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NOVOS HORIZONTES
Miguel Mahfoud (org)
Daniel Marinho Drummond
Juliana Mendanha Brandão
John Keith Wood
Raquel Wrona Rosenthal
Roberta Oliveira e Silva
Vera Engler Cury
Walter Cautella Junior
2ª edição
revista e ampliada
São Paulo
2012
1
Plantão Psicológico: novos horizontes
© 1999 by Miguel Mahfoud
1ª edição: outubro de 1999
2ª edição: setembro de 2012
Plantão Psicológico: novos horizontes / Miguel Mahfoud (org.) – 2ª edição, revista e ampliada
– São Paulo: Companhia Ilimitada, 2012.
156 p.
ISBN 978-85-88607-22-4
Vários autores.
Inclui CD.
Bibliografia.
1. Aconselhamento. 2. Auto-realização (Psicologia). 3. Consulta psicológica. 4. Psicologia
aplicada. 5. Psicologia humanista. 6. Psicólogos - Entrevistas. I. Mahfoud, Miguel.
99-4235 CDD-158.3
Autores ............................................................................................... 5
Prefácio
John Keith Wood .................................................................. 9
Introdução
Frutos Maduros do Plantão Psicológico
Miguel Mahfoud .................................................................. 13
Psicólogos de plantão...
Vera Engler Cury ............................................................... 151
4
AUTORES
6
NOTA À SEGUNDA EDIÇÃO
7
Plantão Psicológico: novos horizontes
Miguel Mahfoud
8
PREFÁCIO
John Keith Wood
11
Plantão Psicológico: novos horizontes
12
INTRODUÇÃO
Frutos Maduros do
Plantão Psicológico
Miguel Mahfoud
D 1
esde a primeira sistematização – nos idos
de 1987 – da inicial experiência de Plantão
Psicológico no Brasil, que se apresentava como 1
MAHFOUD, Miguel.
desafio a ser vivenciado, como semente que muda A vivência de um
de cor e se alastra no terreno de sempre com brotos desafio: plantão
psicológico. In:
frágeis mas injetando a verde esperança que tudo ROSENBERG, Rachel
transforma, desde então a proposta de um Aconse- Lea (Org.). Aconse-
lhamento Psicológico aberto às mudanças de nosso lhamento psicológico
tempo, de nossa cultura e de nossa realidade social centrado na pessoa.
foi brotando e formando raízes. São Paulo: EPU,
1987, p. 75-83. (Série
Que solo seria o mais propício ao desenvolvimento Temas Básicos de
de algo que prometia vitalidade senão o nosso próprio, Psicologia, Vol. 21).
nossa terra, nossos desafios sociais, institucionais? Apren- O texto está publi-
der da experiência a partir de um empenho com a reali- cado no presente vo-
lume. Cf. p. 17-30.
dade assim como ela é para de dentro transformá-la.
Assim, em nosso solo brasileiro a experiência de Plantão
Psicológico tomou corpo de maneira original.
O presente livro quer comunicar a sistematização
de um exercício de aprendizagem a partir da experiência
13
Plantão Psicológico: novos horizontes
16
A vivência de um desafio:
Plantão Psicológico
Miguel Mahfoud
29
O Plantão de Psicólogos no Instituto
Sedes Sapientiae: uma proposta de
atendimento aberto à comunidade
Raquel Wrona Rosenthal
OS CLIENTES
Nos três semestres do Plantão de Psicólogos,
realizamos 145 atendimentos, sendo 28 retornos.
Tínhamos estabelecido três retornos como possibilidade
máxima para cada cliente no mesmo semestre. Enten-
díamos que, cas o nos procurasse com maior freqüência,
isto indicaria a conveniência de encaminhá-lo à
psicoterapia. Tínhamos uma relação de instituições que
prestavam atendimento gratuito, como era nosso caso,
e também uma relação de psicoterapeutas dispostos a
trabalhar por honorários simbólicos.
