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PAIS

QUE MUDARAM O MUNDO


Histórias inspiradoras de homens que fizeram a
diferença para seus filhos e no mundo
Tradução:
MILTON A. MEIER JR.

Rio de Janeiro: Editorial Habacuc


1ª edição eletrônica – 2014
Tradução:
Milton A. Meier Jr.
Copyright © 2006 por Bordon Books. Publicado originalmente por Honor Books.
Traduzido do original em inglês
Fathers of Influence: Inspiring Stories of Men Who Made a Difference in Their Children and Their World
Tradução: Milton A. Meier Jr. Revisão: Josemar de Souza Pinto Revisão de provas: Marcio Teixeira Capa:
Ronan Pereira
Diagramação: Futura
Coordenação editorial: Josemar de Souza Pinto
Produção gráfica: Gláucio Coelho
Os textos bíblicos são da Nova Versão Internacional [NVI], publicada pela Editora Vida.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS,
RJ
P165
Pais que mudaram o mundo: histórias inspiradoras de homens que fizeram a diferença para seus filhos e no
mundo / tradução Milton A. Meier Jr. - Rio de Janeiro: Habacuc, 2007.
1ª edição em epub Julho de 2014
Formatação para ebook: Arnaldo Taborda dos Santos
304p.
Tradução de Fathers of influence: inspiring stories of men who made a difference in their children and their
world
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-89829-26-7
1. Homens cristãos. 2. Pais - Biografia. 3. Pais - Conduta. 4. Pais e filhos - Conduta. 5. Responsabilidade
dos pais - Aspectos religiosos - Cristianismo.
07-2698. CDD: 922
CDU: 929:2
Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela: Habacuc Editora
Ltda.
Rua Duquesa de Bragança, 45 – Grajaú – Rio de Janeiro – RJ CEP: 20540-300
Tel.: (21) 2142-7000 – Fax: (21) 2142-7001

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Site: www.danprewan.com.br

Editorial Habacuc é um selo da Danprewan Editora.


Proibida a reprodução total ou parcial deste livro sem a autorização por escrito por parte dos editores.
Sumário
Introdução
Nate Saint
George H. W. Bush
Martin Luther King Sr.
Caspar ten Boom
Henry Churchill DeMille
Alexander Maitland Stewart
Lee Petty
Charles Henry Cooper
Cel. Rick D. Husband
Thomas Gibson Walton
Chuck Heaton
Tom Cunningham
Sir Randolph Churchill
John Vine Milne
James Liddell
J. R. R. Tolkien
Dr. James Dobson
James R. Jordan
George Washington
Hermann Einstein
James Earl Carter
George Walton Lucas Sr.
Herbert Aaron
Moses Carver
Bob Hewson
Johnny Cash
Reverendo Denzel Washington
William Carey
Henry Ford
Jim Henson
John Wooden
Martinho Lutero
Thomas Lincoln
Bispo Milton Wright
John Osteen
William Franklin “Billy” Graham
Frederick Douglass
Harry S. Truman
James Alfred Wight
Forrest Dale Bright
Yitzhak Rabin
Gadia Henry Mphakanyiswa
John Milton Sr.
Increase Mather
Jimmy Russell Warren
John Eareckson
Wendell Ball Colson
Gene E. Peretti
John Wesley Rice III
Ettiénne Pascal
Bobby Bowden
Tim Russert
Ellis Roberts
Walter Payton
Charles Phillip “PA” Ingalls
Apóstolo Paulo
Rei Davi
Pai Abraão
O Pai Clemente
Elias
Jairo
José
Manoá
Zacarias
Josué
Boaz

Elcana
Jessé
Lista de referências
Introdução
Nosso pai, embora possa ser tão carinhoso e gentil quanto nossa mãe, foi
incumbido por Deus para uma tarefa bem diferente. Cabe a ele nos ajudar a
crescer, nos ensinar, por meio de palavras e exemplos, a ser fortes, trabalhadores,
pessoas de confiança, homens e mulheres responsáveis e de caráter. Mesmo para
aqueles que não completam a sua tarefa, os resultados podem ser surpreendentes,
influenciando muitas gerações.
Os pais citados neste livro, Pais que mudaram o mundo, são homens que
realmente mudaram o mundo, contribuindo de forma significativa para as
conquistas dos seus filhos. Embora alguns desses homens não tivessem filhos
biológicos, lideraram movimentos que causaram um impacto dramático nas suas
gerações. Nenhum desses homens é perfeito, mas cada um é um exemplo notável
dos eternos princípios na educação de uma criança. Esperamos que o
conhecimento desses princípios possa ajudá-lo a orientar seus filhos na sua
labuta por alcançar todo o potencial que Deus lhes deu.
Inspire-se ao ler sobre esses homens notáveis. E, então, procure tornar-se para
seus filhos um pai de influência na vida deles.
Nate Saint
1923–1956
Steve Saint. Embora com apenas 5 anos de idade quando o pai, o missionário
Nate Saint, foi morto por índios huaoranis, do Equador, esse sacrifício não só o
influenciou a voltar a viver entre eles, mas também a perdoar e amar os
assassinos de seu pai.
Nathaniel Saint adorava voar. Aprendeu a voar quando ainda no ensino médio e
aproveitou suas habilidades para servir a seu país durante a Segunda Guerra
Mundial. Depois da guerra, matriculou-se no Wheaton College, mas o apelo das
alturas e o chamado de Cristo foram mais fortes do que o desejo por um título.
Entrou para a Mission Aviation Fellowship e, em 1948, junto com sua esposa,
Marjorie, foram trabalhar no Equador, estabelecendo uma base aérea num campo
de petróleo abandonado. Daquele simples posto, abasteciam os missionários da
região com medicamentos, correspondência e outras necessidades.
Em 1950, no Equador, nasceu Steve, filho do casal. Quando o menino começou
a andar, costumava ir à faixa de terra que separava a sua casa da pista de pouso
de cascalho e areia e, dali, via o pai decolar para a selva. Depois esperava pelo
seu retorno. Ainda pequeno, Steve parecia saber dos perigos inerentes à missão
do pai.
Em setembro de 1955, três companheiros – Jim Elliot, Ed McCully e Peter
Fleming – uniram-se a Nate nos seus esforços de alcançar a tribo huaorani (ou
acampamento araucano) que havia descoberto nas profundezas da floresta nas
suas buscas aéreas. Roger Youderian se juntou a eles pouco depois. Nate sabia
que a tribo era isolada do mundo moderno e, mais importante, que ela nada sabia
a respeito de Jesus e de seu poder salvador. O grupo desenvolveu um plano
estratégico lento para o contato pacífico com essa tribo. Inicialmente Nate e seu
grupo jogaram do avião presentes para os indígenas, incluindo roupas e
machadinhas. Os membros da tribo demonstraram alegria diante dos presentes e
logo trataram de retribuir também com dádivas. Depois de três meses dessa troca
de presentes, os missionários concluíram que já era oportuno encontrar-se com
essa gente no solo.
Em 3 de janeiro de 1956, ergueram acampamento a seis quilômetros dos
huaoranis. Para isso, usaram como campo de pouso uma faixa de areia junto ao
rio. O contato inicial, que parecia ser encorajador, foi uma decepção. Cinco dias
depois, os missionários foram mortos na margem do rio por huaoranis armados
com lanças e machadinhas. Quando as notícias do massacre chegaram à base,
coube à mãe de Steve a difícil tarefa de contar ao filho que o pai não voltaria
mais para casa.
A tia de Steve, Rachel, não se combaliu nem se desanimou com o assassinato de
seu irmão menor e dos outros membros do grupo de fiéis missionários.
Continuou a viver entre os huaoranis, ensinando-os a respeito do caminho de
Waengongi (Deus) e do amor salvador de Itota, seu único Filho. Na realidade,
por volta de 1964 a maioria dos huaoranis já havia se convertido ao cristianismo.
Desde a morte do seu pai, a tia de Steve se sentiu ligada espiritual- mente à tribo
e voltou ao Equador para continuar a evangelizá-la. Steve foi testemunha do
trabalho da tia na tribo e ficou convencido da natureza autêntica e genuína de sua
fé. Num dia admirável, ali na margem do rio onde o pai morrera, Kimo e Syavi,
dois guerreiros que participaram do assassinato, batizaram Steve. Seguindo o
exemplo dado pelo pai, pela mãe e pela tia, o menino de 14 anos nunca pensou
em odiá-los.
Logo depois, Steve retornou aos Estados Unidos e não voltou ao Equador senão
em 1994, para o funeral da sua amada tia, Rachel, que permanecera entre os
huaoranis toda a sua vida. Após a morte de Rachel, a tribo pediu a Steve e sua
família que viessem viver entre eles. Queriam aprender como se comportar no
complicado mundo exterior. Steve, no início, não aceitou. Estava envolvido em
vários projetos bem-sucedidos no seu país de origem. Entretanto, após oração e
avaliação, ele e sua família se mudaram para viver nas selvas do Equador por um
ano e meio. O objetivo de Steve era ensinar à tribo como sobreviver no mundo
moderno, mas descobriu que era ele que precisava aprender a maioria das lições.
Embora participasse da maneira simples de viver dos huaoranis e fosse alvo do
amor incondicional daqueles corações transformados, Steve
integrou-se mais do que nunca à vida dos nativos. Nessa segunda visita, tornou-
se amigo e encontrou uma figura paternal em Mincaye, um dos homens que
haviam assassinado seu pai.
No seu livro End of the Spear, Steve escreveu: “Não posso imaginar não amar
Mincaye, o homem que me adotou como seu próprio filho, assim como os
demais huaoranis. O que esses homens fizeram de mal, Deus usou para o bem.
Se tivesse a chance de mudar a história, não o faria. Paguei um alto preço pelo
que aconteceu, mas tive um lugar privilegiado para assistir ao restante da história
do que aconteceu durante meio século. Acredito que somente Deus poderia
escrever essa história incrível partindo de um evento tão trágico. Por causa da
disposição daqueles cinco homens de morrer, todos os outros membros da tribo
tiveram a oportunidade de viver”.
Hoje, Steve e Mincaye viajam pelo mundo contando a maravilhosa história do
amor transformador de Deus. Steve é o fundador do I-TEC, uma organização
que desenvolve novas tecnologias para ajudar povos indígenas que se empenham
em atender às necessidades das suas comunidades.
Tentando contatar aquele perigoso grupo de pessoas que não conheciam Jesus,
Nate Saint pagou o maior preço – o da sua vida. Por meio desse e de esforços
posteriores, a tribo dos huaoranis não somente se tornou temente a Deus, mas
também uma família para seu filho, Steve. Por amar seus inimigos, Nate Saint
ensinou a seu filho e a muitos outros que não existe preço caro demais a pagar a
fim de alcançar aqueles que precisam do amor redentor de Cristo.
[Jesus disse: ] Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem. Mateus 5.44

*
Pais de influência ensinam os filhos a amar e perdoar seus inimigos.
George H. W. Bush
1924–
George W. Bush. Por viver uma vida de fé e sendo padrão de excelência
profissional, George Herbert Walker Bush tornou-se o primeiro presidente,
depois de John Adams, a criar um filho que também ocuparia o cargo de
presidente.
Nos dias que se seguiram à morte, por leucemia, de Robin Bush, de 4 anos de
idade, George H. W. Bush e sua família lutavam para recomeçar a vida. Numa
noite de sexta-feira, decidiram assistir a um jogo de futebol de ginasianos, para
esquecer as tristezas. George W. Bush, então com 7 anos, se mantinha na ponta
dos pés nas arquibancadas e deixou escapar: “Pai, eu queria ter sido a Robin”.
Visivelmente perturbado, o velho Bush perguntou: “Por que você está dizendo
isso, George? ”.
George explicou: “Porque a Robin está no céu. Com certeza, ela pode ver melhor
o jogo, de lá de cima, do que eu aqui embaixo”. Ao dar um sorriso e um abraço
no filho, o pai se sentiu consolado ao pensar que ele e Barbara haviam
transmitido conceitos a George. Conceitos espirituais como os do céu e do
cuidado amorável do Pai celestial, que lhe permiti- ram aceitar a morte da irmã
com esperança e serenidade.
George H. W. Bush decidiu não frequentar a faculdade logo após o ensino
médio; em vez disso, entrou para a Marinha a fim de servir, junto com seus
compatriotas, durante a Segunda Guerra Mundial. Alistou-se no seu aniversário
de 18 anos, e dez meses depois tornou-se o mais jovem piloto naval.
Depois da guerra, Bush [pai] se matriculou na Universidade de Yale e
sobressaiu-se em todas as atividades que escolheu. Associou-se à fraternidade
Delta Kappa Epsilon, e foi eleito presidente. Foi capitão do time de beisebol da
universidade, jogando na primeira base, e participou do 1º Campeonato Mundial
Universitário de Beisebol.
Ainda estudando em Yale, George conheceu Barbara Pierce, e se casa- ram em
Connecticut. Um ano depois, em 6 de julho de 1946, George Walker Bush
nasceu. De acordo com Barbara, seu marido é o único homem a quem beijou na
vida. Durante sua extensa carreira política, não importava onde estivesse, ele
sempre telefonava para a esposa, e oravam juntos antes de dormir. Ao todo, Bush
e Barbara criaram seis filhos.
Os amigos da vizinhança de Bush [filho] se admiravam de como seu pai era
capaz de pegar a bola de beisebol por trás das costas. Todos tentavam imitar o
feito com diferentes níveis de sucesso. Pai e filho brincavam de lançar e pegar a
bola, e o filho Bush lembra-se claramente da vez em que o pai lhe disse: “Meu
filho, você conseguiu. Posso jogar a bola para você com toda a minha força”.
Com o passar dos anos, acompanhou o gosto do pai pelo beisebol e veio a se
tornar co-proprietário de um time da liga principal, o Texas Rangers.
Após a universidade, Bush mudou-se com a família para Midland, Texas, onde
se lançou, com muito sucesso, no negócio altamente especulativo da exploração
de petróleo. Fundou a Zapata Oil, em 1953, e conseguiu um cargo nas Indústrias
Dresser.
Em Midland, a família Bush frequentava a Primeira Igreja Presbiteriana, apesar
de H. W. ter crescido numa igreja episcopal. Para ele, era importante que a
família fosse junta aos cultos, e isso significava cruzar fronteiras
denominacionais. Fez a mudança, mas não se limitou a sentar-se nos bancos da
igreja. Talvez inspirado pelo costume dos pais, que liam histórias da Bíblia todas
as noites na cozinha após o jantar, tornou-se um professor da Escola Bíblica
Dominical.
Em 1959, a família mudou-se para Houston, onde Bush estaria mais perto das
suas torres de petróleo. Essa mudança entristeceu George e seus irmãos, mas, por
outro lado, abriu novos horizontes. Novos amigos, perspectivas e desafios o
aguardavam, sendo o maior deles a nova escola.
Entre 1960 e 1970, Bush [pai] devotou grande parte de seu tempo buscando
cargos públicos e trabalhando em diversas posições governamentais. Em 1964,
aventurou-se a concorrer ao Senado dos Estados Unidos. Após uma disputa
difícil, conseguiu a indicação dos republicanos para o cargo e concorreu contra o
senador democrata Ralph Yarborough. Bush perdeu numa avalancha democrata,
mas foi muito mais votado do que o candidato republicano à presidência,
senador Barry Goldwater, do Arizona.
Não desistiu da política, e foi eleito e reeleito em 1966 e 1968 para a Câmara dos
Deputados pelo 7o distrito eleitoral do Texas. Renunciou ao mandato da Câmara
para disputar a candidatura republicana ao Senado, mas perdeu a eleição.
Durante esse tempo de vitórias e derrotas, Bush ensinou a seus filhos a grandeza
da perseverança e a habilidade de enfrentar os infortúnios, uma visão que
provaria ser muito valiosa para o jovem George nos anos vindouros.
Na década de 1970, Bush [pai] ocupou uma série de cargos que o tornaram
elegível à Casa Branca. Os cargos foram de embaixador dos Esta- dos Unidos
nas Nações Unidas, presidente do Partido Republicano, chefe da Delegação
Americana na China e diretor da Central de Inteligência (CIA). Bush comentou
que essa sucessão de cargos não foi inteiramente prazerosa, pois nunca desejou
ser um burocrata de carreira. Entretanto, se não tivesse ocupado esses cargos
após a derrota para o Senado em 1970, dificilmente teria atingido o topo da
política nacional.
Nessa época, Bush [filho] andava muito ocupado em explorar todas as liberdades
oferecidas a um jovem. Frequentou a Universidade de Yale, mas não foi tão
bem-sucedido como o pai. Ao contrário, era conhecido como um festeiro e
bebedor inveterado. Hoje, ele rotula esses anos como a sua era “nômade”.
Apesar disso, estava prestes a se graduar na Escola de Administração de
Harvard, em 1975.
Seguindo o exemplo do pai, decidiu tentar a sorte nos negócios de petróleo.
Voltou a Midland e fundou uma companhia independente de exploração de
petróleo e gás, chamada de Arbusto (bush em espanhol). Então, em 1977,
George se casou com Laura Welch, uma ex-professora e bibliotecária. Ele
costuma dizer que essa foi a melhor decisão que tomou na vida. Em 1981, Laura
deu à luz as gêmeas Barbara e Jenna.
Durante esses anos, o amor de Bush pelo filho nunca feneceu. No início da
década de 1980, George continuava bebendo, mas sabia que teria de mudar de
vida se quisesse se tornar um bom cidadão, filho e pai. Um dia, a convite do seu
pai, Billy Graham visitou-os na casa de férias da família, em Kennebunkport, no
Maine. Billy e George faziam uma caminhada na praia quando o pastor Graham
lhe perguntou se estava “em paz com Deus”. George respondeu: “Não, mas
quero estar”. Ali, na praia, ele entregou novamente sua vida a Cristo.
Logo depois do seu 40o aniversário, em julho de 1986, George abandonou
inteiramente a bebida e se tornou metodista, a fé de sua esposa. Tornou-se um
homem sério e mais voltado para o trabalho – em parte para ajudar na campanha
do seu pai para presidente em 1988. Absorvido pela política no outono de 1987,
mudou-se com a família para Washington DC, a fim de trabalhar na campanha
bem-sucedida do pai. A despeito de não ter um cargo oficial na corrida
presidencial, foi um confidente de valor e assessor para contatos políticos. Ficou
também conhecido como um ora- dor bem aceito entre os cristãos
conservadores.
O velho Bush devolveu ao filho a sua dedicação e, durante os doze anos como
vice e depois como presidente, nunca esteve ocupado demais para deixar de
atender a um telefonema seu ou escrever-lhe longas cartas.
Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se
desviará deles. Provérbios 22.6

Esse respeito entre pai e filho continuou através dos anos até George W. também
concorrer à presidência. No início da convenção republicana, em agosto de 2000,
em resposta à alegada alusão do presidente Clinton de que era um “filhinho de
papai”, o jovem Bush olhou para onde estava sentado o seu pai e disse diante de
uma audiência nacional: “Tenho orgulho de ser seu filho”. Na inauguração da
Biblioteca Presidencial, chamou-o de “o maior pai do mundo”.
Em 2001, George H. W. Bush tornou-se o primeiro presidente depois de John
Adams a ser pai de outro presidente, um apropriado tributo a um homem que
sempre foi um exemplo para os filhos, enfatizando o trabalho árduo, a
determinação e a fé. Oração, estudo da Bíblia e amor sempre estiveram presentes
no ambiente doméstico dos Bush. Mesmo quando o jovem Bush deixou
temporariamente a sua fé em Deus, os ensinamentos do pai ecoavam no seu
coração, chamando-o a voltar ao lar da fé. Por representar Cristo diante do filho
e de outros familiares, George retornou, se firmou na fé do seu pai e passou a
proclamá-la intrepidamente, mesmo servindo no mais alto cargo da sua terra.
*
Pais de influência deixam um legado de fé para os filhos.
Martin Luther King Sr.
1897–1984
Martin Luther King Jr. Pastor da Igreja Batista Ebenézer, Martin Luther King Sr.
liderava firmemente a sua congregação e os filhos por meio do exemplo ao
enfrentar a desigualdade racial. O seu sonho foi tão poderosamente plantado no
coração do filho, Martin Jr., que isso literalmente mudou uma nação.
Martin Luther King Sr. sempre foi de falar a verdade, sem rodeios.
Certa ocasião, o velho King foi parado por um policial de trânsito que o chamou
de “menino”. Ele apontou para o filho, Martin Jr., e retrucou: “Este é um
menino. Eu sou um homem! ”.
Em outra ocasião, pai e filho entraram numa sapataria, onde o vendedor insistiu
em que fossem para o fundo da loja para serem atendidos. Martin, o pai, não se
moveu e disse: “Ou nos atende sentados aqui, ou não compraremos sapato
algum”. O jovem Martin notou esses fortes traços de caráter em seu pai, e
eventualmente eles também se tornaram parte do seu caráter e do seu ministério.
Quando estudava no Crozer Theological Seminary, Martin Jr. escreveu o que
está registrado no livro A Testament of Hope: The Essential Writings and
Speeches of Martin Luther King Jr.: “O que mais admiro em meu pai é o seu
caráter cristão genuíno. É um homem de real integridade, profundamente
comprometido com princípios morais e éticos. É consciencioso em todos os seus
empreendimentos. Mesmo as pessoas que discordam da sua franqueza admitem
que seus motivos e ações são sinceros”.
Criado como um filho de lavrador no sul da Geórgia, Martin Luther King, ou
Mike, como era chamado então, era suficientemente forte para impedir que o pai
bêbado espancasse sua mãe. Essa disposição e força assustaram sua mãe, que o
fez ir para Atlanta, a fim de fugir do pai. Chegando a essa cidade, Mike, com
apenas 20 anos, arranjou trabalho como pregador em duas igrejas do interior.
Por fim, Mike começou a frequentar a Igreja Batista Ebenézer, onde se casou
com a filha do pastor, Alberta Williams. Em 15 de janeiro de 1929, nasceu o
“pequeno Mike”. Quando o menino Mike tinha 5 anos de idade, o pai mudou o
nome de ambos para homenagear o grande líder da Reforma Protestante na
Alemanha, Martinho Lutero, numa previsão do papel libertador e modelo de
reformador de costumes que seu filho assumiria um dia.
Martin criou o filho em um ambiente confortável de classe média, mas também
com uma proteção estrita e autoritária. Atlanta conhecia tanto as hostilidades
entre as raças quanto a burguesia negra. Martin tinha especial carinho pelo filho
primogênito e permitia certos luxos, como aulas de piano, porções abundantes da
comida local, ópera e longas sessões de luta livre. Mas esse favoritismo incluía
muitas cobranças, e Martin Jr. rapidamente aprendeu disciplina e compostura.
Ecoando as humilhações que Rosa Parks suportou antes do seu ato de desafio,
Martin Jr. e seus colegas negros do ensino médio tinham de aguentar uma
viagem de 120 quilômetros para Atlanta em que os brancos que entravam no
ônibus exigiam viajar sentados. Essas indignidades levaram-no a dizer: “Eu
estava decidido a odiar todas as pessoas da raça branca”.
Martin Jr. graduou-se no ensino médio aos 15 anos. Depois matriculou-se no
Morehouse College, em Atlanta. Essa instituição de ensino era especialmente
procurada pela alta sociedade da comunidade negra da cidade. Pensando em não
seguir a carreira de pastor do pai, cogitou fazer medicina, mas, em vez disso, se
formou em sociologia para preparar-se para a advocacia.
O coração de Martin Jr. se abrandou com respeito aos brancos quando começou
a frequentar vários estabelecimentos integrados durante os anos na faculdade.
Escreveu então que os seus pais sempre diziam que não deveria odiar os brancos,
mas que era seu dever, como cristão, amá-los. Esse amor cristão contribuiu para
que mais tarde Martin suportasse a opressão dos brancos e respondesse sem
violência a ela.
A carreira de advogado nunca se concretizou. Em vez disso, uma posição no
ministério pastoral parecia certa. Ele havia crescido na igreja. Seu único irmão,
seu tio, seu pai, seu avô e bisavô, todos haviam sido prega- dores. Martin Jr.
parecia não ter alternativa. Entrou no Crozer Theological Seminary, na
Pensilvânia, e graduou-se como o primeiro de sua turma em 1951.
Martin Jr. lutava com a ideia de dedicar-se ao ministério. A despeito de o jovem
King ser diferente do pai quanto à teologia, continuava a admirá-lo. Sentia que o
pai lhe dera um exemplo nobre ao qual não se recusaria a seguir. E, no fim, esse
respeito compeliu-o a trilhar os caminhos da obra de Deus.
Martin Jr. perseverou, e recebeu o título de Doutor em Teologia Sistemática
enquanto servia como pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, em
Montgomery, no Alabama. Queria ser um intelectual, ensinando teologia na
universidade, mas Deus tinha outros planos.
Em vez disso, Martin Luther King Jr. assumiu o papel de porta-voz e líder no
crescente movimento dos Direitos Civis, quando os negros começaram a exigir
direitos iguais e igual proteção perante as leis.
[Jesus disse: ] Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. João 13.15

Rapidamente tornou-se uma eloquente voz de liberdade para os negros em toda


parte. Em 1957, ele e outros 115 pastores negros formaram a Conferência Cristã
de Líderes do Sul. Boicotes, manifestações, marchas, discursos e protestos
encheram os seus dias, com os ideais de liberdade e igualdade, o que se estendeu
por praças e prédios públicos.
Em 1963, Martin Luther King Jr. casou-se com Coretta Scott, e tiveram dois
filhos, inclusive Martin Luther King III. Articulando sua esperança para todas as
crianças da América, King enfatizou a liberdade soando em todos os lugares, de
maneira que os filhos de Deus de todas as raças e credos pudessem dar as mãos
e, juntos, cantarem hinos de liberdade.
Em 3 de abril de 1968, Martin Jr. discursou pela última vez no Templo Mason,
em Memphis. Espalhando sua visão de como chegaremos à Terra Prometida
como um só povo, ele disse: “Esta noite, quero que vocês saibam que nós, como
um povo, chegaremos à Terra Prometida”. No dia seguinte, King foi morto pela
bala de um assassino. Apesar de sua voz ter sido silenciada, suas palavras e
ações ecoam ainda hoje.
Martin Luther King Sr. teve uma forte presença como pastor da Igreja Batista
Ebenézer e deu um exemplo firme de amor cristão perante a injustiça para os três
filhos. Estabeleceu fundamentos filosóficos e religiosos para o jovem Martin que
o ajudaram a enfrentar difíceis, mas, por fim, vitoriosos protestos pacíficos
contra a desigualdade racial. Seu pai estabeleceu um “nobre exemplo” e moldou
um filho que desafiou e mudou a face dos Estados Unidos.
*
Pais de influência estabelecem um piedoso exemplo para os filhos.
Caspar ten Boom
1860–1944
Corrie ten Boom. Um bondoso relojoeiro holandês criou um esconderijo para
judeus durante a Segunda Guerra Mundial enquanto ensinava compaixão e
perdão à sua filha Corrie, uma das maiores evangelistas itinerantes e escritoras
do século 20.
Em janeiro de 1837, Willem, o pai de Caspar ten Boom, pendurou um pequeno
letreiro na janela de uma loja em Haarlem, na Holanda, onde se lia “Ten Boom,
Relógios”. Nesse lugar, a família Ten Boom vivia e trabalhava. Era um prédio
típico da velha Haarlem. Em algum ponto da sua história, a parede dos fundos
fora derrubada para juntar a casa com outra ainda mais estreita e íngreme, que
tinha somente três quartos: um nos fundos e, na frente, um sobre outro. Uma
estreita escada em espiral ligava os dois compartimentos.
Nesse prédio humilde, Caspar, o relojoeiro, criaria três filhas e um filho, entre
eles Corrie (apelido de Cornelia), nascida em 15 de abril de 1892. Como
relojoeiro, Caspar valorizava a beleza e a precisão. Tomava o trem para
Amsterdã todas as semanas apenas para trazer a hora certa do Observatório
Naval. Orgulhava-se de que seus relógios nunca estavam atrasados mais que dois
segundos. A cidadezinha gostava de Caspar, e os habitantes chamavam-no de “o
grande homem de Haarlem”. De fato, era conhecido pela sua cortesia e
gentileza, acabando com o mau humor de todos que o conheciam.
A casa dos Ten Boom, conhecida como Beje, estava sempre aberta para qualquer
necessitado. Através dos anos, os Ten Boom foram ativos em trabalhos sociais
em Haarlem, e a sua fé cristã inspirava-os a servir à comunidade religiosa e a
sociedade local. Em 1920, a casa tornou-se um abrigo e refúgio para as crianças
vítimas da Primeira Guerra Mundial.
Beje nunca ficava sem hóspedes. Caspar amava as crianças e, sempre que ficava
sabendo de uma sem lar, um novo rostinho aparecia à mesa. De alguma maneira,
com os parcos lucros da relojoaria, ele cuidava de 11 crianças, provendo-lhes
alimentação e vestuário, depois que os seus quatro filhos já estavam criados.
Com os seus cabelos e barba brancos, a disposição de Caspar era tão alegre
como o seu semblante. Nascido ali mesmo, na casa, foi o primeiro filho dos pais
a sobreviver. Por essa razão, sempre foi resguardado e amado, e passou esse
senso de valor não somente para a sua família, como também para os pobres,
deprimidos e abandonados.
O amor de Caspar pelo seu semelhante tinha origem na sua fé cristã, pois na sua
casa eram regulares os cultos de oração e estudos da Bíblia para todos os
residentes, fossem familiares ou estranhos.
A sua filha Corrie também amava o seu lar. Solteira, ocupava-se com a relojoaria
e dirigia um clube de meninas em Haarlem, uma obrigação que fielmente
cumpriu por quase vinte anos. Durante certo período, esses clubes tiveram
milhares de membros na Holanda e na Indonésia.
Uma noite, no início de 1940, a família Ten Boom ouvia o rádio. O primeiro-
ministro assegurava ao povo da Holanda que não tinham nada a temer. Fora
prometido que não seriam atacados por nenhuma nação envolvida na guerra ao
seu redor. Caspar não estava convencido disso. Desligou o rádio e avisou às
filhas que o primeiro-ministro estava enga- nado. Predisse corretamente que a
Holanda seria atacada e invadida pelos alemães.
Corrie e Betsie não quiseram crer, mas, em 10 de maio de 1940, as tropas da
Alemanha nazista invadiram a sua pátria e começaram a perseguir, maltratar e
prender os judeus. A família Ten Boom tinha muitos amigos queridos que eram
judeus. Acreditava que os judeus eram o povo escolhido por Deus e reconheciam
que o Salvador Jesus Cristo era um deles. Incapazes de ver esse horror acontecer
à sua volta, a família Ten Boom começou a trabalhar clandestinamente, ajudando
judeus a escapar das garras da opressão alemã. Caspar costumava dizer: “Na
minha casa, o povo de Deus será sempre bem-vindo”.
Judeus assustados batiam continuamente à porta da casa dos Ten Boom
procurando por refúgio temporário e um rosto amigo. Caspar nunca lhes recusou
abrigo. Por fim, isso se tornou muito perigoso, e ele teve de pedir a seu filho
Willem, um pastor, que encontrasse abrigos em localidades interioranas.
Quando ficou claro que medidas drásticas precisavam ser tomadas, um
esconderijo foi preparado para os judeus, para a eventualidade de a Gestapo
tentar prendê-los e mandá-los para os campos de concentração. Caspar, Corrie,
Betsie e um amigo, sr. Smit, examinaram a casa cuidadosa- mente. Finalmente,
no alto dela, onde estava o quarto de Corrie, planejaram construir um aposento
secreto. Trabalhando escondidos e em silêncio, uma parede de tijolos foi erguida
para formar o que ficou sendo chamado de “o refúgio”. Enquanto continuavam a
procurar locais fora da própria casa para esconder judeus, agora sabiam ter um
lugar seguro para até quatro pessoas. Era uma atividade arriscada, mas a família
Ten Boom estava determinada a não abandonar os seus amigos.
Em fevereiro de 1944, soldados alemães invadiram a casa dos Ten Boom.
Arrombaram armários e portas tentando descobrir o esconderijo. Após meia hora
de buscas, como não conseguiram descobrir nada, desis- tiram. A família Ten
Boom pôde somente ficar olhando e orando.
O oficial comandante ordenou que a família fosse levada para a delegacia.
Guardas foram mantidos na frente da casa, imaginando que qual- quer pessoa
escondida lá dentro eventualmente teria de sair, ou morrer de fome.
Após saírem relutantemente de casa, Caspar, Corrie, Betsie e Willem foram
levados para o posto policial, onde passaram o resto do dia sentados no chão de
um amplo salão. Muitas outras pessoas haviam sido detidas ao mesmo tempo,
entre eles um amigo, Pickwick.
A despeito de a situação parecer séria, Caspar aproveitou a ocasião para cumprir
o seu ritual de cada noite: orar. Assim, na delegacia de polícia, o grupo se reuniu
em torno do pai, que os conduziu à presença de Deus. Não tinham uma Bíblia,
mas Caspar sabia muitos textos de cor.
Com sua voz grossa, recitou algumas palavras do salmo 119.114,117: “Tu és o
meu abrigo e o meu escudo; e na tua palavra coloquei minha esperança [...].
Ampara-me, e estarei seguro...”. Naquele momento, a sua fé e confiança em
Deus transmitiram conforto e força a todos.
No dia seguinte, foram levados para uma prisão próxima a Haia, uma cidade que
ficava a quarenta quilômetros ao sul de Haarlem. Cada prisioneiro foi colocado
em uma cela separada. Essa foi a última vez que eles viram o pastor Ten Boom.
Dez dias depois, em virtude das sevícias na prisão, o ancião morreu.
A morte do patriarca poderia ter despedaçado o espírito dos seus filhos, mas eles
conheciam uma esperança maior do que aquelas circunstâncias. Certo dia, um
carcereiro jogou um pacote na cela de Corrie. Ela ficou emocionada ao constatar
que o volume continha biscoitos, uma toalha vermelha, agulha e linha de
costura. O remetente do pacote era a sua irmã casada, Nollie, que vivia em
Haarlem. Notou que havia algo estranho no endereço. Estava escrito
obliquamente, apontando para o selo. De acordo com o seu livro, O refúgio
secreto, Corrie retirou o selo, e, embaixo, estava escrito: “Todos os relógios
deixados no armário estão seguros”. Entendeu que isso significava que todos os
judeus escondidos na casa dos Ten Boom tinham escapado. Corrie ficou
exultante.
Um dia, em junho de 1944, todos os prisioneiros empacotaram os seus pertences
e marcharam para a estação ferroviária, onde foram embarca- dos num trem. Ao
embarcar, Corrie viu sua irmã, Betsie, e, descendo do trem, conseguiu se
esgueirar através da multidão até alcançá-la. Juntas, então, entraram no trem, que
as levou até um campo de trabalhos forçados no sul da Holanda. Ali, elas viviam
em barracas e trabalhavam durante o dia. Corrie fazia rádios para os aviões
alemães em uma fábrica da Philips, cometendo propositadamente muitos erros.
Embora a vida no campo fosse dura, Betsie encorajava a irmã, dizendo-lhe que
depois da guerra iriam viajar pelo mundo, falando às pessoas sobre a bondade de
Deus. Lembrava à sua irmã que estavam sofrendo mais do que outros. Se
pudessem testemunhar do amor de Deus, então talvez muitos poderiam
abandonar o ódio e a amargura.
Corrie dava a Betsie e a alguns outros prisioneiros gotas de vitaminas todos os
dias – miraculosamente o frasco nunca se esvaziou. Ninguém entendeu isso até
que Betsie lembrou-lhes a história bíblica sobre o vaso de óleo da viúva, que
também não secava. A despeito das vitaminas, Betsie ficou cada vez mais fraca.
Finalmente ela faleceu em virtude de doenças e fome, deixando Corrie sozinha.
Poucos dias depois, Corrie ouviu alguém gritando o seu nome: “Prisioneira Ten
Boom, compareça após a chamada”. Ela temeu ser punida ou mesmo fuzilada.
“Meu Pai do céu, por favor, ajuda-me agora”, orou.
Ao se apresentar ao guarda, foi-lhe entregue um cartão carimbado Entlassen, que
significava “Liberta”. Estava livre! Corrie mal podia acreditar nisso. Foram-lhe
devolvidos os seus poucos pertences, algumas roupas novas e lhe foi dada uma
passagem de trem de volta para casa. Após uma longa e dura viagem, chegou a
sua cidade, e foi recebida pelos amigos.
Anos depois, veio a saber que fora solta “por engano”. Deus estivera cuidando
dela, pois, uma semana depois de ser solta, todas as mulheres da sua idade no
campo de concentração foram executadas.
Assim que se recuperou, Corrie começou a honrar a visão de sua irmã,
compartilhando suas experiências. Uma senhora doou uma grande casa,
esperando estabelecer nela um lar onde as pessoas que haviam sofrido durante a
guerra pudessem se recuperar.
A história de Corrie fascinou de tal maneira as pessoas que ela foi convidada a
falar em inúmeras igrejas, em muitos países, inclusive nos Esta- dos Unidos e na
Inglaterra. Chegou também a visitar a Alemanha, apesar das amargas
lembranças. Mas Deus ajudou-a a amar e perdoar, mesmo quando se encontrou
com alguns guardas do campo de concentração. Corrie escreveu vários livros
sobre as suas experiências, como O refúgio secreto, Andarilha para o Senhor e
Jesus Is Victor.
Caspar ten Boom ensinou a seus filhos tudo a respeito do amor e da compaixão.
Apesar de não ter tido a oportunidade de ver a filha Corrie valentemente suportar
o sofrimento e partilhar a mensagem do amor e perdão divinos para o mundo,
plantou nela a herança que continua a vencer o ódio e a opressão até os dias de
hoje.
Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. 1João 3.18

*
Pais de influência ensinam os filhos a amar e proteger os inocentes.
Henry Churchill DeMille
1853–1893
Cecil B. DeMille. Teólogo e dramaturgo, Henry Churchill DeMille transmitiu seu
amor por Deus e pelo teatro ao filho, Cecil, que dirigiu O Rei dos reis, Os Dez
Mandamentos e muitos outros filmes clássicos da primeira metade do século 20.
Após o lançamento, em 1922, de A costela de Adão, Cecil B. DeMille deixou
que o público escolhesse o assunto do seu próximo filme. Para organizar o
concurso, o propagandista de DeMille procurou o Los Angeles Times. O prêmio
pela melhor ideia era de mil dólares, com prêmios menores somando outros mil.
Outros jornais começaram a se interessar pela história, e o que deveria ser uma
disputa local atraiu milhares de cartas de quase todas as partes do mundo.
Abrangiam assuntos dos mais sagra- dos aos mais profanos. DeMille ficou
surpreso com a quantidade de sugestões com temas religiosos. Um participante
de Michigan começou sua carta com a frase: “Você não pode quebrar os Dez
Mandamentos – eles vão quebrar você”.
A carta surpreendeu C. B. DeMille. Era uma ideia maior do que qualquer outra
jamais levada à tela. Era também um assunto que fazia recordar seu pai, que com
regularidade lia a Bíblia para ele. Henry DeMille tinha ensinado a seu filho as
leis de Deus não como simples regras, mas como normas definitivas.
Oito participantes sugeriram os Dez Mandamentos como tema. Cecil premiou
cada um deles com mil dólares e rapidamente foi em frente com o filme.
Posteriormente na vida, Cecil B. DeMille descreveu seu pai como democrata,
bom cristão, um cavalheiro sulista, leitor assíduo, uma dessas mentes que não
somente devorava, mas gravava informações.
O famoso diretor de filmes escreveu que a busca pela religião remontava à
história da sua família. Houve DeMilles que abraçaram a velha igreja do abade
Anthony, outros que foram padres e freiras, DeMilles que deixaram doações nos
seus testamentos para a igreja. De fato, pensamentos bíblicos e religiosos nunca
estiveram distantes da sua mente.
A respeito do seu sobrenome, DeMille disse que havia dúzias de maneiras
diferentes de escrevê-lo nos anais da família. O mais antigo é DeMil. DeMille
com um e aparece pela primeira vez em 1747, mas Demill, Demill e várias
outras maneiras apareceram até a época do seu pai. Henry deixou bem claro para
o meio teatral que a sua escolha era DeMille.
Henry DeMille teve seu maior momento de felicidade em 1866, quando fez a
primeira aparição no palco de uma produção amadora de Nan Good- for-
Nothing. Cecil se impressionava com os sulistas, que, apesar de der- rotados e
quebrados, ainda assim tinham tempo e vontade para apresentações teatrais
amadoras. Cecil admitiu que nunca lera a peça, mas tinha especial admiração
pela velha farsa, que, em sua opinião, era péssima, por ter sido a razão do amor
do seu pai pelo teatro.
Depois de viajar para Nova York a fim de visitar o avô, Henry entrou para a
Adelphi Academy, no Brooklyn. Corria o mês de setembro de 1867, e a
academia era dirigida por John Lockwood, um colega de classe do seu tio
Richard. Henry tinha apenas 14 anos.
Henry DeMille conta que Lockwood ensinou a respeito da união entre a religião,
o aprendizado e a fraternidade humana. Dizia que esse era um programa sadio e
equilibrado que não negligenciava o corpo, a mente ou a alma. Foi sob essa
influência que Henry começou a crer num Deus de misericórdia, talvez a força
motivadora mais forte na vida do velho DeMille.
Em 1871, Henry DeMille entrou no Columbia College, ajudado por uma bolsa
de 175 dólares da Sociedade Nova-Iorquina para a Promoção da Religião e da
Cultura. Cecil lembrou-se desses 175 dólares ao assinar contratos envolvendo
milhões de dólares para filmes como O Rei dos reis ou Os Dez Mandamentos;
ou ainda mais quando recebeu cartas do mundo todo enaltecendo os valores
religiosos desses filmes. Mais tarde, Cecil tentou prestigiar essa sociedade pelo
investimento que havia feito na vida do seu pai, mas ela não mais existia. Apesar
de nunca ter devolvido esse dinheiro, pôde doar de outras maneiras, mantendo os
princípios originais da sociedade.
Henry DeMille não tinha dinheiro para divertimentos caros, mas juntava os
centavos para ir às matinês de sábado no Barnum’s Museum. Seu sonho era ser
ator, mas isso parecia impossível. Achava, em 1870, que um rapaz de uma boa
família de sulistas com forte inclinação religiosa não poderia ir para o palco.
Certa vez, perguntou, em tom de brincadeira, à mãe o que ela pensaria se ele se
tornasse um ator. Ela respondeu que isso dilaceraria o seu coração. Essa reação
da mãe impactou-o para sempre, apesar de a fascinação pelos palcos nunca tê-lo
abandonado.
Henry DeMille foi muito influenciado pelo pregador e teólogo Charles Kingsley.
Comprou os seus livros e estudou-os com afinco. Em 27 de maio de 1878, a
Comissão da Diocese Episcopal de Long Island aceitou Henry como candidato
às Santas Ordens, mas ele nunca foi ordenado. Por volta de 1886, se tornara um
dramaturgo dedicado que podia alcançar mais pessoas do que de um púlpito.
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se
assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia
e noite. Salmos 1.1,2

Henry C. DeMille conheceu a artista Tillie Samuel, em novembro de 1872, nos


camarins, durante uma apresentação. Chamou-a de Beatrice, e se casaram em
1876. Depois do primogênito, William, nasceu Cecil, em 1881. A família se
estabeleceu em Pompton Lake, nas cercanias de Oakland, em Nova Jersey, onde
Cecil passou a sua infância, frequente- mente ouvindo o pai ler a Bíblia ou os
clássicos. Na sua autobiografia, DeMille diz que O Rei dos reis e Os Dez
Mandamentos nasceram dessas noites em Pompton, quando seu pai, sob uma luz
forte, lia, e o menino, sentado junto a ele, ouvia.
Quando Henry morreu de febre tifoide, a Sra. DeMille abraçou os dois filhos e
se manteve junto ao caixão. Expressou, então, a sua vontade de que os dois
fossem tão bons, nobres e honestos como o pai fora. Sua esperança era a de que
lhe seguissem os passos, temessem a Deus, amando os semelhantes, sem nunca
abandonar o bom caminho.
Quando Cecil decidiu fazer um filme baseado na Bíblia, ficou preocupado.
Temia que seus amigos, executivos na indústria do cinema, não percebessem o
potencial dessa história. Ele os convenceu de que as personagens seriam muito
mais do que frios estereótipos. Apresentaria personagens reais, homens e
mulheres de carne e osso, sem noção do papel que representariam na história.
Quando a sua refilmagem de Os Dez Mandamentos estreou em 1956, cartas
choveram no escritório de DeMille. O diretor disse que as pessoas sempre
pensavam que seus filmes tornavam Deus uma realidade. Cecil creditava isso à
influência dos pais.
Henry DeMille não viveu muito, mas ensinou aos filhos o amor à Bíblia, o amor
ao teatro e o amor à lei de Deus. O famoso diretor cinematográfico Cecil B.
DeMille nunca esqueceu essas lições e esforçou-se para honrar a memória do pai
e a dedicação da mãe. As redes de TV americanas continuam a exibir Os Dez
Mandamentos, e muitos americanos ainda o consideram como o melhor e mais
nobre filme de todas as épocas.
*
Pais de influência levam os filhos a ter apreço pela lei de Deus.
Alexander Maitland Stewart
1872–1961
Jimmy Stewart. Um fiel presbiteriano, dono de loja de ferragens, e um residente
antigo da Pensilvânia, Alexander Stewart foi um modelo de coragem e bravura
para o filho, o grande ator Jimmy Stewart.
Educado, atento e obstinado, Alexander Stewart foi aluno das melhores escolas
que sua família abastada lhe pôde prover. Ele estudou em Chester e na
Kiskiminetas Springs School, antes de receber o grau de Bacharel em Ciências
pela Universidade de Princeton. Em abril de 1898, poucas semanas depois da
formatura, alistou-se com os Voluntários da Pensilvânia e combateu na Guerra
Hispano-Americana. Quando voltou, trabalhou na loja de ferragens do pai, J. M.
Stewart & Cia., e economizou dinheiro suficiente para comprar um terço da
sociedade antes de se casar com Bessie Jackson, em dezembro de 1906.
Em maio de 1908, na casa da Rua Filadélfia, em Indiana, na Pensilvânia, nasceu
James, o único filho do casal. Na biografia de James Stewart, escrita por Dewey
Donal, Alexander anunciou ao povo da cidade: “James é um pequeno e gordo
malandro. Mas vocês nunca viram um menino como ele. Venham e vejam”. Foi
um convite que Alexander faria mais tarde muitas vezes sempre que o cinema
local exibia um filme no qual o filho atuava.
A família Stewart encarava com seriedade a sua fé cristã, e frequentar a igreja
era obrigatório. Em cada refeição, eles uniam as mãos e davam graças a Deus.
Sempre cantavam hinos em casa. Todos os domingos, iam à igreja. O sr. Stewart
cantava no coro, e sua esposa era a organista. James frequentemente corria pelas
aléias antes de sentar em seu banco.
O jovem James também observava a dedicação do pai como bombeiro
voluntário. Quando soava a sirene, Alex imediatamente se perfilava na galeria
do coro e rapidamente se dirigia para a saída. Todos os paroquia- nos olhavam
para ele, o que perturbava o pastor. O ministro tentava atrair a atenção dos
ouvintes, mas ninguém conseguia se acalmar até que Alex retornasse. O sr.
Stewart agia como se todos os olhos e ouvidos estivessem esperando o seu sinal,
mas, assim que se compunha, voltava-se para a congregação e, com uma
inclinação da cabeça, indicava que tudo estava bem. Um suspiro de alívio se
espalhava através da igreja, e finalmente a atenção retornava ao pregador.
Quando James tinha apenas 5 anos, começou a gostar de representar e levou
furtivamente um par de fantoches de meia para a igreja no domingo. Passou o
culto representando para si mesmo. Por algum tempo, Alexander não percebeu o
que estava acontecendo por estar longe, junto ao coro, mas, assim que tomou
conhecimento, acabou com o teatro do filho.
De fato, inicialmente Alexander não encorajava os impulsos criativos de James e
esperava que ele continuasse com os negócios da família na próspera loja de
ferragens. James diria numa entrevista que, mesmo depois que cresceu e se
mudou, a loja permaneceu no seu coração e nas suas lembranças. Ele entendia
que a loja não era o centro da sua vida, mas era importante para o homem que
trabalhava lá, seu pai.
A despeito das objeções da esposa e da família, Alexander Stewart se alistou no
Exército dos Estados Unidos, em 1917, com a idade de 45 anos. Contribuiu para
os esforços da Primeira Guerra Mundial com as suas habilidades mecânicas no
serviço de manutenção.
Pouco antes de Alexander voltar da Europa, James pediu ao pai se poderia usar
alguns painéis da loja para construir um teatro no porão da sua casa. A
concordância do pai resultou numa série de produções teatrais, geralmente
envolvendo temas de guerra, incluindo uma peça chamada Beat the Kaiser, e
outra, com o título The Slacker, a respeito de um homem que no início se recusa
a lutar contra a Alemanha, mas depois muda de ideia e vence a guerra sozinho.
Depois da baixa, em 1919, com honras e com a patente de capitão, Alexander
batalhou para erigir um monumento aos que tinham sido mortos na guerra. Sem
esperar pela autorização das autoridades da cidade e do condado, construiu os
alicerces e uma coluna de mármore num cemitério luterano alemão que estava
abandonado. Inicialmente os luteranos protestaram, mas ele não se preocupou e
ordenou a seus empregados que continuassem o trabalho.
Poucos anos depois, Alexander, reprimindo suas aspirações para o filho, ajudou
James, de 12 anos de idade, a conseguir um emprego no cinema local. O pai
queria que James ganhasse dinheiro para gastar no verão, mas dispensou-o de
também trabalhar na loja de ferragens. Assim, Sam Gallo contratou James para
ser encarregado do projetor no Strand Theater [Cine Strand].
James sumiu da loja e de Indiana para sempre ao tornar-se aluno na
Universidade de Princeton. Abandonando o seu sonho de uma carreira na
aviação, Stewart tentou a arquitetura e estava pronto para estudos graduados
quando foi atraído pelos clubes de dramaturgia e música da faculdade. Ele foi
convidado a fazer parte do University Players, um grupo teatral formado por
músicos e atores das melhores universidades dos Estados Unidos. Depois de
representar pequenos papéis nas produções do Players no verão de 1932, ele se
mudou para Nova York no outono, onde dividiu um apartamento com o
promissor ator Henry Fonda e o diretor e dramaturgo Joshua Logan. James
começou a aceitar pequenas partes nos espetáculos da Broadway, o que o levou a
papéis mais importantes nos palcos. Após várias críticas elogiosas à sua atuação
na Broadway, atraiu a atenção da MGM, e assinou um contrato em abril de 1935.
De 1935 até 1939, atuou em 20 produções da MGM antes de acertar em cheio
num clássico de Frank Capra, A mulher faz o homem [Mr. Smith Goes to
Washington]. Esse papel fez dele o retrato do homem americano padrão, com
força de vontade para combater a corrupção e a ganância – qualidades que o seu
pai plantara e ensinara anteriormente. Stewart confirmou seu papel como herói
americano com a sua atuação seguinte em 1939 no filme Atire a primeira pedra
[Destry Rides Again].
Aproximadamente um ano antes de Pearl Harbor, James se interessou pelos
paraquedistas do Exército dos Estados Unidos. Dois quilos abaixo do peso
mínimo, mas desejoso de servir, James foi capaz de convencer a comissão de
alistamento e ingressou no Exército em março de 1941. Como os Estados
Unidos ainda não haviam declarado guerra à Alemanha e por causa das regras de
não mandar celebridades ao front, Stewart foi deixado longe dos combates. Foi-
lhe dado o posto de segundo-tenente, e terminou o treinamento como piloto.
Após tornar-se um instrutor de pilotagem para as fortalezas voadoras B-17 e
tendo produzido vários filmes de ensino e treinamento, James finalmente viu o
que era combate participando de 20 missões. No final da guerra, ele foi
promovido a coronel e recebeu duas vezes as medalhas de Mérito da Aviação.
Continuou sendo um piloto da reserva e chegou a voar em algumas missões de
combate na Guerra do Vietnã antes de deixar o serviço em 1968.
James se firmou como um dos maiores atores do cinema americano de todos os
tempos, trabalhando em 78 filmes na sua carreira, entre eles os clássicos: A loja
da esquina; Janela indiscreta; Um corpo que cai; O maior espetáculo da Terra;
Anatomia de um assassino, e o grande clássico de Natal A felicidade não se
compra. Ganhou dois Oscars, o primeiro com Núpcias de escândalo, trabalhando
com Cary Grant e Katherine Hepburn, e o segundo pelo conjunto de sua obra.
No final do verão de 1961, James abalou-se com a notícia vinda da Cleveland
Clinic de que os médicos haviam diagnosticado um câncer de estômago em seu
pai. Tanto James como as suas duas irmãs estavam junto ao leito do pai no fim
de sua vida. No sepultamento, James pediu ao pastor que lesse o salmo 91. De
acordo com o pastor, Jimmy não continha as lágrimas, porque esse foi o salmo
que seu pai colocou em seu bolso em Sioux City antes que ele fosse para a
guerra na Europa.
A integridade dos justos o guia. Provérbios 11.3

