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PRESÍDIO DE MURIAÉ
SUBSECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL - SUAPI
Muriaé
2009
27
Muriaé
2009
37
AGRADECIMENTOS
William Shakespeare
vi67
RESUMO
BARBOSA, Max Willian Alves. VIDA & OBRA DE PIO SOARES CANEDO: UM
MURIAEENSE QUE HONROU MINAS, UM MINEIRO QUE DIGNIFICOU O BRASIL.
2009. 49f. (Monografia apresentada ao concurso de trabalhos monográfico sobre a vida e
obra dos patronos dos estabelecimentos prisionais de Minas Gerais). PRESÍDIO DE
MURIAÉ - SUBSECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL - SUAPI – Muriaé-MG.1
Nascido em Muriaé, na Zona da Mata mineira, aos 21 de agosto de 1909, Pio Soares
Canêdo, foi uma personalidade ímpar que insculpiu o seu nome na história política de
Minas e do Brasil. Advogado, vereador, prefeito, deputado, líder partidário, ex-
governador, presidente e vice-presidente de instituições renomadas e órgão de
competências como Banco do Estado de Minas Gerais (BEMGE), Fundação João
Pinheiro, Fundação Israel Pinheiro, Conselho Nacional de Política Penitenciária
(CNPP), membro da Academia Barbacenense de Letras, conselheiro nato, esposo
dedicado e pai exemplar de quatro filhos, o insigne mineiro, falecido na noite de
sábado do dia 21 de agosto de 1999, em Ouro Preto, onde comemorava com a família
o dia do seu 90º aniversário, tem o seu nome até os dias de hoje exaltado. Sua
ascensão política não ocorreu apenas pelo largo prestígio que desfrutava em sua
região por descender de uma família nobre, mas sim pelo seu passado impoluto, de
assinalados serviços público prestados à comunidade mineira. Nesta senda, o escopo
deste trabalho consiste em prestar tributo ao patrono da Unidade Prisional de Pará de
Minas digno do apreço de seu povo e da admiração de sua terra e proporcionar
concomitantemente junto à Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS), um
envolvimento mais profundamente dos agentes de segurança penitenciário com a
história dos patronos dos estabelecimentos penais onde estão lotados.
ABSTRACT
BARBOSA, Max Willian Alves. LIFE AND WORK OF PIO SOARES CANEDO: A
MURIAEENSE HONORED TO MINAS, A MINEIRO WHO DIGNIFY BRAZIL. 2009.
49f. (Monograph presented to the contest of monographic work on the life and work
of the patrons of the prison in Minas Gerais). PRISON OF MURIAÉ -
SUBSECRETARIAT FOR ADMINISTRATION PRISON - SUAPI - Muriaé-MG.1
Born in Muriaé, in the Zona da Mata, Minas Gerais, on 21st August 1909, Pio Soares
Canêdo, was a unique personality to inscribe his name in the political history of
Minas Gerais and Brazil. Lawyer, alderman, mayor, deputy, party leader, former
governor, president and vice president of renowned institutions and national powers,
such as Banco do Estado de Minas Gerais (BEMGE), João Pinheiro Foundation,
Israel Pinheiro Foundation, Conselho Nacional de Política Penitenciária (CNPP), a
member of the Academy of Arts Barbacenense, born counselor, devoted husband
and father of four children, the famous miner, died Saturday night of August 21,
1999, in Ouro Preto, where he was celebrating with family the day of his 90th
birthday, his name until the day exalted. His political rise has not occurred just off the
prestige it enjoyed in its region by descent from a noble family, but by his
unblemished past, marked the public service rendered to the mining community. In
this vein, the scope of this work is to pay tribute to the patron Prison Unit Pará de
Minas worthy of appreciation of his people and the admiration of their land and
provide concurrently with the State Department of Social Defense (SEDS), greater
involvement deep security officers with prison history of patrons of the penal
institutions where they are crowded.
Keywords: Agents Security Penitentiary, Patrons, the Prison System, Muriaé city,
Pio Soares Canêdo.
________________________
1
Guiding: Valdiney Nunes Mariano – General Director of Prision of Muriaé - Muriaé-MG.
viii87
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
FIGURA 6 - Pio Soares Canêdo (à direita da foto sentado à mesa) como Verea-
dor em Muriaé no ano de 1936 .......................................................... 13
FIGURA 10 - Pio Canêdo com a esposa Maria Ângela, ladeada de Israel Pinheiro,
em comemoração solene ao empossar-se do cargo de Vice-
Governador do Estado em Belo Horizonte ....................................... 18
FIGURA 11 - Pio Soares Canêdo junto à primeira esposa Sr a. Mazília Gontijo ... 21
FIGURA 12 - Pio Soares Canêdo com a esposa Maria Ângela, todos os filhos e 2
netos em sua residência em Belo Horizonte .................................... 22
FIGURA 14 - Grande Hotel Muriahé reformado e denominado por vez como Cen-
tro Cultural e Turístico Regional Dr. Pio Soares Canêdo (maio de
2009) .................................................................................................... 30
FIGURA 15 - Grande Hotel Muriahé reformado e denominado por vez como Cen-
tro Cultural e Turístico Regional Dr. Pio Soares Canêdo (maio de
2009) .................................................................................................... 30
117
SUMÁRIO
Página
RESUMO................................................................................................vi
ABSTRACT...........................................................................................vii
INTRODUÇÃO ........................................................................................1
1.1 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ................................................................... 3
INTRODUÇÃO
Mineiro natural de Muriaé, Pio Soares Canêdo, foi uma personalidade ímpar
de benevolência inegável e conspicuidade inquestionável. Alinhando-se entre as
figuras de maior vulto da política estadual, Doutor Pio, como era conhecido e tratado
pelos correligionários, amigos e companheiros do antigo Partido Social Democrata
(PSD), foi um político tão digno e ilustre, que faz com que muitos mineiros e
muriaeenses, em especial, se enchem de orgulho em ter como conterrâneo um
homem como o tal, cidadão emérito de muitas virtudes que honrou o estado e
dignificou o Brasil.
