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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

É um ramo do direito privado, e dentro deste um ramo do direito civil e dentro deste um ramo
do direito civil patrimonial.
 RAMO DO DIREITO PRIVADO
Remete para os critérios de distinção do direito publico e direito privado:
o Teoria dos interesses
o Teoria da supra/infra ordenação
o Teoria dos sujeitos
a) Teoria dos Interesses
Nesta teoria, o direito publico consiste na realização de interesses públicos e o direito privado
consiste na realização de interesses privados. Todavia, este critério é incorreto, inexato sendo a
relação entre o direito e os seus interesses tendencial, porque:
 há normas de direito privado que se dirigem à realização de interesses públicos (ex:
280º)
 há normas de direito publico dirigidas à realização de interesses privados (ex: normas
de direito constitucional das DLG)
 todas as normas se dirigem à realização de dois fins fundamentais (justiça e direito)
b) Teoria da Supra/Infra Ordenação
Nesta teoria o direito publico disciplina relações de desigualdade, onde um sujeito está numa
posição de superioridade e o outro numa posição de inferioridade, e o direito privado disciplina
relações onde os sujeitos estão numa posição de paridade. Também esta teoria é incorreta:
 há relações do direito privado que são supra/infra ordenacionais (ex: direito do
trabalho)
 há relações que não são de supra/infra ordenação (ex: entre dois municípios)
c) Teoria dos Sujeitos
Aqui, o direito publico disciplina relações em que intervém um sujeito com poderes de
autoridade, e o direito privado disciplina relações onde nenhum dos sujeitos está dotado de ius
imperii (poder de dar, emitir comandos gerais ou individuais, concretos ou abstratos que se
impõe aos respectivos destinatários. Esta teoria permite resolver:
 pode haver relações entre 2 sujeitos de direito publico (aplica-se direito publico)
 pode haver relações entre dois sujeitos de direito privado (aplica-se direito privado)
 pode haver relações entre sujeitos de direito publico e de direito privado (aplica-se ou
direito publico ou direito privado)

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 RAMO DO DIREITO CIVIL
O direito civil é o direito privado geral ou comum. Os direitos privados especiais são por
exemplo o direito do trabalho. Quando não há uma norma especifica procura-se uma norma
geral no direito civil.
 RAMO DO DIREITO CIVIL PATRIMONIAL
É a susceptibilidade da relação jurídica ser avaliável em dinheiro
ANALISE DAS RJ DISCIPLINADA PELO DO
O direito das obrigações regula relações jurídicas. Uma relação jurídica é uma relação da vida
social disciplinada pelo direito mediante a atribuição a uma pessoa de um direito subjectivo em
sentido amplo e a imposição a outra pessoa do correspondente dever jurídico/estado de
sujeição. O núcleo de uma RJ é constituído por estes dois elementos: o direito subjectivo em
sentido amplo e por um dever jurídico ou estado de sujeição.
O conceito de direito subjectivo em sentido amplo abrange:
 Direito subjectivo propriamente dito
É o poder atribuído pela ordem jurídica a uma pessoa de livremente exigir ou pretender de
outrem um determinado comportamento que pode ser positivo (acção) ou negativo (omissão).
Tem como correlato um dever jurídico que consiste na necessidade imposta pela ordem jurídica
a uma pessoa de adoptar o comportamento prescrito pela norma que atribui o direito subjectivo
(comportamento positivo ou negativo).
 Direito potestativo
É o poder jurídico de por um acto livre de vontade, so per si ou integrado por um acto de
autoridade produzir efeitos jurídicos que se impõe irresistivelmente ao seu adversário ou
contraparte. Tem como correlato sujeições que consiste na necessidade de suportar as
consequências para que tende o exercício de um direito potestativo.
A diferença entre o dever juridico e a sujeição consiste no facto de o dever jurídico poder ser
infringido ou violado. A pessoa sobre que recai um dever jurídico pode infringi-lo, e a pessoa
sobre que recai um estado de sujeição tem que suportar as consequências do exercício do direito
potestativo, não podendo ser violado.
Temos ainda de relevante o ónus jurídico que consiste na necessidade de adoptar um
determinado comportamento afim de conseguir ou conservar uma vantagem jurídica.
Diferença entre ónus jurídico e dever jurídico
O dever jurídico é imposto a uma pessoa para a realização de um interesse de outra pessoa,
enquanto que o ónus jurídico é imposto a outra pessoa para a realização de um interesse
próprio. Desta diferença resulta ainda distinções nomeadamente quanto á sua violação. Assim, a
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violação de um dever jurídico tem como consequência uma sanção, ou seja, sujeita-se a ser
sancionado pela ordem jurídica. Por outro lado a inobservância do ónus jurídico não tem
nenhuma sanção, o titular do ónus fica apenas sem alcançar ou conservar a vantagem jurídica.
Relação jurídica obrigacional
Uma relação obrigacional é um vinculo jurídico. No domínio da RJO, o núcleo da RJO é
constituído por um direito subjectivo e por um dever jurídico, ou por um direito potestativo e um
estado de sujeição. A obrigação é um vinculo jurídico pelo qual uma pessoa fica adstrita para
com outra à realização de uma prestação. O artº 397 da-nos as características fundamentais do
direito subjectivo e do dever jurídico. A RJO é constituído por um lado activo - direito de credito,
e por um lado passivo - dever jurídico. Na RJO temos o sujeito activo que se designa de credor e
o sujeito passivo que se denomina de devedor. O credor tem um direito de crédito e tem um
direito subjectivo propriamente dito; por outro lado o devedor tem um dever jurídico de prestar.
Relativamente ao conteúdo este engloba os direitos e os deveres, é então constituído pelo
direito de crédito e o dever de prestar. Quanto ao objecto, é aquilo sobre o que recai os poderes
do titular do direito subjectivo e é de distinguir o objecto imediato (é aquilo sobre o que os
poderes do sujeito activo incidem directamente) e o objecto mediato (é aquilo sobre o que os
poderes do sujeito activo incidem indirectamente, é a coisa em si). Os direitos de crédito têm
como objecto imediato uma prestação.
Características Dos Direitos De Credito (Aspecto Estrutural)
Os direito de credito são:
1) Os Direitos De Crédito São Direitos Subjectivos Propriamente Ditos
Os direitos propriamente ditos (poder de exigir determinado comportamento) e podem ser
absolutos (pode exigir-se de todos, logo todos são sujeitos passivo) ou podem ser relativos (só se
pode exigir o comportamento a uma pessoa ou conjunto de pessoas- artº 397). Assim os direitos
de crédito são um poder de exigir ou pretender do devedor um determinado comportamento, e
o devedor terá a necessidade de adoptar o comportamento correspondente.
2) Os Direitos De Crédito São Direitos Relativos
Os direitos de crédito são relativos o que significa que o seu titular tem o poder de exigir a
prestação a uma pessoa determinável ou determinada - o devedor. O artº 397 alude à
relatividade dos direitos de crédito, e assim os direitos de crédito são o paradigma dos direitos
relativos.
3) Os Direito De Crédito São Direitos A Prestações
O objecto imediato dos direitos de crédito é uma prestação. O conceito de prestação está
sempre associado a um comportamento de um devedor. Uma prestação é um termo

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polissémico. Temos prestação como comportamento (é só o comportamento do devedor) e
prestação como resultado (a prestação é um comportamento do devedor que realiza ou satisfaça
um interesse do credor).
Quando se fala em prestação como comportamento usa-se um conceito restrito de prestação,
e quando se fala numa prestação como resultado fala-se num conceito alargado.
Em todo o caso, o conceito de prestação relevante para definir direitos de crédito é o conceito
restrito, previsto no artº 397 que designa a prestação como comportamento, em que o devedor
fica adstrito a um comportamento positivo ou negativo. Para os casos de impossibilidade da
prestação refere-se a esta como comportamento mais resultado.
Estes conceitos versam apenas sobre a questão estrutural. Todavia os direitos de crédito
constituem-se tendo em conta a sua função (aspecto funcional), que é a realização de um
interesse do credor digno de protecção. O artº 398 nº2 e 397 fala dos interesses subjacentes à
atribuição de um direito de crédito, afirmando que a prestação há-de corresponder a um
interesse digno de protecção legal.
No regime das obrigações o interesse do credor contribui para a resolução de problemas do
regime do cumprimento ou não cumprimento:
 Artº 767 CC: norma de distinçao entre prestações:
o Fungíveis que podem ser realizadas pelo devedor ou por um terceiro em
substituição do devedor
o Infungíveis que são aquelas que so podem ser realizadas pelo devedor
Este artº consagra a regra que as prestaçoes são fungíveis, porque para o credor é indiferente
por quem é que será o dever exercido
 Artº 792:impossibilidade temporária não imputada ao devedor. Aqui o critério é o
interesse do credor. Quando é imputada ao devedor (artº 808)
 Artº 793nº2: impossibilidade parcial. Aqui o devedor cumpre uma parte da prestação. O
critério é o interesse do credor. Se este perder o interesse há um incumprimento total; se
mantiver há um incumprimento parcial. Este incumprimento tambem não é imputado ao
credor. Relativamente ao incumprimento imputada ao credor resulta do artº802
Os Direitos Subjectivos Propriamente Ditos Podem Ser:
 Direitos subjectivos plenos: obrigações civis
 Direitos subjectivos menos plenos: obrigações naturais
A diferença entre este está na GARANTIA. Os plenos tem uma garantia mais forte que consiste
em que o titular de direito pleno pode recorrer aos tribunais para fazer valer o seu direito (artº
817CC). O credor dispõe de uma acção declarativa de condenação e uma executiva.
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(403,417,402). Os menos plenos tem uma garantia mais fraca que consiste em que o devedor
realizar espontaneamente a prestação, não pode exigir que a prestação seja restituída.
As obrigações naturais podem ser:
 Típicas: previstas na lei
 Atípicas: não previstas na lei
Estas ultimas podem ainda subdividir-se:
 Dividas prescritas(artº304)
 Dividas de jogo e apostas(1245)
RELAÇÃO JURIDICA OBRIGACIONAL COMPLEXA
As relações jurídicas podem ser:
 Unas/Simples: é aquela que se é constituída por um único direito subjectivo de uma
pessoa e no correspondente dever ou sujeição imposto a outra pessoa. Assim a relação
obrigacional simples consiste num vinculo linear entre o credor e devedor tendo por
objecto determinada prestação.(397)
 Múltiplas/Complexas: é constituída por uma pluralidade de direitos subjectivos e de
deveres ou sujeições, que advem de um mesmo facto jurídico. A relação obrigacional
complexa consiste para alem do vinculo linear, da existência de outros vínculos acessórios
que formam com o primeiro um todo unitário.
A relação obrigacional complexa compreende uma relação de prestação e uma relação de
protecçao. Os deveres integrados na relação de prestação querem alterar a actual situação
jurídica dos bens, os deveres integrados na relação de protecçao querem conservar a actual
situação jurídica dos bens dos sujeitos da relação obrigacional
Dentro da relação da prestação temos:
 Deveres de prestaçao
 Deveres acessórios de conduta/laterias(estes em função do seu conteúdo podem
ser:-
o de esclarecimento e de informação,
o deveres de cooperação,
o deveres de legalidade(estes obrigam os contraentes a absterem-se de
condutas suscetiveis de “falsear o objectivo do negocio” ou de “desequilibrar
o jogo das prestações por eles consignado”. Entre os deveres de legalidade
incluem-se os deveres de não concorrência, de não celebração de contratos
incompatíveis e de sigilo, face a elementos obtidos por via contratual e cuja
divulgação possa prejudicar a contraparte
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A diferença entre estes está essencialmente no facto de os deveres de prestação
corresponderem ao exercício da autonomia privada; conformação do conteúdo obrigacional da
RJ feita pelas partes no exercício da sua autonomia privada; e por outro lado os deveres de
conduta correspondem a uma complementação dos deveres de prestação fundada no principio
da boa fé, é a concretização deste principio.
Os deveres de prestação classificam-se com base em dois critérios:
 Grau hierárquico que faz distinguir entre deveres principais e deveres acessórios. os
principais caracterizam o tipo de RO (874 e 879); os acessorios não caracterizam o tipo,
contribuem tão so para preparar ou realizar os actos de cumprimento dos deveres
principais, têm uma relação instrumental em relação a estes (artº 128 nº1 d) do C.
Trabalho
 Originariedade ou não originariedade que distingue deveres primários(concretizam o
programa de prestação da relação obrigacional) de deveres secundários(correspondem
normalmente ao programa de reparação dos danos causados com o não cumprimento
ou com o não cumprimento perfeito do programa). Os primários são originários e
constituem-se quando constitui-se a relação obrigacional e concretizam-se num
programa de comportamento do devedor; os secundários não são originários e
concretizam-se num programa de reparação dos danos na realização dos deveres
primários; dever de indemnizar os danos causados pelo não cumprimento. Estes deveres
secundários podem ser coexistente com o dever primário (artº 804), por exemplo no
atraso do pagamento de uma divida, o credor tem o direito a exigir a quantia mais juros;
ou entao pode ser sucedâneos ou substitutivos do dever primario (artº 801)
Quanto aos deveres acessórios de conduta que se fundam na boa fe não é possível uma
classificação fechada. O principio da boa fe exige um comportamento honesto que exige das
circunstancias de cada caso. Nestes podemos distinguir duas categorias:
 Deveres de promoção do fim do contrato: desempenham uma função activa, pretendem
proporcionar ao credor todas as vantagens com uma correcta execução da prestação
(artº 126 CT, 127 d) CT, 128nº1h CT)
 Deveres de protecção: desempenham uma função negativa, destinam-se a evitar
desvantagens para o credor (artº 129nº1 e) e g) CT)
Entre os deveres de promoção e protecção há uma diferença de regime, pois o de promoção
pressupõe a conclusão de um contrato valido e eficaz enquanto o de protecção não pressupõe
um contrato, pois podem haver deveres antes, durante e depois de um contrato. Assim, temos a

