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Princípios contratuais clássicos e modernos


Princípios contratuais clássicos e modernos

Gustavo Tonelli

Publicado em 08/2015. Elaborado em 08/2015.

Procura-se demonstrar, ao longo do trabalho, a variedade e a


vital importância dos princípios no âmbito dos contratos, seus
objetivos, evolução e adaptação à evolução da sociedade.

SUMÁRIO

Introdução

1. Princípios Clássicos

1.1.Princípio da autonomia de vontade

1.2.Principio da obrigatoriedade dos contratos

1.3.Princípio da revisão dos contratos. A cláusula “rebus sic stantibus” e a Teoria


da Imprevisão

1.4.Princípio da relatividade dos contratos

1.4.1. Estipulação em favor de terceiros

1.5. Princípio do consensualismo e os contratos reais

2. Princípios modernos

2.1.Função social do contrato

2.2.Princípio da boa-fé. Os deveres anexos

2.3.Princípio do equilíbrio contratual

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2.4.Princípio da onerosidade excessiva

Conclusão

Bibliografia

INTRODUÇÃO

O direito contratual rege-se por diversos princípios; alguns clássicos, outros


modernos. Estes princípios têm a função de estabelecer o equilíbrio nos contratos, de
forma que não haja abuso de poderes, vantagens indevidas, enriquecimento ilícito,
dentre outros.

Alguns destes princípios já eram adotados desde o Império Romano; outros, contudo,
tiveram seus contornos e finalidades delimitados somente nos últimos anos. Exemplo
do primeiro pode ser o princípio da autonomia da vontade. Do segundo, a função social
do contrato.

Em outras palavras, pode-se dizer que os princípios sempre estiveram presentes nos
contratos, de forma a regular de forma justa a relação daqueles que se vinculam e
assumem obrigações para com outros.

É importante destacar, desde logo, que, apesar de todos terem que seguir estes
princípios, muitos são relativos, isto é, admitem exceções, de forma que, caso haja
algum obstáculo ao seu cumprimento, a parte pode deixar de cumpri-lo. Ocorre que não
fica ao livre arbítrio dos contraentes escolher qual princípio quer deixar de respeitar,
muito menos quando. Assim, a doutrina e a própria jurisprudência já tem definidos
quais podem vir a ser desobedecidos, desde que algo impeça uma das partes de cumpri-
lo.

Segundo Orlando Gomes (2008, p.25) são seis os principais princípios contratuais: o da
autonomia da vontade, o do consensualismo, o da força obrigatória, o da boa-fé, o do
equilíbrio econômico do contrato e, por fim, o da função social. Os três primeiros
seriam clássicos, ao passo que os três últimos seriam os modernos.

O escopo do presente trabalho será falar a respeito dos seis acima expostos, bem
como de outros, também extremamente importantes ao direito civil.

1. PRINCÍPIOS CLÁSSICOS

1.1. Princípio da autonomia de vontade.

O princípio da autonomia da vontade estabelece a liberdade contratual das partes, isto


é, “no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de
vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica” (GONÇALVES, 2012, P. 41).
Em outras palavras, é a faculdade que têm as partes de se vincularem a um contrato,
adquirindo direitos e obrigações.

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A liberdade contratual está prevista no art. 421 do Código Civil de 2002, que assim
dispõe: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social
do contrato.”

É este o princípio, aduz a doutrina, que possibilita a celebração dos contratos atípicos,
isto é, daqueles que não estão regulamentados pelo ordenamento jurídico, mas que são
gerados pelas necessidades e interesses das partes. Conforme Silvio de Salvo Venosa
(2011, pag. 383): “A liberdade contratual permite que as partes se valham dos modelos
contratuais constantes do ordenamento jurídico (contratos típicos), ou criem uma
modalidade de contrato de acordo com suas necessidades (contratos atípicos).”

É importante ressaltar, neste ponto, a diferença entre liberdade contratual e liberdade


de contratar. No magistério de Maria Helena Diniz (2011, p. 41), liberdade contratual “é
a determinação do conteúdo da avença e a de criação de contratos atípicos, e liberdade
de contratar, alusiva à de celebrar ou não o contrato a à de escolher o outro
contratante.”

Mesmo possibilitando às partes a liberdade contratual, este princípio sofre limitações,


evidenciando seu caráter de princípio relativo, isto é, nem sempre as partes terão a
liberdade de estipular contratos. São três essas limitações.

