Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Diamantina
2017
Bruna Loli de Lima
Diamantina
2017
1
Orientadora: Teresa Cristina de Souza Cardoso Vale
Examinadores:
Adriana Gomes de Paiva
Lúcio do Carmo Moura
2
O Brasil precisa de uma Constituição em que o
povo seja o fundador, por votação direta, do
governo e da lei. (Ulisses Guimarães)
3
Agradecimentos
4
Resumo
A Constituição de 1988 é conhecida como a Carta Cidadã. Isso porque, em seus artigos,
encontram-se diversas referências aos direitos, sobretudo, aos Direitos Humanos. Diante disso,
esse trabalho tem por questão primeira apresentar uma discussão, sem a pretensão de esgotá-la,
acerca do que significa ser uma Carta Cidadã? Para tanto, o objetivo do trabalho é apresentar os
princípios constitucionais que se referem à cidadania e aos Direitos Humanos tentando fazer um
diálogo com a teoria que envolve esses conceitos. Por hipótese, tem-se que a Constituição de
1988 tem ampla abrangência dos princípios de cidadania e Direitos Humanos, garantindo, de
fato, a alcunha recebida. A pesquisa se faz por um levantamento teórico e, em seguida, uma
análise documental desta Carta a partir dessa teoria levantada. Para tornar viável e lógico o
argumento, este trabalho se divide em 4 itens, além da introdução e conclusão: 1) conceito e
história da cidadania, 2) conceito e história de Direitos Humanos, 3) Novas perspectivas para a
cidadania a partir dos Direitos Humanos ; e 4) a constituição de 1988 e os pressupostos de
cidadania e Direitos Humanos.
5
Sumário
Introdução 7
Conclusão 43
Bibliografia 45
6
Introdução
A Constituição de 1988 é conhecida como a Carta Cidadã. Isso porque, em seus artigos,
encontram-se diversas referências aos direitos, sobretudo aos Direitos Humanos. Diante disso,
esse trabalho tem por questão primeira apresentar uma discussão, sem a pretensão de esgotá-la,
acerca do que significa ser uma Carta Cidadã? O tema abordado nesse trabalho parece um tanto
exaustivo frente às discussões cominadas no cenário político social da atualidade. Ao se fazer
referência tanto à cidadania quanto aos Direitos Humanos, deseja-se fazer uma análise de como,
esses dois temas se encaixam na famosa e atualmente tão citada Constituição Federal de 1988.
O objetivo do trabalho é apresentar os princípios constitucionais que se referem à
cidadania e aos Direitos Humanos tentando fazer um diálogo com a teoria. Por hipótese, tem-se
que a Constituição de 1988 tem ampla abrangência aos princípios de cidadania e Direitos
Humanos, garantindo, de fato, a alcunha recebida. A pesquisa se faz por um levantamento
teórico e, em seguida, uma análise documental desta Carta a partir dessa teoria levantada. Esta se
justifica pela sua relevância acadêmica, ao contribuir para o debate já existente, e social, por
levantar questões tão caras ao cidadão brasileiro e de outra nacionalidade que por ventura viva no
Brasil.
Para tornar viável e lógico o argumento, este trabalho se divide em 4 itens, além da
introdução e conclusão: 1) conceito e história da cidadania, 2) conceito e história de Direitos
Humanos, 3) Novas perspectivas para a cidadania a partir dos Direitos Humanos ; e 4) a
constituição de 1988 e os pressupostos de cidadania e Direitos Humanos.
7
1. Conceito e História sobre a Cidadania
Esta parte tem por objetivo descrever o percurso histórico da cidadania, as principais
questões levantadas acerca do conceito e como este se deu historicamente no Brasil. Não é
pretensão deste esgotar tal discussão. Apenas pretende-se colocar os principais pontos que se
considera relevante para o objetivo deste trabalho.
8
nova era, a Absolutista, a partir de 1643. A partir disso, a cidadania passa a ter desenhado novos
contornos.
Desses ocorridos, surge uma necessidade de se dar substância a ideia de Estado, e a partir
disso, surgem as teorias contratualistas entre os séculos XVII e XVIII com John Locke, Thomas
Hobbes e Rousseau, por exemplo. O contratualismo se funda em um poder político baseado num
contrato social, que seria o divisor de águas entre o homem em seu estado natural, e o homem
como um sujeito social e político. Isso seria necessário para se estabelecer uma república
legítima. Dito de outra maneira, após o contrato social, os associados (povo), na leitura
rousseauniana, dentro da República são chamados de cidadãos enquanto participantes “da
autoridade soberana” (ROUSSEAU apud WEFFORT, 2005).
A partir dessa discussão chega-se a ideia de que o soberano é o povo (cidadão). E esse
povo vai se acrescendo, formando um grupo cada vez maior de cidadão. Surgirá então as
discussões sobre a democracia onde a autoridade soberana, tal como foi concebida na
democracia representativa e implementada na maioria dos países ocidentais, define a cidadania
como um modo do povo de participar do poder. Neste sistema político delega-se o poder a
outrem, seu representante. Assim, o povo, atribui seu poder, sua soberania a um novo corpo,
criado para servi-los: o legislador. Marx (1983), por exemplo, vai criticar a cidadania a partir
desse ponto, justamente porque, para ele, o cidadão ao delegar seu poder a outrem, perde-o,
ficando a merce desse novo corpus. A questão é que as deliberações acerca da cidadania nos
mostra que ela não é um conceito pronto. Como afirma José Murilo de Carvalho (2002) “o
fenômeno da cidadania é complexo e historicamente definido. Isso se dá devido a sua mutação
decorrente do tempo, das diferenças sociais, do momento histórico" (CARVALHO, 2002, p. 07).
Esta afirmação de Carvalho (2002) demonstra o perigo de se comparar a definição de
cidadania da Grécia Antiga – ou dos demais períodos históricos - com a definição compreendida
dos dias atuais. Ao se analisar quem era cidadão na era clássica percebe-se que a democracia
existente na Grécia Antiga era restrita a um pequeno grupo.
Continuando sob a ótica da trajetória histórica do conceito da cidadania, baseada na
corrente filosófica contratualista, especialmente de Jean Jacques Rousseau (apud WEFFORT,
2005), a Revolução Francesa – Revolução Americana, Industrial, etc - representa um dos marcos
9
da construção do que conhecemos hoje como cidadania. A pauta, nesse caso, seria basicamente a
liberdade individual ou o que chamaremos posteriormente de direitos civis.
10
sociedades as quais a cidadania é uma instituição em desenvolvimento
criam uma imagem de uma cidadania ideal em relação à qual o sucesso
pode ser medido e em relação à qual a aspiração pode ser dirigida
(MARSHALL, 1967, p.76).
