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© 1984 Living Stream Ministry

Edição para a Língua Portuguesa


© 1993 Editora Árvore da Vida

Título do original em inglês:


Life-Study of Matthew

ISBN 0-87083-162

5ª Edição — Fevereiro/2001 — 5.000 exemplares

ISBN 85-7304-086-6

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela Editora Árvore da Vida.

Editora Árvore da Vida


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Impresso no Brasil

As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, 2 a


Edição, e Versão Restauração (Evangelhos), salvo quando indicado pelas abreviações:
lit. — tradução literal do original grego ou hebraico
IBB-Rev. — Imprensa Bíblica Brasileira, versão Revisada
VRC — Versão Revista e Corrigida de Almeida
MENSAGEM 35

DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DO REINO


(1)
N esta mensagem chegamos ao capítulo 13 de
Mateus. A fim de entender esse capítulo devemos ter
em mente que Mateus está interessado na doutrina
do reino. Tudo o que está registrado no Evangelho de
Mateus é conforme o reino e a história do reino. A
seqüência da doutrina nesse livro é conforme a
história do reino.
Precisamos lembrar os pontos principais
tratados nos primeiros doze capítulos de Mateus. O
capítulo 1 trata da genealogia e do nascimento de
Cristo, e o capítulo 2, dos magos gentios buscando
Cristo e O adorando, da fuga de Cristo para o Egito e
do Seu retomo a Israel para ser criado em Nazaré. No
capítulo 3 vemos a introdução e o ungir; no capítulo
4, a tentação e o início do ministério do Rei para
ganhar as multidões; e no 5, 6 e 7, o decreto da
constituição do reino dos céus. O capítulo 8 inclui a
continuação do ministério do Rei. Vemos ali a cura
do leproso, do servo do centurião, da sogra de Pedro
e vemos ainda a autoridade do Senhor exerci da
sobre o vento, o mar e os demônios. O capítulo 9
trata da autoridade do Rei ao perdoar pecados; o
chamamento de Mateus; o banquete onde o Senhor é
revelado como o Médico, o Noivo, a veste nova, o
vinho novo e o odre novo; sinais com significado
dispensacional; e a oração para enviar trabalhadores
para a seara. No capítulo 10 vemos a designação e o
envio dos doze apóstolos, ao e no 11 vemos a tentativa
de João de provocar o Rei, a resposta do Rei e Sua
avaliação de João, Sua resposta à geração obstinada e
o chamamento das pessoas para virem Seu descanso.
Finalmente o capítulo 12 trata da quebra dos
regulamentos do sábado para mostrar que o Senhor é
a Cabeça e que Ele cuida dos membros do Seu Corpo;
a batalha do reino, o clímax da rejeição do reino, a
profecia de que aquela geração se tornaria ainda pior,
e o abandono da geração judaica e a volta aos crentes.
Enquanto o Senhor continuava Seu ministério, o
estabelecimento do reino dos céus era cumprido até
certo ponto. Todavia, porque a geração dos judeus
rejeitou totalmente o Senhor, Ele foi forçado a voltar-
se deles para Seus crentes. Isso foi um progresso
importante, voltar-se de Israel para os gentios, a
volta do relacionamento segundo o nascimento para
o relacionamento no Espírito. Portanto o final do
capítulo 12 é uma seção no Evangelho de Mateus.
Como vimos, os capítulos 5, 6 e 7 revelam a
realidade interior do reino. Temos ressaltado que
essa constituição é dividida em sete seções: a
natureza do povo do reino (5:1-12); a influência do
povo do reino sobre o mundo (5:13-16); a lei do povo
do reino (5:17-48); os atos de justiça do povo do
reino (6:1-18); o tratamento do povo do reino com as
riquezas (6:1934); o princípio do povo do reino em
tratar com outros (7:1-12); e a base do viver e obra do
povo do reino (7:13-29). Nessas sete seções vemos a
realidade espiritual e celestial do reino. Isso não é
comportamento ou mero viver exterior; é o reino dos
céus em realidade. O que principalmente está
revelado no capítulo 13 é a aparência exterior do
reino dos céus. A realidade interior é uma coisa e a
aparência exterior é outra.
Ao longo da história, apenas um pequeno
número de cristãos viu essa questão da diferença
entre a realidade interior e a aparência exterior do
reino. Isso foi visto por Robert Govett e seu aluno, D.
M. Panton. Um mestre entre os Irmãos Unidos, G. H.
Lang também viu essa questão até determinado
ponto, mas ele não a viu tão precisa e claramente
como Govett e Panton. Recebemos considerável
ajuda dos escritos de Govett e Panton. Mas
agradecemos ao Senhor que Ele nos dirigiu nessa
questão. Temos visto o reino dos céus em mais
detalhes e em maior profundidade. Posso testificar
que especialmente nos ú I ti mos quinze anos essa
questão tornou-se muito clara para mim. Em 1936
publiquei meu primeiro escrito sobre esse assunto.
Por mais de quarenta anos, desde a publicação
daquele pequeno livro, tive cada vez mais clareza a
respeito do reino dos céus.
O ponto básico quanto ao reino é a necessidade
de diferenciar a realidade interior do reino da
aparência exterior. Se você não diferenciar essas duas
coisas, não será capaz de entender esse livro sobre o
reino dos céus.
Além da seção da realidade do reino, capítulos 5
a 7, e a seção da aparência exterior do reino, capítulo
13, há uma terceira seção igualmente crucial para o
entendimento do reino dos céus: a profecia do
Senhor no Monte das Oliveiras registrada no capítulo
24. A realidade do reino foi revelada num monte, a
aparência do reino foi revelada à beira-mar e a
manifestação do reino foi dita em profecia também
num monte. O monte no qual a realidade do reino foi
revelada não estava na região do centro
administrativo do governo, mas na região
relacionada à questão de subsistência, porque a
realidade está intimamente relacionada ao nosso
viver diário. Não é uma questão de administração ou
governo.
As características geográficas da terra de Israel
são significativas. O centro governamental está na
região montanhosa, no meio da terra santa. No topo
da região montanhosa e em seu centro está
Jerusalém, a capital. Nessa região o Rei exerce Sua
administração. O norte e o sul são duas regiões de
agricultura para se obter o sustento. Na última vez
em que fomos lá vi essa questão claramente. Berseba,
que está no sul, é cheia de trigo e cevada, indicando
que é uma terra rica para o plantio. O lado norte de
Jerusalém, mais próximo a Samaria, é uma planície
rica e verdejante. Essa também é uma região de
cultivo onde as pessoas podem obter o sustento. No
meio dessas duas regiões está a administração
governamental. Já salientamos que a realidade do
reino foi revelada não na região administrativa, mas
na região de subsistência. No entanto foi revelada
num monte. A manifestação do reino foi profetizada
num monte, na região administrativa próxima à
capital. Isso é significativo, porque a manifestação
está relacionada à administração, ao governo. Não
considere insignificante essa questão. O Senhor Jesus
foi a esses lugares deliberadamente para falar da
realidade, da aparência e da manifestação do reino.
Se estiver impressionado com esses três aspectos do
reino, você entenderá o Evangelho de Mateus.
Graças ao Senhor que vimos a realidade do reino.
Agora devemos ver a aparência do reino. Nos
capítulos 5, 6 e 7 não há falsidade; todas as coisas são
puras, genuínas, celestiais, espirituais e, até
determinado ponto, divinas. Nesses capítulos vemos
a natureza do povo do reino e a influência que eles
exercem sobre o mundo. Eles são o sal da terra e a luz
do mundo. Também vemos a lei do povo do reino que
foi elevada e todos os seus feitos justos. Esses feitos
são puros, genuínos e reais, realizados em secreto
sem qualquer demonstração exterior. Ainda mais,
vemos a atitude do povo do reino para com as
riquezas materiais e o fato de que eles não têm
ansiedade quanto às riquezas. Finalmente vemos o
princípio do povo do reino em lidar com os outros e a
base do vi ver e obra deles. Nessa seção com respeito
à realidade do reino tudo é real, puro, espiritual e
celestial.
A situação no capítulo 13, o capítulo sobre a
aparência do reino, é totalmente diferente. Nesse
capítulo temos o joio (vs. 2530) e a grande árvore que
não está mais de acordo com a sua espécie (vs. 31-32).
Em Gênesis 1, Deus criou todas as coisas,
especialmente os vegetais, segundo a sua natureza.
Por exemplo, um pêssego é segundo a natureza do
pêssego, e uma banana é segundo a natureza da
banana. Mas em Mateus 13 um grão de mostarda
tornou-se uma grande árvore. Isso indica que ela
mudou a sua natureza, que não mais está de acordo
com a sua natureza. Portanto, nesse capítulo vemos
algo d fachada: com aparência, mas sem realidade.
Juntamente com o joio e a fachada há também
fermento (v. 33). Todas essas coisas, encontradas na
aparência do reino, fazem com que a aparência do
reino seja uma mistura.
É fácil ver essa mistura na cristandade hoje. A
cristandade se encaixa exatamente no retrato da
aparência do rei no dos céus de Mateus 13. Na
cristandade há milhões de joios, uma grande fachada,
o fermento que corrompe. Entretanto, nenhuma
dessas coisas é encontrada nos capítulos 5, 6 e 7 onde
tudo é verdadeiro, puro, espiritual e celestial. Que
mistura vemos no capítulo 13!
Quando chegarmos ao capítulo 24, com respeito
à manifestação do reino, veremos que a manifestação
é mais rigorosa do que a realidade, assim como o
período de provas escolares é mais rigoroso que no
curso normal. Os estudantes labutam diligentemente
durante a semana na realidade de sua vida escolar,
mas jogam, dançam ou vão ao cinema no final de
semana. Isso é como na aparência do reino. Os
estudantes não deveriam estar tão felizes e contentes,
pois devem considerar a chegada dos exames. Além
disso, eles devem pensar na formatura que será a
época da manifestação. Por essas três coisas
realidade, aparência e manifestação-somos capazes
de entender o livro de Mateus.
No final do capítulo 12 Israel foi cortado e os
gentios foram enxertados. A esse respeito, alguns
mestres, inclusive o Dr. Scofield, cometeram um
grande erro. Eles disseram que após o capítulo 12,
por causa da incredulidade de Israel, o reino foi
suspenso. Eles não viram que em vez de suspenso o
reino foi entregue a outro povo. O Senhor não disse:
“De agora em diante não tenho irmãos, irmãs ou
mãe”. Se Ele ti vesse dito isso então o reino teria sido
suspenso. O que o Senhor fez foi voltar-se de um
povo para outro. O Senhor parecia estar dizendo: “Os
que fazem a vontade do Meu Pai, que são nascidos
Dele e vivem pela Sua vida, esses são meu irmão,
irmã e mãe”. Portanto, o reino não foi suspenso.
Antes ele foi mudado de um povo para outro.
I. A OBRA PRELIMINAR DO REINO

A. O Rei Celestial Sai da Casa para Sentar-se à


Beira-Mar
Mateus 13:1 diz: “Naquele dia, saindo Jesus da
casa, assentou-se à beira-mar”. Para a maioria dos
mestres cristãos, esse versículo é insignificante.
Quando jovem, lia-o, mas ele nada significava para
mim. Mas agora percebo que é muito significativo. N
o final do capítulo 12, o Rei celestial, após ter sido
totalmente rejeitado pelos líderes, rompeu com eles.
Naquele dia Ele saiu da casa para sentar-se à beira-
mar. Isso é muito significativo. A casa significa a casa
de Israel (10:6), e o mar, o mundo gentio (Dn 7:3, 17;
Ap 17:15). A saída do Rei da casa para sentar-se à
beira-mar significa que após Seu rompimento com os
judeus, Ele abandonou a casa de Israel e voltou-se
para os gentios. Foi após isso que, à beira-mar, Ele
proferiu as parábolas sobre os mistérios do reino.
Isso significa que os mistérios do reino foram
revelados na igreja. Portanto, todas as parábolas
nesse capítulo foram faladas para Seus discípulos,
não para os judeus.
As primeiras duas palavras do capítulo 13,
“Naquele dia”, unem esse capítulo ao capítulo 12,
assim como as palavras, “por aquele tempo”,
conectam o capítulo 12 ao 11. As palavras “N aquele
dia” referem-se ao dia em que o Senhor declarou que
abandonaria Israel, o dia que cortou Israel e enxertou
os crentes gentios. Naquele dia Ele saiu de casa,
significando a casa de Israel, para o mar, significando
o mundo gentio. Esse mover da casa para o mar
correspondia à Sua declaração. Ele declarou que
nada mais tinha a ver com Seus parentes naturais,
mas se voltara aos gentios que creram. Agora Ele
estava andando de acordo com Sua declaração. Assim,
vemos que esse versículo é muito importante.

B. Grandes Multidões se Reunir um ao Rei à


Beira-Mar
O versículo 2 diz que grandes multidões se
reuniram a Ele. Mas isso não significa que todos
nessas grandes multidões tomaram-se Seus parentes.

C. O Rei Entra num Barco – a Igreja


O versículo 2 também diz que Ele “entrou num
barco e se assentou; e toda a multidão estava em pé
na praia”. O barco, que estava no mar, mas não era
do mar, representa a igreja que está no mundo, mas
não é do mundo. O mar é o mundo gentio, e o barco é
a igreja no mundo gentio. Foi no barco, na igreja, que
o Rei do reino celestial, após abandonar os judeus e
voltar-se para os gentios, revelou os mistérios do
reino em parábolas. Aleluia! hoje não estamos nem
na casa nem no mar, estamos no barco! Estamos no
barco como Rei. Um dia o Rei entrou em nosso barco.
Agora temos o Rei em nosso barco, a igreja. Mas a
multidão estava na praia. Você está na praia ou no
barco com o Rei? Posso testificar que não estou na
praia-estou no barco.

D. O Rei Fala às Multidões em Parábolas


O versículo 3 diz: “E muitas coisas lhes falou em
parábolas”.
Ele falou essas parábolas no barco, no mar. Você
quer conhecer os mistérios do reino? Se quiser, então
deve deixar a casa e não ficar na praia, mas entrar no
barco para estar perto do Senhor. Esse é o único
lugar onde podemos entender os mistérios cio reino.
Oh! estamos na igreja, no barco! A igreja não é a casa
d ' Israel nem o mar dos gentios; antes, ela é o barco
dos crentes. Na igreja todos os mistérios do reino nos
são revelados.
A fim de conhecer os mistérios do reino,
devemos adquirir a habilidade de interpretar
parábolas. Se você não sabe como alegorizar a Bíblia,
não será capaz de interpretar as parábolas. Por
exemplo, o barco é uma parábola. Como você pode
interpretar o barco se não sabe como alegorizá-lo?
Todos os opositores precisam seguir esse caminho.
Então eles conhecerão a Bíblia. Entretanto, porque
não têm a maneira de alegorizar a Bíblia, eles não a
conhecem. Porque temos a maneira de alegorizar as
Escrituras, conhecemos o significado da casa, do mar
e do barco. Além disso, conhecemos todas as
parábolas. Quão feliz estou por conhecer as
parábolas!
Quando lia Mateus 13, cinqüenta anos atrás,
muitas coisas me incomodavam. Tinha muitas
questões não respondidas sobre o que é encontrado
nesse capítulo. Comprei alguns livros sobre Mateus
13, mas foram todos inúteis. Esses livros diziam que
o fermento refere-se ao poder do cristianismo de hoje
e que a árvore é a maravilhosa e magnífica
organização do cristianismo. Mas enquanto lia
aqueles livros, não tive um bom sentimento em mim;
não cria no que eles diziam. No entanto, não tinha a
maneira de entender esse capítulo. Assim escrevi ao
irmão Nee, dizendo-lhe do meu desejo de conhecer a
Bíblia palavra por palavra e pedi-lhe que me
recomendasse o melhor livro para ajudar-me nessa
questão. Em sua resposta ele disse-me que a melhor
coleção de livros era a Sinopse da Bíblia de John
Nelson Darby. Entretanto, ele ressaltou que a
Sinopse de Darby era extremamente difícil de ser
entendida. Quando a li vários anos mais tarde,
descobri que o irmão Nee estava certo. Simplesmente
não conseguia entender os escritos de Darby. Para
falar a verdade não recebi nenhuma ajuda da Sinopse
de Darby quanto ao entendimento de Mateus. Mas
do próprio irmão Nee recebi grande ajuda no
conhecimento das parábolas. Agora posso dizer com
toda segurança que conhecemos as parábolas de
Mateus 13. Nada nos está oculto. Para nós, os
mistérios do reino já não são mistérios, porque todos
eles nos foram abertos.

1. Os Mistérios do Reino dos Céu Ocultos das


Multidões, mas Revelados aos Discípulo
Antes de. considerarmos as parábolas de Mateus
13, gostaria de impressioná-los com algumas
advertências encontradas neste capítulo. Os
versículos 10 e 11 dizem: “Aproximando-se os
discípulos, perguntaram-Lhe: Porque lhes falas em
parábolas? Ele lhes respondeu: Porque a vós é dado
conhecer os mistérios do reino dos céus, nas a eles
não lhes é concedido”. O Rei do reino dos céus
revelou as coisas do reino em parábolas (v. 34) a fim
de tomá-las mistérios aos judeus opositores que O
rejeitaram, para que não pudessem entendê-las.
Desde a época em que o Rei veio semear a semente
até quando Ele voltar para ceifar a colheita, todas as
coisas a respeito do reino são um mistério para a
mente natural. Apenas a mente iluminada de um
coração submisso pode entender esses mistérios.
Quando os discípulos perguntaram ao Senhor
por que Ele falou do reino em parábolas, o Senhor
parecia dizer: “A fim de esconder deles e para que
vocês saibam. Tudo depende de vocês e deles, não de
Mim. Se entenderão ou não o que falo em parábolas
depende de vocês”. No versículo 12 o Senhor
continuou: “Pois ao que tem, se lhe dará, e terá em
abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe
será tirado”. As palavras “ao que tem” referem-se ao
que recebe e segue o Rei celestial, a quem a revelação
do reino será dada em abundância. Mas aquele que
não a tem é o judeu opositor e rejeitador, de quem o
Rei celestial falou que será tirado. Essa é a verdadeira
condição dos judeus hoje. Eles não têm
conhecimento algum do reino dos céus. É totalmente
um mistério desconhecido para eles. Os versículos 13
e 14 dizem: “Por isso lhes falo em parábolas; porque,
vendo, não vêem; e, ouvindo, não ou vem nem
entendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías:
Com o ouvido ouvireis, e de nenhum modo
entendereis; vendo, vereis, e de nenhum modo
percebereis”.
O versículo 15 diz: “Porque o coração deste povo
tornou-se gordo; com os ouvidos ouviram
pesadamente, e fecharam os seus olhos; para não
suceder que vejam com os olhos, ouçam com os
ouvidos, entendam com o coração, e se convertam, e
Eu os cure”. A razão pela qual aquela geração
obstinada não podia entender estava no fato de eles
terem o coração endurecido. Endurecimento significa
o orgulho de ter algo. O coração das pessoas daquela
geração obstinada era orgulhoso. Essa era a
verdadeira situação dos fariseus. Porque o coração
deles havia endurecido, os olhos e os ouvidos deles
foram afetados. Eles viam, mas não percebiam;
ouviam, mas não entendiam. Como resultado, os
mistérios do reino nada significavam para eles. Todas
as parábolas eram mistérios simplesmente por causa
do orgulho deles.
Essa é exatamente a situação de hoje. Se alguns
mestres ou líderes cristãos ouvissem uma palavra
como essa, eles a condenariam, criticariam e
rejeitariam. Eles ouviriam, mas não entenderiam.
Veriam, mas não perceberiam. A razão por que eles
não poderiam entender ou perceber é o orgulho em
seu coração por ter algo. Se os mestres dos Irmãos
Unidos ouvissem essa mensagem, diriam: “Não, o
reino foi suspenso. Essa não é a dispensação do reino,
é a dispensação da igreja. A dispensação do reino
será no milênio, na era vindoura dos mil anos”. Isso
mostra a dureza do coração deles, seu orgulho por ter
algo. Esse orgulho impede as pessoas de entender e
perceber. Devemos aprender a primeira lição dada na
constituição do reino dos céus: “Bem-aventurados os
pobres em espírito” (5:3). Quando somos pobres em
espírito, não temos orgulho em nosso coração. Não
ficamos orgulhosos de coisa alguma. Antes, somos
aliviados, estamos vazios e prontos para receber algo
novo do Senhor. Todos precisamo-nos preparar para
o que está revelado nesse capítulo.
Creio que o Senhor nos mostrou a verdadeira
interpretação de todas essas parábolas. Nesses
muitos ano não tenho dúvida quanto ao nosso
entendimento delas. De fato, nesses dias trabalhando
no Evangelho de Mateus, obtive muito mais
confirmação de que temos a interpretação correta,
porque ela se enquadra com a história da igreja e
com a nossa experiência. Por causa da situação atual
do cristianismo, todos precisamos conhecer esse
capítulo crucial, um capítulo que é ainda mais crucial
do que os capítulos 5, 6 e 7. Precisamos ser
iluminados quanto a esse capítulo a fim de não
sermos fermentados, enganados ou corrompidos.

2. Os Discípulos São Bem-aventurados


O Senhor disse também que Seus discípulos
eram bem-aventurados. De acordo com o versículo 9,
eles eram bem-aventurados por terem ouvidos para
ouvir. E mais, os versículos 16 e 17 dizem: “Bem-
aventurados, porém, os vossos olhos, porque vêem; e
os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade
vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o
que vedes, e não viram; e ouvir o que ouvis, e não
ouviram”. Que bênção é ver e ouvir os mistérios do
reino!
MENSAGEM 36

DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DO REINO


(2)
Nesta mensagem chegamos ao primeiro mistério
do reino, tratado em 13:3-8, 18-23.
Ao iniciar a primeira das sete parábolas com
respeito aos mistérios do reino, o Senhor não disse:
“O reino dos céus era semelhante a” como Ele fez em
outras seis parábolas (vs. 24, 31, 33, 44, 45, 47),
porque o reino dos céus começou na segunda
parábola. Na primeira parábola, o Senhor estava
apenas saindo para semear a semente do reino. A
semente ainda não havia crescido para ser a colheita
para a formação do reino. Assim, o reino ainda não
havia chegado, mas na pregação do Senhor apenas
estava próximo (4:17).

E. A Parábola do Semeador – a Obra


Preliminar do Rei para o Reino
Quando o Senhor Jesus veio, veio para fazer a
obra preliminar para o estabelecimento do reino. Por
toda Sua vida humana, desde Seu nascimento até Sua
ressurreição, o reino dos céus ainda não havia
chegado. O que Ele fez em Sua vida foi uma
preparação para o estabelecimento do reino dos céus.

1. O Semeador Semeou as Sementes


Os versículos 3 e 4 dizem que um semeador saiu
a semear algumas sementes. Em Sua obra preliminar
para o estabelecimento do reino dos céus, o Senhor
Jesus veio como um semeador. Algumas vezes o
Senhor foi chamado mestre. Mas aqui Ele se compara
não a um mestre, mas a um semeador. O semeador
no versículo 3 é o próprio Senhor (v. 37). De fato, o
Senhor não veio para ensinar, mas para semear a
semente. Que é a semente? É a palavra do reino
tendo nela o Rei como vida (v. 19). A semente é
também os filhos, o povo do reino (v. 38). Se
confrontarmos com nossa experiência, perceberemos
que a semente semeada pelo Senhor Jesus em nossa
humanidade é simplesmente Ele mesmo como vida,
fazendo-nos a semente do reino. Aqui três coisas
estão inter-relacionadas: a palavra do reino, os filhos
do reino e o próprio Cristo como a vida dentro da
semente. Esses três não podem ser separados. A
palavra do reino, na verdade, é o próprio Cristo como
a palavra da vida. Essa semente finalmente produz os
filhos do reino, que são os crentes. Portanto, a
semente refere-se à palavra do reino, a Cristo como
vida, e a nós, os filhos do reino. Por ter sido Cristo a
viva palavra da vida semeada em nosso ser, tornamo-
nos os filhos do reino.
Nessa parábola vemos que Cristo estabelece o
reino dos céus não com luta ou ensinamentos, mas
semeando-se como a semente da vida nos que crêem,
para que o reino dos céus possa crescer. O
estabelecimento do reino dos céus é absolutamente
uma questão de crescimento de vida. Estabelecer o
reino é produzi-lo. O reino não é estabelecido pela
obra exterior, mas pelo crescimento interior.
Precisamos enfatizar essa questão muitas vezes.
Muitos cristãos não viram isso, eles ainda pensam
que a igreja é edificada por obra e labor. Mas a igreja
apenas pode ser produzida semeando Cristo como a
semente na humanidade. Essa semente crescerá no
interior das pessoas e produzirá a igreja. A semente
da vida, o próprio Cristo na palavra semeado na
humanidade, produzirá a igreja. A igreja não é
produzida por obra; ela é totalmente produzida pelo
crescimento em vida. Por isso, o reino dos céus é
gerado não por ensinamento ou obra, mas pelo
semear de Cristo como a viva palavra da vida na
humanidade. Essa semente crescerá e a vida nela
produzirá o reino. O reino é absolutamente uma
questão da vida crescida. A fonte do reino é Cristo
como a semente da vida. Que todos possamos ficar
profundamente impressionados com o fato de que o
reino é uma questão de vida.
Nessa parábola, que nos dá uma figura clara da
obra preliminar do reino, Cristo veio como um
semeador. Todos os que semearam sementes sabem
que se não há vida na semente nada acontecerá. Sem
vida é impossível haver crescimento. Nessa parábola
Cristo veio não como um grande profeta para
profetizar nem como um rei poderoso para governar.
Sim, Ele era um profeta e um rei, mas nessa parábola
Ele aparece não como profeta ou rei, mas como um
semeador. Em Sua mão não há um cetro para
governar ou para exercer autoridade, mas semente
para produzir vida. Ele veio como um semeador para
semear-se como a semente. Oh! que todos vejamos
isso! Essa visão revolucionará nosso conceito e obra
cristã. Se virmos essa visão, nunca mais confiaremos
no que fazemos, porque saberemos que o reino é uma
questão de vida, que a igreja é uma questão de
crescimento da semente de vida semeada em nossa
humanidade. Assim, confiaremos completamente no
crescimento em vida. Os que têm estado conosco por
alguns anos podem testificar que não ensino aos
outros o que devem fazer. Não lhes dou instruções
sobre comportamento. Mas reunião após reunião,
conferência após conferência, treinamento após
treinamento, tenho ministrado Cristo como o
Espírito todo-inclusivo, que dá vida. Tem sido
sempre uma questão de Cristo, vida, o Espírito e a
igreja.
Todos precisamos ver essa visão básica de que o
reino é uma questão da vida crescendo em nós. Os
jovens que têm encargo pelas universidades devem
ver essa visão. Jovens, se forem à universidade para
fazer uma obra, isso nada significará. Vocês não
devem ir lá para fazer uma obra, mas para semear a
semente, para ser um semeador. Nos anos em que
estive com o irmão Nee, na China, vi que ele não
estava fazendo obra; ele estava semeando Cristo
como uma semente. Ele me disse que a senhorita M.
E. Barber não veio à China para fazer obra. Ela estava
ali semeando Cristo, até mesmo semeando-se em
Cristo. Ela foi uma semente semeada naquela
província da China. Finalmente, algo cresceu daquela
semente. A restauração do Senhor hoje é o produto
da semente semeada pela irmã Barber e o irmão Nee.
Não pensem que nosso labor significa muito. Não,
nosso labor nada significa. Se vocês estudarem os
Evangelhos novamente, verão que o primeiro obreiro
cristão foi o próprio Cristo. Todavia, Ele não fez
muito. Antes, Ele estava semeando.
Na parábola do semeador o Senhor nos dá uma
figura do que Ele veio fazer. Ele veio como um
semeador para semear a semente. Para os orgulhosos
essa parábola é um mistério. Os fariseus
provavelmente diriam: “Sabemos tudo sobre isso e
não queremos ouvir. Sabemos o que é um semeador.
Sabemos que um semeador simplesmente semeia a
semente e que essa semente cai em vários tipos de
solo. Isso é elementar. Queremos ouvir algo profundo,
algo filosófico. Fale-nos sobre as leis de Moisés. Jesus,
você nunca leu Moisés e os Salmos? Gostaríamos de
ouvir sobre isso, não sobre algumas sementes que
caem à beira do caminho, em solos rochosos, entre os
espinhos e em boa terra. Você é apenas um professor
do jardim-de-infância”. Mas para os que são pobres
em espírito e puros de coração essa parábola é muito
mais profunda do que os ensinamentos de Moisés e
todos os Salmos. Aleluia pelo semeador, pela
semente e pela boa terra! Isso é totalmente uma
questão de vida. Precisamos de mais hinos sobre o
semeador, o semear, a semente e o crescimento.
Novamente digo, o reino cresce; ele não é edificado
pelo nosso labor. Não tente edificar a igreja, porque o
que a igreja precisa é de crescimento. Dia após dia
precisamos semear Cristo. Recentemente um
opositor disse a um irmão: “Acabaremos com vocês”.
Ele disse que estavam planejando acabar com a
restauração do Senhor. Se os opositores tentarem
fazer isso, eles se meterão em encrencas. Não toque
algo de vida, porque quanto mais você o toca, mais
isso se multiplica. Se deixá-lo quieto, pode ser que
permaneça dormente. Mas se tocá-lo ele crescerá.
Suponha que diga a alguma semente: “Semente,
acabarei com você. Vou enterrá-la”. Que bom seria
isso para ela! Mas se deixa a semente num pedestal,
para ser apreciada, admirada e guardada como um
tesouro, essa seria a melhor maneira de acabar com
ela. Porém se tenta acabar com a semente,
enterrando a, ela crescerá. Os opositores
simplesmente não sabem o que é a restauração do
Senhor. A restauração do Senhor não é uma obra,
ensinamento ou teologia. É uma semente; é o Cristo
vivo como uma semente. Tenho a convicção para
declarar a todo o universo que o Cristo todo-inclusivo
como o Espírito que dá vida foi semeado em milhares
de americanos. Não toque neles. Se tentar persegui-
los ou enterrá-los, uma única semente se multiplicará
em muitas outras. Quem pode acabar com a
restauração do Senhor? A semente já foi semeada. O
Senhor veio à terra como um semeador para semear
a Si mesmo. Aleluia! Jesus foi semeado na
humanidade! O princípio é o mesmo na restauração
do Senhor hoje. A restauração como a semente de
vida foi semeada na América, Europa, Brasil e muitos
outros lugares. Nada nem ninguém pode acabar com
ela. A restauração do Senhor não é um movimento. É
o próprio Cristo como a semente de vida semeada em
nosso ser. O semeador é Cristo e a semente também é
Cristo, Cristo na palavra semeado em nós para fazer-
nos os filhos do reino.
De acordo com essa parábola e a própria
interpretação do Senhor a respeito dela, essa
semente é semeada em nosso coração (v. 19). No
passado salientamos que nosso coração não é o órgão
receptor, mas o órgão para se amar, e que nosso
órgão receptor é o nosso espírito. Dizemos isso com
base em Ezequiel 36, onde Deus promete dar-nos
novo espírito e novo coração; novo espírito para
receber Deus e novo coração para amá-Lo. Aqui o
Senhor Jesus não menciona nada sobre o espírito,
mas Ele diz que o coração é o lugar onde a semente é
semeada. Nada pode entrar em nosso espírito sem
primeiro passar pelo coração. Em 1 Pedro 3:4 nosso
espírito é chamado de o homem interior do coração.
Isso indica que nosso espírito está rodeado pelo
nosso coração. As três principais seções do coração
são a mente, a emoção e a vontade. Quando cremos
no Senhor Jesus, não tínhamos consciência de que
estávamos exercitando o espírito. Em outras palavras,
quando cremos Nele abrimos o coração. O resultado,
todavia, foi que Ele entrou no espírito. Quando
abrimos o coração para crer Nele, Ele entrou em
nosso espírito. Mas nosso espírito não é o solo para o
crescimento de Cristo. O solo é nosso coração. Essa
parábola deixa perfeitamente claro que nosso
coração é o solo, a terra, o lugar onde a semente é
semeada e onde ela cresce. Portanto, nessa parábola
o Senhor não trata com o nosso espírito; Ele toca
essencialmente em nosso coração.

2. Algumas Sementes Caíram à Beira do


Caminho
O versículo 4 diz: “E, ao semear, uma parte caiu
à beira do caminho, e, vindo as aves a devoraram”. A
beira do caminho é o lugar próximo do caminho. Por
estar endurecido pelo tráfego do caminho, é difícil
para as sementes penetrar nele. A beira do caminho
significa o coração que é endurecido pelo tráfego do
mundo e não se abre para entender, compreender, a
palavra do reino (v. 19). Os pássaros representam o
maligno, Satanás, que veio e roubou a palavra do
reino semeada no coração endurecido.
Se você comparar a constituição do reino dos
céus com a parábola do semeador, verá que essa
parábola se baseia no conceito da constituição. A
constituição trata da questão de sermos pobres em
espírito e puros de coração. Os que estão à beira do
caminho não podem receber a semente, porque não
são nem pobres em espírito nem puros de coração. A
beira do caminho, parte do solo para cultivo, estava
tão perto do trânsito que se tomou endurecido por
ele. Isso tomou impossível que a semente penetrasse
nele. Assim a semente permaneceu na superfície à
beira do caminho. Isso representa os que não são
pobres em espírito ou puros de coração, porque têm
muito tráfego mundano. Educação, comércio, política,
ciência, negócios e outros tipos de tráfego mundanos
vão e vêm na mente, emoção e vontade deles. Eles
estão ocupados com promoção, posição e ambição.
Por isso é muito difícil pregar o evangelho para os
políticos. Eles têm muito tráfego político dentro deles.
Os que buscam ascensão política ambicionam
conquistar uma posição ou sobrepujar outros. Da
mesma forma é difícil pregar o evangelho para os que
trabalham nas Bolsas de Valores. A menos que o
Senhor os derrube, eles continuam muito duros para
receber a palavra de Deus. Dia e noite estão
preocupados com cifras, dinheiro e negócios. Eles
não podem ser pobres em espírito ou puros de
coração. O tráfego das Bolsas de Valores toma-os
duros de coração. Quando você tenta semear neles a
semente, esta não consegue penetrar. Não há lugar
para a semente dentro deles. Isso também ocorre
com muitas pessoas da área de educação,
especialmente os que almejam o doutorado. Há tanto
tráfego que o coração deles tomou-se endurecido, tal
como a beira do caminho na parábola do Senhor.
Embora possam ouvir o evangelho de Cristo,
nenhuma palavra pode penetrar-lhes o coração.
Agradecemos ao Senhor pois, por Sua
misericórdia, quando o evangelho foi-nos pregado,
estávamos pobres em espírito e puros de coração. No
dia em que fui salvo pelo Senhor, disse-Lhe: “Se o
mundo todo pudesse ser meu, eu não o aceitaria. Não
o quero e não gosto dele. Senhor, quero guardar meu
coração para Ti. Não quero ter nenhum tráfego do
mundo em meu coração”. Nunca é bom que haja
tráfego em uma terra cultivada. Nenhum fazendeiro
permitiria isso. Você é uma parte da beira do
caminho? Não fique próximo à estrada. Esteja no
centro da lavoura. Então o tráfego do mundo não o
tocará.

3. Algumas Sementes Caíram em Lugares


Pedregosos
Os versículos 5 e 6 dizem: “Outra parte caiu em
lugares pedregosos, onde não havia muita terra, e
logo brotou, visto não ser profunda a terra. Saindo,
porém, o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz,
secou-se”. O lugar pedregoso onde não havia muita
terra representa o coração que é superficial em
receber a palavra do reino, porque por baixo há
pedras escondidas pecados ocultos, desejos pessoais,
egoísmo e autocomiseração, que impedem a semente
de lançar raízes nas profundezas do coração. O sol
com seu calor causticante significa aflição ou
perseguição (v. 21), que seca a semente que não tem
raiz. O calor do sol é para crescimento e
amadurecimento da colheita, uma vez que a semente
esteja profundamente enraizada. Mas devido à falta
de raiz, o calor do sol que faz crescer e amadurecer
torna-se um golpe mortal para a semente.
As coisas representadas pelas pedras
correspondem ao que é tratado pelas leis
complementadas na constituição do reino dos céus
(5:17-48). O segundo tipo de terra corresponde ao
temperamento, lascívia, ego e carne-coisas ocultas
em nosso coração. Talvez não muitos entre nós façam
parte da beira do caminho, mas estou muito
preocupado pensando que um bom número possa ser
como solo pedregoso. Aparentemente são como os
outros, porque o solo está na superfície. Mas eles não
têm profundidade. Antes, têm lascívia,
temperamento, ego e carne. Todas essas coisas são
pedras escondidas sob o solo. Portanto, o primeiro
tipo de solo corresponde aos que não são pobres em
espírito nem puros de coração, e o segundo
corresponde aos que ainda mantêm seu
temperamento, lascívia, pecado, ego e carne sob a
superfície. Alguns de vocês podem ainda estar
escondendo sua lascívia, egoísmo e carne. Vocês
podem gritar aleluia nas reuniões, mas podem ainda
não ter muita profundidade. Em vez de profundidade,
há pedras. Mais cedo ou mais tarde, todas essas
pedras serão expostas, porque a palavra que foi
semeada em você não será capaz de formar raízes.
Vocês podem estar felizes e contentes, gritando
louvores ao Senhor, mas não têm raízes. Assim,
quando a aflição e a perseguição vêm, vocês secarão
como uma planta sem raiz que murcha sob o calor do
sol. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e
desenterre todas as pedras ocultas. Que Ele
desenterre nosso temperamento, lascívia, ego, carne
e qualquer outra coisa negativa, a fim de que haja
lugar em nosso coração para que a semente lance
raízes profundas em nós.

4. Algumas Sementes Caíram entre os


Espinhos
O versículo 7 diz: “Outra caiu entre os espinhos,
e os espinhos cresceram e a sufocaram”. Os espinhos
aqui representam a ansiedade desta era e o engano
das riquezas, os quais impedem a palavra de crescer
no coração e a tornam infrutífera. Os espinhos, a
ansiedade desta era e o engano das riquezas ligam-se
à seção da constituição que trata da atitude do povo
do reino para com as riquezas (6:19-34). Muitas
vezes as palavras “ansiedade” ou “ansioso” foram
usadas na seção da constituição. O Senhor nos fala
sobre não estarmos ansiosos quanto ao nosso vi ver,
quanto ao que comeremos, beberemos e com que nos
vestiremos. O terceiro tipo de solo não é tão ruim
como o segundo, mas ainda é difícil para a semente
crescer nele por causa da ansiedade e do engano das
riquezas. Todos esses espinhos devem ser arrancados.
Se a ansiedade desta era e o engano das riquezas
forem arrancados do nosso coração, a semente
crescerá. A parábola do semeador parece ser muito
simples, mas é na verdade muito profunda. Ela expõe
a verdadeira condição do nosso coração na presença
do Rei celestial. O que quer que esteja em nós é
exposto. Essa parábola trata da dureza devido ao
tráfego mundano; da lascívia, ego e carne ocultos; e
da ansiedade desta era e engano do dinheiro. Esses
são a beira do caminho, os lugares pedregosos e os
espinhos. Quer seja a beira do caminho, o solo com
pedras ocultas ou o solo com espinhos, o reino não
poderá crescer em você. Em outras palavras, a igreja
não pode crescer nesses tipos de solo. Para a igreja
crescer, a semente deve cair em boa terra.

5. Outras Sementes Caíram em Boa Terra


O versículo 8 diz: “Outra, porém, caiu em boa
terra, e dava fruto: uma a cem, outra a sessenta e
outra a trinta por um”. A boa terra representa o bom
coração que não está endurecido pelo tráfego do
mundo, que não tem pecados ocultos e que não
possui ansiedade desta era e engano das riquezas. Tal
coração cede cada centímetro do seu terreno para
receber a palavra de modo que ela possa crescer, dar
frutos e produzir até mesmo cem vezes mais (v. 23).
A boa terra é um coração que não tem tráfego do
mundo, não tem pedras e não tem espinhos. Ela não
tem pecados ocultos, egoísmo, lascívia ou carne e não
tem ansiedade desta era ou engano das riquezas.
Esse tipo de coração é verdadeiramente puro para se
unir ao espírito. Tal coração é a boa terra que produz
Cristo. Cristo como a semente da vida pode crescer
apenas nesse tipo de coração, esse tipo de solo. Esse é
o solo no qual o reino pode crescer.
Nos Estados Unidos da América há milhões de
cristãos.
Recentemente uma revista publicou que há
cinqüenta milhões de cristãos regenerados nesse país.
Apenas o Senhor sabe quantos desses são cristãos
genuínos. Embora haj a tantos cristãos, eu me
pergunto quantos são a boa terra. Quantos não têm
tráfego do I) mundo, nenhum pecado oculto, carne,
lascívia ou ego ocultos e nenhuma ansiedade ou
engano do dinheiro? Quantos são pobres em espírito
e puros de coração? É muito difícil achar tais cristãos.
Embora possamos estar rodeados de cristãos,
raramente achamos alguém que é verdadeiramente
pobre em espírito e puro de coração. E quanto a
você? Ainda tem tráfego mundano em seu coração?
Você é verdadeiramente pobre em espírito e puro de
coração? Há alguma pedra oculta em seu interior? E
quanto à ansiedade desta era e o engano do dinheiro?
Embora devamos considerar essas questões, não
devemos ser desencorajados. Antes, devemos ser
encorajados. Nada pode parar a economia de Deus.
Há pelo menos alguns que são a boa terra. De acordo
com a porcentagem indicada pela parábola do
Senhor, são vinte e cinco por cento dos crentes. Eu
me contentaria com até mesmo cinco por cento.
Quão bom seria se entre todos os cristãos genuínos
cinco por cento deles fossem pobres em espírito e
puros de coração, não ti vessem ego, carne ou
pecados ocultos e nenhuma ansiedade ou engano do
dinheiro! Quão maravilhoso seria se cinco por cento
deles fossem puros para que Cristo crescesse neles!
Em todos os lugares, em muitas cidades grandes, o
Senhor encontrará a boa terra. O Senhor é
misericordioso. Podíamos ter muito tráfego, mas o
Senhor nos salvou da beira do caminho e nos colocou
no centro da lavoura. Sei de mui tos irmãos e irmãs
em quem o Senhor tem escavado todas as coisas
ocultas e arrancado todos os espinhos para fazer do
coração deles a boa terra. Louvado seja o Senhor por
isso! Não há dúvida de que entre nós muitos são a
boa terra, o bom solo. O reino e a igreja estão
crescendo aqui. Na vida da igreja estamos
produzindo Cristo e produzindo o reino. O reino não
vem mediante nossa obra. Ele vem apenas pelo
crescimento de Cristo em nós. Que todos sejamos
impressionados de que hoje, na Sua restauração, o
Senhor está fazendo a obra de semear a Si mesmo
nas pessoas, a fim de que Ele possa ter a boa terra
para produzir a Si mesmo no reino. Essa é a primeira
parábola e é a obra preliminar para o
estabelecimento do reino.
MENSAGEM 37

DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DO REINO


(3)
Na última mensagem vimos que a boa terra são
as pessoas que vivem conforme a constituição do
reino dos céus. A constituição é uma descrição
completa da boa terra, de alguém que é pobre em
espírito e puro de coração, que não tem tráfico
mundano dentro de si, cujo ser não é endurecido, e
que não tem pedras de temperamento, lascívia, ego e
carne escondidas em seu interior. Tudo isso
corresponde às exigências da constituição. Todos os
que são a boa terra não têm espinhos nem ansiedades
da vida e não caem no engano das riquezas. Assim,
eles se tomam a boa terra na qual a semente pode
crescer. Essa boa terra são as pessoas que vivem
conforme a constituição do reino dos céus. Em outras
palavras, o viver delas corresponde exatamente ao da
constituição.
O reino dos céus é edificado pela multiplicação
da semente. O semeador semeia a semente, esta
cresce e se multiplica, e finalmente a multiplicação
da semente toma-se o constituinte do reino. Isso
revela que o reino não é edificado por algum tipo de
obra, mas pela multiplicação da semente semeada
pelo semeador. Cristo veio como o semeador
semeando a Si mesmo como a semente da vida. Essa
semente da vida penetra na humanidade para dar
frutos, os filhos do reino. Essa é a multiplicação da
semente. O reino é edificado por essa multiplicação.
Portanto, o reino é a multiplicação da semente
semeada pelo semeador. o próprio semeador é a
semente, e a multiplicação da semente é a
multiplicação do semeador. Conseqüentemente, o
reino é edificado com a multiplicação de Cristo. O
reino é a expansão de Cristo, a multiplicação de
Cristo como a semente semeada em nós. Se virmos
isso, saberemos que tipo de viver devemos ter e em
que tipo de situação devemos estar a fim de
participar do reino. Tendo visto essa questão
passamos agora a considerar a segunda parábola
(13:24-30, 36-43).

II. O ESTABELECIMENTO DO REINO E SEUS


FALSOS INTEGRANTES

A. O Reino dos Céus Comparado a um


Homem Semeando Boa Semente
O versículo 24 diz: “O reino dos céus é
semelhante a um homem que semeou boa semente
no seu campo”. Na segunda parábola o Senhor
começou dizendo: “O reino dos céus é semelhante”,
porque o reino dos céus começou a ser estabelecido
quando a igreja foi edificada (16:18-19) no dia de
Pentecostes, na época em que a segunda parábola
começou a ser cumprida. Foi a partir daquela época,
depois que a igrej a foi estabeleci da, que o joio, os
falsos crentes, foi semeado no meio do trigo, os
crentes genuínos.
O reino dos céus começou com a segunda
parábola. Essa é a razão por que o Senhor usou as
palavras: “O reino dos céus é semelhante a”. Essas
palavras não foram faladas pelo Senhor na primeira
parábola porque naquele tempo o reino dos céus
ainda não havia chegado. Antes, essa parábola dizia
respeito à obra preliminar para o reino dos céus. Mas,
na época da segunda parábola, o reino dos céus havia
chegado; por isso o Senhor disse que o reino dos céus
era semelhante a um homem que semeou boa
semente no seu campo.

B. O Rei Celestial Semeou Boa Semente em


Seu Campo
A parábola do joio é fácil de ser entendida. Na
primeira parábola a semente semeada pelo semeador
era a palavra do reino. O versículo 19 diz isso
claramente. Mas na segunda parábola vemos que a
semente desenvolveu-se nos filhos do reino (v. 38).
Primeiramente isso significa que a semente era a
palavra semeada na humanidade, e, em segundo
lugar, que ela tomou-se os filhos do reino. N a
mensagem anterior enfatizei que a semente é a
palavra com Cristo como vida. De acordo com a
segunda parábola, essa semente cresce em nós, o
povo do reino, os filhos do reino. Assim, o trigo são
os filhos do reino, os verdadeiros crentes, os que são
regenerados com a vida divina.

C. O Inimigo Veio e Semeou o Joio no Meio do


Trigo
O versículo 25 diz: “Mas, enquanto os homens
dormiam, veio o inimigo dele semeou joio no meio do
trigo e retirou-se”. Os homens eram os servos (v. 27),
referindo-se aos servos do Senhor, principalmente os
apóstolos. Foi quando os servos do Senhor estavam
dormindo, não vigiando, que o inimigo do Senhor, o
diabo, veio e semeou falsos crentes no meio dos
verdadeiros.
O versículo 25 diz que o inimigo semeou joio no
meio do trigo. O joio é um tipo de erva daninha
semelhante ao trigo. Sua semente é venenosa,
produzindo sonolência, náusea, convulsão e até
mesmo morte. O broto e a folha do joio são iguais ao
broto e a folha do trigo. É impossível discernir um do
outro até que o fruto seja produzido. O fruto do trigo
é amarelo dourado, mas o do joio é preto.
No Antigo Testamento, os filhos de Israel, no
reino de Deus, foram comparados a uvas crescendo
na vinha (21:33-34), enquanto no Novo Testamento,
o povo do reino, no reino dos céus, é comparado ao
trigo crescendo no campo. A vinha era cercada,
limitada apenas aos judeus; enquanto o campo
espalha-se pelo mundo inteiro, é ilimitado, aberto a
todos os povos.
Essa parábola revela que não muito tempo após
o estabelecimento do reino pela edificação da igreja,
a situação do reino dos céus foi mudada. Foi
formalizada com os filhos do reino, o trigo. Mas os
filhos do maligno, o joio, cresceram para mudar a
situação. Assim uma diferença surgiu entre o reino
dos céus e sua aparência exterior. Enquanto os filhos
do reino, o trigo, constituem o reino, os filhos do
maligno, o joio, formam a aparência exterior do reino,
que hoje é chamada de cristandade.
O trigo são os filhos do reino, os verdadeiros
crentes, regenerados com a vida divina. O joio são os
filhos do maligno, o diabo. Nos estágios iniciais do
seu crescimento o joio parece ser exatamente igual ao
trigo em cor e em forma. Mesmo um perito não os
pode discernir até que os frutos apareçam. Há uma
grande diferença entre o fruto do joio e o fruto do
trigo, porque o fruto do joio é preto e o do trigo é
amarelo esverdeado. Os filhos do reino são os filhos
de Deus que têm a vida divina neles. Os filhos do
maligno são os falsos crentes, crentes apenas no
nome, que não têm a vida Divina neles.

D. Os Servos do Rei Queriam Arrancar o Joio,


mas o Rei Permitiu que o Joio Crescesse com o
Trigo até a Colheita
Quando os servos do Rei quiseram arrancar o
joio (v. 28), Ele disse: “Não! (...) para que, ao ajuntar
o joio, não arranqueis também com ele o trigo”. O
joio e o trigo crescem no campo e o campo é o mundo
(v. 38). Os falsos e os verdadeiros crentes vivem no
mundo. Ajuntar o joio do campo significa tirar os
falsos crentes do mundo. O Senhor não queria que os
Seus servos fizessem isso porque, uma vez que
tirassem os falsos crentes do mundo, os verdadeiros
poderiam ser arrancados também. A Igreja Católica
fez muito isso e assim matou muitos crentes
verdadeiros.
Muitos mestres cristãos têm interpretado
erradamente o campo, dizendo que ele é a igreja. De
acordo com essa interpretação, na igreja há falsos e
verdadeiros crentes. Mas o Senhor disse claramente
no versículo 38 que campo é o mundo. É permitido
ao trigo e ao joio crescerem juntos no mundo, não na
igreja. De acordo com as Epístolas, não é permitido
nem mesmo aos pecadores permanecer na igreja. Em
1 Coríntios 5 o apóstolo Paulo encarregou a igreja em
Corinto de excomungar o pecador. Se até mesmo os
verdadeiros, porém pecadores devem ser expulsos,
quanto mais os falsos? A igreja não deve tolerar os
falsos crentes, mas tanto aos falsos como aos
verdadeiros é permitido crescerem juntos no mundo.
Vocês devem ter clareza de que o campo refere-se ao
mundo. No mundo há falsos e verdadeiros crentes,
porém não deve ser assim na igreja.
O Senhor disse aos Seus servos para não separar
o trigo do joio, mas permitir que ambos cresçam
juntos até a colheita. Caso contrário, o trigo poderia
ser arrancado com o joio. Isso significa que se deve
permitir que os falsos crentes vivam com os crentes
verdadeiros no mundo. Nos séculos passados a Igreja
Católica cometeu sérios erros ao tentar arrancar os
que eram considerados joio. Mas a maior parte dos
que foram tomados pela Igreja Católica eram os
verdadeiros, até mesmo os melhores. Essa é a razão
porque o Senhor Jesus não permitiu a Seus servos
fazer tal coisa.

E. O Tempo da Colheita – a Consumação das


Eras
O versículo 30 diz: “Deixai crescer ambos juntos
até a colheita, e, no tempo da colheita, direi aos
ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes
para queimá-lo; mas o trigo, recolhei-o no meu
celeiro”. A colheita é a consumação dos séculos, e os
ceifeiros são os anjos (v. 39). Na consumação desta
era, o Senhor enviará os anjos primeiramente para
reunir todo o joio, tudo o que serve de tropeço e os
que praticam iniqüidades, atando-os em feixes, e
queimando-os com o fogo do lago de fogo (vs. 30, 40-
42). Então o trigo, os justos, serão introduzidos no
celeiro do Rei, o reino do seu Pai, para resplandecer
como o sol (vs. 30, 43).
Em Gálatas 2:4 e 2 Coríntios 11:26 Paulo
menciona os falsos irmãos, dizendo que foi
prejudicado por eles. Isso indica que na época de
Paulo o joio estava presente. É claro, a maioria veio
desde que Constantino fez do cristianismo a religião
estatal.
Nessa parábola o Senhor mostra a questão séria
do julgamento sobre o joio. Esse será um julgamento
especial, porque o joio será atado em feixes e lançado
na fornalha acesa que é o lago de fogo. Os dois
primeiros a serem lançados no lago de fogo serão o
anticristo e o falso profeta. Após eles, o joio será
lançado no lago de fogo na vinda do Senhor. O
julgamento sobre o joio será muito sério porque ele
confundiu, frustrou e prejudicou a economia de Deus.
Aos olhos de Deus o joio é extremamente maligno.
Os modernistas de hoje são malignos. Eles
blasfemam contra o Senhor dizendo que Ele era filho
ilegítimo. Também dizem que o Senhor Jesus não foi
o Redentor, que Sua morte foi a de um mártir, e não
para a redenção. Eles também negam que Cristo
ressuscitou. E mais, alguns modernistas são muito
vagos sobre Deus. É difícil determinar o que eles
crêem com respeito a Deus. Se lhes perguntar sobre
Deus, Cristo ou o Espírito, responderão que tudo é
uma questão de definição. Essa resposta é sutil e
mais do que maligna. Por isso, na consumação desta
era, os anjos atarão o joio em feixes e os lançarão no
lago de fogo. Não será necessário que eles passem
pelo julgamento do trono branco. Por esse
julgamento podemos ver quão maligno é o joio aos
olhos do Senhor. Embora o joio tenha causado
confusão, frustração e prejuízo, alguns grupos que se
denominam cristãos, na verdade, orgulham-se de tê-
lo entre eles, e nos condenam por não ter nenhum
joio.
Quando o Senhor veio, Ele não semeou joio; Ele
semeou apenas trigo. Em Sua obra preliminar para o
estabeleci mento do reino, Ele semeou apenas a Si
mesmo, e foi muito cuidadoso ao fazê-lo, semeando
apenas um tipo de semente. Enquanto os servos do
Senhor estavam dormindo, o inimigo, o maligno,
Satanás, veio semear outra semente, a semente do
joio. Isso ocorreu não muito tempo depois que a
igreja foi estabelecida no dia de Pentecostes. O livro
de Atos indica que alguns falsos cristãos que não
receberam Cristo neles como vida, entraram
aparentemente como verdadeiros. Mas eles eram joio,
não trigo. No início do século IV, Constantino, o
Grande, fez do cristianismo a religião estatal do
Império Romano. Naquele tempo dezenas de
milhares de falsos crentes entraram no cristianismo.
A fim de torná-los cristãos, Constantino os
encorajava a ser batizados. A muitos dos que foram
batizados no cristianismo foi dada uma recompensa
material em prata ou roupas. Essa foi a maior
oportunidade para o maligno semear seu joio. Talvez,
naquele tempo, eles fossem dez joios para cada pé de
trigo. Isso continuou até a o presente. N a
cristandade há milhões dos assim chamados cristãos,
mas muitos deles não são cristãos verdadeiros.
Deixe-me ilustrar isso com a minha experiência.
Minha mãe freqüentava a denominação Batista do
Sul. Ela nos ensinou as histórias da Bíblia; entretanto,
naquela época, embora ela fosse pelo cristianismo,
ela mesma definitivamente não era salva. Havia tanto
j oio lá que foi difícil achar o trigo. O professor de
história universal da Faculdade Presbiteriana
Americana onde eu estudei tinha um antecedente
judaico. Ele era um falso crente, que não cria na
Bíblia nem na ressurreição de Cristo. No entanto, a
Missão Presbiteriana enviou-o como professor
missionário para lecionar na escola deles. Alguns dos
missionários na China eram modernistas. Tanto
entre os metodistas como entre os presbiterianos, os
missionários modernistas ensinavam às pessoas que
a Bíblia era um livro de contos de fadas. Eles diziam
que o Mar Vermelho não foi de fato aberto por Deus,
mas que os israelitas atravessaram por uma porção
do mar que se tornou raza devido ao sopro do vento.
Hoje os modernistas devem ter penetrado nos
seminários até mesmo dos Batistas do Sul. O Union
Theological Seminary em Nova York tratou John
Sung como um caso de problema mental. Após ter
sido salvo, John Sung ficou fora de si por causa do
Senhor, mas os seminaristas acharam que ele estava
com problema mental e o enviaram para um hospital
de doentes mentais. Após retomar à China, John
Sung pregou o evangelho e tornou-se, provavelmente,
o maior evangelista na China. Na cristandade de hoje
há milhares e milhares de joios.
Em Mateus 13 vemos um retrato da aparência
exterior do reino dos céus. (Consulte o quadro nas
páginas 508 e 509). O reino de Deus vai da
eternidade passada à eternidade futura. Entre as
duas eternidades há um tempo dividido em
diferentes eras ou dispensações. A primeira é a
dispensação antes da lei. Após Adão ter sido criado,
ele foi colocado no jardim onde não havia pecado ou
trevas. Após isso é o período dos patriarcas, os pais,
estendendo-se até Moisés. O período dos patriarcas é
conhecido como a dispensação antes da lei. Então, a
seguir, temos a dispensação da lei. Depois há duas
dispensações cruciais, a primeira, que é a
dispensação da graça, a era da igreja, e a outra que é
a dispensação do reino, o milênio. Como já
mostramos, o reino dos céus abrange apenas essas
duas dispensações. Na dispensação da graça há
muitas complicações porque o reino dos céus tem
três aspectos: o aspecto da realidade, o da aparência
e o da manifestação. Se a igreja é normal ela é a
realidade do reino. Numa situação normal a igreja
equivale à realidade do reino. O terceiro aspecto do
reino, a manifestação, é a parte celestial, a parte
superior, do milênio. A parte inferior, a parte terrena,
é o reino Messiânico, o reino do Messias, mas a parte
celestial é a manifestação do reino dos céus. Essa
parte celestial em 13:4 3 é também chamada de reino
do Pai, enquanto a parte terrena é chamada em
Mateus 13:41 de reino do Filho do Homem. Portanto,
o reino do Filho é o reino do Messias, e o reino do Pai
é a manifestação do reino dos céus.
Nesta mensagem estamos estudando a aparência
do reino. No quadro registramos a aparência do reino
com uma linha pontilhada. Aparentemente a
cristandade é diferente do mundo, mas na verdade
não há nenhuma diferença. A aparência do reino dos
céus é a cristandade de hoje. Ela é tenebrosa,
demoníaca, e até mesmo infernal, e todos devemos
condená-la. Onde está você? Na aparência ou na
realidade do reino? Você estava no mundo, mas
agora está na igreja. Mas a igreja não mais está
normal, ela se tornou anormal. Portanto, há
necessidade da linha pontilhada dentro da igreja. A
igreja normal é a realidade, mas a área da linha
pontilhada indica a igreja anormal. Todos os cristãos
verdadeiros estão na igreja, mas alguns deles
tornaram-se anormais e derrotados. Você pode dizer
que não está no mundo nem na cristandade, a
aparência do reino. Está na igreja. Mas você está na
igreja em uma situação normal ou anormal? Os
crentes que são o solo com espinhos são anormais.
Eles são os cristãos verdadeiros, mas o crescimento
da semente é sufocado pelos espinhos a fim de que
eles não produzam frutos. Os frutos denotam
multiplicação e expressão. Mas os crentes que estão
no nível da constituição do reino dos céus são
normais. Eles são pobres em espírito, puros de
coração; todos trataram seu temperamento, lascívia,
ego e carne; não têm ansiedade e não são iludidos
pelo dinheiro. Eles são a boa terra para o crescimento
de Cristo no reino. Por isso, estão na igreja normal,
que é a realidade do reino dos céus.
Quando o Senhor Jesus voltar, onde você estará?
Se perseverarmos até o fim, isto é, guardarmo-nos no
espírito até o fim, seremos sal vos e estaremos na
manifestação do reino dos céus, a parte celestial do
milênio. Os que estiverem lá reinarão com Cris to. De
acordo com 13:43, eles “resplandecerão como o sol,
no reino de seu Pai”. Esse é o verdadeiro celeiro onde
todo o trigo resplandecerá sobre as nações. Esse
resplandecer será o governar, o reinar como reis.
Precisamos ver que o cristianismo de hoje está
em trevas. Muitos não sabem onde estão, onde
deveriam estar ou para onde irão. Mas na Bíblia há
luz, e a visão é muito clara. O que vimos não está de
forma alguma de acordo com o conceito humano; é
uma palavra segundo a revelação divina. Tudo nesse
quadro está confirmado na Bíblia. Todos na
restauração do Senhor devem estar profundamente
impressionados com esse quadro. Estamos numa era
de complicações. Cristo veio e semeou a semente,
mas o inimigo também veio e fez coisas para causar
complicações. Assim, nesta era temos as pessoas do
mundo; o trigo, os filhos do reino, os filhos de Deus;
e o joio, os falsos crentes, os cristãos nominais, os
filhos do diabo, que estão entre os filhos de Deus.
Muitos dos filhos do reino tomaram-se degradados e
caíram abaixo do padrão. Conseqüentemente, são
anormais.
Assim, há quatro classes de pessoas: os crentes
normais, os crentes anormais, os falsos crentes, e as
pessoas do mundo. Dia após dia estamos envolvidos
com todas essas quatro categorias. No próprio lugar
onde você trabalha todos os quatro tipos podem ser
representados. Precisamos encarar essa situação na
era atual com uma visão clara. Não queremos estar
com o mundo nem ser uma parte da cristandade. E
mais, não queremos ser cristãos verdadeiros,
contudo anormais. Antes, queremos ser cristãos
verdadeiros e normais, verdadeiros filhos do reino
que vivem de acordo com a constituição do reino dos
céus. Queremos produzir Cristo vivendo uma vida
conforme essa constituição. Tudo o que produzirmos
será a multiplicação que é o constituinte do reino dos
céus. Portanto, hoje não apenas estamos na
realidade-somos a realidade. Então quando o Senhor
Jesus, o Rei, vier novamente, estaremos na
manifestação do reino dos céus, resplandecendo
sobre o mundo para reinar como co-reis de Cristo e
desfrutar a parte celestial do milênio.
MENSAGEM 38

DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DO REINO


(4)
N esta mensagem continuaremos a ver a
aparência exterior do reino dos céus. Como a
parábola do joio revela, os constituintes do reino são
os filhos do reino, os quais têm a vida divina dentro
deles. Entretanto, o joio, os filhos do diabo, veio. Por
causa desses falsos cristãos entre os constituintes, o
reino em sua aparência exterior tornou-se a
cristandade. Antes ele era simplesmente o reino de
Deus, mas agora tornou-se a cristandade com os
crentes verdadeiros e os falsos. Quando muitas
pessoas falam sobre o cristianismo, elas, na verdade,
estão falando sobre a cristandade. O reino dos céus
não é tão amplo como a cristandade, porque o reino é
menor do que a cristandade e parece estar dentro
dela. O reino é verdadeiro, composto dos
constituintes genuínos que são os filhos do reino, os
filhos de Deus. Mas o joio semeado por Satanás
provocou uma mistura entre os assim chamados
cristãos na aparência exterior do reino dos céus que é
a cristandade.

III. O DESENVOLVIMENTO ANORMAL DA


APARÊNCIA EXTERIOR DO REINO
O Senhor organizou as parábolas em Mateus 13
em uma seqüência muito boa. Primeiro temos a
parábola do semeador, que semeia a semente para
produzir os constituintes do reino dos céus. Então
temos a parábola do j aio semeado pelo inimigo, os
falsos crentes entre os constituintes que fazem o
reino dos céus tornar-se a cristandade. Após a
parábola do joio, temos a parábola do grão de
mostarda (13:31-32).

A. O Reino dos Céus É Semelhante a um Grão


de Mostarda
O versículo 31 diz: “O reino dos céus é
semelhante a um grão de mostarda”. Tanto o fruto do
trigo nas duas primeiras parábolas como o da
mostarda aqui na terceira parábola, é para comer.
Isso indica que as pessoas do reino, os constituintes
do reino e da igreja, devem ser como uma colheita
para produzir alimento que satisfaz a Deus e aos
homens. O trigo e a mostarda são bons para alimento.
De fato, é muito saudável e nutritivo comer pão com
mostarda. Todavia, na segunda e terceira parábola
vemos o pensamento do maligno, a sutileza de
Satanás. O maligno veio semear joio no meio do trigo.
Como qualquer fazendeiro pode dizer-lhes, o joio
frustra muito o crescimento do trigo, porque
consome a fertilidade do solo que é o meio de nutrir o
trigo que está crescendo. Porque o solo foi
consumido, gasto pelo joio, o trigo não pode crescer
adequadamente. Podemos aplicar isso à nossa
situação presente. Muitos falsos cristãos frustraram o
crescimento dos cristãos genuínos. Onde quer que
haja muitos falsos crentes, é difícil para os
verdadeiros cristãos crescer em vida. Essa é a sutileza
do inimigo. Como veremos, a sutileza do inimigo com
respeito ao grão de mostarda é fazê-lo crescer até
tornar-se uma árvore muito grande que não mais é
boa para se comer.

B. O Rei Celestial Semeou uma Semente de


Mostarda em Seu Campo
Por um lado, o que o Senhor semeou é o grão de
trigo. Mas por outro, é um grão de mostarda. O grão
de trigo e o grão de mostarda representam Cristo
como alimento para nós em diferentes aspectos. Ele é
o trigo e a mostarda para nossa nutrição.

C. O Grão de Mostarda Cresceu mais do que


as Hortaliças e Tornou-se uma Árvore
O versículo 32 diz que depois que o grão de
mostarda cresce, torna-se “maior do que as hortaliças,
e se faz árvore”. A igreja, que é a corporificação do
reino, deveria ser como uma hortaliça para produzir
alimento, mas tornou-se uma árvore, habitação de
pássaros, tendo, pois, sua natureza e função mudadas.
(Isso é contrário à lei da criação de Deus, de que cada
planta deve ser segundo a sua espécie (Gn 1:11-12).
Isso ocorreu quando Constantino, o Grande,
misturou a igreja com o mundo no início do século IV.
Ele trouxe milhares de falsos crentes para o
cristianismo, tornando-o a cristandade, não mais a
igreja. Por isso essa terceira parábola corresponde à
terceira das sete igrejas em Apocalipse 2e 3, a igreja
em Pérgamo (2:1217). o ciclo de vida da mostarda é
anual, enquanto a árvore é uma planta perene. A
igreja, segundo a sua natureza celestial e espiritual,
deve ser como a mostarda, peregrina na terra. Mas
com a sua natureza mudada, a igreja tornou-se
profundamente enraizada e estabelecida na terra
como uma árvore, florescente em seus
empreendimentos como os ramos para alojar muitas
pessoas e coisas malignas. Isso formou a organização
exterior da aparência do reino dos céus.
Um grão de mostarda tornar-se uma árvore é
uma violação do princípio ordenado por Deus em Sua
criação para coisas vivas-de que cada planta deve ser
segundo a sua espécie. Gênesis 1 refere-se a isso,
onde nos é dito que cada vida cresce conforme a
espécie. Um pêssego cresce conforme a espécie do
pêssego e uma maçã cresce segundo a espécie das
maçãs. Esse princípio se aplica não apenas à vida
vegetal, mas também à vida animal e até mesmo à
vida humana. Cada tipo de vida deve desenvolver-se
conforme a sua espécie. Uma vaca deve ser uma vaca,
um burro deve ser um burro e um cavalo deve ser um
cavalo. Uma mula é um exemplo de animal que não é
conforme a espécie. Uma mula nem é uma égua nem
é um jumento; é um híbrido da égua e do jumento. Se
determinada forma de vida vegetal não é conforme
sua espécie, isso é anormal e não está de acordo com
os princípios ordenados por Deus em Sua criação.
Observando esse princípio, a mostarda deve ser
conforme a espécie de mostarda e a árvore conforme
a espécie da árvore. É anormal que uma mostarda
quebre o princípio de Deus e se tome árvore. Mas, ao
crescer como árvore, a mostarda, uma erva, quebrou
esse princípio. Esse crescimento é anormal, é uma
violação aos regulamentos de Deus. Suponha que a
vida humana se desenvolvesse sem qualquer ordem,
e alguns chineses crescessem como bois, alguns
japoneses como cavalos e alguns americanos como
elefantes. Quão grotesco seria isso! Graças a Deus
que em Sua criação Ele pôs um princípio governante
em cada tipo de vida! Entretanto, quando o Senhor
semeou a semente de mostarda, essa erva cresceu até
tomar-se árvore. Quão anormal é tal
desenvolvimento!
Quando jovem, li alguns livros que diziam que
essa grande árvore era algo positivo. Mas essa árvore,
embora muito grande, não é positiva de forma
nenhuma. Suponha que um homem crescesse como
um elefante. Isso seria positivo ou negativo? Todos
ficaríamos aterrorizados com tal desenvolvimento
anormal. A cristandade de hoje é imensa e
diabolicamente anormal. Ela não é apenas uma
árvore, mas uma grande árvore. Com isso vemos que
não somente a natureza dos constituintes do reino foi
mudada mas que o tamanho do reino tomou-se
anormal. A fim de que uma hortaliça seja boa para
alimento, ela não deve crescer tanto. Quando uma
hortaliça cresce de forma anormal, ela não é mais
macia, deliciosa ou boa para se comer. Em Sua
economia Deus quer que Seus filhos sejam como
trigo ou mostarda, quanto menor e mais tenro,
melhor. Além disso, devemos ser como plantas
anuais, como o trigo e a mostarda, nenhum dos quais
permanece mais de um ano. As pessoas da igreja
devem ser anuais e não como as plantas que duram
muitos e muitos anos. Não devemos estar
profundamente enraizados na terra por um longo
período, porque a intenção do Senhor é que
tenhamos uma permanência temporária na terra.
Uma vez que somos anuais como o trigo e as
hortaliças, produziremos o melhor gênero
alimentício, grãos para fazer pães e mostarda para
passar no pão. Isso proporcionará aos outros
excelentes alimentos para nutrição e satisfação.
Todavia, o inimigo fez da mostarda uma árvore
duradoura que não produz qualquer alimento.

D. As Aves do Céu Vieram e se Aninharam nos


Seus Ramos
O versículo 32 também diz que as aves do céu
vieram e se aninharam nos ramos dessa árvore. Em
vez de produzir alimento, essa árvore é um abrigo
para aves. Porque as aves nessa primeira parábola
representam o maligno, Satanás (vs. 4, 19), as aves
do céu, no versículo 32, devem referir-se aos espíritos
malignos de Satanás com as pessoas e coisas
malignas motivadas por eles. Eles se alojam nos
ramos da grande árvore, isto é, nas empresas da
cristandade. As aves se referem ao maligno e às
pessoas, questões e coisas malignas-em resumo, a
todo mal que diz respeito ao maligno. Na cristandade
de hoje há muitas pessoas, coisas e questões
malignas. A cristandade tomou-se uma grande árvore
que não produz fruto, mas que é um lugar de
habitação para tantas coisas malignas.
Quando essa parábola foi dita pelo Senhor, ela
era uma profecia, mas hoje tomou-se história. No
Vaticano vemos o cumprimento dessa parábola. O
Vaticano é até mesmo um país independente,
formado por um acordo entre Mussolini e o Papa.
Daquela época em diante, o Vaticano e várias nações
do mundo trocaram embaixadores. Essa é uma
indicação adicional de que a religião cristã tomou-se
uma grande árvore. Atualmente há
aproximadamente oitocentos milhões de católicos no
mundo, talvez um quarto da população mundial, sob
a autoridade do Papa. Esse grande número de
pessoas está sob o sistema papal. Embora o
cristianismo se tenha tomado uma grande árvore, em
Lucas 12 o Senhor Jesus chamou Sua igreja de
“pequeno rebanho”. Não deveríamos estar na grande
árvore, mas permanecer no pequeno rebanho.
Se visitar o Vaticano verá que ele é uma grande
árvore, uma pousada cheia de mui tos pássaros. O
mesmo é encontrado nas Igrejas Católicas dos
Estados Unidos e nas grandes denominações. Na
Igreja Católica e nas denominações é difícil encontrar
um grão de trigo ou um grão de mostarda. Em vez de
alimento, há alojamento para aves. Essa é a situação
atual, a aparência do reino dos céus.

IV. A CORRUPCÃO INTERIOR

DA APARÊNCIA EXTERIOR DO REINO

A. A Parábola do Fermento
No que diz respeito à aparência do reino há três
itens: a natureza mudada, o joio; a aparência exterior
mudada, a fachada, a grande árvore; e a podridão e a
corrupção, o fermento. Isso nos leva à parábola do
fermento.

l. O Reino dos Céus É como Fermento


O versículo 33 diz: “Disse-lhes outra parábola: O
reino dos céus é semelhante a fermento, que uma
mulher tomou e escondeu em três medidas de
farinha, até ficar tudo levedado”. O fermento na
Bíblia representa as coisas malignas (1Co 5:6, 8) e
doutrinas malignas (Mt 16:6, 11-12).

2. Uma Mulher (a Igreja Católica Apóstata)


Tomou o Fermento e o Escondeu

em Três Medidas de Farinha


O versículo 33 diz que uma mulher tomou o
fermento e o escondeu em três medidas de farinha. A
igreja, como o reino dos céus prático, com Cristo-a
fina flor de farinha não levedada como seu conteúdo,
deve ser o pão não levedado (1Co 5:7-8). Entretanto,
a Igreja Católica, que foi inteira e oficialmente
formada no século VI e que é representada aqui pela
mulher, adquiriu muitas práticas pagãs, doutrinas
heréticas, e questões malignas e misturou-as com os
ensinamentos a respeito de Cristo para fermentar
todo o conteúdo do cristianismo. Essa quarta
parábola corresponde à quarta das sete igrejas em
Apocalipse 2 e 3, a igreja em Tiatira (2:18-29). Isso
tomou-se a essência interior da aparência exterior
d2:1), representa Cristo como alimento para Deus e
os homens. Três medidas é a quantidade necessária
para fazer uma refeição completa (Gn 18:6). Portanto,
esconder o fermento em três medidas de farinha
significa que a Igreja Católica fermentou totalmente
de maneira oculta todos os ensinamentos com
respeito a Cristo. Essa é a situação da Igreja Católica
Romana. Isso é absolutamente contra a Bíblia, que
proíbe fortemente pôr fermento na oferta de
manjares (Lv 2:4-5, 11).
A parábola do fermento revela a questão da
mistura. As três medidas de farinha referem-se à flor
de farinha feita de grão de trigo. Essa farinha fina era
sempre usada na oferta de manjares, o alimento para
os sacerdotes de Deus. Os que serviam a Deus como
sacerdotes alimentavam-se da flor de farinha da
oferta de manjares. A oferta de manjares não era
apenas para a satisfação dos sacerdotes de Deus, mas
também para a satisfação do próprio Deus. Assim, a
oferta de manjares era alimento para os sacerdotes e
para Deus. A oferta de manjares é um tipo completo
de Cristo em Sua humanidade, com a flor de farinha
representando Cristo. Quando o Senhor apareceu a
Abraão, Abraão falou a Sara, sua esposa, para
preparar uma refeição completa com três medidas de
flor de farinha. Portanto, na Bíblia, três medidas
denotam uma refeição completa. O fato de que três
medidas de farinha foram levedadas por uma mulher
indica que todas as coisas relacionadas a Cristo
foram levedadas por essa mulher maligna.
A mulher de Mateus 13 é a Jezabel de Apocalipse
2. Segundo a história, Tiatira representa a Igreja
Romana apóstata. A Igreja Romana apóstata é a
mulher de Mateus 13 e a Jezabel de Apocalipse 2.
Finalmente essa mulher maligna se tomará a grande
prostituta, chamada de Babilônia, a Grande, vista em
Apocalipse 17. Assim, a mulher em Mateus 13,
Apocalipse 2 e 17 é a Igreja Católica apóstata. Depois
que o sistema papal foi estabelecido, as diversas
práticas pagãs introduzidas foram confirmadas por
aquele sistema. Isso está documentado no livro de
Alexander Hislop, The Two Babylons [As Duas
Babilônias].

3. Toda a Massa (Cristianismo) Foi Levedada


Mateus 13:33 diz “até ficar tudo levedado”. Toda
amassa, indicando o cristianismo, foi levedada e
corrompida. O autor de The Two Babylons, um livro
escrito para expor o fermento do catolicismo romano,
usou o termo reverendo indicando que ele mesmo
não estava totalmente purificado do fermento. Se ler
a história do cristianismo, você verá que tudo nele foi
levedado. Por exemplo, no Vaticano há uma suposta
pintura da Trindade. Entre a figura de um velho, que
representa o Pai, e um jovem, que representa o Filho,
há uma jovem senhora, chamada mãe de Deus.
Acima desses três há uma pomba, que denota o
Espírito Santo. De acordo com essa figura, Maria tem
um lugar na deidade, e a trindade tomou-se uma
quaternidade. Que fermento! A Igreja Católica
Romana levedou todas as coisas relacionadas a Cristo.
Eles têm Cristo, a farinha, mas colocaram fermento
nela. Eles também têm o cálice de ouro, mas este está
cheio de abominações (Ap 17:4). Não há dúvida de
que a Igreja Católica Romana tem certa quantidade
de coisas divinas, representadas pelo cálice de ouro,
mas estão misturadas com abominações e toda
espécie de questões malignas. Essa é a cristandade de
hoje. Sem exceção, tudo na cristandade é uma
mistura. Considere o movimento carismático que foi
introduzido no catolicismo misturado até mesmo
com a adoração a Maria. Muitos católicos
carismáticos pensam que são espirituais, contudo
eles ainda adoram Maria. A Igreja Católica Romana
também tem o que é chamado de missas carismáticas.
Tudo o que não é do Espírito ou de Cristo é
fermento. Fermento é algo adicionado para tomar as
coisas fáceis de comer. Sem fermento, o pão seria
duro e difícil de se comer e digerir. A Igreja Católica
usa isso como desculpa para utilizar fermento. Eles
dizem que devem facilitar para que as pessoas
recebam Cristo. A Igreja Católica diz que Cristo é
misterioso, espiritual, e abstrato e que as pessoas
precisam de retratos Dele a fim de percebê-Lo. Nosso
ser natural gosta de usar certos métodos para tomar
as coisas espirituais mais fáceis de serem assimiladas.
Isso é o que a Bíblia chama de fermento, e devemos
ter cuidado com ele. Devemos ser purificados de todo
fermento.
Não apenas a Igreja Católica tomou o fermento,
mas as denominações e os grupos protestantes
também o fizeram. Música rock e teatro são tipos de
fermento usados para tomar as coisas espirituais
mais fáceis de as pessoas aceitarem. Quando estava
na China, conheci alguns jovens de determinada
organização que misturava basquete com a pregação
do evangelho. Usar basquete para pregar o evangelho
também é fermento. Duvido que muitos tenham sido
de fato salvos por isso o princípio da ACM é fermento,
porque o objetivo deles é trazer o padrão celestial ao
nível terreno, trazer o evangelho para a sociedade
secular de maneira mundana. Tantas coisas no
cristianismo são fermento. Isso inclui Natal, Páscoa,
ídolos, retratos, imagens, música rock, teatro e todo o
sistema ACM. Devemos ser cuidadosos a fim de não
tomar nada além de Cristo para o propósito de Deus,
porque qualquer coisa além Dele é fermento. Oh! o
sutil está à espreita esperando alguém para ser sua
presa! Podemos facilmente tomar-nos sua presa
porque em nossa natureza humana está o desejo de
facilitar para que as pessoas experimentem as coisas
espirituais. Mas tudo o que você usar para ajudar as
pessoas a tocar as coisas espirituais é um tipo de
fermento. A maneira pura e santificada de pregar o
evangelho e levar as pessoas a Cristo é a oração e o
ministério da Palavra. Não tome nenhuma outra
maneira. Se após orar e ministrar a palavra, as
pessoas ainda não receberem o evangelho, isso é com
o Senhor. Se as pessoas receberão ou não a nossa
palavra é uma questão da vontade do Pai. Não
queremos usar truque algum para ajudarem nossa
pregação. Todo artifício é fermento. Não somos por
uma obra ou por um movimento-somos pelo
testemunho de Jesus.
No que diz respeito à aparência do reino dos
céus há três questões: o joio, a natureza mudada do
povo do reino; a grande árvore, a falsa fachada; e o
fermento, a corrupção interior e a podridão.
Podemos aplicar essa figura ao cristianismo de hoje.
Em toda parte no cristianismo podemos ver joio,
crescimento anormal e a corrupção causada pelo
fermento. Em quase todas as partes do cristianismo
há corrupção. Embora haja determinada quantidade
de verdade, ela está misturada com fermento. Em vez
de pureza, há mistura. Os que se nos opõem e
criticam, alegando defender a verdade, devem
considerar todas essas coisas. Louvado seja o Senhor
pois temos sido chamados para fora da fachada e
guardados do fermento! Todavia, devemos estar
alertas para não permitir que algum outro tipo de
fermento penetre. Tenha cuidado para não tomar
algo além de Cristo. Ao edificar a igreja e espalhar o
testemunho do Senhor, a única maneira é orar e
ministrar a Palavra pura. Aos olhos de Deus,
qualquer artifício-além de Cristo, da Palavra, da
oração e do Espírito-é fermento. Devemos orar até
que nossa pregação esteja no poder do Espírito, e
devemos orar até que nosso testemunho seja enchi
do com as riquezas de Cristo. Essa é a pura farinha
como alimento para Deus e para o homem. Isso é o
que o Senhor quer hoje.
Creio que a razão por que o Senhor deu todas
essas parábolas mostrando os mistérios do reino, foi
para ajudar os apóstolos e os primeiros discípulos a
perceber que isso é o reino dos céus. Devemos ver a
diferença entre a realidade e a aparência do reino. A
realidade é preciosa para Deus, mas a aparência é-
Lhe abominável. Por isso, devemos entesourar a
realidade e rejeitar a aparência. Não apreciamos o
joio, a grande árvore ou a corrupção. Desejamos a
pura flor de farinha de trigo e a pequena erva
mostarda, que são boas para alimento. Esse é o
testemunho da igreja, que é alimento para Deus e
para o homem. Apenas vindo para a restauração do
Senhor é que os famintos e sedentos poderão
encontrar o puro alimento para a satisfação espiritual
deles. Muitos de nós podem testificar que estávamos
famintos durante anos, mas uma vez que entramos
na igreja fomos saciados. Nosso espírito falou-nos
que aqui na igreja há alimento. Aqui não há artifícios
ou fermento, mas a farinha fina com a mostarda.
Essa é a restauração do Senhor e a mesa de jantar.
Esse é o testemunho do Senhor sem o joio, a grande
árvore ou o fermento.

B. O Rei Celestial Falou às Multidões Apenas


por Parábolas
O versículo 34 diz: “Todas essas coisas falou
Jesus às multidões em parábolas, e sem parábolas
nada lhes falava”. Por causa da rejeição do povo, o
Rei celestial falou-lhes não em palavras claras, mas
em parábolas, a fim de guardar deles o segredo do
reino. O desvendar do reino tornou-se um mistério
para eles.
O que o Rei celestial fez foi cumprir a profecia
que dizia: “Abrirei os meus lábios em parábolas”
(SI78:2). Ao fazer isso, Ele revelou coisas ocultas
desde a fundação do mundo. O povo do reino foi
escolhido por Deus antes da fundação do mundo (Ef
1:4), mas os mistérios do reino estavam ocultos desde
a fundação do mundo. As coisas ocultas são as coisas
referentes ao reino. Elas são proferidas pelo Rei
celestial, mas de modo misterioso a fim de mantê-las
ainda um mistério para o povo.
MENSAGEM 39

DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DO REINO


(5)
Na Bíblia, o número sete é composto de seis
mais um, três mais quatro ou quatro mais três. As
sete igrejas em Apocalipse 2 e 3 são compostas de
três mais quatro. Mas as sete parábolas em Mateus 13
são compostas de quatro mais três. As primeiras
quatro foram faladas no barco, a céu aberto. São elas:
a parábola do semeador, do joio, do grão de mostarda
e do fermento. As três últimas foram dadas
particularmente aos discípulos em casa. As quatro
parábolas anteriores a respeito da aparência exterior
do reino foram faladas publicamente pelo Rei
celestial no barco para as multidões (vs. 2, 34),
enquanto as três parábolas que se seguem foram
faladas particularmente na casa para os discípulos (v.
36). Isso indica que as coisas tratadas nessas três
parábolas são mais ocultas.
Em cada uma das primeiras quatro parábolas
havia algo relacionado ao comer. Por isso vemos que
as primeiras quatro parábolas tratam da questão do
alimento. A intenção de Deus é ter um povo na terra
para ser os constituintes do Seu reino, e esse povo
deve ser como alimento que é bom para satisfazer a
Deus e aos homens. Mas o inimigo veio plantar joio
no meio do trigo a fim de frustrar o crescimento do
trigo e danificá-lo. Todavia, um pouco de trigo
cresceu e se multiplicou. Assim, na quarta parábola
temos a farinha. A farinha fina vem do trigo. A razão
por que o Senhor Jesus semeou sementes de trigo foi
que Deus deseja ter uma farinha fina. Embora
Satanás, o inimigo de Deus, tenha semeado joio no
meio do trigo para frustrar seu crescimento, Deus
não pode ser derrotado. Algum trigo cresceu para
produzir grãos, e os grãos foram moídos e
transformados em farinha fina para fazer um pão.
Enquanto isso ocorria, Satanás fez com que a
mostarda, que seria uma fonte de alimento, crescesse
de modo anormal e se tornasse uma grande árvore, e
com isso perdesse sua função de produzir alimento.
Em vez disso, ela tornou-se uma hospedaria maligna.
Esse é um retrato da cristandade de hoje. Nas
diversas organizações cristãs vemos grandes edifícios,
escritórios e hierarquias complexas. Vemos os ramos
da grande árvore, mas nada de farinha fina ou
mostarda. De acordo com a quarta parábola, Satanás,
então, adiantou-se adicionando fermento à farinha.
Aqui vemos a sutileza de Satanás. Primeiramente ele
semeou joio no meio do trigo para frustrar o
crescimento do trigo; em segundo lugar, fez com que
a mostarda crescesse de modo anormal e perdesse
sua função; em terceiro, vendo que algum trigo fora
produzido para se fazer farinha para um pão a fim de
satisfazer a Deus e aos homens, Satanás adicionou
fermento.
As primeiras quatro parábolas estão
relacionadas à lavoura. Em 1 Coríntios 3:9 Paulo diz:
“Lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós”. Nesse
capítulo vemos que a lavoura de Deus por fim produz
ouro, prata e pedras preciosas. Quão misterioso é o
fato de que o produto da lavoura de Deus torna-se
ouro, prata e pedras preciosas, materiais para a
edificação de Deus. A lavoura de Deus produz coisas
com vida e essas coisas tornam-se os materiais para a
edificação de Deus. Assim, a lavoura de Deus é para o
edifício de Deus.
Nas primeiras quatro parábolas em Mateus
temos a vida crescendo, e na parábola seguinte temos
o tesouro escondido no campo. O tesouro deve ser
composto de ouro, prata e pedras preciosas, e é
provável que seja principalmente de pedras preciosas.
Na parábola seguinte encontramos a pérola. A Nova
Jerusalém é edificada com ouro, pedras preciosas e
pérola. Ouro é o material do terreno da cidade e
pedras preciosas e pérolas são os outros dois
materiais de construção para a cidade de Deus. Nas
primeiras quatro parábolas o Senhor revelou a vida
que produz Cristo no reino. Nas duas parábolas
seguintes Ele revelou a questão de transformação
para a edificação. Isso nos traz de volta ao
pensamento básico da Bíblia-vida e edificação. As
parábolas em Mateus 13 revelam a questão de vida e
edificação. A vida é o próprio Cristo como a semente
semeada em nossa humanidade. Essa vida cresce em
nós, produzindo Cristo no reino. O crescimento dessa
vida finalmente produz as pedras preciosas e pérolas.
Após gastar muito tempo em Mateus 13,
descobri que seu pensamento básico é o mesmo de 1
Coríntios 3. Em ambos os capítulos temos a lavoura
de Deus e o edifício de Deus. As primeiras quatro
parábolas estão relacionadas com a lavoura de Deus
para produzir Cristo no reino, e as duas parábolas
seguintes estão relacionadas com a transformação
para a produção dos materiais preciosos para a
edificação de Deus. Se não ficarmos impressionados
com essa questão, não seremos capazes de entender a
quinta e sexta parábola.
Consultamos vários livros que falam a respeito
de Mateus 13, mas nenhum deles toca a
profundidade desse capítulo. Nenhuma das
interpretações forneci das naqueles livros satisfez-
nos. Até mesmo D. M. Panton diz que o tesouro
escondido no campo é o reino e que a pérola é a
justiça, porque em 6:33 é-nos dito para buscar
primeiro o reino de Deus e a Sua justiça. O
ensinamento prevalecente entre os Irmãos Unidos
não penetrou as profundezas desse capítulo. Embora
D. M. Panton tenha visto que o tesouro escondido no
campo se referia ao reino, ele não tinha clareza sobre
a pérola. Nesta mensagem precisamos considerar
essas duas parábolas de maneira clara.

V. o REINO FOI ESCONDIDO NO MUNDO


CRIADO POR DEUS
O versículo 44 diz: “O reino dos céus é
semelhante a um tesouro oculto no campo, que um
homem achou e escondeu. E, na sua alegria, vai,
vende tudo o que tem, e compra aquele campo”. O
tesouro escondido no campo deve consistir em ouro
ou pedras preciosas, os materiais para a edificação da
igreja e a Nova Jerusalém (1 C03:12; A21:18-20).
Uma vez que a igreja é a prática do reino hoje, e a
Nova Jerusalém será a manifestação desse reino na
era vindoura, o tesouro escondido no campo
representa o reino escondido no mundo criado por
Deus.

A. O Reino dos Céus É como um Tesouro


Escondido no Campo
O campo no versículo 44 é a terra, que
representa o mundo criado por Deus para Seu reino
(Gn 1:26-28). Na Bíblia, a terra representa o mundo
criado por Deus e o mar representa o mundo
corrompido por Satanás. A terra também representa
Israel, a nação judaica, porque Israel foi escolhido
por Deus, separado por Deus e colocado por Deus
numa situação específica. Conseqüentemente, o povo
judeu encontra-se diante de Deus como a terra criada
por Ele. Baseado no mesmo princípio, o mar também
representa o mundo gentio, porque os gentios são o
povo corrompido por Satanás. Assim, na Bíblia, a
terra e o mar possuem dois significados cada um.
As primeiras quatro parábolas em Mateus 13
fornecem uma figura clara do assim chamado
cristianismo. Após proferir essas parábolas, o Senhor
falou particularmente aos discípulos as parábolas do
tesouro escondido no campo e da pérola do mar. Se
entendermos o significado da terra na Bíblia,
saberemos que o tesouro escondido no campo deve
ser o reino, e que a pérola, produzida no mar, deve
ser a igreja. O reino é verdadeiramente um tesouro
para o Senhor. Quão precioso ele é aos olhos do
Senhor! A igreja também é uma pedra valiosa para
Ele. O Senhor está buscando continuamente duas
coisas: o reino como o tesouro e a igrej a como a
pérola. Efésios 5:27 diz que Cristo apresentará a Si
mesmo uma igreja gloriosa, sem mácula, ruga ou
coisa semelhante. Isso é a igreja como uma bela
pérola produzida no mundo gentio, mas tirada dele.
O capítulo 1 de Gênesis diz que Deus criou a
terra e que criou o homem à Sua própria imagem
com a intenção de que o homem exercesse o seu
domínio sobre os animais, as aves e os peixes. Esse é
o reino na terra. Entretanto, o homem caiu. Mas o
Salmo 8 conclui com uma profecia. O versículo 1
desse Salmo diz: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão
magnífico em toda terra é o teu nome!” Quando a
terra estiver sob o domínio de Deus, Seu nome será
santificado e tornado excelente em toda a terra.
Referindo-se ao homem, o Salmo 8:6 diz: “Deste-lhe
domínio sobre as obras da tua mão, e sob seus pés
tudo lhe puseste”. Os versículos seguintes revelam
que o homem tem domínio sobre os animais do
campo, as aves do céu e os peixes do mar. Hebreus 2
revela que o homem descrito no Salmo 8
primeiramente é Cristo. Cristo é o homem que
introduz o domínio de Deus na terra e que torna
excelente o nome de Deus na terra. Além disso esse
homem é o Corpo de Cristo. Esse é o tesouro na terra,
o reino.
Daniel2 indica que a terra estará sob diferentes
aspectos do poder do mundo, mas Cristo será a pedra
vinda do céu para esmiuçar esses poderes mundanos
(Dn 2:34-35, 44-45). Essa pedra finalmente se
tornará em grande montanha que encherá toda a
terra. A pedra é Cristo, e a grande montanha é Cristo
aumentado para ser o reino universal na terra.
Apocalipse 11:15 diz: “O reino do mundo se tornou d
nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelo
séculos dos séculos”. Isso acontecerá na época do
milênio, quando toda a terra será o reino de Cristo.
Isso certamente é o tesouro escondido no campo.
O versículo 44 diz que o reino dos céus é como
um tesouro escondido no campo “que um homem
achou e escondeu. E, na sua alegria, vai, vende tudo o
que tem, e compra aquele campo”. O homem aqui é
Cristo, que achou o reino dos céus em 4:12 a 12:23,
escondeu-o em 12:24 a 13:43, e na Sua alegria foi à
cruz em 16:21; 17:22-23; 20:1819; e 26:1-27:52 a fim
de vender tudo o que tinha e comprar aquele campo-
para redimir a terra criada e danificada para o reino.
Cristo primeiramente encontrou o tesouro quando
saiu para ministrar, declarando: “Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus”. Quando a
rejeição dos judeus ao Senhor chegou ao máximo, Ele
os abandonou. Daquele momento em diante Ele
escondeu o tesouro. Então foi à cruz para comprar
não apenas o tesouro, mas também o campo, e assim
Ele redimiu a terra criada por Deus.
Cristo foi à cruz para redimir a terra criada por
Deus, porque dentro dela havia o reino, o tesouro.
Por causa do reino, por causa desse tesouro, Cristo
redimiu a terra criada por Deus. A fim de que possa
ter o reino na terra, Ele deve redimir a terra, porque
ela foi corrompida e danificada pela queda de
Satanás e pelo pecado do homem. O Senhor vendeu
tudo o que tinha e comprou a terra; isto é, na cruz Ele
sacrificou tudo o que tinha para redimir a terra por
causa do tesouro do reino. Sem dúvida esse reino se
torna real na vida da igreja. Mas a sua manifestação
está relacionada com a nação redimida de Israel. No
milênio, a terra se tornará o reino de Cristo. Naquele
tempo, a nação de Israel será o centro do reino de
Cristo. Portanto, o reino está relacionado
principalmente com a nação de Israel e envolvido
com ela.

