioeducativas de forma irrestrita. Após o advento da Lei nº 12.594/2012,
em função do contido em seu art. 35, incisos I (segundo o qual o adolescente não pode receber um tratamento mais
rigoroso que um adulto) e IV (que determina a "proporcionalidade" entre a medida aplicada e o ato praticado), porém,
acredito ser necessário "mitigar" o referido entendimento.
Eu até acho possível e razoável, à luz do disposto no art. 103, do ECA (que considera "ato infracional" a "conduta descrita
como crime ou contravenção penal" - independentemente de sua eventual "punibilidade"), que o adolescente autor de furto
(ou outro ato infracional contra o patrimônio sem emprego de violência) contra seus ascendentes seja "responsabilizado"
por tal conduta (ou seja, que receba, em razão dela, uma "resposta socioeducativa estatal"), mas para evitar afronta aos
mencionados princípios legais expressos, penso que esta deve se dar muito mais na esfera "protetiva" do que
"socioeducativa" propriamente dita (sem prejuízo de dotar as intervenções "protetivas" que se fizerem necessárias de
carga "coercitiva", como vermos melhor a seguir).
O fato de a Lei Penal, por mera questão de "política criminal", ter optado por não "punir" os imputáveis autores de tais
condutas (que continuam sendo típicas, antijurídicas e "culpáveis" - sendo apenas "não punível" para, presumivelmente,
preservar a "harmonia" das "relações familiares"), não significa que o adolescente autor de conduta semelhante não possa
ser por ela responsabilizado na esfera socioeducativa, até porque mesmo as medidas socioeducativas "típicas" têm
natureza jurídica e finalidade diversa das "penas", representando uma possibilidade concreta de intervenção destinada a
evitar a reprodução ou agravamento da conduta infracional.
Este fator, somado à constatação que adolescentes autores de semelhantes condutas, geralmente, apresentam
envolvimento com substâncias psicoativas (sendo a prática de furtos destinada à manutenção do vício), tornam, no
mínimo, desaconselhável pura e simplesmente adotar linha de ação semelhante à prevista na Lei Penal.
Evidente que, se a "resposta" a ser dada não tem caráter "punitivo", e visa "neutralizar" as causas determinantes da
conduta infracional (como o uso/abuso de substâncias psicoativas), a rigor nada impediria que ocorresse sob a forma de
intervenções (ou "medidas") de cunho unicamente "protetivo".
Ocorre que estas, por não possuírem caráter "coercitivo", talvez não se mostrem suficientes (especialmente diante de um
maior comprometimento com o uso/abuso de substâncias psicoativas e/ou outros fatores) para que os fins pedagógicos
sejam almejados, razão pela qual, em tais casos, é recomendável que assumam a natureza jurídica de "medida
socioeducativa", tornando-se assim de cumprimento obrigatório por parte do adolescente e permitindo, em função do
disposto no art. 52, par. único, da Lei nº 12.594/2012, maior "cobrança" do engajamento dos pais/responsável no
"processo ressocializador" do adolescente.
Vale dizer, a propósito, que há uma diferença significativa entre a aplicação de alguma das "medidas" relacionadas no art.
101, incisos I a VI, do ECA meramente a título de "proteção", e a mesma "resposta" estatal sob a forma de "medida
socioeducativa" (com fundamento no art. 112, inciso VII, do ECA). No primeiro caso (medida unicamente "protetiva"), ela
não terá caráter coercitivo, e nenhuma consequência (ao menos na seara "repressiva") poderá advir de seu eventual
descumprimento. Já no segundo caso (medida relacionada no art. 101, incisos I a VI, porém aplicada a titulo de "medida
socioeducativa"), ela terá a natureza jurídica de "sanção estatal" (embora, vale repetir, não constitua uma "pena") e,
portanto, terá caráter coercitivo, podendo seu "descumprimento reiterado e injustificável", a depender do caso (isto não
vale quando for aplicada em sede de remissão), resultar na aplicação da chamada "internação-sanção", prevista no art.
122, inciso III, do ECA.

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É claro que, em qualquer caso, não basta a "aplicação da medida", sendo necessário a realização de um prévio
"diagnóstico" da situação, de modo a aferir qual intervenção é a mais adequada (devendo-se para tanto -
preferencialmente - contar com o apoio de equipe técnica e - sempre - observar os princípios que regem a intervenção
estatal em matéria de infância e juventude/socioeducação - cf. arts. 100, caput e par. único c/c 113 e 112, §1º, do ECA e
art. 35, da Lei nº 12.594/2012), bem como prestar o devido esclarecimento ao adolescente e sua família acerca das
intervenções que serão realizadas e das implicações de seu eventual descumprimento, o que deve ocorrer no contexto de
uma POLÍTICA SOCIOEDUCATIVA adequadamente estruturada pelo município, que disponibilize programas/ serviços/
técnicos/ profissionais qualificados para tanto.
Mesmo no caso de descumprimento, a "internação-sanção" referida somente deve ser aplicada em último caso, devendo-
se, antes, além da aferição da efetiva capacidade de cumprimento da medida originalmente aplicada pelo adolescente
individualmente considerado e das condições em que era executada, verificar a possibilidade de substituição daquela por
outra, que se mostre mais adequada à situação do adolescente no presente momento (no tópico "Consultas", na página do
CAOPCAE da internet, há algumas referências sobre como proceder em tais casos.
Assim sendo, voltando à questão central, embora não seja o caso de pura e simplesmente deixar de dar a "resposta
estatal" a casos semelhantes, esta deverá ser efetuada com parcimônia (seja em sede de remissão, seja após a instrução
regular do feito), devendo preferencialmente abranger as medidas relacionadas no art. 101, incisos I a VI c/c 112, inciso
VII, do ECA, na mencionada perspectiva de neutralizar as causas determinantes da conduta infracional e, desta forma,
evitar a reincidência (o que, por sinal, é o objetivo precípuo da intervenção socioeducativa estatal).
Espero ter podido ajudar.
Murillo José Digiácomo
Curitiba, 19 de fevereiro de 2014

Matérias relacionadas (Índices): (links internos)


» Consultas (http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1370)
» Consultas: Política Socioeducativa (http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1486)
» Política Socioeducativa (http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1176)

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