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Parte I
MENSAGEM
AGORA OU NUNCA MAIS
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1º CAPÍTULO
2º CAPÍTULO
lhe dessem vida para, com imagem acusatória, expor sua obra
de destruição.
Parou um momento para se concentrar no problema,
procurando achar uma estratégia para o caso, quando recebeu
um impulso de otimismo e pensou: “Quem sabe eu consigo
achar algum erro? Ah! se tiver um engano no diabo dessas
contas! Vai ser uma felicidade! Aí conserta tudo e vai ser uma
beleza! Vai ser a minha vingança! Guilherme era gênio, mas
pode ter cometido algum engano!”
É verdade que já havia repassado os dados e cálculos
registrados pelo irmão, mas um lapso podia ter ocorrido, o que
mudaria toda a questão. Desta vez, iria coletar os informes
com inteira atenção e reexames, de forma que não escapasse
nada. Precisava ter certeza absoluta. Problema esclarecido, a
vida voltaria a sorrir. Poderia voltar para a Beatriz, realizar os
sonhos acalentados, apaixonar-se, ter muitos filhos, ser feliz.
Aquele bicho-papão não mais o amedrontaria. Era só questão
de coragem e autocontrole. E de sorte também. Valia a pena
esmerar-se na revisão, porque podia significar a sua
libertação. Até já se vangloriava mentalmente: “Liberdade!
Liberdade!”
Movido agora com espírito otimista, arejado por aquela
decisão, fez mentalmente um esboço do plano de ação para
mais logo e se dirigiu a casa. Passou pela copa, foi à sala e
perguntou à Dona Rosa pela Terezinha, que tinha prometido
vir.
— Avisou que não pode vir pro almoço; vem à tarde e
ficar pro lanche. Ela vem com o Zeninho.
— Vai ver, está presa com alguma encomenda.
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mil, passaram pra vinte e cinco mil. Desse jeito, não sei aonde
vamos chegar. Uns dizem que a solução é conscientizar os
fazendeiros, mas acho que o assunto é puramente de
administração pública. A culpa é do governo. Só se
conscientiza quem tem consciência. E o povo em geral não
sabe nem o que é isso. Será que o povo sabe, Candota?
— Consciência é ligado a sensibilidade. E as dificuldades e
pressões econômicas desta nossa civilização fizeram o povo
ficar insensível e egoísta. O pior é que esses incêndios
aumentam também nos outros países. Pelas estatísticas
mundiais, essas tragédias são crescentes. E os agentes
desses crimes também aumentam.
— Que agentes são esses? – perguntou Dona Rosa,
curiosa, já se interessando pelo assunto.
— Os agentes são os homens aculturados que, direta ou
indiretamente, são forçados a praticar atos destrutivos pela
necessidade de atender os seus interesses de sobrevivência ou
de enriquecimento. O mundo natural é regido por uma situação
de equilíbrio. Se esse equilíbrio é quebrado, o sistema entra
em estado de desordem. E aí vem o caos.
— Ave Maria! Então, o caos é o nosso futuro? – espantou-
se Dona Rosa.
— Depende! Quando o desequilíbrio é instaurado em um
sistema simples, localizado, a própria natureza reage e
restabelece a estabilidade. É o caso, por exemplo, da nuvem
de gafanhoto. Outro exemplo é a monocultura extensiva, que
favorece o surgimento de pragas agrícolas, como conseqüência
do processo seletivo.
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Mas você deve saber disso. Na sua biblioteca tem muitos livros
importantes que falam dessas coisas também.
— Sim, eu sei. Achei interessante é você se entusiasmar
pelo assunto. Assumiu uma impostação e linguagem
professoral. Parecia um mestre apaixonado pela matéria dando
aula! E depois ainda diz que não tem queda pra lecionar!
Gostei de te ver!
Candota percebeu que se tinha deixado embalar pelo
tema e, por isso, tinha falado mais que devia. Em
conseqüência, ficou meio acabrunhado e procurou mudar de
conversa, comentando excelente documentário que tinha visto
na televisão, em que era ensinado o preparo de mexilhões.