VI. A IGREJA FOI PRODUZIDA PARA FORA


DO MUNDO CORROMPIDO POR SATANÁS

A. O Reino dos Céus É Semelhante a um


Negociante à Procura de Boas Pérolas
Os versículos 45 e 46 dizem: “O reino dos céus é
também semelhante a um negociante que procura
boas pérolas; e, tendo achado uma pérola de grande
valor, foi, vendeu tudo o que possuía, e a comprou”.
O negociante no versículo 45 também é Cristo, que
está buscando a igreja para Seu reino. Após encontra-
lo em 16:18 e 18:17, Ele foi à cruz e vendeu tudo o que
tinha e comprou-a para o reino.

B. A Obra do Rei Celestial


No versículo 46 vemos a obra do Rei celestial ao
adquirir uma pérola de grande valor. Na cruz Ele
vendeu tudo, tudo o que possuía, e comprou aquela
pérola. A pérola, produzida nas águas de morte (o
mundo cheio de morte) pela ostra viva (o Cristo vivo),
ferida por uma pequena pedra (o pecador) e
secretando a seiva de vida ao redor da pedra que o
feria (o crente), é também o material para a
edificação da Nova Jerusalém. Uma vez que a pérola
provém do mar, que representa o mundo corrompido
por Satanás (Is 57:20; Ap17:15), ela deve se referir à
igreja, que é principalmente constituída com os
crentes regenerados provenientes do mundo gentio, e
que é de grande valor.
O Senhor não apenas está buscando o reino; Ele
também deseja uma bela igreja, a pérola. Temos
enfatizado que de acordo com Apocalipse 21, a Nova
Jerusalém é edificada com pedras preciosas e pérolas.
Em outras palavras, a Nova Jerusalém é uma
combinação do tesouro e da pérola. Em Mateus 13 há
esses dois, o tesouro no campo e a pérola vinda do
mar. Mas em Apocalipse 21 eles estão combinados
em uma entidade. A Nova Jerusalém é tanto o reino
como a igreja. Em Mateus 16 os termos “igreja” e
“reino” são usados de modo permutável.
Primeiramente o Senhor disse: “Edificarei a Minha
igreja”; então Ele disse: “Dar-te-ei as chaves do reino
dos céus”. O fato de que esses termos são usados de
modo permutável significa que a igreja é igual ao
reino e o reino é igual à igreja. Por fim, na Nova
Jerusalém, o reino e a igreja tomam-se uma só
entidade.
A essa altura alguns podem estar formulando a
seguinte pergunta: Já que o reino é a igreja e a igreja
é o reino, qual a diferença entre eles? Isso nos leva a
uma questão difícil de entender. Deixe-me tentar
esclarecer perguntando se nós na restauração do
Senhor estamos na igreja ou no reino. É correto dizer
que estamos na igreja e no reino, mas devemos saber
em que sentido somos a igreja e em que sentido
somos o reino. Em outras palavras, devemos saber
em que sentido somos o tesouro e em que sentido
somos a pérola. Como o reino, somos algo da terra
criado por Deus e redimido por Cristo; e como a
igreja, somos algo proveniente do mundo
corrompido por Satanás e condenado por Deus. O
tesouro, o símbolo do reino, está escondido na terra.
Assim, ele está totalmente relacionado à terra. Mas a
pérola, o símbolo da igreja, nada tem a ver com a
terra. É algo proveniente do mar. Algo tão belo como
uma fina pérola foi produzida proveniente do mar
corrompido por Satanás e condenado por Deus.
Como a igreja, fomos produzidos no mundo, tirados
dele, e já não temos mais nada a ver com o mundo.
Embora sejamos a pérola proveniente do mar, não
estamos mais nele. Fomos regenerados para tornar-
nos uma bonita pérola. Sendo de outra categoria, não
temos mais nada a ver com esse mundo apodrecido.
Como o reino não temos mais nada a ver com o
mundo corrompido por Satanás, mas estamos
relacionados com a terra criada por Deus e redimida
por Cristo. Por um lado, estamos acabados para o
mundo; por outro, estamos edificando algo na terra.
Não estamos edificando uma torre de Babei; estamos
edificando o reino dos céus. Como Mateus 6:10 diz:
“Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim
na terra como no céu”. O reino de Deus não pode ser
estabelecido no mar, e a vontade de Deus não pode
ser feita no mundo corrompido por Satanás. A
vontade de Deus deve ser feita na terra criada por
Deus, e o reino de Deus deve ser estabelecido na terra
redimida por Cristo. Ao mesmo tempo estamos na
igreja e no reino, na pérola e no tesouro.
Quando a Nova Jerusalém vier, não haverá mais
mar, e a terra será renovada (Ap 21:1 ). Naquela nova
terra haverá uma combinação do tesouro e da pérola,
do reino e da igreja. Na Nova Jerusalém o tesouro
não estará mais oculto no campo, mas sobre a
superfície. Nessa combinação do tesouro e da pérola,
o tesouro estará edificado com a pérola. Se você tem
essa visão, verá que mesmo entre nós hoje o reino e a
igreja são edificados juntos. Não temos duas
entidades, mas apenas uma única entidade. Por um
lado, essa entidade é o tesouro, o reino; por outro, é a
pérola, a igreja.
Entre nós, na restauração do Senhor, não deve
haver mar nenhum. Em vez de mar, devemos ter uma
terra renovada. Mas suponha que visite a igreja em
Anaheim, e na maioria das casas ouça apenas fofocas.
Isso seria um sinal de que o mar ainda está presente
naqueles irmãos e irmãs. Embora uma igreja cheia de
fofocas ainda seja uma igreja, ela é uma igreja na
água do oceano. Tal igreja não pode ser o reino. Ela é
a pérola, mas não o tesouro. Mas suponha que em
todas as casas da igreja em Anaheim não haja fofocas,
críticas ou palavras vãs. Antes, nada haja exceto a
experiência de Cristo e a igreja. Nesse caso não
haverá mar. Antes haverá vida, luz e transformação.
Tal igreja é a terra renovada para o reino. Em cada
casa você vê a humanidade adequada e
imediatamente sente que já não há mar, apenas terra
renovada. Nessa terra renovada há a Nova Jerusalém
composta da pérola e do tesouro. Isso não é apenas a
igreja, é também o reino. Em tal igreja você tem o
tesouro no campo e a p rola proveniente do mar. Por
essa ilustração vemos que a igreja pode ser a pérola e
o tesouro. Quando somos a pérola, estamos fora do
mar, fora do mundo. Quando somos o reino, estamos
na terra. Entretanto, não estamos na terra de
maneira subjugada, mas reinante, porque somos o
reino celestial. Isso não deveria ser mera doutrina
para nós. Deve ser nossa genuína prática diária. Se
nossa conversação está cheia de coisas do mundo,
como dinheiro ou cinema, é sinal de que estamos
cheios das coisas do mundo corrompido por Satanás.
Isso é o mar. Contudo se entre nós não há fofocas ou
críticas, mas Cristo, a igreja e transformação, isso é
sinal de que estamos na nova terra. Entre nós, aqui
em Anaheim temos a nova terra. Nessa nova terra
temos o tesouro, o reino e a vida humana adequada.
Mesmo hoje, esse tesouro não está mais escondido;
está na superfície da terra. Para as pessoas do mundo
a para os judeus incrédulos, esse tesouro está
escondido na terra. Louvado seja o Senhor porque
temos tal tesouro na terra renovada! Nenhum
estranho ou incrédulo entende isso. Algumas vezes
eles dizem: “Não entendemos aquelas pessoas. Não
sabemos o que estão fazendo. Entretanto,
percebemos que são boas”. Isso é o tesouro, a
evidência de que estamos vi vendo uma vida humana
adequada na terra criada por Deus e redimida por
Cristo. Na época do milênio, aos olhos de Deus toda a
terra será um tesouro.
Nas primeiras quatro parábolas em Mateus 13
vemos apenas o crescimento de vida: não vemos
nada de transformação. Nessas parábolas temos o
trigo, o grão, a mostarda e a farinha. Louvado seja o
Senhor pelas duas parábolas seguintes. Não temos
apenas quatro parábolas sobre o crescimento de vida,
mas também duas parábolas sobre transformação. A
transformação faz de nós pérolas e pedras preciosas,
pérolas para a igreja e pedras preciosas para o reino.
Por um lado, estamos fora do mundo, nada tendo a
ver com o mundo corrompido. Por outro, estamos
vivendo na terra como a humanidade adequada. Para
nós, não há mais mar, mas a terra seca criada por
Deus e redimida por Cristo. Agora estamos vi vendo a
andando nesta terra. Isso não é apenas a igreja como
a pérola, é também o reino como o tesouro. Louvo ao
Senhor porque sou parte da pérola e do tesouro.
Como parte da pérola, nada tenho com esse mundo
corrupto. Mas como parte do tesouro, estou muito
interessado nesta terra. Não desejo ir para o céu.
Prefiro estar aqui nesta boa terra onde já não há mar.
Somos a pérola e o tesouro. Estamos fora do mundo,
mas ainda estamos na terra. Essa á a interpretação
correta dessas duas parábolas.
MENSAGEM 40

DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DO REINO


(6)
Antes de considerarmos a parábola da rede,
gostaria de dizer uma palavra adicional a respeito do
tesouro e da pérola. Na Bíblia, o número sete é
composto de quatro mais três, três mais quatro, ou
seis mais um. A primeira vez que o número sete é
mencionado na Bíblia, ele é formado dos seis dias da
criação mais um dia, o sábado, para descanso. Em
Apocalipse, as sete igrejas são compostas de três mais
quatro. Os sete selos são primeiramente compostos
de quatro mais três, depois de seis mais um. O
princípio é o mesmo com as sete trombetas e as sete
taças. Em Mateus 13, o número sete é composto
primeiramente de quatro mais três, depois de seis
mais um. As primeiras quatro parábolas estão todas
relacionadas com alimentos, mas a quinta e a sexta
parábola estão relacionadas com a transformação
para a edificação. Ainda que até mesmo o pão mais
duro possa ser levedado, as pérolas e as pedras
preciosas não podem ser levedadas. E mais: embora
uma obrei a ou mesmo um pão duro possa ser
estragado se cair água sobre ele, isso não acontece
com as pedras preciosas ou as pérolas.
A palavra do Senhor em Mateus 13 não é
simplesmente uma profecia ou uma doutrina. Ela é
também uma visão da situação prática do
cristianismo de hoje com respeito à igreja e ao reino.
A palavra do Senhor sobre os mistérios do reino não
é idealística ou etérea. Ela é prática. Assim, se
quisermos entender essas parábolas, devemos buscar
diante do Senhor alguma aplicação prática. Nossa
compreensão das parábolas deve corresponder à
situação prática.
Se olhar para o cristianismo hoje, você verá que
os verdadeiros cristãos são o trigo e que os falsos têm
se misturado com os verdadeiros para frustrar o
crescimento deles. Em todos os lugares na terra,
especialmente na Europa, vemos mais falsos cristãos
do que verdadeiros. Em países católicos como a Itália
e o Brasil é difícil encontrar um cristão genuíno entre
os muitos assim chamados cristãos. Portanto, a
interpretação do joio como sendo os falsos cristãos
não é apenas doutrinária, mas também prática,
estando de acordo com a história e com a situação
atual. Além disso, a grande árvore está diante de nós.
Cada dia vemos a imensa fachada da cristandade.
Isso não é doutrina nem mera profecia. Diante dos
nossos olhos temos o cumprimento prático da
profecia. Também vemos fermento em todos os
lugares. No cristianismo há fermento em tudo. Cada
aspecto e cada canto do cristianismo foi levedado. Se
há um pouco de verdade há uma enorme quantidade
de fermento adicionado a ela. Essa é a situação atual.
Podemos interpretar as primeiras quatro
parábolas de maneira prática e aplicá-las de maneira
prática. Agora precisamos fazer o mesmo com a
quinta e a sexta parábola. Recentemente o Senhor
nos mostrou a maneira prática de compreendê-las. A
fim de entender qualquer profecia de maneira prática
precisamos de fatos. Somente quando vemos os fatos
podemos entender a profecia dessas parábolas de
maneira prática. Na restauração do Senhor temos o
tesouro e a pérola. Nas primeiras quatro parábolas
temos o trigo, o joio, a mostarda e o fermento. Não
somos o joio; somos o trigo e a farinha fina. Todavia,
na restauração do Senhor não é adequado
simplesmente ser o trigo e a farinha fina. Se formos
apenas o trigo ou a farinha fina, não ficaremos
satisfeitos. Na restauração do Senhor há também
uma pérola e o tesouro, as pedras preciosas. Em Sua
restauração o
Senhor tem de ter uma igreja que é pura, sólida e
genuína como uma pérola. Em tal pérola não há
mistura ou opacidade. Antes, ela é totalmente pura e
brilhante. Se quiser saber o que é a igreja na
restauração do Senhor, olhe para a pérola. Ao olhá-la
você compreenderá o que a igreja deve ser. Embora
ainda não estejamos completamente satisfeitos,
podemos dizer que as igrejas na restauração do
Senhor são como pérolas. Não importa quão sólido o
pão possa ser, ainda é possível ele ser levedado. Mas
quando a igreja toma-se uma pérola, ela não pode
mais ser levedada. Quem poderia levedar pérola ou
pedra preciosa?
Nós, na restauração do Senhor, por um lado,
precisamos ser como uma pérola, e, por outro, como
pedra preciosa. Quanto à vida somos a pérola;
quanto ao nosso viver, somos o tesouro, a pedra
preciosa. Olhe a Nova Jerusalém; todas as portas são
pérolas, mas as muralhas são edificadas com pedras
preciosas. As portas de pérolas são para entrar, para
o início; e as muralhas são para expressão. A igreja é
a nossa vida, e o reino é o nosso viver. Como a igreja,
fomos regenerados, resgatados do mundo
corrompido por Satanás. Mas não somos apenas a
pérola para o início, a entrada; somos também a
pedra preciosa para a expressão. Isso representa o
nosso viver sob o governo celestial. Isso é o reino.
Como a igreja somos a pérola que tem vida, um novo
começo e uma nova entrada. Como o reino, somos o
tesouro, a pedra preciosa, permanecendo lá como
algo que foi edificado para expressar Cristo de acordo
com a constituição celestial. Isso é o nosso viver e a
nossa expressão.
Alguns mestres dizem que o reino está
relacionado com Israel, mas talvez ninguém diga que
a pérola esteja relacionada com a igreja. Os que
relacionam o reino com Israel são muito doutrinários
e dispensacionais, e nada práticos. Precisamos
aplicar as parábolas do tesouro e da pérola não
apenas de uma maneira doutrinária ou
dispensacional, mas também de maneira prática. A
fim de aplicá-las de maneira prática, precisamos ver
que no período de existência do cristianismo, o
Senhor está trabalhando para conquistar o tesouro e
a pérola. O cristianismo permanece com o trigo, o
joio, a grande árvore e o, fermento na massa. O
Senhor proferiu não apenas quatro parábolas para o
cristianismo, mas também duas parábolas para a
vida da igreja adequada e genuína. As igrejas na
restauração do Senhor estão na quinta e sexta
parábolas. As igrejas na restauração hoje são o
tesouro e a pérola. Quanto à vida somos a pérola;
quanto ao nosso viver somos o tesouro. Pela vida,
somos as portas de pérola; pelo nosso viver, somos a
muralha feita de pedras preciosas. O nosso viver é a
vida do remo, o viver da igreja sob o domínio de Deus.
Isso nos capacita a ter um entendimento mais
completo da Nova Jerusalém. As doze portas de
pérola representam a igreja como a entrada, e a
muralha edificada. com pedras preciosas representa
o reino, a expressão do viver que esta sob o governo
celestial. Quando você diz: “Senhor Jesus, como Te
agradeço por ter a vida Divina”, isso é pérola. Mas
quando você diz:-o Senhor, conceda-me mais graça
para que eu esteja pobre em espírito e puro de .
coração, para que eu esteja sob Teu governo, para
que eu seja tratado por Ti, a fim de que não tenha
qualquer rocha ou espinho dentro de mim, e que eu
viva de acordo com a constituição celestial”, então
imediatamente você se torna o tesouro. Por um lado,
somos a pérola; por outro, somos o tesouro.
A quinta parábola fala de um homem que achou
um tesouro, e a sexta, de um negociante que procura
uma pérola. Para o reino, Cristo é o homem, e para a
igreja, Ele é o negociante. Isso se ajusta ao conceito
de toda a Bíblia. O reino requer um homem. Para se
ter o reino de Deus na terra ha a necessidade de um
homem. Cristo veio como esse homem, não como o
primeiro, mas como o segundo homem.
Primeiramente esse homem encontrou o reino. Então,
por causa da rejeição de Israel, Ele escondeu o reino
do povo judeu. Para o reino, Cristo é o negociante,
aquele que está sempre querendo ganhar algo de
grande valor. No que diz respeito ao reino, o homem
comprou o campo, aterra. A razão porque Ele
comprou a terra que o reino está na terra. Entretanto,
para ganhar a pérola, o negociante não comprou o
mar; antes ele comprou apenas a pérola. Cristo
aquele que comprou a pérola diretamente, mas não
comprou o tesouro diretamente. Antes, Ele comprou
o campo diretamente. Embora Cristo tenha redimido
a igreja e a terra, Ele não redimiu o reino. O reino
não requer um redentor ou um comprador. Mas a
terra criada por Deus e então perdida, requer um
redentor. Além disso, a igreja como o povo escolhido
e predestinado por Deus também requer um
comprador, porque esse povo se perdeu. Assim, o
reino precisa apenas de um homem, mas a igreja
precisa de um negociante e um redentor.

VII. O EVANGELHO ETERNO E SEU


RESULTADO
O versículo 47 diz: “O reino dos céus é ainda
semelhante a uma rede que foi lançada ao mar e
apanhou peixes de toda espécie”. Essa parábola
corresponde a 25:32-46. A rede aqui não representa
o evangelho da graça, que é pregado na era da igreja,
mas o evangelho eterno, que será pregado ao mundo
gentio na grande tribulação (Ap 14:6-7). O mar no
qual essa rede é lançada representa o mundo gentio,
e “toda espécie” representa todos os gentios (25:32).
Por todos os séculos, a parábola da rede foi mal-
interpretada e aplicada incorretamente. Muitos têm
dito que a rede representa o evangelho da graça. Eles
também compararam essa parábola à do joio,
dizendo que nela temos os verdadeiros e os falsos, e
que na parábola da rede temos os bons e os maus.
Eles alegam que os bons são o trigo e os maus, o joio.
Se isso é verdade, então Senhor Jesus não foi muito
sábio, senão Ele não teria usado duas parábolas para
a mesma coisa. Uma vez mais precisamos considerar
como o número sete é constituído. Primeiramente,
ele é composto de seis mais um. As primeiras seis
parábolas em Mateus 13 estão relacionadas com a
igreja. Na igreja há os anormais e ao redor dela há os
falsos. Por isso, direta ou indiretamente, as primeiras
seis parábolas estão relacionadas com a igreja. Mas
que acontece às pessoas de fora da igreja, as que
estão no mundo? Certamente há a necessidade de
uma parábola para tratar delas. Se as sete parábolas
em Mateus 13 tratam apenas da igreja, então não
restaria nenhuma parábola para tratar das nações.
Nesse caso, o capítulo 13 não seria perfeito. A sétima
parábola, a parábola da rede, não está relacionada
com a igreja, mas com o mundo, as nações.
As que estão relacionadas com a igreja são
classificadas em três grupos: Os cristãos verdadeiros
e normais, os vencedores; os cristãos verdadeiros,
contudo, anormais, os derrotados; e os falsos cristãos.
Quando o Senhor voltar, os falsos cristãos, o joio,
serão amarrados num feixe e lançados na fornalha de
fogo, isto é, no lago de fogo. Esse será o destino do
joio. Os cristãos verdadeiros e normais, os
vencedores, serão transferidos para a manifestação
do reino para serem co-reis com Cristo. Os anormais
serão colocados num determinado lugar para serem
purificados, disciplinados e punidos. Essas seis
parábolas nos dão uma visão clara quanto aos falsos
e verdadeiros cristãos. A sétima parábola, a parábola
da rede, trata do destino das pessoas mundanas.
A rede aqui não é o evangelho da graça. Antes, é
o evangelho eterno declarado em Apocalipse 14:6 e 7
(Ver Estudo-Vida de Apocalipse, mensagem 47).
Muitos mestres cristãos têm negligenciado esse
evangelho. Durante a tribulação, o anticristo, que se
oporá a toda religião, perseguirá os cristãos e os
judeus. Cristo considerará Seus irmãos esses cristãos
perseguidos. Porque o anticristo perseguirá os judeus
e os cristãos, um anjo será enviado para proclamar o
evangelho eterno. O evangelho eterno é totalmente
diferente em conteúdo do evangelho da graça. O
evangelho da graça é pregado para arrependimento e
fé no Senhor Jesus. O evangelho eterno, entretanto,
dirá que os homens devem temer e adorar a Deus.
Ele não tocará na questão de arrependimento nem
exigirá fé. Antes, porque o anticristo estabelecerá a si
mesmo como Deus, erigindo uma imagem de si
mesmo e compelindo as pessoas a adorá-lo, o
evangelho eterno dirá para as pessoas adorar a Deus,
Aquele que criou os céus, a terra e o mar, e não
adorar o ídolo do anticristo. E mais, o evangelho
eterno ordenará às pessoas que temam a Deus
porque o anticristo as comandará a perseguir e matar
o povo de Deus. Os que matam o povo de Deus
devem ouvir que Deus virá para vingar-se deles.
Conseqüentemente, todos devem temer a Deus.
A Bíblia diz que Cristo como um homem foi
designado por Deus para julgar os vivos e os mortos
(At 17:31; 2Tm 4:1). Cristo julgará os vi vos na Sua
volta. Isso acontecerá antes do milênio. Além dos
judeus e dos cristãos, pelos séculos tem havido
muitos incrédulos, a maioria dos quais já terá morri
do antes de o Senhor voltar. Mas muitos ainda
estarão vivos quando Ele vier novamente. Esses que
estarão vi vos serão as nações. Quando Cristo voltar,
Ele exercerá Seu julgamento sobre eles. Ele os julgará
não segundo a lei de Moisés nem segundo o
evangelho da graça, mas segundo o evangelho eterno,
proferido nos três anos e meio anteriores à volta de
Cristo. Na Bíblia, tanto a lei de Moisés como o
evangelho da graça, são uma base para o julgamento
de Deus. O evangelho eterno declarado em
Apocalipse 14 será a base para o julgamento de Cristo
sobre as nações então existentes.
Mateus 25 diz que quando Cristo voltar, Ele
reunirá as nações. Esse trecho da Palavra não fala de
judeus ou gentios, mas das nações. Alguns têm
argumentado que as nações não poderiam ser as
ovelhas de Deus, mas o Salmo 100 diz que toda
pessoa na terra é uma ovelha do Senhor. Portanto,
aos olhos do Senhor todas as pessoas na terra são
Suas ovelhas. Quando EI ' voltar, reunirá a todos
diante do trono da Sua glória, c lá EI \ exercerá Seu
julgamento sobre eles, com base no evangelho eterno.
De acordo com Mateus 25, o Rei julgará as nações
conforme tiverem tratado Seus irmãos mais novos.
Durante a tribulação, os judeus e os cristãos sofrerão
muito. Eles terão falta de comida e roupa, adoecerão
e serão aprisionados. Os que ou virem o evangelho
eterno e temerem a Deus e O adorarem,
secretamente ajudarão os crentes, fornecendo-lhes
alguma assistência material ou financeira. Os que
tratarem os crentes favoravelmente serão
considerados ovelhas pelo Rei. Mas os que não os
tratarem bem serão considerados cabritos. Os
cabritos serão lançados no fogo eterno, mas as
ovelhas serão transferidas para o milênio para ser os
cidadãos na terra.
As primeiras seis parábolas tratam de vários
aspectos relacionados com a igreja. As pessoas
mundanas estão incluídas na parábola da rede. A
igreja é uma pérola que provém do mar. Após a igreja
ter sido chamada do mar, o que permanece lá são as
nações que estarão vivendo no mundo gentio. Na
volta do Senhor, Ele enviará Seus anjos para coletar
todas as coisas no mar. Após terem sido coletadas
diante do trono da Sua glória, elas serão divididas
conforme tiverem tratado os crentes durante a
tribulação. Os que os tiverem tratado bem serão
considerados ovelhas, os bons, e aqueles que os
tiverem tratado de maneira não satisfatória serão
considerados os cabritos, os maus. Os bons serão
transferidos para o reino milenar, o qual lhes foi
preparado desde a fundação do mundo (não antes da
fundação do mundo). Lá esses bons serão cidadãos
do reino vindouro, mas os maus serão lançados no
lago de fogo eterno. Isso concluirá a era.
Mateus 13 nos apresenta uma visão clara. Nesse
capítulo vemos que todas as sete parábolas concluem
esta era. O Senhor porá fim a esta era tratando a
igreja de acordo com as primeiras seis parábolas e
tratando o mundo, as nações, de acordo com a última
parábola. Nessas parábolas vemos todos os aspectos
dos mistérios do reino dos céus. Com essa figura
clara diante de nós, saberemos onde estamos e para
onde iremos. Também saberemos onde os incrédulos
estão, para onde estão indo e qual será o destino
deles.

VIII. O TESOURO DE COISAS NOVAS E


VELHAS
No final desse capítulo o Senhor proferiu uma
parábola adicional. O versículo 52 diz: “E Ele lhes
disse: Por isso, todo escriba que se tornou discípulo
do reino dos céus é semelhante a um dono de casa
que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas”.
Após proferir as sete parábolas a respeito dos
mistérios do reino, o Senhor comparou o escriba a
um dono de casa que tem um rico depósito, um
tesouro, de coisas novas e velhas, representando não
apenas o conhecimento novo e antigo das Escrituras,
mas também as novas e antigas experiências de vida
no reino.
Essa parábola adicional diz respeito a um escriba
que se tornou discípulo do reino dos céus. Um
escriba era um perito no Antigo Testamento, alguém
que conhecia os livros de Moisés e dos profetas.
Nessa parábola o Senhor não usa a palavra “que
creu”, mas “que se tornou discípulo”. Tal pessoa
instruída se tornou discípulo do reino dos céus.
Primeiramente ele era um estudante da dispensação
do Antigo Testamento, mas agora ele era um
discípulo do reino dos céus. Isso significa que ele se
tornou um discípulo da nova economia de Deus. Ele
conhecia a antiga economia de Deus, mas agora ele se
tornou discípulo da nova economia de Deus. Por essa
razão ele é comparado a um dono de casa que tira do
seu tesouro coisas novas e velhas. Quando as coisas
novas são colocadas juntas com as coisas velhas,
temos as coisas preciosas. O apóstolo Paulo era tal
pessoa. Ele era u m escriba do Antigo Testamento
que um dia se tornou discípulo na economia de Deus
do Novo Testamento. Assim, Paulo podia tirar coisas
novas e velhas. Isso qualificou-o a escrever o livro de
Hebreus. Nesse livro Paulo extrai grande parte das
coisas velhas tendo as novas como interpretação.
Ao proferir essa parábola, o Senhor esperava que
alguns dos Seus ouvintes fossem escribas, não todos
pescadores como Pedro, João, Tiago e André. O
Senhor Jesus é sábio. Na mudança da nova economia,
Ele tinha de ir à Galiléia para encontrar os
pescadores incultos. Mas após a mudança ter
ocorrido, havia a necessidade de alguns sábios para
executar todos os mistérios. Embora aqueles galileus
tivessem ouvido o Senhor anunciar todos os
mistérios, eles não eram escribas. Em seus escritos
nem Pedro nem João se referiram a muitas coisas do
Antigo Testamento. Mas Paulo não era um pescador
galileu. Era um escriba que se tomou discípulo do
reino. Portanto, ele tinha um rico depósito, um rico
tesouro.
A restauração do Senhor precisa não apenas de
galileus incultos, mas também de escribas. Depois
que o Senhor proferiu as parábolas do reino aos
pescadores galileus, Ele proferiu outra parábola a
respeito do escriba discípulo do reino dos céus. É
como se o Senhor dissesse: “Vocês, pescadores
galileus, devem ouvir isso. Vocês não são adequados
para levar a cabo a economia de Deus do Novo
Testamento. Posso usá-los para realizar a mudança,
mas depois que ela se realizou, vocês não mais serão
adequados. Preciso de alguns escribas. Preciso de
alguém como Saulo de Tarso, que foi instruído aos
pés de Gamaliel”. Nessa questão vemos a sabedoria
do Senhor. Jovens, vocês precisam freqüentar as
melhores faculdades e obter um diploma. Então
serão escribas. Hoje o Senhor precisa não apenas de
pescadores galileus para fazer a mudança; Ele
também precisa de escribas.
Quando os discípulos ouviram as parábolas a
respeito dos mistérios do reino, eles podem ter ficado
muito felizes e dito: “Aleluia, nós, os pescadores
galileus, conhecemos todos os mistérios do reino!”
Mas o Senhor pode ter dito: “Vocês estão felizes, mas
eu ainda preciso de alguns escribas. Sinto muito,
nenhum de vocês é escriba. Pedro, você será útil no
dia de Pentecostes, útil para lançar as redes e pescar
muitas pessoas. Mas após tantos terem sido trazidos
para a igreja, como você lidará com eles? Vocês,
pescadores galileus, não têm capacidade para isso.
Preciso de alguns escribas cheios de conhecimento,
versados na Minha economia. Esses escribas tirarão
as coisas novas e as coisas velhas do conhecimento e
da experiência deles”. Porque Paulo era desenvolvido
em religião, ele pôde escrever o livro de Gálatas.
Pedro, entretanto, não poderia escrever tal livro. Isso
é provado pela palavra de Pedro em seu segundo
livro (2Pe 3:15-16). Talvez ele fosse o pescador
principal ao lançar as redes, mas ele não era
desenvolvido na religião judaica. Ele não conhecia os
livros de Levítico e Salmos tão bem quanto Paulo.
Assim, todos os pescadores galileus foram
subjugados pela parábola do escriba. Se aplicarmos
essa parábola a Paulo, vemos que tesouro rico ele
tinha. Do seu tesouro ele podia tirar novas e velhas
doutrinas, novas e velhas experiências. Espero que
alguns jovens se tornem escribas. Para a restauração
do Senhor hoje precisamos tanto de pescadores como
de escribas.
MENSAGEM41

O TESOURO E A PÉROLA
Nesta mensagem, tenho o encargo de dar uma
palavra adicional sobre o tesouro e a pérola (13:44-
46). Através dos séculos, essas duas parábolas não
têm sido entendidas adequada e completamente,
nem têm sido corretamente aplicadas. Quero tratar
essas parábolas não de um modo doutrinário, mas de
modo prático.

OS FATOS DA HISTÓRIA
Primeiramente, precisamos lembrar-nos de que
Mateus 13 é um capítulo sobre os mistérios do reino
dos céus. Os mistérios revelados nessas parábolas
abrangem todo o desenrolar da história cristã. Em
outras palavras, os mistérios do reino dos céus
abrangem os principais pontos da história cristã,
entre a primeira e a segunda vinda do Senhor. Para
interpretar essas parábolas adequadamente,
precisamos atentar para os fatos da história. De outra
forma, o que dissermos sobre elas será imaginário e
não prático. Por exemplo, para interpretar o sonho
de Nabucodonosor relatado em Daniel2, não
podemos permitir que se negligencie os fatos da
história. Precisamos saber que fatos históricos
correspondem à cabeça de ouro, ao peito e braços de
prata e às outras partes da grande imagem que
Nabucodonosorviu em seu sonho. Apocalipse 6
também ilustra que precisamos conhecer os fatos da
história para interpretar a Bíblia. Naquele capítulo,
temos os quatro cavalos: o cavalo branco, o vermelho,
o amarelo e o preto. Muitas interpretações dos quatro
cavalos têm sido apresentadas. No entanto, nenhuma
delas nos satisfez, porque essas interpretações não
correspondem aos fatos da história. De acordo com
os fatos históricos, desde a época da ascensão de
Cristo tem havido a pregação do evangelho, o
espalhar das boas novas, representado pelo cavalo
branco. Seguindo isso, tem havido guerras,
prefiguradas pelo cavalo vermelho; fome, tipificada
pelo cavalo amarelo, e morte, tipificada pelo cavalo
preto.

UM QUADRO COMPLETO DA CRISTANDADE


Com esse princípio em mente, chegamos a
Mateus 13. Como enfatizamos, a primeira das quatro
parábolas revela a situação geral do cristianismo. O
trigo significa os crentes verdadeiros, o joio simboliza
os falsos crentes, a grande árvore representa a
cristandade com sua vasta organização, e o fermento
adicionado à massa pela mulher demonstra as
doutrinas malignas e as práticas pagãs da igreja
apóstata. Vimos que na Bíblia a flor de farinha
significa Cristo como o alimento tanto para Deus
como para Seu povo. Quando todos esses itens são
colocados juntos, temos o quadro completo da
cristandade.

OS VENCEDORES
A parábola do tesouro escondido no campo e a
da pérola que provém do mar são enigmáticas. Que
fatos da história se encaixam nessas parábolas? Os
verdadeiros crentes são o cumprimento do trigo; os
falsos crentes, do joio; a cristandade, da grande
árvore; a igreja apóstata, da mulher; as coisas
malignas do paganismo e os vários ensinamentos
heréticos, do fermento; e Cristo como alimento para
Deus e para o homem, da massa. Porém que há na
história que possa ser considerado como o
cumprimento do tesouro e da pérola? Enquanto
considerava essa questão diante do Senhor, Ele me
mostrou que na história, além dos verdadeiros
crentes, dos falsos crentes, da cristandade, da igreja
apóstata, das heresias e práticas pagãs e de Cristo
como comida, há os vencedores, que, aos olhos de
Deus, são mais sólidos, genuínos, preciosos e valiosos
do que o trigo. Aos olhos de Deus, esses vencedores
são semelhantes ao tesouro escondido no campo e à
pérola que provém do mar. Desde o primeiro século
até o presente, entre os muitos verdadeiros cristãos,
representados pelo trigo, tem havido um pequeno
número de pessoas mais sólidas como as pedras
preciosas transformadas, escondidas no campo. Isso
é verdade principalmente hoje. Na restauração do
Senhor há um bom número de santos que amam o
Senhor, que abandonaram o mundo e não vivem por
sua própria vida natural. Embora tenham tido
algumas falhas, eles ainda gostam de vi ver no
espírito, gastar tempo na presença do Senhor, estar
na vontade do Senhor e ser um com Ele de modo
prático. Aqueles que são assim não são exatamente o
trigo, volumoso no peso e abundante em quantidade;
eles são as pedras preciosas transformadas, menores
em quantidade e escondidas na terra. Não muitas
pessoas podem vê-los, mas o Senhor os vê.

REDUZIDOS E TORNADOS SÓLIDOS


Muitos santos na restauração do Senhor podem
testificar que eles não são meramente trigo, mas algo
mais sólido, valioso e precioso. Antes de
determinados irmãos e irmãs virem para a
restauração do Senhor, eles eram trigo.
Exteriormente, eram mais volumosos e vistosos. Mas
nos anos em que estão na restauração, eles têm sido
constringidos e reduzidos. Eles se tomam menores
ano após ano. Quando volumoso, você era leve e
suave como algodão, facilmente desfeito por um
pouco de água. Mas após ser reduzido, constringido e
transformado, você tem a certeza de que é mais
precioso para o Senhor. Muitos de nós podem
testificar isso. Nós, na restauração do Senhor, não
somos tão volumosos quanto costumávamos ser. Pelo
contrário, estamos sendo constantemente reduzidos,
transformados e tornados mais sólidos. Após você se
tornar tão sólido como uma pedra preciosa, nem
mesmo uma enchente pode danificá-la. Em vez de
danificar uma pedra preciosa, a água apenas a toma
mais limpa e valiosa.
Se examinarmos a história do cristianismo,
encontraremos aqueles que pertencem às categorias
de tesouro e da pérola. As parábolas do tesouro e da
pérola referem-se aos vencedores através dos séculos.
Como ilustração dos crentes genuínos, o Senhor usa
o exemplo do trigo que brotou da semente plantada
no campo. Isso, entretanto, é uma ilustração geral
dos crentes genuínos. O Senhor usa outras
ilustrações para descrever os membros vencedores da
igreja. Eles eram grãos de areia sem vida. Mas
feriram a Cristo, a ostra viva na água da morte, e
permaneceram na ferida de Cristo, onde
participaram da secreção da vida de Cristo. Isso não
somente os capacitou a serem regenerados, mas
também os levou a se tornar pérolas. Isso é mais que
uma semente plantada num campo para produzir o
trigo; é algo que se torna precioso pela secreção da
vida de Cristo.

A IGREJA E O REINO
Enfatizamos que o tesouro, sem dúvida, refere-
se a pedras preciosas. A Nova Jerusalém é a
consumação máxima da vida da igreja e da vida do
reino, pois nessa cidade a vida da igreja é combinada
com o reino. A construção da Nova Jerusalém é
principalmente de portas de pérola e de pedras
preciosas que formam a muralha e seus fundamentos.
Tudo isso é estabelecido sobre uma base de ouro que
sustenta todo o edifício. Nesta mensagem, estamos
enfocando a porta de pérola e o muro precioso. A
pérola se refere à igreja e o tesouro, ao reino. A igreja
e o reino são falados em Mateus 13 de maneira
misteriosa, em parábolas. Mas no capítulo 16, o
Senhor fala uma palavra clara a Seus discípulos sobre
a igreja e o reino. Em 16:18 Ele diz: “Sobre essa rocha
edificarei a Minha igreja” e no versículo seguinte:
“Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”. Nesses
versículos vemos a igreja e o reino. Para entender o
tesouro e a pérola em Mateus 13, devemos considerar
a igreja e o reino em Mateus 16. Se você orar sobre
esses dois versículos, espontaneamente verá que o
tesouro é o reino e que a pérola é a igreja. Tanto o
tesouro como a pérola estão na Nova Jerusalém.
De acordo com Mateus 13, o Senhor Jesus
vendeu tudo o que tinha e comprou a pérola. Atos
20:28 diz que o Senhor comprou a igreja com Seu
sangue. Isso significa que, na cruz, Ele vendeu tudo o
que tinha e comprou a igreja. Esse versículo é uma
forte prova de que a pérola em Mateus 13 é a igrej a,
pois a pérola foi comprada pelo negociante. Não há
dúvidas de que o negociante é o Senhor.

A VIDA DO REINO
Entramos na esfera do reino sendo regenerados,
nascendo de novo (J03:5). A regeneração está
relacionada com a pérola, pois a pérola é produzida
pelo princípio da regeneração. Nascendo de novo,
entramos na esfera de Deus, a esfera do reino. Após
sermos regenerados, começamos a vi ver por Ele.
Porque O amávamos, quisemos estar sob Seu
controle e ser restringidos por Ele. Muitos de nós têm
experimentado ser restringidos em todos os aspectos.
Não somos limitados pelo homem, mas por algo
interior que é invisível-pela vida sob o reger celestial.
Podemos tentar fazer determinadas coisas, mas
somos restringidos de fazê-las por um controle
interior, misterioso e invisível. Nossos parentes ou
colegas são livres para fazer tais coisas, mas nós não
podemos fazê-las. Alguma coisa invisível exerce um
controle interior sobre nós e vivemos sob esse
controle. Isso é o tesouro, a vida do reino.
Antes de nos tornarmos cristãos, éramos areia.
Mas fomos regenerados. Isso significa que algo vivo
entrou em nós. Quanto mais seiva de vida é secretada
sobre nós, mais tornamo-nos preciosos e começamos
a viver sob um controle misterioso. Essa é a
experiência da pérola e do tesouro.
A igreja na restauração do Senhor é uma pérola.
Mas aos Seus olhos, essa igreja também deve ser um
tesouro escondido do mundo. Nem as pessoas do
mundo nem as que estão no cristianismo sabem o
que estamos fazendo. Mas no profundo de nosso ser,
sabemos que estamos vivendo uma vida de pérola e
uma vida debaixo de um controle invisível. Somos a
pérola e o tesouro.
As primeiras quatro parábolas do capítulo 13 não
nos abrangem totalmente. Não somos somente o
trigo ou a farinha fina. Somos mais preciosos, sólidos
e genuínos que isso. Somos a pérola e o tesouro. Essa
é a vida da igreja com a vida do reino na restauração
do Senhor. Se não tivéssemos o segundo grupo de
parábolas, não saberíamos onde deveríamos estar.
Estou feliz por dizer que não mais estou no primeiro
grupo-estou no segundo. Você pode dizer isso? Você
é simplesmente um crente que tem um pouco de
Cristo? Se essa for sua situação, então você deve ser
um genuíno cristão na cristandade. Agradecemos ao
Senhor porque não estamos na cristandade. Louvado
seja Ele porque muitos de nós somos a pérola e o
tesouro na restauração do Senhor!

ATENTAR EM COMO EDIFICAMOS


As parábolas da pérola e do tesouro combinam-
se aos versículos que dizem: “Entrai pela porta
estreita (...) porque estreita é a porta e apertado o
caminho que conduz para a vida, e são poucos os que
a encontram” (7:13-14). A porta larga e o caminho
espaçoso levam à destruição. Nesse ponto,
precisamos nos referir a 1 Coríntios 3, onde Paulo
nos admoesta a atentar em como edificamos sobre o
fundamento de Cristo. Estamos edificando com ouro,
prata e pedras preciosas ou com madeira, feno e
palha? Ouro, prata e pedras preciosas são materiais
que podem resistir ao teste do fogo. Mas madeira,
feno e palha serão consumidos. No cristianismo de
hoje, há uma grande quantidade de madeira e capim
seco, mas há muito pouco ouro. Entre os cristãos
hoje, é difícil achar ouro, pérola e pedras preciosas.
Esses materiais não são volumosos, mas pequenos.
Olhe para o cristianismo: madeira, feno e palha estão
em todo lugar; mas onde está o ouro e onde está a
pedra preciosa? O caminho do cristianismo é o
caminho espaçoso, mas o caminho da restauração do
Senhor é o caminho apertado. Às vezes, o inimigo
tenta levar-nos deste caminho apertado para algo que
é exteriormente grande e volumoso, algo feito de
madeira, feno e palha. No entanto, na Nova
Jerusalém, nada haverá de madeira, nada que possa
ser queimado ou consumido. Tudo na Nova
Jerusalém permanecerá pela eternidade. Nada pode
danificar o ouro, a pérola e as pedras preciosas.
Assim devem ser nosso trabalho e testemunho.
Tenho o encargo de que todos vejamos que não
estamos na cristandade nem no caminho espaçoso.
Estamos na restauração do Senhor. Não estamos nas
primeiras quatro parábolas, mas na quinta e sexta
parábola. Na restauração do Senhor, a quantidade é
pequena, mas a qualidade é mais elevada e mais
sólida, porque aqui temos o tesouro e a pérola.

PERMANECER NO CAMINHO APERTADO


Embora muitíssimas obras tenham sido
realizadas no cristianismo' será que todas essas obras
serão aprovadas pelo Senhor? No final da
constituição do reino dos céus, o Senhor disse:
“Muitos, naquele dia, Me dirão: Senhor, Senhor! não
foi em Teu nome que profetizamos, e em Teu nome
expulsamos demônios, e em Teu nome fizemos
muitos milagres?” (7:22). Mas o Senhor Jesus dirá:
“Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que
praticais a iniqüidade”. Não creio que os feitos do
cristianismo contarão com a aprovação do Senhor.
Mas, e quanto a nós? Precisamos ser fortalecidos
para permanecer no caminho apertado. Nenhum de
nós deve querer ficar no primeiro grupo de parábolas,
mas devemos prosseguir para estar no segundo
grupo. Que os outros ganhem um grande número e
realizem um grande trabalho. Preferimos estar na
pérola e no tesouro, onde somos constringidos.
Porque muitos cristãos foram fermentados, eles
se tornaram grandes e volumosos. Mas desde o dia
em que nos voltamos para a restauração do Senhor,
começamos a ser constringidos. Todos podemos
testificar isso, especialmente os que eram conhecidos
no cristianismo. Nada na restauração do Senhor nos
tornou maiores. Pelo contrário, muitas coisas
aconteceram para nos reduzir. Cristo nos restringirá
até o ponto em que seremos suficientemente
pequenos o bastante para caber numa garrafinha.
Mas nessa garrafinha, haverá um tesouro. Porque o
nosso caminho é o caminho apertado, a restauração
do Senhor é Seu testemunho. Na cristandade, o
Senhor pode achar grande quantidade de trigo e
pequena quantidade de farinha; até na Igreja Católica.
Mas Ele não pode achar muito de pérola e de tesouro
na cristandade.
Embora não sejamos orgulhosos, percebemos
que nós, na restauração do Senhor, somos diferentes.
Sou um ser humano pecador, piorem minha natureza
que você. Mas posso testificar e o Senhor também
pode testificar por mim, que há muitas coisas que
simplesmente não posso fazer porque tenho uma
vida constritora em mim. Dia após dia, essa vida diz
“não” a certas coisas que quero fazer. Essa é a vida do
reino mencionada em Romanos 14:17. Porque
estamos no reino e sob o reinar, não podemos fazer
muitas das coisas que outros cristãos são livres para
fazer. Esse é o tesouro que é precioso, valioso e
amável aos olhos do Senhor. Na cruz, Ele sacrificou
todas as coisas para comprar tanto a pérola como o
campo no qual o tesouro está escondido. Seu
comprar do campo e da pérola revela que Ele é pelo
reino e pela igreja. O fato de estarmos na restauração
do Senhor não é resultado dos nossos feitos. Estamos
aqui porque o Senhor nos reuniu para ser Seu
testemunho vivo. Não tenho dúvidas de que, aos
olhos do Senhor, o tesouro e a pérola estão aqui na
restauração.
Nas primeiras quatro parábolas, o Senhor trata
da cristandade de um modo geral, e nas duas
parábolas seguintes, Ele trata de Seus vencedores de
um modo particular. A sétima parábola, a parábola
da rede, refere-se às nações. Na época da volta do
Senhor, haverá três povos na terra: os da cristandade,
os na restauração do Senhor e os que estão entre as
nações. Na parábola da rede, as nações são
comparadas a peixes no mar. Esses “peixes” são
levados à presença do Senhor e o Senhor executa Seu
julgamento sobre eles. Isso marcará a finalização da
era na volta do Senhor. Tudo isso é visto nas sete
parábolas concernentes aos mistérios do reino dos
céus. Não estamos nas quatro parábolas nem na
sétima, mas na quinta e na sexta. Somos o tesouro e a
pérola. Essas parábolas do tesouro e da pérola são as
mais preciosas. Que privilégio é estar no
cumprimento dessas parábolas!
MENSAGEM 42

O CAMINHO PARA A GLÓRIA (1)


Porque Mateus é um livro sobre o reino dos céus,
Cristo é revelado aqui como o Rei celestial. Nos
outros Evangelhos, Ele é revelado como homem
(Lucas), como escravo (Marcos) e como o Filho de
Deus (João).
Os primeiros treze capítulos de Mateus
abrangem muitos itens cruciais relacionados a Cristo.
No capítulo 1, temos a genealogia de Cristo e o Seu
nascimento. No capítulo 2, temos um relato da Sua
infância. No capítulo 3, Cristo é recomendado por
João Batista pelo batismo na água e ungido com o
Espírito, e no capítulo 4 Ele é posto à prova e dá
início ao Seu ministério. Após Cristo ser
recomendado, ungido e posto à prova, Ele deu início
ao Seu ministério. No começo de Seu ministério Ele
decretou, nos capítulos 5, 6 e 7, a constituição do
reino dos céus. Após emitir este decreto, desceu do
monte para continuar Seu ministério. Seu ministério
proporcionou-Lhe excelentes oportunidades para
revelar-se às pessoas em muitos aspectos. No
capítulo 9, Cristo se revelou como o Médico. Como
pessoas caídas, todos estamos doentes e temos
necessidade de um médico. Porquanto o nosso estado
é de necessitar da cura do Senhor, Ele primeiramente
revelou-se como nosso Médico, Aquele que nos cura.
Depois disso, revelou-se como o Noivo, a pessoa mais
agradável; como nosso Pastor, Aquele que cuida de
nós; e como o senhor da colheita de Deus. No
capítulo 12, Cristo se revelou como o verdadeiro Davi,
maior que o templo, o Senhor do sábado, maior que
Jonas e maior que Salomão. Se pusermos todos estes
títulos juntos-o Médico, o Noivo, o Pastor, o Senhor
da Colheita, o verdadeiro Davi, maior que o templo, o
Senhor do sábado, maior que Jonas, e maior que
Salomão-perceberemos que Cristo como o Rei dos
céus, é totalmente para nós.
Em complemento a todas estas revelações de
Cristo, no capítulo 9 Cristo revelou que Ele é o pano
novo para a nova vestimenta, a qual também é Ele
mesmo. Além do mais, Ele é o vinho novo e até o
odre novo. Você não deseja desfrutar Cristo como o
pano novo e como a nova vestimenta? Não quer
bebê-Lo como o vinho novo e preservar seu desfrute
Nele como o odre novo? Certamente desejo isso.
Enfatizamos que Cristo como Salvador e Rei é
nosso Médico. Você está doente ou mesmo
morrendo? Lamento que alguns daqueles que estão
lendo esta mensagem possam estar morrendo. Mas
Cristo é nosso Médico, Aquele que nos cura.
Qualquer que esteja doente ou morrendo pode dizer:
“Senhor Jesus, agradeço-Lhe. Você é meu Médico,
Aquele que me cura. Creio que o Senhor me
concederá uma cura completa”. Estou seguro de que
todos nós estamos sob o Seu curar. Portanto, somos
saudáveis e perfeitos. Quão maravilhoso é Cristo ser
nosso Médico!
Cristo é totalmente para nós. Ele é nosso Noivo.
A pessoa mais agradável é um noivo. Temos o
privilégio de desfrutar a melhor vida conjugal com
Cristo, nosso Noivo. Como nosso Pastor, Cristo
conhece nossas necessidades e cuida de nós. Por isso,
podemos esquecer nossas necessidades porque Ele é
nosso Pastor. Cristo é o senhor da colheita de Deus.
Ele é também o verdadeiro Davi e nós somos Seus
seguidores. Mais ainda, Ele é maior que o templo e
nós somos os sacerdotes servindo, adorando e
ministrando dentro Dele. Não estamos ministrando
numa religião; estamos ministrando numa Pessoa
que é maior que I \ o templo. Cristo é também o
Senhor do sábado, o Senhor do descanso. Assim, não
temos apenas o descanso, mas o Senhor do descanso.
Não precisamos buscar o descanso, pois temos o
Senhor. Finalmente, Cristo é nosso Jonas maior e
nosso Salomão maior. Ele é o Profeta, dizendo-nos o
que fazer, guiando-nos e dirigindo-nos, e também o
maravilhoso Rei, nosso amado Salomão, em nós. Oh!
este é nosso Cristo!
Embora como resultado de Seu ministério Cristo
tenha sido revelado de tal modo, Seu ministério
resultou em completa rejeição. No final do capítulo
12, essa rejeição atingiu seu clímax. Cristo foi
totalmente rejeitado por aquela geração incurável
dos religiosos judeus. A rejeição no capítulo 12 expôs
o fato de que a natureza rejeitadora daquela geração
era incurável e, em certo sentido, imperdoável tanto
nesta era como na vindoura. Porque os judeus
rejeitaram o Rei celestial a tal ponto, Ele os
abandonou. Abandonou o parentesco natural, carnal,
com os judeus e negou Seu relacionamento natural
com Sua parentela. No final do capítulo 12, vemos
que os judeus primeiramente rejeitaram o Senhor e
então que o resultado de sua rejeição foi que o Rei os
abandonou.
No capítulo 13, o Rei entrou num barco no mar.
Isso significa que Ele entrou na igreja. Na igreja, Ele
revelou Seu mistério sobre o reino de Deus. Em
outras palavras, Ele revelou o mistério da igreja, o
qual é o pulsar da vida, a realidade, do reino. Porque
o mistério do reino foi transmitido em parábolas,
somente aqueles que O amavam, O seguiam e eram
um com Ele podiam entendê-Lo. Vimos que o Senhor
decretou a constituição do reino à multidão no monte.
Mas no capítulo 13, Ele revelou o mistério do reino a
Seus seguidores.
Após vermos a revelação do próprio Senhor e a
revelação do mistério do reino de Deus, nós, como
Seus seguidores, precisamos conhecer a maneira de
segui-Lo. Pedro, André, Tiago e João e todos os
outros discípulos sabiam que o Senhor era o Médico,
o Noivo e o Pastor. Eles perceberam muitos aspectos
do que Ele era. Além disso, eles ouviram o mistério
do reino. Agora precisavam conhecer o modo de
segui-Lo. Portanto, o que é revelado do princípio ao
fim do capítulo 13 é o caminho para seguir esse Rei
rejeitado.
Como podem Seus seguidores segui-Lo após Sua
rejeição? Lembre-se de que Mateus não é um livro de
história, mas de doutrina. O registro de Mateus não
está de acordo com os fatos históricos; está de acordo
com a seqüência da doutrina. Em seu Evangelho,
Mateus apresenta a doutrina a respeito do Rei
celestial e Sua genealogia, nascimento, infância,
apresentação, unção, tentação, ministério, revelação
de Si mesmo e Seu revelar do mistério do reino. Após
ver tudo isso, podemos dizer: “Que maravilhoso e
extraordinário! Sabemos muitas coisas sobre o Rei e
o reino. De que mais precisamos?” O que precisamos
é o caminho para segui-Lo. Ele é maravilhoso e o
reino é maravilhoso; mas precisamos saber como
entrar nesse reino e segui-Lo. Portanto, a seção desde
o final do capítulo 13 até a metade do capítulo 17,
uma grande parte desse livro doutrinário, dá-nos um
mapa claro do caminho para seguir o Rei rejeitado.
Se formos honestos e fiéis a Ele, devemos estar
neste caminho seguindo o Cristo que foi rejeitado
nesta era. Onde você está hoje? Pode dizer que está
na restauração do Senhor. Mas a restauração do
Senhor é um caminho no qual seguimos o Rei
celestial rejeitado. Esse Rei foi rejeitado por esta
geração e ainda está sendo rejeitado por ela. Não
obstante, devemos segui-Lo como aqueles que
preferem participar de Sua rejeição. Aleluia, somos
os participantes do desfrute Dele e participantes de
Sua rejeição! Ele é o Rei rejeitado e nós somos Seus
seguidores rejeitados. Ele tomou a dianteira de ser
rejeitado e Ele ainda a está tomando e nós O estamos
seguindo no caminho para a glória. No início desse
caminho, nada há além de rejeição; contudo, no final
dele, há glória, a manifestação do reino. Nesta
mensagem e nas seguintes, tenho o encargo de
mostrar-lhes como andar nesse caminho para a
glória. Embora esteja seguindo a Cristo, você pode
não saber como andar neste caminho. Para andar
nele, você precisa de um mapa. Nestas mensagens,
aprenderemos como ler esse mapa. Estamos
seguindo o Rei rejeitado e nosso destino é a glória.
Como agradecemos a Mateus por incluir em seu livro
doutrinário não apenas um diagrama do reino, mas
também um mapa do caminho para que possamos
entrar no reino. Desde o fim do capítulo 13 até a
metade do capítulo 17, temos um mapa claro
mostrando-nos como trilhar o caminho enquanto
seguimos nosso amado Rei para a glória.

I. AUMENTA A REJEIÇÃO
A primeira coisa que deparamos nesse caminho
é a rejeição.
Porque Cristo é o Rejeitado, também precisamos
ser rejeitados. Não temos escolha. Não espere ser
bem-recebido, pois ninguém o receberá bem até que
a glória venha. Em vez disso, você deve estar desejoso
pela rejeição. Em 13:53 a 14:13, vemos que a rejeição
aumenta. Muitos de nós temos experimentado um
pouco de rejeição pelos que se opuseram à nossa
entrada na igreja, mas preciso dizer-lhes que essa
rejeição não diminuirá; ao contrário, ela aumentará.
Haverá rejeição sobre rejeição. Esteja preparado para
isso.

A. A Rejeição por parte dos Galileus

1. Conhecendo-O Segundo a Carne e Cegados


por Seu Conhecimento Natural
O Rei celestial foi rejeitado primeiramente pelos
judeus religiosos. Os líderes religiosos rejeitaram a
Cristo por completo porque estavam plenamente
ocupados, possuídos e velados por sua religião.
Porque a religião era tudo para eles, eles não podiam
reconhecer este Rei celestial. Cegados pelos véus
religiosos, eles O rejeitaram. Após o Senhor ter sido
rejeitado em Jerusalém, o centro religioso, Ele
voltou-se para uma região geográfica que não era tão
religiosa-a Galiléia, o lugar onde nasceu e cresceu. A
Galiléia estava, ao contrário, próxima do território
gentio. Contudo, Ele não foi bem-recebido nem
mesmo na Galiléia. Apesar de os galileus não se Lhe
oporem, eles O rejeitaram por seu conhecimento
natural. Quando eles O viram e O ou viram falar,
disseram: “Não é este o filho do carpinteiro? não se
chama Sua mãe Maria, e Seus irmãos Tiago, José,
Simão e Judas? E não estão entre nós todas as Suas
irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isso?” (13:55-56).
Aqui vemos que os galileus conheciam-No segundo a
carne, não segundo o espírito (2Co 5:16). Pensando
que sabiam tudo sobre Ele, eles estavam cegos por
seu conhecimento natural. Eles viram as maravilhas,
os milagres que Ele fazia, mas estavam preocupados
com seus conceitos naturais. O povo religioso estava
preocupado com sua religião e com seus conceitos
religiosos, e os galileus estavam preocupados com
seu conhecimento natural.
Se quisermos conhecer a Cristo e segui-Lo,
precisamos reconhecer que tanto a religião como o
conhecimento natural são véus. Alguns de nossos
opositores nos oprimem dizendo que não temos
treinamento teológico. Mas o Senhor Jesus, um filho
de carpinteiro, não teve treinamento teológico em Si
mesmo. O irmão Nee, alguém que muito me ajudou,
muito mais que qualquer outro, também não tinha
treinamento teológico. A religião e o conhecimento
natural são dois grandes obstáculos que frustram o
povo de reconhecer quem Cristo é. Se seguir a
religião, você permanecerá em Jerusalém, e se seguir
seu conhecimento natural, você estará na Galiléia.
Mas Cristo não fica em Jerusalém nem permanece na
Galiléia. Como veremos, Ele vai para o deserto.
Porque Jerusalém estava cheia de conceitos
religiosos e a Galiléia estava cheia de conhecimento, .
' natural, o Senhor foi para o deserto. Você está em
Jerusalém, na Galiléia ou no deserto? No deserto não
há religião, cultura ou treinamento teológico. Em
Jerusalém há religião e na Galiléia há o
conhecimento natural, mas no deserto há a presença
de Cristo. Oh! no deserto temos Cristo! Esse é o
nosso prazer e desfrute. Não temos religião ou
conhecimento natural-temos Cristo.
Porque desprezamos o conhecimento, temos
sido condenados e acusados de sermos os que
distorcem a mente. Mas nossa mente não é
distorcida-é renovada para fora do conhecimento
religioso e natural. Devemos ser intrépidos em
declarar que não mais somos religiosos ou naturais.
Em lugar do conhecimento natural e religioso, temos
Cristo como nossa sabedoria, sabedoria que
ultrapassa o conhecimento.
Qualquer tentativa de conhecer a Cristo
mediante o conhecimento natural resultará em
rejeição. Segundo o conceito natural, Cristo era o
filho de um carpinteiro e Sua mãe era uma mulher
comum. Seus conterrâneos sabiam tudo sobre Seus
feitos exteriores, mas eles não viram que Deus estava
Nele. Em 2 Coríntios 5:16, Paulo diz que, juntamente
com os outros, ele conhecia Cristo segundo a carne.
Quando Paulo era Saulo de Tarso, ele conhecia Cristo
segundo a carne; ele sabia que Jesus era
simplesmente um pequeno nazareno. Ele não
percebera que em Jesus estava Deus. Mas um dia, no
caminho de Damasco, o Senhor Jesus lhe disse:
“Saulo, Saulo porque me persegues?” Quando Saulo
perguntou ao Senhor quem era Ele, Ele respondeu:
“Eu sou Jesus”. No caminho de Damasco, Paulo
reconheceu que Jesus de Nazaré estava agora nos
céus. Jesus parecia estar dizendo: “Eu não estava
apenas em carne-Eu era Deus, pois o próprio Deus
estava em Mim. Saulo, você Me conhecia segundo a
carne, não segundo o espírito interior”.
Ocorre o mesmo hoje. Precisamos conhecer os
outros cristãos não segundo as coisas exteriores nem
segundo seu país, língua, parentela, educação ou
aparência e qualificação externas. Se conhecemos os
cristãos segundo essas coisas, nós os conhecemos
segundo acame. Mas devemos conhecer os cristãos
segundo o espírito, porque Cristo está neles. Alguns
meses atrás, um dos opositores foi convidado a
almoçar em minha casa. Ficamos mais de três horas
juntos. Em determinado momento, ele disse: “Não há
estudiosos entre vocês, há? Nós temos mais de uma
centena de estudiosos conosco”. Contudo, finalmente
nós, que somos julgados por não ter estudiosos entre
nós, publicamos artigos no jornal que os opositores
não são capazes de responder. Eles são perturbados
por muitos filhos de carpinteiros.
Quando seguimos o Senhor em Sua restauração,
não devemos conhecer as pessoas segundo a carne ou
avaliá-las segundo a carne. Devemos conhecê-las
segundo uma coisa-a medida de Cristo.
Conhecimento, inteligência e aparência exterior nada
significam. Talvez determinado irmão não fale bem e
use uma gramática insatisfatória. Ainda assim,
quando abre a boca, Cristo é expresso. Mesmo
quando você se senta perto dele, percebe que uma
porção de Cristo está com ele. Na vida da igreja na
restauração do Senhor, não nos preocupamos com a
aparência exterior; preocupamo-nos com o espírito
interior, onde Cristo está. Essa é a maneira de
conhecer a Cristo, a maneira de conhecer outros
cristãos e a maneira de seguir o Senhor.

2. Levando o Rei Celestial a Não Fazer


Muitos Milagres Entre Eles
O versículo 58 diz: “E não fez ali muitos milagres,
por causa da incredulidade deles”. A rejeição dos
fariseus levou o Rei celestial a abandoná-los. A
incredulidade dos galileus levou o Senhor a não fazer
muitos milagres entre eles. Por causa do
conhecimento natural dos galileus, o Senhor Cristo
não podia fazer coisa alguma com eles. Os galileus
não disseram: “Jesus, não queremos Você! Saia
daqui!” Eles simplesmente perguntaram: “Não é este
o filho do carpinteiro? Onde esse homem consegue
essa sabedoria e esses milagres?” Essas perguntas
foram suficientes. O Rei celestial não podia mais
permanecer ali e Seus milagres cheios de graça não
mais podiam ser desfrutados por eles. Por isso, Ele se
afastou deles e retirou-se para um lugar deserto onde
não havia cultura, nem religião e, como veremos,
nem política.

B. A Rejeição por parte do Tetrarca Pagão


Em 14:1-13, vemos a rejeição pelo tetrarca pagão.
Política está sempre ao lado de religião e cultura. De
acordo com a apresentação de Mateus, após a
rejeição pela religião e pelo conhecimento natural, há
a rejeição pela política. Herodes, o tetrarca,
representa a rejeição pela política. Esse é o princípio
básico de 14:1-13.
Herodes tinha decapitado João Batista na prisão.
Em 12:24, os líderes da religião judaica,
representando toda a nação dos judeus, rejeitaram o
Rei celestial por completo. Isso O forçou a renunciar
o Seu relacionamento natural com eles (12:46-50).
Então em 13:53-58, Ele também foi rejeitado pelos
galileus. Agora, no capítulo 14, Mateus, em seu
arranjo doutrinário, nos revela como os políticos
gentios trataram o mensageiro do Rei. A política
gentia era diabólica e cheia de corrupção e trevas. A
partir desse ponto, Mateus deu um quadro completo
de como os judeus, galileus e gentios rejeitaram o
ministério do reino dos céus.

1. A Política Pagã Coincidindo com a Religião


Judaica
Primeiramente, a rejeição pela religião atingiu
seu clímax.
Depois disso, veio a rejeição segundo o
conhecimento natural. A rejeição pela política
coincidiu com a rejeição pela religião e pelo
conhecimento natural. Os religiosos, aqueles com
conhecimento natural e os políticos, não
estabeleceram um acordo com o propósito de rejeitar
o Senhor Jesus. Não obstante, sua rejeição a Ele
coincidiu. A religião, o conhecimento natural e a
política, todos se juntaram na rejeição a Cristo.

2. As Trevas da Política São Expostas


No capítulo 14, vemos as trevas, a podridão e a
injustiça da política. Nossos olhos precisam estar
abertos para ver que na religião não há boa acolhida
para o nosso Rei celestial. Nem há um lugar para Ele
no conhecimento natural nem na política podre,
tenebrosa de hoje. Nesta geração, não há lugar para o
Rei celestial. A religião, a cultura e a política são uma
na rejeição ao Rei celestial. Como agradeço a Deus
pelo relato no Evangelho de Mateus. Se você ler os
capítulos anteriores ao 14, verá a falsidade na religião
judaica. Também verá que o conhecimento natural
causou grande dano ao povo. Além disso, você verá a
corrupção e trevas da política romana, que foi o
sistema político líder na terra na época. Mas mesmo
no melhor sistema político nada há senão corrupção
e trevas.

3. Levando o Rei Celestial a Retirar-se para o


Deserto
Até agora, vimos as primeiras duas paradas no
caminho para a glória. A primeira parada é a rejeição
pelo conhecimento natural, e a segunda é a rejeição
pela política. A rejeição tanto pela cultura como pela
política levou o Rei celestial a retirar-se. Quando Ele
ouviu sobre a execução de João Batista “retirou-se
dali num barco, para um lugar deserto” (14:13).
Devido à rejeição por todo o povo religioso, culto e
político, o Rei celestial os abandonou e foi para um
lugar deserto. Isso indica que daí em diante Ele se
ocultaria reservadamente num deserto, num lugar
sem cultura, longe do povo religioso, político e culto.
Ele fez isso num barco, querendo dizer que faria isso
por meio da igreja. Devido à rejeição do mundo
civilizado, o Senhor, por meio da igreja, sempre se
tem ocultado dos círculos religiosos e políticos, num
ambiente sem muita cultura.
O restante de 14:13 diz: “Ouvindo isso as
multidões, seguiram-No a pé”. Apesar da rejeição de
todo o povo, havia ainda um bom número que seguia
o Rei celestial. Eles fizeram isso ao deixar suas
cidades. Não foi porque o Rei veio até suas cidades
para visitá-los, mas porque eles deixaram suas
cidades cultas para segui-Lo no deserto. Através dos
séculos, os verdadeiros seguidores de Cristo têm
deixado suas esferas culturais para seguir seu Rei
celestial fora do mundo culto. Estamos entre aqueles
que O têm seguido. Nós vamos aonde Ele estiver. Por
meio de toda espécie de rejeição, nós O seguimos até
o deserto.
MENSAGEM 43

O CAMINHO PARA A GLÓRIA (2)


Nesta mensagem, chegamos a 14:14-21, o
registro dos milagres do Senhor alimentando a
multidão no deserto.

II. CARÊNCIA NAS NECESSIDADES

A. Ao Cair da Tarde num Deserto Árido


Muitas vezes, após termos experimentado a
rejeição e passado por ela, temos alegria e
descansamos. Mas após provarmos esse descanso,
percebemos que estamos em escassez e nada temos
para manter o nosso vi ver. Temos carência nas
necessidades. Essa era a situação da multidão que
seguia o Senhor no deserto.
Creio que aqueles que seguiam o Rei celestial no
deserto estavam desfrutando momentos de felicidade
e prazer. Deviam estar tão felizes que até se
esqueceram de comer. O versículo 15 diz: “Ao cair da
tarde, aproximaram-se Dele os discípulos, dizendo: O
lugar é deserto e a hora é já avançada; despede as
multidões para que, indo às aldeias, comprem
comida para si”. Pedro deve ter tomado a dianteira
em lembrar a Jesus que eles estavam no deserto, que
ia adiantada a hora e que as multidões precisavam
comer. Deve ter sido ele que sugeriu ao Senhor que
enviasse as multidões às aldeias para comprar
comida. Os discípulos pareciam estar dizendo:
“Senhor, veja que já é tarde. Não mantenha a
multidão aqui. Despeça-a”. Não era essa uma boa
idéia procedente de bom coração? Todos os Pedros
de hoje têm bom coração. Na vida da igreja, os que
têm bom coração freqüentemente dão opiniões. Não
seja como Pedro.

B. Aprender a Cuidar da Necessidade dos


Outros
Ao ler o livro de Mateus, precisamos tomar
cuidado com o arranjo doutrinário. Muitos leitores
consideram Mateus um livro tanto de fatos como
histórico. Mas não é um livro histórico; é um livro de
doutrina. A palavra do Senhor no versículo 16,
portanto, é significativa: “Não precisam retirar-se;
dai-lhes vós mesmos de comer”. Os discípulos
pediram ao Senhor que despedisse as multidões para
que fossem e comprassem comida para si. Mas o
Senhor disse aos discípulos que dessem de comer às
multidões. O conceito deles era pedir ao povo que
fizesse alguma coisa; esse era o princípio da lei. Mas
o conceito do Senhor é dar ao povo algo para
desfrutar; esse é o princípio da graça. O que os
discípulos propuseram era totalmente baseado no
princípio da lei.
No versículo 16, o Senhor Jesus deteve os
discípulos. Os Evangelhos relatam diversas vezes que
Pedro foi barrado. Ele foi muito experimentado nesta
questão de ser barrado no falar. No monte, quando
propôs erigir três tabernáculos, ele foi barrado por
Deus. Quando disse ao cobrador de impostos do
templo que seu Mestre pagava imposto, ele foi
barrado pelo Senhor. O Senhor Jesus sempre deteve
os de bom coração. Se você não ti ver tal bom coração,
o Senhor não o deterá. Mas se ti ver um bom coração,
esteja preparado para ser barrado por Ele. Seu bom
coração precisa ser barrado porque é natural. O
Senhor Jesus barrou os discípulos ao dizer: “Dai-lhes
vós mesmos de comer”. O Senhor parecia estar
dizendo: “Não peçam que a multidão faça algo para
receber alguma coisa. Isso é lei. Vocês devem dar-lhe
algo para comer. Isso é graça. Não estou aqui como
Moisés dizendo ao povo que faça algo para receber
alguma coisa. Eu sou Jesus Cristo. Vim com graça.
Sempre dou algo às pessoas. A lei veio por
intermédio de Moisés, mas a graça veio Comigo.
Portanto, vocês devem dar de comer à multidão.
Vocês, discípulos, estão completamente errados, pois
ainda estão sob a lei, dizendo às pessoas para fazer
determinadas coisas. As pessoas estão com fome?
Certamente estão. Eu sei disso. Nada fiz até agora
para expor vocês. Esperei até ao cair da tarde
exatamente para que pudessem ser expostos. Se Eu
tivesse feito algo para supri-los, vocês nunca teriam
sido expostos”. Freqüentemente, na restauração do
Senhor, tais circunstâncias ocorrem. O Senhor
deliberadamente faz determinadas coisas para
esgotar a paciência dos que são naturais. Contudo, os
de bom coração não podem suportar isso. Muitas
vezes, minutos antes do fim, eles dão uma opinião. Se
tivessem esperado poucos minutos mais, sua tolice
não teria sido exposta. Não obstante, precisamos
aprender a abandonar os regulamentos e
mandamentos da lei. Em vez disso, precisamos
aprender a conhecer a graça, a exercitar a graça, e dar
aos outros de acordo com o princípio da graça.
Quando o Senhor Jesus disse-lhes que dessem
de comer às multidões, os discípulos disseram: “Não
temos aqui senão cinco pães e dois peixes”. Quando
você estiver para exercitar a graça, verá que nada tem.
Se simplesmente der mandamentos aos outros, não
perceberá quão pobre é. Você pode pensar que é
muito inteligente e dizer a si mesmo: “Quão
inteligente eu sou! Ninguém mais notou que a hora
está adiantada. Mas eu sei tudo. Posso até instruir
Jesus. Na restauração do Senhor, sou a pessoa mais
inteligente. Posso dizer às pessoas para fazerem isso
e aquilo. Conheço a hora, conheço a situação, sei o
que dizer, sei o que fazer, sei tudo. Sei até mesmo
como dirigir o Senhor Jesus”. No entanto, quando é-
nos dito pelo Senhor para exercitarmos a graça,
dizemos: “Quando estou sob a lei sou cego e não me
conheço. Sob a lei minha pobreza não é exposta. Mas
agora o Senhor Jesus, falando uma palavra de graça,
disse-me para dar-lhes algo para comer. Essa palavra
de graça expõe minha pobreza. Imediatamente, vejo
que nada tenho. Tenho apenas uma boca que
comanda. Posso dar ordens, posso instruir e posso
ensinar, mas nada tenho para dar”. A lei não nos
expõe tanto assim. Mas sempre que estamos para
exercitar a graça, nossa pobreza é exposta. Vemos
que nada temos para dar aos outros, nem mesmo
para nos alimentar.
Que o Senhor seja misericordioso conosco! Não
pense que esta é meramente uma história sobre o
Senhor Jesus alimentando cinco mil homens mais
mulheres e crianças, com cinco pães e dois peixes.
Você pode estar familiarizado com a história desse
milagre, mas ainda pode precisar da revelação ou da
luz que ela contém. Hoje, entretanto, estamos sob o
iluminar do Senhor. Todos somos Pedros. Quando
pensamos que sabemos o que fazer e podemos dizer
aos outros o que fazer, somos um Pedro sob a lei.
Não somos alguém sob a graça. O que está sob a
graça sempre dirá: “Senhor, nada tenho para dar. Há
uma grande necessidade, mas eu não posso satisfazê-
la. Percebo que hoje é dia da graça, não dia da lei.
Não obstante, nada tenho para dar. A graça me
expõe”. Você está sob a lei ou sob a graça? Se estiver
sob a lei, ainda sentirá que tem algo de que se
vangloriar-sua mente esperta, sua percepção, seu
conhecimento, sua habilidade para instruir os outros.
Mas quando o Senhor o coloca sob a graça, sua
pobreza e insignificância serão expostas, e você terá
de admitir que nada tem, nada nem mesmo para se
alimentar. Aqui vemos claramente o princípio da lei e
o princípio da graça.

C. Oferecer Tudo ao Rei Celestial


A respeito dos pães e peixes mencionados no
versículo 17, o Senhor disse no versículo 18: “Trazei-
Mos”. Qualquer coisa que tenhamos do Senhor,
precisamos levá-la a Ele para que ela se torne uma
grande bênção para muitos outros. O Senhor sempre
usa o que Lhe oferecemos para suprir a necessidade
dos outros. É também desse modo que Ele supre a
necessidade de Seus seguidores hoje.
Embora possa dizer que nada tem a oferecer ao
Senhor, você terá pelo menos a si mesmo. Louvado
seja o Senhor porque podemos dar a nós mesmos a
Ele! Podemos nada ter senão nosso ser pobre, feio,
mas podemos dá-lo a Ele. Até uma pessoa doente
pode dar-se ao Senhor. Que possamos dar tudo o que
somos a Ele. O Senhor precisa de nossa consagração.
Se o que temos é mantido em nosso poder, será nada.
Mas se passa de nossas mãos para as do Senhor, isso
se tornará em grande bênção. Consagre-se ao Senhor.
Ofereça o que tem a Ele. Então o Senhor terá um
modo de abençoar muitas pessoas e você estará
incluído nessa bênção.
Todos nós devemos ver a doutrina nesse trecho
da Palavra. A doutrina é que não devemos estar sob a
lei, mas sob a graça. A graça expõe nossa pobreza e
nossa insignificância. Ainda assim temos uma coisa-
nós mesmos-para dar ao Senhor. Não importa quão
pouco tenhamos, precisamos oferecê-lo a Ele. Se
pusermos o que temos em Suas mãos, isso se tornará
em grande bênção.

D. O Rei Celestial Cuida de Todas as


Necessidades por meio de uma Bênção
Miraculosa

1. Alimentando o Povo
O versículo 19 diz: “E, tendo mandado que as
multidões se reclinassem sobre a relva, tomando os
cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu,
os abençoou; e, tendo partido os pães, deu-os aos
discípulos, e os discípulos às multidões”. O Senhor
alimentou o povo; Ele-lhes ministrou suprimento de
vida. Tendo as multidões se assentado sobre a relva,
Ele colocou as pessoas em boa ordem. Isso mostra a
sabedoria e a ordem do Senhor. Ao erguer os olhos
aos céus, o Rei celestial mostrou que Sua fonte era
Seu Pai nos céus. Então Ele abençoou os pães e os
peixes e os partiu. Isso mostra que tudo o que
levamos ao Senhor deve ser partido para que se tome
uma bênção aos outros.
O Senhor quebrará tudo o que for consagrado a
Ele. Isso significa que após nos consagrarmos ao
Senhor, seremos quebrados por Ele. No entanto,
muitos de nós temos orado: “Senhor, tem
misericórdia de mim e não me quebres. Senhor, Tu
sabes que minha esposa me está partindo em
pedaços. Conserva-me inteiro e Salva-me da mão
quebradora dela”. Grande número de irmãs também
tem orado para serem salvas da mão quebradora do
marido. Mas quanto mais você orar desse modo,
mais quebrantamento haverá. Nós, contudo, somos
mais parecidos com borracha do que com pão. É fácil
quebrar pão, mas é difícil quebrar borracha. Portanto,
em nós, quebrar não é suficiente. Algumas vezes o
Senhor também tem de nos cortar. Não estou
brincando, pois conheço minha própria situação. Não
obstante, tudo o que você é e tudo o que tem precisa
ser oferecido ao Senhor. Se fizer isso, em Sua mão
nada permanecerá inteiro. Antes, todas as coisas
serão quebradas. O Senhor quebrará tudo o que Lhe
for colocado nas mãos. Se não somos quebrados,
nossa consagração nada significa e não é eficaz.
Nossa consagração somente surte efeito quando
nosso ser é quebrado pelo Senhor.
Após o Senhor partir os pães, Ele os deu aos
discípulos. Os pães vieram dos discípulos e eles os
trouxeram ao Senhor. Após serem abençoados e
partidos pelo Senhor, os pães foram devolvidos aos
discípulos para que distribuíssem às multidões, para
quem os pães se tomaram grande satisfação. Isso
mostra que os discípulos não eram a fonte de bênção;
eles eram apenas os canais usados pelo Senhor, que
era a fonte de satisfação do povo. O pão partido foi
passado aos discípulos e os discípulos o distribuíram
às multidões. Esse pão partido se tomou a satisfação
de todo o povo faminto e houve grande bênção. O
princípio é o mesmo hoje. Não há dúvida que foi uma
grande bênção a restauração do Senhor neste país.
Contudo, precisamos perceber que alguns amados se
ofereceram ao Senhor. Na mão do Senhor, todos eles
foram quebrados e esses pedaços se transformaram
em bênção.

2. Em Ressurreição
João 6:9 nos diz que os cinco pães são pães de
cevada.
Figuradamente, a cevada tipifica a ressurreição
de Cristo (Lv 23:10). Assim, os pães de cevada
representam Cristo em ressurreição como comida
para nós. Enquanto os pães são de origem vegetal,
representando o aspecto gerador da vida de Cristo, os
peixes são de origem animal, representando o
aspecto redentor da vida de Cristo. Para satisfazer
nossa fome espiritual precisamos tanto da vida
geradora de Cristo como de Sua vida redentora.
Ambos os aspectos são simbolizados por pequenos
itens-pães e peixes. Isso indica que o Rei celestial não
veio aos Seus seguidores nesta era para reinar sobre
eles como um grande Rei, mas como pequenos
pedaços de comida para alimentá-los.

3. Com Superabundância
O versículo 20 diz: “Todos comeram e se
fartaram; e recolheram o que sobejou dos pedaços:
doze cestos cheios”. Doze cestos cheios de pedaços
significam não somente que o Cristo ressurreto é
ilimitado e inexaurível, mas também que a provisão
do Senhor para nós é abundante, mais que suficiente
para suprir toda nossa necessidade. Os cinco pães e
os dois peixes satisfizeram cerca de cinco mil homens,
fora mulheres e crianças (v. 21). O que oferecemos ao
Senhor pode ser muito pouco, mas a bênção será
grande, e a superabundância, o suprimento a mais,
será maior do que o que oferecemos. O que
oferecemos ao Senhor não pode ser esgotado. Antes,
será usado pelo Senhor para abençoar os outros
abundantemente, até sobejar, para testificar que esse
é o maravilhoso agir do Senhor. Nesta descrição do
milagre, a intenção do Espírito Santo em Sua
inspiração é mostrar que a verdadeira necessidade
dos seguidores do Rei celestial é a comida adequada
para saciar sua fome. Os discípulos de Cristo não
sabiam disso, nem as multidões que O seguiam. O
Rei celestial sabia disso e quis fazer algo miraculoso
para impressioná-los com a verdadeira necessidade
deles e Sua provisão para aquela necessidade. Tudo
de que eles precisavam era Sua vida de ressurreição
para satisfazer sua fome espiritual, como mostrado
nesse milagre.
O que o Rei celestial fez indica claramente que
Ele supre as necessidades de Seus seguidores
enquanto eles O seguem nesse mundo opositor. Isso
corresponde à Sua palavra na constituição celestial
em que o povo do reino não precisa estar ansioso
pela comida (6:31-33).
Seguindo o Rei rejeitado, precisamos passar por
muitos tipos de rejeições. Após essas rejeições,
estaremos carentes e teremos certas necessidades.
Mas não se preocupe com suas necessidades nem
esteja ansioso a respeito delas, pois o Senhor cuida
disso, mesmo ao cair da tarde num lugar deserto. O
Senhor tem a maneira de satisfazer sua necessidade.
Simplesmente ofereça em Suas mãos o que você é e o
que você tem, deixando-O quebrar a oferta e
deixando a oferta partida alimentar os famintos. Se
fizer isso, você desfrutará satisfação e haverá sobejo.
O que o Rei rejeitado fez em 14:14-21 não foi
meramente um milagre para alimentar o povo. O
milagre aqui mostra que como Rei rejeitado, Cristo
tem o suprimento adequado de vida, suficiente, rico,
para Seus seguidores. Ele não somente cuida de
nossas necessidades físicas e materiais; Ele também
proporciona o suprimento de vida para satisfazer
nossa fome. Muitos de nós podem testificar que após
passar pela rejeição chegamos a uma situação onde ti
vemos escassez. Contudo, o Senhor cuidou de nós e
não nos faltou coisa alguma. Finalmente, não nos
preocupamos com o suprimento material, mas com o
suprimento de vida para satisfazer nossa fome
espiritual. Enquanto seguimos o Rei rejeitado no
caminho para a glória, podemos testificar que
estamos desfrutando o suprimento de vida. Mais que
isso, estamos alimentando os outros. E depois de tal
desfrute, ainda haverá doze cestos cheios de
suprimento de vida.
Agora podemos dizer que esse caminho é muito
bom. Embora aqui tenhamos rejeição e escassez, Ele
é nosso suprimento de vida. Ele cuida de nossas
necessidades físicas e proporciona o rico suprimento
de vida, até com superabundância, para ir ao
encontro de nossa necessidade espiritual. Por isso,
podemos dizer: “O Senhor é meu Pastor; nada me
faltará”. Não somente estamos supridos-somos ricos,
estamos satisfeitos e temos doze cestos cheios. Com
Ele, temos o suprimento material e o suprimento de
vida. Enquanto O seguimos, mesmo no deserto, nós
O desfrutamos como nossa fonte de suprimento.
Assim, nada tememos. Porque Ele está conosco, nada
nos faltará. Enquanto temos Sua presença, tudo está
bem. Damos boas-vindas à rejeição e, em certo
sentido, até damos boas-vindas à situação de
estarmos em necessidade, pois nós O temos. Nossa
necessidade proporciona a Ele excelente
oportunidade de fazer algo por nós.
MENSAGEM 44

O CAMINHO PARA A GLÓRIA (3)

III. A TEMPESTADE NO CAMINHO


Quando seguimos o Senhor no caminho para a
glória, primeiro experimentamos a rejeição e, então,
sofremos a falta nas nossas necessidades diárias.
Depois disso, experimentamos a tempestade no
caminho (14:22-33). A tempestade no capítulo 14
mostra que no caminho onde seguimos o Rei
rejeitado sempre haverá problemas. Do final do
capítulo 13 ao final do capítulo 16, há muitas coisas
negativas. Humanamente falando, ao seguirmos o
Rei rejeitado no caminho para a glória, nada há de
bom. Parece que tudo é um problema. Você gosta de
rejeição? Você desfruta a falta das coisas que precisa
para seu vi ver diário? Você aprecia a tempestade no
mar? Se em nosso caminho não houver rejeição,
escassez ou tempestade, isso indica que não estamos
verdadeiramente no caminho. Se realmente
estivermos no caminho para a glória, teremos
problemas e dificuldades.

A. Os Discípulos Navegam no Barco – a Igreja


O versículo 22 diz: “Logo a seguir, compeliu
Jesus os discípulos a entrar no barco e ir adiante Dele
para o outro lado, enquanto Ele despedia as
multidões”. Repentinamente, o Senhor compeliu os
discípulos a deixá-Lo. Entretanto, Ele não foi com
eles. Ele os compeliu a partir no barco para que Ele
pudesse ter mais tempo para orar ao Pai
privativamente. Como indica o versículo 23, Ele
subiu ao monte para orar. Antes de o Senhor mandá-
los partir, os discípulos desfrutaram o suprimento do
Senhor. A falta do alimento resultou numa
experiência mui agradável. Os discípulos estavam
desfrutando o suprimento do Senhor e estavam
felizes. Se estivéssemos lá, certamente estaríamos
radiantes. Creio que Pedro falou muito sobre o que o
Senhor tinha feito. Ele devia estar dizendo: “João,
não é maravilhoso? Olhe o que o Senhor fez com
cinco pães e dois peixes!” O Senhor então parecia
dizer: “Não fale. Suba no barco e vá adiante de Mim
para a outra margem. Vejo que você acaba de ter
horas agradáveis, mas é hora de ir”. Os discípulos
devem ter dito: “Senhor, não vens conosco?” O
Senhor deve ter respondido: “Não, vocês devem ir sós.
Vou ao monte orar”. Muitas vezes, imediatamente
após um desfrute deleitável do Senhor, Ele
repentinamente nos diz para ir ao mar. E então Ele
nos deixa. Esse é um retrato da situação de hoje. O
Senhor vai ao monte, aos céus. Contudo, Ele
encarrega Sua igreja de ir adiante, ao mar, onde
sempre há ventos e tempestades contrários.

B. O Rei Celestial Ora: no Monte


O versículo 23 diz: “E, tendo despedido as
multidões, subiu ao monte sozinho para orar. Ao
anoitecer lá estava Ele só”. O Rei celestial, como o
amado Filho do Pai (3:17), na posição de homem
(4:4), precisava orar sozinho ao Seu Pai que está no
céu, para que Ele pudesse ser um com o Pai e ter o
Pai com Ele em tudo o que fazia na terra para o
estabelecimento do reino dos céus. Ele fez isso não
no deserto, mas no monte, deixando todo o povo, até
Seus discípulos, para que pudesse contatar o Pai
sozinho.

C. O Barco com os Discípulos Açoitado pelas


Ondas sob Vento Contrário
O versículo 24diz: “Entretanto, o barco já estava
no meio do mar, açoitado pelas ondas, porque o
vento era contrário”. Certamente o Senhor tomou
conhecimento de que o barco era açoitado por uma
tempestade. Quando compeliu os discípulos a tomar
o barco e ir adiante Dele, Ele previu que vinha uma
tempestade; contudo, não foi com eles. Antes, foi ao
monte para orar. Hoje, o Senhor Jesus está num
monte, isto é, nos céus (Rm 8:34; Hb 7:25) e a igreja
está no mar. Dia após dia deparamos com ventos
contrários. Desde o dia em que viemos para Anaheim,
os ventos contrários têm soprado. Não tivemos um só
dia calmo. O barco-igreja tem sido constantemente
açoitado. No entanto, esse é nosso destino. O fato de
que o Senhor está nos céus orando por nós é para nós
uma fonte de consolo e encorajamento. Não nos
preocupamos com a força dos ventos contrários, pois
sabemos que o Senhor está no monte orando por nós.
A tempestade não está sob o controle da oposição; ela
está sob os pés do Senhor.
Não tema os ventos contrários. Não há
necessidade de ficar perturbado por eles. Outros
podem testificar por mim que, não importa o que
aconteça, não temo coisa alguma. Minha esposa pode
testificar que todas as noites durmo profundamente e
que todas as tardes tiro uma boa soneca, livre de
preocupações. Algumas vezes minha esposa fica
surpresa por eu não estar preocupado com os
problemas. Tenho muitas coisas para fazer e é meu
dever ter um bom descanso. Porque nosso destino
está nas mãos do Senhor, não há razão para que
tenhamos medo de coisa alguma. Os ventos
contrários e a oposição estão sob Seus pés. O Senhor
está num alto monte, orando e intercedendo por nós.
Ele sabe quão forte o vento é. Mas Ele ri do vento e
parece dizer: “Pequeno vento, você nada significa
para Mim. Que está tentando fazer? Você nada pode
fazer com Minha Igreja. Esses no barco são Meus
seguidores. Na verdade, eles são Eu. Apesar de Eu
estar aqui nos céus, também estou com eles”. Que
maravilhoso quadro é este do alto monte, das ondas
revoltas e dos ventos contrários, e o pequeno barco
no mar! Os ventos e as ondas estão todos cooperando
para o nosso bem. Você não crê que a oposição esteja
trabalhando para o seu bem? Certamente está. Em
Anaheim temos visto quanto bem a oposição nos tem
feito.
Alguns me têm condenado ao dizer que não creio
que Jesus Cristo está nos céus. Eles me acusam de ser
muito reservado, de sempre dizer-lhes que não
olhem para o céu, mas para Cristo no seu interior. A
verdade é que precisamos olhar nas duas direções.
Primeiro, devemos olhar para o Senhor dentro de nós
e dizer:-ó Senhor Jesus, Tu estás feliz com Tua
habitação em mim? Desfrutas Tu este lugar?” Todos
precisamos ver que Cristo está em nós. Para desfrutá-
Lo, precisamos saber que Ele habita em nós. Se Ele
estivesse longe daqui, não poderíamos desfrutá-Lo.
Segundo, para crermos no Senhor, precisamos olhar
para Ele nos céus, onde se assenta com autoridade e
intercede por nós. Breve Ele pode estar a caminho
para vir ao nosso encontro. Aleluia! Ele tanto está
dentro de nós como nos céus intercedendo por nós!
Se virmos isso, não seremos afligidos, atribulados ou
aborrecidos por qualquer tempestade, pois teremos a
certeza de que o barco é Seu barco, de que a igreja é
Sua igreja. O mar não pode danificar o barco. Pelo
contrário, o mar está a serviço do barco. Como
veremos, o vento e as ondas ensinaram a Pedro uma
grande lição.

D. O Rei Celestial Anda sobre o Mar, Indo


até os Discípulos
“Na quarta vigília da noite, veio Jesus ter com
eles, andando sobre o mar” (v. 25). De acordo com a
guarda romana, havia quatro vigílias na noite, uma a
cada três horas, desde o entardecer até o amanhecer.
A primeira vigília era a do crepúsculo; a segunda, a
da meia-noite; a terceira, a do canto do galo e a
quarta, a da manhã (Mc 13:35). A quarta vigília era
provavelmente entre três e seis horas da manhã.
O versículo 25 diz que o Senhor veio até os
discípulos, andando sobre o mar. Enquanto os
discípulos eram afligidos pelas ondas, o Senhor
caminhava sobre elas. Isso testifica que Ele é o
Criador e o Governador do universo (Jó 9:8).

E. O Rei Celestial Traz Encorajamento aos


Discípulos com Sua Presença
Pensando que o Senhor fosse um fantasma, os
discípulos gritaram, tomados de medo (v. 26). “Mas
Jesus imediatamente lhes falou, dizendo: Tende
ânimo! Sou Eu. Não temais!” (v. 27). O Rei celestial
trouxe encorajamento aos discípulos com Sua
presença. Quando eles O confundiram com um
fantasma, um espectro, Ele os encorajou dizendo
“Sou Eu”.
F. Os Discípulos Aprendem a Andar na
Tempestade pela Fé e Não pelo que Vêem
O versículo 28 diz: “Respondendo-Lhe Pedro,
disse: Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter Contigo
sobre as águas”. Quando o Senhor disse: “Vem!”,
Pedro desceu do barco, “andou sobre as águas e foi
em direção a Jesus” (v. 29). Somente Pedro era
suficientemente ousado para fazer isso. Duvido que
algum de nós teria sido tão ousado como Pedro. Foi
um milagre que Pedro pudesse caminhar sobre as
águas. Ele andou sobre as ondas pela fé. Fé é nosso
agir sobre a palavra do Senhor. Ter fé não significa
que somos capazes de fazer as coisas; nem significa
que decidimos ir numa certa direção. Fé
simplesmente significa que, embora possamos ser
muito fracos, ousamos agir baseados na palavra do
Senhor. O Senhor disse a Pedro “Vem” e Pedro
tomou aquela palavra, agiu com base nela, e andou
sobre as ondas. Não pondere se você tem fé ou não.
Se você se examinar, sua fé desaparecerá
imediatamente. Não se pergunte: “Sou forte na fé?
Minha fé é adequada?” Se você se questionar dessa
maneira, imediatamente afundará nas ondas.
O versículo 30 diz sobre Pedro: “Reparando,
porém, no forte vento, teve medo; e, começando a
submergir, gritou: Senhor, salva-me!” Pedro desceu
do barco e caminhou sobre as ondas pela fé na
palavra do Senhor (v. 29); no entanto, quando ele viu
o vento forte, sua fé esvaeceu. Ele deveria caminhar
somente pela fé na palavra do Senhor, não pela visão
das circunstâncias (2Co 5:7). Quando Pedro gritou
por socorro, “Imediatamente, Jesus, estendendo a
mão, segurou-o e lhe disse:
Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (v. 31).
Uma vez que o Senhor disse a Pedro “Vem!” (v. 29),
Ele deveria ter se firmado nessa palavra e não
duvidado. Assim, o Senhor o repreendeu. A fé vem da
palavra do Senhor e se firma na palavra do Senhor.
Enquanto tivermos a palavra do Senhor, devemos
simplesmente crer em Sua palavra e não duvidar.
Não se aflija por quaisquer tempestades, pois
estamos no barco, a igreja do Senhor. Mesmo se não
pudermos ver o Senhor ou sentir que Ele está
conosco, podemos estar seguros de que Ele está no
monte intercedendo por nós. Talvez Ele até esteja a
caminho do barco. Se Ele estiver no monte
intercedendo ou sobre as ondas vindo em nossa
direção, não devemos ficar aflitos. Nessas horas,
podemos não apenas ter paz interiormente, mas até
receber uma palavra Dele para andarmos sobre as
ondas. Quando recebemos tal palavra, devemos
simplesmente andar sobre o mar tempestuoso. Não
se aborreça com a oposição ou perseguição. Com a
palavra do Senhor podemos caminhar ao Seu
encontro mesmo passando por e sobre toda oposição.
Isso é fé. Não devemos censurar Pedro por ter pouca
fé. Entre todos os discípulos no barco, Pedro foi o
primeiro a desfrutar a presença do Senhor. Alguns de
nós são muito tardos e tímidos. Não critique os
outros por serem tão rápidos. Você precisa ser rápido
algumas vezes. Que prefere-ser como Pedro ou como
Tomé? Pedro foi ousado, mas Tomé foi tímido e
cauteloso. Nas Igrejas, há muitos cautelosos,
precavidos. Mas Pedro não foi cauteloso. Assim que
ele ouviu uma palavra do Senhor, desceu do barco e
andou sobre a água. Contudo, os cautelosos podem
dizer: “Mas Pedro teve de gritar ao Senhor para
salvá-lo. Não é necessário que gritemos por socorro.
Estamos seguros aqui no barco”. Sim, vocês estão a
salvo no barco, mas não estão na presença do Senhor.
Não são como Pedro que foi o primeiro a se voltar
para a presença do Senhor.
Pedro causava muitos problemas. Os apressados
sempre causam problemas, enquanto os tímidos
nunca os causam. Os tímidos não causam problemas,
mas também não entram na presença do Senhor.
Com os cautelosos, nada parece acontecer. Ano após
ano, e tudo permanece calmo. Mas aqueles que são
como Pedro estão sempre remexendo as coisas. Eles
podem causar problemas, mas são resgatados pelo
Senhor e por isso são introduzidos na Sua presença.
Alguns cautelosos entre vocês precisam causar um
pequeno problema e, então, gritar ao Senhor para ser
sal vos e entrar na Sua presença. Quem vocês pensam
que mais desfrutam o Senhor-os cautelosos ou os
apressados? A resposta certamente é os apressados.
Entretanto, os tímidos podem dizer: “Deixem-nos
dormir. Mais cedo ou mais tarde o Senhor Jesus virá.
Não precisamos nos atirar na água, causar problemas
e então gritar por ajuda. Não precisamos ser tão
agitados para entrar na presença do Senhor. Se nos
tranqüilizarmos e ficarmos calmos, o Senhor virá”.
De certo modo, os cautelosos estão certos e, aqueles
como Pedro, estão errados. Mas os ousados têm mais
desfrute do Senhor do que os tímidos. No entanto,
posteriormente, a presença do Senhor não estará só
com Pedro, mas com todos os discípulos no barco.

