Sunteți pe pagina 1din 17

HONNETH, A.

Sofrimento de Indeterminação: uma reatualização da Filosofia do


Direito de Hegel. São Paulo: Editora Singular/Esfera Pública, 2007.

I. A Filosofia do Direito de Hegel como teoria da justiça (pp. 45-75)


1. Renascimento do pensamento hegeliano, mas sem a mesma ênfase na filosofia
do direito no debate da filosofia política;
Retorno ao paradigma de direito racional de tradição kantiana (Rawls, Habermas) >
desencantamento marxista do direito moderno (superestrutura);
Tentativa de diferenciação deste cenário pelo comunitarismo (Taylor, Walzer, McIntyre)
não é muito efetiva: “[…] por mais que também houvesse nessas abordagens a tendência
de privilegiar a ética em face de um princípio moral formal e a ligação a valores
comunitários diante da liberdade de arbítrio individual, nunca se empreendeu aqui a
tentativa de tornar a filosofia do direito de Hegel mais uma vez frutífera para o discurso
da filosofia política” (p. 46);
NOTA 1: Taylor como exceção ao afastamento de Hegel, embora não detido à filosofia
do direito.
2. Indícios teóricos da obra hegeliana que podem ser apropriados à discussão
contemporânea, como um quadro institucional para os princípios abstratos do direito
moderno e da moral, uma metateoria ética do direito e uma relação com o diagnóstico de
época;
Caracterização das “Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito” (1820) como “um
texto clássico muito lido, mas que emudeceu” (p. 48);
3. Na tentativa de compreender o emudecimento da filosofia do direito hegeliana,
dois estereótipos se destacam: 1) consequências antidemocráticas trazidas voluntária ou
involuntariamente pela obra (subordinação dos direitos de liberdade individual à
autoridade ética do estado); 2) relação com a lógica hegeliana em decorrência do conceito
ontológico de espírito;
Objeção política + objeção metodológica;
4. Conceito de eticidade permanece oculto por elementos que duvidam de seu
conceito de Estado e sua metodologia;
Tentativa de reatualização renovada da filosofia do direito pode contar com uma nova
interpretação que tome as objeções como incompreensões da obra (crítica de caminho
direto) ou um apontamento da irrelevância das objeções levantadas (crítica de caminho
indireto);
Crítica direta = atualização com seus próprios padrões metódicos = risco de retrocesso
brutal aos padrões pós-metafísicos de racionalidade;
Crítica indireta = reconstituição do propósito e da estrutura básica do texto pela
desconsideração do conceito substancialista de Estado e das instruções operativas da
“Lógica” = risco de sacrifício da substância da obra;
[opção por uma leitura que remonta à Eticidade e não à Lógica]
5. Escolha pela forma indireta de reatualização pela consideração de que os
conceitos de Estado e de espírito não são passíveis de reabilitação atualmente;
[abandono do Estado significa abandonar a superinstitucionalização hegeliana]
“[…] o objetivo deste modo de proceder ‘indireto’ deve ser demonstrar a atualidade da
‘Filosofia do Direito’ hegeliana ao indicar que esta, como projeto de uma teoria
normativa, tem de ser concebida em relação àquelas esferas de reconhecimento recíproco
cuja manutenção é constitutiva para a identidade moral de sociedades modernas” (p. 51);
6. Para não correr o risco de perder a substância da própria obra, Honneth volta-
se para uma reconstrução necessária das intuições hegelianas sobre os conceitos de
“espírito objetivo” e “eticidade”;
Espírito objetivo = “toda realidade social possui uma estrutura racional, diante da qual se
devem evitar conceitos falsos ou insuficientes que levem a consequências negativas no
interior da própria vida social, uma vez que estas encontram aí uma aplicação prática” (p.
