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Apolônio de Thyana
Publicado em grego, conforme um antigo manuscrito, por
Gilberto Gautrinus: De Vita et Morte Moysis, livro III, pág. 206,
reproduzido por Laurent Moshémius nas suas observações
sagradas e histórico-críticas. Amsterdã, MDCCXXI, traduzido e
explicado, pela primeira vez, por Eliphas Levi.
O "Nuctemeron"
Primeira hora
Segunda hora
Pelo binário, os peixes do Zodíaco cantam os louvores de Deus,
as serpentes de fogo se entrelaçam em redor do caduceu e o raio
torna-se harmonioso.
Terceira hora
Quarta hora
Quinta hora
(Aquae supra coelestes tabula marmoris mundi Hebraeorum).
Sexta hora
Sétima hora
Oitava hora
As estrelas se falam, a alma dos sóis correspondem com o
suspiro das flores, cadeias de harmonia fazem corresponder
entre si todos os seres da natureza.
Nona hora
Décima hora
Undécima hora
As asas dos gênios se agitam com um ruído misterioso; eles
voam de uma esfera à outra e levam, de mundo em mundo, as
mensagens de Deus.
Duodécima hora
Explicação
Estas doze horas simbólicas, análogas aos signos do Zodíaco
mágico e aos trabalhos alegóricos de Hércules, representam a
série das obras da iniciação.
Explicação
É preciso aprender a querer e transformar, assim, em força o
gênio do desejo; o obstáculo da vontade é o gênio da discórdia,
que se prende pela ciência da harmonia, A harmonia é o gênio
das estrelas e dos mares; é preciso estudar as virtudes das
plantas, entender as leis do equilíbrio da medida, para chegar ao
êxito.
Explicação
Quando, pela força crescente da tua vontade, tiveres venci do o
gênio do temor, saberás que os dogmas são os ornamentos
sagrados da verdade desconhecida ao vulgo; mas destruirás, na
tua inteligência, todos os ídolos e prenderás o gênio da morte,
sondarás todos os precipícios e submeterás, até o infinito, à pro
porção dos teus cálculos; assim evitarás para sempre os enganos
no gênio da decepção.
Explicação
A força do mago está no seu juízo, que lhe faz evitar a confusão
que resulta da antinomia e do antagonismo dos princípios,
pratica a adivinhação dos sábios: mas despreza os prestígios dos
encantadores, escravos da fornicação, artistas em venenos,
servidores do amor dos animais, triunfa, assim, da fatalidade,
que é o gênio do jogo.
Gênios da quinta hora
Zeirna, gênio das enfermidades.
Tablibik, gênio da fascinação.
Tacritau, gênio da goecia.
Suplathu, gênio do pó.
Sair, gênio do antimônio dos sábios.
Barcus, gênio da quintessência.
Camaysar, gênio da união dos contrários.
Explicação
Triunfando das enfermidades humanas, o mago não é mais
joguete da fascinação, lança aos pés as vãs e perigosas práticas
da goécia, cuja força está toda num pó, que o vento leva; mas
possui o antimônio dos sábios, arma-se com todas as forças
criadoras da quintessência e produz à vontade, a harmonia que
resulta da analogia e da união dos contrários.
Explicação
O mago é livre, é o rei oculto da terra e a percorre como seu
domínio. Nas suas viagens, aprende a conhecer os sucos das
plantas e dos frutos, as virtudes das pedras preciosas, força o
gênio que esconde os tesouros da natureza a lhe dar todos os
seus segredos; penetra, assim, nos mistérios da forma,
compreende os enfeites da terra e da palavra, e se é
desconhecido, se os povos lhe são inospitaleiros, se passa
fazendo o bem e recebendo ultrajes, é sempre seguido pelo
gênio vingador.