A primeira diz respeito a faculdade de contratar e de não contratar, isto é, de contratar


se quiser. Esta limitação impõe que, no mais das vezes, as partes serão obrigadas a
realizar determinados negócios, em virtude da vida em sociedade, isto é, em razão da
utilidade social. Assim, as partes não tem a faculdade de escolher se querem ou não
contratar; simplesmente contratam. Caio Mário da Silva Pereira explica: “Vigora a
faculdade de contratar e de não contratar, isto é, o arbítrio de decidir, segundo os
interesses e conveniências de cada um, se e quando estabelecerá com outrem um
negócio jurídico-contratual.”(PEREIRA,2006, p. 22)

A guisa de exemplo pode ser citado: “o de transporte, de compra de alimentos, de


aquisição de jornais, de fornecimento de bens e serviços públicos (energia elétrica,
água, telefone, etc.)” (GONÇALVES, 2012, p. 43). Em todos esses casos, o indivíduo
será obrigado a celebrar um contrato, não podendo excusar-se de tal obrigação.

A segunda limitação refere-se à liberdade de escolha do outro contratante, ou seja, de


contratar com quem quiser. Às vezes, a pessoa com quem se contrata não pode ser
livremente escolhida, devendo a parte contratar com alguém especificamente, como nos
casos de serviços públicos.

A terceira e última é a limitação de estabelecer o conteúdo da obrigação, isto é, de


contratar sobre o que quiser. Em determinados casos, não podem as partes fixar
cláusulas de acordo com os seus interesses. Essa limitação está associada a supremacia
da ordem pública. Deste modo, princípios como boa-fé, função social e as cláusulas
gerais são limites a este.

1.2. Principio da obrigatoriedade dos contratos.

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O princípio da obrigatoriedade determina que o contrato deverá ser cumprido entre as


partes que o celebraram, consubstanciado na expressão “pacta sunt servanda”. Este
principio significa, “em essência, a irreversibilidade da palavra empenhada.”(PEREIRA,
2006, p. 14)

Quando os contraentes celebram um contrato, estão adstritos a este, de modo que


deverão cumprir com os compromissos assumidos. O contrato, deste modo, é lei entre
as partes. Orlando Gomes explica: “Celebrado que seja, com observância de todos
pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes
como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos.” (GOMES, 2008, p. 38)

Este princípio é extremamente relevante para os contratos porque, se as partes


pudessem não cumprir aquilo que prometeram fazer, estaria estabelecido o caos.
Fornece, assim, segurança jurídica nos negócios. A obrigatoriedade dos contratos força
as partes a cumprirem suas obrigações, de forma que, ao mesmo tempo, fornece
subsídios jurídicos para que possa ser cobrada a obrigação daquele que não a fez.

A força obrigatória dos contratoe é, contudo, relativa. Em virtude do desenvolvimento


da sociedade e da vida como a conhecemos, pode ocorrer que, feito um contrato, este
possa oferecer certos desequilíbrios sobre as obrigações assumidas. Ou seja, o contrato
pode tornar-se excessivamente oneroso a uma das partes.

A fim de evitar esse desequilíbrio e, consequentemente, um proveito injustificado, tem-


se admitido a intervenção do Estado nos contratos, a fim de modificá-lo ou apenas
liberar a parte prejudicada. A essa intervenção do Estado dá-se o nome de dirigismo
estatal.

À essa limitação acrescenta-se mais duas: a primeira é o caso fortuito e a força maior,
exceções clássicas, que liberam uma das partes de cumprir o contrato em virtude de um
acontecimento natural ou humano que escapa de seu controle, como, por exemplo,
terremotos, enchentes, guerras, etc.

O segundo é o arrependimento do comprador. Disciplinado pelo código de defesa do


consumidor, estabelece que o comprador tem o prazo de sete dias para desistir do
negócio, desde que a aquisição do produto ocorra fora do estabelecimento comercial
(por telefone, em domicílio, através de internet ou por outro meio similar). É o que
dispõe o art. 49 do CDC:

“Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar
de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que
a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou em domicílio.”

1.3. Princípio da revisão dos contratos. A cláusula “rebus sic stantibus” e a


Teoria da Imprevisão.

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Por meio deste princípio, as partes podem revisar, alterar, modificar um contrato
estabelecido, a fim de evitar injustiças. Consequentemente, opõe-se à força obrigatória
dos contratos.

Foi explicado que, em regra, quando um contrato é firmado entre as partes, deve ser
cumprido, isto é, o contrato faz lei entre as partes. Entretanto, podem ocorrer fatos que
alteram a situação de um dos contraentes, de modo que a este sobrevém uma excessiva
onerosidade para cumprir as obrigações que assumira. A situação de fato em que se
encontrava foi alterada, impossibilitando que cumpra suas obrigações. Para evitar este
tipo de injustiça, criou-se a possibilidade de revisar os contratos.