51);
Violação de argumentos racionais > danos e lesões à realidade social;
Eticidade = “na realidade social, encontram-se dispostas esferas de ação nas quais
inclinações e normas morais, interesses e valores já se misturaram anteriormente em
formas de interações institucionalizadas” (p. 52);
[esferas de ação = esferas de reconhecimento]
7. Direito como ideia da “vontade livre universal”;
Passos do trabalho de Honneth: I) interpretação da determinação de direito como núcleo
de uma teoria da justiça que visa à garantia universal das condições intersubjetivas de
autorrealização, II) apresentação da possível ligação entre a teoria da justiça e o
diagnóstico da patologia social, III) esclarecimento do conceito hegeliano de eticidade;

1. A ideia de liberdade individual: condições intersubjetivas da autonomia


8. Em sua escrita da “Filosofia do Direito”, Hegel não abandonou a filosofia
prática de sua juventude ao traçar um caminho distinto daquele de Kant ou Fichte no
direito racional;
Ideias mantidas: ligações intersubjetivas impedem uma concepção atomista de direito +
perspectiva de liberdade recíproca pressupõe a autorrealização individual + liberdade
comunicativa em uma concepção aristotélica ancora-se nos padrões habituais de ações e
costumes + confiança em uma cultura da liberdade comunicativa;
[autorrealização como referência ao Expressivismo de Herder > a expressão é individual,
mas a possibilidade de realização é universal]
Eticidade como “cultura de liberdade comunicativa” (p. 54);
9. Parcela de sua filosofia responsável pela reconstrução do processo de
autorreflexão da razão realizada nas instituições e práticas sociais = espírito objetivo;
Realização do espírito no mundo objetivo das instituições possui a forma de “vontade
livre universal”;
Necessidade de reconstituir o passo necessário para a realização da vontade livre
universal dos homens no presente;
10. Noção de vontade livre universal em consonância com Rousseau, Kant e
Fichte e com o Esclarecimento moderno = “todas as determinações morais ou jurídicas
só podem ser corretamente consideradas na medida em que exprimem a autonomia
individual ou a autodeterminação dos homens” (p. 56);
Existência (Dasein) da vontade livre = condições sociais que a propiciam;
11. Ideia moderna de autonomia individual ou autodeterminação foi interpretada
como capacidade de se distanciar de carências, desejos e impulsos que limitam a
independência do Eu ou como capacidade de escolha ou decisão refletida entre conteúdos
dados;
Modelo optativo (autodeterminação incondicional e reconhecimento dos impulsos) x
modelo negativo (negação de impulsos e razão) da vontade;
Objeção ao modelo optativo da vontade livre = heteronomia e autodeterminação com
conteúdo finito;
Objeção ao modelo negativo = autodeterminação individual como exclusão
12. Tentativa de chegar a um modelo complexo de vontade livre no qual há
compreensão do vestígio de heteronomia, pois é resultado da liberdade. Para isso, ambos
os modelos incompletos de vontade são considerados;
Vontade livre como um sistema dos impulsos humanos;
13. Proposta de Harry Frankfurt de distinguir entre vontades de primeira e segunda
ordem = compreensão dos impulsos da ação ou inclinações como manifestações da
vontade de primeira ordem, valoração destas como de segunda ordem [noção de agência
humana em Taylor];
Vontade livre + representação de si mesma como livre;
Duas possíveis interpretações do sistema de motivações em Hegel;
Amizade como modelo paradigmático de liberdade, que é tanto determinidade quanto
indeterminação = “a liberdade é querer algo determinado, mas ser consigo mesmo e
retornar ao universal” (Hegel apud Honneth, p. 61);
PESQUISAR NO INWOOD: DETERMINIDADE
[determinidade = determinação sem determinismo, heteronomia necessária para estar
indeterminado]
[sofrimento de indeterminação decorre da não percepção da determinação da liberdade e
consideração de si como um ser autônomo]
14. Conceito de liberdade volta-se contra a concepção de atomismo;
“Para que possa querer a si mesma como livre, a vontade deve se limitar àquelas suas
‘carências, desejos e impulsos’, ou seja, às suas ‘first-order volitions’, cuja realização
pode ser experenciada como expressão, como confirmação da própria liberdade” (p. 61);
Modelo comunicativo de liberdade individual;
[a liberdade individual só faz sentido se puder ser expressada, se for reconhecimento]
15. Ordem social justa > existência da vontade livre;
Condições de existência da vontade livre = “tais condições sociais ou institucionais
devem ser concebidas estritamente como o conjunto de uma ordem social justa que
permite a cada sujeito individual participar em relações comunicativas que podem ser
experienciadas como expressão da própria liberdade” (p. 63);
Participação das relações sociais > realização ser coerção da liberdade no mundo exterior;
Relações comunicativas consideradas como um bem básico a ser colocado ao interesse
de todos os homens;
“Hegel, diferentemente de Rawls, não supõe que esse bem básico seja repartido com
justiça por meio de alguns princípios; parece que ele visa, na verdade, chegar à ideia de
que a ‘justiça’ das sociedades modernas depende da capacidade destas de possibilitar a
todos os sujeitos igual participação no ‘bem básico’ de tais relações comunicativas” (p.
63);
16. Existência da vontade livre = direito;
Direito concebido como “condição necessária”, mas também como “pretensão
justificada”;
Moralidade, eticidade, interesse do Estado são consideradas cada qual como um direito
específico, pois cada uma constitui a determinação e a existência da liberdade;
“Hegel quis entender por ‘direito’ algo incomparavelmente mais abrangente do que seus
contemporâneos filosóficos: em oposição à Kant ou Fichte, que sob o conceito de ‘direito’
entenderam a ordem estatal de uma vida comum regulada pelo direito e destacaram com
isso o movimento da coercibilidade do estado, Hegel compreendeu sob o mesmo conceito
todos aqueles pressupostos sociais que se mostraram necessários para a realização da
