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Maria Rita • Welma Maia • Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

Gladson Miranda • Márcio Wesley

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos • Noções de Igualdade Racial


e de Gênero • Conhecimentos Interdisciplinares

2017

Este eBook foi adquirido por MAIANNE SANTOS DE MATOS - CPF: 017.593.575-02.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
© 2017 Vestcon Editora Ltda.

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como às suas características gráficas.

Título da obra: Secretaria de Educação do Estado da Bahia – SEE-BA


Professor Padrão P - Grau IA – Nível Superior
Atualizada até 10-2017 (AS335)

(De acordo com o Edital de Abertura de Inscrições - SAEB/02/2017, de 09 de novembro de 2017 – FCC)

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos • Noções de Igualdade Racial e de Gênero


Conhecimentos Interdisciplinares

Autores:
Maria Rita • Welma Maia • Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti
Gladson Miranda • Márcio Wesley

GESTÃO DE CONTEÚDOS REVISÃO


Welma Maia Érida Cassiano
Sabrina Alencar
PRODUÇÃO EDITORIAL Ylka Ramos
Érida Cassiano
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Adenilton da Silva Cabral
Marcos Aurélio Pereira

www.vestcon.com.br

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SEE-BA

SUMÁRIO

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

As diferentes correntes do pensamento pedagógico brasileiro e as implicações na organização do sistema de


educação brasileiro................................................................................................................................................................. 3

A didática e o processo de ensino/aprendizagem:


planejamento, estratégias, metodologias e avaliação da aprendizagem..........................................................................6

A sala de aula como espaço de aprendizagem...................................................................................................................... 8

As teorias do currículo.......................................................................................................................................................... 10

As contribuições da psicologia da educação para a pedagogia:


implicações para a melhoria do ensino e para ações mais embasadas da ação profissional docente no alcance
do que se ensina aos indivíduos......................................................................................................................................13

Os conhecimentos socioemocionais no currículo escolar:


a escola como espaço social............................................................................................................................................15

As diretrizes curriculares nacionais para a formação docente............................................................................................ 17

Aspectos legais e políticos da organização da educação brasileira..................................................................................... 18

Políticas educacionais para a educação básica:


as diretrizes curriculares nacionais. (etapas e modalidades).......................................................................................... 20

A Interdisciplinaridade e a contextualização no Ensino Médio........................................................................................... 24

Os fundamentos de uma escola inclusiva............................................................................................................................ 25

Educação e trabalho:
o trabalho como princípio educativo...............................................................................................................................27

Convenção da ONU sobre direitos das pessoas com deficiência......................................................................................... 50

Educação para as relações étnico-raciais............................................................................................................................. 29

Decreto nº 65.810, de 8 de dezembro de 1969 (promulga a Convenção Internacional sobre a Eliminação de


todas as Formas de Discriminação Racial)........................................................................................................................... 54

O Decreto federal nº 4.738, de 12 de junho de 2003 (reitera a Convenção Internacional sobre a Eliminação de
todas as Formas de Discriminação Racial)........................................................................................................................... 59

Ação da escola, protagonismo juvenil e cidadania.............................................................................................................. 30

A Lei estadual nº 13.559, de 11 de maio de 2016:


o Plano Estadual de Educação.........................................................................................................................................60

O paradigma da supralegalidade como norma constitucional para os tratados dos direitos humanos............................50

As avaliações nacionais da educação básica........................................................................................................................ 34

As licenciaturas interdisciplinares como paradigma atual da formação docente (menção no art. 24 da Resolução
CNE/CP nº. 2, de 1º de julho de 2015)................................................................................................................................. 34

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Legislação educacional:
a) Constituição Federal de 1988 (Artigo n° 205 ao n° 214);............................................................................................ 73
b) LDB, atualizada até 30 de setembro de 2017 - Lei federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 a Lei federal
nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017;...........................................................................................................................86
c) Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990; Estatuto do Magistério
Público do Ensino Fundamental e Médio do Estado da Bahia - Lei estadual nº 8.261, de 29 de maio de 2002...........100

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EDUCAÇÃO BRASILEIRA: TEMAS EDUCACIONAIS
E PEDAGÓGICOS Maria Rita / Welma Maia

AS DIFERENTES CORRENTES DO mantê‑la dócil e conformada com a própria realidade.


PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO Sodré (1983), ao referir‑se a história da cultura brasileira
afirma que o Brasil teve o processo de aculturação advindo de
E AS IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DO uma transplantação, ou seja, herdou dos países colonizado-
SISTEMA DE EDUCAÇÃO BRASILEIRO. res sua cultura. Não podemos considerar a cultura brasileira
como realmente nacional, pois incorporou muito da cultura
A Educação, também compreendida como prática edu- europeia em seu território. Nesse processo de aculturação
cativa é um fenômeno social e universal, que já se manifesta nossa cultura dividiu‑se entre a transmitida pelos jesuítas,
de longa data, sendo uma atividade humana necessária à destinada à classe dominante e a cultura indígena, tida como
existência e funcionamento de todas as sociedades. Uma irrelevante e que praticamente foi destruída por esse proces-
não existe sem a outra, ou seja, não há sociedade sem prá- so de implantação. Neste modelo de ensino não havia muito
tica educativa e tampouco prática educativa sem sociedade, espaço para criar, o conteúdo de alienação era implícito e o
ambas estão interligadas. No sentido amplo da palavra, que se aprendia era desprovido de um sentido crítico.
Educação compreende os processos formativos que ocorrem Ao lermos a obra de Gadotti (2001), sobre o pensamento
no meio social, no qual os indivíduos estão envolvidos de pedagógico brasileiro podemos afirmar que o mesmo se
modo necessário e inevitável pelo simples fato de existirem encontra ainda em sua fase infantil, analisando o tempo em
socialmente. que o mesmo tem andado por suas próprias pernas, ou seja,
Segundo Libâneo (1994), a  prática educativa existe sem o domínio religioso que imperou até meados do final
numa grande variedade de instituições e atividades sociais do século XIX. O que lhe garantiu uma maior autonomia foi
decorrentes da organização econômica, política e legal de o desenvolvimento das teorias da Escola Nova.
uma sociedade, da religião, dos costumes, das formas de Na primeira metade do século XX o discurso pela igual-
convivência humana. Em sentido estrito, a educação ocorre dade de direitos esteve muito presente no pensamento dos
em instituições específicas, escolares ou não, com finali- educadores e nos textos constitucionais nas propostas da
dades explícitas de instrução e ensino mediante uma ação escola pública, que deveria ser obrigatória e gratuita. Porém,
consciente, deliberada e planificada, embora sem separar‑se
o que a realidade apresentava, desde de sempre, era uma
daqueles processos formativos gerais.
divisão de uma escola destinada aos filhos da burguesia, pre-
O processo educativo, onde quer que se dê, é sempre
paratória para a universidade e uma educação direcionada
contextualizado social e politicamente, há uma subordinação
à sociedade que lhe faz exigências, determinam objetivos às atividades práticas como o ensino industrial, agrícola e
e lhe provê condições e meios de ação. A educação como comercial para a classe trabalhadora.
fenômeno social, e  parte integrante das relações sociais, Saviani (2004), ao retratar a Educação no século XX
econômicas, políticas e culturais de uma determinada so- afirma ser este um período em que será lembrada futura-
ciedade, sendo assim, as finalidades e meios da educação mente como o período que representou a era das maiores
subordinam‑se à estrutura e dinâmica das relações entre conquistas tecnológicas que se reverteram em um novo
as classes sociais, ou seja, são socialmente determinadas modo de viver para a minoria camada mais privilegiada da
(LIBÂNEO, 1994). população, porém, a maioria dos seres humanos ficou alheia
A instituição escola foi criada justamente para ser um dos a tais mudanças.
veículos da educação, uma educação sistematizada, de ma- Já no século XXI a sociedade assume um perfil de socie-
neira ordenada, organizada em conteúdos específicos que lhe dade informacional. No que se refere a educação, a revolu-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


são pertinentes. Constitui‑se em uma espécie de organização ção informacional prioriza o domínio de certas habilidades,
social do saber. O campo específico de atuação profissional e as pessoas que não têm as competências para lidar com a
política do professor estão relacionados à educação e as estes informação, a informática, fica excluída, ou seja, fica claro que
cabem a tarefa de assegurar aos alunos um sólido domínio o papel da escola não é neutro, ela colabora sim na exclusão
de conhecimentos e habilidades, o desenvolvimento de suas da classe menos favorecida
capacidades intelectuais, de pensamento independente, Para Demo (2004) não basta hoje apenas o domínio
crítico e criativo. Ao possibilitar aos alunos o domínio dos sobre os conteúdos específicos de sua disciplina, visto que
conhecimentos culturais e científicos, a  educação escolar estes se desatualizam com o tempo, e sim, saber renova‑los
socializa o saber sistematizado e desenvolve capacidades de maneira permanente, este é o desafio do professor do
cognitivas e operativas para a atuação no trabalho e nas século XXI. Demo (2004) afirma ainda que o professor do
lutas sociais pela conquista dos direitos de cidadania, dessa futuro deve conduzir à pesquisa e elaboração própria, caso
maneira, efetiva a sua contribuição para a democratização contrário o professor priva este da autonomia necessária
social e política da sociedade. (LIBÂNEO, 1994). para (re)construir o conhecimento, tornando‑o dependente
Percebe‑se na história da educação brasileira uma grande da ação docente, inseguro e adestrado frente às avaliações.
tendência em atender aos alunos de acordo com a classe
Pensando na educação como prática educativa é im-
social a qual pertenciam, isso ocorre desde os tempos em
portante fazer uma abordagem comparativa entre grandes
que a educação estava sob o domínio jesuíta até o momento
de a escola laica surgir, ou seja, já nos tempos modernos. correntes da pedagogia, bastante útil para a compreensão
Quando a igreja toma para si a responsabilidade da instru- global das diversas ideologias que norteiam o pensamento
ção pública, ou seja, ainda no Império Romano, as escolas pedagógico e que estão na origem de cada uma dessas cor-
possuíam duas categorias, uma destinada à formação dos rentes. Para fins didáticos, podemos dizer que as principais
monges e outra para a instrução da plebe, nesse contexto, correntes da pedagogia são: Tradicional, Comportamental,
não havia o interesse em que a massa aprendesse a ler e Montessoriana, Renovadora, Tecnicista, Sociocultural, Huma-
escrever, a  finalidade da educação para tal classe social nista, Libertadora, Cognitivista, Crítico‑social de conteúdos,
era apenas a de familiariza‑la com as doutrinas cristãs e Peagetiana e Construtivista.

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As Principais Correntes da Pedagogia A manipulação desses materiais em seus aspectos multis-
sensorial é, igualmente, um fator fundamental para o apren-
Corrente Tradicional dizado da linguagem, matemática, ciências e prática de vida.
Através da aprendizagem auto motivada e individualizada –
A escola tradicional, que reinou soberana até a década que é a essência da metodologia montessoriana – procura‑se
de 1950, tem o professor como foco central, orientando o desenvolver nas crianças, a autodisciplina e a autoconfian-
conteúdo do ensino proporcionando ao aluno o conheci- ça – o que futuramente gerará a autonomia necessária para
mento da evolução das ciências e das grandes realizações a continuação do aprendizado em outros níveis.
da civilização, através da História. Hoje em dia, podemos encontrar muitas escolas mon-
A metodologia tradicional tem como princípio a trans- tessorianas, mais especificadamente atendendo crianças da
missão dos conhecimentos através da aula do professor, educação infantil, bem como as quatro primeiras séries do
geralmente expositiva e sequencialmente predeterminada ensino fundamental.
e fixa, conferindo ênfase à repetição de exercícios, com
exigências de memorização dos conteúdos. Prisioneira de Corrente Renovadora
um currículo que revela um conteúdo programático infle-
xível, essa vertente tende a valorizar o conteúdo livresco, Inteiramente antagônicas aos modelos educacionais
a quantidade e àquilo que Paulo Freire chamou de “Educação tradicionais, o  movimento da “pedagogia renovada” é
Bancária”: reduz o aluno a um mero receptáculo do saber, uma resposta direta aos excessos da vertente tradicional,
menosprezando e subestimando seu potencial holístico. constituindo‑se numa concepção pedagógica que inclui
Dessa forma, a postura de uma escola tradicional tende inúmeras correntes, e que de uma maneira ou de outra,
a ser excessivamente conservadora. No processo de alfabe- estão ligadas ao movimento da Escola Nova ou Escola Ativa
tização, apoia‑se principalmente nas técnicas para codificar/ (escolanovismo).
decodificar a escrita, não se levando em conta a escrita Tais correntes, embora admitam algum nível de diver-
espontânea da criança em fase de alfabetização, sendo a gência entre si, assumem um mesmo princípio no sentido
cartilha sequencialmente seguida, ao pé da letra, pois é con- de nortear a valorização do indivíduo como ser livre, ativo e
siderada a base do processo de alfabetização. social. Em oposição à escola tradicional, a escola nova con-
fere ênfase ao princípio da aprendizagem por descoberta,
Corrente Comportamental estabelecendo que a atitude de aprendizagem, que, por sua
vez, aprendem fundamentalmente pela experiência, ou seja,
Na corrente comportamental predomina o método pelo que descobrem por si mesmos.
científico, visando à experimentação científica. O homem é Neste contexto, o professor passa a ser visto como
o produto do meio ambiente e deve ser orientado no sentido orientador e facilitador do processo de busca de conheci-
de exercer o sentido pleno sobre a natureza. A educação e o mento que, por sua vez, deve partir do aluno, ou melhor, das
ensino devem enfatizar o conhecimento do mundo exterior, motivações espontâneas dos mesmos. Cabe ao professor,
de serem orientados dentro de um processo de transmissão portanto, organizar e coordenar as situações de aprendi-
de cultura de geração em geração, visando adequar o indi- zagem, tentando permanentemente adaptar suas ações às
víduo para o convívio coletivo, em sociedades civilizadas. características individuais dos alunos, para desenvolver suas
Cabe ao professor o planejamento adequado dos conte- capacidades e habilidades intelectuais.
údos curriculares, de forma a promover o desenvolvimento Contudo a ideia de um ensino guiado pelo interesse dos
eficaz do sistema de aprendizagem. A situação do aluno é alunos acabou, em muitos casos, por desconsiderar a neces-
menos passiva em relação à aquisição do conhecimento, sidade de um trabalho planejado, fato que muito contribuiu
e de certa forma, passa a ser corresponsável pelo controle do para que perdessem de vista os conteúdos que deveriam ser
processo de aprendizagem. Através da avaliação sucessiva, ensinados e aprendidos.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

em várias etapas, procura‑se averiguar se o aluno está real-


mente aprendendo e se estão sendo alcançados os objetivos Corrente Tecnicista
propostos pelo professor.
A escola é voltada para as questões sociais, com vistas A década de 1970 assistiu a um acentuado desenvol-
à harmonia social. A mudança do indivíduo, que a escola se vimento e proliferação da corrente que se denominou de
propõe a fazer, consiste na transformação de seu compor- “tecnicismo educacional”, totalmente inspirado nas teorias
tamento, através do mecanismo da repetição e da punição behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do
aos resultados não alcançados. A  aplicação dos métodos ensino. Portanto, as práticas educacionais da época definiram
científicos está voltada para a experimentação empírica. uma prática pedagógica altamente burocrática, controlada
e dirigida pelo professor, com um currículo pouco flexível
Corrente Montessoriana aliada a atividades mecânicas, inseridas numa proposta
educacional rígida, conteudista e passível de ser totalmente
A pioneira e fundadora desta corrente é Maria Montesso- programada em detalhes.
ri, fisioterapeuta e educadora, tendo desenvolvido, na Itália, A supervalorização da tecnologia programada de ensino
em 1907, um sistema educacional com materiais didáticos trouxe consequências: A escola se revestiu de uma grande
que objetivam despertar interesse espontâneo na criança, autossuficiência, reconhecida por ela e por toda a comuni-
obtendo uma concentração natural nas tarefas, para não dade por ela influenciada, criando desta maneira, a  ideia
cansá‑las ou desinteressá‑las. Diverge fundamentalmente errônea de que aprender não é algo natural do ser humano,
da escola tradicional. mas que depende exclusivamente de especialistas e técnicas.
Até os dias de hoje o método é considerado original
no sentido em conferir total liberdade as crianças que, por Corrente Sociocultural
sua vez, permanecem livres para se movimentarem pela
sala de aula e suas próprias atividades, utilizando materiais A característica principal desta escola é a sua preocupa-
apropriados, tentando sempre gerar o ambiente propício à ção direcionada totalmente para as questões sociais, visando
autoeducação. possibilitar uma maior participação do povo nos processos

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de formação de sua própria cultura. Do ponto de vista ide- das denominadas teorias “pedagogia libertadora” e da “pe-
ológico, apresenta tendência de elaborar síntese entre o dagogia crítico social dos conteúdos”, que foram as correntes
Humanismo, o Existencialismo e o Marxismo. O indivíduo é adotadas pela facção de educadores marxistas.
visto como sujeito ativo e participante na aquisição e cons- Nessa proposta, a atividade escolar está concentrada em
trução do conhecimento, inserido no contexto histórico. discussões de temas sociais e políticos, bem como em ações
É um ser práxis, que age e reflete sobre o mundo, com o diretas sobre a realidade social vigente na época: analisam‑se
claro objetivo de transformá‑lo. os problemas, seus fatores determinantes, ao mesmo tempo
O indivíduo interage, continuamente, com a sociedade, em que se tenta organizar uma forma de atuação capaz de
em um processo permanente de transformação. A ênfase transformar a realidade social e política do país. O professor
do processo educacional é a consciência crítica da realidade. passa a ser um coordenador de atividades que organiza e atua
A educação deve propiciar a interação plena entre o professor com a coparticipação dos alunos. No entanto, este movimento
e o aluno, sem o caráter do oprimido/opressor, com base no esteve muito mais presente nas escolas públicas – nos mais
diálogo democrático e na maior liberdade dos participantes variados níveis de ensino -, bem como em universidades, do
no processo ensino/ aprendizagem. A  relação professor/ que no âmbito do ensino privado propriamente.
aluno é horizontal, desprovida de mecanismo coercivo ou
repressores. Corrente Cognitivista
A metodologia adotada por esta escola baseia‑se na
criação de simulações realistas, com um conteúdo adaptado A corrente cognitivista enfatiza a investigação dos pro-
a essa finalidade. No processo de avaliação, o aluno é con- cessos centrais do indivíduo, bem como a preocupação com
vidado a ser coautor das propostas e estratégias do ensino, a gênese dos processos cognitivos. Defende a interação do
de modo a permitir um sistema de autoavaliação, que tanto indivíduo com o meio, ou seja, é interacionista; porém, con-
se aplica aos alunos, como aos professores. O principal ex- sidera a aprendizagem como um resultado que vai além da
poente desta escola, no Brasil, é Paulo Freire. interação do indivíduo com o meio ambiente. O objetivo é
conferir capacidade ao aluno para assimilar o conhecimento,
Corrente Humanista com vistas à integração das informações, para processá‑las,
posteriormente.
Para a corrente humanista, o indivíduo é peça chave e O homem é visto com um ser receptivo, estágio final, que
principal colaborador da construção dos saberes humanos, naturalmente não existe. As ideias interacionistas predomi-
de modo que toda ênfase é referida a vida emocional e nam como processo gradual de adaptação entre o indivíduo
psicológica do aluno, bem como em suas relações interpes- e o meio ambiente, daí surgindo sua visão do mundo. A ação
soais. O professor é um facilitador, um orientador para levar educativa deve contribuir para o fortalecimento da demo-
o conhecimento ao aluno, cultivando as experimentações
cracia, mas seu objetivo principal é fazer com que o aluno
práticas junto com os próprios alunos. Nessa escola não se
conquiste, gradualmente, sua autonomia intelectual. A es-
aceita a existência de modelos prontos e regras pré‑definidas,
cola tem por função ensinar a criança a observar e a pensar,
pois o homem é um ser em permanente evolução, e a sua
para tirar suas próprias conclusões sobre o conhecimento
vida é um processo contínuo de exercício de utilização de
estudado e as experiências realizadas.
sua capacidade para superar‑se.
Dessa forma, o homem e o conhecimento estão em per- As atividades, realizada em grupo, deve favorecer a
manente e inacabado processo dialético, que exige esforço formação de um ambiente democrático e proporcionar o
contínuo de atualização. A característica fundamental desta diálogo permanente, em que imperem a liberdade de ação
abordagem é que o indivíduo já nasce com a potencialidade e de opinião.
de vir a ser. Na escola humanista, o ensino procura gerar um O ensino deve favorecer a estratégia de aprendizagem
ambiente propício à aprendizagem, fazendo com que todos através da metodização dos esquemas mentais, para facilitar

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


os alunos participem do processo educativo. Preocupa‑se, a assimilação dos conteúdos. O erro deve ser encarado como
igualmente, com a promoção da capacidade de autoapren- parte do processo de aprendizagem e um estágio capaz de
dizagem do aluno, com vista a acelerar seu desenvolvimento levar conclusões mais acertadas. Para tanto, são fundamen-
intelectual e afetivo, valorizando a autonomia e a autode- tais a reciprocidade intelectual e a cooperação mútua entre
terminação, no combate à heteronomia (dependência de o professor e aluno, cabendo ao professor criar desafios,
tudo e de todos). como estratégias de ensino.
A metodologia adotada, portanto, deve promover o Pelo visto, a metodologia adotada pela escola cognitivista
relacionamento interpessoal, a autonomia do educando e a é essencialmente motivada pelo individualismo, ao mesmo
troca de experiências. As grades curriculares consistem em tempo em que pelo interativismo, utilizando uma didática
diretrizes, não acolhendo verdades absolutas. O aluno é o permanente voltada para a investigação científica. A avalia-
principal responsável pela seleção dos conteúdos, bem como ção final do processo de ensino e aprendizagem é realizada
da respectiva construção do conhecimento através deles. mediante a utilização de parâmetros, baseados na teoria do
O processo de avaliação não contempla qualquer padroni- conhecimento, visando averiguar se o aluno assimilou os
zação dos resultados da aprendizagem, utilizando‑se mais conceitos básicos, através da teoria da prática experimental.
os métodos de autoavaliação e menos o poder de avaliação Principais expoentes: Piaget, Emilia Ferreiro e Jerome Braner.
dos professores.
Corrente Crítico‑social dos conteúdos
Corrente Libertadora
A “pedagogia crítico‑social dos conteúdos” surge no final
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, a abertura dos anos 1970 e início da década de 1980, no mesmo período
política decorrente do final do regime militar coincidiu com da Pedagogia Libertadora. Sua proposta se fundamenta na
a intensa mobilização dos educadores em busca de uma reação de alguns educadores que, na época, não aceitavam
educação crítica a serviço das transformações sociais, eco- a pouca relevância que a Pedagogia Libertadora dava ao his-
nômicas e políticas em vigor, objetivando a superação das toricamente acumulado que, por sua vez, deveria constituir
desigualdades existentes no interior da sociedade. Ao lado importante parte do legado cultural da humanidade.

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Esta corrente assegura, sobretudo, a função social e apesar de ainda não coincidirem com a dos adultos, possui
política da escola através do permanente do trabalho com sentido próprio para ela.
conhecimentos sistematizados, de forma a colocar as clas- Na concepção construtivista, a forma como se constrói o
ses populares em condições intelectuais para a sua efetiva saber é muito ampla, de forma que realmente se incluem
inserção e participação nas lutas sociais – vigentes e futuras. as ações de descobrir, inventar, redescobrir, criar: sendo
Desta forma, a visão desta nova corrente pedagógica acredita que aquilo que se faz (as ações), ou seja, que se obtém por
que não basta ter como conteúdo escolar as questões sociais resultado, é tão importante quanto o “como” e o “porquê”
atuais, vista de maneira isolada e linear, mas é necessário se faz, estratégia que contribui para que ênfase também seja
que se tenha domínio de conhecimentos, habilidades e conferida ao processo de aprendizagem – e não apenas aos
capacidades mais amplas, capazes de conferir aos alunos a resultados em si. É sempre importante lembrar que, dentro
capacidade de interpretar suas experiências de vida e, com da concepção construtivista, a ação pedagógica se dará no
isto, defender seus direitos individuais e interesses de classes. sentido da compreensão entre dois fatores: daquilo que o
ambiente dispõe (oferece): e das estruturas mentais que o
Corrente Piagetiana sujeito potencialmente carrega (em termos de carga genética
hereditária).
Se já era crescente a necessidade de se preocupar com
o domínio de conhecimentos formais que propiciassem Referências:
uma maior participação ativa e crítica na sociedade se uma
adequação psicopedagógica às características de um aluno DELVAL, J. Crescer e Pensar – a construção do conhecimento
que pensa, e que, por isso, precisa ser considerado como na escola. Porto Alegra: Artes Médicas, 1998.
ser integral, bem como a de um professor que, por sua vez,
domina conteúdos de valor social e formativo. Esse momento DEMO, Pedro. Professor do futuro e reconstrução do co-
é caracterizado pelo enfoque centrado no caráter social do nhecimento. Petrobrás, RJ: Vozes, 2004.
processo de ensino de aprendizagem e é, por sua vez, mar-
cado pela influência da psicologia genética. GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro. 7ª ed.
Tal enfoque inseriu nas questões pedagógicas aspectos São Paulo, SP: Ática, 2001.
muito relevantes, especialmente no que diz respeito à ma-
neira como se entende as relações entre: desenvolvimento IMBERNÓN, F. (Org.) A Educação no século XXI: os desafios
e aprendizagem; a importância da relação interpessoal nesse do futuro imediato. Trad.: Ernani Rosa. 2ª ed., Porto Alegre,
processo; a relação entre cultura e educação; o papel da RS: Artes Médicas Sul, 2000.
ação educativa ajustada às situações de aprendizagem; e
finalmente, às características básicas da atividade de cons- LIBÂNEO, José Carlos. Prática Educativa e Sociedade Didá-
trução dos esquemas mentais elaborada pelos alunos em tica. São Paulo, SP: Cortez, 1994.
cada diferente estágio de sua escolaridade.
A psicologia genética criou perspectivas de aprofunda- MIRANDA, Marília Faria de. Num quintal da globalização:
mento da compreensão sobre o processo de desenvolvimen- reflexos do processo de ocidentalização do mundo na
to na construção do conhecimento, mais especificamente, no educação brasileira de ensino médio. Tese de Doutorado.
que diz respeito à compreensão mais sistemática e profunda Marília, SP: Biblioteca‑UNESP, 2000.
dos mecanismos pelos quais as crianças constroem represen-
tações internas de conhecimento (esquemas mentais). Os co- SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do século XX. [et.
nhecimentos, portanto, são construídos através da interação al.]. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
direta da criança com seu meio social, em uma perspectiva
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

psicogenética, trazendo uma enorme contribuição que vai SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de História da Cultura
muito além dos grandes estágios de desenvolvimento. Brasileira. 14ª ed., São Paulo, SP: Difel, 1986.

Corrente Construtivista [1] Artigo apresentado como avaliação final da disciplina


Pensamento Pedagógico Brasileiro.
Construtivismo é uma das correntes teóricas empenha- [2] Aluna regular do programa de mestrado em Educa-
das em explicar como a inteligência humana se desenvolve ção da Universidade Estadual de Londrina. Graduada em
partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteli- Educação Física, pela Universidade Estadual de Londrina, no
gência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo ano de 1999 e especialista em Educação Física Escolar pela
e o meio. A ideia é que o homem não nasce inteligente, mas Universidade Estadual de Londrina no ano de 2003
também não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele Referências: Artigo escrito por Elias Celso Galvêas http://
responde aos estímulos externos agindo sobre eles para www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/con-
construir e organizar o seu próprio conhecimento, de forma teudo.php?conteudo=3 Web último acesso em 29/08/2013
cada vez mais elaborada.
A pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita chegou A DIDÁTICA E O PROCESSO DE ENSINO/
ao Brasil em meados dos anos 1980, causando um enorme
impacto nas correntes e teorias em vigor, revolucionando o APRENDIZAGEM: PLANEJAMENTO,
ensino da língua nas séries iniciais do ensino fundamental. ESTRATÉGIAS, METODOLOGIAS E
Ao mesmo tempo, tais estados acarretam uma revisão do AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
tratamento conferido ao ensino e à aprendizagem em di-
versas outras áreas do saber. Essa investigação evidencia a A educação é parte fundamental da formação do ser
atividade construtiva do aluno em relação à língua escrita, humano, assim buscar analisar esse processo, como ele
reconhecido objeto de estudo escolar, evidenciando a im- ocorre e quais seus elementos propicia informações bastante
portante presença dos conhecimentos específicos sobre o interessantes. O professor é a pessoa encarregada de grande
desenvolvimento da escrita já alcançada pela criança, e que, parte desse processo, pois é ele quem se relaciona direta-

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mente com o aluno, por isso é muito importante que haja O processo educacional, notadamente os objetivos, são
planejamento didático para que o processo flua de maneira os conteúdos do ensino e do trabalho do professor, os quais
mais fácil e, ao mesmo tempo, focado. são regidos por uma série de exigências da sociedade, ao pas-
Não podemos falar em educação sem entender o pro- so que a sociedade reclama da educação a adequação de
cesso didático educativo e para tanto podemos conceituar todos os componentes do ensino aos seus anseios e neces-
a Didática como o principal ramo de estudo da pedagogia, sidades. Porém, a prática educativa não se restringe as exi-
pois ela situa‑se num conjunto de conhecimentos pedagógi- gências da vida em sociedade, mas também ao processo de
cos, investiga os fundamentos, as condições e os modos de promover aos indivíduos os saberes e experiências culturais
realização da instrução e do ensino, portanto é considerada que o tornem aptos a atuar no meio social e transformá‑lo
a ciência de ensinar. Nesse contexto, o professor tem como em função das necessidades econômicas, sociais e políticas
papel principal garantir uma relação didática entre o ensino da coletividade (LIBÂNEO, 1994 p.17).
e a aprendizagem por meio da arte de ensinar, pois ambos
fazem parte de um mesmo processo. Segundo Libâneo Planejamento Educacional
(1994), o professor tem o dever de planejar, dirigir e controlar
esse processo de ensino, bem como estimular as atividades Assim como a educação, o  planejamento educacional
e competências próprias do aluno para a sua aprendizagem. acompanha as diversas concepções, partindo da visão tra-
A didática é considerada arte e ciência do ensino, ela não dicional, sendo feito basicamente pelo professor, com o fim
objetiva apenas conhecer por conhecer, mas procura aplicar de desenvolver as tarefas em sala de aula; pela concepção
seus princípios com a finalidade de desenvolver no individuo tecnicista, onde aparece como a grande solução para os
as habilidades cognitivas para torná‑los críticos e reflexivos. problemas da educação, entretanto sem levar em conta os
É dever do professor garantir uma relação didática entre o fatores sociopolíticos e econômicos; e a perspectiva atual do
ensino e a aprendizagem, tendo em mente a formação in- planejamento, sendo considerado instrumento de participa-
dividual da personalidade do aluno. A didática tem grande ção, diálogo e de intervenção da realidade, possibilitando a
relevância no processo educativo de ensino e aprendizagem, transformação da sociedade através do processo educacional.
pois ela auxilia o docente a desenvolver métodos que favore- O planejamento se constitui numa necessidade do educa-
ça o desenvolvimento de habilidades cognoscitivas tornando dor, e não um ritual burocrático, já que ultrapassa a questão
mais fácil o processo de aprendizagem dos indivíduos. técnica de organização de conteúdos, objetivos, metodologia
Estamos sempre aprendendo, seja de maneira sistemá- e transforma‑se numa questão política, pois envolve posi-
tica ou de forma espontânea, teoricamente podemos dizer cionamentos, compromisso e opções. É um instrumento de
que há dois níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o decisão e por isso deve ser uma ação espontânea do profes-
cognitivo. O nível reflexo refere‑se às nossas sensações pelas
sor. É preciso que se desconstrua a ideia de obrigatoriedade.
quais desenvolvemos processos de observação e percepção
Existem três níveis de planejamento educacional.
das coisas e nossas ações físicas no ambiente. Este tipo de
1. Planejamento a nível nacional – o qual está implícito
aprendizagem é responsável pela formação de hábitos sen-
a política educacional de uma nação a ser desenvolvida a
sório motor (Libâneo, 1994).
longo, médio e curto prazo.
O nível cognitivo refere‑se à aprendizagem de determi-
2. Planejamento a nível institucional – baseado no plano
nados conhecimentos e operações mentais, caracterizada
nacional, expressa por meio dos cursos, a sua filosofia de
pela apreensão consciente, compreensão e generalização das
ação, seus objetivos e toda dinâmica escolar. São os planos
propriedades e relações essenciais da realidade, bem como
pela aquisição de modos de ação e aplicação referentes a curriculares.
essas propriedades e relações (Libâneo, 1994). 3. Planejamento a nível do ensino – decorrem dos planos
De acordo com Libâneo (1994), o processo de ensino, curriculares e expressam propostas pedagógicas necessárias
ao mesmo tempo em que realiza as tarefas da instrução de ao bom andamento do processo de ensino aprendizagem.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


crianças e jovens, também é um processo educacional. Em São os planos de ensino /de disciplina /ou de aprendizagem.
se tratando do processo didático de ensino o professor deve Definem de forma sistemática toda a ação educativa, con-
criar situações que estimule o indivíduo a pensar, analisar e siderando a filosofia educacional da instituição, do curso,
relacionar os aspectos estudados com a realidade que vive. os objetivos, os conteúdos e a metodologia utilizados em
Essa realização consciente das tarefas de ensino e aprendi- cada componente curricular. Os planos de aula correspon-
zagem é uma fonte de convicções, princípios e ações que dem ao plano de ensino
irão relacionar as práticas educativas dos alunos, propondo Podemos então considerar como planejamento educa-
situações reais que faça com que os individuo reflita e analise cional uma organização sequenciada a respeito dos aspectos
de acordo com sua realidade (TAVARES, 2011). e ações necessárias para o desenvolvimento do processo
Para Libâneo (1994), a didática trata dos objetivos, con- de ensino‑aprendizagem. Assim como a educação, o plane-
dições e meios de realização do processo de ensino, ligando jamento educacional acompanha as diversas concepções,
meios pedagógico‑didáticos a objetivos sociopolíticos. Logo, partindo da visão tradicional, sendo feito basicamente pelo
podemos dizer que o processo didático se baseia no conjunto professor, com o fim de desenvolver as tarefas em sala
de atividades do professor e dos alunos, sob a direção do de aula; pela concepção tecnicista, onde aparece como a
professor, para que haja uma assimilação ativa de conhe- grande solução para os problemas da educação, entretanto
cimentos e desenvolvimento das habilidades dos alunos, sem levar em conta os fatores sócio políticos e econômicos;
pois um professor que aspira ter uma boa didática necessita a perspectiva atual do planejamento, sendo considerado
aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno, instrumento de participação, diálogo e de intervenção da
sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. realidade, possibilitando a transformação da sociedade
Devemos ter clareza de que não há prática educativa sem através do processo educacional.
objetivos; uma vez que estes integram o ponto de partida,
as premissas gerais para o processo pedagógico (LIBÂNEO, Estratégias de Ensino
1994 p.122). Os objetivos são um guia para orientar a prática
educativa sem os quais não haveria uma lógica para orientar As estratégias de ensino podem ser utilizadas de forma
o processo educativo. ativa e visam à consecução dos objetivos, por isso é preciso

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que estes estejam bem definidos no planejamento do pro- processo de ensino aprendizagem e, dessa maneira, des-
fessor. Assim, a depender do que se quer alcançar, o docente cobrir qual o melhor método para que os alunos tenham o
poderá aplicar estratégias individuais e ou grupais, durante efetivo aprendizado.
a sua prática pedagógica.
É preciso lembrar que o domínio das estratégias é um as- Referências Bibliograficas
pecto importante que precede a sua aplicação pelo docente,
pois antes de aplicá‑las, é preciso que se domine o processo, LIBÂNEO, José Carlos. A Didática e as exigências do processo
conhecendo todas as etapas, tendo em mente que as formas de escolarização: formação cultural e científica e demandas
de organizar o grupo dependem de cada estratégia. Entre- das práticas socioculturais. Disponível em:
tanto, para a escolha de cada estratégia, é preciso considerar
os objetivos estabelecidos no planejamento. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

Avaliação da aprendizagem LIBÂNEO. José Carlos. O essencial da didática e o trabalho


de professor em busca de novos caminhos: Disponível em:
A palavra avaliar vem do latim a‑valere, que significa http://www.ucg.br/site_docente/edu/libâneo;pdf.ensino.
“dar valor a...”, atribuir valor por meio do posicionamento pdf.acesso em 23.11.2013.
em relação ao objeto/ser que está sendo avaliado. A maioria
dos autores criticam severamente o modelo de avaliação TAVARES, Rosilene Horta,  Didática Geral. Belo Horizonte:
tradicional, que ainda se encontra presente nas instituições. Editora, UFMG, 2011.
Demo (2005) fala que avaliação é “cuidar da aprendizagem”
e não uma simples comprovação do rendimento, capacidade A SALA DE AULA COMO ESPAÇO DE
e pensamento do aluno, segundo o autor a avaliação deve
produzir efeitos tanto no avaliador quanto no avaliado, para
APRENDIZAGEM
que assim ambos possam cuidar juntos da aprendizagem.
O nosso estar no mundo é repleto de ações que nos
Para Vasconcellos (2010) a avaliação é compreendida como
levam a aprender. A aprendizagem, por sua vez, acontece
um processo da existência humana, no sentido de refletir
num entrelaçamento entre informação, conhecimento e
sobre a prática, seus avanços, resistências, dificuldades con-
saber. As informações que recebemos presentes no outro,
tribuindo na tomada de decisão orientada para superar os
nos espaços externos, acionam nossas estruturas mentais
obstáculos. O autor ainda chama atenção de que a avaliação
movimentando nosso organismo, corpo, esferas dramáti-
deve estar a serviço do aluno, como ferramenta de apoio
cas e cognitivas, transformando‑se em conhecimento que
e acompanhamento para verificação da compreensão do
se incorpora em nossos saberes. Dessa maneira, o saber
aluno, quais suas dificuldades para então ter a base para
se constitui a partir das experiências e vivências do nosso
auxiliar no melhor aprendizado do aluno.
cotidiano, e nossas aprendizagens primeiras acontecem em
Hoffmann (2003) afirma que a avaliação é fundamental
nossas relações familiares, somente mais tarde ingressamos
para a educação, o professor deve avaliar constantemente
na escola ampliando nossas relações sociais.
sua prática em relação aos ensinamentos passados aos
Para (Gonzalez Rey, 2001) Um dos objetivos da educação
alunos, o papel do educador é ajudar na construção de
não é simplesmente o de efetivar um saber na pessoa, mas
“verdades” que formarão o pensamento crítico e capacidade
seu desenvolvimento como sujeito capaz de atuar no pro-
de compreensão dos alunos, visto que essas “verdades” se
cesso em que aprende e de ser parte ativa dos processos de
tratam de um processo contínuo de formulação e reformu-
subjetivação associados à sua vida cotidiana. Essa afirmação
lação percebe‑se a importância da avaliação constante do
nos leva a enxergar o aluno como aquele sujeito ativo na sua
processo.
aprendizagem, uma vez que ele se apropria do conhecimen-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Portanto, a Avaliação escolar é de extrema importância


to, o mesmo terá a ousadia de utilizá‑lo na sua vida prática.
por isso é muito importante como componente no processo
Nesse sentido entende‑se que é importante valorizar as
de ensino aprendizagem, pois as informações geradas pela
concepções dos alunos, tratando‑as respeitosamente, pois
avaliação servem como base e motivação para o professor
é com base nelas que o conhecimento poderá ser constru-
e o aluno verificarem qual o andamento do processo de en-
ído, pois acredita‑se que a sala de aula é o lugar onde há
sino, verificar os avanços e dificuldades encontradas, buscar
uma reunião de seres pensantes que compartilham ideias,
entender se a prática da sala de aula está gerando resultados
trocam experiências, contam histórias, enfrentam desafios,
positivos e se necessário reformular.
rompem com o velho, buscam o novo, enfim, há pessoas que
Acredita – se que somente se houver entendimento claro
trazem e carregam consigo saberes cotidianos que foram
sobre o papel da avaliação no ensino, este terá realmente sua
internalizados durante sua trajetória de vida, saberes esses
função cumprida e assim todos os envolvidos (professores,
que precisam ser rompidos para dar lugar a novos saberes.
alunos, gestores e pais) poderão dar um novo significado
Com as sucessivas transformações e com a disseminação
para a função da escola na sociedade.
da tecnologia da informação de forma rápida, mais do que
A respeito da aprendizagem do aluno, a  avaliação vai
qualquer outra coisa, constituir‑se‑á como determinante a
muito além de atribuir notas e números que indicam se ele
capacidade de aprender de cada indivíduo. “A questão hoje
sabe ou lembra do conteúdo, a avaliação deve ser vista como
é menos possuir a informação do que saber encontrá‑la,
uma maneira de ajudar o aluno a crescer em conhecimento
selecioná‑la, utilizá‑la de forma apropriada, saber sua vera-
e em nível pessoal também, é importante saber como está o
cidade, sua credibilidade, a que interesses está servindo.”
aprendizado do aluno, se ele está absorvendo e entendendo
(LIBÂNEO, 2004, p. 47). Como a escola está preparada para
a aula, porém o importante ainda é saber como ensiná‑lo
auxiliar nessa formação? Em que a instituição escolar vai
da melhor forma possível e se ele estiver com dificuldades
auxiliar para preparar os indivíduos para esta sociedade da
auxiliá‑lo. O papel do professor não é julgar tão pouco rotular
aprendizagem?
os alunos, mas sim auxiliá‑lo no aprendizado.
Hargreaves (2004), exemplifica como algumas sociedades
Portanto, vale enfatizar que é através do planejamento
mudaram a escola, transformando‑a em um poderoso fator
e da avaliação que o professor consegue entender melhor o

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de desenvolvimento dessa capacidade de aprender. Ele traz tarefas como alimentar as crianças, cuidar delas, protegê‑las
os exemplos de Cingapura e Japão e como essas sociedades da violência doméstica e das ruas, etc. “Se fossem organiza-
se mobilizaram para que a escola não ficasse à margem e sim ções de aprendizagem, as escolas desenvolveriam estruturas
se transformasse na agente de geração de cabeças pensan- e processos que lhes capacitassem para aprender no interior
tes. “[...] estão agora reduzindo a quantidade de conteúdo de seus ambientes imprevisíveis e mutantes e responder a
prescrito no currículo, promovendo mais flexibilidade dos eles com rapidez.” (HARGREAVES, 2004, p.141).
professores e exigindo mais criatividade em sala de aula” Em diferentes momentos da história da educação en-
(2004, p. 36). contramos questionamentos sobre a aprendizagem, sobre
Libâneo (2004), afirma que o processo de aprendizagem, a origem do conhecimento. Diferentes teorias surgiram
a democracia na escola de hoje, significa qualidade cognitiva versando sobre esta problemática. Para Grossi (2004),
e operativa das aprendizagens escolares. E não há como fazer sabemos hoje que a aprendizagem é uma construção, que
isso sem a mediação da professora e do professor. A simbo- os conhecimentos nem estão prontos dentro de nós e nem
logia dos “mutantes” é muito oportuna para transmitirmos vêm prontos de fora.
a ideia de docente que se exige. “Os professores de hoje, Dentro dessa nova dinâmica do conhecimento e frente a
portanto, precisam estar comprometidos e permanente- esta visão da aprendizagem esperamos dos professores, mais
mente engajados na busca, no aprimoramento, no auto do que qualquer outra pessoa, que construam comunidades
acompanhamento e na análise de sua própria aprendizagem de aprendizagem, criem a sociedade do conhecimento e
profissional” (HARGREAVES, 2004, p. 410/11). desenvolvam capacidades para a inovação, a flexibilidade e
Entende‑se que assim como as pessoas, as escolas que o compromisso com a transformação, essenciais à prospe-
são feitas por pessoas, têm uma tendência de não mudar ridade econômica. O papel do educador se constitui em ser
enquanto puderem permanecer como estão. A  mudança um provocador, um alimentador permanente do desejo de
gera a necessidade de sair da zona de conforto e de desa- aprender do aluno. Para isso ele precisa demonstrar também
pego, mas quando não conseguimos suportar uma situação ser um conhecedor, um pesquisador, um explorador de
algo precisa ser feito e é aí que devemos buscar uma opção novos mundos; mundos estes que também desejarão ser
melhor, aí vem a necessidade de mudança. descortinados por seus discípulos.
O que nós enquanto educadores precisamos entender Dentro de uma perspectiva de construção do conheci-
é que num mundo onde ter acesso à informação é cada mento alguns autores definem que o papel do professor é
vez mais fácil, não é mais o professor que detém todo o ajudar os alunos a entenderem a realidade em que se en-
conhecimento. “Ele deve assumir o papel de mediador da contram, tendo como mediação para isto o conhecimento.
aprendizagem. Precisa ser um provocador da construção do Para isso, como destaca Vasconcellos (1993:31) “o professor
conhecimento” (MEIER, 2004, p. 09) lança mão da cultura acumulada pela humanidade; diante
A imagem do sujeito “formado” tende a desaparecer e dos desafios da realidade e coloca o aluno em contato com
ceder lugar ao sujeito em formação permanente, pois há este saber”.
a necessidade de ser um indivíduo em constante busca,
inquieto, interrogador. Referências
Em um mundo em constante transformação, com o GUIMARÃES, Valter S. Formação de professores: saberes,
conhecimento se ampliando, comunidades se trans- identidade e profissão. Campinas, SP: Papirus, 2004.
formando e políticas voláteis e oscilantes na educa-
ção, os professores da sociedade do conhecimento HARGREAVES, A. O ensino na sociedade do conhecimento:
devem desenvolver e ser ajudados a desenvolver as educação na era da insegurança. Porto Alegre: Artmed, 2004.
capacidades de correr riscos, lidar com a mudança e

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


desenvolver investigações quando novas demandas LIBÂNEO, José C. A escola com que sonhamos é aquela que
e problemas diferentes os confrontarem repetida- assegura a todos a formação cultural e científica para a vida
mente. (HARGREAVES, 2004, p. 44). pessoal, profissional e cidadã. In COSTA, Marisa (org.). A es-
cola tem futuro? Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
Silva (2004), ao falar do papel do professor atribui‑lhe a
tarefa de ser o mediador entre o aluno e o conhecimento. MEIER, Marcos. Futuro exigirá professores aptos a lidar com
Não podemos esquecer que a adesão e o consentimento do as diferenças. In Impressão Pedagógica. Curitiba: Expoente,
aluno contribuem sobremaneira para consolidar o processo ano XIII, nº 36, 2004.
de ensino aprendizagem. Porém, a ação eficaz e interven-
ção adequada contribuem para o sucesso da aprendizagem SILVA, J. Filipe da (org). Práticas avaliativas e aprendizagens
discente. Portanto, assim como Silva (GUIMARÃES, 2004, significativas em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre:
p. 52), reforça dizendo que mediar a aprendizagem é uma Mediação, 2004.
atividade emocional, mas que envolve uma dimensão ética
que vai desde o profissionalismo de medir as consequências VEIGA‑NETO, Alfredo Pensar a escola como uma instituição
da própria ação para a formação do aluno, até detalhes que pelo menos garanta a manutenção das conquistas fun-
relacionados ao distribuir adequadamente a atenção entre damentais da modernidade. In COSTA, Marisa (org.). A escola
os alunos da classe. tem futuro? Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
Olhando para as escolas de hoje nos perguntamos: são
espaços de aprendizagem? Por que nos interrogamos sobre GROSSI, E. Como areia no alicerce: ciclos escolares. São
isso? Não é óbvio que assim o fossem? Não é tão pacífica Paulo: Paz e Terra, 2004.
assim a compreensão sobre elas. A  docência e o espaço
escolar mudaram muito e com a mudança abriram‑se para Vasconcellos, C. S. (2003). Para onde vai o professor? Res-
as escolas novas formas de ser e fazer. O seu “quê fazer” foi gate do professor como sujeito e transformação. São Paulo:
profundamente modificado, ficando para as escolas outras Libertad.

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AS TEORIAS DE CURRÍCULOS como mudança de conduta, como programa da escola que
contém conteúdos e atividades, soma de aprendizagens ou
Currículo: Diferentes Teorias resultados, ou todas as experiências que o sujeito pode obter.
O currículo supõe a concretização dos fins sociais e cul-
Historicamente, o currículo tem sido um campo de dis- turais, de socialização que se atribui à educação escolarizada
puta, de contestação e de conflito. À medida que se chega ou de ajuda ao desenvolvimento, de estímulo e cenário do
ao século XXI − numa sociedade marcada por diferenças de mesmo, o  reflexo de um modelo educativo determinado.
classe, de gênero, de etnia, de religião e de geração, dentre Assim sendo, quando definimos currículo, estamos descre-
outras −, as  decisões e prescrições relativas ao currículo vendo a concretização das funções da própria escola e a
estão vinculadas, estreitamente, a estruturas de poder e forma particular de enfocá‑las em um momento histórico
de dominação. Isso faz da educação formal, ofertada na e social determinado (Sacristán, 1995, p.15-16). Portanto,
instituição escolar e na academia, um espaço político de diante das várias formas de se tentar definir currículo e de
embates permanentes por autonomia intelectual e política, teorizá‑lo é que Barreto (2005, p. 2), afirma que: “É possível
encontrar inúmeras definições de currículo, pois elas têm
por igualdade e por solidariedade (SILVA, 2007).
variado no tempo e no espaço”. Algumas definições tendem
A questão central para qualquer teoria que problematize
a enfatizar o conjunto de experiências adquiridas pelo aluno
o currículo é orientar a ação educativa em um dimensiona-
na escola. Outras recaem nos conteúdos e disciplinas a serem
mento amplo e integrado. E isso compreende muito mais do
trabalhados com os estudantes com vistas a determinados
que listar conteúdos, cargas horárias e matrizes curriculares.
objetivos. O que o currículo é, depende da forma como ele
Envolve saber, numa perspectiva política, qual conhecimento
é definido pelos autores e pelas teorias que dele se ocupam.
deve ser ensinado, quais as finalidades desse conhecimento,
A partir do pensamento da autora supracitada podemos
para quem ele se destina e a quem ele interessa.
inferir que o currículo não é apenas uma lista de conteúdos
Nesse sentido, a indagação o que selecionar como ele-
que os alunos têm que percorrer a fim de alcançar alguns
mento constituinte de um currículo deve ser necessariamen-
objetivos; mas, sobretudo, são as experiências vividas a partir
te antecedida por o que os educandos devem se tornar. Esses
do que o fio da tradição já legou e acima de tudo, currículo
questionamentos são fundamentais para uma constituição é criação, invenção, reinvenção, dentro e fora do cotidiano
curricular perspectivada em um processo de construção e de escolar, a partir de outros locais de mediação de informa-
desenvolvimento interativo, dinâmico e complexo. ções, tais como movimentos sociais, a família, a biblioteca,
As teorias relacionadas ao currículo tinham, inicialmente, as mídias, as empresas, as Organizações Não Governamentais
como questões principais: Qual conhecimento deve ser en- (ONGs), os sindicatos, o ciberespaço e suas potencialidades,
sinado? O que os alunos devem saber? Qual conhecimento como os blogs e os ambientes virtuais de aprendizagem, etc.
ou saber é considerado importante ou válido para merecer Ao se pensar em currículo deve‑se buscar responder a
ser considerado parte do currículo? Respondidas a essas questões de qual conhecimento deve ser transmitido aos
perguntas, houve a preocupação em justificar a escolha por alunos, se o currículo deve atender à sociedade tal qual
tais conhecimentos e não por outros e o que os alunos devem está posta, ou deve ser um currículo que busque contestar
ser ou se tornar a partir desses conhecimentos. a determinados modelos de sociedade, etc. E assim, Silva, T.
Algumas teorias sobre o currículo apresentam‐se como (2002, p.15) afirma que “a cada um desses ‘modelos’ de ser
teorias tradicionais, que pretendem ser neutras, científicas humano corresponderá um tipo de conhecimento, um tipo
e objetivas, enquanto outras, chamadas teorias críticas e de currículo”. O que nos leva a inferir que não deve haver um
pós‐críticas, argumentam que nenhuma teoria é neutra, modelo pronto e acabado de currículo, mas sim os currículos,
científica ou desinteressada, mas que implica relações de embora sigam determinadas orientações, devem também ser
poder e demonstra a preocupação com as conexões entre específicos para os contextos em que a escola está inserida.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

saber, identidade e poder. As diferentes teorias do currículo Numa perspectiva mais ampla, Macedo, E. (2006) afirma que
se diferenciam, inclusive, pela ênfase que dão à natureza da o currículo é um espaço‑tempo em que sujeitos diferentes
aprendizagem, do conhecimento, da cultura, da sociedade, interagem, tendo por referência seus diversos pertencimen-
enfim, à natureza humana. tos, e que essa interação é um processo cultural que ocorre
Tendo em vista as divergências existentes entre as teorias num lugar‑tempo. Portanto, os currículos são espaço‑tempo
curriculares a escola deve procurar discutir qual tipo de currí- de fronteira e, assim, são híbridos culturais. Na realidade,
culo ela pretende adotar para se chegar ao objetivo desejado. a autora entende o currículo como um espaço‑tempo em
Essa escolha não é tão simples já que cabe a ela pensar a que estão mesclados os discursos da ciência, da nação, do
partir da concepção do seu Projeto Político Pedagógico, esse mercado, os  “saberes comuns”, as  religiosidades e tantos
que deve fundamentar a prática teórica da instituição e as outros, todos também híbridos em suas próprias constitui-
necessidades dos alunos. ções (Macedo, E., 2006),
Definir o que seja currículo não é tarefa das mais fáceis Nesse sentido, os estudos curriculares também devem
haja vista a infinidade de teorias existentes nesse campo. buscar uma análise maior acerca dos conteúdos transmiti-
Rule (1973 como citado em Sacristán, 1995, p.14) afirma dos, bem como dos materiais pedagógicos e da mediação
que na literatura norte‑americana sobre currículo, há uma e criação dos conteúdos, haja vista que: Todos os materiais
centena de definições que podemos encontrar e que há pedagógicos que são utilizados por professores e alunos são
dois grupos mais destacados. O primeiro está relacionado mediadores decisivos da cultura nas escolas, porque são os
com a concepção de curriculum como experiência. Ou seja, artífices do que e do como se apresenta essa cultura a pro-
como um conjunto de responsabilidades da escola em pro- fessores e alunos. Ali se reflete de forma bastante elaborada
mover uma série de experiências, sejam estas conscientes a cultura real a que se aprende (Sacristán, 1995:89).
e intencionais, ou experiências planejadas, dirigidas ou sob O currículo, mais do que é uma simples enumeração de
a supervisão da escola, etc. O segundo é o curriculum como conteúdos e diretrizes a serem trabalhados em sala de aula
definição de conteúdo da educação, como planos ou propos- pelos professores ao longo das diferentes fases da vida es-
tas, especificação de objetivos, reflexo da herança cultural, colar dos estudantes, é uma construção histórica e também

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cultural que sofre, ao longo do tempo, transformação em Teorias críticas do currículo
suas definições. Por esse motivo, para o professor, é preciso
não só conhecer os temas concernentes ao currículo de suas Argumenta‑se que não existe uma teoria neutra, já que
áreas de atuação, como também o sentido expresso por sua toda teoria está baseada nas relações de poder. Isso está
orientação curricular. Ele deve contribuir para construção da implícito nas disciplinas e conteúdo que reproduzem a desi-
identidade dos alunos na medida em que ressalta a indivi- gualdade social que fazem com que muitos alunos saem da
dualidade e o contexto social que estão inseridos. Além de escola antes mesmo de aprender as habilidades das classes
ensinar um determinado assunto, deve aguçar as potencia- dominantes. Percebe o currículo como um campo que prega
lidades e a criticidade dos alunos. a liberdade e um espaço cultural e social de lutas.
Por esse motivo, o conceito de currículo na educação foi As teorias curriculares críticas basearam o seu plano
se transformando ao longo do tempo, e diferentes correntes teórico nas concepções marxistas e também nos ideários
pedagógicas são responsáveis por abordar a sua dinâmica e da chamada Teoria Crítica, vinculada a autores da Escola de
suas funções. Assim, diferentes autores enumeram de distin- Frankfurt, notadamente Max Horkheimer e Theodor Adorno.
tas formas as várias teorias curriculares. Nessa perspectiva, Outra influência importante foi composta pelos autores da
a função da teoria curricular é compreender e descrever chamada  Nova Sociologia da Educação, tais como Pierre
Bourdieu e Louis Althusser.
fenômenos da prática curricular.
Esses autores conheceram um maior crescente de suas
O currículo passou a ser discutido mais especificamente
teorias na década de 1960, compreendendo que tanto a
a partir da década de 1920 e 1930, com as reformas pro-
escola como a educação em si são instrumentos de repro-
movidas pelos pioneiros da Escola Nova, numa tentativa de dução e legitimação das desigualdades sociais propriamente
romper com a escola tradicional, que visava a um ensino para constituídas no seio da sociedade capitalista. Nesse sentido,
a reprodução de conteúdo, para a transmissão de conheci- o currículo estaria atrelado aos interesses e conceitos das
mentos já sistematizados e acumulados pela humanidade. classes dominantes, não estando diretamente fundamentado
(MOREIRA, 1990). O papel do professor a partir da teoria ao contexto dos grupos sociais subordinados.
tradicional, segundo Eyng (2007, p. 118), “[...] pode ser resu- Assim sendo, a  função do currículo, mais do que um
mido como ‘dar a lição’ e ‘tomar a lição’, não se apresentando conjunto coordenado e ordenado de matérias, seria tam-
maiores preocupações em vincular as informações com o bém a de conter uma estrutura crítica que permitisse uma
contexto social onde o sujeito está.” Já a Escola Nova, que perspectiva libertadora e conceitualmente crítica em favo-
veio opor‑se à visão tradicional da educação, tendo como recimento das massas populares. As  práticas curriculares,
precursor Anísio Teixeira, trouxe inovações no pensamento nesse sentido, eram vistas como um espaço de defesa das
sobre o currículo, na perspectiva de organizá‑lo, priorizan- lutas no campo cultural e social.
do os interesses e as necessidades das crianças. Segundo
afirmações de Moreira, (1990, p. 88) “[...] pela primeira vez Teorias Pós‑Críticas do Currículo
disciplinas escolares foram consideradas instrumentos para o
alcance de determinados fins, ao invés de fins em si mesmas, Já as teorias curriculares pós‑críticas emergiram a partir
sendo‑lhes atribuído o objetivo de capacitar os indivíduos a das décadas de 1970 e 1980, partindo dos princípios da fe-
viver em sociedade.” nomenologia, do pós‑estruturalismo e dos ideais multicultu-
Dessa forma, podemos distinguir três notórias teorias rais. Assim como as teorias críticas, a perspectiva pós‑crítica
curriculares: as tradicionais, as críticas e as pós‑críticas. criticou duramente as teorias tradicionais, mas elevaram as
suas condições para além da questão das classes sociais,
Teorias Tradicionais do Currículo indo direto ao foco principal: o sujeito. Essa teoria crítica
a desvalorização do desenvolvimento cultural e histórico
As teorias curriculares tradicionais, também chamadas de alguns grupos étnicos e os conceitos da modernidade,
como razão e ciência. Outra perspectiva desse currículo é

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


de teorias técnicas, foram promovidas na primeira metade
do século XX, sobretudo por John Franklin Bobbitt, que a fundamentação no pós‑estruturalismo que acredita que
associava as disciplinas curriculares a uma questão pura- o conhecimento é algo incerto e indeterminado. Questiona
mente mecânica. Nessa perspectiva, o sistema educacional também o conceito de verdade, já que leva em consideração
estaria conceitualmente atrelado ao sistema industrial, que, o processo pelo qual algo se tornou verdade.
Desse modo, mais do que a realidade social dos indivídu-
na época, vivia os paradigmas da administração científica,
os, era preciso compreender também os estigmas étnicos e
também conhecida como Taylorismo e tem como objetivo
culturais, tais como a racionalidade, o gênero, a orientação
principal preparar para aquisição de habilidades intelectuais sexual e todos os elementos próprios das diferenças entre as
através de práticas de memorização. Esse tipo de currículo pessoas. Nesse sentido, era preciso estabelecer o combate à
teve origem nos Estados Unidos. opressão de grupos semanticamente marginalizados e lutar
Assim, da mesma forma que o Taylorismo buscava a por sua inclusão no meio social.
padronização, a imposição de regras no ambiente produtivo, As teorias pós‑críticas consideravam que o currículo tra-
o trabalho repetitivo e com base em divisões específicas de dicional atuava como o legitimador dos modus operandi dos
tarefas, além da produção em massa, as teorias tradicionais preconceitos que se estabelecem pela sociedade. Assim,
também seguiram essa lógica no princípio do currículo. Dessa a sua função era a de se adaptar ao contexto específico dos
forma, o currículo era visto como uma instrução mecânica estudantes para que o aluno compreendesse nos costumes e
em que se elaborava a listagem de assuntos impostos que práticas do outro uma relação de diversidade e respeito. Além
deveriam ser ensinados pelo professor e memorizados (re- do mais, em um viés pós‑estruturalista, o currículo passou
petidos) pelos estudantes. a considerar a ideia de que não existe um conhecimento
Nesse sentido, a elaboração do currículo limitava‑se a ser único e verdadeiro, sendo esse uma questão de perspectiva
uma atividade burocrática, desprovida de sentido e funda- histórica, ou seja, que se transforma nos diferentes tempos
mentada na concepção de que o ensino estava centrado na e lugares.
figura do professor, que transmitia conhecimentos específi- É por causa dessa divergência entre as teorias curriculares
cos aos alunos, estes vistos apenas como meros repetidores que a escola deve procurar discutir qual currículo ela quer
dos assuntos apresentados. adotar para se chegar ao objetivo desejado. Essa escolha

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deve ser pensada a partir da concepção do seu Projeto esse espaço cheio de conflitos, Como afirma Silva (2005,
Político Pedagógico, esse que deve fundamentar a prática p.148), o Currículo é um território político contestado.
teórica da instituição e as inquietudes dos alunos. A educação a que Freire se opõe é vista por ele como
As teorias tradicionais consideram‑se neutras, científicas bancária, ou seja, os  professores depositam conteúdos
e desinteressadas, as críticas argumentam que não existem sobre os alunos, que os recebem passivamente, como se
teorias neutras, científicas e desinteressadas, toda e qualquer fossem recipientes, vasilhas, sem problematizar ou refletir.
teoria está implicada em relações de poder. As pós‑críticas Dessa forma, “[...] a educação se torna um ato de depositar
começam a se destacar no cenário nacional, os currículos em que os educandos são os depositários e o educador o
existentes abordam poucas questões que as representam. depositante.” (FREIRE, 2003, p. 58). Essa educação não exige
Encontramos estas dimensões nos PCNS, temas transversais a consciência crítica do educador e do educando, por isso
(ética, saúde, orientação sexual, meio ambiente, trabalho, oprime e nega a dialogicidade. Dessa forma, os educadores
consumo e pluralidade cultural) e em algumas produções ao transmitirem esses saberes prontos, sem contextualizar
literárias no campo do multiculturalismo. O que é essencial com a realidade social dos alunos, tornam‑se transmissores
para qualquer teoria é saber qual conhecimento deve ser dos ideais opressores, dos interesses da classe dominante.
ensinado e justificar o porquê desses conhecimentos e não Para se opor a essa forma de educação antidialógica, Paulo
outros devem ser ensinados, de acordo com os conceitos Freire propõe o diálogo entre educador e educando, uma
que enfatizam. educação problematizadora em que os homens se educam
O estudo das teorias do currículo não é a garantia de se em comunhão com o objetivo de libertar‑se e assim propor-
encontrar as respostas a todos os nossos questionamentos, cionar uma transformação social. Para o autor, não é preciso
é uma forma de recuperarmos as discussões curriculares no apenas conhecer o mundo, é  preciso transformá‑lo. Com
ambiente escolar e conhecer os diferentes discursos peda- essa educação problematizadora, os homens percebem que
gógicos que orientam as decisões em torno dos conteúdos conhecer possibilita interferir na realidade e percebem‑se
até a “racionalização dos meios para obtê‑los e comprovar como sujeitos da história. O pensamento Freire, portanto,
seu sucesso” (SACRISTÁN, 2000, p.125). contribuiu fortemente para a teoria crítica do currículo, mas
As reformulações curriculares atuais promovem dis- atualmente o que se percebe é que ainda a teoria tradicional
cussões entre posições diferentes, há os que defendem os prevalece nas práticas pedagógicas dos professores. Para
currículos por competências, os científicos, os que enfatizam melhor compreender a ênfase dada às teorias tradicionais
a cultura, a diversidade, os mais críticos à ciência moderna, e às críticas e suas diferenças pode ser observado de forma
enfim, teorias tradicionais, críticas e pós‑críticas disputam resumida o quadro abaixo:

Conceitos das Diferentes Teorias do Currículo

Teorias Tradicionais Teorias Críticas Teorias Pós‑Críticas


Ensino. Ideologia. Identidade, alteridade e diferença.
Aprendizagem. Reprodução cultural e social. Subjetividade.
Avaliação. Poder. Saber‑poder.

Metodologia. Classe social. Significação e discurso.


Didática. Capitalismo. Representação.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Organização. Relações sociais de produções. Cultura.


Planejamento. Conscientização, emancipação e Gênero, raça, etnia, sexualidade.
libertação.
Eficiência. Currículo oculto. Multiculturalismo.
Objetivos. Resistência. -----------------------
Fonte: PINHEIRO apud SILVA, 2007.

O resumo no quadro acima mostra claramente e de for- Como o currículo organiza as funções da escola e os seus
ma simplificada o enfoque das teorias tradicionais, críticas elementos refletem seus objetivos, devemos dar a importân-
e pós‑críticas e possibilita perceber a valorização que cada cia devida a esse processo e perceber que a escola precisa
uma faz a partir do que propõe. ter o seu currículo, não apenas como grade curricular, mas
Para Gimeno Sacristán (2000, p. 15), “Quando definimos abrangendo de forma interligada todas as suas finalidades,
currículo, estamos descrevendo a concretização das funções as quais já foram pontuadas. Além de perceber seu papel fun-
da própria escola e a forma particular de enfocá‐las num damental, também é necessário constante verificação, análise,
momento histórico e social determinado, para um nível de interpretação e reelaboração, para mantê‐lo atualizado e nele
modalidade de educação, numa trama institucional, etc”. perceber, por meio da prática, o que estamos reproduzindo ou
O currículo, então, é um meio pelo qual a escola se organiza, produzindo, transmitindo ou construindo. O professor deve
propõe os seus caminhos e a orientação para a prática. Não se perceber como participante no processo de elaboração e
podemos pensar numa escola sem pensar em seu currículo reelaboração, não se esquecendo de seu papel de educador.
e em seus objetivos. Todavia, não estamos propondo isto
apenas de forma burocrática e mecânica, como propunha a Referências Bibliográficas:
teoria tradicional, mas percebendo todo o contexto em que
isto ocorre e as consequências na prática pedagógica e na MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículos e Programas
formação do educando. no Brasil. Campinas: Papirus, 1990.

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SILVA, Tomaz Tadeu da.  Documentos de Identidade: Uma para o atendimento de crianças / adolescentes e orientação
Introdução às Teorias do Currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: de professores, na própria escola, seja de alguma outra
Autêntica, 2003. instância para onde os ‘casos problemáticos’ possam ser
encaminhados.
SACRISTÁN J. G.; PÉREZ GÓMEZ A. I. Compreender e Trans- Pela Psicologia, o campo da educação vem sendo olhado
formar o Ensino. Porto Alegre: ArtMed, 2000. e escutado, respeitando‑se a história que lhe é própria, bem
como suas principais características: a responsabilidade de
FREIRE, Paulo (2003). Pedagogia do Oprimido. 35. ed. Rio ensino das matérias de conhecimento (línguas, matemáticas,
de Janeiro: Paz e Terra. ciências, etc.), a tarefa da transmissão, o cultivo das experi-
ências humanas, valores, princípios e, consequentemente,
GADOTTI, Moacir (1989). Educação e Poder: Introdução à também responsável pelo progresso e desenvolvimento de
Pedagogia do Conflito. 9. ed. São Paulo: Cortez. nossa sociedade.
A participação do psicólogo na equipe multidisciplinar é
GIMENO SACRISTÁN, J. (2000). O Currículo: Uma Reflexão fundamental para respaldá‑la com conhecimentos e experi-
Sobre a Prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed. ências científicas atualizadas na tomada de decisões de base,
como a distribuição apropriada de conteúdos programáticos
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA (de acordo com as fases de desenvolvimento humano), sele-
ção de estratégias de manejo de turma, apoio ao professor
DA EDUCAÇÃO PARA A PEDAGOGIA: no trabalho com a heterogeneidade presente na sala de
IMPLICAÇÕES PARA A MELHORIA DO aula, desenvolvimento de técnicas inclusivas para alunos
ENSINO E PARA AÇÕES MAIS EMBASADAS com dificuldades de aprendizagem e/ou comportamentais,
DA AÇÃO PROFISSIONAL DOCENTE programas de desenvolvimento de habilidades sociais e
outras questões relevantes no dia a dia da sala de aula, nas
NO ALCANCE DO QUE SE ENSINA AOS quais os fatores psicológicos tenham papel preponderante.
INDIVÍDUOS
A psicologia escolar contemporânea
As origens históricas da Psicologia da Educação remon-
tam ao século XIX. A expansão do ensino público nas cidades O conceito de Psicologia Escolar/Educacional abrange a
da América e da Europa, além da crescente ocorrência de intersecção entre a Psicologia na Escola e a Psicologia da Edu-
problemas ligados aos menores (abandono, negligência, de- cação. Embora haja variações sobre as definições e as reais
linquência e outros), originou a procura por profissionais pre- atribuições entre Psicologia Escolar e Educacional, atribui‑se
parados para fornecer ajuda às escolas e aos órgãos jurídicos à primeira o status de aplicada (visando a atuação prática) e à
legais em relação a problemas de avaliação e compreensão segunda, o de acadêmica (visando a pesquisa). Como ambas
das dificuldades existentes, bem como suas possíveis causas. se complementam e se apoiam esta dicotomia parece ser
E capazes, igualmente, de propor e implementar soluções. apenas acadêmica. Segundo dados extraídos da pesquisa de
A expulsão dos jesuítas resultou no Brasil, entre outras perfil profissional, elaborada pelo Conselho Federal de Psi-
consequências adversas, no colapso das frágeis bases da cologia (CFP, 2004), a área da Psicologia Escolar/Educacional
educação popular. A precariedade do ensino elementar de envolve 9,2% dos profissionais da Psicologia. Ao psicólogo
Portugal, assim, repetia‑se no Brasil. Não é de se estranhar escolar/educacional cabe integrar a teia de relações e fazer
que a Psicologia Escolar tenha uma brevíssima história em parte da equipe multiprofissional, que envolve o processo
nosso país e ainda esteja muito longe de generalizar sua ensino/aprendizagem levando em conta o desenvolvimento
presença e atuação em favor de alunos e professores, de global do estudante e da comunidade educativa.
destacar‑se como área de pesquisa e de impor‑se no contexto O trabalho do psicólogo escolar/educacional tem como
de ensino destinado à formação do psicólogo no país. diretriz o desenvolvimento do viver em cidadania. Busca

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Ao longo dos últimos 30 anos, os EUA vêm liderando este instrumentos para apoiar o progresso acadêmico adequado
domínio devido a vários fatores: serviços efetivamente pres- do aluno, respeitando diferenças individuais. É pautado na
tados às escolas e aos escolares; consolidação do papel do promoção da saúde da comunidade escolar a partir de tra-
psicólogo como um profissional (geralmente com mestrado balhos preventivos que visem um processo de transformação
ou doutorado em Psicologia Escolar); produção de pesquisa pessoal e social. Para tanto, baseia‑se nos conhecimentos
científica e de literatura básica de síntese de conhecimento referentes aos estágios de desenvolvimento humano, esti-
e de natureza prática; liderança quanto às associações espe- los de aprendizagem, aptidões e interesses individuais e a
cializadas (NASP e Divisão de Psicologia Escolar da American conscientização de papéis sociais.
Psychological Association – APA). Se é certo que a família exerce uma influência muito
Nos primórdios de 1830 a 1940, fase essencialmente grande no vir a ser do indivíduo, de outro, ele constrói sua
ligada às escolas normais, o ensino normal brasileiro foi o identidade no social e através dele; portanto, a escola, como
primeiro foco de irradiação de concepções, pesquisas e apli- ambiente coletivo por excelência, vai desempenhar um
cações práticas do que hoje denominamos Psicologia Escolar papel não menos relevante na formação da individualidade
e/ou Psicologia Educacional. Através dos professores da área, e pode‑se admitir que de um ponto para frente esses dois
abriu‑se o contato com as fontes europeias e americanas. agentes socializadores dividem a formação da criança/ado-
Esta fase, denominada normalista, ofereceu grande evolu- lescente, participam da construção da sua identidade. E para
ção ao estudo, padronização, aplicação e aperfeiçoamento isto, Família e Escola estão em contato, interagem, compõem o
dos testes psicológicos destinados aos escolares. Na prática que na abordagem ecológica de Bronfen Brenner chama‑se de
normalista o que mais se assemelha à efetiva Psicologia Meso‑Sistema (Tudge, 1997), exercem influência uma sobre a
Escolar no Brasil é a atividade desenvolvida por serviços outra, ao tecerem uma rede de relações e de troca de tarefas
especializados para o atendimento de escolares, em São que tem como objetivo a criança e o seu desenvolvimento.
Paulo e no Rio de Janeiro. Em1938 foi realizado o primeiro Entretanto, não é a escola a responsável pela criação
congresso de Psicologia do país, em São Paulo. desse ideário; ela parece muito mais responder às pressões
É cada vez mais frequente, independentemente de situ- que vêm de fora do que ser uma instituição que determina
ações e momentos, a colocação de que a escola necessita, os rumos para as gerações mais novas. Dir‑se‑ia que vem dos
seja de um profissional da área da Psicologia, à disposição movimentos de transformação que as diversas culturas atra-

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vessam, do grupo social, das próprias famílias dos estudantes educadores, como todos aqueles que trabalham na escola.
e das que formaram os professores, portanto, da sociedade O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 53 fala
em geral. E  esse ideário, nesse momento, caracteriza‑se do direito ao pleno desenvolvimento, no direito à cidadania
por um questionamento constante do certo e do errado em e qualificação para o trabalho, atribuições que a Psicologia
Educação, que é também um questionamento de toda e pode e deve assumir enquanto ciência do comportamento,
qualquer autoridade (Gundelach, 1991), pela necessidade das áreas humanas e através de seu comprometimento
de assegurar que os educadores estejam atentos para prover social. O artigo 70, deste mesmo documento, ao abordar o
as condições que garantirão a “saúde emocional” futura das conceito de prevenção aponta mais um potencial campo de
crianças e jovens sob sua “guarda”. atuação da Psicologia com relação aos fenômenos danosos
Assim, o que se verifica na escola em termos de proble- aos seres humanos.
matização do comportamento da criança ou do adolescente, Portanto, a sua contribuição no campo educacional,
com um enfoque eminentemente psicológico, nada mais é é um tema cativante e desafiador que permanece atual e
do que uma extensão do que vem acontecendo em todas proporcionando estudos e pesquisas de vários e renomados
as demais áreas do social, com um destaque especial para cientistas. Ocupa papel de fundamental importância e tende
a família  – das camadas médias da população  – que, em a intensificar‑se cada vez mais. Deve‑se lembrar sempre que
função dessa evolução das últimas décadas, chega à feição essas contribuições precisam ser caracterizadas como um
que assume hoje e evidencia que também é preciso não espaço de reflexão envolvendo a realidade escolar, assim
esquecer e estar atento para o fato de que, como discute como um espaço propício para a expressão das angústias e
Rutter (1975,1994) cada geração tende a sentir que a próxima das ansiedades inerentes ao processo de formação.
é pior e a expressar a preocupação sobre a “quebra” entre os A Psicologia no âmbito da escola deve também contribuir
valores que eles têm como educadores e aqueles expressos para otimizar as relações entre professores e alunos, além
pela geração mais nova. Esse é um fenômeno real, sem dúvi- dos pais, direção e demais pessoas que interagem nesse
da, mas é fácil exagerar a sua extensão e a sua importância. ambiente. É neste contexto e neste lugar que a Psicologia
Ou seja, é preciso pensar também o professor como um ser poderá contribuir para uma visão mais abrangente dos pro-
em desenvolvimento e levá‑lo a analisar seus sentimentos, cessos educativos que se passam no contexto educacional.
atitudes e comportamentos frente às gerações mais novas. Pois, uma vez que as contribuições da psicologia inserida na
É certo que as evoluções pelas quais passaram os con- equipe educacional, prepara os conteúdos a serem ensina-
ceitos de criança, infância, educação, condicionaram em dos visando estabelecer outros e novos patamares para a
grande parte as ideias sobre as perturbações, desvios de compreensão dos fatos que ocorrem no dia a dia da escola,
comportamento e deficiências. Também se alteraram gran- propiciando uma reflexão conjunta que possibilite o levan-
demente as práticas socializatórias e, consequentemente, tamento de estratégias que venham a sanar as dificuldades
o comportamento das gerações mais novas. Assim, há que enfrentadas.
buscar compreender não só as alterações nas ideias como Mas afinal, qual a contribuição que a Psicologia pode
também as diferenças nos padrões de atitudes que aconte- trazer para a educação e a prática do educador? Hoje em dia,
ceram como fruto de uma educação “moderna”. dada à importância da formação do aluno e a necessidade
de um professor bem formado, a psicologia surge como um
Onde atua a Psicologia Escolar/Educacional dos fundamentos essenciais para a prática pedagógica. A psi-
cologia educacional oferece ao professor o embasamento
Os espaços e práticas da Psicologia Escolar/Educacional necessário  – aliado aos demais conhecimentos inerentes
incluem, além das escolas, outras instituições com propostas à formação profissional  – para a compreensão das rela-
educacionais, tais como: clínicas especializadas, consultorias ções que se estabelecem no contexto escolar. Coll (2004)
a órgãos que necessitam de compreensão sobre os processos entende‑se que a psicologia da educação contribui para a
de aprendizagem (Sebrae, Sesi, etc.); equipes de assessorias compreensão dos processos de mudança que atravessa o
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

com projetos para escolas; serviços públicos de saúde e sujeito no percurso das atividades educacionais, englobando
educação; trabalhos de extensão universitária e projetos o desenvolvimento e a aprendizagem.
de pesquisa em empresas e ONGs, promovendo a educa- O embasamento fornecido por este ramo da psicologia
ção permanente e a educação no (e pelo) trabalho. O mais também permite ao professor, em todos os níveis de ensino,
importante não é o local de trabalho e sim os pressupostos reconhecer os fatores psicológicos que influenciam no desen-
e finalidades do profissional da educação. volvimento e na aprendizagem do aluno. Esse conhecimento
Para se colocar definitivamente no mercado de trabalho possibilita ainda ao professor direcionar o seu trabalho de
da educação, é imprescindível que o psicólogo escolar/edu- forma a garantir as condições para o desenvolvimento social,
cacional, além de atuar dentro de um padrão de excelência cultural e cognitivo do indivíduo.
profissional, procure ampliar as informações disponíveis De acordo Mitjáns Martínez (2003) o conhecimento das
a respeito do impacto deste trabalho dentro das escolas. teorias da psicologia contribui para que o professor possa
Conscientização e vontade política precisam andar juntas melhor compreender os fenômenos educativos. No entanto,
para que as mudanças propostas sejam efetivadas. Se há Bzuneck (1999) lembra que a dificuldade na aplicação dos
problemas a serem resolvidos na educação brasileira, que conceitos de psicologia educacional na prática do professor
precisa ser tratada de forma mais digna, que isto nos sirva reside “num falso suposto: que, tendo aprendido as teorias
de bandeira para um empenho contínuo dentro e fora das psicológicas, os princípios gerais, o futuro professor em sua
escolas. Os resultados obtidos precisam ser documentados sala de aula, faria aplicações adequadas aos inúmeros casos
e divulgados, atingindo não só a classe profissional como e situações de sua disciplina”.
também a população que desconhece estas informações. Cabe a nós, professores da disciplina, constante atualiza-
A Lei de Diretrizes e Bases, no seu artigo 1º, ao definir ção e valorização desse conhecimento acumulado. Isto pode
a abrangência da educação fala de processos de formação, ser efetivado através da aproximação com as expectativas
desenvolvimento e convivência humana. Uma vez que se e necessidades dos alunos, do planejamento de tarefas au-
entendem estes fenômenos como objeto de estudo e de tênticas, que representem a complexidade do ensino e que
atuação da Psicologia, tornam esta uma ciência do fenô- possam desenvolver nos futuros professores uma perspectiva
meno educativo e os psicólogos educacionais tornam‑se psicológica útil, isto é, que possibilite a observação e a busca

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de solução para os problemas de sala de aula, embasadas nas desenvolvimento integral do ser humano ainda pode ser
diversas abordagens teóricas que compõem a área (Bzuneck, considerada algo bastante revolucionário nos dias de hoje.
1999). Desse modo, podemos contribuir para ampliar suas Percebe‑se que nos espaços acadêmicos, as concepções
metas e orientações motivacionais e, finalmente, auxiliar teóricas que pressupõem inter‑relações entre “emoção, cog-
na formação de profissionais preparados para enfrentar os nição e socialização na aprendizagem humana” começam a
inúmeros desafios que a educação nos apresenta. ganhar força apenas a partir da segunda metade do século
passado. Podemos considerar que a chegada dessas teorias
Referências Bibliográficas ao chão da escola está apenas engatinhando...
O “Fórum Internacional de Políticas Públicas  – Educar
A nova lei da educação – LDB – trajetórias, limites e perspec- para as competências do século 21” promovido em março
tivas. Campinas: Autores Associados, 1997. de 2014 pela OECD (Organisation for Economic Co‑operation
and Development), Instituto Ayrton Senna (IAS), Instituto
Bronfenbrenner, U (1974) The Two worlds do chidhood (USA Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
andURSS) Harmonds Worth, Penguin Books [ Links ] (INEP) e MEC, reuniu lideranças educacionais de vários países
para compartilhar conhecimentos sobre habilidades socioe-
Bzuneck, J. A. (1999). A Psicologia Educacional e a formação mocionais e refletir sobre possíveis alternativas para escolas,
de professores: tendências contemporâneas. Psicologia professores e pais melhorarem o contexto de aprendizagem
Escolar e Educacional, 3(1), 41-52. e o progresso social.

COLL, César et. al. Desenvolvimento Psicológico da Educação: “Acredita‑se que as competências socioemocionais
Transtornos do Desenvolvimento e Necessidades Educativas precisam ser incluídas em políticas públicas educati-
Especiais v. 3: 2 ed. Porto Alegre: ArtMed, vas ambiciosas, porém se faz necessário sistematizar
e financiar iniciativas que incentivem e desenvolvam
CORREIA, M. F. B., Lima, A. P. B. & Campos, H. Proposições as competências socioemocionais nos estudantes”,
e dificuldades da atuação do psicólogo no contexto escolar. afirmou Paim [José Henrique Paim, Ministro da Edu-
[Resumo]. Anais do I Congresso N/NE de Psicologia. Salvador, cação]. Viviane Senna complementou a reflexão ao
Ba: CRP, UFBa., 1999. afirmar que “Todos temos um currículo oculto com
esse tipo de competências, um conjunto de habili-
Gundelack, P (1991) Panorama des changements de valeurs dades que às vezes nem sabemos que temos, e  o
recents en Europe Occidentale.A New Europe de Base,2:3- desafio é tornar esse conjunto visível e desenvolvido
27 [ Links ] intencionalmente”. (FÓRUM INTERNACIONAL, 2014:
1-2, apud ABED, 2014: 109)
Manual de psicologia escolar  – educacional / Ana Maria
Cassins ... [et al.]. – Curitiba : Gráfica e Editora Unificado, A função da escola vai muito além da transmissão do
2007. 45 p. ; 20 cm. conhecimento, pois é urgente e necessário fortalecer muitas
e variadas competências nas nossas crianças e jovens, que
MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério lhe possibilitem construir uma vida produtiva e feliz em uma
da Educação e Cultura, 1997. sociedade marcada pela velocidade das mudanças. Diferente
do que defendem alguns especialistas, os defensores do
MITJÁNS MATÍNEZ, A. El professor como sujeito: elemento ensino socioemocional não separam habilidades cognitivas
essencial de La formación de professores para la educación e não cognitivas: para eles todo espaço de aprendizado é
inclusiva. Em: Movimento, 2003. uma oportunidade para desenvolver as competências de que
necessitarão ao longo da vida. Algumas dessas habilidades

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Rutter, M (1975) Helping troubled children London, Cox & são autoconhecimento, capacidade de resolver conflitos,
Wyman. [ Links ] consciência social, facilidade de relacionamento e tomada
de decisão.
Rutter, M (1994) Continuities, transitions and turning points Essas competências vêm sendo identificadas por pesqui-
in Development. In Rutter, M e Hay, D (eds) Development sadores nos últimos quarenta anos e estão altamente rela-
through life. London. Blackwell Science, 1-25 [ Links ] cionadas ao aumento do engajamento dos alunos, redução
de problemas comportamentais e melhoria nos resultados
OS CONHECIMENTOS SOCIOEMOCIONAIS acadêmicos. O que os educadores precisam compreender é
que o ensino socioemocional não é um programa, mas sim
NO CURRÍCULO ESCOLAR: A ESCOLA uma filosofia de como queremos educar nossas crianças.
COMO ESPAÇO SOCIAL. Temos que pensar no aluno por inteiro. Claro que temos
que nos preocupar com os resultados acadêmicos, mas
A mudança nas concepções de ser humano, de ensino, também temos que ajudá‑los a desenvolver as habilidades
de aprendizagem e de conhecimento realoca os papeis e as socioemocionais. Se não integrarmos essas competências,
responsabilidades dos principais protagonistas da escola: iremos formar pessoas que não estão preparadas para a vida,
o professor e o aluno. As teorias baseadas nas abordagens carreira ou faculdade futuramente.
interacionistas coadunam com o paradigma aqui discutido, Já é perceptível o espaço ganho pelo movimento que
pois concebem o humano como resultante de um proces- defende as competências socioemocionais e incorpora as
so contínuo de construção, desconstrução e reconstru- aprendizagens sobre as emoções e habilidades sociais ao
ção nas e pelas interações sociais. dia a dia da escola.
Muitos são os questionamentos envolvidos na tarefa de A influência socioemocional cresceu com a produção de
(re)inserir as habilidades socioemocionais como intenciona- pesquisas em áreas diversas, da Educação à Economia e a
lidade nos currículos escolares. Embora não seja inédita nem Psicologia. Dados do Programa Internacional de Avaliação
tampouco nova (lembremo‑nos de Platão, quatrocentos anos de Alunos (Pisa, sigla em inglês) – que desde 2015 investiga
antes de Cristo!), a ideia de construir uma escola voltada ao a influência de competências não cognitivas – enfatizam a

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relação na vida escolar: mais autoconfiança, motivação e Algumas contribuições teóricas colaboram nas reflexões
expectativas levam a um melhor domínio da língua materna, sobre o “como” colocar em prática os novos paradigmas para
Esse movimento está crescendo no mundo. Em maio transformar em ações a concepção de ensino- aprendizagem
deste ano, especialistas de 24 países discutiram em Paris aqui apresentadas. Em primeiro lugar, é preciso mudar a visão
quais habilidades os estudantes deveriam ter no futuro sobre o papel do professor – ao invés de um “dador de aulas”,
próximo. Foi a primeira reunião da iniciativa Education um mediador, alguém que com suas ações configura situações
2030, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento de aprendizagem significativas, que colocam os alunos como
Econômico (OCDE). Os objetivos são desenvolver uma es- sujeitos ativos, coautores na construção dos conhecimentos.
trutura de aprendizagem relevante para 2030, estudando Os critérios de mediação, propostos por Reuven Feuerstein e
as competências e fazendo análises comparativas entre transpostos para sala de aula por Marcos Meier e Sandra Gar-
currículos internacionais. cia (2007), oferecem ao professor algumas diretrizes bastante
A versão atual da Base Nacional Comum Curricular instrumentais para refletir sobre as características que fazem
(BNCC) defende o desenvolvimento integral dos estudantes, de um ensinante um mediador de qualidade.
não apenas a aprendizagem de conteúdo. Nessa perspec- Para desenvolver as habilidades socioemocionais na
tiva, as socioemocionais devem ser estimuladas enquanto escola é preciso investir no professor, para que ele construa
se trabalha os saberes curriculares com a turma. Devemos em si as condições para realizar a mediação da aprendiza-
relembrar que esses aspectos sociais e emocionais estiveram gem de forma consciente e responsável, reconhecendo e
no centro da reflexão de pensadores clássicos da Educação, atuando nas múltiplas inteligências e nos diferentes estilos
como Lev Vygotsky (1896-1934), Jean Piaget (1896-1980) e cognitivo‑afetivos dos seus alunos e de si mesmo, escolhendo
David Ausubel (1918-2008). Ao elaborarem seus conceitos, e utilizando, de maneira intencional, ferramentas que faci-
eles defenderam, por exemplo, que a interação, a curiosida- litem o desenvolvimento global dos estudantes, como por
de, a relação do eu com o mundo e com o outro e a dispo- exemplo os jogos e as metáforas.
sição para alcançar objetivos são instâncias fundamentais Na sua prática de sala de aula, o professor possui uma
da aprendizagem. coisa que lhe é única: a sua vivência, o seu fazer pedagógico.
No meio acadêmico, pesquisadores têm se debruçado O professor pode e deve ser um pesquisador de sua própria
nessa tarefa e hoje há um certo consenso em organizar as ação, um profissional que faz e que reflete e teoriza sobre o
habilidades socioemocionais em cinco grandes domínios: seu fazer. Pensar o conhecimento como multifacetado (ao
os chamados “Big 5”. invés de “verdades absolutas”) liberta o professor para cons-
Os Big Five são constructos latentes obtidos por análise truir conhecimentos, integrando a sua prática aos suportes
fatorial realizada sobre respostas de amplos questionários teóricos que o ajudem, como diria Edgar Morin, a “explicá‑la”
com perguntas diversificadas sobre comportamentos repre- e a “compreendê‑la”. O  professor, na visão pós‑moderna,
sentativos de todas as características de personalidade que não é simplesmente um técnico transmissor de informações,
um indivíduo poderia ter. Quando aplicados a pessoas de é um educador que cultiva a criação e a transformação dos
diferentes culturas e em diferentes momentos no tempo, saberes – nos alunos e em si mesmo. (ABED, 2014: 132).
esses questionários demonstraram ter a mesma estrutura Em 2009, o Ministério da Educação de Ontário, no Cana-
fatorial latente, dando origem à hipótese de que os traços dá, alterou as diretrizes curriculares para que contemplasse o
de personalidade dos seres humanos se agrupariam efeti- desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos.
vamente em torno de cinco grandes domínios. (SANTOS & A mudança se deu a partir de uma necessidade percebida
PRIMI, 2014, apud ABED, 2014: 114) pelo distrito em formar os jovens de maneira mais comple-
Os cinco domínios propostos nos “Big 5” são: ta, tanto para o mercado de trabalho, quanto para a vida
• Openness (Abertura a experiências) - estar disposto e adulta em geral. A rede de escolas de sua capital, Ottawa,
interessado pelas experiências - curiosidade, imagina- desenvolveu um projeto interessante para responder a essas
ção, criatividade, prazer pelo aprender… novas demandas. Os seus resultados, mesmo que ainda não
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

• Conscientiousness (Conscienciosidade) -  ser organi‑ tenham sido sistematizados, já estão sendo percebidos pela
zado, esforçado e responsável pela própria aprendi‑ comunidade escolar e servem de inspiração para redes de
zagem  - perseverança, autonomia, autorregulação, ensino de todo o mundo.
controle da impulsividade…
• Extraversion (Extroversão) - orientar  os interesses e Referencias Bibliográficas
energia para o mundo exterior - autoconfiança, socia-
bilidade, entusiasmo… ABED, Anita.  O desenvolvimento das habilidades socioe-
• Agreeableness (Amabilidade – Cooperatividade) - atu‑ mocionais como caminho para a aprendizagem e o sucesso
ar em grupo de forma cooperativa e colaborativa - to- escolar de alunos da educação básica. São Paulo: UNESCO/
lerância, simpatia, altruísmo… MEC, 2014.
• Neuroticismo (Estabilidade emocional) - demonstrar
previsibilidade e consistência nas reações emocionais - ABED, Anita.  Recursos metafóricos no processo ensi-
autocontrole, calma, serenidade… no‑aprendizagem: um estudo de caso. São Paulo: Universi-
dade São Marcos. Programa de Pós- graduação em Psicolo-
Contudo, nunca poderá haver mudanças na escola se os gia. Dissertação de Mestrado, 2002. Disponível em: www.
professores não transformarem o seu fazer, afinal são eles recriar‑se.com.br.
que estão no “aqui e agora” com seus alunos. Para que os
docentes promovam habilidades socioemocionais em seus MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do
estudantes, eles mesmos precisam do apoio para assumir futuro. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000b.
o papel de protagonistas privilegiados da cena pedagógica.
É preciso levar os professores a refletirem sobre os para- FÓRUM INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS “Educar para
digmas que sustentam as suas práticas e instrumentalizá‑los as competências do século 21”, 2014, São Paulo. Comunicado
por meio de programas de formação consistentes, tanto do de Imprensa. Disponível em: http://www.educacaosec21ºrg.
ponto de vista teórico como prático, para que eles possam br/foruminternacional2014/wp‑content/uploads/2014/01/
de fato ser os agentes de mudança na educação. comunicado‑de‑imprensa‑f%C3%B3rum.pdf

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GARCIA, Sandra, ABED, Anita, SOARES, Tufi & RAMOS, Mo- mente considerados, quanto aos sistemas organizacionais,
zart. O prazer de ensinar e de aprender:contribuições de e reclamam respostas adequadas, justificando, em grande
uma metodologia no aprimoramento das práticas pedagó- medida, a ênfase que a partir dos anos 60 tem sido dada
gicas. São Paulo: Mind Lab Brasil & INADE, 2013. Disponível à educação de adultos, educação permanente, formação
em: www.mindlab.com.br. contínua, formação profissional, formação ao longo da vida.
Numa perspectiva crítica à visão produtivista, Frigotto
MEIER, Marcos & GARCIA, Sandra.  Mediação da Aprendi- (1996, p.75) defende que a formação e qualificação do edu-
zagem: contribuições de Feuerstein e Vygostky. Curitiba: cador não pode ser tratada adequadamente sem se referir
Edição do Autor, 2007. à trama das relações sociais e aos embates que se travam
no plano estrutural e conjuntural da sociedade.
AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS A questão da formação do educador está posta em de-
PARA A FORMAÇÃO DOCENTE bate nacional, desde as Conferências de Educação anteriores
ao regime republicano, embora de forma intermitente até a
Historicamente, as políticas governamentais relacionadas década de 1960. Mas, é na década dos anos 80 que ela assu-
à formação do professor, vem definindo, articulando e estru- me caráter de luta pela reformulação dos cursos de formação.
turando os diferentes níveis de ensino (infantil, fundamental, As discussões que a ANFOPE vem realizando, apontam para
médio e superior) da educação brasileira. Logo, o cotidiano a organização de uma base comum nacional, na perspectiva
das escolas públicas e o processo de ensino/aprendizagem, de “eixos curriculares”, os quais podem ser entendidos como
que são os objetos de estudo da didática, vem sofrendo as espaços coletivos de discussão e ação, possíveis de serem
consequências dessas políticas, o que repercute na qualidade desenvolvidos em equipes e de neles se proceder à seleção
do ensino. As mazelas dessa rotina recaem, principalmente, de conteúdos, sem que isso signifique a homogeneização
na figura do professor, que é considerado como um dos das posições ou a eliminação das diversidades teóricas e
responsáveis pela má qualidade do ensino, sem que se con- metodológicas. Apontam‑se explicitamente, como exemplos
sidere as condições de sua formação e as relações sociais de eixos articuladores, a relação entre a escola e a sociedade;
estabelecidas. a construção do conhecimento; a escola pública e a catego-
O professor, para Demo (1992, p.36), torna‑se o formador ria da cidadania; o cotidiano da escola e da sala de aula; as
principal da capacidade de desenvolvimento na sociedade relações entre alunos/professores no princípio educativo da
e na economia, ligando‑se, mais que a produtos do conhe- pesquisa (Freitas, 1991).
cimento, ao processo de construção da competência pro- Um outro conceito que tem sido trabalhado na formação
pedêutica do conhecimento. Por isso, ele é a peça‑chave do de professores é o da reflexão. Segundo Garcia, “a reflexão
descortino do futuro, pois precisa estar à frente dos tempos, é, na atualidade, o conceito mais atualizado por investiga‑
para lhes sinalizar a rota. dores, formadores de professores e educadores diversos,
A globalização e a revolução tecnológica geraram um para se referirem às novas tendências da formação de
enorme impacto na sociedade, criando um novo padrão professores” (Garcia, 1992). Como ele afirma, o conceito de
de conhecimento. Por conseguinte, as mudanças ocorridas reflexão tem sido utilizado em diferentes contextos e com
a partir desse novo contexto fizeram surgir na sociedade diferentes significados. Dentre eles, o de indagação, que está
muitas pressões, recaindo sobre a escola e profissionais que relacionado com o conceito de investigação que permite aos
nela atuam um novo conhecimento, para o direcionamento professores analisar sua prática, identificando estratégias
das políticas educacionais. para melhorá‑la. A  partir desse conceito, pode‑se afirmar
O que se vê, atualmente, é um momento histórico, no que está implícita a ideia de mudança e de aperfeiçoamento
qual as maneiras de se perceber o mundo à nossa volta são das práticas pedagógicas.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


abruptamente diversas das formas vivenciadas pelas gera- Nessa perspectiva, a  formação continuada possibilita
ções, então, faz parte desse contexto recente o aumento aos servidores da educação a aquisição de conhecimentos
de investimentos no processo de melhoria da qualidade específicos da profissão, tornando‑os, assim, seres mais ca-
da Educação. Para alcançar tal qualidade, a Educação está pacitados a atender as exigências impostas pela sociedade,
focada na inclusão e baseia‑se na efetiva aprendizagem das no entanto, essas exigências se modificam com o passar
competências, habilidades e conhecimentos necessários dos tempos.
para plena cidadania. O processo educacional na Formação Continuada vem
Luiz Carlos de Freitas (1992, p.3), ao discutir uma políti- reafirmar, segundo Delors (1992), “a necessidade da cons‑
ca para a formação de professores, observa que boa parte trução de uma nova postura educacional, onde o aprender a
dos problemas relativos à formação do educador no Brasil aprender se faz na gestão do conhecimento, no ser constante
não depende de grandes formulações teóricas. No seu en- aprendiz e na busca da excelência, o aprender a fazer no uso
tendimento, há muito conhecimento produzido referente das competências adquiridas (o criar), utilizando o conheci‑
à formação, o que precisa é colocá‑lo em prática, seja no mento para a construção de novas ideias (ação), o aprender
interior das agências formadoras (Universidades), seja no a ser na convivência e respeito à diversidade humana em
interior das agências contratantes (Secretarias de Educação globalidade cidadã e competência pessoal e o aprender a
e Ministério da Educação, em especial). Se fosse colocado conviver, relacionando‑se com vivências e valores humanos,
em prática todo o conhecimento produzido sobre a temática, numa integração social, onde o respeito consegue e o outro
mudaria substancialmente nossas escolas. Portanto, para se dá na solidariedade”.
Freitas só o conhecimento não resolve os problemas que Resumidamente o que Freitas (1992, p.10), nos aponta,
vem ocorrendo na formação, é preciso saber quais circuns- é que a formação do profissional da educação precisa ser
tâncias que jogam contra ou a favor do avanço da formação pensada a partir de uma política mais ampla que inclui
de professores no Brasil. tanto as agências formadoras como as agências contratan-
Os desafios de uma sociedade em contínua mudança tes. Segundo ele, enquanto o Estado não mediar uma ação
apresentam novas exigências, tanto a cidadãos individual- conjunta entre escolas normais, universidades (principais

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agências formadoras) e secretarias de educação (principal FREITAS, Luis Carlos. Em direção a uma política para a for-
agência contratante) não reverteremos este quadro. Isto mação de professores. Em Aberto, Brasília, ano 12, nº 54,
passa por uma transformação global de toda a legislação que abr./jun. 1992.
regulamenta a formação e atuação deste profissional, com
o objetivo de garantir formação de qualidade e valorização DEMO, Pedro. Formação de professores básicos. Em Aberto,
profissional. Essa articulação fica prejudicada no texto final Brasília, ano 12, nº 54, abr./jun. 1992.
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/ 96,
na medida em que não define claramente as atribuições FRIGOTTO, Gaudêncio. A formação e profissionalização do
de cada esfera de governo na articulação entre agências educador: novos desafios. In: GENTILLI, P. e SILVA, T.T. da,
formadoras e contratantes. (Orgs). Escola S.A. Brasília, CNTE, 1996
Na opinião de Freitas (1992, 12), a formação do profissio-
nal da educação no Brasil vem sendo desenvolvida de forma DELORS, Jacques (1999). Educação: Um Tesouro a Descobrir.
precária e desarticulada entre as três instâncias formadoras, São Paulo: Cortez Editora).
ou seja, as escolas normais, as licenciaturas em pedagogia e
as licenciaturas específicas. Para ele, o problema fundamen- ASPECTOS LEGAIS E POLÍTICOS
tal, relacionado a esta precariedade e desarticulação, recai DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
na forma como os cursos estão organizados, provocando
uma dissociação entre teoria e prática: primeiro trabalha‑se BRASILEIRA.
a teoria distante da realidade pedagógica das escolas para
depois entrar na prática através do estágio supervisionado. A história da educação no Brasil inicia‑se em 1549, com a
De acordo com a definição presente nova Lei de Diretri- vinda dos jesuítas em companhia do 1º Governador‑Geral,
zes e Bases da Educação Nacional, a escola pública tem por Tomé de Souza. A partir de então, e por mais de duzentos
função social assegurar a todos o acesso ao conhecimento anos, a educação ficou praticamente entregue aos padres
historicamente produzido, possibilitando uma formação da Companhia de Jesus, ou seja, o ensino público do nosso
voltada para a cidadania, bem como, integração no mercado país. Atendendo aos propósitos missionários da Ordem e à
de trabalho. Pelas ponderações realizadas anteriormente, política colonizadora inaugurada por D. João III, os jesuítas
podemos observar que, para atingir essa função, além de dedicaram‑se fundamentalmente à catequese e à instrução
reformular as políticas que orientam as ações da escola do gentio, criando as escolas de primeiras letras e instalando
pública, torna‑se necessário repensar, no cotidiano de cada colégios destinados a formar sacerdotes para a obra missio-
unidade escolar, as determinações que envolvem a formação nária na nova terra
do professor e o processo ensino aprendizagem. Com a vinda da Família Real para o Brasil e a adminis-
Segundo o art. 3º da RESOLUÇÃO Nº 2, DE 1º DE JULHO DE tração de D. João VI, com o objetivo de formar o pessoal
2015. A formação inicial e a formação continuada destinam‑se, especializado de que necessitava, concedeu autorização no
respectivamente, à  preparação e ao desenvolvimento de campo do ensino técnico e superior, cobrindo uma lacuna,
profissionais para funções de magistério na educação básica que prejudicava, agora, os interesses do governo sediado no
em suas etapas – educação infantil, ensino fundamental, en- Brasil. Iniciou‑se uma nova política no campo da instrução
sino médio – e modalidades – educação de jovens e adultos, popular com a Independência do Brasil em 1822, surgindo
educação especial, educação profissional e técnica de nível a Constituição do Império do Brasil (1824), que garantia a
médio, educação escolar indígena, educação do campo, criação de colégios e universidades e prometia a todos os
educação escolar quilombola e educação a distância  – a cidadãos a instrução primária pública. O Império legou à Re-
partir de compreensão ampla e contextualizada de educação pública, juntamente com seus anseios, esperanças e planos
e educação escolar, visando assegurar a produção e difusão não realizados, uma enorme tarefa a cumprir no campo da
instrução pública.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

de conhecimentos de determinada área e a participação na


elaboração e implementação do projeto político‑pedagógico Foi por meio das Conferências Nacionais de Educação que
da instituição, na perspectiva de garantir, com qualidade, os di- surgiu em 1932 o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova,
reitos e objetivos de aprendizagem e o seu desenvolvimento, contendo uma nova proposta pedagógica e trazendo em seu
a gestão democrática e a avaliação institucional. bojo uma proposta de reconstrução do sistema educacional
Já o art. 5º estabelece que a formação de profissionais do brasileiro, visando a uma política educacional do Estado.
magistério deve assegurar a base comum nacional, pautada A criação do Ministério da Educação e Saúde em 1930
pela concepção de educação como processo emancipatório foi a medida educacional mais importante, pois tinha como
e permanente, bem como pelo reconhecimento da espe- papel fundamental, orientar e coordenar, como órgão
cificidade do trabalho docente, que conduz à práxis como central, as reformas educacionais que seriam incluídas na
expressão da articulação entre teoria e prática e à exigência Constituição de 1934, tendo como seu titular Francisco
de que se leve em conta a realidade dos ambientes das Campos (idem, p.63). Essas reformas levaram o nome de
instituições educativas da educação básica e da profissão, Reforma Francisco Campos e, de fato, contou com elementos
para que se possa conduzir o(a) egresso(a): importantes, como a integração entre as escolas primária,
secundária e superior, e ainda, com a elaboração do estatuto
Referências bibliográficas da universidade brasileira. Nesse período, também foram
introduzidos o ensino primário gratuito e obrigatório e o
FREITAS, L. C. Formação do educador. Revista de Educação. ensino religioso facultativo.
Publicação Anual do Sindicato dos Professores do Ensino Portanto, esta década foi marcante no Brasil, pois foi o
Oficial do Estado de São Paulo.(6): 22-26,1991. [ Links ] início de grandes transformações no campo da educação e
do ensino, graças ao movimento da “Escola Nova”, que trazia
GARCIA, Carlos Marcelo. (1992). A formação de professores: propostas inovadoras como a laicidade do ensino, a coedu-
novas perspectivas baseadas na investigação sobre o pensa- cação dos sexos, a escola pública para todos e a revolução
mento do professor. In: NÓVOA, A. (coord.). Os professores e pedagógica de centrar o ensino no aluno, e não mais nos
sua formação. Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 51 -76. professores e nos programas como na “Escola Tradicional”.

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Com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educa- de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
ção (LDB), a Lei nº 4024, de 20 de dezembro de 1961, dá‑se (LDB), instituída pela lei nº 9.394, de 1996, são as leis que
um importante passo no sentido da unificação do sistema regem o sistema educacional brasileiro em vigor.
de ensino e da eliminação do dualismo administrativo her- A atual estrutura do sistema educacional regular no
dado do Império. Pela primeira vez começa uma relativa Brasil consiste na educação básica – educação infantil, en-
descentralização do sistema como um todo, concebendo‑se sino fundamental e ensino médio – e a educação superior.
considerável margem de autonomia aos Estados e proporcio- Os municípios têm a função educacional de atuar no ensino
nando‑lhes as linhas gerais a serem seguidas na organização fundamental e na educação infantil; já os Estados e o Distrito
de seus sistemas, devendo responder por uma certa unidade Federal são responsáveis pelo ensino fundamental e ensino
entre eles. Em decorrência da descentralização prevista médio. E o governo federal exerce uma função redistributiva
pela primeira LDB, houve a separação entre órgãos com e supletiva na educação, devendo prestar assistência técnica
funções essencialmente normativas e órgãos com funções e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
administrativas. bem como deve organizar o sistema de educação superior
A primeira LDB, no tocante à estruturação do ensino, não no país.
trouxe soluções inovadoras, conservando as grandes linhas A educação infantil, primeira etapa da educação básica,
da organização anterior. Englobou o ensino secundário e o é realizada em creches, para crianças com até três anos de
profissional “colégio”, respectivamente, para os primeiros idade, e nas pré‑escolas, para crianças de 4 a 6 anos. O ensino
e segundo ciclos de todos os ramos, admitiu a equivalência fundamental, com duração mínima de nove anos, (conforme
de todos os cursos médios para efeito de continuidade dos a lei nº 11.274 de 06 de fevereiro de 2006), é obrigatório e
estudos. O ensino primário obrigatório continuava a ter qua- gratuito na escola pública, devendo o Poder Público garantir
tro séries de duração, facultando‑se aos sistemas estaduais sua oferta para todos, inclusive aos que não tiveram acesso
o seu prolongamento para seis. na idade própria para o mesmo.
A partir de 1964, com o início da ditadura militar, o de- O ensino médio, etapa que finaliza a educação básica,
bate popular arrefece, entretanto, o Estado amplia o sistema tem duração mínima de três anos e oferece uma formação
de ensino, inclusive o superior. Criam‑se agências de apoio geral ao educando, podendo incluir programas de preparação
à pesquisa e à pós‑graduação. Amplia o ensino obrigatório geral para o trabalho e, de forma facultativa, a habilitação
de quatro para oito anos. São promulgadas várias leis que profissional.
introduzem reformas importantes nos diferentes níveis Além do ensino regular, a  educação formal possui as
de ensino. Contudo, foi um momento em que se deu uma seguintes modalidades específicas: a educação especial,
progressiva centralização política e administrativa, eviden- para os portadores de necessidades especiais; a educação
ciando um retrocesso na descentralização estabelecida pela de jovens e adultos, para aqueles que não tiveram acesso
LDB. Todavia, os planos governamentais foram se tornando ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio
importantes instrumentos de atuação e de interferência do na idade própria para os mesmos.
Governo Federal. Enquanto isso, o planejamento da educa- A educação profissional está integrada às diferentes
ção, que era incumbência do Conselho Federal de Educação, formas de educação, ao trabalho, às ciências e à tecnologia,
transferiu‑se para os órgãos executivos como reflexo da com o objetivo de conduzir ao permanente desenvolvimento
hegemonia absoluta do Poder Executivo sobre o Legislativo de aptidões para a vida produtiva. O ensino de nível técnico é
que se foi implantado já a partir dos atos institucionais de ministrado de forma independente do ensino médio regular.
1964 a 1966. Este, entretanto, é requisito para a obtenção do diploma
O período da transição do autoritarismo para a democra- de técnico.
cia é marcado por forças sociais presentes no cenário político A educação superior abrange os cursos de graduação
da transição democrática brasileira, como as propostas edu- nas diferentes áreas profissionais, que são disponíveis aos
cacionais no âmbito do Estado, as propostas educacionais no

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equi-
âmbito da sociedade civil, a Constituição de 1988 e a eleição valente e tenham sido classificados dentro do número de
direta para a Presidência da República em 1989. vagas em processos seletivos específicos. A pós‑graduação
No período de 1988 a 1989, a Câmara dos Deputados também faz parte do nível superior de educação e compre-
introduziu o Primeiro Projeto de Lei da LDB e, em 1990, ende programas de especialização, mestrado, doutorado e
o Senado Federal, representado pelo Senador Darcy Ribeiro, pós‑doutorado.
introduziu o Segundo Projeto de Lei da LDB, que foi aprovado, Com a Lei nº  9.394/1996 (LDB) o grande objetivo tor-
dando origem a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação – nou‑se normatizar o sistema educacional e garantir acesso
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. igualitário para todos com relação à educação. Essa lei, de
No que diz respeito às políticas educacionais, mesmo forma geral, oferece um conjunto de definições políticas
que se tenha respondido com algumas reformas legais aos que orientam o sistema educacional e introduz mudanças
direitos da população infanto‑juvenil, depois da reforma importantes na educação básica do Brasil.
Constitucional de 1988, por meio do Estatuto da Criança e do Desse modo, a nova proposta para a educação brasileira
Adolescente – Lei Federal nº 8.069/1990 e a Lei de Diretrizes tem como meta a democratização e universalização do co-
e Base da Educação Nacional – Lei Federal nº 9.394/1996, nhecimento básico, oferecendo educação e cuidado com a
depara‑se com uma enfraquecida política educacional e os escolarização, assumindo um caráter intencional e sistemá-
programas existentes não superam a demanda e tão pouco tico, que oferece uma atenção especial ao desenvolvimento
garantem o direito à educação previsto nas leis brasileiras. intelectual, sem descuidar de outros aspectos como o físico,
o emocional, o moral e o social (Lei nº 9.394/1996).
Aspectos legais e políticos da organização da Sobre a Educação e a Escola no Brasil, Saviani (1987)
educação brasileira atual. identifica quatro importantes concepções utilizadas na orga-
nização e funcionamento da escola: a concepção humanista
A organização do Sistema Educacional Brasileiro ocorre tradicional, a moderna, a analítica e a dialética. A concepção
por meio dos sistemas de ensino da União, dos Estados, do humanista tradicional identifica a educação a partir de uma
Distrito Federal e dos Municípios. A  Constituição Federal visão pré‑concebida do homem, o qual é visto como tendo

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uma essência que não pode ser modificada. A partir dessa POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA A
concepção, sugere que a educação deve ser feita conforme a EDUCAÇÃO BÁSICA: AS DIRETRIZES
essência humana, e a partir disso entende que as mudanças
realizadas nas pessoas por meio do processo educativo são CURRICULARES NACIONAIS (ETAPAS E
simples acidentes. Essa concepção tradicional possui uma MODALIDADES).
vertente religiosa que prevaleceu até a Idade Média e uma
vertente leiga feita por pensadores modernos como modo de RESOLUÇÃO CNE/CEB nº  4/2010 As Diretrizes Curri-
consolidação da hegemonia da burguesia. Como princípios, culares Nacionais Gerais para a Educação Básica têm por
defende a existência de sistemas públicos de ensino que objetivos:
sejam leigos, universais, gratuitos e centrados no educador I  – sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da
que deve ser imitado pelos seus educandos. Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de Diretrizes
A segunda concepção educacional é a humanista mo- e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais dispositivos
derna que possui também um conceito prévio de homem, legais, traduzindo‑os em orientações que contribuam para
mas considera que a existência do homem é anterior à sua assegurar a formação básica comum nacional, tendo como
essência e disso resulta que para esta corrente educacional o foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;
homem é “um ser completo desde o nascimento e inacabado II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve
até a morte”. Assim, essa corrente defende que o aspecto subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do projeto
psicológico predomina sobre o lógico e transfere o cerne do político‑pedagógico da escola de Educação Básica;
processo educativo do adulto para a criança considerando III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de
as suas atividades de existência, considerando que a educa- docentes e demais profissionais da Educação Básica, os siste-
ção segue o ritmo de vida que varia segundo as diferenças mas educativos dos diferentes entes federados e as escolas
individuais, desconsiderando, na educação, esquemas pre- que os integram, indistintamente da rede a que pertençam.
definidos e lógicos. Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específicas
Uma terceira concepção proposta foi a analítica, que para as etapas e modalidades da Educação Básica devem
formula o seu conceito de educação com base na tarefa evidenciar o seu papel de indicador de opções políticas,
educacional que é definida como aquela que oferece um sociais, culturais, educacionais, e a função da educação, na
significado lógico à linguagem em função do seu contexto sua relação com um projeto de Nação, tendo como referência
(tempo, lugar, a situação, a identidade, os temas de interesse os objetivos constitucionais, fundamentando‑se na cidada-
e as histórias pessoais) tanto do educador quanto daqueles nia e na dignidade da pessoa, o que pressupõe igualdade,
a quem ele se dirige. Por último, a concepção dialética con- liberdade, pluralidade, diversidade, respeito, justiça social,
sidera a educação a partir do conjunto das relações sociais solidariedade e sustentabilidade.
e, assim, aborda os problemas educacionais compreendidos É preciso deixar evidente que as bases que dão susten-
dentro de um contexto histórico. tação ao projeto nacional de educação responsabilizam o
Nota‑se, então, que a escola brasileira, pensada se- poder público, a família, a sociedade e a escola pela garantia
gundo os moldes liberais, tem a missão de redimir os ho- a todos os educandos de um ensino ministrado de acordo
mens do seu duplo pecado histórico: a ignorância (miséria com os princípios de:
moral) e a opressão (miséria política) (ZANOTTI, 1972). I – igualdade de condições para o acesso, inclusão, per-
Portanto, a  articulação das concepções de educação com manência e sucesso na escola;
a sociedade brasileira possui um aspecto estrutural e é II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
sustentada pelas práticas e projetos sociais, por meio dos a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
quais os interesses, os princípios e os pressupostos do grupo III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

social dominante tornam‑se propósitos e valores do senso IV – respeito à liberdade e aos direitos;
comum, ideologia compartilhada pelo conjunto de sociedade V – coexistência de instituições públicas e privadas de
e é essa lógica que torna o pensamento liberal hegemônico ensino;
e a burguesia além de classe dominante, também dirigente. VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
Referências Bibliográficas VII – valorização do profissional da educação escolar;
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma da
ALVES, N.; VILLARDI, R. Múltiplas Leituras da Nova LDB. Lei de legislação e das normas dos respectivos sistemas de ensino;
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996). IX – garantia de padrão de qualidade;
X – valorização da experiência extraescolar;
BRASIL, MEC. Lei nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001: Aprova XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
o Plano Nacional de Educação 2001-2010. Brasília, 2001. BRA- as práticas sociais.
SIL, MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce
Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1998. indispensável para o exercício da cidadania em plenitude, da
qual depende a possibilidade de conquistar todos os demais
SAVIANI, Dermeval. Educação: Do Senso Comum à Consci- direitos, definidos na Constituição Federal, no Estatuto da
ência Filosófica. 12. ed. Campinas, SP: Autores Associados, Criança e do Adolescente (ECA), na legislação ordinária e
1996.- Pedagogia histórico‑crítica: primeiras aproximações. nas demais disposições que consagram as prerrogativas do
6. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1997. cidadão.
Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as
ZANOTTI, L.J. Etapas históricas de la política educativa. dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade,
Buenos Aires, 1972. buscando recuperar, para a função social desse nível da
- Por colunista portal – educação – https://www.portale- educação, a sua centralidade, que é o educando, pessoa em
ducacao.com.br/ formação na sua essência humana.

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Fundamentação Princípios Gerais
A Resolução nº  7 de 2010, elaborada pela Câmara da Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de
Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e
(CNE), aprovada em 14 de dezembro de 2010, fixa as Dire- procedimentos na Educação Básica, expressas pela Câmara
trizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação
9 (nove) anos que deverão ser observadas na estrutura cur- (CNE), que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de en-
ricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares. sino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na
A Organização das Nações Unidas para a Educação, avaliação de suas práticas norteadores das ações pedagógicas.
a Ciência e a Cultura (UNESCO), em documento de 2007, Princípios Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e
entende que a qualidade da educação vai além da eficácia autonomia; de respeito à dignidade da pessoa humana e
e da eficiência, afirma que a “educação de qualidade, como de compromisso com a promoção do bem de todos, contri-
um direito fundamental, deve ser antes de tudo relevante, buindo para combater e eliminar quaisquer manifestações
pertinente e equitativa”. de preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
A educação é exaltada pela sua magnitude, envolvendo outras formas de discriminação.
Princípios Políticos: de reconhecimento dos direitos e
todas as dimensões do ser humano, relações individuais, civis
deveres de cidadania, de respeito ao bem comum e à pre-
e sociais. As Diretrizes têm como princípios a igualdade e a
servação do regime democrático e dos recursos ambientais;
liberdade, o reconhecimento do pluralismo das concepções
da busca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao tra-
pedagógicas e a convivência entre instituições públicas e balho, aos bens culturais e outros benefícios; da exigência
privadas, a valorização dos profissionais da educação como de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade
também da gestão democrática do ensino público. de direitos entre os alunos que apresentam diferentes
As DCNs para o Ensino Fundamental afirmam ser im- necessidades; da redução da pobreza e das desigualdades
portante valorizar a experiência extraescolar, a vinculação sociais e regionais.
entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Princípios Estéticos: do cultivo da sensibilidade jun-
Propõem também a flexibilidade na aplicação dos princípios tamente com o da racionalidade; do enriquecimento das
básicos, de acordo com a diversidade e contextos regionais, formas de expressão e do exercício da criatividade; da valori-
pressupondo, assim, a efetiva ação dos sistemas em nível zação das diferentes manifestações culturais, especialmente
Federal, Estadual e Municipal, para que, de forma coerente a da cultura brasileira; da construção de identidades plurais
e integrada, esses possam executar uma política educacional e solidárias.
de acordo com as demandas de alunos e professores.
O artigo 9º, inciso IV, da LDB nº  9.394/1996, assinala Resolução nº 7/2010, artigo 6º – As propostas
que é dever da União estabelecer em conjunto com Estados, pedagógicas.
Distrito Federal e Municípios as diretrizes e competências
para a Educação Básica, que nortearão os currículos e os Os princípios gerais que norteiam essa legislação es-
seus conteúdos mínimos; busca‑se, assim, assegurar a for- tão expostos nesse texto, porém será necessário também
mação básica comum em todo o país. A flexibilidade dada atentar para as minúcias que essa lei contém. A oferta do
por meio da LDB nº 9.394/1996 não pode ser reduzida de Ensino Fundamental público, gratuito e de qualidade deve
forma a ocultar a precariedade de muitos sistemas de edu- ser garantido pelo Estado.
cação; assim, a descentralização e a flexibilidade de ações A Resolução CNE/CEB nº 7/2010, que fixa as Diretrizes
“devem ser sinônimos de responsabilidades compartilhadas Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9
em todos os níveis”. (nove) anos, determina: a) a obrigatoriedade da matrícula no
A Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Ensino Fundamental de crianças com 6 (seis) anos completos

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Educação, ao definir as DCNs, propõe a articulação de Esta- ou a completar até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a
dos e Municípios por meio de suas propostas curriculares, matrícula, nos termos da Lei e das normas nacionais vigentes.
definindo, ainda, uma Base Nacional Comum Curricular para E que as crianças que completarem 6 (seis) anos após
o Ensino Fundamental, que deverá ser complementada por essa data deverão ser matriculadas na Educação Infantil
(Pré‑Escola). Estas medidas fazem parte das mudanças que
uma parte diversificada, que será particular a cada escola
vêm acontecendo na educação brasileira com o intuito de
do país. Ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas
garantir educação de qualidade para todos. E não se trata de
deverão observar as Diretrizes Curriculares Nacionais,
uma adaptação do currículo à nova realidade, de incorporar
respeitando a equidade de direitos e deveres de alunos e no primeiro ano de escolaridade o currículo da Pré‑Escola,
professores. Procurando um norteador educacional para nem de trabalhar com as crianças de 6 (seis) anos os conteú-
as escolas brasileiras, o Ministério da Educação propõe os dos que eram desenvolvidos com as crianças de 7 (sete) anos.
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Trata‑se de criar um novo currículo e de um novo projeto
Os Parâmetros Curriculares Nacionais devem ser um político‑pedagógico para o Ensino Fundamental que abranja
elemento “catalisador de ações”, buscando a melhoria os 9 anos de escolarização, incluindo as crianças de 6 anos.
da qualidade de ensino, porém de modo algum pretende b) uma carga horária mínima anual do Ensino Fundamental
resolver todos os problemas que afetam a qualidade de regular será de 800 (oitocentas) horas relógio, distribuídas
ensino‑aprendizagem. em, pelo menos, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho
As DCNs propõem, ainda, a implementação do Sistema escola. c) um currículo do Ensino Fundamental com uma
de Avaliação da Educação Básica. O Ministério da Educação base nacional comum, complementada em cada sistema de
(MEC) cria, assim, um instrumento que deverá assegurar a ensino e em cada estabelecimento escolar por uma parte
melhoria de condições por meio da análise dos resultados diversificada.
promovendo através dos Conselhos de Educação dos diver- A base nacional comum e a parte diversificada do currí-
sos sistemas (Federal, Estadual e Municipal) a formulação culo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado
de aperfeiçoamentos e orientações visando à melhoria do e não podem ser consideradas como dois blocos distintos.
ensino. d) que os conteúdos serão constituídos por componentes

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curriculares que, por sua vez, se articulam com as áreas de conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
conhecimento, a saber: Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
CNE/CEB nº 4/2010);
Linguagens, g) que o currículo do Ensino Fundamental com 9 (nove)
Matemática, anos de duração exige a elaboração de um projeto educativo
Ciências da Natureza e Ciências Humanas. coerente, articulado e integrado, de acordo com os modos
de ser e de se desenvolver das crianças e adolescentes nos
Estas áreas de conhecimento devem favorecer a comuni- diferentes contextos sociais. E que os ciclos, séries e outras
cação entre diferentes conhecimentos sistematizados e entre formas de organização a que se refere a Lei nº 9.394/1996
estes e outros saberes, mas permitem que os referenciais serão compreendidos como tempos e espaços interdepen-
próprios de cada componente curricular sejam preservados. dentes e articulados entre si, ao longo dos 9 (nove) anos de
e. que os componentes curriculares obrigatórios do Ensino duração do Ensino Fundamental;
Fundamental deverão ser assim organizados em relação às h) que os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem
áreas de conhecimento: assegurar:
I – Linguagens: I – a alfabetização e o letramento;
a) Língua Portuguesa; II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão,
b) Língua Materna, para populações indígenas; incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura,
c) Língua Estrangeira moderna; a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o
d) Arte; e aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da
e) Educação Física; Geografia;
II – Matemática; III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta
III – Ciências da Natureza; a complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos
IV – Ciências Humanas: que a repetência pode causar no Ensino Fundamental como
um todo e, particularmente, na passagem do primeiro para
a) História;
o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro.
b) Geografia;
Determina, também, que do 1º ao 5º ano do Ensino Fun-
V – Ensino Religioso.
damental, os  componentes curriculares Educação Física e
a) que o Ensino Fundamental deverá ser ministrado em
Arte poderão estar a cargo do professor de referência da
língua portuguesa, assegurada também às comunidades turma, aquele com o qual os alunos permanecem a maior
indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos parte do período escolar, ou de professores licenciados nos
próprios de aprendizagem, conforme o art. 210, § 2º, da respectivos componentes.
Constituição Federal; E nas escolas que optarem por incluir Língua Estrangeira
b) o ensino de História do Brasil levará em conta as con- nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o professor deverá
tribuições das diferentes culturas e etnias para a formação ter licenciatura específica no componente curricular.
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
africana e europeia. Educação em Escola de Período Integral
A história e as culturas indígena e afro‑brasileira, pre-
sentes, obrigatoriamente, nos conteúdos desenvolvidos Considera‑se como de período integral a jornada escolar
no âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no que se organiza em 7 (sete) horas diárias, no mínimo, perfa-
ensino de Arte, Literatura e História do Brasil, assim como zendo uma carga horária anual de, pelo menos, 1.400 (mil
a História da África, deverão assegurar o conhecimento e o e quatrocentas) horas. A proposta educacional da escola de
reconhecimento desses povos para a constituição da nação. tempo integral promoverá a ampliação de tempos, espaços e
c) a Música constitui conteúdo obrigatório, mas não ex- oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

clusivo, do componente curricular Arte, o qual compreende educar e cuidar entre os profissionais da escola e de outras
também as artes visuais, o teatro e a dança; áreas, as famílias e outros atores sociais, sob a coordenação
d) que o Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao da escola de seus professores, visando alcançar a melhoria
aluno, é parte integrante da formação básica do cidadão e da qualidade da aprendizagem e da convivência social e
constitui componente curricular dos horários normais das diminuir as diferenças de acesso ao conhecimento e aos
escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o res- bens culturais, em especial entre as populações socialmente
peito à diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas mais vulneráveis.
quaisquer formas de proselitismo, conforme o art. 33 da Lei
nº 9.394/1996; Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e
e) os componentes curriculares e as áreas de conhe- Educação Quilombola.
cimento devem articular em seus conteúdos, a  partir das
possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem A Educação do Campo, tratada como educação rural na
de temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida legislação brasileira, incorpora os espaços da floresta, da
humana em escala global, regional e local, bem como na pecuária, das minas e da agricultura e se estende, também,
esfera individual. aos espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrati-
Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar vistas, conforme as Diretrizes para a Educação Básica do
e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, Campo (Parecer CNE/CEB nº 36/2001 e Resolução CNE/CEB
preservação do meio ambiente, nos termos da política na- nº 1/2002; Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e Resolução CNE/
cional de educação ambiental, educação para o consumo, CEB nº 2/2008).
educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar Qui-
cultural devem permear o desenvolvimento dos conteúdos lombola são, respectivamente, oferecidas em unidades
da base nacional comum e da parte diversificada do currículo; educacionais inscritas em suas terras e culturas e, para essas
f) que a transversalidade constitui uma das maneiras de populações, estão assegurados direitos específicos na Cons-
trabalhar os componentes curriculares, as áreas de conhe- tituição Federal que lhes permitem valorizar e preservar as
cimento e os temas sociais em uma perspectiva integrada, suas culturas e reafirmar o seu pertencimento étnico.

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As escolas indígenas, atendendo a normas e ordenamen- das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Funda-
tos jurídicos próprios e a Diretrizes Curriculares Nacionais mental de 9 (nove) anos. Ressalte‑se que as minúcias dessa
específicas, terão ensino intercultural e bilíngue, com vistas à legislação devem ser consultadas para os casos específicos
afirmação e à manutenção da diversidade étnica e linguística, e particulares de cada situação educacional. É importante,
assegurarão a participação da comunidade no seu modelo também, conhecermos outros pareceres e resoluções que
de edificação, organização e gestão, e deverão contar com abrangem a educação básica no Brasil.
materiais didáticos produzidos de acordo com o contexto A Resolução CNE/CEB nº 6 de 2012 define as Diretrizes
cultural de cada povo (Parecer CNE/CEB nº 14/1999 e Reso- Curriculares Nacionais na educação profissional técnica
lução CNE/CEB nº 3/1999). de nível médio. Outras resoluções mais recentes tocam
O detalhamento da Educação Escolar Quilombola deverá em questões importantes, portanto devemos consultá‑las
ser definido pelo Conselho Nacional de Educação por meio sempre que necessário.
de Diretrizes Curriculares Nacionais específicas. O  atendi- A Resolução CNE/CEB nº 3 de 2012 define as diretrizes
mento escolar às populações do campo, povos indígenas e para o atendimento de educação escolar para populações
quilombolas requer respeito às suas peculiares condições de em situação de itinerância. Já a Resolução CNE/CEB nº 2 de
vida e a utilização de pedagogias condizentes com as suas 2016 define Diretrizes Nacionais para a operacionalização
formas próprias de produzir conhecimentos, observadas do ensino de música na educação básica.
as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Outros dois itens a serem observados e que têm causado
Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB uma ampliação do debate nacional se dão na questão das
nº 4/2010). Complemente seus estudos consultando os se- infrações cometidas por jovens e adultos.
guintes documentos: Resolução CNE/CEB nº 5 de 2012, que A Resolução CNE/CEB nº  3 de 2016 define Diretrizes
define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação Nacionais para o atendimento escolar de adolescentes e
escolar indígena na educação básica. jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. Já a
Resolução CNE/CEB nº 8 de 2012, que define as Diretrizes Resolução CNE/CEB nº 4 de 2016 dispõe sobre as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a educação escolar quilombola Operacionais Nacionais para a remição de pena pelo estudo
na educação básica. de pessoas em privação de liberdade nos estabelecimentos
penais do sistema prisional brasileiro.
Educação Especial
Referencia Bibliografica
O atendimento educacional especializado aos alunos da
Educação Especial será promovido e expandido com o apoio
Anais do I Seminário Nacional Currículo em Movimento.
dos órgãos competentes. Ele não substitui a escolarização,
OLIVEIRA, Z. M. R. O currículo na educação infantil: o que
mas contribui para ampliar o acesso ao currículo, ao pro-
propõem as novas diretrizes nacionais? Anais do I Seminário
porcionar independência aos educandos para a realização
Nacional Currículo em Movimento – Perspectivas Atuais. Belo
de tarefas e favorecer a sua autonomia (conforme Decreto
Horizonte: novembro de 2010.
nº  6.571/2008, Parecer CNE/CEB nº  13/2009 e Resolução
CNE/CEB nº 4/2009).
AZANHA. J. M. P. et al. Estrutura e funcionamento da educa-
ção básica. São Paulo: Thomson, 2004.
Educação de Jovens e Adultos (EJA)
BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Fede-
Os sistemas de ensino assegurarão, gratuitamente,
rativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível
aos jovens e adultos que não puderam efetuar os estudos
em: Acesso em: 04 nov. 2016. ________. Lei nº 9.394, de
na idade própria, oportunidades educacionais adequadas
20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


às suas características, interesses, condições de vida e de
da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 23 de
trabalho mediante cursos e exames, conforme estabelece o
art. 37, § 1º, da Lei nº 9.394/1996. dez. 1996. ________. Ministério da Educação. Secretaria de
A Educação de Jovens e Adultos, voltada para a garantia Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
de formação integral, da alfabetização às diferentes etapas introdução aos PCNs.
da escolarização ao longo da vida, inclusive àqueles em
situação de privação de liberdade, é pautada pela inclusão Brasília: SEF/MEC, 1997. ________. Conselho Nacional de
e pela qualidade social e requer: Educação. Parecer CNE/CEB nº 11/2010, de 7/7/2010 – Di-
I – um processo de gestão e financiamento que lhe asse- retrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
gure isonomia em relação ao Ensino Fundamental regular; de 9 (nove) anos. Disponível em: Acesso em: 03 nov. 2016.
II  – um modelo pedagógico próprio que permita a ________. Conselho Nacional de Educação
apropriação e a contextualização das Diretrizes Curriculares
Nacionais; Parecer CNE/CEB nº 7/2010, aprovado em 7/4/2010 – Dire-
III – a implantação de um sistema de monitoramento e trizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.
avaliação; Disponível em: Acesso em: 02 nov. 2016. ________. Conselho
IV  – uma política de formação permanente de seus Nacional de Educação
professores;
V – maior alocação de recursos para que seja ministrada Parecer CNE/CEB nº 4/1998 – Diretrizes Curriculares Nacio-
por docentes licenciados. A idade mínima para o ingresso nos nais para o Ensino Fundamental. Disponível em: Acesso em:
cursos de Educação de Jovens e Adultos e para a realização 05 nov. 2016. ________. Conselho Nacional de Educação.
de exames de conclusão de EJA será de 15 (quinze) anos
completos (Parecer CNE/ CEB nº 6/2010 e Resolução CNE/ Parecer CNE/CEB 17 de 2012 – Orientações sobre a Organi-
CEB nº 3/2010). zação e o Funcionamento da Educação Infantil. Disponível
Cabe, ainda, ao Ministério da Educação elaborar orien- em: Acesso em: 03 nov. 2016. ________. Conselho Nacional
tações e oferecer outros subsídios para a implementação de Educação

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Resolução nº 7/2010, de 14/12/2010 “situações problemáticas reais e buscar o conhecimento ne-
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Funda- cessário para entendê‑las e procurar solucioná‑las.” Diante
mental de 9 (nove) anos. Disponível em: Acesso em: 05 nov. do exposto, se faz necessário a prática de um ensino mais
2016. ________. Conselho Nacional de Educação contextualizado, onde se pretenda relacionar os conteúdos
com o cotidiano dos meninos e das meninas, respeitando as
Resolução CNE/CEB nº 4/2010 – Define Diretrizes Curricu- diversidades de cada um, visando à formação do cidadão,
lares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Disponível e o exercício de seu senso crítico.
em: Acesso em: 04 nov. 2016. ________. Conselho Nacional Os temas transversais (Ética, Pluralidade Cultural, Meio
de Educação Ambiente, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo)
responderiam em parte a uma nova proposta de reorganiza-
Resolução CNE/CEB nº 2/2012 – Define Diretrizes Curricula- ção dos conhecimentos, mediante necessidades e interesses
res Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: Acesso da atualidade. Sem se instalarem como disciplinas a somar
em: 07 nov. 2016. 21 UNIDADE Diretrizes Curriculares ao currículo, incidindo ainda mais na compartimentalização,
Nacionais para ________. Conselho Nacional de Educação. essas temáticas deveriam atravessar os conteúdos das várias
disciplinas, impregnando‑as. Conforme Moreno (1997),
Resolução CNE/CEB nº 5 de 2012, define as Diretrizes Cur- as disciplinas tradicionais da escola respondem aos proble-
riculares Nacionais para a educação escolar indígena na mas que foram ao longo dos séculos se assentando como
educação básica. Disponível em: Acesso em: 05 nov. 2016. fontes legítimas de preocupação das ciências e da filosofia
________. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/ e que, portanto, hoje devem ser revistas diante de novas
CEB nº 8 de 2012, define as Diretrizes Curriculares Nacionais urgências e distintos modos de pensar, considerando que
para a educação escolar quilombola na educação básica. aquilo que no passado foi tornado objeto de investigação
Disponível em: Acesso em: 05 nov. 2016. ________. Conselho científica correspondeu a modos históricos de conceber e
Nacional de Educação. recortar a realidade, não dissociados, portanto, de relações
históricas de poder.
Resolução CNE/CEB nº 6 de 2012, define as Diretrizes Curri- Nesse sentido, os temas transversais remetem a novos
problemas, a novos recortes, privilegiando aspectos que
culares Nacionais na educação profissional técnica de nível
até então não foram privilegiados como objeto de reflexão.
médio. Disponível em: Acesso em: 05 nov. 2016. ________.
Conselho Nacional de Educação.
Interdisciplinaridade nos PCNEM
Resolução CNE/CEB nº 3 de 2012 define as diretrizes para Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
o atendimento de educação escolar para populações em (PCNEM, 1999), a interdisciplinaridade se faz de modo mais
situação de itinerância. Disponível em: Acesso em: 05 nov. presente que no documento do Ensino Fundamental equiva-
2016. ________. Conselho Nacional de Educação. Reso- lente, sobretudo num primeiro momento. A primeira parte
lução CNE/CEB nº  2 de 2016 define Diretrizes Nacionais apresenta as bases legais para o que então se define como
para a operacionalização do ensino de música na educação um novo Ensino Médio, pela apresentação de um novo perfil
básica. Disponível em: Acesso em: 05 nov. 2016. ________. de currículo (1999, p.13) mediante o que é preconizado pela
Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 3 de Lei nº 9.394/1996 (LDB) e pelas Diretrizes Curriculares para
2016 define Diretrizes Nacionais para o atendimento esco- o Ensino Médio (DCNEM).
lar de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas Ao mesmo tempo em que diz o que é, os  PCNEM se
socioeducativas. Disponível em: Acesso em: 05 nov. 2016. apressam em evitar alguns equívocos: a mera justaposição de
________. Conselho Nacional de Educação. disciplinas (que caracterizaria a multidisciplinaridade), o de
que envolva necessariamente a criação de novas disciplinas
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Resolução CNE/CEB nº 4 de 2016 dispõe sobre as Diretrizes ou a diluição das disciplinas em generalidades.
Operacionais Nacionais para a remição de pena pelo estudo As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio –
de pessoas em privação de liberdade nos estabelecimentos DCNEM (1998) estabelece que os princípios pedagógicos da
penais do sistema prisional brasileiro. Disponível em: Acesso identidade, diversidade e autonomia, da interdisciplinaridade
em: 05 nov. 2016. ESTUDO ERRADO – GABRIEL, O PENSADOR. e da contextualização serão adotados como estruturadores
Vídeo disponível em: Acesso em: 03 nov. 2016. dos currículos do Ensino Médio.
A aprendizagem significativa pressupõe a existência de
UNESCO. Educação de qualidade para todos: um assunto de um referencial que permita aos alunos identificar como as
diretos humanos. Brasília: UNESCO/OREALC, 2007. Disponí- questões propostas em aula se articule com sua realidade.
vel em: Acesso em: 04 nov. 2016. Nos Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) é
apresentado uma visão sobre contextualização. O tratamen-
A INTERDISCIPLINARIDADE E A to contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola
tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo.
CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO MÉDIO Se bem trabalhado permite que, ao longo da transposição
didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens sig-
A ideia de contextualização surgiu com a reforma do nificativas que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e
ensino médio, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Edu- o objeto do conhecimento de uma relação de reciprocidade.
cação (LDB 9.394/1997) que orienta a compreensão dos A contextualização evoca por isso áreas, âmbitos ou
conhecimentos para uso cotidiano. Originou‑se nas diretrizes dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural, e mo-
que estão definidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais biliza competências cognitivas já adquiridas (BRASIL, 1999,
(PCNs), os quais visam um ensino centrado nas interfaces p. 78). Dentro dessa perspectiva indicada pelos DCNEM e
entre informação científica e contexto social. Contextualizar PCNEM, a contextualização é vista como uma forma de inte-
não é promover uma ligação artificial entre o conhecimento grar a base nacional comum à parte diversificada. No entanto,
e o cotidiano do aluno. Não é citar exemplos como ilustração a contextualização como possibilidade da práxis corporal não
ao final de algum conteúdo, mas que contextualizar é propor fica aparentemente claro seu valor, seus procedimentos, sua

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viabilidade, transparece um caráter funcionalista, ou seja, a interdisciplinaridade pode dar‑se em níveis muito mais
para não ser uma proposta cristalizada, a contextualização sofisticados. Isso vai depender, naturalmente, de cada escola.
tem a função de inserir a realidade dos estudantes nas aulas. Nada melhor para promover a interdisciplinaridade
Isso é pouco ou quase nada idealizando o potencial formativo do que um projeto de estudo e um projeto de trabalho.
da contextualização. E estranho, sobretudo em escolas públicas, mas também
O termo contextualização citado anteriormente permite em escolas privadas, que o projeto seja considerado uma
ramificações e interpretações diferenciadas a depender de atividade extracurricular, quando deveria ser parte integrante
como o leitor concebe, pelo menos duas formas: como se do currículo. Projeto é uma forma interessante de integrar
dá essa relação entre sujeito e objeto e por que a linguagem disciplinas, porque significa resolver um problema real ou
joga papel fundamental. estudá‑lo. Um projeto de reciclagem do lixo escolar, por
Para Freire (1992, p. 86), considera a contextualização exemplo, é interdisciplinar por sua própria natureza. Em
como um aspecto pedagógico importante para o professor torno dele articulam‑se conhecimentos de política, de so-
contextualizado e dialógico. “O respeito ao saber popular ciologia, de psicologia, de geologia, de geografia, de história,
implica necessariamente o respeito ao contexto cultural. de biologia, de química e de física.
A  localidade dos educandos é o ponto de partida para o
conhecimento que eles vão criando do mundo”. Para Freire Referências Bibliográficas
(1996, p. 154) um questionamento deve pautar a prática pe-
dagógica dos professores, “como ensinar, como transformar BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
sem estar aberto ao contorno geográfico, social, econômico curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curricu-
dos educando?” lares nacionais. Brasília; MEC/SEF, 1997.
Para Figueiredo (2007), não há formação significativa sem
contextualização, porque sem esta, se faz apenas inculcação ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de
de conhecimentos, conteúdo a serem reproduzidos. Cabe Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as
possibilitar a compreensão e importância do que se quer diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1997.
conhecer e do que é necessário para ensinar‑aprender.
A contextualização parte do comum para o incomum é um BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Mé-
acrescentar constante, na busca do desconhecido. Movido dia e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino
pela curiosidade que se estabelece na direção do saber mais, médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
porque descobrimos o quanto ainda temos a aprender.
Conforme a LDB nº 9.394/1996, a organização do currícu- BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
lo superou as disciplinas estanques. Pretende‑se a integração curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
e articulação dos conhecimentos num processo permanente fundamental: língua portuguesa. Brasília: Secretaria de
de interdisciplinaridade e contextualização. Educação Fundamental, 1998.
A contextualização do conteúdo traz importância ao
cotidiano do aluno, mostra que aquilo que se aprende, em BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio.
sala de aula, tem aplicação prática em nossas vidas. A contex- Brasília: MEC/SEM, 1999.
tualização permite ao aluno sentir que o saber não é apenas
um acúmulo de conhecimentos técnico‑científicos, mas sim FIGUEIREDO, J. B. A. Educação ambiental e o educador em
uma ferramenta que os prepara para enfrentar o mundo, formação numa perspectiva eco‑relacional. In: 30a Reunião
permitindo‑lhe resolver situações até então desconhecidas. Anual da ANPEd, 2007, Caxambu – MG. Anais da 30a Reunião
A fragmentação, a  distância entre os conteúdos gera Anual da ANPEd, 2007. p. 1-16.
desinteresse pelo fato da aprendizagem não ser significati-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


va. Esta ocorre quando há relação entre o aluno e o que ele FREIRE, P; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta.
está aprendendo, considerando‑o como o centro da apren- Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. FREIRE, P. Pedagogia da
dizagem, sendo um sujeito ativo, pois o mundo globalizado esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido.
exigiu mudanças na educação, consequentemente exige que Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
o professor seja atualizado, criativo, orientador e facilitador
da aprendizagem. MORENO, Montserrat. Temas transversais: um ensino
As novas diretrizes curriculares para o ensino médio tra- voltado para o futuro. In: BUSQUETS, Maria Dolores et. al.
çou um dos princípios com o objetivo de facilitar às escolas Temas transversais em educação: bases para uma formação
o trabalho de organização de seus currículos. O primeiro é o integral. São Paulo: Ática, 1997.
princípio da interdisciplinaridade, partindo da noção de que
as disciplinas escolares são recortes arbitrários do conheci- OS FUNDAMENTOS DE UMA ESCOLA
mento. Espera‑se que comece nas escolas um exercício de INCLUSIVA
solidariedade didática entre as disciplinas. Dizemos solida-
riedade didática porque solidariedade implica boa‑vontade. A história da Educação Especial no Brasil tem como
E talvez o primeiro passo para a interdisciplinaridade seja a marcos fundamentais a criação do Instituto dos Meninos
boa‑vontade, a ideia de desarmar resistências em relação Cegos (atual Instituto Benjamin Constant – IBC), em 1854,
aos feudos disciplinares. e do Instituto dos Surdos‑Mudos (atualmente, Instituto Na-
Obviamente, a interdisciplinaridade pode ser muito cional de Educação de Surdos – INES) em 1857, na cidade do
mais que uma solidariedade didática. Quanto mais a pessoa Rio de Janeiro. Miranda (2003), descreve que ambos foram
se aprofunda na sua disciplina, mais percebe as conexões criados pela intercessão de amigos ou de pessoas próximas
dessa disciplina (como objeto e como método) com outras ao Imperador, fato que configura a prática do favor e da
áreas de conhecimento. Não se pretende formar pessoas caridade, o que era comum naquela época também nas
sem especialização, interdisciplinaridade não significa isso. relações com as pessoas com deficiência. Tal tipo de relação
Ao contrário, implica domínio para perceber a conexão. E aí corroborou o caráter assistencialista que balizou a atenção à

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pessoa com deficiência e à Educação Especial, em particular, tudo o que a sociedade oferece. Fundamentado em sólidos
desde seu início. pressupostos filosóficos e psicológicos, o direito da criança
Esse Caráter assistencialista se refere a ações que não com deficiência de frequentar a escola comum e de receber
transformam a realidade social da pessoa necessitada de nela um atendimento educacional especializado encontra‑se
algo, pois atende apenas às necessidades individuais e hoje legalmente reconhecido e solidamente regulamentado.
emergentes por serem pontuais sem promover mudanças O direito à educação, o direito de frequentar a escola
estruturais efetivas e duradouras. Um exemplo são as do- comum (junto com os ditos “normais”), o direito a aprender
ações que acontecem esporadicamente ou sob solicitação nos “limites” das próprias possibilidades e capacidades, são
sem um caráter de projetos em longo prazo que resultem decorrentes do direito primordial à convivência, até porque
em mudanças. é na convivência com seres humanos – “normais” ou dife-
Entre as décadas de 1930 e 1940, várias foram as mu- rentes – que o ser humano mais aprende. Nesse sentido,
danças na educação brasileira, principalmente em relação o professor precisa perder a ilusão de que é com ele que a
à expansão da educação básica. A  preocupação, porém, criança vai aprender as coisas mais importantes para a vida,
versava sobre as reformas na educação do estudante sem aquelas das quais ele mais vai precisar.
deficiência, enquanto que as discussões sobre educação das Do ponto de vista psicológico e afetivo, não há dúvida de
pessoas com deficiências continuavam, ainda, sem espaço. que é na interação com o grupo e com as diferenças de sexo,
Em 1945, foi criada a Sociedade Pestalozzi do Brasil e, de cor, de idade, de condição social e com as diferenças de
em 1954, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais aptidões e de capacidades físicas e intelectuais existentes
(APAE). Nessa fase, observa‑se a criação de escolas especiais no grupo que a criança vai construindo sua identidade, vai
beneficentes. A  expansão dessas instituições privadas e testando seus limites, desafiando suas possibilidades e,
filantrópicas desobrigava o poder público do atendimento consequentemente, aprendendo.
educacional a essa parcela da população estudantil. Numa perspectiva de escola inclusiva, o ambiente escolar
Assim, a  necessidade de educação para as pessoas deve representar, com a maior fidelidade possível, a diver-
com deficiências, com “atendimento especial”, “material sidade dos indivíduos que compõem a sociedade. São as
especial” e “professor especial”, começou a ser levada em diferenças que possibilitam enriquecer as experiências cur-
consideração. Nesse período, surgem as escolas especiais e, riculares e que ajudam a melhor assimilar o conhecimento
mais tarde, as classes especiais dentro de escolas comuns. que se materializa nas disciplinas do currículo. Os direitos
O sistema educacional brasileiro cria dois subsistemas – Edu- da pessoa com deficiência em relação à educação nem pre-
cação Comum e Educação Especial – cujos objetivos eram cisariam estar positivados em lei: são direitos originários,
aparentemente os mesmos, ou seja, “formar o cidadão para fundamentais, que decorrem do simples fato de o sujeito
a vida em sociedade e no trabalho”. desses direitos ser o da pessoa humana.
A atual política considera, ainda, a  Educação Especial
Esse direito, na verdade, foi reconhecido pela primeira
como modalidade de educação escolar e como campo de
vez, de forma solene, na Declaração Universal dos Direitos
conhecimento, buscando o entendimento do processo edu-
do Homem, em 1948, do qual se proclama que todas as
cacional de estudantes da Educação Especial. Presente em
pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos,
todas as etapas dos níveis básico ao superior de ensino, ela
sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
passa a ser complemento da formação desses estudantes,
política ou de qualquer outra natureza. Passo importante
perdendo sua condição de substituir o ensino comum, cur-
ricular em escolas e classes especiais (BRASIL, 2008). no caminho do reconhecimento dos direitos das pessoas
A educação inclusiva tem ampliado a participação de deficientes foi a resolução aprovada pela Assembleia Geral
todos os estudantes, respondendo à diversidade do con- da Organização das Nações Unidas em 9 de dezembro de
texto da escola. Consiste na reestruturação da cultura, das 1975, conhecida como Declaração dos direitos das pessoas
deficientes, na qual se afirma que a pessoa com deficiência,
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

práticas e das políticas vivenciadas nas escolas em uma


abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito qualquer que seja a origem, a natureza e a gravidade dessa
e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, deficiência, tem os mesmos direitos fundamentais que seus
a satisfação pessoal e a inserção social de todos. Uma escola concidadãos da mesma idade, o que implica, antes de tudo,
é inclusiva quando todos da equipe escolar – gestores, pro- o direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e
fessores, secretaria, serviços gerais – participam ativamente plena quanto possível, inclusive, e sobretudo, no que diz
desse projeto (RODRIGUES; MARANHE, 2010). respeito à educação.
Nessa perspectiva, a visibilidade de um movimento pela A partir dos anos 90, a reflexão em torno da natureza e
inclusão escolar se refere não apenas às pessoas com defici- das políticas relativas à educação especial foram se inten-
ência, mas impulsiona a valorização da diversidade como um sificando e vários documentos foram aprovados, tanto no
fator de qualidade da educação, pois traz à tona a questão do âmbito nacional quanto internacional, consolidando em
direito de todos à educação e ao atendimento às necessida- leis a linha de discussão que se vinha fazendo em torno do
des educacionais especiais dos estudantes com deficiência, tema, sempre no sentido de que a criança com deficiência,
TGD e altas habilidades/superdotação, enfatizando o acesso, seja essa deficiência física, visual, auditiva, cognitiva ou
a participação e a aprendizagem. Nessa visão, promover a de qualquer outro tipo, tem direito de ser matriculada em
participação e o respeito às diferenças significa enriquecer escolas comuns, nelas permanecer e de receber nelas o
o processo educacional, reconhecendo a importância do atendimento de que necessita para superar os impedimentos
desenvolvimento das potencialidades, saberes, atitudes e e as barreiras que lhe dificultam a aprendizagem, o pleno
competências de todos. exercício da cidadania e a inserção no mundo do trabalho,
Com base nessa premissa o conceito de inclusão enfatiza nos limites de suas capacidades.
a responsabilidade da sociedade de se organizar de forma a No Brasil, após a Constituição de 1988, a discussão em
garantir, por meio de políticas públicas definidas e concretas, torno do tema da educação especial ganhou espaço e se
condições físicas, materiais, de recursos humanos, de equipa- aprofundou. Fruto dessa reflexão, foram sendo editados
mentos e de instrumentos legais que permitam à pessoa com textos legais nos quais, não obstante alguns recuos, a ideia
deficiência ser um cidadão como qualquer outro e usufruir de da inclusão escolar entendida como direito de acesso da

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criança com deficiência na escola comum e de nela receber Referencias Bibliográficas
o atendimento de que necessita para vencer as barreiras que
lhe dificultam a aprendizagem se consolida em definitivo. SAMPAIO, CT., and SAMPAIO, SMR. Educação Inclusiva: O
Dois anos após a promulgação da Constituição, em 1990, esse Professor Mediando para a Vida. Salvador: EDUFBA, 2009,
direito foi reforçado no Estatuto da Criança e do Adolescente pp. I‑XII. ISBN 978-85-232-0915-5.
(art. 54, inciso III).
Para melhor conhecimento elencamos a seguir os prin- BRASIL. Ministério da Educação. Decreto nº 5.296 de 2 de
cipais textos legais que se referem ao tema: dezembro de 2004.
Lei nº 7.853/89. Dispõe sobre o apoio às pessoas com
deficiências, sua integração social e pleno exercício de direi- BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
tos sociais e individuais. Especial [MEC. SEESP].
LDB nº 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. A LDB dedica à educação especial os artigos 58, Políticas Nacionais de Educação Especial na Perspectiva da
59 e 60 do Capítulo V. A exemplo do que fizera o Estatuto da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. Disponível
Criança e do Adolescente, a LDB considera a educação espe- em: Acesso em: 06. mar. 2014. BRASIL.
cial uma modalidade de educação escolar, a ser oferecida,
preferencialmente, na rede regular de ensino. CAPELINI, V. L. M. F.; RODRIGUES, O. M. P. R. (Orgs.). Marcos
Parecer CNE/CEB nº 16/99. Dispõe sobre educação pro- históricos, Conceituais, Legais e Éticos da Educação Inclu-
fissional de alunos com necessidades educacionais especiais. siva. Bauru: Unesp; MEC, 2010. v. 2. (Coleção Formação de
Resolução CNE/CEB nº 4/99. Dispõe sobre educação pro- Professores na Perspectiva da Educação Inclusiva). Disponível
fissional de alunos com necessidades educacionais especiais. em: Acesso em: 07. mar. 2014.
Decreto nº  3.298/99. Regulamenta a Lei nº  7.853/89,
dispõe sobre a política nacional para integração da pessoa RODRIGUES, O. M. P. R.; MARANHE, E. A. A História da In-
portadora de deficiência e consolida as normas de proteção clusão Social e Educacional da Pessoa com Deficiência. In:
ao portador de deficiência. CAPELINI, V. L. M. F.; RODRIGUES, O. M. P. R. (Orgs.). Marcos
Lei nº 10.098/2000. Estabelece normas gerais e critérios históricos, conceituais, legais e éticos da educação inclusiva.
básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas Bauru: Unesp; MEC, 2010. v. 2. (Coleção Formação de Pro-
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá fessores na Perspectiva da Educação Inclusiva). Disponível
outras providências. em: Acesso em: 07 .mar. 2014.
Resolução CNE/CEB nº  2/2001. Institui Diretrizes e
Normas para a Educação Especial na Educação Básica. No
seu art. 2º, assim dispõe a Resolução: “Os sistemas de en-
EDUCAÇÃO E TRABALHO: O TRABALHO
sino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO.
organizar‑se para o atendimento aos educandos com neces-
sidades educacionais especiais, assegurando as condições No decênio de 1980, para a elaboração do texto dedicado
necessárias para uma educação de qualidade para todos”. à educação na nova Constituição, aprovada em 1988, e para
(MEC/SEESP, 2001). a nova LDB – Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/1996),
Parecer CNE/CEB nº 17/2001. Diretrizes Nacionais para discutiu‑se muito a questão da educação politécnica, da
a Educação Especial na Educação Básica. escola unitária e do trabalho como princípio educativo.
Lei nº  10.172/2001. Aprova o Plano Nacional de Edu- Fazer a crítica da profissionalização compulsória (segundo a
cação – PNE e dá outras providências. No tópico 8 do texto Lei nº 5.692/1971) e defender a introdução do trabalho na
aprovado, o PNE aponta diretrizes para a política de educação educação levava à questão de pensar o trabalho como princí-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


especial no Brasil e indica objetivos e metas para a política pio educativo. O filósofo húngaro Georg Lukács desenvolveu
de educação de pessoas com necessidades educacionais algumas ideias que foram particularmente úteis para essa
especiais. reflexão, ao tratar da ontologia do ser social.
Decreto nº 6.094/2007. Dispõe sobre a implementação O trabalho, no seu sentido ontológico, é o fundamento
do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. No do próprio ser social, porque ele está na base do processo
art. 2º, inciso IX, o documento aponta como uma das dire- de construção do próprio homem, segundo Engels (2013).
trizes do plano, na qual devem se empenhar Municípios, Diz o referido autor: “O trabalho é a fonte de toda riqueza,
Estados, Distrito Federal e União, a  garantia de acesso e afirmam os economistas. Assim é, com efeito, ao  lado da
permanência das pessoas com necessidades educacionais natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele con-
especiais nas classes comuns do ensino regular, fortalecendo verte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do
a inclusão educacional nas escolas públicas. que isso. É a condição básica e fundamental de toda a vida
Decreto nº 186/2008. Aprova o texto da Convenção sobre humana. E em tal grau, até certo ponto, podemos afirmar
os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo que o trabalho criou o próprio homem” (Engels, 2013, p. 13).
Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março Quando se fala do trabalho como princípio educativo,
de 2006. a afirmação nos remete à relação entre o trabalho e a edu-
Decreto nº  6571/2008. Dispõe sobre o atendimento cação, no qual se afirma o caráter formativo do trabalho e
educacional especializado. da educação como ação humanizada por meio do desenvol-
Resolução CNE/CEB nº 4/2009. Institui as diretrizes ope- vimento de todas as potencialidades do ser humano.
racionais para o atendimento educacional especializado na O trabalho como princípio educativo vincula‑se, então,
Educação Básica, modalidade Educação Especial. à própria forma de ser dos seres humanos. Somos parte da
O ideal é que todas as pessoas que estão envolvidas natureza e dependemos dela para reproduzir a nossa vida.
no processo educacional de inclusão, desde a família até o E é pela ação vital do trabalho que os seres humanos trans-
educador, tenham a consciência da importância de evoluir, formam a natureza em meios de vida.
com o objetivo de fazer uma revolução educacional de forma Se essa é uma condição imperativa, socializar o princípio
que venha enriquecer o progresso da Educação Inclusiva. do trabalho como produtor de valores de uso, para manter e

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reproduzir a vida, é  crucial e “educativo”. Trata‑se, como membros da sociedade no trabalho socialmente produtivo.
enfatiza Gramsci, de não socializar seres humanos como Finalmente, o trabalho é princípio educativo num terceiro
“mamíferos de luxo”. É dentro desta perspectiva que Marx sentido, à  medida que determina a educação como uma
sinaliza a dimensão educativa do trabalho, mesmo quando modalidade específica e diferenciada de trabalho: o trabalho
o trabalho se dá sob a negatividade das relações de classe pedagógico (SAVIANI,1989, p. 1-2).
existentes no capitalismo. Podemos dizer então que o trabalho é parte fundamental
Não é qualquer forma de trabalho que pode ser conside- da ontologia do ser social. A aquisição da consciência se dá
rado como princípio educativo. Com efeito, o trabalho que pelo trabalho, pela ação sobre a natureza. O trabalho, neste
explora, que aliena, que degrada, que bestializa, por óbvio, sentido, não é emprego, não é apenas uma forma histórica do
não pode servir de princípio para a construção de um projeto trabalho em sociedade, ele é a atividade fundamental pela
de educação emancipatória, muito pelo contrário, porque qual o ser humano se humaniza, se cria, se expande em co-
dessa forma a escola ficaria subordinada às exigências do nhecimento, se aperfeiçoa. O trabalho é a base estruturante
capital. de um novo tipo de ser, de uma nova concepção de história.
No modelo capitalista não é possível enxergar o traba- Na relação com a natureza, estabelece‑se uma relação
lho como princípio educativo. Tal poderá ocorrer em outro entre a satisfação das necessidades biológicas e a parcela de
modelo de sociedade, mas não neste, pois o trabalho capi- liberdade implícita em todos os atos humanos para satisfa-
talista propriamente dito, ao invés de emancipar, aliena o zê‑la, porque colocam‑se objetivos, finalidades alternativas
trabalhador. a serem atingidas com a ação empreendida.
Princípios são leis ou fundamentos gerais de uma de- É a ampliação e a reelaboração desta liberdade, pelo
terminada racionalidade, dos quais derivam leis ou ques- aperfeiçoamento do agir humano, que vai provocar a divisão
tões mais específicas. No caso do trabalho como princípio do trabalho, as formas desiguais de apropriação da riqueza
educativo, a afirmação remete à relação entre o trabalho e social produzida. E são as apropriações ideológicas que
a educação, no qual se afirma o caráter formativo do trabalho mistificam essas ações, que constituem determinada divisão
e da educação como ação humanizadora por meio do de- social do trabalho, gerando as classes sociais. Aí se origina a
senvolvimento de todas as potencialidades do ser humano. separação, a alienação dos seres humanos da produção que
Seu campo específico de discussão teórica é o materialismo se torna mercadoria avaliada segundo o tempo de trabalho e
histórico em que se parte do trabalho como produtor dos seu valor de troca, a ponto de eles não se reconhecerem no
meios de vida, tanto nos aspectos materiais como culturais, produto do seu trabalho, no conhecimento produzido pelo
ou seja, de conhecimento, de criação material e simbólica, trabalho, nas relações com os demais produtores (MARX,
e de formas de sociabilidade (Marx, 1979). 1980).
Historicamente, o ser humano utiliza‑se dos bens da na-
tureza por intermédio do trabalho e, assim, produz os meios
de sobrevivência e conhecimento. Posto a serviço de outrem,
Referências Bibliográficas
no entanto, nas formas sociais de dominação, o trabalho
ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do trabalho na transforma-
ganha um sentido ambivalente. É  o caso das sociedades
antigas e suas formas servis e escravistas, e das sociedades ção do macaco em homem. In ANTUNES, Ricardo (Org.). A
modernas e contemporâneas capitalistas. dialética do trabalho: escritos de Marx e Engels. São Paulo:
No Brasil, diante da penúria e das más condições de vida Expressão Popular, 2013.
e de trabalho de operários e de trabalhadores do campo,
ao final da Ditadura civil‑militar, nos anos 1980, foram muito CIAVATTA F., M. A. O trabalho como princípio educa‑
discutidas as propostas da educação na Constituinte de 1988 tivo - Uma investigação teórico-metodológica (1930-
e os termos da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação 1960).  Rio de Janeiro: PUC-RJ, (Tese de Doutorado
em Educação), 1990. Fragmentos do texto de MARIA
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

(LDB). Os pesquisadores e educadores da área trabalho e


educação tiveram de enfrentar uma questão fundamental: CIAVATTA, Filósofa, doutora em Educação pela Pontifícia
se o trabalho pode ser alienante e embrutecedor, como pode Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ),
ser princípio educativo, humanizador, de formação humana?
Para Ciavatta Franco (1992) do ponto de vista político‑pe- CIAVATTA FRANCO, Maria. O trabalho como princípio edu-
dagógico, tanto a conceituação do trabalho como princípio cativo da criança e do adolescente. Tecnologia Educacional,
educativo quanto a defesa da educação politécnica e da ABT, Rio de Janeiro, 21 (105/106):25-29, mar./jun.
formação integrada, formulada por educadores brasileiros,
pesquisadores da área trabalho e educação, têm por base 1992. _______. O ensino profissionalizante - Educação, tra-
algumas fontes básicas teórico‑conceituais. Desse conjunto balho e acumulação. Recife,
de ideias e debates foi possível concluir que o trabalho não
é necessariamente educativo, depende das condições de sua 1987 (mimeo). _______. O trabalho como princípio educa-
realização, dos fins a que se destina, de quem se apropria do tivo. Seminário Nacional de Formação- MST, realizado na
produto do trabalho e do conhecimento que se gera. Escola Nacional Florestan Fernandes, Guararema, SP, março
Segundo SAVIANI (1989) o trabalho pode ser considerado de 2005 (mimeo).
como princípio educativo em três sentidos diversos, mas
articulados entre si. Num primeiro sentido, o  trabalho é MARX, K.  O Capital. Crítica da economia política. 2
princípio educativo na medida em que determina, pelo grau vols.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
de desenvolvimento social atingido historicamente, o modo
de ser da educação em seu conjunto. Nesse sentido, aos mo- MARX; ENGELS.  A ideologia alemã  (Feurbach). São
dos de produção correspondem modos distintos de educar Paulo: Ciências Humanas, 1979.
com uma correspondente forma dominante de educação.
E um segundo sentido, o trabalho é princípio educativo na SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação. LDB, trajetória,
medida em que coloca exigências específicas que o processo limites e perspectivas. 8a. ed. São Paulo, Autores Associa-
educativo deve preencher, em vista da participação direta dos dos, 2003.