Sua ascensão política não ocorreu apenas pelo largo prestígio que desfrutava
em toda a Zona da Mata, mas, principalmente, pelo seu passado impoluto, de
assinalados serviços público prestados à comunidade mineira. Dr. Pio trouxe para a
administração pública de sua cidade aqueles legítimos e reconhecidos predicados
de honradez, clarividência e operosidade, que marcaram a passagem de sua estirpe
pelos mais altos postos do regimento dos serviços públicos Municipal e Estadual, e,
mais ainda, os dotes de caráter e magnitude de seu coração, sobrelevantes em sua
personalidade de cidadão e de homem público, sempre a serviço do povo. Destarte,
as magníficas qualidades que sempre repontaram de sua hombridade, chamaram-
no a exercer as mais elevadas investiduras, na administração de seu estado natal1.
Por sua notável carreira, o político possui sobejas razões para ser lembrado.
Seu falecimento foi lamentado por muitos e os jornais de quase todo o Estado
noticiaram com grande lástima sua morte em matérias de página inteira, pois Minas
Gerais perdera o último representante do velho jeito mineiro de fazer política: com
seriedade, fidelidade partidária, respeito aos companheiros e serenidade. Pio
Canêdo tornou-se uma figura memorável na história e faz jus às inúmeras
homenagens prestadas, e isto, não ocorre somente por seus numerosos feitos, mas
por sua dignidade de comportamento e caráter.
1
REVISTA ACAIACA. Número especial dedicado ao centenário de Muriaé. Dr. Pio Soares Canêdo. Belo
Horizonte, 1955, p. 22-23.
14
27
6
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004,
passim.
7
SILVA, Lúcia Edna; MENEZES, Estela Muszakt. Metodologia da pesquisa e elaboração de
dissertação. 3. ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001, p. 21.
8
Neste tipo de entrevista não é exigido uma rigidez no seu roteiro e algumas questões podem ser
exploradas de forma mais ampla e produtiva. Contudo, não foram descartados tampouco desconsiderados
os procedimentos éticos e legais adotados nas pesquisas com seres humanos conforme Resolução nº.
196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde (CNS/MS).
16
47
9
REVISTA ACAIACA, op. cit., p. 22-23.
10
SILVA, Auta Isla Canêdo Gonçalves (filha do estadista mineiro Pio Soares Canêdo). Pio Canêdo
[mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <aicgs@hotmail.com> em: 27 out. 2009.
11
MURIAÉ. Fundação de Cultura e Artes de Muriaé (FUNDARTE) - Assessoria de Comunicação: Centro
Cultural e Turístico Regional Dr. Pio Soares Canêdo. Pio Soares Canêdo. (microfilme). Muriaé, 29 mai.
2009, 5 min. 22 s. son. color.
12
MINAS GERAIS. Assembléia Legislativa: Pio Soares Canêdo. Belo Horizonte: Assembléia Legislativa
do Estado de Minas Gerais, 1996, p. 21.
17
57
Canêdo sustentava a família e juntamente com esposa, fizeram tudo para que os
filhos estudassem e pudessem em decorrência disto, vencer na vida 13.
A meninice de Pio foi inteiramente vivida em Muriaé, e com os outros garotos
mantinha um relacionamento aprazível. Perto de sua casa havia uma travessa que
fora transformada em um campo de futebol onde Pio Canêdo reunia-se com os
meninos da vizinhança para se divertirem. Pelo fato de ser o dono da bola, o
pequeno Pio era quem constituía e liderava o seu time. Em suma, durante todo o
tempo em que esteve na cidade, teve uma vida muito ativa e agradável 14.