Depois de calmo passeio pelos jardins para arejar o
espírito, Candota recomeçou seu desgastante trabalho no
escritório. Enfrentou o computador com naturalidade, já
familiarizado com o inimigo, e ficou alimentando-o com os
complexos elementos de cálculo e dados estatísticos, sempre
sob a esperança de que algumas pequenas falhas encontradas
na revisão fossem alterar para melhor as indicações finais. E
assim continuou por mais alguns dias.
Prosseguindo cautelosamente no trabalho, o tempo foi
avançando, e as últimas folhas de anotações sendo viradas. O
coração do nosso personagem acelerando as batidas, as
orelhas esquentando, e a mente se enevoando. A decisão de
parar novamente o fez estacar. Só faltava inserir o último dado
e comandar a conclusão. Era intensa a ansiedade e tinha que
se conter. Parecia que a cabeça ia ferver.
Essa parada foi racional e salutar. Lembrou-se de
Guilherme e pensou: “Tenho que ser mais forte. Não me
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quem? Aí é que está a questão. Não tem ninguém. Meu pai não
serve, porque vai subordinar o problema ao amor paternal.
Pode ser que ele assuma os meus problemas, e aí quem vai
ficar sofrendo é ele; isso eu não quero. Ou vai rir de mim? E
amigos? Qual? Em quem confiar, tendo em vista que o assunto
não pode sair de controle? O único é o Bento, talvez. Tem a
vantagem de ser matemático. Mas mora nos Estados Unidos
e... deve ter suas próprias ocupações e problemas... Eh,
vamos ver...”
Candota deixou a mente vagando pelos mesmos
problemas existenciais, procurando uma lógica de raciocínio,
mas sempre se defrontava com os obstáculos conflitantes
entre as emoções e a razão. Resolveu que aproveitaria a
oportunidade do diálogo que ia ter com Beatriz e procurar
sondar a possibilidade da primeira hipótese – casamento sem
prole – o que seria a introdução de fato novo nessa intrincada
questão.
Ligou para a amada e marcou o encontro para a noite.
Sentiu-se aliviado por ter sido capaz de tomar uma decisão e
já sentia um disfarçado otimismo. Apanhou novo ânimo e pôs
fé naquele fio de esperança.
Cumprindo a rigor o horário marcado, o visitante foi
recebido à porta por Beatriz que se apresentou deslumbrante,
com a vida toda brilhando naqueles dois olhos grandes. Tinha
se preparado com especial capricho. Usava belo vestido rosa
puxado para solferino sem enfeites, mas bem talhado, com
diversos recortes ressaltados por sutache da mesma cor, em
tom mais claro. O cabelo tinha sido arranjado com capricho,
ainda que solto e sem adornos aparentes, guarnecendo aquele
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melhor. É isso aí. Vou pôr à prova a exatidão dos meus estudos
ou concluir que estou louco. Pelo menos, a situação vai ficar
mais clara. Antes de tudo, preciso entrar em contato com ele
pra saber como anda a disponibilidade.”
Depois da decisiva reflexão, ligou o computador e mandou
um correio eletrônico para o amigo:
“Caro Bento, saúde.
Espero que tudo esteja bem com você, a Miriam e a
filhota.
Como você já sabe, eu não vinha muito entusiasmado no
namoro com a Beatriz. Terminei de vez com ela. Nada de
briga; foi acordo mesmo. Minha família continua bem. Só eu é
que ando com umas preocupações de ordem intelectual. Sinto
que estou precisando da sua ajuda. Se ainda tiver algum
cantinho na sua casa, pretendo passar férias com vocês, mas
não sei quando vou poder partir. Me comunica sua
disponibilidade de tempo, pra eu preparar a viagem.
Adianto que vou precisar da sua colaboração num
trabalho importante que vou levar comigo.
Do amigo, Candota.”
Remetida a mensagem, estava inaugurado o início de uma
peregrinação que só Deus sabe onde vai terminar. Estava dada
uma guinada naquela vida de sofrimentos e despontava uma
tênue luz de esperança.
