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Hygino de Freitas Mello -

Gino Frey -
História do Estado do Espírito
Santo

Primeiro Grau
DUAS PALAVRAS
A historiografia é uma atividade fascinante e o Espírito Santo abriga
bons estudiosos nessa área da literatura técnica. Encontramos nas
bibliotecas e livrarias o melhor dos relatos históricos, trabalhos dos
nossos intelectuais contemporâneos. Sentimos, contudo, a falta dos
editores em publicações dirigidas à classe estudantil dos primeiros
passos, na formação educacional nos graus iniciais, em relação á história
do nosso Estado.

Assim, nos propomos a oferecer um pequeno compêndio, dedicado


aos estudantes do ensino de primeiro grau de nossas escolas oficiais e
particulares, trabalho este lastreado no que existe estabelecido pelos
nossos gloriosos historiadores. “Nada se cria, tudo se copia”, e as fontes
informativas que constituem a base de toda a obra historiográfica, vão
desde as cartas, ofícios, documentos oficiais, encontrados nos arquivos
públicos, à informação oral, das testemunhas vivas, tão preciosas em sua
contribuição.

O resgate à memória de um povo deve ser praticado junto aos que


iniciam a vida educacional, com informes honestos e fidedignos, calcados
no que mais verossímil se nos apresente, pelo que no passado nos
legaram essa gama de verdades sobre a formação de nossa gente.

As placas de nossas ruas e praças dizem de personalidades que ás


vezes só muito mais tarde nos chegam ao conhecimento. É preciso que
essa informação comece a ser passada às crianças e aos que
retardadamente entram no processo de auto-educação.

A História do Estado do Espírito Santo é fascinante e mesmo em


proposta de breve relato, interessa inclusive aos que pretendem encará-la
pela curiosidade.

GINO FREY

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O AUTOR

LEVANTAMENTOS GEO-HISTÓRICOS
O autor realizou para a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros da
Academia de Letras Municipais do Brasil (SP), a descrição, em
monografia, colaborando com intelectuais capixabas, dos municípios:
Mimoso do Sul, Serra, Divino São Loureço, Muqui, Pinheiros, Apiacá,
Alegre, Piúma, Ibatiba, Mantenópolis, Presidente Kennedy e Nova
Venécia. Para a mesma Enciclopédia, escreveu o Panorama do Espírito
Santo, que aqui está como apêndice.

No Estado da Bahia, realizou a descrição dos municípios: Salvador,


Itanhém, Santo Antônio de Jesus, Cachoeira, Vera Cruz, São Felix,
Itaparica, Itabuna e Camacari.

Em São Paulo, realizou a monografia de Itaquaquecetuba.

Hygino de Freitas Mello é membro titular da Academia de Letras


Municipais do Brasil; membro do Instituto Histórico e Geográfico do
Espírito Santo; membro da Academia de Letras do Rio de Janeiro; e,
membro da Academia de Letras Evangélicas do Brasil.

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1 - O DONATÁRIO
Por documento assinado em primeiro de janeiro de 1534, o rei Dom
João III de Portugal resolveu doar ao fidalgo Vasco Fernandes Coutinho,
cinqüenta léguas de terra na costa do Brasil. Cinqüenta léguas eqüivalem
a 300 km, que o fidalgo Vasco, como donatário, capitão e governador,
tinha direito sobre ela por toda a sua vida, passando-a a seus filhos, netos
e demais herdeiros.

Eram cinqüenta léguas pela orla marítima, sendo do donatário o


que pudesse conquistar mata adentro (até os limites do Tratado de
Tordesilhas) pertencentes à Portugal.

Nascia assim, a capitania do Espírito Santo, assim chamada porque


fora tomada por posse no dia dedicado à Terceira Pessoa da Santíssima
Trindade, isto é, à primeiro de Junho de 1535. Na verdade, o navio
“Glória” que transportava o donatário Vasco Fernandes Coutinho
atravessou a barra, guiando-se pela serra do Mestre Álvares, ancorando
numa pequena enseada à esquerda do Morro da Penha, ao norte do
Morro de João Moreno, no dia 23 de Maio de 1535. Eles acharam que era
um grande rio e batizaram tudo com o nome de Espírito Santo.

As terras eram habitadas pelos índios goitacazes, que não


receberam de bom grado a caravela portuguesa. Muitas flechas foram
atiradas na embarcação, até que dois tiros de canhão obrigaram os
aborígenes a correrem para o mato, permitindo assim o desembarque.

Cercas foram levantadas, fortificações se edificaram para a defesa


dos portugueses. Cerca de 30 construções foram realizadas no local, para
morada dos pioneiros, bem assim uma capela, a de Nossa Senhora do
Rosário, que ficava próxima à praia e no fim da mesma, no lugar que
denominaram São João.

