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UFPE
1. INTRODUÇÃO
contexto nacional. Destaca, também, alguns efeitos sociais das mudanças recentes.
Nordeste, verificando também o papel que elas desempenharam nos grandes movimentos
pela desaceleração da segunda metade dos anos 70, até a fase de crise e instabilidade, com
predomínio da acumulação financeira, dominante nos anos 80 e no início dos 90. Até aí a
região será abordada em seu conjunto, utilizando-se, portanto, dados globais, referentes, em
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. Este artigo é uma versão revisada de artigo com mesmo título publicado in Tânia B de Araújo’s Ensaios
sobre o desenvolvimento brasileiro - Heranças e Urgências. 2000.
mudanças. A heterogeneidade e a complexidade da dinâmica nordestina aparecerão,
Uma outra seção será dedicada à observação das articulações econômicas regionais
em suas tendências de ligações com o exterior e com as demais regiões do próprio Brasil.
relevantes, as tendências mais marcantes e as questões que elas suscitam, inclusive para a
discussão da Federação brasileira. O papel das políticas públicas será obviamente tratado
com particular interesse, dada a importância que a ação estatal teve na conformação da
originam-se aproximadamente 14% da produção nacional total (medida pelo PIB), 12% da
Cabe destacar, de início, que na região residem 23% da população urbana do Brasil
e 46% de sua população rural. Este último dado contrasta com o do Sudeste, que é
responsável por mais de 38% da produção agrícola do País, mas por apenas 21% da
população rural nacional. O lento crescimento econômico, que durante muitas décadas
caracterizou o ambiente econômico nordestino (GTDN, 1967), foi substituído pelo forte
A pobreza continua a ser uma das marcas mais importantes do Nordeste, quando vista no
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contexto nacional. É um traço antigo que o dinamismo econômico das últimas décadas não
mostra que, em 1990, dos 32 milhões de brasileiros indigentes, 17,3 milhões estavam no
Nordeste (55% do total nacional). Mais de 10 milhões residiam na zona rural da região.
Assim, com 46% da população rural brasileira, o Nordeste tem 63% dos indigentes
brasileiros que vivem nas áreas rurais. Dos indigentes urbanos do País, quase 46% estão no
Coordenado por Celso Furtado, no final dos anos cinqüenta, o relatório do Grupo de
inicial de ação da SUDENE, constatava que nas décadas anteriores a característica mais
importante da base produtiva instalada na região era seu fraco dinamismo. Enquanto a
Uma das propostas centrais do relatório do GTDN (como ficou conhecido aquele
A partir dos anos 60, impulsionadas pelos incentivos fiscais (34/18 – Fundo de
Rio Doce (no Maranhão), complementados com créditos públicos (do Banco Nacional de
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Desenvolvimento - BNDES e Banco do Nordeste do Brasil - BNB, particularmente) e com
agropecuária reduziu sua contribuição ao PIB regional de 27,4% para 18,9%, sendo que,
em 1990 (ano da seca, que afetou consideravelmente a produção da zona semi-árida), esse
percentual caiu para 12,1%. Enquanto isso, a indústria passou de 22,6% para 29,3%, e o
terciário cresceu de 49,9% para 58,6%, segundo dados da SUDENE para o período.
importante para o posterior dinamismo dos investimentos nas atividades privadas, tanto no
No global, nas décadas dos 60, 70 e 80, o Nordeste foi a região que apresentou a
mais elevada taxa média de crescimento do PIB, no Pais. De 1960 a 1988, a economia
nordestina suplantou a taxa de crescimento média do País em cerca de 10%; e entre 1965 e
1985, o PIB gerado no Nordeste cresceu (média de 6,3% ao ano) mais que o do Japão no
mostra claramente que o comportamento prevalecente até os anos 50 não se reitera nas
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o ritmo de crescimento da produção nacional e, na última década, apresentaram dinamismo
sua parte localizada no Nordeste, Duarte (1989) verifica uma nítida melhoria nos
participação no PIB aumentou de 12,6% para 15,8%; a relação do PIB per capita
nordestino com o valor médio do País passou de 45,8% para 54,4%; o peso na produção
industrial foi de 9,6% para 10,5%; e na produção terciária, de 12,4% para 15,8%. Além
total brasileiro cresceu de 9,2% (em 1975) para 12,5% em 1987 (Duarte, 1989).
22,5%, em 1970, para 19% em 1990, uma vez que outras regiões, especialmente o Centro-
No total, entre 1960 e 1990, o PIB do Nordeste quase sextuplicou, passando de US$
Nordeste com a média nacional, verifica-se que a dinâmica regional tendeu a acompanhar
nacional se estendeu ao Nordeste: o PIB regional cresceu 7% em termos reais, entre 1967 e
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1974 e 1980), as atividades econômicas implantadas no Nordeste cresceram 7,4% no
período.