Das 117 pessoas que nos procuraram, 52% eram
mulheres e 48% homens. Predominaram os solteiros;
o nível de escolaridade dos clientes variou de semi-
alfabetizados a curso superior completo; 17% eram
profissionais liberais (advogado, economista, psicólogo,
fisioterapeuta), e o restante composto por outras
ocupações (escriturário, comerciário, comerciante,
motorista, vendedor, feirante, office-boy, técnicos em
38
O Plantão de Psicólogos no Instituto Sedes Sapientiae
OS PLANTONISTAS
Os plantonistas se referiam com freqüência à
sua experiência como estagiários durante o tempo da
faculdade, declarando o quanto “sofreram” ao se des-
ligar do cliente por ocasião da conclusão do curso de
graduação. Agora, a questão do vínculo, a separação
do cliente, a ansiedade em função desse único encontro,
a imprevisibilidade quanto a outra oportunidade
(sessão seguinte) para eventual “reparação” de sua
atuação, tudo era discutido sistematicamente nas
supervisões. Suponho que uma das conseqüências
dessas dificuldades dos alunos foi o número de enca-
minhamentos realizados e a quantidade de interven-
ções de natureza diretiva, com tendência a oferecer
respostas e sugestões.
Outra questão diz respeito à superação do
estereótipo de que uma relação de ajuda psicológica
40
O Plantão de Psicólogos no Instituto Sedes Sapientiae
44
Plantão Psicológico na escola:
uma experiência
Miguel Mahfoud
1
O presente texto
foi originalmente
apresentado no VIII
Encuentro Latino-
americano del Enfo-
que Centrado en la
49
Plantão Psicológico: novos horizontes
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Plantão Psicológico na escola: uma experiência
51
Plantão Psicológico: novos horizontes
52
Plantão Psicológico na escola: uma experiência
53
Plantão Psicológico: novos horizontes
COM OS PROFESSORES
Quanto aos professores, é fácil que em um
primeiro momento eles sintam que somos “defensores”
dos alunos, e quase nos vejam como inimigos. Sentem-
se incompreendidos. Chamá-los a colaborar conosco na
atenção com os alunos nem sempre é potente para
romper aquela impressão. Às vezes é preciso que eles
vejam alguns passos que estão sendo dados pelo aluno e
que se liguem diretamente a seu trabalho. Dedicar-se a
explicitá-los nem sempre é fácil, mas é sempre importante.
COM OS ALUNOS
Quanto aos próprios alunos, é importante
retomar a proposta de que eles próprios podem nos
procurar, e estar atentos às tensões que nossa presença 4
Este folheto en-
suscita entre eles, para poder lidar com elas também contra-se digita-
enquanto escola no seu conjunto, além do âmbito de lizado no CD-ROM
atendimento individual ou de pequenos grupos. que acompanha o
4 livro.
Como exemplo, apresento a vocês um folheto
que lançamos quando uma outra psicóloga foi trabalhar
comigo no Colégio, e aproveitamos para lidar também
com a tensão existente entre os alunos, ligada ao fato
de que alguns deles se encontravam conosco.
55
Plantão Psicológico: novos horizontes
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Plantão Psicológico na escola: uma experiência
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Plantão Psicológico: novos horizontes
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Plantão Psicológico na escola: uma experiência
59
Plantão Psicológico: novos horizontes
COM A INSTITUIÇÃO
Quanto à necessidade de recolocar continuamente
a proposta, a nível institucional a questão também não é
simples. Às vezes nos sentimos um pouco “marcianos”.
Mas o trabalho vai sempre no sentido de responder às
demandas da instituição retomando sempre o ponto
de partida da centralidade da pessoa. De fato, isso é
muito desafiador e criativo. Criamos métodos e instru-
mentos novos ao procurar responder aos pedidos e
necessidades da instituição retomando a finalidade da
educação e as contribuições da Psicologia.
Gostaria de citar dois exemplos:
63
Plantão Psicológico: novos horizontes
64
Plantão Psicológico na escola:
presença que mobiliza
Miguel Mahfoud
Daniel Marinho Drummond
Juliana Mendanha Brandão
Roberta Oliveira e Silva
1
método, ressaltar a potencialidade de uma proposta, dar Expressamos o
visibilidade a um processo real: são objetivos do presente reconhecimento dos
capítulo. Impactar-se com a força do possível que emerge plantonistas que
colaboraram em
de uma experiência: eis a motivação destas páginas. uma primeira siste-
Experiência, é claro, se dá em tempo, espaço e matização desta ex-
contexto social determinados; e da compreensão de seus periência: Matilde
elementos fundamentais depende a continuidade de sua Agero Batista, Ivana
presença mobilizadora ao longo do tempo. Na verdade, Carla B. C. Santos,
Lilian Rocha da Silva,
se assim não fosse, nem ao menos poderíamos chamá-la Romina Magalhães,
de experiência. Procuramos, então, aqui, explicitar o Ronnara Kelles Ri-
palmilhar de um percurso feito. Compartilhado o beiro e Tânia Coelho
caminho com o leitor, a continuidade da experiência já de Alcântara.
será objeto de atenção de todos nós, cada qual em seu
tempo, espaço e contexto social.