Vasco Coutinho distribuiu aos seus amigos, para uso, cultivo e


povoamento, pedaços de terra, notadamente as ilhas, como: a Ilha do
Boi, que ficou com Dom Jorge de Meneses; a Ilha do Frade, que coube a
Valentim Nunes; etc.

O donatário da capitania era um herói. Servira em Goa, na Malacia


e na China. No ano de 1510, dizia-se que Vasco era um soldado sem
medo, que levantava um mouro do cavalo com a ponta da lança, atirava-o

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ao.. chão e o matava sem piedade. Esteve na Índia, no Golfo Pérsico, em
Marrocos e na África. Tudo a serviço do rei de Portugal. Duarte Coelho
fora seu companheiro de combate aos chineses.

Para vir para o Brasil assumir a capitania, Vasco Coutinho vendera


todos os seus bens em Portugal. Era proprietário da Quinta de Alenquer,
que passou à Fazenda Real. Tomou dinheiro emprestado à amigos. Os
seus companheiros de empreitada, também procederam assim, a fim de
investirem na nova terra. Infelizmente, nem Vasco, nem seus
companheiros de aventura foram bem sucedidos. A terra era inóspita, pois
os índios não lhe deram tréguas, combatendo-os desde a chegada. E mais
de dez anos depois, tudo estava destruído, com a cidade arrasada, ao
voltar Vasco de uma viajem à Portugal.

Vasco Coutinho dera a Duarte Lemos a Ilha de Santo Antônio, em


15 de Julho de 1537. A ilha fora descoberta por um grupo que se
aventurara em lanchões, subindo a barra, lugar que se chamava Caieiras.
Outros exploradores abriram picada por terra, em direção ao Morro do
Mestre Álvares, chegando ao local onde hoje está a cidade da Serra.

A Ilha de Santo Antônio tornou-se mais tarde a capital do Espírito


Santo, por oferecer mais segurança. Encontrando-se Vasco Coutinho com
Duarte Lemos em Lisboa, resolveram passar uma escritura de doação da
Ilha de Santo Antônio, perante o notário geral da Côrte.

O donatário não era um funcionário da Coroa. Vasco Fernandes


Coutinho era um fidalgo da casa Real.

A Ilha de Santo Antônio é hoje a cidade de Vitória, depois de Ter se


chamado Vila Nova, em antítese à Vila Velha, mas tarde, todas as terras
conquistada por Coutinho passou a se chamar Espírito Santo.

DEGREDADOS VOLUNTÁRIOS
A fim de promover a povoação do Espírito Santo, o rei Dom João III
concedeu carta de homizio, em 6 de outubro de 1534, quando foi aberta a
capitania aos criminosos de Portugal de todas as classes, exceto os
condenados por heresia, sodomia, traição e moeda falsa. Isto é: os que
estavam presos por serem hereges, os homossexuais, os traidores e os
estelionatários. Os hereges eram os condenados pela Santa Inquisição.

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AUSÊNCIAS DE VASCO
O donatário da capitania do Espírito Santo esteve ausente de 1540 a
1548, sendo certa sua estada em Lisboa em 1547. Nesse período voltou
ao Espírito Santo em 1545, para a arrecadação dos dízimos reais. Foi Dom
Jorge de Menezes quem o substituiu no governo da capitania, gestão em
que os ânimos entre índios e portugueses se acirraram e a cidade foi
sacudida por combates repetidos. Dom Jorge não agradara também aos
moradores da Sede, mesmo reconhecido como homem valente, pois
pesava contra si a acusação de ser violento, sem compostura, de índole
inconstante, leviano, depravado e dominado por paixões desenfreadas.

Os índios goitacazes, aimorés e outras tribos reuniram-se em


confederação, para o aniquilamento dos brancos invasores, atacando-os
sem piedade. A ofensiva foi tamanha que os que não morreram em
combate, fugiram para as capitanias vizinhas ou pereceram transviados
nas florestas.

Achando-se velho, cansado e enfadado, Vasco Fernandes Coutinho


decidiu voltar à Portugal, fazendo ciente disso o governador geral Mem de
Sá. Por carta de 22 de maio de 1558, Vasco demonstrou o desejo de
vender a capitania ou até que lhe tomassem a terra. A carta-renúncia foi
escrita da cidade de Ilhéus, na Bahia.

MORTE DO DONATÁRIO
Empobrecido, e segundo o que escreveu o Frei Vicente do Salvador,
sem Ter um lençol que lhe servisse de mortalha, alimentado por mãos
alheias, morreu Vasco Fernandes Coutinho, em fevereiro de 1561, sendo
sepultado na Vila do Espírito Santo, depois de uma vida de sucessos e
infortúnios.

Reconheceu-se o seu espírito magnânimo e de dedicação,


generosidade, bravura, solidariedade e grandeza de sentimentos.

