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www.revistaincendio.com.br
ed.
setembro_2016 | R$15
LIÇÃO
DE SEGURANÇA
ESCOLAS DEVEM OFERECER INSTALAÇÕES SEGURAS
E PODEM ENSINAR OS ESTUDANTES A REAGIR
EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Q
MULTIFACETADA
infratores às penalidades legais.
Cenário 10
Entrevista 14
Coronel Cassio Roberto Armani, subcomandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo
Incêndio na Rede 18
Calçados 32
Botas de combate a incêndio devem fornecer proteção contra ações mecânicas, térmicas e elétricas
Segurança 38
Contar com uma brigada de incêndio bem treinada é um dos principais pontos a considerar
Emergências ambientais 46
Vastas reservas naturais desafiam permanentemente Brasil e Canadá no combate a incêndios
BUSF Brasil 50
Qualificação de bombeiros voluntários em cursos internacionais
Risco de explosão 52
Manuseio de produtos perigosos, quaisquer que sejam, requer cuidados especiais e muita atenção
Laudo de periculosidade 54
Documentos periciais recomendam coerência, fundamentação técnica aprimorada e respaldo legal
Certificado por:
Reynaldo Gabardo, da Reymaster (à esquerda); José Sanches, da Bureau Veritas e Marco Stoppa, também da Reymaster
Queimadas aumentam
46% no Mato Grosso
D ados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) apontam que do dia 15 de julho, início
do período proibitivo, até o dia 23 de agosto, foram
registrados 6.919 focos de calor no Estado do Mato
Grosso. Em 2015 foram 4.735 focos no mesmo pe-
ríodo, o que aponta um aumento de 46% nos casos
de queimadas. Dados informados pelo BEA-MT (Ba-
talhão de Emergências Ambientais) destacam que
63,19% dos focos de incêndios encontram-se em
propriedades privadas e afins, seguidos por terras
indígenas (26,15%), assentamentos (5,16%), Unidades
de Conservação Federais e Estaduais (1,62) e (2,01)
respectivamente, e região Metropolitana do Vale do
Rio Cuiabá (1,86%).
10 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
incêndio _ julho_2016 11
Investimentos contra
incêndios florestais
A nualmente, o Ibama investe R$ 25 milhões
na prevenção e no combate a queimadas
e incêndios florestais. O recurso é aplicado
em monitoramentos, capacitação de brigadis-
Foto: Comunicação/ Prefeitura São Caetano do Sul
dos alunos em caso de sinistro, a qual foi feita no tempo de 3 minutos, bem
como verificar o tempo de resposta necessário para que a guarnição mais
próxima chegue ao local, também foi possível promover a integração das
crianças e professores da instituição com o Corpo de Bombeiros, através
da apresentação e demonstração dos materiais, bem como deixando a
mensagem de que os mesmo estão capacitados e devidamente protegidos
caso ocorra algo na instituição.
12 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
TREINAMENTOS ABSPK COM PREÇOS
PROMOCIONAIS DURANTE O EVENTO:
25/10 - NFPA 20 - Bombas de incêndio
25/10 - Proteção de áreas de armazenagem
26/10 - NFPA 25 - Inspeção e testes de sistemas
26/10 - Cálculo hidráulico e softwares
PALESTRANTES NACIONAIS
CAPACITAÇÃO TÉCNICA
E INTERNACIONAIS
C A D A S T R E - S E E M A N T E N H A - S E I N F O R M A D O S O B R E E S T E I M P O R TA N T E E V E N TO
w w w. c b s p k . c o m . b r
Incêndio de grandes
proporções
SUBCOMANDANTE DO CORPO DE BOMBEIROS DE SÃO
PAULO RELATA COMO FOI A AÇÃO DE COMBATE AO
FOGO NO TERMINAL DE CARGAS DA LOCALFRIO
por Ana Claudia Machado
Foto: Divulgação/CBPMESP/ Alex Rodrigues
14 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
M
ais de 50 horas foram dicloroisocianurato de sódio, uma subs-
necessárias para que o
Corpo de Bombeiros da
O trabalho tância oxidante em estado sólido. Pro-
vavelmente, após o contato do produto
Polícia Militar do Estado
de São Paulo conseguis-
teve uma longa de um dos contêineres com água (havia
chovido na data), teria iniciado uma rea-
se conter as chamas que
consumiram contêineres
duração devido ção química, provocando a queima do
produto perigoso e a propagação entre
no terminal de cargas da os demais contêineres de diversas pilhas
empresa Localfrio, localizado no Porto de à necessidade e setores de armazenamento. O incêndio
Santos, no litoral de São Paulo. O incêndio, em sua fase inicial emitiu fumaça em diver-
de grandes proporções, ocorreu no início de manobra dos sas cores (magenta, amarela e em tons de
de janeiro deste ano e provocou uma nu- cinza). Essa diversidade de cores indicava
vem de fumaça tóxica que atingiu os mu- contêineres em algum produto da queima que continha
nicípios de Guarujá, Santos, São Vicente e cloro (cor amarela), mas também indicava
Cubatão. Na ocasião, uma mulher de 68 diversas pilhas a presença de outras substâncias, o que de
anos morreu por insuficiência respiratória. fato ocorreu. Havia nas pilhas vizinhas con-
Segundo o laudo do IML (Instituto Médico
Legal), a morte foi provocada justamente
e fileiras têineres com diversos produtos, tais como:
acrilato de butila, ácido acético, inseticida
pela inalação dos gases tóxicos. Além disso, e até alimentos (pistache). A equipe de
os centros médicos da Baixada Santista registraram cerca de 170 engenharia de segurança do trabalho da empresa buscou forne-
atendimentos, e os moradores da região foram obrigados a deixar cer os dados logísticos de localização de diversos contêineres e
suas casas. Segundo o relatório dos técnicos da Cetesb (Compa- seus respectivos conteúdos, a fim de que fossem eliminadas as
nhia Ambiental do Estado de São Paulo), o fogo, que atingiu 66 possibilidades de o cenário se tornar mais grave do que já estava.
contêineres no terminal portuário da empresa, foi provocado por
uma reação química, resultante do contato entre a água da chuva Como foi estruturada a ação de combate ao fogo?
e 20 toneladas de ácido dicloroisocianúrico de sódio. Com o apoio de técnicos da Cetesb (agência ambiental es-
Para conseguir controlar o fogo, quase cem bombeiros participa- tadual), os trabalhos de isolamento de cargas críticas foram
ram da ação e uma média de 30 viaturas foram deslocadas até o realizados na madrugada do dia 15 de janeiro, assim como a
terminal portuário. A equipe precisou trabalhar ininterruptamente abertura de cada contêiner envolvido no incêndio e a aplica-
para isolar as cargas críticas, além de abrir cada contêiner envol- ção de água em grande quantidade. O trabalho teve uma longa
vido no incêndio para aplicação de água em grande quantidade. duração devido à necessidade de manobra dos contêineres
“O trabalho teve uma longa duração devido à necessidade de em diversas pilhas e fileiras. A tentativa de aplicação de es-
manobra dos contêineres em diversas pilhas e fileiras”, explica o puma não foi eficaz e a forma de combate foi confirmada por
coronel Cassio Roberto Armani, subcomandante do Corpo de especialistas no produto envolvido, além de dados de fichas de
Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Segundo ele, informações de segurança (FISPQ). Outro fator que influen-
outro fator que dificultou o combate ao incêndio foi a diversidade ciou a dificuldade no combate ao incêndio foi a diversidade de
de produtos armazenados nas pilhas próximas aos contêineres. produtos armazenados nas pilhas próximas aos contêineres
Presente na emergência e com vasta experiência profissional na com o dicloroisocianurato de sódio.
análise de projetos técnicos e na realização de vistorias técnicas
dos sistemas de proteção contra incêndio em edificações e áreas Uma das medidas adotadas foi atacar o fogo
de risco, o coronel Armani conta na entrevista a seguir como foi contêiner por contêiner. Por quê?
estruturada a ação que, apesar de complexa, foi bem-sucedida. Foi necessário combater o incêndio em contêiner por contêiner
porque havia um empilhamento de até cinco unidades e, com o
Por que foi tão difícil controlar o incêndio apoio de guindastes, foi possível remover um a um. Além disso,
que atingiu o terminal de cargas da Localfrio? de nada adiantaria resfriar a parte externa com jatos. Era preciso
O incêndio no terminal de contêineres atingiu diversos produ- abrir cada um deles e aplicar água com bastante cuidado, pois o
tos químicos, sendo que a maior parte dos contêineres possuía produto reagia severamente com a água.
incêndio _setembro_2016 15
ENTREVISTA
CASSIO ROBERTO ARMANI
próxima ao mar possibilitou o emprego
da embarcação “Governador Fleury”, do
Quais agentes extintores foram
utilizados e quais foram mais úteis O afastamento Corpo de Bombeiros, e, a partir do mo-
para esse caso? mento em que a reserva de água do siste-
O único agente que realmente era indica- e a segregação ma de hidrantes da empresa acabou, este
do para este caso era a água, mas que de- recurso foi um fator decisivo para manter
veria ser aplicada com grande vazão, pois de materiais o bombeamento das linhas que abasteciam
em pequena quantidade só potencializava os veículos de combate a incêndio e para
a reação química, sem que fosse eficaz na
extinção do incêndio.
que não são que as ações não fossem interrompidas.
As ações de combate eram necessárias de
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incêndio _setembro_2016 17
NA REDE
INCÊNDIO
18 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
Queimadas no Vale do Paraíba
O site da revista Incêndio reproduziu a matéria do G1 que destacou o aumento do
número de queimadas no Vale do Paraíba e Litoral Norte: foram 120 queimadas no
primeiro semestre de 2016. O número, segundo a reportagem, é 144% maior que os seis
primeiros meses de 2015, quando houve 49 grandes focos, de acordo com o Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais). A incidência de queimadas nos municípios é monitorada
via satélite. A cidade com mais registros é São José dos Campos, com 13 focos no ano.
Segundo o Inpe, o frio e a falta de chuva ampliam o risco de incêndios em matas, florestas
e unidades de conservação.
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NA REDE
INCÊNDIO
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incêndio _ setembro_2016 21
PREVENÇÃO EM ESCOLAS
22 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
AULAS QUE
SALVAM VIDAS
Instituições de ensino devem
manter treinamentos contínuos
para casos de emergências
Q
por Adriana Gavaça
incêndio _setembro_2016 23
PREVENÇÃO EM ESCOLAS
“O colégio está sempre investindo na segurança e tranquilidade”, comenta o en- outro estabelecimento comercial devem
segurança e prevenção. A biblioteca foi genheiro de Segurança do Trabalho, Mar- manter em dia o Auto de Vistoria e de
recentemente reformada e a preocu- celo Zimbres, há 13 anos no Dante. Todos Segurança do Corpo de Bombeiros de
pação com o risco de incêndio esteve os anos, a escola realiza três eventos com a sua cidade, que estabelecem, entre ou-
presente no projeto arquitetônico, que participação de 100 brigadistas, entre no- tras coisas, que equipamentos de se-
previu a instalação de detectores de vos e antigos, para cursos de reciclagem e gurança estejam visíveis e novos, que o
fumaça de última geração em todo o formação. Além disso, há treinamento de prédio apresente alarmes, rotas de fuga,
ambiente, além dos equipamentos con- primeiros socorros e a realização anual da além de brigada de emergência treinada
vencionais”, conta o bombeiro profissio- semana de prevenção de acidentes. O co- e que realize simulações de incêndio peri-
nal José Tadeu de Souza, que é Técnico légio conta ainda com ambulatório interno, ódicas. Devem ainda manter a sinalização
de Segurança há 22 anos no colégio. com presença de médico e socorristas. e iluminação de segurança.