CONTATOS INICIAIS
Nos primeiros contatos de toda a equipe do
Plantão Psicológico com a escola confirmamos, da
parte deles, o interesse e a disponibilidade em colabo-
rar. Porém, já de início eram perceptíveis as expecta-
tivas da instituição quanto ao trabalho: a de que res-
ponderíamos a demandas pré-definidas por eles,
ligadas ao que consideravam ser os problemas mais
graves, recorrentes e emergenciais como, por exemplo,
abuso de álcool e gravidez na adolescência.
Parecia-nos natural que frente à novidade da
proposta, surgisse na escola – juntamente à dispo-
nibilidade e abertura – alguma dificuldade em colocar-
se numa perspectiva diferente, centrada no aluno e a
partir de um posicionamento diverso por parte da
Psicologia. Demo-nos conta de que não era preciso
que a escola entendesse, imediatamente, tudo o que
iríamos fazer ali: o fundamental naquele momento é
que aceitasse o desafio e possibilitasse nossa atuação.
Afinal, quem de nós sabia o que estava por vir? Era o
início de nossa presença ali; e sabíamos que clarificar,
continuamente, nossa proposta era mesmo parte de
nosso trabalho. No vivo da interação com a instituição
íamos repropondo e reafirmando os princípios e os
fundamentos. Era imprescindível que fôssemos firmes
em nossa proposta assim como nas exigências
necessárias para colocá-la em prática. E então, melhor
do que argumentar seria mostrar a que viemos.
APRESENTANDO A PROPOSTA
Organizamos uma apresentação da equipe de
plantonistas e de nossa proposta para os alunos – que
sabíamos ser útil a todo o quadro da escola. Evitamos
passar de sala em sala, ou reunir a todos para explicar o
que é Plantão Psicológico. A apresentação da proposta
ao público interessado precisava ter impacto para marcar
nossa presença e nosso trabalho entre eles, sem deixar
71
Plantão Psicológico: novos horizontes
Rap do Plantão
Ninguém
Quer me entender
Ninguém
Quer me responder
E os outros no meu pé
Cada um com seu palpite
Minha cabeça dá um nó
E não há quem acredite
E eu?
O que que eu faço desta vida?
E eu?
Qual vai ser a minha história?
E eu?
73
Plantão Psicológico: novos horizontes
Reggae do Plantão
(Paródia de “Pensamento”, do grupo Cidade Negra)
Twist do Plantão
(Paródia de “Twist and Shout”)
Melô do Plantão
OS ATENDIMENTOS E AS DEMANDAS
No dia seguinte à apresentação da proposta aos
alunos, os estagiários começaram a ficar de plantão, na
sala disponibilizada pela escola, e imediatamente os aten-
dimentos começaram. Os estagiários se dividiam pelos
três turnos de aulas, de segunda a sexta-feira, e também
no sábado de manhã, o que fazia com que sempre
houvesse um ou dois estagiários na sala do Plantão,
disponíveis para os alunos.
75
Plantão Psicológico: novos horizontes
TABELA I
Número de % de alunos Número de % de pessoas % de pessoas Número de
% de
alunos matriculados pessoas atendidas no atendidas no atendimentos
atendimentos
matriculados em relação atendidas no turno em turno em re- no turno
no turno em
em cada ao número turno rela-ção ao lação ao
relação ao
turno total de total de total de
total de
alunos da alunos ma- pessoas
atendimentos
escola triculados no atendidos na
na escola
77
Plantão Psicológico na escola: presença que mobiliza
Plantão Psicológico: novos horizontes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
96
Pesquisar processos para
apreender experiências:
Plantão Psicológico à prova
Miguel Mahfoud
Daniel Marinho Drummond
Juliana Mendanha Brandão
Roberta Oliveira e Silva
1
Agradecimento
DESCRIÇÃO INICIAL
Como nosso material de pesquisa utilizamos
relatórios escritos pelos estagiários que haviam realizado
os atendimentos, que descreviam como tinham
transcorrido as sessões.
À medida em que líamos os relatórios, buscá-
vamos identificar fases que emergiam destes, corres-
pondentes ao movimento do cliente em relação à sua
demanda. Se por exemplo, o aluno contasse porque
estava procurando nossa ajuda e em seguida começasse
a falar sobre formas como já tinha agido frente à sua
questão, identificaríamos duas fases. Os relatórios que
não nos permitiam ter uma visão do processo do
atendimento, desta movimentação do aluno, foram
excluídos da análise, para que tivéssemos um maior
rigor na pesquisa.