Aos sete anos de idade, Pio Canêdo deu início aos estudos no grupo Escolar
Silveira Brum em sua terra natal. Após a conclusão do ensino primário, cursou o
secundário no Colégio Salesiano Santa Rosa em Niterói-RJ15. Arguido pelos
historiadores Sílvia Barata de Paula Pinto e Hugo Antônio Avelar16, sobre a vivência
no ambiente escolar de Niterói e da influência do sistema neste sobre os alunos
principalmente ao mineirinho, Pio Canêdo, o mesmo respondeu que os professores
eram em sua maioria internos e padres que relacionavam muito bem com os seus
alunos e o tratamento dispensado aos mesmos era muito amistoso. “Na hora do
recreio, jogavam futebol conosco.”17 Pio Canêdo relatou ainda que:
13
PEREIRA, Lígia Maria Leite; DULCI, Otávio Soares. Projeto integrado - memória e história: visões de
Minas. Entrevistado: Dr. Pio Canêdo. Universidade Federal de Minas Gerais: Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas. Belo Horizonte, 23 jul. 1992. 28p. Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/historia
oral/entrevistas/Hist%F3ria%20das%20Elites/PIO%20CANÊDO/Pio%20Canêdo.pdf>. p. 4.
14
Ibdem, p. 15.
15
MURIAÉ, op. cit.
16
Os depoimentos concedidos pelo político inauguravam o projeto de história oral Memória Política de
Minas Gerais, da Assembleia Legislativa do estado de Minas Gerais. Realizadas em Belo Horizonte, entre
novembro de 1993 e agosto de 1994, as sessões de depoimento duraram 26 horas e 16 minutos e
ocuparam 36 fitas cassetes.
17
MINAS GERAIS, op. cit., p. 18.
18
67
salesianos tinham uma rota e a seguiam com muito fervor. Seus alunos
tornavam-se católicos praticantes e convictos.
(...) o colégio de Niterói era um dos melhores do País, junto com o Anchieta.
Existiam colégios salesianos também em São Paulo e em outros lugares.
Dom João Resende Costa era salesiano, estudou em Niterói. Também Dom
Helvécio, mais tarde arcebispo em Mariana, e o irmão dele, que foi bispo
18
em Goiás .
No Colégio Santa Rosa, Pio Canêdo teve muitos colegas que ingressaram
posteriormente na política obtendo sucesso e influência como o tal. Dentre eles
merecem destaque José Monteiro de Castro, político, advogado, empresário, Chefe
da Casa Civil do Presidente Café Filho e no Governo Magalhães Pinto, ocupou
várias Secretarias de Estado, foi um dos principais articuladores do movimento de
31 de março de 1964 e pertenceu à União Democrática Nacional (UDN) e à Aliança
Renovadora Nacional (ARENA); Géo, irmão de José Monteiro e os Mascarenhas.
Depois de estudar quatro anos no
Salesiano, Pio Canêdo foi para Barbacena,
estudou um ano na cidade e prestou os
preparatórios oficiais perante banca examinadora
do Ginásio Mineiro de Barbacena. Sua evasão do
Salesiano ocorreu pelo fato de enfadar-se do
regime que enleava seus alunos e os alheava ao
mesmo tempo, pois estes viviam o tempo todo
dentro do colégio. À procura de seu pai, Pio
Canêdo confessou-se enfastiado. Para cumprir a
vontade do filho, Afonso Augusto Canêdo o enviou
para a casa de Valdemar Dinis Alves Pequeno19, Figura 1 - Pio Soares Canêdo cursando
o ginásio no Colégio Santa Rosa em
que morava com sua família em uma casa de Niterói entre 1922 e 1925.
18
MINAS GERAIS, loc cit., p. 17-18.
19
Valdemar Dinis Alves Pequeno era um respeitável político, advogado, escritor pertencente à
Academia Mineira de Letras, apoiou a Revolução Constitucionalista de 1932 e integrou o Partido
19
7
casarão de estilo manuelino gótico, erguido por D. Eudóxia Canêdo em 1893, como
um forma de presenteá-lo20.
Republicano Mineiro (PRM). Seu pai era o Dr. Pio Alves Pequeno, médico barbacenense relatado
anteriormente que era muito amigo do Sr. Afonso Canêdo
20
FARIAS, Juliana. Gótico português: Tombado por Barbacena (MG), casarão da família Pio Canêdo é
uma das últimas amostras do estilo manuelino gótico. Revista de História da Biblioteca Nacional, 17 set.
2009. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2622>. Acessado em:
2 out. 2009.
21
CANÊDO, Pio Soares; PENNA, Carlos Alberto. Barbacena: o sentido da permanência. Barbacena:
Academia Barbacenense de Letras, 1979.
22
MINAS GERAIS, op. cit., p. 22.
20
87
à meia-noite e assim, sua chegada à Belo Horizonte se dava no dia seguinte pela
manhã. No ano em que fora para a capital, Antônio Carlos, Presidente do Estado,
fundou e inaugurou aos sete de setembro a Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), que incluía a Faculdade de Direito. Assim, com o seu ingresso nesta
instituição, no ano de 1931, em 1936, Pio Canêdo juntamente com sua turma foi a
primeira a diplomar-se em Direito pela UFMG23.
