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Polícia Comunitária
Natal/RN
2019
Polícia Comunitária
Natal/RN
2019
1Janildo da Silva Arante, 2º Sargento QPMP-0 - PMRN, é formado em Matemática Licenciatura Plena pela UFRN e pós-graduando em Polícia Comunitária
(UNYLEYA) e em Criminologia (Faculdade Futura). Possui diversos cursos na área de Segurança Pública. Já ministrou, junto ao CFAPM, além dessa disciplina,
as disciplinas de Estatística Aplicada à segurança Pública (CFS), Sistema e Gestão em Segurança Pública (CAS), Sistema de Segurança Pública (CAS), Polícia de
Proximidade (CAS), Fundamentos da Gestão Pública Aplicados à Segurança Pública (CFS), Sistemas de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária
(CFS), Estatística Aplicada à Atividade Policial (CFS)e Didática Aplicada à Atividade Policial (CFS).
2 CARDIA, Nancy. O Policiamento que a Sociedade Deseja. Relatórios da Pesquisa. São Paulo: Núcleo de Estudos da Violência, 2003. Relatório Técnico. Disponível
em: http://www.nevusp.org/portugues/index. php?option=com_content&task=category §ionid=9&id=51&Itemid=124 (último acesso em 28/08/2008).
CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICO
O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o desenvolvimento das instituições de segurança pública, com as
polícias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como referência ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada
em 1829, sob os princípios de Sir Robert Peel, mudou os paradigmas, dando preponderância ao papel preventivo de suas ações, com
foco na proteção da comunidade.
O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a prevenção, em detrimento da repressão, reforçaram a proximidade da
polícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. Tradicionalmente conhecido, o modelo inglês retirou as polícias do
isolamento, apresentando-as à comunidade como uma importante parceira da segurança pública e fundamental para a redução da
violência. Com isso, surgiu o conceito de uma organização policial moderna, estatal e pública, em oposição ao controle e à
subordinação política da polícia, seja por parte do poder executivo, seja por parte de líderes locais.
Quase que simultaneamente e tão importante quanto a experiência inglesa, perdurando até hoje, no Japão foi desenvolvido
um dos processos mais antigos de policiamento comunitário do mundo. Todo policial japonês, ao terminar seu curso de formação,
inicia suas atividades junto às bases comunitárias denominadas “Koban” ou “Chuzaisho”, sendo a primeira localizada em áreas com
maior circulação de pessoas e a segunda caracterizada por ser, também, residência do policial e de sua família, com predominância
nas áreas rurais. O modelo japonês é reconhecido por suas características culturais de aproximação, respeito e cidadania.
A polícia comunitária japonesa é extremamente ativa em seu serviço voltado à comunidade, objetivando, dessa forma, o
estabelecimento de laços sólidos com o cidadão. O policial japonês realiza, periodicamente, visitas comunitárias às casas dos
cidadãos, denominadas “Junkai renraku”3, visando estabelecer contato, aproximar-se da população e levantar dados quanto aos
problemas existentes no bairro. Com base no levantamento desses dados é feito um programa de ação a fim de apresentar respostas às
questões.
A polícia comunitária é tão presente e ativa no modelo policial japonês que todo policial é obrigado a fazer parte da mesma e
de conscientizar-se de sua finalidade. A estrutura básica do sistema japonês, datado de 1879, combina a cultura tradicional com os
ideais democráticos do Pós II Guerra Mundial, o que permite que o policial demonstre claramente sua formação cultural, sendo
extremamente educado, polido e disciplinado.
Na América Latina, os anos 1960 e seguintes foram marcados por um considerável aumento da criminalidade, perturbação da
ordem pública e distúrbios urbanos, causando grandes impactos no serviço policial, motivando diversos cientistas policiais a
estudarem de forma minuciosa a função policial de preservação da ordem pública, concluindo que essa preservação depende
preponderantemente de relações comunitárias ativas, apontando a necessidade da íntima aproximação e identificação da polícia com a
comunidade.
No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da Polícia Comunitária iniciaram-se com a edição da Carta Constitucional
de 1988 e a necessidade de uma nova concepção para as atividades policiais, por meio da adoção de estratégias de fortalecimento das
relações das forças policiais com a comunidade, com destaque para a conscientização interna sobre a importância do trabalho policial
e a contribuição da participação do cidadão para a mudança pretendida por todos.
Atualmente, incentivados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e por meio da Secretaria Nacional de Segurança
Pública, os entes federados são estimulados à prática policial que esteja em conformidade com os postulados da Polícia Comunitária,
permitindo a constituição de um sistema que se funda na cooperação e visão sistêmica.
Ressalta-se que conforme preceitua a Carta magna, a polícia ostensiva, de competência das polícias militares, e a polícia
judiciária, de competência das polícias civis, bem como as polícias federais, todas previstas no art. 144, incisos I a V do caput, da
Constituição, são as instituições responsáveis pela pela segurança pública em âmbito nacional, sendo que a presente Diretriz visa
fortalecer as relações das polícias entre si e primordialmente com as comunidades locais.
3Junkai Renraku são atividades que os policiais comunitários realizam, por meio da visita a famílias e aos locais de trabalho, ocasião em que repassam orientações
sobre a prevenção de ocorrências de crimes e acidentes, além de recepcionarem informações sobre problemas, solicitações e sugestões da comunidade (SENASP, p.
156).
4Os kobans (sistema de policiamento japonês) eram vistos como bases fixas de patrulhamento - recebiam queixas e solicitações de serviço, realizavam o
patrulhamento a pé, de bicicletas, e de patinetes motorizados, respondendo, quando fosse viável, a chamadas de serviços de emergência e dando atenção
especial para a ligação com a comunidade e para a prevenção do crime. (Cf. SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário: Questões e
Práticas através do Mundo. p. 89). Os Kobans, localizam-se normalmente nos locais onde haja grande fluxo de pessoas, como zonas comerciais, turísticas, de
serviço,próximo às estações de metrô, etc., sendo que, nesse tipo de posto trabalham equipes compostas por 03 ou mais policiais, conforme o fluxo de
pessoas na área delimitada como circunscrição do posto, funcionando 24 horas por dia, existindo atualmente mais de 6.500 Kobans em todo o país. (Cf.
CAVALCANTE NETO, Miguel Libório. A Polícia Comunitária no Japão: Uma Visão Brasileira. Encontro Nacional de Polícia Comunitária, realizado em Brasília/
DF, de 13 a 16 de dezembro de 2001. Disponível em:http://www.estacaodocomputador.com.br.p.1).
5É uma casa que serve de posto policial 24 (vinte e quatro) horas, onde o policial reside com seus familiares, e na sua ausência a esposa atende aqueles que
procuram o posto. Localiza-se normalmente nos bairros residenciais e conta atualmente com mais de 8.500 postos nesta modalidade. (Cf. CAVALCANTE NETO,
Miguel Libório. A Polícia Comunitária no Japão: Uma Visão Brasileira.p.1
6 Antigamente, havia no Japão pequenos postos policiais, chamados “Kobansho”, que em 1881 foram denominados “Hashutsusho” e, em 1994, a pedido da
população, tornaram-se “Koban”, em que “Ko” significa troca e “Ban” vigilância. Logo, “sistema de vigilância por troca”, em que a instalação física do Koban
é referência para a comunidade procurar a polícia, enquanto a polícia oferece atenção à comunidade. Em 1888, nascia o “ Chuzaisho”. “Chuzai” é a residência
onde trabalha e “sho” é o local. Ou seja: “instalação em que o policial mora e trabalha” com a família, geralmente situada em áreas rurais ou cidades menores.
Na ausência do policial, a esposa, remunerada para tal, atende aos solicitantes.
Pelos princípios policiais, Sir Robert Peel7 é considerado o pai do policiamento moderno. Ajudou a criar o moderno conceito
de força policial, e, por conta disto, os policiais metropolitanos ingleses são conhecidos como Bobbies.
O nome de Peel, é evocado não pelo fato de que Robert Peel tenha elaborado o texto, mas em decorrência de que enunciou,
na conceituação de uma força policial ética, o “espírito” destes princípios.
A lista abaixo, princípios norteadores da ação policial, indica, um caminho ético a qualquer organização de segurança no
mundo, seja nacional, estadual e, principalmente municipal, sobretudo, aos administradores públicos, eleitos pelo povo, que têm a
responsabilidade da administração também da Segurança Pública durante o seu mandato.
PRINCÍPIOS CENTENÁRIOS DE ROBERT PEEL
1.A missão fundamental para a polícia existir é prevenir o crime e a desordem.