Depois do funeral do pai, James visitou uma vez mais a loja de ferragens que
conhecia tão bem da sua juventude. Entrou na loja com a chave em que não
havia tocado por mais de trinta anos. Lá dentro, sentiu o cheiro de metal, couro,
graxa e fertilizantes – odores da sua infância. Olhou a sua velha e arranhada
escrivaninha e abriu a gaveta do meio. Dentro, havia lápis, prendedores de papel,
parafusos e amostras de tinta. Saiu da loja, fechou a porta e decidiu que não
poderia imaginar ninguém atrás do balcão que não fosse o seu pai. Então,
ignorando as ofertas que haviam sido feitas para a compra da loja, optou por
fechá-la e deu o dinheiro da venda das mercadorias às suas duas irmãs.
Alexander Stewart modelou uma forte e leal hombridade em seu filho e
aproveitou cada oportunidade de servir a seu país na guerra. Essa bravura,
coragem e idealismo tornaram-se a marca pessoal de James “Jimmy” Stewart,
um dos melhores e mais amados artistas americanos.
Quando o Museu James Stewart foi inaugurado em Indiana, na Pensilvânia, em
1995, a cidade homenageou o seu mais famoso cidadão, mas não o mais popular.
Trinta e cinco anos após a sua morte e vinte e cinco anos depois do fechamento
da sua loja de ferragens, Alexander Stewart, o pai do ator, ainda fez parte das
solenidades de abertura como um convidado especial, tanto no coração do seu
filho quanto no dos moradores da cidade, que ainda se recordavam dele com
carinho. Jimmy expressou sua devoção para com um pai exemplar, lojista,
excêntrico, presbiteriano, sonhador, aventureiro, psicólogo infantil, crítico de
cinema e patriota. Aqueles que o conheciam tinham as suas próprias histórias
sobre “Alex”, “Al” ou “Eck”, e a maioria deles dizia que não haveria um ator em
Hollywood se aquela figura na loja de ferragens não tivesse existido.
*
Pais de influência ensinam aos filhos a integridade e a ser corajosos.
Lee Petty
1914–2000
Richard Petty. Um pioneiro da NASCAR e uma das primeiras superestrelas, Lee
Petty tornou-se o patriarca da família de uma dinastia de pilotos de corrida,
sendo o pai do sete vezes campeão Richard Petty.
O grande campeão da NASCAR (National Association for Stock Car Auto
Racing [Associação Nacional de Corridas Stock Car]), Richard Petty recorda-se
de como o pai, Lee, instilou nele o gosto inicial pela velocidade. Na sua
autobiografia, King Richard I, ele escreve: “Nunca me esquecerei da primeira
corrida com o papai e o tio Julie. Era apenas uma pequena pista oval de terra,
improvisada em uma pastagem com uma superfície rudimentar, mas foi
suficiente para me emocionar. Havia 25 ou 30 corredores, talvez até mais. Os
carros de corrida eram apenas automóveis com as grades dianteiras retiradas e
para-choques soldados diretamente no chassi. Quando o cara acenou a bandeira
verde para começar a corrida, eu não podia acreditar”.
Encantado, Richard perguntou se poderia voltar imediatamente, mas seu pai
disse que o divertimento não havia acabado, pois haveria mais quatro corridas
naquela noite. Extasiado, falou a seu pai que nunca havia estado em um lugar tão
bom como aquele.
A despeito de adorar correr, Lee não começou como piloto profissional até os 35
anos de idade. O seu início foi na Autopista de Charlotte e terminou nos
primeiros cinco lugares nas 11 temporadas seguintes da NASCAR.
Em 1959, ele venceu a primeira corrida das 500 milhas de Daytona e venceu por
três vezes o campeonato da NASCAR.
Lee criou Richard em Level Cross, na Carolina do Norte, a seis quilômetros ao
norte de Randleman e a dezesseis quilômetros ao sul de Greens-boro.
Surpreendentemente nunca sonhou com a possibilidade de tornar-se piloto de
corridas quando era jovem. Ele se contentava em ser um garoto e pouco pensava
no seu futuro. As corridas eram coisas da sua família.
As primeiras competições com carrinhos começaram quando Richard era ainda
pequeno. Ele e seus amigos construíam pistas de terra e davam voltas
empurrando carrinhos. À medida que cresceram, cansaram dessa brincadeira.
Procurando mais emoção, Richard foi a um galpão e pegou uma lata de graxa,
tirou cada roda, lubrificou bem os eixos e desafiou seus irmãos a uma nova
corrida. Richard sabia que o seu carro era mais rápido e venceu os dois.
De carrinhos, Richard, seu irmão Maurice e Dale Inman passaram para bicicletas
de corrida. No começo, Lee Petty não estava impressionado com a precocidade
do filho. O período de corridas de bicicleta durou todo o verão e teria entrado
pelo outono, mas Lee pensou que alguém poderia se machucar. Por isso, acabou
com as corridas e reduziu o tempo livre dos meninos dando-lhes mais
obrigações.
Lee Petty era um apaixonado por carros e corridas. Quando lhe perguntavam por
que sempre vivia mexendo no carro, respondia que estava aperfeiçoando-o.
Quando Richard pegava uma carona num desses carros aperfeiçoados pelo pai,
percebia que isso era verdade. Ele podia sentir o aumento de força e
desempenho.
À medida que seus carros melhoravam, a reputação de Lee crescia. Ele vencia
quase todo mundo na área de Randleman. Durante algum tempo, não havia
ninguém com quem disputar. O barulho dos carros de Lee também era diferente.
As mudanças eram mais suaves e engatavam muito mais força. Os novos
corredores vinham de longe, como Raleigh e Charlotte, e depois de Atlanta.
Após a temporada de 1946, Lee comprou um Coupe Plymouth 1937. Com seu
irmão Julie, retirou de um carro velho nos fundos da garagem um motor de oito
cilindros em linha da Chrysler e instalou nesse carro. Eles desmontaram o motor
peça por peça e, depois de reconstruí-lo completa- mente, e tornaram-no muito
mais potente. Ao terminarem, perceberam que haviam gastado muito dinheiro
com isso.
Concluíram que teriam de vencer muitas corridas para conseguir pagar as
despesas. Mas Lee tinha certeza de que poderia vencer. Para começar, venceu em
Danville, no Estado da Virgínia. O jovem Richard estava radiante, mas Lee
fingiu estar desinteressado. Secretamente ele sabia que era um vencedor.
Três anos depois, em 1949, Lee entrou na primeira corrida da NASCAR na
Autopista de Charlotte, começando assim sua vitoriosa carreira e gerando a
dinastia da família Petty de pilotos de corrida.
Lee começou a correr em 1928, com a idade de 16 anos, quando trocou sua
bicicleta por um Ford Modelo T. De acordo com Richard, naquela época as
bicicletas valiam mais do que muitos carros, de modo que uma troca era
vantajosa. As bicicletas eram uma extravagância, enquanto a maioria dos carros
não. Lee despojou o Modelo T de tudo que era supérfluo e entrou em todas as
corridas que pôde. Esse carro iniciou o amor pela velocidade que inflamou todos
os Petty que o sucederam.
Lee Petty morreu em 5 de abril de 2000 e está sepultado no Cemitério da Igreja
Metodista Unida de Level Cross, em Randleman, na Carolina do Norte. A
empresa Empreendimentos Petty existe até hoje, e enquanto Richard (que
venceu 200 das 1.184 corridas da NASCAR de que participou, em mais de trinta
e cinco anos) se aposentou desse esporte, seu filho Kyle continua a representar o
nome da família, vencendo muitos prêmios e corridas nos circuitos da
NASCAR.
Vocês não sabem que de todos que correm no estádio, apenas um ganha o
prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. 1Coríntios 9.24
Richard resume o legado da família no livro King Richard: “Acho que as minhas
primeiras recordações incluem carros de corrida. Sempre havia um carro na
frente da casa, ou em qualquer lugar que houvesse a sombra de uma árvore para
trabalhar. Carros desmontados em vários estágios a fim de serem modificados
para correr mais rápido. Não importava que fosse um carro novo ou um usado.
Papai nunca estava satisfeito com a velocidade que atingiam. Certamente está na
essência dos Petty”.
*
Pais de influência ensinam aos filhos sua paixão de correr e vencer.
Charles Henry Cooper
1865–1946
Gary Cooper. Filho de um fazendeiro de Montana, Gary Cooper personalizou a
masculinidade rude e o heroísmo americano com a sua grande habilidade como
ator.
No verão de 1906, quando Gary Cooper tinha apenas 5 anos de idade, seu pai
comprou a Seven-Bar-Nine, uma fazenda de gado falida com 600 acres, a oito
quilômetros ao norte do lugar onde moravam em Helena, no Estado de Montana.
(Em entrevistas, Gary disse que essa mudança foi a primeira e mais vívida
lembrança na sua movimentada juventude.) Lá, longe da agitação da cidade,
Gary (ou Frank como era então conhecido) deleitava-se com o vasto panorama
americano.
A despeito de sua mãe, Alice, se preocupar muito com suas ausências, Frank
agia com a mesma coragem que levou o pai, Charles, a abandonar sua pátria, a
Inglaterra, e viajar para os Estados Unidos. Charles Cooper nasceu em
Bedfordshire, na Inglaterra, de uma família de fazendeiros da classe média. Um
intelectual exemplar, estudou em escolas públicas, e foi estimulado a seguir a
carreira de advogado. Charles, entretanto, sonhava com os encantos da América.
Pediu a seus pais que o deixassem ir para os Estados Unidos com Walter, seu
irmão mais velho. Os dois irmãos desembarcaram em Boston em 1885, quando
Charles tinha 19 anos. Logo depois, ele deixou seu irmão e rumou para o Oeste.
De natureza solitária, Charles amava a vastidão. Foi primeiro um lavrador de
trigo em Nebraska, mas mudou-se posteriormente ainda mais para o Oeste e
tornou-se criador de gado. No entanto, o gosto pela advocacia não o havia
abandonado, e aceitou um emprego como escriturário da estrada de ferro
Northern Pacific, onde se tornou um consultor jurídico. No início da década de
1890, ele já era um especialista em legislação e, foi nessa mesma época, que
conheceu Alice Brazier, que o havia procurado para uma assessoria jurídica.
Alice viu em Charles um grau de requinte e dignidade que não era comum em
jovens naquela época. Logo se casaram. Embora ela sempre fomentasse o desejo
de voltar para a Inglaterra e não ficar nas vastidões do Oeste que Charles tanto
amava, Gary disse que seus pais eram o maior exemplo de um casal feliz.
Charles e Alice tiveram Frank James Cooper em Helena, Montana, durante uma
rara onda de calor em 7 de maio de 1901. (Charles havia se tornado cidadão
americano apenas poucos meses antes do nascimento de Frank.) Nessa época, o
filho mais velho do casal Cooper tinha 6 anos de idade. Os médicos temeram
que a gravidez pudesse ser fatal para Alice. Certamente não poderia ter outros
filhos. Por isso, ela desejava que essa sua última criança fosse uma menina, o
que não aconteceu.
Frank foi uma criança de temperamento agradável e fácil de contentar. Chorava
às vezes quando estava com a mãe, mas se calava quando na presença do seu
severo e taciturno pai. Quando pequeno, sua mãe o vestia com roupas enfeitadas
de babados, ao estilo de um pequeno lorde inglês. Mas essa maneira feminina de
vestir nunca pegou, e, à medida que ele cresceu e pôde decidir por si mesmo,
mudou aquele hábito. Ele gostava de brincar com seus amiguinhos índios
maltrapilhos que moravam em acampamentos na fazenda e era amigo dos rudes
vaqueiros que também trabalhavam no lugar. Muitas vezes, o menino
desaparecia por horas explorando o campo, à procura de ursos e águias. A
fazenda era um convite à independência e à aventura.
A despeito do divertimento que Frank desfrutava, a fazenda não era de todo
bem-sucedida para Charles, e ele aceitou o cargo de juiz em Helena.
Lá, comprou uma bonita casa de alvenaria. De acordo com o livro The Last
Hero: A Biography of Gary Cooper, ele dizia: “Meu pai dedicou seu coração e
todo o seu dinheiro na fazenda, mas nunca teve retorno porque não tinha jeito
para negócios”.
Alice tirou vantagem desses acontecimentos e insistiu em que os meninos
tivessem boa escola em Helena. Ela convenceu Charles de que teria de levar os
meninos para a cidade durante o inverno e matriculá-los numa escola. Temia que
a escola da fazenda, construída de troncos, onde Frank, Arthur e os meninos
índios do local estudavam, não era suficiente.
Quando Charles matriculou os meninos em Helena para o período de inverno de
1909–1910, Frank ficou arrasado. Não gostou da escola da cidade grande e
começou a matar as aulas e não voltar para a classe depois do recreio. Frank
definitivamente tinha o gosto pela aventura e amava e sentia falta da vida no
campo.
No verão de 1910, Charles mandou sua esposa e os filhos para umas longas
férias na Inglaterra. Uma vez lá, Alice decidiu que Frank e Arthur deveriam
frequentar a Dunstable School, onde seu pai e seu avô haviam estudado.
Surpreendentemente Charles concordou. Assim, em 1911 toda a família Cooper
foi para a Inglaterra, e Charles e Alice voltaram sozinhos para os Estados
Unidos. Frank e Arthur ficaram lá estudando por dois anos antes de voltarem
para casa.
Quando Frank tinha 13 anos, ele se feriu num acidente de carro. Pediu ao pai, e
foi atendido, para se recuperar na fazenda. Quando se recuperou o suficiente, os
vaqueiros da fazenda ensinaram Frank a cavalgar, o que o divertiu muito.
Desejando ampliar a educação do filho, Charles tentou entusiasmá-lo com o jogo
de beisebol. Charles e seus companheiros juízes acompanhavam os jogos na
Liga do Noroeste, que aconteciam em Butte e Great Falls. Frequentemente os
juízes levavam os filhos para assistir aos jogos nessas cidades. Apesar de Frank
nunca ter gostado do jogo, ele tornou-se muito amigo dos adolescentes, filhos
dos colegas e amigos de seu pai. (Ironicamente uma de suas melhores
interpretações foi no filme de 1942, Ídolo, amante e herói.)
Em vez do beisebol, Frank optava por caçar e pescar, de preferência na fazenda.
Charles raramente compartilhava dos passatempos do filho, mas o encorajava
nos seus interesses.
Em 1924, Frank Cooper mudou-se para Los Angeles esperando tornar-se um
ator de comerciais, mas, em vez disso, virou um figurante na indústria
cinematográfica. Um ano depois, teve a oportunidade de desempenhar um papel
num curta-metragem contracenando com a artista Eileen Sedgewick. Depois do
lançamento desse filme curto, foi chamado pela Paramount Studios, onde lhe
ofereceram um contrato per- manente, o que ele aceitou. Em 1925, trocou o seu
nome para Gary por- que seu agente sentia que a sua figura lembrava a rude e
dura natureza da cidade de Gary, em Indiana.
“Coop”, como era chamado pelos seus amigos e colegas, apareceu em mais de
cem filmes. Em 1941, ganhou o seu primeiro prêmio da Academia, como
Melhor Ator, pelo seu papel principal no filme Sargento York, um soldado
pacifista que capturou um batalhão alemão inteiro na Primeira Guerra Mundial.
Pare e reflita nas maravilhas de Deus. Acaso você sabe como Deus comanda as
nuvens e faz brilhar os seus relâmpagos? Você sabe como ficam suspensas as
nuvens, essas maravilhas daquele que tem perfeito conheci- mento? Jó 37.14-16
Em 1952, Gary ganhou seu segundo prêmio de Melhor Ator pelo seu trabalho
como o xerife Will Kane em Matar ou morrer, considerado pelos críticos de
cinema e historiadores como a sua melhor atuação. Após sua morte em 1961,
Gary foi colocado na Gale- ria dos Grandes Atores de westerns do Hall of Great
Western Performers of the National Cowboy and Western Heritage Museum. Ele
foi também considerado o 11º maior ator de todos os tempos na lista “As 50
Maiores Figuras da Tela” do Instituto Americano de Cinema.
Frequentemente os jornalistas e apreciadores perguntavam a Gary sobre a sua
vida antes de Hollywood. Ele respondia que seguira o seu pai, que foi um
verdadeiro homem do Oeste. Realmente Gary Cooper tornou-se a personificação
do herói do Oeste: forte, independente, frio diante das dificuldades, gentil e bom.
Charles Cooper deu a seu filho uma fazenda e a liberdade de explorar os
campos, o que o tornou um ícone americano, ainda hoje reverenciado.
*
Pais de influência ensinam os filhos a explorar o mundo à sua volta.
Cel. Rick D. Husband
1957–2003
Laura Husband. Embora tenha morrido no desastre do ônibus espacial Columbia,
o coronel da Força Aérea Americana Rick Husband ensinou a sua filha Laura as
prioridades da vida de acordo com Deus.
O comandante do ônibus espacial Rick Husband e outros seis tripulantes da
missão STS-107 já estavam há 16 dias a bordo do Columbia. De acordo com o
livro escrito por sua esposa, Evelyn, High Calling: The Courageous Life and
Faith of Space Shuttle Columbia Comander Rick Husband, ele gravava fitas de
vídeo antes do lançamento ao espaço para sua filha, Laura, e seu filhinho,
Matthew. Ele lhe disse: “Quero fazer um vídeo para Laura e Matthew, a fim de
que eles possam assistir durante os dias em que eu estiver em órbita. Quero que
saibam quanto os amo e que estarei pensando neles todos os dias”. O valor por
sua família ficava atrás apenas da sua fé.
Não havia nada que Rick adorasse mais do que falar a seus filhos sobre Deus.
Para ele, Deus não era um conceito vago, mas uma pessoa viva e real. Jesus não
era uma personagem boazinha de uma historinha qual- quer, mas o Senhor, o
Filho de Deus. Acreditava literalmente que Jesus vivera, morrera e ressuscitara,
e queria que todos no mundo tivessem um relacionamento verdadeiro com ele.
Rick Husband fez sua primeira menção de querer se tornar um astro- nauta
quando assistiu a John Glenn orbitar a Terra. Na época, tinha apenas 4 anos, mas
nunca mais pensou em outra coisa. Seu pai comprou-lhe um telescópio, e ele
ganhou de sua mãe um capacete de astronauta de brinquedo. Ao completar 13
anos, pediu aos pais para ter instruções de voo. E continuou pedindo a cada ano,
até que finalmente eles lhe concederam o desejo quando tinha 17 anos. Embora
custassem entre 1.200 e 1.500 dólares, Jane e Doug ficaram felizes em poder lhe
dar o dinheiro para as aulas. Ele provou ser um voador nato e rapidamente
conseguiu sua licença de piloto.
Em 1975, Rick se formou com honras na Amarillo High School e foi para a
Texas Tech, em Lubbock, a fim de estudar engenharia mecânica. Lá, conheceu
Evelyn Neely, sua futura esposa, e teve coragem suficiente para convidá-la a sair
com ele. Naquele primeiro encontro, ele lhe contou que queria entrar para a
Força Aérea a fim de perseguir seu sonho de se tornar um astronauta. Logo após
se formar, Rick entrou para a Força Aérea como piloto e, após cursar a Land
Survival School e a Fighter Lead-in School, casou-se com Evelyn em 1982.
Enquanto trabalhava como piloto de testes para a Força Aérea e terminava a sua
pós-graduação em engenharia mecânica na Universidade do Estado da
Califórnia, Rick fez um teste para a NASA a fim de participar do programa de
treinamento para astronautas – três vezes! –, mas não foi bem-sucedido em seu
intento. Ficou desapontado por não conseguir se alistar no programa espacial,
mas deixou a questão nas mãos de Deus.
Em seu diário, escreveu: “Finalmente cheguei a um ponto em que coloquei a
vontade de Deus acima do meu desejo de me tornar um astro- nauta. Não se
engane, ainda quero muito ser um astronauta, mas apenas se for da vontade de
Deus. Quisera ter chegado a essa conclusão antes, mas melhor tarde do que
nunca”.
Rick foi aceito pela Real Força Aérea Britânica para um programa denominado
Estabelecimento de Avaliação de Aeronaves e Armamentos, em Boscombe
Down, Wiltshire, Inglaterra. Lá, sua fé cristã floresceu.
Durante sua permanência na Inglaterra, seu pai, Doug, foi diagnosticado com
câncer renal em estágio terminal. Rick voltou para o Texas com a família para
encontrar-se com o pai moribundo pela última vez. Ao se deparar com a
brevidade da vida, sentiu uma necessidade premente de fazer seus filhos saberem
que com a ajuda de Deus poderiam alcançar tudo o que quisessem. Acreditava
neles e queria que eles soubessem disso.
Embora tivesse entregado seu sonho a Deus, Rick continuou sua bata- lha com o
desejo de se tornar um astronauta. Leu o salmo 37.4, que diz: “Deleite-se no
Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração”. Esse versículo tocou-o
profundamente. Soube, então, que o que realmente importava era ser um bom
marido e um bom pai. Se para se tornar um astronauta significava o
comprometimento dessa tarefa, estaria não apenas ferindo sua família como
também a si mesmo. Sabia que o melhor que poderia fazer era ser um
representante de Cristo perante aqueles que ele mais amava. Queria que tivessem
todas as oportunidades de conhecer Jesus. A corrida pelo espaço era um fator
meramente incidental.
Rick fez a quarta prova para a Astronaut Training School, e finalmente foi
aceito. Em 1995, no Centro Espacial Johnson, entrou para a escola de
candidatos. Após se formar, assumiu o cargo de representante para Projetos
Avançados, trabalhando nas melhorias do ônibus espacial e no desenvolvimento
do Crew Return Vehicle (CRV). Fez pesquisas sobre viagens de volta à Lua e
expedições para Marte. Finalmente, em 1999, fez o seu primeiro voo como
piloto para a missão STS-96, mais conhecida como Discovery. Completou 235
horas de voo, por fim realizando o seu sonho de viajar pelo espaço.
Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças.
Deuteronômio 6.5

Em fevereiro de 2003, foi designado para ser o comandante da missão STS-107,


do ônibus espacial Columbia. Após uma missão espacial bem-sucedida, a
tripulação executou uma manobra considerada arriscada, mas rotineira, para a
reentrada na atmosfera terrestre. Afinal de contas, o Columbia já havia
completado 28 missões bem-sucedidas. Contudo, danos causados aos painéis de
espuma protetora na parte de baixo da espaçonave durante a decolagem
causaram calor e atrito excessivo durante a reentrada. O Columbia se
desintegrou, matando os sete tripulantes a bordo. A NASA, a comunidade
espacial, a América e o mundo ficaram de luto.
A vida de Rick Husband foi breve, mas plena. Sabia quais eram as suas
prioridades e se ateve a elas. Frequentemente Evelyn é requisitada para falar
sobre a fé e a carreira de seu finado marido. Sua filha, Laura, se lembra dele com
estas palavras, publicadas no livro da mãe: “Meu pai era uma pessoa amorosa
que muitas vezes me disse quanto eu sou linda. Era um homem fervorosamente
cristão. Ajudou-me a aceitar Jesus quando tinha apenas 4 anos de idade. Fico
feliz por que ele sabia quais eram as suas prioridades, colocando em primeiro
lugar Deus, sua família em segundo e o seu trabalho em terceiro. Em tudo que
fez, sempre foi humilde. Sinto-me abençoada por ele ter sido o meu pai, embora
quisesse ter tido mais tempo com ele. Fico muito satisfeita em saber que ele está
salvo no céu, que me encontrarei com ele novamente, e que, então, não
precisaremos mais dizer adeus”.
*
Pais de influência ensinam aos filhos que Deus vem em primeiro lugar, depois a
família e, em seguida, o trabalho.
Thomas Gibson Walton
1892–1984
Samuel Moore Walton. Thomas Gibson Walton ensinou a seu filho a frugalidade,
a viver simplesmente e a trabalhar com afinco, uma filosofia que fez de Sam
Walton, fundador do Wal-Mart, o varejista de maior sucesso na história
americana.
Desde muito novo, Sam Walton sempre soube que era importante ajudar no
orçamento familiar, que deveria contribuir, e não apenas gastar.
Aos 7 e 8 anos de idade, ele vendia assinaturas de revistas. Do ginásio até a
faculdade, entregava jornais na casa dos vizinhos. Também tinha uma criação de
coelhos e pombos. Com esses serviços durante a infância, Sam Walton aprendeu
sobre o valor do dinheiro. A vida na época da Depressão também lhe ensinou
sobre a virtude de poupar. Dinheiro era para se fazer e raramente para se gastar.
Em seu livro Sam Walton: Made in América, seu irmão Bud escreveu: “As
pessoas não entendem por que ainda somos tão conservadores. Acham muito
esquisito que Sam seja um bilionário e ainda dirija uma velha camionete, ou que
compre suas roupas no Wal-Mart, ou se recuse a viajar de primeira classe. Mas
foi assim que fomos criados”.
Sam Walton é filho de Thomas Gibson Walton e Nancy Lee Walton. Nasceu
perto de Kingfisher, em Oklahoma, em 29 de março de 1918. Bud nasceu logo
depois, em 1921. O pai de Sam chegou à conclusão de que ser fazendeiro não
rendia dinheiro suficiente para sustentar uma família; portanto, em 1923,
abandonaram a fazenda, e Thomas se tornou um coletor de hipotecas no
Missouri.
Ele trabalhava arduamente, acordando cedo e voltando tarde da noite. É
lembrado como um homem honesto e conhecido pela sua integridade. Uma
figura ímpar, adorava fazer permutas e negócios com tudo, fossem cavalos,
jumentos, gado, casas, fazendas ou automóveis. Certa vez, trocou a fazenda em
Kingfisher por uma outra em Omega, Oklahoma. Para colocar comida na mesa,
também trocou seu relógio por um porco. Como todo bom negociante, sabia até
que ponto pressionar alguém para conseguir um bom negócio, mas sem que o
outro se ressentisse ou ficasse com raiva. Sempre que fechava um negócio, fazia
uma amizade. Ainda assim, Sam, às vezes, se envergonhava das ofertas malucas
que o pai fazia.
Apesar de sua atitude de negociante, Thomas não tinha a ambição ou a
segurança para abrir seu próprio negócio. Também tinha receio de contrair
dívidas. Com o passar dos anos, Thomas teve diversos empregos: banqueiro,
fazendeiro, avaliador de empréstimos para fazendeiros, agente de seguros e
vendedor do setor imobiliário. Por alguns meses, durante os anos da Depressão,
ficou desempregado. Por fim, foi trabalhar para uma seguradora, a Metropolitan
Life Insurance, que fazia parte da companhia hipotecária do seu irmão.
Trabalhava no setor de empréstimos para fazendas. De 1929 a 1931, ele tomou
posse de centenas delas. Eram propriedades de famílias que moravam ali durante
muitos anos. Thomas lhes comunicava as más notícias da melhor forma possível,
para preservar-lhes um pouco de dignidade. Muitas vezes, Sam ia junto com o
pai para o trabalho, e aquela situação lhe causava um profundo impacto. Quando
estava pronto para enfrentar o mundo de verdade, já sabia o valor do dinheiro.
Durante a infância, Sam demonstrou sua ambição ao se tornar um escoteiro com
13 anos – na época, foi o mais novo escoteiro do Estado de Missouri. Usou bem
suas habilidades como escoteiro quando, um ano depois, salvou um menino que
se afogava no rio Salt.
Na Columbia’s Hickman High School, Sam se tornou um ótimo desportista,
jogando basquete e futebol americano. O time da escola venceu o campeonato
estadual de 1935. Lá, ele também serviu como vice-presidente do grêmio
estudantil no primeiro ano e como presidente no segundo ano. Teve notas boas o
bastante para se tornar um estudante honrado, e, quando se formou, foi votado
“O menino mais versátil”.
Os anos na universidade aprimoraram ainda mais sua ética de trabalho e sua
atitude para com o dinheiro. Ele cursou a Universidade de Missouri-Columbia,
se formou em economia e foi oficial de treinamento para oficiais da reserva.
Durante esse período, trabalhou como garçom em troca de comida e juntou-se à
fraternidade Zeta Phi. Também foi sondado pela QEBH, uma reconhecida
sociedade secreta do campus que honrava alguns patriarcas. Na formatura, foi
eleito “presidente permanente” da sua classe.
Três dias após sua formatura, Sam foi trabalhar para a JC Penney, em Des
Moines, Iowa, como estagiário de gerente, recebendo um salário de 75 dólares
por mês. Em 1942, ele pediu demissão do cargo, antecipando-se a sua
convocação para servir no Exército durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse
meio tempo, trabalhou na fábrica de munições DuPont, perto de Tulsa,
Oklahoma, onde conheceu sua futura mulher, Helen Robson, em abril de 1942.
Casaram-se em fevereiro de 1943.
Após um breve período no Exército, Sam decidiu que queria ser dono de uma
loja de departamentos, mas contentou-se com uma loja de variedades. Com a
ajuda do sogro e mais o dinheiro que poupara no Exército, Walton comprou uma
loja de variedades Ben Franklin, em Newport, no Arkansas. Foi lá que testou
vários conceitos novos que se tornariam cru- ciais para o seu sucesso. Por
exemplo, Sam continuamente mantinha estoques com uma grande variedade de
mercadorias a preços baixos. Sua loja também ficava aberta até bem mais tarde
que as outras. Também foi pioneiro em vendas com descontos, já que comprava
seus produtos do atacadista que tivesse o menor preço. Isso permitia que seus
clientes tivessem acesso a mercadorias mais baratas, o que aumentou o volume
de suas vendas. Um fator que fez de sua loja um sucesso era a sua localização
central, tornando-a acessível para uma vasta gama de compradores.
Em 1951, foi forçado a fechar a loja pelo seu senhorio, e, sem conseguir
encontrar um novo local em Newport, Walton abriu uma nova loja em
Bentonville, no Arkansas. A loja ainda era uma franquia da cadeia Ben Franklin,
mas ele a chamou de “Walton Five and Dime”. Sam também abriu uma outra
loja em Fayetteville, no Arkansas, a mais ou menos vinte quilômetros ao sul de
Bentonville. Deu-lhe o mesmo nome que a primeira loja, embora esta não fosse
uma franquia, e ela fez tanto sucesso quanto a sua antecessora. Sam contratou
um gerente de loja para ajudá-lo e lhe ofereceu uma porcentagem nos lucros da
loja. Uma atitude inovadora.
Walton também introduziu o conceito de caixas registradoras próximas à saída
das lojas. Os clientes podiam fazer todas as suas compras e pagar por todas elas
em um único local, em vez de pagar em várias caixas diferentes. Walton também
enfatizava que as lojas deveriam ser limpas, bem iluminadas, e que todos os
funcionários tivessem participação nos lucros, aumentando assim a sua lealdade.
Com o passar do tempo, Sam abriu outras lojas Ben Franklin com a ajuda do seu
irmão, seu sogro e seu cunhado. Em 1962, Sam e seu irmão, Bud, eram donos de
60 lojas de variedades em Arkansas, Missouri e Kansas. Quinze delas eram da
franquia Ben Franklin, e uma, em Fayetteville, era independente.
O primeiro Wal-Mart foi inaugurado em 1962, em Rogers, no Arkansas. Por
meio da implementação das práticas já testadas em suas lojas anteriores, em
1970 Sam já tinha inaugurado 38 lojas em cinco Estados. Em 1980, já eram 330
lojas em 11 Estados, e em 1985 alcançou a marca de 859 lojas em 22 Estados.
Por fim, o Wal-Mart se tornou a maior rede varejista do mundo, e, em 2004,
mais de 1 milhão e meio de pessoas trabalhavam para a Corporação Wal-Mart.
E quando Deus concede riquezas e bens a alguém e o capacita a desfrutá-los, a aceitar a sua sorte e a ser
feliz em seu trabalho, isso é um presente de Deus. Eclesiastes 5.19

Mantendo a filosofia dos seus primórdios humildes, o Wal-Mart financia obras


filantrópicas e oferece bolsas de estudo para estudantes.
Sam admite que não tem muitos luxos quando se trata do Wal-Mart. Só foi
comprar um jato quando a rede estava próxima dos 40 bilhões de dólares em
vendas. Sam e sua equipe se hospedavam em hotéis da rede Holiday Inn, ou em
outros hotéis baratos, e faziam suas refeições, quando tinham tempo, em
restaurantes pequenos e simples.
Os tempos difíceis e o exemplo de Thomas Gibson Walton ensinaram a Sam
Walton o valor do dinheiro. Thomas ensinou a Sam que uma vida simples não é
motivo de vergonha. Ao ensinar o filho a viver de forma simples, incutiu nele
uma filosofia e uma ética de trabalho que, para os americanos, representam uma
economia de bilhões de dólares em produtos básicos do dia a dia encontrados em
qualquer loja da rede Wal-Mart.
*
Pais de influência ensinam os filhos a ser bons administradores dos seus
recursos.

Chuck Heaton
1918–
Patrícia Heaton. O comentarista esportivo de Cleveland, Chuck Heaton, abriu
portas para os seus cinco filhos – incluindo a atriz Patrícia Heaton, duas vezes
ganhadora do Prêmio Emmy –, por meio da sua rede de amigos e colegas.
A atriz Patrícia Heaton nem sempre foi bem-sucedida no trabalho.
Como muitos antes dela, pagava suas contas com o salário de garçonete em
Nova York. Seu pai preocupado, o comentarista esportivo Chuck Heaton, fez uso
dos seus contatos para que ela conseguisse outro emprego. Preocupado com a
filha trabalhando no setor de restaurantes, ligou para o seu velho amigo George
Steinbrenner (dono do New York Yankees), que também nascera em Cleveland.
Chuck disse a George que sua filha estava em Nova York e perguntou-lhe se
havia algo que ele poderia fazer para arranjar-lhe um emprego. Patricia se dirigiu
ao estádio do Yankees a fim de se encontrar com George e, chegando lá, lhe
disse que era uma aspirante a atriz. Ele lhe falou sobre James Nerlander, um
grande produtor da Broadway. Uma semana depois, ela estava almoçando no
Plaza com os dois homens.
Finalmente Heaton estrelou num musical da Broadway intitulado Don’t Get God
Started e, depois disso, juntamente com alguns colegas de palco, fundou a Stage
Three, uma companhia teatral do circuito alternativo. Ela e a sua equipe levaram
uma de suas produções para Los Angeles, onde chamou a atenção de um diretor
de elenco para o drama Thirtyso-mething, da rede de televisão ABC. Daí, foi
apenas uma questão de tempo até que conseguisse o papel de Debra Barone na
série Everybody Loves Raymond.
Chuck Heaton faz pouco caso da sua contribuição para o sucesso da filha, como
escreveu na revista Cleveland: “Minha filha, Patty, certa- mente conseguiu
realizar muitas coisas com o seu talento, e podem ter certeza de que me orgulho
muito dela. E não é crédito meu. Provavelmente a melhor coisa que fiz, além de
pôr a comida na mesa, pagar pelos seus estudos e fazê-la ir à igreja aos
domingos, foi sair do seu caminho. A série Everybody Loves Raymond é um
sucesso, e ninguém sente tanto orgulho de Patty quanto a família Heaton. E
ninguém da família sente isso mais do que o velho pai de Patty”.
Um membro da geração da Segunda Guerra Mundial, Chuck Heaton escreveu,
durante cinquenta e um anos, três artigos por dia (uma história beat, uma coluna
e comentários) para o jornal The Plain Dealer. Como um colaborador da Sports
Illustrated e do Pro Football Digest, ele agora tem um lugar no Hall da Fama do
Futebol Profissional, em Canton, Ohio, como ganhador do prêmio memorial
Dick McCann, concedido a comentaristas de esportes com carreira excepcional.
Quando criança, Patricia sempre se sentiu privilegiada por ser filha de Chuck
Heaton. Sabia que ser um de seus filhos tinha o seu preço. Muitas vezes, ouvia
os cochichos quando as pessoas descobriam quem ela era. Com o passar dos
anos, seu pai a levava para o seu escritório no jornal. Lá, ela se entretia enquanto
o pai tratava de negócios. Ela gostava até da viagem para a grande cidade de
Cleveland, já que muitos dos garotos do subúrbio raramente iam à cidade. Ele
também a levava ao Estádio Municipal de Cleveland, que era a arena enorme e
majestosa onde muitos dos grandes eventos esportivos da cidade aconteciam.
Todos lá conheciam Chuck Heaton. Ele não apenas a levava ao seu escritório no
estádio, mas também ao clube de lá, à cabina da imprensa e até, em ocasiões
especiais, à tribuna de honra. Ela se sentia especial e importante.
A fé e o comprometimento de Chuck Heaton com organizações de caridade
católicas eram tão grandes quanto sua ética no trabalho. Fez doações para as
Missões Maryknoll, a Cidade dos Meninos do padre Flanagan, e para
virtualmente todas as organizações católicas que solicitaram o seu auxílio. Seu
coração reservava um lugar especial para as pessoas com problemas.
Na casa de Chuck, em Bay Village, o que mais se enfatizava era a fé e a família.
Também adoravam ler, escrever e as artes. Chuck sabe que Patricia vivencia,
pratica e é motivada por sua fé, algo do qual se orgulha mais do que da sua fama
e celebridade.
Em seu livro Motherhood and Hollywood, Patricia escreveu sobre a sua
experiência de deixar o catolicismo para tornar-se membro da Igreja
Presbiteriana: “O que sei é que não somos perfeitos. Aparentemente Deus sabe
disso também, ou não teria se dado ao trabalho de vir até aqui e ser crucificado
para consertar toda essa bagunça. Tantas coisas no mundo servem para nos
afastar da realidade de Deus, nosso Pai [...]. Ele nos ama. Precisamos amá-lo e
amar uns aos outros. Quero apenas me manter firme no meu amor por Deus e
por todas as pessoas”.
Depois de se mudar de Nova York para Los Angeles, Patricia continuou a
batalhar para conseguir trabalhos regulares como atriz. Entre um trabalho e
outro, foi com a sua igreja, a Presbiteriana de Hollywood, em uma viagem
missionária a um orfanato mexicano. A própria viagem ao México, o
afastamento da mídia, o trabalho braçal e a franqueza e simplicidade das
crianças mexicanas a transformaram. Não sentia mais a urgência de se tornar
uma atriz. Se fosse necessário, estava disposta a abandonar aquilo tudo. Quando
regressou, os trabalhos começaram a aparecer com mais frequência, mas ela
nunca se esqueceu das lições que aprendeu no México sobre se relacionar com
os outros, seja no divertimento, seja no trabalho, seja na comunhão com Deus.
Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.
Gálatas 6.10

Após sua breve aparição no seriado Thirtysomething, Patricia estrelou em três


sitcoms de sucesso: Room for Two (1992), com Linda Lavin, Someone Like Me
(1994), e Women in the House (1995), com Delta Burke, antes de conseguir o
papel consagrado da sofredora esposa, mãe e nora Debra Barone em Everybody
Loves Raymond. Desde 1999, ela foi nomeada todos os anos para o Prêmio
Emmy como melhor atriz de seria dos de comédia, tendo sido agraciada duas
vezes. Também ganhou dois prêmios do Viewers for Quality Television e um
troféu do Screen Actors Guild pelo seu trabalho na série.
Atualmente ela e o marido, David Hunt, têm quatro filhos e gerenciam uma
companhia de produção de filmes chamada Four Boys Films. Uma cristã sincera,
ela foi grandemente influenciada pela ética profissional e pela fé do pai, bem
como pela forma em que ele intercedeu em seu favor a pessoas que trabalhavam
no ramo.
*
Pais de influência abrem portas para os filhos.
Tom Cunningham
Data desconhecida
Loren Cunningham. Tom Cunningham ensinou o filho a ouvir a Deus. Loren
ouviu e fundou a YWAM (Youth with a Mission – Jovens Com uma Missão
[JOCUM]), atualmente uma das maiores organizações de treinamento e
formação de missionários no mundo.
Quando tinha 20 e poucos anos, Loren Cunningham foi atribulado por uma visão
muito peculiar. Via constantemente uma enxurrada de pessoas, jovens
missionários, marchando sobre as margens de todos os continentes do mundo.
Sabia que era uma visão de Deus e tinha uma ideia bem razoável do que
significava.
Quando tinha 13 anos de idade, Loren fechou os olhos e orou no altar. Ao abri-
los, deparou com as palavras de Marcos 16.15, a Grande Comissão: “Vão pelo
mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas”. Daquele dia em diante,
soube que seu chamado era para pregar. Achou até que deveria se tornar um
missionário, já que as palavras diziam: “Vão pelo mundo todo”. Enquanto Deus
falava com Loren, as sementes de uma grande organização para treinar e
comissionar missionários germinaram. Vários acontecimentos na vida de Loren
tornaram a sua visão de resgatar os perdidos cada vez mais clara e focada.
Esse tipo de chamado de Deus nunca foi algo estranho ou fora do comum para
Loren. Tanto seu pai quanto seu avô também foram chama- dos. Em sua
biografia, Is That Realy You, God, ele escreveu: “Meu avô era dono de uma
lavanderia bem-sucedida em Uvalde, Texas, e levava uma vida confortável
quando recebeu o que ele denominou de um ‘chamado’ para pregar. Colocou a
lavanderia à venda. ‘Você é um tolo’, disse o irmão do meu avô. Ele respondeu:
‘Se tivesse ouvido Deus e não respondesse, aí, sim, eu seria um tolo’ ”.
O avô de Loren obedeceu ao chamado, mas em tempo parcial, fazendo serviços
variados em pequenas cidades texanas e pregando nos fins de semana. Então,
aconteceu uma tragédia. Sua mulher contraiu varíola e ficou à beira da morte.
Após uma aparente melhora, o avô de Loren fez os preparativos para levar sua
mulher enferma para casa, mas inesperada- mente ela piorou e veio a falecer.
Para agravar essa perda, as autoridades sanitárias insistiram em que sua cama e
suas roupas fossem queimadas para evitar o perigo de contaminação.
Inacreditavelmente, o avô Cunningham não rejeitou nem culpou Deus. Em vez
disso, começou a pregar em tempo integral. Seus cinco filhos ficaram com
parentes e fazendeiros amigos enquanto ele viajava para propagar o evangelho.
Embora muitos de seus irmãos tenham se afastado de Deus, isso não aconteceu
com Tom. Após muitas orações, começou a viajar com o pai para diversos
encontros de reavivamento por todo o sudeste dos Estados Unidos.
Arnette, a irmã de Tom, se ofereceu para pagar-lhe a faculdade, a fim de que
pudesse se formar em engenharia depois que terminasse o ensino médio, mas ele
recusou. Em vez disso, resolveu sofrer as agruras do ofício de pastor com o pai.
Mas, no fim, ele deixou o ministério e arrumou um emprego na construção civil,
na cidade de Oklahoma. Certo dia, um guindaste com uma carga de toras de
madeira acertou Tom, obrigou-o a se segurar na primeira coisa que pôde e o
deixou dependurado no alto de uma construção. Seus colegas de trabalho
conseguiram salvá-lo, mas ele, encarando o acidente como um sinal de Deus,
informou a seu chefe de que não continuaria no emprego e voltou a se juntar ao
pai nas suas pregações. Com aquela segunda chance na vida, Tom resolveu
obedecer à voz de Deus sem se importar com as dificuldades.
Na estrada, Tom conheceu uma outra jovem evangélica, chamada Jewell
Nicholson. Logo se casaram. Em 1935, nasceu Loren. Quando completou 9
anos, a família morava em Covina, Califórnia. Loren recebeu a incumbência,
junto com uma cédula de cinco dólares, de ir ao mercado no fim da rua. Ao
chegar lá, não conseguiu encontrar a nota. Amedrontado e com raiva de si
mesmo por ter perdido o dinheiro, voltou para casa e admitiu o seu descuido.
Seus pais imediatamente sugeriram que orassem e pedissem a Deus que lhes
mostrasse onde estava o dinheiro. Oraram e sentiram que Deus lhes dizia que o
dinheiro estava sob um arbusto. Loren refez o seu caminho, olhando debaixo de
cada arbusto e, finalmente, quando enfiou a mão no fundo de um arbusto,
encontrou a nota amassada.
Loren compreendeu ainda mais a sua vocação para missionário um pouco antes
de completar 15 anos. Certa manhã, estava divagando durante o culto na igreja
sobre o Chevrolet ’39 que queria comprar, embora devesse estar prestando
atenção no sermão do seu pai. Juntara todo o dinheiro da entrega dos jornais e
queria pintar o carro de azul- metálico assim que o comprasse. Também tinha
planos de tirar todos os cromados e rebaixar a traseira.
Então, a voz do seu pai lhe chamou a atenção pela mudança de tom. O velho
Cunningham estava falando sobre uma criança árabe que ele encontrara na sua
primeira viagem além-mar para Israel. Procurando controlar a emoção, sua voz,
normalmente grave e sonora, suavizou-se enquanto explicava que a pequena e
maltrapilha menina árabe era de um campo de refugiados palestinos. Deveria ter
uns 8 anos, usava um vestido rasgado e tinha cabelos desgrenhados. Uma
criança mais nova ainda estava em seu colo.
Tom descreveu como aquela menina estendeu sua mão empoeirada suplicando
por uns trocados. Loren percebeu que, do púlpito de madeira, o pai olhava para
ele enquanto falava.
Embora os seus anfitriões o desencorajassem a dar esmolas, Tom admitiu que
simplesmente não pôde virar as costas. Não se importou se outras crianças como
aquela menina iriam se sentir encorajadas pela sua generosidade a pedir-lhe mais
esmolas. Tirou algumas moedas do seu bolso e colocou-as na mão daquela
criança.
Por um instante, Loren achou que seu pai iria chorar. A congregação inteira
prendeu a respiração, e a igreja ficou em silêncio. Ao ajoelhar-se para orar
naquela noite no seu quarto de hotel, Tom teve uma visão daquela menina
palestina suja e queimada do sol. Piscou os olhos, mas ela ainda estava ali. Ela
novamente estendeu a mão, e parecia que não estava apenas pedindo uma
esmola, mas, sim, conforto, encorajamento, amor e um futuro. Estava pedindo o
evangelho.
Naquele dia, os membros da igreja se emocionaram e arrecadaram mais dinheiro
para trabalhos missionários no exterior. Loren doou o dinheiro que tinha
guardado para comprar seu Chevrolet em prol da compra de um jipe para um
missionário na África.
A obra missionária estava agora no sangue de Loren. Ele fez uma viagem ao
México e ficou ainda mais animado. Então, foi levar a Palavra de Deus a
Nassau, nas Bahamas. Após a visão da enxurrada de missionários, Loren liderou
um pequeno grupo de jovens em uma breve viagem missionária. Outras viagens
foram organizadas, assim como regras para o gerenciamento de outras
empreitadas. O grupo recebeu um nome, e em dezembro de 1960 nascia a Youth
With a Mission [Jovens Com Uma Missão].
A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu
caminho. Prometi sob juramento e o cumprirei: vou obedecer às tuas justas
ordenanças. Salmos 119.105,106
Atualmente a YWAM mantém a sua paixão: conhecer a Deus e fazê-lo
conhecido. Bases operacionais da YWAM estão espalhas pelo mundo, em mais
de 149 países. Preservando o evangelismo, treinamento e serviços de assistência
como os seus principais objetivos, a YWAM continua sendo uma das maiores
organizações missionárias do mundo. E o seu líder, Loren Cunningham, não a
teria fundado se não tivesse ouvido a mensagem de Deus, uma habilidade que
aprendeu do seu pai e do seu avô.
*
Pais de influência ensinam os filhos a ouvir a voz de Deus.
Sir Randolph Churchill
1849–1895
Winston Churchill. Seguindo o caminho da carreira do pai como estadista,
Winston Churchill liderou a Inglaterra como primeiro-ministro durante os duros
dias da Segunda Guerra Mundial.
O jovem Winston Churchill odiava estudar, gastava além da conta e não era bom
aluno. Seu pai, sir Randolph Churchill, um membro do Parlamento, achava que o
filho se prestaria apenas à vida militar. O jovem não se importava com esse
julgamento, pois, mais do que tudo, ele queria se tornar um diplomata como o
pai e achava que uma carreira militar bem-sucedida seria sua porta de entrada
para uma cadeira no Parla- mento. Frequentemente dizia a seus amigos de
infância que um dia seria um estadista como o pai.
Sob certos aspectos, o jovem Winston era estudioso. Perspicaz observa- dor de
pessoas, reunia informações e considerava todos os ângulos de uma questão.
Durante o tempo em que permaneceu na Índia como soldado, leu diversos livros
sobre a história e biografias dos grandes líderes mundiais, preparando-se para
desempenhar o papel que mais tarde lhe caberia.
Winston amava profundamente seus pais, embora, por causa das inúmeras
atividades sociais, eles frequentemente o deixassem aos cuidados de tutores,
babás ou ajudantes. Quando Winston completou 7 anos, seus pais o mandaram
para St. George, uma escola primária cuja maior característica era preparar seus
jovens e ricos alunos para um dia poderem cursar os melhores educandários da
Inglaterra. Infelizmente, durante o seu tempo lá, Winston esteve sempre metido
em confusões, e muitas vezes foi castigado pelo diretor da escola. Seus pais o
transferiram, então, para outra escola, em Brighton, mas a sua permanência em
St. George convenceu Winston a nunca mais se deixar intimidar.
Por volta de 1886, Randolph, o pai de Winston, se tornara um proeminente
secretário de Estado na Índia, que na época fazia parte do Império Britânico.
Dessa posição, ele passou para o Ministério da Fazenda, encarregado da
economia britânica. Também se tornou líder da Câmara dos Comuns. Winston
sentia tanto orgulho do pai que lhe pediu que lhe enviasse autógrafos, a fim de
distribuí-los aos colegas de turma.
Em 1888, Winston deixou Brighton, e foi matriculado na Harrow School, onde
se concentrou no estudo de latim, grego, ciências naturais, matemática e
estratégia militar. Em Harrow, Winston testou sua sagacidade e sua resolução em
uma desavença com o diretor da escola. De acordo com a biografia Winston
Churchill, de Judith Rogers, certo dia o diretor gritou com seu aluno: “Churchill,
tenho sérios motivos para estar aborrecido com você! ”. Winston prontamente
respondeu: “E eu tenho sérios motivos para estar aborrecido com o senhor”.
Mais tarde, Winston fez planos para cursar a Real Academia Militar, em
Sandhurst, antes de se juntar a um regimento na Índia. Certa vez, disse ao
médico da família, numa consulta por causa de sua língua presa, que seu maior
desejo era se tornar um estadista como o pai, e não podia ter a preocupação de
proferir um discurso importante sem conseguir enunciar a letra s.
No entanto, a saúde de Winston era o menor dos seus problemas. Por três vezes,
ele não conseguiu passar no exame para ser aceito em Sandhurst. Randolph tinha
certeza de que o filho se tornaria um empregado de um escritório. Em vez da
infantaria, o fraco desempenho de Winston o relegou à menos prestigiada
cavalaria, mas ele se comprometeu a melhorar nos estudos.
Em Sandhurst, Winston se acalmou, tornou-se um aluno aplicado, melhorou de
comportamento e até passou a cuidar da aparência. Randolph finalmente passou
a acreditar que o filho pudesse seguir carreira na política e começou a apresentá-
lo a líderes e jovens dignos de nota dentro do meio político.
Entretanto, logo depois, a saúde do pai de Winston começou a deteriorar. Seus
médicos sugeriram que fizesse uma longa viagem oceânica para descansar e
melhorar o seu estado de espírito. Infelizmente a viagem não teve um bom
desfecho – Randolph estava tão doente que não pôde pros- seguir. Os pais de
Winston regressaram a Londres, onde, poucos dias depois, Randolph faleceu.
Embora entristecido pela perda, Winston estava mais determinado do que nunca
a alcançar a fama e a proeminência como um político eleito. Ele escreveu sobre
o pai em seu livro My Early Life: “Todos os meus sonhos de companheirismo,
de entrar no Parlamento a seu lado e com o seu apoio, estavam terminados.
Restava-me apenas o objetivo de perseguir os seus intuitos e honrar a sua
memória”.
Parece até que todos os eventos que se seguiram à morte do pai iriam preparar
Winston para assumir o cargo de primeiro-ministro durante a Segunda Guerra.
Primeiro Winston serviu no pelotão de Kitchener no Sudão e publicou seu
primeiro livro. Então, após ser capturado enquanto fazia a cobertura da Guerra
Bôer para o jornal London Morning Post, ele escapou de Pretória. Sua primeira
eleição para o Parlamento foi em 1900, e no início dessa década exerceu vários
cargos públicos e também se casou. Após uma derrota desalentadora durante a
Primeira Guerra Mundial, ele deixou o Almirantado, mas foi reeleito para o
Parlamento, tornando-se um dos primeiros e mais duros críticos de Hitler
durante a década de 1930. No dia 10 de maio de 1940, foi nomeado primeiro-
ministro.
Embora a tarefa que se apresentava fosse realmente formidável, Churchill
encarava como uma honra poder liderar seu país durante as dificuldades daquele
tempo de guerra. Discursando na Câmara dos Comuns, ele demonstrou suas
incríveis habilidades de oratória como grande estadista. “Só tenho para oferecer
sangue, sofrimento, lágrimas e suor. Temos perante nós uma dura provação.
Temos perante nós muitos e longos meses de luta e sofrimento. Perguntam-me
qual é a nossa política? Dir-lhes-ei: fazer guerra no mar, na terra e no ar, com
todo o nosso poder e com todas as forças que Deus nos possa dar; fazer guerra a
uma monstruosa tirania, que não tem precedente no sombrio e lamentável
catálogo dos crimes humanos; essa a nossa política. Perguntam-me qual é o
nosso objetivo? Posso responder com uma só palavra: Vitória – vitória a todo
custo, vitória a despeito de todo terror, vitória por mais longo e difícil que possa
ser o caminho que a ela nos conduz; por que sem a vitória não sobreviveremos.
Compreendam bem: não sobreviverá o Império Britânico, não sobreviverá tudo
o que o Império Britânico representa, não sobreviverá esse impulso que através
dos tempos tem conduzido o homem para mais altos destinos”. Suas palavras lhe
renderam o apoio unânime de toda a nação.
Durante os cinco anos seguintes, Churchill liderou seu país e seus comandantes
para a vitória. Como um falcão, observou os nazistas de Hitler invadirem a
vizinha França. Quando Hitler ameaçou invadir a Inglaterra, Churchill se
recusou a capitular ou negociar e, portanto, foi capaz de manter o Reino Unido
como uma base para que finalmente os Aliados pudessem atacar a Alemanha.
Embora o papel de Churchill durante a Segunda Guerra Mundial tenha sido
incontestável, houve críticas dos seus conterrâneos. Após o término da guerra na
Europa, Churchill foi derrotado nas eleições de 1945 por Clement Attlee e pelo
Partido Trabalhista. Os ingleses achavam que o melhor homem para liderar o
país em tempos de guerra não era necessariamente o mais capacitado para
governá-lo em tempos de paz.
Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada [...]. Se o dom é
servir, sirva [...]. Se é exercer liderança, que a exerça com zelo. Romanos 12.6-8
Entretanto, o Reino Unido não estava livre de Churchill, que ficara inquieto e
entediado como líder dos conservadores oposicionistas nos anos do pós-guerra.
Nas eleições gerais de 1951, Churchill novamente se tornou primeiro-ministro e
serviu nesse cargo até renunciar em 1955. Durante esse período, ele renovou o
que chamou de “relacionamento especial” entre a Inglaterra e os Estados Unidos
e se ocupou com o estabelecimento da ordem do pós-guerra.
Em 1953, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura “por sua maestria em
descrever dados históricos e bibliográficos, assim como por sua brilhante
oratória em defesa dos valores humanos”. Mais tarde, em 1963, se tornou
cidadão honorário dos Estados Unidos. Ao morrer, em 1965, com 90 anos de
idade (exatos setenta anos após a morte de seu pai), seu corpo foi velado, por
decreto da rainha, durante três dias, no Westminster Hall. Um funeral de Estado
foi celebrado na St. Paul’s Cathedral, o primeiro funeral desse tipo para um
plebeu desde 1914. A cerimônia teve uma salva de 19 tiros de canhão da
Artilharia Real, e 16 caças Eletric Lightning da Força Aérea Britânica
sobrevoaram o enterro. Foi a maior concentração de dignitários jamais vista no
Reino Unido, com representantes de mais de cem países.
Winston Churchill teve sucesso. Conquistou tudo que viu em seu pai e manteve
o Reino Unido coeso durante os piores dias do século 20.
*
Pais de influência ensinam os filhos a exercer a liderança e servir com honra.

John Vine Milne


1845–Data desconhecida
A. A. Milne. John V. Milne não foi apenas um pai para A. A. Milne, autor dos
livros do Ursinho Pooh, mas também o seu professor. Ele ensinou o filho a ter
confiança e mostrou-lhe o valor do entusiasmo e da criatividade.
Certo dia, em 1884, John Milne resolveu que já era tempo de os seus dois filhos
mais velhos, David, de 5 anos, e Kenneth, de 4, aprenderem a ler. O sr. Milne
pregou um gráfico com palavras na parede e esperou enquanto David e Kenneth
olhavam em silêncio, sem entender as palavras. O sr. Milne apontou para uma
delas e perguntou: “O que é isso? ”, mas os meninos permaneceram calados.
Então, do fundo da sala, Alan, seu filho de 2 anos e meio respondeu: “Gato”. O
sr. Milne sorriu. Seu filho mais novo, Alan Alexander, estava certo.
Inicialmente seu nome fora Alan Alexander Sydney Milne, mas John decidiu
trocar legalmente o nome do filho (Alexander era o nome do irmão de John).
Alan (ou A. A. Milne como mais tarde ficou conhecido) nasceu na Escócia, mas
logo a família se mudou para Londres, para a Henley House, uma construção
que servia como moradia dos Milne e também como um internato para meninos,
onde John era o diretor. Quando Alan era um bebê, a escola abrigava 13
internos, sendo o mais novo de 6 anos de idade e o mais velho de 16 anos. Entre
40 e 50 outros meninos frequentavam a escola apenas durante as aulas diurnas.
John V. Milne considerava a Henley House mais como um local onde amigos
podiam se encontrar do que um lugar onde se vendia educação. Ali, existiam
apenas três regras: nada de mentiras, trapaças ou intimidações.
A. A. gostava do pai. De acordo com o livro A. A. Milne: The Man Behind
Winnie-the-Pooh, ele disse que seu pai foi “o melhor homem que já conheci: e
com isso quero dizer que ele era verdadeiramente bom, a pessoa mais confiável e
mais correta [...]. Quando eu era criança, entreguei meu coração a meu pai”.
Depois ele descreve o pai como uma pessoa com muito senso de humor e
coragem.
A. A. gostava especialmente das histórias que o pai lia para ele, principalmente
de Uncle Remus e de Reynard the Fox. Aos domingos, o dia do Senhor, John lia
o livro O peregrino. Mais tarde, quando A. A. começou a ler por conta própria,
ele devorou A ilha do tesouro, Masterman Ready e A família Robinson.
Com o seu interior frio, o internato poderia ter sido um lugar difícil para o
aprendizado, mas, com amor, tornou-se o melhor lugar para os estudantes
quando não estavam em suas casas. A. A. mal podia esperar para se tornar um
deles. Antes dos 4 anos, ele já lia palavras bem mais complica- das do que
“gato”, e aos 5 anos já escrevia graciosa e legivelmente. Quando completou 6
anos de idade, se tornou oficialmente um entusiástico aluno, e John, o seu
entusiástico professor.
Alan foi tão bem nos estudos que sua mãe ficou ansiosa e queria segurar suas
rédeas. Ela achava que crianças ambiciosas se cansavam a ponto de se tornarem
obtusas. Mas não havia o que segurasse Alan. Ele não queria deixar de lado sua
leitura e seu aprendizado nem que fosse para brincar. Quando era proibido de
estudar durante certos períodos, ele ficava apático, desanimado e entediado. Até
a sua saúde ficava prejudicada. Desse modo, seus pais resolveram deixá-lo voltar
a seu ciclo de estudos.
Embora A. A. tenha se dedicado à leitura e à escrita, mais tarde ele cursou a
Universidade de Cambridge com uma bolsa de estudos para matemática. No
entanto, as palavras sempre fizeram parte da sua natureza, e logo estava editando
e escrevendo para a Granta, uma revista feita pelos alunos. A. A. e seu irmão
Kenneth eram colaboradores, e seus artigos eram publicados com as iniciais
AKM.
A. A. se formou em Cambridge no verão de 1903 e, então, foi para Londres
tentar a sorte como escritor. Escreveu para seu amigo e antigo professor H. G.
Wells e lhe disse que tentaria ser jornalista. O jovem Milne havia feito um trato
com o pai para que este lhe ajudasse financeiramente durante dois anos, mesmo
sem ganhar um centavo. Mas o escritor ambicioso estava decidido a fazer
dinheiro com o seu ofício. Por fim, o trabalho de A. A. chamou a atenção da
maior revista humorística da Inglaterra, a Punch, onde primeiro foi colaborador e
depois editor.
Em 1910, A. A. conheceu Dorothy De Selincourt, a afilhada do editor chefe da
Punch. Ela queria que o jovem escritor a chamasse de Daphne, e, em 1913, eles
se casaram. Embora pacifista, A. A. finalmente se alistou para lutar pela
Inglaterra durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1920, após a guerra, ele e a
mulher tiveram um filho, ao qual chamaram Christopher Robin, e A. A. estava
encaminhado como teatrólogo e escritor.
John sentia muito orgulho e alegria ao ver o filho alcançar a fama e a fortuna. E
A. A. correspondia à admiração com trabalhos dedicados aos interesses do pai.
Sabendo da fraqueza de seu pai por histórias de detetive, A. A. dedicou seu
primeiro romance, The Red House Mystery, a ele. Na dedicatória, ele
proclamava a sua grande afeição e gratidão pelo pai. Disse que, depois de tudo
que o pai fizera por ele, escrever uma história de detetives era o mínimo que
podia fazer.
A. A. adorava observar o filho, Christopher Robin, se divertindo com seus
brinquedos, especial- mente um ursinho de pelúcia que ele chamava de Pooh.
Mesmo quando Christopher brincava na chuva ou subia em árvores, levava
sempre o ursinho. A. A. escreveu vários poemas para crianças e chegou a
mencionar o nome do filho em alguns deles. Um ilustrador chamado Edward
Shepard fez desenhos para um dos livros, e, em 1924, o livro When We Were
Very Young foi publicado.
Ouçam, meus filhos, a instrução de um pai; estejam atentos, e obterão discernimento. Provérbios 4.1

Em 1925, A. A. escreveu uma história para crianças no Evening Post sobre


Christopher e seu ursinho, agora chamado de Winnie-the-Pooh. A história fez
tanto sucesso que ele escreveu outras mais sobre a dupla e acrescentou outras
personagens para habitarem a terra fictícia de Hundred- Acre Wood, inspirada
em um lugar real chamado Floresta de Asdown. Winnie-the-Pooh foi lançado em
1926, e tanto os críticos quanto os fãs adoraram.
Com a incrível popularidade dos livros sobre o Ursinho Pooh, John saboreou
cada recorde de vendas e a fama que a série alcançou. Ele escrevia para os
amigos e se vangloriava do sucesso dos livros de Alan. A. A. se contentava com
a alegria e a empolgação do pai. Foi uma época memorável para ambos.
Felizmente John V. Milne permitiu que o filho se dedicasse ao mundo
acadêmico, e A. A. se tornou o melhor aluno possível. Ao encorajá-lo a ler,
escrever e explorar o seu mundo, John deu ao filho um presente valioso
– a arte de observar, processar e registrar seus pensamentos no papel. Quando já
estava mais velho e casado, A. A. gostava de observar seu filho, Christopher
Robin. Felizmente o mundo todo pôde apreciar os frutos do trabalho de A. A.,
por meio dos maravilhosos, imaginativos e alegres livros do Ursinho Pooh.
*
Pais de influência dão aos filhos permissão para explorar o mundo.
James Liddell
Data desconhecida
Eric Liddell. Filho de missionários escoceses na China, Eric, após se recusar a
disputar a final dos 100 metros rasos em um domingo, na Olimpíada de 1924, e,
por fim, conquistando a medalha de ouro nos 400 metros, retornou à China para
servir ao Senhor.
Quando Eric Henry Liddell nasceu, em Tietsin, no norte da China, seus pais,
missionários escoceses, iriam chamá-lo de Henry Eric Liddell.
Quando um amigo chamou-lhes a atenção para o fato de que assim as iniciais do
filho seriam H. E. L., * o pai de Eric, James, trocou a ordem dos nomes. Um
cristão fervoroso, James não brincaria com algo tão profano.
Eric adorava brincar no grande complexo da Sociedade Missionária Inglesa, em
Siao Chang, localizado na Grande Planície. Enquanto James pregava na igreja e
a mãe de Eric, Mary, lecionava na escola, ele às vezes vestia a jaqueta e a calça
azul, iguais aos trajes dos seus amigos chineses. Falava mandarim perfeitamente,
mas, quando tirava o boné, qualquer um percebia que ele não era chinês – tinha
cabelos loiros e lisos e grandes olhos azuis.
Os pais de Eric foram para a China antes de seu nascimento. Haviam-se casado
em Xangai, e foram enviados pela Sociedade Missionária Inglesa para trabalhar
na Mongólia, permanecendo na região norte porque os “boxers”, rebeldes
chineses que odiavam e matavam estrangeiros, haviam escolhido a Mongólia
como alvo de seus ataques. Em Siao Chang, os cristãos chineses acolheram e
protegeram a família Liddell.
Após nove anos na China, a Sociedade Missionária Inglesa decidiu que a família
deveria retornar de licença para a Escócia. O irmão mais velho de Eric estava
empolgado por voltar para casa. Mas Eric estava confuso, pois para ele a China
era o seu lar. Fora o único lar que conhecera, e aprendera a amá-lo e apreciá-lo.
Não compartilhou da alegria da família quando arrumaram as malas e partiram
em uma longa viagem marítima de volta para a Escócia.
Embora a Escócia oferecesse muitas surpresas e novas aventuras para Eric e
Robert, ficaram entristecidos ao saber que seus pais iriam deixá-los lá em um
colégio interno e retornariam para a China com a sua irmã caçula, Jenny.
Passaram-se sete anos até que eles se reencontrassem com os pais e com a irmã.
Extremamente tímido, Eric sempre deixava seu irmão, Robert, falar por ele.
Com saudades dos pais e de seu lar na China, escrevia cartas com frequência
contando sobre a sua vida na escola.
Um fator que os aliviava e alegrava na escola eram as oportunidades que tinham
para se exercitar e praticar esportes. Eles jogavam rúgbi durante o inverno. No
verão, jogavam críquete e se dedicavam a corridas. Eric escreveu para o pai,
dizendo: “As aulas não me interessam muito, mas eu posso correr”. Com o
passar dos anos, Eric e seu irmão foram se tornando cada vez melhores nos
esportes. Em 1918, quando Eric estava com 16 anos e Robert com 18, os dois
eram os campeões de atletismo do colégio. Na verdade, Eric foi reconhecido
como um desportista excepcional e ganhou a taça Blackheath. Depois se tornou
capitão tanto do time de críquete quanto do de rúgbi. Eric ficou conhecido no
país inteiro, colecionando troféus, medalhas e prêmios, mas “sem a menor
vaidade”, como diria mais tarde o diretor da escola.
Em 1921, o pai de Eric voltou ao Reino Unido. Juntos mais uma vez, James
perguntou ao filho o que gostaria de fazer quando terminasse os estudos para
obter o diploma em matemática e ciências. Eric admitiu que não tinha certeza.
Tinha certeza apenas de algumas coisas: que amava Jesus, que adorava correr e
que adorava a China.
Embora Eric fosse um cristão fervoroso, ainda era tímido ao extremo e tinha
medo de professar sua fé, ao contrário de Robert, que era expansivo e falante.
Certo dia, um amigo, David Thomson (ou DP como era conhecido pela maioria),
perguntou a Eric se ele falaria sobre Cristo para um time de jogadores de rúgbi.
Eric refutou a ideia, mas, após reconsiderar, aceitou. Ele falou sobre como Deus
guiava a sua vida e de como aceitava tudo que lhe acontecia como desígnio de
Deus. Também contou sobre o amor de Deus por ele e por todos que ali estavam.
Agradeceu aos jogado- res pela atenção em ouvi-lo e sentou-se. Para sua
surpresa, todos os jornais da Escócia publicaram sua foto e uma história sobre o
seu discurso. O homem que detestava chamar atenção tornara-se um porta-voz
de Cristo conhecido nacionalmente.
No começo de 1923, Eric fez testes para a equipe olímpica, e com facilidade foi
classificado. Ficou exultante até receber a lista dos eventos em que estava
inscrito. Ao lado de cada modalidade, estavam os horários e as datas para as
disputas. Ao lado da modalidade dos 100 metros rasos
– a modalidade em que tinha o melhor desempenho –, constava uma palavra
fatídica: domingo. Eric jamais correra aos domingos e não iria começar agora.
Suas convicções religiosas não permitiriam. Seus pais sempre o haviam ensinado
que domingo era um dia de descanso e de reverência a Deus. Por toda a sua vida,
ele havia honrado aqueles ensinamentos. Tristemente, Eric informou ao comitê
olímpico britânico que não poderia disputar os 100 metros rasos. Como meio-
termo, eles sugeriram que Eric disputasse nas modalidades de 200 e 400 metros,
embora ele não fosse o favorito nessas corridas. Eric aceitou.
Mais ou menos na mesma época da Olimpíada, Eric decidiu seguir os passos do
seu pai e se tornar um missionário na China. Não tinha certeza para onde iria,
mas fez planos para passar em Tientsin, cidade onde nas- cera e onde seus pais
estavam trabalhando. Uma vez lá, ficaria com a família até se estabelecer.
Escreveu para a Faculdade Anglo-Chinesa em Tientsin e perguntou se
precisavam dos serviços de um professor de ciências ou de um treinador de
esportes. Sabia que a resposta levaria meses para chegar e achou que nesse
ínterim disputaria os Jogos Olímpicos pelo país que precisava dele naquele
momento.
Na partida da corrida final dos 400 metros no Colombes Stadium, Eric Liddell
foi colocado na pior pista possível – a pista de fora. Um velocista dos 100
metros, Eric estava disputando a prova com o favorito americano e detentor do
recorde mundial, Horatio Fitch. Logo atrás de Fitch, estava Joseph Imbach, um
corredor suíço que também quebrara o recorde mundial nas corridas
classificatórias. A batalha pertencia a esses dois homens, e não a Eric.
Logo de saída, Eric tomou a liderança. Todos pensaram que, conforme a corrida
transcorresse, ele iria ficar para trás. Como velocista de curta distância, Eric não
tinha o ritmo para uma corrida que era quatro vezes a distância da sua
modalidade. Surpreendentemente Liddell percorreu a primeira metade em
acelerados 22,2 segundos.
Com a aproximação de Fitch e Imbach, Eric sabia que tinha de fazer o seu
melhor. Saindo da primeira reta, Fitch chegou a ficar a dois metros de Eric, que
tomou um segundo fôlego e percorreu a segunda metade da cor- rida ainda mais
rápido que a primeira! Ao cruzar a linha de chegada, Eric jogou a cabeça para
trás e ergueu os braços no ar, cinco metros à frente de Horatio Fitch! Eric não
apenas ganhou a corrida, como também quebrou o antigo recorde por dois
décimos de segundo!
O Senhor cuida da vida dos íntegros, e a herança deles permanecerá para sempre. Salmos 37.18

De volta à Escócia, em uma celebração da vitória, Eric revelou, diante de uma


platéia estarrecida, o que pretendia fazer no futuro. De acordo com o livro Eric
Liddell: Something Greater Than Gold, por Janet e Geoff Benge, ele disse:
“Desde os meus tempos de garoto, meus olhos estive- ram fixos em um outro
tipo de prêmio. Cada um de nós participa de uma corrida muito mais importante
que qualquer uma que eu tenha disputado na França, e essa corrida termina
quando Deus distribui as medalhas. Sempre tive a intenção de me tornar um
missionário e acabei de receber a confirmação de que fui aceito como professor
de química na Faculdade Anglo-Chinesa em Tientsin, na China. De agora em
diante, irei me dedicar aos preparativos para aceitar esse cargo.
Um ano depois, após estudar teologia na Faculdade Congregacional, Eric tomou
um trem para Londres. No caminho, leu cartas do seu pai relatando sobre as
condições deploráveis em que a sua amada China se encontrava. Sem pensar
duas vezes, Eric tomou o recém-inaugurado trem transiberiano da Holanda para
a China, onde se encontrou com o pai e deu início à sua nova vida servindo ao
Senhor. Eric foi um fiel servo de Deus até sua morte em consequência de um
tumor cerebral, aos 43 anos de idade.
James Liddell incutiu em seu filho o amor pela China e pelo seu povo; e, por
meio do seu exemplo de liderança cristã e familiar, ensinou a Eric que a fama e a
glória são coisas passageiras, mas uma vida de obediência a Cristo dura para
sempre.
*
Pais de influência ensinam aos filhos que dedicar a vida ao trabalho de Deus é a
maior glória de todas.
*Em inglês, “hell” significa inferno [N.T.].