Ia aguardar a resposta do amigo, mas já podia adiantar
as providências para a viagem. O primeiro passo era a
comunicação de sua decisão aos pais. Para adiantar, pediria o
passaporte e o visto da embaixada americana, coisas que
geralmente apresentam alguma demora.
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3° CAPÍTULO
— Pode entrar.
Era o confidente em mais uma visita.
— Olha – foi logo dizendo –, eu quero te esclarecer que
precisamos conversar, mas hoje não é possível porque tenho
que dar presença na casa. E eu já percebi que essa nossa
conversa não pode ser fragmentada; tem de ter continuidade.
Por causa do sigilo do assunto, amanhã cedo eu vou te levar
no meu gabinete, lá da universidade e, sem interferência,
quero te ouvir. Amanhã você levanta mais cedo? Ou quer que
eu te chame?
— Você não tem que dar aula amanhã? Como é que fica o
seu trabalho?
— Não. Já ajeitei tudo. Meu assistente me substitui.
Quanto às pesquisas, elas não têm prazo pra terminar.
Pesquisa é coisa que nunca acaba; tem sempre mais.
— Está bem! É melhor você me chamar, porque meu ritmo
circadiano ainda não está ajustado.
Foi uma noite tranqüila para Candota. Enfim teria sossego
para expor toda a sua angústia. Imaginou que o ambiente no
gabinete do amigo deveria ser favorável.
Candota acordou com o toque do telefone em seu quarto.
Levou susto. Estranhou, mas atendeu. Era o Bento.
— Te acordei?
— Ora, é você! Esqueci que tinha telefone interno.
— Não combinamos de te acordar? Não vai dormir mais.
Estou te esperando aqui na copa pro desjejum.
Depois de um reforçado café da manhã, Bento avisou:
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4° CAPÍTULO
5° CAPÍTULO
Parte II
TRAGÉDIA
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6° CAPÍTULO
— Daí que, não tendo gente, não vai ter poluição de ar,
de água, de nada. Repito que não existe poluição. Existe é o
agente poluidor. Esse é que tem que ser combatido.
— Mas como?
— Não precisa extinguir a humanidade. Basta reduzir ela
a um nível compatível com as atuais condições de vivência.
— Você está falando em controle populacional? Já existem
diversos programas com essa finalidade.
— Programas! Ora, programas!
— Então, o que é?
— Controle agora é bobagem! É pano quente! Estou
falando é que devem ser eliminados com urgência 80% da
população. Urgente, está ouvindo? Se demorar um pouco, tem
que ser 90%.
— Você é louco! Isso não é solução administrativa!
— Digo 80% da população pra que os 20% possam viver
por mais algum tempo. É uma condição peremptória. E é
decisão administrativa, sim.
— Eu queria ouvir a opinião dos meus assessores sobre
isso. Fala você, primeiro – apontando para o auxiliar mais
próximo.
— Acho que estamos discutindo assunto extremamente
grave. Deve ser, portanto, compartilhado com outras
autoridades, inclusive com o Congresso e o Presidente. Se a
coisa chegou a esse ponto, eu me considero incompetente pra
tratar do assunto. Eliminar 80% da humanidade é decisão pra
quem disponha de um poder absoluto. Só mesmo um super-
homem!
— E você? – apontando para o seguinte.
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— E você, Bento?
— Fica firme aí, meu chapa! Eu ainda tenho o complexo
da trombada.
— Eh! Vou ter que agüentar a barra!
— Pode ser que aquele guarda só queria amedrontar a
gente – observou Bento.
— Quem é que sabe?
— Além disso, agora temos esse adesivo pregado no pára-
brisa e que deve valer alguma coisa – lembrou Bento.
— Eu também acho que a gente deve continuar – reforçou
Beatriz.
Perguntada, Miriam apenas abanou a cabeça, num
significativo gesto de indiferença.
— Está bem! Vamos em frente – decidiu-se Candota.
Sentindo-se mais animado, ante a coragem dos
companheiros, Candota retornou à avenida e seguiu adiante.
Caminho livre. As áreas suburbanas já estavam aparecendo
quando foi avistada nova barreira policial à frente.
— O que que eu faço, Beatriz?