2.A capacidade da polícia para exercer as suas funções está dependente da aprovação pública das ações policiais.
3.A Polícia deve garantir a cooperação voluntária dos cidadãos, no cumprimento voluntário da lei, para ser capaz de garantir e
manter o respeito do público.
4.O grau de cooperação do público pode ser garantido se diminui proporcionalmente à necessidade do uso de força física.
5. A Polícia não deve se manter(criar prestígio e autenticidade) apenas com prisões , não preservando assim o favor público e
abastecendo a opinião pública, mas pela constante demonstração de absoluto serviço abnegado à lei.
6. A Polícia usa a força física na medida necessária para garantir a observância da lei ou para restaurar a ordem apenas quando o
exercício da resolução pacífica, persuasão e de aviso é considerado insuficiente.
7. A Polícia, em todos os tempos, deve manter um relacionamento com o público que lhe dá força à tradição histórica de que a
polícia é o público e o público é a polícia, a polícia é formada por membros do população que são pagos para dar atenção em tempo
integral aos deveres que incumbem a cada cidadão, no interesse do bem-estar da comunidade e a sua existência.
8. A polícia deve sempre dirigir a sua ação no sentido estritamente de suas funções e nunca parecer que está a usurpar os poderes do
judiciário.
9. O teste de eficiência da polícia é a ausência do crime e da desordem, não a evidência visível da ação da polícia em lidar com ele.
O historiador Charles Reith explicou em seu estudo sobre a História de Polícia (1956) que estes princípios constituem uma
abordagem ao policiamento “único na história e em todo o mundo”, porque é derivada, não de medo, mas quase exclusivamente
da cooperação entre o público e a polícia, induzida a partir de um comportamento total de sensação de segurança que mantém para
todos a aprovação, respeito e carinho do público. É possível implementar essas ideias no Rio Grande do Norte? Podemos ter uma
polícia comunitária cada vez relacionada com o convívio da sociedade paulistana?
Segundo Cerqueira, não existe um conceito exclusivo de polícia comunitária no Brasil, embora o mais presente entre as
instituições policiais é: Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre
a população e a polícia. Tal parceria baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas
para identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos, tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e
morais, e, em geral, a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida da área. (TROJANOWICZ
e BUCQUEROUX, 1994, p.4-5)
7 Sir Robert Peel - Robert Peel, 2.º Baronete (Bury, 5 de fevereiro de 1788 — Londres, 2 de julho de 1850) foi um político britânico, primeiro-ministro de
seu país de 10 de dezembro de 1834 a 8 de Abril de 1835 e de 30 de Agosto de 1841 a 29 de Junho de 1846.
Ajudou a criar o conceito moderno da força policial do Reino Unido. Seu pai era um fabricante de têxtil na Revolução Industrial. Peel foi educado na Escola
primária Hipperholme, depois em Harrow School e finalmente na Christ Church, em Oxford.
Faleceu em Londres em 2 de julho de 1850, a consequência de um acidente de cavalo na estrada Constitution Hill. Encontra-se sepultado em St Peter
Churchyard, Drayton Bassett, Staffordshire na Inglaterra ( Robert Peel (em inglês) no Find a Grave ).
3. O PM E OS LIMITES DA LEI
Alex João Costa Gomes8
A temática é por deveras instigante e relevante ao serviço policial militar, pois a Lei é quem norteia as ações das Policias
Militares no Brasil, mesmo sendo essas discricionárias, autoexecutáveis e coercitivas, as Polícias Militares não podem agir em
desacordo com o que determina nosso ordenamento jurídico, ou seja, como bem entendem. Desta feita, existe a necessidade da
observância das normas e leis que regulam cada ação do Policial Militar (PM), desde as mais simples até as mais complexas. O PM
é um dos poucos servidores do Estado que está em quase todo lugar do país, trabalha diuturnamente para garantir a ordem pública,
com o intuito de levar a segurança pública ou ao menos a sensação dessa a cada cidadão brasileiro. Sendo que por diversas vezes
têm segundos para tomar uma decisão em uma ocorrência nas ruas do país, e essa decisão pode o levá-lo ao banco dos réus com a
sociedade ao lado dele, ou totalmente contra o mesmo.
“Os agentes policiais no exercício de suas funções encontram-se sujeitos ao limites da lei. A atividade policial possui aspectos
discricionários, que são essenciais para o cumprimento das funções de segurança pública.
O ato de polícia como ato administrativo é que fica sempre sujeito a invalidação pelo Poder Judiciário, quando praticado com
excesso ou desvio de poder.” (Hely Lopes Meirelles, 1972)
Hely Lopes Meirelles coloca muito bem a questão da atividade policial de forma geral, mas que está sujeita a validação ou
não da Justiça brasileira. Podemos inferir que isso reforça a ideia que o PM deve agir conforme as normas e leis que norteiam a
atividade do mesmo durante o trabalho, e podemos afirmar que por ser policial militar mesmo estando de folga, também deve não
estando de serviço observar sua conduta em sociedade respeitando e obedecendo ao ordenamento jurídico do Brasil.
A administração pública está sujeita aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 9,
logo, os agentes públicos também estão sujeitos a tais princípios, pois são os executores dos serviços públicos, são os que vão
impor a força para manter a ordem ou restabelecer essa. É preciso convir que a segurança pública é um direito fundamental do
cidadão brasileiro, dessa maneira, os operadores da segurança pública devem garantir esse direito a todos no país, mesmo aos
estrangeiros.
“Os limites do poder de polícia exercido pelas forças policiais são três:
a ) os direitos do cidadão;
b) as prerrogativas individuais;
c) as liberdades públicas previstas nos dispositivos constitucionais e nas leis.” (Álvaro Lazzarini, 1988).
Para Álvaro Lazzarini são esses os limites do poder de polícia, assim, os policiais militares no Brasil devem considerar tais
informações na execução de seus trabalhos durante o serviço policial militar e durante sua folga, para não incorrerem em omissão,
pois ninguém pode alegar desconhecimento de lei, principalmente aqueles que operam direto ou indiretamente, ou seja, aplicam a
lei em nome do Estado em nossa sociedade.
Pelo exposto pudemos observar o quanto é limitada a atividade do policial militar, pois várias são as normas e leis que
regulam a conduta dos mesmos. Contudo, isso não significa que o trabalho desse esteja engessado, pelo contrário, o operador da
segurança pública deve trazer a lei para o seu lado, fazendo com essa dê respaldo ao trabalho desenvolvido nas ruas do Brasil
diuturnamente. O uso da força, do poder de polícia, devem se distanciar do abuso de poder, bem como do abuso de autoridade,
mas não devem ir ao encontro dos direitos dos cidadãos, na verdade devem reforçar e garantir a efetivação desses. Não podemos de
maneira alguma entender, ou seja, interpretar o trabalho do policial militar como sendo algo simples e de fácil execução, pois não é,
visto a complexidade que o envolve.
Para fixar:
Os limites do poder de polícia exercido pelas forças policiais são três:
a ) os direitos do cidadão;
b) as prerrogativas individuais;
c) as liberdades públicas previstas nos dispositivos constitucionais e nas leis.” (Álvaro Lazzarini, 1988)
8Alex João Costa Gomes – Bacharelado e Licenciatura Plena em História (UNIFAP 2001), Policial Militar (Aluno Oficial)
9 Saiba mais em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_37_.asp
Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos – Apostila de Polícia Comunitária – Janildo da Silva Arantes 10
resultantes da formação de parcerias e programas construídos entre o Estado (polícia) e a Sociedade Organizada (em suas mais
variadas expressões). A metodologia aqui denominada genericamente como “comunitária” recebe nomes diferentes, como “ de
proximidade” ou “interativa”, conforme os países e as tradições em que ela seja aplicada. Mas o que realmente importa, mais que o
nome que lhe seja atribuído, é seu conteúdo e valores. Esses têm, felizmente, atravessado fronteiras e se expandido no rastro da
extensão da consciência cívica democrática e dos direitos de cidadania das mais variadas nações.
De acordo com a Associação Internacional dos Chefes de Polícia [X] (International Association of Chiefs of Police - IACP),
as formas e/ou estratégias de provimento do “policiamento comunitário” podem ser classificadas em seis modelos ou estruturas.
