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DISCIPLINA:
Moçambique
DISCIPLINA:
Moçambique
5. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 7
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2. CONCEITO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações
ao passar do tempo. No século XVIII e XIX, seu principal objectivo era a segurança pública e a
defesa externa em caso de ataque inimigo. Entretanto, com o aprofundamento e expansão da
democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. Actualmente, é comum se afirmar
que a função do Estado é promover o bem-estar da sociedade. Para tanto, ele necessita
desenvolver uma série de acções e actuar directamente em diferentes áreas, tais como saúde,
educação, meio ambiente. Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da
sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte
forma: Não existe uma única e nem melhor definição sobre política publica Mead (1995), define
como um campo dentro de estudo da política que analisa o governo a luz de grandes questões
pública. Lynn (1980), como conjunto de acções do governo que irão produzir efeitos específicos,
ainda continua dizendo, a política publica é a soma das actividades dos governos.
Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de acções, metas e planos
que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da
sociedade e o interesse público. É certo que as acções que os dirigentes públicos (os governantes
ou os tomadores de decisões) seleccionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem
serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre
definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se
expressar de forma integral.
3. JUSTIÇA SOCIAL
Theodor Lowi (1972), Justiça social é uma construção moral e política baseada na
igualdade de direitos e na solidariedade colectiva. Em termos de desenvolvimento, é vista como
o cruzamento entre o pilar económico e o pilar social e é, acima de tudo, como integramos e
consideramos os outros. Engloba a igualdade. A Justiça Social diz respeito aos alicerces da
sociedade. Espelha uma sociedade mais humana e mais forte. Define a busca de equilíbrio entre
partes desiguais, por meio da criação de protecções a favor dos mais fracos e dos que precisam
de apoio, integração e suporte.
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4. POLÍTICAS PÚBLICAS MOÇAMBICANAS E A JUSTIÇA SOCIAL
MOÇAMBICANA
Elisio Macamo (2014), no que tange as políticas públicas moçambicanas temos o
fortalecimento da função executiva do Estado em detrimento da supremacia do poder legislativo
que ocorre no modelo constitucional clássico. A política pública tende a estabelecer uma
finalidade o que diferenciaria dos princípios, pois estes tendem a estabelecer um direito
individual, ainda assim a concepção de Política Pública resta vaga.
As políticas públicas têm essa dupla função, além de instituir direitos sociais, tem a função
de exteriorizar a função planeadora do Estado. Pode-se considerar que as políticas públicas na
realidade têm seu principal razão de existência pelos próprios direitos sociais, logo que o alicerce
mediato das políticas públicas, o que justifica o sua criação, é a própria existência dos direitos
sociais – aqueles, dentre o rol de direitos fundamentais do homem, que se concretizam por meio
de prestações positivas do Estado
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perpetua são de carácter correctivo ao atribuir medidas protectoras para certas camadas sociais
que possuem dificuldades económicas ou que sofrem com estigmas sociais relacionados com a
cor ou etnia, com as ideias ou origens.
O Estado rege e direcciona a economia muitas vezes impondo a execução dessas políticas aos
entes privados. Deste modo o estudo das políticas públicas deve atender essas duas vertentes
constitucionais. Primeiro explicitar tais políticas como meio do estado agir para dar vida às
directrizes que a constituição impõe.
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Moçambique precisa de criar políticas públicas que estejam em conformidade com as
necessidades da população e de todo o sistema estatal, e não para a satisfação dos interesses
económicos e políticos dos financiadores.
Por exemplo, não basta expandir o sistema de ensino superior, as unidades sanitárias e outros
serviços sociais básicos para os distritos, é necessário, também, que o Governo aposte na criação
e alocação de recursos humanos qualificados e assegurar que tenham habitação condigna para
evitar a depreciação da qualidade do ensino, dos serviços de saúde nos locais de trabalho.