J. R. R. Tolkien
1892–1973
John, Michael, Christopher e Priscilla Tolkien. O autor e professor de literatura
inglesa J. R. R. Tolkien dependia dos seus filhos para ajudá-lo e inspirá-lo,
permitindo-lhe criar uma das maiores obras do século 20, a trilogia O senhor dos
anéis.
O que J. R. R. Tolkien mais desejava era que seus filhos logo pudessem ler e
participar das suas histórias. Queria um público disponível para os mundos que
criara. Certa vez, quando Michael, seu filho de 5 anos, perdeu um cãozinho de
brinquedo, o autor, ainda não publicado, escreveu uma história para alegrá-lo.
Tolkien escreveu sobre um cachorro chamado Rover que foi transformado por
um mago em um cão de brinquedo chamado Roverandom. O cãozinho passou
por várias aventuras, inclusive um encontro com um feiticeiro de areia, e uma
viagem à Lua. De outra feita, Roverandom pegou carona em uma gaivota. Ao
contar a história para o filho Michael, sua tristeza se transformou em alegria. E
essa se tornou a primeira história colocada no papel pelo escritor de O Hobbit e
O senhor dos anéis.
Para ficar mais tempo com sua família, Tolkien, um professor de literatura
inglesa em Oxford, frequentemente encontrava-se com os seus alunos em sua
casa. Sempre voltava para almoçar e para o chá das 17 horas. Encarava sua
tarefa como chefe de família muito seriamente. Permitia que seus filhos
entrassem e saíssem do seu escritório a qualquer hora, exceto quando estava
reunido com seus alunos. Muitas vezes, Tolkien fazia várias viagens entre o
campus da faculdade e a sua casa pedalando a sua bicicleta, usando roupas pretas
longas e esvoaçantes.
Não foi o seu amor pela linguagem nem a sua fascinação com o passado que o
levaram a escrever ficção. Foram os seus filhos que o inspiraram a inventar
aquelas narrativas. Cada noite, eles pediam que lhes contasse uma história
diferente. Cada noite, uma das crianças perguntava por detalhes a respeito de
personagens específicas. Queriam saber sobre elfos, anões e criaturas arbóreas
mágicas chamadas “ents”.
Seu filho, Michael, em uma entrevista de 1973, para o The Sunday Telegraph, ao
comentar as histórias para dormir de Tolkien, disse: “Elas eram infinitamente
mais empolgantes e mais engraçadas” do que qualquer outro livro já publicado
para crianças. Michael acreditava que os contos do pai tinham tal qualidade por
causa “da realidade de ser transportado para dentro da história e fazer parte
dela”. Infelizmente essas primeiras narrativas nunca foram escritas, até surgir o
conto sobre Roverandom.
Os filhos de Tolkien ouviram as primeiras histórias sobre “hobbits” no final da
década de 1920, mas não foi antes de 1930 que Tolkien escreveu as primeiras
palavras para O Hobbit, na página em branco da prova de um aluno seu. O autor
sempre insistiu em que nunca escreveu as suas histórias; simplesmente as
colocava no papel. Acreditava que apenas descrevia um mundo que já existia. A
princípio, Tolkien datilografava sozinho, mas logo seus filhos, Michael e
Christopher, passaram a ajudá-lo.
Após oito anos de trabalho, o autor terminou O Hobbit e dedicou-o a seus quatro
filhos, pela sua ajuda e inspiração. Tolkien queria que o original fosse perfeito,
portanto ofereceu a Christopher 2 centavos para cada erro que encontrasse.
Escrevendo o livro nas primeiras horas da manhã, à noite, antes de dormir, lia os
capítulos para as crianças. Conforme seus filhos cresciam, o autor passou a
trabalhar cada vez menos no manuscrito. Foi preciso que o seu amigo, C. S.
Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, o motivasse a terminá-lo. Quando
finalmente o fez, a notícia logo se espalhou por Oxford. O editor sir Stanley
Unwin mostrou o manuscrito a seu filho pequeno, Rayner, que o leu e adorou. O
Hobbit foi publicado em setembro de 1937, e no Natal daquele ano a primeira
edição já estava esgotada.
Unwin pediu a Tolkien que escrevesse uma sequência ou continuação do livro, e
o autor concordou. Primeiramente, Tolkien ofereceu uma obra ainda não
terminada, O livro dos contos perdidos, intitulado depois de O Silmarillion. Ele
começara esse livro enquanto estivera enfermo em uma cama de hospital,
durante a Primeira Guerra Mundial, por causa de febre das trincheiras. No
entanto, o filho de sir Stanley, Rayner Unwin, comparou-o a um colar de pérolas
sem o fio, e a obra foi arquivada. Na verdade, O Silmarillion levou mais de
cinquenta anos para ser terminado.
Antes de morrer, Tolkien pediu que o seu filho Christopher terminasse O
Silmarillion. Sabia que poderia fazê-lo porque Christopher também se formara
em letras, em Oxford. Christopher conhecia e compreendia melhor que qualquer
outro o universo da Terra-Média. E mais tarde ele se tornaria um membro
graduado da Universidade de Oxford, como o pai.
Sir Stanley Unwin jamais poderia prever que levaria dezessete anos até que O
senhor dos anéis, a sequência que requisitara, chegasse às suas mãos. Quando a
Segunda Guerra Mundial irrompeu em 1939, todos os filhos de Tolkien, com
exceção de Priscilla, já estavam crescidos. John, o mais velho, se tornara um
sacerdote católico. Michael e Christopher foram convocados para a guerra. Com
frequência, Tolkien escrevia para Christopher, que estava em uma base da Real
Força Aérea Britânica, na África do Sul, e descrevia novas personagens que
criara para a Terra-Média.
O pai do justo exultará de júbilo; quem tem filho sábio nele se alegra. Bom será
que se alegrem seu pai e sua mãe. Provérbios 23.24,25
Quando O senhor dos anéis foi concluído, Rayner Unwin já era um adulto, se
formara em Oxford, e trabalhava na editora do pai. Ele leu o manuscrito e
adorou, mas achou que a editora poderia perder dinheiro com a sua publicação.
Rayner decidiu que o livro deveria ser dividido e publicado como uma trilogia.
Os três volumes foram lança- dos entre 1954 e 1955, tornando-se
instantaneamente um clássico e inspirando a imaginação de gerações de
estudantes, jovens e de todos que os leram.
Uma aluna de Tolkien, S. R. T. O. d’Ardenne, disse que o que mais se lembrava
sobre ele era o seu grande amor pela família. Muitas vezes, ele lhe escreveu
contando sobre suas preocupações com os filhos. A saúde, o bem-estar, o futuro,
o sucesso e o desenvolvimento de cada um deles, para Tolkien, eram muito
importantes.
Após a morte de Tolkien, seu filho Michael escreveu um artigo para o Sunday
Telegraph: “Eu, juntamente com meus irmãos e minha irmã, per- demos não
apenas um pai que cultivava um grande interesse pelos detalhes de nossa vida
[...] mas também um amigo de meio século, porque ele tinha o raro talento de
combinar a paternidade com a amizade”. Talvez a melhor descrição do autor seja
a do seu filho Michael, que resumiu o pai em uma simples palavra. Quando
entrou para o Exército, Michael teve de preencher um formulário. Quando teve
de responder sobre qual era sua ocupação, o jovem Tolkien escreveu: “Mago”.
*
Pais de influência compartilham sua visão com os filhos.
Dr. James Dobson
1936–
James Ryan Dobson. Por meio do seu popular ministério Focus on the Family, o
dr. James Dobson ensina aos pais americanos como criar filhos para Deus. O dr.
Dobson viu as suas próprias habilidades paternas serem testadas quando a
deficiência de aprendizado não diagnosticada do seu filho, Ryan, causou um
estresse no relacionamento dos dois. Atualmente Ryan é um cristão fervoroso,
com o seu próprio ministério.
Desde a criação de Focus on the Family, em 1977, cristãos do mundo todo
aprenderam a confiar nos conselhos firmes, mas amorosos do seu fundador e
principal porta-voz, o dr. James Dobson. Ouvido em mais de 3 mil emissoras de
rádio na América do Norte e em 27 línguas mundo afora, o dr. Dobson oferece
conselhos práticos sobre como criar, disciplinar e amar meninos e meninas. Seria
fácil presumir que ele conduz a sua própria família com facilidade e que não lhe
são estranhos os esforços “entrincheirados”, necessários para criar os filhos nos
dias de hoje. A convicção e a segurança que Ryan demonstra atualmente são um
testemunho da habilidade do dr. Dobson de pôr em prática suas palavras sobre o
que é necessário para fazer de um menino um homem.
Após o nascimento da sua filha, Danae, os médicos comunicaram ao dr. James e
à sua mulher, Shirley, que ela não poderia mais ter filhos. No entanto, querendo
completar a família com mais um membro, o casal adotou James Ryan, no
mesmo dia em que James Dobson lançou o seu primeiro (e provavelmente mais
controverso) livro, Ouse disciplinar. Os dois eventos mudaram a sua vida
completamente.
Logo ficou evidente que Ryan sofria de transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade (TDAH). Ele era tão inquieto que acordava faminto após uma
noite de sono. Dobson percebeu que seu filho tinha um problema, mas na década
de 1970 os únicos medicamentos disponíveis eram sedativos. E, como era de
consenso para a medicina da época, Dobson acreditava que aquela inquietação
desapareceria quando o filho chegasse à puberdade.
Dobson permitiu que o filho gastasse sua enorme energia nos esportes. Quando
Ryan completou 14 anos de idade, os dois desceram de rapel as altas encostas de
Sierra Nevada. Enquanto Ryan completou com facilidade sua descida, Dobson
orou e teve de se esforçar ao máximo para descer.
Embora Ryan não fosse um aluno muito bom e não expressasse grande interesse
em ir para a faculdade, Dobson insistiu em que ele cursasse a Olivet Nazarene
University, em Bourbonnais, no Estado de Illinois. Para ajudá-lo a se ajustar, ele
também se ofereceu para custear os estudos do melhor amigo do filho na mesma
universidade. Conseguiu até que o garoto fosse dispensado do alistamento de
quatro anos na Marinha americana que fizera uma semana antes.
Proveniente da área metropolitana da Carolina do Sul, Ryan se sentiu deslocado
no interior do Illinois, e a Olivet para ele não foi fácil. Dobson tirou o filho da
universidade e ajudou-o a se mudar para o Colorado, arranjou-lhe um
apartamento, com o aluguel pago por um mês, e disse que ele teria de se virar.
Quando Ryan provou ser capaz de se sustentar com uma variedade de trabalhos
não acadêmicos, pediu aos pais que lhe dessem mais uma oportunidade para que
pudesse cursar uma universidade. Eles concordaram, e Ryan se matriculou na
Universidade de Biola, nos subúrbios de Los Angeles. Sabia que essa seria sua
última oportunidade.
A princípio, Biola também não deu muito certo, e Ryan começou a se desesperar.
Ryan se lembra de que no Dia de Ação de Graças “minha vida estava mais
estressada e angustiada do que nunca”. Ryan perguntou ao pai se poderia
procurar um conselheiro, e o dr. Dobson sugeriu que se encontrasse com o reitor
da Rosemead School of Psychology, afiliada à Universidade de Biola, fundada
por um dos mentores de Dobson. Após inúmeros testes que revelaram um QI de
gênio, mas também graves deficiências em matemática e línguas, os psicólogos
disseram a Ryan que ele sofria de TDAH. Finalmente Ryan compreendia a razão
das suas dificuldades.
Sobre a reação do pai a respeito da notícia, Ryan diz: “Aquela descoberta mudou
muitas coisas em nosso relacionamento. Aquilo aliviou a pressão e significou
que ‘o que for para acontecer, acontecerá’, e isso foi muito importante”. Ryan
começou a tomar Ritalina, suas notas melhora- ram, e ele se formou em 1995.
De acordo com Family Man: The Biography of James Dobson, escrito por Dale
Russ, Ryan disse: “Não pude acreditar em quão compreensivos meus pais foram
durante uma época que deve ter sido muito difícil. Não era um aluno muito bom,
mas os meus pais me aceitaram, sem se importar com as minhas notas”.
Depois da faculdade, Ryan procurou pelo seu caminho no mundo. Não
conseguiu se decidir por uma profissão, embora o seu dom de falar em público já
fosse aparente. “Passei por uma grande crise existencial quando voltei para a
Califórnia. Na época, larguei meu emprego e simplesmente não me importei em
arranjar outro”.
Em 2002, Dobson pediu ao filho que o ajudasse em um evento da Focus on the
Family, o Passeio Nacional para a Família. A tarefa não apenas absorveu Ryan
em uma atividade prazerosa, mas também lhe deu uma nova perspectiva sobre o
ministério do pai. Ryan se livrou de toda a raiva durante os passeios de bicicleta,
quando as pessoas lhe diziam quão importante o seu pai era para elas. Mas o que
realmente o resgatou foi o amor e o apoio dos seus pais. Nos seus piores
momentos, ficaram do seu lado. Estavam determinados a mostrar ao filho que
queriam o melhor para ele. Ryan sabe que seu pai considera o sucesso do filho
como a maior prioridade. Não necessariamente prosperidade nos negócios ou
financeira, mas o bem-estar espiritual. Tudo mudou quando James e Shirley
deixaram muito claro que fariam qualquer coisa para ajudá-lo.
Esse apoio incondicional ajudou a fazer de Ryan um orador e escritor de sucesso.
Seus pais nunca o forçaram ou o empurraram para o trabalho cristão.
Simplesmente o estimularam a fazer o que acreditava ser a vontade de Deus para
ele.
Em 2003, Ryan ingressou na Ambassador Agency, em Nashville, e surgiram
várias oportunidades para palestras. Naquele mesmo ano, antes de um evento,
em um centro de orientação para grávidas em crise, em Tampa, Ryan sentiu que
a plateia esperava que ele fosse tão bom orador quanto seu pai. Percebendo a
diferença etária, ele se contentou em fazer o seu melhor para Deus e se deu conta
de que durante os últimos três anos se tornara um orador bem razoável. No final
de 2003, Ryan Dobson se tornara um dos maiores oradores para jovens cristãos
nos Estados Uni- dos.
Ryan dedicou o seu livro de 2003, Be Intolerant: Because Some Things Are Just
Stupid, a seu pai. No livro, ele fala sobre como o pai sempre defendeu o que é
certo. Quanto às suas opiniões, Ryan diz que é completamente intolerante com o
pecado. Embora saiba que alguns o considerem radical e intransigente, ele não se
importa. Como o pai, faz questão de se levantar e dizer o que acha que é certo,
como o amor incondicional por Jesus Cristo.
No livro Be Intolerant, Ryan explica: “Vejo intolerância no meu pai, que mantém
a sua conduta dia após dia, sem se importar com o que os outros possam dizer.
Ele faz o que Deus deseja que faça, mesmo que os outros não gostem, e muita
gente não gosta. Tentam denegri-lo e tiram o seu programa do ar porque ele
permanece firme em Cristo. E ele simples- mente continua. Poderia optar pela
saída fácil. Quando trabalhou na comissão contra a jogatina e a pornografia,
recebemos ameaças da máfia. Ele poderia ter dito: ‘Quer saber de uma coisa?
Chega disso’, mas ele fez o que Deus queria que fizesse”. Dois anos depois,
Ryan lançou seu segundo livro, 2Die4, e continua a influenciar a cultura jovem
com sua mensagem honesta e sem firulas.
O amor é paciente. 1Coríntios 13.4

Apesar da incerteza e das dificuldades de criar um filho com uma deficiência de


aprendizado, o dr. James Dobson não apenas continuou com o seu intenso
ministério durante aquele período, mas também foi capaz de oferecer um firme e
sólido alicerce para o filho em dificuldade. Por meio de um ambiente familiar
propício, aliado a conselhos bíblicos sábios, o dr. James Dobson ajudou seu filho
durante uma adolescência conturbada e incerta, levando-o a se tornar um adulto
confiante e seguro. Alguém que está tocando a juventude de um jeito que o
velho Dobson não conseguiria.
*
Pais de influência apoiam os filhos quando eles estão com problemas.
James R. Jordan
1936–1993
Michael Jeffrey Jordan. James R. Jordan viu a grandeza em seu filho, o grande
Michael Jordan da NBA americana, considerado por muitos o maior jogador de
basquete de todos os tempos.
Michael Jordan fez o ponto final e vitorioso do campeonato de basquete da
NCAA [Associação Nacional de Atletas Universitários] de 1982.
Sabia quanto aquilo significava, mas não compreendeu todas as implicações.
Michael era um calouro na Universidade da Carolina do Norte, e estavam
jogando contra o time de Georgetown, que contava com a lenda do basquete
Patrick Ewing. Enquanto Michael e o seu time se dirigiam para o local do jogo,
ele se recorda de ter dormido no ônibus e sonhado que marcara o ponto da
vitória. Sentindo-se calmo e relaxado, não estava adormecido nem acordado,
mas em algum ponto confortável entre os dois. Ele se viu como o herói do jogo e
imaginou como seria marcar o ponto decisivo. Viu seus colegas de equipe, James
Worthy, Sam Perkins e o treinador Dean Smith. Mas Michael não sabia se o
sonho estava relacionado ao jogo que iria disputar em poucos instantes, ou se era
sobre um outro time em algum outro ano. O sonho não foi muito claro. Mas,
após a vitória sobre Georgetown, Michael contou a seu pai sobre o sonho.
Fazendo uma pausa para refletir, James disse ao filho que a vida nunca mais
seria a mesma. Tudo estava prestes a mudar.
No começo, Michael achou que o pai estivesse apenas encorajando-o. Afinal,
quem poderia prever o futuro? Mas, quando começou a fazer sucesso, se
lembrou das palavras do pai.
A vida de Michael Jordan realmente mudou, de uma forma tão radical, que iria
para sempre alterar o basquete e redefini-lo como o maior atleta já visto nos
esportes. Em seu livro For the Love of the Game: My Story, Michael escreveu:
“Quando penso em minha carreira, em minhas origens, onde tudo começou, e
em tudo que conquistei nesse longo caminho, percebo que depois daquele jogo
as coisas realmente mudaram. Não apenas no basquete, mas na minha vida.
Acho que meu pai viu coisas em mim que eu não conseguia ver. A princípio,
achei que fosse apenas o orgulho de um pai, o clamor de sonhos e esperanças
para que um filho fosse bem-sucedido. Encarava seus comentários mais como
conselhos motivacionais que um pai dá ao filho. Mas agora acredito que o meu
pai sabia. Acredito que ele viu as coisas acontecendo de um jeito que ninguém,
nem eu, nem o Chicago Bulls poderiam ver. Acredito que esse é o talento de um
pai”.
Michael é o quarto de cinco filhos, nascidos no Brooklyn, em Nova York. Ele
tem dois irmãos mais velhos, uma irmã mais nova e outra mais velha.
Quando a Sra. Jordan estava grávida de Michael, sua mãe morreu
repentinamente, e ela quase abortou. Por precaução, os médicos recomendaram
que a gestante permanecesse na cama. Todos estavam preocupados com um
nascimento prematuro. Michael veio ao mundo em segurança, mas quase morreu
sufocado quando caiu atrás da cama de seus pais. Mais tarde, mas ainda criança,
ele pegou dois fios na chuva, próximo ao carro que seu pai estava consertando.
O choque fez o jovem Michael voar longe. Muitos eventos no começo da vida de
Michael poderiam ter alterado o seu futuro e impedido que ele se tornasse um
astro do basquete.
Após o nascimento de Michael, seus pais decidiram se mudar para Wilmington,
na Carolina do Norte. Achavam que a cidadezinha tranquila seria um lugar
melhor para criar os filhos. Quando já estavam ambienta- dos no novo lar, o Sr. e
a Sra. Jordan começaram a mostrar aos filhos os benefícios do trabalho.
Michael queria cursar a USC [Universidade da Carolina do Sul), mas não lhe
ofereceram uma bolsa de estudos, portanto teve de se contentar com a
Universidade da Carolina do Norte. Depois do campeonato da NCAA de 1982,
Jordan foi nomeado jogador do ano – dali em diante, sua carreira como jogador
de basquete profissional estava consolidada. Após ganhar o prêmio Naismith
College Player of the Year, em 1984, ele abandonou os estudos para se integrar à
NBA [Associação Nacional de Basquete], e foi selecionado para o time Chicago
Bulls logo na primeira rodada e como ter- ceira escolha. Naquele mesmo ano, ele
ganhou a medalha de ouro na Olimpíada para o time de basquete dos Estados
Unidos. Durante a temporada de 1984-85, foi nomeado estreante do ano. Ao
longo da década de 1980 e início da década de 1990, Jordan deixou pasmos os
fãs da NBA, conquistando títulos e prêmios, enquanto alcançava e quebrava
recordes individuais. Durante essa época, ele e o Bulls conquistaram o primeiro
de dois títulos consecutivos como tricampeões dos campeonatos da NBA.
Então, em outubro de 1993, Jordan anunciou o final de sua carreira desportiva,
dizendo que não tinha mais desejo de jogar. Já no começo de 1992, Michael
sentia que sua vida era analisada em todos os detalhes. Em casa, ele era um pai e
um marido, mas em qualquer outro lugar era Michael Jordan. Parecia que todos
tinham uma ideia daquilo que era esperado dele, e ele não gostava disso. Pelo
que se sabe, sua vida e o modo em que a encarava estavam mudando
rapidamente.
Em 23 de julho de 1993, o pai de Michael, James Jordan, foi brutalmente
assassinado enquanto voltava do sepultamento de um amigo. Ele fizera uma
parada em uma área de descanso ao longo da Rodovia 95, perto de Lumberton,
na Carolina do Norte, e estava tirando um cochilo. Dois criminosos locais –
Daniel Green e Larry Martin Demery – deram um tiro no peito do velho Jordan e
roubaram o seu Lexus, um carro que Michael lhe dera de presente. Os assassinos
fizeram várias chamadas usando o celular de Jordan, e logo foram capturados.
A morte de James Jordan foi o fim de um dos períodos de maior sucesso, mas
também de desafios na vida de Michael. Ele e o pai eram muito amigos, e James
sabia tudo sobre o filho. Michael reconhece que o lado alegre e jovial de sua
personalidade vem do seu pai. James era uma pessoa genuína e tinha um grande
senso de humor. Ele ensinou ao filho muitas lições na vida, e uma delas foi a de
que tudo acontece por um motivo.
Após seu afastamento do basquete, Jordan passou um ano em busca de um sonho
da infância – beisebol profissional. Ele assinou um contrato com a liga
secundária do Chicago White Sox, mas não foi muito bem- sucedido. Quando a
greve dos jogadores profissionais de beisebol aconteceu em 1994, Michael
voltou para o basquete e se juntou a seu antigo time, o Chicago Bulls. Na sua
coletiva de imprensa, disse apenas: “Voltei”. Continuou a maravilhar a todos
com as suas proezas na quadra, conquistando mais três títulos consecutivos na
NBA e quebrando ainda mais recordes.
Com o fim do contrato do técnico do Bulls, Phil Jackson, e nos estágios finais de
contendas judiciais entre os donos de jogadores da NBA, Jordan se retirou dos
esportes pela segunda vez, em 13 de janeiro de 1999. Após um ano como gerente
geral do time da NBA, o Washington Wizards, Michael mais uma vez pisou nas
quadras como jogador. No fim da temporada de 2003, finalmente anunciou sua
retirada permanente, embora sua pontuação e seu desempenho tivessem
decrescido muito pouco. Continuou a fazer demonstrações como jogador até a
idade de 40 anos.
“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês”, diz o Senhor, “planos de fazê-los prosperar
e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro”. Jeremias 29.11

As conquistas de Michael impressionariam até o mais crítico dos comentaristas


esportivos. “M. J.” terminou sua carreira de 15 temporadas com uma média, por
temporada regular, de 30,12 pontos por jogo, a mais alta da história da NBA
(acima da média de 30,06 pontos de Wilt Chamberlain). Com o Chicago Bulls,
ele venceu seis campeonatos da NBA (conquistando os seis prêmios das finais da
NBA como MVP – Most Valuable Player [Jogador Mais Valioso]), dez títulos
por pontuação, e foi nomeado o MVP da liga cinco vezes, além de melhor time
da NBA dez vezes e melhor time defensivo nove vezes. Ele liderou a liga em três
vitórias. Jordan foi 49 vezes capa da revista Sports Illustrated (um recorde), e foi
considerado o “Atleta do Ano” pelo mesmo periódico em 1991. Em 1999, foi
nomeado “o maior atleta do século 20” pela ESPN, e ficou em segundo lugar na
lista dos melhores atletas do século da Associated Press. A sua capacidade de
pular, vividamente demonstrada ao saltar e marcar da linha de lance livre, além
de outros feitos, lhe renderam os apelidos de “Air Jordan” e “His Airness”. Em
discussões, seja na sala de estar, seja no balcão de um bar, ele frequentemente é
colocado ao lado de Muhammed Ali como o maior atleta de todos os tempos.
James R. Jordan sabia intuitivamente que seu filho Michael tinha as sementes da
grandeza dentro dele. Por meio da amizade, do bom humor e de um forte senso
de destino, ele cultivou a grandeza do filho.
*
Pais de influência preveem um grande futuro para os filhos.
George Washington
1732–1799
Pai dos Estados Unidos da América. Embora nunca tenha tido filhos, George
Washington se sobressaiu, sem nenhuma educação formal, derrotou o exército
inglês e foi o guia da América durante seus primeiros e perigosos anos de
existência.
A história de George Washington é a história de muitos pais. O pai dele,
Augustine, morreu quando George tinha apenas 7 anos. Após a morte do pai,
George foi criado pelo seu meio-irmão mais velho, Lawrence, que se tornou um
herói e uma figura paterna para ele. Como o comandante-em-chefe do recém-
formado Exército Continental, George também foi uma figura paterna para os
soldados sob o seu comando. Mais tarde, como o primeiro presidente dos
Estados Unidos da América, empossado em 30 de abril de 1789, Washington
pairou sobre a nova nação definindo as responsabilidades do seu posto e
introduzindo uma nova era de democracia para a frágil e emergente república.
George Washington era descendente de uma longa linhagem de proprietários de
terras nascidos em solo americano. Seu bisavô, John, seu avô, Lawrence, e seu
pai, Augustine, todos amealharam terras para a família. Os três haviam sido
juízes de paz, membros da Câmara dos Burgueses da Virgínia e oficiais das
milícias daquela colônia. E todos tive- ram a oportunidade de desfrutar de pelo
menos alguns anos de ensino no “velho lar”, a Inglaterra.
Augustine Washington era um próspero fazendeiro de tabaco. Chamado pelos
amigos de “Gus”, o patriarca também fazia negócios com a compra e venda de
terras, e era sócio de uma usina de ferro. Antes de George nascer na Virgínia, às
margens do rio Potomac, Augustine se casara e tivera três filhos, entre os quais o
menino Lawrence. Quando a mulher de Augustine morreu, ele se casou um ano
depois com uma jovem chamada Mary Ball. George foi o primeiro dos seus
quatro filhos.
Aos 6 anos de idade, George e sua família se estabeleceram em Ferry Farm, ao
longo do rio Rappahannock, próximo a Fredericksburg, na Virgínia. Lá, George
cresceu em uma casa apinhada de 13 camas e um sofá espremidos em seis
cômodos.
A história muitas vezes contada sobre George Washington, aos 6 anos de idade,
ter derrubado uma cerejeira e depois dito ao pai: “Não posso mentir, pai.
Derrubei a árvore com a minha machadinha” é provavelmente falsa. Ela provém
de uma das primeiras biografias sobre Washington, por Mason Locke Weems,
que, ironicamente, estava tentando ensinar aos leitores mais jovens que “a
honestidade é a melhor política”.
Um plantador de tabaco bem-sucedido, Augustine pôde mandar os seus dois
filhos mais velhos para estudar na Inglaterra. George esperava poder estudar lá
também, mas, com a morte do pai, tudo mudou. Seus meio-irmãos mais velhos
herdaram a maior parte das propriedades do pai, mais de 10 mil acres. Como um
dos filhos mais novos, George recebeu 500 acres e dez escravos. Em Ferry Farm,
ele era o mais velho, mas agora, como chefe da casa, não poderia mais viajar
para a Inglaterra a fim de estudar.
Sem o pai para guiá-lo, seu meio-irmão Lawrence se tornou cada vez mais uma
importante figura paterna. Oficial de um regimento americano do Exército
inglês, Lawrence entretia seu irmão mais novo com histórias e façanhas
militares. Sob a sua tutelagem, George começou a estudar estratégias militares,
esperando algum dia poder se tornar também um oficial do Exército britânico.
Aos 15 anos de idade, George se mudou permanentemente para a casa de
Lawrence, em Mount Vernon. Lá, deu continuidade à sua educação militar e
sonhava sobre viagens e aventuras como um topógrafo.
Em Belvoir, uma grande propriedade perto de Mount Vernon, George encontrou
uma outra figura paterna, lorde Fairfax, um vizinho pertencente à nobreza
inglesa. Lawrence se casara com uma das filhas de Fairfax, e logo George se
tornou um convidado frequente da casa, onde aprendeu jogos de cartas, danças e
regras de etiqueta.
Certo dia, lorde Fairfax lhe ofereceu uma oportunidade extraordinária. Com
apenas 16 anos, ele se juntou a um grupo de topógrafos organizado pelo nobre
para explorar e mapear partes desconhecidas do oeste da colônia da Virgínia.
Com o bom salário que Fairfax lhe pagava, George pôde comprar terras.
Quando George estava com 19 anos, seu irmão Lawrence adoeceu por causa de
tuberculose. Os dois fizeram uma viagem para Barbados, onde, dessa vez,
George cuidou do irmão, mas Lawrence não se recuperou. Após breves
incursões na Guerra Franco-Indiana, George retornou a Mount Vernon e alugou
a residência da viúva de Lawrence, até que ela também veio a falecer, o que o
tornou o único herdeiro e guardião em tempo integral daquela propriedade.
Tendo um lar e propriedades, Washington estava pronto para formar uma
família. Casou-se com Martha Dandridge Custine, uma viúva, com dois filhos
pequenos e muitas propriedades, herdadas do falecido marido. Washington
ampliou a casa de Mount Vernon, comprou mobílias, adquiriu mais escravos
(suas opiniões sobre a escravidão mudariam só mais tarde) e pessoalmente
supervisionou todos os detalhes da grande fazenda. Uma das primeiras medidas
que tomou foi o abandono do cultivo de tabaco para plantar milho e outros
cereais. Dessa forma, os trabalhadores podiam se alimentar, e isso também
permitia a Washington usar alguns dos seus subordinados na manufatura de
outros produtos necessários, como tecido.
Logo Washington estava seguindo os passos de seus antepassados ao tornar-se
um juiz de paz e um representante da Câmara dos Burgueses da Virgínia. Mas o
clima político estava mudando, e os colonos americanos estavam ficando cada
vez mais frustrados com a Inglaterra e a enorme carga tributária que exigia.
Após o assim chamado Boston Tea Party [Festa do Chá de Boston], Washington
declarou publicamente que ele mesmo iria arregimentar mil tropas e liderá-las
para o Norte, em direção a Boston.
Os líderes das colônias, conhecidos como o Congresso Continental, se reuniram
para discutir os problemas com a Inglaterra. Como representante da Virgínia,
Washington vestiu seu uniforme militar. Com a iminência da guerra entre as
colônias e a Grã-Bretanha, o Congresso Continental compreendeu que precisaria
de um soldado experiente para liderá-los – escolheram, portanto, George
Washington como o comandante-em-chefe. Ele aceitou, mas não achava que
estava à altura da posição para a qual havia sido designado.
Poucos dias depois, Washington já estava a caminho de Boston, onde acabara de
ocorrer a batalha de Bunker Hill. O que encontrou lá deixou-o desanimado. Os
soldados não tinham treinamento e eram mal equipados. Não tinham noção de
ordem ou disciplina. Sem perder tempo, Washington começou a treiná-los e,
embora alguns se ressentissem por estarem recebendo ordens de um virginiano,
o contingente de homens aumentou junto com o respeito que sentiam pelo novo
comandante. Oportunamente as milícias expulsaram as tropas inglesas de
Boston.
A próxima tarefa de Washington foi defender a cidade de Nova York. Isso se
tornou um trabalho muito perigoso porque os representantes do Congresso
haviam assinado a Declaração de Independência. A guerra não era mais por
causa de impostos, mas pela própria soberania. Se Washington fosse capturado,
seria considerado um traidor e executado. Durante os seis meses seguintes,
Washington perdeu tropas e encarou a derrota. Foi encurralado em Long Island,
escorraçado de Nova York e perseguido pelas planícies de Nova Jersey.
Precisava desesperadamente de uma vitória, ou seus homens desencorajados não
iriam se alistar nova- mente, e a revolução estaria condenada ao fracasso.
No Natal de 1776, Washington liderou 2.400 americanos na travessia do rio
Delaware, perto de Trenton, Nova Jersey. Eles atacaram e derrota- ram os
hessianos (soldados alemães contratados pelos britânicos), capturando mais de
mil prisioneiros. Washington ficou, junto com os seus homens, exultante.
Continuou a liderar as tropas em combate, incluindo as batalhas de Valley Forge
e Yorktown. Nesta última, Washington encurralou Cornwallis, que por fim
mandou um aviso de rendição. Finalmente o Tratado de Paris foi assinado, e a
Guerra da Independência terminou. Washington se juntou a seus colegas oficiais
na cidade de Nova York, abraçando-os e despedindo-se com lágrimas nos olhos.
De acordo com a biografia George Washington, de Brendan January, ao
renunciar o seu posto, ele disse: “Tendo cumprido a tarefa que me foi designada,
agora me afasto do grande teatro da guerra”.
Mesmo que jamais tivesse exercido outro cargo público, ainda assim,
Washington teria conquistado o seu lugar na história americana. Mas a América
ainda precisava dele. Os 13 Estados concordaram com os artigos da
Confederação, mas cada um deles queria agir como um país independente. Isso
preocupou Washington, que achava que esses Estados Unidos não durariam
muito como nação sem algum tipo de força de coalizão que pudesse ser aplicada
a toda a união. Os artigos precisariam ser revistos para que pudessem fortalecer
o governo nacional.
Alegrem-se, porém, todos os que se refugiam em ti; cantem sempre de alegria! Estende sobre eles a tua
proteção. Em ti exultem os que amam o teu nome. Salmos 5.11

Washington, juntamente com muitos outros, compareceu à Convenção


Constitucional. Eleito presidente da convenção, ele direcionou os debates, e,
juntos, os representantes redigiram um documento completamente novo. Lenta-
mente eles criaram a Constituição dos Estados Unidos. Entre os artigos, constava
a proposta para a criação de um novo cargo executivo chamado de “presidente”.
Houve poucas dúvidas sobre quem deveria ser o primeiro presidente –
Washington foi a escolha óbvia.
No dia 30 de abril de 1789, Washington fez o seu discurso inaugural no Tribunal
Federal de Nova York. Preocupava-se com a expectativa em demasia de seus
conterrâneos em relação a ele. Quando começou a exercer seu mandato, todos os
problemas tinham de ser resolvidos pela primeira vez. Por exemplo, Washington
teve de criar o gabinete, um grupo de assessores que nunca existira. Tudo que
fazia era criticado e debatido, mas mesmo assim ele desfrutava do apoio da
maioria.
Esse apoio dos seus conterrâneos foi cruelmente testado quando, em 1790, ele
ficou gravemente enfermo, com uma febre inclemente. Por um momento, sua
respiração ficou muito fraca, e muitos achavam que estava prestes a morrer, mas
recuperou-se e serviu mais dois mandatos como presidente, estabelecendo
muitas das práticas exercidas até hoje pelos presidentes americanos.
George Washington não apenas serviu a seu país como presidente. Ele lutou pelo
seu próprio direito de existir e ajudou a estabelecer as leis que iriam regê-lo. Ele
é verdadeiramente um dos pais fundadores e um dos grandes arquitetos da
liberdade e da democracia. Por ocasião da sua morte, em 1799, seu amigo
Henry Lee o descreveu como o “primeiro na guerra, o primeiro na paz, o
primeiro no coração dos seus compatriotas”. Pode-se afirmar verdadeiramente
que sem George Washington os Esta- dos Unidos da América não existiriam.
Entre os pais fundadores da América, ele figura no topo da lista.
*
Pais de influência observam e protegem os filhos.
Hermann Einstein
1847–1902
Albert Einstein. O engenheiro elétrico Hermann Einstein encorajou o filho
Albert, uma das mentes mais brilhantes do século 20, a explorar e descobrir.
Uma coisa que sempre fascinou Albert Einstein foi a ciência. Quando tinha cerca
de 5 anos, seu pai, Hermann, lhe deu uma bússola. Esse simples instrumento
fascinou o menino, que não conseguia entender por que a agulha sempre
apontava para o Norte. Albert deduziu que havia uma força invisível que agia
sobre a agulha da bússola para mantê-la na sua posição.
Essa curiosidade era reflexo das aptidões do pai, que também adorava a ciência e
a matemática. Sendo um judeu no Estado alemão de Wurttemberg, Hermann só
pôde estudar em Stuttgart. Entretanto, após terminar os estudos, se mudou para a
velha cidade de Ulm, onde trabalhou como vendedor de penas para estofo de
camas enquanto se preparava para abrir uma pequena firma de eletroquímica.
Em 1876, Hermann, então com 29 anos, se casou com Pauline Koch, que tinha
18 anos e era filha de um abastado negociante de grãos. Em março de 1879,
nasceu o primeiro filho do casal, que chamaram de Albert. Conta-se que, quando
ele nasceu, sua cabeça era tão grande e angulosa que sua mãe achou que fosse
deformado.
Na verdade, Albert praticamente não falou até os 3 anos de idade, o que fez seus
pais questionarem suas habilidades mentais. O próprio Albert dizia que suas
primeiras lembranças eram de quando ficava ensaiando mentalmente frases
completas, para que pudesse proferi-las de forma correta. Uma das suas
primeiras frases data de quando tinha 2 anos. Seus pais lhe haviam prometido
um brinquedo de presente por ocasião do nas- cimento de sua irmã, e, ao vê-la
pela primeira vez, ele perguntou: “Mas onde estão as rodinhas? ”.
Mesmo mais velho, Albert continuou a ser um menino quieto e pouco
comunicativo, mas seu pai percebeu que, para uma criança, ele tinha grande
capacidade de concentração. Um de seus passatempos prediletos era construir
castelos de cartas, às vezes de até 14 andares.
Contudo, antes mesmo de isso acontecer, Hermann acreditava no potencial do
filho e lhe dava grande liberdade. Quando Albert tinha 4 anos de idade, o pai
permitiu, e até o encorajou, a passear pelas ruas de Munique.
Quando Albert começou a estudar, imediatamente rejeitou a técnica da decoreba.
Não obstante, na escola, o Luitpold Gymnasium, ele foi muito bem em
matemática. Hermann, percebendo que seu futuro financeiro seria melhor na
Itália, vendeu a casa da família, e se mudaram para o Sul, mas resolveu que
Albert deveria ficar e prosseguir em seus estudos no ginásio. Isso não agradou
Albert nem um pouco, mas o pai insistiu por entender que o potencial do filho
demandava uma boa educação.
Logo depois que os pais se mudaram, Albert conseguiu convencer seus
professores e o diretor da escola que o deixassem (por motivos de saúde) juntar-
se à família na Itália. Albert estava ansioso para sair da Alemanha a fim de
escapar do serviço militar obrigatório quando completasse 18 anos. Embora
desapontado com a pretensa “doença” do filho, Hermann permitiu que ele se
auto educasse com passeios pelos centros artísticos da Itália.
Após a excursão artística, Hermann queria que o filho trabalhasse como
engenheiro elétrico nos negócios da família. Albert, porém, tinha outras
intenções. Pensava em seguir carreira como professor de filosofia. De qual- quer
modo, precisaria de um diploma de uma faculdade. Hermann o encorajou a se
matricular no Instituto Federal de Tecnologia, em Zurique. Albert tinha apenas
17 anos, um ano a menos que a idade necessária, mas lhe foi permitido fazer os
exames para admissão – e ele não passou!
Por isso, Albert foi estudar em uma pequena escola rural na Suíça por mais um
ano a fim de se formar no ensino médio e tentar o exame em Zurique novamente.
Quando o fez, ele passou com excelentes notas em história, geometria e física.
Estava, então, pronto para começar a estudar em Zurique.
Na primavera de 1896, Mileva Maric chegou à Universidade de Zurique.
Matriculou-se em medicina, mas, após um período, migrou para matemática e
física, as mesmas matérias de Einstein, e a única mulher naquele ano a fazer
aquele curso. Albert passou incontáveis horas estudando com a bela sérvia, e o
relacionamento logo se tornou um romance. Durante o período universitário,
Albert desenvolveu a reputação de ser um jovem arrogante, o que irritou a
maioria dos seus professores, tornando-se muito difícil arrumar emprego como
professor após a sua graduação. Mesmo assim, em 1902, o pai de um colega
ajudou-o a conseguir emprego como assistente técnico no escritório de Patentes
da Suíça. Lá, Einstein não apenas deter- minava a validade das patentes de
inventores, especialmente na área de equipamentos eletromagnéticos, como
também dispunha de muito tempo livre para pensar e desenvolver suas próprias
teorias. Permaneceu no emprego até 1909, muito depois de já ter se estabelecido
como um cientista de renome, quando começou a receber ofertas para cargos
acadêmicos.
Dedique alta estima à sabedoria, e ela o exaltará; abrace-a, e ela o honrará. Provérbios 4.8

No começo de 1903, Albert e Mileva se casaram. Era uma parceria tanto pessoal
quanto intelectual. Ele a definiu como “uma criatura que é igual a mim, tão forte
e independente quanto eu”. Ela também lhe proporcionava a solidão necessária
para realizar seu trabalho. Na verdade, já se conjeturou que ela foi uma
contribuinte silenciosa para a tese de Ph.D. premiada de Einstein, em 1905, que
detalha a composição e os movimentos moleculares.
Naquele mesmo ano, quando não estava trabalhando para cuidar da sua nova
família, Albert escreveu quatro artigos que ajudaram a criar os fundamentos da
física moderna. Surpreendentemente ele os completou com muito poucas fontes
de consulta científicas e poucos colegas de profissão com os quais pudesse
discutir suas teorias. Ainda assim, muitos físicos concordam que três desses
artigos (sobre a movimentação browniana, sobre o efeito fotoelétrico e sobre a
relatividade especial) são merecedores do Prêmio Nobel. O quarto artigo,
intitulado “A inércia de um corpo depende do seu conteúdo de energia? ”,
continha a famosa fórmula demonstrando a equivalência entre matéria e energia.
A energia (E) de uma quantidade de massa (m) é igual à massa multiplicada pela
velocidade da luz (c) ao quadrado: E = mc2. Foi essa equação que chocou o
mundo científico e estabeleceu a reputação de Einstein como um gênio.
Embora Albert Einstein tenha se tornado um professor na Universidade de
Berna, na Suíça, um membro da Academia de Ciências Prussiana, um autor
publicado de muitas outras obras importantes e ocupante de cargos renomados
em várias universidades, foi somente em 1921 que lhe foi concedido o Prêmio
Nobel de Física. Ironicamente, embora o seu trabalho mais famoso fosse a sua
teoria da relatividade, foi o seu trabalho anterior, sobre o efeito fotoelétrico, que
lhe rendeu o prêmio. Seu trabalho sobre a relatividade ainda estava sendo
discutido pelos físicos, e o comitê do Nobel decidiu que a teoria menos
controversa seria mais bem aceita pela comunidade científica.
Hermann Einstein adorava a matemática e o eletromagnetismo. Embora nunca
tenha obtido sucesso financeiro nessa área, conseguiu estimular o filho Albert a
se tornar um físico ganhador do Prêmio Nobel e um dos maiores pensadores do
seu tempo.
*
Pais de influência encorajam os filhos a desenvolver a mente e atingir o seu
potencial.
James Earl Carter
1894–1953
Jimmy Carter. O jovem James [Jimmy] Carter sempre buscou a aprovação do pai
e sempre a obteve. Após uma carreira na juventude como oficial da Marinha,
Jimmy entrou para a política, primeiro como governador da Geórgia, seu Estado
natal, e depois como o trigésimo nono presidente dos Estados Unidos.
O jovem Jimmy Carter tinha uma predileção especial pelo pai, de quem buscava
sempre a aprovação. Certo dia, quando tinha apenas 4 anos de idade, seu pai o
levou, juntamente com sua mãe e sua irmã mais nova, Gloria, para conhecer sua
recém-comprada casa de fazenda. A porta, trancada, não podia ser aberta, porque
Earl Carter esquecera a chave. Earl forçou uma das janelas e pediu a Jimmy que
entrasse pela pequena abertura, o que ele fez, abrindo a porta pelo lado de
dentro. Foi um feito insignificante, mas ele ficou orgulhoso por ter podido ajudar
o pai.
Em outra ocasião, Jimmy desapontou o pai, e o remorso o corroeu durante anos.
Todo domingo, Earl dava ao filho uma moeda para depositar como dízimo na
coleta da igreja. Naquela tarde, Earl encontrou duas moedas na cômoda do
quarto de Jimmy, o que significava que, em vez de ter depositado uma moeda na
cesta de dízimos, Jimmy subtraíra uma. O menino levou uma bela surra, mas a
dor por ter desapontado o pai foi muito maior. Daquele dia em diante, Jimmy
nunca mais furtou.
Earl Carter ensinou o filho a pescar, caçar e jogar beisebol. Mas, acima de tudo,
Earl amava o filho e lhe ensinou o valor do trabalho. Ele não enchia o filho de
elogios, mas, quando o chamava de “bambambã”, Jimmy sabia que tinha
agradado o pai.
Aos 12 anos de idade, Jimmy, ao tentar apanhar uma galinha para o jantar da
família, se machucou com uma lasca de madeira, que perfurou o seu pulso.
Durante dias, não pôde dobrar o pulso ou mover os dedos sem sentir fortes
dores. Era o meio do verão, e toda a família precisava ajudar na colheita do
algodão, mas o ferimento de Jimmy o impossibilitou de trabalhar. Earl não ficou
muito satisfeito ao ver todos trabalhando enquanto o filho ficara em casa,
deitado, lendo um livro. Jimmy percebeu a insatisfação do pai; por isso, quando
todos haviam saído para trabalhar, cerrou os dentes, aguentou a dor e arrancou a
farpa que o incapacitava. Então, pegou sua bicicleta e foi encontrar-se com os
outros na colheita. Feliz em vê-lo, o pai lhe deu as boas-vindas com um aceno e
uma brincadeira. Jimmy sorriu satisfeito.
Os pais de Jimmy, Earl e Lillian Gordy Carter, eram donos de 350 acres de terra,
onde plantavam algodão, noz-pecã e amendoim, situados nas proximidades de
um povoado chamado Archery, a uns sete quilômetros da cidade de Plains, no
sudoeste da Geórgia. Jimmy trabalhava arduamente na fazenda, mas não
considerava o trabalho um sacrifício. Para ele, a infância foi feliz, cheia de
tarefas, brincadeiras e uma família amorosa. Depois do almoço, Jimmy adorava
deitar-se no chão com o pai para um breve descanso.
Jimmy e seus irmãos, Gloria, Ruth e Billy, cresceram em uma casa sem
encanamento interno e eletricidade. Usavam um banheiro que ficava nos fundos
do terreno da casa e lamparinas de querosene para iluminação. Para ouvir seus
programas favoritos no rádio, contavam com um radinho de pilha. Quando
Jimmy tinha 11 anos, seu pai instalou um moinho de vento para fornecer água
corrente para a cozinha e o banheiro e, depois, fez uma instalação elétrica para
iluminação e aquecimento.
Jimmy se formou na Plains High School em 1941, e teria sido o orador da turma
se não tivesse faltado à aula no dia em que foi feita a escolha. Como resultado,
não obteve as melhores notas. Anos mais tarde, seu pai escreveu a um deputado
da Geórgia esperando que este ajudasse Jimmy a ingressar na Academia Naval.
Infelizmente o deputado já tinha um candidato para a admissão. Sem se deixar
abater, Jimmy se matriculou para o curso de dois anos no Georgia Southwestern
College, em Americus.
Quando o império japonês atacou Pearl Harbor naquele dezembro, Jimmy ficou
ainda mais determinado a entrar para a Marinha. Esperava ocupar um posto
como o de comandante de submarinos. No verão seguinte, o mesmo deputado
recomendou Jimmy para ser admitido no ano seguinte na Academia Naval.
Quando voltou para casa de licença durante o verão de 1945, sua irmã, Ruth,
convidou Rosalynn Smith para ajudar na limpeza da Pond House, um chalé da
família que Earl construíra próximo a um lago. Durante aquele dia, Jimmy fez
várias gracinhas para Rosalynn e, enquanto trabalhavam, criou coragem para
convidá-la a sair com ele. Depois de apenas um encontro, voltou para casa e
disse a seus pais: “É com ela que eu quero me casar”. Os dois se corresponderam
enquanto Jimmy estava em Annapolis, e, quando ele regressou, a pediu em
casamento. Para sua surpresa, ela recusou. Rosalynn amava a Jimmy, mas
prometera a seu pai antes de ele morrer que terminaria a faculdade. Os dois
continuaram a se corresponder e a namorar, e, quando surgiu o momento certo,
ele lhe fez nova proposta. Dessa vez, ela aceitou. Um mês após Jimmy se formar,
eles se casaram em Plains.
Os recém-casados se estabeleceram em Norfolk, no Estado da Virgínia, onde
Jimmy esperava se tornar chefe de operações navais. Para alcançar o objetivo,
ele se inscreveu para a escola de submarinos e logo estava servindo a bordo de
um. A vida na Marinha parecia ser promissora para o jovem casal, e começaram
a planejar sua família.
Entretanto, no começo de 1953, Jimmy recebeu uma notícia terrível. Earl estava
morrendo de câncer no pâncreas. Jimmy ficou arrasado. A moralidade, o ímpeto
pelo trabalho e a recente incursão na política eram qualidades paternas que ele
admirava muito. Abandonou todos os seus planos promissores e foi para a
Geórgia a fim de ficar com o pai. Conversavam durante horas a fio sobre a
história da família, sobre negócios e sobre a vida. Jimmy sempre contava aos
outros sobre as incríveis conquistas e os interesses variados do pai.
Depois do sepultamento, Jimmy disse a Rosalynn que queria abandonar a
Marinha e voltar para Plains a fim de administrar a fazenda da família. Queria
ser um membro influente de uma comunidade e, talvez, ingressar na política,
como fizera seu pai. Foi o que fizeram, e logo Jimmy se viu trabalhando de
dezesseis a dezoito horas por dia, dedicando-se ao trabalho na fazenda com a
mesma determinação que demonstrara durante o seu tempo na Marinha.
Jimmy também ingressou no Lions Club e liderou o Comitê de Desenvolvimento
Comunitário. Também ajudou a implementar uma nova clínica médica em Plains
e conseguiu recursos para a construção de uma piscina pública.
Em 1962, foi eleito para o seu primeiro cargo público como membro do Senado
pelo Estado da Geórgia, exercendo o cargo de 1963 a 1967. Foi eleito
governador da Geórgia e serviu nesse cargo de 1971 a 1975. Após a renúncia do
presidente Nixon, em 1974, o vice-presidente, Gerald Ford, assumiu o cargo,
mas nunca conseguiu se livrar da vergonha do escândalo Watergate, e, em 1976,
Jimmy Carter se candidatou à Casa Branca, e foi eleito presidente dos Estados
Unidos.
Como presidente, Jimmy anistiou os americanos que haviam se recusado a servir
no Exército durante a Guerra do Vietnã, estabeleceu um novo Ministério de
Energias e intermediou o Acordo de Camp David, entre Israel e o Egito.
Também concluiu com sucesso as negociações para libertar reféns americanos
no Irã.
E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Hebreus 10.24