No seu governo, implantou-se a indústria do açúcar, a educação


através dos religiosos, a exportação dos produtos agrícolas e da pecuária,
reagiu contra as invasões estrangeiras, etc. Vasco muito sofreu com a
delação de Duarte Lemos a Dom João III e outras manifestações de
antipatia ocorridas por parte de outras personalidades da época.

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2 - SUCESSORES DE VASCO
Com a morte de Vasco Fernandes Coutinho, o governador geral
Mem de Sá recomendou as autoridades da capitania que dessem posse a
Belchior de Azeredo, como capitão, salvo se aparecesse o Vasco,
Fernandes Coutinho, filho bastardo do falecido donatário, que assumiria
por direito, mas não com sua aprovação. Fernandes Coutinho era filho de
Ana Vaz, dona de uma pequena ilha na Baía de Vitória.

Belchior foi empossado na capitania e teve logo que enfrentar a


invasão dos franceses, em 1561. Brancos e índios uniram-se bravamente
na defesa da terra, com o apoio dos jesuítas e durante quatro horas
lutaram contra o invasor, que bateu em retirada. Um navio que ia de São
Vicente para o Reino aparecera, e uma das naus francesas fora atingida
por um balaço. Os escravos perseguiram os invasores, em pequenas
embarcações e os índios tomaram uma chalupa dos franceses, fazendo
prisioneiros sete ou oito tripulantes.

A nomeação de Belchior dera-se antes mesmo da morte de Vasco,


por documento datado de 3 de agosto de 1560, que dá notícia da
renúncia do donatário fundador, renúncia essa que foi apresentada
pessoalmente à Mem de Sá, que tomou posse da capitânia na ocasião.

Contudo, Fernandes Coutinho foi reconhecido como sucessor de seu


pai, a 16 de outubro de 1560. Assumindo a capitania, Fernandes Coutinho
fez a revisão na distribuição das terras, passando a novas mãos as
sesmarias daqueles que já haviam falecido ou abandonado, extinguiu o
jogo no Espírito Santo e incrementou o progresso, com a criação de novos
engenhos e tornando direto o comércio com Portugal.

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Falecendo Fernandes Coutinho em 1589, tomou seu lugar na
capitania a viuva Luíza Grinalda, que teve como adjunto o capitão Miguel
de Azeredo. De 1573 à 1575, muitos índios desceram do sertão com
Belchior e com os jesuítas para o trabalho nas lavouras, aldeando-se em
Vitória.

No governo de Dona Luíza Grinalda, em 1592, a baía de Vitória foi


atacada pelo famoso pirata inglês Thomas Cavendish, tendo sido
duramente combatido nas praias vizinhas de Vitória e do Espírito Santo.

Dona Luíza entregou o governo a Miguel Azeredo, viajando para


Portugal, onde morreu aos 82 anos de idade, em 1626, internada no
Convento Paraíso, em Évora. Assumiu a capitania Francisco de Aguiar
Coutinho, em 1605, após reivindicar seu direito, por ser o parente mais
próximo do segundo donatário, não tendo este deixado filhos.

Foi no governo de Aguiar Coutinho que ocorreu a invasão dos


holandeses comandados por Pier Pieterszoon Heynm, com oito naus. Foi à
10 de marco de 1625. Os homens de Coutinho enfrentaram bravamente
os inimigos, em combates de rua, na Vila de Vitória, havendo os
holandeses tido muitas baixas. Socorro do Rio de Janeiro e da Bahia
vieram, por intermédio de Salvador Correia de Sá e de Benevides.

Destacou-se Maria Ortiz nas refregas de rua, quando estava brava a


mulher despejou um caldeirão de água fervendo sobre o comandante Pier
Heynm.

Morreu Francisco de Aguiar Coutinho em 6 de marco de 1627 e foi


nomeado para governar a capitania Manuel d’Escovar Cabral. Depois veio,
provavelmente, Francisco Alemão de Cisneiros, que faleceu à 17 de
fevereiro de 1635, sendo sucedido por Domingos Barbosa de Araújo. Em
6 de janeiro de 1636, começou o governo do capitão-mor Antônio do
Couto d’Almeida.

Em 1640, era governador da capitania João Dias Guedes, quando


ocorreu a invasão dos holandeses que, comandados pelo coronel Koin,
invadiu o porto a 27 de outubro do mesmo ano, aprisionando dois navios
de açúcar. João Dias com 30 fuzileiros, duas companhias de índios
armados de arcos e flechas e homens do povo armados de piques e
chuços, além de 5 canhões, expulsaram da ilha os holandeses, em apenas
três horas e meia.