‘vontade livre’ de cada sujeito universal” (p. 64);
Apresentação ética das condições sociais da autorrealização individual;
Em vez de uma filosofia do direito, a concepção de Hegel pode ser considerada uma
“teoria ética do direito caracterizada juridicamente”;
17. Transposição do conceito moderno de direito, que se volta da esfera do
indivíduo para as relações e estruturas sociais (portadores de direito);
Ênfase nos bens de existência sociais que se deixam mostrar como bens sociais básicos
no interesse da realização da vontade livre;
18. Constituição de uma teoria da sociedade sob o rótulo de filosofia do direito;
“A Filosofia do Direito de Hegel representa uma teoria normativa de justiça social que
precisa ser fundamentada na forma de uma reconstrução das condições necessárias de
autonomia individual, cujas esferas sociais uma sociedade moderna tem que abranger ou
dispor para com isso garantir a todos os seus membros a chance de realização de sua
autodeterminação” (p. 67);

2. O “direito” na Filosofia do Direito: esferas necessárias de autorrealização


1. Propósito de Hegel: reconstrução gradual das condições (completas e
incompletas) comunicativas de autorrealização;
2. Seções da Filosofia do Direito: direito abstrato, moralidade, eticidade (família,
sociedade civil e Estado como esferas de ação comunicativa);
Direito abstrato = lugar social das concepções modernas de liberdade mediante as quais
o sujeito constrói sua liberdade na forma de direitos subjetivos;
Moralidade = lugar legítimo das concepções modernas de liberdade segundo as quais a
liberdade do sujeito individual é caracterizada como capacidade de autodeterminação
moral;
3. Apresentação dos conceitos incompletos de liberdade como complexos;
4. Procedência negativa na definição do direito por meio dos modelos incompletos
de liberdade;
Patologias sociais como expressão de um diagnóstico de época (solidão, vacuidade,
abatimento = sofrimento de indeterminação);
“[…] a realidade social não se comporta de modo indiferente em face da aplicação
daquelas determinações falsas ou insuficientes da existência humana […] a realidade
social sempre é estabelecida na forma de fundamentos racionais ditados pela própria
razão, que a violação prática contra tais fundamentos deve levar à rejeição da vida social”
(p. 74);
[instituição como relação social]

II. O vínculo entre teoria da justiça e diagnóstico de época (pp. 77-104)


1. Teorias normativas de justiça da sociedade moderna devem ser ancoradas no
princípio da liberdade individual igual de todos os sujeitos;
Diferentemente de Kant e Fichte, Hegel defende que a noção de autonomia/liberdade deve
ser compreendida abordando a autodeterminação reflexiva (vontades de primeira ordem
como elementos da liberdade > meio da expressão de si mesmo);
Retomada ao exemplo da amizade: prática como experiência de autorrealização ilimitada
e livre;
Necessidade de universalização da noção de liberdade para chegar à estrutura
comunicativa de ser consigo mesmo no outro;
“A liberdade efetiva existe numa autolimitação em face do outro, que por sua vez pode
ser experienciada como a expressão mais forte da subjetividade não coagida, do ser-
consigo-mesmo” (p. 78);
Liberdade efetiva: formação das inclinações e carências orientadas para o universal das
relações sociais e experienciadas como expressão da subjetividade irrestrita;
Liberdade efetiva em Harry Frankfurt: autolimitação em relação ao outro;
2. Justiças das sociedades modernas devem assegurar aos membros a experiência
comunicativa de ser si mesmo no outro/participação nas relações de interação não-
desfiguradas;
Liberdade comunicativa como necessidade básica;
Regras de distribuição em Hegel se opõem à concepção de justiça em Rawls, mais do que
bens, é necessária uma partilha das necessidades comunicativas;
3. Fundamentação na Filosofia do Direito de “uma teoria normativa de justiça de
sociedades modernas que reside na soma de todas as condições necessárias de
autorrealização individual” (p. 79);
Justificação da existência do estado na preservação das diferentes esferas comunicativas
que proporcionam a autorrealização individual;
Em Habermas a formação democrática da vontade é a fonte da legitimidade da ordem
jurídica do Estado; em Hegel, a noção de justiça é mais ampliada;
4. Estrutura da Filosofia do Direito acaba por dificultar a compreensão de seu
propósito, o que Honneth propõe é uma interpretação de suas três noções de liberdade
apresentadas na introdução;
Pré-condições da autorrealização individual: espaço interior para compreensão de si
mesmo como portador de direito e ordem moral para compreensão de uma consciência
individual, como sujeitos morais > duas morais autorreferidas que devem se fundir
coesamente no tecido da eticidade moderna;
3. Sofrimento de indeterminação: patologias da liberdade individual
5. Dificuldade na definição dos modelos de condição moderna de liberdade, no
qual há perigos de uma autonomização da liberdade e da limitação das liberdades
constituídas apenas juridicamente;
Demonstração das funções que as liberdades jurídica e moral assumem em relação às
condições comunicativas de liberdade na eticidade;
6. Autocompreensão falsa ou unilateral (violação da racionalidade da realidade
social) refletem um sofrimento de indeterminação;
TESE: “Hegel nos esclarece acerca do valor posicional exato que as liberdades moral ou
juridicamente determinadas devem possuir em uma concepção abrangente de justiça
moderna juntamente com um diagnóstico do efeito negativo que cada autonomização
deve produzir sobre nosso mundo da vida social; para essa síntese ousada e muito
particular da teoria da justiça e do diagnóstico de época é bastante útil o seu conceito de
‘espírito objetivo’, o qual, mesmo depois do abandono das pressuposições metafísicas,
ainda sustenta a ideia mediante a qual a realidade social é perpassada de fundamentos
racionais que não podem ser violados sem consequências para nossa autorrelação” (p.
