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RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 50.

038 - MG
(2016/0001441-2) RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES
RECORRENTE : DANILO PEREIRA DE OLIVEIRA ADVOGADO :
MOISES ELIAS PEREIRA - MG067363N RECORRIDO : ESTADO DE
MINAS GERAIS PROCURADOR : ARTHUR PEREIRA DE MATTOS
PAIXAO FILHO E OUTRO (S) - MG050684N DECISÃO Trata-se de
Recurso Ordinário em Mandado de Segurança, interposto por DANILO
PEREIRA DE OLIVEIRA, na vigência do CPC/73, com fundamento no
art. 105, II, b, da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, assim ementado: "MANDADO DE
SEGURANÇA ORIGINÁRIO - MILITAR DEMITIDO APÓS PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO
ART. 90, III, DA LEI ESTADUAL N.º 14.310/02 PRAZO PARA
INSTAURAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. - O mandado de
segurança é remédio constitucional reservado à defesa do direito líquido
e certo lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade. - O prazo de
dois anos, estabelecido pelo inciso III, do art. 90 da Lei Estadual n.º
14.310/02 (Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de
Minas Gerais), trata do período que a Administração Pública possui para
instaurar o processo administrativo disciplinar e não do necessário à sua
conclusão e consequente aplicação da sanção disciplinar" (fl. 345e). A
esse acórdão foram opostos Embargos Declaratórios, os quais foram
rejeitados, conforme ementado: "EMBARGOS DECLARATÓRIOS
AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. - Os
embargos de declaração são cabíveis, apenas, nas estritas hipóteses do
art. 535 do CPC (omissão, contradição, obscuridade), não se prestando
para a reforma da decisão proferida, o que deverá ser buscado por
intermédio do recurso adequado" (fl. 382e). Sustenta o recorrente, em
síntese, que era Policial Militar do Estado de Minas Gerais desde 2007 e,
após a instauração de Processo Administrativo Disciplinar, em
16/03/2012, foi demitido em 27/10/2014. Afirma que o ato de demissão
é nulo, visto que houve a prescrição da pretensão punitiva, tendo em
vista que a transgressão disciplinar que originou o processo
administrativo homicídio deu-se em 31/12/2011, e o PAD instaurado em
16/03/2012, somente foi encerrado em 17/10/2014, tendo sido o autor
demitido em 27/10/2014. Assim, prossegue, transcorreram mais de 2
(dois) anos entre o fato e a punição, quando já decorrido o prazo
prescricional previsto no art. 90, III, da Lei Estadual 14.310/2002.
Alega, ainda, que mesmo adotando-se o entendimento de que é a partir
da instauração do processo disciplinar, que se conta o prazo de dois
anos, esse teve início em 16/03/2012, findo em 17/10/2014, com a
demissão ocorrendo em 27/10/2014 do mesmo ano. Argumenta que a
autoridade coatora deixou de cumprir o citado dispositivo, com ofensa
aos arts. 5º, II e LXIX, 37, caput, 42, § 1º, 142, § 3º, X, da Constituição
Federal, art. 1º da Lei 12.016/2009, e 458, II e 535, I e II, do CPC/73.
Acrescenta que o prazo para a Administração concluir o processo
administrativo não é ilimitado, e que foi negado seu direito líquido e
certo. Cita jurisprudência, em tese, favorável à sua tese. Ao final, requer
o recorrente o provimento do recurso para anular o aresto estadual,
concedendo-lhe a segurança. Sem contrarrazões. Recurso admitido na
origem (fl. 416e). O Ministério Público Federal, em parecer do
Subprocurador-Geral da República JOSÉ BONIFÁCIO BORGES DE
ANDRADA, opinou pelo não provimento do Recurso Ordinário (fls.