Mediante isso, as gerações de direitos foram surgindo dentro de uma relação íntima com
o Estado, cujo o início, ocorre à partir do século XVIII como os direitos civis – direito de ir e vir,
direito à propriedade e à justiça, etc. Esses direitos são, segundo o autor, extremamente
importantes ao mercado, permitindo o amplo desenvolvimento do capitalismo. O direito político,
surge no século XIX, em decorrência dos direitos civis. Dentro desses direitos, ou como diz
Marshall, elementos políticos, o direito de votar e ser votado. E por fim, o elemento social no
século XX, que só é possível através da ampliação do direito político das pessoas se organizarem
protestarem e formarem opinião. A partir disso, o direito social se manifesta com o intuito de
garantir o bem-estar social/econômico, dando o direito de participar da “herança social”. Cria-se,
portanto, o Welfare State.
Ainda, para Marshall,
Marshall também coloca, dentro dessa discussão sobre cidadania, o fato de estar
vinculada a esta, os direitos e obrigações colocadas pelo Estado. Mas, ele defende que, o Estado
tem a obrigação única e exclusiva – de fato – a conceder um direito inalienável: direito de
educação às crianças.
Da astuta e cuidadosa construção marshalliana sobre a questão da cidadania, teremos
Bendix (1996) que atrelará a cada grupo de direitos a criação de uma instituição. Segundo ele,
foram criados
11
Os tribunais, para a salvaguarda dos direitos civis e, especificamente, para a
proteção de todos os direitos extensivos aos membros menos articulados da
comunidade nacional.
Os corpos representativos locais e nacionais como vias de acesso à participação
na tomada de decisão e na legislação.
Os serviços sociais, para garantir um mínimo de proteção contra a pobreza, a
doença, e outros infortúnios; e as escolas, para possibilitar a todos os membros da
comunidade receberem pelo menos os elementos básicos de uma educação
(BENDIX, 1996, p.111)
12
indivíduos são vistos como pessoas privadas e externas ao Estado. A segunda concepção
abordada por Vieira (1999), seria a comunitarista, oriunda da tradição filosofia de Aristóteles,
onde a cidadania é ativa, e integrada em uma comunidade política. Um seria, portanto, baseada
nos direitos individuais, e no igual tratamento, e o outro, que define a participação no governo
como essência da liberdade.
[esses] dois eixos dão lugar a quatro tipos de cidadania. O primeiro, em que a
cidadania é conquistada de baixo para cima, dentro do espaço público, seria
representado pela trajetória francesa. A cidadania seria aí, fruto da ação revolucionária
e se efetivaria mediante a transformação do Estado em nação. No segundo, a cidadania
seria também obtida de baixo para cima, mas dentro do espaço privado. O exemplo
seria o caso norte-americano. O terceiro tipo refere-se aos casos de cidadania
conquistada mediante a universalização de direitos individuais (espaço público) mas
com base em concepção do cidadão como súdito. Corresponderia ao caso inglês após o
13
acordo de 1688 que restaurou a monarquia. Finalmente, uma cidadania construída de
cima para baixo dentro do espaço privado poderia ser encontrada na Alemanha. Nesse
último caso, ser cidadão poderia ser sinônimo de ser leal ao Estado. O cidadão alemão
teria sido criado pelo Estado e não teria a energia associativa do cidadão norte
americano (CARVALHO, 1996, p. 338).
Outra abordagem colocada por Carvalho (1996), está baseada em três tipos de cultura
política: paroquial ou localista, súdita e participativa e a cultura cívica. Para essa análise, o autor
utiliza-se da discussão de Almond e Verba (1965) fazendo alusão às diversas formas existentes
em que a população se relacionar com o sistema político e de se relacionam entre si.
Carvalho (1996) nos chama a atenção para o fato de que, apesar de a cidadania
brasileira ter sido concedida, ou seja, de cima para baixo, sob um poder centralizado no Estado,
este não se comporta necessariamente como “público e universalista”, uma vez que “de um lado,
o Estado coopta seletivamente os cidadãos, e de outro, os cidadãos buscam o Estado para o
atendimento de interesses privados” (CARVALHO, 1996, p. 339). Portanto, um caráter não
cívico, ou participativo, ou algo como um cidadão inativo (que seria equivalente ao
paroquialismo de Amond e Verba (1965) é o que acaba como forma predominante no Brasil.
Além dessas concepções e ramificações, a cidadania também abarca a questão de
identidade: “a existência de uma identidade nacional, para além da simples titularidade de
direitos, tem sido reconhecida como ingrediente indispensável da cidadania” (CARVALHO,
1996, p. 342). O que se percebe hoje, é que a diferente trajetória brasileira passou por diversos
percursos, em alguns avançando, em outros, retrocedendo. Ou seja, não ocorrera de forma tão
“lógica e organizada” como na Inglaterra.
Diante deste percurso construído nesta parte - história, conceito e a cidadania no Brasil -
cumpre seguir no propósito deste trabalho. Mas antes, é necessário definir os Direitos Humanos,
bem como sua trajetória histórica. É o que se fará na parte a seguir.
14
2. Conceito e História sobre os Direitos Humanos
15
existem povos tão distintos e, como tal, deve-se respeitá-los. A discussão da universalidade
acaba por trazer um risco de hierarquização entre as culturas, comparando-as umas com as outras
e inferiorizando uma frente a outra.
Dessa maneira, para iniciar a discussão proposta é importante fazer um breve histórico
acerca dos primórdios do pensar sobre o homem e sua dignidade. Segundo o autor Comparato
(2010) tudo gira em torno do homem e, consequentemente, da sua existência.
Segundo Comparato (2010) há relatos que o termo dignidade humana foi construído em
três etapas, sendo primeiramente baseado no âmbito religioso, “com a afirmação da fé
monoteísta”. (COMPARATO, 2010, p. 13). Segundo essa concepção, o homem é tido como
frágil e passageiro, mas ao mesmo tempo, de suma importância na criação do mundo, pois,
segundo a bíblia (tradição cristã/judaica), ao homem foi dado o poder sobre todos os seres
viventes.
Essa "eminente posição do ser humano no mundo” (COMPARATO, 2010. p. 15)
também fora discutida na filosofia surgindo a segunda etapa da formulação das ideias sobre
dignidade humana, em que a principal questão ali colocada era: “quem é o homem”? Por meio
desta indagação, surge uma valorização da posição do homem como um ser que possui a
capacidade singular de pensar sobre si mesmo, ou seja, capacidade de ser racional, de colocar “a
si mesmo como objeto de reflexão” (COMPARATO, 2010, p. 15).
A terceira e última etapa, de acordo com Comparato (2010), começa a surgir com a
filosofia Moderna de Descartes. Neste momento, esta modifica-se para explicações mais
racionalizadas através do advento da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin. Esta
última, em certa medida, afasta mesmo que de maneira sutil, a religião das explicações
concernentes à criação do mundo, e dos seres, incluindo é claro, o ser humano. Mas ainda
mantém o homem como ser predominante dentre os animais.
Ainda segundo Comparato (2010), a concepção Darwiniana coloca o ser humano como
ápice da cadeia evolutiva, e tudo gira em torno dele. A partir daí, inicia-se um fervoroso e
interminável debate sobre a existência dos seres e se a sua evolução está vinculada ao Deus
bíblico ou ao acaso. Toda essa discussão é colocada pelo autor como de grande importância,
principalmente porque as bases dos Direitos Humanos têm as suas raízes nessas ideias,
16
afirmando a importância de não ignorar a existência, uma vez que ignorando-a, não se pode, por
exemplo, distinguir a justiça da iniquidade (COMPARATO, 2010, p. 17).