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responsabilidade pré-contratual, responsabilidade pos contratual. E pode haver deveres ainda
que o contrato seja considerado nulo ou anulável.
CONCEITO DE DIREITO REAL - COMPARAÇÃO ENTRE OS DIREITOS REAIS E OS DIREITOS DE
CREDITO
Temos duas teorias para definir o direito real:
A teoria personalista concebe o direito real como um poder de exclusão, como um poder de
exigir de todos os não titulares um comportamento negativo: abstenção ou omissão de actos de
ingerência na coisa. Aqui, as relações jurídicas reais seriam relações entre pessoas, entre o titular
do direito real e entre todos os não titulares.
A teoria realista diz-nos que o direito real é um poder de domínio ou de soberania do titular
sobre uma coisa. As relações juridicas obrigacionais seriam relações entre pessoas e as relações
jurídicas reais seriam relações entre uma pessoa e uma coisa. Assim o direito das obrigações
regularia as relações de cooperação entre as pessoas (credor e devedor) e o direito real regularia
relações de domínio ou de soberania entre uma pessoa e uma coisa, subordinando-as a “certo
estatuto”; as normas de direito das obrigações seriam normas de relacionação e as normas de
direito das coisas seriam normas de ordenaçao no sentido que atribuem a coisa directa e
imediatamente ao respectivo titular, isto é, colocam de modo exclusivo à sua ordem ou
disposição. Ora, a soberania sobre uma coisa desdobra-se em dois aspectos, isto é, num sentido
positivo e num sentido negativo. No sentido positivo a soberania da coisa concretiza-se na
atribuição da coisa ao seu titular do direito real; no sentido negativo concretiza-se na exclusão de
todos os não titulares.
A diferença entre estas duas teorias circunscreve-se à acentuação do elemento externo ou
interno do direito real. O externo consiste no poder de exclusão de todos os não titulares; e o
interno no poder de domínio ou de soberania da coisa. Assim conclui-se que a teoria personalista
acentua o elemento externo, e a teoria realista acentua o elemento interno.
Entre estas teorias deve preferir-se a personalista. O direito real consistira assim no poder de
exigir de todos os não titulares um comportamento negativo: abstenção ou omissão de actos de
ingerência na coisa. Nestes termos o sujeito activo de uma relação jurídica real será aquele a
quem a ordem jurídica atribui a coisa e o sujeito passivo dessa relação jurídica será todo aquele
que entre em relação com o objecto, com a coisa.
Diferenças entre direitos de credito e direitos reais
O confronto entre os direitos reais e os direitos de credito conduzem-nos a 3 diferenças
fundamentais:
 Os direitos reais são direitos absolutos e os direitos de credito são direitos relativos
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O principio da absolutidade dos direitos reais e da relatividade dos direitos de credito projecta-se
sobretudo em duas percepções: em termos de responsabilidade, e em termos de
validade/invalidade, eficácia/ineficácia.
Na acepção da responsabilidade civil, a violação de direitos relativos/creditos incorre-se em
responsabilidade contratual (do devedor), aplicando-se o artº 798 e ssg). Por outro lado a
violação de direitos reais/absolutos dá origem a responsabilidade extra-contratual do lesante nos
termos do artº 483 e ssg.
Na segunda acepção, os direitos reais por serem absolutos têm como atributos a prevalência e a
sequela. Os direitos de credito por serem relativos não têm nenhuma destas características. O
principio ou atributo da prevalência pode analisar-se em dois sentidos. Em primeiro, no caso de
conflito entre um direito real e um direito de eficácia relativa, o direito real prevalece ainda que
o direito com eficácia relativa lhe seja anterior. O direito real prevalece sempre. Em segundo
lugar, no caso de conflito entre dois direitos reais, prevalece o direito real mais antigo em data. É
aquilo a que se chama de “prior in temperi, potion in jure”. O direito real que surge em primeiro
no tempo tem mais força em termos de direito. O atributo da prevalência diz-nos então que o
direito real prevalece sobre qualquer direito com eficácia relativa ainda que constituído
anteriormente e sobre qualquer direito com eficácia absoluta constituído posteriormente.
O tributo da preferência pode projectar-se em duas espécies de regras. Em primeiro lugar, regras
de precedência ou prioridade entre direitos subjectivos constituídos através de actos jurídicos
validos. E em segundo lugar, em regras de validade ou invalidade dos actos jurídicos constitutivos
desses direitos subjectivos. Enquanto a coexistência de dois direitos de credito com o mesmo
conteúdo sobre o mesmo objecto é possível legalmente, a coexistência de dois ou mais direitos
reais com o mesmo conteúdo e sobre o mesmo objecto é legalmente impossível.
Relativamente ao tributo da tutela consiste na faculdade de o titular perseguir o objecto onde
quer que ele se encontre, nomeadamente reivindicando-o de terceiro.
O principio de que os direitos reais têm como características a preferência, e a sequela comporta
excepções. No caso de conflitos entre direitos reais em que não actua o principio da preferência,
por exemplo, quando há conflito entre direitos reais sobre coisas imóveis ou coisas moveis
sujeitas a registo, a lei atribui prioridade ao direito registado em primeiro lugar. Aqui o direito
real que prevalece não é aquele que foi constituído primeiro mas o registado, sendo aqui
relevante o principio da prioridade do registo. Por outro lado, há conflito entre direitos reais em
que não actua o principio do seguimento ou da sequela como por exemplo o terceiro adquirente
encontra-se protegido pelo artº 291, onde o titular do direito real não pode perseguir a coisa
onde quer que se encontre.