Deste modo, deve ser observada a teoria segundo a qual há uma presunção da
existência de uma cláusula implícita no contrato, que determina a permanência
da situação de fato para que as partes cumpram seus deveres. À esta teoria
convencionou-se chamar de “rebus sic stantibus”.

Esta teoria foi adotada no Brasil com o nome de teoria da imprevisão. Possui as
mesmas características da “rebus sic stantibus”, mas à ela foi acrescentada um
requisito: a imprevisibilidade. Assim, além de ocorrer uma alteração de fato que
torne excessiva a prestação de uma das partes, impõe-se que essa alteração seja
imprevisível.

Carlos Roberto Gonçalves expõe: “A teoria da imprevisão consiste, portanto, na


possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando, por eventos
imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das partes torna-se
exageradamente onerosa (...)” (GONÇALVES, 2012, p. 52).

O código Civil de 2002 trata deste tema em três artigos: 478, 479 e 480.

Este princípio, portanto, não desfaz os contratos, mas apenas fornece um meio judicial
de alterar modificações supervenientes que os atingem. Busca-se a justiça contratual.

1.4. Princípio da relatividade dos contratos.

Estipula que, como regra, os contratos possuem efeitos apenas entre as partes. “Seus
efeitos não podem, em princípio, nem prejudicar, nem aproveitar a terceiros.”
(VENOSA, 2011, p. 385).

Mas há exceções a este princípio. Isto é, admite-se que determinados efeitos atinjam
aqueles que não participaram da formação do contrato. Este não é mais firmado tendo
em vista apenas os interesses das partes; lhe é reconhecido uma função social.

O terceiro atingido é aquele “totalmente estranho ao contrato ou à relação sobre a qual


ele estende os seus efeitos” (GOMES, 2008, p. 47). A este terceiro podem ser impostas
tanto obrigações como direitos.

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É importante ressaltar que este princípio não se aplica apenas às partes, aos sujeitos,
mas também ao objeto. Deste modo, a regra é que o bem deve ser dos sujeitos que
participam do contrato. O contrato sobre bem que não pertence aos sujeitos não atinge
terceiros. Mas essa regra também comporta exceções.

Portanto, com regra, os efeitos do contrato atingem apenas as partes, e seu objeto é
também aquele pertencente aos contraentes. Mas tanto os sujeitos, como o objeto
comportam exceções.

Os principais exemplos destes contratos são: a estipulação em favor de terceiro, o


contrato coletivo de trabalho, a locação (em certos casos) e o fideicomisso “inter vivos”.

As cláusulas gerais, por disporem de normas de ordem pública, referentes aos


interesses da sociedade, também são consideradas como limitações a este princípio.

1.4.1. Estipulação em favor de terceiros.

A estipulação em favor de terceiro é um contrato firmado entre as partes, denominadas


estipulante e promitente, mas que convenciona uma vantagem a um terceiro,
determinado beneficiário, que não participa da formação do contrato.

Caracterizada está, com a formação deste contrato, uma exceção ao princípio da


relatividade dos contratos, segundo o qual estes produzem efeitos apenas entre as
partes.

A validade do contrato não depende do beneficiário, mas sua eficácia sim. Em outras
palavras, o beneficiário não está obrigado a aceitar a estipulação feita em seu nome,
mas o contrato é feito mesmo sem este consentimento.

1.5. Princípio do consensualismo e os contratos reais.

A vida moderna fez com que o legislador subordinasse alguns contratos ao formalismo,
que nada mais é do que exigências materiais para o aperfeiçoamento do contrato.
Assim, este só seria concretizado se estivessem presentes todas as condições legais.

Em outras palavras, é o princípio “segundo o qual o simples acordo de duas ou mais


vontades basta para gerar o contrato válido, pois, (...), não se exige, em regra, qualquer
forma especial para a formação do vínculo contratual”. (DINIZ, 2011, p. 47)

Este formalismo pode ser observado, por exemplo, na obrigatoriedade de inscrição no


registro imobiliário e na elaboração de instrumentos escritos para a compra e venda de
automóveis.

Felizmente, contudo, a maioria dos contratos é consensual. Isto significa que os


contratos se formam com o simples acordo de vontades, independentemente da entrega
da coisa. “A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e obrigatória,
desde que as partes acordem no objeto e no preço (CC, art. 482)” (GONÇALVES, 2012,
p. 46).

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Mas, a estes que aperfeiçoam-se apenas com o acordo de vontades, opõem-se aqueles
que precisam da entrega efetiva da coisa (tradição). Isto é, o contrato só é efetivamente
firmado no momento em que há transferência da coisa do devedor para o credor. Estes
são os contratos reais.

