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Direito das Obrigações

Casos Práticos (1.º Semestre)

A é credor de B pela quantia de 800 euros correspondentes ao preço de umas


mercadorias que este lhe comprou. A propôs contra B uma ação declarativa de
condenação para pagamento da referida quantia. Considere as seguintes hipóteses:

a) B, ignorando que a dívida em causa se encontrava prescrita, pagou a A a


referida quantia. Mais tarde, tendo tomado conhecimento da prescrição, B
pretende reaver de A aquilo que lhe pagou, alegando que só o fez por se
encontrar em erro.
b) B defendeu-se invocando a prescrição da referida dívida, pelo que a ação foi
julgada improcedente. Mais tarde, num rebate de consciência, B decide pagar
a A a quantia de 800 euros. Sabendo que B deve 5000 euros a C e que o
património de B não é suficiente para satisfazer o crédito de C, diga que
direitos assistem a este último.

Resolução

Está em causa a distinção entre obrigações civis e obrigações naturais.

A noção de obrigação (civil) está prevista no art. 397.º do Código Civil (C.Civ.).

Nos termos do art. 402.º do C.Civ., obrigação natural é aquela que se “funda
num mero dever de ordem moral ou social, cujo cumprimento não é
judicialmente exigível mas corresponde a um dever der justiça”.

A diferença entre obrigações civis e obrigações naturais reside na garantia: o


credor de uma obrigação civil dispõe de uma garantia mais forte, concretizada na
ação declarativa de condenação e na ação executiva. O credor de uma obrigação
natural goza de uma garantia mais fraca. Nos termos do art. 403.º não pode ser
repetido o que for prestado espontaneamente em cumprimento de obrigação
natural exceto se o devedor não tiver capacidade para efetuar a prestação.

As obrigações naturais podem ser típicas ou atípicas. A dívida prescrita é um


exemplo de uma obrigação natural típica. Nos termos do art. 303.º, a prescrição
necessita, para ser eficaz, de ser invocada judicial ou extrajudicialmente, por
aquele a quem aproveita, pelo seu representante ou tratando-se de incapaz pelo
Ministério Público.

O credor de uma dívida prescrita (neste caso A) pode por isso propor uma ação
de cumprimento. Se o devedor invocar a prescrição, a ação será julgada
improcedente: a obrigação civil converte-se em obrigação natural. Se o devedor
não invocar a prescrição, a ação será julgada procedente e o devedor condenado
a adotar a conduta exigida: a obrigação civil continua a ser civil.

Nos termos do art. 304.º, n.º 2, não pode ser repetida a prestação realizada
espontaneamente em cumprimento de uma obrigação prescrita, ainda quando for
feita com ignorância da prescrição.

Nos termos do art. 403.º os requisitos do ato de cumprimento de obrigações


naturais são a capacidade do devedor e a espontaneidade.

Capacidade do devedor - a capacidade do devedor é a capacidade de exercício de


direitos.

Espontaneidade – exige-se que a prestação seja realizada espontaneamente, o


erro sobre a coercibilidade jurídica do cumprimento é irrelevante (o dolo já será
relevante).

b) B, ao pagar os 800 € a A está a cumprir uma obrigação natural.


Nos termos do art. 304.º, n.º 2 não pode ser repetida a prestação realizada
espontaneamente em cumprimento de uma obrigação prescrita ainda quando
for feita com ignorância da prescrição.
O ato de cumprimento de obrigações naturais é um ato jurídico quase-
negocial enquanto que o ato de cumprimento de uma obrigação civil é um
ato jurídico real, salvo quando o cumprimento constitua um ato de
disposição (quando atue diretamente sobre a existência ou conteúdo de um
direito), caso em que será um ato jurídico quase-negocial.

II

A tem para com B uma dívida de jogo no valor de 2000 euros.

a) Poderá B exigir judicialmente o pagamento da referida quantia?


b) Se A pagar a B a referida quantia poderá mais tarde exigir deste a restituição
daquilo que lhe pagou alegando que só o fez “por julgar erroneamente estar
obrigado a cumprir”?

Resolução

a) Obrigação natural típica: dívida de jogo e aposta (art. 1245.º). Não pode exigir
judicialmente o pagamento porque a garantia é mais fraca.
b) Cinge-se ao art. 403.º - não pode ser repetido o que for prestado
espontaneamente em cumprimento de uma obrigação natural exceto se o
devedor não tiver capacidade para efetuar a prestação. O erro sobre a
coercibilidade jurídica do cumprimento é irrelevante.

III

A, empresa fabricante de uma bebida para desportistas cuja composição obedece


a uma fórmula secreta de criação sua, constatou a presença no mercado de um
produto com iguais características, comercializado sob outra marca, por B, empresa
do mesmo ramo. Feitas as necessárias averiguações, veio A a apurar que B tinha
insistentemente assediado um dos seus técnicos mais qualificados (C) para lhe
revelar a composição e os processos de fabrico do produto em causa, ao que ele
finalmente acedeu, mediante o pagamento de avultada importância. Quem responde,
e em que termos, pela indemnização dos prejuízos sofridos por A?

IV

A, proprietário de um apartamento sito em Braga, celebrou com B, em Janeiro


de 2010, um contrato de arrendamento do referido imóvel mediante o pagamento de
uma renda mensal no valor de 500 euros. Em Fevereiro de 2010, A arrendou o
mesmo imóvel a C e entregou as chaves do apartamento a este último, em Março de
2010. C passou de imediato a habitar o imóvel. Poderá B reagir opondo a C a
prioridade temporal do seu direito?