Ficamos então com 56 relatórios de sessões,
que descreviam 37 casos de alunos atendidos. Destes
37 casos, 27 consistiram de uma única sessão e 10 de
mais de uma (entre 2 e 6 sessões).
98
Pesquisar processos para apreender experiências
voltar pra ela, o que ela não deseja porque não “tem
nada para dar certo” e porque ela está com outro
namorado.
Com essa nova perspectiva, a aluna consegue
assumir nova atitude diante da questão (ANA), a
atitude de quem não quer encontrar o ex-namorado
por três motivos que ela consegue explicitar: a
possibilidade de atrapalhar o novo namoro, no qual
ela quer investir; se o ploblema do ex-namorado for
pessoal e não tiver relação com ela, que ele procure
outra pessoa para ajudá-lo; ela quer interromper o
relacionamento deles. Neste exemplo, as fases MP e
ANA são muito ligadas e, na verdade, elas quase
coincidem já que, a atitude da aluna foi imediatamente
transformada quando ela mudou a perspectiva de sua
questão. Lembramos que a maneira de se distinguir as
duas fases está no foco central do movimento do
sujeito: na fase MP, o foco é a questão, vista sob outra
perspectiva, e em ANA, o foco é o sujeito com uma
nova atitude frente à questão.
A última fase desse atendimento é a do “decide
agir” na qual a aluna expressa que iria ligar para o ex-
namorado dizendo que iria viajar no final de semana
(como sua madrinha havia sugerido) e que, na segunda-
feira, ligaria novamente dizendo que não queria que
ele viesse procurá-la e diria os três motivos.
BUSCANDO UM PADRÃO
Após categorizar mos todas as fases dos
processos passamos a buscar algum padrão na se-
qüência em que essas fases apareciam. Ao se examinar
o conjunto dos casos que tínhamos com as fases ca-
tegorizadas, vimos que existem algumas que apare-
cem com a primeira dos atendimentos que se
repetem para a grande parte de casos, como as fases
AQ, AH ou AV. Vimos também que, ao final dos
atendimentos cujas questões estavam sendo mais bem
105
Plantão Psicológico: novos horizontes
TABELA I
Sessões
Pessoas
Demanda Analisa- Processo de Cada Pessoa
Atendidas
das
1. Arrependimen- 1. AQ - ExQ
2 2
to e culpa 2. AH - AQ - ExQ - DA
2. Busca de 1. RA
2 3
reconhecimento 2. RCA - ExQ - RQ RQ - ExQ
3. Desconfiança
nos relaciona- 0 0 -
mentos
5. Dificuldade
0 0 -
com escola
1. AH - AQ - I - AmQ - ExQ - PR
RCA - MP - OQ RQR - RQ - AP
RCA - ExQ OQ - ExQ RQ - I -
6. Dificuldade em MP - DA
4 11
escolhas /decisão 2. AQ - AH - ExQ
3. AQ - AH - ExQ - MP - ANA - DA
4. AQ - AH - ExQ - MP - PR AP -
MP - DA
1. AQ - I - AP - OQ - I - AP - OQ - AP
7. Elaboração de 2. AQ - ExQ - I - RQ - MP - IQ - ANA
4 4
perdas 3. AQ - ExQ - I - MP - ANA - DA
4. AQ - AH - I - MP - ANA
8. Falta de
correspondência
1 1 1. AQ - AH - OQ - RQ - MP - I
nos relaciona-
mentos amorosos
1. AH - AP - RQ - ExQ - MP RA
2. AQ - AH - ExQ - ANA
9. Falta de
3. AQ
reciprocidade nos
4. AQ - AH - ExQ - AP - I - DA
relacionamentos 6 9
RCA - MP - ExQ - ANA - DA RA
amorosos já
5. AV - ElQ - I - MP - DA continua
estabelecidos
na demanda 12, caso 3
6. AV - I - ElQ - ExQ - MP
106
Pesquisar processos para apreender experiências
TABELA I - Continuação
Sessões
Pessoas
Demanda Analisa- Processo de Cada Pessoa
Atendidas
das
1. AQ - I - AP
2. AQ - AH - AP
3. AQ - ExQ - OQ
10. Incômodo 4. AQ - OQ - RQ - ExQ - MP - DA
com a maneira de 5. AQ - AH - AP - PR RCA - MP -
9 11
ser e reagir às OQ - ExQ AP
situações 6. AQ - ExQ - MP - DA
7. AV
8. AQ - OQ - ExQ - AmQ - I - MP - ElQ - I
9. AV - I - AP - AH - AQ - ExQ - MP
11. Insatisfação
com as 1. AVQ - AP
2 2
atribuições e 2. AH - AQ - AP - OQ - I
contingências
1. AQ - I - AP - ANA