Todo esse aparato tem permitido que o Como o público que frequenta esses
Dante se mantenha com mais de 100 anos DE OLHO NA LEI locais são, em geral, crianças, o risco, nesse
de história sem um único incidente ou qual- O Dante Alighieri não é um caso iso- caso, é potencialmente maior do que em
quer foco de incêndio em seus cinco edifícios, lado quando o assunto é a preocupação outros estabelecimentos. Por isso, há a ne-
que compõem o complexo educacional. com a prevenção a incêndios e segurança cessidade de planos de prevenção e maior
“Cada andar do colégio conta com pelo de seus alunos. As escolas em geral são
menos dois brigadistas treinados para uma obrigadas por lei estadual e nacional a
situação de emergência, preparados para manterem planos de abandono e emer- Cada andar do colégio Dante conta com pelo
menos dois brigadistas treinados para uma
uma rápida evacuação do prédio com gência contra fogo. Assim como qualquer rápida evacuação do prédio
Foto: Divulgação/Dante
24 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
25 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
PREVENÇÃO EM ESCOLAS
26 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
alarmes e saídas de emergência. No pro-
cesso, o governo afirmou que 146 escolas
já possuem o AVCB. As demais unidades
não contam com o documento, alega o Es-
tado, devido à complexidade para obtê-lo.
Procurada para comentar o assunto, a
Secretaria da Educação do Estado, infor-
mou, em nota à revista Incêndio, que to-
dos os prédios escolares do Governo são
construídos de acordo com a legislação
e as normas de segurança vigentes com
grandes áreas de circulação, rotas de fuga,
baixa ocupação e, principalmente utilização
de materiais de baixa combustão. E que
a Secretaria assinou um Termo de Ajusta-
mento de Conduta (TAC) com o Ministé-
rio Público para fazer as intervenções de
acessibilidade na totalidade das unidades
escolares da rede estadual. Dentro disto, a
FDE (Fundação para o Desenvolvimento
da Educação) prevê também a adequação
e obtenção do AVCB. Além disto, todas as
escolas contam com a oferta de equipa-
mentos como extintores portáteis, hidran-
te, mangotinho, bomba de incêndio, central
de alarme, alarme de incêndio, iluminação
de emergência, sinalização de emergência,
entre outros. As escolas também têm o
“Manual de Orientação à Prevenção e ao
Combate ao Incêndio nas Escolas”, que
orienta as ações preventivas no combate
a incêndio, instalações de gás, conservação
de elevadores, manutenção de para-raios.
A Procuradoria Geral do Estado tam-
bém informou à reportagem que já re-
correu da decisão da Justiça, do último
dia 24 de julho, e que aguarda agora os
desdobramentos desse recurso.
todos os prédios e construções onde se precária a situação de segurança das 1.513 GRADE CURRICULAR
encontram instaladas as escolas estaduais escolas estaduais da cidade de São Paulo. Para o comandante aposentado do
que garantam a obtenção do Auto de Vis- A investigação foi instaurada em 2006. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
toria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e o A pedido do Ministério Público, órgão do Estado de São Paulo, Antônio Fer-
Auto de Verificação de Segurança (AVS). A municipal que fiscaliza segurança (o antigo raz dos Santos, a questão da segurança
multa diária em caso de descumprimento Contru, hoje renomeado pela Segur), che- contra incêndio nas escolas, assim como
será de R$ 100 mil. A ação civil foi ajuiza- gou a fazer vistoria em parte das escolas nas residências e em outros locais, deve
da pelo Ministério Público que considerou e encontrar problemas como ausência de estar sempre pautada na prevenção. Para
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PREVENÇÃO EM ESCOLAS
28 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
incêndio _setembro_2016 29
PREVENÇÃO EM ESCOLAS
REFORÇO
NECESSÁRIO
Medidas de prevenção a incêndios devem
ser discutidas também em sala de aula
por Adriana Gavaça
O
s planos de prevenção e quadrados ou mais de três de emergência adequadas para
combate a incêndio, en- pavimentos, em geral, é necessária o público, extintores portáteis,
tre outras coisas, devem a contratação de um engenheiro sinalização e sistema de iluminação
ser capazes de indicar a ou arquiteto. Será esse profissional de emergência. As exigências estão
quantidade e a disposi- quem irá elaborar o projeto técnico previstas no Decreto Estadual
ção dos equipamentos de acordo com regulamentação nº 56.819/11 (Regulamento de
de combate ao fogo e as rotas de saída. estadual de segurança contra Segurança Contra Incêndio em
No caso das escolas, cada instituição pre- incêndio e normas oficiais Edificações e Áreas de Risco), no
cisa ter um desses adequado ao seu perfil, brasileiras. A vistoria técnica do caso do Estado de São Paulo.
que deve ser renovado em caso de mo- Corpo de Bombeiros ocorrerá Atualmente, toda a regularização de
dificação da planta original. O documento após a construção estar acabada edificações e áreas de risco no Estado de
também deve estar em consonância com e as medidas de proteção contra São Paulo, no âmbito do Corpo de Bom-
os decretos estaduais e com as leis com- incêndio instaladas. beiros, podem ser feitas mediante acesso
plementares municipais, já que não existe 2) Já para as escolas com área ao Sistema “Via Fácil Bombeiros” (www.
uma legislação nacional sobre o tema. total construída inferior a 750 corpodebombeiros.sp.gov.br). Num futuro
As medidas de proteção são as mes- metros quadrados e altura igual próximo, o Corpo de Bombeiros informa
mas para todas as escolas. Entre elas está ou menor que três pavimentos, que o sistema deve permitir, inclusive, a
a obrigatoriedade da instalação de extin- aplica-se o chamado projeto inserção de plantas digitais das edificações,
tores, hidrantes ou mangotinhos, alarme, técnico simplificado, que dispensa tornando o processo 100% digital.
iluminação e sinalização de emergência. Os a necessidade de uma planta,
prédios devem ter rotas de fuga, saídas de bastando o preenchimento de DICAS FUNDAMENTAIS
emergência e um acesso que permita a formulários e os documentos ❖ BRIGADA DE INCÊNDIO
entrada do carro dos bombeiros. de responsabilidade técnica Toda escola deve ter uma brigada
No Estado de São Paulo, por exemplo, (Anotação de Responsabilidade treinada anualmente por um
para as instituições de ensino interessadas Técnica, se engenheiro, ou profissional habilitado. A reciclagem
em obter o AVCB, o Corpo de Bombeiros Registro de Responsabilidade também deve ser anual, de acordo
indica dois caminhos a seguir, dependendo Técnica, se arquiteto). Trata-se com Instrução Técnica 17 do Corpo
do tamanho da edificação: de um processo simples e que de Bombeiros. A brigada deve ser
1) Para escolas com área total requer apenas a observação de formada pelos próprios funcionários
construída superior a 750 metros medidas como: previsão de saídas da escola, que deve conhecer todo
30 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
Foto: Shutterstock
o ambiente e também receber também deve estar preparado para extintores, hidrantes, além de
noções básicas de como operar os lidar com acidentes envolvendo realizar simulação e exercícios de
equipamentos de segurança, como alunos, prestando atendimento de emergência, mapeamento de rotas
hidrantes, mangueiras, extintores, primeiros socorros. de fuga e grupos de risco.
acionamento de alarme e contato ❖ EQUIPAMENTOS E MANUTENÇÃO ❖ CONSCIENTIZAÇÃO
com Corpo de Bombeiros, além A escola deve manter em dia a SOBRE OS RISCOS
de evacuação do prédio. Devem manutenção dos equipamentos Sempre falar de segurança e
estar aptos ainda para atuar de segurança e prevenção, tais prevenção em aulas, palestras,
nas mais diversas situações de como sinalização, iluminação de seminários e eventos: o tema
risco e emergência. O brigadista emergência, sirenes e alarmes, segurança e prevenção deve fazer
incêndio _setembro_2016 31
Foto: Shutterstock CALÇADOS DE COMBATE
32 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
BOTAS QUE
PROTEGEM
EPI deve fornecer proteção
mecânica, térmica e elétrica
por Débora Luz
O
s bombeiros são empe- Segurança e Proteção ao Trabalho), em
nhados habitualmente 2015, foram fabricados 50 milhões de pa-
em atividades de grande res por ano no País, por aproximadamente
risco. Dentre as diversas 130 fabricantes nacionais, que faturam em
atividades desenvolvidas a torno de R$ 1,7 bilhão. Se também forem
de combate a incêndio é contabilizados os números das botas de
a mais desgastante pela exposição a altas PVC, de borracha e de combate a incên-
temperaturas, realização de grande esfor- dio, que não deixam de ser calçados de
ço físico por período prolongado, aliado ao segurança, a quantidade de pares produzi-
uso de equipamentos de proteção indivi- dos sobe para 60 milhões e o faturamento
dual e respiratória (EPI e EPR), perda de al- fica próximo a R$ 2 bilhões.
tas taxas de suor, de eletrólitos e depleção Ainda segundo a Animaseg, há atual-
de altas taxas de substratos energéticos. mente entre três e quatro empresas na-
Os EPIs do bombeiro são elementos cionais que fabricam calçados de combate
fundamentais para a sua atuação em ações a incêndio. Em 2015 foram comercializados
de combate a emergências, das quais há di- cerca milhares de calçados deste tipo.
versos riscos, tais como os proporcionados Segundo o diretor-executivo da Anima-
por calor elevado, elétricos, desabamentos seg, Raul Casanova, a indústria brasileira de
de estruturas ou de partes da estrutura, calçados de segurança tem condições de
explosões, riscos de contusões, quedas de fabricar produtos de nível internacional, não
nível, entre outros. Estes EPIs são com- deixando a desejar aos italianos ou alemães.
postos por capacetes, capas e calças de “E independentemente do tipo de calçado
aproximação, luvas, balaclavas, EPR e, no que o mercado nacional demanda, os fabri-
caso desta reportagem, as botas. cantes acompanham o que há de melhor no
mundo para produzir calçados com qualida-
MERCADO de e segurança”, disse Casanova.