Exemplos são os contratos de comodato, mútuo e depósito.

2. PRINCÍPIOS MODERNOS

2.1. Função social do contrato.

Este princípio constitui uma inovação do Código Civil de 2002, e vem previsto no art.
421, que dispõem da seguinte maneira: “A liberdade de contratar será exercida em
razão e nos limites da função social do contrato.” Trata o artigo em questão de uma
norma de ordem pública, segundo a qual “o contrato visa a tingir objetivos que, além de
individuais, são também sociais. O poder negocial é, assim, funcionalizado, submetido a
interesses coletivos ou sociais” (GOMES, 2008, p. 48).

Não apenas presente no CC/02, também é tido como preceito constitucional, intitulado
no art. 5, inciso XXII e XXIII, que resguarda o direito à propriedade. “Ora, a realização
da função social da propriedade somente se dará se igual princípio for estendido aos
contratos, cuja conclusão e exercício não interessa somente às partes contratantes, mas
a toda a coletividade” (REALE, Função social da propriedade. Disponível em:
http://www.miguelreale.com.br/artigos/funsoccont.htm
(http://www.miguelreale.com.br/artigos/funsoccont.htm) . Acesso em 06 de abril de 2013).

Caio Mário explica brilhantemente que “a função social do contrato serve para limitar a
autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social
e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa tingir a própria liberdade de não
contratar” (PEREIRA, 2006, p. 13).

Este princípio estabelece, portanto, a prevalência do interesse coletivo sobre o


individual. Não mais estão autorizadas as partes a observarem apenas os seus
interesses, mas devem visar uma função social, isto é, observar o interesse da sociedade.
Esta estará satisfeita se a distribuição da riqueza se dever de forma justa, representando
o equilíbrio social.

A função social do contrato está muito relacionado às cláusulas gerais, que são “normas
orientadoras sob forma de diretrizes, dirigidas precipuamente ao juiz, vinculando-o, ao
mesmo tempo em que lhe dão liberdade para decidir” (GONÇALVES, 2012, p. 27). O
magistrado, desta forma, passa a ter liberdade para decidir sobre a adequação social de
cada contrato, bem como de suas cláusulas.

2.2. Princípio da boa-fé. Os deveres anexos.

O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta, não apenas
durante a execução do contrato, mas também durante as tratativas. Está previsto no art.
422 do Código Civil: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do

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contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”

“Coloquialmente, podemos afirmar que este princípio de boa-fé se estampa pelo dever
das partes de agir de forma correta, eticamente aceita, antes, durante e depois do
contrato, isso porque, mesmo após o cumprimento de um contrato, podem sobrar-lhes
efeitos residuais” (VENOSA, 2011, p. 386).

É interessante a explicação de Orlando Gomes: “Por ele se significa que o literal da


linguagem não deve prevalecer sobre a intenção manifestada na declaração de vontade,
ou dela inferível” (GOMES, 2008, p. 43).

O CC/02 trouxe como inovação a boa-fé objetiva, que se traduz em uma norma imposta
a todos, e que importa a obrigação das partes em comportar-se de boa-fé nas suas
relações. A boa-fé objetiva é, assim, uma norma cogente, obrigando as partes em um
dever de cooperação entre si.

Distingue-se a boa-fé objetiva da subjetiva. Esta ocorre no consciente do agente, ou seja,


ocorre quando o agente acredita que está agindo de boa-fé na celebração do contrato.
Ele acredita que está agindo de acordo com o direito.

Denota-se, portanto, dois aspectos da boa-fé: objetivo (norma; forma de


comportamento) e subjetivo (forma de conduta).

A boa-fé objetiva tem três funções principais. A primeira é a função interpretativa. Por
meio dessa função, o legislador deverá extrair da norma o sentido mais adequado para a
aplicação ao caso concreto.

A segunda função é de limitar o direito subjetivo. Busca evitar o abuso de direito por
alguma das partes. Este abuso seria o exercício do direito de modo a contrariar o valor
que o mesmo procura tutelar.

A boa-fé objetiva também determina alguns deveres anexos, denominados pela


doutrina de deveres laterais de conduta. Esta é a terceira função. São deveres que
excedem o dever de prestação. Em outras palavras, são deveres secundários impostos às
partes, que podem caracterizar o inadimplemento. Caio Mário explica: “Desse modo,
quando o contratante deixa de cumprir alguns deveres anexos, esse comportamento
ofende a boa-fé objetiva e, por isso, caracteriza inadimplemento do contrato”
(PEREIRA,2006, p. 21).