12. Insatisfação
2. AQ - AH - ExQ - AP - DA NC
no relaciona-
4 6 RCA à continua na demanda 2, caso 2
mento com a
3. RCA - OQ - AP - DA
família
4. AQ - AH RCA - MP
14. Preocupação
com conseqüên-
0 0 -
cias de ações ou
decisões passadas
15. Sexualidade 0 0 -
16. Demanda
1 1 1. AQ - AmQ - I - AP
indeterminada
107
Plantão Psicológico: novos horizontes
CONCLUINDO
Relatamos aqui uma atividade de pesquisa que
busca olhar com precisão o desenvolvimento dos
processos de atendimento em Plantão Psicológico
(neste caso específico, em contexto escolar), chegando
a identificar fases que nos permitam apreender os
diversos movimentos de que esse processo é consti-
tuído, de maneira a poder chegar a uma avaliação rigo-
rosa do resultado de nossas intervenções.
Sabemo-nos assim estar na esteira das preo-
cupações de sistematização do conhecimento advindo
da experiência que Rogers (1995, 1995a) com muita
clareza realizou, propôs e esperou que fosse conti-
nuada. Trata-se de uma tentativa de continuar a sis-
tematizar a experiência subjetiva advertida em seus
processos apreensíveis, registráveis e mensuráveis
109
Plantão Psicológico: novos horizontes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
111
Plantão Psicológico: novos horizontes
112
Plantão Psicológico
em hospital psiquiátrico:
Novas Considerações e
desenvolvimento
Walter Cautella Junior
3
vezes o foco eleito pelo psicoterapeuta não era o
ROGERS, Carl R. mesmo que o cliente gostaria de abordar. Com o tempo
Torna-se Pessoa.
381ª edição. São
o cliente conseguia abandonar o foco adotado pelo
Paulo: Editora Fran- psicoterapeuta e assumir sua verdadeira demanda,
cisco Alves, 1977. porém este movimento levava tempo. Em uma
ROGERS, Carl R & internação de curto prazo, o tempo é um bem precioso
STEVENS B. De e que não pode ser desperdiçado.
Pessoa para Pessoa:
O Problema do Ser Frente a essas dificuldades geradas pelas
Humano: Uma Nova características da população e da própria instituição,
Tendência da Psi- fomos levados a procurar alternativas terapêuticas
cologia. São Paulo: eficientes. Nesse momento, o plantão psicológico nos
Pioneira, 1976.
pareceu uma possibilidade bastante atraente. No entanto,
ROGERS, Carl R. e
Outros. Em Busca ficava o desafio de utilizar uma técnica terapêutica que
de Vida: de Terapia nunca havia sido testada em tais condições.
Centrada no Cliente No ano de 1992 desenvolvemos o primeiro
à Abordagem Cen- plantão psicológico em hospital psiquiátrico. O
trada na Pessoa.
procedimento consistia em colocar à disposição da
São Paulo: Summus,
1983. clientela um psicólogo preparado para o atendimen-
WOOD, John K. e to, em um lugar pré estabelecido, e por um tempo
Outros (Org.). Abor- pré determinado.
dagem Centrada na O referencial teórico adotado é amplamente
Pessoa. Vitória:
Editora Fundação
influenciado pelo existencialismo e a fenomenologia
Ceciliano Abel de e tem como linha teórica principal a abordagem centrada
3
Almeida / Univer- no cliente . A população alvo foi amplamente avisada
sidade Federal do da disponibilidade do profissional e da facilidade de
Espírito Santo, 1994. acesso através de cartazes e informações dadas pelos
outros profissionais. Previamente foi feito um trabalho
de sensibilização com esses profissionais para que pu-
dessem ter um entendimento básico da técnica e do
referencial teórico adotado e, a partir disso, pudessem
falar da disponibilidade do serviço. Aos poucos, foram
se aproximando e aprenderam como utilizar esse novo
instrumento. Na verdade foram estabelecidos vários
horários, em locais diferenciados, uma vez que o hos-
pital possui vários setores.
