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LTDA
PNEUMOLOGIA
26.04.2017
AULA 06 – PNEUMONIAS
• Definição: Doenças inflamatórias AGUDAS de causa infecciosa que acometem os espaços
aéreos e são causadas por vírus, bactérias ou fungos.
• Sintomatologia dura em torno de 2 semanas, importante para diferenciar de neoplasia,
tuberculose e outras doenças que duram mais tempo.
• O órgão com maior contato com o meio ambiente é a árvore respiratória. Se fosse toda
aberta, corresponderia ao tamanho de um campo de futebol (é muita área em contato com
o meio externo). Lembrando que o meio externo é cheio de bactérias. Não se pega
pneumonia com frequência devido aos mecanismos de defesa do organismo, como o reflexo
da tosse, a barreira mucociliar e o sistema imunológico. Só se pega infecção quando há
alguma alteração nos sistemas de defesa.
• Fisiopatogenia:
o Fatores envolvidos na patogênese da PAC:
▪ Relacionados à chegada do agente etiológico ao trato respiratório;
▪ Relacionados à virulência do patógeno;
▪ Relacionados com as defesas locais:
• Fechamento da glote e reflexo da tosse;
• Muco brônquico, como DPOC, bronquiectasia, gripe (pode evoluir para a
pneumonia);
• Atividade ciliar do epitélio respiratório;
• Fatores humorais presentes no muco;
• Macrófagos e imunoglobulinas alveolares.
o Patógeno chega ao pulmão – vias de acesso:
▪ Microaspiração de microorganismos da orofaringe, como periodontite, abscessos;
▪ Inalação de aerossois (bactérias no ar);
▪ Disseminação hematogênica de um foco extrapulmonar, como na pele, no tórax;
▪ Extensão direta (soluções de continuidade) do mediastino e espaço subfrênico, como
derrame pleural, abscesso hepático, tuberculose.
o Doenças e condições que afetam as defesas pulmonares:
▪ DPOC: Tosse, alteração do “clearance” mucociliar.
▪ Insuficiência cardíaca: Alteração na drenagem linfática e alteração da função
macrofágica. Qualquer secreção a mais no pulmão é foco de infecção.
▪ Insuficiência renal crônica: Alteração do complemento, alteração da função
leucocitária, alteração da imunidade celular e humoral e colonização.
▪ Insuficiência hepática: Deficiência de complemento e alteração da imunidade celular.
▪ AVC: Aspiração (diminuição da parte motora).
▪ Câncer: Deficiência da imunidade celular e humoral.
▪ Desnutrição: Deficiência da imunidade celular e humoral.
▪ Diabetes mellitus: Colonização por Gram e alteração da função leucocitária.
o Principais patógenos associados com a PAC – Estados Unidos
Gráfico: O Streptococcus
pneumoniae ainda é o patógeno
mais comum da pneumonia.
Ambulatorial Internados Internados UTI
S. pneumoniae S. pneumoniae S. pneumoniae
M. pneumoniae M. pneumoniae Bacilos Gram negativos
C. pneumoniae C. pneumoniae H. influenzae
Vírus respiratórios Vírus respiratórios Legionella sp.
H. influenzae H. influenzae S. aureus
Legionella spp.
• Manifestações Clínicas:
o O paciente apresentará um quadro de uma síndrome infecciosa;
o Quadro de apresentação aguda;
o Tosse;
o Dor torácica pleurítica (dor aguda, bem localizada e que piora com a respiração): 70% dos
pacientes;
o Dispneia;
o Febre, adinamia, mialgia generalizada, suores, calafrios, dor de garganta, anorexia,
náuseas, vômitos e diarreia. Alterações de sensório são observadas com frequência
variável.