O autor estabelece também um período na história chamado de período axial, que ocorre
no século VIII a. C, século em que o monoteísmo é fortemente enfatizado pelo profeta Isaías.
Para o autor, foi nesse período que “se enunciaram os grandes princípios e se estabeleceram as
diretrizes fundamentais de vida, em vigor até hoje” (COMPARATO, 2010, p. 21). Já no século V
a. C., nasce a filosofia, e juntamente com ela a refutação dos mitos religiosos tradicionais sob
essa questão do homem. Portanto,
é a partir desse período axial, que pela primeira vez na história, o ser humano
passa a ser considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de
liberdade e razão, não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou
costumes sociais. Lançavam-se assim, os fundamentos intelectuais para a
compreensão da pessoa humana e para a afirmação da existência de direitos
universais, porque estão a elas inerentes (COMPARATO, 2010, p. 24).
Mas, mesmo com essas concepções do ser humanos, somente séculos depois é que irão ser
consolidados e que serão reconhecidos praticamente todos os povos como livres e iguais em
igualdade e em direitos.
Essa história recente, por sua vez, foi dominada por um grande paradoxo:
apesar de existir um consenso quase absoluto em torno da dignidade
humana como ideia fundadora dos Direitos Humanos, o significado e
alcance concreto dessa ideia apresenta, ao contrário, um desacordo
17
generalizado e amplo (BOBBIO 1991 apud MONSALVE E ROMÁN,
2009, p. 41)
Como tentativa de se evitar esses dilemas, faz-se necessário reformular essa problemática
em que os autores traçam a reconstrução conceitual de três tensões que giram em torno da
dignidade humana. Primeiramente, é abordada a tensão entre o caráter natural e artificial, em
que o caráter natural se dá como inerente, ou seja, que faça parte da espécie humana “sem
importar traços acidentais, tais como seu lugar de nascimento, sua origem étnica, sua posição
social, seu gênero etc”. (MONSALVE e ROMÀN, 2009, p. 43). E, tal atributo, segundo os
autores, é dado por Deus ou pela própria natureza. Sendo assim, a dignidade humana está nele
(ser humano) desde a sua criação.
A primeira tensão se refere a dignidade humana como algo que lhe está impregnado
desde sempre, algo que já nasce com ele, de maneira que não cabe ao Estado reconhecer essa
dignidade, uma vez que, qualquer ser humano a possui seja sob qualquer condição de existência
como local de nascimento, condição social, etc. A questão dessa característica “natural da
dignidade humana” é: quem conferiu essa dignidade? Ou seja se não é o Estado que confere a
todo o ser humano, quem a confere? Nesse tocante, seria Deus? Seria por acaso, uma questão de
fé? Nesse sentido, a tensão desse caráter natural, está colocado pelos autores como uma “carga
metafísica”, uma vez que não se pode ter apenas “uma única natureza humana”.
Dessa discussão deriva outro caráter sobre a dignidade humana, ou seja, um caráter
artificial. Neste é atribuído a condição de dignidade humana como um acordo entre inter
humanidade. Nesse caso, a dignidade é como “uma ficção moral, política e, em especial, jurídica
que se predica de todos os membros da espécie humana. Assim, são os Estados, em particular os
constitucionais respeitosos dos direitos e das liberdades, que criam o princípio jurídico-político
da dignidade humana. (MONSALVE e ROMÀN, 2009, p. 44)
A tensão desse caráter artificial considera que, segundo os autores, a dignidade humana
encontra-se nas mãos apenas de um princípio jurídico/político, por mais que seja garantidor de
uma certa ordem na sociedade. Tal princípio dá a eles o poder de, em algum momento, “não se
18
considerem alguns membros da espécie como portadores dessa ficção chamada ‘dignidade’”.
(MONSALVE e ROMÀN, 2009, p. 44)
A segunda tensão está no contraponto entre o aspecto abstrato ou concreto da
dignidade humana. Inicialmente a dignidade humana está baseada na teoria de Kant, onde
nenhum ser humano pode ser “instrumentalizado para nenhum outro fim” (MONSALVE e
ROMÀN, 2009, p 44). Ou seja, ao ser humano não pode ser atribuído qualquer tipo de preço, não
poder ser usado como um meio para a realização de ideais de outrem, mas apenas como um fim
para si próprio. Segundo os autores, Kant objetivou dizer ao contrário do utilitarismo, falando
sobre a “sua liberdade inata” (MONSALVE e ROMÀN, 2009, p. 44). Portanto, devido a essa
liberdade inata, e a sua racionalidade e, por conseguinte, sua capacidade “autolegisladora”, a
dignidade humana se torna algo universalizado.
Para Monsalve e Roman, o oposto dessa afirmação é tratado muitas vezes como um
caráter quase que inquestionável, mas nesse contexto, é necessário uma concepção mais prática,
o que envolve uma ideia de dignidade humana conectada a ideia de bem-viver. Segundo os
autores, “não obstante, o risco que se corre por esse caminho é o de desfigurar a tal ponto a
própria ideia de dignidade, de tal forma que ficaria reduzida a questões determinadas, pontuais,
cotidianas e até irrelevantes" (MONSALVE e ROMÀN, 2009, p. 45).
Por fim, a terceira tensão tem seu pilar está baseado na ideia de uma dignidade humana
universal e engessada, como uma qualidade atribuída a todo o ser humano em qualquer lugar.
Porém, essa concepção ignora que há anacronismos e equívocos no tocante à cultura, locais e
épocas. Seria como se considerasse o mundo ainda como uma pangeia (geográfica e social). Em
oposição, o caráter particular, teria a argumentação de que o que existe são uma série de
concepções de diversos tipos de dignidades postos em prática sob determinados grupos. A tensão
aí seria que, nessa construção universal de uma dignidade humana, não se leva em consideração
por exemplo, que o ser humano “sofre e tem necessidades, não enquanto ser humano em geral,
mas enquanto trabalhador explorado, ou enquanto mulher, ou enquanto indígena etc”.
(MONSALVE e ROMÀN apud FERNÀNDEZ, 2001, p. 46). Ao mesmo tempo, no caráter
particular, torna-se perigosa essa variedade de particularidades, uma vez que se pode dissolver a
ideia de dignidade humana. Ainda sobre a dignidade da pessoa humana, os autores aqui
19
mencionados falam da dignidade da pessoa humana aludidas nos tratados internacionais. Os
autores apontam como e onde no documentos, a dignidade humana é explicitada.
Tendo em vista a origem e os princípios associados aos Direitos Humanos, resta
conceitua-lo. Para iniciar, os Direitos Humanos são conceitos e não conceito, no singular.
Quando se diz conceitos quer dizer que apesar de um mínimo comum, os Direitos Humanos têm
como afirma o teórico Dornelles (1993) diversos tipos de lentes, e que podem variar, dependendo
da percepção de uma determinada cultura (política ou social). Para ele está claro que, não existe
um conceito uniforme que se possa definir os Direitos Humanos.