O primeiro, intitulado modelo unitário, prevê a existência de um agente de polícia dedicado exclusivamente ao contato com a
comunidade, considerando uma unidade policial pré-determinada. Este tipo de modelo é normalmente praticado em pequenas
unidades policiais. No modelo especializado (segundo modelo) há dois ou mais policiais dedicados ao “policiamento
comunitário” e à solução de problemas na área de atuação de cada unidade policial. O terceiro modelo, da força mista,
compreende a designação de um “policial comunitário” para cada área servida por patrulhamento policial (zona, setor, área). De
acordo com o modelo temporal, os “policiais comunitários” são designados para trabalho comunitário específico, sempre que esse
tipo de serviço se fizer necessário. Tais policiais não se separam da função de patrulhamento ostensivo e desempenham tais
funções concomitantemente às de polícia judiciária, no sentido da formação de parecerias e busca de “resolução de problemas”. O
quinto modelo, definido como policiamento comunitário total, frequentemente chamado de modelo generalista, pressupõe que
todos os policiais da unidade policial considerada estejam diretamente envolvidos ou apoiando a filosofia do “policiamento
comunitário”. Por último, o modelo geográfico (sexto modelo) reflete diferenças de filosofia de trabalho entre os comandos de
área e de vigilância temporal (plantão), cada qual com seu respectivo supervisor.
Essência e valor da Gestão Comunitária. Disponível em: <http://www.assor.org.br/wp-content/uploads/2017/06/ESS
%C3%8ANCIA-E-VALOR-DA-GEST%C3%83O-COMUNIT%C3%81RIA-DA-SEGURAN%C3%87A-P%C3%9ABLICA.pdf>.
Acesso em 15 nov 18.
"É preciso educarmo-nos, primeiro a nós mesmos, depois a comunidade e depois às futuras gerações de policiais e
lideranças comunitárias, para esse trabalho conjunto realizado em prol do bem comum…"
Os agentes da segurança pública e/ou defesa social, precisam inicialmente quebrar paradigmas do papel da polícia na
comunidade, respondendo à seguinte questão: O papel é de força, que tem como função principal fazer valer as leis criminais? Ou
de serviço, que tem função principal os problemas sociais?
Ainda que esses dois papéis sejam distintos, eles são interdependentes e deriva de um mandato mais fundamental de
manutenção da ordem - a resolução de conflitos através de meios que mesclam o potencial uso da força e o provimento de
serviços. Esses meios nem sempre precisam ser formais. Isso vale dizer que o trabalho policial não pode ser conduzido sem uma
colaboração organizada dos cidadãos.
A forma mais comum de organização dos cidadãos é a comunidade.
Para FERDINAND TONIES, “a comunidade pode ser definida como conjunto de pessoas que compartilham um território
geográfico e algum grau de interdependência, razão de viverem na mesma área”.
“Comunidade torna-se conceito de sentido operacional; comunidade é um grupo de pessoas que dividem o interesse por um
problema: a recuperação de uma praça, a construção de um centro comunitário, a prevenção de atos de vandalismo na escola, a
alteração de uma lei ou a ineficiência de um determinado serviço público. A expectativa é que a somatória de experiências bem-
sucedidas de mobilização social em torno de problemas possa, ao longo do tempo, contribuir para melhorar o relacionamento
entre polícia e sociedade e fortalecer os níveis de organização da sociedade” (GOLDSTEIN, 1990, p.26).
O ideal de participação não corresponde ao cenário idílico de uma “comunidade” sem conflitos, mas de uma sociedade capaz
de dar dimensão política aos seus conflitos e viabilizar a convivência democrática entre distintas expectativas de autonomia em um
mesmo espaço territorial. (DIAS, THEODOMIRO).
5. PLANEJAMENTO:
5.1. GESTÃO PELA QUALIDADE EM SEGURANÇA PÚBLICA;
GESTÃO PELA QUALIDADE NA SEGURANÇA PÚBLICA.
É possível até se discutir o que é qualidade, mas não se pode negar que os princípios da gestão pela qualidade, utilizados com
êxito na administração de empresas públicas e privadas, auxiliam muito no planejamento, no acompanhamento e na avaliação de
produtos e serviços. Estes princípios aplicados à Segurança Pública, principalmente na Polícia Comunitária, contribuirão para a
melhoria da prestação do serviço à comunidade.
Estratégias Institucionais para o Policiamento
Discutindo estratégia
Por isso, é de fundamental importância elaborar metas e quantificar cada objetivo, atribuir valores (custos), estabelecer
prazos (tempo) e definir responsabilidades. A estratégia também orienta a maneira como a instituição irá se relacionar com seus
funcionários, seus parceiros e seus clientes. Uma estratégia é definida quando um executivo descobre a melhor forma de usar sua
instituição para enfrentar os desafios ou para explorar as oportunidades do meio.
Uma estratégia de policiamento orienta, dentre outras coisas, os objetivos da polícia, seu foco de atuação, como se
relaciona com a comunidade e as suas principais táticas.
Exemplos de estratégias:
Combate profissional do crime e policiamento estratégico têm como objetivo principal o controle do crime, pelo esforço em baixar as
taxas de crime;
Policiamento Orientado para o Problema e a “Polícia Comunitária” enfatizam a manutenção da ordem e a redução do medo dentro de
um enfoque mais preventivo.
Enquanto o policiamento tradicional mantém certo distanciamento da comunidade (os policiais é que são especialistas), a
Polícia Comunitária defende um relacionamento mais estreito com a comunidade como uma maneira de controlar o crime, reduzir
o medo e garantir uma melhor qualidade de vida.
As características das quatro estratégias de Policiamento
Veja: https://jus.com.br/artigos/28125/policiamento-comunitario-a-transicao-da-policia-tradicional-para-policia-
cidada
Figura 2.Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes.Apostila da disciplina de Polícia Comunitária para o curso de Formação
deOficiais. Mimeo. Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.
O Ciclo PDCA
Entendendo a sigla: o nome PDCA é composto pelas primeiras letras dos verbos em inglês Plan (que significa planejar), Do (que
significa fazer, executar), Check (que significa checar, conferir) e Action, Act (que significa agir, no caso, agir corretivamente). Esses verbos
são a sequência do método PDCA. O ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das metas necessárias à
sobrevivência de uma organização. Pelo ciclo PDCA consegue-se estabelecer uma estratégia de melhoria contínua, que ao longo do tempo trará
vantagens substanciais para a organização. Esse método visa a controlar e atingir resultados eficazes e confiáveis nas atividades de uma
organização.
As etapas que compõem o ciclo PDCA
Plan – Planejamento Etapa onde se compara o resultado alcançado com a meta
Consiste no estabelecimento de metas e do método para planejada, considerando-se os pontos a seguir:
alcançar essas metas. Três pontos importantes devem ser • Verificar se o trabalho está sendo realizado conforme o
considerados: padrão;
• Estabelecer os objetivos sobre os itens de controle • Verificar se os resultados medidos variam e comparar com
• Definir o caminho para atingi-los o padrão;
• Decidir quais os métodos a serem usados para atingir os • Verificar se os itens de controle correspondem com as
objetivos metas.
Do - Execução Action - Atuação Corretiva
Compreende a execução das tarefas previstas na etapa anterior Consiste em atuar no processo de função dos resultados
e na coleta dos dados a serem utilizados na próxima etapa. obtidos, verificando os três passos a seguir:
Deve-se considerar também três pontos importantes: • Se o trabalho desviar do padrão, tomar ações para corrigi-
• Treinar no trabalho o método a ser empregado; lo;
• Executar o método; • Se um resultado estiver fora do padrão, investigar as
• Coletar os dados para verificação do processo. causas e tomar ações para prevenir e corrigi-lo;
Check – Controle • Melhorar o sistema de trabalho e método
As empresas possuem problemas que as privam de obter melhor produtividade e qualidade de seus produtos, além de prejudicar
sua posição competitiva. Nós temos a tendência de achar que sabemos a solução desses problemas somente baseados na
experiência ou naquilo que julgamos ser o conhecimento certo. No entanto, o verdadeiro expert é aquele que alimenta seu
conhecimento e experiência com fatos e dados, dessa maneira, assegura-se de usar esse conhecimento, experiência e,
principalmente, o seu tempo na direção correta. (CAMPOS, 1992, p.208).
O MASP é uma sequência de procedimentos lógicos, baseada em fatos e dados, que objetiva:
1. localizar a causa fundamental dos problemas;
2. mapear as soluções possíveis;
3. implantar as soluções;
4. avaliar os resultados das mudanças ocorridas com a implantação;
10 PACHECO. Giovanni Cardoso e Marcineiro, Nazareno Polícia Comunitária e Segurança Pública. Tópicos Emergentes em Segurança Pública III.