430/433e). Com efeito, no caso, o Tribunal de origem assim decidiu o
ponto controvertido: "A questão trazida a este Órgão Especial cinge-se a
anulação do processo administrativo que culminou na demissão do
impetrante, sustentando este que teria ocorrido a prescrição. (...) In
casu, o impetrante, após o regular trâmite de processo administrativo
disciplinar, desencadeado em razão da prática de transgressão
disciplinar de natureza grave (documentos de ordem n.º 8 e 9 do
processo eletrônico), foi demitido do serviço público do Estado de Minas
Gerais. E, data venia, ausente direito líquido e certo a ser amparado na
espécie, senão vejamos. A Lei Estadual n.º 14.310/02 (Código de Ética e
Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais), prevê em seu art.
90, III, a prescrição de 02 anos para a ação disciplinar, em caso de
transgressão de natureza grave, a saber: Art. 90 Contados da data em
que foi praticada a transgressão, a ação disciplinar prescreve em: I cento
e vinte dias, se transgressão leve; II um ano, se transgressão média; III
dois anos, se transgressão grave. Com efeito, como bem pontuado pelo
Procurador de Justiça, o interregno em questão se refere ao prazo que a
Administração possui para dar início ao processo administrativo, não
podendo ser confundido com o prazo necessário à sua conclusão e
consequente aplicação da sanção disciplinar. Sob este aspecto,
considerando que o fato ocorreu em 31/12/2011 (documento de ordem
n.º 8) e o que o processo administrativo disciplinar foi instaurado em
16/03/2012 (documento de ordem n.º 8), inexiste qualquer prescrição a
ser considerada neste caso. A propósito, em caso semelhante, já decidiu
este egrégio Tribunal: (...) Nesse contexto, ademais, ressalto que inexiste
norma que estabeleça prazo de prescrição intercorrente para o processo
administrativo disciplinar em questão" (fls. 347/349e). De fato, ao que
se tem dos autos, verifica-se que as condutas ilícitas imputadas ao
impetrante ocorreram em 31/12/2011 e a correspondente ação
disciplinar foi proposta em 16/03/2012, sendo respeitado, portanto, o
prazo de 02 (dois) anos previsto no artigo acima mencionado. Registra-
se, outrossim, que a interrupção da prescrição ocorre com a propositura
da ação, o que não pode ser confundido com a conclusão do processo.
Assim, não tendo ocorrido a alegada prescrição bienal, a denegação da
segurança é medida que se impõe. Nesse sentido: STJ, MS 15.828/DF,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe
de 12/04/2016, RMS 46.421/RS, Rel. Ministra ASSUSETE
MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, DJe de 23/10/2017. A propósito,
ainda: "PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO
REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. LEI ESTADUAL Nº 3.310/2006. PRESCRIÇÃO DA
PRETENSÃO PUNITIVA. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Dispõem os §§ 3º, I, e
4º, da Lei Estadual nº 3.310/2006, que o curso da prescrição
interrompe-se com a abertura de sindicância ou a instauração do
processo administrativo disciplinar e que, interrompido o curso da
prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a
interrupção. 2. Dessa forma, no caso dos autos, inaugurado o
procedimento em 21 de novembro de 2011, com a publicação da Portaria
532/2011, e decidida a sindicância em 29 de maio de 2012, não houve o
alegado excesso de prazo, hábil para caracterizar a prescrição da
pretensão punitiva. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no RMS 41.949/MS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 19/09/2017, DJe
29/09/2017)"ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. NÃO OCORRÊNCIA.
DEMISSÃO. NULIDADE. ALEGAÇÃO DE PARCIALIDADE DE
MEMBROS DA COMISSÃO. ACERVO PROBATÓRIO E
FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTES. SEGURANÇA DENEGADA. 1.
Conforme o art. 142 da Lei n. 8.112/90, o prazo prescricional tem
nascedouro da data em que o fato se tornou conhecido, sendo que as
infrações puníveis com demissão possuem o interregno de cinco anos,
quando se exaure a pretensão punitiva do Estado. Tal prazo é
interrompido pela instauração de procedimento administrativo
disciplinar, renovando sua contagem a partir do momento em que o
procedimento finda. 2. Para suscitar falta de imparcialidade de membro
de comissão processante, imprescindível haver robusta comprovação,
bem como argumentação plausível. 3. Direito líquido e certo não
demonstrados. 4. Segurança denegada"(STJ, MS 14.116/DF, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe de 17/09/2015).