Antes de fixar-se na capital, Pio Canêdo hospedou-se na pensão do Conde
Belle de Sardes, cônsul da Itália, na Rua Espírito Santo. Lá moravam também,
Guilhermino César da Silva que tornou-se advogado, magistrado, professor e
jornalista; e Alcides Rodrigues Júnior, um colega de Juiz de Fora. Ao todo eram
quatro hóspedes homens e duas mulheres. O cônsul da Itália aceitava pensionistas
porque passava por dificuldades financeiras e consoante Pio, isto ocorrera, pois
“naquele tempo, ninguém ganhava dinheiro, porque ninguém roubava!”. No 4º ou 5º
ano de Direito, Pio Canêdo mudou-se para uma pensão na Rua Guarani, defronte à
casa dos Neves e realizava o seu trajeto diariamente a pé até à Faculdade, na Praça
Afonso Arianos, por considerá-la próximo de onde morava. Hospedando-se nesta
pensão até o término do seu curso e durante todo este tempo de faculdade, Pio
Canêdo declarou ter vivido muito bem.
Em sua graduação, teve como mestre grandes ícones que ocupavam além da
docência outras funções e entraram para a história como: Estevão Leite de
Magalhães Pinto, advogado, magistrado, jurista e banqueiro; Tito Fulgêncio Alves
Pereira, político, advogado, jurista e magistrado; Francisco José de Almeida Brant,
magistrado e reitor da UFMG em vários períodos; José Eduardo Teixeira da
Fonseca, advogado e escritor; Oscar Negrão de Lima, médico e escritor; e Pedro da
Mata Machado, político pertencente ao PRM, advogado, industrial e escritor.
Os divertimentos nesta época consistiam de passeios pela Praça da
Liberdade ao entardecer; prática de golfe, no Parque Municipal; idas frequentes ao
cinema; e encontros rotineiros no Bar do Ponto. Havia também os cabarés: o da
Olímpia, que era muito famoso, e alguns outros de menor importância, como o
Montanhês. Pio e seus amigos também frequentavam festas sociais e eram por
23
MINAS GERAIS, loc cit.
21
97
vezes recebidos e tratados com virtuosidade. De uma forma geral, a vida na capital
era para Pio tranquila e lhe proporcionava muito prazer24.
Figura 3 - Pio Soares Canêdo em sua Formatura na Figura 4 - Pio Soares Canêdo em sua Formatura na
Faculdade de Direito em Belo Horizonte no ano de Faculdade de Direito em Belo Horizonte no ano de
1931. 1931.
29
MINAS GERAIS, op. cit., p. 38.
30
MINAS GERAIS, loc. cit.
247
12
Dr. Pio era tido como um daqueles homens que já nascem com a política
correndo nas veias, pois herdera um sobrenome tradicional de grandes
personalidades que fizeram a história da cidade de Muriaé aparecer no cenário
nacional. Como foi citado anteriormente, Pio Canêdo era neto do Desembargador
Antônio Augusto da Silva Canêdo, primeiro Juiz de Direito de Muriaé, ocupando
também o cargo de Deputado Estadual e Federal. Seu pai, Afonso Canêdo, tinha
grande projeção política em Muriaé, pois além de ser um comerciante bem sucedido,
era Prefeito da cidade e fora nomeado com a Revolução. Afonso Canêdo foi um dos
chefes de Revolução em 1930 e assim ocupou o cargo de Prefeito em sua cidade.
Homem do Conselho Consultivo, Sr. Afonso Canêdo exerceu sua atividade política
juntamente com o meu seu irmão Agenor Canêdo, que foi Deputado Estadual ligado
ao Presidente Antônio Carlos até 1930.
Seu irmão Antônio Augusto Soares Canêdo foi Prefeito de Muriaé e Deputado
Estadual, seu sobrinho Ronaldo Passos Canêdo foi Deputado Estadual e Federal e
Christiano Canêdo foi Prefeito em Muriaé e também Deputado Estadual. 31 Então,
verifica-se que de sua família havia como ascendente direto seu pai, Afonso Canêdo
e seu tio, Agenor Canêdo. Os filhos, por intermédio dos pais, tinham uma
significativa projeção natural na política, mas adicionando-se ao parentesco próximo
com o Afonso Pena Júnior que era primo primeiro do seu pai, a intromissão na
política era ainda mais fortalecida e Afonso Pena Júnior até a Revolução de 30 foi
uma figura de grande expressão no estado de Minas Gerais32.
31
MURIAÉ, op. cit., 2009.
32
PEREIRA; DULCI, op. cit. passim.
257
13
Figura 6 - Pio Soares Canêdo (à direita da foto sentado à mesa) como Vereador em Muriaé no ano de 1936.
33
Nesta época como tratava-se do período do Estado Novo não havia eleição direta para prefeito e estes
eram escolhidos entre os vereadores da Câmara Municipal, contudo para ocupar o cargo de vereador era
necessário ser eleito.
34
MURIAÉ, op. cit., 2009.
35
MINAS GERAIS, op. cit., p. 64.
36
Op. cit.
267
14
37
As interventorias teve início em fins de 1945, mais exatamente em novembro sendo o primeiro
Interventor Federal de Minas Gerais Nísio Batista de Oliveira, que ficou até fevereiro do ano seguinte;
seguido deste, veio João Tavares Correia Beraldo, que ficou de fevereiro a agosto, posteriormente veio
Júlio Ferreira de Carvalhos, que ficou de agosto a novembro, em seguida veio Noraldino Lima, que ficou de
novembro a dezembro, e, finalmente, Alcides Lins, que ficou de dezembro a fevereiro e em seguida
presidiu as eleições.