Na Atualidade, pensar em direitos internacionais está intrinsecamente ligado a pensar
Direitos Humanos. O direito internacional referente aos Direitos Humanos possui um amplo
conjunto de diretrizes que visam a proteção da dignidade da pessoa humana. Portanto, para
Dornelles (1993), é impossível se ter apenas um único respaldo para fundamentar os Direitos
Humanos. “O que importa é que os direitos ou valores (dependendo da ótica) considerados
fundamentais sofrem uma variação de acordo com o modo de organização da vida social”
(DORNELLES, 1993, p. 15/16).
Nesse sentido, o autor pressupõe então, três concepções filosóficas, a saber: concepções
idealistas: pressupõe como tratando os Direitos Humanos baseado em uma visão “metafísica e
abstrata”, cujos valores, que são transcendentais, são manifestadas mediante a vontade divina.
Essa é a concepção que trata os Direitos Humanos como inerentes à pessoa humana, ou seja,
“independente do seu reconhecimento pelo estado. (DORNELLES, 1993, p. 16); concepções
positivistas: os Direitos Humanos que emanam do poder do Estado através de um
reconhecimento jurídico, portanto, os direitos fundamentais e a sua praticabilidade “dependem
do reconhecimento do poder público”. (DORNELLES, p. 16-7); e concepções
crítico-materialistas: acentua-se no século XIX, com base no pensamento Marxista, como uma
crítica ao pensamento liberal, onde se tratava os Direitos Humanos, conceituados de maneira a se
viabilizar um certo benefício aos interesses da burguesia ascendente naquele momento.
Com relação a essas concepções, Dornelles (1993) afirma que “com base nessas três
concepções é que se desenvolveram as diferentes explicações sobre os Direitos Humanos,
20
marcando profundamente o processo de formulação e evolução conceitual do tema”
(DORNELLES, 1993, p. 17).
Dornelles fala sobre as três gerações dos Direitos Humanos, que já fora explicitado nesse
trabalho, na primeira parte. Mas diante dessas fases da construção das diversas concepções do
que são Direitos Humanos, a maior preocupação com essa discussão ganham relevância
principalmente após a Segunda Guerra Mundial, diante dos abusos e violações da dignidade da
pessoa humana ocorridos nesse período, também já mencionado anteriormente. Com isso,
inicia-se uma série de tratados internacionais, que foram se alastrando e, com o passar do tempo,
começam a ser amplamente discutidos e difundidos e, consequentemente, implantados.
Portanto, para Dornelles (1993), o processo que se iniciou no século XX foi a progressiva
incorporação dos Direitos Humanos no plano internacional, enquanto o século XIX se
caracterizou por ser o momento do reconhecimento constitucional, em cada Estado, dos direitos
fundamentais. Portanto, para ele, a área do conhecimento que começou a tratar do tema passou a
ser chamada de "direito internacional dos Direitos Humanos ", encontrando-se ainda em processo
de formação conceitual.
Ainda sobre a importância dos Direitos Humanos neste século, o autor menciona que
Portanto, esse contexto do século XX trouxe uma nova realidade que com o passar do
tempo, e através de reivindicações cada vez mais específicas feitas através de, e principalmente,
movimentos sociais, aparecessem novas necessidades que estavam além dos direitos
21
fundamentais. Como exemplo, o autor cita o direito à paz, o direito ao desenvolvimento, e assim
por diante.
Com isso, fez-se necessário a criação de ferramentas para que se pudesse ter um maior
controle das ações estatais para com os seus habitantes. Para que isso ocorresse, procurou-se
promover os direitos e garantias fundamentais de modo que o próprio estado adotasse uma
política internacional para “uma resolução pacífica dos conflitos e contradições e de efetivo
respeito ao elenco de direitos conhecidos internacionalmente, independentemente de
nacionalidade, raça, sexo, idade, religião, opinião política, condição social, etc”. (DORNELLES,
1993, p. 39)
Mas, como tudo tem um porém, o autor fala que, apesar desses avanços, o problema
maior empregado no direito internacional, seria a carência de “um órgão controlador direto e
fiscalizador com capacidade de exigibilidade sobre as ações violadoras de um Estado"
(DORNELLES, 1993, p. 39). Para ele, a soberania nacional em certo ponto, impede a efetividade
da ação desses tratados internacionais criando aí a necessidade de novas convenções e tratados
que possam assegurar o respeito devido à paz e a segurança nacional. Portanto,
Por fim, os Direitos Humanos como uma construção conceitual podem ser visualizados
ao longo dos processos históricos sem qualquer linearidade ou evolução. Percebe-se que há
momentos de avanços e momentos de retrocesso se confundindo no tempo e espaço humano. Em
termos conceituais Dornelles (1989) afirma que,
22
A discussão acerca dos Direitos Humanos no Brasil ganhou fôlego somente após a
promulgação da Constituição de 1988. Diante disso, a discussão sobre este ficará para a última
parte. Além disso, tendo em vista toda a discussão apresentada, resta fazer uma discussão de
como os Direitos Humanos e a cidadania se unificaram em um único discurso. É o que será feito
na próxima parte deste trabalho.
23
3. Novas perspectivas para a cidadania a partir dos
Direitos Humanos
A partir das discussões feitas anteriormente, é possível afirmar que cidadania e Direitos
Humanos têm íntimas ligações históricas, mas um enorme distanciamento conceitual. A
cidadania diz de uma nação, de um território restrito em que o cidadão saindo deste, não tem
garantidos seus direitos. Os Direitos Humanos tratam dos direitos numa perspectiva planetária.
Indivíduo é indivíduo onde quer que ele esteja e, portanto, é detentor de dignidade, logo, Direitos
Humanos. Esta é uma discussão mais recente na literatura. Há diversos autores, mas aqui nos
concentraremos em apenas dois: Avritzer (2002) e Carvalhais (2006).
24
(knowledgeable citizenry). O partilhamento de uma linguagem comum e
de uma historicidade simbólica comum são as formas mais completas de
alcançar [essa unidade] (GIDDENS apud AVRITZER, 2002, p. 36).
Avritzer (2002) afirma ser possível pensar a cidadania na atualidade sob duas categorias
Para esse autor, cada uma dessas modalidades de cidadania, caracterizada por ele de
mundial, seria capaz de minimizar os efeitos perversos do cada vez mais crescente processo de
expansão do mercado financeiro e das restrições impostas pelos Estados Nacionais. Para o autor,
no caso dos direitos legais, eles representariam uma abertura para circulação das pessoas num
mundo em que apenas as mercadorias circulam livremente, de certa forma seria como “estender
o processo de internacionalização das mercadorias para as pessoas” (Avritzer, 2002:51). Já os
direitos sociais globais consistiriam numa regulamentação das condições de trabalho em termos
internacionais, uma luta concreta contra a superexploração (RAMOS e VALE, 2017).