83);
7. Tarefas de Hegel nos primeiros capítulos da Filosofia do Direito: função
positiva/definição ética das representações de liberdades e indicação dos limites
necessários por meio de uma teoria da ação;
O valor das duas concepções decorre da insubstituibilidade do papel assumido
simultaneamente no processo de autorrealização individual = valor dos direitos subjetivos
e da autonomia moral;
“[…] se sob o conceito de ‘eticidade’ deve ser reunida no fim a soma das esferas
comunicativas que são caracterizadas por meio de formas específicas da ação
intersubjetiva, então desde o início se implementa a análise dos conceitos no termo da
teoria da ação” (p. 85) – é também a tentativa de um projeto de ontologia social;
Conceito primitivo de ação + modelos de liberdade mais complexos = descrição da
complexidade das realidades sociais;
[individualismo romântico = moralidade x eticidade]
8. Contemplação da própria liberdade da vontade na realidade exterior necessita
de acesso às coisas desejadas;
Mandamento das pretensões autênticas: “seja uma pessoa e respeite o outro como pessoa”
= homem como portador de pretensões de direito;
[reconhecimento!]
Contratos como elemento central do direito formal (instituição intersubjetiva) = chance
de troca em interesse próprio com entendimento mútuo > liberdade do outro como meio
para a própria satisfação;
9. “Em que deve consistir o valor ético no direito abstrato para a meta de
autorrealização individual? E como podem ser qualificados os efeitos patológicos que
devem surgir quando o sujeito concebe sua própria liberdade apenas em relação ao
princípio dos direitos subjetivos?” (p. 88);
10. Tentativa de redução dos problemas da absolutização da liberdade jurídica;
“[…] aquele que articula todas as carências e intenções nas categorias do direito formal
tornar-se-ia incapaz de participar na vida social e por isso sofreria de ‘indeterminação’”
(p. 89);
Função de uma teoria da justiça: “manter no interior da eticidade uma consciência da
individualização legítima, enquanto os limites se revelam logo que todas as relações
sociais são reconstruídas em categorias de pretensões jurídicas” (p. 90);
11. Esboço de uma concepção de liberdade e uma teoria da ação que se apresente
a partir da complexidade das relações sociais;
12. Modelo de liberdade articulado de acordo com um ponto de vista moral;
[individualismo/vazio interior/pobreza da ação > fé numa religião acrítica > fuga da
vacuidade e da negatividade]
13. Liberdade individual diz respeito à relação do sujeito consigo mesmo – assim
como a moralidade, a liberdade deve ser concebida como uma autorrelação;
“[…] apenas quando um sujeito de fato avalia reflexivamente como deve agir podemos
então falar propriamente de liberdade individual” (p. 92);
Na autonomia moral se encontra a capacidade reflexiva que possibilita a autorrealização
individual e a liberdade;
[relação com o psíquico de Mead, afinal, a fundamentação na teoria da ação remete ao
pragmatismo]
Reflexão individual > assentimento racional da coletividade > espírito objetivo;
14. Concepção da esfera moral como direito de existência e indicação dos limites
do ponto de vista moral a partir da crítica à Kant (ausência de orientação da ação);
[retomada da crítica de materialismo e moral]
“[…] enquanto abstrairmos o fato de que sempre nos movemos em um ambiente social
no qual aspectos e pontos de vista moral já se encontram institucionalizados, a aplicação
do imperativo categórico permanecerá ineficaz e vazia, mas se ao contrário aceitarmos a
circunstância de que o ambiente social já sempre nos apresenta traços de deliberação
moral, então o imperativo categórico perde sua função de fundamentação” (p. 93);
15. Censura ao relativismo moral da concepção hegeliana é rebatida com a
tentativa de preencher as prerrogativas da práxis da vida institucionalizada e racional com
a noção de eticidade;
Crítica à cegueira ao contexto do imperativo categórico (teoria moral estrita) x proposta
de compreensão da realidade como incorporação da razão (argumento
epistemológico/ontológico-social);
Relação da crítica a autonomia com diagnóstico de patologia social;
16. Consideração do ponto de vista moral nem sempre deve ser considerada falsa,
pois é possível questionar a racionalidade das práticas institucionalizadas = realização da
liberdade por meio do distanciamento das normas existentes;
“[…] adotar o ponto de vista moral significa tender a perder-se num profundo apelo à
própria consciência, a partir do qual, sem as normas e obrigações previamente aceitas,
não há como escapar; em certa medida, a reflexão moral segue vazia, porque não pode
perceber que a aplicabilidade do princípio de universalização se deve à confiança na
validade racional de uma série de prerrogativas normativas; e nesses casos a fronteira das
patologias sociais é transgredida logo que ocorre a autonomização do ponto de vista
moral, levando à extinção de todos os preceitos práticos e, com isso, à perda da ação” (p.
97);
Refúgio de uma reflexão infinita nos poderes tradicionais da fé de uma religião acrítica;
NOTA 31: eticidade como segunda natureza, de acordo com John McDowell: “a
eticidade, como um conjunto de nossas práticas racionais da vida, é o resultado daquele
processo de formação no qual, através de nossas atividades, tradições, e mesmo
percepções, se produziu uma segunda natureza que representa uma incorporação da
razão” (p. 97).