38
MINAS GERAIS, op. cit., p. 74.
39
PORTO, op. cit.
40
ACAIACA, op. cit., p. 22-23.
41
MINAS GERAIS, op. cit., p. 81.
42
MURIAÉ, op. cit., 2009.
43
Op. cit., p.22-23.
277
15
eleições foram anuladas por questões locais e a votação apenas e Muriaé não dava
para eleger um Deputado44.
Com Juscelino Kubitschek (JK) no Palácio da Liberdade, partidário que
também foi um dos luminares do velho PSD, Dr. Pio, foi eleito pela Assembléia do
Banco Mineiro da Produção S/A. e exerceu de abril de 1950 a dezembro de 1954, o
cargo de Membro do Conselho da Administração desse conceituado
estabelecimento de crédito45,46.
Em 1954, Pio Canêdo decidiu concentrar sua campanha na sua região, onde
trabalhava como advogado e Secretário do partido. Muriaé possuía um contingente
eleitoral muito grande, porque vários distritos, hordienamente emancipados, ainda
pertenciam à sede. Nesta região, a influência de Pio era mais direta e positiva,
porque o mesmo estava sempre presente como advogado e como político 47.
44
Ibdem., p. 196
45
PORTO, op. cit.
46
ACAIACA, op. cit., p. 22-23.
47
MINAS GERAIS, loc. cit.
287
16
Figura 8 - Pio Canêdo ladeado de Tancredo Neves (candidato a Governador do Estado de Minas) em comício
na cidade de Muriaé.
48
ACAIACA, op. cit., p. 22-23.
297
17
Figura 9 - Chegada de Pio Canêdo (Vice-Governador) junto de Israel Pinheiro (Governador) no Palácio da
Liberdade em Belo Horizonte aos 31 de janeiro de 1966.
49
ACAIACA, loc. cit.
50
PORTO, op. cit.
51
MURIAÉ, op. cit.
307
18
Figura 10 - Pio Canêdo com a esposa Maria Ângela, ladeada de Israel Pinheiro, em comemoração solene ao
empossar-se do cargo de Vice-Governador do Estado em Belo Horizonte.
52
Op. cit.
53
OLIVEIRA, Andréa. Gazeta Cultural: Grande Hotel irá homenagear Pio Canêdo. Gazeta de Muriaé,
Muriaé, 2008. Disponível em: <http://www.gazetademuriae.com.br/notimg/noticia.php?id=631>. Acessado
em: 20 out. 2009.
317
19
não quis ir para o Tribunal de Contas. “Nas funções que exerci de Diretor do BEMGE ou
de Presidente do Conselho Nacional de Política Penitenciária, nada me inibia de
exercer as atividades políticas.”54 Atividades estas que consistiam de “conversas,
entendimentos, dentre e fora da Assembléia, com ex-colegas. No plano federal, com
deputados com os quais matinha boas relações. Enfim, dando a minha colaboração ou,
em outras palavras, palpitando.” 55
Por intermédio de Ibrahim Abi-Ackel, Ministro da Justiça, no governo do
Presidente Figueiredo, Pio Canêdo exerceu a função de Presidente do Conselho
Nacional de Política Penitenciária (CNPP)56, atual Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária (CNPCP), permanecendo neste posto durante quatro anos
(1980-1984), o primeiro presidente do Conselho57 contribuiu muitíssimo para a
consolidação e melhorias das condições do Sistema Prisional. O Conselho
proporcionava, segundo consta da exposição de motivos, valioso contingente de
informações, de análises, de deliberações e de estímulo intelectual e material às
atividades de prevenção da criminalidade. Este órgão preconiza ainda,
54
MINAS GERAIS, op. cit., p. 380.
55
MINAS GERAIS, loc. cit.
56
Ibdem., p. 381.
57
BRASIL. Ministério da Justiça. Execução Penal. CNPCP. Histórico. Presidentes: Pio Soares Canêdo,
Belo Horizonte-MG (DOU de 25/06/80 - Portaria nº 658 de 24/06/1980). Brasília, 2007-2009.
Disponível em: <http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJE9614C8CITEMID64869A86B5D94C3297F464
436AD82308PTBRIE.htm>. Acessado em: 11 out. 2009.
58
Idem., Histórico. Brasília, 2007-2009. Disponível em: <http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJE9614C
8CITEMID64869A86B5D94C3297F464436AD8230 8PTBRIE.htm>. Acessado em: 11 out. 2009.
59
Idem., Diretrizes. Resolução CNPCP nº 14, de 11 de novembro de 1994: trata das regras mínimas
para tratamento dos presos no Brasil. Brasília, 2007-2009. Disponível em: <http://www.mj.gov.br/cnpcp/
327
20
Na época em que presidia o Conselho, Pio Canêdo disse que o órgão era
composto por onze membros, representando os onze Estados, e estes eram
geralmente juristas dedicados à área penal. O CNPP exercia árduas tarefas e as leis
das execuções penais foram praticamente constituídas pelo Conselho. As questões
referentes às penitenciárias, ao regime penitenciário, tudo isso passava pelo conselho,
que opinava sobre esses fatos. Pio Canêdo relatou também que fez visitas às
penitenciárias de Pernambuco, do Paraná e do Rio Grande do Sul, e como presidente
do Conselho, comparecia a sessões de interesse dos respectivos Estados nas suas
penitenciárias60.