Resolução

No contrato de locação (aluguer ou arrendamento) o locatário tem um direito pessoal de


gozo sobre a coisa locada (arts. 1022.º e ss).

Nos termos do art. 407.º do C.Civ. “quando, por contratos sucessivos, se constituírem a
favor de pessoas diferentes mas sobre a mesma coisa, direitos pessoais de gozo
incompatíveis entre si, prevalece o direito mais antigo em data, sem prejuízo das regras
próprias do registo”.

Importa pois saber qual é o “direito mais antigo em data”. A questão é controversa.

Para uma primeira tese, o direito pessoal de gozo mais antigo em data é o direito
decorrente do contrato celebrado ou concluído em primeiro lugar. Assim, existindo dois
contratos de arrendamento conflituantes por incidirem sobre a mesma coisa e por terem
prazos total ou parcialmente sobrepostos, concluídos em datas diferentes, o direito
decorrente do contrato primeiramente concluído prevaleceria sobre o direito decorrente
do contrato concluído em segundo lugar.

No caso, o direito decorrente do contrato concluído em Janeiro prevaleceria sobre o


direito decorrente do contrato concluído em Fevereiro.

De acordo com uma segunda tese, o direito pessoal de gozo mais antigo em data é o
direito decorrente do contrato cumprido em primeiro lugar. Assim, existindo dois
contratos de arrendamento conflituantes, concluídos em datas diferentes, prevaleceria o
direito do arrendatário que primeiro conseguisse a entrega da coisa.

A primeira tese, embora maioritária, conduz a resultados dificilmente sustentáveis.


Consideramos pois preferível a segunda tese.

ANDRADE MESQUITA considera que nos direitos pessoais de gozo existe um núcleo
central e uma zona periférica. O núcleo central seria constituído pelo “direito de retirar
certas utilidades da coisa”; a zona periférica pelas obrigações, positivas ou negativas,
indispensáveis à constituição e ao exercício desse “direito de retirar certas utilidades da
coisa”. Assim, por exemplo, no que respeita ao direito do arrendatário, o núcleo central
englobaria os poderes de uso e fruição da coisa arrendada, a zona periférica englobaria o
poder do arrendatário de exigir do locador determinados comportamentos positivos (v.g.
a entrega da coisa – art. 1031.º al. a)) e determinados comportamentos negativos (a
omissão de “atos que impeçam ou prejudiquem o gozo da coisa pelo locatário, com
exceção do que a lei ou os usos facultem ou o próprio locatário consinta em cada caso”.
O direito pessoal de gozo em sentido amplo abrange quer o núcleo central quer a zona
periférica. O direito pessoal de gozo em sentido estrito abrange só o núcleo central.

ANDRADE MESQUITA, defensor desta segunda tese, entende que a expressão “direitos
pessoais de gozo” utilizada pelo art. 407.º se refere aos “direitos pessoais de gozo em
sentido estrito ou próprio”. Ora, o direito pessoal de gozo em sentido estrito ou próprio,
sendo o direito de retirar certas utilidades da coisa, só se constitui com o cumprimento
da obrigação de entrega da coisa. Assim, o titular do direito mais antigo em data é
aquele que primeiro consegue o cumprimento pois só a partir do cumprimento é que é
possível dizer que ele é titular de um direito pessoal de gozo enquanto categoria jurídica
autónoma.

Assim, existindo dois contratos de arrendamento conflituantes, o direito pessoal de gozo


do arrendatário que primeiro conseguiu a entrega da coisa prevaleceria sobre o direito
(obrigacional) de outrem.

Neste caso, o direito pessoal de gozo em sentido estrito ou próprio de C constituiu-se


em Março e só em Março (com a entrega das chaves). O direito pessoal de gozo em
sentido estrito ou próprio de B não chegará a constituir-se. O direito de C prevalecerá,
por isso, sobre o direito de B: a data a que deve atender-se para aplicação do art. 407.º é
aquela em que nasce o direito pessoal de gozo em sentido estrito e não a data em que o
concedente se tenha obrigado a fazê-lo nascer.

A é credor de B, C e D por uma dívida comercial de 15.000 euros. Tendo sido


condenado judicialmente ao pagamento integral daquele débito, B encontra-se
insolvente. Indique as consequências desse estado no plano das relações externas e das
relações internas.

Resolução

A obrigação de B, C e D é uma obrigação plural por existir mais do que um devedor


(pluralidade passiva). As obrigações plurais podem ser conjuntas ou disjuntas consoante
a pluralidade de sujeitos seja cumulativa ou alternativa. As obrigações conjuntas, por
sua vez, podem ser parciárias ou solidárias.
O art. 513.º consagra como regra o regime da parciaridade ao dispor que “[a]
solidariedade de devedores ou credores só existe quando resulte da lei ou da vontade das
partes”.
No entanto, neste caso, estamos perante uma dívida comercial e, nos termos do art.
100.º do Código Comercial, “[n]as obrigações comerciais, os co-obrigados são
solidários, salvo convenção em contrário”.
Assim, porque a dívida em causa é comercial, a obrigação será solidária o que significa
cada um dos devedores responde pela prestação integral e esta a todos libera (art. 512.º,
n.º 1, 1.ª parte).
A solidariedade passiva tem duas características essenciais:
- O credor tem direito de exigir a prestação integral de qualquer dos devedores (art.
519.º, n.º 1, 1.ª parte).
- A prestação efetuada por qualquer dos devedores solidários libera todos os outros
perante o credor comum (art. 523.º).