G. A Tempestade Passa por causa da Presença


do Rei Celestial
O versículo 32 diz: “Subindo eles no barco,
cessou o vento”. Isso foi um milagre. Esse milagre
não apenas testifica que o Senhor é o Governador dos
céus e da terra, mas também que Ele cuida das
dificuldades dos Seus seguidores enquanto eles O
seguem no caminho para a glória. Quando temos o
Senhor em nosso barco, o vento cessa. O relato dos
dois milagres nesse capítulo mostra que enquanto
Cristo era rejeitado pelas pessoas políticas e
religiosas, Ele e Seus seguidores estavam num
deserto árido e sobre o mar tempestuoso. Nem por
isso Ele deixa de ser capaz de prover suas
necessidades e de conduzi-los em meio às
'dificuldades.
A presença do Senhor fez com que a tempestade
passasse.
Experimentei isso muitas vezes. Não posso lhes
dizer por quantas tormentas passei nos últimos
cinqüenta anos. Mas, ao final, todas as tormentas
cessaram. Nenhuma tormenta durou mais que três a
cinco anos. Três a cinco anos realmente não é um
longo período. Para o Senhor, são apenas poucos
minutos, pois para Ele mil anos são como um dia.
Não se alarme-toda tempestade passará.

H. Adoram o Rei Celestial e Reconhecem-No


como o Filho de Deus
Depois que o Senhor fez o vento cessar, “os que
estavam no barco O adoraram, dizendo:
Verdadeiramente és o Filho de Deus!” (v. 33).
Reconhecer que o Senhor é o Filho de Deus é
perceber que Ele é igual a Deus (Jo 5:18). Portanto,
isso indica que os discípulos reconheceram a
divindade do Senhor (Mt 1:23; 3:17).
Em 14:22-33, vemos um auto-retrato. Alguns de
nós são como Pedro e outros como Tomé. Alguns são
ágeis e ousados, causando problemas e cometendo
erros; outros são tímidos, cautelosos e vagarosos. Os
tímidos podem murmurar contra os mais ousados:
“O irmão Fulano-de-tal é muito rápido. Não
concordo com isso. Ele está totalmente errado. Mas
eu sou lento e cauteloso”. A situação das igrejas
acerca dos ágeis e dos cautelosos está muito clara
para mim. Conheço os que são ousados e causam
problemas, e os que são cautelosos e nunca causam
problemas. Aprecio todos os cautelosos; contudo,
não concordo com eles. Por serem muito cautelosos,
eles nunca estimulam alguém ou alguma coisa. As
pessoas precisam ser estimuladas a andar sobre as
ondas a fim de que entrem na presença do Senhor.
Os que fazem isso trarão o Senhor para o barco.
Nenhum cauteloso, tímido, vagaroso ou cuidadoso
demais trouxe o Senhor Jesus para o barco. No caso
dos cautelosos, o Senhor tem de vir ao barco por Si
mesmo. Se Ele fizer isso, encontrará os cautelosos
dormindo. Nenhum deles estará esperando por Ele.
Após acordarem de seu sono, os cautelosos dirão:
“Senhor, Tu estás aqui. Isso é muito bom. Louvado
seja o Senhor por isso! Agora é hora de voltar a
dormir!” Os que são vagarosos e cuidadosos nunca
causam qualquer dificuldade ou problema.
Precisamos ser rápidos e audaciosos. Contudo, ao
sermos rápidos e audaciosos para sair do barco e
andar sobre o mar, precisamos atentar para quatro
coisas: primeiro, que ajamos com base na palavra do
Senhor, não sem ouvir uma palavra Dele; segundo,
que nossa meta seja em direção ao próprio Senhor;
terceiro, que entremos na Sua presença; quarto, que
voltemos para o barco. Se atentarmos para essas
quatro coisas, estaremos certos, mesmo se
aparentarmos estar errados.

IV. O PODER DE CURA


Depois que Jesus e os discípulos chegaram a
Genesaré, as pessoas daquele lugar trouxeram ao
Senhor todos os que estavam doentes. O versículo 36
diz: “E rogavam-Lhe que os deixasse apenas tocar a
franja da Sua veste. E todos quantos tocaram foram
completamente curados”. O poder de cura saiu não
do interior de Cristo, mas da orla da Sua veste. A
veste do Senhor representa os atos de justiça de
Cristo e a orla representa o governo celestial (Nm
15:38-39). Dos atos de Cristo celestialmente
governados sai a virtude que se torna o poder de cura.
Conforme Números 15, a orla da veste representa a
virtude do povo de Deus que caminha conforme Seus
mandamentos. A orla era feita com fita azul. Isso
revelava que seu andar diário era regulado pelo
mandamento celestial de Deus, indicado pela cor azul,
uma cor celestial. Quando Jesus estava na terra como
homem, Ele caminhava desse modo. Seu caminhar
diário era regido pelos mandamentos celestiais. Por
isso, havia com Ele uma virtude que podia fluir para
curar os outros.
A cura que acontece na vida da igreja não emana
principalmente do interior do ser do Senhor Jesus.
Antes, ela primeiro emana da virtude do vi ver
humano do Senhor. Na vida da Igreja
experimentamos a presença do Senhor conosco sobre
o mar em meio a ventos contrários. Sua presença
prepara a maneira de Sua virtude fluir para atingir as
pessoas doentes e curá-las. Esse tipo de cura é
diferente da cura miraculosa pelo poder divino. A
veste de Jesus não representa Sua divindade. Antes,
ela representa os atos de justiça de Sua humanidade.
Sua humanidade ostentava a marca da fita azul, de
ser regido pelo mandamento celestial. Isso produziu
uma virtude que foi capaz de curar a doença. Esse
tipo de virtude somente pode ser expresso pela vida
adequada da igreja onde Jesus está presente.
Apocalipse 22:2 diz que as folhas da árvore da
vida são para a cura dos povos. Em tipologia, o fruto
da árvore da vida representa a vida divina do Senhor
e as folhas representam os atos humanos do Senhor.
O fruto, a vida divina do Senhor, é para nos
alimentar; as folhas, os atos humanos do Senhor, são
para a cura dos outros. No novo céu e nova terra, as
folhas da árvore da vida serão para a cura dos povos,
isto é, a virtude da humanidade de Cristo curará as
pessoas. Em Mateus, após o barco alcançar seu
destino, a virtude dos atos humanos do Senhor
tomou-se tão prevalecente que todo tipo de doença
era curado. Da mesma forma, quando temos a vida
da igreja adequada, com a presença do Senhor hoje,
há entre nós a humanidade elevada de Jesus. Essa
humanidade elevada tem a virtude simbolizada pela
orla da vestimenta de Cristo. Se nós, as pessoas na
Igreja, temos a vida adequada da Igreja e vi vemos
por Cristo, manifestaremos Sua humanidade elevada.
Nesse tipo de vi ver haverá uma virtude com poder
para curar aqueles que nos rodeiam.
Em prefiguração, a terra visitada pelo Senhor
depois que o barco chegou à praia era uma figura do
milênio. No milênio, haverá muitas curas. Todavia, a
cura que acontecer no milênio deve ser experienciada
hoje. As pessoas na igreja devem ter um antegozo do
milênio. Precisamos manifestar a humanidade
elevada de Jesus para ter a virtude que pode curar
aqueles que nos cercam. Curar os outros significa que
o caráter corrompido deles está mudado. As pessoas
ao redor da vida da igreja estão todas em trevas e
corrupção. Mas se as pessoas na igreja manifestarem
a humanidade elevada de Cristo, isso fará com que
um poder de cura flua para dentro delas. Até mesmo
outros cristãos serão curados.
MENSAGEM 45

O CAMINHO PARA A GLÓRIA (4)


Ao seguir o Senhor no caminho para a glória,
experimentamos rejeição, falta de suprimento e a
tempestade no mar. Depois disso, defrontamo-nos
com as acusações da religião. Nesta mensagem,
veremos como o Senhor lidou com as acusações dos
religiosos tradicionais (15:1-20).

V. MANTIDOS LONGE DA TRADIÇÃO


RELIGIOSA

A. Acusados pelos Religiosos

por Não Lavar as Mãos Antes de Comer


Mateus 15:1 e 2 diz: “Então vieram de Jerusalém
a Jesus alguns fariseus e escribas, e perguntaram:
Por que transgridem os Teus discípulos a tradição
dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem
pão”. Embora o Senhor tivesse abandonado os
religiosos que O rejeitaram, eles ainda não paravam
de perturbá-Lo, Vieram a Ele de seu centro religioso,
Jerusalém, para descobrir Suas faltas. Contudo, seu
importunar proporcionou-Lhe outra oportunidade
para revelar a verdade sobre como realmente se
limpar (vs. 10-11, 15-20). Os fariseus e escribas
perguntaram ao Senhor Jesus por que Seus
discípulos transgrediam a tradição dos anciãos. Isso
revela que os discípulos não mantinham as velhas
tradições para seguir o Senhor. Eles atentavam
apenas para a presença do Rei celestial, nada mais.
Os anciãos a que se refere o versículo 2 não são
os anciãos do povo, mas o povo de tempos passados,
aqueles da geração antiga. No passado, alguns
daqueles que proclamavam ser pelo Senhor tinham
certas práticas, e suas práticas finalmente se
tornaram as tradições que eram observadas pelos
judeus quando o Senhor Jesus esteve na terra. Por
exemplo, determinados anciãos adotaram a
ordenança de lavar as mãos sempre que comiam. No
tempo do Senhor Jesus, isso era uma tradição.
Contudo, não era um mandamento na Bíblia. Nada
ordenado por Deus podia tornar-se tradição, pois a
palavra de Deus é sempre fresca. Uma tradição, pelo
contrário, é algo inventado ou iniciado pelo homem.
Alguns dos opositores disseram que devíamos
voltar à chamada igreja histórica e seguir as práticas
tradicionais. Recentemente, um grupo dos assim
chamados cristãos fundamentalistas até publicaram
um artigo pedindo que os cristãos voltassem à igreja
histórica. Mas a igreja histórica adotou muitos
regulamentos que estão totalmente fora das
Escrituras, e ela tem tomado decisões referentes a
coisas não encontradas na Bíblia. Considere, por
exemplo, a adoração a Maria, que foi sancionada pelo
Concílio de Éfeso. Há mais tradições na cristandade
hoje que no judaísmo quando o Senhor Jesus esteve
na terra. As tradições são muito importantes na
cristandade de hoje. A celebração tradicional do
Natal é um exemplo. Um de nossos críticos disse que
a origem do Natal não é pagã. Ele até negou o fato de
que a árvore de Natal seja pagã. A árvore de Natal é
pagã, maligna e idólatra. Não pode haver
reconciliação entre o testemunho vivo do Senhor e a
igreja tradicional. Recebemos oposição porque nós,
como discípulos seguindo o Senhor hoje, não
mantemos tais tradições.

B. A Hipocrisia dos Religiosos

1. Transgridem o Mandamento de Deus por


causa da Tradição
O versículo 3 diz: “Ele lhes respondeu: Por que
transgredis vós também o mandamento de Deus por
causa da vossa tradição?” Os religiosos judeus
acusaram os discípulos do Senhor de transgredir a
tradição deles, mas o Senhor os condenou por
transgredir o mandamento de Deus por causa da
tradição. Eles ignoravam o mandamento de Deus ao
manter sua tradição. Em princípio, o povo religioso
de hoje faz o mesmo. De mui tas maneiras, tanto a
Igreja Católica Romana como as denominações
protestantes tornam vazia a palavra de Deus por
causa de suas tradições.
No versículo 4, o Senhor continuou: “Porque
Deus disse: Honra a teu pai e a tua mãe, e: Quem
maldisser a seu pai ou a sua mãe, seja punido de
morte”. O tratamento do Senhor aqui para com os
fariseus e escribas não apenas os condenou por
tornar vã a palavra de Deus por causa das tradições
deles mas também implicava que o homem devia
honrar seus pais. Deus, em Sua administração entre
os homens, ordenou que o homem devia honrar seus
pais. Entre os de, mandamentos (Êx 20:12), Ele fez
deste o primeiro mandamento referente às relações
humanas. A natureza caída do homem, entretanto,
sempre tenta ignorar os pais, isto e, rebelar-se contra
o governo de Deus. O Senhor como o Rei celestial,
para trazer o homem de volta ao governo de Deus,
enfatizou que o homem devia honrar seus pais. Isso
corresponde à Sua palavra na constituição do reino
dos céus concernente ao cumprimento da lei (5:17-
19). Por isso o apóstolo também enfatizou
categoricament6:1-3; Cl 3:20). Nós, o povo do reino,
precisamos honrar nossos pais, e não nos desculpar
como os religiosos judeus fizeram, Qualquer desculpa
indica que não estamos sob o governo celestial, mas
que estamos seguindo nossa natureza humana caída
e a tendência rebelde da geração de hoje.
No Seu encontro com os fariseus, o Senhor Jesus
não atentou para as tradições. Pelo contrário, referiu-
se à palavra de Deus. Em princípio, estamos fazendo
o mesmo hoje. Os homens ainda estão tornando vã a
palavra de Deus por meio de sua tradição e hoje
somos acusados de não manter as tradições.
Recentemente, um de nossos opositores distorceu 1
Tessalonicenses 5:23, um versículo que fala das três
partes do homem: o espírito, a alma e o corpo. Ele
disse que nesse versículo, a palavra grega traduzida
por “e” (VRC) podia também ser traduzida por
“mesmo”. Mas se usarmos “mesmo” para a conjunção
grega nesse versículo, o espírito, a alma e o corpo
seriam iguais um ao outro. Isso é como se um médico
dissesse que as pernas de uma pessoa são a mesma
coisa que seu estômago e que seu estômago fosse
igual ao coração. Que charlatanismo médico seria
esse! No cristianismo, muitos ainda insistem nas
tradições, e nas assim chamadas igrejas essas
tradições são muito prevalecentes. Mas o Senhor nos
tem levantado a voltar à Palavra pura. Não
atentamos para a tradição, ensinamento ou prática
do homem. Isso tem ofendido alguns e temos sido
acusados de danificar a “igreja”. Mas a “igreja” de
que somos acusados de danificar não é
verdadeiramente a igreja; antes, é a igreja tradicional,
as denominações, as facções.
Louvado seja o Senhor pelo relato em Mateus 15!
Todos os aspectos desse relato coincidem com nossa
situação hoje. O Senhor Jesus e Seus seguidores
foram acusados pelos tradicionalistas, e hoje somos
acusados pelos religiosos. Ao responder àqueles que
acusavam Seus discípulos, o Senhor parecia dizer:
“Vocês, fariseus, acusam Meus discípulos de quebrar
suas tradições. Vocês precisam ver que vocês
quebraram o mandamento de Deus ao manter sua
tradição e continuam a quebrá-lo”, Desse modo, o
Senhor os trouxe de volta à pura Palavra, dizendo-
lhes qual era o mandamento de Deus e qual era a
tradição do homem. Ocorre o mesmo hoje. Somos
acusados de não seguir a igreja histórica, isto é, de
não seguiras tradições. Respondemos que
precisamos voltar à Palavra pura e não atentar para
as tradições da igreja histórica. Nos vários concílios e
credos da igreja histórica, não há menção dos sete
Espíritos. Isso significa que se nós seguirmos o
conceito tradicional da Trindade, negligenciaremos
os sete Espíritos. Nossos críticos dizem: “Vocês não
honram os concílios antigos que formularam os
credos relativos à Trindade”. Nós respondemos: “Não
seguimos os credos. Eles são ensinamentos e
tradições do homem. Em vez disso, voltamo-nos à
Palavra pura. Na Bíblia, encontramos algo mais do
que aquilo que os credos contêm, pois a Bíblia fala
dos sete Espíritos. Vocês podem achar uma palavra
sobre os sete Espíritos em seu credo?” Isso é
meramente uma ilustração da lacuna entre a
restauração do Senhor e o cristianismo tradicional. A
lacuna existe porque a restauração está totalmente
baseada na Palavra pura, enquanto o cristianismo é
cheio de tradições.

2. Honram a Deus com os Lábios, Mas o


Coração Está Longe Dele
Nos versículos 7 e 8, o Senhor Jesus disse:
“Hipócritas! bem profetizou Isaías a vosso respeito,
dizendo: Este povo honra-Me com os lábios, mas o
seu coração está longe de Mim”. O governo celestial
do reino requer realidade interior, não meramente
prática exterior, no que diz respeito à verdadeira
condição do coração, não à expressão dos lábios. A
tradição dos fariseus era exterior, mas o interesse do
Senhor era por algo interior. Alguns religiosos se
opõem a nós, porque são pelas coisas exteriores. Não
conhecem a vida interior nem as verdades subjetivas.
Alguns proclamam que porque Cristo está nos céus,
Ele não pode realmente habitar em nós e está
meramente representado em nós pelo Espírito Santo.
Isso mostra que eles não têm o Cristo subjetivo; têm
apenas o Cristo objetivo. Mas nós, na restauração do
Senhor, temos tanto o Cristo objetivo como o
subjetivo. Os que ensinam que Cristo está
meramente representado em nós fazem isso porque
crêem que na Divindade, o Pai, o Filho e o Espírito
são três seres separados. Porque o Filho está nos céus,
eles insistem que é impossível que Ele esteja em nós.
Os que argumentam dessa forma estão na prática
triteísta. Eles crêem no um em três, mas não no três
em um. No entanto, na Bíblia não há uma alusão que
indique que os três na Divindade estejam separados.
Pelo contrário, o Senhor Jesus disse a Filipe: “Não
crês que Eu estou no Pai eoPai está em Mim?” (Jo
14:10). No mesmo versículo, o Senhor continua
dizendo: “As palavras que Eu vos digo não as falo de
Mim mesmo; mas o Pai, que permanece em Mim faz
as Suas obras”. Esse versículo revela que quando o
Filho fala, o Pai opera.
João 7:29 diz: “Eu O conheço, porque venho da
parte Dele e Ele Me enviou”, e João 15:26 diz:
“Quando, porém, vier o Consolador, que Eu vos
enviarei da parte do Pai, o Espírito da realidade, que
do Pai procede, Ele dará testemunho de Mim”. A
preposição grega traduzida para “que procede de”
nesses versículos e em João 6:46, tem o significado
de “proceder de com”. O Filho é enviado não somente
do Pai, mas também com o Pai. Em João 15:26, o
Senhor diz que Ele enviará o Espírito de com o Pai.
De acordo com o conceito humano, o Espírito é
enviado do Pai e o Pai permanece nos céus. Contudo,
o Espírito da realidade é enviado pelo Filho, não
somente do Pai, mas também com o Pai. O
Consolador vem do Pai e com o Pai. O Pai é a fonte.
Quando o Espírito vem da fonte, isso não significa
que Ele deixa a fonte, mas que a fonte vem com Ele.
Esse Espírito, enviado pelo Filho e vindo com o Pai,
testificará a respeito do Filho. Os três da Deidade são
três em um. O Pai, o Filho e o Espírito não são três
Deuses separados, mas um único Deus. Este é o
entendimento correto do Deus Triúno segundo a
pura Palavra de Deus. No entanto, os que guardam o
conceito tradicional da Trindade, na verdade, têm
três Deuses. Os que dizem que Cristo não está em nós
não podem ter experiências subjetivas de Cristo.
Como podem eles experimentá-Lo subjetivamente se
não crêem que Cristo hoje é o Espírito que dá vida
habitando dentro do nosso espírito? Porque eles não
têm a experiência subjetiva de Cristo, acusam-nos de
heréticos. Além do mais, negam o fato, revelado em 2
Pedro 1:4, de que os crentes são participantes da
natureza divina. Ensinam que nesse versículo a frase
“natureza divina” não significa natureza divina, mas
virtude divina. Também declaram que ter a natureza
divina é tomar-se o próprio Deus. Além disso, eles
nos acusam de ensinar evolução até Deus. Sim,
realmente dizemos que temos a natureza divina,
porque nascemos do nosso Deus. Que ridículo é dizer
que um filho não tem a natureza do pai! Porque
nascemos do Pai Divino, certamente temos Sua vida
com Sua natureza. Mas isso não significa que nos
tomamos ou que estejamos nos tomando o próprio
Deus. Segundo a Palavra pura, também dizemos que
a igreja hoje é a manifestação de Deus na carne (1Tm
3:15-16). Porque dizemos isso de acordo com a Bíblia,
somos novamente acusados de nos fazermos Deus e
de ensinar a evolução até Deus. Somos realmente
acusados de fazer da igreja o quarto membro da
Deidade! Quão maligna é esta acusação!
Em outubro de 1977, houve uma conferência
internacional em Taipé. Desde janeiro daquele ano,
comecei a buscar o Senhor com respeito ao assunto
sobre o qual eu deveria falar naquela conferência. Em
primeiro de outubro, eu ainda não tinha idéia de qual
seria o assunto. Quando me perguntavam sobre isso,
só podia dizer: “Não sei”. Mas em 2 de outubro de
1977, uma palavra contra nós foi falada diante de
uma grande congregação. Mui tos de nossos irmãos e
irmãs ou viram aquela palavra e nos relataram a
respei to. Depois de ou vir seu relato, imediatamente
percebi que deveria falar sobre as experiências
subjetivas de Cristo. Notei que aqueles que se
opunham a nós não sabiam coisa alguma sobre a
experiência subjetiva de Cristo. Eles se preocupavam
somente com o conhecimento e doutrina objetivos da
Bíblia, de Cristo e da igreja. Então, tive encargo de
dizer a todas as igrejas representadas na conferência
que precisávamos experimentar Cristo de modo
subjetivo.
O problema entre os fariseus e o Senhor Jesus e
Seus seguidores era que os fariseus cuidavam apenas
da tradição, ritual e práticas exteriores, como por
exemplo, o lavar das mãos. Eles não se importavam
com a realidade interior. Portanto, o Senhor Jesus
mostrou-lhes a questão interior do coração. O Senhor
parecia dizer: “Não se preocupem com essa prática
exterior de lavar as mãos. A sujeira que precisa ser
limpa está em seu interior”. Na restauração do
Senhor, nós, da mesma forma, não nos preocupamos
com as coisas exteriores; antes, importamo-nos com
a realidade interior.
Em 1968, muitos santos em Los Angeles foram
estimulados a ser sepultados na água. Como
resultado, alguns opositores me condenaram por
ensinar o rebatismo. Entretanto, não ensinei isso.
Mas fiquei feliz ao ver os santos, que sentiam sua
velhice, sepultarem a si mesmos na água. Certamente
isso é muito melhor do que estar em um cassino.
Certos cristãos em Hong Kong jogavam Mah-jong1 e
os pastores não condenavam isso. Contudo, quando
alguns pulavam na água para serem sepultados, os
pastores diziam que isso era herético. Hoje, muitos
dos que foram sepultados na água são muito mais
pelo Senhor. O Senhor se importa com a realidade
interior, não com a prática exterior.
1
Mah-jong: jogo chinês composto de peças parecidas com as do dominó, contendo figuras. (N. T. )
Àqueles que criticavam os que eram batizados
novamente, eu disse: “Os filhos de Israel cruzaram o
Mar Vermelho, que é claramente um tipo do batismo
(1Co 10:1-2). Mas, mais tarde, eles cruzaram o rio
Jordão. Isso não foi um sepultamento? Os filhos de
Israel tiveram de passar pelo rio Jordão porque se
tornaram velhos. Se após cruzarem o Mar Vermelho
tivessem sido fiéis ao Senhor e entrado na boa terra,
não haveria necessidade de cruzar o Jordão. Mas por
causa da incredulidade e dos anos de peregrinação
pelo deserto, eles se tornaram velhos. Assim, eles
precisaram sepultar a velhice e ser renovados
cruzando o rio Jordão. Doze pedras foram enterradas
no rio para representar o velho Israel, e doze pedras
foram tiradas do rio e fixadas na terra para
representar o Israel renovado. Sim, vocês foram
batizados anos atrás, mas desde aquela época têm
estado vagando pelo deserto. Vocês precisam ser
sepultados e renovados”. O Senhor não atenta para
rituais ou regulamentos exteriores; Ele atenta
somente para a realidade interior.
Porque o Senhor se importa com a realidade
interior, não nos preocupamos com o modo exterior
de nos reunir. Significa muito pouco o fato de a
reunião ser ruidosa ou calma. Preocupamo-nos só
com a experiência interior de Cristo, com a realidade
interior. É uma questão insignificante nossas mãos
estarem sujas; a condição de nosso interior é que
importa.
O versículo 8 de Mateus 15 diz: “Este povo
honra-Me com os lábios, mas o seu coração está
longe de Mim”. Os que seguem as tradições podem
honrar o Senhor exteriormente com seus lábios, mas
seu coração está longe de Deus. A prática exterior das
tradições aparentemente é para Deus. Na verdade,
entretanto, o ser interior de muitos que seguem as
tradições não é para Deus. Você crê que a maioria
dos cristãos comemoram o Natal para Deus?
Aparentemente pode ser; mas na verdade, na prática
do Natal, o coração de muitos não é pelo Senhor. Eles
têm a aparência, mas não a realidade. Eles têm um
confessar exterior com os lábios, mas o coração deles
está longe do Senhor. Na restauração do Senhor, não
estamos falando sem realidade interior. Se falamos
sem realidade, somos mais que desprezíveis.
Tradição é uma questão de expressão dos lábios sem
realidade no coração.

3. Adoram a Deus em Vão,

Ensinam os Mandamentos (Tradições) dos


Homens
O versículo 9 diz: “Mas em vão Me adoram,
ensinando mandamentos de homens como
ensinamentos”. Isso revela que certa adoração a Deus
pode ser vã. A principal causa disso é o ensinamento
dos mandamentos dos homens. Precisamos adorar a
Deus segundo Sua palavra, a qual é a verdade. Muitos
que condenam nossas reuniões por serem muito
barulhentas, não têm o coração para Deus.
Novamente eu digo, aos olhos de Deus não é uma
questão de aparência exterior, mas de realidade
interior, não uma questão do que dizemos, mas do
que somos. Pondere sobre os assim chamados cultos
cristãos onde solos são cantados por bonitas
senhoritas de saias curtas. Onde está o coração de
muitos que as estão ouvindo? Podem estar em
fornicação. Por que esses solos não são cantados por
senhoras idosas em lugar de jovens atraentes? Isso é
adorar a Deus? Não, isso é uma abominação ao nosso
Deus santo! Mas nosso barulho não é uma
abominação a Ele. Celebremos ao Senhor com grande
júbilo vindo do espírito (Salmo 100:1). Gostamos de
clamar: “Louvado seja o Senhor! Amém! Jesus é o
Senhor!” Não nos importamos com a aparência
exterior, mas com a realidade interior.

C. As Coisas que Realmente Contaminam


No versículo 11, o Senhor disse que não é “o que
entra pela boca o que contamina o homem, mas o
que sai da boca, isso, sim, contamina o homem”. No
reino dos céus, a contaminação não é com coisas
materiais mas com questões morais. Coisas materiais
nada têm a ver com o regulamento celestial, mas
questões morais têm. Todas as maldades que
procedem do coração provam que não estamos sob o
governo celestial.

D. Os Religiosos Hipócritas

1. Não Plantados pelo Pai Celestial


No versículo 13, o Senhor disse: “Toda planta
que meu Pai celestial não plantou, será arrancada”.
Essa palavra do Rei celestial mostra que os fariseus
hipócritas não foram plantados pelo Rei celestial. Por
causa de sua rejeição ao Rei celestial, eles foram
arrancados do reino dos céus.

2. Cegos Guiando outros Cegos


O versículo 14 diz: “Deixai-os: são guias cegos de
cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão
ambos numa cova”. Os religiosos arrogantes e que se
autojustificavam pensavam ter clareza quanto ao
modo de servir a Deus, não percebendo que eram
cegos guiando outros cegos. Seus olhos estavam
vendados por suas tradições religiosas; assim, não
podiam ver a Cristo e a realidade da economia de
Deus para que pudessem entrar no reino dos céus.
Sua cegueira os levou a cair na cova.
Aqueles que seguem as tradições são cegos
guiando outros cegos. Isso é verdade hoje. Muitos
opositores também são cegos guiando outros cegos.
Eles podem declarar que conhecem a Bíblia, mas na
verdade estão completamente cegos e não têm luz
alguma. Por isso, eles levam outros à cegueira. Fico
muito triste com todos os que estão se extraviando.
Apelo para sua consciência e faço esta pergunta:
Vocês podem negar que há realidade na restauração
do Senhor? Na restauração, um auxilio genuíno tem
sido dispensado para ajudá-los a experienciar Cristo
de maneira subjetiva e desfrutá-Lo. Acho que todos
vocês podem dizer conscientemente que, antes e em
nenhum outro lugar, jamais houve tanta ajuda para
desfrutar Cristo. Não obstante, muitos estão se
opondo a nós. Mas eles têm perdido a bênção e o
desfrute. Como o Senhor Jesus disse, esses guias de
cegos não foram plantados pelo Pai; antes, eles se
autoposicionam, não são plantados por Deus. Sua
cegueira os levará a serem arrancados. Suas loucuras,
trapaças e erros os desarraigarão.
Novamente vemos que estamos seguindo o
mesmo caminho tomado pelo Senhor Jesus e Seus
discípulos. Eles sofreram rejeição, passaram
necessidades, enfrentaram o mar tempestuoso e
foram acusados pelos tradicionalistas e religiosos.
Ocorre o mesmo conosco hoje. Esse é o caminho para
a glória.
MENSAGEM 46

O CAMINHO PARA A GLÓRIA (5)


Como já enfatizamos muitas vezes, o Evangelho
de Mateus não é um livro histórico, mas um livro de
doutrina.
Mateus ajuntou alguns fatos históricos com o
propósito de revelar uma doutrina. Se você comparar
os quatro Evangelhos, verá que Mateus apresenta os
fatos da história numa ordem diferente da
encontrada em Marcos e João. Marcos e João foram
escritos conforme a seqüência histórica. O arranjo
dos fatos no relato de Mateus, contudo, não é de
acordo com a história, mas de acordo com a doutrina,
porque Mateus nos apresenta a doutrina segundo o
reino. Assim, Mateus não se importa com a seqüência
histórica, mas com a seqüência doutrinária.
No capítulo 15, imediatamente após a discussão
sobre o lavar as mãos, há o registro de Jesus
alimentando as pessoas (vs. 21-28). Talvez ao ler o
capítulo 15 você não tenha encontrado a maneira de
conectar os versículos de 1 a 20 aos versículos 21 a 28.
Mas essas duas partes estão relacionadas. No texto
original da Bíblia, não há parágrafos nem versículos.
Então, a segunda parte era a continuação imediata da
primeira. Mateus teve uma razão definida para juntar
essas duas seções. Seu propósito era mostrar que não
era o lavar as mãos que o Senhor queria, mas o comer
Dele, o tomá-Lo como comida. Ele não quer que nos
lavemos exteriormente; Ele quer que comamos, que
O tomemos. Não importa quantas vezes lavemos as
mãos, ainda estaremos com fome. Em 15:21-28, não
temos o lavar; vemos um cachorro sujo comendo. O
Senhor não se preocupa com o lavar das mãos. Se
você estiver exteriormente sujo ou não, isso nada
significa para Ele. O que realmente importa para o
Senhor é que sua fome seja saciada. O Senhor Jesus
não disse à mulher cananéia: “Sim, você tem o direito
de comer de Mim, mas está suja. Lave-se primeiro e
depois volte para comer”. Não, o lavar exterior está
na seção anterior, não nesta. Aqui vemos a questão
do comer. Nesse capítulo, vemos que o que importa
para o Senhor não são as práticas exteriores, mas a
condição interior. Não devemos nos purificar
exteriormente; antes, precisamos ser limpos a partir
do interior.
A questão é como podemos ser limpos
interiormente.
Para sermos limpos interiormente, algo tem de
entrar em nós e a única maneira de isso acontecer é
comendo. Como o alimento nutritivo, o Senhor Jesus
é o melhor elemento purificador. Quando entra em
nós como comida, Ele não somente nos nutre, mas
também nos limpa interiormente. Não lava nossas
mãos; lava nosso organismo, nosso próprio ser. Essa
questão do lavar interior comendo Jesus é o que liga
as duas primeiras seções do capítulo 15.
Na religião de hoje, o que é ensinado é muito
semelhante ao lavar das mãos. Domingo após
domingo, os sermões são dados basicamente sobre o
lavar exterior. Contudo, o que as pessoas precisam
não é o lavar exterior, mas o purificar interior, o
purificar em vida e natureza. Elas precisam de um
elemento purificador que possa entrar em seu
organismo, até mesmo em suas veias. Elas não
precisam do lavar exterior das mãos, mas do lavar
interior que vem do comer adequado. Jesus não é
somente o alimento nutritivo; Ele é também o
elemento purificador. Posso testificar que dia após
dia o Senhor Jesus está entrando em mim para me
limpar a partir do interior. Ele está lavando meu ser
interior. Na vida da igreja, não estamos sendo
lavados exteriormente; pelo contrário, estamos sendo
limpos e purificados interiormente.
Há muitos santos querendo ser purificados
interiormente. Freqüentemente, eles oram: “Senhor
Jesus, venha entrar em mim. Quero ser purificado
mais e mais. Senhor, odeio não apenas o pecado e o
mundo, mas também a mim mesmo, minha vida
natural e minha disposição natural. Ó Senhor, estou
muito contaminado pela minha disposição. Quanto
almejo ser limpo dessa contaminação!” Quando
oramos desse modo, espontaneamente comemos o
Senhor Jesus e Ele entra em nós tanto como alimento
nutritivo como elemento purificador. No profundo de
nossa consciência podemos testificar que, quando
desfrutamos o Senhor na vida da igreja, somos
purificados, até mesmo quando não temos a intenção
de ser purificados. Enquanto desfrutamos o Senhor,
estamos sendo purificados interiormente. Portanto, o
que temos não é o lavar das mãos, mas o limpar do
nosso ser. Nestes dias, temos sido falsamente
acusados de lavagem cerebral. Entretanto, não
praticamos a lavagem cerebral, mas experimentamos
o lavar de nossa disposição. Não apenas nossa mente,
mas todo nosso ser precisa ser purificado. O Senhor
pode testificar por mim que freqüenternente oro:
“Senhor, ainda estou sujo. Senhor, sinto que ainda
sou tão natural e ainda estou muito em minha
própria disposição. Senhor, eu Te amo e quero viver
por Ti. Mas até hoje, Senhor, tenho estado em minha
disposição natural. Ó Senhor, porque estou
disposicionalmente sujo, preciso do Teu limpar”.
Esse é o tipo de limpeza que precisamos. Essa não é
uma questão do lavar exterior das mãos para fazer
uma exibição de quão limpos somos. É uma questão
do limpar interior que vem do comer Jesus. Todos
nós precisamos de tal lavar interior do Senhor.

VI. ALIMENTAR-SE DE CRISTO POR FÉ

A. Fora da Esfera da Religião


O versículo 21 diz: “Saindo Jesus dali, retirou-se
para os lados de Tiro e Sidom”. A incredulidade dos
galileus levou o Senhor Jesus a não fazer muitas
manifestações de poder entre eles (13:58), e a
rejeição de Herodes levou-O a partir para o deserto
(14:13). Em 15:1, os religiosos desceram de Jerusalém
para espionar o Senhor Jesus e achar falha Nele. A
oposição adicional dos religiosos rejeitadores levou o
Rei celestial a retirar-se para longe deles, até os lados
de Tiro e Sidom, terra dos gentios. A rejeição dos
galileus fez com que o Senhor não operasse muitas
obras de poder entre eles. A rejeição de Herodes
levou-O a retirar-se das cidades civilizadas para o
deserto. Agora a oposição dos religiosos levou o
Senhor a ir ainda mais longe, ao mundo gentio.

B. Conhecer a Cristo de Maneira Adequada

1. Chamá-Lo Incorretamente de Filho de Davi


O versículo 22 diz: “E eis que uma mulher
cananéia, que tinha saído daqueles confins, clamava:
Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!
Minha filha está horrivelmente endemoninhada”.
Devido à rejeição dos judeus religiosos, a
oportunidade de contatar o Rei celestial veio aos
gentios, até a uma fraca mulher gentia. A mulher
cananéia dirigiu-se ao Senhor Jesus como o Senhor,
o Filho de Davi. O título Senhor implica a Divindade
de Cristo e o título Filho de Davi, Sua humanidade.
Como mulher gentia, era de se esperar que se
dirigisse a Cristo como Senhor. Por isso, ela não
tinha o direito de chamá-Lo Filho de Davi; somente
os filhos de Israel tinham tal privilégio. Os discípulos
ficaram perturbados pelo clamar da mulher cananéia
e rogaram ao Senhor que a despedisse. Isso mostra
que mais uma vez eles estavam ensinando o Senhor,
dizendo-Lhe para fazer alguma coisa. Esse também
era o princípio da lei. Os discípulos pareciam estar
dizendo: “Senhor, ela está gritando e nos
perturbando. O Senhor não pode fazer alguma coisa?
Por favor, despeça-a”. Nessa hora, o Senhor disse:
“Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa
de Israel” (v. 24). Se você ler os Evangelhos
cuidadosamente, verá que o Senhor Jesus nunca
acatou uma palavra dos Seus discípulos. Quando eles
davam uma opinião, o Senhor sempre recusava
acatá-la. Mas sempre que os discípulos não queriam
fazer determinada coisa, o Senhor dizia-lhes para
fazê-la. Da mesma forma, sempre que queremos
fazer algo, o Senhor diz não. Mas quando não
queremos fazer coisa alguma, o Senhor nos diz que a
façamos. O propósito disso é nos treinar para não
viver e agir segundo o ego ou por nosso próprio
conceito natural. Pedro poderia ter dito ao Senhor:
“Senhor, se vieste para as ovelhas perdidas da casa de
Israel, que estás fazendo aqui em Tiro e Sidom?
Porque vieste aqui?” Mas se Pedro tivesse dito isso ao
Senhor, Ele ainda teria tido uma maneira de
subjugá10. Ninguém pode derrotar o Senhor Jesus.
Os discípulos perderam a causa e lhes foi fechada a
boca.
Embora o Senhor tivesse sido enviado às ovelhas
perdidas da casa de Israel, na época de 15:21-28 Ele
estava numa região gentia. Isso proporcionou aos
gentios a oportunidade de participar de Sua graça.
Isso leva ao significado dispensacional, mostrando
que Cristo veio primeiro para os judeus, mas devido à
incredulidade deles, Sua salvação voltou-se para os
gentios (At 13:46; Rm 11:11).

2. Chamá-Lo Corretamente de Senhor e


Adorá-lo
No versículo 25, a mulher gentia corretamente
chamou Jesus de Senhor e O adorou, dizendo:
“Senhor, socorre-me!” Nessa segunda vez, ela
chamou a Cristo somente de Senhor, não de o Filho
de Davi, porque ela percebeu que não era uma filha
de Israel, mas uma pagã.

C. Alimentar-se do Senhor
No versículo 26, o Senhor respondeu à mulher
cananéia: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-
lo aos cachorrinhos”. O ministério do Rei celestial em
todas as Suas manifestações criava oportunidades
para que Ele se revelasse ainda mais. Nas situações
criadas nos capítulos 9 e 12, Ele teve oportunidade
para se revelar como o Médico, o Noivo, o pano novo,
o vinho novo, o Cordeiro, o verdadeiro Davi, maior
que o templo, o Senhor da colheita, maior que Jonas
e maior que Salomão. Aqui, outra oportunidade foi
criada por Ele para se revelar como o pão dos filhos.
A mulher cananéia considerou-O como Senhor, a
Pessoa divina e o Filho de Davi, um descendente real,
grande e elevado para reinar. Mas Ele se revelou a ela
como pequenos pedaços de pão, bom para alimento.
Isso implica que, como o Rei celestial, Ele governa
sobre Seu povo afim de alimentá-los Consigo mesmo
como pão. Podemos ser o povo adequado em Seu
reino somente se formos alimentados com Ele como
nossa comida. Comer Cristo como nosso suprimento
é a maneira de ser o povo do reino na realidade do
reino.
O Senhor disse que o pão dos filhos não deveria
ser atirado aos cachorrinhos. Isso indica que aos
olhos do Senhor todos os pagãos são cachorrinhos, os
quais são impuros aos olhos de Deus (Lv 11:26).
Você não crê que quando o Senhor Jesus estava
falando aos discípulos com respeito a essa mulher
cananéia, Ele já tinha a intenção de alimentá-la?
Certamente o Senhor já antevira que tinha de
alimentar essa mulher. Por que Ele não fez isso
imediatamente? Embora a mulher tivesse vindo e
clamado a Ele, Ele permaneceu em silêncio a
princípio, nada dizendo. Até parecia que era mudo.
Sua mudez fez com que Seus discípulos Lhe
implorassem que fizesse alguma coisa por ela e a
despedisse. A razão de o Senhor Jesus nada fazer
imediatamente é que Ele queria usar essa
oportunidade para ensinar Seus discípulos. Quando
os discípulos foram a Ele, Ele disse que tinha vindo
somente para as ovelhas perdidas da casa de Israel.
Quando a mulher veio até Ele, Ele mostrou-lhe que
tinha vindo como pão para os filhos e que não era
justo tirar o pão dos filhos para dá-lo aos
cachorrinhos.

1. Permanecendo na Posição Adequada _


como um Cachorrinho Pagão sob a Mesa do
Amo
Quando o Senhor Jesus se referiu à mulher
cananéia como um cachorrinho, ela disse: “Sim,
Senhor, mas até os cachorrinhos comem das
migalhas que caem da mesa dos seus donos” (v. 27).
A mulher cananéia, não ofendida pela palavra do
Senhor, antes admitindo ser como um cachorrinho
pagão, considerou que naquela época, Cristo, após
ser rejeitado pelos filhos, os judeus, tornou-se
migalhas sob a mesa como uma porção para os
gentios. A terra santa de Israel era a mesa na qual
Cristo, o pão celestial, viera como uma porção para
os filhos de Israel. Mas eles O atiraram da mesa ao
chão, a terra dos gentios, de modo que Ele se tornou
migalhas como porção para os gentios. Que
percepção essa mulher gentia teve naquela época!
Não é de estranhar que o Rei celestial admirasse sua
fé (v. 28).
A mulher gentia parecia estar dizendo: “Sim,
Senhor, sou um cachorrinho sujo, pagão. Mas não se
esqueça que até os cachorrinhos têm a sua porção. A
porção dos cachorrinhos não está na mesa como a
porção dos filhos. A porção dos filhos está na mesa,
mas a porção dos cachorrinhos está debaixo da mesa.
Agora, Senhor, não estás na mesa, na terra de Israel.
Estás debaixo da mesa, na terra dos gentios. Estás no
mesmo lugar onde eu estou. Não estás na mesa onde
os filhos estão. Estás debaixo da mesa, onde os
cachorrinhos estão. Senhor, os cachorrinhos podem
comer as migalhas que estão debaixo da mesa”. A
mulher cananéia era perspicaz e o Senhor Jesus foi
capturado por ela.

2. Por Fé
O versículo28 diz: “Então lhe disse Jesus: Ó
mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como
queres. E, desde aquela hora, a sua filha ficou
curada”. Essa palavra mostra que o tratar da mulher
cananéia com o Senhor foi por fé, e a sua fé era
grande, sobrepujante à situação aparente.
Porque sou muito cuidadoso em questões
doutrinárias, tenho imaginado por que o Senhor
Jesus não disse á mulher cananéia que fosse lavar-se
e depois voltasse e comesse. Se fosse o Senhor, teria
dito: “Sim, como um cachorrinho, você tem sua
porção, mas não percebe o quanto está suja? Se
quiser comer-Me como as migalhas, você precisa
lavar-se”. Segundo a doutrina, essa mulher
definitivamente precisava ser lavada. Mas por que o
Senhor Jesus não lhe pediu que se lavasse antes de
comer Dele? Se o Senhor tivesse feito isso, Ele teria
agido de maneira contrária ao que dissera nos
versículos anteriores, onde Ele depreciou a questão
do lavar exterior. Aq ui o Senhor está enfatizando a
questão do comer. Mas isso não significa que não
precisamos ser lavados. O sangue está disponível.
Podemos aplicar o sangue e comer o Cordeiro. Mas
para não confundir as questões, nessa seção sobre
comer, o Senhor Jesus nada disse sobre lavar. Creio
que o Senhor Jesus fez isso propositadamente para
mostrar aos discípulos que eles precisavam somente
de uma coisa-comer. Mesmo se estivermos sujos
como cachorrinhos pagãos, ainda temos o direito e a
posição de comer Jesus. Oh! precisamos ser
desinibidos comedores! Não espere até ser lavado.
Venha ao Senhor assim como está e coma Dele.
Como as palavras de um hino dizem: “Eu venho
como estou”. Precisar-nos dizer: “Senhor, venho
exatamente como estou. Não preciso mudar ou ser
lavado. Senhor, preciso de Ti e venho a Ti para comer.
Mesmo que seja um cachorrinho sujo, eu venho a Ti
como estou”. Comer é primordial, comer é tudo.
A mulher Cananéia não veio ao Senhor porque
estava com fome; ela veio porque sua filha estava
doente. Mas o Senhor mudou a situação para a
questão do comer. O Senhor não disse: “Eu vim como
Médico para os filhos de Israel e não posso curar
pagãos. Não posso curar cachorrinhos”. Antes, o
Senhor parecia estar dizendo: “Eu vim como pão
para os filhos. Não é certo atirar o pão dos filhos aos
cachorrinhos”. Embora o pedido da mulher nada
tivesse a ver com comer, o Senhor propositadamente
relacionou seu caso com a questão de comer, para
mostrar-nos que o que precisamos não é do lavar
exterior, mas de comer para nutrição. Em seu arranjo
doutrinário, Mateus pôs essas questões juntas para
entendermos que para o reino dos céus não
precisamos do lavar exterior, mas que Cristo entre
em nós. Você está doente ou fraco? Você tem certos
problemas? Não tente lidar com essas coisas de modo
exterior. Pelo contrário, trate-as de modo interior,
comendo Jesus. Na verdade, você deve esquecer
todas essas coisas. O que precisa não é do lavar
exterior, mas de Cristo entrando em você. O Senhor
parecia estar dizendo à mulher cananéia: “Você não
precisa de cura. Você precisa de Mim! E não precisa
de Mim exteriormente; precisa de Mim interiormente.
Você precisa comer de Mim. Eu vim como pão para o
povo comer, digerir e assimilar. Gostaria de entrarem
seu ser, em seu organismo, vasos e fibras. Gostaria de
entrarem seus próprios elementos constituintes e Me
tornar você. Por isso, você precisa comer de Mim.
Não lide com as situações de maneira exterior. Antes,
trate tudo de modo interior tomando-Me para dentro
de você. Enquanto Eu puder entrar em você para
supri-la, todos seus problemas serão resolvidos”.
Não precisamos de rituais ou práticas exteriores.
O povo religioso de hoje está seguindo práticas
exteriores, mas a economia de Deus não é uma
questão de coisas exteriores; é uma questão de Cristo
entrando em nós interiormente. Por isso, precisamos
tomar Cristo comendo-O.
Quando vim para este país, vim com uma
comissão e um encargo, com algo que recebi dos céus.
Antes de você vir para a vida da igreja, nunca tinha
ouvido uma palavra sobre comer Jesus, pois todos os
ensinamentos na religião dizem respeito ao lavar
exterior das mãos, não à apresentação do Jesus
comestível às pessoas. Mas este ministério veio aqui
com o comissionamento de ministrar o Jesus
comestível aos Seus crentes. Não me preocupo com
oposição e ataques. Sei o que estou fazendo.
Pensando que sou muito ousado, alguns podem
dizer: “Por que este homem é tão ousado? Não temos
muitos estudiosos neste país, doutorados pelos
melhores seminários?” Não me abalo com esses
títulos de doutor. Preocupo-me somente com meu
encargo. Tenho total certeza de que tenho algo do
Senhor dos céus que não é encontrado na religião
hoje. Não estou aqui ensinando ou pregando-estou
ministrando o Cristo comestível. Isso é o que o povo
do Senhor precisa hoje. Vocês não precisam do lavar
religioso. Esqueçam tais coisas! Como cachorrinhos
sujos, precisamos comer Jesus. Precisamos ingerir
Jesus. Aleluia! hoje Jesus não está sobre a mesa! Ele
está debaixo dela. Ele foi atirado da mesa pelos
israelitas e agora Ele está no mundo gentio. Todos
nós, inclusive eu, somos cachorrinhos pagãos, sujos.
Não obstante, podemos louvar o Senhor porque
somos cachorrinhos, porque o verdadeiro pão da vida
dos céus está agora onde os cachorrinhos estão. Se o
pão estivesse na mesa, não estaria disponível a nós.
Mas hoje, o pão está debaixo da mesa onde os
cachorrinhos estão. Precisamos do Cristo comestível
que está agora tão perto de nós.
Como aprecio esse trecho do livro de Mateus! Ele
revela que devemos esquecer o lavar exterior e comer
o Senhor Jesus. Não tente mudar a si mesmo,
corrigir-se ou aperfeiçoar-se. O que precisamos é
comer Jesus.

VII. A CURA PARA A GLORIFICAÇÃO DE


DEUS
Em 15:29-31, temos um relato de cura para a
glorificação de Deus. Devido à rejeição da religião
judaica, o Senhor permaneceu na Galiléiados gentios
como a luz que cura. Ele não iria a Jerusalém, o
centro religioso dos judeus, para que eles fossem
curados (13:15). Segundo o arranjo doutrinário do
relato do capítulo 15, a cura vem após o comer. Em
outras palavras, a cura verdadeira vem do comer
interior. Os nutricionistas dizem que se alguém come
adequadamente não terá doenças. A doença vem do
comer inadequado, mas a cura vem do comer
adequado, verdadeiro. Esse é um ponto doutrinário a
respeito da cura nesse trecho da Palavra.
VIII. MAIS PROVISÃO PARA AS
NECESSIDADES

A. Pela Compaixão do Rei Celestial


Em 15:32-39 temos o milagre da alimentação de
quatro mil.
Porquanto o Senhor tinha compaixão da
multidão no deserto, Ele não haveria de despedi-los
em jejum (v. 32). Cristo não permitirá que Seus
seguidores tenham fome e desfaleçam no caminho
enquanto O seguem.

B. Porque a Lição de Fé Era Necessária


Quando os discípulos entenderam que o Senhor
pretendia providenciar comida para o povo, eles Lhe
disseram: “De onde tiraríamos num deserto tantos
pães para fartar tão grande multidão?” (v. 33).
Mesmo no deserto árido, o Senhor era capaz de
alimentar Seus seguidores e satisfazê-los, não
importando quantos fossem. Os discípulos
experimentaram isso antes, em 14:15-21; contudo,
parece que não tinham aprendido a lição de fé. Eles
puseram os olhos na situação em vez de no Senhor.
Ainda assim, a presença do Senhor era melhor que
um rico armazém.

C. A Oferta do que os Discípulos Tinham


Trouxe a Bênção com Abundância
O Senhor perguntou aos discípulos: “Quantos
pães tendes?” Isso mostra que o Senhor sempre quer
usar o que temos para abençoar os outros. O
versículo 36 diz: “Tomou os sete pães e os peixes, e,
tendo dado graças, partiu-os, e dava-os aos
discípulos, e os discípulos às multidões”. Se
oferecermos tudo o que temos ao Senhor, Ele tomará
isso, quebrará e no-lo devolverá para distribuirmos
aos outros, a quem se tomará uma bênção que
satisfaz e sobeja (v. 37). Tudo o que oferecermos ao
Senhor, mesmo que seja pouco, será multiplicado por
Sua mão abençoadora para suprir a necessidade de
uma grande multidão (v. 38).
Em 15:32-39, vemos O comer corporativo.
Quando jovem, ficava aborrecido pelo fato de Mateus
nos dar dois fatos que são quase a mesma coisa
(14:14-21; 15:32-39). Entretanto, se você ler esses
dois trechos cuidadosamente, verá que o propósito de
cada um é diferente. O propósito do trecho sobre
alimentar os cinco mil é para nos mostrar que
enquanto seguimos o nosso Rei rejeitado no caminho
para a glória, Ele é capaz de cuidar de nós. Mas o
propósito do relato sobre alimentar os quatro mil é
para nos mostrar que não devemos simplesmente
comer Jesus como migalhas individualmente, como
cachorrinhos sujos. Também devemos comê-Lo de
modo corporativo, junto com muitos outros. Vamos
todos comê-Lo juntos. Nesse comer corporativo, não
comemos as migalhas, mas o pão todo, e ainda sobeja.
Hoje, na vida da igreja, não somos mais cachorrinhos
sujos comendo. Antes, somos exatamente homens
comendo Dele de um modo corporativo. Todas as
reuniões da igreja são uma oportunidade do comer
corporativo. Quando nós, no começo, entramos para
a vida da igreja, viemos como cachorrinhos sujos e
comíamos sob a mesa. Mas agora não mais estamos
sob a mesa; estamos assentados à mesa. Embora
estejamos no deserto, outrossim, estamos à mesa.
Este é o comer corporativo, um comer que é
completo. O pão inteiro está na mesa dos salvos.
MENSAGEM 47

O CAMINHO PARA A GLÓRIA (6)


O livro de Mateus freqüentemente junta coisas
que aparentemente não têm conexão. Vimos isso no
final do capítulo 15 e no começo do 16. Porque 16:1
diz que o Senhor Jesus foi tentado? Qual a relação
entre isso e o final do capítulo 15? A última coisa
mencionada no capítulo 15 é o comer corporativo.
Quatro mil homens, fora mulheres e crianças, foram
alimentados com sete pães e uns poucos peixinhos.
Parece que 16:1-12 nada tem a ver com o capítulo 15.
Contudo, quando nos aprofundamos na doutrina
revelada em Mateus, vemos que há uma ligação.

IX. SER PRUDENTES QUANTO AO


FERMENTO DOS FARISEUS E SADUCEUS
Quando aparece a questão do comer, devemos
ser cuidadosos em não comer fermento algum. Em
16:1-12, o que é crucial não é a tentação apresentada
pelos fariseus e saduceus, mas o fermento. Escondido
nessa tentação do Senhor Jesus, estava o fermento. A
levedura é um tipo de fermento, usado na fabricação
do pão. O que vemos, contudo, não é o fermento, mas
o pão. Quando comemos o pão, podemos nem
perceber que estamos comendo também fermento,
pois este está escondido no pão, e, assim, é invisível.
Embora ninguém possa vê-lo escondido na tentação
apresentada pelos fariseus e saduceus, ele estava,
sem dúvida alguma, oculto dentro dela.
Como vimos, o capítulo 15 trata da questão do
comer. De 15: I a 16:12, o relato de Mateus diz
respeito ao comer. Comer coisas impuras pode
contaminar-nos (15:1-20). O que precisamos não é o
lavar exterior, mas o comer interior. Comer é o modo
de participar de Cristo (15:21-28), e comer leva os
cachorrinhos gentios a se tomarem filhos de Deus,
até mesmo homens na plena acepção da palavra.
Comendo, somos supridos com o rico suprimento
ilimitado e inexaurível de Cristo (15:32-39). Mateus
15 conclui com um relato do comer corporativo.
Entretanto, devemos acautelar-nos de comer
fermento (16:5-12), especialmente o fermento
religioso escondido nas pessoas religiosas, tais como
os fariseus e os saduceus. Os fariseus eram os
fundamentalistas e os saduceus, os modernistas da
antigüidade. Sou grato pela Bíblia mencionar os dois.
Na religião hoje, há também fundamentalistas e
modernistas. O primeiro grupo, os fundamentalistas,
têm crenças bíblicas, claras. O segundo grupo, os
saduceus, negam o que a Bíblia diz.
Em Mateus 16, Cristo estava presente como pão,
mas os religiosos possuíam oculto um fermento
nocivo. Repetindo, Cristo era o pão, e com o povo
religioso, tanto os fundamentalistas como os
modernistas antigos, havia o fermento. Na sutileza da
religião, o fermento tenta penetrar no pão. Lembre-
se da parábola do fermento (13:33). Cristo é afina
farinha para alimentar o povo de Deus para a
satisfação Dele. Mas a mulher, a Igreja Católica
Romana apóstata, tomou o fermento e o escondeu na
farinha. Aparentemente, o fermento toma a farinha
mais fácil de ser comida; na verdade, ele produz
corrupção. No capítulo 15, vemos o pão disponível
não apenas aos cachorrinhos gentios, mas também
aos homens no deserto. No capítulo 16, o Senhor
advertiu Seus discípulos e parecia estar dizendo-lhes:
“Cuidado com sua comida. É certo comer de Mim,
porém vocês precisam estar atentos ao fermento
religioso”. Na época do Senhor, havia os fariseus e os
saduceus, e hoje ainda há. Essas pessoas religiosas,
tanto os fundamentalistas como os modernistas, têm
um pouco de fermento secreto, escondido.
Agora podemos ver a ligação entre os capítulos
15 e 16.
Podemos ver a razão de Mateus falar do
fermento imediatamente após o relato do comer
corporativo. Tome cuidado. Enquanto você está
desfrutando o comer corporativo, é fácil o fermento
se entremeter secretamente. Por fim, o fermento se
embrenhou na igreja. A Igreja não esteve atenta a
isso e não muito depois do dia de Pentecostes o
fermento entrou. O pão do qual a igreja havia se
alimentado tomara-se completamente levedado.
Assim, a palavra do Senhor em 16:6 e 11 não era
apenas um aviso, mas também uma profecia.
No final do capítulo 15, os discípulos foram
ajudados a perceber que o Senhor Jesus tinha vindo
para ser o pão para os filhos de Deus. Primeiramente,
os pagãos eram cachorrinhos sujos, mas após
comerem Cristo foram regenerados e isso os levou a
se tomarem filhos de Deus, homens corretos para
desfrutar Cristo de maneira corporativa. Quando
tudo isso ficou claro para os discípulos, eles devem
ter ficado felizes. No entanto, o Senhor parecia dizer:
“É bom comer de Mim e desfrutar o comer
corporativo. Mas há pessoas religiosas que, em nome
de Deus, sob a capa de adoração a Deus, e
supostamente com o propósito de glorificá-Lo,
introduzirão o fermento. Elas serão utilizadas pelo
inimigo para, secretamente, introduzir alguma coisa
prejudicial e corrupta. Vocês devem acautelar-se
disso”.
O Senhor Jesus veio como pão para ser comido
pelos pecadores a fim de que eles pudessem ser
regenerados e tornar-se filhos de Deus, e
transformados em homens corretos que se
alimentam de Cristo corporativamente. Embora isso
seja maravilhoso, há o perigo do fermento religioso
que vem do povo religioso. No cristianismo, pessoas
religiosas são muito respeitadas. Mas falo deles de
modo negativo porque percebo que sempre têm
algum fermento. Sob a capa da religião, eles
introduzem certas questões que corrompem e
prejudicam as coisas de Deus. No entanto,
precisamos aprender a nos acautelar do fermento
enquanto estamos desfrutando Cristo como nosso
pão celestial.
Esse fermento sempre vem da religião, dos
fariseus e saduceus. Marcos 8:15 fala também do
fermento de Herodes. Mateus não menciona esse
tipo de fermento porque seu propósito é mostrar que
ao alimentar-se de Cristo, há o perigo de tomar algo
religioso. Qualquer coisa religiosa pode ter fermento
em si. O fermento dos fariseus e saduceus era o seu
ensinamento (16:12). Nenhum dos fariseus ensinava
de maneira que pudesse obviamente prejudicar as
pessoas. Se eles fizessem isso, ninguém os ouviria. O
mesmo era verdade quanto aos saduceus. Se eles não
dessem às pessoas a impressão de que seu
ensinamento pudesse ajudá-las, ninguém os ouviria.
Hoje o principio é o mesmo. No cristianismo, há
ensinamento sobre ensinamento. Todo ensinamento
parece ajudar as pessoas. Ninguém jamais dirá a você
que o ensinamento que ele está para dar-lhe causar-
lhe-á dano ou o desencaminhará. Pelo contrário,
todos os que têm certo ensinamento fingem que seu
ensinamento é bom e útil. Essa é a razão porque as
pessoas gostam dos ensinamentos. Mas precisamos
perceber que o fermento freqüentemente se esconde
sob a capa dos ensinamentos religiosos.
Cristo é o pão do céu enviado por Deus e de Deus.
O fermento, no entanto, é algo enviado por Satanás e
de Satanás. Assim, Deus enviou o pão e o inimigo de
Deus enviou o fermento. Deus está empenhando-se
em introduzir Cristo no Seu povo e o inimigo está
trabalhando para introduzir fermento enquanto os
filhos de Deus estão recebendo Cristo. Esse princípio
é evidente no catolicismo hoje. Veja o exemplo do
Natal. O nascimento e a corporificação de Cristo são
a farinha fina como alimento para nós. Mas o Natal é
fermento. O nascimento de Cristo é puro. Quão puro
é o fato de Deus se ter encarnado! Mas veja quão
profana e corrupta é a prática do Natal. Há coisas até
como festas dançantes natalinas. Que fermento há
nessa questão do Natal! O Natal é tão cheio de
fermento que é difícil achar qualquer farinha fina
nele.
Podemos aplicar esse princípio a quase todas as
coisas no cristianismo hoje. Por exemplo, nada há de
errado em ser um servo de Deus. Mas por que as
pessoas devem usar o título de reverendo? Chamar-
se de reverendo é introduzir fermento. Também é
fermento usar nomes denominacionais, como
luteranos e batistas. Todos esses títulos são fermento.
Além disso, é puro cantar louvores ao Senhor, mas
ter um solista é acrescentar fermento. Embora
desfrutemos o comer corporativo de Jesus,
precisamos nos acautelar do fermento religioso,
escondido. Até alguns dos queridos santos na
restauração do Senhor podem querer saber o que há
de errado em ter um solista na reunião. Oh! como
devemos nos precaver de todo tipo de fermento! Não
é fácil discernir que o fermento está escondido no
pão.

A. A Tentação dos Fariseus e Saduceus

1. Pedem um Sinal
Mateus 16:1 diz: “Aproximaram-se os fariseus e
saduceus e, pondo-O à prova, pediram-Lhe que lhes
mostrasse um sinal vindo do céu”. Os que
introduzem fermento desejam ver sinais, milagres.
Nada é mais enganador do que milagres. Suponha
que o anticristo aparecesse e erigisse sua imagem
diante de você, e o falso profeta fosse capaz de fazer
essa imagem falar com você. Você poderia facilmente
ser convencido por isso e dizer: “Isso é maravilhoso.
Se não fosse um milagre, como ele poderia fazer essa
imagem falar?” O fermento sempre penetra por meio
da sutileza dos milagres. Em 16:1-12, as duas
palavras-chave são sinal e fermento. Os religiosos, os
fariseus e saduceus, vieram ao Senhor Jesus e
pediram-Lhe que lhes mostrasse um sinal vindo do
céu. Contudo, o Senhor Jesus se recusou a mostrar-
lhes tal sinal. O pão puro, o Cristo puro, não opera
sinais. Como veremos, Ele mesmo é o único sinal.

2. Não São Capazes de Discernir os Sinais


dos Tempos
Nos versículos 2 e 3, o Senhor mostrou aos
fariseus e saduceus que embora eles pudessem
discernir o aspecto do céu, não podiam discernir os
sinais dos tempos. Os sinais dos tempos eram, por
um lado, que a geração era maligna e adúltera e, por
outro, que Cristo estava para morrer e ressuscitar
para aquela geração maligna. Os fariseus e saduceus
não podiam discernir essas coisas.

3. Apenas o Sinal de lonas Está Disponível


para a Geração Maligna e Adúltera
O versícul0 4 diz:” Uma geração maligna e
adúltera busca um sinal; mas nenhum sinal lhe será
dado, senão o sinal de Jonas. E, deixando-os, retirou-
se”. Jonas foi o profeta que se voltou de Israel para os
gentios e foi posto no ventre de um grande peixe.
Após permanecer lá por três dias, ele emergiu para se
tornar um sinal para aquela geração se arrepender
(Jn 1:2, 17; 2:2-10). Esse foi um tipo de Cristo, o
profeta enviado por Deus a Seu povo (Dt 18:15, 18),
que deveria voltar-sede Israel para os gentios e que
deveria ser sepultado no coração da terra por três
dias, e, então, ser ressuscitado, tomando-se um sinal
para esta geração, para salvação. A palavra do Senhor
aqui implica que para aquela geração judaica e
religiosa, maligna e adúltera, o Senhor nada faria
senão morrer e ressuscitar como um sinal, o maior
sinal para eles, a fim de que fossem sal vos, se
cressem. Ao falar do sinal de Jonas, o Senhor parecia
estar dizendo: “Vocês, fariseus e saduceus, não
precisam de milagres. Precisam discernir que esta
geração é maligna, crer em Mim e tomar-Me para
dentro de vocês como Aquele que foi crucificado e
ressuscitado. Vocês precisam se arrepender como fez
o povo de Nínive e crer que Eu morrerei por seus
pecados e ressuscitarei para dispensar-Me para
dentro de vocês como vida. Esse é o sinal para esta
geração. Nenhum outro sinal será dado. Eu sou o
sinal para vocês, o sinal do Cristo crucificado e
ressuscitado. Precisam arrepender-se e receber-Me
dentro de vocês como seu pão”.

B. O Fermento dos Fariseus e Saduceus


A essa altura, o Senhor introduziu a questão do
fermento dizendo: ''Tende cuidado e acautelai-vos do
fermento dos fariseus e saduceus” (v. 6). Como já
enfatizamos, esse fermento é o ensinamento dos
fariseus e saduceus (v. 12). O ensinamento dos
fariseus era hipócrita (23:13, 15, 23, 25, 27, 29) e o
dos saduceus era como o modernismo de hoje,
negando a ressurreição, os anjos e os espíri23:8).
Assim, os ensinamentos tanto dos fariseus como dos
saduceus eram impuros e malignos e semelhantes ao
fermento, que foi proibido de ser encontrado com o
povo de Deus (Êx 13:7).
Novamente digo que as palavras sinal e fermento
são as duas palavras cruciais nesse trecho. Não
devemos crer em nenhum milagre que não tenha em
si a essência da crucificação e ressurreição de Cristo.
Tenho visto os assim chamados cultos de cura no
movimento pentecostal. No entanto, para falar a
verdade, há uma grande quantidade de fermento ali.
Estão faltando a essência da crucificação de Cristo e
da Sua vida ressurreta. Todos os milagres, todos os
sinais, têm de estar baseados no princípio da
crucificação e da ressurreição. O sinal de Jonas, o
sinal do Cristo crucificado e ressurreto, tem de
acompanhar todo o milagre genuíno. De outra forma,
os milagres serão simplesmente um tipo de fermento.
Grande número de cristãos foi levedado por milagres.
Hoje o assim chamado falar em línguas tomou-se um
tipo de fermento, e, assim, muitos daqueles que
falam em línguas foram levedados por essa prática.
Quando alguns vão à reunião, preocupam-se somente
em falar em línguas, não se importando se as línguas
são genuínas ou não. Enquanto há a manifestação de
“línguas”, estão felizes. Isso mostra quão levedados
estão. Eles não têm um coração pelo pão puro, pelo
sinal com a essência da crucificação e ressurreição de
Cristo. Pelo contrário, estão levedados. Novamente
digo: cuidado com todo tipo de fermento.

X. RECEBER A REVELAÇÃO CONCERNENTE


A CRISTO E A IGREJA
Em 16:13-20, chegamos ao trecho do Evangelho
de Mateus relativo à revelação de Cristo e a igreja.
Antes de considerarmos os detalhes desse trecho,
precisamos considerar a conexão entre ele e o trecho
anterior, versículos 1:1-12.

A. Na Região de Cesaréia de Filipe


O versículo 13 diz que o Senhor foi para Cesaréia
de Filipe com Seus discípulos e lá lhes perguntou:
“Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”
Parece que isso não está relacionado com a questão
do fermento. Cesaréia de Filipe está na parte norte da
Terra Santa, perto da fronteira, ao sopé do monte
Hermom, onde o Senhor foi transfigurado (17:1-2).
Era longe da cidade santa com o templo santo, onde a
atmosfera da velha religião judaica enchia o
pensamento de todos os homens, não deixando lugar
para Cristo, o novo Rei. O Senhor trouxe Seus
discípulos propositadamente para tal lugar, com uma
atmosfera límpida para que seus pensamentos
pudessem ser libertados dos efeitos do ambiente
religioso na cidade santa e no templo santo, e para
que Ele pudesse revelar-lhes algo novo concemente a
Si próprio e à igreja, que é a vitalidade de Seu reino
celestial. Foi aqui que a visão a respeito Dele como o
Cristo e o Filho do Deus vivo veio a Pedro (vs. 16-17).
Foi também aqui que a igreja foi revelada e
mencionada pela primeira vez como o meio de
introduzir o reino dos céus (vs. 18-19).
Há muitos meses, alguns irmãos e eu visitamos
Jerusalém e também Cesaréia de Filipe. A atmosfera
religiosa de Jerusalém era suja e terrível. Fisicamente,
mentalmente e espiritualmente, a atmosfera estava
abafada. Ficamos desgostosos com o que vimos lá.
Um dia, fomos ao norte, até Cesaréia de Filipe. Quão
fresco era o ar ali! Vimos uma fonte que era uma das
três nascentes do rio Jordão. Demoramo-nos ali por
algum tempo, desfrutando nosso almoço e tendo
momentos agradáveis. A razão de o Senhor Jesus ter
trazido Seus discípulos a Cesaréia de Filipe era
purificá-los da atmosfera religiosa nevoenta de
Jerusalém e da religião judaica. Somente após o
Senhor ter trazido os discípulos para Cesaréia de
Filipe é que Ele começou a questioná-los sobre quem
Ele era. Cesaréia de Filipe era o lugar certo para o
Senhor Jesus ser revelado a Seus discípulos. Era
também o lugar certo para ser dada a revelação sobre
a igreja.
Contudo, ainda não vimos a ligação entre esses
dois trechos da Palavra. A ligação é que se ainda
estivermos sob a influência do fermento religioso,
nunca estaremos esclarecidos sobre Cristo ou a igreja.
Para que tenha clareza sobre Cristo e a igreja, você
precisa eliminar todo fermento. Precisa não apenas
abandonar o centro religioso, a cidade santa com o
templo santo, com a atmosfera abafada, suja, cheia
de conceitos religiosos, mas também precisa
purificar-se do fermento religioso. Se ainda houver
fermento em você, você estará sob um véu e seus
olhos não serão capazes de ver Cristo e a Igreja. Para
ver Cristo e a igreja, você precisa abandonar o centro
religioso e todas as assim chamadas coisas, lugares e
pessoas santas, e eliminar todo tipo de fermento.
Embora alguns cristãos tenham um coração para
Deus, eles ainda não conseguem ver a igreja. Nem
podem ver Cristo de uma maneira pura e genuína
porque estão saturados do fermento religioso. Agora
podemos ver a razão por que Mateus colocou a
primeira parte do capítulo 16 imediatamente após
seu relato do comer corporativo. Em nosso comer,
precisamos abstemos do fermento. Além disso, se
quisermos ver Cristo e a igreja, não devemos ter
qualquer fermento religioso. Precisamos de céu claro
e de atmosfera límpida; também precisamos de
mente e compreensão claras, compreensão que não
esteja sob a influência do fermento religioso. Se
ainda mantivermos o conceito de que nada há de
errado com o Natal ou com as denominações, é uma
indicação de que nossa compreensão está saturada
do fermento religioso escondido. Esse fermento cria
não um nevoeiro exterior, mas uma neblina interior.
Se houver tal neblina em nosso interior, nossa visão
será obscurecida. A condição interior de alguns
santos é assim. Eles estão enchi dos com neblina.
Mas de vez em quando, um buraquinho aparece e
uma porção de céu claro pode ser vista. No entanto,
logo depois, a neblina cobre o ponto claro. Alguns
desses santos podem dizer: “Que está errado com o
título Batista do Sul? Uma denominação não é um
cassino, é?” Se você pensa dessa forma, sua visão será
obscurecida. Questões como essas indicam que você
ainda abriga conceitos religiosos levedados.
Muitos de nós têm sido levedados desde o dia
que nascemos. Por toda nossa infância, estivemos
constantemente sob a influência do fermento.
Embora nada soubesse sobre Cristo, você estava
familiarizado com o Papai Noel, meias de Natal e
árvores decoradas com luzes coloridas. Seus
pensamentos e sentimentos foram completamente
levedados. Para você, a igreja era um bangalô com
uma torre alta e um sino. Isso mostra que
inconsciente e subconscientemente você foi levedado.
Mais que isso, quanto mais era educado e treinado na
escola, mais o fermento saturava seu ser. Portanto,
precisamos abandonar o centro religioso e ir longe
para o norte, para a região de Cesaréia de Filipe,
onde o céu é claro. Também precisamos dizer ao
Senhor interiormente: “Senhor Jesus, purifica-me de
todo tipo de fermento. Não quero que haja nevoeiro
por fora e neblina por dentro; quero ser uma pessoa
esclarecida sob um céu límpido”.
Novamente digo que o pão no cristianismo é
impuro; ele está levedado. O verdadeiro Cristo
pregado e ensinado pela religião hoje foi levedado.
Veja quanto fermento há na pregação de Cristo e no
ensinamento a respeito da igreja. O “pão da igreja”,
isto é, a verdade com respeito à igreja, tem sido
especialmente levedado. Recentemente, fiquei
incomodado por ouvir que alguns pregadores cristãos
têm feito apelo aos cristãos para que voltem à assim
chamada igreja histórica. Eles não sabem que os
concílios da igreja histórica tomaram muitas decisões
malignas, uma das quais no Concílio de Éfeso (431 d.
C. ), sancionando a adoração a Maria? Como você
sabe, o movimento carismático penetrou na Igreja
Católica e até mesmo se misturou com a adoração a
Maria. Como podem aqueles que tiveram a
experiência carismática tolerar tal idolatria? Mas
hoje alguns estão dizendo, mesmo pelo rádio, que
não há idolatria no catolicismo. Certo grupo em
Berkeley está empenhando-se em investigar-nos.
Gostaria de saber por que eles não investigam a
Igreja Católica. Por que não vão ao Vaticano e vêem o
paganismo, a idolatria e a heresia lá? O fato de nos
investigarem, e não a Igreja Católica, expõe sua
intenção maligna, que é suprimir-nos e pôr fim a nós.
Em cada canto do cristianismo hoje há fermento
escondido. Nada lá é puro. Todo o cristianismo foi
levedado. Essa não é minha palavra; é a palavra
profética do Senhor Jesus em 13:33, onde o Senhor
disse que tudo estava levedado. Nós, contudo,
posicionamo-nos contra o fermento e estamos
testificando o Jesus puro. Embora isso seja ofensivo a
muitos, nada há que possamos fazer sobre isso.
Precisamos testificar o Cristo puro e nos posicionar
contra todo fermento.

B. Receber a Revelação com respeito a Cristo


No versículo 13, o Senhor fez uma pergunta aos
discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do
Homem?” Como homem Cristo era um mistério não
apenas para aquela geração, mas também para o
povo hoje.

1. Cristo Não É João Batista, Elias, Jeremias


ou um dos Profetas
O versículo 14 diz: “E eles responderam: Uns
dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias,
ou um dos profetas”. Quando muito, o povo apenas
reconhece que Cristo é o maior entre os profetas.
Sem a revelação celestial, ninguém pode saber que
Ele é o Cristo e o Filho do Deus vivo (v. 16).

2. Cristo, o Filho do Deus Vivo


Depois que o Senhor pediu a Seus discípulos que
dissessem quem pensavam ser Ele, Simão Pedro
respondeu e disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo” (v. 16). O Cristo, como o Ungido de Deus,
refere-se ao comissionamento do Senhor; enquanto o
Filho do Deus vivo, como o segundo do Deus Triúno,
refere-se à Sua pessoa. Seu comissionamento é para
cumprir o propósito de Deus por meio de Sua
crucificação, ressurreição, ascensão e segunda vinda,
ao passo que Sua pessoa corporifica o Pai e resulta no
Espírito para uma plena expressão do Deus Triúno.
O Deus vivo está em contraste com a religião
morta. O Senhor é a corporificação do Deus vivo,
nada tendo a ver com a religião morta.

3. Revelado pelo Pai Celestial sob Sua


Bênção, Não por Carne e Sangue
O versículo 17 diz: “Jesus lhe respondeu: Bem-
aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne
e sangue quem to revelou, mas Meu Pai que está nos
céus”. Carne e sangue referem-se ao homem, que é
composto de carne e sangue. Somente o Pai conhece
o Filho (11:27); portanto, somente Ele pode revelar o
Filho a nós.

C. Receber a Revelação com respeito à Igreja


No versículo 18, o Senhor disse: “Também Eu te
digo que tu és Pedro, e sobre essa rocha edificarei a
Minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão
contra ela”. A revelação do Pai concernente a Cristo é
exatamente a primeira metade do grande mistério,
que é Cristo e a igreja (Ef 5:32). Por isso, O Senhor
também precisava revelar a Pedro a segunda metade,
que é com respeito à igreja.

1. A Edificação da Igreja

a. Por Cristo
No versículo 18, o Senhor disse: “Edificarei a
Minha Igreja”.
O edificar da Igreja pelo Senhor começou no dia
de Pentecostes (At 2:1-4, 41-42). A profecia do
Senhor aqui ainda não foi cumprida, mesmo no
século xx. O cristianismo, composto pela Igreja
Católica Romana e denominações protestantes, não é
o Senhor edificando a Sua igreja. Essa profecia é
cumprida por meio da restauração do Senhor, na
qual a edificação da genuína igreja é levada a cabo.
As palavras “Minha igreja” indicam que a igreja é
do Senhor, não de alguma pessoa ou coisa; não é
como as denominações, que são denominadas
conforme o nome de alguma pessoa ou de acordo
com alguma coisa.

b. Sobre a Rocha
O Senhor disse a Pedro que Ele deveria edificar
Sua igreja sobre “essa rocha”. As palavras “essa rocha”
referem-se não somente a Cristo, mas também a essa
revelação de Cristo, que Pedro recebeu do Pai. A
igreja é edificada sobre essa revelação com respeito a
Cristo.
O catolicismo romano diz que a rocha no
versículo 18 refere-se a Pedro, enquanto a maioria
dos cristãos fundamentalistas dizem que ela se refere
a Cristo. Embora seja correto dizer que a rocha
denota Cristo, nem mesmo essa dedução é adequada.
A rocha refere-se não somente a Cristo, mas mais
ainda à revelação concernente a Cristo. Nesse
capítulo, o Pai revela algo dos céus a Pedro. Essa
revelação celestial proveniente do Pai é a rocha. Não
é algo insignificante o fato de a Igreja ser edificada
tanto sobre Cristo como sobre a revelação
concernente a Cristo. As denominações não são
edificadas sobre essa rocha. Por exemplo, a
denominação Batista do Sul é edificada sobre a
revelação do batismo por imersão, não sobre a
revelação de Cristo. No mesmo princípio, a
denominação Presbiteriana é edificada sobre a
doutrina do presbitério. Da mesma forma, as igrejas
ou grupos carismáticos não são edificados sobre essa
revelação com respeito a Cristo; eles são edificados
sobre o seu conhecimento de assuntos carismáticos e
sobre suas experiências. Assim, a denominação
Quadrangular é edificada sobre a revelação do
evangelho quádruplo, não sobre a revelação de Cristo.
A igreja que é edificada sobre a revelação
concernente a Cristo é a igreja genuína, e ela não é
facciosa. O problema hoje é que os cristãos gostam de
formar grupos ou as assim chamadas igrejas segundo
seus conceitos e pontos de vista. Mas seus conceitos
não são a revelação concernente a Cristo. A igreja
deve ser edificada sobre “essa rocha”, isto é, sobre a
revelação de Cristo. Se virmos isso, seremos salvos da
divisão. Somente uma coisa é edificada sobre a
revelação de Cristo e esta é a igreja. Qualquer grupo
que seja edificado sobre doutrinas, opiniões, práticas
ou conceitos não é a igreja edificada sobre a revelação
com respeito a Cristo. A revelação concernente a
Cristo é a rocha sobre a qual o Senhor Jesus está
edificando Sua igreja.

c. Com a Pedra
A palavra grega traduzida por “Pedro”, no
versículo 18 também pode ser traduzida para “uma
pedra” que é o material para a edificação de Deus.
Como Pedro, todos os crentes precisam ser
transformados em pedras para a edificação da igreja
(1 Pe2:5).

d. As Portas do Hades Não Prevalecem


Contra Ela
No versículo 18, o Senhor também disse que as
portas do Hades não prevalecerão contra Sua igreja.
As “portas do Hades” referem-se à autoridade ou
poder das treva1:13; At26:18), as quais não podem
prevalecer contra a genuína igreja edificada por
Cristo sobre essa revelação a respeito Dele como a
rocha, com pedras tais como Pedro, um ser humano
transformado. Esse operar do Senhor também indica
que o poder das trevas de Satanás atacará a igreja;
por isso, há uma batalha espiritual entre o poder de
Satanás, que é seu reino, e a igreja, que é o reino de
Deus.
Quando estivemos em Roma há alguns meses,
visitamos a Catedral de São Pedro. Na cúpula, havia
algumas palavras escritas sobre Mateus 16:18: “Eu
edificarei Minha igreja sobre essa rocha”. Contudo, a
última parte desse versículo-” E as portas do Hades
não prevalecerão contra ela”-não estavam escritas ali.
Tal vez isso indique que as portas do inferno [Hades]
derrotaram totalmente a Igreja Católica. A igreja na
restauração do Senhor, entretanto, está
verdadeiramente edificada sobre a revelação
concernente a Cristo, e contra esta igreja, as portas
do Hades não podem prevalecer.

2. A Igreja É o Reino dos Céus


O versículo 19 fala do reino dos céus. As palavras
“o reino dos céus” aqui são usadas também em lugar
da palavra “igreja” no versículo anterior. Essa é uma
prova categórica de que a genuína Igreja é o reino
dos céus nesta era. Isso é confirmado por Romanos
14:17, que se refere à vida da igreja adequada.

a. As Chaves Dadas a Pedra


No versículo 19, o Senhor disse a Pedro: “Dar-te-
ei as chaves do reino dos céus”. Conforme a história,
as chaves eram duas: Pedro usou uma para abrir a
porta para os crentes judeus a fim de que entrassem
no reino dos céus no dia de Pentecostes (At2:38-42);
e ele usou a outra, na casa de Comélio, para abrir a
porta para os crentes gentios entrarem no reino dos
céus (At 10:34-48).

b. Amarrar e Soltar na Terra

O que Foi Amarrado e Solto nos Céus


No versículo 19, o Senhor também disse a Pedro:
“Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e o que quer
que amarrares na terra, terá sido amarrado nos céus;
e o que quer que soltares na terra, terá sido solto nos
céus”. O Evangelho de Mateus diz respeito ao reino
dos céus, que é uma questão de autoridade. A igreja
revelada nesse livro representa o reino para reinar.
Por isso, a autoridade para amarrar e soltar é dada
não somente a Pedro, o apóstolo para a igreja, mas
também à igreja (18:1718). Tudo o que o povo da
igreja amarrar ou soltar na terra tem de ser o que ti
ver sido amarrado ou solto nos céus. Só podemos
amarrar ou soltar o que já foi amarrado ou solto nos
céus.

D. Mantida em Segredo a Revelação com


respeito a Cristo e a Igreja
O versículo 20 diz: “Então ordenou aos
discípulos que a ninguém dissessem ser Ele o Cristo”.
A revelação com respeito a Cristo com Sua igreja está
sempre escondida do povo religioso.
MENSAGEM 48

O CAMINHO PARA A GLÓRIA (7)


No caminho para a glória, temos a rejeição, a
privação nas necessidades, a tempestade no mar e a
acusação da religião, e então aprendemos a comer
Cristo. Como resultado do comer de Cristo, há a cura
para a glorificação de Deus. Depois, há o comer
corporativo, o alerta referente ao fermento e a
revelação clara concernente a Cristo e a igreja. Nesta
mensagem, chegamos à última parada no caminho
para a glória: o caminho da cruz. Somente quando as
pessoas aprendem a comer Cristo e se acautelam do
fermento religioso e estão sob um céu límpido, a
revelação de Cristo e da igreja pode ser dada. Muitos
de nós podem testificar que antes de vira tal lugar, a
revelação de Cristo e da igreja não havia chegado. Ela
vem somente em Cesaréia de Filipe. Comemos Cristo
não somente como as migalhas, mas também de
modo corporativo como o rico, ilimitado, inexaurível
suprimento de vida. Somente então podemos ver a
revelação de Cristo e a igreja. Dessa forma, três
coisas são vitais: que saibamos comer Cristo e
desfrutar Seu rico suprimento inexaurível; que
sejamos purificados de todo fermento religioso e que
estejamos em Cesaréia de Filipe sob um céu límpido.
Aqui a névoa se foi. Não nos podemos permitir ficar
numa situação onde há neblina religiosa. Se
permanecermos nesse tipo de lugar, não veremos a
revelação dada em Cesaréia de Filipe. Aleluia, temos
o rico suprimento, temos o céu claro e não temos
névoa! Por isso, temos a visão de Cristo e a igreja.
XI. TOMAR O CAMINHO DA CRUZ
Muitos mestres cristãos viram a ligação entre
Mateus 16:1320e 16:21-28, a conexão entre o trecho
da Palavra com respeito a Cristo e a igreja e a
concernente ao caminho da cruz. A fim de
experimentar Cristo e ter a igreja edificada sobre
Cristo, precisamos tomar o caminho da cruz. Cristo
foi o Pioneiro, o Precursor, em tomar o caminho da
cruz. Esse é o único modo de Cristo ser liberado, e é
também o único modo de a igreja ser edificada com
Cristo e sobre Cristo.

A. Cristo Vai a Jerusalém para Ser


Crucificado e Ressuscitado
O versículo 21 diz: “Desde esse tempo, começou
Jesus a mostrar a Seus discípulos que Lhe era
necessário ir a Jerusalém e sofrer muitas coisas dos
anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser
morto e ao terceiro dia ressuscitar”. Após a revelação
do grande mistério concernente a Cristo e à igreja, a
crucificação e a ressurreição de Cristo foram
desvendadas. Para Cristo edificar Sua igreja, Ele teve
de ir até o centro religioso, passar pela crucificação e
entrar em ressurreição. No versículo 21, o Senhor
primeiro revelou a Seus discípulos Sua crucificação e
ressurreição. Antes dessa hora, Ele não mencionara
coisa alguma a respeito disso. Continuando a
revelação de Cristo e a igreja, o Senhor Jesus revelou
a Seus discípulos, que haviam recebido luz, Sua
crucificação e ressurreição. Isso é muito significativo.
Após vermos Cristo e a igreja, precisamos estar
preparados para tomar o caminho da cruz. Você deve
estar querendo saber o que é o caminho da cruz.
Tomar o caminho da cruz é não reservar coisa
alguma de si mesmo. Não importa quão bom, certo
ou proveitoso possa ser, você precisa ser crucificado.
Para o desfrute de Cristo e a edificação da igreja,
precisamos ser crucificados. Nada de nosso ser deve
ser preservado.
No versículo 21, o Senhor Jesus falou sobre Sua
crucificação e ressurreição. Os discípulos, no entanto,
retiveram a questão da crucificação, mas
negligenciaram a questão da ressurreição. Eles
ouviram que o Senhor ia ser morto, mas parece que
não ouviram que Ele iria ressuscitar. Contudo, o
Senhor disse que seria ressuscitado ao terceiro dia.
Eles não entenderam essa parte da palavra do Senhor,
porque não tinham o conceito da ressurreição. No
interior deles, havia o medo de que o Senhor Jesus
pudesse ser morto. Assim, quando o Senhor falou
sobre Sua ressurreição, os discípulos não a
apreenderam. Ocorre o mesmo conosco hoje.
Acatamos imediatamente o que corresponde ao
nosso conceito, mas se determinada coisa não
corresponde ao que já está em nós, não a admitimos.
Algumas pessoas querem saber por que sou
repetitivo ao falar. Embora possa repetir certas coisas,
algumas pessoas ainda não as percebem. Novamente
digo que apesar de o Senhor Jesus falar de duas
questões, crucificação e ressurreição, os discípulos
apreenderam a primeira, mas não a segunda.

B. Satanás É um Estorvo para Cristo por meio


do Conceito Natural de Pedro
O versículo 22 diz: “E Pedro, tomando-O à parte,
começou a repreendê-Lo, dizendo: Deus tenha
compaixão de Ti, Senhor; isso de modo algum Te
acontecerá”. A palavra de Pedro revela que o homem
natural nunca está disposto a tomara cruz. Pedro era
arrojado e tinha bom coração em relação ao Senhor.
Sem Pedro, não teríamos muitas revelações, pois por
meio de sua audácia ao cometer erros, grande
número de revelações foi dado. Aqui, Pedro foi
audacioso o bastante para repreender o Senhor.
Enquanto estava censurando o Senhor, sua expressão
deve ter sido como a de Satanás. As palavras de
Pedro-“Deus tenha compaixão de Ti, Senhor”-soaram
muito bem, mas, na verdade era uma repreensão.
Pedro foi ofendido pela palavra do Senhor sobre o
fato de ser morto. Porque ele estava totalmente em si,
realmente censurou o Senhor Jesus.
No versículo 23 vemos o Senhor responder:
“Mas Ele, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de
Mim, Satanás! Tu és para Mim pedra de tropeço,
porque não cogitas nas coisas de Deus, e, sim, nas
dos homens”. Cristo percebeu que não era Pedro,
mas Satanás quem estava estorvando-O de tomar a
cruz. Isso revela que nosso homem natural, que não
está disposto a tomar a cruz, é um com Satanás.
Quando colocamos nossa mente, não nas coisas de
Deus, mas nas dos homens, tornamo-nos Satanás,
uma pedra de tropeço para o Senhor no
cumprimento do propósito de Deus.