Já nos anos 80, quando a produção nacional apresentou desempenho ainda mais
modesto, a produção nordestina, embora tendo declinado menos que a de outras regiões
padrão nacional.
ressaltaram em seus estudos Oliveira (1990) e Guimarães Neto (1989). Dessa perspectiva e
nesse novo momento, uma das teses centrais do GTDN ficou ultrapassada: não se verifica
região brasileira que o Nordeste é menos atingido na crise dos anos recentes. A crise tem
afetado mais fortemente o setor industrial e, dentro dele, os segmentos produtores de bens
de capital e bens de consumo duráveis. Ora, tais segmentos não têm grande presença no
tecido industrial do Nordeste (como foi o caso de Manaus, que se especializou na produção
de bens duráveis e está sendo duramente atingida pela crise). Assim, ao se especializar
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indústria recentemente instalada no Nordeste resiste melhor aos efeitos da recessão
brasileira. Paralelamente, em sua porção oeste e nas margens do submédio São Francisco,
ambos para exportação, o que o ajuda a resistir aos efeitos da retração da demanda interna,
(1992), também o setor dos serviços tem tido desempenho bastante razoável no Nordeste,
especialmente a partir da segunda metade dos anos 80, apresentando taxas de crescimento
particularidades locais.
Nordeste. As atividades urbanas avançaram mais nos dois casos, embora a indústria tenha
sendo relativamente mais importante como região produtora agropecuária (20% do total
nacional) do que industrial (12%) ou terciária (15%), segundo dados da SUDENE para
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Contudo, mudanças ocorreram no perfil produtivo da agropecuária nordestina. A
partir dos anos 70, enquanto se reduzia a área cultivada com algodão, mamona, mandioca,
sisal, expandia-se a área ocupada com cana-de-açúcar, arroz, cacau, feijão, laranja e milho.
Ao mesmo tempo, algumas culturas não tradicionais na região, pelo valor de mercado
caso de frutas como mamão, manga, melancia, uva (nas áreas irrigadas pelo São Francisco),
do cacau e abacaxi (em manchas favoráveis do sertão e agreste) e do tomate, café, soja e
borracha (em áreas favoráveis do São Francisco, do agreste, do cerrado e da Zona da Mata,
produção agrícola do Nordeste, crescendo seu peso para 13,5% em 1989 (Congresso
Nacional, 1993).
promove sua integração produtiva, o Nordeste “engata” na dinâmica nacional, como foi
investimento em espaços que se situem para além do centro mais industrializado do País, o
atividade industrial. E esse movimento atinge também o Nordeste (Guimarães Neto, 1990;
FUNDAJ, 1992; Oliveira, 1990, dentre outros). Como esse movimento de desconcentração
agroindustrial e industrial, que serão analisados com detalhes mais adiante, quando se
examinarem os focos de modernidade surgidos na região nas últimas décadas (item 3.1).
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não-duráveis (têxtil e alimentar, principalmente), vai-se transformando, nos anos pós-60,
numa região industrial mais especializada em bens intermediários (Araújo, 1981), com
Nesse contexto, o perfil industrial do Nordeste vem mudando muito, com a perda de
segmento voltado à produção de bens intermediários, devido ao papel que a região assume
SUDENE tem esse perfil: foram os segmentos produtores de insumos que receberam a
A nova base agrícola da região também tem essa “vocação” para a produção de
produtos cujo beneficiamento se dará fora do Nordeste e, em alguns casos, fora do País.
Salvo em casos como o das frutas tropicais, enviadas “in natura” para o mercado
de soja, parte importante da produção agrícola e mineral da região é vendida para ser
transformada fora.
Nos anos 70, quando o Estado brasileiro, a partir da estratégia definida no II Plano
públicos e, com ele, sustentou a dinâmica da economia nacional num contexto internacional
Rio Doce implementou o complexo de Carajás, com parte dos investimentos localizando-se
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No total da formação bruta de capital fixo, contabilizada pelo IBRE/FGV, que inclui
posição do Nordeste como região recebedora de recursos passou de 13% do total nacional
Finalmente, nos anos 80, quando a crise brasileira se aprofundou, excluindo de seus
exportação, o Nordeste tendeu a reproduzir esse padrão. Entre 1975 e 1990, o Brasil
expandiu suas exportações, mais que triplicando-as: passam de US$ 7,6 bilhões de vendas
anuais para US$ 31,1 bilhões. O Nordeste também produziu mais para o exterior,
duplicando seu valor exportado que passou de US$ 1,5 bilhão, em 1975, para US$ 3
bilhões, em 1990. Dentro dele, o Estado da Bahia merece referência especial não só porque
acompanhou o padrão nacional, triplicando seu valor exportado (de US$ 525 milhões para
US$ 1,5 bilhão), mas porque aumentou sua já predominante importância no total vendido
pela região no mercado internacional: em 1975, sua economia gerava um terço das
exportações nordestinas; em 1990 respondia pela metade do valor exportado por essa
região.