UnisulVirtual. Palhoça, 2013
11 QC = Quality Control ou Controle de Qualidade
É Importante ressaltar que existem diversas variações desta metodologia, detalhando ainda mais cada uma das fases. O
método IARA é de simples compreensão para os líderes comunitários e para os policiais que atuam na atividade-fim, e não
compromete a eficiência e eficácia do serviço apresentada pelo POP, assim como não contradiz outros métodos, por isso, neste
texto resolvemos adotá-la como referência. Observe como que o processo PDCA (muito utilizado na administração de empresas),
assemelha-se com o próprio método IARA, utilizado no policiamento orientado para o problema (POP).Como primeiro passo, o
12 Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Especialista em Gestão da Segurança Pública pela Faculdade Barddal.
Aspirante a oficial da Polícia Militar de Santa Catarina.
igor4444@gmail.com
13 Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Bacharel em Segurança Pública pela Universidade do Vale do Itajaí. Especialista em
Ciências Penais pela Universidade Anhanguera. Capitão da Polícia Militar de Santa Catarina. thiagoaugusto.vieira@gmail.com
Fonte: SENASP
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Para iniciar o método Iara, é necessário definir o que é um problema. No contexto do Posp, um problema corresponde a um
grupo de incidentes similares em tempo, modo, lugar e pessoas, relacionados à segurança pública. Além disso, um problema deve
ser uma preocupação substancial tanto para a comunidade quanto para a polícia. Assim, tanto polícia como comunidade devem
participar juntos e ter paridade no processo de identificação do problema (TASCA, 2010). É importante também nesta etapa a
participação da comunidade. Segundo Marcineiro (2009, p. 119), dar qualidade ao serviço policial significa torná-lo mais próximo
e acessível ao cidadão respeitando-lhe as necessidades e desejo e considerando as díspares peculiaridade de cada comunidade no
planejamento oferta do serviço policial
Além disso, segundo o autor,
Outro aspecto que deve ser levado em conta na identificação do problema é a necessidade de se eliminar o ‘achismo’, ou seja,
deve-se trabalhar com atos concretos e dados coletados em fontes de informações confiáveis. A experiência pessoal de cada um
que participa na identificação do problema é importante, porém, para se evitar desperdício de tempo e recursos na busca de
soluções por um problema erroneamente identificado ou pouco importante no contexto geral, deve-se procurar, sempre que
possível, comprovar a experiência pessoal através de dados estatísticos (Marcineiro, 2009, p. 180).
No tocante à contribuição da polícia, destaca-se o papel da inteligência de segurança pública como condição primordial à
identificação dos problemas e suas respectivas causas. Por isso, a inteligência de segurança pública deve ser desenvolvida e
aperfeiçoada constantemente com a integração de diversas bases de dados e não apenas com dados de instituições de segurança
pública, uma vez que órgãos, como secretarias de saúde e educação, podem fornecer informações bastante valiosas à polícia. Nesse
cenário, é interessante a utilização de tecnologias cada vez mais avançadas de análise criminal no auxílio à inteligência de
segurança pública (SANTA CATARINA, 2011).
Entretanto, segundo ROLIM (2009, p. 41), infelizmente, muitas vezes só se obtêm: dados compilados partir dos registros de
ocorrência, o que assimila, inequivocamente, uma maneira ultrapassada de se lidar com indicadores de criminalidade e violência.
Não por outra razão, o rol de indicadores de problemas deve ser amplo e diversificado. Do lado policial devem ser considerados os
órgãos da segurança pública no geral (policiais militares, policiais civis e bombeiros); do lado da comunidade devem participar, além de
moradores, empresários e lideranças locais representantes de outras instituições públicas e privadas. Todos devem participar e conjunto para dar
legitimidade ao processo (BRASIL, 2009).
Cabe salientar que, ao se isolar um determinado tipo de problema, há maior facilidade de resolvê-lo, e é necessário considerar ainda
que um pequeno grupo de problemas se mostra responsável por um número considerável de ocorrências policiais. Segundo dados trazidos por
ROLIM (2009, p. 139) de pesquisa realizada nos ESTADOS UNIDOS cerca de 10% das vítimas estão envolvidas em 40% dos crimes; 10%
dos agressores estão envolvidos em 50% dos crimes; e 10% dos lugares formam o ambiente para cerca de 60% das ocorrências infracionais.
Acredita-se que a realidade seja semelhante no Brasil, seguindo o que se chama de Princípio de Pareto 15, de acordo com o qual,
geralmente, um pequeno número de causas (20%) é responsável por uma grande proporção de
resultados (80%) (TASCA, 2010).
ANÁLISE DO PROBLEMA
A fase de análise do problema corresponde ao coração do método
IARA. Nesta fase, buscam-se as raízes dos problemas para, assim, conseguir
atacar suas causas e não apena combater os efeitos dos problemas
(HIPÓLITO, TASCA, 2012).
Tentando analisar a gênese do crime, as teorias de criminologia se
concentram em fatores sociais. Simulam causas em fatores longínquos, como
as práticas de educação de crianças, componentes genéticos e processos
psicológicos ou sociais. Essas constituem teorias difíceis de validação prática
e focam em políticas públicas incertas que estão fora do alcance da polícia
(CLARKE; ECK, 2013).
Ao contrário da criminologia tradicional, as teorias e os conceitos da
ciência do crime são muito mais úteis no trabalho diário da polícia, pois
segundo Clarke e Eck (2013, p. 38), “lidam com as causas situacionais
imediatas dos eventos criminais, incluindo tentações e oportunidades e
proteção insuficiente dos alvos”.
14Um cluster (do inglês TESTE: '‘grupo, aglomerado’) consiste em computadores fracamente ou fortemente ligados que trabalham em conjunto, de modo que, em
muitos aspectos, podem ser considerados como um único sistema. Diferentemente dos computadores em grade, computadores em cluster têm cada conjunto de nós,
para executar a mesma tarefa, controlado e programado por software.
15 O princípio de Pareto (também conhecido como regra do 80/20, lei dos poucos vitais ou princípio de escassez do fator afirma que, para muitos eventos,
aproximadamente 80% dos efeitos vêm de 20% das causas.
Segundo Skonieczny (2009), outro fator importante nesta fase é conhecer o impacto das medidas policiais sobre a
população
Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade.
A gestão e as estratégias de Polícia Comunitária
Com a adoção da Polícia Comunitária, a polícia tem saído do isolamento e entendido que a comunidade deve executar um
importante papel na solução dos problemas de segurança e no combate ao crime. Como enfatizou Robert Peel, em 1829, ao
estabelecer os princípios da polícia moderna, “os policiais são pessoas públicas que são remunerados para dar atenção integral ao
cidadão no interesse do bem-estar da comunidade”.
A polícia tem percebido que não é possível mais fingir que sozinha consegue dar conta de todos os problemas de segurança.
A comunidade precisa policiar a si mesma e a polícia pode (ou deve) ajudar e orientar esta tarefa.
A percepção de que juntas, polícia e comunidade podem somar esforços na luta contra a violência e a criminalidade tem
possibilitado o fortalecimento de algumas estratégias utilizadas no âmbito da Polícia Comunitária:
- Mobilização das Lideranças Comunitárias
- Policiamento Comunitário
- Gestão de Serviços
- Comparando a gestão de serviço na Polícia Comunitária e na Polícia tradicional
É fato que não existe um programa único para descrever o policiamento comunitário, ele tem sido tentado em várias polícias ao redor do
mundo. O policiamento comunitário vai muito além que simplesmente implementar policiamento a pé, ciclopatrulha ou postos de
policiamento comunitário. Ele redefine o papel do policial na rua de “combatente” (combate ao crime), para solucionador de problemas e
ombudsman16 do bairro. Obriga uma transformação cultural da polícia, incluindo descentralização da estrutura organizacional e mudanças na
seleção, recrutamento, formação, treinamento de sistemas de recompensas, promoção e muito mais.
Além do mais, essa filosofia pede para que os policiais escapem da lógica do policiamento dirigido para ocorrências (rádio
atendimento) e busquem uma solução proativa e criativa para equacionar o crime e a desordem.
POLÍCIA COMUNITÁRIA E POLICIAMENTO COMUNITÁRIO:
CONCEITOS E INTERPRETAÇÕES BÁSICAS
A primeira ideia que se tem a respeito do tema Polícia Comunitária é que ela, por si só, é particularizada, pertinente a uma ou outra
organização policial que a adota, dentro de critérios peculiares de mera aproximação com a sociedade sem, contudo, obedecer a critérios
técnicos e científicos que objetivem a melhoria da qualidade de vida da população.