— Segue! Vamos enfrentar. Eles vão ver o selo no pára-
brisa e deixar a gente seguir. Só pode!
Na cancela, Candota parou o carro. O guarda veio e pediu
os documentos.
— Seu guarda, nós já fomos revistados lá atrás e está
tudo certo. Olha o adesivo ai no vidro – apelou Candota com
esperança.
— Está querendo me dar ordem? Aqui é diferente. Ou
você vai ganhar mais um adesivo ou vai levar chumbo. É bom
obedecer e ficar calado.
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Parte III
REDENÇÃO
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7° CAPÍTULO
8° CAPÍTULO
9º CAPÍTULO
que o governo global vai ter pela frente. Mas posso te adiantar
que as atividades humanas vão caminhar no sentido inverso do
descrito no período recente da História.
— Eh!... A Matemática vai criar teia de aranha! É uma
pena! – resmungou Bento.
— No final, vamos retornar às atividades primárias de
subsistência, como você já sabe. O objetivo principal é
diminuir a população e ir pra atividades não poluentes. Só
trabalho rural é o ideal. Você já pode ir comprando uma
enxada pra praticar – brincou Candota, tentando tranqüilizar o
amigo.
— Vou ter que estudar assuntos de agricultura. Pensando
bem, vai ser até divertido. Já viu? Eu capinando, e Miriam
cuidando das galinhas... – troçou Bento.
Depois de apoiar a brincadeira com um discreto sorriso,
Candota se deixou levar pela seriedade do assunto, revelando
suas preocupações com o futuro:
— O que eu penso agora é que, pra começar a tomar
atitudes concretas, o governo vai ter que conseguir a
concordância dos outros países. Vai ser um problema!
— Isso tem que ser obtido de qualquer jeito! – sentenciou
Miriam.
— Eh!... Mas o Presidente quer formar o governo mundial
com aparência de consenso e legitimidade. Depois, tudo fica
mais fácil. Eles estão trabalhando com afinco. Por esses dias,
vai ter reunião de chefes de governo pra esclarecer essa
posição.
— Mas foi delineada alguma norma de procedimento? –
perguntou Bento.
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—Vou chamar.
Miriam, que permaneceu na sala e tinha ouvido o tom da
conversa, recusou o fone que o marido lhe ofereceu e disse:
— Vou atender lá do quarto – e se retirou.
Candota, preocupado, se manifestou:
— Algum problema? Você está meio desconcertado.
— Nada de importante. Meu sogro é que está irritado com
a situação e diz que vai interferir. Bobagem! No pé em que
estão as coisas, ninguém vai fazer o Presidente voltar atrás.
— Depois dessa criação do Governo Mundial, a História
dobrou a esquina. Não tem mais retorno.
No dia seguinte, Candota é chamado a Washington para
se integrar ao Conselho Gerencial Ecológico (CGE), órgão
criado para funcionar provisoriamente em ala reservada na
Casa Branca. Feitas as malas e se despedindo dos amigos,
Candota disse:
— Fico muito grato a vocês pelo apoio que me deram.
Saibam que o maior mérito que demonstraram foi o da
solidariedade. Não vou esquecer nunca disso. Lá na capital,
vou ficar no Main’s Hotel e espero receber notícias de vocês.
Da minha parte, estou à disposição pra trocar idéias e oferecer
meu apoio. Não deixem de falar comigo.
No mesmo dia, os jornais publicaram diversos atos do
Governo Mundial: criando secretarias-adjuntas e agências
executivas no exterior, compondo o conselho gerencial;
fazendo remanejamento de comandos militares; nomeando os
integrantes dos novos cargos, inclusive Candota. Ali estava:
Luiz Cândido Van Koorten.
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10° CAPÍTULO
— Nada!
— Também não é só isso! Além da demora desses papéis,
toda moça sonha com aquele ritual de casamento. Esse é o dia
mais marcante na vida de uma mulher. Acho que o nosso
casamento é muito importante pra ser feito de qualquer jeito.
— Você me desculpe. Eu não queria falar o que falei. É
que estou meio afobado. Eu estava era sonhando. Bobagem
minha!
— Eu também penso que não podemos ficar sonhando.