economia na região cresceu em média 7,6% ao ano, as atividades financeiras, bens imóveis
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Guardam, no entanto, certas especificidades importantes, algumas das quais aparecerão
desempenhado nos anos recentes pelo setor público. Claro que em todas as regiões
pode-se afirmar que sua presença foi o fator determinante da intensidade e dos rumos do
dinamismo ocorrido nas últimas décadas. Direta ou indiretamente, foi o setor público quem
puxou o crescimento das atividades econômicas que mais se expandiram na região, nos
anos 70 e 80, segundo dados da SUDENE (1992): bens imóveis e serviços às empresas;
comunitários sociais e pessoas; e comércio. Juntas, essas atividades somam dois terços do
PIB regional. Em muitas delas, o investimento público foi fundamental. Aliás, o setor
público tem no Nordeste um peso maior na formação bruta de capital fixo total do que na
economia nordestina.
ação estatal, quando não comandadas pelo Estado brasileiro, fizeram surgir e desenvolver
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apresentado pelas atividades econômicas na região. Tais estruturas são tratadas na
literatura especializada ora como “frentes de expansão”, ora como “pólos dinâmicos”, ora
como “manchas ou focos” de dinamismo e até como “enclaves”. Dentre eles, cabe
irrigada do sub-médio São Francisco), das áreas de moderna agricultura de grãos (que se
estendem dos cerrados baianos atingindo, mais recentemente, o sul dos Estados do
Maranhão e Piauí), do moderno pólo de fruticultura do Rio Grande do Norte (com base na
Pernambuco, e dos diversos pólos turísticos implantados nas principais cidades litorâneas
do Nordeste.
analisando seus novos impactos e suas perspectivas de expansão (Lima e Katz, 1993).
Menos por seu dinamismo e mais pelo fato de desenvolverem modernas atividades de base
(PE).
principais e históricas áreas desse tipo. Quando ocorre, a modernização é restrita, seletiva,
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o que ajuda a manter um padrão dominantemente tradicional. As zonas canavieiras
expandiram-se muito, impulsionadas nos anos 70 pelo PROÁLCOOL, que traz consigo a
contribui para tornar ainda mais difícil e frágil a sobrevivência do imenso contingente
fonte de renda monetária dos pequenos produtores e trabalhadores rurais desses espaços
feijão e mandioca), uma vez que a pecuária sempre foi atividade privativa dos grandes
proprietários locais.
Não é sem razão que, nos momentos de irregularidade de chuvas, ocorridos nos
em 1993). Nessas áreas, nos anos de chuva regular, os pequenos produtores, rendeiros e
parceiros produzem, mas não conseguem acumular: descapitalizados ao final de cada ciclo
produtivo, são incapazes de dispor de meios para enfrentar um ano seco. Nesse quadro,
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extensão da ação previdenciária, cobrindo parte da população idosa e assegurando uma
Nas áreas cacaueiras, a resistência à mudança convive na fase mais recente com
importante queda nos preços internacionais do cacau, aprofundando a crise nessa sub-
região.
Primeiro, cabe destacar que são áreas de ocupação antiga, nas quais as velhas estruturas
concentração fundiária tem aumentado nos anos recentes, e o monopólio da cana sobre as
elevada concentração das terras em mãos de pouquíssimos produtores: “na seca, pequenos
moldes em que foi realizada agravou a questão fundiária do Nordeste, além de provocar
policultura alimentar e o gado tange o homem”. Mesmo onde a irrigação introduziu uma
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Como a estratégia brasileira das últimas décadas foi concentrar a expansão da
Maranhão e Piauí; portanto, em áreas da antiga “fronteira agrícola” da região. Nos anos 60
oligarquias nordestinas, proprietárias das áreas de antiga ocupação e sempre bem situadas
praticamente intocada, apesar da miséria alarmante dominante nas áreas rurais do Nordeste.
Segundo o Mapa da Fome feito recentemente pelo IPEA, dois terços dos indigentes rurais
estabelecimentos com menos de 100 hectares (94% do total) ocupavam quase 30% da área;
em 1985, essa participação caiu para 28%. Ao mesmo tempo, os estabelecimentos de mais
de mil hectares (0,4% do total) aumentaram sua participação na área total, passando de 27%
em 1970 para 32% em 1985. Nesse período, a área total ampliou-se de 74 milhões de
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feito por formas precárias (parceria, por exemplo), caracterizando maior instabilidade, e se
homogêneo6 e que, historicamente, era possível destacar pelo menos três subconjuntos
complexo canavieiro;
recentes;
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alguns estudiosos de “meio norte”, e visto como área aberta à expansão da
econômicas tradicionais termina por definir diferentes trajetórias nas dinâmicas econômicas
conjunto da base produtiva instalada no Nordeste (com destaque para o Rio Grande do
processos gerais, como o de oligopolização, bem estudado por Oliveira (1981), também
maiores empresas concentravam mais de 50% do faturamento de seu subsetor. Além disso,
montagem do novo pólo têxtil e de confecções há uma forte articulação entre os capitais
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locais e os capitais de fora, que se dirigem a Fortaleza na esteira dos benefícios fiscais e
locais com 88% do capital integralizado pelos acionistas portadores de ações ordinárias nas
empresas financiadas pela SUDENE. Esse percentual é inferior a 34% nos casos de
Nesses estados, a articulação entre capitalistas locais e extra-regionais é bem menor; e, por
estreita ligação com a base industrial preexistente, por estar fundado em atividades
segmento produtor de confecções tem por trás toda uma tradição do artesanato local (as
rendeiras cearenses.