Como se não bastasse e a título ilustrativo , em consulta realizada junto
ao sítio eletrônico do TJMG, verificou se que, após a tramitação regular
do incidente de Uniformização de Jurisprudência, o Órgão Pleno
daquela Corte decidiu que, para fins de prescrição da pretensão punitiva
da Administração, devem ser aplicados, analogicamente, aos militares
do Estado de Minas Gerais, os prazos prescricionais previstos na Lei
Estadual 869, de 1952, destinada aos servidores públicos civis de Minas
Gerais, entre eles os policiais civis, estabelecidos em: - 02 (dois) anos, no
caso de sanções disciplinares que não acarretem a exclusão do serviço
público; - 04 (quatro) anos, para os casos em que a exclusão decorrer de
abandono de cargo. Para os demais casos de demissão, prevaleceu o
entendimento de que deve ser aplicado o prazo costumeiro de 05 (cinco)
anos. Assim, a aplicação concreta do prazo quinquenal extraído da Lei
869/1952, restou consolidado na Súmula 1, da Corte
Castrense:"SÚMULA 1: O artigo 90 da Lei Estadual n. 14.310/02 é
inconstitucional, devendo-se aplicar os prazos prescricionais de dois
anos para as infrações disciplinares que não acarretam exclusão da IME,
quatro para a deserção e cinco para as demais infrações que causam
exclusão. Referência legislativa: Lei Estadual n. 869/52."Ainda à luz da
jurisprudência da comentada Justiça Especializada, constitucionalmente
competente para a apreciação das punições administrativo-funcionais no
âmbito da Polícia Militar, o termo inicial do debatido prazo prescricional
se dá na data da transgressão, in verbis:"SÚMULA 3: O prazo
prescricional inicia-se na data da transgressão, salvo nos casos de
deserção - em que se inicia na data da instauração do procedimento
administrativo -, e termina com a ativação da punição, sem causas de
interrupção."Desta feita, tendo em vista que, no caso, a transgressão
disciplinar que originou o processo administrativo deu-se em
31/12/2011, e o PAD instaurado em 16/03/2012, encerrado em
17/10/2014, e tendo sido o autor demitido em 27/10/2014 não
transcorreram 5 (cinco) anos entre o fato e a punição. Registre-se, por
fim, que a petição de fls. 436/446e, em nada auxiliam o ora recorrente,
porquanto trata-se de inovação ao pedido e a causa de pedir, inviável de
apreciação na via recursal eleita. Com efeito, o CPC/73 incidente ao caso
adotou a teoria da substanciação, segundo a qual o autor, na petição
inicial, deve especificar os fatos e os fundamentos jurídicos que
justificam a sua pretensão. Proposta a ação, e citado o réu, passa a ser
defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir sem o
consentimento do adversário, sendo-lhe proibida a alteração após a
prolação do despacho saneador, mesmo com a anuência do réu (art. 264,
do CPC/1973). Trata-se do princípio da estabilização objetiva da
demanda, previsto no art. 264 do CPC/1973. Isso porque o sistema
processual brasileiro abraçou a regra da correlação entre o pedido inicial
e a prestação jurisdicional. Deve o juiz, ao proferir sua decisão, julgar o
pedido nos limites do proposto pela parte, sendo-lhe defeso proferir
decisão"a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como
condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado"(art. 460 do CPC/1973). Desse modo, inviável nesta
seara recursal, sob pena de supressão de instância, inclusive, qualquer
apreciação do referido pedido. Assim, ausente qualquer direito líquido e
certo a amparar a pretensão do impetrante. Ante o exposto, nego
provimento ao Recurso Ordinário. I. Brasília, 15 de março de 2018.
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES Relatora

(STJ - RMS: 50038 MG 2016/0001441-2, Relator: Ministra ASSUSETE


MAGALHÃES, Data de Publicação: DJ 19/03/2018)

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