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EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES Na terceira seção, denominada por Ensino Médio, ques-
ÉTNICO‑RACIAIS tões sobre o ensino médio e a juventude no espaço escolar
são levantadas e discutidas. Seguindo no texto encontra‑se
O Ministério da Educação divulgou, no dia 10 de março uma interessante orientação sobre a elaboração ou reelabo-
de 2004, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa- ração dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas, tendo
ção das Relações Étnico‑Raciais e para o Ensino de História em vista as mudanças e práticas que as diretrizes colocam
e Cultura Afro‑Brasileira e Africana. Essas diretrizes foram para o ensino médio.
instituídas pelo Conselho Nacional de Educação – CNE para A quarta seção é destinada à Educação de Jovens e
dar continuidade à Lei de Diretrizes e Bases da educação Adultos – EJA. Concepções, avanços e desafios enfrentados
nacional que dispõe sobre obrigatoriedade do ensino de nesta esfera educacional são abordados juntamente com a
História e Cultura Afro‑Brasileira e Africana na Educação questão do projeto político e pedagógico onde se destacam
Básica no currículo oficial. aspectos relacionados ao cotidiano e as rotinas na sala de
As novas diretrizes situam‑se no campo das políticas de aula e os principais componentes curriculares.
reparações, de reconhecimento e valorização dos negros, A quinta seção é dirigida à comunidade acadêmica das
possibilitando a essa população o ingresso, a permanência Instituições de Ensino Superior – IES, principalmente, aos que
e o sucesso na educação escolar. Envolve, portanto, ações se dedicam à formação de professores e aos envolvidos com
afirmativas no sentido de valorização do patrimônio histó- o fenômeno educativo. Destaca as pesquisas e ações sobre
rico‑cultural afro‑brasileiro, de aquisições de competências relações étnico raciais na formação de profissionais da edu-
e conhecimentos tidos como indispensáveis para a atuação cação e explicita como as diretrizes podem ser inseridas nas
participativa na sociedade. IES. Nessa seção ressaltam‑se algumas experiências que vão
O ideário desta política pública somente poderá ser efeti- desde a criação de novas disciplinas na matriz curricular dos
vado se, dentre inúmeras outras questões, houver uma mu- cursos de licenciatura, destinada a focalizar na especificidade
dança nos processos educativos de todas as escolas brasileiras. da temática, até a criação de cursos  lato sensu, extensão
E é justamente sobre estes processos que o MEC, por meio universitária ou outras atividades acadêmicas.
da recente publicação “Orientações e Ações para a Educação A seção denominada Educação Quilombola visa atender
das Relações Étnico‑Raciais”, oportuniza tal mudança. Nesse as crianças, os  adolescentes e os jovens pertencentes às
cenário, sua leitura e discussão tornam‑se indispensáveis para comunidades de Quilombos. Segundo pesquisa (divulgada
os professores das diferentes esferas educacionais. na própria obra) do Centro de Geografia e Cartografia Aplica-
O percurso de normatização decorrente da aprovação da – CIGA, o Brasil possui 2.228 comunidades remanescentes
da Lei nº  10.639/2003 deveria ser mais conhecido pelos de quilombos, distribuídas em quase todos os estados. Tal
educadores e educadoras das escolas públicas e privadas do fato evidencia a importância dada à educação quilombola
país. Ele se insere em um processo de luta pela superação do no Brasil, bem como à elaboração de projetos pedagógicos
racismo na sociedade brasileira e tem como protagonistas o que enfatizem o princípio de equidade.
Movimento Negro e os demais grupos e organizações par- A sétima seção é composta por sugestões de atividades
tícipes da luta antirracista. Revela também uma inflexão na voltadas às diversas esferas já citadas. Indicações de músicas,
postura do Estado, ao pôr em prática iniciativas e práticas de sugestões de práticas, desmistificações de datas comemo-
ações afirmativas na educação básica brasileira, entendidas rativas, literatura atualizada e também uma bibliografia
como uma forma de correção de desigualdades históricas comentada.
que incidem sobre a população negra em nosso país. O maior desafio a ser enfrentado após anos de sua
As ações pedagógicas voltadas para o cumprimento da aprovação ainda é o de colocar essa inclusão em prática de
Lei nº 10.639/2003 e suas formas de regulamentação se co- maneira eficaz e adequada no cotidiano escolar brasileiro.
locam nesse campo. A sanção de tal legislação significa uma De acordo com a lei, o conteúdo programático das diversas
mudança não só nas práticas e nas políticas, mas também no disciplinas deve abordar o estudo de História da África e
dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


imaginário pedagógico e na sua relação com o diverso, aqui,
neste caso, representado pelo segmento negro da população. brasileira e o negro na formação da sociedade nacional,
É nesse contexto que a referida lei pode ser entendida resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social,
como uma medida de ação afirmativa. As ações afirmativas econômica e política. Os conteúdos referentes à História e
são políticas, projetos e práticas públicas e privadas que Cultura Afro‑Brasileira devem ser ministrados no âmbito de
visam à superação de desigualdades que atingem historica- todo o currículo escolar e, principalmente, nas áreas de Edu-
mente determinados grupos sociais, a saber: negros, mulhe- cação Artística, Literatura e História Brasileira (MEC, 2011).
res, homossexuais, indígenas, pessoas com deficiência, entre É importante desmistificar a ideia de que tais políticas só
outros. Tais ações são passíveis de avaliação e têm caráter podem ser implementadas por meio da política de cotas e que,
emergencial, sobretudo no momento em que entram em na educação, somente o ensino superior é passível de ações
vigor. Elas podem ser realizadas por meio de cotas, projetos, afirmativas. Tais políticas possuem caráter mais amplo, denso
leis, planos de ação, etc. (GOMES, 2001). e profundo. Ao considerar essa dimensão, a Lei nº 10.639/03
Na primeira seção, destinada à Educação Infantil, são pode ser interpretada como uma medida de ação afirmativa,
descritos referenciais para a abordagem da temática com uma vez que tem como objetivo afirmar o direito à diversidade
crianças de zero a seis anos, suas famílias e questões afins. étnico‑racial na educação escolar, romper com o silenciamento
A segunda seção é destinada ao ensino fundamental, sobre a realidade africana e afro‑brasileira nos currículos e
ou seja, envolve alunos de seis a catorze anos de idade (ou práticas escolares e afirmar a história, a memória e a identi-
ainda, até dezessete anos, se considerarmos a realidade dade de crianças, adolescentes, jovens e adultos negros na
educacional brasileira) e apresenta uma contextualização educação básica e de seus familiares.
teórica e metodológica sobre a escola e seu currículo, en- Conquanto um preceito de caráter nacional, a  Lei
sino e antirracismo, saber escolar e interdisciplinaridade, nº 10.639/2003 se volta para a correção de uma desigual-
humanidade e o conceito de alteridade, cultura negra e suas dade histórica que recai sobre um segmento populacional
memórias, histórias e saberes. Apresenta um plano de ação e étnico‑racial específico, ou seja, os  negros brasileiros.
educacional onde os alunos são concebidos como atores Ao  fazer tal movimento, o  Estado brasileiro, por meio de
sociais e os professores são pesquisadores de sua própria uma ação educacional, sai do lugar da neutralidade estatal
prática e ação educativa. diante dos efeitos nefastos do racismo na educação escolar e

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na produção do conhecimento e se coloca no lugar de um vimento. Por meio desse tipo de ação, o adolescente adquire
Estado democrático, que reconhece e respeita as diferenças e amplia seu repertório interativo, aumentando assim sua
étnico‑raciais e sabe da importância da sua intervenção na capacidade de interferir de forma ativa e construtiva em
mudança positiva dessa situação. seu contexto escolar e sócio comunitário. Por meio da par-
Para se compreender a realidade do negro brasileiro, ticipação ativa, construtiva e solidária, o adolescente pode
não somente as características físicas e a classificação racial envolver‑se na solução de problemas reais na escola, na
devem ser consideradas, mas também a dimensão simbó- comunidade e na sociedade.
lica, cultural territorial, mítica, política e identitária. Nesse O(a) adolescente, com o advento do Estatuto da Criança
aspecto, é bom lembrar que nem sempre a forma como a e do Adolescente (1990), sujeito de direitos e deveres, neste
sociedade classifica racialmente uma pessoa corresponde, contexto merece um olhar mais acurado da sociedade por
necessariamente, à forma como ela se vê. se encontrar em estágio peculiar de desenvolvimento, que o
torna mais vulnerável pessoal e socialmente. Por isso a ado-
Referências Bibliográficas lescência tem sido apresentada como um foco de problemas
sociais, como o uso/abuso de drogas, gravidez e violência,
BRASIL, Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais aparecendo através da mídia como um protagonismo vincu-
para a Educação das Relações Étnico‑raciais e para o Ensino lado à marginalidade.
de História e Cultura Afro‑brasileira e Africana. Brasília: SE- Porém, estudos têm mostrado que o(a) adolescente tem
CAD; SEPPIR, jun. 2009. sido muito mais uma vítima do que um algoz, o que reforça
a necessidade de um olhar diferenciado para este(a) ado-
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação lescente para que oportunize a ele (a) o desenvolvimento a
das Relações Étnico‑Raciais e para o Ensino da História que tem direito e necessita. Esta relação natural entre delin-
Afro‑Brasileira e Africana. Brasília: SECAD/ME, 2004. quência e adolescência surge com o discurso da psicologia
da adolescência no início do século XX, onde a transgressão
GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação afirmativa & princípio seria concebida como uma característica própria dessa fase
constitucional da igualdade. Rio de Janeiro/São Paulo: Re- da vida.
novar, 2001. O protagonismo juvenil estimulado por Antônio Gomes
da Costa (2000) é uma possibilidade concreta do desenvol-
GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes vimento e exercício da cidadania, ao mesmo tempo em que
no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve dis- se volta ao sujeito, em relação à formação da identidade, au-
cussão. Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei toconceito e autoestima, que são componentes importantes
Federal nº 10.639/03. Brasília: MEC/SECAD, 2005. p. 39-62. para a formação da identidade e autonomia.
UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: O protagonismo dos(as) adolescentes pressupõe uma
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem. relação dinâmica entre formação, conhecimento, participa-
Jomtien, 1990. ção, responsabilização e criatividade como mecanismo de
fortalecimento da perspectiva de educar para a cidadania,
Fragmentos de resenha da Andrea Coelho Lastória - Univer- levando‑se em conta que o desenvolvimento permanente
sidade de São Paulo - FFCLRP faz parte da condição de sujeito, sem perder de vista que a
pessoa é uma realidade em processo, imersa em seu tempo,
no seu cotidiano e na história, pré‑requisito para o desem-
AÇÃO DA ESCOLA, PROTAGONISMO penho autônomo na sociedade.
JUVENIL E CIDADANIA No Brasil, uma em cada cinco jovens entre 15 e 19 anos, já
teve um(a) filho(a), o que pode ser atribuído a falta de educação
Segundo (Dicionário Houaiss) protagonista é o “(...) indi- sexual, agravando o quadro de aumento da epidemia de AIDS
víduo que tem papel de destaque num acontecimento. Já o entre adolescentes de ambos os sexos (BRASIL, 2000), o cres-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Protagonismo Juvenil, é a participação da juventude, como cente número de abortos clandestinos, abandono da escola
destaque, na criação e execução de atividades, projetos ou e consequente baixa escolaridade e exclusão do mercado de
ações, sob a orientação direta ou indireta de algum adulto. trabalho. Esta mesma constatação pode ser verificada na pes-
Seja ele um educador ou outro profissional que coordene quisa de Abramovay, Castro e Silva (2004) quando explicitam a
ações que envolvam os jovens. situação das mães adolescentes, representando 20% do total de
O Protagonismo Juvenil é um tipo de ação de intervenção grávidas, na sua maioria solteiras (94%), de baixa escolarização
no contexto social para responder a problemas reais onde (44%) e pobres (42%), demonstram outros problemas sociais
o jovem é sempre o ator principal. É uma forma superior de considerados epidemias entre os adolescentes, as drogas e
educação para a cidadania não pelo discurso das palavras, a violência passaram a ser considerados “os problemas e as
mas pelo curso dos acontecimentos. vulnerabilidades máximas de nosso tempo.” (KERBAUY, p.199,
É passar a mensagem da cidadania criando aconteci- 2005), sendo reconhecidos como uma das ameaças mais
mentos, onde o jovem ocupa uma posição de centralidade. urgentes ao desenvolvimento dos(as) adolescentes, sendo
O  Protagonismo Juvenil significa, tecnicamente, o  jovem considerados uma das principais causas da morte entre 10 e
participar como ator principalem ações que não dizem res- 19 anos (BREINBAUER; MADDALENO, 2008, p.4).
peito à sua vida privada, familiar e afetiva, mas a problemas Segundo o CEBRID (Centro Brasileiro de Informação sobre
relativos ao bem comum, na escola, na comunidade ou na as drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo,
sociedade mais ampla. 2004), estudantes do ensino fundamental e médio de 27
Outro aspecto do protagonismo é a concepção do jovem capitais brasileiras 5 apresentaram 23,5% de prevalência de
como fonte de iniciativa, que é ação; como fonte de liber- uso de drogas, exceto álcool e tabaco, que ocupam o 1º lugar
dade, que é opção; e como fonte de compromissos, que é como as drogas mais utilizadas no momento atual e com pro-
responsabilidade. Na raiz do protagonismo tem que haver blemas associados a acidentes de trânsito e a violência, tipo
uma opção livre do jovem, ele tem que participar na decisão de vulnerabilidade que caracteriza o universo das(os) jovens.
se vai ou não fazer a ação. O jovem tem que participar do Para Costa (2000, p. 126), “... o protagonismo juvenil é
planejamento da ação. uma forma de reconhecer que a participação dos adoles-
Uma ação é dita protagônica quando, na sua execução, centes pode gerar mudanças decisivas na realidade social,
o educando é o ator principal no processo de seu desenvol- ambiental, cultural e política em que estão inseridos [...]

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Assim, o  protagonismo juvenil, tanto quanto um direito, mas está em constante interação com seu contexto familiar e
é um dever dos adolescentes”. Para o autor, a liberdade e a social pelo qual é influenciado.” Assim como a contribuição
solidariedade, valores imprescindíveis à prática do protago- dos estudos de Bronfenbrenner (1979) para o entendimento
nismo juvenil, são os dois valores maiores que servem como do impacto causado pelo contexto ambiental no desenvolvi-
princípios constitutivos da concepção de educação brasileira mento e comportamento dos (as) adolescentes.
proposta na Lei de Diretrizes e Base da Educação, e devem As sociedades enfrentam, hoje, o  desafio de oferecer
servir de estímulo ao pensamento e ação de todos que atuam às gerações jovens, princípios éticos de convivência e ideais
em qualquer área da educação e formação de adolescentes. humanos que possam ser compartilhados por pessoas com
Segundo este, “moldar o processo educativo segundo diferentes antecedentes e formações. Uma representação
esses valores, mais do que uma questão de vontade política, convincente da democracia parece ser o caminho para o
é uma questão de compromisso ético.” (2000, p.38). Os princí- desenvolvimento de identidades autônomas, prontas para
pios de liberdade e solidariedade estão presentes na Constitui- adaptar‑se e responder a rápidas mudanças sociais, culturais
ção Federal do Brasil (artigo 205) e reafirmados na LDB (artigo e econômicas. Tal representação enfatiza a liberdade e a in-
2º), que trata dos princípios e fins da educação nacional. terdependência, a tolerância e o respeito mútuo, a iniciativa
Nesse sentido, defende‑se a possibilidade de construção e a competência para o trabalho construtivo e cooperativo
do protagonismo na adolescência, sustentado por indivíduos (SOUZA, 2003, p.25).
ou entidades comprometidas com a educação emancipadora
e o processo de democratização do espaço público para a Referências Bibliográficas.
construção da cidadania, ou seja, o desenvolvimento. Para re-
fletirmos sobre o protagonismo na adolescência é importante ABRAMOVAY, M. et. al. Juventudes e sexualidade. Brasília:
enfatizarmos a adolescência, enquanto construção histórica
UNESCO Brasil, 2004.
e biopsicossocial, no campo do desenvolvimento humano.
É um período importante na formação do indivíduo que, por
BALEEIRO, M.C. et. al. Sexualidade do adolescente – Funda-
suas características nas diferentes dimensões do humano
mentos para uma ação educativa. Salvador: Fundação Ode-
(psicológicas, cognitivas, orgânicas, políticas, emocionais,
brecht e Secretaria de Educação do Estado da Bahia, 1999.
espirituais, sociais) é capaz de elevar o sujeito de uma si-
tuação de heteronomia para uma autonomia relativa até
BREINBAUER, C. MADDALENO, M. Jovens: escolhas e
atingir a autonomia propriamente dita, possibilitando assim
mudanças: promovendo comportamentos saudáveis em
o exercício de sua cidadania de forma ativa nos diferentes
sistemas ecológicos em que convive (a escola, a família e a adolescentes. Tradução: Mônica Giglio Armando. São Paulo:
comunidade). Para o protagonismo, portanto, a autonomia Roca, 2008.
não é o ponto de partida, mas o ponto de chegada. A auto-
nomia, como finalidade da educação, conforme expressava BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento hu-
Piaget (1977/1932), depende da experiência socializada da mano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre:
pessoa e, portanto, de sua racionalidade enquanto sujeito Artes Médicas, 1996.
(PARRAT‑DAYAN; TRYPHON, 1998).
Todas estas transformações por quais passam as (os) BRONFENBRENNER, U. EVANS, G. Developmental science in
adolescentes podem gerar ansiedade, além de influir na sua the 21st century: Emerging questions, theoretical models,
autoimagem, por isso é importante que a família e a escola research designs and empirical findings. USA: Blackwell
trabalhem a normalidade destes acontecimentos pelos quais Publishers, 2000.
todos os adultos já passaram. (BALEEIRO et al.1999)
O conceito de adolescência adotado pelo Fundo das Nações BRONFENBRENNER, U., MORRIS, P. The ecology of develo-
Unidas para a Infância – UNICEF, expressa claramente uma pmental process. In: Damon, W. Lerner, R.M. Handbook of
concepção histórica e social, pautada nas diversidades e child psychology: Theoretical models of human development

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


desigualdades sociais e culturais. . New York: John Wiley, 1998. p. 993-1028. CALDAS, M.
(Org.) TONIN, M.M. Os vários olhares do direito da criança
O conceito de adolescência é polêmico e aponta para e do adolescente.Curitiba: Ordem do Advogados do Brasil,
peculiaridades e diversidades de expressão dessa fase Seção Paraná, 2006.
da vida nas diferentes sociedades e culturas. A evo-
lução histórica na forma de lidar com essa dimensão CAMPOS, M. SOUZA, V. Voluntariado e protagonismo ju-
da passagem da condição infantil para a de adulto ou venil. In: COSTA, A.C. Protagonismo juvenil: adolescência,
de jovens adulto, também apresenta novos desafios e educação e participação democrática. Salvador: Fundação
interpretações. O ponto de partida para a construção Odebrecht, 2000
do conceito de adolescência é a sua abordagem como
uma fase específica do desenvolvimento humano, COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Protagonismo Juvenil –
caracterizado por mudanças e transformações múl- Adolescência, Educação e Participação Demográfica. Fun-
tiplas e fundamentais para que o ser humano possa dação Odebrecht. Salvador, 1998
atingir a maturidade e se inserir na sociedade no COSTA, Antonio Carlos Gomes da, COSTA, Alfredo Carlos
papel adulto. Um primeiro aspecto a ser considera- Gomes da &
do, nesse debate conceitual sobre adolescência no
Brasil, é a de que não se pode abordá‑la como uma MENDONÇA, R.C.A.A. Protagonismo juvenil: um estudo
realidade homogênea em todas as regiões e camadas da participação social dos adolescentes nos programas
sociais do país marcadas por grandes diversidades e de saúde sexual e reprodutivo em Natal/ RN. Dissertação
desigualdades, em seus aspectos naturais, sociais e (Mestrado em Psicologia) – Departamento de Psicologia,
culturais. (UNICEF, 2002, p. 09). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande o
Norte, 2005.
Para Mendonça (2005, p.35), o “UNICEF faz a opção por
uma ideia sistêmica e construtivista do adolescente como PARRAT‑DAYAN, S.P.; TRYPHON, A. (Orgs.). Sobre a pedagogia:
um ser em desenvolvimento, que preserva sua singularidade, textos inéditos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998

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SOUZA, V. Juventude, solidariedade e voluntariado. Salva- por três avaliações externas, que são aplicadas em larga
dor: Fundação Odebrecht; Brasília: Ministério do Trabalho e escala e que têm como principal objetivo  diagnosticar a
Emprego e Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2003. Educação Básica do Brasil.
O resultado dessas avaliações é usado para calcular
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a infância. A voz o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que
dos adolescentes. Brasília, 2002. também é calculado a partir dos dados de aprovação escolar
obtidos no Censo Escolar e fornece, portanto, indícios sobre
BRASIL. Lei de Diretrizes e bases da educação. Senado a qualidade de ensino oferecido nas escolas de todo o país.
Federal, Centro Gráfico, 1996. Disponível em http://portal. A partir de 2018, todas as escolas que participarem da
mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/lei9394.pdf> Acesso em aplicação censitária do Saeb e que cumprirem critérios de-
10/05/2008. terminados terão seu Ideb calculado. O índice é divulgado
a cada dois anos e, com o encerramento da divulgação do
---------- Ministério da Saúde. Pesquisa sobre comportamento ENEM por Escola, a  população terá uma  avaliação mais
sexual e percepções da população brasileira sobre HIV/AIDS. ajustada das instituições de ensino brasileiras.
Brasília: Coordenação Nacional de DST e AIDS, 2000 A partir desse indicador, as escolas e/ou sistemas podem
formular (ou reformular) suas políticas, visando à “melhoria
AS AVALIAÇÕES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO da qualidade, equidade e eficiência do ensino”, segundo o
BÁSICA portal do Inep.
As avaliações realizadas a cada dois anos, quando são
Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB – de res- aplicadas provas de Língua Portuguesa e Matemática, além
ponsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas de questionários socioeconômicos aos alunos participantes
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é um sistema composto e à comunidade escolar.

Desde 1990, várias mudanças aconteceram no Saeb. Para 1)  Todas as escolas públicas, localizadas em zonas
se ter uma ideia, naquele ano, o público‑alvo do sistema eram urbanas e rurais, que possuam dez ou mais estudantes
as 1ª, 3ª, 5ª e 7ª séries do Ensino Fundamental de escolas matriculados em turmas regulares de 3º, 5º e 9º anos do
públicas selecionadas amostralmente. As áreas do conhe- Ensino Fundamental;
cimento/disciplinas eram avaliadas em Língua Portuguesa, 2)  Todas as escolas públicas e privadas, localizadas
Matemática, Redação e Ciências Naturais. em zonas urbanas e rurais, que possuam pelo menos dez
Considerando o último ano avaliado (2015), o Saeb estudantes matriculados em turmas regulares na 3ª série
abrangeu o 5º e o 9º ano do Ensino Fundamental e a 3ª do Ensino Médio ou na 4ª série do Ensino Médio, quando
série do Ensino Médio de escolas públicas (selecionadas esta for a série de conclusão da etapa;
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

amostralmente) e de escolas particulares (selecionadas 3) Uma amostra de escolas privadas, localizadas em zo-
censitariamente) nas disciplinas de Língua Portuguesa e nas urbanas e rurais, que possuam estudantes matriculados
Matemática. em turmas regulares de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental
A  Portaria 564, divulgada no dia 19 de Abril de 2017, e 3ª série do Ensino Médio, distribuídas nas vinte e sete
determina que o público‑alvo do Saeb passará a ser: unidades da Federação.

Quadro comparativo:

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A partir das médias de desempenho na  Aneb e na podem ser comparados de forma a analisar se a qualidade
Prova Brasil, o  cálculo do  Ideb é feito, considerando do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro
também as taxas de aprovação dos alunos. Esses dados está melhorando ou não.
são disponibilizados para toda a população, que pode Qual a diferença entre Aneb e Prova Brasil?
acompanhar a evolução desse indicador ao longo dos Basicamente, a principal diferença entre essas provas
anos. Como a correção dessas avaliações é feita pela TRI é o público‑alvo ao qual são aplicadas e o resultado que
(Teoria de Resposta ao Item), os resultados das avaliações cada uma oferece.

O objetivo dessas avaliações é avaliar as redes ou siste- pação não será apenas amostral. Ou seja, TODAS as escolas
mas de ensino e NÃO os alunos individualmente. Portanto, poderão ter o seu Ideb calculado.
elas são construídas e aplicadas com esse foco.
“O diretor também deve ficar atento à média de sua
“Os resultados não refletem a porcentagem de acer- escola. Ao conhecer seu desempenho – com possi-
tos de um aluno respondendo a uma prova, mas a de bilidade de compará‑lo a outras escolas similares – ,
um conjunto de alunos respondendo às habilidades ele terá condições de iniciar um movimento de trocas
do currículo proposto, distribuídas em várias provas de boas práticas para melhorar o desenvolvimento”.
diferentes. O resultado se dá pela representatividade Fonte: Portal do Inep
de um grupo de alunos como uma unidade dentro do
sistema de ensino”. Fonte: Portal do Inep Além de poder comparar as médias de proficiência da
escola com escolas similares, os gestores também podem
O Saeb é obrigatório para as escolas públicas e faculta- acompanhar a evolução do desempenho dos alunos em
tivo para as escolas privadas. outras edições das avaliações. Veja um exemplo abaixo,
Todas as escolas públicas, portanto, terão seu Ideb calcu- retirado do portal do Inep.
lado. As escolas privadas interessadas em ter o índice aferido Além de trocar boas práticas, os gestores podem fazer um
deverão participar do Saeb, mediante o cumprimento dos trabalho com toda equipe pedagógica da escola para analisar
seguintes procedimentos: esses dados, identificar os pontos de melhoria e definir quais
a) assinatura de Termo de Adesão, a ser disponibilizado ações devem ser propostas nos próximos anos. Portanto,

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


pelo Inep em sistema próprio; e b) recolhimento de valor os gestores devem ficar atentos às novidades sobre o Saeb.
fixado*, por meio de Guia de Recolhimento da União GRU. Vale ressaltar que o Ideb, hoje, não é composto somente
Os valores são baseados na quantidade de alunos matricu- pelo resultado da Prova Brasil e da Aneb. Ele é combinado
lados em turmas regulares de 3ª série: aos índices de aprovação, repetência e evasão de cada escola,
1) entre 10 e 50 alunos matriculados – deverão recolher obtidos por meio do Censo Escolar.
taxa de R$ 400;
2) entre 51 e 99 alunos matriculados – deverão recolher Saeb 2017
taxa de R$ 2.000;
3) a partir de 100 alunos matriculados – deverão recolher As avaliações compreendidas pelo Saeb (Anresc/Prova
taxa de R$ 4.000. Brasil e Aneb) foram aplicadas entre o dia 23 de outubro e
Resultados do Saeb o dia 3 de novembro.
Os resultados da última edição do Saeb, aplicada em Os resultados do Saeb 2017 serão divulgados em maio
2015, foram divulgados em setembro de 2016 por escola, de 2018 e serão disponibilizados no Portal do Inep. Os resul-
por município e por unidade da federação. tados vão indicar a distribuição percentual dos estudantes
Em 2015, o Saeb contou com a participação de mais de para cada nível de proficiência das áreas do conhecimento.
57 mil escolas e mais de 3 milhões de estudantes. Como o objetivo do Saeb não é avaliar os alunos individual-
Na apresentação dos resultados do Saeb, foram eviden- mente, os resultados são divulgados por escola, por muni-
ciadas as evoluções dos resultados por disciplina e por estado. cípio e por unidade da federação.
Os anos iniciais do Ensino Fundamental apresentaram a Em coletiva de imprensa realizada no dia 26/06/2017 pela
maior evolução ao longo dos anos tanto em Língua Portu- Presidente do Inep, Maria Inês Fini, formalizaram‑se as mu-
guesa quanto Matemática. danças relativas ao Saeb a partir de 2017. Confirma‑se a am-
pliação do conjunto de alunos, turmas e escolas avaliadas,
A importância do Saeb para as escolas a fim de se fazer uma avaliação mais ajustada das instituições
de Ensino Médio, substituindo‑se o ENEM por escola.
A partir de 2017, o Saeb do ensino médio será universal Sendo assim, o Saeb 2017 contou com a adesão da 3ª
para todas as escolas do Brasil. Isso significa que a partici- série do Ensino Médio de escolas privadas que preenche-

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ram o Termo de Adesão. Até 2016, a participação desses AS LICENCIATURAS INTERDISCIPLINARES
alunos se dava de forma amostral para cálculo do Ideb por
estado, e não por escola. Com essa mudança, o boletim COMO PARADIGMA ATUAL DA FORMAÇÃO
da escola passa a ser calculado com base no Saeb, e não DOCENTE (MENÇÃO NO ART. 24 DA
no ENEM. Para que mais escolas sejam atendidas, o número RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, DE 1º DE JULHO
mínimo de estudantes para aplicação do Saeb foi reduzido
de 20 para 10. DE 2015)
No Brasil, os estudos sobre a interdisciplinaridade, numa
Principais Avaliações da Educação Brasileira visão epistemológica, têm como referência Hilton Japiassú,
pioneiro nos estudos em meados dos anos 1960. Conforme
O  Saeb é uma importante avaliação externa aplicada
destaca o autor, a interdisciplinaridade era considerada o
nacionalmente para acompanhar a qualidade da educação.
‘remédio’ para todos os males advindos da fragmentação
Como foi dito ao longo do texto, o objetivo do Saeb é avaliar
do saber. Sendo assim, o sentido epistemológico atribuído
as escolas. Outros exames, como o ENEM, o Encceja e o
à interdisciplinaridade interliga‑se a sua função no âmbito
Pisa, por sua vez, aferem a qualidade do ensino de outras
da formação geral e profissional do educador e do seu papel
maneiras e em outras esferas.
na sociedade.
Essa compreensão é decorrente do fato de a “[...] inter-
MEC cria Sistema Nacional de Avaliação da disciplinaridade ser cada vez mais chamada a postular um
Educação Básica novo tipo de questionamento sobre o saber, sobre o homem
e sobre a sociedade [...]” e essa “[...] corresponde a uma nova
O Ministério da Educação (MEC) publicou, no início do etapa de desenvolvimento do conhecimento e sua repartição
mês, uma portaria que cria o Sistema Nacional de Avaliação epistemológica” (JAPIASSÚ, 1976, p. 51).
da Educação Básica (Sinaeb). O objetivo é assegurar e apri- A busca da superação da fragmentação do conheci-
morar as avaliações nacionais da Educação Básica, incluindo mento adentrou, posteriormente, no campo educacional,
outras dimensões além de desempenho (avaliação) e fluxo discutindo‑se a validação das práticas interdisciplinares nos
escolar e dando retorno dos dados às escolas. A instituição processos de ensinar e aprender, os quais compreendemos
do sistema é uma demanda do Plano Nacional de Educação que ocorrem sempre em conjunto. Percebemos, nessa pers-
(PNE) em vigor, uma vez que faz parte do Sistema Nacional pectiva, o enfoque da interdisciplinaridade pedagógica, que
de Educação (SNE). se faz presente na forma de pensar, ensinar e tornar mais
De acordo com o MEC, o Sinaeb ajuda a corrigir as desi- significativa a aprendizagem pelos estudantes, abrangendo
gualdades existentes no sistema de avaliação porque insere o fazer do professor (THIESEN, 2008).
novos tipos de dados que devem ser levados em conta na Existe um aumento de estudos acadêmicos sobre a inter-
análise dos resultados pelas escolas, governos e sociedade. disciplinaridade na dimensão pedagógica, principalmente no
Entre eles, estão dados referentes a universalização do aten- final da década de 1990. Um dos motivos desse crescimento
dimento escolar, valorização dos profissionais da Educação e é a publicação dos documentos oficiais, como os Parâmetros
gestão democrática. Assim, ele aprimora o sistema vigente Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), em 2000,
(Saeb), já que também estão previstos o retorno dos micro- e as Orientações Educacionais Complementares aos PCN
dados para as escolas e inovações no cálculo do Índice de (PCN+), em 2002, que se apoiam em fundamentos da con-
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). textualização e da interdisciplinaridade a serem assumidos
Vale destacar que, de acordo com o ministério, as ava- na prática educativa. Esses documentos expõem que ao
liações nacionais estão mantidas – entre elas, a Avaliação buscarmos “[...] dar significado ao conhecimento escolar”
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Nacional da Educação Infantil (ANEI); a  “Provinha Brasil”; estamos contextualizando o conteúdo trabalhado, evitando
a  Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA);  Avaliação a compartimentalização, por meio da interdisciplinaridade
Nacional da Educação Básica (Aneb, mais conhecida como (BRASIL, 2000, p.4).
Saeb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), Klein (2012) explicita que a base para o ensino interdis-
mais conhecida como Prova Brasil). ciplinar demanda cinco temas formadores: uma pedagogia
apropriada, o ensino em equipe, um processo integrador,
Gestão uma mudança institucional e relação entre disciplinaridade
e interdisciplinaridade. Compreendemos que esses cinco
O Sinaeb deve ser coordenado pela União em colabo- temas formadores são desafios à prática interdisciplinar
ração com os outros entes federados. Foi criado um comitê efetiva, seja na pesquisa ou no ensino, pois exige um sujeito
de governança para supervisionar a implantação e desen- predisposto ao trabalho coletivo com a aposta de construir
volvimento do sistema. Fazem parte dele: Inep; Secretaria conjuntamente respostas para suas inquietações.
de Educação Básica (SEB); Secretaria de Articulação com os Para isso, “[...] é preciso que estejam todos abertos ao
Sistemas de Ensino (Sase); Conselho Nacional de Educação diálogo, que sejam capazes de reconhecer aquilo que lhes
(CNE);  Associação Nacional de Pós‑Graduação e Pesquisa falta e que podem ou devem receber dos outros” (JAPIASSÚ,
em Educação (Anped);  Confederação Nacional dos Traba- 1976, p. 82). Nesse sentido, para a obtenção de uma forma-
lhadores da Educação (CNTE); União Nacional dos Dirigentes ção interdisciplinar necessitamos olhar “[...] não apenas na
Municipais de Educação (Undime);  Conselho Nacional de forma como ela é exercida, mas também na intensidade das
Secretários de Educação (Consed);  Associação Nacional buscas que empreendemos enquanto nos formamos, nas
de Política e Administração da Educação (Anpae);  Fórum dúvidas que adquirimos e na contribuição delas para nosso
Nacional de Educação (FNE); e  Campanha Nacional pelo projeto de existência” (FAZENDA, 2012b, p. 14).
Direito à Educação. As discussões e pesquisas sobre formação de professores
em nível superior não são novas, mas ainda são um desafio,
Referencia bibliográfica: Fonte: Portal do Inep pois implicam compreender e discutir as concepções de for-

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mação, as condições de trabalho, a carreira dos professores, tante, pois além de ser uma temática nova para muitos,
sua configuração identitária profissional dentre outros ele- demanda a reintegração das disciplinas de forma a não
mentos. Ademais, discutir a formação de professores implica fragmentá‑las. Porém, o desafio será maior ou menor de-
em questões de múltiplas naturezas com enfoques políticos, pendendo do envolvimento e disposição dos atores que
epistemológicos, culturais e profissionais, constituindo‐se fazem parte do processo
assim um processo multifacetado que demanda estudos e
pesquisas nestes diversos enfoques. Referências Bibliográficas
Recentemente tivemos a aprovação das novas Diretrizes
Curriculares para a Educação Básica, Resolução CNE/CEB BRASIL. Ministério da educação. Conselho nacional de
n° 04/2010 ‐ DCNEB, Parecer CNE/CEB nº 07/2010 e, mais educação. Resolução CNE/ CEB 04, de 13 de julho de 2010.
recentemente para o Ensino Médio, a Resolução CNE/CEB _______. Ministério da educação. Conselho nacional de
n° 02/2012 – DCNEM e, o Parecer CNE/CEB nº 05/2011. Estes educação. Resolução CNE/ CEB 02, de 30 de janeiro de 2012.
documentos normativos trazem em seu texto um novo pano-
rama para a Educação Nacional, preconizando a necessidade BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Ministério da Edu-
de um ensino interdisciplinar, conforme podemos observar, cação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
nas DCNEM: nº 9.394, de 20/12/1996.
Art. 8º O currículo é organizado em áreas de conhe- _________. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
cimento, a saber: Médio. Resolução CEB nº 3, de 26 de junho de 1998.
I ‐ Linguagens;
II ‐ Matemática; _________. Ministério da Educação, Secretaria de Educação
III ‐ Ciências da Natureza; Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais:
IV ‐ Ciências Humanas. ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 2000.
§ 1º O currículo deve contemplar as quatro áreas do
conhecimento, com tratamento metodológico que _________. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
evidencie a contextualização e a interdisciplinaridade PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais complemen-
ou outras formas de interação e articulação entre tares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da
diferentes campos de saberes específicos. (BRASIL, Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC,
2012, p. 2) SEMTEC, 2002.

A partir dessas novas orientações que regem a educação _________. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
nacional, observamos um movimento no sentido de repensar Médio.
a formação de professores, conforme nos sinaliza Ilma Passos
Alencastro Veiga (2010) em sua obra intitulada: “A escola Resolução CNE/CEB nº 2, de 30 de janeiro 2012. 2012a.
mudou. Que mude a formação de professores!”.
Todo esse contexto parece indicar que a proposição de _________. Edital de seleção nº 2/2012. SESU/SETEC/SECA-
um novo modelo de escola, provocada pela implementação DI/MEC de 05 de setembro de 2012. 2012b.
das atuais políticas educacionais para as escolas públicas
de Educação Básica, pode estar contribuindo de maneira FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdiscipli-
relevante para necessidade de repensar a formação inicial naridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. 6ª

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


de professores. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2011. _________. Interdisci-
Podemos pensar nas Licenciaturas Interdisciplinares plinaridade: história, teoria e pesquisa. 18ª ed. Campinas:
como uma forma de atender a esta demanda de flexibiliza- Papirus, 2012a. _________. A aquisição de uma formação
ção e produtividade, na medida em que habita o professor interdisciplinar de professores. In: FAZENDA, Ivani Catarina
egresso deste curso a atuar numa área do conhecimento, Arantes (org). Didática e Interdisciplinaridade. 17ª ed. Cam-
por exemplo, Ciências da Natureza e trabalhar com Química, pinas: Papirus, 2012b.
Física e Biologia.
Pensar a formação interdisciplinar do professor é um JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber.
desafio, pois requer analisar os elementos que produzem Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda, 1976.
esta formação enquanto ela ainda está sendo implementada.
Encontramos muitos estudos sobre as práticas interdiscipli- VEIGA, Ilma Passos A.; AMARAL, Ana Lúcia (Orgs.) Formação
nares e sobre a conceituação do que seja a interdisciplinari- de professores: Políticas e Debates. Campinas: Papirus, p.
dade, mas não a proposta de uma formação de professores 47‐64, 2002.
adotados.
A formação dos educadores, ao mesmo tempo em que VEIGA, Ilma Passos A.; AMARAL, Ana Lúcia (orgs) Formação
é uma possibilidade de efetivação da interdisciplinaridade, de professores: Políticas e Debates. Campinas: Papirus, p.
é um desafio para sua concretização, pois há necessidade 65‐  93, 2002 _______; SILVA, Edileuza Fernandes da Silva
de revisitar os cursos de formação destes profissionais. (orgs.). A escola mudou. Que mude a formação de profes-
Para tanto, a aproximação com as Universidades com é uma sores! 1ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2010.
necessidade constante e vemos que há um longo percurso
a ser feito. KLEIN, Julie Thompson. Ensino interdisciplinar: Didática e
Percebe‑se com a leitura e análise da realidade atual, Teoria. In: FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (org). Didática
que a formação inicial interdisciplinar é um desafio cons- e Interdisciplinaridade. 17ª ed. Campinas: Papirus, 2012.

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THIESEN, Juares da Silva. A interdisciplinaridade como um Oito são os princípios inspiradores da Convenção:
movimento articulador no processo ensino‑aprendizagem. 1) respeito à dignidade, autonomia individual para fazer
Revista Brasileira de Educação, v.13, n. 39, p. 545-598, suas próprias escolhas e independência pessoal;
set‑dez, 2008. 2) não‑discriminação;
3) plena e efetiva participação e inclusão social;
Fragmentos do artigo de Maria das Graças C. da S. 4) respeito às diferenças e aceitação das pessoas com
M.Gonçalves Pinto Universidade Federal de Pelotas profgra@ deficiência com parte da diversidade humana;
gmail.com e Aline Souza da Luz Gonçalves Pinto Universidade 5) igualdade de oportunidades;
Federal de Pelotas alineluz.ufrgs@gmail.com. 6) acessibilidade;
7) igualdade entre homens e mulheres;
Welma Maia 8) respeito ao desenvolvimento das capacidades das
crianças com deficiência e respeito aos direitos destas
COMENTÁRIOS À CONVENÇÃO SOBRE crianças de preservar sua identidade.
OS DIREITOS DAS PESSOAS COM Dentre os direitos enunciados, destacam‑se os direitos
DEFICIÊNCIA à vida, ao igual reconhecimento perante à lei, ao acesso à
justiça, à  liberdade, à  segurança e à integridade pessoal,
Assinada em 30 de março de 2007, na sede da ONU em à liberdade de movimento, à nacionalidade, à liberdade de
Nova Iorque, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas expressão e opinião, ao  acesso à informação, ao  respeito
com Deficiência – CDPD e seu Protocolo facultativo – PF, à privacidade, à mobilidade pessoal, à educação, à saúde,
foram ratificados em 9 de julho de 2008, pelo Senado, ao  trabalho, à  participação política, à  participação
com equivalência de Emenda Constitucional, por meio na vida cultural, a  não ser submetido à tortura ou a
do Decreto Legislativo n°  186. Em agosto, o  Governo tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, a não ser
Brasileiro depositou o instrumento de ratificação junto ao submetido à exploração, abuso ou violência. São, assim,
Secretário‑Geral na sede da ONU. Em 2009, a CDPD e o PF consagrados direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
foram promulgados pelo Presidente da República por meio culturais, na afirmação da perspectiva integral dos direitos
do Decreto n° 6.949, de 25 de agosto. humanos.
Ao aderir à Convenção, os países signatários, como o Conforme ensina Piovesan1, a Convenção contempla as
Brasil assumem o compromisso de respeitar as pessoas vertentes repressiva (atinente à proibição da discriminação)
com deficiência não mais em razão da legislação interna, e promocional (atinente à promoção da igualdade), no que
mas de uma exigência universal de solidariedade, tange à proteção dos direitos das pessoas com deficiência.
independentemente da condição pessoal de cada um. Expressamente, enuncia a possibilidade dos Estados
A Convenção tem por diretrizes proteger e assegurar o adotarem medidas especiais necessárias a acelerar ou a
desfrute pleno e equitativo de todos os direitos humanos alcançar a igualdade de fato das pessoas com deficiência
e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas (artigo 5º, parágrafo 4º).
com deficiência e promover o respeito pela sua inerente No tocante ao monitoramento dos direitos previstos
dignidade. pela Convenção, foi instituído pelo art. 34 um Comitê para os
O texto da Convenção, apresenta uma definição Direitos das Pessoas com Deficiência, integrado por peritos,
inovadora de deficiência, compreendida como “toda e com larga experiência em direitos humanos e deficiência,
qualquer restrição física, mental, intelectual ou sensorial, que devem atuar a título pessoal e não governamental.
causada ou agravada por diversas barreiras, que limite a Para a composição do Comitê, devem ser observados a
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

plena e efetiva participação na sociedade.” A inovação representação geográfica equitativa, a  representação dos
está no reconhecimento explícito de que o meio ambiente, distintos sistemas jurídicos, o equilíbrio de gênero, bem como
econômico e social pode ser causa ou fator de agravamento a participação de experts em deficiência.
da deficiência. A  própria Convenção reconhece, ser a Quanto aos mecanismos de monitoramento, a Convenção
deficiência, um conceito em construção, do qual resulta estabelece tão somente a sistemática de relatórios a
da interação de pessoas com restrições e barreiras que serem elaborados periodicamente pelos Estados‑Partes
impedem a plena e efetiva participação na sociedade em (artigo 35).
igualdade com os demais. A  deficiência deve ser vista Por meio de um Protocolo Facultativo à Convenção,
como o resultado da interação entre indivíduos e seu meio também adotado em 13 de dezembro de 2006, é reconhecida
ambiente e não como algo em que reside intrinsecamente a competência do referido Comitê para receber e considerar
no indivíduo. petições de indivíduos ou grupos de indivíduos vítimas
Já o conceito de discriminação, inspirado em Convenções de violação por um Estado‑Parte dos direitos previstos
anteriores (como a Convenção sobre a Eliminação de todas na Convenção. Requisitos de admissibilidade  – como a
as formas de Discriminação Racial de 1965), envolve toda inexistência de litispendência internacional e o esgotamento
prévio dos recursos internos  – são exigidos para a
a distinção, exclusão ou restrição baseadas na deficiência,
admissibilidade das petições, nos termos do artigo 2º do
que tenha por efeito ou objetivo, impedir ou obstar o
Protocolo.
exercício pleno de direitos. Observa a Convenção as difíceis
Em caso de graves e sistemáticas violações de direitos
condições enfrentadas por pessoas com deficiência que são
por um Estado‑Parte, poderá o Comitê realizar investigações
vítimas de múltiplas e agravadas formas de discriminação,
in loco, com a prévia anuência do Estado, de acordo com o
com base na raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
artigo 6º do Protocolo.
política, nacionalidade, etnia, origem social, ou outros
fatores. Enfatiza a necessidade de incorporar a perspectiva
de gênero na promoção do exercício dos direitos e das 1
Piovesan, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. – 14.
liberdades fundamentais das pessoas com deficiência. ed., rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2013. p. 176

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CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS Civis e Políticos, a Convenção Internacional sobre a Eliminação
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA de Todas as Formas de Discriminação Racial, a Convenção so-
bre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra
a Mulher, a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos
Decreto nº 6.949, de 25 de Agosto de 2009 ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, a Convenção
sobre os Direitos da Criança e a Convenção Internacional sobre
Promulga a Convenção In‑ a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes
ternacional sobre os Direitos das e Membros de suas Famílias,
Pessoas com Deficiência e seu e)  Reconhecendo  que a deficiência é um conceito em
Protocolo Facultativo, assinados
evolução e que a deficiência resulta da interação entre pes-
em Nova York, em 30 de março
soas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao
de 2007.
ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e as demais pessoas,
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por f) Reconhecendo a importância dos princípios e das di-
meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, retrizes de política, contidos no Programa de Ação Mundial
conforme o procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição, para as Pessoas Deficientes e nas Normas sobre a Equi-
a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência paração de Oportunidades para Pessoas com Deficiência,
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 para influenciar a promoção, a  formulação e a avaliação
de março de 2007; de políticas, planos, programas e ações em níveis nacional,
Considerando que o Governo brasileiro depositou o regional e internacional para possibilitar maior igualdade de
instrumento de ratificação dos referidos atos junto ao oportunidades para pessoas com deficiência,
Secretário‑Geral das Nações Unidas em 1º de agosto de 2008; g) Ressaltando a importância de trazer questões relativas
Considerando que os atos internacionais em apreço à deficiência ao centro das preocupações da sociedade como
entraram em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo, parte integrante das estratégias relevantes de desenvolvi-
em 31 de agosto de 2008; mento sustentável,
h)  Reconhecendo também que a discriminação contra
DECRETA: qualquer pessoa, por motivo de deficiência, configura
Art. 1º A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com violação da dignidade e do valor inerentes ao ser humano,
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, apensos por cópia i) Reconhecendo ainda a diversidade das pessoas com
ao presente Decreto, serão executados e cumpridos tão deficiência,
inteiramente como neles se contém. j) Reconhecendo a necessidade de promover e proteger
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional os direitos humanos de todas as pessoas com deficiência,
quaisquer atos que possam resultar em revisão dos referi-
inclusive daquelas que requerem maior apoio,
dos diplomas internacionais ou que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional, nos termos k) Preocupados com o fato de que, não obstante esses
do art. 49, inciso I, da Constituição. diversos instrumentos e compromissos, as pessoas com
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua pu- deficiência continuam a enfrentar barreiras contra sua par-
blicação. ticipação como membros iguais da sociedade e violações de
seus direitos humanos em todas as partes do mundo,
Brasília, 25 de agosto de 2009; 188º da Independência l) Reconhecendo a importância da cooperação interna-
e 121º da República. cional para melhorar as condições de vida das pessoas com
deficiência em todos os países, particularmente naqueles
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA em desenvolvimento,

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Celso Luiz Nunes Amorim m) Reconhecendo as valiosas contribuições existentes e
potenciais das pessoas com deficiência ao bem‑estar comum
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com e à diversidade de suas comunidades, e  que a promoção
Deficiência do pleno exercício, pelas pessoas com deficiência, de seus
direitos humanos e liberdades fundamentais e de sua plena
Preâmbulo participação na sociedade resultará no fortalecimento de
seu senso de pertencimento à sociedade e no significativo
Os Estados Partes da presente Convenção, avanço do desenvolvimento humano, social e econômico da
a) Relembrando os princípios consagrados na Carta das sociedade, bem como na erradicação da pobreza,
Nações Unidas, que reconhecem a dignidade e o valor ineren- n)  Reconhecendo a importância, para as pessoas com
tes e os direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da deficiência, de sua autonomia e independência individuais,
família humana como o fundamento da liberdade, da justiça inclusive da liberdade para fazer as próprias escolhas,
e da paz no mundo, o) Considerando que as pessoas com deficiência devem
b) Reconhecendo que as Nações Unidas, na Declaração ter a oportunidade de participar ativamente das decisões
Universal dos Direitos Humanos e nos Pactos Internacionais relativas a programas e políticas, inclusive aos que lhes dizem
sobre Direitos Humanos, proclamaram e concordaram que respeito diretamente,
toda pessoa faz jus a todos os direitos e liberdades ali esta- p) Preocupados com as difíceis situações enfrentadas por
belecidos, sem distinção de qualquer espécie, pessoas com deficiência que estão sujeitas a formas múltiplas
c)  Reafirmando a universalidade, a indivisibilidade, ou agravadas de discriminação por causa de raça, cor, sexo,
a interdependência e a inter‑relação de todos os direitos hu- idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza,
manos e liberdades fundamentais, bem como a necessidade
origem nacional, étnica, nativa ou social, propriedade, nas-
de garantir que todas as pessoas com deficiência os exerçam
cimento, idade ou outra condição,
plenamente, sem discriminação,
d) Relembrando o Pacto Internacional dos Direitos Econô- q) Reconhecendo que mulheres e meninas com deficiên-
micos, Sociais e Culturais, o Pacto Internacional dos Direitos cia estão frequentemente expostas a maiores riscos, tanto no

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lar como fora dele, de sofrer violência, lesões ou abuso, des- dos, os dispositivos de multimídia acessível, assim como a
caso ou tratamento negligente, maus‑tratos ou exploração, linguagem simples, escrita e oral, os  sistemas auditivos e
r) Reconhecendo que as crianças com deficiência devem os meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos
gozar plenamente de todos os direitos humanos e liberdades aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a
fundamentais em igualdade de oportunidades com as outras tecnologia da informação e comunicação acessíveis;
crianças e relembrando as obrigações assumidas com esse “Língua” abrange as línguas faladas e de sinais e outras
fim pelos Estados Partes na Convenção sobre os Direitos da formas de comunicação não‑falada;
Criança, “Discriminação por motivo de deficiência” significa
s) Ressaltando a necessidade de incorporar a perspectiva qualquer diferenciação, exclusão ou restrição baseada
de gênero aos esforços para promover o pleno exercício dos em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou
direitos humanos e liberdades fundamentais por parte das impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o exercício,
pessoas com deficiência, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de
t) Salientando o fato de que a maioria das pessoas com todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos
deficiência vive em condições de pobreza e, nesse sentido, âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer
reconhecendo a necessidade crítica de lidar com o impacto outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive
negativo da pobreza sobre pessoas com deficiência, a recusa de adaptação razoável;
u) Tendo em mente que as condições de paz e segurança “Adaptação razoável” significa as modificações e os
baseadas no pleno respeito aos propósitos e princípios con- ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus
sagrados na Carta das Nações Unidas e a observância dos desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada
instrumentos de direitos humanos são indispensáveis para a caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência pos-
total proteção das pessoas com deficiência, particularmente sam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com
durante conflitos armados e ocupação estrangeira, as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades
v)  Reconhecendo a importância da acessibilidade aos fundamentais;
meios físico, social, econômico e cultural, à saúde, à edu- “Desenho universal” significa a concepção de produtos,
cação e à informação e comunicação, para possibilitar às ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior
pessoas com deficiência o pleno gozo de todos os direitos medida possível, por todas as pessoas, sem necessidade de
humanos e liberdades fundamentais, adaptação ou projeto específico. O “desenho universal” não
w) Conscientes de que a pessoa tem deveres para com excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas
outras pessoas e para com a comunidade a que pertence e com deficiência, quando necessárias.
que, portanto, tem a responsabilidade de esforçar‑se para
a promoção e a observância dos direitos reconhecidos na Artigo 3
Carta Internacional dos Direitos Humanos, Princípios gerais
x)  Convencidos de que a família é o núcleo natural e
fundamental da sociedade e tem o direito de receber a Os princípios da presente Convenção são:
proteção da sociedade e do Estado e de que as pessoas com a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia in-
deficiência e seus familiares devem receber a proteção e a
dividual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas,
assistência necessárias para tornar as famílias capazes de
e a independência das pessoas;
contribuir para o exercício pleno e equitativo dos direitos
b) A não‑discriminação;
das pessoas com deficiência,
c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
y)  Convencidos de que uma convenção internacional
d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas
geral e integral para promover e proteger os direitos e a
dignidade das pessoas com deficiência prestará significativa com deficiência como parte da diversidade humana e da
contribuição para corrigir as profundas desvantagens sociais humanidade;
das pessoas com deficiência e para promover sua participa- e) A igualdade de oportunidades;
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ção na vida econômica, social e cultural, em igualdade de f) A acessibilidade;


oportunidades, tanto nos países em desenvolvimento como g) A igualdade entre o homem e a mulher;
nos desenvolvidos, h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades
Acordaram o seguinte: das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com
deficiência de preservar sua identidade.
Artigo 1
Propósito Artigo 4
Obrigações gerais
O propósito da presente Convenção é promover, pro- 1.Os Estados Partes se comprometem a assegurar e
teger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos promover o pleno exercício de todos os direitos humanos e
os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas liberdades fundamentais por todas as pessoas com defici-
as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua ência, sem qualquer tipo de discriminação por causa de sua
dignidade inerente. deficiência. Para tanto, os Estados Partes se comprometem a:
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedi- a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas
mentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual e de qualquer outra natureza, necessárias para a realização
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, dos direitos reconhecidos na presente Convenção;
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade b) Adotar todas as medidas necessárias, inclusive le-
em igualdades de condições com as demais pessoas. gislativas, para modificar ou revogar leis, regulamentos,
costumes e práticas vigentes, que constituírem discriminação
Artigo 2 contra pessoas com deficiência;
Definições c) Levar em conta, em todos os programas e políticas,
a proteção e a promoção dos direitos humanos das pessoas
Para os propósitos da presente Convenção: com deficiência;
“Comunicação” abrange as línguas, a  visualização de d) Abster‑se de participar em qualquer ato ou prática
textos, o braille, a comunicação tátil, os caracteres amplia- incompatível com a presente Convenção e assegurar que as

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autoridades públicas e instituições atuem em conformidade ência igual e efetiva proteção legal contra a discriminação
com a presente Convenção; por qualquer motivo.
e) Tomar todas as medidas apropriadas para eliminar a 3.A fim de promover a igualdade e eliminar a discrimina-
discriminação baseada em deficiência, por parte de qualquer ção, os Estados Partes adotarão todas as medidas apropria-
pessoa, organização ou empresa privada; das para garantir que a adaptação razoável seja oferecida.
f) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento 4.Nos termos da presente Convenção, as medidas es-
de produtos, serviços, equipamentos e instalações com de- pecíficas que forem necessárias para acelerar ou alcançar
senho universal, conforme definidos no Artigo 2 da presente a efetiva igualdade das pessoas com deficiência não serão
Convenção, que exijam o mínimo possível de adaptação e consideradas discriminatórias.
cujo custo seja o mínimo possível, destinados a atender às
necessidades específicas de pessoas com deficiência, a pro- Artigo 6
mover sua disponibilidade e seu uso e a promover o desenho Mulheres com deficiência
universal quando da elaboração de normas e diretrizes;
g) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento, 1.Os Estados Partes reconhecem que as mulheres e me-
bem como a disponibilidade e o emprego de novas tecnolo- ninas com deficiência estão sujeitas a múltiplas formas de
gias, inclusive as tecnologias da informação e comunicação, discriminação e, portanto, tomarão medidas para assegurar
ajudas técnicas para locomoção, dispositivos e tecnologias às mulheres e meninas com deficiência o pleno e igual exercí-
assistivas, adequados a pessoas com deficiência, dando cio de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.
prioridade a tecnologias de custo acessível; 2.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apro-
h) Propiciar informação acessível para as pessoas com priadas para assegurar o pleno desenvolvimento, o avanço
deficiência a respeito de ajudas técnicas para locomoção, e o empoderamento das mulheres, a fim de garantir‑lhes o
dispositivos e tecnologias assistivas, incluindo novas tecno- exercício e o gozo dos direitos humanos e liberdades funda-
logias bem como outras formas de assistência, serviços de mentais estabelecidos na presente Convenção.
apoio e instalações;
i) Promover a capacitação em relação aos direitos reco- Artigo 7
nhecidos pela presente Convenção dos profissionais e equi-
Crianças com deficiência
pes que trabalham com pessoas com deficiência, de forma
a melhorar a prestação de assistência e serviços garantidos
1.Os Estados Partes tomarão todas as medidas necessá-
por esses direitos.
rias para assegurar às crianças com deficiência o pleno exercí-
2.Em relação aos direitos econômicos, sociais e cultu-
cio de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais,
rais, cada Estado Parte se compromete a tomar medidas,
em igualdade de oportunidades com as demais crianças.
tanto quanto permitirem os recursos disponíveis e, quando
necessário, no âmbito da cooperação internacional, a fim 2.Em todas as ações relativas às crianças com deficiên-
de assegurar progressivamente o pleno exercício desses cia, o superior interesse da criança receberá consideração
direitos, sem prejuízo das obrigações contidas na presente primordial.
Convenção que forem imediatamente aplicáveis de acordo 3.Os Estados Partes assegurarão que as crianças com
com o direito internacional. deficiência tenham o direito de expressar livremente sua
3.Na elaboração e implementação de legislação e opinião sobre todos os assuntos que lhes disserem respeito,
políticas para aplicar a presente Convenção e em outros tenham a sua opinião devidamente valorizada de acordo com
processos de tomada de decisão relativos às pessoas com sua idade e maturidade, em igualdade de oportunidades
deficiência, os Estados Partes realizarão consultas estreitas com as demais crianças, e recebam atendimento adequado
e envolverão ativamente pessoas com deficiência, inclusive à sua deficiência e idade, para que possam exercer tal direito.

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crianças com deficiência, por intermédio de suas organiza-
ções representativas. Artigo 8
4.Nenhum dispositivo da presente Convenção afetará Conscientização
quaisquer disposições mais propícias à realização dos direitos
das pessoas com deficiência, as quais possam estar contidas 1.Os Estados Partes se comprometem a adotar medidas
na legislação do Estado Parte ou no direito internacional em imediatas, efetivas e apropriadas para:
vigor para esse Estado. Não haverá nenhuma restrição ou a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive as famílias,
derrogação de qualquer dos direitos humanos e liberdades sobre as condições das pessoas com deficiência e fomentar
fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado o respeito pelos direitos e pela dignidade das pessoas com
Parte da presente Convenção, em conformidade com leis, deficiência;
convenções, regulamentos ou costumes, sob a alegação b) Combater estereótipos, preconceitos e práticas noci-
de que a presente Convenção não reconhece tais direitos e vas em relação a pessoas com deficiência, inclusive aqueles
liberdades ou que os reconhece em menor grau. relacionados a sexo e idade, em todas as áreas da vida;
5.As disposições da presente Convenção se aplicam, sem c) Promover a conscientização sobre as capacidades e
limitação ou exceção, a todas as unidades constitutivas dos contribuições das pessoas com deficiência.
Estados federativos. 2.As medidas para esse fim incluem:
a) Lançar e dar continuidade a efetivas campanhas de
Artigo 5 conscientização públicas, destinadas a:
Igualdade e não‑discriminação i) Favorecer atitude receptiva em relação aos direitos das
pessoas com deficiência;
1.Os Estados Partes reconhecem que todas as pessoas ii)  Promover percepção positiva e maior consciência
são iguais perante e sob a lei e que fazem jus, sem qualquer social em relação às pessoas com deficiência;
discriminação, a igual proteção e igual benefício da lei. iii) Promover o reconhecimento das habilidades, dos
2.Os Estados Partes proibirão qualquer discriminação méritos e das capacidades das pessoas com deficiência e de
baseada na deficiência e garantirão às pessoas com defici- sua contribuição ao local de trabalho e ao mercado laboral;

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b) Fomentar em todos os níveis do sistema educacional, sárias para assegurar o efetivo exercício desse direito pelas
incluindo neles todas as crianças desde tenra idade, uma pessoas com deficiência, em igualdade de oportunidades
atitude de respeito para com os direitos das pessoas com com as demais pessoas.
deficiência;
c) Incentivar todos os órgãos da mídia a retratar as pes- Artigo 11
soas com deficiência de maneira compatível com o propósito Situações de risco e emergências humanitárias
da presente Convenção;
d) Promover programas de formação sobre sensibilização Em conformidade com suas obrigações decorrentes do
a respeito das pessoas com deficiência e sobre os direitos direito internacional, inclusive do direito humanitário inter-
das pessoas com deficiência. nacional e do direito internacional dos direitos humanos,
os Estados Partes tomarão todas as medidas necessárias para
Artigo 9 assegurar a proteção e a segurança das pessoas com defici-
Acessibilidade ência que se encontrarem em situações de risco, inclusive
situações de conflito armado, emergências humanitárias e
1.A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver ocorrência de desastres naturais.
de forma independente e participar plenamente de todos
os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas Artigo 12
apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o Reconhecimento igual perante a lei
acesso, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comu- 1.Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com defi-
nicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação ciência têm o direito de ser reconhecidas em qualquer lugar
e comunicação, bem como a outros serviços e instalações como pessoas perante a lei.
abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana 2.Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas com
como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de con-
e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, dições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida.
serão aplicadas, entre outros, a: 3.Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para
a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras ins- prover o acesso de pessoas com deficiência ao apoio que
talações internas e externas, inclusive escolas, residências, necessitarem no exercício de sua capacidade legal.
instalações médicas e local de trabalho; 4.Os Estados Partes assegurarão que todas as medidas
b) Informações, comunicações e outros serviços, inclusive
relativas ao exercício da capacidade legal incluam salvaguar-
serviços eletrônicos e serviços de emergência.
das apropriadas e efetivas para prevenir abusos, em confor-
2.Os Estados Partes também tomarão medidas apro-
midade com o direito internacional dos direitos humanos.
priadas para:
Essas salvaguardas assegurarão que as medidas relativas ao
a) Desenvolver, promulgar e monitorar a implementação
exercício da capacidade legal respeitem os direitos, a vontade
de normas e diretrizes mínimas para a acessibilidade das ins-
e as preferências da pessoa, sejam isentas de conflito de
talações e dos serviços abertos ao público ou de uso público;
b) Assegurar que as entidades privadas que oferecem interesses e de influência indevida, sejam proporcionais e
instalações e serviços abertos ao público ou de uso público apropriadas às circunstâncias da pessoa, se apliquem pelo
levem em consideração todos os aspectos relativos à aces- período mais curto possível e sejam submetidas à revisão
sibilidade para pessoas com deficiência; regular por uma autoridade ou órgão judiciário competente,
c) Proporcionar, a todos os atores envolvidos, formação independente e imparcial. As  salvaguardas serão propor-
em relação às questões de acessibilidade com as quais as cionais ao grau em que tais medidas afetarem os direitos e
interesses da pessoa.
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pessoas com deficiência se confrontam;


d) Dotar os edifícios e outras instalações abertas ao 5.Os Estados Partes, sujeitos ao disposto neste Artigo,
público ou de uso público de sinalização em braille e em tomarão todas as medidas apropriadas e efetivas para asse-
formatos de fácil leitura e compreensão; gurar às pessoas com deficiência o igual direito de possuir ou
e) Oferecer formas de assistência humana ou animal e herdar bens, de controlar as próprias finanças e de ter igual
serviços de mediadores, incluindo guias, ledores e intérpre- acesso a empréstimos bancários, hipotecas e outras formas
tes profissionais da língua de sinais, para facilitar o acesso de crédito financeiro, e assegurarão que as pessoas com de-
aos edifícios e outras instalações abertas ao público ou de ficiência não sejam arbitrariamente destituídas de seus bens.
uso público;
f) Promover outras formas apropriadas de assistência e Artigo 13
apoio a pessoas com deficiência, a fim de assegurar a essas Acesso à justiça
pessoas o acesso a informações;
g) Promover o acesso de pessoas com deficiência a no- 1.Os Estados Partes assegurarão o efetivo acesso das
vos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, pessoas com deficiência à justiça, em igualdade de condições
inclusive à Internet; com as demais pessoas, inclusive mediante a provisão de
h) Promover, desde a fase inicial, a concepção, o de- adaptações processuais adequadas à idade, a fim de facilitar
senvolvimento, a produção e a disseminação de sistemas e o efetivo papel das pessoas com deficiência como participan-
tecnologias de informação e comunicação, a fim de que esses tes diretos ou indiretos, inclusive como testemunhas, em
sistemas e tecnologias se tornem acessíveis a custo mínimo. todos os procedimentos jurídicos, tais como investigações
e outras etapas preliminares.
Artigo 10 2.A fim de assegurar às pessoas com deficiência o efetivo
Direito à vida acesso à justiça, os Estados Partes promoverão a capacitação
apropriada daqueles que trabalham na área de administração
Os Estados Partes reafirmam que todo ser humano tem da justiça, inclusive a polícia e os funcionários do sistema
o inerente direito à vida e tomarão todas as medidas neces- penitenciário.

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Artigo 14 respeito, a dignidade e a autonomia da pessoa e levem em
Liberdade e segurança da pessoa consideração as necessidades de gênero e idade.
5.Os Estados Partes adotarão leis e políticas efetivas,
1.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com inclusive legislação e políticas voltadas para mulheres e crian-
deficiência, em igualdade de oportunidades com as demais ças, a fim de assegurar que os casos de exploração, violência
pessoas: e abuso contra pessoas com deficiência sejam identificados,
a) Gozem do direito à liberdade e à segurança da pes- investigados e, caso necessário, julgados.
soa; e
b) Não sejam privadas ilegal ou arbitrariamente de sua Artigo 17
liberdade e que toda privação de liberdade esteja em con- Proteção da integridade da pessoa
formidade com a lei, e que a existência de deficiência não
justifique a privação de liberdade. Toda pessoa com deficiência tem o direito a que sua
2.Os Estados Partes assegurarão que, se pessoas com integridade física e mental seja respeitada, em igualdade de
deficiência forem privadas de liberdade mediante algum condições com as demais pessoas.
processo, elas, em igualdade de oportunidades com as de-
mais pessoas, façam jus a garantias de acordo com o direito Artigo 18
internacional dos direitos humanos e sejam tratadas em Liberdade de movimentação e nacionalidade
conformidade com os objetivos e princípios da presente Con-
venção, inclusive mediante a provisão de adaptação razoável. 1.Os Estados Partes reconhecerão os direitos das pessoas
com deficiência à liberdade de movimentação, à liberdade de
Artigo 15 escolher sua residência e à nacionalidade, em igualdade de
Prevenção contra tortura ou tratamentos ou penas oportunidades com as demais pessoas, inclusive assegurando
cruéis,desumanos ou degradantes que as pessoas com deficiência:
a) Tenham o direito de adquirir nacionalidade e mudar
1.Nenhuma pessoa será submetida à tortura ou a tra- de nacionalidade e não sejam privadas arbitrariamente de
tamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Em sua nacionalidade em razão de sua deficiência.
especial, nenhuma pessoa deverá ser sujeita a experimentos b) Não sejam privadas, por causa de sua deficiência,
médicos ou científicos sem seu livre consentimento. da competência de obter, possuir e utilizar documento
2.Os Estados Partes tomarão todas as medidas efetivas comprovante de sua nacionalidade ou outro documento
de identidade, ou de recorrer a processos relevantes, tais
de natureza legislativa, administrativa, judicial ou outra para
como procedimentos relativos à imigração, que forem ne-
evitar que pessoas com deficiência, do mesmo modo que as
cessários para facilitar o exercício de seu direito à liberdade
demais pessoas, sejam submetidas à tortura ou a tratamen-
de movimentação.
tos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
c) Tenham liberdade de sair de qualquer país, inclusive
do seu; e
Artigo 16
d) Não sejam privadas, arbitrariamente ou por causa de
Prevenção contra a exploração, a violência e o abuso
sua deficiência, do direito de entrar no próprio país.
2.As crianças com deficiência serão registradas imedia-
1.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apro- tamente após o nascimento e terão, desde o nascimento,
priadas de natureza legislativa, administrativa, social, edu- o direito a um nome, o direito de adquirir nacionalidade e,
cacional e outras para proteger as pessoas com deficiência, tanto quanto possível, o direito de conhecer seus pais e de
tanto dentro como fora do lar, contra todas as formas de ser cuidadas por eles.

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exploração, violência e abuso, incluindo aspectos relacio-
nados a gênero. Artigo 19
2.Os Estados Partes também tomarão todas as medidas Vida independente e inclusão na comunidade
apropriadas para prevenir todas as formas de exploração,
violência e abuso, assegurando, entre outras coisas, formas Os Estados Partes desta Convenção reconhecem o igual
apropriadas de atendimento e apoio que levem em conta direito de todas as pessoas com deficiência de viver na
o gênero e a idade das pessoas com deficiência e de seus comunidade, com a mesma liberdade de escolha que as
familiares e atendentes, inclusive mediante a provisão de in- demais pessoas, e tomarão medidas efetivas e apropriadas
formação e educação sobre a maneira de evitar, reconhecer e para facilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo desse
denunciar casos de exploração, violência e abuso. Os Estados direito e sua plena inclusão e participação na comunidade,
Partes assegurarão que os serviços de proteção levem em inclusive assegurando que:
conta a idade, o gênero e a deficiência das pessoas. a) As pessoas com deficiência possam escolher seu local
3.A fim de prevenir a ocorrência de quaisquer formas de de residência e onde e com quem morar, em igualdade de
exploração, violência e abuso, os Estados Partes assegurarão oportunidades com as demais pessoas, e que não sejam
que todos os programas e instalações destinados a atender obrigadas a viver em determinado tipo de moradia;
pessoas com deficiência sejam efetivamente monitorados b) As pessoas com deficiência tenham acesso a uma
por autoridades independentes. variedade de serviços de apoio em domicílio ou em insti-
4.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropria- tuições residenciais ou a outros serviços comunitários de
das para promover a recuperação física, cognitiva e psicoló- apoio, inclusive os serviços de atendentes pessoais que forem
gica, inclusive mediante a provisão de serviços de proteção, necessários como apoio para que as pessoas com deficiência
a reabilitação e a reinserção social de pessoas com defici- vivam e sejam incluídas na comunidade e para evitar que
ência que forem vítimas de qualquer forma de exploração, fiquem isoladas ou segregadas da comunidade;
violência ou abuso. Tais recuperação e reinserção ocorrerão c) Os serviços e instalações da comunidade para a
em ambientes que promovam a saúde, o bem‑estar, o autor- população em geral estejam disponíveis às pessoas com

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deficiência, em igualdade de oportunidades, e atendam às Artigo 23
suas necessidades. Respeito pelo lar e pela família

Artigo 20 1.Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e apro-


Mobilidade pessoal priadas para eliminar a discriminação contra pessoas com
deficiência, em todos os aspectos relativos a casamento,
Os Estados Partes tomarão medidas efetivas para assegu- família, paternidade e relacionamentos, em igualdade de
rar às pessoas com deficiência sua mobilidade pessoal com condições com as demais pessoas, de modo a assegurar que:
a máxima independência possível: a) Seja reconhecido o direito das pessoas com deficiência,
a) Facilitando a mobilidade pessoal das pessoas com em idade de contrair matrimônio, de casar‑se e estabelecer
deficiência, na forma e no momento em que elas quiserem, família, com base no livre e pleno consentimento dos pre-
e a custo acessível; tendentes;
b) Facilitando às pessoas com deficiência o acesso a b) Sejam reconhecidos os direitos das pessoas com defi-
tecnologias assistivas, dispositivos e ajudas técnicas de qua- ciência de decidir livre e responsavelmente sobre o número
lidade, e formas de assistência humana ou animal e de me- de filhos e o espaçamento entre esses filhos e de ter acesso
diadores, inclusive tornando‑os disponíveis a custo acessível; a informações adequadas à idade e a educação em matéria
de reprodução e de planejamento familiar, bem como os
c) Propiciando às pessoas com deficiência e ao pessoal
meios necessários para exercer esses direitos.
especializado uma capacitação em técnicas de mobilidade;
c) As pessoas com deficiência, inclusive crianças, con-
d) Incentivando entidades que produzem ajudas técnicas
servem sua fertilidade, em igualdade de condições com as
de mobilidade, dispositivos e tecnologias assistivas a levarem demais pessoas.
em conta todos os aspectos relativos à mobilidade de pessoas 2.Os Estados Partes assegurarão os direitos e responsa-
com deficiência. bilidades das pessoas com deficiência, relativos à guarda,
custódia, curatela e adoção de crianças ou instituições
Artigo 21 semelhantes, caso esses conceitos constem na legislação
Liberdade de expressão e de opinião nacional. Em todos os casos, prevalecerá o superior interesse
e acesso à informação da criança. Os Estados Partes prestarão a devida assistência
às pessoas com deficiência para que essas pessoas possam
Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas exercer suas responsabilidades na criação dos filhos.
para assegurar que as pessoas com deficiência possam exer- 3.Os Estados Partes assegurarão que as crianças com
cer seu direito à liberdade de expressão e opinião, inclusive deficiência terão iguais direitos em relação à vida familiar.
à liberdade de buscar, receber e compartilhar informações Para a realização desses direitos e para evitar ocultação,
e ideias, em igualdade de oportunidades com as demais abandono, negligência e segregação de crianças com defici-
pessoas e por intermédio de todas as formas de comunicação ência, os Estados Partes fornecerão prontamente informa-
de sua escolha, conforme o disposto no Artigo 2 da presente ções abrangentes sobre serviços e apoios a crianças com
Convenção, entre as quais: deficiência e suas famílias.
a) Fornecer, prontamente e sem custo adicional, às pes- 4.Os Estados Partes assegurarão que uma criança não
soas com deficiência, todas as informações destinadas ao será separada de seus pais contra a vontade destes, exceto
público em geral, em formatos acessíveis e tecnologias quando autoridades competentes, sujeitas a controle ju-
apropriadas aos diferentes tipos de deficiência; risdicional, determinarem, em conformidade com as leis e
b) Aceitar e facilitar, em trâmites oficiais, o uso de línguas procedimentos aplicáveis, que a separação é necessária, no
de sinais, braille, comunicação aumentativa e alternativa, superior interesse da criança. Em nenhum caso, uma criança
e de todos os demais meios, modos e formatos acessíveis será separada dos pais sob alegação de deficiência da criança
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de comunicação, à escolha das pessoas com deficiência; ou de um ou ambos os pais.


c) Urgir as entidades privadas que oferecem serviços ao 5.Os Estados Partes, no caso em que a família imediata de
público em geral, inclusive por meio da Internet, a fornecer uma criança com deficiência não tenha condições de cuidar
informações e serviços em formatos acessíveis, que possam da criança, farão todo esforço para que cuidados alternati-
ser usados por pessoas com deficiência; vos sejam oferecidos por outros parentes e, se isso não for
d) Incentivar a mídia, inclusive os provedores de informa- possível, dentro de ambiente familiar, na comunidade.
ção pela Internet, a tornar seus serviços acessíveis a pessoas
Artigo 24
com deficiência;
Educação
e) Reconhecer e promover o uso de línguas de sinais.
1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas
Artigo 22 com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem
Respeito à privacidade discriminação e com base na igualdade de oportunidades,
os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo
1.Nenhuma pessoa com deficiência, qualquer que seja em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de
seu local de residência ou tipo de moradia, estará sujeita a toda a vida, com os seguintes objetivos:
interferência arbitrária ou ilegal em sua privacidade, família, a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do
lar, correspondência ou outros tipos de comunicação, nem senso de dignidade e auto estima, além do fortalecimento
a ataques ilícitos à sua honra e reputação. As pessoas com do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades funda-
deficiência têm o direito à proteção da lei contra tais inter- mentais e pela diversidade humana;
ferências ou ataques. b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade
2.Os Estados Partes protegerão a privacidade dos dados e dos talentos e da criatividade das pessoas com deficiência,
pessoais e dados relativos à saúde e à reabilitação de pes- assim como de suas habilidades físicas e intelectuais;
soas com deficiência, em igualdade de condições com as c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em
demais pessoas. uma sociedade livre.

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2.Para a realização desse direito, os Estados Partes as- variedade, qualidade e padrão que são oferecidos às demais
segurarão que: pessoas, inclusive na área de saúde sexual e reprodutiva e
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do de programas de saúde pública destinados à população em
sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que geral;
as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino b) Propiciarão serviços de saúde que as pessoas com
primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, deficiência necessitam especificamente por causa de sua de-
sob alegação de deficiência; ficiência, inclusive diagnóstico e intervenção precoces, bem
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao como serviços projetados para reduzir ao máximo e prevenir
ensino primário inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao en- deficiências adicionais, inclusive entre crianças e idosos;
sino secundário, em igualdade de condições com as demais c) Propiciarão esses serviços de saúde às pessoas com
pessoas na comunidade em que vivem; deficiência, o mais próximo possível de suas comunidades,
c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades inclusive na zona rural;
individuais sejam providenciadas; d) Exigirão dos profissionais de saúde que dispensem
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio neces- às pessoas com deficiência a mesma qualidade de servi-
sário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a ços dispensada às demais pessoas e, principalmente, que
facilitar sua efetiva educação; obtenham o consentimento livre e esclarecido das pessoas
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam com deficiência concernentes. Para esse fim, os  Estados
adotadas em ambientes que maximizem o desenvolvimento Partes realizarão atividades de formação e definirão regras
acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena. éticas para os setores de saúde público e privado, de modo
3.Os Estados Partes assegurarão às pessoas com defici- a conscientizar os profissionais de saúde acerca dos direitos
ência a possibilidade de adquirir as competências práticas humanos, da dignidade, autonomia e das necessidades das
e sociais necessárias de modo a facilitar às pessoas com pessoas com deficiência;
deficiência sua plena e igual participação no sistema de en- e) Proibirão a discriminação contra pessoas com defi-
sino e na vida em comunidade. Para tanto, os Estados Partes ciência na provisão de seguro de saúde e seguro de vida,
tomarão medidas apropriadas, incluindo: caso tais seguros sejam permitidos pela legislação nacional,
a) Facilitação do aprendizado do braille, escrita alternati- os quais deverão ser providos de maneira razoável e justa;
va, modos, meios e formatos de comunicação aumentativa e f) Prevenirão que se negue, de maneira discriminatória,
alternativa, e habilidades de orientação e mobilidade, além os  serviços de saúde ou de atenção à saúde ou a admi-
de facilitação do apoio e aconselhamento de pares; nistração de alimentos sólidos ou líquidos por motivo de
b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e pro- deficiência.
moção da identidade linguística da comunidade surda;
c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular
Artigo 26
crianças cegas, surdocegas e surdas, seja ministrada nas lín-
Habilitação e reabilitação
guas e nos modos e meios de comunicação mais adequados
ao indivíduo e em ambientes que favoreçam ao máximo seu
1.Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e apro-
desenvolvimento acadêmico e social.
priadas, inclusive mediante apoio dos pares, para possibilitar
4.A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Es-
que as pessoas com deficiência conquistem e conservem o
tados Partes tomarão medidas apropriadas para empregar
máximo de autonomia e plena capacidade física, mental,
professores, inclusive professores com deficiência, habilita-
dos para o ensino da língua de sinais e/ou do braille, e para social e profissional, bem como plena inclusão e participação
capacitar profissionais e equipes atuantes em todos os níveis em todos os aspectos da vida. Para tanto, os Estados Partes
de ensino. Essa capacitação incorporará a conscientização organizarão, fortalecerão e ampliarão serviços e programas
completos de habilitação e reabilitação, particularmente

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da deficiência e a utilização de modos, meios e formatos
apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, nas áreas de saúde, emprego, educação e serviços sociais,
e técnicas e materiais pedagógicos, como apoios para pes- de modo que esses serviços e programas:
soas com deficiência. a) Comecem no estágio mais precoce possível e sejam
5.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com baseados em avaliação multidisciplinar das necessidades e
deficiência possam ter acesso ao ensino superior em geral, pontos fortes de cada pessoa;
treinamento profissional de acordo com sua vocação, educa- b) Apoiem a participação e a inclusão na comunidade
ção para adultos e formação continuada, sem discriminação e em todos os aspectos da vida social, sejam oferecidos
e em igualdade de condições. Para tanto, os Estados Partes voluntariamente e estejam disponíveis às pessoas com
assegurarão a provisão de adaptações razoáveis para pessoas deficiência o mais próximo possível de suas comunidades,
com deficiência. inclusive na zona rural.
2.Os Estados Partes promoverão o desenvolvimento da
Artigo 25 capacitação inicial e continuada de profissionais e de equipes
Saúde que atuam nos serviços de habilitação e reabilitação.
3.Os Estados Partes promoverão a disponibilidade, o co-
Os Estados Partes reconhecem que as pessoas com nhecimento e o uso de dispositivos e tecnologias assistivas,
deficiência têm o direito de gozar do estado de saúde mais projetados para pessoas com deficiência e relacionados com
elevado possível, sem discriminação baseada na deficiência. a habilitação e a reabilitação.
Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas
para assegurar às pessoas com deficiência o acesso a ser- Artigo 27
viços de saúde, incluindo os serviços de reabilitação, que Trabalho e emprego
levarão em conta as especificidades de gênero. Em especial,
os Estados Partes: 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas
a) Oferecerão às pessoas com deficiência programas e com deficiência ao trabalho, em igualdade de oportunida-
atenção à saúde gratuitos ou a custos acessíveis da mesma des com as demais pessoas. Esse direito abrange o direito à

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oportunidade de se manter com um trabalho de sua livre serviços, dispositivos e outros atendimentos apropriados
escolha ou aceitação no mercado laboral, em ambiente de para as necessidades relacionadas com a deficiência;
trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas com b) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência, par-
deficiência. Os Estados Partes salvaguardarão e promoverão ticularmente mulheres, crianças e idosos com deficiência,
a realização do direito ao trabalho, inclusive daqueles que a programas de proteção social e de redução da pobreza;
tiverem adquirido uma deficiência no emprego, adotando c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e suas
medidas apropriadas, incluídas na legislação, com o fim de, famílias em situação de pobreza à assistência do Estado em
entre outros: relação a seus gastos ocasionados pela deficiência, inclusive
a) Proibir a discriminação baseada na deficiência com treinamento adequado, aconselhamento, ajuda financeira e
respeito a todas as questões relacionadas com as formas de cuidados de repouso;
emprego, inclusive condições de recrutamento, contratação d) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência a pro-
e admissão, permanência no emprego, ascensão profissional gramas habitacionais públicos;
e condições seguras e salubres de trabalho; e) Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a
b) Proteger os direitos das pessoas com deficiência, em programas e benefícios de aposentadoria.
condições de igualdade com as demais pessoas, às condições
justas e favoráveis de trabalho, incluindo iguais oportunida- Artigo 29
des e igual remuneração por trabalho de igual valor, condi- Participação na vida política e pública
ções seguras e salubres de trabalho, além de reparação de
injustiças e proteção contra o assédio no trabalho; Os Estados Partes garantirão às pessoas com deficiência
c) Assegurar que as pessoas com deficiência possam direitos políticos e oportunidade de exercê‑los em condições
exercer seus direitos trabalhistas e sindicais, em condições de igualdade com as demais pessoas, e deverão:
de igualdade com as demais pessoas; a) Assegurar que as pessoas com deficiência possam
d) Possibilitar às pessoas com deficiência o acesso efetivo participar efetiva e plenamente na vida política e pública,
a programas de orientação técnica e profissional e a serviços em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
de colocação no trabalho e de treinamento profissional e diretamente ou por meio de representantes livremente
continuado; escolhidos, incluindo o direito e a oportunidade de votarem
e) Promover oportunidades de emprego e ascensão e serem votadas, mediante, entre outros:
profissional para pessoas com deficiência no mercado de i) Garantia de que os procedimentos, instalações e
trabalho, bem como assistência na procura, obtenção e materiais e equipamentos para votação serão apropriados,
manutenção do emprego e no retorno ao emprego; acessíveis e de fácil compreensão e uso;
f) Promover oportunidades de trabalho autônomo, ii) Proteção do direito das pessoas com deficiência ao
empreendedorismo, desenvolvimento de cooperativas e voto secreto em eleições e plebiscitos, sem intimidação,
estabelecimento de negócio próprio; e a candidatar‑se nas eleições, efetivamente ocupar cargos
g) Empregar pessoas com deficiência no setor público; eletivos e desempenhar quaisquer funções públicas em todos
h) Promover o emprego de pessoas com deficiência no os níveis de governo, usando novas tecnologias assistivas,
setor privado, mediante políticas e medidas apropriadas, que quando apropriado;
poderão incluir programas de ação afirmativa, incentivos e iii) Garantia da livre expressão de vontade das pessoas
outras medidas; com deficiência como eleitores e, para tanto, sempre que
i) Assegurar que adaptações razoáveis sejam feitas para necessário e a seu pedido, permissão para que elas sejam
pessoas com deficiência no local de trabalho; auxiliadas na votação por uma pessoa de sua escolha;
j) Promover a aquisição de experiência de trabalho por b) Promover ativamente um ambiente em que as pessoas
pessoas com deficiência no mercado aberto de trabalho; com deficiência possam participar efetiva e plenamente na
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k) Promover reabilitação profissional, manutenção do condução das questões públicas, sem discriminação e em
emprego e programas de retorno ao trabalho para pessoas igualdade de oportunidades com as demais pessoas, e en-
com deficiência. corajar sua participação nas questões públicas, mediante:
2.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com i) Participação em organizações não‑governamentais
deficiência não serão mantidas em escravidão ou servidão relacionadas com a vida pública e política do país, bem como
e que serão protegidas, em igualdade de condições com as em atividades e administração de partidos políticos;
demais pessoas, contra o trabalho forçado ou compulsório. ii) Formação de organizações para representar pessoas
com deficiência em níveis internacional, regional, nacional
Artigo 28 e local, bem como a filiação de pessoas com deficiência a
Padrão de vida e proteção social adequados tais organizações.

1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas Artigo 30


com deficiência a um padrão adequado de vida para si e Participação na vida cultural
para suas famílias, inclusive alimentação, vestuário e mo- e em recreação, lazer e esporte
radia adequados, bem como à melhoria contínua de suas
condições de vida, e tomarão as providências necessárias 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas
para salvaguardar e promover a realização desse direito sem com deficiência de participar na vida cultural, em igualdade
discriminação baseada na deficiência. de oportunidades com as demais pessoas, e tomarão todas
2.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas as medidas apropriadas para que as pessoas com deficiência
com deficiência à proteção social e ao exercício desse direito possam:
sem discriminação baseada na deficiência, e tomarão as me- a) Ter acesso a bens culturais em formatos acessíveis;
didas apropriadas para salvaguardar e promover a realização b) Ter acesso a programas de televisão, cinema, teatro e
desse direito, tais como: outras atividades culturais, em formatos acessíveis; e
a) Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência c) Ter acesso a locais que ofereçam serviços ou eventos
a serviços de saneamento básico e assegurar o acesso aos culturais, tais como teatros, museus, cinemas, bibliotecas e

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serviços turísticos, bem como, tanto quanto possível, ter Artigo 32
acesso a monumentos e locais de importância cultural Cooperação internacional
nacional.
2.Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para 1.Os Estados Partes reconhecem a importância da co-
que as pessoas com deficiência tenham a oportunidade de operação internacional e de sua promoção, em apoio aos
desenvolver e utilizar seu potencial criativo, artístico e in- esforços nacionais para a consecução do propósito e dos
telectual, não somente em benefício próprio, mas também objetivos da presente Convenção e, sob este aspecto, ado-
para o enriquecimento da sociedade. tarão medidas apropriadas e efetivas entre os Estados e, de
3.Os Estados Partes deverão tomar todas as providências, maneira adequada, em parceria com organizações interna-
em conformidade com o direito internacional, para assegurar cionais e regionais relevantes e com a sociedade civil e, em
que a legislação de proteção dos direitos de propriedade particular, com organizações de pessoas com deficiência.
Estas medidas poderão incluir, entre outras:
intelectual não constitua barreira excessiva ou discrimina-
a) Assegurar que a cooperação internacional, incluindo
tória ao acesso de pessoas com deficiência a bens culturais.
os programas internacionais de desenvolvimento, sejam
4.As pessoas com deficiência farão jus, em igualdade de inclusivos e acessíveis para pessoas com deficiência;
oportunidades com as demais pessoas, a que sua identidade b) Facilitar e apoiar a capacitação, inclusive por meio do
cultural e lingüística específica seja reconhecida e apoiada, intercâmbio e compartilhamento de informações, experiên-
incluindo as línguas de sinais e a cultura surda. cias, programas de treinamento e melhores práticas;
5.Para que as pessoas com deficiência participem, em c) Facilitar a cooperação em pesquisa e o acesso a co-
igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de ati- nhecimentos científicos e técnicos;
vidades recreativas, esportivas e de lazer, os Estados Partes d) Propiciar, de maneira apropriada, assistência técnica e
tomarão medidas apropriadas para: financeira, inclusive mediante facilitação do acesso a tecno-
a) Incentivar e promover a maior participação possível logias assistivas e acessíveis e seu compartilhamento, bem
das pessoas com deficiência nas atividades esportivas co- como por meio de transferência de tecnologias.
muns em todos os níveis; 2.O disposto neste Artigo se aplica sem prejuízo das
b) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham obrigações que cabem a cada Estado Parte em decorrência
a oportunidade de organizar, desenvolver e participar em da presente Convenção.
atividades esportivas e recreativas específicas às deficiências
e, para tanto, incentivar a provisão de instrução, treinamento Artigo 33
e recursos adequados, em igualdade de oportunidades com Implementação e monitoramento nacionais
as demais pessoas;
c) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham 1.Os Estados Partes, de acordo com seu sistema organiza-
acesso a locais de eventos esportivos, recreativos e turísticos; cional, designarão um ou mais de um ponto focal no âmbito
d) Assegurar que as crianças com deficiência possam, em do Governo para assuntos relacionados com a implementa-
ção da presente Convenção e darão a devida consideração
igualdade de condições com as demais crianças, participar de
ao estabelecimento ou designação de um mecanismo de
jogos e atividades recreativas, esportivas e de lazer, inclusive coordenação no âmbito do Governo, a fim de facilitar ações
no sistema escolar; correlatas nos diferentes setores e níveis.
e) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham 2.Os Estados Partes, em conformidade com seus sistemas
acesso aos serviços prestados por pessoas ou entidades en- jurídico e administrativo, manterão, fortalecerão, designarão
volvidas na organização de atividades recreativas, turísticas, ou estabelecerão estrutura, incluindo um ou mais de um
esportivas e de lazer. mecanismo independente, de maneira apropriada, para
promover, proteger e monitorar a implementação da pre-
Artigo 31 sente Convenção. Ao designar ou estabelecer tal mecanismo,

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Estatísticas e coleta de dados os Estados Partes levarão em conta os princípios relativos
ao status e funcionamento das instituições nacionais de
1.Os Estados Partes coletarão dados apropriados, inclu- proteção e promoção dos direitos humanos.
sive estatísticos e de pesquisas, para que possam formular 3.A sociedade civil e, particularmente, as pessoas com
e implementar políticas destinadas a por em prática a pre- deficiência e suas organizações representativas serão en-
sente Convenção. O processo de coleta e manutenção de volvidas e participarão plenamente no processo de moni-
tais dados deverá: toramento.
a) Observar as salvaguardas estabelecidas por lei, in-
clusive pelas leis relativas à proteção de dados, a  fim de Artigo 34
assegurar a confidencialidade e o respeito pela privacidade Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
das pessoas com deficiência;
b) Observar as normas internacionalmente aceitas para 1.Um Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Defici-
ência (doravante denominado “Comitê”) será estabelecido,
proteger os direitos humanos, as liberdades fundamentais
para desempenhar as funções aqui definidas.
e os princípios éticos na coleta de dados e utilização de
2.O Comitê será constituído, quando da entrada em vigor
estatísticas. da presente Convenção, de 12 peritos. Quando a presente
2.As informações coletadas de acordo com o disposto Convenção alcançar 60 ratificações ou adesões, o  Comitê
neste Artigo serão desagregadas, de maneira apropriada, será acrescido em seis membros, perfazendo o total de 18
e utilizadas para avaliar o cumprimento, por parte dos Esta- membros.
dos Partes, de suas obrigações na presente Convenção e para 3.Os membros do Comitê atuarão a título pessoal e apre-
identificar e enfrentar as barreiras com as quais as pessoas sentarão elevada postura moral, competência e experiência
com deficiência se deparam no exercício de seus direitos. reconhecidas no campo abrangido pela presente Convenção.
3.Os Estados Partes assumirão responsabilidade pela Ao designar seus candidatos, os Estados Partes são instados
disseminação das referidas estatísticas e assegurarão que a dar a devida consideração ao disposto no Artigo 4.3 da
elas sejam acessíveis às pessoas com deficiência e a outros. presente Convenção.

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4.Os membros do Comitê serão eleitos pelos Estados 3.O Comitê determinará as diretrizes aplicáveis ao teor
Partes, observando‑se uma distribuição geográfica equita- dos relatórios.
tiva, representação de diferentes formas de civilização e dos 4.Um Estado Parte que tiver submetido ao Comitê um
principais sistemas jurídicos, representação equilibrada de relatório inicial abrangente não precisará, em relatórios sub-
gênero e participação de peritos com deficiência. sequentes, repetir informações já apresentadas. Ao elaborar
5.Os membros do Comitê serão eleitos por votação se- os relatórios ao Comitê, os Estados Partes são instados a
creta em sessões da Conferência dos Estados Partes, a partir fazê‑lo de maneira franca e transparente e a levar em con-
de uma lista de pessoas designadas pelos Estados Partes sideração o disposto no Artigo 4.3 da presente Convenção.
entre seus nacionais. Nessas sessões, cujo quorum será de 5.Os relatórios poderão apontar os fatores e as dificul-
dois terços dos Estados Partes, os candidatos eleitos para dades que tiverem afetado o cumprimento das obrigações
o Comitê serão aqueles que obtiverem o maior número de decorrentes da presente Convenção.
votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos
Estados Partes presentes e votantes. Artigo 36
6.A primeira eleição será realizada, o  mais tardar, até Consideração dos relatórios
seis meses após a data de entrada em vigor da presente
Convenção. Pelo menos quatro meses antes de cada elei- 1.Os relatórios serão considerados pelo Comitê, que fará
ção, o Secretário‑Geral das Nações Unidas dirigirá carta aos as sugestões e recomendações gerais que julgar pertinentes e
Estados Partes, convidando‑os a submeter os nomes de as transmitirá aos respectivos Estados Partes. O Estado Parte
seus candidatos no prazo de dois meses. O Secretário‑Geral, poderá responder ao Comitê com as informações que julgar
subsequentemente, preparará lista em ordem alfabética de pertinentes. O Comitê poderá pedir informações adicionais
todos os candidatos apresentados, indicando que foram ao Estados Partes, referentes à implementação da presente
designados pelos Estados Partes, e submeterá essa lista aos Convenção.
Estados Partes da presente Convenção. 2.Se um Estado Parte atrasar consideravelmente a entre-
7.Os membros do Comitê serão eleitos para mandato de ga de seu relatório, o Comitê poderá notificar esse Estado de
quatro anos, podendo ser candidatos à reeleição uma única que examinará a aplicação da presente Convenção com base
vez. Contudo, o mandato de seis dos membros eleitos na em informações confiáveis de que disponha, a menos que
primeira eleição expirará ao fim de dois anos; imediatamente o relatório devido seja apresentado pelo Estado dentro do
após a primeira eleição, os nomes desses seis membros serão período de três meses após a notificação. O Comitê convidará
selecionados por sorteio pelo presidente da sessão a que se o Estado Parte interessado a participar desse exame. Se o
refere o parágrafo 5 deste Artigo. Estado Parte responder entregando seu relatório, aplicar‑se‑á
8.A eleição dos seis membros adicionais do Comitê será o disposto no parágrafo 1 do presente artigo.
realizada por ocasião das eleições regulares, de acordo com 3.O Secretário‑Geral das Nações Unidas colocará os re-
as disposições pertinentes deste Artigo. latórios à disposição de todos os Estados Partes.
9.Em caso de morte, demissão ou declaração de um 4.Os Estados Partes tornarão seus relatórios amplamente
membro de que, por algum motivo, não poderá continuar a disponíveis ao público em seus países e facilitarão o acesso
exercer suas funções, o Estado Parte que o tiver indicado de- à possibilidade de sugestões e de recomendações gerais a
signará um outro perito que tenha as qualificações e satisfaça respeito desses relatórios.
aos requisitos estabelecidos pelos dispositivos pertinentes 5.O Comitê transmitirá às agências, fundos e programas
deste Artigo, para concluir o mandato em questão. especializados das Nações Unidas e a outras organizações
10.O Comitê estabelecerá suas próprias normas de competentes, da maneira que julgar apropriada, os relatórios
procedimento. dos Estados Partes que contenham demandas ou indicações
11.O Secretário‑Geral das Nações Unidas proverá o pes- de necessidade de consultoria ou de assistência técnica,
soal e as instalações necessários para o efetivo desempenho acompanhados de eventuais observações e sugestões do
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das funções do Comitê segundo a presente Convenção e Comitê em relação às referidas demandas ou indicações,
convocará sua primeira reunião. a fim de que possam ser consideradas.
12.Com a aprovação da Assembleia Geral, os membros
do Comitê estabelecido sob a presente Convenção receberão Artigo 37
emolumentos dos recursos das Nações Unidas, sob termos Cooperação entre os Estados Partes e o Comitê
e condições que a Assembleia possa decidir, tendo em vista
a importância das responsabilidades do Comitê. 1.Cada Estado Parte cooperará com o Comitê e auxiliará
13.Os membros do Comitê terão direito aos privilégios, seus membros no desempenho de seu mandato.
facilidades e imunidades dos peritos em missões das Nações 2.Em suas relações com os Estados Partes, o Comitê dará
Unidas, em conformidade com as disposições pertinentes da a devida consideração aos meios e modos de aprimorar a
Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas. capacidade de cada Estado Parte para a implementação
da presente Convenção, inclusive mediante cooperação
Artigo 35 internacional.
Relatórios dos Estados Partes
Artigo 38
1.Cada Estado Parte, por intermédio do Secretário‑Geral Relações do Comitê com outros órgãos
das Nações Unidas, submeterá relatório abrangente sobre
as medidas adotadas em cumprimento de suas obrigações A fim de promover a efetiva implementação da presente
estabelecidas pela presente Convenção e sobre o progresso Convenção e de incentivar a cooperação internacional na
alcançado nesse aspecto, dentro do período de dois anos esfera abrangida pela presente Convenção:
após a entrada em vigor da presente Convenção para o a) As agências especializadas e outros órgãos das Nações
Estado Parte concernente. Unidas terão o direito de se fazer representar quando da
2.Depois disso, os Estados Partes submeterão relatórios consideração da implementação de disposições da presente
subsequentes, ao menos a cada quatro anos, ou quando o Convenção que disserem respeito aos seus respectivos man-
Comitê o solicitar. datos. O Comitê poderá convidar as agências especializadas e

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outros órgãos competentes, segundo julgar apropriado, delegado competência sobre matéria abrangida pela pre-
a oferecer consultoria de peritos sobre a implementação da sente Convenção. Essas organizações declararão, em seus
Convenção em áreas pertinentes a seus respectivos man- documentos de confirmação formal ou adesão, o  alcance
datos. O  Comitê poderá convidar agências especializadas de sua competência em relação à matéria abrangida pela
e outros órgãos das Nações Unidas a apresentar relatórios presente Convenção. Subsequentemente, as organizações
sobre a implementação da Convenção em áreas pertinentes informarão ao depositário qualquer alteração substancial
às suas respectivas atividades; no âmbito de sua competência.
b) No desempenho de seu mandato, o Comitê consul- 2.As referências a “Estados Partes” na presente Con-
tará, de maneira apropriada, outros órgãos pertinentes venção serão aplicáveis a essas organizações, nos limites da
instituídos ao amparo de tratados internacionais de direitos competência destas.
humanos, a fim de assegurar a consistência de suas respec- 3.Para os fins do parágrafo 1 do Artigo 45 e dos parágra-
tivas diretrizes para a elaboração de relatórios, sugestões e fos 2 e 3 do Artigo 47, nenhum instrumento depositado por
recomendações gerais e de evitar duplicação e superposição organização de integração regional será computado.
no desempenho de suas funções. 4. As organizações de integração regional, em matérias de
sua competência, poderão exercer o direito de voto na Con-
Artigo 39 ferência dos Estados Partes, tendo direito ao mesmo número
Relatório do Comitê de votos quanto for o número de seus Estados membros que
forem Partes da presente Convenção. Essas organizações não
A cada dois anos, o  Comitê submeterá à Assembléia exercerão seu direito de voto, se qualquer de seus Estados
Geral e ao Conselho Econômico e Social um relatório de suas membros exercer seu direito de voto, e vice‑versa.
atividades e poderá fazer sugestões e recomendações gerais
baseadas no exame dos relatórios e nas informações rece- Artigo 45
bidas dos Estados Partes. Estas sugestões e recomendações Entrada em vigor
gerais serão incluídas no relatório do Comitê, acompanhadas,
se houver, de comentários dos Estados Partes. 1.A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo
dia após o depósito do vigésimo instrumento de ratificação
Artigo 40 ou adesão.
Conferência dos Estados Partes 2.Para cada Estado ou organização de integração regional
que ratificar ou formalmente confirmar a presente Conven-
1.Os Estados Partes reunir‑se‑ão regularmente em Con- ção ou a ela aderir após o depósito do referido vigésimo
ferência dos Estados Partes a fim de considerar matérias instrumento, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
relativas à implementação da presente Convenção. a partir da data em que esse Estado ou organização tenha
2.O Secretário‑Geral das Nações Unidas convocará, depositado seu instrumento de ratificação, confirmação
dentro do período de seis meses após a entrada em vigor formal ou adesão.
da presente Convenção, a Conferência dos Estados Partes.
Artigo 46
As reuniões subseqüentes serão convocadas pelo Secretá-
Reservas
rio‑Geral das Nações Unidas a cada dois anos ou conforme
a decisão da Conferência dos Estados Partes.
1.Não serão permitidas reservas incompatíveis com o
objeto e o propósito da presente Convenção.
Artigo 41
2.As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento.
Depositário
Artigo 47
O Secretário‑Geral das Nações Unidas será o depositário Emendas

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da presente Convenção.
1.Qualquer Estado Parte poderá propor emendas à
Artigo 42 presente Convenção e submetê‑las ao Secretário‑Geral das
Assinatura Nações Unidas. O Secretário‑Geral comunicará aos Estados
Partes quaisquer emendas propostas, solicitando‑lhes que
A presente Convenção será aberta à assinatura de todos o notifiquem se são favoráveis a uma Conferência dos Esta-
os Estados e organizações de integração regional na sede dos Partes para considerar as propostas e tomar decisão a
das Nações Unidas em Nova York, a partir de 30 de março respeito delas. Se, até quatro meses após a data da referida
de 2007. comunicação, pelo menos um terço dos Estados Partes se
manifestar favorável a essa Conferência, o Secretário‑Geral
Artigo 43 das Nações Unidas convocará a Conferência, sob os auspícios
Consentimento em comprometer‑se das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada por maioria
de dois terços dos Estados Partes presentes e votantes será
A presente Convenção será submetida à ratificação pelos submetida pelo Secretário‑Geral à aprovação da Assembleia
Estados signatários e à confirmação formal por organizações Geral das Nações Unidas e, posteriormente, à aceitação de
de integração regional signatárias. Ela estará aberta à adesão todos os Estados Partes.
de qualquer Estado ou organização de integração regional 2.Qualquer emenda adotada e aprovada conforme o dis-
que não a houver assinado. posto no parágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor no
trigésimo dia após a data na qual o número de instrumentos
Artigo 44 de aceitação tenha atingido dois terços do número de Esta-
Organizações de integração regional dos Partes na data de adoção da emenda. Posteriormente,
a emenda entrará em vigor para todo Estado Parte no trigé-
1.”Organização de integração regional” será entendida simo dia após o depósito por esse Estado do seu instrumento
como organização constituída por Estados soberanos de de aceitação. A  emenda será vinculante somente para os
determinada região, à qual seus Estados membros tenham Estados Partes que a tiverem aceitado.

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3.Se a Conferência dos Estados Partes assim o decidir f) Os fatos que motivaram a comunicação tenham ocor-
por consenso, qualquer emenda adotada e aprovada em rido antes da entrada em vigor do presente Protocolo para
conformidade com o disposto no parágrafo 1 deste Artigo, o Estado Parte em apreço, salvo se os fatos continuaram
relacionada exclusivamente com os artigos 34, 38, 39 e 40, ocorrendo após aquela data.
entrará em vigor para todos os Estados Partes no trigésimo
dia a partir da data em que o número de instrumentos de Artigo 3
aceitação depositados tiver atingido dois terços do número
de Estados Partes na data de adoção da emenda. Sujeito ao disposto no Artigo 2 do presente Protocolo,
o  Comitê levará confidencialmente ao conhecimento do
Artigo 48 Estado Parte concernente qualquer comunicação submetida
Denúncia ao Comitê. Dentro do período de seis meses, o Estado con-
cernente submeterá ao Comitê explicações ou declarações
Qualquer Estado Parte poderá denunciar a presente por escrito, esclarecendo a matéria e a eventual solução
Convenção mediante notificação por escrito ao Secretá- adotada pelo referido Estado.
rio‑Geral das Nações Unidas. A denúncia tornar‑se‑á efetiva
um ano após a data de recebimento da notificação pelo Artigo 4
Secretário‑Geral.
1.A qualquer momento após receber uma comunicação
Artigo 49 e antes de decidir o mérito dessa comunicação, o Comitê
Formatos acessíveis poderá transmitir ao Estado Parte concernente, para sua
urgente consideração, um pedido para que o Estado Parte
O texto da presente Convenção será colocado à disposi- tome as medidas de natureza cautelar que forem necessárias
ção em formatos acessíveis. para evitar possíveis danos irreparáveis à vítima ou às vítimas
da violação alegada.
Artigo 50
2.O exercício pelo Comitê de suas faculdades discricio-
Textos autênticos
nárias em virtude do parágrafo 1 do presente Artigo não
implicará prejuízo algum sobre a admissibilidade ou sobre
Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
o mérito da comunicação.
russo da presente Convenção serão igualmente autênticos.
EM FÉ DO QUE os plenipotenciários abaixo assinados,
devidamente autorizados para tanto por seus respectivos Artigo 5
Governos, firmaram a presente Convenção.
O Comitê realizará sessões fechadas para examinar comu-
nicações a ele submetidas em conformidade com o presente
Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Protocolo. Depois de examinar uma comunicação, o Comitê
Direitos das Pessoas com Deficiência enviará suas sugestões e recomendações, se houver, ao Es-
tado Parte concernente e ao requerente.
Os Estados Partes do presente Protocolo acordaram o
seguinte: Artigo 6
Artigo 1 1.Se receber informação confiável indicando que um
Estado Parte está cometendo violação grave ou sistemática
1.Qualquer Estado Parte do presente Protocolo (“Estado
de direitos estabelecidos na Convenção, o Comitê convidará
Parte”) reconhece a competência do Comitê sobre os Direi-
o referido Estado Parte a colaborar com a verificação da
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tos das Pessoas com Deficiência (“Comitê”) para receber e


informação e, para tanto, a submeter suas observações a
considerar comunicações submetidas por pessoas ou grupos
de pessoas, ou em nome deles, sujeitos à sua jurisdição, respeito da informação em pauta.
alegando serem vítimas de violação das disposições da 2.Levando em conta quaisquer observações que tenham
Convenção pelo referido Estado Parte. sido submetidas pelo Estado Parte concernente, bem como
2.O Comitê não receberá comunicação referente a quaisquer outras informações confiáveis em poder do Comi-
qualquer Estado Parte que não seja signatário do presente tê, este poderá designar um ou mais de seus membros para
Protocolo. realizar investigação e apresentar, em caráter de urgência,
relatório ao Comitê. Caso se justifique e o Estado Parte o
Artigo 2 consinta, a investigação poderá incluir uma visita ao território
desse Estado.
O Comitê considerará inadmissível a comunicação 3.Após examinar os resultados da investigação, o Comitê
quando: os comunicará ao Estado Parte concernente, acompanhados
a) A comunicação for anônima; de eventuais comentários e recomendações.
b) A comunicação constituir abuso do direito de submeter 4.Dentro do período de seis meses após o recebimento
tais comunicações ou for incompatível com as disposições dos resultados, comentários e recomendações transmitidos
da Convenção; pelo Comitê, o  Estado Parte concernente submeterá suas
c) A mesma matéria já tenha sido examinada pelo Co- observações ao Comitê.
mitê ou tenha sido ou estiver sendo examinada sob outro 5.A referida investigação será realizada confidencialmen-
procedimento de investigação ou resolução internacional; te e a cooperação do Estado Parte será solicitada em todas
d) Não tenham sido esgotados todos os recursos inter- as fases do processo.
nos disponíveis, salvo no caso em que a tramitação desses
recursos se prolongue injustificadamente, ou seja improvável Artigo 7
que se obtenha com eles solução efetiva;
e) A comunicação estiver precariamente fundamentada 1.O Comitê poderá convidar o Estado Parte concernente a
ou não for suficientemente substanciada; ou incluir em seu relatório, submetido em conformidade com o

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disposto no Artigo 35 da Convenção, pormenores a respeito Artigo 13
das medidas tomadas em conseqüência da investigação reali-
zada em conformidade com o Artigo 6 do presente Protocolo. 1.Sujeito à entrada em vigor da Convenção, o presente
2.Caso necessário, o Comitê poderá, encerrado o perío- Protocolo entrará em vigor no trigésimo dia após o depósito
do de seis meses a que se refere o parágrafo 4 do Artigo 6, do décimo instrumento de ratificação ou adesão.
convidar o Estado Parte concernente a informar o Comitê a 2.Para cada Estado ou organização de integração regional
respeito das medidas tomadas em conseqüência da referida que ratificar ou formalmente confirmar o presente Protocolo
investigação. ou a ele aderir depois do depósito do décimo instrumento
dessa natureza, o Protocolo entrará em vigor no trigésimo
Artigo 8 dia a partir da data em que esse Estado ou organização te-
nha depositado seu instrumento de ratificação, confirmação
Qualquer Estado Parte poderá, quando da assinatura ou formal ou adesão.
ratificação do presente Protocolo ou de sua adesão a ele,
declarar que não reconhece a competência do Comitê, a que Artigo 14
se referem os Artigos 6 e 7.
1.Não serão permitidas reservas incompatíveis com o
Artigo 9 objeto e o propósito do presente Protocolo.
2.As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento.
O Secretário‑Geral das Nações Unidas será o depositário
do presente Protocolo. Artigo 15

Artigo 10 1.Qualquer Estado Parte poderá propor emendas ao


presente Protocolo e submetê‑las ao Secretário‑Geral das
O presente Protocolo será aberto à assinatura dos Es- Nações Unidas. O Secretário‑Geral comunicará aos Estados
tados e organizações de integração regional signatários da Partes quaisquer emendas propostas, solicitando‑lhes que
Convenção, na sede das Nações Unidas em Nova York, a partir o notifiquem se são favoráveis a uma Conferência dos Esta-
de 30 de março de 2007. dos Partes para considerar as propostas e tomar decisão a
respeito delas. Se, até quatro meses após a data da referida
Artigo 11 comunicação, pelo menos um terço dos Estados Partes se
manifestar favorável a essa Conferência, o Secretário‑Geral
O presente Protocolo estará sujeito à ratificação pelos das Nações Unidas convocará a Conferência, sob os auspícios
Estados signatários do presente Protocolo que tiverem das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada por maioria
ratificado a Convenção ou aderido a ela. Ele estará sujeito à de dois terços dos Estados Partes presentes e votantes será
confirmação formal por organizações de integração regional submetida pelo Secretário‑Geral à aprovação da Assembleia
signatárias do presente Protocolo que tiverem formalmen- Geral das Nações Unidas e, posteriormente, à aceitação de
te confirmado a Convenção ou a ela aderido. O Protocolo todos os Estados Partes.
ficará aberto à adesão de qualquer Estado ou organização 2.Qualquer emenda adotada e aprovada conforme o dis-
de integração regional que tiver ratificado ou formalmente posto no parágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor no
confirmado a Convenção ou a ela aderido e que não tiver trigésimo dia após a data na qual o número de instrumentos
assinado o Protocolo. de aceitação tenha atingido dois terços do número de Esta-
dos Partes na data de adoção da emenda. Posteriormente,
Artigo 12 a emenda entrará em vigor para todo Estado Parte no trigé-

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simo dia após o depósito por esse Estado do seu instrumento
1.“Organização de integração regional” será entendida de aceitação. A  emenda será vinculante somente para os
como organização constituída por Estados soberanos de de- Estados Partes que a tiverem aceitado.
terminada região, à qual seus Estados membros tenham dele-
gado competência sobre matéria abrangida pela Convenção Artigo 16
e pelo presente Protocolo. Essas organizações declararão, em
seus documentos de confirmação formal ou adesão, o alcan- Qualquer Estado Parte poderá denunciar o presente
ce de sua competência em relação à matéria abrangida pela Protocolo mediante notificação por escrito ao Secretá-
Convenção e pelo presente Protocolo. Subsequentemente, rio‑Geral das Nações Unidas. A denúncia tornar‑se‑á efetiva
as organizações informarão ao depositário qualquer altera- um ano após a data de recebimento da notificação pelo
ção substancial no alcance de sua competência. Secretário‑Geral.
2.As referências a “Estados Partes” no presente Protocolo
serão aplicáveis a essas organizações, nos limites da compe- Artigo 17
tência de tais organizações.
3.Para os fins do parágrafo 1 do Artigo 13 e do parágrafo O texto do presente Protocolo será colocado à disposição
2 do Artigo 15, nenhum instrumento depositado por organi- em formatos acessíveis.
zação de integração regional será computado.
4.As organizações de integração regional, em matérias Artigo 18
de sua competência, poderão exercer o direito de voto na
Conferência dos Estados Partes, tendo direito ao mesmo nú- Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
mero de votos que seus Estados membros que forem Partes russo e do presente Protocolo serão igualmente autênticos.
do presente Protocolo. Essas organizações não exercerão EM FÉ DO QUE os plenipotenciários abaixo assinados,
seu direito de voto se qualquer de seus Estados membros devidamente autorizados para tanto por seus respectivos
exercer seu direito de voto, e vice‑versa. governos, firmaram o presente Protocolo.

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O PARADIGMA DA SUPRALEGALIDADE prio art. 5º, § 2º, da Constituição de 1988. Vale dizer, seria
mais adequado que a redação do aludido § 3º do art. 5º
COMO NORMA CONSTITUCIONAL PARA endossasse a hierarquia formalmente constitucional de todos
OS TRATADOS DOS DIREITOS HUMANOS os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos
ratificados, afirmando que os tratados internacionais de pro-
A Carta de 1988 consagra de forma inédita, ao fim da ex- teção de direitos humanos ratificados pelo Estado brasileiro
tensa Declaração de Direitos por ela prevista, que os direitos têm hierarquia constitucional.
e garantias expressos na Constituição “não excluem outros No entanto, estabelece o § 3º do art. 5º que os tratados
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou internacionais de direitos humanos aprovados, em cada Casa
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
do Brasil seja parte” (art. 5º, § 2º). dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
Ao efetuar a incorporação, a Carta atribui aos direitos in- emendas à Constituição.
ternacionais uma natureza especial e diferenciada, qual seja, Ressalte‑se que o único tratado internacional sobre
a natureza de norma constitucional. Os direitos enunciados direitos humanos no Brasil que tem status constitucional é
nos tratados de direitos humanos de que o Brasil é parte in- a Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com Defici-
tegram, portanto, o elenco dos direitos constitucionalmente ência, bem como o seu Protocolo Facultativo que estudamos
consagrados. Essa conclusão advém ainda de interpretação no tópico anterior.
sistemática e teleológica do Texto, especialmente em face Desde logo, há que afastar o entendimento segundo o
da força expansiva dos valores da dignidade humana e dos qual, em face do § 3º do art. 5º, todos os tratados de direi-
direitos fundamentais, como parâmetros axiológicos a orien- tos humanos já ratificados seriam recepcionados como lei
tar a compreensão do fenômeno constitucional. federal, pois não teriam obtido o quórum qualificado de três
Acredita‑se, todavia, que essa classificação peca ao quintos, demandado pelo aludido parágrafo.
equiparar os direitos decorrentes dos tratados internacio- Vale dizer, com o advento do § 3º do art. 5º surgem duas
nais aos decorrentes do regime e dos princípios adotados categorias de tratados internacionais de proteção de direitos
pela Constituição. Se estes últimos “não são nem explícita humanos:
nem implicitamente enumerados, mas provêm ou podem a) os materialmente constitucionais; e
vir a prover do regime adotado”, sendo direitos de “difícil b) os material e formalmente constitucionais.
caracterização a priori”, o  mesmo não pode ser afirmado
quanto aos direitos constantes dos tratados internacionais Frise‑se, todos os tratados internacionais de direitos hu-
dos quais o Brasil seja parte. Esses direitos internacionais manos são materialmente constitucionais, por força do § 2º
são expressos, enumerados e claramente elencados, não do art. 5º. Para além de serem materialmente constitucio-
podendo ser considerados de “difícil caracterização a priori”. nais, poderão, a partir do § 3º do mesmo dispositivo, acrescer
Há que enfatizar que, enquanto os demais tratados inter- a qualidade de formalmente constitucionais, equiparando‑se
nacionais têm força hierárquica infraconstitucional, os direi- às emendas à Constituição, no âmbito formal.
tos enunciados em tratados internacionais de proteção dos Ainda que todos os tratados de direitos humanos sejam
direitos humanos apresentam valor de norma constitucional. recepcionados em grau constitucional, por veicularem ma-
Observe‑se que a hierarquia infraconstitucional dos demais téria e conteúdo essencialmente constitucional, importa
tratados internacionais é extraída do art. 102, III, b, da Cons- realçar a diversidade de regimes jurídicos que se aplica aos
tituição Federal de 1988, que confere ao Supremo Tribunal tratados apenas materialmente constitucionais e aos trata-
Federal a competência para julgar, mediante recurso extra- dos que, além de materialmente constitucionais, também
ordinário, “as causas decididas em única ou última instância, são formalmente constitucionais. E a diversidade de regimes
quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade jurídicos atém‑se à denúncia, que é o ato unilateral pelo qual
de tratado ou lei federal”. um Estado se retira de um tratado. Enquanto os tratados
Sustenta‑se, assim, que os tratados tradicionais têm materialmente constitucionais podem ser suscetíveis de de-
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hierarquia infraconstitucional, mas supralegal. Esse posicio- núncia, os tratados material e formalmente constitucionais,
namento se coaduna com o princípio da boa‑fé, vigente no por sua vez, não podem ser denunciados.
direito internacional (o pacta sunt servanda), e que tem como Ao se admitir a natureza constitucional de todos os tra-
reflexo o art. 27 da Convenção de Viena, segundo o qual não tados de direitos humanos, há que ressaltar que os direitos
cabe ao Estado invocar disposições de seu Direito interno constantes nos tratados internacionais, como os demais di-
como justificativa para o não cumprimento de tratado. reitos e garantias individuais consagrados pela Constituição,
À luz do mencionado dispositivo constitucional, uma constituem cláusula pétrea e não podem ser abolidos por
tendência da doutrina brasileira, contudo, passou a acolher a meio de emenda à Constituição, nos termos do art. 60, § 4º.
concepção de que os tratados internacionais e as leis federais Atente‑se que as cláusulas pétreas resguardam o núcleo ma-
apresentavam a mesma hierarquia jurídica, sendo, portanto, terial da Constituição, que compõe os valores fundamentais
aplicável o princípio “lei posterior revoga lei anterior que da ordem constitucional. Nesse sentido, os valores da sepa-
seja com ela incompatível”. Essa concepção não apenas ração dos Poderes e da federação – valores que asseguram
compromete o princípio da boa‑fé, mas constitui afronta à a descentralização orgânica e espacial do poder político – ,
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. o valor do voto direto, universal e periódico e dos direitos
No sentido de responder à polêmica doutrinária e e garantias individuais – valores que asseguram o princípio
jurisprudencial concernente à hierarquia dos tratados in- democrático  – , compõem a tônica do constitucionalismo
ternacionais de proteção dos direitos humanos, a Emenda inaugurado com a transição democrática. Os direitos enun-
Constitucional n. 45, de 8 de dezembro de 2004, introduziu ciados em tratados internacionais em que o Brasil seja parte
o § 3º no art. 5º, dispondo: “Os tratados e convenções in- ficam resguardados pela cláusula pétrea “direitos e garantias
ternacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, individuais”, prevista no art. 60, § 4º, IV, da Carta.
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por Entretanto, embora os direitos internacionais sejam
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão alcançados pelo art. 60, § 4º, e não possam ser eliminados
equivalentes às emendas à Constituição”. via emenda constitucional, os  tratados internacionais de
Em face de todo o exposto, sustenta‑se que a hierarquia direitos humanos materialmente constitucionais são suscetí-
constitucional já se extrai de interpretação conferida ao pró- veis de denúncia por parte do Estado signatário. Com efeito,

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os tratados internacionais de direitos humanos estabelecem gido a intermediação pelo Poder Legislativo de ato com força
regras específicas concernentes à possibilidade de denúncia de lei de modo a outorgar às suas disposições vigência ou
por parte do Estado signatário. Os direitos internacionais po- obrigatoriedade no plano do ordenamento jurídico interno,
derão ser subtraídos pelo mesmo Estado que os incorporou, distintamente no caso dos tratados de proteção internacional
em face das peculiaridades do regime de direito internacio- dos direitos humanos em que o Brasil é parte, os direitos
nal público. Vale dizer, cabe ao Estado‑parte tanto o ato de fundamentais neles garantidos, consoante os arts. 5º (2) e
ratificação do tratado como o de denúncia, ou seja, o ato 5º (1) da Constituição brasileira de 1988, passam a integrar
de retirada do mesmo tratado. Os  direitos internacionais o elenco dos direitos constitucionalmente consagrados e
apresentam, assim, natureza constitucional diferenciada. direta e imediatamente exigíveis no plano do ordenamento
Cabe considerar, todavia, que seria mais coerente aplicar jurídico interno”.2
ao ato da denúncia o mesmo procedimento aplicável ao ato Em outras palavras, não será mais possível a sustenta-
de ratificação. Isto é, se para a ratificação é necessário um ato ção da tese segundo a qual, com a ratificação, os tratados
complexo, fruto da conjugação de vontades do Executivo e obrigam diretamente aos Estados, mas não geram direitos
Legislativo, para o ato de denúncia também este deveria ser subjetivos para os particulares, enquanto não advém a re-
o procedimento. Propõe‑se aqui a necessidade do requisito ferida intermediação legislativa. Vale dizer, torna‑se possível
de prévia autorização pelo Legislativo de ato de denúncia de a invocação imediata de tratados e convenções de direitos
determinado tratado internacional pelo Executivo, o que de- humanos, dos quais o Brasil seja signatário, sem a necessi-
mocratizaria o processo, como assinala o Direito comparado. dade de edição de ato com força de lei, voltado à outorga
Entretanto, no Direito brasileiro, a denúncia continua a cons- de vigência interna aos acordos internacionais.
tituir ato privativo do Executivo, que não requer qualquer A incorporação automática do Direito Internacional dos
participação do Legislativo. Defende‑se a posição de Celso Direitos Humanos pelo direito brasileiro – sem que se faça ne-
D. de Albuquerque Mello: “A revisão a nosso ver deve ser cessário um ato jurídico complementar para sua exigibilidade
no sentido de se restringir a autonomia do Executivo para e implementação – traduz relevantes consequências no plano
condução da política externa. Ela deve ser feita no sentido jurídico. De um lado, permite ao particular a invocação direta
de se exigir a aprovação do Legislativo para a denúncia de dos direitos e liberdades internacionalmente assegurados,
tratados relativos aos direitos do homem, às  convenções e, por outro, proíbe condutas e atos violadores a esses mes-
internacionais do trabalho, os que criam organizações in- mos direitos, sob pena de invalidação. Consequentemente,
ternacionais e às convenções de direito humanitário. (...) a partir da entrada em vigor do tratado internacional, toda
O controle pelo Legislativo é o meio de se democratizar a norma preexistente que seja com ele incompatível perde
política externa e de ela vir a atender os anseios da nação”. automaticamente a vigência. Ademais, passa a ser recor-
Diversamente dos tratados materialmente constitucio- rível qualquer decisão judicial que violar as prescrições do
nais, os tratados material e formalmente constitucionais não tratado – eis aqui uma das sanções aplicáveis na hipótese de
podem ser objeto de denúncia. Isso porque os direitos neles inobservância dos tratados. Nesse sentido, a Carta de 1988
enunciados receberam assento no Texto Constitucional, não atribui ao Superior Tribunal de Justiça a competência para
apenas pela matéria que veiculam, mas pelo grau de legi- julgar, mediante recurso especial, as causas decididas pelos
timidade popular contemplado pelo especial e dificultoso Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados,
processo de sua aprovação, concernente à maioria de três “quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei federal,
quintos dos votos dos membros, em cada Casa do Congresso ou negar‑lhes vigência”, nos termos do art. 105, III, a. Isto
Nacional, em dois turnos de votação. Ora, se tais direitos é, cabe ao Poder Judiciário declarar inválida e antijurídica
internacionais passaram a compor o quadro constitucional, conduta violadora de tratado internacional. Eventualmen-
não só no campo material, mas também no formal, não há te, a depender do caso, cabe a esse Poder a imposição de
como admitir que um ato isolado e solitário do Poder Exe- sanções pecuniárias em favor da vítima que sofreu violação
cutivo subtraia tais direitos do patrimônio popular – ainda em seu direito internacionalmente assegurado.
que a possibilidade de denúncia esteja prevista nos próprios

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Importa esclarecer que, ao lado da sistemática da “in-
tratados de direitos humanos ratificados, como já apontado. corporação automática” do Direito Internacional, existe a
É como se o Estado houvesse renunciado a essa prerrogativa sistemática da “incorporação legislativa” do Direito Inter-
de denúncia, em virtude da “constitucionalização formal” do nacional. Isto é, se, em face da incorporação automática,
tratado no âmbito jurídico interno. os tratados internacionais incorporam‑se de imediato ao
Em suma: os tratados de direitos humanos materialmen- Direito nacional em virtude do ato da ratificação, no caso da
te constitucionais são suscetíveis de denúncia, em virtude das
incorporação legislativa os enunciados dos tratados ratifica-
peculiaridades do regime de Direito Internacional público,
dos não são incorporados de plano pelo Direito nacional; ao
sendo de rigor a democratização do processo de denúncia,
contrário, dependem necessariamente de legislação que os
com a necessária participação do Legislativo. Já os tratados
implemente. Essa legislação, reitere‑se, é ato inteiramente
de direitos humanos material e formalmente constitucionais
distinto do ato da ratificação do tratado.
são insuscetíveis de denúncia.
Em suma, em face da sistemática da incorporação auto-
mática, o Estado reconhece a plena vigência do Direito Inter-
A Incorporação dos Tratados Internacionais de nacional na ordem interna, mediante uma cláusula geral de
Direitos Humanos recepção automática plena. Com o ato da ratificação, a regra
internacional passa a vigorar de imediato tanto na ordem
Anteriormente apontou‑se para o inédito princípio jurídica internacional como na interna, sem necessidade
da aplicabilidade imediata dos direitos e garantias funda- de uma norma de direito nacional que a integre ao sistema
mentais, assegurado pelo art. 5º, § 1º, da Constituição de jurídico. Essa sistemática da incorporação automática reflete
1988. Ora, se as normas definidoras dos direitos e garantias a concepção monista, pela qual o Direito Internacional e o
fundamentais demandam aplicação imediata e se, por sua direito interno compõem uma mesma unidade, uma única
vez, os tratados internacionais de direitos humanos têm ordem jurídica, inexistindo qualquer limite entre a ordem
por objeto justamente a definição de direitos e garantias, jurídica internacional e a ordem interna.
conclui‑se que tais normas merecem aplicação imediata.
Portanto, como pontua Antônio Augusto Cançado Trinda- 2
Antônio Augusto Cançado Trindade. A interação entre o direito internacional
de, “se para os tratados internacionais em geral, se tem exi- e o direito interno, p. 30-31.