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Os direitos de credito por serem relativos não têm como atributos a preferência nem a sequela.
Em primeiro lugar os direitos não têm como característica a preferência: o direito de credito mais
antigo em data não prevalece sobre o direito de credito mais recente, aqui a lei não atribui
prioridade a nenhum dos direitos em conflito, havendo um principio de igualdade dos direitos de
credito independentemente da data em que foram constituídos. Nestas circunstancias é o credor
a optar por cumprir uma obrigação e por não cumprir a outra, ou optara por não cumprir
nenhuma sujeitando-se em ambos os casos às consequências do incumprimento. Assim as
obrigações podem existir simultaneamente mas não podem ser ambas cumpridas. Relativamente
ao facto dos direitos de credito não terem a característica da sequela, o titular de um direito de
credito não pode reclamar a prestação de terceiro, so pode reclamar ao devedor, isto é, o credor
so pode exigir a prestação do devedor não tendo qualquer poder jurídico de a exigir a terceiros.
 Os direitos reais têm como objecto imediato coisas e os direitos de credito têm como
objecto imediato prestações
O conteúdo do direito subjectivo ou da relação jurídica consiste no poder em que o direito se
analisa, e portanto, naquilo que o titular de direito, como tal, é admitido a fazer ou a praticar. O
objecto do direito subjectivo consiste naquilo sobre que recaiem ou versam o poder que tal
direito confere ao seu titular. O objecto imediato do direito subjectivo é aquilo sobre que os
respectivos poderes do titular incidem de um modo directo, o objecto mediato do direito
subjectivo é aquilo sobre que os respectivos poderes incidem de um modo indirecto . os direitos
reais só têm objecto imediato, os poderes que caracterizam o direito real incidem de modo
directo sobre uma coisa corpórea ou incorpórea. Estando em causa direitos de credito devem
distinguir-se as obrigações de prestação de facto e as obrigações de prestação de coisa. As
obrigações de prestação de facto so têm um objecto imediato, a prestação, as obrigações de
prestação de coisa têm um objecto imediato, a prestação, e um objecto mediato, a própria coisa
que deve ser prestada pelo devedor.
O titular de um direito real não necessita da colaboração ou cooperação de nenhum
intermediário para exercer os seus poderes sobre a coisa, e o titular de direito de credito
necessita sempre da colaboração ou intermediação, do devedor. Assim nos direitos de credito há
algo entre o direito do credor e a coisa que é o comportamento/prestação do devedor e nos
direitos reais não há nada entre o titular e a coisa, pois os poderes do titular incidem
directamente sobre as coisas.
 Principio da tipicidade/taxatividade
O problema da tipicidade e da taxatividade (numerus clausus) dos direitos de credito e dos
direitos reais divide-se em dois. Primeiro problema é o da tipicidade ou taxatividade dos actos
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jurídicos constitutivos, e em especial, dos actos jurídicos constitutivos de direitos de credito e
direitos reais, e o segundo problema põe-se em relação ao conteúdo dos direitos de credito e
dos direitos reais. Em relação aos actos jurídicos constitutivos haverá um principio de
tipicidade/numerus clausus sejam direitos reais sejam direitos de credito. Há um principio de
tipicidade no âmbito da autonomia privada. A autonomia privada há-de exercer-se de acordo
com os tipos de negócios jurídicos colocados pela ordem jurídica ao dispor do individuo. Em
relação ao conteúdo das relações jurídicas obrigacionais e reais, há uma diferença. Na relação
jurídica obrigacional as partes podem fixar livremente o conteudo, dentro dos limites da lei. Isto
decorre do artº 398nº1 e 405º. Quanto ao conteúdo da relação jurídica real, as partes não
podem fixar livremente o conteúdo. O artº 1306 enuncia o principio da tipicidade e da
taxatividade dos DR . Assim a liberdade contratual das partes resume-se à liberdade de escolher
um dos direitos reais previstos na lei.
Direitos pessoais de gozo
O código civil faz alusão ao artº 407 em matéria de direitos pessoais de gozo. Porem não define
direitos pessoais de gozo. O artº 407 determina que quando por contratos sucessivos se
constituírem a favor de pessoas diferentes, mas sobre a mesma coisa, direitos pessoais de gozo
incompatíveis entre si, prevalece o direito mais antigo em data, sem prejuízo das regras próprias
de registo. Andrade mesquita retira do artº 407 duas indicações sobre o conceito de direito
pessoal de gozo. A primeira decorre da alusão ao gozo como uso ou fruição da coisa, e a segunda
decorre da contraposição entre os direitos pessoais e os direitos reais. O termo direito pessoal de
gozo designaria determinadas figuras que proporcionando o gozo de coisa alheia não foram
vistas como direitos reais, por exemplo:
 No contrato de locação, o locatário teria um direito pessoal de gozo sobre a coisa locada
(artº 1022e ssg)
 No contrato promessa compra e venda em que a coisa objecto do contrato prometido
seja entregue ao promissario antes da conclusão do contrato definitivo, o promissario
teria um direito pessoal de gozo sobre essa coisa
Características dos direitos pessoais de gozo
 Os direitos pessoas de gozo como direitos estruturalmente complexos
Os DPG são direitos estruturalmente complexos distinguindo neles um núcleo central e uma zona
periférica. O núcleo central seria constituído pelo direito de retirar certas utilidades da coisa, e a
zona periférica, seria constituída pelas obrigações indispensáveis à constituição e ao exercício
desse direito de retirar utilidade das coisas. Assim, o núcleo central é constituído pelo poder de
uso e fruição da coisa e a zona periférica constituida por direitos de credito (obrigações de
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conteúdo positivo ou negativo) e deveres de prestar. O artº 1031 a) e artº 1038 nº1 consagra o
direito do locatário. É um direito de credito que consiste no poder de exigir que o locatário
entregue a coisa, ou seja concretiza-se num poder de exigir um comportamento positivo. No
caso do artº 1037 consagra um direito a um comportamento negativo.
Esta distinção entre núcleo central e zona periférica corresponde à distinção entre direitos
pessoais em sentido amplo e estrito. Assim o termo de DPG em sentido amplo designaria o
conjunto constituído pelo núcleo central e pela zona periférica, e o termo de DPG em sentido
estrito designaria em exclusivo o núcleo central. O problema dos DPG põe-se sobretudo aos DPG
em sentido estrito. Em relação aos DPG em sentido estrito podemos afirmar que os DPG em
sentido estrito são direitos absolutos, eficazes erga-omnes, que os DPG em sentido estrito têm
por objecto imediato uma coisa, e por ultimo que os DPG são de regime dualista.

 Os direitos pessoais de gozo como direitos absolutos


O termo absoluto designa que os direitos subjectivos produzem efeitos em relação a todos os
não titulares, ou seja tem eficácia erga-omnes, e o termo relativo designa que os direitos
subjectivos so produzem efeitos em relação ao devedor, ou seja tem eficácia inter- partes. a
afirmação de que os DPG são direitos absolutos resulta do artº 1037nº1 e 1133nº1. Importa aqui
referir que os DPG são absolutos pelo menos para efeitos de responsabilidade civil. A violação de
um DPG constitui o lesante em responsabilidade extracontratual por factos ilícitos
 Os direitos pessoais de gozo como direitos cujo objecto imediato é uma coisa
O DPG em sentido estrito tem como objecto imediato uma coisa corpórea ou incorpórea: o
titular(concessionário) do direito em causa exercerá os seus poderes de uso e fruiçao ou de
transformação da coisa sem necessidade da cooperação activa e permanente do concedente. Os
poderes do titular dos DPG incidem directamente sobre uma coisa sem necessidade de
colaboração. Ex: os poderes de um locatário que incide sobre a coisa locada.
 Os direitos pessoais de gozo como direitos de regime dualista ou misto
O regime dos DPG aproxima-se em alguns aspectos do regime dos direitos de credito e em
alguns aspectos do regime dos direitos reais, mas não se pode aplicar em bloco nem o regime
dos direitos reais nem o regime dos direitos de credito. O aplicador do direito terá portanto de
interpretar as disposições legais em que se fala de direitos de credito ou direitos reais para ver se
essas disposições se aplicam ou não aos DPG. Por exemplo, o principio da taxatividade/tipicidade
do artº 1306 dos DR não se aplica aos DPG, ou seja, nesta medida aproximam-se dos direitos de
credito. Aproximam-se dos direitos reais porque serem direitos absolutos e tem como objecto
imediato uma coisa. Os artº 413 e 1287º parece aplicar-se aos DPG. O artº 413 fala em DR.
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Contudo deve interpretar-se ou integrar-se de forma a abranger os DPG, dai que será possível
atribuir eficácia real a um contrato promessa de arrendamento. O artº 1287 define a usucapião
como aquisição de um direito real por se ter a posse de coisa durante um determinado período
de tempo. A expressão DR neste artº deve ser interpretado ou integrado de forma a abranger os
DPG, a admitir-se a usucapião do arrendamento.
Interpretação do artº 407 do CC
O artº 407 resolve conflitos entre direitos pessoais de gozo, em que prevalece o direito mais
antigo. Aqui, podemos apontar duas teses interpretativas sobre a expressão “direito mais
antigo”. No caso de conflito entre direitos pessoais de gozo( contratos de arrendamento) que
incidem sobre a mesma coisa e por terem prazos total ou parcialmente sobrepostos, concluídos
em datas diferentes:
 A primeira teoria é a de que o DPG “mais antigo em data” é o direito decorrente do
contrato celebrado ou concluído em primeiro lugar, ou seja o contrato concluído em
Janeiro prevaleceria sobre o contrato de Fevereiro.
 A segunda tese é a de que o DPG mais antigo em data é o direito decorrente do contrato
cumprido em primeiro lugar, isto é, prevaleceria o direito do arrendatário que
conseguisse a entrega da coisa.
Embora amplamente maioritária a primeira tese, que o DPG decorre do contrato celebrado em
primeiro lugar, conduz a resultados dificilmente insustentáveis:
1. A prevalência do primeiro contrato prejudicaria a estabilidade das relações jurídicas
2. A prevalência do primeiro contrato permitiria que o concedente fizesse cessar o contrato
com recurso a antedataçao fraudulenta de um contrato conflituante , muito embora isso
o obrigasse a indemnizar o locatário preterido
3. Não resolveria o conflito entre os DPG emergentes de dois ou mais contratos celebrados
na mesma data ou momento com sujeitos diferentes e relativamente à mesma
coisa(nomeadamente através da existência de um procurador)
Face a isto, a segunda tese parece a mais correcta, a que conduz a resultados mais justos. O artº
407 que emprega os termos de DPG como sinónimos de DPG em sentido estrito, pressupõe o
cumprimento da obrigação da entrega da coisa, pelo que o titular mais antigo em data é aquele
que primeiro consegue o cumprimento, pois so a partir do cumprimento se pode dizer que ele
tem um DPG enquanto categoria jurídica autónoma, pois so a partir da entrega da coisa é que o
titular tem o poder de uso e fruição. Resumindo, a data que se deve atender para a aplicação do
artº 407 é aquela em que nasce o DPG em sentido estrito e não a data em que o concedente se
tenha obrigado a faze-lo nascer.
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Elementos da Relaçao jurídica obrigacional
A Estrutura da Relação Jurídica Obrigacional só fica completa com os Elementos. O termo
“estrutura interna” designa o conteúdo de uma relação jurídica – o direito subjectivo e o dever
jurídico ou estado de sujeição – e o termo “estrutura externa” designa os seus elemento que são
4: sujeitos, objecto, facto jurídico e garantia.

