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Colton Allyster está aliviado por voltar para casa. Após um

ano de reabilitação, e perder sua carreira na Marinha junto com

sua noiva, ele teve que aprender rapidamente o que é realmente

importante. Colton cresceu querendo servir seu país.

Administrar o bar de motociclista de seus pais nunca foi parte

de seu plano, mas após conhecer Gia Caro, ele está começando a

pensar que é exatamente onde deveria estar.

Desde que Gia Caro chegou na pequena e calma cidade de

Ruby Falls, no Tennessee, sua vida ficou fora de controle. Entre

perder sua avó um pouco mais a cada dia para a demência, e a

atenção constante de seu sexy chefe, sua existência, uma vez

tranquila, já não é tão serena.

Depois de semanas evitando Colton, as coisas se

descontrolam, e antes de Gia saber o que está acontecendo, ela

está passando suas noites na cama dele e as manhãs em sua

cozinha. E enquanto ele limpa gavetas e abre espaço no armário,

ela começa a se perguntar se está se apaixonando rápido demais.


Capítulo 1
Verdade

GIA

Sentindo meu celular no bolso da frente do meu avental vibrar mais uma vez,
eu o pego. Quando vejo que é o mesmo número que me chamou pelo menos cinco
vezes nas últimas duas horas, o mal-estar enche meu estômago. Ninguém nunca liga
para mim, então algo deve ter acontecido. Olhando para frente da pequena sala de
aula, espero os olhos de Maya encontrar os meus e, assim que chamo sua atenção,
aponto na direção da porta, avisando-a que vou sair por um minuto. Após ela levantar
o queixo, eu me agacho para ficar no nível das cinco crianças reunidas ao meu redor
em um semicírculo.
— Volto logo, pessoal. Apenas continuem pintando, e se precisarem de alguma
coisa, peçam a Srta. Maya — digo calmamente para não incomodar o resto dos alunos.
— Ok, Srta. Gia — concorda Ben, um dos meus favoritos.
Alisando o topo de sua cabeça loura morango, eu levanto e vou em direção à
porta. Apoiando contra a parede assim que estou no corredor, eu pressiono ligar no
número que me chamou e aguardo que alguém atenda.
— Olá — cumprimenta a voz de uma mulher desconhecida após o terceiro
toque.
— Oi, aqui é a Gia Caro. Alguém desse número vem ligando para mim.
— Oh! Graças a Deus. Ned, funcionou. Você a encontrou — diz ela, soando
aliviada, e eu a ouço se movendo e dizendo a alguém ao seu lado que ela voltará. —
Olá, Gia. Meu nome é Nina. Meu marido e eu vivemos ao lado de sua avó.
— Avó? — sussurro quando a náusea revira meu estômago e a dor floresce no
meu peito. — Minha avó está morta.
— Perdão, querida?
Limpando a garganta, seguro meu telefone um pouco mais apertado. — Minha
avó faleceu há mais de dez anos.
— Oh, querida — murmura ela, e a ouço se mover um pouco mais. — Sua avó
é a Sra. Genevria Ricci?
— Sim.
— Oh, querida — escuto sua respiração. — Sua avó está muito viva — diz ela
após um momento, e minhas costas deslizam pela parede, minha bunda atingindo o
chão enquanto meus pés se afastam.
— Eu… — Mil perguntas se alojam na minha garganta.
— Gia, você está aí?
— Sim, estou aqui — falo finalmente.
— Não sei como dizer isso, querida, mas sua avó não vai tão bem.
Suas palavras são como ácido queimando minha carne já sensível e é preciso
muito esforço para não gritar. — O que há de errado com ela?
— Ela não é ela mesma há algum tempo. Foi diagnosticada com demência
alguns anos atrás, mas no último ano ela está esquecendo mais as coisas e às vezes
até não reconhece nada, como se não soubesse o que está acontecendo ao seu redor.
Ned – Ned é meu marido – ele e eu acreditamos que ela precisa de alguém para cuidar
dela em tempo integral.
— Eu estarei aí — digo sem pensar. — Me levará alguns dias para resolver as
coisas aqui, mas estarei aí. Você pode ficar de olho nela um pouco mais?
— Claro que podemos. — Ela faz uma pausa, então sua voz suavizou quando
continuou. — Ela sentiu sua falta.
Culpa e arrependimento me tomam, mas eu deixo isso de lado por enquanto.
Terei muito tempo para lidar com essas emoções mais tarde. Neste momento, eu
preciso me concentrar no que preciso fazer.
— Avisarei quando estiver a caminho.
— Tudo bem, querida — concorda ela calmamente, antes de eu desligar o
telefone e apertá-lo no meu peito.
Inclinando minha cabeça contra a parede, fecho os olhos e respiro pelo nariz,
então não choro.
— Gia. — Abrindo meus olhos, eu inclino minha cabeça e encontro Maya com
a cabeça saindo de uma fresta na porta. — Você está bem?
— Sim, desculpe. — Levanto-me do chão e logo sigo de volta para a turma.
— Você tem certeza de que está tudo bem? — pergunta ela, seguindo-me.
— Sim — minto. — Você se importa de manter um olho em minhas crianças
por alguns minutos enquanto converso com Jana?
— Claro. — Ela morde o interior de sua bochecha, me estudando com
preocupação em seus olhos.
Eu gosto de Maya; ela está aqui apenas algumas semanas, mas as crianças já
a adoram, o que para mim diz tudo sobre o tipo de pessoa que ela é. As crianças
podem ler pessoas. Elas geralmente podem dizer que tipo de pessoa alguém é, mesmo
quando essa pessoa está fingindo ser alguém que não é.
Dando-lhe o que espero ser um sorriso reconfortante, deixo a aula e desço o
corredor em direção ao escritório na frente do prédio. Day Dreamers Daycare é uma
das maiores creches em Chicago. Temos sete turmas e um berçário, com mais de cem
crianças ao todo. Trabalhei aqui nos últimos cinco anos, desde o dia em que me formei
na faculdade com meu diploma no desenvolvimento da primeira infância. Meu plano
era ensinar no sistema escolar público, mas desde o início, não quis sair.
Quando chego mais perto do escritório, o cheiro de lavanda se infiltra em meus
sentidos. Jana, a dona, está sempre queimando algum tipo de erva aromática para
ajudá-la a relaxar, pensar com mais clareza ou ficar mais energizada. Ela crê no poder
de seu infusor e tentou convencer-me a obter o meu próprio mais de uma vez, mas
ainda não estou tão confiante. Assim que viro a esquina, eu a vejo sentada em sua
mesa com os olhos colados no computador, seus cabelos escuros e vermelhos em um
rabo de cavalo e seus óculos empurrados em cima de sua cabeça.
— Ei, você. — Ela se vira na cadeira, sorrindo para mim depois de eu bater na
porta aberta para chamar sua atenção.
— Você tem um minuto? — pergunto, entrando e sentando em frente a ela.
— Se me disser que está se demitindo, você precisa se levantar e sair. — Ela
aponta para a porta rindo, e uma nova onda de lágrimas enche meus olhos. — Oh
Deus. Você está se demitindo? — pergunta ela, parecendo horrorizada.
— Preciso sair da cidade por um tempo, e não sei de quanto tempo precisarei
— admito com pesar, tentando limpar as lágrimas que agora estão escorrem pelo meu
rosto.
— O que aconteceu? Está tudo bem? — Ela está de pé, trazendo uma caixa de
Kleenex para onde estou sentada e sentando-se ao meu lado.
Puxando um lenço da caixa, limpo meus olhos e depois conto sobre o telefonema
que acabei de receber.

~ ** ~

Sentada na frente da minha madrasta mais tarde naquela noite, espero que ela
reaja. Espero ela responder a minha pergunta e admitir que estivera mentindo para
mim, que ela me manteve longe da única conexão viva que eu tenho com minha mãe.
Embora eu saiba que espero em vão, ainda espero. Silenciosamente imploro que ela
me olhe nos olhos e seja honesta.
Quando minha mãe morreu e meu pai se casou com ela, tentei entender como
ele poderia passar vinte anos de sua vida com minha mãe e seguir em frente tão
rapidamente depois que ela faleceu. Não entendi, mas amava meu pai, então o apoiei.
Até tentei ter um relacionamento com Colleen, porque sabia que isso o deixaria feliz.
Nunca funcionou; ela nunca esteve interessada em conhecer-me, e meu pai sempre
desconheceu a falta de vínculo entre nós, um vínculo que nunca se desenvolveu
mesmo após a morte do meu pai quando eu tinha dezesseis anos.
— Por que você me disse que ela morreu? — repito a pergunta que fiz assim que
nos sentamos em nossa mesa no elegante restaurante que ela escolheu para nos
encontrar. Como sempre, ela parece perfeita. Seus cabelos loiros estão em um
apertado coque, sua maquiagem sofisticada e seu terno feminino, mas poderoso. Ela
não é nada como minha mãe, que usava saias florais com blusas coloridas e tantas
joias de prata que você sempre poderia ouvi-la vir a um quilômetro de distância.
Nunca entendi como meu pai poderia passar de um extremo do espectro para o outro,
de alguém que estava cheia de energia e vida para alguém que sempre pareceu tão
fria como um peixe morto.
— Ela não estava bem da cabeça — diz ela finalmente, dobrando o guardanapo
no colo e pegando o copo de água, tomando um gole e ainda evitando olhar para mim.
— Ela é minha avó.
— Ela queria que você vivesse com ela. — Seus olhos se encontram com os
meus e olho seus lábios apertarem. — Imagine viver com aquela mulher. — Seu lábio
se encolhe e balanço minha cabeça.
A opinião dela não me surpreende. Ela sempre foi julgadora, sempre pensou
que era melhor do que todos. Minha avó, assim como minha mãe, era ou talvez ainda
seja diferente da maioria das mulheres hoje em dia. A vovó criava seus próprios
vegetais, fazia compotas quando certas frutas estavam na estação, costurava suas
próprias roupas e tricotava seus próprios suéteres, e ela começou a ensinar-me a fazer
todas essas coisas depois que minha mãe faleceu. Eu pensei que teria que apoiá-la
depois que meu pai morreu quando eu tinha dezesseis anos, mas fui informada de
que ela também faleceu uma semana após o funeral do meu pai.
— Você deve agradecer-me por salvá-la disso. Que tipo de vida teria sido?
— Agradecer-lhe? — sussurro em descrença e nojo.
— Eu não precisava aceitar a responsabilidade por você depois que seu pai
faleceu.
— Você está certa. Não precisava. Mas você também teria perdido muito
dinheiro se não tivesse feito. Eu li o testamento, e sei que parte das estipulações para
você receber dinheiro foi assumir a minha custódia — lembro a ela, e suas narinas
acendem.
Quando ela se casou com meu pai, não tinha nada. Ela pode vestir roupas
extravagantes, falar como se tivesse viajado pelo mundo e ter um gosto caro, mas ela
não era rica e nem tinha dinheiro quando se casou com meu pai. Ela era a secretária
dele, é assim que eles se conheceram, e na verdade eu nem sei se meu pai estava
tendo um caso com ela quando minha mãe ainda estava viva.
— Seu pai e eu nos casamos. O que era dele tornou-se meu.
— Isso ainda não me explica por que você me impediu de ver minha avó, porque
me disse que ela estava morta quando estava muito viva.
— Seu pai não queria que você morasse com aquela mulher ou naquela cidade.
— Você não sabe disso — respondo silenciosamente.
Ela fica um pouco mais exaltada. — Eu sei, e fiz o que eu deveria fazer para
honrar os desejos dele. Eu sabia que se ela lhe dissesse que queria que você se
mudasse para o Tennessee após a morte do seu pai, você teria ido. Você teria ido lá,
abandonado a escola e acabado grávida, morando em um trailer com cinco filhos e
um marido que pisaria em você em todas as chances que tivesse. Eu salvei você dessa
vida.
— Você está louca? — pergunto, querendo chegar ao outro lado da mesa e
embrulhar minhas mãos ao redor de sua garganta magra.
— Seu pai me contou tudo sobre aquele lugar. Ele me disse o quanto odiava.
— Ele nunca o odiou. Ele se apaixonou pela minha mãe naquela cidade.
— E desejou não ter feito isso — diz ela como se estivesse me dizendo a cor do
céu ou onde comprou seus sapatos.
A declaração é casual, mas a dor deixada é devastadora, porque eu sei que ela
está dizendo a verdade. Eu ouvi meu pai dizer mais de uma vez após a morte de minha
mãe que ele desejou não ter se apaixonado por ela. Eu pensei que era porque ele não
achava que poderia superar a dor de perdê-la depois que ela se foi, mas talvez fosse
outra coisa. Talvez ele nunca a amou realmente.
— Não quero brigar com você, Gia — suspira ela, esfregando a testa como se
falar comigo fosse demais para ela lidar.
— Eu vou sair da cidade em alguns dias. Minha avó precisa de mim. Não sei
quando voltarei.
— Você é uma adulta agora. Pode fazer o que quiser. Não consigo te impedir. —
Ela acalma minha declaração como se não significasse nada para ela. Como se eu não
fosse nada para ela.
Não deveria doer, mas ainda assim.
— Certo. — Eu me afasto da mesa e fico de pé. Não olho para ela enquanto me
afasto, estando muito concentrada em ficar de pé. Minhas pernas tremem ao
atravessar o restaurante cheio de gente em direção à porta, mas,
surpreendentemente, chego ao meu carro sem me ajoelhar no estacionamento. Uma
vez que estou no meu Jeep e ao volante, fecho meus olhos e inclino a cabeça no apoio
para as costas atrás de mim. Gostaria que minha mãe estivesse aqui para me dar
conselhos e dizer que tudo ficaria bem, e queria que meu pai estivesse aqui para poder
gritar com ele e dizer que ele era um imbecil por me deixar com aquela puta.
— Acalme-se, Gia. Você tem uma merda para fazer — sussurro.
Abrindo meus olhos, eu ligo o carro e volto para casa. Quando chego à entrada,
trinta minutos depois, sorrio ao ver que minha melhor amiga já chegou. Desligando o
motor, pego minha bolsa, depois saio e fecho a porta, certificando-me de ligar o alarme
para que o Jeep não seja roubado, o que aconteceu no passado. Eu vivo em um bairro
bom, mas o crime acontece o tempo todo por aqui, especialmente roubos de carros.
— Demorou a chegar aqui — cumprimenta minha melhor amiga desde a
infância, Natasha, enquanto segura a porta de tela para a nossa casa com uma mão
e um copo de vinho na outra. Olhando para ela, sei que está em casa por um tempo,
já que ela já tirou a maquiagem, colocou o cabelo loiro cinza em um coque e mudou
suas roupas de trabalho para um moletom e um agasalho largo.
— Eu fui me encontrar com Colleen — digo, passando por ela e pegando o copo
de vinho de sua mão enquanto ando.
— Sim, o que o peixe tem a dizer sobre tudo isso? — pergunta ela, usando o
apelido que deu a Colleen depois que ela fez plástica nos lábios quando tínhamos doze
anos.
— Ela disse que me salvou de ter cinco filhos e um marido que me engana.
— Mentira. Ela não disse — rosna ela, indo à geladeira e agarrando a garrafa
de vinho.
— Ela disse. — Sento no sofá, tomando um enorme gole do copo na minha mão
antes de continuar. — Ela também disse que meu pai queria que ela me afastasse da
minha avó.
— Por que ele iria querer isso? — Ela franze a testa, pegando o controle remoto
e desligando a TV.
— Não sei, mas acredito nela. Ele nunca se deu bem com a vovó, e depois que
minha mãe faleceu, o relacionamento deles só piorou.
Trazendo a garrafa de vinho com ela, ela vem para o sofá e senta ao meu lado.
Então pega meu copo, o enche e me devolve. — Mas dizer que sua avó está morta...?
Isso é extremo, mesmo para ela.
— Eu sei — suspiro, tomando outro gole de vinho, esperando que o álcool
dispare e alivie a tensão nos meus ombros.
— Então, você realmente vai ao Tennessee?
Encontrando o olhar dela, meus olhos enchem de água. — Sim, eu vou.
— Quanto tempo?
— Não sei. Pelo tempo que eu precisar ficar lá. — Encolho os ombros. — Nina
diz que ela tem demência e não sei quão ruim ela está ou o que eu precisarei fazer.
— Você acabou de receber uma promoção. — Ela me lembra – a notícia que
recebi apenas algumas semanas atrás. Jana me ofereceu minha própria classe e um
aumento de dois dólares por hora, algo que eu não esperava. Estava mais
entusiasmada por ter minha própria classe do que o dinheiro extra. Eu trabalhava
duro para provar que era capaz de dirigir minha própria sala de aula e ansiava por
todas as coisas que eu faria com meus alunos. — Jana irá segurar a sua vaga?
Saindo dos meus pensamentos, mordo o lábio e balanço a cabeça. — Ela me
disse que terei um emprego sempre que eu voltar, mas não pode garantir minha
própria classe, já que não seria justo com quem tome minha posição.
— Cara, você trabalhou tão duro.
— Eu sei, mas é minha avó. Nós costumávamos ser próximas, na verdade, muito
próximas, e ela precisa de mim. Minha mãe esperaria que eu fosse, e eu me odiaria
se não o fizesse.
— Isso é verdade — concorda ela, soando triste, e percebo lágrimas nos olhos
que combinam com as lágrimas que enchem os meus. — Apenas estou sendo egoísta,
porque vou sentir sua falta.
— Eu também vou sentir sua falta, mas volto. — Limpo as lágrimas nas minhas
bochechas com a manga do meu suéter.
— É melhor você voltar.
— Eu… bem, a menos que eu encontre um cowboy quente e me apaixone —
brinco, e nós duas rimos, já que sabemos que isso nunca acontecerá.
— Se você encontrar um cowboy quente é melhor você se certificar de que ele
tenha um amigo quente. Temos um plano, lembra?
— Como eu poderia esquecer? — pergunto, descansando minha cabeça em seu
ombro, lembrando o acordo que fizemos quando tínhamos sete anos. Esse acordo é
que encontraremos caras que são melhores amigos, ficamos noivas ao mesmo tempo,
nos casamos, compramos casas ao lado e ficamos grávidas, então nossos filhos podem
crescer sendo melhores amigos como nós.
— Não posso acreditar que você vai para o Tennessee. Eles dirigem por lá, ou
se deslocam a cavalo?
— Você é uma idiota. — Fecho meus olhos, sorrio, e depois sussurro, — Eu amo
você.
— Também amo você, sempre e quando precisar de mim, eu estarei lá.
— Obrigada — falo com um aperto na garganta. Natasha tem sido a única
constante na minha vida desde que me lembro. Ela é a que estava sentada comigo no
funeral da minha mãe, segurando minha mão. Então, posteriormente, quando meu
pai foi diagnosticado com o tumor que levou sua vida, ela sempre esteve comigo, foi
ao hospital e ficou sentada ao lado da cama dele até ele tomar seu último suspiro. Ela
é minha família, assim como eu sou dela.
— Basta desta porcaria triste. Eu digo que terminamos esta garrafa de vinho e
depois abrimos a outra na geladeira.
— Parece bom para mim — concordo quando ela se levanta, vai à cozinha e
pega outro copo. Voltando ao sofá um segundo depois, ela enche meu copo e o dela.
— Agora, vamos brindar. — Ela estende o copo e faço o mesmo. — Isso é por
descobrir que sua avó está viva, novas aventuras e esperançosamente cowboys
quentes.
Clicando meu copo contra o dela, eu rio, então tomo um gole de vinho esperando
que quando eu finalmente chegar ao Tennessee tudo fique bem.

~ ** ~

Ao entrar na rodovia que me levará a Lookout Mountain e Ruby Falls, olho o


meu entorno. É lindo aqui, com suas extensas fazendas, colinas cobertas de árvores
e um belo lago, que tenho certeza que é cheio de vida durante os meses de verão. É o
oposto completo da cidade que vivi em toda a minha vida. Tudo é aberto e limpo, e a
julgar pela quantidade de pessoas que acenaram para mim no meu Jeep, é amigável
aqui. Quando chego à saída de Ruby Falls, disco o número de Nina. Falei com ela
ontem e, novamente, esta manhã, após sair de Chicago, para dizer que estava na
estrada e deveria chegar lá até à tarde, já que a viagem é de apenas dez horas. Eu
poderia dizer que ela estava aliviada. Eu realmente estava mantendo minha palavra e
indo. Quando perguntei sobre falar com minha avó diretamente, ela me disse que
tentaria levá-la ao telefone, mas não aconteceu, o que me preocupou mais do que
qualquer coisa. Não estou preocupada como Natasha que eu esteja sendo enganada,
mas estou preocupada com o estado de espírito da minha avó. Eu sei que se estivesse
pesando claramente, ela iria querer falar comigo, especialmente depois de tantos anos.
— Gia — cumprimenta Nina assim que atende.
— Acabei de sair da estrada. Não devo demorar muito.
— Ned, ela está quase aqui — grita ela, e o som salta pelo meu carro.
— Bem, diga a ela para sair do telefone. Ela não sabe que é ilegal dirigir
enquanto está no celular? — Ele reclama e eu sorrio.
— Estou no Bluetooth do meu carro — digo a Nina, e depois ouço o relato dessa
fala ao marido, que resmungou algo sobre tecnologia. Rindo, paro no semáforo
vermelho e ligo a seta. — Meu GPS diz que estarei aí em menos de dez minutos.
— Nós vamos encontrá-la quando chegar aqui, querida. Apenas conduza com
segurança.
— Vejo você em breve. — Desligo, depois viro à esquerda e atravesso uma
pequena cidade com apenas algumas pequenas lojas, um banco e um bar. Assim que
chego à rua, a casa da minha avó está iluminada, e meu coração começa a bater com
força. Embora nunca tenha estado aqui, eu vi imagens suficientes da casa de infância
da minha mãe para saber exatamente qual é. Estacionando na entrada, desligo meu
carro. A casa é pequena, menor do que parecia nas fotos que vi quando era pequena,
e o tempo deixou sua marca. A pintura amarela no tapume está descascando, junto
com as bordas brancas ao redor de cada uma das janelas. A grama não está alta, mas
os canteiros de flores precisam de capina, e as árvores que cercam a casa precisam
ser cortadas, já que parecem estar prestes a atravessar o telhado.
Olhando no espelho retrovisor o meu reflexo, suspiro. Estou uma bagunça, mas
após dirigir o dia todo, não é surpreendente. Com nada à mão para fazer qualquer
coisa sobre a minha aparência agora, abro a porta e saio, ouvindo o que parece ser
um guincho de porta de tela. Fechando a porta do meu Jeep, minha respiração trava
no segundo que vejo a mulher de pé na varanda dianteira vestindo um suéter tricotado
e colorido e calça jeans. Seu longo cabelo grisalho ainda é espesso e brilhante, caindo
em torno de seus ombros, e reconheço instantaneamente as maçãs do rosto altas e a
linda pele de tonalidade acobreada. Ela é linda e não tenho dúvidas de que, se minha
mãe ainda estivesse viva, ela ficaria como ela em alguns anos.
— Gabriella — sussurra ela, me estudando e a dor me atravessa. Gabriella era
minha mãe. Não acho que eu seja tão bela como minha mãe, mas meu pai costumava
me falar o tempo todo que eu era.
— Genevria, querida, essa é a Gia — diz uma mulher mais velha, que acho que
seja Nina, ajudando minha avó a descer os degraus com a mão enrolada em torno do
cotovelo coberto de suéter. — Você se lembra dela, não é? — pergunta ela, e posso ver
nos olhos da minha avó que ela está tentando lembrar, mas não está clicando. — Gia
é a filha de Gabriella – sua neta.
— Gia — diz vovó, aproximando-se, e então um sorriso ilumina seu rosto. —
Gia, você cresceu. — Ela abre os braços para mim, e meu coração aperta no meu
peito. Fechando a distância entre nós, coloco meus braços ao redor de seu corpo frágil
e enterro meu rosto no pescoço.
— Eu senti sua falta, vovó — engasgo enquanto ela esfrega minhas costas.
Afastando-me para olhar para ela, sorrio, colocando uma mecha de cabelo comprido
atrás da orelha. — Você ainda está linda — sussurro, e seus olhos se enchem de calor.
— Você também. Você é igual a sua mãe — diz ela pensativa antes de me soltar.
Virando-me para encarar o casal que está ao nosso lado, eu estico minha mão.
— Nina? — Eu indico, e ela ri, puxando-me para um abraço caloroso e acolhedor.
— Estou tão feliz por você estar aqui — diz ela, antes de soltar-me e apontar o
polegar sobre o ombro. — Este é Ned.
— Oi, Ned. — Sorrio e ele sorri.
— Você pode ficar para o almoço, ou o seu pai estará esperando você em casa?
— pergunta a vovó, e franzo o cenho, depois olho para Nina, mas ela fala antes de
mim.
— Gia ficará com você por um tempo, Genevria. Não é legal?
— Sério? — pergunta vovó, olhando para mim.
— Sério. — Pego a mão dela. — Espero que esteja tudo bem.
— É claro. — Ela sorri. — Entre. — Ela pega minha mão e me faz voltar para a
casa.
Com a mão dela na minha, ajudo-a em dois degraus, depois entro na casa atrás
dela. O interior precisa de tanto reparo quanto o lado de fora. Embora limpo, as
paredes precisam ser pintadas e os pisos precisam ser substituídos, e quando
entramos na cozinha, meu intestino revira. Há comida, panelas, frigideiras e tigelas
por todo o lado. É como se uma criança tivesse ficado sozinha na cozinha e tentasse
cozinhar.
— Genevria estava fazendo o jantar quando chegamos para dizer que você
estava quase aqui — informa Nina, pegando uma tigela de algo que parece uma massa
de panqueca na pia. — Normalmente ela come conosco, mas hoje ela decidiu fazer o
jantar.
— Bem, eu tenho que cozinhar para todos nós agora — diz Vovó, e olho em
volta.
— Que tal nós sairmos para comer? — sugiro, esperando que ela diga sim. O
lugar está uma bagunça, e ninguém vai cozinhar nada até que seja limpo.
— Essa é uma ideia maravilhosa, não é? — pergunta Nina a vovó, que parece
prestes a protestar.
— Bem, eu suponho que sim, mas não jogue nada fora. Podemos comer isso
amanhã — diz ela, movendo-se pela cozinha, pegando as coisas e levando-as à
geladeira. Ela coloca tudo lá dentro, junto com as panelas.
— Ela piorou — fala Ned baixinho ao meu lado, e inclino a cabeça para olhar
para ele. — No início, ela esquecia apenas pequenas coisas aqui e ali, mas ela piorou
continuamente nos últimos dois anos. O médico diagnosticou a demência, mas ela
não quis acreditar.
— Ela sabe?
— Sim. Acho que ela não entende o que isso significa, mas ela sabe. Nós
estávamos lidando com isso, mas há uma semana, ela vagou quando Nina a levou à
mercearia. Não conseguimos encontrá-la em lugar nenhum. A cidade inteira teve que
ser chamada para ajudar na busca. Um oficial finalmente a encontrou junto ao lago.
Quando perguntaram onde ela estava, ela não conseguia se lembrar. Ela nem
conseguiu dar a eles o endereço dela.
— Oh, Deus. — Cubro minha boca com a mão, observando minha avó parecer
um pouco perdida enquanto segue Nina pela cozinha. — Sinto muito. Eu gostaria de
ter descoberto antes.
— Tudo bem. Estou feliz por ter conseguido localizá-la. Sua avó disse a Nina
anos atrás sobre o seu pai morrer e a perda de contato com você, mas eu esperava
que se pudéssemos encontrá-la você gostaria de dizer algo sobre o que aconteceu.
— Obrigada.
— De nada. — Ele bate no meu ombro. — Sua avó é como família para nós,
para a maioria das pessoas na cidade. Todos estavam preocupados com ela e com seu
futuro, então, saber que você estava vindo encheu muitos deles com alívio.
— Gia, querida, você já comeu costelas? — pergunta Nina, e retiro meus olhos
da minha avó, que agora está sentada na mesa da cozinha, escrevendo em um pedaço
de papel, para olhar para ela.
— Sim, algumas vezes.
— Costelas de verdade, do Sul? — pergunta ela, e balanço a cabeça. Esta é a
primeira vez que venho ao Tennessee. Quando eu era mais jovem, vovó sempre ia a
Chicago para nos visitar. — Bem, você está com sorte, porque o Purple Daisy Picnic
Café tem as melhores costelas no Tennessee, e é lá que vamos jantar. — Ela sorri para
mim. — Eu só preciso ir até minha casa e me refrescar. Enquanto faço isso, Ned e
você podem continuar e esvaziar seu carro. Eu vi que você trouxe um bocado de
coisas.
— Certo — concordo, e ela sorri.
— Genevria, eu vou para casa por alguns minutos, ok? — diz ela para a vovó,
que a olha e acena com a cabeça. — Eu voltarei. — Ela olha para Ned e eu saindo pela
porta corrediça na cozinha que leva ao que parece ser uma varanda que protege do
sol.
— Ela é mandona, mas você se acostumará com isso — promete Ned, e olhando
para ele, eu sorrio e ajudo a esvaziar meu carro, o que não leva muito tempo. Quando
terminamos de colocar minhas coisas na casa e empilhar contra a parede na sala de
estar, Nina volta, tendo se trocado para um simples jeans e um suéter.
— Algumas senhoras do meu clube de livros me ajudou a limpar um quarto de
Genevria ontem e arrumar tudo na garagem — diz Nina, puxando uma das minhas
malas com ela por um curto corredor, e eu sigo atrás ela tentando absolver tudo. —
Só existe uma cama lá, mas tenho uma cômoda que Ned trará mais tarde, e Monty,
uma amiga minha, disse que tinha algumas cortinas, as quais ela traria e penduraria
para você hoje.
— Obrigada — digo a ela quando abre a porta do quarto no final do corredor.
Entrando no quarto, olho em volta. O quarto é pequeno, com uma janela dupla
sobre a cama de tamanho normal empurrada contra a parede, com uma colcha de
aspecto familiar sobre ela. Não há realmente espaço para uma cômoda, mas também
não há um armário, então precisarei de algum lugar para guardar minhas roupas, já
que minhas malas vão ocupar mais espaço.
— O quarto da sua avó está bem ao lado deste, e há apenas um banheiro na
casa, que fica do outro lado do corredor.
— Tudo bem. Lá em casa, em Chicago, eu tenho um colega de quarto, então
estou acostumada a compartilhar — digo a ela, e seus olhos se suavizam.
— Fico feliz que você esteja aqui, e quero que você saiba que Ned e eu não
iremos pular do navio apenas porque Genevria a tem agora. Vamos ajudar como
pudermos.
— Obrigada. Eu realmente aprecio isso — digo suavemente, e ela parece dizer
outra coisa, mas, em vez disso, desvia o olhar e limpa a garganta.
— Vocês estão prontas para ir? — pergunta Ned, e dou um aceno com a cabeça
e a sigo pelo corredor e na sala de estar, onde a vovó está sentada no sofá, colocando
um par de sapatos bege com Velcro em vez de laços. — Eu vou dirigir. Tenho certeza
de que a última coisa que você quer fazer depois de dirigir o dia todo é ficar ao volante.
— Por mim, tudo bem — concordo, ajudando a vovó a levantar antes de pegar
minha bolsa da mesa de café. Dirigindo-a para fora e atravessando a grama seguindo
atrás de Ned, ajudo-a a entrar no banco de trás de sua caminhonete, depois dou a
volta e entro do outro lado atrás de Nina, que no caminho me conta sobre toda a
cidade e algumas pessoas que vivem aqui. Felizmente, a viagem não é longa, mas
quando chegamos ao restaurante, está cheio, e quero dizer cheio. O estacionamento
está cheio de carros, caminhonetes e motocicletas. Parece que todos na cidade vieram
aqui para jantar esta noite.
— O que está acontecendo? — pergunta Nina enquanto Ned entra no
estacionamento e para na grama ao lado de uma grande árvore.
— Parece que alguém está dando uma festa — diz ele enquanto olho pela janela
para o prédio de pedra com uma placa roxa no telhado e margaridas pintadas nela.
Ouvindo alguém gritar, minha atenção é atraída para um grupo de homens de
pé na frente de uma série de motocicletas – ou na verdade para um cara de perfil entre
esse grupo. Mais alto do que todos por, pelo menos, alguns centímetros, seu cabelo
escuro é uma bagunça de ondas na parte superior e um corte baixo aos lados. Uma
camisa xadrez está firmemente encaixada sobre seus ombros largos que se reduzem
a uma cintura fina, calça azul desgastada e botas. Mesmo de perfil, ele é bonito.
— Estou com fome — diz a vovó, e eu, relutantemente, retiro minha atenção do
cara para olhar para ela. — Eu acho que a espera será muito longa aqui — continua,
e pego a mão dela quando a vejo começar a agitar.
— Existe um segundo melhor lugar para comer costelas na cidade? — pergunto,
e Nina vira no assento para olhar para nós duas.
— Claro que existe. Nós voltaremos aqui outra vez. Está tudo bem com você,
Genevria? — pergunta a vovó, que acena. — Bom. — Nina sorri enquanto Ned dá
marcha ré para sair do local que ele estacionou. Voltando-me para a janela enquanto
saímos do estacionamento, decepção me enche quando vejo que o cara que chamou
minha atenção anteriormente desapareceu.
Capítulo 2
Todo amarrado

GIA

Olhando meu reflexo na minha viseira, pressiono meus lábios certificando se o


meu gloss rosa está espalhado uniformemente sobre meus lábios. Solto um suspiro e
faço uma oração silenciosa para que seja oferecido um emprego após esta entrevista.
Eu não esperava ter que começar a trabalhar tão cedo, mas as últimas duas semanas
aqui tiveram um impacto em minhas finanças e sobre mim.
Acabei gastando a maior parte de minhas economias na primeira semana para
aparar as árvores da vovó, desde que Ned me disse que estava preocupado que mais
do que alguns ramos caíssem caso tivéssemos uma tempestade. Eu sabia que era ou
gastar o dinheiro agora para tentar impedir que isso acontecesse, ou gastar mais
dinheiro quando uma árvore atravessasse o telhado. Também gastei um pouco de
dinheiro para que um serviço de jardinagem viesse e eliminasse todos os canteiros e
aparasse os arbustos em frente a casa. Eu provavelmente poderia ter feito o trabalho
sozinha, mas vendo como era apenas cento e cinquenta dólares para tê-lo feito e
nunca jardinei na minha vida, eu me salvei o problema.
A realidade da situação com a vovó também foi afundando. Eu pensei entender
o que aconteceria quando cheguei aqui, mas, na realidade, eu não tinha ideia. O dia
que cheguei foi aparentemente um bom dia para ela. Ela se lembrava de quem eu era
durante o jantar e quando chegamos em casa, mas ao acordar na manhã seguinte,
encontrando-me na cozinha fazendo-nos o café da manhã, ela se apavorou. Levou-me
pelo menos quarenta e cinco minutos para acalmá-la, e mesmo assim ela ainda estava
na borda e desconfiada de mim. Nina e Ned têm sido surpreendentes, entretanto, e
realmente não sei o que eu faria sem eles.
Bocejando, eu saí dos meus pensamentos e peguei o café para tomar um gole,
precisando da cafeína para acordar logo. Estou acordada desde as sete e já me
candidatei em dois locais diferentes. Fui a uma creche nesta manhã, teria sido meu
trabalho ideal, uma vez que é o que eu fazia em Chicago, mas a mulher que me
entrevistou não pareceu gostar muito de mim. A segunda entrevista em que eu fui,
um supermercado, foi boa, mas o trabalho seria a noite, como estoquista, e desde que
não posso trabalhar de noite, eu sabia que não funcionaria. Mas o homem que me
entrevistou prometeu chamar se algo abrisse durante o dia.
O que me traz ao momento, no Rusty Rose – um bar de motociclistas na entrada
de Ruby Falls. Nunca em meus sonhos mais loucos pensei em trabalhar em um bar
de motoqueiros, mas eu precisava de um emprego, e como Nina ligou para dizer que
ela conseguiu uma entrevista para mim, eu não poderia deixar passar. Tomando um
gole mais longo do meu café, eu o coloco no suporte de copo e abrindo a porta, eu
saio, agarrando minha bolsa. Batendo a porta, eu xingo quando oscila aberta. Não sei
o que diabos está acontecendo com o meu jipe, mas preciso levá-lo para uma revisão,
e provavelmente deve ser algo importante.
Após consegui manter a porta bem fechada, vou em direção à porta da frente
do bar, limpando as palmas das mãos suadas de repente na frente da minha calça.
Colocando a mão na maçaneta da porta e abrindo-a, leva um segundo para os meus
olhos se ajustarem ao interior escuro, e quando o fazem, eu examino o bar, notando-
o completamente vazio, o que se encaixa com todo o estilo de vida motociclista que
construí na minha cabeça. Composto de gigantes homens assustadores, barbudos,
saindo da cama por volta de meio-dia, tomando uma cerveja no café da manhã, e
depois indo ao bar algum momento depois de escurecer. Definitivamente não antes.
Examinando o bar novamente, eu olho por qualquer sinal de vida, em seguida,
verifico o meu telefone para ver que horas são. Nina me disse que eu precisava estar
aqui às dez horas para encontrar com uma amiga dela chamada Rose. Cheguei alguns
minutos mais cedo, mas não muito. Andando um pouco mais no ambiente, eu observo
o enorme espaço. É maior do que parece que seria do lado de fora. Na parte de trás,
um longo bar ocupa uma seção inteira do local. No meio estão altas mesas redondas
espalhadas no chão, à esquerda estão mesas de bilhar. Quatro delas estão alinhadas
com espaço mais do que suficiente para as pessoas se movimentarem caso estejam
jogando.
— Olá? — Chamo quando chego ao bar, colocando minhas mãos no balcão e
me inclinando um pouco para olhar em direção a um cômodo nos fundos, onde uma
porta está aberta um centímetro com uma luz acesa.
— Aguarde um segundo. — É rugido para mim, e esse timbre profundo faz meu
estômago cair desconfortavelmente.
— Ok! — grito de volta, girando uma das banquetas para sentar. Uma vez que
estou sentada, arrumo minha blusa ao cruzar uma perna sobre a outra, olhando ao
redor e me perguntando se estou muito arrumada para este lugar e se não deveria ter
ido para casa me trocar. Minhas calças pretas, camisa de seda e suéter, ambos
lavanda, combinam com o design floral costurado no couro das minhas botas, mas
realmente não dizem bar de motoqueiros, elas gritam professora.
— Gia.
Olhando à minha esquerda quando o meu nome é chamado, meus pulmões
congelam enquanto meus olhos se conectam com o homem vindo em minha direção.
Ele parece um pouco familiar, mas provavelmente porque eu vi homens que se
parecem com ele em anúncios de revista para roupas de banho e colônias picantes
que cheiram a almíscar ou o mar. Engolindo, eu observo a camiseta Henley azul de
mangas compridas acentuando os músculos de seu peito e braços, as pernas
compridas cobertas de jeans e pés com botas. Meu coração bate forte quando percebo
que ele é o cara que eu vi em pé com o grupo de motociclistas do lado de fora do
Daisies.
— Gia? — repete ele enquanto seus olhos castanhos escuros cercados por cílios
longos grossos me observam.
— Hum… — respiro, e seus lábios se contorcem, chamando minha atenção para
eles e sua mandíbula forte coberta por uma espessa camada de barba. — Isso é o que
eu… Quer dizer, isso é comigo. Eu sou Gia — gaguejo, tentando ignorar a forma como
seu sorriso me faz sentir. — Sou Gia — reitero, grata quando as palavras saem claras.
Saindo da banqueta, meus pés oscilam quando atinjo o chão, e então eu solto um
suspiro quando a mão dele envolve meu bíceps para me firmar.
— Você está bem? — pergunta ele suavemente, baixando os olhos para o meu
braço, e inclinando a cabeça para olhar para ele, eu aceno, sentindo seus dedos
marcarem minha pele.
— Estou bem. — Tento dar um passo atrás, mas ele não me solta. — Juro. Eu
sou apenas um pouco desajeitada às vezes. — Sorrio, não querendo que ele ache que
eu sou uma pessoa estranha, o que, aparentemente, eu sou.
— Tem certeza?
— Tenho. — Olho para cima, percebendo quão alto ele é. Mesmo com a altura
adicionada pelos meus saltos, ele ainda precisa abaixar a cabeça para olhar nos meus
olhos.
— Sou Colton. — Ele dá um passo atrás, finalmente me soltando, e eu
imediatamente sinto falta do seu toque.
Puxando uma respiração muito necessária para lutar contra esse sentimento
ridículo, eu sorrio, ou tento, mas tenho certeza que sai estranho.
— Prazer em conhecê-lo — digo, perguntando por que ele está sorrindo para
mim assim. — Preciso encontrar Rose para uma entrevista às dez.
Observando seus olhos enrugarem nos cantos e seu sorrisinho virar um sorriso,
eu sei que estou ferrada mesmo antes dele abrir a boca.
— Rose é minha mãe. Ela teve que sair e perguntou se eu podia entrevistá-la
esta manhã.
— Oh. — Olho para a porta, perguntando se eu deveria apenas me salvar e sair
dali. Quem precisa de dinheiro de qualquer maneira, certo?
— Se você me seguir, podemos ir para o escritório e começar. — Ele se vira e eu
me dou uma conversa de vitalidade mental conforme eu o sigo, observando a bunda
dele, que é provavelmente algo que eu não deveria estar fazendo, vendo como ele é o
filho da mulher que deveria me entrevistar. E o nome dela é Rose, levando-me a
acreditar que provavelmente ela é a dona deste lugar.
— Sente-se. — Ele acena na direção de uma cadeira perto da porta do pequeno
escritório em que ele me leva. — Você gostaria de algo para beber?
Está na ponta da minha língua pedir uma dose de Jack, mas ao invés disso eu
murmuro: — Não, obrigada.
— Tem certeza?
— Sim. — Eu sento e cruzo as pernas, mais uma vez, observando-o pegar uma
pasta de uma prateleira, e então eu o observo colocar seu corpo alto e magro em uma
cadeira em frente à minha.
— Você é nova na cidade? — pergunta ele, empurrando as mangas de sua
camisa para cima de seus antebraços, e engulo em seco quando o espaço entre as
minhas pernas formiga. Seus braços são fortes e bronzeados, com as mãos maciças,
e os dedos longos. Posso realmente imaginá-lo correndo as grandes mãos sobre o meu
corpo, o que é absolutamente insano, porque eu realmente não queria um homem me
tocando em eras. — Gia? — Ouço um sorriso em sua voz, em seguida, o vejo em seu
rosto quando olho para ele. Eu sei que ele espera que eu responda a sua última
pergunta, só que já esqueci qual era.
— Desculpe, eu não ouvi.
— Está tudo bem. — Ele se inclina em sua cadeira, fazendo-a ranger sob seu
peso. — Eu perguntei se você é nova na cidade?
— Oh. — Tiro minha bolsa do colo e a coloco no chão perto dos meus pés. —
Sim, eu cheguei aqui há um par de semanas.
— De onde você é?
— Chicago — digo, e ele inclina a cabeça para o lado.
— A cidade? Você cresceu lá?
— Sim, toda a minha vida. — Dou de ombros, e ele assobia através de seus
dentes.
— Chicago para o Tennessee. Isso é uma grande mudança. O que te traz aqui?
— Minha avó vive aqui e… ela queria que eu me mudasse para mais perto —
minto, desde que a minha avó nem sequer sabe realmente quem eu sou. Todos os
dias quando ela acorda eu tenho que explicar que sou sua neta e não minha mãe ou
alguma desconhecida que vive em sua casa.
— Onde você trabalhava em Chicago? — pergunta ele, colocando os cotovelos
sobre os joelhos e se aproximando.
— Eu trabalhava em uma creche.
— Quanto tempo você ficou lá?
— Desde que me formei na faculdade — digo, e ele franze a testa.
— E agora você quer trabalhar aqui? — questiona ele, parecendo genuinamente
confuso. — Você sabe que este é um bar, certo?
— Eu preciso de um emprego. — Dou de ombros. Uma coisa que meu pai
sempre disse é que dinheiro é dinheiro. Quando você está pagando seu aluguel ou
comprando mantimentos, não importa o que você fez para ganhar esse dinheiro; só
importa que você trabalhou por ele.
— Este lugar é um pouco bruto. Você acha que pode aguentar trabalhar aqui?
— Seus olhos caem para o meu suéter, em seguida, botas, me fazendo mudar
desconfortavelmente na minha cadeira.
Eu realmente deveria ter ido para casa me trocar.
— Eu sou de Chicago. — Uso como resposta, já que Chicago é uma das cidades
mais dominada pelo crime nos Estados Unidos.
— Como você é em matemática? — pergunta ele, olhando para o telefone sobre
a mesa quando ele começa a tocar. Obviamente, não querendo falar com quem está
ligando, seus olhos voltam para mim.
— Bem, eu acho.
— E as pessoas?
— O que você quer dizer? — Eu franzo a testa, e seus olhos caem para a minha
boca por um momento antes de encontrar o meu olhar mais uma vez.
— Como você é com as pessoas? Você se dá bem com as pessoas?
— Claro — minto novamente, sabendo que não sou muito boa em fazer amigos.
Mas, realmente quão amigável você precisa ser para trabalhar em um bar de
motoqueiros? Claro, você precisa ser capaz de anotar os pedidos de bebida e outros
produtos, mas não posso imaginar motociclistas sendo muito de conversa, por isso
não deve ser um problema.
— Quando você pode começar?
Pega de surpresa pela pergunta, eu gaguejei. — Eu... uh.… Amanhã?
— O pagamento do turno diurno é uma merda, mas minha mãe disse que essas
são as horas que você está procurando. Posso te perguntar por quê?
— Não gosto de minha avó ficar sozinha em casa à noite — respondo.
Duas vezes desde que estive aqui, ela surgiu no meio da conversa, o que me
preocupa. Além disso, quando mencionei conseguir alguém para ajudar durante o dia
se eu conseguisse um emprego, Nina me garantiu que estava bem em manter um olho
nela como tem feito. Eu não quero afastá-la de seu marido ou da vida mais do que ela
já fez, e se eu trabalhasse à noite, eu faria isso com ela.
— Ela tem sorte de tê-la — diz ele, e meu estômago se aquece com o tom suave
de sua voz e o olhar em seus olhos.
— Eu sou a sortuda — admito. Tenho sorte de ter a oportunidade de conhecer
a avó que pensei ter perdido, ainda que ela não seja a mulher de quem eu me lembre.
— Normalmente, a minha mãe ou eu abrimos o bar às dez horas, limpamos e
reabastecemos. As portas abrem ao meio-dia, e é normalmente lento até por volta das
quatro horas, a menos que seja verão; então você nunca sabe o que vai acontecer. As
coisas podem esquentar de vez em quando, quando temos turistas, mas na maior
parte, são pessoas locais que passam o tempo aqui, e eles tendem a ser discretos.
— Ok — respondo, pegando a pasta quando ele a entrega para mim.
— Aí tem a inscrição para o trabalho. Vou precisar que você preencha e traga
com você amanhã, quando aparecer.
— Claro — concordo, me inclinando e colocando-a dentro da minha bolsa no
chão.
Quando eu sento, noto que ele se inclinou novamente, com os cotovelos sobre
os joelhos. Tão perto eu posso sentir seu cheiro de couro e almíscar e ver que seus
olhos não são apenas o marrom escuro que pensei. Eles são marrons com uma cor
dourada tecida através deles.
— Então o que você faz no seu tempo livre?
— Eu gosto de tricô — digo sem pensar, e ele se afasta, um sorriso lento se
espalhando pelo seu rosto.
— Tricô — repete ele, tornando o som quase pecaminoso, e uma imagem dele
me amarrando com fios macios e tendo seu caminho comigo nubla minha visão,
fazendo meu rosto aquecer.
— Minha avó me ensinou. É relaxante. — Eu me defendo.
— Ok, Gia. — Ele continua sorrindo quando se levanta. — Foi bom conhecê-la.
Pegando minha bolsa, eu levanto também, e passo por ele ao sair, me
certificando de encolher enquanto faço isso, então acidentalmente não me esfrego
contra ele.
— Prazer em conhecê-lo também. — Eu olho para ele por cima do ombro, em
seguida, grito quando o salto da minha bota fica preso na tábua atrás do bar.
Estendendo a mão para qualquer coisa que eu possa me salvar de plantar a cara no
chão, eu agarro em alguma coisa, porém essa coisa foi uma das alavancas para a
cerveja que é mantida na torneira. Puxando-a comigo, cerveja vai por toda parte,
incluindo em cima de mim. — Oh, Deus — gaguejo, tentando fechar a torneira que
agora parece estar presa.
— Cristo — rosna Colton enquanto me pega pela cintura e me coloca atrás dele.
Sacudindo as minhas mãos, eu o vejo desligar o barril.
— Eu… — Fecho meus olhos, me perguntando o que diabos eu posso dizer para
me salvar do embaraço deste momento. — Eu sinto muito.
— Você está bem?
Abrindo os olhos, eu o encontro tão molhado quanto eu. — Se por bem quer
dizer querendo cair em um buraco escuro e morrer, com certeza, eu estou bem —
respondo, e ele olha para mim, depois para a bagunça que eu criei.
Balançando a cabeça, ele passa a mão pelo cabelo. — Você realmente é
desajeitada.
— Eu sei — concordo, afastando minha blusa encharcada de cerveja do meu
corpo. — Você tem um esfregão para que eu possa limpar isso? — pergunto, e ele ri.
É uma risada boa – uma gargalhada profunda que faz coisas estranhas para o meu
interior.
— Sim — murmura ele. — Mas primeiro, vamos secar você. — Ele segura meu
cotovelo e me puxa junto com ele para o escritório. Liberando-me, ele vai até uma
grande caixa de papelão no canto da sala onde pega uma camiseta e entrega para
mim. — Há um banheiro por aquela porta. — Ele aponta para uma porta que não
percebi antes. — Vá em frente. — Ele levanta o queixo em direção a ela.
Virando-me, eu vou para a porta, então paro e volto a pedir desculpas, quase
engolindo minha língua quando faço, porque ele está no processo de tirar a camisa.
E o que há sob essa camisa deveria ser ilegal. Lotes e lotes de músculo tenso sob
suave e gloriosa pele bronzeada.
— Gia, eu estou começando a pensar que você tem uma coisa comigo.
Suas palavras agarram-me de volta à realidade e meu rosto instantaneamente
queima tanto que eu sei que provavelmente poderia cozinhar um ovo nele.
— Eu vou… vou me trocar. — Viro em meus calcanhares e corro para o
banheiro. Batendo a porta, pressiono as costas contra ela. Natasha e eu não
deveríamos ter brindado aos cowboys; deveríamos ter brindados aos rapazes quentes
que trabalham em bares motociclistas e que te deixam amarrada e desconcertada.
Tiro a camisa molhada e o suéter e coloco os dois na cabine do banheiro, o qual
tem um recado escrito à mão dizendo que está fora de serviço, em seguida, ligo a água.
Usando sabonete e toalhas de papel, eu me lavo, tentando remover o cheiro de cerveja
de cima de mim. É impossível; está no meu cabelo, na minha calça, e no meu sapato.
Estou indo para casa cheirando como no primeiro ano da faculdade.
Pegando a camiseta seca, eu a visto, em seguida, viro o rosto para o espelho. A
camisa é da equipe de softball Rusty Rose, e aparentemente eles foram invictos três
anos consecutivos, o que é impressionante. Jogando minha blusa encharcada de
cerveja na pia, eu a lavo e torço da melhor forma que posso antes de sair do banheiro.
Colton não está no escritório, graças a Deus, mas quando saio para o bar, ele está lá
com uma mulher e ambos estão usando esfregões e toalhas para limpar o chão.
Soltando minha bolsa no topo do bar, eu pego um par de toalhas e começo a limpar.
Ajoelhando, eu limpo atrás dos barris de cerveja e ao longo da borda da barra
sob o balcão. Após tirar o resto da cerveja da borda inferior onde os copos são
mantidos, eu me levanto, afastando meu cabelo do meu rosto, e pisco para Colton e
a mulher olhando para mim. Olhando para ela, eu sei que é a mãe dele. Eles têm os
mesmos olhos e cílios escuros, e os mesmos lábios carnudos.
— Hum… — desvio os olhos, para logo olhar para eles novamente. — Estou
muito, muito triste pela bagunça que eu fiz, e se vocês não querem que eu trabalhe
aqui, eu compreendo totalmente — digo, torcendo a toalha na minha mão e me
encolhendo quando torço um pouco da cerveja no chão.
— Você é igual a ela — diz a mulher, fazendo meu estômago revirar. Mesmo que
ela não tenha dito de quem está falando, eu ainda sei, uma vez que ela tem o mesmo
olhar em seus olhos que meu pai costumava ter. Como se fosse quase doloroso para
ele olhar para mim.
— Mãe, esta é Gia Caro — introduz Colton, descansando a mão no ombro de
sua mãe. — Gia, minha mãe, Rose.
— Prazer em conhecê-la. — Estico a mão e seus olhos caem para ela antes de
olhar para mim mais uma vez. Sacudindo a cabeça, ela pega a minha mão e me puxa
para abraçar, fazendo-me tropeçar.
— É tão bom te conhecer, Gia. Desculpe meus modos mais cedo. — Ela me solta
e segura minhas mãos. — Eu conhecia sua mãe, e ver você acabou me pegando
desprevenida.
— Está tudo bem. — Eu a tranquilizo e ela solta minhas mãos.
— Sua mãe e eu éramos amigas. Bem, acho que sua mãe, pai e eu éramos
amigos, antes de saírem da cidade.
— Sério? — pergunto, e ela sorri suavemente para mim, em seguida, inclina a
cabeça para o lado quando tristeza enche os olhos.
— Como vai a sua avó?
— Ela está bem.
— Bom. — Ela tira os olhos de mim e olha para seu filho brevemente. — Colton
disse que começará amanhã?
Meus olhos vão dela para a pilha de toalhas de bar molhadas no chão e o
esfregão apoiado em um balde cheio de água suja. — Esse era o plano, desde que você
ainda me queira.
— Não são muitas mulheres que estão dispostas a ficar de joelhos para limpar
o chão, querida. Isso aí me mostra que você não está com medo de sujar as mãos com
um pouco de trabalho duro.
— Não estou — confirmo, e ela sorri novamente.
— Amanhã eu estarei aqui de manhã e mostrarei tudo o que precisa ser feito
antes das portas abrirem ao meio-dia. Não há uma longa lista de coisas para fazer,
mas o que está nessa lista leva tempo, uma vez que não limpo o bar depois de fechar.
— Tudo bem — concordo, e ela olha de mim para Colton, mais uma vez.
— Isso dará certo. Sinto isso no meu intestino. Vejo você na parte da manhã,
Gia, e diga a sua avó que eu disse oi. — Ela sorri.
— Eu direi a ela — sorrio enquanto ela passa por mim e entra no escritório,
fechando a porta.
Agarrando minha bolsa e roupas do balcão, eu cuidadosamente caminho sobre
o tapete em que tropecei mais cedo, em seguida, para a pista principal, evitando olhar
para Colton quando vou, já que, aparentemente, não consigo me controlar perto dele.
— Vejo você por aí, Covinhas — ressoa ele atrás de mim.
Meu estômago vibra, mas não viro. Levanto minha mão e aceno por cima do
ombro, ouvindo-o rir quando saio.
Assim que abro a porta, brilhante luz solar cumprimenta-me, então eu paro e
procuro em minha bolsa os meus óculos de sol. Após encontrá-los no fundo da bolsa,
eu os coloco e ando para o meu jipe, entro, ligo-o, e depois saio do estacionamento,
indo para casa.
Assim que eu chego, não vou para a casa de Nina e Ned. Eu entro na casa da
vovó e direto para o chuveiro, para poder me lavar. Uma vez que eu saio e me visto,
eu caminho através do pátio até a porta da frente de Nina, batendo uma vez.
Ela me cumprimenta com um sorriso enquanto abre a porta. — Como foi a
entrevista?
— Foi boa, muito boa. Eu começo amanhã.
— Bom, eu sabia que Rose cuidaria você. — Ela dá um passo para o lado e me
deixa entrar.
— Como a vovó está nesta manhã? — pergunto, seguindo-a para a sala.
— Ela está bem. Falava um pouco sobre sua mãe mais cedo, perguntando como
ela está e por que ela não ligou.
— Sério? — pergunto, parando na borda da sala, onde vovó está assistindo The
Price is Right na TV.
— Eu acho que ter você aqui trouxe à tona algumas memórias. — Ela encolhe
os ombros.
— Quero marcar uma consulta com o médico dela. Você sabe quando foi a
última vez que ela foi?
— Faz um tempo agora, talvez seis meses. Ela vê uma senhora em Chattanooga.
Vou pegar o número dela.
— Obrigada.
— A qualquer hora. — Ela olha de mim para a vovó. — Eu ia fazer algo para ela
comer. Você quer ficar para o almoço?
— Você não precisa fazer isso — digo, me sentindo culpada. Nina e Ned têm
feito tanto, e quanto mais eles fazem, mais culpada eu me sinto por não estar aqui
mais cedo.
— Querida, eu sei que não preciso. — Ela se vira e se dirige para a cozinha.
Assim como a da vovó, é pequena, mas ao contrário da vovó, é moderna e tão limpa
que provavelmente poderia comer no chão. Mesmo comigo limpando e esfregando a
casa da vovó todos os dias, ainda precisa de muito trabalho, e com isso quero dizer
que precisa ser reformada a partir do zero. — Eu acho que é um tipo de dia de queijo
e sopa de tomate grelhado. O que você acha? — pergunta ela, abrindo um armário e
puxando duas latas de sopa de tomate.
— Parece delicioso — concordo. — Você quer minha ajudar?
— Eu tenho tudo sob controle. Vá em frente, eu sei que você deseja passar mais
tempo com ela. — Ela sorri, balançando a cabeça para a porta.
— Obrigada. — Eu a deixo na cozinha e vou para a sala, onde vovó ainda está
assistindo a televisão.
— Ei, vó — saúdo quando entro para que ela não se assuste. Com as minhas
palavras, seus olhos vêm a mim, e posso ver – como sempre – que ela está tentando
descobrir quem eu sou e o que estou fazendo lá. — Nina está fazendo o almoço para
nós — digo, me aproximando. — Está com fome?
— Um pouco. — Ela encolhe os ombros.
— Você teve um bom dia?
— Sim — responde ela antes de olhar para a TV novamente. Sentando ao lado
dela, eu mordo o interior da minha bochecha para não chorar. — Você teve um bom
dia?
Virando-me para olhar para ela, eu sorrio e pego a mão dela. — Sim, eu tenho
um emprego.
— Sério? Aonde?
— No Rusty Rose.
— Isso é maravilhoso, Gabriella. Estou tão orgulhosa de você. — Ela aperta
minha mão e lágrimas enchem meus olhos.
— Obrigada — falo com a dor na minha garganta. Inclinando a cabeça no ombro
dela para que ela não me veja chorar, eu me sento com ela, segurando sua mão e
desejando ter o poder de fazê-la melhorar.
Capítulo 3
Sem Espaço Para O Passado