com a presença de setores que não tinham grande tradição em Pernambuco, como é o
exemplo da produção de material elétrico. Embora continue tendo a segunda maior base
especialmente.
O Estado não dispunha, nesse período, de uma base de recursos naturais importante
abundante no local). Ao mesmo tempo, perde para o Ceará o essencial do moderno parque
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introduzido pela adoção de um sistema de “faixas” (com tratamento privilegiado à faixa A,
que excluía Recife) na política de incentivos administrada pela SUDENE (entre 1969 e
intermediador, de entreposto atacadista. Tal fato tem efeitos negativos sobre a atividade
Nos anos mais recentes, o dinamismo do terciário nessa metrópole reflete seu
agricultura baiana exerce papel complementar, uma vez que transfere renda para Salvador.
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A cidade desenvolveu-se muito e há grande dinamismo na expansão de seu capital
imobiliário. Ao mesmo tempo, em especial nos anos 80, o setor financeiro, presença
disso.
nordestinos revela a existência de distintas trajetórias, algumas mais dinâmicas que outras.
Nos pequenos estados de Sergipe, Rio Grande do Norte e Alagoas, a produção industrial
ganhou forte relevância, representando, em 1990, entre 34% (Alagoas) e 40% (Sergipe e
Rio Grande do Norte) de suas respectivas produções totais. Nos principais estados do
aumento do seu peso relativo nas respectivas economias estaduais, sendo esse movimento
mais intenso nos casos do Maranhão e da Bahia. Diferem da tendência geral Sergipe e Rio
Grande do Norte, onde o peso relativo do terciário declinou de 54% para 45% e de 55%
para 54%, nas respectivas bases econômicas estaduais, entre 1970 e 1990.
pesa menos (45%), sendo a média regional de 58,6%, em 1990, segundo dados da
SUDENE.
dos anos 80 (1981-83), a produção agrícola apresentou retração generalizada, com exceção
A dinâmica geral dos diversos estados foi bastante diferenciada no período 1970-92,
segundo dados da SUDENE. Tanto em termos do PIB total como per capita, os melhores
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desempenhos foram apresentados pelo Rio Grande do Norte, Maranhão e Ceará.
Considerando a variação do PIB total, o crescimento mais lento foi apresentado pelas
estados ganhou posição relativa na produção do pais, nas duas últimas décadas. Esse fato
só não ocorreu nos casos da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, e foi mais evidente para o
caso da Bahia, que elevou de 3,8% para 5,2% sua importância relativa no PIB brasileiro,
O novo parque industrial, instalado a partir dos anos 60 com o apoio dos
dos serviços que utiliza, há uma relação forte com a base econômica nordestina, de onde
adquire 66% das matérias-primas e 58% dos serviços que consome. A recente
especialização nos bens intermediários reforça essa ligação.10 Mas o novo parque industrial
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(em especial com São Paulo). Dos serviços que usa, 40% vêm do Sudeste (90% desses, de
São Paulo); das matérias-primas que processa, 17% são produzidas no Sudeste (2/3 em São
Paulo). Do exterior, vêm apenas 10% dos insumos que aqui são transformados pela
regional, com destaque para a região Sudeste e dentro dela para São Paulo.
Das vendas realizadas pela indústria incentivada, pouco mais de um terço se destina
à própria região Nordeste (36%). O destino principal é o Sudeste, que compra 44% da
produção da indústria incentivada (71% dos quais quem adquire é São Paulo). O mercado
internacional participa com apenas 10% das vendas totais desse segmento da economia do
Nordeste.
“para fora” da nova indústria: os insumos que produz são transformados em grande parte
Essa característica é ainda mais forte no segmento extrativo mineral, que destina ao
mercado nordestino apenas 20% de sua produção, exportando o restante, mais uma vez
exportação é uma marca dos empreendimentos que aí se instalaram. Não é por acaso que o
Projeto Grande Carajás incluiu, além da implantação da estratégica ferrovia de quase 900
Maranhão).