Sujeitos
Os sujeitos de uma relação obrigacional são:
 Sujeito activo denominado de credor. Este tem o direito de credito.
 Sujeito passivo denominado de devedor. Este tem o dever de prestar.
Com base nos sujeitos temos dois critérios de distinção:
 Critério das obrigações, em que podemos ter obrigações de sujeito determinado e
obrigações de sujeito indeterminado
 Critério do numero dos sujeitos, em que se destaca obrigações singulares e as obrigações
plurais.
Tendo em conta o primeiro critério:
Obrigações de sujeito determinado-são aquelas cujo seu titular activo e o seu titular passivo
estão individualizadas no momento em que a obrigação se constitui. Quando a obrigação se
constitui sabe-se quem é o credor (titular activo) e o devedor (titular passivo)
Obrigações de sujeito indeterminado-são aquelas cujo seu titular activo ou o seu titular passivo
não estão determinados/individualizados no momento em que a obrigação se constitui, ou seja,
não se sabe quem é o titular activo e o titular passivo.
Quais são os casos de obrigações de sujeitos indeterminados? O artº 511 admite explicitamente
as obrigações de sujeito activo indeterminado. São dois os casos exemplares:
 Promessa publica- artº 459º. Os casos de promessa publica são frequentes. A obrigação
constituída pela promessa publica surge quando a promessa publica é publicada. No
momento em que a promessa é publicada no jornal, sabe-se quem é o devedor, mas não
se sabe quem é o credor. O devedor está determinado no momento da constituição da
RJO mas o credor será quem praticar o acto.
 Títulos ao portador- nos títulos ao portador, o titular do direito de credito incorporado no
titulo, é o portador daquele bilhete. A pessoa que pode andar de autocarro é aquela que
tem o bilhete na sua posse. Quando se constitui a RJO não se sabe quem vai ser o
portador do titulo. Assim o artº 511 permite as relações de sujeito activo indeterminado,
mas não permite as relações de sujeitos passivos indeterminados. O devedor tem que
estar individualizado no momento em que a relação se constitui. O que acontece se se

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constituir uma relação cujo devedor não está individualizado? O negocio é nulo por ser
contrario a uma disposição legal inspectiva- artº 511
Relativamente ao segundo critério, do numero de sujeitos temos obrigações singulares e
obrigações plurais:
 Nas obrigações singulares há so um credor e um so devedor, isto é, um so titular activo e
um so titular passivo.
 No caso das obrigações plurais há vários credores ou há vários devedores ou então há
vários credores e vários devedores simultaneamente. As obrigações plurais podem
caracterizar-se por:
o Pluralidade activa quando há vários sujeitos activos/credores e um so
devedor/sujeito passivo
o Pluralidade passiva quando há um so credor/sujeito activo e vários
devedores/suejitos passivos
o Pluralidade dupla ou múltipla quando há vários credores e vários devedores
simultaneamente.
As obrigações plurais dividem-se em:
 Conjuntas, em que a pluralidade de sujeitos é cumulativa, ou seja, há dois ou mais
credores e ha dois ou mais devedores. Significa isto que A e B são credores ou A e B são
devedores. Aqui há dois ou mais sujeitos activos com o poder de exigir a prestação e há
dois ou mais sujeitos passivos com o dever de prestar
 Disjuntas, em que a pluralidade de sujeitos é alternativa, o que significa que nas
obrigações disjuntas é credor Aou B e é devedor C ou D. Há um só sujeito activo com o
poder de exigir ou pretender a prestação e um só sujeito passivo com o dever de prestar.

As obrigações disjuntas são so na aparência obrigações plurais, na realidades as obrigações


disjuntas são em ultima analise obrigações singulares. O problema é que na altura em que a
obrigação disjunta se constitui há a possibilidade de escolher entre vários credores e vários
devedores. Quando o sujeito passivo ou activo são escolhidos a obrigação disjunta transforma-se
numa obrigação singular, pelo que nos interessa é sobretudo as obrigações conjuntas.
As obrigações conjuntas dividem-se:
 Obrigaçoes parciarias: aqui cada um dos credores so pode exigir uma parte do credito
comum. As obrigações parciarias têm duas características: a prestação é fixada
globalmente, mas a cada um dos sujeitos cabe apenas uma parte do débito ou crédito
comum. Cada um dos credores só tem direito a uma parte do crédito comum(pluralidade

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activa), ou seja, cada um dos devedores só responder por uma parte de débito
comum(pluralidade passiva).
 Obrigações solidárias: A noção de obrigação solidária resulta do artº 512. Este artº define
a solidariedade activa dizendo que cada um dos credores tem o poder de exigir a
prestação integral ao devedor e esta libera-o devedor para com todos os credores. E
define a solidariedade passiva quando cada um dos devedores responde pela prestação
integral e esta a todos libera.
Concretização das obrigações parciarias
São uma espécie do género obrigações plurais e por isso podem surgir sobre 3 formas:
parcieridade activa, parcieridade passiva e parcieridade múltipla ou dupla.
 Na parcieridade activa temos vários credores e um devedor
Ex: temos 3 credores A,B,C e um devedor D. a divida é de 3000€. As partes dos credores e
devedores são iguais. O artº 516 enuncia a presunção de que as partes são iguais. Se temos uma
divida de 3000€. No regime da parcieridade, cada um dos credores so pode exigir a parte que lhe
cabe, logo so pode exigir 1000€(3000€:3).
 Na parcieridade passiva temos um so credor e varios devedores. Na parcieridade passiva,
cada um dos devedores responde pela parte que lhe pertence. Logo se a divida é de
3000€ e há 3 devedores cada devedor é responsável por 1000(3000€.3)
 Na parcieridade múltipla ou dupla: há simultaneamente vários credores e varios
devedores. Assim temos 3 credores A, B, C e temos 3 devedores D,E,F. a divida é de
9000€. Em todas as obrigações parciarias elas decompõem-se numa pluralidade de
vínculos que corresponde ao numero de credores a multiplicar pelo numero de
devedores (3x3=9). Assim, divide-se a prestação integral por 9, pelo que cada credor so
pode exigir 1000€ a cada devedor.
Em principio o conceito de obrigações parciarias não causa problemas maiores. O regime
destas pode causar problemas sobretudo quando as obrigações parciarias têm por objecto
uma prestação indivisível. O objecto é por exemplo a entrega de um automóvel. Há um
credor e vários devedores, ou há um devedor e 3 credores, e o objecto é indivisível. Como é
que um dos credores pode exigir uma parte se a prestação é indivisível. Aqui conjuga-se o
regime parciario com o regime das coisas indivisíveis. Uma obrigação indivisível são aquelas
cujas a prestação não pode ser fraccionada. Conceito de “indivisível” deve aproximar-se do
conceito de coisas indivisíveis do artº 209 (coisas que não podem ser fraccionadas sem
prejuízo da sua substancia, sem prejuízo do seu valor proporcional, ou sem prejuízo da sua
aptidão para o uso a que se destina. Assim:
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1. Nos casos em que há parcieridade activa, como pode o credor exigir uma parte se a
prestação não pode ser dividida? A resposta resulta do artº 538, o devedor há-de realizar
a prestação a todos os credores. Se a obrigação tem três credores, o devedor tem de
entregar o carro a todos os credores em conjunto e não a um deles
2. Nos casos em que há parcieridade passiva, como pode o devedor realizar uma parte da
prestação se esta é indivisível? A solução resulta do artº 535º que consagra uma solução
paralela. O credor so pode exigir a prestação de todos os devedores em conjunto. O
credor interpela os devedores para que estes em conjunto cumpram a prestação.
Concretização das obrigações solidárias
 Solidariedade activa- definida no artº 512 diz que cada um dos credores tem a faculdade
de exigir a prestação integral e que o devedor que a realiza fica liberado em face aos
restantes credores. O artº 528 completa o art. 512 nº1 1ª parte. O artº 529 diz que o
devedor tem a faculdade de escolher o credor ao qual quer entregar. Assim, temos 3
credores A,B,C e 1 devedor D, a prestação é de 3000€, logo o credor A pode exigir a
prestação integral ao D e se este realiza-la fica liberado dos restantes credores.
 Solidariedade passiva- resulta do artº 512nº1 1ª parte em conjugação com o 519º.
Quando cada um dos devedores responde pela prestação integral e esta libera-o para
com outros.
 Solidariedade dupla ou múltipla- quando cada um dos credores pode exigir de cada um dos
devedores a prestação integral e cada um dos devedores pode realiza-la. Efeitos da
solidariedade
Distingue-se os efeitos da solidariedade nas relações internas e externas.
 Na solidariedade activa, as relações externas são as relações que se estabelecem
entre cada um dos credores e o devedor; e as relações internas são as relações que
se estabelecem entre os vários credores entre si.
 Na solidariedade passiva, as relações externas são as relações que se estabelecem
entre o credor e os vários devedores. As relações internas são as que se estabelecem
entre os vários devedores.
Efeitos da solidariedade activa nas relações externas
O artº 512 da-nos a noção de solidariedade activa, enuncia o principio geral que é”cada um dos
credores têm a faculdade de exigir a prestação integral ao devedor liberando-o dos outros
credores” o artº 512 é complementado pelo artº 528nº1 e 2, que desenvolve o principio geral.
Este artº diz que o devedor tem a faculdade de escolher a qual dos credores prestará a
obrigação. A solidariedade activa pode ser estabelecida em favor dos credores, qualquer um
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deles pode exigir a prestação integral, o que diminui o risco de prescrição do credito ou em favor
do devedor para que ele tenha a faculdade de escolher qual o credor a que quer satisfazer a
prestação, sendo o artº 528 que consagra tal preceito.
O artº 528 distingue consoante o credor exija a prestação judicialmente, através de uma acção
de cumprimento ou extrajudicialmente.
 Quando um credor exige a prestação extrajudicialmente a realização da prestação, o
devedor tem a faculdade de fazer a prestação aquele credor ou a qualquer um dos
outros. O facto de um credor exigir extrajudicialmente não afasta a faculdade de o
devedor escolher perante o qual dos credores quer cumprir a prestação.
 Quando o credor exige a prestação judicialmente a realização da prestação afasta a
possibilidade de escolha do devedor, pois tem de cumprir a quem exigiu judicialmente
mesmo que já tenha cumprido a outro credor. Aqui deve-se distinguir duas situações,
consoante a solidariedade haja sido estabelecida em beneficio dos credores ou em
beneficio dos devedores.
No caso de ser em beneficio dos credores e se o credor exige judicialmente a prestação integral o
devedor tem que satisfazer a prestação integral a esse credor.
No caso de ser solidariedade em beneficio dos devedores, o credor propõe uma acção de
cumprimento, exigindo a prestação integral e o devedor tem de cumprir ao credor pelo menos a
parte que lhe cabe no credito comum. Aqui o devedor tem a possibilidades de prestar tudo,
algum, o certo é que tem de entregar ao credor demandante a parte que lhe cabe, podendo
dispor do restante como entender entregando-o a outro credor se entender.
Efeitos da solidariedade passiva nas relações externas
O regime e os princípios gerais resultam da coordenação do artº 512 nº1 primeira parte com o
artº 519nº1. O artº 512 enuncia que o credor pode exigir a prestação integral de qualquer um
dos devedores. O art 519 completa o artº 512 distinguindo os casos em que o credor exige
judicialmente e extrajudicialmente,
 No caso de exigir extrajudicialmente a um dos devedores e este não realizar a prestação,
o credor pode exigir aos outros.
 No caso de o credor exigir judicialmente a um devedor fica inibido de exigir dos outros,
excepto se houver uma razão atendível como a insolvência (artº 519nº1). A insolvência
encontra-se regulada no código da insolvência e da recuperação de empresas no artº 3
que distingue dois conceitos de insolvência:
O primeiro conceito aplica-se a todas as pessoas, a todos os sujeitos passivos desde que se
encontrem impossibilitados. Assim, a insolvência consiste na impossibilidade do devedor cumprir
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as obrigações vencidas. O segundo conceito aplica-se so a algumas pessoas (PC, sociedades
unipessoais, patrimónios). Segundo este conceito a insolvência é como uma situação de
superioridade manifesta do sujeito activo sobre o passivo.
Nestes casos há uma razao atendível para que o credor possa pedir a prestação dos outros
devedores.
Meios de defesa ou excepções
O termo meios de defesa designa excepções. As excepções surgem na peça processual como
contestação- artº 514. O que são excepções? O credor propõe uma acção. O devedor como réu
pode defender-se, através de dois meios de defesa:
1. Directamente  defesa por impugnação, alegando a falsidade dos factos apresentados.
2. Indirectamente  defesa por excepção, dizendo que há factos novos no processo, que
impedem, extinguem ou modificam o direito alegado pelo autor.
As excepções podem ser:
 Processuais (fundam-se no direito processual/direito adjectivo)
 Materiais (fundam-se no direito substantivo/direito material).
Como o direito das obrigações é uma parte do direito material preocupa-se apenas com as
excepções materiais. estas caracterizam-se em três tipos de factos:
 Impeditivos (impõe um obstáculo definitivo ao direito invocado pelo autor: contrato
nulo)
 Extintivos(aqui os factos existiram mas já não existem:contrato revogado)
 Modificativos
Temos ainda outra qualificação:
 Excepções peremptorias (opõe um obstáculo definitivo ao direito invocado pelo autor)
 Excepçoes dilatórias(opõe um obstáculo temporário ou transitório ao direito invocado
pelo autor)
 Excepções em sentido geral (podem ser conhecidas oficiosamente)
 Excepções em sentido especifico (não podem se conhecidas oficiosamente)
O artº 514 distingue meios de defesa comuns e meios de defesa pessoais. os meios de defesa
comuns consistem nas excepções materiais que dizem respeito a todos os credores solidários(na
solidariedade activa) ou a todos os devedores solidarios (na solidariedade passiva) . Os meios de
defesa pessoais, nas excepções materiais dizem respeito a um so dos credores solidários (na
solidariedade activa) ou a um so devedor solidário (na solidariedade passiva). O nº2 do artº
514refere-se a meios que pessoalmente respeitem ao credor, o nº 1 refere os meios de defesa
pessoais que respeitam ao devedor.

