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Brasília, 1 a 5 de abril de 2019 Nº 936

Data de divulgação: 10 de abril de 2019


Este Informativo, elaborado com base em notas tomadas nas sessões de
julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos de decisões proferidas pelo
Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja
uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a publicação
do acórdão no Diário da Justiça Eletrônico.

SUMÁRIO
Plenário
ADI: combate ao mosquito Aedes aegypti e dispersão por aeronave Repercussão Geral
1ª Turma
Execução individual: mandado de segurança coletivo e servidor não filiado a sindicato
Competência para denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas
alterações
Competência da Justiça estadual e homicídio praticado por brasileiro nato no exterior

PLENÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL – MEIO AMBIENTE E SAÚDE

ADI: combate ao mosquito Aedes aegypti e dispersão por aeronave

O Plenário iniciou julgamento de ação direta de constitucionalidade ajuizada contra


o inciso IV do § 3º do art. 1º da Lei 13.301/2016 (1), que dispõe sobre a adoção de
medidas de vigilância em saúde quando verificada situação de iminente perigo à saúde
pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus
chikungunya e do vírus da zika.

O inciso impugnado prevê a incorporação de mecanismos de controle vetorial por


meio da dispersão por aeronaves, mediante a aprovação das autoridades sanitárias e a
comprovação científica da eficácia da medida.

A ministra Cármen Lúcia (relatora) julgou procedente o pleito para declarar a


inconstitucionalidade do inciso IV do § 3º do art. 1º da Lei 13.301/2016, por afrontar os
preceitos constitucionais da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
assim os princípios da prevenção e da precaução.

Ao tratar do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado


[Constituição Federal (CF), art. 225], a relatora apontou que, segundo o inciso V do §
1º, cabe ao poder público controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e
o meio ambiente. Salientou que a defesa do meio ambiente também é princípio da
ordem econômica, compatível com a livre iniciativa (CF, art. 170, VI). Ademais, o
Supremo Tribunal Federal (STF) acentuou, em diversas ocasiões, que o direito à
integridade do meio ambiente constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva.

1
A ministra esclareceu que o princípio da proteção ao meio ambiente relaciona-se
com o direito fundamental à saúde (CF, art. 6º e 196), pois a alteração no equilíbrio do
ecossistema e o prejuízo ao desenvolvimento sustentável afetam o ser humano.

Assinalou que, na espécie, a dispersão de produtos químicos por aeronaves para


combate ao mosquito transmissor comprovadamente apresenta risco de dano ao meio
ambiente e à saúde humana, conforme manifestações técnicas do poder público e de
entidades especialistas.

A relatora citou diversos documentos sobre os riscos decorrentes da pulverização


aérea. De um lado, o fenômeno da deriva de produtos químicos lançados por aeronaves
em ambiente urbanos é a principal causa de contaminação do meio ambiente e de
intoxicação de populações. Do outro, o mosquito Aedes aegypti é um vetor de hábitos
domiciliares, local da maior parte de seus criadouros. Em uma nota informativa, há
notícia da existência de severas restrições à pulverização aérea pela Comunidade
Europeia, principalmente em proximidades de áreas residenciais. Nela, relata-se caso de
surto de dengue na Jamaica, quando se constatou a baixa eficácia do método. Além
disso, indica que o Malathion, inseticida utilizado no Brasil, é considerado provável
carcinógeno em humanos. Em outro estudo, esclarece-se que este é o único inseticida
disponível para o controle de mosquitos vetores adultos, visto que todas as populações
estão resistentes aos demais, e que a dispersão aérea não foi incluída nas abordagens
selecionadas por especialistas em reunião internacional.

A ministra Cármen Lúcia registrou que a referida lei é fruto da conversão da


Medida Provisória (MP) 712/2016, editada para o combate emergencial às doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti. Todas as providências que o Poder Executivo
entendeu necessárias em face da situação foram previstas naquela norma. O inciso
impugnado foi incluído no processo de conversão em lei e objeto de diversas
recomendações de veto.

Avaliou configurar quadro de insegurança jurídica e potencial risco de dano ao


meio ambiente e à saúde humana. Por certo, não cabe ao STF a escolha da política
pública mais apropriada ao enfrentamento das doenças causadas pelos vírus.