COLTON

Ouvindo Loki latir, eu olho para trás apenas a tempo de ver minha mãe entrar
em casa.
— Bom dia, querido — cumprimenta ela, dando um arranhão rápido atrás das
orelhas de Loki antes de entrar na sala.
Olhando dela para a porta, eu balanço a cabeça. — Você sabe que se eu arrumar
uma mulher, você terá que devolver minha chave, certo? — Levanto uma sobrancelha
e a vejo colocar as sacolas que trouxe em cima do balcão e virar para me encarar.
— Você está interessado em alguém? — pergunta, e imediatamente Gia vem à
mente. Gia, com belos olhos verdes, covinhas bonitas em ambas as bochechas, lábios
cheios que eu quero provar, cabelo longo e escuro que posso imaginar espalhados por
todo o meu travesseiro, e as curvas em todos os lugares certos. Gia, que gosta de
tricotar e fica adoravelmente constrangida sempre que eu chego muito perto dela.
Sim, definitivamente estou interessado em alguém.
— Esse não é o ponto — digo, e ela revira os olhos.
— Quando você tiver uma mulher aqui, eu começarei a bater — murmura ela,
tirando as coisas das sacolas e colocando-as no balcão, e formando uma pilha com
todas as embalagens vazias.
Dando uma mordida nos ovos no meu prato, eu enfio um pedaço de bacon na
boca, em seguida, pego o meu prato e caminho para a pia, dizendo: — Eu também
posso fazer a minha própria compra.
— Eu já estava no mercado. — Ela encolhe os ombros, sem olhar para mim. —
Percebi que eu poderia comprar algumas coisas para você e te poupar da viagem.
— Mãe, eu te amo, mas preciso fazer minha própria merda — digo a ela
suavemente, observando seus ombros caírem.
— Meça suas palavras. Eu juro, você, seus irmãos e seu pai poderiam fazer um
marinheiro corar. — Sorrindo, eu envolvo meus braços em volta dos seus ombros e a
puxo para um abraço.
— Você xinga mais do que todos nós juntos — digo, e não é uma mentira. Minha
mãe tem uma boca pior do que a maioria dos homens que conheço.
— Que seja. — Ela aperta seu poder sobre mim, em seguida, olha para cima. —
E para que você saiba, como sua mãe, está enraizado em mim cuidar de você.
— Eu sei, e te agradeço por tomar conta de mim, mas é importante que eu volte
para algum sentido de normalidade — digo a ela suavemente quando vejo as lágrimas
começarem a encher seus olhos. Eu sei que me ver meio morto no hospital fodeu com
ela, mas eu não morri.
— Tudo bem — concorda ela relutantemente.
Beijando o topo da sua cabeça, eu a solto e volto para a pia.
— Onde está o papai? — pergunto, lavando meu prato e o colocando no
escorredor.
— No depósito. O caminhão chegou esta manhã, então ele está lá fazendo
inventário desde as seis.
— Ele deveria ter me chamado.
— Ele sabe que você trabalhou até tarde na noite passada — explica ela, e cruzo
meus braços sobre o peito, encostando-me contra o balcão atrás de mim e
observando-a guardar as coisas. — Também encontrei Lisa esta manhã. — Meus
cabelos arrepiam com a menção daquela cadela, mas mantenho a boca fechada. —
Ela perguntou como vai você — diz ela suavemente, colocando um galão de leite na
geladeira.
— Não quero ouvir daquela puta, então da próxima vez que você a vir, pode
dizer a ela que eu disse isso — rosno.
Olhando para mim, seus olhos se fecham rapidamente. — Querido, foi difícil
para ela, para todos nós — sussurra ela.
— Sim, foi? — Levanto minhas sobrancelhas quando sangue ruge nas minhas
veias, tornando difícil ver claramente. — Ela não estava de cama no hospital. Não foi
ela quem precisou aprender a andar novamente. E ela, com certeza, malditamente
não viu o seu futuro escapar por entre os dedos. Essa cadela não existe para mim, e
eu apreciaria se você não a mencionasse para mim novamente.
— Colton!
— Não, mãe. — Passo a mão pelo meu cabelo, desviando o olhar e tentando me
controlar, então não enlouqueço. — Eu sei que você gostava dela, mas ela é uma
vadia.
— Ok — sussurra ela, parecendo chorar de novo.
— Vem cá, mãe. — Estendo meus braços para ela.
— Você ainda está bravo? — pergunta ela, e suspiro, puxando a mão dela e
forçando-a em meu abraço.
— Não estou bravo com você, mas você precisa entender que não quero ter porra
alguma com ela.
— Pare de xingar! E tudo bem, eu vou parar de mencioná-la.
— Eu te amo, mas sério, não sei como papai te aguenta.
— Seu pai conta suas estrelas da sorte todas as noites, porque eu o aguento. —
Ela dá um tapinha nas minhas costas.
— Não sei sobre isso. — Eu sorrio e esquivo de sua mão quando ela tenta bater
em mim.
— Você é uma dor — murmura ela.
— Você me ama — lembro a ela, em seguida, olho para o relógio. — Preciso me
arrumar. Eu te vejo hoje à noite. Solte Loki para mim quando sair.
— Sim, te vejo esta noite. — Ela balança a cabeça quando vou para o meu
quarto.
Após me vestir, eu volto para a cozinha e pego minhas chaves e a bolsa da
academia antes de ir à garagem. Olhando para a minha moto com saudade, eu vou
para o meu Suburban. Esta primavera foi pior do que a maioria. Choveu quase todos
os dias, e com a temperatura caindo, as estradas estão congeladas – ou seja, não
posso andar de moto, mesmo que isso seja tudo que eu queira fazer. Tenho montado
desde que eu tinha oito anos. Naquela época era motos de motocross, depois eu subi
para motocicletas. Meu primeiro veículo foi uma moto. Não tive um carro como todos
os outros. Eu não queria ser como qualquer outra pessoa, exceto talvez meu pai.
Atrás do volante, eu aperto o controle remoto da garagem para abrir a porta, e
ligo o motor. Após recuar, eu fecho a porta da garagem e vou para a rua, com Loki
correndo atrás de mim. Ele para no final da calçada e volta para a casa, sabendo que
não pode ir mais longe.
Leva menos de vinte minutos para chegar a academia, e quando eu paro, vejo
que Tide já chegou. Tide tem sido meu melhor amigo desde que me lembro. Seu pai e
o meu são melhores amigos, e uma vez que eles passavam todo o seu tempo juntos,
passamos todo o nosso da mesma maneira. Não sei o que diabos seus pais pensavam
nomeando-o de Tide, ou nomeando a irmã dele, Crimson, embora o pai deles tenha
jogado futebol durante a faculdade para Universidade Estadual do Alabama.
Pegando minha bolsa do banco do passageiro, eu saio e bato a porta. Vejo Tide
em um dos bancos de peso na parte de trás assim que entro na academia. Dando-lhe
uma elevação de queixo quando passo, levo minha bolsa para o vestiário depois volto
para encontrá-lo.
— Cara. — Ele coloca a barra no lugar de descanso ao me ver e se senta. Tide
parece um Viking, com seu cabelo loiro e olhos azuis. Ele é um cara grande, maior do
que a maioria, e não é porque ele malha todos os dias. Ele apenas é construído dessa
forma, está em seus genes, uma vez que ambos os pais são grandes. No ensino médio,
chamaram-no de Mac, porque, como seu pai, ele jogou futebol e governou o campo.
Sempre que alguém o via chegando, eles saíam do caminho, ou seja, a nossa equipe
de futebol da escola esteve invicta nos quatro anos em que ele esteve no time.
— E aí, cara? — pergunto, batendo o punho contra o dele uma vez que estou
perto.
— Nada de novo.
— Como está minha afilhada?
— Perfeita. — Ele me dá o mesmo sorriso que sempre dá quando fala sobre sua
filha de três anos de idade, Olivia – um sorriso que diz que ele tem tudo. — Gostaria
de poder dizer o mesmo sobre a mãe dela, mas é o que é. — Ele dá de ombros e volta
a deitar para terminar o levantamento. — Nós temos outro encontro no tribunal em
três meses.
— Para que? — pergunto, andando para ajudá-lo.
— Eu quero que a custódia seja meio a meio. Ela quer que eu tenha apenas
outro fim de semana, então eu terei que lhe dar mais dinheiro — diz ele com os dentes
cerrados. Eu sinto por ele. Desde o dia que Olivia nasceu, ele está trabalhando em ser
um bom pai e estar presente na vida dela. Ele ficou com Anna, a mãe de Olivia, por
um tempo depois que Olivia nasceu, tentando fazer funcionar para que pudesse ver a
filha todos os dias, mas não funcionou. Não sei tudo o que aconteceu, mas sei que
nenhum deles estava feliz. Sei também que desde que ele se mudou, ela está
trabalhando para tornar a vida dele um inferno.
— Vai se resolver. O juiz verá que você quer estar na vida de Olivia e te dará o
tempo que está pedindo.
— Espero que sim. — Ele senta, agarrando a toalha do chão a seus pés. — Não
quero perder mais nenhum tempo do que já tenho perdido — murmura ele, então
seus olhos passam por cima do meu ombro e endurecem. — Porra — corta ele, e me
viro para ver quem ele está olhando para, em seguida, balançar a cabeça quando vejo
que Lisa e suas duas melhores amigas estão entrando. — Não tenho nada contra as
mulheres, e normalmente eu estaria emocionado por assistir cadelas desfilarem com
roupas apertadas que deixam pouco ou nada para a imaginação. Mas, falando sério,
o que diabos elas estão fazendo aqui? — questiona ele, estudando-as.
— Não sei, não dou a mínima — murmuro, tirando meu agasalho e indo para
as esteiras.
— Cristo, elas ainda estão maquiadas. Quem diabos usa maquiagem para ir
malhar? — pergunta ele, pegando a esteira ao lado da minha.
Ignorando sua pergunta e o fato de que elas estão aqui, ligo a esteira e começo
a correr. Não é a primeira vez que eu vi Lisa desde que fui para casa, mas eu gostaria
de poder dizer que seria a última. Lisa e eu namoramos na escola, então terminamos
e voltamos enquanto eu estava na faculdade por dois anos e após eu entrar para a
Marinha. Eu a pedi em casamento depois da minha primeira turnê no exterior, e
tínhamos um plano para casar depois da minha segunda. Desnecessário dizer que
isso não aconteceu. Após ser baleado e perder o uso das minhas pernas, ela terminou
comigo. Os médicos não achavam que eu seria capaz de andar novamente, e ela não
podia lidar com a ideia de estar com um paraplégico, então ela pulou fora.
Eu provei que estavam errados. Levei um tempo para puxar a cabeça da minha
bunda e parar de sentir pena de mim mesmo, mas, eventualmente, eu comecei a ouvir
o que meu fisioterapeuta dizia e comecei a trabalhar no sentido de conseguir ficar
mais forte. Fiquei no hospital por um ano, e me levou seis meses para aprender a
andar de novo, naquele tempo eu também tive que aprender o que é realmente
importante na vida e, com certeza, não é uma mulher como ela.
— Como vão as coisas no novo emprego? — pergunto, necessitando mudar de
assunto, já que cada vez que eu penso nos anos que desperdicei naquela cadela eu
fico chateado.
— Boas. Muito boas. E se as coisas continuarem assim, eu devo ganhar a
licitação no próximo local — diz ele. Não posso deixar de ficar feliz por ele, já que vem
fazendo construção desde sempre e este ano é o primeiro em que ele fez sozinho, com
a sua própria equipe.
— Isso é bom — digo em uma respiração profunda.
— Você está gostando de gerenciar o bar? — pergunta ele.
— Está tudo bem. Contratamos uma nova garota há alguns dias.
— Ah, é? — pergunta ele, e viro a cabeça para olhar para ele.
— Sim.
— Bem, porra. — Ele sorri, lendo o olhar no meu rosto sem que eu precise dizer
algo.
— Vamos ver — murmuro, em seguida, viro e pressiono o botão para acelerar a
minha corrida.
— Eu terei que parar e tomar uma cerveja.
— Ela é tímida, homem — digo silenciosamente, perguntando por que eu amo
muito isso.
— Tímida? — repete ele, parecendo surpreso.
— Sim, tímida.
— Você já teve uma tímida?
— Não, mas é um novo dia. — Sorrio para ele, então amaldiçoo quando vejo
Lisa de pé na frente da minha esteira.
— Ei — diz ela suavemente quando os nossos olhos se encontram.
— Você está aqui pegando caras? — pergunta Tide, e os olhos dela vão até ele
e estreitam. — Apenas perguntando, uma vez que você tem um rosto cheio de
maquiagem e não está sequer suando.
— Não seja um idiota, Tide. — Ela cruza os braços sobre o peito, olhando para
ele.
— Não sei como ser ninguém além de mim — responde ele, e o lábio dela se
enrola em desgosto antes olhar para mim novamente.
— Você tem um minuto para conversar? — pergunta ela.
Houve uma época em que eu teria dito sim a qualquer coisa que ela me pedisse,
mas isso foi há muito tempo. Agora duvido que ainda jogaria um copo de água sobre
ela se estivesse em chamas.
— Não, eu estou aqui para malhar, então vou para o bar.
— Oh — responde ela, olhando para baixo e arrastando os pés. — Você pode
ligar para mim? Eu realmente gostaria de falar com você. Podemos nos encontrar…
— Eu realmente gostaria de ter um trio, mas não vejo isso acontecendo no meu
futuro — fala Tide cortando-a, e ela olha para ele novamente com o ódio brilhando em
seus olhos. — Se isso é tudo, você pode ir. — Ele acena-a para longe, e luto conta o
riso que sinto construindo dentro de mim.
— Ainda não sei por que você é amigo dele — ralha ela, olhando para mim.
— É chamado de lealdade. Talvez você deva procurar a definição na porra do
dicionário em algum momento — diz ele, e rio com essa enquanto ela estreita os olhos
nos meus.
— Vamos, Lisa — chama sua amiga, Brittany, e afastando os olhos dos meus,
ela solta um bufo antes de ir.
Balançando a cabeça, eu desacelero para uma caminhada.
— Odeio essa cadela — murmura Tide, e viro para olhá-lo. — Sério, eu porra
odiava na escola, e mais ainda agora. Ela nunca vai mudar.
Ele está certo sobre isso; ela nunca vai mudar. Ela é malditamente egoísta, e a
única razão de tentar falar comigo agora é porque não quero ter nada a ver com ela,
e seu ego não pode lidar com isso.
— Junte-se à festa do caralho — retruco, e ele sorri, esticando e batendo no
meu ombro com tanta força que quase me derruba. — Calma, cara.
— Vamos. — Ele sai da esteira. — Vamos terminar o nosso treino e sair daqui.
Sinto que preciso de uma cerveja.
— Tide — suspiro, sabendo exatamente porque ele quer uma cerveja.
— O quê? — pergunta ele, e balanço a cabeça.
— Quando você conhecê-la é melhor se comportar. E é melhor você não assustá-
la.
— Quem, eu? — Ele aponta para ele, tentando parecer inocente. — Eu só quero
ter certeza que ela não é outra Lisa.
— Ela não é. — Eu sei que não é. Lisa nunca se ajoelharia para limpar a
bagunça, mesmo que ela tenha feito. Ou iria intervir para cuidar de sua família, a
menos conseguisse algo em troca.
Depois que Gia deixou o bar, eu falei com minha mãe sobre como ela a conhecia.
Ela me contou um pouco sobre a história dela, sobre ser amiga dos pais de Gia quando
ambos estavam na cidade e como eles faleceram; a mãe de um acidente de carro e o
pai de um tumor cerebral. Depois que me disse isso, ela explicou o que Nina havia
dito a ela – que nos últimos dez anos, Gia pensou que sua avó estava morta. Mesmo
com tudo isso, ela ainda largou tudo e se mudou para cá, deixando seu trabalho,
amigos e vida para trás. Uma mulher egoísta não faria isso.
— Ela tricota — deixo escapar, e Tide para com um peso levantado até a metade
do peito e olha para mim.
— O quê?
— Gia, ela tricota. — Eu rio, porque é seriamente ridículo que eu ache isso tão
quente. — Perguntei o que ela gosta de fazer durante seu tempo livre, e ela me disse
que gosta de tricotar.
— Então, uma menina tímida que faz tricô para se divertir? Agora eu realmente
preciso vê-la. — Ele sorri, puxando o peso totalmente até debaixo do queixo.
— Basta ser legal.
— Como eu disse anteriormente, eu só posso ser eu, cara — murmura ele.
Sabendo que é o melhor que eu vou ter com ele, não digo mais nada sobre isso.
Termino o meu treino e vou para o vestiário tomar banho. Depois que estou vestido,
entro no Suburban com Tide me seguindo em sua caminhonete enquanto nós vamos
para o bar. Quando entro no estacionamento, vejo meu pai e Gia do lado de fora da
porta aberta de um jipe amarelo brilhante.
Quando paro em uma vaga de estacionamento, Tide estaciona perto de mim e
nós dois saímos ao mesmo tempo, indo em direção ao meu pai e Gia. Observando-a,
noto que ela trocou a calça social e suéter por um par de jeans apertados gastos que
moldam sua bunda, e uma camiseta vermelha de mangas compridas que se encaixa
nela como uma segunda pele, acentuando a curva dos seios e cintura. Hoje, seu longo
cabelo está preso, longe de seu belo rosto, destacando seus olhos. Olhos que me
encaram enquanto me aproximo, mas depois se afastam quando chego perto.
— O que está acontecendo? — pergunto, parando a poucos passos de distância,
embora eu realmente queira chegar mais perto de Gia para sentir seu cheiro e ver se
ela tem cheiro de baunilha, um perfume que parece se agarrar a ela.
— Ela estava entrando no estacionamento e a porta se abriu. Disse que não
estava fechando corretamente, então eu disse que daria uma olhada para que não
tivesse que gastar o dinheiro para levá-lo a oficina — explica meu pai.
— Ela se abriu quando você estava dirigindo? — pergunto, e ela olha para mim
através de seus cílios enquanto suas bochechas adquirem uma sombra muito bonita
de rosa.
— Sim.
— Aconteceu antes? — exijo, não percebendo que a questão é realmente
rosnada para ela. O pensamento dela sendo jogada de seu carro é demais para eu
segurar.
— Não. — Ela afirma, endireitando os ombros. — E eu estava com o cinto de
segurança, assim não é como se eu fosse uma idiota.
— Sim, homem, ela estava com o cinto de segurança — provoca Tide, e olho
para ele. — O quê? Só estou dizendo. — Ele levanta as mãos.
— Quando foi a última vez que você tirou as portas? — pergunta papai,
cortando.
— Tirei as portas? — repete ela, parecendo confusa. É um olhar que não quero
achar adorável agora, mas eu acho.
— É um jipe. Você pode tirar quase tudo dele — diz ele, e ela olha para a porta
antes de olhar para o meu pai.
— Eu vivia em Chicago. Se eu tirasse as portas, ele seria arrombado. Quero
dizer… bem, mais facilmente, eu acho, uma vez que foi arrombado quando eu tinha
as portas — murmura a última parte, e Tide, que acha ser hilário, ri. — Não foi
engraçado — afirma ela, apoiando as mãos nos quadris e estreitando os olhos para
ele.
— Aposto que não — resmunga papai, parecendo tão irritado como eu sobre a
ideia do carro dela sendo arrombado.
— Que tal você pegar meu carro emprestado? Eu vou com ele para casa hoje à
noite e vejo se posso consertar a porta — ofereço, e ela olha para mim.
— Ou posso simplesmente levá-lo à oficina.
— Ou pode esperar para fazer isso após eu dar uma olhada, se eu não puder
consertar.
— Tem certeza? — pergunta ela.
— Tenho. Dê-me sua chave. — Estendo a mão e ela olha para ela por um
segundo antes de procurar no bolso e tirar com uma chave enganchada a um chaveiro
de borboleta.
Empurrando a chave no bolso, eu estendo a minha chave para ela. — Você acha
que pode dirigir o meu Suburban? — pergunto, e ela olha meu SUV, para 7 ocupantes,
o comprimento adicional dificulta a direção para algumas pessoas.
— Provavelmente. — Ela encolhe os ombros.
— Provavelmente? — repito a resposta dela enquanto franzo a testa.
— Sim, provavelmente. — Ela rouba a chave da minha mão, empurrando-a no
bolso. — De qualquer forma, qual a pior coisa que poderia acontecer? Se eu o destruir,
você ganha um novo com o seguro — diz ela, dando um sorriso que faz o meu peito
apertar.
— Você é casada? — pergunta Tide, invadindo o nosso encarar, e Gia afasta os
olhos dos meus para olhá-lo, fazendo-me querer bater no meu melhor amigo.
— Não.
— O que você acha de fugir comigo para Vegas? — pergunta ele, apontando
para o peito.
— Eu iria, mas preciso trabalhar — responde ela, franzindo o nariz e deixando
o seu já adorável rosto ainda mais cativante.
— Droga. — Ele tenta envolver seu grande braço ao redor dos ombros dela, mas
ela se abaixa antes.
Jesus, ela ganhou Tide. Então, novamente, não estou nem um pouco surpreso
com isso. Ela é doce, e, obviamente, engraçada, e bonita. Não, na verdade, ela é linda.
Deus, ela é linda. Especialmente quando olha para mim como agora.
Afastando os olhos de mim, ela olha para o meu pai. — Obrigada por dar uma
olhada nele.
— A qualquer hora, menina, e não tenho dúvida que Colt irá certificar se é
seguro para você dirigi-lo — diz ele, e ela espia para mim.
— Obrigada.
— Sem problemas.
— Eu deveria entrar e ajudar Rose. — Ela nos dá um sorriso antes de girar em
suas botas e ir para a porta. Observando-a ir, eu sei que estou fodido, porque nunca
na minha vida eu quis algo do jeito que eu quero Gia Caro.
— Eu aprovo — murmura meu pai, e meus olhos vão até ele. — Entendo porque
você esteve com Lisa quando era jovem, mas ela não era a mulher para você. Ela não
era o tipo de mulher com quem você construiria uma vida. Ela não era naquela época,
e não é agora. Aquela garota lá… — ele levanta o queixo nas costas de Gia quando ela
desaparece no bar. — Esse é o tipo de mulher que você coloca todas as suas
esperanças e sonhos, o tipo que fará as lutas que você já passou valer a pena.
— Você acabou de conhecê-la — lembro a ele enquanto tento me lembrar da
mesma coisa.
— Não — nega, balançando a cabeça —, eu fui casado com uma mulher igual a
ela durante os últimos trinta anos, e nesses trinta anos ela me fez feliz, me deu uma
família e tornou possível eu viver um sonho a cada dia.
Com isso, ele bate nas minhas costas antes de ir em direção ao bar.
— Ela é bonita — diz Tide, interrompendo os milhões de pensamentos girando
na minha cabeça. — E engraçada.
— Sim — concordo, passando a mão pelo meu cabelo.
— Porra, sortudo — resmunga, encarando o bar e girando para olhar para mim.
— Vamos, eu preciso de uma cerveja.
Puxando uma respiração, eu me volto para o jipe de Gia, fecho a porta, ou tento,
uma vez que a merda só aparece voltar a abrir, e depois de mais três tentativas, eu
finalmente consigo fechá-la. Entrando, encontro Tide no bar com sua bunda plantada
em um banquinho, meu pai atrás do bar, e Gia longe de ser encontrada.
— Ela está ajudando sua mãe na parte de trás — diz meu pai quando passo por
ele no caminho para o escritório. Ignorando seu comentário, eu solto as chaves de Gia
no topo da mesa e pego as do depósito. Não sei como me sinto sobre meu pai ou
qualquer um sabendo como me sinto quando eu nem sequer cheguei a um acordo.
Esta atração saiu do nada. Eu não estava esperando ou procurando. Isso não significa
que sou estúpido o suficiente para deixar passar. Eu ficaria chateado comigo mesmo
se não tentasse chegar lá e deixasse outro cara ver o que eu vejo. Então, novamente,
não quero assustá-la, já que meus sentimentos são tão intensos. Não sei o que poderia
acontecer se eu não tomar cuidado.
— Terra para Colton. — A voz de minha mãe me agarra de volta à realidade, e
abaixo a cabeça para olhar para ela. — Você está bem?
— Eu estou bem.
— Tem certeza? Chamei seu nome três vezes, e três vezes você me ignorou e
olhou para a mesa como se tivesse todas as respostas no universo.
— Desculpe, eu estava pensando — murmuro.
— Tem certeza? — questiona ela, chegando perto, ou mais perto do que estava
apenas um segundo atrás.
— Tenho certeza, mãe.
— Tudo bem, querido — murmura ela, mas posso ver que ela quer fazer, pelo
menos, mais uma dúzia de perguntas. — Vou levar Gia ao depósito e mostrar-lhe ao
redor.
— Eu farei isso — digo sem pensar, e ela levanta a cabeça, surpresa.
— Uh...
— Tenho certeza que você tem outras coisas para fazer — digo.
— Ok, claro. Pois bem, uma vez que ela já está no meu carro esperando por
mim, por que você não leva o meu Charger? — Ela entrega as chaves para mim.
Dando-lhe um sorriso, saio, empurrando-as no bolso.
— Já volto — digo ao meu pai quando passo por ele, e Tide franze a testa.
— Onde você vai? Acabamos de chegar aqui — pergunta Tide depois de tomar
um gole da cerveja em sua frente.
— Vou levar Gia ao depósito.
— É assim que chamamos hoje em dia? — pergunta ele com um sorriso torto
que se transforma em um estremecimento quando minha mãe bate na cabeça dele
com a palma da mão aberta.
— Tide, é melhor se cuidar. E você... — ela se vira para olhar para mim. — Você,
Colton Samuel Rust Allyster, melhor se comportar com essa menina.
— Deixe-o, querida — murmura papai, e minha mãe olha para ele com os olhos
estreitados.
— Deixe-o? — repete ela.
— Sim — diz ele, e ela deve ver algo no olhar do meu pai, porque ela vira os
olhos para mim, e quando encontram os meus, eles são calorosos e conhecedores.
— Por favor, vá com calma. Ela precisa de calma — sussurra ela, e levanto o
meu queixo, avisando-a que a ouvi. Deixando o bar, eu saio pelos fundos, para onde
meus pais estacionaram. Assim que Gia me vê caminhando em direção ao carro
através do para-brisa, ela arregala os olhos e abre a boca.
— Pensei que sua mãe me levaria ao depósito — diz ela quando deslizo atrás do
volante.
Após soltar a alavanca para mover o banco para trás, eu olho para ela. — Ela
ia, mas ela ficou ocupada. Pediu que eu a levasse — minto.
— Oh. — Ela aperta os lábios, em seguida, olha para o lado, e posso ver que
seus olhos estão na maçaneta da porta e ela está pensando em correr. Antes que ela
possa fazer o que sei que ela quer, eu ligo o motor e coloco o carro em movimento,
desde que Mamãe havia colocado de ré quando estacionou.
— Cinto de segurança — digo, parando no sinal de Pare no final da rua, mas
assim como o outro dia, seu olhar está a um milhão de milhas de distância enquanto
seus olhos ficam colados na minha mão na marcha. — Gia. — Aproximo-me e seu
corpo salta.
— Eu…
— Tudo bem, mas você precisa do cinto. Eu odiaria entrar em um acidente e ter
o seu lindo rosto salpicado contra o parabrisa — digo a ela, então imediatamente me
arrependo quando vejo seus olhos se encherem de dor. Sabendo que a morte de sua
mãe não é algo que ela compartilhou comigo, tanto quanto odeio fazer isso, eu ignoro
o olhar e coloco seu cinto. — Pronto. Agora você está segura — digo baixinho, ligando
a seta, olho o tráfego e avanço.
Chegando ao depósito na propriedade de meus pais quinze minutos depois, eu
desligo o motor. Tudo silencia. Eu poderia dizer pela energia fluindo através do carro
que Gia não estava certa do que pensar, o que dizer, ou o que fazer com ela mesma.
Ela não se manteve fixa em seu assento e brincava com as aberturas do ar. Perguntei-
lhe um par de vezes se estava com frio, mas ela disse que não, em seguida, mexeu
com elas um pouco mais, o que me fez lutar contra um sorriso. Eu a deixo nervosa;
isso é muito claro. Mas isso também significa que tenho uma chance com ela, porque
pelo menos ela está atraída por mim.
— Chegamos. — Desligo o motor e solto o meu cinto. Quando me viro para olhar
para ela, seus olhos estão na casa dos meus pais, a qual fica acima na colina acima
de nós.
— Você cresceu aqui? — pergunta ela, e tento ver o que ela vê. A casa Tudor de
duzentos e trinta e dois metros quadrados, rodeada por árvores no topo da montanha,
que tem vista para a cidade.
— Sim, mas não cresci naquela casa. — Eu aceno em direção a ela. — Meus
pais a construíram dois anos antes de eu me mudar. Mas enquanto eu crescia, havia
um trailer duplo naquele ponto exato. Eu, meus dois irmãos e meus pais vivemos nele
— explico, esperando sua expressão mudar para uma de repulsa – o mesmo olhar que
Lisa costumava ter quando vinha a nossa casa quando estávamos na escola. Foi antes
de meus pais serem capazes de construir a casa dos sonhos deles.
— Ainda é bonito. A terra é bela. Não posso imaginar acordar com essa vista
todos os dias — diz ela melancolicamente. — Crescendo na cidade você não obtém
uma vista assim. — Ela balança a cabeça em direção ao parabrisa.
— Você terá que ver a minha casa em algum momento. A vista dos meus pais é
boa, mas eu tenho uma do lago que envergonha a deles. — Eu me gabo, abrindo
minha porta e a ouvindo abrir a dela.
— Eu não sabia que você tem irmãos. — Ela comenta, encontrando-me no capô
ao mesmo tempo em que coloca um casaco bege claro.
— Eu tenho dois, ambos mais velhos. Cade vive em Nashville com a esposa e
duas filhas, e Carson está em Chattanooga. Tenho certeza que você encontrará os dois
em algum momento, já que Cade traz suas meninas pelo menos algumas vezes por
mês, e Carson está aqui o tempo todo. E você? Você tem algum irmão?
— Não, eu era filha única. Eu costumava implorar a meus pais por um irmão
ou irmã, mas isso não aconteceu. Eu tenho a minha melhor amiga, Natasha. Ela é
como uma irmã para mim, desde que nos conhecemos quando tínhamos cinco anos,
e fomos inseparáveis desde então.
— Ela está em Chicago? — pergunto, indo em direção à porta do prédio,
destrancando e digitando o código para abrir a porta.
— Sim, nós temos… — ela faz uma pausa, sacudindo a cabeça. — Nós
morávamos juntas.
— Você voltará? — Meu instinto afunda com a ideia dela saindo da cidade e
voltando para Chicago.
— Não sei. Se eu voltar, não será por um tempo. — Ela afasta os olhos de mim.
— Minha avó não vai tão bem, por isso não vou deixá-la — afirma com firmeza.
Vejo-a tomar uma respiração enquanto eu luto contra o impulso de puxá-la
para perto de mim, abraçá-la e dizer que tudo ficará bem, ainda que estivesse
mentindo para ela no processo, apenas para tirar esse olhar de seu rosto.
— Então, sua mãe disse que havia algumas regras sobre este lugar — diz ela
quando se controlou.
— Sim. — Eu entro no edifício de metal e vou até a parede, puxando a prancheta
que está sempre lá.
— Se vier aqui para fazer uma retirada, você marca tudo o que pegou, sempre
tire pela frente, e sempre, sempre, certifique de trancar quando sair. Todos os meses
minha mãe faz uma contagem e faz um pedido para que não fique sem nada.
— Isso parece bastante fácil.
— Isto é. Nós costumávamos manter toda essa merda no bar, mas há alguns
anos, algumas crianças arrombaram e roubaram tudo, e quero dizer tudo. Mais de
trinta mil dólares de bebidas alcoólicas. Ninguém sabe sobre este lugar, nem mesmo
as outras garçonetes e bartenders. — O que me faz perguntar por que minha mãe
estava mostrando a ela. Então, novamente, eu poderia dizer que minha mãe tinha um
fraquinho por Gia.
— Outras garçonetes? — repete ela.
— Você encontrará ambas em algum ponto. Dena trabalha no Rusty Rose e The
Post, outro bar na cidade. E Macie trabalha apenas no Rusty Rose. Elas são boas
pessoas. Você se dará bem com as duas.
— Legal.
— Alguma outra pergunta? — pergunto, saindo do edifício com ela.
— Não agora.
— Bom. — Fecho a porta, em seguida, volto para o carro, com ela me seguindo.
Depois de entrar, eu espero até que ela aperte o cinto para sair.
— Para onde vamos? — pergunta ela poucos minutos depois, quando passo o
Rusty Rose e continuo dirigindo.
— Estou morrendo de fome. Não tive a chance de almoçar.
— Eu estou a serviço. — Ouço o pânico em sua voz quando ela olha por cima
do ombro para o bar que está agora a poucas centenas de metros atrás de nós.
— Eu também.
— Preciso estar no trabalho quando estou a serviço, não saindo com você
porque você não almoçou.
— Não vai demorar muito.
— Você não pode estar falando sério — murmura ela, e viro para olhá-la. Vejo-
a morder o lábio e pressiono os meus para não rir.
Entrando no estacionamento do Ted’s Burgers and More, eu estaciono e saio,
curvando-me para olhá-la no carro quando ela não se move para sair. — Vamos.
— Vamos? Você não irá apenas correr e pegar alguma coisa? — pergunta ela
com os olhos arregalados.
— Não. — Bato a porta, ouvindo-a dizer algo através do vidro, em seguida,
vendo-a tirar o cinto de segurança e sair.
Andando na minha direção, ela balança a cabeça. — Não posso nem ligar para
a sua mãe e dizer o que você está fazendo porque meu telefone está no bar.
— Minha mãe vai querer que eu coma. — Eu sorrio, colocando minha mão nas
costas dela e levando-a para o restaurante.
— Você é inacreditável.
— Obrigado — respondo, e ela solta um bufo audível de aborrecimento.
Vendo uma mesa na parte de trás, eu a levo lá e seguro a sua cadeira. Demora
alguns segundos, mas ela se senta. Na verdade, ela se joga na cadeira como se eu
estivesse pedindo para ela almoçar com o diabo. Sentando-me em frente a ela, não
olho para o menu sobre a mesa. Estive aqui tantas vezes que tenho memorizado.
— Sabe o que você quer?
— Não vou comer. Vou manter minhas mãos livres para enfiar qualquer
alimento que você pedir para baixo da sua garganta o mais rápido possível para que
eu possa sair daqui.
— Escolha algo para comer, Gia — exorto suavemente, e seus olhos voam até
encontrar os meus. — Eu não vou apressar o almoço. O bar ficará bem sem nós, meus
pais estão lá.
— Você...
— Por favor — digo, e posso ver as rodas girando em sua cabeça.
— Não tenho a minha bolsa, e tudo o que tenho no bolso são cinco dólares.
— Você acha que eu deixaria você pagar o nosso primeiro encontro? —
pergunto, e seus olhos se arregalam e seu corpo trava, até mesmo a respiração.
— Isto não...
— Estou brincando, Covinhas. Eu pago o almoço. Peça o que quiser,
— Não me chame de Covinhas — resmunga ela pegando o menu.
— São bonitas. — Eu sorrio, e posso dizer que ela não sabe se grita comigo ou
sorri.
— Que seja. — Ela bufa, baixando os olhos para o menu. Depois que a garçonete
vem e fazemos o nosso pedido, sentamos e almoçamos. Gia leva um tempo para
relaxar, mas finalmente relaxa. E quando ela faz, eu sei que não quero que essa seja
a última refeição que eu compartilho com ela.
Capítulo 4
Em fumaça

GIA

— Então você almoçou com ele? — pergunta Natasha em meu ouvido enquanto
ando em torno da cozinha, colocando a sobra do assado do jantar em um recipiente
Tupperware para os tacos de amanhã à noite.
— Sim.
— E ele brincou sobre ser o primeiro encontro de vocês. — Ela repete o que eu
disse – ou o que eu gritei no correio de voz – assim que saí do trabalho, uma vez que
ela não atendeu quando liguei e eu precisava dizer a alguém, qualquer um, sobre o
que aconteceu.
— Sim — respondo, sentindo os músculos do meu estômago apertarem assim
como apertaram quando Colton brincou sobre nós estarmos no nosso primeiro
encontro.
— E ele é quente?
— Muito. — Fecho os olhos e me inclino contra o balcão, pensando que quente
não cobria exatamente o que Colton é.
— Então, qual é o problema? — Abrindo meus olhos, eu olho para vovó sentada
à mesa, tentando montar um quebra-cabeça. Eu vim aqui para cuidar dela e conhecê-
la novamente. Não vim aqui para ter os meus sentimentos balançados em um cara
com belos olhos escuros e uma grande risada.
— Ele é o filho da minha chefe — respondo, e soa fraco mesmo para os meus
próprios ouvidos.
— Então… — Ela permite que a palavra arraste.
Correndo a mão pelo meu cabelo, eu inclino a cabeça para olhar para o teto, me
perguntando se a resposta está lá. — E...
— Não faça isso — sussurra ela, me cortando, e minhas costas se endireitam.
— Você sempre faz isso com os caras. Você nunca dá uma chance a eles. Você dá
cada desculpa no livro para manter-se distante. Não faça isso agora. Eu pude ouvir
em sua voz que você estava animada, feliz mesmo. Portanto, não tente desmerecer
isso. Eu te amo. Você é minha melhor amiga. E como sua melhor amiga, eu estou lhe
dizendo para não deixar seu medo te impedir.
— Nat...
— Quem sabe o que acontecerá? Ele pode acabar sendo um completo idiota.
Mas, então, ele poderia não ser.
— Eu nem sei se ele está realmente a fim de mim. — E essa é a verdade. Não
tenho ideia se ele está apenas sendo agradável, ou se está sendo bom e gentil porque
ele gosta de mim. Eu não posso lê-lo.
— Só o tempo dirá, querida. Mas se ele está a fim de você, então você precisa
estar aberta à ideia de estar a fim dele.
— Vou tentar — prometo, porque sei que ela não vai desistir até que eu faça.
— Bom. Agora me diga como vai a sua avó. Marcou uma consulta?
Abaixando a voz, eu digo: — Ela está bem, mas ela pensa que eu sou minha
mãe, e na maioria das vezes não tenho coragem de lembrá-la quem eu realmente sou.
Marquei uma consulta para ela depois de amanhã, por isso vamos ver o que os
médicos dizem então.
— Você quer que eu vá para aí?
Deus, eu amo minha melhor amiga.
— Eu estou bem por agora — digo a ela, pegando o prato no Tupperware,
levando-o até a geladeira, e o colocando dentro. — Eu te avisarei se isso mudar.
— Mantenha-me atualizada sobre tudo.
— Sim.
— Bom, eu acabei de chegar em casa, então eu vou tomar banho e assistir o
mais novo episódio de Claws.
— Claws? — questiono, sentando em frente a vovó, que me olha e sorri.
— Garota, esse programa é louco! Você precisa ver algum dia. Trata-se de um
grupo de meninas que trabalham em um salão de beleza e usam isso como uma
fachada para lavagem de dinheiro de droga.
— Parece interessante — respondo com sarcasmo.
— Você tem que assistir para entender exatamente por que é bombástico.
— Quando eu colocar a TV a cabo na próxima semana, vou dar uma olhada.
— Você não tem TV a cabo? — suspira Nat, parecendo horrorizada.
— Vovó não tem, e desde que eu gastei a maior parte do meu dinheiro cuidando
de coisas que eram um pouco mais importantes do que a TV a cabo, eu vivi sem ela.
Mas fiz a solicitação para obtê-la na próxima semana.
— Você também monta um cavalo para trabalhar para economizar dinheiro da
gasolina?
— Cale a boca — sorrio enquanto a ouço rir junto comigo. — Falo com você
amanhã.
— Até, e lembre-se do que eu disse. E se puder, tire uma foto desse cara, Colton,
para que eu possa checá-lo.
— Isso não vai acontecer. — Eu sorrio, pegando uma peça do quebra-cabeça e
a colocando no lugar. Este quebra-cabeça é de um jardim e casa de campo – e um dos
três que concluímos desde que estou aqui.
— Vamos, eu preciso ver como ele é.
— Vou pensar nisso — murmuro, sabendo que de maneira nenhuma eu vou
tirar uma foto de Colton, a menos que seja uma foto para mim, para me fazer
companhia à noite.
— Tudo bem. Eu te amo.
— Também te amo — respondo antes de desligar e colocar meu celular no topo
da mesa.
— Eu sinto vontade de dar um passeio — diz vovó após alguns segundos em
silêncio.
— Ainda está frio lá fora — lembro a ela, já que mais cedo eu custei tirá-la da
casa para ir comigo até ao mercado porque estava muito frio.
— Tudo bem. Vou me agasalhar.
— Tudo bem. — Levanto e a ajudo a levantar. Agarrando seu casaco, chapéu e
luvas na sala de estar, eu a ajudo a colocá-los, fazendo o mesmo antes de pegar o
braço dela e levá-la para fora, descendo os degraus. Não está completamente escuro,
mas está escurecendo, dificultando a visibilidade, uma vez que não existem postes na
rua. — Devíamos ter um cachorro — digo a avó, apertando a mão dela quando
passamos por um casal caminhando com o deles.
— Já temos um cão, Gabriella, e seu pai custou a aceitar Roofus. Duvido que
ele fique feliz se nós tivéssemos outro animal — responde ela, olhando para mim com
um sorriso.
— Você está certa — digo calmamente através da dor crescente em todo o meu
peito. Eu não a corrijo; não mais, porque quando faço isso, só a deixo mais confusa e
chateada.
— Entretanto, talvez eu pudesse convencê-lo quando ele chegar da estrada,
uma vez que ele sempre leva Roofus quando vai. Seria bom se tivéssemos um cão em
casa quando ele estiver fora.
— Isso seria bom — concordo.
Meu avô era motorista de caminhão. Ele dirigia por longas distâncias
incessantemente, e minha mãe tinha uma caixa onde guardava as pequenas
bugigangas que ele trazia para ela depois de cada viagem. Quando eu era criança,
pensei que fosse o trabalho mais legal do mundo. Dirigir um caminhão enorme por
todos os Estados Unidos, ver novos lugares, e dormir na parte de trás quando
estivesse cansado demais para dirigir. Mamãe também me contou sobre Roofus. Ele
era uma mistura de pastor alemão, e a razão pela qual ela nunca me deixou ter um
cachorro. Ela não queria que eu tivesse que lidar com ficar ligada a um animal de
estimação que acabaria morrendo um dia. Ela, obviamente, não tinha ideia de que
perdê-la seria um golpe maior do que a perda de um cão.
— Vou falar com ele — afirma vovó mais firmemente, e aperto a mão dela, sem
responder, porque não posso. Vendo faróis lançar uma sombra sobre as árvores na
nossa frente, eu nos movo mais para o lado da rua e fora do caminho do carro que
vem atrás. Então me viro para olhar por cima do ombro quando noto que o carro
começou a desacelerar o suficiente para parar ao nosso lado.
Meus músculos ficam tensos quando a janela abaixa do lado do passageiro, e
então eu relaxo quando vejo que é uma mulher da minha idade ao volante, talvez
alguns anos mais velha, com cabelo loiro escapando de um gorro vermelho feito de
malha. Que faz o já belo rosto parecer ainda mais impressionante.
— Você é a nova garota, certo? — pergunta a mulher, e desde que eu sei que
ela não está falando com a vovó, eu aceno.
— Eu sou Lisa — diz ela como se eu devesse saber quem ela é. — Uma amiga
minha viu você no Ted com Colton. — Continuo olhando para ela, não sei por que ela
está parando para me contar sobre sua amiga me vendo. — Nós meio que temos uma
coisa, e você trabalha no bar dos pais dele. — Suas palavras são como um soco no
estômago, mas luto contra a perplexidade que eu sinto. — Eu acho que eu só queria
parar, me apresentar e dizer um oi.
Não, ela não queria parar, dizer oi e se apresentar. Ela queria deixar claro que
Colton era dela.
— Quem é Colton? — pergunta vovó do meu lado.
— Apenas o filho da minha chefe, vovó — digo para as duas, e Lisa, que eu
ainda estou olhando, sorri com triunfo.
— Bem, foi bom conhecê-la. Tenho certeza que vou vê-la por aí.
— Claro — murmuro, esperando nunca ter que vê-la novamente.
Erguendo a janela, ela vai embora lentamente.
— Ela parecia legal — diz vovó quando eu nos viro para ir em direção a casa. —
Ela também é muito bonita.
— Ela é — concordo, porque ela é realmente bonita, o que é uma droga, porque
posso dizer que ela é uma completa cadela. — Você quer chocolate quente quando nós
chegarmos em casa? — pergunto, necessitando mudar de assunto, e também
precisando de chocolate como se a minha vida dependesse disso. E já que não posso
simplesmente deixar vovó sozinha para ir à cidade e comprar todo o chocolate que o
mercado tem a oferecer, chocolate quente é a minha única opção.
— Isso parece bom — responde vovó.
Após voltarmos para a casa, eu faço o chocolate quente e bebemos na mesa da
cozinha enquanto trabalhamos no quebra-cabeça. Então eu ajudo a vovó a vestir seu
pijama e deitar na cama antes de ir para o meu quarto e fazer o mesmo. Deitada na
cama leva uma eternidade para adormecer, porque tudo o que posso pensar é em
Colton e Lisa, e como eles se encaixam perfeitamente.