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Os meios de defesa comum abrangem designadamente as causas de nulidade de negocio
juridico(ex: nulidade, impossibilidade, ilicitude ou imoralidade do objecto ou do fim do negocio)
os meios de defesa). Os meios de defesa pessoais abrangem por exemplo a incapacidade, o erro
o dolo, a coacção.
 Os meios de defesa pessoais, na solidariedade activa são aqueles que dizem respeito a
um e so a um dos credores, isto é, so podem ser invocados perante o credor solidário
demandante que exige o cumprimento (ex: incapacidade do devedor, dolo, erro, coacção
de que o devedor foi vitima). Na solidariedade passiva são meios de defesa pessoais
aqueles que dizem respeito a um e so um dos devedores.
 Os meios de defesa comuns, na solidariedade activa são aqueles que dizem respeito a
todos os credores solidários, podendo ser invocados a estes (ex: nulidade). Na
solidariedade passiva os meios de defesa comuns são aqueles que dizem respeito a todos
os devedores solidarios
Efeitos da solidariedade nas relações internas
Nas relações internas a solidariedade concretiza-se pelo direito de regresso que difere consoante
esteja em causa a solidariedade activa ou a solidariedade passiva.
Na solidariedade activa, o direito de regresso resulta do artº 533.
Ex: temos 3 credores A,B e C e um devedor D. a divida é de 3000€. se um dos credores A, exige a
prestação integral a D e D paga os 3000€. O credor foi satisfeito alem da parte que lhe cabia
(sendo 3 credores e uma divida de 3000€ cabia 1000 a cada um). Aqui o direito de regresso
consiste em o credor cujo direito for satisfeito alem da parte que lhe competia na relação interna
entre os credores, tem de satisfazer os outros na parte que lhes cabe no credito comum.
Na solidariedade passiva, o direito de regresso está previsto no artº 524
Ex: temos um credor A e tres devedores B,C,D . a divida é de 3000€. O credor A exigiu a
prestação integral a so um dos devedores (B) e este pagou. A B cabia 1000€ tendo este pago
3000€, ou seja, pagou mais do que lhe cabia e por isso tem o direito de regresso de C e D
(restantes devedores), tendo o poder de exigir 1000€ a cada um.
Aqui, o devedor que satisfizer o direito de regresso alem da parte que lhe competia na relação
interna entre os devedores tem o direito de regresso contra cada um dos condevedores na parte
que lhes cabe no debito comum.
Qual destes dois regimes (solidaridade ou parcieriedade) é o regime regra? O artº 513 diz-nos
que so há solidariedade quando ela resulte da lei ou por vontade das partes(negocio jurídico).
Face a isto, a regra é a da parcieriedade e podemos referir que há a solidariedade resultante da
lei:
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 Nas obrigações comerciais- artº 100 do código comercial
 Na responsabilidade civil extra-contratual
Objecto
O objecto imediato das RJO é constituído por um comportamento do devedor/uma
prestação(397). Há três classificações que devem ter tidas em conta:
1. Prestações fungíveis e as prestações não fungíveis (767º)
2. Prestação de facto e as prestações de coisa
3. Prestações instantâneas e as prestaçoes duradouras
1.Prestações fungíveis e prestações não fungíveis
O artº 767 contem implicitamente a distinção entre estas. As fungíveis são aquelas que podem
ser realizadas pelo devedor ou por um terceiro sem prejuízo para o interesse do credor, ou seja,
aquelas em que o devedor se pode fazer substituir por um terceiro no cumprimento da
prestaçao. As não fungíveis são aquelas que so podem ser realizadas pelo devedor não podendo
substituir-se por um terceiro. O art767nº1 consagra a regra ou principio da fungibilidade das
prestações, ou seja, as prestações podem ser realizadas pelo devedor ou terceiro. O nº 2
introduz desvios, ou seja, há casos de infungibilidade, isto é, prestações que podem so ser
realizadas pelo devedor que são:
 Infungibilidade legal, quando resulta da lei
 Infungibilidade convencional ou voluntaria quando resulta de negocio jurídico, isto é as
partes acordam entre si que a prestação seja realizada pelo devedor
 Infungibilidade natural resulta da natureza das coisas e a substituição prejudica o credor
2.Prestações de facto e prestações de coisas
Nas obrigações de prestações de facto o direito de credito so têm um objecto imediato- o
comportamento do devedor. Nas obrigações de prestações de coisa, o direito de credito tem
simultaneamente um objecto imediato- o comportamento do devedor, e um objecto mediato- a
própria coisa.
Em termos de prestações de facto há três classificações:
 Prestaçoes de facto positivo e negativo.
As positivas concretizam-se numa acção. As de facto negativas concretizam-se numa abstenção
ou omissão. A abstenção ou omissão do devedor pode configurar-se de duas formas (como não
fazer e como deixar de fazer/suportar).
 Prestações de facto material e jurídico
As de facto material, o devedor tem praticar um facto jurídico/material. O artº 879 enuncia os
efeitos do ccv. Em ambos os casos o devedor fica adstrito ao facto material assim como o credor.
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O artº 1207 e1410º é um facto jurídico, resultante de concretização de uma declaração negocial,
ou seja, há um facto jurídico quando o devedor esta adstrito a uma declaração negocial.
 Prestações de facto próprio e prestações de facto de terceiro
Nas prestações de facto próprio o devedor obriga-se por si próprio a realizar a prestação da
divida. Nas prestações de facto de terceiro o devedor compromete-se a conseguir que um
terceito realize a prestação. Estas obrigações de facto de terceiro so sao permitidas porque são
em ultima analise prestações de facto próprio no sentido de se estar a prometer que se fará as
diligencias necessárias para que o terceiro faça ou deixe de fazer. Assim o dever de conseguir a
prestação de facto de terceiro poderá configurar-se como uma obrigação de meios (o
promitente obriga-se apenas e so a realizar os esforços e diligencias razoavelmente exigíveis
para que o terceiro pratique o facto) ou como uma obrigação de resultado(o promitente obriga-
se a alcançar esse resultado, responsabilizando-se pelos danos ou prejuízos provocados pelo não
cumprimento sempre que o terceiro não possa ou não queira praticar o facto previsto).
O CC consagra alguns casos de obrigação de prestação de facto de terceiro:
o Regime de compra e venda de bens alheios (o principio fundamental é que o ccv
de bens alheios é nulo- artº892. O artº895 preve a convalidaçao da venda quando
o vendedor adquira a propriedade da coisa. O contrato é nulo e entre os efeitos
do contrato do artº879 o devedor de coisa alheia tem a obrigação de conseguir
que o proprietário pratique um facto)
o Venda de coisa alheia como coisa futura (coisa futura encontra-se definida no artº
211) o artº 893 diz que a venda de bens alheios fica sujeita ao regime de bens
futuros se as partes os considerarem nesta qualidade. O ccv de bens alheios é
nulo (892) e o ccv de bens futuros é valido (893)
3.Prestações instantâneas e prestações duradouras
A prestação diz-se instantânea quando o cumprimento se esgota num único acto ou momento.
Diz-se duradouras quando o cumprimento se prolonga no tempo. As prestações duradouras
abrangem:
 Prestações propriamente ditas. Nestas a duração influencia o objecto da RO, ou seja, a
prestação modifica-se atendendo à duração. Como exemplo temos a obrigação do
locatário de pagar a renda ou aluguer (artº1022 e 1038 a)), pois o montante das rendas
(objecto de pagar a renda) depende da duraçao do contrato de aluguer.
 Prestações em sentido impróprio, fraccionadas, ou repartidas. Nestas a duração não
influencia em nada o objecto da RO, pois a prestação encontra-se globalmente fixada.
Como exemplo temos a obrigação do comprador de pagar o preço na venda a prestações
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(artº 934 e ssg), pois o montante encontra-se fixado independentemente do tempo por
que se prolongue o pagamento das mesmas prestações
Dentro das obrigações de prestação duradoura propriamente ditas podemos distinguir:
 Prestações de execução continuada são aquelas em que o cumprimento é ininterrupto,
sem interrupções como ocorre por exemplo na obrigação do locador assegurar ao
locatário o gozo da coisa locada para os fins a que se destina (artº 1031 a)), fornecimento
de agua
 Prestações de execução não continuada/prestações reiteradas/trato sucessivo são
aquelas em que o cumprimento se renova em prestações singulares e sucessivas como
ocorre por exemplo na obrigação do locatário de pagar a renda. Dentro destas as
prestações podem ser periódicas ou não periódicas. As periódicas são as que se renovam
com intervalos regulares, as não periódicas são as que se renovam em intervalos não
regulares. Em regra as prestações reiteradas são periódicas(artº 434n2)