Os princípios da prevenção e da precaução impõem cautela e prudência para e


antes da edição de leis. Os estudos e o aprofundamento das pesquisas sobre a eficácia
científica da medida devem preceder o ato normativo. Incabível cogitar-se da previsão
legal, que o método de dispersão por aeronaves será submetido a testes de comprovação
científica e à autorização por autoridades sanitárias.

No ponto, reiterou o Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio


Ambiente e Desenvolvimento, aprovada em 1992, que estabeleceu a necessidade de
ampla observância do princípio da precaução de modo a proteger o meio ambiente. No
Princípio, estipulou-se que, quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a
ausência de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para o
adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
Fica demonstrada a intenção de privilegiar atos de antecipação de riscos de danos em
vez de atos de reparação, porquanto, em se tratando de meio ambiente, nem sempre a
reparação é possível ou viável. O mesmo poderia ser dito em relação à saúde.

2
Deve-se agir prevenindo o dano ambiental na hipótese de sua certeza, como
preconiza o princípio da prevenção, e também na hipótese de sua dúvida ou incerteza,
inovação do princípio da precaução. Esse princípio vincula-se diretamente aos conceitos
de necessidade de afastamento de perigo e adoção de segurança dos procedimentos para
a garantia das gerações futuras, tornando-se efetiva a sustentabilidade ambiental das
ações humanas.

Na nova ordem mundial, deve-se adotar, como política pública, o que for preciso
para antecipar-se aos danos que se possa causar ao meio ambiente. Não se resolve crise
na saúde pública com a criação de outra igualmente danosa à saúde das pessoas e ao
meio ambiente.

Ao acompanhar a relatora, em menor extensão, o ministro Ricardo Lewandowski


reputou ser procedente em parte a pretensão, com o intuito de expungir a expressão “por
meio de dispersão por aeronaves” do teor do inciso IV do § 3º do art. 1º da Lei
13.301/2016. Esclareceu que, com a exclusão, o texto continuaria a autorizar a
incorporação de mecanismos de controle vetorial mediante a aprovação das autoridades
sanitárias e a comprovação científica da eficácia da medida.

Sublinhou que a previsão legal de dispersão por aeronaves constitui evidente


violação ao dever da União de manutenção do equilíbrio ambiental e ao princípio da
vedação de retrocesso socioambiental, preceito constitucional implícito que veda
alterações legislativas e administrativas voltadas a flexibilizar situações consolidadas de
proteção ambiental que impliquem involução de conquistas nesse campo.

Em divergência, o ministro Alexandre de Moraes julgou improcedente o pleito.


Segundo o ministro, na ação, confundiu-se o instrumento, método de combate, com sua
eventual utilização de modo abusivo ou errôneo.

A seu ver, a lei estabelece a possibilidade de incorporação de mecanismos de


controle vetorial por meio de dispersão por aeronaves. Isso é muito mais amplo que
somente a dispersão de inseticidas. Recentemente, a Agência Internacional de Energia
Atômica, junto com a Organização das Nações Unidas (ONU), vem usando drones no
Brasil para o combate ao Aedes aegypti. O método é o mesmo, porém com a dispersão
de grande quantidade de insetos estéreis para conter a proliferação dos demais.

Não realiza a defesa do princípio da precaução vedar, de forma absoluta, o


mecanismo, que está sendo desenvolvido em vários países mediante critérios
específicos que garantem totalmente o meio ambiente e a saúde pública. Não se trata de
norma apta a vulnerar a saúde humana ou o meio ambiente, pois sua eficácia, conforme
o próprio texto da lei, é condicionada a dois requisitos, exatamente para o cumprimento
do art. 225, § 1º, V, da CF.

Ao estipular ampla proteção ao meio ambiente, a Constituição não proíbe, de forma


absoluta, qualquer produto, qualquer comercialização, qualquer emprego de técnicas,
métodos e substâncias que, eventualmente, comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente. Determina expressamente que o poder público deve controlar a
produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem o risco. Nesse controle, legislativo ou administrativo, os requisitos devem
complementar e satisfazer o princípio da precaução.

3
A parte final do inciso IV do § 3º do art. 1º da Lei 13.301/2016 permite a
incorporação de mecanismos de controle vetorial por meio de dispersão por aeronaves
sem dizer quais são. Entretanto, isso somente será possível se esses mecanismos forem
aprovados, em cada caso, pelas autoridades sanitárias e se comprovada a eficácia da
medida cientificamente. Não será realizada a dispersão do fumacê por aeronaves se não
for aprovada e comprovada sua eficácia. A lei não determina a realização imediata do
método, apenas o prevê. Se de plano não houver comprovação científica, não há
autorização para o uso de determinado inseticida nem será realizado. Contudo, isso não
leva o método à inconstitucionalidade.