Explicação
O setenário exprime o triunfo do mago, dá a prosperidade aos
homens e às nações e os sustenta pelos seus ensinos sublimes;
voa como a águia, dirige as correntes do fogo astral
representadas pelas serpentes, todas as portas do santuário lhe
são abertas e todas as almas que aspiram à verdade lhe dão sua
confiança; é belo em elevação moral e traz consigo, em toda
parte, o gênio pelo poder do qual alguém é amado.
Explicação
Tais são os gênios que obedecem ao verdadeiro mago, as
pombas representam as idéias religiosas; o schamir é um
diamante alegórico que, nas tradições mágicas, representa a
pedra dos sábios, ou esta força baseada na verdade e à qual
nada resiste. Os árabes dizem ainda que o schamir, dado
primitivamente a Adão e perdido por êle, depois da sua queda,
foi achado por Henoque e possuído por Zoroastro, que depois
Salomão o recebeu de um anjo, quando pediu a Deus a
sabedoria. Por meio deste diamante mágico, Salomão cortou,
sem esforço e sem martelo, todas as pedras do templo, somente
tocando-as com o schamir.
Explicação
Este número, diz Apolônio, deve ser passado em silêncio,
porque contém os grandes segredos do iniciado, a forças que faz
a terra fecunda, os mistérios do fogo oculto, a chave universal
das línguas, a segunda vista, diante da qual os malfeitores não
poderiam ficar escondidos. As grandes leis do equilíbrio e do
movimento luminoso, representadas pelos quatro animais
simbólicos na Cabala e na mitologia dos gregos pelos quatro
cavalos do sol. A chave da emancipação dos corpos e das almas
que abre todas as prisões e esta força da escolha eterna que
termina a criação do homem e o fixa na imortalidade.
Explicação
Os números acabam em nove e o sinal distintivo da dezena é o
zero, sem valor próprio, ajuntado à unidade. Os gênios da
décima hora representam, pois, tudo o que, nada sendo por si
mesmo, recebe uma grande força da opinião e pode sofrer, por
conseguinte, a onipotência do sábio. Caminhamos, aqui, num
terreno ardente e nos permitirão não explicar aos profanos nem
o diabo que é o seu senhor, nem o matador de crianças que é
seu amor, nem a cupidez que é o seu deus, nem os cães aos
quais não os comparamos, nem a pedra de ônix que lhes escapa,
nem as estriges que são suas cortesãs, nem as falsas aparências
que tomam pela verdade.
Gênios da undécima hora
AEglun, gênio do raio.
Zuphlas, gênio das florestas.
Phaldor, gênio dos oráculos.
Rosabis, gênio dos metais.
Adjuchas, gênio dos rochedos.
Zophas, gênio dos pentáculos.
Halacho, gênio das simpatias.
Explicação
O raio obedece ao homem, torna-se o veículo da sua vontade, o
instrumento da sua força, a luz dos seus fachos; os carvalhos das
florestas sagradas dão oráculos, os metais se transformam e se
mudam em ouro, ou tornam-se talismã, os rochedos se separam
da sua base, e, arrastados pela lira do grande hierofante,
tocados pelo misterioso schamir, mudam-se em templo ou
palácio, os dogmas se formulam, os símbolos representados
pelos pentáculos tornam-se eficazes, os espíritos são presos por
forças simpáticas e obedecem às leis da família e da amizade.
Explicação
Eis, agora, a que sorte devem esperar os magos e como se
consumará o seu sacrifício; porque, depois da conquista da vida,
é preciso saber sacrificar-se para renascer imortal. Sofrerão a
concussão, pedir-lhes-ão ouro, prazeres, vinganças, e, se não
satisfizerem a cupidez do vulgo, estarão expostos à perseguição,
à inquisição; mas ninguém profana os vasos sagrados, eles são
feitos para as mesas reais, isto é, para os banquetes da
inteligência. Pelo discernimento dos espíritos, saberão abster-se
do favor dos grandes e ficarão invencíveis na sua força e na sua
liberdade.