Qualidade de vida da população em um país de complexas carências e um tema bastante difícil de ser abordado, mas possível de ser
discutido quando a polícia busca assumir o papel de interlocutor dos anseios sociais.
É preciso deixar claro que “Polícia Comunitária” não tem o sentido de ASSISTÊNCIA POLICIAL, mas sim o de
PARTICIPAÇÃO SOCIAL.
16substantivo de dois gêneros. 1. pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando queixas e denúncias
de abuso de poder ou de mau serviço por parte de funcionários ou instituições públicas. 2. POR EXTENSÃO em empresas públicas ou privadas,
indivíduo encarregado do estabelecimento de um canal de comunicação entre consumidores, empregados e diretores.
Tabela 2. 5W2H
A Polícia Comunitária pede para que os policiais escapem da logica do policiamento dirigido para ocorrências
(radioatendimento) e busquem uma solução pró-ativa e criativa para equacionar o crime e a desordem. O diagrama 5W2H pode
ajudar na gerencia do serviço policial. Esta metodologia, também conhecida nos países de língua portuguesa como 4Q1POC (após
a tradução), e muito utilizada na administração de empresas para gerenciar um plano de ação para elaborar um serviço ou produto.
Este diagrama e composto por 7 perguntas que procuram orientar a gerência de um plano de ação.
Pergunta
Característica
Inglês - 5W2H Português - 4Q1POC
What? O que será feito? Etapa a cumprir
Who? Quem vai fazer Definição de Responsável
When? Quando será feito? Cronograna
How much? Quanto custará? Investimento
Why? Por quê? Razoes para a sua realização
Where? Onde será? Local de realização
How? Como será? Como atuar (operacionalizar)
17 Maurício Futryk Bohn, Mestrando em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Graduado
em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos – Apostila de Polícia Comunitária – Janildo da Silva Arantes 25
dos moradores de sua localidade de trabalho;
Presta contas somente ao seu superior; Os 98% da comunidade devem ser tratados como cidadãos e
clientes da organização policial;
As patrulhas são distribuídas conforme o pico de ocorrência. O policial presta contas de seu trabalho ao superior e à
comunidade;
Tabela 4. Diferenças entre a polícia tradicional e a polícia comunitária - Maurício Futryk Bohn
Disponível em: <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/cienciascriminais/IV/54.pdf> e em
<https://jus.com.br/artigos/28125/policiamento-comunitario-a-transicao-da-policia-tradicional-para-policia-cidada >. Acesso em 07 de
ago de 2018.
Saiba mais:
• A popularização da polícia comunitária pode representar um risco à sua implementação, em que pese a ocorrência de desvios em relação ao que
a filosofia pressupõe.
• O contexto de surgimento da polícia comunitária foi marcado por críticas ao sistema policial, em que reformas institucionais que aproximassem a polícia
e a sociedade eram reivindicadas.
• O modelo tradicional ou profissional de policiamento é caracterizado pela organização burocrático-legal voltada para a aplicação da lei.
• O processo de socialização se confunde com as características biológicas, pois os comportamentos são determinados de forma inata.
• O ingresso numa OSP pode ser considerado um processo de socialização secundária, em que hábitos, práticas e formas de pensar próprios da instituição
passam a influenciar o indivíduo em sua vida.
• A polícia comunitária estabelece formas de relacionamento com a comunidade que se encontram baseadas em pressupostos novos, como a coprodução
da segurança pública. Por isso, a polícia e a comunidade devem reaprender a se relacionar sob diferentes formas.
• A aproximação do policial comunitário deve ser antecedida pela confirmação das intenções do interlocutor nas relações com a comunidade.
• A realização de visitas e reuniões na comunidade representa uma etapa importante na implantação do policiamento comunitário, pois possibilita
compreender as formas como as pessoas interagem entre si e com o espaço geográfico.
• No processo de aproximação com a comunidade, as diferenças ideológicas entre as pessoas da vizinhança devem ser consideradas de forma imparcial e
objetiva, à luz da legislação, apesar de que quase sempre se transformam em conflitos.
• Ao buscar conhecer as realidades locais, o policial comunitário deve estar preparado para observar os direitos dos diversos grupos que compõem a
comunidade, independentemente de preferência religiosa, orientação sexual ou classe social dos possíveis envolvidos em um conflito.
• Sobre os grupos em situação de vulnerabilidade social, julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e (F) e para falsos:
◦ É considerada idosa a pessoa com idade superior a 60 anos de idade, sendo reservado a essa população o direito de não ser alvo de negligência,
discriminação, violência, crueldade ou opressão.
◦ Os idosos são frágeis e indefesos, mesmo assim, a polícia não deve priorizar o atendimento de seus chamados em detrimento do restante da
população (F).
◦ Apesar de ser contravenção, morar na rua não deve ser objeto de ações das OSPs como forma de melhorar a qualidade de vida das pessoas
(F).
◦ As pessoas em situação de rua são marcadas pela pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia
convencional regular.
• É importante que os PSPs identifiquem as características e as necessidades dos diferentes grupos da comunidade em que trabalham.
• Por buscar reconhecer desigualdades, a polícia comunitária representa uma reorientação das OSP para minimizar injustiças.
• A noção de equidade diz respeito ao estabelecimento de mecanismos que diminuam desigualdades de oportunidades ou de acesso a recursos ou direitos
no convívio entre as pessoas em sociedade.
• O policiamento comunitário tem o potencial de melhorar a imagem das organizações justamente por se basear em novas formas de perceber como deve
ser o trabalho policial e como se relacionar com a comunidade, em um mesmo nível de interação.
• Em termos práticos, a Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do Policiamento Comunitário (ação de policiar junto à comunidade).
Aquela deve ser interpretada como filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos de segurança pública, esta permite as ações efetivas com a comunidade.
• A proposta de Polícia Comunitária oferece uma resposta tão simples que parece irreal: personalize a polícia, faça dela uma presença também comum.
• Polícia Comunitária é uma atitude na qual o policial aparece a serviço da comunidade e não como uma força. É um serviço público, antes de ser uma
força pública.
• A Polícia Comunitária não é caracterizada pelo uniforme distinto, o que possibilitaria uma maior receptividade pela comunidade.
• A consolidação de um projeto político que tenha como objetivo a promoção de uma sociedade igualitária e justa não pode desconsiderar a segurança de
cada cidadão e, ao mesmo tempo, a segurança da coletividade.
• No que tange à Polícia Comunitária:
◦ I - a participação social da polícia deve ser em qualquer nível social.
◦ II - construir ou reformar prédios da Polícia não significa implantação de Polícia Comunitária.
◦ III - Em relação ao Policiamento Comunitário é possível dizer que conforme Trojanowicz (1994), o Policiamento Comunitário exige um
comprometimento de cada um dos policiais e funcionários civis do departamento policial com sua filosofia.
• Algumas centenas de municípios, ao aderirem ao processo das conferências preparatórias da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública
(CONSEG) , constituíram as Comissões Organizadoras Municipais (COM). Quanto a essas comissões podemos afirmar que:
◦ I - As 27 unidades da Federação instituíram suas Comissões Organizadoras Estaduais (COE) .
◦ II - Estes grupos receberam a orientação de manter o formato tripartite, ou seja, reservar cadeiras igualitariamente para a sociedade, os
trabalhadores e os gestores.
◦ III - A principal atribuição destas comissões foi mobilizar e auxiliar nos preparativos das etapas municipais estaduais e distrital.
• "Para que possamos dizer que existe mobilização social de fato, é preciso que pessoas, comunidades ou sociedades se aglutinem para decidir e agir em
direção a um OBJETIVO COMUM"
• A primeira etapa do PDCA exige o estabelecimento de metas e procedimentos técnicos aptos a alcançar os resultados propostos.
• O policiamento comunitário surgiu da necessidade de uma aproximação entre a polícia e a comunidade e “cresceu a partir da concepção de que a polícia
poderia responder de modo sensível e apropriado aos cidadãos e às comunidades” (SKOLNICK, 2003:57).
• Tipos de prevenção:
◦ Prevenção primária: A prevenção não é percebida como de competência exclusiva das agências de segurança pública, mas também de famílias,
escolas e sociedade civil.
◦ Prevenção secundária Esse tipo de prevenção está fundamentado na noção de risco e proteção.
◦ Prevenção terciária: Atua quando já houve vitimização, procurando evitar a reincidência do autor e promover a reabilitação
individual e social da vítima.
• Um município que desejar aderir ao PRONASCI deve obrigatoriamente criar um Gabin.ete de Gestao ntegrada
• A fase de execução do planejado também implica a formação e o treinamento dos funcionários para a correta realização das metas estipuladas.