O ministro ponderou não estar em consonância com a própria proteção


constitucional o afastamento absoluto de um instrumento importante de combate à
proliferação de inúmeras doenças. O poder público, pelo texto legal, gozará de ampla
margem de conformação para regulamentar o preceito discutido, em pleno atendimento
aos imperativos de proteção à saúde humana e ao meio ambiente e de eficácia na
política pública de combate ao mosquito. Há grupo de trabalho criado no Poder
Executivo, com a participação de diversas entidades, exatamente para analisar quando é
eficaz, quando pode ser utilizado ou não, ou seja, para usar o mecanismo de maneira
consentânea com o que exige a Constituição. Deve haver controle rigoroso, políticas
públicas rigorosas, e não extirpar técnicas e métodos mais modernos.

Ademais, não há comprovação científica de que toda e qualquer dispersão gere


risco. O método apenas será utilizado se aprovado pelas autoridades sanitárias, que
controlam não só a questão de saúde pública, como a do meio ambiente.

Os ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Luiz Fux acompanharam o


dissenso. O ministro Marco Aurélio enfatizou que não se está a julgar ação popular ou
de improbidade. Por sua vez, o ministro Gilmar Mendes assinalou que a matéria está
bem regulada e é indiferente o fato de que não estava disposta na medida provisória. O
ministro Luiz Fux frisou que a ausência de expertise impõe deferência ao legislador,
que, certamente, fez as análises próprias sobre o assunto.

Em sentido diverso, os ministros Edson Fachin, Roberto Barroso e Rosa Weber


julgaram parcialmente procedente o pedido. Deram interpretação conforme à
Constituição ao inciso adversado para acrescentar a exigência de pronunciamento da
autoridade ambiental, com o objetivo de fazer a análise adequada do impacto que a
providência produzirá no meio ambiente. Além disso, conferiram a exegese para fixar
que a aprovação das autoridades competentes e a comprovação científica da eficácia da
medida são condições prévias e inafastáveis à incorporação de mecanismos de controle
vetorial por meio de dispersão por aeronaves, em atendimento aos arts. 225, § 1º, IV (2),
V e VII (3); 6º e 196 da CF.

O ministro Edson Fachin, ao verificar o conjunto de premissas trazidas acerca da


incidência do princípio da precaução e do alcance do art. 225, firmou que a noção de
risco ao meio ambiente e de risco à saúde, derivado de dúvida fundada, deve ser
examinada e valorada à luz do princípio da precaução. Nada obstante, ponderou que o
dever de evitar riscos está embutido no princípio da proteção insuficiente e, portanto,
projeta-se para a compreensão que se tem do papel do Poder Judiciário.

4
A seu ver, retirar por completo o preceito combatido geraria juízo científico de
certeza sobre a ineficácia. Mantê-lo como está significaria apenas aprovação da
autoridade sanitária, que não é suficiente. É preciso que se sane a dúvida a respeito da
eficácia científica, não levada a efeito, uma vez que o mecanismo não estava no texto
originário da medida provisória. Após reportar-se ao exame da ADI 4.874, concluiu ser
possível iluminar o alcance do comando normativo para delimitar as condições nele
existentes como prévias e inafastáveis à utilização do método, em atendimento aos arts.
225, § 1º, V e VII (2); 6º e 196 da CF.

Por seu turno, o ministro Roberto Barroso, ao refletir sobre o tema, anotou ter
dúvida se o STF tem capacidade institucional para aferir se está correta a proposição de
que a pulverização aérea de produtos químicos, além de não contribuir de maneira
eficaz, provoca importantes malefícios à saúde humana. Compreendeu ser preciso o
exercício da autocontenção para deferir o juízo à autoridade competente. Agregou a
necessidade de manifestação da autoridade competente em matéria relativa ao meio
ambiente. Arrematou que o dispositivo, por si só, não implica inconstitucionalidade,
mas deve ser lido com a complementação constitucional de se exigir o pronunciamento
da autoridade ambiental, à luz do art. 225, § 1º, IV (3) e V, da CF.