~ ** ~

Esfregando o topo das mesas altas no meio do bar, eu borrifo um pouco mais
do limpador no meu pano e esfrego com mais força. A mesa já está limpa – todas as
mesas já estão, juntamente com os pisos e os banheiros. Estou apenas limpando-os
novamente para que eu possa evitar Colton. Colton, que apareceu vinte minutos atrás
me dizendo para avisá-lo quando eu tivesse um minuto para falar com ele sobre o
meu jipe. Não quero falar com ele. Não quero nem estar perto dele após revirar a maior
parte da noite. Cheguei à conclusão que só preciso me concentrar na vovó; é por isso
que eu vim aqui.
— Se você esfregar isso com mais força, vai tirar a tinta.
Ouvindo isso, eu olho para Colton que, de alguma forma, escapou de mim. Eu
nem sequer o ouvi chegando.
— É de madeira.
— Certo, você esfregará o verniz então — diz ele, tomando a toalha da minha
mão e deixando-a cair no balde de material de limpeza aos meus pés. Então faz o
mesmo com a garrafa de produto de limpeza que tenho em minha outra mão.
— O que você está fazendo? — pergunto, olhando ele pegar o balde e caminhar
em direção ao escritório com ele.
— O lugar está limpo, Gia, provavelmente mais limpo do que nunca. Você não
vai perder o trabalho se fizer uma pausa — afirma ele, largando o balde no chão em
vez de abaixá-lo, fazendo as coisas saltarem para fora. — Você quer um café ou um
refrigerante? — pergunta ele, passando por mim.
— Nada agora. Eu estava meio que no processo de fazer algo — afirmo, e ele faz
uma pausa para olhar para mim.
— O que está errado?
— Você quer dizer além do fato de que está me impedindo de fazer o meu
trabalho… de novo? — acuso, e seus lábios apontam para cima, o que eu quero odiar,
mas não posso. Ele é lindo o tempo todo, mas quando sorri assim, ele parece jovem e
bonito e, bem, ainda totalmente lindo.
— Como está sua avó?
Ouvindo a preocupação em sua voz, eu mudo em meus pés. — Ela está bem.
— Apenas bem? — questiona, puxando um copo debaixo do bar e enchendo-o
com gelo e Coca diet antes de entregá-lo para mim. Olhando para o copo, em seguida,
para ele, meu estômago fica esquisito. Eu pedi uma Coca diet no almoço no outro dia,
e ele obviamente se lembrou disso.
— Ela acha que eu sou minha mãe — deixo escapar para encobrir meu
nervosismo.
— O quê? — Ele pronuncia, franzindo a testa.
Levando o copo comigo, eu passo por ele e vou até o bar, sentando em um dos
bancos. — Ela acha que eu sou minha mãe. Ela me chama de Gabriella. Era o nome
da minha mãe.
— Baby — sussurra ele, e essa palavra me inunda, deixando para trás algo que
me faz sentir inteiramente bem.
— É chato, mas estou lidando. — Dou de ombros, e ele se inclina sobre os
cotovelos, ficando mais perto.
— O que dizem os médicos?
— Ela tem uma consulta amanhã. Ela foi diagnosticada com demência, mas
tenho pesquisado, e acho que na verdade ela pode ter Alzheimer, ou a demência dela
está em um ponto agora no qual ela simplesmente não consegue distinguir o passado
do presente.
— Sinto muito por você ter que lidar com isso.
— Tudo bem. Eu ainda consigo passar tempo com ela, de modo que faz valer a
pena — digo, e seu rosto suaviza.
Limpando a garganta, eu tomo um gole de refrigerante, em seguida, viro para
olhar por cima do ombro quando a porta se abre, fazendo com que a luz brilhe na
escuridão do bar atrás de mim. Vendo que é Lisa, minhas costas endireitam e meus
músculos apertam.
— Porra — rosna Colton, e meus olhos voam para ele, que está fixo em Lisa.
Girando meu banco, eu percebo conforme a vejo se aproximar que eu estava errada
ontem. Ela não é apenas bonita, ela é perfeita. Ela poderia pisar em qualquer
passarela em Paris e se encaixaria bem. — O que você está fazendo aqui? — pergunta
Colton, saindo de detrás do balcão do bar.
— Quero falar com você.
— Não agora — afirma ele, e se ele tivesse dito essas palavras para mim nesse
tom, eu teria corrido para a porta, mas não Lisa. Ela só fica mais perto.
— Colton, nós precisamos conversar. Você não pode continuar adiando.
— Não precisamos conversar.
— Eu ainda estou apaixonada por você. — Sua voz falha, e meu coração afunda.
Escorregando do meu banco, eu faço um movimento para sair, desejando ter o poder
de simplesmente desaparecer no ar.
— Gia, não se mova — ordena ele, e pauso em meio a um passo. — Lisa, fora
agora. — Ele aponta para a porta, em seguida, sai com raiva, com Lisa seguindo seu
rastro. Vendo-os sair, eu olho em volta do bar vazio, depois para o relógio. É depois
das doze horas. Rose entrou esta manhã e abriu para mim, mas depois saiu dizendo
que precisava realizar algumas tarefas e passar no banco. Eu não precisava dela
comigo, porque não é preciso ser um gênio para descobrir como esfregar banheiros.
Mas agora eu não sei o que fazer, ou mesmo quando Rose voltará, ou se Colton voltará.
Pulando no lugar quando a porta é aberta com tanta força que bate contra a
parede, eu engulo, assistindo a um irritado Colton entrar.
— Está tudo bem? — pergunto como uma idiota, em seguida, assisto seus olhos
virem a mim e, a julgar pela quantidade de fúria neles, não está.
— Você vê aquela puta, você me diz.
— Ugh…
— Na verdade, você vê aquela cadela, você não se envolva com ela. Apenas me
diga — esclarece ele, então balança a cabeça e passa a mão pelo cabelo. — Ela parou
você na noite passada quando estava caminhando com sua avó? — Embora isso soe
como uma pergunta, não é; é uma declaração. Ela deve ter dito a ele.
— Ela queria se apresentar — sussurro sem convicção.
— Sim, eu aposto que ela queria. — Ele solta uma gargalhada que é dolorosa
de ouvir. — Ela é uma cadela, Gia.
— Ok — concordo, porque eu meio que já sabia que ela era uma cadela sem ele
apontar para mim.
— Ela e eu terminamos.
— Ok — repito, ainda que eu esteja querendo saber por que ele está me dizendo
isso.
— Bom, agora pegue seu casaco.
— O quê? — Eu chio.
— Pegue seu casaco — diz ele novamente, e descobrindo que não quero irritá-
lo mais do que ele já está, eu corro para o escritório, pego meu casaco, e coloco-o.
Ele não me diz para segui-lo, mas faço isso do mesmo jeito, e quando ele para
no meu jipe, eu paro lá com ele.
— A porta está consertada. — Ele prova isso abrindo a porta e batendo-a ao
fechar.
— Obrigada.
— Quando o verão chegar, eu tenho um amigo que pode mudar as portas e
colocar uma capota para você.
— Tudo bem — aceno, embora ainda esteja um pouco em choque por tudo o
que aconteceu nos últimos cinco minutos.
— Também troquei o óleo e verifiquei e recarreguei os fluidos. Estavam todos
baixos. — Uh, o quê? — Você ainda pode querer levá-lo à concessionária para que eles
registrem, uma vez que esse tipo de coisa pode foder com a sua garantia.
— Ok.
— Bom. — Ele puxa a minha chave do bolso.
— A sua está na minha bolsa — digo, pegando minha chave.
— Vou buscá-la mais tarde. Onde está seu telefone?
— Perdão?
— O seu telefone, onde está? — repete ele, então pego meu celular do bolso de
trás da minha calça jeans. Não tenho a oportunidade de entregá-lo, visto que ele o
pega antes. Então ele pega a minha mão, segura meu polegar, e leva-o ao botão de
desbloqueio do telefone.
— Você poderia ter me pedido para fazer isso — murmuro irritada, mas ele me
ignora enquanto digita no meu celular, e então eu ouço o telefone dele começar a tocar
no bolso.
— Você tem meu número. — Ele me devolve o telefone. — O que você faria se
Lisa te parasse? — questiona ele, e começo a ir de irritada para chateada, porque um,
ele não é meu homem, e dois, eu sou uma mulher adulta que tem estado cuidando de
mim mesma por um longo tempo. Não preciso dele para fazer isso por mim, e também
não planejo ver Lisa novamente. — Gia.
— Colton.
— Olha, você é nova, assim você não en...
Bufando, eu balanço a cabeça, interrompendo tudo o que ele ia dizer. — Posso
ser nova aqui, mas eu entendo. Acredite em mim, eu entendo totalmente. Mas desde
que não há nada para Lisa se preocupar quando se trata de nós, eu acho que estou
bem — digo, voltando para o bar e ignorando seus passos fortes atrás de mim.
Entrando, eu volto ao escritório e pego o balde de material de limpeza,
imaginando que eu possa desaparecer e limpar os banheiros novamente.
— Deixe-o lá.
— Você não pode me dizer o que fazer — estalo.
— Você já limpou. Não precisa limpar novamente apenas para me evitar.
— Tudo bem — resmungo, deixando o balde cair. Então deixo escapar um
suspiro de alívio quando o vejo olhar de mim para o bar.
— Temos clientes — afirma com os dentes cerrados.
Graças a Deus. Eu saio pela porta com ele e caminho ao redor do bar, pegando
um bloco e uma caneta enquanto sigo até os quatro homens que acabaram de sentar
nas mesas altas.
— Oi, gente — recebo-os, e todos se voltam para olhar para mim, suas
expressões variando de interesse a confusão. — O que eu posso lhes trazer para
beber? — pergunto, ignorando os olhares e mantendo o sorriso no rosto. Não tenho
tido muitos pedidos desde que comecei a trabalhar aqui, porque as pessoas que
vieram normalmente sentam no bar, e quem está trabalhando lá serve as bebidas
antes de mim.
— Quatro Coors Light — ordena o maior e mais velho do grupo para todos eles.
— Tudo bem, eu volto com as suas bebidas. — Volto ao bar tentando evitar
olhar para Colton, embora eu possa sentir seus olhos me perfurando.
— Eles querem quatro Coors — digo a ele, anotando as bebidas no bloco de
notas.
— Gia.
— Sim? — Olho para cima estupidamente, e no momento que nossos olhos se
encontram, meu pulso acelera.
— Ei, pessoal. Como vai? — pergunta Rose antes de Colton poder dizer o que ia
dizer, e nós dois olhamos para ela.
— Está tudo bem, mãe — diz Colton, e ela envolve um braço em volta da cintura
dele e o abraça de lado.
— Você está bem, Gia? — pergunta ela depois que seu filho a abraça.
— Sim. — Dou-lhe um sorriso. Eu realmente gosto de Rose. Gosto de como ela
é quando está com seu marido e filho. Eu gosto que ela tem sido tão boa para mim, e
realmente gosto que ela use camisetas, jeans e botas de salto alto.
— Vocês estiveram ocupados? — pergunta, olhando atrás de mim quando a
porta se abre e mais dois caras entram.
— Foi lento — digo a ela quando Colton coloca quatro garrafas de Coors em
cima de uma bandeja e retira as tampas. — Já volto. — Pego a bandeja, levando as
cervejas até os quatro rapazes antes de ir à outra mesa com os dois novos caras, e
pegando os seus pedidos. O resto do dia é um fluxo constante de clientes, o que me
mantém ocupada, tornando mais fácil evitar realmente ter que falar com Colton. Isso
também me deixa com quarenta dólares de gorjetas no bolso, o que significa que posso
passar no mercado a caminho de casa e estocar chocolate sem me sentir culpada por
gastar dinheiro.
— Vejo você em alguns dias — digo a Rose quando passo pelo escritório para
pegar meu casaco e bolsa.
— Tudo bem, querida, mas amanhã ligue para mim após a consulta da sua avó.
Eu gostaria de saber o que eles disseram.
— Eu vou ligar — prometo, pensando ser mais uma razão pela qual eu
realmente gosto dela.
Agarrando minha bolsa que eu guardei sob a mesa, saio com um aceno para
ela, e digo um adeus rápido para Colton, uma vez que seria rude não dizer. Entrando
em meu jipe, fecho a porta, o que me faz lembrar mais uma vez que Colton pode me
frustrar, mas ele é realmente doce, quando a porta se fecha na primeira tentativa.
Ligo o motor e saio do estacionamento antes de ir ao supermercado, onde
compro chocolate juntamente com tortillas de milho e algumas outras coisas para o
jantar antes de dirigir para casa. Uma vez lá, eu passo a noite com a vovó, trabalhando
no quebra-cabeça e assistindo a algum filme antigo em preto-e-branco que ela
escolheu, antes de aprontá-la para a cama e fazer o mesmo comigo.
— Olá? — Atendo ao meu telefone, sonolenta.
— Gia.
— Colton? — Sento-me, sono esquecido completamente. Olhando para o relógio
ao lado da minha cama, eu vejo que é 23:30.
— Você estava dormindo? — pergunta, e pisco no escuro.
— É depois das onze — respondo. Depois pergunto. — Está tudo bem?
— Está tudo bem. Acabei de parar em sua garagem.
— O quê? — digo, perguntando se eu o ouvi corretamente.
— Você ainda tem a chave do meu Suburban — diz ele, e imediatamente eu me
sinto como uma idiota.
— Sinto muito. Eu totalmente esqueci de te devolver. Estarei aí em um minuto.
— Eu desligo. Afastando as cobertas, eu saio da cama e atravesso o quarto para
acender a luz. Pego minha bolsa e procuro a chave, em seguida, puxo um suéter da
cômoda que Ned trouxe. Coloco-o sobre minha blusa e short de dormir enquanto sigo
em direção a porta da frente, destravando o ferrolho e a maçaneta quando chego lá, e
abro a porta.
Vendo Colton de pé na varanda da frente com sua jaqueta de couro encharcada
da chuva que não para de cair e suas faces rosadas de frio, eu olho por cima do ombro,
vendo uma motocicleta estacionada atrás do meu jipe na garagem.
— Sinto muito. — Eu entrego a chave. — Eu teria ido entregar para você.
— Eu não pediria para você deixar a sua avó para fazer isso. — Ele a coloca no
bolso. — Eu teria deixado você com a chave até amanhã, mas preciso do Suburban
para tirar algumas coisas do depósito logo de manhã.
— É seguro andar de moto quando está chovendo? — pergunto, e ele sorri.
— Você está preocupada comigo?
— Não — minto, e seu sorriso se transforma em um sorriso completo, o que faz
meu estômago vibrar.
— Nós vamos chegar lá, Covinhas — retruca, e meu estômago dança novamente
quando ele estende a mão, tocando meu queixo antes de girar e descer os degraus,
gritando: — Volte para a cama, Gia — por cima do ombro.
— Não me chame de covinhas e não me diga o que fazer, Colton — digo em suas
costas enquanto ele caminha pelo pátio até sua moto. Encostada à moldura da porta,
com os braços cruzados sobre o peito, eu o vejo colocar o capacete e subir no assento
antes de ligar o motor.
— Dentro, Gia. Saia do frio — grita ele sobre o rugir de sua moto.
Revirando os olhos, eu me puxo da porta e entro, fechando-a só para levantar
na ponta dos pés e vê-lo decolar através do olho mágico, desejando ter uma visão
melhor. Depois que ele está fora de vista, eu volto para o meu quarto, apago a luz, tiro
minha blusa, e me deito. Olhando para o teto, gostaria de saber se é seguro para ele
andar na chuva. Então pergunto se ele pode ter pneumonia por andar na chuva. Em
seguida, pergunto novamente se é seguro ele estar em sua moto quando as ruas estão
molhadas.
Agarrando meu celular, eu digito uma curta mensagem de texto, então deixo
meus dedos pairarem sobre a tecla Enviar, antes de decidir que não serei capaz de
dormir a menos que eu saiba que ele chegou bem em casa. Ouvindo o meu celular
tocar vinte minutos depois, eu o pego e olho para a tela e a mensagem.
Seguro em casa. Fico feliz em ver que você ainda está pensando em mim.
— Tão, arrogante — rosno, largando o telefone em meu estômago apenas para
pegá-lo um segundo depois e digitar: Que seja. Boa noite. Desligando o som para que
eu não seja tentada a olhar para ele caso apite novamente. Coloco o telefone na
cabeceira e rolo para o meu lado. Puxando as cobertas sobre o meu ombro, eu
finalmente caio no sono, mas quando faço, eu sonho com um cara lindo com cabelos
e olhos escuros me levando embora em sua motocicleta.

~ ** ~

Na manhã seguinte, eu assisto vovó deitada de costas, com a cabeça


desaparecendo na máquina de tomografia. Prendo a respiração quando ela começa a
levantar a mão, mas, em seguida, relaxo quando a abaixa. Ela não queria fazer este
teste. Foi inflexível em não fazê-lo, mas a médica, Nina, e eu finalmente conseguimos
que ela concordasse que precisava.
Durante a nossa consulta com a médica, ela checou a vovó, e ouviu quando
Nina e eu dissemos sobre o que está acontecendo, sobre ela estar mais confusa
ultimamente e pensar que sou minha mãe, sua filha que faleceu anos atrás. Eu
poderia dizer que a médica estava preocupada, mas soube que ainda mais quando ela
nos disse que estava pedindo uma tomografia.
Continuo assistindo através do vidro, os olhos indo de vovó para o relógio na
parede. A médica disse que a coisa toda demoraria menos de dez minutos, e,
felizmente, ela não mentiu. Conseguindo um polegar para cima do técnico ao
terminar, eu volto sozinha ao quarto, uma vez que Nina saiu para chamar Ned.
— Você pode ir e ajudá-la a se vestir. A médica chamará você com os resultados
dentro dos próximos dias.
— Obrigada — digo a ele, levando as roupas da vovó.
— Isso não foi tão ruim, foi, vovó? — pergunto enquanto a ajudo a vestir.
— Acho que não — diz ela, e noto que suas mãos estão tremendo novamente,
como sempre fazem quando ela está assustada com alguma coisa.
— Você quer parar para almoçar no caminho de casa? — pergunto, querendo
distraí-la.
— Certo.
— O que você quer comer?
— Bolo — responde, e acrescenta — Bolo de chocolate.
— Você quer bolo no almoço? — Eu sorrio, ajudando-a com o sutiã e suéter.
— Por que não?
— Você está certa. Por que não? — respondo em voz baixa, ajudando-a sentar-
se novamente para que eu possa calçar seus sapatos. Uma vez que ela está vestida,
eu pego a mão dela e a levo até a porta.
— Como foi? — pergunta Nina assim que entramos no corredor.
— Bom. Devemos ter notícias da médica em um par de dias — digo a ela, e ela
parece aliviada. — Mais uma vez, obrigada por vir com a gente.
— A qualquer hora, querida. — Ela se aproxima, pega a minha mão e a aperta
antes de soltá-la. Esse pequeno gesto me faz amá-la ainda mais.
— Vovó quer bolo de chocolate no almoço — informo a ela à medida que saímos
do hospital.
— Eu sei exatamente o local. E enquanto comemos, você pode me dizer por que
quando me levantei para fazer um pouco de chá na última noite, eu vi Colton Allyster
na sua porta.
— Eu esqueci que estava com a chave dele, então ele veio buscá-la — explico,
não querendo que ela salte para qualquer tipo de conclusão.
— Só isso? — pergunta ela quando nós chegamos em seu carro e entramos.
— Sim.
— Droga — murmura, pegando-me desprevenida.
— Droga?
— Sim, droga. Achei que você me daria algo suculento para contar para as
meninas no clube do livro. Todas acham Colton bonito, e uma vez que te viram no
outro dia, elas acham que vocês seriam perfeitos juntos. Elas ficaram emocionadas
quando eu disse que você começou a trabalhar no Rusty Rose, o que significava que
você trabalharia com ele, o que também significava que talvez elas começariam a
experimentar um romance da vida real, como nos livros que lemos.
— Lamento ser a portadora de más notícias, mas não há nada acontecendo
entre nós. — Eu ri, imaginando suas amigas do clube do livro, todas mulheres mais
velhas, sentadas ao redor não falando sobre livros, mas fofocando.
— É por isso que é uma droga, querida. — Ela sorri, saindo do estacionamento.
— É uma droga ainda maior depois do que a ex fez com ele — acrescenta ela quando
nós dirigimos pela cidade.
— O que ela fez? — pergunto quando paramos em um pequeno estacionamento
com um prédio de tijolos e toldo rosa sobre a porta, com Chá da Tarde escrito de
branco na superfície rosa.
— Ela terminou com ele quando ele estava no hospital após ser baleado — diz
ela, e meu coração afunda. Havia muito lá para digerir, tanto que mesmo sentada em
uma mesinha redonda no interior do restaurante ainda não tive a oportunidade de
entender.
— Ela fez isso? — pergunto, necessitando saber a resposta para essa pergunta
antes de perguntar mais.
— Sim, e eles estavam noivos quando ela fez isso.
— Santo Deus — sussurro.
— Ele também estava lutando por nosso país quando foi baleado, então como
você pode imaginar, não há muitas pessoas por aqui que são grandes fãs dela.
— Aposto que não. — Limpo minha garganta, que de repente ficou seca e
apertada. Não posso acreditar que Colton passou por isso, e não posso acreditar que
a cadela fez isso com ele.
— Olá, senhoras. Bem-vindas ao Chá da Tarde. Vocês já estiveram aqui? —
pergunta a garçonete, invadindo o momento, e balanço a cabeça, porque eu sei que
preciso de um segundo antes de tentar falar. — Bem, então você está em um
verdadeiro deleite. — Ela sorri para mim, então vovó e Nina. — Vocês estão prontas
para fazer o pedido?
Começo a dizer não, mas Nina responde antes. — Nós queremos o serviço
completo.
— Bom, eu volto com as bebidas — responde a garçonete antes de sair.
— Não pedimos as bebida — indico, e Nina sorri.
— Eu prometo que você apreciará o que ela trazer — diz ela.
Eu gosto, de tudo. E embora eu queira fazer mais um milhão perguntas sobre
Colton, eu não pergunto. Em vez disso, desfruto de estar lá com a vovó e Nina,
bebendo chá em xícaras chiques e comendo pequenos sanduíches e bolos.

~ ** ~

Ouvindo um alarme soar em algum lugar distante, eu puxo meu travesseiro


sobre a minha cabeça e pulo, sentindo meu coração alojado na garganta quando
registro o som como um alarme de fumaça. Saio da cama, pego o meu suéter e vou
para a porta enquanto o visto. Assim que abro a porta, o alarme é tão alto que é quase
doloroso de ouvir. Vendo uma densa fumaça escura acumulando da cozinha para a
sala, eu grito.
— Vovó! — grito, tossindo enquanto puxo uma golfada de fumaça que está
enchendo o quarto.
Cobrindo a boca com a manga do meu casaco, eu me abaixo, tentando ficar sob
a fumaça escura. Faço a varredura da cozinha, vendo que o fogo já tomou conta de
metade do cômodo. Então eu vejo vovó deitada no meio da cozinha, com uma piscina
de líquido escuro em volta da cabeça.
— Oh, Deus. — Tropeço até ela. — Vovó! — Levanto sua cabeça, sentindo a
umidade contra meus dedos. Ouvindo um assobio e som de rachaduras, eu sei que
não tenho tempo de verificá-la, preciso nos tirar daqui. Com minhas mãos sob seus
braços, eu arrasto seu corpo flácido comigo. Parece demorar uma eternidade para
abrir a porta da cozinha. Meus olhos ardem, e cada respiração é dolorosa, fazendo-
me tossir e ficar tonta.
Quando finalmente alcanço a porta da frente, eu quase não tenho energia para
abri-la, mas abro, e por algum milagre, eu a tiro, descendo os degraus, e sobre a
grama que está molhada e fria do orvalho do início da manhã. Dividida entre ficar com
a avó e obter ajuda, lágrimas correm pelo meu rosto.
— Já volto — digo a ela. Levantando com as pernas trêmulas, eu corro mais
rápido que posso para a casa de Ned e Nina, a luz do sol da manhã me ajudando a
ver, embora a minha visão seja borrada. Tropeçando nos degraus, eu bato na porta e
toco a campainha.
— Gia, o que houve? — responde Ned, parecendo despenteado, então arregala
os olhos.
— Fogo — engasgo, e seus olhos se abrem. — Polícia e ambulância. Vovó está
machucada. — Eu pisco, vendo estrelas.
— Ned? — Ouço Nina chamar, mas não a vejo chegar à porta, porque tudo fica
preto.
Capítulo 5
Eu tenho você

GIA

Estudando vovó e a máquina que está ligada, lágrimas borram minha visão.
Quando acordei na parte de trás da ambulância, meu primeiro pensamento foi chegar
até ela para me certificar de que estava bem. Os paramédicos me disseram então que
ela estava bem e estava em outra ambulância a caminho do hospital. Eles não
poderiam me dizer mais do que isso no momento. Não consegui descobrir até que
cheguei aqui que ela tinha uma laceração substancial na parte de trás da cabeça e
havia inalado muita fumaça. Ela acordou por um tempo curto, mas voltou a dormir.
Os médicos disseram que isso era perfeitamente normal, mas eu ainda não gostei.
Descansando a testa em cima da minha mão na barra da cama, eu puxo uma
respiração, então me arrependendo quando tudo que eu cheiro é a fumaça que se
apegou ao meu cabelo, roupas e pele. Nina, que estava aqui quando eu finalmente
cheguei, saiu cerca de meia hora atrás para encontrar algo para eu vestir, mas ainda
não voltou. Provavelmente, isso significa que a casa se foi, o que só adicionará merda
a esta situação. Então, novamente, vovó e eu podíamos ter morrido, assim
definitivamente poderia ser pior.
— Acalme-se — ouço um homem dizer, e olho para cima a tempo de ver Colton,
Rose, e Kirk – pai de Colton – vindo em direção a onde estou sentada ao lado da cama
da vovó na sala de emergência.
— Querida — diz Rose logo que está perto, e então ela me puxa da cadeira e me
abraça apertado. — Nina nos chamou. Você está bem?
— Eu estou bem — sussurro, porque isso é tudo que posso fazer na forma como
minha garganta está dolorida. Olhando para Colton quando Rose me solta, estou
surpresa pela quantidade de medo que vejo em seus olhos, e ainda mais surpresa
quando ele me puxa para seu grande corpo.
— Jesus — diz ele com a voz rouca, descansando a cabeça em cima da minha
e me segurando mais apertado.
Meus braços o seguram e meus olhos se fecham quando algo que eu
provavelmente não deveria sentir vem sobre mim.
— O que os médicos dizem? — pergunta Rose enquanto Colton me libera para
seu pai me dar um abraço.
— Deram-lhe pontos. Estou apenas esperando que ela acorde — digo a ela,
olhando para a cama e desejando que vovó abra os olhos para que eu possa ver que
ela está bem.
— Como você está se sentindo?
— Ok — minto. Honestamente, eu estou exausta; meu corpo dói, meu peito dói
– na verdade, cada parte de mim dói, incluindo o meu coração.
— Sente-se — ordena Colton, tomando meu cotovelo e me movendo para a
cadeira em que eu estava sentada quando eles chegaram. Quero dizer para ele não
mandar em mim, mas não tenho a energia para brigar com ele agora. Então, ao invés
disso, eu sento e seguro a mão da vovó.
— Ela ainda não acordou? — pergunta Nina, aparecendo do nada e carregando
uma sacola de plástico com o logotipo da Target na frente.
— Ainda não.
— Vai acontecer — diz ela calmamente após abraçar Colton, Rose e Kirk. — Eu
trouxe algumas coisas. Vou sentar com Genevria enquanto você se troca.
— Você viu a casa? Eles apagaram o fogo? — pergunto, e seus olhos ficam triste.
— Eles foram capazes de salvar os quartos do fundo, mas o resto da casa está
destruído. O chefe dos bombeiros disse que vai demorar alguns dias para você ter
permissão para obter suas coisas — explica ela, e mesmo que a informação seja
entregue gentilmente, ainda sinto cada palavra como uma facada ao meu intestino.
— Tudo dará certo. Nós vamos descobrir alguma coisa — assegura, segurando o meu
rosto. — Vá se trocar, querida.
— Claro — aceno, pegando a sacola quando levanto. — Volto já.
— Quer minha ajuda? — pergunta Rose, me parando com a mão enrolada no
meu bíceps.
— Não, estou bem. Eu já volto. — Dou a ela o que espero que se pareça com um
sorriso tranquilizador e saio. Indo ao posto de enfermagem no meio da sala de
emergência, pergunto onde fica o banheiro, ignorando o fato de Colton estar ao meu
lado. Correndo para o banheiro que é apontado, eu entro e fecho a porta, em seguida,
me movo para a pia, abrindo o máximo para cobrir o som do meu choro.
Leva alguns minutos para me recompor o suficiente para lavar o rosto e vestir
o moletom, camiseta, e sandálias que Nina trouxe. Depois de jogar as minhas roupas
no lixo, eu abro a porta para encontrar Colton esperando por mim, assim como eu de
alguma forma sabia que ele estaria.
— Ei. — Seus olhos preocupados encontram os meus, e é preciso toda a força
que me resta para não me jogar contra seu peito e chorar. — Vamos. — Ele pega a
minha mão e me leva de volta para o lado de vovó. Sento-me ao lado de sua cama e
ele senta ao meu lado, pegando a minha mão, ele tranca nossos dedos em seu colo.
Sei que deveria me afastar, mas não me afasto, porque é bom estar conectada a ele,
tendo o seu apoio e a sua força quando estou sem essas coisas.
— Gia Caro? — pergunta um homem vestindo um jaleco de médico, entrando
no cômodo e olhando para todos.
— Sou eu. — Eu levanto, e Colton faz o mesmo, aumentando seu aperto na
minha mão quando tento afastar.
— Senhorita Caro, você tem um minuto para falar comigo no meu escritório? —
questiona, e olho para a cama, me sentindo dividida.
— Nós vamos ficar aqui com ela, querida — diz Nina, e meus olhos vão para ela.
Dando-lhe um aceno de cabeça, eu olho para o médico novamente. — Certo.
— Bom, siga-me — instrui ele, então eu faço, em transe completo, sequer
percebendo que Colton ainda está comigo até chegar ao escritório e entrar. — Sentem-
se. — Ele faz um gesto para as duas cadeiras diante dele. Tomando um assento, meu
coração começa a bater com tanta força que me sinto tonta. — Acabei de falar ao
telefone com a médica da sua avó. Ela me disse que ligaria para você esta tarde para
explicar os resultados da tomografia computadorizada que ela pediu.
— Ok — sussurro, e os dedos de Colton apertam os meus.
— Como você sabe a sua avó foi diagnosticada com demência vascular —
começa ele, e aceno, embora eu não tivesse ideia de que ela tinha demência vascular.
Pensei que era apenas demência. — Esse diagnóstico ainda permanece, mas a doença
está agora na fase 6, que é por isso que ela teve um declínio tão acentuado em perda
de memória.
— O que nós fazemos?
— Eu gostaria de poder dizer que há uma cura para essa doença, mas
infelizmente esse não é o caso, e ainda mais, infelizmente, eu terei que sugerir que ela
seja colocada em uma casa de repouso e ir para cuidados paliativos.
— Não. — Eu nego, balançando a cabeça. — De jeito nenhum.
— Senhorita Caro. — Ele abaixa a voz enquanto se inclina na sua cadeira. —
Eu entendo, esta situação é uma tarefa difícil, mas nós temos que fazer o que é certo
para sua avó e você. Ela só vai piorar, e depois do que aconteceu hoje à noite, você
sabe o que o pior poderia significar para vocês duas.
— Ela deveria ficar comigo — sussurro.
— Tem uma casa de repouso em que eu trabalho. Eles são um dos melhores do
estado. Família é sempre bem-vinda todas as horas do dia e da noite. Você pode passar
tanto tempo com ela quanto quiser. A equipe de enfermagem no local é grande, e sua
avó teria cuidado o tempo todo, alguém a checando a cada hora, certificando que ela
está segura — explica ele, e meus olhos se fecham. Eu falhei com ela, falhei
completamente com ela. — Eu sei que nunca é uma decisão fácil, mas é o melhor que
você pode fazer por ela e você agora.
— Podemos verificá-la antes de concordamos? — pergunta Colton, e meus olhos
abrem para olhar para ele.
— Claro — concorda o médico. — Sugiro que você faça isso, de qualquer
maneira. Eu sei que lares de idosos são estigmatizados, mas prometo que após
conhecer alguns dos funcionários e ver a localização, você pensará de forma diferente.
— Nós vamos hoje. — Colton levantou, apertando minha mão.
— Bom. Você tem mais alguma pergunta? — pergunta ele, me entregando um
folheto antes de levantar.
— Nenhuma agora — digo a ele, e seu rosto suaviza.
— Ficará tudo bem, e Gia, eu posso dizer que você acha que falhou com ela,
mas não falhou. Você salvou a vida dela. Não posso imaginar quão difícil deve ter sido
puxá-la daquela casa, mas você fez isso — diz ele, e lágrimas enchem meus olhos. —
Visite a clínica e volte para mim. Estou pensando em transferir sua avó para um
quarto novo e mantê-la aqui por alguns dias para que possamos manter um olho nela
e nos certificar de que ela está bem depois da queda.
— Ok — murmuro, porque não há nada mais que eu possa fazer.
— Nos falaremos em breve. Meu cartão está na parte traseira desse panfleto.
Ligue se você tiver quaisquer perguntas.
— Sim — respondo enquanto ele caminha até a porta, abrindo-a para nos deixar
sair.
Voltando para todos, Rose nos informa que Kirk saiu para abrir o bar, então eu
digo a Nina e Rose o que o médico disse, e as ouço dizer que elas concordam com ele
sobre a sugestão. Mesmo que eu odeie isso, ainda entendo por que precisa ser
feito. Não é mais seguro para ela estar em casa, mesmo com alguém lá com ela. Não
posso vigiá-la a cada segundo do dia, e como uma criança, ela precisa da supervisão
constante de pessoas que entendem sua doença.
— Vou levar Gia até lá para verificar o lugar — diz Colton a elas. — Dessa forma,
ela pode ver se acha que é ou não bom.
— Essa é uma boa ideia — concorda Rose.
— Depois que vovó acordar, nós iremos — digo, sentando na cadeira que
desocupei mais cedo. — Não me sentirei bem a deixando até que eu a veja abrir os
olhos.
— Isso é compreensível, querida — concorda Rose suavemente, em seguida, ela
olha para seu filho e sinto minha coluna endurecer quando ela pergunta a Colton, —
Você chegou a limpar seu quarto de hóspedes?
— Sim — responde ele, tomando um assento ao meu lado.
— Gia pode ficar lá enquanto ela arruma as coisas?
— Absolutamente.
Uh… o quê?
— Isso não é necessário. Certamente eu posso encontrar um hotel ou algo
assim.
— Você não vai ficar em um hotel. — Nina dispensa o comentário como se fosse
uma ideia tola. — Gostaria de oferecer-lhe o nosso quarto de hóspedes, mas não temos
um, desde que Ned e eu dormimos em quartos separados.
É interessante saber disso.
— E eu gostaria de oferecer um dos nossos, mas os meninos e os netos vem o
tempo todo, então não há realmente espaço. A casa de Colton é boa, e o quarto de
hóspedes tem o seu próprio banheiro, assim você terá um pouco de privacidade — diz
Rose, e me pergunto se ela e Nina falaram sobre isso enquanto estávamos fora.
— Eu não...
— Genevria — sussurra Nina, me cortando antes que eu possa dar uma lista
de razões disso ser a pior ideia na história do mundo.
Girando minha cabeça, eu vejo os olhos da vovó se abrindo e levanto.
Inclinando-me sobre ela, eu descanso minha mão contra sua bochecha. — Vovó —
digo, e ela pisca para mim com confusão em seus olhos, em seguida, tenta se sentar.
Descansando minha mão contra seu estômago, eu a mantenho no lugar. — Tudo bem.
Você está segura. Não se mova.
— Eu vou avisar a enfermeira que ela está acordada — diz Nina.
Não levanto a cabeça para olhar para ela; eu apenas mantenho os olhos na
vovó, tentando mantê-la calma.
— O que… — ela começa, mas não continua. Ela pisca novamente.
— Tudo bem. Você caiu e bateu a cabeça. Estamos no hospital, mas você está
bem — digo a ela suavemente, mas ela não reage. Ela só olha para mim, o que faz a
preocupação que já estou sentindo aumentar.
— Deixe-me dar uma olhada nela, querida — ouço uma voz desconhecida dizer
e olho para cima, vendo uma enfermeira do outro lado da cama. Afastando-me, sinto
Colton chegar perto enquanto assisto a enfermeira conversar com a vovó, que não
responde. Ela ainda parece perdida e confusa. A enfermeira a ajuda a se sentar, em
seguida, verifica todos os seus sinais vitais novamente. — Ela está bem. Vou avisar o
médico que ela está acordada. — A enfermeira me diz. — Também trarei um pouco de
água para que ela tome um gole.
— Obrigada. — Eu chego perto da vovó novamente. — Vovó? — Chamo, e seus
olhos me encontram, mas é como olhar para uma fotografia. Não há nada aqui. — Eu
te amo — sussurro, e ela pisca. — Ficará tudo bem — minto para ela e para mim,
porque se eu não fizer isso, sei que vou quebrar.