Os calçados de segurança detêm 37% Há dois mercados em potencial para
da fatia de mercado de EPIs no Brasil. este tipo de EPI: o industrial (bombeiros ci-
Segundo dados da Animaseg (Associa- vis, brigadas de emergência compostas por
ção Nacional da Indústria de Material de funcionários da empresa) e os bombeiros
incêndio _setembro_2016 33
CALÇADOS DE COMBATE
34 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
PROJETO PADRÃO SISTEMAS HIDRÁULICOS
• FM Global • Sprinklers
• Axa • Hidrantes
• Global Risk • Water Spray
• XL Group • Espuma
• NFPA • Casa de bombas
TIPOLOGIA
SISTEMAS DE SUPRESSÃO SISTEMAS DE DETECÇÃO E ALARME
Uma das normas que regem a fabrica-
POR GÁS • Fumaça / Térmico
ção das botas de combate a incêndio é a • NOVEC • Chama e Gás
europeia EN 1509012 (versão de 2012), • FM-200 • Alta Sensibilidade
adotada pelo mercado brasileiro, que es- • CO2 • Feixe
tabelece os requisitos para a identificação,
caracterização e marcação do calçado de INSPEÇÕES e SISTEMAS DE SUPRESSÃO
MANUTENÇÕES EM PAÍNEIS E CABINES
bombeiro. No calçado de bombeiro, tal • FIRETRACE
como no calçado de segurança ocupacio-
nal, a classificação atribuída é idêntica, ou
seja, classificação I e II, sendo permitidos
dois tipos de designs. O calçado de classifi-
cação I é constituído por corte em pele ou
outros materiais, excluindo o calçadofeito
em borracha, poliuretano ou PVC. Já o II
é constituído totalmente por borracha, po-
liuretano ou PVC, por meio de processos
de vulcanização ou moldagem por injeção.
No entanto, definem-se três diferentes
tipologias de calçado de bombeiro:
Tipo 1: Intervenções no exterior, fogos
e combate a fogos florestais; sem pro-
teção contra a penetração, sem prote-
ção dos dedos e sem proteção contra
riscos químicos;
Tipo 2: Todas as intervenções de su-
pressão do fogo e salvamento, onde
são necessárias a proteção contra a
penetração e proteção dos dedos, mas
sem proteção contra riscos químicos, e
Tipo 3: Todas as intervenções de su-
pressão do fogo e salvamento, onde
são necessárias a proteção contra a pe-
netração e proteção dos dedos, incluin-
do a proteção contra riscos químicos.
Após a definição da tipologia do cal- DISTRIBUIDOR AUTORIZADO: DISTRIBUIDOR AUTORIZADO:
36 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
mercado a bota de combate a incêndio Marluvas - Coturno Bombeiro 60C39 FR CPAP
tipo 2. Os materiais empregados no cal- Atende à norma EN ISO 15090:2011 tipo 2, que regulamenta os principais
çado são 100% antichamas (couro, zíper, requisitos para calçados de combate a incêndio.
100% antichamas, confeccionado em vaqueta hidrofugada antichamas,
cadarço, refletivo etc), bem como sua for- membrana impermeável waterproof,
ração é 100% impermeável. Possui solado Cadarço antichamas, fechamento lateral em zíper dielétrico antichamas,
de PU/borracha resistente a altas tempe- faixa refletiva antichamas, pictograma refletivo antichamas e colarinho
raturas, biqueira de composite leve, anti- em couro soft acolchoado antichamas. Palmilha de montagem
confeccionada em 100% poliéster com perfuração a zero, superflexível
magnética, anticorrosiva e ultraresistente à
e cobre 100% da planta do pé
queda de 200J, palmilha resistente a per- Proteção com biqueira de composite, leve e resistente ao
furação que cobre 100% a planta do pé. impacto de 200J e à compressão de 1.500N
Odair José Ferro, P&D da Marluvas, Solado dielétrico bicomponente de poliuretano e
conta que os calçados de combate a in- borracha com sistema de absorção de impacto,
injetado diretamente ao cabedal e resistente ao
cêndio, como todos os demais calçados da contato com altas temperaturas.
empresa, são confeccionados com a mais
alta tecnologia e um rigoroso controle de
qualidade para garantir a performance per- Arteflex - Bota BBB
Cabedal em couro vaqueta flor hidrofugado para seis horas;
feita do produto. Fechamento total e alças para calce rápido,
“Os calçados também são submetidos Colarinho e protetor na região do tendão construídas em couro acolchoado que
a testes rigorosos nos laboratórios cre- permite movimentos amplos, forração total em tecido especial GORE-TEX®
denciados pelo Mistério do Trabalho e impermeável e transpirável
Biqueira sobreposta em vaqueta com acabamento em carbon garantindo
precisam estar de acordo com os requisi-
proteção extra contra atritos, forração interna térmica que garante
tos da norma EN 15090:2012 para serem conforto em temperaturas entre -5°C e +100°C; biqueira interna de aço;
aprovados”, disse Odair. Para ele, este é Revestimento interno em Kevlar® resistente à químicos, chamas e cortes,
um mercado que está migrando de um Baixa condutibilidade elétrica, protetor de metatarso interno em
produto extremamente pesado, confeccio- polipropileno com revestimento acolchoado, palmilha de montagem
resistente a perfuros e cortes, sola de borracha nitrílica colada resistente
nado em borracha, para um calçado mais à altas temperaturas, que garante flexibilidade, garra de tração e
leve e moderno, “a proposta é oferecer estabilidade mesmo em locais com água ou lamacentos, sobre-
maior proteção e qualidade de vida aos palmilha termoconformada com tecido antibacteriano;
profissionais que exercem uma função de Atende os requisitos das normas ABNT NBR ISO 20345
e EN 15090
alto risco”, complementa. n
Conforme as normas:
- ABNT 10.300
- ABNT 17.240
RESPONSABILIDADE
PERMANENTE
Uma brigada de
incêndio bem
treinada é um
dos principais
pontos do plano
de prevenção
por Maíra Teixeira
A
brigada prof issional de
combate a incêndio em
empresas, indústrias e sho-
ppings centers é uma for-
ma das mais eficientes para
elevar o nível de segurança
em locais de grande circulação, seja de
trabalhadores, consumidores ou simples
visitantes. Em uma analogia simples, pode
ser considerada o sistema imunológico do
local. Se está forte e bem guarnecido, sob
ataque deve responder de maneira eficaz
e evitar tragédias. Por esse motivo, não é
de se espantar que a norma que estabe-
lece as diretrizes das brigadas seja apri-
morada regularmente, a fim de ser forta-
lecida. Dois eventos recentes provocaram
a necessidade de atualização da Norma
NBR 14276 – Brigada de Emergências, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT): o incêndio na boate Kiss, em
Fotos: Shutterstock
38 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
passado, que durou nove dias.
A base legal para a montagem da brigada
civil, ou profissional, é dada pela norma que
é referência técnica, mas não é obrigatória.
“Porém, quando esta norma ou partes de
seu texto são citados como referência em
dispositivos legais (como leis, decretos, por-
tarias), podem passar a ter obrigatoriedade,
conforme os textos e conteúdo desses dis-
positivos legais”, explica Jorge Alexandre
Alves, coordenador da Comissão de Estu-
dos de Planos e Equipes de Emergências
do CB-24 (Comitê Brasileiro de Segurança
Contra Incêndios da ABNT).
REGULAMENTAÇÃO
Assim, o Decreto Municipal de São
Paulo no 16.312/2015, que exige brigada
de bombeiros civis, tornou obrigatória a
norma e segue ainda a regulamentação
publicada na Instrução Técnica 17/2014
do Estado de São Paulo. A legislação que
subordina o tema é estadual e fiscaliza-
da pelo Corpo de Bombeiros. Portanto,
empresas que atuam em diversos estados
do País devem observar este detalhe para
a construção de suas políticas e Planos
Corporativos de Prevenção e Combate à
Incêndio (PCI), seguindo as leis estaduais.
Adauto Lopes, fundador da consulto-
ria Seg-One, detalha que atualmente os
empreendimentos em São Paulo atendem
aos requisitos da IT 17 do Corpo de Bom-
beiros do Estado de São Paulo, enquanto
a norma é o norte nacional. A instrução
estabelece as condições mínimas exigidas
para a composição da brigada de incêndio
e a presença do bombeiro civil no ambien-
te. “O decreto Municipal em São Paulo
vem complementar a legislação existente
e o avanço está na definição para casa de
shows e espetáculos e campus universitá-
rio que passam a ter a obrigatoriedade da
presença da brigada”, explica Lopes, que
atua há 30 anos no ramo de segurança e
combate a incêndio do setor de shopping
centers em todo o Brasil.
incêndio _setembro_2016 39
SEGURANÇA
Importância da brigada
em grandes complexos
Formada por um total de 41 galpões de
comercialização, distribuídos entre 271
metros quadrados de área construída, em
uma área de 700 mil metros quadrados,
a Ceagesp comercializa por ano 3,4
milhões de toneladas de alimentos – o
que representou quase R$ 8 bilhões em
negócios no ano passado. Com silos,
graneleiros e armazéns convencionais,
o local abriga materiais combustíveis de
todas as classes. Por conta dos riscos
de incêndio, a atenção é redobrada: há
50 brigadistas voluntários (13 no turno
da noite), com atendimento 24 horas
e quatro bombeiros profissionais que Adauto Lopes,
da consultoria os pontos que serão incluídos na nova edi-
cobrem os dois turnos. Tem ainda 30 Seg-One ção. Publicada em 1999, a norma já passou
fiscais que atuam na fiscalização, dão
por alterações pontuais e são a base das
avisos de que os estabelecimentos estão
fora da norma e, em caso de reincidência,
O especialista legislações municipais e estaduais.
dão multas pelas irregularidades. Apesar ressalta que os Para formar a brigada de emergências,
dos cuidados, o complexo tem pequenos eventos recentes o responsável da planta deve elaborar
focos de incêndios regulares e precisou colocaram à prova minimamente o seu plano de emergên-
lidar com uma situação extrema em os recursos e conhecimentos dos serviços cias conforme a ABNT 15219 – Plano de
março de 2014, um protesto de públicos e privados para o atendimento a Emergências – Requisitos.
caminhoneiros contra a cobrança de emergências industriais de grande porte,
pedágio, que teve diversos incêndios entre outras ocorrências de menor re- REQUISITOS
criminosos. Um deles atingiu o prédio percussão na mídia, porém com grande A brigada de emergência deverá ser
de atendimento ao público, ao lado impacto na vida das vítimas e nos negó- composta e dimensionada, considerando
da administração, comprometendo as cios dos seus proprietários. “Podemos a divisão de ocupação, o grau de risco,
estruturas. Após o episódio, o prédio concluir que mesmo com todas essas a população fixa de cada setor da plan-
precisou ser reconstruído. normas técnicas e legislações, elas não ta e a quantidade mínima de brigadistas.