[destaque à relação entre a racionalidade e a consciência, que não é linear – os
comportamentos aqui descritos, que compõem a eticidade são inconscientes mas
racionais]
[associação da racionalidade à consciência se deve à concepção romântica de razão]
[fonte do conceito de segunda natureza n’A Teoria do Romance de Lukács, que depois é
fonte da noção de história natural de Benjamin, cujas reflexões sobre alegorias remetem
à tentativa de encontrar vestígios da primeira natureza na segunda]
4. “Libertação” do sofrimento: o significado terapêutico de “eticidade”
17. Transição da moralidade para a eticidade como uma libertação no relato sobre
a autonomização do sujeito individual;
Libertação = “superação daquele estado que foi vivido como algo limitado e preocupante
e que resulta da frustração da autorreflexão moral; ao compreender que nos encontramos
em relações sociais nas quais a própria normatividade já abrange deveres e direitos, ou
seja, regras morais, então no libertamos do vazio torturante para o qual a autonomização
do ponto de vista moral nos levou” (p. 98);
[compreensão de que os deveres são, necessariamente, heterônomos é rompida aqui e
considerada como um dos elementos da libertação]
[normatividade já abrange direitos e deveres]
[deveres como liberdade = Rousseau/deveres inatos e Kant/deveres racionais]
Relação da libertação com pathos;
Desvinculação do ponto de vista moral como condição de liberdade efetiva;
18. Duplo caráter da liberdade = desvinculação de perspectivas que restringem a
liberdade (negativo) e movimento em direção à liberdade real/eticidade (positivo);
Emprego da noção de terapia em Hegel remete à compreensão moderna de liberdade
como procedimento que se encontra em Wittgenstein;
“[…] partindo-se da verificação de um ‘sofrimento’ determinado no mundo da vida
social, segue-se primeiramente que este ‘sofrimento’ é o resultado de uma perspectiva
equivocada derivada de uma confusão filosófica que visava apresentar então a proposta
terapêutica de uma mudança de perspectiva que consistisse na recuperação de uma
familiaridade com o conteúdo racional de nossa práxis da vida” (p. 100);
Compreensão terapêutica da filosofia conduz à percepção de uma carência no mundo da
vida, estados de apatia ou esvaziamento;
[psicologia como patologia social]
A segunda parte da terapia diz respeito à noção de “imagem que nos mantinha presos”
desenvolvida por Wittgenstein;
19. “Imagem que nos mantinha presos” = confusão conceitual entre as duas
perspectivas de liberdade que são insuficientes;
Concepções imperfeitas de liberdade conduzem a instituição dessas concepções na prática
cotidiana dos sujeitos, apresentando-se de forma mais intensa que um mero erro
cognitivo;
“[…] Hegel também trata de forma consequente ambas as concepções imperfeitas de
liberdade como formas do espírito objetivo, o que de acordo com sua terminologia deve
significar que elas não representam apenas uma convicção subjetiva ou uma afirmação
filosófica, mas que já se tornaram uma perspectiva partilhada intersubjetivamente pelos
próprios atores sociais da qual resultam consequências para a ação” (p. 101);
[relação entre eticidade e sentimentos de injustiça – concepções morais que permanecem
latentes e racionalizadas, ainda que inconscientemente]
20. Eticidade – emancipação – libertação;
“[…] as concepções de liberdade do ‘direito abstrato’ e da ‘moralidade’ não são falsas ou
equivocadas enquanto tais, mas apenas se tornam problemáticas e, por conseguinte,
podem causar sofrimento social se forem simultaneamente consideradas por si mesmas e
elegidas como únicas representantes de uma práxis autônoma: enquanto os atores sociais
orientam suas próprias ações unilateralmente somente segundo uma das duas ideias de
liberdade, não estão apenas negando as condições de uma realização efetiva de sua
autonomia, mas, além disso, devem permanecer de um modo ou de outro, num estado
torturante de esvaziamento, de indeterminação” (p. 102);
Constância dos erros ligados à vida prática e comportamentos patológicos;
Função terapêutica = “no instante em que aceitam a interpretação oferecida de um
conteúdo ético de seu próprio mundo da vida, os leitores e leitoras devem se libertar ao
mesmo tempo daqueles comportamentos equivocados que até o momento impediram a
realização de sua liberdade” (p. 102);
[passo 1 = diagnóstico; passo 2 = imagem que nos mantém presos; passo 3 = crítica
terapêutica ou autorreflexão libertadora]
21. Liberdade como emancipação das dependências veladas (negativo) e
conquista da liberdade afirmativa (positiva);
“Com a superação dos comportamentos patológicos, a passagem para a ‘eticidade’
também deve proporcionar ao mesmo tempo o acesso às condições comunicativas que
formam os pressupostos sociais segundo os quais todos os sujeitos podem chegar
igualmente à realização de sua própria autonomia; pois logo no momento em que os
próprios concernidos perceberem que se deixaram influenciar por concepções
insuficientes (porque unilaterais) de liberdade, eles mesmos são capazes de reconhecer
no seu próprio mundo da vida as formas de interação nas quais a participação constitui
uma condição necessária de sua liberdade individual” (p. 103);
Concepções insuficientes de liberdade impedem os sujeitos de chegarem a um conceito
de justiça ligado a uma teoria da intersubjetividade;
Primeira concepção (terapêutica) e segunda concepção (teoria da justiça) devem ser
implementadas na passagem para a eticidade.
III. A doutrina da eticidade como teoria normativa da modernidade (pp. 105-144)
1. Importância das “expressões frequentemente discretas e empregadas na
linguagem cotidiana” [sentimentos de injustiça];
Noção de sofrimento = estado de espírito coletivo ou de sentimento individual empregado
na maior parte das vezes devido à indeterminação, vacuidade ou esvaziamento > “danos
patológicos que uma orientação no mundo da vida relacionado somente aos modelos
unilaterais e incompletos de liberdade deve poder causar” (p. 106);
Noção de libertação = referência à liberdade real por meio da eticidade (criação de
igualitária de condições de uma realização da liberdade para todos os membros da
sociedade).