~ ** ~

— É um lugar agradável — diz Colton, e afasto meus olhos da janela para olhar
para o seu perfil. Ele tem razão, o Morning Point Nursing Home é um estabelecimento
agradável, bonito realmente. O enorme edifício de tijolos de cor creme fica à base da
montanha cercada por árvores com uma vista para o lago. O interior também não era
triste e deprimente. Parecia uma casa com uma área de estar e uma grande TV sobre
uma lareira enorme, sofás amplos para as pessoas descansarem, e duas longas mesas
onde as pessoas se reuniam para fazer desenhos e ofícios, algo que o diretor disse que
acontece duas vezes por semana.
Os quartos também eram agradáveis, paredes amarelas claras com quadros, e
grandes janelas abertas com vista para o lago ou para a floresta. Havia também uma
área coberta ao ar livre para os residentes utilizarem sempre que quisessem. Mas
mesmo com tudo isso, ainda não era casa. Eu só precisava ficar me lembrando de que
já não havia uma casa para onde ir.
— Ela ficará segura lá.
Ela estaria a salvo lá com cuidado e segurança constante. Todas as janelas
tinham fechaduras, e as portas tinham fechaduras codificadas, tornando impossível
sair sem alguém com um crachá deixar.
— É bom e é seguro — concordo, passando a mão pelo meu cabelo emaranhado.
— Quando chegar em casa, você pode tomar banho. Vou ligar para Tide e tê-lo
me ajudando a buscar o seu Jeep — diz ele, lembrando-me do fato de eu ficarei com
ele, algo que tenho tentado esquecer o dia todo.
— Não tenho a chave do meu jipe.
— Não se preocupe com isso — diz ele, e franzo a testa, mas ignoro sua
declaração.
— A que horas eles dizem que eu poderia voltar para o hospital amanhã? —
pergunto quando ele para em uma placa de Pare.
— Horário de visitação começa às dez e termina às oito.
Eu queria ficar com a vovó esta noite, mas Rose e Nina se recusaram a deixar.
Elas disseram que eu precisava tomar um banho, comer alguma coisa e descansar
um pouco antes de voltar, porque eu parecia prestes a – nas palavras delas – cair. Até
os enfermeiros estavam a bordo comigo saindo, que é uma ode ao exatamente quão
horrível eu devo parecer.
— Você quer que eu pare e pegue algo para você comer?
— Não estou com fome — respondo, inclinando a cabeça e fechando os olhos
cansados.
— Gia, você precisa comer alguma coisa. Você não comeu o dia todo.
— Eu comi biscoitos — lembro a ele, abrindo meus olhos, viro a cabeça em
direção a ele.
— Você comeu os biscoitos que Nina tinha no fundo da bolsa por Deus sabe
quanto tempo. Isso não conta como uma refeição — resmunga ele, virando em
seguida, antes de entrar no estacionamento da Panera Bread. Movendo-se para a
linha do drive-thru, ele olha para mim. — Agora, o que você quer comer?
— Você é irritante.
— Não sei se está no menu, mas acho que eu poderia pedir — retruca ele, e
soltando um huff irritado, eu olho para o menu, porque desejo acabar com isso.
— Vou levar um copo de sopa de queijo Cheddar de brócolis e metade de um
sanduíche de abacate BLT, e não tenho dinheiro, então você provavelmente deve
perguntar se eles precisam de alguém para lavar pratos — estalo a parte final, e ele
sorri. Ele sorri para mim como se achasse que eu estava brincando.
Gaaah!
Movendo-se para a janela, ele pede uma tigela, não um copo de sopa, e um
inteiro, e não metade de um sanduíche. Em seguida, ele estende a mão e paga,
entregando-me o saco para colocar em meus pés depois que o entregam.
— Obrigada — digo a ele, só porque seria rude abrir a tigela de sopa e despejá-
la sobre a sua cabeça.
— De nada. — Ele ri.
— Que seja. — Aponto os meus olhos para fora da janela e os mantenho lá o
resto da viagem, só para a minha respiração parar quando chegamos a casa dele. Não,
não casa, uma cabana no meio da floresta, com o lago tão perto que você pode
realmente caminhar até lá em apenas alguns passos.
— É aqui — diz ele, estacionando e abrindo a porta. Saindo com ele, eu pego o
saco de comida e me dirijo para frente da cabana, tentando absorver tudo. Não é uma
estrutura enorme, mas não precisa ser. O alpendre coberto na frente com duas
cadeiras de balanço lado a lado e vista sobre o lago é razão o suficiente para querer
viver aqui.
Parando quando ele puxa uma chave do bolso para abrir a porta, eu olho atrás
de mim quando ouço um sonoro woof, em seguida, congelo quando um grande cão
preto com um longo pelo vem correndo para gente.
— Loki, pare — ordena Colton, mas o cão não para. Ele continua vindo, até
subir os degraus. Dando um passo atrás, eu topo com Colton e deixo escapar a
respiração que eu segurava quando o cão se senta alguns metros de distância, sua
língua pendendo para fora enquanto olha entre Colton e eu. — Gia, este é Loki —
introduz Colton, e estudo o cão, que é maior do que qualquer outro que eu já vi. —
Ele é amigável. — Ele pega o saco de mim enquanto ordena. — Estenda a mão para
ele.
Olhando dele para o cão, eu relutantemente estendo a minha mão, e Loki
arrasta para frente, pressionando o nariz na palma da minha mão antes de lambê-la.
Rindo quando ele lambe novamente, eu corro minha mão sobre a cabeça coberta de
pelo e arranho atrás das orelhas.
— Bom menino — sussurro, e arrastando mais perto, ele se levanta de quatro
e empurra a cabeça no meu estômago.
— Eu diria que ele gosta de você — observa Colton, e sorrio para ele.
— Eu não sabia que você tinha um cachorro — digo para as costas dele
enquanto se dirige para dentro, então eu o sigo com Loki ainda pressionando seu
rosto no meu estômago para obter um pouco mais de atenção.
— Posso dar a ele um lugar para descansar a cabeça, comida e água, mas Loki
é seu próprio cão. Ele faz sua própria coisa na maioria das vezes — diz ele quando
fecho a porta e observo o espaço.
Eu tinha razão; não é enorme, mas é bom. As paredes são todas de madeira
dourada com uma escada de madeira que vai para o segundo andar, que se parece
com uma área do tipo loft, uma lareira no canto da sala com uma televisão acima
dela, e pedra do chão ao telhado do teto arqueado com muitas janelas. A sala é aberta
com um sofá de couro e uma longa ilha, também de madeira, onde duas banquetas
sentam-se lado a lado, separando o espaço da cozinha. A cozinha não é grande, mas
ampla o suficiente para que duas pessoas possam cozinhar e não se esbarrar. É
agradável, acolhedor mesmo, e posso dizer que é a casa de um homem, desde que a
decoração é rústica e esparsa, com nenhuma fotografia, com exceção de um cão de
caça e uma arma.
— É linda — digo a Colton, virando para encará-lo assim que observei tudo.
— Eu gosto. Na verdade, era a casa dos meus avós. Eles deixaram para mim e
meus irmãos quando faleceram, e uma vez que nenhum dos meus irmãos a quis, eu
fui capaz de comprá-la deles — diz ele, contornando da ilha da cozinha. — Meu quarto
é no sótão, mas há um quarto aqui. — Ele faz um gesto para eu segui-lo, então eu
faço, caminhando ao redor do lado das escadas, atravessando uma porta, e em um
pequeno quarto com uma janela sobre a cama de solteiro empurrada contra a parede.
Há uma mesa lateral e uma cômoda, com outra porta aberta onde posso ver um
pequeno banheiro, incluindo uma pia, vaso sanitário e chuveiro. — Não é muito.
— É perfeito. — E era perfeito, especialmente desde que a minha outra opção é
dormir no meu carro. — Obrigada por isso.
— Não é grande coisa. — Ele passa a mão pelo cabelo e olha para mim. — Você
quer que eu pegue algo para você vestir após o banho?
— Você está tentando me dizer educadamente que estou uma porcaria e
fedendo? — Sorrio, mas ele não o devolve. Seus olhos suavizam e seu dedo alisa a
minha bochecha.
— Você não parece um lixo, Gia. Acho que você não poderia parecer uma
porcaria — diz ele, segurando meu olhar, e meu estômago afunda agradavelmente.
— Se você tiver algo, seria bom — digo, precisando que ele pare de olhar para
mim assim.
Limpando a garganta, ele olha para o lado, passando a mão pelo cabelo
novamente. — Já volto.
— Ok — respondo, observando-o virar para sair.
Olhando para Loki, eu esfrego o topo de sua cabeça, em seguida, salto quando
Colton aparece do nada carregando uma pilha de roupas, as quais ele me entrega,
dizendo, — Vá em frente e tome banho. A mulher de Cade, Janet, deixou algumas
coisas da última vez que esteve aqui, fique à vontade para usá-las. Podemos buscar
qualquer outra coisa que você precise amanhã, depois de ver a sua avó.
— Obrigada novamente. — Ergo as roupas que mesmo a centímetros do meu
nariz têm o cheiro dele.
Seus olhos examinam o meu rosto, e eles fazem isso por um longo tempo antes
de se virar e sair, murmurando, — Já volto. Tome banho e coma, Gia.
Mandão.
— Até mais — digo a suas costas, e ele se vira para olhar para mim por cima do
ombro antes de levantar o queixo e desaparecer.
Imaginando que eu deveria tomar banho primeiro, eu vou para o banheiro, mas
faço uma pausa para olhar para a minha sombra.
— Desculpe, garoto, você não pode vir comigo — digo a Loki, que solta um
grunhido antes de cair de barriga no chão. Fechando a porta, eu tiro a roupa e ligo o
chuveiro. Quando olho no espelho, vejo que eu estava certa. Estou uma bagunça. Meu
cabelo longo e escuro é um ninho de rato emaranhado, e os meus olhos verdes
parecem cansados, as bolsas sob eles fazendo-os parecer pior.
Deixando escapar um suspiro derrotado, eu entro no chuveiro e deixo a água
quente lavar o cheiro de fumaça ainda agarrado a mim, em seguida, pego o shampoo.
Uso-o duas vezes e depois faço o mesmo com o condicionador antes de usar o sabonete
para me esfregar da cabeça aos pés. Quando termino, eu quase não tenho energia
para me vestir, mas continuo, e embora eu realmente não sinta vontade de comer, eu
sei que deveria, assim vou para a cozinha com Loki bem atrás de mim.
Sento-me em uma das banquetas, tirando a minha comida e os talheres de
plástico que me deram, e levo uma mordida do meu sanduíche antes de olhar para
Loki, cujos olhos estão colados ao meu lado.
— Aqui está, garoto — murmuro, dando a ele a outra metade do meu sanduíche.
Ele come-o, sem sequer realmente mastigar. Ele apenas meio que engole a coisa toda
antes de ir para a cama do cão ao lado da lareira, gemendo de felicidade quando se
deita. Abrindo a minha sopa, eu pego algumas colheradas antes de recolocar a tampa.
Estou cheia, e agora estou completamente sem energia para fazer algo mais do que
limpar a minha bagunça e plantar-me no sofá, o que eu faço.
— Gia.
Ouvindo meu nome, eu pisco, os olhos abertos, não me lembrando de
adormecer. Limpo a boca, porque tenho certeza que estava babando, e me sento. Eu
olho para Colton, em seguida, olho para os sacos que ele tem com ele, malas familiares
– malas que estavam debaixo da cama no meu quarto na casa da avó.
— Você pegou as minhas coisas. Como?
— Tide e eu entramos pela janela na parte de trás da casa — explica ele,
sentando ao meu lado no sofá e inclinando-se para alisar Loki enquanto divaga. —
Seu jipe está na frente. Encontrei sua bolsa e a chave no seu quarto. Também trouxe
tudo do seu armário e algumas coisas do banheiro no corredor. Não procurei no resto
da casa, mas percebi que poderíamos pegar tudo quando o chefe dos bombeiros lhe
der acesso a casa.
— Você arrombou a casa da minha avó para pegar as minhas coisas? — Olho
para minhas malas, pensando que é a melhor coisa que alguém já fez por mim.
— Não chore, Covinhas — sussurra ele enquanto as lágrimas enchem meus
olhos, dificultando a minha visão.
— Não estou chorando — minto quando um soluço sobe no fundo da minha
garganta, o qual eu não posso controlar, e antes que eu possa dizer que estou bem,
ele me tem em seus braços, com o meu rosto escondido no seu pescoço.
— Coloque para fora. Eu tenho você — diz ele suavemente; e todo o estresse,
preocupação e tristeza que senti e segurei pelas últimas semanas ferve. Eu choro mais
forte do que chorei em muito tempo, tanto que é impossível recuperar o fôlego, tão
forte que não sei se serei capaz de parar. Tão forte que eu acabo chorando até dormir
nos braços dele.
Acordando na manhã seguinte no meu quarto, permaneço na cama olhando
para as árvores de fora da janela, tentando construir a coragem de sair e enfrentar
Colton. Não posso acreditar que ele teve que me levar para a cama depois que eu
chorei em cima dele ontem à noite. Ainda que ele não tenha me dito para parar, eu
sei que nenhum homem quer uma mulher que mal conhece chorando em seu colo.
Sabendo que terei de enfrentá-lo mais cedo ou mais tarde, eu afasto as cobertas e saio
da cama, desejando ter um par de meias grossas para usar, desde que os pisos de
madeira são muito frios.
Vou até o banheiro, cuido dos negócios, e enxáguo a boca com água, desde que
preciso vasculhar as minhas coisas que, provavelmente, ainda estão na sala de estar,
para encontrar a minha escova de dente ou creme dental. Quando estou pronta, eu
vou para a porta e abro uma polegada, apenas o suficiente para poder espiar. Não
posso ver muito de onde estou, mas posso ver que Colton não está na cozinha. Abrindo
a porta completamente, eu saio, quase caindo quando tropeço em Loki, que está
deitado na frente da minha porta.
— Você está tentando me matar? — pergunto, dando-lhe uma massagem
quando ele fica de quatro e sua cauda começa a chicotear. — Vamos — chamo,
seguindo para a cozinha. Toda a casa está tranquila, mas tem cheiro de café, assim
Colton deve ter acordado em algum momento e, pelo menos, fez uma garrafa esta
manhã. Após encontrar as canecas de café, eu sirvo uma caneca, adicionando creme
e açúcar que estão no balcão, antes de me dirigir para a porta. Assim que eu abro,
Loki corre por mim para Colton, que está sentado em uma das cadeiras de balanço,
usando um par de moletom e uma térmica azul-escuro, os pés calçados no trilho. Seu
cabelo está úmido, como se tivesse acabado de tomar um banho.
— Bom dia — diz ele, quando meus olhos encontram os dele.
— Bom dia. — Sento ao lado dele, levantando meus pés até o trilho de madeira.
— Obrigada por ontem à noite. Eu...
— Você não precisa continuar me agradecendo, Gia. Não me importo de cuidar
de você — interrompe, e meu estômago dança, mas ignoro o sentimento e tomo um
gole de café. — Está com frio?
— Não, estou bem — digo sinceramente. Mesmo que haja um frio no ar, o sol
está brilhando sobre nós e o calor dele é suficiente para me manter confortável. —
Você sabe que horas são? Não vi um relógio em lugar nenhum para verificar.
— Eram oito horas quando saí alguns minutos antes de você — responde ele
quando levo minha caneca aos lábios para tomar outro gole.
— Este lugar é realmente lindo — digo, observando um barquinho passar no
lago.
— Eu gosto.
Olhando para ele, eu sorrio. — Você se encaixa aqui.
— O que você quer dizer?
— Quero dizer que se eu não conhecesse você e só o visse uma vez, eu acharia
que você viveria em um lugar assim, rodeado por árvores e tranquilo, um lugar
pacífico, onde o resto do mundo estaria fora de foco.
— Penso o mesmo sobre você — responde ele, e minha cabeça inclina para o
lado.
— Você não pensaria que eu vim de uma cidade grande? — pergunto, e ele
balança a cabeça.
— Não posso imaginá-la vivendo na cidade. Você é muito mole.
— Eu não sou mole.
— Covinhas, você é mais suave do que massa — resmunga, mas a maneira
como ele diz não faz soar como uma coisa ruim.
Ignorando seu apelido para mim, eu balanço a cabeça. — Eu sempre quis vir
aqui para visitar a vovó, mas meu pai sempre tinha uma desculpa para dizer que era
melhor que ela viesse até nós. E minha mãe amava meu pai, então ela sempre deu o
que ele queria. Eu gostaria que ela não tivesse feito isso — sussurro a última parte,
pensando não pela primeira vez que meu pai era um idiota por manter não só a mim,
mas a minha mãe longe de sua mãe e sua casa.
— Sinto muito sobre seus pais — diz ele em voz baixa, e viro para olhar para
ele, surpresa que ele saiba. — Minha mãe me contou o que aconteceu com eles.
— Está...
— Não diga que está tudo bem. — Ele me corta, balançando a cabeça. — Perdê-
los deve ter sido um golpe.
— Foi — concordo, segurando meu copo um pouco mais apertado.
— Você tem qualquer outra família?
— Minha mãe era filha única. Meu pai tem duas irmãs, Holly e Christen. Ambas
vivem em Oklahoma. Não são casadas e não têm filhos.
— Vocês são próximas?
— Adoro elas. Falamos, não muitas vezes, mas elas sempre ligam para me
checar e eu faço o mesmo. Mas elas têm suas vidas lá.
— Você tinha família por perto quando perdeu sua mãe ou após perder o seu
pai?
— Não… bem, meu pai casou com Colleen não muito tempo depois que minha
mãe faleceu, e eu fiquei com ela depois que meu pai morreu, mas não somos próximas.
— Quanto tempo depois de sua mãe que ele se casou com ela? — pergunta, e a
pergunta soa rosnada.
— Não muito. Alguns meses.
— Jesus.
— É o que é — respondo, e ele balança a cabeça, mas não diz nada, pelo que
sou grata.
— Você ficará bem indo sozinha para o hospital hoje?
Meu coração afunda por ele não ir comigo, mas me lembro de que ele tem uma
vida e um trabalho. Ele não pode estar comigo o tempo todo, mesmo se uma parte de
mim deseja que ele esteja. — Eu ficarei bem sozinha.
— Eu tenho que trabalhar ou estaria lá com você.
— Eu sei — garanto.
— Quando eles admitirão sua avó na casa de repouso?
— Vou descobrir hoje, quando eu for ao hospital — respondo, ainda não feliz
com a ideia de movê-la dali, mesmo que seja o melhor.
— Avise-me e eu organizarei meu tempo para estar com você quando isso
acontecer.
— Você não precisa fazer isso.
— Eu sei que não preciso. Eu quero, Gia. Quero que você me deixe entrar. Quero
que me deixe estar lá para você quando precisar de mim.
— Colton — começo, mas ele tira os pés do trilho e se levanta.
Inclinando-se sobre mim, ele segura o meu queixo, forçando-me a olhar em seus
olhos. — Deixe-me entrar, Gia — insiste, antes de se curvar e pressionar os lábios na
minha testa.
Meus olhos se fecham, e antes que eu perceba, ele se foi, e ouço a porta abrir e
fechar. Abrindo os olhos, não posso ver muito através das lágrimas nublando a minha
visão, mas não preciso ver nada, desde que estou sentindo tudo.
Capítulo 6
Dormir

COLTON

Movendo meu pescoço para os lados, eu tento me livrar da tensão enquanto a


água quente cai sobre mim. Faz uma semana desde que Gia veio morar comigo. Uma
semana tendo-a no meu espaço, debaixo do meu telhado, brincando com o meu cão,
fazendo comida na minha cozinha, e tendo todos os meus pensamentos. Eu a quis
desde o momento que a vi, e esse querer só ficou pior, o que significa que esta última
semana foi uma tortura. Descansando uma mão na parede do chuveiro, eu me inclino,
fechando meus olhos.
Ontem à noite eu estava deitado no sofá quando ela saiu para beber água antes
de ir para a cama, ela vestia minha camisa, a que eu dei a ela no dia em que chegou
aqui. Tenho certeza que ela estava com shorts sob ela, mas eu não podia vê-los. Tudo
o que eu podia ver era as pernas bronzeadas e as coxas grossas. Entre as quais eu
quero enterrar meu rosto.
— Foda-se — rosno, segurando o meu pau quando pulsa. Retratando-a; a boca,
os olhos, o cabelo, seu cheiro de baunilha, eu acaricio mais rápido. Ela deixa o meu
sangue em chamas e me faz querer mais, mais do que ela me dará. — Gia — gemo
quando gozo. Abrindo os olhos, pisco contra a água escorrendo pelo meu rosto,
sabendo que não posso suportar muito mais disto.
Saio do chuveiro, desligo-o, pego uma toalha, e a envolvo em minha cintura.
Vou até o parapeito com vista para a sala de estar e verifico se Gia já apareceu. Ela
não acordou, e sei que não levantou, pois Loki ainda está deitado em frente a porta
do quarto, onde esteve dormindo todas as noites durante a semana passada. Meu cão
se apaixonou por ela. Poderia ser porque eu a vi esgueirar-lhe comida humana quando
acha que não estou vendo, mas duvido que essa seja a razão. Duvido que essa seja a
razão porque eu dormiria do lado de fora da porta dela se eu pudesse também. Na
verdade, eu a prefiro dormindo no andar de cima comigo, na minha cama. Com esse
pensamento, eu deixo o corrimão e vou para o closet me vestir.
Ontem, o médico admitiu a avó dela na casa de repouso, e hoje nos
encontraremos com o chefe dos bombeiros para ver sobre o acesso a casa. Ele ligou
dois dias depois do incêndio e disse a Gia que ainda estavam verificando a origem do
fogo, e que os investigadores precisariam de mais tempo. Ontem, ele me ligou e
perguntou se Gia poderia encontrá-lo na casa, e desde que eu tenho o dia de folga, eu
disse que iria junto com ela.
Puxando minha calça jeans, eu pego um casaco do cesto de roupa limpa – roupa
limpa que Gia lavou e dobrou quando eu estava trabalhando tarde da noite. Ela está
sempre fazendo coisas assim; limpando, lavando roupa e cozinhando, não importa
quantas vezes eu diga que ela não precisa fazer isso. Uma vez que estou vestido, eu
desço para a sala de estar. Loki olha para cima quando me ouve, mas não se move do
seu lugar. Ele não vai levantar até que Gia abra a porta, e então ele só vai se levantar
para segui-la por todo o lugar.
— Loki, seu grande bobão. Um dia, você vai me matar — ouço Gia dizer, e viro
bem a tempo de vê-la se curvar para acariciar Loki, que agora está em suas quatro
patas, com o lado da cabeça pressionada no estômago dela.
— Você deve simplesmente deixá-lo dormir com você — digo quando entra na
cozinha, com Loki a seguindo. Como eu disse, meu cão a ama.
— Eu deixaria, mas a cama não é exatamente grande — aponta ela, pegando
uma caneca e servindo-se de uma xícara de café.
— É verdade, mas ele poderia dormir no chão. Basta arrastar a cama.
— Você não se importaria com isso? — pergunta ela, e franzo a testa,
encostando-me ao balcão com a minha própria caneca.
— Por que eu me importaria?
— Não sei; ele é o seu cão. Ele não dorme lá em cima com você, no seu quarto?
— Ele não é apaixonado por mim, Covinhas — afirmo, e seus olhos caem para
Loki, que está sentado ao seu lado e inclinando-se para ela.
— Se você não se importa, eu começarei a fazer isso. Eu sempre me sinto mal
quando vou para a cama e ele me dá sua cara de filhote triste quando fecho a porta
— diz ela, esfregando a cabeça de Loki enquanto fala.
— Você dormiu bem? — questiono, tomando um gole enquanto a estudo. Ela
parece cansada, mas ainda bela, com o cabelo amarrado, uma blusa de mangas
compridas pêssego escuro, que fica bem contra sua pele. A gola mostra algum decote,
mas apenas uma sugestão. Também tem um jeans, estes pretos e apertados.
— Sim, como um bebê, na verdade. — Ela se inclina contra o balcão à minha
frente. — Tem certeza de que quer vir comigo hoje? Eu sei que ontem foi um longo dia
e...
— Eu já te disse que vou. — Eu a corto. — E Tide nos encontrará lá com seu
caminhão depois que eles nos deixarem entrar, para que possamos carregá-lo com
qualquer coisa que você queira manter e colocar na garagem.
— Obrigada.
— De nada.
— Você está com fome? — pergunta ela, pegando uma tigela que eu sei que ela
encherá com Golden Grahams1, algo que ela come o tempo todo.
— Não, eu estou bem — murmuro, e ela dá de ombros como sua perda antes
de encher uma tigela de cereal e subir em uma das banquetas. Sabendo que não posso
vê-la comer, porque é apenas mais uma forma de tortura, sim, até mesmo o jeito que
ela come cereal me excita, eu dirijo para a porta, dizendo: — Loki, venha.
— Eu sairei quando terminar.
— Leve o seu tempo — falo, agarrando o meu casaco e levando o meu café. A
neve caiu durante a noite, não muito, mas o suficiente para cobrir o chão e o jipe de
Gia. Indo à garagem, eu digito o código e pego uma das escovas de remoção de neve
do barril no canto para limpar as janelas. Assim que termino, eu reorganizo algumas
coisas na garagem para que ela possa estacionar lá dentro de agora em diante, e
depois vou encontrar o controle reserva para ela.
— Nevou — observa Gia, virando a esquina com a porta da garagem aberta
assim que encontro o segundo controle. — Pensei que jamais nevaria. Não nevou
desde que estive aqui, embora fizesse frio o suficiente algumas vezes.
— Quando neva, normalmente não é muito, mas neva de vez em quando. Você
gosta de neve?
— Isto? — Ela acena a mão em direção à porta aberta. — Posso lidar totalmente
com essa quantidade de neve. — Ela sorri. — Eu costumava odiar inverno em Chicago,
porque tudo o que fazia era nevar e nevar e nevar. Nat e eu tínhamos que limpar a
nossa própria garagem e a calçada em frente da nossa casa, embora estivéssemos
alugando. Era uma grande entrada de automóveis, e Nat é menor do que eu, por isso
era uma droga. Às vezes, nos levava o dia todo para limpá-la — termina, olhando para
a porta, em seguida, seus olhos voltam para mim cheios de suavidade. — Você limpou
o meu carro.
— Pegue. — Lanço o controle de porta extra e ela pega. — De agora em diante,
estacione na garagem. Dessa forma, você não precisa se preocupar se nevar.

1 Marca de cereal
— Você realmente é muito bom para mim — diz ela suavemente, se
aproximando. — Eu nunca serei capaz de pagar por tudo que você fez. — Ela estende
a mão, descansando a mão no meu bíceps, esse pequeno toque passa por mim,
fazendo o meu sangue aquecer.
— Como eu disse antes, não me importo.
— Ainda assim, obrigada. Não sei o que eu faria sem você. — Ela aperta, e
minha mão enrola em um punho para me impedir de envolvê-la em seus cabelos e
beijá-la. Seus olhos incendiam como se soubesse o que estou pensando, e sua mão
cai.
— Estou pronta para ir. Você… você está pronto, ou…? — gagueja, afastando o
olhar.
— Estou pronto. — Seus olhos voltam para mim. — Vai entrando em seu jipe
— falo, e ela lambe os lábios, sem se mover, exceto para levar os olhos para minha
boca.
— Você está tornando realmente muito difícil não te beijar, Gia — digo a ela,
honestamente, e seus olhos sobem até os meus.
— Não podemos — sussurra ela, imóvel. — Com a gente vivendo juntos, isso
não seria inteligente.
— Você provavelmente está certa — respondo, vendo decepção em seus olhos
quando concordo com ela. Foda-se, por que eu concordei com ela? — Entre em seu
jipe e dê ré para que eu possa fazer o mesmo.
— Certo. — Ela balança a cabeça antes de girar sobre os calcanhares e se dirigir
para seu jipe. Entrando, ela liga-o e dá ré, e eu entro em meu SUV e faço o mesmo,
então clico no controle remoto da garagem, fechando a porta.
Seguindo-a pela entrada da garagem e pela cidade, eu me pergunto por que
diabos eu não a beijei. Poderia ter feito; ela queria. Eu podia ver nos olhos dela que
ela queria, mas não puxei o gatilho.
— Idiota — digo ao parabrisa, quando desvio e paro ao lado dela na casa da sua
avó. Saindo, encontro-a na frente do jipe, mas ela não me reconhece. Seus olhos estão
fixos a casa.
O lugar parece ruim, mas poderia ser pior. Metade do telhado se foi, o tapume
amarelo derretido e manchado com fuligem preta, com janelas quebradas na lateral e
na frente da casa, onde a cozinha estava, e a fita, Cuidado, esticada na porta da frente.
— Vou ligar para meu pai quando isso acabar e o terei trazendo algumas lonas
e madeira. Ele e Tide podem me ajudar a cobrir o telhado e o lugar enquanto você
visita a sua avó. Dessa forma, se nevar novamente, estará protegido.
— Eu não sabia que era tão ruim — sussurra, e pego a mão dela após escutar
a dor em sua voz. — Nós estávamos lá dentro.
Meus músculos do estômago apertam. Não preciso do lembrete de que ela
estava lá quando estava em chamas, ou que teve que arrastar o corpo inerte de sua
avó para fora, desmaiando após conseguir ajuda. Quando minha mãe ligou para dizer
o que aconteceu, eu não podia chegar ao hospital rápido o suficiente. Precisava ver
por mim mesmo que ela estava viva e respirando.
— Vocês estão seguras. — Eu a giro para mim e a abraço. — Isso é tudo que
importa.
Ouvindo um carro, eu olho sobre a cabeça dela, sentindo meus músculos
apertarem por um motivo diferente ao ver Lisa passar, seus olhos estreitando em nós.
Ela veio ao bar algumas vezes desde o nosso último encontro, aquele quando me disse
sobre parar Gia enquanto ela passeava com a avó. Eu não podia acreditar que ela
fizera isso. Então, novamente, ela fazia merda assim desde os quinze anos,
assustando garotas, mesmo se fossem apenas amigas. Eu costumava achar bonito
quando ela ficava com ciúmes, mas agora é apenas irritante. Especialmente, desde
que não quero ter malditamente nada a ver com ela.
Dou a Gia mais um aperto antes de soltá-la, em seguida, pego a mão dela e a
puxo em direção à calçada quando vejo o chefe dos bombeiros parar na frente do
quintal e outro carro parar atrás dele.
— Colton — cumprimenta Chad, o chefe dos bombeiros, enquanto caminha em
nossa direção com uma prancheta na mão. Eu conheço Chad e sua esposa pela maior
parte da minha vida. Sua esposa é uma despachante da delegacia de polícia, e ambos
vêm uma vez por semana, se não mais, para relaxar e tomar uma cerveja no bar.
— Como vai? — Estendo a mão e ele aperta com firmeza.
— Tudo bem — diz ele, então olha para Gia ao meu lado. — Senhorita Caro.
— Oi. — Gia aperta a mão dele, em seguida, olha por cima do ombro quando o
oficial sobe carregando um rolo de fita amarela. Esta diz, Cena de Crime, ao contrário
da fita já do outro lado da porta com, Cuidado, estampada nela.
— Nick — começa Chad, voltando-se para o homem e apertando a mão dele
quando se aproxima. — Colton, Gia, este é o detetive Nick Preston — introduz.
— Prazer em conhecê-los — diz ele, agitando ambas as nossas mãos.
— Nick está aqui por causa das coisas que preciso discutir com você — explica
Chad, olhando para Gia, e meu corpo fica em alerta. — Nós encontramos evidências
de que o fogo não foi um acidente.
— O quê? — sussurra Gia, seu corpo balançando para trás um passo.
— O fogo se espalhou rapidamente, a partir do fogão, pelo chão, à porta dos
fundos. Nós pensamos que um acelerador2 poderia ter sido utilizado, mas não
sabíamos ao certo, até que o teste químico confirmou nossas suspeitas.
— Você está dizendo que foi um incêndio criminoso? — pergunto, só para ter
certeza que estou ouvindo corretamente.
— É o que estou dizendo — observa ele, olhando para mim.
— Mas… vovó, ela estava lá na cozinha. Encontrei-a na cozinha, no chão. O
fogão estava em chamas — sussurra Gia.
— Entendemos isso, e também sabemos que ela tem demência. Nós procuramos
e não encontramos o recipiente com o acelerador, o que nos leva a crer que quem
usou levou com ele quando foi embora.
— Alguém esteve na casa? — pergunta Gia com medo em sua voz. — Será que
eles… eles machucaram minha avó? É aquele...
— Ainda estamos investigando — corta Nick. — Nós descobrimos ao falar com
os vizinhos que ninguém viu nada. Eles nem sequer sabiam que a casa estava em
chamas até que ouviram os caminhões de bombeiros e a ambulância. Eu fui ver a sua
avó no hospital, mas como você sabe, ela não está em condições de fazer uma
declaração — continua Nick, e sinto Gia endurecer ao meu lado. A avó dela não tem

2 Uma substância usada para ajudar na propagação do fogo.


falado ou sequer chamado Gia pelo nome de sua mãe, e sei que isso a preocupa mais
do que qualquer outra coisa.
— Então, o que precisa ser feito? — questiono, e a face de Chad muda de uma
forma que me deixa preocupado.
— Eu gostaria que Gia se submetesse a um polígrafo para limpar seu nome —
diz Nick, e minhas costas se endireitam.
— Você está brincando comigo? — vocifero. — Ela poderia ter morrido
arrastando a avó dessa — atiro meu dedo sobre os meus ombros —, maldita casa. Ela
não iniciou o fogo.
— Eu farei isso — afirma Gia, segurando o meu braço, e olho para ela. — Eu
farei isso. Não tenho nada a esconder.
— Não acredito que você tenha feito isso — transmite Chad suavemente. — Mas
quero eliminá-la como suspeita para que possamos continuar com o caso e descobrir
quem fez.
— Isso ainda é besteira — rosno, ainda chateado.
— Cuidado, Colton — avisa Nick, e viro meus olhos para encontrar os dele.
— Você arrastando uma mulher inocente para essa merda que é besteira —
repito, olhando-o nos olhos. — Ela poderia ter morrido. A avó dela poderia ter morrido.
— Quando eu preciso fazer o teste? — pergunta Gia, ficando na minha frente,
pressionando contra mim e me forçando a afastar um passo de Nick.
— Amanhã. — Nick afasta seus olhos de mim para olhar para ela.
— Eu trabalho amanhã, mas saio às cinco. Isso funciona para você?
Seu rosto suaviza. — Eu farei funcionar — diz ele a ela, e vejo a cabeça dela
balançar.
— O que é tudo isso? — Virando, eu vejo Ned vindo em nossa direção parecendo
irritado. — Ouvi Colton dizer que está investigando Gia? — pergunta, chegando perto,
e Chad pressiona os lábios enquanto Nick balança a cabeça.
— Ned, isso não lhe diz respeito — diz Nick a ele.
— Eu digo o contrário, desde que Gia é como família para Nina e eu — retruca,
e Gia para mais uma vez, e sei que é por uma razão completamente diferente. — Ela
não tem nada a ver com aquele fogo, então sugiro que você vá descobrir quem tem.
— Não acreditamos que ela tenha algo a ver com o fogo, mas temos que ter
certeza — diz Chad, e os olhos de Ned se voltam para ele.
— Então você acha que ela tinha algo a ver com isso — murmura ele. — Caso
contrário, não estaria pedindo para ela fazer um teste para provar que é inocente. Da
maneira que eu vejo, você está desperdiçando dinheiro do contribuinte neste sentido.
Acho que o povo deste conselho teria que encontrar informação útil quando o tempo
de eleição rolar ao redor em alguns meses.
— Ned, está tudo bem. Eu farei o teste. Não é grande coisa — diz Gia, e Ned
balança a cabeça, olhando para ela.
— Não está tudo bem, querida. Eles nem deveriam pedir para você fazer um
teste para provar que é o que diz que é, inocente de qualquer delito.
— Temos que fazer o nosso trabalho, Ned — suspira Nick.
— Sim, e esse trabalho não inclui arrastar uma mulher para fazer um teste
quando ela esteve aqui, trabalhando exaustivamente para cuidar de uma mulher que
nem se lembra de quem ela é. Fazendo essa merda enquanto sorri como se fosse um
presente só para passar tempo com aquela mulher, e quase morrendo por causa disso.
Essa merda não está bem. Volte, recomece, e depois venha com outro suspeito —
rosna, e luto contra um sorriso quando ambos, Chade e Nick, rosnam para ele.
— Senhorita Caro, eu vou vê-la às 5:30 de amanhã. Basta entrar na estação e
chamar por mim — instrui Nick, e Ned bufa quando um rosnado vibra meu peito e ele
continua. — Até que o teste seja feito, esta casa será considerada uma cena de crime
ativa e ninguém será permitido entrar. — Ele se dirige para a porta da frente com o
rolo de fita, Cena de Crime, e cola-o na porta antes de atravessar o gramado para seu
carro sem outra palavra.
— Sinto muito, senhorita Caro — murmura Chad, e ele parece sentido, mas
foda-se; isto ainda é besteira. — Nós vamos falar na quarta-feira.
— Claro — concorda Gia calmamente, observando-o ir para sua caminhonete.
— Não posso acreditar — queixa Ned, observando os dois veículos se afastarem.
— Ficará tudo bem — diz Gia suavemente, olhando para ele. — Obrigada por
entrar e me defender.
— A qualquer hora, querida. — Ele esfrega seu ombro. — Ligue para Nina e
marque um dia para vir jantar. Ela sente sua falta.
— Eu farei isso — promete, dando-lhe um leve sorriso antes de virar para olhar
para mim.
— Vou ver a vovó. Não preocupe o seu pai ou Tide com proteger a casa.
— Você está bem para dirigir? — pergunto, estudando-a, ignorando seu
comentário. Ela parece bem, mas tenho certeza de que o que aconteceu fodeu com
ela.
— Estou bem — diz ela, dando-me um sorriso que não alcança seus olhos. —
Vejo você hoje à noite.
— Vejo você quando chegar em casa — respondo, vendo algo brilhar em seus
olhos com a palavra casa, antes que ela afaste os olhos dos meus e vire para ir para
seu jipe.
— Rapaz, o que diabos você está esperando? — pergunta Ned depois que Gia
dá ré da garagem.
Eu me viro para olhá-lo. — Perdão?
— Estou perguntando o que diabos você está esperando? Por que diabos você
não fez um movimento em nossa menina? — vocifera ele.
Eu gosto dele chamar Gia de nossa menina, e gosto mais porque ela precisa de
pessoas boas se importando com ela, e, tanto quanto me concerne, quanto mais,
melhor.
— Ela tem muita coisa acontecendo agora. Estou tentando dar-lhe tempo para
lidar com tudo isso antes de acrescentar algo mais à mistura de merda para ela lidar.
— É melhor você agir, filho. A avó dela não vai bem, e Nina e eu achamos que
ela não estará nesta terra por muito mais tempo. Quando isso acontecer, Gia sairá
daqui… a menos que ela tenha um motivo para ficar. — Porra, ele está certo. — Vejo
que você sabe que estou certo. — Ele bate no meu ombro. — Não espere muito tempo.
Observando-o se afastar após o golpe final, eu balanço a cabeça, em seguida,
puxo meu celular, ligo para o meu pai, e peço para ele pegar algumas lonas e madeira,
não dando a mínima se é uma cena de crime. Então digo a ele tudo o que aconteceu,
não me surpreendendo dele ficar tão chateado quanto eu. Quando desligo o telefone
com ele, eu ligo para Tide, para que ele saiba que vamos precisar de sua ajuda, e antes
mesmo de sair do telefone, ele está a caminho.

~ ** ~

Estirado no sofá, eu levanto a cabeça quando ouço o jipe de Gia parar e a vejo
entrar na casa um minuto depois, com Loki bem atrás dela.
— Ei — diz ela suavemente quando seus olhos me encontram no sofá.
— Como foi a visita a sua avó?
— Tudo bem. — Ela tira as botas e casaco, e vem sentar-se no sofá aos meus
pés.
— Apenas bem? O que aconteceu?
— Nada aconteceu. — Ela encolhe os ombros. — Ela não falou, nem sequer
reconheceu que eu estava lá. Ela está indo embora, e eu me sinto impotente contra
isso. Não sei mais o que fazer — murmura, e eu me sento, o que me coloca mais perto
dela.
Segurando seu queixo, eu espero seus olhos encontrarem os meus para falar.
— Você estar lá com ela, ainda que ela não a reconheça, é importante. Ela pode não
entender isso, mas ainda pode sentir o amor e compreender de alguma forma que você
está cuidando dela — digo a ela, e seu queixo oscila. — Não desista dela, baby.
Seus olhos se fecham. — A enfermeira do asilo estava lá quando cheguei, e ela
me disse que por mais difícil que seja eu preciso me preparar para ela ir.
— Ela está certa. Sei que não é fácil pensar nisso, mas você precisa pensar
nisso. Especialmente se ela está escorregando. Mas não significa que você se afastará.
Significa apenas que você deixa o seu coração pronto para deixá-la ir quando essa
hora chegar.
— Eu sei — concorda ela, afastando os olhos dos meus e olhando para a TV.
— Você comeu? — pergunto, liberando seu queixo, e ela balança a cabeça.
— Não, eu não estou com fome.
— Gia, você precisa comer — falo, frustrado, e ela olha para mim de novo.
— Eu vou comer. Apenas não estou com fome agora.
— Nós vamos sair. Coloque suas botas. — Eu levanto, mas ela não se move para
se levantar. Ela só olha para mim com os olhos arregalados. — Vamos. — Estendo as
duas mãos e a puxo do sofá.
— Colton, eu realmente não estou com fome. — Ela tenta se afastar, mas não
deixo.
— Que pena, você vai comer. — Eu a arrasto até a porta, onde entrego o casaco
e botas. Colocando os seus sapatos, eu a ouço reclamar baixinho sobre quão irritante
eu sou enquanto ela os coloca. — Vamos. — Mantenho a porta da garagem aberta
para ela. Assim que está pronta, ela passa por mim e continua até alcançar a porta
do lado do passageiro do meu Suburban. Uma vez que nós dois entramos, eu abro o
portão da garagem, ligo o motor e saio.
— Posso te perguntar aonde vamos? — retruca, e não sorrio como eu quero.
— Você tem duas opções. Podemos pegar uma pizza e trazê-la para comer em
casa, ou podemos ir para Lawd e comer churrasco. Sua escolha.
— Ah, agora eu tenho uma escolha? — pergunta ela, com a voz cheia de
sarcasmo. — Obrigada, oh grande, por conceder esse privilégio a mim. — Ela junta as
mãos como se estivesse orando. — Não sei o que fazer com esse tipo de poder.
— Ok, três opções, Covinhas. — Eu paro no final da calçada e olho para ela. —
Pizza, churrasco, ou você continua sendo uma espertinha e eu te beijo.
— Colton — avisa, mas um aviso cheio de excitação, o que faz meu jeans ficar
repentinamente muito apertados.
— O que será? — pergunto, e seus olhos caem para a minha boca.
— Churrasco — sussurra, olhando para os meus lábios.
— Tem certeza que é isso que você quer? — questiono, e ela lambe os lábios
mais uma vez antes de desviar o olhar.
— Sim.
Ligando a minha seta, eu volto para a estrada e dirijo para a cidade.
Quando paro no exterior do restaurante, desligo o motor e saio. Encontrando-a
na frente do carro, eu pego a mão dela e a levo para dentro, onde somos atendidos
imediatamente.
— Ei, Colton. Como vai? — cumprimenta a nossa garçonete assim que chega à
nossa mesa.
— Não posso reclamar — digo, e ela sorri, em seguida, olha para Gia.
— O que eu posso trazer para você beber, querida?
— Coca diet, se tiver.
— Eu tenho. — Ela sorri para Gia antes de olhar para mim novamente. — E
você?
— Vou querer uma Bud.
— Entendi. — Ela anota ambos os pedidos no bloco de notas. — Vocês precisam
de um minuto para olhar o menu, ou estão prontos para pedir?
— Estamos prontos — respondo, e ela olha para Gia novamente.
— O que será?
— Eu terei o sanduíche de carne de porco com batatas fritas — diz Gia, fechando
o menu.
— E você? — Ela me pergunta novamente.
— O mesmo, mas adicione picles fritos.
— Volto em um minuto com as suas bebidas. — Ela sorri para nós e leva nossos
menus antes de sair.
— Você conhece todos na cidade? — pergunta Gia, olhando em volta enquanto
tira o casaco e o coloca na cabine ao lado dela.
Olhando em volta, eu avisto algumas pessoas olhando para nossa mesa,
tentando fazer parecer que eles não estão fazendo exatamente isso.
— Eu cresci aqui, e minha família sempre viveu aqui. Não conheço todos, mas
conheço um monte de gente.
— Cidade pequena — diz ela, pensativa.
— Isso é uma parte.
— Qual é a outra parte?
— Logo após a faculdade, entrei para a Marinha. Seis anos dentro, e na minha
segunda turnê no exterior, eu fui baleado. Foi ruim. Eu não podia andar. Quando isso
aconteceu, minha mãe realizou captação de recursos para ter algum dinheiro para a
minha recuperação. As pessoas que não me conheciam souberam sobre mim depois
disso.
— Você não podia andar?
— Não.
— Deus, eu sinto muito.
— Estou aqui agora — digo a ela, e a garçonete volta, entregando as nossas
bebidas antes de se afastar novamente.
— O que aconteceu com você e Lisa? — pergunta ela do nada, e sinto meus
músculos ficarem tensos. A última coisa que eu quero fazer é falar sobre Lisa, mas
sei que, se isso é o que eu acho que é, preciso ser aberto com Gia sobre essa parte da
minha história. — Você não precisa me dizer. Esqueça que perguntei — afasta ela,
abaixando os olhos.
Agarrando a mão dela, eu espero até que seus olhos encontrem os meus. —
Namoramos na escola. Eu a pedi em casamento quando cheguei em casa da minha
primeira implantação. Seis meses depois, fui mandado para o exterior de novo, então
decidimos esperar para casar depois que eu voltasse, mas isso não aconteceu. Eu fui
baleado. Fui enviado a Nova York para a recuperação, e os médicos pensaram que eu
não voltaria a andar. Lisa não pode lidar com essa ideia, então terminou as coisas
comigo quando eu estava na cama no hospital.
— Que cadela — sussurra ela, e encontro-me sorrindo, porque essa é a primeira
vez que a ouço xingar.
— Estou feliz por descobrir quem ela era antes de me amarrar a ela, dar-lhe o
meu nome, e ter filhos com ela — respondo honestamente, e ela balança a cabeça.
— Eu entendo isso, mas sério, quem faz uma coisa dessas? — pergunta, mas
não me deixa responder antes dela mesma responder. — Não importa, ela é uma
cadela, então ela faria algo assim, e, obviamente, fez. Só a vi uma vez e sabia que ela
não era boa.
— Você está certa; ela não é agradável. Não vi isso antes, mas vejo agora, e não
quero ter nada com ela — digo honestamente, porque eu conheço Lisa. Eu sei que
mesmo que ela só está supondo que algo está acontecendo entre Gia e eu, ela tentará
colocar um fim nisso. Ela tentará assustar Gia, e se isso acontecer, eu não serei tão
bom como eu fui. — Não gosto nem de respirar o mesmo ar que ela. Não há volta pelo
que ela fez. — Aperto a mão dela. — Nunca.
— Bom — responde ela, antes de olhar por cima do ombro e dizer baixinho. —
A comida está vindo.
Soltando a mão dela, eu inclino para trás, tomando um gole da minha cerveja
e olhando ela tomar um gole de seu refrigerante.
— Espero que vocês estejam com fome, — canta nossa garçonete, colocando
nossa comida em nossa frente e os picles fritos no meio da mesa, juntamente com
uma pilha de guardanapos.
— Estou morrendo de fome — diz Gia a ela, olhando para o seu sanduíche e um
monte de batatas fritas.
— Você não estará quando sair daqui. — sorri a garçonete.
— Então você está morrendo de fome? — pergunto com uma sobrancelha
levantada quando a garçonete desaparece.
— Que seja. — Ela revira os olhos, dividindo seu sanduíche e dando uma
mordida grande. Rindo disso, eu como minha própria refeição e passo o resto do jantar
apenas apreciando a companhia dela.
— Obrigada mais uma vez pelo jantar — diz Gia quando aperto o controle
remoto da garagem, abrindo a porta.
— A qualquer hora. — Entro e desligo o motor. Abrindo minha porta, eu a ouço
fazer o mesmo, em seguida, seus pés tocam o concreto quando ela pula. Espero que
ela me alcance antes de abrir a porta da casa, e sorrio quando Loki a cumprimenta
com a cauda abanando.
— Ei, menino, trouxe algo para você — diz ela, andando para a casa e abrindo
o saco de papel que ela trouxe. Dando a ele o resto do seu sanduíche, ela ri quando
ele o engole de uma vez. — Você deve desacelerar para apreciá-lo. — Ela esfrega a
cabeça dele, e ele senta, olhando para o saco sobre o balcão. — Desculpe, isso é tudo
que eu trouxe. — Ela tira o casaco e botas, levando ambos à porta onde ainda estou
de pé.
— Quer assistir a um filme? — pergunto, e ela olha para mim, a TV, e então o
sofá antes de decidir.
— Claro, vou apenas me trocar primeiro — responde ela, indo para o quarto
dela.
Observando-a ir, eu chuto as minhas botas, em seguida, corro para cima e me
troco antes de voltar e encontrar os controles remotos para a televisão e leitor de DVD.
— O que você quer assistir? — pergunto quando ela volta vestindo uma camisa
e moletom, ambos muito grandes.
— O que tem aí?
— Não muito. Tenho alguns filmes de terror e algumas comédias. — Mostro-lhe
os DVDs que possuo e ela os olha.
— Este parece ser bom. — Ela me dá um dos mais assustadores antes de
aconchegar perto do braço do sofá. Coloco o filme, inicio-o, e tomo um assento ao lado
dela. Ela não diz nada sobre eu sentar tão perto, algo que sou grato quando o filme
começa a ficar assustador, porque quando isso acontece, ela se enrola no meu lado e
esconde o rosto no meu peito. O que significa que posso abraçá-la e cheirar o seu
cabelo, a fonte do aroma de baunilha que eu recentemente me tornei obcecado.
— Eu terei pesadelos — diz ela, inclinando-se para olhar para mim quando o
filme chega ao fim e os créditos começam a rolar. — Ele nem sequer tem um final feliz.
Todos morreram.
Sorrindo para ela, murmuro: — Covinhas, você escolheu o filme.
— Eu sei. — Ela balança a cabeça. — Por que diabos você me deixou fazer isso?
Rindo, eu a puxo mais para perto de mim e beijo seu cabelo. — Se você tiver
pesadelos, estou bem lá em cima.
— Eu jamais serei capaz de dormir depois disso — murmura ela, olhando com
preocupação sobre o meu ombro em direção à porta do quarto enquanto mordisca o
lábio.
— Certo. — Deito-me, arrastando-a comigo, e em seguida, ajusto-a para que
metade de seu corpo esteja no meu e seu rosto esteja descansando contra o meu peito.
— O que você está fazendo? — pergunta, soando atordoada.
— Desde que você não será capaz de dormir na sua cama, vamos dormir aqui.
— Colton.
— Gia — respondo, pegando o cobertor que ela colocou na parte de trás do sofá
e colocando-o sobre nós.
— Eu acho que...
Ela tenta se levantar, mas não a solto. Eu só a seguro mais apertado.
— Pare de pensar tanto, Gia. — Corro os dedos pelos seus cabelos.
— E isso está sequer confortável para você?
— Eu estou bem — sussurro, e ela deixa escapar um longo suspiro. Não posso
dizer se é um irritado ou aliviado.
— Colton — murmura ela, e abaixo minha cabeça para olhar para ela quando
a sinto levantar a dela.
— Sim?
— Eu.... — Ela faz uma pausa, parecendo insegura. — Não importa —
murmura, deitando a cabeça no meu peito e enfiando a mão sob sua bochecha.
— Gia. — Correndo minha mão até o seu pescoço e queixo, eu espero ela
levantar a cabeça e olhar para mim. Assim que tenho seus olhos, eu seguro seu queixo
e levanto a minha cabeça enquanto trago sua boca para a minha. O beijo não é
molhado ou profundo. É nada mais do que nossas bocas reunidas em um toque suave.
— Durma — digo contra seus lábios. Após colocar o rosto dela contra o meu peito, eu
pego o controle remoto e desligo a TV.
— Boa noite, Colton.
— Boa noite, Gia. — Corro os dedos pelos seus cabelos e continuo fazendo isso
até que eu sinta seu corpo relaxar. Afastando meu queixo, eu olho para ela e vejo que
está dormindo, depois descanso minha cabeça contra o sofá, seguindo-a.
E, pela primeira vez, no que parece ser muito tempo, não sonho em levar um
tiro e quase perder minhas pernas. Sonho em fazer uma menina bonita, com olhos
cor de esmeralda, minha. Quando acordo com Gia ainda em meus braços no meio da
noite, eu me comprometo a tornar esse sonho uma realidade.
Capítulo 7
O primeiro beijo é sempre o mais doce...
Até o segundo

GIA

Piscando contra a luz brilhando em meus olhos, é preciso um segundo para


limpar o sono e perceber que ainda estou no sofá com Colton. Em algum momento
durante a noite, nós mudamos. Agora as minhas costas estão para a almofada do
sofá, com o braço e perna dele em cima de mim, mantendo-me prisioneira. Não há
como fugir sem acordá-lo.
Ele me beijou.
Fecho meus olhos com esse o pensamento e os meus lábios formigam. Seus
lábios eram mais macios do que eu pensava, e pensei muito neles desde o momento
em que nos conhecemos. Ele também não tentou aprofundar aquele beijo, e não sei
se isso significa que ele não gostou do beijo, ou se está tentando ir devagar por minha
causa. Preciso ligar para Nat e ver o que ela acha que isso significa.
— Pare de pensar tanto. — A profunda voz sonolenta de Colton quebra meus
pensamentos desenfreados e meus olhos se abrem.
— Você me beijou — acuso, o que soa estúpido até para mim, porque ontem à
noite eu não lutei contra o beijo ou me afastei. Mas quando acabou, deitei minha
cabeça em seu peito, onde adormeci e passei a noite.
— É muito cedo para isso. Volte a dormir. Temos pelo menos mais uma hora
antes de precisarmos nos levantar — diz ele, colocando o topo da minha cabeça sob o
queixo. Olhando para a coluna de sua garganta, eu me pergunto qual o gosto de sua
pele, em seguida, me pergunto se ele perceberia se eu tocasse a minha língua nela.
Imaginando que ele provavelmente perceberia, eu fecho meus olhos e tento voltar a
dormir, mas não posso. Estou muito tensa para sequer pensar em dormir.
— Colton.
— Sim? — pergunta, não parecendo mais acordado do que parecia minutos
atrás.
— Não posso voltar a dormir.
— Você quer dar uns amassos? — sugere, e um arrepio desliza sobre a minha
pele enquanto meus dedos apertam o material de sua camisa sob minha bochecha.
— Acho que não seria inteligente. Você? — pergunto, esperando que ele
concorde comigo enquanto desejo que não.
— Eu vou te beijar, Gia, e isso acontecerá muito. Então inteligente ou não, é o
que é.
— Eu...
— Não negue que há algo se construindo entre nós, Gia. Porque isso vai me
irritar — adverte ele, inclinando o queixo para olhar para mim.
— Não vou negar. Eu gosto de você, e eu… — Faço uma pausa, tentando
organizar meus pensamentos, o que é difícil, já que ele está ali olhando para mim. —
Eu simplesmente gosto de você. Mas você é meu único amigo aqui. Digo, sim, eu tenho
Nina e Ned, mas eles são mais velhos, assim não é a mesma coisa. Não quero perder
sua amizade se as coisas correrem mal. Se não funcionar, o que acontecerá?
— Se as coisas não derem certo, vamos nos preocupar com isso depois.
— Você não pode dizer isso.
— Posso.
— Não pode — nego, bem antes que ele nos mude para que minhas costas
estejam no sofá e ele esteja em cima de mim com uma coxa entre as minhas. — Colton
— suspiro, mas não consigo dizer mais nada.
Sua boca atinge a minha, seus lábios firmes e exigentes, o oposto de ontem à
noite. Abro meus lábios e sua língua se move, o seu gosto me acerta, e um arrepio de
puro deleite desliza sobre a minha pele e através de cada centímetro meu. Eu o beijo,
gemendo quando sua mão desliza sob minha cabeça para incliná-la para o lado e
aprofundar o beijo. Ouvindo-o gemer, eu deslizo minhas mãos na parte de trás de sua
camisa, onde sou cumprimentada por pele quente.
— Ah merda.
Ouvindo isso, a boca de Colton deixa a minha.
— Mãe, que porra?
A mãe dele? Oh Deus!
Mantenho meus olhos fechados e espremo-os ainda mais apertados, querendo
derreter no sofá e desaparecer.
— Sinto muito. Vou só...
Não ouço mais nada, exceto a porta se fechar. Pelo menos eu penso que ela
saiu. Então, novamente, ela ainda pode estar aqui, não que eu vá abrir os olhos para
descobrir.
— Isso não aconteceu — sussurro, desejando que não, mas sabendo que
totalmente aconteceu. A mãe dele acabou de entrar com a gente se agarrando no sofá
onde passamos a noite.
— Gia. — A mão dele envolve meu rosto e eu balanço a cabeça.
— Não estou aqui agora — respondo, então sinto sua testa tocar a minha.
— Olhe para mim.
— Sua mãe acabou de nos flagrar… nos agarrando.
— E?
Sei pela diversão em sua voz que se eu abrir meus olhos, ele estará sorrindo.
— Ela é minha chefe.
— Na verdade, eu sou seu chefe — murmura ele, e meus olhos se abrem apenas
para tentar matá-lo com meu olhar. — Ok, é muito cedo para fazer uma piada disso.
— Não posso acreditar nisso.
— Ela estava prestes a descobrir sobre nós, eventualmente — diz ele, e meus
olhos se arregalam. — Não esconderei o fato de que eu gosto de você e que realmente
gosto de beijar você.
— Você não tem permissão para me beijar na frente de sua mãe — assobio, e
ele sorri.
— Como eu disse, não esconderei o fato de que eu gosto de beijar você — repete,
enfatizando a declaração ao me beijar novamente.
— Colton. — Empurro o peito dele, que não faz nada para movê-lo.
— Gia.
— Colton — rosno em frustração.
— Gia. — Ele ri, deslizando os dedos na minha bochecha. — Eu adoraria
continuar esta discussão inútil, mas preciso dizer a minha mãe que ela pode entrar e
que não precisa ficar na varanda com o ouvido na porta.
— Não estou fazendo isso — ouço através da madeira da porta, e meu rosto
queima.
— Entre, mãe — chama ele, me puxando com ele quando levanta do sofá.
Assim que a porta se abre, Rose olha entre nós, e aliso meu cabelo e arrumo
minha camisa.
— Então, há quanto tempo isso está acontecendo? — pergunta ela, acenando
com a mão em nossa direção.
— Ugh… — é minha brilhante resposta a essa pergunta.
— Acabou de acontecer — diz Colton, me abraçando. — E isso continuará
acontecendo, então se você pudesse bater antes de entrar, seria bom.
Minhas bochechas queimam mais ainda enquanto o meu coração, que já batia
forte, começa a martelar. — Não diga isso a sua mãe — assobio para ele, e ele sorri.
Gah! Ele é chato.
— Isto me faz feliz — guincha Rose, me pegando desprevenida e minha cabeça
voa em sua direção. — Realmente feliz — continua quando vai em direção à cozinha,
e percebo então que ela está carregando um saco de compras.
— Mãe, o que foi que eu disse sobre fazer minhas compras? — rosna Colton, e
ela olha para ele, revirando os olhos.
— Não é para você. É para Gia. — Ela abre os sacos e tira alguns fios de creme
e ouro e duas agulhas de tricô de tamanhos diferentes. — Eu sei que você mencionou
que não foi capaz de obter o seu ainda, então eu queria que você tivesse estes até que
os consiga.
Lágrimas começam a picar o meu nariz, mas seguro-as enquanto ando e dou-
lhe um abraço. — Obrigada.
— De nada. — Ela sorri suavemente assim que me solta. — Na verdade, eu usei
isso como uma desculpa para vir verificar vocês antes de irem para o trabalho. — Sua
voz suaviza juntamente com seu rosto. — Kirk me disse ontem à noite que você precisa
fazer um polígrafo hoje, depois do trabalho — diz ela, lembrando-me de algo que tenho
tentado esquecer. Isso, junto com o fato de acreditarem que alguém tentou incendiar
a casa da vovó com a gente dentro. Ainda não acredito que isso seja verdade. Vovó
não tem nenhum inimigo, e nem eu. Não há nenhuma razão para alguém fazer algo
assim. — Você está se segurando bem?
— Estou bem. Quero apenas acabar com isso. Dessa forma, se o que dizem for
verdade, eles podem descobrir quem realmente fez — respondo, e ela olha de mim
para seu filho.
— Você vai com ela.
— Absolutamente — diz ele instantaneamente, e alívio me enche. Eu não queria
pedir para ele ir, desde que ele já fez muito, mas sei que me sentirei melhor tendo-o
lá comigo.
— Bom, e eu espero, pelo menos, uma mensagem de texto quando você sair,
para me contar tudo o que aconteceu.
— Eu farei isso — concordo, e ela estende a mão, tocando as pontas dos meus
dedos com os dela antes de olhar para seu filho.
— Os seus irmãos virão no próximo fim de semana, então eu quero todos para
jantar no domingo à noite — informa, em seguida, ela olha para mim novamente. —
Isso inclui você também, Gia.
— Nós estaremos lá — responde Colton antes que eu possa, e nervosismo enche
a boca do meu estômago.
— Vocês já comeram? Eu poderia fazer o café — oferece, e Colton balança a
cabeça sorrindo.
— Vá para casa, mãe.
— Você é tão mau comigo. — Ela ri, dando-lhe um abraço. — Vejo você amanhã.
— Diga ao meu pai que ligo para ele quando eu chegar ao bar.
— Sim — promete ela antes de me dar mais um abraço e sair.
— Isso foi bem — diz Colton, e olho para ele, em seguida, a porta. Foi bem, mas
foi muito fácil? Uma mãe não deve ter preocupações sobre seu filho viver com uma
mulher que acabou de conhecer, e também ficar com a dita mulher? — Pare de pensar
tanto, Gia.
— Eu...
— Pare de tentar complicar algo que não é. Meus pais gostam de você. Eles
gostavam de você antes de nos beijarmos, e continuarão gostando de você agora que
nos beijamos.
— Preciso tomar banho — digo, não querendo pensar nisso agora, e seus olhos
escurecem instantaneamente. — Sozinha — acrescento, mesmo que o pensamento
dele nu no chuveiro comigo seja uma razão suficiente para duvidar dessa decisão e
mudar minha mente.
— Vou levar-nos ao trabalho quando você estiver pronta para ir.
— Parece bom. — Corro por ele para o meu quarto, fecho a porta, e tranco-a
uma vez que estou dentro. Indo até o meu celular que desliguei para carregar na noite
passada, eu envio uma mensagem de texto para Nat, em seguida, vou para o chuveiro.
Quando saio, encontro uma mensagem de Nat que diz apenas uma palavra.
FINALMENTE.