A notável carreira de Pio Canêdo na política e como um homem público de uma
forma geral, rendeu-lhe várias homenagens, certificações, premiações e medalhas de
honra ao mérito. Dentre os vários reconhecimentos verificados no acervo histórico da
Prefeitura Municipal de Muriaé e no seu memorial em sua cidade natal, merecem
destaque a Medalha de Mérito Santos Dumont criada em 1956 pelo então presidente
Juscelino Kubischeck para premiar militares, cidadãos brasileiros e estrangeiros que
tenham prestado serviços relevantes à Aeronáutica, a Medalha Juscelino Kubitscheck,
grau Grande Medalha, conferida em setembro de 1996 por relevantes serviços
prestados ao país; o especial reconhecimento da Assembleia Legislativa do Estado de
Minas consignado, por ocasião do lançamento do Centro de Memória de Minas, em
dezembro de 1996 pelo exercício nobre e digno do mandato de Deputado Estadual,
construindo para a valorização político-parlamentar no Estado; a medalha Coronel
Fulgêncio de Souza Santos, cunhada a ouro e concedida em junho de 1997 pelos
significativos serviços prestados à União dos Reformados da Polícia Militar61.
Pio Canêdo, ainda atuou no desenvolvimento de dois livros: Memórias Políticas
de Minas e Barbacena: o Sentido da Permanência. O primeiro dá início a uma coleção,
que visa contribuir para maior compreensão da história contemporânea do estado, por
meio de depoimentos de personalidades que a viveram intensamente na condição de
protagonistas e o segundo trata-se de um opúsculo que contém o discurso proferido do
político por vez Acadêmico na Academia Barbacenense de Letras empossando-se da
cadeira de número 12, e ambos foram utilizados no desenvolvimento deste trabalho.
data/Pages/MJE9614C8CITEMIDD4BA0295587E40C6A2C6F741CF662E79PTBRIE.htm>. Acessado
em: Acesso em: 25 out. 2008.
60
MINAS GERAIS, op. cit., p. 382.
61
MURIAÉ, op. cit.
337
21
a
Figura 11 - Pio Soares Canêdo junto à primeira esposa Sr . Mazília Gontijo.
62
PORTO, op. cit.
63
CANÊDO JÚNIOR, Pio Soares. (filho do estadista mineiro Pio Soares Canêdo). Trabalho
monográfico sobre Pio Canêdo [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por
<piosoares@noventa.com.br> em: 28 out. 2009.
64
MURIAÉ, op. cit.
65
ACAIACA, op. cit., p. 22-23.
347
22
Figura 12 - Pio Soares Canêdo com a esposa Maria Ângela, todos os filhos e 2 netos em sua residência em
Belo Horizonte.
66
ACAIACA, loc. cit.
67
CANÊDO, Maria Cândida. (filha do estadista mineiro Pio Soares Canêdo). Trabalho monográfico
sobre Pio Canêdo [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <mcmCanêdo@yahoo.com.br>
em: 29 out. 2009.
357
23
Nos tempos de faculdade, Pio Canêdo juntamente com seu amigo Hugo
Gouthier dirigiam um jornal acadêmico que tratava de problemas estudantis, mas
não tinha reivindicações como as de hoje, porque o tempo não permitia e não era
usual. Nesse período tendo o companheiro arrumando-lhe uma excursão para o
Uruguai, o bacharelando em direito juntamente com os colegas embarcaram em um
navio chamado Jaceguai, que segundo Pio existia até o momento de sua entrevista
aos historiadores da Assembleia. A excursão foi para o estudante mineiro até o
regressar, muito agradável e tranquila, pois neste dia, Pio Canêdo saiu para comprar
uns discos e entretendo-se com algumas moças muito bonitas, atrasou-se por 15
minutos e perdeu o navio que saíra às 11 horas.
“Corri, me socorri: „Olha aqui, são 15 minutos. O navio ainda está na barra‟. O
chefe falou: „Eu sei, mas o senhor não pode ir porque a lei não permite tomar um
navio na barra‟. „Então, eu tenho que ficar aqui?‟ „O senhor tem que ficar‟.”68
Sozinho, Pio Canêdo se lembrou do embaixador brasileiro no Uruguai.