• O ciclo PDCA visa a melhoria contínua dos processos e a normalização dos procedimentos mais eficientes.
6. MOBILIZAÇÃO SOCIAL
6.1. MOBILIZAÇÃO SOCIAL
Em meio a uma comunidade verificam-se dois termos de importância fundamental para que a sociedade venha
atingir os seus objetivos em prol da ordem pública e de uma convivência pacífica entre os seres humanos: a comunidade
geográfica e a comunidade de interesse.
Esses conceitos se confundiam no passado quando ambas as comunidades se misturavam para abranger a mesma
população. Este fato é extremamente relevante para o uso de “comunidade” no policiamento comunitário porque o crime, a
desordem e o medo do crime podem criar uma comunidade de interesse dentro da comunidade geográfica.
Incentivar e enfatizar esta comunidade de interesse dentro de uma área geográfica pode contribuir para que os residentes
trabalhem em parceria com o policial comunitário para criar um sentimento positivo na comunidade. ( TROJANOWICZ e
BOUCQUEROUX, 1994)
Nesta ótica a mobilização social procura então alertar as autoridades policiais da necessidade dessa aproximação.
A mobilização social é muitas vezes confundida com manifestações públicas, com a presença das pessoas em uma praça,
passeata, concentração. Mas isso não caracteriza uma mobilização. A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma
comunidade ou uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados decididos e desejados
por todos.
CONCEITO PROPOSTO:
Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito
comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados.
Participar ou não de um processo de mobilização social é um ato de escolha. Por isso se diz convocar, porque a participação
é um ato de liberdade. As pessoas são chamadas, mas participar ou não é uma decisão de cada um. Essa decisão depende
essencialmente das pessoas se verem ou não como responsáveis e como capazes de provocar e construir mudanças.
Fonte: http://www.aracati.org.br/portal/pdfs/13_Biblioteca/Publicacoes/mobilizacao_social.pdf
6.2 – Envolvimento dos cidadãos
Qualquer tentativa de trabalho ou programa de Polícia Comunitária deve incluir necessariamente a comunidade. Embora a
primeira vista possa parecer simples, a participação da comunidade é um fator importante na democratização das questões de
segurança pública e da implementação de programas comunitários que proporcionam a melhoria de qualidade de vida e a definição
de responsabilidades.
São poucas as comunidades que mostraram serem capazes de integrar os recursos sociais com os recursos do governo.
Existem tantos problemas sociais, políticos, e econômicos envolvidos na mobilização comunitária que muitas comunidades se
conformam com soluções parciais, isoladas ou momentâneas (de caráter paliativo18), evitando mexer com aspectos mais amplos e
promover um esforço mais unificado com resultados mais duradouros e melhores. A participação do cidadão, muitas vezes, tem-se
18ADJETIVO 1. (1601) 2. ADJETIVO. 1.(1601). 2. que ou o que tem a qualidade de acalmar, de abrandar temporariamente um mal (diz-se de medicamento
ou tratamento); anódino. "<medicamento p.> " · "<essa terapia foi apenas um p.> ". p.ext.. 3. que ou que serve para atenuar um mal ou protelar uma crise
(diz-se de meio, iniciativa etc.). "<diante do desastre ecológico, só foram tomadas medidas p.> " · "<a distribuição gratuita de alimentos foi um p. para a
situação causada pela seca> ". ORIGEM ⊙ ETIM paliado (part. de paliar) sob a f. rad. paliat- + -ivo
Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional fundamentadas, principalmente, numa parceria entre a
população e as instituições de segurança pública e defesa social. Baseia-se na premissa de que tanto as instituições estatais,
quanto à população local, devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas que afetam a segurança pública,
tais como o crime, o medo do crime, a exclusão e a desigualdade social que acentuam os problemas relativos à criminalidade e
dificultam o propósito de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. (BRASIL, 2008b).
Esse modelo de policiamento envolve a comunidade e a faz sentir-se responsável por si e por todos. O fato de o policial
estar perto da comunidade, vivenciado a sua realidade e se fazendo presente por meio de conversas, conselhos e solução de
Dessa forma, a polícia comunitária associa e valoriza dois fatores, que frequentemente são dissociados e desvalorizados pelas
instituições de segurança pública e defesa social tradicionais: i) a identificação e resolução de problemas de defesa social com a
participação da comunidade e ii) a prevenção criminal. Esses pilares gravitam em torno de um elemento central, que é a parceria
com a comunidade, retroalimentando todo o processo, para melhorar a qualidade de vida da própria comunidade. Na referida
parceria, a comunidade tem o direito de não apenas ser consultada, ou de atuar simplesmente como delatora, mas também
participar das decisões sobre as prioridades das instituições de defesa social, e as estratégias de gestão, como contrapartida da sua
obrigação de colaborar com o trabalho da polícia no controle da criminalidade e na preservação da ordem pública e defesa civil.
As estratégias da filosofia de polícia comunitária têm um caráter preferencialmente preventivo. Mas, além disso, estas estratégias
visam não apenas reduzir o número de crimes, mas também reduzir o dano da vítima e da comunidade e modificar os fatores
ambientais e comportamentais. Tendo em vista que a proposta da polícia comunitária implica numa mudança de paradigma no
modo de ser e estar a serviço da comunidade e, consequentemente, numa mudança de postura profissional perante o cidadão, este
tema também é trabalhado dentro de uma abordagem transversal, estando presente em todas as práticas pedagógicas. (BRASIL,
2008b).
Essa mudança de proposta de policiamento, do tradicional para o comunitário, age na mudança de atitude da polícia com a comunidade. Os policiais
comunitários aconselham, mediam conflitos, ministram palestras, participam, cooperam, comunicam-se, são acessíveis e encorajadores, tanto em lugares públicos
como em privados.
O Governo Federal, por meio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), está investindo nesse novo paradigma para a
polícia: a associação entre segurança e cidadania, com o intuito de diminuir os índices de criminalidade e perpassar para a sociedade um ideal de inclusão social, de
cidadania e de desenvolvimento, sendo esta última ‘todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento’, uma das metas do milênio 13 sancionadas pela ONU e
ratificadas pelo Brasil.
Desenvolvido pelo Ministério da Justiça, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) marca uma
iniciativa inédita no enfrentamento à criminalidade no país. O projeto articula políticas de segurança com ações sociais; prioriza a
prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança
pública.
Entre os principais eixos do Pronasci destacam-se a valorização dos profissionais de segurança pública; a reestruturação do sistema
penitenciário; o combate à corrupção policial e o envolvimento da comunidade na prevenção da violência. Para o desenvolvimento
do Programa, o governo federal investirá R$ 6,707 bilhões até o fim de 2012. (BRASIL, 2008a).
O ideal da construção da segurança a partir da participação da coletividade, apontando para uma sociedade mais justa e
fraterna, passa pela educação em direitos humanos, ou seja, “os enfrentamentos atuais para a construção da democracia no Brasil
passam, necessariamente, pela ética e pela educação para a cidadania” (SOARES, 1997, p. 12). A mediação de conflitos apresenta-
se como instrumento hábil para o desenvolvimento desta proposta, por ser um mecanismo que pratica a educação em direitos
humanos, pois busca a resolução de conflitos a partir da participação ativa das pessoas.
A mediação é um procedimento consensual de solução de conflitos, no qual as pessoas envolvidas resolvem o conflito.
Contam com a participação de um terceiro – escolhido ou aceito pelas partes – que age no sentido de encorajar e facilitar o diálogo.
As pessoas envolvidas nesse conflito são as responsáveis pela decisão que melhor as satisfaça.
A mediação possibilita a visualização dos envolvidos de que o conflito é algo inerente à vida em sociedade, possibilitando a
mudança, o progresso nas relações, sejam elas individuais ou coletivas. A boa ou má administração de um conflito é que resultará
em desfecho positivo ou negativo. Por meio da mediação, buscam-se os pontos de convergência entre os envolvidos na contenda
que possam amenizar a discórdia e facilitar a comunicação. Muitas vezes as pessoas estão de tal modo ressentidas que não
conseguem visualizar nada de bom no histórico do relacionamento entre elas. A mediação estimula, através do diálogo, o resgate
dos objetivos comuns que possam existir entre os indivíduos que estão vivendo o problema.