~ ** ~
— Obrigado, senhorita Caro — diz o examinador do polígrafo, apertando minha
mão após terminar a remoção dos cabos e as coisas ao meu redor. O teste não
demorou muito, talvez vinte minutos no total, e ele não fez um milhão de perguntas
para mim, cerca de apenas oito, três vezes cada. Eu disse a ele que estava nervosa
antes de começar, mas ele me disse que era completamente normal e não me
preocupasse com isso mexer com os resultados. Ainda assim, eu estava nervosa,
porque algumas das perguntas me colocaram na borda.
— Quanto tempo deve demorar para obter os resultados? — pergunto, pegando
minha bolsa do chão ao lado da minha cadeira e levantando.
— Você não mostrou qualquer mentira durante o teste — responde ele, e deixo
escapar um suspiro de alívio. — Vou passar minhas descobertas para o Detetive
Preston, e tenho certeza que ele entrará em contato com você dentro dos próximos
dois dias.
— Obrigada — digo, e ele acena com a cabeça antes de voltar para sua mesa.
Abrindo a porta, encontro Colton esperando por mim com as costas contra a
parede. Assim que ele me vê, pega a minha mão e me puxa em seu peito, beijando o
topo do meu cabelo.
— Você está bem?
— Sim. — Eu aceno e seu aperto aumenta. — Ele disse que não mostrei
qualquer mentira, por isso espero que se alguém realmente incendiou a casa, eles
possam ir encontrá-los agora.
— Se? — pergunta, e inclino a cabeça para olhar para ele.
— Por que alguém arrombaria para incendiar a casa da vovó? — Faço a
pergunta que venho me perguntando um milhão de vezes. — Ela não tem nenhum
inimigo, e nem eu. Não faz sentido para mim. Você sabe que a vovó não está bem, e
ela tentou cozinhar no passado e não foi bem. Tudo o que posso pensar é que ela
começou o fogo por acidente.
— Eles disseram que um acelerador foi usado.
— Eu sei — murmuro, ainda não tendo nenhuma explicação para isso.
— Vamos esperar que descubram.
— Sim — concordo. — Eu realmente quero entrar na casa para pegar algumas
coisas para o quarto da vovó na casa de repouso. Espero que, se eu puder deixar mais
como uma casa, ela comece a se sentir mais confortável lá e melhore.
— Nós vamos fazer isso acontecer. Assim que eles nos derem a liberação — diz
ele, e olhando em seus olhos, eu acredito nele. — Você está pronta para sair daqui?
— Sim — deixo escapar um suspiro de alívio, e ele pega a minha mão, me
levando para fora do prédio. Assim que saímos, dirigimo-nos para o seu Suburban e
entramos. — Você se importa de pararmos para que eu possa ver a vovó antes de ir
para casa?
Ele olha para mim com os olhos maleáveis. — Não me importo.
— Obrigada — digo em voz baixa, e ele pega a minha mão, puxando-a para
descansar em seu colo. Ignorando como me sinto por tê-lo segurando a minha mão,
eu puxo meu celular do bolso do casaco. — Vou ligar para Nat para que ela saiba que
não precisa vir aqui e brigar com todos.
Ele ri, mas não estou brincando. Ela estava além de chateada quando dei a
notícia ontem sobre ter que fazer um polígrafo, e ameaçou vir aqui se não limpassem
o meu nome. E uma vez que ela é advogada, ela poderia fazer isso.
— Como foi? — pergunta ela logo que atende, e sorrio. Ela estava obviamente
esperando eu ligar.
— Foi bom. O examinador do polígrafo disse que não mostrei qualquer sinal de
mentira, por isso espero ter tudo acabado e podermos seguir em frente.
— Claro que você não mostra sinais de mentira — resmunga ela, parecendo
irritada. — E agora?
— Não sei. Acho que só tenho que esperar o detetive me ligar.
— Eu rezo para que eles façam isso logo, para que você possa continuar com
sua vida.
— Eu também — concordo. — Como eu disse para Colton anteriormente, quero
entrar na casa e pegar algumas coisas para a vovó. Ela não tem sequer roupas dela
com ela lá.
— Se eles não ligarem para você até amanhã à tarde, ligue para mim e me avise.
Vou ligar para eles e exigir uma explicação. Você não fez nada de errado e tem
cooperado com eles, então eles não têm nenhuma razão para mantê-la longe de casa
— diz ela, e posso dizer por seu tom que ela está ficando irritada, algo em que é boa.
— Que tal usá-la como um plano D? — sugiro, e ela ri.
— Bem. Ligue para mim amanhã, mas sério, se eles não te deixarem entrar até
sexta-feira, eu voarei até aí e invadiremos a maldita casa — retruca, e sei que ela faria
isso por mim.
— Espero que não chegue a esse ponto — respondo, e os dedos de Colton
apertam os meus.
— Como vai tudo? — pergunta, e mordo o lábio. — Você está com Colton agora?
— Sim — respondo simplesmente, e ela solta um grito alto.
— Eu amo isso. Ele a levou para o teste?
— Sim.
— Eu sabia que eu gostava desse cara antes, mas realmente gosto dele agora
— canta, e tenho que concordar com ela sobre isso também. — Bem, eu sei que você,
obviamente, não pode falar sobre ele porque ele está aí com você, mas assim que tiver
tempo, eu preciso de todos os detalhes sobre o beijo. Todos.
— Eu ligarei.
— Bom. Eu te amo.
— Amo você também. Vou ligar em breve.
— Faça isso, e não se esqueça de enviar a foto.
— Sem chance — murmuro, e ela ri novamente.
— Tudo bem, falo com você depois. Diga a Colton que eu disse oi.
— Eu vou, mais tarde. — Desligo e envio uma mensagem a Rose para avisá-la
que tudo correu bem antes de guardar o telefone no bolso. — Nat disse para lhe dizer
oi — informo a Colton quando entramos no estacionamento da casa de repouso.
— Você pode dizer a ela que eu disse o mesmo quando você ligar mais tarde
para dar-lhe todos os detalhes — diz ele, e minha respiração deixa em um whoosh. —
O volume do telefone é alto. — Ele sorri, e meus olhos estreitam.
— É rude escutar — repreendo-o, quando ele entra em uma vaga de
estacionamento para convidados.
— Eu não estava escutando.
— Que seja. — Tento puxar minha mão da dele, mas ele não me soltar. Em vez
disso, ele usa a minha mão para me forçar para o seu lado da cabine. — Colton —
assobio, logo antes de sua boca cair na minha e sua língua deslizar entre meus lábios
entreabertos. Não luto contra o beijo. Pelo contrário, eu inclino minha cabeça para o
lado e correspondo, o que significa que acabamos nos agarrando na cabine de seu
Suburban por uns bons dez minutos antes de começar a abrandar o beijo e se afastar.
— Preciso entrar e ver a vovó — digo a ele quando meus olhos finalmente se
abrem e encontro os seus.
— Sim. — Sua voz é profunda, e o som dança em toda a minha pele, me fazendo
querer rastejar em seu colo e beijá-lo novamente. — Nós devemos ir.
— Nós devemos. — Eu aceno de acordo, mas nenhum de nós se move para
afastar ou sair. Apenas ficamos lá, olhando nos olhos um do outro. Finalmente
controlo minha respiração, junto com meu coração, e mesmo não querendo, eu solto
meu aperto em sua camisa e me inclino para trás. — Devemos ir. Eu quero ter certeza
que ela coma — digo, e ele balança a cabeça, soltando minha mão.
Agarrando minha bolsa, abro a porta e salto para fora, e quando alcanço o para-
choque traseiro, ele está lá, estendendo a mão para mim. Eu pego-a e levo-o para
dentro até a recepção, para que eles possam liberar nossa entrada.
Assim que passamos pelo corredor até o quarto da vovó, nós dois entramos ao
mesmo tempo para encontrá-la sentada na cadeira com uma bandeja de comida com
a tampa ainda cobrindo-a.
— Ei, vovó — chamo, e seus olhos vêm até mim e ela pisca. E pela primeira vez
em mais de uma semana, eu recebo um curto sorriso. — Este é meu amigo Colton —
digo a ela enquanto tiro o casaco e deixo-o cair na cama, junto com minha bolsa.
— Prazer em conhecê-la, senhora — diz Colton, e ela olha para ele e sorri
novamente. Lágrimas de alívio e felicidade começam a encher meus olhos, mas não
as deixo cair. Em vez disso, eu puxo a tampa da bandeja para ver que a refeição de
hoje consiste em purê de batatas, milho cortado, e o que se parece com bolo.
— Você não comeu nada. Não está com fome? — pergunto, puxando uma
cadeira ao lado dela e pegando os talheres do lado da bandeja.
— Eu poderia comer — diz ela, e mais alívio me inunda quando ela pega a colher
da minha mão. Sentindo Colton puxar outra cadeira perto, eu sento lá e a vejo dar
uma mordida e depois outra.
— Como você se sente hoje? — pergunto a ela depois que ela toma um gole do
copo de suco de maçã na bandeja.
— Ok, eu acho, mas ainda gostaria que eles pudessem me deixar sair da prisão.
Eu não fiz nada de errado. Não sei por que eles estão me mantendo em cativeiro.
— Vovó, isto não é a prisão. — Sinto-me culpada, porque é uma prisão, ainda
que não seja. — Você está no Morning Point Nursing Home — explico delicadamente,
e ela olha para mim, em seguida, ao redor do quarto. Posso ver as rodas girando, mas
sei que ela ainda não entende quando olha para mim confusa.
— Por quê?
— Eu... — Minhas palavras são interrompidas quando um homem negro e alto,
de boa aparência, usando uniformes e tênis entra no quarto.
— Desculpe, eu não sabia que a senhora Ricci tinha companhia — diz ele,
parando apenas dentro da porta e atravessando o quarto. — Eu vim para ajudá-la a
comer, mas vejo que já começaram a fazer isso.
— Sim, desculpe — digo a ele, e ele sorri.
— Não se preocupe. Tudo bem. — Ele me dá um sorriso fácil. — Eu sou Stan.
Sou um dos ajudantes que trabalha aqui. Acabei de me transferir para a noite.
— Prazer em conhecê-lo, Stan. Sou Gia, a neta dela. E este é Colton —
apresento, e ele levanta o queixo na direção de Colton.
— Você planeja ficar aqui por um tempo? — pergunta, e aceno mais uma vez.
— Legal, basta pressionar a campainha na parede e eu venho recolher a bandeja
quando ela terminar de comer.
— Sim, obrigada novamente.
— Não tem problema. — Ele sorri para mim, em seguida, olha para avó. —
Aproveite a sua visita — diz ele a ela antes de sair.
— Ele parece ser legal. — Sorrio para avó, e ela dá de ombros.
— Ele é bom o suficiente… para um guarda da prisão — murmura ela antes de
dar outra mordida, e ainda que eu saiba que não é bom, eu ainda rio.
— Sua avó parecia bem esta noite — diz Colton duas horas depois, quando ele
abre a porta para eu entrar na cabine de seu Suburban.
— Ela parecia — concordo, pensando ser um eufemismo. Após sentarmos com
ela enquanto ela comia, nós a levamos para um passeio em torno do edifício, e então
eu a ajudei com seus pijamas antes de levá-la para cama. Sim, ela ainda achava que
estava na prisão quando saímos, mas estava falante e alerta o tempo todo que
estivemos lá. Foi uma grande mudança de ontem, quando pensei que certamente eu
receberia uma ligação de que ela faleceu repentinamente.
— Você se sente melhor agora? — pergunta ele, deslizando atrás do volante, e
viro a cabeça para olhar para ele depois de colocar o cinto de segurança.
— Sim, eu precisava vê-la assim — admito, e seu rosto suaviza.
— Estou feliz que você teve isso, então — diz ele, ligando o motor e saindo do
estacionamento.
Ouvindo o meu estômago roncar, eu cubro-o com a mão. — Estou faminta.
— Uau, ela está com fome — murmura ele, e bato no peito dele com a palma da
minha mão levemente.
— É difícil pensar em comida quando se está preocupada com a família.
— Você está certa. — Ele se estica e descansa a mão no meu colo. — Que tal
parar e pegar uma pizza para levar para casa?
— Isso soa bem, mas em algum momento, eu precisarei começar a cozinhar
novamente. Se eu continuar comendo desse jeito, ganharei dez quilos — murmuro,
olhando para o meu celular para me certificar de que não perdi nenhuma ligação.
— Eu gosto de tudo isso. — Ele aperta minha coxa. — E se você ganhar mais
peso, eu gosto de todos eles também — diz ele, e meu estômago mergulha em uma
boa maneira. — Ainda assim, você está certa. Podemos ir amanhã fazer compras no
supermercado quando sairmos do trabalho.
— Você não trabalha amanhã à noite? — pergunto, lembrando de olhar a
programação e ver que ele trabalha na maioria dos dias das quatro até o fechamento.
— Mudei turnos com o meu pai esta semana para que eu pudesse estar por
perto caso você precisasse de mim. — Ele dá de ombros como se não fosse grande
coisa, quando não é apenas um grande negócio, mas enorme.
— Agora você está tornando difícil eu não beijá-lo — digo a ele honestamente.
— Não vou impedi-la — rosna ele enquanto um sorriso se espalha por seus
lábios. — Mas diga apenas que você pode esperar até eu chegar em casa, então não
terei que me afastar para entrar e pegar a nossa pizza.
— Certo — digo, e sua mão na minha coxa aperta antes de me liberar para pegar
o telefone e entregá-lo a mim.
— Faça o nosso pedido. O número está sob Bob Pizza — instrui.
— Que tipo de pizza?
— O que você quiser, contanto que não tenha frutas.
— Você quer dizer abacaxi? — pergunto, e ele sorri.
— Sim, como abacaxi. Eu não como fruta na minha pizza.
— Você está louco? — falo pasma, e ele olha para mim, sorrindo.
— Suponho que você gosta de comer frutas em sua pizza.
— Você não pode comer pizza sem — digo a ele honestamente.
Ele ri. — Peça metade do que quiser e meia de carne.
— Pizza de carne. Você poderia ser mais como um cara? — provoco, rindo e
deslizando através de seus contatos para o número de Bob Pizza. Uma vez que eu o
encontro, aperto Ligar, então encomendo uma pizza grande, meio carne, meio
Havaiana. E uma vez que só nos leva cerca de cinco minutos para chegar lá, passamos
quinze minutos nos agarrando no estacionamento antes que ele tenha que correr e
pegá-la.

~ ** ~

Ouvindo o meu telefone tocar no bolso de trás da minha calça jeans na manhã
seguinte, eu largo o pano na minha mão no topo da mesa que estou limpando e pego.
O número não é um que reconheço, mas é local, então eu deslizo o dedo pela tela e o
levo ao meu ouvido.
— Olá — respondo.
— Senhorita Caro, é Detetive Preston.
— Oi, Detetive. Como você está? — pergunto, olhando para Colton quando sinto
seus olhos em mim.
— Bem, obrigado por perguntar — diz ele enquanto Colton caminha para mim.
— Eu queria que você soubesse que Chad deve estar em contato com você em algum
momento esta tarde para lhe dar instruções sobre como proceder para entrar em sua
casa e recuperar seus pertences.
— Essa é uma grande notícia — digo, me sentindo aliviada por finalmente ser
capaz de obter algumas das coisas da vovó para ela.
— Eu realmente aprecio você cooperar conosco. Se você tiver dúvidas sobre o
que está acontecendo com o caso, pode ligar para este número.
— Sim. Obrigada novamente, Detetive. Tenha um bom dia.
— Igualmente, senhorita Caro. — Ele termina a chamada e coloco meu telefone
no bolso, sentindo alívio, mas ainda desconfortável.
— O que ele disse? — pergunta Colton, cruzando os braços sobre o peito
enquanto pego o pano de limpeza e começo a esfregar a mesa novamente.
— Ele disse que Chad deve me ligar esta tarde com instruções sobre como
proceder para pegar as coisas da casa.
— Isso é uma boa notícia — diz ele, me estudando.
— É uma boa notícia — concordo, terminando de limpar a mesa e passando
para a próxima.
— Então, se é uma boa notícia, porque você não parece feliz com isso?
— Ele não me disse que o meu nome está limpo — admito.
— Você não fez nada de errado. Você passou no teste do polígrafo. Certeza que
tudo acrescenta a seu nome sendo liberado, Covinhas.
— Isso tudo pode ser verdade, mas ele não disse isso, então não sei se está ou
não.
— Ligue para ele.
— O quê? — Paro o que estou fazendo para olhar para ele.
— Se você está preocupada com isso, ligue para ele e pergunte se seu nome está
limpo.
— Não posso fazer isso. — Balanço a cabeça e caminho até a próxima mesa,
pulverizando-a e limpando-a.
— Por que não? — questiona ele, parecendo confuso, e solto um huff irritado.
— Porque então eu vou parecer desconfiada.
— Como na terra você vai parecer desconfiada se lhe perguntar se o seu nome
está limpo?
— Nunca leu um livro ou assistiu a um filme? A pessoa que normalmente é
culpada é a pessoa que está sempre tentando fingir que é inocente.
— Querida, você é inocente — rosna.
— Eu sei disso — rosno. — É por isso que não posso simplesmente perguntar.
Eu preciso esperar até que me diga o que está acontecendo.
— São onze horas — diz ele do nada, e sinto minhas sobrancelhas juntarem.
— E? — pergunto, imaginando o que deveria significar.
— Você me disse que não posso te beijar enquanto estamos trabalhando.
— Você não pode — confirmo, movendo-me em torno da mesa para que fique
entre nós. — Absolutamente sem beijos no trabalho. — Fiz essa regra ontem de
manhã, quando chegamos ao bar. Não há muito que eu possa fazer sobre seus pais
sabendo sobre isso que está acontecendo entre nós, mas ainda posso protegê-los de
ter que testemunhar em primeira mão.
— Você está chateada e fofa, o que está me fazendo querer beijá-la.
— Colton — advirto quando ele começa a rodear a mesa.
— Que tal se eu levá-la para fora?
— Você não pode fazer o que quer. Preciso trabalhar, e você também.
— Não posso acreditar que concordei com esta regra maluca — murmura ele,
parecendo tão irritado como ele soa, e sorrio para ele. — Não sorria para mim desse
jeito.
— Vou parar — minto através do meu sorriso, e seus olhos caem para a minha
boca.
— Cristo. — Ele se vira e vai embora dizendo, sem olhar para mim. — Eu tenho
merda para fazer. Estarei no escritório.
— Eu estarei aqui — grito em suas costas, ainda sorrindo quando ele balança
a cabeça e desaparece no escritório. Voltando a limpar as mesas, eu ainda tenho um
sorriso no rosto.
Terminando com a limpeza mais de duas horas depois, eu largo meu material
de limpeza no escritório, em seguida, olho para o relógio na parede e vejo que já passa
das duas. Colton saiu há cerca de vinte minutos para ir ao depósito pegar alguns
suprimentos, e também para pegar algum sanduíche que ele disse que é bom. Não
estou com fome, desde que comi duas tigelas de cereal no café da manhã, mas isso
não o impediu de insistir que eu comesse algo. E sabendo quando escolher minhas
batalhas, eu não lutei com ele sobre isso.
Atrás do bar, eu sirvo uma Coca diet para mim e tomo um gole. Ergo minha
cabeça quando a porta se abre, esperando ver Colton, e minha coluna fica reta quando
vejo que não é ele. Em vez disso, é Lisa, vestindo calças e uma blusa de seda amarela,
com um blazer que combina com suas calças. Tirando os olhos dela, eu observo as
duas outras mulheres com ela. Uma delas é loira, com o mesmo corte e estilo que
Lisa, usando um colete sobre uma camisa jeans com calça jeans escura e botas. E a
outra, uma morena com um short curto vestindo um casaco de cor verde-exército com
jeans e sapatilhas pretas.
Assim que Lisa me vê no bar, ela vem em minha direção com as duas mulheres.
Nem mesmo perguntando por que estão aqui, eu sei por que elas estão aqui. Posso
ver na maneira maliciosa que Lisa olha para mim e a forma como as meninas estão
flanqueando-a em ambos os lados.
— Colton está aqui? — pergunta Lisa quando chega ao bar.
— Não — respondo e pergunto —, posso pegar algo para vocês beberem?
— O que está acontecendo entre você e Colton? — pergunta a morena, me
olhando de uma maneira que eu sei que ela está me avaliando.
— Acho que isso não é da sua conta — digo a ela, honestamente, então olho
para as três. — Vocês vão beber alguma coisa?
— Você está saindo com ele? — pergunta a loira.
— Todo mundo tem visto vocês dois em torno da cidade — coloca Lisa. — Muito
elegante se agarrar com ele em plena luz do dia.
— Você parece com ciúmes — digo, e seus olhos brilham com raiva, em seguida,
preenchem com o que só pode ser descrito como piedade.
— Não estou com ciúmes. Ele é meu. Sempre foi meu. Estamos juntos desde
que tínhamos quinze anos, e quando ele superar isso, nós ficaremos juntos
novamente. Até mesmo a mãe dele vem tentando nos unir novamente.
Olhando para ela, eu sei que ela realmente acredita nisso. Ela acha que Colton
acabará superando o que ela fez e voltará para ela. Pelo que sei, ele poderia, mas eu
realmente duvido. O dano que ela fez não pode ser reparado. Quanto a Rose, não sei
o que ela pensa.
— Vocês vão beber alguma coisa? — repito minha pergunta anterior, e as três
olham uma para a outra, em seguida, sentam nas banquetas em frente de mim.
— Cada uma de nós terá uma água — ordena Lisa, e puxando três copos, encho-
os com gelo e trago a pistola de refrigerante, enchendo os copos com água.
Empurrando os copos cheios em direção a elas, estou meio tentada a derrubá-los.
Mas não faço, porque isso seria rude, e realmente não sinto vontade de limpar a
bagunça que isso causaria.
— Como está sua avó? — pergunta a amiga loira de Lisa, fazendo meus já tensos
músculos apertar quase dolorosamente. — Ouvi dizer que ela não está bem na cabeça.
— Eu ouvi que você só veio à cidade para obter o dinheiro dela, e quando não
funcionou, você tentou matá-la, colocando fogo na casa dela — diz a morena, e minhas
mãos enrolam em punhos.
— Vocês precisam sair agora — rosno, pronta para saltar por cima da barra.
— Eu acho que Rose desaprovaria você falando para clientes pagantes assim —
diz Lisa com um sorriso. — Na verdade, quando eu sair daqui, vou me certificar de
ligar e avisá-la quão rude você foi com a gente.
— Ligue agora — sugiro, e seus olhos se estreitam antes de todas se levantarem
ao mesmo tempo, como um desempenho bem planejado.
— Este será meu primeiro e último aviso — zomba Lisa, derrubando os três
copos cheios, fazendo a água se espalhar para todos os lugares e os copos caírem do
bar, quebrando aos meus pés. — Fique longe de Colton.
— Será meio difícil fazer isso, desde que eu moro com ele — digo a ela; seu corpo
se sacode e surpresa enche seus olhos. Eu nem sequer tenho em mim algo para me
sentir mal por ela, já que ela é uma vadia. Mas ainda acho que deveria ter guardado
essa informação, porque ela é, obviamente, louca.
— Vamos, Lisa. Vamos sair daqui — diz a morena, pegando o braço de Lisa e
arrastando-a para a porta, com a outra amiga seguindo junto com elas.
Espero até que a porta se feche para sugar uma lufada profunda do ar. Nem
sequer percebo que eu não respirava até então. Lágrimas queimam a parte de trás
dos meus olhos, mas seguro-as e me inclino, descansando as mãos sobre os joelhos
e tentando me acalmar. Meus nervos esfriam e meu corpo se sente como um fio, como
se eu tivesse bebido muito café. Rangendo os dentes, eu luto contra o desejo de ligar
para Colton e dizer o que aconteceu. Não quero preocupá-lo, ou fazê-lo ter que pensar
em Lisa ou lidar com ela. Especialmente, quando eu sei que é exatamente o que ela
quer.
— Gia. — Minha cabeça levanta quando ouço Colton chamar meu nome, e o
vejo vir para mim com os olhos cheios de preocupação. — O que aconteceu? —
pergunta, olhando para mim, em seguida, a confusão de vidro quebrado e água aos
meus pés.
— Nada — digo com voz trêmula, observando-o colocar um saco em cima do
bar. — Você me conhece. Eu sou desajeitada.
Seus olhos estreitam. — Diga o que aconteceu e por que você parece ter visto
um fantasma.
— Não aconteceu nada. — Eu o dispenso. — Como eu disse, foi um acidente. —
Agarro a lata de lixo de debaixo do balcão e coloco-a no meio do chão, em seguida, me
movo em direção ao escritório para pegar a vassoura e pá.
— Por favor, não minta para mim — diz ele suavemente, envolvendo seus dedos
ao redor do meu pulso para me impedir de sair.
Virando para olhar para ele, eu engulo o repentino nó na minha garganta. —
Não estou mentindo — afirmo, e seus olhos se fecham. — Por favor, deixe-me ir limpar
essa bagunça — sussurro, e seus olhos se abrem, então ele abaixa a cabeça e toca a
testa e lábios nos meus em um toque suave que me faz querer enrolar-me nele e dizer
tudo o que aconteceu com Lisa e sua turma.
— Deixe os cacos. Vou limpar — ordena ele, soltando-me, e solto uma
respiração aliviada.
— Coma seu almoço. Eu sei que você está com fome. Posso limpar isso.
— Eu não vou deixar você limpar esses cacos. Apenas pegue algumas toalhas
lá trás. — Ele instrui enquanto se dirige em direção ao escritório.
Parada lá, eu o vejo desaparecer antes de ir ao armário pegar uma pilha de
toalhas de bar, juntamente com o esfregão e o balde. Leva um tempo para limpar
todos os cacos e a água, e posso dizer que Colton está frustrado e irritado, mas ele
não me pergunta novamente o que aconteceu.
O que eu sei que é pior do que ele me perguntar uma e outra vez.
Capítulo 8
Caindo rápido

GIA

— Gia, eu posso falar com você por um minuto? — pergunta Rose, apontando
a cabeça na porta do escritório.
Encontrando seu olhar, eu abaixo meu material de limpeza. Esta manhã, Colton
não me trouxe ao trabalho como fizera todos os dias durante a semana passada. Ele
disse que precisava cuidar de algumas coisas, então ele me deu as chaves do bar e
instruções sobre como proceder para desligar o alarme e rearmá-lo uma vez que eu
estivesse lá dentro. Também me disse que sua mãe estaria aqui antes de abrir para
que eu não estivesse sozinha.
Não perguntei o que tinha que fazer, mas eu poderia dizer que o que quer que
fosse, o aborrecia, o que por sua vez me preocupou. Ele não trouxe o que aconteceu
novamente, mas sei que ele ainda não esqueceu, porque as coisas entre nós pareciam
diferentes na noite passada e esta manhã. Sim, ele me beijou depois que eu cheguei
em casa da visita à vovó e antes de ir para a cama na noite passada, mas foi só um
beijo suave nos lábios. E esta manhã, quando ele saiu para fazer o que precisava fazer
foi o mesmo, apenas um toque rápido de seus lábios nos meus. Nada mais. E
totalmente oposto aos beijos tórridos que compartilhamos nos últimos dias.
Sacudindo a preocupação na boca do estômago, eu rapidamente lavo as mãos
e limpo-as em um dos trapos do bar antes de pendurá-lo na borda da pia sob o balcão.
— O que foi? — pergunto, entrando no escritório, encontrando Rose sentada à
mesa com seu laptop na frente dela.
— Sente-se, querida. — Ela faz um gesto para a cadeira à beira da mesa.
Tomando um assento, eu descanso minhas mãos no meu colo e estudo o perfil dela,
notando que ela parecia triste.
— Está tudo bem? — pergunto silenciosamente após uns minutos, e sua
mandíbula aperta enquanto gira o laptop em minha direção. Vendo a imagem
congelada na tela, meu estômago cai. É o momento em que Lisa empurrou os copos,
exatamente antes de caírem no chão.
— Colton pediu que eu olhasse as fitas de vídeo ontem. Ele disse que você
parecia assustada quando ele voltou aqui depois de pegar almoço de vocês. Ele estava
preocupado. Ele queria ter certeza de que se alguém estivesse incomodando-a, nós
saberíamos quem eram, então poderíamos impedir que isso acontecesse novamente.
Pensei que ele estava apenas sendo superprotetor, por isso não verifiquei as fitas
imediatamente. Vejo agora que deveria ter verificado mais cedo.
Eu não sabia que havia câmeras no bar, mas deveria ter adivinhado.
— Eu...
— Por que você não nos contou o que aconteceu? — Levanto meus olhos para
os dela, sem saber como responder a pergunta, sem saber o que dizer a ela. — Gia,
isso não é certo. — Ela aponta para o computador. — Nem mesmo um pouco certo.
— Eu sei. — Torço minhas mãos no meu colo, abaixando os olhos para o topo
das minhas coxas.
— Querida, por que você não falou pelo menos comigo? — pergunta, soando
preocupada.
— Eu deveria ter dito algo, mas eu não queria dar o que ela queria.
— O que ela disse para você?
Levantando os olhos, eu mordo o interior da minha bochecha. — Nada.
— Eu posso dizer pelo olhar em seu rosto no vídeo que tudo o que ela disse te
chateou, então não minta para mim — repreende gentilmente, fechando a tampa do
laptop. — E não diga que nada aconteceu, porque há uma parte no vídeo que eu posso
dizer que você queria saltar sobre o bar para alcançá-la.
— Ela falou sobre a minha avó — admito, e a raiva enche seus olhos.
— É tudo o que ela fez?
Dando de ombros, murmuro: — Ela me disse para ficar longe de Colton, que ele
é dela. Que você tem tentado fazê-los voltarem.
— Colton falou com você sobre o que aconteceu com ele? — questiona, e aceno
a cabeça, observando seus ombros caírem. — Quando ela terminou com ele, eu
entendi o motivo. Entendi que o futuro que eles planejaram foi rasgado e que ela
estava com medo do desconhecido, medo de estar com um homem que nunca mais
voltaria a andar. Eu entendi isso, porque estava subitamente confrontada com a
realidade que o meu menino nunca poderia andar e que as coisas com ele poderiam
nunca ser as mesmas novamente. — Ela puxa uma respiração, então solta. — Eu
deveria ter percebido que o que ela fez foi errado de uma maneira que nunca seria
certo. Se ela realmente amasse o meu filho como disse que amava, ela o aceitaria
inteiro ou partido. Parte disso é culpa minha — sussurra ela no fim, e vejo lágrimas
em seus olhos. — Não pensei no que disse a ele quando ela o deixou durante um
tempo, quando ela deveria ter permanecido ainda mais perto. Eu só queria que tudo
voltasse à forma como deveria ter sido. Eu queria estar certa que o meu menino ainda
poderia ter o futuro que planejou.
— Rose — choramingo, vendo as lágrimas agora caindo livremente de seus olhos
e escorrendo pelo rosto.
— O pai de Colton estava chateado comigo por tentar juntá-los, mas não entendi
porque até que você se mudou para a cidade, quando ele me perguntou… — Suas
palavras terminam em um soluço que me mata de ouvir.
Retirando alguns lenços da caixa sobre a mesa, eu entrego a ela, em seguida,
deslizo minha mão pelo seu braço, tentando confortá-la de alguma forma.
— Ele… ele me perguntou se eu fosse baleada e perdesse o uso das minhas
pernas? Como eu me sentiria se ele me dissesse que não podia ficar comigo porque
não podia lidar com a ideia de eu nunca andar novamente? Então o que eu faria se
eu recuperasse o uso das minhas pernas e de repente ele voltasse, querendo que as
coisas voltassem a ser como eram? — Ela termina com outro soluço, e vacilo em
resposta. — Quando ele me explicou assim, eu finalmente entendi. — Ela funga, e
pergunto-me o que devo dizer, o que eu poderia fazer para aliviar sua dor. — Eu
entendo agora, e sei que errei de até mesmo falar com ela.
— Você estava fazendo o que achava que era certo para Colton — conforto
calmamente, e ela balança a cabeça em negação.
— Eu estava fazendo o que era certo para mim. Eu não queria lembrar o que
aconteceu. Queria fingir que tudo estava igual. — Ela está certa sobre isso, mas eu
não disse nada. Apenas esperei ela parar chorar. — Sinto muito por despejar tudo
isso em você.
— Está tudo bem — asseguro a ela, e pergunto: — Você está bem?
— Melhor agora. — Ela limpa sob os olhos. — Eu acho que precisava tirar isso
do meu sistema — diz ela, dando-me um sorriso aguado. — Deixarei claro para Lisa
que a partir de agora ela não é permitida mais aqui.
— Não quero causar nenhum problema — digo a ela honestamente. — Lisa já
tem algo contra mim, então eu realmente não quero dar-lhe mais uma razão para me
odiar.
— A vinda dela aqui para perturbar você é o problema, querida. E Colton deixou
claro que ele não quer estar perto dela também, por isso não faço isso só por você.
Faço isso pelo meu filho.
— Ok — concordo, embora uma parte de mim não queira dar a Lisa a satisfação
de saber que ela afetou minha vida ou a de Colton, de qualquer maneira.
Estendendo as mãos, ela segura a minha no meu colo. — Meu filho se preocupa
muito com você.
— Eu...
— Não vou dizer a ele o que vi no vídeo, mas eu acho que você deveria falar com
ele sobre o que aconteceu — insiste, e eu engulo, levantando meu queixo e deixando-
a saber que a ouvi. — Você pode confiar nele.
— Vou falar com ele — concordo, pensando que não é exatamente uma mentira,
uma vez que eu falarei com ele. Apenas não sei quando farei isso.
— Bom. — Ela libera as minhas mãos. — Vá. Eu sairei assim que terminar este
pedido.
Com um aceno de cabeça, levanto-me e fecho a porta, deixando-a no escritório.
Servindo-me uma xícara de café, eu misturo creme e duas colheres de açúcar, em
seguida, inclino-me com os cotovelos sobre a superfície de madeira brilhante do bar
enquanto tomo um gole da caneca em minhas mãos. Ainda tenho um pouco de
limpeza para terminar, mas nada que não possa esperar.
Tomando outro gole, eu assisto a porta abrir e Colton entrar, parecendo tão
incrível quando parecia esta manhã. Seu cabelo cresceu nas últimas semanas, ficando
grande o suficiente para segurar quando ele está me beijando. E hoje faz três dias que
ele está sem barbear, de modo que seu maxilar está coberto por uma camada espessa
e escura de barba, que é quando eu o acho mais bonito. A camisa xadrez de botão que
ele está usando em tons creme, vermelhos e marrons acentua seus olhos e a bonita
aparência rústica dele.
Endireitando-me no balcão quando vejo o olhar em seus olhos, eu pergunto: —
Está tudo bem?
Ele não responde minha pergunta. Em vez disso, seus olhos encaram os meus
como se procurasse algo enquanto se aproxima. Tirando a caneca de café das minhas
mãos assim que me alcança, ele inclina a cabeça e me beija. Forte. Profundo. E muito,
muito molhado. Assim que acaba o beijo, ele me abraça.
— O que eu te disse sobre me beijar? — pergunto, sem fôlego, olhando para ele
e lamentando essa pergunta quando o vejo irritado. Na verdade, não irritado. Ele
parece furioso.
— Eu fui ver Tide esta manhã. A ex dele é amiga de Brittany. — Ele me informa
em silêncio, e eu olho para ele, imaginando quem é Brittany. — Brittany disse a Anna
sobre vir aqui para confrontá-la com Lisa.
Ah Merda.
— Sim, querida — concorda ele com o olhar na minha cara, e seus braços me
apertam. — Você deveria ter me contado o que aconteceu, Gia.
— Eu...
— Você deveria ter falado comigo. — Ele me corta. — Eu disse que se essa vadia
viesse aqui, você deveria me dizer.
— Eu... — tento novamente, mas paro quando ele me dá um aperto que empurra
o ar dos meus pulmões.
— Você não falou comigo.
— Eu...
— Essa merda não está bem. — Ele me corta de novo.
— Pare de me interromper e me deixe falar! — estalo, ficando irritada com ele e
saindo de seu abraço. — Eu não queria te dizer por que sabia que era exatamente o
que ela queria que eu fizesse. Ela queria que eu corresse para você para que você
desse a ela o que ela queria, que é qualquer tipo de atenção que pudesse conseguir.
Então, sim, talvez eu devesse ter dito o que aconteceu, mas não sinto muito por não
ter dito. Ela não merece ter mais nada de você, nem mesmo você pensar em quão
cadela ela é.
— Você estava tentando me proteger? — pergunta ele, e dou de ombros,
observando seu rosto suavizar, em seguida, sua cabeça inclina para a minha.
— Sua mãe está aqui — advirto, e talvez a mim também.
— Não vou te beijar, Gia.
— Bom — murmuro, me sentindo um pouco desanimada.
Deslizando a mão ao redor da minha cintura, ele desliza-a até que polegar
descansar sob o meu peito. — Não vou te beijar agora. Vou esperar até chegarmos em
casa para fazer isso. Então eu farei um monte de outras coisas com você — adverte,
e todo o meu corpo formiga enquanto minha respiração se torna superficial.
— Acho que precisamos de outra regra — digo a ele, agarrando sua camisa para
não cair.
— Qual?
— Você não pode dizer coisas assim para mim quando estamos trabalhando.
— Tecnicamente, não estou no trabalho. — Seu polegar varre para cima,
fazendo meus joelhos enfraquecerem.
Inclinando a cabeça, seus olhos encontram os meus. — Eu tenho uma regra.
— Qual? — pergunto, sem fôlego, querendo abraçá-lo e beijá-lo.
— Toda vez que esconder algo de mim, você ganha uma palmada.
Oh Deus. A ideia dele me espancar não deveria me fazer querer pular nele, mas
isso é exatamente o que eu quero fazer.
— Colton — assobio, e ele traz o rosto ainda mais perto do meu, fazendo seu
fôlego sussurrar em meus lábios.
— O que ela fez com você não está bem. O que ela disse para você não está bem.
Você deveria ter me contado o que aconteceu para que eu pudesse...
— O quê? — pergunto, me afastando e cortando-o desta vez, a raiva de mais
cedo voltando rapidamente. — O que você teria feito? Teria ido atrás dela e a
confrontado?
— Eu teria deixado claro que você está fora dos limites, exatamente como fiz
esta manhã depois que eu falei com Tide.
— Então você foi e a viu? — questiono, me sentindo enjoada de repente. O ciúme
é uma emoção nova para mim, mas isso é exatamente o que sinto quando penso nele
ficando em qualquer lugar perto dela – puro ciúme.
— Eu não a vi. Falei com o pai dela. Eu disse a ele o que vem acontecendo no
último par de semanas. Não sei se vai ajudar, mas sei que ele dizer que vai parar de
bancá-la pode finalmente alcançá-la. Ele paga o apartamento e o carro dela. Ele me
disse que se ela não parar o que vem fazendo, ele deixará as coisas desconfortáveis
para ela, até que ela puxe a cabeça para fora de sua bunda.
— Você realmente acha que o pai dela faria isso com ela? — pergunto em dúvida.
Meu pai não faria isso por mim, e nós nem sequer tínhamos o melhor relacionamento.
— Como um dos únicos juízes na cidade que quer ser eleito para prefeito no
próximo ano, o pai dela tem uma imagem a defender. Eu duvido que ele queira a
notícia de mais teatralidade de sua filha, especialmente quando esse teatro tem a ver
com ela assediando você e eu.
— Por que importa o que ela faz comigo?
— Aquele clube do livro que Nina faz parte é cheio de mulheres que moram
nesta cidade há muito tempo. A maioria delas são parte do conselho da cidade. Todas
têm falado sobre você e o fato de ter vindo até aqui para cuidar de sua avó doente.
Somente por causa disso, elas têm um ponto fraco por você. Para não mencionar, a
maioria delas sabe minha história e sabem porque Lisa e eu não estamos mais juntos.
Elas são da velha escola, mulheres que ficam com seu homem no ruim e no bom, que
já cansaram de Lisa. Se elas pegarem no vento que ela está perturbando você, o pai
de Lisa não será reeleito para um novo mandato, e ele definitivamente não vai se
tornar prefeito, que é o que ele quer mais do que fazer sua filha feliz, suportando as
besteiras dela.
— Política em uma cidade pequena — digo, pensando se ele estava certo de ir
até ao pai dela pelo que ela fez. Não que ela tenha feito muito, mas com tudo o que
está acontecendo, ela só adicionou mais estresse e ansiedade. — Espero que ajude.
A mão dele aperta meu peito.
— Espera que o que ajude? — pergunta Rose, me fazendo pular. Eu esqueci
completamente que ela estava aqui. Então, novamente, esqueço que o mundo existe
além de Colton quando ele está perto de mim.
— Falei com o pai de Lisa — diz Colton a ela, e seus olhos me encontram.
— Ele sabe — continuo. — Alguém chamada Brittany disse a alguém chamada
Anna, que disse a Tide, que disse a ele.
— Entendi — murmura Rose, olhando de mim para Colton. — O que William
tem a dizer sobre tudo isso?
— Disse que ia falar com Lisa e garantir que ela pare.
— Isso é uma boa notícia.
— É — concorda Colton. — Vamos esperar que funcione desta vez. Se não, Gia
colocará uma ordem de restrição contra ela.
— O quê? — pergunto, horrorizada, e ele abaixa a cabeça para olhar para mim.
— Se ela não parar, esse é o nosso próximo passo.
— Não acho que isso é necessário. Ela não me machucou ou realmente me
assediou. Está apenas tentando me usar como uma maneira de chegar até você.
— Isso pode ser verdade, mas não assumirei nenhum risco. Se ela não parar
depois da conversa do pai dela, vamos à delegacia para registrar uma ordem de
restrição contra ela, assim ela não terá escolha, a não ser deixá-la em paz.
— Colton. — Balanço a cabeça para o quão ridículo ele está sendo sobre isso.
— Isso é um absurdo.
— Não é.
— É — discordo, apontando o dedo para seu peito enquanto luto contra o
impulso de bater o pé para enfatizar o meu ponto. — Isto não é grande coisa, e ela
não me fará parecer uma louca, quando ela que é a louca.
— Ela é louca, e é por isso que eu preciso saber que você está segura.
Olhando em seus olhos, eu me pergunto se algo assim já aconteceu, mas antes
que eu possa perguntar, ouço um sonoro: — Yo! — Rugido através do bar.
Olhando além do ombro de Colton em direção à porta, eu assisto Tide entrar
vestindo jeans desgastados que parecem sujos do trabalho, uma camisa térmica azul
marinho sob uma jaqueta jeans de cor bege, com seus óculos de sol empurrado em
cima da cabeça, mantendo o cabelo loiro afastado do rosto enquanto carrega uma
menina em seu quadril. Sem sequer perguntar se ela é filha dele, eu sei que é, uma
vez que são tão parecidos, embora ela tenha apenas três anos. Seu cabelo loiro, a
mesma cor que do pai, está em duas tranças irregulares, e seus grandes olhos azuis
são do mesmo tom que o dele. A primeira vez que vi Tide, eu o achei bonito, mas
olhando para ele vindo em nossa direção segurando muito gentilmente a menina, ele
não é bonito, ele é algo mais, o que até eu mesma posso apreciar embora tenha tudo
o que é Colton.
— Tio Colton. — A menina acena com a mão freneticamente, acertando o queixo
de Tide duas vezes antes que ele segure seu pequeno pulso e beije a palma. Dizendo
alguma coisa para ela que não posso ouvir, ele para e se curva, colocando-a no chão.
Assim que está em seus pés, ela corre até nós, ficando fora da vista por um segundo,
quando contorna a borda do bar. Em seguida, ela reaparece, ainda correndo
diretamente para Colton.
— Ei, punkin — cumprimenta Colton, pegando-a e beijando seu rosto.
Ok, sim, Tide segurando uma menina é definitivamente uma visão. Mas Colton
segurando-a e sorrindo como se ela fosse a coisa mais fofa que já viu na vida é o
suficiente para fazer meus ovários explodirem no local.
— O que você está fazendo aqui? — pergunta, e ela sorri, um adorável sorriso
banguela para ele.
— Papai teve que me trazer para trabalhar com ele — diz ela, antes de olhar
para Rose e perguntar: — Posso ter um refrigerante, Nana Rose?
— Anjo, você não pode beber refrigerante — corta Tide do outro lado do balcão,
depositando sobre ele uma grande mochila com rosa e margaridas roxas.
— Mamãe me permite — diz ela com uma careta, e a mandíbula de Tide aperta.
— Eu sei, anjo, mas você ainda não pode ter um refrigerante. Que tal um pouco
de suco?
— Eu quero refrigerante. — Ela geme, e sei o que está vindo quando a vejo
tremer o queixo e enrolar as pequenas mãos em punhos. Tendo trabalhado com
crianças de sua idade antes, eu sei que se não fizermos algo agora, ela provavelmente
começará a chorar e, possivelmente, lançar-se no chão para conseguir o que quer com
um acesso de raiva.
— Você já teve suco de sereia? — pergunto, e ela olha de seu pai para mim. Ela
balança a cabeça antes de descansar no ombro de Colton naquela maneira bonita que
as crianças fazem quando estão tímidas. — Sério? — Alargo os meus olhos como se
não pudesse acreditar que ela nunca provou, quando neste momento eu sequer sei o
que é um suco de sereia é ou o que vou misturar para ela, tudo o que sei é que não
quero que ela chore. — Você precisa experimentar. É delicioso e mágico.
— Mágico? — Ela chia, estudando-me, e exagero balançando minha cabeça.
— Sim, mágico. — Eu me inclino mais perto e me levanto na ponta dos pés para
sussurrar no ouvido dela. — Ele a deixa invisível.
— Invisível? — Ela respira com os bonitos olhos arregalados.
— Sim. Quer provar um?
— Ok. — Ela levanta a cabeça para sorrir para mim, e meu coração derrete no
local.
— Um suco de sereia saindo. — Sorrio enquanto vou ao freezer sob o bar, onde
eu oro para encontrar algo que ela possa beber. Agarrando o jarro de suco de abacaxi,
coloco um pouco em um copo, adiciono gelo e um pouco de água para dilui-lo, em
seguida, pego uma garrafa de grenadine3 e adiciono apenas o suficiente para tornar o
topo da bebida um ouro avermelhado e no fundo um amarelo dourado. Uma vez feito
isso, adiciono uma cereja. Virando quando termino, eu encontro todo mundo olhando
para mim de forma engraçada.
Merda.
— Ugh… por favor, me diga que ela não é alérgica a qualquer coisa que coloquei
aqui — sussurro, olhando para Tide.
— Ela não é — murmura ele antes de olhar para a sua menina. — Olivia,
agradeça a Gia.
— Obrigada, Gia. — Ela sorri para mim enquanto Colton a levanta alto no ar,
ganhando uma risada dela quando ele a entrega através do bar para seu pai, que a
leva enquanto se senta em uma das banquetas, colocando-a no colo.
— De nada, querida — sorrio para ela, agarrando um canudo. Eu o coloco no
copo e o entrego a seu pai para que ele possa ajudá-la a beber.
Sentindo o calor atingir minhas costas, eu sinto a mão de Colton no meu quadril
antes de deslizar para descansar contra o meu estômago. Colocando pressão lá, ele
me puxa em seu peito, me fazendo tremer.
— Suas regras são uma merda — diz ele em meu ouvido, e sei exatamente o
que ele quer dizer, mas não viro a cabeça para olhar para ele, ainda que eu queira.
Em vez disso, eu mantenho meus olhos em Olivia enquanto ela toma um gole da
bebida, relaxando um pouco quando ela não a atira para longe, mas bebe mais.
— Tem certeza que não está pronta para Vegas? Talvez o cartório na cidade? —
pergunta Tide, e meus olhos vão até ele e sorrio, balançando a cabeça. — Droga. —
Ele sorri um sorriso diabólico, o qual eu tenho certeza que lhe confere muita atenção.