Muitos historiadores acreditam que as ações de Carter após seu mandato de


presidente foram mais importantes do que as ações que ele levou a cabo durante
o exercício da presidência. Ele tem sido um porta-voz incansável do Habitat for
Humanity e foi observador internacional de várias eleições democráticas em
nações estrangeiras. Em 1998, recebeu um dos primeiros prêmios dos Direitos
Humanos das Nações Unidas. Nesse mesmo ano, recebeu a Medalha
Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração concedida a um civil pelo
governo americano. Em
2002, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelos seus esforços incansáveis através
de décadas para encontrar respostas pacíficas para conflitos internacionais.
Earl Carter amava seus filhos e apoiou-os durante toda a sua vida. Sua influência
sobre o seu filho Jimmy contribuiu para que ele tivesse uma crença inabalável de
que tudo deve ser feito com excelência e diligência. Essa crença norteou Jimmy
em uma carreira na Marinha, um trabalho político extraordinário e até a ganhar o
Prêmio Nobel da Paz.
*
Pais de influência motivam os filhos à grandeza, esperando que eles façam
sempre o melhor.
George Walton Lucas Sr.
Data desconhecida–1991
George Walton Lucas Jr. Um homem de negócios trabalhador, George Walton
Lucas deu a seu filho as ferramentas e os recursos de que precisava para ajudá-lo
a criar uma das franquias cinematográficas de maior bilheteria na história do
cinema: os seis filmes que compõem o seriado Guerra nas estrelas.
Na década de 1950, a cidade de Modesto, na Califórnia, era um lugarejo pacato
de gente trabalhadora que apenas desejava para suas famílias o sonho americano.
George Walton Lucas Jr. teve uma infância idílica, junto com muitos amigos que
viviam em seu quarteirão. Eles organizavam festas e circos, construíam fortes,
casas nas árvores e carrinhos de rolimã. Era uma diversão simples, hoje já fora
de moda.
Quando George Jr. tinha 10 anos de idade, seu pai comprou uma tele- visão para
a família. George ficou maravilhado com programas como Adventure Theater,
Tailspin Tommy, Flash Gordon e Buck Rogers. Esse gosto pela aventura e pelo
divertimento era pontuado pela sua lista de livros. Ele devorava romances de
aventura, como A Ilha do Tesouro, Robinson Crusoé, As Aventuras de Tom
Sawyer e Huckleberry Finn. Ele também colecionava histórias em quadrinhos e
leu biografias sobre o general Custer e Thomas Edison.
Quando o filho de Dorothy e George Walton Lucas nasceu no dia 14 de maio de
1944, Modesto tinha uma população de menos de 20 mil habitantes. A família
era dona da L. M. Morris, uma loja local de suprimentos para escritórios. George
Jr. fazia entregas depois das aulas para o pai, que sonhava com o dia em que o
filho assumiria o negócio da família.
Quando a Disneylândia foi inaugurada em Anaheim, em 1955, a família Lucas
foi para Orange County e passou uma semana lá. Divertiu-se tanto que aquele
passou a ser o programa predileto de todas as férias.
No final da década de 1950, a família se mudou para um rancho de 13 acres com
plantações de nogueiras. George Jr. teve certa dificuldade para se acostumar com
o novo ambiente. Tirou algumas notas ruins na escola até que se interessou por
motocicletas e automóveis. Aos 15 anos, começou a dirigir, a princípio apenas
no terreno do rancho. Mas, assim que completou 16 anos, tirou sua carteira de
motorista e começou a dirigir pela cidade. Daquele momento em diante, os
passeios de carro se torna- ram uma constante em sua vida.
Enquanto cursou a Thomas Downey High School, George não foi especialmente
brilhante. Afinal, adorava passear de carro, e seu sonho era se tornar um piloto
profissional de carros de corrida. No dia 12 de junho de 1962, ele bateu com o
seu carro, um Bianchina. Quando o carro capotou, ele foi cuspido para fora. Se o
cinto de segurança não tivesse rompido, provavelmente teria morrido, esmagado
contra a coluna de direção quando o carro se espatifou de encontro a uma árvore.
Isso o fez parar e pensar sobre sua vida. Logo depois, resolveu se dedicar aos
estudos e se matriculou no Modesto Junior College, esperando estudar
psicologia, antropologia e filosofia. Seu amor pelos carros não morreu, mas, em
vez de pilotá-los em alta velocidade, ele passou a fotografá-los.
Seu pai comprou-lhe uma máquina fotográfica de 35 mm e permitiu que
montasse um quarto escuro em casa, encorajando o que pensava ser apenas um
hobby. Ao completar 18 anos, George e o pai tiveram uma con- versa sobre os
negócios da família. Quando George explicou que não era o tipo de pessoa que
poderia fazer a mesma coisa todos os dias, seu pai ficou preocupado e irritado.
Temia que o filho se tornasse um artista faminto e digno de pena, especialmente
porque ele ainda não sabia exatamente o que queria fazer da vida.
George se matriculou na Universidade Estadual de San Francisco, para cursar
antropologia, mas um amigo o convenceu a, em vez disso, fazer o curso de
cinema na Universidade do Sul da Califórnia. O pai George, impressionado pelo
filho ter sido aceito em uma universidade tão importante quanto a USC, deixou
de reclamar.
Logo no início do ano letivo, George Jr. percebeu que o processo de fazer
cinema era exatamente o que estivera procurando. Ficou apaixonado por tudo.
Na faculdade, fez vários curtas, incluindo uma primeira versão de THX 1138
(que, mais tarde, em 1971, com a ajuda do seu amigo Francis Ford Coppola, se
tornou um longa-metragem para o cinema).
Após graduar-se Bacharel em Artes em 1966, tentou alistar-se na Força Aérea
como oficial, mas foi rejeitado por causa das suas inúmeras multas por excesso
de velocidade. Mais tarde, foi convocado pelo Exército, mas, por ser diabético,
também acabou sendo rejeitado. Sem poder servir nas Forças Armadas,
matriculou-se em um curso de pós-graduação de produção de filmes da USC. Lá,
ele e o amigo Coppola fundaram o estúdio American Zoetrope, com o intuito de
criar um ambiente de liberdade para cineastas realizarem os seus filmes fora do
controle opressivo dos estúdios de Hollywood.
O segundo longa-metragem de Lucas, um filme de baixo orçamento intitulado
American Graffiti (1973), foi uma das maiores bilheterias da época, e recebeu
inúmeros prêmios. No entanto, a Universal Studios considerou o filme tão ruim
que chegou a se recusar a lançá-lo, até que Coppola interveio, e a companhia
cedeu. Produzido com o custo de 775.000 dólares, o filme arrecadou quase 125
milhões de dólares.
Apesar do sucesso de American Graffiti, George Jr. não conseguiu
financiamento para o seu próximo projeto, um filme intitulado Guerra nas
estrelas. Essa fantasia espacial era baseada em parte nos seriados de TV que ele
tanto amara na infância. Incapaz de encontrar os técnicos ou a tecnologia de que
precisava para criar os efeitos especiais que queria, Lucas reuniu uma equipe e
montou o seu próprio estúdio, a Lucasfilm, localizado em um complexo
chamado de Rancho Skywalker. O resto é história – o filme rendeu cinco
segmentos e criou uma das franquias de maior sucesso de todos os tempos no
cinema. Outros empreendimentos seus, como a Skywalker Sound e a Industrial
Light and Magic, foram pioneiros e trouxeram inúmeros avanços tecnológicos
nas artes cinematográficas, atualmente utilizados por diretores em todo o mundo.
Lucas concebeu o Rancho Skywalker como um sistema antihollywoodiano. Para
ele, Hollywood era ruim, mesquinha e medíocre. O rancho, por sua vez, seria um
estúdio ideal, respeitando os valores humanos, a inovação e a criatividade. Muito
do desdém de Lucas por Hollywood foi resultado da influência do seu pai. Ele
encarava advogados e executivos do cinema como “picaretas” e se referia a
Hollywood como Sin City [Cidade do Pecado].
George Jr. se recorda do seu início com humildade e respeito paternal. Ele diz
que herdou do pai a moderação fiscal, a sabedoria do bom senso que o ajudou a
se tornar bem-sucedido no mundo dos negócios. Sendo o filho de um
empreendedor de uma cidadezinha, Lucas diz que, como o pai, ele é conservador
com o dinheiro.
Em sua biografia, Skywalking, ele diz: “Meu pai me passou muitos
ensinamentos sobre os negócios – uma ética de uma cidade pequena e de um
negócio de varejo –, e acho que aprendi direitinho. É irônico porque, quando eu
era garoto, jurei que jamais faria o que ele fazia. Quando fiz 18 anos, tivemos
uma grande discussão, quando ele quis que eu me dedicasse aos negócios da
família e recusei. Eu lhe disse: ‘Tenho certeza de duas coisas. Uma é que vou
acabar fazendo alguma coisa com carros, seja pilotar, seja um mecânico, seja lá o
que for; a outra, é que jamais vou ser presidente de uma companhia’. Acho que
ele foi mais esperto do que eu”. Depois do sucesso do primeiro filme Guerra nas
estrelas, George Jr. financiou do próprio bolso os dois filmes seguintes da série
e, então, construiu o rancho.
A retidão protege o homem íntegro. Provérbios 13.6

Atualmente Lucas diz ter ambições modestas. Tudo que realmente quer é fazer
filmes e criar a sua família. Sempre que seus filmes ou a venda de produtos lhe
rendem dividendos, ele reinveste na companhia. Diz que não sente a necessidade
de bens materiais, não quer viver de forma extravagante nem desregrada, e não
tem o menor desejo de impor sua vontade aos outros.
George Lucas Jr. nunca quis se juntar ao pai nos negócios da família, mas, ao
refletir sobre sua vida e sua carreira, pode-se ver claramente a influência do pai
sobre o filho. Ao dar um exemplo ético sereno, sólido e despretensioso, ele
mostrou ao filho como amealhar seguidores fiéis, tanto com seus empregados
quanto com os seus clientes. Graças em grande parte à influência do pai, George
Lucas Jr. se tornou um dos mais bem-sucedidos e inovadores cineastas do nosso
tempo.
*
Pais de influência mostram aos filhos como podem alcançar o sucesso nos
negócios sem comprometer seus valores.
Herbert Aaron
Data desconhecida
Henry Aaron. Herbert Aaron ensinou a seu filho, Henry “Hank” Aaron, a
importância da excelência, da educação e da paciência. Durante a sua carreira de
vinte e três anos, Henry iria se tornar o recordista de todos os tempos na liga
profissional de beisebol, com 755 home runs.
Ficou aparente desde o começo que Henry Louis Aaron estava destinado a se
tornar um astro do beisebol. Nasceu em Mobile, no Alabama, a cidade de um
outro grande astro do jogo, Satchel Paige, no dia 5 de fevereiro de 1934,
exatamente um dia antes do aniversário de 39 anos de Babe Ruth.
O pai de Henry, Herbert Aaron, adorava esportes, mas sabia que as
oportunidades para negros e brancos variavam muito nos Estados sulistas
segregacionistas. Herbert disse ao filho que não havia “homens de cor” jogando
beisebol profissional, e, na época, ele estava certo. Seu ofício era o de construtor
de navios. Herbert encorajava todos os filhos a jogarem beisebol começando no
time Toulminville Whippet, que praticava em um terreno baldio.
No livro Chasing the Dream, Henry conta que os anos que passou observando o
pai trabalhar duramente e por longas horas pela família lhe ensinaram o valor da
paciência e do respeito. Virtudes que o jovem Henry iria imitar, especialmente
mais tarde na sua carreira, quando sofreu perseguições e ódio racial por se
aproximar do recorde de home runs de Babe Ruth.
No começo da década de 1940, a família Aaron se mudou do congestionamento
dos bairros miseráveis do distrito Down the Bay de Mobile para as cercanias
mais habitáveis da comunidade de Toulminville. Herbert comprou dois terrenos
vazios e contratou uma equipe de carpinteiros para construir uma casa de seis
cômodos ao custo de apenas 200 dólares.
Assim que as paredes e o teto foram erguidos, eles se mudaram, livres de aluguel
e de hipotecas. Uma família orgulhosa, achavam que as únicas pessoas que
tinham casa própria eram os ricos. Mas eram donos da sua.
Diferente de Babe Ruth, que teve uma infância turbulenta, Henry cresceu em
uma família unida e amorosa, e esperava-se dele e dos irmãos que fossem bem-
comportados, que respeitassem os mais velhos, que cortassem lenha e que
fossem à igreja aos domingos. Herbert e sua mulher criaram os filhos em um lar
cheio de carinho e sempre desejando o melhor para eles.
Quando Henry tinha 11 anos de idade, Jackie Robinson foi contratado pelo time
Brooklyn Dodgers, quebrando assim a barreira racial nos jogos da liga
profissional. Isso despertou um grande sonho no coração de Henry. O sonho de
que ele também poderia, um dia, jogar na liga profissional.
Herbert Aaron dizia que seu filho sempre fora louco por beisebol. Nunca pensou
na possibilidade de ele se tornar um jogador profissional até que o Brooklyn
Dodgers visitou Mobile para um jogo de exibição. Ele levou Henry para assistir
ao jogo, e naquela mesma noite o filho lhe disse que se tornaria um jogador
profissional antes que Jackie Robinson se aposentasse.
Henry já estava na adolescência quando se envolveu com o beisebol organizado,
simplesmente porque as escolas que frequentou e as cidades em que morou não
tinham um time amador ao qual pudesse se juntar. Sua primeira oportunidade
surgiu quando entrou para um time só de negros, da liga de fast-pitch softball,
patrocinado pelo departamento recreativo da cidade.
Frequentemente Henry saía mais cedo da aula e ia para o salão de sinuca local a
fim de ouvir os jogos do Dodgers no rádio. Quando Herbert soube das
escapadelas do filho, ficou furioso. Mas, em vez de confrontá-lo com raiva,
simplesmente lembrou-o dos sacrifícios que fazia todos os dias pela família.
Explicou-lhe que, enquanto ele dava dinheiro para que cada um dos filhos
pudesse comer na escola, 50 centavos para cada um, para si guardava apenas 25.
Achava que, se ele podia fazer esse sacrifício, seus filhos poderiam ser-lhe
gratos se formando no colégio. Henry concordou.
Naquele mesmo dia, Bobby Thomson acertou uma bola em uma jogada que
colocou o New York Giants à frente do Brooklyn Dodgers na disputa pelo
campeonato da liga nacional. Aquele jogo dramático reforçou ainda mais a
vontade de Henry de jogar profissionalmente. Em virtude do fato de que, na
época, os olheiros não estavam exatamente procurando por jogadores negros
vindos do Sul, Henry concluiu que a forma mais rápida de entrar para a liga
profissional seria por meio da liga dos negros.
Certo dia, quando Henry tinha apenas 16 anos, um homem o abordou e lhe
perguntou se gostaria de fazer parte do time semiprofissional local, o Black
Bears, de Mobile. A princípio, ele recusou a oferta porque o time jogava aos
domingos, mas por fim aceitou, e teve início sua carreira profissional.
Henry foi, então, chamado para jogar na liga negra, com o Indianapolis Clowns.
Seus pais ficaram empolgados, mas insistiram em que o filho esperasse mais um
ano para terminar os estudos no colégio. Henry achou que não teria mais notícias
do olheiro, mas, um ano mais tarde, ele foi contratado pelo time.
No ano seguinte, foi comprado pelo Boston Braves e jogou na liga júnior do
time, o Eau Claire Bears. Em 1954, Henry Aaron finalmente foi aceito pela liga
profissional, no Milwaukee Braves, depois que Bobby Thomson quebrou o
tornozelo tentando chegar à segunda base. No primeiro jogo de treinamento da
primavera, ele fez um home run. Em 1957, com 23 anos, Aaron ganhou o prêmio
MVP (Most Valuable Player [Jogador Mais Valioso]) ao completar um home run
que determinou o jogo e levou o time de Mil- waukee a conquistar o seu
primeiro campeonato mundial.
Enquanto jogou com o Braves, Henry começou a alcançar e bater vários
recordes de home runs. Em 1960, ele rebateu o seu home run de número 200; em
1963, completou 300. Em 1966, o Milwaukee Braves se mudou para o Sul e se
tornou o Atlanta Braves, e foi lá que Henry atingiu a marca de 400 home runs.
Ainda em Atlanta, em 1968 ele completou a marca dos 500. No dia 30 de julho
de 1969, Aaron fez o seu home run de número 537 e se tornou o terceiro
colocado no ranking dos maiores rebatedores de home runs, deixando para trás
Mickey Mantle. Apenas Willie Mays e Babe Ruth permaneciam na sua frente.
Aaron era agora conhecido. Os fãs e a mídia o cortejavam como o rei dos home
runs.
Em 1971, Henry Aaron fez o seu home run de número 600 e, um ano depois,
superou a marca de Willie Mays, tornando-se o segundo colocado na lista de
rebatedores de todos os tempos.
Entretanto, nem todos apreciavam suas conquistas. Recebia uma torrente de
cartas de conteúdo racista. Das arquibancadas, os intolerantes gritavam e o
xingavam. Alguns comentaristas de esporte chegaram a escrever obituários para
o caso de alguma fatalidade. A viúva de Babe Ruth, Claire, condenou todo
aquele ódio e disse que o marido teria ficado orgulhoso por saber que Aaron
tentaria quebrar o seu recorde. Aaron suportou o desprezo com galhardia e em
silêncio. Apesar da perseguição diária dos fãs e dos jornalistas, ele dizia não se
sentir pressionado na busca pelo recorde.
Mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam
exaustos, andam e não se cansam. Isaías 40.31

Então, diante da maior plateia da história do Braves (53.775 espectadores), Hank


Aaron quebrou o recorde no dia 8 de abril de 1974, com um home run que
rebateu do lançador Al Downing, no quarto tempo. A bola foi cair no banco de
reservas do Braves, onde o reserva Tom House a pegou. Após a quebra do
recorde, Herbert Aaron, que estava nas arquibancadas, gritou “Ele é meu! Ele é
meu! ” e quase perdeu o boné, tamanha a sua empolgação. A mãe de Hank
correu para acudir o filho no campo, pensando que tivesse sido baleado após
ouvir os fogos da torcida.
Babe Ruth mantivera o recorde de rei dos home runs de todos os tempos por
mais de cinquenta anos até ser superado por Hank Aaron naquela noite. Mais
tarde, Hank disse à imprensa e aos fãs que deu graças a Deus por estar tudo
terminado. Naquela noite, em casa, se ajoelhou e expressou sua gratidão a Deus
novamente por ter cuidado dele durante toda aquela provação.
Herbert Aaron deu a seu filho o amor pelo jogo e o ensinou a valente- mente
priorizar sua vida. Moldou seu filho para que tivesse uma resolução silenciosa
que suportou as dificuldades e o racismo. Henry Aaron levou consigo o exemplo
de calma do pai e fez uso dele para manter-se focado em se tornar um dos
maiores jogadores de beisebol de todos os tempos e conquistar o recorde de
home runs da liga profissional até hoje.
*
Pais de influência ensinam os filhos a suportar as dificuldades enquanto
perseguem seus objetivos com determinação.

Moses Carver
1812–1910
George Washington Carver. No final da Guerra de Secessão, Moses Carver, um
branco, com um amor incondicional, adotou o negro George Washington Carver
como seu filho. Ele o fez apreciar a botânica e influenciou George a se tornar um
benfeitor na vida de milhares de pessoas ao encontrar as inúmeras utilidades do
amendoim.
Nascido no cativeiro no final da Guerra de Secessão, em Diamond, no Missouri,
George Washington Carver e sua mãe, Mary, pertenciam a Moses Carver, um
imigrante alemão recluso e dono de terras. Moses era contra a escravidão, mas
contratar trabalhadores para a sua fazenda em Newton County provou ser muito
difícil. Portanto, em 1855, ele comprou Mary de um dos seus vizinhos para que
o ajudasse na fazenda. Na época, Mary tinha 13 anos de idade e, na década
seguinte, ela teve no mínimo quatro filhos.
A identidade do pai biológico de George não é conhecida, mas provavelmente
era um escravo de uma fazenda vizinha e morreu mais ou menos na mesma
época do nascimento de George. Foi morto enquanto carregava lenha em uma
carroça. De algum modo, ele caiu e foi esmagado pelas rodas que transportavam
a pesada carga.
Infelizmente George também não chegou a conhecer sua mãe. Foram separados
logo depois que ele nasceu. Moses Carver e sua mulher, Susan, eram
simpatizantes da União. Por causa disso, sua fazenda era frequentemente
saqueada por guerrilhas de confederados.
Em certa ocasião, os milicianos amarraram Moses, pelos polegares, a uma
árvore, queimaram-lhe os pés com brasas e exigiram que ele dissesse onde
escondia seu dinheiro. Apesar da tortura, Moses nada confessou, e eles partiram.
Quando os guerrilheiros atacaram novamente, eles raptaram Mary e o pequeno
George e os levaram para o Arkansas, um Estado confederado a cerca de trinta e
dois quilômetros ao sul. Um bondoso patrulheiro unionista concordou em
encontrar e reaver os escravos raptados. Ele encontrou George, mas nunca
conseguiu encontrar Mary. Jamais se soube o que aconteceu com ela. Feliz por
ter o menino de volta em casa, Moses recompensou o patrulheiro com um cavalo
de corrida.
Quando a guerra estava no fim, o presidente Lincoln sancionou a Proclamação
de Emancipação, libertando todos os escravos. Por não terem filhos, Moses e
Susan criaram George como se fosse deles. Sob a proteção e os cuidados do
casal branco, o menino recebeu um bom lar e oportunidades que não eram
concedidas à maioria das crianças negras.
O pequeno George era afligido constantemente por dificuldades respiratórias, e
por isso era liberado de fazer os trabalhos mais extenuantes da fazenda. Quando
não tinha de ficar em casa fazendo serviços leves, passava o tempo explorando
os arredores, as florestas e a vida selvagem do lugar. Mais tarde, George
escreveu: “Queria conhecer cada pedra estranha, cada flor, inseto, passarinho e
animal”. Com o tempo, Susan e Moses Carver perceberam que a curiosidade
tornava George especial. Uma criança ansiosa por aprender.
George gostava particularmente de plantas e passava longas horas no jardim dos
seus pais adotivos. Com a ajuda deles, plantou uma horta. Fazia anotações
cuidadosas sobre as condições que permitiam que suas plantas crescessem e se
desenvolvessem, e ficou conhecido nas vizinhanças como o “doutor das
plantas”. Frequentemente era chamado para cuidar de flores ou plantas que
estivessem em más condições.
George também aprendeu a amar e louvar o Deus da criação. Considerava cada
planta e cada animal evidências de que Deus era um magnífico artesão, e George
via o belo trabalho de Deus em todos os lugares. Quando adulto, George creditou
ao “Criador” todos os sucessos que obteve em seu laboratório. Aos 10 anos de
idade, George já era um cristão.
George ansiava por uma educação mais formal e implorou que Moses e Susan
encontrassem uma escola onde pudesse estudar. Embora nessa época já fosse
permitido que negros estudassem, a família Carver encontrou muitas
dificuldades para achar uma escola que o aceitasse. Por fim, contrataram um
tutor particular para George, e logo ele estava fazendo mais perguntas do que o
professor conseguia responder. No ano seguinte, foi aceito em uma escola para
negros em Neosho, o centro do condado.
Um ano depois, George viajou para Fort Scott, no Kansas, na esperança de
encontrar uma escola que atendesse às suas expectativas. Uma que o desafiasse e
saciasse sua sede de conhecimento. Isso também durou apenas um ano. O
menino ficou horrorizado quando presenciou o lincha- mento de um homem
negro por uma turba de brancos e se recusou a ficar em Fort Scott. Finalmente
encontrou uma boa escola e pessoas acolhedoras em uma outra cidadezinha do
Kansas. Lá, aprendeu mais sobre botânica e também teve aulas de música e
pintura.
George tentou se matricular em uma universidade, mas foi recusado quando
viram que ele era negro. Por isso, George resolveu exercer a pro- fissão do pai:
fazendeiro. George comprou um pedaço de terra em Beeler, no Kansas, e foi
aceito na comunidade. Mais tarde, iria agradecer ao povo do condado de Ness
por suas contribuições para o seu trabalho. Achava que os moradores lhe
ofereceram todas as oportunidades para que desenvolvesse plenamente suas
habilidades e seus interesses.
Trabalhou na fazenda por dois anos, até que o desejo por uma educação voltou a
assombrá-lo. Matriculou-se no Simpson College, em Indianápolis, uma
instituição que não dava importância à raça dos seus estudantes. Lá, ele se
tornou o único bolsista do sexo masculino da faculdade de belas artes. Mas
George se preocupava com o futuro que poderia ter como artista. Uma colega
notou que ele frequentemente pintava flores e conversava sobre plantas, e o
encorajou a se transferir para a Universidade do Estado de Iowa, onde o pai dela
ensinava agricultura. Após muitas orações, George percebeu que Deus tinha um
trabalho especial para ele realizar. Assim, deixou o Simpson College e foi para a
Universidade de Iowa.
Apesar da intolerância racial na Universidade de Iowa, sua carreira como
botânico e biólogo de plantas floresceu. Seus professores o estimavam muito por
sua habilidade de fazer enxertos em plantas e realizar polinizações cruzadas. Um
professor o descreveu como o melhor estudante da faculdade. George recebeu
seu diploma e, mais tarde, um mestrado em agricultura antes de se tornar diretor
de agricultura no Instituto Tuskegee, no Alabama. Lá, recebeu o apelido de o
“Mago de Tuskegee”.
Entre os seus muitos feitos, George Washington Carver administrou as duas
fazendas do Instituto, coordenou a estação de agricultura experimental e
expandiu o programa de pesquisa de Tuskegee para ajudar fazendeiros negros
pobres do Sul. Na verdade, ele se tornou uma lenda viva na sua busca por
melhorias de vida para os negros. Químico criativo, ele encontrou novas
utilizações para o amendoim e fez demonstrações dessas pesquisas perante o
U.S. House Ways and Means Committee. Um filme intitulado The Story of Dr.
Carver foi feito em sua homenagem, e um museu em Tuskegee documenta todas
as suas conquistas.
Carver foi mais do que um herói e um exemplo para as crianças da sua raça. Foi
uma inspiração para pessoas de todas as idades e de todas as raças,
especialmente para os órfãos, os humildes e os pobres. George Washington
Carver disse certa vez que o seu desejo era “ajudar o homem que estiver mais
por baixo”. Seu pai, Moses, o salvou duas vezes e lhe deu a melhor educação
que pôde. Além disso, ele reconheceu o talento e a genialidade conferidos por
Deus a seu filho e o ajudou a aprender mais sobre o seu principal interesse: o
mundo das plantas.
Mas cada um tem o seu próprio talento da parte de Deus; um de um modo, outro de outro. 1 Coríntios 7.7

*
Pais de influência ensinam os filhos a reconhecer os talentos que Deus lhes deu e
a usá-los para o bem comum.
Bob Hewson
1925–2001
Paul David Hewson, também conhecido como Bono, Do u2. Bob Hewson
financiou as ambições musicais do filho e lhe deu o dom de cantar.
Antes de serem contratados por uma gravadora, bem no começo da banda de
rock irlandesa U2, o vocalista Bono convidou um representante de uma
gravadora para um dos ensaios. No livro Bono: In Conversation with Michka
Assayas, Bono escreveu: “Esse figurão veio ver a banda tocar e nos ofereceu um
contrato. Foi um grande momento para nós, por- que estávamos completamente
duros. E com o dinheiro que ele ofereceu marcamos uma turnê pelo Reino
Unido. Mas, na véspera da turnê, a gravadora ligou oferecendo metade do
dinheiro que havia sido combinado, sabendo que não poderíamos recusar.
Recorremos às nossas famílias, e cada um de nós pediu 500 libras. Meu pai deu,
o pai do Edge deu, e acho que o pai do Larry também”.
O pai de Bono, Bob Hewson, vinha de uma família da classe operária irlandesa,
que incluía um irmão mais velho, dois irmãos mais novos e uma irmã. Quando
não estavam trabalhando, os membros da família se divertiam jogando críquete e
ouvindo óperas. Por um tempo, Bob pensou em se tornar um cantor lírico, mas,
em vez disso, trabalhou a vida inteira como um funcionário do correio.
Bob Hewson teve de abandonar os estudos quando tinha 14 anos. Seus
professores imploraram à sua mãe que não o tirassem da escola, porque era um
bom aluno, e queriam que ele continuasse a estudar. Mas Bob foi forçado a
aceitar um emprego público aos 15 anos de idade, para ajudar com o seu salário
na renda familiar. E lá trabalhou até o dia em que se aposentou.
Bob era católico, mas a mãe de Bono, Iris Hewson, protestante. Haviam crescido
juntos na mesma rua, Cowper Street, que ficava em um bairro de operários em
um distrito chamado Cowtown. Tiveram seu primeiro filho, Norman, e em 1960
nasceu Bono, que recebeu o nome de batismo Paul David.
Quando Paul tinha 3 anos, seus pais o viram brincando no jardim dos fundos da
casa. O casal assistiu horrorizado enquanto seu filho pequeno pegava abelhas das
flores com os dedos, falava com elas e então as colocava de volta nas pétalas
sem nunca ser picado.
O jovem Paul formou as suas opiniões abrangentes e pouco ortodoxas sobre fé e
religião ao observar os pais. Ele via como os pais se davam bem, mesmo tendo
diferentes pontos de vista a respeito de religião e Deus.
Atualmente Bono não tem do que se desculpar pela sua fé em Cristo. As letras
espiritualizadas de suas canções e o seu trabalho humanitário são produtos
diretos da sua compreensão das Escrituras. No seu livro, ele diz: “Tenho a
esperança de que Jesus lavou os meus pecados na cruz, porque sei quem sou e
espero não ter de depender da minha religiosidade. A finalidade da morte de
Cristo é que ele arcou com os pecados do mundo, para que os pecados que
cometemos não voltem e para que a nossa natureza pecaminosa não acarrete a
morte certa. É essa a questão. Isso deveria nos manter humildes. Não seremos
salvos pelas nossas boas obras”.
Quando Paul tinha 15 anos, sua mãe morreu repentinamente, quatro dias depois
do funeral do pai dela. Os três homens da família Hewson permaneceram juntos,
procurando aplacar o luto e partilhar o sofrimento. No entanto, o resultado,
muitas vezes, era frustração e raiva. A vida sem a mãe na casa dos Hewson não
foi fácil. Sua morte afetou a confiança de Bono, e ele se sentiu abandonado.
Depois das aulas no colégio, voltava para a casa que, sem ela, não era mais um
lar.
Paul ganhou o apelido de “Bono Vox” de um colega do colégio chamado Guggi,
que teve a ideia para o apelido ao ver um aparelho para surdez na O’Connel
Street, em Dublin. Apropriadamente, Bono Vox, em latim torto, quer dizer “boa
voz”. Mais tarde, Paul encurtou o apelido para Bono, que permanece até hoje.
No colégio, a natureza falante de Paul e a sua personalidade dramática lhe
permitiam relacionar-se com praticamente todos os círculos sociais e
experimentar uma variedade de meios artísticos. Bob pagou pelas aulas de
guitarra do filho, mas ele teve dificuldades com o instrumento. Mais tarde, Bono
veio a saber que o pai se arrependia de não ter se tornado um músico e um
cantor.
Em 1983, Bono se casou com a namorada de cabelos escuros e personalidade
forte, Alison Stewart. O casal tem duas filhas, Jordan e Memphis Eve, e dois
filhos, Elijah e John Abraham.
A banda U2 foi formada em 1976, quando Bono respondeu a um anúncio em um
quadro de avisos da Mount Temple Comprehensive School, em Dublin. O cartaz
dizia que os interessados deveriam se encontrar na casa de Larry Mullen Jr. para
fazerem testes para participar da banda.
Larry é o baterista talentoso e o catalista para a formação do grupo. Os outros
integrantes eram o guitarrista e fabricante de guitarras Dave Evans, apelidado de
“The Edge”; o baixista amador Adam Clayton; e, finalmente, Bono, que não
tocava guitarra e não cantava grande coisa (na época), mas que, com seu charme
sincero, suas letras intensamente poéticas e sua personalidade teatral, acabou
conseguindo o cargo de vocalista e letrista da banda.
Enquanto a banda lutava para alcançar o sucesso, Bob Hewson deu a seu filho
um ano de casa e comida grátis. Se, ao final daquele ano, as coisas não
estivessem dando certo para a banda, Bob queria que o filho arranjasse um
emprego. Bono concordou com os termos do pai, considerando-os mais do que
generosos. Mas o sucesso veio rápido para o U2. Seu primeiro disco, Boy, foi
lançado em 1981.
Certa vez, na década de 1980, Bono levou o pai a Nova York para assistir a um
show do U2. Enquanto Bob Hewson assistia ao evento, Bono pensava no que o
pai estaria achando de tudo aquilo. No final do show, Bono se virou e viu o pai
nos bastidores do palco, o qual, ao se aproximar, lhe estendeu a mão em
cumprimento. Bono ficou satisfeito.
O sucesso gerado por longas turnês, músicas no rádio e pelas suas apresentações
apaixonadas e precisas levou o U2 ao estrelato. Álbuns como War, The
Unforgettable Fire, The Joshua Tree e Rattle and Hum demonstram a inclinação
da banda pela espiritualidade, intensidade e a sua habilidade de emocionar o
público. A década de 1990 foi marcada pelos experimentalismos com a música
eletrônica e novas influências, como demonstram os discos Achtung Baby e Pop.
Atualmente Bono é tão conhecido pelo seu ativismo humanitário quanto por sua
música.
Em 2001, Bob Hewson foi diagnosticado com câncer e não se recuperou. De
acordo com o seu livro, Bono disse em seu funeral: “Obrigado por me dar a
minha voz. Nossa casa tinha sempre música. Éramos nós, os filhos, que
tínhamos de pedir a nosso pai que abaixasse o som”.
Bono escreveu sobre ele na música “Sometimes You Can’t Make It on Your
Own”, do álbum How to Dismantle an Atomic Bomb. A letra fala sobre como o
pai lhe deu uma razão para cantar.
Bono passou por um período difícil lidando com a morte do pai. Em uma manhã
de Páscoa, ele foi a uma pequena igreja, se ajoelhou e liberou todo o
ressentimento que guardava contra o pai por causa dos anos posteriores à morte
de sua mãe. Hoje, ele agradece a Deus o pai que teve e os dons que recebeu dele.
Pôs um novo cântico na minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus. Muito verão isso e temerão, e
confiarão no Senhor. Salmos 40.3

Sobre a fé e o que realmente importa na vida, Bono escreveu em seu livro:


“Algumas vezes, meu pai me fazia uma pergunta de verdade, e isso significava
que eu tinha de lhe dar uma resposta de verdade. Era sempre a respeito da minha
fé em Deus. ‘Essa é uma coisa que eu invejo em você’, ele me disse certa vez.
Mas imagine só: eu estava cantando, fazendo tudo aquilo que ele adoraria ter
feito, eu tinha uma vida criativa. Ele disse: ‘Você realmente parece ter um
relacionamento com Deus’ ”.
Bob Hewson trabalhou arduamente a vida toda como funcionário do correio e,
viúvo, sustentou os dois filhos. Embora tenha tido dificuldades em encontrar a
esperança e a fé na sua vida, deu a seu filho os recursos necessários para ajudá-lo
a se tornar um sucesso no meio musical. O legado de Bob Hewson continua em
Bono Vox, um homem que emociona o mundo com as suas letras cheias de fé
em Cristo e que oferece uma com- paixão incansável aos pobres do mundo.
*
Pais de influência dão aos filhos o dom da música.
Johnny Cash
1932–2003
John Carter Cash. O ícone da música country Johnny Cash aprendeu com os seus
erros a ser um pai excepcional, gentil e cheio de fé para o seu único filho
homem, John Carter, que mais tarde se tornaria seu companheiro espiritual e
produtor dos seus discos.
Quando o filho mais novo de Johnny Cash, John Carter, tinha 11 anos, ladrões
armados invadiram a Cinnamon Hill, a casa de férias da família na Jamaica,
onde estavam celebrando o Natal. A alegria da família se transformou em terror
quando três homens mascarados entraram na casa e exigiram que lhes
entregassem todo o dinheiro e todas as joias. Por quatro horas aterrorizantes, os
ladrões os mantiveram reféns, forçando-os a ficarem deitados no chão. John
Carter foi escolhido pelos bandidos para ser a vítima caso seu pai se recusasse a
atender às exigências. Embora amedrontado durante toda a longa e penosa
experiência, Johnny não entrou em pânico e manteve uma calma extraordinária.
Os ladrões fugi- ram com muitas joias (e mais tarde foram presos), e John Carter
não foi ferido. Todos concordaram em que a presença tranquila de Johnny em
meio àquela terrível experiência provavelmente salvou a vida do seu jovem
filho.
De todos os filhos de Johnny, John Carter foi o mais beneficiado com as novas e
melhoradas habilidades de Johnny como pai. Quando John Carter nasceu,
Johnny já se casara com June Carter Cash, largara o vício das drogas e começara
a levar a sua fé cristã com seriedade. Johnny muitas vezes levava o filho para a
estrada com ele. Quando não estavam em viagens realizando shows, Johnny
levava o filho para escaladas ou pescarias. Ele estava determinado a não cometer
os mesmos erros de seu pai, Ray Cash, ou os erros que ele mesmo cometera com
as suas outras quatro filhas quando era mais novo.
Fé, fazenda e família sempre foram grandes fatores para a família de Johnny
Cash. Seu avô, William Henry Cash, fora um fazendeiro e um pastor, que viajava
incessantemente servindo a quatro congregações bem distantes umas das outras.
Jamais aceitara dinheiro como pastor, mas o seu está- bulo estava repleto de
animais e produtos alimentícios que os membros de suas congregações lhe
davam. Seus 12 filhos jamais passaram fome.
Aos 5 anos de idade, Johnny trabalhava nos campos de algodão, cantando com a
família em meio à labuta. Frequentemente entoavam hinos para se esquecerem
das costas doloridas e das mãos cheias de bolhas.
Quando completou 12 anos, Johnny entregou sua vida a Cristo. Naquele mesmo
ano, seu irmão, Jack, morreu enquanto trabalhava em uma serra- ria local.
Durante todo aquele fatídico dia, Johnny tivera maus pressentimentos. No seu
leito de morte, Jack disse que teve visões do céu e dos anjos. Essa experiência
pode explicar por que tantas das canções de Johnny proclamam temas universais
como tristeza, dor, redenção e embates morais.
Johnny se alistou na Força Aérea dos Estados Unidos depois de terminar seus
estudos no ensino médio e serviu durante vários anos na Alemanha até receber
uma dispensa honrosa. Logo depois, conheceu Marshall Grant e Luther Perkins,
e juntos formaram a banda Tennessee Three. Casou-se com Vivian Liberto e fez
um teste para Sam Philips na Sun Records no mesmo ano. Um ano depois, a
carreira como músico decolou com o seu primeiro sucesso “Hey! Porter”. Foi o
início de uma ascensão meteórica para o estre- lato. Entretanto, seu
relacionamento com Vivian não ia bem, em virtude de suas constantes turnês, e
eles se divorciaram. Em uma de suas turnês, conheceu June Carter, com quem se
casaria em 1968.
Em 1979, quando John Carter completou 9 anos, Johnny assistiu ao batismo do
filho pelo pastor John Cobaugh, no rio Jordan, que corria próximo à Igreja de
Deus de Hendersonville.
Quando John Carter se tornou um adolescente, ele e o pai escreviam canções
juntos, e o jovem Cash frequentemente fazia sugestões ao pai. Por sua vez,
Johnny algumas vezes compunha canções sobre e para os seus filhos. Durante as
sessões de American Recording, John Carter trabalhou como produtor associado.
Quando June morreu em 2003, John Carter e sua mulher, Laura, retribuíram a
gentileza que o pai lhe mostrara. Em The Man Called Cash, Laura diz: “Muitas
vezes, John e eu nos sentávamos com ele durante longos períodos sem dizer
palavra. Acredito que para ele era um conforto ter alguém que não sentisse a
necessidade de conversar”.
Depois do período de luto, Johnny sabia que tinha de voltar ao trabalho. Disse ao
filho que precisava voltar aos estúdios de gravação. Primeiro gravou uma
coletânea de canções da família Carter. Depois fez um álbum intitulado
American V, com John novamente como produtor asso- ciado. O produtor e
amigo Jack Clement esteve presente nessas gravações e ficou orgulhoso de ver
como John Carter amparava e apoiava o pai. No final, Johnny não enxergava o
bastante para ler as letras das músicas, por isso John as cantava para o pai para
que ele as decorasse.
Em 21 de agosto de 2003, Johnny gravou sua última canção, “Engine 143”. Foi
produzida por John Carter no estúdio da casa da família.
Às 2 horas da madrugada de 12 de setembro de 2003 (quatro meses após a morte
de June), Johnny faleceu de problemas respiratórios. As únicas pessoas presentes
eram John e suas irmãs, Rosanne e Kathy. Mais tarde, de acordo com o livro The
Man Called Cash, John Carter comentou com a imprensa sobre o momento: “Ele
tinha um propósito. Ele tinha uma crença e uma paz, a despeito dele mesmo, que
Deus lhe proporcionou. Acho que esta foi a graça que recebeu na vida e onde
encontrou redenção”.
Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor. Efésios 6.4

John Carter partilha da fé cristã de seu pai. Eram companheiros espirituais muito
próximos e passavam muitas horas juntos orando e discutindo as Escrituras.
Sobre o legado e a fé do seu pai, John disse que ele era como o discípulo Pedro,
uma alma torturada, que estava na miséria e no sofrimento, mas que possuía algo
que o aproximava de Cristo.
Johnny Cash teve muitos filhos. Teve quatro meninas com a sua primeira
mulher, Vivian Liberto, e um menino com sua segunda esposa, June Carter Cash.
June trouxe para a família as duas filhas do seu primeiro casamento. Com todos
eles, Johnny evitava o castigo, mas os elogiava sempre e não raro dizia quanto os
amava. Preferia corrigir qualquer falta com conversas ou escrevendo cartas.
Em sua autobiografia, Cash, ele escreveu: “Sou grato pela minha família. Grato
pelas minhas filhas e pelos meus netos, pelo meu filho, e grato pelo amor
incondicional de todos. E, finalmente, sou grato a Deus por me inspirar a compor
e talvez, assim, poder influenciar alguém para o bem”.
Perguntado sobre como gostaria de ser lembrado daqui a cem anos, Johnny
respondeu: “Gostaria de ser lembrado como um bom pai”.
*
Pais de influência são uma presença amável e repleta de fé na vida de seus
filhos.
Reverendo Denzel Washington
1911–1992
Denzel Washington Jr. O reverendo Denzel Washington limitava o número de
filmes que os seus filhos podiam ver, no entanto ele lhes deu o dom de contar
histórias, inspirando seu filho Denzel Jr. em sua carreira premiada de ator.
Nas décadas de 1950 e 1960, o reverendo Denzel Washington fez questão de não
expor seus três filhos às vulgaridades de muitos dos filmes de Hollywood. Isso
significou que o seu filho do meio, Denzel Jr., viu poucos filmes – na maioria,
filmes da Disney ou épicos bíblicos.
Por outro lado, o jovem Denzel aprendeu desde cedo a amar a Deus e a valorizar
o trabalho. Aos 12 anos, ele já trabalhava em regime de meio expediente em uma
barbearia local e gostava de ganhar o seu próprio dinheiro. Também passava
longas horas na igreja do seu pai.
Nem tudo era trabalho e brincadeiras. Criado em Mount Vernon, em Nova York,
Denzel Washington vivia cercado de crianças de diferentes origens étnicas e
raciais. Tinha amigos que eram indianos, negros, irlandeses e italianos.
Aprendeu sobre várias culturas.
Como o chefe da casa e líder de uma igreja pentecostal, o reverendo Denzel
trazia um espírito tranquilo e reverente para o seu lar. Um homem muito
esforçado, ele também prestava serviços no departamento de água e em uma loja
de departamentos local, para que sua família tivesse segurança financeira.
Aos 14 anos, uma tragédia abalou o mundo do jovem Denzel. Seus pais se
separaram e depois se divorciaram. Seis anos passariam até Denzel se encontrar
com o pai novamente, em uma reconciliação emotiva, mas restauradora. Apesar
do choque, a forma em que fora criado e sua auto- estima evitaram que ele se
metesse em sérias encrencas.
Mesmo assim, sua mãe decidiu matriculá-lo na Oakland Academy, uma escola
de prestígio só para meninos, em Nova York. Foi um estudante mediano, mas
brilhava nas atividades extracurriculares, como música e esportes, e
especialmente no futebol americano.
Após terminar o ensino médio, Denzel sabia que queria ir para a faculdade.
Escolheu a Fordham University, no Bronx. Formou-se em jorna- lismo, por
achar que tinha um dom para contar histórias, adquirido depois de tantos anos
ouvindo os sermões do pai.
Durante o verão, Denzel arrumou um emprego num acampamento da YMCA
[Associação Cristã de Moços] em Lakeville, Connecticut, como treinador
esportivo. Também era o encarregado de organizar os shows de talentos do
acampamento. Foi ali, provavelmente, que primeiro se deu conta de seu real
interesse em atuar.
Quando voltou a Fordham, no verão seguinte, ele se inscreveu para as aulas de
teatro ministradas por Robinson Stone, um ator profissional que atuara no filme
Stalag 17, de 1953. Certa vez, durante uma das aulas, Denzel disse a Stone que
queria se tornar o melhor ator do mundo.
Denzel atuou em várias peças em Fordham, e Stone convenceu vários
empresários do mundo do cinema a irem assistir a suas apresentações.
Espantosamente lhe ofereceram um papel na TV antes mesmo de ele se formar
na universidade, uma ponta em Wilma, interpretando o namorado da corredora
olímpica Wilma Rudolph.
Sua grande chance surgiu quando estrelou no popular drama médico da TV, St.
Elsewhere. O que pensou que seria um trabalho de treze sema- nas, acabou
sendo o seu emprego durante seis anos. Embora fosse uma das personagens
principais do seriado, ele ainda tinha a oportunidade de atuar em alguns filmes e
peças de teatro. Seu grande papel no cinema surgiu quando interpretou o ativista
contra o apartheid sul-africano Steve Biko, no filme de Richard Attenborough,
Um grito de liberdade. Com esse papel, recebeu a sua primeira nomeação para o
Oscar como Melhor Ator Coadjuvante.
Com essa interpretação brilhante, Denzel prosseguiu em sua carreira bem-
sucedida como protagonista principal em vários filmes, como A história de um
soldado, Filadélfia, Coragem sob fogo, Um anjo em minha vida, Jogada
ensaiada, O furacão, Voltando a viver e Chamas da vingança.
Um dos mais notáveis foi o seu papel em Malcolm X. Ele reconhece os sermões
de seu pai como uma das maiores influências para tornar sua atuação autêntica
quando tinha de adotar uma cadência em suas falas. De acordo com a biografia
Denzel Washington, sua irmã, Lorice, depois de assistir ao filme, disse: “Os
movimentos das mãos e o ritmo da voz de Denzel eram os mesmos do nosso
pai”. Infelizmente o reverendo Denzel não chegou a ver a atuação do filho nesse
papel porque durante as filmagens ele faleceu, aos 81 anos.
Embora o pai do ator Denzel Washington tenha ficado por muito tempo ausente
da vida do filho depois do divórcio, o relacionamento entre os dois vinha, já há
algum tempo, melhorando. O ator ficou arrasado com a perda e canalizou essa
energia emocional para o papel. Sua atuação chamou a atenção da Academia de
Cinema e ele foi nomeado Melhor Ator.
Embora seja um protagonista muito vistoso, Denzel não gosta de fazer cenas de
amor. Certo dia, enquanto filmava Mais e melhores blues, ele se sentiu tenso e
irritado. Dirigiu-se ao diretor Spike Lee e se recusou a tirar a camisa na cena.
Denzel disse a Spike: “Sou um homem de família. Não quero fazer isso”. Desde
então, Denzel diz que cenas de amor o deixam desconfortável e que prefere não
fazê-las.
Denzel também se incomoda com a violência em muitos dos filmes de ação. Até
se arrepende de ter participado do violento filme Sem limite para vingar. Ele não
gosta de atuar ou aparecer em filmes com violência sem sentido ou gratuita. O
ator já disse que não aprecia filmes de ação porque há correria e pulos demais e
diálogos de menos. Não considera isso atuar. Entretanto, já participou de filmes
desse tipo, como Maré vermelha e O plano perfeito alegando que tinham mais
conteúdo do que a maioria dos filmes de ação.
Denzel foi o ganhador do Oscar como Melhor Ator Coadjuvante representando o
soldado Tripp no filme Tempo de glória, de 1989, e como Melhor Ator
interpretando o detetive Alonzo Harris em Dia de treina- mento, de 2001. Ele é o
único ator negro americano a ganhar o Oscar nas duas categorias.
De acordo com a sua biografia, Denzel já disse: “Tenho muito orgulho de ser
negro, mas ser um negro não representa tudo o que sou. Faz parte da minha
formação histórica e cultural, dos meus genes, mas não sou apenas isso nem é o
fundamento que rege todas as minhas respostas”.
Não obstante, quando se trata de questões raciais, Denzel luta pela dignidade. De
acordo com um artigo de 1995 da Premiere Magazine, Denzel teve uma
discussão acalorada com o roteirista/diretor Quentin Tarantino durante as
filmagens de Maré vermelha. Tarantino reescrevera partes do roteiro, e Denzel o
criticou severamente pelo uso do linguajar extremamente racial de seus filmes.
Tarantino ficou sem graça e quis conversar em um ambiente mais reservado, mas
Denzel recusou. Embora admirasse Tarantino, não podia ignorar o que havia
feito.
Denzel é um dos raros atores de Hollywood que já disse que Deus é o seu herói.
Quando perguntado sobre quais eram as prioridades na sua vida, respondeu
simplesmente: “Deus, família, trabalho e futebol”. Denzel e sua mulher, Pauletta,
são frequentadores assíduos e contribuem com muitas doações para a sua igreja,
a West Los Angeles Church of God in Christ.
Ele entrou num barco e assentou-se. Ao povo reunido na praia Jesus falou muitas coisas por parábolas.
Mateus 13.2,3

Sobre a sua carreira, ele já disse publicamente: “Atuar é apenas um jeito de


ganhar a vida; minha família é a minha vida”. E, finalmente, o que ele pensa
sobre o seu talento é: “Sou muito grato pelos dons que recebi e procuro usá-los
para o bem, de uma maneira positiva”.
Como o porta-voz do Boys and Girls Club, Denzel promove o ideal de ser um
pai para os órfãos, incentivando as crianças a alcançarem todo o seu potencial.
Ele aparece em propagandas impressas do clube e acre- dita firmemente nos
ideais da organização: ajudar o futuro da América ajudando suas crianças.
Embora o pai de Denzel não o deixasse assistir a muitos filmes, ele lhe ensinou o
poder das histórias e lhe proporcionou o embasamento para se tornar um astro do
cinema sem perder de vista as prioridades da vida. Denzel provou ao mundo que
é possível ser bem-sucedido em Hollywood sem perder a sua fé ou a sua direção.
*
Pais de influência ensinam aos filhos o poder das histórias.
William Carey
1761–1834
Pai dos Missionários Modernos. Um dos fundadores da Sociedade Missionária
Batista, da Inglaterra, William Carey escreveu que a Grande Comissão ainda
valia para os dias de hoje, detalhou o papel do missionário e liderou pelo
exemplo ao fundar uma missão na Índia. Continua a ser uma grande inspiração
para os missionários atuais.
William Carey era filho de Edmund e Elizabeth Carey, tecelões por profissão na
aldeia de Paulerspury, em Northhamptonshire, Inglaterra.
Criado na Igreja da Inglaterra, ele era curioso por natureza e extrema- mente
interessado nas ciências naturais, especialmente pela botânica. Felizmente esses
interesses foram incentivados e aprovados pelo seu pai, a quem foi outorgado o
cargo de sacristão da paróquia anglicana e diretor da escola da aldeia quando
William tinha 6 anos de idade. O jovem Carey possuía um talento natural para
línguas e foi autodidata em latim.
Quando William tinha 14 anos, Edmund o levou para ser o aprendiz de um
sapateiro em um vilarejo próximo chamado Hackleton. Lá, um colega aprendiz
iria influenciar William a abandonar a Igreja da Inglaterra e se juntar a outros
dissidentes para formar uma pequena igreja congregacional em Hackleton.
Trabalhando como sapateiro, William também se tornou um autodidata em
grego, com a ajuda de um morador da vila que tinha uma educação universitária.
Ainda bem jovem, William se interessou por Deus, pelos estudos e por línguas.
As sementes para uma visão missionária.
Quando o seu mestre sapateiro faleceu, William foi trabalhar para outro sapateiro
local, Thomas Olds, que morreu logo em seguida, deixando os seus negócios
para o jovem. Enquanto trabalhava, William estudava hebraico, italiano,
holandês e francês, conseguindo, de alguma forma, se concentrar em duas tarefas
ao mesmo tempo.
Carey se juntou a uma associação local chamada Batistas Particulares e se
familiarizou com cristãos proeminentes como John Ryland, John Sutcliff e
Andrew Fuller, homens que mais tarde se tornariam amigos próximos. Eles o
convidaram para pregar em domingos alternados na sua igreja em Barton.
William aceitou, e foi ali que desenvolveu o seu estilo de oratória. Em 1783, foi
batizado por Ryland, e dali em diante se com- prometeu com a Denominação
Batista.
Suas credenciais acadêmicas aumentaram quando foi indicado para ser o diretor
da escola do vilarejo de Moulton dois anos depois. A igreja batista local também
o convidou para ser seu pastor. Durante essa época, ele formulou seus
pensamentos sobre como divulgar o evangelho lendo as obras de Jonathan
Edwards, David Brainerd e de seu amigo Andrew Fuller. Carey era franco em
sua crença de que era o dever de todos os cristãos pregarem o evangelho de
Cristo pelo mundo todo. Espantosamente alguns eruditos cristãos de renome se
opunham a ele nessa questão, que atualmente é amplamente aceita como um
princípio bíblico.
Quando Carey estava exercendo a função de pastor em tempo integral de uma
pequena igreja batista em Leicester, publicou o seu influente e inovador
manifesto missionário, Uma averiguação da obrigação dos cristãos de usar meios
para a conversão dos pagãos. Consistia em cinco partes. A primeira era uma
justificativa teológica para a atividade missionária. Seu argumento era que a
ordem de Jesus para fazer discípulos em todo o mundo ainda era relevante para
todos os cristãos. Na segunda parte, ele fazia um histórico da atividade
missionária, começando pelos primórdios da igreja e terminando com John
Wesley. Na terceira parte, havia tabelas com listas de locais, números de
habitantes e estatísticas religiosas de todos os países do mundo – a primeira
compilação desse tipo feita até então. A quarta parte discutia sobre as objeções
que se apresentavam sobre o trabalho missionário, como, por exemplo, as
dificuldades no aprendizado das línguas e os perigos que se apresentavam em
terras longínquas. E, finalmente, a quinta parte clamava pela formação de uma
sociedade missionária batista e descrevia como esta poderia ser parcial- mente
financiada. Essa obra se tornou um pilar da atividade missionária e é usada até
hoje.
Mais tarde, William pregou o seu sermão pró-missões, o assim chamado
“sermão imortal”. Nele, dizia repetidamente: “Esperem grandes coisas de Deus;
realizem grandes coisas para Deus”. Esta se tornaria a sua citação mais famosa e
propagada. Esse sermão se tornou um catalisador para a Sociedade Batista para a
Propagação do Evangelho entre os Pagãos (a atual Sociedade Missionária
Batista), fundada em 1792. Lá, discutiam-se questões práticas acerca de como
arrecadar fundos e decidia-se para onde deveriam direcionar seus esforços.
Um dos primeiros missionários a contar com a ajuda deles foi um médico
chamado John Thomas. Passara algum tempo em Calcutá e estava tentando
arranjar patrocínio para regressar a esse campo missionário. Após a aprovação
de Thomas pela Sociedade, Carey decidiu acompanhá-lo.
Chegando a Calcutá, Carey estudou por um breve período a língua bengali e,
então, arrumou um emprego como gerente de uma fábrica de corante anil a fim
de conseguir apoio financeiro para a missão e estabelecer uma base de
operações. Enquanto trabalhou nesse cargo, ele completou a primeira revisão do
Novo Testamento em bengali e estabeleceu os princípios para a sua comunidade
missionária, incluindo a convivência comunitária, auto- suficiência financeira e
o treinamento de pastores autóctones. Muitas dessas práticas ainda são utilizadas
por missionários nos dias de hoje.
E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas”. Marcos 16.15