Outrossim, a mediação tenta demonstrar que é possível uma solução de conflito em que ambas as partes ganhem, tentando,
por meio do diálogo, restaurar os bons momentos que fizeram parte da relação, reconhecer e conhecer os conflitos reais oriundos dos
conflitos aparentes perfilados pelos envolvidos, suscitar o questionamento da razão real do desentendimento, provocar a cooperação
mútua e o respeito ao próximo ao analisar que cada pessoa tem a sua forma de visualizar a questão, facilitar a compreensão da
responsabilidade que cada um possui em face do problema e na sua resolução e, assim, encontrar uma saída que todos aceitem,
concordem e acreditem que a divergência será solucionada.
A polícia comunitária como uma polícia próxima da população encontra na mediação de conflitos um forte aliado na
consecução de uma política preventiva de segurança.
Percebe-se, assim, a existência de uma convergência de objetivos entre a mediação e a segurança pública sob o aspecto da
proposta de uma polícia comunitária, por possuir um denominador na construção e na vivência dos direitos humanos, da justiça social,
da cultura de paz e do desenvolvimento humano e social.
Mediação de conflitos: 5 técnicas que você precisa conhecer
Paulo é advogado e acabou de se graduar. Pensa em seguir a carreira como advogado, mas sabe que, para isso, precisa se
manter atualizado e aprender como funciona o mercado do Direito.
Assim, encontrou na mediação de conflitos um caminho que lhe interessa e quer aprender mais sobre o assunto para tentar
oportunidades nessa área.
Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos – Apostila de Polícia Comunitária – Janildo da Silva Arantes 31
E aí, se identificou com Paulo? Então, neste capítulo nós ensinamos o que é a mediação e apresentamos cinco técnicas que
você precisa conhecer para dominar definitivamente o assunto. Confira!
O que é e como funciona a mediação de conflitos
Basicamente, a mediação é um procedimento voluntário e informal de auxílio às pessoas em conflito, para que identifiquem
por si mesmas alternativas de benefício mútuo. É aplicável no Brasil em relação aos chamados direitos disponíveis — que admitem
transação e se constituem na esfera patrimonial de seu titular.
A mediação de conflitos possui caráter confidencial e utiliza a participação ativa e direta das partes, podendo ser judicial ou
extrajudicial. No primeiro caso, as partes encontram um terceiro — profissional graduado em Direito (há, pelo menos, dois
anos) e capacitado em cursos especializados.
Já na mediação extrajudicial, contrata-se uma pessoa com expertise no assunto tratado, e permite-se que ela conduza o caso
utilizando as leis e os costumes, para que dite a solução que julgue adequada ao caso de forma eficaz, econômica e sigilosa.
5 (cinco) técnicas de mediação de conflitos que você precisa conhecer
Quanto à mediação jurídica, é claro que para se tornar um profissional capacitado, o advogado deve, obrigatoriamente,
realizar um curso de mediação completo, em que aprenderá todo o processo da mediação e suas técnicas.
Quer conhecer algumas das mais importantes entre as técnicas utilizadas na mediação de conflitos? Confira:
7.1. Escuta Ativa
Nessa técnica, o mediador observa a linguagem verbal e não verbal das partes e tenta compreender informações relevantes,
estimulando-as a expressar suas emoções e instigá-las a ouvir uma à outra.
Assim, tenta estimular a validação dos seus sentimentos e o seu engajamento, a fim de apoiá-las na busca pela melhor
solução para o conflito.
7.2. Rapport
Rapport é uma palavra de origem francesa que diz respeito a uma relação de empatia com o interlocutor. Portanto, trata-se
de uma técnica que visa ganhar a confiança das partes, propondo um diálogo aberto e construtivo a fim de influenciar as partes a
alcançarem a autocomposição.
7.3. Parafraseamento
A técnica do parafraseamento consiste na reformulação, pelo mediador, de frases ditas pelas partes, a fim de sintetizá-las ou
reformulá-las sem alterar seu conteúdo. O mediador se esforça em facilitar o entendimento do seu real significado às próprias
partes, que ficam livres para captar novos significados nas proposições.
7.4. Brainstorming
Semelhante à técnica utilizada frequentemente no marketing jurídico, no brainstorming o mediador incentiva a criatividade
das partes e busca capturar ideias que sejam viáveis para o caso em questão.
7.5. Caucus
Com esta técnica, o mediador realiza uma reunião privada com cada uma das partes separadamente, durante a fase de
negociações, para oportunizar o estabelecimento de proximidade e confiança entre elas e o mediador.
Além disso, essa técnica ainda pode ser usada para acalmar os ânimos, auxiliar no fluxo de informações, reunir informações
úteis para a negociação e ajudar as partes a rever a força de seus casos.
Mediar é tendência para o futuro
A mediação pode ser exercida por qualquer pessoa que procure se capacitar para tanto, mas requer algumas habilidades específicas,
como alto poder de negociação e capacidade de ouvir. De fato, trata-se da tendência do mundo moderno, já que permite que a resolução de
conflitos se dê de maneira muito mais rápida e econômica.
Vale destacar ainda que, com a vigência do Novo Código de Processo Civil, a mediação jurídica passa a ocupar espaço de destaque nos
Tribunais. Assim, o não comparecimento à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça, com fixação de
multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa.
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desenvolveu a mediação no mundo. Faça parte desta nova geração de profissionais do direito de sucesso.
Acesse: mediacao.institutodialogo.com.br
5 (cinco) técnicas de mediação de conflitos que você precisa conhecer. Disponível em:
<http://www.institutodialogo.com.br/mediacao-de-conflitos-5-tecnicas-que-voce-precisa-conhecer/>. Acesso em 13 nov 2018.
7.2. Mediação Comunitária - NATUREZAS CLASSIFICADAS COMO PROATIVAS
7.2.1 – Visita Comunitária. Com a expansão das cidades e com o advento importante da radiopatrulha, o policiamento à pé
foi sendo substituído pela mobilidade. Com o fim do policiamento à pé, o contato direto entre a polícia e a comunidade foi
prejudicado e substituído pelo acionamento, via telefone, nos casos de emergência.
O policiamento comunitário pretende não apenas utilizar o poder de prender criminosos, generalizando as respostas ao
crime, mas focar em lugares, pessoas e problemas específicos. Portanto, para alcançar os objetivos do policiamento à pé, sem perder
os benefícios do radio patrulhamento, o policiamento comunitário utiliza-se das visitas, comunitárias e solidárias, e das reuniões
com a comunidade para aproximar-se do cidadão.
A Polícia Militar não deve trabalhar sozinha, e toda vez que insiste, tende a falhar. A participação da comunidade é
importante ao combate ao crime e para prisão de criminosos. Aliás, para a conclusão de inquéritos policiais, a Polícia Judiciária
utiliza muito mais informações pessoais (vítima e testemunha) do que por meio de perícias. Igualmente é a participação da
comunidade na prevenção.
Para angariar a participação da comunidade no processo da preservação da Ordem Pública é essencial alcançar a confiança
dos cidadãos, para que os policiais possam trabalhar com as pessoas na prevenção e resolução de problemas. Para conquistar a
confiança dos cidadãos é necessário contato direto entre a polícia e comunidade.
Os locais onde a população está distante da polícia, geração após geração, são os locais onde há mais violência. A parceria
da população é fundamental para a prevenção e elucidação de crimes. Cabe à comunidade fornecer informações sobre o crime,
Junkai Renraku são atividades que os policiais comunitários realizam, por meio da visita a famílias e aos locais de trabalho, ocasião
em que repassam orientações sobre a prevenção de ocorrências de crimes e acidentes, além de recepcionarem informações sobre
problemas, solicitações e sugestões da comunidade (SENASP, p. 156).
Através dos Junkai Renraku, os policiais comunitários preenchem um cartão, no qual inserem informações úteis para melhor
conhecer o cidadão e acioná-lo no caso de desastre ou acidentes, ou ainda, para repassar orientações que melhorem a sua segurança.
7.2.1.1 Objetivos da visita comunitária
A visita comunitária tem por objetivo geral estabelecer uma relação de amizade e confiança mútua, por meio de constantes
contatos diretos e pela presença asseguradora de policiais militares.
A SENASP (2010, p. 157) relaciona outros objetivos da visita comunitária:
Traçar perfil sócio-econômico da comunidade; Identificar problemas criminais e situação de riscos às pessoas; Conhecer a
comunidade com a qual trabalha; Interligar a população e demais órgãos públicos para a resolução de problemas.
A visita comunitária ainda é um importante instrumento na prevenção de crimes, conforme assevera a Secretaria Nacional
de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP, 2010, p. 157):
As visitas comunitárias têm o objetivo de proporcionar condições para que o policial militar possa transmitir informações sobre
prevenção de crimes, divulgar os projetos desenvolvidos, a forma de atuação policial militar e os objetivos do policiamento
comunitário, além de ser excelente ferramenta para o marketing institucional.