C. Seguir a Cristo, Negando-se e Tomando a


Cruz
O versículo 24 diz: “Então disse Jesus a Seus
discípulos: Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo
se negue, tome a sua cruz e siga-Me”. Aqui o Senhor
fala sobre negar o ego. Negar nosso ego é perder o
direito de nossa vida da alma, a vida natural (v. 26;
Lc 9:25).
No versículo 25, o Senhor continua: “Porquanto,
quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem
perder a vida por Minha causa, achá-la-á”. Nos
versículos 23 a 25 três coisas estão relacionadas
umas às outras: a mente, o ego e a vida da alma.
Nossa mente é a expressão de nosso ser e nosso ser é
a corporificação de nossa vida da alma. Nossa vida da
alma é corporificada e expressa por nosso ego, e
nosso ego é expresso por meio da nossa mente,
pensamento, conceitos e opinião. Quando colocamos
a mente não nas coisas de Deus, mas nas dos homens,
ela aproveita a oportunidade para agir e expressar a
si mesma. Isso foi o que aconteceu a Pedro. Assim, a
palavra seguinte do Senhor mostrou que ele tinha
que negar a si mesmo e não Salvar sua vida da alma,
antes, perdê-la. Perder a vida da alma é a realidade
do negar a si mesmo. Isso é tomar a cruz.
Realmente, nesses versículos, quatro coisas estão
relacionadas: Satanás, a mente, o ego e a vida da
alma. Esta mensagem refere-se principalmente a
essas quatro coisas, que começam com a mente e se
consumam definitivamente com Satanás. A mente é a
expressão do ego e o ego é a corporificação da vida da
alma. A vida da alma é expressa pelo ego e o ego é
expresso pela mente. O que a mente pensa ou
considera é uma opinião, idéia ou conceito. A opinião,
conceito ou idéia da mente é a expressão do ego, a
corporificação da vida da alma. A vida da ai ma está
corporificada no ego, assim como o Pai é
corporificado no Filho. A vida da alma é como o Pai,
o ego é como o Filho e a mente é como o Espírito.
Assim, temos aqui uma trindade: mente, ego e vida
da alma.
A vida da alma, a fonte, está corporificada no ego,
que é expresso na mente. Tal vez você nunca
houvesse considerado sua mente como a expressão
do ego. Se visse isso, provavelmente não usaria tanto
a mente. Sua opinião é a expressão do seu ego.
Cuidado com sua opinião, pois ela não é algo positivo.
As opiniões, conceitos, idéias e pensamentos naturais
são coisas negativas, pois são a expressão do ego. A
alma é corporificada no ego e expressa por meio do
ego, e o ego é expresso nas opiniões. Quando o ego é
expresso pela mente como opinião, isso é Satanás.
Aprendi a temer minhas opiniões. Durante anos,
tenho sido iluminado para ver que a opinião ou
conceito naturais são a encarnação de Satanás. Se
assim não fosse, como poderia o Senhor Jesus ter
repreendido a Pedro e o chamado de Satanás? A
primeira vez que li isso na Bíblia, fiquei chocado. No
versículo 23, Pedro e Satanás se tornaram um
mediante a opinião egoísta de Pedro. A opinião de
Pedro era Satanás. Repetindo, a vida da alma está
corporificada no ego e o ego é expresso pela mente.
Quando a mente expressa uma opinião, isso é a
encarnação de Satanás.
Você já percebeu que freqüentemente suas
opiniões têm sido a expressão de Satanás? Duvido
que tenha entendido alguma vez essa questão desse
modo. É crucial vermos que nossa opinião natural é a
encarnação de Satanás. Nada prejudica mais sua vida
cristã do que suas opiniões. A expressão da opinião
natural é o produto da inspiração satânica. Porque
sua opinião natural vem da inspiração de Satanás,
você precisa tomar cuidado com ela. Se usar a mente
excessivamente, o Senhor Jesus o chamará de
Satanás. Se a exercitar demais, você será a expressão
de Satanás, e o Senhor Jesus lhe dirá: “Para trás de
Mim, Satanás!”
Tomar o caminho da cruz para entrar na glória
requer que não usemos nossa mente de modo natural.
Precisamos negar o ego, tomar a cruz e seguir a
Cristo. Não creio que alguém que exercite sua mente
de modo natural possa ser um bom seguidor de
Cristo. Quando exercitamos muito nossa mente, não
seguimos a Cristo. Cristo não está em nossa mente,
mas em nosso espírito. Se você examinar esse
versículo no contexto, verá que a mente é a expressão
do ego, que o ego é a corporificação da vida da alma e
que tudo isso deve ser posto na cruz.
No versículo 24, o Senhor disse: “Se alguém quer
vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e
siga-Me”. A cruz não é meramente um sofrimento;
elaé primordialmente um matar. Ela mata e termina
com o criminoso. Cristo primeiro tomou a cruz, e,
então, foi crucificado. Nós, Seus crentes, primeiro
fomos crucificados com Ele e, então, hoje tomamos a
cruz. Para nós, tomar a cruz é permanecer sobre o
exterminar da morte de Cristo para pôr fim ao nosso
ego, nossa vida natural e nosso velho homem. Agindo
assim, negamos o ego para seguir o Senhor.
Muitos cristãos têm um conceito errado da cruz.
Pensam que a cruz é apenas para sofrimento. Nesse
trecho da Palavra, contudo, a cruz não denota
sofrimento, mas morte. O propósito final da cruz não
é causar-lhe sofrimento; é terminar com você, matá-
lo. A palavra do Senhor aqui não tem o sentido de
sofrer; o conceito referente à cruz é o de matar.
O Senhor Jesus primeiramente tomou a cruz e
depois nela foi crucificado e terminado. Tomando a
cruz, o Senhor Jesus estava constantemente sob o
matar, não sob o sofrimento. É um conceito errôneo
associar a cruz meramente com o sofrimento. O
Senhor Jesus começou a tomar a cruz imediatamente
após Seu batismo. O batismo significa que uma
pessoa é levada à morte, terminada e sepultada.
Desde o momento do Seu batismo, o Senhor Jesus
colocou-se constantemente sob a cruz e lá
permaneceu. Ele era alguém constantemente levado
à morte. Com Ele, tomar a cruz veio primeiro e
morrer, depois. Conosco ocorre exatamente o oposto,
pois, primeiro somos crucificados com Ele e, então,
tomamos a cruz.
Quando jovem, aprendi que tomar a cruz é sofrer.
Esse conceito errôneo vem do catolicismo. Repito, o
conceito de tomar a cruz em Mateus 16 não é o do
sofrimento, mas o de ser levado à morte. Para tomar
a cruz, devemos perceber que já fomos crucificados.
Morremos na cruz com Cristo e agora precisamos
permanecer sob esse matar. Sou uma pessoa que foi
morta. Minha vida do ego, mente, vida natural e todo
o meu ser foram mortos. Agora preciso permanecer
sob esse matar. Isso é o que significa tomar a cruz.
Quando jovem, ouvi determinadas exortações
feitas a outros relacionadas com tomar a cruz. A uma
esposa que estava sofrendo a maldade do marido foi-
lhe dito que tomasse a cruz. Em outras palavras, a ela
foi dito que sofrer a indelicadeza do marido era
tomar a cruz. Mas sofrer não pode edificar a igreja.
No entanto, o genuíno tomara cruz edificaa igreja,
porque leva à morte o ego, a vida da alma e a vida
natural. Todos fomos sepultados, batizados e
terminados. Agora precisamos permanecer nesse
estado. Isso é tomar o caminho da cruz. Um morto
não tem opinião. Ele não consegue subjugar sua
mente porque ela não mais funciona. Se sua mente
pode ser subjugada, significa que ela ainda está viva,
ativa e agressiva. Se você tentasse subjugar a mente
dos que estão sepultados num cemitério e eles
pudessem falar, diriam: “Você veio ao lugar errado.
Todos nós estamos mortos e nossa mente parou de
funcionar. Não é necessário você vir subjugar nossa
mente”. Se tomarmos a cruz, seremos como os que
estão enterrados no cemitério. Permaneceremos num
estado de morte e ficaremos lá sob a morte. Esse é o
significado correto de tomar a cruz.
Em Mateus 16, Pedro era muito ativo e agressivo.
Por um lado, é bom fazer coisas quando se é
agressivo. Contudo, todos os irmãos rápidos
precisam ser mortos. Amo os rápidos, os intrépidos,
os problemáticos, porque eles agitam as coisas. Se na
restauração do Senhor não houvesse irmãos como
esses, ninguém causaria problemas. Por causa de
irmãos assim, sempre há problema na restauração.
Sem esses problemas, o Senhor não poderia ser
revelado com tal intensidade. Por fim, o Senhor
chamou Pedro, o rápido, de Satanás. Todos os
“Pedros” rápidos têm de ser terminados. Precisam
ser mortos e ficar sob a morte da cruz. De outra
forma, não haverá maneira de a Igreja ser edificada.
Tomar o caminho da glória finalmente significa
dispor-se a morrer. Esse caminho não é apenas uma
questão de rejeição, de experimentar a falta de
alimento, de enfrentar a tempestade no mar, de
enfrentar as acusações da religião, de aprender a
comer o Senhor Jesus como o suprimento de vida
inesgotável, de estar alerta para precaver-se do
fermento e de ter a visão de Cristo e a igreja.
Completando tudo isso, precisamos ser terminados.
A última parada no caminho para a glória é a parada
da autoterminação. A visão apresentada no
Evangelho de Mateus é maravilhosa. A visão de
Mateus abrange a rejeição, a escassez, a tempestade,
a acusação da religião, o fermento, Satanás, o ego, a
mente e a vida da alma. Se não souber enfrentar
essas coisas, será difícil para você entrar na glória. O
último passo antes de entrar na glória é a terminação
do eu. Não é suficiente meramente passar pela
rejeição ou pela experiência de o Senhor suprir
nossas necessidades materiais. Também, não é
adequado suportar a tempestade no mar, tratar as
acusações da religião relacionadas com as coisas
exteriores, alimentar-se de Cristo e acautelar-se do
fermento. Finalmente, o caminho para a glória é uma
questão de ser terminado.
Você pode pensar que Satanás esteja na rejeição,
na tempestade ou na acusação. Na verdade, Satanás
não está nessas coisas; pelo contrário, somente os
demônios estão aí. Os demônios estão por detrás da
rejeição, da tempestade e das acusações da religião.
Mas Satanás, o rei dos demônios, está em sua mente,
em seu ego e em sua vida da alma. Portanto, você
precisa odiar seu ego mais do que odeia a rejeição.
Martinho Lutero disse certa vez que temia mais a si
próprio que ao Papa, pois sabia que tinha o mais
forte papa: o ego, em seu interior. O inimigo sutil,
oculto, o adversário, é nosso ego. Assim, o último
tratamento por todo o caminho para a glória é lidar
com esse ego.
Como vimos, o ego é ativo nas opiniões,
conceitos e idéias expressos por nossa mente. Os
cristãos hoje lutam e estão divididos por causada
diferença de opiniões. Por isso o apóstolo Paulo disse
que todos temos de ser unidos na mesma disposição
(1Co 1:10). Portanto, tomar o caminho da glória é
finalmente lidar com o nosso ego.
Creio que tivemos uma visão clara de que tomar
a cruz não é uma questão de sofrer, mas de manter o
ego sob o terminar da morte. A cruz de Cristo é a
morte terminadora e precisamos permanecer no
lugar desta terminação. Permanecer aí é tomar a cruz.
Estou tomando a cruz, pois mantenho-me sob o
terminar de Cristo. Portanto, por ter sido terminado,
não tenho idéias, nem conceitos, nem opiniões. Pela
graça do Senhor, desejo permanecer no lugar da
terminação por toda a minha vida. A ressurreição
segue-se à terminação. Quando nos mantivermos sob
o terminar de Cristo, espontaneamente haverá uma
reação em nosso espírito. Essa reação é ressurreição.
Ressurreição é o que é preciso para a edificação da
igreja. Experimentar terminação e ressurreição é a
maneira de desfrutar Cristo e edificar a igreja. No
versículo 24, o Senhor nos diz para segui-Lo. Antes
da crucificação do Senhor, os discípulos O seguiam
de maneira exterior, mas desde a Sua ressurreição,
nós o seguimos de maneira interior. Porque na
ressurreição, Ele se tornou o Espírito que dá vida
(1Co 15:45) habitando em nosso espírito (2Tm 4:22),
nós O seguimos em nosso espírito (GI5:16-25).

1. Salvar a Vida da Alma É Perdê-la, Mas


Perder a Vida da Alma

por causa de Cristo É Achá-la


No versículo 25, o Senhor diz: “Quem quiser,
pois, Salvar a sua vida da alma, perdê-la-á; mas
quem perder a sua vida da alma por Minha causa,
achá-la-á”. Ao seguir o Senhor, não devemos salvar
nossa vida da alma, isto é, não devemos permitir que
a alma tenha seu desfrute. Se a Salvarmos nesta era,
nós a perderemos na vindoura. Mas se a perdermos
por causa de Cristo, nós a acharemos no desfrute do
reino na era vindoura.

2. De Nada Aproveita Ganhar o Mundo Todo


em Troca da Vida da Alma
No versículo 26, o Senhor perguntou: “Pois que
aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e
perder a sua vida da alma? ou que dará o homem em
troca da sua vida da alma?” O desfrute da vida da
alma hoje está envolvido com o mundo. Ganhar o
mundo para desfrute da alma é perder a vida no
desfrute do reino na era vindoura. Mesmo se
ganharmos o mundo todo para desfrute da vida da
alma nesta era, de nada nos aproveitará. Nada é
digno de ser dado em troca do desfrute da vida da
alma no reino.

D. A Recompensa do Reino
O versículo 27 diz: “Porque o Filho do Homem
há de vir na glória de Seu Pai, com os Seus anjos, e
então retribuirá a cada um conforme as suas obras”.
A palavra “Porque” no começo desse versículo indica
que a recompensa do Senhor aos Seus seguidores na
Sua volta, no versículo 27, será conforme a perda ou
Salvação da alma, como é mencionado nos versículos
25 e 26. A recompensa será dada conforme a maneira
que tivermos tomado a cruz. Ela depende de termos
ou não mantido a nós mesmos sob o matar da cruz,
se Salvamos nossa vida da alma nesta era ou se a
perdemos.

1. Quando Cristo Vier na Glória do Pai


Isso será julgado pelo Senhor na Sua vinda na
glória de Seu Pai. Se tomarmos a cruz para segui-Lo,
perdendo o desfrute da alma nesta era, Ele nos
recompensará com o desfrute da alma no reino.

2. Segundo as Obras dos Crentes


No versículo 27, o Senhor diz que: “[Ele]
retribuirá a cada um conforme as suas obras”, isto é,
conforme termos perdido ou não o desfrute de nossa
vida da alma nesta era. Isto nada tem a ver com
nossa Salvação eterna; contudo, tem muito a ver com
a recompensa dispensacional do Senhor a nós.

3. No Tribunal de Cristo
A retribuição será dada a todo homem no
tribunal de Cristo quando Ele voltar (2Co 5:10; Ap
22:12), o que mostra que isso ocorrerá nos ares, após
todos os crentes terem sido arrebatados à presença
do Senhor ali.

4. Para Ser Desfrutado na Manifestação do


Reino
A recompensa do Senhor será a entrada para o
reino, a qual será na manifestação do reino. O Senhor
se refere à manifestação do reino no versículo 28:
“Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se
encontram, que de maneira nenhuma provarão a
morte até que vejam vir o Filho do Homem no Seu
reino”. Isso foi cumprido pela transfiguração do
Senhor no monte (17:1-2). Sua transfiguração foi Sua
vinda em Seu reino, a qual foi vista por Seus três
discípulos, Pedro, Tiago e João. Na próxima
mensagem, enfatizaremos que a transfiguração de
Cristo foi uma miniatura da manifestação do reino. A
manifestação do reino no milênio será a recompensa
para os seguidores de Cristo que permanecerem sob
o matar da cruz no caminho para a glória. Todos os
queridos que seguem a Cristo desse modo serão
recompensados com a manifestação do reino.
MENSAGEM 49

A MINIATURA DA MANIFESTAÇÃO DO
REINO
De 13:53 a 17:8, o relato do Evangelho de Mateus
retrata a maneira de seguir o Rei celestial, desde Sua
rejeição até à entrada na manifestação do reino. Seus
seguidores não somente partilharam de Sua rejeição
pelos judeus (13:53-58), mas também foram
perseguidos e até martirizados pelos políticos gentios
(14:1-12). Por isso, eles estavam com Ele no deserto
numa situação de pobreza, ainda que fossem
ricamente cuidados por Ele (14:13-21). Quando
estavam no mar tempestuoso sob ventos contrários,
Ele caminhou sobre o mar, acalmou a tempestade e
os conduziu a salvo (14:22-34). Muitos doentes foram
curados ao tocá-Lo (14:35-36), mas os hipócritas
adoradores de Deus vieram acusá-Lo porque Seus
seguidores transgrediam suas tradições (15:1-20).
Então, Seus discípulos O seguiram por um país
gentio, onde um gentio endemoninhado foi curado
(15:21-28). Depois disso, eles O seguiram pelo mar da
Galiléia e subiram ao monte, onde pessoas com todo
tipo de doenças foram curadas e a necessidade de
Seus seguidores na multidão foi outra vez ricamente
suprida num deserto árido (15:29-39). Continuando,
tanto os fundamentalistas como os modernistas
daquela época vieram tentá-Lo, e Ele mostrou que
devia morrer para ser o único sinal para eles (16:1-4).
Então, Ele exortou Seus seguidores a se acautelarem
do fermento tanto dos fundamentalistas quanto dos
modernistas (16:5-12). Depois de tudo isso, Ele levou
Seus seguidores até o limite da terra santa, perto de
um país gentio, para que pudessem ter uma revelação
Dele, da igreja e da cruz, como o caminho para
entrarem no reino (16:13-28). Finalmente, Ele os
introduziu na glória na manifestação do reino (17:1-
8). Nesta mensagem, veremos que a transfiguração
do Senhor foi uma miniatura do reino (16:28-17:13).
Se compararmos todas as coisas mencionadas
acima com nossa experiência, veremos que nossa
maneira hoje é exatamente a mesma que a revelada
em 13:53-17:8. No caminho para a glória
enfrentamos a rejeição, a tempestade e as acusações.
Experimentamos o comer, acautelamo-nos do
fermento e temos uma revelação de Cristo e a igreja.
Além disso, tomamos o caminho da cruz e negamos o
ego e a vida da alma. Esses são os passos ao longo do
caminho da glória.
Mateus 13:53-17:8 é um maravilhoso trecho
doutrinário. Há trinta e quatro anos, liberei uma
mensagem em Xangai sobre esse trecho da Palavra.
Eu havia acabado de chegar lá como um novo
colaborador na obra com o irmão Nee. Pediram-me
para dar a mensagem no domingo de manhã. Assim,
recebi o encargo de ministrar sobre o tema do
caminho para a glória. Pedi à congregação para ler
mais de três capítulos de Mateus, desde o final do
capítulo 13 até a primeira parte do capítulo 17. Então
dei uma longa mensagem sobre esses capítulos.
Quase todos os pontos naquela mensagem foram os
mesmos que os tratados nestas mensagens do
caminho para a glória. Embora ainda não ti vesse
visto a questão do comer, a estrutura da mensagem
foi a mesma que a destas mensagens. Quão
maravilhoso é estar no caminho para a glória! Posso
testificar que durante os últimos quarenta e quatro
anos, tenho tomado cada passo desse caminho.
Experimentei a rejeição, a falta nas necessidades
básicas, as tempestades e as acusações. Mais que isso,
tive a revelação concernente a Cristo e a igreja.
Porque tenho andado nesse caminho por tanto tempo,
de certo modo já entrei na glória. Outros entre nós ou
estão na glória ou muito perto dela. Embora alguns
de nós possam estar na glória, ainda estamos no
caminho para um maior grau de glória. Todos
precisamos manter-nos andando nesse caminho até o
Senhor voltar.

I. O REINO VEIO
Mateus 16:28 diz: “Em verdade vos digo que
alguns há, dos que aqui se encontram, que de
maneira nenhuma provarão a morte até que vejam
vir o Filho do Homem no Seu reino”. Isso foi
cumprido pela transfiguração no monte (17:1-2). Sua
transfiguração foi Sua vinda em Seu reino, que foi
vista por três dos Seus discípulos: Pedro, Tiago e
João.

II. CRISTO TRANSFIGURADO NUM ALTO


MONTE
Mateus 17:1 diz: “Seis dias depois, tomou Jesus
Consigo a Pedro, a Tiago e a seu irmão João, e os
levou, em particular, a um alto monte”. Uma vez que
a transfiguração do Senhor aconteceu seis dias após
as revelações concernentes a Cristo e à Igreja no
capítulo 16 (dadas no sopé do monte Hermon), o alto
monte aqui deve ser o monte Hermon. Para receber a
revelação relati va a Cristo e à igreja, precisamos
estar longe do ambiente religioso; mas para ter a
visão do Cristo transfigurado, precisamos estar num
alto monte, bem acima do nível terreno.
O versículo 2 diz: “E foi transfigurado diante
deles; o Seu rosto resplandeceu como o sol, e as Suas
vestes tornaram-se brancas como a luz”. Poucos
cristãos percebem que a transfiguração de Cristo foi
Sua vinda em Seu reino. No passado, já enfatizamos
que a vinda do Senhor não acontecerá subitamente
antes, ela virá gradativamente. De certo modo, o
Senhor voltará dos céus; mas de outro, Ele sairá de
nós. Quando Ele manifestar plenamente Sua Pessoa a
partir de nós, então será o tempo da Sua volta.
Comparando Mateus 17:1 com 16:28, Sua vinda foi
Sua transfiguração e Sua transfiguração foi Sua
glorificação. Quando Ele foi transfigurado, Ele foi
glorificado.
Agora precisamos ver o que significa ser
glorificado. Quando Cristo, que é Deus, tornou-se um
homem, Sua divindade foi encarnada em Sua
humanidade. Ele era uma pessoa única, possuidor
tanto da divindade quanto da humanidade. Sua
Divindade foi escondida em Sua humanidade.
Exteriormente, Ele era um homem, mas
interiormente era o próprio Deus. Deus estava oculto,
contido, escondido dentro desse homem. Glória é
Deus manifestado, Deus expresso. Não é outra coisa
senão o próprio Deus manifestado e visto pelo
homem. O Deus oculto dentro da humanidade de
Jesus era a própria glória. Assim, o glorioso elemento
divino estava escondido no elemento humano de
Jesus. Quando Ele andava na terra, ninguém podia
ver Sua gloriosa divindade. Muitos viam os milagres
e percebiam que Ele era alguém extraordinário, mas
antes de Sua transfiguração ninguém tinha visto a
glória escondida Nele. Então, um dia Ele levou três
dos Seus discípulos mais íntimos a um alto monte, e
ali foi transfigurado diante deles. O fato de o Senhor
Jesus ser transfigurado significava que Sua
humanidade estava saturada e permeada de Sua
divindade. Podemos dizer que Sua humanidade
estava impregnada de divindade. Essa transfiguração,
que foi Sua glorificação, foi igual à Sua vinda em Seu
reino. Isso indica que a vinda de Cristo em Seu reino
está ligada à Sua transfiguração. Onde Sua
transfiguração está, lá a vinda do reino também está.
A vinda do reino é a glorificação do Senhor, Sua
transfiguração; e Sua glorificação é Sua humanidade
estando saturada de Sua Divindade. Esse é o
significado da transfiguração. Porque o Senhor foi
transfigurado, Ele está agora na glória.
Na transfiguração de Cristo, Sua humanidade foi
glorificada; ela foi introduzida na glória de Deus.
Antes daquela hora, Deus estava Nele, mas sua
humanidade não estava na glória de Deus. Em Sua
transfiguração, Sua humanidade foi totalmente
saturada de Sua divindade gloriosa. Na manifestação
vindoura do reino, Cristo será assim. Ele será o
próprio Cristo tanto com divindade como com
humanidade, mas Sua humanidade estará saturada
de Sua divindade.
O dia virá em que não somente veremos isso,
mas também o experimentaremos nós mesmos.
Agora temos a vida divina com a natureza Divina
dentro de nós. No entanto, ainda temos nossa
humanidade natural. Não importa quão espirituais e
santos sejamos, nossa humanidade ainda é natural.
Ela não foi saturada da glória divina, mas na época
da manifestação do reino, nossa humanidade será
glorificada pela Divindade gloriosa dentro de nós.
Talvez os opositores rotulem isso de evolução até
Deus. Mas não é isso-é glorificação. Eles precisam ler
Romanos 8:30: “E aos que predestinou, a esses
também chamou; e aos que chamou, a esses também
justificou; e aos que justificou, a esses também
glorificou”. Gostaria de perguntar aos opositores o
que eles pensam sobre o significado de ser glorificado.
Eles pensam que ser glorificado é meramente entrar
na esfera da glória? Essa é uma compreensão muito
superficial de glorificação. Ser glorificado é ser
saturado da glória de Deus. É ser transfigurado, não
do exterior, mas do interior. Um dia, seremos uma
grande surpresa para os incrédulos. Em 2
Tessalonicenses 1:10 diz-se: “Quando vier para ser
glorificado nos seus santos e ser admirado em todos
os que creram”. Os incrédulos ficarão chocados com
nossa glorificação. Porque em nossa humanidade
somos o mesmo que os incrédulos, eles podem não
ver diferença entre nós e eles. Mas vem o dia quando
verão uma diferença gloriosa, pois nossa
humanidade será saturada de divindade, e nos
tornaremos um povo glorioso. Não seremos apenas
espirituais, santos, puros e limpos. Seremos gloriosos.
Essa é a vinda do reino. Estamos esperando que isso
aconteça.

III. MOISÉS E ELIAS, REPRESENTANDO OS


VENCEDORES DO ANTIGO TESTAMENTO,
ESTÃO NA MANIFESTAÇÃO DO REINO
O versículo 3 diz: “E eis que lhes apareceram
Moisés e Elias conversando com Ele”. Moisés e Elias
representam os vencedores do Antigo Testamento
que estarão na manifestação do reino. Ambos
apareceram na vinda do reino, isto é, eles estavam
presentes na manifestação do reino.

IV. PEDRO, TIAGO E JOÃO,


REPRESENTANDO OS VENCEDORES DO
NOVO TESTAMENTO, ESTÃO NA
MANIFESTAÇÃO DO REINO
Nessa miniatura da manifestação do reino,
temos não apenas os vencedores do Antigo
Testamento, mas também os vencedores do Novo
Testamento representados por Pedro, Tiago e João.
Nessa manifestação, temos um vislumbre da
manifestação plena do reino no futuro.

V. MOISÉS E ELIAS, REPRESENTANDO A


LEI E OS PROFETAS, SÃO ERRONEAMENTE
EQUIPARADOS A CRISTO
Moisés morreu e Deus escondeu seu corpo (Dt
34:5-6); e Elias foi elevado ao céu por Deus (2Rs
2:11). Deus propositadamente fez essas duas coisas
para que Moisés e Elias pudessem aparecer com
Cristo no monte de Sua transfiguração. Eles também
foram preservados por Deus para serem as duas
testemunhas na grande tribulação (Ap 11:3-4).
Moisés representa a lei e Elias, os profetas. A lei e os
profetas foram o conteúdo do Antigo Testamento
como um testemunho pleno de Cristo (Jo 5:39).
Agora Moisés e Elias apareceram para conversar com
Cristo a respeito de Sua morte (Lc 9:31), de acordo
com o Antigo Testamento (Lc 24:25-27, 44; 1Co 15:3).
Já enfatizamos que Deus escondeu o corpo de
Moisés e que Elias foi arrebatado ao céu. Contudo,
Elias não foi elevado ao terceiro céu. Atos 2:34
mostra que afora Cristo ninguém ascendeu ao céu.
Assim, Elias não foi ao terceiro céu. Deus escondeu o
corpo de Moisés e conservou Elias até o dia da
transfiguração de Cristo. Quando Cristo foi
transfigurado, esses dois apareceram com Ele.
No versículo4, Pedro disse: “Senhor, bom é
estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas: uma
para Ti, outra para Moisés e ou tra para Eli as”. Isso
mostra que Pedro reconheceu Moisés e Elias. Talvez
vocês estejam querendo saber como Pedro foi capaz
de reconhecê-los. Na conversa do Senhor com Moisés
e Elias, deve ter havido alguma indicação da
identidade deles para que fosse possível a Pedro
reconhecê-los. Pedro deve ter dito: “Esse é Moisés e
esse é Elias! Quão feliz estou por vê-los! Oh! é
maravilhoso estarmos aqui!”

A. O Conceito Natural de Pedro


Em sua empolgação, Pedro propôs o absurdo de
fazer três tendas: uma para o Senhor, uma para
Moisés e outra para Elias. A conseqüência da
proposta absurda de Pedro era pôr Moisés e Elias no
mesmo nível que Cristo, o que significa tornar a lei e
os profetas, representados por Moisés e Elias, iguais
a Cristo. Isso era totalmente contra a economia de
Deus. Na economia de Deus, a lei e os profetas eram
somente um testemunho de Cristo; eles não
poderiam ser colocados no mesmo nível Dele.

B. A Revelação do Pai
O versículo 5 diz: “Falava ele ainda, quando uma
nuvem luminosa os cobriu; e eis, vindo da nuvem,
uma voz que dizia: Este é o Meu Filho amado, em
quem me comprazo; a Ele ouvi”. Essa declaração do
Pai de vindicar o Filho foi dada inicialmente após o
Senhor emergir do batismo, que significava Sua
ressurreição. Foi a segunda vez que o Pai declarou a
mesma coisa; dessa vez para vindicar o Filho em Sua
transfiguração, que prefigurava o reino vindouro. Na
economia de Deus, após Cristo vir, deveríamos ouvi-
Lo, não importando a lei ou os profetas, uma vez que
a lei e os profetas foram todos cumpridos em Cristo e
por Cristo.

C. Ninguém Senão Só a Jesus


Quando os discípulos ouviram a voz vinda da
nuvem, eles “caíram com o rosto em terra e ficaram
tomados de grande medo” (v. 6). Depois que o
Senhor Jesus aproximou-se deles, tocou-lhes e disse-
lhes que se levantassem e não temessem, eles
ergueram os olhos e “a ninguém viram senão só a
Jesus” (v. 8). Pedro propôs equiparar Moisés e Elias,
isto é, a lei e os profetas a Cristo, mas Deus retirou
Moisés e Elias, a ninguém deixando senão só a Jesus.
A lei e os profetas eram sombras e profecias, não a
realidade, a qual é Cristo. Agora que Cristo está aqui,
as sombras e profecias já não são necessárias.
Ninguém, exceto o próprio Jesus deve permanecer no
Novo Testamento. Jesus é o Moisés de hoje,
dispensando a lei da vida para dentro dos Seus
crentes. Ele é também o Elias de hoje, declarando
Deus e falando por Deus nos Seus crentes. Essa é a
economia de Deus no Novo Testamento.
Deus retirou Moisés e Elias porque Ele não
podia tolerar ver Seus filhos pondo quem quer que
fosse no mesmo nível de Seu Filho Jesus Cristo. Por
isso, quando os discípulos olharam para o Senhor
Jesus, eles não viram outra pessoa senão somente Ele.
Essa foi uma lição para eles. No reino, Deus não
permitirá que a lei ou os profetas sejam considerados
iguais a Cristo. Uma vez que o reino veio, nada
haverá senão Cristo. Na economia de Deus hoje,
Cristo é o legislador vivo, Aquele que se dispensou
para dentro do nosso ser como o Doador da lei da
vida. Assim, Cristo é nosso verdadeiro Moisés, o qual
foi um tipo, uma sombra de Cristo. A lei que Moisés
nos deu não era a verdadeira lei; antes, era a lei das
letras mortas. A verdadeira lei é a lei da vida, que
somente Cristo nos pode dar. Por haver nos dado a
lei da vida, Ele é o verdadeiro doador da lei. Além
disso, na economia de Deus, Cristo é o verdadeiro
profeta. Elias também foi um tipo, uma sombra de
Cristo, que é o verdadeiro profeta (At 3:22). Cristo
está em nós não somente para dispensar a lei da vida
para o nosso ser, mas também para falar por Deus.
Cristo declara Deus. Por termos Cristo como o
verdadeiro Moisés e o verdadeiro Elias, não
precisamos de nenhum outro Moisés ou Elias na
economia do Novo Testamento.
Enquanto aguardamos a vinda do reino,
devemos aprender anão colocar Moisés, Elias ou
qualquer outro no mesmo nível de Cristo. Pelo
contrário, precisamos aprender a experimentar
Cristo como nosso Moisés e Elias. Ele é o
Dispensador da lei da vida para dentro de nós. Em
outras palavras, como nosso Moisés atual, verdadeiro
e subjetivo, Ele nos está regulando interiormente.
Mais que isso, Ele é também nosso Elias atual e
subjetivo, constantemente declarando Deus e falando
por Deus em nós. Devemos ouvi-Lo.
Depois que o Senhor foi transfigurado diante dos
discípulos, Pedro deve ter ficado alegre e triste. Ele
deve ter ficado triste por ter sido repreendido. Foi
algo sério ser repreendido em tal situação gloriosa.
Enquanto todos desfrutavam momentos agradáveis,
Pedro falava insensatamente e foi repreendido por
isso. Talvez Tiago e João lhe tenham dito: “Pedro,
você sempre está fazendo coisas assim. Tal vez agora
tenha aprendido a lição. Quando estávamos
desfrutando aquele momento agradável com o
Senhor Jesus no monte, você falou algo absurdo e foi
repreendido. Entretanto, Pedro, compartilhamos
com você do impacto da repreensão. Não teríamos
ficado chocados, se você não tivesse ficado primeiro.
Mas, por favor, não faça mais isso”.

VI. A MANIFESTAÇÃO DO REINO MANTIDA


EM SEGREDO
O versículo 9 diz: “Ao descerem do monte,
ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até
que o Filho do Homem ressuscite dentre os mortos”.
A visão de Jesus transfigurado, glorificado, não pode
ser percebida por ninguém exceto na ressurreição de
Cristo. Aqui vemos o princípio de que a manifestação
do reino pode ser revelada somente em ressurreição.
Quem não estiver em ressurreição não está
qualificado para vê-la. Se crermos na ressurreição e
vivermos em ressurreição, estaremos na glória,
mesmo que a manifestação do reino ainda não tenha
chegado. Quando vivemos e andamos em
ressurreição, temos a sensação de que estamos na
glória e que podemos ver a gloriosa manifestação do
reino. Assim, a manifestação do reino só pode ser
revelada aos que estão em ressurreição. Por essa
razão, o Senhor Jesus ordenou aos discípulos que
nada falassem sobre Sua vinda em Seu reino.

VII. JOÃO BATISTA SENDO ELIAS, VEM


ANTES DO REINO
No versículo 10, os discípulos do Senhor Lhe
perguntaram: “Por que dizem, então, os escribas ser
necessário que Elias venha primeiro?” A questão de
Elias vir primeiro está de acordo com Malaquias 4:5-
6. No versículo 11, o Senhor replicou: “De fato Elias
virá e restaurará todas as coisas”. Isso será cumprido
na época da grande tribulação quando Elias for uma
das duas testemunhas (Ap 11:3-4), como profetizado
em Malaquias 4:56. No versículo 12, o Senhor
continuou: “Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e
não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo
quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem
há de padecer nas mãos deles”. Isso se refere a João
Batista (v. 13), que veio no espírito e poder de Elias
(Lc 1:13-17) e foi rejeitado (11:18) e decapitado (14:3-
12).
Os discípulos tinham um problema teológico.
Eles pareciam estar dizendo ao Senhor: “Senhor
Jesus, Seu reino veio e nós o vimos. Mas os escribas
nos disseram que Elias deveria aparecer antes da
chegada do reino. Vimos Sua vinda em Seu reino,
mas Elias não apareceu. Como pode ser isso?” Os
discípulos estavam incomodados porque tinham
algum conhecimento de doutrinas bíblicas. Se eu
fosse um deles, teria perguntado a mesma coisa. Em
contraste à proposta insensata de Pedro no monte, a
pergunta dos discípulos era lógica. Freqüentemente
quando estamos numa situação gloriosa, fazemos
coisas insensatas. Mas após nos tornarmos
esclarecidos e sóbrios, somos muito lógicos.
O Senhor Jesus disse aos discípulos que Elias
deveria vir e restaurar todas as coisas (v. 11). Essa
palavra indica que a vinda do reino ainda não era
plena. No futuro, haverá uma manifestação plena do
reino. Antes disso, Elias virá. Por um lado, Elias veio;
mas por outro, ele ainda não veio em totalidade. João
Batista foi Elias, mas não o foi em totalidade. A vinda
plena de Elias acontecerá no futuro. O Elias que já
veio foi rejeitado e morto. Os discípulos entenderam
que o Senhor estava falando de João Batista. Assim
como a transfiguração de Cristo foi a vinda do reino,
mas nãoem plenitude, também a vinda de João
Batista foi a vinda de Elias, mas não sua vinda plena.
Antes da vinda plena do reino, Elias virá em
totalidade.
Na Bíblia, o cumprimento de profecia é sempre
assim. Primeiro, há um cumprimento parcial, e,
então, o cumprimento completo. O mesmo é verdade
em princípio com nossa experiência de estar na glória.
Nos anos passados experimentei estar na glória, mas
essa experiência não foi plena. Quando da
manifestação total do reino de Cristo, todos
entraremos plenamente na glória. Mas hoje vemos na
transfiguração de Cristo uma miniatura da vinda da
manifestação do reino. A miniatura nos assegura que
a plena manifestação virá.
MENSAGEM 50

A APLICAÇÃO DA REVELAÇÃO E DA VISÃO


CONCERNENTES A CRISTO
Imediatamente após a transfiguração do Senhor
no monte, temos o registro da cura de uma pessoa
endemoninhada (17:1421). A seguir, o Senhor falou a
Seus discípulos pela segunda vez sobre Sua
crucificação e ressurreição (vs. 22-23). Então temos o
incidente sobre o tributo (vs. 24-27). Quando lemos o
capítulo 17, pode ser difícil entender a ligação entre
todas essas coisas. Se quisermos entender o
Evangelho de Mateus, precisamos lembrar-nos de
que Mateus reuniu diversos fatos para revelar uma
doutrina. Embora os três discípulos, que
representavam os demais, estivessem na miniatura
da manifestação do reino, ainda havia a necessidade
de três coisas: o tratamento com a pessoa
endemoninhada, a revelação da crucificação e
ressurreição do Senhor e o pagamento do tributo aos
cobradores.

I. O PODER DAS TREVAS DO LADO DE FORA


DO REINO
Enfatizamos que a vinda do reino em 16:28-17:2
não foi a vinda do reino em plenitude; foi
simplesmente uma miniatura e um antegozo. As
profecias concernentes à manifestação do reino ainda
não foram cumpridas completamente. Quando
saímos da esfera da transfiguração, da atmosfera da
manifestação do reino, defrontamo-nos com o poder
das trevas do lado de fora do reino. Possessão
demoníaca significa o poder das trevas. Na esfera da
transfiguração do Senhor há glória, mas fora dessa
esfera há o poder das trevas. Enquanto estamos
desfrutando a transfiguração no topo do monte,
outros estão no vale sofrendo possessão demoníaca.
Durante uma conferência ou treinamento revelador,
podemos ter a sensação de que estamos no monte da
transfiguração. Contudo, ao voltarmos para casa,
percebemos que o poder das trevas ainda está ao
nosso redor. Para tratar com o poder das trevas, há a
necessidade do exercício da autoridade do Rei
celestial (17:18). Podemos exercer essa autoridade
somente por meio da oração e jejum. Como Rei
celestial, o Senhor tem tal autoridade, mas nós
precisamos orar, até com jejum, para executar a
autoridade do Senhor.

II. CRUCIFICAÇÃO E RESSURREIÇÃO DE


CRISTO
Em 17:22 e 23, o Senhor disse aos Seus
discípulos: “O Filho do Homem está para ser
entregue nas mãos dos homens, e eles O matarão; e
ao terceira dia ressuscitará”. Quando os discípulos
ouviram isso, “eles se entristeceram grandemente”. A
transfiguração no monte não fora a transfiguração
plena. Cristo ainda tinha de passar pela crucificação e
entrar na ressurreição. Mateus especificamente diz
que os discípulos “se entristeceram grandemente”.
De acordo com o conceito de Pedra, Tiago e João, o
Cristo que tinha sido transfigurado quando estava no
monte, não precisava ser crucificado. Assim, eles
devem ter dito “Cristo já foi transfigurado. Porque
Ele ainda precisa passar pela crucificação e
ressurreição?” Porque os discípulos tinham um
conceito errado, eles se entristeceram com a palavra
do Senhor.
Também temos, às vezes, um antegozo da
transfiguração. Mais tarde, contudo, ainda
precisamos descer do monte e tomar a cruz diante de
nosso marido ou esposa. Não importa quão excelente
a experiência da transfiguração possa ser, ainda
precisamos estar sob o mortificar da cruz. Ao tomar a
cruz, passamos pela crucificação e ressurreição. Essa
é a ligação entre essas três seções de Mateus.

III. A APLICAÇÃO DA REVELAÇÃO E VISÃO


CONCERNENTES A CRISTO
A menos que recebamos luz do Senhor, é difícil
ver a ligação entre os versículos de 1 a 23 e de 24 a27.
Em 17:24-27, temos a questão de pagar o tributo aos
coletores de impostos. Esse é um teste para
determinar se sabemos ou não aplicar a revelação e
visão concernentes a Cristo. No capítulo 16, Pedro
recebeu uma revelação clara do Pai celestial em
relação a Cristo como o Filho do Deus vivo. Daquela
hora em diante, Pedra teve certeza de que Cristo era
o Filho do Deus vivo. A seguir, no monte, ele teve a
visão de Cristo manifestado como o Filho do Deus
vivo. Por isso, ele tanto recebeu a revelação como
teve a visão. É possível ter uma revelação sem ter
uma visão. O que Pedro recebeu do Pai celestial no
capítulo 16 foi meramente a revelação. No capítulo 17,
ele viu o Filho de Deus manifestado e expresso por
meio do homem Jesus de Nazaré. Nada poderia ter
sido mais claro que essa revelação e visão.
Pedro, no entanto, teve de ser testado quanto à
aplicação da revelação e da visão. Receber a revelação
e ter a visão é uma coisa, mas aplicá-las de maneira
prática é outra. Por exemplo, provavelmente todos
recebemos a revelação de Gálatas 2:20 de que fomos
crucificados com Cristo e de que Cristo vive em nós.
Talvez o mais fraco entre nós tenha recebido essa
revelação. No entanto, quando sua esposa ou marido
o faz passar por horas difíceis, você ainda pode dizer:
“Não eu, mas Cristo”? Quando você está com sua
esposa ou seu marido, a revelação de ter sido
crucificado com Cristo e de Cristo viver em você pode
desvanecer. Pouquíssimos dos que receberam essa
revelação aplicam-na nas questões práticas em seu
viver diário. Pedro pode ter sido assim. Ele pode ter
dito: “Tive a revelação de que Jesus é o Filho do Deus
vi vo, e O vi transfigurado no monte. Isso é muito
claro para mim. Tal vez você não tenha tido essa
visão, mas eu ti ve”. Foi maravilhoso Pedro receber a
revelação e ter a visão. Mas agora, ele tinha de ser
testado por aqueles que coletavam os impostos.

A. O Conceito Natural de Pedro


O versículo 24 diz: “Tendo eles chegado a
Cafamaum, aproximaram-se de Pedro os que
cobravam o imposto das duas dracmas, e
perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas
dracmas?” As duas dracmas eram um imposto judeu
para o templo (Êx 30:12-16; 38:26). Quando Pedro
foi questionado, ele imediatamente respondeu “Sim”.
Pedro não sabia como aplicar a revelação e a visão e
foi exposto. No monte da transfiguração, Pedro ouviu
a voz do céu advertindo-o a ouvir Cristo (17:5). Se
ainda se lembrasse do que tinha acontecido no monte,
ele teria dirigido a pergunta a Cristo para ou vir o que
Ele diria. Mas em vez de ouvir Cristo, ele deu sua
própria resposta. No monte, Pedro ouviu o Pai dizer:
“Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo:
a Ele ouvi”. Naquela hora, Pedro falou demais e foi
repreendido por isso. Agora, quando os coletores de
impostos perguntaram se o Senhor pagava ou não as
duas dracmas, ele ainda tinha muito a dizer e não
hesitou em responder. Se tivesse aprendido a lição,
ele deveria ter dito: “Senhores, deixem-me ir até Ele
e ou vi-Lo. Preciso perguntar-Lhe se Ele paga ou não
as duas dracmas. Não tenho o direito de dizer coisa
alguma”. Pedro, contudo, não respondeu dessa
maneira e foi exposto por esse teste. O mesmo ocorre
conosco. Após uma conferência ou treinamento,
podemos dizer que nunca seremos como antes. Mas
asseguro-lhe que após voltar para casa, você será
exatamente igual. Contudo, não deixe que isso o
desaponte.

B. A Correção de Cristo
Os versículos 25 e 26 dizem: “Ao entrar Pedro
em casa Jesus se lhe antecipou, dizendo: Que te
parece, Simão? De quem cobram os reis da terra
impostos ou tributo? dos seus filhos ou dos
estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos,
Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os filhos”. Os
coletores de impostos foram até Pedro porque ele era
mui to proeminente, assim como o nariz em nossa
face. Os rápidos, os ousados, são o “nariz” na vida da
igreja. Sempre que a Igreja passa por um teste, o
“nariz” é a parte que se fere porque ele é o primeiro a
trombar com as coisas. Por se sobressair muito,
Pedro se complicava. Depois de falar aos coletores
que Jesus pagava as duas dracmas, Pedro entrou em
casa. Mas, como diz o versículo 25, Jesus se lhe
antecipou. Pedro era rápido, mas o Senhor era
soberano e não lhe deu chance de dizer coisa alguma.
No topo do monte, Pedro foi interrompido por uma
voz do céu e na casa foi interrompido pelo Senhor.
Pedro tinha falado presunçosamente. Por isso, o
Senhor o barrou e o corrigiu antes que ele pudesse
falar-Lhe.
O Senhor perguntou a Pedro se os reis da terra
cobram impostos ou tributo dos filhos ou dos
estranhos. Os filhos dos reis são sempre isentos de
pagar impostos ou tributo. As duas dracmas eram
pagas pelo povo de Deus para o Seu templo. Uma vez
que Cristo é o Filho de Deus, Ele estava isento de
pagá-las. Isso era o contrário do que Pedro tinha
respondido.
Pedro tinha recebido a revelação de Cristo ser o
Filho de Deus (16:16-17) e tinha tido a visão do Filho
de Deus (17:5). Agora, na prática, ele foi testado pela
pergunta dos cobradores de impostos. Ele falhou em
Sua resposta, por esquecer a revelação que recebera e
a visão que tivera. Ele esqueceu que o Senhor era o
Filho de Deus que não precisava pagar o imposto
para a casa de Seu Pai.
Quando o Senhor perguntou a Pedro se os reis
da terra cobravam impostos de filhos ou dos
estranhos, Pedro respondeu: “Dos estranhos”.
Doutrinária e teologicamente, Pedro respondeu
corretamente. Quando o Senhor lhe disse: “Logo,
estão isentos os filhos”, Pedro deve ter ficado
aturdido. Parece que o Senhor estava dizendo:
“Pedro, você se esqueceu da revelação de que Eu sou
o Filho? No topo do monte, você Me viu como o
Filho”. As duas dracmas não eram um imposto pago
ao governo secular. Eram coletadas com o propósito
de prover os gastos do templo de Deus, a casa de
Deus na terra. De acordo com Êxodo 30 e 38, todo
israelita tinha de pagar o tributo para cuidar da casa
do Senhor. Por ser Jesus o Filho de Deus, não é
necessário que Ele pague esse imposto. Quando o
Senhor disse que os filhos estão isentos, estava
mostrando que Ele, como o Filho de Deus, estava
isento de pagar os impostos. Após ouvir isto, Pedro
não sabia o que dizer. Ele deve ter concordado
totalmente e dito: “Sim, os filhos estão isentos. Desde
que Tu és o Filho de Deus, estás isento. Senhor, sinto
por responder como respondi. Eu me esqueci da
revelação e da visão. Recebi a revelação de que Tu és
o Filho de Deus e tive a visão de Tua pessoa como
Filho de Deus. Mas quando o teste veio, esqueci-
mede tudo isso. Senhor, por favor, perdoa-me”.

C. A Flexibilidade de Cristo como o Legislador


que Substituiu a Moisés
O versículo 27 diz: “Mas, para que não os
escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e tira o
primeiro peixe que subir; e, abrindo-lhe a boca,
acharás um estáter. Toma-o, e entrega-o a eles por
Mim e por ti”. Após convencer Pedro de que Ele não
precisava pagar o tributo, o Senhor, como o
Legislador do Novo Testamento, o Moisés de hoje,
ordenou a Pedro que pagasse. O Senhor fez isso
propositadamente para ensinar a Pedro que na
economia de Deus no Novo Testamento, Ele é o
único; nem Moisés, Elias, Pedro ou qualquer outra
pessoa tem a posição para falar ou dar uma ordem.

D. A Aplicação por meio de um Milagre


Profetizado por Cristo como o Profeta Vivo
que Substituiu a Elias
Após fechar a boca de Pedro, o Senhor, como o
profeta do Novo Testamento, o Elias de hoje, disse-
lhe para ir pescar a fim de conseguir um estáter para
pagar o tributo. Essa profecia foi cumprida. Sem
dúvida, Pedro estava preocupado sobre ter de pescar
e tal vez ter de esperar um longo tempo até um peixe
aparecer com um estáter na boca. Enquanto o Senhor
corrigia e ensinava Pedro, Ele cuidava de sua
necessidade. Essa é sempre a maneira de o Senhor
tratar conosco.
Quando Pedro respondeu sim, o Senhor disse
não. Mas quando Pedra estava convencido de que o
Senhor não precisava pagar o imposto, o Senhor lhe
disse que Ele o pagaria. Talvez Pedro estivesse para ir
aos coletores e dizer-lhes que o Senhor não precisava
pagar o imposto. Pedro devia estar pensando nisso
quando o Senhor o incumbiu de apanhar o peixe com
um estáter na boca e usar esse estáter para pagar o
imposto. O imposto tinha de ser pago para não
escandalizar os outros. Não podemos subjugar o
Senhor Jesus. Tudo o que Ele diz é sempre certo e
tudo o que Lhe propomos é sempre errado. Cristo é o
Moisés de hoje; Ele faz as leis. Quando Ele diz sim, a
resposta é sim; e quando Ele diz não, é não. O que
dizemos nada significa. É o que Ele diz que conta. O
significado da visão no monte é que devemos ou vir o
Senhor Jesus e não qualquer outra pessoa; incluindo
a nós mesmos. Cristo, não Moisés, é Aquele que diz
sim ou não. Sobre uma mesma questão, o Senhor
pode dizer sim para uma pessoa e dizer não para você.
Se Ele fizer isso, não discuta com Ele.
Quando Pedro teve de ir pescar para encontrar a
moeda, ele aprendeu uma lição. Você não acha que
Pedro ficou preocupado por ter de ir pescar?
Certamente que sim. Embora o Senhor Jesus seja
benigno e misericordioso, Aquele que não pisa a cana
quebrada nem apaga a torcida que fumega, às vezes
trata conosco de maneira dura. Quando o Senhor
mostrou a Pedro que Ele deveria pagar o imposto
para o templo, Ele não pôs a mão no bolso, tirou urna
moeda e a deu a Pedro. Se tivesse feito isso, Ele teria
facilitado a situação para Pedro. Urna moeda tinha
sido preparada pelo Senhor, mas Pedro tinha de ir
pescá-la. Gostaria de saber corno Pedro se sentiu. Ele
riu ou chorou? Creio que enquanto Pedro estava
pescando, ele estava infeliz e muito atribulado. Se
fosse Pedro, eu teria dito ao Senhor: “Senhor, já que
tu podes providenciar urna moeda na boca de um
peixe, porque não colocas a mão no bolso e dá-me
urna? Por que o Senhor é tão problemático? Agora
tenho de descer até o mar e pescar. Talvez venha uma
tempestade enquanto pesco. Senhor, se pretendes
fazer um milagre, por que não o fazes agora?” Pedro,
contudo, tinha passado por um grande tratamento; e
dessa vez, em lugar de dizer urna palavra, ele fez o
que o Senhor lhe disse.
Não creio que o peixe veio imediatamente. Em
vez disso, creio que o Senhor exerceu Sua soberania
para manter o peixe afastado por certo tempo. Assim,
Pedro esteve esperando sem qualquer sinal de um
peixe. Enquanto esperava, ele deve ter repreendido a
si mesmo e dito: “Por que respondi tão
precipitadamente? Não deveria enfrentar aqueles
cobradores de impostos. Tiago e João não se
envolveram em problema. Mas porque sou tão
ousado e tão rápido, eu me envolvi em problemas”.
Finalmente, o peixe veio com urna moeda na boca.
Era o suficiente para a necessidade do Senhor e de
Pedro.
O relato aqui é muito simples, mas a história é
rica em suas implicações. Ela mostra que Cristo é o
Profeta, pois Ele disse a Pedra que fosse pescar e que
o primeiro peixe teria urna moeda na boca. Isso não
foi urna profecia? A profecia do Senhor foi prática e
cumprida exatamente como Ele havia dito. Assim, a
experiência de Pedro aqui foi uma prova de que o
Senhor é o verdadeiro Elias e de que nós devemos
ouvi-Lo. Essa história também mostra que o Senhor é
o Moisés de hoje. Não nos compete dizer sim ou não;
compete ao Senhor. Simplesmente precisamos fazer
tudo o que Ele diz. Além disso, não devemos fazer o
que Ele não nos diz para fazer.
Por meio desse acontecimento, Pedra foi testado
para que pudesse saber corno aplicar a revelação e a
visão concernentes a Cristo. Por meio dessa
experiência, ele pôde aprender o que significa “ouvi-
Lo”. Ele percebeu que não precisava ouvir Moisés ou
Elias, mas ouvi-Lo. Para nós, Cristo é nosso Moisés e
nosso Elias. Ele é o nosso Legislador vivo e presente e
o nosso Profeta. Tudo o que Ele diz é a lei, a lei da
vida. Além do mais, o que Ele diz é profecia para
suprir nossa situação atual, prática. Isso não é
meramente uma história; é uma lição tanto para
Pedro como para nós.
MENSAGEM 51

RELACIONAMENTOS NO REINO (1)


Os capítulos 18, 19 e 20 são uma seção distinta
do Evangelho de Mateus tratando do relacionamento
no meio do povo do reino. Nos capítulos anteriores,
vimos o decreto do Rei da constituição do reino, o
ministério do Rei e a revelação do mistério do reino.
Vimos também o caminho para a glória e as questões
práticas que seguiram a transfiguração do Senhor.
Agora devemos ver o relacionamento no meio do
povo do reino, isto é, como se relacionam uns com os
outros no reino. Essa é uma questão prática. Ela não
é meramente doutrinária, como a constituição do
reino, ou profética, como o mistério do reino. Em
particular, o capítulo 18 trata de como estar no reino
dos céus: é tomar-se como criancinhas (vs. 2-4); não
incomodar os outros ou fazer com que tropecem (vs.
5-9); não desprezar ao pequenino (vs. 10-14); ouvir a
igreja e não ser condenado por ela (vs. 15-20); e
perdoar, sem medida, um irmão (vs. 21-35). Tudo
isso indica que para entrar no reino dos céus,
devemos ser humildes e não desprezar nenhum
cristão, mas amar nosso irmão e perdoá-lo.
Antes de considerarmos 18:1-20, precisamos ter
uma visão global desses três capítulos, que abrangem
cinco questões. A primeira é o orgulho. Se quisermos
relacionar-nos uns com os outros de maneira
adequada no reino, nosso orgulho precisa ser tratado.
Precisamos de humildade. Nenhum de nós é humilde.
Toda pessoa caída é orgulhosa. No passado, certos
irmãos e irmãs disseram-me que sua esposa ou
marido era humilde. Mais tarde, esses mesmos
irmãos e irmãs tiveram de admitir que a esposa ou
marido não era assim tão humilde. Alguns irmãos
que me disseram que a esposa nunca lhes daria
problema, mais tarde vieram a mim com lágrimas
dizendo-me do problema que eles estavam tendo.
Não existe pessoa humilde.
Estar no reino é algo corporativo, não individual.
Contudo, sempre que nos ajuntamos em grupo,
haverá dificuldades. Essa é a razão para alguns
jovens não quererem casar-se. Embora isso venha
lhes causar problemas, os jovens precisam casar-se.
Por sertão difícil estar juntos, Mateus inclui esses
capítulos que tratam do nosso relacionamento uns
com os outros. Não temos escolha a esse respeito. Se
eu tivesse minha escolha, preferiria ficar sozinho,
devotar todo o tempo para a oração, e esperar
sozinho pela vinda do reino. Mas fomos
predestinados para estar juntos. No entanto, ao
estarmos j untos, o orgulho é o primeiro problema.
O segundo problema é nossa incapacidade de
perdoar os outros. A questão do perdão é tratada na
segunda metade do capítulo 18. Todos devemos
aprender a perdoar os outros, o que nenhum de nós
gosta de fazer. No fundo do coração não queremos
perdoar os outros.
De acordo com a Bíblia, perdoar é esquecer. Para
nós, perdoar uma pessoa pode significar que
simplesmente não atentamos para determinada
ofensa. Contudo, ainda nos lembramos dela. Quão
difícil é esquecer uma ofensa contra nós! Sem a
misericórdia e a graça do Senhor, nós nos
lembraríamos das ofensas dos outros mesmo na
eternidade. Mas quando Deus perdoa, Ele esquece.
Hebreus 10:17 diz: “Também de nenhum modo me
lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades,
para sempre”. Perdoar algo totalmente é esquecê-lo.
Nosso Pai no céu considera como se nunca
tivéssemos pecado, pois perdoou e esqueceu nossos
pecados. Mas quando perdoamos uma ofensa,
freqüentemente lembramos os outros disso. Por
exemplo, uma irmã pode dizer: “Os presbíteros me
trataram mal; contudo, eu os perdoei. Mas deixe-me
contar-lhe um pouco sobre o que aconteceu”. O
perdão genuíno significa que esquecemos a ofensa.
A raiz de nossa falta de vontade para perdoar os
outros reside em nossa disposição natural para a ira.
Não importa quão bom seja, você ainda tem mau
gênio. A razão de estar ofendido é que você tem tal
disposição. Posso bater numa cadeira vezes seguidas,
mas a cadeira não se ofenderá porque ela não tem tal
disposição. Mas se bater em você, você se ofenderá
por causa da inclinação para a ira escondida em você.
Todos somos sujeitos à disposição natural para a ira.
Algumas vezes, quando ofendi um irmão, ele disse
que não ligou para a ofensa. Na verdade, todos nos
importamos quando somos ofendidos. A reação
exterior ou aparência podem ser diferentes, mas a
disposição natural para a ira, a raiva escondida em
nossa disposição, é a mesma. Por causa de nossa
disposição natural para a ira, é-nos difícil perdoar os
outros.
Essa disposição natural para a ira aparece entre
marido e mulher. Eu aconselho às irmãs jovens que
nunca ofendam seu marido. Se ofenderem, será
difícil o marido esquecer a ofensa. Embora o marido
possa dizer que a tenha perdoado, interiormente ele
não o fez. Todo homem tem uma disposição que
facilita o fato de ser ofendido, especialmente pela
esposa. As mulheres acham fácil queixar-se ao
marido. A razão de haver muitas separações e
divórcios é que as mulheres se queixam e os homens
acham difícil perdoar. Irmãs, tentem ao máximo não
se lastimar a seu marido. Se ele se atrasar, esqueçam
isso. Não façam disso um problema. Irmãos, eu os
aconselho a ignorar as queixas da esposa. Aconselho
as irmãs a não se queixar e os irmãos a não se
ofender.
Vimos as questões sobre o orgulho e a nossa
incapacidade de perdoar os outros. Agora vamos ao
problema da concupiscência, que é mostrado no
capítulo 19 . Na constituição do reino dos céus, a
concupiscência foi inteiramente tratada. Ela também
foi mencionada no capítulo 13, o capítulo que se
refere ao mistério do reino dos céus. A
concupiscência é um grande problema para o povo
do reino. Muitas separações e divórcios estão
relacionados à concupiscência. Por isso, no capítulo
19, o Senhor Jesus tocou na questão da luxúria. Fora
da graça do Senhor, nenhum de nós é capaz de
vencê-la.
O quarto problema é a questão das riquezas. É
muito difícil um homem rico entrar no reino dos céus,
até mais difícil que um camelo passar pelo fundo de
uma agulha. A questão das riquezas é um grande
obstáculo para a vida do reino, e também é tratada na
constituição do reino dos céus e na parábola do
semeador no capítulo 13.
O último problema é a ambição, que é tratada no
capítulo 20.
A mulher de Zebedeu, ambiciosa de que seus
dois filhos pudessem desfrutar de uma alta posição
no reino, disse ao Senhor: “Manda que, no Teu reino,
estes meus dois filhos se assentem, um à Tua direita
e outro à Tua esquerda” (20:21). O Senhor lhe disse
que ela não sabia o que estava pedindo. Mateus conta
a história da mulher de Zebedeu fazendo pedidos por
seus filhos, mas João não a conta, porque seu
Evangelho não é o que trata do reino. Mateus relata
esse fato porque no reino há o problema da ambição
pela posição.
A ambição tem sido um problema tanto no
Oriente como no Ocidente. Muitas vezes, quando
foram designados presbíteros nas igrejas, irmãos
ficaram ofendidos porque outros foram escolhidos e
eles não. Embora, quando muito, uma Igreja
precisasse de três a quatro presbíteros, o número de
candidatos voluntários pode ter sido mais de quinze.
Se aqueles irmãos oraram ou não para ser designados
presbíteros, não sei. Mas tenho certeza de que
esperavam ser designados. Quando viam que não
haviam sido designados presbíteros, começavam a
falar negativamente sobre a Igreja, simplesmente
porque não receberam a posição que desejavam.
Tivemos esse problema na Igreja em Taipei, uma
igreja com mais de vinte mil membros. Todas as
vezes que um novo local de reunião era aberto, havia
a necessidade de designar dois ou três irmãos e irmãs
responsáveis para administrar a parte prática
daquele local de reunião. Quase todas as vezes que os
responsáveis eram designados, alguma irmã ficava
ofendida por não estar entre os designados. Uma vez
ofendidas, paravam de ir às reuniões por
determinado tempo. Isso desmascara o problema da
ambição.
Esses três capítulos na verdade abrangem essas
cinco coisas. Tratam completamente com o orgulho,
a disposição natural para a ira, a concupiscência, as
riquezas e a ambição. Todos esses problemas estão
em nosso interior. Se nos aprofundarmos nesses três
capítulos, certamente seremos tocados. Por exemplo,
veremos que somos pessoas cheias de orgulho e que
a raiva está escondida em nossa disposição. Não
importa quão pacientes ou longânimos tentemos ser,
a raiva ainda está profundamente enraizada em
nossa disposição. É isso que torna difícil perdoar os
outros. Além disso, somos atribulados por
concupiscência e riquezas, ambas prejudiciais à vida
do reino. Finalmente, há o problema da ambição.
Mateus propositadamente relata esses cinco
problemas em seu Evangelho para mostrar que
devemos tomar cuidado com eles a fim de entrar no
reino. O orgulho, a disposição natural para a ira, a
concupiscência, as riquezas e a ambição são todos
“escorpiões”. Precisamos de um antídoto divino para
matar esses “escorpiões”. Sob a inspiração de Deus,
Mateus selecionou vários casos e os colocou juntos
para expor essas coisas. Agora precisamos considerá-
las uma por uma.

I. REQUER-SE HUMILDADE
Na vida do reino, requer-se humildade (18:1-4).
Em princípio, todo o povo do reino deve ser como
criancinhas. Ser humilde é ser como criancinhas. Se
não formos humildes, ou seremos ofendidos pelos
outros ou ofenderemos os outros, isto é,
tropeçaremos nos outros ou faremos os outros
tropeçarem. Todo tropeço acontece por causa do
orgulho. Se não fôssemos orgulhosos, não
tropeçaríamos. O fato de tropeçarmos prova que
somos orgulhosos. Se uma criancinha for ofendida, a
ofensa será esquecida em poucos minutos. Mas uma
vez que adultos são ofendidos, tropeçam por causa do
orgulho. Além do mais, o tropeço que causamos para
os outros também resulta de nosso orgulho.

II. ABANDONAR O TROPEÇO


É questão séria fazer alguém tropeçar. O
versículo 6 diz: “A qualquer, porém, que fizer
tropeçar a um destes pequeninos que crêem em Mim,
melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço
uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na
profundeza do mar”. Nesses versículos, o Senhor nos
adverte a tratar essa questão. Se a mão, o pé ou o
olho nos causam tropeço, devemos tratar essas fontes
de tropeço de maneira séria. De outra forma, não
seremos alguém adequados à vida do reino. Para
estarmos na vida adequada do reino, precisamos ser
humildes. Assim não tropeçaremos nem seremos
causa de tropeço aos outros. Todo tropeço deve ser
abandonado.

III. O CUIDADO DO PAI CELESTIAL PARA


COM OS PEQUENINOS
Não importa quão pequeninos sejamos, somos
amados aos olhos do Pai e Ele cuida de nós. Ele não
gosta de ver nenhum de nós tropeçando. Facilmente
ofendemos os pequeninos de quem o Pai cuida, e
como pequeninos também facilmente tropeçamos. Se
quisermos evitar tropeçar e fazer os outros
tropeçarem, precisamos ser humildes. A humildade
nos Salvará.

IV. O TRATAMENTO PARA COM UM IRMÃO


OFENSOR
A. Pela Repreensão Direta
O versículo 15 diz: “Se teu irmão pecar contra ti,
vai e repreende-o entre ti e ele só. Se ele te ouvir,
ganhaste a teu irmão”. Nessa parte, também vemos
como tratar com um irmão ofensor. Se um irmão
pecar contra nós ou nos ofender, devemos primeiro ir
até ele em amor e mostrar sua ofensa.

B. Pelo Testemunho de Dois ou Três


O versículo 16 diz: “Se, porém, não te ouvir,
toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que,
pela boca de duas ou três testemunhas, toda palavra
se estabeleça”. Se o irmão não o ouvir, não desista.
Antes, vá até ele com uma ou duas testemunhas
esperando que o irmão o ouça e seja resgatado.

C. Pela Igreja
O versículo 17 diz: “E, se ele recusar ouvi-los,
dize-o à igreja”. Se um irmão pecar, precisamos
primeiramente tratar entre ele e nós com amor (v. 15),
daí com duas ou três testemunhas (v. 16), e
finalmente por meio da igreja com autoridade (v. 17).

D. Pelo Corte da Comunhão


A última parte do versículo 17 diz: “E, se recusar
ouvir também a igreja, seja ele para ti como gentio e
cobrador de impostos”. Se algum crente se recusa a
ouvir a igreja, perderá a comunhão da igreja como o
gentio, o pagão e o cobrador de impostos, os
pecadores que estão fora da comunhão da igreja. Um
gentio ou cobrador de impostos é aquele que não tem
a comunhão na vida do reino ou na vida da igreja.
Considerar alguém como gentio ou cobrador de
impostos não significa excomungá-lo. Significa que é
considerado alguém cortado da comunhão da igreja.
A excomunhão é mencionada em 1 Coríntios 5. A
igreja deve excomungar fornicadores e idólatras. Mas
o irmão ofensor que não quer ouvir a dois ou três ou
à igreja pode não necessariamente enquadrar-se na
excomunhão. Embora a situação com ele seja
desagradável, não é da mesma categoria da
fornicação ou idolatria. Ele está cortado da
comunhão da Igreja para que essa perda de
comunhão possa encorajá-lo a arrepender-se e
recuperar sua comunhão com a igreja.

E. Pelo Exercício da Autoridade do Reino


Para tratar com tal irmão ofensor, devemos
exercitar a autoridade do reino. Visto que a Igreja
hoje é fraca, ela não percebe que precisa exercitar
essa autoridade. O irmão mencionado nessa porção
da Palavra é primeiro ofensor e depois rebelde.
Primeiro, ele ofende alguém. Então visto que não
quer ouvir o que foi ofendido, nem duas ou três
testemunhas ou até mesmo a Igreja, ele se toma
rebelde. Já que se rebela contra a igreja, a igreja deve
exercer sua autoridade para amarrar e para soltar.
Ela amarra quando ele é rebelde e solta quando ele se
arrepende. No versículo 18, amarrar significa
condenar e soltar significa perdoar. Uma vez que tal
irmão rebelde não quer ouvir a igreja, a igreja deve
exercer a autoridade do reino para condená-lo até
que ele se arrependa. Mas quando se arrepende, a
igreja deve exercitar a autoridade do reino para
perdoá-lo e restituí-lo à comunhão da igreja.

F. Pela Oração Unânime


O tratamento com o irmão ofensor deve ser
realizado pela oração unânime. O versículo 19 diz:
“Em verdade ainda vos digo que, se dois dentre vós
sobre a terra concordarem a respeito de qualquer
coisa que pedirem, ser-lhes-á feita por Meu Pai que
está nos céus”. Estritamente falando, no versículo 19
“pedir” refere-se à oração que trata com o irmão que
se recusa a ou vir a igreja. Se orarmos de acordo com
a promessa do Senhor, nossa oração será respondida
e o irmão ofensor pode ser recuperado.

G. Na Presença do Senhor
Tudo isso deve ser feito na presença do Senhor.
Se você tentar exercer a autoridade do reino sem Sua
presença, não funcionará. O versículo 20 mostra a
necessidade da presença do Senhor: “Porque onde
estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, ali
estou no meio deles”.

V. A REVELAÇÃO DA IGREJA EM UMA


CIDADE

A. A Igreja em uma Cidade


O versículo 17 diz: “E, se ele recusar ouvi-los,
dize-o à igreja”. A igreja revelada em 16:18 é a igreja
universal, que é o único Corpo de Cristo, enquanto a
igreja revelada aqui é a igreja em uma cidade, a
expressão do único Corpo de Cristo em certa cidade.
O capítulo 16 relata a edificação uni versal da igreja,
enquanto o capítulo 18 relata a prática local da igreja.
Ambos indicam que a igreja representa o reino dos
céus, tendo autoridade para amarrar e soltar.
Para estar no reino dos céus de maneira prática,
precisamos estar numa igreja em uma cidade. De
acordo com o contexto do versículo 17, tanto a
realidade como a praticidade do reino estão na igreja.
No capítulo que aborda o relacionamento no reino, o
Senhor, por fim, fala sobre a igreja. Isso prova que a
praticidade do reino hoje está na igreja em uma
cidade. Sem a igreja é impossível ter a praticidade e a
realidade da vida do reino. Muitos cristãos hoje falam
sobre a vida do reino, mas sem a vida prática da
igreja em uma cidade, esse falar é vão.
No capítulo 16, o Senhor revelou a Igreja uni
versal. Mas a igreja universal exige a praticidade da
igreja em uma cidade. Sem a igreja em uma cidade, a
igreja universal não pode ser praticada; antes, será
algo suspenso no ar. A igreja em uma cidade é a
realidade tanto do reino como da igreja universal.

B. Outros Além de Dois ou Três Reunidos no


Nome do Senhor
Muitos cristãos pensam que enquanto dois ou
três estão reunidos no nome do Senhor e têm Sua
presença, são a Igreja e a realidade da igreja ali.
Contudo, se você ler esta porção da Palavra
cuidadosamente, verá que os dois ou três
mencionados no versículo 20 não são a igreja. Esses
dois ou três são os dois ou três no versículo 16.
Podem se reunir juntos no nome do Senhor, mas não
são a igreja; pois se houver algum problema eles têm
de dizer à igreja (v. 17). Se esses dois ou três fossem a
igreja, não haveria necessidade de que levassem o
problema à igreja. O fato de precisarem “dizê-lo à
igreja” prova que não são a igreja, mas, antes, parte
dela. Pertencem à igreja e são membros dela, mas
não são a igreja.
Não pensem que dois ou três reunidos no nome
do Senhor com a presença do Senhor são a igreja. Se
cremos nisso, então é possível uma Igreja de
trezentos ser dividida em cem Igrejas, com muitos
grupos de dois ou três pensando que são uma igreja.
Que confusão seria! Dois ou três podem se reunir no
nome do Senhor e o Senhor pode verdadeiramente
estarem seu meio, mas isso não significa que sejam a
igreja.

C. Ser o Reino com a Autoridade Celestial


A igreja tem a autoridade e devemos ouvir a
igreja e submeter-nos a ela. Se não nos submetermos
à igreja, chegamos ao fim com relação ao reino, pois
a vida do reino é uma vida de submissão à Igreja.

D. Ter a Presença do Senhor como Sua


Realidade
O contexto de Mateus 18 indica que a realidade
da igreja é a presença do Senhor. A presença do
Senhor é a autoridade da igreja. A igreja deve ter
certeza de que tem a presença do Senhor como sua
realidade; de outra forma, não tem a autoridade
genuína. A autoridade real e prática da igreja é a
presença do Senhor. Se alguém não ouve a igreja,
esse se rebela contra a presença do Senhor. A igreja
tem a base para exercera autoridade na presença do
Senhor sobre qualquer caso de rebelião
O fator básico que causa problema na igreja é o
orgulho O orgulho leva um irmão a ofender aquele
que vem a ele em amor, faz com que ele perca a
vontade de ouvir dois ou três ou até mesmo a Igreja
toda, e o leva a se rebelar contra a igreja. Todos
devemos matar o “rato” do orgulho. Humilhemo-nos
e sempre ouçamos a igreja e submetamo-nos a ela.
Que o Senhor seja misericordioso conosco e esse
respeito.
MENSAGEM 52

RELACIONAMENTOS NO REINO (2)


Pode parecer que Mateus 18 não é um capítulo
profundo e que a parábola nos versículos 23 a 35 seja
superficial. Na verdade, o que é revelado nesse
capítulo é muito profundo. Quando a maioria dos
cristãos lê Mateus, não percebe que esse livro trata
não apenas da doutrina do reino, mas da vida prática
do reino. Se quisermos entender qualquer parte de
Mateus, precisamos manter esse fato em mente.
Quando jovem, não me importava em ler Mateus 18
porque não via que esse capítulo trata da vida do
reino. Apesar de ter lido esse capítulo antes, você
provavelmente não viu sobre o que ele realmente fala.
Antes, você pode ter pensado que é meramente
relativo ao comportamento cristão, que
simplesmente fala sobre perdoar nossos irmãos. Por
causa de nosso conceito natural, não vemos que
Mateus 18 está profundamente relacionado com a
vida do reino.
O fato de essa porção da Palavra abordar a vida
prática do reino é provado pelo versículo 1: “N aquela
hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos,
perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino
dos céus?” Entrar no reino dos céus significa entrar
na manifestação do reino dos céus. Portanto, esse
capítulo, junto com os capítulos 19 e 20, trata da vida
do reino.
Para permanecer na vida do reino, devemos ter
humildade. Se a tivermos não ofenderemos os outros
nem seremos ofendidos. Não faremos com que
tropecem, nem tropeçaremos neles. Todo tropeço,
nosso ou dos outros, vem do orgulho. Precisamos
odiar o orgulho e tratá-lo como um “rato” que deve
ser morto. De outra forma, o “rato” do orgulho roerá
a vida do reino.
No capítulo 18, vemos como tratar com alguém
que ofende os outros. Se um irmão nos ofender,
devemos ir diretamente a ele com amor. Se não nos
ouvir, devemos ir a ele novamente com uma ou duas
testemunhas. Se ainda não nos ouvir, até na presença
das testemunhas, devemos levar o caso à igreja e
deixar que ela trate com ele. Se se recusar a ouvir a
igreja, então ela o considerará gentio ou cobrador de
impostos e cortará sua comunhão com ela. Embora
essa palavra nos diga como tratar com um irmão que
causa ofensas, também indica que é sério ofender os
outros. A seriedade disso é mostrada pelo perigo de
ser cortado da comunhão da igreja. Ser cortado da
comunhão da igreja significa ser colocado fora da
vida do reino. Isso é sério.
Na palavra do Senhor sobre tratar com um irmão
que ofende, a autoridade do reino está envolvida. O
versículo 18 diz: “Em verdade vos digo: Tudo o que
amarrardes na terra, terá sido amarrado no céu, e
tudo o que sol tardes na terra, terá sido solto no céu”2.
Se alguém ofende os irmãos e se rebela contra a
igreja, os céus o amarrarão. Note que o versículo 18
diz que a igreja amarra o que já foi amarrado nos
céus. Isso indica que a ofensa e a rebelião levam os
céus a amarrar o responsável pela ofensa. Se você
rejeitar a igreja e se rebelar contra ela, os céus o
amarrarão. Visto que os céus já o amarraram, a igreja
executa o que os céus já fizeram. Se considerar o
2
Ver item b, nas páginas 636 e 637. (N.T.)
versículo 18 em seu contexto, perceberá que não é
questão insignificante rebelar-se contra a igreja. A
igreja simplesmente segue os céus em amarrar o que
os céus já amarraram. O amarrar da igreja é a
execução do amarrar dos céus. Antes de a igreja
dizer: “Senhor, nós amarramos este irmão rebelde”,
ele j á foi amarrado nos céus.
O mesmo é verdade com relação ao
arrependimento. Arrepender-se para com a igreja
por sua rebelião é questão de grande significado. Se
você se arrepender para com a igreja, os céus
imediatamente o soltarão, e então a igreja desligará o
que tiver sido desligado nos céus. Rebelar-se contra a
igreja é sério e arrepen-der-se para com a igreja é
muito significante. Por isso, vemos que Mateus 18
aborda a vida do reino.
O que é visto aqui não é simplesmente questão
de ofender alguém ou dar ouvidos à Igreja. É questão
de permanecer ou não no reino. Se nos rebelamos
contra a igreja, os céus a respaldam e a suportam.
Assim, se você se rebelar contra a igreja, os céus
dirão: “Eu o amarro”. Então a igreja se levantará para
amarrar o que os céus j á amarraram. Mas se você se
arrepender, os céus dirão: “Você está livre”. Assim a
Igreja executará o que foi solto nos céus. Quer nos
rebelemos contra a igreja quer nos arrependamos
para com ela, um e outro são questões sérias. Ambos
revelam que nosso relacionamento com os irmãos e
com a igreja têm muito a ver com a vida do reino.

VI. PERDOAR PARA SER PERDOADO

A. Perdoar o Irmão Ofensor até Setenta Vezes


Sete
Após ouvir a palavra do Senhor sobre a vida do
reino, Pedro fez-Lhe uma pergunta: “Senhor, até
quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe
hei de perdoar? Até sete vezes?” (v. 21). Pedro não
perguntou isso pela atitude dos outros; antes, sendo
rápido e intrépido, ele perguntou conforme o que
estava nele. Aqueles que são rápidos freqüentemente
ofendem os outros. Quanto mais ativos, rápidos e
intrépidos somos, mais ofendemos os outros. Mas
aqueles que são cautelosos e vagarosos raramente
ofendem alguém. Por que não foi João quem fez essa
pergunta? Era Pedro que estava preocupado com a
palavra do Senhor relativa ao irmão que ofende.
Visto que Pedro freqüentemente ofendia os outros,
ele estava muito preocupado e perguntou ao Senhor
sobre perdão.
O versículo 22 diz: “Respondeu-lhe Jesus: Não te
digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
Setenta vezes sete significa que devemos perdoar os
outros um número ilimitado de vezes. Não é
necessário contar ou fazer um relatório sobre o
número de vezes que você perdoa os outros. Você
precisa perdoá-los cada vez mais.

B. Perdoar os Outros como o Senhor nos


Perdoou

1. É Impossível Pagar nosso Débito para com


o Senhor
Do versículo 23 ao 35, o Senhor dá uma parábola
como ilustração. Os versículos 23 e 24 dizem: “Por
isso o reino dos céus é semelhante a um rei que quis
ajustar contas com os seus servos. E, tendo começado
a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil
talentos”. De acordo com o contexto dessa parábola,
o ajuste de contas aqui refere-se ao tratamento do
Senhor para conosco nesta era por meio de tais
coisas como doença grave ou extremos sofrimentos
que nos levam a perceber quanto devemos ao Senhor
e Lhe rogamos que nos perdoe. Conforme o versículo
24, um servo lhe devia dez mil talentos, isto é, cerca
de doze milhões de dólares. Era impossível ao
devedor quitar esse débito. Isso se refere à pesada
dívida celestial de nossas falhas acumuladas após
sermos salvos.

2. O Perdão do Senhor por causa de Sua


Misericórdia
Após o escravo suplicar ao rei que fosse paciente
com ele até que pagasse a dívida, “o senhor daquele
servo, compadecendo-se, soltou-o, e perdoou-lhe a
dívida” (v. 27). Isso se refere ao perdão de nossos
débitos em nossa vida cristã caída para a restauração
de nossa comunhão com o Senhor.

3. A Dívida dos Outros para Conosco É muito


Menor do que a Nossa Dívida para com o
Senhor
O versículo 28 diz: “Saindo, porém, aquele servo,
encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem
denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-
me o que me deves”. Isso definitivamente se refere ao
que acontece nesta era. Os cem denários falados
nesse versículo são menos que a milionésima parte
de dez mil talentos. Isso se refere ao pecado de um
irmão contra nós após termos sido salvos. Quão
pequeno é o débito de qualquer irmão para conosco,
comparado com nosso débito para com o Senhor!

4. Sem Vontade de Perdoar


Todavia, podemos não estar querendo perdoar.
Os versículos 29 e 30 dizem: “Então o seu conservo,
prostrando-se, implorava-lhe, dizendo: Sê paciente
comigo e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes,
indo-se, o lançou na prisão, até que pagasse a dívida”.
O irmão ofendido, aquele que não quer perdoar os
outros, certamente foi salvo. Então, nesta parábola, o
Senhor está tratando não com pecadores, mas com
crentes, com pessoas salvas. Ele trata com um irmão
que foi ofendido e que, todavia, não quer perdoar.

5. Os Irmãos se Entristecem por Nossa Falta


de Vontade de Perdoar
O versículo 31 diz: “Vendo então os seus
conservos o que se havia passado, entristeceram-se
grandemente, e foram e relataram minuciosamente
ao seu senhor tudo o que acontecera”. Se não
perdoarmos o irmão que pecar contra nós, isso irá
entristecer outros irmãos, e eles podem levar essa
questão ao Senhor.

6. Punidos pelo Senhor por Nossa Falta de


Vontade de Perdoar
O versículo 34 diz: “E, irando-se, o seu senhor o
entregou aos verdugos, até que pagasse toda a
dívida”. Isso se refere ao tratamento do Senhor com
Seus crentes em Sua volta. Se não perdoarmos o
irmão que pecar contra nós, seremos disciplinados
pelo Senhor até que o perdoemos de coração, isto é,
até que tenhamos pago tudo o que devemos. Então, o
Senhor nos perdoará. Esse é o perdão no reino. Isso
implica que se não perdoarmos de coração a um
irmão hoje, não nos será permitido entrar no reino
na era vindoura.
Muitos cristãos não entendem esse trecho da
Palavra. Os versículos 34 e 35 dizem que aquele que
não perdoa de coração a seu irmão, estará sob a mão
de verdugos até que tudo seja perdoado. Certamente
tal pessoa é salva. Não obstante, é entregue aos
verdugos por algum tempo. Isso não significa, no
entanto, que seja aprisionada para sempre. Antes,
será atormentada até que pague o débito, isto é, até
que perdoe de coração a seu irmão.
Hoje, a maioria dos cristãos crê que, uma vez
que estão salvos, não terão problema no futuro. Mas
nessa parábola, aquele que se recusa a perdoar seus
conservos não é um falso cristão, mas verdadeiro.
Você precisa perceber que é possível que um irmão
cristão um dia seja entregue aos verdugos. Talvez
você dirá: “O Senhor Jesus não fará isso comigo. Eu
nunca roubei um banco. Tenho sido justo e não tenho
destratado os outros”. Mas o Senhor pode dizer: “Não,
você não roubou um banco nem prejudicou alguém,
mas não perdoou de coração a seu irmão”. Você
pensa que esse irmão que não perdoa esteja
verdadeiramente no reino de maneira prática?
Conforme a matemática de Deus, perdoar é esquecer.
Contudo, você pode não estar disposto a perdoar
aqueles que o ofenderam. Essa questão é séria. Se
você declara estar no reino de maneira prática, por
que então não está disposto a perdoar os outros de
coração? Sua falta de vontade de perdoar o leva a
perder a vida do reino.
Do versículo 15 ao 20, a ênfase está no irmão
ofensor precisando de arrependimento. Mas na
parábola, a ênfase está na necessidade de o irmão
ofendido perdoar. Tanto a nossa falta de vontade de
nos arrepender como a nossa falta de vontade de
perdoar nos mantêm fora do reino. Se ofendemos
alguém mas não queremos nos arrepender e pedir
perdão, estaremos fora do reino. No mesmo princípio,
se somos ofendidos mas não temos vontade de
perdoar, também seremos mantidos fora do reino.
Sempre pensamos que estamos no reino quando, de
acordo com a matemática de Deus, não estamos. Por
um lado, isso depende de querermos ou não nos
arrepender e pedir perdão, e, por outro, de
querermos ou não perdoar os outros de coração.
Tenho observado esses dois problemas na vida
da igreja através dos anos. Quando certos irmãos
ofendiam outros, não queriam arrepender-se e pedir
perdão. Como resultado, ficavam fora da vida da
igreja. Fora da vida da igreja estavam fora do reino.
Eu também via aqueles que eram ofendidos e que
não queriam perdoar quem os ofendeu. Eles também
se mantinham fora da vida da igreja. Aparentemente
aqueles que não se arrependem e aqueles que não
perdoam os outros estão no reino. Na verdade, de
acordo com a avaliação de Deus, eles não estão.
Sempre que uma Igreja é recém-estabelecida, ela
experimenta uma lua-de mel. Durante a lua-de-mel,
tudo é maravilhoso. Os irmãos e irmãs dizem: “Quão
maravilhoso é estar na igreja! Estávamos espalhados
e divididos nas denominações, mas agora os
resgatados voltaram ao lar. Louvado seja o Senhor
por nos trazer de volta!” Contudo, à medida que o
tempo passa, haverá ofensas. Na vida da igreja,
simplesmente não podemos evitar ofender uns aos
outros, pois estamos diariamente em contato uns
com os outros. Podemos ofender os outros sem ter
qualquer intenção de fazê-lo. Desde o dia em que
comecei a ministrar até agora, nunca tive qualquer
intenção de ofender alguém. Até tenho orado para
que o Senhor possa me dar sabedoria para saber
como agir entre o povo Dele. Mas não importa o
quanto tenha orado ao Senhor a esse respeito,
inconsciente e involuntariamente ofendi os outros. O
mesmo é verdade na vida conjugal. Não creio que
haja um casal que não tenha ofensas entre si. Ofensas
são inevitáveis.
Durante anos, visitei Igreja após Igreja. Todos
numa igreja nova estavam contentes e todos os rostos,
sorridentes. Mas quando a revisitava dois anos mais
tarde, via muitos rostos tristes ali. Particularmente,
contatava alguns daqueles que pareciam os mais
infelizes e perguntava o que acontecera com eles e
por que estavam silenciosos nas reuniões. Eles me
contavam sobre as ofensas e os sentimentos de
descontentamento com relação aos irmãos
responsáveis e aos outros. Sempre que ouvia isso,
orava desesperadamente pela igreja e dizia: “Senhor,
a igreja simplesmente não pode prosseguir assim”.
Então eu contatava os irmãos responsáveis e
perguntava-lhes sobre a situação. Algumas vezes, eles
diziam: “Irmão Lee, esqueça aquela pessoa. Embora
seja uma das primeiras na vida da igreja aqui,
ofendeu quase todos”. Após ouvir isso, perguntava
aos irmãos responsáveis se queriam perdoá-la. Em
muitos casos, não queriam fazê-lo. Assim, de um lado
estava a falta de vontade de arrepender-se e, de outro,
a falta de vontade de perdoar. Se tal situação
continua, a vida da igreja está acabada. Os santos
ainda podem se reunir e cantar alguns hinos, mas por
causa das ofensas, do julgamento e da falta de
vontade de arrepender-se ou perdoar, não há vida do
reino naquele lugar. Deus, que vê todas as coisas,
sabe o que está oculto sob a aparência da vida da
igreja. Podemos nos reunir como Igreja, mas entre
nós pode não haver realidade da vida do reino. Por
causa da falta de vontade de arrepender-se e perdoar,
a vida do rei no perece.

C. Perdão no Reino

1. Perdão na Presente Era


Na administração governamental de Deus, Seu
perdão é dispensacional. Para Sua administração, Ele
planejou diversas eras. O período desde a primeira
vinda de Cristo até a eternidade é dividido
dispensacionalmente em três eras: esta era, a era
presente, da primeira até a segunda vinda de Cristo;
a era vindoura, o milênio, os mil anos para a
restauração e o reinar celestial, desde a segunda
vinda de Cristo até o fim do velho céu e velha terra; e
a eternidade, a era eterna do novo céu e nova terra. O
perdão de Deus nesta era é para a salvação e2:38;
5:31; 13:39). Se um crente, após ser salvo, cometer
algum pecado, mas não quiser limpar-se por meio da
confissão e da purificação do sangue do Senhor (1Jo
1:7, 9), antes de morrer ou de o Senhor voltar, seu
pecado não será perdoado nesta era, mas
permanecerá para ser julgado no trono do
julgamento de Cristo. Ele não será recompensado
com o reino para participar da glória e desfrutar com
Cristo a manifestação do reino dos céus, mas será
disciplinado para limpar-se de seu pecado e ser
perdoado na era por vir. Esse tipo de perdão manterá
sua salvação eterna, mas não o qualificará a
participar da glória e do desfrute no reino vindouro.

2. Perdão na Era do Reino


Se alguém ofender a igreja e não quiser se
arrepender ou se for ofendido e não quiser perdoar
aquele que o ofendeu, esse estará fora do reino não só
nesta era mas também na próxima era. Isto significa
que ele não participará da manifestação do reino.
Não ouçam ensinamentos errados que dizem que os
cristãos não terão problema nenhum na era vindoura.
Alguns terão grandes problemas e serão excluídos da
glória e do desfrute dos quais os vencedores
participarão com o Senhor Jesus durante o milênio.
Além disso, podem ser entregues aos verdugos. Se
hoje você pode ser considerado pela igreja como um
gentio ou cobrador de impostos, então o que
acontecerá com você durante a manifestação do
reino? É muito sério ofender os santos ou a igreja e se
rebelar contra ela. Se você permanecer em tal estado,
onde estará na época da manifestação do reino? Além
disso, e quanto aos que não estão dispostos a perdoar
aqueles que os ofendem? Sim, certas pessoas podem
tê-lo ofendido, mas você precisa se lembrar do
quanto Deus Pai o perdoou. Porque você não quer se
portar como um filho amado do Pai e perdoar os
outros como Ele o perdoou? Todos temos fraquezas
aqui, pois todos temos falta de vontade de perdoar os
outros. Se você ainda se lembra da ofensa que um
irmão lhe fez, isso indica que não o perdoou de
coração. Se essa for sua situação quando o reino vier,
você será entregue aos verdugos.
Talvez você não tenha ouvido uma palavra tão
séria antes e esteja enganado a respeito dessa
questão. Muitos cristãos não sabem como interpretar
essa parte da Palavra porque não viram a
administração dispensacional de Deus. Não
percebem que Deus estabeleceu três eras: a era
presente, a era vindoura e a era eterna. De acordo
com Mateus 12:32 certos pecados não podem ser
perdoados nem nesta era nem na vindoura. Isso
indica que outros pecados podem ser perdoados
nesta era ou na próxima. Se ofender a igreja e se
rebelar contra ela, você comete um pecado. Mas se se
arrepender, esse pecado será perdoado nesta era.
Contudo, se não se arrepender para com a igreja, esse
pecado não será perdoado nesta era. Antes, precisará
esperar até a vinda da era do reino para que esse
pecado seja perdoado. Durante a era do reino, você
estará sob a disciplina de Deus. Então se arrependerá
e será perdoado. Apesar de ser disciplinado na
próxima era e tratado por Deus, você não estará
perdido. Após ter sido tratado, você se arrependerá e
aplicará o sangue. Então, naquela era, será perdoado.
Precisamos tratar dessa questão com seriedade. Você
ofendeu alguém? Se ofendeu, precisa se arrepender.
Alguém o ofendeu? Se ofendeu, pela graça do Senhor
você deve perdoar essa ofensa e esquecer isso. Se o
fizermos, não haverá atrito entre nós. Todas as
ofensas serão removidas por nosso arrependimento e
perdão.
Se não andarmos no caminho do
arrependimento e do perdão, quanto mais
permanecermos na vida da igreja, mais ofensas
haverá. As ofensas se acumularão até que se tornem
altas como uma montanha. Isso anulará a vida do
reino e nos levará a perder o direito à vida da igreja.
Que o Senhor nos dê a graça de que precisamos. Se
eu o ofender, preciso ir até você e me arrepender. Se
você me ofender, preciso pedir ao Senhor a graça
para perdoá-lo de todo coração. E uma vez que eu
tenha perdoado uma ofensa, devo esquecê-la e nunca
mais mencioná-la. Se fizermos isso, teremos a vida
adequada do reino. Então participaremos da
manifestação do reino. De outra forma, durante o
milênio, estaremos sob a disciplina de Deus para que
nos arrependamos de nossa ofensa ou perdoemos
aquele que nos ofendeu.
MENSAGEM 53

AS EXIGÊNCIAS DO REINO
Nesta mensagem, chegamos a 19:1-22, uma
porção na qual Mateus reúne certos fatos da vida de
Cristo para mostrar as exigências do reino. Em 19:3-
12, os fariseus tentam o Senhor perguntando-Lhe
sobre o divórcio, e em 19:16-22, um homem rico o
questiona a respeito da vida eterna. O Evangelho de
João não menciona quaisquer desses casos. Mas em
Mateus eles não são apenas relatados; são colocados
juntos na mesma porção. No capítulo 19, vemos a
questão do divórcio e a questão de amar as riquezas.
Entre esses dois fatores temos a questão de receber
os pequeninos (vs. 13-15). Aparentemente, estas três
coisas não se relacionam. Mas quando penetramos
nas profundezas, vemos que todas estão relacionadas
a entrar no reino dos céus. Assim, elas são as
exigências do reino.

I. REVELADO NO TERRITÓRIO DA JUDÉIA,


ALÉM DO JORDÃO, COM O PODER DE CURA
Mateus 19:1-2 diz: “E aconteceu que, quando
Jesus concluiu essas palavras, partiu da Galiléia e
veio para os confins da Judéia, além do Jordão.
Seguiram-No grandes multidões, e curou-as ali”.
Devido à rejeição dos judeus, o Rei celestial os deixou
e foi para o norte, para a Galiléia. Agora Ele voltava
para Jerusalém para cumprir Sua morte e
ressurreição, conforme tinha profetizado em 16:21 e
17:22-23, para o estabelecimento do reino. Ele voltou
ainda com o poder de cura indicando que, como Rei
do reino celestial, Ele tinha autoridade sobre as
coisas negativas que danificaram a criação de Deus.

II. VOLTAR DA LEI ESCRITA PARA O


ARRANJO DE DEUS DESDE O PRINCÍPIO

A. Lidar com a Concupiscência


Se formos sérios com o Senhor no que se refere
ao reino, devemos lidar com a concupiscência, o
orgulho e o amor à riqueza. O Evangelho de João não
fala sobre lidar com a concupiscência porque João é
um livro de vida. Mas porque Mateus é um livro
sobre o reino, ele fala sobre lidar com a
concupiscência e outras coisas também. O reino é
uma questão de exercício e a maior parte desse
exercício envolve vários tipos de tratamento. A
concupiscência, o orgulho e o amor à riqueza
impedem-nos de entrar no reino. O amor ao dinheiro
está sem dúvida relacionado com o ego. Por natureza,
todos nós amamos o dinheiro. No entanto, se
quisermos entrar no reino dos céus, devemos lidar
com esse amor ao dinheiro. Mais e mais, o Evangelho
de Mateus trata da concupiscência. Na constituição
do reino celestial, o Rei menciona explicitamente o
modo de lidar com a concupiscência. A referência
sobre arrancar nossos olhos ou cortar nossas mãos
em Mateus 5:29 e 30 mostra quão graves e sérios
devemos ser nessa questão. De outra forma, não há
como entrar no reino dos céus. O tratamento total da
concupiscência foi negligenciado pelos cristãos hoje.
Muito poucos cristãos já ouviram uma palavra sóbria
de Mateus 5 e 19 sobre a concupiscência. Por causa
dessa falha, não há vida da igreja genuína ou reino
dos céus genuíno entre os cristãos. Como o Senhor
necessita de um testemunho na terra! Para Seu
testemunho, o Senhor deve ter uma restauração. Não
estamos preocupados com um grande número. Na
época de Elias, o Senhor tinha somente sete mil. Se o
Senhor ti vesse sete mil neste país, Ele teria um
testemunho prevalecente contra todas as coisas
adúlteras.
Mateus 19:3 diz: “Aproximaram-se Dele alguns
fariseus, pondo-O à prova e perguntando: É licito ao
homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo?”
Os religiosos não permitiam que o Senhor
prosseguisse, mas voltavam sempre e sempre para
tentá-Lo. Contudo, sua tentativa sempre dava ao
Senhor uma oportunidade de revelar a Si mesmo e a
economia de Deus. Aqui a oposição dos religiosos
permitiam ao Senhor a oportunidade de expor a
seriedade do divórcio. A fonte do divórcio é a
concupiscência. Se não houvesse concupiscência, não
haveria nenhum divórcio.
A palavra do Senhor em 19:4-6 não apenas
reconhece a criação do homem por Deus, mas
também confirma a ordenação do casamento por
Deus, isto é, um homem e uma mulher unidos e
casados como uma só carne, inseparáveis pelo
homem. O casamento é a união de um homem e uma
mulher. Esta é a ordenação de Deus e é muito sério
alguém quebrá-la. A ordenação de Deus aqui envolve
não apenas coisas físicas, mas também coisas
espirituais; pois a união de um homem e uma mulher
no casamento significa a unidade de Cristo e a igreja.
Como há um marido para uma esposa, também há
um Cristo para uma igreja. Não deve haver mais de
uma esposa para um marido ou mais de um marido
para uma esposa. Quão sério seria haver um Cristo e
muitas igrejas ou uma Igreja e mais de um Cristo! A
ordenação de Deus é ter um Cristo e uma igreja. Em
figura e em sombra, deve haver uma esposa para um
marido. Isso foi o arranjo de Deus na criação e está
claramente relatado na Palavra.
No versículo 7, os fariseus perguntaram ao
Senhor: “Por que mandou então Moisés dar-lhe carta
de divórcio e repudiá-la?” Esse mandamento não foi
uma parte básica da lei, mas um suplemento da lei.
Foi dado por Moisés, não conforme a ordenação de
Deus desde o princípio, mas temporariamente por
causa da dureza do coração do homem.
Em vez de discutir com os fariseus, o Senhor
disse: “Por causa da dureza do vosso coração é que
Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas
não foi assim desde o princípio”. O mandamento a
respeito do divórcio dado por Moisés foi um desvio
da ordenação original de Deus, mas Cristo como o
Rei celestial restaurou-o ao princípio do reino dos
céus. Isso indica que o reino dos céus, de acordo com
a ordenação de Deus desde o princípio,
nãopermitequalquerdivórcio.
No versículo 8, vemos o princípio da restauração.
Restauração significa voltar ao princípio. As coisas
que existem podem não corresponder ao princípio.
Precisamos voltar ao princípio. No princípio, Deus
ordenou um marido e uma mulher, e não havia
divórcio. Por causa da dureza do coração do povo,
Moisés aceitou o divórcio e permitiu que um homem
se divorciasse de sua mulher dando-lhe carta de
divórcio. O Senhor perguntou aos fariseus se eles
queriam atentar para a ordenação de Deus ou para a
dureza do coração deles. Todo aquele que busca a
Deus deveria dizer:-ó Senhor, tem misericórdia de
mim para que eu possa atentar para Tua ordenação
original. Não quero valorizar a dureza do meu
coração. Eu condeno e rejeito a dureza do meu
coração e volto à Tua ordenação original”. Esse é o
significado de restauração.
Hoje, muitos cristãos questionam determinadas
coisas. Por causa da dureza do coração humano caído,
o Senhor tolera algumas dessas coisas. Deveríamos
concordar com essa tolerância e com a dureza do
coração humano? Certamente não. Antes devemos
receber a graça do Senhor para voltar à ordenação
inicial de Deus. Devemos voltar ao princípio.
O versículo 9 diz: “Eu, porém, vos digo que quem
repudiar sua mulher, não sendo por causa de
fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o
que casar com a repudiada, comete adultério”. A
palavra grega para fornicação é prostituição, que é
pior que adultério. A palavra do Senhor aqui indica
definitivamente que nada além da fornicação quebra
o vínculo matrimonial. (Naturalmente, a morte
automaticamente o quebra. ) Exceto pela fornicação,
não há motivo para o divórcio.