A ministra Rosa Weber explicitou conferir a interpretação, haja vista as


condicionantes determinantes prescritas no ato normativo, a ausência de conhecimento
científico acumulado sobre a extensão dos efeitos nocivos da pulverização aérea para a
saúde e o meio ambiente e a falta de evidência da ineficácia da medida. A efetividade da
regra e sua conformidade constitucional depende das autoridades administrativas e
sanitárias no exercício de suas atividades de controle. Competirá aos setores
responsáveis a comprovação da ineficácia do controle e da insegurança do ponto de
vista da saúde humana e do meio ambiente. Comprovado o consenso técnico médio, a
norma não incidirá.

Em seguida, o julgamento foi suspenso para colher, em assentada posterior, os


votos dos ministros Celso de Mello e Dias Toffoli (presidente).

(1) Lei 13.301/2016: “Art. 1º Na situação de iminente perigo à saúde pública


pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do
vírus da zika, a autoridade máxima do Sistema Único de Saúde – SUS de âmbito
federal, estadual, distrital e municipal fica autorizada a determinar e executar as
medidas necessárias ao controle das doenças causadas pelos referidos vírus, nos termos
da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, e demais normas aplicáveis, enquanto
perdurar a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional – ESPIN. (...) § 3º
São ainda medidas fundamentais para a contenção das doenças causadas pelos vírus de
que trata o caput: (...) IV – permissão da incorporação de mecanismos de controle
vetorial por meio de dispersão por aeronaves mediante aprovação das autoridades
sanitárias e da comprovação científica da eficácia da medida.”
(2) CF/1988: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para
as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
ao Poder Público: (...) VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade.”

5
(3) CF/1988: “Art. 225. (...) § 1º Para assegurar a efetividade desse direito,
incumbe ao Poder Público: (...) IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;”

ADI 5592/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 4.4.2019. (ADI-5592)

PRIMEIRA TURMA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL – LEGITIMIDADE

Execução individual: mandado de segurança coletivo e servidor não filiado a


sindicato
A Primeira Turma iniciou julgamento de agravo regimental interposto contra
decisão que extinguiu, por ilegitimidade ativa, execução individual de sentença
concessiva de mandado de segurança coletivo impetrado por sindicato. O processo foi
remetido ao Supremo Tribunal Federal por força do art. 102, I, n, da Constituição
Federal (CF/1988) (1).

Na espécie, iniciada a liquidação coletiva requerida pelo sindicato, o tribunal de


justiça a quo determinou que a execução se limitasse aos servidores filiados até a data
da impetração do writ. A recorrente alega ser parte legítima para propor a ação de
execução individual do título coletivo, independentemente de comprovação da sua
filiação ou autorização expressa para ser representada no processo de conhecimento,
haja vista que a decisão exequenda não limitou o direito apenas àqueles servidores.

O ministro Alexandre de Moraes (relator) reafirmou os fundamentos da decisão


agravada e negou provimento ao recurso.

Considerou que, embora se possa admitir que a recorrente seja também titular do
interesse individual homogêneo objeto do processo coletivo, os efeitos da sentença nele
proferida não a alcançam, justamente por não ser filiada ao sindicato autor no momento
da impetração do mandado de segurança.

Após, o ministro Roberto Barroso pediu vista dos autos.

(1) CF/1988: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a


guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) n) a
ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem
estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;”

AO 2380 AgR/SE, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 2.4.2019. (MS-


2380)

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DIREITO CONSTITUCIONAL – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Competência para denominação de próprios, vias e logradouros públicos e suas


alterações
A Primeira Turma, por maioria e com base em voto médio, deu provimento ao
agravo interno para determinar que o recurso extraordinário seja julgado pelo Plenário
do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na origem, foi proposta ação direta de inconstitucionalidade em tribunal de justiça


estadual para questionar dispositivos de lei orgânica municipal que atribuem à câmara
municipal, com a sanção do prefeito, a competência para legislar sobre denominação de
próprios, vias e logradouros públicos e suas alterações. A ação foi julgada parcialmente
procedente para declarar a inconstitucionalidade da legislação, com efeitos ex tunc, por
violação ao princípio da separação dos poderes.

Monocraticamente, o ministro Alexandre de Moraes (relator) deu provimento ao


recurso para declarar a constitucionalidade da legislação, concedendo-lhe interpretação
conforme à Constituição Federal para reconhecer a coabitação normativa entre o Poder
Executivo (decreto) e o Legislativo (lei formal) no exercício dessa competência.