Neste caso, o devedor B está insolvente. Temos de analisar os efeitos da insolvência no


plano das relações externas (entre o credor comum (A) e os devedores solidários (B,C e
D) e no plano das relações internas (entre os devedores solidários – B, C e D).
Relativamente ao plano das relações externas, o art. 519.º, n.º 1, parte final determina
que “se (o credor) exigir judicialmente a um deles (a um dos devedores solidários) a
totalidade ou parte da prestação fica inibido de proceder judicialmente contra os outros
pelo que ao primeiro tenha exigido, salvo se houver razão atendível como a insolvência
ou o risco de insolvência do demandado, ou a dificuldade, por outra causa, em obter
dele a prestação”.
Neste caso, embora o credor (A) tenha exigido judicialmente o cumprimento a um dos
devedores (B), não está inibido de proceder judicialmente contra C e contra D por haver
“razão atendível”, que é a insolvência do demandado (B).

No plano das relações internas, o devedor solidário que houver satisfeito o direito do
credor além da parte que lhe cabia no débito comum tem direito de regresso contra cada
um dos condevedores pela parte respetiva.
O art. 516.º estabelece a presunção de que os devedores solidários participam em partes
iguais na dívida ou no crédito sempre que da relação jurídica entre eles existente não
resulte que são diferentes as suas partes, ou que só um deles deve suportar o encargo da
dívida. A dívida comercial de B, C e D tem o montante global de 15.000 €. Assim, a
quota de cada um dos devedores é de 5000 €.
Estando B insolvente, a sua quota-parte de 5000 € há-de ser repartida
proporcionalmente entre todos os demais devedores “incluindo o credor de regresso”
(art. 526.º, n.º 1). Assim, a quota de C e de D passam a ser de 7500 € cada uma. Aquele
que satisfizer o direito do credor poderá exigir do outro, em via de regresso, a quantia de
7500 €.

VI

A é credor de B, C, D e E por uma dívida de 60.000 euros, tendo as partes


convencionado a solidariedade.
Sendo amigo de B há muitos e longos anos, A decide perdoar-lhe a dívida
afirmando contudo que isso não prejudica a sua faculdade de exigir a totalidade dessa
quantia aos restantes devedores. Entretanto, A morre e C sucede-lhe como único
herdeiro. Diga que direitos assistem a C no plano das relações externas e no plano das
relações internas.

Resolução
A obrigação de B, C, D e E é uma obrigação plural por existir mais do que um
devedor (pluralidade passiva). As obrigações plurais podem ser conjuntas (se a
pluralidade de sujeitos é cumulativa) ou disjuntas (se a pluralidade de sujeitos é
alternativa); as obrigações conjuntas dividem-se em parciárias e em solidárias.
O art. 513.º consagra o regime-regra da parciaridade ao estabelecer que “[a]
solidariedade de devedores ou credores só existe quando resulte da lei ou da vontade das
partes”.
Neste caso, a obrigação é solidária uma vez que as partes convencionaram a
solidariedade.
Existindo solidariedade “cada um dos devedores responde pela prestação
integral e esta a todos libera” (art. 512.º, n.º 1, 1.ª parte). A solidariedade passiva tem
assim duas características essenciais: em primeiro lugar, o credor tem direito de exigir a
prestação integral de qualquer um dos devedores (art. 519.º, n.º 1, 1.ª parte); e, em
segundo lugar, a prestação efetuada por qualquer dos devedores solidários libera a
todos.
O “perdão” da dívida de A a B configura-se como uma remissão. O enunciado
diz-nos que A declarou que o “perdão” não prejudicava a sua faculdade de exigir a
totalidade dessa quantia aos restantes devedores, devendo concluir-se que “o credor […]
reserv[ou] o seu direito, por inteiro, contra os outros devedores” (art. 864.º, n.º 2). Em
tais casos, o credor conclui com o devedor solidário cuja dívida é remitida “uma espécie
de pactum non petendo”, conservando os demais devedores solidários o seu direito de
regresso
Em consequência da sucessão nos direitos de A, C é simultaneamente credor e
(con)devedor da obrigação solidária (art. 868.º do C.Civ.).
Nos termos do art. n.º 1 do art. 869.º, “a reunião na mesma pessoa das
qualidades de devedor solidário e de credor exonera os demais obrigados, mas só na
parte da dívida relativa a esse devedor”. O art. 516.º do C.Civ. estabelece a presunção
de que os devedores solidários comparticipam em partes iguais na dívida ou no crédito,
“sempre que da relação jurídica entre eles existente não resulte que são diferentes as
suas partes, ou que só um deles deve suportar o encargo da dívida”. A dívida de B, C, D
e E tem o montante global de 60 000 euros; a quota de cada um dos devedores
solidários é assim de 15 000 euros. B, D e E continuam devedores solidários face a C ,
deduzindo-se à prestação integral a quota correspondente ao antigo devedor: ou seja,
deduzindo-se aos 60.000 euros os 15.000 euros correspondentes à quota de C e ficando-
se com 45.000 euros.
A confusão e a remissão têm as seguintes consequências:
a) No plano das relações externas (das relações entre credor e devedores
solidários):
- C não pode exigir a prestação integral a B por A ter concluído com ele o
contrato de remissão (art. 864.º, n.º 1).
- C pode exigir a prestação integral (de 45.000 euros) a D ou a E, por ter
reservado o seu direito, por inteiro, contra os outros devedores (art. 512.º e
524.º, em ligação com o n.º 2 do art. 864.º do Código Civil).
b) No plano das relações internas (das relações dos devedores solidários entre
si): o devedor que houver satisfeito o direito do credor além da parte que lhe
cabia no débito comum tem direito de regresso contra cada um dos
condevedores pela quota respectiva. Os condevedores conservam o direito de
regresso contra o devedor solidário exonerado (art. 864.º, n.º 2):
- caso C decida exigir os 45000 euros a D, este poderá exigir 15000 euros a
B e 15000 euros a E;
- caso C decida exigir os 45000 a E, este poderá exigir 15000 euros a B e
15000 a D.