“Tem muito vandalismo, gente que serão suficientes enquanto não tivermos Deve ser considerada também a quanti-
quebra a botoeira e dá o alarme na má-fé. a adequada qualificação dos profissionais dade necessária para o atendimento em
Para se ter ideia, temos permissão legal e a cultura da responsabilidade dos res- todas as áreas, setores e edificações de
para trancar com cadeado o equipamento ponsáveis pelos diversos tipos de negó- responsabilidade da brigada de emergên-
das mangueiras porque elas eram furtadas cios, sejam eles comerciais, industriais ou cia. A quantidade de brigadistas deve ser
reiteradamente. É uma realidade difícil”, de entretenimento.” compatível para efetuar as ações e pro-
conta Barbosa, técnico de segurança do Alves, da ABNT, explica que a NBR cedimentos de prevenção e controle de
trabalho da companhia.
14276 (Brigada de incêndio – Requisitos) emergências descritos no plano, conforme
está sendo revisada atualmente e destaca as hipóteses acidentais pré-determinadas,
40 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
incêndio _setembro_2016 41
SEGURANÇA
devido as disposições físicas, dimensões, da formação e composição da brigada, a PÚBLICO FIXO E FLUTUANTE
processos, ocupações etc. companhia passa a contar com uma equipe Segundo os especialistas, em um local
Para Nilton Almeida Junior, gerente que cuida especificamente de um setor im- com público fixo as variáveis e o público
corporativo de segurança do grupo An- portante, visando ter maior controle dos são mais controláveis, algo diferente em
car Ivanhoe Shopping Centers, não há di- riscos. A equipe de brigada, por meio de um estabelecimento que vive de um públi-
ferença entre bombeiros militares e um seu líder, deve desenvolver planos de con- co flutuante, com menos adesão e conhe-
civil, mas uma complementação. “Enten- trole e mitigação dos riscos a fim de evitar cimento das ações de prevenção. Mas em
do que um bombeiro civil bem treina- sinistros, tais como incêndio, explosões. ambos casos, após a brigada estar cons-
do pode atuar muito bem. Os estados “Esta equipe deve realizar análise pri- tituída, treinada e equipada, o brigadista
brasileiros possuem estruturas distintas mária de riscos e manter o controle de deve assumir as atribuições de prevenção
entre eles e, neste sentido, nem todos todos os equipamentos disponível para e emergência. Porém, com público fixo,
estados possuem o Corpo de Bombeiros uma emergência. É muito importante que o ambiente costuma ser mais controlado.
como parte da PM. Em muitos casos são a preparação da brigada seja adequada Francisco Teixeira Barbosa, técnico de
corporações independentes.” à legislação. A formação e a preparação segurança do trabalho da Companhia de
Para ter uma brigada de incêndio profis- da brigada para a indústria é diferente da Entrepostos e Armazéns Gerais de São
sional em empresas ou indústrias de alto preparação da brigada de um shopping Paulo, conta que na Ceagesp a principal
risco de incêndio ou explosão, o primeiro center. Por isso, treinar e fazer simulações atividade é a prevenção, com enfoque na
passo é atender a legislação existente, quer deve ser parte do processo de cada em- conscientização do público fixo e flutuan-
seja municipal, estadual ou federal. A partir presa”, explica Lopes. te. “Se não atuamos na prevenção, nosso
Nilton Almeida
conseguimos cobrir tudo, com equipamen-
Junior, gerente tos, planos e estratégias em constante re-
corporativo de visão”, explica Barbosa.
segurança
Assim como na Ceagesp, os shopping
trabalho é dobrado. centers tem um movimento maior de pú-
No começo do ano blico flutuante do que fixo. “O fato de a
tivemos um incên- brigada de incêndio ser uma exigência legal
dio provocado pelo transbordo de mate- mostra bem como a função é apropriada
riais, algo muito comum pela alta utilização na prevenção e combate ao incêndio, que
de palha, madeira, caixas, papelão. Convive- são suas principais vantagens. A aplicação
mos com produtos de alta combustão. Tem da legislação deve ser plena no ambiente,
ainda o pavilhão de grãos, que por se tratar quer seja um shopping ou uma indústria.
de pequenos materiais, particulados, de alta A segurança contra incêndio é uma ação
combustão, indicam um grande risco. Te- diária e que a equipe de brigadistas civis
mos um cuidado em manter os requisitos ou profissionais deve zelar para manter um
de prevenção atualizados e revisar dia e ambiente seguro”, explica Adauto Lopes,
noite, devido ao giro de pessoas”, afirma. da consultoria Seg-One. Ele desenvolveu
O local, que tem público flutuante de 50 um sistema de controle, gestão e geren-
mil pessoas por dia e fixo de 420 trabalha- ciamento de brigadas que sistematizou
dores, funciona como um shopping (com todos os processos de prevenção e ação
lojistas e permissionários dos espaços de que levam o gestor da empresa a identifi-
comercialização), com entrada e saída de car seus pontos fracos a fim de corrigi-los,
12 mil veículos, além de conviver com epi- além de mapear constantemente a vistoria
sódios regulares de incêndios. Em visita à de equipamentos e brigadistas.
Ceagesp, é possível ver na prática como Segundo Almeida Junior, da Ancar, a
a conscientização é algo complicado. Por brigada de incêndio é extremamente
todos os cantos os equipamentos estão importante porque o Corpo de Bom-
encobertos por carrinhos de mercado- beiros Militar não atua em áreas privadas
rias e caixas empilhadas que obstruem os de forma preventiva. “A função de cum-
hidrantes. “Colocamos as sinalizações em prir processos e políticas de Prevenção e
evidência, temos fiscais que corrigem, avi- Combate à Incêndio é da brigada e sem
sam e multam, mas a correria do dia a dia ela o risco seria incalculável. O combate ao
faz as pessoas terem pouca consciência. fogo possui urgência nos seus três primei-
Um dos principais pontos de atenção é o ros minutos, o que seria impossível contar
público. No futuro, estamos planejando com o bombeiro militar, devido ao tempo
que todos os lojistas tenham brigadistas, de deslocamento da guarnição”, afirma.
mas é uma tarefa difícil, de convencimento. Tanto Almeida Junior quanto Barbosa,
Hoje, com nossa equipe e planejamento, da Ceagesp, concordam que a prevenção
incêndio _setembro_2016 43
SEGURANÇA
DIFERENÇA Já o brigadista voluntário é um profissio- ostensiva para quem frequenta o local. Nos
ENTRE BRIGADISTAS nal que atua dentro das suas funções na shoppings, geralmente, são feitas antes de
O papel do bombeiro civil dentro de empresa, mas que soma à sua expertise sua abertura, assim como em empresas e
uma organização é cuidar de todos os pro- uma formação e capacitação conforme es- grandes edifícios. Para o gerente da Ancar
cessos e sistemas de atendimento de uma pecificado nos requisitos da norma, para Ivanhoe Shopping Centers, esse exercício
emergência, verificar o funcionamento de a atuação em serviços de prevenção e não deve ser encarado como um prova e
todo sistema de prevenção e combate a atendimento de emergências em edifica- sim como um treinamento. “É o momento
incêndio (e se os materiais disponíveis estão ções, plantas e ou instalações privadas ou de errar para poder melhorar os proces-
em perfeitas condições de uso e dentro públicas. O brigadista é voluntário e ocupa sos, equipamentos. Deve-se abordar os
dos prazos de validades, de acordo com outras funções na empresa. Precisa aten- planos de Prevenção e Combate à Incên-
as normas vigentes). Executam trabalho de der requisitos da IT 17 – 1ª parte. Deve dio, Plano de Crise e Emergência e Plano
prevenção de riscos, prestam socorros a ter boa saúde e conhecer as instalações de Abandono”, explica Almeida Junior.
pessoas quando em emergência e aplicam o da empresa. Passar por treinamento e es- Para ele, o cenário de melhor aproveita-
procedimento necessário ao atendimento. tar apto para identificar uma emergência mento são os de casos específicos. “Pode
São pontos fundamentais na divulgação de e adotar algumas medidas diante de um ser um incêndio, resgate ou qualquer
campanhas educativas de prevenção e auxi- cenário de emergência, tais como solici- outro caso, mas que seja amplo e exija
liam no treinamento da equipe de brigada tar apoio do bombeiro civil (se tiver esta atuação plena de todos. Deve ser avisado
voluntária. O bombeiro civil é dedicado para posição na empresa), acionar o bombeiro à imprensa, planejado detalhadamente e
o atendimento exclusivo em uma edificação, militar, guiar as pessoas para as saídas para em conjunto com todos os participantes.
planta e ou evento particular ou público me- abandonar o prédio etc. Recomendo que a simulação não aborde
diante contrato de trabalho. Ele precisa ser apenas as questões operacionais, mas que
habilitado por instituições credenciadas pelo SIMULAÇÕES DE INCÊNDIO possibilite o treinamento das equipes ad-
Corpo de Bombeiros e é o responsável pela As simulações das emergências são pre- ministrativas na gestão de crise e gestão de
execução dos processos e o atendimento vistas em lei e devem ser realizadas a cada continuidade de negócios. A formação do
dos eventos em primeira instância. Sua ativi- seis meses. Elas são planejadas e executa- comitê de crise e suas atividades são im-
dade é exclusiva na prevenção e combate à das com o público fixo das empresas, mas portantes para uma eventual revisão dos
incêndio e primeiros socorros. sempre avisadas de antemão e de forma processos”, explica o especialista. n
44 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
na rede
Notícias sobre
prevenção e combate
agora também na internet
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incêndio _setembro_2016 45
Foto: Shutterstock EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS
SEMPRE ALERTA
Vastas reservas naturais desafiam permanentemente
Brasil e Canadá no combate a incêndios florestais
por Estela Cangerana
T
erritórios enormes, respecti- Canada 2016 , cujo tema é justamen- fogo dentro de terras indígenas e unidades
vamente o 5º e o 2º maiores te “Construindo Resiliência”. Em maio de conservação, além da Política Nacional
do mundo, com vastas áreas de 2019 será a vez do Estado do Mato de Manejo e Controle de Queimadas. Re-
de reservas naturais, Brasil e Grosso do Sul, no Brasil, ser o palco da ceber a conferência é um reconhecimen-
Canadá convivem anualmente sétima edição da Conferência Mundial de to importante”, afirma o coordenador do
com a ameaça dos incêndios Incêndios Florestais - WildFire, o maior Núcleo de Operações e Combate aos
florestais nas temporadas de seca. Cada um evento internacional da categoria. Incêndios Florestais do Ibama (Instituto
a seu jeito, ambos vêm enfrentando um ano Na pauta dos dois encontros, os desa- Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
especialmente difícil em 2016 e serão sede fios naturais e da interferência humana, sos Naturais Renováveis), Rodrigo Falleiro.
de importantes debates programados so- além dos esforços para cumprir os com-
bre prevenção, combate e tecnologias de promissos assumidos internacionalmente DESAFIO
preservação ambiental e controle. pelas nações para a diminuição da emissão A cada edição do evento são apresenta-
Em outubro próximo, especialistas se de gases de efeito estufa. dos os resultados apontados pelas 14 Redes
reunirão em Kelowna, Colúmbia Britâ- “Vamos mostrar os avanços da nossa Regionais de Incêndios Florestais das Na-
nica, para a conferência Wildland Fire legislação, a experiência com o manejo do ções Unidas. O Ibama coordena a Regional
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Expertise canadense
A longa história de convivência do Canadá
com os incêndios florestais levou o país a
ser pioneiro em uma das técnicas usadas
até hoje, a do combate aéreo. Ao lado de
Estados Unidos e Rússia, a nação foi uma
das primeiras a testar a modalidade, na
década de 1930. E foi a primeira a obter
êxito operacional com ela, em 1950,
quando um avião Beaver, arremessou
“bombas de água” (bolsas de papel e
plástico de 14 litros cada, em grupos de seis
a oito por vez) sobre um incêndio florestal.