3 Licor não alcoólico feito de romã.


— Pensei que Anna cuidaria de Olivia enquanto você trabalhava hoje — diz
Colton, me mantendo presa entre o bar e ele.
— Ela estava cuidando, mas me ligou a uma hora pedindo para eu pegar Olivia
para que ela pudesse cuidar de algumas coisas — responde ele em voz baixa.
— Mamãe tem um encontro hoje à noite, então ela queria ir fazer compras —
informa Olivia, e a mandíbula de Tide aperta com esta informação. — Ela disse que
eu não poderia ir com ela. — Vendo a tristeza nos olhos dela, meu coração dói um
pouco.
— Que tal você vir com Nana Rose? — sugere Rose, e Olivia olha para ela. —
Preciso fazer alguns biscoitos hoje, e eu poderia ter sua ajuda.
— Sério? — O rosto dela se ilumina.
— Sério. — Rose acena. — Assim que você terminar a sua bebida, nós vamos.
— Yippee! — sorri Olivia, tomando outro gole de seu canudo, desta vez sugando
o suco o mais rápido que pode, o que me faz sorrir.
— Obrigado — diz Tide, parecendo aliviado. — Mamãe disse que cuidaria dela,
mas ela não pode sair do trabalho até às quatro horas. E papai está na estrada até
sexta-feira, então ele não pode ajudar também.
— Eu lhe disse antes, você pode ligar sempre que precisar de mim para ajudar
— diz Rose a ele, e vejo sua face amolecer.
— Posso pegá-la as cinco, cinco e meia. Ou ligue para mamãe para a pegar às
quatro. O que for melhor para você.
— Ela ficará bem comigo até você chegar para buscá-la. Dessa forma, sua mãe
não precisa sair do trabalho mais cedo.
— Tem certeza?
— Não faça perguntas estúpidas. Você sabe que eu amo passar o tempo com
minha garota. — Ela ralha, e posso ver nos olhos dela que ela realmente ama passar
tempo com Olivia.
— Obrigado — diz ele novamente, e ela concorda.
— Vou pegar minha bolsa e casaco. Eu já volto — garante, então ela olha para
Colton e eu. — Vocês dois ficarão bem aqui, certo?
— Nós ficaremos bem, mãe — responde Colton enquanto eu aceno.
— Bom. — Ela vai ao escritório e volta um minuto depois, vestindo seu casaco
e perguntando: — Onde Olivia foi?
— Estou bem aqui — responde Olivia, e olho em volta como se eu não pudesse
vê-la também.
— Isso é tão estranho. Ela estava apenas sentada ali. — Aponto para onde ela
está sentada no colo de seu pai.
— Eu estou bem aqui. — Ela ri, agitando as mãos em direção a nós.
— Deve ser o suco de sereia. — Enceno um sussurro, e ela ri mais alto, me
fazendo sorrir.
— Oh, aí está você! — diz Rose quando Olivia levanta nas coxas de seu pai para
chamar nossa atenção.
— Eu estava invisiviu — anuncia ela orgulhosamente.
— Você estava. — Eu pisco para ela e ela sorri, em seguida, olho para Rose. —
Vocês vão assar biscoitos agora?
— Sim, apenas beije seu pai primeiro e diga adeus a todos.
— Amo você, meu anjo. Seja boa para Nana Rose — instrui Tide depois que ela
se vira para ele e planta um beijo em sua bochecha.
— Eu vou — promete ela feliz, antes de fugir de seu colo.
— Eu te ligo quando estiver a caminho — diz Tide a Rose, entregando a mochila
de Olivia, e ela balança a cabeça com um aceno de sua mão.
Vendo-as ir, eu sorrio quando Olivia grita: — Tchau, tio Colton! Tchau, senhora
sereia!
Rindo, eu dou-lhe um aceno.
— Obrigado por distraí-la — diz Tide uma vez que elas estão fora de vista, e
meus olhos voltam para ele.
— Não tem problema. — Dou de ombros.
— Você é boa com as crianças — acrescenta Colton suavemente, e viro a cabeça
para olhar para ele.
— Eu amo crianças — respondo em voz baixa, e toda a sua expressão suaviza,
e algo que não estou disposta a decifrar agora enche seus olhos.
— Preciso voltar ao trabalho — insere Tide, felizmente invadindo o momento, e
eu olho para ele quando ele levanta do banco e ergue o punho para bater contra
Colton. — Vejo você na academia na parte da manhã.
— Vejo você lá — concorda Colton.
— Cuide do meu menino — demanda Tide para mim antes de virar para sair, o
que por sua vez deixa Colton e eu sozinhos. Ainda o sentindo nas minhas costas, eu
tento fugir, mas ele não me deixa ir muito longe.
— Eu preciso trabalhar — sussurro enquanto sua mão espalmada contra o meu
estômago me aperta.
— É hora do almoço — lembra, deslizando a boca ao lado do meu pescoço. —
Estamos fora do horário.
— Não estamos fora do horário. — Eu rio, revirando os olhos para ele, mesmo
que ele não possa ver, e sinto seus lábios sorrirem contra a minha pele.
— Valeu a pena tentar. — Ele beija meu pescoço, então me libera, e eu viro para
encará-lo. — Onde você aprendeu a fazer suco de sereia? — pergunta ele, e eu rio,
balançando a cabeça.
— Fiz isso para que ela não chorasse — admito. — Graças a Deus vocês mantêm
suco na geladeira. Caso contrário, eu pareceria uma idiota.
Ele joga a cabeça para trás e dá uma gargalhada. Vendo-o rir, meu peito aquece
e eu sorrio. Sei que é muito cedo para estar me apaixonando, mas eu totalmente estou.

~ ** ~

— Oh, Deus — sussurro enquanto a boca de Colton deixa a minha para viajar
pelo meu pescoço. Inclinando a cabeça, eu suspiro quando suas mãos agarram minha
bunda, a qual ele colocou sobre o balcão da cozinha momentos atrás, quando me
puxou para mais perto dele e sua ereção. Está tão dura que posso sentir através de
seu jeans e os meus. — O jantar vai queimar — digo, deslizando minhas mãos pela
parte de trás de sua camisa. Não que eu absolutamente me importe com o jantar
agora. Especialmente com sua língua e dentes fazendo coisas incríveis na pele do meu
pescoço.
— Que queime. Meu jantar é você — responde, e fecho meus olhos.
Desde que ele descobriu o que aconteceu com Lisa e seu pelotão no bar, as
coisas entre nós ficaram mais e mais quentes com cada beijo e toque. Eu sei que é
apenas uma questão de tempo, quando não seremos capazes de parar e o inevitável
acontecerá, e sei que neste momento eu não quero parar.
— Colton — começo a ofegar quando suas mãos deslizam sob minha camisa e
deslizam pela minha pele, erguendo minha camisa enquanto sobem.
— Foda-se — rosna ele, jogando minha camisa no chão. Seus olhos vão para os
meus seios cobertos por um sutiã de renda preta. Olhando para baixo, eu assisto seus
dedos deslizarem apenas sob a borda de renda antes de olhar para mim enquanto
olho para ele. — Certo. — Ele lambe os lábios e puxa uma respiração. — Tanto quanto
eu quero te foder no meu balcão da cozinha, a primeira vez não será no balcão da
minha cozinha — diz ele, levantando minhas pernas, tirando-as de suas costas, e me
arrastando do balcão.
— Eu... — começo a dizer que não me importo onde ele me tem, desde que não
pare o que está fazendo, mas não tenho a chance. Sua boca cai na minha novamente
e ele me beija enquanto nos leva da cozinha para o fogão e desliga-o sem nunca perder
minha boca. Ele então vai ao forno, onde o frango está assando e faz o mesmo.
Afastando minha boca da dele para que ele possa subir as escadas, eu beijo sua
mandíbula, em seguida, lambo e mordo-o do pescoço até a orelha.
— Jesus. — Seu poder sobre mim aperta quando chegamos ao topo, e então ele
me pressiona na parede de madeira. Com uma mão ainda segurando minha bunda,
a outra se move para o meu cabelo, onde ele o puxa para ter minha boca novamente.
Puxando a camisa dele, freneticamente desfaço os botões e tiro-a, e em seguida eu
afasto minha boca da dele, querendo ver tudo dele.
Não tenho a chance de dar uma boa olhada nele antes dele me erguer e trancar
os lábios em meu peito sobre o meu sutiã. Minha cabeça cai contra a parede com um
baque forte e meus dedos deslizam em seu cabelo grosso para me firmar. Antes que
eu possa aproveitar, ele me puxa da parede, e então estou voando pelo ar e
aterrissando na cama com ele em cima de mim, seus dedos desenganchando o fecho
frontal do meu sutiã.
Quando os lábios capturam meu mamilo desta vez, estou mais do que um pouco
grata por essa nossa nova posição. Cavando os calcanhares na cama, minhas costas
arqueiam junto com meu pescoço. Quando ele segura meu peito negligenciado com a
mão grande, eu gemo e levanto meus quadris nos dele. Oh, Deus, mesmo através dos
jeans, eu posso dizer que ele é enorme, e meu núcleo pulsa com o pensamento dele
dentro de mim.
— Colton — resmungo enquanto sua mão que cobre meu peito desliza, abre o
botão da minha calça jeans e puxa o zíper. Sentindo seu toque contra a minha pélvis,
meu corpo começa a tremer com a necessidade e minha cabeça inclina mais para trás.
Ouvindo seu gemido de aprovação quando seu dedo grosso encontra meu clitóris, eu
gemo novamente.
Quando ele libera meu peito com um pop, eu sinto sua testa cair no meu peito.
— Porra, você está tão molhada. — Seu dedo desliza mais profundo e meus quadris
levantam para ajudá-lo.
Eu sei que não vou durar assim. Estou muito excitada e o quero demais.
Inclinando minha cabeça para olhá-lo, eu choramingo quando seus dedos me deixam
para que ele possa sentar-se de joelhos e puxar os meus jeans e calcinha em um
movimento rápido.
— Cristo, você realmente é perfeita em todos os lugares — geme ele, correndo
os dedos entre minhas dobras molhadas e fazendo meus quadris empurrarem em
resposta. — Tão perfeita para caralho e tão fodidamente apertada. — Ele desliza um
dedo dentro de mim, e depois outro, levantando e esfregando-os contra um ponto
dentro de mim que eu nem sabia que existia.
Deslizando, ele cutuca minhas pernas com seus ombros, e em seguida, sua
boca está em mim enquanto ele gira meu clitóris duas vezes com a língua antes de
sugar forte. Eu sequer tenho a chance de me preparar para o orgasmo que explode
em cada centímetro de mim, me rasgando em um bilhão de pedacinhos antes de me
deixar inteira novamente. Quando volto para mim, seus dedos ainda estão se movendo
dentro, mas com cuidado agora, e sua boca está na minha coxa, onde ele beija uma
vez antes de olhar para mim.
Encontrando o meu olhar, ele beija a minha coxa suavemente antes de se
afastar, abrir a calça jeans e tirá-la. Minha boca seca quando vejo tudo dele. Ele é
bonito, como uma escultura criada séculos atrás, com os músculos tensos sob a suave
pele dourada. Lambendo meus lábios, meus olhos vão para o seu pau e minha
respiração engata em antecipação. Ele é grosso e longo, e bonito lá também. Ele
alcança o criado-mudo e abre a gaveta, pegando um preservativo. Eu vejo-o rasgá-lo
com os dentes e colocá-lo.
— Você está pronta? — pergunta ele, posicionando-se entre as minhas pernas
e envolvendo a mão ao redor de seu pênis.
Passando minhas mãos na pele suave e quente de seu peito, eu agarro seus
ombros e puxo uma respiração. — Sim. — Eu aceno, sentindo a cabeça de seu pau
deslizar sobre o meu clitóris, em seguida, colidir contra onde eu mais preciso dele.
— Enrole suas pernas em mim, querida — instrui, então eu faço. Levanto
minhas pernas e envolvo-as em torno de suas coxas. Meu corpo vibra com antecipação
quando ele começa a deslizar. Ele é tão grosso que há um pouco de dor a cada
centímetro. — Você é tão apertada. Tão perfeita para mim — geme, enterrando-se
completamente, enchendo-me em várias maneiras. Lágrimas queimam em meus
olhos, mas eu as seguro, não querendo estragar este momento por ser ridícula e
chorar.
Após entrar em mim, ele segura minha mandíbula, abaixa o rosto e escova os
lábios contra os meus. — Você está bem?
— Sim — sussurro, levantando as pernas um pouco mais e trazendo-o muito
mais perto de mim.
— Bom — sussurra ele, esfregando o polegar sobre meu lábio inferior. — Dê-
me sua boca, baby.
Levantando minha cabeça, eu dou o que ele quer, então o beijo enquanto ele
puxa e desliza lentamente, tão lento que é quase uma tortura. Tendo ele, todo ele; seu
peso, sua espessura, sua boca, seu gosto, seu cheiro penetrando em minha pele e
pulmões, eu sei que estou pronta. Estou arruinada. Nunca haverá ninguém para mim
além dele, e quando nós dois encontramos a libertação ao mesmo tempo, a conexão
que tenho sentido desde o momento em que nos conhecemos aumenta dez vezes.
Sentindo tudo isso, eu sei que estava errada hoje cedo. Não estou me
apaixonando por ele. Estou totalmente apaixonada, e não há nada que eu possa fazer.
Na verdade, não sei se eu gostaria de me parar, ainda que pudesse.
Capítulo 9
É ela

COLTON

Com o cheiro do cabelo de Gia debaixo do meu nariz, a sensação de seu corpo
nu pressionado firmemente contra o meu, e sua respiração suave sussurrando em
minha pele, pela primeira vez não me arrependo do que aconteceu comigo. Sou
realmente grato por ter acontecido. Agora percebo que na perda de tudo o que pensei
que eu sempre quis, me foi dado algo melhor, algo real. Algo que eu sei que vou
valorizar e proteger pelo resto da minha vida. Agora eu só preciso encontrar uma
maneira de fazê-la sentir o mesmo que eu.
Eu sei que ela gosta de mim, mas eu quero mais. Quero seu coração, quero ir
para a cama com ela toda noite e acordar com ela todas as manhãs, o que significa
que ela precisa começar a sua vida aqui na cidade. Realmente começar a vida aqui,
encontrando um emprego que envolva crianças. É algo que eu sei que ela adora fazer,
algo que eu poderia dizer que ela sente falta quando a vi interagir com Olivia.
Com esse pensamento, eu beijo o topo de sua cabeça, então pego meu telefone
e verifico a hora. Já passa das 6:30h da manhã, o que significa que embora eu queira
tomá-la novamente, não tenho tempo. Além disso, eu não a deixei dormir muito ontem
à noite. Depois da primeira vez, eu a tomei lentamente para provar a mim mesmo que
eu poderia fazer isso por ela, dar isso a ela. Fomos à cozinha e jantamos, ela sentada
no balcão vestindo uma das minhas camisas e eu em minha boxer. Depois que
terminamos de comer, não lhe dei a chance de ir ao quarto. Levei-a para cima, onde
eu a tive inclinada sobre o corrimão antes de levá-la para a minha cama. Ela
adormeceu nos meus braços depois disso, só para me ter acordando-a mais duas
vezes durante a noite.
Largando meu celular, eu a abraço e beijo o topo da sua cabeça. Preciso
mergulhar neste momento e espero que seja o suficiente para passar o dia. Antes de
ser minha, eu queria reclamá-la para que as pessoas soubessem, de qualquer maneira
possível, que ela me pertencia. Portanto, agora que ela é minha, eu sei que será quase
impossível seguir suas ridículas regras.
— Por que você não está dormindo? — Sua voz sonolenta cumprimenta meus
ouvidos e levanto minha cabeça para olhar para ela, encontrando seus olhos ainda
fechados. — Posso ouvir você pensar, e não sei sobre você, mas eu estou exausta.
Então você poderia apenas dizer tudo o que precisa dizer para que eu possa voltar a
dormir? — pergunta, e eu sorrio.
Eu estava errado sobre ela ser tímida quando a conheci. Ela não é tímida, nem
mesmo um pouco. Pelo menos, não comigo. Adoro que ela pode ir de igual para igual
comigo e dizer no meu rosto quando algo está irritando-a. Gosto de não ter que jogar
jogos de adivinhação para tentar descobrir o que está incomodando-a. É refrescante,
embora ela ter escondido aquela besteira com Lisa ainda me irrita, mesmo percebendo
que ela estava tentando me proteger.
— Como você não está cansado? — pergunta ela, inclinando a cabeça e abrindo
os olhos para olhar para mim.
— Posso não ter dormido muito, mas eu dormi bem com você em meus braços
— digo a ela com sinceridade, e seu rosto suaviza. Passando a ponta do meu polegar
ao longo de sua bochecha, eu suspiro. — Tenho que levantar. Preciso encontrar Tide
na academia em breve.
— Oh — diz ela, parecendo desapontada.
— Você quer vir?
— Você fala sobre ir malhar com você? — pergunta, soando horrorizada, e luto
contra um sorriso.
— Sim, querida. Falo sobre ir malhar comigo.
— Não, obrigada. Eu não sou boa nisso.
— Por que isso?
— Quando eu tinha quinze anos, a minha madrasta fez meu pai me forçar a ir
para aulas de spinning quatro dias por semana. Ela ia junto comigo e conversava com
seus amigos sobre como aos quinze anos eu já era um tamanho 44. Todos na aula
começaram a repetir as piadas sobre o meu peso e resistência, o que significava que
eu saía chateada depois de cada aula. Quando não precisei mais, eu jurei nunca voltar
a uma academia.
— Em primeiro lugar, duvido que alguém diga algo para você na minha
academia. Mas se algum filho da puta fizer você se sentir desconfortável, eu o colocaria
no lugar. — Dou-lhe um aperto e pergunto: — O que seu pai disse quando você contou
a ele sobre o que sua madrasta estava fazendo com você?
— Nada, eu nunca disse a ele — admite em voz baixa, e meu queixo aperta
quando a imagino como uma adolescente, perdendo a mãe e lidando com essa besteira
depois.
— Por que diabos não?
— Eu não queria perturbá-lo — explica ela.
Raiva enche a boca do meu estômago com a ideia dela guardar essa merda. —
Então você deixou essa cadela e outras cadelas tratá-la como uma merda, para
simplesmente não perturbar o seu pai? Da mesma forma que guardou a merda que
Lisa vomitou em você para me proteger?
— Eu...
— Não. — Eu a corto, levando meu rosto para mais perto dela. — Não deixe
ninguém tratá-la de qualquer maneira que a faça se sentir desconfortável, e se por
alguma fodida chance algo assim voltar a acontecer, você me diz e eu lidarei com isso
— ordeno, e sua mandíbula aperta.
— Eu posso cuidar de mim.
— Como, guardando e tentando facilitar a merda para todos ao seu redor?
— Bem…
— Querida. — Dou-lhe um aperto. — Peço a Deus que, se você tivesse dito a
seu pai o que estava acontecendo, que ele tivesse a protegido. Dito isto, o seu pai não
está mais aqui, mas eu estou, por isso é o meu trabalho cuidar de você. Então me
deixe cuidar.
— Vou tentar — sussurra, e meus olhos se fecham quando pressiono minha
testa na dela. Sentindo sua mão descansar contra meu queixo, eu abro-os e encontro
o seu olhar. Ela não disse nada, nem eu. Inclinando, os lábios delas tocam os meus e
sua língua toca meu lábio inferior. Não penso quando aprofundo o beijo e a viro.
Estabelecendo-me entre suas pernas, eu passo a próxima meia hora fazendo amor
com ela, o que significa que estou atrasado para a academia para encontrar Tide. Não
que eu me importe.

~ ** ~

Saindo para a varanda, três dias depois, eu me inclino contra o trilho com a
minha caneca de café na mão e assisto Gia, que está vestindo jeans, um moletom e
tênis, tentar fazer Loki brincar de pegar com ela. Ele não tem ideia do que é, mas ele
gosta do fato de que quando ele corre e pega a bola, ela o persegue para recuperá-la.
Balançando a cabeça para os dois, eu sorrio. Ela está tentando ensiná-lo a buscar
nos últimos dois dias, desde que soube que ele não sabia. Ele ainda não aprendeu, e
neste momento, não sei se aprenderá. Então, novamente, ela está determinada, então
quem sabe?
— Loki, venha aqui, menino. — Ela dá um tapinha nas coxas e ele vai até ela,
mas para a poucos passos de distância com a bola de tênis presa pela metade em sua
boca. — Solte a bola — instrui. Ele não solta; ele se afasta um passo, em seguida,
decola novamente, correndo para longe dela. Lançando as mãos para o ar em
frustração, ela corre atrás dele mais uma vez, me fazendo rir.
— Covinhas, eu acho que você está lutando uma batalha perdida — informo
quando Loki foge para a floresta, seus olhos me encontram e ela dá um enorme
sorriso. Deus, eu sou tão fodido quando se trata dela, e nem mesmo me importo.
— Ele vai entender, eventualmente — diz ela, vindo em direção ao deck. — Ainda
não entendo por que não o ensinou a buscar quando ele era um filhote.
— Ele não era um filhote quando o peguei. Eu o peguei no canil depois que me
mudei para cá.
— Eu não sabia disso — diz ela após subir os degraus e pegar o café da minha
mão para tomar um gole.
Envolvendo sua cintura, eu a puxo para perto de mim, em seguida, beijo sua
cabeça, dizendo: — Agora você sabe.
— Agora eu sei — concorda ela, inclinando a cabeça contra mim. Vendo sua
oferta, eu aceito e toco meus lábios nos dela. — Que horas vamos para casa dos seus
pais?
— O jantar é às seis, mas a minha mãe geralmente quer todos lá às quatro para
ajudar a arrumar.
Pegando seu celular, ela aperta o botão para acender a tela e verifica a hora. —
Eu deveria ir tomar banho e me arrumar — murmura, afastando seu telefone ao ver
que já são 14:30h.
— Eu poderia te ajudar com isso.
— Tenho certeza que poderia, ou poderia me distrair. O que significaria que nos
atrasaríamos para encontrar seus pais.
— Eu faria isso? — pergunto inocentemente enquanto deslizo a mão nas costas
de seu moletom, em seguida em seu jeans, agarrando seu traseiro no processo.
— Você não me atrasou ontem para o trabalho por causa do mesmo motivo? —
pergunta ela, soando um pouco sem fôlego, e sorrio, lembrando-me de tomá-la na
cozinha, depois que ela comeu uma tigela de cereais. Então, novamente no chuveiro,
contra a parede.
— Você não estava nem quinze minutos atrasada — lembro a ela, e seus olhos
caem para a minha boca.
— A resposta é não. Não quero deixar uma má primeira impressão com sua
família — diz ela, soando como se desejasse que nós tivéssemos mais tempo.
— Minha família já te ama.
— Ainda não conheci seus irmãos. — Ela me lembra. Ela está nervosa com algo
que não deveria. Meus irmãos a verão exatamente como é; uma mulher doce e amável,
tão bonita por dentro quanto é por fora.
— Se nós nos atrasarmos, meus irmãos entenderiam assim que a virem.
— Sério, você não acabou de dizer isso.
— Covinhas, você é linda, e tem um corpo que leva tempo e dedicação. Acredite
em mim, eu sou dedicado ao trabalho que me foi dado quando você se deu a mim.
— Não posso sequer lidar com você agora. — Ela ri, revirando os olhos e
tomando outro gole de meu café antes de devolvê-lo. — Não devo demorar muito.
Talvez enquanto me arrumo, você possa tentar ensinar Loki como buscar.
— Não é provável. — Afasto a caneca de café para segurar seu rabo de cavalo e
inclinar sua cabeça para trás. — Avise-me se você precisar de ajuda.
— Eu deixarei você saber. — Ela sorri antes de eu beijá-la. Relutantemente a
deixo ir, assistindo-a entrar na casa antes de ir para a garagem. Inserindo o código,
eu olho para a bagunça no lado da garagem onde meu Suburban estivera estacionado.
O espaço está agora preenchido com caixas e alguns móveis da casa da avó dela,
coisas que ela precisa verificar e doar. Levamos algumas roupas para sua avó, mas
há muito que ainda precisa ser lavado antes que ela possa usar, uma vez que ainda
tem cheiro de fumaça.
Passando as pilhas de caixas, eu vou para a parede de trás onde está meu cofre
de arma e digito o código, querendo pegar algum dinheiro para não ter que usar meu
cartão para comprar gasolina. Abrindo-o, eu franzo a testa quando não vejo minha
arma onde a coloquei depois da última vez que eu tirei.
— Que porra é essa? — Olhando minhas coisas, eu noto que não falta mais
nada, nem mesmo a pilha de dinheiro apoiada em cima de uma caixa de balas.
Retirando meu celular, eu disco o número do meu pai e espero.
— O que foi? — pergunta ele logo que atende, e olho para as minhas botas,
esfregando a parte de trás do meu pescoço.
— Por acaso, você ou a mamãe pegaram a minha 9.mm do meu cofre na
garagem?
— O quê? — pergunta ele, soando confuso.
— Minha arma não está aqui. Minha 9.mm. A que você me deu no Natal há
quatro anos.
— Sumiu? Eu não a peguei. Espere. Deixe-me perguntar a sua mãe — diz ele,
e eu o ouço se mover, em seguida, gritar para onde quer que minha mãe está, fazendo
a mesma pergunta que eu fiz a ele. — Ela disse que não pegou.
— Que porra é essa? — Levanto a cabeça e olho para o lugar que costumava
estar.
— Outra coisa está faltando?
— Nada, nem mesmo a pilha de dinheiro que eu mantenho no cofre.
— Você precisa chamar a polícia para que eles saibam.
— Certo — murmuro, perguntando quem diabos teria o código do meu cofre e
por que diabos eles levariam apenas a arma, quando existem cinco outras coisas lá
que valem muito mais. E nem mesmo incluí os mil dólares em dinheiro que sempre
mantenho lá.
— Você quer que eu vá até você?
— Não, eu cuidarei disso.
— Tem certeza?
— Sim — suspiro para o telefone. — Vejo você em algumas horas e conto o que
os policiais disseram.
— Tudo bem — diz ele, e desligo.
Pesquisando on-line, encontro o número da estação do xerife e ligo, não
querendo discar 911 quando não é uma emergência. Sou transferido para um Detetive
Mitchell e o aviso sobre a arma, dando-lhe o número de série e informações.
Felizmente não tenho que ir até lá, mas ele promete me informar se a arma aparecer.
Assim que desligo, eu reprogramo o código do cofre com uma combinação
diferente, então entro. Essa arma desaparecida desencadeou o alarme loucamente,
fazendo minha pele formigar e meu intestino revirar. Querendo verificar Gia, eu vou
ao meu quarto, onde espero encontrá-la pronta. Ela não está lá, e sei que ela não saiu,
então eu desço e abro a porta do quarto que ela usava. Encontro-a no banheiro, em
pé na frente da pia, vestindo uma camiseta e nada mais, então encosto no batente da
porta e a observo enrolar o cabelo.
— Você poderia ter se arrumado no andar de cima — informo a ela quando seus
olhos encontraram os meus no espelho.
— Minhas coisas estão aqui — retruca, e tento não deixar isso me incomodar,
mesmo que incomode. Eu não quero a merda dela aqui. Quero-a no meu espaço, ao
lado das minhas coisas, mas também sei que não deveria forçar muito para fazer do
meu jeito, ainda que tudo em mim queira fazer isso.
— Você está bem? — pergunta ela depois de um minuto, e tiro os olhos de seu
cabelo para olhar os olhos.
— Sim — minto, e sua cabeça inclina para o lado.
— Tem certeza?
— Tenho certeza. — Ficando atrás dela, envolvo sua cintura e inclino meu rosto
para seu pescoço. Eu inspiro seu cheiro, deixando-a afastar o mal estar na boca do
meu estômago.
— Devo estar pronta em quinze minutos ou algo assim. Você se importa se nós
sairmos alguns minutos mais cedo para que eu possa parar no mercado no caminho
para comprar algumas flores para sua mãe?
— Você não precisa levar flores para minha mãe — sorrio, e suas mãos
descansam sobre a minha contra seu estômago.
— Eu sei que não preciso, mas é algo que minha mãe faria caso fosse jantar na
casa de alguém, e gosto da ideia de fazer também — diz ela, e meu intestino revira por
uma razão diferente.
— Vamos parar — prometo, beijando seu pescoço, em seguida, levanto a cabeça
para olhar para ela no espelho. Tanto quanto eu amo o fato de estar disposta a se
abrir para mim sobre seus pais, eu odeio a tristeza que vejo em seus olhos quando ela
fala deles.
— Vou precisar que você me solte para que eu termine de me arrumar —
sussurra ela depois de um momento. Girando-a em meus braços, eu a beijo e a libero.
Indo até o loft, eu mudo minha camisa e ligo para o meu pai, deixando-o saber
o que o detetive disse. Antes de desligar, eu digo a ele para não dizer nada sobre isso
na frente de Gia, desde que não quero que ela se preocupe. Ela já está lidando com o
suficiente, e odeio que algumas dessas coisas sejam por minha causa. Lisa não voltou
ao bar ou fez algo para Gia, mas um par de dias atrás, suas amigas entraram no bar
tentando encher a cabeça de Gia com besteira quando um dos meus amigos do
exército estava na cidade para uma visita.
Quando desço, Gia está de pé na cozinha, vestindo um par de jeans escuro
justos, com botas pretas de salto alto. São as mesmas que ela usava no dia em que
nos conhecemos. Ela também vestiu um suave suéter de cor creme, que tem um V
profundo na parte de trás, com tiras de cetim preto cruzadas. Virando para mim ao
ouvir minhas botas baterem nos pisos de madeira, ela sorri e eu noto, pela primeira
vez desde que eu a conheci, que ela está usando maquiagem. Não é muito, mas o
efeito é o suficiente para seus olhos brilharem e seus lábios ficarem mais cheios.
— Você está linda — digo a ela, e ela sorri enquanto seus olhos suavizam.
— Obrigada. — Ela inclina a cabeça para um beijo uma vez que estou perto,
algo que eu me acostumei com ela fazendo na semana passada. Sempre que ela quer
minha boca, ela inclina a cabeça e me encara, deixando-me saber silenciosamente o
que ela quer. Porra, eu amo que ela me dê isso.
— Só para você saber, suas regras não se aplicam quando estamos na casa dos
meus pais. Posso e vou beijá-la sempre que eu quiser.
— Não na frente de seus pais — nega com um sorriso enquanto balança a
cabeça.
— Não estou concordando com isso, querida — murmuro, deslizando o cabelo
sobre o ombro e beijando seu pescoço. — Você está pronta para ir?
— Sim, eu só quero colocar comida para Loki, já que ele está se recusando a
entrar para comer — murmura ela, e sorrio, observando-a encher a tigela com comida
seca.
— Eu disse que ele é o seu próprio cão — digo, pegando a tigela dela após ela
enchê-la e indo até a porta da frente. Coloco a tigela do lado de fora e assobio para
Loki vir. Ele sobe os degraus e começa a comer. Esfregando a cabeça dele, eu fecho a
porta, puxo meu casaco do gancho e visto. Agarrando a curta jaqueta de couro preta
dela, eu a ajudo a vestir, então a observo enrolar em volta do pescoço o grosso lenço
creme e dourado que ela tricotou no outro dia com a linha que mamãe comprou para
ela.
— Pronta? — pergunto, e seus olhos encontram os meus.
— Pronta o suficiente.
Pegando a mão dela, eu a levo para a porta da frente, onde o meu Suburban
está estacionado, e a ajudo a entrar. Uma vez lá, fecho a porta, corro para o lado do
motorista e entro. Após ligar o motor, eu nos conduzo para a cidade e paro para
abastecer, parando novamente no supermercado local, uma vez que a loja de flores
não abre aos domingos. Gia demora a escolher as flores, por isso, na hora que
chegamos à estrada para casa dos meus pais já passa das quatro, o que eu sei que
está a deixando mais ansiosa.
— Ficará tudo bem, assim você pode parar de olhar para a porta como se
estivesse pensando em abri-la e saltar — digo enquanto seguro a mão dela, trazendo-
a para descansar na minha coxa.
— Eu não estava pensando em fazer isso — resmunga baixinho, me fazendo
sorrir.
— Você já teve um jantar com a família de um namorado antes? — pergunto, e
sua mão sob a minha pula na palavra namorado.
— Não… eu… — ela limpa a garganta. — Nunca tive um namorado.
— O quê? — questiono em choque, olhando para ela rapidamente antes de
voltar a olhar para a estrada.
— Nunca tive um namorado. Já namorei alguns, mas nada sério.
— Tá brincando, não é?
— Não. — Eu a vejo se mover em seu assento.
— Baby, como diabos isso é possível? — Eu me pergunto como no mundo uma
mulher com a aparência dela, atitude como a dela, que se veste como ela, não teve até
agora um homem sério em sua vida.
— Não sei. Simplesmente nunca aconteceu.
— Você sabe que é isso, certo? — questiono, só para ter certeza que ela sabe o
que está acontecendo entre nós.
— Eu não sabia — admite, e aperto o volante e a mão dela.
— Bem, é isso. Eu sou seu homem, seu namorado, seu companheiro. Qualquer
merda que você quiser me chamar, isso é o que eu sou para você.
— Companheiro? — repete, e ouço o sorriso na voz dela, mas ignoro e mantenho
o foco.
— Isso é mais do que nós dormindo juntos — digo, tentando manter a irritação
fora da minha voz, mas não conseguindo. — Você entende isso?
— Entendo — sussurra, e dou um grunhido. — Nunca conversamos sobre isso
— defende ela e balanço a cabeça.
— Eu não pensei que precisava. Você já está em minha cama por algum tempo
agora, e antes disso, jantamos juntos quase todas as noites, saímos juntos, e
passamos uma porra de muito tempo juntos.
— Eu não queria assumir que era mais sério do que era, embora eu quisesse
que fosse tão sério — responde ela, e olho para ela novamente, vendo-a morder o lábio.
— Querida, você precisa começar a falar comigo sobre a merda que está te
incomodando ou se tiver perguntas. Nunca tenha medo de me perguntar sobre
qualquer coisa quando tem a ver com a gente.
— Ok — concorda ela, e deixo escapar um suspiro.
— Como é possível que você me deixe tão malditamente feliz e tão louco ao
mesmo tempo? — pergunto ao parabrisa.
Ela aperta a minha mão e eu olho para ela rapidamente antes de virar para
entrar na garagem dos meus pais.
— Estou feliz. Quer dizer, eu não estou feliz por deixá-lo louco, mas estou feliz
que você quer ser… — ela faz uma pausa como se não soubesse como dizer as
próximas palavras. — Meu namorado.
Rindo, murmuro: — Bom, Covinhas. Estou feliz que você esteja feliz com isso,
uma vez que seria péssimo para você estar presa comigo, porque de maneira nenhuma
eu a deixaria.
— Você… você não me deixará.
— Não.
— Oh — diz ela quando paro na frente de casa dos meus pais.
Estacionando e desligando o motor, eu estico e solto o seu cinto, em seguida,
seguro a nuca dela para trazê-la para perto de mim. Olhando em seus olhos cheios
de preocupação, eu balanço a cabeça. — Não comece a pirar sobre nós.
— Não estou pirando sobre nós.
— Bom — afirmo, embora eu possa dizer que ela está mentindo. Deslizando
minha mão, eu capturo seu queixo entre os dedos. — Nada mudou. — Abaixo minha
cabeça e toco meus lábios nos dela. — Agora, você está pronta para conhecer meus
irmãos? — pergunto, e a preocupação que deixou seus olhos volta após nosso beijo.
— Eles estão do lado de fora esperando por nós, então perdeu sua chance de correr.
Sua cabeça voa ao redor para ver o que eu vi momentos atrás, que é meus dois
irmãos em pé na varanda da frente, nos observando. — Oh meu Deus — sussurra ela,
e eu rio.
Virando, eu abro minha porta, saio e vou para o lado dela. Pegando as flores
dela, eu a ajudo a descer. Entrego-lhe as flores e envolvo meu braço em volta da sua
cintura, levando-nos em direção à varanda.
— Pessoal, esta é Gia. Gia, meu irmão Cade. — Aceno em direção a ele quando
nós subimos os degraus. Cade tem o mesmo cabelo escuro e meus olhos, mas é mais
baixo por alguns centímetros. Também é como um bulldog, já que ele malha o tempo
todo para ficar em forma para o seu trabalho como policial. — E meu irmão Carson.
— Levanto meu queixo em sua direção quando nós chegamos ao topo da varanda.
Carson tem a minha altura e construção, mas herdou o cabelo loiro avermelhado da
minha mãe – algo que ele odiava enquanto crescia, mas algo que ele já não se
importava uma vez que nunca o impediu de ter qualquer mulher que ele olhava.
— É um prazer conhecê-los — diz Gia, e Carson sorri, puxando-a de mim e
dando-lhe um abraço, e ela desajeitadamente bate nas costas dele.
— Prazer em finalmente conhecê-la, Gia — diz ele, soltando-a, e Cade balança
a cabeça, empurrando Carson.
— Mamãe não parou de falar sobre você — disse Cade, dando-lhe um abraço –
um muito mais rápido do que Carson.
— Onde estão as meninas? — pergunto a Cade.
— Janet teve que ir ao mercado para comprar mais um pouco de cerveja, assim
as meninas estão lá dentro ajudando a mamãe a cozinhar e simultaneamente
destruindo a cozinha.
— Eu deveria ir ajudar — murmura Gia, e inclino a minha cabeça para ela.
— Claro, querida. — Eu continuo segurando-a quando ela inclina a cabeça para
oferecer sua boca, deixando claro que está tudo bem eu beijá-la na frente dos meus
irmãos. Após tocar minha boca na dela, eu solto a minha mão da sua cintura. —
Estarei lá em um segundo.
Ela balança a cabeça, e olha para Cade e Carson. — É bom finalmente conhecer
vocês. — Com isso, ela abaixa a cabeça e entra.
Uma vez que ela se foi, eu viro para enfrentar meus irmãos.
— Ela é bonita — disse Carson, puxando os olhos da porta para olhar para
mim. — Realmente bonita.
Balançando a cabeça para ele, eu pergunto: — Onde está o papai?
— Na oficina — responde Cade, então eu desço os degraus e vou para a parte
de trás da casa, com meus irmãos me seguindo. Abrindo a porta da oficina, eu
encontro o meu pai onde ele normalmente está quando tem um segundo livre, que é
mexendo com sua moto.
— Peguem uma cerveja para mim? — pede ele logo que nos vê, assim eu vou
até a geladeira e pego uma cerveja para ele e uma para mim. Abrindo ambas com o
abridor de garrafa na frente da porta da geladeira, eu tomo um gole da minha
enquanto coloco a outra na mão dele. — Gia está lá dentro?
— Sim — respondo, sentando no banco de madeira contra a parede.
— Você ainda não vai comentar sobre a arma? — pergunta ele, parecendo
preocupado.
— Que arma? — pergunta Cade antes que eu possa responder, e olho para ele
quando ele entrega uma cerveja para Carson.
— Minha 9.mm não estava no cofre na minha garagem.
— O quê? — Ele se aproxima e toma um assento em um dos bancos cromados
e com tampo de couro.
— Minha 9.mm está desaparecida. Fui pegar um dinheiro do meu cofre hoje e
notei que havia sumido.
— Você fez um boletim? — pergunta Carson depois de tomar um gole da sua
cerveja.
— Sim, um detetive está verificando.
— Quando foi a última vez que você a viu? — pergunta Cade, e posso dizer que
ele está entrando em modo de policial.
— Há alguns dias. — Sempre que recebo gorjetas, eu coloco o dinheiro lá, então
não preciso carregar comigo, e essa foi a última vez que eu vi.
— Alguém tem o código? — continua Cade, cruzando os braços sobre o peito e
afastando os pés.
— Mamãe e papai, mais ninguém que eu conheça. Eles não a pegaram, então
não tenho ideia de quem teria chegado lá. Ou por que diabos eles levariam essa arma
e nada mais. Eu tenho armas lá que valem perto de mil dólares cada. Não faz sentido
— digo, descansando os cotovelos sobre os joelhos.
— Seu código é seu aniversário, alguém poderia ter pensado nisso. — diz papai
e suspiro. Ele está certo, alguém poderia ter adivinhado.
— Você não contará a Gia sobre ela estar desaparecida? — pergunta Cade, e
olho para ele.
— Ela já está lidando com merda suficiente. Não quero que ela se preocupe com
isso.
— É essa a verdadeira razão, ou você acha que ela pegou? — pergunta ele, e eu
me endireito.
— Ela não a pegou — afirma papai para mim, agitando a cabeça. — Você a
conheceu?
— Eu a conheci. — Ele balança a cabeça, parecendo de repente pensativo.
— Aquela menina provavelmente correria caso sequer visse uma arma. Por que
diabos ela a pegaria?
— Não sei. — Ele passa a mão pelo cabelo. — Estou apenas fazendo perguntas
para ver se eu posso descobrir isso.
— Bem, você está fazendo as perguntas erradas — resmunga papai, e sorrio.
Ele gosta de Gia e tem, obviamente, se tornado protetor com ela. — Devemos entrar
antes de sua mãe vir aqui para perguntar por que eu ainda não liguei a grelha. — Ele
levanta com sua cerveja e se dirige para a porta.
Atravessando o gramado para a casa, nós passamos pela porta traseira que leva
para a cozinha. Assim que entro, Tio Colton! é gritado para mim em uníssono. Sorrindo
para as minhas sobrinhas de cinco e seis anos de idade, eu vou para onde elas estão,
ambas sentadas na grande ilha branca com tampo de mármore no meio do cômodo,
misturando algo em uma tigela.
— Ei, Mizza. — Eu beijo o topo de sua cabeça escura, em seguida, me inclino
para fazer o mesmo para a irmã dela. — Ei, Imma. — Beijo sua bochecha, e ela inclina
a cabeça para o lado, me estudando.
— Nós conhecemos sua namorada — informa ela, e continua —, ela é bonita.
— Ela é — concordo. Esfregando o topo de sua cabeça.
— Você vai se casar com ela? — pergunta Mizza, e sorrio para ela.
— Não sei, querida.
— Eu acho que você deveria se casar com ela e me deixar ser daminha.
— Não, eu serei a daminha — discorda Imma em voz alta, olhando para sua
irmã.
— Não, você não — nega sua irmã mais alto.
— Por que diabos vocês estão brigando agora? — pergunta Janet, entrando na
cozinha carregando sacolas de supermercado, com Gia atrás dela carregando uma
caixa de cerveja em uma mão e uma caixa de vinho na outra.
— Mizza disse que ela será a daminha no casamento do tio Colton — lamenta
Imma, olhando para sua mãe, cruzando os braços sobre o peito e fazendo beicinho.
— Eu quero ser a daminha.
— Você não pode ser, porque eu serei a daminha quando ele se casar com Gia
— diz Mizza, parecendo presunçosa.
— Oh meu Deus — ouço Gia sussurrar, e viro para ver que seus olhos estão
arregalados e as bochechas rosadas.
— Antes das meninas totalmente assustarem Gia, que tal se falarmos sobre isso
quando chegar a hora de falar sobre isso? — sugere Janet, e ouço minha mãe rir,
notando que ela nem sequer tentou fazê-las parar de brigar.
— Me dê isso, querida. — Pego as coisas das mãos de Gia, beijando sua cabeça
e caminhando para a geladeira, a fim de guardar as caixas de cerveja e vinho. Voltando
para ela, eu envolvo meu braço em torno dos seus ombros. — Acho que você conheceu
todos.
— Conheci. — Ela olha para mim e sorri, ainda parecendo um pouco em estado
de choque.
— Gia, eu posso ser sua daminha? — pergunta Imma, aparentemente, não
gostando da ideia de falar sobre isso mais tarde e, possivelmente perdendo a
oportunidade para sua irmã mais velha.
— Eu...
— Não, eu posso ser? — interrompe Mizza, e a mão de Gia, que está enrolada
ao redor de minhas costas, aperta a minha camisa.
— Eu… bem… — ela faz uma pausa, levantando os ombros. — Se isso acontecer
um dia, eu adoraria que ambas fossem minhas daminhas. Mas... — acrescenta
rapidamente —, somente se acontecer.
— Yippee! — grita Mizza, jogando as mãos no ar.
— Wahoo! — grita Imma, fazendo o mesmo.
— Cristo — murmura Carson do meu lado e sorrio, em seguida, ouço Gia rir.
Ouvindo isso, o meu domínio sobre ela aperta enquanto viro a minha cabeça
para a dela e espero ela olhar para mim. Assim que ela inclina a cabeça, eu planto
um beijo em seus lábios, e me afasto um pouco para olhar seus olhos. Ela não parece
mais preocupada; ela parece feliz e relaxada, o que é um alívio.
— Quer uma cerveja?
— Não, ela não quer. Ela quer um vinho da caixa — diz Janet, e Gia e eu
olhamos para ela. — Então, ela e eu teremos algum tempo de menina.
— Posso ir, mamãe? — pergunta Mizza.
— Eu também? — acrescenta Imma, olhando esperançosa.
— Desculpe, bebês, sem homens e sem crianças.
— Isso é uma merda — resmunga Mizza, cruzando os braços sobre o peito e
bufando.
— O que eu digo sobre merda? — pergunta Cade, e arregalando os olhos, ela
olha para o pai.
— Desculpe, papai — murmura.
— Eu ainda preciso de ajuda para fazer a torta de maçã — diz a mamãe, e
ambas as meninas olham para ela, em seguida, começam a bombardeá-la com
perguntas sobre o que precisam fazer.
— Você está pronta, garota? — pergunta Janet, e sinto Gia acenar.
— Estarei no deque dos fundos se você precisar de mim — digo a ela, dando
outro beijo.
— Eu ficarei bem — sussurra ela.
— Ela ficará bem. — Janet revira os olhos para mim antes de ir para o marido
e levantar-se na ponta dos pés para um beijo. Uma vez que ela tem isso dele, ela segue
para a geladeira e pega duas taças de vinho. Voltando a Gia, ela pega a mão dela e a
puxa para fora da cozinha, em direção à frente da casa.
— Eu deveria estar preocupado com isso? — pergunto a Cade, e ele dá de
ombros.
— Acho que não. Você sabe que Janet nunca gostou de Lisa, então o meu palpite
é que ela está tentando sentir Gia, se certificar de que ela é boa o suficiente para você
— responde ele, e olho para onde elas estavam. — Elas ficarão bem. Vamos.
Precisamos ter certeza de que papai não está colocando muito líquido de isqueiro na
grelha de novo.
— Certo — sorrio, lembrando quando ele queimou metade da barba. Na época,
não foi engraçado, mas pensando agora, é hilário.
~ ** ~