VII

A, credor de B, C, D e E por uma dívida comercial de 200.000 euros, exigiu


judicialmente o seu pagamento a B. Este foi condenado mas o credor não viu
judicialmente satisfeito o seu crédito, por B ter entretanto, alienado todo o seu
património, pelo que pretende obter o pagamento de C. Poderá fazê-lo? E se C vier a
pagar aquela quantia que direitos terá em relação aos outros devedores sabendo que D
era menor à data da celebração do contrato de que resultou a dívida?

VIII

D, E e F comproprietários de um automóvel da marca X venderam-no a G pelo


preço de 30.000 euros. Em face do atraso na entrega desse automóvel, G dirigiu-se a D,
exigindo-lhe que cumprisse imediatamente a sua obrigação, mas D recusou-se a fazê-lo.
Quid iuris?

IX
A, caçador amador e proprietário de um terreno pequeno, combina com o seu
vizinho B, que possui um terreno muito maior, a possibilidade de, na época de caça,
entrar na propriedade deste último para caçar. Em troca, A compromete-se a dar a B
metade da caça que conseguir.
Classifique as prestações em causa.

1. Estão aqui em causa duas prestações: 1.ª) B obriga-se a permitir que, durante a
época de caça, A entre na sua propriedade para caçar; 2.ª) A obriga-se a dar a B
metade da caça que conseguir.
2. Relativamente à 1.ª prestação, o credor é A e o devedor é B.
Quanto ao objecto podemos classificar esta prestação como uma obrigação de
prestação de facto negativo: o devedor compromete-se a um não fazer ou
suportar “pati”. O devedor fica obrigado a consentir, a tolerar.
3. O objecto directo ou imediato das relações jurídicas obrigacionais é um
comportamento ou conduta do devedor – uma prestação -: nas obrigações de
prestação de facto (positivo ou negativo), o direito de crédito só tem um objecto
imediato – a conduta (acção ou omissão) do devedor -; nas obrigações de
prestação de coisa, o direito de crédito tem simultaneamente um objecto
imediato ou directo – a conduta do devedor – e um objecto mediato ou indirecto
– a própria coisa.
4. Relativamente à 2.ª prestação, o credor é B e o devedor é A.
Quanto ao objecto podemos classificar esta prestação como uma obrigação de
prestação de coisa. Nestas, como já vimos, o direito de crédito tem
simultaneamente um objecto imediato ou directo – a conduta do devedor – e um
objecto mediato ou indirecto – a própria coisa.
O género”obrigação de prestação de coisa” abrange três espécies: a obrigação de
dar, a obrigação de prestar e a obrigação de restituir. Nas obrigações de dar, “a
prestação visa constituir ou transmitir um direito real sobre a coisa” (cf. Arts.
1144.º ou 1181.º, n.º 1); nas obrigações de entregar, a prestação visa transferir a
posse ou detenção da coisa; nas obrigações de restituir, o credor recupera a posse
ou detenção da coisa ou o domínio sobre coisa equivalente, do mesmo género ou
quantidade.
O art. 399.º do C.Civ. admite a promessa de prestação de coisa futura, “sempre
que a lei não a proíba”. O art. 211.º define as coisas futuras como “as que não
estão em poder do disponente, ou a que este não tem direito, ao tempo da
declaração negocial”.
O intuito da norma é sujeitar ao regime dos negócios sobre bens futuros, e não
às regras sobre a venda de coisa alheia, os actos de disposição relativos a coisas
não pertencentes ao disponente, mas que este conta vir a adquirir em momento
posterior (arts. 88.º, 892.º e 893.º do C.Civ).

Regime da prestação de coisa futura: interessa conhecer a vontade das partes


(art. 880.º do C.Civ.)

Emptio rei speratae – as partes negoceiam na perspectiva (suposição) de que a


coisa vai entrar no património do alienante.
Emptio spei – as partes atribuem carácter aleatório ao negócio admitindo o risco
da não existência definitiva da coisa (o art. 880.º, n.º 2 determina que “se as
partes atribuírem ao contrato carácter aleatório, é devido o preço, ainda que a
transmissão dos bens não chegue a verificar-se”).

F, dono de um posto de gasolina, acorda com a petrolífera fornecedora a


manutenção da exclusividade do fornecimento e, ainda, promete que os futuros
adquirentes do posto manterão o mesmo direito de exclusivo. Classifique as prestações
em causa.