5. Autorrealização e reconhecimento: condições para a “eticidade”
2. Duplo significado de libertação abrange os conceitos positivo e negativo de
liberdade;
Primeira condição mínima da esfera ética: disponibilizar possibilidades acessíveis de
realização individual para experiência de cada sujeito como realização prática de
liberdade > libertação do sofrimento;
3. Segunda condição: realização da liberdade individual na interação determina o
caráter intersubjetivo da eticidade, que deve ser encontrada “nas formas de comunicação
nas quais os sujeitos podem ver reciprocamente no outro uma condição de sua própria
liberdade” (p. 107);
Formas de intersubjetividade = reconhecimento = “afirmação recíproca isenta de coerção
de determinados aspectos da personalidade que se relacionam com cada um dos modos
de interação social” (p. 108);
Reconhecimento como comportamento/tratamento que exija moralmente a forma de
reconhecimento correspondente;
4. Elaboração do lado prático do reconhecimento na Filosofia do Direito;
Eticidade = ordenação gradual de diferentes formas de reconhecimento recíproco =
determinados tipos de ações sociais;
Terceira condição = ações intersubjetivas como formas determinadas de reconhecimento
recíproco;
Teoria da eticidade construída como uma teoria da ação = componentes expressivos como
complemento do conceito de ação = modelo de ação social suficientemente complexo
para esclarecimento da integração social nas sociedades modernas;
5. Questão libertadora dos deveres é retomada pelo desenvolvimento de uma
“doutrina ética dos deveres”;
Modificação da noção kantiana de dever, que representa um “princípio vazio da
subjetividade moral”. Em Hegel, o dever se apresenta como relação necessária enquanto
determinação ética (mandamentos morais);
Deveres como “elementos internos do padrão de ação correspondente” (p. 111) =
experienciação de certas normas como obrigatórias;
6. Conexão interna entre doutrina dos deveres ética e conceito de reconhecimento;
“[…] numa ação cuja execução que é caracterizada pela observação de determinadas
normas morais, um sujeito pode demonstrar reconhecimento em face do outro porque
justamente essa demonstração é determinada pelas considerações morais realizadas por
meio das normas de ação correspondentes” (p. 112);
7. As relações éticas só se realizam em um padrão de práticas intersubjetivas que
possibilite os sujeitos se realizarem mutuamente, expressando reconhecimento pela
consideração moral;
Refutação da perspectiva heterônoma das carências e defesa delas como parte do processo
de socialização = “o potencial de carência, incluindo a natureza do homem, não pode ser
pensado como algo fixo de uma vez por todas, mas pode se apresentar como algo plástico
que contém espaço para mudanças ajustadas” (p. 113);
Constituição da estrutura motivacional dos homens é resultado de processos nos quais as
carências e inclinações podem ser penetrados por mandamentos racionais;
Limitação = “formação do potencial impulsivo em direção às carências intersubjetivas é
representado como um processo supra-individual que a sociedade moderna é capaz de
reproduzir regularmente em si mesma como ‘formação’” (p. 113);
Esfera ética como um mundo social da segunda natureza;
8. As práticas intersubjetivas devem corresponder tanto às condições de
autorrealização individual quanto às condições de reconhecimento recíproco;
Padrões de ação estão fundidos a deveres, inclinações, carências e mandamentos =
práticas morais plenas de conteúdo;
Necessidade de desenvolvimento de uma teoria epistemológica que possibilita falar de
formação apenas como trabalho realizado em um horizonte total de regras implícitas;
9. Hegel não elabora um construtivismo moral (condições sociais de realização
destacadas após a fundamentação dos princípios de justiça);
Realidade social apenas como espírito objetivo = imposição racional de rações capazes
de serem universalizadas;
[um universalismo contextualista não já estaria presente em Hegel?]
Interpretação do procedimento hegeliano por meio do conceito de “reconstrução
normativa” = “[…] as relações modernas de vida foram reconstruídas de um modo
normativo com o fio condutor dos critérios até aqui desenvolvidos, de modo que nestes
se revelam imprescindíveis de realização da liberdade individual de todos os membros da
sociedade” (p. 116);
A eticidade é apenas parte daquilo que pertence às realidades sociais modernas;
10. Três subseções da “eticidade”: família, sociedade civil e Estado, que devem
ser relacionadas às três esferas de ação;
Instituições – âmbitos de ação da autorrealização, do reconhecimento e da formação;
11. Há uma relação hierárquica entre as três esferas;
Família = sentimentos naturais que correspondem à inclusão do indivíduo = família é a
“eticidade na forma do natural”;
Referência à perspectiva pequeno-burguesa de família = consumação da socialização das
carências humanas;
“[…] sem o reconhecimento intersubjetivo ao qual chegam às pulsões no espaço interior
da família, a formação de uma ‘segunda natureza’, de um fundo socialmente partilhado
em costumes e comportamentos, não seria possível” (p. 118);
12. Sociedade civil também é caracterizada como um sistema de carências, o que
conduz a confusões com o conceito de família > carência como regulação anônima;
Referência à perspectiva da economia inglesa/mercado capitalista de sociedade civil;
Sociedade civil = “esfera da circulação mediada pelo mercado entre os proprietários” (p.