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Por sua vez, na sistemática da incorporação legislativa, Ao tratar do sistema misto, afirmam André Gonçalves
o Estado recusa a vigência imediata do Direito Internacional Pereira e Fausto de Quadros:
na ordem interna. Por isso, para que o conteúdo de uma
norma internacional vigore na ordem interna, faz‑se ne- No sistema misto o Estado não reconhece a vigência
cessária sua reprodução ou transformação por uma fonte automática de todo o Direito Internacional, mas
interna. Nesse sistema, o Direito Internacional e o Direito reconhece‑o só sobre certas matérias. As  normas
interno são duas ordens jurídicas distintas, pelo que aquele internacionais respeitantes a essas matérias vigoram,
só vigorará na ordem interna se é na medida em que cada portanto, na ordem interna independentemente de
norma internacional for transformada em Direito Interno. transformação; ao contrário, todas as outras vigoram
A sistemática de incorporação não automática reflete a con- apenas mediante transformação. Este sistema é co-
cepção dualista, pela qual há duas ordens jurídicas diversas, nhecido por sistema da cláusula geral da recepção
independentes e autônomas: a ordem jurídica nacional e semiplena. Este sistema resulta da adoção cumulativa
a ordem internacional, que não apresentam contato nem de concepções monistas e dualistas quanto às rela-
qualquer interferência. ções entre o Direito Internacional e o Direito Interno.
Diante dessas duas sistemáticas diversas, conclui‑se que
Em síntese, relativamente aos tratados internacionais
o Direito brasileiro faz opção por um sistema misto, no qual,
de proteção dos direitos humanos, a Constituição brasileira
aos tratados internacionais de proteção dos direitos huma- de 1988, em seu art. 5º, § 1º, acolhe a sistemática da incor-
nos – por força do art. 5º, § 1º – , aplica‑se a sistemática de poração automática dos tratados, o que reflete a adoção da
incorporação automática, enquanto aos demais tratados concepção monista. Ademais, como apreciado no tópico
internacionais se aplica a sistemática de incorporação legis- anterior, a Carta de 1988 confere aos tratados de direitos
lativa, na medida em que se tem exigido a intermediação de humanos o status de norma constitucional, por força do
um ato normativo para tornar o tratado obrigatório na ordem art. 5º, §§ 2º e 3º. O regime jurídico diferenciado conferido
interna. Com efeito, salvo na hipótese de tratados de direitos aos tratados de direitos humanos não é, todavia, aplicável
humanos, no Texto Constitucional não há dispositivo cons- aos demais tratados, isto é, aos tradicionais. No que tange
titucional que enfrente a questão da relação entre o Direito a estes, adota‑se a sistemática da incorporação legislativa,
Internacional e o interno. Isto é, não há menção expressa a exigindo que, após a ratificação, um ato com força de lei (no
qualquer das correntes, seja à monista, seja à dualista. Por caso brasileiro esse ato é um decreto expedido pelo Execu-
isso, a doutrina predominante tem entendido que, em face tivo) confira a execução e o cumprimento aos tratados no
do silêncio constitucional, o Brasil adota a corrente dualista, plano interno. Desse modo, no que se refere aos tratados
pela qual há duas ordens jurídicas diversas (a ordem interna em geral, acolhe‑se a sistemática da incorporação não auto-
e a ordem internacional). mática, o que reflete a adoção da concepção dualista. Ainda
Para que o tratado ratificado produza efeitos no ordena- no que tange a esses tratados tradicionais e nos termos do
mento jurídico interno, faz‑se necessária a edição de um ato art. 102, III, b, da Carta Maior, o Texto lhes atribui natureza
normativo nacional nº 81 – no caso brasileiro, esse ato tem de norma infraconstitucional.
sido um decreto de execução, expedido pelo Presidente da Eis o sistema misto propugnado pela Constituição brasi-
República, com a finalidade de conferir execução e cumpri- leira de 1988, que combina regimes jurídicos diversos – um
mento ao tratado ratificado no âmbito interno. aplicável aos tratados internacionais de proteção dos direi-
Embora seja essa a doutrina predominante, este trabalho tos humanos e o outro aos tratados em geral. Enquanto os
sustenta que tal interpretação não se aplica aos tratados de tratados internacionais de proteção dos direitos humanos
direitos humanos, que, por força do art. 5º, § 1º, têm apli- apresentam status constitucional e aplicação imediata (por
cação imediata. Isto é, diante do princípio da aplicabilidade força do art. 5º, §§ 1º e 2º, da Carta de 1988), os tratados
imediata das normas definidoras de direitos e garantias tradicionais apresentam status infraconstitucional e aplica-
fundamentais, os tratados de direitos humanos, assim que ção não imediata (por força do art. 102, III, b, da Carta de
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1988 e da inexistência de dispositivo constitucional que lhes


ratificados, devem irradiar efeitos na ordem jurídica inter-
assegure aplicação imediata).
nacional e interna, dispensando a edição de decreto de
execução. Já no caso dos tratados tradicionais, há a exigência
do aludido decreto, tendo em vista o silêncio constitucional CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE
acerca da matéria. Logo, defende‑se que a Constituição adota A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS
um sistema jurídico misto, já que, para os tratados de direitos DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL (DECRETO
humanos, acolhe a sistemática da incorporação automática, FEDERAL Nº 65.810, DE 8 DE DEZEMBRO
enquanto para os tratados tradicionais acolhe a sistemática
da incorporação não automática. DE 1969) E DECLARAÇÃO FACULTATIVA DE
O § 3º do art. 5º tão somente veio a fortalecer o enten- RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA
dimento em prol da incorporação automática dos tratados DO COMITÊ INTERNACIONAL PARA A
de direitos humanos. Isso é, não parece razoável, a título ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL
ilustrativo, que, após todo o processo solene e especial de PARA RECEBER E ANALISAR DENÚNCIAS
aprovação do tratado de direitos humanos (com a observân-
cia do quórum exigido pelo art. 60, § 2º), fique a sua incor- DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
poração no âmbito interno condicionada a um decreto do CONFORME PREVISTO NO ART. 14 DA
Presidente da República. Note‑se, todavia, que a expedição CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A
de tal decreto tem sido exigida pela jurisprudência do STF, ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE
como um “momento culminante” no processo de incor-
poração dos tratados, sendo uma “manifestação essencial
DISCRIMINAÇÃO RACIAL, DE 7 DE MARÇO
e insuprimível”, por assegurar a promulgação do tratado DE 1966 (DECRETO Nº 4.738, DE 12 DE
internamente, garantir o princípio da publicidade e conferir JUNHO DE 2003)
executoriedade ao texto do tratado ratificado, que passa,
somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito Adotada pela ONU em 21 de dezembro de 1965, a Con-
positivo interno. venção sobre a Eliminação de todas as formas de Discri-

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minação Racial apresentou como precedentes históricos o promocionais capazes de estimular a inserção e a inclusão
ingresso de dezessete novos países africanos nas Nações de grupos socialmente vulneráveis nos espaços sociais.
Unidas em 1960, a realização da Primeira Conferência de Com efeito, a igualdade e a discriminação pairam sob
Cúpula dos Países Não Aliados, em Belgrado, em 1961, bem o binômio inclusão‑exclusão. Enquanto a igualdade pres-
como o ressurgimento de atividades nazifascistas na Europa supõe formas de inclusão social, a discriminação implica a
e as preocupações ocidentais com o antissemitismo. violenta exclusão e intolerância à diferença e diversidade.
Esses fatores formaram o panorama de influências que, Assim, a proibição da exclusão, em si mesma, não resulta
com graus variados de eficácia, reorientaram o estabele- automaticamente na inclusão. Logo, não é suficiente proibir
cimento de normas internacionais de direitos humanos, a exclusão quando o que se pretende é garantir a igualdade
atribuindo prioridade à erradicação do racismo. de fato, com a efetiva inclusão social de grupos que sofreram
Desde seu preâmbulo, esta Convenção assinala que e sofrem um consistente padrão de violência e discrimina-
qualquer “doutrina de superioridade baseada em diferen- ção. Desse modo, consagra a Convenção tanto a vertente
ças raciais é cientificamente falsa, moralmente condenável, repressivo‑punitiva, pela qual é dever dos Estados proibir e
socialmente injusta e perigosa, inexistindo justificativa eliminar a discriminação racial, como a vertente promocional,
para a discriminação racial, em teoria ou prática, em lu- pela qual é dever dos Estados promover a igualdade.
gar algum”. Repudia teorias que hierarquizam indivíduos, Por essas razões, a Convenção sobre a Eliminação de
classificando‑os em superiores ou inferiores, em virtude de todas as formas de Discriminação Racial prevê, no artigo I,
diferenças raciais. Adiciona a urgência em adotar todas as item 4, a possibilidade de “discriminação positiva” (a cha-
medidas necessárias para eliminar a discriminação racial mada “ação afirmativa”), mediante a adoção de medidas
em todas as suas formas e manifestações e para prevenir e especiais de proteção ou incentivo a grupos ou indivíduos,
combater doutrinas e práticas racistas. com vistas a promover sua ascensão na sociedade até um
O Brasil, com o fim de adotar todas as medidas neces- nível de equiparação com os demais. As ações afirmativas
sárias para eliminar a discriminação racial em todas as suas constituem medidas especiais e temporárias que, buscando
formas e manifestações, ratificou o documento em 8 de remediar um passado discriminatório, objetivam acelerar o
dezembro de 1969, por meio do Decreto Federal nº 65.810. processo de igualdade, com o alcance da igualdade substan-
Desejosos de completar os princípios estabelecidos tiva por parte de grupos socialmente vulneráveis, como as
na Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de minorias étnicas e raciais, dentre outros grupos. Enquanto
todas as Formas de Discriminação Racial e assegurar o mais políticas compensatórias adotadas para aliviar e remediar
cedo possível a adoção de medidas práticas para esse fim, as condições resultantes de um passado discriminatório,
a Convenção adotou a seguinte definição para a expressão as  ações afirmativas objetivam transformar a igualdade
“discriminação racial”: formal em igualdade material e substantiva, assegurando
a diversidade e a pluralidade social. As  ações afirmativas
“qualquer distinção, exclusão restrição ou preferên- devem ser compreendidas tanto pelo prisma retrospectivo
cia baseadas em raça, cor, descendência ou origem (vocacionado a remediar o peso de um passado discrimina-
nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito tório), como pelo prisma prospectivo (vocacionado a cons-
anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exer- truir um presente e um futuro marcados pela pluralidade e
cício num mesmo plano, (em igualdade de condição), diversidade étnico‑racial).
de direitos humanos e liberdades fundamentais no Quanto aos direitos consagrados pela Convenção, desta-
domínio político econômico, social, cultural ou em cam‑se o direito à igualdade perante a lei, sem qualquer dis-
qualquer outro domínio de vida pública.” tinção de raça, cor, origem, nacionalidade ou etnia; o direito
a tratamento equânime perante os Tribunais e perante todos
Conforme ensina Piovesan, a Convenção proíbe tanto os órgãos administradores da justiça; o direito a recursos e

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a discriminação direta  – que tem como propósito anular remédios judiciais quando da violação a direitos protegidos
ou prejudicar o exercício de direitos humanos – , quanto a pela Convenção; o direito à segurança e à proteção contra
discriminação indireta – que tem como efeito anular ou pre- violência; o direito de votar; a proibição de propaganda e
judicar o exercício destes direitos. Na discriminação direta organizações racistas; o direito ao acesso a todo lugar ou
há a intenção de discriminar; na discriminação indireta, uma serviço de natureza pública, proibida qualquer discriminação;
suposta neutralidade vem de forma desproporcional a im- além do exercício de outros direitos civis, políticos, sociais,
pactar grupos raciais, limitando o exercício de seus direitos. econômicos e culturais, que deve ser garantido sem qualquer
Daí a urgência em erradicar todas as formas de discri- discriminação.
minação, baseadas em raça, cor, descendência ou origem No tocante à sistemática de monitoramento, cabe res-
nacional ou étnica, que tenham como escopo a exclusão. saltar que a Convenção Internacional sobre a Eliminação
O combate à discriminação racial é medida fundamental para de todas as formas de Discriminação Racial, elaborada na
que se garanta o pleno exercício dos direitos civis e políticos, mesma época do Pacto Internacional dos Direitos Civis e
como também dos direitos sociais, econômicos e culturais. Políticos, situa‑se como o primeiro instrumento jurídico in-
Ao aprovar a Convenção, os Estados‑Partes comprome- ternacional sobre direitos humanos a introduzir mecanismo
tem‑se a adotar, por todos os meios apropriados, uma polí- próprio de supervisão. A Convenção instituiu o Comitê sobre
tica de eliminação da discriminação racial em todas as suas a Eliminação da Discriminação Racial, que em muitos aspec-
formas e de promoção de entendimento entre todas as raças. tos é similar ao Comitê de Direitos Humanos (instituído pelo
Se o combate à discriminação é medida emergencial à Pacto dos Direitos Civis e Políticos). Cabe ao Comitê examinar
implementação do direito à igualdade, todavia, por si só, as petições individuais, os  relatórios encaminhados pelos
é  medida insuficiente. Faz‑se necessário combinar a proi- Estados‑partes e as comunicações interestatais.
bição da discriminação com políticas compensatórias que Contudo, no que se refere ao sistema das petições in-
acelerem a igualdade enquanto processo. Isto é, para asse- dividuais, é necessário que o Estado faça uma declaração
gurar a igualdade não basta apenas proibir a discriminação, habilitando o Comitê a recebê‑las e examiná‑las, já que
mediante legislação repressiva. São essenciais estratégias nesses instrumentos internacionais o direito de petição é

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previsto sob a forma de cláusula facultativa. Na ausência Convenção Internacional sobre a Eliminação de
dessa declaração, não poderá o Comitê tecer o exame das Todas as Formas de Discriminação Racial
comunicações, nos termos do art. 14 da Convenção.
A petição individual deve levar a conhecimento do Co- Os Estados Partes na presente Convenção,
mitê denúncia de violação de direito previsto na Convenção
contra a Discriminação Racial. Mais uma vez, apenas os Considerando que a Carta das Nações Unidas funda-
Estados que fizeram a declaração poderão ser objeto da menta‑se em princípios de dignidade e igualdade inerentes
denúncia veiculada pela comunicação individual. a todos os seres humanos, e que todos os Estados‑Membros
Vale destacar que o Brasil fez a Declaração Facultativa por comprometeram‑se a agir, separada ou conjuntamente, para
meio do Decreto Federal nº 4.738, de 12 de junho de 2003 alcançar um dos propósitos das Nações Unidas, que é o de
reconhecendo, de pleno direito e por prazo indeterminado, promover e encorajar o respeito universal e efetivo pelos
a competência do Comitê Internacional para a Eliminação direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem
da Discriminação Racial para receber e analisar denúncias discriminação de raça, sexo, idioma ou religião;
de violação dos direitos humanos. Considerando que a Declaração Universal dos Direitos
Para que seja declarada admissível, a petição também Humanos proclama que todos os homens nascem livres e
deve responder a determinados requisitos, dentre eles o iguais em dignidade e direitos e que cada indivíduo pode
esgotamento prévio dos recursos internos – requisito que valer‑se de todos os direitos nela estabelecidos, sem dis-
não é aplicado se os remédios se mostrarem ineficazes ou tinção de qualquer espécie, principalmente de raça, cor ou
origem nacional;
injustificadamente prolongados.
Considerando que todos os homens são iguais perante a
O Comitê serve‑se então do mesmo procedimento
lei e têm direito a igual proteção contra qualquer discrimina-
utilizado pelo Comitê de Direitos Humanos: solicita infor- ção e contra todo incitamento à discriminação;
mações e esclarecimentos ao Estado violador e, à  luz de Considerando que as Nações Unidas condenaram o co-
todas as informações colhidas, formula sua opinião, fazendo lonialismo e todas as práticas de segregação e discriminação
recomendações às partes. O  Estado é então convidado a que o acompanham, em qualquer forma e onde quer que
informar o Comitê a respeito das ações e medidas adotadas, existam, e que a Declaração sobre a Outorga de Indepen-
em cumprimento às recomendações feitas pelo Comitê. dência aos Países e Povos Coloniais, de 14 de dezembro de
A decisão do Comitê é, tal como a decisão do Comitê de 1960 (Resolução 1.514 {XV} da Assembleia Geral), afirmou
Direitos Humanos, destituída de força jurídica obrigatória ou e proclamou solenemente a necessidade de colocar‑lhes
vinculante. Todavia, é publicada no relatório anual elaborado fim, de forma rápida e incondicional; considerando que a
pelo Comitê, que é, por sua vez, encaminhado à Assembleia Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas
Geral das Nações Unidas. as Formas de Discriminação Racial, de 20 de novembro de
Como se vê, o Brasil possui uma “Carta de Intenções” 1963 (Resolução 1.904 {XVIII} da Assembleia Geral), afirma
maravilhosa visando a extinção de qualquer forma de solenemente a necessidade de se eliminar rapidamente
discriminação e preconceito racial. Basta, todavia que seja todas as formas e todas as manifestações de discriminação
cumprida integralmente. racial através do mundo e de assegurar a compreensão e o
respeito à dignidade da pessoa humana;
Convencidos de que todas as doutrinas de superioridade
DECRETO Nº 65.810, DE 8 DE DEZEMBRO fundamentadas em diferenças raciais são cientificamente
DE 1969. falsas, moralmente condenáveis, socialmente injustas e peri-
gosas, e que não existe justificativa, onde quer que seja, para
Promulga a Convenção Inter‑ a discriminação racial, nem na teoria e tampouco na prática;
nacional sobre a Eliminação de Reafirmando que a discriminação entre os seres humanos
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todas as Formas de Discriminação por motivos de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo às
Racial. relações amigáveis e pacíficas entre as nações e é capaz de
perturbar a paz e a segurança entre os povos, bem como a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, coexistência harmoniosa de pessoas dentro de um mesmo
HAVENDO o Congresso Nacional aprovado pelo Decre- Estado;
to Legislativo nº 23, de 21 de junho de 1967, a Convenção Convencidos de que a existência de barreiras raciais é
Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de incompatível com os ideais de qualquer sociedade humana;
Discriminação Racial, que foi aberta à assinatura em Nova Alarmados por manifestações de discriminação racial
York e assinada pelo Brasil a 7 de março de 1966; ainda existentes em algumas áreas do mundo e com políticas
E HAVENDO sido depositado o Instrumento brasileiro de governamentais baseadas em superioridade ou ódio racial,
Ratificação, junto ao Secretário‑Geral das Nações Unidas, tais como as políticas de apartheid, segregação ou separação;
Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para
a 27 de março de 1968;
eliminar rapidamente todas as formas e todas as manifes-
E TENDO a referida Convenção entrado em vigor, de
tações de discriminação racial, e a prevenir e combater as
conformidade com o disposto em seu artigo 19, parágrafo
doutrinas e práticas racistas com o objetivo de favorecer o
1º, a 4 de janeiro de 1969; bom entendimento entre as raças e conceber uma comuni-
DECRETA que a mesma, apensa por cópia ao presente dade internacional livre de todas as formas de segregação
Decreto, seja executada e cumprida tão inteiramente como e discriminação racial;
ela nele contém. Tendo em conta a Convenção sobre Discriminação no
Emprego e Ocupação, adotada pela Organização Internacio-
Brasília, 8 de dezembro de 1969; 148º da Independência nal do Trabalho em 1958, e a Convenção pela Luta Contra a
e 81º da República. Discriminação no Ensino, adotada pela Organização das Na-
ções Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 1960;
EMÍLIO G. MÉDICI Desejando efetivar os princípios estabelecidos na De-
Mário Gibson Barbosa claração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as

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Formas de Discriminação Racial e assegurar o mais rapida- medidas especiais e concretas para assegurar adequada-
mente possível a adoção de medidas práticas para esse fim, mente o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos
Acordam no seguinte: raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos com
o propósito de garantir‑lhes, em igualdade de condições,
PARTE I o pleno exercício dos direitos humanos e das liberdades
Artigo I fundamentais. Essas medidas não poderão, em hipótese
alguma, ter o escopo de conservar direitos desiguais ou
1. Na presente Convenção, a expressão “discriminação diferenciados para os diversos grupos raciais depois de
racial” significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou alcançados os objetivos perseguidos.
preferência fundadas na raça, cor, descendência ou origem
nacional ou étnica que tenha por fim ou efeito anular ou Artigo III
comprometer o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em
igualdade de condições, dos direitos humanos e das liberda- Os Estados Partes condenam especialmente a segregação
des fundamentais nos domínios político, econômico, social, racial e o apartheid e comprometem‑se a prevenir, proibir e
cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública. eliminar nos territórios sob sua jurisdição todas as práticas
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclu- dessa natureza.
sões, restrições ou preferências estabelecidas por um Estado
Parte entre cidadãos e não‑cidadãos seus. Artigo IV
3. Nenhuma disposição da presente Convenção poderá
ser interpretada como atentando, sob qualquer forma, Os Estados Partes condenam toda propaganda e todas
contra as disposições legais dos Estados Partes relativas a as organizações que se inspiram em ideias ou teorias cujo
nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que essas fundamento seja a superioridade de uma raça ou de um
disposições não sejam discriminatórias contra qualquer grupo de pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem
nacionalidade em particular. étnica, ou que pretendam justificar ou encorajar qualquer
4. Medidas especiais tomadas com o objetivo precípuo forma de ódio e de discriminação raciais, comprometendo‑se
de assegurar, de forma conveniente, o progresso de certos a adotar imediatamente medidas positivas destinadas a
grupos sociais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem eliminar qualquer incitação a tal discriminação e, para esse
de proteção para poderem gozar e exercitar os direitos fim, tendo em vista os princípios formulados na Declaração
humanos e as liberdades fundamentais em igualdade de Universal dos Direitos Humanos e os direitos expressamente
condições, não serão consideradas medidas de discriminação enunciados no artigo V da presente Convenção, comprome-
racial, desde que não conduzam à manutenção de direitos tem‑se, nomeadamente:
separados para diferentes grupos raciais e não prossigam a) a declarar como delitos puníveis por lei qualquer difu-
após terem sido atingidos os seus objetivos. são de idéias que estejam fundamentadas na superioridade
ou ódio raciais, quaisquer incitamentos à discriminação ra-
Artigo II cial, bem como atos de violência ou provocação destes atos,
dirigidos contra qualquer raça ou grupo de pessoas de outra
1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e cor ou de outra origem étnica, como também a assistência
comprometem‑se a adotar, por todos os meios apropriados e prestada a atividades racistas, incluindo seu financiamento;
sem demora, uma política de eliminação de todas as formas b) a declarar ilegais e a proibir as organizações, assim
de discriminação racial, e de promoção da harmonia entre como as atividades de propaganda organizada e qualquer
todas as raças, e, para este fim: outro tipo de atividade de propaganda, que incitem à
a) Os Estados Partes comprometem‑se a não apoiar qual- discriminação racial e que a encorajem, e a declarar delito

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quer ato ou prática de discriminação racial contra pessoas, punível por lei a participação nessas organizações ou nessas
grupos de pessoas ou instituições, e a proceder de modo atividades;
que todas as autoridades e instituições públicas, nacionais c) a não permitir que as autoridades públicas nem as
e locais se conformem com esta obrigação; instituições públicas, nacionais ou locais, incitem à discri-
b) Os Estados Partes comprometem‑se a não incitar, minação racial ou a encorajem.
defender ou apoiar a discriminação racial praticada por
qualquer pessoa ou organização; Artigo V
c) Os Estados Partes devem tomar medidas eficazes a fim
de rever as políticas governamentais nacionais e locais e para De acordo com as obrigações fundamentais enunciadas
modificar, revogar ou anular as leis e qualquer disposição no artigo 2 desta Convenção, os  Estados Partes compro-
regulamentar que tenha como efeito criar a discriminação metem‑se a proibir e a eliminar a discriminação racial sob
racial ou perpetuá‑la onde já existir; todas as suas formas e a garantir o direito de cada um à
d) Os Estados Partes devem, por todos os meios apro- igualdade perante a lei, sem distinção de raça, de cor ou
priados  – inclusive, se as circunstâncias o exigirem, com de origem nacional ou étnica, nomeadamente no gozo dos
medidas legislativas -, proibir a discriminação racial praticada seguintes direitos:
por quaisquer pessoas, grupos ou organizações, pondo‑lhe a) direito de recorrer a um tribunal ou a qualquer outro
um fim; órgão de administração da justiça;
e) Os Estados Partes comprometem‑se a favorecer, b) direito à segurança da pessoa e à proteção do Estado
quando for conveniente, as organizações e movimentos contra violência ou lesão corporal cometida por funcionários
multirraciais, e  outros meios próprios, visando suprimir do Governo ou por qualquer pessoa, grupo ou instituição;
as barreiras entre as raças e a desencorajar o que tende a c) direitos políticos, especialmente o de participar de
reforçar a divisão racial. eleições  – votando e sendo votado  – através de sufrágio
2. Os Estados Partes adotarão, se as circunstâncias assim universal e igual, direito de tomar parte no governo assim
o exigirem, nos campos social, econômico, cultural e outros, como na direção dos assuntos públicos em todos os esca-

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lões, e direito de ter acesso em igualdade de condições às levando‑se em conta uma repartição geográfica eqüitativa
funções públicas; e a representação das distintas formas de civilização, assim
d) outros direitos civis, nomeadamente: como dos principais sistemas jurídicos.
(i) direito de circular livremente e de escolher sua resi- 2. Os membros do Comitê serão eleitos, em escrutínio
dência no interior de um Estado; secreto, de uma lista de candidatos designados pelos Estados
(ii) direito de deixar qualquer país, inclusive o seu, e de Partes. Cada Estado Parte poderá designar um candidato
regressar ao mesmo; escolhido dentre seus nacionais.
(iii) direito a uma nacionalidade; 3. A primeira eleição será realizada seis meses após a
(iv) direito ao casamento e à escolha do cônjuge; data da entrada em vigor da presente Convenção. O Secre-
(v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente tário‑Geral das Nações Unidas enviará uma carta aos Estados
como em associação com outras, à propriedade; Partes, com uma antecedência de no mínimo três meses
(vi) direito de herdar; antes da data de cada eleição, convidando‑os a apresentarem
(vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência seus candidatos no prazo de dois meses. O Secretário‑Geral
e de religião; preparará uma lista, em ordem alfabética, de todos os can-
(viii) direito à liberdade de opinião e de expressão; didatos assim nomeados, indicando os Estados Partes que
(ix) direito à liberdade de reunião e de associação pa- os nomearam, e a comunicará aos Estados Partes.
cíficas; 4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma
e) direitos econômicos, sociais e culturais, nomeada- reunião dos Estados Partes convocada pelo Secretário‑Geral
mente: na sede das Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quorum
(i) direitos ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a con- será alcançado com dois terços dos Estados Partes, serão
dições equitativas e satisfatórias de trabalho, à  proteção eleitos membros do Comitê os candidatos que obtiverem o
contra o desemprego, a um salário igual para um trabalho maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos
igual, a uma remuneração equitativa e satisfatória; representantes dos Estados Partes presentes e votantes.
(ii) direito de fundar sindicatos e de filiar‑se a eles; 5. a) Os membros do Comitê serão eleitos por quatro
(iii) direito à habitação; anos. Todavia, o mandato de nove dos membros eleitos na
(iv) direito à saúde, a cuidados médicos, à previdência primeira eleição expirará ao fim de dois anos; imediatamente
social e aos serviços sociais; após a primeira eleição, o Presidente do Comitê sorteará os
(v) direito à educação e à formação profissional;(vi) di- nomes desses nove membros.
reito a igual participação nas atividades culturais; b) Para preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte cujo
perito deixou de exercer suas funções de membro do Comitê
f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destina-
nomeará outro perito dentre seus nacionais, sob reserva da
dos ao uso público, tais como meios de transporte, hotéis,
aprovação do Comitê.
restaurantes, cafés, espetáculos e parques.
6. Os Estados Partes suportarão as despesas dos mem-
bros do Comitê durante o período em que os mesmos exer-
Artigo VI
cerem suas funções.
Os Estados Partes assegurarão às pessoas que estiverem
Artigo IX
sob sua jurisdição proteção e recursos eficazes perante
os tribunais nacionais e outros órgãos do Estado compe- 1. Os Estados Partes comprometem‑se a apresentar
tentes, contra todos os atos de discriminação racial que, ao Secretário‑Geral, para ser examinado pelo Comitê, um
contrariando a presente Convenção, violem os seus direitos relatório sobre as medidas de caráter legislativo, judiciário,
individuais e as suas liberdades fundamentais, assim como administrativo ou outras que tomarem para tornarem efe-
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o direito de pedir a esses tribunais satisfação ou reparação, tivas as disposições da presente Convenção:
justa e adequada, por qualquer prejuízo de que tenham sido a) no prazo de um ano, a contar da entrada em vigor da
vítimas em virtude de tal discriminação. Convenção para cada Estado em questão; e
b) a partir de então, a cada dois anos e sempre que o
Artigo VII Comitê o solicitar.
Os Estados Partes comprometem‑se a tomar medidas O Comitê poderá solicitar informações complementares
imediatas e eficazes, sobretudo no campo do ensino, educa- aos Estados Partes.
ção, cultura e informação, para lutar contra preconceitos que 2. O Comitê submeterá todos os anos à Assembleia Ge-
conduzam à discriminação racial e para favorecer a compre- ral da Organização das Nações Unidas, por intermédio do
ensão, a tolerância e a amizade entre nações e grupos raciais Secretário‑Geral, um relatório sobre suas atividades e poderá
e étnicos, bem como para promover os objetivos e princípios fazer sugestões e recomendações de ordem geral baseadas
da Carta das Nações Unidas, da Declaração Universal dos no exame dos relatórios e das informações recebidas dos
Direitos Humanos, da Declaração das Nações Unidas sobre Estados Partes. Levará ao conhecimento da Assembleia Geral
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e essas sugestões e recomendações de ordem geral, juntamen-
da presente Convenção. te com as observações dos Estados Partes, caso existirem.

PARTE II Artigo X
Artigo VIII 1. O Comitê adotará seu regulamento interno.
2. O Comitê elegerá sua mesa diretora por um período
1. Será constituído um Comitê para a Eliminação da Discri- de dois anos.
minação Racial (doravante denominado “o Comitê”) compos- 3. O Secretário‑Geral das Organização das Nações Unidas
to por 18 peritos reconhecidos pela sua imparcialidade e alta fornecerá os serviços de secretaria ao Comitê.
estatura moral, que serão eleitos pelos Estados Partes dentre 4. O Comitê reunir‑se‑á normalmente na sede da Orga-
seus nacionais e exercerão suas funções a título individual, nização das Nações Unidas.

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Artigo XI 6. As  despesas dos membros da Comissão serão divi-
didas igualmente entre os Estados Partes envolvidos na
1. Se um Estado Parte entender que outro Estado controvérsia, baseadas em um cálculo estimativo feito pelo
igualmente Parte não aplica as disposições da presente Secretário‑Geral da Organização das Nações Unidas.
Convenção, poderá chamar a atenção do Comitê para essa 7. O Secretário‑Geral estará habilitado a reembolsar, caso
questão. O  Comitê transmitirá, então, a  comunicação re- seja necessário, as despesas dos membros da Comissão antes
cebida ao Estado Parte interessado. Em um prazo de três que os Estados Parte envolvidos na controvérsia tenham
meses, o  Estado destinatário submeterá ao Comitê suas efetuado o pagamento, consoante o previsto no parágrafo
explicações ou declarações por escrito, com o propósito de 6 do presente artigo.
esclarecer a questão, indicando, se for o caso, as medidas 8. As  informações obtidas e examinadas pelo Comitê
corretivas que adotou. serão postas à disposição da Comissão, e a Comissão poderá
2. Se, no prazo de seis meses a partir da data do rece- solicitar aos Estados interessados que lhe forneçam quais-
bimento da comunicação original pelo Estado destinatário, quer informações complementares pertinentes.
a questão não estiver resolvida a contento dos dois Estados,
por meio de negociações bilaterais ou por qualquer outro Artigo XIII
processo que estiver ao seu dispor, ambos os Estados terão
o direito de submetê‑la novamente ao Comitê, endereçando 1. Após haver estudado a questão sob todos os seus as-
uma notificação ao Comitê e ao outro Estado interessado. pectos, a Comissão preparará e submeterá ao presidente do
3. O  Comitê só poderá tomar conhecimento de uma Comitê um relatório com as suas conclusões sobre todas as
questão que lhe seja submetida, nos termos do parágrafo 2 questões de fato relativas ao litígio entre as partes e com as
do presente artigo, depois de haver constatado que todos os recomendações que julgar oportunas, objetivando alcançar
recursos internos disponíveis foram utilizados ou esgotados, uma solução amistosa para a polêmica.
de conformidade com os princípios de direito internacional 2. O  presidente do Comitê transmitirá o relatório da
geralmente reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os Comissão aos Estados Partes envolvidos na discussão. Esses
procedimentos de recurso excederem prazos razoáveis. Estados comunicarão ao presidente do Comitê, no prazo de
4. Em todas as questões que lhe forem submetidas, três meses, se aceitam ou não as recomendações contidas
o  Comitê poderá solicitar aos Estados Partes presentes no relatório da Comissão.
que lhe forneçam quaisquer informações complementares 3. Expirado o prazo previsto no parágrafo 2 do presente
pertinentes. artigo, o  presidente do Comitê comunicará o relatório da
5. Quando o Comitê examinar uma questão, em aplicação Comissão e as declarações dos Estados Partes interessados
aos outros Estados Partes nesta Convenção.
deste artigo, os Estados Partes interessados terão o direito
de designar um representante que participará, sem direito
Artigo XIV
a voto, dos trabalhos do Comitê durante todos os debates.
1. Os Estados Partes poderão declarar, a qualquer mo-
Artigo XII
mento, que reconhecem a competência do Comitê para
receber e examinar comunicações procedentes de indivíduos
1. a) Depois que o Comitê tiver obtido e examinado as
ou grupos de indivíduos sob sua jurisdição que se considerem
informações que julgar necessárias, o presidente nomeará
vítimas de uma violação cometida por um Estado Parte de
uma Comissão de Conciliação ad hoc (doravante denominada qualquer um dos direitos enunciados na presente Conven-
apenas “a Comissão”), composta por cinco pessoas, que ção. O Comitê não receberá nenhuma comunicação relativa
poderão ser ou não membros do Comitê. Os seus membros a um Estado Parte que não houver feito essa declaração.

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serão nomeados com o consentimento pleno e unânime das 2. Os Estados Partes que fizerem a declaração prevista no
partes na envolvidas na discussão e a Comissão porá seus parágrafo 1 do presente artigo poderão criar ou designar um
bons ofícios à disposição dos Estados interessados, a  fim órgão, no quadro de sua ordem jurídica nacional, que terá
de chegar a uma solução amigável da questão, baseada no competência para receber e examinar as petições de pessoas
respeito à presente Convenção. ou grupos de pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser
b) Se os Estados Partes na controvérsia não chegarem a vítimas de violação de qualquer um dos direitos enunciados
um entendimento em relação a toda ou parte da composição na presente Convenção e que esgotaram os outros recursos
da Comissão em um prazo de três meses, os membros da locais disponíveis.
Comissão que não tiverem o assentimento dos Estados Partes 3. As declarações feitas nos termos do parágrafo 1 do
na controvérsia serão eleitos por escrutínio secreto dentre presente artigo e os nomes dos órgãos criados ou desig-
os próprios membros do Comitê, por maioria de dois terços. nados pelo Estado Parte interessado, segundo o parágrafo
2. Os membros da Comissão exercerão funções a título 2 do presente artigo, serão depositados pelo Estado Parte
individual. Não deverão ser nacionais de um dos Estados interessado junto ao Secretário‑Geral das Nações Unidas, que
Partes envolvidos na discussão nem de um Estado que não enviará cópias aos outros Estados Partes. Uma declaração
seja parte na presente Convenção. poderá ser retirada a qualquer momento através de notifi-
3. A  Comissão elegerá seu presidente e adotará seu cação endereçada ao Secretário‑Geral, mas tal retirada não
regulamento interno. prejudicará as comunicações que já tenham sido estudadas
4. A Comissão reunir‑se‑á normalmente na sede da Or- pelo Comitê.
ganização das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar 4. O órgão criado ou designado nos termos do parágrafo
apropriado que venha a ser determinado pela Comissão. 2 do presente artigo deverá possuir um registro das peti-
5. A  secretaria prevista no parágrafo 3 do artigo X da ções, e todos os anos cópias autenticadas do registro serão
presente Convenção também prestará seus serviços à Comis- entregues ao Secretário‑Geral das Nações Unidas, pelas
são, sempre que uma controvérsia entre os Estados Partes vias apropriadas, ficando entendido que o conteúdo dessas
provocar a constituição da Comissão. cópias não será divulgado ao público.

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5. Em não obtendo reparação satisfatória do órgão criado as opiniões e recomendações que tais petições e relatórios
ou designado nos termos do parágrafo 2 do presente artigo, houverem merecido de sua parte.
o peticionário terá o direito de dirigir uma comunicação ao 4. O Comitê solicitará ao Secretário‑Geral da Organização
Comitê dentro do prazo de seis meses. das Nações Unidas o fornecimento de qualquer informação
6. a) O Comitê levará as comunicações que lhe tenham relacionada com os objetivos da presente Convenção de que
sido endereçadas, confidencialmente, ao conhecimento do ele dispuser sobre os territórios mencionados na alínea a)
Estado Parte que supostamente violou qualquer das dispo- no parágrafo 2 do presente artigo.
sições desta Convenção; todavia, a identidade da pessoa ou
dos grupos de pessoas interessadas não poderá ser revelada Artigo XVI
sem o consentimento expresso dessa pessoa ou grupos de
pessoas. O Comitê não receberá comunicações anônimas. As disposições desta Convenção relativas às medidas a se-
b) Nos três meses seguintes, o referido Estado subme- rem adotadas para a solução de uma controvérsia ou queixa
terá, por escrito, ao Comitê, as explicações ou declarações serão aplicadas sem prejuízo de outros processos para solu-
que esclareçam a questão e indicará, quando for o caso, ção de controvérsias ou queixas no campo da discriminação
as medidas corretivas que houver adotado. previstos nos instrumentos constitutivos das Nações Unidas
7. a) O Comitê examinará as comunicações, à luz de todas e suas agências especializada, ou em convenções adotadas
as informações que lhe forem submetidas pelo Estado Parte por essas organizações, e não impedirão os Estados Partes de
interessado e pelo peticionário. O  Comitê não examinará recorrerem a outros procedimentos visando solucionar uma
nenhuma comunicação de um peticionário sem ter‑se asse- controvérsia de conformidade com os acordos internacionais
gurado de que o mesmo esgotou todos os recursos internos gerais ou especiais pelos quais estejam ligados.
disponíveis. Entretanto, esta regra não se aplicará se tais
recurso excederem prazos razoáveis. PARTE III
b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomendações Artigo XVII
ao Estado Parte interessado e ao peticionário.
8. O  Comitê incluirá em seu relatório anual um resu- 1. A presente Convenção ficará aberta à assinatura de
mo destas comunicações e, quando houver, também um todos os Estados membros da Organização das Nações Uni-
resumo das explicações e declarações dos Estados Partes das ou membros de uma de suas agências especializadas,
interessados, assim como das suas próprias sugestões e dos Estados Partes no Estatuto da Corte Internacional de
recomendações. Justiça, bem como dos Estados convidados pela Assembleia
9. O Comitê somente terá competência para desempe- Geral da Organização das Nações Unidas a serem partes na
nhar as funções previstas neste artigo se pelo menos dez presente Convenção.
Estados Partes nesta Convenção estiverem obrigados por 2. A  presente Convenção estará sujeita a ratificação e
declarações feitas nos termos do parágrafo 1 deste artigo. os instrumentos de ratificação serão depositados junto ao
Secretário‑Geral da Organização das Nações Unidas.
Artigo XV
Artigo XVIII
1. Esperando a realização dos objetivos da Declaração
sobre a Concessão de Independência aos Países e aos Povos 1. A  presente Convenção estará aberta à adesão dos
Coloniais, contida na Resolução 1.514 (XV) da Assembléia Estados mencionados no parágrafo 1 do artigo XVII.
Geral da ONU, de 14 de dezembro de 1960, as disposições 2. A adesão será efetuada pelo depósito de um instru-
da presente Convenção em nada restringem o direito de mento de adesão junto ao Secretário‑Geral da Organização
petição concedido a esses povos por outros instrumentos das Nações Unidas.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

internacionais ou pela Organização das Nações Unidas ou


suas agências especializadas. Artigo XIX
2. a) O Comitê, constituído nos termos do artigo VIII
desta Convenção, receberá cópia das petições provenientes 1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
dos órgãos das Nações Unidas que se ocuparem de questões imediato à data do depósito junto ao Secretário‑Geral da
diretamente relacionadas com os princípios e objetivos da Organização das Nações Unidas do vigésimo sétimo instru-
presente Convenção e expressará sua opinião e apresentará mento de ratificação ou adesão.
recomendações sobre essas petições, quando examinar as 2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou
petições dos habitantes dos territórios sob tutela ou sem a ela aderir após o depósito do vigésimo sétimo instrumento
governo próprio ou de qualquer outro território a que se de ratificação ou adesão, esta Convenção entrará em vigor
aplicar a Resolução 1.514 (XV) da Assembleia Geral, relacio- no trigésimo dia após a data do depósito, por esses Estados,
nadas com questões incluídas na presente Convenção e que dos seus instrumentos de ratificação ou adesão.
sejam recebidas por esses órgãos.
b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da Orga- Artigo XX
nização das Nações Unidas cópia dos relatórios referentes
às medidas de ordem legislativa, judiciária, administrativa 1. O Secretário‑Geral das Nações Unidas receberá e co-
ou outras que digam respeito diretamente aos princípios e municará a todos os Estados que forem ou vierem a tornar‑se
objetivos da presente Convenção, que as potências admi- Partes na presente Convenção o texto das reservas feitas
nistradoras tiverem aplicado nos territórios mencionados pelos Estados no momento da ratificação ou da adesão. O Es-
na alínea a) do presente parágrafo, e expressará opiniões e tado que levantar objeções a essas reservas deverá notificar o
fará recomendações a esses órgãos. Secretário‑Geral, no prazo de noventa dias contados da data
3. O Comitê incluirá em seus relatórios à Assembleia Geral da referida comunicação, que não as aceita.
um resumo das petições e dos relatórios que houver recebido 2. Não será permitida uma reserva incompatível com o
de órgãos da Organização das Nações Unidas, assim como objetivo e propósito da presente Convenção, nem uma re-

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serva que impeça o funcionamento de qualquer dos órgãos DECRETO Nº 4.738, DE 12 DE JUNHO
criados por essa Convenção. Entende‑se que uma reserva DE 2003
será considerada incompatível ou impeditiva se pelo menos
dois terços dos Estados Partes nesta Convenção levantarem Promulga a Declaração Fa‑
objeções a ela. cultativa prevista no art.  14 da
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento Convenção Internacional sobre a
através de notificação endereçada ao Secretário‑Geral. Tal Eliminação de Todas as Formas de
notificação passará a ter efeito na data do seu recebimento. Discriminação Racial, reconhecen‑
do a competência do Comitê In‑
Artigo XXI ternacional para a Eliminação da
Discriminação Racial para receber
Os Estados Partes poderão denunciar a presente Con- e analisar denúncias de violação
venção mediante notificação dirigida ao Secretário‑Geral da dos direitos humanos cobertos na
Organização das Nações Unidas. A denúncia surtirá efeitos mencionada Convenção.
um ano após a data do recebimento da notificação pelo
Secretário‑Geral. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
Artigo XXII Considerando que pelo Decreto nº 65.810, de 8 de de-
zembro de 1969, foi promulgada a Convenção Internacional
Quaisquer controvérsias entre dois ou mais Estados sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Partes relativas à interpretação ou aplicação da presente Racial, de 7 de março de 1966;
Convenção, que não forem resolvidas por negociações ou Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por
pelos processos expressamente previstos nesta Convenção, meio do Decreto Legislativo nº 57, de 26 de abril de 2002,
solicitação de o Brasil fazer a Declaração Facultativa prevista
serão submetidas, a pedido de qualquer das Partes na con-
no art. 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação
trovérsia, à decisão da Corte Internacional de Justiça, salvo
de Todas as Formas de Discriminação Racial, reconhecendo
se os litigantes acordarem noutro modo de solução.
a competência do Comitê Internacional para a Eliminação
da Discriminação Racial para receber e analisar denúncias
Artigo XXIII de violação dos direitos humanos cobertos na mencionada
Convenção;
1. Os Estados Partes poderão formular a qualquer Considerando que a Declaração, reconhecendo a
momento um pedido de revisão da presente Convenção competência do mencionado Comitê Internacional para a
mediante notificação escrita dirigida ao Secretário‑Geral da Eliminação da Discriminação Racial, foi depositada junto à
Organização das Nações Unidas. Secretaria Geral da Organização das Nações Unidas em 17
2. Nessa hipótese, a Assembleia Geral da Organização de junho de 2002;
das Nações Unidas decidirá acerca das medidas a serem DECRETA:
tomadas sobre tal pedido. Art. 1º É reconhecida, de pleno direito e por prazo inde-
terminado, a competência do Comitê Internacional para a
Artigo XXIV Eliminação da Discriminação Racial para receber e analisar
denúncias de violação dos direitos humanos conforme
O Secretário‑Geral da Organização das Nações Unidas previsto no art. 14 da Convenção Internacional sobre a
comunicará a todos os Estados mencionados no parágrafo Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


1 do artigo XVII da presente Convenção: 7 de março de 1966.
a) as assinaturas da presente Convenção e dos instru- Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
mentos de ratificação e de adesão depositados, nos termos blicação.
dos artigos XVII e XVIII;
b) a data da entrada em vigor da presente Convenção, Brasília, 12 de junho de 2003; 182º da Independência e
nos termos do artigo XIX; 115º da República.
c) as comunicações e declarações recebidas, nos termos
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
dos artigos XIV, XX e XXIII;
Celso Luiz Nunes Amorim
d) as denúncias notificadas, nos termos do artigo XXI.

Artigo XXV PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO


A Lei que instituiu o Plano Nacional de Educação – PNE
1. Esta Convenção, cujos textos em chinês, espanhol,
(Lei nº 13.005/2014) dispõe, em seu Art. 8º, a obrigatorieda-
francês, inglês e russo são igualmente autênticos, será de-
de dos Estados, Municípios e do Distrito Federal elaborarem
positada nos arquivos da Organização das Nações Unidas.
seus respectivos planos educacionais ou adaptarem os já
2. O Secretário‑Geral da Organização das Nações Unidas existentes no prazo de um ano da publicação daquela Lei, de
enviará cópias autenticadas da presente Convenção aos Esta- modo que estejam em consonância com as suas diretrizes,
dos pertencentes a qualquer das categorias mencionadas no metas e estratégias.
parágrafo 1 do artigo XVII desta Convenção a todos os Estados O propósito é que os planos de educação dos Estados e
pertencentes a qualquer uma das categorias mencionadas Municípios reflitam as bases do Plano Nacional, considerando
no parágrafo 1º do artigo 17. as prioridades e as especificidades das realidades regionais
Em fé do que os abaixo‑assinados devidamente autoriza- vivenciadas, guardando, entre si, necessária compatibilidade.
dos por seus Governos assinaram a presente Convenção que Dessa forma, os planos locais devem convergir para o alcance
foi aberta a assinatura em Nova York a 7 de março de 1966. das metas nacionais, podendo, no entanto, inovar em relação

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às metas que sejam prioritárias no contexto educacional de § 1º As estratégias definidas no Anexo Único desta Lei
suas competências. serão implementadas, considerando a articulação interfede-
Como decorrência, após a aprovação do PNE, iniciou‑se rativa das políticas educacionais e ainda:
o processo de elaboração da versão preliminar de um novo I – a articulação das políticas educacionais com as demais
plano estadual de educação da Bahia, a partir de processo políticas sociais, particularmente as culturais e as de inserção
participativo de representantes da sociedade, sob a coorde- produtiva no mundo do trabalho;
nação do Fórum Estadual de Educação. Os trabalhos foram I – a articulação das políticas educacionais com as demais
consolidados em uma minuta de projeto de lei, a qual foi políticas sociais, particularmente as culturais e as de inserção
posteriormente encaminhada ao Poder Executivo, onde produtiva no mundo do trabalho;
sofreu alterações. II  – o atendimento das necessidades específicas das
Assim, em novembro de 2015, o Poder Executivo apre- populações do campo, das comunidades indígenas e qui-
sentou o Projeto de Lei nº 21.625/2015 perante a Assembleia lombolas e de grupos itinerantes, asseguradas a equidade
educacional e a diversidade cultural;
Legislativa e após a sua votação na Casa Legislativa, o Plano
III – o atendimento das necessidades específicas na Edu-
Estadual de Educação da Bahia (PEE/BA) foi aprovado por
cação Especial, assegurado o sistema educacional inclusivo
meio da Lei Estadual nº 13.559, de 11 de maio de 2016. em todos os níveis, etapas e modalidades.
Na mesma linha do PNE, o Plano Estadual de Educação § 2º As metas e estratégias deverão ser cumpridas no
possui 20 metas e 246 estratégias que visam garantir a prazo de vigência deste PEE‑BA, se outro prazo inferior não
melhoria da educação no contexto da sociedade baiana du- tiver sido definido para metas e estratégias específicas.
rante o decênio 2016-2026. Nesta perspectiva, o plano traz Art. 4º A execução do PEE‑BA, o alcance de suas diretri-
as diretrizes de como serão ofertadas as políticas públicas zes e a eficácia de suas metas e estratégias serão objeto de
educacionais para não só atingir os objetivos do plano na- processo de monitoramento contínuo e avaliações periódi-
cional, como também para corrigir os principais problemas cas, realizadas pelas seguintes instâncias:
encontrados em nível regional. I – Secretaria da Educação – SEC, que o coordenará;
II – Comissão de Educação da Assembleia Legislativa;
LEI Nº 13.559 DE 11 DE MAIO DE 2016 III – Conselho Estadual de Educação – CEE;
IV – Fórum Estadual de Educação da Bahia – FEE‑BA.
Aprova o Plano Estadual de §  1º Compete, ainda, às  instâncias referidas no caput
Educação da Bahia e dá outras deste artigo:
I – divulgar os resultados do monitoramento e das avalia-
providências.
ções nos respectivos sítios institucionais da internet;
II – analisar e propor políticas públicas para assegurar a
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a
implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: III – analisar e propor a revisão do percentual de inves-
Art. 1º Fica aprovado o Plano Estadual de Educação – timento público em educação.
PEE‑BA, com vigência de 10 (dez) anos, a contar da publicação § 2º No processo de monitoramento e avaliação do
desta Lei, em consonância com o disposto no art. 214 da PEE‑BA, os representantes das entidades indicadas nos inci-
Constituição Federal, no art. 250 da Constituição Estadual sos I a IV do caput deste artigo poderão consultar especialis-
e na Lei Federal nº  13.005, de 25 de junho de 2014, que tas, institutos de pesquisa, universidades, outras instituições
aprovou o Plano Nacional de Educação – PNE. e órgãos colegiados de caráter consultivo.
Art. 2º São diretrizes orientadoras do PEE‑BA: § 3º O Poder Público buscará ampliar o escopo das pes-
I – erradicação do analfabetismo; quisas com fins estatísticos, de forma a incluir informação
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

II – universalização do atendimento escolar; detalhada sobre o perfil das populações de 04 (quatro) a 17
III  – superação das desigualdades educacionais, com (dezessete) anos, particularmente as com deficiência.
ênfase no desenvolvimento integral do sujeito, na promo- Art. 5º As Conferências Estaduais de Educação são instân-
ção da cidadania e na erradicação de todas as formas de cias com o objetivo de avaliar a execução deste PEE‑BA e de
discriminação; formular subsídios para a Conferência Nacional de Educação,
IV – melhoria da qualidade da educação; bem como elaborar o Plano Estadual de Educação para o
V – formação para o desenvolvimento integral do sujeito, decênio subsequente.
para a cidadania e para o trabalho, com ênfase nos valores § 1º As Conferências Estaduais de Educação antecederão
morais e éticos nos quais se fundamenta a sociedade; a Conferência Nacional de Educação e deverão ser precedidas
VI  – promoção do princípio da gestão democrática da de conferências municipais ou intermunicipais, articuladas e
educação no Estado; coordenadas pelo Fórum Estadual de Educação da Bahia.
§ 2º As Conferências Estaduais de Educação realizar‑se‑ão
VII – promoção humanística, científica, cultural e tecno-
com intervalo de até 04 (quatro) anos entre elas e deverão ser
lógica do Estado;
convocadas com, no mínimo, 01 (um) ano de antecedência.
VIII – valorização dos profissionais da educação; § 3º O Estado promoverá a realização de, pelo menos,
IX  – promoção dos princípios do respeito aos direitos 02 (duas) Conferências Estaduais de Educação até o final
humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. do decênio.
Art. 3º O PEE‑BA fica estruturado, na forma do Anexo Art. 6º Fica reconhecido o Fórum Estadual de Educação
Único desta Lei, em 20 (vinte) metas, seguidas de suas es- da Bahia – FEE‑BA, instância de caráter consultivo e organi-
tratégias específicas, que terão como referência a Pesquisa zativo, ao qual compete, além das atribuições previstas no
Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, o censo demo- art. 4º desta Lei, promover a até o final do decênio.
gráfico e os censos nacionais da Educação Básica e Superior, Art. 6º Fica reconhecido o Fórum Estadual de Educação
em bases a serem atualizadas e observadas ao longo do da Bahia – FEE‑BA, instância de caráter consultivo e organi-
processo de acompanhamento deste PEE‑BA, sem prejuízo zativo, ao qual compete, além das atribuições previstas no
de outras fontes e informações relevantes. art. 4º desta Lei, promover a articulação das Conferências

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Estaduais de Educação com as conferências municipais ou Art. 11. Até o final do primeiro semestre do nono ano
intermunicipais que as precederem. de vigência deste PEE‑BA, o Poder Executivo Estadual enca-
Art. 7º O Estado atuará em regime de colaboração com minhará à Assembleia Legislativa, sem prejuízo das prerro-
a União e os municípios, visando ao alcance das metas e à gativas deste Poder, o Anteprojeto de Lei referente ao Plano
implementação das estratégias objeto do PNE, deste PEE‑BA Estadual de Educação a vigorar no período subsequente, que
e dos Planos Municipais de Educação – PME. incluirá diagnóstico, diretrizes, metas e estratégias para o
§ 1º É de responsabilidade dos gestores estaduais dos próximo decênio.
sistemas públicos de educação a adoção das medidas neces- Art. 12. Fica revogada a Lei nº 10.330, de 15 de setembro
sárias ao alcance das metas previstas neste PEE‑BA. de 2006.
§  2º O Estado colaborará com a União na instituição Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, nos PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 11
termos do art. 11 da Lei Federal nº 13.005, de 25 de junho de maio de 2016.
de 2014, como fonte de informação para a avaliação da qua- RUI COSTA
lidade da Educação Básica e para a orientação das políticas Governador
públicas desse nível de ensino. Bruno Dauster
§ 3º O processo de monitoramento e avaliação referido Secretário da Casa Civil
no art.  4º desta Lei poderá ser ampliado, em regime de Osvaldo Barreto Filho
colaboração com os Municípios, para alcançar o acompa- Secretário da Educação
nhamento das metas e estratégias dos PME.
§ 4º Será objeto de regime de colaboração específico a ANEXO ÚNICO
implementação de modalidades de educação escolar que Da Educação Infantil
necessitem considerar territórios étnico‑educacionais e a
utilização de estratégias que levem em conta as identidades Meta 1: Assegurar a discussão com os sistemas munici-
e especificidades socioculturais e linguísticas de cada comu- pais de educação a respeito da universalização da pré‑escola
nidade envolvida, assegurada a consulta prévia e informada para as crianças de 04 (quatro) a 05 (cinco) anos de idade,
a essa comunidade. nos termos do disposto pela Emenda Constitucional Federal
§ 5º As estratégias definidas neste PEE‑BA não excluem a nº 59, de 11 de novembro de 2009, e estimular a ampliação
adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de instru- da oferta de Educação Infantil em creches.
mentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os entes Estratégias:
federados, podendo ser complementadas por mecanismos 1.1) impulsionar a busca ativa de crianças em idade cor-
nacionais e locais de coordenação e colaboração recíproca. respondente à Educação Infantil, do campo, de comunidades
Art. 8º Ficam criados, no âmbito dos Núcleos Regionais tradicionais, indígenas, quilombolas e urbanas, em parceria
de Educação – NRE, foros de negociação, cooperação e pac- com órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à
tuação entre gestores do Estado e dos Municípios integrantes
infância dos sistemas municipais, no intento de enfatizar a
da regional, para integração de políticas e programas dos
compulsoriedade da universalização da pré‑escola;
serviços de educação, na forma do regulamento.
1.2) incentivar o atendimento da Educação Infantil de
§ 1º O fortalecimento do regime de colaboração entre o
populações do campo, urbanas, de comunidades indígenas,
Estado e os Municípios dar‑se‑á, inclusive, mediante a adoção
quilombolas e comunidades tradicionais, nos respectivos
de arranjos institucionais, considerando o enlace entre edu-
espaços de vida, redimensionando, quando for o caso, a dis-
cação, território e desenvolvimento e o compartilhamento de
tribuição territorial da oferta, configurando a nucleação de
competências políticas, técnicas e financeiras, na perspectiva
de um sistema nacional de educação. escolas e evitando‑se o deslocamento de crianças, respeita-
§ 2º O Estado fomentará o consorciamento como modelo das as especificidades dessas comunidades;

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


de articulação territorial para superar a descontinuidade das 1.3) assegurar a indissociabilidade das dimensões do
políticas educacionais. cuidar e do educar no atendimento a esta etapa da Educa-
Art. 9º O Estado atuará nos limites de sua competência e ção Básica;
observada a política de colaboração, a capacidade de aten- 1.4) estimular, em regime de colaboração, o Programa
dimento e o esforço fiscal de cada ente federado, para, em Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos
consonância com o art. 212 e o inciso VI do art. 214, ambos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil, em áreas
da Constituição Federal, e o art. 60 do Ato das Disposições rurais e urbanas, respeitando as normas de acessibilidade,
Constitucionais Federais Transitórias, alcançar a Meta 20 do a partir do primeiro ano de vigência deste PEE‑BA;
Anexo Único deste PEE‑BA. 1.5) estimular a atuação nas especificidades da Educação
§  1º A meta progressiva do investimento público em Infantil na organização das redes escolares, salvaguardadas
educação será avaliada no quarto ano de vigência do PEE‑BA as diferenças de aspectos culturais entre campo e cidade,
e poderá ser ampliada por meio de lei para atender às ne- garantindo o atendimento da criança de 0 (zero) a 05 (cinco)
cessidades financeiras do cumprimento das demais metas. anos em estabelecimentos de ensino que se encaixem nos
§ 2º Os Planos Plurianuais – PPA, as diretrizes orçamentá- parâmetros nacionais de qualidade e à articulação com a
rias e os orçamentos anuais do Estado serão formulados de etapa escolar seguinte, visando ao ingresso da criança de
maneira a assegurar a consignação de dotações orçamentá- 06 (seis) anos de idade completos no Ensino Fundamental;
rias compatíveis com o disposto neste artigo e nas diretrizes, 1.6) fomentar e subsidiar a elaboração, de modo parti-
metas e estratégias deste PEE‑BA, a  fim de viabilizar sua cipativo, no âmbito do Conselho Estadual de Educação, de
plena execução. diretrizes e orientações para organização e funcionamento
Art. 10. O Estado deverá, no primeiro ano de vigência de instituições de Educação Infantil, no Sistema Estadual
deste PEE‑BA, aprovar lei específica de seu Sistema Estadual de Educação, em cumprimento à legislação em vigor, até o
de Ensino, disciplinando a organização da Educação Básica e segundo ano de vigência deste PEE‑BA;
da Educação Superior, e a gestão democrática da educação 1.7) fomentar normas, procedimentos e prazos para que
pública no âmbito do Estado, observado o disposto nos os sistemas municipais de educação realizem a chamada pú-
arts. 247 a 249 da Constituição Estadual. blica ou censo anual da demanda por creches e pré‑escolas

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nos Municípios da Bahia, a partir do primeiro ano de vigência nas instituições de Educação Infantil, do campo e urbanas,
do PEE‑BA; públicas e conveniadas;
1.8) estimular, em regime de colaboração entre a União, 1.19) estimular a criação e a ampliação do acervo
o Estado e os Municípios baianos, até o fim do primeiro ano literário, de materiais e objetos educativos, de jogos, de
de vigência do PEE‑BA, o  incremento da oferta de vagas instrumentos musicais e de tecnologias educacionais nas
para creche e pré‑escola nas redes públicas de Educação escolas de Educação Infantil, para garantir à criança o aces-
Infantil, conforme os Parâmetros Nacionais de Qualidade e so a processos de construção, articulação e ampliação de
as especificidades de cada Município; conhecimentos e aprendizagens em diferentes linguagens;
1.9) estimular a ampliação da oferta de vagas em regime 1.20) promover o desenvolvimento de projetos e ações,
de tempo integral, em creches e pré‑escolas da rede pública em caráter complementar, com foco no desenvolvimento in-
de ensino, de modo que, progressivamente, todas as crian- tegral das crianças de até 03 (três) anos de idade, articulando
ças de 0 (zero) a 05 (cinco) anos tenham acesso à Educação as áreas de educação, saúde e assistência social;
Integral, conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares 1.21) promover a colaboração da Secretaria da Educação
Nacionais da Educação Infantil; com os Municípios na elaboração de proposta de diretrizes
1.10) estimular a criação ou ampliação de áreas verdes curriculares para a Educação Infantil, precedida de consulta
nas instituições de Educação Infantil, bem como a garantia pública, e no encaminhamento ao Conselho Estadual de
de espaços adequados para jogos, brincadeiras e outras ex- Educação das propostas das redes municipais que não se
periências da cultura lúdica infantil, promovendo o respeito constituem como sistema, até o final do primeiro ano de
às relações da infância com a cultura, o meio ambiente e a vigência deste PEE‑BA;
educação; 1.22) estruturar, até o fim do primeiro ano de vigência do
1.11) apoiar, técnica e pedagogicamente, os Municípios PEE‑BA, um setor específico na Secretaria da Educação para
para a criação de um setor específico de Educação Infantil tratar da orientação sobre os assuntos da Educação Infantil.
nas secretarias municipais de educação, estimulando os
conselhos municipais de educação a elaborarem orientações Do Ensino Fundamental
e diretrizes municipais para a Educação Infantil, até o fim do
segundo ano de vigência deste PEE‑BA; Meta 2: Universalizar o Ensino Fundamental de 09 (nove)
1.12) estimular, em regime de colaboração entre a União, anos para toda a população de 06 (seis) a 14 (catorze) anos
o  Estado e os Municípios, políticas públicas de formação e garantir que, pelo menos, 95% (noventa e cinco por cento)
inicial e continuada de professores, coordenadores pedagó- dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até
gicos, gestores escolares e demais profissionais da educação o último ano de vigência deste PEE‑BA.
que trabalham em instituições de Educação Infantil (creche e Estratégias:
pré‑escolas), de modo que, progressivamente, o atendimen- 2.1) formalizar procedimentos orientadores para que
to na Educação Infantil (do campo e urbano) seja realizado o Ensino Fundamental seja o espaço de aprendizagem e
por profissionais com formação em nível superior, a partir apropriação do legado cultural da nossa civilização e de
do segundo ano de vigência do PEE‑BA; desenvolvimento das habilidades cognitivas essenciais à
1.13) estimular a articulação entre Pós‑Graduação, nú- atuação livre e autônoma dos indivíduos na sociedade, pri-
cleos de pesquisa e cursos de formação para profissionais vilegiando trocas, acolhimento e senso de pertencimento,
da educação, de modo a garantir a elaboração de propostas para assegurar o bem‑estar das crianças e adolescentes;
pedagógicas das escolas e de cursos de formação inicial 2.2) realizar parceria entre a Secretaria da Educação – SEC
que incorporem os avanços de pesquisas ligadas às teorias e as Secretarias dos Municípios no fomento ao atendimento
educacionais no atendimento da população de 0 (zero) a 05 socioeducativo;
(cinco) anos; 2.3) promover a busca ativa de crianças e adolescentes
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

1.14) incentivar e apoiar todos os Municípios para que a fora da escola, no campo e na cidade, em parceria com
sua política pública para a Educação Infantil esteja consolida- órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à
da até 2019, em acordo com a legislação vigente; infância, adolescência e juventude, a partir do primeiro ano
1.15) estimular e apoiar a formulação, pelos Municípios, de vigência deste PEE‑BA;
das propostas pedagógicas para a Educação Infantil, obser- 2.4) estimular o desenvolvimento de tecnologias pedagó-
vando as orientações e a legislação educacional em vigor para gicas que combinem, de maneira articulada, a organização do
o atendimento de crianças de 0 (zero) a 05 (cinco) anos de tempo e das atividades didáticas entre a escola e o ambiente
idade, até o fim do terceiro ano de vigência deste PEE‑BA; comunitário, considerando as especificidades curriculares,
1.16) fomentar a avaliação da Educação Infantil, a  ser seja no âmbito das escolas urbanas, do campo, das comuni-
realizada a cada 02 (dois) anos, com base nos Indicadores dades tradicionais, indígenas, quilombolas e no atendimento
da Qualidade na Educação Infantil orientados pelo MEC, de grupos itinerantes;
a fim de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, 2.5) estimular a oferta do Ensino Fundamental para as
as condições de gestão, os recursos pedagógicos, a situação populações do campo, indígenas e quilombolas, comuni-
de acessibilidade, entre outros indicadores relevantes, a par- dades tradicionais nas próprias comunidades, garantindo
tir do segundo ano de vigência deste PEE‑BA; condições de permanência dos estudantes nos seus espaços
1.17) estimular o acesso à Educação Infantil das crianças socioculturais;
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento 2.6) promover a articulação entre os sistemas e redes
e altas habilidades e fomentar a oferta do atendimento municipais de ensino e apoiar a elaboração e o encami-
educacional especializado, complementar e suplementar, nhamento ao Conselho Estadual de Educação, precedida
assegurando a educação bilíngue para crianças surdas e de consulta pública, de proposta de direitos e objetivos de
a transversalidade da Educação Especial nesta etapa da aprendizagem e desenvolvimento para os estudantes do
Educação Básica; Ensino Fundamental, considerado o caráter específico de
1.18) dispor orientações estruturadas sobre a alimen- espaços socioculturais onde se situam as escolas, até o final
tação escolar adequada para todas as crianças atendidas do primeiro ano de vigência deste PEE‑BA;

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2.7) indicar o Conselho Estadual de Educação para propor de 23 de dezembro de 2008, garantida prerrogativa técnica
normativas sobre o acompanhamento e o apoio individualiza- da pedagogia da alternância para a concepção e organização
do aos estudantes do Ensino Fundamental com dificuldades do currículo nestas escolas, para o Ensino Fundamental;
de aprendizagem de qualquer natureza; 2.19) integrar os dados do Censo Escolar da Educação
2.8) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento Básica com o Sistema Nacional de Atendimento Socioedu-
do acesso, da permanência e do êxito escolar dos filhos dos cativo – SINASE, no âmbito da rede estadual;
beneficiários de programas de transferência de renda, visan- 2.20) atender às indicações do SINASE, a partir dos dados
do à garantia de condições adequadas para a aprendizagem do Censo Escolar da Educação Básica;
destes alunos, em colaboração com as famílias e com órgãos 2.21) fortalecer o processo de ensino e de aprendizagem
públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, com o uso de tecnologias e linguagens multimídia.
adolescência e juventude;
2.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento Do Ensino Médio
de crianças e adolescentes em situação de discriminação,
preconceitos e violências na escola, visando à garantia de Meta 3: Expandir gradativamente o atendimento escolar
condições adequadas para a aprendizagem desses estudan- para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e
tes, em colaboração com as famílias e com órgãos públicos de elevar, até o final do período de vigência deste PEE‑BA, a taxa
assistência social, saúde e proteção à infância, adolescência líquida de matrículas no Ensino Médio para 85% (oitenta e
e juventude; cinco por cento).
2.10) sugerir aos Conselhos Estadual e Municipais de Estratégias:
Educação a elaboração de normas regulatórias sobre a par- 3.1) indicar ao Conselho Estadual de Educação o preparo
ticipação dos docentes e gestores escolares na organização do ordenamento normativo orientador para que o Ensino
do trabalho pedagógico e das ações de gerenciamento, Médio seja espaço de ressignificação e recriação da cultura
sobretudo nas responsabilidades adstritas às atividades herdada, privilegiando o apoio e a troca de conhecimentos,
previstas nos arts. 12, 13 e 14 da Lei Federal nº 9.394, de 20 para assegurar o bem‑estar dos adolescentes e jovens;
de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educa- 3.2) fortalecer as iniciativas estaduais de renovação do
ção Nacional – LDB, na programação do tempo e horário da Ensino Médio, em articulação com os programas nacionais,
escola para o desenvolvimento dessas ações previstas, com a  fim de fomentar práticas pedagógicas com abordagens
destaque para a adequação do calendário escolar à realidade interdisciplinares, nas dimensões do trabalho, das lingua-
local, à identidade cultural e à territorialidade; gens, das tecnologias, da cultura e das múltiplas vivências
2.11) estimular e promover a relação das escolas com esportivas, com destaque para as escolas do campo, quilom-
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de bolas, de grupos itinerantes e comunidades tradicionais, nas
atividades culturais para os estudantes, de forma a tornar quais devem ser consideradas as experiências e realidades
as escolas polos de criação e difusão cultural; sociais dos respectivos espaços de vivência dos estudantes;
2.12) incentivar e promover a participação dos pais ou 3.3) fomentar programas de educação e de cultura para
a qualificação social de pessoas de áreas urbanas, do campo,
responsáveis no acompanhamento das atividades escolares
indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, na faixa
dos filhos, fomentando o estreitamento das relações entre
etária de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos que
a escola e a família;
estejam fora da escola ou em defasagem no fluxo escolar;
2.13) implementar formas de oferta do Ensino Funda-
3.4) estimular a expansão das matrículas gratuitas de En-
mental, garantindo a qualidade, para atender a crianças,
sino Médio integrado à Educação Profissional, observando‑se
adolescentes e adultos de grupos étnicos itinerantes e da-
as peculiaridades das populações do campo, das comunida-
queles que se dedicam a atividades de caráter itinerante ou des indígenas, quilombolas, de comunidades tradicionais e
associadas a práticas agrícolas, entre outros; dos povos ciganos;

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


2.14) promover atividades de estímulo a múltiplas vi- 3.5) integrar, anualmente, as avaliações sistêmicas do
vências esportivas dos estudantes, vinculadas a projetos de Ensino Médio ao funcionamento das unidades escolares
incremento ao esporte educacional nas escolas; respectivas, nas áreas urbanas, no campo, indígenas, qui-
2.15) articular com as Instituições de Educação Supe- lombolas, de comunidades tradicionais, considerando as
rior  – IES o desenvolvimento de programas de formação dimensões pedagógica e administrativa;
continuada e inicial de professores alfabetizadores, para 3.6) articular com os sistemas municipais de ensino a
atender às diferentes demandas da educação – especial, do formulação de políticas educacionais que assegurem o direito
campo, indígena, quilombola, de jovens e adultos; de aprender dos estudantes e apresentá‑las para consulta pú-
2.16) estimular que o respeito às diversidades seja objeto blica e posterior encaminhamento ao Conselho de Educação
de tratamento transversal pelos professores, bem como pelas competente, até o primeiro ano de vigência deste PEE‑BA;
Instituições de Ensino Superior nos currículos de graduação, 3.7) ampliar o acesso dos estudantes à cultura corporal
respeitando os Direitos Humanos e o combate a todas as e às múltiplas vivências esportivas, integradas ao currículo
formas de discriminação e intolerância, à luz do conceito de escolar;
supralegalidade presente no ordenamento jurídico brasileiro; 3.8) fortalecer o processo de ensino e de aprendizagem,
2.17) estimular a criação de programas de formação de elevando a taxa de aprovação e reduzindo a taxa de abando-
professores da Educação Básica, em todas as suas etapas, no escolar, de modo a assegurar aos estudantes a continui-
níveis e modalidades, que contribuam para uma cultura de dade dos estudos na idade adequada nesta etapa de ensino;
respeito aos direitos humanos, visando ao enfrentamento 3.9) providenciar estratégias que possibilitem a regulari-
do trabalho infantil, do racismo e de outras formas de dis- zação de fluxo aos estudantes do Ensino Médio com distorção
criminação, respeitando os direitos humanos e o combate de idade, série ou ano, com implicações para a continuidade
a todas as formas de discriminação e intolerância, à luz do de estudos na idade adequada;
conceito de supralegalidade presente no ordenamento 3.10) desenvolver procedimentos que assegurem formas
jurídico brasileiro; de possibilitar a superação das dificuldades de aprendiza-
2.18) consolidar as normativas relacionadas com as es- gem apresentadas pelos estudantes do Ensino Médio, nos
colas agrícolas, nos termos do disposto pela Lei nº 11.352, respectivos componentes curriculares;

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3.11) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) combate a todas as formas de discriminação e intolerância,
a 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os à luz do conceito de supralegalidade presente no ordena-
serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescên- mento jurídico brasileiro.
cia e à juventude;
3.12) redimensionar a oferta de Ensino Médio nos tur- Da Educação Especial/Inclusiva
nos diurno e noturno, bem como a distribuição territorial
das escolas de Ensino Médio, de forma a atender a toda a Meta 4: Universalizar, para a população de 04 (quatro) a
demanda, de acordo com as necessidades específicas dos 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do
estudantes e das comunidades; desenvolvimento e altas habilidades, o acesso à Educação
3.13) desenvolver formas de oferta do Ensino Médio, Básica e ao atendimento educacional especializado, nas
garantida a qualidade, para atender a adolescentes, jovens redes regulares de ensino, com a garantia de sistema educa-
e adultos de grupos étnicos e famílias itinerantes, bem como cional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes,
de adolescentes e jovens em instituições socioeducativas; escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados,
3.14) estruturar políticas de proteção ao estudante até o último ano de vigência deste PEE‑BA.
contra formas de exclusão, como medida de prevenção do Estratégias:
abandono escolar, motivadas por preconceito ou quaisquer 4.1) desenvolver e aplicar tecnologias pedagógicas que
formas de discriminação; combinem, de maneira articulada, a organização do tempo,
3.15) estimular, por meio de orientação profissional, as atividades didáticas e o ambiente comunitário, conside-
a  participação dos adolescentes e jovens nos cursos das rando as especificidades educativas do ambiente escolar in-
áreas tecnológica e científica, estabelecendo acordos com clusivo, respeitada a natureza das escolas urbanas, do campo,
as IES e a Rede Federal de Educação Profissional, Científica do ethos cultural das comunidades indígenas, quilombolas
e Tecnológica para a realização de estágios e visitas técnicas, e dos povos itinerantes;
articuladas com as atividades de ensino, pesquisa e extensão; 4.2) institucionalizar o combate à discriminação entre
3.16) encorajar o aproveitamento dos estudos feitos em grupos sociais diferenciados, de todas e quaisquer fontes
programas complementares como ações de melhoria aos diretas ou indiretas de incitação e indução ao preconceito
currículos do Ensino Médio, a  ser regulamentado por ato e à discriminação eventualmente presentes nos conteúdos
do Conselho Estadual de Educação, ouvida a Secretaria da curriculares, nas práticas pedagógicas, nos livros, nos mate-
Educação no que concerne à orientação quanto aos progra- riais didáticos e nos comportamentos individuais e coletivos
mas complementares; no espaço escolar, a fim de coibi‑los, cabendo à escola, por
3.17) incentivar a oferta de escolas do Ensino Médio
meio dos Colegiados Escolares, o zelo, a precaução e o com-
no campo, em espaços quilombolas, indígenas e de comu-
portamento institucional vigilante e ao Conselho Estadual de
nidades tradicionais, com a criação de escolas ou classes
Educação o preparo de ato normativo de ação orientadora
vinculadas;
para esta questão, discutida com os sistemas de ensino;
3.18) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento
4.3) ampliar a implantação de salas de recursos multifun-
do acesso e da permanência dos jovens beneficiários de
cionais, até o sexto ano de vigência deste Plano, em parceria
programas de transferência de renda no Ensino Médio, em
colaboração com as famílias e com órgãos públicos de assis- com o Governo Federal, bem como fomentar a formação
tência social, saúde e proteção à adolescência e à juventude; continuada de professores para o atendimento educacional
3.19) consolidar as normativas relacionadas com as especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas, das
escolas agrícolas, nos termos da Lei comunidades quilombolas e em áreas onde vivem povos de
nº  11.352, de 23 de dezembro de 2008, garantida a comunidades tradicionais;
prerrogativa técnica da pedagogia da alternância para a 4.4) direcionar orientações para o atendimento educa-
cional especializado em salas de recursos multifuncionais,
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

concepção e organização do currículo nestas escolas, para


o Ensino Médio; preferencialmente na própria unidade escolar, ou em ser-
3.20) implementar, no currículo do Ensino Médio, con- viços especializados, públicos ou conveniados, nas formas
teúdos e atividades pertinentes à dimensão trabalho, que complementar e suplementar, para todos os estudantes com
não se confunde com a profissionalização, mas aproxima o deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
adolescente e jovem do mundo do trabalho, e articular tais habilidades matriculados na rede pública de Educação Básica,
conteúdos com a orientação profissional e o acesso a cursos conforme necessidade identificada por meio de avaliação,
técnicos e de qualificação profissional; ouvidos a família e, quando possível, o estudante, no prazo
3.21) articular a Educação Superior com a Educação de vigência deste PEE‑BA;
Básica, visando ao fortalecimento do currículo, ao  desen- 4.5) promover a articulação intersetorial para estimular
volvimento de proficiências e à melhoria dos resultados a criação de centros multidisciplinares de apoio, pesquisa e
educacionais; assessoria, articulados com instituições acadêmicas e integra-
3.22) assegurar, por meio de normativa do Conselho dos por profissionais das áreas de saúde, assistência social,
Estadual de Educação, que o respeito às diversidades seja pedagogia, psicologia e tecnologia assistiva, para apoiar o
objeto de tratamento didático‑pedagógico transversal no trabalho dos professores da Educação Básica de estudantes
desenvolvimento dos currículos das escolas de Ensino Médio, com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
respeitando os direitos humanos e o combate a todas as altas habilidades;
formas de discriminação e intolerância, à luz do conceito de 4.6) incentivar a participação de sistemas e instituições
supralegalidade presente no ordenamento jurídico brasileiro; públicas de educação nos programas suplementares de
3.23) fomentar o desenvolvimento de programas de acessibilidade em que se incluem, a adequação arquitetô-
formação de professores da Educação Básica, em todas as nica, a oferta de transporte acessível, a disponibilização de
suas etapas, níveis e modalidades, que contribuam para material didático próprio e recursos de tecnologia assistiva;
uma cultura de respeito aos direitos humanos, visando ao 4.7) estimular a oferta de educação bilíngue, em Língua
enfrentamento do racismo e de outras formas de discrimi- Brasileira de Sinais  – LIBRAS, como primeira língua, e  na
nação e intolerância, respeitando os direitos humanos e o modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda

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língua, aos estudantes surdos e com deficiência, em escolas e niadas com o poder público, visando ampliar a oferta de
classes bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do que formação continuada e a produção de material didático aces-
dispõe o Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de sível, assim como os serviços de acessibilidade necessários,
2005, e os arts. 24 e 30 da Convenção Internacional sobre participação e aprendizagem dos estudantes com deficiência,
os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelo transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
Decreto Federal nº  6.949, de 25 de agosto  de 2009, bem matriculados na rede pública de ensino;
como a adoção do Sistema Braille de leitura para cegos e 4.17) disponibilizar recursos de tecnologia assistiva, servi-
surdos‑cegos; ços de acessibilidade e formação continuada de professores,
4.8) fortalecer a oferta de Educação Inclusiva, combaten- apoio técnico e demais profissionais da educação para o
do a exclusão de pessoas com deficiência no ensino regular e atendimento educacional especializado complementar, nas
assegurando a articulação pedagógica entre o ensino regular escolas urbanas e do campo;
e o atendimento educacional especializado; 4.18) desenvolver indicadores específicos de avaliação
4.9) acompanhar e monitorar o acesso à escola e ao da qualidade da Educação Especial, bem como da qualidade
atendimento educacional especializado, bem como da da educação bilíngue para surdos, com o aval do Conselho
permanência e do desenvolvimento escolar dos estudantes Estadual de Educação, em comum acordo com os Conselhos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento Municipais de Educação.
e altas habilidades, beneficiários de programas de transfe-
rência de renda, juntamente com o combate às situações Da Alfabetização Infantil
de discriminação, preconceito e outras formas de violência,
em colaboração com as famílias e com os órgãos públicos Meta 5: Mobilizar esforços para alfabetizar todas as
de assistência social, de saúde e de proteção à infância, crianças, no máximo, até o final do terceiro ano do Ensino
à adolescência e à juventude; Fundamental.
4.10) fomentar o desenvolvimento de pesquisas interdis- Estratégias:
ciplinares para subsidiar a formulação de políticas públicas 5.1) instituir protocolo de colaboração entre as redes
intersetoriais que atendam às especificidades educacionais
públicas de ensino, com o fito de ampliar e consolidar os
de estudantes com deficiência, transtornos globais do de-
processos de alfabetização para as crianças do campo, qui-
senvolvimento e altas habilidades, que requeiram medidas
lombolas, indígenas, de populações e grupos itinerantes e
de atendimento especializado;
4.11) promover a articulação intersetorial entre órgãos comunidades tradicionais;
e políticas públicas de saúde, assistência social e direitos 5.2) estimular os Municípios na alfabetização de crian-
humanos, em parceria com as famílias, com a finalidade de ças do campo, indígenas, quilombolas, de comunidades
desenvolver modelos voltados para a continuidade do aten- tradicionais de grupos étnicos e trabalhadores itinerantes,
dimento escolar, na Educação de Jovens e Adultos – EJA com com a produção de materiais didáticos específicos, a serem
deficiência e transtornos globais do desenvolvimento com vinculados a programas de formação continuada de profes-
idade superior à faixa etária de escolarização obrigatória, de sores alfabetizadores;
forma a assegurar a atenção integral; 5.3) desenvolver instrumentos de acompanhamento que
4.12) estruturar, até o fim do quinto ano de vigência do considerem o uso da língua materna pelas comunidades
PEE‑BA, a ampliação das equipes de profissionais da edu- indígenas e a identidade cultural das comunidades quilom-
cação para o atendimento educacional especializado, com bolas, comunidades tradicionais e de outros grupos étnicos;
professores, pessoal de apoio ou auxiliares, tradutores e 5.4) estimular os sistemas de ensino e as escolas a
intérpretes de LIBRAS, guias‑intérpretes para surdos‑cegos, criarem seus respectivos instrumentos de avaliação e mo-
professores de LIBRAS, a  fim de estruturar o serviço de nitoramento, implementando medidas pedagógicas para

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Educação Especial nas escolas, para atender à demanda do alfabetizar todos os estudantes até, no máximo, o final do
processo de escolarização dos estudantes com deficiência, terceiro ano do Ensino Fundamental, tendo como referência
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades; a avaliação nacional;
4.13) definir, no segundo ano de vigência deste PEE‑BA, 5.5) fomentar o desenvolvimento e a aplicação de tec-
indicadores de qualidade e políticas de avaliação e supervisão nologias educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras
para o funcionamento de instituições de ensino, públicas que assegurem a alfabetização e favoreçam a aprendizagem
e privadas, que prestam atendimento a estudantes com dos estudantes, consideradas as diversas abordagens meto-
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas dológicas e sua efetividade;
habilidades, sob o aval do Conselho Estadual de Educação; 5.6) promover e estimular a formação inicial e continu-
4.14) promover iniciativas, em parceria com o Ministério ada de professores para a alfabetização de crianças, com o
da Educação e órgãos de pesquisa, demografia e estatística, conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas
no sentido de obter informações detalhadas sobre o perfil pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre pro-
das pessoas com deficiência, transtornos globais do desen- gramas de Pós‑Graduação stricto sensu e ações de formação
volvimento e altas habilidades, na faixa etária de 0 (zero) a continuada de professores para a alfabetização;
17 (dezessete) anos;
5.7) apoiar a alfabetização de crianças com deficiência,
4.15) incentivar a inclusão, como temática formativa,
considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetiza-
nos cursos de licenciatura e nos demais cursos de forma-
ção bilíngue de pessoas surdas, e seus tempos e necessidades
ção para profissionais da educação, inclusive em nível de
Pós‑Graduação, observado o disposto no caput do art. 207 de aprendizagem;
da Constituição Federal, dos referenciais técnicos relacio- 5.8) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização
nados com o atendimento educacional de estudantes com nos anos iniciais do Ensino Fundamental, articulando‑os com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas as estratégias desenvolvidas na pré‑escola, com qualificação
habilidades; e valorização dos professores alfabetizadores e com apoio
4.16) promover parcerias com instituições comunitárias, pedagógico específico, a  fim de garantir a continuação e
confessionais ou filantrópicas, sem fins lucrativos, conve- consolidação da alfabetização plena de todas as crianças;

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5.9) promover, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, Do Aprendizado Adequado na Idade Certa
a inseparabilidade das dimensões do educar e do cuidar,
considerando a função social desta etapa da educação e sua Meta 7: Fomentar a qualidade da Educação Básica em
centralidade que é o educando, pessoa em formação, na sua todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo es-
essência humana. colar e da aprendizagem, tendo como parâmetro o avanço
dos indicadores de fluxo revelados pelo Censo Escolar e
Da Educação Integral dos indicadores de resultados de desempenho em exames
padronizados, nos termos da metodologia do Índice de De-
Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em, no senvolvimento da Educação Básica – IDEB.
mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das escolas públicas Estratégias:
7.1) estimular práticas pedagógicas inovadoras que
da Educação Básica, até o final do período de vigência deste
assegurem a melhoria da aprendizagem e do fluxo escolar,
PEE‑BA.
considerando o uso de softwares livres e de recursos edu-
Estratégias: cacionais abertos;
6.1) incentivar que as unidades escolares do campo e das 7.2) incentivar a melhoria da educação escolar oferecida
comunidades tradicionais se associem aos programas nacio- no campo, para crianças, jovens e adultos de populações tra-
nais para Educação Integral, considerando as peculiaridades dicionais, de populações e grupos itinerantes e de comunida-
locais na estruturação curricular; des indígenas e quilombolas, respeitando a articulação entre
6.2) adotar medidas para otimizar o tempo de permanên- os ambientes escolares e comunitários, de modo a orientar
cia dos estudantes na escola, direcionando a expansão da para corrigir fluxo e aumentar os níveis de proeficiência;
jornada com o efetivo trabalho escolar combinado com ati- 7.3) garantir, no currículo da Educação de Jovens e Adul-
vidades de aplicação de conhecimento científico, recreativas, tos, a temática da sustentabilidade ambiental e a preserva-
esportivas e culturais, sempre conciliadas com o princípio da ção das respectivas identidades culturais, a participação da
contextualização e com a abordagem interdisciplinar; comunidade na definição do modelo de organização peda-
6.3) promover, com o apoio da União, a oferta de Educa- gógica e de gestão das instituições, consideradas as práticas
ção Básica pública em tempo integral, por meio de ativida- socioculturais e as formas particulares de organização do
des de acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, tempo escolar;
inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo de 7.4) encorajar a oferta bilíngue na Educação Infantil e nos
permanência dos estudantes na escola, ou sob sua responsa- anos iniciais do Ensino Fundamental, em língua materna das
bilidade, passe a ser igual ou superior a 07 (sete) horas diárias comunidades indígenas e em Língua Portuguesa;
durante todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da 7.5) garantir a oferta de programa para a formação inicial
jornada de professores em uma única escola, até o sexto ano e continuada de profissionais da educação aos grupos e o
de vigência deste PEE‑BA; atendimento em Educação Especial para populações tradi-
cionais, populações de grupos itinerantes e de comunidades
6.4) estabelecer protocolo de medidas pedagógicas,
indígenas e quilombolas, em articulação com o Ministério
normatizado pelo Conselho Estadual de Educação e reiterado
da Educação – MEC;
pelos conselhos municipais de educação para garantir a am- 7.6) estabelecer e implantar, até o segundo ano de vi-
pliação do tempo de permanência dos estudantes na escola, gência deste PEE‑BA, mediante pactuação interfederativa,
sem distinção entre turnos e com perfil de sequenciamento diretrizes pedagógicas para a Educação Básica e a base
de atividades curriculares, integradas ou não com outros nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de
espaços educativos da sociedade; aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes para cada
6.5) fomentar a articulação da escola com os diferentes ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, respeitada
espaços educativos, culturais e esportivos e com equipamen- a diversidade regional, estadual e local;
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

tos públicos, como brinquedotecas, centros comunitários, 7.7) assegurar mecanismos de indução da melhoria da
bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas, proficiência dos estudantes do Ensino Fundamental e do
planetários e outros; Ensino Médio, em todas as escolas públicas por meio de
6.6) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação programas e processos destinados a esse objetivo;
da jornada escolar de estudantes matriculados nas escolas 7.8) estabelecer, em colaboração entre a União, o Estado
de Educação Básica, por meio da participação de entidades e os Municípios, um conjunto de indicadores de avaliação
da sociedade civil, de forma concomitante e em articulação institucional com base no perfil dos estudantes e do corpo
com a rede pública de ensino; de profissionais da educação, nas condições de infraestru-
6.7) incentivar a educação em tempo integral, para tura das escolas, nos recursos pedagógicos disponíveis, nas
pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvol- características da gestão e em outras dimensões relevantes,
vimento e altas habilidades na faixa etária de 04 (quatro) a considerando as especificidades das modalidades de ensino;
17 (dezessete) anos, estimulando atendimento educacional 7.9) induzir processo contínuo de autoavaliação das
escolas de Educação Básica, por meio da construção de ins-
especializado complementar e suplementar ofertado em
trumentos que orientem as dimensões a serem fortalecidas,
salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em
destacando‑se a elaboração de planejamento estratégico,
instituições especializadas; a melhoria contínua da qualidade educacional, a formação
6.8) estimular, nas escolas, projetos de enriquecimento continuada dos profissionais da educação e o aprimoramento
curricular de formação integral dos estudantes nas áreas da gestão democrática, até o quarto ano de vigência deste
de ciência, arte, música, cultura, esporte e cultura corporal, PEE‑BA;
com vistas ao desenvolvimento de habilidades, saberes e 7.10) fortalecer os processos de fomento ao apoio técnico
competências para a convivência, o  trabalho coletivo e a e financeiro para a gestão escolar, garantindo a participação
promoção do bem‑estar biopsicossocial; da comunidade escolar no planejamento e na aplicação des-
6.9) fortalecer os procedimentos de acesso à escola ses recursos, visando à consolidação da gestão democrática;
em tempo integral aos adolescentes que cumprem medida 7.11) garantir políticas de combate à violência na escola,
socioeducativa. por meio do desenvolvimento de ações destinadas a capa-

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citar profissionais da Educação Básica para detecção dos 8.5) incentivar programas para o desenvolvimento de
sinais de suas causas, dentre estas a violência doméstica e tecnologias para correção de fluxo, com ênfase no acompa-
sexual, favorecendo a adoção das providências adequadas nhamento pedagógico individualizado e na recuperação e
para promover a construção da cultura de paz e um ambiente progressão parcial, bem como priorizar apoio a estudantes
escolar dotado de segurança para a comunidade; com rendimento escolar defasado, considerando as es-
7.12) implementar políticas de inclusão e permanência pecificidades dos segmentos populacionais envolvidos na
na escola para adolescentes e jovens que se encontrem em respectiva correção de fluxo;
regime de privação de liberdade e em situação de rua, asse- 8.6) fortalecer os mecanismos de ampliação da oferta
gurando os princípios da Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho gratuita de Educação Profissional Técnica pública e de par-
de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente; cerias com as entidades privadas de serviço social e de for-
7.13) garantir, nos currículos escolares, conteúdos sobre mação profissional vinculadas ao sistema sindical, de forma
a história e as culturas afro‑brasileira e indígena, incluindo concomitante ao ensino ofertado na rede escolar pública,
a dos povos ciganos, assegurando‑se o cumprimento das para os segmentos populacionais considerados;
respectivas diretrizes curriculares nacionais, por meio de 8.7) promover o acompanhamento e o monitoramento
ações colaborativas com fóruns de educação e grupos do acesso à escola específicos para os segmentos popula-
étnico‑raciais, conselhos escolares, equipes pedagógicas e cionais identificados com sucessivos abandonos e variados
representantes da sociedade civil; motivos de absenteísmo, em parceria com as áreas de saúde
7.14) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil, e assistência social, em permanente colaboração interfe-
articulando a educação formal com experiências de educação derativa, para garantir a frequência e consolidar o apoio à
popular e cidadã, com o propósito de que a educação seja aprendizagem, ampliando o atendimento desses estudantes
assumida como responsabilidade de todos e de ampliar o na rede pública regular de ensino;
controle social sobre o cumprimento das políticas públicas 8.8) promover a busca ativa de jovens, adultos e idosos
educacionais; que não tiveram efetivado o direito à educação e se encon-
7.15) promover, com especial ênfase, em consonância tram fora da escola, em parceria com a assistência social,
com as diretrizes do Plano Estadual do Livro e da Leitura, saúde e justiça;
aprovado pelo Decreto nº 15.303, de 28 de julho de 2014, 8.9) intensificar a oferta regular da Educação de Jovens
a formação de leitores e leitoras e a capacitação de profes- e Adultos  – EJA em unidades prisionais e fortalecer a re-
sores. qualificação das unidades socioeducativas, de internação
ou de semiliberdade, com destaque para o reordenamento
Da Escolaridade Média da População gerencial e para a concepção curricular pertinentes, a serem
normatizados pelo Conselho Estadual de Educação;
Meta 8: Assegurar políticas para elevar a escolaridade 8.10) implementar atendimento educacional especia-
média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) lizado, complementar e suplementar, para o público da
anos, com vistas à continuidade de esforços para a redução Educação Especial matriculado na modalidade Educação de
da diferença entre o campo e áreas urbanas, nas regiões de Jovens e Adultos – EJA, em salas de recursos multifuncionais
da própria escola, de outra escola da rede pública ou em
menor escolaridade e com incidência de maiores níveis de
instituições conveniadas e centros de atendimento educa-
pobreza e entre negros e não negros declarados à Fundação
cional especializados;
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
8.11) estimular a oferta de componentes curriculares
Estratégias:
que tratem do ensino e da aprendizagem da Educação de
8.1) estimular a política de Educação de Jovens e Adul-
Jovens e Adultos – EJA nos projetos pedagógicos e matrizes
tos – EJA em todas as redes públicas de ensino, que contri-
curriculares dos cursos de graduação em licenciatura;
buam para ampliar a escolaridade da população baiana, com

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


8.12) convergir políticas de atendimento educacional
reforço nas condições de atendimento às especificidades; para os grupos sociais mais pobres do Estado, com as políticas
8.2) implementar programas de Educação de Jovens e assistenciais, de modo a potencializar o efeito do sistema
Adultos – EJA para os segmentos populacionais que estejam educativo sobre a redução da pobreza extrema na Bahia;
fora da escola e com defasagem idade/ano, associados a 8.13) fazer articulações entre sistemas de educação, para
estratégias que garantam a continuidade da escolarização ampliar e interiorizar a oferta de matrículas na Educação
após a alfabetização inicial, respeitadas as condições culturais de Jovens e Adultos – EJA, priorizando atingir as áreas mais
do campo e da cidade, do urbano e do rural, de maneira a remotas do Estado e atender às populações mais pobres e a
se assumirem as peculiaridades culturais como paradigma redução da desigualdade entre negros e não negros.
curricular;
8.3) promover articulações intersetoriais para expansão Da Alfabetização e do Analfabetismo
da escolaridade da população baiana, em parceria com as Funcional de Jovens e Adultos
áreas da ciência e tecnologia, saúde, trabalho, desenvolvi-
mento social e econômico, cultura e justiça, priorizando o Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com
apoio aos estudantes com rendimento escolar defasado e 15 (quinze) anos ou mais para 90% (noventa por cento), até
considerando‑se as particularidades dos segmentos popula- 2025, e reduzir a taxa de analfabetismo funcional, até o final
cionais específicos, ressaltada a integração com a Educação da vigência deste PEE‑BA.
Profissional; Estratégias:
8.4) estimular ordenamento escolar diferenciado, na 9.1) proceder ao levantamento de dados sobre a deman-
estrutura e funcionamento e no currículo, que garanta acesso da por Educação de Jovens e Adultos – EJA, na cidade e no
gratuito a exames de certificação de conclusão do Ensino campo, para subsidiar a formulação de uma política pública,
Fundamental e do Ensino Médio para os que não tiveram que garanta o acesso e a permanência de jovens, adultos e
oportunidade de matrícula à época da oferta regular ou idosos nesta modalidade, ampliando o acompanhamento de
para os que têm escolaridade deficitária, insuficiente ou metas, a avaliação e a fiscalização dos recursos destinados
incompleta; para este fim e assegurando a oferta gratuita da educação

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para jovens, adultos e idosos que respeite a diversidade dos Da Educação de Jovens e Adultos – EJA integrada à
sujeitos e suas múltiplas identidades; Educação Profissional
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com Ensino
Fundamental e Ensino Médio incompletos, para identificar a Meta 10: Ampliar a oferta em 25% (vinte e cinco por
demanda por vagas na Educação de Jovens e Adultos – EJA, cento), das matrículas de Educação de Jovens e Adultos –
realizando as chamadas públicas regulares para matrícula e EJA, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, na forma
promovendo a busca ativa, em colaboração com os entes integrada à Educação Profissional.
federados e em parceria com organizações da sociedade civil; Estratégias:
9.3) ampliar as redes e aumentar alianças e parcerias para 10.1) expandir a oferta da Educação Profissional in-
a consolidação de uma política pública que tenha o objetivo tegrada à Educação de Jovens e Adultos – EJA, nos níveis
de superar a perspectiva restrita da alfabetização, caminhan- Fundamental e Médio, em cursos planejados, inclusive na
do na direção da consolidação de uma política que inclua a modalidade de Educação à Distância, de acordo com as
alfabetização no âmbito da Educação de Jovens e Adultos – características do público e considerando as especificidades
EJA, promovendo a continuidade entre uma e outra; das populações itinerantes e do campo, das comunidades
9.4) realizar processos contínuos de formação de alfabe- indígenas, quilombolas, das comunidades tradicionais e dos
tizadores, em diálogos com as práticas cotidianas de sala de
privados de liberdade;
aula e com uma relação de interdependência entre a teoria e
10.2) implementar programas de formação profissio-
a prática, garantindo a observância de princípios fundamen-
nal para a população jovem e adulta, direcionados para
tais que orientam a formação de educadores da Educação de
Jovens e Adultos – EJA na perspectiva da Educação Popular; os segmentos com baixos níveis de escolarização formal,
9.5) efetuar avaliação cognitiva dos alfabetizandos do campo e da cidade, bem como para os (as) estudantes
jovens, adultos e idosos, baseada na matriz de referência com deficiência, articulando os sistemas de ensino, a Rede
do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, de- Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
vidamente adaptada à realidade da Educação de Jovens e as universidades, as centrais e sindicatos de trabalhadores,
Adultos – EJA; as cooperativas e as associações, por meio de ações de exten-
9.6) executar ações complementares de atendimento ao são desenvolvidas em centros tecnológicos, com tecnologias
estudante da Educação de Jovens e Adultos – EJA, por meio assistivas que favoreçam a efetiva inclusão social;
de programas suplementares de transporte, alimentação e 10.3) fomentar a produção de material didático, o de-
saúde, inclusive atendimento oftalmológico e fornecimento senvolvimento de currículos e de metodologias específicas,
gratuito de óculos e cirurgias eletivas, em articulação com os instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e
a área da saúde; laboratórios e a formação inicial e continuada de docentes
9.7) apoiar projetos inovadores na Educação de Jovens e das redes públicas que atuam na Educação de Jovens e
Adultos – EJA que visem ao desenvolvimento de modelos Adultos – EJA integrada à Educação Profissional;
adequados às necessidades específicas desses estudantes, 10.4) fomentar a diversificação curricular da Educação
nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino; Profissional articulada à Educação de Jovens e Adultos  –
9.8) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem EJA, promovendo a interrelação entre teoria e prática nos
os segmentos empregadores, públicos e privados, e os eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia, da cultura e da
sistemas de ensino, para promover a compatibilização da cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço peda-
jornada de trabalho dos empregados com a oferta das ações gógicos adequados às características e necessidades dos
de alfabetização e de Educação de Jovens e Adultos – EJA; jovens e adultos;
9.9) promover a integração da Educação de Jovens e 10.5) implementar e ampliar mecanismos de reconhe-
Adultos  – EJA com políticas públicas de saúde, trabalho, cimento e valorização dos saberes e experiências de jovens
meio ambiente, cultura e lazer, entre outros, na perspectiva e adultos trabalhadores, adquiridos em contextos externos
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

da formação integral dos cidadãos; ao espaço escolar, a serem considerados na integralização


9.10) fazer proposições de programas colaborativos curricular nos cursos de formação inicial e continuada e nos
de capacitação tecnológica da população jovem e adulta, cursos técnicos de nível médio, por meio do aproveitamento
direcionados para os segmentos com baixos níveis de es- de estudos ou de certificação profissional.
colarização formal e para os estudantes com deficiência,
articulando os sistemas de ensino, a Rede Federal de Educa-
Da Educação Profissional
ção Profissional, Científica e Tecnológica, as universidades,
as cooperativas e as associações, por meio de ações de ex-
Meta 11: Ampliar as matrículas da Educação Profissional
tensão desenvolvidas em centros vocacionais tecnológicos,
com tecnologias assistivas que favoreçam a efetiva inclusão Técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e
social e produtiva dessa população; pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no
9.11) articular parcerias intersetoriais entre as políticas segmento público.
de Educação de Jovens e Adultos – EJA e as políticas culturais, Estratégias:
para que estudantes e educadores e profissionais da EJA se- 11.1) expandir a oferta de Educação Profissional Técnica
jam beneficiados por ações que permitam o acesso à expres- de nível médio na rede pública estadual de ensino, com ên-
são e à produção cultural, em suas diferentes linguagens e fase nas modalidades integradas, de modo que a proporção
expandindo possibilidades de oferta da Educação Profissional de técnicos na população economicamente ativa se aproxime
da área cultural para a EJA, em plena aderência com a Lei da demandada pelo mundo do trabalho;
Federal nº 13.018, de 22 de julho de 2014, que dispõe sobre 11.2) articular a expansão das matrículas de Educação
a Política Nacional de Cultura Viva; Profissional Técnica de nível médio na Rede Federal de
9.12) garantir aumento progressivo da matrícula de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, levando em
egressos de programas de alfabetização de jovens e adul- consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação
tos, nos níveis seguintes da Educação Básica e da Educação territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais
Profissional, tendo em vista a continuidade dos estudos e a e culturais, locais e regionais, bem como a interiorização da
elevação da escolaridade desses sujeitos. Educação Profissional;

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11.3) expandir o atendimento da Educação Profissional a formação dos profissionais que atuam nos cursos técnicos
integrada ao Ensino Médio para as populações do campo e de nível médio e de qualificação profissional;
para as comunidades indígenas, quilombolas e povos das 11.17) articular com as IES o prosseguimento do percurso
comunidades tradicionais, de acordo com as expectativas formativo dos concluintes dos cursos técnicos de nível médio
territoriais e escuta das representações institucionais dessas com os respectivos cursos superiores análogos;
comunidades; 11.18) mapear, de forma contínua, a  demanda e fo-
11.4) reduzir as desigualdades étnico‑raciais e regionais, mentar a oferta de formação de pessoal técnico de nível
com destaque para as peculiaridades do campo e da cidade, médio, considerando as necessidades do desenvolvimento
da cultura local e da identidade territorial, no acesso e per- do Estado, particularmente do semiárido e das manchas de
manência na Educação Profissional Técnica de nível médio, pobreza extrema.
inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na
forma da lei, no âmbito do Sistema Estadual de Ensino da Da Educação Superior
Educação Básica;
11.5) estimular a oferta da Educação Profissional Tec- Meta 12: Focalizar o crescimento gradativo da taxa líqui-
nológica, de Graduação e de Pós‑Graduação, em integração da de matrícula na Educação Superior, a partir da vigência
com a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e deste PEE – BA, de maneira que se atinja a taxa de 12% (doze
Tecnológica e com as instituições universitárias de Educação por cento) em relação à população estimada de 18 (dezoito)
Superior, levando em consideração a responsabilidade dos a 24 (vinte e quatro) anos de idade no ano de 2025, contri-
Institutos na ordenação territorial, sua vinculação com ar- buindo para equilibrar a meta nacional e, do mesmo modo,
ranjos produtivos, sociais e culturais, locais e regionais, bem concentrar esforços para que a taxa bruta de matrícula se
como a interiorização da Educação Profissional; situe em torno de 30% (trinta por cento) nesse mesmo ano.
11.6) fomentar a expansão da oferta de Educação Pro- Estratégias:
fissional técnica de nível médio na modalidade de Educação 12.1) coordenar com as IES públicas e privadas o propó-
à Distância, com a finalidade de ampliar o atendimento e sito da expansão do acesso à Educação Superior, tendo, no
democratizar o acesso à Educação Profissional pública e horizonte, o esforço progressivo para se proporcionar a ele-
gratuita, assegurando padrão de qualidade; vação de ambas as taxas de matrícula, alinhada à expansão
11.7) estimular a expansão do estágio na Educação Pro- com o respeito à natureza institucional das IES, às respectivas
fissional Técnica de nível médio, preservando‑se seu caráter demandas de cada região onde estão inseridas e novos for-
pedagógico integrado ao itinerário formativo do aluno, matos de mecanismos de acesso ao Ensino Superior;
12.2) estimular a formação de profissionais da educação
visando à formação de qualificações próprias da atividade
na perspectiva de participação nos processos de atendimento
profissional, à contextualização curricular e ao desenvolvi-
específico a populações do campo, comunidades indígenas e
mento da juventude;
quilombolas, a povos ciganos, a comunidades tradicionais e
11.8) fomentar a oferta pública de certificação profissio-
a pessoas com deficiência, transtornos do desenvolvimento
nal como reconhecimento de saberes para fins de validação,
e altas habilidades;
em parte ou no todo, da qualificação profissional e dos
12.3) articular um fórum de interlocução entre as insti-
cursos técnicos; tuições públicas que atuam na Educação Superior, no âmbito
11.9) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de Edu- de suas ações de ensino, pesquisa e extensão, fundado no
cação Profissional Técnica de nível médio pelas entidades fortalecimento da colaboração interfederativa, no pacto
privadas de formação profissional vinculadas ao sistema cooperativo e no diálogo interinstitucional, na reafirmação
sindical e entidades sem fins lucrativos de atendimento à das competências instituídas pela Lei Federal nº 9.394, de
pessoa com deficiência; 20 de dezembro de 1996 – LDB, e pelo disposto no art. 214
11.10) estruturar sistema de avaliação da qualidade

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


da Constituição Federal;
da Educação Profissional Técnica de nível médio das redes 12.4) incentivar programa específico de formação de
escolares públicas e privadas; professores e outros profissionais da educação para escolas
11.11) expandir a oferta de Educação Profissional Técnica urbanas e do campo, das comunidades indígenas e quilom-
de nível médio para as pessoas com deficiência, transtornos bolas, dos povos das comunidades tradicionais, bem como
globais do desenvolvimento e altas habilidades; para a Educação Especial, em conjunto com as IES públicas –
11.12) estruturar sistema estadual de informação pro- universitárias ou não;
fissional, articulando a oferta de formação das instituições 12.5) encaminhar protocolo de referência para o Governo
especializadas em Educação Profissional aos dados do mer- Federal, no sentido de buscar ampliação para as políticas de
cado de trabalho e às consultas promovidas em entidades inclusão e de assistência estudantil dirigidas aos discentes
empresariais e de trabalhadores; de instituições públicas de Educação Superior baianas, com
11.13) ofertar cursos de Educação Profissional aos es- destaque aos estudantes das universidades estaduais;
tudantes em cumprimento de medidas socioeducativas, 12.6) incentivar a ampliação da oferta de estágio supervi-
observando as ressalvas da legislação vigente; sionado como experiência formativa curricular nos projetos
11.14) articular a oferta de Educação Profissional com pedagógicos e matrizes curriculares da Educação Superior,
o sistema público de emprego, trabalho e renda, com as estimulando o intercâmbio entre as instituições de Educação
políticas de desenvolvimento territorial e com as ações de Superior, conforme previsto na Lei Federal nº 11.788, de 25
inclusão produtiva, municipais, estaduais e federais; de setembro de 2008;
11.15) organizar serviços de orientação profissional para 12.7) fomentar programas que assegurem maior parti-
divulgação da Educação Profissional no último ano do Ensino cipação proporcional de grupos historicamente desfavore-
Fundamental; cidos na Educação Superior, mediante a adoção de políticas
11.16) promover, em parceria com as Instituições de afirmativas;
Ensino Superior – IES e os Institutos Federais de Educação, 12.8) estimular condições de acessibilidade física, co-
Ciência e Tecnologia, oferta de cursos de Licenciatura e municacionais e didático‑pedagógicas, de forma a garantir o
Pós‑Graduação na área de Educação Profissional, priorizando desenvolvimento curricular aos estudantes com deficiência e

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demais grupos, público‑alvo da Educação Especial, conforme potencializar a atuação regional, inclusive por meio de plano
legislação em vigor; de desenvolvimento institucional integrado, assegurando
12.9) fomentar estudos e pesquisas referentes à neces- maior visibilidade territorial às atividades de ensino, pesquisa
sidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa e e extensão;
mundo do trabalho, considerando as necessidades econô- 13.5) incentivar a requalificação dos currículos dos cursos
micas, sociais e culturais da Bahia e do Brasil; de graduação no âmbito do Estado, assegurando mobilidade
12.10) mapear a demanda e fomentar a oferta de forma- estudantil e observância dos princípios da flexibilidade, da
ção de pessoal de nível superior, destacadamente no que se interdisciplinaridade, da transversalidade, da contextualiza-
refere à formação nas áreas de ciências e ciências aplicadas, ção e da curricularização da pesquisa e da extensão;
matemática e licenciaturas, considerando as necessidades 13.6) consolidar o processo contínuo de autoavaliação
do desenvolvimento do Estado, a inovação tecnológica e a das instituições estaduais de Educação Superior, fortale-
melhoria da qualidade da Educação Básica, em permanente cendo a participação das Comissões Próprias de Avaliação,
diálogo com os sistemas de ensino, como dispõe o art. 51 requalificando as diretrizes do Sistema Nacional de Avaliação
da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – LDB; da Educação Superior – SINAES, instituído pela Lei Federal
12.11) estimular programa de composição de acervo nº 10.861, de 14 de abril de 2004;
digital de referências bibliográficas, produção de materiais 13.7) discutir com o Conselho Estadual de Educação
didáticos e audiovisuais, para os cursos da Educação Supe- novos formatos para o reconhecimento dos cursos de
rior, assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência; Graduação que possam ser utilizados pelas universidades
12.12) aprimorar e consolidar a oferta de vagas no âmbito estaduais para dar agilidade aos procedimentos correlatos
da Universidade Aberta do Brasil – UAB; a essa finalidade legal;
12.13) estimular mecanismos, visando otimizar a ca- 13.8) estruturar medidas de estímulo à inovação cien-
pacidade instalada das instituições públicas de Educação tífica e tecnológica e de proteção jurídica nas instituições
Superior, mediante ações articuladas e coordenadas para de Educação Superior às produções científica, tecnológica e
consolidar a interiorização do acesso à Graduação e diver- artística, viabilizando registros de patentes e de propriedade
sificar alternativas de acesso, permanência e garantia de intelectual;
sucesso no percurso formativo, para que, ao final deste Plano, 13.9) fortalecer as redes físicas de laboratórios multifun-
a cobertura de acesso para a população de 18 (dezoito) a cionais das IES e ICT nas áreas estratégicas definidas pelas
24 (vinte e quatro) anos tenha incremento de 22% (vinte e políticas nacionais de ciência, tecnologia e inovação.
dois por cento);
12.14) discutir com as IES procedimentos que contribuam Da Pós‑Graduação
para difundir a participação de estudantes em programas de
extensão universitária, de modo orientado para as áreas de
Meta 14: Fortalecer o aumento gradual do número de
grande pertinência social, avaliadas conjuntamente entre
matrículas na Pós‑Graduação stricto sensu, de modo a atingir
IES, órgãos públicos e secretarias de governo.
a titulação anual de 1.900 (um mil e novecentos) mestres e
Da Titulação de Professores da Educação Superior
500 (quinhentos) doutores, de maneira contínua e gradativa.
Meta 13: Elevar a qualidade da Educação Superior e am-
Estratégias:
pliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente
em efetivo exercício no conjunto do sistema de Educação 14.1) articular com as Instituições de Educação Superior –
Superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do IES a construção de um plano estratégico para cobertura
total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores. de demandas para expansão de matrículas em cursos de
Estratégias: Pós‑Graduação, com destaque para a educação do campo,
13.1) propor diálogos sobre as formas de consolidar a dis- quilombola, indígena, de comunidades tradicionais e de
povos ciganos, Educação Especial, dos privados de liberdade,
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

posição do quadro de mestres e doutores da rede pública de


Educação Superior e estabelecer mecanismos cooperativos educação científica e alfabetização;
entre instituições públicas de Educação Superior, bem como 14.2) fomentar a articulação entre as universidades e os
projetos e programas que assegurem o desenvolvimento institutos federais, objetivando a oferta de Pós‑Graduação
regional no Estado e que contribuam para a sustentabilidade stricto sensu voltada para as áreas prioritárias de desenvol-
da bioprodução baiana, colaborem na preservação ambien- vimento integrado do Estado, particularizando as vocações
tal e acionem mecanismos auto‑reguladores para supervisão intrarregionais e interregionais;
e ação sobre problemas sociais, da saúde e da educação, 14.3) estimular o planejamento do conjunto dos cam-
sempre em articulação e consonância com outras políticas pos para formação de mestres e doutores, consideradas
públicas, como a de formação de professores, a ambiental, as necessidades do desenvolvimento territorial baiano, da
a de inovação e a de desenvolvimento regional; convivência com o semiárido e mitigação dos efeitos da seca,
13.2) estimular a permanência de mestres e doutores da gestão dos recursos hídricos e ambientais, da biodiver-
das IES junto aos cursos de formação de professores – inicial sidade e da geração de emprego e renda, construindo, de
e continuada  – nos respectivos cursos de licenciatura, de forma coletiva, esse plano de formação junto às IES baianas;
forma que se insira no percurso formativo a discussão sobre 14.4) estimular a integração e a atuação articulada
a inclusão dos indicadores educacionais e as consequências entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
da recursividade dos baixos indicadores para a sociedade; Nível Superior – CAPES e as agências estaduais de fomento
13.3) fomentar a melhoria da qualidade dos cursos de à pesquisa;
pedagogia e de licenciaturas e a articulação com as redes 14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades
de Educação Básica, de modo a possibilitar aos graduandos étnico‑raciais e regionais e para favorecer o acesso das
a aquisição das qualificações necessárias para conduzir o populações do campo e das comunidades indígenas e qui-
processo pedagógico escolar, combinando formação geral e lombolas a programas de Mestrado e Doutorado;
específica com a prática docente; 14.6) fomentar a expansão do programa de acervo digital
13.4) impulsionar a formação de consórcios de institui- de referências bibliográficas para os cursos de Pós‑Gradua-
ções públicas e privadas de Educação Superior, com vistas a ção, assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência;

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14.7) estimular a participação das mulheres nos cursos de 15.8) consolidar ações de natureza interinstitucional
Pós‑Graduação stricto sensu, em particular aqueles ligados que reforcem os objetivos da Lei Federal nº 10.639, de 09
às áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, Infor- de janeiro de 2003, e  da Lei Federal nº  11.645, de 10 de
mática e outros no campo das ciências em que as mulheres março de 2008, com inclusão curricular dos objetos a que
ainda sejam a minoria; se referem essas Leis, em articulação com os sistemas de
14.8) fomentar pesquisas, com foco em desenvolvimento Educação Básica;
e estímulo à inovação, bem como incrementar a formação 15.9) promover em articulação com as IES o reconheci-
de recursos humanos para a inovação nos Territórios de mento da escola de Educação Básica e demais instâncias da
Identidade e nos Municípios; educação como espaços estratégicos da formação inicial e
14.9) estimular programas de incentivo à cooperação en- continuada dos professores e dos demais profissionais do
tre empresas, IES e ICT, de modo a incrementar a inovação e a magistério;
produção e respectivos registros de patentes, estimulando‑se 15.10) fomentar as IES para a ampliação da oferta de
o desenvolvimento de tecnologia para gestão de recursos. cursos de formação inicial e continuada de professores para
a educação escolar indígena, do campo, quilombola, das
Da Formação de Professores comunidades tradicionais, da educação de jovens e adultos,
inclusive para privados de liberdade, considerando o ensino
Meta 15: Articular a continuidade do Plano Nacional intercultural e bilíngue, a diversidade cultural, o desenvol-
de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR, vimento regional e as especificidades étnico‑culturais e
em regime de colaboração entre a União, o Estado e os circunstanciais de cada comunidade ou de grupos;
Municípios, visando atingir a expectativa de que todos os 15.11) promover o avanço das discussões sobre o finan-
professores da Educação Básica possuam formação específica ciamento estudantil de estudantes matriculados em cursos
de nível superior, obtida em curso de Licenciatura na área de licenciatura com avaliação positiva pelo Sistema Nacional
de conhecimento em que atuam. de Avaliação da Educação Superior – SINAES, respeitando‑se
Estratégias: o disposto pela Lei Federal nº 10.861, de 14 de abril de 2004;
15.1) planejar a disponibilização de vagas em programas 15.12) oferecer apoio técnico‑pedagógico aos programas
contínuos de aperfeiçoamento da docência para docentes de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos
do nível da Educação Básica, em quaisquer das modalidades, de licenciatura, a fim de aprimorar a formação de profissio-
com o fito de aprofundar a compreensão sobre a aceitação nais para atuar no Magistério da Educação Básica;
das diferenças, da marca cultural e da sempre possível con- 15.13) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
vivência democrática entre os grupos humanos distintos cursos de formação de nível médio e superior dos profis-
entre si, com atenção especial para a educação do campo, sionais da educação, visando ao trabalho sistemático de
educação escolar indígena, educação quilombola, educação articulação entre a formação acadêmica e as demandas da
especial, educação prisional e atendimento socioeducativo; Educação Básica;
15.2) estimular a melhoria da qualidade dos cursos de 15.14) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível
pedagogia e licenciaturas, por meio de discussões perma- médio e tecnológicos de nível superior destinados à forma-
nentes com as IES, de modo a consolidar a aquisição das ção, nas respectivas áreas de atuação, dos profissionais da
qualificações necessárias para conduzir os diversos processos educação de outros segmentos que não os do magistério,
pedagógicos que combinem formação geral e específicas, no prazo de cinco anos de vigência do PEE‑BA;
em reciprocidade com o princípio pedagógico da contextu- 15.15) assegurar que as questões de diversidade cultural,
alidade, da interdisciplinaridade, da simetria invertida, da étnica, religiosa e sexual sejam tratadas como temáticas nos
residência docente e da articulação entre formação acadêmi- currículos de formação inicial e continuada de professores,
ca e base nacional comum do currículo da Educação Básica; sob égide do Plano Nacional de Educação em Direitos Huma-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


15.3) reprogramar, em regime de colaboração entre nos e das diretrizes nacionais para a educação em direitos
União, Estado e Municípios, as ações do Plano Estratégico humanos emanadas pelo Conselho Nacional de Educação;
de Formação de Profissionais do Magistério da Rede Públi- 15.16) promover programas de formação inicial e con-
ca de Educação Básica, de modo que assegure a formação tinuada dos profissionais e de todos os atores que atuam
em licenciatura a todos os professores, até o último ano de na educação prisional ou no atendimento socioeducativo.
vigência deste PEE‑BA;
15.4) fomentar, nas IES, a criação e a consolidação dos Fó- Da Formação Continuada e
runs de Licenciatura e Comitês Gestores de Formação Inicial Pós‑Graduação de Professores
e Continuada de Professores, institucionalizando essas ins-
tâncias, até o fim do primeiro ano de vigência desse PEE‑BA, Meta 16: Formar, em nível de Pós‑Graduação, 50% (cin-
de modo a incluí‑los nos projetos institucionais de cada IES; quenta por cento) dos professores da Educação Básica, até
15.5) criar um banco de dados referente à necessidade de o último ano de vigência deste PEE‑BA, e garantir a todos os
formação de docentes e não docentes, por nível de ensino, profissionais da Educação Básica formação continuada em
etapas e modalidades da educação, até o fim do primeiro sua área de atuação, considerando as necessidades, deman-
ano de vigência desse PEE; das e contextualizações dos sistemas de ensino.
15.6) estimular o desenvolvimento de modelos de for- Estratégias:
mação docente para a Educação Profissional que valorizem 16.1) realizar, até o segundo ano de vigência deste
a experiência prática, por meio da oferta, nas redes federal PEE‑BA, em regime de colaboração, o diagnóstico e o pla-
e estaduais de Educação Profissional, de cursos voltados à nejamento estratégico para dimensionamento da demanda
complementação e à certificação didático‑pedagógica de por formação continuada de professores da Educação Básica
profissionais experientes; do Estado e dos Municípios, ficando o Fórum Estadual Per-
15.7) estimular programa de formação para produção e manente de Apoio à Formação Docente como núcleo para
uso de tecnologias e conteúdos multimidiáticos para o con- organizar o citado plano estratégico;
texto das novas tecnologias educativas, garantindo acesso 16.2) instituir áreas prioritárias para a Política Estadual
aberto aos mesmos e sua disseminação coletiva; de Formação de Docentes da Educação Básica, sob aval do

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Conselho Estadual de Educação e colaboração da União documentada, a  decisão pela efetivação após o estágio
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME probatório;
e da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação – III. atender, no Estado, e recomendar aos Municípios e
UNCME, no âmbito da discussão estadual sobre a formação redes privadas de ensino que, nos Planos de Carreira dos
docente e as necessidades do Sistema Estadual de Ensino; profissionais da educação, constem indicações para incen-
16.3) fortalecer o Plano Estadual do Livro e da Leitura, tivos resultantes de processos para formação continuada,
aprovado pelo Decreto nº 15.303, de 28 de julho de 2014, com definições das prioridades para as licenças e padrões
vinculando‑o à formação continuada de docentes e instituin- para a formalização desses incentivos, de modo associado ao
do‑o como dispositivo de referência aos sistemas de ensino, aumento da proficiência dos estudantes, da permanência e
para consolidar a prática de leitura e de formação de leitores, da conclusão de escolaridade no tempo certo e ao final de
de modo especial à área das linguagens; cada etapa;
16.4) articular, em colaboração entre o Estado, os Municí- IV. fomentar a criação e a implementação dos Planos de
pios e a União, a oferta especial de cursos de Pós‑Graduação Carreira dos profissionais da rede particular de Educação
para a formação de professores de LIBRAS, português escrito Básica, por intermédio de normativa do Conselho Estadual
para surdos como segunda língua, desde a alfabetização até de Educação;
os anos iniciais, bem como de professores alfabetizadores V. promover a integração de ações que visem garantir,
para atendimento educacional especializado, para qualquer por meio de ação colaborativa entre os entes federados,
modalidade da Educação Básica, incluídas obras de literatura o cumprimento da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional.
e dicionários.
Da Gestão Democrática
Da Valorização do Professor
Meta 19: Estimular a discussão sobre a regulamentação
Meta 17: Valorização dos docentes das redes públicas acerca da gestão democrática da educação, com vistas à
da Educação Básica em conformidade com o conjunto de garantia da sua consolidação associada a critérios técnicos
medidas regulamentares à disposição constitucional que de mérito e desempenho e à consulta ampla à comunidade
pressupõe Planos de Carreira definidos em lei, ingresso por escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos
concurso público de provas e títulos, composição da jornada e apoio técnico da União, do Estado e dos Municípios.
de trabalho e formação continuada. Estratégias:
Estratégias: 19.1) regulamentar, no âmbito do Estado, a nomeação
I. incentivar a implementação de política de atenção dos Diretores de escolas, estabelecendo critérios técnicos
à saúde para os profissionais da educação, com ênfase na de mérito e desempenho, bem como a participação da
prevenção de doenças decorrentes do trabalho, destacando comunidade escolar, destacando‑se a atenção à gestão
as relacionadas com a saúde vocal, a saúde mental e os dis- pedagógica em que se inserem a supervisão da aprendiza-
túrbios osteomusculares, por meio de medidas de promoção gem, a organização do ensino, a valorização do colegiado/
da saúde, numa perspectiva biopsicossocial e com ações conselho escolar, o  pleno cumprimento do período letivo
intersetoriais de saúde, educação e assistência social; diário, o plano coletivo de recomposição de competências
II. incluir, nos cursos de formação continuada de profes- não desenvolvidas pelos estudantes, a organização das ações
sores, a temática Educação para a Saúde, com foco na saúde didáticas e a requalificação dos horários destinados ao pla-
do trabalhador da educação; nejamento, no conjunto das suas atividades;
III. observar os resultados do acompanhamento, a ser 19.2) ampliar, em colaboração com a União, programas
feito pela União, do avanço salarial dos profissionais da de apoio e formação de conselheiros dos Conselhos Estadual
educação pública do Estado, considerando os indicadores e Municipais de Educação, do Conselho de Acompanhamento
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

apontados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí- e Controle Social do Fundo Nacional de Desenvolvimento
lios – PNAD, com a finalidade explícita da gestão da política da Educação Básica  – FUNDEB, dos conselhos de alimen-
salarial; tação escolar, com garantia das condições necessárias ao
IV. articular, em conjunto com a União, a implementação funcionamento pleno desses colegiados, com vistas ao bom
de políticas de valorização dos profissionais do Magistério; desempenho de suas funções;
V. estimular as redes públicas de Educação Básica para 19.3) incentivar os Municípios a constituírem Fóruns
instituírem o acompanhamento pedagógico dos profissionais Permanentes de Educação, com o intuito de organizar e coor-
iniciantes. denar as conferências municipais, bem como para efetuar o
acompanhamento da execução do PNE, deste PEE‑BA e de
Do Plano de Carreira seus respectivos planos de educação;
19.4) incentivar, em todas as redes de Educação Básica,
Meta 18: Estimular, no prazo de 02 (dois) anos, a existên- a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e
cia de Planos de Carreira para os profissionais da Educação de associações de pais e mães de estudantes, asseguran-
Básica pública, tomando como referência o piso salarial do‑se‑lhes, inclusive, espaços adequados e condições de
nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do funcionamento nas escolas e, ainda, fomentando a sua ar-
inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. ticulação orgânica com os colegiados e conselhos escolares,
Estratégias: por meio das respectivas representações;
I. considerar as especificidades socioculturais das esco- 19.5) fomentar a constituição e o fortalecimento de
las do campo e das comunidades indígenas, quilombolas e conselhos escolares e de conselhos municipais de educação,
comunidades tradicionais no provimento de cargos efetivos como instrumentos de supervisão da gestão escolar e de fun-
para essas escolas; cionamento da unidade escolar, assegurando‑se condições
II. implantar, no Estado, e recomendar às redes públi- de funcionamento autônomo;
cas municipais de Educação Básica o acompanhamento 19.6) estimular a participação e a consulta a profissio-
dos profissionais iniciantes, supervisionados por equipes nais da educação, a estudantes e aos seus familiares para
experientes, a fim de fundamentar, com base em avaliação a formulação dos projetos político‑pedagógicos, planos de

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gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a par- 20.8) colaborar para que seja implantado nos sistemas
ticipação dos pais e mães na avaliação do funcionamento públicos o Custo Aluno‑Qualidade inicial – CAQi, no contexto
da escola e no cumprimento do seu papel na formação das da formulação nacional deste parâmetro e salvaguardado o
crianças e jovens; princípio dos reajustes indispensáveis à proteção financeira
19.7) desenvolver programas de formação de gestores para o sucesso do processo de ensino e de aprendizagem,
escolares com vistas ao processo de conciliação do plano de à luz da implantação plena do Custo Aluno‑Qualidade – CAQ;
gestão com resultados educacionais, em que se dê destaque 20.9) desenvolver, por meio de articulações interse-
aos direitos de aprendizagem e cumprimento das rotinas toriais, estudos, formas de controle e acompanhamento
de fluxo das aulas, à consolidação de boas práticas e inter- regular da aplicação de investimentos de custo por aluno
venções pedagógicas nos currículos de modo a subsidiar a da Educação Básica, da Educação Profissional e da Educação
definição de critérios objetivos para o provimento dos cargos; Superior públicas;
19.8) promover, fortalecer e apoiar iniciativas de enfren- 20.10) aperfeiçoar o gerenciamento dos recursos desti-
tamento ao uso do álcool e outras substâncias psicoativas em nados à educação no Estado e nos Municípios, mediante a
ambientes escolares, na perspectiva da redução de danos. formação de gestores das redes públicas estadual e munici-
pais, com vistas à melhoria contínua do uso legal e eficiente
Do Financiamento da Educação dos recursos públicos, nos termos dispostos pelo Título VII
da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – LDB;
Meta 20: Assegurar os recursos financeiros para cumpri- 20.11) estimular os segmentos que integram cada comunida-
mento das metas de competência do Estado estabelecidas de escolar a realizarem consultas aos portais de transparên-
por este Plano Estadual de Educação, buscando‑se ampliar cia das receitas e despesas do total de recursos destinados
o investimento público em educação e consolidar o disposto ao funcionamento dos sistemas de educação no âmbito do
no art. 159 da Constituição do Estado da Bahia, incluindo este Estado e, também, a desempenharem papel ativo na fisca-
PEE‑BA no contexto dos programas de duração continuada. lização da aplicação desses recursos, por meio de conselhos
Estratégias: civis, assessoramento do Ministério Público e colaboração
20.1) promover a avaliação da porcentagem de investi- técnica do Tribunal de Contas do Estado da Bahia.
mento e custeio em educação, a cada 02 (dois) anos, consi-
derados os investimentos em cada nível da oferta, para se
obter, de modo permanente, a supervisão das necessidades
O DIREITO À EDUCAÇÃO NA
financeiras para o cumprimento das metas do PEE‑BA, em CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LDBEN
discussão com os Poderes Legislativo e Executivo;
20.2) otimizar a destinação de recursos à manutenção e O direito à educação está previsto nos arts. 205 a 214, da
ao desenvolvimento do ensino aos recursos vinculados, nos Constituição Federal, que trata da Ordem Social.
termos do art. 212 da Constituição Federal;
20.3) pactuar o Estado com os Municípios, sob aval TÍTULO VIII
do regime de colaboração com a União, na formulação de (...)
estratégias que assegurem novas fontes de financiamento CAPÍTULO III
permanentes e sustentáveis para todas as etapas e modali- Da Educação, da Cultura e do Desporto
dades da Educação Básica;
20.4) consolidar a capacidade de atendimento e do esfor- Seção I
ço fiscal do Estado e dos Municípios, com vistas a atender às Da Educação
suas demandas educacionais, à luz das normativas nacionais,
com destaque para a Lei Federal nº 11.494, de 20 de junho Art.  205. A  educação, direito de todos e dever do

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


de 2007, que regulamenta o FUNDEB; Estado e da família, será promovida e incentivada
20.5) garantir mecanismos de articulação entre o Plano com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
Nacional de Educação – PNE, o Plano Estadual de Educação desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exer-
e cada Plano Municipal de Educação, no âmbito do Estado cício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
da Bahia, para que os instrumentos orçamentários utiliza- Art.  206. O  ensino será ministrado com base nos
dos pelos entes federados – Plano Plurianual – PPA, Lei de seguintes princípios:
Diretrizes Orçamentárias - I – igualdade de condições para o acesso e perma-
LDO e Lei de Orçamento Anual – LOA – sejam harmônicos nência na escola;
e sistemicamente vinculados entre si, de modo a sublinhar II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-
procedimentos técnicos que assegurem o cumprimento das gar o pensamento, a arte e o saber;
metas e estratégias deste PEE‑BA; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógi-
20.6) regulamentar a destinação dos recursos advindos cas, e coexistência de instituições públicas e privadas
da exploração de petróleo e gás natural para a manutenção de ensino;
e desenvolvimento da educação pública no Estado da Bahia, IV  – gratuidade do ensino público em estabeleci-
em conformidade com o disposto na Lei Federal nº 12.858, mentos oficiais;
de 09 de setembro de 2013; V – valorização dos profissionais da educação escolar,
20.7) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
assegurem a transparência e o controle social na utilização ingresso exclusivamente por concurso público de
dos recursos públicos aplicados em educação, especialmente provas e títulos, aos  das redes públicas;  (Redação
a realização de audiências públicas, a criação de portais ele- dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
trônicos de transparência e a capacitação dos membros de VI – gestão democrática do ensino público, na forma
conselhos de acompanhamento e controle social do FUNDEB, da lei;
com a colaboração entre o Ministério da Educação, a Secreta- VII – garantia de padrão de qualidade;
ria da Educação, as secretarias de educação dos Municípios e VIII – piso salarial profissional nacional para os pro-
os Tribunais de Contas da União, do Estado e dos Municípios; fissionais da educação escolar pública, nos termos

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de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional § 2º O ensino fundamental regular será ministrado
nº 53, de 2006) em língua portuguesa, assegurada às comunidades
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de indígenas também a utilização de suas línguas mater-
trabalhadores considerados profissionais da educa- nas e processos próprios de aprendizagem.
ção básica e sobre a fixação de prazo para a elabo- Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
ração ou adequação de seus planos de carreira, no Municípios organizarão em regime de colaboração
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e seus sistemas de ensino.
dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
nº 53, de 2006) o dos Territórios, financiará as instituições de ensino
Art.  207. As  universidades gozam de autonomia públicas federais e exercerá, em matéria educacional,
didático‑científica, administrativa e de gestão finan- função redistributiva e supletiva, de forma a garantir
ceira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de equalização de oportunidades educacionais e padrão
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. mínimo de qualidade do ensino mediante assistência
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. (In‑ aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Consti‑
cluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996) tucional nº 14, de 1996)
§ 2º O disposto neste artigo aplica‑se às instituições
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no en-
de pesquisa científica e tecnológica.  (Incluído pela
sino fundamental e na educação infantil. (Redação
Emenda Constitucional nº 11, de 1996)
dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
Art.  208. O  dever do Estado com a educação será
efetivado mediante a garantia de: § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão priorita-
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua- riamente no ensino fundamental e médio. (Incluído
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela § 4º Na organização de seus sistemas de ensino,
não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
pela Emenda Constitucional nº  59, de 2009)  (Vide definirão formas de colaboração, de modo a assegu-
Emenda Constitucional nº 59, de 2009) rar a universalização do ensino obrigatório. (Redação
II  – progressiva universalização do ensino médio dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional §  5º A educação básica pública atenderá priorita-
nº 14, de 1996) riamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda
III  – atendimento educacional especializado aos Constitucional nº 53, de 2006)
portadores de deficiência, preferencialmente na rede Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca me-
regular de ensino; nos de dezoito, e  os Estados, o  Distrito Federal e
IV  – educação infantil, em creche e pré‑escola, os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo,
às  crianças até 5 (cinco) anos de idade;  (Redação da receita resultante de impostos, compreendida
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) a proveniente de transferências, na manutenção e
V  – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da desenvolvimento do ensino.
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
de cada um; pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às nicípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios,
condições do educando; não é considerada, para efeito do cálculo previsto
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas neste artigo, receita do governo que a transferir.
da educação básica, por meio de programas suple- § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

mentares de material didático escolar, transporte, caput deste artigo, serão considerados os sistemas
alimentação e assistência à saúde.  (Redação dada de ensino federal, estadual e municipal e os recursos
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) aplicados na forma do art. 213.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
direito público subjetivo. prioridade ao atendimento das necessidades do en-
§ 2º O não‑oferecimento do ensino obrigatório pelo sino obrigatório, no que se refere a universalização,
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa res-
garantia de padrão de qualidade e equidade, nos
ponsabilidade da autoridade competente.
termos do plano nacional de educação. (Redação
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educan-
dos no ensino fundamental, fazer‑lhes a chamada e dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência § 4º Os programas suplementares de alimentação e
à escola. assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendi- financiados com recursos provenientes de contribui-
das as seguintes condições: ções sociais e outros recursos orçamentários.
I  – cumprimento das normas gerais da educação §  5º A educação básica pública terá como fonte
nacional; adicional de financiamento a contribuição social do
II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder salário‑educação, recolhida pelas empresas na forma
Público. da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional
Art.  210. Serão fixados conteúdos mínimos para o nº 53, de 2006)
ensino fundamental, de maneira a assegurar forma- § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação
ção básica comum e respeito aos valores culturais e da contribuição social do salário‑educação serão
artísticos, nacionais e regionais. distribuídas proporcionalmente ao número de alunos
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, cons- matriculados na educação básica nas respectivas
tituirá disciplina dos horários normais das escolas redes públicas de ensino. (Incluído pela Emenda
públicas de ensino fundamental. Constitucional nº 53, de 2006)

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Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às Garantia
escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas co- • de padrão de qualidade.
munitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas
em lei, que: Gestão democrática
I – comprovem finalidade não‑lucrativa e apliquem • do ensino público, na forma desta Lei e da legislação
seus excedentes financeiros em educação; dos sistemas de ensino.
II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou Gratuidade
ao Poder Público, no caso de encerramento de suas • do ensino público em estabelecimentos oficiais.
atividades.
§ 1º – Os recursos de que trata este artigo poderão Igualdade
ser destinados a bolsas de estudo para o ensino • de condições para o acesso e permanência na escola.
fundamental e médio, na forma da lei, para os que
demonstrarem insuficiência de recursos, quando Liberdade
houver falta de vagas e cursos regulares da rede públi- • de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura,
ca na localidade da residência do educando, ficando o pensamento, a arte e o saber.
o Poder Público obrigado a investir prioritariamente
na expansão de sua rede na localidade. Pluralismo
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de es- • de ideias e de concepções pedagógicas.
tímulo e fomento à inovação realizadas por universi-
dades e/ou por instituições de educação profissional Respeito
e tecnológica poderão receber apoio financeiro do • à liberdade e apreço à tolerância.
Poder Público. (Redação dada pela Emenda Consti‑
tucional nº 85, de 2015) Valorização
Art.  214. A  lei estabelecerá o plano nacional de • do profissional da educação escolar.
educação, de duração decenal, com o objetivo de
articular o sistema nacional de educação em regime Valorização
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas • da experiência extraescolar.
e estratégias de implementação para assegurar a
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus Vinculação
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de • entre a educação escolar, o  trabalho e as práticas
ações integradas dos poderes públicos das diferentes sociais.
esferas federativas que conduzam a: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) Garantias do Estado na efetivação do seu dever com
I – erradicação do analfabetismo; a educação
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino; O dever do Estado com a educação escolar pública será
IV – formação para o trabalho; efetivado mediante a garantia de:
V – promoção humanística, científica e tecnológica • educação básica3 obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
do País; aos 17 (dezessete) anos de idade;4
VI  – estabelecimento de meta de aplicação de re- • educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
cursos públicos em educação como proporção do anos de idade;

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


produto interno bruto. (Incluído pela Emenda Cons‑ • atendimento educacional especializado gratuito aos
titucional nº 59, de 2009) educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
Para regular as premissas gerais trazidas pela Carta transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
Magna foi promulgada em 20 de dezembro de 1996, a Lei preferencialmente na rede regular de ensino;
nº 9.394, também conhecida como Lei de Diretrizes e Bases • atendimento ao educando, em todas as etapas da edu-
da Educação Nacional  – LDBEN. Nela constam as normas cação básica, por meio de programas suplementares
gerais de organização da educação nacional, suas finalidades de material didático‑escolar, transporte, alimentação
e princípios. e assistência à saúde;
• acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
Fins da Educação Nacional médio para todos os que não os concluíram na idade
própria;
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos • acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, quisa e da criação artística, segundo a capacidade de
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, cada um;
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação • oferta de ensino noturno regular, adequado às condi-
para o trabalho. ções do educando;
• oferta de educação escolar regular para jovens e adul-
Princípios da Educação Nacional tos, com características e modalidades adequadas às
3
A educação básica compreende a pré‑escola, o ensino fundamental e o ensino
Coexistência médio.
• de instituições públicas e privadas de ensino. 4
Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro
lugar o acesso ao ensino obrigatório, contemplando em seguida os demais
níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e
Consideração legais. Para tanto, o  Poder Público criará formas alternativas de acesso aos
• com a diversidade étnico‑racial. diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior.

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suas necessidades e disponibilidades, garantindo‑se Elaborar
aos que forem trabalhadores as condições de acesso • o Plano Nacional de Educação, em colaboração com
e permanência na escola; os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
• padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos
como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, Estabelecer,
de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do • em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
processo de ensino‑aprendizagem; Municípios, competências e diretrizes para a educação
• vaga na escola pública de educação infantil ou de ensi- infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
no fundamental mais próxima de sua residência a toda nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de
criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) modo a assegurar formação básica comum;
anos de idade.5 • em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, diretrizes e procedimentos para iden-
Atenção! tificação, cadastramento e atendimento, na educação
O poder público, na esfera de sua competência federativa, básica e na educação superior, de alunos com altas
deverá recensear anualmente as crianças e adolescentes habilidades ou superdotação.
em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não
concluíram a educação básica; fazer‑lhes a chamada públi- Organizar, manter e desenvolver
ca; bem como zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela • os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de
frequência à escola. ensino e o dos Territórios.

O Ensino e a iniciativa privada Prestar


• assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguin- Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de
tes condições: seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à
• cumprimento das normas gerais da educação nacional escolaridade obrigatória, exercendo sua função redis-
e do respectivo sistema de ensino; tributiva e supletiva.
• autorização de funcionamento e avaliação de qualida-
de pelo Poder Público; Competências dos Estados
• capacidade de autofinanciamento, ressalvado o pre-
visto no art. 213 da Constituição Federal. Assegurar
• o ensino fundamental e oferecer, com prioridade,
Organização da Educação Nacional o ensino médio a todos que o demandarem, respeitado
o disposto no art. 38 desta Lei.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos Assumir
sistemas de ensino. • o transporte escolar dos alunos da rede estadual.
Caberá à União a coordenação da política nacional de
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em avaliar,
relação às demais instâncias educacionais. • respectivamente, os cursos das instituições de educa-
ção superior e os estabelecimentos do seu sistema de
Competências da União ensino.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Assegurar Baixar
• processo nacional de avaliação do rendimento escolar • normas complementares para o seu sistema de ensino.
no ensino fundamental, médio e superior, em colabora-
ção com os sistemas de ensino, objetivando a definição Organizar, Manter e Desenvolver
de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; • os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de
• processo nacional de avaliação das instituições de ensino.
educação superior, com a cooperação dos sistemas que
tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino. Definir,
• com os Municípios, formas de colaboração na oferta
Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
avaliar, distribuição proporcional das responsabilidades, de
• respectivamente, os cursos das instituições de educa- acordo com a população a ser atendida e os recursos
ção superior e os estabelecimentos do seu sistema de financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas
ensino. do Poder Público.

Baixar Elaborar e executar


• normas gerais sobre cursos de graduação e pós‑gra- • políticas e planos educacionais, em consonância com as
duação. diretrizes e planos nacionais de educação, integrando
e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios.
Coletar, analisar e disseminar
• informações sobre a educação. Competências do Distrito Federal

Ao Distrito Federal aplicar‑se‑ão as competências refe-


5
É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação
básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. rentes aos Estados e aos Municípios.

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Competências dos Municípios Estabelecer
• estratégias de recuperação para os alunos de menor
Assumir rendimento.
• o transporte escolar dos alunos da rede municipal.
Ministrar
Autorizar, Credenciar e Supervisionar • os dias letivos e horas‑aula estabelecidos, além de parti-
• os estabelecimentos do seu sistema de ensino. cipar integralmente dos períodos dedicados ao planeja-
mento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional.
Baixar
• normas complementares para o seu sistema de ensino. Participar
• da elaboração da proposta pedagógica do estabeleci-
Exercer mento de ensino.
• ação redistributiva em relação às suas escolas.
Zelar
Oferecer • pela aprendizagem dos alunos.
• a educação infantil em creches e pré‑escolas, e, com
prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação Princípios para a gestão democrática nos sistemas de
em outros níveis de ensino somente quando estiverem ensino
atendidas plenamente as necessidades de sua área de
competência e com recursos acima dos percentuais • Participação dos profissionais da educação na elabo-
mínimos vinculados pela Constituição Federal à ma- ração do projeto pedagógico da escola;
nutenção e desenvolvimento do ensino. • Participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes.
Organizar, Manter e Desenvolver
• os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de Sistemas de ensino
ensino, integrando‑os às políticas e planos educacio-
nais da União e dos Estados. Autonomia Pedagógica e Administrativa

Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema públicas de educação básica que os integram progressivos
único de educação básica. graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão
financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro
Competências Comuns aos estabelecimentos de público.
ensino
Federal
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas O sistema federal de ensino compreende:
comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbên- • as instituições de ensino mantidas pela União;
cia de: • as instituições de educação superior criadas e mantidas
• elaborar e executar sua proposta pedagógica; pela iniciativa privada;
• administrar seu pessoal e seus recursos materiais e • os órgãos federais de educação.
financeiros;
• assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas‑aula Estadual e Distrital
estabelecidas; Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


• velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada compreendem:
docente; • as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
• prover meios para a recuperação dos alunos de menor pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
rendimento; • as instituições de educação superior mantidas pelo
• articular‑se com as famílias e a comunidade, criando Poder Público municipal;
processos de integração da sociedade com a escola; • as instituições de ensino fundamental e médio criadas
• informar pai e mãe, conviventes ou não com seus e mantidas pela iniciativa privada;
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a • os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre respectivamente.
a execução da proposta pedagógica da escola;
• notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao  juiz No Distrito Federal, as instituições de educação infantil,
competente da Comarca e ao respectivo represen- criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu
tante do Ministério Público a relação dos alunos que sistema de ensino.
apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta
por cento do percentual permitido em lei. Municipal
Os sistemas municipais de ensino compreendem:
Competências dos docentes • as instituições do ensino fundamental, médio e de edu-
cação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
Colaborar • as instituições de educação infantil criadas e mantidas
• com as atividades de articulação da escola com as pela iniciativa privada;
famílias e a comunidade. • os órgãos municipais de educação.

Elaborar e cumprir Classificação das Instituições de Ensino


• plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do As instituições de ensino dos diferentes níveis classifi-
estabelecimento de ensino. cam‑se nas seguintes categorias administrativas:

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Públicas São públicas as instituições de ensino criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público.
Privadas São privadas as instituições de ensino as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado.
As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias:
• particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo;
• comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade
mantenedora representantes da comunidade;
• confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no item
anterior;
• filantrópicas, na forma da lei.

Níveis Escolares • portador de afecções congênitas ou adquiridas, in-


fecções, traumatismo ou outras condições mórbidas,
A educação escolar compõe‑se de: determinando distúrbios agudos ou agudizados, nos
• educação básica, formada pela educação infantil, termos do Decreto‑Lei nº 1.044/1969;6
ensino fundamental e ensino médio; • que tenha prole.
• educação superior.
O ensino da História do Brasil levará em conta as con-
Educação Básica tribuições das diferentes culturas e etnias para a formação
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
A educação básica tem por finalidades desenvolver o africana e europeia.
educando, assegurar‑lhe a formação comum indispensável No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto
para o exercício da cidadania e fornecer‑lhe meios para ano, será ofertada a língua inglesa.
progredir no trabalho e em estudos posteriores. A exibição de filmes de produção nacional constituirá
A educação básica poderá organizar‑se em séries anuais, componente curricular complementar integrado à proposta
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por,
de estudos, grupos não‑seriados, com base na idade, na no mínimo, 2 (duas) horas mensais.
competência e em outros critérios, ou por forma diversa de A exibição de filmes de produção nacional constituirá
organização, sempre que o interesse do processo de apren- componente curricular complementar integrado à proposta
dizagem assim o recomendar. pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por,
A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando no mínimo, 2 (duas) horas mensais.
se tratar de transferências entre estabelecimentos situados A inclusão de novos componentes curriculares de caráter
no País e no exterior, tendo como base as normas curricu- obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá
lares gerais. de aprovação do Conselho Nacional de Educação e de ho-
O calendário escolar deverá adequar‑se às peculiaridades mologação pelo Ministro de Estado da Educação.
locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do res- Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino
pectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número médio, públicos e privados, torna‑se obrigatório o estudo da
de horas letivas previsto na LDBEN. história e cultura afro‑brasileira e indígena.
O conteúdo programático a que se refere este artigo
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Base Comum e diversificada da Educação Básica incluirá diversos aspectos da história e da cultura que carac-
terizam a formação da população brasileira, a partir desses
Os currículos da educação infantil, do ensino funda- dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África
mental e do ensino médio devem ter base nacional comum, e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
a ser complementada, em cada sistema de ensino e em no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e
cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, suas contribuições nas áreas social, econômica e política,
da cultura, da economia e dos educandos. pertinentes à história do Brasil.
A base comum deve abranger, obrigatoriamente, o estu- Os conteúdos referentes à história e cultura afro‑brasi-
do da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento leira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
do mundo físico e natural e da realidade social e política, âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas
especialmente do Brasil. de educação artística e de literatura e história brasileiras.
O ensino da arte, especialmente em suas expressões
regionais, constituirá componente curricular obrigatório 6
De acordo como o art.  1º do Decreto‑Lei nº  1.044/1969, são considerados
da educação básica. As  artes visuais, a  dança, a  música e merecedores de tratamento excepcional os alunos de qualquer nível de ensino,
o teatro são as linguagens que constituirão o componente portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou
curricular do ensino da arte. outras condições mórbidas, determinando distúrbios agudos ou agudizados,
A educação física, integrada à proposta pedagógica da caracterizados por: a) incapacidade física relativa, incompatível com a frequên-
cia aos trabalhos escolares; desde que se verifique a conservação das condições
escola, é componente curricular obrigatório da educação intelectuais e emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade
básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: escolar em novos moldes; b) ocorrência isolada ou esporádica; c) duração que
• que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a não ultrapasse o máximo ainda admissível, em cada caso, para a continuidade
do processo pedagógico de aprendizado, atendendo a que tais características
seis horas; se verificam, entre outros, em casos de síndromes hemorrágicos (tais como a
• maior de trinta anos de idade; hemofilia), asma, cartide, pericardites, afecções osteoarticulares submetidas a
• que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em correções ortopédicas, nefropatias agudas ou subagudas, afecções reumáticas,
etc. Para compensar a ausência às aulas, esses alunos podem receber exercício
situação similar, estiver obrigado à prática da educação domiciliares com acompanhamento da escola, sempre que compatíveis com o
física; seu estado de saúde e as possibilidades do estabelecimento.

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Os conteúdos curriculares da educação básica observa- tivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos
rão, ainda, as seguintes diretrizes: exames finais, quando houver;7
• a difusão de valores fundamentais ao interesse social, • a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem primeira do ensino fundamental, pode ser feita:
comum e à ordem democrática;
• consideração das condições de escolaridade dos alunos a) por promoção, para alunos que cursaram, com
em cada estabelecimento; aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria
• orientação para o trabalho; escola;
• promoção do desporto educacional e apoio às práticas b) por transferência, para candidatos procedentes
desportivas não‑formais. de outras escolas;
c) independentemente de escolarização anterior,
Na oferta de educação básica para a população rural, mediante avaliação feita pela escola, que defina o
os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias grau de desenvolvimento e experiência do candidato
à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada e permita sua inscrição na série ou etapa adequada,
região, especialmente: conforme regulamentação do respectivo sistema
• conteúdos curriculares e metodologias apropriadas de ensino.
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona
rural; • nos estabelecimentos que adotam a progressão regular
• organização escolar própria, incluindo adequação do por série, o regimento escolar pode admitir formas de
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às con- progressão parcial, desde que preservada a sequência
dições climáticas; do currículo, observadas as normas do respectivo
• adequação à natureza do trabalho na zona rural. sistema de ensino;
• poderão organizar‑se classes, ou turmas, com alunos
O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilom- de séries distintas, com níveis equivalentes de adian-
bolas será precedido de manifestação do órgão normativo tamento na matéria, para o ensino de línguas estran-
do respectivo sistema de ensino, que considerará a justifi- geiras, artes, ou outros componentes curriculares;
cativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise • a verificação do rendimento escolar observará os
do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da
seguintes critérios:
comunidade escolar.

Educação Infantil a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho


do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança período sobre os de eventuais provas finais;
de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos
intelectual e social, complementando a ação da família e da com atraso escolar;
comunidade. c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
A educação infantil será oferecida em creches, ou enti- mediante verificação do aprendizado;
dades equivalentes e pré‑escolas. d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos
Creches Pré‑escolas
de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados
para crianças de até três para as crianças de 4 (quatro) pelas instituições de ensino em seus regimentos.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


anos de idade. a 5 (cinco) anos de idade.
• o controle de frequência fica a cargo da escola, con-
Regras comuns de organização da Educação Infantil forme o disposto no seu regimento e nas normas do
• avaliação mediante acompanhamento e registro do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de pro- mínima de setenta e cinco por cento do total de horas
moção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; letivas para aprovação;
• carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, • cabe a cada instituição de ensino expedir históricos
distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de escolares, declarações de conclusão de série e diplo-
trabalho educacional; mas ou certificados de conclusão de cursos, com as
• atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas especificações cabíveis.
diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a
jornada integral; Ensino Fundamental
• controle de frequência pela instituição de educação
pré‑escolar, exigida a frequência mínima de 60% (ses-
O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9
senta por cento) do total de horas;
(nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando‑se aos 6
• expedição de documentação que permita atestar os
(seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
processos de desenvolvimento e aprendizagem da
cidadão, mediante:
criança.
• o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
Regras Comuns aplicáveis à organização da educação
escrita e do cálculo;
básica, nos níveis fundamental e médio
• a carga horária mínima anual será de oitocentas horas 7
A carga horária mínima anual deverá ser ampliada de forma progressiva, no
para o ensino fundamental e para o ensino médio, ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efe- oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga
horária, a partir de 2 de março de 2017.

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• a compreensão do ambiente natural e social, do siste- Base Nacional Comum e diversificada do Ensino Médio
ma político, da tecnologia, das artes e dos valores em
que se fundamenta a sociedade; A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e
• o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habi- diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes
lidades e a formação de atitudes e valores; áreas do conhecimento:
• o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de • linguagens e suas tecnologias;
solidariedade humana e de tolerância recíproca em • matemática e suas tecnologias;
que se assenta a vida social. • ciências da natureza e suas tecnologias;
• ciências humanas e sociais aplicadas.
É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
fundamental em ciclos. A parte diversificada  dos currículos, definida em cada
Os estabelecimentos que utilizam progressão regular sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacio-
por série podem adotar no ensino fundamental o regime nal Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto
de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do histórico, econômico, social, ambiental e cultural.
processo de ensino‑aprendizagem, observadas as normas A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino
do respectivo sistema de ensino. médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de edu-
O ensino fundamental regular será ministrado em lín- cação física, arte, sociologia e filosofia.
gua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a O ensino da língua portuguesa e da matemática será
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às
aprendizagem. comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas
O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a línguas maternas.
distância utilizado como complementação da aprendizagem Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoria-
ou em situações emergenciais. mente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras
O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoria- línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente
mente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais
adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de
e horários definidos pelos sistemas de ensino.
julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Ado-
A carga horária destinada ao cumprimento da Base
lescente, observada a produção e distribuição de material
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e
didático adequado.
oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio,
O estudo sobre os símbolos nacionais deverá ser incluído
como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. de acordo com a definição dos sistemas de ensino.
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte A União estabelecerá os padrões de desempenho
integrante da formação básica do cidadão e constitui disci- esperados para o ensino médio, que serão referência nos
plina dos horários normais das escolas públicas de ensino processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural Comum Curricular.
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. Os currículos do ensino médio deverão considerar a for-
Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimen- mação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
tos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.
professores. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação
Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída processual e formativa serão organizados nas redes de en-
pelas diferentes denominações religiosas, para a definição sino por meio de atividades teóricas e práticas, provas orais
dos conteúdos do ensino religioso. e escritas, seminários, projetos e atividades on‑line, de tal
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:
menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, • domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
sendo progressivamente ampliado o período de permanência presidem a produção moderna;
na escola. • conhecimento das formas contemporâneas de lingua-
Vale destacar que o ensino fundamental será ministrado gem.
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas
de ensino. O currículo do ensino médio será composto pela Base
Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, que
Ensino Médio deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
O ensino médio, etapa final da educação básica, com local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
duração mínima de três anos, terá como finalidades: 1) linguagens e suas tecnologias;
• a consolidação e o aprofundamento dos conhecimen- 2) matemática e suas tecnologias;
tos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando 3) ciências da natureza e suas tecnologias;
o prosseguimento de estudos; 4) ciências humanas e sociais aplicadas;
• a preparação básica para o trabalho e a cidadania do 5) formação técnica e profissional.8
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser
capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condi-
ções de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; 8
A oferta de formação técnica e profissional, realizada na própria instituição ou
• o aprimoramento do educando como pessoa humana, em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada previamente pelo Con-
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da selho Estadual de Educação, homologada pelo Secretário Estadual de Educação
e certificada pelos sistemas de ensino. A oferta de formações experimentais
autonomia intelectual e do pensamento crítico; relacionadas à formação técnica e profissional, em áreas que não constem do
• a compreensão dos fundamentos científico‑tecnoló- Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua continuidade, do
gicos dos processos produtivos, relacionando a teoria reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo de
três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo
com a prática, no ensino de cada disciplina. de cinco anos, contados da data de oferta inicial da formação.

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A organização das áreas e das respectivas competências e • subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
habilidades será feita de acordo com critérios estabelecidos concluído o ensino médio.
em cada sistema de ensino.
As escolas deverão orientar os alunos no processo de es- Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de
colha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional. nível médio, quando registrados, terão validade nacional e ha-
A critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto bilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior.
itinerário formativo integrado, que se traduz na composição Os cursos de educação profissional técnica de nível
de componentes curriculares da Base Nacional Comum Cur- médio, nas formas articulada concomitante e subsequen-
ricular – BNCC e dos itinerários formativos. te, quando estruturados e organizados em etapas com
Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de
na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio qualificação para o trabalho após a conclusão, com aprovei-
cursar mais um itinerário formativo integrado. tamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação
As instituições de ensino emitirão certificado com vali- para o trabalho.
dade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio
ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em Educação de Jovens e Adultos
outros cursos ou formações para os quais a conclusão do
ensino médio seja etapa obrigatória. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles
Além das formas de organização básica (séries anuais, que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos ensino fundamental e médio na idade própria.
de estudos, grupos não‑seriados), o ensino médio poderá Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
ser organizado em módulos e adotar o sistema de créditos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos
com terminalidade específica. na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses,
Educação Profissional Técnica de Nível Médio condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
O ensino médio, atendida a formação geral do educando, permanência do trabalhador na escola, mediante ações
poderá prepará‑lo para o exercício de profissões técnicas. integradas e complementares entre si.
A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, A educação de jovens e adultos deverá articular‑se,
a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos pró- preferencialmente, com a educação profissional, na forma
prios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação do regulamento
com instituições especializadas em educação profissional. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames su-
A educação profissional técnica de nível médio deverá pletivos, que compreenderão a base nacional comum do
observar: currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
• os objetivos e definições contidos nas diretrizes curri- caráter regular.
culares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional Os exames supletivos realizar‑se‑ão:
de Educação; • no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
• as normas complementares dos respectivos sistemas maiores de quinze anos;
de ensino; • no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
• as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de dezoito anos.
de seu projeto pedagógico.
Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos edu-
A educação profissional técnica de nível médio será candos por meios informais serão aferidos e reconhecidos
desenvolvida nas seguintes formas: mediante exames.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


• articulada com o ensino médio, e  desenvolvida da
seguinte forma: Educação Profissional e Tecnológica

A educação profissional e tecnológica, no cumprimento


Integrada oferecida somente a quem já tenha dos objetivos da educação nacional, integra‑se aos diferen-
concluído o ensino fundamental, sendo tes níveis e modalidades de educação e às dimensões do
o curso planejado de modo a conduzir o trabalho, da ciência e da tecnologia.
aluno à habilitação profissional técnica Os cursos de educação profissional e tecnológica pode-
de nível médio, na mesma instituição rão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a
de ensino, efetuando‑se matrícula única construção de diferentes itinerários formativos, observadas
para cada aluno; as normas do respectivo sistema e nível de ensino.
Concomitante oferecida a quem ingresse no ensino A educação profissional e tecnológica abrangerá os
médio ou já o esteja cursando, efetu- seguintes cursos:
ando‑se matrículas distintas para cada • de formação inicial e continuada ou qualificação pro-
curso, e podendo ocorrer: fissional;
a) na mesma instituição de ensino, • de educação profissional técnica de nível médio;
aproveitando‑se as oportunidades • de educação profissional tecnológica de graduação e
educacionais disponíveis; pós‑graduação.
b) em instituições de ensino distintas,
aproveitando‑se as oportunidades Os cursos de educação profissional tecnológica de gra-
educacionais disponíveis; duação e pós‑graduação organizar‑se‑ão, no que concerne
c) em instituições de ensino distintas, a objetivos, características e duração, de acordo com as
mediante convênios de intercom- diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho
plementaridade, visando ao plane- Nacional de Educação.
jamento e ao desenvolvimento de A educação profissional será desenvolvida em articula-
projeto pedagógico unificado. ção com o ensino regular ou por diferentes estratégias de

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educação continuada, em instituições especializadas ou no tar serviços especializados à comunidade e estabelecer
ambiente de trabalho. com esta uma relação de reciprocidade;
O conhecimento adquirido na educação profissional e • formar diplomados nas diferentes áreas de conheci-
tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de ava- mento, aptos para a inserção em setores profissionais e
liação, reconhecimento e certificação para prosseguimento para a participação no desenvolvimento da sociedade
ou conclusão de estudos. brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
As instituições de educação profissional e tecnológica, • incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, científica, visando o desenvolvimento da ciência e da
abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capaci- tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse
dade de aproveitamento e não necessariamente ao nível modo, desenvolver o entendimento do homem e do
de escolaridade. meio em que vive;
• promover a divulgação de conhecimentos culturais,
Educação Superior científicos e técnicos que constituem patrimônio da
humanidade e comunicar o saber através do ensino,
A educação superior tem por finalidade: de publicações ou de outras formas de comunicação;
• atuar em favor da universalização e do aprimora- • promover a extensão, aberta à participação da popu-
mento da educação básica, mediante a formação e a lação, visando à difusão das conquistas e benefícios
capacitação de profissionais, a realização de pesquisas resultantes da criação cultural e da pesquisa científica
pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de e tecnológica geradas na instituição.
extensão que aproximem os dois níveis escolares. • suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
• estimular a criação cultural e o desenvolvimento do cultural e profissional e possibilitar a correspondente
espírito científico e do pensamento reflexivo; concretização, integrando os conhecimentos que vão
• estimular o conhecimento dos problemas do mundo sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistema-
presente, em particular os nacionais e regionais, pres- tizadora do conhecimento de cada geração.