A autora utilizada para esse tópico possui uma sistematização melhor elaborada da
temática, mas na verdade trará a discussão feita por Soysal (1998). No entendimento de Isabel
Carvalhais (2006), cidadania pós-nacional significa que todos os indivíduos teriam direito a “ser
partes ativas nos processos de decisão que potencialmente os afetam” (CARVALHAIS, 2006, p.
17).
25
cidadania como algo universal, sendo que, a nacionalidade pode ser entendida como um vínculo
que liga o indivíduo ao Estado soberano, e independe da manifestação da vontade do indivíduo
de fazer ou não parte de determinado povo.
26
o culto da aversão ao diferente foram na esfera cultural estratégias de
consolidação do poder do estado relativamente bem sucedidas até aos
inícios do século XX, porque as condições gerais das sociedades (com
destaque óbvio para as condições tecnológicas nas áreas dos transportes e
das comunicações) assim o permitiam (CARVALHAIS, 2006, p. 112).
Diante disso, com o advento dos Direitos Humanos, e da ascensão dos estudos referentes
à dignidade humana, a partir do século XXI não se aceita mais, diante de sociedades tão distintas,
a ideia de uma cidadania restrita à esse requisito privilegiado de nacionalidade. Segundo a
autora, essas indagações referentes à cidadania pós-nacionais são importantes uma vez que, uma
concepção restrita de cidadania não está “em compatibilidade com o projeto dos Direitos
Humanos (CARVALHAIS, 2006, p. 113)
27
A cidadania pós nacional pressupõe então um
Por fim, o desafio colocado é pensar um tipo de cidadania que ultrapasse o jogo de
inclusão/exclusão que caracteriza a cidadania vinculada ao pertencimento a um Estado Nacional.
Tudo isso sem desconsiderar a identidade original com uma determinada comunidade política,
mas estabelecendo uma mediação entre o sentimento de pertencimento local integrado a uma
comunidade global compartilhado valores éticos, morais e um senso de justiça universal (SILVA,
2008). Para se chegar ao objetivo deste trabalho, vamos agora à Constituição de 1988, nosso
objeto de avaliação e estudos.
28
4. A constituição de 1988 e os pressupostos de cidadania
e Direitos Humanos
29
Hack (2012) o Brasil desde a sua independência teve oito constituições diferentes1, sendo quatro
delas promulgadas (1892, 1934, 1946 e 1988) e quatro delas outorgadas (1824, 1937, 1967 e a
emenda constitucional 01/1969). São chamadas constituições promulgadas aquelas que passaram
por um processo de construção e aceitação democráticos. Segundo Moraes (2008) derivadas de
uma Assembleia Nacional Constituinte integrada por representantes do povo. Já as Constituições
outorgadas, se referem àquelas que são deliberadas sem a participação popular, por intermédio de
uma prescrição do poder de sua determinada época.
A Constituição do Brasil Império de 1824 é essencialmente clássica, pois segundo Lafer
(2005) dispunha apenas sobre a competência dos poderes políticos e elencava direitos voltados
para assegurar a liberdade. Já a Constituição de 1892, para o autor, em contraste com a
Constituição do império, contemplou a proibição da guerra de conquista em seu artigo 88 e o
estímulo a arbitragem em seu artigo 34, que fazia alusão a visão de Kant, a qual identificava uma
vocação pacífica na forma republicana de governo. A Constituição de 1934 como Hack (2012)
afirma, foi marcada por ser a primeira a prever direitos de caráter social e a primeira a tratar de
questões econômicas de educação, família e cultura. Além disso, estabeleceu o voto feminino e
criou a Justiça Eleitoral e os Tribunais de Contas. As demais Constituições não trouxeram
novidades. Apenas reacendiam proposições já existentes em outras, como a de 1946, ou
outorgavam regimes autoritários, como as demais.
Com o fim da ditadura militar em 1985, foi nomeada uma junta para que fosse elaborado
um pré projeto constituinte de onde originou a Assembleia Nacional Constituinte, iniciada em 1o
de fevereiro de 1987. A Assembleia Nacional Constituinte segundo Hack (2012) foi formada por
deputados e senadores, e seu texto foi aprovado em dois turnos de discussão, sendo aprovada
pela maioria deles. Foi então que, no dia cinco de outubro de 1988, a Constituição da República
Federativa do Brasil teve seu texto promulgado. Ela foi “aclamada pela maioria da doutrina
como um dos textos constitucionais mais avançados do mundo” (HACK, 2012, p. 50).
1
Sete, se não considerarmos a Emenda Constitucional de 1969.
30
4.2. O(s) Sentido(s) da Constituição de 1988
A Constituição promulgada possui diversos sentidos. Talvez o mais destacado pela
história seja o fato dela ratificar importantes tratados internacionais sobre Direitos Humanos
(PIOVESAN, 2008). A Carta Magna Brasileira incorpora a proteção dos Direitos Humanos no
âmbito do direito brasileiro como jamais aconteceu no país. Diante disso, Piovesan (2008) afirma
que dentre as principais ratificações que estão inseridos na Constituição de 1988, destacam-se
31
parlamento; restaurou o presidencialismo da 4ª República, reduzindo o poder de iniciativa das
leis do chefe do Executivo e tirando-lhe o manuseio do decreto-lei e do decurso de prazo. No
entanto, permitiu a este o recurso das medidas provisórias, do modelo italiano mesmo depois de
tão deploráveis abusos (PORTO, 1989, p. 365).
A Constituição brasileira de 1988 consagra os Direitos Humanos como referências
basilares de toda a legislação interna, ao garantir, logo no seu primeiro artigo a soberania, a
cidadania e a dignidade humana, como os primeiros (daí derivaria, principais) fundamentos do
estado democrático de direito brasileiro. Diz ela,
Em seus nove títulos, cumpre evidenciar, além do já destacado artigo primeiro, os artigos
5o ao 17o (Título II), onde se descrevem os direitos e garantias fundamentais, reunindo os
direitos e deveres individuais e coletivos, os direitos sociais, a nacionalidade e os direitos
políticos e outros. Outro importante trecho dessa Constituição, fortemente vinculado aos Direitos
Humanos é o Título VIII, Ordem Social. Neste são tratados temas referentes ao desenvolvimento
social, tais como, saúde, educação, cultura, meio ambiente, família, população indígena e outros.
Ou seja, nesse trecho fala-se do acesso à direitos. Abordaremos essa questão com vagar adiante.
Foram muitas as inovações constitucionais. E essas inovações foram extremamente
importantes dado o objetivo de expor uma imagem mais positiva do Estado brasileiro na
32
conjuntura internacional. Segundo Flávia Piovesan (2008), um marco do processo de integração
nos tratados internacionais de Direitos Humanos na Constituição, foi a ratificação da Convenção
contra a tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, ocorrido em 1989.
A Constituição Federal de 1988, em seu o art. 1º, parágrafo III, deixa claro uma
referência a esses novos valores de dignidade da pessoa humana adotados através dos tratados
internacionais de Direitos Humanos. Estes acabaram por se tornar uma espécie de espinha dorsal
de todo o documento. Segundo Piovesan (2008) o valor da dignidade humana foi, nessa
Constituição, elevado ao patamar de princípio fundamental da Carta. Tudo isso faz crer que ela
efetivamente colocou em primeiro plano toda a discussão acerca da dignidade da pessoa humana,
amplamente discutida na parte 2 deste trabalho.