▪ Idosos: febre e alteração de sensório (alteração no nível de consciência, sonolência),
sem sintomas respiratórios. Às vezes, não possui febre.
o Síndrome de condensação (ou consolidação):
▪ O ar permanece passando (brônquios pérvios), embora os alvéolos estejam cheios de
secreção. O alveólo cheio de secreção melhora a transmissão do som;
▪ Frêmito tóraco-vocal aumentado (parece o som traqueal);
▪ Macicez ou submacicez à percussão (presença de secreção);
▪ Murmúrio reduzido com crepitações (ou estertores) e sopro tubário; broncofonia,
egofonia e pectorilóquia afônica;
▪ Possibilidade de evolução para um derrame pleural:
• Frêmito tóraco-vocal diminuído (pleura cheia de líquido não permite o esteto
transmitir o som), macicez e abolição do murmúrio vesicular;
▪ Frequência respiratória: taquipneia.
• Manejo adequado da PAC:
o Diagnóstico correto (alta morbidade, se o diagnóstico for incorreto);
o Reconhecer fatores de risco;
o Avaliar a gravidade da pneumonia;
o Decidir o local de tratamento (a depender da gravidade);
o Escolher o antibiótico e evitar uso desnecessário dos mesmos;
o Condições com indicação de ATB nas ITRI – pela ERS (situações em que, embora a clínica
não seja característica, o ATB se faz necessário):
▪ Exacerbação de DPOC que se apresente com piora da dispneia, tosse e purulência no
escarro ou em pacientes com DPOC grave;
▪ Insuficiência cardíaca (fator predisponente para pneumonia);
▪ Diabetes mellitus insulino-dependente;
▪ Doença neurológica (ex: sequela neurológica de um AVC).
• Condutas diagnósticas: Quando pensar?
o Presença de sintomas de doença aguda no trato respiratório inferior:
▪ Tosse e um ou mais dos seguintes sintomas:
▪ Expectoração, falta de ar, dor torácica (pleura);
▪ Manifestações sistêmicas (confusão mental, cefaleia, sudorese, calafrios, mialgias,
temperatura superior a 37,8º). Além de taquipneia e FC > 100 bpm);
▪ Achados focais no exame físico de tórax (estertores crepitantes, síndrome de
consolidação);
▪ Corroborados pela presença de uma opacidade nova, usualmente vista à radiografia de
tórax (verificar se o paciente possui algum exame antigo, a fim de fazer comparações
com infecções antigas – cicatrizes no pulmão).
• Diagnóstico radiológico:
o Radiografia de tórax (o único exame solicitado para pneumonia – QUESTÃO DE PROVA):
▪ Não há nenhuma informação em uma tomografia que não seja vista na radiografia, em
casos de pneumonia;
▪ PA e Perfil;
▪ Único exame subsidiário na PAC de baixo risco (ambulatorial);
▪ A presença de pneumonia com RX tórax normal é < 5% - Deve-se suspeitar de falso
negativo na presença de desidratação (não produz exsudato suficiente para ser visto
na imagem);
▪ Padrão radiológico não pode ser usado para predizer o agente causal (apenas suspeita-
se, mas o tratamento com ATB não é direcionado com base no raio-x. Claro que algumas
bactérias lembram uma imagem ou outra, porém, não se pode afirmar com certeza);
▪ Raio X de tórax – padrão acinar. O alvéolo fica preenchido por secreção e as árvores
brônquicas permanecem cheias de ar. Onde há secreção, fica branco – densidade maior
– e onde existe ar, fica preto – densidade menor. Presença de consolidação com
broncograma aéreo.
o Ambulatorial:
▪ Previamente hígidos (jovem, sem comorbidades): Macrolídeos (Azitromicina,
Eritromicina, Claritromicina – Azitromicina é preferencial, pois é dose única e tolerância
melhor) ou Beta-lactâmicos;
▪ Doenças associadas (idade elevada, hipertensão, diabetes, ICC) e ATB – 3 meses:
Fluorquinolonas (Ciprofloxacino – usado sozinho, porque funciona melhor para vias
aéreas do que no interstício. Mais usado em bronquiectasia do que em pneumonia) ou
Beta-lactâmicos+Macrolídeos.
o Internados não graves:
▪ Fluorquinolonas ou Beta-lactâmicos+Macrolídeos.
o Internados na UTI:
▪ Sem risco para Pseudomonas: Beta-lactâmicos+Fluorquinolonas ou Beta-
lactâmicos+Macrolídeos;
▪ Com risco para Pseudomonas: Beta-lactâmicos+Fluorquinolonas (Ciprofloxacino).
o PAC: Importância da escolha do ATB:
▪ 286 pacientes, mortalidade 28,5%;
▪ Terapêutica inicial eficiente com melhora em 72h: 194 pacientes, mortalidade de 11%;
▪ Terapêutica ineficiente nas primeiras 72h: 92 pacientes, mortalidade de 60%.