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Outro exemplo dessa articulação especial com o exterior é o projeto da ALUMAR,
mil de alumínio, de cuja produção atual exporta cerca de 95% (Lima e Katz, 1993).
borracha (88%), couros e peles (87%), material elétrico (76%) e química (61%) (SUDENE
e BNB, 1992).
industrial foram importados do Sudeste (49%); e, dentro dele, especialmente de São Paulo
(80%) e do exterior (33%). Apenas 10% dos equipamentos foram adquiridos das indústrias
parte a atender à demanda externa. Estima-se que só o oeste baiano, até 1995, produzirá
orientam basicamente para o exterior. Essa sub-região nordestina, que vai do oeste baiano
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agentes econômicos extra-regionais e recebido capitais e capitalistas predominantemente
suas semelhanças geo-sócio-econômicas com o “resto” do Nordeste são muito tênues. Até
Tocantins ou Mato Grosso do que com os do Nordeste do lado oriental do rio São
consolidará a malha de transportes nesse subespaço, sua vinculação futura com o Centro-
instalada tanto no Vale do São Francisco (BA e PE) como no Vale do Açu (Rio Grande do
com o mercado internacional, mostra que o Nordeste tentou acompanhar a tendência mais
geral da economia brasileira nos anos recentes de crise, instabilidade e retração da demanda
econômicos com o mercado externo, passando de um modesto valor exportado de US$ 5,7
milhões, em 1975, para US$ 443 milhões, em 1990. Os Estados do Piauí e de Sergipe
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quintuplicaram, no mesmo período, suas vendas ao mercado internacional, e os da Bahia e
comerciais do Nordeste com o resto do mundo se dão cada vez menos através da venda dos
chamados produtos básicos (conforme classificação adotada pela CACEX) e cada vez mais
em 1990, maior peso relativo que o mesmo item na pauta brasileira (16,5%), o crescimento
das relações com o exterior via venda de manufaturados no caso do Nordeste é notável:
pouco mais da metade (54,7%) da participação nas vendas externas, entre 1975 e 1990, na
pauta do Nordeste o peso relativo dos manufaturados pulou de 12,9% para 44,9%. Apenas
tendências desse tipo de relação econômica entre o Nordeste e os demais espaços do País,
No caso do Nordeste, a SUDENE estimou para 1980 que, das exportações totais do
regiões brasileiras. Desse total, 97% eram enviadas por vias internas e apenas 3% por
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cabotagem. Das importações totais, apenas 18% vinham do exterior e dos 82% que se
originaram nas outras regiões do País, 85% chegavam por vias internas (SUDENE, 1985).
outras regiões (especialmente do Sudeste) eram quase cinco vezes maiores que o valor
importado do exterior em 1980, enquanto as exportações para o resto do País não chegavam
a representar duas vezes o valor das mercadorias mandadas para o mercado internacional.
para o Sudeste) quando visto no contexto nacional. E isso era uma tendência crescente,
uma vez que nos anos 50 as compras a outras regiões representavam 1,2 vezes as vendas do
Nordeste para o resto do País. No período 1975-80, essa relação havia aumentado para 2,5
orientada para o mercado nacional: quase 70% das vendas do Nordeste para outras regiões
brasileiras tinham origem na Bahia, cuja economia representava, na época, pouco menos de
40% do PIB regional. Essa aparecia como uma tendência forte, mas recente, posto que na
década anterior o Estado da Bahia representava apenas 25% nas exportações inter-regionais
tendência semelhante, pois sua participação nas vendas nordestinas para o resto do Brasil
passava de 3,5% em 1975 para 9% em 1980, sendo naquele ano o segundo exportador
internacionais caiu de 30,3% para 8,4% no mesmo período (embora sua economia fosse
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20% do total do Nordeste). Essa tendência era observada, com menos intensidade, para a
Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. Esses quatro estados juntos representavam, em
1975, 40% das exportações por vias internas para outras regiões do País e, em 1980, apenas
16,4%. Nesse ano, sua participação conjunta no PIB regional era de 36,6%.
não é de esperar que as tendências de maior articulação econômica com outras regiões
comercial dessa parte mais ocidental do Nordeste com o Centro-Oeste e com o Sudeste
Paraíba, Pernambuco e Alagoas, a menor articulação comercial com o resto do País, surgida
como tendência na década anterior, não parece ter sido revertida nos anos 80, à luz dos
hipótese que se pode avançar, nesse contexto, é de uma propensão ao “isolamento relativo”
dessa porção mais oriental do Nordeste no âmbito das novas tendências da economia
contingente populacional que habita esses espaços estará encontrando maiores limitações
Brasil ao longo das últimas décadas, também atinge o Nordeste. Celso Furtado, no
relatório que precedeu à criação da SUDENE, analisou corretamente que um dos problemas
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nordestinos, nos anos 40 e 50, era a forte emigração de capital produtivo em direção ao
Centro-Sul, à medida que o dinamismo industrial daquela região abria oportunidades para
rentáveis investimentos (GTDN, 1967). A partir dos anos 60, a intensificação rápida do
e estatal) que se faz agora presente nas diversas regiões do País, inclusive no Nordeste
(Brando, 1985).
cadeias de magazines, supermercados etc. se fazem presentes nas diversas regiões do País e
inclusive no Nordeste.11
Entre 1975 e 1990, o Nordeste aumentou sua participação (de 12% para 18%) no
número de unidades produtivas das cinco mil maiores empresas do País. Essa participação
cresceu mais na atividade agropecuária (de 12% para 37%), na mineração (de 11% para
19%), nos serviços em geral (de 6% para 12%) e nos serviços de transportes e
seletiva, tanto espacialmente como nas atividades econômicas para onde se dirigiram.