Tomando um gole da minha cerveja, eu assisto Gia passar pela porta de vidro
deslizante com a mamãe, Janet, e as meninas para ir buscar a torta que elas fizeram,
e sorvete de baunilha. O jantar foi bom, e Gia estava relaxada e divertida, o que tornou
ainda melhor. Eu poderia dizer que a minha família estava se apaixonando por ela tão
rapidamente quanto eu, o que não era uma surpresa. É difícil não gostar dela quando
se é doce com duas meninas, ajudando a mamãe na cozinha, ou brincando com meus
irmãos, algo que ela fez facilmente toda a noite.
— Eu gosto dela para você, cara — diz Carson, e puxo meus olhos da porta para
olhar para ele. — Ela é doce, e não é ruim que ela não seja difícil de olhar.
— Eu sei, e eu apreciaria se você parasse de ficar olhando. E parasse de flertar
com ela — murmuro, e seu sorriso aumenta, se transformando em um sorriso cheio.
— Acho que nunca vi você tão feliz ou relaxado — insere Cade, e viro minha
cabeça.
— Provavelmente porque não tenho sido tão feliz ou relaxado em um longo
tempo — admito. — Você sabe como era quando pensei que nunca mais voltaria a
andar. Desde o instante em que fui baleado, era como eu estivesse preso naquele
momento. Mesmo quando reaprendi a andar, eu ainda estava vivendo aquela porcaria
todo dia. E agora… — Faço uma pausa, correndo a mão pelo meu cabelo. — Agora é
como se nunca tivesse acontecido. Ela apaga essa merda para mim.
— Eu te disse — diz papai, e olho para vê-lo sorrindo para mim.
— Ainda preciso convencê-la de que ela deve se mudar para cá
permanentemente. Não me sentirei bem sobre nada disso até que eu saiba que ela
quer viver aqui comigo. Ela nunca viveu em uma cidade tão pequena, então não sei
se ela pode realmente ser feliz aqui.
— Ela não se mudou para cá definitivamente? — pergunta Carson, e balanço a
cabeça.
— A maioria das coisas dela ainda está em Chicago, na casa que ela e a amiga
alugaram lá. Ela não mencionou nada sobre se mudar para cá definitivamente, e uma
vez que as coisas entre nós são tão novas, eu não comentei com ela.
— Você provavelmente deve dizer a ela como se sente — sugere Cade, tomando
um gole de sua própria cerveja.
— Estou indo devagar. Hoje eu descobri que ela nunca teve um namorado, nem
sabia que nós éramos namorados. Ela não queria assumir que era isso, embora
quisesse que fosse.
— As mulheres são confusas pra caralho — murmura Carson, e papai grunhi
em acordo.
— Então é ela? — pergunta Cade suavemente, e sinto meu peito apertar e
esquentar.
Eu nem sequer tenho que pensar na resposta a essa pergunta, porque eu sei
que, sem dúvida, até nos meus ossos que ela é.
— Sim, cara. É ela.
Agora, só espero que eu seja o único para ela também.
Capítulo 10
Borboleta

GIA

Procurando nas gavetas de Colton, eu encontro um par de meias e as coloco,


em seguida, desço para verificar o jantar. Eu tive o dia de folga hoje, então decidi obter
os ingredientes para fazer um assado com todos os acompanhamentos, incluindo
batatas assadas, cenoura, molho e rolos doces caseiros – algo que minha mãe me
ensinou a fazer. Vendo que o assado ainda não está pronto e os rolos estão crescendo,
eu pego meu celular do balcão, um copo e vou para a geladeira. Sirvo um copo de
vinho e levo-o junto com meu telefone, dirigindo-me para a varanda. Após colocar o
meu copo no trilho de madeira, eu ligo para Nat.
— Ei, estranha! Eu estava prestes a enviar um grupo de busca para o Tennessee
para procurar por você — diz ela, quando atende ao segundo toque.
— Nenhum grupo de busca é necessário — sorrio, tomando um gole de vinho.
— Desculpe não ter ligado. As coisas têm sido um pouco loucas aqui desde a semana
passada — digo, pensando que não é uma mentira. Entre o jantar com a família de
Colton no último domingo, o trabalho esta semana, visitar a vovó, e jantar com Nina
e Ned ontem, eu não tive a chance de realmente recuperar o fôlego.
— Eu entendo a loucura — diz ela, então pergunta. — Como foi o jantar com a
família de Colton no último fim de semana?
— Bom — respondo suavemente. O jantar foi bom; na verdade, foi perfeito.
Adorei a sensação de ser parte de uma família. Não tinha isso há tanto tempo que
esqueci quão bom era ter essa conexão; sentar em torno de uma mesa com pessoas
que se preocupam com o outro e ouvi-los falar e compartilhar histórias. Eu senti falta
disso, e ter Colton comigo, segurando a minha mão, e mantendo-me perto tornou
ainda melhor.
— Apenas bom? Eu sei que você estava preocupada.
— Muito bom. Os irmãos dele são legais e a cunhada é doce. Além disso, as
sobrinhas são adoráveis, e você já sabe que eu amo os pais dele. A coisa toda foi boa.
Eu estava preocupada por nada.
— E as coisas com você e Colton? — pergunta ela, e levando o meu vinho comigo
para uma das cadeiras de balanço, eu me sento. Assim que eu sento, Loki vem e
coloca a cabeça no meu colo.
— Estou completamente apaixonada por ele — admito baixinho enquanto olho
para a água, uma vez que assume a cor rosada do céu acima.
— Você está com medo — sussurra ela, lendo o meu tom, e meus olhos se
fecham brevemente.
— Aterrorizada — sussurro, tomando outro gole de vinho. — Dois dias atrás,
ele levou todas as minhas coisas para o andar superior do quarto que eu estava
ficando, quando cheguei aqui ele me disse para desfazer as malas. Ele havia esvaziado
algumas gavetas para mim e abriu espaço no armário dele.
— Ele não está brincando.
— Ele não está — concordo, mordendo meu lábio. — Está tudo acontecendo tão
rápido. Você acha que é muito rápido? — É a mesma pergunta que eu tenho me feito
na última semana.
— A sensação é certa? — pergunta ela, e nem sequer tenho que pensar na
resposta.
— Sim.
— Então não importa quão rápido ou lento você está indo.
Deus, eu amo a minha melhor amiga, e sinto falta dela.
— Eu sinto sua falta.
— Sinto sua falta também, e é por isso que estou planejando uma viagem para
ir vê-la em um par de semanas.
— Sério?
— Sério. Infelizmente, não serei capaz de permanecer por muito tempo desta
vez, mas eu acho que posso sempre voltar. Talvez durante o verão, por algumas
semanas?
— Você sempre pode voltar, e sabe que é bem-vinda a qualquer hora — digo,
ansiosa para apresentá-la a Colton e sua família, talvez até Tide e Olivia.
— Como está sua avó?
Sobre essa questão, a dor atinge meu peito e irradia, fazendo meu estômago
revirar. — Não está bem. Ela voltou a ficar distante. Ela está… Eu não sei. Apenas
não é a mesma, ou o que era quando cheguei aqui.
— O que dizem os médicos? — pergunta, soando preocupada.
— Nada de novo, que é a progressão da doença.
— Sinto muito.
— Eu também. — Coloco o meu copo de vinho no chão aos meus pés para que
eu possa correr meus dedos através da pele no topo da cabeça de Loki.
— O que está acontecendo com a investigação do incêndio e da casa?
— Não ouvi o detetive de novo desde a última vez que nos falamos. Colton e Tide
me ajudaram a pegar tudo da casa de vovó que eu poderia salvar, e fui indo devagar
por tudo isso, mas há um monte de coisas. Também entrei em contato com a
companhia de seguros há uma semana, e eles me disseram que ainda estão olhando
para a alegação e fazendo uma investigação própria.
— Esperemos que eles resolvam logo.
— Espero que sim. — Deixo escapar um suspiro. — O seguro da vovó está
cobrindo-a agora, mas não sei se isso vai durar a longo prazo. Se isso não acontecer,
eu terei que encontrar uma maneira de pagar para ela ficar na casa de repouso até
que eu possa vender a casa dela.
— Deixe-me saber se você precisar de mim para ajudá-la.
— Devo ficar bem. Exceto para pagar a faculdade, eu ainda não toquei no pouco
de dinheiro que meu pai me deixou. Se precisar, eu vou usar isso.
— Ainda assim, você sabe que pode me pedir e eu darei tudo o que puder.
— Obrigada.
— É para isso que servem as melhores amigas.
— Então, quando eu te salvarei? — Eu faço piada.
— Você foi suspensa por bater Nick Krouger quando tínhamos oito anos,
quando ele colocou chiclete no meu cabelo. Acho que estamos quites.
— Eu gostei de bater nele — murmuro, e ela ri. Não é uma mentira. Eu gostei.
Ele era um valentão; implicava com todos. E depois que eu lhe dei um soco no nariz,
ele parou de fazer isso e realmente se tornou um bom amigo.
— Falando em bater nas pessoas, como estão as coisas com a ex de Colton?
— Ela tem estado tranquila. Não sei se o pai dela falando com ela funcionou,
mas não apareceu — digo, deixando de fora o fato de que as amigas dela vieram ao
bar quando o amigo de Colton, Evan, estava na cidade com sua namorada, June.
— Isso é bom.
— Isto é. Tomara que continue assim — suspiro.
— Odeio deixá-la, mas preciso dormir, eu tenho corte na parte da manhã, às
oito, mas preciso acordar às cinco para repassar algumas coisas antes de ir à cidade.
— Durma um pouco.
— Eu te amo.
— Também te amo.
— Ligue-me logo. Não espere tanto tempo na próxima vez.
— Não vou — prometo, desligando. Largando o celular no meu colo, eu me curvo
e coloco o meu rosto perto do Loki. — Você vai conhecer a minha melhor amiga em
breve — digo a ele, enterrando minhas duas mãos na pele de ambos os lados de sua
cabeça, e ele solta um bufo, em seguida, seus ouvidos animam.
Ao ouvir o ronronar de um motor de motocicleta se aproximando, eu levanto a
cabeça e assisto Colton chegar e estacionar em frente da casa. Eu sabia que ele seria
um espetáculo para ser visto em sua moto, mas não tinha ideia de quão excitada eu
ficaria vendo-o em cima do banco, colocando o capacete preto e ligando o motor esta
manhã. Quando vi tudo isso, eu queria sair correndo atrás dele e fazê-lo voltar para
cuidar de mim. Foi ainda mais quente do que quando ele foi pegar as chaves no meio
da noite antes do incêndio acontecer.
Quando Loki desce correndo os degraus para cumprimentar Colton, eu pego
meu copo de vinho e caminho até o corrimão. Eu me inclino contra ele, sorrindo
enquanto ele tira o capacete e coloca-o no banco de trás antes de correr a mão pelo
cabelo.
— Como foi o trabalho? — pergunto, e seus olhos me encontram, depois brilham
enquanto viajam sobre a camisa que estou vestindo, minhas pernas nuas.
— Bom. — Ele desmonta e vem para a casa, seus olhos nunca deixando os
meus, mesmo enquanto acaricia Loki. — Eu gosto de chegar em casa para encontrá-
la em nada, além da minha camisa, de pé na varanda e bebendo vinho — diz ele,
subindo os degraus e direto para mim, envolvendo sua mão ao redor do meu quadril
e tocando sua boca na minha.
— Eu também tenho as meias — informo quando ele se afasta, e ele sorri,
levando os olhos aos meus pés.
— Eu vejo. — Sua mão patina na minha coxa nua e sobre o meu quadril, em
seguida, sob a borda da calcinha. — Você estava aqui fora esperando eu chegar? —
pergunta ele, deslizando os dedos ao longo da borda da camisa, em meu estômago, e
sobre o meu osso púbico. — Você está molhada.
Segurando em seus ombros, eu cavo minhas unhas em sua jaqueta de couro.
— Eu vim aqui para ligar para Nat — respondo, sem fôlego, e seus dedos deslizam
entre as minhas pernas enquanto minha cabeça cai.
— Olhe para mim, querida. — Levantando a cabeça, eu seguro seu olhar
enquanto ele circula meu clitóris com o polegar. — Você estava me esperando chegar?
— pergunta novamente, e eu aceno. Eu estava esperando-o chegar em casa. Queria
vê-lo novamente na moto, mas desta vez eu queria ser capaz de tê-lo depois de vê-lo.
— Colton. — Meus quadris empurram e minha cabeça cai novamente enquanto
seu polegar circula mais rápido.
— Olhe para mim, baby — repete, e eu faço. Ele agarra a parte de trás do meu
joelho e puxa minha perna em torno de seu quadril coberto de brim, o material
arranhando a pele sensível da minha coxa, e desliza dois dedos grossos dentro de
mim. — Eu amo o quão molhada você fica para mim. — Ele beija a concha da minha
orelha. — Os sons que você faz. — Ele a mordisca. — A maneira como você fica tão
suave e doce em meus braços.
— Oh, Deus. — Eu arfo, deslizando minhas mãos até o pescoço e virando seu
rosto. — Por favor, me beije — imploro. Sua boca cai na minha e sua língua desliza
entre meus lábios entreabertos.
No momento em que seu gosto atinge a minha língua, eu arrebento as costuras
ali, a céu aberto. Embora não esteja escuro lá fora e não haja uma nuvem à vista, as
estrelas dançam e brilham, fazendo todo o meu ser iluminar de dentro para fora. Eu
gemo contra sua língua e seguro seu cabelo para me impedir de perdê-lo. Me pegando
com a mão atrás do meu outro joelho, eu coloco minhas pernas ao redor de seus
quadris enquanto ele me leva para dentro. Ajudo-o a tirar a jaqueta, que cai nas
escadas a caminho de cima. Em seguida, a camisa dele e a minha se juntam ao longo
do caminho.
— Tire a calcinha — rosna ele quando me joga na cama. Retirando minha
calcinha, eu o vejo tirar suas botas e os jeans. No momento em que ele está nu na
minha frente, sua mão envolve seu pênis e ele começa a se acariciar. Eu choramingo
ao vê-lo, e meu núcleo aperta em antecipação. Não posso ter o suficiente dele. Eu sei
que nunca terei. — Venha aqui. — Ele acena o dedo para mim, e fico de joelhos, me
movendo em sua direção.
Sequer penso no que estou fazendo. Mas vendo-o com a mão em volta do seu
pau, eu quero minha boca sobre ele. Envolvo minha mão em torno dele e lambo a
cabeça. Ao ouvi-lo gemer de aprovação, eu levo-o mais profundo, tão profundo que ele
bate no fundo da minha garganta.
— Porra. — Sua mão desliza no meu cabelo, e olho para ele, vendo seus escuros
olhos cheios de luxúria presos em mim. Movendo minha mão com a minha boca, eu
giro e balanço, levando-o tão profundo quanto eu posso. — Cristo, perfeito. — Sua
mão desliza nas minhas costas e por cima da minha bunda, e então seus dedos estão
em mim, me fazendo gemer e choramingar em torno de seu comprimento. — Tanto
quanto estou amando isso, baby, não gozarei em sua boca — rosna ele, mas ignoro e
continuo, tão perdida no momento que não me importo com o que ele quer. — Jesus.
— Seus quadris se afastam, forçando-me a libertá-lo, então estou nas minhas costas
e seu rosto está entre as minhas pernas. Lambendo, chupando, beliscando e
mordendo cada polegada de mim. Meus quadris arqueiam para fora da cama para
obter mais de sua boca e dedos que me fodem impiedosamente.
— Eu vou…
— Goze — rosna ele contra o meu clitóris, e eu faço.
Eu gozo e voo sobre a borda na escuridão, onde ele me pega e me traz de volta
à vida com sua boca na minha e seu pênis deslizando dentro do meu núcleo ainda
pulsando. Minhas pernas envolvem seus quadris e minhas unhas cavam em suas
costas enquanto ele me fode com força. Seus quadris empurram e balançam tão
rapidamente que minha respiração engata e minha mente fica absolutamente em
branco, exceto ele e o que ele está fazendo ao meu corpo.
Sabendo que vou me perder de novo, eu aperto minhas pernas em torno de seus
quadris e meus braços em torno de suas costas. Desta vez, quando eu gozo, ele goza
comigo, gemendo na minha garganta enquanto eu gemo abaixo dele.
Retardando seus golpes, sua mão se move para o lado do meu rosto quando
nossa respiração nivela, e meus olhos abrem para encontrá-lo olhando para mim.
Quando vejo o olhar em seus olhos, meus pulmões ficam apertados. Eu nem
sequer tenho que perguntar o que ele está pensando para saber, porque tenho certeza
que eu tenho o mesmo olhar nos meus olhos agora. Eu me apaixonei, e nem sei
quando isso aconteceu.
— Você está bem? — pergunta ele, correndo a ponta do polegar na minha
bochecha enquanto me estuda atentamente.
— Sim.
— Eu machuquei você? — questiona, procurando meus olhos, e balanço a
cabeça. Largando a testa na minha, eu vejo seus olhos se fecharem. — Eu levei-a
duramente. — Sim, mas eu amei cada segundo.
— Você também me fez gozar forte — murmuro, passando minhas mãos em
suas costas. — Eu acho que posso ter marcado você.
— Bom. — Ele sorri, abrindo os olhos para olhar para mim novamente. Sim, eu
estou totalmente apaixonada. — Deixe-me cuidar do preservativo e estarei de volta.
Eu aceno, perguntando como não notei ele colocar.
— Eu preciso colocar os rolos no forno e verificar o jantar — digo a ele, e seu
corpo para sobre o meu. — Colton?
— Dê-me um segundo, baby — diz ele, estudando-me, e nervosismo enche meu
estômago.
— O quê?
— Como diabos eu tive tanta maldita sorte? — pergunta ele baixinho; o
nervosismo vai embora e uma nova, muito melhor sensação enche meu estômago. —
Acordo com você, vou dormir com você, é tudo que eu preciso, mas você continua
fazendo essa merda melhor todos os dias em novas formas.
— Eu...
— Nunca pensei que eu seria feliz novamente. Você me provou o contrário. —
Lágrimas enchem meus olhos e fecho-os para tentar combatê-las. É inútil; elas
transbordam, mas ele pega cada uma com um beijo suave que me faz chorar mais. —
Espero poder fazer você tão feliz quanto você me faz — completa.
Soluço, levantando para enterrar meu rosto no pescoço dele. Seus braços me
envolvem e ele nos vira, então estamos frente a frente. Uma vez que controlo as minhas
lágrimas, sussurro. — Você… você me faz feliz. Estar com você me faz feliz.
— Estou feliz, baby. — Ele me beija e coloca a minha cabeça embaixo do queixo,
segurando-me firmemente a ele por alguns minutos antes de se afastar para segurar
minha bochecha e olhar para mim. — Você está bem?
— Eu estou bem — sussurro, correndo os dedos ao longo da sua mandíbula, e
ele sorri, em seguida, me beija.
Puxando uma respiração, eu o empurro. — Devemos levantar.
— Certo — concorda ele, mas não se move, e posso dizer pelo olhar em seus
olhos que ele quer dizer alguma coisa. Ele não expressa o que está em sua mente. Em
vez disso, ele balança a cabeça, me levanta com ele e me leva ao banheiro.
Ajustando-me na borda da pia, ele me limpa e me beija docemente antes de
cuidar do preservativo. Depois disso, ele me leva ao quarto. Soltando a minha mão,
ele pega um moletom e coloca-os, então, pega a minha mão novamente e me puxa
para a cozinha. Está na ponta da língua dizer a ele que o amo, mas não digo. Eu
deveria, mas não quero perder o que está construindo entre nós. Então, ao invés, eu
termino o jantar e nós o comemos lado a lado sentados à ilha. Eu também poderia ter
dado Loki uma porção completa de assado.

~ ** ~

De pé na porta do quarto da minha avó na noite seguinte, tristeza enche o meu


peito enquanto assisto seus enfermeiros de cuidados paliativos, Elizabeth e Stan,
tentarem segurá-la enquanto ela faz tudo que pode para afastá-los.
— Ela estava tentando me matar! — grita vovó no topo de seus pulmões,
tentando levantar a mão para apontar para mim.
Abraçando-me para me segurar, eu luto contra uma nova onda de lágrimas,
então engulo em seco o pesado nó na garganta. Quando faço contato visual com Stan,
eu vejo arrependimento encher seus olhos quando eles finalmente são capazes de
aplicar com segurança o sedativo que a fará dormir em breve.
— Tudo bem. Apenas relaxe, querida — diz Elisabeth perto do ouvido da vovó
assim que seus músculos começam a relaxar e seu corpo desiste da luta. Colocando
os lençóis em torno de agora um corpo parado da vovó, ela levanta a proteção da cama
e anexa o alarme que tocará caso ela tente sair da cama. — Gia — chama ela, e afasto
os olhos de minha avó para olhar para ela, levantando o queixo muito ligeiramente
em reconhecimento. — Eu sei que você pensava em ficar aqui para jantar, mas não
acho que seja seguro. Ela tem estado muito ruim hoje, e não quero arriscar que ela
acidentalmente machuque você caso acorde. — Ela vem em minha direção, e eu olho
além dela na cama para ver que os olhos da vovó estão abertos e olhando fixamente
para o teto.
— Não sei nem mesmo o que a instigou — sussurro, olhando para Elizabeth, e
seu rosto suaviza, seus olhos se enchendo de pesar.
— Assim é a doença dela, querida — explica ela, e me abraço para não
desmoronar.
— Ela nunca fez isso — aponto silenciosamente. — Um minuto, ela estava
sentada na cadeira e nós estávamos trabalhando no quebra-cabeça, e no próximo, ela
estava me derrubando no chão, tentando me estrangular enquanto gritava que não
me deixaria matá-la — sufoco, e sua mão envolve a minha.
— Não tenho uma resposta para você. Eu queria ter — diz ela, em seguida, seus
dedos da outra mão tocam meu queixo. — Deixe-me dar uma olhada nisso. — Ela
força minha cabeça para trás para inspecionar meu pescoço. — Ela apertou bem —
murmura, e começo a tocar minha garganta, mas ela me para antes que eu possa. —
Não toque. — Ela rasga uma gaze embebida em álcool e eu estremeço quando ele
queima minha pele rasgada. — Você ficará bem, garota?
— Sim. — Abaixo a cabeça quando ela termina e tento sorrir, mas sei que ela
não comprou quando ela balança a cabeça para mim.
— Eu sei que isto não é fácil para você. — Não é fácil para mim, mas, ao mesmo
tempo, é pior para a minha avó, que está vivendo em um mundo que não faz mais
sentido para ela. Um mundo onde todo mundo é um estranho. Não posso imaginar
como deve ser. — Vá para casa, tome um banho e descanse um pouco — instrui, e
dou um aceno antes que ela saia do quarto.
Sinto Stan parar perto, então eu olho para ele.
— Vou ficar de olho nela esta noite. Ela ficará bem.
— Obrigada — digo a ele, e ele aperta meu braço, em seguida, desaparece.
Atravessando o piso de cerâmica branca, eu sento na cadeira ao lado da cama da
vovó, em seguida, estico sobre a proteção e seguro a mão dela. Seus olhos ainda estão
abertos, mas ela não me reconhece.
Descansando minha testa no meu braço apoiado sobre a grade, eu começo a
chorar. É preciso um longo tempo para eu conseguir me controlar, e quando
finalmente faço, os olhos da vovó estão fechados. Puxo uma respiração mais instável
quando levanto e me inclino sobre a grade, pressionando um beijo em sua bochecha
enrugada.
— Volto amanhã. Eu te amo. — Seus dedos apertam os meus quando eu falo, e
finjo que ela sabe quem eu sou e que ela está dizendo, Eu também te amo, antes de
soltá-la.
Estacionando na frente do Rusty Rose trinta minutos depois, eu desligo meu
jipe e saio. Liguei para Colton assim que deixei o lar e disse a ele o que aconteceu.
Antes mesmo de terminar de falar, ele me disse que voltaria para casa. Lembrei a ele
que ele não podia sair; é sábado, e todos trabalham sábado, incluindo os pais dele.
Foi quando ele me disse para levar minha bunda até lá para que ele pudesse ver que
eu estava bem. A reação dele não é uma surpresa. Ele tem estado preocupado comigo.
Ele não precisa dizer isso, mas posso ver em seus olhos sempre que falamos sobre
minha avó.
Abro a porta do bar e sou cumprimentada pelo som de pessoas se divertindo e
música alta. Não é uma surpresa o local ficar cheio. Desde que o clima começou a
esquentar, está sempre lotado. Caminhando através das pessoas que se reuniam aqui
e ali, eu vou em direção ao bar, e na hora que eu vejo Colton, os olhos dele encontram
os meus e se enchem de preocupação. Segurando a minha mão assim que estou perto,
ele me puxa para o escritório e fecha a porta.
— Você estava chorando — acusa ele logo que se virou para me encarar.
— Estou bem — digo, e balançando a cabeça, ele me puxa para o seu peito,
envolvendo um braço em torno de minhas costas e o outro em volta da minha cabeça.
Abraçando-o, eu luto contra uma nova onda de lágrimas.
— Porra, eu não deveria ter deixado você dirigir assim. Nem pensei, porra.
— Estou bem — repito quando inclino cabeça para olhar para ele, e sua mão
desliza para envolver o meu pescoço, me fazendo estremecer.
— Jesus. — Ele inclina a minha cabeça e seus olhos caem nas três marcas de
unhas no meu pescoço. — Ela fez isso com você?
— Ela não fez isso de propósito — defendo, e seu rosto suaviza.
— Eu sei, baby — responde ele gentilmente. — De agora em diante, eu vou com
você quando você for visitá-la.
— Isso não é necessário.
— De agora em diante, eu vou com você — repete grossamente, e não discuto,
porque eu conheço esse tom e entendo que seria inútil. — Sinto muito.
— Eu também. — Descanso minha testa em seu peito. — Eu odeio que ela esteja
sofrendo. Quer dizer, eu sei que ela não está com dor, mas, ainda assim, o que ela
está passando parece pior — digo, e ele não concorda ou discorda; apenas me segura.
Eu preciso dele para me segurar. Sinto-me mais segura quando estou nos braços dele,
mais segura quando estou com ele. — Eu deveria deixá-lo voltar ao trabalho — suspiro
depois de alguns minutos, e seu aperto aumenta.
— Você deveria me deixar te abraçar — corrige ele, beijando o topo da minha
cabeça. Então eu deixo. Deixo que ele me segure por um longo tempo, até que ele usa
os dedos no meu queixo para inclinar minha cabeça em direção a ele. — Vou te levar
para casa.
— Você precisa trabalhar.
— Eu posso sair para te levar para casa — diz ele, parecendo agitado, e olho
para ele, vendo preocupação em seus olhos.
— Eu tenho meu Jeep.
— Seu Jeep ficará bem aqui esta noite. Vou trazê-la até aqui de manhã.
— Tem certeza?
— Eu tenho certeza — responde ele, passando os dedos ao longo da minha
bochecha. — Deixe-me dizer ao meu pai que eu vou sair.
— Claro. — Eu aceno e ele me beija suavemente, em seguida, me solta para
abrir a porta.
Seguindo-o, eu o vejo ir até seu pai, e quando ele fala, os olhos de Kirk
encontram os meus e seu rosto suaviza. Batendo no ombro de Colton, Kirk caminha
até mim e me abraça.
— Você ficará bem, querida? — pergunta ele, inclinando a cabeça em direção a
minha, e meu peito queima. Não só me apaixonei por Colton, mas também por sua
família.
— Eu ficarei bem — asseguro, e ficarei. Tendo Colton, sua família, e Nat, eu sei
que ficarei sempre bem.
— Quer uma bebida?
— Vou esperar até estar em casa para tomar um copo de vinho.
Sorrio para ele e ele sorri, então ele beija o lado da minha cabeça antes de me
soltar, dizendo: — Te vejo amanhã.
— Até amanhã — concordo, tomando a mão de Colton quando ele a estende
para mim. Agarrando sua jaqueta, ele me leva para fora e para sua moto. Eu esqueci
completamente que ele veio de moto para o trabalho hoje.
— Eu... — começo a dizer que ele deveria usar o meu jipe, mas antes que eu
possa fazer isso, ele coloca o capacete na minha cabeça e o prende no lugar. — Você
precisa de um capacete — indico, e ele vai até a moto estacionada ao lado da sua e
tira o capacete do assento.
— Vou pegar o do papai — explica ele, pondo o capacete de seu pai, que preto
como o dele, e então ele me ajuda a vestir sua jaqueta de couro, que cheira a ele. Vejo-
o montar, em seguida, ele estende a mão para mim.
— Não sei o que fazer — digo, e ele sorri.
— É fácil, baby. Basta atirar a perna por cima e me segurar.
— Eu... — Quando começo a dizer que não tenho certeza sobre isso, ele me
para. Pegando a minha mão, ele me puxa para ele.
— Perna por cima — instrui, e então eu faço. Lanço minha perna sobre o assento
atrás dele, em seguida, envolvo meus braços ao redor da cintura tão firmemente
quanto posso. — Solte-se um pouco, Covinhas. Prometo que você vai adorar isso.
— Não sei sobre isso — murmuro, e ele me ignora enquanto liga o motor,
trazendo a moto à vida. Agarrada a ele, eu ranjo quando ele sai, mas, em seguida,
sinto o meu corpo relaxar quando ele nos leva para a estrada. Mesmo com o ar fresco
da noite chicoteando contra a minha pele, eu começo a esquentar. O corpo dele entre
as minhas coxas e a moto vibrando debaixo de nós é algo que eu nunca senti.
Infelizmente, tão rapidamente quanto o passeio começa, ele está parando na frente da
casa e desligando o motor.
— O que você achou? — pergunta, virando a cabeça para olhar para mim por
cima do ombro.
— Eu quero fazer isso de novo — respiro, e ele sorri, obviamente, lendo o olhar
nos meus olhos.
— Amanhã. Então sempre que quiser depois disso.
— Bom — digo baixinho quando deslizo do assento atrás dele. Ajudando-me a
tirar o capacete, ele prende na parte de trás do assento, em seguida, tira o dele. Ele
desce da moto para me acompanhar até a porta, com Loki nos seguindo.
— Se precisar de mim, ligue para o bar — instrui uma vez que estamos na porta,
e eu aceno, então inclino a cabeça para aceitar um beijo. Após tocar sua boca na
minha, ele se afasta e seus olhos examinam o meu rosto. — Você ficará bem?
— Eu ficarei bem.
— Ligue para mim antes de ir dormir.
— Sim — prometo, descansando minhas mãos em seu peito quando vejo que
ele está dividido em me deixar. — Não se preocupe comigo. Eu ficarei bem. Vou
verificar um pouco mais das coisas da vovó e trabalhar nos cobertores para as
meninas, então estarei ocupada.
— Tudo bem. — Ele me beija, sua língua passando no meu lábio inferior antes
de me liberar e abrir a porta para mim. Entrando, Loki me segue e senta-se aos meus
pés. — Tranque — demanda Colton, e reviro meus olhos enquanto fecho e tranco a
porta. Movendo-me para a janela na sala de estar, eu o vejo ir para sua moto, colocar
o capacete, dar ré e decolar.
Depois que ele está fora de vista, eu vou à cozinha e encho um copo de vinho,
levando comigo para garagem. Abrindo uma caixa após a outra, eu coloco as coisas
em uma pilha que comecei para doações, e outra pilha que eu preciso manter. Quando
chego a última caixa do quarto da avó, eu abro e encontro uma linda caixa de madeira
com borboletas esculpidas na superfície. Pegando a caixa, eu viro a trava de latão e
abro a tampa. Encontro dezenas de cartas em envelopes lacrados, todos dirigidos a
mim com Devolver ao Remetente escrito neles com a letra de Colleen. Sento-me no
chão e Loki vem e se deita ao meu lado.
Abro uma após a outra. São todas da minha avó, uma para cada aniversário,
cada Natal, Páscoa, Ação de Graças, e feriados, todas escrita à mão na grafia curvada,
a qual é incomum e bonita. E todas me contam uma história, uma história triste de
uma mulher que perdeu sua única filha, apenas para perder sua única neta mais
tarde, quando o pai dela morreu e a esposa dele lhe disse uma mentira que mudou
tudo. Lendo a última carta na caixa, meus pulmões queimam com raiva e meu coração
se enche de dor.

Querida borboleta,
Acabei de chegar em casa dos médicos. Eles me disseram que eu tenho
demência. Acho que eles não sabem o que estão falando. Eu não enlouqueci.
Pelo menos, eu acho que não. Então, novamente, se eu fiz, não sei se eu sei.
(Eu rio disso, em seguida, puxo uma respiração instável.)
Eu sei que não me esqueci de você. Penso em você muitas vezes, e gostaria
que você respondesse as minhas cartas, mesmo que apenas para me dizer que
está bem e está feliz.
Eu te amo, minha borboleta.
Vovó

Borboleta. Esqueci que ela costumava me chamar assim. Não sei como esqueci,
mas eu esqueci. Segurando a carta no meu peito, minha visão borra. Recolocando as
cartas na caixa, eu fecho a tampa e levanto, levando-a comigo. Colocando no balcão
na cozinha, eu derramo mais vinho em meu copo vazio e tomo um gole profundo,
esperando que lave o ácido queimando o fundo da minha garganta, tornando difícil
respirar.
Não ajuda. Segurando o copo com mais força, eu luto contra jogá-lo contra a
parede e gritar sobre quão injusto é a vida. Luto contra ligar para minha madrasta e
gritar com ela pelo que ela fez. Fechando os olhos, lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Não fará diferença o que eu faço agora. Nada vai mudar. Eu não voltarei ao tempo que
perdi com uma mulher que significava o mundo para mim. Uma mulher que precisava
de mim e pensou que eu a abandonei quando ela já havia perdido o marido e a filha.
Nada voltará esse tempo; nenhuma quantidade de lágrimas ou gritos será capaz de
corrigir isso. É tarde demais para minha avó e eu reconstruímos o que foi roubado de
nós.
Levando a caixa comigo, eu vou para a cama e a mantenho no meu colo,
correndo os dedos em uma das asas de borboleta gravada, antes de abrir a tampa.
Relendo as cartas, eu mergulho em cada palavra antes de me enrolar em uma bola e
chorar até dormir.
Capítulo 11
Por um fio

GIA

— Gia? — grita Colton comigo lá de baixo, e reviro meus olhos para o meu
reflexo no espelho.
— Sim? — respondo, com a escova de dente pendurada na minha boca.
— Venha aqui um segundo — grita ele, então eu cuspo e enxaguo minha boca,
em seguida, deixo a escova de dente no copo com a dele.
Atravessando o quarto até o parapeito do loft, eu olho para onde ele está na
cozinha, com o telefone no ouvido, e seus olhos apontam para mim. — Você chamou?
— Você foi ao depósito na sexta-feira? — pergunta, e estudo a expressão em seu
rosto, tentando lê-lo, mas não consigo.
— Eu vou toda sexta-feira para estocar para o fim de semana. — Lembro-o de
algo que ele deveria saber. Porque desde que comecei a trabalhar no bar, eu venho
fazendo o translado a cada sexta-feira para abastecer para o fim de semana, e
novamente às segundas-feiras para repor o que precisa ser reabastecido.
— Você trancou antes de sair?
— Eu sempre tranco — digo, deixando a grade para que eu possa ir até as
escadas. Indo para a cozinha, eu paro alguns metros dele e o vejo apertar a nuca e
levar os olhos para as botas.
— Ela disse que trancou, então trancou. Não sei como alguém entrou. — Em
suas palavras, meu estômago afunda. — Sim. Certo. Eu te encontro lá. Dê-me trinta
minutos. — Ele tira o telefone da orelha e olha para mim. — Alguém entrou no
depósito entre sexta-feira e hoje. A tranca estava aberta, e não fechada. O que não foi
levado, foi destruído.
— O quê? — Eu respiro, descansando minha mão contra a borda do balcão para
me segurar.
— Preciso ir lá. Papai chamou a polícia e eles estão a caminho.
— Eu vou com você.
— Não, querida. — Ele nega, balançando a cabeça, e eu olho para ele, em
seguida, dou um passo atrás.
— Você não acha...
— Não. — Ele me corta antes que eu possa terminar a minha pergunta, e sua
mão puxa meu quadril, trazendo-me um passo mais perto dele. — Se você diz que
trancou, você trancou.
— Eu tranquei — sussurro, e ele balança a cabeça, pressionando os lábios na
minha testa em um toque suave.
— Eu tenho que ir lá. Ligo para você. — Ele me libera com um beijo nos meus
lábios e o vejo desaparecer pela porta da frente, em seguida, ouço a moto arrancar.
Indo à janela, eu me abraço enquanto ele desce a rua.
Alguém invadiu o depósito. Quem e como? Eu sei que tranquei. Eu sempre me
certifico de verificar novamente o alarme antes de sair, apenas para ter certeza. Sem
resposta, eu começo a subir para me preparar para o trabalho, mas paro quando ouço
o meu celular tocar. Indo à cozinha, onde o meu telefone está carregando, eu o pego
e deslizo o dedo pela tela.
— Olá — respondo após colocar o telefone no ouvido.
— Gia, é Elizabeth. — Ela para de falar e meus olhos fecham. Eu sei o que ela
vai dizer antes de dizer, apenas pelo som de pesar em sua voz. — Eu acabei de verificar
sua avó. Lamento ter que dizer isso, mas ela faleceu, querida.
— Eu… como? Eu a vi ontem à noite — sussurro, quando dor irradia pelo meu
peito e aperta meus pulmões, tornando-se difícil respirar.
— Às vezes acontece assim. Um minuto eles estão com a gente e parecem bem,
e no próximo, eles se foram — diz ela baixinho, e a dor em meu peito se expande. —
Sinto muito, Gia. Eu sei que isso será difícil para você, mas você quer vê-la antes que
venham levá-la?
Meus pulmões apertam. Não quero vê-la de novo sabendo que ela se foi, mas,
ao mesmo tempo, eu preciso vê-la uma última vez. — Sim, eu estarei aí assim que eu
puder — falo, abrindo os olhos e não vendo nada.
— Vou informá-los que você está vindo — diz ela suavemente, em seguida,
acrescenta —, mais uma vez, sinto muito, Gia.
— Obrigada. — Desligo e olho o telefone na minha mão enquanto tento puxar
uma respiração. Discando o número de Colton, eu espero ele atender, mas ele não
atende. O telefone vai para o correio de voz, então eu desligo e subo.
Lutando contra a dor esmagadora em volta do meu coração, eu tiro minha
camisola, visto um sutiã, e coloco jeans e uma camiseta. Uma vez feito isso, eu desço,
calço meus sapatos perto da porta, pego as chaves e entro no meu jipe. Movendo-me
no piloto automático, eu disco o número de Colton novamente no caminho, ouço
quando toca, e depois desligo, não deixando uma mensagem quando cai no correio de
voz novamente.

~ ** ~

— As coisas dela serão embaladas. Você pode pegá-las em poucos dias. — Ritta,
a diretora do lar de idosos – uma pequena, mas velha chinesa com olhos bondosos e
gentis – diz do meu lado, pegando a minha mão e dando-lhe um aperto. — A funerária
também ligará para você para organizar os preparativos para o funeral.
— Ok — sussurro, ainda olhando para os lençóis amarrotados sobre a cama
onde estava minha avó, até dois homens vestindo ternos entrarem com uma maca
para tirá-la do quarto e levá-la.
— Você quer vir ao meu escritório e ligar para alguém vir buscá-la? — pergunta
ela, apertando a minha mão, e meus olhos vão para os dela. Tentei ligar para Colton
novamente depois que cheguei aqui, e novamente ele não atendeu, e novamente, não
deixei uma mensagem.
— Eu ficarei bem.
— Tem certeza? — pergunta ela, segurando minha mão, agora com força. —
Acho que você não deveria dirigir em seu estado.
— Eu não moro longe, talvez quinze minutos. Ficarei bem — garanto, mas ela
não parece convencida. Na verdade, ela parece ainda mais preocupada do que estava
segundos atrás.
— A cada duas semanas, na terça-feira à tarde, temos um conselheiro de luto
para pessoas que sofreram a perda de um membro da família ou amigo. Às vezes,
compartilhar sua experiência com outras pessoas que passaram por algo semelhante
ajuda a curar.
— Vou pensar em ir a um — minto, e ela balança a cabeça, finalmente soltando
seu domínio sobre mim.
— Se precisar de alguma coisa, ligue para o escritório e peça para falar comigo.
— Obrigada — digo, e ela balança a cabeça uma vez, então sai do cômodo.
Olhando para a cama uma última vez, eu me viro e saio, me certificando de
manter os olhos nos meus pés, então não preciso fazer contato visual com ninguém.
Eu me controlei desde que Elizabeth me ligou para dizer que vovó faleceu, mas não
sei quanto tempo vai durar desde que estou mal me segurando.
Ligo para Colton novamente assim que estou no jipe, e fecho os olhos quando
ele não atende, soltando minha testa no volante. Esta é a primeira vez que eu me sinto
sozinha em um longo tempo. Esqueci quão esmagadora é a sensação de estar sozinha.
Sabendo que não posso ficar aqui para sempre, eu ligo meu jipe e saio do
estacionamento indo para casa, onde sei que Loki, pelo menos, estará esperando por
mim.
No meio do caminho para a casa, começo a ouvir o som de sirenes da polícia,
então verifico o meu espelho retrovisor e vejo um carro da polícia com as luzes
piscando se aproximando rapidamente de mim. Virando os meus olhos para o meu
velocímetro, verifico se não estou acima do limite de velocidade. Eu não estou, então
desacelero para deixá-lo passar. Ele não passa. Ele retarda juntamente comigo, então
eu paro no acostamento. Assim que tenho o jipe parado, eu olho o meu retrovisor e
vejo um grande homem nos seus trinta e tantos anos abrir a porta e sair do carro,
colocando um chapéu de cowboy enquanto caminha até mim. Aperto o botão para a
janela, e abaixo-a assim que ele se aproxima.
— Madame. — Ele inclina seu chapéu para mim. — Recebi a informação que
um veículo correspondente ao seu na descrição estava dirigindo de forma imprudente,
e quase jogou outro carro para fora da estrada — diz ele, e balanço a cabeça em
confusão.
— Senhor, não fui eu — digo a ele, perguntando se estou tão fora de mim que
não percebi que estava fazendo o que ele disse. Poderia estar; eu sinto que tenho
andado em uma bolha desde que recebi o telefonema sobre a vovó.
— Vou precisar pedir a sua licença e registro — afirma ele, então estico a mão
trêmula e abro o meu porta-luvas. No momento em que faço isso, algo preto cai no
chão com um baque. Começo a alcançá-lo, mas paro quando vejo o que é.
— Essa arma é sua, senhora? — pergunta o policial, e balanço a cabeça, incapaz
de falar enquanto olho a arma caída no meu piso. — Coloque as mãos no volante —
instrui ele, então eu coloco imediatamente enquanto o meu coração bate tão forte que
meu peito dói com o impacto. — De quem é a arma?
— Não sei — digo sinceramente, e viro para olhar para ele, então eu vejo que
ele tirou a arma do coldre e aponta para mim. — Vou abrir sua porta. Mantenha as
mãos exatamente onde elas estão.
— Ok — concordo, apertando os olhos fechados para que eu não tenha que ver
a arma que ele tem apenas centímetros do meu rosto.
— Você tem outras armas com você ou no veículo?
— Não. — Balanço minha cabeça, ouvindo o som da porta quando ele abre.
— Vou desenganchar o cinto. Mantenha as mãos onde estão.
— Não vou movê-las — prometo, conforme seu braço gira em torno da minha
cintura para que ele possa soltar o cinto de segurança.
— Agora saia do veículo, mantendo as mãos onde eu possa vê-las — ordena ele,
e abro os meus olhos. Não olho para ele ou a arma que eu sei que ele tem apontada
em mim. Mantenho os meus olhos no chão enquanto saio, e os mantenho abaixados
quando ele me pede para colocar as mãos no meu Jeep, chama apoio, e me algema.

~ ** ~

— Gia Caro? — ouço uma mulher chamar, e levanto a cabeça das minhas mãos,
assistindo uma mulher gorda em um apertado uniforme muito pouco lisonjeiro vir em
minha direção.
— Sou eu — respondo, e abrindo a pesada porta de metal da sala em que estou,
ela acena para eu me levantar.
— Você está livre.
Meus olhos se fecham em alívio e agradeço a minha estrela da sorte por Nat ter
sido capaz de me tirar desta confusão a centenas de quilômetros de distância. Não
uso o meu único telefonema para ligar para Colton. Usei-o para chamar Nat, sabendo
que ela atenderia. Quando disse a ela que eu havia sido presa, ela garantiu que me
tiraria, mesmo sabendo que eu estava presa por uma arma, o que descobri uma hora
após ser presa, que é propriedade roubada.
— Me siga. Você precisa preencher alguns papéis para ter suas coisas — diz a
mulher, tirando-me dos meus pensamentos, e eu a sigo em direção a um grande
conjunto de portas, em seguida, paro atrás dela quando ela faz uma pausa em uma
pequena janela. — Esta é Gia Caro — afirma a mulher do outro lado da janela, que
está sentada atrás de uma mesa coberta de pilhas de papel.
— Aqui estão as suas coisas. — A mulher me dá um grande saco de papel
marrom. — Abra, certifique-se de que todas as suas coisas estão aí, e assine no final
disto. — Ela repousa uma prancheta na borda da janela enquanto eu abro o saco,
encontrando meus sapatos, telefone e brincos. Sabendo que é tudo o que tirei quando
cheguei aqui, eu assino os papéis e os entrego para ela. — Está tudo pronto —
murmura ela, batendo em algo na parede, e um clique soa alto atrás de mim. —
Apenas siga em frente, siga esse corredor até o fim. Vire à direita, e a porta te levará
para fora do prédio.
— Obrigada — digo para a policial feminina quando ela abre a porta para eu
sair, e ela levanta o queixo em resposta.
Seguindo o corredor, eu viro à direita, e paro completamente quando vejo Colton
sentado em um banco perto da saída, com a cabeça baixa, os cotovelos nas coxas e
as mãos em volta do pescoço. Ao vê-lo, tudo o que tenho aguentado o dia todo corre
para a superfície.
Tento manter na baia, mas um som de dor escapa da minha garganta antes que
eu possa parar, e o segundo que deixa a minha boca, ele levanta a cabeça e seus olhos
encontram os meus. Cobrindo minha boca com a mão, eu engasgo com um soluço.
— Porra. — Ele corre na minha direção, me abraçando contra seu peito quente.
— Porra, porra, porra, porra — sussurra ele enquanto tento me afundar nele. — Eu
sinto tanto baby. Sinto tanto, baby — murmura, me pegando. Enfiando meu rosto
firmemente contra seu pescoço, eu o agarro com tudo o que tenho quando ele me leva.
— Preciso ir para casa. Juro por Deus, uma vez que chegar lá, você não vai me perder
de novo. — Balanço a cabeça quando ele tenta me soltar. — Por favor, Gia — pede,
parecendo rasgado, então eu afrouxo o meu aperto e deixo que ele me coloque no
banco do passageiro.
Beijando meu cabelo, ele fecha a porta, corre ao redor do capô e fica atrás do
volante. Uma vez que ele coloca o cinto de segurança, ele pega a minha mão e segura-
a apertada. A viagem para casa parece demorar uma eternidade, e quando nós
paramos na frente da casa, eu fico tensa ao perceber que o carro da mãe dele está
estacionado em frente. Eu nem sequer pensei no que ele ou seus pais vão pensar
sobre eu ser presa por estar em posse de uma arma roubada.
— Mamãe e papai só querem ter certeza de que você está bem. Ao verem que
você está, eles vão embora e será apenas nós.
— Eu...
— Prometo. Ficará tudo bem — diz ele, então eu aceno.
Abrindo a porta, eu desço do Suburban. No segundo que meus pés tocam a
terra, Loki vem até mim, pressionando seu rosto no meu estômago, e lamenta. Esfrego
o topo de sua cabeça, e ao olhar para cima, vejo Rose e Kirk vindo para mim.
— Você está bem, querida? — pergunta Rose, me puxando para um abraço que
faz meu nariz pinicar e meus olhos queimarem.
— Sim.
— Nós estávamos tão preocupados quando você não apareceu no trabalho.
Ninguém sabia o que aconteceu até que sua amiga ligou. — Fecho meus olhos. Eu
devia ter adivinhado que Nat encontraria uma maneira de entrar em contato com eles.
— Tem certeza que está bem? — pergunta ela.
Não, eu não estou, mas não digo isso. Em vez disso, eu aceno.
— Tenho certeza que você quer descansar depois de hoje. Vamos voltar na parte
da manhã para verificá-la, após pegar o seu Jeep — diz ela, e meu queixo treme. —
Descanse querida — sussurra, me abraçando novamente antes de me soltar, então
Kirk pode me dar um abraço. Uma vez que ele me libera, Colton descansa seu braço
em volta dos meus ombros e nos gira em direção a casa.
— Ligue — diz Kirk a nossas costas, e não ouço ou vejo a resposta de Colton,
mas o conhecendo, ele provavelmente ergueu o queixo para o pai. Com a minha cabeça
abaixada, eu ouço as portas de carro bater atrás de nós enquanto Colton me leva a
subir os degraus e entrar na casa. Logo que estamos lá dentro, ele fecha e tranca a
porta antes de sentarmos no sofá. Então o ouço puxar uma respiração profunda e
deixá-la lentamente.
Ouvindo isso e sentindo seus músculos tensos, eu tento me preparar para o
que ele vai dizer, mas nada pode me preparar para o que sai da boca dele.
— Os policiais prenderam Lisa, e pelo que entendi, ela não sairá da prisão por
um tempo — diz ele, e minha cabeça voa ao redor para que eu possa olhar para ele.
Não sei o que eu esperava, mas não era isso.
— O quê?
— Era a minha arma no porta-luvas de seu jipe — diz ele, e sinto meus olhos
se arregalarem e meu estômago revirar.
— O que?
— Após os policiais deixarem a casa dos meus pais esta manhã, fomos ao bar e
minha mãe rebobinou as fitas do fim de semana, só para ver se havia alguma coisa
fora do comum que nos levaria a quem invadiu o depósito. Foi quando vimos Lisa
arrombar seu jipe na manhã de domingo. As câmeras estavam longe, então não havia
uma imagem clara. Não sabíamos o que estava fazendo em seu jipe, mas sabíamos
que ela fez alguma coisa. Vendo isso, chamamos a polícia para que eles soubessem o
que aconteceu. Foi quando eu descobri a partir do detetive que estava lidando com o
meu caso que uma prisão havia sido feita. Quando ele me disse quem foi preso, eu
sabia exatamente a razão de Lisa ter arrombado o seu carro.
— Ela armou para mim? — pergunto incrédula, observando seu corpo ficar
tenso e sua mandíbula enrijecer.
— Eu me odeio por ter trazido esta merda em sua vida. Por não protegê-la dela.
— Ela armou para mim? — repito. — Tive uma arma apontada na minha cara
e fui presa nem mesmo uma hora após assistir dois homens tirarem a minha avó
morta do seu quarto — falo, sem perceber que o corpo dele para ou a energia
assustadora que enche a sala. — Por quê? Por que ela faria isso?
— Sua avó? — engasga ele, e concentro-me nele. Vendo o olhar em seus olhos,
fecho os meus. Ele não sabia. Então, novamente, como poderia? Sequer disse a Nat.
Estava tão assustada com ser presa que eu não queria pensar na vovó até que eu
tivesse tempo de processar a sua perda.
— Você não sabia.
— Não. — Sua voz soa áspera enquanto ele me leva para mais perto dele. —
Conte-me.
— Logo depois que você saiu Elizabeth ligou para dizer — digo, e os braços dele
apertam. — Eu tentei te ligar.
— Foda-se, baby, eu deveria estar aqui.
— Ela se foi — sussurro, e as lágrimas que estive segurando transbordam. —
Simples assim, ela se foi.
Ele me puxa para ele e rola-nos, assim as minhas costas ficam na parte de trás
do sofá e sua perna e braço estão sobre mim, me encapsulando e fazendo-me sentir
segura e protegida. É como se o mundo nunca fosse capaz de me tocar, porque ele
sempre estará lá, esperando para assumir qualquer ameaça.
— Coloque para fora. — Seus dedos passam pelo meu cabelo enquanto choro e
deixo tudo sair, com o meu rosto contra seu peito.
Agarrada a ele, eu solto tudo, até que não há mais nada. Quando minhas
lágrimas finalmente secam, eu puxo meu rosto de seu peito para olhar para ele, e
abaixando a cabeça, seus olhos encontram os meus.
— Eu gostaria de poder levar isso tudo embora. — Eu sei que ele gostaria. —
Sinto muito, querida. Sinto muito por não estar lá quando você precisou de mim.
Fechando os olhos, eu pressiono minha testa em seu peito. — Você está aqui
agora — digo, e ele descansa os lábios contra o topo da minha cabeça e seu peito se
expande. Mantendo os olhos fechados, eu finalmente desmaio de exaustão.
— Não dou a mínima — ouço Colton dizer, e pisco os olhos abertos para me
encontrar sozinha no sofá com a TV ligada e o volume baixo. Afasto meu cabelo do
rosto e me sento. Olhando por cima do encosto do sofá, vejo que Colton está sem
camisa na cozinha, de costas para mim, e o telefone no ouvido. — Sim, pai, eu
entendo, mas quando a mulher que eu amo precisou de mim, eu não estive lá para
ela, ela não pode sequer falar comigo, desde que eu deixei a porra do meu telefone
aqui, com pressa para ir até você. Ainda por cima, essa merda que a Lisa causou, e
pode ver por que isso fode com a minha cabeça agora.
Ama? Ele me ama? Meu coração começa a trovejar contra minhas costelas e
meu estômago se sente engraçado, como se estivesse cheio demais.
— Não iremos amanhã, e ela provavelmente não irá por um tempo, a menos que
seja apenas para sair. Eu quero que ela procure outro lugar para trabalhar. — O quê?
— Sim, diga a mamãe que eu a amo também. Vejo vocês amanhã, e diga a ela que eu
agradeço por ligar para Ned e Nina e informá-los sobre Genevria. Sim, até mais. — Ele
desliga e vejo seus músculos das costas expandir quando ele puxa uma respiração
profunda, então seus músculos do braço flexionam quando ele passa a mão pelo
cabelo.
— Você acabou de dizer ao seu pai que eu não vou mais trabalhar no bar? —
pergunto, em vez de perguntar se ele está apaixonado por mim, e ele se vira, seus
olhos preocupados encontram os meus.
— Você precisa encontrar um trabalho que você ama.
— Gosto de trabalhar no bar — respondo com sinceridade, e ele balança a
cabeça.
— Pode gostar, mas você não ama. Não é o que vai mantê-la feliz a longo prazo
— afirma ele, e pisco para ele. — Quero que você comece uma vida aqui comigo, nesta
cidade, e para que faça isso, você precisa encontrar um emprego trabalhando com
crianças.
— Você quer que eu viva aqui com você para sempre? — pergunto
estupidamente, e sua cabeça inclina para o lado.
— Sim
— Eu...
— Ou isso ou vou me mudar para Chicago com você — diz ele, segurando meu
olhar, e esse sentimento em meu estômago se expande por todo meu corpo.
— O quê?
— Não vou viver minha vida sem você, então ou você se muda para cá, ou eu
me mudo para lá. De qualquer maneira, nós ficaremos juntos.
— Você faria isso, se mudar para Chicago só para ficar comigo? — sussurro, e
ele franze a testa.
— Estou apaixonado por você, e sei que isso não mudará. Não quero ficar sem
você, então se você disser que quer viver em Chicago… porra, se você disser que quer
viver no inferno, eu a seguirei até lá e a farei feliz.
— Você está apaixonado por mim — repito. Sim, eu o ouvi dizer a seu pai que
estava, mas ouvi-lo dizer isso enquanto olha nos meus olhos é diferente. Parece
completamente impossível.
— Com tudo o que sou, baby. — Ele descansa sua mão sobre o coração e os
meus olhos se enchem de lágrimas.
Balançando a cabeça, eu fecho meus olhos brevemente. — Não quero me mudar
para Chicago. Gosto de viver no lago com você e Loki.
— Então ficaremos aqui.
— Além disso, eu também te amo — sussurro; e suavizando o rosto, ele sai da
cozinha e vem na minha direção.
Curvando-se no encosto do sofá, ele segura a minha cabeça. — Você acha que
pode ser feliz aqui? — pergunta ele, inclinando o rosto perto do meu.
Puxo a respiração e respondo honestamente: — Enquanto eu tiver você, sim, eu
sei que posso ser.
— Eu te amo, Gia. Não tinha ideia do que era o amor até você, mas eu sei agora,
e sei que sempre valorizarei tudo o que você me deu.
— Você vai me fazer chorar.
— Por favor, não. Já vi o suficiente de suas lágrimas hoje para durar uma vida
— diz ele, e meus olhos se fecham.
Abaixando minha testa, eu descanso contra seu abdômen. — Como um dos
piores dias da minha vida também pode ser um dos melhores? — pergunto, e sua mão
aperta a minha cabeça. Em seguida, ele puxa minha cabeça e me beija. Quando se
afasta com um toque final de seus lábios, eu olho em seus olhos e sei, sem sombra de
dúvida, que enquanto eu o tiver, eu terei tudo.