instantaneas
de execução continuada
propriamente ditas
duradouras de execução reiterada
fraccionadas
não periódicas periódicas
Facto
1. Facto constitutivo
os factos constitutivos são quase sempre designados de “fontes das obrigações”. O CC português
distingue cinco factos constitutivos:
 Contratos (405 a 456)
 Negócios unilaterais (457 a 463)
 Gestão de negócios (464 a 472
 Enriquecimento sem causa (473 a 482)
 Responsabilidade civil (483 a 510)
Entre os critérios empregues para classificar os factos jurídicos deve-se ter como relevante o
critério que assenta na autonomia( fundada na vontade) e heteronomia (fundada na lei)
A constituição autónoma faz-se através dos contratos (bilaterais ou plurilaterais que têm dois ou
mais sujeitos, titulares de interesses contrapostos e constituidos por duas ou mais declarações
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de vontade negocial de sentido opostos mas convergentes tendentes à produção de um
resultado jurídico unitário)e dos negócios jurídicos (podem ter um sujeito ou dois ou mais.
Nestes últimos não tem duas ou mais declarações de vontade opostos, ou seja, são paralelas
com o sentido. os negócios jurídicos mais importantes são os contratos e estão previstos nos artº
405 a 456. A constituição das RO deve fazer-se por contrato.
Quanto à constituição heteronoma fundada na lei, o CC distingue três factos constitutivos:
Gestão de negócios, enriquecimento sem causa, Responsabilidade civil. o principio geral em
termos de gestão de negócios resulta do artº 464 (altruísmo e cooperação). O principio geral em
matéria de enriquecimento sem causa é o 473. Este instituto aplica-se fundamentalmente em
duas situações:
 Quando alguém recebe uma prestação que não devia ter recebido
 Quando alguém por tipos egoísticos interfere na esfera jurídica de outrem para dai retirar
uma vantagem.
Quanto á responsabilidade civil que consiste na obrigação de indemnizar um dano, podemos
distinguir a responsabilidade civil contratual e a responsabilidade civil extra-contratual. A
responsabilidade contratual pela positiva, é aquela que resulta da violação de um direito de
credito (não cumprimento de uma obrigação). A responsabilidade extra-contratual define-se pela
negativa, sendo aquela que não resulta da violação de um direito de credito, mas de um direito
absoluto ou pode não resultar da violação de nenhum dever. Quando resulta da violação de um
direito absoluto está em causa quase sempre uma violação por factos ilícitos (483 a 499), quando
não há a violação de nenhum dever esta em causa quase sempre uma responsabilidade por
factos lícitos(dispersa pelo CC) ou por risco(500a 510).
O sistema de factos constitutivos de RO admitidas pelo CC será um sistema aberto ou fechado? O
catalogo dos factos constitutivos é aberto porque:
 Porque não consagra alguns factos constitutivos de RO admitidos e reconhecidos pela lei,
por exemplo a Responsabilidade pré contratual prevista no artº 227 e que não está
incluído no elenco dos artº 405 e ssg.
 Porque no artº405 há alguns que não estão suficientemente desenvolvidos, por exemplo
no artº 483 não faz referencia a responsabilidade extra-contratual por abuso de direito
Por tudo isto conclui-se que é um sistema aberto e incompleto.
2. Facto modificativo
Podem ser de dois tipos:

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 Modificação subjectiva das RJO(alteração de um ou ambos os sujeitos do direito de
credito). A modificação subjectiva consiste numa mudança dos sujeitos de uma relação
obrigacional. pode assumir uma de três formas:
o transmissão singular do direito de credito, onde muda a posição do credor. O
credito passa do credor para um terceiro. Esta transmissão singular do direito de
credito pode dar-se por uma cessão de créditos ou sub-rogaçao. A cessão de
credito, definida no art 577 como contrato entre credor e um terceiro pelo qual o
credor aliena o seu credito transmitindo-o a terceiro independentemente do
consentimento do devedor (577 a 588). A partir do momento em que se faz a
cessão o direito de credito passou para o terceiro e quem paga ao credor
originário paga mal e por isso paga duas vezes caso o credor originário esteja
insolvente. A sub-rogaçao está prevista no artº 589 a 594. E pode ser
convencional(voluntaria) ou legal. Na sub-rogaçao voluntaria, duas figuras: a sub-
rogaçao pelo credor (589) que é o contrato pelo qual o credor sub-roga um
terceiro nos seus direitos; sub-rogaçao pelo devedor. Aqui temos dois casos. O
artº 590 contempla os casos em que o terceiro cumpre e passa a ser o seu credor,
e o artº 591 contempla o caso em que o terceiro empresta ao devedor o dinheiro
necessário para que o devedor cumpra a divida. No caso da sub-rogaçao legal
prevista no artº 592 que prevê que a sub-rogaçao é automática por força da lei,
sempre que se verifique uma de duas situações: o terceiro garantiu o credito ou o
terceiro está interessado na satisfação da divida.
o Pode surgir sob a forma de transmissão singular da divida (dever de prestar),
onde muda a posição do devedor (artº595 e ssg). A transmissão singular da divida
costuma chamar-se de assunção da divida (595), e este artº distingue duas formas
de transmissao singular da divida. A primeira resulta de contrato entre o antigo e
o novo devedor rectificado pelo credor; a segunda resulta de um contrato entre o
credor e o novo devedor. O traço fundamental da assunção da divida é que esta
há-de ter o assentimento do credor. Aqui pode ser por assunção cumulativa ou
assunção privativa. Na assunção cumulativa da divida o antigo devedor não fica
exonerado por isso a relação obrigacional passa a ter dois devedores (o antigo e o
novo)- artº 595nº2. Na assunção privativa o antigo devedor fica exonerado e so o
novo devedor responde. Em regra a assunção da divida é uma assunção
cumulativa (art595nº2), ou seja a relação obrigacional passa a ter dois devedores
e estes respondem solidariamente
24
o Pode surgir na transmissão da posição contratual, muda simultaneamente o
credor e devedor. Esta está associada aos contratos sinalagmáticos/bilaterais que
são contratos que geram obrigações para ambas as partes (ex: ccv que para o
devedor, comprador há a obrigação de pagar o preço e para o vendedor a
obrigação de entrega da coisa). Assim cada uma das partes é simultaneamente
credora e devedora. O negocio pelo qual se transmitem simultaneamente o
credito e a divida é chamado de transmissão da posição contratual ou cessão da
posição contratual regulada nos artº 424 e ssg.
 Modificação objectiva das RJO
Na modificação objectiva pode resultar de varias causas, e pode ser:
 Legal(funda-se na lei). Como exemplos de modificação legal temos:
o Artº 282 e 283
o Artº437
o Artº812
o Artº 911 (redução do preço no contrato de compra e venda tratando-se de bens
onerados ou defeituosos)
o Artº 1216nº2
o Artº 1222
Nestes casos há uma alteração do conteúdo da relaçao obrigacional com base na lei
 Voluntaria(funda-se na vontade das partes). entre os casos de modificação objectiva
voluntaria das relações obrigacionais estão em causa os casos em que as partes acordam
o lugar e o momento do cumprimento. Temos com exemplo o negocio unilateral previsto
no artº 1216n1 que dá ao dono da obra o direito potestativo de fazer alterações no plano
convencionado. Este é um exemplo de um negocio unilateral pelo qual se altera o
conteúdo ou objecto do contrato de empreitada.
3. Facto extintivo
O facto extintivo por excelência é o cumprimento. As relações obrigacionais extinguem-se em
regra quando o devedor cumpre/realiza a prestação devida. O CC elenca um catalogo de causas
de extinção das obrigações, para alem do cumprimento:
 Dacçao em cumprimento
 Consignação em deposito
 Compensação
 Novação
 Remissão
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 Confusão
O artº 523, artº 532, e art 592n2 dizem que em termos práticos deve-se distinguir as causas de
extinção das obrigações em dois grandes grupos:
 Causas de extinção com satisfação do interesse do credor
 Causas de extinção sem satisfação do interesse do credor
Quanto às causas de extinção com satisfação do interesse do credor temos:
1. Dacçao em cumprimento: consiste na realização de uma prestação diferente da divida
com o consentimento do credor. O artº 837 dá impressão que a dacçao em cumprimento
consiste sempre na substituição da coisa por outra coisa. Pode haver dacçao em
cumprimento na substituição de uma coisa por outra, na substituição de uma coisa por
um facto, e na substituição de um facto por outro.
2. Novação consiste no contrato pelo qual se substitui a obrigação antiga pela obrigação
nova (artº 857 e ssg). Em ambos os casos, novação subjectiva ou objectiva há uma
obrigação nova que substitui a obrigação antiga.
3. Consignação consiste no depósito da coisa devida à ordem do credor (artº 841 e ssg do
CC e artº 1024 CPC). ex: quando os senhorios e os inclinos se desentendem, o que os
senhorios fazem é recusar-se a receber as rendas. O inclino pode depositar as rendas à
ordem do senhorio. O artº 841 preve a consignação em deposito em duas situações e em
ambas a consignação é facultativa.
4. compensaçao caracteriza-se pelos dois sujeitos serem simultaneamente credor e
devedor. A compensação é o que na linguagem corrente se designa de acerto de contas.
A compensação tem de ser declarada, não activa automaticamente. Cada um dos sujeitos
tem de declarar a compensação para esta activar(847º).
Quanto às causas de extinção sem satisfação do interesse do credor temos:
1. remissão consiste no acto ou efeito de remitir ou perdoar. Consiste no perdão da divida
do credor ao devedor. O CC prevê a remissão no artº 863 nº 1 que diz que a remissão se
faz por contrato entre o credor e o devedor, sendo que para haver remissão é necessário
duas declarações de vontade, isto é, tem que haver uma declaração de vontade do credor
de perdoar e uma declaração de vontade do devedor que aceita o perdão.
2. Confusão consta do artº 868 e ssg. Este artº consagra o principio geral de que quando na
mesma pessoa se reúnam as qualidades de credor e devedor a obrigação extingue-se. E
Garantia
A garantia consiste no conjunto dos meios de agir colocados à disposição do titular de um direito
subjectivo para lhe assegurar a realização do interesse ameaçado ou violado, ou do seu direito.
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Enquanto conjunto de meios de agir a garantia pode configurar-se:
 Como garantia privada (quando o titular do direito subjectivo defende os seus direitos
pelos seus próprios)
 Como garantia publica (quando o titular de um direito subjectivo defende os seus
direitos atraves dos meios do estado. Concretiza-se através de acções judiciais)
A garantia privada é relativamente reduzida, porque há um principio fundamental de direito que
é o principio da proibição da autotutela (artº 1 CPC). A garantia publica tem um alcance mais
extenso.
A garantia publica concretiza-se através de dois tipos de acções presente no artº 4CPC:
 Acções declarativas (o tribunal declara um direito vigente)
 Acções executivas (aquelas em que o autor requer as providencias adequadas para
responder efectivamente ao direito violado).
Dentro das acções declarativas temos:
 Acções de simples apreciação (tem por fim obter a declaração da existência ou
inexistência de um direito ou de um facto)
 Acções de condenação (tem por fim exigir a prestação de uma coisa ou de um facto,
pressupondo ou prevendo a violação de um direito)
 Acçoes constitutivas (tem por fim autorizar uma alteração na ordem jurídica existente)
Em relações aos direitos de credito, em regra o credor pode defender o seu direito atraves de
duas acções declarativas. Por um lado através das simples apreciações, por outro as declarativas
de condenação.(817 CC) Contudo a acção de simples apreciação é quase sempre inútil(artº 662
CPC) porque se o credor pode sempre pedir uma acção de condenação, não irá propor uma
simples apreciação, porque não lhe valerá de muito. Podemos então dizer que os casos em que o
credor poderá ter interesse em propor uma acçao de simples apreciação seriam aqueles em que
o contrato está sujeito a condição, prazo ou termo, ou seja, nos casos em que a obrigação ainda
não fosse exigível. O artº 681 CPC prevê os casos em que a obrigação seja inexigível, em que a
obrigação esteja sujeita a termo ou condição. Este artº diz que o credor pode pedir a condenaçao
do devedor para o caso da obrigação de tornar exigível. Assim nos direitos de credito a acção ao
dispor do credor é em regra a acção de condenação, pois se o credor pode pedir o mais não vai
pedir o menos. Excepcionalmente nas obrigações de prestação de facto jurídico(por exemplo as
obrigações constituídas através de um contrato de promessa) o titular do direito de credito pode
defende-lo através de uma acçao constitutiva, nomeadamente propor uma acção de execução
especifica(artº 830). A acção de execução especifica visa produzir os efeitos da declaração
negocial do promitente faltoso, ou seja, o tribunal se substitui ao promitente faltoso, logo é uma
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acção cosntitutiva porque ela produz uma alteração na ordem jurídica. Assim a acção de
execuçao especifica é uma acção declarativa constitutiva.
O problema do artº 830 pos-se sobretudo em relação às obrigações de prestação de facto
jurídico resultante do mandato sem representação (artº 1180 e 1181). O artº 1181 diz que o
mandatário é obrigado a transmitir ao mandante os direitos adquiridos na execução do mandato.
O que acontece se isto não acontecer?o mandante pode propor uma acção de execução
especifica? O tema é muito controverso. Os autores mais antigos afirmam que o artº 830 é uma
norma exepcional pelo que não pode ser aplicado por analogia. Os autores mais novos acham
que é um afloramento de um principio geral aplicavel a todas as prestações de facto jurídico.
Assim o artº 830 aplica-se directamente às obrigações por contrato de promessa e
indirectamente por analogia a todas as obrigações de prestações de facto jurídico.
Concluindo, em regra o direito de credito está protegido pela acção de condenação.
Excepcionalmente no caso das obrigações de prestação de facto jurídico, o direito de credito está
protegido por uma acção constitutiva de execução especifica (830).
Quando às acções executivas encontram-se no artº 4n2 CPC que define estas como aquelas que
se destinam à realização efectiva de um direito violado. A acção executiva concretiza-se:
 numa execução especifica (destina-se a proporcionar ao credor o beneficio/vantagem
que lhe teria sido proporcionada pela realização voluntaria da prestação)
dentro da execução especifica deve-se distinguir :
o execução especifica directa:o credor alcança o beneficio que lhe traria a
realização voluntaria da prestação através da acção, isto é, o tribunal apreende a
coisa no património do devedor e entrega-a ao credor. A execução especifica é
directa pois agride-se o património do devedor para satisfazer o interesse do
credor
o execução especifica indirecta: o tribunal apreende bens do devedor, vende-os e
com o produto da venda paga a um terceiro para que este realiza a prestação. O
caso paradigmático desta é a execução especifica das prestações de facto fungível
(artº 828).
 numa execução não especifica (destina-se a proporcionar um beneficio/vantagem
equivalente, por exemplo através de uma indemnização). Quanto à execução não
especifica abrange então as obrigações de prestaçao de facto positivo não fungível. Aqui
pretende-se um beneficio equivalente ao que lhe traria o cumprimento, para o credor.
Este beneficio equivalente, é normalmente em dinheiro. Vai-se buscar coisas ao
património do devedor vendem-se e com o produto da venda paga-se. Pelo que a
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execução não especifica tem três fases. Primeiro a apreensão dos bens do devedor,
venda dos bens do devedor para realizar a quantia em dinheiro, pagamento ao credor.
Regime da execução especifica
 execução especifica das obrigações de prestações de coisa determinada aplica-se o artº
827. É um regime simples. O estado apreende a coisa do património do devedor e
entrega ao credor
 execução especifica das obrigações de prestação de facto. Aqui devemos distinguir as de
facto positivo e as de facto negativo. Quanto às de facto positivo devemos fazer outra
divisão:
o obrigações de prestação de facto positivo fungível
a execução especifica é admissível nos termos do artº 828. Nas prestação fungíveis a prestação
pode ser realizada pelo devedor ou por um terceiro.
o obrigações de prestações de facto positivo não fungivel
a execução especifica não é admissível. A razão desta inadmissibilidade é que a prestação não é
fungível e portanto so pode ser realizada pelo devedor pelo que não pode ser forçado pois ao ser
violado está-se a violar o principio “nemo precise ad factum coagi potest”- ninguém pode ser
coagido a realizar aquele facto que não quer realizar.
Quanto às obrigações de prestação de facto negativo aplica-se o artº 829 que consagra o
principio de que se alguém se obrigou a não fazer algo e fizer o credor pode requer a ordem de
demolição. O artº 829 gera muita discussão, porque as obrigações de prestação de facto
negativo mais comuns são as obrigações de não concorrência.
O artº 829 será aplicado so aos casos em que o devedor aplique um facto material ou a todos os
factos em que o devedor pratique facto contrario?
Os autores mais antigos dizem que o artº 829 so se devia aplicar quando o facto fosse material.
Os mais recentes entendem que sim, que este artº constitui um afloramento de um principio
geral pelo que todos os factos praticados em violação de uma obrigação de facto negativo
estavam sujeitos a serem contrariados . o artº 829 deve-se interpretar como um afloramento de
um principio geral aplicável a todos os factos negativos.
Há uma diferença de regime entre a acção especifica directa e a execução especificia indirecta
e a não especifica. Qual a diferença entre estes dois tipos de situações?
Na execução especifica directa apreende-se a coisa que está no património do devedor e
entrega-se ao credor. Na execução especifica indirecta e na execuçao não especifica o agente de
execução quer realizar uma quantia em dinheiro através de 3 momentos:
o apreensão do bem do devedor- penhora fase da apreensao
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o venda do bem fase da venda
o pagamento através do produto da venda do bem. Fase do pagamento
o problema fundamental do regime das acções não especificas e da execução especifica indirecta
é saber quais os bens do devedor que podem ser penhorados para ser vendidos e garantirem o
cumprimento da obrigação. Para resolver este problema foram construídos os conceitos de
garantia geral e de garantias especiais.
A garantia geral das obrigações
Resulta do artº 817 CC. Consiste no poder de executar o património do devedor para conseguir a
realização efectiva do direito de credito. O artº 601 consagra o principio de que pelo
cumprimento das obrigações responde todo o património do devedor. O artº 817 reforma tal
principio de que o património do devedor é a garantia geral das obrigações. O credor por
aplicação do art 817 tem o poder de executar o património do devedor para satisfação do seu
credito. Assim tem o poder de executar os bens penhoráveis existentes no património do
devedor aquando da execução. Quanto ao poder de executar os bens penhoráveis nem todos os
bens são penhoráveis, e assim o CC diz nos quais são os bens penhoráveis e os que não são. (821
e 822). Assim a garantia geral é constituída tão so pelos bens penhoráveis. Quanto à parte de
existirem no património do devedor, sabemos que o património é uma grandeza instável. O
património do devedor relevante é o existente no momento da execução.
O artº 817 fala em património. Há pelo menos três conceitos de património:
1. Patrimonio em sentido global ou complexivo(é o conjunto de todas as relações jurídicas
activas e passivas avaliáveis em dinheiro de que uma pessoa é titular. As relações
jurídicas activas pode denominar-se de direitos e as relações jurídicas passivas pode
denominar-se de obrigações. Por isso o património em sentido global é o conjunto de
direitos e obrigações que uma pessoa é titular)
2. Património em sentido bruto (é o conjunto das relações jurídicas activas avaliáveis em
dinheiro de que uma pessoa é titular. Assim o património em sentido bruto é o conjunto
de direitos avaliáveis em dinheiro)
A diferença entre estes dois conceitos é que no primeiro atende tambem as obrigações e
no segundo diz respeito exclusivamente aos direitos.
3. Património em sentido liquido (é o conjunto das relações activas avaliáveis em dinheiro
de que uma pessoa é titular deduzindo do conjunto das relações jurídicas passivas) assim:
Relações jurídicas activas- relações jurídicas passivas=direitos-obrigaçoes