Cursos e Programas da Educação Superior

Cursos sequenciais divididos por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que
atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o
ensino médio ou equivalente.
Graduação abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido
classificados em processo seletivo que considerará as competências e as habilidades definidas na
Base Nacional Comum Curricular.1
Pós‑graduação compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e
outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino.
Extensão abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
ensino.
9

A educação superior será ministrada em instituições de temporária de prerrogativas da autonomia, ou descredencia-


Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de mento, o processo de reavaliação poderá resultar também
abrangência ou especialização. em redução de vagas autorizadas, suspensão temporária de
A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como novos ingressos e de oferta de cursos.
o credenciamento de instituições de educação superior, Na educação superior, o ano letivo regular, independen-
terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, te do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho
após processo regular de avaliação. Após um prazo para acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames
saneamento de deficiências eventualmente identificadas finais, quando houver.
pela avaliação, haverá reavaliação, que poderá resultar, As instituições informarão aos interessados, antes de
conforme o caso, em desativação de cursos e habilitações, cada período letivo, os  programas dos cursos e demais
em intervenção na instituição, em suspensão temporária componentes curriculares, sua duração, requisitos, quali-
de prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento. ficação dos professores, recursos disponíveis e critérios de
No caso de instituição pública, o  Poder Executivo res- avaliação, obrigando‑se a cumprir as respectivas condições,
ponsável por sua manutenção acompanhará o processo de e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras
saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, formas concomitantemente:
para a superação das deficiências. 1) em página específica na internet no sítio eletrônico
No caso de instituição privada, além de desativação de oficial da instituição de ensino superior, obedecido o
cursos e habilitações, intervenção na instituição, suspensão seguinte:
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter
9
Os resultados do processo seletivo serão tornados públicos pelas instituições como título “Grade e Corpo Docente”;
de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nominal dos b) a página principal da instituição de ensino superior,
classificados, a respectiva ordem de classificação, bem como do cronograma das bem como a página da oferta de seus cursos aos
chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das
vagas constantes do respectivo edital. No caso de empate no processo seletivo, ingressantes sob a forma de vestibulares, processo
as instituições públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao seletivo e outras com a mesma finalidade, deve
candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários mínimos, ou
ao de menor renda familiar, quando mais de um candidato preencher o critério
conter a ligação desta com a página específica
inicial. prevista neste inciso;

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c) caso a instituição de ensino superior não possua As instituições de educação superior, quando da ocorrên-
sítio eletrônico, deve criar página específica para cia de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos
divulgação das informações de que trata a Lei em a alunos não regulares que demonstrarem capacidade de
comento; cursá‑las com proveito, mediante processo seletivo prévio.
d) a página específica deve conter a data completa As instituições de educação superior credenciadas
de sua última atualização; como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas
2) em toda propaganda eletrônica da instituição de de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os
ensino superior, por meio de ligação para a página efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
específica na internet no sítio eletrônico oficial da articulando‑se com os órgãos normativos dos sistemas de
instituição de ensino superior; ensino.
3) em local visível da instituição de ensino superior e de As universidades são instituições pluridisciplinares de
fácil acesso ao público; formação dos quadros profissionais de nível superior, de
4) deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber hu-
de acordo com a duração das disciplinas de cada curso mano, que se caracterizam por:
oferecido, observando o seguinte: 6) produção intelectual institucionalizada mediante o
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração estudo sistemático dos temas e problemas mais re-
diferenciada, a publicação deve ser semestral; levantes, tanto do ponto de vista científico e cultural,
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes quanto regional e nacional;
do início das aulas; 7) um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo acadêmica de mestrado ou doutorado;
docente até o início das aulas, os alunos devem ser 8) um terço do corpo docente em regime de tempo
comunicados sobre as alterações; integral.
5) deve conter as seguintes informações:
É facultada a criação de universidades especializadas por
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição
campo do saber.
de ensino superior;
No exercício de sua autonomia, são asseguradas às uni-
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curri-
versidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições:
cular de cada curso e as respectivas cargas horárias;
• criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e
c) a identificação dos docentes que ministrarão as au- programas de educação superior previstos nesta Lei,
las em cada curso, as disciplinas que efetivamente obedecendo às normas gerais da União e, quando for
ministrará naquele curso ou cursos, sua titulação, o caso, do respectivo sistema de ensino;
abrangendo a qualificação profissional do docente • fixar os currículos dos seus cursos e programas, obser-
e o tempo de casa do docente, de forma total, vadas as diretrizes gerais pertinentes;
contínua ou intermitente. • estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa
científica, produção artística e atividades de extensão;
Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento • fixar o número de vagas de acordo com a capacidade
nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros ins- institucional e as exigências do seu meio;
trumentos de avaliação específicos, aplicados por banca exa- • elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em
minadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus consonância com as normas gerais atinentes;
cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. • conferir graus, diplomas e outros títulos;
É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo • firmar contratos, acordos e convênios;
nos programas de educação a distância. • aprovar e executar planos, programas e projetos de
As instituições de educação superior oferecerão, no pe-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


investimentos referentes a obras, serviços e aquisições
ríodo noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de em geral, bem como administrar rendimentos confor-
qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a me dispositivos institucionais;
oferta noturna nas instituições públicas, garantida a neces- • administrar os rendimentos e deles dispor na forma
sária previsão orçamentária. prevista no ato de constituição, nas leis e nos respec-
Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando tivos estatutos;
registrados, terão validade nacional como prova da formação • receber subvenções, doações, heranças, legados e
recebida por seu titular. Os diplomas expedidos pelas univer- cooperação financeira resultante de convênios com
sidades serão por elas próprias registrados, e aqueles confe- entidades públicas e privadas.
ridos por instituições não‑universitárias serão registrados em
universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação. Para garantir a autonomia didático‑científica das univer-
Os diplomas de graduação expedidos por universidades sidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa de-
estrangeiras serão revalidados por universidades públicas cidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, • criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
respeitando‑se os acordos internacionais de reciprocidade • ampliação e diminuição de vagas;
ou equiparação. • elaboração da programação dos cursos;
Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos • programação das pesquisas e das atividades de extensão;
por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos • contratação e dispensa de professores;
por universidades que possuam cursos de pós‑graduação • planos de carreira docente.
reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento
e em nível equivalente ou superior. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão,
As instituições de educação superior aceitarão a transfe- na forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às
rência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento
existência de vagas, e mediante processo seletivo. As trans- pelo Poder Público, assim como dos seus planos de carreira
ferências ex officio dar‑se‑ão na forma da lei. e do regime jurídico do seu pessoal.

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No exercício da sua autonomia, além das atribuições fundamental, em virtude de suas deficiências, e ace-
asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas leração para concluir em menor tempo o programa
poderão: escolar para os superdotados;
• propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e • professores com especialização adequada em nível mé-
administrativo, assim como um plano de cargos e dio ou superior, para atendimento especializado, bem
salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os como professores do ensino regular capacitados para
recursos disponíveis; a integração desses educandos nas classes comuns;
• elaborar o regulamento de seu pessoal em conformi- • educação especial para o trabalho, visando a sua
dade com as normas gerais concernentes; efetiva integração na vida em sociedade, inclusive
• aprovar e executar planos, programas e projetos de condições adequadas para os que não revelarem capa-
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições cidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
em geral, de acordo com os recursos alocados pelo articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para
respectivo Poder mantenedor; aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
• elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; áreas artística, intelectual ou psicomotora;
• adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas • acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
peculiaridades de organização e funcionamento; suplementares disponíveis para o respectivo nível do
• realizar operações de crédito ou de financiamento, ensino regular.
com aprovação do Poder competente, para aquisição
de bens imóveis, instalações e equipamentos; O poder público deverá instituir cadastro nacional de
• efetuar transferências, quitações e tomar outras alunos com altas habilidades ou superdotação matriculados
providências de ordem orçamentária, financeira e na educação básica e na educação superior, a fim de fomentar
patrimonial necessárias ao seu bom desempenho. a execução de políticas públicas destinadas ao desenvolvi-
mento pleno das potencialidades desse alunado.
Atribuições de autonomia universitária poderão ser A identificação precoce de alunos com altas habilidades
estendidas a instituições que comprovem alta qualificação ou superdotação, os critérios e procedimentos para inclusão
para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação no cadastro referido no caput  deste artigo, as  entidades
realizada pelo Poder Público. responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos de acesso
Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Or- aos dados do cadastro e as políticas de desenvolvimento
çamento Geral, recursos suficientes para manutenção e das potencialidades do alunado de que trata o caput serão
desenvolvimento das instituições de educação superior por definidos em regulamento.
ela mantidas. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabele-
As instituições públicas de educação superior obedecerão cerão critérios de caracterização das instituições privadas
ao princípio da gestão democrática, assegurada a existência sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva
de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro
pelo Poder Público.
segmentos da comunidade institucional, local e regional.
O poder público adotará, como alternativa preferencial,
Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por
a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência,
cento dos assentos em cada órgão colegiado e comissão,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações es-
ou superdotação na própria rede pública regular de ensino,
tatutárias e regimentais, bem como da escolha de dirigentes.
independentemente do apoio às instituições previstas neste
Nas instituições públicas de educação superior, o pro-
artigo.
fessor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais
de aulas. Profissionais da Educação
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Educação Especial Consideram‑se profissionais da educação escolar básica


os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido for-
Entende‑se por educação especial, a modalidade de edu- mados em cursos reconhecidos, são:
cação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de • professores habilitados em nível médio ou superior
ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais para a docência na educação infantil e nos ensinos
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. fundamental e médio;
Haverá, quando necessário, serviços de apoio especia- • trabalhadores em educação portadores de diploma de
lizado, na escola regular, para atender às peculiaridades da pedagogia, com habilitação em administração, planeja-
clientela de educação especial. mento, supervisão, inspeção e orientação educacional,
O atendimento educacional será feito em classes, es- bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas
colas ou serviços especializados, sempre que, em função mesmas áreas;
das condições específicas dos alunos, não for possível a sua • trabalhadores em educação, portadores de diploma de
integração nas classes comuns de ensino regular. curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.
A oferta de educação especial, dever constitucional do • profissionais com notório saber reconhecido pelos
Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante respectivos sistemas de ensino, para ministrar con-
a educação infantil. teúdos de áreas afins à sua formação ou experiência
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com profissional, atestados por titulação específica ou
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas prática de ensino em unidades educacionais da rede
habilidades ou superdotação: pública ou privada ou das corporações privadas em
• currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e que tenham atuado, exclusivamente para atender à
organização específicos, para atender às suas neces- formação técnica e profissional;
sidades; • profissionais graduados que tenham feito complemen-
• terminalidade específica para aqueles que não pude- tação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho
rem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino Nacional de Educação.

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A formação dos profissionais da educação, de modo a gresso os professores que optarem por cursos de licenciatura
atender às especificidades do exercício de suas atividades, em matemática, física, química, biologia e língua portuguesa.
bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades Os institutos superiores de educação manterão:
da educação básica, terá como fundamentos: • cursos formadores de profissionais para a educação
• a presença de sólida formação básica, que propicie o básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais formação de docentes para a educação infantil e para
de suas competências de trabalho; as primeiras séries do ensino fundamental;
• a associação entre teorias e práticas, mediante estágios • programas de formação pedagógica para portadores
supervisionados e capacitação em serviço; de diplomas de educação superior que queiram se
• o aproveitamento da formação e experiências anterio- dedicar à educação básica;
res, em instituições de ensino e em outras atividades. • programas de educação continuada para os profissio-
nais de educação dos diversos níveis.
A formação de docentes para atuar na educação básica
far‑se‑á em nível superior, em curso de licenciatura plena, A formação de profissionais de educação para adminis-
admitida, como formação mínima para o exercício do ma- tração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação
gistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do educacional para a educação básica, será feita em cursos
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na moda- de graduação em pedagogia ou em nível de pós‑graduação,
lidade normal. a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação,
A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, a base comum nacional.
em regime de colaboração, deverão promover a formação A formação docente, exceto para a educação superior,
inicial, a  continuada e a capacitação dos profissionais de incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
magistério. A preparação para o exercício do magistério superior
A formação continuada e a capacitação dos profissionais far‑se‑á em nível de pós‑graduação, prioritariamente em
de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de programas de mestrado e doutorado.
educação a distância. O notório saber, reconhecido por universidade com curso
A formação inicial de profissionais de magistério dará de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de
preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo título acadêmico.
uso de recursos e tecnologias de educação a distância. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos
A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios profissionais da educação, assegurando‑lhes, inclusive nos
adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério
em cursos de formação de docentes em nível superior para público:
atuar na educação básica pública. • ingresso exclusivamente por concurso público de pro-
A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios vas e títulos;
incentivarão a formação de profissionais do magistério • aperfeiçoamento profissional continuado, inclusi-
para atuar na educação básica pública mediante programa ve com licenciamento periódico remunerado para
esse fim;
institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
• piso salarial profissional;
matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena,
• progressão funcional baseada na titulação ou habili-
nas instituições de educação superior.
tação, e na avaliação do desempenho;
O Ministério da Educação poderá estabelecer nota míni-
• período reservado a estudos, planejamento e avalia-
ma em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino
ção, incluído na carga de trabalho;
médio como pré‑requisito para o ingresso em cursos de
• condições adequadas de trabalho.
graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Nacional de Educação – CNE. A experiência docente é pré‑requisito para o exercício
Os currículos dos cursos de formação de docentes terão profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos
por referência a Base Nacional Comum Curricular. termos das normas de cada sistema de ensino.
A formação dos profissionais far‑se‑á por meio de cur-
sos de conteúdo técnico‑pedagógico, em nível médio ou Recursos financeiros
superior, incluindo habilitações tecnológicas. Garantir‑se‑á
formação continuada para os profissionais a que se refere Serão recursos públicos destinados à educação os ori-
o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação ginários de:
básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, • receita de impostos próprios da União, dos Estados,
cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de do Distrito Federal e dos Municípios;
pós‑graduação. • receita de transferências constitucionais e outras
O acesso de professores das redes públicas de educação transferências;
básica a cursos superiores de pedagogia e licenciatura será • receita do salário‑educação e de outras contribuições
efetivado por meio de processo seletivo diferenciado. Terão sociais;
direito de pleitear o acesso, os professores das redes públicas • receita de incentivos fiscais;
municipais, estaduais e federal que ingressaram por con- • outros recursos previstos em lei.
curso público, tenham pelo menos três anos de exercício da
profissão e não sejam portadores de diploma de graduação. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito,
As instituições de ensino responsáveis pela oferta de e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco
cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou
adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, compre-
interessados em número superior ao de vagas disponíveis endidas as transferências constitucionais, na manutenção e
para os respectivos cursos. desenvolvimento do ensino público.
Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem definidos A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
em regulamento pelas universidades, terão prioridade de in- União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou

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pelos Estados aos respectivos Municípios, não será conside- V – coexistência de instituições públicas e privadas de
rada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do ensino;
governo que a transferir. VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos
Serão consideradas excluídas das receitas de impostos oficiais;
mencionadas acima as operações de crédito por antecipação VII – valorização do profissional da educação escolar;
de receita orçamentária de impostos. VIII – gestão democrática do ensino público, na forma
Para fixação inicial dos valores correspondentes aos desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
mínimos estatuídos, será considerada a receita estimada na IX – garantia de padrão de qualidade;
lei do orçamento anual, ajustada, quando for o caso, por lei X – valorização da experiência extraescolar;
que autorizar a abertura de créditos adicionais, com base no XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
eventual excesso de arrecadação. as práticas sociais.
As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as XII – consideração com a diversidade étnico‑racial. (In‑
efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento cluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e
corrigidas a cada trimestre do exercício financeiro.
TÍTULO III
O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR
ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educa-
ção, observados os seguintes prazos: Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
• recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de será efetivado mediante a garantia de:
cada mês, até o vigésimo dia; I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
• recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte
dia de cada mês, até o trigésimo dia; forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
• recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final a) pré‑escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente. b) ensino fundamental;  (Incluído pela Lei nº  12.796,
de 2013)
O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
monetária e à responsabilização civil e criminal das autori- II – educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
dades competentes. anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
III – atendimento educacional especializado gratuito aos
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 educandos com deficiência, transtornos globais do desen-
volvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal
Estabelece as diretrizes e ba‑ a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente
ses da educação nacional. na rede regular de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796,
de 2013)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres- IV – acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: médio para todos os que não os concluíram na idade própria;
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
TÍTULO I V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui-
DA EDUCAÇÃO sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
Art. 1º A educação abrange os processos formativos dições do educando;
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência huma- VII – oferta de educação escolar regular para jovens e
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

na, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos adultos, com características e modalidades adequadas às
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas suas necessidades e disponibilidades, garantindo‑se aos que
manifestações culturais. forem trabalhadores as condições de acesso e permanência
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de- na escola;
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, em VIII – atendimento ao educando, em todas as etapas da
instituições próprias. educação básica, por meio de programas suplementares de
§ 2º A educação escolar deverá vincular‑se ao mundo do material didático‑escolar, transporte, alimentação e assis-
trabalho e à prática social.
tência à saúde; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
IX – padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos
TÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de in-
sumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspira- ensino‑aprendizagem.
da nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade X – vaga na escola pública de educação infantil ou de
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de
qualificação para o trabalho. idade. (Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008).
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito
princípios: público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cida-
I – igualdade de condições para o acesso e permanência dãos, associação comunitária, organização sindical, entidade
na escola; de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Minis-
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar tério Público, acionar o poder público para exigi‑lo. (Redação
a cultura, o pensamento, a arte e o saber; dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; § 1º O poder público, na esfera de sua competência fe-
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; derativa, deverá: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

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I  – recensear anualmente as crianças e adolescentes V – coletar, analisar e disseminar informações sobre a
em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não educação;
concluíram a educação básica;  (Redação dada pela Lei VI  – assegurar processo nacional de avaliação do ren-
nº 12.796, de 2013) dimento escolar no ensino fundamental, médio e superior,
II – fazer‑lhes a chamada pública; em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a
III – zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
à escola. VII – baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público pós‑graduação;
assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigató- VIII – assegurar processo nacional de avaliação das insti-
rio, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os tuições de educação superior, com a cooperação dos sistemas
demais níveis e modalidades de ensino, conforme as priori- que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;
dades constitucionais e legais. IX  – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste e avaliar, respectivamente, os  cursos das instituições de
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo ensino. (Vide Lei nº 10.870, de 2004)
gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Na-
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competen- cional de Educação, com funções normativas e de supervisão
te para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá e atividade permanente, criado por lei.
ela ser imputada por crime de responsabilidade. § 2º Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX,
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de a União terá acesso a todos os dados e informações neces-
ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso sários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
aos diferentes níveis de ensino, independentemente da § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
escolarização anterior. delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que man-
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrí- tenham instituições de educação superior.
cula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) Art. 10. Os Estados incumbir‑se‑ão de:
anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as ções oficiais dos seus sistemas de ensino;
seguintes condições: II – definir, com os Municípios, formas de colaboração na
I – cumprimento das normas gerais da educação nacional oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
e do respectivo sistema de ensino; distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
II – autorização de funcionamento e avaliação de quali- com a população a ser atendida e os recursos financeiros
dade pelo Poder Público; disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
III  – capacidade de autofinanciamento, ressalvado o III – elaborar e executar políticas e planos educacionais,
previsto no art. 213 da Constituição Federal. em consonância com as diretrizes e planos nacionais de
educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos
TÍTULO IV seus Municípios;
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL IV  – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educa-
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- ção superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
cípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos V – baixar normas complementares para o seu sistema
sistemas de ensino. de ensino;
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional VI  – assegurar o ensino fundamental e oferecer, com

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de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem,
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; (Redação dada
relação às demais instâncias educacionais. pela Lei nº 12.061, de 2009)
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização VII  – assumir o transporte escolar dos alunos da rede
nos termos desta Lei. estadual. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31/7/2003)
Art. 9º A União incumbir‑se‑á de: Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar‑se‑ão as com-
I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo- petências referentes aos Estados e aos Municípios.
ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; Art. 11. Os Municípios incumbir‑se‑ão de:
II – organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- I  – organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-
ções oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios; tuições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando‑os
III – prestar assistência técnica e financeira aos Estados, às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento II – exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à III – baixar normas complementares para o seu sistema
escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva de ensino;
e supletiva; IV – autorizar, credenciar e supervisionar os estabeleci-
IV – estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis- mentos do seu sistema de ensino;
trito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para V – oferecer a educação infantil em creches e pré‑escolas,
a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atua-
que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de ção em outros níveis de ensino somente quando estiverem
modo a assegurar formação básica comum; atendidas plenamente as necessidades de sua área de
IV‑A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis- competência e com recursos acima dos percentuais míni-
trito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para mos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e
identificação, cadastramento e atendimento, na educação desenvolvimento do ensino.
básica e na educação superior, de alunos com altas habilida- VI  – assumir o transporte escolar dos alunos da rede
des ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) municipal. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31/7/2003)

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Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por IV – os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fede-
se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ral, respectivamente.
ele um sistema único de educação básica. Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada,
as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a integram seu sistema de ensino.
incumbência de: Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:
I – elaborar e executar sua proposta pedagógica; I – as instituições do ensino fundamental, médio e de
II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
financeiros; II – as instituições de educação infantil criadas e mantidas
III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas‑au- pela iniciativa privada;
la estabelecidas; III – os órgãos municipais de educação.
IV  – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
cada docente; classificam‑se nas seguintes categorias administrativas:
V  – prover meios para a recuperação dos alunos de I – públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas,
menor rendimento; mantidas e administradas pelo Poder Público;
VI – articular‑se com as famílias e a comunidade, criando II – privadas, assim entendidas as mantidas e adminis-
processos de integração da sociedade com a escola; tradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequ- nas seguintes categorias:
ência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução I – particulares em sentido estrito, assim entendidas as
da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas
nº 12.013, de 2009) físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz as características dos incisos abaixo;
competente da Comarca e ao respectivo representante do II  – comunitárias, assim entendidas as que são insti-
Ministério Público a relação dos alunos que apresentem tuídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem
percentual permitido em lei. (Incluído pela Lei nº  10.287, fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
de 2001) representantes da comunidade;  (Redação dada pela Lei
Art. 13. Os docentes incumbir‑se‑ão de: nº 12.020, de 2009)
I – participar da elaboração da proposta pedagógica do III – confessionais, assim entendidas as que são instituídas
estabelecimento de ensino; por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
II  – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; específicas e ao disposto no inciso anterior;
III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – filantrópicas, na forma da lei.
IV  – estabelecer estratégias de recuperação para os
alunos de menor rendimento; TÍTULO V
V – ministrar os dias letivos e horas‑aula estabelecidos, DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao DE EDUCAÇÃO E ENSINO
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI – colaborar com as atividades de articulação da escola CAPÍTULO I
com as famílias e a comunidade. Da Composição dos Níveis Escolares
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

gestão democrática do ensino público na educação básica, de Art. 21. A educação escolar compõe‑se de:
acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes I  – educação básica, formada pela educação infantil,
princípios: ensino fundamental e ensino médio;
I – participação dos profissionais da educação na elabo- II – educação superior.
ração do projeto pedagógico da escola;
II  – participação das comunidades escolar e local em CAPÍTULO II
conselhos escolares ou equivalentes. Da Educação Básica
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades
escolares públicas de educação básica que os integram pro- Seção I
gressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e Das Disposições Gerais
de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
financeiro público. Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvol-
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: ver o educando, assegurar‑lhe a formação comum indispen-
I – as instituições de ensino mantidas pela União; sável para o exercício da cidadania e fornecer‑lhe meios para
II – as instituições de educação superior criadas e man- progredir no trabalho e em estudos posteriores.
tidas pela iniciativa privada; Art. 23. A educação básica poderá organizar‑se em sé-
III – os órgãos federais de educação. ries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito de períodos de estudos, grupos não‑seriados, com base na
Federal compreendem: idade, na competência e em outros critérios, ou por forma
I – as instituições de ensino mantidas, respectivamente, diversa de organização, sempre que o interesse do processo
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; de aprendizagem assim o recomendar.
II – as instituições de educação superior mantidas pelo §  1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
Poder Público municipal; quando se tratar de transferências entre estabelecimentos
III – as instituições de ensino fundamental e médio cria- situados no País e no exterior, tendo como base as normas
das e mantidas pela iniciativa privada; curriculares gerais.

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§ 2º O calendário escolar deverá adequar‑se às peculiari- Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades
dades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do responsáveis alcançar relação adequada entre o número de
respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais
de horas letivas previsto nesta Lei. do estabelecimento.
Art. 24. A  educação básica, nos níveis fundamental e Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino,
médio, será organizada de acordo com as seguintes regras à vista das condições disponíveis e das características regio-
comuns: nais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do
I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas disposto neste artigo.
para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribu- Art. 26. Os  currículos da educação infantil, do ensino
ídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho fundamental e do ensino médio devem ter base nacional co-
escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, mum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em
quando houver; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
II – a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a exigida pelas características regionais e locais da sociedade,
primeira do ensino fundamental, pode ser feita: da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada
a) por promoção, para alunos que cursaram, com apro- pela Lei nº 12.796, de 2013)
veitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abran-
b) por transferência, para candidatos procedentes de ger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
outras escolas; matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
c) independentemente de escolarização anterior, me- realidade social e política, especialmente do Brasil.
diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamen- educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
tação do respectivo sistema de ensino; § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica
III  – nos estabelecimentos que adotam a progressão da escola, é componente curricular obrigatório da educação
regular por série, o regimento escolar pode admitir formas básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada
de progressão parcial, desde que preservada a sequência pela Lei nº 10.793, de 1º/12/2003)
do currículo, observadas as normas do respectivo sistema I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a
de ensino; seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º/12/2003)
IV – poderão organizar‑se classes, ou turmas, com alunos II  – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei
de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento nº 10.793, de 1º/12/2003)
na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que,
outros componentes curriculares; em situação similar, estiver obrigado à prática da educação
V  – a verificação do rendimento escolar observará os física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º/12/2003)
seguintes critérios: IV – amparado pelo Decreto‑Lei no 1.044, de 21 de ou-
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do tubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º/12/2003)
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os V –  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º/12/2003)
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os VI  – que tenha prole.  (Incluído pela Lei nº  10.793, de
de eventuais provas finais; 1º/12/2003)
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
com atraso escolar; contribuições das diferentes culturas e etnias para a forma-
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- ção do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
diante verificação do aprendizado; africana e europeia.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo nº 13.415, de 2017)
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
de ensino em seus regimentos; linguagens que constituirão o componente curricular de que
VI  – o controle de freqüência fica a cargo da escola, trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278,
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do de 2016)
respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério
de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os
aprovação; temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela
VII – cabe a cada instituição de ensino expedir históricos Lei nº 13.415, de 2017)
escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou § 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá
certificados de conclusão de cursos, com as especificações componente curricular complementar integrado à propos-
cabíveis. ta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei
I do caput  deverá ser ampliada de forma progressiva, no nº 13.006, de 2014)
ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à pre-
sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, venção de todas as formas de violência contra a criança e o
pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos
de março de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta-
educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, tuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e
adequado às condições do educando, conforme o inciso VI distribuição de material didático adequado. (Incluído pela
do art. 4º. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Lei nº 13.010, de 2014)

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§  10. A  inclusão de novos componentes curriculares I – avaliação mediante acompanhamento e registro do
de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção,
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela
e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (In‑ Lei nº 12.796, de 2013)
cluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho
e de ensino médio, públicos e privados, torna‑se obrigatório educacional;(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
o estudo da história e cultura afro‑brasileira e indígena. (Re‑ III  – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro)
dação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que carac- IV – controle de frequência pela instituição de educação
terizam a formação da população brasileira, a partir desses pré‑escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta
dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796,
e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas de 2013)
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e V – expedição de documentação que permita atestar os
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as processos de desenvolvimento e aprendizagem da crian-
suas contribuições nas áreas social, econômica e política, ça. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
pertinentes à história do Brasil.  (Redação dada pela Lei
nº 11.645, de 2008). Seção III
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro‑bra- Do Ensino Fundamental
sileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração
educação artística e de literatura e história brasileiras. (Re‑ de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando‑se aos
dação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274,
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: de 2006)
I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social, I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita
comum e à ordem democrática; e do cálculo;
II  – consideração das condições de escolaridade dos II  – a compreensão do ambiente natural e social, do
alunos em cada estabelecimento; sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em
III – orientação para o trabalho; que se fundamenta a sociedade;
IV – promoção do desporto educacional e apoio às prá- III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
ticas desportivas não‑formais. tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população
e a formação de atitudes e valores;
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações ne-
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
cessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e
de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que
de cada região, especialmente:
se assenta a vida social.
I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
ensino fundamental em ciclos.
II – organização escolar própria, incluindo adequação do
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
climáticas; por série podem adotar no ensino fundamental o regime
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III – adequação à natureza do trabalho na zona rural. de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do
Parágrafo único. O  fechamento de escolas do campo, processo de ensino‑aprendizagem, observadas as normas
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do respectivo sistema de ensino.
do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em
considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
Educação, a  análise do diagnóstico do impacto da ação e utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
a manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei aprendizagem.
nº 12.960, de 2014) §  4º O ensino fundamental será presencial, sendo o
ensino a distância utilizado como complementação da
Seção II aprendizagem ou em situações emergenciais.
Da Educação Infantil § 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obriga-
toriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Ado-
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicoló- lescente, observada a produção e distribuição de material
gico, intelectual e social, complementando a ação da família e didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007).
da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: como tema transversal nos currículos do ensino fundamen-
I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de tal. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011).
até três anos de idade; Art. 33. O  ensino religioso, de matrícula facultativa,
II – pré‑escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) é parte integrante da formação básica do cidadão e consti-
anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) tui disciplina dos horários normais das escolas públicas de
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade
com as seguintes regras comuns:  (Redação dada pela Lei cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de
nº 12.796, de 2013) proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22/7/1997)

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§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedi- § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base
mentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e
e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio,
dos professores. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22/7/1997) de acordo com a definição dos sistemas de ensino.(Incluído
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, cons- pela Lei nº 13.415, de 2017)
tituída pelas diferentes denominações religiosas, para a § 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho
definição dos conteúdos do ensino religioso. (Incluído pela esperados para o ensino médio, que serão referência nos
Lei nº 9.475, de 22/7/1997) processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
Art. 34. A  jornada escolar no ensino fundamental in- Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
cluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a
de aula, sendo progressivamente ampliado o período de formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
permanência na escola. voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressiva- § 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de ava-
mente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. liação processual e formativa serão organizados nas redes
de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas
Seção IV orais e escritas, seminários, projetos e atividades on‑line, de
Do Ensino Médio tal forma que ao final do ensino médio o educando demons-
tre: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
com duração mínima de três anos, terá como finalidades: presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415,
I  – a consolidação e o aprofundamento dos conheci- de 2017)
mentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando II – conhecimento das formas contemporâneas de lin-
o prosseguimento de estudos; guagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
III  – o aprimoramento do educando como pessoa hu- local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Re-
mana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da dação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
autonomia intelectual e do pensamento crítico; I – linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela
IV – a compreensão dos fundamentos científico‑tecnoló- Lei nº 13.415, de 2017)
gicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a II – matemática e suas tecnologias;(Redação dada pela
prática, no ensino de cada disciplina. Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 35-A. A  Base Nacional Comum Curricular definirá III – ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, IV – ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
nas seguintes áreas do conhecimento:  (Incluído pela Lei pela Lei nº 13.415, de 2017)
nº 13.415, de 2017) V  – formação técnica e profissional.  (Incluído pela Lei
I  – linguagens e suas tecnologias;  (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
nº 13.415, de 2017) § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


II  – matemática e suas tecnologias;  (Incluído pela Lei respectivas competências e habilidades será feita de acordo
nº 13.415, de 2017) com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (Re‑
III  – ciências da natureza e suas tecnologias;  (Incluído dação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
pela Lei nº 13.415, de 2017) I – (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV – ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela II  – (revogado);(Redação dada pela Lei nº  13.415,
Lei nº 13.415, de 2017) de 2017)
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o ca- III  –   (revogado). (Redação dada pela Lei nº  11.684,
put do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá de 2008)
estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser § 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, § 3º  A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) composto itinerário formativo integrado, que se traduz na
§ 2º  A Base Nacional Comum Curricular referente ao composição de componentes curriculares da Base Nacional
ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas Comum Curricular  – BNCC e dos itinerários formativos,
de educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela
Lei nº 13.415, de 2017) Lei nº 13.415, de 2017)
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
comunidades indígenas, também, a utilização das respecti- vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino
vas línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) médio cursar mais um itinerário formativo de que trata
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoria- o caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
mente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de forma-
línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente ção com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído
o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais pela Lei nº 13.415, de 2017)
e horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído pela I – a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
Lei nº 13.415, de 2017) produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo

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parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino
estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem profissio- médio ou em cooperação com instituições especializadas em
nal; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
II – a possibilidade de concessão de certificados interme- Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio
diários de qualificação para o trabalho, quando a formação será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei
for estruturada e organizada em etapas com terminalida- nº 11.741, de 2008)
de. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I  – articulada com o ensino médio;  (Incluído pela Lei
§ 7º A oferta de formações experimentais relacionadas nº 11.741, de 2008)
ao inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo II  – subsequente, em cursos destinados a quem já te-
Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua continui- nha concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741,
dade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual de 2008)
de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no Catá- Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível
logo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela I – os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur-
Lei nº 13.415, de 2017) riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de
§ 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição II – as normas complementares dos respectivos sistemas
ou em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
previamente pelo Conselho Estadual de Educação, homologa- III – as exigências de cada instituição de ensino, nos ter-
da pelo Secretário Estadual de Educação e certificada pelos mos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741,
sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) de 2008)
§ 9º As instituições de ensino emitirão certificado com Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta
médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741,
em outros cursos ou formações para os quais a conclusão de 2008)
do ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei I – integrada, oferecida somente a quem já tenha con-
nº 13.415, de 2017) cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de
o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando‑se
o sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741,
pela Lei nº 13.415, de 2017) de 2008)
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências cur- II – concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
riculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão médio ou já o esteja cursando, efetuando‑se matrículas
reconhecer competências e firmar convênios com institui- distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela
ções de educação a distância com notório reconhecimento, Lei nº 11.741, de 2008)
mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído a) na mesma instituição de ensino, aproveitando‑se as
pela Lei nº 13.415, de 2017) oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei
I – demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, nº 11.741, de 2008)
de 2017) b) em instituições de ensino distintas, aproveitando‑se
II  – experiência de trabalho supervisionado ou outra as oportunidades educacionais disponíveis;  (Incluído pela
experiência adquirida fora do ambiente escolar;  (Incluído Lei nº 11.741, de 2008)
pela Lei nº 13.415, de 2017) c) em instituições de ensino distintas, mediante convê-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

III – atividades de educação técnica oferecidas em ou- nios de intercomplementaridade, visando ao planejamento
tras instituições de ensino credenciadas;(Incluído pela Lei e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (In‑
nº 13.415, de 2017) cluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
IV  – cursos oferecidos por centros ou programas Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissio-
ocupacionais;(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) nal técnica de nível médio, quando registrados, terão vali-
V – estudos realizados em instituições de ensino nacio- dade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos
nais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) na educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
VI – cursos realizados por meio de educação a distância Parágrafo único. Os cursos de educação profissional téc-
ou educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído nica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
pela Lei nº 13.415, de 2017) subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no proces- com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
so de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação de qualificação para o trabalho após a conclusão, com apro-
profissional previstas no caput.(Incluído pela Lei nº 13.415, veitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação
de 2017) para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Seção IV‑A Seção V
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Da Educação de Jovens e Adultos
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do no ensino fundamental e médio na idade própria.
educando, poderá prepará‑lo para o exercício de profissões § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, estudos na idade regular, oportunidades educacionais
facultativamente, a  habilitação profissional poderão ser apropriadas, consideradas as características do alunado,

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seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do
cursos e exames. espírito científico e do pensamento reflexivo;
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e II – formar diplomados nas diferentes áreas de conheci-
a permanência do trabalhador na escola, mediante ações mento, aptos para a inserção em setores profissionais e para
integradas e complementares entre si. a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira,
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular‑se, e colaborar na sua formação contínua;
preferencialmente, com a educação profissional, na forma III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação cien-
do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) tífica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do o entendimento do homem e do meio em que vive;
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais,
caráter regular. científicos e técnicos que constituem patrimônio da humani-
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar‑se‑ão: dade e comunicar o saber através do ensino, de publicações
I – no nível de conclusão do ensino fundamental, para ou de outras formas de comunicação;
os maiores de quinze anos; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
II  – no nível de conclusão do ensino médio, para os
cultural e profissional e possibilitar a correspondente con-
maiores de dezoito anos.
cretização, integrando os conhecimentos que vão sendo
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
educandos por meios informais serão aferidos e reconheci-
dos mediante exames. conhecimento de cada geração;
VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo
CAPÍTULO III presente, em particular os nacionais e regionais, prestar
Da Educação Profissional serviços especializados à comunidade e estabelecer com
Da Educação Profissional e Tecnológica esta uma relação de reciprocidade;
(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) VII  – promover a extensão, aberta à participação da
população, visando à difusão das conquistas e benefícios
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cum- resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
primento dos objetivos da educação nacional, integra‑se aos tecnológica geradas na instituição.
diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões VIII  – atuar em favor da universalização e do aprimo-
do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela ramento da educação básica, mediante a formação e a
Lei nº 11.741, de 2008) capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pe-
§ 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica po- dagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
derão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei
a construção de diferentes itinerários formativos, observadas nº 13.174, de 2015)
as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído Art. 44. A  educação superior abrangerá os seguintes
pela Lei nº 11.741, de 2008) cursos e programas:
§ 2º  A educação profissional e tecnológica abrangerá I – cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes
os seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam
I – de formação inicial e continuada ou qualificação pro- aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino,
fissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) desde que tenham concluído o ensino médio ou equivalente;
II – de educação profissional técnica de nível médio; (In‑ (Redação dada pela Lei nº 11.632, de 2007).
cluído pela Lei nº 11.741, de 2008) II  – de graduação, abertos a candidatos que tenham
III – de educação profissional tecnológica de graduação e concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido

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pós‑graduação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) classificados em processo seletivo;
§ 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de III – de pós‑graduação, compreendendo programas de
graduação e pós‑graduação organizar‑se‑ão, no que concer- mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoa-
ne a objetivos, características e duração, de acordo com as mento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho de graduação e que atendam às exigências das instituições
Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
de ensino;
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em
IV – de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
articulação com o ensino regular ou por diferentes estraté-
requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
gias de educação continuada, em instituições especializadas
ou no ambiente de trabalho. ensino.
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação pro- § 1º Os resultados do processo seletivo referido no inciso
fissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas insti-
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para tuições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação
prosseguimento ou conclusão de estudos. (Redação dada da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de
pela Lei nº 11.741, de 2008) classificação, bem como do cronograma das chamadas para
Art. 42. As  instituições de educação profissional e tec- matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento
nológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos das vagas constantes do respectivo edital. (Incluído pela Lei
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à nº 11.331, de 2006) (Renumerado do parágrafo único para
capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível § 1º pela Lei nº 13.184, de 2015)
de escolaridade. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) § 2º No caso de empate no processo seletivo, as institui-
ções públicas de ensino superior darão prioridade de matrí-
CAPÍTULO IV cula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a
Da Educação Superior dez salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando
mais de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: pela Lei nº 13.184, de 2015)

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§ 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará III – em local visível da instituição de ensino superior e de
as competências e as habilidades definidas na Base Nacional fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) IV – deve ser atualizada semestralmente ou anualmente,
Art. 45. A educação superior será ministrada em institui- de acordo com a duração das disciplinas de cada curso ofe-
ções de ensino superior, públicas ou privadas, com variados recido, observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168,
graus de abrangência ou especialização. de 2015)
Art. 46. A  autorização e o reconhecimento de cursos, a) caso o curso mantenha disciplinas com duração dife-
bem como o credenciamento de instituições de educação renciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela lei
superior, terão prazos limitados, sendo renovados, perio- nº 13.168, de 2015)
dicamente, após processo regular de avaliação. (Vide Lei b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do
nº 10.870, de 2004) início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
§  1º Após um prazo para saneamento de deficiências c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo
eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere docente até o início das aulas, os alunos devem ser comunica-
este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, con- dos sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
forme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em V – deve conter as seguintes informações: (Incluído pela
intervenção na instituição, em suspensão temporária de prer- lei nº 13.168, de 2015)
rogativas da autonomia, ou em descredenciamento. (Vide a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição
Lei nº 10.870, de 2004) de ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular
responsável por sua manutenção acompanhará o processo de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela
de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessá- lei nº 13.168, de 2015)
rios, para a superação das deficiências. c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas
§ 3º No caso de instituição privada, além das sanções em cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará
previstas no § 1º, o processo de reavaliação poderá resultar naquele curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualifi-
também em redução de vagas autorizadas, suspensão tem- cação profissional do docente e o tempo de casa do docente,
porária de novos ingressos e de oferta de cursos. (Incluído de forma total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei
pela Medida Provisória nº 785, de 2017) nº 13.168, de 2015)
§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante pro-
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamen-
cedimento específico e com a aquiescência da instituição de
to nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros
ensino, com vistas a resguardar o interesse dos estudantes,
instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca
comutar as penalidades previstas nos § 1º e § 3º em outras
examinadora especial, poderão ter abreviada a duração
medidas, desde que adequadas para a superação das defici-
dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de
ências e irregularidades constatadas. (Incluído pela Medida
ensino.
Provisória nº 785, de 2017)
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, in- § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
dependente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de salvo nos programas de educação a distância.
trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no
exames finais, quando houver. período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória
de cada período letivo, os programas dos cursos e demais a oferta noturna nas instituições públicas, garantida a neces-
componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualifi- sária previsão orçamentária.
cação dos professores, recursos disponíveis e critérios de Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
quando registrados, terão validade nacional como prova da
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

avaliação, obrigando‑se a cumprir as respectivas condições,


e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras for- formação recebida por seu titular.
mas concomitantemente:(Redação dada pela lei nº 13.168, § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por
de 2015) elas próprias registrados, e aqueles conferidos por institui-
I – em página específica na internet no sítio eletrônico ções não‑universitárias serão registrados em universidades
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguin- indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
te: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) § 2º Os diplomas de graduação expedidos por universida-
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como des estrangeiras serão revalidados por universidades públicas
título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente,
de 2015) respeitando‑se os acordos internacionais de reciprocidade
b) a página principal da instituição de ensino superior, ou equiparação.
bem como a página da oferta de seus cursos aos ingressan- § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
tes sob a forma de vestibulares, processo seletivo e outras por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
com a mesma finalidade, deve conter a ligação desta com por universidades que possuam cursos de pós‑graduação
a página específica prevista neste inciso; (Incluída pela lei reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento
nº 13.168, de 2015) e em nível equivalente ou superior.
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão
eletrônico, deve criar página específica para divulgação das a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hi-
informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168, pótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
de 2015) Parágrafo único. As  transferências  ex officio dar‑se‑ão
d) a página específica deve conter a data completa de na forma da lei.
sua última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) Art. 50. As instituições de educação superior, quando da
II  – em toda propaganda eletrônica da instituição de ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
ensino superior, por meio de ligação para a página referida cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade
no inciso I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) de cursá‑las com proveito, mediante processo seletivo prévio.

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Art. 51. As  instituições de educação superior creden- § 3º No caso das universidades públicas, os recursos das
ciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios e doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição,
normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em com destinação garantida às unidades a serem beneficia-
conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do en- das. (Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017)
sino médio, articulando‑se com os órgãos normativos dos Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
sistemas de ensino. gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para
Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplina- atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e
res de formação dos quadros profissionais de nível superior, financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus
de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.
humano, que se caracterizam por: § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições
I  – produção intelectual institucionalizada mediante o asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas
estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, poderão:
tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional I – propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e
e nacional; administrativo, assim como um plano de cargos e salários,
II – um terço do corpo docente, pelo menos, com titula- atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos dis-
ção acadêmica de mestrado ou doutorado; poníveis;
III – um terço do corpo docente em regime de tempo II – elaborar o regulamento de seu pessoal em confor-
integral. midade com as normas gerais concernentes;
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades III – aprovar e executar planos, programas e projetos de
especializadas por campo do saber. investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são assegura- geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo
das às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes Poder mantenedor;
atribuições: IV – elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
I  – criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e V – adotar regime financeiro e contábil que atenda às
programas de educação superior previstos nesta Lei, obe- suas peculiaridades de organização e funcionamento;
decendo às normas gerais da União e, quando for o caso, VI – realizar operações de crédito ou de financiamento,
do respectivo sistema de ensino; com aprovação do Poder competente, para aquisição de bens
II – fixar os currículos dos seus cursos e programas, ob- imóveis, instalações e equipamentos;
servadas as diretrizes gerais pertinentes; VII  – efetuar transferências, quitações e tomar outras
III – estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa providências de ordem orçamentária, financeira e patrimo-
científica, produção artística e atividades de extensão; nial necessárias ao seu bom desempenho.
IV – fixar o número de vagas de acordo com a capacidade § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser
institucional e as exigências do seu meio; estendidas a instituições que comprovem alta qualificação
V – elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação
em consonância com as normas gerais atinentes; realizada pelo Poder Público.
VI – conferir graus, diplomas e outros títulos; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
VII – firmar contratos, acordos e convênios; Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
VIII – aprovar e executar planos, programas e projetos desenvolvimento das instituições de educação superior por
de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições ela mantidas.
em geral, bem como administrar rendimentos conforme Art. 56. As  instituições públicas de educação superior
dispositivos institucionais; obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegura-
IX – administrar os rendimentos e deles dispor na forma da a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que

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prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos participarão os segmentos da comunidade institucional,
estatutos; local e regional.
X – receber subvenções, doações, heranças, legados e Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão
cooperação financeira resultante de convênios com entida- setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e
des públicas e privadas. comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e mo-
§  1º Para garantir a autonomia didático‑científica das dificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pes- de dirigentes.
quisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior,
sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas sema-
I  – criação, expansão, modificação e extinção de cur- nais de aulas.
sos; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
II – ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada pela CAPÍTULO V
Lei nº 13.490, de 2017) Da Educação Especial
III – elaboração da programação dos cursos; (Redação
dada pela Lei nº 13.490, de 2017) Art. 58. Entende‑se por educação especial, para os efeitos
IV – programação das pesquisas e das atividades de ex- desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida pre-
tensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) ferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
V  – contratação e dispensa de professores;  (Redação com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
dada pela Lei nº 13.490, de 2017) altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei
VI – planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
nº 13.490, de 2017) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio espe-
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser diri- cializado, na escola regular, para atender às peculiaridades
gidas a setores ou projetos específicos, conforme acordo da clientela de educação especial.
entre doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
de 2017) escolas ou serviços especializados, sempre que, em função

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das condições específicas dos alunos, não for possível a sua II – trabalhadores em educação portadores de diploma
integração nas classes comuns de ensino regular. de pedagogia, com habilitação em administração, planeja-
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional mento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem
do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas
durante a educação infantil. áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educan- III – trabalhadores em educação, portadores de diploma
dos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (In‑
e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei cluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
nº 12.796, de 2013) IV – profissionais com notório saber reconhecido pelos
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos
organização específicos, para atender às suas necessidades; de áreas afins à sua formação ou experiência profissional,
II – terminalidade específica para aqueles que não pu- atestados por titulação específica ou prática de ensino em
derem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino unidades educacionais da rede pública ou privada ou das cor-
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração porações privadas em que tenham atuado, exclusivamente
para concluir em menor tempo o programa escolar para os para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela
superdotados; lei nº 13.415, de 2017)
III – professores com especialização adequada em nível V – profissionais graduados que tenham feito comple-
médio ou superior, para atendimento especializado, bem mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho
como professores do ensino regular capacitados para a Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
integração desses educandos nas classes comuns; Parágrafo único. A formação dos profissionais da edu-
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua cação, de modo a atender às especificidades do exercício
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes
adequadas para os que não revelarem capacidade de inser- etapas e modalidades da educação básica, terá como fun-
ção no trabalho competitivo, mediante articulação com os damentos: (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam I – a presença de sólida formação básica, que propicie
uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de
psicomotora; suas competências de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.014,
V  – acesso igualitário aos benefícios dos programas de 2009)
sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível II – a associação entre teorias e práticas, mediante es-
do ensino regular. tágios supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído
Art. 59-A. O  poder público deverá instituir cadastro pela Lei nº 12.014, de 2009)
nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação III – o aproveitamento da formação e experiências ante-
matriculados na educação básica e na educação superior, riores, em instituições de ensino e em outras atividades. (In‑
a fim de fomentar a execução de políticas públicas destina- cluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
das ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação
alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) básica far‑se‑á em nível superior, em curso de licenciatura
Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com plena, admitida, como formação mínima para o exercício do
altas habilidades ou superdotação, os critérios e procedi- magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos
mentos para inclusão no cadastro referido no caput deste do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na mo-
artigo, as  entidades responsáveis pelo cadastramento, dalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017)
os mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políticas § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí-
de desenvolvimento das potencialidades do alunado de que pios, em regime de colaboração, deverão promover a forma-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

trata o caput serão definidos em regulamento. ção inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
estabelecerão critérios de caracterização das instituições § 2º A formação continuada e a capacitação dos profissio-
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação nais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico educação a distância. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
e financeiro pelo Poder Público. § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará
Parágrafo único. O poder público adotará, como alternati- preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo
va preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos uso de recursos e tecnologias de educação a distância. (In‑
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento cluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
e altas habilidades ou superdotação na própria rede pú- § 4º  A União, o  Distrito Federal, os  Estados e os Mu-
blica regular de ensino, independentemente do apoio às nicípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e
instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei permanência em cursos de formação de docentes em nível
nº 12.796, de 2013) superior para atuar na educação básica pública. (Incluído
pela Lei nº 12.796, de 2013)
TÍTULO VI § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí-
Dos Profissionais da Educação pios incentivarão a formação de profissionais do magistério
para atuar na educação básica pública mediante programa
Art. 61. Consideram‑se profissionais da educação escolar institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido matriculados em cursos de licenciatura, de graduação ple-
formados em cursos reconhecidos, são: (Redação dada pela na, nas instituições de educação superior. (Incluído pela Lei
Lei nº 12.014, de 2009) nº 12.796, de 2013)
I – professores habilitados em nível médio ou superior § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota
para a docência na educação infantil e nos ensinos funda- mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do en-
mental e médio; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009) sino médio como pré‑requisito para o ingresso em cursos de

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graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho I  – ingresso exclusivamente por concurso público de
Nacional de Educação – CNE. (Incluído pela Lei nº 12.796, provas e títulos;
de 2013) II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
§ 7º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) com licenciamento periódico remunerado para esse fim;
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes III – piso salarial profissional;
terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. IV – progressão funcional baseada na titulação ou habi-
(Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº 13.415, litação, e na avaliação do desempenho;
de 2017) V – período reservado a estudos, planejamento e avalia-
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o ção, incluído na carga de trabalho;
inciso III do art. 61 far‑se‑á por meio de cursos de conteúdo VI – condições adequadas de trabalho.
técnico‑pedagógico, em nível médio ou superior, incluin- § 1º A experiência docente é pré‑requisito para o exercí-
do habilitações tecnológicas. (Incluído pela Lei nº  12.796, cio profissional de quaisquer outras funções de magistério,
de 2013) nos termos das normas de cada sistema de ensino. (Renu‑
Parágrafo único. Garantir‑se‑á formação continuada para merado pela Lei nº 11.301, de 2006)
os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho § 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e
ou em instituições de educação básica e superior, incluindo no § 8º do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas
cursos de educação profissional, cursos superiores de gra- funções de magistério as exercidas por professores e especia-
duação plena ou tecnológicos e de pós‑graduação. (Incluído listas em educação no desempenho de atividades educativas,
pela Lei nº 12.796, de 2013) quando exercidas em estabelecimento de educação básica
Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do
de educação básica a cursos superiores de pedagogia e exercício da docência, as de direção de unidade escolar e
licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo as de coordenação e assessoramento pedagógico. (Incluído
diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) pela Lei nº 11.301, de 2006)
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no ca‑ § 3º  A União prestará assistência técnica aos Estados,
put deste artigo os professores das redes públicas municipais, ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de con-
estaduais e federal que ingressaram por concurso público, cursos públicos para provimento de cargos dos profissionais
tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não da educação.(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela
Lei nº 13.478, de 2017) TÍTULO VII
§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de DOS RECURSOS FINANCEIROS
cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios
adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames in- Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação
teressados em número superior ao de vagas disponíveis para os originários de:
os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) I – receita de impostos próprios da União, dos Estados,
§ 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem defi- do Distrito Federal e dos Municípios;
nidos em regulamento pelas universidades, terão prioridade II  – receita de transferências constitucionais e outras
de ingresso os professores que optarem por cursos de li- transferências;
cenciatura em matemática, física, química, biologia e língua III – receita do salário‑educação e de outras contribui-
portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) ções sociais;
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: IV – receita de incentivos fiscais;
I – cursos formadores de profissionais para a educação V – outros recursos previstos em lei.
básica, inclusive o curso normal superior, destinado à forma- Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
ção de docentes para a educação infantil e para as primeiras dezoito, e  os Estados, o  Distrito Federal e os Municípios,

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


séries do ensino fundamental; vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas
II – programas de formação pedagógica para portadores Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de
de diplomas de educação superior que queiram se dedicar impostos, compreendidas as transferências constitucionais,
à educação básica; na manutenção e desenvolvimento do ensino público.
III – programas de educação continuada para os profis- § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
sionais de educação dos diversos níveis. pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
Art. 64. A formação de profissionais de educação para ad- ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não será consi-
ministração, planejamento, inspeção, supervisão e orienta- derada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita
ção educacional para a educação básica, será feita em cursos do governo que a transferir.
de graduação em pedagogia ou em nível de pós‑graduação, § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impos-
a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, tos mencionadas neste artigo as operações de crédito por
a base comum nacional. antecipação de receita orçamentária de impostos.
Art. 65. A  formação docente, exceto para a educação § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita
horas. estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério su- caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais,
perior far‑se‑á em nível de pós‑graduação, prioritariamente com base no eventual excesso de arrecadação.
em programas de mestrado e doutorado. § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por univer- as efetivamente realizadas, que resultem no não atendimen-
sidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir to dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e
a exigência de título acadêmico. corrigidas a cada trimestre do exercício financeiro.
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa
dos profissionais da educação, assegurando‑lhes, inclusive da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do ma- ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educa-
gistério público: ção, observados os seguintes prazos:

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I – recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos
cada mês, até o vigésimo dia; Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente,
II – recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo as  disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de
dia de cada mês, até o trigésimo dia; qualidade de ensino.
III – recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fór-
final de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente. mula de domínio público que inclua a capacidade de atendi-
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a cor- mento e a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do
reção monetária e à responsabilização civil e criminal das Distrito Federal ou do Município em favor da manutenção e
autoridades competentes. do desenvolvimento do ensino.
Art. 70. Considerar‑se‑ão como de manutenção e § 2º A capacidade de atendimento de cada governo será
desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com definida pela razão entre os recursos de uso constitucional-
vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições mente obrigatório na manutenção e desenvolvimento do
educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo
destinam a: de qualidade.
I – remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e
e demais profissionais da educação; 2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos
II – aquisição, manutenção, construção e conservação de a cada estabelecimento de ensino, considerado o número
instalações e equipamentos necessários ao ensino; de alunos que efetivamente frequentam a escola.
III  – uso e manutenção de bens e serviços vinculados §  4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
ao ensino; exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos
IV  – levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino
visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10
à expansão do ensino; e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua
V – realização de atividades‑meio necessárias ao funcio- capacidade de atendimento.
namento dos sistemas de ensino; Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
VI – concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos
públicas e privadas; Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei,
VII  – amortização e custeio de operações de crédito sem prejuízo de outras prescrições legais.
destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às esco-
VIII – aquisição de material didático‑escolar e manuten- las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
ção de programas de transporte escolar. confessionais ou filantrópicas que:
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e I – comprovem finalidade não‑lucrativa e não distribu-
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: am resultados, dividendos, bonificações, participações ou
I  – pesquisa, quando não vinculada às instituições de parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, II – apliquem seus excedentes financeiros em educação;
que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua III – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
qualidade ou à sua expansão; escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
II  – subvenção a instituições públicas ou privadas de Público, no caso de encerramento de suas atividades;
caráter assistencial, desportivo ou cultural; IV  – prestem contas ao Poder Público dos recursos
III – formação de quadros especiais para a administração recebidos.
pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
IV  – programas suplementares de alimentação, assis- destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

tência médico‑odontológica, farmacêutica e psicológica, forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de
e outras formas de assistência social; recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares
V – obras de infra‑estrutura, ainda que realizadas para da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder
beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; Público obrigado a investir prioritariamente na expansão da
VI – pessoal docente e demais trabalhadores da educa- sua rede local.
ção, quando em desvio de função ou em atividade alheia à § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
manutenção e desenvolvimento do ensino. poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e de- mediante bolsas de estudo.
senvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que TÍTULO VIII
se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 73. Os  órgãos fiscalizadores examinarão, priori-
tariamente, na prestação de contas de recursos públicos, Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
o  cumprimento do disposto no  art.  212 da Constituição das agências federais de fomento à cultura e de assistência
Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e
Transitórias e na legislação concernente. pesquisa, para oferta de educação escolar bilingüe e inter-
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Dis- cultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
trito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo I – proporcionar aos índios, suas comunidades e povos,
de oportunidades educacionais para o ensino fundamental, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação
baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas
assegurar ensino de qualidade. e ciências;
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo II  – garantir aos índios, suas comunidades e povos,
será calculado pela União ao final de cada ano, com validade o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científi-
para o ano subsequente, considerando variações regionais cos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e
no custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. não‑índias.

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Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
sistemas de ensino no provimento da educação intercultural aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respecti-
às comunidades indígenas, desenvolvendo programas inte- vas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo
grados de ensino e pesquisa. com seu rendimento e seu plano de estudos.
§ 1º Os programas serão planejados com audiência das Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação
comunidades indígenas. própria poderá exigir a abertura de concurso público de
§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos provas e títulos para cargo de docente de instituição públi-
nos Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes ob- ca de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
jetivos: concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos
I – fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do
de cada comunidade indígena; Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
II  – manter programas de formação de pessoal espe- Art. 86. As instituições de educação superior constituídas
cializado, destinado à educação escolar nas comunidades como universidades integrar‑se‑ão, também, na sua condição
indígenas; de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência
III  – desenvolver currículos e programas específicos, e Tecnologia, nos termos da legislação específica.
neles incluindo os conteúdos culturais correspondentes às
respectivas comunidades; TÍTULO IX
IV – elaborar e publicar sistematicamente material didá- DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
tico específico e diferenciado.
§ 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar‑se
de outras ações, o atendimento aos povos indígenas efeti- um ano a partir da publicação desta Lei.
var‑se‑á, nas universidades públicas e privadas, mediante § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
a oferta de ensino e de assistência estudantil, assim como desta Lei, encaminhará, ao  Congresso Nacional, o  Plano
de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez
especiais.(Incluído pela Lei nº 12.416, de 2011) anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre
Art.  79-A.  (Vetado)  (Incluído pela Lei nº  10.639, de Educação para Todos.
9.1.2003) § 2º (Revogado).  (Redação dada pela lei nº  12.796,
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de no- de 2013)
vembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. (Incluído § 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e,
pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003) supletivamente, a  União, devem:  (Redação dada pela Lei
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e nº 11.330, de 2006)
a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os I - (revogado); (Redação dada pela lei nº 12.796, de 2013)
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. a) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e b) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
c) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
regime especiais, será oferecida por instituições especifica-
II – prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
mente credenciadas pela União.
adultos insuficientemente escolarizados;
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realiza-
III  – realizar programas de capacitação para todos os
ção de exames e registro de diploma relativos a cursos de
professores em exercício, utilizando também, para isto,
educação a distância.
os recursos da educação a distância;
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de
IV – integrar todos os estabelecimentos de ensino fun-
programas de educação a distância e a autorização para
damental do seu território ao sistema nacional de avaliação
sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de do rendimento escolar.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


ensino, podendo haver cooperação e integração entre os § 4º (Revogado).  (Redação dada pela lei nº  12.796,
diferentes sistemas. de 2013)
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento dife- § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a
renciado, que incluirá: progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
I – custos de transmissão reduzidos em canais comerciais fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros §  6º A assistência financeira da União aos Estados,
meios de comunicação que sejam explorados mediante auto- ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados
rização, concessão ou permissão do poder público; (Redação aos seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento
dada pela Lei nº 12.603, de 2012) do  art.  212 da Constituição Federal  e dispositivos legais
II – concessão de canais com finalidades exclusivamente pertinentes pelos governos beneficiados.
educativas; Art. 87-A. (VETADO). (Incluído pela lei nº 12.796, de 2013)
III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
Público, pelos concessionários de canais comerciais. nicípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às
Art. 81. É  permitida a organização de cursos ou insti- disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir
tuições de ensino experimentais, desde que obedecidas as da data de sua publicação.
disposições desta Lei. § 1º As instituições educacionais adaptarão seus esta-
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas tutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas
de realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
federal sobre a matéria. (Redação dada pela Lei nº 11.788, estabelecidos.
de 2008) § 2º O prazo para que as universidades cumpram o dis-
Parágrafo único. (Redação dada pela Lei nº  11.788, posto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.
de 2008) Art. 89. As creches e pré‑escolas existentes ou que ve-
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, ad- nham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar
mitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas da publicação desta Lei, integrar‑se ao respectivo sistema
fixadas pelos sistemas de ensino. de ensino.

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Art. 90. As  questões suscitadas na transição entre o • oferta de ensino noturno regular, adequado às condi-
regime anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas ções do adolescente trabalhador;
pelo Conselho Nacional de Educação ou, mediante delega- • atendimento no ensino fundamental, através de pro-
ção deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, gramas suplementares de material didático‑escolar,
preservada a autonomia universitária. transporte, alimentação e assistência à saúde.
Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 92. Revogam‑se as disposições das Leis nº 4.024, de Vale destacar que os dirigentes de estabelecimentos de
20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os
1968, não alteradas pelas Leis nº 9.131, de 24 de novembro casos de maus‑tratos envolvendo seus alunos; a reiteração
de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis de faltas injustificadas e de evasão escolar, quando esgota-
nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro dos os recursos escolares; bem como os elevados níveis de
de 1982, e as demais leis e decretos‑lei que as modificaram repetência.
e quaisquer outras disposições em contrário.

Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990


e 108º da República.
Dispõe sobre o Estatuto da
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Criança e do Adolescente e dá
Paulo Renato Souza outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres-


O DIREITO À EDUCAÇÃO NO ESTATUTO so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI
Nº 8.069 DE 1990 TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, também conhecida
como Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, prega o Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
princípio da proteção integral às pessoas de zero a 18 anos10. e ao adolescente.
De acordo com o Estatuto em comento, constitui dever da Art. 2º Considera‑se criança, para os efeitos desta Lei,
família11, da comunidade, da sociedade em geral e do poder a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
público assegurar, com absoluta prioridade12, a efetivação aquela entre doze e dezoito anos de idade.
dos direitos fundamentais12 garantidos constitucionalmente Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica‑se
e um deles é o direito à educação. excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
Nesse contexto, visando ao pleno desenvolvimento da vinte e um anos de idade.
criança e do adolescente, o preparo para o exercício da ci- Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
dadania e a qualificação para o trabalho, o Estatuto garante: direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
• igualdade de condições para o acesso e permanência prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegu-
na escola; rando‑se‑lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportuni-
• direito de ser respeitado por seus educadores;
dades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
• direito de contestar critérios avaliativos, podendo
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
recorrer às instâncias escolares superiores;
liberdade e de dignidade.
• direito de organização e participação em entidades
Parágrafo único. Os  direitos enunciados nesta Lei
estudantis;
aplicam‑se a todas as crianças e adolescentes, sem discri-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

• acesso à escola pública e gratuita próxima de sua


residência. minação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça,
etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal
Para que tais garantias sejam observadas, o Estado deve de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
assegurar à criança e ao adolescente: ambiente social, região e local de moradia ou outra condição
• ensino fundamental, obrigatório e gratuito13, inclusive que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
• progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade
ao ensino médio; em geral e do poder público assegurar, com absoluta prio-
• atendimento educacional especializado aos portadores ridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,
de deficiência, preferencialmente na rede regular de à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissio-
ensino; nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
• atendimento em creche e pré‑escola às crianças de à convivência familiar e comunitária.
zero a cinco anos de idade; Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
• acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de circunstâncias;
cada um; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou
de relevância pública;
10
Nos casos expressos em lei, aplica‑se excepcionalmente o Estatuto da Criança
c) preferência na formulação e na execução das políticas
e do Adolescente às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. sociais públicas;
11
Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
na rede regular de ensino.
12
A garantia de prioridade compreende a primazia de receber proteção e socor- relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
ro em quaisquer circunstâncias; a precedência de atendimento nos serviços Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
públicos ou de relevância pública; a preferência na formulação e na execução qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
das políticas sociais públicas; bem como a destinação privilegiada de recursos
públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei

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qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experi-
fundamentais. ências e novas propostas relativas a calendário, seriação,
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar‑se‑ão em conta currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à
os fins sociais a que ela se dirige, as  exigências do bem inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino
comum, os  direitos e deveres individuais e coletivos, e  a fundamental obrigatório.
condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas Art. 58. No processo educacional respeitar‑se‑ão os
em desenvolvimento. valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto
[...] social da criança e do adolescente, garantindo‑se a estes a
liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
TÍTULO II Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União,
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas
[...] para a infância e a juventude.

CAPÍTULO IV LEI Nº 8.261 DE 29 DE MAIO DE 2002


Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
Dispõe sobre o Estatuto do
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, Magistério Público do Ensino
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo Fundamental e Médio do Estado
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
da Bahia e dá outras providências.
assegurando‑se‑lhes:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que
na escola;
Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
II – direito de ser respeitado por seus educadores;
III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo
CAPÍTULO I -
recorrer às instâncias escolares superiores;
Disposições Preliminares e Princípios
IV – direito de organização e participação em entidades
estudantis;
V  – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua Art. 1º Esta Lei disciplina o regime jurídico do Magisté-
residência. rio Público do Ensino Fundamental e Médio do Estado da
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter Bahia e consubstancia o seu estatuto especial previsto na
ciência do processo pedagógico, bem como participar da Constituição Estadual.
definição das propostas educacionais. Parágrafo único. Ao  Magistério Público aplica‑se, sub-
Art. 54. É  dever do Estado assegurar à criança e ao sidiariamente, o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do
adolescente: Estado e correspondente legislação complementar.
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive Art. 2º O exercício do magistério, fundamentado nos
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; direitos primordiais da pessoa humana, ampara‑se nos
II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade seguintes princípios:
ao ensino médio; I  – liberdade de ensinar, pesquisar e divulgar o saber
III – atendimento educacional especializado aos porta- produzido pela sociedade, através de um atendimento es-
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular de colar de qualidade;
ensino; II – crença no poder da educação que contemple todas as
IV – atendimento em creche e pré‑escola às crianças de dimensões do saber e do fazer no processo de humanização

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, crescente e de construção da cidadania desejada;
de 2016) III – reconhecimento do valor do profissional de educa-
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui- ção, asseguradas as condições dignas de trabalho e compa-
sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; tíveis com sua tarefa de educador;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às con- IV – garantia da participação dos sujeitos na vida nacio-
dições do adolescente trabalhador; nal, no que diz respeito ao alcance dos direitos civis, sociais
VII  – atendimento no ensino fundamental, através de e políticos;
programas suplementares de material didático‑escolar, V – promoção na carreira;
transporte, alimentação e assistência à saúde. VI – gestão democrática fundada em decisões colegiadas
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito e interação solidária com os diversos segmentos escolares;
público subjetivo. VII – conjunção de esforços e desejos comuns, expressos
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder na noção de parceria entre escola e comunidade;
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da VIII  – qualidade do ensino e preservação dos valores
autoridade competente. regionais e locais.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos
no ensino fundamental, fazer‑lhes a chamada e zelar, junto CAPÍTULO II
aos pais ou responsável, pela frequência à escola. Da Organização do Magistério
Art. 55. Os  pais ou responsável têm a obrigação de
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Art. 3º Para os efeitos desta lei, entende‑se por:
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino I – Quadro do Magistério – conjunto de cargos de provi-
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: mento efetivo e em comissão, quantitativamente indicados
I – maus‑tratos envolvendo seus alunos; e distribuídos em carreiras, na área da Educação, lotados na
II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, Secretaria da Educação do Estado da Bahia;
esgotados os recursos escolares; II – Cargo – o conjunto orgânico de atribuições e respon-
III – elevados níveis de repetência. sabilidades cometidas a um servidor com as características

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essenciais de criação por lei, com denominação própria, ensino e de escola, em relação a aspectos pedagógicos, ad-
número certo e pagamento pelos cofres do Estado; ministrativos, financeiros, de pessoal e de recursos materiais;
III – Nível – unidade básica da carreira, integrada pelo IX – promover ações que otimizem as relações interpes-
agrupamento de cargos com a mesma denominação e iguais soais na comunidade escolar;
responsabilidades, identificados pela natureza e complexi- X  – divulgar e analisar, junto à comunidade escolar,
dade de suas atribuições e pelo grau de conhecimento e documentos e projetos do Órgão Central, buscando imple-
escolaridade exigível para seu desempenho; mentá‑los nas Unidades Escolares, atendendo às peculiari-
IV – Carreira – cargos escalonados segundo a especifici- dades regionais;
dade das atribuições e responsabilidades; XI – analisar os resultados de desempenho dos alunos,
V  – Rede Estadual de Ensino  – o conjunto de escolas visando a correção de desvios no Planejamento Pedagógico;
estaduais pertencentes à Secretaria da Educação do Estado XII – propor e planejar ações de atualização e aperfei-
da Bahia; çoamento de professores e técnicos, visando a melhoria de
VI  – Diretoria Regional de Educação  – DIREC  – órgão desempenho profissional;
de administração educacional pertencente à Secretaria da XIII – conceber, estimular e implantar inovações peda-
Educação do Estado da Bahia; gógicas e divulgar as experiências de sucesso, promovendo
VII – Local de trabalho – Unidade Escolar ou Administra- o intercâmbio entre Unidades Escolares;
tiva onde o servidor desempenha suas atividades. XIV  – identificar, orientar e encaminhar, para serviços
Art. 4º Compõem o Magistério Público Estadual do Ensi- especializados, alunos que apresentem necessidades de
no Fundamental e Médio os servidores que exerçam ativida- atendimento diferenciado;
des de docência e de suporte pedagógico direto à docência, XV  – promover e incentivar a realização de palestras,
incluídas as de direção, planejamento, administração escolar encontros e similares, com grupos de alunos e professores
e coordenação pedagógica. sobre temas relevantes para a educação preventiva integral
Art. 5º O Quadro do Magistério de Ensino Fundamental e cidadania;
e Médio compreende os cargos de Professor e Coordenador XVI – propor, em articulação com a direção, a implantação
Pedagógico. e implementação de medidas e ações que contribuam para
Art. 6º O Quadro do Magistério compõe‑se dos seguintes promover a melhoria da qualidade de ensino e o sucesso
cargos escalonados: escolar dos alunos;
I – Professor – P; XVII – organizar e coordenar a implantação e implemen-
II – Coordenador Pedagógico – CP. tação do Conselho de Classe numa perspectiva inovadora de
Art. 7º São atribuições do Professor: instância avaliativa do desempenho dos alunos;
I – participar da elaboração da proposta pedagógica e do XVIII – promover reuniões e encontros com os pais, vi-
plano de desenvolvimento do estabelecimento de ensino; sando a integração escola/família para promoção do sucesso
II – elaborar e cumprir plano de trabalho e de aula, se- escolar dos alunos;
gundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; XIV  – estimular e apoiar a criação de Associações de
III – zelar pela aprendizagem dos alunos; Pais, de Grêmios Estudantis e outras que contribuam para
IV – estabelecer estratégias de aprendizagem e de recu- o desenvolvimento e a qualidade da educação;
peração para os alunos de menor rendimento; XV – exercer outras atribuições correlatas e afins.
V – ministrar os dias letivos e horas‑aula estabelecidos, Art. 9º A formação do Professor para atuar no ensino
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao fundamental e médio, far‑se‑á:
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; I  – ensino superior, em curso de licenciatura, de gra-
VI – colaborar com as atividades de articulação da escola duação plena, em universidades e institutos superiores de
com as famílias e a comunidade; educação, admitida, como formação mínima, a  oferecida
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

VII – atuar em projetos pedagógicos especiais desenvol- pelo ensino médio completo, na modalidade Normal, para
vidos e aprovados pela Secretaria da Educação; o exercício do magistério nas quatro primeiras séries do
VIII – exercer outras atribuições correlatas e afins. ensino fundamental;
Art. 8º São atribuições do Coordenador Pedagógico: II  – ensino superior, em curso de licenciatura, de gra-
I – coordenar o planejamento e a execução das ações duação plena, em universidades e institutos superiores
pedagógicas nas Unidades Escolares e/ou DIREC; de educação legalmente reconhecidas, com habilitações
II – articular a elaboração participativa do Projeto Peda- específicas em área própria, para o exercício do magistério
gógico da Escola; nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio;
III – acompanhar o processo de implantação das diretrizes III  – formação superior em universidades e institutos
da Secretaria relativas à avaliação da aprendizagem e dos superiores de educação legalmente reconhecidas, em área
currículos, orientando e intervindo junto aos professores e correspondente e complementação nos termos da legislação
alunos quando solicitado e/ou necessário; vigente, para o exercício do magistério em áreas específicas
IV – avaliar os resultados obtidos na operacionalização das séries finais do ensino fundamental e no ensino médio.
das ações pedagógicas, visando a sua reorientação; Art. 10. A formação de profissionais para a Coordenação
V – coordenar e acompanhar as atividades dos horários Pedagógica no ensino fundamental e médio, será feita em
de Atividade Complementar em Unidades Escolares, viabili- curso de graduação em pedagogia ou em nível de pós‑gra-
zando a atualização pedagógica em serviço; duação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta
VI  – estimular, articular e participar da elaboração de formação, a base comum nacional.
projetos especiais junto à comunidade escolar; Art. 11. Para o exercício do Magistério de Ensino Fun-
VII  – elaborar estudos, levantamentos qualitativos e damental e Médio, além dos requisitos previstos em outros
quantitativos indispensáveis ao desenvolvimento do sistema diplomas legais específicos, exigir‑se‑á o diploma com o
ou rede de ensino ou da escola; registro expedido pelos órgãos competentes.
VIII – elaborar, acompanhar e avaliar, em conjunto com a Art. 12. As atividades de docência ou técnico‑pedagó-
Direção da Unidade Escolar, os planos, programas e projetos gicas em classes especiais ou de alunos com necessidades
voltados para o desenvolvimento do sistema e/ou rede de educacionais especiais serão exercidas por professores que

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possuírem especialização adequada em nível médio ou e a complexidade do cargo, na forma prevista nesta Lei e
superior, para atendimento especializado, bem como por observada as demais legislações específicas para cada caso.
professores de ensino regular capacitados para a integração
desses educandos nas classes comuns. CAPÍTULO III
Art. 13. Os professores especializados em educação Da Organização Administrativa
especial deverão comprovar:
I  – formação em curso de licenciatura em educação Art. 22. Na organização administrativa e pedagógica
especial ou em uma de suas áreas, preferencialmente de das unidades escolares, haverá, de acordo com a categoria
modo concomitante e associado à licenciatura para os anos da respectiva unidade escolar e o nível de escolaridade do
iniciais do ensino fundamental; titular do cargo, os cargos em comissão de Diretor, Vice- Di-
II – complementação de estudos ou pós‑graduação em retor e Secretário Escolar, na forma estabelecida no Anexo
áreas específicas da educação especial, posterior à licencia- V desta Lei.
tura nas diferentes áreas de conhecimento, para atuação Parágrafo único. A classificação dos cargos em comissão
nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. de Diretor e Vice- Diretor, de acordo com o nível de escola-
Parágrafo único. Aos  professores em exercício do ma- ridade do titular, é a seguinte:
gistério em educação especial, na data da entrada em vigor I – Nível 1: ocupante de cargo efetivo classificado nos
desta Lei, serão asseguradas oportunidades de formação níveis 1 ou 2; II – Nível 2: ocupante de cargo efetivo classifi-
continuada, inclusive em nível de especialização pelas insti- cado nos níveis 3 ou 4.
tuições educacionais públicas ou conveniadas. Art. 23 – O Diretor e o Secretário Escolar exercerão o car-
Art. 14. O  Quadro do Magistério Público do Ensino go em regime de tempo integral e o Vice‑Diretor em regime
Fundamental e Médio do Estado da Bahia é constituído de: de tempo parcial, de conformidade com o disposto no Anexo
I – cargos de provimento efetivo; VI desta Lei, podendo o Vice‑Diretor vir a ser submetido ao
II – cargos de provimento em comissão. regime de tempo integral nas hipóteses a serem definidas
Art. 15. São de provimento efetivo os cargos de Professor em decreto regulamentar.
e Coordenador Pedagógico criados e classificados na forma Art. 24. São atribuições do Diretor:
e número fixado no Anexo I desta Lei. I – administrar e executar o calendário escolar;
Parágrafo único. O quantitativo necessário para o exer- II – elaborar o planejamento geral da unidade escolar,
cício do cargo de Coordenador Pedagógico é definido de inclusive o planejamento da proposta pedagógica;
acordo com o porte da Unidade Escolar, conforme previsto III  – promover a política educacional que implique no
no Anexo II desta Lei. perfeito entrosamento entre os corpos docente, discente,
Art. 16. Os cargos da carreira do Magistério Público Esta- técnico‑pedagógico e administrativo;
dual de Ensino Fundamental e Médio ficam estruturados em IV – informar ao servidor da notificação, ao dirigente má-
ximo da Secretaria, da necessidade de apurar o descumpri-
níveis, na forma estabelecida no Anexo III desta Lei.
mento dos deveres funcionais, inclusive o não cumprimento
Art. 17. Os cargos em comissão do Magistério Público
regular da jornada obrigatória de trabalho e tomar a ciência
Estadual de Ensino Fundamental e Médio são os constantes
do faltoso ou juntar aos autos declaração de duas ou mais
no Anexo IV desta Lei.
testemunhas no caso de recusa do servidor de receber a
Art. 18. Somente poderão exercer os cargos em comis-
informação e dar ciência;
são do Magistério Público Estadual do Ensino Fundamental
V – comunicar à Diretoria Regional de sua jurisdição a
e Médio, exceto o de Secretário Escolar, os  ocupantes de necessidade de professores ou existência de excedentes por
cargo permanente da carreira de magistério, com formação área e disciplina;
em licenciatura plena, após aprovação prévia em processo VI – manter o fluxo de informações atualizado, inclusive
seletivo interno e certificação, conforme critérios e proce-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


as ocorrências funcionais dos servidores, com a DIREC;
dimentos estabelecidos em regulamento. (Regulamentado VII – acompanhar e avaliar os planos, programas e proje-
pelo Decreto nº 11.218 , de 18 de setembro de 2008) tos voltados para o desenvolvimento do sistema e/ou rede de
§ 1º Na hipótese de não haver na Unidade Escolar pro- ensino e de escola, em relação a aspectos pedagógicos, ad-
fissionais com formação em licenciatura plena o candidato ministrativos, financeiros, de pessoal e de recursos materiais;
ao cargo em comissão deverá contar com o mínimo de 05 VIII  – coletar, analisar e divulgar os resultados de de-
(cinco) anos de exercício de magistério na Unidade Escolar. sempenho dos alunos, visando a correção de desvios no
§ 2º No caso de vacância dos cargos em comissão do Planejamento Pedagógico;
Magistério Público Estadual do Ensino Fundamental e Médio, IX  – assegurar a participação do Colegiado Escolar na
o titular da Secretaria da Educação designará um integrante elaboração e acompanhamento do plano de desenvolvi-
da carreira pró‑tempore, até novo preenchimento do cargo mento da escola;
pelo mesmo processo previsto no caput deste artigo. X – gerenciar o funcionamento das escolas, zelando pelo
Art. 19. O  cargo em comissão de Secretário Escolar cumprimento da legislação e normas educacionais e pelo
somente poderá ser exercido por servidor público estadual padrão de qualidade do ensino;
após aprovação prévia em processo seletivo interno e certi- XI – cumprir e fazer cumprir as disposições contidas na
ficação, conforme critérios e procedimentos estabelecidos Programação Escolar, inclusive com referência a prazos;
em regulamento. XII – supervisionar a distribuição da carga horária obri-
Art. 20. Os integrantes do Magistério Público Estadual gatória dos servidores da escola;
de Ensino Fundamental e Médio relacionados por área, XIII – emitir certificados, atestados, guia de transferência
grau, disciplina e função, lotados na Secretaria da Educação e demais documentos que devam ser emitidos pelo dirigente
serão distribuídos, por ato competente, entre os diversos máximo da Unidade Escolar;
estabelecimentos de ensino. XIV – controlar a frequência dos servidores da Unidade
Art. 21. O ingresso nos cargos da carreira do magistério Escolar;
público estadual depende de aprovação prévia em concur- XV – elaborar e controlar a escala de férias dos servido-
so público de provas e títulos, de acordo com a natureza res e enviar via específica à DIREC;

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
XVI  – promover ações que estimulem a utilização de de servidores, pedagógicos, administrativos, financeiros e
espaços físicos da Unidade Escolar, bem como o uso dos legislações pertinentes;
recursos disponíveis para a melhoria da qualidade de ensino IV – redigir e expedir correspondências oficiais;
como: bibliotecas, salas de leitura, televisão, laboratórios, V – organizar e responder pela manutenção dos arquivos;
informática e outros; VI – acompanhar os atos administrativos publicados no
XVII  – estimular a produção de materiais didático‑pe- Diário Oficial do Estado;
dagógicos nas Unidades Escolares, promover ações que VII – coordenar o pessoal de apoio e administrativo, em
ampliem esse acervo, incentivar e orientar os docentes para todos os períodos de funcionamento da Unidade Escolar;
a utilização intensiva e adequada dos mesmos; VIII – responder pelos diários de classe;
XVIII – coordenar as atividades administrativas da Uni- IX – fornecer informações para a Direção, alunos, pais,
dade Escolar; equipe de suporte pedagógico, professores, órgãos colegia-
XIX – convocar os professores para a definição da dis- dos e órgãos públicos;
tribuição das aulas de acordo com a sua habilitação, ade- X – exercer as atividades de apoio administrativo‑finan-
quando‑as à necessidade da Unidade Escolar e do Professor; ceiro;
XX – manter atualizadas as informações funcionais dos XI – zelar pela manutenção e limpeza do estabelecimento
servidores na Unidade Escolar; no seu turno; XII – manter o fluxo de informações atualizado
XXI – zelar pelo patrimônio da escola, bem como o uso na Unidade Escolar;
dos recursos disponíveis para a melhoria da qualidade de XIII  – coordenar a utilização plena, pelos professores,
ensino como: bibliotecas, salas de leitura, televisão, labora- dos recursos da TV Escola, Vídeo Escola, Salto Para o Futuro
tórios, informática e outros; e outros;
XXII – analisar, conferir e assinar o inventário anual dos XIV  – comunicar ao Diretor da Escola as ocorrências
bens patrimoniais e do estoque do material de consumo; funcionais do servidor, com base na legislação vigente, tais
XXIII – responder pelo cadastramento e registros relacio- como: faltas, licenças, afastamentos, ausência parcial ou
nados com a administração de pessoal; total de carga horária, abandono de serviço, readaptação
XXIV – programar, registrar, executar e acompanhar as funcional e outras;
despesas da Unidade Escolar; XV – executar outras atribuições correlatas e afins deter-
XXV – coordenar as atividades financeiras da Unidade minadas pela direção.
Escolar;
XXVI – controlar os créditos orçamentários da Unidade CAPÍTULO IV
Escolar oriundos dos recursos Federais, Estaduais ou Mu- Normas Funcionais Especiais
nicipais;
XXVII – elaborar e responder pela prestação de contas Seção I
dos recursos da Unidade Escolar; Remoção
XXVIII – registrar e controlar as obrigações a pagar da
Unidade Escolar; Art. 27. Para os fins deste estatuto, remoção é a movi-
XXIX – adotar medidas que garantam as condições finan- mentação do ocupante de cargo do magistério de uma para
ceiras necessárias à implementação das ações previstas no outra unidade escolar, ainda que da mesma localidade.
plano de desenvolvimento da Unidade Escolar; Art. 28. A remoção pode ser feita: I – a pedido do ser-
XXX – exercer outras atribuições correlatas e afins. vidor;
Art. 25. São atribuições do Vice‑Diretor: II  – ex‑officio, por conveniência do serviço; III  – por
I – substituir o Diretor em sua falta e nos seus impedi- permuta;
mentos eventuais; IV – para acompanhar cônjuge, servidor público estadual,
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

II – assessorar o Diretor no gerenciamento do funciona- removido ex‑officio ou promovido.


mento da Unidade Escolar, compartilhando com o mesmo Art. 29. A remoção será feita a pedido ou ex‑officio, no
a execução das tarefas que lhe são inerentes e zelando pelo interesse do ensino, mediante justificativa e audiência do
cumprimento da legislação e normas educacionais; interessado.
III  – exercer as atividades de apoio administrativo‑fi- § 1º A remoção a pedido está condicionada à existência
nanceiro; de vaga e somente será efetuada no período de recesso
IV – acompanhar o desenvolvimento das tarefas da Se- escolar de final de ano letivo, exceto por motivo de saúde
cretaria Escolar e do pessoal de apoio; do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente, condi-
V – controlar a frequência do pessoal docente e técni- cionado à comprovação, por junta médica oficial.
co‑administrativo, encaminhando relatório ao Diretor para § 2º A remoção por permuta será atendida quando o pe-
as providências; dido estiver subscrito pelos interessados, observadas as con-
VI – zelar pela manutenção e limpeza do estabelecimento veniências do ensino e normas regulamentares específicas.
no seu turno; VII – supervisionar e controlar os serviços de § 3º O servidor do magistério que acumular legalmen-
reprografia e digitação; te cargo ou emprego público estadual, quando removido
VIII – executar outras atribuições correlatas e afins de- ex‑officio em razão do outro cargo ou emprego público
terminadas pela direção. estadual, será considerado também removido em relação
Art. 26. São atribuições do Secretário Escolar: ao cargo do magistério e ficará em licença sem vencimentos
I – prestar atendimento à comunidade interna e externa se não existir vaga em unidade escolar da rede estadual da
da Unidade Escolar; localidade para a qual foi removido e até que ela se verifique.
II – efetivar registros escolares e processar dados refe- § 4º A audiência do interessado, no processo de remoção
rentes a matrícula, aluno, professor e servidor em livros, ex‑officio, poderá ser acompanhada por membro da Associa-
certificados, fichas individuais, históricos escolares, formu- ção dos Professores Licenciados do Estado da Bahia – APLB.
lários e banco de dados; Art. 30. É assegurada ao servidor integrante do quadro
III  – classificar e guardar documentos de escrituração do Magistério Público Estadual do Ensino Fundamental e
escolar, correspondências, dossiê de alunos, documentos Médio, quando casado com servidor público civil ou militar,

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da administração centralizada ou descentralizada do Estado, I – estar o servidor no efetivo exercício de atividades do
preferência para a remoção para o mesmo local em que o Magistério, correspondentes às atribuições do cargo que
seu cônjuge foi mandado servir. ocupe;
Parágrafo único. Não existindo vaga em unidade escolar II  – cumprir o interstício mínimo de 03 (três) anos de
da localidade, o servidor do magistério poderá optar entre permanência no nível atribuído ao cargo ocupado;
prestar serviços a outro órgão público estadual do mesmo III – comprovar o servidor possuir titulação específica,
lugar ou ficar em licença sem vencimentos. correspondente à formação profissional exigida para o nível
Art. 31. Quando o número de candidatos à remoção pretendido, conforme previsto no Anexo III desta Lei.
for maior que o número de vagas deverá ser procedida a Art. 38. Considera‑se atividade de magistério, para efeito
classificação dos concorrentes, observada a seguinte ordem de aplicação da progressão por avanço vertical, a preparação,
de prioridade: ministração de aulas, controle e avaliação do rendimento es-
I – doente, para a localidade onde deva se tratar; colar, recuperação dos alunos, atuação em projetos especiais,
II – o que tiver cônjuge ou filho doente, para a localidade coordenação pedagógica e direção escolar.
onde o tratamento deva ser feito; Art. 39. O preenchimento mediante progressão funcional
III – arrimo, para a localidade onde resida a família; IV por avanço vertical, dos cargos criados por esta Lei, obedece-
IV – casado, para a localidade onde resida o cônjuge. rá ao limite máximo de 60% (sessenta por cento) das vagas
Parágrafo único. Além da ordem de prioridade prevista existentes anualmente. (Redação do art. 39 de acordo com
neste artigo, observar‑se‑á a seguinte preferência: o art. 1º da Lei nº 9.838, de 2005)
I  – de mais tempo de efetivo exercício do magistério Art. 40. O  interstício será apurado em dias de efetivo
estadual, na localidade de onde requer remoção; exercício no nível, sendo considerado para este efeito os
II – de nível mais elevado; afastamentos por motivos de:
III – mais antigo no magistério; I – por 1 (um) dia, para doação de sangue;
IV  – mais antigo no serviço público estadual; V  – de II – por 2 (dois) dias, para alistamento eleitoral; III III – por
idade maior. 8 (oito) dias consecutivos, por motivo de:
a) casamento;
Seção II b) falecimento de cônjuge, companheiro, pais, padrasto
Avanço ou madrasta, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela
e irmãos, desde que comprovados com atestado de óbito.
Art. 32. Ao servidor do magistério é assegurado o direito IV – até 15 (quinze) dias, por período de trânsito, com-
à percepção de vantagem de avanço em virtude de tempo preendido como o tempo gasto pelo servidor que mudar de
sede, contados da data do desligamento.
de efetivo exercício no Magistério Público do Ensino Fun-
V – férias;
damental e Médio do Estado da Bahia ou de obtenção de
VI  – participação em programa de treinamento regu-
titulação específica.
larmente instituído; VII – participação em júri e em outros
Parágrafo único. O avanço poderá ser horizontal e ver-
serviços obrigatórios por lei;
tical.
VIII – missão ou estudos em outros pontos do território
Art. 33. Consiste o avanço horizontal por tempo de
nacional ou no exterior, quando o afastamento houver sido
serviço na majoração do vencimento básico por quinquênio autorizado pela autoridade competente;
de efetivo exercício no Magistério Público do Ensino Funda- IX – abono de falta, a critério do chefe imediato do servi-
mental e Médio do Estado da Bahia. dor, no máximo de 72 (setenta e dois) dias por quinquênio;
§  1º O avanço horizontal por tempo de serviço será X – licença:
devido à razão de 5% (cinco por cento), sobre o vencimento a) à gestante, à adotante e licença‑paternidade;
básico, por quinquênio, aos servidores do quadro do Magis-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


b) para tratamento da própria saúde;
tério do Ensino Fundamental e Médio, que estejam no efetivo c) por motivo de acidente em serviço ou por doença
exercício, contínuo ou interpolado, de atividades de regência profissional;
de classe, coordenação pedagógica e direção de unidades d) prêmio por assiduidade;
de ensino, até o limite máximo de 30% (trinta por cento). e) para o servidor‑atleta.
§ 2º A gratificação prevista neste artigo somente alcan- XI – exercício de cargo comissionado no âmbito da Ad-
çará aos servidores beneficiados pela disposição do § 2º do ministração, em atividades relacionadas à área da Educação.
artigo 3 da Lei nº 4.694, de 09 de junho de 1987, quando Art. 41. A contagem do interstício será suspensa na data
a vantagem pessoal que lhes foi assegurada for inferior ao do afastamento do servidor por motivo de:
limite percentual máximo estabelecido no parágrafo prece- I – falta injustificada ao serviço;
dente e apenas para completar aquele limite. II – suspensão disciplinar ou preventiva; III – licença com
Art. 34. O avanço horizontal por tempo de serviço será perda de vencimento;
devido a partir do dia imediato àquele em que o servidor IV – readaptação em função estranha ao magistério;
do magistério completar o quinquênio de efetivo exercício, V – colocação à disposição de qualquer órgão ou enti-
contínuo ou interpolado. dade da administração pública direta ou indireta, Federal,
Art. 35. Consiste o avanço vertical na progressão do Estadual ou Municipal;
servidor para o nível imediatamente superior na carreira, VI  – atuação em órgão da estrutura da Secretaria da
em virtude de obtenção de titulação específica. Educação, no desempenho de atividades não correlatas às
Art. 36. O avanço vertical far‑se‑á, à vista da qualificação de Magistério.
obtida pelo servidor. Parágrafo único. Nos casos de afastamento previsto neste
Parágrafo único. A progressão de que trata este artigo é artigo, a contagem do interstício será retomada na data em
condicionada à conclusão do curso de formação profissional, que o servidor reassumir o exercício.
conforme estabelecido no Anexo III desta Lei. Art. 42. Quando, na utilização das vagas, para efeito de
Art. 37. São requisitos para progressão por avanço Progressão Funcional por Avanço Vertical, a existência das
vertical: mesmas for inferior ao quantitativo dos requerimentos, de-

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verão ser observados sucessivamente os seguintes critérios submetidos ao regime de 40 (quarenta) horas será o dobro
para desempate: do valor atribuído, no mesmo cargo, ao regime de 20 (vinte)
I – tempo de exercício em cargo do Magistério de Ensino horas, incidindo sobre o vencimento de 40 (quarenta) horas
Fundamental e Médio do Estado da Bahia; os percentuais referentes a benefícios ou vantagens a que
II – tempo de conclusão da titulação ou habilitação espe- façam jus, enquanto permanecerem nesse regime.
cífica comprovada; III – tempo de serviço público estadual; Art. 45. Aos docentes e demais servidores que exerçam
IV – número de filhos. atividade de suporte pedagógico direto à docência optan-
§ 1º Anualmente a Secretaria da Educação abrirá inscri- tes pelo regime de 20 (vinte) horas serão asseguradas as
ções para progressão funcional por avanço vertical, obede- alterações para o regime de 40 (quarenta) horas, condicio-
cendo aos seguintes prazos: nada à existência de vaga no quadro de magistério público
a) Requerimento da progressão – limitado até 60 (ses- estadual e à observância, por ordem de prioridade, dos
senta) dias antes do término do ano letivo imediatamente seguintes critérios:
anterior ao do julgamento e concessão; I – assiduidade;
b) Julgamento, com a publicação da lista classificatória – II – antiguidade:
mês de março de cada ano; a) no magistério na unidade escolar;
c) Recurso  – primeira quinzena do mês de abril de b) no magistério público estadual;
cada ano; c) no funcionalismo público estadual.
d) Concessão – mês de maio de cada ano. Art. 46. Considera‑se assíduo o docente e os servidores
§ 2º As vantagens decorrentes da progressão, a que se
que exerçam atividade de suporte pedagógico direto à do-
refere este artigo, somente serão devidas a partir da data
cência com frequência regular, isto é, sem faltas injustificadas
estabelecida no respectivo ato de concessão expedido pelo
ao serviço.
Secretário da Educação.
Art. 47. Apura‑se a antiguidade do docente e dos demais
Seção III servidores que exerçam atividades de suporte pedagógico
Férias direto à docência pelo cômputo do tempo de efetivo exercício
de suas funções, tendo como termo inicial a data do ingresso
Art. 43. O período de férias anuais do servidor do quadro no quadro de magistério público estadual.
do Magistério Público do Ensino Fundamental e Médio é § 1º Entende‑se por antiguidade no magistério na uni-
de 30 (trinta) dias consecutivos, considerando‑se como de dade escolar o desempenho das atividades de natureza
recesso escolar os dias excedentes a esse prazo em que, de pedagógica e administrativo- pedagógica exercidas nas
acordo com o calendário da respectiva instituição, não haja unidades escolares.
exercício de atividade docente. § 2º Entende‑se por antiguidade no magistério público
estadual o desempenho das atividades de natureza peda-
Seção IV gógica e administrativo- pedagógica exercidas em órgãos
Regime de Trabalho centrais e regionais da Secretaria da Educação.
§ 3º Entende‑se por antiguidade no funcionalismo
Art. 44. Os servidores que exerçam atividades de docên- público estadual o desempenho pelos docentes e demais
cia e de suporte pedagógico direto à docência, integrantes servidores que exerçam atividades de suporte pedagógico
do quadro do Magistério Público Estadual de Ensino Funda- direto à docência, de funções de natureza diversas das
mental e Médio submeter‑se‑ão a um dos seguintes Regimes pedagógicas e administrativo‑pedagógico, no âmbito da
de Trabalho: Secretaria da Educação.
I – Regime de Tempo Integral, com 40 (quarenta) horas Art. 48. A  valoração dos critérios para a alteração do
semanais; II – Regime de Tempo Parcial, com 20 (vinte) horas regime de trabalho será feita de acordo com a seguinte
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

semanais. pontuação:
§ 1º Os servidores que exerçam atividade de suporte pe- I – à assiduidade serão atribuídos 06 (seis) pontos para
dagógico direto à docência cumprirão o regime de 20 (vinte) cada ano letivo sem anormalidades na frequência;
ou 40 (quarenta) horas, em jornadas de 04 (quatro) ou 08 II – à antiguidade serão atribuídos, sem qualquer possi-
(oito) horas, durante 05 (cinco) dias da semana. bilidade de cumulação:
§ 2º Além do número normal de aulas, em tempo parcial, a) a cada ano letivo de magistério na unidade escolar,
a que se obriga pelo exercício do cargo, o docente poderá 03 (três) pontos para o docente e demais servidores que
ministrar aulas extraordinárias, em razão das necessidades exerçam atividade de suporte pedagógico direto à docência
do ensino, mediante acréscimo de sua retribuição, calcula-
e 04 (quatro) pontos para o exercente do cargo de Diretor;
do à base do valor da hora/aula, respeitado o limite de 40
b) a cada ano letivo de magistério público estadual, 02
(quarenta) horas.
(dois) pontos;
§ 3º As aulas extraordinárias, no limite máximo de 20
(vinte) horas semanais, só serão atribuídas a docente ocu- c) a cada ano civil de serviço no funcionalismo público
pante de um só cargo, em regime de tempo parcial, nos casos estadual será atribuído 01 (um) ponto.
de carga horária residual ou durante o afastamento legal e Parágrafo único. Na hipótese de ter o docente ou os
eventual do titular. demais servidores que exerçam atividade de suporte peda-
§ 4º Para a atribuição das aulas extraordinárias a Direção gógico direto à docência, no curso de um mesmo ano letivo,
da Unidade Escolar observará os seguintes critérios: atuado em mais de uma das situações figuradas nas alíneas
a) nível mais alto no quadro de carreira do Magistério do inciso II deste artigo, a contagem dos pontos para efeito
Público Estadual do Ensino Fundamental e Médio; de aferição da antiguidade será feita proporcionalmente.
b) tempo de serviço no Magistério Público Estadual do Art. 49. A alteração do regime de trabalho para redução
Ensino Fundamental e Médio; da carga horária, de 40 (quarenta) horas para 20 (vinte) ho-
c) tempo de serviço na Unidade Escolar. ras semanais, ocorrerá unicamente no período de recesso
§ 5º O vencimento dos docentes e dos servidores que escolar, devendo o requerimento respectivo ser instruído
exerçam atividade de suporte pedagógico direto à docência com os seguintes documentos:

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I – declaração do docente ou dos demais servidores que Pedagógico, sem prejuízo da carga horária destinada à efetiva
exerçam atividade de suporte pedagógico direto à docência regência de classe.
declinando o motivo da sua pretensão, de modo a deixar cla- Art. 58. A distribuição da carga horária do professor de-
ro que a redução não lhe trará prejuízo de qualquer ordem; verá ser feita conforme estabelecido no Anexo VII desta Lei.
II – manifestação expressa do superior hierárquico quan- § 1º A distribuição de carga horária do professor em sala
to à possibilidade da redução de carga horária pleiteada. de aula obedecerá, prioritariamente, à sua formação pro-
Art. 50. O  prazo máximo para requerer alteração de fissional, considerando a modalidade de ensino da Unidade
regime de trabalho é de 60 (sessenta) dias antes do término Escolar e à seguinte ordem de preferência:
do semestre letivo. I – maior tempo de serviço em efetiva regência de classe
Art. 51. Os docentes e os demais servidores que exerçam na Unidade Escolar;
atividade de suporte pedagógico direto à docência submeti- II  – nível mais alto de enquadramento no quadro de
dos ao regime de tempo parcial, quando no exercício do cargo Magistério Público Estadual;
de Diretor das Unidades Escolares, quando designado para III – assiduidade.
exercer atividades no Núcleo de Tecnologia ou no Programa § 2º A distribuição da carga horária do professor deverá
de Enriquecimento Instrumental – PEI, terão o seu regime ser feita, considerando:
de trabalho temporariamente alterado para o regime de 40 I – as atividades em sala de aula – Regência de Classe;
(quarenta) horas, quando o funcionamento do estabeleci- II  – as Atividades Complementares  – AC, destinadas à
mento assim o exigir e houver disponibilidade de recursos. preparação e avaliação do trabalho didático, às  reuniões
Parágrafo único. Aplica‑se o disposto neste artigo ao pedagógicas e ao aperfeiçoamento profissional;
exercente do cargo de Vice‑Diretor nas hipóteses previstas III – as atividades de livre escolha – destinadas à prepa-
em decreto regulamentar. ração de aulas e a avaliação de trabalhos de alunos.
Art. 52. O docente ou os demais servidores que exer-
çam atividade de suporte pedagógico direto à docência, Seção V
em regime de 40 (quarenta) horas semanais, somente terá Do Enquadramento
assegurada a percepção de proventos de inatividade neste
regime, se nele houver permanecido por, no mínimo, 05 Art. 59. Fica assegurado aos atuais professores não
(cinco) anos consecutivos e imediatamente anteriores à data licenciados o direito ao enquadramento na Carreira do Ma-
do requerimento de aposentadoria. gistério Público Estadual do Ensino Fundamental e Médio,
Art. 53. O docente da 1ª a 4ª série do ensino fundamen- quando obtiverem a habilitação específica para o exercício
tal, submetido ao regime de tempo parcial ou integral com do magistério.
efetiva regência de classe, receberá uma gratificação de 15% §  1º Para fins do disposto no caput deste artigo, con-
(quinze por cento) sobre o seu vencimento básico, a título de sideram‑se professores não licenciados os servidores em
atividades complementares, que passará a ser de 27% (vinte exercício de magistério sem titulação específica, nos termos
e sete por cento) a partir de 1º de janeiro de 2003. da legislação federal e das resoluções do Conselho Estadual
Parágrafo único. O docente com carga horária de 40 (qua- de Educação.
renta) horas semanais que exercer as atividades letivas na § 2º Os professores não licenciados permanecerão, obri-
1ª a 4ª série do ensino fundamental somente por 20 (vinte) gatoriamente, em regência de classe, salvo os que vierem a
horas semanais, receberá uma gratificação de 7,5% (sete ocupar Cargos em Comissão, nos termos desta Lei.
e meio por cento) sobre o seu vencimento básico, a título § 3º Os cargos de professor não licenciado, estruturados
de atividades complementares, que passará a ser de 13,5% em níveis, são os constantes no Anexo VIII desta Lei.
(treze e meio por cento) a partir de 1º de janeiro de 2003. § 4º Aos atuais professores não licenciados que se en-
Art. 54. Poderá ser concedido horário especial ao servi- contrem no exercício do magistério a título precário e não

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


dor do Magistério Público Estadual do Ensino Fundamental e preenchem os requisitos previstos no Anexo VIII desta Lei
Médio, estudante, quando comprovada a incompatibilidade serão atribuídos vencimentos correspondentes ao Nível 02.
de horário escolar com o da Unidade de Ensino, sem prejuízo
do exercício do cargo. Seção VI
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, será Afastamentos e Vantagens
exigido a compensação de horários da Unidade de Ensino,
respeitada a duração da jornada de trabalho semanal. Art. 60. Ao professor ou Coordenador Pedagógico que
Art. 55. Para desenvolvimento das atividades comple- contrair doença pela natureza ou por conta da sua atividade,
mentares dos professores da 5ª a 8ª séries do Ensino Fun- serão assegurados os direitos previstos na Lei nº 6.677 , de
damental e os do Ensino Médio deverão ser reservadas 25% 26 de setembro de 1994.
(vinte e cinco por cento) da carga horária correspondente Art. 61. Serão considerados de efetivo exercício os afas-
ao regime de trabalho a que os mesmos se subordinem, e a tamentos do servidor do magistério para:
partir de 1º de janeiro de 2003 deverão ser reservadas as I – licença para tratamento de saúde;
cargas horárias estabelecidas no anexo VII desta Lei. II – seu aperfeiçoamento, especialização ou atualização
Art. 56. Considera‑se Atividade Complementar, a carga em instituições nacionais ou estrangeiras;
horária destinada, pelos professores em efetiva regência de III – comparecer a reuniões ou congressos relacionados
classe, com a participação coletiva dos docentes, por área com a atividade docente que lhe seja pertinente;
de conhecimento, à  preparação e avaliação do trabalho IV – cumprir programa de educação ou ensino resultante
didático, às  reuniões pedagógicas e ao aperfeiçoamento de acordo cultural com outra nação;
profissional, de acordo com a proposta pedagógica de cada V  – prestar assistência técnica relacionada com sua
Unidade Escolar. atividade docente;
Art. 57. É obrigatória a participação de todos os profes- VI  – quando no exercício de um mandato legislativo
sores em efetiva regência nas Atividades Complementares, compor a Comissão de Educação;
em dia e hora determinados pela direção da Unidade Escolar, VII – abono de falta, a critério do chefe imediato do ser-
sendo essas atividades supervisionadas pelo Coordenador vidor, no máximo de 72 (setenta e dois) dias por quinquênio;

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Parágrafo único. Nos casos dos incisos II a V deste artigo a partir de 1º de julho de 2002 e para 50% (cinquenta por
autoridade competente para permitir o afastamento deverá cento) a partir de 1º janeiro de 2003.
considerar a conveniência e o interesse do ensino. Art. 66. O Professor que desdobra a carga horária obriga-
Art. 62. O docente e demais servidores que exerçam tória em regência e em atividades técnico‑administrativa, fará
atividade de suporte pedagógico direto à docência devida- jus a esta gratificação apenas sobre a parcela do vencimento
mente matriculados em cursos de pós- graduação a nível de correspondente ao de efetiva regência, ou seja, 20 (vinte)
especialização, mestrado ou doutorado, que tenham corre- horas semanais.
lação com a sua formação profissional e com as atribuições Art. 67. A  Gratificação de Estímulo às Atividades de
definidas para o cargo que ocupa, poderão ser liberados das Classe não será concedida ao Professor que estiver servindo
atividades educacionais ou técnicas, parcial ou totalmente, no órgão central da Secretaria da Educação, nas Diretorias
sem prejuízo das vantagens do cargo e de acordo com o Regionais de Educação  – DIREC ou exercendo atividades
interesse da Administração. técnico‑administrativas em Unidades Escolares.
§ 1º A ausência não excederá a 02 (dois) anos, prorrogável Art. 68. Na hipótese de acumulação legal de dois cargos
por mais 1 (um) e, findo o curso, somente após decorrido de magistério a Gratificação de Estímulo às Atividades de
o mínimo de 05 (cinco) anos poderá ser permitida nova Classe será aplicada isoladamente, desde que, em cada um
ausência. deles, o  ocupante esteja no exercício da efetiva regência
§  2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste arti- de classe.
go não será concedida exoneração, licença para tratar de Art. 69. A concessão da Gratificação de Estímulo às Ati-
interesse particular ou aposentadoria antes de decorrido vidades de Classe será devida a partir da comprovação do
período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese do efetivo exercício da regência de classe, com base nos registros
ressarcimento das despesas correspondentes. anuais da programação escolar.
§ 3º O afastamento previsto neste artigo não será conce- Parágrafo único. Configurando‑se a situação de regên-
dido ao servidor exercente de cargo comissionado. cia de classe, posteriormente à data referida neste artigo,
Art. 63. Não é permitido ao Professor ou Coordenador a gratificação será devida a partir do início do exercício da
Pedagógico exercer, em regime de disposição ou requisição, correspondente atividade.
qualquer função pública estranha ao magistério. Art. 70. Em caso de faltas ou penalidades aplicadas que
Parágrafo único. Não se compreendem na proibição deste impliquem em dedução do vencimento, esta atingirá, na
artigo as seguintes situações: mesma proporção, a Gratificação de Estímulo às Atividades
I  – exercício da função de governo ou administração de Classe.
federal, no território nacional ou no exterior, por nomeação Art. 71. O Professor perderá o direito à Gratificação de
do Presidente da República; Estímulo às Atividades de Classe quando afastado do exercí-
II – exercício de funções de Secretário de Estado, direção cio da regência de classe, salvo nos seguintes casos:
de entidades da administração estadual descentralizada, e de I – por 1 (um) dia, para doação de sangue;
cargos em comissão, por nomeação do Governador; II – por 2 (dois) dias, para alistamento eleitoral; III III – por
III – opção, de acordo com o disposto no parágrafo único 8 (oito) dias consecutivos, por motivo de:
a) casamento;
do artigo 30.
b) falecimento de cônjuge, companheiro, pais, padrasto
Art. 64. Os Professores do Magistério Público Estadual
ou madrasta, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela
do Ensino Fundamental e Médio, portadores de habilitação
e irmãos, desde que comprovados com atestado de óbito.
específica decorrente de curso regularmente reconhecido,
IV – até 15 (quinze) dias, por período de trânsito, com-
com carga horária mínima e integralizada em um único curso
preendido como o tempo gasto pelo servidor que mudar de
de 360 (trezentos e sessenta) horas/aula, perceberão uma
sede, contados da data do desligamento.
gratificação especial de 20% (vinte por cento), calculada so-
V – férias;
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bre o valor do vencimento base do nível do cargo ocupado, VI  – participação em programa de treinamento regu-
enquanto estiver na regência de classes com alunos com larmente instituído; VII – participação em júri e em outros
necessidades educacionais especiais. serviços obrigatórios por lei;
Parágrafo único. A gratificação prevista neste artigo será VIII – missão ou estudos em outros pontos do território
concedida a pedido do docente, pela autoridade competente nacional ou no exterior, quando o afastamento houver sido
e à vista do comprovante do ato oficial de designação para autorizado pela autoridade competente;
a regência de classe de excepcionais. IX – abono de falta, a critério do chefe imediato do servi-
Art. 65. A  Gratificação de Estímulo às Atividades de dor, no máximo de 72 (setenta e dois) dias por quinquênio;
Classe será concedida aos ocupantes do cargo de Professor X – licença:
do Magistério Público Estadual do Ensino Fundamental e a) à gestante, à adotante e licença‑paternidade;
Médio que se encontrem em efetiva regência de classe, no b) para tratamento da própria saúde;
percentual de 40% (quarenta por cento) sobre o vencimento c) por motivo de acidente em serviço ou por doença
básico atribuído ao cargo ocupado pelo beneficiário desde profissional;
que preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: d) para o servidor‑atleta.
I – que a regência de classe esteja sendo exercida em XI – licença‑prêmio, se o servidor estiver percebendo a
Unidades Escolares da Rede Pública Estadual ou em Uni- gratificação de que trata este artigo há mais de 6 (seis) meses.
dades Escolares conveniadas ou municipalizadas mediante Art. 72. A  constatação de irregularidades nos proce-
convênio celebrado com o Estado da Bahia, por intermédio dimentos que originaram a concessão da Gratificação de
da Secretaria da Educação; Estímulo às Atividades de Classe implicará em apuração de
II – que o exercício da regência seja comprovado pelo responsabilidade e devolução, pelo beneficiário, dos valores
diretor da unidade escolar onde o docente esteja ministran- recebidos indevidamente, calculados pelo valor do venci-
do as aulas obrigatórias de sua carga horária, validada na mento básico vigente na data da devolução.
programação escolar anual. Art. 73. A Gratificação de Estímulo às Atividades de Classe
Parágrafo único. O percentual da Gratificação de que trata não servirá de base de cálculo para qualquer outra parcela
este artigo passará para 45% (quarenta e cinco por cento) a remuneratória.

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Art. 74. O Professor e o Coordenador Pedagógico, mesmo pagamento da gratificação somente será assegurada se o
no exercício de cargo comissionado do quadro do Magisté- servidor estiver percebendo, ininterruptamente, há mais
rio Público Estadual do Ensino Fundamental e Médio, que de seis meses.
exerça as atribuições do seu cargo em Unidades Escolares Art. 79. O Professor com carga horária de 40 horas que
situadas em localidades inóspitas, de difícil acesso, insalubre, exerce suas atividades letivas em 02 (duas) Unidades Esco-
insegura ou de precárias condições de vida, terá assegurado lares diferentes, sendo apenas uma enquadrada como de
o direito à percepção de até 30% (trinta por cento) do ven- difícil acesso, a  gratificação será concedida no percentual
cimento básico do cargo ocupado, na forma determinada correspondente ao da carga horária respectiva.
em regulamento. Art. 80. A  gratificação de difícil acesso deixará de ser
Art. 75. Para fins do disposto no artigo anterior, conside- paga na ocorrência de qualquer das situações a seguir
ra‑se como de difícil acesso as Unidades Escolares, quando enumeradas:
localizadas: I – remoção do beneficiário para Unidade Escolar não
I - na capital do Estado ou na Região Metropolitana, e considerada com localização de difícil acesso;
a) não dispuserem de linhas convencionais de trans- II – mudança de residência do beneficiário que implique
porte coletivo, ou descaracterização da dificuldade de acesso;
b) distarem mais de 2 Km dos corredores e vias de III  – exclusão da unidade da lista de classificação das
transporte coletivo; Unidades Escolares situadas em locais reconhecidos como
II - no interior do Estado, as vilas e povoados distantes de difícil acesso.
da sede do município, no mínimo, 10 Km; Art. 81. Caberá à Secretaria da Educação o controle
III - em região que apenas permita o acesso parcial dos pagamentos efetuados a título de gratificação de difícil
ou integralmente por via fluvial ou marítima. acesso e a concessão será feita através de ato da autoridade
Parágrafo único. Somente terá direito à gratificação pelo competente.
exercício de suas atribuições em local de difícil acesso o pro- Art. 82. O Professor e o Coordenador Pedagógico farão
fessor ou Coordenador Pedagógico, mesmo no exercício de jus à Gratificação de Estímulo ao Aperfeiçoamento Profissio-
cargo comissionado do quadro Magistério Público Estadual nal por comprovação, com aproveitamento, de conclusão de
do Ensino Fundamental e Médio, que residir em local diverso cursos de atualização, aperfeiçoamento ou pós‑graduação,
daquele onde tem exercício funcional. desde que observados os seguintes requisitos:
Art. 76. As localidades de difícil acesso, observados os I – existência de correlação entre o curso e a respectiva
critérios estabelecidos no artigo anterior, serão definidas em habilitação ou área de atuação;
ato do Secretário da Educação. II – comprovação de aproveitamento de curso, mediante
Art. 77. A gratificação de difícil acesso será paga conjunta- apresentação do correspondente diploma ou certificado;
mente com os vencimentos e demais vantagens do cargo de III – cumprimento da carga horária mínima estabelecida,
que o beneficiário seja titular e não servirá de base de cálculo integralizada em único curso;
para qualquer outra vantagem, à exceção de acréscimo cor- IV  – curso promovido pela Secretaria da Educação ou
respondente à remuneração de férias e gratificação natalina. instituições públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras,
Parágrafo único. As deduções na remuneração do ser- devidamente reconhecidas pelo Ministério da Educação e do
vidor, decorrentes de faltas injustificadas ao trabalho ou da Desporto – MEC ou validadas pela Secretaria da Educação
imposição de penalidades que tenham repercussão finan- do Estado da Bahia.
ceira, alcançarão, de igual modo, a parcela correspondente § 1º Para fins da Gratificação prevista neste artigo so-
à gratificação. mente serão valorados cursos concluídos a partir de 01 de
Art. 78. O  servidor perderá o direito à gratificação de janeiro de 1998.
difícil acesso quando afastado do exercício funcional, salvo §  2º Os cursos ministrados por outras instituições so-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


as seguintes hipóteses de ausências e afastamentos: mente serão considerados quando atendidos os critérios
I – por 1 (um) dia, para doação de sangue; de equivalência estabelecidos pela Secretaria da Educação
II – por 2 (dois) dias, para alistamento eleitoral; III III – por do Estado da Bahia.
8 (oito) dias consecutivos, por motivo de: § 3º Não será considerada, para fins desta gratificação,
a) casamento; a  titulação já utilizada pelo servidor para efeito de pro-
b) falecimento de cônjuge, companheiro, pais, padrasto gressão funcional por avanço vertical na carreira ou para
ou madrasta, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela percepção de qualquer outra vantagem já incorporada aos
e irmãos, desde que comprovados com atestado de óbito. seus vencimentos.
IV – até 15 (quinze) dias, por período de trânsito, com- Art. 83. A Gratificação de Estímulo ao Aperfeiçoamento
preendido como o tempo gasto pelo servidor que mudar de Profissional será incidente sobre o vencimento ou salário
sede, contados da data do desligamento. básico atribuído ao cargo ocupado pelo beneficiário, no
V – férias; equivalente a:
VI  – participação em programa de treinamento regu- I – 5% (cinco por cento) aos portadores de certificado de
larmente instituído; VII – participação em júri e em outros curso com duração mínima de 80 (oitenta) e máxima de 119
serviços obrigatórios por lei; (cento e dezenove) horas;
VIII – abono de falta, a critério do chefe imediato do ser- II – 10% (dez por cento) aos portadores de certificado de
vidor, no máximo de 72 (setenta e dois) dias por quinquênio; curso com duração mínima de 120 (cento e vinte) e máxima
IX – licença: de 359 (trezentos e cinquenta e nove) horas;
a) à gestante, à adotante e licença‑paternidade; III – 15% (quinze por cento) aos portadores de certificado
b) para tratamento da própria saúde; de curso com duração mínima a partir de 360 (trezentos e
c) por motivo de acidente em serviço ou por doença sessenta) horas.
profissional; IV – 20% (vinte por cento) aos portadores de diploma
d) prêmio por assiduidade. de Mestre;
Parágrafo único. Decorrendo o afastamento da con- V  – 25% (vinte e cinco por cento) aos portadores de
cessão de licença prêmio à assiduidade, a continuidade do diploma de Doutor.

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§ 1º É permitida a percepção cumulativa dos percentuais I – não cumprimento de deveres enumerados no artigo
previstos neste artigo, desde que decorrentes de cursos dife- anterior;
rentes e limitado ao percentual máximo de 50% (cinquenta II  – a ação ou omissão que resulte em prejuízo físico,
por cento). moral ou intelectual ao aluno;
§ 2º Na hipótese de acumulação legal de dois cargos de III – a aplicação de castigo físico ou humilhante ao aluno;
magistério, o disposto neste artigo será aplicado a cada um IV – ato que resulte em exemplo deseducativo para o
deles, nada impedindo a percepção simultânea da vantagem. aluno;
Art. 84. A  concessão da Gratificação de Estímulo ao V – a discriminação por raça, condição social, nível inte-
Aperfeiçoamento Profissional dar‑se‑á por ato da autorida- lectual, sexo, credo ou convicção política.
de competente, nos termos estabelecidos em regulamento Parágrafo único. Em caso de transgressão, as  penas a
específico, que será elaborado pelo Poder Executivo no prazo serem aplicadas são as previstas no Estatuto dos Funcioná-
de 180 (cento e oitenta) dias. rios Públicos Civis do Estado, com a gradação que couber,
Parágrafo único. As concessões subsequentes obedece- em cada caso.
rão ao interstício mínimo de 3 (três) anos cada. Art. 89. O servidor do magistério que, sem motivo jus-
Art. 85. A constatação de irregularidades nos procedi- tificado, deixar de cumprir o plano das atividades didáticas
mentos que originaram a concessão da Gratificação de Estí- programadas para o ano letivo ficará sujeito às penalidades
mulo ao Aperfeiçoamento Profissional implicará em apuração de advertência, suspensão e demissão, na forma da lei.
de responsabilidades e devolução, pelo beneficiário, dos Parágrafo único. Ficará sujeito à mesma pena quem
valores recebidos indevidamente, calculados pelo valor do for responsável pela direção da Unidade Escolar que tenha
vencimento ou salário básico vigente na data da devolução. exercício o servidor faltoso e não comunique à autoridade
Art. 86. A Gratificação de Estímulo ao Aperfeiçoamento superior a infração prevista.
Profissional não servirá de base de cálculo para qualquer Art. 90. A acumulação de 02 (dois) cargos de magistério,
outra parcela remuneratória. na forma da lei, deverá ocorrer, preferencialmente, numa
mesma Unidade Escolar, desde que no currículo desta figu-
Seção VII rem as disciplinas lecionadas pelo servidor.
Deveres e Outras Normas Especiais Parágrafo único. O Professor e demais integrantes do qua-
dro do Magistério Público do Ensino Fundamental e Médio
Art. 87. Aos integrantes do Magistério Público do Ensino só poderão acumular dois cargos do Magistério Público do
Fundamental e Médio incumbe observar e cumprir, além Ensino Fundamental e Médio em regime de tempo parcial.
dos que lhe são próprios em virtude da condição de servidor Art. 91. Para fins de aposentadoria é permitido ao ocu-
público, os seguintes deveres especiais: pante de 02 (dois) cargos estaduais de magistério transpor
I – a lealdade e o respeito às instituições constitucionais tempo de serviço, total ou parcial, de um para outro cargo,
e administrativas a que servir; respeitadas as demais disposições legais.
II – a dedicação e o zelo num esforço comum de bem § 1º O tempo de serviço público estadual utilizado nos
servir à causa de educação, em prol do desenvolvimento termos deste artigo é considerado definitivamente vinculado
nacional; ao efeito previsto e não mais poderá ser computado, sob
III – o respeito aos preceitos éticos do magistério; qualquer hipótese, para outro efeito, finalidade ou situação.
IV – cumprir, com eficiência e responsabilidade, as atri- § 2º O disposto no presente artigo em nada modifica o
buições específicas de seu cargo; direito de o servidor continuar no exercício do outro cargo
V  – conhecer, cumprir e fazer cumprir o Regimento que legalmente acumulava.
Escolar, os horários e o calendário previstos para a escola;
VI – manter e fazer com que seja mantida a disciplina em Capítulo V
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

sala de aula e nas diversas dependências escolares; Disposições Finais e Transitórias


VII – comparecer e participar das reuniões para as quais
for convocado, contribuindo para a gestão democrática da Art. 92. O  Plano de Cargos e Salários do Magistério
escola; do Ensino Fundamental e Médio estruturará os cargos de
VIII – empenhar‑se pela qualidade do ensino ministrado, carreira em classe, além dos níveis já constantes do Anexo
zelando pelo bom nome da unidade escolar; III desta Lei.
IX – respeitar, igualmente, a todo o pessoal da escola, Art. 93. Quando houver extinção de disciplinas ou exce-
alunos, colegas, autoridades do ensino e servidores admi- dente de Professores em determinada disciplina, far‑se‑á o
nistrativos; aproveitamento dos docentes titulares em disciplina ou em
X – zelar pelo cumprimento dos princípios educacionais atividades análogas ou correlatas, considerada a respectiva
estabelecidos; habilitação pessoal mediante curso de atualização, aperfei-
XI – zelar pelo respeito à igualdade de direitos quanto às çoamento ou especialização.
diferenças sócio- econômicas, de raça, sexo, credo religioso Parágrafo único. As disposições previstas no caput deste
e convicção política ou filosófica; artigo aplicam‑se aos casos de substituição temporária no
XII – respeitar o pluralismo de ideias e concepções pe- interesse da Administração Pública.
dagógicas; Art. 94. O  servidor do quadro do Magistério Público
XIII – respeitar a dignidade do aluno e sua personalidade Estadual do Ensino Fundamental e Médio que, em decor-
em formação; rência de doença comprovada por junta médica oficial, não
XIV – guardar sigilo profissional; mais puder exercer as suas atividades, será readaptado
XV – zelar pela defesa dos direitos profissionais e pela funcionalmente, sendo‑lhe cometidas novas atribuições,
dignidade da classe. em atividades análogas ou correlatas, compatíveis com a
Art. 88. Constituem transgressões passíveis de pena para limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
o integrante do Quadro do Magistério Público do Ensino mental, garantindo‑se‑lhe o vencimento do cargo de que é
Fundamental e Médio, além das já previstas no Estatuto dos titular e as vantagens que lhe seja asseguradas pelo exercício
Servidores Públicos Civis do Estado: destas novas funções.

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Parágrafo único. E  garantida à gestante atribuições 3. (Cespe/MPOG/2015) A diversidade étnico‑racial deve
compatíveis com seu estado físico, nos casos em que houver ser valorizada como objeto de estudo e prática social,
recomendação clínica, sem prejuízo de seus vencimentos e nos diferentes níveis de ensino.
demais vantagens do cargo. a) ( ) Certo.
Art. 95. Ficam extintas a Gratificação de Incentivo à Qua- b) ( ) Errado.
lificação Profissional, a partir de 31 de dezembro de 2002, e a
Gratificação por Desempenho e Qualificação Profissional e 4. (Fapec/MPE‑MS/2015) Em atenção à Lei de Diretrizes e
o Abono de Permanência em Atividade, a partir da entrada Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96), assinale
em vigor desta Lei, para os integrantes do Magistério Público a alternativa incorreta:
Estadual do Ensino Fundamental e Médio. a) O acesso à educação básica obrigatória é direito
Art. 96. O Poder Executivo expedirá os atos regulamen- público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo
tares necessários à execução da presente Lei. de cidadãos, associação comunitária, organização
Art. 97. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publi- sindical, entidade de classe ou outra legalmente
cação. constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o
Art. 98. Revogam‑se as disposições em contrário, espe-
poder público para exigi‑lo
cialmente a Lei nº 3.375 , de 31 de janeiro de 1975.
b) É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula
Palácio do Governo do Estado da Bahia, em 29 de maio das crianças na educação básica a partir dos 4 (qua-
de 2002. tro) anos de idade.
c) O ensino é livre à iniciativa privada, independente da
OTTO ALENCAR autorização de funcionamento pelo Poder Público,
Ruy Tourinho que poderá fiscalizá‑lo.
Ana Lúcia Barbosa Castelo Branco d) Os Municípios incumbir‑se‑ão de oferecer a educa-
ção infantil em creches e pré‑escolas, e, com priori-
dade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
EXERCÍCIOS
outros níveis de ensino somente quando estiverem
1. Com relação ao planejamento dialógico e seu papel atendidas plenamente as necessidades de sua área
na construção e operacionalização do projeto políti- de competência e com recursos acima dos percen-
co‑pedagógico da escola, marque a alternativa correta tuais mínimos vinculados pela Constituição Federal
correspondente à sequência lógica na construção deste à manutenção e desenvolvimento do ensino.
projeto, para fins de registro documental: e) Entende‑se por educação especial, para os efeitos
a) Recursos, cronograma, avaliação, conclusão, identi- da referida lei, a modalidade de educação escolar
ficação do projeto, histórico e justificativa, objetivos oferecida preferencialmente na rede regular de en-
gerais e específicos, metas e desenvolvimento me- sino, para educandos com deficiência, transtornos
todológico. globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
b) Objetivos gerais e específicos, metas, identificação superdotação.
do projeto, histórico e justificativa, desenvolvimento
metodológico, recursos, cronograma, avaliação e 5. (Cespe/MEC/2014) Uma vez que a educação especial
conclusão. é parte integrante da educação regular, não cabe a ela
c) Identificação do projeto, histórico e justificativa, ob- ser caracterizada em níveis, etapas e modalidades da
jetivos gerais e específicos, metas, desenvolvimento educação básica, já que perpassa todos eles de forma
metodológico, recursos, cronograma, avaliação e transversal.
conclusão. a) ( ) Certo.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


d) Metas, desenvolvimento metodológico, identifica- b) ( ) Errado.
ção do projeto, histórico e justificativa, objetivos
gerais e específicos, recursos, cronograma, avaliação 6. (UNESP/Prefeitura de Suzano  – SP/2015) Ao fixar as
e conclusão. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Funda-
e) Identificação do projeto, histórico e justificativa, mental de 9 (nove) anos, por meio da Resolução CNE/
avaliação, conclusão, objetivos gerais e específicos, CEB Nº 7/10, o Conselho Nacional de Educação deixa
metas, desenvolvimento metodológico, recursos e claro qual é seu entendimento sobre currículo. Nesse
cronograma. sentido, o CNE afirma que o currículo do Ensino Fun-
damental é constituído
2. (FUNDEP/IFSP/2014) Tendo como referência a Lei
a) pelas experiências escolares que se desdobram em
nº  9.394/96, sobre a formação dos profissionais da
educação, assinale a alternativa incorreta. torno do conhecimento, permeadas pelas relações
a) A incumbência de promover a formação inicial, sociais.
a continuada e a capacitação dos profissionais de b) pelo conjunto das disciplinas e atividades organiza-
magistério cabe à União, ao Distrito Federal, aos Es- das pelas escolas e desenvolvidas pelos professores
tados e aos Municípios. nos mais diversos anos
b) A formação docente, para a educação básica e a c) pelo conhecimento cientificamente elaborado a ser
educação superior, incluirá prática de ensino de, no passado aos alunos na forma de conteúdo
mínimo, trezentas horas. d) pelo documento que propõe uma direção política
c) Poderão ser utilizados recursos e tecnologias de e pedagógica para o trabalho escolar, formulando
educação a distância para a formação continuada e metas, prevendo as ações, instituindo procedimen-
a capacitação dos profissionais de magistério. tos e instrumentos de ação.
d) Para o exercício do magistério superior, a preparação e) pelo plano de ação da escola, que define o que
far‑se‑á em nível de pós- graduação, prioritariamen- pretende realizar, o que pensa fazer, como fazer,
te em programas de mestrado e doutorado. quando fazer, com que e com quem fazer.

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7. (CEPS/UFPA/UFPA/2015) A Lei nº 9.394/96 estabelece menor tempo que aqueles e explicitar desempenhos
que a formação de docentes para atuar na educação observáveis.
básica far‑se‑á em a) ( ) Certo b. ( ) Errado.
a) nível médio magistério para todas as modalidades
de ensino. 12. (Cespe/Depen/2015) A prática educativa requer orga-
b) nível superior somente. nização prévia por meio do planejamento das ações di-
c) nível superior com formação específica em educação dáticas e pedagógicas da escola. Uma vez estabelecido,
indígena. esse planejamento educacional não pode ser mudado,
d) nível superior, em curso de licenciatura, de gradua- pois constitui um documento formal.
ção plena, em universidades e institutos superiores a) ( ) Certo.
de educação, admitindo‑se, como formação mínima, b) ( ) Errado.
a oferecida em nível médio na modalidade normal.
e) nível médio, superior e de pós‑graduação. 13. (Fepese/MPESC/2014) O processo de planejamento
participativo da escola vem ganhando importância
8. (CETRO‑IFPR-2014) A Educação Infantil, segundo a na literatura acadêmica entre pesquisadores que
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LD- defendem a descentralização do sistema educacional
BEN) será como um caminho para a democratização da gestão da
a) organizada com a expedição de documentação que educação e a melhoria da qualidade do ensino. Nesse
permita atestar os processos de desenvolvimento e sentido, é correto afirmar:
aprendizagem da criança. I  – A construção do planejamento participativo da
b) oferecida em creches ou entidades equivalentes, escola está ancorada fundamentalmente nas relações
para crianças de 3 (três) a 6 (seis) anos de idade. de poder estabelecidas entre a comunidade escolar e
c) oferecida em pré‑escolas, apenas para crianças de os dirigentes do sistema educacional.
5 (cinco) anos de idade. II – O planejamento participativo tem por função mo-
d) efetuada por meio de seleção, de acordo com a dernizar os tempos e os espaços da escola, tendo como
renda per capita familiar. referência uma realidade em constante transformação
e) efetuada por meio de checagem cadastral e seleção social.
por número de inscrição. III – A construção do planejamento participativo deve
levar em conta que a escola possui vínculos institucio-
nais com um determinado sistema escolar, ou seja, sua
9. (FGV/Seduc‑PE/2015) Com relação à definição da
autonomia deve ser entendida de forma relacional,
Educação Especial na LDB, assinale V para a afirmativa
inserida em um contexto de interdependências.
verdadeira e F para a falsa.
IV  – A participação ativa da comunidade escolar, se
( ) É considerada uma modalidade de ensino.
constituindo como um coletivo que pensa a escola,
( ) É oferecida apenas na rede privada de ensino.
favorece a construção de um planejamento no qual es-
( ) Envolve os educandos com deficiência e os super- tejam presentes diferentes pontos de vista sobre a rea-
dotados. lidade escolar, possibilitando a interação entre famílias,
professores, estudantes, funcionários e especialistas.
As afirmativas são, respectivamente, V – O diálogo e o debate democrático são fundamentais
a) F, V e F. para a produção de critérios coletivos na orientação
b) F, V e V. do processo de planejamento participativo, pois signi-
c) V, F e V. ficados comuns são estabelecidos corroborando para
d) V, F e F.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

a identificação destes na escola. Assinale a alternativa


e) F, F e V. que indica todas as afirmativas corretas.
10. (Nucepe/SEDUC‑PI/2015) Para os fins da Lei nº 12.513 a) São corretas apenas as afirmativas I, II e III.
de 2011, são consideradas modalidades de educação b) São corretas apenas as afirmativas I, III e IV.
profissional e tecnológica os cursos de c) São corretas apenas as afirmativas II, III e V.
I – educação profissional técnica de nível médio. d) São corretas apenas as afirmativas II, IV e V.
II – formação inicial e continuada ou qualificação pro- e) São corretas apenas as afirmativas III, IV e V.
fissional.
III  – formação continuada de professores em nível 14. (IFSC/IFSC/2014) De acordo com Vasconcellos, “[…]
médio. planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser
IV – formação de professores em nível médio na mo- realizada e agir de acordo com o previsto; é buscar
dalidade normal. fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser
comandado pelo ideal”. VASCONCELLOS, Celso dos S.
Estão corretos apenas os itens: Planejamento: projeto de ensino‑aprendizagem e pro-
a) I, II e III. jeto político‑pedagógico. 15. ed. São Paulo: Libertad,
b) I, II e IV. 2006. p. 35.
c) I, III e IV. Assinale a alternativa incorreta em relação ao plane-
d) II, III e IV. jamento escolar.
e) I, II, III e IV. a) Para que o planejamento realmente se efetue, é ne-
cessário verificar a possibilidade de viabilizar o que
11. (Cespe/MOU/2013) Em uma perspectiva tradicional de foi planejado.
planejamento, ao realizar o planejamento de ensino b) Um dos fatores decisivos para a significação do
de sua disciplina, o  professor deve traçar objetivos planejamento é a percepção da necessidade de
gerais e específicos, devendo estes ser alcançáveis em mudança

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c) A ação de planejar é importante e deve ser centra- 1. ( ) Certo.
lizada na ordem disciplinar e conteudista. 2. ( ) Errado.
d) O planejamento é uma maneira de aperfeiçoar a
prática para que se consiga chegar ao resultado 19. (Cespe/INSS/2008)  Na concepção liberal tecnicista,
esperado. o papel da escola é preparar intelectualmente o aluno.
e) É importante levar em consideração as reais neces- Sendo assim, o compromisso da escola deve ser com a
sidades e os interesses dos discentes na hora de cultura e não com aspectos sociais.
elaborar o planejamento. 1. ( ) Certo.
2. ( ) Errado.
15. (Cetro/Fundação Casa/2014) As fases do planejamento
escolar podem ser divididas em: o planejamento da
19. (Cespe/SEEAL/2013) Na tendência progressista liber-
escola, o planejamento curricular e o projeto ou plano
tadora, os conteúdos são temas geradores e a relação
de ensino. O planejamento curricular é.
a) o que chamamos de Projeto Político‑Pedagógico ou entre aluno e professor é de igualdade.
projeto educativo, sendo este o plano integral da 1. ( ) Certo.
instituição e que é composto de marco referencial, 2. ( ) Errado.
diagnóstico e programação. Esse nível envolve tan-
to a dimensão pedagógica quanto a comunitária e 20. (Cespe/SEEAL/2013) O método da tendência liberal
administrativa da escola. renovadora progressiva, cujo representante é Freinet,
b) a proposta geral das experiências de aprendizagem é  estabelecido a partir de experiências, pesquisas e
que serão oferecidas pela escola incorporadas nos di- métodos de soluções de problemas.
versos componentes curriculares, podendo ter como 1. ( ) Certo.
referência os seguintes elementos: fundamentos da 2. ( ) Errado.
disciplina, área de estudo, desafios pedagógicos,
encaminhamento, proposta de conteúdos, processos 21. (Ipad/Sesc‑PE/2010) Considerando as tendências pe-
de avaliação. dagógicas, é correto afirmar:
c) o planejamento mais próximo da prática do professor a) Pedagogia Tradicional – foco sobre o conhecimento
e da sala de aula. Diz respeito, mais restritamente, e valores sociais acumulados pela humanidade e na
ao aspecto didático. Pode ser subdividido em projeto exposição e demonstração verbal da matéria
de curso e plano de aula. b) Renovadora Progressiva – adequação das necessida-
d) o planejamento global da escola, que envolve o des individuais ao meio social por meio da instrução
processo de reflexão, de decisões sobre a organiza- programada.
ção, o funcionamento e a proposta pedagógica da c) Renovadora não‑diretiva  – Educação centralizada
instituição.
no professor, que garantirá um relacionamento de
e) uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a
respeito.
realizar melhor o seu trabalho: focalizar sua energia,
assegurar que sua equipe trabalhe para atingir os d) Tecnicista – modeladora do comportamento humano
mesmos objetivos e avaliar e adequar sua direção através de técnicas autogestionárias específicas.
em resposta a um ambiente em constante mudança. e) Crítico social dos conteúdos – Difusão dos conteú-
É considerado um processo de planejamento estra- dos culturais universais que são incorporados pela
tégico desenvolvido pela escola para a melhoria da humanidade.
qualidade do ensino e da aprendizagem. Esse plano
define diretrizes, objetivos e metas estabelecidas 22. (Cespe/INSS/2008) A escola, na tendência progressista

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


pela Unidade escolar. crítico‑social dos conteúdos, busca contribuir para que
o aluno supere a experiência sintética do conhecimento,
16. (Funcab/IFRR/2013)  A pedagogia crítico‑social dos desenvolvendo uma visão sincrética
conteúdos pressupõe uma prática metodológica que: 1. ( ) Certo.
a) relaciona a prática dos alunos com os conteúdos 2. ( ) Errado.
propostos.
b) seleciona e transmite os conteúdos necessários. 23. (Cespe/FUB/2013) Do ponto de vista didático, a Escola
c) tem como base a exposição oral acompanhada de Nova está diretamente ligada ao pensamento de Adol-
demonstração. phe Ferrière e tem seus métodos centrados na ação do
d) tem como objetivo a preparação de mão de obra educando.
para a sociedade. 1. ( ) Certo.
e) atribui ao professor a função exclusiva de ajudar o 2. ( ) Errado.
aluno a se organizar.
24. (FGV/Prefeitura de Cuiabá  – MT/2015) Associe cada
17. (Cespe/MPU/2013) Para a concepção libertadora, o eixo
deslocou‑se de uma pedagogia de inspiração filosófica uma das características a seguir à concepção de um
centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de Currículo centrado em Conteúdos (C) ou à concepção
inspiração experimental baseada na biologia e na psi- de um Currículo transdisciplinar, centrado em áreas (A).
cologia. ( ) Unidades centradas em conceitos disciplinares.
1. ( ) Certo. ( ) Fontes diversas de informação.
2. ( ) Errado. ( ) Metodologias avaliativas diversificadas.
( ) Avaliação mediante provas.
18. (Cespe/IFB/2011) O movimento do escolanovismo foi ( ) Aulas organizadas por lições pré‑estabelecidas.
fortemente influenciado pela filosofia pragmatista, ( ) Planejamento flexível, com clareza das habilidades
amplamente divulgada entre educadores brasileiros. a serem desenvolvidas.

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Assinale a opção que indica a sequência correta, de tempo. A ______________ refere‐se ao conhecimen-
cima para baixo. to próprio da disciplina, mas está para além dela.
a) C, A, C, C, A, A. O conhecimento situa‐se na disciplina, nas diferentes
b) A, A, A, C, C, A. disciplinas e além delas, tanto no espaço quanto no
c) C, A, A, C, A, C. tempo. A ______________ pressupõe a transferência
d) C, A, A, C, C, A. de métodos de uma disciplina para outra. Ultrapassa‐as,
e) A, C, A, C, C, A. mas sua finalidade inscreve‐se no estudo disciplinar.”
Assinale a alternativa que completa correta e sequen-
25. (Funiversa/Secretaria da Criança – DF/2015) Assinale cialmente a afirmativa anterior.
a alternativa que apresenta o termo correspondente à a) multidisciplinaridade / pluridisciplinaridade / trans-
definição a seguir: caracteriza‑se como nova concepção disciplinaridade / interdisciplinaridade
de divisão do saber e visa à interdependência, à inte- b) transdisciplinaridade / interdisciplinaridade / multi-
ração e à comunicação existentes entre as áreas do disciplinaridade / pluridisciplinaridade
conhecimento. Há a interação e o compartilhamento c) interdisciplinaridade / multidisciplinaridade / pluri-
de ideias, opiniões e explicações. disciplinaridade / transdisciplinaridade
a) multidisciplinaridade. d) pluridisciplinaridade / transdisciplinaridade / inter-
b) interdisciplinaridade. disciplinaridade / multidisciplinaridade
c) contextualização.
d) transdisciplinaridade. 28. (Acafe/SED‑SC/2015) Sobre a diversidade Skliar e Dus-
e) pluridisciplinaridade. chatzky (2001) dizem que muitas vezes concebemos, “o
outro como fonte de todo mal”. O documento do MEC,
26. (Gestão Concurso/Prefeitura de Belo Horizonte  – Currículo Conhecimento e Cultura, explora como esta
MG/2015) São muitos os trabalhos que defendem máxima aparece nas relações escolares.
propostas de integração do conhecimento escolar, Nesse sentido é correto afirmar, exceto:
tanto em concepções curriculares tradicionais como em a) Quando nos situamos como professores (as), diante
concepções curriculares críticas. São características de dos (as) alunos (as) com base em estereótipos e ex-
currículos integrados: pectativas diferenciadas segundo a origem social e
I  – São baseados nos interesses e necessidades dos as características culturais dos grupos de referência.
alunos e na relevância social do conhecimento. b) Ao atribuímos o fracasso escolar dos(as) alunos(as)
II – Adaptam‑se mais facilmente aos atuais processos às suas características sociais ou étnicas.
de trabalho e à crescente mobilidade nos empregos. c) Quando diferenciamos os tipos de escolas segundo a
III – Possibilitam analisar problemas e buscar soluções origem social dos(as) estudantes, considerando que
do cotidiano, ampliando o conhecimento de alunos e alguns têm maior potencial que outros e, para desen-
de professores. volvermos uma educação de qualidade, não podemos
misturar estudantes de diferentes potenciais
IV – Sustentam uma organização do trabalho pedagó-
d) Ao privilegiarmos todas as formas de comunicação
gico, mantendo relações hierárquicas e assimétricas
humana, como a corporal e a artística.
entre docentes.
e) Quando valorizamos exclusivamente o racional e
desvalorizamos os aspectos afetivos presentes nos
É correto o que se afirma em.
processos educacionais.
a) I e III, apenas.
b) III e IV, apenas.
29. (Cespe/DPU/2016) Na elaboração do currículo escolar,
c) I, II e III, apenas. deve‑se priorizar os conteúdos de ensino no intuito de
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

d) I, II, III e IV. atender às necessidades de formação dos alunos.


1. ( ) Certo.
27. (SEARH‑RN/Idecan/2016) “Na organização e gestão do 2. ( ) Errado.
currículo, as abordagens disciplinar, pluridisciplinar,
interdisciplinar e transdisciplinar requerem a atenção 30. (SEARH‑RN/Idecan/2016) “Os currículos da educação
criteriosa da instituição escolar, porque revelam a infantil, do ensino fundamental e do ensino médio de-
visão de mundo que orienta as práticas pedagógicas vem ter base nacional comum, a ser complementada,
dos educadores e organizam o trabalho do estudante. em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento
Perpassam todos os aspectos da organização escolar, escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas ca-
desde o planejamento do trabalho pedagógico, a gestão racterísticas regionais e locais da sociedade, da cultura,
administrativo‐acadêmica, até a organização do tempo da economia e dos educandos.”(Art. 26 da LDB.)
e do espaço físico e a seleção, disposição e utilização dos Sobre este artigo, analise as afirmativas.
equipamentos e mobiliário da instituição, ou seja, todo I – Os currículos a que se refere o caput devem abranger,
o conjunto das atividades que se realizam no espaço obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
escolar, em seus diferentes âmbitos.” matemática, o conhecimento do mundo físico e natural
(Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica, 2013.)
e da realidade social e política, especialmente do Brasil.
II – O ensino da arte, especialmente em suas expressões
As abordagens multidisciplinar, pluridisciplinar e inter- regionais, constituirá componente curricular obrigató-
disciplinar fundamentam‐se nas mesmas bases, que rio nos diversos níveis da educação básica, de forma a
são as disciplinas, ou seja, o recorte do conhecimento. promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
Considerando essas abordagens, analise a afirmativa III – Na parte diversificada do currículo será incluído,
a seguir. obrigatoriamente, a  partir da quinta série, o  ensino
“A ______________ expressa frações do conhecimento de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja
e o hierarquiza, a _____________ estuda um objeto de escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro
uma disciplina pelo ângulo de várias outras ao mesmo das possibilidades da instituição.

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IV – O ensino da história do Brasil levará em conta as V – Garantir uma série de mudanças no espaço escolar,
contribuições das diferentes culturas e etnias para a como: acessibilidade física e atitudinal; formação dos
formação do povo brasileiro, especialmente das ma- professores para atuar na educação inclusiva (inicial
trizes indígena, africana e europeia. e continuada); flexibilizar os conteúdos escolares e
V – A educação física, integrada à proposta pedagógi- oportunizar o atendimento em classe especial para
ca da escola, é componente curricular obrigatório da os alunos que apresentam dificuldades mais sérias de
educação básica, sendo sua prática também obrigatória aprendizagem.
ao aluno.
Está(ão) correta(s) apenas:
Estão corretas apenas as afirmativas a) I, II e V.
a) I e II. b) III e IV.
b) II, IV e V. c) IV e V.
c) III, IV e V. d) I e III.
d) I, II, III e IV. e) V.

33. (FCC/DPE‑SP/2015) Um dos saberes necessários à


31. (FCC/DPE‑SP/2015) A escola é um dos grandes agen-
prática educativa, apontados por Paulo Freire (1996),
tes formadores e transformadores de mentalidades.
está a exigência da reflexão crítica do educador sobre
O preconceito de gênero, que gera discriminação e
a prática que ele vivencia em sala de aula. Isso significa
violência contra as mulheres, se expressa no ambien- que a prática docente envolve, segundo o autor,
te educacional de várias maneiras, como conteúdos a) a preparação dos conteúdos a serem transmitidos
discriminatórios e imagens estereotipadas da mulher na prática.
que são ainda reproduzidos em materiais didáticos e b) a avaliação sobre o fazer pedagógico de cada dia.
paradidáticos, em diferentes espaços e contextos edu- c) o saber já adquirido pela prática a ser passado para
cacionais. Para a inversão desse quadro, é preciso os alunos.
I  – ampliar e melhorar a qualidade do atendimento d) o movimento dinâmico entre o fazer e o pensar sobre
educacional, incluindo a valorização profissional dessa o fazer.
parcela da população. e) a aplicação de uma teoria educacional na prática
II – aumentar as taxas de matrícula feminina em todos cotidiana.
os níveis e modalidades de ensino.
III  – definir as profissões tipicamente femininas e as 34. (FCC/DPE‑SP/2015) O planejamento educacional
tipicamente masculinas na organização da educação representa um processo imprescindível em todos os
superior. setores da atividade educacional. É uma decorrência
IV – promover ações afirmativas. das condições associadas à complexidade da educação
e da necessidade de sua organização, assim como da
Está correto o que se afirma apenas em intenção de promover mudanças e de produção de
a) I e III. novas situações, de forma significativa no processo
b) II e IV. educacional. Nesse sentido, o planejamento constitui:
c) III e IV. a) um método de administração para o enfrentamento
d) I, II e IV. organizado dos desafios que demandam a interven-
e) I, II e III. ção humana nas atividades da organização escolar.
b) uma visão de cada gestor sobre a natureza da edu-
32. (FCC/DPE‑SP/2015) A discussão sobre a educação cação, da gestão escolar e das possibilidades de

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


inclusiva nas últimas décadas tem evidenciado a impor- intervenção na organização escolar.
tância da garantia de qualidade de ensino para todos c) uma técnica realizada cotidianamente para previsão
os alunos, inclusive para os que apresentam necessi- e orientação das ações a serem realizadas e para o
dades educacionais especiais, decorrentes de alguma monitoramento da conduta dos alunos, de modo
deficiência. Entretanto, para que as escolas assumam formal.
orientação inclusiva, sendo espaços de aprendizagem d) uma ação no contexto educacional que desconsidera
a importância do projeto político‑pedagógico para a
e participação, uma série de ações precisam ser colo-
qualidade do ensino, já que este tem uma finalidade
cadas em prática pela própria escola e pelo sistema
burocrática.
educacional. Entre elas:
I – Promover espaços para discussão, permitindo atu- 35. (FCC/DPE‑SP/2015) O trabalho docente se caracteriza
alizar conhecimentos, trocar experiências e verbalizar por um constante vaivém entre as tarefas cognitivas
sentimentos. colocadas pelo professor e o nível de preparo dos alunos
II – Contratar professores especializados para que auxi- para resolverem as tarefas.
liem o professor em sala de aula, responsabilizando‑se À luz dessa assertiva, assinale a opção correta.
pela apropriação do conhecimento do aluno com ne- a) O professor precisa estabelecer objetivos e aprender
cessidades educacionais especiais. a combinar severidade, respeito e aspectos socio-
III – Garantir uma série de mudanças no espaço escolar, emocionais, sem perder de vista as necessidades
como: acessibilidade física e atitudinal; formação dos afetivas de seus alunos e o contexto em que estes
professores para atuar na educação inclusiva (inicial e estão inseridos.
continuada); revisão do papel político‑social da escola; b) Na maioria das escolas, existem alunos com muita
previsão e provisão de recursos humanos, físicos, ma- deficiência de conteúdo, além de defasagem entre
teriais e financeiros, entre outros. a idade cronológica e a série em que estão matri-
IV – Reduzir o número de alunos em sala de aula, pro- culados, o que dificulta a realização de um trabalho
curando trabalhar os conteúdos de forma homogênea. homogêneo.