Com o passar do tempo, muitos outros missionários da Sociedade foram para a


Índia. Foi comprada uma casa em Serampore para acomodar esses homens e
suas famílias. Foi montada também uma gráfica para que o grupo pudesse
imprimir a Bíblia em bengali. Quando da conversão do primeiro indiano para
Cristo, um hindu chamado Krishna Pal, o grupo decidiu que não deveria mais
respeitar o sistema de castas. Esse sistema determinava que certas classes de
pessoas eram melhores que outras, mas Carey e sua equipe sabiam que todos
eram iguais e criados à imagem de Deus. Logo em seguida, a filha de Pal, Sudra,
se casou com um homem brâmane, um tabu naquela sociedade.
William também escreveu livros de gramática em bengali e em sânscrito, língua
sagrada para a qual também começou a traduzir a Bíblia. Também traduziu obras
nativas para o inglês, a fim de torná-las acessíveis a seus compatriotas. Uma de
suas maiores contribuições provavelmente foi convencer os nativos a desistirem
de certas práticas pagãs, como o sacrifício de crianças.
Durante sua vida, a missão de William imprimiu e distribuiu a Bíblia completa
ou em partes para 44 línguas e dialetos. São muitas as suas outras realizações
naquele subcontinente. Ele levou o motor a vapor para a Índia. Introduziu o
conceito bancário no país e desencorajou a agiotagem e os empréstimos a juros.
Promoveu o tratamento humanitário dos pacientes de lepra indianos. Além disso,
fundou a Sociedade de Agricultura e Horticultura da Índia e estimulou o estudo
da astronomia.
William Carey tinha um desejo arrebatador de se aproximar do povo indiano não
apenas com as boas-novas de Jesus Cristo, mas também com as boas notícias da
cultura cristã. Ele pregava Cristo, mas também demonstrava a diferença que
Cristo faz na sociedade como um todo. Com suas obras escritas, os seus
princípios e adendos sobre o estilo de vida missionário, ele inspirou, motivou e
forneceu um modelo único para inúmeros outros que optaram por pregar e viver
a Grande Comissão.
*
Pais de influência ensinam os filhos a conduzir pessoas à fé em Cristo.
Henry Ford
1863–1947
Edsel Ford e Henry Ford II. Criado em uma fazenda nos arredores de Detroit,
Henry se tornou um dos grandes capitães da indústria e deu origem a uma
dinastia ainda regida por membros da família Ford.
Quando era um menino, Edsel Bryan Ford tinha certo talento artístico, uma
característica que seu pai, o industrial Henry Ford, notara e da qual sentia grande
orgulho. Em 1910, Ford disse ao pintor Irvin Bacon que cumprimentasse o seu
filho porque ele era o artista da família.
Edsel, que também era um engenheiro habilidoso, durante a infância, brincava
com cilindros e velas de ignição. Seu pai mantinha oficinas bem estocadas para o
filho em diferentes localidades, e foi Edsel que arregaçou as mangas e consertou
o Modelo T do pai quando este quebrou durante a viagem que fizeram pela
América em 1915.
O único filho homem de Henry, Edsel se casou com Eleanor Lowthian Clay, em
1916, e se mudou para Indian Village, um bairro chique e novo para onde
estavam se mudando muitos dos jovens ricos de Detroit. Então, em setembro de
1917, nasceu Henry Ford II, e logo em seguida nasceram mais um filho, Benson,
uma filha, Josephine, e mais um menininho, chamado William Clay.
Em 1918, o Ford Modelo T já estava sendo produzido havia dez anos, e metade
dos carros na América eram desse modelo. Em 31 de dezembro de 1918, Henry
entregou a presidência da Ford Motor Company a Edsel, então com 28 anos, que
já trabalhava em tempo integral para o pai desde que deixara o colégio seis anos
antes.
A primeira tarefa de Edsel foi muito complexa, mas ele se saiu muito bem. Teria
de comprar as ações dos irmãos Dodge e de outros acionistas menores para
reconquistar a posse da companhia. Na reorganização de
1919, Edsel Ford era dono pessoalmente de 40% das ações da Ford Motor
Company.
Com Edsel na presidência da companhia, Henry orgulhosamente posava para
fotos ao lado do filho: fazendo visitas à fábrica de Rouge River, inspecionando
carros e passeando juntos em Greenfield Village. Gostava especialmente de uma
foto: o pai e o filho sentados lado a lado em um velho banco de madeira na
Plympton House, seus rostos ilumina- dos pelo fogo de uma lareira. Henry
gostou tanto daquela fotografia que a usou como um cartão de Natal. Captava o
melhor do relacionamento dos dois: intimidade, entusiasmo e parceria.
Pai e filho partilhavam todos os dias de várias horas de companheirismo,
conversando e trabalhando juntos. Quando não podiam se encontrar, falavam-se
pelo telefone. Uma linha direta particular conectava o escritório de Henry Ford
em sua casa, em Fair Lane, com o escritório de Edsel, do outro lado de Detroit, e
não raro, à noite, a linha estava sempre ocupada.
As outras responsabilidades de Edsel envolviam supervisionar as vendas, o
marketing e a contabilidade. Também contribuiu pessoalmente para os projetos
dos carros Ford, concentrando-se nos aspectos periféricos do Modelo T, como o
seu formato, a posição dos instrumentos no painel do carro e a configuração dos
acessórios. Era um hábito de Henry outorgar a Edsel a responsabilidade por
todos os detalhes artísticos e estéticos.
Se algum executivo da companhia questionasse as decisões de Edsel, Henry
insistia em que seguisse os desejos do filho, já que era ele que dirigia a empresa.
Por volta de 1927, as vendas do Modelo T despencaram. Precisavam de um novo
modelo; portanto, Henry e Edsel colocaram a cabeça para trabalhar. Henry
projetou o motor, o chassi e outros mecanismos, enquanto Edsel desenvolveu o
projeto da carroceria e um novo tipo de transmissão. O resultado foi o bem-
sucedido Modelo A, produzido durante 1931.
Em 1936, Henry e Edsel criaram a Fundação Ford, que tinha como missão
promover o bem-estar da humanidade. Henry dividiu seu capital em um pequeno
número de ações com direito a voto, que deu à sua família, e um grande número
de ações sem direito a voto, que deu à Fundação, que cresceu imensamente e,
por volta de 1950, começou a beneficiar os necessitados além das fronteiras
americanas.
Durante a juventude, o filho de Edsel, Henry II, não teve preocupações
financeiras, nem se interessava pelos negócios da família. Além de estudar,
Henry II aproveitava as férias com a família e as visitas de personalidades
internacionais, como o Príncipe de Gales, em 1924.
Todos os estudantes e professores da Detroit University School tinham uma
admiração reverente pelo jovem Henry, como se ele fosse um membro da
realeza. Alguns o chamavam de “mimado”, mas ele não sabia o que isso
significava.
Após a Detroit University School, ele foi para Hotchkiss, um internato na Costa
Leste, preparatório para os jovens abastados que queriam estudar nas
universidades de maior prestígio. Sua vida de privilégios continuou ali. Edsel
com frequência lhe mandava telegramas avisando a que horas o chofer chegaria
no colégio para apanhá-lo e levá-lo para o Ritz Carlton.
Depois de Hotchkiss, Henry II foi para Yale e se tornou um bom aluno. Coisa
que o pai reconheceu e elogiou. Além disso, Henry se tornou mais responsável, o
que foi exemplificado por um acidente de carro em que ele assumiu a culpa.
Em julho de 1940, Henry II se casou com Anne McDonnel com a aprovação de
Edsel, que sabia que o casamento iria equilibrar e amadurecer ainda mais o filho.
A guerra também foi mais um fator disciplinar para Henry, que entrou para a
Marinha.
Em maio de 1943, a família Ford foi atingida por uma tragédia. Edsel morreu
por complicações cardíacas. O ancião, Henry, com 79 anos de idade, assumiu
momentaneamente a presidência da companhia, e Henry II foi liberado da
Marinha para se tornar vice-presidente executivo. Os dois anos seguintes foram
difíceis para a companhia, principal- mente por causa dos esforços de guerra e
pela dificuldade de cresci- mento. Em 1945, Henry Ford II assumiu a
presidência, dois anos antes da morte de seu avô.
Procurando evitar que a Ford Motor Company enfrentasse mais dificuldades ou
falisse, Henry II, com determinação renovada, contratou um brilhante grupo de
jovens executivos conhecidos como os “Whiz Kids” [Garotos Maravilha] e
transformou a companhia na quarta maior corpo- ração industrial do mundo.
Nos idos de 1873, aos 10 anos de idade, Henry Ford vira pela primeira vez uma
máquina que se locomovia sozinha, um motor a vapor estacionário com uma
corrente conectada às suas rodas. Fascinado, Henry deixou a fazenda da família
e em 1891, graças à sua paixão, se tornou um engenheiro na Edison Illuminating
Company. Com as suas promoções, ele se viu com tempo e dinheiro suficientes
para se dedicar a seus experimentos pessoais com motores a gasolina. Essas
experiências culminaram com o quadriciclo, o veículo que criou em 1896. Por
meio de mais experiências, testes, erros, persistência e determinação, Henry Ford
fez melhoramentos no quadriciclo que, por fim, levaram à criação da Ford Motor
Company e ao seu famoso Modelo T.
Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que
receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.
Colossenses 3.23,24

Criador do Modelo T, da linha de produção, do dia de trabalho de cinco dólares e


do navio da paz, Henry Ford demonstrou as infinitas capacidades da realização
humana. Recompensando a família e cuidando dela, Henry promoveu seu único
filho, Edsel, à presidência da companhia que fundara e, mais tarde, viu seu neto
assumir o mesmo cargo. Henry Ford exemplificou e liderou a ética de trabalho
transformando e transportando gerações de americanos.
*
Pais de influência ensinam os filhos a ser criativos e trabalhadores.
Jim Henson
1936–1990
Os cinco filhos de Jim Henson e crianças do mundo todo. Com entusiasmo e
criatividade sem limites, Jim Henson inspirou três dos seus cinco filhos a
assumirem a liderança da Jim Henson Productions, criadora dos Muppets, para o
deleite de crianças de todas as idades do mundo todo.
Quatro anos antes de sua morte aos 53 anos, Jim Henson escreveu uma carta
para cada um dos filhos, a fim de que fosse lida no caso de seu falecimento.
Nelas, ele especificava como queria que fosse o seu funeral: “Sugiro que
primeiro vocês façam uma pequena reunião amigável de algum tipo. Seria ótimo
se houvesse uma canção ou duas [...] e que alguém dissesse umas coisas boas e
alegres a meu respeito”. Pediu que ninguém usasse preto e que houvesse uma
banda de jazz para tocar “When the Saints Go Marching In”. Por fim, ele
escreveu sobre a sua esperança de ter tornado o mundo um lugar um pouco
melhor. Para seu filho Brian, escreveu: “Por favor, tomem conta uns dos outros e
amem e perdoem todo mundo. A vida é boa, aproveite-a”. Tudo isso de acordo
com o livro Jim Henson: Puppeteer and Filmmaker.
Mais de 5 mil pessoas vestidas em cores vivas lotaram a catedral de St. John the
Divine, em Nova York, para prestar as últimas homenagens a Jim Henson. Ao
entrarem os enlutados, passavam por um velho casaco verde com um buraco
recortado no formato de um sapo, em homenagem à personagem mais famosa de
Henson: Caco, o Sapo. Também havia 2 mil borboletas de espuma montadas em
pequenas hastes, para que as pessoas as balançassem no ar. A banda de jazz
tocou a música pedida por Jim, e o organista da igreja tocou o tema da Vila
Sésamo, “Sunny Day”. Na morte, como na vida, Jim Henson espalhou carinho e
alegria. São a sua lembrança e o seu legado.
O criador e o homem por trás da maioria dos fantoches dos Muppets, Jim
Henson, nasceu em uma pequena cidade do Mississippi. (Caco, o Sapo, sempre
dizia que nascera em um pântano do Mississippi.) Quando criança, ele adorava
brincar nos campos de algodão e pescar ao longo do riacho Deer Creek. Quando
estava na quinta série, ele e sua família se mudaram para Hyattsville, em
Maryland, um subúrbio de Washington DC, onde o pai de Jim foi trabalhar para
o Ministério da Agricultura.
Na década de 1950, Jim descobriu a televisão e ficou completamente
maravilhado. Achava incrível ver uma imagem transmitida de um local distante.
Apaixonou-se por esse meio de comunicação. Um dos primeiros shows a que
assistiu foi um programa de marionetes chamado Kukla, Fran and Ollie.
Na University Park High School, a matéria que mais interessava Jim eram artes.
Ele fez pôsteres para eventos da escola, desenhou histórias em quadrinhos para o
jornal e atuou em diversas peças de teatro do colégio. Também se juntou a um
clube de marionetes. Jim escreveu sobre a união do seu amor pela televisão e
pelos fantoches. Assim que chegou à idade suficiente para poder trabalhar, ele
procurou todos os estúdios locais de Washington tentando ser aceito. Quando
soube que uma pequena estação de TV estava procurando por alguém que
manejasse marionetes, construiu uns bonecos com um amigo, e foi contratado.
Como resultado dos bonecos diferentes de Jim e da sua habilidade natural no
manejo deles, o programa recebeu boas críticas, mas mesmo assim foi cancelado
após três semanas. No entanto, antes que pudesse ficar desapontado demais, uma
afiliada da NBC o contratou, junto com os seus bonecos, para o seu programa
local. Nessa época, ele ainda tinha planos de seguir uma carreira na propaganda.
Durante esse período, estudou na Universidade de Maryland e teve aulas de
interpretação, encenação, cenografia e de marionetes. Também continuou a
desenhar e pintar. Depois do primeiro ano, recebeu a pro- posta para um
programa próprio chamado Sam and Friends. Era um programa de cinco
minutos, tarde da noite, antes do The Tonight Show.
Os Muppets, uma brincadeira com as palavras em inglês “marionette” e
“puppets” (fantoches), começaram com a combinação de fantoches de luva,
fantoches em hastes e marionetes. Ele usou espuma por ser mais flexível e mais
expressiva que materiais mais duros. Certa noite, Steve Allen viu o Sam and
Friends e convidou Jim para fazer uma apresentação no The Tonight Show. Ele
compareceu com o boneco de Caco, o Sapo (que na época mais se parecia com
uma lagartixa), e com uma criatura que mais tarde iria se tornar o Monstro do
Biscoito.
Depois dessa apresentação, Jim fez comerciais de TV, uma turnê pela Europa, e
recebeu um prêmio Emmy por melhor programa local de entretenimento pelo
Sam and Friends. Além disso, os Muppets estavam se tornando conhecidos e
requisitados. Jim fez um curta-metragem intitulado Time Piece, que recebeu
uma indicação ao Oscar para a categoria. Então, em 1969, o Children’s
Television Workshop o chamou, e teve início a famosa e célebre Vila Sésamo.
Após a morte de Jim, seu filho de 26 anos, Brian, herdou a companhia. No livro
sobre o pai, ele escreveu: “Meu pai tinha objetivos e sonhos maravilhosos.
Quando ele morreu, percebi que eles haviam se tornado meus”. Brian assumiu a
presidência da Jim Henson Productions.
As emoções na companhia estavam à flor da pele depois da morte de Jim. Houve
um longo período de luto. Mas, no final, a ausência de Jim os fez trabalhar com
mais afinco. Todos achavam que deveriam manter o seu sonho vivo e, com essa
determinação, encontraram o entusiasmo para continuar o trabalho, com Brian
como líder.
Brian acredita que dar continuidade aos sonhos do pai após a sua morte só foi
possível por causa da maneira pela qual ele administrou a companhia enquanto
esteve vivo. Jim queria que tudo funcionasse com um mínimo de supervisão,
para que pudesse continuar a atuar e dirigir. Por- tanto, escolheu pessoas
talentosas que adoravam o seu trabalho. Também deu grande importância ao fato
de agir como uma figura paterna, em vez de um patrão, para todos os seus
funcionários.
O mundo do entretenimento e a criatividade também atraíram mais dois filhos de
Jim. A irmã de Brian, Cheryl, a segunda a nascer na família, é presidente da
Fundação Jim Henson e também diretora da Jim Henson Company. Ela trabalha
também com marionetes e escreve roteiros. Lisa Henson, a filha mais velha de
Jim, ajudou a desenvolver o seriado Story-teller e agora é co-CEO da Jim
Henson Company.
Jim acreditava em atitudes positivas, tanto em relação às pessoas quanto ao seu
trabalho. Sempre achou que a sua vida tinha um propósito. Não tinha certeza se
outros sentiam a mesma coisa, mas estava convencido sobre o seu objetivo. Sua
busca interior foi incessante e, embora tivesse dificuldade para se manter focado
nesses objetivos o tempo todo, sempre começava o dia com pensamentos e
ambições positivas.
Jim acreditava que a vida é basicamente um processo de crescimento e que tudo
acontecia para o melhor. Algumas pessoas não suportavam o seu otimismo
ridículo, mas foi sempre um estímulo na sua vida. Para ele, a vida era um
aprendizado, cheia de oportunidades para expressar a sua gratidão.
Essa atitude mental positiva foi o que levou Jim além da Vila Sésamo para
outros programas de TV, como o The Muppets Show e Fraggle Rock. Fez
também vários longa-metragens com os Muppets, como Muppets, o Filme e Os
Muppets conquistam Nova York, além dos filmes de fantasia como O cristal
encantado e O labirinto. Um verdadeiro inovador e uma inspiração para crianças
do mundo todo, Jim teve uma vida repleta de criatividade e imaginação positiva.
O coração bem disposto está sempre em festa. Provérbios 15.15

*
Pais de influência trazem aos filhos a alegria e o entusiasmo pela vida.
John Wooden
1910 –
Seus jogadores e crianças do mundo todo. John Wooden, escolhido o “Treinador
do Século” pela ESPN, seguiu o credo de sete pontos de seu pai, conquistando
admiração, respeito e mais títulos nacionais de basquete universitário do que
qualquer outro treinador na História.
Ao exemplificar o carinho por seus jogadores de basquete como se fossem seus
próprios filhos, John Wooden, o lendário treinador da UCLA
[Universidade da Califórnia, Los Angeles], contou em sua autobiografia They
Call Me Coach sobre um astro do basquete que ele teve de substituir por má
atuação durante um jogo final. “Ao abrir a porta do vestiário, fui direto até Fred
Slaughter. Ele obviamente estava me esperando. ‘Treina- dor’, disse ele, ‘antes
que alguém fique com a impressão errada, quero que entenda. Você tinha de
deixar o Doug em quadra porque ele estava jogando muito bem, e eu não. Eu
queria muito jogar, mas, se alguém dissesse que eu estava com raiva, não seria
verdade. Desapontado, sim. Com raiva, não. E fiquei muito feliz pelo Doug. ’ ”
Wooden percebeu que há muitos altos e baixos na vida de qualquer treinador.
Mas, para ele, aquele momento foi decisivo. Ele e o time haviam conquistado o
primeiro título da NCAA [Associação Atlética Universitária Nacional] ao
derrotar a equipe da Duke por 98 a 83 e terminaram a temporada de 1964 com o
recorde de 30 vitórias e nenhuma derrota. Qualquer preocupação que pudesse ter
com Fred dissolvera-se naquele momento.
Fred Slaughter não tinha a altura ideal para um pivô, mas tinha outros atributos
que faziam dele um líder. Era muito rápido, e muitas vezes surpreendia os outros
com arremessos excelentes e grande habilidade no rebote. Por ter sido corredor
de pista no colégio, era muito rápido na antecipação. Mas, principalmente, era
muito inteligente em quadra.
O pai de John Wooden era de Hall, Indiana, onde tivera vários trabalhos, tais
como arrendatário agrícola e carteiro em áreas rurais. Trabalhava com afinco e
cuidava para que os filhos estivessem sempre ocupados. Esse comportamento
ético teve profunda influência sobre John, que disse que o pai foi muito
importante em sua vida e na sua filosofia como treinador. John tinha muito
respeito por ele desde pequeno, porque sempre fora justo e mostrara querer o
melhor para os filhos.
Um exemplo dessa justiça foi o momento em que o pai pegou John e seu irmão
Cat brigando no celeiro. Não havia favoritos na casa dos Wooden. Como um
verdadeiro cavalheiro, o pai de John Wooden lia a Bíblia diariamente e esperava
que os filhos fizessem o mesmo. E assim acontecia, ou, pelo menos, John
sempre acreditou nisso. Até hoje, o treinador Wooden mantém um exemplar da
Bíblia bem marcado e bem lido em sua mesa.
Pouco depois de John se formar no ensino fundamental, o pai deu a ele um papel
em que escrevera um credo e sugeria que o filho vivesse segundo aqueles
preceitos. De acordo com a autobiografia de John, no papel estava escrito:
1) Seja verdadeiro consigo mesmo.
2) Faça de cada dia a sua obra-prima.
3) Ajude os outros.
4) Sorva profundamente dos bons livros, especialmente da Bíblia.
5) Faça da amizade uma arte refinada.
6) Construa um abrigo para os dias chuvosos.
7) Ore pedindo orientação, conte as suas bênçãos e dê graças por elas todos os dias.

O treinador Wooden carregou esse papel escrito à mão na carteira durante muitos
anos. Quando ele se rasgou, mandou fazer cópias. Uma delas ainda está em sua
carteira.
O treinador também aprendeu basquete com o pai, que sempre diligenciava para
que tivessem algum jogo a fim de alternar com os horários de trabalho. Na
fazenda, quando criança, John tomou gosto pelos esportes. Seu primeiro contato
com o basquete foi aos 8 anos de idade. Seu pai improvisara uma cesta de
basquete com o que sobrara de uma velha cesta de frutas. Tirou o fundo e
amarrou-a numa parede próxima ao palheiro do celeiro. Quando John estava na
quinta ou sexta série, seu pai forjou um anel de ferro para servir de cesta de
basquete.
Antes de entrar no colégio, o treinador Wooden gostava mais de beisebol do que
de basquete. Mas, ao chegar ao colégio, levou a Martinsville High School à final
do campeonato estadual durante três anos consecutivos, conquistando o torneio
em 1927. Na Purdue University, foi três vezes o melhor armador americano e um
dos jogadores do time campeão nacional em 1932. De brincadeira, Wooden era
chamado de “O homem de borracha de Indiana”, porque mergulhava sem medo
atrás das bolas nas quadras de piso duro. Ele se formou em Letras em Purdue e
fez o mestrado no Indiana State Teacher’s College. Depois de uma breve
carreira no Indianapolis Kautsky’s, John alistou-se na Marinha, onde chegou ao
posto de tenente durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois da guerra, Wooden se tornou técnico da Universidade Estadual de
Indiana, em Terre Haute, Indiana, de 1946 a 1948. Em 1947, o time de basquete
ganhou a título da conferência e recebeu um convite para participar do torneio
nacional da NAIB [Associação Nacional de Basquete Interuniversitário], em
Kansas City. O treinador Wooden recusou o convite, dizendo que a política da
NAIB bania jogadores negros. Um ano depois, a NAIB mudou sua política, e
Wooden levou seu time até a final, perdendo para Louisville. John Wooden foi
incluído no Hall da Fama da Universidade Estadual de Indiana, na categoria
esportiva, em 3 de fevereiro de 1984.
Em 1948, Wooden começou sua lendária carreira na UCLA, onde conquistou
fama eterna, vencendo 665 jogos e dez títulos da NCAA em 12 temporadas,
incluindo o heptacampeonato, de 1967 a 1973. Seus times na UCLA venceram
88 partidas seguidas, tiveram quatro temporadas perfeitas com 30 vitórias e
nenhuma derrota, e também venceram 38 jogos seguidos no torneio da NCAA.
Com o apelido de “Mago de Westwood”, Wooden se aposentou logo após o
décimo título, em 1975.
A UCLA era, na verdade, a segunda opção de Wooden para o cargo de treinador
em 1948. Ele pretendia treinar a Universidade de Minnesota, porque era seu
desejo, e de sua mulher, Nellie, permanecer no Meio-Oeste. No entanto, uma
tempestade terrível não permitiu que Wooden recebesse o telefonema
programado e, ao pensar que a Universidade de Minnesota havia perdido o
interesse, resolveu aceitar a vaga na UCLA. John foi casado com Nellie durante
cinquenta e três anos, até a morte dela em 1985.
Um dos melhores jogadores de Wooden, Bill Walton, formado na UCLA em
1974 e desde 1993 no Hall da Fama, escreveu no prefácio de They Call Me
Coach: “Em 1992, John Wooden estava mais feliz, mais seguro e mais otimista
do que nunca. Digo isso sem nenhum cinismo e sem uma gota sequer de
ressentimento, absolutamente nenhum ciúme ou inveja. Ele ainda é o mesmo
professor, a mesma força positiva, aquele que um dia gostaríamos de ser, só que
cada vez melhor”.
Escolhido “Treinador do Século” pela ESPN, o treinador Wooden aparece como
jogador e técnico no Hall da Fama do basquete. Também é escritor, tendo escrito
sua autobiografia, alguns livros de autoajuda, incluindo A Life- time of
Observations and Reflections On and Of the Court, e o livro infantil Inch and
Miles: The Journey to Success. Uma figura paterna para muitos, Wooden foi
escolhido “Pai do Ano da Califórnia” e “Avô do Ano da Califórnia” pelo Comitê
Nacional do Dia dos Pais. No ano seguinte, foi escolhido “Pai Esportista do Ano
da Califórnia”. Um verdadeiro herói nacional, John Wooden é um exemplo de
sucesso e conquistas.
Meditarei nos teus preceitos e darei atenção às tuas veredas. Salmos 119.15

*
Pais de influência dão aos filhos preceitos a serem seguidos.
Martinho Lutero
1483–1546
Pai De todos os Protestantes. Apesar de ser originariamente estudante de direito,
Martinho Lutero tornou-se monge, estudou as Escrituras e começou a pregar a
salvação por meio da fé em Cristo, inspirando a Reforma Protestante.
Martinho Lutero, nascido e criado na Alemanha, aprendeu desde cedo, com a
estrutura religiosa, que era observado por um Deus grande e justo, poderoso o
suficiente para fazer um raio atingir um menininho por causa de um pecado.
Lutero acreditava que, não importava quão reta fosse sua vida, aos olhos de
Deus ele seria sempre um pecador. Aprendeu cedo que a Virgem Maria e os
santos poderiam perdoar seus pecados.
Anos depois, esse fardo ainda pesava sobre sua alma. A Peste Negra devastava a
Europa. Milhões haviam morrido, e os vivos se perguntavam o que Deus estava
fazendo e em que estaria pensando. Certo dia, na época que cursava a
Universidade de Erfurt, Lutero caminhava próximo à vila de Stotternheim,
durante uma tempestade, quando foi atirado ao chão pelo estouro de um trovão e
a queda de um raio. Temendo por sua vida, gritou: “Ajude-me, Santa Ana, e eu
me tornarei monge imediatamente! ”. Enquanto a chuva ainda caía, Lutero
ergueu-se e descobriu que não estava ferido. Quando chegou à casa de seus
amigos, contou-lhes da promessa feita a Santa Ana. Os amigos pensaram que
estivesse brincando. Mas Lutero não hesitou. “Fiz a minha escolha. Vou para um
monastério”.
O pai de Lutero, Hans, percebeu que o filho tinha talento e queria que ele
recebesse uma boa educação. Hans trabalhou arduamente, primeiro como
agricultor, depois como mineiro de carvão. Lutero começou a estudar na escola
da catedral quando tinha 7 anos. Era um lugar triste, em que os meninos se
sentavam em salas escuras, frias e sujas, fazendo as tarefas de um professor que
não se importava se aprendiam ou não. Às vezes, os professores aplicavam
corretivos físicos nos meninos por pequenas infrações. Enquanto Lutero lutava
para aprender latim, matemática e grego, o trabalho de seu pai nas minas
começava a dar frutos. Hans começou a fazer planos. Queria ter o seu próprio
forno de fundição e planejava um futuro brilhante para o filho Martinho.
Lutero familiarizou-se com a vida monástica quando entrou para uma escola de
nível razoável, dirigida por monges franciscanos. Foi um tempo feliz. John
Reinicke, um bom amigo de Lutero, ali se juntou a ele. Quando Lutero fez 18
anos, matriculou-se na Universidade de Erfurt. O pai estava orgulhoso do filho e
feliz por poder dar-lhe apoio. Os fornos estavam dando bons lucros, e parecia
cada vez mais possível que Lutero segue uma carreira em direito. Durante o
primeiro ano, Lutero esmerou-se em tocar alaúde e estudou literatura e filosofia
romana. Ganhou o apelido de “o filósofo”.
A primeira inclinação de Lutero de seguir uma vida de pregações veio durante
esses anos na faculdade. Ele caiu e machucou o pé. Apesar de um médico cuidar
da ferida, Lutero ficou gravemente doente e esteve à beira da morte. Enquanto
tremia por causa da febre alta, um pastor veio e sentou-se em silêncio a seu lado.
Lutero abriu os olhos, e o pastor disse que se alegrasse, pois não iria morrer. O
pastor também lhe disse que Deus faria dele um grande homem, que traria
conforto a muitas pessoas. Lutero se recuperou, estudou com afinco e, no final
do primeiro ano, obteve o título de bacharel.
Ao continuar os estudos em um nível mais avançado, Lutero descobriu a Bíblia.
Acorrentado ao púlpito, o livro estava quase intocado. Mesmo os estudantes de
religião não eram encorajados a lê-lo. Lutero, porém, abriu-o e ficou fascinado
com o que leu, mesmo estando em latim.
Lutero concluiu o mestrado, mas seu pai ainda queria que ele estudasse direito.
De fato, durante a graduação, o pai lhe deu de presente uma coleção cara de
livros de direito, incluindo o Corpus Juris, ou “Corpo da Lei”. Contudo, os
objetivos de Lutero eram outros. Ele abandonou os estudos de direito e entrou
em um monastério agostiniano em Erfurt.
Durante um ano inteiro, estudou e orou até que estivesse pronto para celebrar sua
primeira comunhão. Lutero convidou o pai e ficou felicíssimo quando Hans
disse que iria. Naquele tempo, Hans havia se tornado um homem importante na
vila, um dos Vierherren, os Quatro Cidadãos, que representavam seus
concidadãos no conselho da cidade. Os fornos estavam indo bem. Hans possuía
então pelo menos seis minas e duas fundições. Seguiu para o monastério como
um homem de posses, em companhia de 20 cavaleiros. Fez, inclusive, uma
contribuição financeira para o monastério.
Lutero tentava desesperadamente alcançar a simpatia de Deus no monastério,
por meio de jejum, boas obras, autoflagelações, orações e peregrinações.
Tornou-se um homem emaciado e deprimido. Quanto mais tentava agradar a
Deus, mais se tornava consciente de sua condição de pecador. Os outros monges
odiavam vê-lo tão angustiado, de modo que recomendaram-lhe buscar uma
carreira acadêmica que o distraísse de tantas ruminações. Lutero foi ordenado
padre e começou a ensinar teologia na Universidade de Wittenberg, até receber o
doutorado em teologia.
No monastério, Lutero finalmente recebeu sua própria Bíblia, encadernada em
couro vermelho. Nada que tivera recebido antes na vida havia significado tanto
para ele. Lutero considerava a vida do apóstolo Paulo cheia de sentido. Ficava
maravilhado por um homem tão orgulhoso e letrado ter se aproximado de Cristo
apenas por causa de sua fé. Usando seus conhecimentos de direito, Lutero
percebeu que ninguém poderia comprar sua entrada para o paraíso. Em vez
disso, o perdão e a aceitação de Cristo só viriam por meio da fé.
Ao estudar e pesquisar a Bíblia, começou a questionar o uso de termos como
penitência, retidão e indulgência, usados pela Igreja Católica Apostólica
Romana. Convenceu-se de que a Igreja havia perdido a verdade primordial da
justificação apenas pela fé. Com base em seu conheci- mento de direito, Lutero
começou a fazer a distinção entre a Lei e o Evangelho, uma distinção que,
segundo cria, a Igreja de seus dias não reconhecia, e que era a raiz de seus
muitos erros teológicos.
Os escritos e ensinamentos de Lutero tornaram-se tão controvertidos que o papa
expediu-lhe uma bula papal, um documento oficial da Igreja, informando que
corria o risco de excomunhão se não fizesse uma retratação formal. Em 3 de
janeiro de 1521, o papa Leão x excomungou Martinho Lutero. Entretanto, seus
amigos evitaram a execução do banimento. Lutero foi convocado a renunciar a
seus pontos de vista ou reafirmá-los e obter a garantia de uma salvaguarda pelo
imperador Carlos V na Dieta de Worms (uma assembléia ou “dieta” de membros
da nobreza, do clero e de plebeus na pequena cidade de Worms). O livro Martin
Luther diz que a Lutero foi perguntado claramente: “Vais rejeitar os seus livros e
os erros que eles contêm? ”. Ele respondeu: “A menos que eu seja convencido
pelas Escrituras e a razão pura – não aceitarei a autoridade de papas ou concílios,
pois contradizem um ao outro –, minha consciência é escrava da Palavra de
Deus. Eu não posso e não vou me retratar, porque ir contra sua própria
consciência não é nem certo nem seguro”. Ele manteve sua posição, convencido
de que não dispunha de nenhum outro recurso e de que nada mais havia a ser
dito. Em seu pronunciamento, Lutero entregou-se à misericórdia de Deus.
Surpreendentemente Lutero escapou de Worms, mas foi declarado fora-da-lei, e
todos os seus livros foram banidos.
Ao longo de sua vida e de seu trabalho, Lutero enfatizou que uma pessoa é salva
pela misericordiosa bondade de Deus por meio da obra de Cristo, e não por
nenhum esforço humano. Foi ele quem escreveu o amado hino “Castelo Forte É
Nosso Deus”, inspirando cânticos congregacionais praticados por igrejas de
todas as partes nos dias de hoje. Além disso, o seu casamento, que gerou filhos,
reintroduziu a prática do casamento clerical. (O casamento ainda é proibido aos
padres católicos.) Tradutor da Bíblia, Lutero encorajou o homem comum a ler
as Escrituras e a descobrir por si mesmo a mensagem de vida e fé em suas
páginas. Hoje, cerca de milhões de cristãos afirmam pertencer a igrejas luteranas
de todo o mundo, e outros milhões e milhões de protestantes e evangélicos
remontam sua história à obra reformadora de Lutero.
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom
de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2.8,9
*
Pais de influência ensinam aos filhos que a salvação só vem por meio da fé em
Cristo.
Thomas Lincoln
1778–1851
Abraham Lincoln. Thomas Lincoln mudou-se com toda a família para outro
Estado porque se opunha à escravidão, ensinando a seu filho, Abraham, décimo
sexto presidente dos Estados Unidos, a valorizar a liberdade para todos acima de
tudo.
Nos campos do condado de Hardin, no Kentucky, Thomas Lincoln cuidava de
sua fazenda. Nascido na Virgínia, Thomas mudou-se, ainda criança, com a
família para o Kentucky (então parte integrante da Virgínia). Ali, em uma
pequena cabana da fazenda próxima a Hodgenville, Nancy, sua mulher, deu à luz
um filho, a quem o casal deu o nome de Abraham, em homenagem ao avô.
Antes que Abraham completasse 2 anos de idade, a família se mudou para outra
fazenda no Kentucky. As mudanças, entretanto, ainda não haviam acabado.
Abraham, aos 7 anos, já mostrava ser uma criança inquisitiva, com sede de
conhecimento, quando a família atravessou o rio Ohio em direção a Indiana.
Thomas era abertamente contrário à escravidão e sentiu que teria melhores
oportunidades de ser bem-sucedido em um Estado que proibisse essa prática.
O jovem Abraham aprendeu com o pai sobre a escravidão e suas implicações e
observava-o com atenção enquanto este permanecia firme em sua convicção de
que todos os homens eram criados iguais. O sentimento de liberdade para todos
foi incutido em Abraham desde a tenra idade, e ele o manteve por toda a vida.
Apenas um ano após a mudança, a mãe de Abraham morreu por envenenamento
acidental, e a perda foi terrível para a família Lincoln. Tho- mas voltou para o
Kentucky em busca de uma nova mulher, e lá encontrou Sarah Bush Johnston,
uma viúva a quem conhecia desde antes do casamento com a primeira esposa.
Thomas e Sarah se casaram, e o jovem Abraham ganhou uma nova mãe.
Abraham trabalhava na fazenda do pai, o que lhe deixava pouco tempo para a
escola. Ainda assim, adorava ler e, encorajado pela madrasta, caminhava muitos
quilômetros para pegar livros emprestados.
Em 1828, aos 19 anos, Lincoln deixou a fazenda da família e foi vender artigos
para agricultura em Nova Orleans. Voltou por um tempo antes de partir
novamente, para explorar o mundo.
Residente em New Salem, depois de perder sua primeira eleição para a
Assembléia Legislativa de Illinois, e fracassar como dono de mercearia, passou
por tempos ainda piores quando se apaixonou por Ann Rutledge, que morreu
antes que um relacionamento sério pudesse ser construído. Lincoln foi
finalmente eleito para a Assembléia Legislativa, e, depois de muito estudo,
recebeu uma licença para advogar. Trabalhou como advogado dentro e fora de
Illinois, até ser eleito presidente em 1861.
O serviço público chamou-o novamente, e em 1846 Lincoln foi eleito pelo
Partido Whig para a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. A princípio,
Lincoln escondeu suas ideias sobre liberdade e busca da felicidade para todos
quando se opôs ao ataque do presidente Polk ao México, durante a Guerra do
México.
Em 1854, Lincoln enfrentou Stephen Douglas e começou uma discussão política
que duraria seis anos. Em seu discurso, Lincoln moldou e articulou suas opiniões
sobre escravidão e liberdade ao falar sobre a dúvida de se um negro era ou não
um homem. Se os negros fossem homens, então a redação da Declaração de
Independência, que diz que todos os homens foram criados iguais e têm direito à
vida, à liberdade e à busca da felicidade, se aplicava a eles. Esse discurso atraiu a
atenção do Partido Republicano, que percebeu que Lincoln poderia ser um de
seus políticos mais poderosos.
Em 1858, Stephen Douglas tentou a reeleição para o Senado, e o Partido
Republicano indicou Abraham Lincoln para enfrentá-lo. Lincoln deixou sua
posição contra a escravidão ainda mais clara quando citou as Escrituras. Disse
ele: “Uma casa dividida contra si mesma não pode continuar de pé. Acredito que
este governo não pode continuar permanentemente meio escravo e meio livre.
Eu não espero que a União seja dissolvida – eu não espero que a casa caia –, mas
espero, sim, que ela não mais se dívida. Ela vai se tornar uma só coisa, ou todas
as outras”. Milhares de pessoas acorreram aos debates, que duravam três horas
ou mais. Os debates tinham um foco: a escravidão. Lincoln perdeu a eleição,
mas selou sua posição como porta-voz do Partido Republicano e tomou gosto
pela política nas altas esferas.
Em 1860, Lincoln venceu a eleição para presidente, semeando medo nos Estados
do Sul. Eles temiam que Lincoln tentasse acabar com a escravidão.
Antecipando-se a isso, os Estados do Sul começaram a secessão da União para
formar os Estados Confederados da América. Mesmo antes de assumir o cargo,
Lincoln enfrentou uma crise nacional – a dissolução do país para o qual ele fora
eleito para governar. Em seu discurso de posse, citado na biografia Abraham
Lincoln: America’s 16th President, o presidente disse aos Estados do Sul: “Não
somos inimigos, mas, sim, amigos. Não devemos ser inimigos. Por mais que a
paixão tenha aflorado, não devemos romper nossos laços de afeto”.
Quando as tropas confederadas atacaram o forte Sumter, controlado pela União,
em Charleston, na Carolina do Sul, a Guerra de Secessão começou. O Norte
pensava que o Sul deveria receber uma lição e, com sua superioridade industrial
e em homens, também pensou que a guerra acabaria em poucas semanas. Como
se sabe, a guerra durou quatro anos, com um número indizível de mortos e
feridos. Grandes batalhas ocorreram em Vicksburg, no Mississippi; em Atlanta,
na Geórgia; em Petersburg e Richmond, na Virgínia; e em Gettysburg, na
Pensilvânia.
Lincoln tomou sua medida mais concreta pela liberdade e contra a escravidão ao
expedir a Proclamação de Emancipação em 1o de janeiro de 1863. O documento
declarava que os escravos na Confederação estavam “livres para sempre”.
Ironizando a ação, os Estados do Sul pouco fizeram para pôr a lei em vigor.
Em Gettysburg, Lincoln aceitou um convite para participar da inauguração do
cemitério da cidade. Em dois minutos, descreveu de forma sucinta e brilhante a
luta que os Estados Unidos enfrentavam e a luta que ele liderava. Proferiu o que
é conhecido hoje como o “Discurso de Gettysburg”: “Que todos nós aqui
presentes solenemente admitamos que esses homens não morreram em vão; que
esta nação, com a graça de Deus, venha a gerar uma nova liberdade; e que o
governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desaparecerá da face da
Terra”.
Na eleição seguinte, a nação estava vergada sob o peso da guerra. Os
republicanos não acreditavam que Lincoln conseguiria se reeleger. Apesar de seu
adversário ter recebido 45% dos votos populares, Lincoln conseguiu o segundo
mandato.
Em janeiro de 1865, Lincoln introduziu a décima terceira emenda à
Constituição, que oficialmente abolia a escravidão nos Estados Unidos. A
emenda foi aprovada na Câmara e no Senado, ainda que não tivesse entrado em
vigor até ser ratificada, em dezembro de 1865, mais de sete meses após o
assassinato de Lincoln.
Durante o seu segundo discurso de posse, em março daquele ano, Lincoln
novamente proferiu um bálsamo verbal, em um esforço para curar as feridas da
nação. Disse ele: “Sem ódio contra ninguém, mas com benevolência para com
todos, apoiando-nos firmemente sobre o direito que Deus nos deu de
compreender o que é justo, esforcemo-nos por prosseguir a tarefa que nos foi
atribuída de limpar as feri- das da nação, de cuidar daqueles que sofreram os
rigores do combate, das viúvas e dos órfãos, para fazer tudo o que possa apressar
a vinda de uma paz justa e duradoura na nossa terra e nas outras nações”.
Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade. 2Coríntios 3.17

O fim da guerra veio quando o general U. S. Grant derrotou Petersburg e as


tropas federais ocuparam a capital confederada, Richmond. Enquanto Lincoln
viajava para Richmond, Grant perseguiu o general Robert E. Lee, que finalmente
se rendeu na Corte de Appomattox. Lincoln ordenou que Grant determinasse
condições justas e generosas para o rendido.
Em 14 de abril de 1865, Abraham Lincoln fez o seu ato final pela liberdade ao
tornar-se um mártir da causa. Enquanto a Guerra de Secessão vivia os seus
últimos dias, o presidente, esgotado pela guerra, e sua mulher tentavam relaxar
assistindo a uma peça no Teatro Ford. Ali, enquanto o público gargalhava de um
trecho especialmente engraçado da peça, o simpatizante dos confederados John
Wilkes Booth deu um único tiro de pistola na nuca do presidente, tirando-lhe a
consciência e ferindo-o de morte. Lincoln morreu nove horas depois, em uma
casa próxima ao teatro. A União ficou de luto, e milhões de pessoas fizeram fila
ao longo das linhas de trem enquanto o corpo de Lincoln era transportado de
Washington para seu descanso final na cidade de Springfield, em Illinois.
A Guerra de Secessão foi travada para preservar os Estados Unidos da América
coesos e também para libertar os escravos. Mas, para aqueles que amam a
liberdade sem fronteiras, especialmente os negros, desencantados e acorrentados,
que conheceram a submissão a uma servidão forçada, Abraham Lincoln tornou-
se um salvador e um campeão da liberdade. E tudo isso começou a partir das
mudanças de uma família de um Estado para outro – mudanças em que o pai de
Lincoln, Thomas, insistia por uma questão de protesto e de princípios.
*
Pais de influência ensinam aos filhos a valorizar a liberdade para todos.
Bispo Milton Wright
1828–1917
Orville e Wilbur Wright. O bispo Milton Wright deu a seus filhos a inteligência, a
criatividade e o espírito de exploradores necessários para vencer o desafio de
fazer o homem voar, quando lançaram, com sucesso, um avião
autopropulsionado em Kitty Hawk, na Carolina do Norte.
A primeira carta escrita por um dos irmãos Wright, inventores e pilotos de avião,
foi escrita por Orville, aos 9 anos de idade, e endereçada ao pai, em Omaha,
quando a família Wright estava morando em Cedar Rapids, Iowa. Ele escreveu:
“Querido pai, recebi sua carta hoje. Outro dia, peguei uma lata, enchi de água e
acendi o fogão. Esperei um pouco, e a água borbulhante transbordou pela boca
da lata, subindo uns 30 cm de altura”. A tranquilidade com que Orville escreveu
sobre sua experiência mostra o espírito de liberdade e inventividade que existia
na casa dos Wright.
Terceiro e quarto de cinco filhos, Orville e Wilbur Wright se interessa- ram pela
aviação desde cedo, quando o pai, bispo da Igreja dos Irmãos Unidos, deu a eles
um helicóptero de brinquedo. Chegando em casa depois de uma excursão de
pregações, o bispo Milton primeiro escondeu o brinquedo e depois lançou-o no
ar, para deleite dos meninos. O helicóptero era feito de rolha, bambu e papel, e
era impulsionado por um elástico enrolado. Esse evento tornou-se uma espécie
de batismo de voo para os jovens Orville e Wilbur. Os meninos brincaram com o
helicóptero até que se acabasse, e o brinquedo os inspirou, nos meses e anos
seguintes, a construir outros como aquele, de vários tipos e desenhos. Eles
ficaram impressionados ao descobrir que, quanto maior era o brinquedo, menos
ele voava. Estavam determinados a construir uma máquina voadora grande o
suficiente para transportar um homem.
O pai deles era um homem bom, porém rígido, que sempre guardou os sábados
em sua casa. O trabalho e as brincadeiras não eram recomendáveis, mas ler e
escrever cartas era permitido aos domingos. (Em seus últimos anos, Orville e
Wilbur se recusaram a permitir voos aos domingos por respeito ao pai.) Jogar
cartas era proibido em qualquer dia, não porque fosse um pecado, mas era
considerado perda de tempo. O Papai Noel era proibido, mas não os contos de
fadas, e presentes simples sempre apareciam nas manhãs de Natal. Orville e
Wilbur frequentavam a Escola Bíblica Dominical regularmente na Igreja dos
Irmãos Unidos, mas também liam textos de agnósticos e outros tipos de
literatura encontrados na biblioteca do pai.
A família Wright não era do tipo que fincava raízes por muito tempo e mudou-se
para Richmond, Indiana, perto da casa do vovô Koerner. É bem possível que os
dois meninos tenham desenvolvido suas aptidões mecânicas lá, enquanto
zanzavam pelos celeiros e investigavam o torno movido a pé, em sua carruagem
ou carroça. Depois que a família se mudou para Dayton, Ohio, os irmãos
receberam a educação de ensino médio, mas nunca receberam diplomas.
Estudaram um pouco sobre impressão e o negócio com jornais antes de abrirem
a Wright Cycle Company em 1892, onde fabricavam e consertavam bicicletas.
Ao longo dos anos, os irmãos frequentemente pensavam em projetos
aeronáuticos, muitas vezes à custa do negligenciado negócio de bicicletas.
Orville e Wilbur eram também viajantes contumazes. Anos antes, aos 20 e tantos
anos de idade, o bispo Milton Wright começara suas viagens como missionário
visitando Filadélfia, Nova York, Panamá, San Fran- cisco e Portland, no Oregon.
O desejo de viajar levou Orville e Wilbur não só a Kitty Hawk e às ilhas Outer
Banks da Carolina do Norte para fazer suas experiências aéreas, mas também a
várias viagens posteriores pelos Estados Unidos e pela Europa, promovendo o
voo e aperfeiçoando seus aviões.
Wilbur falou de seu desejo de viajar em 1900, numa de suas muitas cartas
endereçadas ao pai: “Pretendo começar, em poucos dias, uma viagem até a costa
da Carolina do Norte, na vizinhança da ilha Roanoke, com o objetivo de fazer
algumas experiências com a máquina voadora [...]. De qualquer forma, eu estarei
fora por algumas semanas para ver partes do mundo que nunca visitei”.
Durante as idas e vindas dos Wright a Kitty Hawk entre 1900 e 1903, um
problema em casa quase impediu que Wilbur fizesse outra viagem até a costa do
Atlântico. Ele se sentiu obrigado a ajudar o pai em um problema com potencial
de escândalo em relação à igreja. Um leigo ligado às publicações da igreja havia
sido acusado de desviar fundos. O bispo Wright não podia tolerar aquela
desonestidade e quis exonerar o homem e até processá-lo. Por outro lado, uma
facção da igreja pretendia derrubar o bispo. Wilbur começou a trabalhar nos
livros contábeis em busca de provas da desonestidade. Então escreveu um
memorando severo, esclarecendo os fatos, limpando o nome de seu pai, e
provando a culpa do homem. Toda a família Wright envolveu-se nesse assunto,
como haviam se envolvido com a aviação. O bispo Wright nunca foi deposto,
mas a luta perdurou por um longo tempo. Os irmãos finalmente decidiram
continuar seu trabalho e construíram um novo aeroplano em Kitty Hawk.
Durante longos anos, os irmãos trabalharam continuamente e, então, em 17 de
dezembro de 1903, Orville entrou no aeroplano motorizado, Wilbur deu a partida
e observou o irmão ganhar velocidade suficiente para erguer-se do chão e flutuar
no espaço durante 59 segundos. Os dois ainda voariam três vezes naquele dia
antes que uma rajada de vento destruísse uma das asas.
Ao completar com sucesso o voo, os irmãos mandaram um telegrama para o pai
contando as novidades. O caseiro, Carrie Grumbach, recebeu a mensagem,
assinou o recebimento do telegrama e levou-o escada acima até o bispo. Em
pouco tempo, este desceu e disse calmamente: “Enfim, eles voaram”. O bispo
não deixou transparecer nenhuma excitação, mas se mostrou muito feliz. Mais
tarde, naquela noite, Milton e a filha, a Srta. Katherine, estavam muito felizes,
não por causa do voo bem-sucedido, mas porque os rapazes estariam de volta
para o Natal. Rechear o peru sempre fora um privilégio de Wilbur, e o fazia de
um modo especial.
Naquela tarde, o bispo Wright deu o telegrama a seu filho Lorin, que o levou ao
representante da Associated Press em Dayton. O jornalista disse: “Cinquenta e
nove segundos? Se fossem 59 minutos, valeria a pena publicar”. Assim, ele não
publicou nada. Nada saiu no jornal no dia seguinte. No entanto, depois de ler
sobre o assunto no Cincinnati Enquirer, o editor caiu em si e finalmente publicou
a história.
Em seguida ao sucesso do voo, o bispo Wright alertou seus filhos, agora
famosos, que alguém poderia tentar tirar vantagem deles ou roubar sua glória.
Quando Wilbur esteve na França em 1907, o bispo Milton escreveu-lhe: “É
imperioso que você esteja ciente de seus interesses e certo de cada passo que
possa dar. Tenha certeza de que todos que lidarem com você vão tentar ficar cada
vez mais próximos. Os homens de bem geral- mente têm de exercitar a astúcia
com destreza”.
Os irmãos escreveram para tranquilizar o pai, especialmente com relação a farras
e consumo de álcool. De acordo com o livro The Wright Brothers: How They
Invented the Airplane, Orville escreveu de Paris para o pai, naquele ano:
“Estamos indo muito bem por aqui. Já estivemos em muitas igrejas, e não nos
embebedamos! ”.
Wilbur escreveu algo semelhante sobre a viagem: “Com relação a bebedeiras e
outros tipos de farras, pode ficar completamente tranquilo. Todo o vinho que
provei desde que saí de casa não daria para encher uma só taça. Tenho certeza de
que Orville e eu teremos cuidado de não fazer nada que ponha a perder a
educação que recebemos do senhor e da mamãe”.
A temperança e a moderação também se estenderam a outras áreas. O bispo
Wright escreveu aos filhos dizendo quanto estava feliz por eles guardarem o
domingo e se absterem do fumo. Disse que esse comporta- mento moralmente
correto faria mais pelo bem deles do que sua própria invenção. O bispo Milton
advertiu aos filhos que não caíssem na armadilha da fama. Escreveu uma carta
arguta advertindo Wilbur a ter cautela com os franceses, que o tratavam como se
fosse o próprio Cristóvão Colombo ressuscitado.
Em 25 de maio de 1910, Orville levou o pai, então com 82 anos de idade, para
sua primeira viagem em uma máquina voadora. O bispo gostou imensamente do
passeio, pedindo ao filho que o levasse cada vez mais alto.
Em 1912, Wilbur sucumbiu à febre tifoide e morreu. Escreveu para o pai em seu
testamento: “Meus mais sinceros agradecimentos por seu exemplo de uma vida
corajosa, reta, e por sua sincera simpatia para com tudo que dissesse respeito ao
meu bem-estar”. O bispo Wright escreveu sobre o terceiro filho em seu jornal:
“Em memória e intelecto, não havia ninguém como ele. Sistematizava tudo. Sua
inteligência era vívida e aguda. Podia dizer e escrever qualquer coisa que
quisesse. Não era muito de conversa. Era quase impossível vê-lo reagir a uma
provocação. Escrevia muito. Podia produzir um belo discurso, mas era
modesto”.
Entre a morte de Wilbur e a sua própria, em 1917, o bispo Wright visitava o
túmulo do filho, lia a Encyclopedia Britannica, e trabalhava na genealogia da
família. Em 3 de abril de 1917, o bispo Milton Wright morreu enquanto dormia,
aos 88 anos de idade.
Que todas as palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus
filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando
se deitar e quando se levantar. Deuteronômio 6.6,7

Dois mecânicos simples e modestos, com não mais que o diploma do ensino
médio, receberam apoio, força, inspiração, encorajamento, fé e domínio próprio
do pai, o bispo Milton Wright. Graças às qualidades dele, a juventude ideal
permitiu aos irmãos que se despissem de qual- quer pretensão que pudesse
dispersá-los de sua busca do voo controlado. O bispo Milton Wright criou os
filhos de maneira correta, escreveu-lhes sempre e os encorajou a voar a grandes
alturas.
*
Pais de influência sempre se comunicam com os filhos.
John Osteen
1921–1999
Joel Scott Osteen. John Osteen saiu da pobreza para ser pastor da Igreja
Lakewood, em Houston, no Texas. Depois da morte de John, e sob a liderança de
seu filho Joel, Lakewood se tornou a maior igreja dos Estados Unidos e a
congregação que mais cresce, com uma média de 46 mil fiéis adultos a cada fim
de semana.
Pastor da Igreja Lakewood, em Houston, no Texas, Joel Osteen pode estar
vivendo agora a melhor fase de sua vida, mas durante sua infância os tempos
foram difíceis. Seu próprio pai, John, também pastor, mal tinha comida para se
sustentar, mas, ainda assim, durante os cultos especiais recebia os ministros
convidados em sua casa por até uma semana. Em certo domingo, durante uma
dessas semanas, um homem de negócios da igreja aproximou-se do pastor John
Osteen e deu a ele algum dinheiro para despesas pessoais, a título de ajuda.
Estendeu-lhe um cheque de mil dólares, o que deve significar quase 10 mil
dólares nos dias de hoje.
John ficou perplexo com o gesto de generosidade do homem, mas era tão
limitado em seu pensamento, na época, que ficou segurando o cheque pela
borda, como se pudesse ficar contaminado se o apertasse com mais força. Disse
ao homem que não poderia jamais aceitar aquele dinheiro e insistiu em que
aquele valor fosse doado à igreja.
Deus estava tentando dizer ao pastor Osteen que queria algo melhor para ele. Por
mais que Deus não tenha a intenção de que seus servos sejam controlados pelo
dinheiro, ele deseja conceder bênçãos e prosperidade àqueles que vivem na fé e
em obediência.
Esta era a lição que John ainda aprenderia e depois ensinaria ao filho Joel. Este é
o tipo de pensamento positivo e próspero que ele deixou para o filho, que agora
lidera a maior igreja dos Estados Unidos e a que mais cresce.
Em seu livro Your Best Life Now, Joel Osteen escreve sobre o começo humilde
de seu pai. John Osteen foi criado em uma família pobre de colhedores de
algodão no Sul, durante a Grande Depressão. Aos 17 anos, John entregou seu
coração a Cristo.
Depois de ser ordenado, inicialmente, como pastor batista do Sul, John Osteen
recebeu o que descreveu como o batismo no Espírito Santo em 1958. Essa
experiência deu energia à sua pregação e o transformou em uma voz sem
fronteiras para Jesus Cristo. Ele começou a viajar por todo o mundo, levando
uma mensagem positiva sobre o amor, a cura e o poder de Deus a pessoas de
todas as nações. No Dia das Mães de 1959, John Osteen organizou a Igreja
Lakewood, em Houston, Texas, amplamente conhecida como “O oásis do amor
em um mundo turbulento”.
Quando John Osteen começou a pregar, não era um estudioso experiente da
Bíblia. Na verdade, ninguém em sua família havia sido um líder da igreja ou
professor da Bíblia. Este déficit assumiu um tom bem-humorado quando John
pregou um sermão inteiro sobre Sansão, para só depois perceber que havia
chamado o herói da história de “Tarzan”.
Ao longo dos anos, John Osteen melhorou suas pregações e foi capaz de
transformar a Igreja Lakewood em uma instituição com cerca de 6 mil membros.
A igreja administrava uma pregação ativa pela televisão, cruzadas, conferências,
apoio missionário e distribuição de alimentos. Ele cunhou o lema de sua
congregação: “Sem limites”.
O sucesso de John muitas vezes se traduzia em benesses para seu filho Joel. Em
seu livro, Joel escreveu: “John Osteen, meu pai, era respeitado e tinha muita
influência em nossa comunidade. Muitas vezes, as pessoas me faziam o bem
simplesmente porque amavam o meu pai. Uma vez, quando eu ainda era
adolescente, fui parado por um policial por dirigir rápido demais. Tinha acabado
de tirar a carteira de motorista e fiquei extremamente nervoso quando vi aquelas
luzes piscando atrás de mim, e depois o policial de aparência ameaçadora me
olhando pela janela do carro. Entretanto, quando viu minha carteira e percebeu
que eu era filho de John Osteen, ele sorriu para mim, como se fôssemos velhos
amigos, e me deixou ir apenas com uma advertência. A questão é, como se pode
ver, que recebi tratamento preferencial não por minha causa, mas por causa de
meu pai”.
Em 1999, Joel subitamente se viu face a face com o favorecimento e a
responsabilidade. Seu pai desenvolveu pedras nos rins e teve de passar por
sessões de hemodiálise. Em seguida, um marca-passo foi implantado em seu
peito. Pouco tempo depois, Joel e cristãos de todo o mundo sofreram ao ver John
enfrentar outras complicações até morrer de ataque cardíaco. Foi um tempo
difícil, mas Joel, apesar de só ter feito um sermão em toda a sua vida até uma
semana antes da morte do pai, sucedeu-o como pastor da Igreja Lakewood em 3
de outubro de 1999.
Joel escreveu em Your Best Life Now: “Quando papai faleceu em 1999, e eu o
substituí como pastor da Igreja Lakewood, em Houston, as pessoas se
achegavam a mim e perguntavam: ‘Joel, você realmente acha que pode
continuar? Você acha que pode manter a chama acesa? Você tem uma
responsabilidade imensa pela frente’. Eu sabia que Deus não queria que uma
geração brilhasse e a seguinte caísse na obscuridade. Eu sabia que não precisava
substituir meu pai. Apenas tinha de ser eu mesmo. Ser aquele que Deus me fez
ser. Eu acredito que posso fazer ainda mais do que meu pai”.
Tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4.13

Joel teve um começo auspicioso e rapidamente ultrapassou o alcance de seu pai.