A busca da prevenção, utilizando a visita comunitária possui dois focos: combater a vitimização através de orientações que
venham a instigar a pessoa a se preocupar com sua segurança, deixando de ser uma vítima fácil e, o segundo foco, contribuir com a
polícia através de informações fidedignas que propiciam a prisão de criminosos, o combate a crimes e a identificar locais e pessoas
vulneráveis.
7.2.1.2 – Estabelecendo uma relação de confiança com o cidadão.
A primeira preocupação na concretização da visita comunitária é estabelecer uma relação de confiança entre a polícia e a
comunidade. Nesse sentido, o policial militar deve:
a) Conhecer como desempenha uma visita comunitária;
b) Ser compromissado com o policiamento comunitário e defender a filosofia;
c) Ser atencioso com as pessoas, ouvindo-as atentamente;
d) Orientar e dar explicações sobre os questionamentos;
e) Superar os obstáculos que historicamente distanciaram a polícia da sua comunidade;
f) Acreditar no seu trabalho, independente dos resultados iniciais não serem compatíveis com o planejamento;
g) Estimular o cidadão a compartilhar a responsabilidade pela segurança e a fortalecer a parceria com a Polícia Militar.
* Como realizar uma visita comunitária
O policial militar do quadrante deve estar convicto que a visita comunitária é uma rotina de trabalho. O policial militar deve
entender que o cidadão é coparticipante do processo preventivo e nesse sentido, um bom atendimento é fundamental para construir
uma relação saudável. Ao realizar uma visita comunitária, o policial militar deve:
a) Saudar educadamente o cidadão;
b) Apresentar-se como o policial militar do quadrante;
c) Apresentar o novo modelo de policiamento e asseverar a intenção da Polícia Militar em prestar um serviço que lhe
proporciona uma segurança real, verdadeira;
d) Estimular o morador a melhor se prevenir, analisando suas fragilidades e lhe repassando cuidados específicos;
e) Pedir a colaboração do morador para a qualidade de vida do bairro;
f) Entregar o cartão com dados funcionais do quadrante;
g) Despedir com a mesma educação da apresentação.
A visita comunitária é uma modalidade de policiamento preventivo e deve revestir-se da devida formalidade exigida na
relação de um prestador de serviço com seu cliente. A amizade conquistada não deve ingressar no campo pessoal, sem, contudo,
deixar alcançar a empatia com a situação do cidadão.
7.2.1.3 – Visita comunitária residencial
É aquela realizada em residências para:
[...] verificar as carências daquela família, a situação sócio-econômica, identificar as formas mais comuns de violência a que estão
sujeitos, além de colher solicitações e informações pertinentes à criminalidade e aos conflitos existentes, a fim de que o policial
militar possa resolver, orientar ou encaminhar tais problemas e solicitações aos órgãos competentes (SENASP, 2010, p. 159).
Diariamente, o policial deve consultar o banco de dados e relacionar as ocorrências no dia anterior, ou outro período pré-definido,
deslocar-se ao local e fazer contato com a vítima a fim de colher dados necessários para o planejamento adequado de ações. Desta
forma, também, o cidadão sente-se prestigiado, aumentando a sensação de segurança e criando, acima de tudo, um vínculo entre a
polícia e a comunidade (SENASP, 2010, p. 166).
A visita solidária, bem-sucedida, propicia a restauração da Ordem Pública através da possibilidade de responsabilização do
autor do crime e do aumento da sensação de segurança.
7.2.2.1 Objetivos da visita solidária.
A visita solidária, como instrumento do policiamento comunitário, é utilizado para alcançar as finalidades deste e deve estar
ligado a uma “espinha dorsal” para o fim único do policiamento comunitário. Portanto, para alcançar os fins desejados, os objetivos
da visita solidária são:
a) Identificar o autor do delito através de novas informações que a perspicácia do policial militar permite extrair, bem como
após o fim d êxtase provocado pelo impacto, faculta à vítima melhor retratar o episódio.
b) Relacionar o sinistro criminoso a outros eventos para buscar associar autores, através do seu modo de ação;
c) Conduzir a vítima a refletir sobre seu comportamento para corrigir possíveis falhas que contribuíram para o crime;
d) Enriquecer o acervo da Polícia Militar sobre novas maneiras de prevenção e sobre o modo de atuação dos delinquentes
com fim de orientar os cidadãos sobre novas maneiras de prevenção;
e) Melhorar o nível de sensação de segurança que a vítima possuía antes do crime, se não puder aumentá-lo;
f) Fazer com que o policial militar possa compreender a vítima e entender sua aflição (empatia) para melhorar sua atuação e
comprometimento com a segurança pública;
g) Corrigir possíveis falhas no atendimento reativo ou sobre o policiamento preventivo;
h) Colher dados necessários para o planejamento adequando das ações policiais.
7.2.2.2 Como realizar uma visita solidária
Após um turno de vários atendimentos policiais militares – proativos e reativos, a guarnição do quadrante deve relacionar os
boletins de atendimentos reativos os quais há vítimas, preenchendo um rol com informações necessárias para que os policiais
militares do próximo turno iniciem o seu labor visitando as vítimas.
O preenchimento da lista deve ser preciso o suficiente para que os policiais possam entender a dinâmica do fato, mas sucinto
para que o PM compreenda o episódio pela narrativa da vítima.
NÍVEIS DE DECISÃO
Existem três diferentes áreas de decisão na empresa, a saber:
1. Decisões estratégicas: relacionadas com as relações entre a empresa e o ambiente; guiam e dirigem o comportamento
da empresa, principalmente quando ela expande e altera sua posição produto/mercado. São tomadas no nível institucional.
2.Decisões administrativas: relacionadas com a estrutura e configuração organizacional da empresa, com a alocação e
distribuição de recursos. São tomadas no nível intermediário.
3. Decisões operacionais: relacionadas com a seleção e orientação do nível operacional encarregado de realizar a tarefa
técnica.
É necessário estudar cada nível de decisões, sem perder de vista o seu inter-relacionamento e sua interdependência.
FASES DO PROCESSO DECISORIAL
FONTE: http://www2.unifap.br/mariomendonca/files/2011/05/PROCESSO-DECISORIO.pdf
8. NOÇÕES DE PROJETOS DE IMPLANTAÇÃO DE POLICIAMENTO COMUNITÁRIO;
Neste capítulo, mostraremos a importância de registrar a experiência de implementação dos projetos de policiamento
comunitário e daremos algumas sugestões sobre como esses registros podem ser realizados. A memória é a forma que sugerimos
para realizar o registro.
O que é?
A memória de um programa de policiamento comunitário registra as diferentes experiências de um projeto, desde o seu início.
Na memória, não é relatado apenas o que deu certo, mas todo o caminho trilhado, inclusive as dificuldades enfrentadas.
Nesse sentido, uma boa memória de um projeto de policiamento comunitário deve responder às seguintes questões:
Importância
A memória permite transmitir os conhecimentos aprendidos no desenvolvimento de um projeto. Assim, outros grupos
interessados em desenvolver projetos semelhantes podem não só se inspirar nas experiências já existentes, como também aprender
com os acertos e erros de cada uma delas.
1- Qual foi o problema que deu origem ao projeto?
2- Quais eram as possíveis causas desse problema? (antecedentes)
3- Como o problema foi enfrentado? (objetivos)
“Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que proporciona uma parceria
entre população e a polícia, baseada na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem
trabalhar (juntos) para identificar, priorizar e resolver os problemas contemporâneos, como crimes,
drogas, medos, desordens físicas, morais, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida da
cidade. Tudo isso baseado na crença de que os problemas sociais terão soluções cada vez mais efetivas,
na medida em que haja a participação de todos na sua identificação, análise e discussão”.
(TROJANOWICZ, Robert; BUCQUEROUX, Bonnie. Policiamento Comunitário: Como Começar. RJ:
POLICIALERJ, 1994, p.04).
Policiamento Comunitário é o modelo colocado em prática de acordo com a filosofia de polícia comunitária.
No período compreendido de 1985 a 1995, houve uma série de estudos, propostas e projetos de reforma da polícia que
promoviam a implantação de policiamento comunitário, em diversos municípios e estados, mas, geralmente sem apoio
governamental e da própria polícia. Somente em 1996 este tipo de reforma da polícia, passou a receber maior apoio
governamental. No Estado da Bahia, através da Polícia Militar de forma pioneira e ostensiva, o policiamento comunitário