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c) Para que haja uma boa interação entre professor Nesse contexto, assinale a opção correta.
e aluno, o professor deve apresentar os objetivos, a) O currículo não tem como função primordial elencar
os temas e as tarefas de forma clara e compreensível, os conteúdos que serão avaliados para formação do
esforçando‑se em formular questões compreensíveis perfil do aluno que se deseja.
para os alunos. b) Não compete ao currículo proporcionar informações
d) O professor precisa aprender a ouvir seus alunos, sobre a maneira de se ensinar e dar sequência aos
adequando os conteúdos ao que interessa a eles. conteúdos e objetivos escolares e sim ao projeto
Nesse sentido, a  fala do aluno é mais importante pedagógico.
que os conteúdos a serem trabalhados. c) O currículo é um projeto que apresenta as atividades
e) O controle da aprendizagem passa pelo controle das educativas escolares, definindo intenções e ações
adequadas sobre o que, quando e como ensinar e
ações dos alunos.
avaliar.
d) O currículo é uma sequência de disciplinas que
36. (FCC/DPE‑SP/2015) O trabalho docente deve considerar formam a matriz curricular de um curso ou de uma
a ajuda aos alunos na realização das tarefas. Nesse instituição que ofereça determinado nível de ensino.
contexto, assinale a opção correta.
a) Na maioria das vezes, o mais importante é controlar 39. (UNB/Cespe/TSE) O estudo é uma atividade cognitiva
as ações dos alunos. Alunos bem doutrinados têm que se realiza por meio de tarefas e ações cuja finali-
maior facilidade para absorção de conhecimento. dade é a assimilação consciente de conhecimentos.
b) O mais importante é a inexistência de regras, uma A partir dessa informação, assinale a opção correta.
vez que as crianças são capazes de se organizar de a) Ensinar a pensar é uma das tarefas primordiais do
acordo com seus hábitos individuais. Por isso, o pa- professor, independentemente da área de atuação
pel primordial do professor deve ser o de fornecer em que se concentre sua disciplina.
conhecimentos científicos. b) O trabalho docente se efetiva no ensino de conheci-
c) O controle das ações dos alunos não compete à mentos e métodos que desenvolvam a capacidade
escola e sim, aos pais. O papel da escola é repassar de aprendizagem por meio do cumprimento de
aos alunos os conhecimentos acumulados pela hu- determinadas tarefas.
manidade. c) A repetição é um dos pontos primordiais para
d) Dosar as ações de ajuda e controle constitui uma aquisição de conhecimentos e, por isso, deve ser
boa medida para que a aprendizagem aconteça com constantemente incentivada pelos professores.
sucesso. Normas claras e explícitas contribuem para d) O fornecimento de respostas corretas é uma das
a manutenção de um bom clima de trabalho. principais funções dos que se propõem a educar
crianças, posto que isso favorece a criação de hábitos
saudáveis de conhecimento.
37. (FCC/DPE‑SP/2015) Com referência ao conhecimento
das condições de aprendizagem dos alunos, assinale a
40. (FCC/DPE‑SP/2015) Assinale a opção incorreta no que
opção correta. concerne às etapas de avaliação de um planejamento
a) A motivação é uma das condições essenciais da participativo.
aprendizagem, que depende exclusivamente da a) A atribuição de sentido a um processo avaliativo
capacidade individual do aluno; assim, ela é uma vai além da explicitação da sua finalidade. Pelo seu
ação que não pode ser proporcionada pelo professor caráter reflexivo e político, deve também explicitar
em sala de aula, razão pela qual o professor deve que a avaliação pode ser utilizada para excluir ou
conhecer as experiências de seus alunos. punir.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

b) Os fatores sociais não podem interferir na aprendiza- b) Adotar procedimentos metodológicos interrela-
gem. As condições de vida e o ambiente sociocultural cionados é uma forma de assegurar a consistência
não oferecem requisitos para a vida escolar. Prova interna e externa do processo de avaliação e a am-
disso é o grande número de crianças que vivem em pliação da sua qualidade.
condições desumanas e conseguem alcançar sucesso c) C Um dos pressupostos da avaliação é a transpa-
na vida escolar. rência na comunicação. Por isso, os envolvidos
c) Muitos professores contribuem para aumentar as no processo avaliativo devem ter acesso aos seus
desvantagens trazidas pelos alunos em decorrência resultados, para se evitar o esvaziamento das ações
de suas condições sociais de origem, tachando as a serem implementadas posteriormente.
crianças de burras ou convencendo seus pais de que d) O compromisso com a visão sistêmica da organiza-
elas não têm perfil para os estudos. ção deve ser colocado em uma categoria inferior
d) O ensino não pode se apoiar nas experiências do em relação a projetos ou programas cujo propósito
específico seja criar a capacidade avaliativa institu-
senso comum das crianças, pois, assim, corre o risco
cional.
de tornar‑se equivocado e fugir dos conhecimentos
científicos. A principal função da escola é propiciar o 41. (FCC/DPE‑SP/2015) Julgue os seguintes itens relativos
acesso a conhecimentos elaborados e conservados à educação no contexto social.
pela humanidade, proporcionando a todos uma I – Toda e qualquer prática educativa expressa uma dou-
educação de qualidade. trina pedagógica, uma filosofia de vida, uma concepção
de homem e de sociedade.
38. (FCC/DPE‑SP/2015) Em educação, o conceito de currí- II – Segundo as teorias que explicam a função social da
culo é um dos mais complexos. Talvez o caminho mais educação com base nos fundamentos do materialismo
direto para sanar esse tipo de problema seja o de pre- dialético, a  sociedade tende a se manter porque a
cisar as funções do currículo e seu papel nas atividades educação promove o consenso espontâneo sobre os
educativas. valores sociais.

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III – Os princípios e os fundamentos da filosofia liberal d) O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
dão sustentação às formulações teóricas de John Dewey tendo em vista a aquisição de conhecimentos, habi-
sobre a Escola Nova e o seu papel aperfeiçoador da lidades e formação de valores.
democracia.
IV – Paulo Freire, ao enfatizar o caráter libertador da 46. Sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais  – PCN’s,
educação, atribui ao repasse de informações a carac- marque o incorreto:
terística fundamental do ensino. a) São elaborados pelo MEC e colocados à disposição
das escolas, visando à melhoria da educação, em
Estão certos apenas os itens todo o país.
a) I e II. b) É uma proposta governamental que impõe um mo-
b) I e III. delo curricular único.
c) II e III. c) Sugere a adequação do currículo escolar à realidade
d) III e IV. educacional e a peculiaridade da clientela que atende.
d) Os temas transversais dos PCN’s tratam da inter-
42. (FCC/DPE‑SP/2015) Em relação à pedagogia liberal e à disciplinaridade, como proposta de estabelecer
progressista, julgue os itens a seguir. comunicações entre as disciplinas escolares.
I – Segundo a pedagogia liberal, a função da escola é
preparar os indivíduos para o desempenho de papéis 47. A avaliação do aproveitamento escolar, praticada como
sociais, de acordo com as aptidões individuais. atribuição de qualidade aos resultados da aprendiza-
II  – A pedagogia progressista parte da análise crítica gem dos educandos visa, exceto:
das realidades sociais e trabalha com as finalidades a) Coletar, analisar e sintetizar as manifestações das
sociopolíticas da educação. condutas dos educandos.
III – A pedagogia liberal considera relevante a igualdade b) O aspecto classificatório sob a forma de verificação.
de oportunidades e desconsidera a desigualdade de c) A reorientação imediata da aprendizagem, caso se
condições. mostre com resultados insatisfatórios.
IV  – A pedagogia progressista procura minimizar as d) O encaminhamento dos educandos para passos
diferenças de classes, dando ênfase ao aspecto cultural subsequentes da aprendizagem, caso se considere
da sociedade. satisfatório os resultados da avaliação.

A quantidade de itens certos é igual a 48. A educação básica poderá organizar‑se:


a) 1. a) em séries anuais, períodos semestrais e ciclos.
b) 2. b) em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, al-
c) 3. ternância regular de períodos de estudos, grupos
d) 4. não seriados, com base na idade, na competência
e em outros critérios, ou por forma diversa de or-
43. Os temas transversais relacionados nos Parâmetros ganização, sempre que o interesse do processo de
Curriculares Nacionais, PCN’s, referem‑se, exceto: aprendizagem assim o recomendar.
a) Questões que interferem na vida dos alunos e com c) em séries anuais, períodos semestrais, ciclos ou
as quais se veem confrontados no seu dia‑a‑dia. por forma diversa de organização, sempre que o
b) São um conjunto de temas que aparecem transver- interesse do processo de aprendizagem assim o
salizados nas áreas definidas. recomendar.
c) Constituem novas áreas para trabalhar com os alunos. d) em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alter-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


d) Meio ambiente, saúde e ética são temas transversais. nância regular de períodos de estudos, grupos não
seriados, com base na idade, na competência e em
44. Não é uma prática correta do Projeto Pedagógico na outros critérios.
escola: e) em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, gru-
a) Ensinar a partir de valores da visão do homem, da pos não‑seriados, com base na idade, na compe-
sociedade em geral e do conhecimento. tência e em outros critérios, ou por forma diversa
b) Reconhecer o referencial teórico e a filosofia da de organização.
escola.
c) Definir metas de avaliação, na intenção de classificar 49. Algumas concepções pedagógicas norteiam o trabalho
a aprendizagem dos alunos. realizado nas instituições de ensino. Dentre elas desta-
d) Propor a prática de projetos coletivos na escola. camos a concepção da Pedagogia Tradicional que muito
contribuiu para o surgimento de outras concepções.
45. Visando à formação básica do cidadão, a LDB, Lei de Assinale a alternativa incorreta, que caracteriza a Pe-
Diretrizes e Bases da Educação, dispõe para o Ensino dagogia Tradicional.
Fundamental que a escola deverá promover, exceto: a) Defende que aluno participe e construa seus conhe-
a) O desenvolvimento da capacidade de aprender, cimentos através de exercícios de memorização.
a partir do domínio da leitura, da escrita e do cálculo. b) É uma proposta centrada no professor, que lhe cabe
b) A preparação básica para o trabalho e a cidadania ensinar o conteúdo através de aulas expositivas e
do educando, para continuar aprendendo, de modo com exercícios de memorização.
a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas c) Caracteriza‑se pela construção do conhecimento
condições de ocupação ou aperfeiçoamento supe- através da interação entre professor e aluno.
riores. d) Evidencia o professor como o defensor do saber e o
c) O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços principal agente de transformação da aprendizagem.
de solidariedade humana e de tolerância recíproca e) Enfoca um processo tradicional, onde o professor
e, que assenta a vida social. ensina e o aluno aprende.

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50. Assinale a alternativa incorreta. Quem assegura a crian- 53. Os termos educação permanente, formação continuada
ça, direitos previstos na LDB, que tem por finalidade e educação continuada têm como eixo o conhecimento
protegê‑la e proporcionar uma formação consistente? da formação inicial e da experiência prática do profes-
a) O pleno desenvolvimento da criança nos aspectos sor. Na educação permanente subjaz a concepção de
físico, psicológico, intelectual e social deve ser ga- educação por toda a vida, e a formação continuada traz
rantido até os seis anos de idade. em si a concepção de “atividade conscientemente pro-
b) As funções de educar e cuidar devem estar integra- posta, direcionada para a mudança.” O termo educação
das, para que haja a promoção do desenvolvimento continuada tem a significação fundamental de que a
da criança. educação consiste em auxiliar profissionais a participar
c) A avaliação deve visar o aprimoramento da ação ativamente do mundo que os cerca, incorporando tal
educativa. vivência no conjunto dos saberes de sua profissão.”
d) As habilidades da criança, a observação e o registro (Marin, A. J In. Cadernos CEDES, 1995, p. 18 – 19).
do desenvolvimento da criança é de responsabilida-
de do profissional do ensino fundamental e não da Considerando esse enunciado é correto afirmar.
educação infantil. I  – Formação continuada está contida na educação
d) A reflexão da prática pedagógica do profissional da continuada.
educação infantil deve ocorrer para o alcance dos II  – Educação permanente, formação continuada e
objetivos estabelecidos. educação continuada são equivalentes.
III – Educação permanente se opõe à formação con-
51. A  Educação Básica, nos níveis fundamental e médio, tinuada.
será organizada de acordo com as seguintes regras IV – Educação continuada é mais completa pois incor-
comuns, exceto. pora as noções anteriores e ocorre no próprio locus de
a) Carga horária mínima anual de oitocentas horas, trabalho sem interrupção e fragmentação.
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de
efetivo trabalho escolar. Marque a resposta correta.
b) O tempo reservado aos exames finais, quando a) Todas as assertivas são verdadeiras.
houver, serão incluídos nos dias de efetivo trabalho b) Todas as assertivas são falsas.
escolar. c) Somente as assertivas I, II e IV são verdadeiras.
c) A classificação em qualquer série ou etapa, exceto a d) Somente as assertivas I e IV são verdadeiras.
primeira do ensino fundamental, pode ser feita por
promoção, para alunos que cursaram, com aprovei- 54. Uma teoria pedagógica é um conjunto de leis que
tamento, a série ou fase anterior, na própria escola. procura explicar, compreender ou revelar o fenômeno
d) A classificação em qualquer série ou etapa, exceto a educativo numa determinada cultura ou sociedade.
primeira do ensino fundamental, pode ser feita inde- A  respeito da Pedagogia histórico‑crítica é correto
pendentemente de escolarização anterior, mediante
afirmar que trata‑se de uma teoria que
avaliação feita pela escola que defina o grau de de-
I – descreve a prática educativa em termos de causação
senvolvimento e experiência do candidato e permita
funcional.
sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme
II – estabelece o primado da prática sobre a teoria. Isto
regulamentação do respectivo sistema de ensino.
é, a prática determina a teoria.
III – privilegia o sujeito, a subjetividade na construção
52. Entre os profissionais da educação e das instâncias
do conhecimento.
administrativas é frequente tomar educação conti-
nuada como sinônimo de “reciclagem, treinamento, IV – busca apreender a questão educacional a partir do
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

aperfeiçoamento e capacitação”. Visando ao adequado desenvolvimento histórico‑objetivo.


esclarecimento do conceito de educação continuada,
correlacione a primeira coluna dos termos com a segun- Assinale a opção correta.
da, que traz seus respectivos significados e concepções. a) Todas as assertivas são verdadeiras.
1. Reciclagem b) Todas as assertivas são falsas.
2. Treinamento c) Somente a assertiva IV é verdadeira.
3. Aperfeiçoamento d) Somente as assertivas II, III e IV são verdadeiras.
4. Capacitação
55. A avaliação da aprendizagem tem sido definida como
( ) Traz em sua concepção a ideia de busca da perfei- um juízo de qualidade sobre dados relevantes, tendo
ção, de tornar completo o incompleto. em vista uma tomada de decisão.
( ) Assenta‑se na concepção de modelagem de com-
portamentos baseados em movimentos mecânicos PORQUE
que seguem um modelo pré‑fixado.
( ) Carrega a ideia de transformação substancial dando A avaliação da aprendizagem possibilita verificar o
origem a um novo padrão de comportamento. desempenho do sujeito com vistas a sua classificação
( ) Traz a ideia de tornar alguém capaz de algo, isto é, e promoção, conforme o status acadêmico ou profis-
que adquira as condições necessárias ao exercício sional pretendido.
da profissão.
Acerca dessas assertivas, assinale a opção correta.
A sequência correta entre termos e sinônimos é: a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a
a) 1, 2, 3, 4. segunda é uma justificativa correta da primeira.
b) 2, 3, 4,1. b) As duas asserções são proposições verdadeiras,
c) 3, 2, 1, 4. mas a segunda não é uma justificativa correta da
d) 4, 1, 2, 3. primeira.

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c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, a) Todas as afirmações são corretas.
e a segunda é uma proposição falsa. b) Somente a afirmação IV está incorreta.
d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e  a c) Somente a afirmação I está incorreta.
segunda é uma proposição verdadeira. d) As afirmações II e IV são incorretas.

56. “A inclusão escolar, enquanto paradigma educacional 59. (IF‑TO/Pedagogo/2017) Em seu livro: “Didática”, José
tem como objetivo a construção de uma escola aco- Libâneo destaca as funções do planejamento escolar
lhedora, onde não existam critérios ou exigências de como:
natureza alguma, nem mecanismos de seleção ou dis- I – Explicitar princípios, diretrizes e procedimentos do
criminação para o acesso e a permanência com sucesso trabalho docente que assegure articulação entre o
de todos os alunos.” Ministério da Educação, Secretaria conhecimento teórico e prático do educando.
de Educação Especial, 2006. II – Prever objetivos, conteúdos e métodos priorizando
Sobre o tema é correto afirmar, exceto. as exigências previstas pelos órgãos reguladores de
a) A Declaração de Salamanca trata sobre Princípios, educação.
Políticas e Práticas na área das Necessidades Edu- III – Atualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto,
cativas Especiais. aperfeiçoando‑o em relação aos progressos feitos nos
b) O Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011,
campos de conhecimentos.
institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com
IV  – Assegurar a unidade e a coerência do trabalho
Deficiência – Plano Viver sem Limite.
docente, de modo a inter‑relacionar no plano os ele-
c) A Convenção Interamericana para Eliminação de
mentos que compõem o processo de ensino, a saber:
todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência foi celebrada na Guatema- objetivos, os métodos e técnicas e a avaliação.
la, em maio de 1999, e destaca‑se como marco no
avanço da inclusão educacional. Após a análise, podemos afirmar que:
d) Entende‑se por educação especial, a partir da Lei de a) Somente III e IV estão corretas.
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a modali- b) Somente a alternativa I está correta.
dade de educação escolar, oferecida preferencial- c) As alternativas II e IV estão corretas.
mente na rede regular de ensino, para educandos d) As alternativas I, III e IV estão corretas.
portadores de necessidades especiais. e) Todas as alternativas estão corretas.

57. (Acafe/SED‑SC/Administrador Escolar/2017) Os princí- 60. (IF‑TO/Pedagogo/2017) A Lei de Diretrizes e Bases da


pios que completam o enunciado a seguir são, exceto: Educação Nacional, LDB, de 1996, passou para União
“As bases que dão sustentação ao projeto nacional de a incumbência de assegurar o processo nacional de
educação responsabilizam o poder público, a família, avaliação do rendimento escolar no ensino fundamen-
a sociedade e a escola pela garantia a todos os edu‑ tal, médio e superior, com a cooperação dos sistemas,
candos de um ensino ministrado de acordo com os objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
princípios de: (...).” qualidade do ensino (art. 9º, incisos VI, VIII). Mediante
Fonte: Resolução 4, de 2010, Art. 4º. a esse processo, o MEC assume a responsabilidade por
meio do desenvolvimento de mecanismos de avaliação
a) normatividade para aprender, ensinar, pesquisar e em larga escala, como o Sistema Nacional de Avaliação
divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber. da Educação Básica (Saeb), do Sistema Nacional de
b) pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Avaliação da Educação Superior (Sinais), do Exame
c) valorização da experiência extraescolar. Nacional do Ensino Médio (Enem). Exame Nacional de
d) valorização do profissional da educação escolar. Desempenho de Estudantes (Enade), A Prova Brasil, da
Provinha Brasil, dentre outros. Essas avaliações em larga
58. (Acafe/SED‑SC/Administrador Escolar/2017) Ao lado escala desenvolvidas nos diferentes níveis do sistema
da tarefa de promover o acesso dos alunos aos conhe-
educacional, no Brasil, têm dentre seus objetivos o de:
cimentos organizados nas disciplinas escolares, outros
I – Avaliar a aprendizagem dos alunos em sala de aula
conhecimentos são também trabalhados na escola.
para fornecer ao professor elementos suficientes para
Dentre estes se destacam os conhecimentos relativos
melhoria dos processos de ensino e aprendizagem;
à cidadania, ao trabalho e à cultura, que só podem ser
bem adquiridos se forem trabalhados a partir do exer- II – Avaliar o desempenho da escola, produzir e disponi-
cício do pensamento crítico e dos princípios da ética. bilizar dados e informações sobre o sistema educacional
Nesse sentido, analise as afirmações a seguir e assinale com vista na melhoria da qualidade do ensino.
a alternativa correta. III – Caracterizar e identificar os principais problemas e
I – Programas de ensino muito rígidos e pouco atuali- as diferenças regionais de ensino de modo a permitir
zados são inadequados para esta finalidade. análises e estudos na área com foco na melhoria da
II – Produzir um clima escolar protetivo onde estudan- qualidade do ensino.
tes, funcionários e professores se sintam respeitados IV – Subsidiar a formulação, reformulação e monitora-
produz uma ética que ensina a todos. mento de políticas públicas, como também a elaboração
III – Assegurar que todos os pontos de vista sejam aco- de programas de intervenção para as diversas etapas
lhidos e que no debate os argumentos em prol do co- de ensino avaliadas.
letivo sejam evidenciados induz ao pensamento crítico. V – Avaliar os aspectos metodológicos e didático‑peda-
IV – Acolher a diversidade, respeitar e valorizar a cul- gógicos dos professores, bem como as competências
tura local são princípios para promover a ampliação e habilidades dos alunos, objetivando a punição das
do conhecimento. instituições e dos alunos com baixos resultados.

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Os objetivos das avaliações educacionais estão corre- a) A organização dos sistemas de ensino não possui
tos na alternativa: influências sociais e políticas.
a) As assertivas II, III e IV estão erradas. b) Todos os envolvidos no processo educacional edu-
b) As assertivas I e V estão corretas. cam, não são apenas os professores.
c) As assertivas I e V estão erradas. c) A organização e a gestão da escola correspondem
d) Todas estão corretas. à necessidade de a instituição escolar dispor das
e) Todas estão erradas. condições e dos meios para a realização de seus
objetivos específicos.
61. (IF-TO/Pedagogo/2017) A Resolução CNE/CEB d) O professor participa ativamente da organização do
nº 04/2010 estabelece as Diretrizes Curriculares Nacio- trabalho escolar, formando com os demais colegas
nais para a Educação Básica. Conforme esse documento uma equipe de trabalho, aprendendo novos sabe-
para a organização da Educação Básica, devem-se res e competências, assim como um modo de agir
observar as Diretrizes Curriculares Nacionais comuns a
coletivo, em favor da formação dos alunos.
todas as suas etapas, modalidades e orientações temáti-
e) O professor está a cargo do principal objetivo da
cas, respeitadas as suas especificidades e as dos sujeitos
escola: o ensino e a aprendizagem dos alunos.
a que se destinam. São consideradas modalidades da
Educação Básica.
a) Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Mé- 64. (IF-TO/Professor – Engenharia Química/2017) “É um
dio e Educação Especial. processo que consiste em preparar um conjunto de
b) Educação Especial, Educação Profissional e Tecnoló- decisões tendo em vista agir, posteriormente, para
gica, Pedagogia da Terra e Educação Escolar Indígena. atingir determinados objetivos” (Luckesi, 2011, p.130).
c) Educação de Tempo integral, Educação Tecnológica,
Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e A definição descrita anteriormente refere-se.
Educação a Distância. a) Avaliação
d) Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, b) Currículo
Educação Profissional e Tecnológica, Educação do c) Planejamento
Campo, Educação Escolar Indígena e Educação a d) Didática
Distância. e) Ensino
e) Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional
e Tecnológica, Educação do Campo e Educação a 65. (UTFPR/Pedagogo/2017) Sacristán (2000) apresenta a
Distância e Educação Religiosa. seguinte figura referente a objetivação do currículo no
processo de seu desenvolvimento:
62. (IF-TO/Professor – Engenharia Química/2017) De acor-
do com Libâneo (2013), vários autores concordam em
classificar as tendências pedagógicas em dois grupos:
as de cunho liberal – Pedagogia Tradicional, Pedagogia
Renovada e Tecnicismo Educacional -; e as de cunho
progressista – Pedagogia Libertadora e Pedagogia
Crítico-Social dos Conteúdos. Em referência às tendên-
cias pedagógicas no processo educacional, relacione:
1. Pedagogia Tradicional
2. Pedagogia Renovada
EdUCAçãO BrAsiLEirA: TEmAs EdUCACiONAis E PEdAgógiCOs

3. Pedagogia Libertadora

I – O professor incentiva, orienta, organiza as situações


de aprendizagem, adequando-as às capacidades de
características individuais dos alunos. O núcleo da
atividade escolar não é o professor nem a matéria, é o
aluno ativo e investigador. (___)
II – A atividade de ensinar é centrada no professor, que
expõe e interpreta a matéria. O aluno é um recebedor
da matéria e sua tarefa é decorá-la. (___)
III – A atividade escolar é centrada na discussão de te-
mas sociais e políticos, de modo que o ensino é voltado
para a realidade social. (___)
A respeito a dessa figura, assinale a alternativa correta.
Marque a sequência correta.
a) 3, 1 e 2. a) Refere-se a um modelo normativo definido pelo au-
b) 1, 2 e 3. tor que acredita que as decisões do currículo devem
c) 3, 1 e 3. se configurar de maneira vertical.
d) 2, 3 e 1. b) Refere-se a um modelo de interpretação do currículo
e) 2, 1 e 3. como algo construído no cruzamento de influências
e campos de atividades diferenciados e interrelacio-
63. (IF-TO/Professor – Engenharia Química/2017) No que nados.
concerne à organização e à gestão do trabalho escolar, c) Ao representar os condicionamentos escolares, o au-
e de acordo com Libâneo (2012), marque a alternati- tor se apoia na perspectiva do reflexo condicionado,
va incorreta. focando sobretudo na relação Estímulo-Resposta.

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d) O autor aponta o termo currículo moldado pelos I – ajudar aos professores no aprimoramento do de-
professores para se referir à falta de formação sempenho em sala de aula.
continuada dos profissionais da educação, que de- II – avaliar políticas educacionais nacionais e definir se
satualizados não aplicam o currículo prescrito. a escola vai aderir ou não a elas.
e) A figura aponta que, em uma perspectiva pós‑mo- III – supervisionar e avaliar as metodologias aplicadas
derna, o  currículo se molda de várias maneiras, nas salas de aula pelos docentes.
por isso, atualmente, não faz mais sentido falar em IV – analisar e compreender as situações de ensino com
currículo na educação, descaracterizando esta área base em conhecimentos teóricos.
na educação. V – organizar horários e rotinas rígidas de estudos para
os alunos da instituição.
66. (UTFPR/Pedagogo/2017) Segundo o documento Política
Nacional da Educação Especial na perspectiva da Edu- Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas
cação Inclusiva, a educação especial está voltada para corretas.
alunos com: a) I, II e III, apenas.
a) transtornos globais de desenvolvimento e altas b) I e IV, apenas.
habilidades e dificuldades de aprendizagem. c) II, III e IV, apenas.
b) dificuldades de aprendizagem, transtornos globais d) I, II e V, apenas.
de comportamento e deficiência. e) III, IV e V, apenas.
c) transtornos globais de desenvolvimento, altas habi-
lidades/superdotação e deficiência. 70. (UTFPR/Pedagogo/2017) Para Vasconcelos, o  gran-
d) altas habilidades/superdotação, deficiência e trans- de desafio que se coloca em termos de projeto de
tornos globais socioemocionais. ensino‑aprendizagem é:
e) deficiência, superdotação e dificuldades de apren- a) mudar a mentalidade de que fazer planejamento é
dizagem em mais de uma área. preencher formulários (mais ou menos sofisticados).
Antes de mais nada, fazer planejamento é refletir
67. (UTFPR/Pedagogo/2017) Para Kenski, os  professores sobre os desafios da realidade da escola e da sala
intelectualmente bem formados devem: de aula, perceber as necessidades, re‑significar
I – ter capacidade para refletir e interagir com as infor- o trabalho, buscar formas de enfrentamento e
mações e inovações. comprometer‑se com a transformação da prática.
II – ter autonomia para pensar e re‑programar a sua b) criar plataformas eficientes para se registrar o pla-
própria prática. nejamento em sistemas eletrônicos.
III – reconhecer seus limites. c) considerar no planejamento todos os conteúdos do
IV – buscar as mais adequadas formas de atualização livro didático, copiando o que traz o livro do professor.
pedagógica e cultural. d) atender às exigências da equipe diretiva da institui-
V – diminuir a velocidade das mudanças tecnológicas. ção, não deixando transparecer a crítica do professor.
e) realizar um documento bem elaborado, contem-
Estão corretas: plando as concepções pedagógicas e as teorias da
a) I, II e III, apenas. educação, para cumprir a função burocrática de-
b) I, II, III e IV, apenas. terminada pela coordenação pedagógica, direção,
c) II, III e IV, apenas. secretaria ou supervisão de ensino.
d) III, IV e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V. 71. (UTFPR/Pedagogo/2017) As Salas de Recursos Multi-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


funcionais (SRM) são espaços localizados nas escolas
68. (UTFPR/Pedagogo/2017) Libâneo define três tipos de de educação básica, onde se realiza o Atendimento
atividades profissionais, que podem ser desenvolvidas Educacional Especializado AEE. Sobre este tema, analise
pelo pedagogo escolar. Analise as opções a seguir. as afirmativas a seguir.
I – Professor do ensino público e privado. I – O AEE pode ocorrer fora do espaço escolar, assim,
II – Especialista da ação educativa escolar. a  frequência do aluno matriculado no ensino básico
III  – Especialista em atividades pedagógicas para es- será garantida com o processo pedagógico adaptado.
colares. II – O AEE desenvolve um currículo flexível com crianças,
IV – Instrutor de recreação. jovens e adultos com necessidades educacionais espe-
V – Desenvolvedor de atividades e brincadeiras. ciais, facilitando a inclusão na escola regular.
III – A organização e a garantia de serviços de apoio
Assinale a alternativa que contém as opções corretas. pedagógico especializado, ou de qualquer alternativa
a) I, II e III, apenas. encontrada, são da competência das escolas que é
b) II, III e IV, apenas. regulamentada pelos conselhos de Educação.
c) II, III e V, apenas. IV  – Todos os professores que trabalham em classes
d) III, IV e V, apenas. regulares podem atuar em serviço de apoio pedagógico
e) I, III e V, apenas. especializado, caso a SRM localiza na mesma escola
de atuação.
69. (UTFPR/Pedagogo/2017) De acordo com Libâneo, na V – São constituídas de materiais didáticos e pedagógi-
base dos sistemas de ensino e das escolas está a relação cos sem adaptações para que seja favorecida a inclusão.
direta professores‑alunos, para a qual devem convergir
todas as ações. Ações estas nas quais devem existir Estão corretas apenas:
conhecimentos especializados e nas quais é impres- a) I, II e III.
cindível a atuação do pedagogo escolar, a fim de: b) III, IV e V.

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c) II, III e IV. 75. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor  –
d) II, IV e V. Educação Infantil/2017) Reflexões atuais sobre o ato
e) I, III e V. educativo evidenciam a importância de se compre-
ender as aprendizagens dos alunos com base em seu
72. (UTFPR/Pedagogo/2017) A inserção educacional solicita desenvolvimento. Considera‑se, nesse contexto, que
a prática pedagógica articulada entre os profissionais o desenvolvimento do ensino supõe que se observe,
da equipe escolar com os professores especializados. além dos aparatos legais, um planejamento escolar e
Sobre este tema, analise as afirmativas a seguir. didático, no qual as práticas de aprendizagem possam
I – Reconhece as diferenças dos alunos diante do pro- ser revistas e reavaliadas. Nesse sentido, é importante
cesso educativo e busca a participação e o progresso de que o professor, ao construir seus instrumentos de
todos, adotando novas práticas pedagógicas. avaliação, considere que
II – Orientação e apresentação de relatórios com escla- a) cada aluno possui tempos diferenciados para apren-
recimento de que as diferenças nas práticas pedagógi- der os conteúdos e gerar respostas aos desafios
cas são resultantes das necessidades e multiplicidades cognitivos.
de cada aluno. b) o atendimento às necessidades especiais deve ser
III – Atendimento aos alunos com dificuldades especí-
levado em conta exclusivamente nos momentos de
ficas de aprendizagem e alunos com deficiências, não
avaliação.
sendo a função ajudá‑los nas tarefas escolares.
c) todos devem ser tratados em igualdade de aprendi-
IV – Elaboração antecipada das avaliações que serão
entregues ao pedagogo para que, posteriormente, zagem para as respostas requeridas.
o professor sala as apliquem. d) a aplicação de práticas isoladas de avaliação para
cada turma deve ser prioritária.
Assinale a alternativa que apresenta o que compete e) a avaliação deve buscar a homogeneidade da turma.
aos professores especializados.
a) II, III e IV, apenas. 76. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Educa-
b) I e IV, apenas. ção Infantil/2017) As questões sobre o currículo estão
c) I, II e III, apenas. no centro das discussões atuais. Segundo Marisa Vor-
d) III e IV, apenas. raber Costa (2001), as teorias curriculares expressam
e) Somente a II. determinadas visões de mundo e de currículo. Na teoria
pós‑crítica, o currículo precisa levar em consideração,
73. (UTFPR/Pedagogo/2017) Um aluno com matrícula re- principalmente,
gular é identificado com uma necessidade educacional a) identidades, classe social, currículo oculto, diferen-
e requer um apoio especializado. Em relação à tomada ças e avaliação.
de decisões quanto ao atendimento necessário, a escola b) identidades, diferenças, alteridades, gênero e mul-
deve realizar, com assessoramento técnico, avaliação ticulturalismo.
do aluno no processo de ensino e aprendizagem. Em c) conteúdos, identidades, planejamento de ensino,
tese, deve contar com: avaliação e multiculturalismo.
a) a gestão pedagógica tecnicista, formada pelo seu d) classe social, identidades, avaliação, planejamento
corpo docente, diretor, pedagogos, representante e avaliação da aprendizagem.
dos alunos e da comunidade. e) conteúdos, avaliação da aprendizagem, planejamen-
b) a adequação curricular para que vigore uma nova to de ensino, classe social e identidades.
escola que preencha as solicitações da educação
inclusiva, a partir da revisão do Projeto Político 77. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Educa-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Pedagógico e as possíveis adequações curriculares. ção Infantil/2017) Dadas as afirmativas sobre o planeja-
c) os serviços de educação especial fora do sistema de mento de ensino, peça fundamental para a organização
ensino. do trabalho docente,
d) a família e explicar que o trabalho terá um custo, I – Planejar é um ato exclusivamente político‑filosófico.
entre os pais, serviços de Saúde, Assistência Social, II – O planejamento de ensino é uma atividade mera-
Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do Ministério
mente técnica de administrar recursos, tempo e um
Público, quando necessário.
modo de organizar os conteúdos.
e) a compreensão familiar para procurar outra escola
III – O ato de planejar, seja no nível macro, seja no nível
e expor com sinceridade que não está preparada
e nem oferece estrutura adequada para atender o micro, envolve o comprometimento com um tipo de ser
aluno com necessidades educacionais especiais. humano e de construção da sociedade.

74. (COSEAC/UFF/Pedagogo/2017) Conforme mostram Coll verifica‑se que está(ão) correta(s)


e Solé, o que diferencia a educação escolar de outros a) I, apenas.
contextos de educação é: b) III, apenas.
a) o planejamento e a sistematicidade das práticas c) I e II, apenas.
educacionais. d) II e III, apenas.
b) o fato de que os docentes também representam e) I, II e III.
figuras parentais.
c) o uso da teoria da aprendizagem significativa de 78. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Edu-
Ausubel. cação Infantil/2017) Dadas as afirmativas relativas às
d) o conceito de educação suficientemente boa cunha- Diretrizes da Política Nacional de Educação Infantil,
do por Winnicott. I – A Educação Infantil tem função diferenciada e com-
e) a visão de interatividade proposta por Watson na plementar à ação da família, o que implica uma profun-
teoria bahaviorista. da, permanente e articulada comunicação entre elas.

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II – As instituições de Educação Infantil devem elaborar, No depoimento, a professora enfatiza um importante
implementar e avaliar suas propostas pedagógicas a aspecto da Profissão Docente, relacionado à
partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para Edu- a) luta pela valorização salarial.
cação Infantil e com a participação exclusiva da gestão b) importância da formação inicial.
escolar e da família dos alunos. c) busca pela formação continuada.
III – As propostas pedagógicas das instituições de Edu- d) singularidade da atuação feminina.
cação Infantil devem explicitar concepções, bem como e) utilização das tecnologias de informação e comuni-
definir diretrizes referentes à metodologia do trabalho cação no trabalho.
pedagógico e ao processo de desenvolvimento/apren-
dizagem, prevendo a avaliação como parte do trabalho 82. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Educa-
pedagógico, que envolve toda a comunidade escolar. ção Infantil/2017) A mudança para o Ensino Fundamen-
tal de Nove Anos, no qual as crianças ingressam com
verifica‑se que está(ão) correta(s) seis anos no primeiro ano e não mais com sete anos
a) I, apenas. na primeira série, faz com que se repense o trabalho a
b) II, apenas. ser realizado, considerando‑se as suas características.
c) I e III, apenas. RAPOPORT, Andrea; FERRARI, Andrea; SILVA, João Alberto da.
A criança de seis anos e o primeiro ano do ensino fundamental.
d) II e III, apenas. In: RAPOPORT, A; SARMENTO, D.; NÖMBERG, M.; PACHECO, S.
e) I, II e III. (Orgs.). A criança de seis anos: no ensino fundamental. Porto
Alegre: Mediação, 2009, p. 9.
79. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Edu-
cação Infantil/2017) Entre as várias definições de A mudança na Lei descrita no enunciado permitiu aos
currículo, Marisa Vorraber Costa (2001) afirma que o professores do ensino infantil
currículo constitui um conjunto articulado de saberes, a) modificar os procedimentos de avaliação.
regidos por uma ordem social que elege determinadas b) ampliar as oportunidades de qualificação.
narrativas consideradas válidas. Nesse contexto, o cur- c) descartar a obrigatoriedade de alfabetizar.
rículo d) repensar as estratégias de curricularização.
I – envolve elementos culturais. e) alterar a permanência dos alunos na escola.
II – diz respeito unicamente a uma listagem de conte-
údos a serem transmitidos aos educandos. 83. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Edu-
III – expressa relações de poder, de classe social e de cação Infantil/2017) Dadas as afirmativas a respeito da
visão de mundo de uma determinada sociedade. relação entre transversalidade e interdisciplinaridade
na educação,
Das afirmativas, verifica‑se que está(ão) correta(s) I – A interdisciplinaridade diz respeito principalmente
a) I, apenas. à dimensão da didática.
b) II, apenas. II  – A transversalidade refere‑se a uma abordagem
c) I e III, apenas. epistemológica dos objetos de conhecimento.
d) II e III, apenas. III – Deve‑se considerar que na transversalidade existem
e) I, II e III. afinidades maiores entre determinadas áreas e deter-
minados temas, como é o caso de Ciências Naturais e
80. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Edu- Saúde ou entre História e Geografia.
cação Infantil/2017) Segundo as Diretrizes Curriculares IV – A inserção de temas que integrem as áreas con-
vencionais de conhecimento de forma a estarem pre-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Nacionais para a Educação Infantil, as  propostas pe-
dagógicas para os povos indígenas que optarem pela sentes em todas elas, relacionando‑as às questões da
Educação Infantil devem atualidade, é chamado de transversalidade.
a) dar continuidade à educação tradicional oferecida
na família. verifica‑se que está(ão) correta(s)
b) reafirmar o ensino da língua portuguesa como in- a) III, apenas.
dispensável. b) I e II, apenas.
c) implementar o mesmo calendário nacional orienta- c) III e IV, apenas.
do pelo MEC. d) I, II e IV, apenas.
d) organizar as salas com um sistema único de agrupa- e) I, II, III e IV.
mento etário.
e) condensar as crenças e valores do grupo em disci- 84. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió – AL/Professor –
plina específica. Educação Infantil/2017) Para Piaget (1975), a aprendi-
zagem ocorre sempre que um conjunto de processos
81. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió/Professor – Educa- dentro do sistema nervoso aciona os esquemas cogniti-
ção Infantil/2017) Ah, a gente sempre tem que buscar a vos para processar e identificar a entrada de estímulos.
atualização por meio dos cursos. Hoje em dia a internet Quando a criança adquire novas experiências através
também tem sido um meio riquíssimo, a gente tem en- da interação com o ambiente, vendo ou ouvindo coisas
contrado muitas coisas. Também, no dia a dia, troca de novas, ela adapta os novos estímulos às estruturas
experiência, a gente sempre tá conversando: “olha eu cognitivas que já possui. O autor considera o processo
fiz tal atividade”, é criando projeto junto, então eu acho cognitivo através de duas dimensões – aprendizagem e
desenvolvimento – apresentando os seguintes estágios
que isso traz crescimento profissional muito grande.
Disponível em: http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agen- do desenvolvimento cognitivo da criança:
da_eventos/inscricoes/PDF_SWF/13983.pdf>. a) Sensório‑motor, Operatório‑concreto, Pós‑operató-
Acesso em: 04 mar. 2017. rio e Acomodação.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
b) Sensório‑motor, Pré‑operatório, Operatório‑concre- 87. (Funece/UECE/Pedagogo/2017) Em relação ao sistema
to e Operatório‑formal. educacional brasileiro, assinale a afirmação verdadeira.
c) Sensório‑motor, Operatório‑concreto, Operató- a) A educação básica é constituída pelo ensino funda-
rio‑formal e Operatório‑informal. mental e ensino médio.
d) Sensório‑motor, Assimilação, Acomodação e Opera- b) O ensino fundamental tem duração de nove anos.
tório‑concreto. c) O Exame Nacional do Ensino Médio  – ENEM  – é
e) Pré‑operatório, Operatório, Operatório‑concreto e aplicado semestralmente.
Operatório‑informal. d) Os cursos de pós‑graduação que compreendem
especialização, mestrado e doutorado não fazem
85. (NC‑UFPR/UFPR/Técnico em Assuntos Educacio- parte da educação superior.
nais/2017) Sobre a concepção de currículo de acordo
com a perspectiva crítico‑emancipatória, assinale a 88. (Funece/UECE/Pedagogo/2017) O Planejamento pe-
alternativa correta. dagógico do professor começa coletivamente, a partir
a) Toma como base teórica de sustentação a concepção do que toda a escola pensa e realiza em seu projeto
de educação bancária, elaborada e difundida por pedagógico. O plano de sala de aula precisa partir do
Paulo Freire.
conjunto de pensamento que se constrói no plano
b) São eixos norteadores na construção de propostas
global. Dentre os elementos constitutivos do plano de
curriculares o conhecimento, a  consciência crítica
sala de aula, encontra‑se
da realidade e a prática dialógica.
c) É um conjunto de informações que deve ser ofere- a) o marco operativo.
cido aos estudantes, contido em programas organi- b) a intervenção estatal.
zados por gestores(as) e/ou professores(as). c) a normatização da administração.
d) Considera a cultura erudita como central, tendo em d) o plano arquitetônico da escola.
vista que ela permite a elaboração de uma consci-
ência crítica sobre a realidade. 89. (Funece/UECE/Pedagogo/2017) Plano de disciplina é
e) Os temas geradores, elementos centrais nessa um instrumento para sistematizar a ação concreta do
perspectiva, partem da política curricular definida professor, a fim de que os objetivos da disciplina sejam
pelo Estado e devem basear‑se nos conteúdos pro- atingidos. Atente às seguintes afirmações a respeito dos
gramáticos dos currículos. aspectos fundamentais de um plano de disciplina:
I – Ao planejar a disciplina, o professor sempre deve
86. (IFSudeste‑MG/Pedagogo/2017) Leia o texto a seguir, ter em mente que os conteúdos são os fins para atingir
relacionando‑o com os conceitos de objetivo, conteúdo os objetivos.
e método. Segundo Castells (apud LIBÂNEO, 2004, p. II – O foco de referência principal para o planejamento
25), a tarefa das escolas e dos processos educativos é da disciplina é o livro didático.
desenvolver em quem está aprendendo a capacidade III – A flexibilidade é uma característica de fundamental
de aprender, em razão das exigências postas pelo vo- importância no plano de disciplina.
lume crescente de dados acessíveis na sociedade e nas IV – O plano de disciplina ajuda o professor a selecionar
redes informacionais, da necessidade de lidar com um os melhores procedimentos e os recursos para desen-
mundo diferente e, também, de educar a juventude em cadear um ensino mais eficiente.
valores e ajudá‑la a construir personalidades flexíveis e
eticamente ancoradas. LIBÂNEO, José Carlos. Organiza‑ Está correto o que se afirma somente em
ção e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: a) I e II.
Alternativa, 2004. p. 25. A partir do que foi apresentado b) III e IV.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

no texto, marque a alternativa correta. c) II e IV.


a) A construção de personalidades flexíveis e eticamente d) I, II e III.
ancoradas mostra que a escola deve ser capaz de
relacionar objetivos, conteúdos e métodos, tendo em 90. (Funece/UECE/Pedagogo/2017) O processo de ensi-
vista, exclusivamente, a formação de sujeitos justos. no‑aprendizagem é composto, por duas partes: ensinar,
b) A metodologia de ensino deve contemplar a ne-
que exprime uma atividade, e aprender, que envolve
cessidade de aprender a aprender, de modo que o
certo grau de realização de uma determinada tarefa
estudante seja capaz de revisitar os aspectos tradi-
com êxito. Considerando as diferentes abordagens do
cionais da escola, tendo como objetivo reproduzi‑los
no atual contexto social da escola. processo de ensino‑aprendizagem, numere a Coluna II
c) O objetivo da escola é a construção de conteúdos de acordo com a Coluna I.
teóricos, produzidos, historicamente, por uma
sociedade específica e com valor concreto para os Coluna I
educandos, que construirão personalidades compe- 1. Tradicional
tentes, flexíveis e eticamente ancoradas. 2. Comportamentalista
d) Os conteúdos são influenciados pela sociedade na 3. Humanista
qual a escola está inserida e estão ligados a objetivos 4. Cognitivista
que, além dos conhecimentos teóricos, visam ao
desenvolvimento da capacidade de aprender e de Coluna II
conviver eticamente. ( ) O pensamento é a base da aprendizagem. O pro-
e) O volume crescente de dados acessíveis na socie- fessor deve criar situações desafiadoras que esti-
dade traz uma nova realidade para a escola, a partir mulem o aluno a “aprender a aprender”.
da qual o objetivo maior é flexibilizar conteúdos e ( ) O professor é visto como facilitador da aprendi-
métodos, negando conhecimentos tradicionais e zagem, os conteúdos são externos, valorizando a
construindo novas habilidades sociais. relação das pessoas envolvidas.

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( ) O aluno é um ser passivo, e deve assimilar com efi- 94. (UFMT/UFSBA/Técnico em Assuntos Educacionais/2017)
ciência os conteúdos ministrados. Há o predomínio A coluna da esquerda apresenta programas de forma-
de aulas expositivas e exercícios de fixação. ção docente para a educação escolar brasileira e a da
( ) O ensino deve lançar mão de reforços e recom- direita, os objetivos de cada um. Numere a coluna da
pensas para alcançar seus objetivos por meio de direita de acordo com a da esquerda.
treinamento. 1. PARFOR
2. PROLIND
A sequência correta, de cima para baixo, é: 3. UAB
a) 3, 2, 1, 4. 4. PROINFO INTEGRADO
b) 2, 3, 4, 1.
c) 4, 3, 1, 2. ( ) Apoiar financeiramente projetos de cursos de licen-
d) 1, 2, 3, 4. ciaturas para a formação de professores indígenas
para o exercício da docência em escolas indígenas,
91. (Funece/UECE/Pedagogo/2017) A interdisciplinaridade dos anos finais do ensino fundamental e ensino
é fundamentalmente um processo e uma filosofia de médio, que integrem ensino, pesquisa e extensão
trabalho que entra em ação na hora de enfrentar pro- e promovam a valorização do estudo de temas
blemas e questões que preocupam em cada sociedade. relevantes, tais como línguas maternas, gestão e
Enumere, de 1 a 5, em ordem de ocorrência, os passos sustentabilidade das terras e culturas dos povos
que costumam estar presentes em qualquer interven- indígenas.
ção interdisciplinar. ( ) Proporcionar a inclusão digital de professores,
( ) Decidir sobre o futuro da tarefa, bem como sobre gestores de escolas públicas da educação básica
a equipe de trabalho. e da comunidade escolar em geral; dinamizar a
( ) Reunir todos os conhecimentos atuais e buscar qualificação dos processos de ensino e de aprendi-
nova informação. zagem, desenvolvendo competências, habilidades
( ) Determinar os conhecimentos necessários, inclusi- e conhecimentos.
ve as disciplinas representativas e com necessidade ( ) Oferecer cursos de formação inicial emergencial,
de consulta. na modalidade presencial, aos professores das
( ) Comparar todas as contribuições e avaliar sua redes públicas de educação básica tendo em vista
adequação, relevância e adaptabilidade. as demandas indicadas nos planos estratégicos
( ) Definir o Problema (interrogação, tópico, questão).
elaborados pelos Fóruns Estaduais Permanentes
de Apoio à Formação Docente.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
( ) Oferecer cursos de licenciatura e de formação
a) 3, 2, 1, 5, 4.
inicial e continuada de professores da educação
b) 4, 2, 1, 5, 3.
básica; dispor cursos superiores nas diferentes áre-
c) 2, 5, 4, 3, 1.
as do conhecimento; ampliar o acesso à educação
d) 5, 3, 2, 4, 1.
superior pública; reduzir as desigualdades de oferta
92. (Funece/UECE/Pedagogo/2017) Conforme o grau de de ensino superior entre as diferentes regiões do
integração das diferentes disciplinas reagrupadas em País; fomentar o desenvolvimento institucional
um determinado momento, podemos estabelecer dife- para a modalidade de educação a distância, bem
rentes níveis de interdisciplinaridade. Segundo Piaget como a pesquisa em metodologias inovadoras
(1979), os níveis de colaboração e integração entre de ensino superior apoiadas em tecnologias de

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


disciplinas, são: informação e comunicação.
a) multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, trans-
disciplinaridade. Marque a sequência correta.
b) pluridisciplinaridade, disciplinaridade cruzada, mul- a) 2, 4, 1, 3.
tidisciplinaridade. b) 1, 2, 3, 4.
c) interdisciplinaridade auxiliar, composta e unificado- c) 1, 4, 2, 3.
ra. d) 4, 3, 1, 2.
d) pseudo‑interdisciplinaridade, interdisciplinaridade
estrutural e restritiva. 95. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Magistério Supe-
rior/2017) O sucesso e a qualidade da aprendizagem no
93. (Funece/UECE/Pedagogo/2017) Didática é uma disci- processo pedagógico dependem, entre outros fatores,
plina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios de o professor
e as condições do processo de ensino, tendo em vista a) priorizar atividades de memorização, a fim de
as finalidades educacionais, que são sempre sociais; promover o pleno desenvolvimento cognitivo dos
assim, ela pode, junto às novas Tecnologias de Infor- alunos.
mação e Comunicação – TICS – , buscar novas formas b) delegar à família dos alunos a responsabilidade
de fazer a educação, assumindo a multifuncionalidade pela qualidade do desempenho deles em atividades
do processo de ensino‑aprendizagem. De acordo com extraclasse.
a perspectiva crítico‑reflexiva, o principal componente c) proteger e prestar assistência financeira à família
para o uso do computador em educação é a dos alunos de baixa renda.
a) capacidade das máquinas disponíveis. d) valorizar as emoções dos alunos e sua relação de
b) velocidade da Internet. afetividade com eles.
c) adequada preparação do professor. e) disciplinar e subordinar os alunos a rigorosas regras
d) aceitação da gestão da escola. de conduta que limitem a criatividade deles.

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96. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Magistério Supe- c) espaços pedagógicos.
rior/2017) Na perspectiva de Jean Piaget, em uma d) tempos de aula mais flexíveis.
situação que envolva o cometimento de erro pelo aluno e) métodos didático‑pedagógicos.
no processo de aprendizagem, o professor deve
a) corrigir o aluno, dando‑lhe, imediatamente, a res- 101. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Cuidador /2017)
posta correta. Para que o professor assuma seu papel de facilitador/
b) punir o aluno, pois essa é a melhor forma de eliminar motivador da aprendizagem é necessário:
o erro. 1. manter o diálogo aberto com o aluno.
c) levar o aluno a refletir sobre por que errou, dan- 2. refletir sobre temas contemporâneos, oportunizan-
do‑lhe a oportunidade de reconstruir a compreensão do a participação do aluno.
do conhecimento. 3. encontrar formas diferenciadas para trabalhar com
d) ignorar o erro, pois, ao longo do tempo, o aluno os alunos, buscando encantá‑los e envolvê‑los nas
descobrirá, sozinho, a  compreensão correta do atividades.
conteúdo. 4. que a dimensão afetiva não ocupe lugar de destaque
e) fazer o aluno repetir a resposta certa quantas vezes nas práticas docentes.
forem necessárias para que ele consiga decorá‑la.
Está correto apenas o que se afirma em:
97. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Magistério Supe- a) 2, 3 e 4.
rior/2017) Assinale a opção que apresenta o processo b) 1,2 e 4.
de resolução dos conflitos cognitivos que, para Jean c) 1,2 e 3 .
Piaget, representa a construção da aprendizagem. d) 1,3 e 4.
a) reforço positivo. e) 3, 4.
b) assimilação, acomodação e equilibração.
c) estágios do desenvolvimento sensório‑motor, 102. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Professor/2017)
pré‑operatório, operatório concreto e formal. Sobre currículo: concepções, elaboração, prática, trans-
d) aprendizagem condicionada. disciplinaridade e transversalidade, leia as afirmativas
e) zona de desenvolvimento proximal. a seguir.
I – A interdisciplinaridade na escola deve consistir na
98. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Professor/2017) criação de uma mistura de conteúdos ou métodos de
Weinstein e Mayer (1985) identificaram cinco tipos de diferentes disciplinas.
estratégias de aprendizagem que foram posteriormen- II  – A  interdisciplinaridade pode ser pensada como
te organizadas por Good e Brophy (1986). Uma delas uma possibilidade de novas organizações do trabalho
envolve repetir ativamente tanto pela fala como pela educativo, com planejamentos individuais envolvendo
escrita o material a ser aprendido e é denominada professores das diferentes áreas do conhecimento.
estratégia de: III – A transdisciplinaridade propõe‑se uma superação
a) elaboração. da estrutura disciplinar, uma vez que ela diz respeito
b) ensaio. àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas,
c) organização. através das diferentes disciplinas e além de qualquer
d) monitoramento. disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo
e) afetividade. presente, para o qual um dos imperativos é a unidade
do conhecimento.
99. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Professor/2017) IV – Organizar currículos é ter compreensão contextua-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

Para elaboração da proposta curricular, certamente, lizada dos agentes macro e microssociais presentes na
o professor precisa: comunidade escolar.
1. conhecer as diretrizes curriculares de sua disciplina.
2. fazer uma análise em relação aos conteúdos propostos. Está correto apenas o que se afirma em:
3. participar do debate sobre qual currículo real deve a) I e IV.
ser implantado. b) II e III.
4. cumprir o papel de fiscalizar os serviços burocráti- c) I e III.
cos propostos pelo projeto político‑pedagógico da d) I, III e IV.
escola. e) II e IV.

Estão corretos apenas os itens: 103. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Cuidador/2017)


a) 1 e 2. Assinale a opção correta, a  respeito do processo de
b) 1 e 3. aprendizagem.
c) 1, 2 e 3. a) O processo de aprendizagem pressupõe relações de
d) 2, 3 e 4. afetividade entre a família e a escola.
e) 1, 3 e 4. b) Ambientes escolares hostis comprometem o de-
senvolvimento do aluno, mas não afetam o seu
100. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Professor/2017) comportamento social.
O currículo, assumindo como referência os princípios c) A aprendizagem envolve processos naturais e bioló-
educacionais garantidos à educação, configura‑se como gicos, mas não a relação particular do indivíduo com
o conjunto de valores e práticas que proporcionam a o meio ambiente.
produção, a socialização de significados no espaço social d) A dimensão cognitiva da aprendizagem restringe‑se
e contribuem intensamente para a construção de: ao aspecto intelectual do indivíduo.
a) identidades socioculturais dos educandos. e) A afetividade desempenha um papel secundário no
b) percursos acadêmicos. processo de elaboração do conhecimento e de

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104. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Cuidador/2017) d) levar em consideração o antagonismo de bloqueio,
Acerca dos cuidados com a criança e do processo de já que, as necessidades afetivas dos aprendentes,
educação, assinale a opção correta. quando não satisfeitas, resultam em barreiras para
a) Educar abrange todos os aspectos da vida do aluno, a capacidade cognitiva e o desenvolvimento da per-
dos mais elementares até as necessidades mais sonalidade no processo de ensino e aprendizagem.
elaboradas e intelectualizadas. e) ser verticalizada, pois o professor é capaz de apontar
b) Dada a idade das crianças, o processo de educação e corrigir os erros dos educandos, em um processo
infantil se resume à transferência de conhecimento de transmissão dos conhecimentos.
do adulto para a criança.
c) A criança assume o papel de mediadora em seu 108. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) As-
processo de aprendizagem. sinale a opção em que a proposta de atividade descrita
d) A criança é o sujeito passivo do processo de conhe- adéqua‑se a uma situação de ensino‑aprendizagem com
cimento. crianças de seis anos de idade, em uma aula acerca do
e) Nos primeiros anos de vida da criança, a educação conhecimento pessoal, cujos métodos e técnicas de
deve restringir‑se à educação formal.
ensino estejam embasados na perspectiva de apren-
dizagem defendida por Vigotsky.
105. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Cuidador/2017) No
a) No laboratório de ciências, o professor mostrou
que se refere ao cuidar e ao educar, assinale a opção
um esqueleto humano articulável. Em seguida,
correta.
a) Para que a integralidade da criança seja respeitada, abordou os músculos presentes no corpo humano,
as ações de educar e de cuidar devem ser dissociadas. apresentou às crianças alguns vídeos e propôs que
b) O aspecto educacional e o aspecto afetivo da crian- elas, observando suas próprias características, cons-
ça devem ser considerados independentes um do truíssem bonecos de si mesmas.
outro. b) O professor trouxe uma caixa com bonecos e diver-
c) Cuidar implica estar atento às necessidades e po- sos brinquedos, colocando‑os à disposição das crian-
tencialidades do outro. ças, para que elas tirassem suas próprias conclusões
d) No processo de desenvolvimento e aprendizagem, acerca do corpo e de suas características pessoais.
os cuidados com a criança referem‑se à manutenção c) Foi criada uma situação para que as crianças conver-
de funções básicas do espectro corporal. sassem entre si e com o professor acerca do corpo
e) Cuidar resume‑se aos cuidados com a higiene e a humano. Os pais foram convidados para participar
alimentação da criança. da atividade colaborando, assim, com a internaliza-
ção dos conhecimentos trabalhados na aula.
106. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco‑AC/Cuidador/2017) d) O professor planejou atividades que envolviam graus
No que se refere ao processo de educar e ao sistema crescentes de dificuldade. Para realizar a atividade
escolar, assinale a opção correta. seguinte, as crianças deveriam comprovar que com-
a) A compreensão dos alunos deve ser focada no todo, preenderam a atividade recém‑finalizada. A  cada
associada a métodos de ensino rigorosos para viabi- etapa superada, as crianças eram premiadas.
lizar o maior rendimento escolar. e) O professor fez a impressão de alguns desenhos
b) O educador tem a responsabilidade de diagnosticar de partes do corpo humano para que as crianças
um aluno que esteja vivenciando situação de per- pudessem colorir e nomear.
turbação psicológica.
c) O sistema escolar pode ser um núcleo de promoção 109. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017)

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


de saúde mental. A diversidade cultural brasileira é alvo de inúmeros
d) Não cabe ao sistema escolar atuar no desenvolvi- estudos e, cada vez mais, conceitos como diversidade,
mento de fatores de proteção a crianças e adoles- diferença, igualdade e justiça social têm‑se configurado
centes. como uma preocupação e um desafio premente para
e) O educador não deve trabalhar com a prevenção
aqueles que lutam por uma educação verdadeiramente
de saúde mental, pois seu papel é de transmissor
cidadã e para as instâncias envolvidas nesse processo.
de conhecimentos.
Considerando‑se a articulação desses conceitos à for-
mação de professores, é correto afirmar que a educação
107. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) De
acordo com os pressupostos teóricos piagetianos, para continuada
que a construção progressiva dos conhecimentos pelos a) é um lócus privilegiado para a reflexão e discussão
estudantes aconteça de forma adequada, a relação acerca de questões sobre a diversidade, a criação e
entre professor e aluno deve a implementação de proposições nesse contexto.
a) considerar a necessária relação entre o ser apren- b) representa a única intervenção necessária para
dente, o objeto de conhecimento e o outro ser social aquelas escolas desprovidas de cultura responsiva
capaz de mediar o processo de aprendizagem e, no que concerne à diversidade étnica.
consequentemente, seu desenvolvimento. c) é a principal estratégia de governança pública para
b) ser marcada por situações que promovam desequi- implementar a política educacional de inclusão à
líbrio, conflitos e reflexões do educando sobre suas diversidade.
ações, de modo que ele possa construir compreen- d) é o dispositivo adequado para que gestores de
sões cada vez mais elaboradas acerca da realidade, escola reconheçam as lacunas de formação de seus
conseguindo manter a motivação para aprender. profissionais.
c) consistir na obtenção de contingências de reforço, de e) possibilita boas discussões sobre multiculturalismo
modo a possibilitar ou a aumentar a probabilidade e diversidade, no entanto, não visa capacitar o pro-
de ocorrência da resposta a ser aprendida. fissional em sala de aula.

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110. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) b) praticou ato de discriminação, que inclusive pode
Com relação ao planejamento de políticas educacionais, ensejar a aplicação de multa.
assinale a opção correta. Nesse sentido considere que c) não praticou ato de discriminação, porque a lei não
a sigla LDB sempre que utilizada, se refere a Lei de assegura o direito de ingressar em prédios públicos
Diretrizes e Bases. com animais.
a) A educação profissional básica visa à habilitação d) não praticou ato de discriminação, porque permitiu
profissional e seus conteúdos são segmentados em o ingresso da pessoa, apenas impediu que o animal
módulos regidos por diretrizes curriculares nacionais. ingressasse em área pública.
b) A educação profissional no nível técnico visa à quali- e) não praticou ato de discriminação, porque agiu edu-
ficação, atualização e profissionalização, e apresenta cadamente e orientou a pessoa sobre as normas do
currículo variável representando a educação não prédio público.
formal.
c) Para a elaboração de planos e políticas referentes 113. (Vunesp/Prefeitura de Rosana  – SP/Procurador
ao sistema educacional, é dispensável a participação Municipal/2016) A Convenção dos direitos das pes-
do psicólogo, por ser essa atividade atribuição de soas com deficiência foi instituído pelo Decreto‑Lei
gestores educacionais e pedagogos. nº  6.949/2009. Assinale a alternativa com a correta
d) De acordo com a LDB, a  educação escolar deverá definição trazida pela lei sobre o termo “adaptação
vincular‑se ao mundo do trabalho e à prática social. razoável”.
e) A educação profissional insere‑se entre o ensino a) É a disponibilização de visualização de textos, o brai-
superior e a pós‑graduação, mas pertence apenas le, a  comunicação tátil, os  caracteres ampliados,
a um segmento específico de qualificação, uma vez os dispositivos de multimídia acessível, assim como
que visa conduzir o aluno ao permanente desenvol- a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas au-
vimento de aptidões para o trabalho. ditivos e os meios de voz digitalizada e os modos,
meios e formatos aumentativos e alternativos de
111. (MPT/MPT/Procurador do trabalho/2017) Acerca da comunicação, inclusive a tecnologia da informação
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das e comunicação acessíveis.
Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, b) São as modificações e os ajustes necessários e ade-
ratificada pelo Brasil, analise as seguintes proposições:
quados que não acarretem ônus desproporcional ou
I – O núcleo da definição de pessoas com deficiência é
indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de
a interação dos impedimentos que essas pessoas têm
assegurar que as pessoas com deficiência possam
com as diversas barreiras sociais, que resultam na obs-
gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades
trução de sua participação plena e efetiva na sociedade,
com as demais pessoas, todos os direitos humanos
com igualdade de condições com as demais pessoas.
e liberdades fundamentais.
II – Para os conceitos da Convenção, a deficiência se
encontra na sociedade, uma vez que as barreiras so- c) Abrange a disseminação entre os deficientes de
ciais impedem a interação plena e efetiva das pessoas informações sobre as línguas faladas e de sinais e
que possuem características de impedimentos físicos, outras formas de comunicação não falada.
mentais, sensoriais e intelectuais. d) É qualquer diferenciação, exclusão ou restrição
III – Tendo a Convenção sido aprovada na forma prevista baseada em deficiência, com o propósito ou efeito
no art. 5º, §3º, da Constituição da República, esta equi- de impedir ou impossibilitar o reconhecimento,
vale a emenda constitucional, pelo que não se aplica o desfrute ou o exercício, em igualdade de oportu-
nenhum conceito anterior de pessoa com deficiência nidades com as demais pessoas, de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

contido em normas infraconstitucionais que se contra-


ponha ao conceito trazido na Convenção. político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer
IV  – Considerando‑se o novo conceito adotado pela outro. Abrange todas as formas de discriminação,
Convenção, se o impedimento apresentado não acar- inclusive a recusa de adaptação razoável.
reta à pessoa dificuldade de integração social, seja e) É a concepção de produtos, ambientes, programas e
no trabalho, seja no desenvolvimento das atividades serviços a serem usados, na maior medida possível,
cotidianas, esta não se enquadra no conceito de pessoa por todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
com deficiência. ção ou projeto específico. Tal não excluirá as ajudas
técnicas para grupos específicos de pessoas com
Assinale a alternativa correta: deficiência, quando necessárias.
a) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
b) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas. 114. (Funiversa/Secretaria da Criança  – DF/Direito/2015)
c) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas. Acerca da constitucionalização dos direitos humanos,
d) Todas as assertivas estão corretas. do Estatuto da Igualdade Racial, do combate ao racis-
e) Não respondida. mo, da constitucionalização dos direitos humanos, da
proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
112. (FCC/TRT 20ª Região (SE)/Técnico Judiciário/Tecnologia CEDAW, da Convenção da ONU sobre os Direitos das
da Informação/2016) Uma pessoa de baixa visão tentou Pessoas com Deficiência, do combate ao racismo e da
ingressar em repartição pública com o seu cão‑guia. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Entretanto, o atendente, mesmo depois de alertado que Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
se tratava de um cão‑guia, de forma educada, afirmou a) Tratando‑se de tratado internacional que versa
que a pessoa poderia entrar, mas animais não eram a respeito dos direitos humanos, a Convenção
permitidos no local. Neste caso, o atendente da  ONU sobre os Direitos das Pessoas com Defi-
a) praticou ato de discriminação, mas este ato não pode ciência  ostenta hierarquia normativa supralegal,
ensejar a aplicação de multa. conquanto infraconstitucional.

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b) O órgão do Poder Executivo federal responsável tucionais a Convenção Internacional sobre os Direitos
pela promoção da igualdade racial é a Secretaria das Pessoas com Deficiência. Seu texto assegura direitos
de  Políticas de Promoção da Igualdade Racial que, após a mencionada incorporação, passaram a in-
(SEPPIR).  Entretanto, conforme as atribuições de- tegrar o regime constitucional dos direitos e garantias
lineadas no Estatuto da Igualdade Racial, a SEPPIR fundamentais. Entre eles, encontra‑se o direito das
tem função precipuamente executória, sendo desca- pessoas com deficiência a um  padrão adequado de
bido chamar‑lhe de ombudsman da igualdade racial, vida para si e para suas famílias, que inclui, segundo o
já que não desempenha funções de monitoramento texto da Convenção:
e de fiscalização da promoção da igualdade racial, a) educação, moradia e trabalho adequados.
função que foi atribuída com exclusividade pelo b) alimentação, vestuário e moradia adequados.
Estatuto a outro órgão federal. c) trabalho, higiene e transporte adequados.
c) Quando se refere a casamento, a  CEDAW não se d) alimentação, moradia, educação e transporte ade-
limita  à união entre homem e mulher, fazendo quados.
menção a outras entidades familiares, como a união e) moradia, educação, trabalho e segurança adequados.
homoafetiva entre mulheres.
d) A CEDAW veda a adoção de medidas especiais 117. (FCC/DPE‑MA/Defensor Público/2015) Uma defensora
de caráter temporário, a exemplo das ações afirma- pública, no cumprimento de suas atribuições, é procu-
tivas, por taxá‑las de discriminação reversa. rada por uma pessoa com deficiência narrando que,
e) O Protocolo Facultativo à CEDAW, que foi ratifi- embora tenha esgotado os recursos internos no orde-
cado pelo Brasil, permite que indivíduos que se namento brasileiro, não obteve acesso ao transporte
encontrem sob a jurisdição brasileira apresentem público local. A defensora pretende comunicar o fato
reclamações, fundadas  em graves ou sistemáticas narrado ao Comitê previsto na Convenção da ONU sobre
violações da Convenção, diretamente ao Comitê os Direitos das Pessoas com Deficiência. Nesta hipótese,
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimi- o Comitê deverá considerar essa comunicação
nação contra as Mulheres. a) inadmissível, porque transporte não é uma matéria
das disposições da Convenção sobre os Direitos das
115. (FMP/MPE‑AM/Promotor de Justiça/2015) Considere as Pessoas com Deficiência.
seguintes assertivas em relação à proteção das pessoas b) inadmissível, se a comunicação for anônima.
com deficiência: c) inadmissível, se os fatos que motivaram a comuni-
I – A Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas cação tenham ocorrido antes da entrada em vigor
com Deficiência é o primeiro Tratado Internacional de do Protocolo para o Brasil, mesmo para os fatos que
Direitos Humanos que foi incorporado ao ordenamento continuarem ocorrendo após aquela data.
jurídico brasileiro com status e equiparação às normas d) admissível, se a mesma matéria tiver sido examinada
constitucionais, nos termos do artigo 5º, § 3º, da Cons- pelo Comitê.
tituição Federal. e) admissível, mesmo que a comunicação esteja pre-
cariamente fundamentada.
II – Em função da eficácia horizontal dos direitos funda-
mentais nas relações jurídico‑privadas, não pode uma
118. (Vunesp/MPE‑SP/Analista de Promotoria/Assistente
escola particular negar‑se a matricular criança com
Jurídico/2015) A Convenção Internacional sobre os
deficiência sob o argumento da falta de estrutura e de
Direitos das Pessoas com Deficiência, com seu Proto-
pessoal qualificado.
colo Facultativo, assinada em Nova York, em 2007, é o
III – A Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas
único documento internacional de direitos humanos
com Deficiência, segundo a jurisprudência do Supremo considerado com status de emenda constitucional no

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Tribunal Federal, tem status de supralegalidade. ordenamento jurídico nacional, pois
IV – O controle jurisdicional de convencionalidade so- a) foi aprovada em cada Casa do Congresso Nacional,
mente pode ser feito pelos Tribunais e não pelos juízes em dois turnos, por dois terços dos votos dos res-
de primeiro grau. pectivos membros, conforme procedimento previsto
V – A obrigação de o Poder Público promover medidas no art. 5º, § 3º da Constituição Federal, introduzido
de acessibilidade em favor dos alunos com deficiência pela Emenda Constitucional n° 45/04.
é uma norma constitucional de eficácia limitada e b) foi aprovada em cada Casa do Congresso Nacional,
programática, dependendo da ampla margem de dis- em dois turnos, por três quintos dos votos dos res-
cricionariedade do gestor público. pectivos membros, conforme procedimento previsto
no art. 5º, § 3º da Constituição Federal, introduzido
Quais das assertivas acima estão corretas? pela Emenda Constitucional n° 45/04.
a) Apenas a III e V. c) é o único caso em que o Supremo Tribunal Federal
b) Apenas a III e IV. já se pronunciou favoravelmente à tese de que o
c) Apenas a I e IV. art. 5º, § 2º, ao prever que direitos e garantias ex-
d) Apenas a I e V. pressos na Constituição não excluem outros decor-
e) Apenas a I e II. rentes do regime e dos princípios por ela adotados,
basta para que uma convenção internacional sobre
116. (FCC/DPE‑MA/Defensor Público/2015) Em conformi- direitos humanos seja considerada equivalente à
dade com o art. 5º, § 3º, da Constituição Federal, os emenda constitucional.
tratados e convenções internacionais sobre direitos d) há previsão expressa, constante de disposição da
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- Emenda Constitucional n°  45/04, que os tratados
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos e convenções de direitos humanos, mesmo que
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às aprovados por quórum de maioria simples, possui-
emendas constitucionais. Com base nesse dispositivo, rão status de emenda constitucional, face ao caráter
foi incorporada com equiparação às emendas consti- materialmente constitucional de seus conteúdos.

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e) é o único caso em que o Supremo Tribunal Federal b) o direito de exigir dos profissionais de saúde que
já se pronunciou acerca do status das convenções dispensem às pessoas com deficiência atenção mais
de direitos humanos, encampando a tese de que elevada do que a dispensada às demais pessoas e,
terão status de emenda constitucional se versarem principalmente, que obtenham o consentimento
sobre direitos expressamente previstos na Consti- livre e esclarecido das pessoas com deficiência
tuição Federal. concernentes; e a garantia, no caso em que a família
imediata de uma criança com deficiência não tenha
119. (MPT/MPT/Procurador do trabalho/2015) De acordo condições de cuidar da criança, de que cuidados
com a Convenção da Organização das Nações Unidas alternativos sejam oferecidos por outros parentes e,
sobre as Pessoas com Deficiência, é correto afirmar que: se isso não for possível, dentro de ambiente familiar,
a) A Convenção foi incorporada ao ordenamento jurí- em instituições do próprio Poder Público.
dico brasileiro com hierarquia de norma supralegal c) o direito das pessoas com deficiência a um padrão
e infraconstitucional. adequado de vida para si e para suas famílias,
b) Com o fim de assegurar às pessoas com deficiência inclusive moradia, alimentação, educação, saúde,
o efetivo acesso à justiça, os Estados‑partes promo- cultura, lazer, prática desportiva, vestuário, higiene
verão a capacitação apropriada daqueles que traba- e transporte adequados, bem como à melhoria
contínua de suas condições de vida; e a garantia de
lham na área de administração da justiça, inclusive
que serão adotadas medidas apropriadas para que as
a polícia e os funcionários do sistema penitenciário.
pessoas com deficiência tenham a oportunidade de
c) Os Estados‑partes reconhecerão o direito das pes-
desenvolver e utilizar seu potencial criativo, artístico
soas com deficiência à liberdade de movimentação, e intelectual, não somente em benefício próprio,
à liberdade de escolher sua residência e à naciona- mas também para o enriquecimento da sociedade,
lidade, exceto nos casos de asilo territorial. assegurado o direito exclusivo de utilização, publi-
d) Os Estados‑partes protegerão a privacidade dos cação ou reprodução de suas obras, transmissível
dados pessoais e dados relativos à saúde e à re- aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.
abilitação de pessoas com deficiência, exceto em d) a garantia de que as crianças com deficiência te-
casos nos quais a informação seja imprescindível à nham o direito de expressar livremente sua opinião
segurança do Estado‑parte. sobre todos os assuntos que lhes disserem respeito,
e) Não respondida. tenham a sua opinião devidamente valorizada de
acordo com sua idade e maturidade, em igualdade
120. (Vunesp/Prefeitura de Suzano  – SP/Secretário Esco- de oportunidades com as demais crianças; e o direito
lar/2015) A Convenção Internacional Sobre os Direitos à proteção e à segurança das pessoas com defici-
das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU e ência que se encontrarem em situações de risco,
ratificada pelo Brasil em sua legislação, é taxativa ao inclusive situações de conflito armado, emergências
determinar que as pessoas com deficiência humanitárias e ocorrência de desastres naturais.
a) não sejam privadas, em qualquer hipótese, de exer- e) o direito das pessoas com deficiência a um padrão
cer o seu direito à liberdade de movimentação. adequado de vida para si e para suas famílias, inclu-
b) em casos extremos sejam obrigadas a viver em sive moradia, alimentação, educação, saúde, cultura,
determinado tipo de moradia. lazer, prática desportiva, vestuário, higiene e trans-
c) quando diagnosticadas com pequeno grau de surdez, porte adequados, bem como à melhoria contínua
devem passar a ser educadas em LIBRAS. de suas condições de vida; e o direito à proteção
d) tenham acesso a uma variedade de serviços de apoio e à segurança das pessoas com deficiência que se
em domicílio ou em instituições residenciais. encontrarem em situações de risco, inclusive situa-
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e) poderão ser impedidas pela família de conviver com ções de conflito armado, emergências humanitárias
seus filhos, sob a alegação de deficiência. e ocorrência de desastres naturais.

121. (FCC/DPE‑CE/Defensor Público/2014) A Convenção 122. (Cespe/MPE‑AC/Promotor de Justiça/2014) Em relação


Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Defi- à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defi-
ciência foi incorporada ao ordenamento interno com ciência e a seu Protocolo Facultativo, que, assinados
em Nova Iorque, em 30/3/1987, são considerados
equiparação às emendas constitucionais. Os  direitos
um avanço quanto à abrangência e à efetividade dos
nela contida passam, desse modo, a compor o sistema
direitos humanos, assinale a opção correta.
constitucional de direitos e garantias fundamentais.
a) A validade da referida convenção no ordenamento
Entre eles, se encontram: jurídico brasileiro independe de procedimento for-
a) a garantia, no caso em que a família imediata de mal de incorporação.
uma criança com deficiência não tenha condições b) Sendo a matéria da referida convenção prevista na
de cuidar da criança, de que cuidados alternativos CF, não é necessário que tal convenção seja invocada
sejam oferecidos por outros parentes e, se isso na ordem interna.
não for possível, dentro de ambiente familiar, em c) Os dispositivos da referida convenção são aplicados,
instituições do Poder Público; e a garantia de que no ordenamento jurídico brasileiro, somente de
serão adotadas medidas apropriadas para que as modo analógico, já que o documento não foi incor-
pessoas com deficiência tenham a oportunidade de porado formalmente ao ordenamento nacional.
desenvolver e utilizar seu potencial criativo, artístico d) O Protocolo Facultativo da convenção trata da sub-
e intelectual, não somente em benefício próprio, missão dos Estados signatários à jurisdição da Corte
mas também para o enriquecimento da sociedade, Interamericana de Direitos Humanos.
assegurado o direito exclusivo de utilização, publi- e) A referida convenção foi introduzida no ordenamen-
cação ou reprodução de suas obras, transmissível to jurídico brasileiro nos termos inovadores da EC
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. nº 45/2004.

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123. (PGR/PGR/Procurador da República/2013) A convenção mínimo possível de adaptação e cujo custo seja o mí-
da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência nimo possível, destinados a atender às necessidades
promulgado pelo Decreto Nº 6.949, de 25 de agosto específicas de pessoas com deficiência, a promover
de 2009, sua disponibilidade e seu uso e a promover o dese-
a) pode ser denunciada pelo Brasil conforme previsto nho universal quando da elaboração de normas e
em seu art. 48, tornando‑se efetiva, a denúncia, em diretrizes.
qualquer caso, um ano após a data de recebimento
da notificação respectiva pelo Secretário‑Geral da 125. (Vunesp/PC‑SP/Investigador de Polícia/2013) No Siste-
ONU, caso em que deixam de viger no direito brasi- ma Global de proteção dos direitos humanos, há um
leiro, os direitos ali reconhecidos; tratado que foi aprovado e promulgado pelo Brasil,
b) não pode ser denunciada pelo Brasil por meio dos vindo a ser constitucionalizado no direito brasileiro
mecanismos ordinários, pois sua promulgação, por ter sido aprovado pelo mesmo procedimento das
decorrente de aprovação pelo Congresso Nacional emendas constitucionais, fazendo, agora, parte do blo-
no rito do art. 5.º, § 3.º, da Lei Maior, lhe confere co de constitucionalidade brasileiro. Esse documento
condição de cláusula constitucional pétrea (art. 60, internacional é o(a) a) Estatuto de Roma, que criou o
§ 4.º, IV, da Constituição Federal); Tribunal Penal Internacional.
c) pode ser denunciada pelo Brasil conforme previsto b) Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos
em seu art. 48, permanecendo, todavia, vigentes, ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
no direito brasileiro, os direitos ali reconhecidos, em c) Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defi-
virtude de sua promulgação precedida de aprovação ciência e seu protocolo Facultativo.
pelo Congresso Nacional no rito do art. 5.º, § 3.º, da d) Convenção sobre os Direitos da Criança.
Constituição Federal, o que lhe confere condição de e) Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
cláusula constitucional pétrea (art. 60, § 4.º, IV, da de Discriminação contra a Mulher.
Constituição Federal);
d) não pode ser denunciada em virtude do princípio de 126. (Instituto AOCP/IBC/Enfermeiro/2013) De acordo com
não retrocesso da proteção de direitos, amplamente o art.3º do Decreto nº 6.949, de 25/8/2009, é incorreto
reconhecido no direito internacional. afirmar que são princípios gerais da Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência:
124. (MPE‑SP/MPE‑SP/Promotor de Justiça/2013) Relativa- a) o respeito pela dignidade inerente, a autonomia
mente à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com individual, inclusive a liberdade de fazer as pró-
Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo n.º 186, prias escolhas, e a independência das pessoas e a
de 2008, e objeto de promulgação conforme Decreto não‑discriminação.
nº 6.949, de 2009, é incorreto afirmar: b) promover, proteger e assegurar o exercício pleno e
a) É propósito da aludida Convenção o de promover, equitativo de todos os direitos humanos e liberdades
proteger e assegurar o desfrute pleno e equitativo de fundamentais por todas as pessoas com deficiência
todos os direitos humanos e liberdades fundamen- e promover o respeito pela sua dignidade inerente.
tais por parte de todas as pessoas com deficiência c) a plena e efetiva participação e inclusão na socieda-
e promover o respeito pela sua inerente dignidade. de e o respeito pela diferença e pela aceitação das
b) Constitui, dentre outros, compromisso dos Estados pessoas com deficiência como parte da diversidade
Partes o de promover a capacitação de profissio- humana e da humanidade.
nais e de equipes que trabalham com pessoas com d) a igualdade de oportunidades, a acessibilidade e a
deficiência, em relação aos direitos reconhecidos igualdade entre o homem e a mulher

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na Convenção, para que possam prestar melhor e) o respeito pelo desenvolvimento das capacidades
assistência e serviços garantidos por esses direitos. das crianças com deficiência e pelo direito das crian-
c) Dentre outras medidas a serem adotadas para ças com deficiência de preservar sua identidade.
conscientização de toda a sociedade, inclusive das
famílias, sobre as condições das pessoas com defi- 127. (Cespe/MPE‑RO/Promotor de Justiça/2010) Assinale
ciência e fomentar o respeito pelos direitos e pela a opção correta acerca das definições dadas pela Con-
dignidade das pessoas com deficiência, encontra‑se venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
expressamente previsto o fomento em todos os assinada em Nova Iorque, em 2007.
níveis do sistema educacional, incluindo neles to- a) Adaptação razoável corresponde a modificações e
das as crianças desde tenra idade, de uma atitude ajustes necessários e adequados que não acarretem
de respeito para com os direitos das pessoas com ônus desproporcional ou indevido, quando requeri-
deficiência. dos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas
d) Para realizar o direito das pessoas com deficiência com deficiência possam gozar ou exercer, em igual-
à educação, constitui obrigação dos Estados Partes, dade de oportunidade com as demais pessoas, todos
dentre outras, a de assegurar que as pessoas com de- os direitos humanos e liberdades fundamentais.
ficiência não sejam excluídas do ensino fundamental b) Desenho universal diz respeito à concepção de
gratuito, que deve ser prestado preferencialmente produtos, ambientes, programas e serviços a serem
em escolas concebidas e previamente aparelhadas usados, na maior medida possível, por pessoas
para lidar com os diversos tipos de deficiência, portadoras de deficiência, havendo a necessidade
especializadas no atendimento dessa parcela da de adaptação e projeto específico.
população. c) Desenho universal exclui ajuda técnica para grupo
e) Constitui, dentre outros, compromisso dos Estados específico de pessoas com deficiência, quando ne-
Partes o de realizar e promover a pesquisa e o de- cessárias adaptações aos portadores de deficiências
senvolvimento de produtos, serviços, equipamentos múltiplas, sendo, portanto, importantes os protoco-
e instalações com desenho universal que exijam o los de uso combinado como medida auxiliar.

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d) A discriminação por motivo de deficiência restrin- a) Os Princípios de Yogyakarta constituem o primei-
ge‑se às formas de discriminação baseadas na recusa ro  tratado internacional, dotado de eficácia vin-
de adaptação razoável e na não adoção do desenho culante, do Sistema Internacional de Proteção dos
universal. Direitos Humanos especificamente voltado para a
e) A palavra língua é utilizada para expressar unica- proteção da comunidade LGBTT.
mente as formas de linguagem falada pela pessoa b) Os Estados‑parte da Convenção da ONU sobre
humana. os Direitos das Pessoas com Deficiência têm a
obrigação de submeter relatórios periódicos ao
128. (Cespe/MPE‑RR/Promotor de Justiça/2017) A Con- Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-
venção Internacional sobre a Eliminação de Todas as cia, independentemente de terem ou não ratificado
Formas de Discriminação Racial dispõe que os Esta- o Protocolo Facultativo do referido tratado.
dos‑partes se comprometam a garantir o direito de cada c) Conforme a CEDAW, as orientações do Comitê sobre
um à igualdade perante a lei, prevendo expressamente a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
os seguintes direitos, entre outros: contra as Mulheres, expedidas a partir de caso envol-
a) direito à habitação, direito à formação profissional e vendo violação da respectiva Convenção pelo Brasil,
direito a emprego que garanta o sustento da família. podem ser homologadas perante o órgão de cúpula
b) direito de casar‑se e escolher o cônjuge e direito ao do Poder Judiciário do Estado‑parte, quando passa-
acesso a todo tipo de transporte público. rão a ter eficácia vinculante no território nacional.
c) direito ao lazer, direito à habitação e direito de d) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as For-
casar‑se e escolher o cônjuge. mas de Discriminação Racial contém, predominan-
d) direito de casar‑se e escolher o cônjuge, direito à temente, direitos humanos de primeira geração ou
habitação e direito à formação profissional. dimensão.
e) Apesar de não haver disposição constitucional ex-
129. (Funiversa/Secretaria da Criança  – DF/Direito/2015) pressa quanto ao dever de os filhos maiores ajuda-
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, rem e ampararem os pais na velhice, essa aparente
do Estatuto da Igualdade Racial, do combate ao racis- lacuna constitucional foi sanada pelo  Estatuto do
mo, da constitucionalização dos direitos humanos, da Idoso, que instituiu esse dever de forma explícita.
proteção a  minorias e a demais grupos vulneráveis,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas 131. (Funiversa/Secretaria da Criança  – DF/Direito/2015)
de Discriminação  contra as Mulheres (CEDAW) e da Acerca da constitucionalização dos direitos humanos,
Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com do Estatuto da Igualdade Racial, do combate ao racis-
Deficiência, do combate ao  racismo e da Convenção mo, da constitucionalização dos direitos humanos, da
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
Racial, assinale a alternativa correta.
CEDAW, da Convenção da ONU sobre os Direitos das
a) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as For-
Pessoas com Deficiência, do combate ao racismo e da
mas de Discriminação Racial impõe expressamente
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
ao Estado‑parte o dever de criminalizar o discurso
Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
do  ódio racial e a participação em organizações
a) Tratando‑se de tratado internacional que versa
racistas.
a respeito dos direitos humanos, a Convenção
b) O Estatuto da Igualdade Racial, pautado, entre
da  ONU sobre os Direitos das Pessoas com Defi-
outros, pelos princípios da inclusão e da igualdade
material, parte do pressuposto de que a consecução ciência  ostenta hierarquia normativa supralegal,
de seus objetivos prescinde da instituição de ações conquanto infraconstitucional.
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afirmativas. b) O órgão do Poder Executivo federal responsável


c) A CEDAW é insuscetível de ratificação com reservas. pela promoção da igualdade racial é a Secretaria
d) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as For- de  Políticas de Promoção da Igualdade Racial
mas de Discriminação Racial não pode ser denun- (SEPPIR).  Entretanto, conforme as atribuições de-
ciada  pelos Estados‑parte que a ratificaram, por lineadas no Estatuto da Igualdade Racial, a SEPPIR
expressa previsão nesse sentido. tem função precipuamente executória, sendo desca-
e) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as For- bido chamar‑lhe de ombudsman da igualdade racial,
mas de Discriminação Racial não prevê a atribuição já que não desempenha funções de monitoramento
do Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas e de fiscalização da promoção da igualdade racial,
de  Discriminação Racial para receber e exami- função que foi atribuída com exclusividade pelo
nar comunicações de indivíduos ou grupos de indi- Estatuto a outro órgão federal.
víduos sob a jurisdição de Estado‑parte, tendo essa c) Quando se refere a casamento, a  CEDAW não se
previsão nascido a partir de Protocolo Facultativo à limita  à união entre homem e mulher, fazendo
Convenção. menção a outras entidades familiares, como a união
homoafetiva entre mulheres.
130. (Funiversa/Secretaria da Criança  – DF/Direito/2015) d) A CEDAW veda a adoção de medidas especiais
A respeito da liberdade sexual e da transexualidade, de caráter temporário, a exemplo das ações afirma-
da proteção à mulher, à criança e ao idoso, da origem, tivas, por taxá‑las de discriminação reversa.
da essência e da finalidade dos direitos humanos, e) O Protocolo Facultativo à CEDAW, que foi ratifi-
da constitucionalização dos direitos humanos, da cado pelo Brasil, permite que indivíduos que se
proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da encontrem sob a jurisdição brasileira apresentem
CEDAW, da Convenção da ONU sobre os Direitos das reclamações, fundadas  em graves ou sistemáticas
Pessoas com Deficiência, do combate ao racismo e da violações da Convenção, diretamente ao Comitê
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimi-
Discriminação Racial, assinale a alternativa correta. nação contra as Mulheres.

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132. (FCC/DPE‑RS/Defensor Público/2014) O enfrentamento a) as disposições da referida convenção não impli-
das discriminações que, no Brasil, estão proibidas por cam em restrição alguma às disposições legais dos
força da Constituição Federal e dos tratados internacio- Estados‑partes sobre nacionalidade, cidadania e
nais de direitos humanos dos quais o país é signatário, naturalização.
atualmente tem discussão em um campo próprio, b) os elementos relevantes para a caracterização da
conhecido como “direito da antidiscriminação”. Nesse discriminação racial se restringem à raça, à cor e à
campo, e considerando os conceitos legais vigentes, origem étnica.
considera‑se discriminação indireta a c) a origem nacional, por si só, não é elemento rele-
a) adoção de medidas com aparência de neutralidade, vante para a caracterização da discriminação racial.
mas que são concebidas intencionalmente para atin- d) considera‑se discriminatória a medida especial que,
gir e prejudicar determinados indivíduos ou grupos. destinada a assegurar a proteção de grupos raciais,
b) instituição, pelo poder público, de medida em evi- institua qualquer espécie de segregação jurídica
dente violação a um critério proibido de discrimina- permanente.
ção. e) a restrição ou a anulação de liberdades fundamentais
c) diferenciação ilegítima, com o propósito de prejuízo,
é irrelevante para a caracterização da discriminação
por meio de tratamento menos favorável direciona-
racial.
do a um indivíduo ou grupo.
d) adoção de medidas, decisões ou práticas com a apa-
136. (FCC/DPE‑MA/Defensor Público/2009) À luz da Conven-
rência de neutralidade que têm o efeito ou resultam
em um impacto diferenciado ilegítimo sobre um ção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas
indivíduo ou grupo. de Discriminação Racial, as ações afirmativas são
e) aplicação ou execução, de forma manifestamente a) proibidas, porque constituem uma forma de discri-
desigual, de uma lei neutra. minação direta positiva, nos termos da Convenção.
b) permitidas, cabendo aos Estados‑partes adotá‑las
133. (Vunesp/DPE‑MS/Defensor Público/2014) “Direito à para fomentar a promoção da igualdade étnico‑ra-
segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra cial.
violência ou lesão corporal cometida, quer por funcio- c) obrigatórias, devendo os Estados‑partes adotá‑las
nários de Governo, quer por qualquer indivíduo, grupo no prazo de até cinco anos a contar da data da rati-
ou instituição” é um compromisso dos Estados partes ficação da Convenção.
que consta da d) proibidas, porque constituem uma forma de discri-
a) Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defi- minação indireta negativa, nos termos da Conven-
ciência. ção.
b) Convenção Internacional sobre a Eliminação de e) obrigatórias, devendo os Estados‑partes adotá‑las no
Todas as Formas de Discriminação Racial. prazo de até dois anos a contar da data da ratificação
c) Convenção Internacional sobre a Eliminação de da Convenção.
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
d) Convenção sobre os Direitos da Criança. 137. (UFSM/UFSM/Técnico de Tecnologia da Informa-
ção/2017) A Constituição Federal de 1988, em seu
134. (Cespe/DPE‑RR/Defensor Público/2013) A respeito da Capítulo III, trata da Educação, da Cultura e do Desporto.
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas Especificamente no que diz respeito à Educação, assina-
as Formas de Discriminação Racial, assinale a opção le V (verdadeiro) ou F (falso) em cada afirmativa a seguir.
correta.

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( ) As universidades gozam de autonomia didáti-
a) Os signatários da convenção em apreço devem co‑científica, administrativa e de gestão financeira
apresentar, pelo menos uma vez, a cada seis anos, e patrimonial e obedecerão ao princípio de indis-
relatório concernente às medidas adotadas no sociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
respectivo Estado‑parte para a efetivação das dis- ( ) A União aplicará, anualmente, no mínimo dezoito
posições acordadas. por cento, e  os Estados, o  Distrito Federal e os
b) A tipificação penal da difusão de ideias embasadas
Municípios no mínimo vinte e três por cento da
no ódio racial é medida imposta por essa convenção.
receita resultante de impostos, compreendida a
c) A exclusão, distinção, restrição ou preferência em-
proveniente de transferências, na manutenção e
basada na raça, cor, descendência ou origem étnica
no desenvolvimento do ensino.
esgotam as modalidades de discriminação proibidas
pela convenção em pauta. ( ) O ensino é livre à iniciativa privada, desde que os
d) O Comitê Internacional para a Eliminação da Discri- estabelecimentos recebam autorização e avaliação
minação Racial receberá comunicações de indiví- de qualidade pelo poder público e cumpram as
duos ou grupos de indivíduos, relativas a qualquer normas gerais da educação nacional.
Estado‑parte da referida convenção, independente- ( ) A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
mente da declaração prévia do Estado‑parte sobre pios organizarão, em regime de colaboração, seus
a aceitação da competência do comitê. sistemas de ensino.
e) Até o ano de 2012, o Brasil não havia reconhecido a
competência do Comitê Internacional para a Elimi- A sequência correta é
nação da Discriminação Racial. a) V, F, V, V.
b) V, V, V, F .
135. (Cespe/DPE‑SE/Defensor Público/2012) De acordo com c) F, V, F, F.
as disposições da Convenção Internacional sobre a Eli- d) V, V, F, V.
minação de Todas as Formas de Discriminação Racial, e) F, F, V, V.

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138. (IF‑TO/IF‑TO/Administrador/2017) Considerando as IV  – Escolas comunitárias, confessionais ou filantró-
normas constitucionais sobre a educação, assinale a picas, com fins lucrativos e excedentes financeiros
alternativa incorreta. aplicados em outras áreas de seu interesse.
a) As instituições de pesquisa científica e tecnológica
gozam de autonomia didático‑científica, administra- Está correto o que se afirma em
tiva e de gestão financeira e patrimonial e obedece- a) I e II, apenas.
rão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, b) I, II e III, apenas.
pesquisa e extensão. c) II e IV, apenas.
b) É vedado às instituições de pesquisa científica e d) I, III e IV, apenas.
tecnológica admitir professores, técnicos e cientistas
estrangeiros. 142. (Ibade/Prefeitura de Rio Branco  – AC/Professor) Em
c) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito relação a Recursos Financeiros destinados à educação,
público subjetivo do cidadão. é correto afirmar que a União aplicará, em percentuais,
d) O não‑oferecimento do ensino obrigatório pelo anualmente:
Poder Público, ou de sua oferta irregular, importa a) nunca menos de 18
responsabilidade da autoridade competente. b) menos de 15.
e) A gestão democrática do ensino público é um dos c) menos de 10.
princípios do sistema educacional brasileiro. d) 8.
e) 17.
139. (Copese‑UFT/UFT/Administrador/2017) Assinale a alter-
nativa correta. Nos termos da Constituição Federal de 143. (Vunesp/Prefeitura de Andradina  – SP/Procurador
1988, para manutenção e desenvolvimento do ensino, Jurídico/2017) A Constituição Federal, ao  organizar
a União aplicará, anualmente, parte de sua receita re- em regime de colaboração seus sistemas de ensino,
sultante de impostos. Esse percentual é de, no mínimo: estabelece que os municípios atuarão prioritariamente
a) 18%. a) no ensino fundamental e médio.
b) 20%. b) com investimento anual de 20% da receita resultante
c) 23%. de impostos.
d) 25%. c) na função redistributiva e supletiva.
d) no ensino fundamental e na educação infantil.
140. (Copese‑UFT/UFT/Administrador/2017) Analise os e) no recenseamento dos educandos do ensino médio.
itens a seguir. Nos termos da Constituição Federal de
1988, o ensino será ministrado com base nos seguintes 144. (FCC/AL‑MS/Tradutor Intérprete de Libras/2016) De
princípios: acordo com o art. 205 da Constituição Federal, a Edu-
I – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar cação é direito de todos e dever do
o pensamento, a arte e o saber. a) Governo estadual e da comunidade.
II – Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, b) Governo municipal e da unidade escolar.
e  coexistência de instituições públicas e privadas de c) Estado e da família.
ensino. d) Estado e do poder judiciário.
III – Valorização dos profissionais da educação escolar, e) Município e da comunidade.
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas 145. (FCC/DPE‑BA/Defensor Público/2016) Sobre o direito à
e títulos, aos das redes públicas. educação, no texto da Constituição Federal,
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

IV – Garantia de padrão de qualidade. a) a União aplicará, anualmente, nunca menos de


vinte e cinco, e os Estados, o Distrito Federal e os
Assinale a alternativa correta. Municípios dezoito por cento, no mínimo, da receita
a) Apenas os itens I, II e III estão corretos. resultante de impostos, compreendida a proveniente
b) Apenas os itens II, III e IV estão corretos. de transferências, na manutenção e desenvolvimen-
c) Apenas os itens I, III e IV estão corretos. to do ensino.
d) Todos os itens estão corretos. b) as universidades gozam tão somente de autonomia
didático‑científica e administrativa, não alcançando a
141. (UFMT/UFSBA/Técnico em Assuntos Educacio- sua gestão financeira e patrimonial, que permanece
nais/2017) Sobre a destinação dos recursos públicos, a cargo do ente federativo a que pertencem.
de acordo com a Constituição da República de 1988, c) a educação básica é obrigatória e gratuita dos 4 (qua-
considere: tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada,
I  – Escolas comunitárias, confessionais ou filantrópi- inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ela
cas, definidas em lei, que comprovem finalidade não não tiveram acesso na idade própria.
lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em d) os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
educação. fundamental e médio.
II – Escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, e) os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria-
definidas em lei, que assegurem a destinação de seu mente no ensino fundamental e na educação infantil.
patrimônio à outra escola comunitária, filantrópica ou
confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerra- 146. (Vunesp/Prefeitura de Mogi das Cruzes – SP/Procurador
mento de suas atividades. Jurídico/2016) “A União aplicará, anualmente, nunca
III – Escolas comunitárias não lucrativas, com exceden- menos de ____________, e os Estados, o Distrito Fe-
tes financeiros aplicados segundo suas necessidades e deral e os Municípios ________________, no mínimo,
em áreas específicas de seu interesse. da receita resultante de impostos, compreendida a

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proveniente de transferências, na manutenção e de- 150. (IFPI/IF‑PI/Professor/Administração/2016) Um estu-
senvolvimento do ensino.” dante de Licenciatura em Pedagogia da Universidade
Assinale a alternativa que preenche correta e respec- Liberdade foi orientado a fazer uma pesquisa sobre o
tivamente o dispositivo constitucional reproduzido. dever do Estado em garantir a educação, em conformi-
a) dezoito … vinte e cinco por cento dade com o que preconiza a Constituição da República
b) dezoito … vinte por cento Federativa do Brasil de 1988. O Art. 208, que estabelece
c) vinte … vinte e cinco por cento o dever do Estado com a educação, foi escolhido pelo
d) vinte … trinta por cento estudante para ser analisado. Conforme este artigo,
e) vinte … trinta e cinco por cento o dever do Estado com a educação será efetivado me-
diante a garantia de, exceto:
147. (IFPI/IF‑PI/Professor/Administração/2016) A Constitui- I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
ção Federal de 1988 definiu os percentuais mínimos aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurando inclusive
de aplicação dos recursos para a educação pública no sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
Brasil. Conforme o Art. 212, são percentuais mínimos acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda
a serem aplicados em manutenção e desenvolvimento Constitucional nº 59, de 2009).
do ensino, no Brasil: II – universalização do ensino médio gratuito; (Redação
a) Dez por cento pela União, dezoito por cento pelos dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996).
Estados e dezoito por cento pelos Municípios. III – atendimento educacional especializado aos por-
b) Dezoito por cento pelos Estados, dezoito por cento tadores de deficiência, preferencialmente na rede
pelos Municípios e vinte e cinco por cento da União. especializada para este ensino, em função das especi-
c) Dezoito por cento pela União, vinte e cinco por ficidades da formação exigida.
cento pelos Estados e vinte e cinco por cento pelos IV  – educação infantil, em creches e pré‑escolas,
Municípios. às crianças até 6 (seis) anos de idade; (Redação dada
d) Trinta por cento pelos Estados, vinte e cinco por pela Emenda Constitucional nº 53, de 2016).
cento pelos Municípios e dez por cento pela União. V  – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
e) Vinte e cinco por cento pelos Estados, dezoito por pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade
cento pelos municípios e vinte e cinco por cento pela de cada um.
União. VI  – oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do educando.
148. (IFPI/IF‑PI/Professor/Administração/2016) A Constitui- VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da
ção Federal de 1988, também denominada de Constitui- educação básica, por meio de programas suplementa-
ção Cidadã, estabeleceu no Capítulo III, especificamente res de material didático escolar, transporte, alimentação
no Art. 206, os princípios que regem o ensino no Brasil. e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda
Dentre estes, a gestão do ensino público passou a ser: Constitucional nº 59, de 2009).
a) Autônoma e livre de qualquer poder, considerando
os princípios de igualdade e liberdade do ensino. Após a análise dos incisos apresentados, marque a
b) Democrática em todos estabelecimentos de ensino resposta correta nas opções abaixo.
públicos e privados. a) As afirmativas I, II, III.
c) Democrática do ensino público, na forma da lei. b) As afirmativas III, IV e VI.
d) Oligárquica em todas as escolas em conformidade c) As afirmativas II, V e VII .
com o projeto pedagógico de cada escola. d) As afirmativas I, IV e V.
e) Participativa e democrática em todas as instituições e) As afirmativas II, III e IV.
de ensino, em consonância com o que preconiza o

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


direito público. 151. (Prefeitura de Palhoça – SC/Prefeitura de Palhoça – SC/
Professor/2016) No exercício de sua autonomia, são
149. (IFPI/IF‑PI/Professor/Administração/2016) O Art. 209 da asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras,
Constituição Federal de 1988 normatiza que o ensino as seguintes atribuições:
é livre à iniciativa privada, atendidas as condições de a) Extinguir, em sua sede cursos e programas de edu-
cumprimento das normas gerais da educação nacional cação superior previstos na Lei de Diretrizes e bases
e autorização e avaliação de qualidade pelo poder nacionais de educação que não estiverem obedecen-
público. do às normas gerais dos estados e municípios.
Considerando este artigo, é possível depreender que: b) Fixar os currículos dos seus cursos e programas em
a) As escolas privadas podem ser criadas a partir da parceria com o Ministério da Educação, dispensadas
livre iniciativa e o poder público deve prover as as diretrizes gerais pertinentes.
condições mínimas para seu funcionamento. c) Estabelecer planos, programas e projetos de pes-
b) As escolas privadas não são obrigadas a serem quisa científica, produção artística e atividades de
avaliadas pelo poder público, pois utilizam recursos extensão.
próprios. d) Elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos
c) As escolas privadas estão livres de cumprimento de forma autônoma sem a observância compulsória
das normas gerais da educação nacional, conforme das normas gerais atinentes.
explica o caput do artigo.
d) A livre iniciativa do ensino privado está condicionada 152. (Prefeitura de Palhoça – SC/Prefeitura de Palhoça – SC/
ao cumprimento das normas gerais da educação e Professor/2016) Indique a afirmativa falsa:
da autorização e avaliação de qualidade do poder a) Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
público. avaliar, respectivamente, os cursos das instituições
e) A livre iniciativa não pressupõe obrigações de au- de educação superior e os estabelecimentos do
torização pelo poder público, este deve se ater ao seu sistema de ensino, também é função da União
estabelecimento de padrões de qualidade. Federal.

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b) Uma das atribuições da União é prestar assistência c) gratuidade do ensino público em estabelecimentos
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal oficiais.
e aos Municípios para o desenvolvimento de seus d) garantia de padrão de qualidade.
sistemas de ensino e o atendimento prioritário à e) igualdade de condições para o acesso e permanência
escolaridade obrigatória, exercendo sua função na escola.
redistributiva e supletiva.
c) A União incumbir‑se‑á de elaborar o Plano Estadual, 157. (IF‑TO/IF‑TO/Assistente de Laboratório/2016) Consi-
municipal e nacional de Educação, em colaboração derando a Constituição Federal de 1988, em especial
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. quanto ao dever do Estado para com a educação, assi-
d) Dentre as incumbências da União podemos citar a nale a alternativa incorreta.
organização, manutenção e desenvolvimento dos a) O Estado deverá assegurar a progressiva universali-
órgãos e instituições oficiais do sistema federal de zação do ensino médio gratuito
ensino e o dos Territórios. b) A oferta irregular do ensino obrigatório pelo Poder
Público não implica em responsabilidade da autori-
153. (Prefeitura de Palhoça – SC/Prefeitura de Palhoça – SC/ dade competente.
Professor/2016) Podemos assinalar como atribuição do c) O Estado deverá assegurar a oferta de ensino notur-
estado: no regular, adequado às condições do educando
a) Assumir o transporte escolar dos alunos da rede d) O Estado deverá assegurar atendimento educacional
municipal. especializado aos portadores de deficiência, prefe-
b) Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e rencialmente na rede regular de ensino.
pós‑graduação. e) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
c) Definir, com os Municípios, formas de colaboração público subjetivo do cidadão.
na oferta do ensino fundamental, as quais devem
assegurar a distribuição proporcional das responsa- 158. (IF‑TO/IF‑TO/Assistente de Laboratório/2016) Mesmo
bilidades, de acordo com a população a ser atendida diante da importância dada à educação no texto cons-
e os recursos financeiros disponíveis em cada uma titucional, sendo um direito de todos e dever do Estado
dessas esferas do Poder Público. e da família, o Estado brasileiro ainda luta para concre-
d) Coletar, analisar e disseminar informações sobre a tizar certas garantias educacionais, mesmo após duas
educação por todo o país. décadas da criação da Constituição Cidadã. Assinale a
alternativa que não corresponde expressamente as dis-
posições relativas à Educação trazidas pela Constituição
154. (IF‑TO/IF‑TO/Assistente em Administração/2016) De
Federal de 1988.
acordo com a Constituição Federal de 1988 são princí-
a) O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
pios que regem o ensino, exceto:
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa res-
a) gestão centralizada e autocrática do ensino público.
ponsabilidade da autoridade competente.
b) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
b) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
o pensamento, a arte e o saber.
público subjetivo.
c) gratuidade do ensino público em estabelecimentos
c) Um dos princípios do ensino é o singularismo de
oficiais. ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência
d) garantia de padrão de qualidade. de instituições públicas e privadas de ensino.
e) igualdade de condições para o acesso e permanência d) A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
na escola. cípios organizarão em regime de colaboração seus
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

sistemas de ensino.
155. (IF‑TO/IF‑TO/Assistente em Administração/2016) Con- e) O ensino é livre à iniciativa privada, desde que esta
siderando a Constituição Federal de 1988, em especial atenda a dois requisitos que são o cumprimento das
quanto ao dever do Estado para com a educação, assi- normas gerais da educação nacional e a autorização
nale a alternativa incorreta. e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
a) O Estado deverá assegurar a progressiva universali-
zação do ensino médio gratuito 159. (Funcab/PC‑PA/Delegado de Polícia/2016) De acordo
b) A oferta irregular do ensino obrigatório pelo Poder com a Constituição Federal de 1988, a educação, direito
Público não implica em responsabilidade da autori- de todos e dever do Estado e da família, será promovida
dade competente. e incentivada com a colaboração da sociedade, visan-
c) O Estado deverá assegurar a oferta de ensino notur- do ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
no regular, adequado às condições do educando para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
d) O Estado deverá assegurar atendimento educacional trabalho. Sobre o tema, é correto afirmar que:
especializado aos portadores de deficiência, prefe- a) é vedado às universidades admitir professores,
rencialmente na rede regular de ensino. técnicos e cientistas estrangeiros.
e) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito b) os Estados atuarão prioritariamente no ensino fun-
público subjetivo do cidadão. damental e na educação infantil.
c) o ensino religioso, de matrícula obrigatória, cons-
156. (IF‑TO/IF‑TO/Assistente de Laboratório/2016) De acordo tituirá disciplina dos horários normais das escolas
com a Constituição Federal de 1988 são princípios que públicas de ensino fundamental.
regem o ensino, exceto: d) o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direto pú-
a) gestão centralizada e autocrática do ensino público. blico subjetivo, sendo que o seu não oferecimento,
b) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da
o pensamento, a arte e o saber. autoridade competente.

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e) a União aplicará, anualmente, nunca menos de vinte 164. (FCC/TRE‑PB/Analista Judiciário/Administrativo/2015)
e cinco por cento da receita resultante de impostos, Relativamente à aplicação de recursos públicos na edu-
compreendida a proveniente de transferências, na cação, a Constituição da República estabelece que:
manutenção e desenvolvimento do ensino. a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios apli-
carão, anualmente, nunca menos de 25%, no míni-
160. (FCC/AL‑MS/Tradutor Intérprete de Libras/2016) De mo, da receita resultante de impostos, compreendi-
acordo com o art. 205 da Constituição Federal, a Edu- da a proveniente de transferências, na manutenção
cação é direito de todos e dever do e desenvolvimento do ensino.
a) Governo estadual e da comunidade. b) poderão ser dirigidos a escolas comunitárias,
b) Governo municipal e da unidade escolar. confessionais ou filantrópicas, definidas em lei,
que comprovem finalidade não lucrativa, apliquem
c) Estado e da família.
seus excedentes financeiros em educação e assegu-
d) Estado e do poder judiciário.
rem a destinação de seu patrimônio a outra escola
e) Município e da comunidade. comunitária,  filantrópica ou confessional, ou ao
Poder Público no caso de encerramento de suas
161. (Fepese/SJC‑SC/Agente de Segurança Socioeducati- atividades.
vo/2016) Assinale a alternativa correta sobre o direito c) poderão destinar‑se a apoiar financeiramente ati-
à educação previsto na Constituição Federal. vidades de pesquisa, de extensão e de estímulo e
a) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito fomento  à inovação realizadas por universidades
público subjetivo. e/ou  por instituições de educação profissional
b) O ensino religioso constitui disciplina obrigatória das e tecnológica, desde que públicas ou, dentre as
escolas públicas de ensino fundamental. privadas, apenas as confessionais ou filantrópicas,
c) A critério do estabelecimento de ensino fundamental definidas em lei complementar.
regular, as aulas poderão ser ministradas em língua d) poderão ser destinados a bolsas de estudo para
portuguesa ou estrangeira. o ensino médio e superior, na forma da lei, para
d) É vedada a extensão do ensino fundamental, médio os  que demonstrarem insuficiência de recursos,
e superior à iniciativa privada. quando houver falta de vagas e cursos regulares da
e) Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- rede pública na localidade da residência do educan-
mente no ensino superior e profissionalizante. do, ficando o Poder Público obrigado a investir prio‑
rita riamente na expansão de sua rede na localidade.
162. (FCC/DPE‑BA/Defensor Público/2016) Sobre o direito à e) o atendimento ao educando, em todas as etapas
educação, no texto da Constituição Federal, da  educação básica, se dará inclusive por meio
a) a União aplicará, anualmente, nunca menos de de  programas suplementares de material didáti-
co‑escolar, transporte, alimentação e assistência
vinte e cinco, e os Estados, o Distrito Federal e os
à saúde, a serem financiados exclusivamente com
Municípios dezoito por cento, no mínimo, da receita
recursos provenientes de contribuições sociais ou
resultante de impostos, compreendida a proveniente de outras fontes orçamentárias.
de transferências, na manutenção e desenvolvimen-
to do ensino. 165. (FCC/TJ‑RR/Juiz de Direito/2015) O dever do Estado
b) as universidades gozam tão somente de autonomia com a educação será efetivado mediante a seguinte
didático‑científica e administrativa, não alcançando a garantia, entre outras:
sua gestão financeira e patrimonial, que permanece a) educação básica obrigatória dos cinco aos dezesseis
a cargo do ente federativo a que pertencem. anos de idade.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


c) a educação básica é obrigatória e gratuita dos 4 (qua- b) progressiva universalização da educação básica
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada, gratuita.
inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ela c) atendimento educacional especializado aos portado-
não tiveram acesso na idade própria. res de deficiência, obrigatoriamente na rede regular
d) os Municípios atuarão prioritariamente no ensino de ensino.
fundamental e médio. d) educação infantil, em creche e pré‑escola, às crian-
e) os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- ças até quatro anos de idade.
mente no ensino fundamental e na educação infantil. e) acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade
163. (Funiversa/IF‑AP/Técnico em Assuntos Educacio- de cada um.
nais/2016) De acordo com a CF, é correto afirmar que
a) são penalmente inimputáveis os menores de dezoito 166. (FCC/TJ‑PE/Juiz de Direito/2015) Nos termos do texto
constitucional, o  Sistema Nacional de Cultura funda-
anos de idade.
menta‑se
b) os programas de amparo aos idosos serão executa-
a) na política nacional de cultura e nas suas diretri-
dos preferencialmente fora de seus lares. zes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura,
c) é garantida a gratuidade dos transportes coletivos e rege‑se, entre outros, pelos princípios da transver-
urbanos aos maiores de cinquenta e cinco anos de salidade das políticas culturais e da transparência e
idade. compartilhamento das informações
d) os estados e o Distrito Federal são obrigados a vincu- b) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes,
lar parcela de sua receita orçamentária a entidades estabelecidas pelos órgãos de cultura que o inte-
públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica gram, e rege‑se, entre outros, pelos princípios da
e tecnológica. transversalidade das políticas culturais e da proteção
e) os recursos públicos serão destinados exclusivamen- às manifestações das culturas populares, indígenas
te às escolas públicas. e afrobrasileiras.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
c) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes, es- c) à União compete investir anualmente ao menos 18%
tabelecidas na política nacional de cultura, e rege‑se, e aos Estados e Municípios ao menos 25% de suas
entre outros, pelos princípios da transparência e receitas decorrentes de impostos na manutenção e
compartilhamento das informações e da democra- no desenvolvimento do ensino.
tização do acesso aos bens e serviços culturais. d) os Municípios somente podem atuar na oferta do
d) na política nacional de cultura e nas suas diretrizes, ensino infantil e fundamental, sendo‑lhe vedada,
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e re- a atuação no ensino médio, a cargo do Estado.
ge‑se, entre outros, pelos princípios da ampliação e) a educação básica, dos quatro aos dezessete anos,
progressiva dos recursos contidos nos orçamentos é obrigatória para o Poder Público e para os pais;
públicos para a cultura e da valorização da diversi- entre os zero e três anos de idade, é obrigatória
dade étnica e regional. para o Poder Público, porém não para os pais, que
e) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes, es- podem optar por não matricularem seus filhos em
tabelecidas na política nacional de cultura, e rege‑se, unidade educacional.
entre outros, pelos princípios da transversalidade
das políticas culturais e da valorização da diversidade 169. (FCC/CNMP/Analista/Direito/2015) Atual Constituição
étnica e regional Federal prevê diversos direitos aos portadores de ne-
cessidades especiais, exceto:
a) adaptação dos logradouros, edifícios de uso público
167. (FCC/Manausprev/Procurador Autárquico/2015)
e veículos de transporte coletivo atualmente exis-
Considerando a disciplina constitucional de educação,
tentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas
cultura e desporto, seria lícita a destinação de recursos portadoras de deficiência.
públicos para b) atendimento educacional especializado aos por-
a) escola comunitária com fins não lucrativos que tadores de deficiência, preferencialmente na rede
aplique seus excedentes financeiros em educação especial de ensino.
e assegure a destinação de seu patrimônio a outra c) necessidade da lei reservar percentual dos cargos e
escola comunitária ou ao Poder Público, no caso de empregos públicos para as pessoas portadoras de
encerramento de suas atividades; e pagamento de deficiência.
serviço da dívida com receitas tributárias integrantes d) proibição de qualquer discriminação no tocante a
de fundo estadual de fomento à cultura. salário e critérios de admissão do trabalhador por-
b) bolsas de estudo para o ensino médio para os que tador de deficiência.
demonstrarem insuficiência de recursos, quando e) garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
houver falta de vagas e cursos regulares da rede pessoa portadora de deficiência que comprove não
pública na localidade da residência do educando; e possuir meios de prover à própria manutenção ou
pagamento de serviço da dívida com receitas tribu- de tê‑la provida por sua família.
tárias integrantes de fundo estadual de fomento à
cultura. 170. (FCC/DPE‑CE/Defensor Público/2014) Ao dispor sobre
c) bolsas de estudo para o ensino fundamental para os o regime constitucional da educação, estabeleceu o
que demonstrarem insuficiência de recursos, quan- constituinte, de forma expressa, os  princípios com
do houver falta de vagas e cursos regulares da rede base nos quais o ensino será ministrado. Entre eles,
pública na localidade da residência do educando; encontram‑se os seguintes:
e pagamento de despesas com pessoal e encargos a) garantia de padrão de qualidade; e gratuidade do
sociais de projetos culturais financiados com receitas ensino público em estabelecimentos oficiais.
tributárias integrantes de fundo estadual de fomento b) garantia de acesso do trabalhador adolescente e
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

à cultura. jovem à escola; e formação para o trabalho.


d) promoção, em casos específicos, do desporto de alto c) formação para o trabalho; e garantia de padrão de
rendimento; e escola confessional com fins não lu- qualidade.
crativos que aplique seus excedentes financeiros em d) tratamento prioritário da pesquisa científica básica;
educação e assegure a destinação de seu patrimônio e pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas,
a outra escola confessional ou ao Poder Público, no e coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino.
caso de encerramento de suas atividades.
e) gratuidade do ensino público em estabelecimentos
e) pagamento de despesas com pessoal e encargos
oficiais; e universalização do acesso aos bens e ser-
sociais de projetos culturais financiados por receitas
viços educacionais.
tributárias integrantes de fundo estadual de fomen-
to à cultura; e promoção, em casos específicos, do 171. (FCC/DPE‑RS/Defensor Público/2014) Tendo em vista
desporto de alto rendimento. os termos do disposto na norma do art. 205 da Consti-
tuição Federal, “A educação é direito de todos e dever
168. (FCC/TRE‑RR/Analista Judiciário/Administrativo/2015) do Estado e da família”,
Quanto ao direito social à educação, nos termos da a) a União aplicará, anualmente, nunca menos de
Constituição Federal é incorreto afirmar que quinze por cento, e  os Estados, o  Distrito Federal
a) a implantação de programas de transporte, alimen- e os Municípios, vinte por cento, no mínimo, da
tação e assistência à saúde é obrigatória para que receita resultante de impostos, compreendida a
o Poder Público cumpra seu dever de assegurar proveniente de transferências, na manutenção e
o acesso e a permanência de crianças no ensino desenvolvimento do ensino.
básico. b) o ensino é livre à iniciativa privada, independen-
b) o Estado tem o dever de ofertar o ensino infantil, temente de autorização do Poder Público, sendo
caso o Município não apresente condições de aten- dever deste a progressiva universalização do ensino
der integralmente à demanda. superior.

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c) a educação básica obrigatória e gratuita deve ser a) educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua-
assegurada a todos que se encontrem entre 5 e 17 tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada,
anos de idade. inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ela
d) os Municípios atuarão prioritariamente no ensino não tiveram acesso na idade própria.
fundamental e médio e os Estados e a União atuarão b) educação infantil às crianças até 6 (seis) anos com-
prioritariamente no ensino superior. pletos de idade; ensino fundamental e ensino médio
e) a educação deve ser promovida e incentivada com a obrigatório.
colaboração da sociedade, visando ao pleno desen- c) educação infantil às crianças até 4 (quatro) anos
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício de idade; ensino fundamental (ciclos I e II); ensino
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. médio e educação profissional optativa.
d) educação básica obrigatória e gratuita − no ensino
172. (FCC/MPE‑PA/Promotor de Justiça/2014) Ao disciplinar regular e no ensino supletivo, àqueles que não estu-
as formas de financiamento e aplicação de recursos daram na idade certa; educação técnica voltada ao
públicos na educação, a Constituição da República ensino fundamental e médio; educação tecnológica
a) determina que, no cálculo dos recursos mínimos a e educação superior.
serem aplicados pelos entes da federação na ma-
e) atendimento ao educando, em todas as etapas da
nutenção e desenvolvimento do ensino, a parcela
educação básica: educação infantil; ensino funda-
da arrecadação de impostos transferida pela União
mental; ensino médio e ensino profissionalizante
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
ou pelos Estados aos respectivos Municípios seja dos 06 (seis) aos 18 (dezoito) anos de idade.
considerada receita do governo que a transferir.
b) autoriza a destinação de recursos públicos a escolas 175. (FCC/Cetam/Técnico de Tecnologia da Informa-
não integrantes da rede pública apenas quando se ção/2014) Conforme a Constituição da República Fede-
tratar de escolas filantrópicas, definidas em lei, que rativa do Brasil, o estabelecimento de meta de aplicação
apliquem seus excedentes financeiros em educação de recursos públicos em educação como proporção do
e assegurem a destinação de seu patrimônio a outra Produto Interno Bruto − PIB, deve estar previsto no
escola da mesma natureza, ou ao Poder Público, no a) Projeto Político Pedagógico Anual das escolas − PPP.
caso de encerramento de suas atividades. b) Projeto de Lei Anual do Orçamento − LOA.
c) determina que a distribuição dos recursos públicos c) Regimento Escolar − RE das escolas públicas e pri-
assegurará prioridade ao atendimento das neces- vadas.
sidades do ensino obrigatório, assim considerado d) Plano Nacional de Educação − PNE, de duração
apenas o ensino fundamental, a ser oferecido gra- decenal.
tuitamente inclusive para os que a ele não tiveram e) Plano Plurianual da Educação Básica − PPE.
acesso na idade própria.
d) estabelece que a contribuição social do salário‑edu- 176. (FCC/Cetam/Técnico/Psicologia/2014) Tem o objeti-
cação funcionará como fonte adicional de finan- vo de articular o sistema nacional de educação em
ciamento da educação básica pública, devendo as regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos,
cotas estaduais e municipais de sua arrecadação ser metas e estratégias de implementação para assegurar
distribuídas proporcionalmente ao número de alu- a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus
nos matriculados na educação básica nas respectivas diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
redes públicas de ensino. ações integradas dos poderes públicos das diferentes
e) prevê que o atendimento ao educando, em todas esferas federativas que conduzam à erradicação do
as etapas da educação básica, por meio de progra- analfabetismo; à universalização do atendimento es-

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


mas suplementares de material didático‑escolar, colar; à melhoria da qualidade do ensino; à formação
transporte, alimentação e assistência à saúde, será para o trabalho, à  promoção humanística, científica
financiado com recursos provenientes de contribui- e tecnológica do País e ao estabelecimento de meta
ções sociais e outros recursos orçamentários. de aplicação de recursos públicos em educação como
proporção do produto interno bruto.
173. (FCC/Cetam/Técnico de Tecnologia da Informa-
ção/2014) Quando os professores, alunos e pais par-
Segundo a Constituição da República Federativa do
ticipam da elaboração do Projeto Político Pedagógico
Brasil (CF/88), estes objetivos devem estar previstos
e juntos decidem a organização curricular do ensino
da escola, está se respeitando o seguinte princípio da a) no Projeto Político‑Pedagógico Anual das escolas.
Constituição Federal: b) na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
a) universalização do acesso escolar. c) no Plano Nacional de Educação, de duração decenal.
b) organização curricular de acordo com a realidade d) no Regimento Escolar das escolas públicas e priva-
dos alunos. das.
c) gestão democrática do ensino público. e) no Plano Plurianual da Educação Básica.
d) igualdade de condições dos alunos na escola, por
meio de projeto curricular uniforme. 177. (FCC/Cetam/Técnico/Psicologia/2014) Processo de
e) valorização dos conhecimentos dos alunos por meio aprendizado e de luta política que não se circunscreve
de currículo único da escola. aos limites da prática educativa, mas vislumbra, nas
especificidades dessa prática social e de sua relativa au-
174. (FCC/Cetam/Técnico de Tecnologia da Informa- tonomia, a possibilidade de criação de canais de efetiva
ção/2014) De acordo com a Constituição da República participação e de aprendizado do “jogo” democrático
Federativa do Brasil (CF/88), o  dever do Estado para e, consequentemente, do repensar das estruturas de
com a educação será efetivado mediante a garantia, poder autoritário que permeiam as relações sociais e,
dentre outras, de no seio dessas, as práticas educativas.

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Estas ideias referem‑se ao princípio constitucional 180. (IF‑TO/IF‑TO/Pedagogo/2017) A educação profissional
a) da igualdade de condições para o acesso e perma- e tecnológica nos termos do Art. 39. Da Lei nº 93.94
nência na escola. de 20 de dezembro de 1996 (LDB/96) alterada pela
b) do pluralismo de ideias e de concepções pedagógi- Lei nº 11.741, de 2008, deve integrar‑se aos diferentes
cas. níveis e modalidades de educação e às dimensões do
c) da liberdade de aprender, ensinar e pesquisar. trabalho, da ciência e da tecnologia e abrangerá os
d) da gestão democrática do ensino público. seguintes cursos:
e) da garantia de padrão de qualidade. a) De formação inicial, continuada ou qualificação pro-
fissional, de educação profissional técnica de nível
178. (Acafe/SED‑SC/Administrador Escolar/2017) Na Lei de médio, tecnológica de graduação e pós‑graduação.
Diretrizes e Bases da Educação Nacional vigente, o arti- b) De educação profissional técnica de nível médio, nas
go 27 diz que: “Os conteúdos curriculares da educação categorias básico, intermediário e avançado.
básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes (...).” As c) De formação inicial, qualificação profissional e tec-
diretrizes que completam o enunciado acima são, ex- nológica de graduação e educação especial.
ceto: d) De educação profissional técnica de nível médio,
a) consideração das condições de escolaridade dos educação de jovens e adultos e tecnológica de gra-
alunos em cada estabelecimento; duação.
b) difusão de valores fundamentais ao interesse indivi- e) De educação à distância, profissional tecnológica de
dual, aos direitos dos cidadãos, de respeito ao bem graduação e pós‑graduação.
comum e à ordem hegemônica;
c) orientação para o trabalho; 181. (IF‑TO/IF‑TO/Professor/Engenharia Química/2017)
d) promoção do desporto educacional e apoio às prá- Em conformidade com o Título IV – Da Organização da
ticas desportivas não‑formais. Educação Nacional – da Lei nº 9394, de 20 de dezembro
de 1996, relacione as incumbências correspondentes:
179. (IF‑TO/IF‑TO/Pedagogo/2017) A Lei de Diretrizes e Bases 1. Docentes
da Educação Nacional, LDB, de 1996, passou para União 2. Estabelecimentos de Ensino
a incumbência de assegurar o processo nacional de
avaliação do rendimento escolar no ensino fundamen-
I – Elaborar e executar sua proposta pedagógica. (___)
tal, médio e superior, com a cooperação dos sistemas,
II – Prover meios para a recuperação dos alunos com
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
menor rendimento. (___)
qualidade do ensino (art. 9º, incisos VI, VIII). Mediante
III – Ministrar os dias letivos e horas‑aula estabelecidos,
a esse processo, o MEC assume a responsabilidade por
além de participar integralmente dos períodos dedica-
meio do desenvolvimento de mecanismos de avaliação
dos ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento
em larga escala, como o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Básica (Saeb), do Sistema Nacional de profissional. (___)
Avaliação da Educação Superior (Sinais), do Exame IV  – Articular‑se com as famílias e a comunidade,
Nacional do Ensino Médio (Enem). Exame Nacional de criando processos de integração da sociedade com a
Desempenho de Estudantes (Enade), A Prova Brasil, da escola. (___)
Provinha Brasil, dentre outros. Essas avaliações em larga V – Colaborar com as atividades de articulação da escola
escala desenvolvidas nos diferentes níveis do sistema com as famílias e a comunidade. (___)
educacional, no Brasil, têm dentre seus objetivos o de: VI  – Assegurar o cumprimento dos dias letivos e
I – Avaliar a aprendizagem dos alunos em sala de aula horas‑aula estabelecidas. (___)
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

para fornecer ao professor elementos suficientes para


melhoria dos processos de ensino e aprendizagem; Assinale a sequência correta das incumbências rela-
II – Avaliar o desempenho da escola, produzir e disponi- cionadas é:
bilizar dados e informações sobre o sistema educacional a) 2, 1, 1, 2, 2 e 1
com vista na melhoria da qualidade do ensino. b) 2, 2, 1, 2, 1 e 2
III – Caracterizar e identificar os principais problemas e c) 1, 2, 1, 2, 1 e 2
as diferenças regionais de ensino de modo a permitir d) 1, 1, 1, 2, 1 e 1
análises e estudos na área com foco na melhoria da e) 2, 1, 1, 2, 1 e 2
qualidade do ensino.
IV – Subsidiar a formulação, reformulação e monitora- 182. (FMP/MPE‑RO/Promotor de Justiça/2017) Consideran-
mento de políticas públicas, como também a elaboração do a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
de programas de intervenção para as diversas etapas nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, é correto afirmar:
de ensino avaliadas. a) A educação básica poderá organizar‑se em séries
V – Avaliar os aspectos metodológicos e didático‑peda- anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regu-
gógicos dos professores, bem como as competências lar de períodos de estudo, grupos não seriados, com
e habilidades dos alunos, objetivando a punição das base na idade, na competência e em outros critérios,
instituições e dos alunos com baixos resultados. ou em forma diversa de organização, sempre que
o interesse do processo de aprendizagem assim o
Os objetivos das avaliações educacionais estão corre- recomendar.
tos na alternativa: b) O calendário escolar deverá adequar‑se às peculia-
a) As assertivas II, III e IV estão erradas. ridades locais, inclusive climáticas e econômicas,
b) As assertivas I e V estão corretas. a  critério do respectivo sistema de ensino, sendo
c) As assertivas I e V estão erradas. facultado, nesses casos, reduzir o número de horas
d) Todas estão corretas. letivas previsto na Lei n° 9.394, de 20 de dezembro
e) Todas estão erradas. de 1996.

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c) A educação infantil terá carga horária mínima anual 185. (Fundep/UFVJM‑MG/Pedagogo/2017) Segundo a Lei
de seiscentas horas, distribuída por um mínimo de nº 9.394/96 – Diretrizes e bases da educação nacional,
duzentos dias de trabalho educacional. antes de cada período letivo, as instituições de ensino
d) A jornada escolar no ensino fundamental incluirá superior informarão aos interessados, exceto:
pelo menos três horas de trabalho efetivo em sala de a) Os programas dos cursos e demais componentes
aula, sendo progressivamente ampliado o período curriculares.
de permanência na escola, ressalvados os casos de b) O reconhecimento do curso.
ensino noturno e das formas alternativas de orga- c) A qualificação dos professores.
nização autorizadas na LDBN. d) Os critérios de avaliação.
e) O controle de frequência pela instituição de educa-
ção pré‑escolar exige a frequência mínima de 50% 186. (Fundep/UFVJM‑MG/Técnico em Assuntos Educa-
(cinquenta por cento) do total de horas. cionais/2017) Na organização da educação nacional,
segundo a Lei Nº 9.394/96 – que estabelece as dire-
183. (UTFPR/UTFPR/Pedagogo/2017) O capítulo IV da trizes e bases da educação nacional, são consideradas
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei incumbências da União, exceto:
nº  9.394/96, atualizada) “da educação superior”, a) Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
Art. 53, considera que, no exercício de sua autonomia, pós‑graduação.
são asseguradas às universidades, sem prejuízo de b) Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo-
outras, as seguintes atribuições: ração exclusiva com os estados.
I – Criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e c) Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
programas de educação superior previstos nesta Lei, avaliar os cursos das instituições de educação supe-
obedecendo às normas gerais da União e, quando for rior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.
o caso, do respectivo sistema de ensino. d) Estabelecer, em colaboração com os estados, o Dis-
II  – Fixar os currículos dos seus cursos e programas, trito Federal e os municípios, diretrizes e procedi-
observadas as diretrizes gerais pertinentes. mentos para identificação, cadastramento e atendi-
III  – Estabelecer planos, programas e projetos de mento, na educação básica e na educação superior,
pesquisa científica, produção artística e atividades de de alunos com altas habilidades ou superdotação.
extensão.
187. (Copese – UFT/UFT/Assistente em Administração/2017)
IV – Elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos
Quanto às normas da educação superior, previstas na Lei
em consonância com as normas gerais atinentes.
nº 9.394/1996 (LDB), assinale a alternativa incorreta.
V – Aprovar e executar planos, programas e projetos de
a) A educação superior será ministrada em instituições
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições
de ensino superior, públicas ou privadas, com varia-
em geral, bem como administrar rendimentos, confor-
dos graus de abrangência ou especialização.
me dispositivos institucionais.
b) A autorização e o reconhecimento de cursos, bem
como o credenciamento de instituições de educação
Estão corretas: de nível médio e superior terão prazos ilimitados.
a) I, III e IV, apenas. c) Na educação superior, o ano letivo regular, indepen-
b) II, IV e V apenas. dente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias
c) I, II e IV, apenas. de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo
d) III, IV e V apenas. reservado aos exames finais, quando houver.
e) I, II, III, IV e V. d) As instituições informarão aos interessados, antes

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


de cada período letivo, os  programas dos cursos
184. (Fundep/UFVJM‑MG/Pedagogo/2017) Nas diretrizes e demais componentes curriculares, sua duração,
e bases da educação nacional, estabelecidas pela Lei requisitos, qualificação dos professores, recursos
nº  9.394/96, são determinadas como finalidades da disponíveis e critérios de avaliação, obrigando‑se a
educação superior, exceto: cumprir as respectivas condições, assim como pu-
a) Desenvolver o educando, assegurar‑lhe a formação blicar as respectivas informações nos termos da lei.
comum indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer‑lhe meios para progredir no trabalho e 188. (IF Sudeste  – MG/IF Sudeste  – MG/Pedagogo/2017)
em estudos posteriores. São inúmeras as pesquisas que demonstram o impacto
b) Formar diplomados nas diferentes áreas de conhe- positivo da formação de professores nos processos edu-
cimento, aptos para a inserção em setores profissio- cacionais. Assim, o Artigo 59 da LDB – Lei nº 9.394/96 –
nais e para a participação no desenvolvimento da ressalta a importância de se promover especialização
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação adequada aos professores de classes especiais que
contínua. atenderão aos educandos com deficiência, transtornos
c) Promover a divulgação de conhecimentos culturais, globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
científicos e técnicos que constituem patrimônio superdotação. Quanto a essa formação específica, de
da humanidade e comunicar o saber por meio do acordo com o mencionado artigo, o professor deve:
ensino, de publicações ou de outras formas de co- a) possuir especialização adequada em nível médio ou
municação. superior, para atendimento especializado, bem como
d) Atuar em favor da universalização e do aprimora- professores do ensino regular serem capacitados
mento da educação básica, mediante a formação para a integração desses educandos nas classes
e a capacitação de profissionais, a  realização de comuns.
pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de ati- b) possuir especialização técnica em nível médio para
vidades de extensão que aproximem os dois níveis atuar em instituições de ensino de atendimento
escolares. especializado.

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c) possuir graduação em Pedagogia, Serviço Social ou c) Educação infantil, ensino médio, educação profis-
Psicologia e Pós‑graduação em Educação, para atuar sional e educação básica.
em instituições de ensino de atendimento especia- d) Ensino fundamental, educação profissional, educa-
lizado. ção superior e educação do campo.
d) possuir, exclusivamente, o ensino médio específico e
se capacitar em serviço, de forma continuada, para 192. (UFMT/UFSBA/Técnico em Assuntos Educacio-
a integração desses educandos em classes comuns. nais/2017) Sobre as finalidades da educação superior
e) possuir qualquer graduação e atuar em instituições brasileira, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
de ensino de atendimento especializado, atendendo cação Nacional (LDBEN – Lei nº 9.394/1996), assinale
os educandos com deficiência, transtornos globais a afirmativa incorreta.
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdo- a) Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do
tação. espírito científico e do pensamento reflexivo; formar
diplomados nas diferentes áreas de conhecimento,
189. (IF Sudeste  – MG/IF Sudeste  – MG/Pedagogo/2017) aptos para a inserção em setores profissionais e para
No Título IV – Da organização da Educação Nacional,
a participação no desenvolvimento da sociedade
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
brasileira.
n°  9.394/96), foi disposta a organização, em regime
b) Promover a formação superior de qualidade a uma
de colaboração, dos sistemas de ensino da União, dos
camada social circunscrita da população, objetivan-
Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Isso posto,
assinale a afirmativa que não condiz com o que está do a difusão das conquistas e benefícios resultantes
disposto na referida Lei. da criação cultural e das pesquisas científica e tec-
a) A União exercerá função redistributiva e supletiva nológica geradas na instituição.
mediante assistência técnica e financeira aos Esta- c) Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios. científica, visando ao desenvolvimento da ciência
b) A União organizará o sistema federal de ensino e e da tecnologia e da criação e difusão da cultura;
dos Territórios e financiará as instituições de ensino promover a divulgação de conhecimentos culturais,
públicas federais. científicos e técnicos.
c) A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- d) Promover a extensão, aberta à participação da po-
pios definirão as formas de colaboração na organi- pulação, visando à difusão das conquistas e benefí-
zação de seus sistemas de ensino. cios resultantes da criação cultural e das pesquisas
d) Os Estados e o Distrito Federal atuarão, prioritaria- científica e tecnológica geradas na instituição.
mente, na oferta e manutenção do ensino funda-
mental e médio. 193. (UFMT/UFSBA/Técnico em Assuntos Educacio-
e) Os Municípios atuarão, exclusivamente, na oferta e nais/2017) A coluna da esquerda apresenta os entes
manutenção do ensino fundamental e na educação federados responsáveis pela organização da educação
infantil. nacional e a da direita, suas respectivas incumbências
nos termos da LDBEN (Lei nº 9.394/1996). Numere a
190. (UFMT/UFSBA/Técnico em Assuntos Educacionais/2017) coluna da direita de acordo com a da esquerda.
Para a valorização dos profissionais da educação, a Lei 1. União
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei 2. Estados
nº 9.394/1996) assinala uma série de requisitos. Esses 3. Municípios
requisitos referem‑se
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

a) à consideração prioritária para a experiência profis- ( ) Organizar, manter e desenvolver os órgãos e


sional em qualquer nível ou modalidade de ensino instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;
e piso salarial diferenciado, baseado, excepcional- definir, com os Municípios, formas de colaboração
mente, na experiência técnica. na oferta do Ensino Fundamental, as quais devem
b) às condições adequadas de trabalho e ao estabe- assegurar a distribuição proporcional das respon-
lecimento de cotas para docentes provenientes de
sabilidades, de acordo com a população a ser
segmentos sociais integrantes de minorias étnicas.
atendida e os recursos financeiros disponíveis em
c) à excepcionalidade para contratação temporária por
cada uma dessas esferas do Poder Público; elabo-
meio de indicação e seleção diferenciada fundamen-
rar e executar políticas e planos educacionais, em
tada na meritocracia.
d) ao ingresso exclusivo por concurso público, aper- consonância com as diretrizes e planos nacionais
feiçoamento contínuo, condições de trabalho, piso de educação, integrando e coordenando as suas
salarial, progressão funcional baseada na titulação ações e as dos seus Municípios.
e na avaliação do desempenho. ( ) Organizar, manter e desenvolver os órgãos e
instituições oficiais dos seus sistemas de ensino,
191. (UFMT/UFSBA/Técnico em Assuntos Educacio- integrando‑os às políticas e planos educacionais da
nais/2017) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação União e dos Estados; oferecer educação infantil em
Nacional (LDBEN  – Lei nº  9.394/1996) define que a creches e pré‑escolas, e, com prioridade, o Ensino
estrutura da educação escolar brasileira compõe‑se de Fundamental, permitida a atuação em outros níveis
níveis e modalidades de ensino. A composição correta de ensino somente quando estiverem atendidas
dos níveis escolares é: plenamente as necessidades de sua área de com-
a) Educação fundamental, educação tecnológica, edu- petência e com recursos acima dos percentuais
cação de jovens e adultos e educação básica. mínimos vinculados pela Constituição Federal à
b) Educação básica e educação superior. manutenção e desenvolvimento do ensino.

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( ) Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo- d) propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e
ração com os Estados, o Distrito Federal e os Muni- administrativo, assim como um plano de cargos e
cípios; prestar assistência técnica e financeira aos salários, atendidas as normas gerais pertinentes e
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para os recursos disponíveis.
o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o e) realizar modificações estatutárias, desde que res-
atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, peitado o princípio democrático e assegurando
exercendo sua função redistributiva e supletiva. que docentes ocupem trinta por cento das vagas do
colegiado deliberativo.
Marque a sequência correta.
a) 1, 2, 3 197. (Instituto Excelência/Prefeitura de Tremembé  – SP/
b) 3, 2, 1 Nível Fundamental/2017) Os atuais princípios e fins da
c) 2, 3, 1 educação brasileira estão definidos no título II – Dos
d) 1, 3, 2 Princípios e Fins da Educação Nacional, nos artigos 2º
e 3º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
194. (Cespe/Prefeitura de São Luís – MA/Psicologia/2017) (LDB) – Lei nº 9.394/96. Onde o artigo 2º afirma que “a
Com relação ao planejamento de políticas educacionais, educação é dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
assinale a opção correta. Nesse sentido considere que
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento
a sigla LDB sempre que utilizada, se refere a Lei de
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania
Diretrizes e Bases.
e sua qualificação para o trabalho”. De acordo com essa
a) A educação profissional básica visa à habilitação Lei é correto:
profissional e seus conteúdos são segmentados em a) A escola tem uma responsabilidade importante
módulos regidos por diretrizes curriculares nacio- nesse sentido e é todo o ambiente escolar que deve
nais. estar organizado de modo a favorecer o desenvolvi-
b) A educação profissional no nível técnico visa à quali- mento dos educandos enquanto cidadãos.
ficação, atualização e profissionalização, e apresenta b) A escola deve ser o ambiente em que somente pro-
currículo variável representando a educação não fessores promovam a educação, criando condições
formal. e buscando recursos para que os envolvidos no
c) Para a elaboração de planos e políticas referentes sistema de ensino possam desempenhar sua missão.
ao sistema educacional, é dispensável a participação c) A lei trata especificamente do objetivo fundamental,
do psicólogo, por ser essa atividade atribuição de que é a formação básica do cidadão, que só pode
gestores educacionais e pedagogos. ser dada pela família a ser promovida mediante a
d) De acordo com a LDB, a  educação escolar deverá responsabilidade familiar.
vincular‑se ao mundo do trabalho e à prática social. d) Nenhuma das alternativas.
e) A educação profissional insere‑se entre o ensino
superior e a pós‑graduação, mas pertence apenas 198. (Instituto Excelência/Prefeitura de Tremembé – SP/Nível
a um segmento específico de qualificação, uma vez Fundamental/2017) A nova concepção de espaço esco-
que visa conduzir o aluno ao permanente desenvol- lar é ensejada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
vimento de aptidões para o trabalho. Nacional (LDB – Lei nº 9.394/96), que, em seu artigo 1º,
propõe uma nova concepção de educação, que passa,
195. (FCM/IF‑RJ/Assistente social/2017) De acordo com a doravante, a ser definida como processo abrangente,
Seção IV‑A, Da Educação Profissional Técnica de Nível voltado à formação global do indivíduo, vinculada ao
Médio, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a edu- mundo do trabalho e à prática social, na perspectiva

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


cação profissional técnica de nível médio da construção de uma sociedade justa e democrática.
a) pode ser ofertada em instituições de ensino distintas. Consolida‑se assim, gradualmente, uma concepção de
b) demanda que o aluno esteja trabalhando com car- educação cidadã, que se afasta de modelos pedagógicos
teira assinada. padronizados e excludentes, em favor de um ambiente
c) garante a obtenção de diplomas equivalentes ao do de aprendizagens colaborativas e interativas, que con-
ensino superior. siderem todos os integrantes da escola protagonistas
do processo educativo. A compreensão desse conceito
d) é oferecida mediante pagamento de taxa de matrí-
implica, entre outros aspectos: refletir sobre a nova
cula e mensalidade.
função social da escola e, por consequência, sobre
e) é oferecida prioritariamente a quem já tenha con-
a nova função pedagógica de seus profissionais. Tal
cluído o ensino médio. entendimento auxilia a vislumbrar o traço pedagógico
inerente às funções do trabalhador não docente, redi-
196. (FCM/IF‑RJ/Assistente social/2017) Segundo o §  1º mensionando sua importância e sua atuação educativa
do Art.  54, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação a patamares mais definidos, tanto em termos sociais
Nacional, as universidades públicas poderão quanto profissionais.
a) ofertar, em suas dependências, todos os níveis de
ensino, desde que aprovados no estatuto da insti- Julgue as afirmativas:
tuição. I – Os funcionários, outrora identificados por nomen-
b) liberar os professores da atividade docente para que claturas diversas serviçais, servidores, auxiliares  – e,
exerçam exclusivamente atividades de pesquisa, principalmente, por exercerem o papel de meros
desde que respeitada a regra do desconto salarial. cumpridores de tarefas, são chamados agora para
c) assegurar, anualmente, a  partir das receitas pró- uma nova missão, em face das profundas e radicais
prias geradas pela prestação de serviços, recursos transformações por que passam a sociedade e a es-
suficientes para manutenção e desenvolvimento de cola tão imprescindível quanto urgente a superação,
suas atividades. nas instituições educacionais, da cultura imperativa

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e tradicionalista, historicamente agregada ao fazer A partir dessas posições, pode‑se admitir que a cons-
educativo, avançando‑se para uma prática de trabalho trução do projeto pedagógico de cada unidade escolar
coletiva, comprometida com a qualidade da educação. deve se fundamentar em uma noção de democracia que
II  – Com a progressiva expansão da escolarização, I – aceita e considera os diferentes e as diferenças.
percebe‑se que, mais do que ser instruída por profes- II – tolera posições éticas e políticas unilaterais.
sores, a população precisa ser educada por educadores, III  – considera a discordância parte componente do
compreendendo‑se que todos os que têm presença debate coletivo.
permanente no ambiente escolar, em contato com os IV  – entende que o conflito é inerente a qualquer
estudantes, são educadores, independentemente da grupo social.
função que exerçam. V – considera apenas a vontade da maioria.
III – O Oficial Escolar deve fazer parte dos grupos de
alunos que há na escola, buscando não contrariá‑los Está correto o que se afirma apenas em
e agir de acordo com eles, e observar os valores que a) II, III e V.
circulam longe do olhar dos professores. b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
Informe se é falso (F) ou verdadeiro (V) o que se afirma: d) I, II e V.
a) F, V, V. e) I, IV e V.
b) F, V, F.
c) V, V, F. 202. (FCC/Segep‑MA/Analista/Pedagogia/2016) A Educa-
d) Nenhuma das alternativas. ção Escolar Quilombola é desenvolvida em unidades
educacionais inscritas em suas terras e cultura, reque-
199. (FCC/AL‑MS/Tradutor Intérprete de Libras/2016) rendo pedagogia própria em respeito à especificidade
Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases − LDB, Lei étnico‑cultural de cada comunidade e formação espe-
n° 9.394/1996, são atribuições docentes: cífica de seu quadro docente, observados os princípios
I – Participar da elaboração da proposta pedagógica do constitucionais, a  base nacional e os princípios que
estabelecimento de ensino. orientam a Educação Básica brasileira.
II – Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a Amparada na Lei de Diretrizes e Bases − LDB, Lei
proposta do Conselho Tutelar do Município. nº 9.394/1996,
III – Zelar pela aprendizagem dos alunos. a) cabe a cada instituição da rede pública de ensino
IV  – Estabelecer estratégias de recuperação para os incluir ou não o ensino da História do Povo Afro‑Bra-
alunos de menor rendimento. sileiro.
b) as ações afirmativas do movimento negro torna‑se
a base para a organização curricular das escolas
Está correto o que se afirma apenas em
quilombolas.
a) I e II.
c) a grade curricular das escolas quilombolas deve
b) I, II e III.
abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua
c) II e IV.
portuguesa e o estudo da língua materna dos qui-
d) I, III e IV.
lombolas.
e) III e IV.
d) nos estabelecimentos de ensino fundamental e mé-
dio, públicos e particulares, é obrigatório o ensino
200. (FCC/Segep‑MA/Analista/Pedagogia/2016) Consideran- de História e Cultura Afro‑Brasileira.
do a educação ambiental na Lei de Diretrizes e Bases e) é facultativo, no ensino da educação física, a inclusão
da Educação Nacional − LDB, Lei nº  9.394/1996  – ,
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

do estudo da cultura dos quilombolas, em especial


os currículos do ensino fundamental e médio devem a capoeira.
a) incluir a educação ambiental de forma integrada aos
conteúdos obrigatórios. 203. (FCC/Sedu‑ES/Professor/Artes/2016) O art. 26-A da Lei
b) incluir a educação ambiental como disciplina espe- nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar
cífica na parte diversificada do currículo. com a seguinte redação: Lei nº 11.645, de 10 março
c) ser tratados como conjunto de atividades no ensino de 2008.
fundamental e de disciplinas no ensino médio. Altera a Lei nº  9.394, de 20 de dezembro de 1996,
d) incluir plano de sustentabilidade da escola relativa- modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de
mente aos recursos hídricos. 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação
e) conter conteúdos acadêmicos e práticos vivenciais nacional, para incluir no currículo oficial da rede de en-
relativos a sustentabilidade. sino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura
Afro‑Brasileira e Indígena”
201. (FCC/Segep‑MA/Analista/Pedagogia/2016) Alguns “Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamen-
autores defendem a ideia de que foi somente na LDB tal e de ensino médio, públicos e privados, torna‑se
nº 9.394/96 que tivemos um avanço na natureza dos obrigatório o estudo da história e cultura afro‑brasileira
laços que devem relacionar a noção de autonomia e o e indígena.
projeto pedagógico da unidade escolar, e basicamente § 1º O conteúdo programático a que se refere este ar-
por duas razões: porque a Lei estabeleceu que aquele tigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura
projeto é tarefa coletiva e de responsabilidade das co- que caracterizam a formação da população brasileira,
munidades escolar e local, e porque ela retomou, como a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo
princípio de toda a educação nacional, o “pluralismo de da história da África e dos africanos, a luta dos negros
ideias e concepções pedagógicas”. Isto posto, para estes e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e in-
autores, ao nível da escola tais fundamentos implicam dígena brasileira e o negro e o índio na formação da
na efetiva consideração da “convivência democrática”. sociedade nacional, resgatando as suas contribuições

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nas áreas social, econômica e política, pertinentes à c) correto, pois o filho de Maria agora é considerado
história do Brasil. adolescente.
§  2º Os conteúdos referentes à história e cultura d) correto, porque essa definição é feita por cada fa-
afro‑brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão mília.
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em e) incorreto, porque apresenta uma temática que não é
especial nas áreas de educação artística e de literatura abordada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
e história brasileiras.”
206. (FGV/Prefeitura de Salvador – BA/Auxiliar de Educador/
A inserção da obrigatoriedade do ensino da História e Cuidador/2017) Assegurar o direito à saúde e à edu-
Cultura Afro‑brasileira e indígena no currículo oficial da cação ao sujeito menor de 18 anos, de acordo com o
rede de ensino vem somar‑se a temática da Pluralidade Estatuto da Criança e do Adolescente, é
Cultural inserida nos temas transversais do PCN (Parâ- a) uma questão não prioritária.
metros Curriculares Nacionais) no que diz respeito à b) de responsabilidade exclusiva da família e da comu-
a) obrigar por lei o ensino em tempo didático propor- nidade.
cional, das culturas indígena, Afrodescendente e c) dever exclusivo do poder público e da sociedade.
Europeia, visando, desta maneira, uma educação d) de responsabilidade prioritária da comunidade e
igualitária socialmente, oferecendo ao aluno a exclusiva do poder público.
possibilidade de conhecer o Brasil como um país e) dever da família, da comunidade, da sociedade e do
igualitário e cordial. poder público.
b) valorização de características socioculturais dos
diferentes grupos sociais que convivem no territó- 207. (FGV/Prefeitura de Salvador – BA/Auxiliar de Educador/
rio nacional, oferecendo ao aluno a possibilidade Cuidador/2017) Leia o trecho a seguir.
de conhecer o Brasil como um país que valoriza a
exploração da mão de obra afro‑brasileira. “Um aluno da Educação Infantil está com pneumonia e
c) valorização de características étnicas e culturais de precisou ser internado. A mãe da criança estava muito
diferentes, incentivando a celebração das minorias nervosa com a possibilidade de deixa‑lo sozinho no
raciais em datas e festejos populares como forma hospital“.
de comemorar o convívio existente entre indígenas,
Afrodescendentes e migrantes Europeus em um país Com relação à situação apresentada, o  Estatuto da
harmonioso e sem conflitos. Criança e do Adolescente assegura que, nos casos de
d) valorizar o protagonismo étnico e cultural de dife- internação, os estabelecimentos de saúde
a) não estão obrigados a assistir um dos pais (ou respon-
rentes povos e etnias na sala de aula evitando dar
sáveis) no acompanhamento da criança internada.
voz ao histórico opressor de descendência Europeia,
b) devem dar condições para que um dos pais (ou res-
oferecendo ao aluno a escolha entre ter professores
ponsáveis) fique em tempo integral acompanhando
indígenas ou afrodescendentes.
a criança.
e) valorização de características étnicas e culturais dos
c) devem dar condições para que um dos pais (ou res-
diferentes grupos sociais que convivem no território
ponsáveis) fique em tempo parcial acompanhando
nacional, e às desigualdades socioeconômicas e à
a criança.
crítica às relações sociais discriminatórias e exclu-
d) não devem se preocupar com o acompanhamento
dentes que permeiam a sociedade brasileira. familiar porque o atendimento dos técnicos do
hospital é suficiente.