B. Pelo Dom de Deus


O versículo 10 diz: “Disseram-Lhe os Seus
discípulos: Se assim é a condição do homem com
relação à mulher, não convém casar”. Agora os
discípulos perceberam que segundo a ordenação de
Deus, o casamento é o mais rigoroso vínculo. Uma
vez casado, você está totalmente preso, sem qualquer
modo de libertar-se, a não ser que a outra parte
cometa fornicação ou morra. Foi tal percepção que
levou os discípulos a pensar que era melhor não casar.
Mas isso não depende deles.
No versículo 11, o Senhor disse aos discípulos:
“Nem todos podem aceitar essa palavra, mas apenas
aqueles a quem é dado”. Nem todos os homens, mas
aqueles a quem Deus dá o dom, são capazes de
abster-se do casamento. Sem o dom de Deus,
qualquer tentativa de abas ter-se do casamento
encontrará tentações.
O versículo 12 continua: “Porque há eunucos que
assim nasceram do ventre da mãe; há eunucos que
foram feitos eunucos pelos homens; e há eunucos
que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do
reino dos céus”. Os que se fizeram eunucos por causa
do reino dos céus são aqueles a quem Deus deu o
dom de não se casar por causa do reino dos céus.
Paulo foi um deles (1Co 7:7-8; 9:5).
Em nós mesmos, não somos capazes de nos
conservar na ordenação original de Deus. Por isso,
precisamos da graça; precisamos do dom de Deus.
Apenas aqueles que receberam o dom da graça
podem aceitar a palavra do Senhor a respeito da
ordenação original de Deus.
Eunuco é alguém que lida com a concupiscência
inteiramente. Para ser tal eunuco espiritual,
precisamos da graça. Somente a graça pode
proporcionar-nos a força e o suprimento para
lidarmos cabalmente com a concupiscência. A
concupiscência é um grande problema em nossa vida.
Porque em nós mesmos não somos capazes de lidar
com esse “escorpião”, precisamos olhar para o
Senhor e orar: “Senhor, tem misericórdia de mim e
dá-me a graça de que preciso”. Pela graça, é possível
lidar com o “escorpião” maligno, sutil, da
concupiscência que danifica nossa vida.
A concupiscência prejudica não somente a vida
do reino e a vida da igreja, mas também a vida
humana. Ela arruína casamentos e a sociedade. Ela
danifica espírito, mente e corpo. Qualquer pessoa
que estiver sob o domínio do “escorpião” da
concupiscência estará arruinado para a vida humana,
vida familiar, vida social, vida da igreja e vida do
reino adequadas. A concupiscência danifica todo tipo
de vida. A corrupção na sociedade de hoje vem
principalmente da concupiscência. Se as pessoas
lidarem com a concupiscência, a maior parte dessa
corrupção desaparecerá. Nós, na vida da igreja,
devemos lidar com a concupiscência de modo sério.
Para isso, devemos depender da graça do Senhor.
A tentação dos religiosos aqui deu uma
oportunidade ao Senhor de revelar um passo a mais
concernente ao reino dos céus. O capítulo 18 revela
como devemos tratar os irmãos para que possamos
entrar no reino dos céus, enquanto o capítulo 19
revela que primeiramente a vida conjugal (vs. 3-12) e
então nossa atitude com relação às riquezas (vs. 16-
30) estão relacionadas com o reino dos céus. A vida
conjugal envolve a concupiscência e nossa atitude
com relação às riquezas envolve a cobiça. O reino dos
céus rejeita todo sinal de concupiscência e cobiça.

III. A BÊNÇÃO DO REINO VEM PELA


HUMILDADE
Quando os discípulos repreenderam aqueles que
estavam levando algumas crianças ao Senhor, o
Senhor Jesus disse: “Deixai as crianças e não as
impeçais de vir a Mim, porque das tais e o reino dos
céus” (19:14). Então o Senhor impôs as mãos sobre
elas. Aqui o Senhor enfatiza novamente que para
participar do remo dos céus devemos ser como
crianças.
Aparentemente, 19:13-15 parece tratar de uma
questão insignificante Na verdade, esses versículos
dizem respeito ao orgulho. O Senhor parecia estar
dizendo a Seus discípulos: Vocês não devem rejeitar
esses pequeninos. Pelo contrário, devem tornar-se
pequeninos. O orgulho está escondido em seu
interior. Vocês devem condenar e rejeitar seu orgulho.
Se rejeitarem seu orgulho e se tomarem como um
pequenino, estarão no reino dos céus”.
Mateus colocou o lidar com o orgulho entre o
lidar com a concupiscência e o dinheiro. Esse arranjo
é significativo. Toda pessoa carnal que é amante do
dinheiro é orgulhosa. O orgulho sempre se encontra
entre a concupiscência e o amor ao dinheiro.

IV. MAIS ELEVADO QUE A LEI


O versículo 16 diz: “E eis que alguém,
aproximando-se Dele perguntou: Mestre, que farei eu
de bom para ter a vida eterna?” Ter a vida eterna em
Mateus difere de ter a vida eterna em João Mateus
está relacionado com o reino, enquanto João está
relacionado coma vida. Ter a vida eterna em João é
ser salvo com a vida incriada de Deus para que o
homem possa viver por essa vida hoje e pela
eternidade, enquanto ter a vida eterna em Mateus e
participar da realidade do reino dos céus nesta era e
também em sua manifestação na vindoura.
No Evangelho de João, a vida eterna é
principalmente para a regeneração, para o novo
nascimento. Pela regeneração, tomamo-nos filhos de
Deus. Além disso, o Evangelho de João revela que
pela vida eterna, a vida de Deus em nós, podemos dar
frutos. Assim, a vida eterna em João é para a
reprodução. Mas no Evangelho de Mateus, a vida
eterna não é para o novo nascimento, mas para o
reino. Muitos cristãos confundem a vida eterna em
João com a vida eterna em Mateus. E a mesma vida
eterna tanto em João como em Mateus, mas com
diferentes propósitos. Confirmando, em João a vida
eterna é para o novo nascimento, mas em Mateus é
para o reino. Ninguém pode ter a vida do reino sem a
vida eterna de Deus.

A. Perceber que Apenas Deus é Bom


No versículo 17, o Senhor respondeu àquele que
Lhe perguntava que boas coisas deveria fazer para ter
a vida eterna: “Por que Me perguntas acercado que é
bom? Bom, só existe um”. Esse Um é Deus. Somente
Deus é bom. Isso indica não apenas que o Jovem que
perguntava não era bom, mas também que o Senhor
Jesus é Deus, o qual é bom. Se Ele não fosse Deus,
Ele não sena bom.

B. Guardar o Mandamento da Lei


O Senhor também disse a esse jovem: “Se queres,
porém, entrar na vida, guarda os mandamentos”.
Aqui o Senhor fala sobre entrar na vida. Entrar na
vida significa entrar no remo dos céus (v. 23). O reino
dos céus é uma esfera da vida eterna de Deus. Assim,
quando entramos nele, entramos na vida de Deus.
Isso é diferente de ser salvo. Ser salvo é ter a vida de
Deus entrando em nós, enquanto entrar no reino dos
céus é entrar. na vida de Deus. O primeiro é ser
redimido e regenerado com a vida de Deus; o último
é viver e andar pela vida de Deus. Um e questão de
nascimento; outro é questão de viver. De acordo com
o Evangelho de João, ter a vida eterna é receber a
vida eterna em nós. Mas de acordo com Mateus, ter a
vida eterna é entrar na vida eterna. A vida eterna
entra em nós para nos dar o novo nascimento que
nos toma filhos de Deus. Então, entramos na vida
eterna para ter a vida do reino. Assim, em João, a
vida eterna envolve salvação, mas em Mateus ela não
está relacionada com a salvação.
“Se queres, porém, entrar na vida”, o Senhor
disse ao jovem moço, “guarda os mandamentos”.
Guardar o mandamento não é a exigência para a
salvação; está relacionado com o entrar no reino dos
céus. De acordo com a constituição do reino dos céus,
entrar na vida exige que mantenhamos não somente
o padrão da velha lei, mas também o padrão da nova
lei complementada (5:17-48). A salvação exige
apenas fé, enquanto o reino dos céus exige uma
justiça superior, a qual resulta de guardar a velha lei
mais seu complemento dado pelo Rei celestial.
A pergunta dos discípulos no versículo 25-
“Quem pode, então, ser salvo?”-indica que eles
pensavam que entrar no reino dos céus era o mesmo
que ser salvo. Muitos cristãos hoje têm o mesmo
conceito. Eles sabem apenas sobre a salvação; nada
sabem sobre o reino dos céus. Quando pregamos o
reino pela primeira vez há mais de quarenta anos,
proclamamos a certeza da salvação. Embora os
missionários estiveram na China por mais de cem
anos, eles não tinham deixado claro a certeza da
Salvação para os santos chineses. Então, aonde íamos,
tentávamos ajudar os crentes sobre a certeza da
salvação. Quando pregamos a certeza da salvação,
muitos pastores se opuseram a nós e nos acusaram
de sermos orgulhosos. Alguns disseram: “Somos
pastores há muitos anos, e nem sequer ousamos dizer
que somos sal vos. Como podem vocês proclamar que
são sal vos? Vocês são muito orgulhosos. Todos nós
devemos crer no Senhor Jesus, comportar-nos, e
esperar até morrer e ir para o Senhor. Então o
Senhor nos dirá se somos ou não salvos”. Mas
travamos a batalha pela certeza da salvação, dando às
pessoas versículo após versículo para provar que
podemos saber que fomos salvos e que não é
necessário esperar que morramos e cheguemos ao
Senhor. Após muitos anos de luta, obtivemos a
vitória.
Após vencer essa batalha, pregamos a
recompensa do reino. Começamos a dizer às pessoas:
“Sim, não há dúvida de que vocês foram salvas. Mas
ser salvo é uma coisa e receber a recompensa do
reino é outra”. Embora essa palavra não tenha
ofendido muitos pastores, ela ofendeu muitos
cristãos descuidados. Quando pregamos a certeza da
salvação, todos os cristãos descuidados ficaram
felizes e disseram: “Aleluia, somos sal vos! A Bíblia
nos diz assim. Assim que cremos no Senhor Jesus,
fomos salvos”. Mas sua alegria não durou muito, pois
quem lhes pregou a certeza da salvação, disse-lhes
que eles poderiam ter um problema: perder a
recompensa do reino e ser disciplinados. Nenhum
dos descuidados cristãos mundanos queriam ouvir
isso. Após uma mensagem sobre o reino, uma mulher
rica me disse: “Irmão Lee, o que vocês estão falando
se relaciona com minha ida para o céu? Não me
preocupo mais com coisa alguma. Se eu for apenas
um porteiro na porta do céu, ficarei satisfeita”.
Muitos cristãos têm essa idéia. Uma vez que foram
salvos e estão destinados para o céu, eles estão felizes.
Aqueles que dizem isso estão drogados, importam-se
apenas com a salvação e com o céu. Mas em Mateus
19, o Senhor fala sobre entrar no reino dos céus.
Embora possa ser salvo, você pode estar em perigo de
não entrar no reino dos céus. Certamente a palavra
do Senhor sobre ser mais fácil para um camelo passar
pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no
reino de Deus não é relativa à salvação. Essa palavra
diz respeito ao reino dos céus. E muito difícil para
alguém que ama as riquezas entrar no reino dos céus.

C. Ser Perfeito por Acumular Tesouro nos


Céus e Seguir a Cristo
Quando o jovem disse ao Senhor que ele
observava todos os mandamentos, o Senhor lhe
disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens
e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois
vem e segue-Me” (v. 21). Mesmo que o jovem
observasse os mandamentos da velha lei como
declarava, ele ainda não era perfeito, segundo o
padrão da exigência da lei complementada; pois não
queria vender o que tinha e acumular tesouro no céu,
como a constituição do reino exigia (6:19-21). Seguir
o Senhor é amá-Lo acima de todas as coisas (10:37-
38). Essa é a suprema exigência para entrar no reino
dos céus.
O versículo 22 diz: “Tendo, porém, o jovem
ouvido essa palavra, retirou-se triste, porque possuía
muitas propriedades”. Amar as coisas materiais
acima do Senhor causa-nos sofrimento, mas os que
amam a Cristo acima de todas as coisas ficam alegres
em perder suas propriedades (Hb 10:34).
Há dois tipos de homens ricos: os que são ricos
tendo muitas propriedades e os que sonham em ser
ricos embora na realidade não o sej amo No passado,
alguns de nós podem ter sonhado em ser um
milionário. Quanto a sonhar com as riquezas, todos
são ricos. O desejo de algumas jovens é casar-se com
um homem rico. Esse é o sonho delas. Se você não faz
parte do primeiro tipo de pessoa rica, então
provavelmente faz parte do segundo.
O Senhor disse que é mais difícil para alguém
que ama o dinheiro entrar no reino do que um
camelo passar pelo fundo de uma agulha. Essa
ilustração revela a seriedade de amar o dinheiro. O
amor ao dinheiro é o maior obstáculo para entrar no
reino.
O Senhor lidou com o jovem no capítulo 19 de
maneira sábia. Ele tinha ido até o Senhor para
perguntar-Lhe o que deveria fazer para ter a vida
eterna, isto é, para viver no reino. Conhecendo o
coração do jovem, o Senhor lhe disse para guardar os
mandamentos. Quando o Senhor foi questionado
sobre quais mandamentos, Ele relacionou seis deles:
os mandamentos referentes a assassinato, adultério,
roubo, falso testemunho, honrar pai e mãe e amar ao
próximo como a si mesmo (vs. 18-19). Então o jovem
disse: “Tudo isso tenho observado; que me falta
ainda?” O Senhor estava pronto para responder-lhe e
dizer-lhe o que fazer para ser perfeito. Em Sua
resposta, o Senhor parecia estar dizendo: “Mesmo
que tenha guardado todos os mandamentos, você
ainda não é perfeito. Pode ser perfeito de acordo com
alei de Moisés, mas não de acordo com a constituição
do reino dos céus. Para ser perfeito segundo a
constituição do reino, você deve vender suas
propriedades, dá-las aos pobres, e seguir-Me”. Essa
foi uma palavra fatal. Quando o Senhor mencionou
seis dos mandamentos, o jovem ficou muito
encorajado, pois ele era alguém que guardava a lei.
Mas quando o Senhor lhe disse para desarraigar-sedo
amor ao dinheiro e segui-Lo, ele retirou-se triste.
Quando jovem, fiquei incomodado pela palavra
do Senhor no capítulo 18 a respeito do perdão. Eu a
considerava uma palavra sóbria e a tomei seriamente.
Eu me perguntava se queria perdoar a todos. Quando
cheguei ao capítulo 19, eu me perguntava se podia ou
não desarraigar-me do amor ao dinheiro. Como a
maioria dos estudantes na China naquela época, eu
era muito pobre. Mas mesmo um pobre estudante
chinês podia sonhar em se tomar rico. Naquele
tempo, não tinha a intrepidez para dizer: “Sim,
Senhor, posso desarraigar-me do amor ao dinheiro”.
Percebi que provavelmente não teria êxito em fazer
isso. O amor ao dinheiro expõe quão longe do
caminho muitos cristãos estão. Para eles, o
Evangelho de Mateus é um livro de histórias. Quando
o lêem, parece que nada os toca. Mas devemos ser
tocados pela palavra sóbria do Senhor no capítulo 19
com respeito às exigências do reino. Você pretende
negociar com o Senhor por Seu reino? Se pretende,
que diz sobre o amor ao dinheiro? Há alguma parte
em você que ama o dinheiro? Essa é uma questão
séria.
Somente pela vida divina podemos cumprir as
exigências do reino. É fácil cumprir essas exigências
quando temos a graça para fazê-lo. Pela nossa vida
humana, é impossível, mas pela vida divina com a
graça divina, é fácil. Na verdade, é um desfrute. Que
alegria acumular tesouros nos céus! Nós, o povo do
reino, somos totalmente diferentes do povo do
mundo. Somos diferentes até mesmo das pessoas no
cristianismo. Nosso coração foi tocado e somos sérios
com o Senhor a respeito do Seu reino. Riquezas e
bens materiais não significam muito para nós. Por
nossa vida natural, é muito difícil ter tal atitude em
relação às riquezas. Mas pela vida Divina com a graça
di vi na, podemos dizer que nos é uma alegria
acumular tesouros nos céus.
Vimos três exigências para entrar no reino dos
céus: lidar com a concupiscência, com o orgulho e
com o amor às riquezas. Lidar com o amor às
riquezas é lidar com o ego. Aqueles que amam o
dinheiro fazem isso por dois motivos: por segurança
e por prazer. As pessoas neste país são afligidas a
respeito de sua segurança. Elas estão ansiosas em
prover para seu futuro e velhice. Outras amam o
dinheiro pelo prazer que ele lhes dá. Eles se
regozijam por contar quanto dinheiro têm no banco.
Tanto a segurança como o prazer estão relacionados
com o ego. Assim, o amor ao dinheiro é uma questão
com o ego. Lidar com o amor ao dinheiro é lidar com
o ego, embora lidemos com o ego indiretamente.
A palavra sóbria do Senhor sobre as exigências
do reino não deve ser mera doutrina para nós.
Precisamos tomar a palavra do Senhor de modo sério
e abrir-nos ao Senhor com respeito à concupiscência,
ao orgulho e ao amor oculto pelas riquezas por causa
do ego. Que o Senhor tenha misericórdia e lide
totalmente com essas questões em nós, para o reino
dos céus.
MENSAGEM 54

A RECOMPENSA DO REINO E A PARÁBOLA


DA RECOMPENSA DO REINO
Em Mateus 19:1-22 temos as exigências do reino,
e em 19:23-30 a recompensa do reino. Mateus 20:1-
16 é a parábola da recompensa do reino. Nesta
mensagem, consideraremos a recompensa do reino e
a parábola da recompensa do reino.

I. IMPOSSÍVEL PARA UM RICO ENTRAR NO


REINO
Os versículos 23 e 24 dizem: “Disse Jesus aos
Seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico
dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos
digo: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de
uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus”.
“O reino de Deus” é usado no versículo 24 em vez de
“o reino dos céus” mencionado no versículo 23. Nesse
momento, o reino dos céus não havia chegado, mas o
reino de Deus estava presente. Assim, o Senhor usou
o termo o reino de Deus.
A palavra do Senhor sobre ser mais fácil para um
camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um
rico entrar no reino de Deus indica a impossibilidade
de entrar no reino de Deus por meio da nossa vida
natural.

II. PARA DEUS A IMPOSSIBILIDADE


TORNA-SE POSSIBILIDADE
O versículo 25 diz: “Ouvindo isso, os discípulos
ficaram grandemente atônitos, e disseram: Quem
pode, então, ser salvo?” Os discípulos, como a
maioria dos cristãos hoje, confundiam salvação com
o reino dos céus. A palavra do Senhor ao jovem falava
sobre entrar no reino dos céus, mas os discípulos
pensaram que essa palavra se referia à salvação. Eles
tinham o conceito comum, natural, sobre ser salvo.
Eles não entenderam a revelação do Senhor sobre
entrar no reino dos céus.
No versículo 26 o Senhor lhes disse: “Isso é
impossível para os homens, mas para Deus tudo é
possível”. Por nossa vida humana, é impossível
entrar no reino dos céus, mas é possível pela vida
divina, que é o próprio Cristo dispensado para dentro
de nós a fim de que possamos viver a vida do reino.
Podemos cumprir as exigências do reino por meio de
Cristo que nos fortalece para fazer todas as coisas (Fp
4:13).

III. A RECOMPENSA DO REINO


No versículo 27 Pedro disse ao Senhor: “Eis que
nós tudo deixamos e Te seguimos; que haverá, então,
para nós?” Pedro parecia estar dizendo: “Não
importa quão difícil seja entrar no reino, nós, como o
camelo, passamos pelo fundo da agulha. Urna vez
que deixamos tudo e Te seguimos, que será de nós?”
O conceito de Pedro foi muito comercial. O Senhor
lhe respondeu, corno sempre, de modo claro e
definido.

A. Receber Cem Vezes Mais nesta Era


A recompensa do reino tem duas partes. A
primeira parte é nesta era e a segunda, na era
vindoura. A primeira parte da recompensa do reino é
principalmente relacionada às coisas naturais e
materiais. Se, para ganharmos o reino, ou pelo nome
do Senhor, deixamos todas as coisas, o Senhor nos
recompensará cem vezes mais. No versículo 29 o
Senhor disse: “E todo aquele que tiver deixado casas,
ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou
campos, por causa do Meu nome, receberá cem vezes
mais, e herdará a vida eterna”. Receber muitas vezes
mais casas, terras e familiares, é ser recompensado
nesta era (Mc 10:30). Isso se refere ao desfrute dos
irmãos e irmãs no Senhor com suas posses hoje.
Posso testificar que deixei tudo para seguir o Senhor,
incluindo meus parentes. Dificilmente tenho um
amigo fora da esfera da igreja. Mas tenho centenas de
irmãos, irmãs e mães. Na vida da igreja, todos temos
muitas mães, irmãos e irmãs. De certo modo, os que
estão na vida da igreja me amam mais que meus
familiares. Isso é uma recompensa. Precisamos crer
na promessa do Senhor de que se deixamos todas as
coisas para segui-Lo, receberemos uma recompensa,
ainda nesta era.

B. Herdar a Vida Eterna na Era Vindoura


No versículo 29, o Senhor também fala sobre
herdar a vida eterna. Herdar a vida eterna é ser
recompensado na era vindoura (Lc 18:29-30) como
desfrute da vida divina na manifestação do reino dos
céus. Na manifestação do reino, participaremos do
desfrute da vida eterna no reino milenar com o
Senhor Jesus. Este será maior que o primeiro aspecto
da recompensa do reino que recebemos nesta era.

C. Na Época da Restauração para Sermos Co-


Reis com Cristo
No versículo 28, o Senhor disse: “Em verdade
vos digo que vós os que Me seguistes, quando, na
restauração, o Filho do Homem se assentar no trono
da Sua glória, também vos assentareis em doze
tronos, para julgar as doze tribos de Israel”. A
regeneração é a restauração da era do reino vindouro
(At 3:21) após a segunda vinda do Senhor. No reino
vindouro, os vencedores sentar-se-ão em tronos para
reinar sobre a terra (Ap 20:4 ). Os primeiros doze
apóstolos, incluindo Pedro, julgarão as doze tribos de
Israel, enquanto os outros regerão as nações (Ap
2:26).

D. Não se Trata de uma Questão Legal


Após ouvir a resposta do Senhor, Pedro nada
mais tinha a dizer. Sua boca estava fechada. Mas o
Senhor prosseguiu dizendo: “Porém, muitos
primeiros serão últimos, e os últimos, primeiros” (v.
30). Muitos cristãos usam esse versículo, mas a
maioria o usa indevidamente. Eu me preocupo que
muitos de nós não compreendamos esse versículo
adequadamente. Alguns dizem que uma pessoa que
acabou de ser salva, mas que tem considerável
experiência, seja um exemplo de último tornando-se
primeiro. Essa é uma interpretação natural. Outros
dizem que os jovens, que são últimos, têm-se tornado
primeiros e que nós, os mais velhos, estamos
desatualizados e nos tornamos os últimos. Esse
também é um entendimento natural. Sabendo que
podemos tomar Sua palavra de maneira natural, o
Senhor deu a parábola em 20:1-16 para explicar o
significado desse versículo. A palavra “Porque” no
começo de 20:1 indica que essa parábola é uma
explicação de 19:30. Além disso, em 20:16, o Senhor
novamente diz que os últimos serão primeiros e os
primeiros serão últimos. Isso também prova que a
parábola é uma interpretação da palavra do Senhor.
Para entender 19:30 e a parábola em 20:1-16,
precisamos ver que Pedro tinha uma mentalidade
comercial. Sua mente comercial foi exposta em 19:27,
quando ele perguntou: “Que será, pois, de nós?” Em
outras palavras, Pedro estava dizendo: “Senhor, nós
pagamos o preço. Agora, que o Senhor nos dará?” No
supermercado, pagamos determinado preço e
recebemos 'em troca algo de certo valor. Levamos
aquilo pelo qual pagamos. Esse era o conceito de
Pedro. Ele disse que eles tinham deixado tudo para
seguir o Senhor, isto é, que pagaram o preço total.
Agora ele queria saber o que ganharia em troca do
que pagou. O Senhor Jesus foi honesto e respondeu a
Pedro de modo claro em 19:28 e 29. O Senhor
parecia dizer: “Quando Eu Me assentar no trono de
Minha glória, vocês se assentarão em doze tronos.
Pedro, foi para isso que você pagou tal preço. Todos
os que deixaram casas e famílias por causa do Meu
nome receberão recompensa do brada, a primeira
parte nesta era e a segunda na era vindoura. Nesta
era você receberá cem vezes mais para substituir as
coisas materiais que deixou. Na era vindoura, você
terá o pleno desfrute da vida eterna”. A resposta do
Senhor foi clara e honesta e creio que Pedro ficou
muito satisfeito com ela.
O Senhor, contudo, deixou Pedro ir, pois ele
precisava de uma lição a mais. Por isso, o Senhor
disse-lhe que muitos (mas não todos) que são
primeiros serão últimos, e os últimos, primeiros. Isso
indica que muitos, como Pedro, que eram os
primeiros seriam os últimos a receber a recompensa.
O Senhor disse isso para revolucionar a mentalidade
comercial de Pedro. O Senhor parecia estar dizendo a
Pedro: “Os que são os primeiros serão últimos e os
que são os últimos serão primeiros. Digo isso para
mostrar-lhe que o que Eu lhe dei não está baseado
em sua maneira comercial. Embora você deva pagar
para receber a recompensa do reino, recebê-la não é
uma questão comercial. Verdadeiramente, o preço
que você pagou nada significa”.
O mesmo, é claro, é verdade para nós hoje. O
que temos dado nada significa. Mesmo se o
Presidente dos Estados Unidos renunciasse à
presidência para ter a recompensa do reino, isso
nada significaria. Contudo, o que o Senhor dá é de
grande valia. Se você pagar um dólar em uma loja de
departamentos, você recebe algo equivalente a um
dólar; e se pagar cem dólares, você recebe algo
equivalente a cem dólares. Mas, aos olhos de Deus, o
preço que pagamos pela recompensa é de apenas
poucos centavos, porém, a recompensa que Ele dá
vale milhões. Que poderíamos pagar para receber o
pleno desfrute da vida eterna? O pleno desfrute da
vida eterna na manifestação do reino é inestimável. O
preço que pagamos não pode se comparar à
recompensa que receberemos. Receber a recompensa
não é uma transação comercial. Não é uma questão
de pagar determinada quantia e receber algo
equivalente a esse valor.
Verdadeiramente, o que pagamos é refugo (Fp
3:8). Tudo fora de Cristo é refugo. O Senhor parecia
estar dizendo a Pedro: “Pedro, no reino você estará
sentado no trono regendo os fi lhos de Israel. Isso é a
realeza. Pedro, tudo o que abandonou para obter isso
é refugo. Você pensa que pode comprar a realeza com
refugo? Se Me tentasse pagar com refugo, Eu não
aceitaria. Antes, lhe diria para livrar-se dessas coisas.
Embora o preço que você tenha pago seja refugo, Eu
o recompensarei com a realeza”. Pedro, que tinha
uma mentalidade comercial, precisou ser reeducado
pelo Senhor Jesus. O Senhor foi sábio e paciente com
ele e deu uma longa parábola para explicar o que Ele
queria dizer quando disse que os primeiros seriam os
últimos e os últimos, primeiros.

IV. UM DONO DE CASA ASSALARIA


TRABALHADORES PARA SUA VINHA

A. De Madrugada
Mateus 20:1 e 2 diz: “Porque o reino dos céus é
semelhante a um homem, dono de casa, que saiu de
manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua
vinha. E, tendo combinado com os trabalhadores a
um denário por dia, mandou-os para a sua vinha”. O
dono de casa é Cristo. Nesse versículo, “de manhã
cedo” é às 6 horas da manhã, denotando a parte
inicial da era da igreja, quando Cristo veio chamar
Seus discípulos para o reino. Os trabalhadores são os
discípulos e a vinha é o reino. O “combinado”
mencionado no versículo 2 denota o acordo que Ele
fez em 19:27-29. O denário é a recompensa que o
Senhor ofereceu a Pedro em Seu acordo com ele em
19:28 e 29.

B. Pela Terceira Hora


Os versículos 3 e 4 dizem: “Saindo pela terceira
hora, viu outros que estavam ociosos na praça, e
disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei
o que for justo. E eles foram”. A terceira hora era às 9
horas da manhã, denotando a segunda parte da era
da igreja. A palavra “ociosos” indica que todo aquele
que não trabalha no reino dos céus está ocioso no
mundo, que é exemplificado pela praça.

C. Perto da Hora Sexta e da Nona


O versículo 5 diz: “Tendo saído outra vez perto
da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma”.
A hora sexta, meio-dia, denota a metade da era da
igreja e a hora nona, 3 horas da tarde, denota a
quarta parte da era da igreja.

D. Por Volta da Hora Undécima


Os versículos 6 e 7 dizem: “E, saindo por volta da
hora undécima, encontrou outros que lá estavam, e
perguntou-lhes:
Por que estivestes aqui ociosos o dia todo?
Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou.
Disse-lhes Ele: Ide também vós para a vinha”. A hora
undécima é às 5 horas da tarde, denotando a quinta
parte da era da igreja. Os contratados à hora
undécima disseram que estavam desocupados o dia
todo porque ninguém os contratou. Fora do reino de
Deus, nenhum ser humano é empregado por Deus.
Embora a hora fosse adiantada, o Senhor ainda os
enviou à vinha. Mesmo próximo do fim da era da
igreja, o Senhor ainda chama pessoas para
trabalharem em Seu reino.

V. O DONO DA CASA RECOMPENSA OS


TRABALHADORES

A. Ao Cair da Tarde
De acordo com o versículo 8, o dono da casa
recompensou os trabalhadores ao cair da tarde, isto é,
às 6 horas da tarde. Isso denota o fim da era da igreja.

B. Começando pelos Últimos até os Primeiros


O versículo 8 diz: “Ao cair da tarde, disse o
senhor da vinha ao seu administrador: Chama os
trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos
últimos até os primeiros”. O fato de o senhor
começar pelo último até o primeiro era contra o
conceito natural e comercial. Isso mostra que o que é
pago ao último trabalhador não é de acordo com seu
trabalho, mas conforme a vontade graciosa do senhor
da vinha.

C. Os Últimos e os Primeiros Recebem a


Mesma Recompensa
Os versículos 9 e 10 dizem: “Vindo os da hora
undécima, receberam um denário cada um. Ao
chegarem os primeiros, pensaram que receberiam
mais; porém, também eles receberam um denário
cada um”. Aqui vemos que os últimos e os primeiros
receberam a mesma recompensa. Os primeiros
trabalhadores mencionados no versículo 10 incluíam
Pedro, que fez um acordo como Senhor em 19:27-29.

D. Os Primeiros Murmuram Quanto ao Fator


Legal
Para surpresa dos primeiros assalariados, os
últimos foram os primeiros a receber a recompensa,
embora tenham trabalhado apenas uma hora e não
no calor do dia. Assim, quando os primeiros
assalariados viram que os últimos receberam um
denário, esperaram receber quantia maior. No
entanto, eles também receberam um denário. Os
versículos 11 e 12 dizem: “E, ao receberem,
murmuravam contra o dono da casa, dizendo:
Estes últimos trabalharam apenas uma hora, e
os igualaste a nós que suportamos o peso do dia e o
calor abrasador”. Os que foram contratados primeiro
deveriam lembrar-se de Romanos 9:14-15 e 20. Não
há injustiça no Senhor. Ele terá misericórdia de
quem Ele tiver misericórdia. Quem são eles para
replicar contra o Senhor? Mas o conceito natural de
Pedro, representando o de todos os crentes, era
comercial; ele não conhecia a vontade graciosa do
Senhor. Assim, ele murmurou contra o Senhor
quanto à legalidade.

E. A Resposta do Dono da Casa Mostra Graça


conforme Seu Desejo
O versículo 13 diz: “Mas ele, respondendo a um
deles, disse: Amigo, não te faço injustiça; não
combinaste comigo um denário?” Ao dizer “um
deles”, o Senhor sem dúvida se referia a Pedro. O
acordo mencionado nesse versículo foi o que o
Senhor fez com Pedro em 19:27-29. Aqui o Senhor
parecia estar dizendo: “Pedro, fizemos um acordo. Eu
não lhe devo coisa alguma, pois lhe dei o que prometi.
No entanto, gostaria de lhe mostrar que Minha
recompensa não é uma questão comercial, mas uma
questão de graça. Pedro, você precisa aprender a
lição da graça. A recompensa é questão de graça
conforme Meu desejo. Da Minha graça desejo dar aos
primeiros assalariados a mesma recompensa que
prometi dar a você. Que há de errado nisso?
O versículo 14 continua: “Toma o que é teu, e
vai-te; quero dar a este último tanto quanto a ti”.
Essa foi uma enfática resposta do Senhor a Pedro,
mostrando que o Senhor lhe deu o que achava que ele
merecia. Mas o Senhor tem o direito de dar a mesma
coisa ao último trabalhador conforme Sua própria
vontade, não no princípio do trabalho, mas no da
graça. Isso quebrou e corrigiu o conceito natural e
comercial de Pedro.
O versículo 15 diz: “Não me é lícito fazer o que
quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu
sou bom?” O conceito de Pedro, ao tratar com o
Senhor em 19:27 era totalmente comercial, de acordo
com o princípio do trabalho, não o da graça. Em Sua
resposta a Pedro, o Senhor mostrou enfaticamente
que Sua recompensa para Seus seguidores não é
comercial, mas conforme Seu desejo e graça. Para
ganharem o reino dos céus, os discípulos precisam
deixar tudo e seguir o Senhor. Mas o que Ele lhes
dará como recompensa é mais do que merecem. Não
é conforme o princípio do comércio, mas conforme o
bom prazer do Senhor. Isso é um incentivo aos Seus
seguidores.

F. Não uma Questão Legal, Mas uma Questão


de Graça
No versículo 16, o Senhor conclui esta parábola:
“Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros,
últimos”. Os últimos são os últimos trabalhadores e
os primeiros são os primeiros trabalhadores. Para
trabalhar, os primeiros vieram primeiro, mas ao
receber a recompensa, os últimos se tomaram
primeiros. É dessa maneira que o Senhor faz dos
últimos, primeiros e dos primeiros, últimos. Por isso,
a recompensa não é uma questão legal, mas uma
questão de graça.
Não devemos ter uma mente comercial. A
salvação é baseada na graça. O Senhor Jesus fez tudo
por nós e não é necessário que trabalhemos. A
recompensa do reino, contudo, é de acordo com
nosso trabalho, de acordo com o preço que pagamos.
Se pagamos o preço, então o Senhor nos dará uma
recompensa. Pode parecer que a recompensa seja
obtida mediante nosso trabalho. Se pensarmos assim,
então seremos como Pedro com uma mentalidade
comercial. Precisamos ser reeducados para ver que
até mesmo a recompensa é baseada na graça. A
maneira para receber a recompensa não é pagar o
preço, mas desfrutar a graça.
Ser salvo é receber graça e ganhar a recompensa
é desfrutar a graça que recebemos. Quando cremos
no Senhor, recebemos graça f mos sal vos. Após
recebermos graça, devemos aprender a d s Cru lar a
graça. Deixar todas as coisas e seguir ao Senhor não
lagar um preço; é desfrutar a graça que
recebemos. Não pense que você tenha sacrificado
alguma coisa. O que você sacrifica é refugo; é vaidade
das vaidades. Tudo sob o sol é vaidade. Sua educação,
posição e futuro são vaidades. Refugo não pode ser
considerado um preço. Deixar todas as coisas é ficar
livre e desprender-se. Você tem estado sob o pesado
fardo da sua posição, prosperidade e preocupação
com seu futuro. Por isso, precisa ser aliviado e a
maneira de fazer isso é desfrutar a graça. A graça nos
liberta. Ser aliviado por desfrutar a graça, contudo,
não é pagar um preço. Não estamos aqui pagando um
preço. Antes, estamos desfrutando libertação. Aleluia,
fomos libertados! Eu fui libertado de meus parentes,
fama, posição, futuro e todas as coisas; estou
inteiramente livre. Não estou pagando um preço-
estou desfrutando graça.
Todos nós precisamos abandonar a mentalidade
comercial.
Alguns santos disseram: “Deixei tudo pela igreja.
Sofri mui to e agora nada tenho”. Sempre que ouvia
esse tipo de lamento, no meu interior, eu dizia: “Você
não pode receber coisa alguma, porque abandonar
todas as coisas e sofrer não foi feito com um espírito
adequado. Se seu espírito estivesse correto, você
estaria agradecido, exultante e louvando ao Senhor
porque você não mais estava sobrecarregado”. Se
tivéssemos abandonado todas as coisas pelo Senhor
com um espírito adequado, diríamos: “Ó Senhor, eu
Te agradeço porque não estou carregando o fardo da
posição, ambição ou preocupação com o futuro. Tudo
o que é terreno está sob um pesado fardo. Mas,
Senhor, eu Te louvo porque fui libertado e aliviado.
Não estou pagando um preço estou diariamente
desfrutando graça. Senhor, tudo o que me dás não é
um reembolso; antes, é um desfrute adicional de Ti
mesmo”.
Creio que estamos no último grupo de
trabalhadores, os contratados às cinco horas da tarde.
Mas seremos os primeiros a ser recompensados,
embora não tenhamos trabalhado tanto como Pedro,
Tiago, João e Paulo, que trabalharam há
aproximadamente vinte séculos. Eles trabalharam
todo o dia, suportando o calor intenso. Mas nós
laboramos por pouco tempo, no máximo alguns anos.
Talvez quando recebermos a recompensa, Pedro diga
a João: “Olhe, estas pessoas estão recebendo a
recompensa antes de nós”. Mas este será o
cumprimento da palavra do Senhor de que os últimos
serão os primeiros e os primeiros, últimos. Talvez
João diga a Pedro: “Pedro, seja paciente. Se estes
últimos estão recebendo tal recompensa, certamente
receberemos muito mais”. Contudo, Pedro e João
podem ficar surpresos por receber a mesma
recompensa que os últimos contratados. Mas o
Senhor pode dizer a Pedro e a todos os contratados
primeiro: “Eu não fiz um acordo com vocês? Minha
promessa não foi satisfatória? Não lamentem, mas
tomem sua recompensa e vão para o trono. Não
tenho o direito de fazer as coisas conforme Meu
desejo? Estou errado por ser bom?” Um dia,
receberemos a mesma recompensa que Pedro, e a
receberemos primeiro. A recompensa de Pedro será
um denário e a nossa será a mesma. Esse denário
denota o pleno desfrute da vida divina em glória na
manifestação do reino. Essa será nossa recompensa.
MENSAGEM 55

O TRONO DO REINO E O CÁLICE DA CRUZ


Após falar sobre as exigências do reino e sua
recompensa, o Senhor ainda estava preocupado com
a situação espiritual de Seus seguidores. Por isso,
após dar a Seus discípulos uma definição sobre a
recompensado reino, Ele lhes falou novamente sobre
Sua iminente crucificação e ressurreição. O Senhor
também conhece nossa real situação hoje. Embora
possamos pensar que não precisamos de uma palavra
mais ou de uma revelação a mais, o Senhor sabe que
necessitamos.

I. CONHECER A CRUCIFICAÇÃO E A
RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Em 20:17-19, o Senhor revelou pela terceira vez
Sua crucificação e ressurreição. A primeira foi em
Cesaréia de Filipe, antes de Sua transfiguração (16:13,
21). A segunda foi na Galiléia, após Sua
transfiguração (17:22). Desta vez, foi no caminho
para Jerusalém. Essa revelação foi uma profecia,
embora estranha para o conceito natural dos
discípulos, todavia cumprida literalmente em todos
os detalhes.
Parece-me até fora do comum que, após a
definição da recompensa do reino, o Senhor, uma vez
mais, revelasse Sua crucificação e ressurreição.
Aparentemente, isso não tem significado. No entanto,
se você se aprofundar nesse livro, verá que se trata de
uma importante continuação. Para recebermos a
recompensa do reino, precisamos experimentar a
cruz e a ressurreição. Embora possamos saber tudo a
respeito do reino, ainda devemos ter uma
compreensão adequada da crucificação e ressurreição
do Senhor. Fora da experiência da cruz e da
ressurreição do Senhor, é impossível experimentar a
vida do Senhor para a recompensa do reino. Em
Filipenses 3, Paulo disse que por causa de Cristo
considerava todas as coisas como refugo. Então disse
que desejava conhecer a Cristo e o poder da Sua
ressurreição para ser conformado à morte de Cristo.
Paulo tinha um entendimento adequado sobre a
morte e ressurreição do Senhor. Esse entendimento é
para que experimentemos Cristo como nossa vida
para o reino. Para a recompensa do reino, precisamos
da experiência da crucificação e ressurreição do
Senhor. Assim, 20:17-19 é uma continuação da seção
anterior.
A terceira vez que o Senhor revelou Sua
crucificação e ressurreição, Ele novamente o fez a
Seus discípulos. Quando estava indo a Jerusalém, Ele
chamou os doze discípulos à parte e contou-lhes
sobre Sua iminente crucificação e ressurreição. O
Senhor deve ter tido um propósito específico para
fazer isso. Ele claramente disse aos discípulos que
precisava ir a Jerusalém, ser entregue aos principais
sacerdotes e escribas, ser condenado à morte, ser
entregue aos gentios, ser escarnecido, açoitado e
crucificado, mas que ao terceiro dia ressurgiria. Ele
falou a Seus discípulos a respeito de Sua morte e
ressurreição de maneira detalhada.

II. O TRONO DO REINO


Qual foi a reação dos discípulos à plena
revelação do Senhor sobre Sua crucificação e
ressurreição? Eles não disseram: “Amém, Senhor. Na
primeira e na segunda vez, não vimos isto. Obrigado,
Senhor, por chamar-nos à parte desta vez e
propositadamente nos falar sobre isso. Agora
compreendemos que o Senhor deve passar pela
morte e pela ressurreição. Não há dúvida de que isto
inclui todos nós. Por fim, também experimentaremos
esta maravilhosa morte e ressurreição”. Os discípulos
definitivamente não reagiram desse modo. Antes, os
versículos 20 e 21 dizem: “Então se chegou a Ele a
mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos,
adorando-O e pedindo-Lhe algo. Perguntou-lhe Ele:
Que queres? Ela Lhe respondeu: Manda que, no Teu
reino, estes meus dois filhos se assentem, um à Tua
direita e outro à Tua esquerda”. A mãe dos filhos de
Zebedeu era tia do Senhor, irrnã de Sua mãe, e os
filhos de Zebedeu, Tiago e João, eram Seus primos.
Assim, havia um relacionamento natural entre eles e
o Senhor. Imediatamente após o Senhor ter revelado
Sua morte e ressurreição pela terceira vez, a mãe de
Tiago e João veio a Ele pedindo que seus dois filhos
pudessem assentar-se à Sua direita e à Sua esquerda
no reino. Apesar de o Senhor ter falado sobre a
crucificação e a ressurreição, suas mentes estavam
postas no trono. Muitas vezes nós somos exatamente
como Tiago e João. Constantemente eles ouviam
sobre a crucificação e a ressurreição. Mas neles e em
sua mãe havia o desejo pelo trono. Essa é a ambição
por posição. A mãe de Tiago e João deve ter dito a si
mesma: “Um dia, quando o Senhor for entronizado,
meus dois filhos talvez se sentem um à Sua direita e o
outro à Sua esquerda. Quão glorioso seria!” Essa foi
sua reação à palavra do Senhor sobre Sua morte e
ressurreição.
III. O CÁLICE DA CRUZ
Nos versículos 22 e 23, o Senhor replicou: “Não
sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que Eu
estou para beber? Disseram-Lhe: Podemos. Ele lhes
disse: o Meu cálice certamente bebereis; porém, o
assentar-se à Minha direita e à Minha esquerda não
Me compete concedê-lo; mas é para aqueles para
quem está preparado por Meu Pai”. Se quisermos nos
assentar no trono no reino, devemos estar
preparados para beber o cálice do sofrimento.
Suportar a cruz é o caminho para entrar no reino (At-
14:22). O pedido egoísta da mãe de João e Tiago
proporcionou uma oportunidade ao Senhor de
revelar o caminho para entrar no reino.
Ao responder à mãe de Tiago e João, o Senhor
disse: “O assentar-se à Minha direita e à Minha
esquerda não Me compete concedê-lo; mas é para
aqueles para quem está preparado por Meu Pai” (v.
23). Essas palavras mostram que o Senhor tinha um
espírito submisso. Ele não presumiu coisa alguma,
mas deu lugar ao Pai. Estando na posição de homem,
o Senhor foi totalmente sujeito ao Pai, não
presumindo ter o direito de fazer qualquer coisa fora
do Pai. Todos nós precisamos aprender a dar todas as
coisas ao Senhor. Não temos como dizer coisa
alguma sobre posição.

IV. A COMPETIÇÃO CARNAL DOS


DISCÍPULOS
, Em Mateus 10:24, vemos a competição carnal
dos discípulos: “Ouvindo isso os dez, indignaram-se
contra os dois irmãos”. Os discípulos estavam mais
que bravos; eles estavam indignados, aparentemente
temendo que nada sobrasse para eles. Os doze
estavam cheios de ambição por posição até a boca e
nada sobre a morte e ressurreição do Senhor havia
penetrado neles. Que situação lamentável! Se isso
tivesse acontecido no capítulo 4, até poderíamos
entendê-los. Mas essa foi a reação deles após o
decreto da constituição do reino, depois de tantas
revelações sobre Cristo, sobre o desvendar do
mistério do reino e após experimentarem os muitos
fatores negativos no caminho para a glória. Depois de
tudo isso, os doze ainda estavam inteiramente
envolvidos com a questão da posição. Lucas 22:24 diz
que os discípulos estavam discutindo entre si sobre
quem seria o maior. Pedro, André, Tiago, João e
todos os outros estavam brigando por grandeza.
Mateus menciona a rivalidade entre os discípulos
para expor a mesma ambição por posição que ainda
está escondida em nós hoje, embora estejamos na
igreja. Alguns são ambiciosos por ser irmãos
responsáveis ou diáconos. Se eles não podem ser um
irmão responsável ou diácono, ao menos aspiram ser
um líder de grupo.

V. O EXERCITAR DA VIDA DO REINO


Há vezes em que a Bíblia aparentemente se
contradiz. Por exemplo, em Mateus 23, o Senhor diz
que nós não devemos ser chamados de mestres. Mas
em Efésios 4, Paulo diz que Cristo concedeu uns para
mestres. Além do mais, Mateus 23 diz que não
devemos ter qualquer líder. Mas nas Epístolas é-nos
dito que há líderes na igreja (Hb 13:17, 24). A Bíblia,
no entanto, não é contraditória. Precisamos ver que o
que está na mente do Senhor é completamente
diferente do que está em nossa mente natural. Na
mente do Senhor, os irmãos responsáveis ou os
líderes não devem controlar os outros. Na vida da
igreja, não deve haver qualquer controle. Mas isso
não significa que não haja governo nem regras. Reger
é uma coisa e controlar é outra. Todos os líderes na
igreja devem ter clareza a esse respeito. Nas igrejas
do Senhor, precisamos de regras, não de controle.
Nessa altura, precisamos ler 1 Coríntios 12:28:
“A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente
apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro
lugar mestres, depois operadores de milagres, depois
dons de curar, socorros, governos, variedades de
línguas”. Os “socorros” mencionados nesse versículo
referem-se ao serviço dos diáconos. Esses “socorros”
são mencionados antes dos governos, que se referem
à função dos presbíteros. Assim, no Novo
Testamento há um versículo dizendo-nos que o
governo dos presbíteros está abaixo do socorro dos
diáconos. Você pode achar esse fato muito
surpreendente. De acordo com nosso conceito
natural, os presbíteros são muito mais elevados que
os diáconos. Mas o apóstolo Paulo, sob a inspiração
de Deus, relaciona a função dos presbíteros após a
função dos diáconos. Nesse versículo, Paulo
deliberadamente inverte a ordem dos presbíteros e
diáconos, colocando a função dos presbíteros
próximo do último item, que é falar em línguas.
Quando Paulo escreveu esse livro em Éfeso, Corinto
tinha um foco de pentecostalismo. Ao escrever esse
livro, ele propositadamente diminuiu o significado do
falar em línguas, colocando-o em último lugar e
colocando a função dos presbíteros após a função dos
diáconos.
Todos os que são introduzidos no presbitério
tornam-se escravos. Os presbíteros não são reis; são
escravos. Como alguém no ministério do Senhor, eu
também sou um escravo. Outros podem desfrutar sua
liberdade, mas não tenho liberdade porque fui
comprado para ser um escravo. Da mesma forma,
todo presbítero é escravo. No mundo, ter posição
significa ter glória. Mas na igreja, ter posição
significa estar em escravidão. No catolicismo, há uma
hierarquia de sacerdotes, bispos, arcebispos, cardeais
e o Papa, os quais estão todos acima dos leigos. Isso é
vanglória. Na igreja, não há tal vanglória; ao
contrário, há escravidão.
É uma vergonha alguns serem ambiciosos por
posição a fim de obter honra e glória. Isso é um
“escorpião” rastejando para dentro da vida da igreja.
Se não fosse uma questão de função, eu não me
sentaria na primeira fila. Não pensem que é glorioso
sentar-se na frente. Eu prefiro muito mais sentar-me
atrás. No entanto, se os presbíteros começassem a
sentar-se atrás, aos seus olhos, então, os últimos
assentos se tornariam os mais honrados. Isso indica
que não é uma questão de onde os presbíteros se
sentam, se na frente ou atrás, porque a honra de seus
assentos existe somente na nossa mente. Oh! como
nossa mente precisa ser renovada! Para o novo
homem, precisamos ser renovados no espírito da
nossa mente e abandonar o conceito infernal da
posição. Durante os anos em que estive com o irmão
Nee, observei que ninguém que queria ser irmão
responsável foi designado como tal. Para a vida do
reino, devo matar a ambição de posição. É uma
vergonha conversar sobre posição, sobre quem está
acima dos outros. Buscar posição na vida da igreja
não é glória, mas vergonha.
Com relação à questão de ambição por posição,
duas coisas estão claras: primeiro, em 1 Coríntios
12:28, Paulo coloca a função dos presbíteros após a
função dos diáconos; segunda, ser um presbítero é
ser um escravo. A questão dos líderes serem escravos
corresponde à palavra do Senhor em Mateus 20:25-
27: “Mas Jesus, chamando-os a Si, disse: Sabeis que
os governantes dos gentios senhoreiam sobre eles, e
sobre eles os grandes exercem autoridade. Não será
assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tomar-
se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem
quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo”.
Quão contrário é isso à mente natural, egoísta! O
presbitério é uma forma de escravidão. Todo líder
deve ser um escravo. Portanto, não deve haver
hierarquia entre nós. Antes, todos nós somos irmãos
no mesmo nível. A indignação dos dez discípulos deu
ao Senhor a oportunidade de revelar o caminho para
estar no rei no, isto é, querer servir aos outros como
servo, até mesmo como escravo, em vez de reinar
sobre eles.
O versículo 28 diz: “Assim como o Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a Sua vida em resgate por muitos”. Nesse livro, o
livro do reino, o Senhor sempre se posiciona na
condição de homem. Embora o reino dos céus sej a
constituído com a vida divina, é levado a cabo em
humanidade.
É muito útil ver a diferença entre reger e
controlar. Controlar os outros significa tomar
decisões por eles e dizer-lhes o que fazer ou não. É
pôr as pessoas sob a sua direção. Na restauração do
Senhor, devemos odiar esse tipo de controle.
Ninguém deve exercer controle, porque todos
estamos debaixo de um só Senhor e temos um só
Espírito vivendo em nós e liderando-nos. No entanto,
há a necessidade de governo. Se numa reunião é dito
aos santos o que fazer, isso é controle. Mas deve
haver governo na reunião. Suponha, por exemplo,
que alguém adore um ídolo e diga que tem liberdade
para isso. Isso deve ser excluído. Precisamos de
governos até para decidir os horários das reuniões.
Se formos democráticos e não houver governo,
alguns podem insistir para que a reunião seja às
quatro e meia da manhã, enquanto outros podem
querer reunir-se em hora igualmente inconveniente à
tarde. Assim, os presbíteros precisam ir ao Senhor
em oração, ter comunhão com os santos e usar o
olfato espiritual para discernir o sentimento dos
santos a fim de que possam determinar qual o
melhor horário para as reuniões. Aí os presbíteros
devem tomar uma decisão. Isso não é controle; é
governo.
Não é fácil ser presbítero. Para sê-lo, você
precisa ter um olfato espiritual para sentir a situação
dos santos. Você também precisa ter um espírito vivo,
perspicaz, com uma intuição afiada para conhecer a
vontade de Deus. Assim será capaz de tomar as
decisões justas. Algumas vezes, os presbíteros
decidem sobre o horário das reuniões conforme sua
conveniência. Isso é um erro. O horário das reuniões
não deve ser decidido de acordo com a conveniência
dos presbíteros, mas de acordo com a situação dos
santos. Por isso, você deve exercitar sua intuição com
relação a Deus para saber o que Ele quer.
Decisões como essas são tomadas pelos
presbíteros porque o governo está em suas mãos.
Mas não pensem que o governo é mais elevado do
que os socorros. Nosso conceito a esse respeito
precisa ser revolucionado. Precisamos ter um
entendimento espiritual e um conceito celestial sobre
as coisas da igreja. O que está revelado na Bíblia é
absolutamente diferente de nosso entendimento
natural. Não pense que ser presbítero seja ocupar
alta posição. Eu repito, ser presbítero é ser escravo.
Quando um irmão se toma presbítero, deve dizer:
“Eu fui recrutado para o presbitério e não tenho
escolha. Não quero ser presbítero, mas nada há que
eu possa fazer quanto a isso. O Senhor recrutou-me e
fez-me um presbítero”. As irmãs cujos maridos são
presbíteros devem dizer: “Quando meu marido
tornou-se um presbítero, tomou-se um escravo, mas
eu estou contente porque o Senhor o recrutou de tal
maneira celestial”. Quando nosso conceito for
totalmente revolucionado, a vergonha da ambição de
posição será aniquilada.
Em Mateus 23, o Senhor Jesus disse que entre
nós não deve haver mestres ou líderes, mas que todos
somos irmãos. Mas quando o apóstolo Paulo se refere
aos mestres e líderes, ele não se refere a reis ou a
uma hierarquia. Assim, tanto o Senhor Jesus como o
apóstolo Paulo falavam a mesma coisa e a Bíblia não
é contraditória. Sou grato pela palavra de Paulo em 1
Coríntios 12:28 e pela palavra do Senhor de que
aqueles que assumem a liderança devem tornar-se
escravos. Visto que a ambição pela posição mata a
vida do reino, precisamos acabar com o conceito de
posição e hierarquia.

VI. A CEGUEIRA PRECISA SER CURADA


Em 20:29-34, temos um relato da cura de dois
cegos. O fato de tal incidente vir logo após o relato da
mãe de Tiago e João indica que eram cegos. Eles
devem ter pensado que estavam seguindo a Cristo,
mas na verdade estavam à margem do caminho, pois
não tinham visto o caminho. Em vez de terem um
entendimento adequado da crucificação e
ressurreição do Senhor, ainda estavam buscando
uma posição. Por serem cegos, precisavam ser
curados.
De acordo com o Antigo Testamento, a cura da
cegueira está relacionada ao milênio. O princípio é o
mesmo no Novo Testamento. Atos 26:18 diz: “Para
lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz
e da potestade de Satanás para Deus”. Isso mostra
que a cura da cegueira é para o reino. Ninguém que
seja cego está no caminho do reino. Aparentemente,
Tiago e João estavam no caminho; na verdade, eles
estavam cegos e à margem do caminho. Seus olhos
ainda não tinham sido abertos para ver o caminho da
cruz.
Em Mateus 20:17-34, vemos três coisas: o
desvendar da cruz e da ressurreição, a pobre reação
dos discípulos por causa de sua ambição de posição e
a cura de dois cegos. Qualquer pessoa ambiciosa é
cega. Enquanto formos ambiciosos, estaremos à
margem do caminho e precisaremos de cura. Assim
que os dois cegos receberam a visão, eles seguiram o
Senhor no caminho. Isso mostra que quando vemos a
cruz e a ressurreição, estamos no caminho seguindo o
Senhor. Quando os dois cegos que foram curados
começaram a seguir o Senhor Jesus, eles estavam no
caminho, não mais à margem. Foi a partir do
momento em que os dois cegos foram curados que
Tiago e João começaram a seguir o Senhor.
O Senhor perguntou-lhes se podiam beber o
cálice que Ele estava para beber, e eles disseram que
sim (20:22). A palavra do Senhor aqui pode ser
considerada como profecia. Beber o cálice da cruz
significa tornar-se um mártir. Tiago foi o primeiro
dos doze discípulos a ser martirizado e João foi o
último.
A cruz e a ressurreição significam muitíssimo
para nós, mas a ambição de posição deve ser
crucificada. Se formos ambiciosos, ainda seremos
cegos e estaremos à margem do caminho; não
estaremos no caminho seguindo a Cristo. Já que
somos cegos, precisamos ser curados. Não estamos
na restauração do Senhor para ganhar posição;
estamos aqui para seguir o Senhor até a cruz. Em
lugar de conversar sobre o trono, preferimos beber o
cálice da cruz e estar prontos para ser martirizados.
MENSAGEM 56

A RECEPÇÃO CALOROSA AO REI CELESTIAL,


A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO E A
MALDIÇÃO DA FIGUEIRA
Nesta mensagem, chegamos a 21:1-22, onde três
questões são abrangidas: a entrada do Rei humilde
(1-11); a purificação do templo (12-17) e a maldição
da figueira (18-22).
O capítulo 16 é um ponto decisivo no Evangelho
de Mateus. Antes desse capítulo, o Senhor Jesus foi a
Jerusalém diversas vezes. Mas no capítulo 16, Ele
levou Seus discípulos ao norte, longe de Jerusalém,
que era o centro da Terra Santa, no território de
Benjamim. Após o capítulo 16, o Senhor
gradativamente voltou do norte para Jerusalém,
Em 16:13-23:39, Mateus dá um relato do
caminho da rejeição do Senhor. Nessa seção, vemos
as atividades do Senhor em várias regiões: antes de ir
para a Judéia (16:13-18:35); da Galiléia para a Judéia
(19:1-20:16); a caminho de Jerusalém (20:17-21:11) e
em Jerusalém (21:12-23:39). Assim, Mateus 21:1 diz:
“Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a
Betfagé, no monte das Oliveiras”. Eles começaram a
viagem na Galiléia em 19:1. Estavam a caminho em
20:17 e passaram por Jericó em 20:29. Agora, no
capítulo 21, eles chegaram ao Monte das Oliveiras,
que ficava exatamente ao lado da cidade de
Jerusalém, num subúrbio dela. Esse capítulo marca o
início da última semana do Senhor na terra. o Senhor
propositadamente voltou a Jerusalém não para
ministrar, pregar, ensinar ou fazer milagres, mas
para apresentar a Si mesmo como o Cordeiro de Deus
a fim de ser morto, a fim de ser crucificado.

I. UMA RECEPÇÃO CALOROSA PARA O REI


HUMILDE

A. A Vinda do Rei Humilde


De acordo com os quatro Evangelhos, o Senhor
Jesus não fez coisa alguma para assegurar-Lhe uma
recepção calorosa. Pelo contrário, Ele estava sempre
preparado para a rejeição. Mas em 21:1-11, Ele fez
alguns preparativos para ser calorosamente recebido.

1. Sob a Soberania do Senhor


A recepção proporcionada ao Senhor aqui foi
realizada sob Sua soberania. Nos versículos 2 e 3, o
Senhor disse a dois de Seus discípulos: “Ide à aldeia
que está defronte de vós e logo achareis presa uma
jumenta, e com ela um jumentinho; desprendei-a e
trazei-os a Mim. E se alguém vos disser alguma coisa,
respondereis que o Senhor precisa deles; logo os
enviará”. Se eu estivesse lá, teria dito: “Senhor, como
sabes que ha verá uma jumenta presa ali e um
jumentinho com ela? E como sabes que o homem nos
permitirá levá-los?” Aqui vemos a onisciência e a
soberania do Senhor. Ele queria que Seus discípulos
soubessem que Ele era Rei soberano que possui todas
as coisas. Assim, a jumenta e o jumentinho
pertenciam a Ele. O Senhor também lhes mostrou
que Ele era onisciente, pois podia ver claramente as
coisas sem estar fisicamente num determinado lugar.
Ao exercitar Sua autoridade como Rei, o Senhor é
tanto onisciente quanto soberano.

2. Cumprindo a Profecia
Os versículos 4 e 5 dizem: “Ora, isso aconteceu
para se cumprir o que foi dito por intermédio do
profeta: Dizei à filha de Sião: Eis que vem a ti o teu
Rei, manso e montado num jumento, e num
jumentinho, cria de animal de carga”. A maneira de o
Rei entrar em Jerusalém cumpriu a profecia de
Zacarias 9:9. O termo “a filha” de Sião em 21:5
significa o povo de Jerusalém (cf. Salmo 137:8; 45:12).
Essa profecia lhes estava sendo cumprida.

3. Montado num Jumento e num Jumentinho


O versículo 5 diz que o Rei veio “montado num
jumento, e num jumentinho, cria de animal de carga”.
Isso indica a posição humilde e pequena na qual o
Senhor estava querendo se apresentar. O Senhor não
disse aos discípulos que buscassem uma carruagem
ou carroça, mas uma jumenta e um jumentinho.
Gastei tempo considerável para descobrir por que o
Senhor estava montado em uma jumenta e num
jumentinho. Ele estava montado na jumenta ou no
jumentinho? Por que o Senhor precisava tanto de
uma jumenta como de um jumentinho, filhote de
jumento? O jumentinho deveria ser um filhote de
jumento porque ele é chamado de cria de animal de
carga e esse animal de carga deve ser um jumento. A
jumenta era provavelmente a mãe e o jumentinho
provavelmente seu descendente. A mãe e o
descendente trabalharam juntos para conduzir o Rei,
pois Ele estava montado tanto na jumenta como no
jumentinho. Talvez o Senhor montasse a jumenta
primeiro e mudasse para o jumentinho quando
estava perto da cidade. Marcos e Lucas mencionam
somente jumentinho, não a jumenta (Mc 11:1-10; Lc
19:29-38), enquanto João fala de um jumentinho,
cria de jumenta (Jo 12:14-15). Assim, a ênfase dos
quatro Evangelhos parece estar no jumentinho. A
jumenta e o jumentinho juntos nos dão a impressão
de mansidão e humildade. Se o Senhor tivesse
montado apenas em uma jumenta, a impressão de
humildade não seria tão marcante.
Suponha que uma irmã muito baixa fique diante
de nós segurando um bebezinho nos braços. Isso nos
daria uma impressão de pequenez, pois o pequeno
bebê estaria fortalecendo a impressão de pequenez. O
significado de o Senhor montar uma jumenta não é
de pequenez, mas de humildade. O Rei celestial não
veio com altivez e esplendor, mas com humildade
simples, modesta. Essa impressão de humildade é
fortalecida pelo jumentinho acompanhando uma
jumenta afim de carregar o Rei humilde. O Senhor
Jesus não entrou em Jerusalém montado
orgulhosamente num cavalo. Ele veio montado num
jumentinho. Nenhum rei da terra faria isso. O Senhor
Jesus parecia estar dizendo a Seus discípulos:
“Tragam a jumenta e o jumentinho. Eu montarei no
animal de carga, mas o jumentinho deve ir também
para mostrar Minha humildade. Isso ajudará as
pessoas a verem quão humilde o Rei celestial é”.
O Senhor Jesus não veio para lutar ou competir,
mas para ser um Rei humilde. A presença do
jumentinho testificava que o Senhor não se
preocupava em lutar ou competir com quem quer
que fosse. Antes, Ele era manso e humilde. Creio que
essa era a impressão que o Senhor Jesus queria
transmitir às pessoas. Sim, Ele era o Rei celestial,
mas não tinha a intenção de vir como um grande Rei
lutando ou competindo com os outros. Pelo contrário,
Ele veio como um Rei humilde que não lutava nem
competia com ninguém.

B. A Recepção Calorosa das Multidões

1. Estendendo Suas Vestes pelo Caminho


No versículo 7, vemos que os discípulos puseram
suas vestes sobre a jumenta e o jumentinho e o
versículo 8 diz: “E a maior parte da multidão
estendeu as suas vestes pelo caminho”. As vestes
significam as virtudes humanas da conduta das
pessoas. Os discípulos honraram o Rei humilde
colocando suas vestes sobre a jumenta e o
jumentinho para que Ele montasse, e as multidões O
honraram estendendo suas vestes no caminho para
que Ele passasse por elas. As pessoas honraram o
Senhor com suas vestes, isto é, com tudo o que elas
tinham. Não importa quão pobre o homem seja, ele
pelo menos tem alguma roupa com que se cobrir.
Precisamos honrar o Senhor, o Rei humilde, com
tudo o que somos. Não importa qual sej a nossa
condição, temos alguma coisa com a qual honrá-Lo.
Não creio que as vestes postas no jumento e no
caminho fossem esplêndidas ou bonitas. Contudo, as
pessoas usaram o que tinham. Embora sejamos
pecadores, desprezíveis e até maus, o Senhor gosta de
ser honrado com o que somos. Mesmo pecadores
podem honrar o Senhor com o que são, se ti verem
um coração para honrá-Lo.

2. Estendendo Ramos de Árvores no


Caminho
O versículo 8 também diz: “Outros cortavam
ramos das árvores e os espalhavam pelo caminho”.
Os ramos são ramos de palmeira (Jo 12:13),
significando a vida vitoriosa (Ap 7:9) e a satisfação de
desfrutar o rico produto desta vida conforme
tipificado pela festa dos tabernáculos (Lv 23:40; Ne
8:15). A multidão usou tanto suas vestes como os
ramos de palmeiras para comemorar a vinda do Rei
humilde. Uma palmeira, significando a vida vitoriosa,
está arraigada profundamente em fontes escondidas
e cresce altaneiramente. Isso significa a vida vitoriosa.
Ao honrar o Rei humilde com tudo o que eles eram, o
povo reconheceu que Ele era o Único com a vida
vitoriosa.

3. Clamando Hosana ao Filho de Davi


O versículo 9 diz: “E as multidões, as que O
precediam e as que O seguiam, clamavam: Hosana ao
Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do
Senhor! Hosana nas maiores alturas!” A palavra
hebraica Hosana significa “salva agora” (SI118:25). O
título “o Filho de Davi” era o título real do Rei
humilde. Na recepção calorosa ao Rei celestial, as
pessoas clamavam uma citação do Salmo 118:
“Bendito o que vem em nome do Senhor” (v. 26). De
acordo o Salmo 118, somente Aquele que veio em
nome do Senhor era qualificado para ser louvado de
tal maneira. Assim, o louvor espontâneo do povo
soberanamente indicava que este Rei humilde não
veio em Seu próprio nome, mas no nome de Jeová.
Aqueles que receberam o Rei mostravam por
intermédio de Seu louvor que Ele era Aquele
estabelecido pelo Senhor; assim, é Aquele que veio
em nome do Senhor.

4. Conhecendo-O também como . 0 Profeta de


Nazaré da Galiléia
Quando o Rei celestial entrou em Jerusalém,
toda a cidade estava agitada, mas a multidão ainda
dizia: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia”
(v. 11). Por um lado, as multidões O louvavam como o
Filho de Davi, Aquele que veio em nome do Senhor;
por outro, algumas ainda O reconheciam de um
modo natural, como um profeta de uma cidade
desprezada.

11. A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO


O versículo 12 diz: “Entrou Jesus no templo e
expulsou a todos os que no templo vendiam e
compravam, e derrubou as mesas dos cambistas e as
cadeiras dos que vendiam pombas”. Quando o
Senhor entrou na cidade de Jerusalém, a primeira
coisa que fez foi purificar o templo. Qualquer rei da
terra, ao entrar na capital, imediatamente subiria ao
trono. Mas o Senhor não fez isso porque Ele não era
pelos Seus próprios interesses, mas pelo interesse de
Deus. Seu coração não era pelo Seu reino, mas pela
casa de Deus.
Em princípio, ocorre o mesmo conosco hoje.
Quando recebemos o Senhor em nós como nosso Rei,
Ele não vai imediatamente ao trono; antes, Ele vai ao
nosso espírito e o purifica. Muitos de nós têm
experimentado isso. Quando recebemos o Senhor
como vida, também O recebemos como Rei. No dia
em que Ele entrou em nós para ser nossa vida e nosso
Rei, Ele não se entronizou, mas purificou o templo de
Deus, o qual hoje é nosso espírito, a ha2:22).

A. Purificar, Curar e Louvar


Nosso espírito deveria ser uma casa de oração,
mas devido à queda ele se tornou covil de salteadores.
Porém, quando Jesus entra em nós, Ele expulsa
todos os salteadores e purifica o templo de nosso
espírito. Após a purificação, o Senhor curou o cego e
o coxo no templo (v. 14). Isso mostra que Sua
purificação do templo leva as pessoas a ter olhos que
vêem e força para mover-se. O mesmo ocorre
conosco. O versículo 15 diz que os meninos
“clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi”.
Pelo menos algumas vezes, o Evangelho de Mateus
menciona meninos, pois esse livro enfatiza que as
pessoas do reino precisam tornar-se como crianças.
Somente aqueles que se tornaram como meninos
louvarão a Deus. Isso foi após a cura do cego e do
coxo. Quando nossa cegueira e nosso coxear forem
curados, também louvaremos ao Senhor como os
menininhos.

B. As Pessoas Religiosas Ficam Ofendidas


Os principais sacerdotes e escribas obstinados
ficaram indignados até mesmo depois de verem as
maravilhas que o humilde Rei realizava. Sua
indignação devia-se ao seu orgulho e ciúme, que os
impedia de ter qualquer visão a respeito do Rei
celestial.

C. O Rei Celestial Sai de Jerusalém para


Pernoitar em Betânia
O versículo 17 diz: “E, deixando-os, saiu da
cidade para Betânia, e ali pernoitou”. Em Sua última
visita a Jerusalém, o Senhor permaneceu ali somente
para Seu ministério durante o dia. Toda noite, Ele
saía para pernoitarem Betânia, no declive leste do
Monte das Oliveiras (Mc 11:19; Lc 21:37), onde ficava
a casa de Maria, Marta e Lázaro e a de Simão (Jo 11:1;
Mt 26:6). Em Jerusalém, Ele era rejeitado pelos
líderes do judaísmo, mas em Betânia, Ele era
recebido pelos que O amavam.
Depois que o Senhor Jesus entra em nós e
purifica o nosso espírito, podemos sentir que Ele nos
deixa, assim como deixou Jerusalém para ir a Betânia
após purificar o templo. O Senhor pode entrar em
você, purificar seu espírito, o qual é o templo de Deus
e partir para outro lugar. Talvez você diga: “Esta não
é minha experiência. Minha experiência é que após o
Senhor Jesus ter purificado meu espírito, Ele fica
comigo”. Se essa for sua experiência, então você deve
ser um dos que amam Jesus como Maria, Marta,
Lázaro ou Simão. No entanto, após muitos cristãos
receberem a Cristo dentro de si e experimentarem
Seu purificar do espírito, eles não mais O amam.
Assim, em sua experiência o Senhor os deixa para ir
pernoitar em outro lugar, um lugar chamado Betânia.
De acordo com o Novo Testamento, Betânia é o
lugar dos que amam o Senhor. No Novo Testamento,
lemos sobre duas casas em Betânia: a casa de Maria,
Marta e Lázaro e a casa de Simão, o leproso. Todos
estes queridos eram pessoas que amavam o Senhor
Jesus. Na última semana de Sua vida na terra, Ele foi
todos os dias a Jerusalém, mas todas as noites, Ele
saía de Jerusalém e pernoitava em Betânia.
Jerusalém foi o lugar onde Ele foi examinado, testado
e morto; porém Betânia foi Seu lugar de hospedagem.
Num certo sentido, a religião de hoje é uma
Jerusalém para o Senhor Jesus; não é Seu lugar de
hospedagem. Os que amam a Cristo não estão em
Jerusalém, mas em Betânia. Você está em Jerusalém
ou em Betânia? Não devemos ser as pessoas em
Jerusalém, mas as de Betânia. Se você estiver entre
as pessoas de Jerusalém, Jesus virá para ser testado e
examinado por você. Mas se estiver entre os que o
amam em Betânia, Ele virá para pernoitar com você.
Se o Senhor Jesus entra em você e purifica seu
espírito, e ainda assim você não O ama, isso significa
que você permanece entre as pessoas de Jerusalém.
Você não é um dos amados de Betânia. Embora Ele
purifique o templo em Jerusalém, Ele não pernoita lá.
Antes, Ele sai da cidade para pernoitar em Betânia.
Quão significativo isso é!

III. A MALDIÇÃO CONTRA A FIGUEIRA

A. Cristo Teve Fome


O versículo 18 diz: “De manhã, ao voltar para a
cidade, teve fome”. Isso significa que o Senhor teve
fome de frutos dos filhos de Israel para satisfazer a
Deus.

B. A Figueira – a Nação de Israel Tendo


Folhas, Mas Não Frutos
O versículo 19 diz: “E, vendo uma figueira à beira
do caminho, foi até ela, e nada achou nela senão
folhas”. Assim como a águia é um símbolo dos
Estados Unidos da América, também a figueira é um
símbolo da nação de Israel (Jr 24:2, 5, 8). A figueira
que o Senhor viu estava cheia de folhas, mas sem
frutos, significando que naquela época a nação de
Israel era cheia de aparência, mas sem coisa alguma
que pudesse satisfazer a Deus. De acordo com a
Bíblia, as folhas são a aparência exterior, mas o fruto
é algo real e sólido para satisfazer a Deus e ao homem.
Naquele tempo, o Senhor Jesus veio de Deus para
Israel com fome de algum fruto que satisfizesse a
fome de Deus. No entanto, em vez de fruto, Ele
encontrou apenas folhas.

C. A Figueira Foi Amaldiçoada


O versículo 19 também diz: “E disse-lhe: Nunca
mais nasça fruto de ti! E a figueira secou
imediatamente”. Isso significa a maldição sobre a
nação de Israel. Desde aquela época, a nação de
Israel ficou totalmente seca. De acordo com a história,
desde os últimos dias do Senhor Jesus na terra, tem
havido uma maldição sobre a nação de Israel. Como
veremos, a figueira é mencionada novamente no
capítulo 24, onde ela significa a restauração de Israel,
que aconteceu em 1948.
Conforme nossa experiência, podemos testificar
que primeiro o Rei humilde entra em nós e Lhe
damos as boas-vindas. Contudo, Ele não entra para
ser entronizado, mas para purificar o templo de Deus,
porque Ele cuida da casa de Deus. Cuidando também
da satisfação de Deus, Ele deseja frutos do povo de
Deus. Mas a maioria do Seu povo não Lhe pode
oferecer fruto algum. Como resultado, o povo seca.
Muitos de nós experimentaram isso. O Rei humilde
entrou em nós, nós Lhe demos as boas-vindas e Ele
purificou o templo de Deus. Mas porque não
produzimos frutos, secamos. Talvez você dirá: “Não é
o Senhor misericordioso e cheio de graça? Já que Ele
é misericordioso e cheio de graça, como pode
amaldiçoar-nos de tal forma?” Entretanto, quando
não produzimos frutos, secamos.
A maior parte dos cristãos hoje tomou-se seca.
Embora tenham recebido o Rei celestial e Ele tenha
purificado seu templo, eles não têm fruto para a
satisfação de Deus, e assim tomam-se secos. Quantos
cristãos hoje estão vivos e frutíferos? Muito I, poucos.
Sempre que alguém fica seco, seu espírito não
funciona. Assim, não há templo nem fruto, nem
adoração adequada nem satisfação de Deus.
A preocupação do Rei humilde é com a casa e a
satisfação de Deus. Ele nos purifica para que
possamos oferecer adoração adequada a Deus e trata
conosco para que possamos produzir fruto para a
satisfação de Deus. Na vida prática do reino na igreja
hoje, Cristo deve ser recebido como Rei. Então Ele
deve purificar o templo de Deus, isto é, deve purificar
nosso espírito. Então nós, como o povo do reino,
daremos fruto para a satisfação de Deus. De outra
forma, seremos amaldiçoados até o dia da
restauração. Essa foi a situação da nação de Israel
quando o Senhor esteve na terra e é a situação entre
os cristãos hoje. Porque a nação de Israel secou, o
reino foi tirado dela e dado a outro povo. Se não
formos purificados em nosso espírito para oferecer a
Deus a adoração adequada e para dar frutos para Sua
satisfação, o reino também será tirado de nós e dado
a outros.

D. O Monte que Nos Impede é Removido pela


Oração de Fé
Os versículos 20 a 22 indicam que o Senhor
amaldiçoou a figueira pela fé. A fé pode remover a
montanha do impedimento por meio da oração de fé.
MENSAGEM 57

O REI CELESTIAL É POSTO À PROVA (1)

I. NA ÚLTIMA SEMANA DE SUA VIDA NA


TERRA
Os eventos no capítulo 21 aconteceram na última
semana da vida do Senhor na terra (Jo 12:1). Neste
período, Ele prazerosamente apresentou-se aos filhos
de Israel para um exame completo.

II. É EXAMINADO ANTES DA PÁSCOA,


COMO O CORDEIRO PASCAL
Vimos que a última vez que o Senhor Jesus foi a
Jerusalém, Ele não foi fazer a obra, mas apresentar-
se aos que iriam matá-Lo. Em 21:23-22:46, o Senhor
foi posto à prova e examinado. Conforme Êxodo 12, o
cordeiro pascal tinha de ser examinado por quatro
dias. No calendário judaico, quatro dias podiam ser
considerados seis dias, pois parte de um dia era
contado como um dia completo. Assim, Mateus diz
que Cristo subiu ao monte da transfiguração após
seis dias, mas Lucas diz que Ele o fez após oito dias
(Mt 17:1; Lc 9:28). Na última semana de Sua vida,
Cristo foi examinado por seis dias. Então foi
crucificado no dia da Páscoa. Isso indica que Ele era
o verdadeiro Cordeiro Pascal; o cordeiro em Êxodo
12 era um tipo.

111. PELOS PRINCIPAIS SACERDOTES E OS


ANCIÃOS DO POVO

A. Questionado Sobre a Fonte de Sua


Autoridade
Primeiro, o Senhor foi examinado pelos
principais sacerdotes e anciãos. Mateus 21:23 diz:
“Tendo Jesus entrado no templo, os principais
sacerdotes e os anciãos do povo acercaram-se Dele
enquanto ensinava, e perguntaram: Com que
autoridade fazes essas coisas? e quem Te deu essa
autoridade?” Os principais sacerdotes representavam
o poder religioso, e os anciãos representavam o poder
civil. Esses dois poderes se reuniram visando provar
a Cristo, que estava diante deles como o Cordeiro
Pascal para ser examinado pelos filhos de Israel.
Esses líderes judeus perguntaram ao Senhor de onde
Ele havia recebido Sua autoridade e quem Lhe havia
dado tal autoridade. O Senhor Jesus não lhes
respondeu diretamente, mas com outra pergunta.

B. Cristo Pergunta-lhes Sobre o Batismo de


João
No versículo 24, vemos a resposta do Senhor:
“Eu também vos farei uma pergunta; se Me
responderdes, também Eu vos direi com que
autoridade faço essas coisas. O batismo de João,
donde era? do céu ou dos homens?” Essa foi uma
pergunta difícil para os principais sacerdotes e
anciãos responderem. Se dissessem que o batismo de
João era do céu, o Senhor lhes teria perguntado por
que então não creram nele. Mas por temer as
multidões, que consideravam João como um profeta,
eles não ousavam dizer que era dos homens.

c. Os Principais Sacerdotes e os Anciãos


Mentem para Ele
Os principais sacerdotes e os anciãos disseram
ao Senhor Jesus que não sabiam se o batismo de
João era do céu ou dos homens (v. 27). Eles
responderam com uma mentira. As crianças
freqüentemente mentem dizendo que não sabem.
Essa é a melhor maneira de escapar de uma acusação.
As crianças não são ensinadas a mentir dessa
maneira; elas o fazem naturalmente. Assim, os
principais sacerdotes e anciãos eram como crianças
que mentem ao dizer que não sabem.

D.O Senhor Lhes Responde, Expõe a Mentira


Deles e Evita Responder-lhes a Pergunta
O versículo 27 diz: “Disse-lhes também Ele: Nem
Eu vos digo com que autoridade faço essas coisas”.
Isso indicava que o Senhor sabia que os líderes
judeus não Lhe diriam o que sabiam; assim, nem Ele
lhes disse o que perguntavam. Eles mentiram ao
Senhor ao dizer que não sabiam. Mas o Senhor lhes
falou a verdade sabiamente, expondo sua mentira e
evitando sua pergunta. Desse modo, o Senhor Jesus
passou pelo primeiro teste e nenhum defeito foi
encontrado Nele.

E. A Parábola dos Dois Filhos


Depois que o Senhor Jesus tratou com os
principais sacerdotes e anciãos de maneira sábia, Ele
lhes deu uma parábola sobre um homem que tinha
dois filhos (vs. 28-32). O homem disse ao primeiro
filho que fosse trabalhar na vinha. Este recusou-se,
mas mais tarde se arrependeu e foi. O homem disse
ao segundo filho que fizesse o mesmo. Mas depois de
dizer que iria, finalmente não foi. O Senhor Jesus,
então, perguntou aos Seus ouvintes qual dos dois fez
a vontade do pai. Quando disseram que foi o
primeiro, o Senhor lhes disse: “Em verdade vos digo
que os cobradores de impostos e as meretrizes
entram adiante de vós no reino de Deus” (v. 31).
Em Lucas 15:1-2, 11-32, o Senhor comparou os
líderes judeus ao primeiro filho, e os cobradores de
impostos e pecadores ao segundo filho, mas aqui o
Senhor os comparou na ordem oposta. Isso mostra
que os judeus eram o primogênito de Deus (Êx 4:22),
tendo o direito de primogenitura, mas devido à sua
incredulidade, a primogenitura foi transferida para a
igreja, que se tornou primogênito de Deus (Hb 12:23).
Assim, a palavra do Senhor aqui implica
transferência de primogenitura. Na economia de
Deus, o direito de primogenitura foi tirado de Israel e
dado a outro povo, um povo composto de pecadores
salvos e cobradores de impostos. Isso indica que a
primogenitura de Deus foi transferida de Israel para
a Igreja.
O versículo 32 diz: “Porque João veio a vós no
caminho da justiça, e não crestes nele, mas os
cobradores de impostos e as meretrizes creram nele.
Vós, porém, vendo isso, nem depois vos
arrependestes para crerdes nele”. O Senhor parecia
estar dizendo: “Vocês, principais sacerdotes e anciãos,
são o segundo filho. Aparentemente obedecem a
Deus, mas na verdade vocês O desobedecem. Aos
olhos de Deus, os pecadores, cobradores de impostos
e prostitutas são muito melhores que vocês, porque
eles receberam a pregação de João Batista. Porque
aceitaram o caminho de justiça de João, eles entrarão
no reino dos céus, mas vocês serão barrados”. Isso
mostra que a primogenitura foi tomada de Israel e
dada aos pecadores salvos, arrependidos e perdoados
que constituem a igreja.
O versículo 32 fala do caminho de justiça. O
Evangelho de Mateus, como o livro do reino, enfatiza
a questão da justiça, pois a vida do reino possui uma
justiça rigorosa, a qual devemos buscar (5:20, 6;
6:33). João Batista veio no caminho de tal justiça e o
Senhor Jesus quis ser batizado por João para
cumprir tal justiça (3:15).

F. A Parábola da Vinha

1. Um Dono de Casa Planta uma Vinha e


Arrenda-a a uns Lavradores
Nos versículos 33 a 46, o Senhor continua com
outra parábola a respeito da transferência do reino
de Deus. O versículo 33 diz: “Havia um homem, dono
de casa, que plantou uma vinha. Cercou-a com uma
sebe, cavou nela um lagar, edificou uma torre,
arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país”.
O dono de casa é Deus, a vinha é a cidade de
Jerusalém (Is 5:1) e os lavradores são os líderes
israelitas (21:45).

2. O Dono de Casa Sempre Envia Seus Servos


para Receber os Frutos, mas os Lavradores
os Espancam e Matam
Quando o dono de casa enviou seus servos aos
lavradores para receber seus frutos, os lavradores os
espancaram e mataram (vs. 34-36). Esses servos
eram os profetas enviados por Deus (2Cr 24:19;
36:15). O espancar, matar e apedrejar mencionados
no versículo 35 foram as perseguições sofridas pelos
profetas do Antigo Testamento (Jr 37:15; Ne 9:26;
2Cr 24:21).

3. O Dono de Casa Envia Mais Tarde Seu


Filho, mas os Lavradores Lançam-No para
Fora da Vinha e O Matam
Mais tarde, o dono de casa enviou seu filho. O
filho, sem dúvida, era Cristo. Quando os lavradores
viram o filho, disseram: “Este é o herdeiro; vinde,
matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança” (v. 38).
Isso mostra que os líderes judeus tinham ciúmes dos
direitos de Cristo e queriam manter sua falsa posição.
Então, “agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o
mataram” (v. 39). Isso se refere a Cristo ser morto
fora da cidade de Jerusalém (Hb 13:12).

4. O Dono de Casa Destrói os Lavradores


Maus e Arrenda a Vinha a Outros
Lavradores
Os versículos 40 e 41 dizem: “Quando, pois, vier
o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
Responderam-Lhe: Destruirá horrivelmente a esses
malvados, e arrendará a vinha a outros lavradores,
que lhe entregarão os frutos nos seus devidos
tempos”. O versículo 41 foi cumprido quando o
príncipe de Roma, Tito, e seu exército destruíram
Jerusalém no ano 70 d. e. Os outros lavradores
mencionados nesse versículo foram os apóstolos.

5. Cristo como a Pedra Angular, Rejeitada


pelos Construtores Judeus
No versículo 42, o Senhor Jesus diz: “Nunca
lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores
rejeitaram, essa tomou-se cabeça de ângulo; isso
procede do Senhor, e é maravilhoso aos nossos
olhos?” A pedra aqui é Cristo para a edificação de
Deus (I28:16; Zc 3:9; 1 Pe2:4) e os construtores são
os líderes judeus, que deveriam trabalhar no edifício
de Deus. Nesse versículo, o Senhor disse que a pedra
rejeitada pelos construtores se tomou a pedra
angular (em grego, a principal do canto). Cristo não é
apenas a pedra fundamental (Is 28:16) e a pedra de
remate (Zc 4:7), mas também a pedra angular.

6. O Reino de Deus É Tirado dos Judeus e


Dado à Igreja
O versículo 43 diz: “Por isso vos digo que o reino
de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que
produza os seus frutos”. O reino de Deus já estava ali
com os israelitas, enquanto o reino dos céus somente
estava próximo (3:2; 4:17). Isso prova que o reino dos
céus é diferente do reino de Deus. Nesse versículo, o
Senhor diz que o reino de Deus será dado a outro
povo, que é a igreja.

7. Os Judeus Tropeçam em Cristo e Ficam em


Pedaços
A primeira parte do versículo 44 diz: “Aquele
que cair sobre essa pedra ficará em pedaços”. Isso se
refere aos judeus que tropeçaram em Cristo e ficaram
em pedaços (Is 8:15; Rm 9:32).