Seu estilo discreto e positivo falou ao coração de multidões, e Lakewood
começou a pro- mover seis cultos semanais em seu santuário de 7.800 lugares.
As instalações ficaram muito pequenas, no entanto, e Lakewood se mudou para
o antigo Compaq Center em julho de 2005. Agora, a capacidade é de mais de 16
mil pessoas. Ali, Joel Osteen transmite mensagens positivas enfatizando a
bondade de Deus. A congregação em si é étnica e racialmente diversa, e todas as
pessoas, não importa sua formação ou condição econômica, são encorajadas a
atingir todo o seu potencial. Joel também adotou um slogan, como seu pai, “Des-
cobrindo o campeão em você”.
Além dos cultos na Lakewood, Joel Osteen também pode ser visto em seu
programa semanal de televisão em várias redes de TV a cabo dos Estados
Unidos. Seus programas são transmitidos internacionalmente em mais de cem
países, inclusive nos canais CNBC Europe, Vision Canada, CNBC Austrália e
Middle East Television. Recentemente, a empresa de pesquisas de mídia Nielsen
avaliou o programa de Joel Osteen como o programa de inspiração religiosa
mais visto nos Estados Unidos, com base na média de telespectadores por
mercado.
O livro de Joel Your Best Life Now rapidamente tornou-se um best-seller nos
Estados Unidos. Na introdução, Joel escreve: “Este livro é dedicado a meu pai,
John Osteen (1921-1999). Sua integridade, humildade, amor e compaixão por
todos deixaram uma impressão indelével em minha vida. Serei eternamente
grato por seu exemplo”.
John Osteen deixou seu legado de fé na bondade e na generosidade de Deus.
Este legado o encorajou a sonhar alto e tocar os outros com o amor e o poder
salvador de Cristo.
*
Pais de influência dão aos filhos a visão de um futuro sem limites.
William Franklin “Billy” Graham
1918 –
William Franklin Graham III. Franklin Graham, filho do mais famoso evangelista
do mundo, Billy Graham, enfrentou um período de rebeldia até se tornar um
respeitado evangelista e trabalhador pelo bem do mundo como líder da
organização Samaritan’s Purse.
William Franklin Graham III não quis esperar pelo seu ocupado pai e veio ao
mundo de acordo com a sua própria agenda, em 1952. O pai, Billy Graham,
estava conversando com Jon Cordle e F. Roy Cattell, líderes da Aliança
Evangélica da Grã-Bretanha, no quarto de hospital de Ruth Graham, quando ela
entrou em trabalho de parto. Billy descreve o evento em sua autobiografia, Just
as I Am: “Eu amava minhas três filhas, Anne, Gigi e Bunny, do fundo do meu
coração, mas estávamos, desta vez, esperando e orando por um menino. Quando
as dores do parto de Ruth se tornaram muito fortes, a enfermeira levou-a. Duas
horas depois, outra enfermeira apareceu para me dizer que nosso filho havia
nascido. Eu estava muito emocionado, mas também me senti terrivelmente
culpado por não ter estado com ela, mas com aqueles dois homens. Demos a ele
o nome de William Franklin Graham III, mas iríamos chamá-lo de Franklin.
Tempos depois, aceitei o convite para participar de uma cruzada em Londres,
que começaria em 1o de março de 1954”.
Depois do nascimento de Ned, em 1958, a família Graham estaria completa.
Cada criança era única e especial, com personalidade alegre e desafiadora. A
vida para o pequeno Franklin e seus irmãos deve ter sido mesmo um desafio,
pois o pai era muito requisitado em todo o mundo. Eles tinham dificuldade em
manter a privacidade enquanto o ministério de Billy crescia em tamanho e
popularidade. As pessoas os abordavam o tempo todo, acabando com a
possibilidade de uma vida familiar normal.
Para ter mais privacidade, a família mudou-se para Montreat, na Carolina do
Norte, um vilarejo turístico nas montanhas, só acessível por veículos com tração
nas quatro rodas. Ali, criaram uma residência confortável em uma casa de
madeira no bosque da cidade. Ruth Graham conseguiu fazer daquele lugar um
lar feliz para as crianças e um verdadeiro santuário para Billy.
Outro desafio que Billy enfrentou como jovem pai eram as constantes viagens.
Ele temia o impacto que suas longas ausências poderiam causar a seus filhos.
Sabia que estava perdendo o crescimento deles. Ruth e os filhos bem sabiam o
que aqueles longos períodos sem Billy significavam para eles.
Em 1957, Franklin tinha 5 anos. Durante a longa cruzada no Madison Square
Garden, Ruth colocava Franklin na cama todas as noites. Em uma delas, depois
de expressar gratidão a Deus pela vida de seu pai e pela equipe em Nova York,
ele também agradeceu a Deus por deixar que sua mãe ficasse em casa.
A vida como filho de Billy Graham começou a cobrar seu preço quando Franklin
estava na adolescência. A princípio, Billy foi contra os longos cabelos do filho,
mas Ruth lembrou ao marido que cabelos compridos não eram uma questão
moral. Então Billy nunca falou sobre isso novamente. Sorrindo amarelo, Ruth
também comentou que Franklin parecia um dos profetas ou um dos apóstolos.
Franklin continuou a arrumar problemas, e isso levou os pais a mandá-lo para
Stony Brook, um colégio interno cristão em Long Island, Nova York. No
entanto, a experiência não durou muito. Ele abandonou Stony Brook no primeiro
ano e voltou para a Carolina do Norte a fim de terminar o colégio. Franklin então
foi matriculado no LeTourneau College (hoje uma universidade), mas foi
expulso por manter uma colega de classe com ele após o toque de recolher. Ele
continuou os estudos no Montreat College e finalmente se formou na
Appalachian State University, perto de seu lar de infância.
Ao longo desse tempo, Franklin viveu seus “anos rebeldes”, bebendo, se
drogando, fumando e correndo atrás de garotas. Ele disse que seus pais não
sabiam dessas escapadas, mas Billy tinha ciência do que estava acontecendo. Em
1974, Billy garantiu ao filho que o amava, não importava o que fizesse, para
onde viajasse, ou no que a sua vida se tornasse. Disse ao filho que ele poderia
sempre fazer uma chamada a cobrar de qualquer lugar do mundo. Também disse
que ele poderia voltar para casa sempre que quisesse porque a porta estaria
sempre aberta. Ruth e Billy contaram a Franklin que sempre oraram por ele.
Finalmente, durante uma viagem a Jerusalém, Franklin tomou a firme decisão de
se entregar a Cristo.
Mais tarde, nesse mesmo ano, Franklin casou-se com Jane Austin Cunningham.
Pouco depois, ele se juntou ao dr. Bob Pierce, fundador da Samaritan’s Purse,
em uma viagem missionária de seis semanas para a Ásia. Durante essa viagem,
Franklin ficou profundamente comovido pelas pessoas que encontrou e pelos
sinais que viu. Decidiu focar seus esforços de ministério para aliviar o mundo.
Em 1979, após a morte do dr. Pierce, Franklin se tornou presidente da
Samaritan’s Purse.
Impressionados, Ruth e Billy ficaram gratos a Deus por seu filho se envolver
com a África por meio da Samaritan’s Purse, uma organização de ajuda
emergencial que dá apoio aos necessitados, em nome de Cristo. Quando ocorrem
calamidades, o grupo trabalha nas igrejas locais ou organizações missionárias.
Ajudaram no combate à fome na Etiópia e em Moçambique e forneceram ajuda
médica para uma Ruanda devastada pela guerra. Franklin também se uniu ao pai
em viagens evangelizadoras a Leningrado (atual São Petersburgo), Tallinn (na
Estônia), Moscou e Novosibirsk (na Sibéria).
Um grande amigo e companheiro de evangelizações de Billy, Roy Gustafson,
exerceu um papel decisivo na jornada espiritual de Franklin. Billy ajudou
Franklin a crescer espiritualmente e o encorajou a desenvolver suas habilidades
como evangelista. Roy convidou Franklin a participar de várias viagens e
ensinou a ele muitas coisas sobre a política e a religião no Oriente Médio. Desde
então, Franklin já visitou o primeiro-ministro de Israel, o rei da Jordânia e outros
líderes da região.
Outros mentores apareceram na vida de Franklin, como o evangelista canadense
dr. John Wesley. Billy pediu-lhe que orientasse Franklin em seu crescimento
espiritual e o encorajasse a desenvolver suas habilidades como evangelista. Por
causa desse relacionamento, Franklin tornou-se um evangelista associado à
equipe de seu pai. Consequentemente, Billy acha que Franklin é melhor orador
do que ele próprio era quando tinha a idade do filho.
Franklin entrou para o conselho da Associação Evangelística Billy Graham em
1979. Em 1995, o conselho ficou orgulhoso em eleger Franklin, por
unanimidade, primeiro vice-presidente. O objetivo é que ele assuma um dia a
liderança da organização, quando Billy já não puder mais exercer as funções ou
após a sua morte. Apesar de Billy ser insubstituível, Franklin amadureceu e
assumiu suas próprias responsabilidades e passou a se ocupar de suas próprias
pregações. Billy, um evangelista requisitado no mundo todo, nunca imaginou
que o filho alcançaria esse mesmo nível. A AEBG vai continuar por causa do
compromisso de Franklin com o ministério.
Tendo crescido como filho do evangelista mais famoso do mundo, não deve ter
sido fácil para Franklin Graham, mas a mão de Deus e a influência e o exemplo
de seu pai exerceram um papel decisivo em tirá-lo da rebeldia e levá-lo à
obediência e liderança. Hoje, Franklin é responsável pelo ministério da família e,
com o sentimento verdadeiro de ser as mãos, os pés e a voz de Cristo, está
levando a Palavra de Deus a milhões de pessoas de todo o mundo.
A seguir, levantou-se e foi para seu pai. “Estando ainda longe, seu pai o viu e,
cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou”. Lucas 15.20
*
Pais de influência nunca desistem de seus filhos.
Frederick Douglass
1818–1895
Lewis Douglass. Abolicionista americano, editor, orador, escritor, líder nacional
e ex-escravo, criou um novo modelo para os negros americanos e ensinou o filho
Lewis a viver como um homem livre.
A Guerra de Secessão havia terminado. A décima terceira emenda, que abolia
oficialmente a escravidão, havia sido ratificada. O Sul, face à reconstrução, rugia
e se debatia contra a nova realidade. O exército do Norte ocupara as terras antes
coalhadas de escravos para fazer valer o decreto do Congresso. Frederick
Douglass, abolicionista ardoroso e ex- escravo, não cabia em si de felicidade por
ver o fim da escravidão ainda em vida, mas rapidamente descobriu que não
conseguiria se esconder em uma existência tranquila no ostracismo. Ainda havia
muito trabalho a ser feito.
O novo presidente, Andrew Johnson, assumira o cargo após o brutal assassinato
de Abraham Lincoln. Ao contrário do predecessor, o presidente Andrew
claramente não tinha nenhum interesse em garantir a liberdade dos negros do
Sul. O exército da União só podia oferecer proteção limitada aos ex-escravos. Os
novos legisladores do Sul criaram leis que continuavam a manter os negros na
pobreza e em cargos de servidão. Os ex-escravos que não tivessem trabalho fixo
poderiam ser presos e obrigados a pagar multas pesadas. Os prisioneiros
incapazes de pagar os altos valores eram mantidos em situação de semi-
escravidão. Os negros não conseguiam comprar terras nem receber
remunerações justas. Além disso, grupos racistas como a Ku Klux Klan
apareceram e conquistaram poder por meio de táticas terroristas para manter os
negros sob controle.
Em fevereiro de 1866, Douglass e seu filho Lewis falaram com o presidente
Johnson e lhe contaram sobre seus problemas. Especificamente queriam contar-
lhe sobre a necessidade de mudança nos governos dos Estados do Sul.
Infelizmente foi o presidente quem disse aos Douglass que pretendia apoiar os
interesses dos brancos sulistas e continuar a proibir o direito a voto para os
negros. Completamente desapontados, os Douglass saíram decididos a levar o
caso ao povo americano, para garantir a liberdade aos da sua raça e a liberdade
de expressão para eles como cidadãos americanos plenos.
Frederick Douglass continuou a escrever e falar sobre os direitos dos americanos
negros e obteve algum sucesso. A opinião pública voltou-se contra Johnson e sua
tentativa de instilar governos racistas no Sul. Final- mente, em junho de 1866, o
Congresso aprovou a décima quarta emenda, dando garantias aos negros sob a
nova Lei de Direito Civil, garantindo- lhes proteção constitucional. Sentindo a
mudança de atitude do público, o presidente Johnson pediu a Frederick Douglass
que participasse de sua administração, mas Douglass recusou, por deplorar as
verdadeiras intenções e políticas do presidente.
Lewis Douglass sempre admirou os objetivos e a posição de seu pai. Nascido em
1840, alistou-se no Exército da União após o pai recrutar jovens negros para a
causa, ao escrever um editorial: “Homens de cor, às armas”, convocando os
negros a conquistar a igualdade e mostrar o seu patriotismo.
Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter nova- mente a um jugo de escravidão. Gálatas 5.1

O próprio Lewis era um jovem com força e clareza de visão, que herdou do pai o
foco e o ímpeto. Lewis era um observador astuto, e o pai o convidou a falar com
o presidente porque o filho foi testemunha ocular da dificuldade que os negros
tiveram nos meses que se seguiram ao final da guerra. Como soldado da União,
Lewis foi para o Norte, ao terminar o seu tempo de serviço, e escreveu estas
palavras para o pai, como consta na biografia Frederick Douglass, de Wil- liam
S. McFeely: “Os brancos farão tudo o que puderem para evitar que os negros
avancem. Parece haver um acordo entre os brancos para evitar que os negros
comprem terras. Longos trechos de bosques que os brancos nunca vão usar ou
vender para os negros estão improdutivos e sendo desperdiçados. Existem
muitas pessoas de cor que comprariam terras se os brancos vendessem”.
Frederick apoiou a decisão do filho de procurar um emprego que pagasse pouco,
fora da jurisdição das uniões negras. Com o final da guerra, Lewis procurou
trabalho meses a fio e não encontrou nenhum.
Lewis teve de aceitar um trabalho que pagasse pouco para poder sobre- viver.
Frederick, por sua vez, denunciou empresas que pagavam bem, mas que se
recusavam a dar emprego a jovens de bom caráter simples- mente porque eram
negros. Disse aos acusadores de seu filho que não é crime permanecer vivo. Os
dois Douglass aprenderam que a ascensão social viria muito lentamente.
Também sabiam que o isolacionismo de instituições sociais americanas
advogado pela união negra não seria produtivo para a causa da igualdade dos
negros.
No total, Frederick Douglass e Anna Murray, sua mulher livre, tiveram cinco
filhos: Rosetta, Lewis, Frederick, Charles e Annie. Toda a família Douglass
sabia o que estava em risco naquele momento precário da história americana. Ao
morrer, aos 77 anos, Frederick Douglass havia testemunhado enormes mudanças
para os negros ao longo da vida. E, ao levar Lewis consigo em importantes
reuniões e defendê-lo durante as lutas, reforçou as poderosas crenças do filho e
deu a todos um exemplo cristalino sobre como viver, não em servidão, mas
como pessoas livres.
*
Pais de influência ensinam os filhos a viver como homens e mulheres livres.
Harry S. Truman
1884–1972
Margaret Truman. O 33º presidente dos Estados Unidos mostrava-se como uma
figura tranquila, calma e protetora, dando confiança à nação no final da Segunda
Guerra Mundial e no começo da guerra fria. O mesmo comportamento garantiu
um ambiente estável para sua única filha, Margaret.
Em setembro de 1948, Harry S. Truman, sua mulher, Bess, e a filha, Margaret,
cruzavam a planície do Kansas a bordo do último vagão do trem presidencial, o
Ferdinand Magellan. No dia seguinte, Harry faria um pronunciamento
importante em Denver, lutando para manter a posição de candidato democrata à
presidência na eleição presidencial vindoura. Apesar de politicamente o papel de
Truman ter sido tenso e precário, domesticamente tudo estava muito sereno.
Ao longo do caminho, o maquinista fazia o trem andar a toda. Talvez alguém
tivesse dito ao maquinista que não corresse o risco de se atrasar, mas, sob todos
os aspectos, os Truman estavam viajando numa velocidade alta demais. Harry
olhou para o velocímetro na parede e disse a Margaret: “Olhe aquilo”. O
marcador mostrava 170 quilômetros por hora. Apesar de Margaret ter corrido
para a janela a fim de ver o campo borrado pela velocidade, Harry franziu o
cenho. Perguntou à filha: “Você sabe o que vai acontecer se o maquinista tiver de
frear de repente? ”. Truman continuou: “Vai transformar os 16 vagões entre nós e
a locomotiva num monte de ferro retorcido”. E finalizou: “Não diga nada a sua
mãe. Não quero que ela se preocupe”.
Truman chamou o secretário de imprensa e pediu-lhe que dissesse ao maquinista
que fosse mais devagar. Disse que não precisavam chegar a Denver tão rápido e
que viajar a 130 quilômetros por hora já seria sufi- ciente.
Essa liderança calma, quase inabalável, mostra quem era Harry S. Truman dentro
e fora da Casa Branca. Seus ajudantes, o povo americano e, especialmente, sua
família se beneficiavam desse estilo confiante.
Margaret mostra o temperamento do pai na biografia Harry S. Truman. “Em
casa, ele raramente levantava a voz, nunca usava linguagem chula ou profana, e
evitava discussões a todo custo. Não estou dizendo que papai nunca tenha
perdido a paciência, ou que nunca tenha falado dura- mente com um homem.
Mas era muito, muito incomum que ele pensasse que as circunstâncias o
obrigavam a isso. Noventa e nove por cento das vezes, ele preferia o papel do
calmo pacificador. A consideração constante pelos outros e a total falta de
egoísmo com a qual papai conduzia os assuntos diários da Casa Branca eram a
verdadeira fonte da enorme lealdade de todos à sua volta. Para ele, humildade
significava nunca dourar a própria pílula, nunca pedir crédito em público por
algo que tivesse dito ou feito e, acima de tudo, nunca se considerar melhor, mais
esperto ou mais forte que os outros”.
Na mesma parada, Margaret tomou para si a tarefa de puxar o freio de
emergência localizado na plataforma externa nos fundos do último vagão para
evitar um engavetamento quando o trem tivesse de parar na estação. Truman
deu-lhe uma reprimenda em voz baixa e disse-lhe que ela pode- ria ter causado
pânico à multidão.
Truman mostrou sua preocupação com as pessoas quando o Ferdinand Magellan
assustou um cavalo que estava sendo conduzido em meio à multidão. O
cavaleiro não estava conseguindo controlar o animal, deixando em perigo
aqueles que estavam a pé. Enquanto os funcionários da Casa Branca e os agentes
do serviço secreto imaginavam o que fazer, Truman desceu da plataforma
traseira do trem, caminhou até o animal agitado e segurou as rédeas. Truman
disse ao homem que ele tinha um belo cavalo. Então, calmamente, entregou o
animal a um dos agentes do ser- viço secreto, que o levou para longe da
multidão.
Truman também mostrou grande preocupação com as pessoas que trabalhavam
com ele. Disse à sua equipe que planejava viajar por todo o país em campanha,
parando em todas as estações ao longo do caminho. Acreditava que aquilo seria
um trabalho árduo para todos, mas não conseguia ver outra maneira de fazê-lo.
Ele sabia que aguentaria, mas temia que a jornada pudesse ser muito cruel para
os trabalhadores.
Depois de discursar em cada estação, Truman apresentava a mulher e a filha.
Bess era apresentada como “a chefe”, e Margaret, como “aquela que manda na
chefe. ” Essa maneira bonita, porém duvidosa, de Truman honrar as mulheres de
sua vida não agradava a Bess e Margaret, e elas tentaram fazer que ele parasse
com isso, mas não lograram êxito.
A maior preocupação de um pai é que algo aconteça a seus filhos, e a
preocupação que mais assombrava Truman era o temor de que sua filha fosse
sequestrada. Na década de 1930, quando era juiz, ele enfrentou a Ku Klux Klan
mais de uma vez, e a animosidade do grupo em relação ao juiz Truman era
grande no Missouri. Um dia, quando Margaret estava na primeira série, um
sujeito estranho apareceu na escola e disse à professora que estava ali para levar
Mary Truman para casa. Mary era o primeiro nome de batismo de Margaret, mas
todos que conheciam os Truman sabiam que ninguém a chamava desse jeito.
Sendo assim, a professora ligou para os Truman, e Harry mandou a polícia ao
local. Margaret não soube do incidente até ficar mais velha, mas, daquele dia em
diante, era o senhor ou a senhora Truman, ou algum tio ou tia disponível, quem
levava Margaret à escola e a trazia de volta.
Alegrem-se, porém, todos os que se refugiam em ti; cantem sempre de alegria! Estende sobre eles a tua
proteção. Em ti exultem os que amam o teu nome. Salmos 5.11

Esse jeito reservado e calmo de proteger os seus também ficou evidente em uma
das mais importantes decisões que o presidente Truman teve de tomar – a
angustiante decisão de lançar a bomba atômica no Japão para pôr fim à Segunda
Guerra Mundial. Durante uma palestra em 1965, Truman explicou as suas
razões: “Era uma questão de salvar centenas de milhares de vidas de americanos.
Eu não me importo de dizer a vocês que não me sentia nada bem ao ver garotos
americanos vivos, brincando e se divertindo enquanto eu estava fazendo o
planejamento de guerra. Isso partia meu coração, enquanto quebrava a cabeça
tentando achar uma maneira de salvar uma vida. Eu não poderia me importar
com o que a História diria sobre minha moral. Tomei a única decisão que poderia
tomar. Fiz o que achava certo”.
Harry S. Truman venceu as eleições presidenciais de 1948 pela menor margem
de votos de todos os tempos. Também serviu ao presidente Roosevelt durante
três anos, até sua morte em 1945.
Seus muitos feitos incluem o serviço como capitão durante a Primeira Guerra
Mundial, a manutenção de um orçamento militar justo e eficiente durante a
Segunda Guerra, a assinatura da participação dos Estados Uni- dos como
membro da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], e a defesa da
Coreia do Sul durante a Guerra da Coreia. Foi um dos maiores defensores e
protetores dos Estados Unidos. Com seu charme simples e sua vontade de aço,
Truman sempre mostrou à sua equipe, ao povo americano e, especialmente, à sua
filha uma liderança cheia de confiança, trazendo a ela segurança durante tempos
de incerteza.
*
Pais de influência calmamente protegem os seus filhos.
James Alfred Wight
(James Herriot) 1916–1995
Jim Wight. James Herriot, veterinário escocês e escritor de sucesso, também
conhecido como Alf Wight, levava o filho, Jim, consigo nos atendimentos
domiciliares, incutindo nele o amor pelos animais e impelindo-o para sua própria
carreira também como veterinário.
Muito antes da publicação de All Creatures Great and Small e a sequência All
Things Bright and Beautiful, James Alfred “Alf ” Wight era um veterinário do
campo, simples e pobre. Costumava levar consigo os dois filhos, Rosemary e
James, e o cachorro, Danny, em atendimentos domiciliares, quando precisava
visitar uma fazenda com um animal doente. Não era só para ter esse tempo em
família entre pai e filhos, mas também porque as crianças tinham um papel
fundamental no trabalho. Eram muitas chamadas. As crianças abriam os portões,
carregavam equipamentos e, se estava escuro, carregavam o lampião enquanto
abriam caminho em meio à lama e à sujeira, subindo morros para chegar até os
animais que precisavam de cuidados. O grande amor que Alf tinha pelos animais
e seu entusiasmo pelo trabalho foram transferidos aos filhos, especialmente ao
jovem Jim.
Jim podia estudar o pai enquanto trabalhava e aprender todos os meandros da
medicina veterinária. O menino via como o pai era consciencioso e carinhoso no
atendimento a cada paciente. Jim gostava especialmente de olhar o pai cuidando
do nascimento de bezerros e ovelhas, procedimentos que o velho Wight
executava com extrema delicadeza. Alf Wight disse várias vezes ao filho que
fazer o parto de ove- lhas era o que mais gostava no trabalho. Em uma tarde, Alf
fez o parto de 16 ovelhas em três horas.
Na biografia do pai, The Real James Herriot, Jim Wight escreveu: “Meu pai
ficou muito feliz por eu ter demonstrado interesse em seu trabalho desde cedo,
mas ele tinha de ser muito paciente comigo. Grande parte da minha ajuda no
carro tinha valor duvidoso. Eu não parava de falar de fantasias, perguntando
coisas profundas, como: ‘Pai, o que é mais rápido: um trem mágico ou um carro
fantasma? ... Pai? ... PAI! ’ ”.
Se as crianças não se juntassem a ele, Alf tentava voltar para casa cedo, antes
que fossem para a cama. Gostava de contar, perto da lareira, histórias para
dormir, mesmo que tivesse enfrentado um dia longo e exaustivo. Os filhos
adoravam pregar peças no pai e, se ele ficasse agitado, ficavam cacarejando em
torno dele como galinhas velhas. Os três saíam para pescar, ou em longas
caminhadas com os cães, ou em passeios sem destino em busca de uma bela
vista. No verão, iam à praia. Quando o jovem Jim era adolescente, pai e filho
saíam para passear e “procurar hospedagem”, passando a noite em hospedarias
baratas para jovens. Os filhos de Wight sempre sentiram que o pai achava tempo
para eles.
James Alfred “Alf ” Wight tornou-se James Herriot ao começar a carreira de
escritor, já no fim da vida. Ele nunca se sentia confortável fazendo propaganda
de si mesmo por meio de suas histórias. Estas, apesar de baseadas em suas
próprias experiências, são pura ficção.
Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os
grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem
rente ao chão”. Gênesis 1.26
Um amante do futebol, Alf Wight escolheu o pseudônimo James Herriot por
causa de um craque que ele gostava de ver jogar.
Jim quase perdeu o desejo de cursar veterinária aos 15 anos de idade. O pai
pediu ao adolescente que desse uma injeção em uma porca. Aterrorizado, Jim
enfiou a agulha na perna da porca, e o animal pulou de sua cama de palha
guinchando. Jim puxou a seringa, enquanto a agulha ainda estava encravada na
coxa da porca. O velho Wight reprimiu o filho por ter ficado com medo. Jim
rapidamente aprendeu a enfrentar feras ameaçadoras.
Rosie tornou-se médica, mas Jim Wight, nascido em 1943, seguiu os passos do
pai na Faculdade de Veterinária de Glasgow. Depois de ser for- mar em 1966,
começou a prática na clínica Sinclair e Wight, em Thirsk, trabalhando ao lado do
pai e de Donald Sinclair durante os vinte anos seguintes. Ao longo desse tempo,
a ajuda de Jim na prática permitiu que Alf tivesse tempo para escrever seus
romances.
Ainda que tecnicamente faça parte da clínica Sinclair e Wight, Jim Wight
também parou de atender para escrever, exatamente como seu pai. Mas nunca
perdeu o amor pelos animais, um amor nutrido e sustentado ao observar o pai e
juntar-se a ele no trabalho muitos anos atrás.
*
Pais de influência ensinam os filhos a cuidar dos animais.
Forrest Dale Bright
Data desconhecida
Dr. William “Bill” Bright. Fundador da Cruzada Estudantil e Profissional para
Cristo e produtor do filme Jesus, Bill Bright conseguiu organizar um dos maiores
empreendimentos evangelísticos do mundo por meio de trabalho dedicado e das
habilidades de liderança herdadas de seu pai, Dale.
Bill Bright e seus seis irmãos tiveram uma infância ocupada. Ele trabalhou
arduamente no rancho de 5 mil acres da família, próximo à cidade de Coweta, no
nordeste de Oklahoma. Duas gerações antes, o avô de Bill, Samuel Bright,
demarcara a terra durante a divisão dos territórios indígenas de Oklahoma.
Forrest, conhecido como Dale, manteve, com consciência e diligência, a
fazenda.
Conquanto Dale fosse um pai justo e fiel, foi a mãe de Bill, Mary Lee, quem
proporcionou ao filho a primeira educação religiosa. Ela dava o exemplo e
sempre lia a Bíblia e orava muito depois de os filhos irem para a cama. Aos
domingos, Mary Lee levava os filhos à igreja, enquanto Dale ficava discutindo
negócios e política com vários homens da cidade.
Ainda assim, Bill amava o pai e admirava suas habilidades. Dale domava os
cavalos e bois mais selvagens e tinha um grande talento para lidar com gado.
Dale também era capaz de entrar no curral e controlar uma horda de cavalos
selvagens.
Bill também admirava o avô Samuel, fundador do rancho e eleito prefeito de
Beggs, em Oklahoma. Samuel era destemido e popular. Era dono de uma casa
nova e impecável, que impressionou o jovem Bill (embora não fosse nenhuma
mansão para os padrões de hoje). Samuel era caloroso, divertido e simpático. Ele
comprava sorvete para Bill, um grande deleite naqueles tempos.
Juntos, Dale e Samuel conduziam os negócios com nada mais de concreto que a
palavra empenhada e um aperto de mão. Dale e Samuel eram muito prósperos.
Certa vez, Samuel tirou dinheiro do próprio bolso para ajudar alguns parceiros
cujo poço de petróleo havia secado. Em outra ocasião, Samuel recusou um
grande pagamento e optou por um valor que era apenas um terço da oferta
original. Com tanta integridade e honestidade, Bill sabia que tinha padrões muito
altos a seguir.
Bill também aprendeu sobre generosidade e compartilhamento com seu pai,
Dale. Durante a Depressão, quando a vida estava difícil para muitos, Dale
permitiu que outros fazendeiros e rancheiros usassem sua nova máquina
debulhadeira sempre que precisassem.
Na escola, Bill não era exatamente um bom aluno, mas amava os esportes acima
de tudo. Não demorou muito até que ele se contundisse. Quando ainda era
calouro do time de futebol americano, Bill perfurou o tímpano esquerdo quando
tentava bloquear um atacante gigantesco. Preocupado com o filho, Dale proibiu
que ele continuasse a praticar esportes. Isso deixou o menino desapontado, mas
deu a ele uma oportunidade de explorar novos interesses. Ele ajudou a organizar
um clube 4-H* em Coweta, e foi eleito presidente. Isso deu a Bill confiança para
assumir outras funções de liderança. Ele estudou teatro e oratória, conquistando
o primeiro lugar em oratória no Encontro Interestudantil de Tahlequah, em
Oklahoma. A liderança em outras organizações estudantis logo se seguiu.
Quando Bill formou-se no colégio, foi considerado o melhor aluno da região em
sua classe de 33 alunos.
Enquanto isso, Dale Bright trabalhou como presidente do Partido Republicano
no condado de Waggoner e fez arranjos para que os candidatos discursassem
enquanto visitavam a região. Bill atuou algumas vezes como mestre de
cerimônias desses eventos, nos quais teve a oportunidade de conhecer muitas
pessoas influentes.
Bill começou seus estudos na Northeastern State University, que ficava a seis
quilômetros e meio de sua casa. Ele tinha muitos objetivos: ser eleito presidente
de sua turma, tornar-se editor do livro anual da faculdade, e ser selecionado
como um dos estudantes de maior destaque da universidade. Conseguiu atingir
todas as metas. Depois de ter iniciado o curso preparatório para medicina, Bill
mudou de ideia e decidiu ser fazendeiro, obter o diploma de direito, comprar um
jornal e depois candidatar-se a deputado. Ele tinha um profundo desejo de ajudar
o próximo. Durante todo esse tempo, Bill continuava como o pai: um homem
humanista, materialista e autossuficiente.
No meio de seu primeiro ano de faculdade, os japoneses atacaram Pearl Harbor.
Bill queria juntar-se ao esforço de guerra, mas, sempre que tentava se alistar, era
recusado por causa de sua perfuração de tímpano. Com a ajuda do pai, tentou
apelar a Washington, mas não obteve sucesso. Desencorajado, Bill voltou para
casa a fim de ajudar o pai, assumindo muitas das funções ligadas à fazenda e ao
rancho. Final- mente, Bill imaginou que, se tentasse ir para a guerra por meio de
um escritório de recrutamento com muito movimento, talvez não percebes- sem
o seu problema. Assim, juntou suas coisas e rumou para o Oeste, para Los
Angeles.
Em sua primeira noite na cidade, Bill deu carona a um jovem. O rapaz
perguntou-lhe aonde pretendia ficar, e Bill respondeu que ainda não sabia. O
rapaz convidou-o para passar a noite onde morava, na casa dos Navegadores
[Navigators], um ministério evangélico. Naquela noite, Bill jantou na casa de
Dawson Trotman e travou contato com muitos cristãos inteligentes e bem
articulados. Bill participou da festa de aniversário de Dan Fuller, cujo pai,
Charles E. Fuller, era o fundador do Seminário Teológico Fuller. Depois da festa,
Bill passou a noite na casa dos Trotman e, na manhã seguinte, partiu para o
comitê de seleção de Los Angeles.
Novamente, foi reprovado no exame físico. Deprimido, rodou pela cidade em
busca de qualquer emprego e então começou a trabalhar no ramo de
alimentação. Apesar de às vezes trabalhar de dezoito a vinte horas por dia, Bill
ainda encontrou tempo para estudar teatro, fazer rádio amador nas manhãs de
domingo e andar a cavalo pelas colinas de Hollywood nas tardes dominicais.
Ainda assim, não havia percebido sua necessidade de encontrar Cristo.
Isso finalmente mudou quando os senhorios de Bill o convidaram a conhecer a
Primeira Igreja Presbiteriana de Hollywood. Ali, ele conheceu a Dra. Henrietta
Mears, e os dois tornaram-se amigos. Ela o apresentou a muitas pessoas
articuladas, de sucesso, que amavam Cristo. A personalidade dinâmica e o amor
dela por Deus eram contagiantes, e, um dia, Bill voltou para o seu apartamento
pronto para entregar sua vida a Cristo. Rapidamente foi eleito diretor da Escola
Dominical Presbiteriana de Hollywood para estudantes universitários e jovens
profissionais.
Bill orava para a salvação de seu pai desde o dia de sua própria conversão.
Convenceu os pais a participar de um encontro de reavivamento na Igreja
Metodista de Oklahoma e foi para casa a fim de participar dos encontros com
eles. Na terceira noite, Dale finalmente disse ao filho que estava pronto para
aceitar Cristo. Bill guiou o pai durante a oração do pecador, e, daquele dia em
diante, Dale tornou-se um homem completamente diferente.
Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada [...] se é exercer liderança, que a exerça
com zelo. Romanos 12.6,8

O rancheiro de Oklahoma influenciou sobremaneira a ética do trabalho de seu


filho, encorajou-o a desenvolver suas habilidades de liderança e exortou-o em
direção à grandeza. Sua diligência foi responsável pelo sucesso de Bill na
organização e liderança do maior ministério evangelístico dos Estados Unidos, a
Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo.
*
Pais de influência ensinam os filhos a ser líderes capazes.
*Os 4-H são clubes para jovens, financiados pelo Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos, que têm por lema “Cabeça, coração, mãos e saúde” (Head,
heart, hands and health, em inglês). Foram fundados em 1902 por A. B.
Graham, em Ohio [N.T.].
Yitzhak Rabin
1922–1995
Noa Ben-artzi Pelosoff. Ex-militar, Yitzhak Rabin foi por duas vezes primeiro-
ministro de Israel, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1994 e, apesar de ter sido
assassinado, inspirou sua neta Noa a continuar no ativismo em busca da paz.
Tragicamente, em 4 de novembro de 1995, Yitzhak Rabin foi assassinado pelo
estudante judeu ortodoxo Yigal Amir, militante de extrema-direita que se opunha
às negociações com os palestinos, quando participava num comício pela paz na
praça dos Reis (hoje praça Yitzhak Rabin) em Tel-Aviv. O Acordo de Oslo foi o
resultado de negociações de paz que buscavam resolver o conflito palestino-
israelense, envolvendo compromissos da parte de Rabin e Arafat, o líder
palestino. O assassinato de Rabin chocou grande parte do público israelense, que
tinha em alta conta o líder ganhador do Nobel. Demonstrações de tristeza e de
louvor à pessoa do primeiro-ministro assassinado tiveram lugar nas
proximidades do local de sua morte, diante da casa de Rabin e no funeral oficial
do país. Às exéquias, com- pareceram o presidente dos Estados Unidos Bill
Clinton, o presidente egípcio Hosni Mubarak e o rei Hussein da Jordânia. Além
deles, toda a família de Rabin compareceu, inclusive sua neta de 18 anos, Noa
Ben-Artzi Pelosoff.
Com sabedoria e eloquência para a sua idade, ela disse, às lágrimas, conforme
citado em seu livro In the Name of Sorrow and Hope: “Sei que estamos falando
em termos de uma tragédia nacional, mas como posso confortar todo um povo,
ou incluí-lo em minha própria dor, quando minha avó não para de chorar, e nós
estamos mudos, sentindo apenas a lacuna imensa que foi deixada pela ausência
dele? Meu avô, você foi, e ainda é, nosso herói nacional. Quero que saiba que,
em tudo o que fiz, sempre tive você em mente. Seu amor e carinho nos
acompanharam a cada passo e em todos os caminhos, e vivemos sob a luz de
seus valores. Você nunca deixou ninguém sozinho. E agora você é deixado –
meu herói eterno – frio e sozinho. E eu não posso fazer nada para salvá-lo, a
você que é tão maravilhoso. Pessoas muito maiores que eu já lhe fizeram elogios
fúnebres. Mas nenhuma delas teve a sorte que eu tive de sentir seu carinho, o
calor de suas mãos suaves e o abraço caloroso que era dado somente a nós”.
Este amado avô e herói nacional não esperava ser político, muito menos um
mártir pela paz. Nascido em Jerusalém (então uma parte da Palestina) em 1922,
Rabin estudou na Escola de Agricultura Kadoorie, onde se formou com
distinção. Seu sonho era ser engenheiro de irrigação.
Quando o mundo entrou em guerra em 1941, Rabin ingressou na Haganah, uma
organização paramilitar judaica, e, dentro desta, no seu corpo de elite, o
Palmach, onde foi oficial de operações. O ano de 1948 marcou a independência
de Israel e o casamento de Rabin e Leah.
O desejo de paz entre Israel e a Palestina se materializou no coração de Rabin
em 1948, quando, a despeito de sua vontade, recebeu ordens de participar da
evacuação forçada de 50 mil palestinos pelas Forças de Defesa de Israel. No
entanto, durante os vinte anos seguintes, ele serviu às Forças de Defesa de Israel
e, em 1964, tornou-se seu comandante-chefe, liderando as tropas durante a
Guerra dos Seis Dias, em 1967.
No ano seguinte, Rabin optou pela diplomacia como rota preferencial, deixando
o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército israelita para se tornar
embaixador de Israel nos Estados Unidos. Depois disso, retornou a Israel e
entrou para o Partido Trabalhista. Em 1974, sucedeu Golda Meir como primeiro-
ministro de Israel. Seu objetivo primeiro durante o mandato era desenvolver a
economia de Israel e combater os problemas sociais do país.
Rabin enfrentou um imenso desafio em 1976, quando israelenses foram
sequestrados a bordo de um voo da Air France. O primeiro-ministro orquestrou a
“Operação Entebbe”, que resultou na morte de apenas três dos 103 reféns.
Em 1992, Rabin foi novamente eleito primeiro-ministro. Durante o novo
mandato, o líder da OLP, Yassar Arafat, mandou uma carta a Rabin, renunciando
à violência e reconhecendo oficialmente Israel como um Estado judeu. Rabin
respondeu ao gesto e enviou a Arafat uma carta reconhecendo a OLP. Este
reconhecimento mútuo lançou as bases para o Tratado de Paz entre Israel e
Jordânia, em 1994, uma atitude que polarizou a imagem de Rabin em Israel.
Alguns passaram a reconhecê-lo como herói por avançar na causa da paz, e
outros, como um traidor por abrir mão da terra que consideravam pertencente a
Israel por direito. Esta atitude acabou por levar ao assassinato de Rabin.
De acordo com o irmão de Noa, o primeiro-ministro nunca perdeu uma
cerimônia escolar em que o neto tomasse parte. A mãe de Noa, Dalia, concorda e
diz que Rabin estava sempre por perto durante momentos de doença ou em caso
de alguma necessidade especial. Ele era um pai preocupado.
Noa lembrou-se de que sempre que o avô tinha de tomar uma decisão
importante, ficava tamborilando na mesa ou no braço de uma cadeira. Apesar de
ter tantas preocupações, ainda assim ele achava tempo para conversar com ela
sobre coisas triviais como estrelas de cinema ou jogadores de futebol.
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus. Mateus 5.9

Depois da morte de Rabin, a CNN perguntou a Noa: “Como pro- mover a paz
em uma região que passa por guerras há séculos? ”. Noa respondeu: “Antes de
qualquer coisa, nunca deixando de ter esperanças e de sonhar com a paz. Em
segundo lugar, se fosse da maneira que você descreveu, como um país que
provavelmente nunca conhecerá a paz, então não haveria nada que esperar, não
faria sentido viver, não haveria amanhã. Acho que a função do Acordo de Oslo é
conduzir o processo de paz passo a passo, para construir uma confiança mútua –
primeiro entre os líderes, depois entre os povos, e, só depois disso, alcançar a
reconciliação. Acho que essa é a maneira correta de agir. Não se pode esperar
que a reconciliação aconteça do dia para a noite”. Noa continua a falar em nome
de sua geração, que está nas universidades promovendo a paz, inspirada pelo seu
avô, o pacificador Yitzhak Rabin.
*
Pais de influência ensinam os filhos a promover a paz.
Gadia Henry Mphakanyiswa
Data desconhecida–1930
Nelson Mande-la. Filho de um chefe tribal, Nelson Mandela nasceu de “sangue
real”. Depois de sofrer na prisão durante anos por causa das leis injustas do
apartheid, Mandela foi solto para se tornar presidente de toda a África do Sul.
O tataravô de Mandela foi o rei Ngubengcuka, chefe de todos os thembus,
quando a terra pertencia a eles e todos estavam livres da opressão chamada
apartheid. Seu pai, Gadla Henry Mphakanyiswa, era chefe por sangue e por
tradição, e foi confirmado como líder de Mvezo pelo rei da tribo thembu, que
fazia parte do clã Madiba. Como chefe, Henry tinha autoridade para aconselhar
os reis. Após a morte de Jongilizwe, na década de 1920, Henry foi consultado e
sugeriu que Jongintaba fosse proclamado rei com base no fato de que este havia
tido a melhor educação. Nelson Mandela traz a liderança no sangue.
Em 1918, quando o filho de Henry, Nelson, nasceu, recebeu o nome de
Rolihlahla, que em xhosa significa literalmente “arrancar o galho da árvore”,
mas cujo sentido coloquial é “encrenqueiro”. Henry tinha 13 filhos no total –
quatro meninos e nove meninas –, dos quais Mandela é o mais novo. Ele não
estava na linhagem para assumir o papel do pai como líder. Esse papel cabia a
seu irmão Daligqili, que morreu na década de 1930.
O nome “encrenqueiro” parecia também se aplicar a Henry, porque uma
contenda acabou tirando-o de seu papel de chefia. Como chefe, ele tinha de
prestar contas não só ao rei Jongintaba, mas também ao juiz local. Um dia,
Henry desafiou o juiz por causa de uma questão tribal relativamente trivial, um
comportamento considerado a maior das insolências. O juiz depôs Henry,
acabando com a liderança da família Mandela. Mandela escreveu em sua
autobiografia, A Long Walk to Freedom: “Meu pai tinha uma rebeldia orgulhosa,
um senso obstinado de justiça que reconheço em mim mesmo”.
Henry sempre contava aos filhos histórias sobre batalhas históricas e guerreiros
heroicos, lendas que passavam de geração a geração. Essas lendas aguçavam a
imaginação infantil de Mandela e geralmente traziam alguma lição moral.
Henry era amigo de dois irmãos do clã amaMfengu, de educação cristã. A
influência deles sobre a família fez Mandela ser batizado na igreja metodista e
frequentar a escola. Um dos irmãos chegou-se a Henry e disse a ele que seu filho
mais nova era brilhante e deveria ir para a escola. Henry, apesar de sua própria
falta de educação formal, concordou imediatamente. Deu então ao filho o
primeiro par de calças, para que Mandela fosse à escola. A essa altura do
aprendizado, orientado por professores britânicos, o jovem Rolihlahla recebeu o
nome cristão de Nelson.
Tempos depois, quando Mandela tinha 9 anos, Henry morreu subitamente por
causa de problemas no pulmão. Como Mandela se espelhava no pai em tudo, a
morte de Henry mudou sua vida em inúmeros aspectos. O chefe supremo
Jongintaba passou a cuidar de Mandela como se fosse um de seus próprios
filhos.
Mandela, porém, ainda guardava dentro de si muito do antigo nome,
“encrenqueiro”. O primeiro problema que criou foi desafiar boxeadores para
lutar com ele no ringue do Colégio Missionário de Fort Hare, um prestigioso
educandário em regime de internato para negros sul-africanos. Ali também se
envolveu em protestos estudantis contra a direção da instituição pelos brancos
colonizadores. Esse foi o começo de uma longa trajetória para a libertação
pessoal e nacional.
Mandela também enfrentou o establishment quando fugiu de um casamento
arranjado e, em vez disso, passou a trabalhar em um escritório de advocacia em
Johannesburgo. Ali, era exposto diariamente aos horrores e injustiças do
apartheid. Revolucionar o sistema mostraria ser uma bata- lha crescente. As
massas oprimidas estavam humilhadas pela submissão. A extensão geográfica do
país atrapalhava a comunicação e a mobilidade. As possibilidades de uma guerra
racial eram irreais e pavorosas. A não- violência tornou-se a arma de Mandela.
Ele se alistou na Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA) e se juntou
a programas de resistência passiva contra as leis que forçavam os negros a portar
passes e viver em uma posição de permanente servidão. O governo baniu todos
os movimentos de resistência, e Mandela foi preso e condenado a cinco anos de
prisão no presídio da ilha Robben, por causa de seu papel de liderança no
Congresso Nacional Africano. Na prisão, um guarda tentou obrigar Mandela a
correr. Mandela recusou-se e disse que, se o guarda encostasse um dedo nele, o
levaria à suprema corte, e o pro- cesso o atiraria na pobreza. O guarda desistiu.
Ainda na prisão, Mandela recusou a assumir o papel de vítima e continuou
estudando, lendo qualquer livro que lhe caísse nas mãos. Os cinco anos de prisão
se tornaram 27, mas a pressão internacional acabou levando à soltura de
Mandela. Em 2 de fevereiro de 1990, o presidente F. W. de Klerk revogou o
banimento do Congresso Nacional Africano e ordenou que Mandela fosse
libertado.
Fazendo o que é justo, direito e correto. Provérbios 1.3

Com paciência, sabedoria e visão, Mandela virou o jogo contra o apartheid ao


tornar-se o primeiro presidente sul-africano negro eleito democraticamente.
Um homem simples que fomentou a revolta e desafiou um sistema que oprimia
toda uma raça, Nelson Mandela tornou-se o mentor de uma nova nação, um
presidente com sangue real e habilidades incomuns em circunstâncias
extraordinárias. Ao dar ao filho o nome de “encrenqueiro” e executar suas
funções reais, Henry lançou suas bases e traçou o caminho que ele seguiu.
Décadas depois, Nelson Mandela dedicou A Long Walk to Freedom a seus 6
filhos, 21 netos e 3 bisnetos – o legado de seu pai, Henry, e a esperança do futuro
da África do Sul.
*
Pais de influência encorajam os filhos a lutar contra sistemas injustos.
John Milton Sr.
1560–1647
John Milton. Apesar de sua cegueira, John Milton escreveu uma das maiores
obras da língua inglesa, O paraíso perdido, um feito que provavelmente não teria
realizado se não fosse pelo apoio de tempo e a ajuda financeira do seu pai, de
mesmo nome.
Embora John Milton tenha sido criado como um puritano, estava longe de ser o
estereótipo típico – nunca amargo, hipócrita ou pudico.
Sua vida fora plena, frequentando o teatro, tocando o seu órgão portátil e outros
instrumentos de cordas, lendo livros estimulantes, posando para um retrato
pintado por um artista respeitável, e observando as jovens senhoras nos parques
de Londres. Em 1638, o jovem Milton admitiu que foi transportado para um tipo
de êxtase ao ouvir a cantora de ópera popular Leonora Baroni, e escreveu
poemas em latim para celebrar o talento e a habilidade dela. Sem dúvida, ele
frequentava o teatro shakespeariano e também o Teatro Blackfriars, do qual seu
pai era acionista.
Quando John Milton Sr. não estava compondo músicas para a rainha Elizabeth
ou para a emergente Igreja Protestante, trabalhava como escrivão, preparando e
autenticando documentos, transações imobiliárias ou empréstimos. Tal posição
dava-lhe as condições de arcar com os custos de tutores particulares para os
filhos, incluindo John Jr., a fim de ensinar- lhes as línguas clássicas. O patriarca
Milton depois forneceu ao menino uma educação formal na St. Paul’s School.
Nela, o jovem John desenvolveu um interesse pelo ministério, mas, conforme foi
ficando mais velho, seu espírito independente o levou a desistir dessa empreitada
em favor de interesses acadêmicos mais abrangentes.
John Jr. foi estudar no Christ’s College, na Universidade de Cambridge. Era um
estudante esforçado, mas seu espírito argumentativo o levou a se envolver em
uma discussão com um dos professores, e ele foi suspenso. John não desfrutava
da amizade de muitos dos seus colegas, e a vida em Cambridge continuou a ser
difícil, enquanto ele lutava para atender às demandas e peculiaridades do
currículo. Talvez tenha sido a sua solidão que o levou a considerar uma
aproximação com o divino, porque foi em Cambridge que rascunhou os seus
primeiros poemas sobre Cristo e escreveu On the Morning of Christ’s Nativity.
Após se formar com honras em Cambridge, John se empenhou, de forma
autodidata, durante seis anos, em estudos privados sobre as antigas e modernas
disciplinas da teologia, filosofia, história, política, literatura e ciência. Seu pai
permitiu-lhe que baseasse seus estudos na casa da família, em Hammersmith, um
dos subúrbios de Londres. Uns três anos depois, a família se mudou para Horton,
em Buckinghamshire, e o jovem John continuou a morar com eles lá. Durante
essa época, ele havia decidido que sua carreira estava na poesia. Por causa de
seus intensos estudos nesse período, John Milton Jr. é considerado um dos mais
eruditos poetas ingleses.
Após os anos de estudo na casa de seu pai, John partiu para uma viagem pela
Europa, que durou cerca de quinze meses, financiada pelo pai. Enquanto esteve
na Itália, Milton confirmou a sua resolução de se tornar um poeta famoso.
Em um poema em latim, Ad Patrem, escrito em 1638, Milton agradece ao pai
seu apoio inabalável, responde sobre as suas ansiedades quanto à sua escolha de
profissão e celebra os talentos do pai como músico e poeta. Em uma tradução
para o inglês, um dos trechos do poema diz: “Mas quanto a vós, querido pai, já
que não me é permitido um justo regresso aos vossos desertos, nem recompensar
vossos talentos com os meus atos, que me baste lembrar, e com gratidão contar,
vossos muitos talentos e guardá-los em minha mente fiel. Vós também, meus
jovens versos, meu passatempo, se ousais ter esperanças de infindáveis anos –
ousais pensar em sobreviver à pira do vosso mestre e contemplar a sua luz – e se
o escuro esquecimento não vos arrastar para o tumultuado Orcus, talvez guardeis
esses louvores e o nome de um pai ensaiado em canção como um exemplo para
uma era distante”.
John Milton só começou a escrever o seu poema épico O paraíso perdido quando
já estava com mais de 50 anos, e o texto foi todo passado para o papel por
copistas, porque nessa época ele já estava pratica- mente cego e não conseguia
escrever nada de forma legível. Compunha os versos mentalmente à noite e
então, de memória, os recitava para os seus auxiliares de manhã. A abrangência
sem paralelos da obra descreve a criação do Universo, da Terra e da
humanidade; ela transmite a origem do pecado, da morte e do mal; imagina
acontecimentos no inferno, no Reino dos céus, no jardim do Éden e sobre a
sagrada história de Israel; lida com ideias políticas a respeito da tirania, da
liberdade e da justiça; e defende posições teológicas como predestinação,
liberdade de escolha e salvação. O livro foi recebido com sucesso e aprovação
instantâneos.
Durante todos os seus anos juntos, o relacionamento de John Milton Jr. com o
pai permaneceu positivo e sem confrontações. Apesar de todos os cuidados e
ajuda financeira, quando o pai ficou velho e enfermo, foi John Jr. que cuidou
dele. As concessões, financeiras ou não, que o patriarca Milton ofereceu ao filho
lhe deram a oportunidade de se tornar um dos maiores escritores na história da
língua inglesa, inspirando e desafiando leitores em salas de aula do mundo todo.
Um monumento à grandeza de Milton permanece de pé no Canto dos Poetas, na
Abadia de Westminster, em Londres, até hoje.
Consolem-se uns aos outros com essas palavras. 1tessalonesenses 4.18

*
Pais de influência dão aos filhos tempo e apoio financeiro para que possam
desenvolver seus talentos.
Increase Mather
1639–1723
Cotton Mather. O filho de Richard Mather e o pai de Cotton Mather, Increase
Mather deu a seu filho um nome de família cujo objetivo era torná-lo um
importante líder colonial, um escritor, um pastor e um erudito.
Na Nova Inglaterra dos séculos 17 e 18, o nome Mather era sinônimo de
extraordinária liderança espiritual e cívica. Cotton Mather era herdeiro da
nobreza e tinha uma árvore genealógica impressionante. Estava predestinado à
grandeza. Seu pai, Increase Mather, era um pastor reconhecido e um erudito
respeitado, profundamente religioso e extrema- mente inteligente. Foi dele o
primeiro doutorado em teologia na América. O pai de Increase, Richard, também
fora pastor no Novo Mundo e autor do primeiro livro publicado na América.
Quando seu filho nasceu, Richard deu-lhe o nome de Increase (que em inglês
significa “aumento”) por causa do grande aumento da liberdade e da boa sorte
que tivera na América. O avô materno de Cotton Mather, John Cotton, ajudou a
fundar a Igreja Puritana da Nova Inglaterra e foi o líder da igreja de Boston.
Juntos, os puritanos devotos e não-conformistas acreditavam que cada um
deveria buscar a Deus pessoalmente, sem a necessidade de um pastor. Por causa
disso, muitos puritanos foram presos e colocados em prisões por líderes
inquietos da Igreja da Inglaterra.
Portanto, quando Increase Mather e Maria Cotton, filha de John Cotton, tiveram
um filho, eles lhe deram o nome das duas famílias: Cotton Mather.
Durante toda a sua vida, Cotton Mather sentiria o peso da sua herança e da
responsabilidade de fazer jus ao nome, um encargo que cumpriu admiravelmente
bem.
Durante a sua infância, Cotton viveu na casa onde sua mãe nasceu, o lar original
de John Cotton. Ele lia os livros escritos pelos seus dois avós. A vida caseira era
repleta de amor, carinho, livros, orações, estudo e muitas histórias sobre a
família. Cotton frequentemente via seu pai passar até dezesseis horas por dia
trancado no seu escritório preparando os seus sermões, que pregava de forma
poderosa e persuasiva. Cotton também ouvia as discussões do pai e de outros
ministros puritanos sobre as questões governamentais da colônia.
Aos 12 anos, Cotton já conseguia ler o Novo Testamento em grego. Naquele
mesmo ano, ele se matriculou no Harvard College. Pensando em se tornar um
médico, se inscreveu em aulas de ciência e medicina. Cotton tinha apenas 15
anos de idade quando se formou em Harvard. Quase que pressentindo, o
presidente de Harvard, Urian Oakes, predisse a importância de Cotton e suas
contribuições para a sociedade.
Dois anos após se graduar, Cotton pregou naquela que fora a igreja do seu avô
materno. Na semana seguinte, também pregou na Second Church de Boston, ou
North Church, como era chamada, no púlpito de Richard Mather, seu avô
paterno. Cotton fez todos esses sermões apesar do fato de ter se livrado do seu
problema de gagueira pouco tempo antes.
Embora lhe tenha sido oferecida uma posição na igreja de New Haven, em
Connecticut, Cotton decidiu aceitar uma posição como assistente na igreja de seu
pai. Durante muitos anos, os dois tiveram uma forte relação de trabalho. Mais
tarde, Cotton se inscreveu para um mestrado em Harvard, enquanto seu pai,
Increase, aceitou o convite para se tornar presidente dessa instituição.
Tenham muito cuidado para que vocês nunca se esqueçam das coisas que os seus olhos viram [...]. Contem-
nas a seus filhos e netos. Deuteronômio 4.9

Quando Increase Mather foi para a Inglaterra com o governador da Nova


Inglaterra, sir William Phips, Cotton passou a pregar com autoridade na igreja de
seu pai, para uma congregação de aproximadamente 1.500 pessoas. Quando
Increase retornou, ele e o filho depararam com o problema de acusações de
feitiçaria em Salem, situada a uns trinta e cinco quilômetros de Boston. Em
Salem, algumas meninas tinham sintomas de estarem enfeitiçadas, e a família
Mather foi trazida para analisar a situação. Embora puritanos e pastores, Cotton
e Richard eram homens da ciência. Haviam estudado fenômenos naturais e
sabiam que acontecimentos estranhos podiam ter outras causas além de
feitiçaria. Seus julgamentos ajudaram a amenizar a histeria. Increase escreveu:
“Muitas pessoas inocentes foram mortas por causa dessas supostas feitiçarias, e
muito sangue inocente já foi derramado”. Cotton concordava completamente e
advertiu contra “evidências especiais”, que nada mais eram do que a prática de
acatar o testemunho de alguém como um fato consumado. Cotton encorajou os
juízes a não lançarem mão da pena de morte, mas, em vez disso, dispersar as
supostas feiticeiras. Cotton até se ofereceu para levá-las para “tratamento” em
sua casa. O governador Phips, por fim, ordenou que as cortes fossem dispersas e
libertou as pessoas condenadas que restavam.
Em um artigo intitulado “A Father’s Resolutions”, Cotton escreveu: “Permita-me
orar diariamente pelos meus filhos com constância, perseverança e agonia. Sim,
pelo nome, permita-me mencionar cada um deles, todos os dias, perante o
Senhor. Suplicarei importunamente para que todas as bênçãos plausíveis lhes
sejam concedidas; que Deus lhes conceda a graça, lhes dê a glória e que não
resguarde deles nenhum bem”.
Cotton continuaria a ecoar seu legado familiar escrevendo inúmeras obras
científicas e religiosas, que iriam moldar e influenciar muitos americanos,
incluindo muitos dos pais fundadores da América. Ao compreender e fazer jus a
um bom nome, Cotton demonstrou a diferença que um nome pode fazer na vida
de uma criança.
*
Pais de influência deixam para os filhos uma rica herança.
Jimmy Russell Warren
Data desconhecida
Rick Warren. O pioneiro Jimmy Warren deu a seu filho Rick um exemplo
relevante de uma vida cristã, que iria moldar a sua filosofia ao criar a Igreja de
Saddleback e escrever Uma vida com propósitos.
Jimmy Warren nunca deu importância a títulos e cargos. Queria simplesmente
fazer o trabalho do Senhor. Oriundo do sudoeste dos Estados Unidos, no começo
da década de 1950 ele se mudou para a Califórnia a fim de ajudar como pudesse
o Seminário Teológico Batista Golden Gate.
Enquanto realizava essa tarefa, também trabalhou como pastor itinerante pela
área norte da Califórnia. Ele ansiava por alcançar aqueles que, de outra forma,
não ouviriam a mensagem do evangelho. Não se impor- tava em dirigir por
estradas montanhosas e cobertas de nevoeiro para chegar às igrejas mais
distantes.
Com o passar dos anos, Jimmy Warren se tornou muito conhecido no condado
de Sonoma e na área da grande San Francisco. A Convenção Batista do Sul da
Califórnia o indicou para ser diretor de missões da Associação Yokayo. Sua
função era ajudar outros pastores em seu pastoreio e a servirem de modo mais
eficaz às suas congregações.
Nessa época, a família Warren se mudou para Ukiah, na Califórnia, para o
Redwood Valley, no condado de Medocino. Ali, Rick, seu irmão, Jimmy Jr., e
sua irmã, Chaundel, iriam crescer e passar os seus anos mais significativos.
Sendo uma região rural com apenas alguns vinhedos e serrarias por perto, as
famílias tinham de ser autossuficientes. Por isso, os vizinhos, sempre que
necessário, se ajudavam mutuamente. Ukiah tinha grandes espaços abertos,
vizinhos prestativos e atenciosos, e boas igrejas: um lugar perfeito para criar
uma família.
Na década turbulenta de 1960, Jimmy Warren deu início a um movi- mento de
ministério para jovens, enquanto seu filho começou um ministério para os seus
colegas na Ukiah High School, denominado The Fishers of Men Club [Clube
dos Pescadores de Homens]. Por meio desse clube, ele produziu um musical
cristão, patrocinou concertos de rock depois das aulas e desenvolveu um jornal
cristão. Enquanto isso, Jimmy estava loca- lizando e contratando jovens pastores
para as diversas igrejas sob a sua supervisão. Também criou programas para a
juventude que procuravam passar um senso comunitário entre jovens de todas as
procedências.
No começo da década de 1970, Jimmy Warren organizou três igrejas na região
de Mendocino, uma delas na sala de estar da sua casa. Com o crescimento da
congregação, eles se mudaram para uma sala maior no andar de cima e depois
para outras acomodações. Por fim, a igreja, agora conhecida como Primeira
Igreja Batista de Rewood Valley, comprou um terreno para construir o seu
próprio templo. Anos mais tarde, Rick iria apascentar o seu rebanho do mesmo
modo, mudando constantemente de lugar, até assentar os 10 mil membros da
congregação em sua localização atual da Igreja de Saddleback.
Além das congregações e das igrejas, a família Warren também formou líderes,
especialmente entre os jovens. Por meio do ministério de Jimmy Warren, pelo
menos 25 membros do programa para jovens da Associação Yokayo se tornaram
pastores bem-sucedidos com as suas próprias igrejas. Atualmente Rick Warren
concentra seus esforços ministeriais mais na formação de novos líderes do que
em qualquer outra atividade. Tanto o pai quanto o filho aprenderam a formar
novos líderes mais rapidamente remo- vendo alguns dos obstáculos que
atrapalham o crescimento de uma igreja. Por exemplo, os Warren se certificaram
de que os pastores que estavam formando não tivessem de se preocupar com
tarefas como iniciar congregações e construções ou com a manutenção das
instalações da igreja.
Por fim, Jimmy Warren ensinou a seu filho a importância de ter uma boa mulher
e uma parceira no ministério. A mulher de Jimmy, mãe de Rick, Dot, conhecia e
entendia a Bíblia. Ela se esforçou para tornar seu lar um lugar acolhedor e
amigável onde ninguém se sentisse um estranho. Logo depois que Rick se
formou no ensino médio, ele se casou com sua namorada do colégio, Kay, uma
mulher que partilha dos ideais de sua sogra e acredita nos objetivos do ministério
do esposo.
Para tornar o ministério da Saddleback no que é atualmente, Rick teve de utilizar
muitas das mesmas estratégias e métodos que aprendeu com o seu pai ao longo
dos anos. Teve de estudar, estabelecer relacionamentos, formar líderes, delegar
responsabilidades, empolgar e encontrar continuamente novas e criativas
maneiras de melhorar seu ministério para atender às necessidades da
congregação, e se ater aos princípios bíblicos. E, em meio a tudo isso, seu
coração nunca se desviou da sua vontade de disseminar o evangelho e abraçar os
perdidos com as boas-novas de Jesus Cristo. No livro A Life of Purpose, o dr.
Miller, da Universidade do Sul da Califórnia, diz: “A Saddleback atende à
demanda dos consumidores adaptando seus cultos e seu estilo organizacional à
cultura atual, e não a culturas do passado”.
O best-seller Uma vida com propósitos, escrito por Rick Warren, surgiu do seu
desejo de alcançar as pessoas além da comunidade religiosa, os “sem-igreja”.
Percebendo a enorme quantidade de livros de autoajuda no sul da Califórnia,
Rick quis escrever um livro que fosse a antítese disso. As primeiras palavras do
livro são: “Não se trata de você”. A ideia central do livro é que, quando alguém
permite que Deus assuma o controle da sua vida, esta se torna plena e cheia de
recompensas. Fácil de ler, e escrito em capítulos que podem ser lidos ao longo de
quarenta dias, Uma vida com propósitos já foi lido por congregações de milhares
de igrejas nos Estados Unidos, de todas as denominações, e em outros países do
mundo para cujos idiomas seus livros têm sido traduzidos, uma resposta clara às
orações e esperanças de Rick.
Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus
preparou antes para nós as praticarmos. Efésios 2.10