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


e) devem dar condições para que um dos pais (ou res-
204. (UEM/UEM/Auxiliar Operacional/2017) O Estatuto da ponsáveis) fique em tempo integral acompanhando
Criança e do Adolescente define aprendizagem como a criança, desde que ela tenha até 2 anos de idade.
a formação técnico‑profissional ministrada segundo
quais critérios? 208. (FGV/Prefeitura de Salvador – BA/Auxiliar de Educador/
a) As diretrizes e bases da legislação de educação em Cuidador/2017) Leia o fragmento a seguir.
vigor.
b) As diretrizes e bases da legislação da previdência em “O filho de José tem 6 anos e é surdo. Seu pai não sabe
vigor. se poderá matriculá‑lo em uma escola regular de seu
c) As diretrizes e bases da legislação de trânsito em bairro”.
vigor.
d) As diretrizes e bases da legislação trabalhista em Sobre a situação narrada, segundo o Estatuto da Criança
vigor. e do Adolescente (ECA), analise as afirmativas a seguir.
e) As diretrizes e bases da legislação civil em vigor. I – O ECA estabelece que as crianças com deficiência
devem ser matriculadas exclusivamente em escolas
205. (FGV/Prefeitura de Salvador  – BA/Auxiliar de Educa- especializadas.
dor – Cuidador2017) “Maria tem um filho que acaba II – O ECA assegura o atendimento das crianças com de-
de completar 13 anos. Sua tia comentou que, agora, ele ficiência preferencialmente na rede regular de ensino.
não é mais criança...” III – O ECA deixa a cargo de cada escola definir sobre o
O comentário em destaque, de acordo com o Estatuto atendimento às crianças com deficiência.
da Criança e do Adolescente, está
a) incorreto, porque o filho de Maria ainda é criança. Está correto o que se afirma em:
b) correto, pois o filho de Maria agora é considerado a) I, apenas.
jovem. b) II, apenas.

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c) III, apenas. 55. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017)
d) I e II, apenas. Natália, bebê de oito meses de idade, sorri quando seu
e) II e III, apenas. pai entra em seu quarto e a retira do berço, iniciando
uma série de brincadeiras e afagos. Normalmente,
209. (FGV/Prefeitura de Salvador – BA/Auxiliar de Educador/ pela manhã, ao  perceber a entrada do pai, Natália
Cuidador/2017) Leia o texto a seguir. movimenta‑se voluntariamente e costuma gargalhar,
demonstrando alegria com a presença do pai. Conside-
“Luiza é professora do 1º ano do ensino fundamental e rando essa situação hipotética, assinale a opção correta
um de seus alunos está faltando às aulas há mais de 40 a respeito do processo de aprendizagem.
dias. A professora e a secretária da escola já tentaram a) Comportamentos humanos são ações involuntárias
fazer contato telefônico diversas vezes com a família, que se tornam menos prováveis de acontecer em
mandaram recados e até enviaram um mensageiro à situações que gerem consequências agradáveis.
casa da criança, mas não obtiveram retorno.” b) As gargalhadas emitidas por Natália constituem
reforços negativos que estimulam o pai a realizar
Na situação acima, a Direção Escolar deve novamente as brincadeiras e os afagos.
a) insistir em contatar os pais, uma vez que o fato é c) A atenção, o afago e a disposição para brincar ofer-
uma questão familiar. tadas pelo pai funcionam como reforço positivo para
b) solicitar a ajuda da polícia, a fim de punir os pais ou emissão do comportamento de sorrir por Natália.
responsáveis. d) Caso Natália levasse uma bronca decorrente do ba-
c) cancelar a matrícula da criança, uma vez que se rulho de sua gargalhada, essa repreensão consistiria
esgotaram os recursos escolares. em punição negativa, cuja consequência provável
d) aguardar o final do ano letivo para decidir a provi- seria a diminuição ou a interrupção do ato de gar-
dência a ser tomada. galhar.
e) comunicar o fato ao Conselho Tutelar. e) O comportamento de Natália pode ser explicado pe-
los princípios básicos do condicionamento clássico.
210. (IF‑TO/IF‑TO/Pedagogo/2017) O Estatuto da Criança e
do Adolescente de 1990, Lei nº 8.069/90, em seu artigo 56. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017)
53 dispõe que “a criança e o adolescente têm direito Acerca da aprendizagem observacional, assinale a
à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua opção correta.
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e quali- a) O processo de aprendizagem observacional inicia‑se
ficação para o trabalho, assegurando‑se‑lhes, exceto: quando a criança começa a explorar objetos no seu
a) Direito de ser respeitado por seus educadores. ambiente e a perceber as particularidades de suas
b) Direito de contestar critérios avaliativos, podendo características.
recorrer às instâncias escolares superiores. b) O sucesso da aprendizagem observacional envolve
c) Igualdade de oportunidade para ingressar no mer- atenção em um modelo, construção de representa-
cado de trabalho. ções simbólicas, memória e processos de recupera-
d) Direito de organização e participação em entidades ção e imitação.
estudantis. c) Essa forma de aprendizagem resulta da ausência
e) Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua de resposta diante da apresentação repetida de
residência. estímulos.
d) A habilidade de decodificar comportamentos é
211. (Copeve‑UFAL/Prefeitura de Maceió  – AL/Profes- dispensável na aprendizagem observacional.
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

sor/2017) Segundo o Estatuto da Criança e do Adoles- e) A aprendizagem observacional ou imitação diferida


cente, considera‑se criança a pessoa até é o processo pelo qual a estimulação externa é tra-
a) doze anos de idade completos. duzida em representação mental.
b) doze anos de idade incompletos.
c) quatorze anos de idade completos. 57. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) De
d) quatorze anos de idade incompletos. acordo com a teoria proposta por Piaget, as quatro prin-
e) dezoito anos de idade incompleto. cipais forças que moldam o desenvolvimento da criança
e que trazem implicações importantes na educação são
212. (Instituto Excelência/Prefeitura de Tremembé  – a equilibração,
SP/2017) Na formação do educador nada é visto sobre a) a interiorização, a experiência pessoal e o meio
a história da criança e do adolescente. A falta de uma social.
visão histórica/ da realidade de crianças e adolescen- b) a maturação, a experiência ativa e a interação social.
tes, entre outros fatores, dificulta a compreensão dos c) as forças orgânicas, a consciência e a categorização.
educadores com relação à cidadania de crianças e d) o construtivismo, o desenvolvimento e a acomodação.
adolescentes. O Brasil deu um passo importante na e) a assimilação, os aspectos genéticos e o crescimento.
conquista da cidadania infanto‑adolescente, ao pro-
mulgar em 13 de julho de1990 a Lei conhecida como 58. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) No
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. O Estatuto que se refere às teorias da aprendizagem, assinale a
representou um novo paradigma com relação ao trata- opção correta.
mento dispensado à infância e adolescência. Assinale a) De acordo com Vigotsky, por envolverem a experi-
a alternativa que indica qual é essa Lei: ência ativa, as atividades de alta complexidade de
a) Lei nº 9.394/1996. realização são requisito para a criança adquirir novas
b) Emenda Constitucional 14 de 12/09/1996. habilidades e capacidades.
c) Lei nº 8.069/90. b) De acordo com Vigotsky, o funcionamento mental
d) Nenhuma das alternativas superior é possível apenas por meio da linguagem.

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c) A teoria piagetiana é reconhecida pelo postulado a) Na avaliação psicológica, a entrevista psicológica,
de que a interação verbal entre a criança e o adulto livre ou aberta, pode oferecer aspectos de natureza
possibilita o desenvolvimento cognitivo. qualitativa e subjetiva capazes de complementar
d) Edgar Morin foi o primeiro teórico a defender que dados quantitativos sobre a repetência e evasão
a linguagem é fundamental para a capacidade cog- escolar.
nitiva e para o processo maturacional da criança. b) A aplicação de questionários, escalas e outros ins-
e) De acordo com Jean Piaget, as forças genéticas trumentos avaliativos são prerrogativas exclusivas do
determinam o comportamento do indivíduo. psicólogo, ao passo que a análise dos resultados é
objeto de estudo de toda a equipe multiprofissional.
59. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) c) Os testes psicométricos e as entrevistas psicológicas
Assinale a opção que indica os estágios do desenvol- abertas são recursos de mensuração, precisão e
vimento cognitivo que, segundo Piaget, integram a padronização utilizados pelo psicólogo para explicar
compreensão de números, o pensamento egocêntrico causas e efeitos da evasão e repetência.
e o mundo do aqui e do agora, respectivamente. d) Na identificação das causas da evasão e da repetên-
a) estágio das operações concretas; estágio das opera- cia, os testes psicológicos, por apresentarem caráter
ções formais; sensório‑motor normativo e diretrizes interpretativas padronizadas,
b) estágio das operações concretas; pré‑operacional são ferramentas que pouco auxiliam o psicólogo na
preconceitual; sensório‑motor obtenção de dados.
c) pré‑operacional intuitivo; pré‑operacional precon- e) As inferências realizadas pelo psicólogo para identifi-
ceitual; estágio das operações concretas car as causas da evasão escolar devem ser pautadas
d) estágio das operações formais; pré‑operacional somente nos escores e resultados de testes psico-
intuitivo; estágio das operações concretas métricos validados.
e) pré‑operacional intuitivo; estágio das operações
concretas; pré‑operacional intuitivo 63. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017)
Com referência ao fracasso escolar e às abordagens
60. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) comportamentalista, cognitivista, histórico‑cultural,
Com relação aos estágios do desenvolvimento da lin- humanista e neuropsicológica na concepção das difi-
guagem segundo Vigotsky, assinale a opção correta. culdades de aprendizagem, assinale a opção correta.
a) O falar para si mesmo é uma função associada ao a) Abordagens mais recentes relacionadas à neurop-
estágio social. sicologia caracterizam as dificuldades de aprendi-
b) O controle do comportamento do outro e a expres- zagem apenas a partir de déficits sociais e lesões
são de pensamentos simples estão em conformidade cerebrais que gerem prejuízos no funcionamento
com o estágio social. individual levando ao fracasso escolar.
c) A possibilidade de direcionamento do pensamento, b) Para os comportamentalistas, o fracasso escolar
assim como o controle da própria criança, associa‑se pode ser superado se as contingências ambientais
ao estágio egocêntrico. forem modificadas e os indivíduos adequadamente
d) O controle do comportamento pela própria criança estimulados e motivados.
está associado ao estágio interno. c) Os cognitivistas atribuem o fracasso escolar ao mau
e) A expressão de emoções simples e a direção do pen- funcionamento dos processos mentais superiores
samento estão associadas aos estágios egocêntrico como reflexo, associação e autorrealização.
e social, respectivamente. d) Os humanistas defendem a ideia de que a pato-
logização e a medicalização das dificuldades de
61. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) aprendizagem estão centradas no estudante e em

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


Cada pessoa tem um ritmo e um estilo próprio para sua família.
aprender e uma trajetória única de desenvolvimento. e) Na abordagem histórico‑cultural, o processo de in-
As experiências, as memórias, a construção de sentidos ternalização e o de medicalização do indivíduo são
de cada sujeito são influenciadas por múltiplos fatores fundamentais para o entendimento das dificuldades
pessoais, socioculturais e históricos. A  esse respeito, de aprendizagem.
é correto afirmar que as dificuldades de aprendizagem
dos alunos 64. (FCM/IF‑RJ/Assistente Social/2017) Juarez Dayrell e
a) estão relacionadas especificamente à indisciplina, Rodrigo Jesus (2016), ao  dissertarem sobre o ensino
por deficiências na educação recebida pela criança médio e os processos de exclusão escolar, identificam
no ambiente familiar. a presença de um discurso, principalmente entre
b) tendem a produzir menos efeitos ao longo do tem- professores, que atribui a trajetória escolar precária
po, o que dispensa a necessidade de intervenção dos jovens a uma “desestruturação familiar”. Para os
pedagógica. autores, esse discurso
c) são barreiras atitudinais, perceptivas ou afetivo a) leva em conta uma compreensão rígida da estrutura
emocionais frente às diferenças interindividuais. familiar tradicional, com a presença do pai e da mãe,
d) requerem adaptações no currículo, na qualificação desconsiderando as transformações recentes no
da equipe de educadores e nos processos avaliativos. padrão familiar brasileiro.
e) podem ser facilmente diagnosticadas pelos psicólo- b) segue a perspectiva dos autores e acompanha as
gos por meio de testes psicométricos. conclusões do estudo que revela, de forma transpa-
rente, as consequências da desestruturação familiar
62. (Cespe/Prefeitura de São Luís‑MA/Psicologia/2017) para a exclusão escolar dos jovens brasileiros.
Considerando o uso de recursos na avaliação psicológica c) revela a perspectiva de profissionais que acompa-
das dificuldades de aprendizagem relacionadas aos nham de perto o cotidiano dos alunos e suas famílias
processos avaliativos, à evasão e à repetência escolar, e, assim, oferecem conclusões de caráter científico
assinale a opção correta. sobre tal realidade e seus impactos na educação.

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d) reflete a ausência da mãe na educação dos alunos e 68. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis‑SP/Profes-
na orientação de suas vidas, dentro e fora do espaço sor/2017) O currículo refere‑se aos programas e
escolar. O papel das mães é citado de forma espaça conteúdos de cada componente curricular e também
e rara pelos alunos entrevistados pela pesquisa. expressa os princípios e metas do projeto educativo de
e) traduz corretamente uma das hipóteses do estudo, uma instituição. Considerando uma perspectiva crítica
porém essa não pode ser considerada a tese central do currículo, marque a alternativa correta:
da pesquisa, pois outros fatores, tais como o esforço a) O currículo deve ser utilizado para a reprodução de
individual, impactam mais nas chances de sucesso uma visão de mundo hegemônica.
escolar. b) O currículo é um documento formal e estabelecido
pelo sistema educacional que deve ser seguido pe-
65. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis‑SP/Profes- las instituições de ensino, pois visa uma igualdade
sor/2017) Em seu livro “As Inteligências múltiplas e educacional
seus estímulos”, Celso Antunes nos revela que, segundo c) O conhecimento estabelecido na organização cur-
Howard Gardner seriam oito inteligências presentes ricular do currículo é neutro, cabe ao professor dar
nos seres humanos, portanto seríamos proprietários de uma direção a esse conhecimento.
oito pontos diferentes do cérebro onde se abrigariam
d) A organização curricular deve levar em consideração
diferentes inteligências. Ainda que esse cientista afirme
as relações entre os sujeitos e o espaçotempo em
que o número de oito é relativamente subjetivo, são
que se situam.
essas as inteligências que caracterizam o que ele chama
de inteligências múltiplas. E seriam elas: a inteligência e) É importante evitar, sistematicamente, que situações
linguística ou verbal, a lógico‑matemática, a espacial, ocorridas na escola tragam contextos diferentes
a musical, a cinestésica corporal, a naturalista e as inte- daqueles que estão devidamente planejados e in-
ligências pessoais, isto é, a intrapessoal e a interpessoal. cluídos no currículo.
A esse número, o professor brasileiro Nilson Machado
acrescenta a nona, que seria a: 69. (IFB/Professor/Pedagogia/2017) Prefeitura de Mar-
a) Inteligência pictórica. tinópolis‑SP/Professor/2017) Assinale em qual dos
b) Inteligência emocional. documentos abaixo são definidas as orientações de
c) Inteligência psicológica. objetivos, conteúdos programáticos, estratégias de
d) Inteligência cognitiva. ensino e avaliações de um componente didático:
e) N.D.A. a) Plano de aula ou equivalente;
b) Plano de curso ou equivalente;
66. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis‑SP/Profes- c) Projeto Político Pedagógico;
sor/2017) A concepção de construção de conhecimen- d) Projeto Pedagógico de Curso;
tos pelas crianças em situações de interação social foi e) Produto Educacional.
pesquisada, com diferentes enfoques e abordagens,
por vários autores, dentre eles: Jean Piaget, Lev Se- 70. (IFB/Professor/Pedagogia/2017) Em relação aos aspec-
mionovitch Vygotsky e Henry Wallon. Nas últimas tos do planejamento, assinale a opção que contenha
décadas, esses conhecimentos que apresentam tanto a correta sequência hierárquica do mais amplo ao mais
convergências como divergências, têm influenciado restrito, em relação ao planejamento:
marcadamente o campo da educação. Sob o nome de a) planejamento escolar; planejamento educacional;
_______________ reúnem‑se as ideias que preconizam planejamento de ensino; planejamento curricular;
tanto a ação do sujeito, como o papel significativo da b) planejamento curricular; planejamento educacional;
interação social no processo de aprendizagem e de- planejamento escolar; planejamento de ensino;
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

senvolvimento da criança. Assinale a alternativa que c) planejamento de ensino; planejamento curricular;


preenche corretamente a lacuna: planejamento escolar; planejamento educacional;
a) Construtivista d) planejamento de ensino; planejamento educacional;
b) Cognitivista planejamento curricular planejamento escolar;
c) Comportamental e) planejamento educacional; planejamento escolar;
d) Humanista
planejamento curricular; planejamento de ensino.
e) Tecnicista
71. (IFB/Professor/Pedagogia/2017) Assinale a alternativa
67. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis‑SP/Profes-
sor/2017) Segundo Telma Weisz, numa concepção em que os aspectos relacionados à Educação Profissio-
Construtivista de educação, o  professor não é, nem nal e Tecnológica estejam corretos.
tampouco pode ser, ________________ da construção a) A educação profissional e tecnológica abrangerá os
de conhecimentos de seus alunos. Cabe a ele o papel cursos de formação inicial e continuada ou qualifica-
de organizar as situações de aprendizagens, as inter- ção profissional; de educação profissional técnica de
venções pedagógicas que auxiliem os alunos em suas nível médio e de educação profissional tecnológica
próprias construções, que considere seus conhecimen- de graduação e pós‑graduação com exceção das
tos e os mecanismos envolvidos nessa construção, pós‑graduações stricto sensu.
além das questões relacionadas à didática do objeto b) Os conhecimentos e saberes poderão ser objeto de
a ser ensinado e aprendido. Assinale a alternativa que avaliação para certificação e para prosseguimento ou
preenche corretamente a lacuna: conclusão de estudos desde tenham sido adquiridos
a) Simples ativista em momentos de trabalho formal.
b) Mero espectador c) As instituições de educação profissional e tecnológi-
c) Ativador da memória ca, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos
d) Grande palestrante especiais, abertos à comunidade, condicionada a
e) “Pedreiro” matrícula à capacidade de aproveitamento.

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d) É vedada a criação de currículos de cursos de edu- 74. (Instituto Excelência/Prefeitura de Lauto Muller‑SC/
cação profissional e tecnológica que não sejam Professor/2017)Institui Sobre os pensadores da edu-
organizados por eixos tecnológicos, isso para que cação, assinale a alternativa CORRETA sobre a teoria
haja a possibilidade de construção de diferentes de Vygotsky:
itinerários formativos. a) Sua teoria mostra que o indivíduo só recebe um de-
e) A educação profissional será desenvolvida em terminado conhecimento se estiver preparado para
diferentes estratégias de educação continuada no recebê‑lo. Não existe um novo conhecimento sem
ambiente de trabalho. que o organismo tenha já um conhecimento anterior
para poder assimilá‑lo e transformá‑lo. O que implica
72. (IFB/Professor/Pedagogia/2017) Sobre a alteração na os dois polos da atividade inteligente: assimilação e
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional acerca da acomodação. É assimilação à medida que incorpora
inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obriga- a seus quadros todo o dado da experiência; é aco-
toriedade da temática “História e Cultura Afro‑brasileira modação à medida que a estrutura se modifica em
e Indígena” leia as alternativas abaixo. função do meio, de suas variações.
I – Nos estabelecimentos públicos de ensino fundamen- b) Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvi-
tal e de ensino médio, torna‑se obrigatório o estudo da
mento do indivíduo como resultado de um processo
história e cultura afro‑brasileira e indígena.
sócio histórico, enfatizando o papel da linguagem
II – O conteúdo programático incluirá diversos aspectos
e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo
da história e da cultura negra que unicamente caracte-
rizam a formação da população brasileira. essa teoria considerada histórico‑social. Sua questão
III – Deverão ser abordados a história da África e dos central é a aquisição de conhecimentos pela intera-
africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no ção do sujeito com o meio.
Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e c) O comportamento é construído numa interação en-
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando tre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica
as suas contribuições nas áreas social, econômica e é caracterizada como interacionista.
política, pertinentes à história do Brasil. d) Nenhuma das alternativas.
IV  – Os conteúdos referentes à história e cultura
afro‑brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão 75. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis/Professor/2017)
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em O modelo de inclusão implica em uma reforma radical
especial nas áreas de educação artística e de literatura nas escolas em termos de:
e história brasileiras. a) Currículo.
V  – Os conteúdos referentes à história e cultura b) Avaliação.
afro‑brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão c) Agrupamento dos alunos nas atividades de sala
ministrados especificamente no âmbito das áreas de de aula.
educação artística e de literatura e história brasileiras. d) Todas as alternativas.
e) N.D.A.
Assinale a alternativa que apresenta somente as afir-
mativas corretas. 76. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis/Professor/2017)
a) As alternativas I, II e III estão corretas. Quanto à Educação Inclusiva, estaria correto afirmar,
b) As alternativas III, IV e V estão corretas. exceto:
c) As alternativas II e IV estão corretas. a) A educação inclusiva requer mudança de antigos
d) As alternativas III e IV estão corretas. para novos paradigmas. E é a partir da compreen-
e) As alternativas I, II e V estão corretas. são de inúmeros aspectos ligados aos conceitos de

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


igualdade e de diferença, é que se pode investir em
73. (Instituto Excelência/Prefeitura de Lauto Muller‑SC/ seres humanos melhores e mais fraternos.
Professor/2017) De acordo com as Diretrizes Curricu- b) Nesse modelo de educação é preciso criar alter-
lares Nacionais para a Educação Básica. Currículo é o nativas técnico‑pedagógicas, psicopedagógicas e
conjunto de valores e práticas que proporcionam a pro- sociais que possam contribuir para o processo de
dução e a socialização de significados no espaço social
aprendizagem de todas as crianças.
e que contribuem, intensamente, para a construção de
c) Na educação inclusiva não se espera que a escola
identidades sociais e culturais dos estudantes. Sobre
se integre ao aluno, mas que este se transforme de
as formas para a organização curricular, na Educação
Básica a organização do tempo curricular deve: maneira a se inserir na escola.
a) Ser construída em função das peculiaridades de d) O conceito de educação inclusiva se refere ao aces-
seu meio e das características próprias dos seus so à escola de todos os alunos, indistintamente,
estudantes, não se restringindo às aulas das várias independentemente, do fato de apresentarem
disciplinas. dificuldades e ou deficiências.
b) Incluir no desenvolvimento curricular ambientes e) N.D.A.
físicos, didático‑pedagógicos e equipamentos que
não se reduzem às salas de aula, incluindo outros 77. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis/Professor/2017)
espaços da escola e de outras instituições escolares, Encontre a única alternativa incorreta:
bem como os socioculturais e esportivo‑recreativos a) Incluir é mais do que criar condições para os defi-
do entorno, da cidade e mesmo da região. cientes, é um desafio que implica em mudança da
c) Assumir a aprendizagem compreendendo‑a como escola como um todo.
ação coletiva conectada com a vida, com as neces- b) Essa nova visão inclusiva de trabalho visa construir
sidades, possibilidades e interesses das crianças, dos uma rotina da massificação dos programas prontos
jovens e dos adultos. das classes especiais nas escolas que continuarão a
d) Nenhuma das alternativas. existir.

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c) No processo de integração escolar o aluno participa escolar. A escola é um ambiente propício para o exer-
das atividades escolares na sala de aula do ensino cício e aprendizado da ética. Através dela, professores,
regular e também do ensino de escolas especiais. alunos e funcionários podem obter resultados positivos
d) A escola precisa de transformação para receber qual- no processo educacional, melhorando o ambiente de
quer tipo de aluno, mesmo aqueles com deficiência. trabalho e aprendizado. Em suma, se todos agirem de
e) N.D.A. forma ética na escola todos ganhará, pois os resultados
serão positivos:
78. (Big Advice/Prefeitura de Martinópolis/Professor/2017) Mediante o exposto acima assinale a alternativa correta:
Encontre a única alternativa incorreta: a) Os pais ou responsáveis não tem o direito ter ciência
a) O sistema de integração na escola denota situações do processo pedagógico, bem como participar da
de seleção e discriminação, pois nem todos os alunos definição das propostas educacionais.
com deficiência cabem nas turmas de ensino regular. b) Das implicações estatutárias para a escola e do
b) Há resistências por parte de algumas escolas em direito á educação, é o Art. 53 diz que a criança e
aceitar a presença de pessoas que possuem carac- o adolescente têm direito à educação, visando ao
terísticas marcantes, sejam elas físicas ou mentais. pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para
c) Caberia à escola avaliar as reais condições do aluno o exercício de sua cidadania e qualificação para o
de participar das atividades cotidianas do espaço trabalho, assegurando‑se – lhes: igualdade de condi-
educativo. ções para o acesso e permanência na escola; direito
d) Os objetivos educacionais devem ser reduzidos de ser respeitado por seus educadores; direito de
para compensar as dificuldades de aprendizagem, contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às
os currículos devem ser adaptados e as avaliações instâncias escolares superiores.
especiais, limitando a capacidade de transgressão c) No processo educacional respeitar‑se‑ão somente os
dos limites individuais, ou seja, não é possível pre- valores culturais, artísticos e históricos próprios do
determinar a quantidade de conhecimentos que o contexto social da criança e do adolescente, sendo
aluno consegue aprender. de suma importância que a instituição escolar tome
e) N.D.A. conhecimento do Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, somente para a sua prática educacional.
79. (Alternative Concursos/Prefeitura de Santa Catarina/ d) Nenhuma das alternativas.
Professor/2017) De acordo com as teorias de Jean
Piaget, assinale V para Verdadeiro e F para falso: 81. (PR-4 UFRJ/ Pedagogo/2016) As discussões em torno da
( ) Piaget criou um campo de investigação que deno- formação continuada apontam para o papel da escola
minou epistemologia genética – isto é, uma teoria e a centralidade da prática educativa para o processo
do conhecimento centrada no desenvolvimento formativo. Segundo Vera Candau (2009), “considerar
natural da criança. a escola como lócus de formação continuada passa a
( ) Segundo Piaget, o pensamento infantil passa por ser uma afirmação fundamental na busca de construir
quatro estágios, desde o nascimento até o início uma nova perspectiva para a formação continuada de
da adolescência, quando a capacidade plena de professores/as que não se limite a oferecer diferentes
raciocínio é atingida. ‘cursos’ aos docentes”. Entretanto, não é o simples fato
( ) Para o cientista suíço, o conhecimento se dá por de o professor estar na escola que a coloca como um
descobertas que a própria criança faz. lócus formativo. Para que isso se dê, a autora alerta que
( ) De acordo com Piaget, as crianças não raciocinam é importante o processo pautar‑se em uma:
como os adultos e apenas gradualmente se inse- a) prática reflexiva, capaz de identificar as questões
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

rem nas regras, valores e símbolos da maturidade presentes na sala de aula, de compreendê‑las e de
psicológica. Essa inserção se dá mediante dois buscar formas de trabalhá‑las coletivamente.
mecanismos: experimentação e adaptação. b) junção entre teoria e prática, na qual a teoria sirva
para direcionar o que deve ser desenvolvido na
a) V,V,F,F. prática.
b) V,F,F,V. c) série de práticas mecânicas e repetitivas, que pos-
c) F,V,F,V. sibilitem aprender através do movimento de erro/
d) V,F,V,V. acerto.
e) V,V,V,F. d) sequência de debate entre os profissionais da escola
sobre as diferentes correntes pedagógicas e filosófi-
80. (Instituto de Excelência/Prefeitura de Tremembé‑SP/ cas presentes no ato educativo.
Nível Fundamental/2017) A escola precisa construir e) série de encontros e reuniões de planejamento.
espaços de diálogo e de participação no dia‑a‑dia de
suas atividades curriculares e não curriculares, de forma 82. (PR-4 UFRJ/ Pedagogo/2016) No livro “Teorias de
a permitir que estudantes, docentes e a comunidade se Aprendizagem”, de autoria do Professor Marco Antô-
tornem atores e atrizes efetivos de fato, da construção nio Moreira (2004), encontram‑se três pressupostos
da cidadania participativa. Na escola, os  distúrbios filosóficos para a aprendizagem: a comportamentalista
disciplinares, a violência e o autoritarismo nas relações (behaviorismo), a humanista e a cognitivista (construti-
interpessoais são alguns dos maiores problemas sociais vista). Associe os principais enfoques teóricos à apren-
da atualidade e vêm comprometendo a busca por uma dizagem, ao ensino, às suas respectivas concepções e
educação de qualidade, e de forma democrática, para a alguns pontos básicos.
que os conflitos cotidianos sejam enfrentados nas 1. Comportamentalismo.
escolas, busca‑se a construção de valores de ética e 2. Cognitivismo.
de cidadania por parte dos membros da comunidade 3. Humanismo.

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( ) Estímulo‑Resposta, condicionamento, reforço. a) acompanha o aumento das exigências educacionais
( ) Pensamentos, sentimentos e ações apresentam‑se do mercado de trabalho.
de forma associadas. b) favorece a empregabilidade compatível com o nível
( ) O conhecimento é construído. de instrução.
( ) Ensino centrado no aluno e no crescimento pessoal. c) aprofunda as crises econômicas e favorece ao cres-
( ) O comportamento é controlado por suas consequ- cente desemprego.
ências. d) cria a equanimidade entre segmentos sociais e a
( ) Esquema, signo, modelo mental, construto pessoal. diminuição de conflitos sociais.
e) proporciona o acesso ao mercado de trabalho e a
Assinale a sequência correta. diminuição da competitividade.
a) 2, 3, 2, 2, 3, 1.
b) 1, 3, 2, 3, 1, 2. 86. (AMAUC/Prefeitura de Ipumirim‑SC/Professor/2016) A
c) 1, 3, 3, 1, 2, 3. Pedagogia Histórico‑Crítica como perspectiva didática
d) 1, 3, 2, 2, 1, 3. para o Ensino prioriza a realidade social, o que a prin-
e) 1, 2, 3, 3, 2, 1. cípio torna‑se o diferencial do método, pois as relações
de hierarquia, poder e desigualdades presentes nas
83. (PR-4 UFRJ/ Pedagogo/2016) O Multiculturalismo tem relações de professor‑aluno, ficariam em segundo pla-
se constituído em uma questão importante, desde a no, dando lugar para a realidade social em que ambos
década de 1990, no campo do currículo. Para Sacristán estariam no mesmo patamar e construiriam juntos o
(1995), essa abordagem, quanto a uma perspectiva conhecimento sobre a mesma. Sendo assim, a especi-
multiétnica, constitui‑se na possibilidade de diminuir os ficidade da escola, o que é considerado como clássico
preconceitos de uma sociedade para com as minorias da escola para a Pedagogia Histórico‑Crítica é: [...] a
étnicas. Uma organização curricular que busque a di- transmissão‑assimilação do saber sistematizado. Este
mensão multiétnica deve promover práticas educativas é o fim a atingir. É aí que cabe encontrar a fonte natural
baseadas: para elaborar os métodos e as formas de organização do
a) nas diferentes culturas; assim, é fundamental res- conjunto das atividades da escola, isto é, do currículo.
peitar os “guetos”. E aqui nós podemos recuperar o conceito abrangente
b) nas práticas culturais de grupos discriminados his- de currículo (organização do conjunto das atividades
toricamente, em busca da formação de uma única nucleares distribuídas no espaço e tempo escolares).
cultura. Um currículo é, pois, uma escola funcionando.
c) nas identidades plurais, com base na diversidade de Conceitualmente o exposto acima é objeto de estudo
etnias, gênero, classe social e padrões culturais. de qual pesquisador?
d) na cultura, na liberdade e na tecnocracia. a) Jean Jacques Rousseau.
e) nos conhecimentos práticos e na padronização de b) Dermeval Saviani.
atividades. c) José Carlos Libâneo.
d) Jean Piaget.
84. (PR-4 UFRJ/ Pedagogo/2016) O termo currículo permite e) Maria Montessori.
vários significados, mas, em especial, conforme aponta
Candau (2008), refere‑se à reflexão e à discussão de 87. (AMAUC/Prefeitura de Ipumirim‑SC/Professor/2016)
pontos relevantes para dialogar sobre perspectivas Para Vygotsky às experiências são adquiridas durante
de educação que sejam democráticas e participativas. a vida do sujeito, uma vez que o sujeito caracteriza‑se
Essas são cruciais para a apreensão do saber escolar e como um ser que se relaciona com o mundo e com a

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


de saberes multiculturalmente criados, estes envolvidos cultura, por meio de instrumentos físicos e simbóli-
no interior da instituição. Nesse sentido, não se faz uma cos. Assim, o controle consciente do comportamento,
mudança curricular quando não se faz uma análise: a  atenção e lembrança voluntária, a  memorização
a) da gestão e do perfil dos docentes e dos discentes. ativa, o  pensamento abstrato, o  raciocínio dedutivo,
b) da formação social e da redefinição da educação na a capacidade de planejamento, etc., são exemplos
mudança curricular. destas funções, tipicamente e unicamente humanas,
c) da ação participativa dos membros da comunidade chamadas de:
escolar. a) Funções psicológicas elementares.
d) do planejamento coletivo elaborado pela equipe b) Funções psicológicas superiores.
técnica. c) Funções psicológicas inferiores.
e) da ação participativa e do planejamento coletivo da d) Funções psicológicas básicas.
equipe técnico‑pedagógica. e) Funções psicológicas intermediárias.

85. (PR-4 UFRJ/ Pedagogo/2016) Cresce a relação entre a 88. (IF‑ES/Pedagogo/2016) Silva (2010) apresenta as teorias
educação escolar e a desigualdade escolar no cotidiano do currículo em três categorias: tradicionais, críticas e
das grandes cidades brasileiras. Esse fato vem sendo es- pós‑críticas. Sobre essas teorias, analise as seguintes
tudado pela Sociologia há algum tempo. Alguns autores, sentenças:
a partir de correntes de pensamento, explicam sobre I  – As teorias tradicionais pretendem ser “teorias”
a relação escola‑desigualdade no contexto brasileiro. neutras, científicas, desinteressadas. Assim, ao aceitar
Se a desigualdade social é um elemento cada vez mais o status quo, os conhecimentos e os saberes dominan-
presente, o sistema educacional, fruto de um processo tes, acabam por se concentrar em questões técnicas,
histórico, configura‑se no bojo das relações sociais e de “o que?” e o “como?”, ou seja, nas questões de orga-
produção. Entretanto, embora haja grandes diferenças nização e elaboração do currículo.
entre países e épocas, a escolarização progressiva da II  – As teorias críticas, ao  enfatizarem o conceito de
população: discurso em vez do conceito de ideologia, efetuaram

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um importante deslocamento na nossa maneira de Nessa direção, analise as seguintes sentenças:
conceber o currículo. I – Resgate da escola como um lugar de memória, das
III  – As teorias críticas e as teorias pós‑críticas argu- lembranças e momentos mais expressivos, e garantia
mentam que nenhuma teoria é neutra, científica ou de investimento na educação de modo assegurar a sua
desinteressada, mas que está implicada nas relações de oferta pública e gratuita aos cidadãos.
poder. Sua questão central é: “por quê?”. Por que esse II – Manutenção de mecanismos na lei que assegurem
conhecimento e não outro? Estão preocupadas com as a articulação entre o ensino médio de formação geral
conexões entre saber, identidade e poder. e o ensino superior em todas as suas modalidades.
IV  – As teorias pós‑críticas, ao  deslocarem a ênfase III – A adesão de gestores e de professores responsá-
dos conceitos simplesmente pedagógicos de ensino veis pela formação geral e pela formação específica,
e aprendizagem para os conceitos de ideologia e de modo a elaborarem coletivamente as estratégias
poder, nos permitiram ver a educação de uma nova acadêmico‑científicas de integração.
perspectiva. IV  – Articulação da instituição com os alunos e os
V  – As teorias críticas sobre o currículo colocam em familiares, na tentativa de construção do diálogo e
questão os pressupostos dos presentes arranjos sociais desenvolvimento de uma democracia participativa.
e educacionais; são teorias de desconfiança, ques- V  – Existência de um projeto de sociedade no qual,
tionamento e transformação radical, na tentativa de ao mesmo tempo, se minimizem os problemas da
realidade brasileira, visando a permanência do dualis-
desenvolver conceitos que permitam compreender o
mo de classes e a implantação das diversas instâncias
que o currículo faz.
de gestão educacional que busquem contribuir com
a preparação de jovens para o mercado de trabalho.
Assinale a alternativa que apresenta somente as sen-
tenças corretas. Assinale a alternativa que apresenta somente as sen-
a) I, II, IV. tenças corretas.
b) I, III, V. a) I, II, III, IV.
c) III, IV, V. b) II, III, IV
d) II, IV, V. c) III, IV, V.
e) I, II, IV, V. d) I, III, IV.
e) II, IV, V.
89. (IF‑ES/Pedagogo/2016) Com base nas análises das te-
orias críticas e pós‑críticas do currículo, realizada por 91. (IF‑ES/Pedagogo/2016) Ramos (2005), ao discutir a (re)
Silva (2010), analise as proposições e verifique quais construção de conhecimento na escola e os fundamen-
são verdadeiras (v) e quais são falsas (f): tos do currículo integrado, propõe um movimento no
( ) As teorias pós‑críticas e as teorias críticas possi- desenho para a construção desta concepção de currí-
bilitaram compreender o currículo para além dos culo. Sobre esse processo analise as proposições:
conceitos técnicos, como os de ensino e eficiência, I – Problematizar fenômenos como objetos de conhe-
ou de categorias psicológicas, como as de apren- cimento, buscando compreendê‑los em múltiplas pers-
dizagem e desenvolvimento, ou ainda de imagens pectivas: tecnológica, econômica, histórica, ambiental,
estáticas como as de grade curricular. social e cultural.
( ) As teorias pós‑críticas defendem que o currículo II – Explicar teorias e conceitos fundamentais para a
é espaço de poder, centrado no Estado, pois o compreensão dos objetos estudados nas múltiplas
conhecimento corporificado no currículo carrega perspectivas em que foi problematizada e localizá‑los
as marcas das relações sociais de poder e reproduz nos respectivos campos da ciência.
III – Situar os conceitos como saberes de formação es-
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

as estruturas sociais.
( ) As teorias críticas enfatizam que o currículo é uma pecífica, considerando as suas finalidades e aplicações,
construção social, portanto, resultado de um pro- bem como as técnicas procedimentais à ação em situa-
cesso histórico, por meio de processos de disputa ções próprias a essas finalidades, independentemente
e conflito social, em que certas formas curriculares dos conhecimentos da formação geral.
tornaram‑se consolidadas como o currículo. IV – Organizar os componentes curriculares e as práticas
( ) O currículo, para as teorias críticas, não pode ser pedagógicas, visando corresponder, nas escolhas, nas
compreendido sem uma análise das relações de relações e nas realizações, ao pressuposto da totalidade
poder, descentrado em toda rede social, ou seja, do real como síntese de múltiplas determinações.
nos processos de dominação centrados na raça, na V  – Conferir preeminência às atividades práticas em
detrimento da construção de conceitos, permitindo a
etnia, no gênero e na sexualidade.
apreensão dos fenômenos na sua forma objetiva, que
( ) Com sua ênfase pós‑estruturalista na linguagem e
caracteriza o processo de trabalho moderno.
nos processos de significação, as teorias pós‑críti-
cas enfatizam o papel formativo do currículo. Assinale a alternativa que apresenta somente as pro-
posições corretas.
Assinale a opção que contém as proposições corretas. a) I, II, IV, V
a) V, V, V, F, V. b) II, IV, V
b) V, F, V, V, F. c) III, IV, V
c) V, F, V, F, V. d) I, III, V
d) F, V, V, V, F. e) I, II, IV
e) V, V, F, V, V.
92. (IF‑ES/Pedagogo/2016) De acordo com a Lei de Diretri-
90. (IF‑ES/Pedagogo/2016) Ciavatta (2005) apresenta al- zes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/1996,
guns pressupostos para o desenvolvimento da educação quanto aos Níveis e as Modalidades de Ensino da edu-
profissional como formação integrada e humanizadora. cação brasileira, analise as proposições:

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I – A educação superior abrangerá os seguintes cursos e Assinale a alternativa que apresente somente as pro-
programas: cursos sequenciais por campo de saber, de posições corretas.
graduação, de pós‑graduação, e de extensão. a) I, II, V
II  – O ensino médio, etapa secundária da educação b) I, III, IV
básica, com duração mínima de dois anos, terá como c) II, III, V
finalidade a consolidação e o aprofundamento dos d) III, IV
conhecimentos adquiridos no ensino fundamental e a e) II, IV, V
preparação básica para o trabalho.
III – Entende‑se por educação especial, para os efeitos 94. (Prefeitura de Palhoça – SC/Professor – Educação In-
desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida fantil/2016) Leia com atenção e assinale a alternativa
preferencialmente na rede regular de ensino, para correta:
educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. “O planejamento da educação é composto por diferen‑
IV – A educação profissional técnica de nível médio será tes níveis de organização. Assim, podemos pensar em
desenvolvida nas seguintes formas: articulada com o nível macro no Planejamento do Sistema de Educação,
ensino médio; e subsequente, em cursos destinados a que corresponde ao planejamento da educação em âm‑
quem já tenha concluído o ensino fundamental. bito nacional, estadual e municipal.” (PADILHA, 2003)
V – A educação escolar compõe‑se de educação básica,
formada pela educação infantil, ensino fundamental e a) Referido planejamento elabora, incorpora e reflete
ensino médio; e educação superior. as políticas públicas educacionais.
b) Maior importância deve se dar a elaboração das
Assinale a alternativa que apresente somente as pro- políticas públicas voltadas aos estudantes carentes
posições corretas. sem a observância do planejamento pedagógico.
a) I, II, V c) O planejamento pedagógico consiste em organizar
b) I, III, IV disciplinas por áreas e localizações, desprezando a
c) I, III, V política educacional daquela localidade.
d) III, IV d) O planejamento na educação independe das políti-
e) II, IV, V cas públicas aplicadas pelos poderes executivos.
93. (IF‑ES/Pedagogo/2016) De acordo com Libâneo, Oliveira 95. (Ibade/Seduc‑RO/Cuidador/2016) A educação inclusiva
e Toschi (2012), o art. 9º da Lei de Diretrizes e Bases constitui um paradigma educacional fundamentado na
da Educação Nacional, Lei nº 9.394/ 1996, estabelece concepção de direitos humanos, que avança em relação
que, entre outras atribuições, cabe à União “assegurar à ideia de equidade formal ao contextualizar a produção
processo nacional de avaliação do rendimento escolar
da exclusão dentro e fora da escola e que tem como
no ensino fundamental, médio e superior, em colabora-
valores inseparáveis:
ção com os sistemas de ensino, objetivando a definição
a) deficiência e eficiência.
de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino”.
b) igualdade e diferença.
Tendo como base esse artigo e as considerações dos
c) exclusão e inclusão.
autores a respeito das avaliações da educação básica,
d) direitos e deveres.
analise as proposições:
e) normalidade e deficiência.
I – Essa prescrição legal (art. 9º da LDB/96) impede que
estados e municípios também possam ter iniciativas de
avaliação de desempenho escolar em seus respectivos 96. (Ibade/Seduc‑RO/Professor  – Sociologia/2016) Sobre

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


sistemas de ensino. currículo é correto afirmar que:
II – Os instrumentos de avaliação em curso na política a) é o conjunto de valores e práticas que proporcionam
educacional brasileira (como o Sistema de avaliação a produção e a socialização de significados no espaço
Básica – Saeb; o Exame Nacional do Ensino Médio – social.
Enem; e a Prova Brasil) visam a realização de avaliações b) a organização do tempo curricular deve se restringir
de diagnóstico de qualidade do ensino oferecido pelo às aulas das várias disciplinas.
sistema educacional brasileiro. c) o percurso formativo deve ser preestabelecido,
III – As diretrizes e parâmetros das avaliações nacionais centrado nos componentes curriculares centrais
em larga escala, pautadas em critérios quantitativos, obrigatórios.
contribuem para o processo de autoavaliação da es- d) na organização e gestão do currículo, as abordagens
cola, na medida em que consideram os fatores sociais, disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e trans-
culturais e econômicos. disciplinar possuem papel secundário.
IV – O Sistema de avaliação Básica – Saeb, coleta dados e) os efeitos das políticas curriculares, no contexto da
sobre os alunos, professores e diretores de escolas prática, são condicionados por questões individuais
públicas e privadas em todo o Brasil. É aplicado a cada e disciplinares.
dois anos, a alunos da 4ª e da 8ª séries do ensino fun-
damental e da 3ª série do ensino médio. 97. (Ibade/Seduc‑RO/Professor – Sociologia/2016) No En-
V – O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica sino Fundamental e no Médio, a figura da promoção
(Ideb) foi criado em 2007, para medir a qualidade de e da classificação pode ser adotada em qualquer ano,
cada escola e de cada rede de ensino. Não se trata série ou outra unidade de percurso escolhida, exceto no
propriamente de uma prova; seus resultados são primeiro ano do Ensino Fundamental. Essas duas figuras
calculados com base no desempenho dos estudantes fundamentam‑se na orientação de que a verificação do
em avaliações do Inep (Instituto Nacional de Estudos rendimento escolar observará os seguintes critérios:
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e em taxas I – avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
de aprovação. estudante, com prevalência dos aspectos quantitativos

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sobre os qualitativos e dos resultados ao longo do pe- a) 3 e 4.
ríodo sobre os de eventuais provas finais. b) 1, 2 e 3.
II – possibilidade de aceleração de estudos para estu- c) 2, 3 e 4.
dantes com atraso escolar. d) 1, 3 e 4.
III  – possibilidade de avanço nos cursos e nas séries e) 2 e 4.
mediante verificação do aprendizado.
IV – caráter facultativo de apoio pedagógico destinado 100. (Ibade/Seduc‑RO/Professor – Séries Iniciais/2016) Para
à recuperação contínua e concomitante de aprendiza- haver aprendizagem significativa é necessário
gem de estudantes com déficit de rendimento escolar. a) incorporar conteúdos linearmente.
b) ter disposição para aprender.
Estão corretos apenas: c) formalizar os conteúdos.
a) I, II e IV. d) memorizar o conteúdo.
b) I e III. e) listar e ordenar currículos.
c) II e III.
d) II, III e IV. 101. (Ibade/Seduc‑RO/Professor – Séries Iniciais/2016) São
e) I, II e III. características básicas da aprendizagem significativa:
a) representacional e conceitual.
98. (IF‑PA/Auxiliar em Assuntos Educacionais/2016) O pla- b) proposicional e derivativa.
nejamento de ensino realizado pelo professor ou pela c) não arbitrariedade substantividade.
equipe de professores deve seguir metodologias ricas d) superordenada e cientifica.
e variadas para que o trabalho docente na sala de aula e) especificidade e matriz ideacional.
estabeleça uma melhor interação com os alunos. Para
que isso seja possível, é necessário que ocorram, como 102. (IFB/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) A Lei
proposta no planejamento de ensino, os seguintes nº 11.645, de 10 de março de 2008, altera a Lei nº 9.394,
elementos metodológicos: de 20 de novembro de 1996, modificada pela Lei
a) Estratégias que estabeleçam o acúmulo de conhe- nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as
cimentos que serão repassados pelo professor aos diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
alunos como verdades absolutas, sem chance de currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
questionamentos ou levantamentos de dúvidas em temática “História e Cultura Afro‑Brasileira e Indígena”.
relação a sua veracidade. Diante dessa afirmativa e de acordo com o texto da Lei,
b) Um ensino que promova atividades metodológicas marque a alternativa incorreta.
voltadas para moral com ratificação do intelectual, a) Nos estabelecimentos públicos de educação infantil
lapidando o aluno para a convivência social, tendo e ensino fundamental, torna‑se obrigatório o estudo
como pressuposto a conservação da sociedade em da história e da cultura afro‑brasileira e indígena,
seu estado atual na qual o aluno se encontra. e opcional nos estabelecimentos privados.
c) A utilização de ensino expositivo e aprendizagem b) O conteúdo programático incluirá diversos aspectos
de recepção, o estudo dirigido, a aprendizagem por da história e da cultura que caracterizam a forma-
descobrimento guiado e aprendizagem autônoma, ção da população brasileira, tais como o estudo da
como formas metodológicas diretas com eficácia história da África e dos africanos, a luta dos negros
enriquecedora que ratificam a motivação dos alunos e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e
d) Um ensino estabelecido pela prática do silêncio no indígena brasileira e o negro e o índio na formação
ambiente de sala de aula, determinado pela auto- da sociedade nacional.
ridade docente, para que seja ratificada a ideia de c) Os conteúdos referentes à história e à cultura
que somente o professor possui conhecimento para afro‑brasileira e dos povos indígenas brasileiros
Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos

ensinar, estabelecendo, nestes termos, que o papel serão ministrados no âmbito de todo o currículo es-
do aluno se dá em apenas receber passivamente colar nos estabelecimentos em que a Lei estabelece
esse conhecimento. a obrigatoriedade.
e) Um ensino com base na exposição verbal do pro- d) As áreas de educação artística, literatura e história
fessor e a preparação do aluno na resolução de brasileiras são especialmente responsáveis por
exercícios e na memorização de fórmulas e conceitos abordar conteúdos sobre história e cultura afro‑bra-
epistemológicos. sileiras e dos povos indígenas.
e) Torna‑se obrigatório o estudo da história e da cultura
99. (Ibade/Seduc‑RO/Professor  – Séries Iniciais/2016) afro‑brasileira e indígena, nos estabelecimentos de
Sobre Educação Básica, leia as afirmativas. ensino fundamental e de ensino médio, públicos e
1. O Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com privados.
duração de 8 (oito) anos, é organizado e tratado em
duas fases: a dos 4 (quatro) anos iniciais e a dos 4 103. (IFB/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Leia as
(quatro) anos finais. afirmativas sobre o processo de ensino e aprendiza-
2. Desenvolvem‑se a compreensão do ambiente na- gem, de acordo com o que Libâneo (2013) aborda no
tural e social, do sistema político, da economia, da livro Didática, e assinale a sentença incorreta.
tecnologia, das artes, da cultura e dos valores em a) Ensino e aprendizagem são duas facetas de um mes-
que se fundamenta a sociedade. mo processo. O professor planeja, dirige e controla
3. Os objetivos da formação básica das crianças, defini- o processo de ensino, tendo em vista estimular e
dos para a Educação Infantil, prolongam‑se durante suscitar a atividade própria dos alunos para a apren-
os anos iniciais do Ensino Fundamental. dizagem.
4. Desenvolve‑se a capacidade de aprendizagem, tendo b) A aprendizagem escolar é um processo de assimi-
em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades lação de determinados conhecimentos e modos de
e a formação de atitudes e valores. Está correto o ação física e mental, organizados e orientados no
que se afirma apenas em: processo de ensino.

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c) A aprendizagem escolar surge naturalmente da in- III  – As teorias críticas sustentam que o currículo é
teração entre as pessoas e com o ambiente em que uma invenção social, mantendo certa noção realista
vivem. É uma atividade intencional, dirigida, casual de currículo. Se a ideologia cedesse lugar ao verdadeiro
e espontânea. conhecimento, o currículo e a sociedade seriam eman-
d) Na aprendizagem escolar há influência de fatores cipados e libertados.
afetivos e sociais, tais como os que suscitam a mo- IV – As teorias tradicionais enfatizam os conceitos de
tivação para o estudo, os  que afetam as relações ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, didática,
professor‑alunos e os que interferem nas disposições organização, planejamento, eficiência, objetivos.
emocionais dos alunos para enfrentar as tarefas V – As teorias críticas enfatizam os conceitos de ideo-
escolares. logia, reprodução cultural e social, poder, classe social,
e) A atividade de ensino não pode se restringir a ativi- capitalismo, relações sociais de produção, conscien-
dades práticas. Elas somente fazem sentido quando tização, emancipação e libertação, currículo oculto,
suscitam a atividade mental dos alunos, de modo resistência, gênero,etnia e sexualidade. Assinale a
que estes lidem com elas através dos conhecimentos alternativa que contém somente os itens coerentes
sistematizados que vão adquirindo. com a visão do autor do livro.
a) II, III e IV
104. (IFB/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Em rela- b) I, II, III e V
ção às tendências pedagógicas no Brasil apresentadas c) I, II e IV
por Libâneo (2013), julgue os itens a seguir. d) II, III, IV e V
I – Na Pedagogia tradicional, o aluno ideal é concebido e) I, III, IV e V
vinculado a sua realidade concreta, como um recebedor
da matéria que tem a tarefa de decorá‑la. GABARITO
II – A Pedagogia tradicional, mesmo que possa incluir
a ideia de “partir do concreto”, continua a entender a 1. c 45. b 89: b 133. b 177. d 63. b
aprendizagem como receptiva, automática, não mobili-
2. b 46. b 90: c 134. b 178. b 64. a
zando a atividade mental do aluno e o desenvolvimento
3. a 47. b 91: d 135. d 179. c 65. a
de suas capacidades intelectuais.
III – A Didática da Escola Nova ou Didática Ativa, dentro 4. c 48. b 92: a 136. b 180. a 66. a
da Pedagogia Renovada, é  entendida como “direção 5. b 49. c 93: c 137. a 181. b 67. b
da aprendizagem”, considerando o aluno como sujeito 6. e 50. d 94. a 138. b 182. a 68. d
da aprendizagem. A ideia é a de que o aluno aprende 7. d 51. c 95. d 139. a 183. e 69. b
melhor o que faz por si próprio. 8. a 52. a 96. c 140. d 184. a 70. e
IV  – Na Pedagogia Crítico‑Social dos Conteúdos, 9. c 53. c 97. b 141. a 185. b 71. c
as ações de ensinar e aprender formam uma unidade, 10. b 54. d 98. b 142. a 186. b 72. d
mas cada uma tem a sua especificidade. A Didática tem 11. b 55. c 99. c 143. d 187. b 73. a
como objetivo a direção do processo de ensinar, tendo 12. b 56. c 100. a 144. c 188. a 74. b
em vista finalidades sociopolíticas e pedagógicas e as 13. d 57. a 101. c 145. c 189. e 75. d
condições e meios formativos; tal direção, entretanto, 14. c 58. a 102. d 146. a 190. d 76. c
converge para promover a autoatividade dos alunos, 15. b 59. d 103. a 147. c 191. b 77. b
a aprendizagem. 16. a 60. c 104. a 148. c 192. b 78. a
V  – Na Pedagogia Libertadora, a  atividade escolar é 17. 2 61. d 105. c 149. d 193. c 79. e
centrada na discussão de temas sociais e políticos; 18. 1 62. e 106. c 150. e 194. d 80. b
poder‑se‑ia falar de um ensino centrado nos indivíduos, 19. 2 63. a 107. b 151. c 195. a 81. a
em que professores analisam o cotidiano em busca de 20. 2 64. c 108. c 152. c 196. d 82. b

Educação Brasileira: Temas Educacionais e Pedagógicos


soluções imediatas. 21. a 65. b 109. a 153. c 197. a 83. c
22. 2 66. c 110. d 154. a 198. c 84. b
Assinale a alternativa que apresenta somente as afir- 23. 1 67. b 111. d 155. b 199. d 85. a
mativas corretas. 24. d 68. a 112. b 156. a 200. a 86. b
a) I, II, III e IV 25. b 69. b 113. b 157. b 201. c 87. b
b) II, III e IV 26. c 70. a 114. e 158. c 202. d 88. c
c) I, III e IV 27. a 71. a 115. e 159. d 203. e 89. a
d) I, II, IV e V 28. d 72. c 116. b 160. c 204. a 90. d
e) III, IV e V 29. 2 73. b 117. b 161. a 205. c 91. e
30. d 74. a 118. b 162. c 206. e 92. c
105. (IFB/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Segundo a 31. d 75. a 119. b 163. a 207. b 93. e
discussão sobre as teorias do currículo, apresentada por 32. b 76. b 120. d 164. b 208. b 94. a
Silva (2010) em seu livro Documentos de identidade: uma 33. d 77. b 121. d 165. e 209. e 95. b
introdução às teorias do currículo, leia as sentenças abaixo. 34. b 78. c 122. e 166. a 210. c 96. a
I – Com a noção de que o currículo é uma construção 35. c 79. c 123. c 167. d 211. b 97. c
social, aprendemos que a pergunta importante não é 36. b 80. a 124. d 168. d 212. c 98. c
“quais conhecimentos são considerados válidos?”, mas 37. d 81. c 125. c 169. b 55. c 99. c
“quais conhecimentos são verdadeiramente válidos?”.
38. b 82. c 126. b 170. a 56. b 100. b
II – As teorias pós‑críticas continuam a enfatizar que o
39. d 83. c 127. a 171. e 57. b 101. c
currículo não pode ser compreendido sem uma análise
das relações de poder nas quais ele está envolvido. Nas 40. d 84. b 128. d 172. d 58. b 102. a
teorias pós‑críticas, entretanto, o poder está espalhado 41. b 85: b 129. a 173. c 59. b 103. c
por toda a rede social. O mapa do poder é ampliado 42. a 86: d 130. b 174. a 60. b 104. b
para incluir os processos de dominação centrados na 43. c 87: b 131. e 175. d 61. d 105. a
raça, na etnia, no gênero e na sexualidade. 44. c 88: a 132. d 176. c 62. a

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SEE-BA

SUMÁRIO

Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1º, 3º, 4º e 5º).................................................................................... 3

Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”).................................................................................................. 37

Lei federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial).................................................................... 37

Lei federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e
Lei federal nº 9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)............22

Decreto federal nº 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas
as formas de discriminação racial)......................................................................................................................................... *

Decreto federal nº 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher)............................................................................................................................................ 42

Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha).................................................................................. 23

Código Penal Brasileiro (art. 140)......................................................................................................................................... 34

Lei federal nº 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura)............................................................................................ 34

Lei federal nº 2.889, de 1º de outubro de 1956 (Define e pune o Crime de Genocídio)....................................................47

Lei federal nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó)................................................................................................ 49

Lei estadual nº 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada
pela Lei estadual nº 12.212, de 04 de maio de 2011........................................................................................................... 50

Lei federal nº 10.678, de 23 de maio de 2003, com as alterações da Lei federal nº 13.341, de 29 de setembro
de 2016 (Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República)................52

* Este conteúdo encontra-se na matéria Educação Brasileira – Temas Educacionais e Pedagógicos, nesta apostila.

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NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL
E DE GÊNERO Fabrício Sarmanho / Eduardo Muniz Machado Cavalcanti /
Gladson Miranda / Welma Maia

Fabrício Sarmanho / Objetivos Fundamentais


Eduardo Muniz Machado Cavalcanti
De acordo com o art. 3º da Constituição Federal, são
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
• construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Fundamentos • garantir o desenvolvimento nacional;
• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
Nosso País é denominado República Federativa do Brasil. desigualdades sociais e regionais;
República representa nossa forma de governo. Na repú- • promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
blica a figura estatal possui um caráter público, deixando, gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
assim, de pertencer a uma monarca. A forma de governo de discriminação.
republicana pressupõe alguns elementos que a diferenciam
da forma monárquica: As normas definidoras dos objetivos fundamentais são,
• temporariedade dos cargos; por sua natureza, normas programáticas. Isso não significa
• eletividade; que elas possam ser esquecidas pelo poder público. As nor-
• responsabilidade dos governantes. mas programáticas vinculam o Estado mas são sujeitas à
reserva do possível, que significa a necessidade de o Estado
Federação é nossa forma de estado. A forma fe­derativa implementar políticas públicas dentro do que é considerado
de estado traduz‑se na descentralização política do país, economicamente viável. O princípio da reserva do possível
tornando‑o uma reunião de entes autônomos, que não não pode servir de estímulo ao total desprezo das normas
podem se desvincular dessa união, ou seja, não podem exer- programáticas, já que há um mínimo existencial a vincular a
cer direito de secessão. A autonomia dos entes fe­derados implementação de tais objetivos. Quando o Poder Judiciário
não pode ser confundida com a soberania que possui o intervém na atuação administrativa para determinar o res-
país. Esta pressupõe a não sujeição a qualquer vontade peito a tais objetivos, tem‑se o que é denominado ativismo
externa aquela, por sua vez, apenas impõe a existência de judicial.
três elementos:
• auto‑organização (capacidade de estabelecer legisla- Princípios Aplicáveis às Relações Internacionais
ção própria);
• autogoverno (eleição de seus representantes); Os princípios aplicáveis nas relações internacionais estão
• autoadministração (prestação de serviços públicos). definidos no art. 4º da Constituição Federal. Tais princípios
são sempre aplicáveis com vistas à reciprocidade, princípio
No Brasil, a federação compõe‑se pela união indissolúvel geral que incide em nossas relações internacionais. Estão
dos Estados, Municípios e Distrito Federal. listados no referido artigo os seguintes princípios:
É também um princípio fundamental de nosso país o fato • independência nacional;
de constituirmos um Estado Democrático de Direito, o que • prevalência dos direitos humanos;
significa que o Estado obedece às imposições legais, que • autodeterminação dos povos;
são elaboradas de maneira democrática (feitas pelo povo • não intervenção;
e para o povo). • igualdade entre os Estados;
O art. 1º da Constituição Federal define cinco fundamen- • defesa da paz;
tos, quais sejam: • solução pacífica dos conflitos;
a) Soberania; • repúdio ao terrorismo e ao racismo;
b) Cidadania; • cooperação entre os povos para o progresso da huma-
c) Dignidade da Pessoa Humana; nidade;
d) Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa; • concessão de asilo político.
Observe a seguinte assertiva cobrada em prova: caso o
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Governo Federal decidisse adotar medidas a partir das quais A República Federativa do Brasil buscará a integração
o Estado passasse a planejar e dirigir, de forma determinante, econômica, política, social e cultural dos povos da América
a ordem econômica do país, inclusive em relação ao setor Latina, visando à formação de uma comunidade latino‑ame-
privado, essas medidas violariam o valor constitucional da ricana de nações.
livre iniciativa.
e) Pluralismo Político. Dispositivos Constitucionais
Importante observar que pluralismo político não é
sinônimo de pluripartidarismo político. Pluralismo Políti- TÍTULO I
co significa liberdade de adoção de concepções políticas. DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
O pluripartidarismo, por sua vez, que está previsto no art.
17 da Constituição Federal, traduz‑se na possibilidade de se Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
criar, no País, mais de um partido político. união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
No art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal já se Federal, constitui‑se em Estado Democrático de Direito e
encontra traduzida a soberania popular. Segundo a Consti- tem como fundamentos:
tuição Federal, “todo poder emana do povo, que o exerce I – a soberania;
por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos II – a cidadania;
termos desta Constituição”. III – a dignidade da pessoa humana;

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IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; visitando a República Federativa do Brasil, também são
V – o pluralismo político. titulares desses direitos.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o A título de exemplo: Pablo, argentino e residente na
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, Argentina, solteiro, de dezoito anos de idade, de passagem
nos termos desta Constituição. pelo Brasil, com destino aos Estados Unidos da América, foi
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni- interceptado em operação da PRF. Nessa situação hipotéti-
cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. ca, não obstante Pablo não seja residente no Brasil, todos
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República os direitos individuais fundamentais elencados no caput
Federativa do Brasil: do art. 5º da CF devem ser respeitados durante a referida
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; operação policial.
II – garantir o desenvolvimento nacional; As pessoas jurídicas também podem ser titulares de
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as direitos fundamentais, mas apenas daqueles direitos que
desigualdades sociais e regionais; são com elas compatíveis. São, assim, impedidas de exercer
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de certos direitos como os direitos políticos (votar, ser votado
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de etc.). Até mesmo as pessoas jurídicas de direito público são
discriminação. titulares de direitos fundamentais.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege‑se nas suas
relações internacionais pelos seguintes princípios: Geração dos Direitos Fundamentais
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos; Os direitos fundamentais não surgiram de forma instantâ-
III – autodeterminação dos povos; nea. A conquista dos direitos fundamentais ocorreu ao longo
IV – não intervenção; da história, de tal forma que podemos identificar diversas
V – igualdade entre os Estados; gerações de direitos, que nada mais são do que a represen-
VI – defesa da paz; tação de momentos históricos e os direitos ali conquistados.
VII – solução pacífica dos conflitos; As gerações de direitos também podem ser denominadas
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; dimensões de direitos fundamentais, termo que deixa mais
claro o fato de que as gerações não são superadas, mas sim
IX – cooperação entre os povos para o progresso da
incorporadas às novas gerações de direitos fundamentais.
humanidade;
X – concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará Primeira Geração
a integração econômica, política, social e cultural dos povos
Surge no Século XVIII, no âmbito da Revolução Fran-
da América Latina, visando à formação de uma comunidade
cesa. Os direitos fundamentais conquistados nessa época
latino‑americana de nações.
configuram liberdades negativas (status negativus), já que
representam um impedimento à atividade estatal, uma
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS omissão, um não fazer. Trata‑se dos direitos civis e políticos.
Os direitos fundamentais ganham destaque principal- Segunda Geração
mente após a Revolução Francesa, momento em que diversas
correntes filosóficas e políticas como o racionalismo e o Desenvolvem‑se no Século XIX, inspirados pela Revolu-
contratualismo inspiram a vontade popular de impor limites ção Industrial, sendo reconhecidos constitucionalmente no
ao Estado, reconhecendo um núcleo mínimo de proteção do Século XX. Tais direitos possuem um caráter positivo (status
indivíduo perante o Estado. A ideia de direitos fundamentais positivus) e exigem uma prestação do Estado. Inserem, assim,
surge da tentativa de se estabelecer um rol de direitos que uma obrigação de fazer, uma ação do ente estatal. São os
seria inerente à própria condição humana, que não depen- direitos sociais, econômicos e culturais.
desse de uma vontade política. São, por isso, considerados
direitos naturais. Terceira Geração
Nossa Constituição relaciona os direitos fundamentais
em seu Título II, denominado “Dos Direitos e Garantias Os direitos de terceira geração, desenvolvidos no Sé-
Fundamentais”. A posição “geográfica” desse título, logo culo XX, voltam‑se à defesa dos interesses de titularidade
no início do texto constitucional, demonstra a importância
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

coletiva, denominados interesses difusos. Esses direitos


dos direitos fundamentais em nossa ordem constitucional. são supraindividuais, já que não pertencem a um indivíduo
Partindo do pressuposto de que o constituinte não utiliza especificamente, mas sim a uma coletividade. São exemplos
palavras inúteis, podemos concluir que direitos e garantias o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado
possuem diferenças axiológicas. Os direitos possuem um ca- e a proteção do idoso.
ráter declaratório, enquanto as garantias possuem um nítido A primeira geração remonta ao ideal de liberdade.
sentido assecuratório. Os direitos se declaram, enquanto as A segunda geração volta‑se à igualdade. Por fim, a terceira
garantias se estabelecem, demonstrando que as garantias geração preocupa‑se com a fraternidade ou solidariedade.
são elementos instrumentais que garantem o respeito aos Temos, assim, a célebre frase, que marcou a Revolução Fran-
direitos que são declarados na Constituição Federal. cesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Há quem defenda a existência de quarta e quinta geração
Titularidade dos Direitos Fundamentais de direitos fundamentais. Não há, porém, um consenso sobre
quais sejam esses direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais podem ser exercidos tanto
pelas pessoas físicas quanto pelas pessoas jurídicas. Apesar Características dos Direitos Fundamentais
de o art. 5º, caput, da Constituição Federal referir‑se tão
somente aos brasileiros e estrangeiros residentes no país, Relatividade – Os direitos não são absolutos: eles podem
entende‑se que os estrangeiros em geral, ainda que apenas ser relativizados, principalmente quando entram em choque.

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Até mesmo o direito à vida, que pode ser considerado o mais a formação de leis que tenham como pilar a inexistência de
fundamental dos direitos, pode ser relativizado. Exemplo diferenciações odiosas. A igualdade perante a lei impõe o
de relativização do direito à vida é encontrado no caso da tratamento igualitário por parte do aplicador do direito, ou
pena de morte, autorizada na hipótese de guerra declarada. seja, por parte daquele que venha a interpretar a norma e a
A relativização dos direitos fundamentais pode advir da aplicar a disposição abstrata a um caso concreto.
capacidade de conformação que é dada ao legislador. Assim,
mesmo nos casos em que não existe uma reserva legal, ou Passamos a comentar os setenta e oito incisos que com-
seja, mesmo quando a constituição não faz referência à lei põem o art. 5º da Constituição Federal.
é possível que o legislador venha a delimitar a forma de
utilização dos direitos fundamentais. I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
No caso de choque de direitos fundamentais, teremos ções, nos termos desta Constituição;
de observar certos parâmetros. Em primeiro lugar, deve ser
observado o princípio da legalidade. Segundo esse princípio, Comentário: trata‑se de mais uma decorrência do prin-
a atuação do intérprete deve ser pautada nos critérios de cípio da isonomia. A previsão acima, porém, não impede
necessidade e adequação. Além disso, a hipótese de choque a existência de distinções entre homens e mulheres. Tais
de direitos fundamentais também inspira a utilização do diferenciações podem ser feitas tanto no âmbito constitu-
princípio da harmonização ou da concordância prática, que cional quanto na órbita legal. A Constituição Federal de 1988
requer que o aplicador adote uma interpretação que evite estabelece uma série de prerrogativas para as mulheres,
o sacrifício total de um dos direitos em conflito. como a proteção de seu mercado de trabalho, prazo dife-
Inalienabilidade – Não é possível transferir um direito renciado para a licença à gestante, prazo reduzido para a
fundamental. aposentadoria e inexistência de obrigação de alistamento
Irrenunciabilidade – Não é possível renunciar totalmente militar em tempos de paz.
a um direito fundamental.
Imprescritibilidade – Os direitos fundamentais não são II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alcançados pela prescrição. A prescrição corresponde à perda alguma coisa senão em virtude de lei;
de uma pretensão em virtude do decurso do tempo.
Historicidade – Os direitos e garantias fundamentais Comentário: traduz esse inciso o princípio da legalidade.
possuem origem histórica. Todos nós podemos fazer tudo o que a lei não proíba, o que
Inviolabilidade – Não podem ser violados os direitos exprime a nossa capacidade de autodeterminação, também
fundamentais. chamada autonomia das vontades.
Efetividade – O Estado deve primar por garantir o res-
peito e a efetividade dos direitos fundamentais. A autonomia das vontades definida no art. 5, II, da Cons-
Universalidade – Os direitos fundamentais alcançam a tituição Federal não pode ser confundida com o princípio da
todos. legalidade estrita ou restrita, que está descrito no art. 37
Obs.: os direitos e as garantias fundamentais consagra- da Constituição Federal. O referido artigo, ao estipular a
dos constitucionalmente não são ilimitados, uma vez que necessidade de observância da legalidade, impõe que o
encontram seus limites nos demais direitos igualmente administrador público apenas faça o que está previsto em
consagrados na mesma Carta Magna. lei. Podemos assim distinguir as duas legalidades:

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Autonomia das vontades Legalidade estrita (art. 37 da CF)
(art. 5º, II, da CF)
Assim dispõe o art. 5º da Constituição Federal:
Vincula os particulares. Vincula o administrador público.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- Permite que se faça tudo Apenas admite que se faça o que
quer natureza, garantindo‑se aos brasileiros e aos o que a lei não proíba. a lei prevê.
estrangeiros residentes no País a inviolabi­lidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança O princípio da legalidade não pode ser confundido com
e à propriedade, nos termos seguintes: o princípio da reserva legal. A reserva legal impõe que certas
matérias sejam regidas apenas por lei em sentido estrito. É o
Em primeiro lugar, há que se frisar que o dispositivo acima caso, por exemplo, da previsão de crimes e cominação de
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transcrito reproduz o princípio da isonomia, que consiste penas, que somente pode ser feita por lei.
na proibição de criação de distinções que não sejam funda-
mentadas. Assim, impõe a Constituição que os iguais sejam III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
tratados de forma igual e que os desiguais sejam tratados de desumano ou degradante;
forma desigual. Assim, por exemplo, justifica‑se a existência
de critérios diferenciados para homens e mulheres em uma Comentário: cuida o dispositivo da dignidade da pessoa
prova física em um concurso público ante as nítidas diferen- humana. Este inciso está em consonância com o que dispõe
ças fisiológicas entre os gêneros. o art. 1º, III, da Constituição Federal.
Denomina‑se igualdade material aquela que permite
a existência de diferenciações, desde que devidamente IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
justificadas. A igualdade formal que impede a estipulação o anonimato;
de distinções em qualquer hipótese muitas vezes resultará
em injustiças, pois deixa de considerar as peculiaridades de Comentário: a liberdade de expressão, como todo di-
certas formações sociais. reito fundamental, não é absoluta. Diversos limites serão
A igualdade em nossa ordem constitucional deve ser le- encontrados no exercício concreto de tais direitos. Primei-
vada em conta tanto na lei quanto perante a lei. A igualdade ramente, não se pode utilizar a liberdade de expressão para
na lei é verificada quando da elaboração legislativa, impondo cometer atos ilícitos, ofendendo os direitos fundamentais.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Assim, impede‑se, por exemplo, a utilização desse direito X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
com a intenção de ofender alguém. A repressão contra a má ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza-
utilização dos direitos fundamentais somente é efetiva se ção pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
acompanhada de identificação do responsável. O anonimato
é vedado justamente por impossibilitar a responsabilização Comentário: a proteção ao direito de intimidade pode
daqueles que venham a utilizar o direito fora dos limites ser relativizado quando entra em choque com outros direi-
constitucionais. tos, como o direito de informação, que será estudado mais
à frente. A proteção da intimidade, como veremos a seguir,
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao é apta até mesmo para justificar o segredo de justiça, que
agravo, além da indenização por dano material, moral ou impede a publicidade de atos processuais.
à imagem; O direito de imagem envolve aspectos físicos, inclusive
a voz. Fica configurada a proteção, por exemplo, com a utili-
Comentário: duas possíveis punições contra quem uti- zação comercial da imagem sem a autorização do titular do
liza de forma errada sua liberdade de expressão estão aqui direito. Pessoas públicas possuem uma tendência à relativi-
dispostas. Primeiramente, temos o direito de resposta, que zação do direito de imagem frente ao direito de informação
exige do ofensor a concessão de meios para que o ofendido da sociedade.
venha a defender‑se publicamente. A segunda forma de
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
punição corresponde à indenização por dano material, moral
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
ou à imagem. A Constituição não define parâmetros para a
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
fixação do valor da indenização, que deverá ser fixado, em
ou, durante o dia, por determinação judicial;
regra, pelo Poder Judiciário.
Comentário: a penetração sem o consentimento do mo-
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
rador pode ocorrer a qualquer hora do dia quando se tratar
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro.
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e Para que o ingresso no domicílio seja realizado mediante
a suas liturgias; determinação judicial, porém, é necessário que ele ocorra
durante o dia, considerado esse o período entre a aurora e
Comentário: a liberdade acima descrita alcança os fenô- o crepúsculo, ou seja, aquele em que há luz solar.
menos, possibilitando o livre exercício das crenças religiosas e O ingresso por determinação judicial está limitado por
a livre adoção de concepções científicas, filosóficas, políticas reserva jurisdicional, o que significa que não poderá ocorrer
etc. Sendo o Brasil um país laico, não é mais aceita a previsão por determinação de qualquer outra autoridade (polícia,
de religião oficial no País. Ministério Público etc.) ou por comissão parlamentar de
inquérito.
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de O conceito de casa para efeito de inviolabilidade de do-
assistência religiosa nas entidades civis e militares de inter- micílio não se limita ao conceito civil, alcançando os locais
nação coletiva; habitados de maneira exclusiva. São incluídos no conceito
Comentário: são considerados locais de internação os escritórios, as oficinas, os consultórios e, ainda, os locais
coletiva os hospitais, as prisões e os quartéis, por exemplo. de habitação coletiva, como hotéis e motéis.
A título de exemplo: no curso de uma investigação cri-
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de minal, a autoridade policial competente encontra indícios
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se de que bens furtados há um ano de uma repartição pública
as invocar para eximir‑se de obrigação legal a todos imposta estejam guardados na residência dos pais de um dos inves-
e recusar‑se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; tigados. A autoridade policial dirige-se, então, ao imóvel,
durante o dia, onde, sem o consentimento dos moradores
Comentário: são consideradas obrigações a todos im- e independentemente de determinação judicial, efetua
postas, a obrigação de votar e o alistamento militar, que em busca que resulta na localização dos bens furtados. Nessa
tempos de paz obriga a todos os homens de nacionalidade hipótese, será inadmissível, no processo, por ter sido obtida
brasileira. Se alguém oferecer uma excusa de consciência de maneira ilícita.
para deixar de cumprir uma obrigação a todos imposta,
terá de se sujeitar ao ônus de uma obrigação alternativa.
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XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comuni-


Se, porém, a obrigação alternativa não for cumprida, será cações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
aplicada, por exemplo, a pena de perda dos direitos políticos, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
nos termos do art. 15, IV, da Constituição Federal. forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura Comentário: os sigilos, assim como todos os demais
ou licença; direitos fundamentais, não são absolutos. Eles podem
sofrer limitação legal ou judicial. Em relação ao sigilo das
Comentário: a proibição da censura não impede que o comunicações telefônicas, verifica‑se a previsão de uma
Estado venha a limitar a atividade de comunicação social, reserva jurisdicional. Sendo assim, somente por ordem ju-
impedindo que os meios de comunicação venha a oferecer dicial é possível quebrar o referido sigilo. Outra imposição
programação que não seja condizente com os valores da posta em relação ao sigilo das comunicações telefônicas é
sociedade ou que sejam ofensivos a determinados grupos. a necessidade de que somente seja determinada a quebra
A classificação indicativa de diversões públicas e a limitação à para fins de investigação criminal ou instrução processual
publicidade de tabaco, bebidas alcoólicas, remédios, terapias penal. Não é possível quebrar o referido sigilo em causas
e agrotóxicos são exemplos desse tipo de atividade, que é cíveis. Além disso, é necessário que seja observada a forma
plenamente legítima. estabelecida em lei.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
O sigilo das comunicações telefônicas não pode ser XVI – todos podem reunir‑se pacificamente, sem armas,
confundido com o sigilo dos dados telefônicos. O extrato das em locais abertos ao público, independentemente de autori-
ligações telefônicas é protegido pelo sigilo de dados, que não zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
está sujeito à reserva jurisdicional. O conteúdo das ligações convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
é o que se denomina sigilo telefônico e está protegido pela aviso à autoridade competente;
reserva jurisdicional.
O sigilo de dados engloba, por exemplo, os dados ban- Comentário: o direito de reunião, como se pode perce-
cários, fiscais e telefônicos. ber, depende do preenchimento de uma série de requisitos:
Não estão sujeitos à reserva jurisdicional o sigilo da cor- a) ser realizada de forma pacífica;
respondência, das comunicações telegráficas e de dados. As- b) seus participantes não podem estar armados;
sim, é possível que a quebra seja determinada, nesses casos, c) a reunião deve ocorrer em locais abertos ao públicos;
por ordem de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito. d) exige um prévio aviso à autoridade competente, sem
a necessidade, porém, de autorização dessa autoridade;
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou e) não pode frustrar uma reunião anteriormente convo-
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei cada para o mesmo local.
estabelecer; Outro requisito que pode ser inserido nesse rol é o de
que a reunião seja temporária e episódica, como nos ensina
Comentário: esse inciso dispõe sobre norma de eficácia o autor Alexandre de Moraes.
contida, já que a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou O direito de reunião também engloba passeatas, carrea-
profissão pode ser restringida pela lei que venha a estabele- tas, comícios, desfiles, assim como cortejos e banquetes de
cer qualificações profissionais para determinada profissão. caráter político, que são formas legítimas de reunião. Caso
Dessa forma, a inexistência de uma lei regulamentadora de o direito de reunião seja desrespeitado, o remédio cabível
certa profissão não é impedimento ao seu exercício, mas será o mandado de segurança, ação cabível para a proteção
sim a garantia de uma ampla liberdade de acesso à atividade de direito líquido e certo.
profissional.
A liberdade profissional não engloba, porém, atividades XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
ilícitas. O princípio da legalidade, anteriormente estudado, vedada a de caráter paramilitar;
permite que se faça tudo que não seja proibido por meio de
lei. Assim, não se pode exercer a “profissão” de traficante de Comentário: o direito de associação permite que pes-
drogas porque tal atividade é ilícita, proibida pela legislação. soas físicas e jurídicas se agrupem em prol de um interesse
Por outro lado, a prostituição é totalmente livre em nosso comum. Segundo o texto constitucional, é livre a formação
País porque não existe lei regulamentando a atividade. de associações, desde que elas tenham um fim lícito e não
possuam caráter paramilitar. Para que uma associação tenha
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e res- caráter paramilitar, é necessário que ela venha a ter carac-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício terísticas similares às estruturas militares, tais como o uso
profissional; de uniformes, palavras de ordem, hierarquia militarizada,
táticas militares etc.
Comentário: o direito de informação pode ser encarado
sobre duas óticas. XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de
Sob o ponto de vista privado, o direito de informação da cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
sociedade englobará, por exemplo, a atividade jornalística, interferência estatal em seu funcionamento;
que pode divulgar informações, ainda que pessoais, que
sejam de interesse da sociedade. Admite‑se, nessa atividade, Comentário: como visto no inciso anterior, é livre a
porém, o sigilo da fonte, quando for necessário ao exercício criação de associações. A associação de pessoas em um
profissional. Esse sigilo não impede, porém, a responsabi- regime de cooperativa, porém, pressupõe o preenchimen-
lização do responsável pela informação no caso de ela ser to de diversos requisitos legais, tendo em vista os diversos
inverídica, por exemplo. benefícios que são concedidos a esse tipo de associativismo.
O direito de informação sob o aspecto privado será es- Não é permitida a interferência do estado no funcionamento
tudado adiante, no inciso XXXIII deste artigo. das associações, o que não impede que o Poder Judiciário
venha a suspender ou dissolver uma associação no caso de
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XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo se verificar a prática de uma atividade ilícita.
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele A título de exemplo: cinco amigos, moradores de uma fa-
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; vela, decidem criar uma associação para lutar por melhorias
nas condições de saneamento básico do local. Um político
Comentário: o direito de locomoção, como os demais da região, sabendo da iniciativa, informa-lhes que, para
direitos fundamentais, não é absoluto. tanto, será necessário obter, junto à Prefeitura, uma autori-
Primeiramente, há que se observar, para o seu exercício, zação para sua criação e funcionamento. Nesta hipótese, a
a prevalência da paz. Em hipóteses de guerra, que suscitam informação que receberam está errada, pois a Constituição
a instituição de Estado de Sítio, é possível a restrição da Federal estabelece que a criação de associações independe
liberdade de locomoção no território nacional. Além desse de autorização.
aspecto, há que se observar que o direito de locomoção
inclui os bens pertencentes ao seu titular. Isso não significa, XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente
porém, que os bens possuam de forma autônoma o direito dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
de locomoção, mas sim que eles possam acompanhar o judicial, exigindo‑se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
proprietário que esteja se locomovendo.
O direito de locomoção é protegido pelo habeas corpus Comentário: como estudado no inciso anterior, as as-
e somente é garantido dentro do território nacional. sociações podem ser compulsoriamente dissolvidas ou

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terem suas atividades suspensas por uma decisão judicial. no art. 243 da Constituição Federal. A desapropriação resulta
A hipótese de dissolução, porém, mostra uma medida mais na aquisição compulsória de uma propriedade por parte do
drástica, o que impõe que a decisão judicial seja revestida de Estado, que deverá fundamentar tal ato de força na neces-
um caráter definitivo, sem possibilidade de reforma por meio sidade pública, na utilidade pública ou no interesse social.
de recurso. Por conta disso, exige‑se o trânsito em julgado Essa previsão demonstra bem a ideia do inciso anterior, que
de uma decisão judicial para que ela possa dissolver uma demonstra que o interesse do Estado está acima de interes-
associação. Uma decisão terá trânsito em julgado quando ses particulares quando se trata de dar à propriedade uma
não for mais cabível a interposição de recurso contra ela. função social. A indenização devida pelo ente estatal será,
de regra, justa, prévia e em dinheiro. A própria Constituição
XX – ninguém poderá ser compelido a associar‑se ou a Federal, porém, excepciona tal previsão, dispondo, em seus
permanecer associado; arts. 182, §4º, III, e 184, acerca da desapropriação‑sanção,
na qual a indenização é recolhida com base em títulos da
Comentário: assim como há a liberdade de criação de dívida pública e títulos da dívida agrária.
associações, temos também a liberdade individual de inte-
grar ou deixar de integrar a associação. Os integrantes da XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade
associação, portanto, não poderão ser compelidos a ingressar competente poderá usar de propriedade particular, assegu-
na entidade ou de continuar compondo a associação. rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

XXI – as entidades associativas, quando expressamente Comentário: esse inciso trata da requisição adminis-
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados trativa, que permite ao Estado a utilização compulsória da
judicial ou extrajudicialmente; propriedade particular. Existem duas diferenças quanto à
indenização paga na requisição e na desapropriação. Pri-
Comentário: a principal finalidade de uma associação é, meiramente, a indenização na requisição administrativa não
sem dúvida, a defesa de interesses dos associados. A defesa representará o valor total do bem, mas apenas o valor do
dos interesses pode ocorrer perante o poder judiciário ou dano eventualmente causado. Em segundo lugar, tendo em
de forma extrajudicial. A defesa de interesses por meio da vista que o perigo iminente não é previsível, temos que o pro-
associação, porém, depende de autorização dos associados, prietário somente será indenizado posteriormente ao uso,
que podem se expressar de forma individualizada ou conce- e não de forma prévia, como acontece na desapropriação.
der uma autorização genérica.
A defesa de interesses dos associados é realizada por XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em
meio do instituto da representação processual. Na represen- lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
tação processual a associação fala em nome do associado e, penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati-
por tal razão, precisa da autorização desse associado. vidade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar
Existe uma situação em que a associação atua de forma o seu desenvolvimento;
extraordinária por meio da substituição processual. Trata‑se
da hipótese de impetração de mandado de segurança Comentário: a penhora consiste na utilização de bens do
coletivo. A associação, nesse caso, defende interesses dos devedor para a quitação de sua dívida. O Poder Judiciário,
associados em nome próprio, razão pela qual não necessita porém, não poderá utilizar‑se desse instituto para penhorar
de autorização. propriedades rurais se estiverem presentes alguns requisitos:
– tratar‑se de uma propriedade pequena, tal qual defi-
XXII – é garantido o direito de propriedade; nido em lei;
– for a propriedade trabalhada pela família;
Comentário: o núcleo de direitos enumerados no caput – a obrigação objeto do inadimplemento referir‑se a
do art. 5º já dispõe sobre o direito de propriedade, consi- dívida contraída para a produção.
derado pela doutrina como inserido em norma de eficácia
contida. Isso significa que é possível que o legislador venha a Tendo em vista a impossibilidade de penhora dessas
restringir certos aspectos da propriedade, desde que não ve- terras, torna‑se pouco interessante o empréstimo de valores
nha a reduzi‑la aquém de seu núcleo mínimo, ou seja, desde aos respectivos produtores rurais. Por tal razão, dispõe a
que não venha a desconfigurar esse direito de propriedade. Constituição que a lei disporá sobre os meios de financiar seu
desenvolvimento, que muitas vezes é fomentado pelo Estado.
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XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;


XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza-
Comentário: a propriedade, como qualquer direito ção, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
fundamental, não é absoluta, devendo ser garantida na pro- aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
porção em que também garante o bem‑estar da sociedade.
O descumprimento da função social da propriedade pode Comentário: a propriedade intelectual também é pro-
levar, por exemplo, à desapropriação do bem, destinando‑o tegida no âmbito constitucional. Aqui estamos a tratar dos
a uma finalidade que atenda ao interesse social, como a direitos autorais, que protegem bens imateriais destinados
reforma agrária. essencialmente a uma função estética (obras literárias,
músicas, pinturas etc.). Compete à legislação a definição
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapro- do prazo o qual os herdeiros poderão usufruir dos direitos
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse patrimoniais da propriedade intelectual.
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras co-
Comentário: a desapropriação não pode ser confundida letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
com o confisco, que é uma forma de expropriação definida nas atividades desportivas;

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b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico Isso é exatamente o que ocorre com o Direito do Con-
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, sumidor. Estudar o Direito Consumerista sob a ótica cons-
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e titucional é visitar os preceitos que servem de base para a
associativas; instituição de diversas garantias, tal qual aquelas definidas
no Código de Defesa do Consumidor.
Comentário: a coautoria, por exemplo, também deve ser Sendo assim, não se cuida aqui de estudar o Direito do
protegida, tendo em vista que o texto constitucional protege Consumidor, mas sim as disposições inseridas dentro da
as participações individuais em obras coletivas. A imagem e ótica constitucional. Esse é um ponto que merece destaque
a voz humanas também são protegidas, independentemente no presente estudo.
de sua utilização comercial. Cabe lembrar, porém, que tanto a A Constituição Federal começa a referir-se ao consumidor
imagem quanto a voz podem sofrer divulgação, independen- em seu art. 5º, XXXII, que assim determina: “XXXII – o Estado
temente de autorização, quando houver um interesse público promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”.
de informação. Nesse caso, a relativização desse dispositivo Verifica-se que a Constituição Federal não elabora lista-
encontra amparo no art. 5º, XIV, da Constituição Federal, que gem sobre o que venha a ser o direito do consumidor. Por
trata do direito de informação. O direito de fiscalização do outro lado, traz a obrigação constitucional de sua proteção
aproveitamento econômico das obras é feito, por exemplo, pelo Estado. Tal defesa será efetivada por meio da edição de
por meio do ECAD – Escritório Central de Arrecadação e Dis- leis, como se verifica no Código de Defesa do Consumidor
tribuição, entidade que arrecada e distribui direitos autorais. (Lei nº 8.078/1990).
O referido código também possui previsão no Ato das
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus- Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). O ADCT,
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como em seu art. 48, determina que o Congresso Nacional deveria
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, elaborar o Código de Defesa do Consumidor dentro de cento
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo e vinte dias após a promulgação da Constituição Federal.
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico Esse dispositivo possui grande importância, já que criou a
e econômico do País; obrigação de legislar sobre a matéria, reduzindo, assim, a
discricionariedade do Poder Legislativo.
Comentário: apesar de se relacionar também com a O referido prazo não foi respeitado, visto a data de edição
propriedade intelectual, a propriedade industrial se difere da Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990.
do direito autoral em virtude do caráter pragmático da in- Os consumidores também são protegidos pelo texto
venção, que se volta à utilidade da atividade criativa. Como constitucional quando é estabelecida, no art. 24, VIII, da
a utilidade deve ser regulada segundo o interesse social e o Constituição Federal, a competência concorrente para a
desenvolvimento tecnológico e econômico do País, o privilé- edição de lei que disponha sobre a responsabilidade por
gio de utilização dessa propriedade será apenas temporário. dano causado ao consumidor. Amplia-se, assim, a gama de
Após um determinado período, uma invenção, por exemplo, normas que podem ser editadas nesse sentido, nas órbitas
poderá ser produzida e comercializada sem necessidade de federal e estadual.
licença de seu inventor ou do detentor do direito de pro-
Outro dispositivo de grande interesse para o direito do
priedade industrial.
consumidor é o que garante o esclarecimento acerca dos
impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Assim
XXX – é garantido o direito de herança;
dispõe o art. 150, § 5º, da CF:
Comentário: o direito de herança, como todos os de-
A lei determinará medidas para que os consumidores
mais direitos fundamentais, não é absoluto, podendo ser
sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam
relativizado, por exemplo, quando a ele se opõem débitos
sobre mercadorias e serviços.
decorrentes de atividades ilícitas praticadas pelo de cujus,
como estudaremos no dispositivo a seguir.
Essa disposição constitucional ganha destaque pelo fato
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no de consistir em obrigação destinada ao ente Estatal, que
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônju- institui tributos. Demonstra-se, assim, que o Direito do Con-
ge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais sumidor não se restringe a impor obrigação ao fornecedor de
favorável a lei pessoal do de cujus; bens ou serviços, mas também a todos aqueles que possam
atingir a categoria dos consumidores.
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Comentário: a Constituição brasileira tenta proteger Por fim, destacamos a disposição expressa no
cônjuge e filhos brasileiros quando da partilha de bens de art. 170, V, que estabelece a defesa do consumidor como um
estrangeiros situados no Brasil. Para tanto, dispõe que deve dos princípios da ordem econômica. A inserção do direito
ser aplicada a lei mais favorável aos familiares brasileiros, consumerista em nossa ordem econômica representa um
mesmo que, para tanto, seja necessário afastar a legislação contrapeso ao liberalismo econômico, destacado pela liber-
civil brasileira para que seja aplicada a legislação do país de dade de iniciativa. Demonstra que a atividade econômica,
origem do de cujus, ou seja, do estrangeiro falecido. Impor- apesar de livre, não se situa em posição de anarquia, tendo
tante salientar que essa regra, por questões de soberania, em vista o papel cogente dos direitos fundamentais, como
somente é aplicável aos bens situados no Brasil. do consumidor.
Essas são as disposições constitucionais relacionadas ao
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa Direito do Consumidor.
do consumidor;
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos
Comentário: o Direito Constitucional constitui a base de informações de seu interesse particular, ou de interesse
diversos ramos do Direito, instituindo as diretrizes necessá- coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
rias para que o legislador venha a criar a base legal necessária pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
à plena eficácia de seus preceitos. seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

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Comentário: o direito de informação pode ser encarado ciplina e às competições desportivas. Nesse caso, a justiça
sob ótica pública ou privada. Sob o aspecto privado, refere‑se desportiva terá o prazo de 60 dias, a partir da instauração
ao direito de ser informado, independentemente de censu- do processo, para proferir sua decisão final. Somente após
ra. Sob a ótica pública, podemos entender tal prerrogativa o esgotamento da instância desportiva é que será possível
como o direito que possuímos de obter, junto aos órgãos submeter a causa ao Poder Judiciário.
públicos, informações de interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral. Esse direito é essencial, tendo em vista a XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
adoção de forma de governo republicana, que insere a ideia jurídico perfeito e a coisa julgada;
de que o Estado é uma coisa pública, de todos, razão pela
qual deve imperar o princípio da publicidade. A lei definirá o Comentário: nosso sistema constitucional adota a ideia
prazo no qual, sob pena de responsabilidade, a informação de irretroatividade da lei, impedindo, assim, que uma nova
será prestada. Há, porém, exceções a esse princípio e que lei produza efeitos sobre atos anteriormente realizados, até
possibilitam a existência de informações sigilosas nos órgãos mesmo sobre os efeitos futuros desses atos. A irretroativida-
públicos. Esse sigilo deverá estar amparado na segurança da de, porém, não é total. A proibição constitucional limita‑se
sociedade e do Estado. aos casos em que a aplicação retroativa da lei prejudica o
Interessante notar que os fundamentos para o sigilo das direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
informações constantes dos órgãos públicos recebeu funda- A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
mento diverso do segredo de justiça, que, segundo o art. 5º, o Decreto‑Lei nº 4.657/1942, define o alcance dos referidos
LX, da CF, será possível nos casos de proteção do interesse termos da seguinte forma:
social ou da intimidade.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente
e a coisa julgada.
do pagamento de taxas:
§ 1º Reputa‑se ato jurídico perfeito o já consumado
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; § 2º Consideram‑se adquiridos assim os direitos
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pessoal; pré‑fixo, ou condição preestabelecida inalterável,
a arbítrio de outrem.
Comentário: trata o presente inciso de uma gratuidade § 3º Chama‑se coisa julgada ou caso julgado a decisão
constitucional incondicionada, o que significa dizer que a judicial de que já não caiba recurso.
cobrança de taxas para o exercício do direito de petição ou
do direito de obter certidões será sempre inconstitucional. XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Há que se ressaltar que a constituição dispõe também sobre
a gratuidade de duas certidões específicas: de óbito e de Comentário: a proibição da existência de juízo ou tribunal
nascimento, no art. 5º, LXXVI, da CF, que no âmbito consti- de exceção impede que alguém seja julgado por um órgão
tucional alcança apenas os reconhecidamente pobres, nos judicial que não seja aquele ordinariamente competente para
termos da lei. o julgamento da causa. A vedação do dispositivo, porém, não
se limita a esse aspecto, relativo à competência. A proibição
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judici- também visa a evitar que no processo seja utilizado proce-
ário lesão ou ameaça a direito; dimento diverso daquele previsto em lei, ofendendo, assim,
a legislação processual.
Comentário: cuida‑se da inafastabilidade da jurisdição
ou do princípio do amplo acesso ao Poder Judiciário, que XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a orga-
demonstra a intenção do constituinte de submeter ao Poder nização que lhe der a lei, assegurados:
Judiciário toda lesão ou amea­ça de lesão a direito, afastando, a) a plenitude de defesa;
assim, o modelo francês de contencioso administrativo, ou b) o sigilo das votações;
seja, de submissão de questões administrativas a tribunais c) a soberania dos veredictos;
específicos. Sendo assim, seria inconstitucional, por exemplo, d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
a estipulação de taxas judiciárias elevadas ou fixadas em per- contra a vida;
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

centuais sobre o valor da causa, sem limite, pois impedem o


amplo acesso da população ao Poder Judiciário. Comentário: o júri configura uma forma de exercício
Em certos casos é possível transacionar acerca do direito direto da soberania popular, tendo em vista que assegura
de acesso à máquina judiciária, por exemplo, nas hipóteses ao povo o julgamento de crimes dolosos contra a vida. No
tribunal do júri, o conselho de sentença, formado por pes-
de convenção de arbitragem livremente acordada em um
soas leigas, do povo, será o juiz de fato, sendo que o juiz de
negócio jurídico. É possível também que a Fazenda Pública
direito, togado, apenas terá a função de coordenar os atos
venha a condicionar um parcelamento tributário à renúncia processuais.
do direito de discutir o débito perante o Poder Judiciário. Como foi dito, o tribunal do júri possui competência para
Em alguns casos, o prévio acesso à via recursal adminis- julgar os crimes dolosos contra a vida, que são aqueles crimes
trativa se mostra necessário para a configuração do interesse cometidos intencionalmente e que se voltam diretamente
de agir, condição para o ajuizamento de uma ação. Para contra o bem “vida”. São exemplos de crimes contra a vida o
a impetração de habeas data, por exemplo, é necessário homicídio, o aborto, auxílio ou a instigação ao suicídio e o in-
que o interessado em obter acesso ou a retificação de seus fanticídio. Para que o crime seja julgado pelo júri, é necessário
dados pessoais comprove a existência de prévia negativa do que ele se volte diretamente contra a vida, não sendo cabível
detentor do banco de dados. o julgamento de crimes que se destinam a ofender outros
A justiça desportiva possui uma precedência sobre o valores, mas que acabam por atingir também a vida da vítima,
sistema judicial no que se refere às causas relativas à dis- tais como o latrocínio e a lesão corporal seguida de morte.

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No júri, é admitida a utilização de quaisquer meios lícitos Comentário: trata‑se do princípio da irretroatividade da
para o convencimento do conselho de sentença, garantia que lei penal mais maléfica, da retroatividade da lei penal mais
a Carta Maior denomina plenitude de defesa. Também será benéfica ou da ultratividade da lei penal mais benéfica.
garantido o sigilo da votação, o que impede que os juízes Segundo o referido princípio, a legislação penal não pode
leigos sejam ameaçados ou que sejam feitas tentativas de ser aplicada a fatos produzidos antes de sua vigência, salvo
suborno, por exemplo. Por fim, cabe lembrar que o vere- quando tratar‑se de aplicação que beneficie o réu.
dicto resultante do julgamento do conselho de sentença é Dessa forma, se uma pessoa comete um crime quando
soberano, o que impede que o juiz‑presidente do tribunal da vigência de uma Lei A e, posteriormente, surge uma lei
venha a alterar alguma conclusão decorrente da votação. Isso B, mais maléfica, a data do julgamento será aplicada a Lei A,
não impede, por outro lado, que sejam interpostos recursos ainda que não mais tenha vigência, tendo em vista que não
contra a decisão proferida pelo tribunal do júri, ocasião na se trata de retroatividade em prol do réu.
qual é possível que o julgamento seja desconstituído.

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem


pena sem prévia cominação legal;

Comentário: trata‑se do princípio da reserva legal ou da


anterioridade da lei penal. A definição de crimes e a comina-
ção de penas somente é possível por meio de lei em sentido No caso de a lei posterior ser mais benéfica, a condena-
estrito, excluindo‑se portanto atos normativos primários, ção aplicar‑lhe‑á, ainda que não vigente à época da conduta
como as medidas provisórias. A previsão constitucional delitiva. Essa retroação pode até mesmo desconstituir deci-
desse inciso, porém, não impede a existência de leis penais sões que já tenham transitado em julgado.
em branco, que admitem a existência de complemento a ser Cabe nota de que não se admite a Combinação de Leis.
veiculado por normas infraconstitucionais, como a Lei de Se a lei posterior for em parte melhor e em parte pior que a
Tóxicos, por exemplo, que possui regulamento infraconstitu- anterior, o juiz não pode se utilizar da parte benéfica de uma
cional no intuito de disciplinar quais substâncias devem ser Lei W e da parte benéfica da Lei K, sob pena de agir como
consideradas entorpecentes para efeitos penais. um legislador positivo, já que criará uma terceira lei. O juiz
deverá, portanto, analisar qual das leis é mais branda para
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; beneficiar o réu no caso concreto.

Ex. 1:

Crime Permanente
Na hipótese de crime permanente, a prática criminosa se alonga no tempo. Como na extorsão mediante sequestro, a lei
será aplicada levando‑se em conta o último momento em que praticado ato executório do crime. Vejamos.

Ex. 2:

Noções de Igualdade Racial e de Gênero

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos a perder sua pretensão punitiva em virtude do decurso do
direitos e liberdades fundamentais; tempo. Por fim, a pena de reclusão impõe a aplicação de
regime de pena inicialmente fechado, sendo cabível, porém,
Comentário: trata‑se de cláusula genérica de proteção a progressão de regime.
ao próprio sistema de garantias fundamentais do cidadão.
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí-
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
Comentário: primeiramente, há que se asseverar que o tes, os executores e os que, podendo evitá‑los, se omitirem;
racismo consiste em atitude de segregação, não se limitando
a ofensas verbais de conteúdo discriminatório. Ademais, Comentário: os delitos definidos nesse inciso não admi-
o racismo não precisa estar atrelado a critérios biológicos, tem o pagamento de fiança com a finalidade de se obter a
englobando qualquer forma de discriminação baseada em liberdade provisória, bem como a concessão dos benefícios
critérios étnicos, religiosos etc. A inafiançabilidade impede da graça ou da anistia. Interessante notar que será cabível
a concessão de liberdade provisória mediante pagamento a modalidade omissiva em relação àqueles que puderem
de fiança. A imprescritibilidade impede que o Estado venha evitar esses crimes.

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XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a grave, para os regimes semiaberto e aberto. A imposição de
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem regime integralmente fechado retira do juiz a possibilidade
constitucional e o Estado Democrático; de individualizar a pena segundo as peculiaridades existentes
no caso, aplicando o mesmo regime de pena em qualquer
Comentário: o presente inciso disciplina o terceiro grupo situação.
de crimes que mereceram do constituinte uma repressão
especial. Tal qual no racismo, foi excluída a possibilidade de XLVII – não haverá penas:
pagamento de fiança e de prescrição de tais delitos. a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
Sendo assim, temos o seguinte panorama no que se termos do art. 84, XIX;
refere aos crimes com repressão especial, definidos cons- b) de caráter perpétuo;
titucionalmente: c) de trabalhos forçados;
– inafiançáveis: racismo, crimes hediondos, tráfico, d) de banimento;
tortura, terrorismo e ação de grupos armados contra e) cruéis;
a ordem constitucional e o Estado Democrático;
– imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados Comentário: a pena de morte, como podemos perceber,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; somente é cabível quando o Presidente da República declara
– sujeitos a reclusão: racismo; guerra, sendo aplicada nas hipóteses previstas na legislação
– insuscetíveis de graça ou anistia: hediondos, tráfico, penal específica.
tortura e terrorismo. Apesar de a Constituição Federal proibir a condenação
em relação a penas de caráter perpétuo, é possível que uma
Cabe lembrar que nada impede que a legislação venha a sentença condenatória venha a impor pena de duzentos anos
ampliar as características aqui listadas, prevendo, por exem- de reclusão, por exemplo. Ocorre que, apesar de a sentença
plo, que outros crimes também sejam sujeitas a prescrição. impor pena que provavelmente extrapola a prazo de vida
de um ser humano, impõe o Código Penal que a execução
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, dessa pena não poderá ultrapassar o prazo de trinta anos,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do o que acaba por impedir que a condenação resulte em uma
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos penalidade de caráter perpétuo.
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do A pena de trabalhos forçados impede que o condenado
patrimônio transferido; seja obrigado a trabalhar de forma desumana, sendo obri-
gado a empreender esforços que extrapolem o limite da
Comentário: o princípio da pessoalidade da pena impede
capacidade humana.
que a condenação penal venha a ser estendida, subjetiva-
O banimento significa o exílio, o desterro de um nacional.
mente, extrapolando a figura do autor. Nosso sistema repudia
Consiste na proibição de permanência no território de seu
a responsabilidade de pena objetiva, razão pela qual a pena
país. Não pode ser confundido com a expulsão, que se refere
somente pode ser aplicada a quem seja culpado (em sentido
apenas aos estrangeiros e não é propriamente uma pena,
lato) pela conduta delitiva. A referida limitação, porém, não
mas uma medida de resguardo da soberania do país. Se fosse
se aplica aos reflexos patrimoniais da atividade criminosa.
A obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento considerada uma pena, seríamos obrigados a obedecer a um
de bens pode alcançar os herdeiros, desde que a execução devido processo legal para poder expulsar um estrangeiro,
da dívida se limite ao patrimônio efetivamente transferido. o que não ocorre. Na expulsão, o estrangeiro é retirado do
Dessa forma, ainda que os reflexos patrimoniais sejam País por ter cometido ato contrário aos interesses nacionais.
transferidos aos sucessores, a obrigação nunca poderá ser Também não pode ser confundida com banimento a ex-
cobrada em montante superior ao valor do patrimônio tradição, que consiste na entrega de um estrangeiro ou de um
transferido, o que, de certa forma, impede a existência de brasileiro naturalizado a um país estrangeiro, permitindo‑se,
uma responsabilidade penal objetiva. assim, seu julgamento e a aplicação de pena naquele Estado.
Por fim, registramos que o banimento não pode ser
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, confundido com a deportação, que decorre da retirada do
entre outras, as seguintes: território brasileiro daqueles estrangeiros que não cumprem
a) privação ou restrição da liberdade; com os requisitos legais migratórios.
b) perda de bens; Resumindo:
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Comentário: as penas descritas no presente inciso for-


malizam um rol meramente exemplificativo das penas que
podem ser adotadas em nosso ordenamento jurídico. Estabe-
lece a Constituição, ainda, o princípio da individualização da
pena, que impõe a pena adequada ao réu, segundo elemen-
tos objetivos (relacionados à conduta criminosa) e subjetivos
(relativos ao perfil do réu). Segundo esse preceito, deve o juiz, Por fim, registra a Constituição do Brasil a proibição
ao proceder à dosimetria da pena, adequar a pena de forma de aplicação de penas cruéis, já que ferem a dignidade da
a amoldar‑se perfeitamente à situação segundo critérios de pessoa humana.
quantidade, tipo e regime de cumprimento.
Por conta desse preceito já foi considerada inconstitu- XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos
cional a tentativa de se proibir a progressão de regime, que distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
permite ao réu progredir, passando do regime fechado, mais sexo do apenado;

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Comentário: a medida acima visa a resguardar a figura do L – às presidiárias serão asseguradas condições para
preso, evitando abusos em virtude da maior suscetibilidade que possam permanecer com seus filhos durante o período
de certos presos. Evita também que a prisão deixe de ser de amamentação;
um local de ressocialização para se tornar uma verdadeira
escola de crime, já que os presos de menor periculosidade Comentário: o direito à amamentação assegura, de certa
poderiam ser influenciados pelos presos de maior tendência forma, a obediência ao princípio da pessoa­lidade da pena,
à criminalidade. já que a criança não será afetada nem sofrerá prejuízo em
virtude do fato cometido pela mãe.
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
física e moral;
lizado, em caso de crime comum, praticado antes da natu-
ralização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito
Comentário: o preso fica sob a tutela do Estado, devendo de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
ter resguardada sua integridade física e moral. O Estado será
responsável tanto pelos danos gerados por seus agentes, Comentário: cuida‑se, aqui, da primeira distinção trazida
quanto por aqueles que sejam gerados pelos demais presos, no texto constitucional acerca dos brasileiros natos e dos na-
tendo em vista o dever de cuidar da integridade daqueles turalizados. Graficamente podemos representar a disposição
que estão sob sua custódia. acima da seguinte maneira:

LII – não será concedida extradição de estrangeiro por LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
crime político ou de opinião; sem o devido processo legal;

Comentário: o disposto neste inciso impede que o ins- Comentário: estamos diante do princípio do devido pro-
tituto da extradição venha a ser utilizado como forma de cesso legal, que impõe a observância das normas processuais
perseguição política. É respeitado, portanto, o pluralismo vigentes para que alguém seja privado de sua liberdade
político, que é a liberdade de se optar por determinadas ou de seus bens. A presente regra também é denominada
concepções políticas. Cabe lembrar, ainda, que a Constituição “devido processo legal substancial” e impõe a observância
Federal, em seu art. 4º, X, prevê a concessão de asilo políti- da proporcionalidade de da razoabilidade.
co, que nada mais é do que um impedimento à extradição,
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrati-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

concedido àqueles que sofrem de perseguição política em


vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
país estrangeiro. e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão
pela autoridade competente; Comentário: este inciso explicita o conteúdo do devido
processo legal processual, estipulando duas regras básicas,
Comentário: cuida‑se do princípio do juiz natural, que que são o contraditório e a ampla defesa.
O contraditório consiste no direito de con­tra‑argumen­tar,
garante ao jurisdicionado o direito a receber a prestação
ou seja, de apresentar uma versão que conteste as alegações
jurisdicional segundo as regras rigidamente estabelecidas em feitas pela parte adversa.
lei. Se uma causa é julgada em juiz incompetente, por exem- A ampla defesa pressupõe a possibilidade de se produzir
plo, estamos diante de nítida ofensa ao referido princípio. provas no processo, juntando elementos fáticos à argumen-
Há quem defenda a existência do princípio do promotor tação feita em sua defesa.
natural, que também seria um consectário do presente inci-
so. Esse princípio diz respeito à impossibilidade de alteração, LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
de forma arbitrária, do membro do Ministério Público desig- por meios ilícitos;
nado para uma causa, buscando‑se, dessa forma, a garantia
da independência funcional, já que impede que os membros Comentário: no exercício da ampla defesa, não é possível
do parquet sofram qualquer pressão. juntar aos autos provas que tenham sido obtidas por meios

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ilícitos. A presente medida busca evitar que a atividade de blica), quando for o caso. Quando proposta pela vítima,
produção de provas se torne um estímulo à prática de atos denominamos queixa‑crime; quando iniciada pelo Ministério
ilícitos. Público, denominamos denúncia.
Em certos casos, porém, essa proibição é relativizada, A lei penal possui o papel de definir qual será a forma de
desde que a prova obtida por meio ilícito seja o único meio propositura da ação, sendo mais comum a propositura pelo
de prova capaz de garantir o direito de defesa de pessoa que Ministério Público. Nesse caso, se o Ministério Público não
esteja na condição de acusada. apresentar denúncia no prazo legal, abrir‑se‑á oportunidade
A doutrina e a jurisprudência reconhecem a regra da de a vítima substituir o Ministério Público, por meio da ação
prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore en- penal privada subsidiária da pública.
venenada). Segundo tal regra, também serão inadmitidas no
processo as provas que forem obtidas a partir de uma prova LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
obtida por meio ilícito. Vamos supor, por exemplo, que um processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
policial faça uma escuta clandestina, descobrindo que um social o exigirem;
crime será cometido no dia seguinte, em tal lugar, em tal
hora. Se esse policial presenciar o crime e fotografar a cena, Comentários: os atos processuais, via de regra, são
tais fotos também serão ilícitas, pois somente foram obtidas públicos, assim como os julgamentos realizados no âmbito
a partir das informações colhidas na escuta clandestina, do Poder Judiciário (art. 93, IX, da CF). Excepcionalmente,
atividade criminosa que contamina as provas subsequentes. porém, teremos o chamado “segredo de justiça”, que impõe
Por fim, ressaltamos que o simples fato de existirem restrição à publicidade dos atos processuais. A Constituição
provas obtidas por meios ilícitos em um processo não signi- Federal traz duas hipóteses de restrição do acesso aos atos
fica que haverá absolvição do réu. É possível, dessa forma, processuais:
a condenação se existirem no processo outras provas inde- a) defesa da intimidade;
pendentes e capazes de fundamentar eventual sentença b) interesse social.
condenatória. É importante que o aluno não confunda esse segredo
com o segredo relativo às informações de caráter público.
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito O art. 5º, XXXIII, da CF dispõe sobre o acesso às informações
em julgado de sentença penal condenatória; constantes de órgãos públicos. Naquele caso, as hipóteses de
sigilo são as relacionadas à defesa do Estado e da sociedade.
Comentário: cuida o presente inciso do que comumente Interessante notar que a Constituição defenda a possi-
se denomina princípio da presunção de não culpabilidade bilidade de um julgamento ser sigiloso para a proteção da
ou da presunção de inocência. Com base nesse dispositivo, intimidade, mas dispõe que não será possível restringir a
somente após o trânsito em julgado da sentença condenató- publicidade se a sua divulgação for necessária para o res-
ria, o réu poderá ser considerado culpado. Isso não significa, guardo do direito de informação (art. 5º, XIV, da CF), que
porém, que ele não poderá ser preso antes disso. A prisão possui titularidade coletiva.
não é atrelada à culpa, já que pode ser uma medida de cau- LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou
tela, evitando‑se a fuga do preso ou o risco de cometimento por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
de novos delitos.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
São exemplos de prisões cautelares as temporárias,
propriamente militar, definidos em lei;
preventivas, por pronúncia etc.
Comentário: nesse ponto do texto constitucional, come-
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a
ça a ser tratado o instituto da prisão. A utilização do termo
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
“ninguém será preso senão...” dá a entender que se trata
Comentário: em nosso país, privilegiando‑se a presun- de um rol taxativo, motivo pelo qual não há que se aceitar
ção de legitimidade e a fé pública, adota‑se como regra a hipóteses de prisão que não se ajustem às hipóteses previstas
identificação feita por meio de documentos civis. Em casos constitucionalmente.
excepcionais, porém, desde que haja previsão legal, poderá O presente inciso inicialmente dispõe sobre duas hipóte-
ser feita a identificação criminal, papiloscópica ou fotográfica, ses de prisão: prisão em flagrante e prisão por ordem judicial
por exemplo. escrita e fundamentada.
Assim, quando alguém é detido, somente será obrigado A prisão em flagrante, primeira hipótese tratada, pode
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

a proceder a uma identificação criminal se, por exemplo, ser feita por “qualquer do povo”, nos termos do que dispõe
não possuir identificação civil, tiver identificação civil em o art. 301 do Código de Processo Penal. Está em situação
mau estado de conservação ou cometer delitos específicos, de flagrante quem:
previstos em lei. • está cometendo a infração penal;
• acaba de cometê‑la;
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação • é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen-
pública, se esta não for intentada no prazo legal; dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração;
Comentário: esse é o caso da ação penal privada sub- • é encontrado logo depois com instrumentos, armas,
sidiária da pública. Vamos aqui, de forma sintética, resumir objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
esse trâmite. infração.
O Poder Judiciário somente age quando é provocado.
A isso chamamos princípio da inércia. Dessa forma, para
Atenção! Nas infrações permanentes, como na de ex-
que o Estado possa condenar alguém pelo cometimento de
torsão mediante sequestro, entende‑se o agente em fla-
um crime, é necessário que o Judiciário seja provocado por
grante delito enquanto não cessar a permanência. Dessa
meio de uma ação penal.
forma, é possível sua prisão durante todo o período do
As ações penais podem ser ajuizadas pela vítima (ação
sequestro, sem necessidade de autorização judicial.
penal privada) ou pelo Ministério Público (ação penal pú-

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Como a prisão em flagrante pode ser feita por qualquer quanto às práticas abusivas ou ilícitas. Importante notar que
do povo, ela será a única possibilidade de prisão que é con- a identificação será obrigatória mesmo nas hipóteses de cri-
cedida às Comissões Parlamentares de Inquérito. minosos de alto grau de periculosidade, independentemente
A segunda hipótese de prisão diz respeito à ordem de supostamente oferecerem risco de retaliação em relação
judicial escrita e fundamentada. Nesse caso, deverá o juiz aos agentes públicos.
determinar a expedição do respectivo mandado, que poderá
instrumentalizar diversos tipos de prisão (preventiva, tem- LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
porária etc.). Cabe notar o fato de que essa prisão, por ser autoridade judiciária;
escrita, nada tem a ver com a voz de prisão, que pode ser
dada pelo juiz em uma audiência, por exemplo. Comentário: como já ressaltado, cabe ao juiz analisar
A terceira hipótese de prisão refere‑se à transgressão a legalidade da prisão, podendo, de ofício, determinar o
militar ou crime propriamente militar, que, no caso, pres- relaxamento da prisão.
cindem de ordem judicial. Ressalte‑se que a Constituição
expressamente proíbe a impetração de habeas corpus, que LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
é uma medida destinada à proteção do direito de ir e vir, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
nas hipóteses de punição disciplinar militar (art. 142, § 2º). fiança;
Por fim, cabe registrar uma hipótese bem específica de
prisão, que será criada no caso de decretação de Estado de Comentário: a liberdade provisória consiste no direito de
Defesa. Trata‑se da prisão por crime contra o Estado, que o preso responder ao processo em liberdade. A lei definirá
tem previsão no art. 136, § 3º, da Constituição do Brasil. quais são as hipóteses em que a liberdade provisória será
admitida, casos em que o acusado não poderá ser levado à
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en- prisão ou nela mantido.
contre serão comunicados imediatamente ao juiz competente Existem duas modalidades de liberdade provisória: sem
e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; pagamento de fiança e mediante pagamento de fiança. Com-
pete à lei definir quais serão as hipóteses em que a liberdade
Comentário: duas são, portanto, as comunicações obri- provisória exigirá o pagamento de fiança, que é um valor
gatórias relativas à prisão de uma pessoa e ao local onde dado em garantia pelo preso, assegurando sua colaboração
se encontre: nas investigações e na instrução.
a) ao juiz competente. Essa comunicação justifica‑se, por Não admitem fiança: racismo, crime de grupos armados
exemplo, pelo fato de esse juiz possuir o poder de relaxar a contra o Estado Democrático e contra a ordem constitucional,
prisão, quando ilegal. crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo.
b) à família do preso ou à pessoa por ele indicada. A co-
municação à família ou a pessoa indicada é essencial para LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
que o direito à assistência seja prontamente exercido. responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
Se, porém, o preso não indicar nenhuma pessoa, torna‑se de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
irrelevante a previsão da segunda comunicação, segundo o
entendimento do Supremo Tribunal Federal. Comentário: a prisão civil é aquela utilizada na cobrança
de dívidas. Não tem um caráter punitivo, mas sim coerciti-
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre vo, voltado ao adimplemento da obrigação. A prisão civil é
os quais o de permanecer calado, sendo‑lhe assegurada a admitida em duas hipóteses:
assistência da família e de advogado; a) inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia;
Comentário: o presente dispositivo garante ao preso três b) depositário infiel.
prerrogativas: permanecer calado, assistência da família e A prisão por obrigação alimentícia somente ocorrerá
assistência de advogado. nos casos em que a dívida é voluntária, ou seja, quando não
O direito de permanecer calado deve ser garantido a houver um motivo de força maior para o inadimplemento
todos, independentemente de serem presos. As testemu- da obrigação.
nhas, porém, somente possuem direito de permanecerem O depositário infiel é responsável pelo bem, devendo
caladas em relação às informações que possam servir para devolvê-lo imediatamente nas hipóteses legais.
sua incriminação. Essa determinação protege o direito que Tais hipóteses eram definidas em nosso ordenamento
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

temos contra autoincriminação (princípio do nemo tenetur jurídico. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal veio a consi-
se detegere). derar o Pacto de São José da Costa Rica, tratado internacional
O direito de permanecer calado pode ser estendido que impede esse tipo de prisão, uma norma supralegal, ou
para alcançar também o direito de mentir sem incorrer em seja, superior às demais normas legais. Isso fez com que
atividade ilícita. fossem derrogadas as normas legais que dispunham sobre
A assistência da família impede, por exemplo, que o preso a prisão civil do depositário infiel.
fique incomunicável. A assistência do advogado é irrestrita, Antes desse entendimento, a prisão do depositário infiel
devendo ser assegurada proteção da defensoria pública ao era justificada por uma obrigação processual ou por uma
preso que não possua condições de contratar um advogado obrigação contratual. Na primeira situação, estando o bem
às suas expensas. em discussão perante o Poder Judiciário, determinava-se que
o detentor fosse nomeado depositário infiel. Na segunda si-
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsá- tuação, o depositário recebia o bem em virtude de uma obri-
veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; gação contratual, como no contrato de alienação fiduciária.
Em resumo, a situação que temos hoje é a seguinte:
Comentário: a identificação dos responsáveis pela prisão a prisão civil do depositário infiel é prevista na Constituição
ou pelo interrogatório do preso é um instrumento necessário nos casos previstos em lei. O Pacto de São José da Costa
à proteção contra abusos, já que intimida o agente público Rica, porém, com seu status supralegal, derrogou todas as

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previsões legais de prisão do depositário, de tal forma que LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judi-
tornou, na prática, inviável a utilização do instrumento de ciário, assim como, o que ficar preso além do tempo fixado
prisão nessas hipóteses. na sentença;

LXVIII – conceder‑se‑á habeas corpus sempre que alguém Comentário: essa indenização não poderá ser plei­teada
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação pela via do habeas corpus. Será necessário portanto que,
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso além do habeas corpus liberatório, seja ajuizada ação ordi-
de poder; nária para demonstração da responsabilidade civil do Estado.

Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres,
“Remédios Constitucionais”. na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
LXIX – conceder‑se‑á mandado de segurança para prote- b) a certidão de óbito.
ger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa “Gratuidades Constitucionais”.
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habe-
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico as data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
“Remédios Constitucionais”. da cidadania.

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impe- Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
trado por: “Gratuidades Constitucionais”.
a) partido político com representação no Congresso
Nacional. LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
b) organização sindical, entidade de classe ou associa- assegurados a razoável duração do processo e os meios que
ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo garantam a celeridade de sua tramitação.
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
ou associados. Comentário: esse dispositivo foi inserido na reforma
constitucional de 2004 que, por meio da Emenda Constitucio-
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico nal nº 45, realizou a chamada “reforma do Poder Judiciário”.
“Remédios Constitucionais”. No caso, os processos judicial e administrativo passam a ter
a garantia da razoável duração do processo.
LXXI – conceder‑se‑á mandado de injunção sempre que Dois problemas surgem em relação a tal dispositivo.
a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício Primeiramente, temos a dificuldade em definir qual será a
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas duração razoável do processo, principalmente pelo fato de
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; que as ações possuem múltiplos graus de complexidade.
Em segundo lugar, a dificuldade encontrada reside no fato
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico de o dispositivo possuir uma redação muito ampla, que não
“Remédios Constitucionais”. especifica, no caso concreto, as medidas a serem adotadas.
A conclusão a que chegamos, portanto, é a de que se trata
LXXII – conceder‑se‑á habeas data: de uma norma‑princípio, que exigirá concretização por meio
a) para assegurar o conhecimento de informações de políticas públicas e da atividade legislativa.
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros O judiciário, em caráter excepcional, tem deferido pedi-
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de dos de julgamento imediato da causa em respeito ao direito
caráter público. à razoável duração do processo.
b) para a retificação de dados, quando não se prefira
fazê‑lo por processo sigiloso, judicial ou administra­tivo. § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun-
damentais têm aplicação imediata.
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

“Remédios Constitucionais”. Comentário: o fato de as normas desse artigo terem apli-


cação imediata significa dizer que podem ser aplicadas a um
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor caso concreto imediatamente, sem necessidade de norma
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú- regulamentadora, por exemplo. Essa é a razão pela qual di-
blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade versos remédios constitucionais, ainda que não tivessem seu
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico papel bem definido pela legislação, puderam ser utilizados
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má‑fé, isento imediatamente, como é o caso do mandado de segurança.
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; A aplicação imediata, porém, não impede que uma nor-
ma tenha eficácia contida, ou seja, que admita a restrição
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico de sua eficácia por meio da atuação do legislador ordinário.
“Remédios Constitucionais”. § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; República Federativa do Brasil seja parte.

Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico Comentário: o presente dispositivo deixa claro que o rol
“Gratuidades Constitucionais”. de direitos do art. 5º não possui caráter exaustivo, mas sim,

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exemplificativo. Fica, portanto, aberta a oportunidade de o habeas corpus poderá ser impetrado até mesmo no caso
reconhecimento de novos direitos e garantias decorrentes de prisão civil por dívida, já que está envolvida, nesse caso,
do regime e dos princípios constitucionais, bem como de a liberdade de locomoção.
tratados internacionais. Como já salientamos anteriormente, este remédio
Nesse sentido, já foi reconhecida a existência de direitos constitucional não se presta a discutir punições disciplinares
e garantias individuais até mesmo no art.150 da Constituição militares.
Federal, que estabelece as limitações constitucionais ao O habeas corpus não se submete a prazo prescricional
poder de tributar. ou decadencial, sendo cabível enquanto durar a lesão ou
Cabe lembrar que os tratados internacionais que apenas ameaça de lesão ao direito que se pretende proteger.
disponham de direitos e garantias fundamentais, sem se
submeter ao procedimento de aprovação similar ao da pro- Legitimidade ativa: possui legitimidade ativa aquele
posta de emenda constitucional, não terá status de emenda que pode impetrar o habeas corpus, chamado, portanto,
constitucional, mas força de norma supralegal. de impetrante. Esse remédio é dos mais informais, já que
pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica,
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre independentemente de capacidade civil, de advogado e de
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do mandato outorgado pelo paciente. Exige‑se, porém, como
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos um formalismo mínimo, que a petição seja assinada, já que
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emen- é considerado inexistente o habeas corpus apócrifo.
das constitucionais.
Paciente: será considerado paciente aquele que estiver a
Comentário: o presente dispositivo, inserido pela Emen- sofrer lesão ou ameaça a seu direito de locomoção e venha
da Constitucional nº 45/2004, abriu a possibilidade de trata- a ser protegido pelo remédio constitucional. O paciente
dos e convenções internacionais possuírem força de emenda será necessariamente uma pessoa física, já que as pessoas
constitucional. Para tanto, será necessário preencher os dois jurídicas não possuem liberdade de locomoção, prerrogativa
requisitos, de forma cumulada: tratar de direitos humanos que é incompatível com elas.
e ser aprovado por três quintos de cada Casa do Congresso
Nacional em dois turnos de votação. Legitimidade passiva: a legitimidade passiva é conferida
Os tratados que não cumprirem tais requisitos, como àquele que age como coator, praticando atos ilícitos ou em
vimos, terão forma de lei ordinária ou força supralegal. abuso de poder, razão pela qual será considerado impetrado.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Tipos: podemos classificar o habeas corpus como pre-
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. ventivo, que é aquele impetrado quando há uma amea­ça ao
direito de locomoção, ou repressivo, impetrado quando já
Comentário: essa importante determinação acaba por se configura a ilegalidade ou o abuso de poder, e “de ofício”,
colocar em discussão a noção clássica de soberania, que vê no concedido pelo juiz independentemente de impetração.
Estado Soberano um ente totalmente independente. Passa No habeas corpus preventivo, pode ser expedido salvo
o Brasil, a partir da inserção desse dispositivo pela Emenda conduto, que é instrumento que impede a prisão do pacien-
Constitucional nº 45/2004, a submeter‑se à jurisdição de um te nas hipóteses descritas na ordem judicial concessiva da
organismo internacional se houver manifestado adesão ao ordem. Imaginemos uma situação em que o paciente será
ato de criação. Cumpre ressaltar, porém, que essa previsão ouvido como acusado em uma Comissão Parlamentar de
se limita aos tribunais penais, não podendo ser estendida a Inquérito e requer, por meio de um habeas corpus, a expe-
outras áreas como a do comércio internacional. dição de um salvo conduto para garantia de seu direito de
permanecer calado. Poderá o Supremo Tribunal Federal,
Remédios Constitucionais nesse caso, conceder o remédio para que o paciente não
seja preso caso venha a legitimamente exercer seu direito
Os remédios constitucionais são garantias definidas no sem que incida, portanto, em crime, caso recaia em falso
corpo do art. 5º da Constituição Federal, que visam à prote- testemunho.
ção de valores também definidos na Carta Maior. Apesar de No writ repressivo, já existe a situação de coação e o
a maioria dos remédios tramitar perante o Poder Judiciário, paciente requer, portanto, a sua soltura, por exemplo. Tanto
existem remédios, como o direito de petição, que podem no habeas corpus preventivo quanto no repressivo, há a
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

tramitar perante órgãos administrativos. Consideraremos, possibilidade de concessão de medida liminar.


em nosso estudo, os seguintes remédios constitucionais: A liminar é uma medida precária, que busca a proteção
• habeas corpus; do bem quando exista perigo de dano irreparável ao bem
• habeas data; tutelado. Somente será concedida a liminar se houver a fu-
• mandado de segurança; maça do bom direito, ou seja, a plausibilidade das alegações
• mandado de injunção; feitas pelo impetrante.
• ação popular; Por fim, o habeas corpus ex officio é aquele que é
• direito de petição. concedido pelo juiz independentemente de provocação.
Imaginemos que um impetrante ingressa com um recurso
Habeas Corpus requerendo a atipicidade da conduta do réu. Nesse caso,
o magistrado, ainda que não concorde com o impetrante
Finalidade: este remédio constitucional, previsto no no que toca à atipicidade da atitude do réu, pode conceder
art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, visa à proteção da habeas corpus de ofício, para reconhecer que o crime está
liberdade de locomoção (direito de ir, vir e permanecer) prescrito.
contra lesão ou ameaça causada por abusos de poder ou
ilegalidade. Como se percebe, não há uma necessária cor- Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente-
relação desse remédio ao Direito Penal, motivo pelo qual mente de qualquer condição.

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Habeas Data Legitimidade passiva: somente pode ser impetrado em
um mandado de segurança quem seja autoridade pública
Finalidade: o presente remédio constitucional, previsto ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
no art. 5º, LXXII, da Constituição do Brasil possui uma dupla Poder Público, ou seja, a ela equiparado por atuar em função
finalidade. Vejamos no quadro abaixo. eminentemente pública, mediante delegação.
de informações relativas à pessoa do Tipos: o mandado de segurança pode ser classificado em
acesso impetrante, constantes de registros
Visa a preventivo ou repressivo, e ainda em individual ou coletivo.
ou  ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter O mandado de segurança preventivo presta‑se a evitar
assegurar retificação público.
ofensa a direito líquido e certo que seja e que se ache ame-
açado, ainda que não exista o ato lesivo.
Portanto, uma das finalidades do habeas data é a possibi- O mandado de segurança repressivo volta‑se a afastar
lidade de retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo ofensa já perpetrada contra direito líquido e certo. Já existe,
por processo sigiloso, judicial ou administrativo. nesse caso, lesão ao bem jurídico que se quer tutelar.
A impetração do habeas data exige, ainda, a demonstra- O mandado de segurança individual busca a proteção
ção de que houve uma prévia negativa administrativa. Em dos interesses do impetrante. O mandado de segurança será
outras palavras, o impetrante deve demonstrar que buscou individual ainda que vários impetrantes optem por ajuizar
previamente o acesso às informações diretamente junto ao uma só ação, na condição de litisconsortes.
banco de dados, sem obter, porém, sucesso. No mandado de segurança coletivo, previsto no art. 5º,
LXIX, da Constituição Federal, o impetrante defende, em
Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode impetrar o nome próprio, um direito alheio. Cuida‑se de forma de subs-
habeas data, desde que as informações pleiteadas se refiram tituição processual, razão pela qual não há necessidade de
exclusivamente ao impetrante. Trata‑se, dessa forma, de uma autorização dos titulares do direito protegido. Nesse sentido,
ação personalíssima. a Súmula nº 629/STF, que determina que a “impetração de
mandado de segurança coletivo por entidade de classe em
Legitimidade passiva: apenas pode ser impetrado o favor dos associados independe da autorização destes”.
banco de dados de caráter público (Serasa, SPC etc.) ou São legitimados a impetrar o mandado de se­gurança
respectiva entidade governamental (INSS, Receita Federal coletivo:
do Brasil, Polícia Federal etc.). • partido político com representação no Congresso
Nacional;
Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente- • organização sindical, entidade de classe ou associação
mente de qualquer condição. legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
Mandado de Segurança associados.
Um partido político com representação no Congresso
Finalidade: o mandado de segurança se presta à proteção Nacional possui legitimidade para impetrar mandado de
de direito líquido e certo contra abuso de poder ou ilegalidade. segurança coletivo apenas em defesa de seus filiados.
Direito líquido e certo é aquele que se mostra delimitado É possível a concessão de mandado de segurança cole-
quanto à extensão e inquestionável quanto à existência. De tivo impetrado por partido político com representação no
forma simplificada, podemos dizer que o direito líquido e Congresso Nacional, para proteger direito líquido e certo
certo é aquele que não demanda ampla instrução probatória, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando
motivo pelo qual a única prova admitida no mandado de o responsável pelo abuso de poder for ministro de Estado.
segurança é a de caráter documental. Destaca‑se que a entidade de classe possui legitimidade
No mandado de segurança, o direito é facilmente aferí- para impetrar o mandado de segurança ainda que a preten-
vel a partir da leitura das normas legais aplicáveis ao caso. são veiculada interesse apenas a uma parte da categoria
Compete à parte, portanto, apenas demonstrar que se (Súmula nº 630/STF).
enquadra na situação descrita na lei. Cabe mandado de se-
gurança, portanto, para pleitear aposentadoria por tempo de Atenção! O mandado de segurança coletivo é hipótese iso-
serviço, quando bastar a certidão de tempo de serviço para lada em que as associações fazem substituição processual.
comprovar que o impetrante preenche os requisitos legais Nas demais ações ajuizadas pelas associações, o que se
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

para usufruir do benefício. No caso, porém, de aposentadoria pratica é a representação processual, que exige autorização
por invalidez, quando é necessário realizar perícias e ouvir dos representados.
testemunhas, o direito não é líquido e certo, motivo pelo qual
não será possível, a priori, impetrar mandado de segurança.
Dessa forma, no mandado de segurança não se discute Prazo Decadencial: a impetração do mandado de se­
matéria probatória, de cunho fático. Por outro lado, mos- gurança deve ser feita no prazo de cento e vinte dias, con-
tra‑se plenamente possível discutir questões de direito, de tados da data da ciência do ato ilegal ou cometido em abuso
cunho abstrato. Nesse sentido, a Súmula nº 625/STF dispõe de poder. A perda desse prazo, porém, não leva à perda do
que “a controvérsia sobre matéria de direito não impede direito, já que o seu titular poderá pleitear seu direito por
concessão de mandado de segurança”. meio de uma ação ordinária. Cabe lembrar que, no mandado
A impetração do mandado de segurança não está vincu- de segurança preventivo, não há prazo decadencial, tendo
lado ao esgotamento da instância administrativa. Por conta em vista que o ato coator sequer foi produzido.
disso, dispõe a Súmula nº 430/STF que “pedido de reconsi-
deração na via administrativa não interrompe o prazo para Súmula nº 512/STF: segundo entendimento jurispru-
o mandado de segurança”. dencial do Supremo Tribunal Federal, não cabe condenação
em pagamento de honorários advocatícios em Mandado
Legitimidade ativa: o mandado de segurança pode ser de Segurança. Em outras palavras, a parte que sucumbente
ajuizado por qualquer pessoa, física ou jurídica. não será obrigada a pagar à parte vencedora uma parcela

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do valor da causa para pagamento do advogado responsável injunção coletivo, que, além de fazer referência aos mesmos
pelo êxito. legitimados para o mandado de segurança coletivo, que já
eram previstos no art. 5, LXX, da CF, incluíram o Ministério
Atenção! O prazo decadencial para impetração do man- Público e a Defensoria Pública dentre as autoridades capazes
dado de segurança foi considerado constitucional pelo de impetrar esse remédio.
Supremo Tribunal Federal, o que resultou na edição da
Súmula nº 632/STF. Ação Popular

Jurisprudência: vejamos alguns entendimentos jurispru- Finalidade: a ação popular é voltada à anulação de ato
denciais acerca do cabimento do mandado de segurança. lesivo:
• ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe;
Cabe mandado de se­gurança Não cabe mandado de se­­
• à moralidade administrativa;
gurança
• ao meio ambiente;
Para a proteção do direito de Contra lei em tese.
reunião. • ao patrimônio histórico e cultural.
Para proteção do direito de Contra decisão judicial transi-
certidão. tada em julgado. Cumpre notar que a ação popular só se presta à anulação
Para a proteção de direito que Contra ato judicial passível desses atos, não sendo o instrumento adequado à punição
esteja na pendência de decisão de recurso. do agente público que causou um dano a interesses da socie-
na esfera administrativa. dade. A punição, no caso, poderá ser discutida em eventual
ação de improbidade.
Mandado de Injunção É possível declarar a inconstitucionalidade de uma lei
por meio da ação popular, desde que essa declaração não
Cabimento: o mandado de injunção, previsto no art. 5º, seja o objeto principal da ação popular. Assim, a declaração
LXXI, da Constituição Federal, pode ser impetrado sempre de inconstitucionalidade da lei pode ser um meio, nunca a
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exer- finalidade precípua da ação.
cício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerro- A ação popular deverá ter por objeto um ato adminis-
gativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. trativo. Não é cabível essa ação contra uma decisão judicial.
Cuida‑se, assim, de ação voltada à supressão de omissão Por permitir que o cidadão defenda diretamente os
legislativa relativa à regulamentação de direitos previstos interesses do povo, pode‑se considerar a ação popular uma
constitucionalmente. Se tivermos uma norma de eficácia forma de exercício da democracia direta.
limitada, por exemplo, que ainda não produza totalmente Não existe foro por prerrogativa de função em relação à
seus efeitos porque ainda não foi produzida lei regulamen- ação popular. Assim, ainda que a ação seja ajuizada contra
tadora, será cabível o mandado de injunção contra o órgão o Presidente da República, não será julgada pelo Supremo
responsável pela omissão, buscando‑se a edição da norma. Tribunal Federal.
Durante muito tempo, defendeu‑se que o mandado de
injunção não poderia dar ao Poder Judiciário o poder de, Legitimidade ativa: só podem ajuizar ações populares os
persistindo a omissão, determinar qual seria a disciplina legal cidadãos, ou seja, aqueles que possuam direitos políticos.
a ser aplicada ao caso concreto. Entendia‑se, nesse caso, que Ficam excluídas, portanto, as pessoas jurídicas e as pesso-
estaríamos ferindo o princípio da separação dos poderes, as físicas que não estejam no pleno gozo de seus direitos
motivo pelo qual era necessário adotar posicionamento não políticos.
concretista. Esse não é, porém, o atual entendimento do Su-
premo Tribunal Federal, que já admite que o Poder Judiciário Legitimidade passiva: a ação popular deve ser ajuizada
indique, no caso de omissão, quais serão as regras aplicáveis contra a autoridade pública autora do ato impugnado.
para que os impetrantes possam usufruir de forma plena os
direitos que lhe foram conferidos pela Constituição do Brasil. Gratuidade: a ação popular será gratuita, mas sua gra-
O desrespeito à determinação de regulamentação de um tuidade é condicionada à boa‑fé. Se a ação for ajuizada com
dispositivo constitucional é denominada inconstitucionalida-
má‑fé, o autor será condenado ao pagamento das custas
de por omissão, e também pode ser combativa por meio da
judiciais.
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

ação direta de inconstitucionalidade por omissão, que será


posteriormente tratada.
Direito de Petição
Legitimidade ativa: o mandado de injunção pode ser
impetrado por qualquer pessoa que possua interesse direto Finalidade: o direito de petição, previsto no art. 5º, XX-
na regulamentação do dispositivo constitucional. XIV, da CF, também considerado um remédio constitucional,
difere‑se dos demais por não consistir em uma ação judicial.
Legitimidade passiva: será considerado impetrado aque- Trata‑se de instrumento exercido perante o Poder Público
le que seja responsável pela omissão legislativa. com o objetivo de:
• defesa de direitos;
Tipos: são cabíveis o mandado de injunção individual e • representação contra ilegalidade ou abuso de poder.
o mandado de injunção coletivo. O mandado de injunção
não possuía regulamentação até a edição da Lei 13.300/2016, Qualquer pessoa pode utilizar‑se do direito de petição,
que estabeleceu diversas regras novas e também consagrou que não pode ser impedido por meio de obstáculos legais.
construções da jurisprudência, como o mandado de injunção Dessa forma, segundo o novo entendimento do Supremo
coletivo. Tribunal Federal, é inconstitucional exigir depósito prévio ou
Uma das maiores contribuições da lei nesse aspecto arrolamento de bens e direitos como condição de admissi-
foi a ampliação do rol de legitimados para o mandado de bilidade de recurso administrativo.

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Gratuidades Constitucionais quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou prá-
O texto constitucional trata de diversas hipóteses de ticas resultantes do preconceito de descendência ou origem
gratuidade, sendo de suma importância que o candidato nacional ou étnica, deixar de conceder os equipamentos
identifique quais as condicionantes para a fruição desse necessários ao empregado em igualdade de condições com
direito. Vamos esquematizar. os demais trabalhadores; impedir a ascensão funcional do
empregado ou obstar outra forma de benefício profissio-
Dispositivo Gratuidade Observações nal; proporcionar ao empregado tratamento diferenciado
5º, XXXIV Direito de peti- Incondicionada – independe no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário
ção do pagamento de taxas (art. 4º, § 1º e incisos I, II e III).
5º, XXXIV Direito de certi- Incondicionada – independe Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de ser-
dão do pagamento de taxas viços à comunidade, incluindo atividades de promoção da
igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra
5º, LXXIII Ação Popular Condicionada à boa-fé do autor
forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos
5º, LXXIV Assistência jurídi-Condicionada à comprovação de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas
ca integral da insufi­ciência de recursos atividades não justifiquem essas exigências, com pena de
5º, LXXVI Certidão de nas- Condicionada à comprovação reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos (art. 4º, § 2º).
cimento de pobreza, na forma da lei
5º, LXXVI Certidão de óbito Condicionada à comprovação Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial
de pobreza, na forma da lei
5º, LXXVII Habeas corpus Incondicionada Mais uma conduta típica é a de recusar ou impedir aces-
5º, LXXVII Habeas data Incondicionada so a estabelecimento comercial, negando-se a servir, aten-
5º, LXXVII Atos necessários Gratuitos na forma da lei der ou receber cliente ou comprador. A pena para este delito
ao exercício da é de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos (art. 5º).
cidadania
Recusar, negar, impedir inscrição ou ingresso em
Gladson Miranda estabelecimento de ensino público ou particular

Também é crime a conduta de recusar, negar ou impedir


CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITOS a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de
DE RAÇA OU DE COR ensino público ou privado de qualquer grau, com pena de
(LEI Nº 7.716/1989 E ALTERAÇÕES) reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos (art. 6º). Caso este crime
seja praticado contra menor de 18 (dezoito) anos a pena é
A Lei nº 7.716/1989 define os crimes resultantes de pre- agravada de 1/3 (um terço) (art. 6º, parágrafo único).
conceito de raça ou de cor e entrou em vigor na data de sua
publicação, no dia 5 de janeiro de 1989 (art. 21). Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
O referido diploma legal versa que serão punidos, na pensão, estalagem ou qualquer estabelecimento similar
forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência na- Há a conduta de impedir o acesso ou recusar hospeda-
cional (art. 1º). Atente-se que só se enquadrará nesta lei em gem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabeleci-
questão se forem condutas de discriminação ou preconceito mento similar, com pena de reclusão de 3 (três) a 5 (cinco)
conforme listado aqui. A Lei nº 7.716/1989, que define os anos (art. 7º).
crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, não
prevê figuras típicas que incriminem o preconceito em razão Impedir o acesso ou recusar atendimento em
de sexo, estado civil e opção sexual. restaurantes, bares, confeitarias, ou locais
semelhantes abertos ao público
Dos Crimes
A conduta de impedir o acesso ou recusar atendimento
Ao longo de 13 artigos são previstos os tipos penais que em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes
esta lei define. abertos ao público, tem pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três)
anos (art. 8º).
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Impedir ou obstar acesso a cargo na administração


direta ou indireta Impedir o acesso ou recusar atendimento em
estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
É crime impedir ou obstar o acesso de alguém, devida- clubes sociais abertos ao público
mente habilitado, a qualquer cargo da Administração Dire-
ta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços Outro crime é o de impedir o acesso ou recusar atendi-
públicos, sob pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos mento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões,
(art. 3º). Incorrerá nas mesmas penas quem, por motivo de ou clubes sociais abertos ao público, com pena de reclusão
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência de 1 (um) a 3 (três) anos (art. 9º). Sobre este, o STJ tem pre-
nacional, obstar a promoção funcional (parágrafo único, cedente de que a recusa de admissão no quadro associativo
art. 3º). de clube social, em razão de preconceito de raça ou de cor,
caracteriza o tipo inserto no art. 9º da Lei nº 7.716/1989,
Negar ou obstar emprego na empresa privada enquanto modo da conduta impedir, que lhe integra o nú-
cleo. A faculdade, estatutariamente atribuída à diretoria,
Outro crime é a conduta de negar ou obstar emprego em de recusar propostas de admissão em clubes sociais, sem
empresa privada, com previsão de pena de reclusão de 2 declinação dos motivos, não lhe atribui a natureza especial
(dois) a 5 (cinco) anos (art. 4º). Incorrerá nas mesmas penas de fechado, de maneira a subtraí-lo da incidência da lei.

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(Jurisprudência do STJ – RHC nº 12.809/MG, Rel. Ministro religião ou procedência nacional, com pena de reclusão de
Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, julgado em 22/3/2005, 1 (um) a 3 (três) anos e multa (art. 20). Ressaltamos aqui que
DJ 11/4/2005, p. 381). responde pela prática do crime de injúria racial, disposto no
§ 3º do art. 140 do Código Penal Brasileiro e não pelo art.
Impedir atendimento em salões de cabeleireiros, 20 da Lei nº 7.716/1989 (Discriminação Racial) pessoa que
barbearias, termas ou casas de massagem ou ofende uma só pessoa, chamando-lhe de macaco e negro
estabelecimento com as mesmas finalidades sujo. Isso porque a injúria racial é direcionada a uma pessoa
em específico, com o intuito de atingir a honra subjetiva desta
Dando continuidade às condutas típicas, também são cri- pessoa e o que a Lei nº 7.716/1989 visa punir é a segregação
mes as condutas de impedir o acesso ou recusar atendimento racial e proteger a dignidade humana de uma determinada
em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de coletividade. Há precedente no STJ em que um comissário
massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades, de bordo americano ofendeu um brasileiro durante uma
pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos (art. 10). discussão em pleno voo. A Corte entendeu que a conduta
enquadrou-se na Lei nº 7.716, e não em injúria racial, uma
Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios vez que o comissário de bordo teve a intenção de ofender o
públicos ou residenciais e elevadores ou escada de passageiro pelo fato de ele ser brasileiro, ocorrendo assim
acesso aos mesmos em preconceito com relação à procedência nacional (Juris-
prudência do STJ no voto do relator – HC nº 63.350/RJ, Rel.
A conduta típica de impedir o acesso às entradas sociais Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 27/3/2007,
em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada DJ 14/5/2007, p. 341).
de acesso aos mesmos prevê pena de reclusão de 1 (um) a Anote-se que o STF já se posicionou que o disposto no
3 (três) anos (art. 11). A respeito deste último delito men- artigo 20 da Lei nº 7.716/1989 tipifica o crime de discrimi-
cionado, ressalta-se que não incorrerá em crime o síndico nação ou preconceito considerada a raça, a cor, a etnia,
que proíbe a circulação, nos elevadores sociais de edifício a religião ou a procedência nacional, não alcançando a
residencial, de todos os empregados domésticos que tra- decorrente de opção sexual. (Jurisprudência noticiada no
balham para os condôminos. Isso porque a vedação é a Informativo nº 754 do STF – (Inq. nº 3590, Relator(a): Min.
respeito de todos aqueles que estão em horário de trabalho Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 12/8/2014, Acór-
e esta lei não prevê esta conduta como crime. dão Eletrônico DJe-17, divulg. 11/9/2014, public. 12/9/2014).

Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos,
como aviões, navios, barcas, barcos, ônibus, trens, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda
metrô ou qualquer outro meio de transporte que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de
concedido divulgação do nazismo

A lei prevê, ainda, conduta de impedir o acesso ou uso Por fim, a conduta típica prevê que aquele que fabricar,
de transportes públicos, como aviões, navios, barcas, barcos, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas,
ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
concedido, pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos (art. 12). suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo,
estará sujeito à pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos
Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em e multa (art. 20, § 1º).
qualquer ramo das forças armadas No caso de um dos delitos previstos no caput do art.
20 for cometido por intermédio dos meios de comunicação
O crime de impedir ou obstar o acesso de alguém ao social ou publicação de qualquer natureza, a pena será de
serviço em qualquer ramo das Forças Armadas tem pena reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa (art. 20, § 2º).
de reclusão de dois a quatro anos (art. 13). Neste caso, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Pú-
blico ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o pena de desobediência o recolhimento imediato ou a busca
casamento ou convivência familiar e social e apreensão dos exemplares do material respectivo; a ces-
sação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas,
Também há a conduta típica de impedir ou obstar, por eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; e a interdi-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência fa- ção das respectivas mensagens ou páginas de informação
miliar e social, com pena de reclusão de dois a quatro anos na rede mundial de computadores (art. 20, § 3º, incisos I,
(art. 14). II e III). Além disso, constitui efeito da condenação, após o
trânsito em julgado da decisão, a destruição do material
Efeitos da condenação apreendido (art. 20, § 4º).
Como efeito da condenação, a lei prevê a perda do cargo
ou função pública, para o servidor público, e a suspensão Da Competência para o Processo e Julgamento
do funcionamento do estabelecimento particular por prazo
não superior a 3 (três) meses (art. 16). Estes efeitos não Destacamos aqui que a competência para processar e
são automáticos e devem ser motivadamente declarados julgar o crime de racismo praticado na rede mundial de
na sentença (art. 18). computadores estabelece-se pelo local de onde partiram
as manifestações tidas por racistas. (Jurisprudência noti-
Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito ciada no Informativo nº 515/STJ – CC nº 116.926/SP, Rel.
de raça, cor, etnia, religião, ou procedência nacional Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em
4/2/2013, DJe 15/2/2013). Além disso, é da Justiça estadual
Há ainda a previsão do delito de praticar, induzir ou a competência para processar e julgar o crime de incitação
incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, à discriminação racial por meio da internet cometido contra

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pessoas determinadas e cujo resultado não ultrapassou as Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em ho-
fronteiras territoriais brasileiras. (Jurisprudência noticiada tel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
no Informativo nº 744/STF – HC nº 121283, Relator(a): Min. Pena: reclusão de três a cinco anos.
Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em 29/4/2014, Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em res-
Processo Eletrônico DJe-091, divulg. 13/5/2014, public. taurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos
14/5/2014). ao público.
Ressalta-se que aquele que pratica racismo responderá Pena: reclusão de um a três anos.
por crime inafiançável e imprescritível, sujeitando-se à pena Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
de reclusão prevista na lei. Isto está previsto no art. 5º, inciso estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes
XLII, da Constituição Federal de 1988. Além disso, os crimes sociais abertos ao público.
previstos nesta lei são de ação pública incondicionada. Por Pena: reclusão de um a três anos.
fim, anote-se que os tipos penais previstos nesta lei são Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
apenas condutas dolosas, uma vez que não há previsão de salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de mas-
tipo penal culposo na Lei nº 7.716/1989. sagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
Pena: reclusão de um a três anos.
Lei nº 7.716, de 5 de Janeiro de 1989 Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios
públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso
Define os crimes resultantes aos mesmos:
de preconceito de raça ou de cor. Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congres- como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:         qualquer outro meio de transporte concedido.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes re- Pena: reclusão de um a três anos.
sultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço
religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº em qualquer ramo das Forças Armadas.
9.459, de 15/05/97) Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 2º (Vetado). Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma,
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida- o casamento ou convivência familiar e social.
mente habilitado, a qualquer cargo da Administração Dire- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
ta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços Art. 15. (Vetado).
públicos. Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, por mo-
ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do
tivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou proce-
funcionamento do estabelecimento particular por prazo não
dência nacional, obstar a promoção funcional. (Incluído pela
superior a três meses.
Lei nº 12.288, de 2010)
Art. 17. (Vetado).
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. 
Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente de-
§ 1o  Incorre na mesma pena quem, por motivo de discri-
minação de raça ou de cor ou práticas resultantes do precon- clarados na sentença.
ceito de descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído Art. 19. (Vetado).
pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou pre-
I – deixar de conceder os equipamentos necessários ao conceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
empregado em igualdade de condições com os demais tra- (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
balhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada
II – impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
outra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbo-
12.288, de 2010) los, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que
III – proporcionar ao empregado tratamento diferen- utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de Lei nº 9.459, de 15/05/97)


serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é come-
da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra tido por intermédio dos meios de comunicação social ou
forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos publicação de qualquer natureza:  (Redação dada pela Lei
de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas nº 9.459, de 15/05/97)
atividades não justifiquem essas exigências. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá deter-
comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente minar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda
ou comprador. antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Re-
Pena: reclusão de um a três anos. dação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)    
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos
de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459,
de qualquer grau. de 15/05/97)
Pena: reclusão de três a cinco anos. II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas,
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio;
de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012)

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III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas Na interpretação desta lei, serão considerados os fins
de informação na rede mundial de computadores. (Incluído sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições
pela Lei nº 12.288, de 2010) peculiares das mulheres em situação de violência doméstica
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, e familiar. (Art. 4º)
após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do ma-
terial apreendido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
ção. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21/9/1990) Disposições Gerais
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renu-
merado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) Para os efeitos desta lei, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
101º da República. sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial no âm-
bito da unidade doméstica, compreendida como o espaço
JOSÉ SARNEY de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
Paulo Brossard familiar, inclusive as esporadicamente agregadas (art. 5º, I);
no âmbito da família, compreendida como a comunidade
formada por indivíduos que são ou se consideram aparenta-
LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340/2006) dos, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa (art. 5º, II); em qualquer relação íntima de afeto, na
A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, cria mecanismos qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente de coabitação. (Art. 5º, III)
nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Destaca-se que essas relações pessoais independem
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- de orientação sexual (art. 5º, parágrafo único). Assim, se
minação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana duas mulheres mantiverem uma relação homoafetiva há
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; mais de dois anos, e uma delas praticar violência moral
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e psicológica contra a outra, tal conduta estará sujeita à
e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Pe- incidência da Lei Maria da Penha, ainda que elas residam
nal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras em lares diferentes.
providências. Esta Lei entrou em vigor 45 (quarenta e cinco) Sintetizando, o conceito de violência doméstica e fami-
dias após sua publicação. (Art. 46) liar utilizado para fins de definição de conduta típica trazido
pela Lei é o de ação ou omissão baseada no gênero (art. 5º,
Disposições Preliminares caput), que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e ainda, dano moral ou patrimonial.
Esta lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violên- Ressaltamos, ainda, que a violência doméstica e familiar
cia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § contra a mulher constitui uma das formas de violação dos
8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre direitos humanos. (Art. 6º)
a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mu- Informação importante é que a  Lei  Maria  da  Pe-
lher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e nha tem aplicação quando se trata de briga  de ex-namo-
rados decorrente do anterior relacionamento. Este enten-
Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados
dimento tem sido aceito pelo Superior Tribunal de Justiça
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil;
que, analisando o tema em voga, vem manifestando seu
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e
entendimento jurisprudencial no sentido da configuração
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência de violência doméstica contra a mulher, ensejando a apli-
e proteção às mulheres em situação de violência doméstica cação da Lei nº 11.340/2006, à agressão cometida por
e familiar. (Art. 1º) ex-namorado. (Jurisprudência do STJ – HC nº 182.411/RS,
Versa a lei que toda mulher, independentemente de Rel. Ministro Adilson Vieira Macabu (Desembargador Con-
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível vocado do TJ/RJ), Quinta Turma, julgado em 14/8/2012, DJe
educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamen- 3/9/2012). Seguindo a lógica, se a lei é aplicada nos casos de
tais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as agressão por ex-namorado, também será aplicada nos casos
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

oportunidades e facilidades para viver sem violência, preser- de agressão por atual namorado, de acordo com o Superior
var sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, Tribunal de Justiça. (Jurisprudência STJ – REsp 1416580/RJ,
intelectual e social. (Art. 2º) Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 1/4/2014,
Serão asseguradas às mulheres as condições para o DJe 15/4/2014)
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, Outra informação também importante é que nos termos
à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso da Lei no 11.340/2006 — Lei Maria da Penha —, a empre-
à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à gada doméstica poderá ser sujeito passivo de violência
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar praticada por seus empregadores.
e comunitária. (Art. 3º)
O poder público desenvolverá políticas que visem garantir Das Formas de Violência Doméstica e Familiar
os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações contra a Mulher
domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, A lei versa que são cinco formas de violência doméstica
crueldade e opressão (art. 3º, § 1º). A lei prevê que cabe à e familiar contra a mulher, entre outras (art. 7º). A primeira
família, à sociedade e ao poder público criar as condições forma de violência contra a mulher é a violência física, en-
necessárias para o efetivo exercício desses direitos enume- tendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade
rados. (Art. 3º, § 2º) ou saúde corporal. (Art. 7º, I)

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
A violência psicológica é aquela entendida como qual- objetivo a implementação de programas de erradicação da
quer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição violência doméstica e familiar contra a mulher; a capacitação
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal,
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante órgãos e às áreas de segurança pública, assistência social,
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isola- saúde, educação, trabalho e habitação quanto às questões
mento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, de gênero e de raça ou etnia; a promoção de programas
chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direi- educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito
to de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva
à saúde psicológica e à autodeterminação. (Art. 7º, II) de gênero e de raça ou etnia; e o destaque, nos currículos
A violência sexual, entendida como qualquer conduta escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos
que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de
relação sexual não desejada, mediante intimidação, ame- raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar
aça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar contra a mulher. (Art. 8º, V a IX)
ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a Ressaltamos que, para a aplicação da Lei Maria da Penha,
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a sujeito passivo da violência doméstica, objeto da referida
force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, lei, é a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o homem quanto
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de relação
que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e doméstica, familiar ou de afetividade. (Jurisprudência do
reprodutivos. (Art. 7º, III) STJ. (CC 88.027/MG, Rel. Ministro Og Fernandes, Terceira
Há, também, a violência patrimonial, entendida como Seção, julgado em 5/12/2008, DJe 18/12/2008).
qualquer conduta que configure retenção, subtração, des-
truição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de Da Assistência à Mulher em Situação de Violência
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou Doméstica e Familiar
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer
suas necessidades (art. 7º, IV). Observa-se que esta previsão A assistência à mulher em situação de violência domés-
encontra verdadeira limitação de aplicação em razão das tica e familiar será prestada de forma articulada e conforme
imunidades fixadas pelos arts. 181 e 182 do Código Penal. os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da
E, por fim, a violência moral, entendida como qual- Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema
quer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
(Art. 7º, V) públicas de proteção, e emergencialmente quando for o
caso. (Art. 9º)
Da Assistência à Mulher em Situação de Violência O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher
Doméstica e Familiar  em situação de violência doméstica e familiar no cadastro
de programas assistenciais do governo federal, estadual e
Das Medidas Integradas de Prevenção municipal (art. 9º, § 1º). Além disso, o juiz assegurará à
mulher em situação de violência doméstica e familiar, para
A política pública que visa coibir a violência doméstica e preservar sua integridade física e psicológica, acesso prio-
familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto ritário à remoção quando servidora pública, integrante da
articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Fede- administração direta ou indireta; manutenção do vínculo
ral e dos Municípios e de ações não governamentais, tendo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de
por diretrizes a integração operacional do Poder Judiciário, trabalho, por até seis meses. (Art. 9º, § 2º)
do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas A assistência à mulher em situação de violência domés-
de segurança pública, assistência social, saúde, educação, tica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decor-
trabalho e habitação; a promoção de estudos e pesquisas, rentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo
estatísticas e outras informações relevantes, com a perspec- os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das
tiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
às consequências e à frequência da violência doméstica e Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos
familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos (Art. 9º, § 3º)
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

resultados das medidas adotadas; o respeito, nos meios de


comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e Do Atendimento pela Autoridade Policial
da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que
legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de Na hipótese da iminência ou da prática de violência do-
acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV méstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que
do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as
a implementação de atendimento policial especializado para providências legais cabíveis (art. 10). Isto também se aplica ao
as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
à Mulher. (Art. 8º, I a IV) (Art. 10, parágrafo único).
São também diretrizes a promoção e a realização de cam- No atendimento à mulher em situação de violência do-
panhas educativas de prevenção da violência doméstica e méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à so- providências, garantir proteção policial, quando necessário,
ciedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
proteção aos direitos humanos das mulheres; a celebração de Judiciário; encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumen- saúde e ao Instituto Médico Legal; fornecer transporte para
tos de promoção de parceria entre órgãos governamentais a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro,
ou entre estes e entidades não governamentais, tendo por quando houver risco de vida; se necessário, acompanhar a

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ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do corporal, independentemente da extensão da lesão, prati-
local da ocorrência ou do domicílio familiar; informar à cado contra a mulher no âmbito doméstico, mas acentuou
ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços que a representação permanece necessária nos casos de
disponíveis. (Art. 11, I a V) ameaça e crimes contra a dignidade sexual. (Jurisprudência
Em todos os casos de violência doméstica e familiar con- do STF –ADI 4424, Relator(a):  Min. Marco Aurélio, Tribunal
tra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autori- Pleno, julgado em 9/2/2012, Processo Eletrônico DJe-148,
dade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimen- divulg. 31/7/2014, public. 1/8/2014)
tos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica
Penal: ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou ou-
tomar a representação a termo, se apresentada; colher to- tras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
das as provas que servirem para o esclarecimento do fato e pena que implique o pagamento isolado de multa. (Art. 17)
de suas circunstâncias; remeter, no prazo de 48 (quarenta
e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido Das Medidas Protetivas de Urgência
da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de
urgência; determinar que se proceda ao exame de corpo Disposições Gerais
de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
necessários; ouvir o agressor e as testemunhas; ordenar a Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ca-
identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de berá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, conhe-
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado cer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas
de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra protetivas de urgência; determinar o encaminhamento da
ele; remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o
juiz e ao Ministério Público. (Art. 12, I ao VII) caso; comunicar ao Ministério Público para que adote as
O pedido da ofendida será tomado a termo pela au- providências cabíveis. (Art. 18, I, II e III)
toridade policial e deverá conter qualificação da ofendida As medidas protetivas de urgência poderão ser conce-
e do agressor; nome e idade dos dependentes; descrição didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela pedido da ofendida (art. 19). Essas medidas poderão ser
ofendida (art. 12, § 1º). A autoridade policial deverá anexar concedidas de imediato, independentemente de audiência
ao documento o boletim de ocorrência e cópia de todos das partes e de manifestação do Ministério Público, deven-
os documentos disponíveis em posse da ofendida (art. 12, do este ser prontamente comunicado. (Art. 19, § 1º)
§ 2º). Serão admitidos como meios de prova os laudos ou As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer
saúde. (Art. 12, § 3º) tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados (art.
Dos Procedimentos 19, § 2º). Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público
ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas proteti-
Disposições Gerais vas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender
necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de
Ao processo, ao julgamento e à execução das causas seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. (Art. 19, § 3º)
cíveis e criminais decorrentes da prática de violência domés- Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
tica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada
Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público
específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que ou mediante representação da autoridade policial (art. 20).
não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. (Art. 13) O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do
Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem
Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a jus-
e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Fe- tifiquem. (Art. 20, § 1º)
deral e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
julgamento e a execução das causas decorrentes da prática relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao
de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 14). ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, do advogado constituído ou do defensor público (art. 21).
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. Ressalta-se que a ofendida não poderá entregar intimação
(Art. 14, parágrafo único) ou notificação ao agressor. (Art. 21, parágrafo único)
É competente, por opção da ofendida, para os proces-
sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado do seu domicílio Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
ou de sua residência; do lugar do fato em que se baseou a Agressor
demanda; do domicílio do agressor. (Art. 15, I, II e III)
Nas ações penais públicas condicionadas à represen- Constatada a prática de violência doméstica e fami-
tação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida liar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá
a renúncia à representação perante o juiz, em audiência aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou sepa-
especialmente designada com tal finalidade, antes do rece- radamente, as seguintes medidas protetivas de urgência,
bimento da denúncia e ouvido o Ministério Público (art. 16). entre outras: suspensão da posse ou restrição do porte de
Observa-se, entretanto, que essa renúncia à representação armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos
só se aplica no caso de crime de ameaça e os cometidos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; afastamento
contra a dignidade sexual. Isso porque no julgamento da do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.424, o Supre- (art. 22, I e II). Poderá, ainda, aplicar a medida de proibição
mo Tribunal Federal assentou a natureza de ação pública de determinadas condutas, entre as quais a aproximação da
incondicionada da ação penal no caso de crime de lesão ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o

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limite mínimo de distância entre estes e o agressor; contato 24, I a IV). Deverá o juiz oficiar ao cartório competente com
com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qual- relação à proibição temporária para a celebração de atos e
quer meio de comunicação; frequentação de determinados contratos de compra, venda e locação de propriedade em
lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica comum, salvo expressa autorização judicial e à suspensão
da ofendida. (Art. 22, III, a, b, c). das procurações conferidas pela ofendida ao agressor, tais
Outras medidas protetivas de urgência que podem ser medidas. (Art. 24, parágrafo único)
aplicadas são a restrição ou suspensão de visitas aos depen- Destaca-se que há o entendimento pacificado no Supe-
dentes menores, ouvida a equipe de atendimento multi- rior Tribunal de Justiça de que o descumprimento de medidas
disciplinar ou serviço similar; e a prestação de alimentos protetivas previstas na Lei Maria da Penha não configura o
provisionais ou provisórios. (Art. 22, IV e V). crime de desobediência. (Jurisprudência do STJ 0150 AgRg
Essas medidas não impedem a aplicação de outras pre- no REsp nº 1454609/RS, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Quinta
vistas na legislação em vigor, sempre que a segurança da Turma, julgado em 7/5/2015, DJe 26/5/2015)
ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi-
dência ser comunicada ao Ministério Público. (Art. 22, § 1º) Da Atuação do Ministério Público
Na hipótese da aplicação da medida de suspensão da
posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas
órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica
dezembro de 2003, encontrando-se o agressor nas condições
e familiar contra a mulher. (Art. 25)
mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826,
Caberá ao MP, sem prejuízo de outras atribuições, nos ca-
de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo
sos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando
órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de
necessário, requisitar força policial e serviços públicos de saú-
urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável de, de educação, de assistência social e de segurança, entre
pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de outros; fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares
incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, de atendimento à mulher em situação de violência doméstica
conforme o caso. (Art. 22, § 2º) e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas
Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur- ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades
gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio constatadas; cadastrar os casos de violência doméstica e
da força policial (art. 22, § 3º). Aplica-se a essas hipóteses, familiar contra a mulher. (Art. 26, I, II e III)
no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art.
461 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Da Assistência Judiciária
Processo Civil) (art. 22, § 4º), que versam:
Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mu-
Art. 461. [...] lher em situação de violência doméstica e familiar deverá
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obten- estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto
ção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, no art. 19 desta Lei, que trata das medidas protetivas de
de ofício ou a requerimento, determinar as medidas urgência. (Art. 27)
necessárias, tais como a imposição de multa por tem- É garantido a toda mulher em situação de violência
po de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria
e coisas, desfazimento de obras e impedimento de Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos
atividade nociva, se necessário com requisição de da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento
força policial. específico e humanizado. (Art. 28)
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a
periodicidade da multa, caso verifique que se tornou Da Equipe de Atendimento Multidisciplinar
insuficiente ou excessiva.
Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma
equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por
Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de ou-
tras medidas, encaminhar a ofendida e seus dependentes profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

a programa oficial ou comunitário de proteção ou de aten- e de saúde. (Art. 29)


dimento; determinar a recondução da ofendida e a de seus Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
agressor; determinar o afastamento da ofendida do lar, sem local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Pú-
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e blico e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente
alimentos; determinar a separação de corpos. (Art. 23, I a IV) em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, enca-
Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade con- minhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a
jugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção
juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medi- às crianças e aos adolescentes. (Art. 30)
das, entre outras, restituição de bens indevidamente subtra- Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais
ídos pelo agressor à ofendida; proibição temporária para a aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de
celebração de atos e contratos de compra, venda e locação profissional especializado, mediante a indicação da equipe
de propriedade em comum, salvo expressa autorização judi- de atendimento multidisciplinar. (Art. 31)
cial; suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orça-
agressor; prestação de caução provisória, mediante depósito mentária, poderá prever recursos para a criação e manuten-
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da práti- ção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos
ca de violência doméstica e familiar contra a ofendida (art. da Lei de Diretrizes Orçamentárias. (Art. 32)

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Disposições Transitórias Tribunal Pleno, julgado em 9/2/2012, Acórdão Eletrônico
DJe-080, divulg 28/4/2014, public 29/4/2014)
Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Porém, em se tratando de crimes praticados com vio-
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais lência doméstica e familiar contra a mulher, é possível a
acumularão as competências cível e criminal para conhecer concessão da suspensão condicional da pena. Isso porque
e julgar as causas decorrentes da prática de violência do- o instituto da suspensão condicional da pena está previsto
méstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões no art. 77 do Código de Direito Penal e não da Lei Maria da
do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual Penha.
pertinente (art. 33). Será garantido o direito de preferência, O artigo 42 desta lei acrescentou o inciso IV ao artigo 313
nas varas criminais, para o processo e o julgamento dessas do Código Penal (art. 42). Já o artigo 43 alterou a redação
causas. (Art. 33, parágrafo único) da alínea f do inciso II do artigo 61 do Código Penal (art. 43).
Assim, por alteração no dispositivo correspondente, passou
Disposições Finais a ser considerada como circunstância agravante de pena,
se o agente cometer o crime com abuso de autoridade ou
prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fami-
de hospitalidade, ou com violência contra a mulher.
liar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implan-
O artigo 44 alterou os §§ 9º e 11 do artigo 129 do Código
tação das curadorias necessárias e do serviço de assistência
Penal (art. 44). Sobre este artigo do Código Penal, conforme
judiciária. (Art. 34)
entendimento do STJ, embora a Lei Maria da Penha vise à
A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
proteção da mulher, o aumento da pena nela prevista para
poderão criar e promover, no limite das respectivas compe-
a prática do crime de lesão corporal praticada mediante
tências, centros de atendimento integral e multidisciplinar violência doméstica, tipificado no Código Penal, aplica-
para mulheres e respectivos dependentes em situação de -se também no caso de a vítima ser do sexo masculino.
violência doméstica e familiar; casas-abrigos para mulheres O Superior Tribunal de Justiça noticiou no informativo de
e respectivos dependentes menores em situação de violên- jurisprudência nº 501 que o aumento de pena do § 9º do
cia doméstica e familiar; delegacias, núcleos de defensoria art. 129 do CP, alterado pela Lei nº 11.340/2006, aplica-se
pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal às lesões corporais cometidas contra homem no âmbito
especializados no atendimento à mulher em situação de das relações domésticas. Apesar da Lei Maria da Penha ser
violência doméstica e familiar; programas e campanhas de destinada à proteção da mulher, o referido acréscimo visa
enfrentamento da violência doméstica e familiar; centros de tutelar as demais desigualdades encontradas nas relações
educação e de reabilitação para os agressores. (Art. 35, I a V). domésticas. In casu, o paciente empurrou seu genitor, que
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios com a queda sofreu lesões corporais. Assim, não há irregu-
promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas laridade em aplicar a qualificadora de violência doméstica
às diretrizes e aos princípios desta Lei. (Art. 36) às lesões corporais contra homem. Contudo, os institutos
A defesa dos interesses e direitos transindividuais previs- peculiares da citada lei só se aplicam quando a vítima for
tos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo mulher. Logo, não se pode afirmar que a pena mais grave
Ministério Público e por associação de atuação na área, re- atribuída ao delito de lesões corporais praticado no âmbito
gularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos das relações domésticas seja aplicável apenas nos casos em
da legislação civil (art. 37). O requisito da pré-constituição que a vítima é mulher, pelo simples fato de essa alteração
poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não ter-se dado pela Lei nº 11.340/2006.
há outra entidade com representatividade adequada para o E, por fim, o artigo 45 alterou a redação do artigo 152
ajuizamento da demanda coletiva. (Art. 37, parágrafo único) da Lei de execução penal, que incluiu o parágrafo único que
As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar con- versa “nos casos de violência doméstica contra a mulher,
tra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório
oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o do agressor a programas de recuperação e reeducação”.
sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres (Art. 45)
(art. 38). As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e
do Distrito Federal poderão remeter suas informações cri- Lei nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006
minais para a base de dados do Ministério da Justiça. (Art.
38, parágrafo único) Cria mecanismos para coibir
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a violência doméstica e familiar


no limite de suas competências e nos termos das respectivas contra a mulher, nos termos do
leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dota- § 8º do art. 226 da Constituição
ções orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, Federal, da Convenção sobre a Eli-
para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei. minação de Todas as Formas de
(Art. 39). Discriminação contra as Mulheres
Importante ressaltar que as obrigações previstas nesta e da Convenção Interamericana
Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por ela para Prevenir, Punir e Erradicar
adotados. (Art. 40) a Violência contra a Mulher; dis-
Outro ponto importante é que aos crimes praticados põe sobre a criação dos Juizados
com violência doméstica e familiar contra a mulher, inde- de Violência Doméstica e Familiar
pendentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no contra a Mulher; altera o Código
9.099, de 26 de setembro de 1995 (art. 41). Assim, não é de Processo Penal, o Código Penal
possível a aplicação da suspensão condicional do proces- e a Lei de Execução Penal; e dá ou-
so, instituto previsto no artigo 89 da Lei nº 9.099/1995. tras providências.
O Supremo Tribunal Federal já declarou que essa previsão
do artigo 41 da Lei Maria da Penha é constitucional. (Juris- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres-
prudência do STF – ADC 19, Relator(a):  Min. Marco Aurélio, so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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TÍTULO I CAPÍTULO II
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Das Formas de Violência Doméstica
e Familiar Contra a Mulher
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar con-
do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção tra a mulher, entre outras:
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra I – a violência física, entendida como qualquer conduta
a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados II  – a violência psicológica, entendida como qualquer
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da au-
toestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desen-
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e
volvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
e proteção às mulheres em situação de violência doméstica constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
e familiar. vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chan-
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, tagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir
etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à psicológica e à autodeterminação;
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta
facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde físi- que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de
ca e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a
o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça
à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao ma-
à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à trimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite
e comunitária. ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das conduta que configure retenção, subtração, destruição
relações domésticas e familiares no sentido de resguardá- parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
violência, crueldade e opressão. econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas ne-
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar cessidades;
V – a violência moral, entendida como qualquer conduta
as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos
que configure calúnia, difamação ou injúria.
enunciados no caput.
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados TÍTULO III
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as con- DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO
dições peculiares das mulheres em situação de violência DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
doméstica e familiar.
CAPÍTULO I
TÍTULO II Das Medidas Integradas de Prevenção
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER Art. 8º A política pública que visa coibir a violência do-
méstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um
CAPÍTULO I conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distri-
Disposições Gerais to Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais,
tendo por diretrizes:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência do- I – a integração operacional do Poder Judiciário, do Mi-
méstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão nistério Público e da Defensoria Pública com as áreas de
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento segurança pública, assistência social, saúde, educação, tra-
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: balho e habitação;
(Vide Lei complementar nº 150, de 2015) II – a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero
o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências
e à frequência da violência doméstica e familiar contra a
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados
II – no âmbito da família, compreendida como a comu-
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das
nidade formada por indivíduos que são ou se consideram medidas adotadas;
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por III – o respeito, nos meios de comunicação social, dos
vontade expressa; valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agres- coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem
sor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independen- a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabele-
temente de coabitação. cido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste IV do art. 221 da Constituição Federal;
artigo independem de orientação sexual. IV – a implementação de atendimento policial especia-
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher lizado para as mulheres, em particular nas Delegacias de
constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. Atendimento à Mulher;

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V – a promoção e a realização de campanhas educati- rencialmente do sexo feminino – previamente capacitados.
vas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, § 1º A inquirição de mulher em situação de violência
e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos doméstica e familiar ou de testemunha de violência domés-
direitos humanos das mulheres; tica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá
VI  – a celebração de convênios, protocolos, ajustes, às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
termos ou outros instrumentos de promoção de parceria I – salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não- da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa
-governamentais, tendo por objetivo a implementação de em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela
programas de erradicação da violência doméstica e familiar Lei nº 13.505, de 2017)
contra a mulher; II – garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher
VII – a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, em situação de violência doméstica e familiar, familiares e
da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profis- testemunhas terão contato direto com investigados ou sus-
sionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no peitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº
inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; 13.505, de 2017)
VIII – a promoção de programas educacionais que dis- III – não revitimização da depoente, evitando sucessivas
seminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível
da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida
ou etnia; privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
IX  – o destaque, nos currículos escolares de todos os § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que
humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte
problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
I – a inquirição será feita em recinto especialmente proje-
CAPÍTULO II tado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios
Da Assistência à Mulher em Situação e adequados à idade da mulher em situação de violência
de Violência Doméstica e Familiar doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade
da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência II – quando for o caso, a inquirição será intermediada por
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e con- profissional especializado em violência doméstica e familiar
forme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído
da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema pela Lei nº 13.505, de 2017)
Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas III – o depoimento será registrado em meio eletrônico
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
mulher em situação de violência doméstica e familiar no Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violên-
cadastro de programas assistenciais do governo federal, es- cia doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre
tadual e municipal. outras providências:
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência I  – garantir proteção policial, quando necessário, co-
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e municando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
psicológica: Judiciário;
I – acesso prioritário à remoção quando servidora pública, II – encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde
integrante da administração direta ou indireta; e ao Instituto Médico Legal;
II – manutenção do vínculo trabalhista, quando necessá- III – fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
rio o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. dentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência do- vida;
méstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios IV – se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a domicílio familiar;
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e V – informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros Lei e os serviços disponíveis.


procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e fa-
violência sexual. miliar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá
a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes pro-
CAPÍTULO III cedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de
Do Atendimento pela Autoridade Policial Processo Penal:
I  – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de vio- tomar a representação a termo, se apresentada;
lência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade II – colher todas as provas que servirem para o esclare-
policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de cimento do fato e de suas circunstâncias;
imediato, as providências legais cabíveis. III  – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste ar- expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para
tigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência a concessão de medidas protetivas de urgência;
deferida. IV – determinar que se proceda ao exame de corpo de
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência delito da ofendida e requisitar outros exames periciais ne-
doméstica e familiar o atendimento policial e pericial es- cessários;
pecializado, ininterrupto e prestado por servidores – prefe- V – ouvir o agressor e as testemunhas;

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VI – ordenar a identificação do agressor e fazer juntar CAPÍTULO II
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando Das Medidas Protetivas de Urgência
a existência de mandado de prisão ou registro de outras
ocorrências policiais contra ele; Seção I
VII – remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial Disposições Gerais
ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen-
autoridade policial e deverá conter: dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
I – qualificação da ofendida e do agressor; I – conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre
II – nome e idade dos dependentes; as medidas protetivas de urgência;
III – descrição sucinta do fato e das medidas protetivas II – determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão
solicitadas pela ofendida. de assistência judiciária, quando for o caso;
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento III – comunicar ao Ministério Público para que adote as
referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os providências cabíveis.
documentos disponíveis em posse da ofendida. Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos ou a pedido da ofendida.
de saúde. § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser con-
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação cedidas de imediato, independentemente de audiência das
de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situ- partes e de manifestação do Ministério Público, devendo
ação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no este ser prontamente comunicado.
âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas
de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a
de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendi- qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que
mento e a investigação das violências graves contra a mulher. os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou vio-
Art. 12-B. (Vetado) (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) lados.
§ 1º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público
§ 2º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas proteti-
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços vas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender
públicos necessários à defesa da mulher em situação de vio- necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de
lência doméstica e familiar e de seus dependentes. (Incluído seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
pela Lei nº 13.505, de 2017) Art.  20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor,
TÍTULO IV decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
DOS PROCEDIMENTOS Público ou mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva
CAPÍTULO I se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para
Disposições Gerais que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem.
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos proces-
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência suais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes
doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação
dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação do advogado constituído ou do defensor público.
específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intima-
não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. ção ou notificação ao agressor.
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com compe- Seção II
tência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Das Medidas Protetivas de
Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o Urgência que Obrigam o Agressor
processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá
em horário noturno, conforme dispuserem as normas de aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separada-
organização judiciária. mente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os outras:
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
I – do seu domicílio ou de sua residência; com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei
II – do lugar do fato em que se baseou a demanda; no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III – do domicílio do agressor. II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à repre- com a ofendida;
sentação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a renúncia à representação perante o juiz, em audiência es- a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
pecialmente designada com tal finalidade, antes do recebi- testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
mento da denúncia e ouvido o Ministério Público. estes e o agressor;
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência do- b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas
méstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica por qualquer meio de comunicação;
ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição c) frequentação de determinados lugares a fim de pre-
de pena que implique o pagamento isolado de multa. servar a integridade física e psicológica da ofendida;

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IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes II – fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares
menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar de atendimento à mulher em situação de violência doméstica
ou serviço similar; e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas
V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios. ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a constatadas;
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre III – cadastrar os casos de violência doméstica e familiar
que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, contra a mulher.
devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se CAPÍTULO IV
o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do Da Assistência Judiciária
art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz
comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a
as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá
a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no
do agressor responsável pelo cumprimento da determinação art. 19 desta Lei.
judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violên-
de desobediência, conforme o caso. cia doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da
de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento espe-
auxílio da força policial. cífico e humanizado.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei TÍTULO V
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR

Seção III Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar


Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar
com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser inte-
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo grada por profissionais especializados nas áreas psicossocial,
de outras medidas: jurídica e de saúde.
I – encaminhar a ofendida e seus dependentes a progra- Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidiscipli-
ma oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; nar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela
II – determinar a recondução da ofendida e a de seus legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos
agressor; ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de
III – determinar o afastamento da ofendida do lar, sem orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas,
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com
alimentos; especial atenção às crianças e aos adolescentes.
IV – determinar a separação de corpos. Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da socie- mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação
dade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mu- de profissional especializado, mediante a indicação da equipe
lher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes de atendimento multidisciplinar.
medidas, entre outras: Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua pro-
I – restituição de bens indevidamente subtraídos pelo posta orçamentária, poderá prever recursos para a criação
agressor à ofendida; e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar,
II  – proibição temporária para a celebração de atos e nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
contratos de compra, venda e locação de propriedade em
comum, salvo expressa autorização judicial; TÍTULO VI
III – suspensão das procurações conferidas pela ofendida DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
ao agressor;
IV – prestação de caução provisória, mediante depósito Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violên-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática cia Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais
de violência doméstica e familiar contra a ofendida. acumularão as competências cível e criminal para conhecer
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório compe- e julgar as causas decorrentes da prática de violência do-
tente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. méstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões
do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual
CAPÍTULO III pertinente.
Da Atuação do Ministério Público Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência,
nas varas criminais, para o processo e o julgamento das cau-
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for sas referidas no caput.
parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência
doméstica e familiar contra a mulher. TÍTULO VII
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de DISPOSIÇÕES FINAIS
outras atribuições, nos casos de violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, quando necessário: Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Domés-
I  – requisitar força policial e serviços públicos de saú- tica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada
de, de educação, de assistência social e de segurança, entre pela implantação das curadorias necessárias e do serviço
outros; de assistência judiciária.

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Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de-
nicípios poderão criar e promover, no limite das respectivas zembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as se-
competências: guintes alterações:
I  – centros de atendimento integral e multidisciplinar
para mulheres e respectivos dependentes em situação de Art. 129. [...]
violência doméstica e familiar; [...]
II – casas-abrigos para mulheres e respectivos dependen- § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
tes menores em situação de violência doméstica e familiar; descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
III – delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
atendimento à mulher em situação de violência doméstica de coabitação ou de hospitalidade:
e familiar; Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
IV – programas e campanhas de enfrentamento da vio- [...]
lência doméstica e familiar; § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será
V – centros de educação e de reabilitação para os agres- aumentada de um terço se o crime for cometido con-
sores. tra pessoa portadora de deficiência.
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus Art.  45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de
programas às diretrizes e aos princípios desta Lei. 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais
redação:
previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente,
pelo Ministério Público e por associação de atuação na área,
Art. 152. [...]
regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
da legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá contra a mulher, o juiz poderá determinar o compa-
ser dispensado pelo juiz quando entender que não há outra recimento obrigatório do agressor a programas de
entidade com representatividade adequada para o ajuiza- recuperação e reeducação.
mento da demanda coletiva.
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e fa- Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias
miliar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados após sua publicação.
dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim
de subsidiar o sistema nacional de dados e informações re- Brasília, 7 de agosto de 2006; 185º da Independência e
lativo às mulheres. 118º da República.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos
Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informa- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
ções criminais para a base de dados do Ministério da Justiça. Dilma Rousseff
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios, no limite de suas competências e nos termos das LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997)
respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabe-
lecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício A Lei nº 9.455, publicada em 7 de abril de 1997, define
financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas os crimes de tortura e dá outras providências. A lei entrou
nesta Lei. em vigor na data da sua publicação (art. 3º) e revogou o
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem art. 233 da Lei nº 8.069/1990 do Estatuto da Criança e do
outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Adolescente.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e A Constituição Federal tem como cláusula pétrea a
familiar contra a mulher, independentemente da pena previs- garantia de que ninguém será submetido a tortura nem
ta, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. a tratamento desumano ou degradante. Isto está previsto
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de ou- no art. 5º, III, CF. Além disso, o crime de tortura é crime
tubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar contra o Direito Internacional e interno, tendo em vista a
acrescido do seguinte inciso IV: Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Cruéis, Desumanos ou Degradantes e a Lei nº 9.455/1997,


Art. 313. [...]
que define e pune crime de tortura, por ele respondendo
[...]
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, se
IV – se o crime envolver violência doméstica e familiar
omitirem (art. 5º, XLIII).
contra a mulher, nos termos da lei específica, para ga-
rantir a execução das medidas protetivas de urgência.
Das Condutas Consideradas Crimes
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a Tortura
vigorar com a seguinte redação:
Esta lei prevê que constitui crime de tortura constranger
Art. 61. [...] alguém com emprego de violência ou grave ameaça, cau-
[...] sando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter
II – f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se informação, declaração ou confissão da vítima ou de ter-
de relações domésticas, de coabitação ou de hospi- ceira pessoa; para provocar ação ou omissão de natureza
talidade, ou com violência contra a mulher na forma criminosa; em razão de discriminação racial ou religiosa (art.
da lei específica; 1º, inciso I, a, b, c). Observa-se que constranger alguém com
[...] emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofri-

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mento físico ou mental, em razão de discriminação sexual Causas de aumento da pena
não constitui crime de tortura. Isto porque a discriminação
sexual como tortura não está prevista na Lei nº 9.455/1997. Aumenta-se a pena de 1/6 (um sexto) até 1/3 (um ter-
Também é crime de tortura submeter alguém, sob sua ço) se o crime é cometido por agente público; se o crime é
guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; se o crime é
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter cometido mediante sequestro (art. 1º, § 4º, incisos I, II e III).
preventivo, com previsão de pena de reclusão, de 2 (dois)
a 8 (oito) anos (art. 1º, II). Efeitos da condenação
Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em emprego público e a interdição para seu exercício pelo do-
lei ou não resultante de medida legal (art. 1º, § 1º). Anote-se bro do prazo da pena aplicada (art. 1º, § 5º). Ressalta-se que
que no crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita esses efeitos da condenação são automáticos (Jurisprudên-
a medida de segurança é submetida a sofrimento físico ou cia noticiada no Informativo nº 419 do STJ – HC nº 47.846/
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei MG, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em
ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu 11/12/2009, DJe 22/2/2010). Assim, prescindem de moti-
aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, vação (Jurisprudência do STJ – AgRg no Ag 1388953/SP, Rel.
bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado
de praticar a conduta descrita no tipo objetivo. em 20/6/2013, DJe 28/6/2013)
Ademais, a denominada tortura para a prática de crime Tem-se, ainda, que para fins da Lei nº 9.455/1997, a
ocorre quando o agente usa de violência ou grave ameaça perda do cargo público, função ou emprego público é efeito
para obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natu- extrapenal da sentença condenatória; e em se tratando
reza criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange de condenação de oficial da Polícia Militar pela prática do
a provocação de ação contravencional. crime de tortura, a competência para decretar a perda do
Em regra, o crime de tortura é considerado crime co- oficialato, como efeito da condenação, é da Justiça Comum.
mum, uma vez que não se exige qualidade ou condição
Das vedações e regime de cumprimento da pena
especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa
pode ser considerada sujeito ativo desse crime. Assim, o
O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
art. 1.º da Lei nº 9.455/1997, ao tipificar o crime de tortura
ou anistia (art. 1º, § 6º). Além disso, o condenado por crime
como crime comum, não ofendeu o que já determinava o
de tortura, salvo no caso de tortura por omissão prevista
art. 1º da Convenção da ONU Contra a Tortura e Outros Tra-
no art. 1º, § 2º, desta lei, iniciará o cumprimento da pena
tamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de
em regime fechado (art. 1º, § 7º). Entretanto, isto foi de-
1984, em face da própria ressalva contida no texto ratifica- clarado inconstitucional pelo STF no julgamento do HC nº
do pelo Brasil (Jurisprudência do STJ – REsp 1299787/PR, Rel. 111.840 (Julgamento do STF – HC nº 111840, Relator(a): Min.
Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 10/12/2013, Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 27/6/2012, Processo
DJe 3/2/2014). Eletrônico DJe-249, divulg. 16/12/2013, public. 17/12/2013)
Tortura por omissão Da progressão do regime prisional e do livramento
condicional
Registra-se que, aquele que se omite em face dessas
condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, Registre-se que não há óbice à progressão de regime pri-
incorre na pena de detenção de (1) um a 4 (quatro) anos sional ao condenado por crime de tortura. Sobre o assunto,
(art. 1º, § 2º). A figura típica prevista no § 2º do art. 1º tem-se a Súmula nº 471 do Superior Tribunal de Justiça que
da Lei de Tortura constitui-se em crime próprio, porquanto prevê que os condenados por crimes hediondos ou asseme-
exige condição especial do sujeito. Ou seja, é um delito que lhados cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007
somente pode ser praticado por pessoa que, ao presen- sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei nº 7.210/1984 (Lei
ciar tortura, omite-se, a despeito do “dever de evitá-las ou de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
apurá-las” (Jurisprudência do STJ – HC nº 131.828/RJ, Rel. Ou seja, se sujeitarão ao cumprimento de 1/6 (um sexto)
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 19/11/2013, da pena.


DJe 2/12/2013) O condenado pela prática de crime de tortura, por ex-
Assim, conclui-se que a tortura, conduta expressamente pressa previsão legal, não poderá ser beneficiado por livra-
proibida pela Constituição Federal e lei específica, pode ser mento condicional, se for reincidente específico em crimes
praticada por meio de uma conduta comissiva (positiva, dessa natureza. Isto está previsto no Código Penal, art. 83,
por via de uma ação) ou omissiva (negativa, por via de V, que versa que o juiz poderá conceder livramento condi-
uma abstenção). cional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que cumprido mais de 2/3
Tortura em que resulta lesão corporal ou morte (dois terços) da pena, nos casos de condenação por crime
(tortura qualificada) hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente
Se da tortura resulta lesão corporal de natureza grave específico em crimes dessa natureza.
ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
anos. No caso de resultar morte, a reclusão é de 8 (oito) a Do crime de tortura equiparado aos crimes hediondos
16 (dezesseis) anos (art. 1º, § 3º).
Atente-se que as lesões leves suportadas pela vítima Importante ressaltar que o crime de tortura não é cri-
serão absorvidas pelo crime de tortura. me hediondo. Na verdade, é crime equiparado aos crimes

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hediondos. Isto significa que deve receber o mesmo tra- I  – constranger alguém com emprego de violência ou
tamento que os crimes hediondos, mas com eles não se grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
confunde. a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
são da vítima ou de terceira pessoa;
Da extraterritorialidade da aplicação da lei de tortura b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
incluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma hi- dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
pótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
seja, a de o delito não ter sido praticado no território e a pessoal ou medida de caráter preventivo.
vítima ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob Pena – reclusão, de dois a oito anos.
a jurisdição nacional (art. 2º). § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa pre-
Em regra, a competência de julgamento é da Justiça Co- sa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mum Estadual. O STJ já se posicionou no sentido de que o mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
fato de o crime de tortura, praticado contra brasileiros, ter lei ou não resultante de medida legal.
ocorrido no exterior não torna, por si só, a Justiça Federal § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quan-
competente para processar e julgar os agentes estrangeiros. do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena
(Jurisprudência noticiada no Informativo nº 549 do STJ – CC de detenção de um a quatro anos.
107.397/DF, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Terceira Seção, jul- § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra-
gado em 24/9/2014, DJe 1/10/2014). víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Da competência para processo e julgamento § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I – se o crime é cometido por agente público;
O crime de tortura, tipificado na Lei nº 9.455/1997, não II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
se qualifica como delito de natureza castrense, achando-se tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
incluído, por isso mesmo, na esfera de competência pe- anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
nal da Justiça comum (federal ou local, conforme o caso), III – se o crime é cometido mediante sequestro.
ainda que praticado por membro das Forças Armadas ou § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
por integrante da Polícia Militar (Jurisprudência do STF – AI ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
769637 AgR-ED-ED, Relator(a): Min. Celso de Mello, Segunda dobro do prazo da pena aplicada.
Turma, julgado em 25/6/2013, Acórdão Eletrônico DJe-205, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
divulg. 15/10/2013, public. 16/10/2013). Isto porque não há graça ou anistia.
crime de tortura previsto no Código Penal Militar, razão pela § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
qual a conduta típica de tortura por policial militar enseja hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime
a aplicação da Lei nº 9.455/1997. fechado.
Ademais, para que um cidadão seja processado e julga- Art.  2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
do por crime de tortura, é prescindível que esse crime deixe crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo
vestígios de ordem física. a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdição brasileira.
Da ação penal pública incondicionada Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
A ação penal para o crime de tortura é de ação penal de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente.
pública incondicionada. Logo, o defensor público, ao tomar
conhecimento de que o réu, preso pelo processo, sofreu tor- Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e
tura nos termos da Lei nº 9.455/1997, por agente público, 109º da República.
deverá representar ao órgão do Ministério Público que tiver
competência para iniciar processo crime contra a autorida- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
de culpada. Isto porque o MP é que detém a legitimidade de Nelson A. Jobim
promover privativamente a ação penal pública.
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Concurso material de crimes Welma Maia

Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (ART. 140)


tortura se, em um mesmo contexto, mas com desígnios
autônomos, dois agentes torturam preso para que ele O art. 140 do Código Penal Brasileiro tipifica o crime de
confesse a autoria de delito e, em seguida, o exibem, sem injúria. O crime de injúria, juntamente com a calúnia e a di-
autorização, para as redes de televisão como suposto autor famação formam o tripé dos crimes contra a honra definidos
confesso do crime. no Código Penal.
  Honra é o conjunto de qualidades físicas, morais e in-
 LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997 telectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de
respeito no meio social e promovem sua autoestima. É um
Define os crimes de tortura e sentimento natural, inerente a todo homem e cuja ofensa
dá outras providências. produz uma dor psíquica, um abalo moral, acompanhados
de atos de repulsão ao ofensor. Representa o valor social
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres- do indivíduo, pois está ligada à sua aceitação ou aversão
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: dentro de um dos círculos sociais em que vive, integrando
Art. 1º Constitui crime de tortura: seu patrimônio. Um patrimônio moral que merece proteção.

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Cuida-se de direito fundamental do homem, previsto no § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
art. 5º, inciso X, da Constituição Federal. Esse é o fundamento I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
constitucional dos crimes contra a honra, em consonância diretamente a injúria;
com uma análise constitucionalista do Direito Penal. Com II – no caso de retorsão imediata, que consista em
efeito, toda lei penal incriminadora somente se legitima outra injúria.
quando tutela um bem jurídico consagrado pela Constitui- § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
ção Federal. que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
Cada um dos crimes contra a honra possui um significado considerem aviltantes:
próprio, razão pela qual não podem ser confundidos entre si. Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa,
Para não os confundir, trazemos os conceitos de cada além da pena correspondente à violência.
um deles, entretanto, como o edital exigiu o conhecimento § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
apenas da injúria, aprofundaremos o estudo apenas deste. referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con-
dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Calúnia (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena – reclusão de um a três anos e multa. (Incluído
Caluniar consiste na atividade de atribuir falsamente a pela Lei nº 9.459, de 1997)
alguém a prática de um fato definido como crime.
Objetividade jurídica
Difamação Tutela-se a honra subjetiva.

Constitui-se a difamação em crime que ofende a honra Objeto material


objetiva, e, da mesma forma que na calúnia, depende da É a pessoa cuja honra subjetiva é atacada pela conduta
imputação de algum fato a alguém. Esse fato, todavia, não criminosa.
precisa ser criminoso. Basta que tenha capacidade para ma-
cular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela Núcleo do tipo
desfruta na coletividade, pouco importando se verdadeiro Injuriar equivale a ofender, insultar ou falar mal, de modo
ou falso. a abalar o conceito que a vítima tem de si própria. Basta a
atribuição de qualidade negativa, prescindindo-se da impu-
Injúria tação de fato determinado.
Para o Supremo Tribunal Federal, a difamação pressupõe
A injúria é crime contra a honra que ofende a honra atribuir a outrem fato determinado ofensivo à reputação.
subjetiva1. Caracteriza-se o delito com a simples ofensa da Na injúria, tem-se veiculação capaz de, sem especificidade
dignidade ou do decoro da vítima, mediante xingamento ou maior, implicar ofensa à dignidade ou ao decoro (Inq 2543/
atribuição de qualidade negativa (MASSON, 20142). AC, rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, j. 19.06.2008).
A dignidade é ofendida quando se atacam as qualidades Esse crime, normalmente, é comissivo. Mas é possível
morais da pessoa (exemplo: chamá-la de “desonesta”), ao também a injúria por omissão, a exemplo do que pode ocor-
passo que o decoro é abalado quando se atenta contra suas rer quando uma pessoa chega à casa de outra, onde várias
qualidades físicas (exemplo: chamá-la de “horrorosa”) ou outras pessoas se encontram reunidas e cumprimenta-as, re-
intelectuais (exemplo: chamá-la de “burra”). cusando, entretanto, a mão a uma que lhe estende a destra.
A queixa-crime ou denúncia ajuizada pelo crime de injúria Nada impede também a injúria indireta, nas situações em
deve descrever, minuciosamente e sob pena de inépcia, quais que a injúria, além de atacar a honra da provocada, alcança
foram as ofensas proferidas contra a vítima, por mais baixas reflexamente pessoa diversa. Exemplo: chamar um homem
e repudiáveis que possam ser. casado de “corno” importa em injuriar também sua esposa.

Injúria Consumação
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade Como o crime de injúria atinge a honra subjetiva da pes-
ou o decoro: soa, ocorre a consumação quando a ofensa à dignidade ou
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. ao decoro chega ao conhecimento da vítima. É irrelevante
tenha sido a injúria proferida na presença da vítima (injúria
1
Classifica-se a honra em objetiva e subjetiva. Honra objetiva é a visão que a
imediata) ou que tenha chegado ao seu conhecimento por
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

sociedade tem acerca das qualidades físicas, morais e intelectuais de deter-


minada pessoa. É a reputação de cada indivíduo no seio social em que está intermédio de terceira pessoa (injúria mediata).
imerso. Trata-se, em suma, do julgamento que as pessoas fazem de alguém.
Os crimes de calúnia e de difamação atacam a honra objetiva. Reclamam a
atribuição da prática de um fato a outrem, descrito em lei como crime (calú- Tentativa
nia) ou simplesmente ofensivo à sua reputação (difamação). É imprescindível, É possível quando a injúria for praticada por escrito
em ambos os crimes, a imputação de um fato específico e determinado.129 (exemplo: bilhete ofensivo que o garçom de um restauran-
Por corolário, consumam-se quando a ofensa proferida contra a vítima chega
ao conhecimento de terceira pessoa. Honra subjetiva, por sua vez, é o sen- te entrega para pessoa diversa da visada pelo agente), pois,
timento que cada pessoa possui acerca das suas próprias qualidades físicas, nessa hipótese, o crime é plurissubsistente.
morais e intelectuais. É o juízo que cada um faz de si mesmo (autoestima). Sustenta a doutrina, contudo, que não se admite a tenta-
Subdivide-se em honra-dignidade e honra-decoro. Honra dignidade é o con-
junto de qualidades morais do indivíduo, enquanto honra-decoro é o con- tiva (conatus) na injúria cometida verbalmente, por se tratar
junto de qualidades físicas e intelectuais. A injúria viola a honra subjetiva. de crime unissubsistente. Essa afirmação deve ser encarada
Não há atribuição de fato, mas imputação de qualidade negativa à vítima, no
tocante às suas qualidades físicas, intelectuais e morais. Logo, esse crime se
com ressalvas, mormente levando-se em conta os meios mo-
consuma quando a própria vítima toma ciência da ofensa que lhe foi dirigida. dernos de comunicação.
Divide-se a honra, ainda, em comum e especial. Honra comum é a atinente Nada impede, exemplificativamente, a tentativa de in-
à vítima enquanto pessoa humana, independentemente das atividades por
ela exercidas. Exemplo: chamar alguém de imbecil. Honra especial, também júria verbal cometida por meio de uma ligação de telefone
denominada de honra profissional, é a que se relaciona com a atividade par- celular, ou de uma conversa pelo computador, utilizando-se a
ticular da vítima. Exemplo: chamar um médico-cirurgião de “açougueiro”. internet (webcam), na qual o sinal é interrompido no momen-
2
Masson, Cleber. Direito penal esquematizado: parte especial – vol. 2. – 6ª ed.
rev. e atual – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014 to em que o sujeito atribuía à vítima uma qualidade negativa.

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É possível ainda falar de tentativa de injúria verbal na tidade impõe o revide quando o injuriado conhecer a
denominada injúria mediata. Vejamos um exemplo: “A” pede sua existência, pois somente a partir de então surge
a “B” que diga a “C”, seu irmão, que é um covarde e ignoran- a possibilidade de retorsão imediata.
te. “B”, todavia, não leva a mensagem ao seu destinatário. Cuida-se de modalidade anômala de legítima defesa,
Iniciou-se a execução de um crime de injúria que somente na qual quem foi injuriado devolve imediatamente
não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do a agressão mediante outra injúria. Como já se pro-
agente. nunciou o Superior Tribunal de Justiça: “A retorsão
prevista no art. 140, § 1.º, II, do CP só permite que a
Exceção da verdade pena não seja aplicada àquele que responde de forma
O crime de injúria é incompatível com a exceção da ver- injuriosa a uma injúria que lhe foi primeiramente pro-
dade, por dois motivos: ferida, desde que assim o faça imediatamente após
1) ausência de previsão legal; e ter sido ofendido”.144
2) como não há imputação de fato, mas atribuição de Quem inicia a discussão ofensiva não pode agir em
qualidade negativa, é impossível provar a veracidade dessa retorsão imediata. E não há retorsão contra ofensa
ofensa, sob pena de provocar à vítima um dano ainda maior pretérita.
do que aquele proporcionado pela conduta criminosa. Frise-se, por oportuno, que existe apenas retorsão
Imagine o prejuízo que seria causado se a lei permitisse imediata envolvendo injúrias. Se a resposta consiste
que, depois de o agente ter chamado alguém de “pessoa em difamação, ao agente será imputado o crime ti-
monstruosa”, provasse ele a adequação da sua assertiva. pificado pelo art. 139 do Código Penal.
Confira-se, a propósito, a apresentação esquematizada
sobre a exceção da verdade nos crimes contra a honra: Injúria real: art. 140, § 2º
Quando a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Perdão judicial: art. 140, § 1º que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consi-
O perdão judicial é causa de extinção da punibilidade derem aviltantes, a pena é de detenção, de três meses a
(CP, art. 107, inc. IX), cabível nas hipóteses expressamente um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
previstas em lei. Fundamenta-se nas circunstâncias do caso A injúria real, por si só, ingressa no conceito de infração
concreto, nas quais o Estado reputa que, embora presente penal de menor potencial ofensivo, aplicando-se as disposi-
um fato típico e ilícito cometido por agente culpável, não ções compatíveis da Lei nº 9.099/1995.
seja necessário puni-lo. A sentença que o concede não é Trata-se da injúria em que o sujeito escolhe como meio
condenatória nem absolutória, mas declaratória da extinção para ofender a honra da vítima, não uma palavra, um xinga-
da punibilidade (Súmula 18 do STJ). mento, mas sim uma agressão física capaz de envergonhá-
O art. 140, § 1º, do Código Penal arrola duas hipóteses -la. Com efeito, o meio de execução é a violência ou então
de perdão judicial: vias de fato.
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou Violência é sinônimo de lesão corporal. Nesse caso, a lei
diretamente a injúria: impõe o concurso material obrigatório entre as penas dos
crimes de injúria real e do resultante da violência (homicí-
Não há razão legítima para o Estado punir quem in- dio, lesão corporal etc.). Destaque-se que deve ser aplicada
juriou a pessoa que o provocou. de forma autônoma e cumulativa a pena da lesão corporal,
Mas não se trata de qualquer provocação. Há de ser qualquer que seja sua natureza (leve, grave ou gravíssima).
reprovável, elemento normativo do tipo a ser aferi- A contravenção penal de vias de fato, por sua vez, consis-
do em concreto, levando-se em conta as condições te na agressão física sem intenção de produzir lesão corporal
dos envolvidos e as demais circunstâncias correlatas (exemplo: tapa desferido no rosto da vítima). De fato, se o
ao crime. Exemplo: Mulher a quem se dirige gracejo sujeito queria lesionar a vítima, mas não conseguiu fazê-lo, a
indecoroso chama o homem de “vagabundo” e “sem- infração penal deverá ser capitulada como tentativa de lesão
-vergonha”. corporal dolosa, e não como vias de fato. Aqui, contudo, as
Além disso, a palavra “diretamente” indica que a pro- vias de fato são absorvidas pela injúria real, pois o Código
vocação deve ter sido perpetrada face a face, isto Penal prevê autonomia (soma de penas) exclusivamente para
é, ofensor e ofendido devem encontrar-se frente a as lesões corporais.
frente. Mas não é qualquer agressão física que caracteriza a in-
Essa hipótese se assemelha ao crime cometido sob júria real. A agressão deve ser aviltante, é dizer, humilhante.
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

o domínio de violenta emoção, logo em seguida à Esse elemento normativo do tipo pode ser concretizado pela
injusta provocação da vítima. Quem provoca outra natureza do ato (exemplos: arrancar o fio do bigode de um
pessoa, ilegalmente, até retirar seu equilíbrio emo- homem com intenção ultrajante, rasgar a saia de uma mu-
cional, pode ser vitimizado pela injúria. lher etc.) ou pelo meio empregado (exemplos: atirar fezes
na vítima, molhar seu cabelo com cerveja em um bar etc.).
II – no caso de retorsão imediata, que consiste em outra
injúria: Injúria qualificada: art. 140, § 3º
Pune-se com reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, sem pre-
A retorsão é a injúria proferida pelo ofendido contra juízo de multa, o crime de injúria que consiste na utilização
quem antes o injuriou. É o revide: tão logo ofendida, de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem,
a vítima também ataca a honra do seu agressor. Deve ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
ser imediata, ou seja, efetuada tão logo o injuriado Esta pena, embora sensivelmente inferior àquela cominada
tiver conhecimento da ofensa. Assim, tratando-se de no caput, no tocante à injúria simples, é constitucional, e en-
injúrias verbais, a retorsão deve se verificar na mesma contra seu fundamento de validade na dignidade da pessoa
ocasião em que o ofendido suportar a ofensa. humana, assegurada pelo art. 1º, III, da Constituição Federal.
Admite-se também o perdão judicial no tocante a A injúria qualificada, assim como os demais crimes contra
injúrias escritas. Nessa hipótese, a relação de imedia- a honra, reclama seja a ofensa dirigida a pessoa ou pessoas

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determinadas. Destarte, a atribuição de qualidade negativa CAPÍTULO XXIII
à vítima individualizada, calcada em elementos referentes à Do Negro
raça, cor, etnia, religião ou origem, constitui crime de injúria
qualificada (CP, art. 140, § 3.º). Esse crime obedece às regras Art. 286. A sociedade baiana é cultural e historica-
prescricionais previstas no Código Penal. mente marcada pela presença da comunidade afro-
Quando fundada em elementos relativos à raça, a injúria -brasileira, constituindo a prática do racismo crime
qualificada não se confunde com o crime de racismo. inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclu-
Racismo é a divisão dos seres humanos em raças, supe- são, nos termos da Constituição Federal.
riores ou inferiores, resultante de um processo de conteúdo Art. 287. Com países que mantiverem política oficial
meramente político-social. Desse pressuposto origina-se essa de discriminação racial, o Estado não poderá:
prática nefasta que, por sua vez, gera discriminação e pre- I – admitir participação, ainda que indireta, através
conceito segregacionista. O racismo não pode ser tolerado, de empresas neles sediadas, em qualquer processo
em hipótese alguma, pois a ciência já demonstrou, com a licitatório da Administração Pública direta ou indireta;
definição e o mapeamento do genoma humano, que não II – manter intercâmbio cultural ou desportivo, atra-
existem distinções entre os seres humanos, seja pela segmen- vés de delegações oficiais.
tação da pele, formato dos olhos, altura ou quaisquer outras Art. 288. A rede estadual de ensino e os cursos de
características físicas. Não há diferença biológica entre os formação e aperfeiçoamento do servidor público civil
seres humanos, que na essência, biológica ou constitucional e militar incluirão em seus programas disciplina que
(art. 5º, caput), são todos iguais. valorize a participação do negro na formação histórica
A injúria qualificada é delito afiançável, prescritível, e de da sociedade brasileira.
ação penal pública condicionada à representação do ofen- Art. 289. Sempre que for veiculada publicidade es-
dido (art. 145, parágrafo único do CP), enquanto o racismo, tadual com mais de duas pessoas, será assegurada a
de ação penal pública incondicionada, por mandamento inclusão de uma da raça negra.
constitucional expresso, constitui-se em crime inafiançável Art. 290. O dia 20 de novembro será considerado, no
e imprescritível (CF, art. 5º, XLII). calendário oficial, como Dia da Consciência Negra.
Os crimes de racismo são definidos pela Lei nº 7.716/1989
(crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor), e se O art. 286 reconhece que a cultura afro-brasileira é um
evidenciam por manifestações preconceituosas generaliza- dos elementos mais marcantes da cultura baiana, constituin-
das (a todas as pessoas de uma raça qualquer) ou pela segre- do a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível.
gação racial (exemplo: vedar a matrícula de uma criança de O caráter inafiançável significa que o agente não poderá res-
uma raça qualquer em uma escola). Exemplificativamente, ponder ao processo em liberdade. Já a imprescritibilidade
chamar alguém de “gringo safado” tipifica injúria qualifica- significa que o direito de punir do Estado, não prescreve pelo
da, enquanto afirmar que “todos os gringos são safados” decurso do tempo.
constitui crime de racismo. Os crimes de racismo estão tipificados na Lei nº 7.716,
A parte final do art. 140, § 3º, do Código Penal (condição de 5 de janeiro de 1989 que estudaremos oportunamente.
de pessoa idosa ou portadora de deficiência) foi inserida pela O art. 287 da Constituição Estadual proíbe expressamente
a participação de países que mantenham política oficial de
Lei nº 10.741/2003 – Estatuto do Idoso.
discriminação racial em licitações da administração pública
direita e indireta do Estado, bem como proíbe o intercâmbio
Quadro-resumo da Injúria
cultural ou desportivo, através de delegações oficiais.
• Ofende a honra subjetiva da pessoa (a consumação
O art. 288 por sua vez, prevê a inclusão de disciplina
ocorre quando a ofensa à dignidade ou ao decoro che-
que valorize a participação do negro na formação histórica
ga ao conhecimento da vítima).
da sociedade brasileira na rede estadual de ensino e nos
• Basta a atribuição de qualidade negativa, prescindindo-
cursos de formação e aperfeiçoamento do servidor público
-se da imputação de fato determinado. civil e militar.
• A tentativa é possível somente quando praticada por Com vistas a garantir o princípio da igualdade, é asse-
escrito. gurada a inclusão de pelo menos, uma pessoa negra, nas
• Não admite exceção da verdade. propagandas governamentais.
• Único crime contra a honra que admite perdão judicial. Por fim, o art. 290 elegeu o dia 20 de novembro como o
• A injuria real impõe concurso material obrigatório (in- Dia Consciência Negra. Vale destacar que este dia é feriado
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

juria real + crime resultante de violência). no Estado da Bahia. Em estados que não aderiram à Lei,
• Injuria qualificada e racismo: no primeiro, a vítima é a responsabilidade é de cada Câmara de Vereadores, que
individualizada; no segundo são proferidas manifesta- decidirá se haverá o feriado no município.
ções preconceituosas generalizadas (todas as pessoas Em âmbito nacional, o dia 20 de novembro somente
de uma raça qualquer) ou pela segregação racial. foi efetivado como o Dia da Consciência Negra em 10 de
novembro de 2011, por meio da Lei nº 12.519. A data foi
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte do líder
negro Zumbi dos Palmares, em 1695.
Com vistas a promover uma discriminação positiva aos
povos negros e à sua cultura, em compensação pela histó- ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL
ria de exploração e exclusão social, foram instituídos vários
diplomas legais, desde a Constituição Federal, que já estu- Com a finalidade de garantir à população negra a efeti-
damos, passando pelas leis ordinárias federais e chegando vação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos
à legislação estadual. étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à dis-
A Constituição do Estado da Bahia dedicou um capítulo criminação e às demais formas de intolerância étnico, a Lei
especialmente à população negra (Capítulo XXIII) no Título nº 12.288, de 20 de julho de 2010 instituiu o Estatuto da
VI – Da Ordem Econômica e Social. Vejamos: Igualdade Racial.

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Atenção! de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à
População negra é o conjunto de pessoas que se Justiça, e outros.
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor
ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em
Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam auto- políticas públicas destinadas a reparar as distorções e de-
definição análoga. sigualdades sociais e demais práticas discriminatórias ado-
Considera-se discriminação racial ou étnico-racial tadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de
toda distinção, exclusão, restrição ou preferência ba- formação social do País.
seada em raça, cor, descendência ou origem nacional
ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir Dos Direitos Assegurados
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade
de condições, de direitos humanos e liberdades fun- De acordo com o Estatuto em comento, é dever do Es-
damentais nos campos político, econômico, social, tado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades,
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente
ou privada. da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comu-
Desigualdade racial, por sua vez, consiste em toda nidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas,
situação injustificada de diferenciação de acesso e frui- empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defenden-
ção de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pú- do sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
blica e privada, em virtude de raça, cor, descendência Vejamos as diretrizes gerais estabelecidas pelo Estatuto
ou origem nacional ou étnica. para a proteção de alguns direitos individuais.
Ademais, desigualdade de gênero e raça consiste
na assimetria existente no âmbito da sociedade que Direito à Saúde
acentua a distância social entre mulheres negras e os
demais segmentos sociais. O direito à saúde da população negra será garantido
pelo poder público mediante políticas universais, sociais e
Diretrizes do Estatuto Federal da Igualdade Racial econômicas destinadas à redução do risco de doenças e de
outros agravos, constituindo uma Política Nacional de Saúde
Além das normas constitucionais relativas aos princípios Integral da População Negra.
fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saú-
direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igual- de (SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde
dade Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão da população negra será de responsabilidade dos órgãos e
das vítimas de desigualdade étnico-racial, a valorização da instituições públicas federais, estaduais, distritais e munici-
igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional pais, da administração direta e indireta.
brasileira. O poder público garantirá que o segmento da população
negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado
Objetivos do Estatuto Federal da Igualdade Racial sem discriminação.

Diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral da Po-


A participação da população negra, em condição de igual-
pulação Negra
dade de oportunidade, na vida econômica, social, política e
cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio
Ampliação e Fortalecimento
de:
• da participação de lideranças dos movimentos sociais
• inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento
em defesa da saúde da população negra nas instâncias
econômico e social;
de participação e controle social do SUS.
• adoção de medidas, programas e políticas de ação
afirmativa;
Desenvolvimento
• modificação das estruturas institucionais do Estado • de processos de informação, comunicação e educação
para o adequado enfrentamento e a superação das para contribuir com a redução das vulnerabilidades da
desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e população negra.
da discriminação étnica;
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

• promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o Produção


combate à discriminação étnica e às desigualdades • de conhecimento científico e tecnológico em saúde da
étnicas em todas as suas manifestações individuais, população negra.
institucionais e estruturais;
• eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e Objetivos da Política Nacional de Saúde Integral da Po-
institucionais que impedem a representação da diver- pulação Negra
sidade étnica nas esferas pública e privada;
• estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas Fomento
da sociedade civil direcionadas à promoção da igual- • à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e
dade de oportunidades e ao combate às desigualda- saúde da população negra.
des étnicas, inclusive mediante a implementação de
incentivos e critérios de condicionamento e prioridade Inclusão
no acesso aos recursos públicos; • do conteúdo da saúde da população negra nos pro-
• implementação de programas de ação afirmativa des- cessos de formação e educação permanente dos tra-
tinados ao enfrentamento das desigualdades étnicas balhadores da saúde;
no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, • da temática saúde da população negra nos processos
segurança, trabalho, moradia, meios de comunicação de formação política das lideranças de movimentos

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sociais para o exercício da participação e controle social • resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar
no SUS. grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos
programas de pós-graduação que desenvolvam temá-
Melhoria ticas de interesse da população negra;
• da qualidade dos sistemas de informação do SUS no • incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de
que tange à coleta, ao processamento e à análise dos formação de professores temas que incluam valores
dados desagregados por cor, etnia e gênero. concernentes à pluralidade étnica e cultural da socie-
dade brasileira;
Promoção • desenvolver programas de extensão universitária desti-
• da saúde integral da população negra, priorizando a nados a aproximar jovens negros de tecnologias avan-
redução das desigualdades étnicas e o combate à dis- çadas, assegurado o princípio da proporcionalidade de
criminação nas instituições e serviços do SUS. gênero entre os beneficiários;
• estabelecer programas de cooperação técnica, nos
Os moradores das comunidades de remanescentes de estabelecimentos de ensino públicos, privados e co-
quilombos serão beneficiários de incentivos específicos munitários, com as escolas de educação infantil, ensino
para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas fundamental, ensino médio e ensino técnico, para a
condições ambientais, no saneamento básico, na segurança formação docente baseada em princípios de equidade,
alimentar e nutricional e na atenção integral à saúde. de tolerância e de respeito às diferenças étnicas.

Direito à Educação, Cultura, Esporte e Lazer O poder público estimulará e apoiará ações socioeduca-
cionais realizadas por entidades do movimento negro que
Disposições Gerais desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social,
A população negra tem direito a participar de ativida- mediante cooperação técnica, intercâmbios, convênios e
des educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas incentivos, entre outros mecanismos.
a seus interesses e condições, de modo a contribuir para O poder público adotará programas de ação afirmativa.
o patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos respon-
brasileira. sáveis pelas políticas de promoção da igualdade e de edu-
Para tanto, os governos federal, estaduais, distrital e mu- cação, acompanhará e avaliará os programas de que trata
nicipais devem adotar as seguintes providências: esta Seção.
• apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço
Disposições Específicas quanto ao Direito à Cultura
para promoção social e cultural da população negra;
O poder público garantirá o reconhecimento das socieda-
• desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive
des negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva
nas escolas, para que a solidariedade aos membros
da população negra, com trajetória histórica comprovada,
da população negra faça parte da cultura de toda a
como patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts.
sociedade; 215 e 216 da Constituição Federal.
• implementação de políticas públicas para o fortaleci- É assegurado aos remanescentes das comunidades dos
mento da juventude negra brasileira; quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes,
• promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso tradições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado.
da população negra ao ensino gratuito e às atividades A preservação dos documentos e dos sítios detentores
esportivas e de lazer. de reminiscências históricas dos antigos quilombos, tomba-
dos nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição Federal,
Disposições Específicas quanto ao Direito à Educação receberá especial atenção do poder público.
Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação O poder público incentivará a celebração das persona-
Nacional, os estabelecimentos de ensino fundamental e de lidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetó-
ensino médio, públicos e privados, devem ensinar história ria do samba e de outras manifestações culturais de matriz
geral da África e da história da população negra no Brasil. Os africana, bem como sua comemoração nas instituições de
conteúdos referentes à história da população negra no Brasil ensino públicas e privadas.
serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, O poder público garantirá o registro e a proteção da capo-
resgatando sua contribuição decisiva para o desenvolvimento eira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

social, econômico, político e cultural do País. imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos
O Ministério da Educação fomentará a formação inicial termos do art. 216 da Constituição Federal.
e continuada de professores e a elaboração de material di- O poder público buscará garantir, por meio dos atos nor-
dático específico para o ensino destas disciplinas. mativos necessários, a preservação dos elementos formado-
Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos res tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.
responsáveis pela educação incentivarão a participação de
intelectuais e representantes do movimento negro para de- Disposições Específicas quanto ao Direito ao Esporte
bater com os estudantes suas vivências relativas ao tema e ao Lazer
em comemoração. O poder público fomentará o pleno acesso da população
Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento negra às práticas desportivas, consolidando o esporte e o
à pesquisa e à pós-graduação poderão criar incentivos a lazer como direitos sociais.
pesquisas e a programas de estudo voltados para temas re- A capoeira é reconhecida como desporto de criação na-
ferentes às relações étnicas, aos quilombos e às questões cional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.
pertinentes à população negra. A atividade de capoeirista será reconhecida em todas
O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos compe- as modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como
tentes, incentivará as instituições de ensino superior públicas esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercício em
e privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a: todo o território nacional.

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É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas ampliando o acesso ao financiamento agrícola e o fortaleci-
e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública mento da infraestrutura de logística para a comercialização
e formalmente reconhecidos. da produção.
Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que
Direito à Liberdade de Consciência e de Crença e ao estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade
Livre Exercício dos Cultos definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respec-
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo tivos.
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas Direito à Moradia Adequada
liturgias. O poder público garantirá a implementação de políticas
O direito à liberdade de consciência e de crença e ao públicas para assegurar o direito à moradia adequada da
livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana com- população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas
preende: subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a
• a prática de cultos, a celebração de reuniões relacio- fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias
nadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por no ambiente e na qualidade de vida.
iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins; O direito à moradia adequada, inclui não apenas o provi-
• a celebração de festividades e cerimônias de acordo mento habitacional, mas também a garantia da infraestrutura
com preceitos das respectivas religiões; urbana e dos equipamentos comunitários associados à fun-
• a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de ção habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica
instituições beneficentes ligadas às respectivas convic- para a construção, a reforma ou a regularização fundiária da
ções religiosas; habitação em área urbana.
• a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de Os programas, projetos e outras ações governamentais
artigos e materiais religiosos adequados aos costumes realizadas no âmbito do Sistema Nacional de Habitação de
e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, res- Interesse Social (SNHIS), devem considerar as peculiaridades
salvadas as condutas vedadas por legislação específica; sociais, econômicas e culturais da população negra.
• a produção e a divulgação de publicações relacionadas Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estimularão
ao exercício e à difusão das religiões de matriz africana; e facilitarão a participação de organizações e movimentos
• a coleta de contribuições financeiras de pessoas natu- representativos da população negra na composição dos con-
rais e jurídicas de natureza privada para a manutenção selhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional
das atividades religiosas e sociais das respectivas reli- de Habitação de Interesse Social (FNHIS).
giões; Os agentes financeiros, públicos ou privados, promove-
• o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para rão ações para viabilizar o acesso da população negra aos
divulgação das respectivas religiões; financiamentos habitacionais.
• a comunicação ao Ministério Público para abertura de
ação penal em face de atitudes e práticas de intolerân- Direito ao Trabalho
cia religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer O poder público promoverá ações que assegurem a
outros locais. igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para
a população negra, inclusive mediante a implementação de
É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de medidas visando à promoção da igualdade nas contratações
religiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares
outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles nas empresas e organizações privadas.
submetidos a pena privativa de liberdade.
Valorização da Cultura Negra nos meios de Comunica-
Combate à intolerância religiosa ção Social
O poder público adotará as medidas necessárias para o A produção veiculada pelos órgãos de comunicação va-
combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas lorizará a herança cultural e a participação da população
e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o negra na história do País.
objetivo de: Na produção de filmes, peças publicitárias e programas
• assegurar a participação proporcional de represen- destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em
tantes das religiões de matrizes africanas, ao lado da salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de con-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

representação das demais religiões, em comissões, ferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e
conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discrimina-
vinculadas ao poder público; ção de natureza política, ideológica, étnica ou artística. Essa
• coibir a utilização dos meios de comunicação social exigência não se aplica aos filmes e programas que abordem
para a difusão de proposições, imagens ou abordagens especificidades de grupos étnicos determinados.
que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao despre- Os órgãos e entidades da administração pública federal
zo por motivos fundados na religiosidade de matrizes direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e
africanas; as sociedades de economia mista federais deverão incluir
• inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras cláusulas de participação de artistas negros nos contratos de
e outros bens de valor artístico e cultural, os monumen- realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças
tos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados de caráter publicitário. Todavia, não se aplica às produções
às religiões de matrizes africanas. publicitárias quando abordarem especificidades de grupos
étnicos determinados.
Direito de Acesso à Terra Os órgãos e entidades, nas especificações para contra-
O poder público elaborará e implementará políticas pú- tação de serviços de consultoria, conceituação, produção
blicas capazes de promover o acesso da população negra à e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a
terra e às atividades produtivas no campo, viabilizando e obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de em-

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prego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço instituir conselhos de promoção da igualdade étnica, de cará-
contratado. ter permanente e consultivo, compostos por igual número de
representantes de órgãos e entidades públicas e de organiza-
ções da sociedade civil representativas da população negra.
Atenção!
Considera-se prática de iguais oportunidades de em-
Ouvidorias
prego, para efeitos do Estatuto da Igualdade Racial,
o conjunto de medidas sistemáticas executadas com
O poder público federal instituirá, na forma da lei e no
a finalidade de garantir a diversidade étnica, de sexo
âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Per-
e de idade na equipe vinculada ao projeto ou serviço
manentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e
contratado.
encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com
base em etnia ou cor e acompanhar a implementação de
A autoridade contratante poderá, se considerar necessá-
medidas para a promoção da igualdade.
rio para garantir a prática de iguais oportunidades de empre-
go, requerer auditoria por órgão do poder público federal.
Acesso à Justiça e Segurança
Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial –
SINAPIR É assegurado às vítimas de discriminação étnica o acesso
aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública,
Com a finalidade de organizar e articular a implementa- ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas
ção das Políticas e serviços destinados a superar as desigual- instâncias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.
dades étnicas existentes no País, a Lei em comento criou o Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de
Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), lesão aos interesses da população negra decorrentes de si-
onde todos os entes federativos podem participar. Basta ade- tuações de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros
rir ao Sistema mediante contrato de adesão. A sociedade e a instrumentos, à ação civil pública
iniciativa privada também podem aderir ao Sinapir. O Estado assegurará atenção às mulheres negras em si-
tuação de violência, garantida a assistência física, psíquica,
Objetivos do Sinapir social e jurídica.
O Estado adotará medidas especiais para coibir a violên-
Articular cia policial incidente sobre a população negra.
• planos, ações e mecanismos voltados à promoção da O Estado implementará ações de ressocialização e pro-
igualdade étnica. teção da juventude negra em conflito com a lei e exposta a
experiências de exclusão social.
Descentralizar O Estado adotará medidas para coibir atos de discrimi-
• a implementação de ações afirmativas pelos governos nação e preconceito praticados por servidores públicos em
estaduais, distrital e municipais. detrimento da população negra.

Formular Financiamento das Iniciativas de Promoção da Igual-


• políticas destinadas a combater os fatores de margina- dade Racial
lização e a promover a integração social da população
negra. As políticas de ação afirmativa e outras políticas públi-
cas que tenham como objetivo promover a igualdade de
Garantir oportunidades e a inclusão social da população negra, terão
• a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a preferencias na elaboração dos planos plurianuais, especial-
implementação das ações afirmativas e o cumprimento mente no que tange a:
das metas a serem estabelecidas. • promoção da igualdade de oportunidades em educa-
ção, emprego e moradia;
Promover • financiamento de pesquisas, nas áreas de educação,
• a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais saúde e emprego, voltadas para a melhoria da quali-
resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de dade de vida da população negra;
ações afirmativas. • incentivo à criação de programas e veículos de comu-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

nicação destinados à divulgação de matérias relacio-


Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial nadas aos interesses da população negra;
• incentivo à criação e à manutenção de microempresas
O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de administradas por pessoas autodeclaradas negras;
promoção da igualdade racial contendo as metas, princípios • iniciativas que incrementem o acesso e a permanência
e diretrizes para a implementação da Política Nacional de das pessoas negras na educação fundamental, média,
Promoção da Igualdade Racial (PNPIR). técnica e superior;
A elaboração, implementação, coordenação, avaliação • apoio a programas e projetos dos governos estaduais,
e acompanhamento da PNPIR, bem como a organização, distrital e municipais e de entidades da sociedade civil
articulação e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo voltados para a promoção da igualdade de oportuni-
órgão responsável pela política de promoção da igualdade dades para a população negra;
étnica em âmbito nacional. • apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória
As diretrizes das políticas nacional e regional de promo- e das tradições africanas e brasileiras.
ção da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado
que assegure a participação da sociedade civil. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, pode-
Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais, rão ser consignados nos orçamentos fiscal e da seguridade
no âmbito das respectivas esferas de competência, poderão social para financiamento das ações destinadas a promover a

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igualdade de oportunidades e a inclusão social da população A cada 4 anos esse Relatório deverá ser atualizado e, mais
negra: uma vez, apresentado para exame do Comitê.
• transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Fe- O Comitê se reunirá normalmente todos os anos por
deral e dos Municípios um período não superior a duas semanas normalmente, na
• doações voluntárias de particulares; sede das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar que
• doações de empresas privadas e organizações não go- o Comitê determine, para examinar os relatórios que lhe
vernamentais, nacionais ou internacionais; sejam submetidos.
• doações voluntárias de fundos nacionais ou interna-
cionais; Decreto nº 4.377, de 13 de Setembro de 2002
• doações de Estados estrangeiros, por meio de convê-
nios, tratados e acordos internacionais. Promulga a Convenção sobre
a Eliminação de Todas as Formas
DECRETO FEDERAL Nº 4.377, DE 13 DE de Discriminação contra a Mulher,
de 1979, e revoga o Decreto no
SETEMBRO DE 2002 – CONVENÇÃO SOBRE 89.460, de 20 de março de 1984.
A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE
DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
Tendo em vista a nova era de proteção aos direitos das Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo
mulheres, o Brasil ratificou, por meio do Decreto Federal nº Decreto Legislativo nº 93, de 14 de novembro de 1983, a
4.377, de 13 de setembro de 2002, a aplicação da Convenção Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri-
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação minação contra a Mulher, assinada pela República Federativa
contra a Mulher3, em todo o seu território. do Brasil, em Nova York, no dia 31 de março de 1981, com
Ao ratificar a Convenção, os Estados-partes avocam o reservas aos seus artigos 15, parágrafo 4º, e 16, parágrafo
compromisso de, gradualmente, eliminar todas as formas 1º, alíneas a, c, g e h;
de discriminação no que tange ao gênero, assegurando a Considerando que, pelo Decreto Legislativo nº 26, de 22
de junho de 1994, o Congresso Nacional revogou o citado
efetiva igualdade entre eles. Assim, conforme será notado da
Decreto Legislativo nº 93, aprovando a Convenção sobre a
leitura do documento, a Convenção é baseada na dupla obri-
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
gação de eliminar a discriminação e assegurar a igualdade
Mulher, inclusive os citados artigos 15, parágrafo 4º, e 16,
das mulheres. Para tanto, logo em seu Art. 1º, a Convenção parágrafo 1º , alíneas a, c, g e h;
define o que é considerado discriminação contra a mulher. Considerando que o Brasil retirou as mencionadas reser-
Para fins da presente Convenção, a expressão ‘discrimi- vas em 20 de dezembro de 1994;
nação contra a mulher’ significará toda distinção, exclusão Considerando que a Convenção entrou em vigor, para o
ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou Brasil, em 2 de março de 1984, com a reserva facultada em
resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou seu art. 29, parágrafo 2;
exercício pela mulher, independentemente de seu estado
civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos DECRETA:
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos
político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer Art. 1º A Convenção sobre a Eliminação de Todas as For-
outro campo. mas de Discriminação contra a Mulher, de 18 de dezembro
A Convenção ainda prevê outros direitos, que versam de 1979, apensa por cópia ao presente Decreto, com reserva
sobre a saúde das mulheres (acesso aos serviços e plane- facultada em seu art. 29, parágrafo 2, será executada e cum-
jamento familiar), vida econômica e social (benefícios fa- prida tão inteiramente como nela se contém.
miliares, serviços bancários, hipoteca e outras formas de Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional
crédito, participação em atividades recreativas, esportes, quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida
entre outros), problemas que envolvam as mulheres que Convenção, assim como quaisquer ajustes complementares
residem nas zonas rurais, igualdade de tratamento entre que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acar-
homens e mulheres perante a lei (celebração de contratos, retem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
administração de propriedades, nulidade de contratos que nacional.
visem restringir a capacidade feminina, liberdade de esco- Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

lher residência e domicílio), casamento e relações familiares blicação.


(direitos de contrair matrimônio, de escolher o cônjuge, de Art. 4º Fica revogado o Decreto nº 89.460, de 20 de março
consentir ou não o matrimônio, mesmos direitos no curso de 1984.
do casamento e na dissolução), entre outros. (Artigos 12, 13,
14, 15 e 16, da Convenção). Brasília, 13 de setembro de 2002; 181º da Independência
Para acompanhar e avaliar a execução da Convenção pe- e 114º da República.
los Estados-partes e os avanços conquistados na sua aplica-
ção, as Nações Unidas criaram no texto desta Convenção (Art. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
17), um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Osmar Chohfi
Mulher. De acordo com a Convenção, os Estados-partes com-
CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS
prometeram-se a submeter ao Secretário Geral das Nações
AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
Unidas, 1 ano após a entrada em vigor da Convenção, um
Relatório mostrando o modo pelo qual estão implementando Os Estados Partes na presente convenção,
a Convenção e quais as medidas legislativas, administrativas CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas reafirma
e judiciárias, seguidas para tornar efetivo o seu conteúdo. a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e
3
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
a Mulher foi aprovada pela ONU em 1979 homem e da mulher,

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CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos Direitos educação dos filhos exige a responsabilidade compartilhada
Humanos reafirma o princípio da não-discriminação e pro- entre homens e mulheres e a sociedade como um conjunto,
clama que todos os seres humanos nascem livres e iguais em RECONHECENDO que para alcançar a plena igualdade
dignidade e direitos e que toda pessoa pode invocar todos entre o homem e a mulher é necessário modificar o papel
os direitos e liberdades proclamados nessa Declaração, sem tradicional tanto do homem como da mulher na sociedade
distinção alguma, inclusive de sexo, e na família,
CONSIDERANDO que os Estados Partes nas Convenções RESOLVIDOS a aplicar os princípios enunciados na Decla-
Internacionais sobre Direitos Humanos tem a obrigação de ração sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher e,
garantir ao homem e à mulher a igualdade de gozo de todos para isto, a adotar as medidas necessárias a fim de suprimir
os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos, essa discriminação em todas as suas formas e manifestações,
OBSEVANDO as convenções internacionais concluídas CONCORDARAM no seguinte:
sob os auspícios das Nações Unidas e dos organismos espe-
cializados em favor da igualdade de direitos entre o homem PARTE I
e a mulher, Artigo 1º
OBSERVANDO, ainda, as resoluções, declarações e reco-
mendações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas Agências Para os fins da presente Convenção, a expressão “discri-
Especializadas para favorecer a igualdade de direitos entre minação contra a mulher” significará toda a distinção, exclu-
o homem e a mulher, são ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou
PREOCUPADOS, contudo, com o fato de que, apesar des- resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou
tes diversos instrumentos, a mulher continue sendo objeto exercício pela mulher, independentemente de seu estado
de grandes discriminações, civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos
RELEMBRANDO que a discriminação contra a mulher direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos
viola os princípios da igualdade de direitos e do respeito da político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer
dignidade humana, dificulta a participação da mulher, nas outro campo.
mesmas condições que o homem, na vida política, social,
econômica e cultural de seu país, constitui um obstáculo ao Artigo 2º
aumento do bem-estar da sociedade e da família e dificulta o
Os Estados Partes condenam a discriminação contra a
pleno desenvolvimento das potencialidades da mulher para
mulher em todas as suas formas, concordam em seguir, por
prestar serviço a seu país e à humanidade,
todos os meios apropriados e sem dilações, uma política
PREOCUPADOS com o fato de que, em situações de
destinada a eliminar a discriminação contra a mulher, e com
pobreza, a mulher tem um acesso mínimo à alimentação,
tal objetivo se comprometem a:
à saúde, à educação, à capacitação e às oportunidades de
a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas cons-
emprego, assim como à satisfação de outras necessidades, tituições nacionais ou em outra legislação apropriada o prin-
CONVENCIDOS de que o estabelecimento da Nova Ordem cípio da igualdade do homem e da mulher e assegurar por lei
Econômica Internacional baseada na equidade e na justiça outros meios apropriados a realização prática desse princípio;
contribuirá significativamente para a promoção da igualdade b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro
entre o homem e a mulher, caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda discri-
SALIENTANDO que a eliminação do apartheid, de todas minação contra a mulher;
as formas de racismo, discriminação racial, colonialismo, ne- c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher
ocolonialismo, agressão, ocupação estrangeira e dominação numa base de igualdade com os do homem e garantir, por
e interferência nos assuntos internos dos Estados é essencial meio dos tribunais nacionais competentes e de outras insti-
para o pleno exercício dos direitos do homem e da mulher, tuições públicas, a proteção efetiva da mulher contra todo
AFIRMANDO que o fortalecimento da paz e da segurança ato de discriminação;
internacionais, o alívio da tensão internacional, a coopera- d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de dis-
ção mútua entre todos os Estados, independentemente de criminação contra a mulher e zelar para que as autoridades
seus sistemas econômicos e sociais, o desarmamento geral e instituições públicas atuem em conformidade com esta
e completo, e em particular o desarmamento nuclear sob obrigação;
um estrito e efetivo controle internacional, a afirmação dos e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discri-
princípios de justiça, igualdade e proveito mútuo nas relações minação contra a mulher praticada por qualquer pessoa,
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

entre países e a realização do direito dos povos submetidos a organização ou empresa;


dominação colonial e estrangeira e a ocupação estrangeira, à f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de ca-
autodeterminação e independência, bem como o respeito da ráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamen-
soberania nacional e da integridade territorial, promoverão o tos, usos e práticas que constituam discriminação contra a
progresso e o desenvolvimento sociais, e, em consequência, mulher;
contribuirão para a realização da plena igualdade entre o g) Derrogar todas as disposições penais nacionais que
homem e a mulher, constituam discriminação contra a mulher.
CONVENCIDOS de que a participação máxima da mulher,
em igualdade de condições com o homem, em todos os cam- Artigo 3º
pos, é indispensável para o desenvolvimento pleno e com-
pleto de um país, o bem-estar do mundo e a causa da paz, Os Estados Partes tomarão, em todas as esferas e, em
TENDO presente a grande contribuição da mulher ao particular, nas esferas política, social, econômica e cultural,
bem-estar da família e ao desenvolvimento da sociedade, todas as medidas apropriadas, inclusive de caráter legislati-
até agora não plenamente reconhecida, a importância social vo, para assegurar o pleno desenvolvimento e progresso da
da maternidade e a função dos pais na família e na educação mulher, com o objetivo de garantir-lhe o exercício e gozo dos
dos filhos, e conscientes de que o papel da mulher na pro- direitos humanos e liberdades fundamentais em igualdade
criação não deve ser causa de discriminação mas sim que a de condições com o homem.

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Artigo 4º casamento com um estrangeiro, nem a mudança de nacio-
nalidade do marido durante o casamento, modifiquem auto-
1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais de maticamente a nacionalidade da esposa, convertam-na em
caráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato apátrida ou a obriguem a adotar a nacionalidade do cônjuge.
entre o homem e a mulher não se considerará discriminação 2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos
na forma definida nesta Convenção, mas de nenhuma manei- direitos que ao homem no que diz respeito à nacionalidade
ra implicará, como conseqüência, a manutenção de normas dos filhos.
desiguais ou separadas; essas medidas cessarão quando os
objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento hou- PARTE III
verem sido alcançados. Artigo 10
2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais,
inclusive as contidas na presente Convenção, destinadas a Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropria-
proteger a maternidade, não se considerará discriminatória. das para eliminar a discriminação contra a mulher, a fim de
assegurar-lhe a igualdade de direitos com o homem na esfera
Artigo 5º da educação e em particular para assegurarem condições de
igualdade entre homens e mulheres:
Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apropria- a) As mesmas condições de orientação em matéria de
das para: carreiras e capacitação profissional, acesso aos estudos e
a) Modificar os padrões socioculturais de conduta de obtenção de diplomas nas instituições de ensino de todas as
homens e mulheres, com vistas a alcançar a eliminação dos categorias, tanto em zonas rurais como urbanas; essa igual-
preconceitos e práticas consuetudinárias e de qualquer outra dade deverá ser assegurada na educação pré-escolar, geral,
índole que estejam baseados na ideia da inferioridade ou técnica e profissional, incluída a educação técnica superior,
superioridade de qualquer dos sexos ou em funções este- assim como todos os tipos de capacitação profissional;
reotipadas de homens e mulheres. b) Acesso aos mesmos currículos e mesmos exames,
b) Garantir que a educação familiar inclua uma compre- pessoal docente do mesmo nível profissional, instalações e
ensão adequada da maternidade como função social e o material escolar da mesma qualidade;
reconhecimento da responsabilidade comum de homens e c) A eliminação de todo conceito estereotipado dos pa-
mulheres no que diz respeito à educação e ao desenvolvi- péis masculino e feminino em todos os níveis e em todas as
mento de seus filhos, entendendo-se que o interesse dos fi- formas de ensino mediante o estímulo à educação mista e a
lhos constituirá a consideração primordial em todos os casos. outros tipos de educação que contribuam para alcançar este
objetivo e, em particular, mediante a modificação dos livros
Artigo 6º e programas escolares e adaptação dos métodos de ensino;
d) As mesmas oportunidades para obtenção de bolsas-
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropria- -de-estudo e outras subvenções para estudos;
das, inclusive de caráter legislativo, para suprimir todas as e) As mesmas oportunidades de acesso aos programas de
formas de tráfico de mulheres e exploração da prostituição educação supletiva, incluídos os programas de alfabetização
da mulher. funcional e de adultos, com vistas a reduzir, com a maior
brevidade possível, a diferença de conhecimentos existentes
PARTE II entre o homem e a mulher;
Artigo 7º f) A redução da taxa de abandono feminino dos estudos e
a organização de programas para aquelas jovens e mulheres
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas que tenham deixado os estudos prematuramente;
para eliminar a discriminação contra a mulher na vida política g) As mesmas oportunidades para participar ativamente
e pública do país e, em particular, garantirão, em igualdade nos esportes e na educação física;
de condições com os homens, o direito a: h) Acesso a material informativo específico que contribua
a) Votar em todas as eleições e referenda públicos e ser para assegurar a saúde e o bem-estar da família, incluída a in-
elegível para todos os órgãos cujos membros sejam objeto formação e o assessoramento sobre planejamento da família.
de eleições públicas;
b) Participar na formulação de políticas governamentais e Artigo 11
na execução destas, e ocupar cargos públicos e exercer todas
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

as funções públicas em todos os planos governamentais; 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropria-
c) Participar em organizações e associações não-gover- das para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera
namentais que se ocupem da vida pública e política do país. do emprego a fim de assegurar, em condições de igualdade
entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular:
Artigo 8º a) O direito ao trabalho como direito inalienável de todo
ser humano;
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropriadas b) O direito às mesmas oportunidades de emprego,
para garantir, à mulher, em igualdade de condições com o inclusive a aplicação dos mesmos critérios de seleção em
homem e sem discriminação alguma, a oportunidade de re- questões de emprego;
presentar seu governo no plano internacional e de participar c) O direito de escolher livremente profissão e emprego,
no trabalho das organizações internacionais. o direito à promoção e à estabilidade no emprego e a todos
os benefícios e outras condições de serviço, e o direito ao
Artigo 9º acesso à formação e à atualização profissionais, incluindo
aprendizagem, formação profissional superior e treinamento
1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos periódico;
iguais aos dos homens para adquirir, mudar ou conservar d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios,
sua nacionalidade. Garantirão, em particular, que nem o e igualdade de tratamento relativa a um trabalho de igual

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valor, assim como igualdade de tratamento com respeito à assegurar a aplicação dos dispositivos desta Convenção à
avaliação da qualidade do trabalho; mulher das zonas rurais.
e) O direito à seguridade social, em particular em casos 2. Os Estados-Partes adotarão todas as medias apropria-
de aposentadoria, desemprego, doença, invalidez, velhice das para eliminar a discriminação contra a mulher nas zonas
ou outra incapacidade para trabalhar, bem como o direito rurais a fim de assegurar, em condições de igualdade entre
de férias pagas; homens e mulheres, que elas participem no desenvolvimento
f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas con- rural e dele se beneficiem, e em particular as segurar-lhes-
dições de trabalho, inclusive a salvaguarda da função de -ão o direito a:
reprodução. a) Participar da elaboração e execução dos planos de
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por desenvolvimento em todos os níveis;
razões de casamento ou maternidade e assegurar a efetivi- b) Ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive
dade de seu direito a trabalhar, os Estados-Partes tomarão informação, aconselhamento e serviços em matéria de pla-
as medidas adequadas para: nejamento familiar;
a) Proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravi- c) Beneficiar-se diretamente dos programas de seguri-
dez ou licença de maternidade e a discriminação nas demis- dade social;
sões motivadas pelo estado civil; d) Obter todos os tipos de educação e de formação, aca-
b) Implantar a licença de maternidade, com salário pago dêmica e não-acadêmica, inclusive os relacionados à alfa-
ou benefícios sociais comparáveis, sem perda do emprego betização funcional, bem como, entre outros, os benefícios
anterior, antiguidade ou benefícios sociais; de todos os serviços comunitário e de extensão a fim de
c) Estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio aumentar sua capacidade técnica;
necessários para permitir que os pais combinem as obriga- e) Organizar grupos de auto
ções para com a família com as responsabilidades do trabalho ajuda e cooperativas a fim de obter igualdade de acesso
e a participação na vida pública, especialmente mediante às oportunidades econômicas mediante emprego ou traba-
fomento da criação e desenvolvimento de uma rede de ser- lho por conta própria;
viços destinados ao cuidado das crianças; f) Participar de todas as atividades comunitárias;
d) Dar proteção especial às mulheres durante a gravidez g) Ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, aos
nos tipos de trabalho comprovadamente prejudiciais para serviços de comercialização e às tecnologias apropriadas, e
elas. receber um tratamento igual nos projetos de reforma agrária
3. A legislação protetora relacionada com as questões e de reestabelecimentos;
compreendidas neste artigo será examinada periodicamente h) gozar de condições de vida adequadas, particular-
à luz dos conhecimentos científicos e tecnológicos e será mente nas esferas da habitação, dos serviços sanitários, da
revista, derrogada ou ampliada conforme as necessidades. eletricidade e do abastecimento de água, do transporte e
das comunicações.
Artigo 12
PARTE IV
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropria- Artigo 15
das para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera
dos cuidados médicos a fim de assegurar, em condições de 1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a igualdade
igualdade entre homens e mulheres, o acesso a serviços com o homem perante a lei.
médicos, inclusive os referentes ao planejamento familiar. 2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em maté-
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1º, os Estados- rias civis, uma capacidade jurídica idêntica do homem e as
-Partes garantirão à mulher assistência apropriadas em re- mesmas oportunidades para o exercício dessa capacidade.
lação à gravidez, ao parto e ao período posterior ao parto, Em particular, reconhecerão à mulher iguais direitos para
proporcionando assistência gratuita quando assim for neces- firmar contratos e administrar bens e dispensar-lhe-ão um
sário, e lhe assegurarão uma nutrição adequada durante a tratamento igual em todas as etapas do processo nas cortes
gravidez e a lactância. de justiça e nos tribunais.
3. Os Estados-Partes convém em que todo contrato ou
Artigo 13 outro instrumento privado de efeito jurídico que tenda a res-
tringir a capacidade jurídica da mulher será considerado nulo.
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apropria- 4. Os Estados-Partes concederão ao homem e à mulher
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

das para eliminar a discriminação contra a mulher em outras os mesmos direitos no que respeita à legislação relativa ao
esferas da vida econômica e social a fim de assegurar, em direito das pessoas à liberdade de movimento e à liberdade
condições de igualdade entre homens e mulheres, os mes- de escolha de residência e domicílio.
mos direitos, em particular:
a) O direito a benefícios familiares; Artigo 16
b) O direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e
outras formas de crédito financeiro; 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas adequa-
c) O direito a participar em atividades de recreação, es- das para eliminar a discriminação contra a mulher em todos
portes e em todos os aspectos da vida cultural. os assuntos relativos ao casamento e às ralações familiares
e, em particular, com base na igualdade entre homens e
Artigo 14 mulheres, assegurarão:
a) O mesmo direito de contrair matrimônio;
1. Os Estados-Partes levarão em consideração os proble- b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge
mas específicos enfrentados pela mulher rural e o importante e de contrair matrimônio somente com livre e pleno con-
papel que desempenha na subsistência econômica de sua sentimento;
família, incluído seu trabalho em setores não-monetários c) Os mesmos direitos e responsabilidades durante o
da economia, e tomarão todas as medidas apropriadas para casamento e por ocasião de sua dissolução;

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d) Os mesmos direitos e responsabilidades como pais, 6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comitê
qualquer que seja seu estado civil, em matérias pertinentes realizar-se-á em conformidade com o disposto nos parágrafos
aos filhos. Em todos os casos, os interesses dos filhos serão 2, 3 e 4 deste Artigo, após o depósito do trigésimo-quinto
a consideração primordial; instrumento de ratificação ou adesão. O mandato de dois
e) Os mesmos direitos de decidir livre a responsavelmen- dos membros adicionais eleitos nessa ocasião, cujos nomes
te sobre o número de seus filhos e sobre o intervalo entre os serão escolhidos, por sorteio, pelo Presidente do Comitê,
nascimentos e a ter acesso à informação, à educação e aos expirará ao fim de dois anos;
meios que lhes permitam exercer esses direitos; 7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Parte cujo
f) Os mesmos direitos e responsabilidades com respeito perito tenha deixado de exercer suas funções de membro
à tutela, curatela, guarda e adoção dos filhos, ou institutos do Comitê nomeará outro perito entre seus nacionais, sob
análogos, quando esses conceitos existirem na legislação reserva da aprovação do Comitê;
nacional. Em todos os casos os interesses dos filhos serão a 8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da As-
consideração primordial; sembleia Geral, receberão remuneração dos recursos das
g) Os mesmos direitos pessoais como marido e mulher, Nações Unidas, na forma e condições que a Assembleia Geral
inclusive o direito de escolher sobrenome, profissão e ocu- decidir, tendo em vista a importância das funções do Comitê;
pação; 9. O Secretário-Geral das Nações Unidas proporciona-
h) Os mesmos direitos a ambos os cônjuges em matéria rá o pessoal e os serviços necessários para o desempenho
de propriedade, aquisição, gestão, administração, gozo e eficaz das funções do Comitê em conformidade com esta
disposição dos bens, tanto a título gratuito quanto à título Convenção.
oneroso.
2. Os esponsais e o casamento de uma criança não te- Artigo 18
rão efeito legal e todas as medidas necessárias, inclusive as
de caráter legislativo, serão adotadas para estabelecer uma 1. Os Estados-Partes comprometem-se a submeter ao
idade mínima para o casamento e para tornar obrigatória a Secretário-Geral das Nações Unidas, para exame do Comitê,
inscrição de casamentos em registro oficial. um relatório sobre as medidas legislativas, judiciárias, admi-
nistrativas ou outras que adotarem para tornarem efetivas
PARTE V as disposições desta Convenção e sobre os progressos alcan-
Artigo 17 çados a esse respeito:
a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor da
1. Com o fim de examinar os progressos alcançados na Convenção para o Estado interessado; e
aplicação desta Convenção, será estabelecido um Comitê b) Posteriormente, pelo menos cada quatro anos e toda
sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (do- vez que o Comitê a solicitar.
ravante denominado o Comitê) composto, no momento da 2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades
entrada em vigor da Convenção, de dezoito e, após sua ra- que influam no grau de cumprimento das obrigações esta-
tificação ou adesão pelo trigésimo-quinto Estado-Parte, de belecidos por esta Convenção.
vinte e três peritos de grande prestígio moral e competência
na área abarcada pela Convenção. Os peritos serão eleitos Artigo 19
pelos Estados-Partes entre seus nacionais e exercerão suas
funções a título pessoal; será levada em conta uma repartição 1. O Comitê adotará seu próprio regulamento.
geográfica equitativa e a representação das formas diversas 2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período de dois
de civilização assim como dos principais sistemas jurídicos; anos.
2. Os membros do Comitê serão eleitos em escrutínio
secreto de uma lista de pessoas indicadas pelos Estados- Artigo 20
-Partes. Cada um dos Estados-Partes poderá indicar uma
pessoa entre seus próprios nacionais; 1. O Comitê se reunirá normalmente todos os anos por
3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses após a data de um período não superior a duas semanas para examinar os
entrada em vigor desta Convenção. Pelo menos três meses relatórios que lhe sejam submetidos em conformidade com
antes da data de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações o Artigo 18 desta Convenção.
Unidas dirigirá uma carta aos Estados-Partes convidando-os 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente na
a apresentar suas candidaturas, no prazo de dois meses. O sede das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar que o
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Secretário-Geral preparará uma lista, por ordem alfabética de Comitê determine.


todos os candidatos assim apresentados, com indicação dos
Estados-Partes que os tenham apresentado e comunicá-la-á Artigo 21
aos Estados Partes;
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma 1. O Comitê, através do Conselho Econômico e Social das
reunião dos Estados-Partes convocado pelo Secretário-Geral Nações Unidas, informará anualmente a Assembleia Geral
na sede das Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quorum das Nações Unidas de suas atividades e poderá apresen-
será alcançado com dois terços dos Estados-Partes, serão tar sugestões e recomendações de caráter geral baseadas
eleitos membros do Comitê os candidatos que obtiverem o no exame dos relatórios e em informações recebidas dos
maior número de votos e a maioria absoluta de votos dos Estados-Partes. Essas sugestões e recomendações de caráter
representantes dos Estados-Partes presentes e votantes; geral serão incluídas no relatório do Comitê juntamente com
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato as observações que os Estados-Partes tenham porventura
de quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos membros formulado.
eleitos na primeira eleição expirará ao fim de dois anos; ime- 2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação, os
diatamente após a primeira eleição os nomes desses nove relatórios do Comitê à Comissão sobre a Condição da Mulher.
membros serão escolhidos, por sorteio, pelo Presidente do As Agências Especializadas terão direito a estar repre-
Comitê; sentadas no exame da aplicação das disposições desta Con-

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venção que correspondam à esfera de suas atividades. O os Estados a respeito. A notificação surtirá efeito na data de
Comitê poderá convidar as Agências Especializadas a apre- seu recebimento.
sentar relatórios sobre a aplicação da Convenção nas áreas
que correspondam à esfera de suas atividades. Artigo 29

PARTE VI 1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados-


Artigo 23 -Partes relativa à interpretação ou aplicação desta Convenção
e que não for resolvida por negociações será, a pedido de
Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer qualquer das Partes na controvérsia, submetida a arbitra-
disposição que seja mais propícia à obtenção da igualdade gem. Se no prazo de seis meses a partir da data do pedido
entre homens e mulheres e que seja contida: de arbitragem as Partes não acordarem sobre a forma da
a) Na legislação de um Estado-Parte ou arbitragem, qualquer das Partes poderá submeter a contro-
b) Em qualquer outra convenção, tratado ou acordo in- vérsia à Corte Internacional de Justiça mediante pedido em
ternacional vigente nesse Estado. conformidade com o Estatuto da Corte.
2. Qualquer Estado-Parte, no momento da assinatura
Artigo 24 ou ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, poderá
declarar que não se considera obrigado pelo parágrafo an-
Os Estados-Partes comprometem-se a adotar todas as terior. Os demais Estados-Partes não estarão obrigados pelo
medidas necessárias em âmbito nacional para alcançar a parágrafo anterior perante nenhum Estado-Parte que tenha
plena realização dos direitos reconhecidos nesta Convenção. formulado essa reserva.
3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado a reserva
Artigo 25 prevista no parágrafo anterior poderá retirá-la em qualquer
momento por meio de notificação ao Secretário-Geral das
1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de todos Nações Unidas.
os Estados.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica designado Artigo 30
depositário desta Convenção.
3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os instrumen- Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol,
tos de ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral francês, inglês e russo são igualmente autênticos será depo-
das Nações Unidas. sitada junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
4. Esta Convenção estará aberta à adesão de todos os Em testemunho do que, os abaixo-assinados devidamen-
Estados. A adesão efetuar-se-á através do depósito de um te autorizados, assinaram esta Convenção.
instrumento de adesão junto ao Secretário-Geral das Nações
Unidas.
LEI Nº 2.889, DE 1º DE OUTUBRO DE 1956
Artigo 26
A Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956 define e pune
1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer momento, o crime de genocídio.
formular pedido de revisão desta revisão desta Convenção, De acordo com a Lei, em seu art. 1º, comete genocídio
mediante notificação escrita dirigida ao Secretário-Geral das quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte,
Nações Unidas. grupo nacional, étnico, racial ou religioso:
2. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidirá sobre 1) mata membros do grupo:
as medidas a serem tomadas, se for o caso, com respeito a Pena: aquele que mata membro do grupo será punido
esse pedido. com a mesma pena do agente que prática homicídio qua-
lificado (Art. 121, § 2º, do Código Penal). Veja o que assim
Artigo 27 dispõe o dispositivo legal em comento:

1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a Homicídio qualificado


partir da data do depósito do vigésimo instrumento de ra- § 2º Se o homicídio é cometido:
tificação ou adesão junto ao Secretário-Geral das Nações I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Unidas. por outro motivo torpe;


2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção II – por motivo fútil;
ou a ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em vigor no tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
trigésimo dia após o depósito de seu instrumento de ratifi- possa resultar perigo comum;
cação ou adesão. IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimula-
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível
Artigo 28 a defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e en- nidade ou vantagem de outro crime:
viará a todos os Estados o texto das reservas feitas pelos Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Estados no momento da ratificação ou adesão.
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o 2) causa lesão grave à integridade física ou mental de
objeto e o propósito desta Convenção. membros do grupo;
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momen- Pena: aquele que causa lesão grave à integridade física
to por uma notificação endereçada com esse objetivo ao ou mental de membros do grupo será punido nos termos do
Secretário-Geral das Nações Unidas, que informará a todos art. 129, § 2º, do Código Penal, que assim dispõe:

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Lesão corporal I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
de outrem: anos;
Pena – detenção, de três meses a um ano. II – se o crime é praticado mediante internação da
vítima em casa de saúde ou hospital;
Lesão corporal de natureza grave III – se a privação da liberdade dura mais de quin-
§ 1º Se resulta: ze dias.
I  – Incapacidade para as ocupações habituais, por IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (de-
mais de trinta dias; zoito) anos;
II – perigo de vida; V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
III – debilidade permanente de membro, sentido ou § 2º Se resulta à vítima, em razão de maus‑tratos
função; ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
IV – aceleração de parto: ou moral:
Pena – reclusão, de um a cinco anos. Pena – reclusão, de dois a oito anos.

§ 2º Se resulta: Adiante, em seus arts. 2º e 3º, a lei traz mais duas es-
I – Incapacidade permanente para o trabalho; pécies de delito. São os crimes de Associação ao genocídio
II – enfermidade incurável; (art. 2º) e de Incitação ao genocídio (art. 3º).
III  – perda ou inutilização do membro, sentido ou A associação se dará quando mais de três pessoas se
função; reunirem para a prática dos atos caracterizadores do genocí-
IV – deformidade permanente; dio. Interessante aspectos e passa com relação à penalidade
V – aborto: deste delito. A lei manda que a punição seja metade da pena
Pena – reclusão, de dois a oito anos. cominada ao delito configurado.
Exemplificando: se o crime genocida se deu em razão
3) submete intencionalmente o grupo a condições de da prática de ato que adotou medidas destinadas a impedir
existência capazes de ocasionar‑lhe a destruição física total nascimentos no seio do grupo, e tal decorreu de associação,
ou parcial; a  pena será metade da cominada ao delito remetido; ou
Pena: aquele que submete intencionalmente o grupo a seja, aborto provocado por terceiro (sem consentimento
condições de existência capazes de ocasionar‑lhe a destrui- da gestante), que possui pena de reclusão de 3 a 10 anos.
ção física total ou parcial será punido nos termos do art. 270 Porém, hoje se entende que essas penas fixadas na
do Código penal que assim dispõe: metade à cominada do delito configurado, não se aplicam
mais; já que a Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990),
Envenenamento de água potável ou de substância em seu art.  8º, modificou a forma de se punir crimes de
alimentícia ou medicinal associação, no que tange a delitos hediondos, como é o
Art. 270 – Envenenar água potável, de uso comum caso do genocídio.
ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal Segundo ensina a lei dos hediondos, quem se associar
para um crime dessa natureza, terá a reprimenda de 3 a 6
destinada a consumo:
anos de reclusão. É  que neste caso, norma posterior (Lei
Pena – reclusão, de dez a quinze anos.
nº 8.072/1990) derrogou norma anterior (Lei nº 2.889/1956).
§ 1º – Está sujeito à mesma pena quem entrega a
O delito de Incitação (art. 3º) pune quem incita alguém
consumo ou tem em depósito, para o fim de ser dis-
a cometer quaisquer dos atos caracterizadores do intuito
tribuída, a água ou a substância envenenada.
genocida, e prevê como reprimenda a metade da pena co-
Modalidade culposa
minada ao delito configurado. Isso se o crime incitado não
§ 2º – Se o crime é culposo: se consumar. Se o mesmo reunir todos os elementos de sua
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. definição legal, vindo, portanto, a consumar‑se, a pena para o
crime de incitação será a mesma do crime incitado (parágrafo
4) adota medidas destinadas a impedir os nascimentos 1º do art. 3º). A lei traz, ainda, uma causa de aumento de
no seio do grupo; pena fixada na proporção de um terço, quando a incitação for
Pena: aquele que adota medidas destinadas a impedir cometida pela imprensa ou quando os delitos de genocídio,
os nascimentos no seio do grupo está sujeito à pena prevista associação ou incitação forem cometidos por governante
no art. 125 do Código Penal. Vejamos:
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

ou funcionário público. A dúvida que se cria com relação a


essa causa de aumento é se a mesma será aplicada caso a
Aborto provocado por terceiro incitação se dê pela imprensa (profissionais da imprensa),
Art.  125  – Provocar aborto, sem o consentimento havendo abuso da expressão jornalística; ou quando o agente
da gestante: não pertencente a imprensa (cidadão comum) dela se utiliza
Pena – reclusão, de três a dez anos. como meio para a propagação da incitação.
Quanto à possibilidade de tentativa, a lei, de forma ex-
5) efetua a transferência forçada de crianças do grupo pressa (art. 5º), a admite por haver um iter criminis que pode
para outro grupo. ser fracionado. Todavia, inova na fixação da pena. Ela pune
Pena: aquele que efetua a transferência forçada de crian- a tentativa dos crimes (genocídio, associação e incitação) na
ças do grupo para outro grupo está sujeito à pena prevista proporção de dois terços das respectivas penas, excepcio-
no art. 148 do Código Penal. Vejamos: nando a regra geral do Código Penal que fixa a proporção de
um a dois terços (art. 14, parágrafo único).
Sequestro e cárcere privado Por fim, convém destacar que a Lei não considera os
Art. 148 – Privar alguém de sua liberdade, mediante crimes nela existentes, como crimes políticos para efeito de
sequestro ou cárcere privado: extradição, haja vista só haver proibição para a extradição
Pena – reclusão, de um a três anos. de acordo com a Constituição Federal (art. 5, LII), quando o
§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: estrangeiro cometer crime político ou de opinião.

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Lei nº 2.889, de 1º de Outubro de 1956 Condutas Caracterizadoras de Preconceito

Define e pune o crime de Como se verá a seguir, as condutas caracterizadoras de


genocídio. preconceito possuem penas brandas com prisão simples de
15 (quinze) dias até 1 (um) ano, além de multa.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres- • Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ou estabelecimento de mesma finalidade, por pre-
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou conceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como Pena  – a pena a ser aplicada ao agente que incidir
tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989) nesse tipo de contravenção é prisão simples, de 3 (três)
a) matar membros do grupo; meses a 1 (um) ano, e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de o maior valor de referência (MVR).
membros do grupo; • Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de gênero ou o atendimento de clientes em restaurantes,
existência capazes de ocasionar‑lhe a destruição física total bares, confeitarias ou locais semelhantes abertos ao
ou parcial; público por preconceito de raça, de cor, de sexo ou
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos de estado civil.
no seio do grupo; Pena – a pena a ser aplicada ao agente que incidir nesse
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo tipo de contravenção é prisão simples, de 15 (quinze)
para outro grupo; dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes
Será punido: o maior valor de referência (MVR).
Com as penas do  art.  121, §  2º, do Código Penal, no • Recusar a entrada de alguém em estabelecimento
caso da letra a; público, de diversões ou de esporte, por preconceito
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Pena – a pena a ser aplicada ao agente que incidir nesse
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; tipo de contravenção é prisão simples, de 15 (quinze)
Com as penas do art. 148, no caso da letra e; dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes
Art.  2º Associarem‑se mais de 3 (três) pessoas para o maior valor de referência (MVR).
prática dos crimes mencionados no artigo anterior: (Vide • Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de es-
Lei nº 7.960, de 1989) tabelecimento comercial ou de prestação de serviço,
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos. por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer civil.
qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: (Vide Lei nº 7.960, Pena – a pena a ser aplicada ao agente que incidir nesse
tipo de contravenção é prisão simples, de 15 (quinze)
de 1989)
dias e 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes
Pena: Metade das penas ali cominadas.
o maior valor de referência (MVR).
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de
• Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de
crime incitado, se este se consumar.
ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando
de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
a incitação for cometida pela imprensa.
Pena  – a pena a ser aplicada ao agente que incidir
Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso
nesse tipo de contravenção é prisão simples, de 3 (três)
dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por gover- meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a três) vezes
nante ou funcionário público. o maior valor de referência (MVR).
Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas
penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei.
Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão conside- Atenção!
rados crimes políticos para efeitos de extradição. Caso se trate de estabelecimento oficial de ensino,
Art. 7º Revogam‑se as disposições em contrário. a pena será a perda do cargo para o agente, desde
que apurada em inquérito regular.
Rio de Janeiro, 1º de outubro de 1956; 135º da Indepen-
dência e 68º da República. • Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, de


JUSCELINO KUBITSCHEK sexo ou de estado civil.
Nereu Ramos Pena  – a pena a ser aplicada ao agente que incidir
nesse tipo de contravenção é perda do cargo, depois de
apurada a responsabilidade em inquérito regular, para
LEI Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985 o funcionário dirigente da repartição de que dependa
(LEI CAÓ) a inscrição no concurso de habilitação dos candidatos.
• Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia,
A Lei nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985, também sociedade de economia mista, empresa concessio-
conhecida como Lei Caó em homenagem ao seu autor, nária de serviço público ou empresa privada, por
o Deputado Carlos Alberto Oliveira estabeleceu como con- preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
travenção penal o tratamento discriminatório, no mercado Pena  – a pena a ser aplicada ao agente que incidir
de trabalho e em diversos estabelecimentos por motivo de nesse tipo de contravenção é prisão simples, de 3 (três)
raça, cor, sexo ou estado civil. meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes
O sujeito ativo (agente) comum de todas as condutas o maior valor de referência (MVR) no caso de empresa
caracterizadoras de preconceito previstas na lei será o diretor, privada; perda do cargo para o responsável pela recusa,
gerente ou empregado do estabelecimento que incidir na no caso de autarquia, sociedade de economia mista e
prática do ato resultante de preconceito. empresa concessionária de serviço público.

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Reincidência Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial
de ensino, a pena será a perda do cargo para o agente, desde
O art. 10 da Lei estabelece que, nos casos de reincidência que apurada em inquérito regular.
dos atos resultantes de preconceito ocorridos em estabe- Art.  8º Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo
lecimentos particulares, o  juiz poderá determinar a pena público civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, de
adicional de suspensão do funcionamento, por prazo não sexo ou de estado civil.
superior a 3 (três) meses. Pena – perda do cargo, depois de apurada a responsa-
A Lei Caó, isoladamente, não foi suficiente para resolver bilidade em inquérito regular, para o funcionário dirigente
as questões de discriminação e preconceito, ao passo que da repartição de que dependa a inscrição no concurso de
outras leis foram criadas após sua sanção, como o caso da habilitação dos candidatos.
Lei nº 7.716/1989 que definiu os crimes resultantes de pre- Art. 9º Negar emprego ou trabalho a alguém em autar-
conceito de raça ou de cor, que estudamos anteriormente.
quia, sociedade de economia mista, empresa concessionária
Nota‑se que muitas das condutas previstas na Lei Caó
de serviço público ou empresa privada, por preconceito de
foram criminalizadas com penas definitivamente superiores
na Lei nº 7.716/1989. raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena – prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
Lei nº 7.437, de 20 de Dezembro de 1985 e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de referência
(MVR), no caso de empresa privada; perda do cargo para o
Inclui, entre as contravenções responsável pela recusa, no caso de autarquia, sociedade de
penais a prática de atos resultan- economia mista e empresa concessionária de serviço público.
tes de preconceito de raça, de cor, Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em estabe-
de sexo ou de estado civil, dando lecimentos particulares, poderá o juiz determinar a pena
nova redação à Lei nº 1.390, de adicional de suspensão do funcionamento, por prazo não
3 de julho de 1951  – Lei Afonso superior a 3 (três) meses.
Arinos. Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 12. Revogam‑se as disposições em contrário.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres-
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Brasília, 20 de dezembro de 1985; 164º da Independência
Art. 1º Constitui contravenção, punida nos termos desta e 97º da República.
lei, a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de
cor, de sexo ou de estado civil. JOSÉ SARNEY
Art. 2º Será considerado agente de contravenção o dire- Fernando Lyra
tor, gerente ou empregado do estabelecimento que incidir
na prática referida no artigo 1º desta lei.
LEI ESTADUAL Nº 10.549, DE 28 DE
Das Contravenções DEZEMBRO DE 2006 – CRIA A SECRETARIA
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
Art. 3º Recusar hospedagem em hotel, pensão, estala- RACIAL; ALTERADA PELA LEI ESTADUAL
gem ou estabelecimento de mesma finalidade, por precon-
ceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. Nº 12.212/2011
Pena – prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de refe- A Lei nº 10.549, de 28 de dezembro de 2006, que esta-
rência (MVR). belece a estrutura organizacional da Administração Pública
Art. 4º Recusar a venda de mercadoria em lojas de qual- do Poder Executivo do Estado da Bahia foi alterada pelas
quer gênero ou o atendimento de clientes em restaurantes, Leis nos 12.212, de 4 de maio de 2011 e 13.204, de 11 de
bares, confeitarias ou locais semelhantes, abertos ao público, dezembro de 2014.
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. O ponto mais importante trazido pela Lei n° 10.549/2006
Pena  – Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) diz respeito à criação da Secretaria de Promoção da Igualdade
meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de (art. 3º, I). Antes da alteração sofrida pela Lei nº 12.212/2011,
referência (MVR). a Secretaria tinha por finalidade orientar, apoiar, coordenar,
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Art. 5º Recusar a entrada de alguém em estabelecimento acompanhar, controlar e executar programas e atividades
público, de diversões ou de esporte, por preconceito de raça, voltadas à implementação de políticas para as mulheres,
de cor, de sexo ou de estado civil. implementar ações afirmativas e definir ações públicas
Pena  – Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) de promoção da igualdade entre homens e mulheres e de
meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de combate à discriminação.
referência (MVR). Com a alteração trazida pela Lei nº 12.212/2011, a Se-
Art. 6º Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo
cretaria ganhou novo nome, passando a ser chamada de
de estabelecimento comercial ou de prestação de serviço,
“Secretaria de Promoção da Igualdade Racial – SEPROMI” e
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena  – prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três) perdeu as competências relativas às atividades pertinentes
meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de ao planejamento e execução das políticas públicas de cará-
referência (MVR). ter transversal para as mulheres, que foi transferida para a
Art. 7º Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM.
de ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito de Atualmente, a  Secretaria de Promoção da Igualdade
raça, de cor, de sexo ou de estado civil. Racial tem por finalidade planejar e executar políticas de
Pena – prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, promoção da igualdade racial e de proteção dos direitos de
e multa de 1(uma) a três) vezes o maior valor de referência indivíduos e grupos étnicos atingidos pela discriminação e
(MVR). demais formas de intolerância.

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Competências da SEPROMI Promover
• ações destinadas à captação de recursos financeiros
Acompanhar junto a entidades nacionais e internacionais, para o
• políticas transversais voltadas para a promoção da cumprimento de sua finalidade;
igualdade racial, executadas pelos diversos órgãos do • a interiorização da política de promoção da igualdade
Governo do Estado; racial nos municípios do Estado da Bahia.
• a aplicação e evolução da legislação, acordos e con-
venções nacionais e internacionais sobre assuntos de Realizar
sua competência e sugerir inovações e modificações • Conferências Estaduais de Promoção da Igualdade
na legislação estadual, quando for o caso. Racial, apoiar Conferências Territoriais e Municipais,
e efetivar o Plano Estadual de Promoção da Igualdade
Celebrar Racial.
• instrumentos e promover programas de cooperação
com entidades nacionais e internacionais, públicas e Estrutura Organizacional da SEPROMI
privadas, em atividades de sua competência.
A sua estrutura básica também foi alterada. Na Lei
Comunicar nº  10.549/2006, a  Secretaria tinha a seguinte estrutura
• aos órgãos e instituições competentes sobre o des- básica:
cumprimento da legislação referente à promoção da
igualdade racial e à proteção dos direitos dos povos, Órgãos Colegiados Órgãos da Administração
comunidades tradicionais e grupos étnicos que tomar Direta
conhecimento.
• Conselho de Desenvolvi- • Gabinete do Secretário;
mento da Comunidade • Diretoria de Administração
Coordenar
Negra; e Finanças;
• a implementação da Política Estadual para Comunida-
• Conselho Estadual de Defe- • Superintendência de Polí-
des Remanescentes de Quilombos;
sa dos Direitos da Mulher. ticas para as Mulheres;
• o Grupo Intersetorial responsável pela elaboração
• Superintendência de Pro-
dos Planos de Desenvolvimento Social, Econômico e
moção da Igualdade Racial.
Ambiental sustentáveis para Comunidades Remanes-
centes de Quilombos; Com a alteração sofrida pela Lei nº 12.212/2011, a Secre-
• o Sistema Estadual de Promoção da Igualdade Racial – taria de Promoção da Igualdade Racial passa a contar com
SISEPIR. a seguinte estrutura:
Emitir
• opinativo técnico nos expedientes e procedimentos Órgãos Colegiados Órgãos da Administração
em curso no Executivo Estadual, relativos a direitos Direta
dos Povos e Comunidades Tradicionais e dos grupos • Conselho de Desenvolvi- • Gabinete do Secretário;
étnico sujeitos à discriminação e outras formas de mento da Comunidade • Assessoria de Planejamen-
intolerância. Negra – CDCN. to e Gestão;
• Diretoria Administrativa e
Exercer Financeira;
• a Secretaria Executiva da Comissão Estadual para a • Coordenação de Promo-
Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicio- ção da Igualdade Racial;
nais – CESPCT; • Coordenação de Políticas
• outras atividades correlatas. para as Comunidades Tra-
dicionais.
Implementar
• diretamente ou em conjunto com as demais Secretarias Note que o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da
de Estado, Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Mulher – CDDM não faz mais parte da Estrutura da Secreta-
Racial, de proteção dos direitos de indivíduos, Povos e ria, uma vez que passou a ser órgão da Secretaria de Políticas
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

Comunidades Tradicionais e grupos étnicos atingidos para as Mulheres – SPM. Já a Superintendência de Promoção
pela discriminação racial e demais formas de intole- da Igualdade Racial passou a ser chamada se Coordenação
rância. de Promoção da Igualdade Racial.
Vale destacar que a Lei nº 12.212/2011 estabeleceu as
Monitorar atribuições de cada um dos órgãos da Secretaria. Vejamos:
• a execução dos programas federais para Comunidades • O Conselho de Desenvolvimento da Comunidade
Remanescentes de Quilombos, no âmbito do Governo Negra  – CDCN: órgão colegiado, tem por finalidade
do Estado da Bahia. estudar, propor e acompanhar medidas de relaciona-
mento dos órgãos governamentais com a comunidade
Planejar, Propor, Implementar e Monitorar negra, visando resgatar o direito à sua plena cidadania
• programas, projetos e ações contra práticas discrimi- e participação na sociedade.
natórias na prestação de serviços públicos, bem como • O Gabinete do Secretário: tem por finalidade prestar
na relação da Administração Pública com os servidores assistência ao Titular da Pasta, em suas tarefas técnicas
e agentes públicos. e administrativas.
• A Diretoria de Administração e Finanças: tem por fi-
Presidir nalidade o planejamento e coordenação das atividades
• o colegiado integrante da estrutura da Secretaria. de programação, orçamentação, acompanhamento,

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avaliação, estudos e análises, administração financeira • Coordenação e acompanhamento das políticas transver-
e de contabilidade, material, patrimônio, serviços, sais de governo para a promoção da igualdade racial;
recursos humanos, modernização administrativa e • Planejamento, coordenação da execução e avaliação
informática. do Programa Nacional de Ações Afirmativas; e
• A Coordenação de Promoção da Igualdade Racial: • Acompanhamento da implementação de legislação
tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, acom- de ação afirmativa e definição de ações públicas que
panhar, controlar e executar programas e atividades visem o cumprimento de acordos, convenções e outros
voltadas à implementação de políticas e diretrizes para instrumentos congêneres assinados pelo Brasil, nos
a promoção da igualdade e da proteção dos direitos aspectos relativos à promoção da igualdade e combate
de indivíduos e grupos raciais e étnicos, afetados por à discriminação racial ou étnica.
discriminação racial e demais formas de intolerância.
• A Coordenação de Políticas para as Comunidades A SEPPIR utiliza como referência política o Estatuto da
Tradicionais: tem por finalidade formular políticas Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010), que orientou a ela-
de promoção da defesa dos direitos e interesses das boração do Plano Plurianual (PPA 2012-2015), resultando
comunidades tradicionais, inclusive quilombolas, no na criação de um programa específico intitulado “Enfrenta-
Estado da Bahia, reduzindo as desigualdades e elimi- mento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial. Resul-
nando todas as formas de discriminação identificadas. tou também na incorporação desses temas em 25 outros
programas, totalizando 121 metas, 87 iniciativas e 19 ações
Por fim, a Lei nº 12.212/2011 também alterou a estru- orçamentárias, em diferentes áreas da ação governamental.
tura de cargos em comissão da Secretaria de Promoção da Essa Lei também criou o Conselho Nacional de Políticas de
Igualdade Racial, nos seguintes termos: Igualdade Racial (CNPIR). O CNPIR é um órgão colegiado, de
• Foram extintos 2 (dois) cargos de Superintendente, caráter consultivo e integrante da estrutura básica da SEPPIR,
símbolo DAS-2ª; que tem finalidade propor, em âmbito nacional, políticas
• Foram criados 2 (dois) cargos de Coordenador Execu- de promoção da Igualdade Racial com ênfase na população
tivo, símbolo DAS-2B; negra e outros segmentos raciais e étnicos da população
• Foram remanejados, da extinta Superintendência de brasileira. Além do combate ao racismo, o CNPIR tem por
Políticas para as Mulheres para a Coordenação de Po- missão propor alternativas para a superação das desigualda-
líticas para as Comunidades Tradicionais, ora criada, 1 des raciais (preconceito e discriminação), tanto do ponto de
(um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 1 (um) vista econômico quanto social, político e cultural, amplian-
cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3, 1 (um) cargo do, assim, os processos de controle social sobre as referidas
de Coordenador III, símbolo DAI-4 e 1 (um) cargo de políticas. O CNPIR foi regulamentado pelo Decreto nº 4.885,
Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5; de 20 de novembro de 2003. De acordo com o Decreto, o
• Foi criado 1 (um) cargo de Coordenador II, símbolo CNPIR é composto por 22 órgãos do Poder Público Federal,
DAS-3, e  alocado na Diretoria de Administração e 19 entidades da sociedade civil, escolhidas através de edital
Finanças. público, e por três notáveis no âmbito das relações raciais,
indicados pelo Ministro de Estado Chefe da Secretaria Espe-
LEI Nº 10.678, DE 23 DE MAIO DE 2003 cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR.

Criada pela Medida Provisória nº 111, de 21 de março de Lei nº 10.678, de 23 de Maio de 2003
2003, convertida na Lei nº 10.678, a Secretaria Nacional de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, nasceu Cria a Secretaria Especial de
do reconhecimento das lutas históricas do Movimento Negro Políticas de Promoção da Igualda-
brasileiro. A data é emblemática, pois em todo o mundo cele- de Racial, da Presidência da Re-
bra‑se o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação pública, e dá outras providências.
Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU),
em memória do Massacre de Shaperville. Em 21 de março de Faço saber que o Presidente da República adotou a
1960, 20.000 negros protestavam contra a lei do passe, que Medida Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso Na-
os obrigava a portar cartões de identificação, especificando cional aprovou, e eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo
os locais por onde eles podiam circular. Isso aconteceu na Vice-Presidente, no exercício da Presidência da Mesa do
Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Mesmo sendo uma


manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão e o da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda
saldo da violência foram 69 mortos e 186 feridos. constitucional nº 32, combinado com o art. 12 da Resolução
Atualmente a SEPPIR pertence à estrutura do Ministério nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:
dos Direitos Humanos (Art.36, da Lei nº 13.502, de 1º de Art. 1º Fica criada, como órgão de assessoramento ime-
novembro de 2017). diato ao Presidente da República, a Secretaria Especial de
A SEPPIR tem as seguintes finalidades: Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
• Formulação, coordenação e articulação de políticas e Art. 2º (Revogado pela Lei nº 12.314, de 2010)
diretrizes para a promoção da igualdade racial; Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria
• Formulação, coordenação e avaliação das políticas Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da
públicas afirmativas de promoção da igualdade e da Presidência da República, e terá a sua composição, com-
proteção dos direitos de indivíduos e grupos étnicos, petências e funcionamento estabelecidos em ato do Poder
com ênfase na população negra, afetados por discri- Executivo, a ser editado até 31 de agosto de 2003.
minação racial e demais formas de intolerância; Parágrafo único. A Secretaria Especial de Políticas de
• Articulação, promoção e acompanhamento da execu- Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República,
ção dos programas de cooperação com organismos na- constituirá, no prazo de noventa dias, contado da publicação
cionais e internacionais, públicos e privados, voltados desta Lei, grupo de trabalho integrado por representantes
à implementação da promoção da igualdade racial; da Secretaria Especial e da sociedade civil, para elaborar

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proposta de regulamentação do CNPIR, a ser submetida ao considerados indispensáveis pela autoridade admi-
Presidente da República. nistrativa competente.
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas de e) a omissão do dever de informar o preso, no mo-
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, mento oportuno, do direito de ficar calado, gera
1(um) cargo de Secretário-Adjunto, código DAS 101.6. (Re- mera irregularidade, não se impondo a decretação
dação dada pela Lei nº 11.693, de 2008) de nulidade e a desconsideração das informações
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.693, de 2008) incriminatórias dele obtidas.
Art. 4º- A. Fica transformado o cargo de Secretário Espe-
cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no cargo 3. (FCC/PC-AP/Agente de Polícia/2017) A Constituição
de Ministro de Estado Chefe da Secretaria Especial de Polí- Federal de 1988, ao tratar dos direitos e deveres indi-
ticas de Promoção da Igualdade Racial. (Incluído pela Lei nº viduais e coletivos,
11.693, de 2008) a) assegura-os aos brasileiros residentes no País, mas
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. não aos estrangeiros em trânsito pelo território na-
cional, cujos direitos são regidos pelas normas de
Congresso Nacional, em 23 de maio de 2003; 182º da direito internacional.
Independência e 115º da República. b) prescreve que a natureza do delito praticado não
pode ser critério para determinar o estabelecimento
EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS em que a pena correspondente será cumprida pelo
réu.
EXERCÍCIOS c) atribui ao júri a competência para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida, assegurando a pleni-
1. (FCC/DPE-RS/Analista – Administrador/2017) A Consti- tude de defesa, a publicidade das votações e a so-
tuição Federal assegura a todos, gratuitamente, berania dos veredictos.
a) assistência jurídica integral, a ser prestada pelo Es- d) excepciona o princípio da irretroatividade da lei pe-
tado, por meio das Defensorias Públicas da União e nal ao permitir que a lei seja aplicada aos crimes
dos Estados. cometidos anteriormente a sua entrada em vigência,
b) a ação de habeas data, para assegurar o conheci- quando for mais benéfica ao réu, regra essa que in-
mento de informações relativas à pessoa do impe- cide, inclusive, quando se tratar de crime hediondo.
trante, constantes de registros ou bancos de dados e) determina que a prática de crime hediondo constitui
de entidades governamentais ou de caráter público. crime inafiançável e imprescritível.
c) prática dos atos necessários ao exercício da cidada-
nia, por meio da ação de mandado de injunção, na 4. (FCC/TRE-PR/Analista Judiciário - Análise de Sistemas/
hipótese de lesão ou ameaça a direito dessa natureza 2017) Ao disciplinar direitos e garantias fundamentais,
por ato do Poder Público. a Constituição Federal
d) a ação civil pública, com vistas a anular ato lesivo ao a) assegura a gratuidade de habeas corpus e habeas
patrimônio público ou de entidade de que o Estado data, destinados à tutela de direitos individuais,
participe, salvo comprovada má-fé do autor. e, salvo comprovada má-fé do autor, a isenção de
e) o direito de oposição aos Poderes Públicos em defesa custas processuais e ônus da sucumbência na ação
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder,
popular, que tem por escopo a anulação de ato lesivo
incluída a obtenção de certidões para esclarecimen-
ao patrimônio público e à moralidade administrativa,
to de situações de interesse pessoal ou coletivo.
entre outros interesses de natureza transindividual.
b) outorga a partidos políticos com representação no
2. (FCC/PC-AP/Delegado de Polícia/2017) De acordo com
Congresso Nacional, a entidades de classe de âmbito
o regime constitucional de proteção dos direitos fun-
nacional e a associações a legitimidade para impetra-
damentais,
a) o direito à inviolabilidade de domicílio abrange a casa ção de mandado de segurança coletivo, desde que
em que o indivíduo mantém residência, mas não estejam constituídas regularmente e em funciona-
impede que a autoridade policial ingresse em esta- mento há pelo menos um ano e atuem na defesa
belecimento profissional de acesso privativo, contra dos interesses de seus membros ou associados.
c) garante a todos, independentemente do pagamento
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

a vontade de seu proprietário, sendo desnecessária


ordem judicial nesse caso. de taxas, a obtenção de certidões em repartições
b) o sigilo bancário e o sigilo fiscal não podem ser afas- públicas, para a defesa de direitos ou esclarecimento
tados por ato de comissões parlamentares de inqué- de situação de interesse particular, ou de interesse
rito, mas apenas por atos praticados por autoridades coletivo ou geral, a serem fornecidas no prazo da lei,
judiciais. sob pena de responsabilidade.
c) as comissões parlamentares de inquérito podem d) reconhece a instituição do júri, com a organização
determinar a interceptação telefônica de conversas que lhe der a lei, assegurando desde logo a plenitu-
mantidas entre pessoas por elas investigadas, des- de de defesa, o sigilo das votações, a soberania de
de que seja demonstrada a existência concreta de seus vereditos e a competência para julgamento dos
causa provável que legitime a medida excepcional, crimes dolosos contra a vida, ressalvados os que a
justificando a necessidade de sua efetivação, sem lei atribuir à competência da Justiça Militar ou, em
prejuízo de ulterior controle jurisdicional. caso de crimes de guerra, a tribunais de exceção.
d) é constitucional lei que autorize as autoridades e e) prevê a concessão de mandado de segurança sempre
os agentes fiscais tributários examinar documentos, que a ausência de norma regulamentadora torne
livros e registros de instituições financeiras, quando inviável o exercício de direitos e liberdades consti-
houver processo administrativo instaurado ou pro- tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
cedimento fiscal em curso, se tais exames forem dade, à soberania e à cidadania.

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5. (FCC/TRT/Analista Judiciário/2017) A associação dos 8. (FCC/TRT/Analista Judiciário/2017) O pai de Almir, Adal-
metalúrgicos aposentados da cidade X está causando berto, faleceu deixando dívida referente à reparação de
grande tumulto na cidade em razão das suas reivin- danos decorrente de condenação criminal que lhe foi
dicações e manifestações realizadas semanalmente imposta. Almir, preocupado com seu patrimônio, con-
na praça pública central. Assim, o Prefeito da cidade, sultou a Constituição Federal para saber se seus bens
através de Decreto, determinou que a associação será respondem pela dívida deixada pelo seu pai e descobriu
compulsoriamente dissolvida, devendo seus associados que
pagarem uma multa em caso de funcionamento após a) nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
a data prevista para a sua dissolução. Neste caso, de não podendo a obrigação de reparar o dano ser
acordo com a Constituição Federal, estendida aos sucessores e contra eles executadas,
a) o Prefeito agiu corretamente uma vez que as asso- salvo nos casos que envolvam credores menores de
ciações podem ser compulsoriamente dissolvidas idade, situação na qual responderão o patrimônio
por decreto do Chefe do Poder Executivo Municipal
particular e o transferido, ilimitadamente.
quando praticarem atos ilegais ou perturbarem a
b) nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
ordem.
b) a referida associação só poderá ser compulsoria- não podendo a obrigação de reparar o dano ser es-
mente dissolvida por decisão judicial transitada em tendida aos sucessores e contra eles executada, pois
julgado. deixa de existir com a morte do condenado.
c) a referida associação só poderá ser compulsoriamen- c) a pena poderá passar da pessoa do condenado, po-
te dissolvida por decisão judicial, não sendo exigido dendo a obrigação de reparar o dano ser estendida
o trânsito em julgado. aos sucessores e contra eles executada, ilimitada-
d) o Prefeito agiu corretamente uma vez que as associa- mente, respondendo o seu patrimônio particular e
ções podem ser compulsoriamente dissolvidas, em o patrimônio transferido.
qualquer hipótese, por decreto do Chefe do Poder d) a pena poderá passar da pessoa do condenado, po-
Executivo Municipal, sendo permitida a aplicação de dendo, a obrigação de reparar o dano por ele cau-
multa na hipótese narrada. sado, ser estendida não apenas aos sucessores, mas
e) o Prefeito agiu corretamente uma vez que as asso- a todos os parentes, ilimitadamente.
ciações podem ser compulsoriamente dissolvidas e) nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
mediante decreto do Chefe do Poder Executivo Mu- podendo a obrigação de reparar o dano ser, nos
nicipal, sendo vedado, porém, a previsão de multa termos da lei, estendida aos sucessores e contra
na hipótese narrada. eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido.
6. (FCC/TRT/Analista Judiciário/2017) Marinete ficou ex-
tremamente chateada ao chegar na sua empregadora, 9. (FCC/TRE-SP/Analista Judiciário/Área Administrativa/2017)
a empresa H, para mais um dia normal de trabalho e A constituição de associação que pretenda, indepen-
encontrar seu computador com uma nova tela de des-
dentemente de autorização governamental, dedicar-se
canso. Esta tela possuía diversos macacos segurando
ao estudo da forma de governo monárquica, com vis-
placas com dizeres racistas. Inconformada com o fato,
resolveu descobrir tudo a respeito do racismo do qual tas a defender sua implantação no Brasil, percebendo,
foi vítima. Assim, começando pela Constituição Federal, para tanto, auxílio técnico e financeiro de associações
Marinete descobriu que a prática do racismo estrangeiras simpáticas à causa, será
a) constitui crime inafiançável e imprescritível, previsto a) compatível com a disciplina da liberdade de associa-
no capítulo inerente aos direitos e deveres individu- ção na Constituição da República.
ais e coletivos. b) incompatível com a Constituição da República, por
b) constitui crime inafiançável com prazo prescricional possuir a associação fim ilícito.
de dez anos, previsto no capítulo inerente aos direi- c) incompatível com a Constituição da República, no
tos e deveres individuais e coletivos. que se refere à possibilidade de recebimento de
c) constitui crime inafiançável com prazo prescricional auxílio financeiro de entidades estrangeiras.
de vinte anos, previsto no capítulo inerente aos di- d) incompatível com a Constituição da República, por
reitos e deveres individuais e coletivos. possuir a associação caráter paramilitar.
d) não está prevista na Carga Magna. e) compatível com a Constituição da República, desde
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

e) constitui crime imprescritível, mas afiançável me- que obtenha autorização governamental para sua
diante condições prevista no capítulo inerente aos constituição e funcionamento.
direitos e deveres individuais e coletivos.
10. (FCC/TRE-SP/Analista Judiciário/Área Administrativa/2017)
7. (FCC/TRT/Analista Judiciário/2017) Durval foi alvo de À luz da Constituição da República, brasileiro naturaliza-
racismo em seu trabalho. Ao consultar a Constituição do que, comprovadamente, esteja envolvido em tráfico
Federal, descobriu que a prática de racismo constitui ilícito de entorpecentes, na forma da lei,
crime
a) não poderá ser extraditado, pois é expressamente
a) inafiançável, apenas, sujeito à pena de detenção,
vedada a extradição de brasileiro.
nos termos da lei.
b) inafiançável, apenas, sujeito à pena de reclusão, nos b) somente poderá ser extraditado se ficar caracteri-
termos da lei. zado crime político ou de opinião, casos em que a
c) imprescritível, apenas, sujeito à pena de reclusão, Constituição veda expressamente a extradição ape-
nos termos da lei. nas de estrangeiro.
d) inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de de- c) somente poderá ser extraditado se, antes, for cance-
tenção, nos termos da lei. lada a naturalização, por ato da autoridade adminis-
e) inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de re- trativa competente, em virtude de atividade nociva
clusão, nos termos da lei. ao interesse nacional.

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d) poderá ser extraditado, desde que haja condenação anos de prisão, uma vez que se comprovou que o crime
pelo cometimento de crime comum praticado ante- pelo qual cumpria pena foi cometido por outra pessoa.
riormente à naturalização. Nessa situação, segundo a Constituição Federal,
e) poderá ser extraditado, ainda que o envolvimento a) cabe ao Estado indenizar Maria pelo tempo que ficou
com o tráfico ilícito de entorpecentes seja posterior presa além do tempo fixado na sentença e indenizar
à naturalização. João por erro judiciário.
b) cabe ao Estado indenizar Maria pelo tempo que ficou
11. (FCC/DPE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017) presa além do tempo fixado na sentença, mas não
Em rede social da internet uma pessoa publicou men- cabe indenização em favor de João por erro judi-
sagem acusando outra de ter praticado atos de corrup- ciário, vez que ele foi preso em razão de sentença
ção. A acusada sentiu-se moralmente ofendida e obteve transitada em julgado, proferida em processo que
êxito em comprovar, judicialmente, que a imputação lhe garantiu a ampla defesa e o contraditório.
de prática de crime era falsa, tendo sido divulgada por c) cabe ao Estado indenizar Maria pelo tempo que ficou
motivo de vingança pessoal. Em casos como este, fican- presa além do tempo fixado na sentença, mas não
do comprovados os danos sofridos e a responsabilidade cabe indenização em favor de João por erro judi-
do autor da ofensa, a Constituição Federal garante ao ciário, vez que a Constituição Federal não prevê a
ofendido o direito de responsabilidade do Estado pelos atos judiciais.
a) resposta, proporcional ao agravo sofrido, sem pre- d) não é cabível indenização em favor de Maria e de
juízo de indenização por danos morais e materiais. João, vez que a Constituição Federal não prevê a
b) ajuizar ação popular para que o ofensor seja conde- responsabilidade do Estado pelos atos judiciais.
nado a reparar os danos morais e materiais causa- e) não é cabível indenização em favor de Maria e de
dos. João, vez que ambos foram presos em razão de sen-
c) impetrar mandado de injunção para que o ofensor tença transitada em julgado, proferida em processo
seja obrigado a retirar a mensagem da internet, sem que lhes garantiu a ampla defesa e o contraditório.
prejuízo de indenização por danos morais e mate-
riais. 14. (FCC/DPE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017)
d) impetrar mandado de segurança contra o ato que As manifestações populares nas vias públicas, sob a
violou seu direito líquido e certo de não ter sua honra forma de passeatas, para expressar, por exemplo, pro-
violada. testos políticos ou defesa de direitos, têm, em tese,
e) ajuizar, perante o Tribunal de Justiça, ação direta de amparo em algumas normas sobre direitos fundamen-
inconstitucionalidade contra o ato que violou seu tais acolhidas na Constituição Federal, dentre as quais
direito à honra. a que prevê
a) liberdade de manifestação de pensamento, que não
12. (FCC/DPE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017) poderá ser exercida em relação a temas previamente
Certa pessoa premeditou o assassinato de outra por vedados pela autoridade judicial competente para o
motivo de dívida de dinheiro, tendo causado sua morte. exercício da censura.
O crime foi cometido à vista de autoridades policiais, b) liberdade de locomoção, a qual, nos termos da Cons-
que conduziram o ofensor perante o Delegado de Po- tituição, tem preferência quando exercida por pedes-
lícia para que fosse preso. Considerando o disposto na tres em relação à locomoção por meio de veículos
Constituição Federal, nesse caso a prisão do ofensor automotores.
a) é admitida, uma vez que o crime foi praticado em c) liberdade de consciência, devendo, no entanto, os
flagrante delito, devendo o acusado ser julgado pelo organizadores da manifestação comunicar previa-
Tribunal de Justiça do Estado, competente para o mente à autoridade pública a ideologia a ser defen-
julgamento dos crimes dolosos. dida pelos manifestantes.
b) é admitida, uma vez que o crime foi praticado em d) habeas corpus, para garantir a liberdade de ir e vir,
flagrante delito, devendo o acusado ser julgado pelo devendo ser impetrado pela organização da passeata
Tribunal do Júri, sendo-lhe assegurado o direito à previamente à sua convocação.
plenitude de defesa. e) liberdade de reunião, a qual deve ser exercida sem
c) não é admitida, uma vez que o acusado somente armas, em locais abertos ao público, independente-
poderá ser considerado culpado após sentença pe- mente de autorização, desde que não frustre outra
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

nal transitada em julgado proferida pelo Tribunal de reunião anteriormente convocada para o mesmo lo-
Justiça do Estado. cal, sendo apenas exigido aviso prévio à autoridade
d) não é admitida, uma vez que o acusado somente competente.
poderá ser considerado culpado após sentença penal
transitada em julgado proferida pelo Tribunal do Júri. 15. (FCC/DPE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017)
e) não é admitida, uma vez que a prisão é permitida De acordo com a Constituição Federal, a ação popular
apenas por ordem escrita e fundamentada de au- é cabível para anular ato lesivo ao patrimônio público
toridade judiciária, devendo o acusado ser julgado ou de entidade de que o Estado participe, à moralida-
pelo Tribunal do Júri. de administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural. A legitimidade para o ajuizamento
13. (FCC/DPE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017) dessa ação é
Maria foi condenada à pena de prisão por 10 anos e a) exclusiva da Defensoria Pública.
João à pena de prisão, pela prática de crime diverso, b) compartilhada entre o cidadão e o Ministério Público.
por 8 anos, ambos em sentença penal transitada em c) compartilhada entre o Ministério Público e a Defen-
julgado, proferida em processo criminal que lhes ga- soria Pública.
rantiu a ampla defesa e o contraditório. Maria ficou d) compartilhada entre o cidadão e a Defensoria Pública.
presa por 10 anos e dois meses. João foi solto após 2 e) exclusiva do cidadão.

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16. (FCC/TRE-PR/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017) 19. (FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017)
Diante da disciplina constitucional do dever de respeito Seria incompatível com as normas constitucionais ga-
ao sigilo e do direito à informação, rantidoras de direitos e garantias fundamentais
a) a ação de impugnação de mandato não poderá tra- a) o estabelecimento de restrições, por lei, à entrada ou
mitar em segredo de justiça. permanência de pessoas com seus bens no território
b) a segurança da sociedade e do Estado não são cri- nacional.
térios válidos para que o órgão público negue ao b) a reunião pacífica, sem armas, em local aberto ao pú-
indivíduo o acesso às informações de seu interesse blico, independentemente de autorização, mediante
particular, ou de interesse coletivo ou geral. aviso prévio à autoridade competente.
c) as votações do Júri não podem ser sigilosas, sob c) a suspensão das atividades de associação por deci-
pena de contrariar os princípios da ampla defesa e
são judicial não transitada em julgado.
do contraditório.
d) a interceptação de comunicações telefônicas, para
d) a preservação do direito à intimidade não pode ser
invocada validamente para impedir que terceiros fins de investigação criminal, por determinação da
presenciem a prática de atos processuais. autoridade policial competente.
e) o sigilo das comunicações telefônicas não pode ser e) a entrada na casa, sem consentimento do morador,
afastado por decisão judicial proferida em sede de em caso de flagrante delito, durante a noite.
ação popular, proposta para anular ato lesivo ao pa-
trimônio ou à moralidade pública. 20. (FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Programação/2017) Uma
associação civil convocou passeata contra certas medi-
17. (FCC/TRT/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017) das político-econômicas reivindicadas por setores da
Framboesa pretende criar a associação “X” e Ludmila sociedade civil, incentivando os participantes a com-
pretende criar a cooperativa “S”. Consultando a Cons- parecerem ao ato munidos de armas e a praticarem
tituição Federal, elas verificaram que crimes contra o patrimônio. O fato despertou a atenção
a) a criação de associações e, na forma da lei, a de das autoridades públicas, que discutiram a licitude da
cooperativas, independem de autorização, sendo ve- passeata e a possibilidade de a associação ser dissolvida
dada a interferência estatal em seu funcionamento. compulsoriamente e de ter suas atividades suspensas.
b) a criação de associações e, na forma da lei, a de co- Nessa situação, a passeata
operativas, dependem de autorização, mas é vedada a) não poderá realizar-se licitamente se não se der de
a interferência estatal em seu funcionamento. modo pacífico, sem armas, sendo que a associação
c) somente a criação de associações depende de auto- poderá ser compulsoriamente dissolvida e ter suas
rização, sendo, inclusive, permitida a interferência
atividades suspensas por decisão judicial ou adminis-
estatal em seu funcionamento.
trativa, mediante processo em que sejam garantidos
d) somente a criação de associações depende de auto-
rização, sendo, porém, vedada a interferência estatal o contraditório e a ampla defesa.
em seu funcionamento. b) não poderá realizar-se licitamente se não se der de
e) somente a criação de cooperativa depende de auto- modo pacífico, sem armas, sendo que a associação
rização, sendo, porém, vedada a interferência estatal poderá ser compulsoriamente dissolvida e ter suas
em seu funcionamento. atividades suspensas por decisão judicial ou do de-
legado de polícia competente, esta última tomada
18. (FCC/TRT/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2017) em inquérito policial voltado a apurar a prática de
Silmara, brasileira naturalizada, verificou a Constituição crime.
Federal brasileira a respeito de possível extradição de c) não poderá realizar-se licitamente se não se der de
brasileiro naturalizado. Assim, constatou que, dentre os modo pacífico, sem armas, sendo que a associação
direitos e deveres individuais e coletivos, está previsto que apenas poderá ser compulsoriamente dissolvida ou
a) nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturali- ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
zado, em caso de crime comum, praticado antes ou exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
depois da naturalização, ou de comprovado envol- d) poderá realizar-se licitamente, uma vez que todos
vimento em milícia armada e grupos guerrilheiros. podem reunir-se em locais abertos ao público, inde-
b) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele naturali-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

pendentemente de autorização, desde que não frus-


zado ou não, consta em diversas hipóteses taxativas trem outra reunião anteriormente convocada para
do artigo 5º da Carta Magna. o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
c) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele natu-
autoridade competente, podendo a associação ser
ralizado ou não, somente poderá ocorrer em caso
compulsoriamente dissolvida ou ter suas atividades
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins. suspensas apenas por decisão judicial, exigindo-se,
d) nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura- no primeiro caso, o trânsito em julgado.
lizado, em caso de crime comum, praticado antes e) poderá realizar-se licitamente, uma vez que todos
da naturalização, ou de comprovado envolvimento podem reunir-se em locais abertos ao público, in-
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na dependentemente de autorização, desde que não
forma da lei. frustrem outra reunião anteriormente convocada
e) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele natu- para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
ralizado ou não, somente poderá ocorrer em caso aviso à autoridade competente, podendo a asso-
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de ciação ser compulsoriamente dissolvida ou ter suas
entorpecentes e drogas afins, envolvimento em mi- atividades suspensas por decisão judicial ou admi-
lícia armada e grupos guerrilheiros e prática de ato nistrativa, mediante processo administrativo em que
de terrorismo. sejam garantidos o contraditório e a ampla defesa.