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Existindo estes três conceitos jurídicos de património surge a duvida de saber qual é o relevante
para efeitos do artº817. É o conceito de património em sentido bruto, pois está em causa quais
os direitos que podem ser usados pelo credor para satisfação do credito.
Há um principio geral em matéria de execução do património do devedor que consta do artº 601.
É o principio da responsabilidade ilimitada do devedor. Este diz que pelo cumprimento da
obrigação responde todos os bens penhoráveis no património do devedor aquando da execução.
Este principio tem excepções/desvios:
 A primeira excepção resulta dos patrimónios autónomos ou separados(artº 601 parte
final). A compreensão rigorosa deste artº exige uma distinção estrita entre o património
de afectação geral e os patrimónios de afectação especial. O património de afectação
geral responde por todas as dividas do devedor. O património de afectação especial
responde por algumas e so por algumas das dividas do devedor. Os patrimónios de
afectação especial podem ser de três tipos:
o Património separado (quando uma pessoa tem dois ou mais patrimónios, ou seja,
o seu património de afectação geral responde por todas as suas dividas e o seu
património de afectação especial responde por algumas dividas, por exemplo o
caso da herança aceite-artº 2068, que é um património separado e que so
responde por algumas dividas (despesas do funeral, dividas do falecido, etc. outro
exemplo é o EIRL em que há um património geral e o património do
estabelecimento comercial.)
o Património colectivos (quando temos duas pessoas com um so património. O
património em causa pertence em bloco a duas ou mais pessoas. O caso mais
paradigmático é o da comunhão conjugal)
o Património autónomos ( há um património que não tem nenhum titular. O caso
paradigmático é o da herança jacente, que ainda não foi aceite por ninguém, logo
é um património sem titular.
Em regra cada pessoa tem um e so um património. Estes três casos constituem excepções a esta
regra. O artº 601 aplica-se aos patrimónios separados e aos colectivos
 A segunda exepçao resulta de um acordo entre o credor e o devedor (602).Este artº diz
que por acordo entre o credor e o devedor pode limitar-se a responsabilidade do devedor
a alguns dos seus bens. O texto do artº 602 dá uma impressão de que o credor e o
devedor so podem limitar a responsabilidade do devedor pela positiva, isto é, designando
alguns bens do devedor que respondem pelo cumprimento. Esta impressão é incorrecta
pois tambem podem limitar pela negativa no sentido de designar bens do devedor que
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não respondem pelo cumprimento da obrigação. Este artº não fixa nenhum limite à
liberdade das partes, em todo o caso deve entender-se que a liberdade tem limites assim
como por exemplo o credor e o devedor não podem excluir totalmente a
responsabilidade patrimonial do devedor como não podem limitar excessivamente, ou
em termos tais que os bens que respondem pelo cumprimento sejam manifestamente
insuficientes para garantir o cumprimento.
 A terceira excepção resulta de um negocio jurídico unilateral de terceiro, prevista no 603.
Este artº dirige-se aos casos em de liberalidades aos bens deixados ou doados que podem
ser isentos de responsabilidade por dividas anteriores.
Meios de conservação da garantia patrimonial
O grande problema da garantia geral das obrigaçoes é o problema da conservação da garantia
patrimonial. O património do devedor é a garantia geral das obrigações. So que seria muito débil
se o devedor pudesse diminuir ou fazer desaparecer o seu património. Neste sentido o CC
consagra um conjunto de meios de conservação da garantia patrimonial que são
fundamentalmente 4:
1. Providencia cautelar especificada- arresto
Está previsto no artº 619 e ssg e nos art406 e ssg CPC. O arresto concretiza-se na apreensão
judicial de bens do devedor com fundamento no justo receio de que o devedor os aliene ou
oculte. O credor tem um receio justificado de que o devedor diminua a sua garantia patrimonial
e por isso pede ao tribunal que apreenda os bens preventivamente.
2. Acçao de declaração de nulidade
O artº 605 atribui ao credor a faculdade de invocar a nulidade dos negócios celebrados ou
concluídos pelo devedor. O artº 286 diz que a nulidade pode ser arguida por qualquer
interessado e a todo o tempo. Ora o artº 605 constitui uma concretização do artº286 no sentido
de que diz que os credores podem ser interessados na declaração de nulidade
3. Acção ou impugnação pauliana
Consiste numa forma de o credor reagir contra acções do devedor. O devedor pode decidir
vender por valor insuficiente ou doar, estando em causa um acto que faz diminuir o seu activo. A
acção pauliana permite reagir contra as acções do devedor. Os requisitos da acção pauliana
resulta do artº 610 (requisitos gerais) e do 612(requisitos especiais). Se estiver em causa a
impugnação pauliana de actos gratuitos aplica-se o artº 610, pois exige-se a ma fe para actos
onerosos. Se for actos onerosos usa-se o 610 e o 612 suplementa. A impuganaçao pauliana
funciona quando os bens já não estão no património do devedor. O artº 615 fala da impugnação
pauliana de actos nulos, porque a prova de nulidade pode ser difícil e desde que estejam
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preenchidos os pressupostos da impugnação pauliana o credor não precisa de prova de nulidade.
Assim o credor pode ter uma vantagem em propor uma acção pauliana e não uma acção de
declaração de nulidade.
4. Acção sub-rogaçao
Permite ao credor reagir contra omissões do devedor. O devedor não fez alguma coisa e por isso
fez diminuir o seu activo ou aumentar o seu passivo. O credor pode sub-rogar/substituir o
devedor no exercício de direitos contra terceiros. Por exemplo, se um devedor não invoca a
prescrição de uma divida e tem vários credores.a prescrição deve ser invocada em favor de quem
a aproveita. O credor pode fazer-se substituir-se ao devedor, se ele nada fizer, invocando a
prescrição contra terceiro.
Os quatro meios de garantia de conservaçao patrimonial dão alguma consistência jurídica e
pratica ao património do devedor como garantia geral das obrigaçoes. Contudo esta consistência
jurídica e pratica do património do devedor/a garantia geral das obrigaçoes pode ser insuficiente
ou inadequada. Nestes casos, o credor, devedor e terceiros concordam em constituir garantias
especiais das obrigações que se destinam a reforçar a garantia geral das obrigações.
A garantia especial das obrigações
Dividem-se em:
 Pessoais (o credor adquire o direito de executar o património de um terceiro, ou seja, há
outra pessoa que para alem do devedor respondem com os seus patrimónios pelo
cumprimento da obrigação. O caso paradigmático é da fiança (627))
 Reais( o credor adquire o direito de se fazer pagar com preferência sobre os demais
credores , enquanto credores comuns ou quirografários, pelo valor ou pelos rendimentos
de certos bens do devedor ou de terceiro. Entre os casos em que o credor adquire o
direito de se fazer pagar pelo rendimento temos a consignação de rendimentos. E entre
os casos em que o credor pode fazer-se pagar por determinados bens temos: penhor,
hipoteca, privilégios creditórios, direito de retenção.)as garantias reais podem ser:
o Legais decorrem directamente da lei: hipoteca legal(704 e ssg), privilégios
creditórios(735 e ssg), direito de retenção(754 e ssg)
o Convencionais/voluntarias, resultam de um negocio juridico: hipoteca voluntaria,
penhora
Esta ideia de garantias especiais convocou a ideia de credores comuns que nos remete para o
concurso de credores. Quando um devedor tem so um credor e dinheiro para pagar a divida
não se põe problemas. Questão diferente é os casos em que o devedor tem vários credores e
não tenho dinheiro suficiente. Aqui surge o principio geral da igualdade dos credores (604).
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Este artº pronuncia-se sobre o concurso de credores. Assim, quando o devedor tem vários
credores e saldo insuficiente como se resolve? Por exemplo o património do devedor é de
100. O credor 1 tem um credito de 100, o credor 2 de 400 e o credor 3 de 500. O devedor
tem um património de 100 e deve 1000. Como se resolve o problema da insuficiência do
património do devedor para satisfação dos direitos dos credores? Aqui surge duas soluções:
 Principio da igualdade dos credores
Consiste em distribuir o património proporcionalmente pelos vários credores (604)
 Principio da preferência da penhora
Consiste em dar tudo ao credor que em primeiro lugar penhorar os bens do devedor.(822)
O legislador procurou uma solução de compromisso entre os dois princípios, distinguindo os
casos em que há uma execução singular e os casos em que há uma execução universal
(insolvência) fazendo o seguinte:
 No processo de execução comum, ou seja quando está em causa uma acção singular,
CPC, prevalece o principio da preferência da penhora. O credor que em primeiro
consegue registar a penhora dos bens é pago em detrimento dos restantes
 No processo de insolvência, ou seja numa execução universal (código de insolvência e
da recuperação de empresas) prevalece o principio da igualdade dos credores. Os
credores têm o direito de serem pagos proporcionalmente.
Garantias Privadas

Nas garantias privadas o titular de um direito subjectivo defende-o pelos seus próprios
direitos. A garantia privada é relativamente rara porque há um princípio fundamental do direito
que é o princípio da proibição da autotutela (artigo 1º do Código de Processo Civil). A garantia
privada tem um alcance reduzido, ao contrario da garantia pública.

Então, há três elementos necessários para termos um meio de coerção privada:

1. Deve existir uma ameaça para incutir medo ao devedor.


2. O cumprimento deve ser ainda possível.
3. O credor tem de poder usar este meio de pressão sem intervenção do juiz.

A coerção privada pode ser defensiva ou ofensiva. Na coerção defensiva a pessoa vai
reagir ao cumprimento não fazendo nada (excepção do não cumprimento), enquanto que na
ofensiva o credor actua activamente, fazendo pressão sobre o devedor para efectuar o
cumprimento e eventualmente pode efectuar a sanção. Falamos aqui das cláusulas penais –
estabelece-se uma pena para o não cumprimento dos contratos (artigos 807º e seguintes).

Um outro meio de coerção privada é a resolução do contrato (artigo 801º/2). Se uma das
partes não cumpre a outra parte pode fazer cessar o contrato como se ele não existisse, com
eficácia retroactiva, exigindo todas as prestações de volta. A resolução de contrato é um meio de

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coerção privada indirecta, ao contrário das cláusulas penais, que é um meio de coerção privada
directa.

Sançao pecuniária compulsória(829 e ssg):


O CC consagra o instituto da sanção pecuniária compulsória, porque é fixada sob uma quantia
em dinheiro e destina-se a forçar o devedor ao cumprimento. Essa sanção pecuniária
compulsória está subordinada ao preenchimento de requisitos:
 So pode ser decretada a requerimento do credor
 So pode ser decretada se a relação obrigacional tiver por objecto uma prestação de facto
não fungível positivo ou negativo
 Não pode ser decretada quando estejam em causa particulares capacidades artisiticas ou
cientificas do devedor
 Não consta da lei, so pode ser decretada enquanto o seu cumprimento ainda seja possivel
Preenchidos estes requisitos o credor pode pedir ao tribunal a condenação do devedor ao
cumprimento e ao pagamento de uma quantia pecuniária por cada dia de atraso no
cumprimento ou por cada infracção conforme o caso mais conveniente às circunstancias do
caso(829-A nº1). O nº 3 do 829 consagra a regra de que o produto da sanção pecuniária
compulsória se destina em partes iguais ao credor e ao estado.
Pode ser requerida quer antes da acção declarativa de condenação (nas providencias cautelares)
quer depois da acção declarativa de condenação (acção executiva).

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