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J95m OLIVEIRA, Joevan.

Me ame menos, mas me ame por mais tempo: autoperformação como


procedimento de subjetivação do ator. Monografia (Graduação) - UFPB/CCTA. Orientação: Marcia
CHIAMULERA. - João Pessoa, 2019. 87 f.

AUTOPERFORMAÇÃO COMO PROCESSO DE SUBJETIVAÇÃO


PARTE I

Com base em seus estudos sobre a sexualidade na Antiguidade, o filósofo francês


Michel Foucault (2004) buscou entender como, o que ele chamou de a escrita de si,
constitui formas de subjetivação, a partir de determinadas técnicas e dispositivos auto
representacionais, que refletem as mudanças pelas quais têm passado o modo como
concebemos o próprio pensamento.

O papel da escrita é constituir, como tudo que a leitura constitui um


“corpo”. E é preciso compreender esse corpo não como corpo de
doutrina, mas sim – segundo a metáfora da digestão, tão frequentemente
evocada – como o próprio corpo daquele que, transcendendo suas
leituras, delas se apropria e faz sua a verdade delas: a escrita transforma
a coisa vista ou ouvida em forças e sangue. (FOUCAULT, 2004, p.152)

Tendo como ponto de partida essa ideia de que a escrita de si constitui o corpo do
próprio sujeito, como coloca Foucault, assumo um olhar pós-estruturalista, de vertente
desconstrucionista, para, parafraseando o filósofo francês supracitado, tratar do meu
processo de “escritura do eu” no experimento “Me Ame Menos, mas Me Ame Por Mais
Tempo”. Opto pelo termo escritura, por este carregar consigo o sentido de movimento de
deixar rastros, marcas, imprimindo um traço outro ao pensamento, ao espaço, ao sujeito.
ESCRITURAS DO EU
O termo escritura utilizado pelo filósofo franco-argelino Jacques Derrida (1999),
está associado à operação desconstrucionista pela qual a ideia de texto deixa de se
relacionar unicamente a noção de extrato textual para ser entendido enquanto complexo
comunicativo que funciona como um sistema composto por elementos diversos como
sons, imagens, palavras, corpos, gráficos, objetos, sujeitos. Elementos que, estando
sempre em relação uns aos outros, funcionam pela lógica do rastro, ou seja, como
significantes integrados que prescindem de um significado único e estável.
Nesse sentido, a escritura do eu a que me refiro trata da constituição da minha
presença cênica, entendida enquanto corporeidade, ou como coloca Foucault, a passagem
J95m OLIVEIRA, Joevan. Me ame menos, mas me ame por mais tempo: autoperformação como
procedimento de subjetivação do ator. Monografia (Graduação) - UFPB/CCTA. Orientação: Marcia
CHIAMULERA. - João Pessoa, 2019. 87 f.

“da coisa vista ou ouvida em forças e sangue” e que constitui uma das partes no processo
do que estou chamando de autoperformação. Procedimento que, entendido enquanto
escritura do eu, ao invés de constituir uma identidade única e estável, marcada por um
sentido de origem que garanta um significado fixo de “eu”, seja em relação ao sujeito
Joevan, por exemplo, ou qualquer outro personagem que estivesse sendo construído,
assume a lógica do rastro sendo apenas um efeito de sentido, uma identificação. Isso
acontece porque, como coloca Derrida (1999), a identidade, assim como a escritura, é
temporária, contingente, vai assumindo significados quando em relação aos “outros”
porque é significante de significante e, portanto, sempre diferente.
Ao assumir o caráter de indeterminação do pensamento, o filósofo franco-argelino
propõe substituir o conceito tradicional de signo e sua inerente repartição entre
significado e significante pelo “quase-conceito” de rastro. Com esse objetivo, Derrida
(1999) retira o objeto (referencial externo) da relação de significação (significado e
significante) do signo.

Como significado e significante (unidade do signo) não se relacionam a nada, ou


seja, perdem a condição de “signo de” não podem ser compreendidos como mediação de
algo ausente (referencial externo), mas como duas faces da mesma unidade que se
relacionam um com o outro de modo interdependente.
J95m OLIVEIRA, Joevan. Me ame menos, mas me ame por mais tempo: autoperformação como
procedimento de subjetivação do ator. Monografia (Graduação) - UFPB/CCTA. Orientação: Marcia
CHIAMULERA. - João Pessoa, 2019. 87 f.

Nessa perspectiva, como significado se relaciona a significante e vice-versa, sendo


um a referência do outro, não se pode falar em significado ou sentido permanente. Sem
referencial fixo externo ao próprio processo de significação ao qual se remeter, o que resta
é apenas significante de significante.
Já o termo différance, utilizado pelo autor, funciona como uma linha de fuga que
se projeta através de um jogo incessante de deslocamentos, apontando sempre para um
mais além, uma vez que não se deposita num significado ou permite ancoramentos
definitivos: - Eu sou eu, em determinado contexto de espaço e tempo na relação que
estabeleço com os outros, entendidos como tudo aquilo que difere do que sou em
determinado contexto, sejam outros “eus”, sejam outros indivíduos.
Ao promover uma manutenção da própria disjunção, a ideia de diferença
impossibilita a conservação de modelos tradicionais baseados em dicotomias opositivas
como eu/outro, ator/personagem. Essas noções começam a se confundir, não porque
passam a ser a mesma pessoa, ou porque estão em processo de revezamento constante,
mas porque deixam de ser entendidos como entidades dotadas de um sentido pré-existente
e conclusivo. Ao contrário, são compreendidos enquanto singularidades e, portanto,
indeterminadas, vacilantes e provisórias que se mantém em processo de constituição
porque dependem das relações que estão sendo estabelecidas no processo de criação e
apresentação.

REFERÊNCIAS

DERRIDA, Jacques. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 1999.


FOUCAULT. Michel. “A escrita de si”. Ditos e escritos. Vol. V. Ética, sexualidade e
política. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

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