Atualmente tanto Dot como Jimmy se graduaram para o céu, mas o seu legado
permanece na vida de um dos mais influentes e respeitados líderes cristãos dos
Estados Unidos. No seu leito de morte, Jimmy repetiu incessantemente: “Tenho
de salvar mais um para Jesus. Tenho de salvar mais um para Jesus”. Rick diz que
essa cena ainda é vívida em sua mente e que as palavras do seu pai o motivam
todos os dias.
*
Pais de influência encorajam os filhos a promover, inspirar e motivar a
comunidade cristã.
John Eareckson
Data desconhecida
Joni Eareckson Tada. Apesar de ter ficado quadriplégica por causa de um
acidente de mergulho em 1967, Joni Eareckson Tada foi capaz de encontrar a
alegria e um objetivo, graças ao exemplo do seu pai, Johnny.
Com o mesmo nome do pai, mas soletrado no feminino o-n-i, Joni Eareckson
nunca teve a intenção de se tornar uma defensora de Cristo perante a
comunidade dos deficientes. Mas, no dia 30 de julho de 1967, sua vida deu uma
virada drástica e inesperada. Em um passeio com a irmã à baía de Chesapeake,
ela mergulhou em um local raso e sofreu uma fratura quase fatal na coluna.
Subitamente se viu lançada sem cerimônia em um universo difícil e
amedrontador.
Durante os primeiros meses de crise após o acidente, sua família ficou a seu
lado. Seu pai lia para ela enquanto permanecia deitada na cama de tração, e,
quando ela decidiu que queria ler por conta própria, ele construiu uma pequena
bancada fixada na cama, onde ela podia ler e virar as páginas com uma varinha
na boca.
O primeiro livro que Joni pediu a seu pai que lhe trouxesse foi a Bíblia. Estava
desesperada para compreender por que aquilo havia acontecido com ela e como
sua vida poderia ter algum significado sob tais circunstâncias.
Durante os momentos de ócio, ela passava o tempo relembrando os dias felizes
antes do acidente. Pensava especialmente no seu pai, que tivera de superar sua
própria deficiência. Ele fora um campeão nacional de luta romana e ganhara,
com honras, cinco vezes o campeonato da YMCA [Associação Cristã de
Moços]. Ele chegou a ser indicado para a equipe olímpica americana de 1932.
Durante uma de suas lutas, seu adversário agarrou e torceu sua perna de tal
forma que fez Johnny mancar pelo resto da vida. Mas isso nunca o desanimou
nem o desencorajou a se casar, trabalhar, criar uma família e ser atuante na
igreja.
Joni também sabia que seu pai, Johnny Eareckson, era um romântico incurável e
um artista criativo, mas também o tipo de pessoa que estava sempre atualizado
em relação aos novos avanços tecnológicos. Ele não tinha receio de trabalhos
fora do comum ou cansativos, e até buscava esse tipo de serviço para aprender
coisas novas. Johnny adorava cavalos, esculpir, pintar e reformar casas. Joni
também iria desenvolver um amor por cavalos e pela arte. Johnny foi um
marinheiro e mais tarde dono e gerente de um rodeio. Ele dava valor ao caráter
das pessoas, à alegria pessoal e ao crescimento espiritual. Era um homem que
amava a vida.
Johnny amava tanto a sua família que construiu a sua própria casa e começou o
seu próprio negócio de forração de assoalhos para que pudesse passar mais
tempo com eles. Gostava de levá-los para passeios a cavalo e viagens para o
litoral. Seus filhos aprenderam a esperar por uma aula de geografia, geologia e
sobre a fauna de todos os lugares novos que visitavam.
Joni não conseguia se lembrar de uma vez sequer que o pai tivesse perdido a
paciência. Ele era sempre afável. Nada e ninguém jamais o tiraram do sério.
Durante a infância, os filhos de Eareckson evitavam “magoar o papai”.
Deixavam de fazer certas coisas não porque fosse errado ou questionável, mas
sim para não ferir o pai.
Mesmo com uma pessoa como essa a seu lado, Joni sentia dificuldade em lidar
com a dura realidade da sua situação. Alguns meses após o seu acidente,
submeteu-se a uma cirurgia na coluna. Talvez tenha sido nesse momento que ela
percebeu a natureza permanente da sua lesão. Logo depois da cirurgia, ela pediu
a uma amiga que colocasse um espelho na sua frente. Então, pela primeira vez
após o acidente, viu os efeitos devastadores da lesão sobre o seu corpo. Viu dois
olhos escuros e vidrados. Viu seu corpo emagrecido que uma vez pesara 65
quilos e agora pesava apenas 40. Viu sua pela amarelada e sua cabeça raspada. E,
por fim, viu os seus dentes, enegrecidos por causa dos medicamentos. Sentiu
ânsias de vômito. Queria morrer. Chegou a implorar a seus amigos que a
ajudassem a cometer o suicídio. Mas eles não o fizeram. Não podiam.
Johnny trouxe um pouco de esperança para a sua filha quando insistiu em tirá-la
do hospital e levá-la para casa no Natal. Então, ele a levou para o Rancho Los
Amigos, um centro de reabilitação em Los Angeles especializado em
tratamentos fisioterápicos de ponta. Joni ficou animada. Sentia, afinal, que talvez
pudesse melhorar um pouco. Ela conseguiu aprender a mover os ombros e os
braços, mas nunca recobrou o movi- mento das mãos ou das pernas.
A cada passo para a frente, seguia-se um duro revés. Mas Johnny continuamente
reiterava à sua filha, com um brilho nos olhos e o rosto cheio de amor, que ele
faria de tudo para ajudá-la. Ele lhe disse que o seu legado não era aquilo que
fazia com as mãos, as casas e os móveis que construía, mas sim sua família,
especialmente sua filha. Ele a fez lembrar de que Deus sabia o que estava
fazendo. Lentamente, com o passar do tempo, ela foi ganhando a força e a
coragem para seguir em frente.
No final, Joni encontrou a alegria de viver e também um objetivo. Ela percebeu
que poderia ajudar pessoas que estavam passando pelas mesmas dificuldades que
tivera de encarar. Em 1979, Joni criou o ministério
Joni and Friends para propagar o evangelho e equipar igrejas pelo mundo todo a
evangelizar e fazer discípulos entre pessoas portadoras de deficiência. Ao longo
dos anos, ela tem pregado sobre a vida e a sua plenitude, fazendo-se ouvir e
oferecendo respostas cristãs para questões controversas que afetam os
deficientes. O amor e o encorajamento de Johnny Eareckson não apenas
ajudaram sua filha a tomar as rédeas da sua vida, mas também tocaram a vida de
inúmeras outras pessoas que foram auxiliadas pelo ministério dela.
Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável, tuas obras são maravilhosas! Digo isso com
convicção. Salmos 139.14

*
Pais de influência dão aos filhos um senso de valor e um propósito que lhes
serão úteis na adversidade e nos seus momentos mais difíceis.
Wendell Ball Colson
1899–1974
Charles W. Colson. Wendell Colson teve apenas um filho, Chuck, mas ele lhe
ensinou a trabalhar com afinco e saber a diferença entre o certo e o errado,
características que o ajudaram a superar o período mais sombrio da sua vida
para, então, escrever mais de 20 livros enquanto liderava o Prison Fellowship,
um ministério para presidiários e suas famílias.
Quando Chuck Colson era uma criança, sua família, que morava em
Massachusetts, se mudou temporariamente para um estábulo reformado, de pé-
direito muito alto. Os beirais estavam repletos de morcegos; por isso, Chuck e
seu pai se posicionaram nos caibros do telhado, desligaram as luzes e abriram
fogo com suas espingardas calibre 22. Acertaram muitos morcegos, mas alguns
caíram por entre as vigas do teto e foram parar nos aposentos abaixo, alarmando
os outros hóspedes do estábulo. Após escrever sobre o assunto em uma redação
na escola, o professor lhe deu um A e disse que ele deveria se tornar um escritor.
Chuck Colson só iria escrever um livro trinta anos mais tarde, quando estava na
prisão.
Escritor, adido presidencial de Richard Nixon, pensador cristão e fundador do
Prison Fellowship, Chuck Colson amava e valorizava o seu pai, que considerava
ser o seu melhor amigo e a maior influência em sua vida. Chuck daria crédito a
seu pai pela sua ética exemplar no trabalho e pelo seu senso do que era certo e
errado.
Quando Chuck Colson nasceu, em 1931, a Grande Depressão assolava a
América. Entretanto, a família Colson nunca passou fome porque Wendell
conseguiu manter o seu emprego em uma indústria alimentícia durante toda
aquela década. No começo da década de 1940, durante a Segunda Guerra
Mundial, Wendell se tornou um supervisor contra ataques aéreos. Ele era
responsável por lembrar os moradores do bairro de que deveriam fechar as
cortinas de suas casas para que os aviões inimigos não pudessem ver as luzes do
alto. O próprio Charlie foi de casa em casa a fim de coletar dinheiro para a
compra de um jipe para o Exército dos Estados Unidos.
Huck, como seu pai preferia chamá-lo, já disse que foi o seu pai que lhe
transmitiu todos os valores básicos e que ele era o exemplo de diligência,
dedicação ao trabalho e patriotismo. No livro Charles W. Colson: A Life
Redeemed, um dos contemporâneos de Wendell o definiu como “uma das
pessoas mais corretas que já conheci [...] um homem que se parecia com um
urso, adorável, e com uma paciência e uma calma maravilhosas”.
Wendell também tinha um grande senso de humor. Adorava pregar peças na
família. Chuck herdou essa característica e, na adolescência, se meteu em
enrascadas por colocar barbantinho cheiroso dentro de salas de cinema, ou
esconder bolas de neve dentro dos bonés dos condutores de trem.
Chuck também se maravilha com as conquistas acadêmicas do pai. No começo,
Wendell abandonara o ensino médio para sustentar sua mãe viúva, mas mais
tarde ele fez um curso à noite para se tornar um CPA [Certified Public
Accountant – um contador público certificado pelo governo). Levou doze anos
para ser credenciado. Quando Chuck tinha 8 anos de idade, viu o pai, trajando a
roupa de formatura, receber o seu diploma da Northeastern Law Scholl. Mais
tarde, Wendell matriculou seu filho na Browne & Nicols, uma reconhecida
escola particular em Cambridge, Massachusetts.
Embora tenha sido aceito em Harvard, Chuck optou por estudar na Brown
University e conseguiu o seu diploma pela George Washington University, indo,
logo em seguida, servir na Marinha dos Estados Unidos. No final da década de
1960, ele se tornou um valioso ajudante do presidente Richard Nixon – leal até a
morte. Com sua feroz fidelidade ao presidente, ele diria ou faria qualquer coisa
para proteger seu chefe.
Colson era o braço direito de Nixon, e, quando a administração começou a
afundar na paranoia e em táticas questionáveis, ele seguiu o mesmo caminho.
Logo estava passando seu tempo a sós com Nixon, planejando as tramoias.
Colson se viu moralmente comprometido por suas conexões com o escândalo
Watergate.
A crescente pressão política e pessoal sobre a família Colson agravou os
problemas coronarianos do seu pai. Chuck visitou seu pai doente no hospital e
lhe disse que iria se livrar de todas as acusações, mas isso não aconteceu. Chuck
Colson foi preso em julho de 1974, e o choque foi grande demais para o velho
Colson. Wendell Ball Colson faleceu enquanto Charles cumpria sua pena na
prisão.
Pouco antes de ser preso, Chuck Colson havia entregado sua vida a Cristo,
instigado pelo seu amigo Tom Phillips, que lhe dera uma cópia do livro de C. S.
Lewis, Mere Christianity [Cristianismo puro e simples]. A conversão de Colson
foi verdadeira, mas ele havia ferido tanta gente que até os republicanos cristãos
duvidaram da sua sinceridade.
Na prisão, Colson viu a humanidade e a irmandade dos outros prisioneiros.
Achava que a filosofia de “tranque-os e jogue a chave fora” não era algo cristão.
Entendia que o objetivo deveria ser a reabilitação deles.
Em 1976, após cumprir oito meses de sua sentença de um a três anos, Colson
fundou o Prison Fellowship.
Atualmente a organização atua em 600 prisões espalhadas por 88 países. O
ministério com sede em Washington também oferece bolsas de estudo para ex-
presidiários, presta auxílio às famílias dos presos por meio do projeto Angel
Tree, e homenageia todos os anos cristãos socialmente ativos com o Prêmio Wil-
berforce.
Repreenda o homem de discernimento, e ele obterá conhecimento. Provérbios 19.25

Um amigo de ex-traficantes, assassinos, pervertidos, presidentes, senadores e


muitos outros, graças a seu trabalho humanitário e a seu ministério, Colson
conseguiu o respeito tanto de cristãos quanto de não- cristãos, usando os valores
que aprendeu com o seu pai para melhorar a vida de prisioneiros no mundo todo.
Pelo fato de tantas pessoas em Washington duvidarem da sua conversão ao
cristianismo, Chuck Colson escreveu o seu testemunho e sobre a sua prisão no
livro Born Again. Na dedicatória do livro, se lê: “Para o meu pai – cujos ideais
para a minha vida eu tentei, nem sempre com sucesso, realizar – e que me apoia
e me fortalece até hoje”. Desde esse primeiro livro, ele já escreveu mais de 20,
com vendas mundiais de mais de 10 milhões de exemplares, encorajando aqueles
que estão presos, seja no cárcere, seja nas cadeias do pecado.
*
Pais de influência ensinam aos filhos o que é certo e o que é errado.
Gene E. Peretti
Data desconhecida
Frank E. Peretti. Embora o autor Frank Peretti tenha sofrido abusos e
perseguições constantes dos seus colegas na escola, seu pai, Gene, lhe deu
refúgio dos seus temores e incutiu nele a confiança para se tornar um afamado
autor de obras de ficção cristã.
Conhecido pelos seus thrillers dramáticos com um enfoque cristão, a chegada de
Frank Peretti ao mundo foi tão empolgante quanto suas ficções. Frank nasceu no
Canadá, filho de um pastor, em meados de janeiro de 1951. Sua mãe, Joan,
começou a sentir as dores do parto às 11 horas daquela noite. Lá fora, uma
nevasca. O termômetro marcava 30 graus abaixo de zero. O jovem casal Peretti
não tinha telefone, portanto não podiam ligar para o médico a fim de avisar que
estavam chegando. Mesmo assim, por volta de 1 hora da madrugada, eles se
espremeram no seu Ford 1940 para percorrer os quase 80 quilômetros até o Galt
Hospital, em Alberta.
Fizeram uma rápida parada para deixar o seu primeiro filho na casa de um pastor
amigo. Cumprida essa missão, partiram novamente. Subitamente o carro
derrapou de lado, com o som de metal raspando em metal. Quando finalmente
pararam, Gene saiu do carro e descobriu que o pneu esquerdo dianteiro havia
praticamente desaparecido! Para complicar ainda mais a situação, ao fazer uma
busca intensa no porta-malas, ele percebeu que não tinha um macaco para trocar
o pneu. Mesmo assim, engenhosamente, usou uma caixa de ferramentas como
um ponto de apoio e, valendo-se de uma barra de metal como alavanca,
conseguiu levantar o veículo para que pudesse fazer a troca. Então, fazendo o
inimaginável, pediu a sua mulher, que agora se contorcia de dor, que usasse o
próprio peso para segurar a barra enquanto ele fazia a troca. Sabendo que esse
era o único jeito de fazer o carro funcionar para que pudessem chegar ao
hospital, ela concordou.
O casal e o médico chegaram bem a tempo para o parto de Frank Edward Peretti.
Mas algo estava errado. A cabeça do bebê não estava em uma posição normal.
Seu pescoço parecia estar estranhamente torto. O médico disse que não havia
nada de errado, mas claramente havia. Após vários exames, outros profissionais
diagnosticaram um higroma cístico, uma lesão causada por uma massa de tecido
linfático dilatado, mas o pessoal na sala de parto não fazia ideia do que se
tratava. O bebê e a mãe foram liberados, mas o pequeno caroço na lateral da
garganta da criança cresceu, em vez de diminuir. A família fez as malas e se
mudou para Seattle, para ficarem perto dos pais de Gene e do Children’s
Orthopedic Hospital que havia lá. Mal completou dois meses de idade, e Frank
teve de ser operado no pescoço. Então, a sua língua inchou e começou a expelir
uma secreção escura. Aos 4 anos de idade, Frank já sofrera sete cirurgias. Além
disso, a doença impedia-lhe o crescimento, embora os médicos afirmassem que
com o tempo ele cresceria. Gene arranjou um emprego na companhia Boeing e
protegia seu filho enfermo da melhor forma que podia. A vida para Frank era
suportável – até o dia em que foi para a escola.
Mas Deus escolheu o que para o mundo é loucura para envergonhar os sábios, e escolheu o que para o
mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte. 1Coríntios 1.27

Começou bem o jardim de infância, mas ao longo do ano surgiram as


provocações. No primeiro ano, Frank foi tão caçoado que ele esperava sua mãe
partir após deixá-lo na escola, dava meia-volta e retornava para casa. Os pais de
Frank reclamavam com os professores e com o diretor da escola, e a zombaria
cessava – por um tempo. Mas sempre recomeçava. O único alívio para o jovem
Peretti era em casa ou na igreja. Durante todo esse tempo, os pais de Frank
procuravam protegê-lo e o encorajavam a fazer atividades saudáveis e criativas.
Certa vez, Gene deixou que o filho pegasse umas ferramentas e pedaços de
madeira para construir um modelo do Titanic no quintal dos fundos da casa.
Deixava seus filhos construírem modelos de aviões na garagem. Jamais o sr.
Peretti disse a seus meninos que as ideias deles não iriam funcionar ou que eram
tolas.
A criatividade desfrutada por Frank Peretti e utilizada por ele como refúgio
daqueles que o atormentavam na sua infância é atualmente cana- lizada para os
seus livros de sucesso. O primeiro lançado foi um grande best-seller sobre
demônios e anjos, chamado Este mundo tenebroso. O segundo livro da série,
Este mundo tenebroso – Parte 2, também foi bem recebido. Suas personagens
baseadas na Bíblia ofereceram a milhões de cristãos uma melhor compreensão
do mundo espiritual que não vemos, mas que a Bíblia nos garante que existe.
Depois de escrever mais um livro relacionado ao mundo dos espíritos, O profeta,
ele explorou forças mais sinistras em uma cidade fictícia no livro O pacto.
Peretti escreveu mais alguns livros do gênero e, então, lançou sua biografia,
contando a história da sua infância atormentada, intitulada The Wounded Spirit.
Na dedica- tória se lê: “Para minha mãe e meu pai, que nunca deixaram de me
amar e me encorajar”.
*
Pais de influência ensinam os filhos a transformar a adversidade em força.
John Wesley Rice III
1923–2000
Condoleezza Rice. Criado com o preceito de que a melhor defesa contra o
racismo é o trabalho e a educação, John Wesley Rice deu a sua filha todas as
vantagens para ser bem-sucedida na vida. Condi iria se tornar a única mulher
negra na história dos Estados Unidos a ocupar o cargo de secretária de Estado.
Batizada com um nome derivado de um termo musical italiano, condolcecezza,
que significa “com doçura”, Condoleezza Rice, desde cedo, foi criada para o
sucesso e para grandes conquistas. Seus pais matricularam sua única filha para
ter aulas de piano aos 3 anos, e sua infância foi ocupada com aulas de balé,
patinação, lições em francês e espanhol, futebol americano, e um fluxo constante
de livros na sua mesa de cabe- ceira. Quando tinha 10 anos de idade, em 1964,
seus pais a levaram para um passeio educativo a Washington DC. Com os
museus, monumentos e lugares históricos que fazem parte da capital, a jovem
Condi (como seu pai a chamava) ficou empolgada e inspirada. Na Pennsylvania
Avenue, Condi olhou através das grades para a Casa Branca e seus pilares e disse
ao pai, como consta no livro Condi: The Condoleezza Rice Story: “Papai, hoje
não posso entrar ali por causa da cor da minha pele, mas um dia vou entrar
naquela casa”. Vinte e cinco anos mais tarde, ela estaria trabalhando quatorze
horas por dia como a principal assessora do presidente George H. W. Bush em
assuntos relacionados à então União Soviética.
Grandes realizações fazem parte da família Rice há décadas. Na época antes da
Guerra de Secessão americana, a família Rice era escrava, mas seus membros
não trabalhavam nos campos, o que significava que podiam ler e escrever. Seu
avô, Vovô Rice, foi aluno do Stillman College. Depois de formado, foi ordenado
pastor presbiteriano. Desde então, a família se manteve presbiteriana e com boa
educação. O pai de Condi foi encorajado a se sobressair nos estudos, e também
foi educado em um seminário. Ele fez uma pós-graduação e ocupou vários
cargos universitários. Foi também um homem muito influente na comunidade
negra de Birmingham, incentivando os jovens a superarem as limitações que a
segregação e o racismo impunham.
John Rice encorajou sua filha a ter a mesma filosofia de vida que ele recebeu.
Ela imitou a sua devoção por causas sociais, a força de seu caráter e a sua fé. Ela
se considera uma pessoa muito religiosa que veio ao mundo para ser uma eterna
otimista. Humilde em relação às suas realizações, considera-se apenas acima da
média em inteligência e, embora seja uma professora e uma administradora
acadêmica na Universidade de Stanford, ela diz reconhecer um verdadeiro gênio,
mesmo não sendo um.
Após um curto período como reitor no Stillman College, John Rice levou sua
família para o Colorado, onde fez uma pós-graduação em educação na
Universidade de Denver. Pouco tempo depois, lhe foi oferecido o cargo de
diretor assistente de admissão e também começou a lecionar. Seu curso se
chamava “A experiência dos negros na América”, e teve palestrantes ilustres
como Howard Robinson, diretor executivo do Congressional Black Caucus, e o
reverendo Channing Phillips, o primeiro negro a ser candidato à presidência dos
Estados Unidos. Condi frequentemente assistia às aulas para ouvir o seu pai e os
seus convidados. Em 1974, após cinco anos lecionando, John Rice foi
promovido de instrutor a professor adjunto de História.
Nesse mesmo ano, Condi se formou com louvor pela Universidade de Denver.
No ano seguinte, obteve o seu diploma de pós-graduação em política na Notre
Dame University. Em 1981, aos 27 anos de idade, ela já tinha o seu Ph.D. em
política internacional e era professora assistente de ciência política na
Universidade de Stanford.
Ela primeiro chamou a atenção do alto escalão da política quando o assessor de
segurança interna de Gerald Ford, Brent Scowcroft, ouviu uma de suas palestras
em 1987 sobre a ideologia soviética. Ficou tão impressionado com ela que foi
uma das primeiras pessoas que chamou quando precisou de um assessor para
segurança interna no primeiro governo Bush. Nessa ocasião, ela ganhou o
respeito dos seus colegas e se tornou uma amiga pessoal da família Bush.
Quando George W. Bush concorreu à presidência em 2000, ele pediu a Condi
que o ajudasse como assessora de política externa. Ela pediu um ano de licença
de Stanford, mas, quando ele se elegeu, seu pedido a ela foi ainda mais amplo.
Convidou-a para fazer parte do seu gabinete, a primeira mulher a assumir o
cargo de assessora de segurança interna. Após os acontecimentos de 11 de
setembro de 2001, suas habilidades se tornaram ainda mais importantes. Quando
Bush foi eleito para o segundo mandato, o secretário de Estado Colin Powell se
afastou do cargo, e Condi foi indicada para assumir o lugar dele. Após um
processo de posse rigoroso, ela foi efetivada no cargo pelo Congresso americano,
tornando-se a primeira mulher negra a ocupar essa posição.
Durante a juventude de Condi, seu pai foi um técnico de futebol americano. Ela
se apaixonou pelo jogo e por esportes em geral. Quando os títulos e as posições
no alto escalão do governo foram se acumulando, Condi manteve a humildade
dizendo que a realização dos seus sonhos não era na política, mas sim na
comissão da Liga Nacional de Futebol. Ela e o presidente Bush adoram
conversar sobre como o jogo é uma instituição americana, e ela é fascinada com
as comparações entre a história militar e a história do futebol americano.
Tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4.13

John Rice lhe deu quase tanta educação quanto ela recebeu nas salas de aula. O
pai de Condi Rice se assegurou de que ela não apenas se encaixasse na cultura
moderna, como também se tornasse uma de suas maiores influências. Pai
intelectual sem limites, ele ensinou à sua filha que ela poderia realizar qualquer
coisa que quisesse.
*
Pais de influência dizem aos filhos que eles podem realizar tudo aquilo que se
dedicarem a fazer.
Ettiénne Pascal
1588–1651
Blaise Pascal. Educado em casa por seu pai, Étienne, Blaise Pascal foi um dos
maiores matemáticos do mundo, que no fim da vida se tornou um cristão e um
renomado erudito religioso.
Nascido em Clermont-Ferrand, na região de Auvergne, na França, Blaise Pascal,
seu irmão e suas duas irmãs perderam a mãe, Antoinette Begon, quando Blaise
tinha apenas 3 anos de idade. Na época, Étienne Pascal era um juiz local e
membro da petite noblesse. Era também um cientista e um matemático que
contribuiu substancialmente para essas disciplinas ao decidir, enquanto servia em
um comitê científico oficial, se o esquema de Jean-Baptiste Morin para
determinar a longitude mediante o movimento da Lua era prático.
Quando Blaise completou 8 anos, a família se mudou para Paris. Lá, o patriarca
decidiu que ele próprio educaria o filho, que já naquela época demonstrava
habilidades intelectuais extraordinárias. Como o pai, o jovem Pascal demonstrou
grande aptidão para a matemática e para a ciência. Afinal, o jovem presenciava
as conversas frequentes de seu pai com os maiores matemáticos de Paris, como
Roberval, Desargues, Gassendi e Descartes.
Quando Blaise tinha 11 anos, escreveu um breve tratado sobre o som em objetos
vibratórios. Em vez de encorajar o filho, Étienne o proibiu de fazer outras
pesquisas matemáticas até que completasse 15 anos, para que pudesse se
concentrar nos estudos de latim e grego, matérias consideradas mais importantes
para os fundamentos da educação. Não obstante, o interesse de Blaise não pôde
ser sufocado, e um ano depois Étienne o surpreendeu escrevendo na parede, com
um pedaço de carvão, uma fórmula matemática – a soma dos ângulos de um
triângulo é igual a dois ângulos retos. Sabendo que não poderia e não deveria
controlar as inclinações naturais do aprendizado do filho, Étienne permitiu a
Blaise estudar Euclides, o pai da geometria.
Blaise mergulhou na matéria e considerou o trabalho de Desargues
especialmente interessante. Aos 16 anos, Pascal escreveu um ensaio sobre
cônicos, que foi o precursor do teorema de Pascal que é estudado até hoje por
eruditos da matemática. O trabalho era tão inteligente que Descartes, ao ver o
manuscrito, achou que ele fora produzido por Étienne, e não por seu filho.
Quando Blaise tinha 19 anos, Étienne trabalhava como um comissário de
impostos. Para demonstrar sua gratidão e apreciação pelo pai ter-lhe educado,
Blaise decidiu construir uma calculadora mecânica – atual- mente chamada de a
calculadora de Pascal ou Pascalina – capaz de somar e subtrair. O primeiro
protótipo tinha cinco discos que, quando girados para os números apropriados,
permitia a máquina fazer o cálculo, e a res- posta aparecia em pequenas caixas
no topo da calculadora. Blaise fez diversas melhorias em seu projeto durante a
década seguinte e construiu um total de 50 máquinas.
Em 1645, quando Blaise estava com 22 anos, Étienne foi ferido na coxa, e um
médico jansenista tratou dele. Jansenismo era uma forma de catolicismo que
enfatizava o pecado original, a depravação humana e a necessidade da graça
divina. Blaise teve longas conversas com o médico, e, como seu pai foi curado,
achou que o homem era digno de confiança. Blaise pediu emprestado ao médico
vários livros de autores jansenistas e passou pela sua “primeira conversão” a
Cristo.
Entretanto, Blaise não demonstrou imediatamente uma mudança duradoura na
sua vida e deixou de lado o seu interesse inicial pela religião. Durante essa
época, Étienne faleceu, e Blaise, recebendo a sua herança, passou a gastar
prodigamente e a levar uma vida desregrada.
Jacqueline, a irmã de Blaise, o repreendeu por suas atitudes libertinas e orou
para que se regenerasse. Depois disso, ele se afastou de sua vida mundana, mas
não se voltou para Deus até o final de 1654, quando sofreu um acidente na ponte
Neuilly. Os cavalos que puxavam sua carruagem caíram sobre o parapeito.
Felizmente as rédeas se partiram, deixando a carruagem pendurada pela metade
sobre a beirada da ponte. Embora sua vida tenha sido poupada, Blaise ficou tão
aterrorizado com a experiência que desmaiou, permanecendo inconsciente
durante quinze dias. Ao acordar, Blaise teve uma visão intensa. Ele descreveu as
cenas por escrito, que incluíam imagens de fogo e palavras fazendo referências
ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Concluiu citando um salmo sobre não se
esquecer da Palavra de Deus. Mais tarde, após sua morte, descobriu-se que ele
havia costurado o registro daquela visão dentro do seu casaco.
Com o fervor religioso revitalizado, Blaise passou a escrever. Sua primeira
grande obra literária sobre religião, Provincial Letters, foi escrita como uma série
de cartas a um amigo. O livro criticava a ética da época baseado em argumentos
dignos. O rei Luís XIV ficou exasperado e ordenou que todos os livros fossem
rasgados e queimados. Mas o uso do humor e da sátira pelo autor em seus
argumentos agradou ao público e mais tarde influenciou outros escritores
franceses, como Voltaire e Jean- Jacques Rousseau.
Blaise Pascal não conseguiu terminar a sua obra teológica mais influente, o
Pensées (Pensamentos), antes de morrer. O título original era
Ouçam, meus filhos, a instrução de um pai; estejam atentos, e obterão discernimento. Provérbios 4.1

Apologie de la religion Chrétienne, ou seja, “Apologia da religião cristã”. O


projeto final era apenas uma compilação de vários rascunhos com pensa- mentos
isolados sobre várias questões. Mas, quando foi publicado, tornou-se um
clássico, um marco na prosa francesa. Abordava temas como o infinito, a fé, a
razão, a alma e a matéria, sem, no entanto, oferecer nenhuma conclusão
definitiva, a não ser a graça de Deus.
Essas obras e o legado duradouro de Blaise Pascal – um dos maiores pensadores
do mundo ocidental – foram consequência direta da influência do seu pai na sua
educação. Ele expôs Blaise aos maiores tratados científicos e matemáticos do
seu tempo e o apresentou às mentes mais brilhantes da sociedade
contemporânea.
*
Pais de influência sabem que a educação começa em casa.
Bobby Bowden
Data desconhecida
Terry e Tommy Bowden. O adorado técnico do programa de futebol americano
do Estado da Flórida encorajou seus filhos, Terry e Tommy, a realizarem suas
próprias aspirações como técnicos de times universitários.
O técnico Bobby Bowden sabe vencer. O seu recorde com a equipe da
Universidade do Estado da Flórida é 286-75-4. Ele já ganhou dois campeonatos
nacionais – em 1993 e 1999 – e 12 campeonatos esta- duais. Em trinta anos
como técnico da Universidade do Estado da Flórida, ele perdeu em apenas uma
temporada, na sua primeira, em 1976. Ele é o único técnico da Divisão I-A na
história do futebol americano a conquistar 14 temporadas de dez vitórias
seguidas. Um dos mais bem- sucedidos vencedores das disputas amadoras, ele
tem uma porcentagem de 672 vitórias, com um recorde de 19-8-1. Suas 359
vitórias como técnico o colocam no primeiro lugar de todos os tempos da
Divisão I-A, tanto de técnicos atuais quanto passados. Com uma folha corrida
como essa, seus filhos poderiam ter certo receio de seguir os seus passos. E, de
fato, um deles teve.
O filho de Bobby, Terry, cresceu admirando o pai e queria ser como ele. As
realizações não eram a parte mais difícil. Como o pai, ele era excelente nos
esportes e nos estudos. Terry foi aluno da West Virginia University, onde jogou
na posição de running back no time de futebol americano em 1977-78. Também
pertencia à fraternidade Phi Kappa Psi e se formou com louvor em
contabilidade. Depois fez uma pós-graduação na Universidade de Oxford,
Inglaterra, e recebeu o seu doutorado pela Florida State University School of
Law.
Os receios de Terry surgiram quando lhe ofereceram a chance de ser o técnico de
futebol americano para o nível universitário. Em 1993, a Auburn University
precisava de um novo técnico principal. Essa escola, com um enorme e
tradicional programa nessa área, estava entre as primeiras colocadas do futebol
da Divisão I-A. Terry não fora técnico de nenhuma escola acima do nível I-AA,
mas mesmo assim conseguiu se vender como o homem certo para o cargo e
acreditava que fosse – pelo menos no princípio. Então, começaram as dúvidas.
No livro Winning Isn’t Everything, escrito pelos três Bowden, Terry conta sobre
os seus receios naquela época: “Estou realmente preparado para isso? Há algo
que as pessoas saibam sobre esse nível que eu não sei? A minha experiência com
os times menores vai funcionar com os times quase profissionais? ”.
Nesse momento, Bobby interveio e aliviou os receios do filho. Como treinador
de sucesso por tantos anos, ele sabia o que precisava ser feito e sabia que seu
filho tinha as qualidades necessárias. Bombardeou o filho com encorajamento e
positividade, revisou o seu programa de trabalho e aprovou o seu estilo.
Bobby encorajou Terry ainda mais ao comparar o futebol com o golfe. Mesmo
que você tenha uma ótima média durante a sua vida como jogador, não se pode
esperar que todas as vezes que estiver no campo fará um grande jogo. Alguns
dias, você fará mais pontos, outros nem tanto. Bobby lhe disse que em um ano
pode-se estar trabalhando como o técnico principal e em outro não passar de um
assistente. Altos e baixos, perdas e ganhos, tudo faz parte do jogo.
O irmão de Terry, Tommy, o instruiu sobre as complexidades de uma escola
grande como Auburn. Falou-lhe sobre a política do lugar, quem iria ficar do seu
lado e quem poderia ser um antagonista. Explicou sobre as peculiaridades de
montar um time, com quem poderia contar e quem deveria deixar de fora. Terry
absorveu tudo.
Naquele primeiro campeonato de 1993, em Auburn, Terry liderou o Tigers em
uma temporada perfeita de 11-0. Infelizmente o time estava impedido de jogar os
jogos pós-temporada por causa de infrações come- tidas sob o comando do
técnico anterior. Terry Bowden prosseguiu na sua liderança do time e iria manter
uma sequência de vitórias até o final da temporada de 1994 contra o Alabama,
seu maior rival. O time da Auburn terminou as duas primeiras temporadas com
um recorde de 20-1-1, a mais longa sequência de vitórias na história do time de
futebol daquela universidade.
Em 1998, Tommy se tornou o técnico principal da Clemson University, na
Carolina do Sul. Desde a sua chegada até a temporada de 2005, Tommy jamais
perdeu mais jogos do que venceu. Já foi homenageado duas vezes com o Prêmio
ACC [Association for Community Colleges] de Técnico do Ano. Em 2004, ele
se tornou o primeiro técnico na história da NCAA [National Collegiate Athletic
Association] a bater o recorde de dois outros técnicos, cada um com 200 ou mais
vitórias na carreira, dentro de apenas um mês. Um desses técnicos foi Lou Holtz,
que liderou a Universidade da Carolina do Sul. O outro foi seu pai, Bobby
Bowden, da Universidade do Estado da Flórida. Além disso, Tommy Bowden
quebrou 46 recordes universitários com o seu time no primeiro ano como
técnico. Tommy agradece a seu pai o apoio e sua grande liderança durante todos
esses anos.
Bobby Bowden ainda é o técnico da Universidade do Estado da Flórida,
conquistando vitórias e encorajando a sua família e o seu time. Por ser uma
pessoa tão exemplar, dentro e fora do campo, o Fellowship of Christian Athletes
criou, em 2004, o National Bobby Bowden Award [Prêmio Nacional Bobby
Bowden], que é concedido uma vez por ano a um jogador por suas realizações
em campo, nos estudos e na comunidade como um exemplo íntegro de caráter
cristão. Além dos seus filhos, Terry e Tommy, Bobby procura estimular muitos
outros como coautor de livros sobre liderança, sabedoria e coragem.
Ele ri do medo e nada teme; não recua diante da espada. Jó 39.22

*
Pais de influência aliviam os receios dos filhos.
Tim Russert
Data desconhecida
Tim Russert Jr. Jornalista veterano e apresentador do programa da NBC Meet the
Press, Tim Russert admirava tanto seu pai que escreveu dois livros sobre a
sabedoria e as lições paternas.
O comentarista político da TV Tim Russert Jr. e seu pai sempre foram muito
ligados, mas nem sempre demonstravam sua afeição abertamente.
Há vários anos, tudo isso mudou com um seriado da rede de TV americana NBC
chamado Going Home. O programa era sobre os novos âncoras da rede
televisiva e sobre suas experiências e pessoas que moldaram suas vidas nas suas
cidades natais. Tim Jr. viajou para a American Legion Post 721 [Associação de
Veteranos de Guerra Americanos], no sul de Buffalo, e lá participou de um
encontro com o seu pai e os companheiros de guerra dele. Conversaram sobre a
vida em família e sobre a Segunda Guerra Mundial. Com as câmeras girando,
Tim Jr. espontaneamente colocou sua mão sobre o ombro do pai e lhe disse
quanto o admirava. O público telespectador ficou tão emocionado que a NBC foi
inundada com cartas e telefonemas. Ao ler as cartas e atender às ligações, o
relacionamento de Tim Jr. com o pai se fortaleceu mais ainda.
Um paraquedista durante a guerra, Tim Russert Sr. quase não teve filhos. Em
outubro de 1944, perto de Insdale, na Inglaterra, o bombardeiro em que estava
viajando caiu. A aeronave estava circulando, preparando-se para aterrissar em
meio a uma chuva torrencial e ventos uivantes. Ansioso para pousar o avião, o
piloto se aproximou demais do solo, e uma das asas bateu no chão, fazendo a
aeronave capotar e pegar fogo. Alguns homens foram lançados para fora,
incluindo Tim, mas oito tripulantes morreram instantaneamente e mais três no
dia seguinte.
Mais tarde, Tim Sr. iria fixar residência no sul de Buffalo, Nova York, em um
bairro ocupado principalmente por católicos irlandeses. Ele e sua mulher se
tornaram os pais de três meninas e um garoto, Tim Jr., o segundo a nascer. Tendo
os dois homens da família o mesmo nome, as pessoas os distinguiam chamando-
os de Tim e Timmy, mas, quando o filho completou 10 anos, começaram a
chamá-los de Big Tim e Little Tim. Mais tarde, quando Little Tim estava com
1,90 m, na faculdade, os apelidos passaram a ser Big Russ e Tim.
Little Tim foi um menino sempre à procura de aventuras e tentado pelas
travessuras. Entretanto, quando acontecia algum problema, Big Tim estava
sempre lá para ensinar ao filho uma lição – como, por exemplo, o modo correto
de usar um bambolê, ou qual o comportamento adequado quando se quebra a
janela do vizinho com uma bola de beisebol, e como se livrar de forma
apropriada dos cacos de vidro.
Big Tim também ensinou o filho a atirar em ratos e manusear fogos de artifício
com segurança. Insistia em que o garoto se dirigisse aos mais velhos com
respeito – nunca pelo primeiro nome. Ensinou-lhe como dar um aperto de mão
firme ao cumprimentar as pessoas e a importância das boas maneiras. Além
disso, também lhe ensinou a respeitar e honrar os veteranos, não apenas no Dia
do Soldado, mas durante o ano todo.
O patriarca Russert tinha dois empregos e esperava de seus filhos o mesmo
empenho no trabalho. Todas as noites, eles faziam os seus deveres de casa e em
geral tiravam boas notas. Quando ficavam entre os primeiros da turma, coisa que
Tim Jr. frequentemente fazia, Big Tim lhes dizia que não contassem vantagem
nem humilhassem os outros.
Tim Jr. estudou na John Carol University, em Cleveland, e depois cursou direito
no Cleveland-Marshall College of Law, na Cleveland State University. Admitido
pela Ordem dos Advogados em Nova York para o distrito de Colúmbia, Tim Jr.
foi chefe de gabinete do senador democrata Daniel Patrick Moynihan de 1977 a
1982, e mais tarde foi conselheiro do governador de Nova York, Mario Cuomo,
de 1983 a 1984.
Naquela época, Tim conheceu Larry Grossman, presidente do jornalismo da
NBC, e foi contratado pela rede de TV. Sua primeira grande tarefa foi convencer
o papa a aparecer no programa Today. Big Tim insistiu em que o filho escrevesse
uma carta em polonês, língua natal do papa. A estratégia deu certo, e o papa
concordou em aparecer no programa, o que deu grande prestígio a Tim dentro da
emissora.
Um bom exemplo da influência de Tim Sr. sobre o filho é o que aconteceu na
noite das eleições de 2000. Tim Russert Jr. estava com Tom Bro- kaw nos
estúdios da NBC conversando sobre os resultados estaduais da corrida
presidencial entre George W. Bush e Al Gore. Conforme os resultados iam
chegando, Tim anotava os nomes dos Estados em um bloco de papel. Depois
mostrava o bloco às câmeras e explicava ao público o que estava acontecendo.
Tim estava pensando em seu pai, que sempre usava um bloco para fazer as suas
contas e o orçamento do mês. Nos dias seguintes, a NBC foi muito elogiada
pelos telespectadores, que gostaram da forma simples utilizada por Tim para
mostrar os resultados de uma eleição muito complicada.
Em 2004, Tim Jr. escreveu Big Russ and Me, uma biografia best-seller sobre sua
infância e a vida com o seu pai. Na introdução, ele diz: “Aprendi tanto com Big
Russ e sou tão grato a ele que resolvi escrever este livro sobre nós dois, bem
como sobre outros professores importantes na minha vida que reforçaram os
ensinamentos do meu pai e também me mostraram algumas coisas novas [...].
Espero que este livro seja um estímulo para que os leitores pensem sobre o que
aprenderam com os seus pais. Tudo que realizamos e tudo em que nos tornamos
é por causa deles”.
Eles responderam: “Teu servo, nosso pai, ainda vive e passa bem”. E se curvaram para prestar-lhe honra.
Gênesis 43.28

Com a grande venda do livro para o público americano, Tim Jr. recebeu mais de
60 mil cartas dos leitores. Queriam partilhar as suas histórias, as experiências e
as lições que receberam dos seus pais. Tim Jr. ficou tão comovido com o que leu
que lançou uma compilação de algumas das cartas que recebeu no livro Wisdom
of Our Fathers: Lessons and Letters from Daughters and Sons. O jornalista deu a
essas vozes a oportunidade de se expressarem publicamente e,
consequentemente, criou um fórum de amor, respeito e apreciação pelos homens
que, como Big Russ, não apenas colocaram filhos no mundo, mas lhes deram as
ferramentas para viver nele.
*
Pais de influência ensinam os filhos a honrá-los.
Ellis Roberts
1881–Data desconhecida
Oral Roberts. Ele próprio um evangelista plantador de igrejas, Ellis Roberts
ensinou ao filho, que na adolescência teve tuberculose, a crer em Cristo e em seu
poder de cura. Após uma recuperação miraculosa do que parecia ser uma doença
fatal, Oral tornou-se um conhecido pregador mundial e fundou uma universidade
e um hospital cristãos.
O último de cinco filhos, em 1918 nasceu Oral Roberts, filho de Ellis, um galês
nascido na América, e Claudius, uma índia cheroqui. Na época, a Primeira
Grande Guerra estava terminando, e uma epidemia de gripe matava milhares em
várias partes da América, embora não tivesse afligido a família Roberts em Ada,
Oklahoma.
Ellis construíra uma nova igreja e tinha uma pequena congregação em Ada. Foi
lá que Oral conheceu Jesus pela primeira vez. Para a família Roberts, Jesus não
era apenas uma personagem histórica, mas uma pessoa viva e real que queria se
relacionar com todos. Oral e seu irmão, Vaden, frequentemente acordavam às 5
horas da manhã por causa das orações de seus pais vindas do outro quarto. Certa
manhã, Oral ouviu seus pais orarem especificamente por ele. Nunca se esqueceu
disso.
Ellis Roberts recebera uma educação limitada, mas tinha um desejo ardente de
pregar o evangelho, organizar igrejas e ganhar almas. Ele decorava grandes
partes da Bíblia. Passava horas todos os dias estudando a Palavra de Deus. Sua
aptidão natural para a oratória, sua unção espiritual e sua vida fervorosa de
oração contribuíram para as suas habilidades como pastor. Era muito requisitado.
Com um legado como esse, nada mais natural do que Oral se tornar um grande
orador também. Mas na infância teve problemas de fala. Ele gaguejava.
Ellis Roberts também acreditava em curas. Orava por elas e pregava sobre elas.
Ele e a mulher frequentemente dedicavam-se a um ministério de cura. Após as
pregações de Ellis, Claudius colocava as mãos sobre os doentes e acreditava que
Deus as estava curando. Se a cura não acontecesse, Ellis recomendava que
consultassem um médico ou tomassem remédios. Para a família Roberts, tanto a
ciência médica quanto as curas sobrenaturais eram dádivas de Deus.
Quando Oral era jovem, seu pai construía caramanchões feitos de folhagens.
Eles cortavam árvores novas e delas faziam varas de suporte, e criavam uma
treliça de galhos para servir de teto. Ao anoitecer, eles estavam prontos para
fazer seus cultos sob essas estruturas. Oral sempre comparecia, junto com os
irmãos, a essas reuniões da igreja.
Aos 16 anos, Oral fugiu de casa. Estava cansado da pobreza por ser filho de um
pastor. Entretanto, mesmo estando longe de casa, vivendo em pecado e
arrumando confusões, ele ainda se lembrava de coisas que o pai falava durante
os sermões. Ainda assim, Oral continuou com sua vida desregrada e libertina,
arranjando encrenca e dormindo apenas quatro horas por noite.
Durante o período em que Oral esteve perdido, ele contraiu tuberculose. Muitos
dos parentes índios de sua mãe haviam sucumbido a essa doença, incluindo o seu
avô materno, aos 52 anos, e as suas tias quando ainda eram adolescentes. Sua
mãe sempre se preocupara porque, por ser pequeno e frágil, ele poderia estar
vulnerável à doença.
Em um jogo de basquete, Oral desmaiou, e o treinador do time o levou para casa.
Na sua chegada, Ellis pegou o filho no colo e o levou para dentro de casa. Oral
estava praticamente inconsciente e com hemorragia nos dois pulmões. Na cama,
Oral tossiu e cuspiu sangue a noite inteira. Ellis chamou o médico, que veio
correndo e examinou o jovem doente. Então, Ellis e Claudius oraram
fervorosamente por seu filho.
Os pais não tentaram enganar Oral. Explicaram-lhe que estava no estágio final
da temida doença – sua única esperança era o poder de cura de Cristo. Dia após
dia, durante o seu sofrimento, Oral se lembrava de uma passagem das Escrituras
sobre a qual seu pai pregara. Tratava-se de Romanos 2.4: “A bondade de Deus o
leva ao arrependimento”.
Certa manhã, Ellis se ajoelhou ao lado da cama de Oral, disse-lhe que iria orar
por ele e que não pararia até que tivesse entregado seu coração a Jesus. Oral não
suportou ver seu pai tão transtornado e clamou para que Jesus o salvasse. Então,
Oral sentiu a presença de Deus, e, com ela, a força retornou a seu corpo
combalido. Ele começou a melhorar. Com o passar do tempo, sua saúde foi
restaurada completamente – até sua gagueira sumiu.
Anos mais tarde, Oral iria fundar a Associação Evangélica Oral Roberts. Com
esse grupo, ele realizou mais de 300 cruzadas evangelísticas e de cura por todo o
mundo. Também participou como orador convidado em centenas de reuniões e
convenções internacionais. Em 1963, ele sentiu que Deus o estava chamando
para fundar a Universidade Oral Roberts. No centro do campus da universidade,
ele mandou construir uma torre de oração, e até hoje um grupo de voluntários
faz orações ininterruptas para atender a milhares de pedidos recebidos pela
universidade.
Em sua autobiografia, Expect a Miracle, Oral escreveu: “A bondade infatigável
do meu pai significou muito para mim. Seu ódio por dívidas, sua palavra de
honra, sua integridade intocável e o seu amor por Deus e pela Bíblia ocupavam
um lugar mais importante na minha mente do que poderia imaginar”.
Jesus ia passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do
Reino e curando todas as enfermidades e doenças. Mateus 9.35

Ellis Roberts nunca deixou de acreditar no filho. Continuamente intercedendo


por ele perante Deus, não apenas viu o Senhor curar e sal- var o filho, mas
também viu o filho se tornar um instrumento de Deus na construção de um
ministério de cura mundial e de uma instituição educacional evangélica chamada
Universidade Oral Roberts.
*
Pais de influência oram pelos filhos e os encorajam a buscar o poder de cura de
Cristo.
Walter Payton
1954–1999
Jarrett Payton. Um dos grandes jogadores da NFL [National Footbal League –
Liga Nacional de Futebol Americano], do Chicago Bears, Walter Payton morreu
aos 45 anos de idade, vítima de uma rara doença no fígado e de câncer. Na
morte, como na vida, ele ensinou a seu filho, Jarrett, como se comportar com
dignidade e honradez.
Em 1977, Walter Payton foi eleito o jogador mais valioso da NFL. Uma
inspiração e um herói para todos, sua ética no trabalho foi demonstrada naquele
ano quando, mesmo com uma séria gripe, ele percorreu mais de 275 jardas
contra o time Minnesota Vikings. Dois anos depois, em 1979, a vida não poderia
ser melhor para o jogador até que seu pai, Edward, morreu subitamente de um
aneurisma cerebral. A vida de Walter desmoronou. Ele se arrependia de não ter
falado com o pai e por não ter passado mais tempo com ele. Fez uma promessa
de que jamais deixaria os seus filhos, Jarrett e Brittany, com o mesmo remorso.
Vinte anos mais tarde, Walter foi diagnosticado com uma doença rara do fígado
que tragicamente se degenerou em um câncer terminal.
Em janeiro de 1999, Jarrett estava prestes a se formar na St. Viator High School,
em Chicago. Ele fora eleito pela revista Sporting News o quinquagésimo oitavo
melhor jogador de futebol americano do ensino médio nacional. Uma coletiva de
imprensa foi marcada com o intuito de anunciar qual seria a universidade que ele
iria cursar. Jornalistas esportivos de todos os noticiários locais estavam
presentes. Assim como Walter Payton. Embora Jarrett tenha anunciado que iria
cursar a Universidade de Miami, os jornais matinais praticamente ignoraram o
fato. Em vez disso, comentaram quão combalido era o aspecto de Walter. E, de
fato, o homem anteriormente robusto havia perdido muito peso, e seu rosto
estava coberto de reações alérgicas.
Um mês depois, com Jarrett a seu lado para apoiá-lo, Walter fez uma declaração
oficial para a imprensa de que estava sofrendo de uma doença rara. Sua única
opção era um transplante de fígado. Walter e sua família foram apoiados por
todos. Nos meses seguintes, pai e filho tiveram longas conversas. Falavam sobre
estabelecer metas e como alcançá-las. Sobre futebol e como manter um espírito
competitivo. Mas principalmente conversavam sobre a família, Deus e como
partilhar as suas bênçãos com os outros.
Doze anos antes, em 1987, Walter fora um veterano jogador de futebol
americano. Estivera na NFL por treze anos, muito mais tempo do que a maioria.
Embora ainda se sentisse competitivo, não era mais tão rápido quanto costumava
ser e sabia que o seu tempo como profissional era curto. Quando Neal Anderson
foi contratado para o time de Chicago e preparado para assumir o lugar de
Walter, não foi algo fácil de lidar, mas ele não criou caso. O veterano aceitou
Neal como um amigo, ensinou-lhe todos os truques e o protegeu.
Walter se aposentou depois daquela temporada, e Jarrett, então com 6 anos de
idade, ouviu seu pai fazer um discurso de despedida durante o intervalo do
último jogo da temporada. Foi um discurso breve. Walter simplesmente disse
que jogava futebol porque adorava o jogo. Era divertido. Também agradeceu aos
fãs por terem-no apoiado durante todos aqueles anos.
Em 1987, o Bears marcou 14-3 e acabou enfrentando o Washington Redskins na
primeira rodada das finais. Neal Anderson foi contundido, e por isso Walter foi
escalado para correr com a bola. Ele percorreu 85 jardas em 18 jogadas, seu
melhor desempenho naquele ano. O ’Skins venceu por 21-17, mas o Bears
terminou o jogo com a bola nas mãos de Walter.
No final daquele jogo derradeiro no estádio Soldier Field, Walter Payton sentou-
se no banco de reservas depois que todos já tinham saído do estádio e saboreou o
seu último momento como um jogador do Chicago Bears.
Durante as décadas de 1980 e 1990, pai e filho frequentemente expressavam
respeito e admiração mútuos. Walter dizia que Jarrett era uma tremenda alegria e
inspiração, enquanto Jarret declarava que o seu pai era o maior exemplo e seu
melhor amigo.
Walter achava que todas as crianças são os mais preciosos recursos que um país
pode ter. Ele as comparava à colheita de um fazendeiro, que precisa ser cultivada
e fertilizada. Dizia que elas precisam de tempo e atenção porque são mais
importantes do que qualquer colheita ou qual- quer fazenda.
Quando Walter morreu, em novembro de 1999, no primeiro ano de faculdade de
Jarrett, ele contou esta história sobre seu pai, registrada na autobiografia de
Walter, Never Die Easy: “Quando eu era garoto, meu pai tinha um apito. E,
sempre que precisava de mim, ele apitava. Não importava onde eu estivesse, no
quintal, no campo de futebol, sempre ouvia o seu apito e, quando o ouvia, sabia
que era algo importante. Sempre me chamava a atenção e foi algo que me
condicionou, como um cachorro atende a um assobio. E isso era típico dele.
Como se estivesse me dizendo:
‘Vá em frente, realize um bom trabalho, seja o meu representante e faça tudo que
eu lhe ensinei’. Lembro-me de um jogo contra o time do Boston College e, por
alguma razão, eu estava parado em uma das laterais, ouvi o apito e me virei.
Sabia que meu pai estava em casa assistindo ao jogo, mas ainda assim fiquei
procurando por ele, tentando descobrir onde ele estava. Sei que nunca vou
esquecer daquele momento”.
Depois de uma carreira excepcional como jogador de futebol universitário,
Jarrett se formou na Universidade de Miami, e foi convocado para jogar na NFL,
no Tennessee Titans, na mesma posição de seu pai.
Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. 2 Timóteo 4.7