33
todos os outros já experimentados" (CHURCHILL, S/D). Para além dessa assertiva do premier
inglês, a democracia é o processo de convivência social em que ocorre a afirmação da cidadania
de um povo, sendo-lhe garantidos os direitos fundamentais, mediante o exercício direto ou
indireto do poder que dele emana, e que visa seu benefício. Seus valores básicos são: liberdade e
a igualdade. Princípios básicos: soberania popular e participação do povo no poder. A
democracia brasileira engloba todos os princípios acima descritos.
Uma avaliação técnica da Constituição de 1988 pode-se dizer que ela está dividida em
nove títulos: Título I - Princípios Fundamentais; Título II - Direitos e Garantias Fundamentais;
Título III - Organização do Estado; Título IV - Organização dos Poderes; Título V - Defesa do
Estado e das Instituições Democráticas; Título VI - Tributação e Orçamento; Título VII - Ordem
Econômica e Financeira; Título VIII - Ordem Social; Título IX - Disposições Constitucionais
Gerais. Para este trabalho os principais são o título I - Princípios Fundamentais; o Título II -
Direitos e Garantias Fundamentais e por fim o Título VIII - a Ordem Social.
a) Do Título I
Em se tratando da estrutura da Constituição de 1988, no Título I, do artigo 1º ao 4º temos
os fundamentos sob os quais constitui-se a República Federativa do Brasil, como já mencionado.
Esta é definida como sendo constituída pelo poder democrático em que seus princípios estão na
dignidade da pessoa humana. Segundo Silva (1998) afirma, a dignidade da pessoa humana na
Carta de 1988 é um valor supremo.
34
sociais, dentre outros. No artigo 1o parágrafo segundo, CF/88 se refere à cidadania como um
fundamento do Estado democrático de Direito. Nesse sentido, a cidadania está colocada aí, como
afirmam Paulo e Alexandrino (2015) como uma expressão em um sentido mais abrangente, o
que quer dizer que cabe ao poder público
b) Do Título II
O Título II desta Constituição aborda os Direitos e Garantias Fundamentais, do artigo 5º
ao 17. Nestes são elencados uma série de direitos e garantias, reunidos em cinco grupos básicos e
por capítulos: Capítulo I: Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; Capítulo II: Direitos
Sociais; Capítulo III: Nacionalidade; Capítulo IV: Direitos Políticos; e Capítulo V: Partidos
Políticos. As garantias ali inseridas (muitas delas inexistentes em Constituições anteriores)
representaram um marco na história brasileira. São instrumentos de proteção do indivíduo frente
à atuação do Estado. Basicamente, direito fundamental é direito protetivo. São direitos que
garantem o mínimo necessário para que um indivíduo exista de forma digna dentro de um
Estado.
Portanto, a dignidade da pessoa humana como pré-requisito mínimo para uma vida em
sociedade, dentro de um Estado, não está assegurada se há incongruências que “ferem” os
preceitos dos Direitos e Garantias Fundamentais. Como afirma Silva (1998)
Pode-se então dizer, que esse segundo título da Constituição Federal, está contida um dos
artigos mais citados e estudados na política, no direito, na sociologia, dentre outros: o art. 5o, que
fala claramente sobre esses aspectos. Mas não é somente no art 5o da Constituição que se pode
encontrar algo sobre direitos e garantias fundamentais, mas ao longo de toda a Constituição, se
fala exaustivamente, mas sem que se corra o risco que que um artigo apenas, como por exemplo
o 5o, anule os demais, conforme dito do parágrafo II desse mesmo artigo.
Fazendo uma breve análise dos termos, direitos e garantias não são palavras sinônimas.
Ambos são fundamentais, ligados a questão da dignidade da pessoa humana, essenciais a
existência do indivíduo de forma digna. O direito nada mais é do que um benefício oferecido à
pessoa pelo Estado. Ou seja, o Estado reconhece algo como existente e literalmente preserva,
respeita. Pode-se dizer, segundo Cavalcante Filho (S/D)
Já a garantia pode ser entendida como uma ferramenta que foi criada para assegurar a
realização de direitos que estão previstos pela lei. Então, quando se tem um direito, e esse direito
precisa ser protegido e assegurado com o objetivo ser preservado, e atender o seu propósito
máximo que é o reconhecimento e o respeito à essa declaração, têm-se como instrumento de
efetivação, a chamada garantia.
Portanto, como afirma Paulo e Alexandrino (2015, p. 100)
36
direito à vida corresponde a garantia de vedação à pena de morte; ao direito à liberdade
de locomoção corresponde a garantia do habeas corpus; ao direito à liberdade de
manifestação do pensamento, a garantia da proibição da censura etc.
Ou seja, as garantias defendem hoje os direitos consagrados pelo Estado, mas que não
estão sendo respeitados pelo poder público.
c) Do Título III
Da Ordem Social, nome dado ao Título VIII, temos do artigo 193 ao 232 tratados os
temas relacionados ao bom convívio e desenvolvimento social do cidadão, como deveres do
Estado, a saber: Saúde (Seguridade Social e Sistema Único de Saúde); Educação, Cultura e
Desporto; Ciência e Tecnologia; Comunicação Social; Meio Ambiente; Família (incluindo nesta
acepção crianças, adolescentes e idosos); e populações indígenas. A ordem social logrou uma
importância jurídica, principalmente em meados do século XX, sendo seus precursores, a
Constituição Mexicana e a Constituição alemã Weimar.
Em 1934, o Brasil também comportou essa ordem social e econômica, uma vez que,
anteriormente, na Constituição de 1924, a Constituição brasileira estava baseada em ideais mais
liberais. Já na Constituição de 1988, como afirma Denilson Bertolaia e Massimo Palazzolo
(2016) “especificaram-se essas ordens sob títulos próprios: Dos Direitos Sociais (Cap. II, Título
II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais) e Ordem Social (Título VIII)”. (BERTOLAIA e
PALAZZOLO, 2016, p. 285).
Para Silva (1998), o objetivo do título da ordem social nada mais é do que o primado do
trabalho e também o bem estar social e as justiças sociais e, mais ainda, a ordem social é uma
extensão do núcleo fundamental da constituição acerca da proteção ao ser humano, ou seja, os
direitos sociais, tem uma extensão de proteção no título ordem social na constituição. Isso
significa que por razão disso, a ordem social nada mais é do que uma extensão dos direitos
fundamentais previsto do título 2 da constituição. A ideia ali é valorizar o trabalho humano, mas
ao mesmo tempo também preservar a livre iniciativa, e isso traz um equilíbrio às relações sociais
ou seja, garantir às pessoas uma existência digna.
