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1. Os liberais clássicos
O PARADOXO DO LEVIATÃ
ATENUANDO O ENCARGO
1. Nossa perspectiva é liberal: queremos que o Estado seja menor e que os indivíduos
sejam mais livres.
2. Também acreditamos que a redução do Estado precisa ser temperada pelo
pragmatismo.
3. “O Estado é a mais preciosa das conquistas humanas”, escreveu Alfred Marshall em
Industry and Trade, de 1919, “e nenhuem esforço será grande demais se for envidado
para capacitá-lo a realizar seu trabalho da melhor maneira: a principal condição para
esse fim é não incumbir-lhe de trabalho para o qual não esteja especialmente
qualificado, em termos de época e lugar”.
4. O Estado pequeno, mas forte, é preferível ao grande, mas fraco, não só porque o
Estado grande se intromete em nossas vidas e é muito dispendioso, mas também
porque, em geral, não executa suas tarefas básicas.
5. Bernard Baruch, que foi assessor de Woodrow Wilson e de Franklin Delano
Roosevelt, sempre recomendava: “votem em quem promete menos; porque será o
menos decepcionante”.
6. Como os governos podem atenuar essa carga? Argumentamos no capítulo anterior
que melhorar a gestão e fazer uso mais inteligente da tecnologia pode contribuir para
agilizar o Leviatã.
7. Também é preciso, porém, restringir o que o Estado tenta fazer.
8. Existem três setores principais nos quais o Leviatã precisa aliviar sua carga
urgentemente:
a. primeiro, não mais vender bens e serviços que não são de sua competência,
revivendo portanto, os programas de privatização, velha causa da direita;
b. segundo, cortando subsídios que afluem para os ricos e bem relacionados,
velha causa da esquerda; e
c. terceiro, reformando os direitos sociais para garantir que sejam direcionados
para quem realmente precisa deles e que sejam sustentáveis no longo prazo,
velha causa de todos os que se importam com a saúde do Estado.
DEIXE QUE MAIS ALGUÉM USE A PRATA
1. A privatização é a mais notável obra inacabada da meia revolução dos anos 1980, aos
olhos dos conservadores.
2. Ainda é impressionante quanta “prata da família” o Estado ainda retém sob a forma de
empresas, prédios e terras.
3. A venda da prata da família é uma excelente maneira de reduzir a dívida que esmaga
tantos países, e também uma ótima alternativa para gerenciar melhor a prataria.
4. Os governos ainda detêm grandes nacos das “indústrias de rede”, como transportes,
eletricidade e comunicações, sobre o fundamento de que constituem bens públicos e
recursos nacionais estratégicos: as empresas privadas poderiam usar o poder de
mercado para extorquir os consumidores ou excluir os pobres, e os investidores
estrangeiros poderiam comprá-las para construir cabeças de ponte em mercados
externos. Com efeito, tanto quanto essas objeções façam sentido, haveria como
manejá-las pela regulaçãom em vez da propriedade.
5. Os Estados Unidos, assim como a França, que detém £60 bilhões em ações de
empresas como Renault e France Telecom, também pratica o capitalismo de Estado,
ainda que no armário.
a. Os EUA perderam a onda de privatização das décadas de 1980 e 1990
b. Alguns países já privatizaram correios, presídios e aeroportos – Os EUA não.
c. O portfólio de imóveis subtulizados dos EUA, abrangendo prédios e terras, é
extremamente amplo.
d. A direita americana parece inusitadamente lenta em considerar a ideia de
privatização. Ignorância é uma razão. O governo americano, mormente em
nível local, não tem ideia do que possui. Outro motivo é a intransigência....
ACORDE, MAGGIE
Seriam as propostas acima viáveis? Muito pouco do que se sugere aqui já não foi
posto em prática por outros governos.
A reforma tem tanto a ver com mudança de mentalidade quanto com redesenho da
estrutura.
Reagan e Thatcher embarcaram em algo mais ou menos semelhante, e decerto
mudaram o debate.
Ainda assim, porém, promoveram apenas meia revolução. Por que desta vez seria
diferente? A oportunidade agora é maior (muito semelhante a revolução vitoriana) por
duas razões.
o A mais importante é a revolução da informação
A revolução da informação também transformou a sociedade, criando
uma classe de consumidores acostumados com a gratificação
imediata, democratizando a informação e, como vimos, facilitando a
reforma das funções centrais do governo, como educação, saúde,
ordem pública e segurança.
o A segunda razão se relaciona com competição
Agora, como vimos, enfrentamos ameaça real e imediata, imposta pelo
Oriente. As empresas asiáticas estão superando as ocidentais não
apenas no trabalho braçal, mas também em trabalho cerebral.
A competição talvez desperte coragem nos políticos para reformar a
máquina do governo.
Temos, portanto, uma oportunidade de ouro para completar a revolução da década de
1980 (reformar o governo a partir das fundações e incutir mais liberdade no cerne das
relações do Estado com os cidadãos)
Estaria, porém, a democracia à altura da missão?
A democracia parece responsável pelo inchaço do Estado e do governo.
A democracia também está ficando cada vez mais disfuncional à medida que o
Ocidente se defronta com problemas de escassez.
Poderá o sistema democrático enfrentar escolhas tão difíceis? Será ele capaz de lidar
com a escassez, assim como lidou com a fartura?
Na conclusão deste livro, argumentaremos que a democracia ainda é um enorme
triunfo para o Ocidente.