1. Está em causa uma prestação da qual é credor a petrolífera e devedor F.


2. Quanto ao objecto podemos classificar a prestação em causa como uma promessa de
prestação de facto próprio (promete manter a exclusividade) e de terceiro (promete
que os futuros adquirente do posto manterão o mesmo direito de exclusivo).
3. Nas promessas de prestação de facto próprio o devedor obriga-se a realizar por si
próprio a prestação; nas promessas de prestação de facto de terceiro, o devedor
obriga-se a conseguir que um terceiro a realize.
4. O nosso C.Civ, admite apenas implicitamente a promessa de prestação de facto de
terceiro através do princípio da liberdade contratual (art. 405.º).
5. O dever de conseguir a prestação do facto de terceiro poderá configurar-se como
uma obrigação de meios ou como uma obrigação de resultado: no primeiro caso, o
promitente obriga-se apenas e só a realizar os esforços razoavelmente exigíveis para
que o terceiro pratique o facto; no segundo caso, o promitente obriga-se a alcançar
esse resultado, responsabilizando-se pelos danos ou prejuízos provocados pelo não
cumprimento sempre que o terceiro não possa ou não queira praticar o facto
previsto.
6. No nosso caso a prestação de facto do terceiro configura-se como uma obrigação de
resultado.

XI

A, famoso médico de cirurgia plástica, compromete-se a operar B ao nariz em


certo dia. Antes da data aprazada, A adoece gravemente ficando incapacitado de realizar
a operação. A pede a um cirurgião da sua confiança para operar B, já que o considera
igualmente competente para realizar a cirurgia. A paciente, no entanto, não se mostra
satisfeita com a solução apresentada. Poderá recusar-se a fazer a operação? Responda
tendo em conta a classificação das prestações.

1. Quanto ao objecto estamos perante uma prestação de facto positivo; material


próprio. A é o devedor e o paciente é o credor.
2. A prestação diz-se fungível se pode ser realizada por pessoas diferentes do
devedor, sem prejuízo do interesse do credor; diz-se não fungível se só pode ser
realizada pelo devedor.
3. O art. 767.º, n.º 1 consagra a regra da fungibilidade do objecto da relação
obrigacional: a prestação pode ser feita tanto pelo devedor como por terceiro,
interessado ou não no cumprimento da obrigação.
4. O n.º 2 introduz-lhe dois desvios: o primeiro dá-se “quando se tenha acordado
expressamente em que esta (a prestação) deve ser feita pelo devedor”
(infungibilidade convencional); o segundo dá-se “quando a substituição
prejudique o credor” (infungibilidade natural).
5. A fungibilidade pode ser: absoluta (não há limite – o devedor pode ser
substituído por qualquer terceiro); relativa (há um círculo restrito de pessoas que
podem realizar a prestação – admite-se uma substituição limitada).
6. Interesse prático da distinção:
- Acção executiva: nas prestações infungíveis se o devedor não cumpre o credor
apenas pode exigir uma indemnização por equivalente (art. 817.º); nas
prestações fungíveis o credor pode exigir o cumprimento por terceiro à custa do
devedor (art. 828.º).
- Impossibilidade de cumprimento: nas prestações infungíveis a impossibilidade
relativa à pessoa do devedor é equiparada à impossibilidade objectiva (art. 791.º)
com as respectivas consequências.
- Sanção pecuniária compulsória: só se aplica às prestações de facto infungíveis
(art. 829.º- A)
No nosso caso está em causa uma prestação relativamente fungível: há um
círculo restrito de pessoas que podem realizar a prestação.

XII

A vendeu a B uma máquina agrícola de elevado valor, tendo-se convencionado


que a propriedade só se transferiria após o pagamento integral do preço, a efetuar em 12
frações, escalonadas por um período de dois anos. B pagou pontualmente as seis
primeiras, mas não as duas seguintes. A pretende resolver o contrato e reter as
prestações recebidas.

Quid juris?