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Dados das mil maiores empresas do País mostram que, em 1990, Bahia (46%), Pernambuco
(18%) e Ceará (11%) concentravam a maior parte (75%) dessas empresas. 12 Do ponto de
indústria química, tem destaque na atração desse tipo de empresas. “Das 105 grandes
produção têxtil.
segmento industrial instalado no Nordeste com o apoio dos incentivos federais. Dados
recente não é produto da ação de investidores regionais que, contando com o apoio dos
fazia parte de grupos econômicos (regionais ou não). Além disso, a pesquisa constatou que
do capital por grupos privados ou por sistemas de empresas estatais, com sede no Sul e
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5. DIMENSÃO SOCIAL E PERSISTÊNCIA DA POBREZA
que nas duas últimas décadas houve melhoria nos níveis gerais de vida, principalmente nos
anos 70, mas essa melhora se deu num ritmo muito inferior ao do dinamismo da produção.
No Nordeste, o crescimento econômico fez triplicar o PIB (de US$ 20,8 bilhões em
1970 atingiu US$ 65,3 bilhões em 1993, medidos a preços de 1993 pela SUDENE),
enquanto o produto per capita apenas duplicou no mesmo período (passou de US$ 740 para
vida não decorre linearmente do mero crescimento econômico, embora seja ainda
imperfeito, pois o PIB per capita esconde um dos mais graves problemas do Nordeste: a
vida, verifica-se que os índices apresentados pelo Nordeste não só se elevaram nos últimos
anos, mas também tenderam a se aproximar mais da média nacional. O produto por
habitante do Nordeste era 43% da média brasileira em 1970 e passou a 55% em 1990,
segundo dados da SUDENE (1992). A esperança de vida ao nascer do nordestino era 84%
Nordeste é a mais grave do País. O PIB per capita continua sendo o mais baixo do Brasil e
a esperança de vida ao nascer do nordestino (58,8 anos, em 1988) é a menor entre todas as
regiões brasileiras, sendo 84% da média apresentada pelo habitante da região Sul, onde os
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Em termos de níveis educacionais, acesso domiciliar ao abastecimento de água, ou
índice de mortalidade infantil, por exemplo, a situação relativa das populações nordestinas
vem piorando, quando vista no contexto nacional. Entre 1970 e 1989, os níveis da
população maior de 15 anos e sem instrução no Nordeste melhoraram, caindo de 55% para
36%, mas nas outras regiões essa queda foi bem maior. A região tinha, portanto, às
vésperas dos anos 90, uma situação educacional relativamente mais desfavorável num
melhoraram, passando de 151,2 por mil nascidos vivos, em 1970, para 80 por mil em 1988.
No entanto, quando comparados à média nacional, esses índices eram 29% maiores em
1970 e 68% em 1988. Só no Norte esse crescimento também aconteceu no mesmo período,
9,7% para 42% dos domicílios entre 1970 e 1989, ampliou-se a distância entre a taxa de
cobertura nordestina e a taxa média brasileira. Esse fato mostra que as políticas sociais
O Nordeste continua sendo um grande desafio nacional no que tange à dívida social.
45% das famílias pobres do Brasil (com rendimento per capita inferior a
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50% das pessoas com consumo calórico muito baixo.
Por outro lado, o Nordeste tem 26% da população economicamente ativa ocupada
brasileira, mas tem 36% das pessoas ocupadas recebendo até dois salários mínimos e
apenas 15% dos trabalhadores que contribuem para a Previdência Social. Segundo a
Fundação IBGE (PNAD), apenas 29% da população ocupada no Nordeste contribuía para a
Previdência, contra um índice de 50% para o total do Brasil, em 1989. Ao mesmo tempo, a
condições sociais da população nordestina são muito desiguais e muitas tendências gerais
não se reproduzem de maneira idêntica em todos os estados ou nas áreas urbanas e rurais da
instalada na região foram muito mais intensas e profundas que as alterações para melhor na
insuficiente os déficits sociais, e a crise dos anos recentes só fez agravar o quadro social
regional.