DESASTRE
Foi justamente a ação humana a respon-
sável pelo que está sendo visto como o
desastre mais caro da história do Canadá:
o incêndio que destruiu a cidade de Fort
McMurray, na província de Alberta, em maio
deste ano. As autoridades ocais informaram
que essa é a principal linha de investigação
seguida pela Polícia Montada do Canadá para
esclarecer o caso que ficou conhecido no
país como the beast (a besta).
Sulamericana, formada pelo Brasil, Argen- Grosso, Roraima, Pará e Tocantins foram A tragédia destruiu centenas de milhares
tina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, os mais atingidos. de hectares, afetando milhares de casas e
Uruguai, Peru e Venezuela. O Canadá, ao Segundo o coordenador do Núcleo empresas, e causou a evacuação de quase
lado de Estados Unidos e México, integra de Pesquisas e Monitoramento do Pre- 100 mil pessoas que viviam na região. Fort
a Regional da América do Norte. As redes vfogo – Centro Nacional de Preven- Murray está no centro da indústria petrolei-
trabalham para criar diretrizes nacionais e ção e Combate a Incêndios Florestais, ra canadense e os danos materiais causados
internacionais sobre o uso do fogo nos di- Rossano Marchetti, os principais vilões pelas chamas foram estimados em cerca de
versos ecossistemas e mantêm um esforço da vez, no caso brasileiro, são difíceis 3,5 bilhões de dólares canadenses, segundo
contínuo de cooperação. de evitar: os fenômenos climáticos. “A cálculo divulgado no início de julho pela asso-
O trabalho dos grupos e das iniciativas gente está passando por um dos piores ciação nacional de seguradoras do país. “Este
de cada país para controlar as queimadas El Ninõs (fenômeno que, entre outras incêndio, e os danos que causou, são mais
não tem sido fácil. No Brasil, de janeiro ao coisas, altera a distribuição das chuvas) uma prova alarmante de que a frequência
início de junho deste ano, os incêndios flo- já registrados. E entre as consequências e a gravidade dos eventos climáticos extre-
restais cresceram 50% em relação a igual está a diminuição das chuvas no norte/ mos aumentaram no Canadá”, conclui o
período de 2015. Foram detectados mais nordeste da Amazônia”, afirma. presidente do Departamento de Seguros
de 22 mil focos em 2016, contra 15 mil um Ele esclarece, porém, que apesar de ser o do Canadá (BAC), Don Forgeron. n
ano antes, de acordo com os dados de tempo seco o maior responsável pela pro-
monitoramento do Inpe (Instituto Nacio- pagação das chamas, é a mão humana que
nal de Pesquisas Espaciais). Praticamente a dá início a elas. E a época do ano mais crítica *Matéria publicada originalmente na
metade deles, 49,7%, foram registrados no para as queimadas ainda está para aconte- revista Brasil Canadá, edição nº 61
bioma da Amazônia. Os estados do Mato cer, tradicionalmente de agosto a outubro. (julho/agosto – 2016)
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EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS
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Imagem: Shutterstock
COLUNA BUSF BRASIL
INTERCÂMBIO
NECESSÁRIO
O
por Bolívar Fundão Filho
primeiro intercambista da organização Busf importantes para respostas conjuntas entre unidades da BUSF
- Bombeiros Unidos Sem Fronteiras , o sub- do Brasil e de Portugal nas situações de grandes desastres, foco
delegado da cidade de Serra, no Espírito principal da organização.
Santo, Dayvidson Santos da Silva, embarcou Essa é a primeira experiência de muitas que a instituição pre-
para Portugal no final de agosto. Bombeiro tende realizar para seus membros voluntários. E a intenção é
formado desde 2013, Silva seguiu viagem exatamente fazer com que dentro da organização haja membros
para fazer estágio de treinamento por duas conhecedores de várias culturas “bombeirísticas” pelo mundo.
semanas com bombeiros da cidade de Pal- Portugal é o primeiro país da CPLP (Comunidade de Países de
mela. Apesar do foco do curso estar voltado Língua Portuguesa) a adentrar à Busf após a criação da organi-
para técnicas, táticas e práticas em combate zação no Brasil, o delegado embaixador no país é o comandan-
a incêndios florestais, Silva acompanhará as equipes de bom- te Carlos Alexandre Walcher de Souza, vindo logo em seguida
beiros em todas as ocorrências, incorporando conhecimentos Angola, tendo como seu representante o delegado embaixador
50 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
essa experiência para os bombeiros brasileiros da Busf-Brasil, que
vem para Portugal é gratificante, pois voltam com um cabedal de
conhecimentos significativos, não somente para as respostas a
grandes desastres, mas também para o dia a dia como bombeiros
em suas unidades operativas”.
Apesar de Portugal e Brasil terem protocolos e até equipamentos
totalmente diferentes para uso no dia a dia, o importante é fazer
com que haja troca de informações técnicas e criação de laços
de cooperação. A equipe portuguesa da Busf já conta com sua
diretoria formada e ainda aguarda alguns trâmites para dar início
à abertura de voluntariado. Com essa medida, o objetivo é que
se possa começar a organizar uma Força Tarefa para Emergências
em Portugal, com o intuito de ofertar resposta técnica a diversas
situações, tais como o recente terremoto na Itália, de magnitude
6,2, ocorrido no final de agosto, que tirou a vida de quase 300
pessoas e deixou mais de 350 feridos.
Em novembro a Busf está se preparando para promover dois
cursos extremamente importantes para os currículos dos seus
voluntários, o primeiro será o Curso de BREC (Busca e Resgate
em Estruturas Colapsadas), onde além das instruções teóricas,
os alunos em número máximo de 30 serão levados à imersão
em realidade simulada em um terremoto, onde terão de realizar
várias atividades de busca e resgate. O curso, que é composto por
dois dias de aulas teóricas e dois dias de aulas práticas, onde os
alunos ficarão acampados e trabalhando como se estivessem em
uma zona quente de terremoto, será o primeiro do país da Busf
e é condição fundamental para os membros que querem fazer
comandante Manuel Pedro Queta. parte da Força Tarefa para Emergências – FORTE da organização.
Nosso subdelegado iniciou seu intercâmbio realizando uma adap- O outro é o curso de Resgate em Áreas Remotas e Locais de
tação aos equipamentos do quartel e, em seguida, uma integra- Difícil Acesso, que também ocorrerá em novembro desse ano
ção e um treinamento para aprender a realidade da central da e, assim como o BREC, possuirá aulas teóricas e práticas com
ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil). Essa central é Imersão em Realidade Simulada na Serra do Mar. Para ambos os
composta por dois bombeiros, agentes da ANPC e um oficial cursos a instituição segue protocolos internacionais como ASHI e
da GNR (Polícia Nacional). No local são monitoradas as Insarag OSHA, o que deixa seus voluntários mais próximos
ocorrências e evoluções dos incêndios em tempo da realidade internacional.
real, onde os mapas são atualizados a cada 30 Espera-se para 2017 um ano cheio de atividades
segundos informando as fases do incêndio e os operacionais e de capacitação. Uma das inten-
atendimentos que são realizados à população. ções é ampliar o conhecimento em Logística
A meta é desenvolver práticas e, com isso, Humanitária e na Resposta em Catástrofes
Protocolos Internacionais de Trabalho, em com capelães treinados pela organização na
diversas áreas de resposta em que os mem- atenção às vítimas e parentes nas situações de
bros da instituição podem vir a responder, com desastre e pós-desastre. n
foco exclusivo nas Grandes Catástrofes priori-
tariamente. Conforme o comandante Carlos Ale-
xandre Walcher de Souza, “Portugal é um país que tem
bastante experiência na área de combate a incêndios florestais, Bolívar Fundão Filho é presidente do Busf Brasil - Bombeiros
pois passa por isso sazonalmente praticamente todos os anos e Unidos Sem Fronteiras
incêndio _ setembro_2016 51
Foto: Shutterstock
ARTIGO PRODUTOS PERIGOSOS
RISCO IMINENTE
O
DE EXPLOSÃO
por Carlos Hupsel de Oliveira
manuseio de produtos perigosos, quais- sendo considerada uma substância deflagrante, capaz de provo-
quer que sejam, requer cuidados especiais car uma explosão em massa, com o poder de atingir tudo o que
e muita atenção, sobretudo se o produto se encontra ao seu redor, de forma praticamente instantânea.
for a pólvora negra. Principal componente Mesmo com todo esse risco, em muitos lugares a pólvora ainda
da fabricação de artefatos pirotécnicos, a é transportada sem a necessária fiscalização por parte dos ór-
pólvora negra consta na relação de “Pro- gãos competentes e, o que é mais grave, entregue sem dificul-
dutos de Alta Periculosidade Intrínseca”, dades a quem não tem a mínima noção das regras de segurança.
estabelecida pelo Decreto 36.957, de 10 Foi justamente o resultado dessa negligência e da imperícia,
de julho de 1957, da Prefeitura do Muni- além do desconhecimento do perigo, que se observa em mui-
cípio de São Paulo, sob o número 0027, tas atividades que envolvem o transporte, armazenamento e
52 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
manuseio de substâncias de alto risco, que provocou em 1998, em relação a pólvora negra, mas em substâncias perigosas de
um grave acidente no município baiano de Santo Antônio de modo geral, tem sido a causa de incêndio e explosões, incluindo
Jesus, com a explosão seguida de incêndio de uma fábrica de as reações químicas e o armazenamento de substâncias que
fogos de artifício, deixando um grande número de mortos e não podem ser aproximadas, a exemplo do incêndio ocorrido
feridos, em sua maioria pessoas humildes, moradoras da região, no prédio do antigo Instituto de Cacau, em Salvador, Bahia,
que tiravam seu sustento da fabricação de bombas juninas e em fevereiro de 1973, quando sacos contendo hipocloreto de
outros artefatos. cálcio entraram em combustão. Nos paiós os riscos são mini-
O objetivo das prescrições de segurança estabelecidas para o mizados, graças às rígidas medidas de segurança e permanente
transporte e manuseio de produtos perigosos é o de prevenir fiscalização.
acidentes e limitar os efeitos danosos de uma emergência. Uma Essas instalações dispõem de sistemas de controle de tempe-
explosão pressupõe, logicamente, a existência de um corpo com ratura e umidade, além de que o ingresso de pessoas nesses
tendência explosiva. Dessa forma, distinguem-se os que trazem locais é cercado das maiores precauções e exigências. Os equi-
o oxigênio necessário às explosões, combinado em si, e aqueles pamentos de combate a incêndio, por sua vez, são constan-
que necessitam que o oxigênio lhes seja aduzido do exterior. temente revisados e mantidos em condições de pronto uso.