1. Em primeiro lugar, A pretende resolver o contrato. O direito por si invocado –


direito potestativo de resolução – baseia-se no regime do não cumprimento das
obrigações (art. 801.º, em ligação com os arts. 886.º e 934.º).
2. Face ao art. 934.º do CCiv. “[v]endida a coisa a prestações, com reserva de
propriedade, e feita a sua entrega ao comprador, a falta de pagamento de uma só
prestação que não exceda a oitava parte do preço não dá lugar à resolução do
contrato, nem sequer, haja ou não reserva de propriedade, importa a perda do
benefício do prazo relativamente às prestações seguintes, sem embargo de
convenção em contrário”.
3. Por interpretação a contrario, havendo falta de pagamento de mais do que uma
prestação ou no caso de a prestação em dívida exceder a oitava parte do preço,
são de aplicar as regras sobre a resolução contidas no n.º 2 do art. 801.º e no art.
808.º”. No primeiro caso (falta de pagamento de mais do que uma prestação) a
solução da lei justifica-se “por se considerar que a falta reiterada do comprador
(faltoso reincidente qualificado) já não justifica o tratamento especial do art.
934.º”; no segundo caso (a prestação em dívida exceder a oitava parte do preço)
– porque a importância objectiva da prestação já torna também justificável a
aplicação do regime geral”.
4. Neste caso, uma vez que B faltou ao pagamento de duas prestações, o credor (A)
tem o direito potestativo de resolução do contrato (art. 801.º, n.º 2). E terá A o
direito de reter as prestações já recebidas? Este direito funda-se seguramente no
regime geral da resolução do contrato (arts. 432.ºss.) e, em particular, na regra
contida no n.º 2 do art. 434.º.
5. As prestações duradouras contrapõem-se às prestações instantâneas: nestas, a
conduta exigível do devedor esgota-se num único acto ou num único momento;
nas prestações duradoras a conduta exigível do devedor prolonga-se no tempo.
As prestações duradouras podem ser:
a) Prestações duradouras propriamente ditas - a duração temporal da
relação creditória tem influência decisiva na conformação global da
prestação (obrigação do locatário de pagar o aluguer ou a renda (arts. 1022.º
e 1038.º, al.a)) – o montante global dos alugueres ou das rendas depende
obviamente, do tempo por que durar o contrato de aluguer ou arrendamento).
As prestações duradouras propriamente ditas podem ser de dois tipos:
prestações de execução continuada: se o cumprimento é ininterrupto
(como ocorre na obrigação do locador de assegurar ao locatário o gozo da
coisa locada para os fins a que se destina: art. 1031.º al. a); prestações
reiteradas ou com trato sucessivo: são aquelas que se renovam com
intervalos regulares e por isso dizem-se periódicas (art. 434.º, n.º 2).
b) Prestações fraccionadas ou repartidas – a duração contende apenas com o
modo de execução da prestação (obrigação do comprador de pagar o preço
na venda a prestações (arts. 934.º ss.) – o montante do preço encontra-se de
antemão fixado, independentemente do tempo por que se prolongue o
pagamento das mesmas prestações”.
6. No nosso caso, a obrigação de pagamento do preço na venda a prestações
constitui uma obrigação de prestação fraccionada ou repartida: a duração da
prestação não influi na determinação do objecto (do montante global) da
obrigação de pagamento do preço.
7. A distinção entre prestações duradouras propriamente ditas e prestações
fraccionadas ou repartidas é relevante:
- Nos “contratos de execução continuada ou periódica” constitutivos de
obrigações de prestação duradoura propriamente ditas ou em sentido estrito “a
resolução não abrange em regra as prestações (ou partes da prestação) já
efectuadas (art. 434.º, n.º 2); nos contratos constitutivos de obrigações de
prestação fraccionada ou repartida, a resolução abrange todas as prestações –
todas as partes da prestação -, incluindo as já realizadas (art. 434.º, n.º 1).
- Nas obrigações de prestação fraccionada ou repartida, “a falta de realização de
uma das prestações (de uma das partes da prestação) importa o vencimento de
todas” (art. 781.º, com as restrições do art. 934.º para a venda a prestações); nas
obrigações de prestação duradoura propriamente ditas tal não sucede.
8. O art. 434.º, n.º 2 refere-se a “contratos de execução continuada ou periódica”
(dos quais decorrem obrigações de prestação duradoura em sentido estrito (ou de
prestação duradoura propriamente dita)). Assim, os pressupostos do art. 434.º,
n.º 2 não se encontram preenchidos no caso concreto. Nas obrigações de
prestação fraccionada ou repartida não se aplica o n.º 2 do art. 434.º: “a
resolução abrange, por regra, todas as parcelas da prestação, incluindo as já
efectuadas”.

XIII

António adquiriu um computador Compaq Presario 1500 no “Mundo da


Informática”. Devido ao elevado custo do equipamento, António acordou com Bento,
gerente do “Mundo da Informática”, pagar o preço do computador em oito prestações
de 250 Euros cada. Como contrapartida Bento exigiu que a propriedade do computador
continuasse a pertencer ao “Mundo da Informática” até ao integral pagamento do
preço. O computador foi imediatamente entregue a António, que o instalou no escritório
da sua casa.

a) António paga a primeira prestação mas falta ao pagamento da segunda. Bento


quer reagir, o que é que pode fazer?
b) E se, em vez da segunda prestação, António não tivesse pago a terceira e a quarta
prestação?

XIV

Em Janeiro de 2009, a empresa A comprometeu-se a fornecer à empresa B duas


peças necessárias para o funcionamento de uma máquina de costura. O preço total
dessas duas peças era de 1500 €. Foi estipulado que o preço seria pago em três
prestações mensais de 500 € cada. Embora as peças tivessem sido imediatamente
entregues, a empresa A não as instalou corretamente na máquina de costura de B,
pelo que esta não ficou em condições de funcionar. B informou imediatamente A da
anomalia e exigiu que esta corrigisse a deficiência; o que, no entanto, A não fez. Em
Fevereiro de 2009, na data em que deveria ser paga a primeira prestação, a empresa
B recusa-se a efetuar o pagamento enquanto a fornecedora não instalar corretamente
as peças e não puser a máquina de costura em condições de funcionar.
Face à atitude de B, pode A exigir o pagamento imediato dos 1500 €?

1. Está em causa uma venda a prestações com reserva de propriedade (art.


409.º, n.º 1).
2. A obrigação de pagamento do preço do computador em oito prestações de
250 euros cada é uma obrigação de prestação fraccionada ou repartida – a
duração da prestação não influencia a determinação do objecto (montante
global), contende apenas com o modo de execução da prestação – o
montante do preço encontra-se de antemão fixado, independentemente do
tempo por que se prolongue o pagamento das mesmas prestações.
3. Neste caso, António apenas faltou ao pagamento de uma das prestações.
Face ao art. 934.º do CCiv. “[v]endida a coisa a prestações, com reserva de
propriedade, e feita a sua entrega ao comprador, a falta de pagamento de
uma só prestação que não exceda a oitava parte do preço não dá lugar à
resolução do contrato, nem sequer, haja ou não reserva de propriedade,
importa a perda do benefício do prazo relativamente às prestações seguintes,
sem embargo de convenção em contrário”. Assim, a contrario, a falta de
pagamento de uma prestação que não exceda a oitava parte do preço não dá
direito à resolução do contrato, nem importa a perda do benefício do prazo
relativamente às prestações seguintes. Isto significa que B terá de aguardar
pela data de vencimento da terceira prestação e se António não pagar, B
poderá então reagir.