~ ** ~

Estando no setor de bagagens na parte inferior das escadas rolantes à espera


de Nat, eu aperto mais a mão de Colton. Já se passaram quatro dias desde que vovó
faleceu, e nesse tempo, eu fiz arranjos e planos de funeral para a vovó ser enterrada
ao lado do vovô. Eu falei com o que parece ser todos na cidade, e lamentei a perda de
uma mulher que eu amava e me importava pela segunda vez na minha vida. Não diria
que é mais fácil deixá-la ir desta vez, mas é diferente. Muito antes que ela se fosse,
ela desapareceu com sua doença e tornou-se alguém que eu não reconhecia mais. O
que fez a diferença neste momento é ter pessoas para me apoiar, as pessoas que se
preocupam comigo, como Nat, Ned, e Nina, além de Colton e sua família. Todos me
deixaram chorar sobre os seus ombros e inclinar sobre eles por ajuda quando precisei.
Não sei o que eu faria sem eles, e, felizmente, estou certa que nunca precisarei saber.
— Lá está ela — digo quando finalmente vejo Nat ir para a escada rolante. Ela
está usando tênis, jeans e um moletom com meio elegante, meio subúrbio escrito na
frente em letra branca e negrito. No momento em que nos vê, todo o seu rosto se
ilumina.
Soltando a mão de Colton, eu inclino minha cabeça e sorrio para ele, pegando
seu sorriso antes de correr em direção a minha amiga, que está descendo a escada
rolante em minha direção com os braços abertos. No momento que Nat e eu nos
encontramos, nos abraçamos e nos balançamos de um lado para o outro.
— Menina, você não mentiu. Ele é Q-U-E-N-T-E, com todas as letras maiúsculas
— assobia Nat contra o meu ouvido enquanto me abraça com tanta força que é quase
doloroso respirar. — Agora eu sei por que você não queria me enviar uma foto dele.
Eu iria mantê-lo só para mim também se fosse meu — continua, e eu rio, segurando-
a com mais força. Eu senti falta da minha melhor amiga. Eu sabia que sentia falta
dela, mas vê-la novamente me fez perceber que eu realmente senti a falta dela.
— Você está aqui — digo, recostando-me para olhar para ela, e ela revira os
olhos, apontando para meu rosto.
— Não comece a chorar. Você sabe que quando você chora, eu acabo chorando,
e não estou usando rímel à prova d'água agora.
— Não vou chorar — nego, puxando uma respiração pelo nariz para que não
seja uma mentira.
— Bom. — Ela sorri, em seguida, seus olhos passam por cima do meu ombro.
Olhando para trás de mim, eu estendo minha mão para Colton.
— Colton, a minha melhor amiga no mundo todo, Nat. Nat, Colton — apresento,
e observo eles se abraçarem, em seguida, os vejo compartilhar uma olhar. Nos últimos
dias, eles falaram um pouco no telefone sobre mim e sobre o processo contra Lisa.
Também têm falado algumas vezes com o investigador do incêndio, querendo ter
certeza de acrescentar Lisa à lista de suspeitos para investigar. Especialmente depois
do que ela fez comigo, tentando me incriminar por estar em posse de uma arma
roubada e invadir o depósito dos pais de Colton. Sim, ela arrombou o depósito
assumindo que eles pensariam que fui eu e me chutariam para o meio-fio, o que lhe
daria a chance de voltar para a família dele.
Só que ela não foi inteligente o suficiente para verificar se havia câmeras quando
entrou no meu Jeep ou para se livrar da evidência de seu crime. Ela havia – como
uma completa idiota, eu poderia acrescentar – levado todo o álcool para a casa dela e
escondido lá. E havia muito álcool. Imagino que ela teve ajuda com isso, só que não
sei se ela admitirá isso.
— Estou morrendo de fome — diz Nat, afastando-me dos meus pensamentos
enquanto me arrasto com ela ao meu lado, o que obriga Colton a ser arrastado junto
com a gente para uma das esteiras de bagagem. — Quero comer churrasco naquele
lugar que você falou — continua ela, em seguida, deixa a minha mão e corre para
pegar a mala que ela vê antes que eu possa responder.
— Ela é sempre assim? — pergunta Colton.
Inclino a cabeça para olhar para ele e sorrio quando respondo. — Sim.
— Isso deve ser interessante — murmura ele, e sorrio ainda mais enquanto
passo meus braços em volta de sua cintura e pressiono minha cabeça em seu peito.
Quando faço isso, seus braços me apertam.
— Você vai lidar — digo a ele, inclinando a cabeça, e ao fazer isso, ele capta
meu queixo entre os dedos e me beija.
— Eu faria qualquer coisa por você, até mesmo aturar sua amiga por alguns
dias em nossa casa, onde não temos uma porta no quarto — diz ele, e mordo o lábio.
Sequer pensei em nós estarmos no sótão e não termos uma porta.
Porcaria!
— Eu que terei que lidar com assistir vocês assim nos próximos dias? —
pergunta Nat, e solto meu lábio enquanto Colton me deixa para pegar a mala dela. —
Estou achando que é um sim — responde a si mesma, tentando soar irritada. Mas
posso ver que ela está feliz por mim, feliz por eu ter encontrado isto, mesmo que isso
signifique que não voltarei para Chicago com ela.
— Ciumenta? — pergunto a ela, batendo meu ombro com o dela, e seus olhos
vão para Colton, que segue para a saída com a mala dela. Não sei o que ela vê, mas
sei o que eu vejo, e tudo isso é bom.
— Você já viu o seu homem?
— Sim — sorrio, e ela descansa seu braço em volta dos meus ombros e amua.
— Você sempre teve toda a sorte.
— Que seja.
— Vocês estão prontas, ou querem ficar no aeroporto um pouco mais? —
resmunga Colton, invadindo a nossa briga, e nós duas olhamos para ele, em seguida,
reviramos os olhos uma para a outra antes de rir e segui-lo até a saída e seu
Suburban.

~ ** ~

— Você está pronta? — pergunta Nat, e meus olhos encontram os dela. Ela
parece tão nervosa como eu me sinto, o que é realmente nervosa. Ontem, depois que
ela pousou, nós deixamos as coisas dela em casa e a levamos para comer churrasco,
o que ela amou. Eu simplesmente amei ter minhas duas pessoas favoritas no mundo
comigo e foi mais do que um pouco feliz vê-los se dando bem. Esta manhã, depois de
Colton sair para o trabalho e cuidar de algumas coisas para a mãe dele, eu disse a
Nat sobre as cartas que a vovó escreveu para mim. E então eu disse a ela sobre uma
ideia que eu tive. Nat, sendo Nat, saltou sobre a minha ideia, tornando realidade. O
que nos leva ao momento.
— Estou pronta. — Deixo escapar um suspiro, em seguida olho para o tatuador,
dando-lhe um aceno de cabeça e o vendo sorrir, um sorriso branco brilhante. Ao ouvir
o zumbido do injetor da tatuagem, eu fico tensa quando ele começa a aplicá-la no meu
antebraço. Uma tatuagem de uma borboleta que ele elaborou para coincidir com uma
das borboletas gravadas na caixa de madeira cheia de cartas. Eu queria ter algo para
me lembrar da mulher que eu conheci quando era uma garotinha. A mulher que me
chamou de borboleta, que me ensinou a fazer tricô e assar biscoitos de chocolate, e
que era uma mãe maravilhosa para a minha mãe, e amava sua família. Essa é a
mulher que eu quero lembrar.
— Colton sabe que estamos fazendo isso? — pergunta Nat e focando nela, eu
balanço a cabeça.
— Eu disse que nós iríamos sair hoje, mas não disse o que faríamos. Podemos
parar no bar quando terminamos aqui e posso mostrar a ele.
— Perfeito, eu vou precisar de uma bebida após isto — diz ela, como se fosse
ela quem estivesse fazendo a tatuagem, e sorrio enquanto olho para o meu braço mais
uma vez para ver o tatuador trabalhar.
— Então, quando você e Colton estão pensando em ir pegar todas as suas
coisas?
Na pergunta dela, eu olho para ela e sinto minha garganta fechar quando vejo
a tristeza estampada em seu rosto bonito. — Posso ir visitar, e você pode vir me visitar
— digo suavemente, e seus olhos suavizam enquanto alcança e toca minha bochecha.
— Será chato não ter você por perto o tempo todo, mas estou realmente feliz por
você. Estou feliz que você encontrou Colton, e emocionada em vê-la tão feliz. Você
merece isso.
— Eu o amo — digo a ela honestamente.
— Eu sei que ama.
— Ele me disse que se mudaria para Chicago comigo se eu quisesse voltar.
— Isso não me surpreende. Acho que ele a seguiria a qualquer lugar. — Ela
sorri. — Dito isto, um homem como ele não caberia em Chicago.
Ela está certa. Ele não caberia lá, mas ele se encaixa aqui, e assim como eu.
— Eu amo isso aqui. Adoro viver no lago e com a família de Colton ao redor. É
bom estar aqui. As coisas parecem certas aqui.
— Eu sei que você ama, e sua casa é incrível. Eu me mudaria para cá apenas
para acordar para uma visão do lago todos os dias — diz ela, e eu animo.
— Sério?
— Não sei se eu caberia aqui. Estou acostumada com a cidade e a agitação da
vida lá.
— Você pode experimentar.
— Você sabe que nunca digo nunca, mas vou dizer que eu provavelmente não
me mudarei para cá a qualquer momento.
— Sou feliz aqui. Você poderia ser também.
Ela encolhe os ombros e continua. — Vamos trabalhar em tê-la estabelecida
primeiro. Qual é o seu plano agora que Colton a demitiu do bar?
Revirando os olhos para isso, mesmo sendo verdade, eu respondo. — Depois do
funeral amanhã, eu vou começar a procurar outro emprego. E vou falar com Colton
esta noite sobre nós irmos pegar minhas coisas.
— Bom — afirma ela, e então seus olhos ficam desfocados. — Eu te disse o que
ouvi de um amigo meu que conhece Colleen? Ela me disse que sua madrasta se casará
no próximo ano.
— O quê? Quem é o cara azarado?
— Nenhum indício. — Ela encolhe os ombros.
— Não tenho falado com ela desde que me mudei para o Tennessee. Também
sequer pensei nela, a menos que seja para pensar sobre a cadela tem mentido para
mim.
— Por que você pensa nela? Ela pode ter sido a sua madrasta, mas nunca estava
lá quando você precisava dela. Era apenas alguém com quem você morou quando
estava na escola.
— Acho que você está certa — murmuro, desejando que não fosse assim,
entretanto. Podemos não ter sido próximas, mas ela era a esposa do meu pai, a última
ligação que tenho com ele, e seria bom ser capaz de falar com ela, mesmo que seja
apenas sobre ele.
— Vejo que você precisa de uma bebida agora também — diz Nat e eu rio. O
tatuador grunhi, fazendo-me rir ainda mais.
— Feito.
Olho para o meu braço quando os últimos vestígios de tinta são enxugados e
pisco. É mais bonita do que pensei que seria, e agora eu sempre terei um pedaço da
minha avó comigo, não importa aonde eu vá ou o que eu faça.
— Obrigada — sussurro, mantendo meus olhos no meu braço enquanto ele
espalha um creme e cobre com uma bandagem.
— A qualquer hora. — Ele afasta a cadeira e levanta. — Saia quando estiver
pronta.
— Garota, é melhor você não começar a chorar — avisa Nat, e meus olhos vão
para os dela.
Piscando as lágrimas, eu puxo a respiração e a libero. — Eu não vou chorar.
— Bom. — Ela pega a minha mão e me puxa para levantar. — Vamos.
Precisamos de uma bebida.
Então, é o que fazemos. Quando chegamos ao bar, eu mostro a minha tatuagem
para Colton. No segundo que eu digo a ele porque a fiz, ele me abraça e me beija muito
e bem na frente de seu irmão, seus pais, Nat; e pela primeira vez, não o impeço de me
beijar. Eu o beijo também.
Capítulo 12
Os Bons Tempos e Os Maus Tempos

COLTON

Saindo do banho, eu enrolo uma toalha em minha cintura e abro a porta. Assim
que entro no quarto, eu ouço Gia e Nat rindo como duas mulheres loucas que beberam
muito álcool. E elas beberam muito álcool por causa da minha mãe, que manteve seus
copos cheios durante toda a tarde, significando que quando era hora de eu sair do
trabalho às cinco, ambas estavam bêbadas. Tão bêbadas que acabei carregando Gia
até o meu Suburban, com Carson me seguindo com Nat no colo. Ainda bem que
ambas poderiam, obviamente, manter o álcool, porque nenhuma delas vomitou no
caminho de casa.
Indo ao armário, encontro um par de jeans e uma camiseta e visto. Então eu
pego minhas meias e botas e calço-as antes de descer. Assim que chego ao patamar
inferior, eu encontro Gia e vou para ela.
— Você ainda está bêbada? — pergunto, aceitando o beijo que ela oferece. Ela
sorri, o que me dá a resposta. — Uma vez que não comemos, e tudo que você teve
durante todo o dia foi álcool, vou até a cidade pegar uma pizza. Vocês estão bem com
isso?
— Isso soa bom — concorda Gia, mantendo a cabeça inclinada, então eu a beijo
mais uma vez, sorrindo ao fazer isso.
— Você também pode pegar o seu irmão? — pergunta Nat, e olho para ela
enquanto Gia ri.
— Não ria. Foi tão romântico o jeito que ele me carregou para fora do bar — diz
ela com um olhar distante nos olhos.
— Ele carregou você porque você não podia andar — lembra Gia, e os olhos de
Nat se concentram em Gia e se estreitam.
— Não seja uma destruidora de sonhos. Talvez ele seja meu príncipe encantado.
Meu próprio príncipe Harry — suspira ela, caindo no sofá dramaticamente, com as
mãos sobre o coração.
Lutando contra o riso, eu olho para Gia e a encontro estudando a amiga
pensativa. — Nem pense nisso, Covinhas.
— O quê? — pergunta ela, olhando para mim, e balanço a cabeça. — Bem —
começa tranquilamente —, se eles ficarem juntos, Nat mudaria para cá para ficar com
ele, e então eu realmente terei tudo. Eu teria você e minha melhor amiga.
Por mais que eu queira que ela tenha tudo o que quer, não posso imaginar
Carson com Nat. Eles constantemente estariam na garganta um do outro. Nat é muito
descontraída, e Carson pode parecer descontraído, mas ele é tenso e malditamente
teimoso, que é exatamente a razão de não ter se casado. Muitas mulheres não querem
lidar com ele, pelo menos, não a longo prazo, de qualquer maneira.
— Se isso acontecer, aconteceu. Você não vai brincar de casamenteira — digo a
ela, e seus olhos se afastam. Merda, ela vai bancar a casamenteira. — Gia.
— Pensei que você ia pegar pizza.
— Gia — advirto, e seu olhar volta para mim.
— Colton.
— Gia.
— Isso é algum estranho ritual de acasalamento? — pergunta Nat, e suspiro.
Eu gosto de Nat, mas porra, eu não vejo a hora dela ir embora, ainda que ela faça
minha mulher feliz e tenha chegado ontem.
— Não vou demorar — digo a elas, indo à cozinha e pegando minhas chaves do
balcão. Parando em Gia, beijo o topo da cabeça dela, dando-lhe um olhar antes de
sair.
Ligo para Bob no caminho para a cidade, então quando chego ao restaurante,
a pizza está pronta, o que significa que não preciso esperar ou responder a quaisquer
perguntas. As notícias tendem a se espalhar rapidamente em cidades pequenas como
Ruby Falls, mas uma má notícia sempre se espalha mais rápido, o que significa que
todo mundo sabe o que Lisa fez. Quanto a mim, não quero pensar naquela cadela.
Não quero ouvir as pessoas falarem dela, e eu, com certeza, não quero que Gia tenha
que lidar com essa merda também. Ainda não posso acreditar que Lisa levou as coisas
tão longe. Não sei o que ela pensava, ou se pensava. Eu sei que estou feliz por ela ficar
presa por um tempo. Eu só espero que ela use esse tempo com sabedoria e reflita no
show de merda que ela transformou sua vida e transforme essa merda em algo bom.
E se não fizer isso, espero que ela saia da cidade e não volte quando sair da cadeia.
Se eu nunca vê-la novamente, ainda será muito pouco.
Parando diante da casa com a pizza trinta minutos depois, eu estaciono e saio,
indo para dentro. No minuto em que abro a porta, eu agito minha cabeça ao encontrar
tanto Gia quanto Nat desmaiadas, cada uma com a cabeça apoiada sobre os braços
do sofá, e Loki no meio delas. Assim que fecho a porta, vou à cozinha, onde deixo a
caixa sobre o balcão. Agarrando uma Coca-Cola da geladeira, eu abro-a e pego uma
fatia da caixa, levando-a a minha boca. Antes que eu possa sequer dar uma mordida,
dois pares de olhos me encontram sobre o encosto do sofá.
— Você ia comer sem nos acordar? — pergunta Gia, piscando para mim, e sorrio
para ela, então dou uma grande mordida. A pizza do Bob é a melhor. Mesmo que não
seja ruim fria, é ainda melhor é quente. Vendo minha mulher se levantar, eu
mantenho meus olhos sobre ela enquanto ela se dirige até mim, e sorrio quando ela
beija minha mandíbula então pula em cima do balcão. Abrindo a caixa de pizza, ela
puxa sua própria fatia e dá uma mordida enorme. Dois segundos depois, Nat se junta
a ela no balcão, agarrando sua própria fatia.
— Você está pronta para amanhã? — pergunto depois de entregar a Gia minha
Coca-Cola.
— Não, mas sim. Estou pronta para colocá-la para descansar. Será ruim ter
que fazê-lo, mas saber que ela estará onde queria estar, com o vovô, torna um pouco
mais fácil.
— Eu estarei lá. Todos nós. Você não estará sozinha.
— Eu sei — murmura ela solenemente, e eu suspiro. Não posso esperar até que
tudo isto termine e fique para trás. Odeio a tristeza que vejo nos olhos dela, e me mata
não poder fazer nada para tornar melhor para ela. Nada vai tirar a dor que ela está
sentindo, somente o tempo.
Soltando minha fatia de pizza em cima da caixa, eu envolvo seu pescoço e
inclino a cabeça dela com o polegar, até ver seus olhos. — Eu te amo.
— Eu sei — sussurra ela.
— Juro que ficará melhor.
— Eu sei — repete ela.
Levando minha boca à dela, eu a beijo rapidamente, embora eu não queira.
Faço isso porque sua amiga está nos observando. Liberando-a, eu me inclino contra
o balcão, ao lado de seu quadril, e pego minha fatia de pizza. Amanhã será péssimo,
mas quando acabar, eu sei que minha família e a amiga dela encontrarão uma
maneira de ajudá-la a se curar.

~ ** ~

Descansando meu braço em volta dos ombros de Gia na manhã seguinte, nós
ouvimos o pastor de uma das igrejas locais fazer um curto sermão. Há muita gente
aqui para dizer adeus. Muito mais pessoas do que pensei que estariam. Mamãe
colocou um anúncio no jornal, já que ela disse que as pessoas gostariam de saber
sobre o funeral. Ela estava certa. É óbvio, olhando ao redor, que Genevria era bem
conhecida na cidade, já que ela vivera aqui quase toda a sua vida. Também era muito
querida pelo povo da cidade, a julgar pelo olhar de tristeza estampada em todos os
rostos. Puxando Gia para mais perto de mim, eu assisto Nat estender a mão e segurar
a mão de Gia, apertando-a. Então eu sinto meus pais e familiares se aproximar de
nós. Sim, é uma merda hoje, mas sei, sem dúvida, que ter todos nós ajudará a Gia.
Assim que o serviço é feito e o pastor termina o seu sermão, as pessoas
caminham até nós para oferecer condolências à Gia. E a minha mulher, sendo quem
é, está erguida e orgulhosa em face da dor, apertando as mãos e aceitando palavras
de bondade sobre sua avó, quando eu sei que é a última coisa que ela quer fazer.
Quando tudo o que resta é Tide, Nat, a minha família, Nina, Ned, Gia, e eu, eu a levo
para fora do cemitério com meu braço em volta dos seus ombros, de modo que ela não
precisa vê-los abaixar o caixão de sua avó no chão, ao lado do túmulo de seu avô.
Parando em meu Suburban, eu a assisto abraçar meus pais e irmãos, em
seguida, fazer o mesmo com Ned e Nina antes de todos partirem e entrarem em seus
carros.
— Sinto muito, Gia — diz Tide, dando-lhe um abraço, o qual ela rapidamente
aceita.
— Obrigada, Tide.
Batendo o punho no meu logo que a deixa, ele murmura: — Eu te ligo amanhã.
— Amanhã — concordo, observando-o ir em direção a sua caminhonete
estacionada a poucos passos de distância e entrar.
— Vou com o Carson e passarei um tempo com Kirk e Rose para deixar vocês
sozinhos — diz Nat, e levanto o meu queixo para ela em um silencioso obrigado.
— Tem certeza? — pergunta Gia, e Nat acena, abraçando-a e balançando-a de
lado a lado.
— Vejo você mais tarde.
— Até mais tarde — diz Gia, observando Nat sair e entrar no carro de Carson.
Ajudando Gia no lado do passageiro, eu a afivelo e seguro sua mandíbula. —
Você está bem?
Tirando os óculos escuros, ela olha para mim e balança a cabeça, sussurrando:
— Eu não chorei.
— Baby. — Descanso minha testa na dela.
— Eu não chorei. Deveria ter chorado.
— Você chorou muito desde que ela faleceu, baby. — E ela chorou muito.
Inúmeras vezes eu acordei para encontrá-la enrolada em uma bola chorando no meio
da noite, ou em uma das cadeiras de balanço, olhando para o lago, com lágrimas
escorrendo pelo rosto. Cada uma dessas vezes, eu a puxei para perto de mim e a
segurei enquanto chorava, ou a peguei no colo e a levei para a cama, onde fiz o mesmo.
— Provavelmente as pessoas pensam que eu sou louca por não chorar no
funeral da minha avó, quando todos estavam chorando.
— Ninguém acha que você é louca. Você lidou lindamente. Sua avó ficaria
orgulhosa de você. Estou tão orgulhoso — digo, e ela franze imediatamente o rosto
antes de cobri-lo com ambas as mãos e soluçar. Descansando minha bochecha na
dela, eu sussurro: — Vê? Você está chorando. Está feliz agora? — Eu sei que é uma
piada besta, mas quando ouço sua risada e soluço, ao mesmo tempo, eu sorrio e beijo
sua cabeça. — Vamos para casa.
— Ok. — Ela limpa o rosto enquanto ela olha para mim, e seus olhos passam
por cima do meu ombro. Viro-me para ver o meu irmão e Nat passarem, com Nat
acenando para nós de sua janela. — Você acha que Nat ficará bem?
— Ela ficará bem.
— Talvez Carson possa trazê-la para casa — diz ela esperançosamente, e olho
em seus olhos, vendo o mesmo olhar que ela tinha na noite passada.
— Cristo — murmuro, ouvindo-a rir. Deslizando meus polegares em suas
bochechas molhadas, eu enxugo as lágrimas e pressiono um beijo suave nos lábios.
— Eu te amo.
— Eu também te amo.
— Vamos levá-la para casa. — Eu me afasto e fecho a porta. Dirigindo-me para
a porta do lado do motorista, eu solto a minha gravata, e abro o botão de cima da
minha camisa para ficar mais confortável. Puxando as chaves do meu bolso, eu fico
atrás do volante, e nos levo para casa, onde passamos algumas horas na cama,
fazendo nada mais do que apenas segurando um ao outro e falando calmamente.
E quando Nat volta, ela diz a Gia que Carson a trouxe para casa, o que significa
que Gia passa o resto da noite sorrindo.

~ ** ~

— Ligue assim que pousar! — grita Gia, e Nat olha por cima do ombro e acena
antes de se dirigir para a segurança. — Eu já sinto falta dela — diz ela, e envolvo a
cintura dela e nos giro em direção à saída.
— Ela voltará. E você vai vê-la em poucas semanas, quando formos para
Chicago.
— Eu sei — suspira ela, deslizando o braço nas minhas costas e agarrando
minha camisa. — Eu disse que Carson pegou o número dela?
— Sim, querida. Você me disse cerca de cento e cinquenta e duas vezes —
murmuro, e ela ri, pressionando o rosto ao lado do meu peito.
— É emocionante.
— Não tenha muitas esperanças — advirto, abrindo a porta para ela entrar em
seu jipe, no qual fomos ao aeroporto, desde que meu pai está usando meu Suburban
para transportar o material hoje.
— Não tenho — mente, e deixo escapar uma gargalhada.
Ela está tramando pelos últimos dias; e ainda convenceu minha mãe. Eu sei
disso porque na noite passada a mamãe convidou ela, Nat e eu para jantar. Também
convidou Carson. Mamãe e Gia arrumaram a mesa para que Carson e Nat se
sentassem juntos. E então, depois do jantar, elas sugeriram que nós jogássemos um
jogo chamado Know It or Blow It, onde nos agruparam em equipes de casais, o que
significou que Nat e Carson foram novamente emparelhados. Eu poderia dizer que
meu irmão percebeu o que mamãe e Gia faziam, mas não disse nada.
— Ele ficou olhando para ela a noite toda. Acho que ele gosta dela — continua
Gia quando sento atrás do volante.
— Ela é bonita e doce, querida, mas vive a centenas de quilômetros de distância,
por isso duvido que ele vá para lá com ela.
— Nunca se sabe.
— Você está certa. Eu não sei — concordo, deixando o estacionamento e
parando na saída para pagar. Ouvindo o telefone de Gia tocar, eu a vejo desenterrá-
lo de sua bolsa, e a vejo olhar para o número antes de deslizar o dedo pela tela.
— Olá — responde ela, colocando o telefone no ouvido. — Sim, sou Gia Caro.
Sim, terça-feira, as quatro, está bom para mim. Certo, ótimo. Muito obrigada, estou
ansiosa para vê-la também.
Ela desliga e olho para ela. — Tudo bem?
— Era a escola em que Nat e eu deixamos meu currículo ontem. Eles querem
que eu vá na terça-feira da próxima semana para uma entrevista, para uma vaga de
professora — diz ela.
Eu me estico e pego a mão dela. Trazendo-a para a minha boca, eu pressiono
um beijo em seus dedos. — Isso é uma grande notícia, baby.
— Eu quero chorar — sussurra ela.
— Por favor, não.
— Seriam lágrimas de felicidade — acrescenta ela, e aperto sua mão.
— Não gosto de qualquer uma das suas lágrimas, felizes ou não — digo,
honestamente, e pergunto. — Qual série você ensinará quando começar o trabalho?
— Se começar o trabalho, eu ensinarei pré-escolares.
— Quando você começar o trabalho.
— Se eu conseguir.
— Covinhas, você vai conseguir o emprego.
— Vamos ver — murmura ela.

~ ** ~

Na semana seguinte, eu assisto Gia atravessar a porta do bar com uma


expressão no rosto que não consigo ler. Eu não a vi esta manhã, quando ela foi para
sua entrevista, pois eu já estava no trabalho. Vendo-a agora, eu sei que provavelmente
foi uma boa coisa eu não ter visto, porque eu a faria se atrasar para a entrevista, já
que tudo o que posso pensar é em desfazer seu coque, rasgar sua camisa justa de
manga comprida amarela, puxar a saia preta justa, e sentir seus saltos pretos
cavarem em minhas costas. Ela se parece com uma professora sexy.
Digitalizando o bar, eu percebo que não sou o único a pensar sobre todas as
coisas sujas que eu quero fazer com ela. Exceto que ao contrário dos homens
assistindo minha mulher caminhar na minha direção, eu sou o único que poderá
experimentar essas fantasias em primeira mão.
— Bem? — pergunto, cruzando os braços sobre o peito quando ela está a poucos
passos de distância.
— Consegui o emprego! — grita ela, correndo ao redor do bar para mim e
atirando-se em meus braços.
Reclamando-a imediatamente, eu a abraço, beijando-a forte e molhado,
empurrando minha língua em sua boca e não dando a mínima para quem está
assistindo. Quando me afasto, é apenas por poucos centímetros, para olhar em seus
olhos. — Estou feliz por você.
— Estou feliz por mim também — diz ela, e sorrio, tocando meus lábios nos dela
antes de soltá-la, mas mantendo-a perto. — Começo em uma semana. Uma das
professoras terá um bebê e não pensa em voltar.
— É uma boa notícia para você.
— É uma grande notícia para mim — concorda ela, envolvendo meu pescoço.
— É uma porcaria, no entanto.
— O que é uma porcaria? — pergunto, estudando-a, e ela puxa uma respiração,
desviando o olhar.
— Nós teremos que adiar ir ver Nat e pegar minhas coisas por um tempo.
— Encontraremos tempo para ir. — Eu a arrasto para mais perto e seus olhos
encontram os meus. — Primeiro fim de semana prolongado que você tiver, vamos até
lá. E se houver alguma coisa que você precise agora, você sabe que ela enviará para
você.
— Você está certo.
— Normalmente estou certo, assim como eu estava certo sobre você conseguir
este trabalho.
— Não seja convencido sobre isso. — Ela revira os olhos e eu sorrio. — Que
horas você sairá do trabalho?
— Cerca de uma hora. Quer esperar por mim?
— Eu meio que quero sair dessas roupas — murmura ela, e meu poder sobre
ela aperta quando imagino em detalhes as maneiras que eu vou ajudá-la a tirar sua
roupa.
— Faça-me um favor — digo, sabendo que minha voz soa rouca.
— O que?
— Não tire a roupa quando chegar em casa.
— Por quê? — Ela franze a testa, estudando-me, e então seus olhos escurecem
e separa os lábios. — Oh.
— Sim. — Corro minha mão pelas costas ao topo da sua bunda.
— Não vou me trocar — diz ela, sem fôlego.
— Bom. — Eu me inclino para beijá-la novamente, e quando faço, ela separa os
lábios, me dando acesso à sua boca. — Você deveria ir — digo a ela com pesar quando
afasto minha boca da dela. — Se não for, eu acabarei pegando você no escritório. —
Sentindo-a tremer, eu luto contra um gemido quando meu pau pula atrás do meu
zíper.
— Eu deveria ir — diz ela baixinho, colocando pressão no meu peito, e solto o
meu aperto.
— Vejo você em casa.
— Vejo você em casa.
Liberando-a, ela vai embora, parando na porta para me dar um olhar de
promessa por cima do ombro antes de ir.
— Sortudo.
Olhando para Jonas, um dos nossos regulares, eu vejo seu corpo grande virar
na banqueta, com os olhos na porta. Eu sei que ele acabou de ver Gia e eu. Sei também
que ao ver Gia, ele sabe exatamente aonde irei em uma hora. Se eu não fosse o homem
a ir para casa com ela, eu pensaria a mesma coisa.
— Eu sei.
Ele se vira no banco para olhar para mim, então sorri. — Feliz por você. Você
merece ter essa mulher em sua cama depois da merda que aconteceu.
Não sei se alguém é merecedor de Gia, mas vou amarrar-me em nós e fazer tudo
ao meu alcance para ser digno o suficiente para chamá-la de minha para o resto da
minha vida.
— Feliz por você — repete ele, antes de pegar sua cerveja e acabar com ela.
— Quer outra? — pergunto, apontando para o copo vazio, e ele balança a
cabeça.
— Não, tenho que chegar em casa. — Ele deixa cair um par de dólares no topo
do bar e desaparece. Termino as coisas que precisam ser feitas entre clientes e espero
a mamãe entrar e assumir. Felizmente, ela aparece vinte minutos mais cedo, então
deixo o bar e vou para casa, onde eu levo Gia primeiro contra a parede ao lado da
porta, e depois novamente na cama no andar de cima, após finalmente chegar lá.

~ ** ~

Enchendo uma xícara de café, eu olho ao relógio para ver que é 07:15, em
seguida, viro com meu copo na mão e encosto contra o balcão. A última semana foi
boa, apesar da notícia de Chad que mais dois incêndios ocorreram na cidade desde
que Lisa foi presa, e que a polícia agora está à procura de um incendiário. Todos na
cidade estão preocupados, especialmente desde que a polícia não tem suspeitos.
Tomo um gole saindo dos meus pensamentos, observando Gia correr ao redor
da casa, com pressa para juntar todas as suas coisas, com Loki seguindo-a e se
perguntando o que está acontecendo. Hoje é o primeiro dia de seu novo trabalho, e
ela tem sido uma bagunça desde que acordou as seis para se preparar para sair por
volta das oito horas.
— Tenho uma pergunta para você — digo, quando ela traz a bolsa para a borda
da ilha e começa a revirá-la.
— O que? — pergunta ela, parando sua busca por tempo suficiente para olhar
para mim. Pousei o meu café e me inclinei, agarrando a mão dela. Puxando-a para
estar entre as minhas pernas, eu levanto sua mão esquerda para descansar no meu
coração, cobrindo-a com a minha antes de alcançar o meu bolso. — O que você está
fazendo? — sussurra ela, me estudando.
— Primeiramente, você irá muito bem hoje, então pare de se preocupar. Você
adora crianças. Vai brilhar com eles, e você é você, então vão te amar — digo, e então
afasto sua mão esquerda do meu peito. — Em segundo lugar, você se importa de usar
isso para mim? — Deslizo em seu dedo anelar o simples anel de diamante de quatro
quilates da Tiffany que comprei para ela. Um anel que comecei a procurar depois do
nosso primeiro beijo. Um anel que não encontrei até uma semana atrás, após procurar
cada joalheria daqui até a Geórgia. Eu queria que o anel fosse perfeito, e olhando-o
na mão dela, eu sei que é. Agora, eu só espero que ela diga sim.
Eu não sabia que iria propor a ela esta manhã, mas vê-la se preparar para o
trabalho e sentindo sua excitação sobre iniciar um novo trabalho, eu sabia que era o
momento certo. Este momento é certo. Quero que ela vá trabalhar com um anel no
dedo que deixa todos saberem que ela me pertence, que tem uma família que a ama.
Ao ouvir sua respiração parar, eu saio da minha cabeça e a vejo estudar o
diamante agora sentado na base do seu dedo anelar na mão esquerda.
— Eu... você... eu.... — Ela olha de mim para o anel.
— Eu quero que você comece seu novo emprego como minha noiva. Quero que
hoje seja o início de nossa vida juntos. — Levanto a mão e beijo o dedo sobre seu anel.
— Quer se casar comigo, Gia?
— Sim — responde ela imediatamente, e descanso minha testa na dela. Eu
sabia que me sentiria bem se ela dissesse que sim, mas não tinha ideia de quão
aliviado eu estaria.
— Melhor coisa que já aconteceu para mim é você. Você é a melhor parte do
meu dia, a melhor parte da minha vida, e estou realmente ansioso para passar minha
vida com você.
— Você vai me fazer chorar — sussurra ela, e vejo lágrimas reunindo em seus
olhos verdes.
— Você não pode chorar. Você precisa começar a trabalhar — digo, e ela ri,
fechando os olhos.
— Não posso sequer te mostrar adequadamente o quanto estou feliz. — Ela abre
os olhos, deslizando a mão pelo meu peito para envolver minha nuca, o que significa
que eu a sinto toda pressionada contra mim, e tudo isso é bom.
— A noite. — Deslizo minhas mãos pelas suas costas e sobre a bunda dela,
puxando-a com força contra mim.
— Hoje à noite — concorda ela contra a minha boca.
— Algo para esperar. — Inclino minha cabeça, e quando seus lábios separam,
eu deslizo minha língua em sua boca, saboreando-a e o café que ela bebeu mais cedo.
Sabendo que se eu não parar com isso agora, não vou parar e ela se atrasará para
seu primeiro dia no trabalho, eu diminuo o beijo e me afasto. — Eu te amo, Gia. —
Abro os olhos, encontrando os dela ainda fechados.
— Eu te amo, Colton. — Ela passa os dedos pelo meu queixo, em seguida, seus
olhos encontram os meus. — Melhor coisa que já aconteceu na minha vida é você, e
estou realmente ansiosa para ser sua esposa. Prometo tentar fazer você tão feliz
quanto você me faz — sussurra enquanto uma única lágrima desliza por sua
bochecha.
— Você apenas respirando meu ar me faz feliz, baby — prometo, e seu rosto
suaviza. — Eu odeio que você precise ir, mas você deve começar a trabalhar.
Ela olha para o relógio antes de olhar para mim novamente. — Então você me
deve esta noite — resmunga ela, vendo a hora, e sorrio.
— Pagarei com prazer. — Eu a beijo mais uma vez e a solto, e a observo pegar
suas coisas. Uma vez que ela está pronta, eu a levo até o jipe, a ajudo a entrar, e a
beijo novamente antes de bater a porta e vê-la dar ré e partir.
Voltando para a casa com Loki me seguindo, eu sorrio. Eu tinha grandes sonhos
em toda a minha vida, mas a vida que estou vivendo é melhor do que qualquer sonho
que já tive, e sei que com Gia ao meu lado, através dos bons e maus momentos, será
sempre assim.
Epílogo
COLTON

Três anos depois

— Vamos. Você pode fazer isso — diz Gia, e nosso filho de onze meses, Gino,
sorri um sorriso desdentado para sua mãe e dá mais um passo, balançando quando
seus pés encontram chão. — Viu. Você consegue — pede ela animadamente,
levantando-se de joelhos, e ele dá mais um passo, caindo em seu peito e rindo.
Vendo isso, eu sorrio e caminho em direção a eles, com Loki me seguindo, e
Reggie, nosso mais novo filhote, seguindo atrás dele. Eu chego a borda do cobertor
que Gia colocou na grama sob uma das árvores no quintal, e sento atrás dela. Eu a
arrasto entre as minhas pernas abertas, descansando minhas mãos em seu estômago
redondo, onde nossa filha está crescendo.
— Ei — sorri, olhando por cima do ombro para mim, e beijo seu pescoço, em
seguida, ouço o seu riso quando Gino rasteja sobre ela para chegar até mim.
Depois que ele está nos meus braços, suas mãozinhas em minhas bochechas,
ele me estuda. Olhando em seus olhos, que são da mesma cor que os de sua mãe, eu
sorrio, e ele devolve, em seguida, dá um tapinha na minha bochecha e abaixa a cabeça
no meu ombro.
— Como se sente? — pergunto, estudando minha mulher, que parece ficar mais
bonita a cada dia.
— Cansada, mas tudo bem — suspira —, quanto tempo até que o quarto dela
esteja pronto? — pergunta ela, esfregando a barriga.
Descanso minha mão sobre a dela lá. — Não falta muito. Estará pronto antes
que ela chegue aqui.
— Não posso esperar para vê-lo — diz ela, e sorrio.
— Não pense que não vi você esgueirando-se por lá à noite.
— Não faço isso.
— Baby, eu vi.
— Que seja. — Ela revira os olhos, e instala-se lateralmente contra mim, de
modo a não perturbar Gino. — Sabe, se nós tivermos outro bebê depois deste, nós
teremos que construir de novo.
Com as palavras dela, eu olho para a casa. Nós aumentamos apenas cerca de
dois anos atrás, quando falávamos sobre ter um filho e começar uma família. Na
época, nós adicionamos outro quarto com um banheiro Jack e Jill4 no andar de baixo,
junto com um quarto principal, deixando o loft e transformando-o em um quarto
familiar. Também ampliamos a sala de estar e a cozinha e acrescentamos uma sala
de jantar, mas mesmo com toda essa metragem quadrada extra, ela está certa. Se nós
tivermos outro bebê, teremos que adicionar outro quarto.
— Quando chegar a hora, nós lidaremos com isso — murmuro, não querendo
pensar nisso agora. A construção foi um pé no saco, e não posso imaginar que seria
diferente. Na verdade, provavelmente seria pior, visto que teremos duas crianças.

4 Banheiro compartilhado entre dois quartos, com portas de entrada em cada quarto.
— Vocês ficarão aqui por um tempo? — pergunto depois de alguns minutos, e
ela concorda. — Tudo bem, pegue-o, baby. Vou voltar e terminar o que estava fazendo.
— Eu entrego Gino, que adormecera, e dou-lhe um beijo rápido, levantando e
observando-a deitar-se com o nosso menino, seu corpinho dobrado perto dela. Vendo
que estão bem, eu volto para dentro e ao trabalho de terminar o quarto da minha
filha.
Que é uma coisa boa, uma vez que mais tarde naquela noite, Gia entra em
trabalho de parto e nossa filha, Gracie, nasce.

~ ** ~

Com Gia ao meu lado na cadeira de balanço, Gracie em um braço, e Gino no


outro, eu balanço meus dois bebês, vendo o sol começa a nascer.
— Eu acho que nunca me cansarei de vê-lo com nossos bebês — sussurra Gia,
e olho para seus olhos calorosos, sentindo meu peito apertar. — Eu te amo, Colton.
Porra.
Tive sorte no dia em que ela se mudou para a cidade. Mais sorte ainda no dia
em que concordou em ser minha esposa. E até mesmo mais sorte nos dias em que ela
me deu o meu filho e a nossa filha. Continuo esperando que minha sorte acabe, mas
com ela, eu duvido.
— Também te amo, baby — digo, e ela se inclina, beijando meu maxilar depois
a boca. Sim, eu sou sortudo.

GIA

Um ano depois

Ouvindo Colton fechar a porta do nosso quarto, eu o vejo colocar o monitor de


bebê na mesa de cabeceira e tirar a camisa e jeans. Ele puxa as cobertas e vai para a
cama. Puxando-me contra seu peito, eu descanso meu braço sobre seu abdômen
então inclino a cabeça. — Eles estão dormindo?
— Sim — responde ele, desligando a lâmpada do seu lado da cama.
— Bom. — Descanso minha cabeça contra seu peito e começo a fechar os olhos.
— Você está feliz, baby?
Apertando-o, eu levanto a cabeça para olhar para ele através da escuridão. —
Como eu poderia não estar feliz? Você me deu tudo que eu sempre quis, mesmo as
coisas que eu não sabia que queria — digo, e seus músculos sob meu braço ficam
tenso. — Você está feliz?
— Porra, sim. — Sua resposta é imediata e firme, e descanso minha testa em
seu peito. — Eu te amo.
— Também te amo — sussurro contra sua pele antes que ele me arraste por
seu corpo, usando as mãos debaixo dos meus braços. Uma vez que ele me tem onde
quer, ele me beija, e me mostra com as mãos, boca e corpo o quanto me ama. E ao
terminar, eu sei que é muito.

~ ** ~

— Não, não, não, não! — grita Gino, e olho para o meu marido, que está sorrindo
para o nosso menino e vendo-o com o dedo estendido sacudindo a mão para mim.
— Quem no mundo lhe ensinou essa palavra? — pergunto, e Colton vira para
olhar para mim e sorri ainda mais.
— Meu palpite é que ele aprendeu com você, desde que você diz não a ele o
tempo todo.
— Uh, sim, quando ele está tentando fazer algo que não deveria fazer, como
saltar do braço do sofá, enfiar qualquer coisa que possa encontrar nas tomadas
elétricas, puxar as saídas de ar do chão, ou derrubar tudo o que pode colocar as mãos
nas ditas saídas de ar. Ou quando toma um gole de água e cospe no chão, em seguida,
tenta lamber dizendo, filhote.
— Vê? Você diz muito não. — Ele ri, e olhando para o meu filho, eu suspiro, e
depois olho para a minha filha e a vejo estudando seu irmão em fascinação absoluta.
A mãe de Colton chama as crianças de gêmeos irlandeses, uma vez que eles são tão
próximos em idade. Não planejamos assim. Gracie foi uma completa surpresa para
nós. Uma boa, mas ainda assim, não esperava ficar grávida depois que Gino nasceu.
Não que eu mudasse alguma coisa, mas realmente, com as crianças tão próximas,
elas são demais, especialmente desde que Gracie quer fazer tudo o que o irmão faz. O
que é exatamente algo que ela não deveria fazer.
Afastando meus olhos da minha filha, eu olho para o meu marido e o nosso
filho, e fecho os olhos por um instante, fazendo um agradecimento silencioso a quem
está lá em cima olhando por mim. Realmente tenho tudo. Eu poderia ter caído rápido,
mas caí direto para a vida perfeita.

Fim

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