119) = meio de destruição da eticidade imediata [natural?] e isolamento extremo;
13. Na sociedade civil, o sujeito já é pessoa de direito individualizada; na família,
é apenas membro dependente de uma comunidade não-escolhida > evolução nos níveis
de individualização;
A sociedade civil proporciona certos níveis de reflexividade diante dos espaços
comunicativos da família;
14. A passagem para o Estado não necessariamente representa um grau superior
de individualidade – o sujeito, inclusive, aparece apenas como membro dependente;
Existência pública (cidadão dotado de razão) ocorre por meio da limitação racional das
habilidades e capacidades ao torna-las uteis ao fim comum de um modo desinteressado;
Vida universal > honra;
Estado deve garantir o compartilhamento dos sujeitos na corporação e possibilidades
alternativas de exercício de funções públicas;
Participação ativa na reprodução da coletividade possibilita um alto grau de
individualização = sujeito como membro da sociedade;
15. Carência (família) > interesse (sociedade civil) > honra (Estado);
Participação do sujeito nas esferas comunicativas permite o aprendizado de esquemas
cognitivos e argumentos que são construídos num campo racional de fins e razão;
Descentramento progressivo do sujeito > coletividade concreta;
16. Desenvolvimento de uma forma racional e descentrada de subjetividade;
Aptidão para incorporação social da eticidade.
6. A superinstitucionalização da “eticidade”: problemas da abordagem hegeliana
17. Destaque para um tipo de cognição presente nas esferas de normatividade que
se relaciona com certas formas de subjetividade > jogos de linguagem;
Fim exterior da comunidade familiar é o cuidado e a proteção;
Conexão interna entre agir e conhecer = família como momento da eticidade em
decorrência da satisfação da carência natural como amor recíproco (unidade do outro
comigo) e tratamento cunhado pela confiança/companheirismo;
Amor como forma de ação e tratamento/conhecimento – assim como as demais esferas
de eticidade;
18. Família como formação porque representa um “contexto cognitivo no qual os
participantes aprendem o que significa ver o outro como um indivíduo insubstituível” (p.
126);
Linguagem valorativa das relações pessoais como tarefa primária do processo de
formação da criança – exemplo da amamentação como unidade do homem com a natureza
[Winnicott];
19. Amor na família como forma de comunicação (condição da eticidade) =
cumplicidade, assistência e auxílio como estabelecimento de direitos e deveres;
20. Liberdade na família por meio da sensação de incompletude decorrente da
ausência de um dos membros = autoaperfeiçoamento conquistado na relação com o outro;
“[…] nós realizamos aqui [na família] uma parte de nosso self porque por meio do outro
são afirmadas de um modo não violento aquelas nossas inclinações, motivações e
carências por meio das quais somos dotados como seres naturais ‘sensíveis’” (p. 128);
Matrimônio como questão terapêutica = libertação por meio da autolimitação, pois
decorre de uma consciência-de-si;
21. “[…] os membros das famílias chegam à autorrealização em suas inclinações
e carências se e somente se eles se concederem entre si um tipo de cumplicidade e
assistência que exprima o reconhecimento da insubstituibilidade do outro; ao mesmo
tempo, na relação de comunicação estabelecida desse modo é instaurado estruturalmente
um processo de formação, porque as crianças que estão crescendo têm de aprender
necessariamente a dispor de uma linguagem valorativa de relações pessoais” (p. 128);
Retomada da crítica à misoginia hegeliana;
Questão da amizade;
22. Similaridade das experiências de reconhecimento do amor e da amizade, ainda
assim, Hegel não remete à segunda em sua concepção de eticidade;
Referência de Honneth à Piaget para descrever o potencial formativo da amizade =
brincadeira como espaço de desenvolvimento da capacidade de julgar moralmente;
23. Explicação sobre a ausência da amizade na teorização sobre a eticidade seria
a de o tema ser associado à instituição da família, institucionalizável de acordo com o
direito positivo assim como as demais esferas;
24. A eticidade não teria liberdade estável se fosse garantida a todas as pessoas;
25. Necessidade de institucionalização positivada juridicamente é destacada por
Hegel, embora a eticidade seja concebida como costumes que podem ser compreendido
enquanto instituições;
Instituição x costume;
“Se Hegel tivesse se deixado guiar por um tal conceito de ‘instituição’, o qual confiava
inteiramente ao conceito de ‘costume’, então lhe teria sido possível compreender como a
‘substância’ da família não um contrato nem sensações meramente subjetivas, mas sim
hábitos de ação rotineiros; e um tal procedimento natural também permitiria incluir na
primeira esfera da ‘eticidade’ o padrão de interação da ‘amizade’, que não representa uma
‘instituição’ da ação social sancionada pelo ‘Estado’ adquirida culturalmente” (p. 133);
Restrição à família sustentada pelo direito positivo se deve a sua instaurabilidade
social/generalidade segundo intervenções controladas pelo Estado;
26. Interpretação reducionista da família e diminuição do caráter ético das
condições de liberdade sociais;
Eticidade = “[…] incorporação social de hábitos de ação desenvolvidos historicamente e
caracterizados racionalmente” (p. 134);
Plasticidade das relações de comunicação modernas = “[…] a formação de hábitos nunca