Jarrett Payton perdeu o pai cedo demais, mas terá sempre a herança que ele lhe
deixou – encarar as circunstâncias da vida, e da morte, com decoro e estilo, do
jeito que ele viveu dentro e fora dos campos de futebol.
*
Pais de influência ensinam os filhos a terminar bem.
Charles Phillip “PA” Ingalls
1836–1902
Laura Ingalls Wilder. Charles “Pa” Ingalls ensinou sua família, inclusive sua
filha, a escritora Laura Ingalls Wilder, a embarcar em novas aventuras, brava e
corajosamente.
Apesar dos horrores da Guerra de Secessão, o presidente Abraham Lincoln ainda
levava em consideração a esperança de muitos americanos – uma casa e terras
próprias. Em 1862, ele assinou a lei denominada Homestead Act. Era uma
oportunidade de reivindicar terras desocupa- das pertencentes ao governo dos
Estados Unidos – de graça! Além do rio Mississippi para o oeste, havia milhares
de acres. Nas planícies, o solo era negro e fértil. Qualquer americano com mais
de 21 anos podia reivindicar terras do governo. Cinco anos após a assinatura
dessa lei, Laura Ingalls nasceu nas florestas de Wisconsin. Seu pai, Charles (ou
“Pa”, como era chamado pelas crianças), queria se mudar com a sua jovem
família para o Oeste e conseguir o seu pedaço do sonho americano.
Charles não era originário de Wisconsin. Viera de Nova York e se mudara para o
Oeste com a sua família de oito irmãos quando ele tinha 9 anos. A princípio, eles
se estabeleceram em Illinois, mas depois segui- ram para o norte, até Wisconsin.
Lá, os meninos da família trabalhavam em uma fazenda, enfrentando novos
desafios e novas dificuldades com engenhosidade. Durante os momentos de
lazer, Charles gostava de contar histórias e tocar o seu violino.
Em 1868, quando Laura era apenas um bebê, Charles e sua mulher, Caroline,
venderam sua casa na floresta e rumaram para o Kansas, para as planícies. Eles
viajaram em carroças puxadas por cavalos, cheias com tudo que podiam
carregar, e com Jack, o cão buldogue da família, cor- rendo ao lado da caravana.
No caminho, a família enfrentou muitas dificuldades. Tiveram de fazer travessias
precárias em rios perigosos e, muitas vezes, viajavam por muitos quilômetros
sem encontrar nenhum outro ser humano. Outras vezes, chovia tanto ou o calor
era tão forte que a viagem se tornava quase insuportável. Mas a mãe cozinhava
boas refeições quando acampavam à noite, e Pa tocava alegremente seu violino.
Quando finalmente chegaram ao Kansas, os Ingalls escolheram um pedaço de
terra que pensavam estar disponível para assentamento, e Charles imediatamente
começou a tarefa de trazer toras de madeira das encostas de um córrego
próximo. A cabana já estava construída quando se deram conta de que aquela
terra jamais seria deles – pertencia aos índios osages. Sem saber, eles haviam
avançado sete quilômetros para dentro da reserva indígena daquela tribo.
Certo dia, um índio osage chegou à cabana dos Ingalls. Inicialmente não sabiam
se ele era amistoso ou não. Apesar da barreira linguística, a família
corajosamente travou contato com o osage e descobriu que ele era muito curioso.
A mãe lhe deu uma broa de milho, e o índio foi embora, alimentado e feliz.
Entretanto, esse novo lar não duraria muito. Não lhes foi permitido permanecer
em terras indígenas, e um outro fator também complicava a situação. O
comprador da casa da família em Wisconsin escreveu para dizer que queria
desfazer o negócio. Portanto, quando Laura tinha 4 anos, a família Ingalls fez as
malas e se mudou de volta para Wisconsin – apenas temporariamente.
Passados dois anos, Pa queria novamente ir em direção ao Oeste. Pela segunda
vez, vendeu sua fazenda em Wisconsin, e dessa vez a família se dirigiu para o
oeste de Minnesota. Eles compraram uma propriedade pró- xima a Walnut
Creek, em uma cidadezinha chamada Plum Creek. A primeira casa foi construída
na terra, apenas um buraco no solo, com paredes revestidas de relva e um teto
feito de palha. Precisavam construir uma casa de verdade, mas, ao contrário das
suas terras em Wisconsin e no Kansas, a propriedade de Minnesota não tinha
árvores.
Charles conseguiu crédito para comprar madeira, que chegou por ferrovia, mas,
antes que a família pudesse se assentar em seu novo lar, ocorreu outra catástrofe.
Uma nuvem espessa de gafanhotos baixou na pradaria e devorou tudo que fora
plantado. Quando um novo colono fez uma oferta pela casa, Charles aceitou.
Por fim, a família se estabeleceu em De Smet, território de Dacota do Sul, e
tiveram muitas outras aventuras juntas. Laura se educou e trabalhava como
costureira e professora, mas deixou de lecionar em 1885 para se casar com o
fazendeiro Almanzo Wilder. Logo tiveram uma filha, Rose. Embora Laura ainda
viesse a viajar bastante e publicar alguns artigos uns vinte e cinco anos mais
tarde, foi somente na década de 1930 que ela escreveu a sua adorável série
intitulada Little House.
Ao longo de sua vida, Laura Ingalls Wilder morou em Wisconsin, Minnesota,
Dacota do Sul, Iowa, Missouri, Kansas, Califórnia e Flórida. Ela percebeu que as
viagens e o estilo de vida pioneiro de sua juventude eram algo único e especial.
Poucos haviam visto tantos lugares diferentes e presenciado tamanhas mudanças
no curso de uma vida. Percebendo que os jovens e gerações futuras poderiam
apreciar as histórias da sua juventude, Laura, já uma senhora de idade, escreveu
nove romances, incluindo os aclamados livros Little
House in the Big Woods e Little House on the Prairie. Até hoje, encantando e
divertindo os leitores, as histórias também foram adaptadas para uma série de
televisão, que ainda é reprisada.
Então o Senhor disse a Abrão: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá
para a terra que eu lhe mostrarei”. Gênesis 12.1

Pa Ingalls tinha uma coceira no pé e não gostava de ficar muito tempo em um só


lugar. Ele adorava as grandes planícies onde muitos acres de plantações podiam
crescer em abundância. Ao desenraizar a sua família e levá-la de um lado para o
outro do país, ele a ensinou a ser flexível, corajosa, engenhosa e aventureira. Por
meio de suas lembranças e do seu dom para contar histórias, ele também
encorajou sua filha a contar sobre esse tipo de vida em seus romances históricos.
*
Pais de influência ensinam os filhos a aceitar mudanças.
Os vivos, somente os vivos, te louvam, como hoje estou fazendo; os pais contam a tua fidelidade a seus
filhos.
Isaías 38.19
Apóstolo Paulo
Atos 9.1-22
Cristãos do novo testamento. Ele perseguia aqueles que depositavam a sua fé em
Jesus Cristo, mas, quando confrontado com a verdade, tornou-se um cristão.
O apóstolo Paulo plantou e cuidou das primeiras igrejas daqueles que creram em
Jesus. Suas cartas endereçadas a elas, que consistiam em instruções e
encorajamento na fé, agora formam dois terços do Novo Testamento.
Enquanto isso, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do
Senhor. Dirigindo-se ao sumo sacerdote, pediu-lhe cartas para sinagogas de
Damasco, de maneira que, caso encontrasse ali homens e mulheres que
pertencessem ao Caminho, pudesse levá-los presos para Jerusalém. Em sua
viagem, quando se aproximava de Damasco, de repente brilhou ao seu redor uma
luz vinda do céu. Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo,
Saulo, por que você me persegue? ”
Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor? ”
Ele respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você persegue. Levante-se, entre na
cidade; alguém lhe dirá o que você deve fazer”.
Os homens que viajavam com Saulo pararam emudecidos; ouviram a voz mas
não viam ninguém. Saulo levantou-se do chão e, abrindo os olhos, não conseguia
ver nada. E os homens o levaram pela mão até Damasco. Por três dias ele esteve
cego, não comeu nem bebeu.
Em Damasco havia um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou numa
visão: “Ananias! ”
“Eis-me aqui, Senhor”, respondeu ele.
O Senhor lhe disse: “Vá à casa de Judas, na rua chamada Direita, e pergunte por
um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está orando; numa visão viu um
homem chamado Ananias chegar e impor-lhe as mãos para que voltasse a ver”.
Respondeu Ananias: “Senhor, tenho ouvido muita coisa a respeito desse homem
e de todo o mal que ele tem feito aos teus santos em Jerusalém. Ele chegou aqui
com autorização dos chefes dos sacerdotes para prender todos os que invocam o
teu nome”.
Mas o Senhor disse a Ananias: “Vá! Este homem é meu instrumento escolhido
para levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel.
Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome”.
Então Ananias foi, entrou na casa, pôs as mãos sobre Saulo e disse: “Irmão
Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho por onde você vinha,
enviou-me para que você volte a ver e seja cheio do Espírito Santo”.
Imediatamente, algo como escamas caiu dos olhos de Saulo e ele passou a ver
novamente. Levantando-se, foi batizado e, depois de comer, recuperou as forças.
Saulo passou vários dias com os discípulos em Damasco. Logo começou a
pregar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus. Todos os que o ouviam
ficavam perplexos e perguntavam: “Não é ele o homem que pro- curava destruir
em Jerusalém aqueles que invocam este nome? E não veio para cá justamente
para levá-los presos aos chefes dos sacerdotes? ”. Todavia, Saulo se fortalecia
cada vez mais e confundia os judeus que viviam em Damasco, demonstrando
que Jesus é o Cristo.
*
Pais de influência entregam de todo o coração sua vida a Deus e diligentemente
buscam cumprir a sua vontade.
Rei Davi
2 Samuel 7.1-8,10-16;
1Reis 1.28-30,48; 2.1-4,10-12
Salomão. Por seu pai, Davi, ter demonstrado e o instruído sobre como ser um rei
temente a Deus, ele se tornou um bom rei de Israel e realizou o sonho do seu pai
de construir um templo para Deus.
O rei Davi já morava em seu palácio e o SENHOR lhe dera descanso de todos os
seus inimigos ao redor. Certo dia ele disse ao profeta Natã:
“Aqui estou eu, morando num palácio de cedro, enquanto a arca de Deus
permanece numa simples tenda”.
Natã respondeu ao rei: “Faze o que tiveres em mente, pois o SENHOR está
contigo”.
E naquela mesma noite o SENHOR falou a Natã: “Vá dizer a meu servo Davi
que assim diz o SENHOR: Você construirá uma casa para eu morar? Não tenho
morado em nenhuma casa desde o dia em que tirei os israelitas do Egito. Tenho
ido de uma tenda para outra, de um tabernáculo para outro. Por onde tenho
acompanhado os israelitas, alguma vez perguntei a algum líder deles, a quem
ordenei que pastoreasse Israel, o meu povo: Por que você não me construiu um
templo de cedro?
“Agora, pois, diga ao meu servo Davi: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: eu
o tirei das pastagens, onde você cuidava dos rebanhos, para ser o soberano de
Israel, o meu povo.
“E providenciarei um lugar para Israel, o meu povo, e os plantarei lá, para que
tenham o seu próprio lar e não mais sejam incomodados. Povos ímpios não mais
os oprimirão, como fizeram no início e têm feito desde a época em que nomeei
juízes sobre Israel, o meu povo. Também subjugarei todos os seus inimigos.
Saiba também que eu, o SENHOR, lhe estabelecerei uma dinastia. Quando a sua
vida chegar ao fim e você descansar com os seus antepassados, escolherei um
dos seus filhos para sucedê-lo, um fruto do seu próprio corpo, e eu estabelecerei
o reino dele. Será ele quem construirá um templo em honra ao meu nome, e eu
firmarei o trono dele para sempre. Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Quando
ele cometer algum erro, eu o punirei com o castigo dos homens, com açoites
aplicados por homens. Mas nunca retirarei dele o meu amor, como retirei de
Saul, a quem tirei do seu caminho. Quanto a você, sua dinastia e seu reino
permanecerão para sempre diante de mim; o seu trono será estabelecido para
sempre. ”
Então o rei Davi ordenou: “Chamem Bate-Seba”. Ela entrou e ficou em pé diante
dele.
O rei fez um juramento: “Juro pelo nome do SENHOR, o qual me livrou de
todas as adversidades, que, sem dúvida, hoje mesmo vou executar o que jurei
pelo SENHOR, o Deus de Israel. O meu filho Salomão me sucederá como rei e
se assentará no meu trono em meu lugar”.
E disse: “Bendito seja o SENHOR, o Deus de Israel, que permitiu que os meus
olhos vissem hoje um sucessor em meu trono”.
Quando se aproximava o dia de sua morte, Davi deu instruções ao seu filho
Salomão: “Estou para seguir o caminho de toda a terra. Por isso, seja forte e seja
homem. Obedeça ao que o SENHOR, o seu Deus, exige: ande nos seus
caminhos e obedeça aos seus decretos, aos seus mandamentos, às suas
ordenanças e aos seus testemunhos conforme se acham escritos na lei de Moisés;
assim você prosperará em tudo o que fizer e por onde quer que for, e o SENHOR
manterá a promessa que me fez: ‘Se os seus descendentes cuidarem de sua
conduta, e se me seguirem fielmente de todo o coração e de toda a alma, você
jamais ficará sem descendente no trono de Israel’ ”.
Então Davi descansou com os seus antepassados e foi sepultado na Cidade de
Davi. Ele reinou quarenta anos em Israel: sete anos em Hebrom e trinta e três em
Jerusalém. Salomão assentou-se no trono de Davi, seu pai, e o seu reinado foi
firmemente estabelecido.
*
Pais de influência ensinam os filhos a buscar o sonho que Deus lhes deu.
Pai Abraão
Gênesis 17.1-8; 21.1-5; 22.1,2,9-18
Isaque/Jacó e todos aqueles que depositam sua fé em Deus. Abraão cria na
promessa de Deus e obedecia aos seus mandamentos. Por isso, Deus fez dele o
pai de muitas nações, e ele deu um exemplo de fé e relacionamento com Deus
para todos depois dele.
Quando Abrão estava com noventa e nove anos de idade o Senhor lhe apareceu e
disse: “Eu sou Deus todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja
íntegro. Estabelecerei a minha aliança entre mim e você e multiplicarei
muitíssimo a sua descendência”.
Abrão prostrou-se, rosto em terra, e Deus lhe disse: “De minha parte, esta é a
minha aliança com você. Você será o pai de muitas nações. Não será mais
chamado Abrão; seu nome será Abraão, porque eu o constituí pai de muitas
nações. Eu o tornarei extremamente prolífero; de você farei nações e de você
procederão reis. Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e
você e os seus futuros descendentes, para ser o seu Deus e o Deus dos seus
descendentes. Toda a terra de Canaã, onde agora você é estrangeiro, darei como
propriedade perpétua a você e seus descendentes; e serei o Deus deles”.
O SENHOR foi bondoso com Sara, como lhe dissera, e fez por ela o que
prometera. Sara engravidou e deu um filho a Abraão em sua velhice, na época
fixada por Deus em sua promessa. Abraão deu o nome de Isaque ao filho que
Sara lhe dera. Quando seu filho Isaque tinha oito dias de vida, Abraão o
circuncidou, conforme Deus lhe havia ordenado. Estava ele com cem anos de
idade quando lhe nasceu Isaque, seu filho.
Passado algum tempo, Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe: “Abraão! ” Ele
respondeu: “Eis-me aqui”.
Então disse Deus: “Tome seu filho, seu único filho Isaque, a quem você ama, e
vá a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe
indicarei”.
Quando chegaram ao lugar que Deus lhe havia indicado, Abraão construiu um
altar e sobre ele arrumou a lenha. Amarrou seu filho Isaque e o colocou sobre o
altar em cima da lenha.
Então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar seu filho. Mas o Anjo do
SENHOR o chamou do céu: “Abraão! Abraão! ” “Eis-me aqui”, respondeu ele.
“Não toque o rapaz”, disse o Anjo. “Não lhe faça nada. Agora sei que você teme
a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho”.
Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá
pegá-lo, e o sacrificou como holocausto em lugar de seu filho. Abraão deu
àquele lugar o nome de “O SENHOR Proverá”. Por isso até hoje se diz: “No
monte do SENHOR se proverá”.
Pela segunda vez o Anjo do Senhor chamou do céu a Abraão e disse: “Juro por
mim mesmo”, declara o SENHOR, “que por ter feito o que fez, não me negando
o seu filho, o seu único filho, esteja certo de que o abençoarei e farei seus
descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia das praias
do mar. Sua descendência conquistará as cidades dos que lhe forem inimigos e,
por meio dela, todos os povos da terra serão abençoados, porque você me
obedeceu”.
*
Pais de influência confiam a Deus todos os aspectos da sua vida – inclusive o
cuidado com os seus filhos.
O Pai Clemente
Lucas 15.11-32
O filho pródigo. Ao perdoar o filho que desprezou a sua autoridade, desperdiçou
sua herança e renegou a sua família, o pai clemente nos mostra como retornar ao
lar, receber o amor e o perdão de nosso Pai celestial, e viver em harmonia com
ele.
Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao seu pai:
‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre
eles.
“Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para
uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.
Depois de ter gastado tudo, ouve uma grande fome em toda aquela região, e ele
começou a passar necessidade. Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos
daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos. Ele
desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos
comiam, mas ninguém lhe dava nada.
“Caindo em si ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra,
e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e
lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser
chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’. A seguir, levantou-
se e foi para seu pai.
“Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho,
e o abraçou e beijou.
“O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de
ser chamado teu filho’.
“Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam
nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam um
novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e alegrar-nos. Pois este meu
filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a
festejar o seu regresso.
“Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da
casa, ouviu a música e a dança. Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o
que estava acontecendo.
“Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque
o recebeu de volta são e salvo’.
“O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e
insistiu com ele. Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! Todos esses anos tenho
trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens.
Mas tu nunca me deste nenhum cabrito para eu festejar com os meus amigos.
Mas quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens com as
prostitutas, matas o novilho gordo para ele! ’ “Disse o pai: ‘Meu filho, você está
sempre comigo, e tudo o que tenho é seu. Mas nós tínhamos que celebrar a volta
deste seu irmão e alegrar-nos, porque ele estava morto e voltou à vida, estava
perdido e foi achado’ ”.
*
Pais de influência demonstram aos filhos o amor e a clemência de Deus.
Elias
1Reis 19.9-21
Eliseu. Um dos grandes profetas de Israel, Elias ensinou a Eliseu tudo que pôde
sobre como propagar correta- mente a palavra do Senhor antes de passar sua
autoridade a ele.
E a palavra do Senhor veio a ele: “O que você está fazendo aqui, Elias? ”.
Ele respondeu: “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR, o Deus dos Exércitos.
Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os
teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão
procurando matar-me”.
O SENHOR lhe disse: “Saia e fique no monte, na presença do SENHOR, pois o
SENHOR vai passar”.
Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas
diante do SENHOR, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento ouve
um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto. Depois do terremoto,
houve um fogo, mas o SENHOR não estava nele. E depois do fogo, houve o
murmúrio de uma brisa suave. Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o
rosto, saiu e ficou à entrada da caverna.
E uma voz lhe perguntou: “O que você está fazendo aqui, Elias? ”
Ele respondeu: “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR, o Deus dos Exércitos.
Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os
teus profetas à espada. Sou o único que sobrou e agora também estão procurando
matar-me”.
O SENHOR lhe disse: “Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de
Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho
de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para
suceder a você como profeta. Jeú matará todo aquele que escapar da espada de
Hazael, e Eliseu matará todo aquele que escapar da espada de Jeú. No entanto,
fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram
diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram”.
Então Elias saiu de lá e encontrou Eliseu, filho de Safate. Ele estava arando com
doze parelhas de bois, e estava conduzindo a décima segunda parelha. Elias o
alcançou e lançou sua capa sobre ele. Eliseu deixou os bois e correu atrás de
Elias. “Deixa-me dar um beijo de despedida em meu pai e minha mãe”, disse, “e
então irei contigo. ”
“Vá e volte”, respondeu Elias; “lembre-se do que lhe fiz. ”
E Eliseu voltou, apanhou a sua parelha de bois e os matou. Queimou o
equipamento de arar para cozinhar a carne e a deu ao povo, e eles come- ram.
Depois partiu com Elias, tornando-se o seu auxiliar.
*
Pais de influência dedicam tempo para ensinar os filhos e prepará-los para
alcançar o seu destino.
Jairo
Marcos 5.21-24,35-43
A filha enferma. Jairo não estava disposto a simplesmente aceitar a morte da sua
preciosa filha. Ele correu para Jesus, prostrou-se diante dele e pediu-lhe que a
curasse.
Tendo Jesus voltado de barco para a outra margem, uma grande multidão se
reuniu ao seu redor, enquanto ele estava à beira do mar. Então chegou ali um dos
dirigentes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, prostrou-se aos seus pés e
lhe implorou insistentemente: “Minha filhinha está morrendo! Vem, por favor, e
impõe as mãos sobre ela, para que seja curada e que viva”.
Enquanto Jesus ainda estava falando, chegaram algumas pessoas da casa de
Jairo, o dirigente da sinagoga. “Sua filha morreu”, disseram eles. “Não precisa
mais incomodar o mestre! ”
Não fazendo caso do que eles disseram, Jesus disse ao dirigente da sinagoga:
“Não tenha medo; tão somente creia”.
E não deixou ninguém segui-lo, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
Quando chegaram à casa do dirigente da sinagoga, Jesus viu um alvoroço, com
gente chorando e se lamentando em voz alta. Então entrou e lhes disse: “Por que
todo este alvoroço e lamento! A criança não está morta, mas dorme”. Mas todos
começaram a rir de Jesus. Ele, porém, ordenou que eles saíssem, tomou consigo
o pai e a mãe da criança e os discípulos que estavam com ele, e entrou onde se
encontrava a criança.
Tomou-a pela mão e lhe disse: “Talita cumi! ”, que significa “menina, eu lhe
ordeno, levante-se! ”.
Imediatamente a menina, que tinha doze anos de idade, levantou-se e começou a
andar. Isso os deixou atônitos. Ele deu ordens expressas para que não dissessem
nada a ninguém e mandou que dessem a ela alguma coisa para comer.
*
Pais de influência estão sempre dispostos a se humilhar para ajudar os filhos.
José
Mateus 1.18-25; 2.1-3,7-15,19-23
Jesus. Quando Jesus esteve em perigo, José protegeu seu filho indefeso, que se
tornaria o Salvador do mundo, de ser destruído antes que pudesse realizar a sua
missão.
Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em
casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito
Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à
desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente. Mas, depois de ter
pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: “José, filho de
Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado
procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome
de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”.
Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta:
“A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel”, que
significa “Deus conosco”.
Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria
como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um
filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.
Depois que Jesus nasceu em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, magos
vindos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Onde está o recém-
nascido rei dos judeus! Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
Quando o rei Herodes ouviu isso, ficou perturbado, e com ele toda Jerusalém.
Então Herodes chamou os magos secretamente e informou-se com eles a
respeito do tempo exato em que a estrela tinha aparecido. Enviou-os a Belém e
disse: “Vão informar-se com exatidão sobre o menino. Logo que o encontrarem,
avisem-me para que eu também vá adorá-lo”.
Depois de ouvirem o rei, eles seguiram o seu caminho, e a estrela que tinham
visto no Oriente foi adiante deles, até que finalmente parou sobre o lugar onde
estava o menino. Quando tornaram a ver a estrela, encheram-se de júbilo.
Ao entrarem na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o
adoraram. Então abriram os seus tesouros e lhe deram presentes: ouro, incenso e
mirra. E, tendo sido advertidos em sonho para não voltarem a Herodes,
retornaram a sua terra por outro caminho.
Depois que partiram, um anjo do Senhor apareceu a José em sonho e lhe disse:
“Levante-se, tome o menino e sua mãe, e fuja para o Egito. Fique lá até que eu
lhe diga, pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo”.
Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe durante a noite, e partiu para o
Egito, onde ficou até a morte de Herodes, e assim se cumpriu o que o Senhor
tinha dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu filho”.
Depois que Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no
Egito, e disse: “Levante-se, tome o menino e sua mãe, e vá para a terra de Israel,
pois estão mortos os que procuravam tirar a vida do menino”.
Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. Mas, ao
ouvir que Arquelau estava reinando na Judéia em lugar de seu pai Herodes, teve
medo de ir para lá. Tendo sido avisado em sonho, retirou-se para a região da
Galileia e foi viver numa cidade chamada Nazaré. Assim cumpriu-se o que fora
dito pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”.
*
Pais de influência pedem a Deus que os ajude a proteger as crianças que estão
sob os seus cuidados.
Manoá
Juízes 13.2-20,22-25
Sansão. Porque Manoá respeitou o anjo de Deus que se apresentou a ele e lhe
deu instruções sobre como seu filho deveria ser criado, Sansão estava pronto
para levar a cabo o destino fora do comum que Deus lhe impôs.
Certo homem de Zorá, chamado Manoá, do clã da tribo de Dã, tinha mulher
estéril. Certo dia, o Anjo do SENHOR apareceu a ela e lhe disse:
“Você é estéril, não tem filhos, mas engravidará e dará à luz um filho. Todavia,
tenha cuidado, não beba vinho nem outra bebida fermentada, e não coma nada
impuro; e não se passará navalha na cabeça do filho que você vai ter, porque o
menino será nazireu, consagrado a Deus desde o nascimento; ele iniciará a
libertação de Israel das mãos dos filisteus”.
Então a mulher foi contar tudo ao seu marido: “Um homem de Deus veio falar
comigo. Era como um anjo de Deus, de aparência impressionante. Não lhe
perguntei de onde tinha vindo, e ele não me disse o seu nome, mas ele me
assegurou: ‘Você engravidará e dará à luz um filho. Todavia, não beba vinho
nem outra bebida fermentada, e não coma nada impuro, porque o menino será
nazireu, consagrado a Deus, desde o nas- cimento até o dia da sua morte’ ”.
Então Manoá orou ao Senhor: “Senhor, eu te imploro que o homem de Deus que
enviaste volte para nos instruir sobre o que fazer com o menino que vai nascer”.
Deus ouviu a oração de Manoá, e o Anjo de Deus veio novamente falar com a
mulher quando ela estava sentada no campo; Manoá, seu marido, não estava com
ela. Mas ela foi correndo contar ao marido: “O homem que me apareceu outro
dia está aqui! ”
Manoá levantou-se e seguiu a mulher. Quando se aproximou do homem,
perguntou: “Foste tu que falaste com a minha mulher! ”
“Sim”, disse ele.
“Quando as tuas palavras se cumprirem”, Manoá perguntou, “como devemos
criar o menino? O que ele deverá fazer? ”
O Anjo do SENHOR respondeu: “Sua mulher terá que seguir tudo o que eu lhe
ordenei. Ela não poderá comer nenhum produto da videira, nem vinho ou bebida
fermentada, nem comer nada impuro. Terá que obedecer a tudo o que lhe
ordenei”.
Manoá disse ao Anjo do SENHOR: “Gostaríamos que ficasses conosco;
queremos oferecer-te um cabrito”.
O Anjo do SENHOR respondeu: “Se eu ficar, não comerei nada. Mas, se você
preparar um holocausto, ofereça-o ao SENHOR”. Manoá não sabia que ele era o
Anjo do SENHOR.
Então Manoá perguntou ao Anjo do SENHOR: “Qual é o teu nome, para que te
prestemos homenagem quando se cumprir a tua palavra? ”
Ele respondeu: “Por que pergunta o meu nome? Meu nome está além do
entendimento”.
Então Manoá apanhou um cabrito e a oferta de cereal e os ofereceu ao SENHOR
sobre uma rocha. E o SENHOR fez algo estranho enquanto Manoá e sua mulher
observavam: quando a chama do altar subiu ao céu, o Anjo do SENHOR subiu
na chama. Vendo isso, Manoá e sua mulher prostraram-se, rosto em terra.
“Sem dúvida vamos morrer! ” Disse ele à mulher, “pois vimos a Deus! ” Mas a
mulher respondeu: “Se o SENHOR tivesse a intenção de nos matar, não teria
aceitado o holocausto e a oferta de cereal das nossas mãos, não nos teria
mostrado todas essas coisas e não nos teria revelado o que agora nos revelou”.
A mulher deu à luz um menino e pôs-lhe o nome de Sansão. Ele cresceu, e o
SENHOR o abençoou, e o Espírito do SENHOR começou a agir nele quando ele
se achava em Maané-Dã, entre Zorá e Estaol.
*
Pais de influência respeitam os desígnios de Deus em relação a seus filhos,
mesmo quando não os compreende.
Zacarias
Lucas 1.5-25,57-80
João Batista. Por Zacarias ter honrado a Deus ao nomear seu filho João, como
foi instruído pelo anjo do Senhor, o chamado especial na vida de João foi
presenciado por todos.
No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, que
pertencia ao grupo sacerdotal de Abias; Isabel, sua mulher, também era
descendente de Arão. Ambos eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de
modo irrepreensível a todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas eles
não tinham filhos, porque Isabel era estéril; e ambos eram de idade avançada.
Certa vez, estando de serviço o seu grupo, Zacarias estava servindo como
sacerdote diante de Deus. Ele foi escolhido por sorteio, de acordo com o
costume do sacerdócio, para entrar no santuário do Senhor e oferecer incenso.
Chegando a hora de oferecer incenso, o povo todo estava orando do lado de fora.
Então um anjo do Senhor apareceu a Zacarias à direita do altar do incenso.
Quando Zacarias o viu, perturbou-se e foi dominado pelo medo.
Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Zacarias; sua oração foi ouvida. Isabel,
sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe dará o nome de João. Ele será motivo
de prazer e de alegria para você, e muitos se alegrarão por causa do nascimento
dele, pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida
fermentada, e será cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento. Fará
retornar muitos dentre o povo de Israel ao Senhor, o seu Deus. E irá adiante do
Senhor, no espírito e no poder de Elias, para fazer voltar o coração dos pais a
seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo
preparado para o Senhor.
Zacarias perguntou ao anjo: “Como posso ter certeza disso? Sou velho, e minha
mulher é de idade avançada”.
O anjo respondeu: “Sou Gabriel, o que está sempre na presença de Deus. Fui
enviado para lhe transmitir estas boas novas. Agora você ficará mudo. Não
poderá falar até o dia em que isso acontecer, porque não acre- ditou em minhas
palavras que se cumprirão no tempo oportuno”.
Enquanto isso, o povo esperava por Zacarias, estranhando sua demora no
santuário. Quando saiu, não conseguia falar nada; o povo percebeu então que ele
tivera uma visão no santuário. Zacarias fazia sinais para eles, mas permanecia
mudo.
Quando se completou seu período de serviço, ele voltou para casa. Depois disso,
Isabel, sua mulher, engravidou e durante cinco meses não saiu de casa. E ela
dizia: “Isto é obra do Senhor! Agora ele olhou para mim favoravelmente, para
desfazer a minha humilhação perante o povo”.
Ao se completar o tempo de Isabel dar à luz, ela teve um filho. Seus vizinhos e
parentes ouviram falar da grande misericórdia que o Senhor lhe havia
demonstrado e se alegraram com ela.
No oitavo dia foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai,
Zacarias; mas sua mãe tomou a palavra e disse: “Não! Ele será chamado João”.
Disseram-lhe: “Você não tem nenhum parente com esse nome”.
Então fizeram sinais ao pai do menino, para saber como queria que a criança se
chamasse.
Ele pediu uma tabuinha e, para admiração de todos, escreveu: “O nome dele é
João”. Imediatamente sua boca se abriu, sua língua se soltou e ele começou a
falar, louvando a Deus. Todos os vizinhos ficaram cheios de temor, e por toda a
região montanhosa da Judeia se falava sobre essas coisas. Todos os que ouviam
falar disso se perguntavam: “O que vai ser este menino? ” Pois a mão do Senhor
estava com ele.
Seu pai, Zacarias, foi cheio do Espírito Santo e profetizou: “Louvado seja o
Senhor, o Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo. Ele promoveu
poderosa salvação para nós, na linhagem do seu servo Davi (como falara pelos
seus santos profetas na Antiguidade), salvando-nos dos nossos inimigos e da
mão de todos os que nos odeiam, para mostrar sua misericórdia aos nossos
antepassados e lembrar sua santa aliança, o juramento que fez ao nosso pai
Abraão: resgatar-nos da mão dos nossos inimigos para o servirmos sem medo,
em santidade e justiça diante dele todos os nossos dias. E você, menino, será
chamado profeta do Altíssimo, pois irá adiante do Senhor, para lhe preparar o
caminho, para dar ao seu povo o conhecimento da salvação, mediante o perdão
dos seus pecados, por causa das ternas misericórdias de nosso Deus, pelas quais
do alto visitará o sol nascente, para brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas
trevas e na sombra da morte, e guiar nossos pés no caminho da paz”.
E o menino crescia e se fortalecia em espírito; e viveu no deserto, até aparecer
publicamente a Israel.
*
Pais de influência põem os desígnios de Deus acima dos seus.
Josué
Josué 1.1-9; 23.1-11,14-16; 24.1-4,13-18,22-31
Os Líderes de Israel Por Josué ter lembrado aos líderes mais jovens de Israel
tudo o que o Senhor fizera por eles e insistido em que eles continuassem a
glorificá-lo e obedecê-lo, eles foram vitoriosos nas batalhas contra os seus
inimigos.
Depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, disse o SENHOR a Josué, filho
de Num, auxiliar de Moisés: “Meu servo Moisés está morto.
Agora, pois, você e todo este povo preparem-se para atravessar o rio Jor- dão e
entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas. Como prometi a Moisés, todo
lugar onde puserem os pés eu darei a vocês. Seu território se estenderá do
deserto ao Líbano, e do grande rio, o Eufrates, toda a terra dos hititas, até o mar
Grande, no oeste. Ninguém conseguirá resistir a você todos os dias da sua vida.
Assim como estive com Moisés, estarei com você; nunca o deixarei, nunca o
abandonarei.
“Seja forte e corajoso, porque você conduzirá este povo para herdar a terra que
prometi sob juramento aos seus antepassados. Somente seja forte e muito
corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe
ordenou; não se desvie dela nem para a direita nem para a esquerda, para que
você seja bem-sucedido por onde quer que andar. Não deixe de falar as palavras
deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra
fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e
você será bem-sucedido. Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não
se apavore nem desanime, pois o SENHOR, o seu Deus, estará com você por
onde você andar”.
Passado muito tempo, depois que o SENHOR concedeu a Israel descanso de
todos os inimigos ao redor, Josué, agora velho, de idade muito avançada,
convocou todo o Israel, com as autoridades, os líderes, os juízes e os oficiais, e
lhes disse: “Estou velho, com idade muito avançada. Vocês mesmos viram tudo
o que o SENHOR, o seu Deus, fez com todas essas nações por amor a você; foi
o SENHOR, o seu Deus, que lutou por vocês. Lembrem-se de que eu reparti por
herança para as tribos de vocês toda a terra das nações, tanto as que ainda restam
como as que conquistei entre o Jordão e o mar Grande a oeste. O SENHOR, o
seu Deus, as expulsará da presença de vocês. Ele as empurrará de diante de
vocês, e vocês se apossarão da terra delas como o SENHOR lhes prometeu.
“Façam todo o esforço para obedecer e cumprir tudo o que está escrito no Livro
da Lei de Moisés, sem se desviar, nem para a direita nem para a esquerda. Não
se associem com essas nações que restam no meio de vocês. Não invoquem os
nomes dos seus deuses nem jurem por eles. Não lhes prestem culto nem se
inclinem perante eles. Mas apeguem-se somente ao SENHOR, o seu Deus, como
fizeram até hoje.
“O SENHOR expulsou de diante de vocês nações grandes e poderosas; até hoje
ninguém conseguiu resistir a vocês. Um só de vocês faz fugir mil, pois o
SENHOR, o seu Deus, luta por vocês, conforme prometeu. Por isso, dediquem-
se com zelo a amar o SENHOR, o seu Deus.
“Agora estou prestes a ir pelo caminho de toda a terra. Vocês sabem, lá no fundo
do coração e da alma, que nenhuma das boas promessas que o SENHOR, o seu
Deus, lhes fez deixou de cumprir-se. Todas se cumpri- ram; nenhuma delas
falhou. Mas, assim como cada uma das boas promessas do Senhor, o seu Deus,
se cumpriu, também o Senhor fará cumprir-se em vocês todo o mal com que os
ameaçou, até eliminá-los desta boa terra que lhes deu. Se violarem a aliança que
o SENHOR, o seu Deus, lhes ordenou, e passarem a cultuar outros deuses e a
inclinar-se diante deles, a ira do SENHOR se acenderá contra vocês, e vocês
logo desaparecerão da boa terra que ele lhes deu.
Então Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou as
autoridades, os líderes, os juízes e os oficiais de Israel, e eles compare- ceram
diante de Deus.
Josué disse a todo o povo: “Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: ‘Há muito
tempo, os seus antepassados, inclusive Terá, pai de Abraão e de Naor, viviam
além do Eufrates e prestavam culto a outros deuses. Mas eu tirei seu pai Abraão
da terra que fica além do Eufrates e o conduzi por toda a Canaã e lhe dei muitos
descendentes. Dei-lhe Isaque, e a Isaque dei Jacó e Esaú. A Esaú dei os montes
de Seir, mas Jacó e seus filhos desce- ram para o Egito.
“Foi assim que lhes dei uma terra que vocês não cultivaram e uma cidade que
vocês não construíram. Nelas vocês moram, e comem de vinhas e olivais que
não plantaram.
“Agora temam o SENHOR e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem
fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e
sirvam ao SENHOR. Se, porém, não lhes agrada servir ao SENHOR, escolham
hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do
Eufrates ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas eu
e a minha família serviremos ao SENHOR”.
Então o povo respondeu: “Longe de nós abandonar o SENHOR para servir
outros deuses! Foi o próprio SENHOR, o nosso Deus, que nos tirou a nós e a
nossos pais do Egito, daquela terra de escravidão, e realizou aquelas grandes
maravilhas diante dos nossos olhos. Ele nos protegeu no caminho e entre as
nações pelas quais passamos. Além disso, o SENHOR expulsou de diante de nós
todas as nações, inclusive os amorreus, que viviam nesta terra. Nós também
serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus”.
Disse então Josué: “Vocês são testemunhas contra vocês mesmos de que
escolheram servir ao SENHOR”.
“Somos”, responderam eles.
Disse Josué: “Agora, então, joguem fora os deuses estrangeiros que estão com
vocês e voltem-se de coração para o SENHOR, o Deus de Israel”.
E o povo disse a Josué: “Serviremos ao SENHOR, o nosso Deus, e lhe
obedeceremos”.
Naquele dia Josué firmou um acordo com o povo em Siquém, e lhe deu decretos
e leis. Josué registrou essas coisas no Livro da Lei de Deus. Depois ergueu uma
grande pedra ali, sob a Grande Árvore, perto do san- tuário do SENHOR.
Então disse ele a todo o povo: “Vejam esta pedra! Ela será uma testemunha
contra nós, pois ouviu todas as palavras que o SENHOR nos disse. Será uma
testemunha contra vocês, caso sejam infiéis ao seu Deus”.
Depois Josué despediu o povo, e cada um foi para a sua propriedade. Passado
algum tempo, Josué, filho de Num, servo do SENHOR, morreu. Tinha cento e
dez anos de idade. E o sepultaram na terra que tinha recebido por herança, em
Timnate-Sera, nos montes de Efraim, ao norte do monte Gaás. Israel serviu ao
SENHOR durante toda a vida de Josué e dos líderes que lhe sobreviveram e que
sabiam de tudo o que o SENHOR fizera em favor de Israel.
*
Pais de influência ensinam os filhos a honrar e servir ao Senhor.
Boaz
Rute 3.1–4.17
Obede. Por Boaz ter-se disposto a se responsabilizar pela esposa do seu parente
morto e casar-se com ela, ele se tornou o ancestral do rei Davi e, por
consequência, o ancestral de Jesus, o Salvador.
Certo dia, Noemi, [sogra de Rute] lhe disse: “Minha filha, tenho que procurar
um lar seguro, para a sua felicidade. Boaz, senhor das servas com quem você
esteve, é nosso parente próximo. Esta noite ele estará limpando cevada na eira.
Lave-se, perfume-se, vista sua melhor roupa e desça para a eira. Mas não deixe
que ele perceba você até que tenha comido e bebido. Quando ele for dormir, note
bem o lugar em que ele se deitar. Então vá, descubra os pés dele e deite-se. Ele
lhe dirá o que fazer”.
Respondeu Rute: “Farei tudo o que você está me dizendo”.
Então ela desceu para a eira e fez tudo o que sua sogra lhe tinha recomendado.
Quando Boaz terminou de comer e beber, ficou alegre e foi deitar-se perto do
monte de grãos. Rute aproximou-se sem ser notada, descobriu os pés dele e
deitou-se. No meio da noite, o homem acordou de repente. Ele se virou e
assustou-se ao ver uma mulher deitada aos seus pés.
“Quem é você? ”, perguntou ele. “Sou sua serva Rute”, disse ela.
“Estenda a sua capa sobre a sua serva, pois o senhor é resgatador”. Boaz lhe
respondeu: “O SENHOR a abençoe, minha filha! Este seu gesto de bondade é
ainda maior do que o primeiro, pois você poderia ter ido atrás dos mais jovens,
ricos ou pobres! Agora, minha filha, não tenha medo; farei por você tudo o que
me pedir. Todos os meus concidadãos sabem que você é mulher virtuosa. É
verdade que sou resgatador, mas há um outro que é parente mais próximo do que
eu. Passe a noite aqui. De manhã veremos: se ele quiser resgatá-la, muito bem,
que resgate. Se não quiser, juro pelo nome do SENHOR que eu a resgatarei.
Deite-se aqui até de manhã”.
Ela ficou deitada aos pés dele até de manhã, mas levantou-se antes de clarear
para não ser reconhecida.
Boaz pensou: “Ninguém deve saber que esta mulher esteve na eira”. Por isso
disse: “Traga-me o manto que você está usando e segure-o”.
Ela o segurou, e o homem despejou nele seis medidas de cevada e o pôs sobre os
ombros dela. Depois ele voltou para a cidade.
Quando Rute voltou à sua sogra, esta lhe perguntou: “Como foi, minha filha? ”.
Rute lhe contou tudo o que Boaz lhe tinha feito, e acrescentou: “Ele me deu estas
seis medidas de cevada, dizendo: ‘Não volte para a sua sogra de mãos vazias’ ”.
Disse então Noemi: “Agora espere, minha filha, até saber o que acontecerá. Sem
dúvida aquele homem não descansará enquanto não resolver esta questão hoje
mesmo”.
Enquanto isso, Boaz subiu à porta da cidade e sentou-se, exata- mente quando o
resgatador que ele havia mencionado estava passando por ali. Boaz o chamou e
disse: “Meu amigo, vem cá e sente-se”. Ele foi e sentou-se.
Boaz reuniu dez líderes da cidade e disse: “Sentem-se aqui”. E eles se sentaram.
Depois disse ao resgatador: “Noemi, que voltou de Moabe, está vendendo o
pedaço de terra que pertencia ao nosso irmão Elimeleque. Pensei que devia
apresentar-lhe o assunto na presença dos líderes do povo, e sugerir-lhe que
adquira o terreno. Se quiser resgatar esta propriedade, resgate-a, senão diga-me
para que eu o saiba. Pois ninguém tem esse direito a não ser você; e depois eu”.
“Eu a resgatarei”, respondeu ele.
Boaz, porém, lhe disse: “No dia em que você adquirir as terras de Noemi e da
moabita Rute, estará adquirindo também a viúva do falecido. Para manter o
nome dele em sua herança”.
Diante disso, o resgatador respondeu: “Nesse caso não poderei resgatá-la, pois
poria em risco a minha propriedade. Resgate-a você mesmo. Eu não poderei
fazê-lo”.
(Antigamente, em Israel, para que o resgate e a transferência de propriedade
fossem válidos, a pessoa tirava a sandália e a dava ao outro. Assim
oficializavam os negócios em Israel.)
Quando, pois, o resgatador disse a Boaz: “Adquira-a você mesmo! ”, tirou a
sandália.
Então Boaz anunciou aos líderes e todo o povo ali presente: “Vocês hoje são
testemunhas de que estou adquirindo de Noemi toda a propriedade de
Elimeleque, de Quiliom e de Malom. Também estou adquirindo o direito de ter
como mulher a moabita Rute, viúva de Malom, para manter o nome do falecido
sobre a sua herança e para que o seu nome não desapareça do meio da sua
família ou dos registros da cidade. Vocês hoje são testemunhas disso! ”.
Os líderes e todos os que estavam na porta confirmaram: “Somos testemunhas!
Faça o SENHOR com essa mulher que está entrando em sua família como fez
com Raquel e Lia, que, juntas, formaram as tribos de Israel. Seja poderoso em
Efrata e ganhe fama em Belém! E com os filhos que o SENHOR lhe conceder
dessa jovem, seja a sua família como a de Perez, que Tamar deu a Judá!”
Boaz casou-se com Rute, e ela se tornou sua mulher. Boaz a possuiu e o
SENHOR concedeu que ela engravidasse dele e desse à luz um filho.
As mulheres disseram a Noemi: “Louvado seja o SENHOR que hoje não a
deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! O menino lhe
dará nova vida e a sustentará na velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e
que lhe é melhor do que sete filhos! ”.
Noemi pôs o menino no colo e passou a cuidar dele. As mulheres da vizinhança
celebraram o seu nome e disseram: “Noemi tem um filho! ”, e lhe deram o nome
de Obede. Este foi o pai de Jessé, pai de Davi.
*
Pais de influência se responsabilizam perante Deus por sua família.

Jó 1; 2; 42.7-17
As filhas de Jó. Por ter incluído as suas filhas na herança que deixou para os seus
filhos, ele demonstrou que Deus incluiu as mulheres na herança da fé e do Reino
de Deus.
Na terra de Uz vivia um homem chamado Jó. Era um homem íntegro e justo;
temia a Deus e evitava fazer o mal. Tinha ele sete filhos e três filhas, e possuía
sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de boi e quinhentos
jumentos, e tinha muita gente a seu serviço. Era o homem mais rico do Oriente.
Seus filhos costumavam dar banquetes em casa, um de cada vez, e convidavam
suas três irmãs para comerem e beberem com eles. Terminado um período de
banquetes, Jó mandava chamá-los e fazia com que se purificassem. De
madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava:
“Talvez os meus filhos tenham, lá no íntimo, pecado e amaldiçoado a Deus”.
Essa era a prática constante de Jó.
Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao SENHOR, e Satanás também veio
com eles. O SENHOR disse a Satanás: “De onde você veio? ”
Satanás respondeu ao SENHOR: “De perambular pela terra e andar por ela”.
Disse então o SENHOR a Satanás: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém
na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o
mal”.
“Será que Jó não tem razões para temer a Deus? ”, respondeu Satanás. “Acaso
não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui?
Tu mesmo tens abençoado tudo o que ele faz, de modo que os seus rebanhos
estão espalhados por toda a terra. Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele
tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face. ”
O SENHOR disse a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas
mãos; apenas não toque nele”.
Então Satanás saiu da presença do SENHOR.
Certo dia, quando os filhos e as filhas de Jó estavam num banquete, comendo e
bebendo vinho na casa do irmão mais velho, um mensageiro veio dizer a Jó: “Os
bois estavam arando e os jumentos estavam pastando por perto, quando os
sabeus os atacaram e os levaram embora. Mataram à espada os empregados, e eu
fui o único que escapou para lhe contar! ”
Enquanto ele ainda estava falando, chegou outro mensageiro e disse: “Fogo de
Deus caiu do céu e queimou totalmente as ovelhas e os empregados, e eu fui o
único que escapou para lhe contar! ”.
Enquanto ele ainda estava falando, chegou outro mensageiro e disse: “Vieram
caldeus em três bandos, atacaram os camelos e os levaram embora. Mataram à
espada os empregados, e eu fui o único que escapou para lhe contar! ”.
Enquanto ele ainda estava falando, chegou ainda outro mensageiro e disse: “Seus
filhos e suas filhas estavam num banquete, comendo e bebendo vinho na casa do
irmão mais velho, quando, de repente, um vento muito forte veio do deserto e
atingiu os quatro cantos da casa, que desabou. Eles morreram, e eu fui o único
que escapou para lhe contar! ”.
Ao ouvir isso, Jó levantou-se, rasgou o manto e rapou a cabeça. Então prostrou-
se, rosto em terra, em adoração, e disse: “Saí nu do ventre da minha mãe, e nu
partirei. O SENHOR o deu, o SENHOR o levou; louvado seja o nome do
SENHOR”.
Em tudo isso, Jó não pecou e não culpou a Deus de coisa alguma.
Num outro dia os anjos vieram apresentar-se ao Senhor, e Satanás também veio
com eles para apresentar-se. O SENHOR perguntou a Satanás, “De onde você
veio? ”
Satanás respondeu ao SENHOR: “De perambular pela terra e andar por ela”.
Disse então o SENHOR a Satanás: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém
na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal.
Ele se mantém íntegro, apesar de você me haver instigado contra ele para
arruiná-lo sem motivo.
“Pele por pele! ”, respondeu Satanás. “Um homem dará tudo o que tem por sua
vida. Estende a tua mão e fere a sua carne e os seus ossos, e com certeza ele te
amaldiçoará na tua face. ”
O SENHOR disse a Satanás: “Pois bem, ele está nas suas mãos; apenas poupe a
vida dele”.
Saiu, pois, Satanás da presença do SENHOR e afligiu Jó com feridas terríveis,
da sola dos pés ao alto da cabeça. Então Jó apanhou um caco de louça e com ele
se raspava, sentado entre as cinzas.
Então sua mulher lhe disse: “Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a
Deus, e morra! ”
Ele respondeu: “Você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por
Deus, e não o mal? ”
Em tudo isso Jó não pecou com seus lábios.
Quando três amigos de Jó, Elifaz, de Temã, Bildade, de Suá, e Zofar, de
Naamate, souberam de todos os males que o haviam atingido, saíram, cada um
da sua região. Combinaram encontrar-se para, juntos, irem mostrar solidariedade
a Jó e consolá-lo. Quando o viram a distância, mal puderam reconhecê-lo e
começaram a chorar em alta voz. Cada um deles rasgou seu manto e colocou
terra sobre a cabeça. Depois os três se assentaram no chão com ele, durante sete
dias e sete noites. Ninguém lhe disse uma palavra, pois viam como era grande o
seu sofrimento.
Depois que o SENHOR disse essas palavras a Jó, disse também a Eli- faz, de
Temã: “Estou indignado com você e com os seus dois amigos, pois vocês não
falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó. Vão agora até meu
servo Jó, levem sete novilhos e sete carneiros, e com eles apresentem
holocaustos em favor de vocês mesmos. Meu servo Jó orará por vocês; eu
aceitarei a oração dele e não lhes farei o que vocês merecem pela loucura que
cometeram. Vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo
Jó”. Então Elifaz, de Temã, Bildade, de Suá, e Zofar, de Naamate, fizeram o que
o SENHOR lhes ordenara; e o SENHOR aceitou a oração de Jó.
Depois que Jó orou por seus amigos, o SENHOR o tornou novamente próspero e
lhe deu em dobro tudo o que tinha antes. Todos os seus irmãos e irmãs, e todos
os que o haviam conhecido anteriormente vieram comer com ele em sua casa.
Eles o consolaram e o confortaram por todas as tribulações que o SENHOR
tinha trazido sobre ele, e cada um lhe deu uma peça de prata e um anel de ouro.
O SENHOR abençoou o final da vida de Jó mais do que o início. Ele teve
catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de boi e mil jumentos. Também
teve ainda sete filhos e três filhas. À primeira filha deu o nome de Gemima, à
segunda o de Quézia e à terceira o de Quéren-Hapuque. Em parte alguma
daquela terra havia mulheres tão bonitas como as filhas de Jó, e seu pai lhes deu
herança junto com os seus irmãos.
Depois disso Jó viveu cento e quarenta anos; viu seus filhos e os descendentes
deles até a quarta geração. E então morreu, em idade muito avançada.
*
Pais de influência tratam os filhos com justiça.
Elcana
1Samuel 1.1-28; 2.11; 3.19-21
Samuel. Porque Elcana honrou a promessa de sua mulher a Deus, Samuel se
tornou um grande profeta de Israel.
Havia certo homem de Ramataim, zufita, dos montes de Efraim, chamado
Elcana, filho de Jeroão, neto de Eliú e bisneto de Toú, filho do efraimita Zufe.
Ele tinha duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra Penina. Penina tinha
filhos, Ana, porém, não tinha.
Todos os anos esse homem subia de sua cidade a Siló para adorar e sacrificar ao
SENHOR dos Exércitos. Lá, Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, eram
sacerdotes do SENHOR. No dia em que Alcana oferecia sacrifícios, dava
porções à sua mulher Penina e a todos os filhos e filhas dela. Mas a Ana dava
uma porção dupla, porque a amava, apesar de que o SENHOR a tinha deixado
estéril. E porque o SENHOR a tinha deixado estéril, sua rival a provocava
continuamente a fim de irritá-la. Isso acontecia ano após ano. Sempre que Ana
subia à casa do SENHOR, sua rival a provocava e ela chorava e não comia.
Elcana, seu marido, lhe perguntava: “Ana, por que você está chorando, por que
não come, por que está triste? Será que eu não sou melhor para você do que dez
filhos? ”
Certa vez, quando terminou de comer e beber em Siló, estando o sacerdote Eli
sentado numa cadeira junto à entrada do santuário do SENHOR, Ana se levantou
e, com a alma amargurada, chorou muito e orou ao SENHOR. E fez um voto,
dizendo: “ó SENHOR dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua
serva, te lembrares de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um
filho, então eu o dedicarei ao SENHOR por todos os dias de sua vida, e o seu
cabelo e a sua barba nunca serão cortados”.
Enquanto ela continuava a orar diante do SENHOR, Eli observava sua boca.
Como Ana orava silenciosamente, seus lábios se mexiam mas não se ouvia sua
voz. Então Eli pensou que ela estivesse embriagada e lhe disse: “Até quando
você continuará embriagada? Abandone o vinho! ”
Ana respondeu “Não se trata disso, meu senhor. Sou uma mulher muito
angustiada. Não bebi vinho nem bebida fermentada; eu estava derramando
minha alma diante do SENHOR. Não julgues tua serva uma mulher vadia; estou
orando aqui até agora por causa de minha grande angústia e tristeza”.
Eli respondeu: “Vá em paz, e que o Deus de Israel lhe conceda o que você
pediu”.
Ela disse: “Espero que sejas benevolente para com tua serva! ” Então ela seguiu
seu caminho, comeu, e seu rosto já não estava mais abatido.
Na manhã seguinte, eles se levantaram e adoraram o SENHOR; então voltaram
para casa, em Ramá. Elcana teve relações com sua mulher Ana, e o SENHOR se
lembrou dela. Assim Ana engravidou e, no devido tempo, deu à luz um filho. E
deu-lhe o nome de Samuel, dizendo: “Eu o pedi ao SENHOR”.
Quando no ano seguinte Elcana subiu com toda a família para oferecer o
sacrifício anual ao SENHOR e para cumprir o seu voto, Ana não foi e disse ao
seu marido: “Depois que o menino for desmamado, eu o levarei e o apresentarei
ao SENHOR, e ele morará ali para sempre”.
Disse Elcana, seu marido: “Faça o que lhe parecer melhor. Fique aqui até
desmamá-lo; que o SENHOR apenas confirme a palavra dele! ” Então ela ficou
em casa e criou seu filho até que o desmamou.
Depois de desmamá-lo, levou o menino, ainda pequeno, à casa do SENHOR, em
Siló, com um novilho de três anos de idade, uma arroba de farinha e uma vasilha
de couro cheia de vinho. Eles sacrificaram o novilho e levaram o menino a Eli, e
ela lhe disse: “Meu senhor, juro por tua vida que eu sou a mulher que esteve aqui
ao teu lado, orando ao SENHOR. Era este menino que eu pedia, e o SENHOR
concedeu-me o pedido. Por isso, agora, eu o dedico ao SENHOR. Por toda a sua
vida será dedicado ao SENHOR”. E ali adorou o SENHOR.
Então Elcana voltou para casa em Ramá, mas o menino começou a servir o
SENHOR sob a direção do sacerdote Eli.
Enquanto Samuel crescia, o SENHOR estava com ele, e fazia com que todas as
suas palavras se cumprissem. Todo o Israel, desde Dã até Berseba, reconhecia
que Samuel estava confirmado como profeta do SENHOR. O SENHOR
continuou aparecendo em Siló, onde havia se revelado a Samuel por meio de sua
palavra.
*
Pais de influência honram o chamado de Deus na vida dos seus filhos.
Jessé
1Samuel 16; 2Samuel 2.1-4; 5.1-5
Rei Davi. Por seu pai ter ensinado os filhos a lutarem pelo seu país, Davi se
tornou um grande rei guerreiro.
O SENHOR disse a Samuel: “Até quando você irá se entristecer por causa de
Saul? Eu o rejeitei como rei de Israel. Encha um chifre com óleo e vá a Belém;
eu o enviarei a Jessé. Escolhi um de seus filhos para fazê-lo rei”.
Samuel, porém, disse: “Como poderei ir? Saul saberá disto e me matará”.
O SENHOR disse: “Leve um novinho com você e diga que foi sacrificar ao
SENHOR. Convide Jessé para o sacrifício, e eu lhe mostrarei o que fazer. Você
irá ungir para mim aquele que eu indicar”.
Samuel fez o que o SENHOR disse. Quando chegou a Belém, as autoridades da
cidade foram encontrar-se com ele, tremendo de medo, e perguntaram: “Vens em
paz? ”
Respondeu Samuel: “Sim, venho em paz; vim sacrificar ao SENHOR.
Consagrem-se e venham ao sacrifício comigo”. Então ele consagrou Jessé e os
filhos dele e os convidou para o sacrifício. Quando chegaram, Samuel viu Eliabe
e pensou: “Com certeza é este que o SENHOR quer ungir”.
O SENHOR, contudo, disse a Samuel: “Não considere sua aparência nem sua
altura, pois eu o rejeitei. O SENHOR não vê como o homem: o homem vê a
aparência, mas o SENHOR vê o coração”.
Então Jessé chamou Abinadabe e o levou a Samuel. Ele, porém, disse: “O
SENHOR também não escolheu este”. Em seguida Jessé levou Samá a Samuel,
mas este disse: “Também não foi este que o SENHOR escolheu”. Jessé levou a
Samuel sete de seus filhos, mas Samuel lhe disse: “O SENHOR não escolheu
nenhum destes”. Então perguntou a Jessé: “Estes são todos os filhos que você
tem? ”.
Jessé respondeu: “Ainda tenho o caçula, mas ele está cuidando das ovelhas”.
Samuel disse: “Traga-o aqui; não nos sentaremos para comer enquanto ele não
chegar”.
Jessé mandou chamá-lo e ele veio. Ele era ruivo, de belos olhos e boa aparência.
Então o SENHOR disse a Samuel: “É este! Levante-se e unja-o”. Samuel
apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu na presença de seus irmãos, e, a partir
daquele dia, o Espírito do SENHOR apoderou-se de Davi. E Samuel voltou para
Ramá.
O Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e um Espírito maligno, vindo da parte
do SENHOR, o atormentava.
Os oficiais de Saul lhe disseram: “Há um espírito maligno, mandado por Deus,
te atormentando. Que o nosso soberano mande estes seus servos procurar um
homem que saiba tocar harpa. Quando o espírito maligno, vindo da parte de
Deus, se apoderar de ti, o homem tocará harpa e tu te sentirás melhor”.
E Saul respondeu aos que o serviam: “Encontrem alguém que toque bem e
tragam-no até aqui”.
Um dos oficiais respondeu: “Conheço um filho de Jessé, de Belém, que sabe
tocar harpa. É um guerreiro valente, sabe falar bem, tem boa aparência e o
SENHOR está com ele”.
Então Saul mandou mensageiros a Jessé com a seguinte mensagem: “Enviem-me
seu filho Davi, que cuida das ovelhas. Jessé apanhou um jumento e o carregou
de pães, uma vasilha de couro cheia de vinho e um cabrito e os enviou a Saul por
meio de Davi, seu filho.
Davi apresentou-se a Saul e passou a trabalhar para ele. Saul gostou muito dele,
e Davi tornou-se seu escudeiro. Então Saul enviou a seguinte mensagem a Jessé:
“Deixe que Davi continue trabalhando para mim, pois estou satisfeito com ele”.
Sempre que o espírito mandado por Deus se apoderava de Saul, Davi apanhava
sua harpa e tocava. Então Saul sentia alívio e melhorava, e o espírito maligno o
deixava.
Passado algum tempo, Davi perguntou ao SENHOR: “Devo ir para uma das
cidades de Judá? ” O SENHOR respondeu que sim, e Davi perguntou para qual
delas.
“Para Hebrom”, respondeu o SENHOR.
Então Davi foi para Hebrom com suas duas mulheres, Ainoã, de Jezreel, e
Abigail, viúva de Nabal, o carmelita. Davi também levou os homens que o
acompanhavam, cada um com sua família, e estabeleceram-se em Hebrom e nos
povoados vizinhos. Então os homens de Judá foram a Hebrom e ali ungiram
Davi rei da tribo de Judá.
Representantes de todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom:
“Somos sangue do teu sangue. No passado, mesmo quando Saul era rei, eras tu
quem liderava Israel em suas batalhas. E o SENHOR te disse: ‘Você pastoreará
Israel, o meu povo, e será o seu governante’ ”.
Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em Hebrom;
o rei fez um acordo com eles em Hebrom perante o SENHOR, e eles ungiram
Davi rei de Israel.
Davi tinha trinta anos de idade quando começou a reinar, e reinou durante
quarenta anos. Em Hebrom, reinou sobre Judá sete anos e meio, e em Jerusalém
reinou sobre todo o Israel e Judá trinta e três anos.
*
Pais de influência ensinam os filhos a lutar pelo seu país.
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