c) E se, em vez da segunda prestação, António não tivesse pago a terceira e quarta
prestações?
1. Neste caso, B já poderia reagir porque A faltou ao pagamento de mais do
que uma prestação. Nos termos do art, 934.º poderia resolver o contrato. Nos
contratos constitutivos de obrigações de prestação fraccionada ou repartida, a
resolução abrange todas as prestações – todas as partes da prestação -,
incluindo as já realizadas (art. 434.º, n.º 1). Isto significa que se B optasse
por exercer o direito potestativo de resolução do contrato teria de devolver as
prestações já pagas.
2. A falta de pagamento de mais do que uma prestação importa, ainda, a perda
do benefício do prazo relativamente às prestações seguintes (art. 781.º e
934.º). Isto significa que B pode, em alternativa à resolução do contrato,
exigir de A as prestações vencidas e as prestações vincendas (que se
venceram antecipadamente).

XV
Distinga:
a) Contratos unilaterais e contratos bilaterais;
b) Contratos comutativos e contratos aleatórios;
c) Contratos de execução instantânea e contratos de execução duradoura
(contratos relacionais)

XVI
Alexandre, promotor de projetos imobiliários, contacta Bento para a aquisição
de dois prédios, que eram propriedade deste. Alexandre faz uma proposta de compra,
seguindo-se várias reuniões e contactos entre ambos, durante dois anos. Como as
negociações se arrastavam, em 2 de Janeiro de 2010, Alexandre começa a negociar dois
prédios idênticos, situados na mesma rua. Tomando conhecimento deste facto, em 14 de
Janeiro de 2010, Bento envia um fax a Alexandre, onde pode ler-se “concordo com
todas as condições propostas para a realização do negócio”. No dia seguinte, Bento
envia a Alexandre todos os documentos necessários a preparação do contrato.
Alexandre inicia imediatamente os preparativos para a celebração do contrato e faz um
pedido de financiamento do negócio junto do Banco X. No dia, 30 de Janeiro de 2010,
Bento não comparece a escritura pública, que tinha sido acordada com A, negando-se a
formalizar o contrato, declarando, sem mais, que havia desistido do negócio. Poderá
Bento ser responsabilizado pelas despesas entretanto feitas por Alexandre?

XVII
A e B, sócios de uma sociedade por quotas que tem por objeto o comércio de
tecidos, desenvolveram negociações verbais com C que pretendia adquirir-lhes
integralmente as suas quotas. Nessas negociações fixou-se o preço da cessão em 5000
euros, que seriam pagos quando se concluísse o contrato por escritura pública na
primeira quinzena de Novembro de 2004. C passou a dirigir a empresa alterando o
horário de trabalho dos empregados. Devido à insistência de C, A e B desistiram das
encomendas para a estação seguinte. Entretanto, C recusa-se a outorgar a escritura
pública de cessão de quotas convencionada. Os sócios A e B pretendem exigir uma
indemnização. Terão razão?

XVIII
C celebra um contrato de compra e venda de um terreno com A. Este havia
afirmado não estar prevista a construção de edifícios entre o terreno e a serra que o
rodeava, o que era verdade. Mais tarde, A consegue adquirir os terrenos situados
naquela zona intermédia e alterar o plano de urbanização, construindo edifícios que
prejudicam as vistas da residência de C. Poderá esta reagir?
XIX

A Associação Portuguesa de Bebidas Espirituosas intentou uma ação contra a


“Caipirinha e Caipirão, SA” invocando a invalidade da seguinte estipulação que consta
do contrato geral de fornecimento normalmente utilizado por esta sociedade com os
demais clientes: “A empresa não se responsabiliza por quaisquer danos, em pessoas,
que resultem da ingestão desta bebida”.
Classifique e caracterize a ação judicial em causa inserindo-a no seu contexto
específico.

XX

António e Bernardo celebraram uma convenção, em 21 de Março de 2009, nos termos


da qual o primeiro se compromete a vender ao segundo e este se obriga a comprar, um
apartamento no valor de 200 000€, por documento particular assinado por ambos,
tendo-se procedido ao reconhecimento presencial das assinaturas e à certificação pelo
notário da existência da licença de utilização. B entregou de imediato a quantia de 50
000€, tendo passado a habitar prontamente a nova casa.
Na data acordada para a realização da escritura pública, em 28 de Setembro de 2009,
António não comparece. Em 10 de Outubro de 2009, Bernardo propõe uma ação de
execução específica. No dia 15 do mesmo mês, António vendeu a Carolina o
apartamento pelo valor de 275 000€, já que a construção nas imediações de estruturas
municipais de lazer o tinha valorizado. Carolina não registou a sua aquisição.
a) Explique, justificando, quais os direitos que assistem a Bernardo.
b) A resposta à alínea anterior seria diferente se António e Bernardo tivessem celebrado
a referida convenção pela forma legalmente exigida, tendo-lhe atribuído expressamente
«eficácia absoluta»?
c) Suponha que António e Bernardo celebraram uma convenção, respeitando as
exigências legais, nos termos da qual o primeiro se compromete a emprestar
gratuitamente ao segundo, a sua casa de praia para passar férias, do dia 1 ao dia 15 de
Agosto, data finda a qual a deveria devolver completamente livre e desocupada. No
caso de António se recusar a cumprir, pode Bernardo exigir a execução específica do
referido contrato?
XXI