8. Cristo É a Pedra do Edifício de Deus, que


Cai Sobre as Nações Gentias
A última parte do versículo 44 diz: “E aquele
sobre quem ela cair, ela o reduzirá a pó”. Isso se
refere às nações às quais Cristo esmiuçará em Sua
volta (Dn 2:34-35). Para os crentes, Cristo é a pedra
fundamental em que eles confiam (Is 28:16); para os
judeus incrédulos, Ele é a pedra de tropeço (Is 8:14;
Rm 9:33); e para as nações, Ele será a pedra que
esmiúça.
No final dessa parábola, o Senhor Jesus não
somente mostrou que o reino seria tomado de Israel
e dado à igreja; Ele também se referiu ao edifício de
Deus. Pouquíssimos cristãos hoje têm clareza sobre o
edifício de Deus. Embora possa ter estado no
cristianismo por anos e ter ouvido que Cristo era o
Filho de Deus, o Salvador, o Redentor, e talvez até
sua vida, você provavelmente nunca ouviu que Cristo
é também a pedra de edificação de Deus. Como
enfatizamos, Ele foi a pedra rejeitada pelos
construtores. Os líderes judeus devem ter ficado
chocados ao ouvir que Cristo era uma pedra. Ao falar
com eles a respeito da vinha, mostrando com isso que
Ele era o filho do dono da vinha, Cristo finalmente
referiu a Si mesmo como a pedra rejeitada pelos
construtores. Hoje, dificilmente algum cristão tem o
conceito de que nosso Salvador é uma pedra para o
edifício de Deus.
Em Atos 4:10 e 11, Pedro se referiu a Jesus Cristo
de Nazaré como a pedra rejeitada pelos construtores.
Então, no versículo 12, ele disse: “E não há salvação
em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo
qual importa que sejamos salvos”. Os cristãos
freqüentemente usam Atos 4:12 para pregar o
evangelho, mas raramente, se é que o fazem, dizem
às pessoas que Cristo não é apenas o Salvador, mas
também a pedra. O fato de nosso Salvador ser uma
pedra revela que a salvação de Deus é para a
edificação de Deus. O Salvador está relacionado à
Salvação e a pedra à edificação. Mas os cristãos de
hoje não viram esta questão adequadamente. A
intenção de Deus na terra não é simplesmente ter
uma vinha-é ter um edifício. Nos tempos antigos, a
nação de Israel era uma vinha; contudo, hoje, a igreja
não é meramente uma vinha, mas também um
edifício. A igreja é uma fazenda que produz materiais
para a edificação de Deus (1Co 3:9). O que quer que
ela produza é para a edificação. Embora essa questão
tenha sido esquecida tanto pelos judeus como pelos
cristãos, a luz veio até nós nesses últimos dias para
que essa verdade possa ser restaurada. Viemos a
saber que Cristo não é apenas o Salvador, mas
também a pedra.
No Estudo-Vida de Apocalipse, vimos que Cristo
é a pedra Cordeiro-Leão. Ele é a pedra para a
edificação, o Cordeiro para a redenção e o Leão para
a vitória. De certo modo, tanto judeus como cristãos
vêem a questão da redenção. No entanto, eles não
progrediram para ver a e dificação. Os cristãos hoje
simplesmente não percebem que Cristo é uma pedra.
No versículo 42, o Senhor disse que a pedra, não o
Salvador, seria rejeitada pelos construtores.
Finalmente, em ressurreição, essa pedra rejeitada se
tomou a pedra angular. Isso é visto claramente em
Atos 4, um capítulo que trata da ressurreição de
Cristo. A pedra angular é a pedra que une as paredes.
Como a pedra angular, Cristo une os judeus e os
gentios. Por Cristo, como a pedra angular, os crentes
judeus e os crentes gentios são reunidos como um
edifício para Deus. Assim, Cristo não é somente a
pedra fundamental para suportar o edifício, mas
também a pedra angular para unir as duas paredes
principais.
No versículo 44, vemos que Cristo não é apenas
a pedra que edifica, mas também a pedra de tropeço.
Todo o que cair sobre essa pedra, ficará em pedaços.
Em Romanos 9:32, Paulo diz que os judeus
“tropeçaram na pedra de tropeço”. Os judeus que
rejeitaram o Senhor Jesus caíram sobre essa pedra e
ficaram em pedaços.
No versículo 44, o Senhor também diz que essa
pedra cairá sobre alguns e os reduzirá a pó. Assim, o
Senhor também é para os gentios uma pedra que
esmiúça e espalha. Daniel 2:34e35 diz: “Quando
estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio
de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e
os esmiuçou. Então, foi juntamente esmiuçado o
ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se
fizeram como a palha das eiras no estio”. Esses
versículos indicam que quando Cristo vier pela
segunda vez Ele será uma pedra cortada sem auxilio
de mãos, que cai do céu sobre a grande imagem.
Daniel2:35 também diz: “Mas a pedra, que feriu a
estátua, se tomou em grande montanha, que encheu
toda a terra”. A grande estátua significa os poderes
do mundo desde Babilônia descendo até os dez
reinos do Império Romano restaurado, o qual
existirá na época da vinda de Cristo. Cristo será a
pedra que esmiúça para reduzir a pó as nações. Então
Ele se transformará em grande montanha, isto é, o
reino de Deus na terra.
Portanto, Cristo é uma pedra para três categorias
de pessoas: para os crentes, Ele é a pedra que edifica;
para os judeus rejeitadores, Ele é a pedra de tropeço,
e para os gentios é a pedra que esmiúça. Se crer Nele,
Ele será para você a pedra que edifica. Se for um
judeu e O rejeitar e tropeçar Nele, você O
experimentará como a pedra de tropeço e ficará em
pedaços. Se for um incrédulo gentio lutando contra
Deus, você O conhecerá um dia como a pedra que
esmiúça, pois Ele o esmiuçará e o reduzirá a pó que é
levado pelo vento.
Como crente, Cristo para você é uma pedra que
edifica. Mas quanta edificação você realmente tem
experimentado? Embora sejamos crentes e embora
Cristo seja a pedra que edifica, podemos não ter
muita edificação. Alguns crentes genuínos têm até
tropeçado em Cristo. Por um lado, eles crêem em
Cristo; mas por outro, eles dizem que não podem
tomar o caminho de Cristo e meneiam a cabeça para
Ele. Em outras palavras, eles tropeçam Nele. Assim,
em vez de ser edificados por Cristo, eles tropeçam
Nele. Além disso, alguns crentes verdadeiros têm
sido esmiuçados por Cristo e soprados como pó. É
raro achar crentes genuínos que estão sendo
verdadeiramente edificados juntos. Tal edificação
não pode ser encontrada no cristianismo hoje. Se
você procurar isso no catolicismo, encontrará
abominações e fornicação em vez de edificação.
Tampouco pode-se encontrar edificação nas
denominações. Pelo contrário, o cristianismo de hoje
é cheio de tropeços e quebras. Sim, muitos têm sido
levados ao Senhor no catolicismo e nas
denominações. Mas depois de se chegarem ao Senhor
são danificados. Em vez de ser edificados, eles
tropeçam ou são esmiuçados.
Precisamos examinar-nos e perguntar quanto de
edificação há entre nós. Mateus foi o único entre os
quatro escritores dos Evangelhos a dar-nos uma clara
descrição de Cristo como a pedra. Seu relato é
completo. Em nenhuma outra parte da Bíblia
podemos encontrar Cristo apresentado como uma
pedra em três aspectos: a pedra que edifica, a pedra
de tropeço e a pedra que esmiúça. Os três aspectos
são encontrados em Mateus para o remo.
A igreja é o pulsar da vida do reino. Isso significa
que assim como o corpo morre quando a pulsação
pára, também o reino é totalmente dependente da
igreja. A igreja, por sua vez, é completamente
dependente da edificação. Se não houver edificação,
não há vida prática da igreja. A vida da igreja não é
simplesmente uma questão de reunir-se ou de ter um
pouco de comunhão. Em qualquer cidade em que
estivermos, precisamos ser edificados. Por isso,
devemos desfrutar e experimentar nosso Cristo como
a pedra. Ele não é somente a pedra de fundamento
que nos mantém, mas também a pedra angular que
nos une. Nele e por Ele, somos edificados juntos.
Fora de tal edificação, a igreja é vã e sem a igreja,
o reino não tem vida. A igreja é a vida do reino e a
realidade da igreja é a edificação. Como precisamos
experimentar Cristo como a pedra que edifica: Ele é o
elemento edificador, a vida edificadora. Cristo é vida
para nós não apenas para vitória, mas
principalmente para a edificação. Os que falam sobre
a vida interior enfatizam muito Cristo como a vida
vitoriosa. Entretanto jamais ouvi algum deles dar
uma mensagem dizendo que Cristo é a vida que
edifica. Ele não é apenas a vida vitoriosa, é também a
vida edificadora. Se você simplesmente experimentar
vitória por meio de Cristo como vida, sua experiência
ainda não é adequada. Você deve prosseguir em
experimentar a vida edificadora de Cristo. Por fim,
Cristo como a vida em nosso interior é para a
edificação de Deus. Você pode ser vitorioso, mas
ainda não estar edificado. Precisamos ser edificados.
Quando formos edificados, teremos a realidade da
vida da igreja e a Igreja será o pulsar de vida do reino.
Então o reino estará aqui em realidade.
Repetindo: a realidade do reino é a igreja e a
realidade da igreja é o reino. Em outras palavras, o
reino depende da igreja e a igreja depende da
edificação. Precisamos considerar o quanto temos
experimentado Cristo como a pedra que edifica.
Creio que nos dias por vir, o Senhor nos mostrará
muito mais sobre a edificação. Essa edificação está
intimamente relacionada com o novo homem. Por
um lado, o novo homem foi criado, mas por outro, o
novo homem está sendo edificado. Para ter esse novo
homem, precisamos experimentar Cristo como a
pedra que edifica.

9. Os Líderes Judeus Procuram Prender o Rei


Celestial
Após tal revelação maravilhosa, os líderes judeus
procuraram prender o Rei celestial a fim de matá-Lo
(vs. 45-46). Isso mostrou que eles, como os
construtores, rejeitaram totalmente a Cristo como a
pedra edificadora de Deus.
MENSAGEM 58

O REI CELESTIAL É POSTO À PROVA (2)


Nesta mensagem, chegamos a 22:1-14, a
parábola das bodas. Essa parábola é a continuação da
resposta do Senhor aos principais sacerdotes e
anciãos do povo. Em Sua resposta à pergunta deles
sobre Sua autoridade, Ele falou três parábolas: a
parábola dos dois filhos, a parábola da vinha e a
parábola das bodas. A parábola dos dois filhos revela
que a filiação que fora dada à nação de Israel, foi
tirada e dada à Igreja. A parábola da vinha indica que
o reino de Deus seria tirado de Israel e dado à igreja.
Assim, essas duas parábolas são paralelas. Se você
não tem a filiação não pode participar do reino. Por
isso, vemos que a filiação e o reino estão juntos.
Essas duas primeiras parábolas se referem a Israel do
lado negativo, pois tanto a filiação como o reino
foram tirados de Israel.
Se a resposta do Senhor tivesse parado aqui,
teria sido incompleta. Ela teria tratado apenas do
lado negativo e não do resultado positivo. Ao
chegarmos ao final do capítulo 21, temos a percepção
de que deve haver algo mais. Portanto, após as duas
primeiras parábolas, o Senhor acrescentou a
parábola das bodas como o complemento de sua
resposta. Ao dar essa parábola, Ele se voltou do lado
negativo para o positivo.

G. A Parábola das Bodas

1. Um Rei Celebra as Bodas do Filho


Mateus 22:2 diz: “O reino dos céus é semelhante
a um rei que celebrou as bodas de seu filho”. A
parábola da vinha no capítulo 21 se refere ao Antigo
Testamento, no qual havia o reino de Deus (21:43),
enquanto a parábola das bodas se refere ao Novo
Testamento, no qual há o reino dos céus. O rei aqui é
Deus e o filho é Cristo.
Na parábola anterior (21:33-46), o Senhor
ilustrou corno os judeus seriam punidos e como o
reino de Deus seria tirado deles e dado ao povo do
reino. Outra parábola é necessária para que Ele
ilustre corno o povo do reino no reino dos céus será
severamente tratado. Ambas as parábolas indicam
que o reino é urna questão séria.
Na parábola anterior, o Antigo Testamento era
semelhante a urna vinha, com o enfoque principal
sobre a questão de trabalhar sob a lei; nesta parábola,
o Novo Testamento é semelhante a urna festa de
casamento, com o enfoque principal sobre a questão
do desfrute sob a graça. A vinha não é
primordialmente para o desfrute, mas para o
trabalho. Mas numa festa de casamento não há
trabalho. Pelo contrário, há desfrute. Ninguém
participa das bodas com o propósito de trabalhar;
todos participam pelo desfrute. Assim, a parábola da
vinha representa trabalho sob a lei e a parábola das
bodas representa desfrute sob a graça. Nós, na
restauração do Senhor, não estamos trabalhando sob
a lei, mas estamos desfrutando sob a graça. Que
contraste entre essas duas parábolas! Hoje, não
estamos sob a lei, mas sob a graça. Não estamos
trabalhando, mas desfrutando. Esse é o princípio
básico para entender essas parábolas.

2. O Rei Envia Seus Servos Um Após o Outro


a fim de Chamar os Convidados para as
Bodas
O versículo 3 diz: “Enviou os seus servos a
chamar os convidados para as bodas; mas estes não
quiseram vir”. Os servos mencionados nesse
versículo são o primeiro grupo de apóstolos do Novo
Testamento. O versículo-l continua: “Enviou ainda
outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que
já preparei o meu banquete: os meus bois e animais
cevados já foram abatidos, e tudo está pronto; vinde
para as bodas”. Os servos aqui são os apóstolos
enviados posteriormente pelo Senhor. Esse versículo
fala de bois e cevados, ambos se referem a Cristo
corno Aquele que morreu para que o povo escolhido
de Deus pudesse desfrutá-Lo como uma festa. Cristo
tem muitos aspectos para o desfrute. Como os bois e
os cevados, Ele foi morto e preparado para nosso
desfrute. Embora tudo tenha sido preparado e os
servos tenham saído um após o outro, as pessoas se
recusaram a vir, até mesmo agarrando os servos,
maltratando-os e matando-os (vs. 5-6).

3. O Rei Envia Suas Tropas para Destruir os


Assassinos e Queimar Suas Cidades
O versículo 7 diz: “O rei ficou irado e, enviando
os seus exércitos, destruiu aqueles assassinos e lhes
incendiou a cidade”. Essas foram as tropas romanas
sob o comando de Tito que destruíram Jerusalém em
70 d. e. O fato de as tropas aqui serem descritas como
as tropas do rei indica que todos os exércitos na terra
são do Senhor. Assim, o exército do Império Romano
era na verdade o exército de Deus. Deus enviou o
exército romano corno Suas forças para cumprir Seu
propósito de destruir Jerusalém!
No período transitório entre o Antigo e o Novo
Testamento, o antigo e o novo se sobrepuseram. Na
parábola da vinha, o proprietário destruiu os homens
maus porque eles rejeitaram, perseguiram e mataram
seus servos. Eles mataram até mesmo Jesus Cristo, o
Filho de Deus. A parábola das bodas diz que Deus
destruirá a cidade porque, após matar Cristo, eles
também mataram os apóstolos enviados para
convidá-los para as bodas. Deus não os destruiu
imediatamente após terem matado o Filho de Deus.
Ao matá-Lo, eles ajudaram a preparar os cevados
para a festa. Mas após os apóstolos terem sido
rejeitados e mortos, o Senhor enviou o exército
romano sob o comando de Tito para destruir a cidade
de Jerusalém. Tito foi cruel e impiedoso, destruindo
o templo e incendiando a cidade. Como o Senhor
Jesus tinha dito, nem uma pedra do templo ficou
sobre a outra. Além disso, Tito matou grande número
de judeus, os líderes em especial. Esse foi o total
cumprimento da profecia do Senhor nessa parábola.

4. O Rei Envia Seus Servos às Encruzilhadas


a fim de Chamar o Povo para as Bodas
Após a destruição de Jerusalém, Deus se voltou
dos judeus para o mundo gentio, Os versículos 8 e 9
dizem: “Então disse aos seus servos: As bodas estão
prontas, mas os convidados não eram dignos. Ide,
pois, para as encruzilhadas dos caminhos, e a
quantos encontrardes, chamai-os para as bodas”.
Porque os judeus rejeitaram o Evangelho,
nãoforamelignosdedesfrutaroNovoTestamento (At
13:46). Por isso, a pregação do Novo Testamento foi
dirigida aos gentios (At 13:46; Rm 11:11). Aqui o
mundo gentio é tipificado pelas encruzilhadas.
Através dos séculos, a pregação do evangelho ao
mundo gentio tem sido um sucesso, embora haja
alguma oposição e rejeição.

5. Muitos, Tanto Bons como Maus Vêm para


as Bodas
O versículo 10 diz: “E, saindo aqueles servos
pelos caminhos' reuniram todos os que encontraram,
tanto maus como bons; e a sala das bodas ficou
repleta de convivas”. Porque o convite foi tão
predominante, a sala do banquete ficou repleta de
convidados.

6. Um Homem que não Trazia Veste Nupcial


O versículo 11 diz: “Entrando, porém, o rei para
olhar os que se reclinavam à mesa, viu ali um homem
que não trazia veste nupcial”. O homem sem a veste
nupcial certamente era uma pessoa salva. Como pode
alguém responder ao chamado de Deus, não sendo
Salvo? U ma vez que respondemos ao chamamento
de Deus, fomos salvos. No versículo 14, o Senhor
Jesus fala de muitos sendo chamados, e em Efésios
4:1, Paulo mostra que nós, os salvos, são os
chamados. Fomos chamados para ser Salvos. Apesar
de o homem no versículo 11 ser chamado e salvo, ele,
contudo, não tinha a veste nupcial.
A veste nupcial é tipificada pelas roupagens
bordadas no Salmo 45:14 e representada pelo linho
finíssimo em Apocalipse 19:8. Essa é a justiça elevada
dos crentes vencedores em Mateus 5:20. O homem
que não estava vestido de vestes nupciais é Salvo,
porque ele veio às bodas. Ele recebeu Cristo como
sua justiça para que pudesse ser justificado diante de
Deus (Fp 3:9; 1Co 1:30; Rm 3:26), mas não
expressou Cristo como sua justiça subjetiva a fim de
que pudesse participar do desfrute do reino dos céus.
Ele fora chamado à Salvação, mas não foi escolhido
para o desfrute do reino dos céus, o qual é somente
para os crentes vencedores.
A veste nupcial demonstra nossa qualificação
para participar das bodas. O Novo Testamento
menciona essa festa, no mínimo, duas vezes, em
Mateus 22 e em Apocalipse 19. De acordo com
Apocalipse 19, os convidados para as bodas estão
vestidos de linho branco. O linho branco em
Apocalipse 19 é a veste nupcial em Mateus 22. Esse
linho branco significa a justiça elevada. Mateus 5:20
diz: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum
entrareis no reino dos céus”. Essa justiça elevada que
nos qualifica a participar da manifestação do reino na
era vindoura é tipificada no Salmo 45, onde nos é
dito que a filha do rei tem duas vestes. Nós, os
crentes, também devemos ter duas vestes. Todos
temos a primeira veste, a veste que nos qualifica para
sermos Salvos. Essa veste é o Cristo objetivo,
recebido por nós como nossa justiça diante de Deus.
Em Cristo, que é nossa justiça, fomos justificados e
salvos. Mas após receber Cristo, precisamos
expressá-Lo. Precisamos viver por Cristo para que
Cristo se torne nossa justiça subjetiva. Essa justiça
subjetiva, Cristo expresso em nós em nosso viver
diário, é o linho branco, a segunda veste, a veste que
nos qualifica a participar das bodas.
Na parábola da vinha, o Senhor foi rigoroso com
os agricultores, exigindo que seu trabalho alcançasse
certo padrão. Precisamos abandonar a idéia de que
por estarmos sob a graça o Senhor não é rigoroso
conosco. Muitos desconhecem o Senhor e abusam de
Sua graça. Muitos cristãos pensam que o Senhor não
é rigoroso para com eles e que enquanto têm graça,
tudo está bem. No entanto, o Senhor é mais rigoroso
com aqueles que estão sob a graça. Tanto a parábola
da vinha como a parábola das bodas revelam o rigor
do Senhor em tratar Seu povo, quer judeus sob a lei
ou crentes sob a graça. Não pensem que porque
fomos convidados para as bodas, podemos nos
permitir ser descuidados. Pelo contrário, o Senhor
pode entrar para a festa e apanhar você sem ter a
segunda veste. Sim, você recebeu a Cristo como sua
justiça para ser justificado diante de Deus. Mas está
vivendo por Cristo? Ele é sua justiça subjetiva?
As exigências da segunda veste são rigorosas,
mais que uma questão de guardar uns poucos
mandamentos ou regras. Antes, dia após dia,
precisamos viver por Cristo e expressar Cristo. Essa
não é uma questão de fazer, mas de vi ver. Na
economia do Novo Testamento, Deus não trata
principalmente dos nossos feitos, mas do nosso viver,
por meio de quem ou como vivemos. As pequenas
coisas em nosso vi ver diário expõem se vivemos ou
não por Cristo. É fácil entender a doutrina de que
fomos crucificados com Cristo, de que não mais
vivemos e que Cristo vive em nós. Mas
experimentamos isso como realidade em nosso vi ver
diário? Sempre que somos relaxados em nossa vida
diária, não estamos vivendo por Cristo. Se vi vemos
de maneira frouxa negligente, não somos aqueles
com veste nupcial. '
Não há problema com respeito à nossa Salvação,
pois fomos chamados e justificados. Mas qual será
sua situação diante do trono de julgamento de
Cristo? Será qualificado a entrar para as bodas? Se
você crê na primeira parte do evangelho, então deve
também crer na segunda. Como precisamos rogar ao
Senhor por Sua misericórdia! Precisamos orar:
“Senhor, tem misericórdia de mim. Eu Te recebi, mas
preciso de mais graça para vi ver por Ti. Senhor,
porque Tu és meu Salvador, sei que estou salvo para
sempre. Mas preciso da Tua graça para que possa
viver por Ti como minha vida”. Precisamos falar por
Cristo, e até nosso irar deve ser conforme Cristo.
Quando estamos prestes a perder a calma, devemos
considerar se estamos ou não perdendo a calma por
meio de Cristo. Se fizermos isso, teremos um vi ver
cristão adequado por meio de Cristo.
A segunda veste tem sido negligenciada pelos
cristãos hoje. Martinho Lutero nos ajudou a conhecer
a primeira veste, Cristo como justiça, para que
sejamos justificados por Deus. Essa verdade foi
restaurada há mais de quatrocentos anos. Mas na
restauração do Senhor hoje, chegamos à segunda
veste. Precisamos tanto da justiça objetiva como da
subjetiva. Essa é urna questão importante no
Evangelho de Mateus, pois é uma exigência do reino.

7. O Homem sem a Veste Nupcial É Lançado


para Fora nas Trevas
Os versículos 12 e 13 dizem: “Amigo, como
entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu.
Então disse o rei aos servos: Amarrai-lhe os pés e as
mãos, e lançai-o para fora, nas trevas exteriores; ali
haverá choro e ranger de dentes”. Os servos
mencionados no versículo 13 devem ser anjos (13:41,
49). Ser lançado nas trevas não é perecer; é ser
tratado dispensacionalmente por não ter vi vido uma
vida vencedora por meio de Cristo que o tenha
qualificado a participar do desfrute do reino durante
o milênio. Naquele tempo, os crentes vencedores
estarão com Cristo na glória radiante do reino (Cl
3:4); enquanto os vencidos sofrerão disciplina nas
trevas exteriores.
Porque o homem sem a veste nupcial é lançado
nas trevas exteriores, muitos mestres cristãos dizem
que ele é um falso crente. Mas como pode um falso
crente ser admitido nas bodas de Cristo nos ares? A
razão de muitos mestres cristãos dizerem que esse
homem é incrédulo é que eles não crêem que um
salvo possa ser punido, sendo lançado nas trevas
exteriores. No entanto, de acordo com o Evangelho
de Mateus, os crentes podem estar sujeitos à punição
dispensacional, um assunto mencionado mais de
uma vez nesse Evangelho. Poucos cristãos crêem que
haverá tal punição para os salvos. Mas por mais de
quarenta anos temos ensinado que precisamos ser
vencedores. Os que não são vencedores serão
excluídos do desfrute do reino no milênio e
provavelmente serão punidos.
Vimos que o homem sem a veste nupcial é
lançado nas trevas exteriores. Note que o Senhor
Jesus não diz apenas trevas, mas trevas exteriores. A
Bíblia diz claramente que quando o Senhor Jesus
voltar, Ele virá em glória. Assim, haverá uma esfera,
um estado de glória e todos os crentes serão
arrebatados a Ele em Sua glória. No ar, o Senhor
estabelecerá o trono de julgamento. Após os crentes
serem julgados, os derrotados serão lançados nas
trevas exteriores. Isso se refere às trevas fora da
esfera da glória do Senhor. Por essa razão, o Senhor
usou a palavra “exteriores” para descrever aquelas
trevas.
Ser lançado nas trevas exteriores não é sofrer
perdição externa. O Novo Testamento revela que
uma vez que a pessoa foi salva, ela é salva para
sempre e jamais pode perecer. No entanto, a teologia
arminiana ensina que uma pessoa pode ser salva e,
então, perder-se novamente. Isso, contudo, é
contrário à Bíblia. Embora não venhamos a perecer,
Deus pode tratar conosco dispensacionalmente. No
passado, algumas pessoas discutiam comigo sobre
isso e diziam: “Como pode uma pessoa lavada e
redimida pelo sangue ser punida por Deus?” Eu
respondia: “Depois que foi lavado e redimido pelo
sangue do Senhor, você não experimentou o castigo
Dele por seus atos errados? Deus não o tem punido?
Sabendo que Deus pode castigar os que pecam após
serem salvos, eles perdiam a causa. Outros
questionavam que Deus nos castiga apenas nesta era
enquanto estamos na carne; depois que o Senhor
voltar e formos arrebatados, eles pensam que não
terão problemas. Em relação a isso, eu disse: “Por
favor, não mantenham esse conceito. Não pensem
que não pode haver problemas após a ressurreição e
o arrebatamento. Depois que os pecadores morrerem
e ressuscitarem, eles serão levados diante do trono
branco do julgamento. Isso prova que a ressurreição
não resolve todos os problemas. Não pensem que a
morte e a ressurreição automaticamente o Salvará de
ter problemas no futuro. Deus pode ainda tratá-lo
após sua ressurreição. Não seja enganado”. A maioria
dos cristãos hoje rejeita o ensinamento a respeito da
punição dispensacional dos crentes. Eis porque
tantos são frouxos e negligentes em seu viver diário.
Em vez de temer a disciplina dispensacional de Deus,
eles dizem: “Sou salvo e o sangue me lavou. Se fizer
algo errado, o Senhor pode me corrigir um pouco.
Mas não haverá problemas para mim no futuro”.
Quão enganoso é manter um conceito tão contrário à
pura palavra de Deus! Quando nos voltamos à pura
Palavra, vemos que é uma questão séria ir às bodas
sem as vestes nupciais.
Precisamos ler o livro de Mateus com uma mente
sóbria e considerar seus ensinamentos seriamente.
Embora esse livro tenha sido escondido por séculos,
o Senhor no-lo abriu. Alguns podem questionar que
não conhecemos adequadamente o amor de Deus e
que O apresentamos como alguém que também é
severo e cruel. Mas se Deus amasse segundo o
conceito deles, como poderia Ele enviar um exército
para destruir a cidade de Jerusalém? Em Romanos
11, Paulo diz que Deus é bondoso, mas que também é
severo e que precisamos ser sérios para com Ele.
Quando Deus é bondoso, Ele é verdadeiramente
bondoso; e quando é severo, Ele é muito severo. Deus
foi severo com os judeus e também será severo
conosco.
Hoje há muitos mestres melosos no cristianismo.
Alguns pregadores não ousam ensinar o que vêem na
Bíblia porque ficam preocupados em perder a
audiência ou ofender os outros. Portanto, eles
açucaram muitos dos seus ensinamentos. Mas
devemos repelir a cobertura açucarada, voltar à pura
Palavra e ver o que o Senhor tem a dizer. Precisamos
da palavra sóbria encontrada no Evangelho de
Mateus. Lembre-se: um dia você será examinado
para ver se tem ou não a segunda veste que possa
qualificá-lo para as bodas. Esteja pronto para isso,
preparando a segunda veste, o linho branco, a justiça
elevada. Que o Senhor tenha misericórdia de nós a
esse respei to!
Meu encargo nesta mensagem não é ameaçá-los;
é abrir a pura Palavra e dar-lhes uma dose saudável
que não tenha cobertura açucarada. Todos somos
responsáveis por ler a Palavra do Senhor e dar-lhe
total consideração. A parábola do Senhor em 22:1-14
é muito significativa. Tudo que é dito em uma
parábola é importante. O Senhor não a teria dado se
o que está contido nela não fosse significativo.

8. Muitos São Chamados, Mas Poucos


Escolhidos
No versículo 14, o Senhor conclui: “Porque
muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. Ser
chamado é receber a salvação (Rm 1:7; 1Co 1:2; Ef
4:1), enquanto ser escolhido é receber uma
recompensa. Todos os crentes foram chamados, mas
poucos serão escolhidos como vencedores. Os
vencedores, os escolhidos, serão recompensados e
qualificados para participar das bodas do Cordeiro.
MENSAGEM 59

O REI CELESTIAL É POSTO À PROVA (3)

IV. PELOS DISCÍPULOS DOS FARISEUS E


HERODIANOS
Após o Senhor Jesus ter sido examinado pelos
principais sacerdotes e anciãos do povo a respeito da
fonte de Sua autoridade, os discípulos dos fariseus e
os herodianos questionaram-No sobre pagar tributo
a César (22:15-22). Os herodianos eram os que
concordavam com o regime do Rei Herodes e
tomavam parte no injetar a maneira de vida dos
gregos e romanos na cultura dos judeus.
Normalmente eles se posicionavam a favor dos
saduceus, mas se opunham aos fariseus; aqui eles se
uniram aos fariseus para enganar o Senhor Jesus.
Os herodianos se opunham aos fariseus porque
estes eram muito conservadores, enquanto os
herodianos eram modernos, posicionando-se a favor
dos saduceus que também eram modernistas em seu
pensar. Contudo, nessa ocasião, os herodianos e os
fariseus conspiravam a fim de armarem laços para o
Senhor Jesus. Eles esperavam que Jesus caísse na
armadilha. No versículo 17, disseram ao Senhor:
“Dize-nos, pois, que Te parece: É lícito pagar tributo
a César, ou não?” Essa é verdadeiramente uma
questão perniciosa. Todos os judeus se opunham a
pagar tributo a César. Se o Senhor Jesus dissesse que
era lícito fazê-lo, Ele teria ofendido todos os judeus
que seguiam os fariseus. Mas se dissesse que era
ilegal, isso daria aos herodianos, que se posicionavam
pelo governo romano, uma forte base para acusá-Lo.
A questão de pagar tributo a César era muito
desagradável para os judeus; eles a odiavam. Os
fariseus, principalmente, eram contra isso. No
entanto, os herodianos concordavam em pagar
tributo ao governo romano. Assim, uma das partes se
opunha a essa questão e outra lhe era favorável. De
acordo com o conceito deles, não importando como o
Senhor respondesse a sua pergunta, Ele ainda assim
cairia em sua cilada.
O Senhor Jesus, no entanto, é sábio e sabe como
lidar com cada pessoa e cada situação. No versículo
19, Ele disse: “Mostrai-Me a moeda do tributo”.
Então trouxeram-Lhe um denário. O Senhor não
mostrou a moeda romana, mas pediu-lhes que Lhe
mostrassem uma. Já que eles possuíam uma das
moedas romanas, foram capturados. Por terem uma
moeda romana, eles j á tinham perdido a causa.
Os versículos 20 e 21 dizem: “E Ele lhes
perguntou: De quem é esta efígie e inscrição?
Responderam-Lhe: De César. Então lhes disse: Dai,
pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus”. Pagar a César o que é de César é pagar o
tributo a César conforme sua lei governamental.
Pagar a Deus o que é de Deus é pagar metade de um
siclo a Deus, conforme Êxodo 30:11-16, e oferecer
todos os dízimos a Deus conforme a lei de Deus. Os
judeus estavam sob duas autoridades, a autoridade
política de Roma e a autoridade espiritual de Deus.
Em Jerusalém havia não apenas o governo romano,
mas também o templo de Deus. Por isso, o povo
judeu tinha de pagar tributo a ambos os sistemas, ao
governo romano e ao templo de Deus. Portanto, o
Senhor lhes disse para pagarem a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus. Essa resposta
chocou os fariseus e herodianos e eles foram
derrotados.

V. PELOS SADUCEUS
Em 22:23-33, vemos o Senhor sendo testado nas
mãos dos saduceus. Os saduceus eram antigos
modernistas que não criam em anjos nem em
ressurreição (At lc 23:8). Eles eram exatamente como
os modernistas e arrogantes de hoje que não crêem
nas Escrituras, em anjos ou em milagres. Esses
modernistas do passado vieram ao Senhor com uma
pergunta sobre a ressurreição. Parecia que eles
estavam muito espertos. Contaram ao Senhor sobre
uma mulher que tinha se casado com sete irmãos, e
perguntaram-Lhe: “Na ressurreição, de qual dos sete
será ela esposa? porque todos a tiveram” (v. 28). Do
ponto de vista humano, era uma questão difícil. Não
há dúvida que os fariseus, os antigos
fundamentalistas, teriam achado difícil respondê-la.
O Senhor Jesus, contudo, deu aos saduceus uma
forte resposta.
O versículo 29 diz: “Respondeu-lhes Jesus:
Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de
Deus”. Conhecer as Escrituras é uma coisa e conhecer
o poder de Deus é outra. Precisamos conhecer os dois.
As Escrituras aqui se referem aos versículos do
Antigo Testamento a respeito da questão da
ressurreição, e o poder de Deus se refere ao poder da
ressurreição. Em Sua resposta aos saduceus, o
Senhor fez quatro coisas: primeiramente, Ele os
condenou; depois, Ele os repreendeu; então, os
ensinou e, finalmente, os amordaçou. Condenou-os
ao dizer-lhes que estavam errados. Todos os
modernistas estão errados. Por isso, eles precisam
ser condenados. Os modernistas de hoje devem ser
condenados por negarem a ressurreição, os anjos e os
milagres. Quando jovem, tais ensinamentos se
espalhavam pela China. Por exemplo, os modernistas
diziam que as águas do Mar Vermelho não se
dividiram e que o povo não o atravessou em terra
seca. Eles proclamavam que a pouca água do mar foi
soprada por um forte vento e que isso capacitou o
povo a andar sobre o solo. Que ensinamento
demoníaco! Os antigos modernistas, assim como os
de hoje, pensavam que eram muito espertos, mas, na
verdade, estavam enganados. Por isso, o Senhor os
repreendeu ao dizer que não conheciam as Escrituras
nem o poder de Deus.
Depois que o Senhor condenou e repreendeu os
saduceus, Ele os ensinou. No versículo 30, Ele disse:
“Pois na ressurreição nem casam, nem se dão em
casamento; mas são como os anjos no céu”. Isso
significa que na ressurreição não haverá homem ou
mulher. Assim, não' haverá casamento. Isso
acontecerá pelo poder de Deus. Aqueles que negam a
ressurreição não conhecem o poder de Deus.
Para ajudar os saduceus a conhecer a profundeza
da verdade implícita nas Escrituras, o Senhor disse:
“E, quanto a ressurreição dos mortos, não tendes lido
o que vos foi dito por Deus: Eu sou o Deus de Abraão,
o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de
mortos, e, sim, de vivos”. Já que Deus é o Deus de
vivos e é chamado o Deus de Abraão, Isaque e Jacó,
estes três que morreram serão ressuscitados. Essa é a
maneira como o Senhor Jesus maneja as Escrituras-
não somente pela letra, mas pela vida e poder
implícitos nelas.
Aprecio a interpretação que o Senhor fez da
Bíblia. Ele disse que Deus era o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó. Se não houvesse a ressurreição por vir,
então Deus teria de ser o Deus dos mortos. O fato de
que Deus é o Deus dos vivos e de que Ele é o Deus de
Abraão, Isaque e Jacó prova que Abraão, Isaque e
Jacó serão ressuscitados. Se eles não vão ser
ressuscitados, então, como pode Deus ser o Deus dos
vivos? Essa é a explicação genuína, honesta, viva e
verdadeira da Bíblia. Ao dar aos saduceus essa
resposta, o Senhor os calou.

VI. POR UM INTÉRPRETE DA LEI DOS F


ARISEUS
Quando os fariseus souberam que o Senhor
tinha silenciado os saduceus, eles se reuniram em
conselho para decidir o que fazer a seguir. Então um
deles, intérprete da lei, experimentou o Senhor ao
fazer-Lhe uma pergunta sobre o grande mandamento
da lei. Um intérprete era alguém versado na lei de
Moisés, um profissional da lei do Antigo Testamento.
O Senhor disse que o grande e primeiro mandamento
era amar o Senhor de todo o nosso coração, alma e
entendimento (vs. 37-38). Então Ele continuou: “O
segundo, semelhante a esse, é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Desses dois mandamentos
dependem toda a lei e os profetas”. Esses dois
mandamentos são ambos uma questão de amor,
amar a Deus ou amar ao homem. O amor é o espírito
dos mandamentos de Deus.
Em todos esses testes, o Senhor Jesus foi
questionado sobre quatro coisas: religião, política,
crença e lei. Quanto à religião, Ele foi questionado
sobre a fonte de autoridade nas atividades religiosas.
Quanto à política, foi questionado sobre pagar
tributo ao governo romano. Quanto à crença, foi
questionado sobre crer na ressurreição. Quanto à lei,
foi questionado sobre qual era o grande mandamento.
De todas as quatro direções, os que testaram o
Senhor Jesus foram calados e nada mais tinham a
dizer.

VII. CALANDO TODOS OS QUE O TESTARAM


COM A PERGUNTA DAS PERGUNTAS
Após ter sido questionado, o Senhor fez uma
pergunta aos fariseus. Os versículos 41 e 42 dizem:
“Reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus: Que
pensais vós do Cristo? de quem é filho?” De 21:23
a22:46, durante Sua última visita a Jerusalém, o
centro do judaísmo, Cristo foi cercado pelos
principais sacerdotes, anciãos, fariseus, herodianos,
saduceus e um intérprete da lei, que se esforçaram
para apanhá-Lo numa armadilha ao Lhe proporem
enigmas e questões astutas. Primeiramente, os
principais sacerdotes, representando a autoridade da
religião judaica, e os anciãos, representando a
autoridade do povo judeu, pergun-taram-Lhe sobre
Sua autoridade (21:23). Essa foi uma pergunta
conforme o conceito religioso deles. Em segundo
lugar, os fariseus fundamentalistas e os herodianos
políticos fizeram-Lhe uma pergunta sobre política.
Em terceiro, os saduceus modernistas questionaram-
No sobre a fé fundamental. Em quarto, um intérprete
da lei fez-Lhe uma pergunta sobre alei. Após
responder todas as questões sabiamente, Ele lhes fez
uma pergunta com respeito a Cristo. Essa éa
pergunta das perguntas. As perguntas deles estavam
relacionadas à religião, política, crença e lei. A
questão do Senhor era sobre Cristo, que é o centro de
todas as coisas. Eles conheciam a religião, a política,
a crença e alei, mas não prestavam atenção em Cristo.
Então, Ele lhes perguntou: “Que pensais vós do
Cristo?” Essa pergunta das perguntas deve ser
respondida por todos.
As pessoas hoje têm muitas perguntas, mas
todas elas podem ser classificadas em quatro
categorias: religião, política, crença e lei. Assim como
nos tempos mais antigos, as pessoas hoje se
preocupam com essas coisas, não com Cristo. Eles
simplesmente nada sabem de Cristo, Mas o interesse
de Deus é por Cristo e o interesse de Cristo e por Si
mesmo. Então, Ele pergunta: “Que pensais vós do
Cristo? de quem é filho?” Essa questão toca na
Pessoa de Cristo, que é um mistério, a questão mais
desconcertante do uni verso.
Cristologia é o estudo da Pessoa de Cristo. Do
segundo século em diante, os mestres cristãos têm
lutado entre si sobre cristologia. Hoje, a batalha entre
nós e os opositores está também relacionada a essa
questão. Por exemplo, um dos opositores líderes
ensina que Cristo não está em nós, mas é meramente
representado em nós pelo Espírito Santo. De acordo
com ele, Cristo está à direita de Deus no terceiro céu,
e o Espírito Santo O representa em nós. Esse conceito
está relacionado ao triteísmo, os ensinamentos de
que os três da Deidade são indivíduos separados.
Aqueles que ensinam que Cristo está meramente
representado em nós pelo Espírito Santo têm, na
verdade, três Deuses. Intimamente, muitos cristãos
fundamentalistas subconscientemente têm esse
conceito. Recentemente, alguns opositores disseram
que a divindade de Cristo está nos crentes, mas Sua
humanidade está no céu. Que ridículo! Agora alguns
têm não apenas três Deuses, mas dois Cristos, um
Cristo material e um Cristo espiritual. Tais conceitos
estranhos são o resultado de nossa mente caída. Que
coisa terrível separar a humanidade de Cristo de sua
Divindade! Isso mostra o fato de que a pergunta
relativa a Cristo é ainda a pergunta das perguntas
hoje.
Quando os fariseus foram questionados pelo
Senhor sobre isso, eles responderam que Cristo era o
filho de Davi (v. 42). Sem dúvida, de acordo com as
Escrituras, essa resposta estava correta. Então o
Senhor disse: “Como, pois, Davi, em espírito, chama-
Lhe Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor:
Assenta-te à Minha direita, até que Eu ponha os Teus
inimigos debaixo dos Teus pés? Se Davi, pois, Lhe
chama Senhor, como é Ele seu filho?” (vs. 43-45). A
questão aqui é comoum bisavô poderia chamar seu
bisneto de Senhor. Essa foi uma pergunta que os
fariseus não souberam responder. Como Deus, em
Sua divindade, Cristo é o Senhor de Davi; como
homem, em Sua humanidade, Ele é o Filho de Davi.
Os fariseus tinham apenas a metade do
conhecimento bíblico da Pessoa de Cristo, a de que
Ele era o Filho de Davi conforme Sua humanidade.
Eles não tinham a outra metade concernente à
divindade de Cristo como o Filho de Deus. A menção
do espírito no versículo 10 indica que Cristo somente
é conhecido por nós em nosso espírito por meio da
revelação de Deus (Ef 3:5-lit.).
O versículo 46 diz: “E a ninguém Lhe podia
responder palavra, nem ousou alguém, a partir
daquele dia, interrogá-Lo mais”. A pergunta das
perguntas de Cristo sobre Sua maravilhosa pessoa
calou a boca de Seus opositores. Os fariseus
estudavam o Antigo Testamento e tinha visto
claramente que Cristo devia ser o Filho de Davi. Mas
não viram que Cristo era também o Filho de Deus.
Mesmo aqueles que admitem que Cristo é tanto o
Filho de Deus como o Filho de Davi têm questionado
se Suas duas naturezas eram separadas ou
misturadas. Em vez de questionar sobre a Pessoa de
Cristo, deveríamos dizer: “Aleluia! temos uma Pessoa
que é gloriosa e misteriosa! Ele é tão maravilhoso que
não podemos compreendê-Lo adequadamente”.
Considerem Isaías 9:6: “Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu (...) e seu nome será
Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz”. Levará toda a
eternidade para compreendermos esse versículo.
Cristo é um menino, porém Ele é o Deus forte. Ele é o
Filho, porém é chamado de Pai da Eternidade. Não
pensem que podemos entender Cristo
adequadamente hoje. Não, Ele é maravilhoso demais
e muito além de nossa compreensão. Não podemos
entender totalmente nem a nós mesmos, quanto mais
a Cristo. Você sabe onde está seu espírito ou onde
está sua alma? Você pode localizar seu coração?
Quanto mais se analisar, mais você se achará num
labirinto. Quando jovem, pensava que me conhecia
inteiramente. Mas quanto mais eu vivo, mais percebo
quão pouco sei. Se não podemos nos entender a nós
mesmos, como poderíamos entender adequadamente
a Cristo, a corporificação do Deus Triúno?
Quão maravilhoso Cristo é! Ele é tanto Deus
como homem, tanto o Filho de Deus como o Filho de
Davi. Além disso, Ele está tanto nos céus como em
nós. Ele está dentro e fora; Ele está no topo e na base;
Ele é o maior e o menor. Oh! Cristo é tudo!
Precisamos conhecê-Lo a tal ponto. Então diremos:
“Senhor Jesus, não posso esgotar o conhecimento da
Tua Pessoa. Senhor, Tu és o único Digno. Se há um
Deus, deves ser Tu. Se há um ser humano genuíno,
essa pessoa tem de ser Tu. Senhor, Tu és o Salvador,
o Redentor, a vida e a luz”. Hoje todos devemos
conhecer quão inexaurível o Senhor Jesus é como o
Filho de Davi e o Filho de Deus. Tanto a experiência
quanto o conhecimento Dele são inesgotáveis.
Porque Cristo é todoinc1usivo, o desfrute Dele é
inextinguível. Não seja levado ao laço diabólico do
debate a respeito da Pessoa de Cristo. Pensar que
conhece tudo sobre a Pessoa de Cristo é uma
indicação de que você já foi enredado. Embora
possamos conhecer Cristo, não O podemos
compreender totalmente. Sabemos que Jesus Cristo é
o Filho e que é também chamado o Pai, pois a Bíblia
assim nos diz. Mas não podemos compreender isso
adequadamente. Também sabemos que Cristo é o
Filho de Deus e o Filho do Homem e que Ele tem
tanto a natureza divina como a natureza humana em
uma Pessoa. Assim, Ele é uma Pessoa com duas
naturezas e duas vidas. No entanto, está além de
nossa habilidade compreender isso inteiramente.
Simplesmente cremos em tudo o que a Bíblia diz e O
louvamos por ser tão maravilhoso! Precisamos
adorá-Lo, recebê-Lo, desfrutá-Lo e experimentá-Lo
como o Único Maravilhoso.
MENSAGEM 60

A REPREENSÃO AOS JUDEUS RELIGIOSOS


E O ABANDONO A JERUSALÉM
Após o Senhor ter sido examinado e testado
pelos líderes religiosos, em Sua sabedoria Ele os
calou. Por fim, Ele chegou ao ponto em que não lhes
disse mais nada. Antes, no capítulo 23, Ele lhes deu
uma palavra final. Nesta mensagem, consideraremos
a repreensão do Senhor aos judeus religiosos e Seu
abandono a Jerusalém com seu templo.

I. A REPREENSÃO AOS JUDEUS


RELIGIOSOS

A. Sua Hipocrisia
Ao repreender os judeus religiosos, o Senhor
primeiro falou contra a hipocrisia deles (23:1-12).

1. Assentam-se na Cadeira de Moisés e Falam,


Mas Não Fazem
Nos versículos 2 e 3, o Senhor disse: “Na cadeira
de Moisés se assentaram os escribas e os fariseus.
Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem;
mas não façais segundo as suas obras, porque dizem
e não fazem”. Os escribas e fariseus diziam
determinadas coisas a respeito da lei, mas não as
praticavam. Por essa razão, o Senhor disse aos Seus
discípulos para fazer tudo o que os escribas e fariseus
diziam, pois seu falar estava de acordo com a Bíblia.
No entanto, Ele disse-lhes para não os imitar no que
faziam, pois seus atos eram hipócritas.
2. Atam Pesados Fardos e os Põem sobre os
Ombros dos Outros, Mas Não os Movem com
os Dedos
O versículo 4 diz: “Atam fardos pesados e difíceis
de carregar e os põem sobre os ombros dos homens,
mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los”.
Os escribas e fariseus punham o fardo da lei sobre os
outros, mas eles não usavam nem mesmo os dedos
para movê-lo.

3. Fazem Todas as Obras para Serem Vistos


pelos Homens
No versículo 5, o Senhor disse: “Fazem todas as
suas obras com o fim de serem vistos pelos homens”.
Os escribas e fariseus faziam tudo apenas como
demonstração exterior para que os outros pudessem
vê-los. Isso era devido ao seu orgulho e porque
queriam receber louvores dos homens.

4. Alargam Seus Filactérios e Alongam as


Franjas de Suas Vestes
O versículo 5 também diz: “Pois alargam os seus
filactérios e alongam as franjas de suas vestes”. Um
filactério é uma parte da lei escrita num pergaminho
e usada sobre a testa como frontal e sobre o braço
esquerdo, de acordo com Deuteronômio 6:8 e 11:18.
Os escribas e os fariseus alargavam-no para torná-lo
atraente. Eles também o alargavam com o propósito
de exibir o quanto amavam a lei, eram pela lei e a
guardavam. Isso revela o quanto desejavam manter
boa aparência aos olhos dos outros. A lei exigia que
os israelitas fizessem franjas nas bordas de suas
vestes com um cordão azul, significando que sua
conduta (tipificada pelo vestuário) era regulada pela
lei celestial (tipificada pelo cordão azul), e
lembrando-os de guardar os mandamentos de Deus
(Nm 15:3 8-39). Os escribas e fariseus alongavam as
franjas, fingindo que guardavam os mandamentos de
Deus e que eram regulados por eles num grau
superior. Eles faziam isso com o fim de glorificar-se.

5. Amam o Primeiro Lugar nos Banquetes e


as Primeiras Cadeiras nas Sinagogas
O versículo 6 diz que os escribas e fariseus
“amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras
cadeiras nas sinagogas”. Isso mostra que eles
apreciavam estar acima dos outros e desejavam ser
grandes entre o povo.

6. Amam as Saudações nas Praças e o Serem


Chamados Mestres pelos Homens
O versículo 7 indica que eles amavam “as
saudações nas praças, e o serem chamados Rabi
pelos homens”. Os escribas e fariseus gostavam de
ser saudados nas praças pelo povo. Também
apreciavam ser chamados mestres, título de honra
que significa professor, chefe.

7. Em Contraste com a Humildade do Povo


do Reino
O comportamento dos escribas e fariseus está
em contraste com a humildade do povo do reino. O
povo do reino deve ser exatamente o oposto deles.
Por exemplo, no versículo 8, o Senhor diz: “Vós,
porém, não sereis chamados Rabi, porque um só é
vosso Mestre, e vós todos sois irmãos”. Isso mostra
que Cristo é nosso único mestre e senhor. O versículo
9 diz: “E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai,
porque um só é vosso Pai, Aquele que está nos céus”.
Esse versículo revela que Deus é nosso único Pai.
Todos temos um Pai celestial, e este é o próprio Deus.
No versículo 10, vemos que Cristo é nosso único
Líder, Guia, Instrutor e Diretor. Este versículo diz:
“Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso
Guia, o Cristo”. A palavra grega traduzida para “guias”
também pode ser “instrutores”, “diretores”. Nos
versículos 11 e 12, vemos que o maior entre nós deve
ser nosso servo, e que todo o que se exalta será
humilhado e que todo o que se humilha será exaltado.
Assim, o que se exalta será humilhado e o que se
humilha será exaltado.

B. Seus Oito Ais


Em 23:13-36, o Senhor pronuncia oito ais sobre
os escribas e fariseus. No capítulo 5, temos nove
bem-aventuranças, mas aqui temos oito ais.

1. O Primeiro Ai
O versículo 13 diz: “Mas ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! porque fechais o reino dos céus
diante dos homens; pois vós mesmos não entrais,
nem deixais entrar os que estão entrando”. Os
fariseus fechavam o reino dos céus. Não entravam
nem deixavam entrar os que estavam tentando. Entre
os cristãos hoje, alguns são exatamente assim. Eles
não desejam entrar no reino dos céus e ao mesmo
tempo não permitem que aqueles que desejam entrar
o façam. Quase toda oposição contra nós vem não de
incrédulos, mas de devotados cristãos que desejam
frustrar os que querem seguir esse caminho. Aos
olhos do Senhor, essa é a coisa mais sutil.

2. O Segundo Ai
O versículo 14 diz: “Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! porque devorais as casas das viúvas,
enquanto fazeis longas orações como pretexto; por
isso sofrereis j uízo mais severo”. Enquanto fingiam
fazer longas orações, eles devoravam as casas das
viúvas.

3. O Terceiro Ai
O versículo 15 diz: “Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para
fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tomais filho da
Geena duas vezes mais do que vós”. Isso também
acontece hoje. No Extremo Oriente, observei que os
católicos faziam prosélitos de alguns budistas apenas
para tomá-los duas vezes mais filho da Geena do que
eles próprios.

4. O Quarto Ai
O versículo 16 diz: “Ai de vós, guias cegos! que
dizeis: Quem jurar pelo templo, isso nada é; mas
quem jurar pelo ouro do templo, fica obrigado ao que
jurou”. A cegueira deles foi exposta aqui. No
versículo 17, o Senhor continua: “Insensatos e cegos!
Pois qual é maior: o ouro, ou o templo que santifica o
ouro?” Santificar o ouro é tomar o ouro santo
posicionalmente mudando sua posição de um lugar
comum para um lugar santo. O templo é maior que o
ouro, porque ele santifica o ouro. A santificação tem
dois aspectos, o aspecto posicional e o disposicional.
Aqui vemos que o ouro é santificado pelo templo.
Isso é santificação posicional, não santificação
disposicional. Talvez o ouro estivesse a princípio na
praça. Lá, ele era comum, não santo, não separado
para Deus. Mas quando foi tirado da praça e
introduzido no templo, ele foi posicionalmente
santificado por estar no templo. Outrora, era o ouro
comum na praça; agora é o ouro santificado no
templo de Deus. Embora a posição do ouro tenha
sido mudada, sua natureza permanece a mesma. Isso
é santificação posicional.
O princípio é o mesmo com respeito ao altar e à
oferta nos versículos 18 e 19. A santificação da oferta
pelo altar é também um tipo de santificação
posicional. A santificação da oferta acontece
mudando-se a posição da oferta de um lugar comum
para um lugar santo. Porque o altar era maior que a
oferta, o altar santificava a oferta. Por exemplo,
quando um cordeiro estava com o rebanho, ele era
comum, não separado para Deus ou santificado. Mas
uma vez que foi oferecido sobre o altar, o altar
santificou o cordeiro para Deus. No entanto, como no
caso do ouro, a natureza do cordeiro permanecia a
mesma. Somente a posição exterior foi alterada.
Antes ele estava com o rebanho; agora está sobre o
altar para Deus. Esse tipo de santificação, a
santificação posicional, não afeta nossa natureza. A
santificação falada em Romanos 6, contudo, é
disposicional; ela toca nosso ser, nossa natureza
interior.
Do versículo 20 ao 22, o Senhor diz que o que
jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre
ele está; quem jurar pelo templo, jura por ele e por
Aquele que nele habita; e quem jurar pelo céu, jura
pelo trono de Deus e por Aquele que está assentado
no trono.

5. O Quinto Ai
Os versículos 23 e 24 contêm o quinto ai. Os
escribas e fariseus davam o dízimo da hortelã, do
endro e do cominho, mas negligenciavam os
preceitos mais importantes da lei, a justiça, a
misericórdia e a fé. O Senhor disse que eles eram
guias cegos, que coavam o mosquito, mas engoliam o
camelo.

6. O Sexto Ai
Os versículos 25 e 26 dizem: “Ai de vós, escribas
e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do
copo e do prato, mas estes por dentro estão cheios de
rapina e de intemperança. Fariseu cego! limpa
primeiro o interior do copo e do prato, para que
também o exterior deles fique limpo”. Os escribas e
fariseus cuidavam apenas da aparência. A situação
era a mesma do capítulo 15. Embora eles lavassem as
mãos, estavam interiormente cheios de rapina e
intemperança. Rapina está relacionada com o amor
ao dinheiro e a intemperança à concupiscência.
Assim, embora os escribas e fariseus se limpassem
exteriormente, interiormente estavam cheios de
amor ao dinheiro e à concupiscência.

7. O Sétimo Ai
Os versículos 27 e 28 dizem: “Ai de vós, escribas
e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes a
sepulcros caiados, que por fora se mostram belos,
mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e
de toda imundícia. Assim também vós exteriormente
pareceis justos aos homens, mas por dentro estais
cheios de hipocrisia e de iniqüidade”. Os fariseus
eram corno sepulcros. Você já pensou que as pessoas
caídas são como sepulcros? Exteriormente podem ser
belas e parecer justas aos homens, mas interiormente
são cheias de ossos e impurezas de homens mortos,
cheias de hipocrisia e iniqüidade.

8. O Oitavo Ai
Do versículo 29 ao 36, temos oito ais. O versículo
29 diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
Porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais
os túmulos dos justos”. Fora de Jerusalém, há um
grande número de túmulos. Os fariseus reformavam
os sepulcros dos profetas e os adornavam para fazer
um espetáculo. O Senhor disse que por fazer isso eles
estavam provando que eram filhos dos que mataram
os profetas (v. 31). Assim, o Senhor os chamou de
“serpentes” e “raça de víboras” (v. 33). Como o
versículo 34 indica, os escribas e fariseus mais tarde
expulsaram e mataram os apóstolos do Novo
Testamento enviados pelo Senhor.
A repreensão do Senhor aos escribas e fariseus
nos revela um quadro detalhado da religião hoje.
Todas as coisas encontradas em 23:1-36
assemelham-se à situação de hoje. Lembrem-se que
essa repreensão é encontrada no livro do reino. A
intenção de Mateus com certeza é apresentar o
negativo a fim de revelar o positivo. A vida do reino
deve ser o oposto do que é exposto em 23:1-36. Deve
ser um contraste absoluto para esse quadro negro e
infernal. Somente pela misericórdia e graça do
Senhor podemos escapar da situação retratada aqui.
Assim, todos precisamos orar:-o Senhor, salva-me!
Livra-me! Tira-me dessa situação terrível”.

11: O ABANDONO A JERUSALÉM COM SEU


TEMPLO
Após o Senhor ter sido testado e examinado e
após ter repreendido os escribas e fariseus, Ele
abandonou Jerusalém com seu templo. Em23:37-39,
o Senhor falou uma palavra final a Jerusalém. Após
essa palavra, o Senhor nada mais tinha a ver com ela.

A. Jerusalém Mata os Profetas


O versículo 37 diz: “Jerusalém, Jerusalém! que
matas os profetas e apedrejas os que te são enviados!”
Jerusalém e seus filhos foram escolhidos por Deus
para cumprirem Seu propósito. No entanto, quando
Deus lhes enviou Seus profetas, eles os mataram.

B. O Senhor É corno a Galinha que Deseja


Ajuntar Sua Ninhada debaixo das Asas
O versículo 37 também diz: “Quantas vezes quis
Eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta a sua
ninhada debaixo das asas, e vós não o quisestes!”
Sempre tem sido o próprio Deus quem cuida de
Jerusalém, como um pássaro pairando sobre os
filhotes (Is 31:5; Dt 32:11-12). Assim, quando o
Senhor Jesus disse: “Quis eu reunir os teus filhos,
como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das
asas”, Ele mostrou que Ele era o próprio Deus. O
Senhor é como uma ave amorosa, pairando,
chocando, sobre os filhotes. Muitas vezes Ele desejou
reunir os filhos de Jerusalém, mas eles não quiseram.
Quando o Senhor Jesus lhes declarou essa palavra
final, Ele ainda era como uma galinha amorosa,
abrindo Suas asas para acolher os pequeninos, mas
eles não quiseram ser ajuntados sob Suas asas.

C. A Casa-o Templo – É Deixada Deserta


No versículo 38, o Senhor disse: “Eis que a vossa
casa vos é deixada deserta”. Desde que “casa” aqui
está no singular, ela deve significar a casa de Deus,
que era o templo (21:12-13). Ela era a casa de Deus,
mas agora é chamada “vossa casa”, porque eles a
tinham feito um covil de salteadores (21:13). A
profecia sobre a casa tornar-se deserta corresponde
àquela em 24:2, que foi cumprida quando Tito
destruiu Jerusalém com o exército romano em 70 d.
C.
Conforme o contexto de toda a Bíblia, a casa aqui
se refere ao templo, a única casa, a casa de Deus. Mas
a essa altura, a casa Deus se tornara a “vossa casa”;
ela não era mais a casa de Deus, mas covil de
salteadores. Quando o Senhor estava purificando o
templo, disse: “Minha casa será chamada casa de
oração; vós, porém, afazeis covil de salteadores”
(21:13). Nos tempos antigos, segundo o livro de
Ezequiel, Deus abandonou Seu templo. A mesma
coisa estava acontecendo aqui. No capítulo 10,
Ezequiel teve uma visão da glória de Deus deixando o
templo. Assim, o templo ficou abandonado pelos
judeus rebeldes, e finalmente foi queimado e
destruído. Aqui, em Mateus 23, o Senhor estava mais
uma vez prestes a deixar a casa deserta. Não muito
depois, o templo foi destruído pelo exército romano
sob o poder de Tito. Então 23:38 corresponde a 24:2,
onde é dito que não ficaria pedra sobre pedra. Esses
dois versículos se referem à desolação do templo em
Jerusalém. Na época em que o templo foi destruído,
ele já não era a casa de Deus; antes, ela se tomara
casa de rebeldes.

D. Não Ver o Senhor Até Sua Volta


O versículo 39 diz: “Digo-vos, pois: Desde agora
de modo algum Me vereis, até que digais: Bendito o
que vem em nome do Senhor!” Isso será na segunda
vinda do Senhor, quando todo o remanescente de
Israel se voltará para crer Nele e ser salvo (Rm 11:23,
26). Ezequiel viu a glória deixando o templo. Essa
glória prefigurava o Senhor Jesus, que é a verdadeira
glória, a manifestação de Deus. Israel não O verá
novamente até Sua segunda vinda. De acordo com
Zacarias 12, o remanescente de Israel se arrependerá
quando o Senhor voltar. Então eles Lhe dirão:
“Bendito o que vem em nome do Senhor”.
A palavra do Senhor aqui é breve, mas inclui
muitas coisas desde a destruição de Jerusalém até a
segunda vinda do Senhor. Aqui o Senhor fez uma
declaração clara de que Ele, a própria glória de Deus,
estava abandonando a nação de Israel e que eles não
O veriam até Sua volta. Aproximadamente dois mil
anos já se passaram desde essa época, e Israel ainda
não viu o Senhor Jesus. Alguns podem questionar:
“Isso significa que os judeus não têm a oportunidade
para crer no Senhor Jesus?” Como indivíduos, os
judeus ainda têm chance de crer, mas como nação,
não têm esta oportunidade hoje. Como nação, Israel
acabou com o Senhor. Graças ao Senhor por Ele
ainda ser misericordioso para com os judeus. Apesar
de Ele ter abandonado a nação de Israel, a porta dos
fundos ainda está aberta para que os judeus
individualmente venham a Ele. Hoje, nenhum judeu
tem a posição para vir a Deus com um representante
de sua nação. Mas quando os judeus forem
perseguidos por seus inimigos no fim desta era, eles
clamarão ao seu Deus. Então Cristo descerá e porá os
pés no Monte das Oliveiras, que será dividido como
as águas do Mar Vermelho. Isso capacitará os judeus
a escapar da perseguição. Nessa hora, eles se
arrependerão ao Senhor e O invocarão, e a nação será
salva. Essa salvação não será apenas para indivíduos,
mas para toda a nação. No entanto, antes da volta do
Senhor, é impossível que a nação de Israel se
arrependa. Mas como enfatizamos, os judeus
individualmente ainda podem arrepender-se hoje e
entrar na graça de Deus.
MENSAGEM 61

A PROFECIA DO REINO (1)


O conhecimento que a maioria dos cristãos tem
sobre Mateus 24 e 25 é vago e indefinido. Ao
chegarmos a esses capítulos, precisamos abandonar
este tipo de conhecimento vago. Para o entendimento
básico desses capítulos, apoiamo-nos sobre os
ombros de muitos grandes mestres que existiram
antes de nós. Esses grandes mestres incluem Darby,
Newton, Pember, Govett e Panton. De acordo com a
história da igreja, há cerca de cento e cinqüenta anos,
esses capítulos foram abertos ao povo do Senhor.
Após 1829, quando os Irmãos Unidos se levantaram,
esses capítulos começaram a ser abertos aos santos
sedentos. Se você juntar os vários escritos sobre a
segunda vinda de Cristo, a grande tribulação, a
profecia referente às setenta semanas de Daniel e o
arrebatamento, verá que durante os últimos cento e
cinqüenta anos o conhecimento de Mateus 24 e 25
progrediu.
Quando o irmão Nee era jovem, ele foi
grandemente ajudado ao ler os livros de Pember,
Govett e Panton. De fato, ele viu algo mais e antes de
1930, dirigiu um estudo do livro de Apocalipse, sobre
o qual nosso estudo de Apocalipse foi baseado. Mais
tarde, o irmão Nee deu um estudo de Mateus no qual
proferiu diversas mensagens sobre os capítulos 24 e
25. Ele também realizou estudos das questões sobre o
arrebatamento e a tribulação. Após dirigir esses
estudos, o irmão Nee viu algo mais. Nos últimos vinte
anos, eu mesmo tenho prosseguido um pouco no
entendimento dessas questões. Portanto, o que lhes
mostrarei nessas mensagens dos capítulos 24 e 25
não é meramente o resultado de meu próprio estudo,
mas o produto do conhecimento que progrediu
através dos últimos cento e cinqüenta anos. Não é
algo superficial, mas a nata do labor de muitos outros.
Quanto mais ministro sobre a volta do Senhor, . o
arrebatamento e a tribulação, mais convencido me
tomo de que temos o entendimento adequado dessas
coisas.
A profecia na Bíblia é como um quebra-cabeças.
Precisamos encontrar as várias peças que estão
espalhadas por toda a Bíblia e ver como elas se
encaixam. Tenho feito isso por mais de cinqüenta
anos. O que estou apresentando nessas mensagens é
o resultado de todos esses anos de estudo.

I. A RESPEITO DE ISRAEL

A. Desde a Ascensão de Cristo Até. o Início da


Consumação do Século
Mateus 24:1-31 está relacionado com Israel. Os
versículos 1 a 4 vão desde a ascensão de Cristo até o
início da consumação do século.

1. O Templo a Ponto de Ser Destruído


A profecia do reino dada no Monte das Oliveiras
é uma continuação da declaração do Senhor sobre
Seu abandono a Israel. Essa declaração é feita no fim
do capítulo 23. O capítulo 24 continua: “Tendo Jesus
saído do templo, ia-se retirando, quando se
aproximaram Dele os Seus discípulos para Lhe
mostraras construções do templo” (v. 1). Note que o
capítulo 24 começa com “Tendo Jesus saído”. Isso
indica que esse capítulo é uma continuação direta da
última parte do capítulo 23. Em 23:37-39, o Senhor
disse que Ele desejaria reunir Jerusalém, que a casa
ficaria deserta e que eles não O veriam até que
viessem a dizer: “Bendito o que vem em nome do
Senhor!”. Então, imediatamente após isso, o capítulo
24 continua com as palavras: “Tendo Jesus saído do
templo”. Isso indica que assim que o Senhor declarou
que estava abandonando Israel, Ele saiu do templo e
começou a se retirar. A palavra “retirando” é muito
forte, mostrando que o Senhor não estava
simplesmente indo, mas se retirando. O fato de o
Senhor ter saído do templo indica que Ele abandonou
o templo. Isso foi para cumprir Sua palavra em 23:38
referente a deixar o templo para os judeus que O
rejeitavam como sua casa de desolação. É equivalente
à glória de Deus deixando o templo na época de
Ezequiel (Ez 10:18).
Quando o Senhor Jesus estava se retirando do
templo, “se aproximaram Dele os Seus discípulos
para Lhe mostrar as construções do templo”. A
palavra “templo” aqui denota todos os recintos do
templo. Enquanto o Senhor se retirava, deve ter
havido uma distância entre Ele e Seus discípulos, que
ainda estavam, provavelmente, demorando-se no
templo. Por isso, se aproximaram Dele para Lhe
mostrar as construções do templo. Isso mostra que os
discípulos não concordavam que o Senhor
abandonasse o templo. O Senhor abandonou o covil
de salteadores, deixando o templo para ser uma casa
de desolação. Mas os discípulos ainda apreciavam o
templo e estavam tentando trazer o Senhor de volta a
ele, enfatizando as construções, talvez apontando-as
uma a uma.
O versículo 2 diz: “Ele, porém, lhes disse: Não
vedes tudo isto? Em verdade vos digo: De modo
nenhum ficará aqui pedra sobre pedra que não seja
derrubada”. Isso foi cumprido em 70 d. e. quando
Tito com o exército romano destruiu Jerusalém.
Notem que o Senhor não disse: “Eu vi estas
coisas”; pelo contrário, Ele disse: “Não vedes tudo
isto?” Isso mostra claramente que o Senhor Jesus
não queria voltar os olhos para as construções. Ele
parecia estar dizendo: “Não gosto de olhar para essas
coisas, mas vocês as vêem. Para vocês, elas são
completas, bonitas, esplêndidas e perfeitas. Mas não
haverá pedra sobre pedra que não seja derrubada.
Agora vocês Me mostram detalhe por detalhe. Mas
virá o dia em que tudo isso será demolido”.
Precisamos visualizar a si tu ação aqui. Os discípulos
mantinham os olhos sobre as construções e as
apontavam para o Senhor. Mas o Senhor não se
voltou para vê-las. Antes, disse aos discípulos que as
construções seriam derrubadas. Sua resposta deve
ter chocado os discípulos. Enquanto todos eles
caminhavam do templo para o Monte das Oliveiras,
nem o Senhor nem os discípulos tiveram coisa
alguma a dizer. Porque a questão era tão séria, os
discípulos nada mais Lhe perguntaram até chegarem
ao Monte das Oliveiras.
O versículo 3 diz que após o Senhor ter chegado
ao Monte das Oliveiras e se assentado ali, os
discípulos se aproximaram Dele em particular e Lhe
perguntaram sobre essas coisas. A reunião deles com
o Senhor no monte revela que para recebermos a
visão da profecia do Senhor a respeito desta era,
precisamos subir numa alta montanha e entrar em
Sua presença.
Os discípulos se aproximaram do Senhor
particularmente. Tendo ouvido as terríveis notícias
de que as construções do templo seriam demolidas,
eles queriam manter essa questão em segredo. Talvez
quando lemos esses versículos hoje, não percebamos
a seriedade deles. Mas quando os discípulos ouviram
essa palavra vinda do Senhor Jesus, ficaram
chocados e não ousavam falar sobre isso abertamente.
Enquanto o Senhor não chegou ao Monte das
Oliveiras e se assentou, eles não tiveram a coragem
suficiente de Lhe perguntar sobre essas coisas.
No versículo 2, a palavra “isto” se refere às
edificações do templo. Mas o mesmo termo usado no
versículo 3 (coisas) refere-se às questões que incluem
as coisas faladas desde o versículo 32 do capítulo
anterior: os judeus enchendo a medida de seus pais,
a vinda do julgamento de Deus sobre eles, sua
perseguição aos enviados do Senhor e a destruição do
templo. No versículo 3, os discípulos perguntaram ao
Senhor quando sucederiam essas coisas.
No versículo 3, os discípulos disseram: “Dize-
nos: Quando serão essas coisas? e qual o sinal da Tua
vinda e da consumação do século”. A perguntados
discípulos consiste em três pontos: quando
acontecerão essas coisas, incluindo não apenas a
destruição do templo (v. 2), mas também as coisas
mencionadas em 23:32-39; o sinal da vinda de
Cristo; e o sinal da consumação do século. A palavra
do Senhor desde o versículo 4 até 25:46 responde a
pergunta dos discípulos a respeito desses três pontos.
A palavra grega traduzida para “vinda” neste
versículo é parousia, que significa presença. A vinda
de Cristo será Sua presença com Seus crentes. Essa
parousia começará com Sua vinda para os ares e
terminará com Sua vinda para a terra. Em Sua
parousia, haverá o arrebatamento da maioria dos
crentes para os ares (1 Ts4:15-17), o tribunal de Cristo
(2C05:1O) eas bodas do Cordeiro (Ap 19:7-9). A
pergunta formulada aqui referese ao sinal da
parousia do Senhor e ao sinal do fim desta era. Assim,
Sua resposta no capítulo 24 trata principalmente do
sinal de Sua parousia e do sinal do fim desta era.
Os discípulos não perguntaram: “Que é Tua
vinda?” Eles perguntaram: “Qual o sinal da Tua
vinda?” Assim, os capítulos 24 e 25 tratam da
resposta do Senhor a respeito de quando essas coisas
aconteceriam, o sinal de Sua vinda e o sinal da
consumação do século. A consumação do século
denota o próprio fim desta era. Ao lermos os
capítulos 24 e 25, precisamos ter a clareza de que a
resposta do Senhor é dirigida às três questões dos
discípulos.

2. Virão Muitos Enganadores


Os versículos 4 e 5 dizem: “E Jesus lhes
respondeu: Vede que ninguém vos engane. Porque
virão muitos em Meu nome, dizendo: Eu sou o
Cristo; e enganarão a muitos”. A resposta do Senhor
tem três partes: a primeira (24:4-31) refere-se aos
judeus que são os eleitos; a segunda (24:32-25:30)
refere-se à igreja; e a terceira (25:31-46) refere-se aos
gentios, às nações. A primeira parte, referente aos
judeus, deve ser literalmente interpretada; enquanto
a segunda parte, relativa à igreja, deve ser
espiritualmente interpretada, porque é falada em
parábolas pela razão dada em 13:11-13. Por exemplo,
o inverno em 24:20 é um inverno literal, mas o verão
em 24:32 é um símbolo, significando o tempo da
restauração. No entanto, a terceira parte, com
respeito aos gentios, deve novamente ser
interpretada de maneira literal.
Alguns aspectos da profecia nos versículos 4 a 14
foram cumpridos, e alguns estarão no processo de
serem cumpridos até a época da grande tribulação,
que será a consumação, o fim, desta era.
Nos versículos 4 e 5, o Senhor disse que muitos
enganadores viriam em nome de Cristo e enganariam
a muitos. A história nos diz que isso tem acontecido.
Desde a época em que Cristo ascendeu aos céus,
muitos têm vindo dizendo ser Cristo.

3. Guerras, Rumores de Guerras, Fomes e


Terremotos
O versículo 6 diz: “E ouvireis falar de guerras e
rumores de guerras; vede, não vos alarmeis, pois é
necessário que isso aconteça; mas ainda não é o fim”.
As guerras aqui se referem a todas as guerras desde o
primeiro século até hoje. Elas são tipificadas pelo
cavalo vermelho do segundo selo em Apocalipse 6:3-
4. Muitas guerras foram travadas na região do
Mediterrâneo, o lugar onde a Terra Santa está.
O “fim” no versículo 6 é a consumação desta era
(v. 3; Dn 12:4, 9, 6-7), que serão os três anos e meio
da grande tribulação. Lembrem-se: nesses versículos
o Senhor está dando os sinais do final desta era.
O versículo 7 diz: “Porque se levantará nação
contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e
terremotos em vários lugares”. “Nação” se refere aos
povos, os gentios, e “reino” se refere aos impérios. O
levantar de uma nação contra outra, ou de um povo
contra outro, refere-se à guerra civil, enquanto o
levantar de reino contra reino refere-se à guerra
internacional. Desde a época da ascensão do Senhor
tem havido tanto guerras civis quanto guerras
internacionais. Mais que isso, tem havido muita fome,
que é a maior conseqüência da guerra. Conforme a
história, a guerra sempre trouxe fome, prefigurada
pelo cavalo preto do terceiro selo em Apocalipse 6:5-
6. Por exemplo, a Alemanha foi derrotada na
Primeira Guerra Mundial por causa da falta de pão.
Assim, a seqüência é guerra, fome e morte.
O Senhor também disse que deveria haver
terremotos em vários lugares. Desde a ascensão de
Cristo, os terremotos têm aumentado através dos
séculos e serão intensificados no fim desta era (Ap
6:12; 8:5; 11:13, 19; 16:18). Parece que cada ano há
mais terremotos que no ano anterior.
No versículo 8, o Senhor disse: “Todas essas
coisas são o princípio das dores de parto”. Esse
versículo se refere à nação de Israel como uma
mulher. Os judeus, como os eleitos de Deus, sofrerão
dores como uma mulher em trabalho de parto para
dar à luz um remanescente que participará do reino
messiânico, a parte terrestre do milênio. Então a
nação de Israel se regozijará.
Como vimos, a resposta do Senhor nos capítulos
24 e 25 tem três partes, as partes concernentes aos
judeus, à igreja e aos gentios. Na terra, hoje, há essas
três categorias de pessoas. Assim, para dar aos
discípulos uma plena resposta para sua pergunta, o
Senhor abrange estes três povos numa boa seqüência,
começando com os judeus e, então, continuando com
a igreja e os gentios. Quando o Senhor falou essa
profecia, Sua audiência, composta dos discípulos,
tinha uma categoria dupla. Por um lado, eles eram
judeus; por outro, eram os discípulos de Cristo, os
representantes da igreja. Assim, o Senhor lhes falou
tanto dos judeus como da igreja. No entanto,
devemos ser cuidadosos em não aplicar aos cristãos
na igreja os versículos da parte que trata dos judeus.
Enfatizamos que a palavra do Senhor na parte
relativa aos judeus é uma palavra clara e não exige
interpretação. Por exemplo, quando o Senhor fala
sobre o inverno, Ele se refere ao inverno
literalmente; e quando menciona o sábado, Ele está
falando sobre o verdadeiro sábado. Mas a segunda
parte, relativa à igreja, exige grande dose de
interpretação porque nessa parte, o Senhor fala em
parábolas. Em Mateus 13, vemos que a igreja é um
mistério. Então, para preservar o mistério da Igreja,
o Senhor não podia falar com palavras claras, mas
em parábolas, as quais requerem interpretação. Por
exemplo, o verão falado nessa parte, não é um verão
real; antes, é um símbolo do reino restaurado dos
judeus. Da mesma forma, a figueira é um símbolo da
nação de Israel, e as virgens, um símbolo dos crentes.
A terceira parte, a que se refere aos gentios, é falada
em palavras claras e não exige interpretação.
A parte que se refere aos judeus é cheia de
sofrimento porque a nação de Israel é comparada a
uma mulher dando à luz Uma criança. O processo de
dar à luz tem prosseguido por quase dois mil anos.
Que parto prolongado! De acordo com a Bíblia, esse
parto demorado é uma forma de punir a mulher!
Assim, a nação de Israel, a mulher dando à luz um
filho, ainda está sofrendo. Todas as coisas
mencionadas nos versículos 4 a 7 são o início das
dores de parto, não os verdadeiros sofrimentos. A
época do sofrimento será na grande tribulação
referida no versículo 21. Assim, os sofrimentos nos
versículos 4 a 7 não são a grande tribulação, mas o
princípio das dores de parto. Através dos séculos, o
Senhor tem tratado os judeus de maneira soberana.
Não obstante, os judeus têm passado por sofrimento
após sofrimento. Mesmo hoje, a nação de Israel está
sofrendo. Muitos países árabes se opõem a ela.
Embora a nação de Israel esteja no processo de
dar à luz por tão longo período, a criança ainda não
nasceu. Essa criança serão os remanescentes de
Israel que serão salvos e restaurados. A nação de
Israel hoje não atingiu a intenção de Deus. Alguns de
nós visitaram Israel este ano; o pecado, a imoralidade
e a superstição que vimos lá eram repugnantes. A
Bíblia profetizou que os judeus voltariam à Terra
Santa em incredulidade. Contudo, o Senhor cuidará
deles.

4. Os Discípulos São Perseguidos e Odiados


pelas Nações
O versículo 9 diz: “Então vos entregarão à
tribulação e vos matarão, e sereis odiados de todas as
nações por causa do Meu nome”. O “sereis” aqui
refere-se aos discípulos judeus, que eram os profetas
e homens sábios enviados aos judeus (23:34). Os
primeiros mártires foram todos judeus. Eles foram
mortos não pela nação judaica, mas pelas nações.
Aonde quer que fossem, eram perseguidos.

5. Muitos se Escandalizam, Traem Uns aos


Outros

e se Odeiam Mutuamente
O versículo 10 diz: “Nesse tempo, muitos
tropeçarão, e entregarão uns aos outros, e uns aos
outros se odiarão”. Isso se refere aos judeus crentes.
Entre os crentes judeus, muitos se escandalizarão e
se trairão mutuamente. Isso mostra que os crentes
judeus lutarão entre si e se odiarão mutuamente.
Essa é a degradação dos crentes judeus.

6. Muitos Falsos Profetas Levantam-se e


Enganam a Muitos
O versículo 11 diz: “E levantar-se-ão muitos
falsos profetas e enganarão a muitos”. Isso começou
a acontecer após a ascensão de Cristo e continuará
até o fim desta era.

7. A Iniqüidade É Multiplicada

e o Amor Esfria-se de Quase Todos


O versículo 12 diz: “E, por se multiplicar a
iniqüidade, o amor de muitos se esfriará”. Não
apliquem esse versículo diretamente aos membros da
igreja. Embora você possa torná-lo emprestado e
usá-lo para a igreja, a aplicação direta deve ser para
os crentes judeus que se esfriaram no amor.

8. O que Perseverar Até o Fim Será Salvo


Embora o amor de muitos venha a esfriar,
“Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será
salvo” (v. 13). Porque os crentes judeus virão a sofrer
perseguição, eles são chamados a perseverar até o
fim para serem salvos. Eles precisam exercitar sua
perseverança no Senhor e não desistir da fé. Ser salvo
aqui indica ser Salvo para a manifestação do reino.
Suponha que, por causa da perseguição e ódio,
alguns crentes judeus sejam derrotados. Esses que
forem derrotados não participarão da manifestação
do reino dos céus. Portanto, nesse versículo, ser salvo
não é receber vida eterna; é ser Salvo da perseguição
e ser salvo para a manifestação do reino.

9. O Evangelho do Reino É Pregado por Todo


o Mundo a Todas as Nações
O versículo 14 diz: “E será pregado este
evangelho do reino em toda a terra habitada, para
testemunho a todas as nações, e então virá o fim”. O
evangelho do reino, incluindo o evangelho da graça
(At 20:24), não somente introduz as pessoas na
salvação de Deus, mas também no reino dos céus (Ap
1:9). A ênfase do evangelho da graça está no perdão
dos pecados, na redenção de Deus e na vida eterna;
enquanto a ênfase do evangelho do reino está no
governo celestial de Deus e na autoridade do Senhor.
Esse evangelho do reino será pregado em toda a terra
para testemunho a todas as nações antes do fim desta
era. O evangelho do reino é um testemunho para
todas as nações, os gentios. Esse testemunho deve se
espalhar por todo o mundo antes do fim desta era, a
época da grande tribulação.
Do versículo 4 ao 14, vemos a verdadeira história
concernente aos judeus desde a ascensão de Cristo
até o fim desta era, os três anos e meio da grande
tribulação. Antes da grande tribulação chegar, todas
as coisas nesses versículos acontecerão. O último
item será a pregação do evangelho do reino. Creio
que as igrejas na restauração do Senhor terão o
encargo de levar esse evangelho a toda a terra
habitada. O evangelho da graça tem sido pregado em
todos os continentes, mas não o evangelho do reino.
O evangelho da graça é o mais baixo, mas o
evangelho do reino é o mais elevado. Esse evangelho
superior será levado a todos os continentes por meio
das igrejas na restauração do Senhor. Isso, o mais
forte sinal da consumação do século, acontecerá
antes da grande tribulação. Assim, o mais importante
sinal da consumação do século é a pregação do
evangelho do reino a toda a terra habitada.
MENSAGEM 62

A PROFECIA DO REINO (2)


Vimos que a resposta do Senhor aos Seus
discípulos foi composta de três partes: a relativa aos
judeus (24:4-31), a relativa à igreja (24:32-25:30) e a
relativa aos gentios (25:3146). A parte referente a
Israel é dividida em duas: desde a ascensão de Cristo
até o início da consumação do século (24:114) e
durante a consumação do século (24:15-31). Para
entendermos 24:1-31, devemos guardar em mente
essas subseções. Devemos também ter cuidado de
não fazer mau uso dos versículos, isto é, não aplicá-
los à época errada ou às pessoas erradas.
Mui tos cristãos não entendem o significado do
termo “a consumação do século”. A consumação do
século denota os três anos e meio da grande
tribulação que concluirão esta era. Portanto, a
consumação do século não é o desfecho desta era,
mas o último período dela. Para entender as
profecias do Antigo Testamento, devemos ter um
claro entendimento dessa questão. Muitos mestres
cristãos estão confusos a respeito das profecias
porque não têm clareza sobre o final desta era.
Este termo “a consumação do século” é
encontrado no último versículo de Mateus (28:20).
Já que esperamos ser arrebatados, desej amos que o
Senhor estej a conosco até o final desta era, e não até
o desfecho desta era. No desfecho desta era, o Senhor
descerá para a terra e colocará Seus pés no Monte
das Oliveiras. Antes que isso aconteça, haverá um
período que a Bíblia chama de consumação do século,
um período que abrangerá os últimos três anos e
meio. Em 24:6, o Senhor disse a Seus discípulos que
ouviriam sobre guerras e rumores de guerras, mas
“ainda não é o fim”. Eles lhes disse para não se
assustarem, pois tais coisas eram apenas o princípio
das dores. A consumação do século, a grande
tribulação, ainda' não havia chegado. No versículo 14,
o Senhor disse que o evangelho do reino deveria ser
pregado a toda a terra habitada para testemunho a
todas as nações e então viria o fim. No versículo 6,
Ele disse que o fim ainda não havia chegado, mas no
versículo 14, Ele disse que o fim viria.
Precisamos lembrar-nos que 24:1-14 refere-se às
coisas entre a ascensão de Cristo e a consumação do
século. Todos esses versículos devem ser aplicados
aos judeus nesse período.

B. Na Consumação do Século
Agora chegamos a24:15-31. Esses versículos
descrevem as coisas que acontecerão na consumação
do século, nos últimos três anos e meio. A
consumação do século começa com o versículo 15.
Lembre-se: esse capítulo fala especialmente sobre o
sinal da vinda do Senhor e sobre o sinal da
consumação do século. O versículo 14 indica que um
sinal evidente da consumação do século é a pregação
do evangelho do reino a todo o mundo. Quando isso
for cumprido, perceberemos que os últimos três anos
e meio estão para começar. Assim, a pregação do
evangelho do reino será o maior sinal da consumação
do século. Antes dessa pregação, muitas outras coisas
terão de acontecer. Mas essas coisas não são os sinais
da consumação do século, pois ao falar sobre elas, o
Senhor disse que ainda não era o fim. Por isso, a
pregação do evangelho do reino a toda a terra será o
único sinal da consumação do século. Imediatamente
após a pregação do evangelho do reino, os eventos
descritos no versículo 15 acontecerão.

1. A Grande Tribulação

a. A Imagem do Anticristo no Templo


O versículo 15 diz: “Quando, pois, virdes a
abominação da desolação, de que falou o profeta
Daniel, em pé no lugar santo (quem lê, entenda)”. A
duração do período que haverá entre os eventos
narrados nos versículos 4 a 14, ninguém sabe. Mas a
profecia dos versículos 15 a 31, a respeito do
remanescente dos judeus, definitivamente será
cumprida nos últimos três anos e meio desta era, a
época da grande tribulação, a segunda metade da
última semana profetizada em Daniel 9:27. Começará
com a colocação da imagem do anticristo (o ídolo) no
templo (v. 15) e terminará com a vinda visível de
Cristo (v. 30).
“Abominação” significa um ídolo (Dt 29:17).
Aqui ela se refere à imagem do anticristo colocada no
templo de Deus como um ídolo (Ap 13:14-15; 2Ts
2:4) no princípio da grande tribulação (v. 21). O
anticristo com seu falso profeta obrigará o povo a
adorar esse ídolo. O estabelecimento do ídolo
marcará o início da grande tribulação, o final desta
era.
Há muitos cristãos que não entendem bem a
expressão “a abominação da desolação”. Como vimos,
a abominação aqui se refere a um ídolo, a imagem do
anticristo colocada no lugar santo. De acordo com
Apocalipse 13, essa imagem será capaz de falar. A
palavra grega traduzida para “desolação” quer dizer
“causar desolação”, “desolar”. A abominação, o ídolo
do anticristo, causará desolação. O anticristo é
chamado de o destruidor (Apoliom, Ap 9:11); ele
causará muita destruição (Dn 8:13, 23-25; 9:27).
Enquanto o anticristo estabelecer sua imagem e
forçaras pessoas a adorá-la, ele começará a destruir
todas as coisas religiosas. Além disso, esse ídolo
provocará a ira do Senhor, que virá para destruir o
anticristo e seu exército. Isso é o que é mostrado na
expressão “abominação da desolação”.
Esse ídolo estará no lugar santo. Aqui o lugar
santo se refere ao templo (Sl 68:35; Ez 7:24; 21:2).
Isso mostra que o anticristo colocará sua imagem no
templo.

b. Os Judeus Precisarão Fugir


Quando a abominação da desolação for colocada
no lugar santo, os judeus precisarão fugir. O versículo
16 diz: “Então os que estiverem na Judéia fujam para
os montes”. O que esti ver sobre o eirado não deve
descer e tirar suas coisas de casa, pois a grande
tribulação terá chegado. A situação será tão urgente
que os judeus não poderão retornar para casa para
coisa alguma. Os que estiverem no campo não voltem
nem mesmo para apanhar suas capas (v. 18). O
versículo 19 diz: “Ai das que estiverem grávidas e das
que amamentarem naqueles dias! 'Tanto a gravidez
como a amamentação são empecilhos para fugir. Será
necessário que os judeus corram tão rápido quanto
possível.
O versículo 20 continua: “Orai para que a vossa
fuga não se dê no inverno, nem no sábado”. O
inverno é uma época difícil para fugir e no sábado a
jornada foi limitada. No sábado, só se permite
caminhar uma curta distância (At 1:12), insuficiente
para fugir. A menção do sábado aqui indica que os
judeus o guardarão após a restauração danação de
Israel. Os discípulos, os ouvintes da palavra do
Senhor aqui, tinham uma categoria dupla: uma
representando o remanescente dos judeus e a outra
representando os crentes do Novo Testamento, que
constituem a igreja. Na parte da Palavra do Senhor
que se refere aos judeus (24:4-31), eles representam
o remanescente dos judeus; enquanto a parte
concernente à igreja (24:32-25:30), representamos
crentes do Novo Testamento. Nos Evangelhos, nas
coisas relativas às circunstâncias, o Senhor tratava
Seus discípulos como judeus, mas nas coisas
concernentes ao espírito e àvida, Ele os considerava
crentes do Novo Testamento.

c. A Grande Tribulação
O versículo 21 diz: “Porque nesse tempo haverá
grande tribulação, como não tem havido desde o
princípio do mundo até agora, nem haverá jamais”. A
grande tribulação ocorrerá nos últimos três anos e
meio desta era. A grande tribulação terá Jerusalém
como centro e a Judéia como circunferência,
enquanto o julgamento em Apocalipse 3:10 terá
Roma como centro e toda a terra habitada como
circunferência. Nenhuma outra tribulação poderá ser
comparada a essa grande tribulação que acontecerá
sob o comando do anticristo.
Jerusalém já foi destruída mais de uma vez e
será destruída novamente. Da primeira vez,
Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor com o
exército da Babilônia. Mais tarde, no segundo século
antes de Cristo, após a reconstrução do templo, este
foi profanado por Antíoco Epifânio. Muitos
estudiosos da Bíblia percebem que ele foi um tipo de
Tito, que destruiu Jerusalém em 70 d. e. Certas
partes de Daniel referem-se tanto a Antíoco como a
Tito, e é algumas vezes difícil discernir que versículos
se referem a Antíoco e quais se referem a Tito. Lucas
21 mostra que a destruição de Jerusalém sob o
comando de Tito está relacionada à destruição sob o
comando do anticristo. Por essa razão, os leitores do
Novo Testamento acham difícil determinar que
versículos se referem à destruição sob Tito e quais se
referem à destruição sob o anticristo. Assim, Antíoco
Epifânio foi um tipo de Tito, e Tito, um tipo do
anticristo.
Devemos ser cuidadosos em não confundir os
versículos em Mateus 24 com os de Lucas 21, pois
não se referem exatamente à mesma coisa. Em
Mateus, não há referência à destruição sob Tito, que
foi uma sombra da destruição relatada aqui. A
destruição de Jerusalém sob Tito em 70 d. e. foi uma
sombra da destruição que virá sob o anticristo. Não
apliquem 24:15-31 a qualquer outra época senão aos
últimos três anos e meio desta era, quando o
anticristo se levantará para perseguir os judeus. o
versículo 22 diz: “Não tivessem aqueles dias sido
abreviados, nenhuma carne seria salva; mas, por
causa dos eleitos, tais dias serão abreviados”. Como
vimos, a grande tribulação durará apenas três anos e
meio. Os eleitos falados nesse versículo são os judeus,
o povo escolhido de Deus (Rm 11:28).
Como sabemos que a grande tribulação durará
três anos e meio? Daniel9 fala sobre a última das
setenta semanas. A última semana serão os últimos
sete anos da história de Israel nesta era. Nos início
desses sete anos, os judeus farão um acordo com o
anticristo. Mas na metade desses sete anos, o
anticristo mudará sua maneira de agir e se voltará
contra eles. Em seu acordo com os judeus, ele lhes
permitirá adorar a Deus segundo a religião judaica.
Mas ao final dos três anos e meio, começará a
perseguir todo tipo de religião, estabelecerá sua
imagem no templo e forçará o povo a adorá-lo. Isso
será o início da grande tribulação, o final desta era,
os últimos três anos e meio. Pela soberania e
misericórdia de Deus, esse período será abreviado. A
tribulação sob o anticristo será tão severa que
ninguém será capaz de suportá-la. Se Deus não a
tivesse abreviado, nenhuma carne seria salva. Mas
por causa dos eleitos, aqueles dias se limitarão a três
anos e meio.

d. Falsos Cristas e Falsos Profetas se


Levantam e Fazem Grandes Sinais e
Maravilhas para Enganar os Judeus
O versículo 23 diz: “Então se alguém vos disser:
Eis aqui o Cristo! ou: Ei-Lo ali! não acrediteis”. Os
judeus rejeitaram o Senhor como o Messias deles e
estão esperando que um Messias venha. Eles
precisam ser avisados que o Messias, o Cristo, não se
levantará aqui ou ali na terra, mas descerá numa
nuvem do céu. Se alguém disser que Cristo está em
Betânia ou que Ele está em Betel, os judeus não
devem crer nisso. o versículo 24 continua: “Porque se
levantarão falsos cristos e falsos profetas, e farão
grandes sinais e prodígios para enganar, se possível,
até mesmo os eleitos”. O anticristo será o último dos
falsos cristos e operará sinais e prodígios mentirosos
com o poder de Satanás para enganar os que perecem
(2Ts 2:3, 9-10). Outra besta, o falso profeta, em
Apocalipse 13:11 será o último dos falsos profetas (Ap
19:20) e fará grandes sinais para enganar os que
habitam sobre a terra (Ap 13:13-14).
Os versículos 25 e 26 dizem: “Eis que vo-lo tenho
dito de antemão. Portanto, se vos disserem: Eis que
Ele está no deserto! não saiais; ou: Ei-Lo nos
aposentos interiores! não acrediteis”. O deserto é
onde uma pessoa se separa do mundo para que possa
levar os outros a imaginar que ela seja o Messias,
como aconteceu no caso de João Batista (3:1; Jo 1:19-
20). Os aposentos interiores é onde uma pessoa pode
se tornar mística e enfeitiçar os outros.

2. A Vinda de Cristo para a Terra

a. A Vinda de Cristo será como o Relâmpago


que vai do Oriente ao Ocidente
O versículo 27 diz: “Porque assim como o
relâmpago sai do oriente e brilha até o ocidente,
assim será a vinda do Filho do Homem”. Isso mostra
que o Cristo que virá para a terra não estará na terra
nem no deserto nem nos aposentos interiores, mas
nos ares. Como o relâmpago brilha do oriente ao
ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem.
A vinda (parousia) de Cristo tem dois aspectos:
um é o aspecto secreto para os Seus crentes
vigilantes; o outro é o aspecto aberto para os judeus e
gentios incrédulos. O relâmpago aqui significa o
aspecto aberto, após a grande tribulação (v. 29),
enquanto a vinda do ladrão no versículo 43 significa
o aspecto _ secreto antes da grande tribulação. O
relâmpago está escondido numa nuvem, esperando a
oportunidade de brilhar intensamente. Cristo
também estará vestido de uma nuvem (Ap 10:1) nos
ares por um tempo e, então, repentinamente
aparecerá como um brilho na terra.
A palavra grega parousia é especificamente
usada no Novo Testamento para descrever a vinda do
Senhor. Parousia significa a presença do Senhor.
Essa presença do Senhor começa com Sua vinda nos
ares'. É difícil determinar quando Ele virá do céu
para os ares. Entre esses dois aspectos da vinda do
Senhor, Sua vinda para o ar e Sua vinda à terra, há a
parousia, a presença do Senhor. Essa é a razão de a
vinda do Senhor ter um aspecto secreto e um aberto.
Sua vinda para os ares é secreta, mas Sua vinda para
a terra é pública. Mil duzentos e sessenta dias após o
anticristo estabelecer sua imagem, Cristo virá à terra.
Assim, Sua vinda aberta pode ser calculada, mas Sua
vinda secreta é desconhecida de todos. Quando vier
para os ares, Ele estará envolvido em uma nu vem.
Mas quando vier à terra, Ele estará sobre a nuvem.

b. Os Abutres se Ajuntam Onde Está o


Cadáver
O versículo 28 diz: “Onde estiver o cadáver, aí se
ajuntarão os abutres”. Levamos muito tempo para
aprender o que é o cadáver e o que são os abutres, e
creio que o Senhor nos deu o entendimento
adequado. No contexto, os versículos 15 a 21
demonstram que no fim desta era, o anticristo será o
motivo da grande tribulação. É ele quem precisa ser
julgado e destruído. Como todas as pessoas em Adão
morreram (1Co 15:22), assim aos olhos do Senhor o
maligno anticristo com seu exército, que lutará
contra o Senhor no Armagedom (Ap 19:17-21), é o
cadáver malcheiroso, bom para o apetite dos abutres.
E como nas Escrituras, tanto o Senhor como aqueles
que crêem Nele são comparados à águia (Êx 19:4; Dt
32:11; Is 40:31), e os exércitos destruidores velozes
também são comparados a águias que voam
(Dt28:49; Os 8:1), assim os abutres aqui, da mesma
espécie de ave de rapina como a águia, devem se
referir a Cristo e os vencedores, que virão como
exército voador veloz para guerrear contra o
anticristo e seus exércitos e destruí-los, executando
assim o julgamento de Deus sobre eles no
Armagedom. Isso indica não somente que, em Sua
aparição na terra Cristo com seus santos vencedores
estarão onde o anticristo estiver com seus exércitos,
mas também que Cristo com os vencedores
aparecerão rapidamente nos ares como os abutres.
Isso corresponde ao brilho do relâmpago no versículo
anterior.
De acordo com os versículos anteriores,
podemos saber o dia em que o Senhor virá até a terra,
mas não podemos descobrir onde. O versículo 28 nos
diz onde: o lugar onde estiver o cadáver, aí se
ajuntarão os abutres. Quando o anticristo estabelecer
sua imagem, podemos começar a contar mil duzentos
e sessenta dias até que Cristo desça publicamente à
terra. Mas isso não significa que podemos saber o dia
de sua vinda secreta. No século passado, várias
pessoas tentaram fazer isso. Algumas até tomaram
banho, puseram roupas limpas e foram ao eirado
para esperar por Sua vinda; contudo, nada aconteceu.
Repetindo: a vinda do Senhor para os ares é secreta.
Ele virá como um ladrão para roubar secretamente.
Ninguém pode dizer o dia ou a hora de Sua vinda.
Mas Sua vinda à terra será aberta e o dia é revelado:
mil duzentos e sessenta dias após o ídolo ser
estabelecido. Como enfatizamos, o versículo 28
indica o lugar onde os exércitos do anticristo
estiverem. Esse é o lugar onde Cristo virá à terra com
Seus vencedores.

c. Imediatamente Após a Tribulação, o Sol


Escurecerá, a Lua Não Dará Sua Claridade,
as Estrelas Cairão e os Poderes dos Céus
Serão Abalados
O versículo 29 diz: “Logo após a tribulação
daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua
claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes dos
céus serão abalados”. Essa é uma prova categórica de
que a vinda aberta de Cristo será após a grande
tribulação. Essa claridade sobrenatural nos céus
seguirá a grande tri bulação no encerramento desta
era. Isso é diferente da quarta trombeta (Ap 8:12),
que ocorrerá muito próximo à grande tribulação.

d. o Sinal do Filho do Homem Aparecerá no


Céu
O versículo 30 diz: “Então aparecerá no céu o
sinal do Filho do Homem, e todas as tribos da terra
se lamentarão, e verão o Filho do Homem vindo
sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória”.
Que sinal é esse? Não temos como saber. No entanto,
deve ser sobrenatural e claramente visível (talvez
como o relâmpago no versículo 27), aparecendo no
céu.
As tribos aqui se referem às tribos da nação de
Israel e a terra, à Terra Santa. Na aparição do Senhor,
todas as tribos de Israel se arrependerão e se
lamentarão (Zc 12:10-14; Ap 1:7).
Esse versículo diz que o Filho do Homem virá
nas nuvens com poder e grande glória. Nessa hora, o
Senhor não mais estará dentro da nuvem, mas sobre
a nuvem, aparecendo a todas as pessoas da terra.
Esse é o aspecto aberto da Sua segunda vinda. Na
primeira vinda de Cristo, Sua autoridade foi
manifestada em coisas tais como expulsão de
demônios e cura de enfermidades (7:29; 8:8-9; 9:8;
21:23-24) para vindicá-lo como o Rei celestial;
enquanto em Sua segunda vinda, Seu poder será
exercido para executar o julgamento de Deus, para
destruir o anticristo e seus exércitos e para amarrar
Satanás para o estabelecimento de Seu reino na terra.