0,596 para 0,638 entre 1970 e 1988). Enquanto os 40% mais pobres tiveram reduzida sua
participação na renda gerada na região de 8,8% em 1970 para 7,8% em 1988, os 5% mais
ricos ganharam participação, indo dos 38,8% para os 42%, no mesmo período
32
(Albuquerque e Villela, 1991). Tolosa (1991), em estudo que estima o número de pobres
no Brasil (pessoas com menos de um quarto do salário mínimo de renda familiar per
capita), revela que no Nordeste a pobreza aumentou: de 19,4 milhões em 1970, os pobres
passaram a 25,8% milhões em 1988, tendo sido maior o crescimento nas áreas urbanas
(onde o contingente pobre passou de seis milhões para 10 milhões de pessoas, enquanto o
tensão social, dada sua dimensão. Entre 1960 e 1980, estima-se que deixaram a região
conforme dados de 1980). Na última década, a crise parece ter exercido importante papel
inibidor do fluxo emigratório para outras regiões. Esse fluxo buscou, então, os centros
nas médias e até nas pequenas cidades do Nordeste. Até porque os fatores de expulsão não
Apesar do intenso crescimento da pobreza nas áreas urbanas, a questão social nas
zonas rurais é relativamente mais grave. Pelo estudo de Tolosa (1991), três em cada quatro
nordestinos (75%) da zona rural está na faixa de pobreza que ele definiu, contra um em
Nas zonas rurais mais tradicionais do Nordeste, o problema social é muito grave. Na
Zona da Mata, a demanda muito irregular por trabalho (elevada na colheita e reduzida no
emprego seis meses durante cada ano (um em cada três trabalhadores). O emprego infantil
33
continua sendo a estratégia usada pelas famílias para melhorar a renda familiar, tanto que as
1993.
diferentes unidades da Federação que integram o Nordeste, algumas observações podem ser
concentração de renda nos estados cujo dinamismo econômico recente foi relativamente
mais intenso, como no Maranhão, Ceará e Bahia, sendo menos intenso em Pernambuco e
Paraíba cujas economias não tiveram grandes impulsos nos anos pós-70. No Estado do
Ceará, os 5% mais ricos apropriam maior percentual da renda estadual (46%); no Piauí, os
40% mais pobres detêm menor participação na renda gerada no Estado (6%).
Em segundo lugar, cabe destacar as diferenças nos níveis do produto per capita dos
respectivamente os estados de menor e maior PIB per capita da região. Vale salientar que
a distância era ainda maior em 1970, quando esse indicador no Piauí era 42% do seu similar
na Bahia.
Bahia e Pernambuco apresentam as situações mais favoráveis da região quanto aos níveis
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de alfabetização, taxas de mortalidade infantil e esperança de vida no caso baiano e acesso
reveladas pelos mais diferentes indicadores sociais. A Paraíba e o Maranhão seguem, nesse
Estado da Paraíba possui a mais alta taxa de mortalidade infantil do Nordeste e a mais baixa
Como se verifica mais uma vez nessas observações, não há relação linear entre
estaduais.
importantes, bem como a emergência de novos atores sociais. Estudo recente da socióloga
Inaiá de Carvalho (1989) aborda essa temática, ainda pouco tratada na literatura sobre a
superior ao que se observa para o conjunto do Pais. Esse indicador evidencia o avanço do
35
nas da cana-de-açúcar, seja nas novas áreas, ocupadas com atividades modernas. Um
proletariado moderno aparece também nas áreas urbanas, ligado a atividades industriais (os
Nas classes médias urbanas, por sua vez, mudanças interessantes são observadas.
diversificam as atividades dos antigos grupos empresariais de base familiar (migram para
comércio etc.). O eixo básico dessa reciclagem parece ter sido a política de subsídios,
incentivos e os favores de toda ordem concedidos pelo Estado brasileiro a uma das mais
particularmente nas principais áreas metropolitanas da região, mas não apenas nelas. Em
alguns casos, o empresário local se articulou com empresários de porte nacional que aqui
cearense é geralmente citada como exemplo desse novo tipo de ator social que ganha
espaço econômico, social e político no contexto nordestino das últimas décadas. Parcela da
36
Nas novas áreas de expansão agropecuária ou agroindustrial, novos atores podem
igualmente ser identificados, muitos deles não nordestinos. Paulistas, gaúchos, catarinenses
e paranaenses se fazem presentes nas novas atividades do oeste baiano, sul do Maranhão e
desemprego apresentam níveis de renda mensal mais altos que os de seus análogos do dito
nas áreas urbanas nordestinas, mas dentro dele surgem profissionais egressos do
economia nordestina.
Nesse aspecto, portanto, mais uma vez, a realidade nordestina mudou e tornou-se
tradicionais.
com propriedade, vários estudos recentes sobre o Nordeste. Vários fatores moldaram, ao
longo dos últimos anos, uma integração econômica tal que as diversas dinâmicas regionais
foram soldando-se. O Nordeste, entendido como região autônoma, locus de uma dinâmica
própria no seu movimento de acumulação de capitais, não mais existe. Não só o Nordeste.