37
Seguridade social foi uma das mais relevantes modificações na Carta de 1988. Portanto,
para Guilherme Delgado, Juliana Jaccoud e Roberto Passos Nogueira,
Nesse sentido, a seguridade social como garantidora de todo um sistema para a sociedade
e preserva o aspecto da saúde, o aspecto da previdência e o aspecto da assistência, do auxílio
social. No Art. 194, traz quais os princípios que regem a chamada seguridade social no Brasil
que é pode ser entendida como um conjunto de ações do poder público, não só vinculado a união
mas a todas as esferas da federação em âmbito nacional e municipal está pautado nos seguintes
princípios: I - princípio da universalidade, da cobertura e de atendimento: significa que todas as
pessoas indistintamente têm direito ou seja, tem acesso e isto vai ser custeado e arcado pelo
Estado, à saúde, à previdência, e a assistência social. II - o princípio da uniformidade e
equivalência dos benefícios e serviços. Tanto em âmbito urbano quanto em âmbito rural não é
possível retirar, privar ou privilegiar urbano ou rural quanto à proteção da seguridade social
(equivalência dos benefícios). III - Princípio da seletividade e distributividade dos benefícios e
serviços: na prestação dos benefícios e serviços da seguridade social, ou seja, vamos atingir o
maior nível possível de pessoas necessitadas e vamos priorizar o atendimento a elas distribuindo
2
Disponível em
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4347/1/bps_n17_vol01_seguridade_social.pdf, 17//02/2017,
20:50h.
38
serviços e benefícios à todos aqueles que precisem do auxílio do Estado para viver de forma
digna nessa sociedade.
É por essa razão que os benefícios da assitência social não são pagos à todos os
indivíduos da sociedade. Só deve receber os benefícios quem precisa. Permitir que todos tenham
acesso e possam ter o direito a saúde assistido em todas as medidas pelo Estado. Esses direitos,
muitos deles são de 2a geração, aplicados ao coletivo.
Por fim, resta apresentar as Dimensões dos Direitos Fundamentais, relevantes para a
constituição da Carta Magna ora avaliada. Essas dimensões iniciam-se com os Ideais da
Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. A primeira dimensão é consagradora de
direitos civis e políticos, porque o enfoque da proteção desses direitos é a liberdade do indivíduo.
Então o que se tutela aos direitos de primeira dimensão é a liberdade do indivíduo, as chamadas
liberdades clássicas. Direito à vida, à existir, à liberdade, à segurança à propriedade, etc. A ideia
é que o estado não interfira, protegendo o indivíduo da condição de ser o que ele é. Estado
liberais, que se abstém de intervir na vida da pessoa. Nessa fase o Estado não tem políticas
públicas para a atuação nesse contexto social.
Na segunda dimensão, a atuação do Estado, ao contrário da primeira dimensão, é ativa,
ou seja, garante o mínimo necessário para que o indivíduo possa usufruir dos direitos. Portanto,
nessa fase, há uma Propiciação de condições mínimas que incluem os indivíduos num contexto
social e proporcionam a eles condições mínimas para que eles possam exercer plenamente os
seus direitos de primeira dimensão (de liberdade). A segunda dimensão tem seu auge no início
do século XX onde se observa uma efetivação de direitos sociais e econômicos. O Estado Social
é ativo, no que se refere ao bem estar social. Pode-se dizer portanto que é uma dimensão de
movimentos proletariados socialistas.
A terceira dimensão se constitui por um Estado fraternal, solidariedade global. Suas
principais características são os Direitos difusos e transindividuais de Amplitude maior onde não
se restringe ao indivíduo. São Direitos que atingem a todos, e não apenas ao indivíduo. O seu
período se dá após segunda guerra mundial.
39
4.4. Avaliação Geral da Constituição de 1988
Termo Quantidade
Liberdade 15
Igualdade 9
Direitos Humanos 7
Cidadania 4
Direitos 126
Fonte: Planalto, 2018.
As palavras Liberdade e Igualdade ora mencionadas acima tem íntima ligação com
Direitos Humanos e Cidadania, como foi descrito nas partes anteriores. A liberdade, termo
basilar da democracia, está associada à igualdade, consciência, crença, associação, imprensa,
reunião, informação e educação na Constituição. Já o termo igualdade está associada à relação
entre os estados, trabalho, condições, tarifas, relação processual. Diz-se também da redução das
desigualdades, inter-regionais, regionais e sociais.
Associa diretamente a cidadania, encontra-se questões como a gratuidade das ações de
habeas corpus e habeas data, direitos políticos, nacionalidade, direito eleitoral, educação,
qualificação para o trabalho.
40
políticos, direitos individuais, interesses coletivos ou individuais, nacionalidade, direitos civis,
recurso, uso dos recursos hídricos, tributário, financeiro, penitenciário, econômico, urbanístico,
valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico, livre associação sindical, greve,
indenização, direito público, direitos e garantias individuais, eleitoral, penal, à intimidade,
capacidades econômicas, precedência, indígena, segurança pública, responsabilidade, privado, a
todos, culturais, meio ambiente, mulheres, previdenciário, crianças e adolescentes, à vida,
interesses, pensão.
A partir da identificação dos termos na Carta, foi criada uma nuvem de palavras com o
aplicativo Tagcrowd (https://tagcrowd.com/) para avaliação de quantas e quais as palavras mais
são mencionadas, associadas aos Direitos Humanos e à Cidadania. A quantidade se verifica pelo
tamanho e intensidade com que as palavras aparecem. Nesse sentido, é possível perceber que as
palavras acima mencionadas e associada as duas temáticas deste trabalho estão intimamente
ligadas à justiça, república, público, união, princípios, educação, defesa, lei, ordem, social e
outras.
41
Por fim, cumpre salientar, que a letra da lei está em conformidade com todos os
princípios e pressupostos teóricos ora apresentados neste trabalho. No entanto, é necessário
verificar a prática dos mesmos. Mas esse é outro trabalho.
42
Conclusão
O presente trabalho teve como objetivo fazer uma análise da Constituição Federal de
1988, através de um estudo bibliográfico e documental. Tal análise tinha por norte os
pressupostos da cidadania e dos Direitos Humanos dentro do texto da constitucional. O primeiro
aspecto abordado, foi a conceituação e a história da cidadania, tratando do seu desenvolvimento
teórico/histórico, tanto no âmbito Nacional quanto no âmbito internacional. O segundo aspecto,
apresentou as variadas discussões acerca do desenvolvimento do debate acerca dos Direitos
Humanos. O norte para este debate foi a discussão do conceito a partir do termo dignidade
humana. Este é um termo extremamente importante para as análises feitas, uma vez que a
dignidade humana é um pressuposto da Carta de 1988 e de toda construção do que veio a ser
basilar para os Direitos Humanos.
Na parte 3, a cidadania e os direitos humanos são aproximados numa tentativa de
construir as semelhanças e contextos sociais/históricos, mas também as diferenças no que se
refere à conceituação. Tudo isso para tentar demonstrar que na atualidade cidadania e Direitos
Humanos têm sido associados e construído uma conceituação de cidadania para além do Estado
Nacional. Na quarta parte abordou-se os vários aspectos que tangem a Constituição Federal de
1988, desde a sua elaboração, até as principais características dessa constituição. Essa Carta é até
nos dias atuais consideradas como uma exemplo de Constituição Cidadã, pois ele é resultado de
inúmeras demandas populares.