Entre os primeiros figuram a dinamite, a nitroglicerina, os pe- Mesmo assim, em abril de 1957, uma violenta explosão abalou
róxidos e o mercúrio detonante (fulminatos). o Depósito de Pólvora do Exército, localizado em Caxias, no
No segundo caso, o oxigênio necessário pode provir do próprio Rio de Janeiro. Em maio de 1954, uma violenta explosão na Ilha
ar, ou estar presente devido a armazenagem em promiscuidade do Braço Forte, Baía da Guanabara, tirou a vida de 18 bom-
com outros corpos que servem de portadores do comburente. beiros, entre oficias e praças, causando grande comoção não
A composição da pólvora negra, o mais antigo explosivo que só na própria corporação, mas em todo o País. A tragédia foi
se conhece, contém nitrato de potássio (salitre), carvão em pó causada pela reação química de hidrosulfito de sódio devido à
e enxofre, na proporção de 75:15:10. No caso, o portado de absorção de umidade. n
oxigênio, é o salitre, que também é o mais destacadamente
representado. O importante é que as regras de segurança sejam
observadas, principalmente quando substâncias perigosas sejam
transportadas ou manuseadas. Carlos Hupsel de Oliveira é decano do magistério de ações de
Na verdade a não observância de medidas preventivas não só bombeiros na Polícia Militar da Bahia
EQUIPAMENTOS CERTIFICADOS
ATENÇÃO REDOBRADA
T
por Fabrício Varejão
odos os laudos técnicos periciais recomendam co- de eventos danosos atingindo pessoas além da distância (1, 5, 15
erência, fundamentação técnica aprimorada, res- ou 30 metros) de uma fonte perigosa, como tanques, tubulações,
paldo legal e muita atenção nos detalhes. Deve-se bombas e registros, pois, em caso de acidentes, os efeitos a pes-
lembrar que na fundamentação técnica não haja soas e ao patrimônio material e ambiental podem se estender
economia de observações e palavras e, quando a quilômetros de distância da área classificada. Nesse sentido, é
tratar de agentes (ruído, calor, vibrações mecânicas, recomendável lembrar do histórico acidente ocorrido na indústria
inflamáveis, etc), o texto deve ser melhor aprofun- química da Flixboroughs, da BASF, na Inglaterra, cujos efeitos das
dado, de maneira que "gaste-se mais páginas" citan- explosões chegaram a 5 km de distância da empresa e promo-
do vários estudos, constatações científicas, livros e veram vítimas e prejuízos incalculáveis.
teses. Neste espaço, é indicado usar o estado da Portanto, embora um laudo esteja muito bem montado, sendo
arte (o mais moderno comprovadamente sobre o assunto). apenas um teste, neste artigo não tenho e nem posso tratar o as-
Ainda em relação ao Laudo Técnico Pericial, complemento co- sunto com profundidade nas suas conclusões, pois se trata de uma
mentários sobre estes laudos, é mister estar atento para que este empresa real escolhida por você para um laudo fictício. De modo
documento seja consolidado e não apenas represente um modelo que recomendo que não se realize conjecturas com fatos irreais
a título de exercício escolhido por você. Mas, na prática, para ca- que não se conheça, mas busquem-se modelos comprovados.
racterizar ou descaracterizar a insalubridade e/ou periculosidade Frente ao exposto, não se conclua um laudo sem ter inúmeros
nas conclusões, muitos outros aspectos devem ser considerados, outros dados em mãos e sem a devida conclusão técnica baseada
tais como: classificação de áreas; características físico-químicas dos em convicções plenas. Nunca devemos esquecer que em áreas
inflamáveis (ponto de fulgor, por exemplo); volumes e quantidades classificadas existe a diferença de distâncias seguras entre líquidos
de inflamáveis e explosivos em processo; distribuição destes no inflamáveis e gases inflamáveis liquefeitos. A NR-16, ponto de
processo; nível de proteção atribuído aos componentes da planta; partida para este assunto, estabelece apenas a área periculosa
distâncias para áreas classificadas; intinerância de pessoas nas áreas para líquidos inflamáveis e suas bacias, mas a norma nacional deve
vulneráveis a incêndios e explosões; habitualidade de exposição a sempre lançar mão de parâmetros internacionais, em caso de
áreas de riscos insalubres e mesmo eventualidade de exposição omissão do tratamento necessário de outros casos.
em áreas vulneráveis a incêndios e explosões. Portanto, os gases inflamáveis liquefeitos, conforme previsto pela
Outro ponto que merece destaque é a perspectiva de efeitos própria norma brasileira, podem e devem ser tratados pelas
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normas internacionais, como exemplo, pela norma agora nacio- elevadas. Desta forma, entendo que a área estendida (ampliada)
nalizada NBR ABNT IEC 60079, em toda a série (0,1, 2, 5, 10, 13 será classificada como periculosa e o adicional de periculosidade
até a 17). aplicável aos expostos nestas áreas estendidas.
A NR-16 é um guia inicial e, em face da sua limitação, compete Cabe sempre ao perito abrir o leque de possibilidades e aplicar os
ao gerenciador adotar parâmetro normativo capaz de enquadrar seus desdobramentos, pois a norma internacional complementará
o risco em suas áreas de influências sob pena de omissão. Con- a norma nacional e exigirá maiores certezas para efeitos danosos,
sidere-se ainda que a propagação gasosa é sempre diferente da além de permitir maior controle de risco sobre pessoas, patri-
propagação de inflamáveis, pois ocorre de forma multidirecional mônio e meio ambiente. Não pode haver imperícia, negligência
e pode atingir distâncias inimagináveis, além de envolver outros e/ou imprudência em concluir estudos técnicos pelo elaborador
fatores na perspectiva de avaliação da gravidade e seus efeitos, tais de um laudo técnico pericial por mais simples que se apresente.
como: pressão, vazão e natureza do gás (inclusive temperatura), Frente ao exposto, não percebo de outra forma como deve ser
volume, direção e velocidade do vento, horário, etc. Dessa ma- tratado o tema e sempre recomendo maior precaução antes de
neira, entra-se no campo da probabilidade e, havendo qualquer concluir um laudo técnico pericial e tentar enxergar além de onde
porcentagem diferente de zero, combinada à gravidade sempre a vista alcança, ou seja, a NR-16 é apenas um ponto de partida
elevada, existirá o risco de médio a elevado, frente ao perigo e a Lei nº 6.514/1977 recomenda com clareza adotar outros pa-
presente pela natureza do objeto de análise. râmetros quando necessário. n
O cálculo de áreas classificadas previsto na NR-10 e seus efeitos
envolve modelos e parâmetros diversos que fazem, com raríssi-
mas exceções, classificar volumes de gases inflamáveis liquefeitos,
Fabrício Varejão é graduado em Engenharia Civil, pós-graduado em
pressurizados e bombeados em tubulações, como áreas peri- Engenharia de Produção e mestre em Engenharia Mecânica (UFPE).
culosas em toda a sua extensão e áreas de abrangência muito Engenheiro do SESI-PE e professor de Segurança do Trabalho (IFPE)
incêndio _ setembro_2016 55
PRODUTOS
PERIGOSOS
CLORETO DE ISOPROPILA Propriedades: Substância cristalina com
Propriedades: Líquido incolor. Solúvel em sabor amargo, inodora. Solúvel em água, CLORETO DE NITROBENZILA
metanol e éter. Levemente solúvel em água. álcool e clorofórmio. Praticamente insolúvel (1,2-diccloro-4-nitrobenzeno)
Usos: Solvente; intermediário; em éter e glicerina. Propriedades: Sólido; ponto de fusão:
isopropilamina. Usos: Medicina (sedativo). Uso restrito no 43o C. Ponto de ebuliçãoo: 255-256o C.
Periculosidade: Altamente inflamável, risco tratamento com adição de heroína. Densidade: 1,143 (100/40o C). Insolúvel em
de incêndio. Periculosidade: Aditivo para narcóticos. Uso água. Solúvel em álcool a quente e éter.
restrito. Usos: Intermediário na obtenção de
CLORETO DE MAGNÉSIO produtos químicos.
Propriedades: Cristais brancos ou CLORETO DE METILA Periculosidade: Tóxico. Risco de incêndio
incolores; deliquescente. O produto (clorometano) por reação espontânea.
hidratado perde água a 100o C. O produto Propriedades: Líquido ou gás incolor.
anidro decompõe-se a oxicloreto. Levemente solúvel em água, quando se CLORETO DE NITROGÊNIO
Origem: Reação do ácido clorídrico decompõe. Solúvel em álcool, clorofórmio, (tricloreto de nitrogênio)
sobre o óxido ou hidróxido de magnésio. benzeno, tetracloreto de carbono, ácido Propriedades: Cristais rômbicos ou líquido
Purificado por recristalização. acético glacial. Ataca o alumínio, magnésio e oleoso amarelo. Densidade: 1,653. Ponto de
Usos: Fonte de magnésio metálico; zinco. ebulição menor que 71o C. Ponto de fusão
desinfetantes; extintores de incêndio; Origem: a) Cloração do metano; b) Reação menor que -40o C. Insolúvel em água fria;
madeiras à prova de incêndios; cimento entre ácido clorídrico e metanol. solúvel em clorofórmio, tricloreto de fósforo
de oxicloreto de magnésio; salmouras de Usos: Suporte de catalisador em e dissulfeto de carbono.
refrigeração; cerâmica; resfriamento de polimerização de baixa temperatura; Periculosidade: Explode a 95o C; perigoso.
ferramentas de usinagem; tecidos; fabricação chumbo tetraetílico; silicones; refrigerante; Moderadamente tóxico por ingestão e
de papel; agente de floculação; catalisador. medicina; sínteses orgânicas (agente de inalação. Fortemente irritante.