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21. (FCC/PGE-MT/Analista/Direito/2017) No que concerne para a cidade de São Paulo não constitui uma reunião,
aos direitos e deveres individuais e coletivos estendidos para os fins previstos no artigo 5º, inciso XVI, da Cons-
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país, a tituição Federal (Direito de Reunião). No exemplo, em
Constituição Federal estabelece que específico, o direito de reunião não está configurado
a) a criação de associações e, na forma de lei, a de co- porque falta especificamente o elemento
operativas dependem apenas de autorização, sendo a) teleológico.
vedada a interferência estatal em seu funcionamento. b) temporal.
b) as associações só poderão ser compulsoriamente c) espacial.
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- d) objetivo e circunstancial.
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito e) civilista independente.
em julgado.
c) as entidades associativas têm legitimidade para 25. (FCC/TRT/Analista Judiciário/Área Administrativa/2017)
representar seus filiados judicialmente, mas não Considere a seguinte situação hipotética: Joana, Carla e
extrajudicialmente. Fabiana, são moradoras do Bairro X da cidade de Araca-
d) no caso de iminente perigo público, a autoridade jú. No referido bairro, infelizmente, está aumentando
competente poderá usar de propriedade particular os casos de trabalho infantil. Assim, as três mulheres
mediante justa e prévia indenização em dinheiro. pretendem criar uma associação dos moradores do
e) a pequena propriedade rural, assim definida em Bairro X visando à proteção da criança e do adoles-
lei, poderá ser objeto de penhora apenas para pa- cente, fomentando atividades de estudo e lazer, bem
gamento de débitos decorrentes de sua atividade como para proporcionar acompanhamento escolar
produtiva. rígido pela associação. De acordo com a Constituição
Federal a criação de associações
22. (FCC/PGE-MT/Analista/Direito/2017) Um grupo de a) independem de autorização, sendo vedada a inter-
servidores da Procuradoria-Geral do Estado do Mato ferência estatal em seu funcionamento.
Grosso, recém empossados, participou de uma palestra b) depende de autorização específica do Governo do
de boas-vindas, oportunidade em que foram abordados Estado de Sergipe, sendo vedada, no entanto, a in-
temas relacionados à República Federativa do Brasil. terferência estatal em seu funcionamento.
Houve consonância com o disposto na Constituição c) depende de autorização do Governo Federal, sendo
Federal quando mencionado que vedada, no entanto, a interferência estatal em seu
a) a soberania é princípio que rege as relações inter- funcionamento.
nacionais do Brasil. d) independem de autorização, sendo, no entanto,
b) a independência nacional é fundamento do Estado obrigatória à fiscalização do Governo do Estado de
Democrático de Direito brasileiro. Sergipe em seu funcionamento, devendo a Associa-
c) a solução pacífica dos conflitos é fundamento do ção emitir relatório anual de suas atividades com
Estado Democrático de Direito brasileiro. projeção específica para o ano seguinte.
d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativas e) independem de autorização, sendo, no entanto,
são fundamentos do Estado Democrático de Direito obrigatória à fiscalização do Governo Federal em
seu funcionamento, devendo a Associação emitir
brasileiro.
relatório anual de suas atividades com projeção es-
e) a dignidade da pessoa humana é princípio que rege
pecífica para o ano seguinte.
as relações internacionais do Brasil.
26. (FCC/TRT/Analista Judiciário/Oficial de Justiça Avalia-
23. (FCC/PGE-MT/Analista/Psicologia/2017) No que concer-
dor/2016) Fausto, empregado da empresa X, exerce a
ne aos direitos e deveres individuais e coletivos esten-
função de operador de máquinas. Na semana passada,
didos aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no seu chefe hierárquico, chamou todos os empegados
país, a Constituição Federal estabelece que no pátio da fábrica e ofereceu bananas aos macacos
a) em nenhuma hipótese alguém será privado de direi- que não estavam atingindo as metas, apontando como
tos por motivo de crença religiosa ou de convicção exemplo Fausto. Fausto, sentiu-se humilhado e chegan-
filosófica ou política. do em sua residência, consultou a Constituição Federal
b) é permitida a expressão da atividade intelectual, ar- sobre a prática de racismo e verificou que a Carta Magna
tística, científica e de comunicação, sujeita à licença
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

a) prevê dentre os direitos sociais que a prática de ra-


nos casos especificados em lei. cismo constitui crime inafiançável, mas prescritível,
c) a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
podendo penetrar sem consentimento do morador, b) prevê dentre os direitos e deveres individuais e cole-
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou tivos que a prática de racismo constitui crime inafian-
para prestar socorro, ou, durante o dia ou à noite, çável, mas prescritível, sujeito à pena de reclusão,
por determinação judicial. nos termos da lei.
d) é livre a locomoção no território nacional em tempo c) prevê dentre os direitos e deveres individuais e co-
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, letivos que a prática de racismo constitui crime ina-
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
e) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, nos termos da lei.
em locais abertos ao público, mediante autorização, d) prevê dentre os direitos e deveres individuais e cole-
desde que não frustrem outra reunião anteriormen- tivos que a prática de racismo constitui crime inafian-
te convocada para o mesmo local. çável e imprescritível, sujeito à pena de detenção,
nos termos da lei.
24. (FCC/TRT/Analista Judiciário/Área Judiciária/2017) Uma e) não prevê em nenhum capítulo específico, o racismo,
fila de pessoas esperando às 10 horas da manhã a che- mencionando apenas dentre os direitos fundamen-
gada de um ônibus em uma rodoviária para embarcar tais a garantia da dignidade da pessoa humana.

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27. (FCC/TRT/Analista Judiciário/Oficial de Justiça Avalia- a) independe de autorização e prévio aviso à autori-
dor/2016) Bruna, desconfia que seu filho Murilo, 24 dade competente, porém, caso já esteja havendo
anos de idade, começou a praticar crimes de furtos, outra reunião no mesmo local, a que já foi instau-
bem como crimes cibernéticos. Preocupada com a si- rada permanece, frustrando aqueles que chegaram
tuação, inclusive porque Murilo recebe diversas cartas após para a outra reunião, tendo em vista o direito
de cobranças de dívidas lícitas, Bruna resolve investigar adquirido.
a situação financeira do filho, mas nenhuma entidade b) depende de autorização da autoridade competente
Governamental, bem como nenhuma entidade de ca- por se tratar de reunião a ser realizada em praça
ráter público lhe fornecem qualquer informação. Con- pública.
versando com sua amiga Soraia, estudante de direito, a c) em decorrência de seu status, independe de autori-
mesma sugeriu que Bruna impetrasse um habeas data. zação e de prévio aviso à autoridade competente e,
Neste caso, Soraia fez a sugestão em havendo mais de uma reunião no mesmo local,
a) incorreta porque não cabe habeas data para o co- estas devem ocorrer simultaneamente, de forma
nhecimento de informação relativa a terceiro, mas pacífica.
somente relativa ao impetrante. d) independe de autorização, desde que não frustre
b) correta porque segundo a carta magna conceder-se- outra reunião anteriormente convocada para o
-á habeas data para assegurar o conhecimento de mesmo local, sendo apenas exigido o prévio aviso à
informações relativas à pessoa do impetrante, bem autoridade competente.
como de terceiros a ela relacionados constantes de e) depende de autorização e, caso não seja concedida,
registros ou bancos de dados de entidades governa- caberá recurso administrativo no prazo de cinco dias
mentais ou de caráter público. à autoridade competente hierarquicamente superior.
c) incorreta porque o habeas data cabe apenas para a
retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo 30. (FCC/AL-MS/Direito/2016) Heitor, brasileiro, 25 anos,
por processo sigiloso, judicial ou administrativo. em pleno exercício de seus direitos cívicos e políticos,
d) correta porque o habeas data cabe exatamente para procurou seu advogado para saber qual a medida ju-
a retificação de quaisquer dados referentes a qual- dicial cabível em face do Estado X para que este seja
quer pessoa, em razão da observância do princípio condenado a deixar de lançar esgoto in natura ou com
da publicidade. potencial poluente produzido pela Penitenciária Estadu-
e) correta porque segundo a carta magna conceder- al no rio que passa em frente da sua residência. Heitor
-se-á habeas data exatamente para assegurar o foi instruído a ajuizar
conhecimento de informações relativas a terceiros a) ação popular, visando a anular o ato da Administra-
constantes de registros ou bancos de dados de en- ção pública lesivo ao meio ambiente, que determi-
tidades governamentais ou de caráter público. na o procedimento acima anunciado, ficando, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
28. (FCC/DPE-ES/Defensor Público/2016) A propósito da ônus da sucumbência.
intervenção do Estado na propriedade, a Constituição b) habeas data, a fim de evitar maiores prejuízos ao
Federal dispõe que meio-ambiente e à população local, ficando, salvo
a) a pequena propriedade rural, assim definida em lei, comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
desde que trabalhada pela família, não será objeto ônus da sucumbência.
de desapropriação. c) mandado de injunção, a fim de evitar maiores preju-
b) no caso de iminente perigo público, a autoridade ízos ao meio-ambiente e à população local, ficando,
competente poderá usar de propriedade particular, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se e do ônus da sucumbência.
houver dano ou lucros cessantes. d) ação popular, visando a anular o ato da Administra-
c) compete exclusivamente à União desapropriar por ção pública lesivo ao meio ambiente, que determi-
interesse social, para fins de reforma agrária, o imó- na o procedimento acima anunciado, ficando, salvo
vel rural que não esteja cumprindo sua função social, comprovada má-fé, isento do ônus da sucumbência,
mediante prévia e justa indenização em títulos da mas deverá arcar com as custas judiciais.
dívida agrária. e) mandado de injunção, a fim de evitar maiores preju-
d) o confisco decorrente da cultura ilegal de plantas ízos ao meio-ambiente e à população local, ficando,
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

psicotrópicas e pela exploração de trabalho escravo salvo comprovada má-fé, isento do ônus da sucum-
aplica-se somente às propriedades rurais. bência, mas deverá arcar com as custas judiciais.
e) a descoberta de jazida de recursos minerais em
terrenos particulares implica na imediata desapro- 31. (FCC/SEGEP-MA/Tecnologia da Informação/2016) Não
priação de tais recursos, sendo o proprietário com- consta entre os princípios que regem as relações inter-
pensado por meio de participação na exploração da nacionais da República Federativa do Brasil:
lavra. a) A defesa da paz.
b) O repúdio ao terrorismo e ao racismo.
29. (FCC/AL-MS/Direito/2016) Antônio convocou aqueles c) A prevalência dos direitos humanos.
que compartilhavam das mesmas ideias que as suas, d) A redução das desigualdades regionais na América
por meio de rede social, para reunião em praça pública, Latina.
na próxima quarta-feira, nesta cidade, com a intenção e) A autodeterminação dos povos.
de que manifestem seus pensamentos a respeito de
questão política relevante social. Esse direito à reunião, 32. (FCC/SEGEP-MA/Auditor Fiscal da Receita Estadu-
desde que não esteja suspenso ou restrito, e que seja al/2016) Erradicar a pobreza e a marginalização é
realizado de forma pacífica, sem armas, é fundamental a) um objetivo fundamental da República Federativa
e, de acordo com a Constituição Federal, do Brasil.

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b) um fundamento da República Federativa do Brasil. suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
c) uma norma constitucional de aplicabilidade imediata especial;
e eficácia plena. (...)
d) uma regra constitucional auto-executável.
e) uma competência privativa da União. Tomados os dispositivos acima transcritos, os aspectos
do mandado de injunção neles disciplinados são
33. (FCC/SEGEP-MA/Auditor Fiscal da Receita Estadu- a) compatíveis com a Constituição Federal e a jurispru-
al/2016) A teor da Constituição brasileira vigente, o dência do Supremo Tribunal Federal.
exercício da liberdade de reunião em locais abertos ao b) incompatíveis com a Constituição Federal e a juris-
público prudência do Supremo Tribunal Federal, no que se
a) pode não ser pacífico. refere à regulamentação de um mandado de injun-
b) pode ser com armas. ção coletivo.
c) independe de autorização, ainda que frustre outra c) incompatíveis com a Constituição Federal e a juris-
reunião anteriormente convocada para o mesmo prudência do Supremo Tribunal Federal, no que se
local. refere à legitimação de pessoas jurídicas para a im-
d) é um direito social coletivo. petração de mandado de injunção.
e) exige prévio aviso à autoridade competente. d) incompatíveis com a Constituição Federal e a juris-
prudência do Supremo Tribunal Federal, no que se
34. (FCC/SEGEP-MA/Auditor Fiscal da Receita Estadu- refere à legitimação de associações, independente-
al/2016) Segundo a Constituição brasileira vigente mente de autorização especial, para ajuizamento de
a) as associações poderão ser compulsoriamente dis- ação de índole coletiva.
solvidas por decisão judicial cautelar não transitada e) incompatíveis com a Constituição Federal e a juris-
em julgado. prudência do Supremo Tribunal Federal, no que se
b) as entidades associativas, independentemente de refere ao objeto do mandado de injunção.
autorização, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente. 36. (FCC/DPE-BA/Defensor Público/2016) De acordo com
c) é plena a liberdade de associação para fins lícitos, disposição expressa da Constituição Federal, a Repúbli-
permitida a de caráter paramilitar. ca Federativa do Brasil tem como fundamento
d) a criação de associações independe de autorização, a) desenvolvimento nacional.
vedada a interferência estatal em seu funcionamen-
b) estado social de direito.
to.
c) defesa da paz.
e) ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
d) soberania.
permanecer associado, salvo determinação legal
e) prevalência dos direitos humanos.
expressa.

35. (FCC/SEGEP-MA/Procurador do Estado/2016) Considere 37. (FCC/DPE-BA/Defensor Público/2016) No âmbito da


os seguintes dispositivos da Lei nº 13.300, de 23 de Teoria dos Direitos Fundamentais,
junho de 2016: a) a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais está
“Art. 1º Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos atrelada, na sua origem, à função clássica de tais
mandados de injunção individual e coletivo, nos termos direitos, assegurando ao seu titular o direito de resis-
do inciso LXXI do art. 5º da Constituição Federal. tir à intervenção estatal em sua esfera de liberdade
Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que individual.
a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne b) em que pese a doutrina reconhecer a eficácia dos
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitu- direitos fundamentais nas relações entre particula-
cionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, res (eficácia horizontal), a tese em questão nunca
à soberania e à cidadania. foi apreciada ou acolhida pelo Supremo Tribunal
(...) Federal.
Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, c) a cláusula de abertura material do catálogo de di-
como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que reitos fundamentais expressa no § 2º do art. 5º da
se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das Constituição Federal não autoriza que direitos consa-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, grados fora do Título II do texto constitucional sejam
o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para incorporados ao referido rol.
editar a norma regulamentadora. d) o princípio da proibição de retrocesso social foi con-
(...) sagrado expressamente no texto da Constituição Fe-
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser pro- deral.
movido: e) os direitos fundamentais de primeira dimensão ou
(...) geração possuem função normativa de natureza
II − por partido político com representação no Congresso apenas defensiva ou negativa.
Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberda-
des e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados 38. (FCC/DPE-BA/Defensor Público/2016) É considerado
com a finalidade partidária; pela doutrina como (sub)princípio derivado do princí-
III − por organização sindical, entidade de classe ou as- pio da proporcionalidade:
sociação legalmente constituída e em funcionamento a) Boa-fé objetiva.
há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício b) Proibição de retrocesso social.
de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da to- c) Estado de direito.
talidade ou de parte de seus membros ou associados, d) Segurança jurídica.
na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a e) Proibição de proteção insuficiente.

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39. (FCC/DPE-BA/Defensor Público/2016) Acerca do siste- ra a pretensão pudesse ser objeto da referida ação
ma constitucional de proteção dos direitos humanos e mandamental.
fundamentais, é correto afirmar: c) não caberá valer-se de habeas data, pois, embo-
a) O serviço público de assistência jurídica integral e ra possua legitimidade para sua propositura, sua
gratuita prestado pela Defensoria Pública é carac- pretensão não poderia ser objeto da referida ação
terizado pelo acesso universal, tal como o serviço mandamental.
público na área da saúde. d) caberá impetrar mandado de segurança, na medida
b) Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, em que possui legitimidade para sua propositura e
o Procurador-Geral da República, com a finalidade de sua pretensão se amolda ao objeto da referida ação
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes mandamental.
de tratados internacionais de direitos humanos dos e) caberá impetrar habeas data, na medida em que
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o possui legitimidade para sua propositura e sua pre-
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do tensão se amolda ao objeto da referida ação man-
inquérito ou processo, incidente de deslocamento damental.
de competência para a Justiça Federal.
c) De acordo com a posição firmada pelo Supremo Tri- 42. (FCC/Prefeitura de Teresina-PI/Analista/Administrador/
bunal Federal, os tratados internacionais de direitos 2016) Nas suas relações internacionais, a República
humanos incorporados antes da inserção do § 3º no Federativa do Brasil é regida, dentre outros, pelos se-
artigo 5º da Constituição Federal, levada a efeito guintes princípios:
pela Emenda Constitucional nº 45/2004, possuem a) prevalência dos direitos humanos; solução pacífica
hierarquia constitucional, prevalecendo em face de dos conflitos; autodeterminação dos povos latino
qualquer norma infraconstitucional interna. americanos; repúdio ao terrorismo e ao racismo.
d) A norma constitucional atribui legitimidade exclusiva b) igualdade entre os Estados; defesa da paz; solução
ao Ministério Público para a propositura de ação pacífica dos conflitos; não-intervenção quanto ao
civil pública para a proteção do patrimônio público terrorismo e ao racismo.
e social, do meio ambiente e de outros interesses c) cooperação entre os povos para o progresso da hu-
difusos e coletivos. manidade; não concessão de asilo político; indepen-
e) Ação popular teve o seu objeto ampliado por dispo- dência nacional; defesa da paz.
sição da Constituição Federal de 1988, autorizando d) independência nacional; prevalência dos direitos
expressamente o seu manuseio para a defesa dos humanos; autodeterminação dos povos; não-inter-
direitos do consumidor. venção.
e) igualdade entre os Estados; cooperação entre os po-
40. (FCC/Prefeitura de Teresina-PI/Contador/2016) Ao tra- vos para o progresso da humanidade; independência
tar dos direitos e garantias fundamentais a Constituição tecnológica; justiça econômica proporcional.
Federal dispõe que
a) será admitida a ação privada nos crimes de ação 43. (FCC/Prefeitura de Teresina-PI/Analista/Administrador/
pública desde que a ação seja proposta no prazo 2016) Sobre direitos de proteção da intimidade pre-
vistos em diversos incisos do art. 5o da Constituição
legal.
Federal, é correto afirmar que se assegura o direito
b) o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
a) à liberdade da manifestação do pensamento, inclu-
assim como o que ficar preso além do tempo fixado
sive garantindo-se o anonimato.
na sentença.
b) à inviolabilidade do direito à intimidade, à vida pri-
c) os tratados e convenções internacionais sobre direi-
vada, à honra e à imagem das pessoas, assegurado
tos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
o direito a indenização pelo dano material ou moral
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos decorrente de sua violação.
dos votos dos respectivos membros, serão equiva- c) de resposta, proporcional ao agravo, além da inde-
lentes às leis ordinárias. nização exclusiva por dano moral.
d) os brasileiros naturalizados não poderão ser extra- d) à inviolabilidade irrestrita da liberdade de consciên-
ditados. cia e de crença, mesmo para eximir-se de obrigação
e) sempre que solicitada, poderá ser concedida a extra- legal a todos imposta.
dição de estrangeiro pela prática de qualquer crime
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

e) à plena inviolabilidade do sigilo da correspondência


cometido no país de origem. e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas.
41. (FCC/Prefeitura de Teresina-PI/Advogado/2016) De-
terminada pessoa jurídica pretende obter acesso às 44. (FCC/Prefeitura de Teresina-PI/Analista/Gestão Pública/
informações que constem a seu respeito, no que se 2016) A respeito dos direitos fundamentais,
refere a pagamentos de tributos federais, nos sistemas a) a sucessão de bens de estrangeiros situados no País,
informatizados de apoio à arrecadação mantidos pela com filhos brasileiros, sempre ocorrerá de acordo
Secretaria da Receita Federal. À luz da Constituição da com as leis brasileiras.
República e da jurisprudência do Supremo Tribunal b) todos podem reunir-se pacificamente em locais
Federal, tendo sua pretensão negada na esfera admi- abertos ao público, independente de aviso prévio
nistrativa, à interessada às autoridades, ainda que frustrem outra reunião
a) não caberá valer-se de habeas data, por lhe faltar anteriormente convocada para o mesmo local.
legitimidade para sua propositura, embora a pre- c) no caso de iminente perigo público, a autoridade
tensão pudesse ser objeto da referida ação manda- competente poderá usar de propriedade particular.
mental. d) a pena de banimento é uma das penas adotadas pelo
b) não caberá valer-se de mandado de segurança, por ordenamento jurídico brasileiro, sendo reconhecida
lhe faltar legitimidade para sua propositura, embo- pela Constituição Federal de 1988.

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e) o Brasil não se submete à jurisdição de nenhum ór- a) depende de autorização expressa do órgão público
gão internacional. competente, sendo estabelecida a interferência es-
tatal em seu funcionamento para qualquer hipótese.
45. (FCC/TRF/Analista Judiciário/Área Administrativa/2016) b) independe de autorização, sendo estabelecida a in-
Nos termos do art. 5°, LIII, da Constituição Federal, “nin- terferência estatal em seu funcionamento em qual-
guém será processado nem sentenciado senão pela quer hipótese.
autoridade competente”. O dispositivo constitucional c) depende de autorização expressa do órgão público
citado consagra o princípio competente, sendo vedada a interferência estatal
a) do juiz natural. em seu funcionamento.
b) do contraditório. d) independe de autorização, sendo vedada a interfe-
c) da inafastabilidade da jurisdição. rência estatal em seu funcionamento.
d) da ampla defesa. e) depende de autorização expressa do órgão público
e) do devido processo legal. competente, sendo estabelecida a interferência es-
tatal em seu funcionamento apenas para verificação
46. (FCC/TRF/Analista Judiciário/Contabilidade/2016) Ge- da regularidade de seus empregados.
remoabo, dirigente de sociedade de economia mista da
qual participa o Estado de São Paulo, pratica ato que 49. (FCC/TRT/Analista Judiciário/Área Judiciária/2016) Um
causa dano ao patrimônio da empresa. Inconformado grupo de populares sem vinculação partidária avisou
com tal ato, Trasíbulo resolve questioná-lo judicialmen- previamente as autoridades administrativas competen-
te. Para tanto, poderá fazer uso de tes a respeito da manifestação pública que pretendem
a) mandado de segurança, desde que comprove possuir realizar, informando o dia, a via pública a ser utilizada
domicílio no Estado de São Paulo. para tanto e o horário do evento. Após ter sido dada
b) mandado de segurança, pouco importando o local publicidade a essa manifestação pelas redes sociais,
de seu domicílio. partido político organizou a realização de um comício
c) ação popular, desde que demonstre a sua qualidade no mesmo dia, local e horário da aludida manifesta-
de cidadão, pouco importando o local de seu domi- ção, sem, no entanto, comunicar o fato às autoridades
cílio.
administrativas competentes. Considerando o texto
d) ação popular, bastando para tanto a prova de que
constitucional,
reside no país e que possui domicílio no Estado de
a) deve ser garantida pela autoridade administrativa
São Paulo.
competente a realização da manifestação e do co-
e) ação popular, desde que demonstre a sua qualidade
mício, ainda que o comício possa frustrar a manifes-
de cidadão e que possui domicílio no Estado de São
Paulo. tação, uma vez que a Constituição Federal assegura
a liberdade de reunião sem exigir o prévio aviso à
47. (FCC/Prefeitura de São Luís-MA/Procurador Municipal/ autoridade competente.
2016) O Sindicato das Casas de Diversões de determi- b) a autoridade administrativa competente não pode
nado Estado da federação, que desde o início dos anos interferir na realização do comício, nem da manifes-
2000 congrega empresas que atuam no setor do entre- tação, ainda que o comício frustre a manifestação,
tenimento e eventos, impetra mandado de injunção no uma vez que todos têm direito de exercer a liberdade
Supremo Tribunal Federal, diante da inércia do Con- de reunião em lugares abertos ao público e para fins
gresso Nacional em regulamentar a atividade de jogos pacíficos.
de bingo no país. Nessa hipótese, à luz da Constituição c) a realização da manifestação e do comício pode
da República e da jurisprudência do Supremo Tribunal ser impedida pela autoridade administrativa com-
Federal sobre a matéria, o mandado de injunção petente, por falta de autorização prévia, requisito
a) é cabível, na medida em que a ausência da norma expressamente previsto pela Constituição Federal
regulamentadora inviabiliza o exercício do direito à para que seja garantido o exercício da liberdade de
livre iniciativa e à liberdade de exercício de trabalho, reunião.
ofício ou profissão. d) a autorização prévia dada pela autoridade adminis-
b) não é cabível, por ser do Superior Tribunal de Justiça trativa competente não é requisito para o exercício
a competência para processar e julgar o mandado da liberdade de reunião, sendo que a realização do
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

de injunção quando a norma regulamentadora cuja comício pode ser impedida pela autoridade compe-
ausência se pretenda suprir for atribuição de auto- tente caso o comício frustre a realização da manifes-
ridade federal. tação anteriormente convocada para o mesmo local.
c) não é cabível, pois o sindicato não possui legitimi- e) caso haja incompatibilidade de realização da ma-
dade para a propositura de mandado de injunção. nifestação e do comício, a manifestação deve ser
d) é cabível, na medida em que é competência da União impedida pela autoridade competente em benefício
legislar privativamente sobre sorteios e consórcios. do comício político, uma vez que as manifestações
e) não é cabível, por inexistir direito constitucionalmen- públicas de partidos políticos devem prevalecer so-
te assegurado cujo exercício seja inviabilizado pela bre as demais.
ausência de norma regulamentadora.
50. (FCC/TRT/Analista Judiciário/Área Administrativa/2016)
48. (FCC/TRT/Analista Judiciário/Oficial de Justiça Avalia- O princípio da solidariedade social
dor/2016) Um grupo de advogados que trabalham a) não está contemplado no segmento normativo da
exclusivamente perante a Justiça do Trabalho, deseja Constituição Brasileira.
criar uma Associação visando ajudar trabalhadores ex- b) tem previsão restrita ao preâmbulo da Constituição
clusivos de empresas de telecomunicações. De acordo e como tal não pode ser invocado judicialmente para
com a Constituição Federal, a criação de associações seu asseguramento.

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c) é corolário do princípio da soberania nacional que, são invioláveis, fazendo-se necessária a determina-
garantindo a indissolubilidade do Estado, obriga a ção judicial.
formação de laços de solidariedade na sua defesa. c) não poderá ser feita no hotel, uma vez que se trata
d) não é princípio constitucional, mas mero fundamen- de propriedade privada de terceiros, mas poderá
to da República. ser feita no barco, desde que durante o dia e por
e) é um dos três componentes estruturais do princípio determinação judicial.
democrático quando a Constituição preconiza o mo- d) poderá ser feita tanto no barco, como no hotel,
delo de construção de uma sociedade livre, justa e durante o dia ou à noite, independentemente de
solidária. determinação judicial.
e) poderá ser feita tanto no barco, como no hotel, des-
51. (FCC/PGE-MT/Técnico Administrativo/2016) É um dos de que durante o dia e por determinação judicial.
objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil, previsto no art. 3o da Constituição Federal, 55. (FCC/AL-MS/2016) Nos termos da Constituição Federal,
a) garantir uma renda mínima a todo cidadão. a República Federativa do Brasil tem como um de seus
b) combater à fome. fundamentos
c) promover o bem de todos, sem preconceitos de ori- a) promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação. de discriminação.
d) erradicar o analfabetismo. b) constituir uma sociedade livre, justa e solidária.
e) garantir a paz no território nacional. c) o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
52. (FCC/PGE-MT/Técnico Administrativo/2016) O funda- e) a cooperação entre os povos para o progresso da
mento do Estado Democrático de Direito, previsto no humanidade.
art. 1o da Constituição Federal, que torna o cidadão
titular de direitos e o qualifica como participante da 56. (FCC/AL-MS/2016) Segundo o que dispõe a Constituição
vida do Estado é
Federal, em matéria de direitos e garantias fundamen-
a) a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho.
tais,
b) a soberania.
a) ninguém será considerado penalmente culpado até
c) a dignidade da pessoa humana.
decisão confirmatória de segundo grau.
d) a cidadania.
b) o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para
e) o pluralismo político.
os analfabetos, os maiores de dezesseis e menores
53. (FCC/PGE-MT/Técnico Administrativo/2016) Dentre os de dezoito anos e os maiores de sessenta anos de
direitos e garantias fundamentais previstos na Consti- idade.
tuição Federal, está estabelecido que c) será concedida extradição de estrangeiro por crime
a) é livre a expressão da atividade intelectual, artística, político ou de opinião.
científica e de comunicação após a aprovação de d) aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
licença. e aos acusados em geral são assegurados o contra-
b) é assegurado o direito de resposta, dependendo do ditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
agravo, além da indenização apenas por dano mate- ela inerentes.
rial e) ninguém será preso senão em flagrante delito ou
c) é livre a manifestação do pensamento, inclusive de por ordem escrita e fundamentada de autoridade
forma anônima. policial competente, salvo nos casos de transgressão
d) é garantido o direito de propriedade, independente militar ou crime propriamente militar, definidos em
de sua função social. lei.
e) ninguém será privado de direitos por motivo da
crença religiosa ou de condição filosófica ou política, 57. (FCC/AL-MS/2016) Sobre os remédios constitucionais,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a Constituição Federal estabelece que
a todos imposta e recursar-se a cumprir prestação a) qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

alternativa, fixada em lei. popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe,
54. (FCC/TRT/Técnico Judiciário/Administrativo/2016) Con- à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
sidere a seguinte situação hipotética: Raquel, Regina e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
Henriqueta são irmãs. Regina está sendo acusada pela salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
prática no ano de 2015 de crime de furto qualificado, e do ônus da sucumbência.
encontrando-se foragida. A polícia local, suspeitando b) o habeas corpus somente pode ser impetrado quan-
que as irmãs estão escondendo Regina, decide fazer do alguém sofrer violência ou coação em sua liber-
uma busca minuciosa da acusada. Neste caso, observan- dade de locomoção.
do-se que Raquel reside em um barco e que Henriqueta c) o mandado de segurança coletivo somente pode
reside em um hotel, a busca de Regina ser impetrado por organização sindical, entidade de
a) poderá ser feita tanto no barco, como no hotel, du- classe ou associação legalmente constituída e em
rante o dia ou à noite, desde que haja determinação funcionamento há pelo menos dois anos, em defesa
judicial. dos interesses de seus membros ou associados.
b) poderá ser feita tanto no barco, como no hotel, em d) será concedido habeas data para assegurar o co-
qualquer dia e em qualquer horário, uma vez que nhecimento de informações relativas à pessoa do
não são considerados domicílio e, sendo assim, não impetrante e de terceiros, constantes de registros

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ou bancos de dados de entidades governamentais e) (1) Fundamento - o parlamentarismo
ou de caráter público. (2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre,
e) será concedido mandado de injunção para proteger justa e igualitária
direito líquido e certo, não amparado por habeas (3) Princípio de relações internacionais da República
corpus ou habeas data, quando o responsável pela - a defesa da paz
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pú-
blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de 61. (FCC/TRT/Técnico de Administração/2016) Os chama-
atribuições do Poder Público. dos direitos de primeira geração (ou dimensão) surgi-
ram no século XVIII, como consequência do modelo de
58. (FCC/SEGEP-MA/Técnico de Arrecadação/2016) Não Estado Liberal. São exemplos de direitos de primeira
consta entre os princípios que regem as relações in- geração ou dimensão:
ternacionais da República Federativa do Brasil: a) direito à vida e direito à saúde.
a) A defesa da paz. b) direito à liberdade e direito à propriedade.
b) O repúdio ao terrorismo e ao racismo. c) direito à igualdade e direito à cultura.
c) A prevalência dos direitos humanos. d) direito ao lazer e direito à moradia.
d) A redução das desigualdades regionais na América e) direito à saúde e direito ao meio ambiente saudável.
Latina.
e) A autodeterminação dos povos. 62. (FCC/TJ-SC/Juiz de Direito/2017) Configura crime de
preconceito de raça ou cor:
59. (FCC/TRF/Técnico Judiciário/Informática/2016) Sobre o I – obstar promoção funcional em razão de procedência
disposto nos incisos do art. 5º da Constituição Federal, nacional.
é incorreto afirmar que é II – veicular símbolos que utilizem a cruz suástica para
a) livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro- fins de divulgação do nazismo.
fissão, desde que atendidas as qualificações profis- III – negar o holocausto para fins de divulgação do na-
sionais que a lei estabelecer. zismo.
b) permitido se reunir pacificamente, sem armas, em
IV – incitar a discriminação por procedência nacional.
locais abertos ao público, independentemente de
V – impedir a convivência familiar.
autorização ou prévio aviso, desde que a iniciativa
não frustre outra reunião anteriormente convocada
Está correto o que se afirma apenas em
para o mesmo local.
a) I, II e III.
c) livre a expressão da atividade intelectual, artística,
b) I, II, IV e V.
científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença. c) II, III e IV.
d) assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis- d) III, IV e V.
tência religiosa nos estabelecimentos penitenciários. e) I, III e V.
e) livre a criação de associações e, na forma da lei, a de
cooperativas, independentemente de autorização, 63. (FCC/TRT-24ªRegião/Técnico Judiciário/2017) Um co-
sendo vedada a interferência estatal em seu funcio- merciante publicou anúncio para recrutamento de tra-
namento. balhadores, onde exigia aspectos de aparência próprios
de raça, sendo que as atividades do referido emprego
60. (FCC/TRT/Técnico de Administração/2016) Ao dispor so- não justificam essas exigências. De acordo com a Lei n°
bre os Princípios Fundamentais da República Federativa 7.716/1989, esse comerciante está sujeito às penas de
do Brasil, a Constituição prevê, expressamente, como a) reclusão de dois a cinco anos e prestação de serviços
(1) fundamento, (2) objetivo e (3) princípio de relações à comunidade.
internacionais da República: b) multa e prestação de serviços à comunidade, incluin-
a) (1) Fundamento - a soberania do atividades de promoção da igualdade racial.
(2) Objetivo - a construção de uma sociedade livre, c) reclusão de um a três anos e realização de atividades
justa e igualitária de promoção da igualdade racial.
(3) Princípio de relações internacionais da República d) multa e reclusão de um a cinco anos.
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

- a solução dos conflitos pela arbitragem e) multa e embargo do estabelecimento.


b) (1) Fundamento - os valores sociais do trabalho e
da livre iniciativa 64. (FCC/TRT-24ªRegião/Técnico Judiciário/2017) O dono de
(2) Objetivo - a garantia do desenvolvimento nacio- um restaurante recusou o atendimento a um cidadão
nal em seu estabelecimento, em virtude de sua raça. De
(3) Princípio de relações internacionais da República acordo com a Lei n° 7.716/1989, a pena prevista é de
- a cooperação entre os povos para o progresso da a) interdição do estabelecimento comercial.
humanidade b) multa.
c) (1) Fundamento - a cidadania c) prestação de serviços à comunidade.
(2) Objetivo - a promoção de formas alternativas de d) reclusão.
geração de energia e) recolhimento domiciliar.
(3) Princípio de relações internacionais da República
- a independência nacional 65. (IBFC/Embasa/Agente Administrativo/2017) Assinale a
d) (1) Fundamento - a dignidade da pessoa humana alternativa correta sobre a pena aplicável no caso de al-
(2) Objetivo - a proteção da infância e da juventude guém recusar ou impedir acesso a estabelecimento co-
(3) Princípio de relações internacionais da República mercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente
- a concessão de asilo político ou comprador de acordo com as previsões expressas

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da Lei Federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que Nessas situações hipotéticas, os efeitos de eventuais
define os crimes resultantes de preconceito de raça ou condenações:
de cor. a) não serão automáticos para João, devendo ser mo-
a) Detenção de um a quatro anos. tivadamente declarados na sentença, mas serão
b) Reclusão de um a três anos. automáticos para Lúcio.
c) Detenção de dois a cinco anos. b) serão automáticos tanto para João quanto para Lú-
d) Reclusão de dois a seis anos. cio, não havendo necessidade de serem motivada-
mente declarados nas sentenças.
66. (IBFC/Embasa/Engenheiro/2017) Assinale a alternativa c) não serão automáticos nem para João nem para
correta de acordo com as previsões expressas da Lei Lúcio, devendo ser motivadamente declarados nas
Federal n° 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define sentenças.
os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. d) serão automáticos tanto para João quanto para
a) É crime impedir ou obstar o acesso de alguém, de- Lúcio, devendo ser motivadamente declarados nas
vidamente habilitado, a qualquer cargo da Adminis- sentenças.
tração Direta ou Indireta, bem como das concessio-
nárias de serviços públicos. 70. (Consulplan/TRF-2ª Região/Analista Judiciário/2017) Nos
b) É contravenção penal impedir ou obstar o acesso de crimes previstos na Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989
alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo – que define os crimes resultantes de preconceito de
da Administração Direta ou Indireta, bem como das raça ou de cor –, constitui efeito da condenação a per-
concessionárias de serviços públicos. da do cargo ou função pública, para o servidor público,
c) É mero ilícito administrativo impedir ou obstar o e a suspensão do funcionamento do estabelecimento
acesso de alguém, devidamente habilitado, a qual- particular envolvido por prazo não superior a:
quer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem a) 1 mês.
como das concessionárias de. serviços públicos b) 1 ano.
d) É mero ilícito civil impedir ou obstar o acesso de c) 6 meses.
alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo d) 3 meses.
da Administração Direta ou Indireta, bem como das
concessionárias de serviços públicos. 71. (Cespe/PC-GO/Delegado de Polícia/2017) Uma jovem
de vinte e um anos de idade, moradora da região Su-
67. (IBFC/Embasa/Técnicos em Edificações/2017) Assinale deste, inconformada com o resultado das eleições
a alternativa correta sobre a pena aplicável no caso de presidenciais de 2014, proferiu, em redes sociais na
alguém recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres- Internet, diversas ofensas contra nordestinos. Alertada
so de aluno em estabelecimento de ensino público ou de que estava cometendo um crime, a jovem apagou as
privado de qualquer grau de acordo com as previsões mensagens e desculpou-se, tendo afirmado estar arre-
expressas da Lei Federal n° 7.716, de 5 de janeiro de pendida. Suas mensagens, porém, têm sido veiculadas
1989, que define os crimes resultantes de preconceito por um sítio eletrônico que promove discurso de ódio
de raça ou de cor. contra nordestinos.
a) Detenção de dois a quatro anos. No que se refere à situação hipotética precedente, as-
b) Reclusão de três a cinco anos. sinale a opção correta, com base no disposto na Lei nº
c) Detenção de um a cinco anos. 7.716/1989, que define os crimes resultantes de pre-
d) Reclusão de dois a cinco anos. conceito de raça e cor.
a) Independentemente de autorização judicial, a auto-
68. (IBFC/Embasa/Assistente de Laboratório/2017) Assinale ridade policial poderá determinar a interdição das
a alternativa correta sobre a pena aplicável no caso de mensagens ou do sítio eletrônico que as veicula.
alguém recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres- b) Configura-se o concurso de pessoas nessa situação,
so de aluno em estabelecimento de ensino público ou visto que o material produzido pela jovem foi utiliza-
privado de qualquer grau de acordo com as previsões do por outra pessoa no sítio eletrônico mencionado.
expressas da Lei Federal nº 7.716, de 5 de janeiro de c) O crime praticado pela jovem não se confunde com
1989, que define os crimes resultantes de preconceito o de injúria racial.
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

de raça ou de cor. d) Como se arrependeu e apagou as mensagens, a jo-


a) Detenção de dois a quatro anos. vem não responderá por nenhum crime.
b) Reclusão de três a cinco anos. e) A conduta da jovem não configura crime tipificado
c) Detenção de um a cinco anos. na Lei n.º 7.716/1989.
d) Reclusão de dois a cinco anos.
72. (FCC/AL-MS/Nível Médio/2016) Nos termos preconi-
69. (Cespe/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017) João, ser- zados pela Lei no 7.716/1989, que define os crimes de
vidor público estadual, no exercício da função e em preconceito de raça ou de cor, constitui efeito da conde-
razão de preconceito de cor, raça e religião, impediu nação, por um dos crimes definidos nesta lei, devendo
o ingresso de um aluno no estabelecimento de ensino ser motivadamente declarado na sentença, a
público onde era lotado. Lúcio, dono de um estabele- a) suspensão do exercício do cargo ou função pública,
cimento comercial, se negou, por motivos semelhantes para o servidor público, pelo prazo de 6 meses, e a
ao de João, a atender determinado cliente. Com base suspensão do funcionamento do estabelecimento
na lei sobre crimes resultantes de preconceito de cor, particular por prazo não superior a três anos.
raça e religião, João estará sujeito à perda do cargo, e b) perda do cargo ou função pública, para o servidor
o funcionamento do estabelecimento de Lúcio poderá público, e o fechamento do estabelecimento parti-
ser suspenso por prazo não superior a três meses. cular.

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c) suspensão do exercício do cargo ou função pública, 75. (Funcab/PC-PA/Investigador de Polícia Civil/2016) Qual,
para o servidor público, pelo prazo de três meses, e dentre as condutas a seguir enumeradas, ocorre a inci-
a suspensão do funcionamento do estabelecimento dência de crime diverso daqueles tipificados como cri-
particular no mesmo prazo. me de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
d) perda do cargo ou função pública, para o servidor religião ou procedência nacional, conforme previsto na
público, e a suspensão do funcionamento do esta- Lei n° 7.716, de 1989?
belecimento particular por prazo não superior a seis a) Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso
meses. de aluno em estabelecimento de ensino público ou
e) perda do cargo ou função pública, para o servidor privado de qualquer grau, por motivo de preconceito
público, e a suspensão do funcionamento do esta- de raça, cor, etnia, religião ou procedência racional.
belecimento particular por prazo não superior a três b) Injuriar alguém, utilizando elementos referentes à
meses. raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
pessoa idosa ou portadora de deficiência, ofenden-
73. (FCC/AL-MS/Nível Médio/2016) Nos termos preconi- do-lhe a dignidade ou o decoro.
zados pela Lei no 7.716/1989, que define os crimes de c) Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
preconceito de raça ou de cor, constitui efeito da conde- pensão, estalagem , ou qualquer estabelecimento
nação, por um dos crimes definidos nesta lei, devendo similar, por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
ser motivadamente declarado na sentença, a religião ou procedência racional.
a) suspensão do exercício do cargo ou função pública, d) Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente
para o servidor público, pelo prazo de 6 meses, e a habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta
suspensão do funcionamento do estabelecimento ou Indireta, bem como das concessionárias de ser-
particular por prazo não superior a três anos. viços públicos, por motivo de preconceito de raça,
b) perda do cargo ou função pública, para o servidor cor, etnia, religião ou procedência racional.
público, e o fechamento do estabelecimento parti- e) Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer-
cular. cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente
c) suspensão do exercício do cargo ou função pública, ou comprador, por motivo de preconceito de raça,
para o servidor público, pelo prazo de três meses, e cor, etnia, religião ou procedência racional.
a suspensão do funcionamento do estabelecimento
particular no mesmo prazo. 76. (Consulplan/TJ-MG/Titular de Serviços de Notas e de
Registros/2016) De acordo com a Lei nº 7.716/1989,
d) perda do cargo ou função pública, para o servidor
constitui crime
público, e a suspensão do funcionamento do esta-
a) fabricar ornamentos que utilizem a cruz suástica.
belecimento particular por prazo não superior a seis
b) distribuir distintivos que utilizem a cruz suástica.
meses.
c) comercializar emblemas que utilizem a cruz gamada,
e) perda do cargo ou função pública, para o servidor
para fins de divulgação do nazismo.
público, e a suspensão do funcionamento do esta-
d) fabricar símbolos que utilizem a cruz gamada, para
belecimento particular por prazo não superior a três
fins de divulgação do cristianismo.
meses.
77. (FCC/PC-AP/Oficial de Polícia Civil/2017) Não cons-
74. (Funcab/PC-PA/Escrivão de Polícia Civil/2016) Qual, titui medida protetiva de urgência prevista na Lei n°
dentre as condutas a seguir enumeradas, ocorre a in- 11.340/2006 − Lei Maria da Penha
cidência de crime diverso daqueles tipificados como cri- a) a prestação de alimentos provisórios.
me de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, b) a proibição de contato com a ofendida.
religião ou procedência nacional, conforme previsto na c) o afastamento dos familiares da ofendida, com fixa-
Lei n° 7.716, de 1989? ção de limite mínimo de distância.
a) Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, d) a suspensão de visitas aos dependentes menores.
pensão, estalagem , ou qualquer estabelecimento e) o afastamento de cargo ou função pública.
similar, por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência racional. 78. (FCC/DPE-SC/Defensor Público/2017) Em caso de vio-
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

b) Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer- lência doméstica e familiar contra a mulher,
cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente a) é vedada a atuação de assistente de acusação para a
ou comprador, por motivo de preconceito de raça, vítima, pois a Lei Maria da Penha já prevê a assistên-
cor, etnia, religião ou procedência racional. cia jurídica à vítima em todos os atos do processo.
c) Injuriar alguém, utilizando elementos referentes a b) é incabível o uso de habeas corpus em face de deci-
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de são que concede medida protetiva de urgência em
pessoa idosa ou portadora de deficiência, ofenden- favor da mulher, pois a medida não tem natureza
do-lhe a dignidade ou o decoro. penal contra o acusado.
d) Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso c) a ação penal nos crimes submetidos à Lei Maria da
de aluno em estabelecimento de ensino público ou Penha será pública incondicionada.
privado de qualquer grau, por motivo de preconceito d) a Lei Maria da Penha permite a decretação da prisão
de raça, cor, etnia, religião ou procedência racional. preventiva de ofício pelo juiz no curso do inquérito
e) Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente policial.
habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta e) conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de
ou Indireta, bem como das concessionárias de ser- Justiça, as contravenções penais não se submetem
viços públicos, por motivo de preconceito de raça, ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
cor, etnia, religião ou procedência racional. Mulher, aplicando-se os institutos da Lei n° 9.099/95.

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79. (FMP Concursos/MPE-RO/Promotor de Justiça/2017) ocorrência, a autoridade policial está expressamente
Em relação à Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), proibida de ouvir o agressor e as testemunhas.
assinale a alternativa correta. b) A violência doméstica prevista na Lei Maria da Penha
a) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves é unicamente a violência física, na qual o homem faz
praticados no contexto de violência doméstica e fa- uso da força para subjugar a esposa.
miliar são de ação penal pública incondicionada. c) Para preservar a integridade física e psicológica da
b) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado mulher em situação de violência doméstica, o juiz
no contexto de violência doméstica e familiar. poderá assegurar, quando necessário, o afastamento
c) A ação penal no crime de lesões corporais leves é da mulher do local de trabalho, por até seis meses.
pública condicionada, segundo a jurisprudência do d) As relações pessoais que podem configurar atos de
Supremo Tribunal Federal. violência doméstica são necessariamente aquelas
d) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do derivadas da relação entre homem e mulher, não
processo aos autores de crimes praticados no con- se podendo aplicá-las a eventuais relações homoa-
texto de violência doméstica e familiar. fetivas entre duas mulheres.
e) As medidas protetivas de urgência vigem durante o e) A configuração de atos de violência doméstica de-
prazo decadencial da representação da vítima, ou pende necessariamente de haver coabitação entre
seja, 6 (seis) meses. cônjuges.
80. (Fundatec/IGP-RS/Papiloscopista e Técnico em Perícia/ 83. (Cespe/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017) Tendo em
2017) De acordo com a Lei Maria da Penha (Lei nº vista que a violência doméstica contra a mulher ainda
11.340/2006), assinale a alternativa correta. é um problema social grave no Brasil, apesar da sua
a) Aos crimes praticados com violência doméstica e redução com o advento da Lei Maria da Penha, assinale
familiar contra a mulher, independentemente da a opção correta com relação aos crimes advindos da
pena prevista, aplica-se a Lei nº 9.099/1995. prática de violência contra a mulher no âmbito domés-
b) Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade tico e familiar.
conjugal ou daqueles de propriedade particular da a) O feminicídio, homicídio praticado contra a mulher
mulher, a restituição de bens indevidamente subtraí- em razão do seu sexo, consiste na violência domés-
dos pelo agressor à ofendida não é uma das medidas
tica e familiar ou no menosprezo ou discriminação
que o juiz poderá, liminarmente, determinar.
à condição de mulher, com hipóteses de aumento
c) É possível a aplicação, nos casos de violência domés-
de pena por circunstâncias fáticas específicas.
tica e familiar contra a mulher, de penas de cesta
b) O processamento de crimes praticados em situação
básica ou outras de prestação pecuniária, bem como
de violência doméstica se dá por meio de ação penal
a substituição de pena que implique o pagamento
isolado de multa. de iniciativa pública incondicionada, segundo enten-
d) Ainda que para garantir a efetividade das medidas dimento do STF.
protetivas de urgência, não pode o juiz requisitar c) O crime de estupro é processado por meio de ação
auxílio da força policial. penal de iniciativa pública condicionada à represen-
e) Dentre as medidas protetivas de urgência à ofendida, tação, da qual a vítima pode retratar-se mesmo após
poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de o oferecimento da denúncia.
outras medidas, determinar a separação de corpos. d) Os crimes de violência doméstica e familiar contra a
mulher estão taxativamente elencados na Lei Maria
81. (IBFC/Embasa/Engenheiro/2017) Assinale a alternativa da Penha.
correta sobre as previsões expressas da Lei Federal n°
11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). 84. (Ibade/PC-AC/Delegado de Polícia/2017) Em todos os
a) O Ministério Público atuará apenas quando for parte casos de violência doméstica e familiar contra a mulher,
nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade po-
doméstica e familiar contra a mulher. licial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos,
b) Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a sem prejuízo de outros previstos no Código de Processo
mulher em situação de violência doméstica e familiar Penal:
deverá estar acompanhada de advogado. I – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

c) Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra tomar a representação a termo, se apresentada.


a Mulher que vierem a ser criados poderão contar II – determinar que se proceda ao exame de corpo de
com uma equipe de atendimento multidisciplinar, delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
a ser integrada por profissionais especializados nas necessários.
áreas psicossocial, jurídica e de saúde. III – remeter, no prazo de 72 (setenta e duas) horas,
d) A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida,
Familiar contra a Mulher deverá ser acompanhada para a concessão de medidas protetivas de urgência.
pela implantação das curadorias necessárias e do IV – ouvir o agressor e as testemunhas. Caso entenda
serviço de assistência judiciária. desnecessária a oitiva do agressor, poderá o Delegado
dispensá-lo ouvindo apenas a vítima e as testemunhas.
82. (PUC-PR/TJ-PR/Analista Judiciário/2017) Conhecida
como Lei Maria da Penha, a Lei nº 11.340/2006 criou Está correto o que se afirma apenas em:
mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar a) II e III.
contra a mulher. Sobre o tema, assinale a alternativa b) II e IV.
correta. c) I e III.
a) Para evitar represálias, em casos de violência do- d) I e II.
méstica e familiar contra a mulher, feito o registro da e) III e IV.

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85. (Ibade/PC-AC/Agente de Polícia Civil/2017) Configura 88. (Cespe/TJ-PR/Juiz de Direito/2017) Assinale a opção cor-
violência doméstica e familiar contra a mulher, atraindo, reta com base na jurisprudência do STF sobre crimes
portanto, a competência do juízo especializado na ma- ambientais, crimes contra a propriedade intelectual,
téria, qualquer ação ou omissão que lhe cause morte, execução penal e violência doméstica e familiar.
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano a) A venda de CDs e (ou) DVDs pirateados é uma prática
moral ou patrimonial, quando: amplamente tolerada pela população, implicando a
a) baseada no gênero, salvo nas relações homoafetivas. atipicidade material da conduta com base no princí-
b) baseada no gênero, em qualquer relação íntima de pio da adequação social.
afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido b) Aos crimes praticados com violência doméstica e
com a ofendida, independentemente de coabitação familiar contra a mulher são inaplicáveis as normas
ou da orientação sexual. tutelares despenalizadoras da Lei dos Juizados Es-
c) ocorra no âmbito da família, como por exemplo, o peciais Cíveis e Criminais.
caso do filho agride o pai. c) O crime de poluição sonora é material e exige neces-
d) baseada no sexo, salvo nas relações homoafetivas. sariamente a prova pericial para a sua configuração.
e) a ocorrência se dê no âmbito da unidade doméstica d) O juiz da execução penal não pode alterar o regi-
envolvendo qualquer familiar independente do sexo me de cumprimento da pena privativa de liberdade
da vítima. estipulada na sentença alegando o problema da su-
perlotação carcerária.
86. (Consulplan/TJ-MG/Titular de Serviços de Notas e de
Registros/2017) Mulher que foi vítima de lesões corpo- 89. (Nucepe/Sejus-PI/Agente Penitenciário/2017) Em rela-
rais perpetradas por seu marido, firmou representação ção à legislação especial é forma de violência doméstica
perante a autoridade policial e requereu medidas pro- e familiar contra a mulher:
tetivas previstas na Lei nº 11.340/06. O Juiz, na análise a) A violência moral e física, entendida como qualquer
das medidas protetivas requeridas, poderá determinar, conduta que lhe cause dano emocional e diminui-
exceto: ção da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe
a) afastamento da ofendida do lar conjugal. o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou
b) revogação das procurações conferidas pela ofendida controlar suas ações, comportamentos, crenças e
ao agressor. decisões, mediante ameaça, constrangimento, hu-
c) prestação de caução provisória, mediante depósito milhação, manipulação, isolamento, vigilância cons-
judicial. tante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
d) proibição temporária de celebração de atos e con- ridicularização, exploração e limitação do direito de ir
tratos de compra, venda e locação de propriedade e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
em comum. à saúde psicológica e à autodeterminação.
b) A violência psicológica entendida como qualquer
87. (Fundação La Salle/SUSEPE-RS/Agente Penitenciá- conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
rio/2017) Relativamente à Lei Maria da Penha, analise participar de relação sexual não desejada, mediante
as assertivas abaixo e assinale (V) para Verdadeiro e (F)
intimidação, ameaça, coação ou uso da força.
para Falso.
c) A violência física, entendida como qualquer conduta
( ) As medidas protetivas de urgência poderão ser
que ofenda sua integridade ou saúde corporal.
concedidas de imediato, independentemente de
d) A violência moral, entendida como qualquer con-
audiência das partes e de manifestação do Minis-
duta que configure retenção, subtração, destruição
tério Público e independente de comunicação ao
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de tra-
Ministério Público.
balho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
( ) A ofendida deverá ser citada e intimada dos atos
processuais relativos ao agressor, especialmente ou recursos econômicos, incluindo os destinados a
dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem satisfazer suas necessidades.
prejuízo da intimação do advogado constituído ou e) A violência moral, entendida como qualquer conduta
do defensor público. que configure apropriação indébita.
( ) Uma das medidas protetivas e de urgência que obri-
gam o agressor, segundo a legislação em comento, 90. (Ibade/Sejudh – MT/Assistente social/2017) Visando
preservar a integridade física e psicológica da mulher
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

é a prestação de alimentos provisionais, provisórios


ou definitivos à vítima. vítima de violência doméstica, o juiz pode assegurar,
( ) O Ministério Público intervirá, exclusivamente, em consonância com a Lei Maria da Penha, Lei n°
quando for parte, nas causas cíveis e criminais de- 11.340/2006, a manutenção do vínculo trabalhista,
correntes da violência doméstica e familiar contra quando necessário o afastamento da vítima de seu lo-
a mulher. cal de trabalho, por até:
( ) O juiz poderá relaxar a prisão em flagrante se, no a) 3 meses.
curso do processo, verificar a falta de motivo para b) 30 dias.
que subsista, bem como de novo decretá-la, se so- c) 45 dias.
brevierem razões que a justifiquem. d) 1 ano.
e) 6 meses.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo, é: 91. (Ibade/Sejudh – MT/Assistente social/2017) As medidas
a) V, F, V, F, V. protetivas de urgência à mulher vítima de violência do-
b) F, F, F, V, V . méstica, de acordo com a Lei Maria da Penha, poderão
c) F, F, F, F, F. ser concedidas:
d) V, V, V, V, F. a) de imediato.
e) V, V, V, V, V. b) só com a manifestação do Ministério Público.

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c) após autorizado pelo Ministério Público. b) a autoridade policial, no atendimento de mulher em
d) em 48 horas. situação de violência doméstica e familiar, deverá
e) dependendo da audiência das partes. fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
dentes para abrigo ou local seguro, quando houver
92. (IBFC/Agerba/Técnico em Regulação/2017) Assinale a risco de vida, bem como informar à ofendida os ser-
alternativa correta sobre a espécie de violência que a viços disponíveis.
Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria c) poderá o Ministério Público, a requerimento da ofen-
da Penha) indica, em termos expressos e precisos, como dida, conceder novas medidas protetivas de urgência
qualquer conduta contra a mulher que lhe cause dano ou rever aquelas já concedidas, se entender neces-
emocional e diminuição da autoestima, que lhe preju- sário a proteção da ofendida, de seus familiares e
dique e perturbe o pleno desenvolvimento, que vise de seu patrimônio, ouvida a equipe multidisciplinar.
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, d) é vedada a aplicação, nos casos de violência domés-
crenças e decisões, mediante ameaça. tica e familiar contra a mulher, de penas de cesta
a) Violência psicológica. básica ou outras de prestação pecuniária, bem como
b) Violência moral. a substituição de pena que implique o pagamento
c) Violência imaterial. isolado de multa, salvo, no último caso, se houver
d) Violência uxória. consentimento da ofendida.
e) para a proteção patrimonial dos bens conjugais ou
e) Violência extra corporal.
daqueles de propriedade particular da mulher, o
juiz poderá determinar, liminarmente, a proibição
93. (IBFC/AGERBA/Técnico em Regulação/2017) Assinale a
temporária para a celebração de atos e contratos de
alternativa incorreta considerando as disposições da Lei compra, venda e locação do bem em comum, salvo
Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria expressa autorização da ofendida.
da Penha), sobre a assistência à mulher em situação de
violência doméstica e familiar. 95. (Cespe/PC-GO/Delegado de Polícia/2017) À luz do po-
a) A assistência à mulher em situação de violência do- sicionamento jurisprudencial e doutrinário dominantes
méstica e familiar será prestada de forma articulada acerca das disposições da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria
e conforme os princípios e as diretrizes previstos na da Penha), assinale a opção correta.
Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único a) Caracteriza o crime de desobediência o reiterado
de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, descumprimento, pelo agressor, de medida protetiva
entre outras normas e políticas públicas de proteção, decretada no âmbito das disposições da Lei Maria
e emergencialmente quando for o caso. da Penha.
b) O juiz determinará, por prazo incerto, a inclusão da b) Em se tratando dos crimes de lesão corporal leve e
mulher em situação de violência doméstica e familiar ameaça, pode o Ministério Público dar início a ação
no cadastro de programas assistenciais do governo penal sem necessidade de representação da vítima
federal, estadual e municipal. de violência doméstica.
c) O juiz assegurará à mulher em situação de violência c) No caso de condenação à pena de detenção em re-
doméstica e familiar, para preservar sua integrida- gime aberto pela prática do crime de ameaça no
de física e psicológica, acesso prioritário à remoção âmbito doméstico e familiar, é possível a substituição
quando servidora pública, integrante da administra- da pena pelo pagamento isolado de multa.
ção direta ou indireta. d) No âmbito de aplicação da referida lei, as medidas
d) O juiz assegurará à mulher em situação de violência protetivas de urgência poderão ser concedidas in-
doméstica e familiar, para preservar sua integridade dependentemente de audiência das partes e de ma-
física e psicológica manutenção do vínculo traba- nifestação do Ministério Público, o qual deverá ser
lhista, quando necessário o afastamento do local de prontamente comunicado.
trabalho, por até seis meses. e) Afasta-se a incidência da Lei Maria da Penha na vio-
e) A assistência à mulher em situação de violência lência havida em relações homoafetivas se o sujeito
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos ativo é uma mulher.
benefícios decorrentes do desenvolvimento cien-
tífico e tecnológico, incluindo os serviços de con- 96. (Cespe/PC-GO/Delegado de Polícia/2017) Júlio, durante
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

discussão familiar com sua mulher no local onde ambos


tracepção de emergência, a profilaxia das Doenças
residem, sem justo motivo, agrediu-a, causando-lhe le-
Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
são corporal leve.
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros proce-
Nessa situação hipotética, conforme a Lei nº 11.340/2006
dimentos médicos necessários e cabíveis nos casos e o entendimento do STJ,
de violência sexual. a) a ofendida poderá renunciar à representação, desde
que o faça perante o juiz.
94. (UFPA/Assistente social/2017) A Lei nº 11.340/2006, b) a ação penal proposta pelo Ministério Público será
conhecida por Lei Maria da Penha, visa a coibir e pre- pública incondicionada.
venir a violência doméstica e familiar contra a mulher. c) a autoridade policial, independentemente de haver
Acerca do tema e com base na referida lei, é correto necessidade, deverá acompanhar a vítima para as-
afirmar o seguinte: segurar a retirada de seus pertences do domicílio
a) nas ações penais públicas condicionadas à repre- familiar.
sentação da ofendida por violência doméstica, será d) Júlio poderá ser beneficiado com a suspensão condi-
admitida a renúncia à representação perante o juiz, cional do processo, se presentes todos os requisitos
em audiência designada com tal finalidade, somente que autorizam o referido ato.
após o recebimento da denúncia, desde que ouvido e) Júlio poderá receber proposta de transação penal do
o Ministério Público. Ministério Público, se houver anuência da vítima.

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97. (FCM/IF-RJ/Assistente social/2017) Segundo a Lei nº 100. (Ibade/PC-AC/Agente de Polícia Civil/2017) Consoante a
11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, “a política Lei de Tortura (Lei n° 9.455/1997), assinale a alternativa
pública que visa a coibir a violência doméstica e fami- correta.
liar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto a) A Lei de Tortura aplica-se ainda quando o crime não
articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito tenha sido cometido em território nacional, sendo
Federal e dos Municípios e de ações não governamen- a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em
tais”. As instituições educacionais podem contribuir local sobjurisdição brasileira.
de maneira mais direta com a seguinte diretriz dessa b) Se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
política pública: tador de deficiência, adolescente ou maior de 70
a) a implementação de atendimento policial especiali- (setenta) anos, aumenta-se a pena um sexto até a
zado para as mulheres, em particular nas Delegacias metade.
de Atendimento à Mulher. c) O crime de tortura é inafiançável e suscetível de
b) a integração operacional do Poder Judiciário, do graça ou anistia.
Ministério Público e da Defensoria Pública com as d) A condenação pela prática do crime de tortura acar-
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, retará a perda do cargo, função ou emprego público
educação, trabalho e habitação. e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo
c) a divulgação interna e externa dos casos de violência da pena aplicada.
doméstica, ocorridos com alunas da instituição edu- e) O condenado por crime previsto na Lei de Tortura,
cacional, de modo a auxiliar o trabalho dos órgãos via de regra, iniciará o cumprimento da pena em
de justiça na apuração do fato. regime semiaberto.
d) a promoção de estudos, pesquisas, estatísticas e
outras informações relevantes, com a perspectiva 101. (Ibade/PC-AC/Auxiliar de Necrópsia/2017) Consoante a
de gênero e de raça ou etnia, concernentes ao fe- Lei de Tortura (Lei n° 9.455/1997), assinale a alternativa
nômeno da violência doméstica e familiar contra a correta.
mulher. a) O crime de tortura é inafiançável e suscetível de
e) a implementação de um currículo escolar que evite graça ou anistia.
discutir conteúdos relativos ao problema da violên- b) Se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
cia doméstica e familiar contra a mulher para não tador de deficiência, adolescente ou maior de 70
fomentar a ocorrência de novos casos nas famílias (setenta) anos, aumenta-se a pena um sexto até a
dos estudantes e dentro da escola. metade.
c) A condenação pela prática do crime de tortura acar-
98. (UECE-CEV/SEAS – CE/Psicólogo/2017) O disposto na retará a perda do cargo, função ou emprego público
Lei Federal nº 9.455 de 1997 (Lei da Tortura) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo
a) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido da pena aplicada.
em território nacional, sendo a vítima estrangeira, d) A Lei de Tortura aplica-se ainda quando o crime não
ainda que o agente não se encontre em local sob tenha sido cometido em território nacional, sendo
a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em
jurisdição brasileira.
local sob jurisdição brasileira.
b) não se aplica quando o crime não tenha sido come-
e) O condenado por crime previsto na Lei de Tortura,
tido em território nacional.
via de regra, iniciará o cumprimento da pena em
c) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido
regime semiaberto.
em território nacional, sendo a vítima brasileira ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdição
102. (Ibade/PC-AC/Escrivão de Polícia Civil/2017) Consoante
brasileira. a Lei de Tortura (Lei n° 9.455/1997), assinale a alterna-
d) não se aplica quando o crime tenha sido cometido tiva correta.
em território nacional, mas a vítima seja estrangeira. a) A Lei de Tortura aplica-se ainda quando o crime não
tenha sido cometido em território nacional, sendo
99. (IBFC/Embasa/Engenheiro/2017) Assinale a alternativa a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em
incorreta sobre as previsões expressas da Lei Federal local sobjurisdição brasileira.
n° 9.455, de 07 de abril de 1997, que define os crimes b) Se o crime a cometido contra criança, gestante, por-
de tortura e dá outras providências.
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

tador de deficiência, adolescente ou maior de 70


a) Constitui crime de tortura constranger alguém com (setenta) anos, aumenta-se a pena um sexto até a
emprego de violência ou grave ameaça, causando- metade.
-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter c) O condenado por crime previsto na Lei de Tortura,
informação, declaração ou confissão da vítima ou via de regra, iniciará o cumprimento da pena em
de terceira pessoa. regime semiaberto.
b) Aquele que submeter pessoa presa ou sujeita a me- d) O crime de tortura é inafiançável e suscetível de
dida de segurança, a sofrimento físico ou mental, graça ou anistia.
por intermédio da prática de ato não previsto em lei e) A condenação pela prática do crime de tortura acar-
ou não resultante de medida legal, incorre em pena retará a perda do cargo, função ou emprego público
diversa àquela prevista para o crime de tortura. e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo
c) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sex- da pena aplicada.
to até um terço, se o crime é cometido por agente
público. 103. (Fundação La Salle/Susepe-RS/Agente Penitenciário/2017)
d) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sexto Constranger alguém com emprego de violência ou grave
até um terço, se o crime é cometido contra criança, ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com
gestante, portador de deficiência, adolescente ou o fim de obter informação, declaração ou confissão da
maior de 60 (sessenta) anos. vítima ou de terceira pessoa constitui em:

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a) crime de imprensa. e) Os Estados Partes condenam a discriminação con-
b) crime de tortura. tra a mulher em todas as suas formas, concordam
c) crime de constrangimento ilegal. em seguir, por todos os meios apropriados e sem
d) crime de lesões corporais. dilações, uma política destinada a eliminar a dis-
e) crime contra a liberdade individual. criminação contra a mulher e, com tal objetivo, se
comprometem a derrogar todas as disposições legais
104. (Consulplan/TRF 2ª Região/Técnico Judiciário/Seguran- nacionais, exceto as penais, que constituam discri-
ça e Transporte/2017) Os crimes previstos na Lei de minação contra a mulher.
Tortura (Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997) não terão
a sua pena aumentada de um sexto até um terço se o 107. (IBFC/Agerba/Especialista em Regulação/2017) Assinale
crime for cometido a alternativa correta, considerando as disposições do
a) por agente público. Decreto Federal no 4.377, de 13 de setembro de 2002
b) mediante sequestro. que promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas
c) contra vítima de 55 anos. as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979,
d) contra portador de deficiência. e revoga o Decreto no 89.460, de 20 de março de 1984.
a) Com o fim de examinar os progressos alcançados na
105. (Ibade/Sejudh – MT/Assistente social/2017) Sobre o aplicação da referida Convenção, será estabelecido
crime de tortura, leia as afirmativas. um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação con-
I – Configura crime de tortura constranger alguém com tra a Mulher composto, no momento da entrada em
emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe vigor da Convenção, de cinco e, após sua ratificação
sofrimento físico ou mental. ou adesão pelo décimo-quinto Estado-Parte, de oito
II – Configura crime de tortura submeter alguém, sob peritos.
sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de b) Com o fim de examinar os progressos alcançados na
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico aplicação da referida Convenção, será estabelecido
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação con-
medida de caráter preventivo. tra a Mulher composto, no momento da entrada em
vigor da Convenção, de nove e, após sua ratificação
III – Incorre na mesma pena do crime de tortura quem
ou adesão pelo vigésimo-primeiro Estado-Parte, de
submete pessoa presa ou sujeita a medida de segu-
treze peritos.
rança, a sofrimento físico ou mental, por intermédio
c) Com o fim de examinar os progressos alcançados na
da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
aplicação da referida Convenção, será estabelecido
de medida legal.
um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação con-
IV – Aquele que se omite em face de uma conduta que tra a Mulher composto, no momento da entrada em
configura tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou vigor da Convenção, de três e, após sua ratificação
apurá-las, incorre na pena do crime de tortura. ou adesão pelo trigésimo-terceiro Estado-Parte, de
cinco peritos.
Está correto apenas o que se afirma em: d) Com o fim de examinar os progressos alcançados na
a) I e II. aplicação da referida Convenção, será estabelecido
b) III e IV. um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação con-
c) I e III. tra a Mulher composto, no momento da entrada em
d) II e IV. vigor da Convenção, de quinze e, após sua ratifica-
e) II e III. ção ou adesão pelo vigésimo-quinto Estado-Parte,
de trinta e um peritos.
106. (Instituto AOCP/Desenbahia/Escriturário/2017) Assina- e) Com o fim de examinar os progressos alcançados na
le a alternativa correta acerca da Convenção sobre a aplicação da referida Convenção, será estabelecido
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação con-
a Mulher, apensa ao Decreto Federal nº 4.377 de 13 de tra a Mulher composto, no momento da entrada em
setembro de 2002. vigor da Convenção, de dezoito e, após sua ratifica-
a) Os Estados-Partes da convenção tomarão todas as ção ou adesão pelo trigésimo-quinto Estado-Parte,
medidas apropriadas, salvo de caráter legislativo, de vinte e três peritos.
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

para suprimir todas as formas de tráfico de mulhe-


res e exploração da prostituição da mulher. 108. (IBFC/Agerba/Técnico em Regulação/2017) Assinale a
b) Os Estados-Partes da convenção convém em que alternativa correta considerando as disposições do De-
todo contrato ou outro instrumento privado de creto Federal nº 4.377, de 13 de setembro de 2002 que
efeito jurídico que tenda a restringir a capacidade promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as
jurídica da mulher será considerado nulo. Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, e
c) Os Estados-Partes da convenção reconhecerão à revoga o Decreto nº 89.460, de 20 de março de 1984.
mulher iguais direitos para firmar contratos e ad- a) Para os fins da referida Convenção, a expressão “dis-
ministrar bens e dispensar-lhe-ão um tratamento criminação contra a mulher” significará toda a dis-
privilegiado em todas as etapas do processo nas tinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que
cortes de justiça e nos tribunais. tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular
d) Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro- o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher
priadas para eliminar a discriminação contra a mu- casada ou convivente em união estável, com base
lher na esfera dos cuidados médicos, a fim de as- na igualdade do homem e da mulher, dos direitos
segurar, em condições de privilégio em relação aos humanos e liberdades fundamentais nos campos
homens, o acesso a serviços médicos, inclusive os político, econômico, social, cultural e civil ou em
referentes ao planejamento familiar. qualquer outro campo.

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b) Para os fins da referida Convenção, a expressão “dis- c) conceder bolsas e acesso aos programas de educa-
criminação contra a mulher” significará toda a dis- ção supletiva em maior número para compensar as
tinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que desigualdades passadas
tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular d) desencorajar a educação mista, privilegiando os pro-
o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher gramas de alfabetização funcional para as mulheres.
casada ou convivente em união estável, com base e) proibir a demissão por motivo de gravidez, perma-
na igualdade do homem e da mulher, dos direitos necendo aquelas motivadas pelo estado civil.
humanos e liberdades fundamentais, exclusivamen-
te, nos campos econômico, social, cultural e civil. 111. (FCC/DPE-SP/Defensor Público/2009) No sistema global,
c) Para os fins da referida Convenção, a expressão “dis- a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
criminação contra a mulher” significará toda a dis- Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil em
tinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que 1984, é um marco no tocante ao combate da discrimi-
tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular nação contra a mulher e na afirmação de sua cidadania.
o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher Sobre essa Convenção é correto afirmar que
casada ou convivente em união estável, com base a) consagrou a possibilidade de adoção de “ações afir-
na igualdade do homem e da mulher, dos direitos mativas”, ou seja, de medidas especiais de caráter
humanos e liberdades fundamentais, exclusivamen- definitivo destinadas a acelerar a igualdade de fato
te, nos campos político, econômico e civil. entre mulheres e homens.
d) Para os fins da referida Convenção, a expressão “dis- b) trouxe, quando de sua adoção pela ONU, um com-
criminação contra a mulher” significará toda a dis- pleto sistema de monitoramento, permitindo, inclu-
tinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que sive, denúncias individuais por mulheres em casos
tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular de violação.
o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher c) a adoção pelo Brasil do Protocolo Facultativo à Con-
casada ou convivente em união estável, com base venção, em 2002, aperfeiçoou a sistemática de mo-
na igualdade do homem e da mulher, dos direitos nitoramento da Convenção, com a possibilidade de
humanos e liberdades fundamentais, exclusivamen- apresentação de denúncias por mulheres, individual
mente ou em grupos, em casos de violação.
te, nos campos cultural e civil.
d) respeitou as diferenças culturais e a diversidade
e) Para os fins da referida Convenção, a expressão “dis-
étnica ao permitir diferentes direitos e responsabi-
criminação contra a mulher” significará toda a dis-
lidades durante o casamento e por ocasião da sua
tinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que
dissolução, permitindo que cada Estado faça sua
tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular
regulamentação interna.
o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher,
e) ao evitar impor muitas obrigações aos Estados-par-
independentemente de seu estado civil, com base tes que significassem ruptura imediata com padrões
na igualdade do homem e da mulher, dos direitos estereotipados de educação de meninas e meninos,
humanos e liberdades fundamentais nos campos logrou obter o maior número de ratificações de uma
político, econômico, social, cultural e civil ou em Convenção da ONU.
qualquer outro campo.
112. (IBFC/Embasa/Assistente de Laboratório/2017) Assinale
109. (FCC/PGE-BA/Analista de Procuradoria/Apoio Jurídi- a alternativa correta sobre a pena aplicável no caso
co/2013) Nos termos do preâmbulo da Convenção so- de alguém negar emprego ou trabalho a alguém em
bre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação autarquia, sociedade de economia mista, empresa con-
contra a Mulher (Decreto no 4.377/2002), a participação cessionária de serviço público ou empresa privada, por
máxima da mulher, em igualdade de condições com o preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil
homem, em todos os campos, é indispensável para de acordo com as previsões expressas da Lei Federal n°
a) a construção da Nova Ordem Econômica Internacio- 7.437, de 20 de dezembro de 1985, que inclui, entre as
nal baseada na equidade e na justiça. contravenções penais a prática de atos resultantes de
b) o desenvolvimento pleno e completo de um país, o preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
bem-estar do mundo e a causa da paz. a) Prisão simples, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa de
c) consolidar a importância social da maternidade e a 1 (uma) a 30 (trinta) vezes o maior valor de referência
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

função dos pais na família e na educação dos filhos. (MVR), no caso de empresa privada.
d) o fortalecimento da paz e da segurança internacio- b) Perda do cargo para o responsável pela recusa, no
nais, o alívio da tensão internacional e a cooperação caso de autarquia, sociedade de economia mista e
mútua entre todos os Estados. empresa concessionária de serviço público.
e) a erradicação das situações de pobreza e de todas c) Reclusão, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa de 1
as formas de racismo, discriminação racial, colonia- (uma) a 30 (trinta) vezes o maior valor de referência
lismo, neocolonialismo, agressão e ocupação estran- (MVR), em qualquer caso.
geira. d) Advertência para o responsável pela recusa, no caso
de autarquia, sociedade de economia mista e em-
110. (PC-SP/PC-SP/Delegado de Polícia/2012) A Convenção presa concessionária de serviço público.
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher estabelece que os Estados Partes se 113. (IBFC/Embasa/Agente Administrativo/2017) Assinale a
comprometem a alternativa correta sobre a pena aplicável no caso de
a) fomentar qualquer concepção estereotipada dos alguém obstar o acesso de alguém a qualquer cargo
papéis masculino e feminino em todos os níveis. público civil ou militar, por preconceito de raça, de cor,
b) derrogar todas as disposições penais nacionais que de sexo ou de estado civil de acordo com as previsões
constituam discriminação contra as mulheres. expressas da Lei Federal nº 7.437, de 20 de dezembro

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de 1985, que inclui, entre as contravenções penais, a c) O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos com-
prática de atos resultantes de preconceito de raça, de petentes, obrigará as instituições de ensino superior
cor, de sexo ou de estado civil. públicas e privadas, sem prejuízo da legislação em
a) Suspensão do exercício do cargo, depois de apurada vigor, a resguardar os princípios da ética em pesquisa
a responsabilidade em inquérito regular, para o fun- e apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos
cionário dirigente da repartição de que dependa a diversos programas de pós-graduação que desen-
inscrição no concurso de habilitação dos candidatos. volvam temáticas de interesse da população negra.
b) Suspensão do exercício do cargo, independente- d) Os conteúdos referentes à história da população ne-
mente de procedimento administrativo, para o fun- gra no Brasil serão ministrados no âmbito de todo
cionário dirigente da repartição de que dependa a o currículo escolar, resgatando sua contribuição
inscrição no concurso de habilitação dos candidatos. decisiva para o desenvolvimento social, econômico,
c) Perda do cargo, independentemente de procedimen- político e cultural do País.
to administrativo, para o funcionário dirigente da
repartição de que dependa a inscrição no concurso 117. (IBFC/Embasa/Técnico em Edificações/2017) Assinale
de habilitação dos candidatos. a alternativa incorreta sobre a prática da capoeira de
d) Perda do cargo, depois de apurada a responsabili- acordo com a Lei Federal n° 12.288, de 20 de julho de
dade em inquérito regular, para o funcionário diri- 2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial.
gente da repartição de que dependa a inscrição no a) O poder público garantirá o registro e a proteção da
concurso de habilitação dos candidatos. capoeira, em todas as suas modalidades, como bem
de natureza imaterial e de formação da identidade
114. (Fundatec/IGP-RS/Papiloscopista e Técnico em Perí- cultural brasileira.
cia/2017) De acordo com a Lei nº 12.288/2010 (Estatuto b) O poder público buscará garantir, por meio dos atos
da Igualdade Racial), “toda distinção, exclusão, restrição normativos necessários, a preservação dos elemen-
ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou tos formadores tradicionais da capoeira nas suas re-
origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular lações internacionais.
ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em c) A capoeira é reconhecida como desporto de criação
igualdade de condições, de direitos humanos e liber- nacional.
dades fundamentais nos campos político, econômico, d) É obrigatório o ensino da capoeira nas instituições
social, cultural ou em qualquer outro campo da vida públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres tra-
pública ou privada” corresponde ao conceito de: dicionais, pública e formalmente reconhecidos.
a) Desigualdade racial.
b) Desigualdade de gênero. 118. (Cespe/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017) De acordo
c) Discriminação racial. com o Estatuto da Igualdade Racial, o estudo da história
d) Discriminação de gênero. geral da África e da história da população negra do Brasil
e) Descriminalização racial. é obrigatório nos estabelecimentos de ensino
a) infantil e fundamental.
115. (IBFC/Embasa/Agente Administrativo/2017) Assinale a b) fundamental e médio.
alternativa correta sobre o que devem ser considera- c) médio, apenas.
das ações afirmativas de acordo com a Lei Federal nº d) infantil, fundamental e médio.
12.288, de 20 de julho de 2010, que institui o Estatuto
da Igualdade Racial. 119. (IBFC/Agerba/Especialista em Regulação/2017) Assina-
a) As políticas de tratamento absolutamente igualitário le a alternativa incorreta sobre os objetivos do Sistema
dos cidadãos. Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), con-
b) Os programas e as medidas especiais adotados ex- siderando as disposições da Lei Federal nº 12.288, de
clusivamente pelo Estado para a proibição das de- 20/07/2010 que institui o Estatuto da Igualdade Racial.
sigualdades de oportunidades. a) Promover a igualdade étnica e o combate às desi-
c) Os programas e as medidas especiais adotados pelo gualdades sociais resultantes do racismo, inclusive
Estado e pela iniciativa privada para a correção das mediante adoção de ações afirmativas.
desigualdades raciais e para a promoção da igual- b) Formular políticas destinadas a combater os fatores
dade de oportunidades. de marginalização e a promover a integração social
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

d) As campanhas da iniciativa privada para obtenção da população negra.


de vantagens pela diminuição dos tratamentos de- c) Centralizar a implementação de ações afirmativas
siguais. no nível federal.
d) Articular planos, ações e mecanismos voltados à
116. (IBFC/Embasa/Engenheiro/2017) Assinale a alternativa promoção da igualdade étnica.
correta sobre as previsões da Lei Federal n° 12.288, de e) Garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos
20 de julho de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade criados para a implementação das ações afirmativas
Racial, quanto à educação. e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
a) Nas datas comemorativas de caráter cívico, os ór-
gãos responsáveis pela educação determinarão a 120. (IBFC/Agerba/Especialista em Regulação/2017) Assinale
participação de intelectuais e representantes do a alternativa correta, considerando as disposições da lei
movimento negro para debater com os estudantes federal nº 12.288, de 20/07/2010 que institui o Estatuto
suas vivências relativas ao tema em comemoração . da Igualdade Racial.
b) Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento a) O Poder Legislativo federal elaborará plano nacional
à pesquisa e à pós-graduação deverão criar incen- de promoção da igualdade racial contendo as me-
tivos a pesquisas e a programas de estudo voltados tas, princípios e diretrizes para a implementação da
para temas referentes às relações étnicas, aos qui- Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial
lombos e às questões pertinentes à população negra. (PNPIR).

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b) A elaboração, implementação, coordenação, avaliação demais formas de intolerância, conforme dispõe o caput
e acompanhamento da Política Nacional de Promoção do artigo 1º do diploma legal em análise. Considerando
da Igualdade Racial (PNPIR), bem como a organização, os termos da lei e a mens lege, assinale a afirmação
articulação e coordenação do Sistema Nacional de incorreta.
Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), serão efetiva- a) A Lei nº 12.288/2010, no que trata do direito à saúde,
dos pelo órgão responsável pela política de promoção garante tratamento igualitário da população negra,
da igualdade étnica em âmbito nacional. também no que diz respeito aos seguros privados
c) É o Poder Legislativo federal autorizado a instituir de saúde.
fórum intergovernamental de promoção da igualda- b) O Estatuto da Igualdade Racial tem por objetivo úni-
de étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável co evitar a discriminação racial e o bulling social.
pelas políticas educacionais gerais, com o objetivo de c) O Brasil, no tocante à inclusão da população negra
implementar estratégias que visem à incorporação no mercado, tem por fundamento legal a CF, a Lei
da política nacional de promoção da igualdade étnica nº 12.288/2010, os compromissos assumidos pelo
nas ações governamentais de Estados e Municípios. Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a
d) As diretrizes das políticas nacional e regional de pro- eliminação de todas as formas de Discriminação Ra-
moção da igualdade étnica serão elaboradas por ór- cial e todos os compromissos assumidos pelo Brasil
gão colegiado, independentemente de participação perante a comunidade internacional.
da sociedade civil. d) O Estado tem o dever de garantir a igualdade de
e) Os Poderes Executivos estaduais, distrital e munici- oportunidades, reconhecendo a qualquer cidadão
pais, no âmbito das respectivas esferas de compe- brasileiro, independente da etnia ou cor da pele, o
tência, poderão instituir conselhos de promoção da pleno direito de participação na comunidade, em
igualdade étnica, de caráter provisório e deliberati- todas as suas vertentes.
vo, compostos exclusivamente por representantes e) O Estatuto da Igualdade Racial ao tratar da Cultura
de órgãos e entidades públicas. busca preservar as tradições remanescentes dos qui-
lombos e o registro e proteção da capoeira, como
121. (IBFC/Agerba/Especialista em Regulação/2017) Con- bem de natureza imaterial e da formação da identi-
siderando as disposições da lei federal nº 12.288, de dade cultural brasileira.
20/07/2010 que institui o Estatuto da Igualdade Racial,
assinale a alternativa correta sobre o significado da sigla 124. (IESES/Bahiagás/Analista/Tecnologia da Informação/
SINAPIR.
2016) A Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, instituiu
a) Serviço de Integração e Autopromoção Racial.
o Estatuto da Igualdade Racial, que objetiva garantir à
b) Serviço Nacional de Apoio às Práticas de Integração
população negra a efetivação da igualdade de oportu-
Racial.
nidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coleti-
c) Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
vos e difusos, e o combate à discriminação e às demais
d) Sistema Nacional de Promoção da Integração Racial.
e) Sindicato Nacional de Participação Racial. formas de intolerância, conforme dispõe o caput do art.
1º do diploma legal em análise. Considerando os termos
122. (FCC/Segep-MA/Analista/Pedagogia/2016) No âmbito da lei e a mens lege, assinale a afirmação incorreta.
do Estatuto da Igualdade Racial, − Lei nº 12.288/2010 a) O Estado tem o dever de garantir a igualdade de
− ações afirmativas são oportunidades, reconhecendo a qualquer cidadão
a) as políticas voltadas para garantir equidade por meio brasileiro, independente da etnia ou cor da pele, o
de cotas raciais para acesso à educação básica públi- pleno direito de participação na comunidade, em
ca, ao emprego, à moradia, à saúde, ao saneamento todas as suas vertentes.
básico e outros serviços. b) A lei nº 12.288/2010, no que trata do direito à saúde,
b) aquelas que são voltadas à seleção por mérito, con- garante tratamento igualitário da população negra,
dição socioeconômica, adesão a credo religioso, par- também no que diz respeito aos seguros privados
tido político e outros critérios que revelem práticas de saúde.
discriminatórias. c) O Estatuto da Igualdade Racial ao tratar da Cultura
c) os programas e medidas especiais adotados pelo busca preservar as tradições remanescentes dos qui-
Estado e pela iniciativa privada para a correção das lombos e o registro e proteção da capoeira, como
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

desigualdades raciais e para a promoção da igual- bem de natureza imaterial e da formação da identi-
dade de oportunidades. dade cultural brasileira.
d) as medidas governamentais compensatórias per- d) O Brasil, no tocante à inclusão da população negra
manentes destinadas a populações marcadamente no mercado, tem por fundamento legal a CF, a Lei
marginalizadas e desfavorecidas por condições de nº 12.288/2010, os compromissos assumidos pelo
desigualdades materiais. Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a
e) a caridade pública e a filantropia das empresas priva- eliminação de todas as formas de Discriminação Ra-
das, de caráter compulsório, facultativo ou voluntá- cial e todos os compromissos assumidos pelo Brasil
rio, que produzem condição temporária de igualdade perante a comunidade internacional.
racial. e) O Estatuto da Igualdade Racial tem por objetivo úni-
co evitar a discriminação racial e o bulling social.
123. (IESES/Bahiagás/Analista Organizacional/Ciências Con-
tábeis/2016) A Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010,
instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, que objetiva 125. (Idecan/Prefeitura de Natal – RN/Advogado/2016) So-
garantir à população negra a efetivação da igualdade de bre o tratamento que a Lei nº 12.288, de 20 de julho
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, de 2010 – Estatuto da Igualdade Racial dá ao esporte
coletivos e difusos, e o combate à discriminação e às e lazer, analise as afirmativas.

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I – A capoeira é reconhecida como desporto de criação GABARITO
nacional, nos termos do Art. 217 da Constituição Federal.
II – A atividade de capoeirista será reconhecida em to- 1. b 33. e 65. c 97. d
das as modalidades em que a capoeira se manifesta, 2. d 34. d 66. a 98. c
seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre 3. d 35. a 67. b 99. b
o exercício em todo o território nacional. 4. a 36. d 68. b 100. a
III – É facultado o ensino da capoeira nas instituições 5. b 37. a 69. c 101. d
públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres tradi- 6. a 38. e 70. d 102. a
cionais, pública e formalmente reconhecidos. 7. e 39. b 71. c 103. b
8. e 40. b 72. e 104. c
Estão corretas as afirmativas 9. a 41. e 73. e 105. e
a) I, II e III. 10. e 42. d 74. c 106. b
b) I e II, apenas. 11. a 43. b 75. c 107. e
c) I e III, apenas. 12. b 44. c 76. c 108. e
d) II e III, apenas. 13. a 45. a 77. e 109. b
14. e 46. c 78. d 110. b
126. (Idecan/Prefeitura de Natal – RN/Advogado/2016) De 15. e 47. e 79. b 111. c
acordo com a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010 – 16. e 48. d 80. e 112. b
Estatuto da Igualdade Racial, o direito à liberdade de 17. a 49. d 81. c 113. d
consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos 18. d 50. e 82. c 114. c
religiosos de matriz africana não compreende: 19. d 51. c 83. a 115. c
a) A produção e a divulgação de publicações relaciona- 20. c 52. d 84. d 116. d
das ao exercício e à difusão das religiões de matriz 21. b 53. e 85. b 117. d
africana. 22. d 54. e 86. b 118. b
b) A fundação e a manutenção, por iniciativa privada, 23. d 55. d 87. c 119. c
de instituições beneficentes ligadas às respectivas 24. a 56. d 88. b 120. b
convicções religiosas. 25. a 57. a 89. c 121. c
c) A prática de cultos, a celebração de reuniões relacio- 26. c 58. d 90. e 122. c
nadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por 27. a 59. b 91. a 123. b
iniciativa pública, de lugares reservados para tais fins. 28. c 60. b 92. a 124. b
d) A comunicação ao Ministério Público para abertu- 29. d 61. b 93. b 125. c
ra de ação penal em face de atitudes e práticas de 30. a 62. b 94. b 126. e
intolerância religiosa nos meios de comunicação e 31. d 63. b 95. d 127. c
em quaisquer outros locais. 32. a 64. b 96. b

127. (Idecan/Prefeitura de Natal – RN/Advogado/2016) Consi-  


derando o que dispõe a Lei nº 12.288, de 20 de julho de  
2010 – Estatuto da Igualdade Racial, analise as seguintes  
definições para efeito do Estatuto.  
I – Desigualdade racial: toda distinção, exclusão, restri-  
ção ou preferência baseada em raça, cor, descendência  
ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anu-  
lar ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício,  
em igualdade de condições, de direitos humanos e liber-  
dades fundamentais nos campos político, econômico,  
social, cultural ou em qualquer outro campo da vida  
pública ou privada.  
II – Discriminação racial ou étnico-racial: toda situação
injustificada de diferenciação de acesso e fruição de
Noções de Igualdade Racial e de Gênero

bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e


privada, em virtude de raça, cor, descendência ou ori-
gem nacional ou étnica.
III – Desigualdade de gênero e raça: assimetria existente
no âmbito da sociedade que acentua a distância social
entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
IV – População negra: o conjunto de pessoas que se
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor
ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição
análoga.

Estão corretas apenas as afirmativas


a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) II, III e IV.

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SEE-BA

SUMÁRIO

Conhecimentos Interdisciplinares

Linguagem, texto e contexto nos signos verbais e não-verbais............................................................................................ 3

A intermediação entre linguagem verbal e não verbal no processo de constituição do texto/discurso.............................3

A linguagem das ciências e das artes e seu entendimento como chaves à compreensão do mundo e da sociedade........4

A linguagem das ciências humanas no processo de formação das dimensões estéticas, éticas e políticas do
atributo exclusivo do ser humano.......................................................................................................................................... 7

A linguagem das ciências e das artes e as implicações ao pensar filosófico, a partir do Renascimento..............................4

As linguagens das ciências, das artes e da matemática: sua conexão com a compreensão/interpretação de
fenômenos nas diferentes áreas das relações humanas com a natureza e com a vida social..............................................9

As linguagens das ciências e das artes e sua relação com a comunicação humana............................................................. 6

O significado social e cultural das linguagens das artes e das ciências - naturais e humanas - e suas tecnologias.............7

As linguagens como instrumentos de produção de sentido e, ainda, de acesso ao próprio conhecimento, sua
organização e sistematização................................................................................................................................................. 9

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CONHECIMENTOS INTERDISCIPLINARES
Márcio Wesley

lInGUAGeM, teXtO e COnteXtO nOS = moradia, que equivale a um espaço construído pelo
SIGnOS VeRBAIS e nÃO-VeRBAIS ser humano, cuja função é abrigá-lo e protegê-lo em todos
os sentidos. tal pressuposto nos conduz à noção de signifi-
Quando se fala em texto, identifica-se o uso da lingua- cado, remetendo-nos a uma imagem mental.
gem (verbal ou não verbal) que tem significado, unidade e E se fôssemos materializar os sons que tal palavra repre-
objetivo comunicativo. senta, foneticamente obteríamos:
É importante considerar que todo texto tem um contexto, K/A/Z/A = imagem sensorial, ora representada por meio
ou seja, a situação concreta à qual o texto faz referência. O de letras. Assim sendo, temos o objeto “casa”, repre-
contexto envolve sempre o conhecimento sobre o que está sentado propriamente dito. e, por assim dizer, resta-
sendo dito e também as crenças e conclusões relativas ao -nos considerar que estamos falando exatamente do
texto em questão. significante.
Há diferentes tipos de contexto (social, cultural, estético,
político) e sua identificação é fundamental para a compre- Mediante tal representação, há que se ressaltar que
ensão do texto. nem sempre as letras do alfabeto demonstram ser fiéis à
Também é importante interpretar os pressupostos (cir- pronúncia dos fonemas. Em razão disso, criou-se o alfabeto
cunstância ou fato considerado como antecedente necessá- fonético, cujos pormenores não nos interessam no momen-
rio de outro) e os implícitos (algo que está envolvido naquele to. Sendo assim, a presente afirmativa visou somente para
contexto, mas não é revelado, é deixado subentendido, é evidenciar o porquê de os fonemas /c/ e /s/ estarem assim
apenas sugerido) que o texto traz. representados: /k/ e /z/.

linguagem Verbal e não Verbal

Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar


algo.
não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de co-
municação, que não são as palavras. Dentre eles estão a
linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a lingua-
gem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc.
Linguagem mista: é o uso simultâneo da linguagem ver-
bal e da linguagem não verbal, usando palavras escritas e
(Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_-MT9Zf6fDBM/ figuras ao mesmo tempo.
Sdw3gThMTjI/AAAAAAAAAGo/xZisNIA1IH8/s320/
placa+proibido+fumar+1.jpg>. Acesso em: 3/11/2009)

Em relação à linguagem, pode-se defini-la como um sis-


tema de signos capaz de representar, através de som, letra,
cor, imagem, gesto etc., significados básicos que resultam de
uma interpretação da realidade e da construção de categorias
mentais que representem os resultados dessa interpretação.
Os signos linguísticos são os elementos de significação
nos quais se baseiam as línguas. Possuem uma dupla face:
a face do significado (o conceito do objeto) e a face do sig-
nificante (os sinais gráficos ou sonoros que representam o
objeto). Exemplo: A palavra “casa” não é a “casa” (você não
entra na palavra “casa”!), mas quando é dita ou lida, ime-
diatamente se tem a ideia de “casa”.
O simples fato de dizer a palavra que nomeia o objeto é
(Disponível em: <http://blog1c.files.wordpress.com/
suficiente para que sua imagem venha à mente, devido ao
COnheCIMentOS InteRdISCIplInAReS

2007/05/charges_09.jpg>. Acesso em: 3/11/2009)


seu valor simbólico partilhado pelos usuários da língua, que
se torna convenção em uma sociedade.
Assim, temos:
A InteRMedIAÇÃO entRe lInGUAGeM
VeRBAl e nÃO VeRBAl nO pROCeSSO de
COnStItUIÇÃO dO teXtO/dISCURSO
Cada linguagem tem o seu suporte. A linguagem verbal
é uma linguagem mais racional. Daí poder explicitar o ra-
ciocínio lógico, talvez mais que o movimento, uma cor, ou o
som de uma música. Mas isso não é um julgamento de valor.
Depende da necessidade de uso da linguagem. Normalmente
nós usamos mais de uma.
Por exemplo: escrevemos um texto, colocamos um grá-
fico, uma foto e, com isso, nos apoiamos também na lingua-
gem visual. Das linguagens, talvez a mais pobre em eficiência,

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em certo sentido, seja a escrita. Na linguagem escrita, não queda dos corpos, na grande síntese da ordem cósmica de
temos modulação de voz, não temos a entonação. Na fala, Newton e finalmente na consciência filosófica que lhe con-
posso ser irônico, engraçado, tremer a voz, demonstrar emo- ferem Bacon e sobretudo Descartes. Esta preocupação em
ção; e na linguagem escrita, não há como fazer isso. Escrevo testemunhar uma ruptura fundante que possibilita uma e
“amor” e está escrita a palavra “amor”. só uma forma de conhecimento verdadeiro está bem pa-
Exatamente essa “pobreza da linguagem escrita” dá mar- tente na atitude mental dos protagonistas, no seu espanto
gem à imaginação. Como o leitor não tem todos os dados, perante as próprias descobertas e a extrema e ao mesmo
ele formula hipóteses mentais, imaginárias e cria todo con- tempo serena arrogância com que se medem com os seus
texto e uma situação na sua mente que, às vezes, é muito contemporâneos. Para citar apenas dois exemplos, Kepler
mais rica do que aquilo que o próprio autor pensou. Então escreve no seu livro sobre a Harmonia do Mundo publicado
as coisas não podem ser colocadas de maneira única, mani- em 1619, a propósito das harmonias naturais que descobrira
queísta. Depende da intenção da mensagem, do contexto, nos movimentos celestiais: “Perdoai-me mas estou feliz; se
das pessoas que estão em contato, da participação de cada vos zangardes eu perseverarei; (...) O meu livro pode esperar
um na comunicação para que certo tipo de linguagem seja muitos séculos pelo seu leitor. Mas mesmo Deus teve de
mais eficiente que o outro, ou para que um conjunto deles esperar seis mil anos por aqueles que pudessem contemplar
promova uma melhor comunicação. o seu trabalho”. Por outro lado, Descartes, nessa maravilhosa
Se a linguagem verbal é oral, ela sempre vem acompanha- autobiografia espiritual que é o Discurso do Método e a que
da, em comunicações - face a face-, do gesto, da expressão voltarei mais tarde, diz, referindo-se ao método por si encon-
do rosto e, de qualquer maneira, ela sendo oral, sempre trado: “Porque já colhi dele tais frutos que embora no juízo
tem uma entoação. Posso dizer uma mesma frase de uma que faço de mim próprio procure sempre inclinar-me mais
forma alegre, triste e irônica. Isso vai depender. Quando a para o lado da desconfiança do que para o da presunção, e
comunicação não é face a face, algumas coisas se perdem. embora, olhando com olhar de filósofo as diversas ações e
Não se sabe do contexto do interlocutor, onde ele está, qual empreendimentos de todos os homens, não haja quase ne-
a sua expressão, como ele reage ao que se diz. Então se nhuma que não me pareça vã e inútil, não deixo de receber
trabalha com suposições que não são tão eficientes quanto uma extrema satisfação com o progresso que julgo ter feito
se a conversa fosse realizada “frente-a-frente”. em busca da verdade e de conceber tais esperanças para o
FONTE: http://www.portalsaofrancisco.com.br/ futuro que, se entre as ocupações dos homens, puramente
portugues/linguagem-verbal-e-nao-verbal
homens, alguma há que seja solidamente boa e importante,
ouso crer que é aquela que escolhi”.
A LINGUAGEM DAS CIÊNCIAS E DAS ARTES Para compreender esta confiança epistemológica é ne-
E SEU ENTENDIMENTO COMO CHAVES cessário descrever, ainda que sucintamente, os principais
À COMPREENSÃO DO MUNDO E DA traços do novo paradigma científico. Cientes de que o que
os separa do saber aristotélico e medieval ainda dominante
SOCIEDADE E A LINGUAGEM DAS CIÊNCIAS não é apenas nem tanto uma melhor observação dos fatos
E DAS ARTES E AS IMPLICAÇÕES AO PENSAR como sobretudo uma nova visão do mundo e da vida, os
FILOSÓFICO, A PARTIR DO RENASCIMENTO. protagonistas do novo paradigma conduzem uma luta apaixo-
nada contra todas as formas de dogmatismo e de autoridade.
O Paradigma das Ciências O caso de Galileu é particularmente exemplar, e é ainda
Descartes que afirma: “Eu não podia escolher ninguém cujas
Segundo Boaventura de Sousa Santos, reflexões a partir opiniões me parecessem dever ser preferidas às dos outros,
do livro Introdução a uma Ciência Pós-Moderna, Editora e encontrava-me como que obrigado a procurar conduzir-
Graal: o modelo de racionalidade que preside à ciência mo- -me a mim próprio”. Esta nova visão do mundo e da vida
derna constituiu-se a partir da revolução científica do século reconduz-se a duas distinções fundamentais, entre conhe-
XVI e foi desenvolvido nos séculos seguintes basicamente no cimento científico e conhecimento do senso comum, por
domínio das ciências naturais. um lado, e entre natureza e pessoa humana, por outro. Ao
contrário da ciência aristotélica, a ciência moderna desconfia
Ainda que, com alguns prenúncios no século XVIII, é só
sistematicamente das evidências da nossa experiência ime-
no século XIX que este modelo de racionalidade se esten-
diata. Tais evidências, que estão na base do conhecimento
de às ciências sociais emergentes. A partir de então, pode
vulgar, são ilusórias.
falar-se de um modelo global de racionalidade científica que Como bem salienta Einstein no prefácio ao Diálogo sobre
admite variedade interna, mas que se distingue e defende, os Grandes Sistemas do Mundo, Galileu esforça-se denoda-
por via de fronteiras ostensivas e ostensivamente policiadas, damente por demonstrar que a hipótese dos movimentos de
Conhecimentos Interdisciplinares

de duas formas de conhecimento não-científico (e, portanto, rotação e de translação da terra não é refutada pelo fato de
irracional) potencialmente perturbadoras e intrusas: o senso não observarmos quaisquer efeitos mecânicos desses mo-
comum e as chamadas humanidades ou estudos humanísti- vimentos, ou seja, pelo fato de a terra nos parecer parada e
cos (em que se incluíram, entre outros, os estudos históricos, quieta. Por outro lado, é total a separação entre a natureza
filológicos, jurídicos, literários, filosóficos e teológicos). e o ser humano. A natureza é tão-só extensão e movimento;
Sendo um modelo global, a nova racionalidade científica é passiva, eterna e reversível, mecanismos cujos elementos
é também um modelo totalitário, na medida em que nega se podem desmontar e depois relacionar sob a forma de leis;
o caráter racional a todas as formas de conhecimento que não tem qualquer outra qualidade ou dignidade que nos
se não pautarem pelos seus princípios epistemológicos e impeça de desvendar os seus mistérios, desvendamento que
pelas suas regras metodológicas. Esta é a sua característica não é contemplativo, mas antes ativo, já que visa conhecer a
fundamental e a que melhor simboliza a ruptura do novo natureza para dominar e controlar. Como diz Bacon, a ciência
paradigma científico com os que o precedem. Está consubs- fará da pessoa humana “o senhor e o possuidor da natureza”.
tanciada, com crescente definição, na teoria heliocêntrica do Com base nesses pressupostos o conhecimento científico
movimento dos planetas de Copérnico, nas leis de Kepler avança pela observação descomprometida e livre, sistemática
sobre as órbitas dos planetas, nas leis de Galileu sobre a e tanto quanto possível rigorosa dos fenômenos naturais. O

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Novum Organum opõe a incerteza da razão entregue a si As leis, enquanto categorias de inteligibilidade, repousam
mesma à certeza da experiência ordenada. Ao contrário do num conceito de causalidade escolhido, não arbitrariamente,
que pensa Bacon, a experiência não dispensa a teoria prévia, entre os oferecidos pela física aristotélica. Aristóteles distin-
o pensamento dedutivo ou mesmo a especulação, mas força gue quatro tipos de causa: a causa material, a causa formal,
qualquer deles a não dispensarem, enquanto instância de a causa eficiente e a causa final. As leis da ciência moderna
confirmação última, a observação dos fatos. Galileu só re- são um tipo de causa formal que privilegia o como funciona
futa as deduções de Aristóteles na medida em que as acha as coisas em detrimento de qual o agente ou qual o fim das
insustentáveis e é ainda Einstein quem nos chama a atenção coisas. É por esta via que o conhecimento científico rompe
para o fato de os métodos experimentais de Galileu serem com o conhecimento do senso comum. É que, enquanto no
tão imperfeitos que só por via de especulações ousadas po- senso comum, e portanto, no conhecimento prático em que
deria preencher as lacunas entre os dados empíricos (basta ele se traduz, a causa e a intenção convivem sem problemas,
recordar que não havia medições de tempo inferiores ao na ciência a determinação da causa formal obtém-se com a
segundo). Descartes, por seu turno, vai inequivocamente expulsão da intenção. É esse tipo de causa formal que per-
das ideias para as coisas e não das coisas para as ideias e mite prever e, portanto, intervir no real e que, em última
estabelece a prioridade da metafísica enquanto fundamento instância, permite à ciência moderna responder à pergunta
último da ciência. sobre os fundamentos do seu rigor e da sua verdade com o
As ideias que presidem à observação e à experimenta- elenco dos seus êxitos na manipulação e na transformação
ção são as ideias claras e simples a partir das quais se pode do real.
ascender a um conhecimento mais profundo e rigoroso da Um conhecimento baseado na formulação de leis tem
natureza. Essas ideias são as ideias matemáticas. A mate- como pressuposto meteórico a ideia de ordem e de estabili-
mática fornece à ciência moderna, não só o instrumento dade do mundo, a ideia de que o passado se repete no futuro.
privilegiado de análise, como também a lógica da investi- Segundo a mecânica newtoniana, o mundo da matéria é
gação, como ainda o modelo de representação da própria uma máquina cujas operações se podem determinar exa-
estrutura da matéria. Para Galileu, o livro da natureza está tamente por meio de leis físicas e matemáticas, um mundo
inscrito em caracteres geométricos e Einstein não pensa de estático e eterno a flutuar num espaço vazio, um mundo
modo diferente. Desse lugar central da matemática na ciência que o racionalismo cartesiano toma cognoscível por via da
moderna derivam duas consequências principais. Em pri- sua decomposição nos elementos que o constituem. Essa
meiro lugar, conhecer significa quantificar. O rigor científico ideia do mundo-máquina é de tal modo poderosa que se vai
afere-se pelo rigor das medições. As qualidades intrínsecas transformar na grande hipótese universal da época moderna,
do objeto são, por assim dizer, desqualificadas e em seu lugar o mecanicismo. Pode parecer surpreendente e até paradoxal
passam a imperar as quantidades em que eventualmente se que uma forma de conhecimento, assente numa tal visão
podem traduzir. O que não é quantificável é cientificamente do mundo, tenha vindo a constituir um dos pilares da ideia
irrelevante. Em segundo lugar, o método científico assenta de progresso que ganha corpo no pensamento europeu a
na redução da complexidade. O mundo é complicado e a partir do século XVIII e que é o grande sinal intelectual da
mente humana não o pode compreender completamente. ascensão da burguesia. Mas a verdade é que a ordem e a
Conhecer significa dividir e classificar para depois poder de- estabilidade do mundo são a pré-condição da transformação
terminar relações sistemáticas entre o que se separou. Já em tecnológica do real.
Descartes uma das regras do Método consiste precisamente O determinismo mecanicista é o horizonte certo de uma
em “dividir cada uma das dificuldades... em tantas parcelas forma de conhecimento que se pretende utilitário e funcio-
quanto for possível e requerido para melhor as resolver”. nal, reconhecido menos pela capacidade de compreender
A divisão primordial é a que distingue entre “condições ini- profundamente o real do que pela capacidade de o dominar
ciais” e “leis da natureza”. As condições iniciais são o reino e transformar. No plano social, é esse também o horizonte
da complicação, do acidente e onde é necessário selecionar cognitivo mais adequado aos interesses da burguesia ascen-
as que estabelecem as condições relevantes dos fatos a ob- dente que via na sociedade em que começava a dominar o
servar; as leis da natureza são o reino da simplicidade e da estádio final da evolução da humanidade (o estado positivo
regularidade onde é possível observar e medir com rigor. Esta de Comte; a sociedade industrial de Spencer; a solidariedade
distinção entre condições iniciais e leis da natureza nada tem orgânica de Durkheim). Daí que o prestígio de Newton e das
de “natural”. Como bem observa Eugene Wigner, é mesmo leis simples a que reduzia toda a complexidade da ordem
completamente arbitrária. No entanto, é nela que assenta cósmica tenham convertido a ciência moderna no modelo de
toda a ciência moderna. racionalidade hegemônica que a pouco e pouco transbordou
A natureza teórica do conhecimento científico decorre do estudo da natureza para o estudo da sociedade. Tal como
Conhecimentos Interdisciplinares

dos pressupostos epistemológicos e das regras metodoló- foi possível descobrir as leis da natureza, seria igualmente
gicas já referidas. É um conhecimento causal que aspira à possível descobrir as leis da sociedade. Bacon, Vico e Mon-
formulação de leis, à luz de regularidades observadas, com tesquieu são os grandes precursores. Bacon afirma a plastici-
vista a prever o comportamento futuro dos fenômenos. A dade da natureza humana e, portanto, a sua perfectibilidade,
descoberta das leis da natureza assenta, por um lado, e como dadas as condições sociais, jurídicas e políticas adequadas,
já se referiu, no isolamento das condições iniciais relevan- condições que é possível determinar com rigor. Viço sugere
tes (por exemplo, no caso da queda dos corpos, a posição a existência de leis que governam deterministicamente a
inicial e a velocidade do corpo em queda) e, por outro lado, evolução das sociedades e tornam possível prever os resul-
no pressuposto de que o resultado se produzirá indepen- tados das ações coletivas. Com extraordinária premonição
dentemente do lugar e do tempo em que se realizarem as Vico identifica e resolve a contradição entre a liberdade e a
condições iniciais. Por outras palavras, a descoberta das leis imprevisibilidade da ação humana individual e a determi-
da natureza assenta no princípio de que a posição absoluta nação e previsibilidade da ação coletiva. Montesquieu pode
e o tempo absoluto nunca são condições iniciais relevantes. ser considerado um precursor da sociologia do direito ao
Esse principio é, segundo Wigner, o mais importante teorema estabelecer a relação entre as leis do sistema jurídico, feitas
da invariância na física clássica. pelo homem, e as leis inescapáveis da natureza.

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O PARADIGMA DAS ARTES E AS ta somente as apresentações e festas comemorativas, nem
LINGUAGENS DAS CIÊNCIAS E DAS ARTES tampouco limitada a ritmos estereotipados. “(...) sempre
se aprende, formal e/ou informalmente, como, por que e
E SUA RELAÇÃO COM A COMUNICAÇÃO quando se movimentar e transformar esse movimento em
HUMANA dança.” (BRASIL, 1997, p. 70). E ainda:
Propomos que o professor que trabalhe com a Dança em
Artes Visuais localidades diferentes das pesquisadas sempre ouça aten-
tamente o que seus alunos têm a dizer sobre seus corpos,
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, as dire- sobre o que dançam e/ou gostariam de dançar; que observe
trizes para os conteúdos de arte são estabelecidos quanto à atentamente as escolhas de movimento e como eles são arti-
produção, à apreciação e contextualização. culados em suas criações de dança, para que possa escolher
Quanto à produção: conteúdos e procedimentos não somente adequados, mas
• A produção artística visual por meio do desenho, pin- também problematizadores das realidades em que esses
tura, colagem, gravura, construção, escultura, instala- corpos/danças estão inseridos. (idem, p.72)
ção, fotografia, cinema, vídeo, meios eletroeletrônicos, A dança tem contribuição importante para o desenvolvi-
design, artes gráficas e outros. mento dos alunos, não se trata simplesmente de movimen-
• Observação, análise, utilização dos elementos da lin- to, o corpo não é mero instrumento da dança. “O corpo é
guagem visual e suas articulações nas imagens produ- conhecimento, emoção, comunicação, expressão. Ou seja,
zidas. o corpo somos nós e nós somos o nosso corpo. Portanto, o
• Representação e comunicação das formas visuais, corpo é a nossa dança e a dança é o nosso corpo.” (idem,
concretizando as próprias intenções e aprimorando o p.72). O aluno é o inovador, se atentar para a importância
domínio dessas ações. das inúmeras possibilidades de movimentos proporcionados
• Conhecimento e utilização dos materiais, suportes, ins- pela dança, fator diferencial nas atividades de danças no
trumentos, procedimentos e técnicas nos trabalhos contexto educacional.
pessoais, explorando e pesquisando suas qualidades Os objetivos gerais da Dança para o ensino fundamental
expressivas e construtivas. esta interligada mais diretamente às experiências dos mo-
vimentos corporais dos alunos que a vivência social, pos-
Quanto à apreciação: sibilitando ao aluno capacidade de construir uma relação
• Percepção e análise de formas visuais presentes nos de cooperação, aperfeiçoar a capacidade de discriminação
próprios trabalhos, nos dos colegas. verbal, visual e cenestésica, situar e compreender as rela-
• Observação da presença e transformação dos elemen- ções entre corpo, dança e sociedade, buscando organizar,
tos básicos da linguagem visual, em suas articulações registrar e documentar informações sobre dança em conta-
nas imagens produzidas, apresentadas em diferentes to com artistas, fontes documentais relacionando-os a suas
culturas e épocas. próprias experiências pessoais como criadores, intérpretes
• Identificação, observação e análise das diferentes téc- e apreciadores de dança.
nicas e procedimentos artísticos. Os conteúdos específicos da Dança estão agrupados em
• Percepção e análise de produções visuais (originais e três aspectos principais utilizados observando as necessi-
reproduções) e conhecimento sobre diversas concep- dades dos alunos e o contexto sociopolítico e cultural em
ções estéticas presentes nas culturas. que se encontram: dançar, apreciar e dançar e as dimensões
sociopolíticas e culturais da dança.
Quanto à como produção cultural e histórica:
• Observação, pesquisa e conhecimento de diferentes Música
obras de artes visuais, produtores e movimentos artís-
ticos de diversas culturas e em diferentes tempos da No decorrer da história tornam-se perceptíveis as trans-
história. formações nos estilos e gostos musicais. Na escola como
• Compreensão sobre o valor das artes visuais na vida proporcionar aos alunos uma educação musical envolvendo-
dos indivíduos e suas possíveis articulações com a éti- -os no contexto atual, valendo-se das experiências trazidas
ca que permeia as relações de trabalho na sociedade do cotidiano individual? Segundo os PCN’s (BRASIL, 1997, p.
contemporânea. 79) essa relação pode ser realizada “Estabelecendo relações
• Reflexão sobre a ação social que os produtores de arte com grupos musicais da localidade e da região, procurando
concretizam em diferentes épocas e culturas, situando participar em eventos musicais da cultura popular, shows,
conexões entre vida, obra e contexto. concertos, festivais, apresentações musicais diversas, a esco-
Conhecimentos Interdisciplinares

• Conhecimento e investigação sobre a arte do entor- la pode oferecer possibilidades de desenvolvimento estético
no próximo e distante a partir das obras, fontes vivas, e musical por meio de apreciações artísticas”. O conheci-
textos e outras formas de registro. mento musical do professor é essencial no processo ensino
e aprendizagem.
Dança “A consciência estética de jovens e adultos é elaborada no
cotidiano, nas suas vivências, daí a necessidade de propiciar,
As articulações do corpo humano simplesmente pela no contexto escolar, oportunidades de criação e apreciação
necessidade de movimentar-se, faz parte do corpo. O mo- musicais significativas”. (BRASIL, 1997, p. 80).
vimento é a expressão do corpo. O corpo fala por meio da A escola ao proporcionar nos conteúdos de arte a música
dança. Há movimentos inatos e natos e consequentemente busca auxiliar o jovem a desenvolver capacidades, habilida-
objetivos nos movimentos apreendidos. “Se por um lado a des e competências em música envolvendo-o no aprender
música estimula os movimentos, a dança, por outro, pode a sentir, expressar e pensar a realidade sonora ao seu redor.
também restringi-los, pois a sociedade já tem modelos de Assim os conteúdos de música estão elencados em três as-
danças que se “encaixam” a certos estilos de música.” (BRA- pectos: expressão e comunicação em Música (improvisação,
SIL, 1997, p. 73). A dança no âmbito escolar não está restri- composição e interpretação); apreciação significativa em

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Música (escuta, envolvimento e compreensão da linguagem de ter sentido e que a física e a psicologia acabariam por se
musical) e compreensão da Música como produto cultural fundir numa única ciência. Hoje é possível ir muito além da
e histórico. mecânica quântica. Enquanto essa introduziu a consciência
no ato do conhecimento, nós temos hoje de a introduzir no
Teatro próprio objeto do conhecimento, sabendo que, com isso, a
distinção sujeito/objeto sofrerá uma transformação radical.
O teatro busca, por meio das apresentações, das dramati- Num certo regresso ao panpsiquismo leibniziano, começa
zações e das construções de cenas, promover oportunidades hoje a reconhecer-se uma dimensão psíquica na natureza,
para os alunos, vivenciando fatos, possam observar e con- “a mente mais ampla” de que fala Bateson, da qual a mente
frontar diferentes culturas em diferentes momentos históri- humana é apenas uma parte, uma mente imanente ao siste-
cos, operando com um modo coletivo de produção de arte. ma social global e à ecologia planetária que alguns chamam
“Ao buscar soluções criativas e imaginativas na construção Deus. Geoffrey Chew postula a existência de consciência na
de cenas, os alunos afinam a percepção sobre eles mesmos e natureza como um elemento necessário à autoconsistência
sobre situações do cotidiano”. (BRASIL, 1997, p. 88). Os con- dessa última e, se assim for, as futuras teorias da matéria
teúdos do teatro estão agrupados em três aspectos: teatro terão de incluir o estudo da consciência humana. Conver-
como comunicação e produção coletiva, como apreciação e gentemente, assiste-se a um renovado interesse pelo “in-
como produto histórico-cultural. consciente coletivo”, imanente à humanidade no seu todo,
de Jung. Aliás, Capra pretende ver as ideias de Jung, sobre-
A LINGUAGEM DAS CIÊNCIAS HUMANAS NO tudo a ideia da sincronicidade para explicar a relação entre
a realidade exterior e a realidade interior, confirmadas pelos
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS DIMENSÕES recentes conceitos de interações locais e não-locais na física
ESTÉTICAS, ÉTICAS E POLÍTICAS DO das partículas. Tal como na sincronia jungiana, as interações
ATRIBUTO EXCLUSIVO DO SER HUMANO não-locais são instantâneas e não podem ser previstas em
E O SIGNIFICADO SOCIAL E CULTURAL termos matemáticos precisos. Não são, pois, produzidas por
DAS LINGUAGENS DAS ARTES E DAS causas locais e, quando muito, poder-se-á falar da causali-
dade estatística.
CIÊNCIAS – NATURAIS E HUMANAS – E SUAS Capra vê em Jung uma das alternativas teóricas às con-
TECNOLOGIAS. cepções mecanicistas de Freud e Bateson afirma que en-
quanto Freud ampliou o conceito de mente para dentro
Vamos retomar a leitura de: (permitindo-nos abranger o subsconsciente e o inconscien-
Boaventura de Sousa Santos, reflexões a partir do livro te) é necessário agora ampliá-lo para fora (reconhecendo a
Introdução a uma Ciência Pós-Moderna, Editora Graal: todo existência de fenômenos mentais para além dos individuais
o Conhecimento Científico-Natural é Científico-Social. e humanos). Semelhantemente, a teoria da ordem implica-
da, que, segundo o seu autor, David Bohm, pode constituir
A distinção dicotômica entre ciências naturais e ciências uma base comum tanto à teoria quântica como à teoria da
sociais começa a deixar de ter sentido e utilidade. Essa dis- relatividade, concebe a consciência e a matéria como inter-
tinção assenta numa concepção mecanicista da matéria e dependentes sem, no entanto, estarem ligadas por nexo de
da natureza a que contrapõe, com pressuposta evidência, os causalidade. São antes duas projeções, mutuamente envol-
conceitos de ser humano, cultura e sociedade. Os avanços ventes, de uma realidade mais alta que não é nem matéria
recentes da física e da biologia põem em causa a distinção nem consciência.
entre o orgânico e o inorgânico, entre seres vivos e maté- O conhecimento do paradigma emergente tende assim
ria inerte e mesmo entre o humano e o não-humano. As a ser um conhecimento não-dualista, um conhecimento que
características da auto-organização, do metabolismo e da se funda na superação das distinções tão familiares e óbvias
autorreprodução, antes consideradas específicas dos seres que até há pouco considerávamos insubstituíveis, tais como
vivos, são hoje atribuídas aos sistemas pré-celulares de mo- natureza/cultura, natural/artificial, vivo/inanimado, mente/
léculas. E reconhecem-se propriedades e comportamentos matéria, observador/observado, subjetivo/objetivo, coletivo/
antes considerados específicos dos seres humanos e das individual, animal/pessoa. Esse relativo colapso das distin-
relações sociais. ções dicotômicas repercute-se nas disciplinas científicas que
A teoria das estruturas dissipativas de Prigogine, ou a sobre elas se fundaram. Aliás, sempre houve ciências que se
teoria sinergética de Haken já citadas, mas também a teoria reconheceram mal nestas distinções e tanto que se tiveram
da ordem implicada de David Bohm, a teoria da matriz-S de de fraturar internamente para se lhes adequarem minima-
Geoffrey Chew e a filosofia do “bootstrap” que lhe subjaz e mente. Refiro-me à antropologia, à geografia e também à
Conhecimentos Interdisciplinares

ainda a teoria do encontro entre a física contemporânea e psicologia. Condensaram-se nelas privilegiadamente as con-
o misticismo oriental de Fritjof Capra, todas elas de vocação tradições da separação ciências naturais/ciências sociais. Daí
holística e algumas especificamente orientadas para superar que, num período de transição entre paradigmas, seja par-
as inconsistências entre a mecânica quântica e a teoria da ticularmente importante, do ponto de vista epistemológico,
relatividade de Einstein, todas essas teorias introduzem na observar o que se passa nessas ciências.
matéria os conceitos de historicidade e de processo, de liber- Não basta, porém, apontar a tendência para a supera-
dade, de autodeterminação e até de consciência que antes o ção da distinção entre ciências naturais e ciências sociais,
homem e a mulher tinham reservado para si. É como se o ho- é preciso conhecer o sentido e conteúdo dessa superação.
mem e a mulher estivessem lançado na aventura de conhecer Recorrendo de novo à física, trata-se de saber qual será o
os objetos mais distantes e diferentes de si próprios, para, “parâmetro de ordem”, segundo Haken, ou o “atractor”, se-
uma vez aí chegados, se descobrirem refletidos como num gundo Prigogine, dessa superação, se as ciências naturais, se
espelho. Já no princípio da década de sessenta e extrapolan- as ciências sociais. Precisamente porque vivemos um estado
do a partir da mecânica quântica, Eugene Wigner considera- de turbulência, as vibrações do novo paradigma repercutem-
va que o inanimado não era uma qualidade diferente, mas -se desigualmente nas várias regiões do paradigma vigente
apenas um caso-limite, que a distinção corpo/alma deixara e por isso os sinais do futuro são ambíguos. Alguns leem

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neles a emergência de um novo naturalismo centrado no radigma emergente. Trata-se, como referi também, de um
privilegiamento dos pressupostos biológicos do comporta- modelo de transição, uma vez que define a especificidade
mento humano. Assim Konrad Lorenz ou a sociobiologia. do humano por contraposição a uma concepção da natureza
Para eles, a superação da dicotomia ciências naturais/ciências que as ciências naturais hoje consideram ultrapassada, mas é
sociais ocorre sob a égide das ciências naturais. Contra essa um modelo em que aquilo que o prende ao passado é menos
posição pode objetar-se que ela tem do futuro a mesma con- forte do que aquilo que o prende ao futuro. Em resumo, à
cepção com que as ciências naturais auto justificam, no seio medida que as ciências naturais se aproximam das ciências
do paradigma dominante, o seu prestígio científico, social e sociais estas se aproximam das humanidades. O sujeito, que
político e, por isso, só vê do futuro aquilo em que ele repete a ciência moderna lançara na diáspora do conhecimento ir-
o presente. Se, pelo contrário, numa reflexão mais aprofun- racional, regressa investido da tarefa de fazer erguer sobre
dada, atentarmos no conteúdo teórico das ciências que mais si uma nova ordem científica.
têm progredido no conhecimento da matéria, verificamos Que este é o sentido global da revolução científica que
que a emergente inteligibilidade da natureza é presidida por vivemos, é também sugerido pela reconceptualização em
conceitos, teorias, metáforas e analogias das ciências sociais. curso das condições epistemológicas e metodológicas do co-
Para não irmos mais longe, quer a teoria das estruturas nhecimento científico social. Referi acima alguns dos obstá-
dissipativas de Prigogine quer a teoria sinergética de Haken culos à cientificidade das ciências sociais, os quais, segundo o
explicam o comportamento das partículas por meio dos con- paradigma ainda dominante, seriam responsáveis pelo atraso
ceitos de revolução social, violência, escravatura, domina- das ciências sociais em relação às ciências naturais. Sucede
ção, democracia nuclear, todos eles originários das ciências contudo que, também como referi, o avanço do conheci-
sociais (da sociologia, da ciência política, da história, etc.). mento das ciências naturais e a reflexão epistemológica que
O mesmo sucede, ainda no campo da física teórica, com as ele tem suscitado têm vindo a mostrar que os obstáculos ao
teorias de Capra sobre a relação entre física e psicanálise, os conhecimento científico da sociedade e da cultura são de fato
padrões da matéria e os padrões da mente concebidos como condições do conhecimento em geral, tanto científico-social
reflexos uns dos outros. Apesar de estas teorias diluírem as como científico-natural. Ou seja, o que antes era a causa do
fronteiras entre os objetos da física e os objetos da biologia, maior atraso das ciências sociais é hoje o resultado do maior
foi sem dúvida no domínio desta última que os modelos avanço das ciências naturais. Daí também que a concepção
explicativos das ciências sociais mais se enraizaram nas dé- de Thomas Kuhn sobre o caráter pré-paradigmático (isto é,
cadas recentes. Os conceitos de teleomorfismo, autopoiesis, menos desenvolvido) das ciências sociais, que eu, aliás, subs-
auto-organização, potencialidade organizada, originalidade, crevi e reformulei noutros escritos, tenha de ser abandonada
individualidade, historicidade, atribuem à natureza um com- ou profundamente revista.
portamento humano. Lovelock, em livro recente sobre as A superação da dicotomia ciências naturais/ciências so-
ciências da vida, afirma que os nossos corpos são constituídos ciais tende assim a revalorizar os estudos humanísticos. Mas
por cooperativas de células. esta revalorização não ocorrerá sem que as humanidades
Que os modelos explicativos das ciências sociais vêm sejam, elas também, profundamente transformadas. O que
subjazendo ao desenvolvimento das ciências naturais nas há nelas de futuro é o terem resistido à separação sujeito/
últimas décadas prova-se, além do mais, pela facilidade com objeto e o terem preferido a compreensão do mundo à ma-
que as teorias físico-naturais, uma vez formuladas no seu nipulação do mundo. Este núcleo genuíno foi, no entanto,
domínio específico, se aplicam ou aspiram aplicar-se no do- envolvido num anel de preocupações mistificatórias (o eso-
mínio social. Assim, por exemplo, Peter Allen, um dos mais terismo nefelibata e a erudição balofa). O ghetto a que as
estreitos colaboradores de Prigogine, tem vindo a aplicar a humanidades se remeteram foi em parte uma estratégia de-
teoria das estruturas dissipativas aos processos econômicos fensiva contra o assédio das ciências sociais, armadas do viés
e à evolução das cidades e das regiões. E Haken salienta as cientista triunfalmente brandido. Mas foi também o produto
potencialidades da sinergética para explicar situações revo- do esvaziamento que sofreram em face da ocupação do seu
lucionárias na sociedade. É como se o dito de Durkheim se espaço pelo modelo cientista. Foi assim nos estudos históri-
tivesse invertido e em vez de serem os fenômenos sociais a cos com a história quantitativa, nos estudos jurídicos com a
ser estudados como se fossem fenômenos naturais, são os ciência pura do direito e a dogmática jurídica, nos estudos
fenômenos naturais estudados como se fossem fenômenos filológicos, literários e linguísticos com o estruturalismo. Há
sociais. que recuperar esse núcleo genuíno e pô-lo ao serviço de uma
O fato de a superação da dicotomia ciências naturais/ reflexão global sobre o mundo. O texto sobre que sempre
ciências sociais ocorrer sob a égide das ciências sociais não se debruçou a filologia é uma das analogias matriciais com
é, contudo, suficiente para caracterizar o modelo de conhe- que se construirá no paradigma emergente o conhecimento
cimento no paradigma emergente. É que, como disse atrás, sobre a sociedade e a natureza.
Conhecimentos Interdisciplinares

as próprias ciências sociais constituíram-se no século XIX A concepção humanística das ciências sociais enquanto
segundo os modelos de racionalidade das ciências naturais agente catalisador da progressiva fusão das ciências naturais
clássicas e, assim, a égide das ciências sociais, afirmada sem e ciências sociais coloca a pessoa, enquanto autor e sujeito
mais, pode revelar-se ilusória. Referi ao contudo que a consti- do mundo, no centro do conhecimento, mas, ao contrário
tuição das ciências sociais teve lugar segundo duas vertentes: das humanidades tradicionais, coloca o que hoje designamos
uma mais diretamente vinculada à epistemologia e à meto- por natureza no centro da pessoa. Não há natureza humana
dologia positivistas das ciências naturais, e outra, de vocação porque toda a natureza é humana. É, pois, necessário desco-
antipositivista, caldeada numa tradição filosófica complexa, brir categorias de inteligibilidade globais, conceitos quentes
fenomenológica, interacionista, mito-simbólica, hermenêuti- que derretam as fronteiras em que a ciência moderna dividiu
ca, existencialista, pragmática, reivindicando a especificidade e encerrou a realidade. A ciência pós-moderna é uma ciên-
do estudo da sociedade mas tendo de, para isso, pressupor cia assumidamente analógica que conhece o que conhece
uma concepção mecanicista da natureza. A pujança desta pior através do que conhece melhor. Já mencionei a analogia
segunda vertente nas duas últimas décadas é indicativa de textual e julgo que tanto a analogia lúdica como a analogia
ser ela o modelo de ciências sociais que, numa época de dramática, como ainda a analogia biográfica, figurarão entre
revolução científica, transporta a marca pós-moderna do pa- as categorias matriciais do paradigma emergente: o mundo,

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que hoje é natural ou social e amanhã será ambos, visto como de problemas, a ser utilizada no conjunto das atividades pro-
um texto, como um jogo, como um palco ou ainda como fissionais, lúdicas, de aprendizagem e de gestão pessoal; as
autobiografia. Clifford Geertz refere algumas destas analo- Artes, incluindo-se a literatura, como expressão criadora e
gias humanísticas e restringe o seu uso às ciências sociais, geradora de significação de uma linguagem e do uso que se
enquanto eu as concebo como categorias de inteligibilidade faz dos seus elementos e de suas regras em outras lingua-
universais. Não virá longe o dia em que a física das partículas gens; as atividades físicas e desportivas como domínio do
nos fale do jogo entre as partículas, ou a biologia nos fale do corpo e como forma de expressão e comunicação. Importa
teatro molecular ou a astrofísica do texto celestial, ou ainda ressaltar o entendimento de que as linguagens e os códigos
a química da biografia das reações químicas. são dinâmicos e situados no espaço e no tempo, com as
Cada uma dessas analogias desvela uma ponta do mun- implicações de caráter histórico, sociológico e antropológico
do. A nudez total, que será sempre a de quem se vê no que que isso representa.
vê, resultará das configurações de analogias que soubermos É relevante também considerar as relações com as práti-
imaginar: afinal, o jogo pressupõe um palco, o palco exercita- cas sociais e produtivas e a inserção do aluno como cidadão
-se com um texto e o texto é a autobiografia do seu autor. em um mundo letrado e simbólico. A produção contemporâ-
Jogo, palco, texto ou biografia, o mundo é comunicação e por nea é essencialmente simbólica e o convívio social requer o
isso a lógica existencial da ciência pós-moderna é promover domínio das linguagens como instrumentos de comunicação
a “situação comunicativa” tal como Habermas a concebe. e negociação de sentidos. No mundo contemporâneo, mar-
Nessa situação confluem sentidos e constelações de sentido cado por um apelo informativo imediato, a reflexão sobre a
vindos, tal qual rios, das nascentes das nossas práticas locais linguagem e seus sistemas, que se mostram articulados por
e arrastando consigo as areias dos nossos percursos mole- múltiplos códigos e sobre os processos e procedimentos co-
culares, individuais, comunitários, sociais e planetários. Não municativos, é, mais do que uma necessidade, uma garantia
se trata de uma amálgama de sentido (que não seria sentido de participação ativa na vida social, a cidadania desejada.
mas ruído), mas antes de interações e de intertextualidades
organizadas em torno de projetos locais de conhecimento Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias
indiviso. Daqui decorre a segunda característica do conheci- A aprendizagem das Ciências da Natureza, qualitativa-
mento científico pós-moderno: Todo o conhecimento é local mente distinta daquela realizada no Ensino Fundamental,
e total. deve contemplar formas de apropriação e construção de
sistemas de pensamento mais abstratos e ressignificados,
AS LINGUAGENS DAS CIÊNCIAS, DAS ARTES que as trate como processo cumulativo de saber e de ruptura
E DA MATEMÁTICA: SUA CONEXÃO COM de consensos e pressupostos metodológicos.
A COMPREENSÃO/INTERPRETAÇÃO DE A aprendizagem de concepções científicas atualizadas do
mundo físico e natural e o desenvolvimento de estratégias
FENÔMENOS NAS DIFERENTES ÁREAS DAS de trabalho centradas na solução de problemas é finalida-
RELAÇÕES HUMANAS COM A NATUREZA de da área, de forma a aproximar o educando do trabalho
E COM A VIDA SOCIAL E AS LINGUAGENS de investigação científica e tecnológica, como atividades
COMO INSTRUMENTOS DE PRODUÇÃO DE institucionalizadas de produção de conhecimentos, bens e
SENTIDO E, AINDA, DE ACESSO AO PRÓPRIO serviços. Os estudos nessa área devem levar em conta que
CONHECIMENTO, SUA ORGANIZAÇÃO E a Matemática é uma linguagem que busca dar conta de as-
pectos do real e que é instrumento formal de expressão e
SISTEMATIZAÇÃO comunicação para diversas ciências.
É importante considerar que as ciências, assim como
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais as tecnologias, são construções humanas situadas histori-
camente e que os objetos de estudo por elas construídos
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e os discursos por elas elaborados não se confundem com
o mundo físico e natural, embora este seja referido nesses
A linguagem é considerada aqui como capacidade huma-
discursos. Importa ainda compreender que, apesar de o
na de articular significados coletivos em sistemas arbitrários
mundo ser o mesmo, os objetos de estudo são diferentes,
de representação, que são compartilhados e que variam de
acordo com as necessidades e experiências da vida em so- enquanto constructos do conhecimento gerado pelas ciên-
ciedade. A principal razão de qualquer ato de linguagem é a cias através de leis próprias, as quais devem ser apropriadas
produção de sentido. Podemos, assim, falar em linguagens e situadas em uma gramática interna a cada ciência. E, ainda,
que se inter-relacionam nas práticas sociais e na história, cabe compreender os princípios científicos presentes nas
fazendo com que a circulação de sentidos produza formas tecnologias, associá-las aos problemas que se propõe so-
Conhecimentos Interdisciplinares

sensoriais e cognitivas diferenciadas. Isso envolve a apropria- lucionar e resolver os problemas de forma contextualizada,
ção demonstrada pelo uso e pela compreensão de sistemas aplicando aqueles princípios científicos a situações reais ou
simbólicos sustentados sobre diferentes suportes e de seus simuladas. Enfim, a aprendizagem na área de Ciências da Na-
instrumentos como instrumentos de organização cognitiva tureza, Matemática e suas Tecnologias indica a compreensão
da realidade e de sua comunicação. Envolve ainda o reco- e a utilização dos conhecimentos científicos, para explicar o
nhecimento de que as linguagens verbais, icônicas, corporais, funcionamento do mundo, bem como planejar, executar e
sonoras e formais, dentre outras, se estruturam de forma avaliar as ações de intervenção na realidade.
semelhante sobre um conjunto de elementos (léxico) e de
relações (regras) que são significativas: a prioridade para a Ciências Humanas e suas Tecnologias
Língua Portuguesa, como língua materna geradora de signi-
ficação e integradora da organização do mundo e da própria Nessa área, que engloba também a Filosofia, deve-se
interioridade; o domínio de língua(s) estrangeira(s) como desenvolver a tradução do conhecimento das Ciências Hu-
forma de ampliação de possibilidades de acesso a outras manas em consciências críticas e criativas, capazes de gerar
pessoas e a outras culturas e informações; o uso da infor- respostas adequadas a problemas atuais e a situações novas.
mática como meio de informação, comunicação e resolução Dentre eles, destacam-se a extensão da cidadania, que impli-

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ca o conhecimento, o uso e a produção histórica dos direitos não se consegue aplicar, por se desconhecer suas relações
e deveres do cidadão e o desenvolvimento da consciência com o real.
cívica e social, que implica a consideração do outro em cada A aprendizagem significativa pressupõe a existência de
decisão e atitude de natureza pública ou particular. um referencial que permita aos alunos identificar e se iden-
A aprendizagem nessa área deve desenvolver compe- tificar com as questões propostas. Essa postura não implica
tências e habilidades para que o aluno entenda a sociedade permanecer apenas no nível de conhecimento que é dado
em que vive como uma construção humana, que se recons- pelo contexto mais imediato, nem muito menos pelo senso
trói constantemente ao longo de gerações, num processo comum, mas visa a gerar a capacidade de compreender e
contínuo e dotado de historicidade; para que compreenda intervir na realidade, numa perspectiva autônoma e desalie-
o espaço ocupado pelo homem, enquanto espaço constru- nante. Ao propor uma nova forma de organizar o currículo,
ído e consumido; para que compreenda os processos de trabalhado na perspectiva interdisciplinar e contextualizada,
sociabilidade humana em âmbito coletivo, definindo espa- parte-se do pressuposto de que toda aprendizagem significa-
ços públicos e refletindo-se no âmbito da constituição das tiva implica uma relação sujeito-objeto e que, para que esta
individualidades; para que construa a si próprio como um se concretize, é necessário oferecer as condições para que
agente social que intervém na sociedade; para que avalie os dois polos do processo interajam.
o sentido dos processos sociais que orientam o constante
fluxo social, bem como o sentido de sua intervenção nesse eXeRCÍCIOS
processo; para que avalie o impacto das tecnologias no de-
senvolvimento e na estruturação das sociedades; e para que
1. (IBFC/TJ-PE/Técnico Judiciário/Administrativo/2017)
se aproprie das tecnologias produzidas ou utilizadas pelos
conhecimentos da área.

Interdisciplinaridade e Contextualização

Através da organização curricular por áreas e da compre-


ensão da concepção transdisciplinar e matricial, que articula
as linguagens, a Filosofia, as ciências naturais e humanas e
as tecnologias, pretendemos contribuir para que, gradativa-
mente, se vá superando o tratamento estanque, comparti-
mentalizado, que caracteriza o conhecimento escolar.
A tendência atual, em todos os níveis de ensino, é analisar
a realidade segmentada, sem desenvolver a compreensão
dos múltiplos conhecimentos que se interpenetram e confor-
mam determinados fenômenos. Para essa visão segmenta-
da contribui o enfoque meramente disciplinar que, na nova O humor do texto orienta-se pela relação entre os ele-
proposta de reforma curricular, pretendemos superado pela mentos verbais e não-verbais. Quanto aos primeiros,
perspectiva interdisciplinar e pela contextualização dos co- destaca-se a ambiguidade, ou seja, a possibilidade de
nhecimentos. Na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade mais de uma interpretação do seguinte termo:
não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, a) “claro”.
mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para b) “chefe”.
resolver um problema concreto ou compreender um deter- c) “fiz”.
minado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, d) “retirada”.
a interdisciplinaridade tem uma função instrumental. Trata- e) “sustentável”.
-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para
responder às questões e aos problemas sociais contempo- 2. (FGV/ALERJ/Analista Legislativo/2017) A afirmação
râneos. Na proposta de reforma curricular do Ensino Mé- correta sobre os elementos verbais da charge abaixo é:
dio, a interdisciplinaridade deve ser compreendida a partir
de uma abordagem relacional, em que se propõe que, por
meio da prática escolar, sejam estabelecidas interconexões
e passagens entre os conhecimentos através de relações de
complementaridade, convergência ou divergência.
COnheCIMentOS InteRdISCIplInAReS

A integração dos diferentes conhecimentos pode criar as


condições necessárias para uma aprendizagem motivadora,
na medida em que ofereça maior liberdade aos professores
e alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente re-
lacionados aos assuntos ou problemas que dizem respeito à
vida da comunidade. Todo conhecimento é socialmente com-
prometido e não há conhecimento que possa ser aprendido
e recriado se não se parte das preocupações que as pessoas
detêm. O distanciamento entre os conteúdos programáticos
e a experiência dos alunos certamente responde pelo de-
sinteresse e até mesmo pela deserção que constatamos em
nossas escolas. Conhecimentos selecionados a priori tendem
a se perpetuar nos rituais escolares, sem passar pela críti- a) após a frase “cuidado na saída”, em lugar da vírgula,
ca e reflexão dos docentes, tornando-se, desta forma, um poderia estar adequadamente empregada a conjun-
acervo de conhecimentos quase sempre esquecidos ou que ção “portanto”;

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b) o termo “na saída” pode ser substituído por “en- c) No primeiro balão, o substantivo “fogo” foi empre-
quanto tiver saindo”; gado em sentido conotativo.
c) o termo “que” após o adjetivo “desconfiada” deveria d) Trata-se de um texto que articula elementos verbais
ser substituído por “já que” ou “visto que”; e não verbais para a produção de um efeito de
d) o pronome pessoal “te” deveria ser substituído por humor.
“lhe”; e) Trata-se de um exemplo de texto verbal e não ver-
e) a forma verbal “tem”, em linguagem formal, poderia bal com predomínio da função metalinguística da
ser substituída por “há”. linguagem.

3. (CS-UFG/Prefeitura de Goiânia – GO/Professor/2016) 5. (IF-PA/IF-PA/Professor/2015)

letRAMentOS e edUCAÇÃO

Com as novas tecnologias, a comunicação mudou e


muitos são os desafios colocados para a escola. Os princi-
pais são tornar o aluno um produtor de conteúdo (consi-
derando toda a diversidade de linguagem) e um ser crítico.
Vídeos que mostram um acontecimento, como a queda de
um meteorito na Terra, ou que transmitem em tempo real
uma posse presidencial. Fotos que revelam a cultura de um
povo. Áudios que contam as notícias mais importantes da
semana. A sociedade contemporânea está imersa nas novas
Acerca da relação entre elementos verbais e não ver- linguagens (algumas não tão novas assim). As informações
bais na construção da tirinha, é possível afirmar que deixaram de chegar única e exclusivamente por texto. Tabe-
há entre eles las, gráficos, infográficos, ensaios fotográficos, reportagens
a) redundância, uma vez que os elementos imagéticos visuais e tantas outras maneiras de comunicar estão dis-
reafirmam o que dizem os elementos verbais. poníveis a um novo leitor. O objetivo maior da informação,
b) unilateralidade, já que o verbal torna-se mais impor- seja para fins educacionais, informativos ou mesmo de
tante para o sentido do texto que o não verbal. entretenimento, é atingir de maneira eficaz o interlocutor.
c) independência, pois ambos contribuem com ele- Às práticas letradas que fazem uso dessas diferentes
mentos distintos para a unidade do texto. mídias e, consequentemente, de diversas linguagens,
d) sincretismo, dado que a retirada de algum deles incluindo aquelas que circulam nas mais variadas cul-
resultaria em perda de sentido para o texto. turas, deu-se o nome de multiletramentos. Segundo a
professora Roxane Rojo, esses recursos são “interativos
4. (Copeve-UFMS/UFMS/Assistente em Administra- e colaborativos; fraturam e transgridem as relações de
ção/2016) Analise o texto a seguir, disponível em www. poder estabelecidas, em especial as de propriedade
politicacomk.com.br/charge-meu-coracao-amanheceu- (das máquinas, das ferramentas, das ideias, dos textos),
pegando-fogo, acesso em 22/04/2016 e, com base na sejam eles verbais ou não; são híbridos, fronteiriços e
análise dos recursos verbais e não verbais, assinale a mestiços (de linguagens, modos, mídias e culturas)”.
alternativa incorreta. Assim como na sociedade, os multiletramentos também
estão presentes nas salas de aula. O papel da instituição
escolar, diante do contexto, é abrir espaços para que os
alunos possam experimentar essas variadas práticas de le-
tramento como consumidores e produtores de informação,
além de discuti-la criticamente. “Vivemos em um mundo
em que se espera (empregadores, professores, cidadãos,
dirigentes) que as pessoas saibam guiar suas próprias
aprendizagens na direção do possível, do necessário e do
desejável, que tenham autonomia e saibam buscar como e
COnheCIMentOS InteRdISCIplInAReS

o que aprender, que tenham flexibilidade e consigam cola-


borar com a urbanidade”, enfatiza Roxane. (V3_CADERNOS
IFT_Multiletramentos.indd).

Para a linguagem veiculada nas redes sociais sejam eles


“verbais ou não; são híbridos, fronteiriços e mestiços
a) No primeiro balão, a presença imagética das notas (de linguagens, modos, mídias e culturas)”, conforme
musicais, somada ao conteúdo verbal, explicita para o texto é muito comum denominamos na linguagem
o leitor que a repetição da palavra “fogo” consistia informal de:
em um emprego expressivo-musical. a) Linguagem erudita.
b) Na representação imagética da postura assumida b) Internetês.
pelo passageiro, o estado de pânico sugere que a c) Gíria.
repetição da palavra “fogo”, no primeiro balão, tenha d) Baixo Calão.
sido compreendida por ele como uma interjeição. e) Nível culto formal.

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6. (Fundep/IF-SP/Professor/2014) Observe a seguinte
figura.

Tendo em vista a charge, pode-se concluir de seus


elementos verbais e não verbais que
a) algumas modificações trazidas pelo Novo Acordo
Ortográfico não colaboraram para a clareza do texto.
b) as alterações gráficas propostas pelo Acordo ainda
não foram totalmente assimiladas pelos usuários da
A leitura de textos não verbais exige o uso de habi- língua.
lidades diferentes em relação aos textos verbais ou c) o chargista desconhece a alteração de acento gráfico
multimodais. que é objetivo da charge.
Sobre a leitura do cartum, é correto afirmar que d) os usuários da língua portuguesa permanecem em-
a) recorre aos conhecimentos extratextuais do leitor, pregando as regras antigas de acentuação gráfica.
porquanto a imagem é insuficiente para a produção e) os profissionais de língua portuguesa recusam-se a
de sentidos. empregar as modificações de acentuação gráfica.
b) apresenta uma relação metalinguística, já que o
gênero não verbal recorre a elementos textuais não 10. (Covest-Copset/UFPE/Assistente Administrativo/2013)
verbais. São exemplos apenas de comunicações não verbais:
c) revela a importância do protesto pacífico, incenti- a) jornais, mensagens pelo celular, cartazes e folhetos.
vando a coexistência de opiniões distintas por meio b) conversa entre duas pessoas, telefonema, discussões
de debates. orais, palestras.
d) apresenta traços fortes de intertextualidade, pois c) cartas, telegramas, e-mails e livros.
retoma explicitamente elementos de outros textos. d) caretas, piscadela do olhar, mímicas e espreguiça-
mento.
7. (Instituto AOCP/UFGD/Analista Administrativo/Jorna- e) bocejo, pedidos num diálogo de pessoas, bilhetes e
lismo/2014) Sistema de signos (verbais e não verbais) jornais.
destinados a representar e a transmitir a informação
entre fonte dos signos e o ponto de destino. Esta é a 11. (Sigma Assessoria/Câmara de Jahu – SP/Advoga-
definição que J. Coelho Netto (Dicionário de Comuni- do/2012)
cação) dá referente:
a) ao emissor. I Ching, o livro mais antigo do mundo
b) ao código.
c) ao receptor. Nos últimos 3 mil anos os 64 hexagramas chineses fo-
d) à mensagem. ram guia espiritual, manual de governo e fonte para a ciência
e) ao canal. moderna. Conheça essa misteriosa história.
Zero, um, zero, zero, um, um. Sem esses dois números
COnheCIMentOS InteRdISCIplInAReS

8. (ESPP/MPE-PR/Administrador/2013) Abaixo do título em combinações intermináveis, o mundo de hoje seria


“Lei Seca” consta a seguinte afirmação “Os espertinhos chatíssimo. Eles formam o código binário, usado por todo
sempre darão um jeitinho...”. Considerando a leitura dos computador que existe para transmitir milhões de dados dia
elementos verbais e não verbais do texto, percebe-se a dia, guardar toda uma vida numa caixa postal de e-mail e
que o “jeitinho” corresponde: deixar íntimas pessoas que moram a milhares de quilômetros
a) à dificuldade das pessoas em interpretar a Lei Seca. de distância.
b) à tentativa de burlar a Lei Seca. Esse sistema foi cunhado no século 18 pelo matemático
c) a uma crítica ao vandalismo das pichações. alemão Go�ried Wilhelm Leibniz, mas sua origem, segundo
d) a uma crítica aos erros no uso da linguagem das o próprio Leibniz, é muito mais antiga. Está em um livro
placas. chinês de adivinhação e consulta espiritual que guardaria
e) à necessidade de esclarecer uma mensagem ambí- a verdade universal; seria uma miniatura do infinito e a
gua presente na placa. chave para o funcionamento do Universo: o I Ching, o Livro
das Mutações.
9. (FGV/AL-MT/Professor/Língua Portuguesa/2013) Ob- Com pelo menos 3 mil anos de existência, o I Ching se
serve a charge a seguir: baseia na ideia de mutação contínua, regida pela soma das

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forças cósmicas do yin ( a sombra) e do yang ( a luz). O livro
caminhou junto com a história da China. Ajudou a criar
religiões orientais, como o taoísmo, foi a principal fonte
de inspiração do pensador chinês Confúcio e serviu como
elemento unificador do país durante o século 3 a.C.
(fonte: Botelho, José Francisco.I Ching...Super,São Paulo, n.
235,jan. 2007)

No texto, as formas verbais em “guardaria a verdade


universal; seria uma miniatura do infinito” indicam
a) confirmação;
b) determinação;
c) suposição;
d) certeza;
e) sistematizaçâo.

12. (UFRRJ/UFRRJ/Assistente Administrativo/2009)

No texto acima, há predomínio de frases


a) nominais e verbais.
b) verbais.
c) nominais
d) optativas
e) exclamativas.

GABARITO

1. e 7. b
2. e 8. b
3. d 9. b
4. e 10. d
5. b 11. c
6. b 12. b
Conhecimentos Interdisciplinares

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