Chegando na embaixada, Pio se anunciou e o Secretário da Embaixada respondeu-
lhe que já sabiam que um acadêmico havia sobrado. Levado ao Embaixador, o
mesmo interrogou-lhe: “Mas o senhor não é mineiro? Mineiro não perde trem! Como
é que o senhor perde navio?” Ao interrogar o Embaixador sobre sua naturalidade, o
mesmo disse-lhe que era de Juiz de Fora e Pio retrucou responder-lhe que era de
Muriaé. Entusiasmado, o Embaixador disse: “Oh, eu tenho um amigo fraternal em
Muriaé, um amigo que morou comigo no mesmo quarto e se formou comigo em Juiz
de Fora, chama-se Afonso Canêdo. O senhor o conhece?”. O grandiloquente fato,
parecia algo de cinema e surpreso com a inimaginável coincidência o estudante
respondeu: “É meu pai.”69
68
MINAS GERAIS, op. cit., p. 28
69
Ibdem., p. 29
367
24
Quando Pio Soares Canêdo iniciou seus estudos jurídicos em Belo Horizonte,
o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) era Mendes Pimenta,
professor, político, advogado, jornalista, grande jurista, signatário do Manifesto dos
Mineiros, pertenceu ao PP, à UDN e à ARENA. Mendes Pimenta foi professor de Pio
mas antes que formasse a primeira turma, o reitor acabou por renunciar-se em 1930
devido a um sério incidente em que se envolveu um de seus filhos71. Por capricho do
destino Pio Canêdo aos 14 de dezembro de 1979, no Palácio da Revolução Liberal,
sede do Legislativo do Município de Barbacena-MG, empossou-se da cadeira de
número 12 a qual tem como patrono o jurista Doutor Francisco Mendes Pimenta72,
ex-professor de Pio Canêdo em Belo Horizonte.
70
MINAS GERAIS, loc. cit.
71
Ibdem., p. 28.
72
CANÊDO; PENNA, op. cit., p. 23.
377
25
Mutum, com uma pessoa muito ligada ao político – Antenor Laviola. Foragido,
Antenor foi à Muriaé e telefonou ao Dr. Pio dizendo que precisava muito falar-lhe
algo, mas não poderia ir ao seu escritório. Depois de ter marcado um local
apropriado, Dr. Pio encontrou-se com Antenor e após horas de conversa o mesmo
relatou que havia cometido um crime contra uma pessoa de grande projeção na sua
cidade e queria ser defendido por Pio Canêdo. Recusando-se tanto quanto possível
Dr. Pio não pode negar o patrocínio desta causa, pois Antenor insistiu-lhe
muitíssimo. Mais tarde, Pio Canêdo percebeu que um dos motivos pelos quais ele
havia o convidado era o fato de o Dr. Artur Eutrópio, advogado da vítima, ser seu
conterrâneo, seu amigo e pertencente ao seu partido. Pio ficou surpreso, mas já
estava em Mutum e decidiu ir até o fim. Foi um júri tumultuado e o Antenor acabou
sendo absolvido, destarte, esta defesa marcou muito sua atividade.
Antenor cometeu outros crimes posteriormente e permaneceu em Muriaé.
Ainda que adversário político de Pio Canêdo, era muito grato, muito amigo do
político e não se hesitava em dizer: “Ah, com o Dr. Pio vocês não mexem, porque,
mexendo com ele, vocês mexem comigo”73. E como Antenor era um homem dado
ao crime, não havia quem o desafiasse.
73
MINAS GERAIS, op. cit., p. 40.
387
26
74
MURIAÉ, op. cit.
75
CANÊDO, op. cit.
76
RODRIGUES, Hila. Minas de luto por Pio Canêdo: ex-vice-governador era remanescente da geração
política mais competente de Minas.
77
RODRIGUES, loc. cit.
397
27
(...) estamos de luto, (...) pelo falecimento (...) de uma figura ímpar de nossa
terra. (...) O nome dessa personalidade que marcou e será sempre
lembrado nas terras mineiras é Pio Soares Canêdo (...). Conhecido como
um homem de hábitos modestos, Dr. Pio Canêdo era um gigante na política,
mas marcou todas as suas posições políticas como homem de bastidores,
culto, capaz de refletir com habilidade e segurança a média da opinião
pública e a opinião dos mineiros. Nos últimos anos, mesmo afastado dos
cargos públicos, esteve presente em todos os momentos da política mineira,
sempre bem informado, equilibrado, sensato, pronto a ouvir e aconselhar-
se, predisposto para o entendimento e a conciliação. Quando um político
desse quilate nos deixa, depois de ter marcado a sua vida com dosagens
equilibradas de ousadia, destemor, sagacidade e muito mineiridade, não há
como deixarmos de registrar essa lacuna na tribuna do Senado da
80
República, em nome do Estado de Minas Gerais.
80
PORTO, op. cit.
81
Ibdem.
417
29
82
ASSEMBLEIA DE MINAS, op. cit.
83
OLIVEIRA, op. cit.
84
Ibdem.
427
30
Figura 14 - Grande Hotel Muriahé reformado e denominado por vez como Centro Cultural e
Turístico Regional Dr. Pio Soares Canêdo (maio de 2009).
Figura 15 - Grande Hotel Muriahé reformado e denominado por vez como Centro Cultural e
Turístico Regional Dr. Pio Soares Canêdo (maio de 2009).
Convivemos com o Dr. Pio Canêdo, desde quando ainda era estudante. No
nosso trabalho de apoio aos deputados do PSD. Temos muita honra de ter
merecido a confiança e o prestígio do grande amigo e chefe que, sempre
quando podia, nos visitava. Dava-nos oportunos ensinamentos, dos quais
nunca nos esqueceremos e que colocamos em prática com inabalável
confiança no seu acerto. Com seu depoimento aos historiadores Sílvia
Barata de Paula Pinto e Hugo Antônio Avelar, merecedor de leitura e de
divulgação, inaugurou o projeto de história oral Memória Política de Minas,
da Assembléia Legislativa, na administração do saudoso Deputado
Agostinho Patrus. Reverenciamos e registramos nos anais deste Tribunal o
centenário do grande nome da vida pública de Minas, Pio Soares Canêdo,
cujo nome declinamos com maior respeito e solicitamos que essa
86
homenagem seja comunicada a seus filhos.