Periculosidade: Moderadamente tóxico. metilação) agente de extração; propelente
em aerossóis; herbicida. CLORETO DE NITROSILA
CLORETO MERCÚRICO Periculosidade: Inflamável, risco de Propriedades: Um dos agentes oxidantes
(bicloreto de mercúrio, cloreto de mercúrio, incêndio. Altamente tóxico. Narcótico em presentes na água régia (solução de ácido
sublimado corrosivo) concentrações elevadas. nítrico e clorídrico). Líquido vermelho
Propriedades: Cristais brancos ou pó; amarelado ou gás amarelo. Ponto de
inodoro. Solúvel em água, álcool, éter, CLORETO DE METILMAGNÉSIO ebulição: -5,5o C. Densidade (gás, a 0o C, em
piridina, glicerina. Densidade: 5,44. Propriedades: Apresenta-se em solução relação ao ar): 2,3. Densidade do líquido (em
Origem: a) Combinação direta do cloro e de tetrahidrofurano. relação a água a 20o C): 1,273. Decompõe-se
mercúrio aquecido; b) sublimação do sulfato Usos: Reagente de Grignard. na água. Dissocia-se em óxido nítrico e cloro
de mercúrio com sal comum. Periculosidade: Inflamável, risco de por aquecimento. Solúvel em ácido sulfúrico
Usos: Fabricação de compostos de incêndio e explosão. fumegante. Incombustível.
mercúrio; desinfetante; sínteses orgânicas; Origem: Ação do cloro sobre o nitrato de
reagente analítico; metalurgia; catalisador CLORETO DE NITROBENZILA sódio.
para cloreto de vinila; fungicida, inseticida (2,5 – dicloronitrobenzeno) Usos: Detergentes sintéticos; catalisador;
e preservativo da madeira; impressão de Propriedades: Cristais amarelo-pálidos; intermediário.
tecidos; baterias secas; impressão e litografia; densidade: 1,669 (22o C); ponto de fusão: Periculosidade: Altamente tóxico; irritante
fotografia. 55o C. Ponto de ebulição: 266o C. Insolúvel enérgico, especialmente dos pulmões e
Periculosidade: Altamente tóxico por em água, solúvel em álcool a quente e mucosas.
ingestão, inalação e absorção através da pele. clorofórmio.
Usos: Intermediário na obtenção de outros CLORETO DE OXALILA
CLORETO DE METADONE produtos químicos. (cloreto de etilenodioíla)
(cloreto de 6-dimetilamino-4, 4-difenil-3- Periculosidade: Provavelmente tóxico. Propriedades: Líquido incolor, libera
heptanona) Perigo de incêndio, por reação espontânea. monóxido de carbono por aquecimento.
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PRODUTOS
PERIGOSOS
incêndio _setembro_2016 57
PRODUTOS
PERIGOSOS
Solúvel em éter, benzeno, clorofórmio. acilação); produtos farmacêuticos; drogas de CLORETO DE VINILA
Origem: Reação do ácido oxálico com o tinturaria; plásticos a base de borracha; rayon; (cloretano, cloroetileno)
pentacloreto de fósforo. gases venenosos; solvente; catalisador. Propriedades: O mais importante
Usos: Gás militar venenoso; agente de Periculosidade: Altamente tóxico; monômero vinílico. Gás, facilmente liquefeito.
cloraçãoo em sínteses orgânicas. altamente irritante dos tecidos. Solúvel em álcool e éter. Levemente solúvel
Periculosidade: Altamente tóxico por em água.
ingestão e inalação. CLORETO DE TRICLOROACETILA Origem: a) oxicloração do etileno; b)
(super-palita) reação entre o acetileno e o ácido clorídrico;
CLORETO DE SILÍCIO Propriedades: Líquido; densidade: 1,654 c) pirólise do dicloreto de etileno.
(tetracloreto de silício) (0/4o C). Ponto de ebulição: 118o C. Usos: Cloreto de polivinila e copolímeros;
Propriedades: Líquido incolor, fumegante. Decompõe-se em água. Solúvel em álcool. sínteses orgânicas; adesivos para plásticos.
Odor sufocante. Corrosivo para a maioria Periculosidade: Altamente tóxico por Periculosidade: Altamente inflamável, risco
dos metais em presença e água. Na ausência ingestão e inalação; forte irritante da pele e de incêndio ou explosão.
de água, nao tem ação sobre os metais. dos tecidos.
Densidade: 1,4a3 (20o C). Ponto de fusão: CLORETO DE N-XILILA
-70o C. Ponto de ebulição: 57,6o C. Índice CLORETO DE TIOCARBONILA Propriedades: Líquido incolor. Densidade:
de refração: 1,412 (20o C). Miscível em todas (tiofosgênio, clorossulfeto de carbono) 1,064. Combustível.
as proporções com tetracloreto de carbono, Propriedades: Líquido avermelhado; Periculosidade: Altamente tóxico por
mono e dicloretos e enxofre. Decompõe-se densidade: 1,5085 (15o C); ponto de ingestão e inalaçãoo. Forte irritante dos
na água ou álcool. Incombustível. ebulição: 73,5o C. Decompõe-se em água e olhos e da pele.
Origem: Origem: Aquecimento do dióxido álcool. Solúvel em éter.
de silício em corrente de cloro. Usos: Sínteses orgânicas. CLORIDRINA DE GLICOL
Usos: Cortinas de fumaça; fabricação do Periculosidade: Altamente tóxico por (etileno clorohidrina; álcool 2-cloroetílico)
silicato de etila e compostos similares; ingestão e inalação. Propriedades: Líquido incolor. Leve odor
produção de silicones; fabricação de sílica de éter. Solúvel na maioria dos solventes
de alta pureza e vidros de sílica fundida; CLORETO TITÂNICO orgânicos e totalmente solúvel em água.
fonte de silício. Sílica e cloreto de hidrogênio; (tetracloreto de titânio, fumegerita) Densidade de: 1,2045 (20/20o C). Ponto de
reagente de laboratório. Propriedades: Líquido incolor. Altamente ebulição: 128,7o C.
Periculosidade: Altamente tóxico por fumegante quando exposto ao ar úmido, Origem: Ação do ácido hipocloroso sobre
ingestão e inalação. Irritante enérgico dos formando uma densa e persistente nuvem o etileno.
tecidos. branca. Densidade; 1,7609 a 0o C; ponto de Usos: Solvente para cetato de celulose
ebulição: 136,4o C; ponto de congelação: e etilcelulose; introdução do grupo
CLORETO DE SULFONILA -30o C. Solúvel em ácido clorídrico diluído; hidroxietílico em sínteses orgânicas, para
(cloreto de sulfurila, ácido clorossulfúrico; solúvel em água, com desprendimento apressar a geminação de batatas; fabricaçãoo
cloreto sulfúrico; oxicloreto sulfúrico, dicloridrina de calor; soluções aquosas concentradas de óxido de etileno e etileno glicol.
sulfúrica) são estáveis e corrosivas; soluções diluídas Periculosidade: Altamente tóxico por
Propriedades: Líquido incolor. Odor precipitam cloretos básicos insolúveis. ingestão e inalação; a absorção através da
pungente. Decompoe-se rapidamente por Origem: Tratamento do dióxido de titânio pele pode ser fatal. Altamente irritante.
álcalis e pela água quente. Solúvel em ácido ou minério e carvão ao rubro em corrente Tolerância: 5ppm ao ar. Moderado perigo de
acético glacial. Densidade: 1,667 a 20o C. de cloro. incêndio.
Ponto de ebulição: 69,2o C; ponto de fusão: Usos: Titânio puro e sais de titânio; corante
-54o C; densidade de vapor: 4,6. mordente; efeitos de iridescência (furta-cor) CLORITO DE SÓDIO
Origem: a) aquecimento do ácido em vidro; cortinas de fumaça; pigmentos de Propriedades: Pó cristalino ou cristais
clorossulfônico em presençaa de vão ativo titânio; catalisador de polimerização. brancos. Levemente higrodcópico. Solúvel
ou cânfora. Periculosidade: Altamente tóxico por em água.
Usos: Sínteses orgânicas (agente de inalação; forte irritante da pele e tecidos. Usos: Tratamento de água potável
cloração; agente desidratante; agente de (retirada de gostos e odores); agente de
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PRODUTOS
PERIGOSOS
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PRODUTOS
PERIGOSOS
branqueamento para têxteis, polpa de ingestão e inalação. cloreto de benzal; dicloreto de benzila; alfa-
papel, óleos comestíveis e não comestíveis, diclorotulueno)
vernizes, lacas e ceras; agente de oxidação; CLOROACETOFENONA Propriedades: Líquido incolor, xaroposo;
reagente. (clorocetofenona; cloreto de fenacila; odor aromático; Densidade: 1,295 (16º C).
Periculosidade: Inflamável; agente fenilclorometilcetona, CN) Ponto de fusão: -16,1º C. Ponto de ebulição:
fortemente oxidante. Moderado risco de Propriedades: Cristais brancos. Odor 207 ºC. Índice de refração: 1,5502 (20º C)
incêndio ou explosão. de flores. Ponto de fusão: 56o C. Ponto Solúvel em álcool, éter e álcalis diluídos;
de ebulição: 247o C. O isômero para insolúvel em água. Combustível.
CLORO tem ponto de fusão de 20o C e ponto Origem: Cloração do tolueno, até absorção
Propriedades: Gás pesado incombustível, de ebulição de 273o C. Insolúvel em água; de duas fórmulas-peso de cloro, em ausência
verde-amarelado, odor irritante. solúvel em acetona, benzeno, dissulfeto de de catalisador e presença de luz.
Extremamente oxidante. Solúvel em água carbono. Usos: Corantes.
fria. Fortemente eletronegativo. Baixa Origem: Do cloreto de cloroacetila, Periculosidade: Altamente tóxico. Um
condutibilidade elétrica. Solúvel em cloretos benzeno e cloreto de alumínio. irritante forte e lacrimongênio.
e álcool. Usos: Intermediário na obtenção de
Origem: a) Eletrólise de solução de cloreto produtos farmacêuticos; em distúrbios de CLOROBROMOACETONA
de sódio; b)Eletrólise de sal fundido (cloreto rua (sob a forma gasosa) (martonita)
de sódio ou cloreto de magnésio); c) Periculosidade: Altamente tóxico. Forte Propriedades: Líquido que emite gases
eletrolise de ácido clorídrico; d) Oxidação irritante dos olhos, sob a forma líquida ou tóxicos quando aquecido ou em contato
de cloreto de hidrogênio com óxido de gasosa. Tolerância (isômero alfa): 0,05 ppm com ácidos.
nitrogênio, em presença de catalisador. no ar.
Usos: Obtenção de grande número de CLOROCARBONATO DE ETILA
produtos clorados ou não ; solventes; CLOROACETONA (cloroformiato de etila)
pesticidas; herbicidas; refrigerantes; (tomita, monocloroacetona, 1-cloro-2- Propriedades: Líquido branco-
plásticos; propelentes; tratamento de água; propanona, cloracetona, acetona clorada) transparente, com odor irritante. Densidade:
branqueamento de papel, tecidos etc; Propriedades: Líquido incolor; odor 1,135 a 1,139 (20/20o C). Ponto de ebulição:
combate ao lodo; tratamento da lã. oungente, irritante. Densidade: 1,162 (16o C); 93-95o C. Índice de refração: 1,3974 (20o
Periculosidade: Altamente tóxico por ponto de ebulição: 115o C; ponto de fusão: C). Ponto de fulgor: 16,1o C (vaso aberto).
inalação e ingestão. Moderado risco de -44,5o C. Solúvel em álcool, éter, clorofórmio Decompõe-se em água e álcool. Solúvel em
incêndio em contato com terebintina, éter, e água.. benzeno, clorofórmio e éter.
amônio, hidrocarbonetos, hidrogênio, metais Origem: Cloração de acetona. Origem: Reação do monóxido de carbono
em pó e outros agentes redutores. Usos: Desativador de enzimas; fotografia a com cloro gasoso, produzindo fosgênio, que
cores; inseticidas; perfumes; intermediário; é então tratado com álcool etílico anidro,
CLOROACETATO DE ETILA antioxidante; medicina; sínteses orgânicas; gás dando clorocarbonato de etila e ácido
Propriedades: Líquido branco, lacrimogênio. clorídrico.
transparente; odor pungente de benzeno Periculosidade: Altamente tóxico; irritante Usos: Sínteses orgânicas; intermediário na
e éter; insolúvel em água. Densidade: enérgico dos tecidos. fabricação de carbonato dietílico, agente de
1,1585 (20o C). Ponto de ebulição: 144,2o flotação, polímeros, isocianatos.