No julgamento colegiado, prevaleceu o voto médio do ministro Marco Aurélio, no


sentido de deslocar a apreciação do recurso extraordinário para o Plenário, a quem
compete o julgamento da demanda, por se tratar de um processo objetivo, que exige a
realização de controle concentrado de constitucionalidade de ato normativo.

Com relação ao mérito, duas correntes foram formadas. O ministro relator votou
para manter hígida a decisão monocrática que deu provimento ao recurso extraordinário,
no que foi acompanhado pelo ministro Luiz Fux. Para eles, a competência para a
denominação de vias e logradouros públicos é concorrente. De um lado, representa atos
de gestão do Poder Executivo, por meio de decreto, para a organização administrativa e
dos logradouros públicos. De outro, confere ao Poder Legislativo a faculdade de editar
leis tanto para conceder homenagens quanto para valorizar o patrimônio histórico-
cultural do município.

Por sua vez, os ministros Roberto Barroso e Rosa Weber negaram provimento ao
recurso extraordinário. Consideraram que essa atribuição é matéria de reserva
administrativa, de competência exclusiva do Poder Executivo. Sustentaram ser vedado
ao Poder Legislativo subtrair do Executivo essa competência, para definir, por meio de
lei, nome de logradouros púbicos, já que isso faz parte do núcleo essencial das
competências administrativas do Executivo.

RE 1151237 AgR/SP, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 2.4.2019. (RE-1151237)

DIREITO CONSTITUCIONAL – DO PODER JUDICIÁRIO

Competência da Justiça estadual e homicídio praticado por brasileiro nato no exterior

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A Primeira Turma, por maioria, desproveu agravo interposto contra decisão que
deu provimento a recurso extraordinário e fixou a competência de tribunal do júri
estadual para julgar ação penal movida contra brasileiro nato, denunciado pela prática
de homicídio de cidadão paraguaio, ocorrido no Paraguai. O pedido de extradição do
brasileiro foi indeferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de sua
condição de nacional [Constituição Federal de 1988 (CF/1988), art. 5, LI] (1).

O colegiado entendeu que a prática do crime de homicídio por brasileiro nato no


exterior não ofende bens, serviços ou interesses da União, sendo da Justiça estadual a
competência para processar e julgar a respectiva ação penal.

Asseverou, também, que o Decreto 4.975/2004 (2), que promulgou o Acordo de


Extradição entre os Estados-Partes do Mercosul, por si só não atrai a competência da
Justiça Federal (CF/1988, art. 109, III, IV, e X)] (3). Isso porque a persecução penal não
é fundada no acordo de extradição, mas no Código Penal brasileiro.

Citou o entendimento fixado pela Primeira Turma no HC 105.461.

Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deu provimento ao agravo ao


fundamento de ser competente a Justiça Federal para julgar o feito, com base no art.
11.3 do referido decreto, combinado com o art. 109, III, IV e X, da CF/1988.

(1) CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes: (...) LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;”
(2) Decreto 4.975/2004: “Artigo 11. Da Nacionalidade. 1. A nacionalidade da
pessoa reclamada não poderá ser invocada para denegar a extradição, salvo disposição
constitucional em contrário. 2. Os Estados-Partes que não contemplem disposição de
natureza igual à prevista no parágrafo anterior poderão denegar-lhe a extradição de seus
nacionais. 3. Nas hipóteses dos parágrafos anteriores, o Estado-Parte que denegar a
extradição deverá promover o julgamento do indivíduo, mantendo o outro Estado-Parte
informado do andamento do processo, devendo ainda remeter, finalizado o juízo, cópia
da sentença.”
(3) CF/1988: “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) III –
as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
organismo internacional; IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça
Militar e da Justiça Eleitoral; (...) X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira,
após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção,
e à naturalização;”

RE 1.175.638 AgR/PR, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.4.2019. (RE-


1175638)

8
Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por
meio eletrônico*
Em curso Finalizados
Pleno — 4.4.2019 1 0 83
1ª 2.4.2019 — 4 39 97
Turma
2ª 2.4.2019 — 1 2 166
Turma

* Emenda Regimental 51/2016-STF. Sessão virtual de 29 de março a 4 de abril de 2019.

Supremo Tribunal Federal - STF


Secretaria de Documentação – SDO

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