Temos que enxergar é a realidade. Gasta algum tempo arranjar
os papéis e tomar as providências. E você com essa viagem em
cima da hora! Não dá pra adiar?
— Amor, você precisa compreender a minha situação. Não
tem jeito!
— Tá! Pra quem esperou tanto tempo, esperar mais uns
dias não vai fazer diferença.
— Depois você marca a data do casamento. Eu ainda
tenho dois dias de licença. Dá tempo pra algumas
providências, mas o resto fica aí por sua conta. Pede logo o
passaporte, que é demorado!
— Quanto tempo você vai ficar lá?
— Vai depender só da sua definição pra data do
casamento.
— Você vai mesmo?
— Não tem outro jeito, amor! Isso é imperioso, mas
estarei aqui alguns dias antes da data que você marcar. Em
seguida, vamos pros Estados Unidos e vai ficar tudo bem.
— Vamos ter que morar lá?
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11° CAPÍTULO
— Que motor? Ora, que motor pode ser que não a própria
humanidade? A população mundial devia estar diminuindo com
mais rapidez. Creio que esse é o ponto principal de toda a
problemática. Temos de encontrar um meio pra acelerar o
decréscimo humano, fonte e causa de todos os demais males
que combatemos. Obtido êxito nesse eixo, o definhamento das
outras atividades prejudiciais conseqüentes será automático.
— O fato é que a diminuição já começou. Lentamente,
mas começou. Com as restrições na procriação, creio que
vamos ter melhores resultados nas próximas avaliações –
rebateu o presidente.
— Não concordo com o otimismo de alguns colegas –
interveio Candota. — As melhoras observadas são produto de
coação governamental. Os procedimentos sociais devem ser
conscientes, voluntários e harmonizados com a estratégia do
Governo Mundial. Os povos, como os rebanhos, devem ser
conduzidos não só por coação, mas por estímulos de
sobrevivência e de conservação do ambiente. Entendo que as
migrações internas devam ser encorajadas, mas monitoradas
pelas autoridades locais, seguindo critérios a ser definidos por
este Conselho. Assim, evitaremos que se disseminem as ações
de poluição urbana pra área rural. A migração em si não
melhora a ecologia, a não ser que as pessoas se voltem pra
comportamentos e atitudes de preservação ambiental. Esses
cuidados cabem aos governos regionais, conduzidos por
prescrições emanadas deste órgão.
— Quero alertar o companheiro – interveio um colega –
pro perigo que constitui o esvaziamento das cidades.
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Pior seria viver sem eles. Quem vive só o presente vive bem,
mas vai acabar ficando angustiado quando o futuro chegar.
— Eu quero me despedir de você e dizer que aquilo tudo
que passamos juntos, valeu! Eu considero um privilégio ter
sido escolhido pelo destino pra te dar uma mãozinha! Fico
orgulhoso disso!
— Valeu mesmo! Nunca vou esquecer de vocês.
Também... se não fosse a sua ajuda... babau!...
Bento, abrindo uma sacola, retirou um pequeno embrulho
e o entregou ao amigo, dizendo:
— Fica com essa lembrança. É parte da minha coleção de
fotos celestes. Elas ajudam na meditação.
Candota, emocionado e pego de surpresa, pensou em
retribuir aquele gesto tão significativo. Não se lembrando de
algo distinto, viu sobre a mesa a revista que continha as
sementes de cedro, ainda grampeadas na capa.
Balançando o saquinho com sementes frente ao amigo,
disse:
— Estas sementes estão vivas e são Vida. Leva elas como
lembrança da nossa luta e planta lá no seu paraíso. As árvores
vão ser as testemunhas da nossa existência e da nossa luta!
As despedidas foram comovidas de parte a parte. As
mulheres pareciam sob melhor controle que os maridos.
De tempos em tempos, Candota atualizava o primitivo
programa de projeção, acrescentando todos os dados
confiáveis que chegavam ao seu conhecimento, inclusive os
provindos do CGE. Vigiava com muita atenção os
deslocamentos que o computador apontava. Já havia
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12° CAPÍTULO
POSFÁCIO