✓ Necessário começar logo o tratamento estimando o agente através da análise da população,
com altas chances de acerto. Alguns pacientes não respondem ao tratamento com
determinado ATB – faz os exames para identificar o agente – se detectar que a bactéria foi
estimada de maneira errada anteriormente, troca-se o ATB.
• Prevenção vacinal:
o Todos com indivíduos com idade maior ou igual a 50 anos, bem como aqueles de maior
risco de complicações associadas à gripe, devem receber vacina anti-influenza de vírus
morto. A gripe imunodeprime o indivíduo (idoso, principalmente), favorecendo a
instalação da bactéria.
o A vacina anti-pneumocócica deve ser aplicada nos indivíduos imunodeprimidos e nos
idosos residentes em asilos (de 5 em 5 anos).
• Critérios:
o Febre > 38ºC;
o Progressão ou surgimento de novo infiltrado pulmonar no Rx de tórax;
o Leucocitose ou leucopenia;
o Secreção traqueal purulenta.
• Métodos diagnósticos:
o Não invasivo: Aspirado endotraqueal;
o Invasivo: Fibrobroncoscopia.
• Patógenos resistentes:
o Maior gravidade dos pacientes;
o Maior grau de imunocomprometimento;
o Desenvolvimento de novas tecnologias;
o Maior resistência na comunidade; .
o Dificuldade em aderir aos programas do SIH;
o Uso indevido de antimicrobianos.
• Manejo do paciente:
o Em casos de suspeita clínico-radiológica de PAH, começa o ATB de imediato. Entretanto,
nesse caso, já é solicitada a cultura com antibiograma (colhe secreção da orofaringe), a fim
de identificar o agente. Analisar se o paciente possui fatores de risco para patógenos
resistentes.
▪ Baixo risco: < 5 dias no hospital, sem uso de ATB nos últimos 15 dias, sem outros fatores
de risco;
▪ Alto risco: ≥ 5 dias no hospital, com uso de ATB nos últimos 15 dias, com outros fatores
de risco: neurocirurgia, corticoide, VM prolongada, SARA.
o Patógenos prováveis:
▪ Baixo risco: S. pneumoniae, H. influenzae, S. aureus Oxa-S, Enterobactérias sensíveis (E.
coli, K. pneumoniae, Enterobacter sp., S. marcescens);
▪ Alto risco: Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter sp., Stenotrophomonas
maltophilla, Enterobactérias multirresistentes, S. aureus Oxa-R.
o Considerar padrão local de resistência.
o Antibióticos:
▪ Baixo risco: Beta-lactâmicos+Inibidores de beta-lactamases não anti-pseudomonas,
Fluorquinolonas ou Cefalosporinas de 3ª geração não anti-pseudomonas;
▪ Alto risco: Drogas anti-pseudomonas: Beta-lactâmicos+Inibidores de beta-lactamases,
Cefalosporinas de 4ª geração, Carbapenêmicos, Quinolonas, Aminoglicosídeos,
Monobactâmicos. Drogas anti-estafilocócicas: Glicopeptídeos, Oxazolidinonas ou
Estreptograminas.
• Prevenção:
o Medidas gerais da CCIH (programas educativos);
o Monitorar as infecções da UTI;
o Intubação oral (não nasal);
o Evitar reintubações desnecessárias;
o Drenagem sistemática do condensado;
o Sucção subglótica contínua;
o Manter a pressão adequada no cuff;
o Higienização sistemática das mãos entre os contatos;
o Manter a cabeceira elevada;
o Nutrição enteral em lugar parenteral.