3. Reunindo Israel
O versículo 31 diz: “E Ele enviará os Seus anjos
com grande clangor de trombeta, os quais reunirão
os Seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus”. Após a grande tribulação, em
Sua volta à terra, o Senhor reunirá os judeus
dispersos de todas as partes da terra na Terra Santa.
Esse será o cumprimento não apenas da palavra do
Senhor em 23:37, mas também da promessa do
Senhor no Antigo Testamento.
Mateus 24:4-31 é um esboço dos vinte séculos da
história judaica. Como aqueles que estavam no
Monte das Oliveiras com o Senhor, temos uma clara
visão disso. Portanto, sentando-nos com o maior
Profeta, conhecemos a situação. Nem mesmo os
líderes das nações têm tanta clareza como nós.
Temos visto os eventos desde a ascensão de Cristo até
o final desta era e os eventos durante o final desta era,
o período da grande tribulação. No final da grande
tribulação, haverá calamidades sobrenaturais, e
Cristo aparecerá aberta e publicamente aos
habitantes da terra especialmente aos judeus na
Terra Santa. Cristo descerá onde o anticristo e seus
exércitos estiverem reunidos. Como abutres
devorando um cadáver, Cristo e Seus vencedores
derrotarão o anticristo e seu exército. Então Cristo
reunirá todos os judeus remanescentes no reino
messiânico.
MENSAGEM 63

A PROFECIA DO REINO (3)


Mateus 24:32-25:3 O referem-se à Igreja . Nesse
trecho da Palavra, todas as coisas faladas pelo Senhor
estão relacionadas a duas questões: vigilância e
prontidão, e fidelidade e prudência. No capítulo 24, a
vigilância e a prontidão são faladas nos versículos 32
até 44, e a fidelidade e a prudência nos versículos 45
a 51. No capítulo 25, a parábola das virgens ilustra a
vigilância e a parábola dos talentos, a fidelidade.
Tudo isso está relacionado conosco. Precisamos
vigiar e estar apercebidos para a volta do Senhor de
tal maneira que sejamos arrebatados mais cedo.
Também precisamos ser fiéis e prudentes no serviço
do Senhor a fim de que possamos receber a
recompensa. Assim a vigilância é para o
arrebatamento mais cedo e a fidelidade é para a
recompensa. Esse é um esboço muito claro, geral de
24:32-25:30.

II. A Respeito da Igreja

A. Vigiar e Ser Prudente


A palavra “mas” no início do versículo 32 indica
que do versículo 32 ao versículo 30 é outra parte, a
parte relativa à igreja. A palavra “mas” mostra que
em Sua profecia o Senhor volta-se dos judeus para os
crentes.

1. A Nação de Israel Restaurada É um Sinal


do Fim desta Era e um Sinal para os Crentes
O versículo 32 diz: “Mas aprendei da figueira a
parábola: quando já o seu ramo se torna tenro e brota
folhas, sabeis que está próximo o verão”. A figueira,
tipificando a nação de Israel, foi amaldiçoada em
21:19. Ela passou por um longo inverno desde o
primeiro século até 1948, quando a nação de Israel
foi restaurada. Isso foi seus ramos tornando-se
tenros e brotando suas folhas. Essa figueira é um
sinal do fim desta era e um sinal aos crentes. Tomar-
se tenra significa que a vida voltou e brotar folhas
significa atividade exterior. O inverno significa o
tempo da seca, a época da tribulação (24:7-21). O
verão significa a era do reino restaurado (Lc 21:30-
31), que começará na segunda vinda de Cristo.
O versículo 33 diz: “Assim também vós, quando
virdes todas essas coisas, sabei que está próximo, às
portas”. Todas “essas coisas” se referem às coisas
preditas nos versículos 7 a 32. “Está próximo” refere-
se ao reino restaurado de Israel (At 1:6),
representado pelo verão no versículo 32.
Mostramos que a figueira simboliza a nação de
Israel. Israel é um sinal para nós, assim como a
pregação do evangelho do reino é um sinal para os
judeus. Quando os judeus virem a pregação do
evangelho do reino, eles perceberão que é um sinal
da tribulação vindoura. Da mesma forma, Israel
como uma figueira nos é um sinal da volta do Senhor.
Os discípulos perguntaram ao Senhor sobre o sinal
da Sua vinda e sobre o sinal da consumação da era.
Na seção anterior, o Senhor dá o sinal da
consumação da era. Esse sinal é a pregação do
evangelho do reino. Agora o Senhor dá outro sinal, o
sinal de Sua vinda. Esse sinal é a figueira. Quando
seus ramos se tornam tenros e aparecem as folhas,
sabemos que o verão, a total restauração do reino
messiânico, está próximo. Hoje a restauração de
Israel ainda não foi plenamente cumprida. No que se
refere à população e à geografia ainda não houve uma
plena restauração. Os israelitas e os árabes estão
discutindo sobre as terras a oeste do Jordão e sobre
as Colinas de Golã. De acordo com a Bíblia, as
Colinas de Golã, perto do monte Hermon, e as terras
a oeste do Jordão pertencem à boa terra e
pertencerão a Israel. O Senhor é soberano e sabe da
situação entre Israel e os árabes. Ele sabe que a
restauração de Israel ainda não está completa. A
restauração da nação de Israel está se tornando cada
vez mais plena. Na época do milênio, ela atingirá a
plenitude.

2. Tudo o que Foi Predito Sobre Israel Está


Acontecendo
O versículo 34 diz: “Em verdade vos digo que de
modo algum passará esta geração sem que tudo isso
aconteça”. “Isso” refere-se à figueira tornando-se
tenra e brotando suas folhas. Essas coisas
acontecerão antes de esta geração terminar.
Geração aqui não é conforme a idade ou pessoa,
como em 1:17; é a geração de acordo com a condição
moral das pessoas, como em 11:16; 12:39, 41, 42, 45;
e Provérbios 30:11-14. Isso significa que desde a
época em que o Senhor Jesus falou essa profecia até a
plena restauração de Israel, a situação moral daquela
geração não será mudada. Essa geração não passará
até a plena restauração da nação de Israel acontecer.
Então a geração mudará, e a situação moral se
tornará do mal para o bem.

3. Ninguém Conhece Aquele Dia Nem a Hora,


Senão o Pai
O versículo 36 diz: “Mas a respeito daquele dia e
hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o
Filho, senão somente o Pai”. O Filho, na posição de
Filho do Homem (vs. 37), não sabe o dia nem a hora
de Sua volta.

4. A Vinda de Cristo Será Como nos Dias de


Noé
O versículo 37 diz: “Pois assim como foi nos dias
de Noé, assim será a vinda do Filho do Homem”.
Muitos cristãos têm entendido mal esse versículo. A
vinda do Senhor (parousia) será como nos dias de
Noé.
Os versículos 38 e 39 dizem: “Porque como
estavam eles, naqueles dias antes do dilúvio,
comendo e bebendo, casando e dando-se em
casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e
não sabiam que se aproximava o juízo, até que veio o
dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda
do Filho do Homem”. “Porque” indica que esse
versículo explica por que e como a parousia do
Senhor será como nos dias de Noé. Isso é porque nos
dias de Noé havia as seguintes situações: as pessoas
estavam embriagadas pela comida e bebida, por
casar e dar-se em casamento; e elas não perceberam
até que veio o dilúvio e as levou a todas. Na parousia
do Senhor, as pessoas serão assim; embriagadas
pelas necessidades desta vida e não sabendo que o
julgamento de Deus (tipificado pelo dilúvio) virá
sobre elas pela vinda do Senhor. Os crentes, contudo,
devem estar despertados e prudentemente saber que
Cristo está vindo para executar o julgamento de Deus
sobre este mundo corrupto.
Comer, beber e casar foram originalmente
ordenados por Deus para a existência do homem.
Mas devido à concupiscência humana, Satanás se
utiliza dessas necessidades da vida do homem para
ocupá-lo e afastá-lo do interesse de Deus. Até o final
desta era, essa situação será intensificada e atingirá
seu clímax durante a parousia do Senhor.
Os mais notáveis feitos dos dias antes do dilúvio
eram comer, beber, casar e dar-se em casamento.
Isso indica que as pessoas daqueles dias estavam
drogadas por seu desfrute carnal, mundano. A
mesma coisa está acontecendo na sociedade hoje. O
inimigo de Deus, Satanás, se utiliza das necessidades
da vida para envenenar o povo criado por Deus. Toda
a raça humana foi envenenada. No entanto, isso não
significa que não nos seja necessário comer, beber ou
casar. Tudo isso é necessário para a nossa existência.
Mas não devemos permitir que essas coisas nos
droguem e entorpeçam nossos sentidos. Na
sociedade humana hoje, os sentidos de todas as
pessoas, altas ou baixas, idosas ou jovens, estão
entorpecidos, indicando que o povo foi envenenado
pelo modo de ser desta era ao comer, beber e dar-se
em casamento. Era essa a situação nos dias de Noé e
será a situação na época da parousia do Senhor.
As pessoas hoje estão estudando e trabalhando
com o fim de desfrutar boa comida, boa bebida e um
bom casamento. Elas não pensam nas coisas de Deus.
Quão forte é essa falta de senso a respeito de Deus
hoje! É prevalecente especialmente na esfera
educacional e comercial. Muitos nas universidades
têm sido entorpecidos pela busca de um diploma.
Esse diploma é meramente para comer, beber e se
casar. Os da área comercial estão drogados pelo
desejo de ganhar dinheiro, também com o propósito
de ter melhor comida, bebida e casamento. Isso tem
causado muitos divórcios. Quando um rapaz é pobre,
ele pode casar com determinada mulher. Mas quando
ganha mais dinheiro, ele pode divorciar-se da esposa
e casar-se com outra por desejar esposa melhor. Essa
situação continuará até atingir o clímax durante a
parousia do Senhor. Nos dias de Noé, esse clímax foi
alcançado um pouco antes do dilúvio que veio com o
julgamento de Deus. De certo modo, a parousia de
Cristo será como o dilúvio vindo com o julgamento
de Cristo. O dilúvio trouxe julgamento sobre o povo
entorpecido nos dias de Noé. A parousia trará o
julgamento de Deus sobre este mundo entorpecido e
Cristo descerá para a terra e executará o justo
julgamento de Deus sobre este mundo entorpecido e
rebelde.

5. Antes da Vinda de Cristo, um Será Levado


e o Outro Será Deixado
Os versículos 40 e 41 dizem: “Então dois estarão
no campo: um será tornado, e deixado o outro; duas
estarão moendo no moinho: urna será tornada, e
deixada a outra”. De acordo com o contexto, “Então”
aqui significa “naquela hora”. Isso indica que
enquanto as pessoas mundanas estiverem drogadas
pelas coisas materiais, sem senso algum do
julgamento vindouro, alguns dos crentes sóbrios e
vigilantes serão tornados. Para o povo entorpecido,
este deveria ser um sinal da vinda de Cristo.
Os dois homens no versículo 40 devem ser
irmãos em Cristo, e as duas mulheres no versículo 41
devem ser irmãs no Senhor. Isso é mostrado pelo
versículo 42, que nos diz para vigiar porque não
sabemos que dia nosso Senhor virá. Tanto “vigiai”
corno “vosso Senhor” provam que tanto os dois
homens corno as duas mulheres, nos versículos 40 e
41, são crentes. O Senhor não encarregaria pessoas
incrédulas de vigiar, nem é Ele o Senhor dos
incrédulos.
Ser tornado significa ser arrebatado antes da
grande tribulação. Esse arrebatamento é um sinal da
vinda do Senhor e um sinal para os judeus. É muito
interessante ver que dois homens estão trabalhando
no campo e duas mulheres estão no moinho. Tanto o
trabalho do campo como o do moinho são para
comer. Há uma diferença entre o nosso comer e o
comer do povo do mundo. O povo do mundo estuda e
trabalha e nós também estudamos e trabalhamos. O
povo do mundo, no entanto, tem estado drogado.
Mas nós não estamos drogados. Antes, estamos
simplesmente cumprindo nosso dever para viver.
Não vivemos para comer, bebere casar; pelo
contrário, mantemos nossa existência para tomar o
caminho da cruz a fim de cumprir o propósito de
Deus. Nosso objetivo não é nossa educação, diversão
ou negócios.
Quando alguns jovens ouvem isso, eles podem
dizer: “Quão felizes somos por ouvir esta palavra!
Não mais nos preocupemos com o estudo e o
trabalho. Vamos gastar todo nosso tempo orando e
tendo comunhão uns com os outros”. Tal atitude é
errada. Lembrem-se, de acordo com os versículos 40
e 41 os irmãos estavam na lavoura e as irmãs no
moinho. Moer o grão é um trabalho árduo. Isso
mostra que os cristãos não devem ter trabalhos fáceis.
Precisamos trabalhar arduamente para viver. O
comer e beber no versículo 38 são mundanos, mas o
estar no campo e no moinho nos versículos 40 e 41
são santos. Se os que foram tomados não estivessem
fazendo algo santo, eles não poderiam ser
arrebatados. Vocês compreendem que trabalhar no
campo pode ser santo, mas trabalhar corno um
pastor pode ser mundano? Um mestre da Bíblia pode
ser mundano; mas uma irmã que mói o grão pode ser
santa. Muitas das irmãs que trabalham preparando
refeições são irmãs santas. Não são as que falam
sobre santidade que são necessariamente santas.
Algumas vezes, quanto mais determinadas irmãs
falam sobre ser santo, menos santas elas são. É
melhor que tais irmãs gastem mais tempo
cozinhando excelentes pratos para o marido, os filhos
e aqueles a quem elas hospedam. As irmãs que fazem
isso serão santas. Algumas irmãs sabem como ter
comunhão sobre ser santo, mas não sabem como
trabalhar na cozinha. Elas sempre preparam
refeições simples para a família, desculpando-se ao
dizer que não é necessário que gastem tempo
cozinhando. Mas depois de certo tempo, o marido e
os filhos estão descontentes com tal comida. Quanto
mais essas irmãs falam sobre ser santo, menos santos
seu marido e seus filhos se tornam. Elas falam sobre
santidade, mas não cuidam adequadamente da
família. Precisamos de mais irmãs santas para moer
no moinho e produzir farinha fina. Não somos
drogados, mas precisamos ser adequadamente
alimentados. o princípio é o mesmo com os irmãos
no trabalho. Um irmão não deve falar sobre
santidade e negligenciar seu trabalho. Se fizer isso,
ele será demitido. Notem: o arrebatamento não
acontece quando dois irmãos ou duas irmãs estão
orando, mas quando estão trabalhando. Quando
jovem, foi-me dito quão maravilhoso seria sermos
arrebatados enquanto estivéssemos orando ou lendo
a Bíblia. Mas o Senhor Jesus não fala dessa maneira.
Pelo contrário, diz que dois homens estarão no
campo e duas mulheres estarão no moinho. Não
estavam jejuando, orando ou lendo a Bíblia; estavam
fazendo seu serviço rotineiro.
O Senhor Jesus certamente falou essa palavra
com um propósito definido. Ele quis mostrar-nos que
enquanto aguardamos Sua vinda e esperamos ser
arrebatados, devemos ser verdadeiramente fiéis em
nosso dever diário. Precisamos ser o melhor lavrador
e a melhor moedora. Precisamos de uma vida
humana adequadamente equilibrada, não de uma
vida de monges que se devotam a uma vida espiritual
e esperam que outros cuidem deles. São os irmãos
trabalhando no campo e as irmãs moendo no moinho
que serão arrebatados.
Havia um provérbio que dizia que quando
alguém se toma um pastor, toma-se inútil. A razão
desse provérbio é que os pastores não precisam
trabalhar para viver. Antes, o encargo da vida deles é
posto sobre os outros. É uma vergonha para nós
sermos assim. Precisamos trabalhar diligentemente e
cumprir nossa obrigação de modo adequado. Quando
estivermos no campo ou no moinho, podemos ser
arrebatados. As irmãs que são esposas e mães devem
ser as melhores moedoras e aprender como preparar
a mais saudável refeição para a família. Irmãs, se seu
marido ou filhos não forem saudáveis, vocês arcarão
com a responsabilidade disso diante do Senhor. Se
tratarem dessa questão diante do Senhor, vocês serão
verdadeiramente santas. Não gastem tempo falando
sobre santidade, mas gastem-no cozinhando
refeições digestivas e deliciosas. Vocês precisam
preparar boas refeições para preservar a vida de seu
marido e cultivar a saúde de seus filhos. Essa questão
está incluída na referência do Senhor sobre trabalhar
no moinho.
Os irmãos que são pais e maridos também
precisam trabalhar diligentemente em seus afazeres
para ganhar o dinheiro necessário para cuidar de sua
família. Aqueles que trabalham simplesmente para
ter uma grande quantidade de dinheiro no banco
estão drogados. Mas nós precisamos laborar a fim de
providenciar o melhor para nossos filhos. De outra
maneira, não somos fiéis nem a Deus nem a nossos
filhos. Como pais, devemos dar a melhor educação
para os filhos. Não devemos ter uma atitude que seja
boa o suficiente para que eles terminem o segundo
grau e tenham um trabalho doméstico. Estar no
campo significa que cuidamos para que nossos filhos
estejam satisfeitos e sejam educados da melhor
maneira. Não devemos ser aqueles que amam o
mundo e trabalham pelo próprio dinheiro. Mas
devemos ser aqueles que trabalham diligentemente
para ganhar dinheiro para nossa família. Corno
temos a natureza humana caída, é fácil para nós nos
desculparmos por não gastar muito tempo no campo
ou no moinho. Se fizer isto, você não será arrebatado.
Repito: você será arrebatado enquanto estiver
trabalhando no campo ou moendo o grão.
Dos dois homens no campo, um é tomado e o
outro é deixado; e das duas mulheres no moinho,
uma é tomada e a outra é deixada. A razão disso é
que há uma diferença entre elas na questão de vida.
Creio que a que é tornada é madura e a que é deixada
é imatura. A vida faz a diferença. O arrebatamento
dos vencedores, os que são maduros em vida, será
um sinal para os que são deixados. Suponha que você
esteja trabalhando no campo com um irmão que é
repentinamente arrebatado aos céus. Isso certamente
lhe seria um sinal. Suponha que duas irmãs estejam
trabalhando no moinho e uma é tornada para o
Senhor. Certamente isso seria um sinal para a irmã
que foi deixada!

6. Vigiar e Estar Pronto porque Cristo Virá


como Ladrão
No versículo 42, o Senhor nos diz para vigiar,
pois não sabemos em que dia Ele virá. Então, o
versículo 43 diz: “Mas sabei isto: Se o dono da casa
soubesse em que vigília viria o ladrão, vigiaria e não
permitiria que fosse arrombada a sua casa”. O dono
da casa refere-se ao crente, e a casa, à conduta e
trabalho do crente que ele edificou em sua vida cristã.
Um ladrão vem para roubar coisas preciosas numa
hora desconhecida. O Senhor virá secretamente
como um ladrão para aqueles que O amam e os
tomará como Seu tesouro. Por isso, devemos vigiar.
“Por isso”, como o Senhor diz no versículo44, “ficai
também vós apercebidos, porque, à hora em que não
pensais, o Filho do Homem virá”. Isso se refere à
vinda secreta do Senhor para os vencedores
vigilantes.

B. Ser Fiel e Prudente

1. O Servo Fiel e Prudente Dá o Sustento aos


Conservos do Senhor a Seu Tempo
Os versículos 45 a 51 são relati vos à fidelidade e
prudência. O versículo 45 diz: “Quem é, pois, o servo
fiel e prudente, a quem o senhor constituiu sobre QS
de sua casa para dar-lhes o alimento a seu tempo?”
Fidelidade é para com o Senhor, enquanto prudência
é para com os crentes. Vigilância é para o
arrebatamento até a presença do Senhor, mas
fidelidade é para reinar no reino (v. 47).
Os conservos citados no versículo 45 referem-se
aos crentes (Ef 2:19), que são a igreja (1Tm 3:15).
Dar-lhes o sustento é ministrar a Palavra de Deus
com Cristo como suprimento de vida aos crentes na
Igreja. Todos nós devemos aprender como ministrar
o suprimento de vida aos conservos do Senhor a seu
tempo. Os versículos 46 e 47 dizem: “Bem-
aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando
vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que o
constituirá sobre todos os seus bens”. Ser bem-
aventurado aqui é ser recompensado com a
autoridade para reinar na manifestação do reino.
Todos os bens do Senhor serão confiados ao Seu
servo fiel como uma recompensa na manifestação do
reino dos céus.

2. O Servo Mau Espanca Seus Companheiros,


Come e Bebe com os Ébrios e É Afastado do
Senhor em Sua Glória Vindoura
O versículo 48 diz: “Mas se aquele servo mau
disser no seu coração: Meu senhor tarda”. O servo
mau é um crente, porque ele é designado pelo Senhor
(v. 45), chama o Senhor “meu senhor” e crê que o
Senhor está vindo. O versículo 49 diz que o servo
mau espanca os seus companheiros e come e bebe
com os ébrios. Espancar os companheiros é tratar
maios companheiros crentes, e comer e beber com os
ébrios é fazer companhia às pessoas do mundo, que
estão embriagadas com as coisas mundanas.
Os versículos 50 e 51 dizem: “Virá o senhor
daquele servo em dia em que não o espera, e em hora
que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e designará a
sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger
de dentes”. O problema com o servo mau não é que
ele não sabe que o Senhor está vindo, mas que ele
não O espera. Ele não gosta de levar o tipo de vida
que se prepara para a vinda do Senhor. Por isso,
quando o Senhor voltar, Ele o castigará, lançando-lhe
a sorte com os hipócritas. Castigá-lo significa excluí-
lo. Isso indica que haverá separação do Senhor em
Sua glória vindoura, o que corresponde a ser lançado
nas trevas exteriores na conclusão da parábola dos
talentos (25:14-30), a qual é a conclusão dessa parte.
O Senhor não cortará o servo mau em pedaços; antes,
Ele o excluirá da glória na qual Ele mesmo estará.
Isso equivale a ser lançado nas trevas exteriores.
Todo aquele que for lançado nas trevas
exteriores será separado do Senhor, da Sua presença,
da Sua comunhão, e da esfera gloriosa na qual o
Senhor estará. Isso não é perecer eternamente, mas
ser punido dispensacionalmente. Quem pode dizer
que o servo mau não é um crente genuíno? Se ele não
fosse um irmão, corno poderia seu trabalho ter sido
designado pelo Senhor? O Senhor não atribuiria
deveres a um falso crente. Certamente o servo mau é
urna pessoa Salva. Em Mateus, o livro do reino, o
resultado não é a salvação. O resultado é o reino: ou
receberemos a recompensa de entrar no reino, ou
perderemos a recompensa, perderemos o desfrute do
reino e sofreremos a punição e a disciplina onde
haverá choro e ranger de dentes.
MENSAGEM 64

A PROFECIA DO REINO (4)


Vimos que a parte da profecia do reino a respeito
da Igreja abrange dois aspectos: o aspecto de ser
vigilante e estar pronto e o aspecto de ser fiel e
prudente. Vigilância e prontidão estão relacionados
ao nosso viver cristão. Todos precisamos ser
vigilantes e estar prontos para a vinda do Senhor. No
entanto, um cristão verdadeiro deve cuidar não
somente do aspecto da vida, como também do
aspecto do serviço. Para o serviço, precisamos de
fidelidade e prudência. Assim, precisamos ser fiéis
em relação ao Senhor e prudentes em relação aos
companheiros crentes. Como vimos, no capítulo 24,
ambos os aspectos são abrangidos. Em vida,
precisamos ser vigilantes e estar prontos, e no serviço,
precisamos ser fiéis e prudentes.
Embora ambos os aspectos sejam abordados no
capítulo 24, eles não o foram totalmente. Então, no
capítulo 25 há a necessidade de uma palavra
complementar para cada aspecto tratado no capítulo
24. Mateus 25:1-30 completa a parte do capítulo 24
relativa aos crentes. A parábola das virgens (25:113)
completa a questão da vigilância e prontidão. Como
vigiar e estar pronto é revelado na parábola das
virgens, Mateus 25:13, o último versículo da parábola
das virgens, diz: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia
nem a hora”. Essa palavra, muito similar a 24:42,
indica que 25:1-13 é uma complementação de
24:4044 a respeito da vigilância para o
arrebatamento.
Mateus 24:3 2-44 é uma seção sobre vigilância e
prontidão. Mateus 25:1-13 também é uma seção
sobre vigilância e prontidão, a complementação da
seção anterior. No mesmo princípio, tanto 24:45-51
como 25:14-30 são seções sobre fidelidade e
prudência. Mateus 25:30 fala sobre o castigo do servo
inútil nas trevas exterioreseésemelhantea24:51. Isso
indica que 25:14-30éum complemento de 24:45-51,
que se refere à fidelidade no trabalho do Senhor.
Mateus 24:45-51 trata da infidelidade do servo em
cumprir o comissionamento do Senhor. Mateus
25:14-30 ainda precisa tratar da infidelidade do servo
ao usar o talento do Senhor. Embora24:45-51 nos
diga para sermos fiéis e prudentes, ele não nos
mostra como ser fiéis e prudentes. Isso é revelado na
parábola dos talentos.
A maneira de ser vigilante é ser enchido do
Espírito Santo; é ter a porção extra do óleo. Por nós
mesmos não podemos ser vigilantes nem estar
prontos. A única maneira de ter a porção extra de
óleo é pelo encher do Espírito Santo. Esse é o modo
de sermos vigilantes e estarmos prontos. Da mesma
forma, a maneira de sermos fiéis e prudentes no
serviço do Senhor é por meio dos dons espirituais.
Sem os dons espirituais, não temos a habilidade para
ser fiéis nem prudentes. Nossa fidelidade e prudência
dependem dos dons que recebemos do Senhor.
Portanto, no capítulo 25, temos o encher do Espírito
bem como os dons do Espírito. O Espírito permite
que sejamos enchidos com vida e também que
tenhamos os dons para servir. Isso tudo depende do
Espírito. Como podemos ser vigilantes? Somente
pelo encher do Espírito Santo. E como podemos ser
fiéis? Somente pelos dons do Espírito Santo.
U ma indicação de que as parábolas do capítulo
25 são um complemento de 24:32-51 é encontrada
nos números dois e dez. Mateus 25:1 diz: “Naquele
tempo, o reino dos céus será semelhante a dez
virgens”. Dez é a maior parte de doze (Gn 42:3-4; 1Rs
11:30-31; Mt 20:24). Então, essas dez virgens
representam a maioria dos crentes, que terá morrido
antes da vinda do Senhor. Os dois homens ou as duas
mulheres em 24:40-41 representam o remanescente
dos crentes, que estarão vi vos até a vinda do Senhor.
Os dois homens no campo ou as duas mulheres
trabalhando no moinho representam os crentes vivos.
No entanto, quando vier a parousia do Senhor, a
maioria dos crentes terá morri do. No capítulo 24,
temos o arrebatamento dos crentes vivos, mas esse
capítulo nada diz sobre os santos mortos. Isso é visto
na parábola das virgens em 25:1-13. O fato de que as
virgens “cochilaram todas, e adormeceram” (v. 5)
indica que elas morreram. Aos olhos do Senhor,
quando um santo morre, ele dorme. Por isso, as
virgens, que foram todas tomadas de sono,
representam os santos mortos.
Na Bíblia, o povo de Deus é representado pelo
número doze, pois esse número representa todo o
corpo do povo de Deus. Na Bíblia, um modo pelo
qual o número doze é composto de dez mais dois.
Dez denota a maior parte de doze e dois significa o
restante. Por exemplo, dois dos doze apóstolos
pediram ao Senhor para se sentar um à Sua direita e
outro à Sua esquerda, enquanto os outros dez
ficaram indignados. No Antigo Testamento, dez
tribos se rebeleram contra a casa de Davi, enquanto
apenas duas permaneceram fiéis. O princípio é o
mesmo aqui nos capítulos 24 e 25. No capítulo 24
temos os dois, e no capítulo 25 temos os dez. Quando
os dez e os dois são colocados juntos, temos todo o
corpo de crentes. Na época da vinda do Senhor, a
maioria dos crentes terá morrido. Somente um
pequeno número, os restantes representados pelos
dois homens no campo ou pelas duas mulheres no
moinho, estarão vivos. Portanto, 25:1-13 é a
complementação de 24:40-41.
Outra indicação de que o capítulo 25 é a
complementação do capítulo 24 é encontrada no fato
de um dos homens e uma das mulheres serem
tomados e o outro homem e a outra mulher serem
deixados. Por que um foi tomado e o outro foi
deixado? A resposta não é encontrada no capítulo 24,
mas no capítulo 25. A razão de um ser tomado é que
ele foi enchido pelo Espírito Santo e a razão do outro
ser deixado é que lhe faltou a porção extra de óleo.
Vamos agora considerar a parábola das virgens, a
parábola da vigilância, versículo por versículo.

C. A Parábola sobre a Vigilância

1. Dez Virgens
Mateus 25:1 diz: “Naquele tempo, o reino dos
céus será semelhante a dez virgens que, tomando as
suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo”. As
palavras ''Naquele tempo” aqui significam na época
da parousia. Quando a parousia descrita no capítulo
24 acontecer, muitas coisas também acontecerão.
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens.
Virgens representam os crentes no aspecto da
vida (2Co 11:2). Os crentes, que são o povo do reino,
são como virgens castas, levando o testemunho do
Senhor (a lâmpada) na era das trevas e saindo do
mundo para encontrar o Senhor. Por isso, elas
precisam não somente do habitar, mas também da
plenitude do Espírito de Deus.
Nós, cristãos, primeiramente, somos virgens. Ser
uma virgem não é urna questão de trabalho, serviço
ou atividade, mas uma questão de vida. Mais que isso,
não somos apenas virgens, mas virgens castas, puras.
Ser uma virgem não é questão do que fazemos ou
somos capazes de fazer; é absolutamente uma
questão do que somos. Quer sejamos homens ou
mulheres, somos virgens. Embora eu seja idoso, eu
me porto como uma virgem. Nunca venderei minha
posição de virgem. Até diante do inimigo, sou uma
virgem.

a. Tomando Suas Lâmpadas


O versículo 1 diz que as virgens tomaram suas
lâmpadas e saíram a encontrar-se com o noivo. As
lâmpadas significam o espírito dos crentes (Pv 20:27),
que contém o Espírito de Deus como o óleo (Rm
8:16). Os crentes brilham com a luz do Espírito de
Deus vinda do seu espírito. Assim, eles se tornam a
luz do mundo, como uma lâmpada brilhando na
escuridão desta era (Mt 5:14-16; Fp 2:15-16) para
levar o testemunho do Senhor para a glorificação de
Deus. Então, como virgens não tomamos armas para
lutar ou equipamentos esportivos para jogar, mas
lâmpadas para testificar, brilhar e iluminar. Em
nossa mão está uma lâmpada brilhando para o
testemunho do Senhor.

b. Saem
As virgens saíram. Isso significa que os crentes
saem do mundo ao encontro de Cristo, o qual está
vindo. As virgens não se demoraram nem se
estabeleceram em nenhum lugar. Ao contrário, elas
saíram do mundo. Em um de seus escritos, D. M.
Panton disse que para ele o mundo era apenas um
caminho e que no fim desse caminho haveria uma
sepultura. Se o Senhor atrasar a Sua volta, o mundo
me permitirá somente um lugar de descanso, uma
tumba para deitar e esperar pela vinda do Senhor.
Não estamos estabelecidos neste mundo. Estamos
saindo do mundo.

c. Para Encontrar o Noivo


O noivo representa Cristo como alguém
agradável e atraente (Jo 3:29; Mt 9:15). Quão bom é
que nesta parábola, o Senhor se assemelha não a um
general vitorioso ou a um grande comandante-chefe,
mas a um noivo, a urna pessoa agradabilíssima.
Assim, somos as virgens indo e Ele é o Noivo vindo.

2. As Cinco Insensatas Não Têm Óleo Consigo


O versículo 2 diz: “Cinco dentre elas eram
insensatas, e cinco prudentes”. Cinco é composto de
quatro mais um, significando que o homem
(tipificado pelo quatro) com Deus (tipificado pelo
um) somado a ele tem a responsabilidade. a fato de
as cinco serem insensatas e cinco, prudentes, não
indica que metade dos crentes é insensata e a outra
metade, prudente. Indica que todos os crentes têm a
responsabilidade de ser enchidos pelo Espírito de
Deus.
a Antigo Testamento revela claramente que
cinco é o número da responsabilidade. Por exemplo,
os dez mandamentos foram divididos em dois grupos
de cinco. Também, o número cinco aparece
freqüentemente com respeito ao tabernáculo e sua
mobília. Cinco é a medida básica de muitas de suas
dimensões.
as cinco dedos da mão indicam como o número
cinco é composto na Bíblia. Ele é composto de quatro
mais um. Como enfatizamos, o número quatro
significa a criatura e o número um o Criador. A
criatura mais o Criador dão a capacidade para
assumir responsabilidades. Se tivéssemos apenas
quatro dedos sem um polegar, seria difícil fazer
qualquer coisa. Isso significa que por nós mesmos,
como o número quatro, não podemos ter
responsabilidade. Mas quando Deus é-nos
acrescentado, somos capazes de ter responsabilidade.
O versículo 2 diz que cinco das virgens eram
insensatas e cinco eram prudentes. a Senhor Jesus
menciona as insensatas primeiro porque no que se
refere à responsabilidade, o problema não é com as
prudentes, mas com as insensatas. a fato de serem
insensatas não tornam falsas essas cinco virgens. Em
natureza, elas são iguais às prudentes.
a versículo 3 nos diz a razão de elas serem
néscias: “As insensatas, ao tomarem as suas
lâmpadas, não levaram azei te consigo”. O azeite
significa o Espírito de Deus (Is 61:1; Hb 1:9). As
insensatas eram insensatas porque tinham azeite
somente na lâmpada, mas não tinham azeite extra na
vasilha. Além do Espírito regenerador, elas não
tinham o Espírito que enche, a porção extra do
Espírito Santo.

3. As Cinco Prudentes Levam Azeite nas


Vasilhas
a versículo 4 diz: “As prudentes, porém, levaram
azeite nas vasilhas, juntamente comas suas
lâmpadas”. O homem é um vaso feito por Deus (Rm
9:21, 23-24 ), e a personalidade do homem está em
sua alma. Assim, vasilhas aqui significam a alma dos
crentes. As cinco virgens prudentes não apenas têm
azeite nas lâmpadas, elas também levam azeite nas
vasilhas. Ter azeite nas lâmpadas significa que elas
têm o Espírito de Deus habitando em seu espírito
(Rm 8:9, 16) e levar azeite nas vasilhas significa que
elas têm a plenitude do Espírito de Deus saturando-
lhes a alma.
Precisamos ter clareza sobre as lâmpadas e as
vasilhas. Provérbios 20:27 diz que o espírito do
homem é a lâmpada do Senhor. Na lâmpada está o
azeite, o Espírito Santo. O Novo Testamento revela
que nosso espírito é o lugar onde o Espírito Santo
habita. De acordo com Romanos 9, somos vasos
feitos por Deus . Nosso ser, nossa personalidade, está
em nossa alma. Portanto, a vasilha nesse versículo
significa nossa alma. Pela regeneração, temos o
Espírito de Deus em nosso espírito. Isso faz nossa
lâmpada queimar. Mas a questão é se temos ou não a
porção extra do Espírito Santo saturando nossa alma.
Embora tenhamos o azeite em nossa lâmpada,
precisamos da porção extra do azeite em nossa alma.
Isso significa que o Espírito deve expandir-se de
dentro do nosso espírito para todas as partes de
nossa alma. Então, em nossa alma, teremos uma
quantidade extra do Espírito Santo. Se temos essa
porção extra, somos prudentes. Se não temos, somos
insensatos. Em outras palavras, se somos
indiferentes ao encher do Espírito Santo, somos
insensatos. Se formos sábios, oraremos: “Senhor, tem
misericórdia de mim. Eu quero ter Teu Espírito não
somente em meu espírito, mas também em minha
alma. Senhor, eu preciso do encher do Espírito.
Preciso da porção extra do Espírito Santo para
encher todo o meu ser”. Sem essa porção extra do
Espírito, não podemos estar vigilantes nem prontos.
Para sermos vigilantes e estarmos prontos,
precisamos do encher do Espírito Santo, o espalhar
do próprio Espírito do nosso espírito para todas as
partes do nosso ser interior.

4. O Noivo Tarda
O versículo 5 diz que o Noivo tardou em Sua
volta. O Senhor Jesus verdadeiramente tem adiado
Sua volta. Em Apocalipse, Ele prometeu que viria
logo, mas aproximadamente dois mil anos se
passaram e Ele ainda retarda Sua volta.

5. Todas as Virgens São Tomadas de Sono e


Adormecem
Porque o Noivo tardou Sua vinda, as virgens
“cochilaram todas e adormeceram”. Cochilar significa
adoecer (At 9:37; 1Co 11:30). Enquanto o Senhor
retarda a Sua vinda, a maioria dos crentes primeiro
adoece e, então, morre.

6. Um Grito à Meia-Noite
O versículo 6 diz: “Mas, à meia-noite, ouviu-se
um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro!” Meia-
noite significa a hora mais escura desta era de trevas
(noite). Isso será o fim desta era, o tempo da grande
tribulação. “Grito” significa a voz do arcanjo (1Ts
4:16).
7. Todas as Virgens se Levantam
O versículo 7 diz: “Então se levantaram todas
aquelas virgens e prepararam as suas próprias
lâmpadas”. “Se levantaram” significa a ressurreição
dentre os mortos (1Ts 4:14). Essa é a ressurreição
profetizada em 1 Tessalonicenses 4:16e 1 Coríntios
15:52.

8. Preparam as Lâmpadas
Após as virgens se levantarem, elas “prepararam
suas próprias lâmpadas”. Isso significa seu
tratamento para com seu testemunho em vida. Isso
indica que após a ressurreição, nossa vida para o
testemunho do Senhor ainda precisará ser tratada se
não for perfeita antes de morrermos.

9. As Insensatas Querem Tomar Emprestado


Azeite das Prudentes
O versículo 8 diz: “E as insensatas disseram às
prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas
lâmpadas estão-se apagando”. Essa palavra mostra
que mesmo após a ressurreição, os crentes insensatos
ainda precisarão da plenitude do Espírito de Deus.
“Apagando” prova que as lâmpadas das virgens
insensatas estão acesas, têm azeite, mas não têm o
suprimento adequado. As virgens insensatas
representam os crentes que foram regenerados pelo
Espírito de Deus habitando neles, mas não estão
preenchidos com o Espírito de Deus para que Ele
possa saturar todo o seu ser.

10. A Resposta das Prudentes


O versículo 9 diz: “Mas as prudentes
responderam: Para que não nos falte a nós e a vós,
ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós
mesmas”. Isso mostra que ninguém pode ter a
plenitude do Espírito Santo para outros. Podemos
tomar muitas coisas emprestadas, mas não podemos
tomar emprestado o encher interior do Espírito
Santo. Isso é como comer. Ninguém pode comer por
você.
As virgens prudentes disseram às insensatas
para irem àqueles que vendem e comprar. Os que
vendem azeite devem ser as duas testemunhas
durante a grande tribulação, as duas oliveiras e os
dois raminhos de oliveira (Ap 11:3-4; Zc 4:11-14).
Durante a grande tribulação, os dois ramos de
oliveira, Moisés e Elias, virão ajudar o povo de Deus.
Comprar indica a necessidade de pagar um preço.
O encher do Espírito Santo é obtido por um custo, tal
como abandonar o mundo, lidar com o ego, amar o
Senhor acima de todas as coisas e considerar tudo
como perda por causa de Cristo. Se não pagarmos o
preço hoje, devemos pagá-lo após a ressurreição.
Aqueles que não pagam o preço não têm a porção
extra do Espírito Santo. Finalmente, as virgens
insensatas perceberão que elas precisam amar o
Senhor com todo o seu coração e alma. Elas verão
que precisam abandonar o mundo e lidar com o ego.

11. O Noivo Chega e as que Estão Prontas


Entram com Ele para as Bodas
O versículo 10 diz: “E, enquanto elas foram
comprar, chegou o noivo, e as que estavam
apercebidas entraram com ele para as bodas; e
fechou-se a porta”. A palavra “chegou” refere-se à
vinda do Senhor nos ares (1Ts 4:16), uma parte de
Sua parousia. Aquelas que estão prontas devem ser
as que são convidadas para a ceia das bodas do
Cordeiro (Ap 19:9). Devemos estar prontos (24:44)
tendo sempre azeite nas vasilhas, estando sempre
enchidos com o Espírito de Deus em todo o nosso ser.
Vigiar e estar pronto deve ser nosso exercitar diário
para a parousia do Senhor.
Entrar com Ele se refere ao arrebatamento dos
crentes ressuscitados para os ares (1Ts 4:17) durante
a parousia do Senhor. As bodas no versículo 10 é a
ceia das bodas do Cordeiro (Ap 19:9), que será o
encontro nos ares (1 Ts4:17), durante a vinda do
Senhor, Sua parousia. Elas ocorrerão antes da
manifestação do reino como uma recompensa do
desfrute mútuo com o Senhor para os crentes que
estiverem prontos, que tiverem sido equipados com o
encher do Espírito Santo antes de morrer. Após os
que estão prontos entrarem com o Noivo para as
bodas, a porta se fecha. Essa não é a porta da
salvação, mas a porta para entrar no desfrute das
bodas do Senhor.

12. As Virgens Insensatas Chegam Mais


Tarde, Mas o Noivo Não as Conhece
Os versículos 11 e 12 dizem: “Mais tarde,
chegaram também as outras virgens, dizendo:
Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu:
Em verdade vos digo: Não vos conheço”. A vinda
tardia das virgens insensatas refere-se ao
arrebatamento tardio dos crentes ressuscitados. Eles
pagaram o preço pela porção extra do azeite, mas
obtiveram-no muito tarde. O tempo significa muito
aqui, pois quando as virgens insensatas chegaram, a
porta estava fechada.
Quando pediram ao Senhor que lhes abrisse, Ele
disse: “Não vos conheço”. Não conhecer aqui indica
não reconhecer, não aprovar, como em Lucas 13:25;
João 1:26, 31; 8:19. As virgens insensatas tinham as
lâmpadas acesas, saíram para encontrar o Senhor,
morreram e foram ressuscitadas e arrebatadas, mas
foram tardias em pagar o preço para serem enchidas
do Espírito Santo. Por causa disso, o Senhor não as
reconheceu, nem as aprovou para participarem de
Suas bodas. Elas perderam essa recompensa
dispensacional, mas não perderam sua salvação
eterna.
Ao dizer-lhes que não as conhecia, o Senhor
estava dizendo: “Eu não as aprecio nem as reconheço,
e não aprovo a maneira pela qual vocês viveram na
terra. Também, Eu não aprovo vocês por terem
chegado tão tarde”. Assim, elas foram impedidas de
desfrutar as bodas do reino.

13. Vigiar
O versículo 13 conclui: “Vigi ai, pois, porque não
sabeis o dia nem a hora”. O capítulo 24:40-44 refere-
se ao arrebatamento somente dos crentes vivos que
estiverem prontos. O capítulo 25:1-13 é necessário
para tratar do arrebatamento dos mortos e
ressuscitados. Quando lemos essa porção da Palavra,
vemos quão vigilantes precisamos ser. Ser vigilante e
estar pronto é uma questão séria.
Nenhum outro livro nos adverte tanto como o
livro de Mateus o faz. Posso testificar diante do
Senhor que por mais de quarenta anos tenho sido
advertido por esse livro. Sempre que me encontro
descuidado, lembro-me das advertências contidas em
Mateus. Sim, todos nós somos virgens, mas somos
insensatas ou prudentes? Todos precisamos
responder essa pergunta para nós mesmos. Se somos
prudentes ou não depende de termos ou não a porção
extra do Espírito Santo em nossa vasilha.
MENSAGEM 65

A PROFECIA DO REINO (5)


A respeito da vida cristã, o Novo Testamento
revela que primeiramente, precisamos receber o
Espírito de Deus no nosso espírito, para que sejamos
regenerados. A seguir, precisamos crescer e ser
transformados. Crescer é ser transformado, e ser
transformado é principalmente ser renovado no
espírito da mente. Transformação e renovação da
mente resultam do encher do Espírito Santo em
nossa alma. A mente é a parte principal da alma. Ser
renovado no espírito da mente é ter a mente enchida
e saturada do Espírito. Então, o Espírito que saturou
nossa mente renovará todo nosso ser. Assim, nosso
ser, nossa alma, será saturado com o encher do
Espírito. Essa é a maneira de ter a porção extra de
azeite na vasilha.
Como enfatizamos na mensagem anterior,
serregenerado, ter o novo nascimento, é ter o
Espírito em nosso espírito, isto é, ter azeite em nossa
lâmpada. Ter o Espírito em nossa alma significa que
crescemos em vida, somos transformados, somos
renovados em todo nosso ser e temos a nossa alma
saturada do Espírito Santo de Deus. Isso é ter azeite
na vasilha. Essa é a maneira de ser vigilante e estar
pronto para a vinda do Senhor. É também a maneira
de estar preparado para ser arrebatado até a
presença do Senhor.

D. A Parábola da Fidelidade
Tendo visto a parábola da vigilância (25:1-13),
passamos nesta mensagem à parábola da fidelidade
(25:14-30). A parábola das virgens é sobre a
vigilância e a parábola dos talentos é sobre a
fidelidade.
Quando estávamos no capítulo 24, mostramos
que com respeito aos crentes há dois aspectos: o
aspecto da vigilância e prontidão, e o aspecto da
fidelidade e prudência. Os crentes têm esses dois
aspectos porque têm uma condição dupla. O primeiro
aspecto dessa condição dupla está relacionado com a
vida e o segundo, com o serviço. Nenhum cristão
deve negligenciar esses dois aspectos; antes, devemos
prestar atenção adequadamente a ambos, tornando-
nos adequados em vida e em serviço. Com respeito à
vida, somos virgens; com respeito ao serviço, somos
escravos. Isso significa que na vigilância, somos
virgens. Isso está relacionado com o que somos. Mas
em fidelidade, somos escravos. Isso se relaciona ao
que fazemos.
Embora possamos gostar do termo “virgens”,
podemos não gostar de ouvir que somos escravos.
Não obstante, não somos apenas virgens, mas
também escravos. Para as virgens, o Senhor é o
noivo; mas para os escravos Ele é o Senhor. Assim,
não apenas nós temos uma condição dupla, mas o
Senhor também. Por um lado, Ele é nosso Noivo
amável e, por outro, nosso rigoroso Senhor. Algumas
vezes, Ele é muito agradável conosco, mas outras
vezes Ele nos trata de modo severo.
As virgens precisam de algo interior-o encher
interior do azeite na vasilha. Os escravos, contudo,
precisam de algo exterior-talento espiritual. O encher
do Espírito Santo é interior, mas o talento, o dom
espiritual, é exterior. Como vasos, precisamos do
azeite interiormente, e como escravos, precisamos
dos talentos exteriormente.
O azeite que enche o vaso atinge o fundo do vaso.
É a partir de nosso interior que a renovação de nosso
ser acontece, e é de lá que a transformação se
manifesta. Há uma grande carência desse trabalhar
interior entre os cristãos hoje. Muitos cristãos estão
se esforçando para melhorar sua aparência exterior
afim de aparecer. A religião preocupa-se com a
exibição exterior, mas a graça de Deus pelo encher do
Espírito Santo entra em nós e nos transforma desde o
interior. O azeite interior é muito diferente da
maquilagem exterior. A maquilagem muda nossa
aparência imediatamente. Mas a maneira de Deus é
que bebamos do Espírito e deixemos o Espírito
saturar nosso ser. Então, nossa aparência mudará a
partir do interior. Por exemplo, eu como e bebo bem,
e a comida nutriti va satura meu ser. Isso me dá uma
aparência saudável.
O fato de que precisamos ser renovados no
interior não significa que não precisamos de
atividades exteriores. O que recebeu cinco talentos,
negociou-os diligentemente e ganhou outros cinco.
Isso indica que precisamos tanto da renovação
interior como do serviço exterior, o crescimento
interior e as ações exteriores. Precisamos ser
profundamente impressionados com esse princípio.
Quanto à vida, precisamos serrenovados
interiormente, e quanto ao serviço precisamos ser
muito ativos exteriormente. Algumas vezes chegamos
a ser tão ativos exteriormente que negligenciamos o
renovar interior. Mas, outras vezes, podemos cuidar
tanto da vida interior que não trabalhamos
adequadamente. Ser assim é serum pão que não foi
virado (Os 7:8). De um lado, somos queimados como
carvão e do outro estamos crus. Nenhum dos dois é
bom para comer. Precisamos ser um pão virado. Se
trabalharmos muito, o Senhor nos mandará
descansar. Mas se descansarmos muito, o Senhor nos
mandará trabalhar.

1. Um Homem que se Ausenta do País


O versículo 14 diz: “Pois o reino dos céus é como
umhomem que, ausentando-se do país, chamou os
seus servos e lhes entregou os seus bens”. A parábola
dos talentos, como a parábola das dez virgens,
também é referente ao reino dos céus. O homem aqui
representa Cristo, que foi a um outro país, isto é, aos
céus.

2. Confia Seus Bens a Seus Servos


O versículo 14 diz que este homem confiou seus
bens a seus servos. Os servos representam os crentes
no aspecto do serviço (1Co 7:22-23; 2Pe 1:1; Tg 1:1;
Rm 1:1). Como vimos, a condição dos crentes em seu
relacionamento com Cristo tem dois aspectos: em
vida, eles são as virgens vivendo para Ele; no serviço,
na obra, eles são Seus servos comprados servindo-O.
Creio que os bens confiados aos servos incluem o
evangelho, a verdade, os crentes e a Igreja. Os crentes
são a herança de Deus, os bens de Deus (Ef 1:18).
Mateus 24:45 mostra que os crentes são também os
Seus conservos.

3. Distribui Cinco Talentos, Dois Talentos e


Um Talento
O versículo 15 diz: “A um deu cinco talentos, a
outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua
própria capacidade”. Enquanto o azeite na parábola
das virgens significa o Espírito de Deus, os talentos
nesta parábola significam os dons espirituais (Ef 4:8;
Rm 12:6; 1Co 12:4; 1 Pe4:1O; 2Tm 1:6). Para a vida,
precisamos do azeite, o Espírito de Deus, até mesmo
de Sua plenitude, para que sejamos capacitados a ter
o viver de uma virgem para o testemunho do Senhor;
para o serviço, para a obra, precisamos do talento, o
dom espiritual, para que possamos ser equipados
como um bom escravo para a realização da obra do
Senhor. A plenitude do Espírito em vida é para que
usemos o dom espiritual no serviço, e o dom
espiritual no serviço se equipara à plenitude do
Espírito em vida para que possamos ser perfeitos
como membros de Cristo. o versículo 14 diz que o
homem deu seus bens a seus servos, mas o versículo
15 diz que ele lhes deu talentos. Isso indica que os
talentos no versículo 15 são os bens no versículo 14.
Em outras palavras, o Senhor usa Seus bens como
talentos para nós. Por exemplo, o evangelho é um
bem de Deus. Mas quando ele é dado a nós, torna-se
nosso talento. Da mesma forma, a verdade é um bem
de Deus. Mas quando a verdade é dada a nós, ela se
torna um talento. No mesmo princípio, todos os
crentes são bens do Senhor. Quando os crentes nos
são dados, eles se tornam nossos talentos. Sem todos
os crentes, meu talento não seria tão grande. Além do
mais, a Igreja é um bem do Senhor. Quando a Igreja
nos é dada, ela se torna nosso talento. Quanto mais
de Seus bens o Senhor nos dá, mais talentos teremos.
Da mesma maneira, quanto mais o Senhor nos dá
encargo, mais talentos teremos.
Muitos cristãos sabem que nessa parábola, os
talentos são dons. No entanto, não sabem que a fonte
dos dons são os bens do Senhor. Hoje, os bens do
Senhor primeiramente são o evangelho, a verdade, os
crentes e a igreja. Se você não cuidar dessas coisas,
não terá talento algum. O evangelho precisa tornar-
se nosso bem. O mesmo ocorre com relação à
verdade, aos crentes e às igrejas. Meus talentos não
são naturais. São o evangelho, a verdade, os crentes e
a igreja. Se tirar todas essas coisas de mim, fico sem
coisa alguma. Tenho um talento de peso porque não
possuo apenas o evangelho e a verdade, mas também
milhares de crentes e centenas de igrejas. Essa é a
razão de este ministério ter sido impactante.
Nós não devemos esperar de maneira indiferente
que o Senhor nos dê algo. Não! Devemos buscar
diligentemente o evangelho e a verdade. Devemos ser
mais ávidos por conhecer a queda do homem, a
redenção, a regeneração, a salvação, a purificação do
sangue e o lavar do Espírito. Todos esses são aspectos
do evangelho pleno. Quanto mais você receber o
evangelho, mais talentos terá. Precisamos orar para
que o Senhor nos ajude a conhecer a verdade e a
experimentá-la. Precisamos experimentar a verdade
a respeito da igreja, do propósito eterno de Deus e da
economia de Deus. Por fim, essas verdades se
tomarão nosso talento. Então seremos capazes de
ministrá-las a outros. Desse modo, os bens do Senhor
se tomam nosso talento. Além do mais, precisamos
orar: “Senhor, quero cuidar dos santos e levar suas
cargas. Meu coração é por eles”. Se tivermos um
coração pelos santos, se tivermos encargo por eles,
eles, os bens do Senhor, serão dados a nós como um
talento. Quão grato sou porque muitos santos e
igrejas tomaram-se meu talento! Meu ministério é
fortemente ajudado por todos os santos e por todas
as igrejas no Extremo Oriente. Se o Senhor me enviar
a outro lugar, também tenho o apoio das Igrejas nos
Estados Unidos, pois as igrejas aqui se têm tornado
um acréscimo ao meu talento.
Se quiser receber mais talentos, você deve ter um
coração para cuidar dos santos. Por exemplo, quando
alguém estiver desempregado, você precisa orar por
ele e carregar sua carga. Essa será uma prova de que
o Senhor lhe deu essa pessoa como um talento. No
entanto, não suportar os santos nem se importar com
eles significa que você abandonou os bens do Senhor.
Todo amado santo é uma parte preciosa dos bens do
Senhor. Não é algo pequeno preocupar-se com os
santos, pois eles são os bens do Senhor.
Quando os bens do Senhor estão nas mãos Dele,
eles permanecem Seus bens. Mas quando são
confiados a nós, eles se tomam nosso talento. Não
abandone nenhum encargo que o Senhor tenha dado
a você. Não importa quão ocupado eu esteja, não
posso desprezar talento algum, pois fazer isso é
abandonar o bem do Senhor. O Senhor tem um vasto
trabalho em Sua restauração. Para essa obra, Ele
precisa de que milhares de irmãos e irmãs jovens
sejam levantados para assumir a responsabilidade.
O talento não é algo do seu nascimento natural;
mas está totalmente relacionado ao seu encargo. Se
tomar um encargo, você receberá um talento. Se
tomar o encargo por uma igreja, você receberá um
talento. Mas se tomar encargo por cinco igrejas, você
terá cinco talentos. Nos últimos vinte e oito anos,
mais de duzentas e oitenta igrejas foram levantadas
sob este ministério. Recentemente, quando fui
acusado, criticado e condenado, perguntei ao Senhor
se este ministério estava errado ou não. Naquela hora,
Ele me mostrou que a maneira de conhecer a árvore é
pelo fruto. Ele me disse que olhasse quantas igrejas
haviam sido estabelecidas e edificadas por este
ministério. No entanto, se formos ambiciosos por nós
mesmos, essa ambição matará os talentos.

4. A Cada Um conforme Sua Capacidade


Embora os talentos não sejam nossa capacidade,
mas os bens do Senhor, eles nos são confiados de
acordo com nossa capacidade. Nossa capacidade é
constituída pela criação de Deus e pelo nosso
aprendizado. A capacidade de nossa habilidade está
baseada na disposição do nosso coração. Se não ti
vermos disposição alguma em nosso coração, então
não teremos a capacidade para receber o talento. A
capacidade para receber o talento é medida pela
disposição do nosso coração.

5. Os que Recebem Cinco e Dois Talentos


Saem a Negociar
Os versículos 16 e 17 dizem: “O que recebera
cinco talentos foi imediatamente negociar com eles e
ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que
recebera dois ganhou outros dois”. Negociar com os
talentos significa usar o dom que o Senhor nos deu, e
ganhar outros talentos significa que o dom que
recebemos do Senhor foi usado em sua totalidade,
sem qualquer perda ou desperdício.
De acordo com o capítulo 24, o servo deve
alimentar os que estão na casa. Isso se refere a
ministrar a Palavra que nutre com as riquezas de
Cristo como o suprimento de vida para os que estão
na casa do Senhor. Aqui, contudo, fala-se de negociar
com os talentos para que se multipliquem. Por isso, o
resultado de nosso serviço tem dois aspectos. O
primeiro aspecto é que outros são supridos e recebem
uma rica nutrição. O segundo é que os bens do
Senhor são multiplicados. Por exemplo, quanto mais
pregamos o evangelho, mais rico o evangelho se toma.
O mesmo ocorre cóm as verdades. Enquanto
ministramos as verdades aos outros, as verdades se
multiplicam. Isso também é verdade em relação aos
santos e às igrejas. Tanto os crentes como as igrejas
se multiplicarão. Assim, os cinco talentos
multiplicam-se em dez, e ~s dois, em quatro.

6. O Servo que Recebera Um Talento


Esconde-o na Terra
O versículo 18 diz: “Mas o que recebera um foi,
cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”.
A principal ênfase desta parábola está naquele com
um talento, o que recebeu o menor dom. É muito
fácil para os de menor dom falharem em fazer uso
adequado do seu dom.
Assim como a terra significa o mundo, enterrar
significa penetrar no mundo. Qualquer associação,
qualquer envolvimento com o mundo, mesmo uma
pequena conversa mundana, enterrará o dom do
Senhor dado a nós. Esconder o dinheiro do Senhor
significa tomar o dom do Senhor inútil, deixando-o
perdido sob a capa de certas desculpas terrenas.
Qualquer desculpa por não usar o dom do Senhor é
escondê-lo. Esse é sempre o perigo que ocorre com os
de um talento, aqueles que consideram o seu dom
como o menor.
Como servo de um talento nesta parábola, não
há multiplicação. Por exemplo, numa determinada
região pode haver uma igreja. Dez anos após, ainda
há apenas uma Igreja naquela região. Alguns podem
pensar que o servo de um talento fez bem em não
perder seu talento e em devolver ao Senhor o que Lhe
pertencia. O servo de um talento parecia dizer:
“Senhor, aqui estão que é Teu. Tu me deste um
talento e fui fiel em guardá-lo, protegê-lo e preservá-
lo. Por Tua misericórdia e graça, eu o guardei”. Mas o
resultado de nosso serviço deve ser a multiplicação
dos nossos talentos. Não é a vontade do Senhor que
simplesmente mantenhamos o que Ele nos deu. Se
for fiel meramente em guardar o evangelho, a
verdade e a igreja sem qualquer multiplicação, o
Senhor lhe dirá que você é preguiçoso. Além do mais,
Ele o chamará de servo mau. Aos olhos do Senhor é
maligno enterrar o talento e não multiplicá-lo. O
Senhor não se importa com nossos argumentos e
desculpas. Ele somente se preocupa que um talento
seja multiplicado em dois. Essa é uma questão séria.
Nosso serviço deve resultar em alimentação e
satisfação dos outros e na multiplicação do talento.
MENSAGEM 66

A PROFECIA DO REINO (6)


Nesta mensagem, continuaremos nossa
consideração sobre a parábola da fidelidade (25:14-
30).

7. O Senhor dos Servos Vem Acertar Contas


com Eles
O versículo 19 diz: “Depois de muito tempo, veio
o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles”.
Muito tempo denota toda a era da igreja e a volta
denota a vinda do Senhor para os ares (1Ts 4:16) em
Sua parousia. O ajuste de contas representa o
julgamento do Senhor em Seu tribunal (2Co 5:10;
Rm 14:10) nos ares (em Sua parousia), onde a vida, a
conduta e o serviço dos crentes serão julgados para
recompensa ou punição (1Co 4:5; Mt 16:27; Ap 22:12;
1Co 3:13-15).

8. Tanto o Servo que Recebera Cinco


Talentos Como o que Recebera Dois São
Recompensados
O versículo 20 diz: “E aproximando-se o que
recebera cinco talentos, trouxe outros cinco talentos,
dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis
aqui outros cinco talentos que ganhei”. O fato de o
servo que recebera cinco talentos ter se aproximado
de seu senhor refere-se ao comparecimento diante do
tribunal de Cristo. Ganhar outros cinco talentos é o
resultado do uso pleno do dom dos cinco talentos.
O versículo 21 diz: “Disse-lhe o seu senhor:
Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel sobre o pouco,
sobre o muito te constituirei; entra no gozo do teu
senhor”. O “pouco” significa o trabalho do Senhor
nesta era, “sobre” significa a autoridade para reinar
no reino vindouro, e o “muito” significa as
responsabilidades no reino vindouro. O gozo do
Senhor significa o desfrute do Senhor no reino
vindouro. Isso é a satisfação interior, não a posição
exterior. Participar do desfrute do Senhor é a maior
recompensa, melhor que a glória e a posição no reino.
Aqui vemos dois aspectos da recompensa dada ao
servo fiel: autoridade e desfrute. O fiel entrará
diretamente na presença do Senhor na manifestação
do reino.
A mesma recompensa é dada tanto ao que
recebeu dois como ao que recebeu cinco talentos.
Quando o que recebeu dois talentos veio e disse que
ganhara outros dois, o Senhor lhe disse a mesma
coisa que havia dito ao que recebera cinco talentos
(vs. 22-23). Embora o dom dado ao de dois talentos
fosse menor que o dado ao de cinco talentos, o apreço
e a recompensa do Senhor a ambos são os mesmos.
Isso indica que o apreço e a recompensa não estão
relacionados ao tamanho ou à quantidade da nossa
obra, mas à nossa fidelidade em usar Seu dom em
sua totalidade. O mesmo apreço e a mesma
recompensa também deveriam ser atribuídos ao que
recebera um talento se ele ti vesse sido fiel.

9. O Servo que Recebera Um Talento É


Repreendido e Punido
O versículo 24 diz: “E chegando também o que
recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia,
que és homem duro, que ceifas onde não semeaste, e
ajuntas onde não joeiraste”. O servo de um talento,
que não ganhou lucro algum para o Senhor, também
compareceu ao tribunal de Cristo nos ares. Isso prova
que ele não é somente Salvo, mas também será
arrebatado aos ares. Nenhuma pessoa não salva pode
ser arrebatada e comparecer ao tribunal de Cristo.
O servo de um talento disse que o Senhor era
homem duro, que ceifa onde não semeou e ajunta
onde não joeirou. Aparentemente, o Senhor é duro
em Seu cuidado, exigindo que usemos Seu dom em
sua totalidade, exclusivamente para Sua obra. Parece
que a obra do Senhor sempre começa do zero. Ele
aparentemente exige que trabalhemos para Ele sem
nada. Isso não deveria ser desculpa para que o servo
que recebera um talento negligenciasse o uso de seu
dom. Pelo contrário, deveria forçá-lo a exercitar a fé
para usar seu dom plenamente.
O versículo 25 diz: “E, atemorizado, fui esconder
na terra o teu talento; aqui tens o que é teu”. Estar
atemorizado é negativo. Em vez disso devemos ser
positivos e ousados em usar o dom do Senhor. Se
formos fiéis, não estaremos atemorizados de coisa
alguma.
O servo que recebera um talento saiu e o
escondeu na terra. Ao fazer isso, ele foi muito passivo.
Devemos ser ativos no serviço do Senhor. Por ter
enterrado seu talento, ele apenas pôde devolvê-lo ao
Senhor. Meramente guardar o talento e não perde-lo
não é suficiente; devemos obter lucro usando-o. O
servo de um talento parecia dizer: “Vê, Senhor; aqui
está o que é Teu. Não perdi coisa alguma. Fui fiel em
manter aquilo que me deste”.
O versículo 26 diz: “Respondeu-lhe o seu senhor:
Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não
semeei e ajunto onde não joeirei”. Aqui o Senhor
admite que Ele é rigoroso no que ordena a Seus
servos para Sua obra. De certo modo, o Senhor é tal
homem duro. Ele sempre ceifa onde não semeou e
ajunta onde não joeirou. Considere o fato de que a
restauração do Senhor começou do nada, sem coisa
alguma.
Por um lado, a palavra do servo de que o Senhor
ceifa onde não semeou e ajunta onde não joeirou é
verdade. Entretanto, por outro, não é. Não devemos
dizer que o Senhor não semeou, pois Ele deu a cada
um de nós, no mínimo, um talento. O fato de nos dar
o talento é o espalhar e o semear. Agora o Senhor nos
envia para ajuntar onde não joeirou e ceifar onde não
semeou. Nenhum de nós pode dizer que Ele nada nos
deu. No mínimo, temos um talento. Esse talento é a
semente para semear e os bens são para espalhar.
Por isso, precisamos ceifar onde o Senhor não
semeou e ajuntar onde Ele não joeirou. O que o
Senhor lhe dá contém o elemento produtor. Sempre
que você prossegue com seu talento, ele será
produtivo. Essa produtividade, contudo, depende da
sua prática, de seu exercitar o talento. Se você usar o
talento, ele produzirá. Mas se o esconder, ele nada
produzirá.
Esconder o talento na terra é mantê-lo envolvido
com algo terreno, com algo além do Espírito. Fofocar
é um exemplo de tal envolvimento. Alguns alegam
não ter tempo para visitar os santos, mas têm muito
para fofocar. Se pedir ao Senhor, por Sua
misericórdia e graça, que pare com sua fofoca, muito
tempo será economizado e você será capaz de usar
esse tempo para cuidar dos santos.
Na restauração do Senhor não temos pastores
para trabalhar no cuidado dos santos. Esse tipo de
pastorear vem do cristianismo caído. Na restauração
do Senhor todos os irmãos e irmãs devem ter o
encargo de cuidar dos outros, especialmente dos
jovens e dos irmãos novos. Após a reunião, muitos
costumam apenas bater papo com determinadas
pessoas. Em vez de fazer isso, deveriam usar essa
oportunidade para contatar os irmãos novos, os
jovens e até mesmo os que se afastaram por quem
estejam orando. Se todos nós fizéssemos isso, todos
os jovens e irmãos fracos receberiam o cuidado
adequado. Embora você possa estar muito ocupado,
ainda pode cuidar de alguém se tiver o coração para
fazê-lo e estiver desejoso de exercitar seu talento. Ao
gastar ainda que sejam dez minutos com alguém,
podemos oferecer-lhe grande dose de edificação.
Após ter sido edificado dessa maneira, ele se sentirá
fortalecido e saberá que alguém está cuidando dele.
Assim, desejará receber mais ajuda. Se todos
praticarmos isso, ninguém será negligenciado. Não
haverá necessidade de que os presbíteros façam
todas as coisas, pois todos estarão funcionando para
cuidar dos outros.
Muitos, contudo, consideram que funcionar é
apenas uma questão de falar nas reuniões. Mas a
função adequada dos membros é ministrar o
suprimento de vida aos outros, cuidando deles. O
principal aspecto do serviço não é simplesmente
limpar o local de reunião ou cuidar do jardim. Nós
aqui somos os bens de Deus.
Nem todos têm capacidade de falar na reunião.
Gostaria de dizer uma palavra de conforto àqueles
que não nasceram com capacidade de falar bem. Não
é necessário que você fale nas reuniões. Para mostrar
que todos funcionam nas reuniões, os presbíteros às
vezes tentam fazer as pessoas funcionarem. Eles
podem dizer: “Se você não funciona, não está no fluir,
não está atualizado”. Esse tipo de palavra
desencoraja os que não conseguem falar bem de vir
às reuniões. Ficarão temerosos de ir às reuniões
porque os presbíteros podem forçá-los a funcionar.
Criou-se a atitude de que é uma vergonha não falar
nas reuniões, e de que é uma glória fazê-lo. Sim, há
alguns anos eu disse que todos podemos profetizar,
um após outro. Naquela época, tinha genuinamente o
encargo de encorajar todos a falar. Mas desde esse
tempo, criou-se uma atitude errada em relação ao
funcionar nas reuniões. Embora não queira impedir o
falar de quem quer que seja, quero enfatizar que
funcionar na vida da igreja não é meramente uma
questão de falar.
Todos precisamos aprender a usar nosso talento
para multiplicar os bens do Senhor. Ele deu a cada
um de nós parte de Seus bens como talento, e nosso
encargo, dever e responsabilidade é fazer com que
esse talento seja multiplicado. Não se desculpe e não
diga que não tem tempo para cuidar dos outros. Não
importa quão ocupado você esteja, ainda é possível
usar sua função cuidando de outros, mesmo que só
consiga ir a uma reunião por semana. Não pense que
você é muito fraco. Talvez seja fraco; contudo, outros
são ainda mais fracos e precisam de você. Mesmo que
sinta ser o mais fraco de todos, há alguns que estão
quase mortos e precisam de sua ajuda. A melhor
maneira de usar seu talento é cuidar dos outros e
interessar-se por eles. Isso não significa que você
deve se interessar pelos negócios dos outros. O
Senhor não o comissionou para esse propósito, mas
para cuidar das pessoas.
Se tiver recebido um talento, você precisa usá-lo.
Antes de ir à reunião, precisa orar: “Senhor, creio que
tenho um talento. Não quero enterrá-lo, envolvendo-
o com coisas terrenas. Antes, gostaria de usá-lo para
cuidar dos outros”. Demonstre amor para com
aqueles cujo coração esfriou. Vá vê-los ou convidá-los
para ir à sua casa. Quando você despende tempo com
o Senhor e abre-se a Ele a respeito daqueles de quem
deveria cuidar, Ele o enche de encargo. Quando
contatar os outros e tiver comunhão com eles,
espontaneamente você usará seu talento. Não diga
“Senhor, Tu és homem duro, que ceifas onde não
semeaste e ajuntas onde não joeiraste”. Pelo
contrário, o Senhor tem semeado e espalhado em
grande quantidade. Mas há muitos para você ceifar e
ajuntar. Oh a seara é grande, mas os trabalhadores
são poucos! Não é necessário que semeie-
simplesmente vá ceifar. Após cada reunião, há tempo
para ceifar e ajuntar. Ao fazer isso, exercitaremos
nosso talento. Desse modo, um talento se tomará
dois, dois talentos se tomarão quatro e cinco talentos
se tornarão dez. Os talentos, os bens de Deus que nos
foram comissionados, serão multiplicados. Se todos
formos fiéis em praticar isso, a restauração do
Senhor verdadeiramente se multiplicará.
O versículo 27 diz: “Cumpria, portanto, que
entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao
vir, receberia com juros o que é meu”. Entregar o
dinheiro aos banqueiros significa usar o dom de levar
outros à salvação e ministrar Suas riquezas a eles.
“Juros” significa o resultado lucrativo do que
ganhamos para a obra do Senhor usando Seu dom.
De certo modo, podemos dizer que os banqueiros são
todos os irmãos novos, os fracos, os jovens e os
afastados. Precisamos entregar os bens do Senhor a
esses banqueiros. Os banqueiros não são os irmãos
líderes, mas os mais fracos, aqueles que têm
problemas. Suponha que determinado irmão esteja
discordando e fale negativamente sobre a igreja. Os
que falam negativamente a respeito da igreja terão
sempre algo negativo para dizer sobre os presbíteros.
Falando assim pretende vindicar a si mesmo. Se a
igreja está errada, então ele está certo; mas se a igreja
está certa, então ele está errado. Se os presbíteros em
particular estão errados, então ele é verdadeiramente
vindicado. Todavia, esses discordantes são irmãos e
amam o Senhor. Quão bom seria se tal irmão
discordante fosse contatado, não por um dos
presbíteros, mas por outro irmão na igreja que o ama
e cuida dele! Se um irmão discordante for contatado
por alguns irmãos, ele finalmente voltará para a
Igreja e louvará o Senhor por ela.
Se usar seu talento desse modo, cuidando dos
outros, não somente multiplicará seu talento, mas
você mesmo estará no terceiro céu e rapidamente
crescerá e será transformado. Você será renovado no
espírito da mente e entre nós haverá um testemunho
maravilhoso do Corpo para todo o universo. O uni
verso verá que não somos um ajuntamento religioso,
mas um Corpo vivo. Por isso, todos precisamos usar
nosso talento, o bem do Senhor. O resultado será a
multiplicação. Posso testificar que quanto mais
cuidamos dos santos e das igrejas, mas ricos nos
tornamos.
O versículo 28 diz: “Tirai-lhe, pois, o talento, e
dai-o ao que tem dez talentos”. Tirar o talento
significa que o dom do Senhor será tirado dos crentes
preguiçosos no reino vindouro. Dar o talento ao que
tem dez significa que o dom dos crentes fiéis será
aumentado.
O versículo 29 diz: “Porque a todo o que tem se
lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem,
até o que tem lhe será tirado”. A todo o que obtém
lucro na era da igreja, mais dom lhe será dado na era
do reino vindouro; mas daquele que não obtiver lucro
na era da igreja, até o dom que tem será tirado na era
do reino vindouro.
O versículo 30 diz: “E o servo inútil, lançai-o
para fora, nas trevas exteriores; ali haverá choro e
ranger de dentes”. Essa palavra, a mesma que está
em 24:51, indicaque25:14-30 é um complemento de
24:45-51 a respeito da fidelidade na obra do Senhor.
Mateus 24:45-51 trata da infidelidade do servo em
cumprir o comissionamento do Senhor, mas 25:14-
30 ainda é necessário para lidar com a infidelidade
do servo em usar o talento do Senhor.
Tanto no capítulo 24.-como no 25, vemos as
questões da recompensa e da punição. De acordo
com 24:47, a recompensa para o servo fiel e prudente
é que o Senhor lhe confiará todos os seus bens. O
servo mau, que espanca seus companheiros e come e
bebe com ébrios, será castigado e terá sua porção
com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de
dentes (24:4951). No capítulo 25, o servo com cinco
talentos e o com dois talentos são recompensados
sendo colocados sobre o muito e entrando no gozo do
Senhor. O preguiçoso, o de um talento, contudo, é
punido sendo lançado nas trevas exteriores. Para
muitos mestres cristãos, ser lançado nas trevas
exteriores denota a perdição eterna de um falso
crente. Mas o contexto prova que essa não é uma
compreensão precisa. Não se trata da punição para
falsos crentes, mas para crentes genuínos que não
são fiéis. Isso não se refere à perdição eterna, mas à
punição na era do reino vindouro.
A expressão “choro e ranger de dentes” é usada
seis vezes no evangelho de Mateus, sendo duas vezes
com respeito à perdição dos falsos crentes (13:42) e
dos gentios malignos (13:50). Mateus 13:42 fala do
joio, os falsos crentes que serão lançados na fornalha
acesa. A fornalha acesa não são as trevas exteriores,
mas o lago de fogo. Mateus 13:50 fala dos gentios
malignos, os peixes ruins que são semelhantes aos
bodes no capítulo 25. Eles também serão lançados na
fornalha acesa. Assim, os que perecerão no fogo
eterno chorarão e rangerão os dentes.
Mateus 8:12 diz: “Ao passo que os filhos do reino
serão lançados fora, nas trevas exteriores; ali haverá
choro e ranger de dentes”. Porquanto os filhos do
reino certamente são salvos, eles não serão lançados
na fornalha acesa. Antes, serão lançados nas trevas
exteriores. Não creio que as trevas sejam a fornalha
acesa. Embora haja choro e ranger de dentes tanto
para os que perecem como para os crentes
derrotados, estes não serão lançados no lago de fogo,
mas nas trevas exteriores fora da esfera gloriosa da
presença do Senhor.
Mateus 22:13 diz: “Então disse o rei aos servos:
Amarrai-lhe os pés e as mãos, e lançai-o para fora,
nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de
dentes”. Isso se refere àquele que não tinha a veste
nupcial. Isso, é claro, não se refere a um incrédulo,
mas a um salvo. Esse salvo não será lançado no lago
de fogo, mas nas trevas exteriores.
Essa expressão é usada duas outras vezes, em
24:51 e em 25:30. De acordo com 24:51, o servo mau
será separado da presença do Senhor e terá sua
porção com os hipócritas, onde haverá choro e ranger
de dentes. O versículo semelhante, 25:30, diz que o
servo preguiçoso será lançado nas trevas exteriores
onde haverá choro e ranger de dentes. Ao ler todo
esses versículos, vemos que os falsos crentes, o joio e
os gentios malignos serão lançados na fornalha acesa,
o lago de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes.
No entanto, os crentes derrotados, tais como os filhos
do reino no capítulo 8, aqueles que estão sem as
vestes nupciais no capítulo 22, e os servos infiéis nos
capítulos 24 e 25, serão lançados nas trevas
exteriores. Lá, nas trevas exteriores, passarão pelo
choro e ranger de dentes. Isso não se refere à
perdição eterna, mas à punição dispensacional. Além
da salvação, há ainda a questão da recompensa e da
punição que serão concedidas na era do reino
vindouro. Se formos fiéis ao Senhor, seremos
recompensados na próxima era. Mas se não Lhe
formos fiéis, receberemos punição. Isso está muito
claro na Palavra sagrada de Deus.
Na mensagem anterior e nesta, vimos as
questões da vida e do serviço. Para a vida, precisamos
do encher do Espírito Santo e, para o serviço,
precisamos dos dons do Espírito Santo. Em nossa
vida, precisamos ser vigilantes e, em nosso serviço,
fiéis. Nossa vigilância, em vida, está relacionada com
o arrebatamento, e nossa fidelidade no serviço, com a
recompensa. Se formos vigilantes e fiéis, então
seremos arrebatados mais cedo e seremos
recompensados quando o Senhor voltar. Ser
arrebatado é participar do desfrute das bodas e ser
recompensado é participar em autoridade na era do
reino vindouro.
MENSAGEM 67

A PROFECIA DO REINO (7)


Nesta mensagem, chegamos a 25:31-46, a
palavra do Senhor a respeito do julgamento das
nações.

III. A RESPEITO DAS NAÇÕES


Nas primeiras duas seções da profecia do Senhor
a respeito do reino, o Senhor tratou dos judeus e da
igreja. No final desta era, haverá três categorias de
pessoas na terra: os judeus, os crentes e os gentios. O
começo do versículo 31 indica que o que é falado
desde o versículo 31 até o 46 é outra seção, a seção a
respeito dos gentios. Quando a profecia do Senhor se
voltou dos judeus para a igreja em 24:32, o termo
“mas” foi usado para indicar essa mudança. O mesmo
ocorre em 25:31, onde o termo “mas” desempenha
essa função.
Se a profecia do Senhor tivesse tratado somente
dos judeus e da igreja, ela não seria completa, pois
nada haveria sobre as nações. A fim de tornar Sua
profecia todo-inc1usiva, o Senhor tinha de dizer uma
palavra sobre o que aconteceria às nações ao
encerrar-se esta era. Muitos mestres cristãos têm
confundido a palavra do Senhor nas três partes da
profecia do reino, com alguns aplicando à igreja os
versículos referentes aos judeus. Tanto a palavra aos
judeus como a palavra aos gentios têm sido aplicadas
aos crentes. Muitos têm ensinado que o julgamento
das nações é o julgamento final que o Senhor
executará sobre todos nós. No passado, ouvi certos
mestres cristãos nos advertirem a não sermos
cabritos. Foi-nos dito para amar os pobres e os
sofredores para que quando o Senhor Jesus voltar
possamos ser considerados como ovelhas. De outra
forma, Ele nos considerará como cabritos. Graças ao
Senhor porque em Sua profecia, Ele usou o termo
“mas” em dois trechos cruciais, em 24:32 e em 25:31.
Essa palavra indica que a profecia volta-se dos judeus
para os crentes no primeiro caso, e, então, dos
crentes para os gentios.

A. Cristo no Trono de Glória


O versículo 31 diz: “Mas quando vier o Filho do
Homem na Sua glória e todos os anjos com Ele, então
Se assentará no trono da Sua glória”. O Filho do
Homem é o título de Cristo para Seu reino, o reino
messiânico (13:41). Seu julgamento aqui nesses
versículos é uma preparação para aquele reino.
A vinda falada nesse versículo é o aspecto aberto
da vinda do Senhor. Ela será a continuação de Sua
vinda mencionada em 24:30. Sua glória compreende
a glória de Sua divindade (Jo 17:22-24), a glória de
Sua humanidade (Sl 45:3), a glória de Sua
ressurreição (107:39; At 3:13-15), e a glória de Sua
ascensão (Hb 2:9). O trono no qual Ele se assentará é
o trono de Davi (Lc 1:3233), o qual estará em
Jerusalém (Mt 19:28; Jr 3:17).

B. O Julgamento Sobre Todas as Nações

1. Todas as Nações Serão Reunidas Diante do


Trono da Glória de Cristo
O versículo 32 diz: “E todas as nações serão
reunidas diante Dele”. Todas as nações são todos os
gentios que serão deixados na volta de Cristo à terra
após Ele destruir no Armagedom os gentios que
seguem o anticristo (Ap 16:14, 16; 19:11-15, 19-21).
Todos serão reunidos e julgados no trono de glória de
Cristo. Esse será o julgamento sobre os vivos antes do
milênio (At 10:42; 2Tm 4: l), diferente do Seu
julgamento sobre os mortos, no grande trono branco
após o milênio (Ap 20:11-15). Esse julgamento sobre
os vi vos ocorrerá após Seu julgamento sobre os
crentes em Seu trono de julgamento nos ares (Mt
25:19-30).
O versículo 32 diz que as nações, os gentios,
serão reunidos em Sua presença. Quando o Senhor
falou sobre as dez virgens, contudo, Ele não disseque
elas seriam reunidas. Antes, Ele disse que elas vieram.
Como mostramos, vir denota arrebatamento. Ao falar
sobre os servos que receberam os talentos, o Senhor
também disse que eles vieram. Mas as nações não
virão; elas serão reunidas. Numa parábola
equivalente à parábola das ovelhas e dos cabritos, a
sétima parábola em Mateus 13, os peixes também são
ajuntados fora do mar. Todas as nações serão
reunidas diante do trono da glória de Cristo para
serem julgadas ali.

2. Cristo as Separa como um Pastor Separa


as Ovelhas dos Cabritos
Os versículos 32 e 33 dizem: “Ele os separará uns
dos outros, como o pastor separa dos cabritos as
ovelhas; e porá as ovelhas à Sua direita, e os cabritos
à esquerda”. Isso indica que o Senhor é o pastor não
apenas dos crentes (Jo 10:11; Hb 13:20) e dos judeus
(Sl 80:1; Jr 3:10), mas também de todos os gentios
(Sl 100:1-13). As ovelhas serão ajuntadas à Sua
direita, o lugar de honra (1Rs 2:19; SI45:9).
3. As Ovelhas Herdarão o Reino Preparado
para Elas Desde a Fundação do Mundo
O versículo 34diz: “Então dirão Rei aos que
estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai,
herdai o reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo”. Após o julgamento do trono de
glória de Cristo, as ovelhas serão transportadas para
o milênio para serem o povo sob o domínio reinante
de Cristo e dos crentes vencedores (Ap 2:26-27; 12:5;
20:4-6) e sob o ministério sacerdotal dos judeus
salvos (Zc 8:20-23). Desse modo, elas “herdarão o
reino vindouro”. No milênio, haverá três esferas de
domínio: o reino da terra, onde ocorrerá a bênção da
criação de Deus, mencionada em Gênesis 1:28-30; a
esfera da nação de Israel, em Canaã, desde o Nilo até
o Eufrates, na qual os judeus salvos reinarão sobre
toda a terra (Is 60:10-12; Zc 14:16-18); e a esfera
celestial e espiritual (1Co 15:50-52), onde os crentes
vencedores desfrutarão a recompensa do reino (5:20;
7:21). O reino onde as ovelhas entrarão será a
primeira esfera de domínio do reino. A bênção da
primeira esfera, a bênção da criação de Deus, foi
preparada para as ovelhas desde a fundação do
mundo, enquanto a bênção da terceira esfera, a
bênção do reino celestial e espiritual, foi ordenada
aos crentes antes da fundação do mundo (Ef 1:3-4).
Toda a terra está sob a administração de Deus,
que visa levar a cabo Sua economia. A economia de
Deus visa restaurar a terra e estabelecer Seu reino de
maneira plena na terra. Deus está mais interessado
na terra do que nos céus. De acordo com a Bíblia, a
intenção de Deus é deixar os céus. Ele deseja descer
dos céus e estabelecer Seu reino na terra.
No reino de Deus como a esfera da
administração de Deus são necessários três tipos de
pessoas: os sacerdotes, os reis e o povo ou os
cidadãos. A profecia a respeito do reino dada pelo
Senhor no Monte das Oliveiras refere-se à economia
de Deus para introduzir Seu reino. Esta palavra final
nos diz o resultado da atividade de Deus na terra
para estabelecer Seu reino. O resultado é que Deus
obterá três povos: os sacerdotes, os reis e os cidadãos,
com os quais Ele terá um reino completo. A nação de
Israel é como uma mulher em trabalho de parto para
gerar o remanescente dos judeus que serão os
sacerdotes no milênio. Zacarias 8 revela que os
judeus serão os sacerdotes no reino vindouro. Eles
ensinarão todas as nações a servir a Deus. Não
haverá mais qualquer adoração idólatra. Os crentes,
tratados na segunda seção dessa profecia, serão os
reis, e os cidadãos serão tomados de entre as nações.
Quão sábio o Senhor é, incluindo toda a economia de
Deus numa predição de apenas dois capítulos!
Pouquíssimos cristãos viram que Deus julga as
pessoas conforme três coisas. Até os cristãos
fundamentalistas crêem que Deus julga as pessoas
conforme duas coisas-a lei e o evangelho. De acordo
com a lei, todo descendente de Adão está condenado
a perecer. Mas de acordo com o evangelho, todo
crente em Cristo é salvo. Assim a perdição é de
acordo com a lei e a salvação é de acordo com o
evangelho. No entanto, há ainda um terceiro item
segundo o qual Deus julgará as pessoas. É o
evangelho eterno.
Durante a perseguição do anticristo, para cuidar
dos crentes que ficarem na terra, um evangelho
eterno será pregado às nações (Ap 14:6-7), conforme
ilustrado pela parábola da rede em Mateus 13:47-50.
O Senhor então julgará as nações, não conforme a lei
de Moisés, nem conforme o evangelho de Cristo, mas
de acordo com o evangelho eterno. Essa é uma
questão da dispensação de Deus. Aqueles que
ouvirem esse evangelho e cuidarem dos crentes que
sofrerem serão abençoados e considerados justos (v.
46) para herdar o reino (v. 34), mas aqueles que não
o fizerem serão amaldiçoados (v. 41) e perecerão pela
eternidade. a evangelho da graça (At 20:24) traz a
vida eterna para os crentes (Jo 3:15-16) para que eles
vivam pela vida de Deus, enquanto o evangelho
eterno traz as ovelhas para dentro da vida eterna (v.
46) para que elas vivam na esfera da vida de Deus.
O evangelho eterno dirá às pessoas para
temerem a Deus e adorarem-No. Ele nada dirá sobre
arrependimento ou fé. a evangelho que ouvimos é
absolutamente diferente do evangelho eterno, pois
foi-nos dito que nos arrependêssemos para Deus e
crêssemos no Senhor Jesus. O evangelho da graça
nada diz sobre temor ou adoração; antes, ele enfatiza
o arrependimento e a fé. Além do mais, o centro do
evangelho da graça é Cristo.
Em complemento à lei e ao evangelho da graça, o
evangelho eterno é o terceiro item segundo a qual
Deus julgará as pessoas. Todos aqueles que estão
perecendo são julgados conforme alei, os salvos são
julgados conforme o evangelho da graça, e as nações
reunidas diante do trono de glória de Cristo são
julgadas conforme o evangelho eterno. Mateus 25:31-
46 não se refere à lei nem ao evangelho da graça.
Cristo não separará as nações conforme os dez
mandamentos nem conforme o arrependimento
deles e sua fé Nele. Antes, Ele as separará conforme a
maneira com que elas trataram o menor de Seus
irmãos segundo o evangelho eterno (v. 40). Aqueles
que tratarem bem Seus pequeninos irmãos serão as
“ovelhas” (vs. 34-40), mas aqueles que não os
tratarem bem serão os “cabritos” (vs. 41-46).
O tratamento para com os irmãos de Cristo que
será o objeto do julgamento diante do trono de Sua
glória acontecerá durante a grande tribulação,
quando os crentes sofrerão a perseguição do
anticristo (Ap 13:6-7; 20:4). Todos os sofrimentos
nos versículos 35 a 39 acontecerão aos crentes que
forem deixados para o julgamento (Ap 3:10) durante
a grande tribulação (Mt 24:21). De acordo com
Apocalipse 14, durante a grande tribulação, o
anticristo forçará o povo de Deus a adorá-Lo.
Naquele tempo, um anjo pregará o evangelho eterno
advertindo o povo a temer a Deus e a não maltratar
Seu povo. Os cristãos que serão maltratados pelo
anticristo serão considerados pelo Senhor Seus
pequeninos irmãos. Os irmãos mais velhos serão
arrebatados, e os pequeninos serão deixados para
passar pela tribulação. O anticristo os maltratará,
perseguirá e aprisionará. Assim, eles terão falta de
alimento e roupa, e muitos adoecerão. Mas uma voz
do céu dirá algo parecido com isto: “Temei a Deus eO
adorai, e nada façais para causar dano ao povo de
Deus. Os que temerem ao anticristo em vez de a Deus
perecerão”. Deus trata os incrédulos de acordo com a
lei, e os crentes de acordo com o evangelho de Cristo
na era da graça. Mas no final desta era, os três anos e
meio da grande tribulação, Deus enviará um anjo
para pregar um evangelho específico, o evangelho
eterno. Essa é uma questão dispensacional. Assim,
após Cristo ter julgado os Seus crentes no tribunal
nos ares, Ele virá com os vencedores para destruir os
exércitos do anticristo, salvar o remanescente dos
judeus e estabelecer Seu trono de glória em
Jerusalém. Então, todos os gentios vi vos serão
reunidos diante Dele para ser julgados. Por meio de
Seu tribunal nos ares, Ele irá esclarecer a situação
entre os crentes. Ao descer no Monte das Oliveiras,
Ele irá esclarecer a situação entre os judeus.
Finalmente, em Seu trono de glória, Ele irá esclarecer
a situação entre as nações. Ele as julgará não segundo
a lei ou o evangelho da graça, mas segundo o
evangelho eterno, de acordo como elas trataram Seus
pequeninos irmãos durante a grande tribulação. Atos
10:42 e 2 Timóteo 4:1 dizem que Cristo será o Juiz
dos vivos e dos mortos. Cristo julgará os mortos no
trono branco após o milênio. Mas Ele julgará os vivos
no trono de Sua glória antes do milênio. O
julgamento conforme a lei para a perdição eterna
depende de como alguém se relaciona com Deus; o
julgamento conforme o evangelho para a Salvação
eterna depende de como os crentes se relacionam
com Cristo; e o julgamento conforme o evangelho
eterno para as “ovelhas” herdarem o reino milenar
depende de como elas se relacionam com os
pequeninos irmãos do Senhor.

4. Os Cabritos Vão para o Fogo Eterno


Preparado para o Diabo e Seus Anjos
O versículo 41 diz: “Então dirá também aos que
estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo
e seus anjos”. Esse fogo é o fogo no lago de fogo (Ap
20:14-15). Os “cabritos” perecerão no lago de fogo
após o anticristo e o falso profeta (Ap 19:20) e antes
do diabo e dos pecadores ressuscitados (Ap 20; 10,
15). Essa é a parte do cumprimento de Apocalipse
14:10. O lago de fogo foi preparado para o diabo e
seus anjos, não para o homem. No entanto, se algum
homem seguir o diabo em opor-se ao Senhor, ele
participará do lago de fogo com o diabo e os anjos
caídos.
As ovelhas receberão o reino preparado desde a
fundação do mundo. Mas os cristãos que serão reis
durante o milênio receberão o que foi predestinado
desde antes da fundação do mundo. A porção das
ovelhas será simplesmente desfrutar o que Deus
criou desde a fundação do mundo. No reino milenar,
haverá uma parte celestial e uma parte terrena. A
parte celestial será a manifestação do reino, o reino
do Pai. Os judeus estarão no centro da parte terrena
como os sacerdotes, e ao redor dos judeus estarão as
ovelhas, as nações Salvas, como o povo. Nós, os
crentes vencedores, participaremos do desfrute
espiritual de Cristo e de todas as bênçãos celestiais.
Nosso desfrute será celestial, espiritual e divino. Mas
o desfrute das “ovelhas”, as nações restauradas, não
será celestial ou espiritual. Antes, será a bênção que
Deus deu aos homens quando Ele criou a terra, a
bênção perdida pela queda de Adão. Estou feliz
porque estamos na melhor categoria, a categoria de
reis. Os judeus estarão na parte terrena, mas nós
estaremos na parte celestial. Nossa porção será a de
exercer autoridade sobre as nações. Como agradeço
ao Senhor por nos dar essa visão clara do milênio!
Na profecia do reino, nem a parte relativa aos
judeus, nem a relativa aos gentios estão relacionadas
com a vida. Mas a parte relativa aos crentes, à igreja,
está muito relacionada com a vida. Como
enfatizamos, precisamos ser fiéis, vigilantes e estar
prontos e precisamos ser sábios e prudentes. Tudo
isso são indicações de que devemos estar cheios de
vida. A vida está conosco. Aleluia, somos o povo da
vida!
MENSAGEM 68

UM TESTE PARA TODAS AS PESSOAS E O


ESTABELECIMENTO DA MESA
Não é fácil entender o ponto doutrinário de
Mateus expresso em seu Evangelho. Muitos de nós
fomos ensinados que o livro de Mateus era
simplesmente um livro de histórias. No entanto,
Mateus não é um livro de histórias, mas um livro
sobre a doutrina do reino dos céus. Para tocar as
profundezas desse livro, precisamos aplicar esse
princípio a todos os capítulos. Do capítulo 26 ao 28,
não podemos encontrar o termo “o reino dos céus”.
No entanto, todas as coisas contidas nesses capítulos
estão relacionadas ao reino dos céus. Se gastarmos
tempo na presença do Senhor para ver o significado
desses capítulos em relação ao reino dos céus, Ele
nos revelará isso.