Canêdo amizade e admiração. Com ele tinha uma identidade que nunca foi
arranhada pelas filiações a Partidos, já que qualquer ação junto com o Dr. Pio
Canêdo representava a defesa intransigente dos mais altos interesses do povo
mineiro, via conciliação e busca do entendimento político, grande arma para a
conquista dos ideais maiores dos brasileiros.
88
BADARÓ, Murilo. O centenário de Pio Canêdo. O Tempo on-line. Belo Horizonte, 21 ago. 2009.
Disponível em: <http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdEdicao=1403&IdColunaEdicao=94
40>. Acessado em: 12 out. 2009.
467
34
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste trabalho foi possível resgatar a memória do ilustre mineiro que
teve o seu nome gravado entre os políticos de maior repercussão no Estado. Nos
últimos anos, mesmo afastado dos cargos públicos, esteve presente em todos os
momentos da política mineira, sempre bem informado, equilibrado, sensato, pronto a
ouvir e aconselhar, predisposto para o entendimento e a conciliação.
Pio Canêdo foi humanista, simples e ousado. Sendo ele um grande patriota e
mineiro autêntico, jamais se interessou pelo Parlamento Nacional ou por cargos
federais, por não querer afastar-se de suas origens. Embora, morto, suas idéias,
experiências e ensinamentos de como fazer política ficaram eternamente marcados
para a atual e para as futuras gerações de estadistas e representantes do povo, pois
o Dr. Pio soube acima de tudo, valorizar essas funções e agigantar-se na modéstia
dos mandatos populares.
Enquanto viveu, constatou-se no labutar desta atividade que Pio Canêdo, era
um homem fiel aos princípios éticos e morais. Seus créditos emanavam de seus
notáveis trabalhos como pacificador da política mineira a partir da contra-revolução
de 1964, quando o projeto político engendrado pelos militares previa a extinção dos
partidos políticos e todo seu cortejo de insuficiências.
Diante dos feitos e de seu legado não há quem não se orgulhe de ter como
conterrâneo Pio Soares Canêdo, personalidade que soube fazer da política uma
ferramenta para atender a necessidades do seu povo. Em meio à crescente
degradação das instituições parlamentares e desmoralização da atividade política,
faz-se muito bem cortejar à alma e ao espírito do saudoso e dileto estadista mineiro,
rendendo-lhe o tributo de diversas formas e elevando ao mesmo tempo, várias
preces a Deus para que os homens políticos de hoje sejam iluminados e tomem
como exemplos a atuação pública e privada de Pio Canêdo, um homem generoso
de admiráveis virtudes.
477
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANÊDO JÚNIOR, Pio Soares. (filho do estadista mineiro Pio Soares Canêdo).
Trabalho monográfico sobre Pio Canêdo [mensagem pessoal]. Mensagem
recebida por <piosoares@noventa.com.br> em: 28 out. 2009.
CANÊDO, Maria Cândida. (filha do estadista mineiro Pio Soares Canêdo). Trabalho
monográfico sobre Pio Canêdo [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por
<mcmCanêdo@yahoo.com.br> em: 29 out. 2009.
DEPUTADO José Santana homenageia Pio Soares Canêdo. Belo Horizonte, 09 set.
2009. Disponível em: <http://www.deputadojosesantana.com.br/noticia3.asp?CodNo
ticia=367>. Acessado em: 6 out. 2009.
DOYLE, Fábio. Recordando Pio Canêdo. Diário da Tarde, Belo Horizonte, 10 ago.
1998. p. 2
GRANDE Hotel: novo cartão postal de Muriaé. Centro Cultural e Turístico Regional
Dr. Pio Soares Canêdo. Gazeta de Muriaé, Muriaé, 5 jun. 2009. p. 4.
OLIVEIRA, Andréa. Gazeta Cultural: Grande Hotel irá homenagear Pio Canêdo.
Gazeta de Muriaé, Muriaé, 2008. Disponível em: <http://www.gazetademuriae.
com.br/notimg/noticia.php?id=631>. Acessado em: 20 out. 2009.
PEREIRA, Lígia Maria Leite; DULCI, Otávio Soares. Projeto integrado - memória e
história: visões de Minas. Entrevistado: Dr. Pio Canêdo. Universidade Federal de
Minas Gerais: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte, 23 jul.
1992. 28p. Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/historiaoral/entrevistas/Hist%
F3ria%20das%20Elites/PIO%20CANÊDO/Pio%20Canêdo.pdf>.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 11. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2004. 425p.
SILVA, Auta Isla Canêdo Gonçalves (filha do estadista mineiro Pio Soares Canêdo).
Pio Canêdo [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <aicgs@hotmail.com>
em: 27 out. 2009.