poderá ser completamente regulada” (p. 135);
Apoio do direito estabelecido pelo Estado e não uma regulação;
Reconstrução normativa = “[…] reconstruir as esferas sociais de valor da modernidade
que se caracterizam pela ideia de uma combinação determinada de reconhecimento
recíproco e autorrealização individual” (p. 136);
Sociedade moderna como um “[…] complexo de esferas de reconhecimento que
oferecem espaço de ação suficiente para formas distintas de institucionalização social”
(p. 136);
27. Universalidade indireta e obrigatoriedade das relações contratuais;
28. Transformação das carências naturais em interesses no mercado econômico
por meio da prorrogação do instinto e articulação dos desejos particulares em uma
linguagem compreensível = “polimento da particularidade” > libertação da mera
subjetividade do comportamento > objetivação;
29. Tendências à desintegração social do sistema capitalista já percebidas por
Hegel, como o desemprego e a miséria em massa, por exemplo;
Produção do universal na corporação (parte da sociedade civil) se dá pelo estabelecimento
de fins partilhados intersubjetivamente;
Pessoa independente > membro de uma corporação > exercício das virtudes específicas
do trabalho para o bem de toda a sociedade;
“[…] o indivíduo, provendo para si mesmo na sociedade civil, age, também, para os
outros. Mas essa necessidade desprovida de consciência não é suficiente: ela só se torna
eticidade sabida e pensante na corporação. Acima desta, certamente, deve estar a inspeção
superior do Estado, porque, senão, ela se ossificaria, se encasularia em si mesma e se
degradaria num mero corporativismo (Zunftwesen) à moda antiga” (Hegel apud Honneth,
p. 139);
30. Descrição de cada esfera de eticidade por meio de um padrão determinado de
práticas sociais/bens básicos;
Equiparação das esferas;
31. Vantagens da disposição da corporação na organização do Estado;
Crítica à mistura feita por Hegel de duas tarefas que deveriam ser distintas: análise
normativa da estrutura das sociedades modernas para identificação das condições
historicamente produzidas de liberdade individual e análise das instituições de
legitimação das formas de organização desenvolvidas ancoradas no direito;
Sem a segunda função, a sociedade civil poderia ser uma esfera individual de
reconhecimento e realização dos fins privados;
32. Ausência de clareza acerca da concepção de Estado como relação de liberdade
pública = autorrealização por meio das atividades comuns e universais;
[autorrealização na sociedade civil x autorrealização no Estado]
33. Versão republicana de Estado em Hegel > liberalismo autoritário;
[não se encontra na doutrina política de Hegel o menor vestígio de uma esfera pública
política, da concepção de uma formação democrática da vontade]
[aperfeiçoamento da doutrina de eticidade com objetivo de uma teoria da justiça teria se
sustentado da melhor maneira possível, emoldurada no contexto de uma ordem moral
capaz de assegurar a liberdade]
34. Embora a visão de Hegel seja republicana, não é democrática.
LIBERDADE SOCIAL:
- Bifurcação entre os dois conceitos de liberdade (positivo/negativo) apresentados por
Isaiah Berlin (inspirado na distinção feita por Hegel);
- A liberdade social é realizada cooperativamente, experienciada diariamente, mas não há
uma linguagem para identifica-la;
- Na liberdade democrática é quase impossível falar de uma ação individual, dado o
caráter intrinsecamente coletivo das ações sociais;
- Crítica à concepção de liberdade como ação singular e isolada de formar uma opinião
privada sobre sua própria preferência sem influência de uma intervenção arbitrária
(liberdade negativa) – Dewey voltou-se contra esta visão, destacando o caráter
democrático da ação;
- Crítica à noção de liberdade como uma ação performada por um sujeito individual
(Kant/romantismo);
- A atividade realizada individualmente deve ser concebida como uma prática comum de
liberdade;
- Liberdade comunitária expressa na democracia, no amor e na amizade – categoria
independente de liberdade que vem sendo uma subcorrente na tradição filosófica desde
Hegel;
- Interesse comum > instituições;
- A liberdade só pode ser efetivada em determinadas instituições, nas quais o indivíduo
age em cooperação;
- Reconhecimento/ação recíproca como núcleo da ideia de socialismo;
- Noção de liberdade social já presente em Hannah Arendt, que concebeu a ação
democrática como uma expressão da intersubjetividade fundante da liberdade humana,
embora não encontrada na teoria hegeliana;
- Em Marx, o trabalho é um espaço potencial de liberdade social. Em Hannah Arendt,
somente a esfera política como reino da contestação do bem comum;
- Para Dewey, é um erro conceber a liberdade social como fonte de um sujeito isolado,
pois o nosso grau de liberdade aumenta de acordo com a nossa ação na atividade
cooperativada socialmente;
- Liberdade em Dewey = liberação segura e realização das potencialidades pessoais que
apenas se manifestam na rica associação com os outros – o poder de ser um self
individualizado realizando uma contribuição distintiva, e aproveitando de seu modo os
frutos da associação;
- Liberdade social depende da formação de um bem comum para concepção de um “nós”;
- Valor da liberdade # valor da solidariedade > descoberta da liberdade nas experiências
de solidariedade;

S-ar putea să vă placă și