Uma das principais características dessa Carta é a ratificação de tratados internacionais
sobre Direitos Humanos. Também, a ênfase dada aos direitos sociais que, como foi demonstrado,
está totalmente atrelado à dignidade da pessoa humana. Em todo o projeto constitucional, a Carta
relembra o povo, que ele tem sim o poder. Poder esse que nenhum governo autoritário/totalitário
pode (ou pelo menos não deveria) corromper. Quanto ao exercício de cidadania, a Constituição
mostra claramente que no nosso país existe, pelo menos no papel, a possibilidade do exercício
pleno da mesma, ainda que de algum maneira nossos direitos não estejam sendo efetivados na
prática, nós temos garantido constitucionalmente a liberdade de exigi-los.
43
O propósito aqui não é colocar a CF/88 como um documento perfeito, e nem tão pouco se
ter a ilusão de que ele é plenamente colocado em prática. Todos nós sabemos que não é o que
ocorre de fato, e ainda há um longo caminho a ser percorrido para que isso ocorra. Mas há aqui
um esforço para que se perceba, frente as atrocidades que a sociedade sofreu e sofre, os alcances
de importante documento legal. Pode-se dizer que a Constituição assegura o mínimo necessário
para que uma pessoa possa pelo menos viver dignamente na sociedade brasileira. E isso, inclui
os aspectos que tangem os direitos humanos, a dignidade da pessoa humana, e a cidadania.
44
Bibliografia
ARCHER, Robert. Os pontos positivos de diferentes tradições: o que se pode ganhar e o que se pode
perder combinando direitos e desenvolvimento?. Sur, Rev. int. direitos human. [online]. 2006,
vol.3, n.4, pp. 80-89. ISSN 1983-3342.
AVRITZER, L. Em busca de um padrão de cidadania mundial. Lua Nova, no 55-56, p. 29-55, 2002.
BENDIX, R. A ampliação da cidadania. In:Cardoso, F H. Política e Sociedade. São Paulo: Ed. Nacional,
1979. Vol. 1.
BENVENUTO, Jayme. Universalismo, relativismo e Direitos Humanos : uma revisita contingente. Lua
Nova [online]. 2015, n.94, pp. 117-142. ISSN 1807-0175.
CABRAL, Manuel Villaverde. O exercício da cidadania política em perspectiva histórica (Portugal e
Brasil). Rev. bras. Ci. Soc. [online]. 2003, vol.18, n.51, pp. 31-60. ISSN 1806-9053.
CARVALHAIS, I. E. Condição pós-nacional da cidadania política pensa a integração de residentes não
nacionais em Portugal. Sociologia, Problemas e Práticas, no 50, p. 109-130 2006.
CARVALHO, J M. Cidadania no Brasil o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CARVALHO, J M. Cidadania no Brasil o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania: tipos e percursos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro,
CARVALHO, José Murilo de. Os três povos da República. REVISTA USP, São Paulo, n.59, p. 96-115,
setembro/novembro 2003.
COMPARATO, F K. A afirmação histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2015.
DORNELLES, J R O que são Direitos Humanos. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.
FISCHMAN, Gustavo E. e HAAS, Eric. Cidadania. Educ. Real. [online]. 2012, vol.37, n.2, pp. 439-466.
ISSN 2175-6236.
FISCHMANN, Roseli. Constituição brasileira, Direitos Humanos e educação. Rev. Bras. Educ. [online].
2009, vol.14, n.40, pp. 156-167. ISSN 1809-449X.
HACK, Érico. Direito Constitucional: conceitos, fundamentos e princípios básicos. Curitiba: Intersaberes,
2012.
LAFER, Celso. A internacionalização dos Direitos Humanos : Constituição, racismo e relações
internacionais. Barueri, SP: Manole 2005.
LYRA FILHO, R. O que é Direito. Coleção primeiros passos, São Paulo, editora brasiliense, 2010, 17a
ed.
MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico
MARSHALL, T. Cidadania Classe Social e Status. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. (Capitulo 3)
MARTINS, José de Souza. MERCADO E DEMOCRACIA: A RELAÇÃO PERVERSA. Tempo soc.
[online]. 1990, vol.2, n.1, pp. 7-22.. ISSN 1809-4554.
MOISES, José Álvaro. Cultura política, instituições e democracia: lições da experiência brasileira. Rev.
bras. Ci. Soc. [online]. 2008, vol.23, n.66, pp. 11-43. ISSN 1806-9053.
n. 18, 1996.
negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Novos estudos - CEBRAP [online]. 2006, n.74, pp.
PINSKY, J e PINSKY, C. História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003
45
PIOVESAN, F. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO
DOS Direitos Humanos. In:
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista3/rev6.htm, disponível em março de
2016.
PIOVESAN, F. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Max Limonad, 2003. (capítulo 1)
REALE, M. Lições Preliminares de Direito. São Paulo, editora Saraiva, 2007, 27a ed. (capítulos I, XIII,
XXV e XXVI)
REIS, Rossana R. Soberania, Direitos Humanos e Migrações Internacionais. RBCS, vol. 19, no. 55, junho
de 2004.
RIBEIRO, Gladys Sabina. Cidadania e luta por direitos na Primeira República: analisando processos da
Justiça Federal e do Supremo Tribunal Federal. Tempo [online]. 2009, vol.13, n.26, pp. 101-117.
ISSN 1413-7704.
SILVA, Jose Afonso da. “A dignidade da pessoa humana como valor supremo da democracia” In: Revista
de Direito Administrativo, vol. 212 (abril/junho, 1998), p.89. Pdf7
SYMONIDES, J. Direitos Humanos : novas dimensões e desafios. Brasília, edições UNESCO, 2003,
(www.domínio público.gov.br. acessado em 11/06/2014).
VANINI, J. Cidadania para além do Estado nacional: uma resposta aos desafios contemporâneos? II
Encontro Internacional Partiipação, Democracia e Políticas Publicas. Unicamp, Campinas, 2015.
VENTURI, G. Direitos Humanos percepções da opinião pública: análise de pesquisa nacional. Brasília,
Secretaria de Direitos Humanos - presidência da república do Brasil, 2010, 1a ed.
(http://portal.mj.gov.br/sedh/biblioteca/livro_percepcoes/percepcoes.pdf, acessado em
11/06/2014).
VIEIRA, Liszt. Cidadania Global e Estado Nacional. Dados vol.42, no. 3, Rio de Janeiro, 1999.
WEFFORT, F. Os Clássicos da Política. São Paulo: Ed. Ática, 2005. Vol. 1 e 2.
Sites pesquisados:
https://najaralima.jusbrasil.com.br/artigos/419262306/sintese-direitos-e-garantias-fundamentais
https://danilopimentel.wordpress.com/2008/06/17/os-fundamentos-da-republica-federativa-do-bra
sil/
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_trindadade
__teoria_geral_dos_direitos_fundamentais.pdf
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4347/1/bps_n17_vol01_seguridade_social.pdf
46