Esse inadimplemento dos deveres anexos é denominado de violação positiva da


obrigação. Possui esse nome porque o inadimplemento dá-se nesses deveres laterais,
não havendo inadimplemento total, nem tampouco a mora.

Os deveres anexos são três: proteção (evitar que a outra parte sofra dano), informação
(dar as necessárias e básicas informações à outra parte) e lealdade (fazer a sua parte e
ajudar, ou, no mínimo, não atrapalhar, a outra parte a fazer a dela).

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Deste modo, não basta aos contraentes cumprirem as normas de comportamento (boa-
fé objetiva), nem tampouco acreditar que seguem o direito (boa-fé subjetiva); é
necessário obedecer a deveres secundários, ou anexos, que estão de acordo com os
padrões de justiça estabelecidos pelos princípios contratuais.

2.3. Princípio do equilíbrio contratual.

Este princípio encontra-se presente no Código Civil de 2002, e tem como fundamentos
“a lesão e a revisão ou resolução do contrato por excessiva onerosidade superveniente.
Em ambos os casos, desempenha papel de limite à rigidez do princípio da força
obrigatória do contrato” (GOMES, 2008, p. 48).

2.4. Princípio da onerosidade excessiva.

Caio Mário explica o que se entende por onerosidade excessiva. Segundo ele: “A
onerosidade excessiva é um estado contratual que ocorre quando acontecimentos
supervenientes, extraordinários e imprevisíveis, provoquem mudanças na situação
fática, refletindo diretamente sobre a prestação devida, tornando-a excessivamente
onerosa para o devedor, enquanto a outra parte obtém benefício exagerado” (PEREIRA,
2006, p. 45).

Tem-se a ideia de desproporção das contraprestações, fato que acarreta excessiva


onerosidade para o devedor, deixando-o em uma posição desfavorável na relação
jurídica. Isso, por certo, deve ser de pronto corrigido, pois a uma dos contraentes é
imposto uma desproporção nas prestações que deve pagar, enquanto ao outro lhe é
atribuído um enriquecimento injustificado, vedado pelo direito.

Por fim, insta salientar que difere essa teoria da imprevisão porque esta pauta-se na
imprevisibilidade, ao passo que aquela, na desproporção.

CONCLUSÃO

Procurou-se demonstrar, ao longo do trabalho, a variedade e a vital importância dos


princípios no âmbito dos contratos. Alguns tão importantes que datam desde as épocas
clássicas, como os romanos. Outros, contudo, sendo aplicados mais concisamente nos
dias atuais.

Os princípios, em geral, visam evitar desigualdades entre as partes, seguindo os ditames


de justiça e igualdade, tão importantes e relevantes no âmbito do direito. Conferem aos
contratantes a possibilidade de contratar, de estipular o que contratar, bem como os
efeitos dos contratos.

Ao passar dos tempos, o direito foi abrindo exceções à rigidez dos princípios, de forma
que as partes encontram-se limitadas ao estabelecer contratos. Ocorre que, ao contrário
do que possa parecer à primeira vista, essas exceções se dão com o intuito de preservar
os interesses da coletividade.

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A mudança do direito, ao passar do tempo, demonstra sua nítida adaptação à evolução


dos homens. E é isso o que deve acontecer. O direito deve sempre estar presente na vida
dos seres humanos, de forma a tutelar seus interesses. Mas o direito vai além,
tutelando, paralelamente a estes, os interesses da sociedade.

Tal capacidade do direito visa desenvolver o país e a sociedade. Delimita poderes,


atribui direitos e obrigações, restringe ou amplia a liberdade das pessoas, estabelece a
ordem. Ordem que, por certo, deverá estar presente nos atos da vida de todos, inclusive
no âmbito dos contratos.

Os princípios, ao regularem os contratos, regulam as vidas das pessoas, e desenvolvem


a nação. Daí sua importância.

BIBLIOGRAFIA

DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, Vol. 3 – Teoria das Obrigações
Contratuais e Extracontratuais, 27ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 2011

GOMES, Orlando, Contratos, 26ª Edição, Editora Forense e Gen, 2008, Rio de Janeiro

GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, Vol. 3: Contratos e Atos


Unilaterais, Editora Saraiva, 9ª Edição, 2012, São Paulo

PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil, Vol 3 – Contratos:


Declaração Unilateral de vontade; Responsabilidade civil, 12ª edição, Rio de
Janeiro, Editora Forense, 2006

VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil, Vol. 2: contratos em espécie, 2ª edição,


São Paulo, Editora Atlas, 2002

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(http://www.miguelreale.com.br/artigos/funsoccont.htm)

Autor
Gustavo Gustavo Tonelli
Tonelli

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