I. O ÚLTIMO DESVENDAR DA
CRUCIFICAÇÃO PARA O CUMPRIMENTO DA
PÁSCOA
Mateus 26:1 e 2 dizem: “E sucedeu que, quando
Jesus concluiu todas essas palavras, disse a Seus
discípulos: Sabeis que daqui a dois dias é a Páscoa; e
o Filho do Homem será entregue para ser
crucificado”. A palavra “E” no começo do versículo 1
une o capítulo 26 aos capítulos 24 e 25, a profecia
concernente aos judeus, aos crentes e aos gentios.
Imediatamente após dar essa profecia do reino, o
Senhor disse a Seus discípulos que em dois dias seria
a Páscoa e que o Filho do Homem seria entregue para
ser crucificado. O significado da palavra do Senhor
aqui é que Sua crucificação é o cumprimento da
Páscoa. Essa Páscoa deveria ser a última. A Páscoa
fora comemorada por mais de quinze séculos. Mas
agora estava para terminar, e, de certo modo, ser
substituída. Ao juntar a Páscoa à crucificação do
Filho do Homem, o Senhor estava mostrando que
Sua crucificação foi o cumprimento da Páscoa e que
Ele mesmo era o Cordeiro pascal.
A Páscoa era um tipo de Cristo (1Co 5:7). Cristo é
o Cordeiro de Deus para que Deus possa passar sobre
nós, os pecadores, como é retratado em tipologia pela
Páscoa em Êxodo 12. Assim, Cristo como o Cordeiro
pascal teve de ser morto no dia da Páscoa para seu
cumprimento.
Conforme a prefiguração, o Cordeiro pascal
tinha de ser examinado durante os quatro dias que
precediam o dia da Páscoa para atestar sua perfeição
(Êx 12:3-6). Antes de Sua crucificação, Cristo foi a
Jerusalém pela última vez, seis dias antes da Páscoa
(Jo 12:1), e foi examinado pelos líderes judeus por
alguns dias (Mt 21:23-22:46). Nenhum defeito foi
encontrado Nele, e Ele provou ser perfeito e
qualificado a ser o Cordeiro pascal para nós.

II. UM TESTE PARA TODO O POVO


Como o Cordeiro pascal, Cristo foi um teste para
todo o povo. Através dos séculos, Cristo
constantemente tem sido tal teste. Não podemos ser
neutros em relação a Ele. Antes, tudo o que somos
será testado por Ele. Devemos fazer algo com relação
a Ele, e devemos reagir a Ele. Nossa reação revelará
nossa atitude em relação a esse Cordeiro pascal.

A. Odiado pelos Religiosos


Os versículos 3 a 5 indicam que Cristo foi odiado
pelos religiosos. O sumo sacerdote e os anciãos do
povo se reuniram para saber como deveriam prender
Jesus com astúcia e matá-Lo. Você consegue
acreditar que os religiosos usaram de astúcia para
matar o Senhor Jesus? O versículo 5 diz: “Mas
diziam: Não durante a festa, para que não haja
tumulto entre o povo”. Finalmente, sob a soberania
de Deus, eles mataram o Senhor Jesus na festa
(27:15) para o cumprimento da prefiguração. Isso
indica que a crucificação de Cristo estava
soberanamente sob a mão de Deus para cumprir a
Páscoa. Ao odiar o Senhor Jesus, a primeira classe de
pessoas, os religiosos, foi exposta.

B. Amado pelos Discípulos


Embora os religiosos odiassem o Senhor Jesus,
os Seus discípulos O amavam (vs. 6-13). Dois
daqueles que O amavam eram Simão, o leproso, e
Maria, a mulher que derramou óleo sobre Sua cabeça.
Um leproso significa um pecador (8:2). Simão, como
um leproso, deve ter sido curado pelo Senhor. Sendo
grato ao Senhor e amando-O, ele deu uma festa (v. 7)
em sua casa para o Senhor e Seus discípulos a fim de
desfrutar Sua presença. Um pecador salvo sempre
deve fazer isso. Simão devia ter ficado sabendo que o
Senhor estava para ser morto. Provavelmente
percebeu que essa era a última oportunidade para
que ele expressasse seu amor pelo Senhor. Por isso,
aproveitou a oportunidade de um contato mais
íntimo, amável com o Senhor. Abriu sua casa, deu
uma festa e convidou o Senhor e todos aqueles que O
amavam.
Os versículos 7 e 8 dizem: “Aproximou-se Dele
uma mulher, trazendo um vaso de alabastro com
ungüento de grande valor, e Lho derramou sobre a
cabeça, estando Ele reclinado à mesa. Vendo isso,
indignaram-se os discípulos e disseram: Para que
esse desperdício?” Os discípulos consideraram o
amor de Maria oferecido ao Senhor como um
desperdício. Nos últimos vinte séculos, milhares de
vidas preciosas, corações valorosos, altas posições e
futuros brilhantes têm sido desperdiçados sobre o
Senhor Jesus. Para tais pessoas cheias de amor, Ele é
inteiramente amável e digno de suas ofertas. O que
derramaram sobre Ele não é um desperdício, mas um
testemunho perfumado de Sua doçura.
No versículo 11, o Senhor disse aos discípulos
indignados: “Porque os pobres sempre os tendes
convosco, mas a Mim nem sempre Me tendes”. Isso
mostra que devemos amar o Senhor e aproveitar a
oportunidade para expressar nosso amor por Ele.
O versículo 12 diz: “Pois derramando este
ungüento sobre o Meu corpo, ela o fez para o Meu
sepultamento”. Maria teve a revelação da morte do
Senhor pelas palavras do Senhor em 16:21; 17:22-23;
20:18-19 e 26:2. Assim, ela aproveitou a
oportunidade para derramar o melhor que tinha
sobre o Senhor. Amar o Senhor com o melhor que
temos requer uma revelação a respeito Dele.
Juntamente com Simão, Maria também
provavelmente pensava que essa seria sua última
chance de fazer alguma coisa sobre o corpo do
Senhor para ungi-Lo para o sepultamento. Num
sentido bem verdadeiro, Maria enterrou o Senhor
Jesus antes de Ele ser crucificado. Que contraste
entre os religiosos que odiavam o Senhor e queriam
matá-Lo e aqueles que O amavam e aproveitavam a
oportunidade para expressar Seu amor por Ele! Creio
que os outros como Pedro, Tiago e João não
receberam adequadamente a profecia do Senhor
concernente a Sua crucificação. Conforme o
testemunho do Senhor, Maria certamente recebeu
Sua palavra a respeito disso, pois o Senhor testificou
que ao derramar o bálsamo, ela o fez para Seu
sepultamento. Esse foi um sinal de que Maria
entendeu o que o Senhor havia profetizado a respeito
de Sua crucificação.
O versículo 13 diz: “Em verdade vos digo: Onde
for proclamado em todo o mundo este evangelho,
será também contado o que ela fez, para memória
sua”. No versículo anterior, o Senhor falou sobre Seu
sepultamento, incluindo Sua morte e ressurreição
para nossa redenção. Assim, nesse versículo, Ele
chamou o evangelho de “este evangelho”, referindo-
se ao evangelho de Sua morte, sepultamento e
ressurreição (1Co 15:1-4). A história do evangelho é
que o Senhor nos amou, e a história de Maria é que
ela amou o Senhor. Devemos pregar ambas, o Senhor
nos amando e nós amando o Senhor. U ma é para
nossa Salvação e a outra é para nossa consagração. O
evangelho nos diz como o Senhor nos amou, mas a
história de amor de Maria nos constrange a amar o
Senhor. Por isso, deve haver um amor mútuo. Isso
deve acompanhar a pregação do evangelho.

C. Traído pelo Falso Discípulo


Do versículo 14 ao 16, vemos que o Senhor Jesus
foi traído pelo falso discípulo. A palavra “Então” no
começo do versículo 14 mostra que enquanto um dos
seguidores do Senhor expressava seu amor por Ele
incondicionalmente, outro estava para traí-Lo. Um
estava tendo apreço pelo Senhor, e ao mesmo tempo
outro estava dando-Lhe um golpe. Nem mesmo um
falso crente deve ter sido tão maligno. O Senhor
Jesus nunca tinha prejudicado Judas. Judas, contudo,
estava cheio e possuído de Satanás, o diabo. Em João
6:70 e 71, o Senhor Jesus se referiu a Judas como
diabo. Conforme João 13:2, o diabo tinha posto no
coração de Judas que O traísse, e João 13:27 diz que
Satanás entrou nele. Assim, Judas se tomou a
corporificação do diabo. A idéia de trair o Senhor
Jesus não se originou nele, mas no inimigo, o diabo.
Nesses versículos, vemos três categorias de
pessoas: os religiosos, os que O amavam e os
traidores. A qual categoria você pertence? Você já
abriu sua casa e preparou um banquete para o
Senhor Jesus? Já quebrou o vaso de alabastro e
derramou bálsamo sobre Seu corpo? Certamente
somos os que amam a Jesus. Não obstante, devemos
aprender a amá-Lo até o fim.

III. O ESTABELECIMENTO DA MESA

A. Na Festa da Páscoa
Do versículo 17 ao 30, vemos o guardar da
Páscoa e o estabelecimento da mesa. O versículo 17
diz: “No primeiro dia da festa dos Pães Asmos, os
discípulos aproximaram-se de Jesus, dizendo: Onde
queres que Te façamos os preparativos para comeres
a páscoa?” Os Pães Asmos são uma festa de sete dias
(Lv 23:5-6). Ela é também chamada de Páscoa (Lc
22:1; Mc 14:1). Na verdade, a Páscoa era o primeiro
dia da festa dos Pães Asmos (Êx 12:15-20). A mesa
mencionada no versículo 20 refere-se não à mesa do
Senhor, mas à mesa da festa da Páscoa.
B. Na Hora de Ser Traído
Os versículos 21 a 25 revelam que o Senhor
estabeleceu a mesa na hora de ser traído. O versículo
21 diz: “E, enquanto comiam, disse-lhes: Em verdade
vos digo que um dentre vós Me trairá”. Quando os
discípulos ouviram isso, eles se entristeceram, e
começaram um por um a perguntar: “Porventura,
sou eu, Senhor?” Quando fez essa pergunta, o Senhor
deixou a própria palavra de Judas condená-lo (v. 25).
Depois disso, Judas saiu. Ele não mais suportou ficar
ali. Após Judas ter ido, o Senhor estabeleceu a mesa.
Assim, Judas participou da festa da Páscoa, mas não
teve parte na mesa do Senhor. Depois que o traidor, o
falso crente, foi exposto, o Senhor estabeleceu a mesa
com os onze crentes verdadeiros.

C. Para Substituir a Festa da Páscoa


O versículo 26 diz: “E, enquanto comiam, tomou
Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos
discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o Meu
corpo”. Começando no versículo 26, a mesa do
Senhor foi estabelecida. O Senhor e os discípulos
primeiramente comeram a Páscoa (vs. 20-25; Lc
22:14-18). Então o Senhor estabeleceu Sua mesa com
o pão e o cálice (vs. 26-28; Lc 22:19-20; 1Co 11:23-
26) para substituir a festa da Páscoa, porque Ele ia
cumprir a prefiguração e ser a verdadeira Páscoa
para nós (1Co 5:7). Agora estamos guardando a
verdadeira festa dos Pães Asmos (v. 17; 1Co 5:8).
Nesse capítulo, há duas mesas: a mesa da Páscoa
e a mesa do Novo Testamento. A mesa da Páscoa era
a mesa da economia do Antigo Testamento, mas a
mesa do Senhor é a mesa da economia do Novo
Testamento.

1. Com o Pão
No versículo 26, o Senhor tomou o pão,
abençoou-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo:
“Tomai, comei; isto é o Meu corpo”. O pão da mesa
do Senhor é um símbolo representando o corpo físico
do Senhor, partido por nós na cruz para liberar Sua
vida a fim de que possamos participar dela.
Participando dessa vida, nos tornamos o Corpo
místico de Cristo (1Co 12:27), que também é
representado pelo pão da mesa (1Co 10:17). Assim,
participando desse pão, temos a comunhão do Corpo
de Cristo (1Co 10:16).
Na Páscoa, as pessoas comiam a carne do
Cordeiro pascal. Mas depois da festa da Páscoa, o
Senhor Jesus não tomou a carne do cordeiro, mas Ele
tomou pão e o deu a Seus discípulos para que
comessem. Como mostramos, esse pão significa o
corpo do Senhor para nos nutrir. No entanto, todos
nós temos algum tipo de antecedente religioso que
nos impede de compreender isso. Devido à nossa
religiosidade, temos alguma impressão doutrinária a
respeito da mesa do Senhor. Quando os cristãos se
voltam para a santa ceia hoje, eles não têm a
percepção de que estão tomando o Senhor Jesus para
dentro de si como seu suprimento. Vocês tinham essa
percepção quando estavam na religião? Eu não tinha.
Pelo contrário, era-nos dito que deveríamos
examinar a nós mesmos; não que estávamos
tomando o corpo do Senhor como nosso suprimento.
Mas se alguém se chegar à mesa do Senhor sem
qualquer conceito doutrinário, espontaneamente
perceberá que comer o corpo do Senhor é recebê-Lo
em nós como suprimento.
Muitos pastores e pregadores hoje dizem às
pessoas que se lembrem da morte de Cristo enquanto
participam da santa ceia. Muitos se esforçam para
rever o sofrimento e a morte do Senhor na cruz:
Contudo, o Senhor não nos disse que nos
lembrássemos de Sua morte, mas que nos
lembrássemos Dele, pois Ele disse: “Fazei isto em
memória de Mim” (Lc 22:19). Ele nos disse para
lembrarmos Dele ao comer o pão e beber o cálice.
Essa não é apenas uma lembrança, mas também um
desfrute do Senhor. Participar da mesa do Senhor
desse modo é comer e beber Dele.
Lucas 22:19 diz: “E, tomando um pão, tendo
dado graças, o parti u e deu-lho, dizendo: Isto é o
Meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em
memória de Mim”. De acordo com esse versículo,
devemos comer em memória do Senhor. Assim, a
genuína lembrança não é rever a história da vida do
Senhor, mas comê-Lo, tomá-Lo.
Como símbolo de Seu corpo, o Senhor não usou
um grão de trigo, mas um pão. Um pão significa que
muitos grãos passaram por um longo processo para
se tornar pão. Primeiramente, a semente é plantada
no campo. Então ela cresce e produz muitos grãos,
Depois que o trigo é colhido, os grãos são moídos até
se tornar farinha fina, que é misturada na massa e
assada no forno para fazer pão. Somente então,
temos um pão para comer. Como um grão de trigo
(Jo 12:24), o Senhor Jesus passou por tal processo
até que finalmente se tornou o pão sobre a mesa para
comermos. Todas as vezes que formos à mesa do
Senhor, devemos ter essa percepção. Devemos ser
capazes de dizer: “Senhor, hoje Tu és nosso pão
porque foste processado por nós. Agora Tu és o pão
sobre a mesa para que comamos” o pão sobre a mesa
primeiramente significa o corpo físico do Senhor, que
foi crucificado. Mas após Sua ressurreição, esse corpo
se tornou misterioso, pois foi ampliado até se tornar
Seu Corpo místico. Conforme João, capítulo 2, os
judeus mataram Seu corpo físico, mas Ele foi
ressuscitado de maneira misteriosa para tornar-se
Seu Corpo místico. O Corpo místico do Senhor
compreende todos nós. Por isso, quando vemos o pão
na mesa do Senhor, precisamos perceber que é um
símbolo tanto do corpo físico do Senhor como de Seu
Corpo místico, Por essa razão, quando partimos o
pão e o comemos, temos a comunhão do Corpo do
Senhor (1Co 10:16). Todos os membros do Corpo
místico de Cristo estão representados no pão.
Portanto, à mesa, desfrutamos não apenas o Senhor
Jesus, mas também os crentes. Em outras palavras,
desfrutamos Cristo e a igreja. Tanto Cristo como a
igreja são nosso desfrute.

2. Com o Cálice
O versículo 27 diz: “E tomou um cálice e, tendo
dado graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos”. O
pão é mencionado antes do cálice porque o propósito
eterno de Deus não é a redenção. É ter o Corpo de
Cristo. Por isso, o pão como o símbolo do Corpo de
Cristo vem primeiro. Não obstante, precisamos ser
lembrados de que, como pecadores, temos o
problema do pecado e que o Senhor Jesus derramou
Seu sangue para nos purificar. Seu sangue fez uma
redenção completa por nós para que todos os nossos
pecados pudessem ser perdoados.
O sangue do Senhor nos redimiu de nossa
condição caída de volta a Deus e de volta à bênção
plena de Deus. Com respeito à mesa do Senhor (1Co
10:21), o pão significa nossa participação em vida, e o
cálice, nosso desfrute das bênçãos de Deus. Por isso,
ele é chamado de o cálice da bênção (1Co 10:16).
Nesse cálice, estão todas as bênçãos de Deus e até
mesmo o próprio Deus como nossa porção (Sl 16:5).
Em Adão, nossa porção era o cálice da ira de Deus
(Ap 14:10). Cristo tomou esse cálice por nós (Jo
18:11) e Seu sangue estabeleceu o cálice da salvação
para nós (Sl 116:13), o cálice que transborda (S123:5).
Participando desse cálice, também temos a
comunhão do sangue de Cristo (1Co 10:16).
O versículo 28 diz: “Porque isto é o Meu sangue
da aliança, que é derramado por muitos, para perdão
de pecados”. O fruto da vide (v. 29) nó cálice da mesa
do Senhor é também um símbolo, significando o
sangue do Senhor derramado na cruz por nossos
pecados. Seu sangue foi exigido pela justiça de Deus
para o perdão de nossos pecados (Hb 9:22).
Alguns manuscritos inserem a palavra “nova”
antes da palavra “aliança” no versículo 28. O sangue
do Senhor, tendo satisfeito a justiça de Deus,
promulgou a nova aliança. Nessa nova aliança, Deus
nos dá perdão, vida, salvação e todas as bênçãos
espirituais, celestiais e divinas. Quando essa nova
aliança é dada a nós, ela é um cálice (Lc 22:20), uma
porção para nós. O Senhor derramou o sangue, Deus
estabeleceu a aliança, e nós desfrutamos o cálice, no
qual Deus e tudo o que é Dele são a nossa porção. O
sangue é o preço que Cristo pagou por nós, a aliança
é o título de propriedade que Deus deu a nós, e o
cálice é a porção que recebemos de Deus.
3. Até a Era do Reino
O versículo 29 diz: “Mas digo-vos: De agora em
diante, de nenhum modo beberei deste fruto da
videira, até aquele dia em que o beba, novo, convosco
no reino de Meu Pai”. Ao falar essa palavra, o Senhor
deixou claro que desde a hora em que Ele estabeleceu
a mesa, estaria Ele fisicamente longe dos discípulos e
não beberia o fruto da vi de com eles até que o
bebesse novo com eles no reino do Pai. Essa é a parte
celestial do milênio, a manifestação do reino dos céus,
na qual o Senhor beberá conosco após Sua volta.

D. Louva o Pai com um Hino


O versículo 30 diz: “E, tendo cantado um hino,
saíram para o monte das Oliveiras”. Esse hino foi um
louvor ao Pai por parte do Senhor com os discípulos
após a mesa do Senhor. É com base nesse versículo
que cantamos louvores ao Pai ao final da mesa do
Senhor.
MENSAGEM 69

PREMIDO NO GETSÊMANI, PRESO PELOS


JUDEUS, JULGADO PELO SINÉDRIO E
NEGADO POR PEDRO
Nesta mensagem, chegamos a 26:31-75, um
longo trecho no Evangelho de Mateus que também se
relaciona ao reino. Os versículos nesse capítulo a
respeito da mesa do Senhor indicam que a morte e a
ressurreição do Senhor têm muito a ver com o reino
dos céus. Nesses versículos, contudo, não podemos
encontrar a ressurreição, embora tenhamos uma
referência clara da morte do Senhor no partir do pão,
que significa o partir do corpo do Senhor. A palavra
do Senhor sobre o derramamento de Seu sangue (v.
28) é também uma referência óbvia de Sua morte.
Embora não haja menção explícita disso, a
ressurreição está implícita pelo fato de que o pão
simboliza o Senhor como o pão para nosso desfrute.
Sua morte cumpriu a redenção por nós, mas Ele se
toma nosso desfrute através da redenção em
ressurreição. Quando vamos à mesa do Senhor,
vemos ali um símbolo da morte do Senhor, mas nos
lembramos Dele, não na morte, mas em ressurreição.
Nessa lembrança, expomos Sua morte. Tanto a
crucificação como a ressurreição do Senhor são para
o reino. Fora da crucificação e da ressurreição de
Cristo, é impossível que o reino seja estabelecido.
Pela vida natural, não é possível que sejamos o
povo do reino. Esse fato se toma bem claro em 26:31-
75. Aqui, temos um quadro da prisão e julgamento de
Cristo. Esse relato revela que pela vida natural
ninguém pode seguir a Cristo no caminho da cruz. O
Rei pode tomar este caminho, mas nós, em nossa
vida natural, não podemos. Por isso, o Senhor teve de
morrer por nós e entrar na ressurreição por nós.
Através de Sua morte, nossa situação negativa é
saldada, e por Sua ressurreição Ele pode ser tomado
por nós e até mesmo se tornar nós.
Anos atrás, eu não podia entender porque no
relato da prisão e julgamento do Senhor, Mateus
inclui uma longa história sobre o fato de Pedro ter
negado o Senhor. Costumava pensar que poucos
versículos teriam sido suficientes para descrever
como Pedro negou o Senhor três vezes. Mas Mateus
apresenta isso em detalhes. É importante termos o
significado da negação de Pedro. No capítulo 26, o
Senhor Jesus e Pedro estão em absoluto contraste
um com o outro. Em todos os aspectos, Jesus foi
capaz de passar pelo caminho da cruz. Mas em todos
os aspectos, Pedro foi derrotado ao tomar esse
caminho. Todos os outros discípulos, sem dúvida,
eram iguais a Pedro. Se virmos essa questão com
clareza, atentaremos cuidadosamente para o negar
de Pedro tanto como para a vitória de Cristo.
Qual foi a principal intenção de Mateus em
26:31-75: revelar a vitória de Cristo ou expor o
defeito de Pedra? Creio que sua intenção era
apresentar ambos, cada um em contraste vívido com
o outro. Quando olhamos para o Senhor Jesus,
vemos completo sucesso, mas quando olhamos para
Pedra, vemos total fracasso. Para o estabelecimento
do reino, a vitória de Cristo é necessária. Ele teve de
ser vitorioso em todos os aspectos. Ao mesmo tempo,
devemos perceber que, como seres humanos caídos,
não somos capazes de ser o povo do reino.
Não tenha qualquer confiança em si mesmo.
Pedra é nosso representante. No que diz respeito à
nossa vida natural, somos todos Pedro. Para o reino
dos céus ser estabelecido, havia a necessidade de um
homem como Jesus. No capítulo 26, o Senhor Jesus
esteve na posição de homem, não na posição do Filho
de Deus. Para o reino dos céus ser estabelecido, Ele
se posicionou como homem, homem de sucesso,
homem vitorioso, como homem que podia resistir a
qualquer opressão, derrota, oposição e ataque.
Ao considerarmos esse quadro do Senhor Jesus,
devemos ter a clara impressão de que em nossa vida
humana é impossível sermos o povo do reino. Os
doze discípulos do Senhor estiveram sob o ensino e o
treinamento do Senhor por três anos e meio. Durante
esse período, eles estiveram constantemente com o
Senhor. Pedro, um pescador, foi chamado no capítulo
4 e começou, daquela hora em diante, a seguir o
Senhor Jesus. O Senhor teve um cuidado especial
para treinar Pedro de modo especial. Pedro ouviu o
decreto da constituição do reino dos céus e ouviu
todos os mistérios concernentes ao reino. Ele foi
treinado com respeito a Cristo como o Filho de Deus,
à edificação da igreja e ao caminho para a cruz. Foi
tratado no Monte da Transfiguração e corrigido
quanto a pagar o tributo. Vez após vez, Pedro foi
aperfeiçoado. É difícil crer que tal pessoa qualificada
e treinada pudesse ser o primeiro a negar o Senhor.
Se Pedro não pudesse ser bem-sucedido em seguir o
Senhor, então quem poderia? Se Pedro tivesse
negado o Senhor no capítulo 4, eu não ficaria tão
surpreso. Mas é-me difícil acreditar que no capítulo
26, após estar com o Senhor por três anos e meio,
Pedro pudesse negá-Lo.
Nem mesmo o próprio Pedro acreditava que
pudesse fazer isso. No versículo 33, Pedro disse
ousadamente ao Senhor: “Ainda que todos venham a
tropeçar por Tua causa, eu jamais tropeçarei”, e no
versículo 35, ele disse: “Ainda que me seja necessário
morrer Contigo, de nenhum modo Te negarei”. Pedro
estava confiante de que seguiria o Senhor até o fim.
Mas como esse quadro deixa claro, tudo o que ele
pôde fazer foi negar o Senhor até o fim. Isso prova
que nenhum ser humano pode ser vitorioso em vi ver
a vida do reino. Tal vez após ler estas mensagens,
você tenha sido despertado para o reino e deseje ser
pelo povo do reino hoje. Mas devemos perceber que
nenhum de nós pode fazê-lo. Portanto, temos de nos
humilhar, nos curvar e dizer: “Senhor, simplesmente
não consigo fazê-lo. Sou um Pedro. Se Pedra não
pôde fazê-lo, então quem sou eu para pensar que
posso? Senhor, eu não posso”.

I. A ADVERTÊNCIA AOS DISCÍPULOS


Na luz do contraste entre a vitória de Cristo e a
falha de Pedro, vamos agora considerar os versículos
31 a 75. O versículo 31 diz: “Então lhes disse Jesus:
Esta noite todos vós tropeçareis por Minha causa;
porque está escrito: Ferirei o Pastor, e as ovelhas do
rebanho se dispersarão”. O Senhor era o pastor e os
discípulos eram as ovelhas que ficariam dispersas.
No entanto, todos os discípulos disseram que não O
negariam. Todos eles, especialmente Pedra, tinham a
certeza e a confiança de que seguiriam o Senhor até o
fim, não importando como fosse o caminho.
Em Sua advertência, o Senhor prometeu que
ressuscitaria e iria encontrar-se com eles na Galiléia
(v. 32). Também predisse que na noite da Sua traição,
Pedro O negaria três vezes (v. 34).
11. PREMIDO NO GETSÊMANI
Após avisar os discípulos, o Senhor foi com eles
ao Getsêmani (v. 36). Getsêmani significa lagar de
azeite. O Senhor foi premido ali para que o azeite, o
Espírito, pudesse fluir. Depois de tomar a Pedra,
Tiago e João, o Senhor foi orar sozinho. Quando
retomou da oração pela primeira vez, encontrou os
discípulos dormindo (v. 40). O Senhor lhes dissera
seriamente que Sua alma estava “profundamente
triste até a morte”, e lhes pedira que vigiassem com
Ele (v. 38). Mas parecia-lhes que nada ia acontecer e
que tudo estava em paz. Talvez os discípulos
sentissem sono porque eles estavam cansados de
estar na presença do Senhor. De acordo com os
outras Evangelhos, Pedra e João foram os enviados a
preparar o lugar para a Páscoa. Tal vez estivessem
cansados de todos os acontecimentos do dia. Pedra
deve ter dito a si mesmo: “Gostaria de deixar Jesus
um pouco. Mas uma vez que não posso deixá-Lo,
deixe-me tirar uma soneca. O Senhor pode precisar
orar, mas eu preciso dormir”. Essa foi uma exposição
completa de que Pedro era incapaz de seguir o
Senhor. É também um retrato da nossa situação. Nós
amamos o Senhor, mas como Pedra podemos estar
cansados de estar em Sua presença. Embora seja
maravilhoso ter a presença do Senhor, algumas vezes
podemos ficar enfastiados demais para dar
importância a isso.
Conforme os versículos 40 e 41, quando o
Senhor foi até os discípulos e os encontrou dormindo,
Ele disse a Pedro: “Assim, não fostes capazes de
vigiar Comigo nem por uma hora? Vigiai e orai, para
que não entreis em tentação; o espírito está disposto,
mas a carne é fraca”. Nas coisas espirituais, nosso
espírito está sempre pranto e desejoso, mas nossa
carne é fraca. Observem que o Senhor Jesus falou
essa palavra especificamente a Pedra, pois Pedra era
o “nariz”, aquele que se evidenciava.
Quando o Senhor voltou, depois de orar pela
terceira vez, os discípulos ainda estavam dormindo.
Do versículo 36 ao 46, vemos um contraste entre a
vida que é absolutamente capaz para o reino e a vida
que é completamente imprestável. Não temos a
primeira vida pelo nosso nascimento natural. A vida
que temos por nosso nascimento natural é
completamente imprestável para o reino.
No jardim do Getsêmani, o Senhor foi
pressionado a entristecer-se e angustiar-se, mesmo
até a morte. Após orar ao Pai por três vezes, Ele
tomou a vontade do Pai e estava preparado para ser
crucificado para o cumprimento dela.

III. PRESO PELOS JUDEUS


O versículo-l? diz: “E, estando Ele ainda a falar,
eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande
multidão com espadas e cacetes, vinda da parte dos
principais sacerdotes e dos anciãos do povo”. Judas
beijou afetuosamente o Senhor Jesus como um sinal
de que Ele era o que deveria ser apanhado. Se tivesse
sido um estranho que conduzisse a multidão ao
Senhor, não teria sido tão dolorido para Ele. Mas
aquele que conduziu a multidão para prendê-lo era
alguém que havia estado muito perto Dele por três
anos e meio. Humanamente falando, isso feriu o
Senhor Jesus.
Quando o Senhor Jesus foi preso, um dos
discípulos, Pedro, reagiu desembainhando sua
espada, golpeando o servo do sumo sacerdote e
cortando-lhe a orelha (v. 51). Em vez de ajudar o
Senhor, essa atitude simplesmente causou problema.
Em seu Evangelho, João dá o nome de Pedro (Jo
18:10), e Lucas menciona o fato de que o Senhor teve
de curar a orelha (Lc 22:51). Após dizer a Pedro para
guardar a espada, o Senhor disse: “Ou pensas que
não posso rogar a Meu Pai, e Ele Me colocaria à
disposição neste momento mais de doze legiões de
anjos? Como, então, se cumpririam as Escrituras,
que dizem que assim deve suceder?” (vs. 53-54). A
palavra “assim” se refere à Sua morte na cruz, que foi
profetizada nas Escrituras e precisava ser cumprida.
Uma vez mais, vemos aqui, à luz do reino, um
contraste entre duas pessoas. Pedro resistiu à prisão
do Senhor, mas o Senhor estava disposto a aceitá-la
para o cumprimento das Escrituras. A vida de Jesus é
mais que capaz de ser para o reino. Mas isso é
impossível para nossa vida, que simplesmente não
consegue suportar os acontecimentos e o ambiente
relacionados com o reino. Todos devemos perceber
isso. Se não tivéssemos esse relato da falha, derrota e
negação de Pedro, poderíamos pensar que nossa vida
natural conseguiria ser para o reino, e gostaríamos de
ser ousados como Pedro. Contudo, nossa vida natural
não é adequada. Aqui, no capítulo 26, vemos um
Pedro natural, mas em Atos 2, 3 e 4, vemos um Pedro
ressurreto. Seguir o Senhor Jesus no caminho para o
reino somente pode ser feito pela vida de
ressurreição.

IV. JULGADO PELO SINÉDRIO


Do versículo 57 ao 68, o Senhor foi julgado pelo
Sinédrio. Ele foi acusado injustamente com falsos
testemunhos, mas não disse uma palavra para
vindicar-se (vs. 59-63). O Senhor, estando diante do
sinédrio como ovelha perante seus tosquiadores, não
disse palavra alguma para vindicar a Si mesmo. Ao
permanecer em silêncio, Ele estava cumprindo Isaías
53:7.
Então o sumo sacerdote Lhe disse: “Eu Te adjuro
pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Cristo, o
Filho de Deus” (v. 63). Essa foi a mesma pergunta do
diabo usada na tentação do Senhor (4:3, 6). O
versículo 64 diz: “Respondeu-lhe Jesus: Tu o
disseste; entretanto, Eu vos declaro: Desde agora
vereis o Filho do Homem assentado à direita do
Poder, e vindo sobre as nuvens do céu”. O sumo
sacerdote perguntou ao Senhor se Ele era o Filho de
Deus, mas Ele respondeu com “o Filho do Homem”.
Ele respondeu do mesmo modo ao diabo em Sua
tentação (4:4). O Senhor é o Filho do Homem, não
apenas na terra antes de Sua crucificação, mas
também nos céus, à direita de Deus após Sua
ressurreição (At 7:56), e até por ocasião da Sua volta
sobre as nuvens. Para cumprir o propósito de Deus e
estabelecer o reino dos céus, o Senhor teve de ser um
homem. Sem o homem, o propósito de Deus não
podia ser levado a cabo na terra e o reino dos céus
não podia ser constituído na terra.
O Senhor parecia estar dizendo ao sumo
sacerdote: “Você Me pergunta se Eu sou ou não o
Filho de Deus. Eu sou o Filho do Homem. Mesmo
depois que você Me crucificar e Eu ressuscitar dos
mortos, estarei no terceiro céu como Homem. E
quando voltar nas nu vens para tomar a terra, Eu
ainda serei o Filho do Homem”. Quando o diabo, no
deserto, pôs o Senhor à prova, quanto a ser Ele o
Filho de Deus, o Senhor respondeu dizendo:
“Homem”. O Senhor parecia dizer ao diabo: “Não
estou aqui como o Filho de Deus para ser tentado por
você. Se fosse o Filho de Deus, Eu não poderia ser
tentado. Estou aqui como homem”. O sumo
sacerdote, Caifás, era igual ao diabo, e sua pergunta
era a mesma da tentação do diabo no deserto. O
Senhor também lhe respondeu do mesma modo.
Quando o sumo sacerdote ouviu a resposta do
Senhor, rasgou as vestes e disse: “Blasfemou! Que
necessidade ainda temos de testemunhas? Eis que
ouvistes agora a blasfêmia!” (v. 65). Depois que os
outros disseram que o Senhor era réu de morte, eles
cuspiram-Lhe no rosto, deram-Lhe murros,
esbofetearam-No e escarneceram Dele (vs. 67-68).
Ao ser tratado dessa maneira, Ele foi vitorioso em
silêncio. Então, Ele foi vitorioso não somente diante
do Sinédrio, mas também diante de Pedro, que O
tinha seguido de longe até o pátio do sumo sacerdote
e se assentado entre os serventuários para ver o fim
(v. 58). Novamente vemos aqui que somente a vida
de Jesus é boa para o reino. Até a vida de um homem
tão forte e intrépido como Pedro não é apropriada
para o reino.

V. NEGADO POR PEDRO


Os versículos 69 e 70 dizem: “Ora, estava Pedro
assentado fora no pátio; e aproximou-se dele uma
criada, dizendo: Tu também estavas com Jesus, o
galileu. Ele, porém, o negou diante de todos, dizendo:
Não sei o que dizes”. Pedro não pôde resistir nem
mesmo a uma frágil moça. Quando negou ao Senhor
foi exposto. Parece-me que esse teste foi suficiente
para expor a Pedro. Mas sob a soberania de Deus, o
ambiente não permitia que ele se fosse, até ser
testado por completo, para perceber que
absolutamente não era confiável e não mais devia ter
qualquer confiança em si. Assim, os versículos 71 e 72
dizem que outra criada veio a ele e disse: “Este
também estava com Jesus, o Nazareno. E ele negou
outra vez, com juramento: Não conheço tal homem”.
Por fim, os que ali estavam disseram:
“Verdadeiramente também tu és um deles, pois o teu
modo de falar te denuncia” (v. 73). Então Pedro
começou “a praguejar e a jurar: Não conheço esse
homem!” (v. 74). Quando negou pela primeira vez,
Pedro somente falou; da segunda vez, ele replicou
com juramento; e da terceira vez ele praguejou e
jurou. Após negar o Senhor pela terceira vez e ouvir o
galo cantar, Pedro se lembrou da palavra do Senhor e
saiu dali chorando amargamente (v. 75). Enquanto o
Senhor estava sofrendo um julgamento maligno e
injusto, Pedro O negou. Ao negá-Lo, Pedro foi
exposto ao máximo.
Não devemos ler esse acontecimento meramente
como uma história sobre Pedro, pois ele revela que é
impossível nossa vida natural entrar no reino. Porque
todos somos como Pedro, não devemos tentar seguir
o caminho para o reino por nossa vida natural. Não
importa que tipo de mente ou vontade tenhamos, não
podemos ser bem-sucedidos. O teste virá para nos
expor totalmente. Mais cedo ou mais tarde, todos nós,
no caminho para o reino, depararemos os mesmos
testes. Louvado seja o Senhor porque ainda há o
caminho do arrependimento, do pranto e da
confissão que introduz o perdão do Senhor e Sua
conseqüente visitação. Para o reino, devemos ter
outra vida e ser outra pessoa. Somente após ter
passado por todos os testes e sofrido todas as
derrotas e falhas, perceberemos nossa necessidade de
outra vida.
Louvado seja o Senhor pelo forte contraste
apresentado neste capítulo! Em Pedro, vemos o preto
e no Senhor Jesus, o branco. O tempo todo, do
jardim à cruz, Pedro e os outros discípulos foram
derrotados. Somente um homem, Jesus, foi vitorioso.
Na verdade Ele nem foi preso; Ele se entregou
àqueles que vieram até Ele. Assim, Sua morte não foi
uma questão de coação, mas um cumprimento
voluntário das profecias do Antigo Testamento a
respeito de Sua crucificação. Na verdade, somente a
vida de Jesus é boa para o reino.
MENSAGEM 70

JULGADO, CRUCIFICADO E SEPULTADO


Nesta mensagem, chegamos ao capítulo 27 de
Mateus. Aparentemente, esse capítulo não está
relacionado com o reino dos céus. Na verdade, ele
está muito relacionado com isso. Se não lermos este
capítulo à luz do reino dos céus, não seremos capazes
de entendê-lo adequadamente.
O primeiro versículo do capítulo 27 começa com
as palavras “Chegada amanhã”.
Essapalavraindicaqueumacoisafoicompletadaeoutrae
stáparaacontecer. Podemospensarqueocapítul027 é
meramente uma continuação do capítulo 26. Mas no
significado espiritual, o capítulo 27 é muito diferente
do 26. O significado espiritual do capítulo 26 é que
ele revela a vida que pode ser vitoriosa para o reino e
expõe a vida que não pode ser vitoriosa. O significado
espiritual do capítulo 27 é que ele está relacionado
com a justiça. Em 27:19, a esposa de Pilatos se referiu
ao Senhor Jesus como um justo, e no versículo 24 o
próprio Pilatos O chamou de justo. Nesse capítulo, o
Senhor Jesus foi tratado de maneira muito injusta.

I. JULGADO POR PILATOS

A. Jesus Entregue pelos Líderes Religiosos


Judeus a Pilatos, o Governador Romano
Os versículos 1 e 2 revelam que foram os líderes
religiosos judeus que entregaram o Senhor Jesus a
Pilatos. Pilatos era procurador romano, agente de
Tibério César na Judéia (Palestina), em26-35 d. e.
Pouco depois de haver entregado injustamente o
Senhor Jesus para ser crucificado, seu governo
acabou abruptamente. Ele foi banido e suicidou-se.
Em sua conspiração maligna, os religiosos judeus
persuadiram os políticos pagãos a colaborarem com
eles para matar o Senhor Jesus.

B. O Destino de Judas
Do versículo 3 ao 10, vemos o destino de Judas.
Quando jovem, ticava atribulado pelo fato de que este
relato do julgamento de Cristo por Pilatos falasse do
destino de Judas. Não podia ver a relação entre as
duas coisas. Os versículos 1 e 2 falam da entregado
Senhor Jesus a Pilatos pelos líderes religiosos. Então,
o versículo 3 começa com o relato de Judas
enforcando-se. Os versículos 3 e 4 dizem que Judas
“tocado de remorso, devolveu as trinta peças de prata
aos principais sacerdotes e aos anciãos” dizendo
“Pequei, traindo sangue inocente”. Então Judas
atirou as moedas de prata para dentro do templo,
retirou-se e enforcou-se. Os principais sacerdotes
tomaram as moedas de prata e, sabendo que não era
lícito deitá-las no cofre porque era preço de sangue,
compraram com elas um campo para cemitério dos
forasteiros (vs. 6-7). Eles não quiseram receber de
volta o preço de sangue. Na verdade, o que eles
fizeram para o Senhor Jesus foi mais maligno do que
a atitude de Judas. Após nos dar um relato de tudo
isso, no versículo 11 Mateus volta ao registro do
julgamento de Cristo por Pilatos.
É muito significativo que Mateus tenha inserido
o relato do destino de Judas no trecho que fala sobre
o julgamento de Cristo por Pilatos. O relato de Judas
testifica a justiça. Até mesmo o traidor do Senhor
Jesus por fim percebeu que Ele era justo e que o que
tinha feito a Ele fora totalmente injusto. Numa
tentativa de ser justo, ele jogou fora as trinta moedas
de prata, pois sua consciência não permitiu conservá-
las. Isso é justiça. Quando Judas devolveu o dinheiro,
os líderes religiosos pareciam dizer: “Não é lícito
deitá-las no tesouro do templo, visto que é preço de
sangue. E, tendo deliberado em conselho,
compraram com elas o campo do oleiro, para
sepultura de forasteiros”. Isso mostra que até os
líderes religiosos tinham uma justiça formal. Assim,
o conceito aqui era o de justiça.
O reino dos céus é edificado sobre justiça. Em
5:10, o Senhor disse: “Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
reino dos céus” e em 5:20, Ele disse: “Porque vos
digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas
e fariseus, de modo algum entrareis no reino dos
céus”. Em 6:3 3, o Senhor disse para buscar primeiro
o reino e a justiça de Deus. Esses versículos revelam
que a justiça está relacionada ao reino e o reino é
edificado sobre justiça. Precisamos ter clareza quanto
a isso se vamos entrar nas profundezas do capítulo 27.
Na época em que Cristo foi crucificado, os judeus
não tinham o direito legal de julgá-Lo nem de
sentenciá-Lo. Embora pudessem vigiar o Senhor
Jesus quanto a determinadas coisas, não tinham a
posição governamental para julgar alguém. Eram
simplesmente um grupo religioso e o governo não
estava sob seu controle. Por isso, o sinédrio judaico
não tinha autoridade governamental e não podia
pronunciar julgamento sobre justiça ou injustiça,
probidade ou improbidade. Ele só podia expressar a
opinião religiosa. Assim, o verdadeiro julgamento de
Jesus não aconteceu no capítulo 26, mas no capítulo
27.

C. Jesus Perante Pila tos


Em sua resposta a Pilatos, Jesus admitiu que era
o Rei dos judeus (v. 11). Mas à acusação dos líderes
judeus, Ele nada respondeu.
Pilatos, o governador romano, tinha a posição
para julgar a Cristo. Em princípio, ele deveria julgá-
Lo conforme a justiça. O reino dos céus é baseado na
justiça, mas o capítulo 27 revela que o reino do
mundo é absolutamente injusto. Esse capítulo
permite um contraste entre justiça e injustiça. O
governo terreno, o reino do mundo, é injusto, mas o
reino dos céus é justo. O Senhor Jesus esteve diante
de Pilatos como o único Justo, embora Ele fosse
condenado à morte pelo injusto governo do mundo.
Mais tarde, veremos que Cristo foi, na verdade,
julgado e morto pelo Deus justo. Aparentemente, Ele
foi sentenciado à morte pelo injusto governo do
mundo. Essa sentença foi injustiça. Na verdade, Ele
foi condenado à morte por Deus. Essa sentença foi
justa.
O conceito aqui no capítulo 27 é mais profundo.
No capítulo 16, vimos um contraste entre a vida que
consegue ser para o reino e a que não consegue.
Agora no capítulo 27, temos um contraste entre a
justiça e a injustiça. O significado do capítulo 27 é
que ele mostra o contraste entre o reino do mundo e
o reino dos céus. Do lado do reino do mundo, há
injustiça. Do lado do reino dos céus, há justiça. Por
um lado, Jesus foi sentenciado e condenado a morrer
na cruz em injustiça; por outro, Ele foi sentenciado a
morrer em justiça. Tanto justa como injustamente,
Jesus foi crucificado. Ele foi erroneamente
sentenciado pelo governo injusto do mundo. Ele era
justo e inocente, como até mesmo Seu traidor
testificou. Pilatos também testificou que Cristo era
justo, até lavando as mãos para mostrar que ele não
queria ser envolvido em qualquer injustiça. Como
veremos, o Senhor foi sentenciado justamente
porque Ele foi sentenciado pelo Deus justo a morrer.
Assim, o capítulo 27 é um capítulo concernente à
injustiça e à justiça.
Esse contraste mostra que o reino do mundo não
pode permanecer. A razão de ele não poder
permanecer é que ele não é edificado sobre justiça.
No entanto, o reino dos céus e de Deus é totalmente
justo. O reino de Deus é edificado sobre justiça. Por
causa da injustiça do governo do reino deste mundo,
Cristo foi erroneamente condenado a morrer. Não
obstante, na verdade, Ele foi justamente sentenciado
a morrer pela justiça de Deus. Assim, esse capítulo
desmascara a injustiça do governo do mundo e revela
a justiça do governo de Deus.
Conforme a lei romana, o Sinédrio agiu
ilegalmente ao prender Cristo. Se Pilatos fosse justo,
ele teria impedido o Sinédrio de fazer isso. Ele teria
dito: “Vocês não têm o direito de fazer isso porque
são apenas uma facção religiosa. Não podem prender
pessoas e julgá-las. Isso é ilegal”. Pilatos não disse
isso porque era injusto e medroso. Temendo os
líderes judeus, Pilatos agiu contra a lei romana, que
era muito forte. O Império Romano foi famoso por
sua lei. Mas apesar de a lei ser forte, a execução da lei
era fraca. Pilatos não foi justo, nem mesmo como
Judas. Se até mesmo o traidor do Senhor Jesus foi
capaz de dizer que havia vendido sangue inocente, o
governador do reino deveria ter sido ainda mais justo.
Não obstante, Pilatos “lavou as mãos perante a
multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste
homem” (v. 24). Essa foi uma saída tímida e
irresponsável. O versículo 26 diz: “Então Pilatos
soltou-lhes Barrabás; mas a Jesus, após havê-Lo
açoitado, entregou-O para ser crucificado”. Esse foi
um desmascaramento total da política tenebrosa e
injusta. Essa injustiça cumpriu Isaías 53:5 e 8.
Quando Jesus estava diante de Pilatos, a mulher
deste mandou dizer-lhe: “Não te envolvas com esse
justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por causa
Dele” (v. 19). Esse sonho foi soberania de Deus. A
mulher de Pilatos não o queria envolvido em uma
questão injusta. De acordo com sua consciência,
Pilatos também sabia que Jesus era justo e que os
judeus foram injustos ao prendê-Lo, Ele também
sabia que deveria libertar esse homem justo, mas
tinha medo disso. Acostumados a libertar por ocasião
da festa para a multidão um prisioneiro escolhido por
ela, Pilatos perguntou: “Qual dos dois quereis que eu
vos solte? Responderam eles: Barrabás” (v. 21).
Barrabás era um criminoso extremamente pecador.
Sem dúvida, Pilatos pretendia soltar Jesus e manter
Barrabás. Mas o povo queria que ele soltasse
Barrabás e que crucificasse Jesus. Pilatos parecia
estar dizendo: “Vocês estão me pedindo que solte o
pior criminoso e crucifique um inocente”. O versículo
23 diz: “Pois que mal fez Ele? Mas eles gritavam cada
vez mais: Seja crucificado!” Pilatos foi subjugado
pelas vozes da multidão. A fim de aplacar sua
consciência, ele “pegando água, lavou as mãos
perante a multidão, dizendo: Estou inocente do
sangue deste homem; fique o caso convosco” (v. 24).
Então o povo respondeu e disse: “Caia sobre nós o
Seu sangue, e sobre nossos filhos!” (v. 25). Assim,
Pilatos libertou Barrabás, mas açoitou a Jesus e O
entregou para ser crucificado. Que retrato da
injustiça!
A pena de morte dos judeus era por
apedrejamento (Lv 20:2, 27; 24:23; Dt 13:10; 17:5). A
crucificação era uma prática pagã (Ed 6:11), adotada
pelos romanos somente para a execução de escravos
e criminosos atrozes. Crucificar o Senhor Jesus não
foi apenas um cumprimento do Antigo Testamento
(Dt 21:23; Gl 3:13; Nm 21:8-9), mas também da
própria palavra do Senhor sobre a maneira de Sua
morte (Jo 3:14; 8:28; 12:32), que não poderia ter sido
cumprida por apedrejamento.

II. CRUCIFICADO PELOS HOMENS

A. Escarnecido pelos Soldados Romanos


Os versículos 27 a 32 mostram como o Senhor
Jesus foi escarnecido pelos soldados pagãos. Eles O
despiram e Lhe puseram um manto escarlate (v. 28).
O versículo 29 diz: ''Tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-Lha na cabeça, e na mão direita um caniço;
e, ajoelhando-se diante Dele, O escarneciam,
dizendo: Salve, Rei dos judeus!” Espinhos são
símbolos de maldição (Gn 3:17-18). O Senhor Jesus
se tornou maldição por nós na cruz (GI3:13). Após
cuspirem no Senhor, baterem-Lhe na cabeça e
escarnecerem Dele, despiram-Lhe o manto, vestiram-
No com Suas próprias vestes e O levaram para ser
crucificado (vs. 30-31). O Senhor aqui, como o
Cordeiro Pascal para ser crucificado por nossos
pecados, foi levado como um cordeiro ao matadouro,
cumprindo Isaías 53:7-8.
B. Simão, o Cireneu, É Obrigado a Levar a
Cruz do Senhor
O versículo 32 diz: “Ao saírem, encontraram um
homem de Cirene, de nome Simão; a este obrigaram
a carregar-Lhe a cruz”. Cirene era uma cidade
colonial grega, no norte da África. Parece que Simão
era um judeu cireneu.

C. Levado ao Gólgota
Os versículos 33 a 44 revelam como o Senhor foi
escarnecido e morto pelos homens. O versículo 33
diz: “E, chegando a um lugar chamado Gólgota, que é
chamado Lugar da Caveira”. Gólgota é um nome
hebraico (Jo 19:17) que significa caveira (Mc 15:22).
Sua equivalência no latim é Calvária, aportuguesado
para Calvário (Lc 23:33). Não significa um lugar de
crânios de mortos, mas simplesmente caveira.

D. Recebeu Vinho Misturado com Fel


O versículo 34 diz: “Deram-Lhe a beber vinho
misturado com fel; mas Ele, provando-o, não o quis
beber”. O vinho misturado com fel (e também com
mirra-Me 15:23) era usado como bebida de efeito
estupefaciente. Mas o Senhor não queria ficar
estupefeito; Ele queria beber o cálice amargo até o
fim.

E. Crucificado
O versículo 35 diz: “Depois de O crucificarem,
repartiram entre si as Suas vestes, lançando a sorte”.
O Senhor sofreu ao extremo a violação dos pecadores,
cumprindo o Salmo 22:18. Isso também desmascarou
as trevas da política romana.
F. Intitulado Rei dos Judeus como uma
Acusação
Embora os líderes judeus rejeitassem ao Senhor
Jesus como Rei, foi pe1a soberania de Deus que eles
colocaram sobre Sua cabeça como acusado a
inscrição “O REI DOS JUDEUS” (v. 37).

G. Dois Ladrões ao Seu Lado


O versículo 38 diz: “Nessa hora, foram
crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e
outro à esquerda”. Isso ocorreu para cumprir Isaías
53:9.

H. Blasfemado e Escarnecido
Os versículos 39 e40 dizem: “Os que iam
passando blasfemavam Dele, meneando a cabeça e
dizendo: Tu que destróis o templo e em três dias o
reedificas, salva-Te a Ti mesmo! Se és Filho de Deus,
desce da cruz!” Isso foi a repetição da tentação do
diabo no deserto. Os principais sacerdotes, escribas e
anciãos também O escarneceram dizendo: “Salvou a
outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É Rei de
Israel! desça agora da cruz, e creremos Nele” (v. 4 2).
Se ti vesse Salvado a Si mesmo, Ele não poderia ter-
nos salvado.

I. Censurado pelos Ladrões Crucificados com


Ele
Quando o Senhor foi crucificado, até os ladrões
crucificados com Ele censuraram-No como os outros
fizeram. Em 27:1-44, vemos o que o homem injusto
fez ao único Justo. Ele foi escarnecido, espancado e
crucificado. Pilatos e todos os escarnecedores e
perseguidores eram injustos. Até mesmo os soldados
do Império Romano foram injustos. Se algum deles
tivesse sido justo, não teriam feito coisa alguma ao
Senhor Jesus. O fato de terem feito algo a este Justo
prova que eles eram injustos.

III. JULGADO POR DEUS

A. Abandonado por Deus


Embora o homem fosse injusto, a partir do
versículo 45, Deus veio de maneira justa. Esse
versículo diz: “Desde a hora sexta até a hora nona
houve trevas sobre toda a terra”. A hora sexta
correspondia ao meio-dia e a hora nona às três da
tarde. O Senhor foi crucificado na terceira hora, às
nove da manhã (Me 15:25). Ele ficou sofrendo na
cruz por seis horas. Nas primeiras três horas, foi
oprimido pelos homens por fazer a vontade de Deus;
nas últimas três horas, foi julgado por Deus para o
cumprimento de nossa redenção. Foi nesse período
que Deus O considerou como nosso substituto para
sofrer por nossos pecados (Is 53:10). Assim, as trevas
cobriram toda a terra por causa do nosso pecado e
pecados e todas as coisas negativas foram tratadas ali,
e Deus O abandonou (v. 46) por causa dos nossos
pecados.
Na época do versículo 45, os homens esgotaram
seus atos.
Tinham feito tudo o que podiam. Nessa hora,
Deus interveio para julgar esse Salvador crucificado e
abandoná-Lo. O versículo 46 diz: “Por volta da hora
nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli,
lamá sabactâni? isto é: Deus Meu, Deus Meu, por que
Me desamparaste?” Deus abandonou Cristo na cruz
porque este havia tomado o lugar dos pecadores (1Pe
3:18), carregando os nossos pecados (1Pe 2:24; Is
53:6) e sendo feito pecado por nós (2Co 5:21). De
acordo com os quatro Evangelhos, o Senhor Jesus
esteve na cruz exatamente seis horas. Nas primeiras
três horas, os homens Lhe fizeram muitas coisas
injustas. Eles O oprimiram e escarneceram Dele.
Assim, nas primeiras três horas o Senhor sofreu o
tratamento injusto do homem. Mas na hora sexta, ao
meio-dia, Deus interveio, e houve trevas sobre a face
da terra até a hora nona, até as três horas da tarde.
Essas trevas foram um feito de Deus. No meio delas,
o Senhor clamou as palavras citadas no versículo 46.
Quando o Senhor esteve sofrendo a opressão do
homem, Deus estava com Ele, e Ele desfrutou a
presença de Deus. Mas ao final das primeiras três
horas, Deus O abandonou, e as trevas vieram.
Incapaz de tolerar isso, o Senhor clamou em alta
voz: “Deus Meu, Deus Meu, porque Me
desamparaste?” Como enfatizamos, Deus O
abandonou porque Ele era nosso substituto
carregando nossos pecados. Isaías 53 revela que foi
nessa hora que Deus pôs nossos pecados sobre Ele.
Nas três horas, do meio-dia às três da tarde, o Deus
justo pôs todos os nossos pecados sobre esse
substituto e O julgou de maneira justa por nossos
pecados. Deus O abandonou porque nessas horas,
Ele era um pecador ali na cruz; Ele até foi feito
pecado. Por um lado, o Senhor levou nossos pecados;
por outro: Ele foi feito pecado por nós. Por isso, Deus
O julgou. Isso fOI totalmente uma questão de justiça.

B. Escarnecido ao Receber Vinagre para


Matar Sua Sede
Perto do fim de Sua crucificação, as pessoas
ainda O escarneceram ao dar-Lhe vinagre para matar
Sua sede (vs. 4849; Jo 19:28-30; Lc 23:36).

C. Entregou o Espírito
O versículo 50 diz: “E Jesus, clamando outra vez
em alta voz, entregou o espírito”. Isso foi o entregar
de Seu espírito (Jo 19:30), indicando que o Senhor
voluntariamente abandonou a vida (Mc 15:37; Lc
23:46). O Senhor Jesus não foi morto, mas
voluntariamente entregou a vida. Ele deu Sua vida
por nós e morreu.

IV. O EFEITO DE SUA MORTE

A. O Véu do Templo Rasgou-se de Alto a Baixo


Os versículos 51 a 56 revelam o efeito da
crucificação de Cristo. O versículo 51 diz: “Eis que o
véu do templo se rasgou em duas partes, de alto a
baixo”. Isso significa que a separação entre Deus e o
homem foi abolida, porque a carne do pecado
(representada pelo véu), tomada por Cristo (Rm 8:3),
foi crucificada (Hb 10:20). As palavras “de alto a
baixo” indicam que o rasgar do véu foi feito por Deus,
das alturas. Visto que o pecado foi julgado e a carne
do pecado foi crucificada, a separação entre Deus e o
homem foi removida. Agora, o caminho para entrar
na presença de Deus está aberto a nós. Que
maravilhoso efeito da morte do Senhor! Sua morte
não foi um martírio; ela foi um ato de redenção.

B. A Terra Tremeu e as Rochas se Fenderam


O versículo 51 diz também que “tremeu a terra,
fenderam-se as rochas”. O tremer da terra significa
que a base da rebelião de Satanás foi abalada, e o
fender das rochas significa que as fortalezas do reino
terreno de Satanás foram destruídas. Aleluia, a morte
do Senhor rasgou o véu, abalou a base da rebelião de
Satanás e destruiu as fortalezas do reino de Satanás!
Que morte! Louvado seja o Senhor por Sua morte!
Visto que a justiça de Deus foi totalmente satisfeita, a
morte de Cristo pôde ser tão eficaz.

C. Os Sepulcros se Abriram e os Corpos de


Muitos Santos Ressuscitaram
Os versículos 52 e 53 dizem: “Abriram-se os
túmulos e muitos corpos dos santos que tinham
dormido foram ressuscitados; e, saindo dos túmulos
depois da ressurreição Dele, entraram na cidade
santa e apareceram a muitos”. O abrir dos sepulcros
significa que o poder da morte e do Hades foi vencido
e subjugado e o ressuscitar dos corpos dos santos
significa o poder libertado, da morte de Cristo. O
versículo 53 diz que eles saíram dos sepulcros após
Sua ressurreição, entraram na cidade santa e
apareceram a muitos. Em tipologia, os primeiros
frutos da colheita não eram um simples galho de
trigo, mas um feixe de trigo, tipificando não apenas o
Cristo ressuscitado, mas também os santos que
ressurgiram da morte após Sua ressurreição, como é
revelado aqui. Não temos informação alguma para
onde os santos foram após aparecerem a muitos. O
centurião e os guardas romanos testificaram que
Jesus era verdadeiramente o Filho de Deus quando
eles viram o que aconteceu quando da morte de
Cristo (v. 54). Muitas mulheres, incluindo Maria
Madalena, Maria, mãe do Senhor Jesus, a mãe dos
filhos de Zebedeu, e outras, testemunharam esse
acontecimento.

V. SEPULTADO POR UM HOMEM RICO


Os versículos 57 a 66 revelam que o Senhor
Jesus foi sepultado por um homem rico. O Senhor
Jesus foi envolto num pano limpo de linho e
depositado num túmulo novo (vs. 59-60). Maria
Madalena e a outra Maria se achavam em frente do
túmulo para testemunhar o sepultamento. Esse tipo
de sepultamento foi para cumprir Isaías 53:9. Esse
Justo foi certamente digno de tal sepultamento.
Depois que o Senhor Jesus foi sepultado, os
principais sacerdotes e fariseus foram até Pilatos e
pediram-lhe que guardasse o sepulcro com segurança
até o terceiro dia (vs. 62-64). Os versículos 65 e 66
dizem: “Disse-lhes Pilatos: Aí tendes uma guarda; ide
e tornai-o seguro, conforme sabeis. Indo eles,
puseram em segurança o sepulcro, selando a pedra,
com a guarda ali”. A intenção dos líderes opositores
judeus era uma precaução negativa, mas se tomou
um forte testemunho positivo da ressurreição do
Senhor. Sem esse selar, a ressurreição de Cristo não
teria sido tão significativa.
MENSAGEM 71

A INJUSTIÇA DO HOMEM E A JUSTIÇA DE


DEUS
Em Mateus 27, vemos um contraste entre a
injustiça do homem e a justiça de Deus. Na
crucificação de Cristo, a injustiça humana
transformou-se na justiça de Deus. Precisamos ver
esta questão muito claramente.

A INJUSTIÇA DO HOMEM
Como enfatizamos na mensagem anterior, o
Senhor Jesus esteve na cruz por seis horas. Nas
primeiras três horas, Ele foi tratado pelo homem, e
nas últimas três horas, Ele foi tratado por Deus. Tudo
o que o homem fez ao Senhor Jesus no capítulo 27 foi
injusto. Não apenas Pilatos foi injusto para com o
Senhor Jesus, mas os líderes judeus. também. Eles
prenderam Cristo de maneira injusta e também O
julgaram e O amarraram de modo injusto. Tudo o
que os líderes judeus fizeram ao Senhor Jesus foi
injusto. Judas, naturalmente, também foi injusto ao
trair o Senhor Jesus. Os soldados romanos também
O trataram injustamente. Seu escarnecer, cuspir e
bater foram injustos. Além disso, eles injustamente
forçaram Simão, o cireneu, a levar a cruz do Senhor.
Assim, do lado humano, nada houve de justo.

A INJUSTIÇA HUMANA CONVERTENDO-SE


NA JUSTIÇA DE DEUS
Louvado seja Deus porque a injustiça humana
converteu-se na justiça de Deus! O homem só pôde
chegar até aí. Ele pôde maltratar o Senhor e colocá-
Lo na cruz como o Cordeiro Pascal. Tudo o que o
homem fez ao Senhor Jesus estabelecia uma base
para a justiça de Deus atuar. Do lado humano, tudo
era trevoso, mas do lado de Deus, tudo era claro. Do
lado humano, tudo era injusto, mas do lado de Deus,
tudo era justo. A injustiça humana preparou t o
caminho para que a justiça de Deus fosse
completamente manifestada. Desse modo, a injustiça
do homem converteu-se na justiça de Deus. Na
crucificação de Cristo, a injustiça humana foi
totalmente exposta; ainda assim ela introduziu a
justiça de Deus. Assim, a morte de Cristo foi o
primeiro caminho pelo qual a injustiça humana
introduziu a justiça de Deus.

CRISTO EXPÕE A INJUSTIÇA DO HOMEM


No entanto, esse não foi o caminho básico. O
caminho básico no qual a injustiça humana se
converte na justiça de Deus foi por meio de Cristo. Ao
converter a injustiça humana na justiça de Deus,
Cristo primeiro desmascarou a injustiça do homem
ao extremo. Em toda a história da humanidade,
nunca houve um caso em que a injustiça do homem
tenha sido tão exposta como na crucificação de Cristo.
Como todos sabemos, há injustiça nos tribunais de
qualquer governo terreno. Mas nenhum tribunal
terreno é tão injusto como o que foi exposto no caso
do julgamento e crucificação do Senhor Jesus. O
Senhor Jesus desmascarou completamente a
injustiça humana. Vimos que a traição do Senhor
pelas mãos de Judas foi injusta. Os anciãos, os
principais sacerdotes e o sinédrio, todos foram
injustos. Assim, o caso da crucificação de Cristo foi
único pois estava cheio de injustiça. Quase todos os
envolvidos no Seu caso eram injustos. De todos os
modos e em todos os aspectos, houve injustiça. A
própria presença de Cristo nessa situação injusta foi
uma completa exposição da injustiça humana.

CRISTO CARREGA A INJUSTIÇA DO HOMEM


Em segundo lugar, o Cristo, que desmascarou a
injustiça humana, também carregou a injustiça que
Ele desmascarou. Ele, primeiramente, expôs a
injustiça humana, e, então, suportou-a na cruz. Isso é
como faxina. Se você não limpar, não poderá ver o pó
escondido sob a mobília. Ao limpar a sala, o pó é
primeiramente exposto. Então ele é varrido para a pá
de lixo. Da mesma forma, no dia da Páscoa, o Senhor
Jesus primeiramente expôs todo o “pó”, toda a
injustiça humana. Então, Ele limpou o “pó” que tinha
exposto. Oh! a própria presença do Senhor expôs
toda partícula do “pó” escondida em todo o universo.
Finalmente, o próprio Senhor Jesus Cristo tomou-se
a “pá de lixo” e todo o “pó” foi ajuntado sobre Ele.
Nas primeiras três horas em que Ele esteve na cruz, o
tempo do tratamento humano para com Ele, todos os
pecados, toda a injustiça, todo o “pó” universal,
foram postos Nele. Enquanto esteve preso ali na cruz,
Ele era a “lixeira” universal, dentro da qual todo o
“pó” do universo tinha se juntado. Assim, após toda
injustiça humana ser exposta, ela foi carregada por
Cristo na cruz. Isso deixou tudo pronto para que o
Deus justo interviesse e julgasse os injustos e toda
sua injustiça.
Sem o preto, o branco não pode ser claramente
manifestado. Porque todo o “pó”, toda a injustiça
humana, foi posto na cruz, o palco estava preparado
para que a justiça de Deus fosse revelada. Se não
houvesse tanta injustiça, não haveria possibilidade de
tanta justiça se manifesta. A completa injustiça da
humanidade foi depositada sobre o Senhor na cruz
para que a justiça de Deus pudesse ser manifestada.
O Deus justo interveio para exercer Sua justiça ao
julgar toda essa injustiça. Eis a razão por que por
intermédio de Cristo, a injustiça humana finalmente
converteu-se na justiça de Deus. Por meio disso
fomos salvos.
Cristo foi o ponto de mudança. A injustiça
humana se converteu na justiça de Deus por meio de
Cristo. Primeiramente, Cristo desmascarou a
injustiça humana e, então, para juízo pela justiça de
Deus, Ele carregou sobre Si toda a injustiça do
homem que Ele havia desmascarado. Hoje, vocês
ainda estão na injustiça humana ou estão agora sob a
justiça de Deus? Aleluia! Nós, os salvos, estamos sob
a justiça de Deus!

A JUSTIÇA DE DEUS NO EVANGELHO


Essa questão de justiça é um aspecto crucial da
verdade do evangelho. Isso é muito básico, pois é
nosso fundamento e base para sermos Salvos. Nossa
Salvação se fundamenta sobre a rocha sólida da
justiça de Deus. Romanos 1:16 e 17 diz: “Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus
para a Salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus
se revela no evangelho, de fé em fé”. Por causa da
justiça de Deus, o evangelho é poderoso para Salvar
todo aquele que crê no Senhor Jesus. O evangelho de
Cristo é tão poderoso não por causa do amor de Deus
nem por causa da graça de Deus, mas por causa da
justiça de Deus.
Legalmente falando, tanto o amor como a graça
podem oscilar, mas a justiça, especialmente a justiça
de Deus, não pode. Madame Guyon disse certa vez
que mesmo que Deus quisesse mudar de idéia a
respeito da Salvação dela, não poderia fazê-lo porque
Ele já a tinha julgado na cruz. Por intermédio de
Cristo, nosso substituto, já fomos julgados conforme
a justiça de Deus na cruz. Por isso, Deus tem de
Salvar-nos, Deus é um Deus justo. Visto que
judicialmente já tratou-nos com justiça, Ele agora é
obrigado anos salvar. Podemos intrepidamente dizer-
Lhe: “Deus, eu não falo agora de Teu amor ou de Tua
graça, mas de Tua justiça. Clamo para que atentes
para Tua justiça. De acordo com a Tua justiça, tens
de salvar-me. Se não me Salvares, significa que és
injusto”. Se dissermos isso a Deus, Ele responderá:
“Certamente devo salvá-lo”.
Nada constrange tanto a Deus quanto Sua justiça.
O Salmo 89:14diz: “Justiça e direito são o
fundamento do Teu Trono”. Se a justiça de Deus
pudesse ser tirada, Seu trono seria desfeito. Podemos
dizer: “Louvado seja o Senhor! Mesmo que Deus
queira mudar de idéia, Ele não pode fazê-lo porque
Ele é um Deus justo!” Quão significativo isto é!

JUSTIÇA, AMOR E GRAÇA


Justiça ou direito é uma questão judicial. Amor,
ao contrário, é uma questão de emoção. Se eu amar
você, posso optar por me preocupar com você. Mas se
eu não o amar, posso simplesmente me esquecer de
você. Muitos cristãos gostam de citar João 3:16, o
versículo que diz que Deus amou o mundo de tal
maneira que deu Seu Filho unigênito. Sim, Deus
amou muito ao mundo, mas o Seu amor não é tão
inflexível como Sua justiça. Deus, naturalmente, não
mudará em Seu amor. Mas suponha que Seu amor
mudasse. Deus tem o direito de mudar em Seu amor,
mas não tem o direito de mudar em Sua justiça. Se
Deus nos ama ou desiste de nós, Ele não está errado.
Ele também não estaria errado em dispensar ou não
graça a nós. Graça é uma questão da vontade de Deus.
Em Mateus 20, o Senhor disse a Pedro que queria
dar a mesma recompensa tanto ao último como ao
primeiro. Essa é uma questão da vontade do Senhor e
nada há de errado nisso. Mas justiça não é uma
questão de emoção nem de vontade; é uma questão
judicial. A questão judicial relaciona-se à execução da
lei, à legislação. O evangelho de Deus é totalmente
uma questão judicial, uma questão da legislação
Divina. Deus nos salvou judicialmente. Naturalmente,
a salvação de Deus começou com Seu amor e se
cumpriu por meio de Sua graça. Finalmente, contudo,
ela resulta em Sua justiça. Por isso, a salvação que
recebemos hoje não é meramente uma questão de
amor ou de graça, mas também uma questão judicial
da justiça de Deus. Nossa salvação foi selada e
confirmada pela justiça de Deus. Agora, nem mesmo
o próprio Deus pode mudar nossa salvação.

O REINO DE DEUS EDIFICADO SOBRE


JUSTIÇA
É sobre essa justiça que o reino de Deus é
edificado. Vocês viram o contraste entre a injustiça
humana e a justiça de Deus, entre o reino do homem
e o reino de Deus? O reino humano não é edificado
sobre justiça. Esse fato foi inteiramente exposto na
maneira como Pilatos, o governador romano, tratou
o Senhor Jesus. No capítulo 26 Mateus expôs
completamente a fraqueza da vida natural de Pedro,
e no capítulo 27 ele expôs a injustiça humana. A
injustiça humana é vista até mesmo após o
sepultamento de Cristo. Os principais sacerdotes e os
fariseus se reuniram e foram dizer a Pilatos: “Senhor,
lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto
ainda vivia, disse: Depois de três dias ressuscitarei.
Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com
segurança até o terceiro dia, para não suceder que,
vindo os Seus discípulos, O roubem, e digam ao povo:
Ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior
que o primeiro” (27:63-64). Pilatos respondeu: “Aí
tendes uma guarda; ide e tomai-o seguro, conforme
sabeis” (v. 65). A resposta de Pilatos aos principais
sacerdotes e fariseus foi injusta. Mais tarde, em
28:11-15, os principais sacerdotes e os anciãos
subornaram os soldados, pagando-os para mentirem
sobre a ressurreição de Cristo. Isso mostra que os
soldados romanos também foram injustos. Assim,
em relação ao governo humano, o relato é cumprido
com injustiça. Isso expõe o fato de que o governo
humano é edificado sobre injustiça. Mas o governo
de Deus é edificado sobre justiça. Justiça é o sólido
fundamento do reino de Deus. Somos salvos sob a
justiça de Deus. Por isso, o fundamento de nossa
salvação é sólido. No capítulo 27, vimos a injustiça do
homem e a justiça de Deus. Louvado seja o Senhor
porque finalmente a injustiça humana se converteu
na justiça de Deus. Costumávamos estar na injustiça
humana, mas agora estamos sob a justiça de Deus e
no reino de Deus. O reino de Deus é o reino de justiça
e nós somos o povo justo em Seu reino.
MENSAGEM 72

A VITÓRIA DO REI
Nesta mensagem, chegamos à vitória do Rei
relatada em 28:1-20. Comparado aos capítulos 26 e
27, o capítulo 28 é curto e simples. Quando estamos
em ressurreição, tudo é simples.

I. RESSUSCITADO
A ressurreição de Cristo foi uma questão da
justiça de Deus. Você já considerou a ressurreição de
Cristo deste ângulo? Deus foi justo em vir julgar
Cristo como nosso substituto na cruz. Esse
julgamento de Cristo na cruz foi correto e justo. Ao
ser julgado por Deus, Cristo cumpriu todas as
exigências da justiça de Deus. Ele carregou nossos
pecados na cruz para satisfazer inteiramente as justas
exigências de Deus. Assim, pela morte de Cristo na
cruz, a justiça de Deus foi inteiramente satisfeita. Em
outras palavras, o Deus justo foi judicialmente
satisfeito com a morte de Cristo na cruz. Por isso,
Cristo foi sepultado num sepulcro novo que pertencia
a um homem rico. Isso mostra que imediatamente
após a morte judicial de Cristo e imediatamente após
a satisfação das justas exigências de Deus, Cristo
descansou conforme o cumprimento da profecia das
Escrituras.
Após Cristo ser sepultado, Deus ficou
comprometido em Sua justiça a livrar Cristo de entre
os mortos. Poucos cristãos percebem isso. A maioria
pensa que a ressurreição de Cristo foi somente uma
questão do poder Divino da vida de Deus. Poucos
percebem que a ressurreição de Cristo não foi
somente uma questão de poder, mas também uma
questão de justiça. Se não ti vesse ressuscitado Cristo
após Sua morte na cruz para satisfazer todas as
exigências da justiça de Deus, Deus não teria sido
justo. Foi justo para Deus libertar Cristo da morte.
De acordo com Sua justiça, Deus teve de julgar Cristo
na cruz porque Cristo estava carregando toda nossa
injustiça. Mas após Deus ter julgado Cristo por
completo, a justiça de Deus o obrigou a livrar Cristo
da morte e a ressuscitá-Lo dentre os mortos.
No. Evangelho de João, há o conceito de que
Cristo ressuscitou pelo poder de uma vida eterna.
Mas esse não é o conceito da ressurreição de Cristo
no Evangelho de Mateus. O conceito em Mateus
referente à ressurreição de Cristo é que ela está
relacionada com a justiça de Deus. João é um livro
que fala de vida, e vida é questão de poder. Mas
Mateus é um livro que fala do reino, e o reino é
questão de justiça. Por isso, de acordo com Mateus,
para Cristo ser ressuscitado dentre os mortos era
preciso que Deus O livrasse conforme Sua justiça.
Assim, Cristo foi tanto julgado e morto com justiça
como ressuscitado dentre os mortos com justiça.
Por fim, Cristo se tornou não apenas o Rei
poderoso, mas também o Rei justo. Se ler as
profecias concernentes ao reinar de Cristo, você verá
que Seu reinar não está tão relacionado com o poder,
mas intimamente relacionado com a justiça e ao
direito. Reinar não é questão de poder; é questão de
direito. O Rei Salvador celestial foi julgado com
justiça por Deus na cruz, e Ele foi com justiça
ressuscitado dentre os mortos por Ele para tornar-se
o Rei justo. Ele é totalmente justo. Ele é o Rei justo
para o reino do Deus justo.
Precisamos ter esse conceito ao ler Mateus 28.
Nesse capítulo, não podemos achar uma alusão de
que a ressurreição de Cristo esteja relacionada com
poder. No entanto, se lermos cuidadosamente,
podemos descobrir que está relacionada com a
justiça. Talvez vocês estejam querendo saber porque
nesse capítulo, um capítulo concernente à
ressurreição de Cristo, Mateus inclua o relato do
suborno aos soldados romanos (vs. 1115). Isso é
mencionado com o propósito de expor a injustiça
humana. O oposto de injustiça não é poder, mas
justiça. Por causa de Sua justiça, Deus foi obrigado a
ressuscitar Cristo dentre os mortos. Por isso, a
ressurreição de Cristo foi de acordo com a justiça de
Deus. Essa foi a razão de Mateus ter inserido o relato
histórico do suborno aos soldados. Nenhum outro
Evangelho menciona isso. Mateus o inclui para
mostrar que a ressurreição de Cristo está relacionada
com a justiça de Deus, que é oposta à injustiça
humana. Novamente, digo que é difícil encontrar no
capítulo 28 qualquer alusão que relacione a
ressurreição de Cristo a poder ou a vida.
Neste ponto, precisamos considerar Romanos
4:25. Este versículo diz: “O qual foi entregue por
causa das nossas transgressões e ressuscitou por
causa da nossa justificação”. Esse versículo une
ressurreição à justiça. A Bíblia faz da ressurreição
não somente uma questão de poder, mas também
uma questão de justiça. Não apenas foi a justiça de
Deus manifestada ao ressuscitar Cristo dentre os
mortos, mas nós fomos justificados por causa da
ressurreição de Cristo. Por isso, a ressurreição de
Cristo é uma prova tanto da justiça de Deus como da
nossa justificação. Aleluia! na ressurreição de Cristo
Deus é Deus justo e nós, o povo justificado!
Vimos que a ressurreição está muito relacionada
com a justiça de Deus. O reino dos céus é edificado e
estabelecido sobre a justiça de Deus, que obrigou
Deus a ressuscitar o justo Redentor e nos fez justos.
Assim, a ressurreição de Cristo é uma esfera de
justiça. Na esfera da ressurreição de Cristo, Deus é o
Deus justo, e nós somos o povo justificado de Deus.
Nela temos o reino.
Muitos cristãos hoje conhecem apenas o reino de
amor ou o reino da graça. Em outras palavras, estão
familiarizados somente com o reino do amor e da
graça. Não têm o entendimento da esfera da justiça
de Deus. Mas a justiça de Deus, não Seu amor ou
graça, é o fundamento do reino de Deus. O reino dos
céus é edificado não sobre o amor ou a graça de Deus,
mas sobre Sua justiça. Quão preciosa, necessária e
vital é a justiça de Deus! Ela é absolutamente
necessária para a vida do reino. Se percebermos isso,
as igrejas na restauração do Senhor serão
grandemente fortalecidas. Aleluia! nosso Salvador
real ressuscitou pela justiça de Deus!

A. No Primeiro Dia da Semana


Vamos agora considerar alguns dos detalhes da
ressurreição de Cristo apresentados no capítulo 28 de
Mateus. O versículo 1 diz: “No findar do sábado, ao
despontar o primeiro dia da semana, Maria
Madalena e a outra Maria vieram vero sepulcro”.
Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana. Isso
significa que Sua ressurreição introduziu um novo
começo com uma nova era para o reino dos céus.

B. Descoberta por Maria Madalena e a Outra


Maria
A ressurreição de Cristo foi primeiramente
descoberta por duas irmãs, Maria Madalena e a outra
Maria. Elas a descobriram por amar ao Senhor ao
extremo. Assim, elas se tomaram as primeiras duas
testemunhas da ressurreição do Senhor.

C. Anunciada pelo Anjo


A ressurreição de Cristo foi anunciada por um
anjo (vs. 2-7). O versículo 2 diz: “E eis que houve um
grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do
céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre
ela”. O terremoto significa que a terra, a base da
rebelião de Satanás, foi abalada pela ressurreição do
Senhor. O anjo veio confirmar a ressurreição do
Senhor ao remover a pedra que estava selada e
explicar a ressurreição aos que O buscavam. A vinda
do anjo, que aterrorizou os guardas, indica o poder
dos céus. Tudo isso implica a autoridade mencionada
no versículo 18.
Conforme os versículos 5 e 6, o anjo disse às
mulheres: “Não temais, porque sei que buscais a
Jesus, o crucificado. Ele não está aqui, pois
ressuscitou, como havia dito”. Que boas novas foram
essas! Que alegres notícias!
O versículo 7 diz: “Ide depressa e dizei aos Seus
discípulos que Ele ressuscitou dos mortos, e eis que
vai adiante de vós para a Galiléia; ali O vereis. Eis
que eu vo-lo disse”. Como o Rei celestial começou
Seu ministério na Galiléia dos gentios (4:12-17), não
em Jerusalém, a cidade santa da religião judaica,
assim, após Sua ressurreição, Ele deveria, ainda, ir
para a Galiléia, não para Jerusalém. Isso
enfaticamente mostrou que o Rei ressurreto tinha
abandonado completamente o judaísmo e começado
uma era nova para a economia de Deus no Novo
Testamento.

D. Encontrou-se com Maria Madalena e a


Outra Maria
De acordo com os versículos 8 a IO, o Cristo
ressuscitado encontrou-se com Maria Madalena e a
outra Maria. O versículo 8 diz: “E, retirando-se elas
apressadamente do túmulo, com medo e grande
alegria, correram a anunciá-lo aos Seus discípulos”.
Elas correram com medo por causa do grande
terremoto e com grande alegria por causa da
ressurreição do Senhor. O versículo 9 diz que o
Senhor Jesus as encontrou e que elas “aproximando-
se, abraçaram-Lhe os pés, e O adoraram”. Isso
aconteceu após a aparição do Senhor a Maria
Madalena (J020:14-18).

E. Boatos dos Líderes Judeus


Os versículos 11 a 15 indicam que os líderes
judeus com os soldados romanos espalharam um
boato sobre a ressurreição de Cristo. Eles deram aos
soldados grande soma de dinheiro para que
dissessem que os discípulos do Senhor vieram à noite
e O roubaram enquanto dormiam. Essa palavra da
boca dos líderes religiosos foi pura mentira,
indicando o mais baixo padrão e a falsidade de sua
religião. No versículo 14, eles disseram aos soldados:
“E se isso chegar aos ouvidos do governador. nós o
persuadiremos, e vos deixaremos livres de
preocupações”. Os malignos religiosos sempre
persuadem os malignos políticos a levar a cabo a sua
falsidade. O versículo 15 mostra que esse falar falso
“divulgou-se entre os judeus até o dia de hoje”. Assim
como a mentira concernente à ressurreição do
Senhor foi espalhada, também houve boatos
concernentes a Seus seguidores e Sua igreja após Sua
ressurreição (At 24:5-9; 25:7).

II. REINANDO

A. Os Discípulos Vão à Galiléia Encontrar-se


com Ele no Monte
O versículo 16 diz: “Seguiram os onze discípulos
para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes
designara”. A constituição do reino foi decretada
num monte, a transfiguração do Rei celestial
aconteceu num alto monte e a profecia a respeito
desta era também foi dada num monte. Agora, para a
economia neotestamentária de Deus, os discípulos
precisavam ir ao monte novamente. Somente num
alto monte podemos receber a economia do Novo
Testamento.

B. Aparece aos Discípulos e É Adorado por


Eles
O versículo 17 continua: “E, quando O viram, O
adoraram; mas alguns duvidaram”. Quando os
discípulos viram o Rei ressurreto, eles nada fizeram
senão adorá-Lo; contudo, alguns entre eles ainda
duvidavam, ou hesitavam, vacilavam, em reconhecê-
Lo em Sua ressurreição.

C. Declara que Toda Autoridade Lhe Foi Dada


no Céu e na Terra
O versículo 18 diz: “Jesus, aproximando-se,
falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade Me foi dada
no céu e na terra”. Em Sua Divindade como o Filho
unigênito de Deus, o Senhor tinha a autoridade sobre
tudo. Contudo, em Sua humanidade como o Filho do
Homem para ser o Rei do reino celestial, toda a
autoridade no céu e na terra foi-Lhe dada após Sua
ressurreição.
O relato de Mateus sobre a ressurreição é muito
diferente do de João. De acordo com o relato de João,
após Sua ressurreição, o Senhor encontrou-se com
Seus discípulos numa sala onde as portas estavam
fechadas (1020:19). Os discípulos estavam
apavorados, com medo dos judeus. Porque eles
precisavam ser fortalecidos pela vida, o Senhor veio
até eles como vida, soprou neles e disse-lhes que
recebessem o Espírito Santo (Jo 20:22). Quão
diferente é o relato de Mateus! De acordo com
Mateus, o Senhor mandou os discípulos irem a um
monte na Galiléia. Certamente Ele encontrou-se com
eles naquele monte durante o dia, não à noite. Além
disso, quando encontrou-se com eles no monte, Ele
não soprou neles nem lhes disse para receber o
Espírito Santo. Pelo contrário, Ele disse: “Toda a
autoridade me foi dada no céu e na terra”. Em
Mateus, não é uma questão de sopro, mas uma
questão de autoridade. A conotação de João era para
a vida e a vida requer sopro. Mas a conotação de
Mateus era para o reino e o reino requer autoridade.
O Evangelho de João revela que precisamos da vida
para cuidar dos cordeirinhos e alimentar o rebanho
do Senhor. Mas em Mateus 28 não há palavra sobre
alimentar cordeiros. Em Mateus, o Senhor ordenou
aos discípulos que fizessem discípulos de todas as
nações (v. 19), a fim de torná-las nações participantes
do reino. Isso requer autoridade. Por isso, em] oão, a
ressurreição é uma questão de vida, poder, sopro e
apascentar. No entanto, em Mateus é uma questão de
justiça, autoridade e de fazer discípulos das nações.

D. Ordenou aos Discípulos que Fossem e


Fizessem Discípulos de Todas as Nações
O versículo 19 diz: “Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os no nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Porque toda a
autoridade foi dada a Ele, o Rei celestial enviou Seus
discípulos para fazer discípulos de todas as nações.
Eles vão com Sua autoridade. Fazer discípulos das
nações é levar os pagãos a se tornarem o povo do
reino para o estabelecimento do Seu reino, que é a
igreja, mesmo hoje nesta terra.
Notem que o Senhor não ordenou aos discípulos
que pregassem o evangelho, mas fizessem discípulos
das nações. A diferença entre pregar o evangelho e
fazer discípulos das nações é que pregar o evangelho
é simplesmente levar pecadores à salvação, mas fazer
discípulos das nações é levar os gentios a se tornarem
o povo do reino. Fomos enviados pelo Senhor não
apenas para levar as pessoas à Salvação, mas também
para fazer discípulos das nações. Essa é uma questão
do reino.
No versículo 19, o Senhor fala de batizar as
nações no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Batizar é trazer as pessoas arrependi das de seu velho
estado para um novo, pondo fim à sua velha vida e
fazendo-as germinar com a nova vida de Cristo, para
que se tornem o povo do reino. O ministério de
recomendação de João Batista começou como
batismo preliminar apenas pela água. Agora, depois
que o Rei celestial cumpriu Seu ministério na terra,
passou pelo processo de morte e ressurreição e se
tornou o Espírito que dá vida, Ele incumbiu Seus
discípulos de batizar as pessoas no Deus Triúno. Esse
batismo tem dois aspectos: o aspecto visível pela
água e o invisível pelo Espírito Santo (At 2:38, 41;
10:44-48). O aspecto visível é a expressão, o
testemunho do aspecto invisível; enquanto o aspecto
invisível é a realidade do aspecto visível. Sem o
aspecto invisível pelo Espírito, o aspecto visível pela
água é vão; e sem o aspecto visível pela água, o
aspecto invisível pelo Espírito é abstrato e pouco
prático. Ambos são necessários. Pouco depois de o
Senhor incumbir os discípulos desse batismo, Ele os
batizou e a toda a igreja no Espírito Santo (1Co 12:13)
no dia de Pentecostes (At 1:5; 2:4) e na casa de
Comélio (At 11:15-17). Então, com base nisso, os
discípulos batizavam os novos convertidos (At 2:38),
não só visivelmente na água, mas também
invisivelmente na morte de Cristo (Rm 6:3-4), no
próprio Cristo (GI3:27), no Deus Triúno (Mt 28:19) e
no Corpo de Cristo (1Co 12:13). A água,
representando a morte de Cristo com Seu
sepultamento, pode ser considerada como um
túmulo para pôr fim à velha história dos que foram
batizados. Visto que a morte de Cristo está incluída
em Cristo, que Cristo é a própria corporificação do
Deus Triúno, e que o Deus Triúno é um com o Corpo
de Cristo, então batizar os novos crentes na morte de
Cristo, no próprio Cristo, no Deus Triúno e no Corpo
de Cristo é fazer apenas uma coisa: do lado negativo,
pôr fim à velha vida e, do lado positivo, fazê-los
germinar com uma nova vida, a vida eterna do Deus
Triúno, para o Corpo de Cristo. Assim, o batismo
ordenado pelo Senhor aqui é retirar as pessoas da
vida delas e incluí-las na vidado Corpo para o reino
dos céus, por meio do batismo.
A palavra “no” no versículo 19 indica união,
como em Romanos 6:3, Gálatas 3:27 e 1 Coríntios
12:13. A mesma palavra grega é usada em Atos 8:16;
19:3, 5 e 1 Coríntios 1:13, 15. Batizar as pessoas no
nome do Deus Triúno é introduzi-las numa união
espiritual e misteriosa com Ele.
Há um só nome para a Trindade. O nome é a
totalidade do Ser Divino, equivalente à Sua pessoa.
Batizar alguém no nome da Trindade é imergi-lo em
tudo o que o Deus Triúno é.
Mateus e João são os dois livros nos quais a
Trindade é revelada de modo mais completo, para a
participação e desfrute do povo escolhido de Deus, do
que em todos os outros livros da Escritura. João
revela o mistério da Deidade no Pai, Filho e Espírito,
especialmente nos capítulos 14 a 16, para nossa
experiência de vida; enquanto Mateus revela a
realidade da Trindade no único nome de todos os três,
para a constituição do reino. Na abertura do livro de
Mateus, o Espírito Santo (v. 18), Cristo (o Filho-v. 18),
e Deus (o Pai-v. 23) entram em cena para a produção
do homem Jesus (v. 21), que, como Jeová, o Salvador
e Deus conosco, é a própria corporificação do Deus
Triúno. No capítulo 3, Mateus apresenta um quadro
do Filho em pé na água do batismo sob o céu aberto,
o Espírito como pomba descendo sobre o Filho, e o
Pai falando dos céus ao Filho (vs. 16-17). No capítulo
12, o Filho, na pessoa humana, expulsa demônios
pelo Espírito para introduzir o reino do Deus Pai (v.
28). No capítulo 16, o Filho é revelado pelo Pai aos
discípulos para a edificação da igreja, que é a
vitalidade do reino (vs. 1619). No capítulo 17, o Filho
foi transfigurado (v. 2) e confirmado pela palavra de
deleite do Pai (v. 5) para uma pequena exposição da
manifestação do reino (16:28). Por fim, no capítulo
de encerramento, após Cristo, como o último Adão,
ter passado pelo processo de crucificação, entrar na
esfera da ressurreição, e se tomar o Espírito que dá
vida, Ele voltou aos Seus discípulos, na atmosfera e
realidade de Sua ressurreição, para incumbi-los de
levar os pagãos a se tomarem povo do reino,
batizando-os no nome, na Pessoa, na realidade, da
Trindade. Mais tarde, em Atos e nas Epístolas, é
revelado que batizar as pessoas no nome do Pai, do
Filho e do Espírito é batizá-las no nome de Cristo (At
8:16; 19:5), e que batizá-las no nome de Cristo é
batizá-las em Cristo, a Pessoa (Gl 3:27; Rm 6:3), pois
Cristo é a corporificação do Deus Triúno, e, como o
Espírito que dá vida, está disponível a qualquer hora
e em qualquer lugar para que as pessoas sejam
batizadas Nele. Tal batismo na realidade do Pai, do
Filho e do Espírito, de acordo com Mateus, é para a
constituição do reino dos céus. O reino dos céus não
pode ser composto de seres humanos de carne e
sangue (1Co 15:50) como uma sociedade terrena; ele
somente pode ser constituído de pessoas que foram
imersas na união com o Deus Triúno e que estão
estabelecidas e edificadas com o Deus Triúno que é
trabalhado nelas.

E. Promete Estar com os Discípulos Todos os


Dias Até a Consumação do Século
No versículo 20, o Senhor disse a Seus
discípulos: “E eis que Eu estou convosco todos os
dias até a consumação do século”. O Rei celestial é
Emanuel, Deus conosco (1:23). Aqui, Ele prometeu
estar conosco em Sua ressurreição com toda
autoridade todos os dias até a consumação do século,
isto é, até o fim desta era. Assim, sempre que
estivermos reunidos em Seu nome, Ele está em nosso
meio (18:20).
Nos quatro Evangelhos, a ascensão do Senhor é
relatada somente em Marcos (16:19) e Lucas (24:51).
João testifica que o Senhor, como o Filho de Deus,
até mesmo o próprio Deus, é vida para Seus crentes.
Como tal, Ele nunca pode deixá-los e jamais o fará.
Mateus prova que Ele, como Emanuel, é o Rei
celestial que está com Seu povo continuamente até
que Ele volte. Assim, tanto em João como em Mateus,
a ascensão do Senhor não é mencionada.
Como Rei no reino com o povo do reino, o
Senhor está conosco todos os dias até a consumação
do século. O dia de hoje está incluso em todos os dias.
O Senhor está conosco hoje, e estará conosco amanhã.
Nenhum dia será exceção. Ele estará conosco até a
consumação do século. Isso se refere ao fim desta era,
que será a época da parousia do Senhor, a vinda do
Senhor. A consumação da era, o fim da era, será a
grande tribulação. Não queremos estar aqui nessa
época. Antes, preferimos ser arrebatados para a
parousia do Senhor, para a Sua presença. Isso é uma
questão do reino.
Na ressurreição do Senhor com Sua justiça, o
reino está presente, e temos a autoridade,
comissionamento e posição para fazer discípulos das
nações. Desse modo o reino é expandido.

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