A e B celebraram um contrato, por escrito particular, em Outubro de 2009, nos termos


do qual o primeiro prometeu vender e o segundo prometeu comprar um andar para
habitação por 50.000 euros, por conta dos quais B pagou imediatamente 5000 euros. B
mudou-se imediatamente para a nova casa. A escritura foi marcada para o dia 15 de
Março de 2010 e, nessa altura, o andar foi avaliado em 52.000 euros. Na data aprazada,
A não compareceu no notário. No dia 22 de Maio, B propõe uma ação requerendo a
execução específica do contrato. A pretende defender-se, invocando a invalidade do
contrato, por lhe faltar a assinatura de B, e a existência de uma cláusula contratual pela
qual se afasta a execução específica em caso de não cumprimento.

a) Pronuncie-se sobre o litígio.


b) Suponha que a assinatura de A no contrato não foi reconhecida presencialmente
e que o documento não contém a certificação pelo notário da existência da
licença de utilização. Poderá esse facto ser invocado por A? E poderá ele ser
conhecido oficiosamente pelo Tribunal?
c) Suponha agora que, no dia 27 de Maio, A vendeu o andar a C. Que direitos
assistem a B?

XXII

A e B, em escrito particular assinado por ambos, acordaram no seguinte: o


primeiro contraente (A), a adquirir um automóvel antigo, propriedade de um conhecido
colecionador, e a vendê-lo depois ao segundo pelo preço de 10.000 euros; o segundo
contraente (B), a comprá-lo, entregando desde logo a importância de 5000 euros. A vem
efetivamente a adquirir o veículo, mas vende-o a C por 12500 euros.
a) Que direitos assistem a B? Poderá A alegar fundadamente que o negócio inicial
era nulo, em virtude de incidir sobre coisa pertencente a terceiro?
b) Se o automóvel pertencesse a A, tendo este e B, pela forma legalmente exigida,
atribuído eficácia real ao contrato que celebraram, poderia B reagir contra a
venda feita a C? Em caso afirmativo, em que termos?

XXIII
A e B, em documento particular assinado apenas por A, celebram uma convenção nos
termos da qual o primeiro se compromete a vender ao segundo e este se obriga a
comprar, pelo preço de 100.000 euros, um andar para habitação. B entregou de imediato
a quantia de 10.000 euros “a título de princípio de pagamento”. Na data acordada para a
realização da escritura de compra e venda, A recusa-se a comparecer no cartório
notarial, alegando ter entretanto alienado o imóvel a um seu amigo, C. Que direitos
caberão a B?

XXIV
A, proprietário do apartamento X, vende-o por escritura pública datada de Janeiro de
2000 a B, que não regista a sua aquisição. O mesmo A, aproveitando a negligência de
B, promete vender o mesmo apartamento a C, em Julho do mesmo ano. Porque A se
recusa a cumprir a promessa, C propõe e regista imediatamente, em Janeiro de 2001, a
acção de execução específica, que é julgada procedente em Dezembro do mesmo ano.
Tendo C passado a habitar o apartamento, B intenta uma acção de reivindicação, em
que exige o reconhecimento do seu direito de propriedade e a restituição do imóvel.
Quid iuris?

XXV

Em Janeiro de 2002, por escrito particular, A prometeu vender a B, e este prometeu


comprar, o prédio rústico x, pela quantia de 150.000 euros. O contrato estabelecia que o
contrato definitivo deveria ser concluído até Dezembro desse ano. Encontrando-se o
prédio em causa arrendado a C, A enviou-lhe uma carta registada com aviso de receção,
em que lhe comunica a sua intenção de alienar o imóvel a B, para que C exerça,
querendo, “os direitos que a lei lhe confere”; C nada respondeu. Em Janeiro de 2003, B
contacta A para definirem a data da conclusão do contrato definitivo; A responde-lhe
que não está interessado em cumprir o contrato-promessa e que não venderá o prédio
rústico em causa por menos de 200.000 euros. Em Maio desse ano, A vende o prédio
rústico em causa a D. Embora o preço acordado entre A e D fosse efetivamente de
200.000 euros, o preço indicado na escritura pública foi de 300.000 euros, para evitar
que B ou C criassem entraves ao negócio. Inconformados, B e C pretendem reagir
contra a alienação do prédio a D. Quid iuris?
XXVI
Em 1 de Julho de 2009, António obriga-se perante Beatriz, por documento particular, a
dar-lhe conhecimento de qualquer projeto de venda de uma lindíssima casa de férias, de
que é proprietário, em S. Pedro de Moel, para que aquela, querendo, viesse a adquiri-la.
a) No dia 3 de Setembro, António envia uma carta registada com aviso de receção a
Beatriz, indicando a sua intenção de contratar com Carlos, expondo as cláusulas do
projeto do contrato e perguntando se estaria interessada em exercer o seu direito. Cinco
dias após receber a carta, Beatriz responde afirmativamente por carta registada com
aviso de receção, tendo ficado acordado que a escritura pública se realizaria no dia 3 de
Outubro. Nesse dia, Beatriz não comparece no notário. Que direitos assistem a António?
b) Imagine que o contrato celebrado entre António e Beatriz tinha eficácia real, Beatriz
respondeu negativamente à carta de António, mas o negócio entre António e Carlos não
se concretizou. Posteriormente, António vende a casa a Daniel, sem informar Beatriz.
Que direitos assistem a Beatriz, já que tendo tido conhecimento dos elementos deste
último negócio no dia 15 de Janeiro, estava interessada no mesmo?

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