No Brasil, nesse novo contexto, não existem mais “economias regionais”, mas “uma
37
existindo, mas o comportamento econômico geral foi impondo tração e movimentos
comuns.
econômicos tradicionais, contribuindo, assim, para tornar a realidade regional muito mais
Cada um com suas particularidades e seus atores, muitos deles não nordestinos. Por fim, os
tendentes a “arrastar para fora” partes importantes do Nordeste. Se isso for verdadeiro, o
Nordeste ficaria reduzido à sua parte que tem demonstrado tendência recente a um “certo
isolamento relativo”. Nesse sentido, algumas questões começam a ser colocadas, tais
e começa o Nordeste (no seu “lado” oeste)? O sul do Maranhão e Piauí e o cerrado baiano
não são mais semelhantes a Tocantins que a Pernambuco? Essas são questões apenas para o
Nordeste?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1992 Corredores de transportes para os cerrados baianos. In: Carta da CPE nº 12,
Salvador.
SUDENE.
SUDENE.BNB
Recife: SUDENE.
41
1
Essa região corresponde ao Nordeste considerado como área de atuação da Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste, SUDENE, excluindo-se, portanto, a área do Polígono da Seca do Estado de
Minas Gerais.
2
Cabe lembrar que antes do “milagre brasileiro, em 1967, a presença nordestina na agropecuária do País era
ainda maior (26,5%) e que sua presença na indústria e setor terciário nacionais cresceu nos últimos anos. O
Nordeste representava, em 1967, 9% do setor industrial e 12%: dos serviços do Brasil (SUDENE, 1992).
3
. O pólo de Camaçari alterou estruturalmente a economia baiana, aumentando o peso do setor secundário de
12% em 1960 para quase 30% do PIB estadual em 1990. Em 1989, os empregos diretos (25 mil), mais os
ligados às prestadoras de serviços (31 mil), representavam 19,6% do emprego gerado na indústria de
transformação do Estado.
4
. O pólo têxtil e de confecções de Fortaleza desponta como um dos importantes centros do setor, tanto em
âmbito regional como nacional. Entre 1970 e 1985, o número de estabelecimentos têxteis do Ceará cresceu de
155 para 358, enquanto os ligados ao vestuário passavam de 152 para 850. Em 1991, segundo o Sindicato da
Indústria de Confecções do Ceará, o pólo cearense reunia cerca de três mil empresas, gerava 60 mil empregos
diretos e era responsável por 12% do ICMS do Ceará (Lima e Katz, 1993).
5
. O complexo minero-metalúrgico do Maranhão está associado aos desdobramentos do Programa Grande
Carajás (PGC) e ao interesse do capital multinacional em diversificar suas fontes de abastecimento de
matérias-primas. Em função desses investimentos, impactos importantes já se notam nos anos 80: o PIB total
do estado aumentou de US$ 2 bilhões em 1980 para US$ 3 bilhões em 1987, tendo o produto da indústria
ampliado sua participação no total estadual de 14,3% para 21,8%.
6
No Censo Demográfico de 1920, a Fundação IBGE tratava como região única o Norte e o Nordeste. O
espaço nordestino dissolveu-se, durante muito tempo, numa entidade geográfica mais ampla: “as províncias
do Norte”.
7
Essa maior articulação e a crescente presença econômica dos novos segmentos empresariais urbanos no
Ceará estão na base da ruptura política vivenciada pela sociedade local a partir da segunda metade dos anos
80.
8
Além da Região Metropolitana do Recife, outros centros menores sofrem o impacto da perda dessa função
atacadista, como são exemplos Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).
9
As 910 indústrias apoiadas pela SUDENE respondem por quase metade da produção industrial do Nordeste
e geram um terço dos empregos industriais dessa região.
10
Segundo pesquisa realizada pela SUDENE na indústria incentivada até 1978, portanto quando ainda não
predominavam os grandes complexos de bens intermediários , o parque instalado comprava quase metade
(48%) de seus insumos fora do Nordeste, sendo 36% no mercado nacional e 12% no mercado externo
(ARAÚJO, 1981).
11
Isso para não falar no movimento do capital financeiro, que também, é submetido à intensa centralização e
à dinâmica disseminação, de sua presença no território do País.
12
Cabe destacar o maior dinamismo baiano na presença das grandes empresas. Em 1975, Bahia e
Pernambuco tinham praticamente o mesmo número de grandes empresas. Em `990, a Bahia possuía um
número uma vez e meia maior (49 contra 19 de Pernambuco), segundo a Revista Visão: Quem é Quem na
Economia Brasileira.
13
Ao longo dos anos 70, o Nordeste abre-se mais para o resto do País que para o exterior (a relação
exportação por vias internas e cabotagem/PIB cresce, e a relação exportação para o exterior/PIB declina). Já
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as compras a outras regiões perdem peso, enquanto as importações feitas do mercado externo se mantém no
mesmo patamar (a relação M por vias internas e cabotagem/PIB declina, enquanto a relação M do
exterior/PIB se mantém constante) (SUDENE, 1985).
Fonte:
http://www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1956%3Anordeste-nordestes-
que-nordeste-&catid=58&Itemid=414
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