O plantão psicológico conseguiu colocar-se
aberto a demanda da clientela e trabalhar no sentido de
116
Plantão Psicológico em hospital psiquiátrico
5
BATESON, G. e Outros. Vários autores de várias linhas do pensamento
Hacia una Teoría de La
psicológico abordaram o papel da família e do jogo
Esquizofrenia. In:
SLUZKI, Carlos E. social no processo de adoecimento, evidenciando certa
(org.). Interacción unanimidade neste ponto. Dentre eles, podemos citar
5 6 7
Familiar: Aportes Bateson , Lidz , Laing e principalmente Harold F.
Fundamentales sobre
Teoría y Técnica.
Searles em seu artigo The effort to drive the other person
Buenos Aires: Tiempo crazy – On element in the aetiology and psychotherapy of
8
Contemporáneo, 1971. schizophrenia .
p. 19-56. A prática clínica na instituição, embasada nessa
6
LIDZ, T. e Outros.
maneira de conceber a psicodinâmica da doença
El Medio Intrafamiliar mental, tem gerado efeitos bastante positivos, visto
Del Paciente Esquizo- que o número de pacientes que percebem o seu lugar
frénico: La Transmisión dentro da dinâmica familiar e que pedem atendimento
de la Irracionalidad.
In: SLUZKI, Carlo E. também para a família, vem aumentando progres-
(org.). Interacción Fa- sivamente. A percepção do lugar que ocupam, e a
miliar. Aportes Funda- não mais aceitação de todas as responsabilidades pro-
mentales sobre Teoría
jetadas e depositadas sobre estes, levam a uma desor-
y Técnica. Buenos
Aires: Tiempo Con- ganização familiar caracterizada pelo surgimento de
temporáneo, 1971. uma angústia generalizada. Tais sintomas foram com-
p. 81-110. provados através do aumento do número de famílias
7 que pediam para ser atendidas pelo serviço de psi-
LAING, R. D. e
ESTERSON, A. Cordura, cologia através do serviço social, recepção, funcio-
Loucura y Família: nários etc. Com o aumento da demanda, fez-se ne-
Famílias de Esqui- cessário estruturar um espaço onde a angústia familiar
zofrenicos. Mexico:
Fondo de Cultura
pudesse ser contida e trabalhada. Além disso, está-
Económica, 1967. vamos otimizando o tratamento psicológico realizado
(Biblioteca de Psico- na instituição abarcando de maneira mais abrangente
logia y Psicoanálisis). o “fenômeno patológico”.
Frente ao acima relatado, quatro anos depois da
criação do plantão psicológico, introduzimos um
serviço semelhante voltado exclusivamente para os fa-
miliares dos internos. Foi aberto um espaço onde a fa-
mília é recebida como cliente. Não temos a pretensão
de acreditar que todas as famílias aceitam esse lugar
tranqüilamente. Geralmente, o membro da família che-
ga até o serviço com o seu discurso voltado ao elemento
institucionalizado, e cabe ao plantonista fazer uma
120
Plantão Psicológico em hospital psiquiátrico
130
Plantão Psicológico
em Clínica-Escola
Vera Engler Cury
Estagiários:
– inicialmente, ansiedade frente aos períodos de espera
pela chegada de clientes e;
– dificuldade em confiar em si mesmo(a), frente ao
inesperado;
– frustração pela ausência de uma equipe interdis-
ciplinar para dar suporte aos atendimentos;
139
Plantão Psicológico: novos horizontes
Supervisores:
– entusiasmo frente ao amadurecimento do grupo de
estagiários pela inclusão de plantão psicológico como
uma alternativa de atendimento;
– desenvolvimento de confiança nos recursos internos
dos plantonistas;
– necessidade de maior entrosamento com outros
supervisores;
– frustração frente à ausência de uma retaguarda
psiquiátrica;
– satisfação pela possibilidade ampliada de reflexões
e discussões sobre a prática clínica institucional nos
grupos de supervisão;
– grande interesse em dar continuidade a este tipo de
serviço, tanto em função dos benefícios à população,
quanto pelos objetivos pedagógicos;
145
Plantão Psicológico: novos horizontes
Anexo:
Plantão Psicológico:
vivência dos plantonistas
Guimarães Rosa
Grande Sertão Veredas
148
Plantão Psicológico em Clínica-Escola
BIBLIOGRAFIA:
150
Psicólogos de plantão...
Vera Engler Cury
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
155
Plantão Psicológico: novos horizontes
156