Por exemplo, somente no sector da Educação o país tem um défice de 788 mil carteiras, o
que faz com que milhares de instruendos assistam às aulas sentados no chão ou em tronco de
árvores, um médico está para 100 mil habitantes, entre outras limitações supostamente
decorrentes da exiguidade de fundo por parte do Executivo,
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faz necessária como forma de fazer cumprir o disposto na Constituição evitando que os
dispositivos acerca dos direitos sociais, económicos e culturais sejam ineficazes. Entretanto vê-se
que as políticas públicas moçambicanas não asseguram a justiça social em Moçambique.
Para um Estado como o nosso (moçambicano) ser capaz de criar e gerenciar Políticas
Públicas de qualidade é necessário, além dos recursos financeiros, planeamento de longo prazo.
Ou seja, é importante que os atores políticos definam um objectivo e o melhor caminho para
alcançá-lo. Isso facilitará a elaboração e execução das políticas, bem como permitirá uma
integração entre elas, evitando acções contraditórias por parte da justiça social. O processo de
planeamento de longo prazo deve ser feito pelos atores políticos, mas com auxílio dos servidores
públicos e sectores da sociedade civil organizada.
A necessidade de se ouvir a opinião dos servidores se dá por questões técnicas, uma vez que
eles irão operacionalizar as acções, além de que possuem algumas das informações necessárias
para o bom planeamento. Já a sociedade civil contribui com a qualidade das acções, uma vez que
o elaborador poderá perceber quais são os problemas que, no momento, mais afligem a
população de forma mais detalhada, permitindo assim traçar acções mais efectivas.
Considerando-se que a justiça social é o ponto fulcral é a esfera administrativa mais próxima
da população e que leva ao desenvolvimento de um país, essa tarefa se torna mais fácil. Essa é
uma das maiores vantagens das políticas públicas – sua proximidade com o público-alvo. Além
disso, essa forma de construção garante maior aceitabilidade das acções governamentais. A
Constituição de 2004 padroniza os instrumentos orçamentários.
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5. CONCLUSÃO
As políticas públicas, sejam elas para efectivar direitos sociais ou justiça social, ou
implementar políticas económicas, devem ser direccionadas para o desenvolvimento. Em
Moçambique sempre tivemos (e ainda temos) políticas voltadas para o crescimento económico,
sem a preocupação com a redistribuição dos recursos, ou a procura de fornecer à sociedade a
possibilidade de escolher os valores que devem nortear o desenvolvimento. As acções do Estado,
como um todo devem ser planejadas para uma única meta, o que demanda prestações com o
intuito de fomentar as transformações necessárias para quebrar o paradigma do
subdesenvolvimento. Sem mudanças estruturais por toda a malha social, como vimos, atingir o
desenvolvimento não será possível, pois continuar-se-ia a aplicar os preceitos criados para países
já desenvolvidos, e que atingiram tal status em detrimento de outras nações que muitas vezes
padecem do atraso por este motivo. Isso mostra que o papel de fomentar o desenvolvimento não
pode ser relegado ao mercado somente, esperando que a geração de riqueza seja aplicada da
forma mais benéfica, por que o exemplo histórico ressalta os erros desta visão. Como vimos o
crescimento sem redistribuição somente aumenta a concentração de riquezas, o que revela que
para o desenvolvimento é mister haver a distribuição equânime dessas riquezas visando
menoscabar as desigualdades.
Contudo, estas políticas são preciosas para atingir o desenvolvimento por possibilitar que um
maior número de indivíduos da sociedade possa participar do processo económico e social, para
estabelecer os valores importantes ao desenvolvimento, de uma determinada nação.
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6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONAVIDES, Paulo, Ciência Política, Malheiras editores, 10 edição actualizada, 2000
BERCOVICI, Dalton, A justiça social como instrumento da política, Almedina Editoras,
14 edição, Coimbra, 2005.
RICARDO Torres, Politicas Publicas e a Justiça Social, Almedina Editoras, 13 edição,
Coimbra, 1990.
ELISIO Macamo, A relação social humana, Vol. 3, Lisboa, 2014
THEODOR Lowi, Politicas Publicas internacionais, Vol. 1, São Paulo, 1975