C. Densidade de vapor: 4,23-4,46; ponto CLOROACROLEÍNA Priculosidade: Altamente tóxico; irritante
de fulgor: 179o F; combustível; índice de Propriedades: Líquido incolor. enérgico para os olhos e pele. Inflamável,
refração: 1,4227 (20o C). Origem: Cloração de acroleína. risco de incêndio.
Origem: a) Ação do cloreto de cloroacetila Usos: Gás lacrimogênio.
sobre o álcool; b) tratamento do ácido com Periculosidade: Altamente tóxico. Irritante
álcool e ácido sulfúrico. dos olhos e da pele. (*) texto retirado do livro “Produtos Químicos
Usos: Solvente; sínteses orgânicas; gás militar Perigosos”, de Gastão Rúbio de Sá Weyne e
venenoso; em drogas de tinturaria. CLOROBENZAL Misael Antonio de Sousa.
Periculosidade: Altamente tóxico por (cloreto de benzila, cloreto de benzilideno;
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PRODUTOS
PERIGOSOS
incêndio _setembro_2016 61
Fotos: Divulgação
ACONTECE
MONITORAMENTO DE RISCOS
EVENTO EM SÃO PAULO DEBATEU PREVENÇÃO DE RISCOS
E USO DA TECNOLOGIA A FAVOR DA SEGURANÇA NAS CORPORAÇÕES
por Redação
A
terceira edição do Risk Engineering Workshop, realizado pela relacionada à aplicabilidade da engenharia em análises de vulnera-
seguradora Zurich, discutiu como a tecnologia pode ajudar bilidades e na incorporação dessas mudanças climáticas, ainda uma
as áreas de Engenharia de Risco, bem como formas de pre- oportunidade de melhoria na maioria das empresas.
venção contra riscos causados pelas mudanças climáticas. Sob Ao citar as dificuldades deste tipo de análise, Maddah comentou
a temática “Construindo um futuro melhor com o que o que não é fácil encontrar mapas de riscos de inundação no Brasil,
passado nos ensina”, o evento discutiu formas de prevenção contra essencial em planos de prevenção de riscos em algumas regiões.
riscos causados pelas mudanças climáticas e como a tecnologia pode “Fiz vistoria em muitas plantas e, quando começamos as discussões
ajudar as áreas de Engenharia de Risco.“O tema chave é aprendizado sobre desenvolver um plano de emergência para desastres naturais,
dos eventos do passado”, disse na abertura do evento Carlos Cortés, muitos dizem que nunca passaram por uma inundação ali, por isso
Superintendente de Risk Engineering da Zurich não existe a necessidade de se criar um plano. No entanto, a maioria
“Somos uma rede de engenharia global, o que nos ajuda a monitorar das empresas não possui plano de emergência para incêndio sem
riscos globalmente, aprender lições de eventos passados e, a partir disso, terem sofrido um incêndio?”, provocou o palestrante. “Hoje o asfalto
ajudar nossos clientes a prevenir os riscos que os provocaram”, destacou impede que a água seja absorvida do mesmo modo quando não
Cortés.“Com a realização deste evento, a Zurich cumpre seu papel de havia urbanização”, exemplificou.
ajudar clientes e mercado a entenderem e se proteger de riscos, além Para conhecer o nível de periculosidade na avaliação de riscos de
de fornecer insights para preservar a continuidade das operações e desastres naturais, a Zurich utiliza uma metodologia própria. Nela
lucratividade das empresas”, declarou Cortés. são definidos níveis de exposição, conhecidas informações de onde
Considerando as mudanças climáticas e a dificuldade das empre- e quando foi construída a planta, bem como a conformidade do
sas para se adaptar a elas, Nariman Maddah, especialista em riscos design de engenharia do local. É necessário coletar dados climáticos
da natureza da Zurich, iniciou a primeira palestra do dia: “Se não da região também. Só após essa etapa é que são sugeridas ações
fizermos previsão, não poderemos agir”. A fala do profissional está preventivas a serem desenvolvidas.
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NOVAS TECNOLOGIAS
E SOLUÇÕES PARA CONSTRUÇÃO,
REFORMA E MANUTENÇÃO
DE RODOVIAS.
Feira Internacional de
Meio Ambiente Industrial
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incêndio _ agosto_2016
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ACONTECE Engenheiros da Zurich apresentaram diversas alternativas para
identificação e gestão de riscos
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O ponto de encontro dos
profissionais da
sustentabilidade
XVIII FIMAI
Feira Internacional de
Meio Ambiente Industrial
e Sustentabilidade
incêndio _ agosto_2016 65
LEITURA IMPERDÍVEL
PREVENÇÃO
EM EDIFÍCIOS
Atualizado com as normas brasileiras, americanas e europeias, bem como com a legislação do Estado
de São Paulo até o final de 2014, o livro Proteção Contra Incêndios no Projeto de Edificações, escrito
pelo professor e engenheiro civil Telmo Brentano, trata dos critérios fundamentais que precisam
ser considerados para prevenção de incêndios em edifícios, tais como: saídas de emergência;
compartimentações; controle de fumaça de incêndio; detecção e alarme de incêndio; sinalização e
iluminação de emergência; extintores de incêndio; sistemas de hidrantes/mangotinhos (equipamentos
e instalação); sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers) (equipamentos e instalação); brigada de
incêndio, entre outros tópicos. A obra traz ainda diversas orientações para o projeto, inclusive com
detalhamento de materiais, equipamentos, dispositivos e suas formas de utilização, posicionamentos,
inspeções, testes, manutenções e dimensionamentos. n
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incêndio _ maio_2015 67
Extintor ABC
Desenvolvido para combater focos
de fogo das três principais classes de
incêndio (A, B e C) em um único
produto, o extintor Trio ABC, da
Kidde, traz mais segurança para
o usuário, eliminando o risco
de um extintor classe A ser
usado acidentalmente para um
incêndio classe C, por exemplo,
o que pode resultar em choque Esguichos reguláveis
elétrico com sérios ferimentos. O Com ajuste entre jato sólido e neblina
equipamento reduz o tempo de com vazão constante, os esguichos
combate ao princípio de incêndio manuais reguláveis de alta performance
porque o operador não necessita da Bucka são dotados de empunhadura,
escolher o tipo de extintor a ser com seleção de vazão de 30-60-95-125
utilizado. É mais econômico, fácil GPM (115-230-360-475 LPM). O modelo
de operar, pesa apenas 3,2 kg e Jetspume é dotado de tubo pick up para
tem um ano de garantia. Indicado sucção de LGE a 3% na vazão 95 GPM.
para edifícios comerciais e é fabricado em alumínio anodizado com acabamento
residenciais. www.kidde.com.br cromado, e possui conexão de entrada 1.1/2” ou 2.1/2”
Storz. Segundo a fabricante, é ideal para proteção de áreas
de armazenamento e manipulação de líquidos inflamáveis.
www.bucka.com.br
68 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r
Proteção de circuitos elétricos
Especialista na fabricação de materiais elétricos, a Tramontina Eletrik entra no segmento de proteção de
circuitos elétricos e amplia seu portfólio com uma linha de disjuntores. Os carros-chefes são os modelos
TR3kA e TR6kA, que atuam como dispositivos eletromecânicos de segurança, desarmando a rede elétrica
de determinado circuito em caso de sobrecarga e curto-circuito. Em complemento, os disjuntores em
caixa moldada destinam-se à proteção de circuitos de distribuição, geradores e motores contra correntes
de sobrecarga e curto-circuito em empreendimentos comerciais e industriais. Suportam correntes entre
100A e 630A e são fabricados de forma que o consumidor não tenha acesso ao interior do dispositivo de
proteção contra sobrecorrente, que desliga o circuito quando há risco de superaquecimento.
www.tramontina.com.br
Jaqueta antichama
A Leal oferece ao mercado a jaqueta de segurança confeccionada com duas camadas de tecido antichama
Flashwear (88% algodão e 12 poliamida). Segundo a empresa, elas são forradas em sua totalidade, inclusive
nas mangas (manta térmica com acabamento em matelassê). www.leal.com.br
incêndio _ Setembro_2016 69
AGENDA
5 a 7 | outubro 27 e 28 | outubro
Fire Show - XII Internacional Fire Fair II CBSpk - Congresso Brasileiro
Local: São Paulo Expo - Exhibition & Convention Center, de Sprinklers
São Paulo (SP) Local: Windsor Barra Hotel,
Patrocínio: Abiex Rio de Janeiro (RJ)
Organização: Grupo Cipa Fiera Milano Realização: ABSpk
Informações: Informações:
Tel.: (11) 5585-4355 (11) 3627-9829
info@fieramilano.com.br www.abspk.org.br
www.fireshow.com.br www.cbspk.com.br
5 e 6 | outubro 9 a 11 | novembro
COBENI – XIX Congresso Brasileiro de Engenharia XVI Senabom – Seminário
de Incêndio (Evento paralelo ao Fire Show) Nacional de Bombeiros
Local: São Paulo Expo - Exhibition & Convention Center, Local: Centro de Eventos
São Paulo (SP) Governador Luiz Henrique da
Realização: NN EVENTOS Silveira, Florianópolis (SC)
Informações: Realização: Fecabom (Federação
(51) 3222.9063/3395.4731 Catarinense de Bombeiros
atendimento@nneventos.com.br Comunitários) e Corpo de
www.nneventos.com.br Bombeiros Militar do Estado de
Santa Catarina
Apoio: Governo de Santa Catarina,
7 | outubro Santur, Floripa Convention, Sebrae-
Curso Mapeamento de Vulnerabilidades em SC e Crea-SC
Prevenção de Incêndios – Evento integrado ao Informações:
COBENI Tel.: (48) 3112-6317 ou 3112-6310
Local: São Paulo Expo - Exhibition & Convention Center, portal.cbm.sc.gov.br/senabom
São Paulo (SP)
Realização: NN EVENTOS
Informações:
(51) 3222.9063/3395.4731
atendimento@nneventos.com.br
www.nneventos.com.br
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incêndio _ março_2015 71
72 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r