Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Eugénio de
Andrade
Ver Claro
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
• Análise externa
– É um poema moderno, composto por apenas 1 estrofe, com 11 versos e
existe uma métrica irregular, são versos livres.
– Escansão métrica:
“To/daa/poe/siaé/lu/mi/no/sa,/a/té”
“Se/re/gres/sar”
• Análise interna
– O tema do poema é a poesia.
– Toda a poesia é clara, fácil de perceber, até mesmo a mais estranha, a
mais diferente, que não deixa perceber o sentido do poema. O
nevoeiro/a diferença, nunca deixa ver com claridade, perceber bem o
que o sujeito poético pretende dizer. Este diz que se o leitor ler outra vez
e outra vez, vai acabar por perceber o sentido do poema, a interpretação
do poema apenas depende do ponto de vista do leitor.
• Recursos expressivos
– “poesia é luminosa”: personificação
– “em lugar de sol, nevoeiro dentro de si”: antítese
– “e outra e outra e outra vez”: aliteração e anáfora