Ambrósio de Aguiar Coutinho, filho de Francisco de Aguiar Coutinho,


tomou posse em 1643, após 16 anos da morte de seu pai, como legítimo
herdeiro do cargo de donatário. Ele era governador dos Açores e o

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governo do Espírito Santo continuou sendo exercido por Antônio do Couto
d’Almeida, não havendo notícias de sua vinda ao Brasil. Também
Francisco Guizarte da Gama foi nomeado capitão do Espírito Santo, em
1648. Neste ano registra-se a nomeação de capitão-mor para a capitania,
de João Ferrão Castelo Branco, que construiu o Forte de São João. Em
1650 houve a provisão do cargo para Manoel da Rocha de Almeida e do
sargento-mor Feliciano Salgado. O navio que trouxe Manoel da Rocha
naufragou no trajeto Bahia-Vitória, sendo que ele foi salvo.

Em 27 de julho de 1656, era nomeado por el-rei, o capitão-mor


João de Almeida Rios, que foi assassinado ao deixar o Colégio dos
Jesuítas, em abril de 1659, a mando de Diogo Garcia de Arenzedo e
Bernardo Aires, que era dono de um engenho; Almeida Rios mandara
prendê-lo porque lhe devia 5 mil cruzados e 2 mil à Fazenda Real.

A capitania foi dirigida por Francisco Luís de Oliveira, nomeado à 30


de setembro de 1655, que sucedeu a Simeão de Carvalho, cujo governo
provocou repetidas queixas graves, pedindo pronta solução. Em 1656
Francisco Luís era substituído por Gaspar Pacheco e Contreiras. Dom Dinis
Lobo também governou a capitania, estando em atividade em 1661 e
1662, substituindo José Rabelo Leite. Dinis pediu licença à 2 de janeiro de
1663, sendo nomeado em seu lugar José Lopes.

Ainda encontramos o nome de Antônio Luís Gonzaga da Câmara


Coutinho, em relação ao ano de 1667, Antônio Mendes de Figueiredo,
José Gonçalves de Oliveira, Ambrósio de Aguiar Coutinho, Brás do Couto
de Aguiar, que substituiu à José Lopes, em 12 de dezembro de 1663.

Coube a Francisco Gil de Araújo comprar a capitania, em 1674, de


Antônio Luís Gonzaga de Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados. O
coronel Gil chegou ao Espírito Santo só em 1678, permanecendo até
1682, quando regressou à Bahia.

Dedicou-se ao descobrimento das ambiciosas esmeraldas, concluiu


a construção do Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo, reedificou o
Forte de São João, tendo construído o Forte de São Francisco à entrada
da barra de Vitória.

Gil de Araújo amortizou a dívida externa do Espírito Santo,


liquidando os atrasos com o dote e paz da Holanda e com a misericórdia
de Lisboa, entre 1678 e 1682. Existiam 4 companhias em Vitória e Espírito
Santo, e ele lhes acrescentou mais 5, inclusive uma de homens pardos.
Asseou os templos, concertou a casa da Câmara e realizou muitas
benfeitorias em Vila Velha e Guarapari.

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O donatário Gil financiou todas as suas realizações e empresas,
inclusive dando uma sepultura decente aos ossos de Vasco Coutinho.
Disciplinou o comércio e a agricultura, realizando uma administração
progressista. Decepcionado com os fracassos na tentativa de encontrar as
esmeraldas, após investir muito dinheiro na capitania do Espírito Santo,
regressou à Bahia onde faleceu em 1685.

Assumiu o seu filho, Manuel Garcia Pimentel, com herança


confirmada por carta de 5 de dezembro de 1687. Comandou os seus
negócios no Espírito Santo diretamente da Bahia, sem nunca Ter vindo à
capitania, que ficara entregue por seu pai à Manuel de Morais, nomeado
pelo Marques das Minas.

A 24 de outubro de 1687 o governador geral mandou que a


capitania fosse entregue a Manoel Peixoto da Mota. Este demandou ao
Espírito Santo sem ordem do governador geral, no que resultou em sua
chegada preso e metido a ferros em Vitória, pelos oficiais da Câmara de
Vitória, assim retornando à cidade de Salvador. Nova carta de nomeação
foi feita, indicando Peixoto da Mota para a direção da terra capixaba.

Em 1702, era capitão-mor Francisco Ribeiro de Miranda. Corria a


febre do ouro no Rio Doce. Miranda foi um administrador operoso.
Adiantou a construção da Fortaleza de São Francisco Xavier e expôs em
várias cartas ao governador geral a situação do Espírito Santo, recebendo
dele toda a atenção. Miranda foi substituído em 1705 por Álvaro Lobo de
Contreiras que por sua vez foi sucedido por Francisco de Albuquerque
Teles, em 1709. Foi quando a Vila do Espírito Santo teve o seu primeiro
alcaide, com a nomeação de Antônio Pacheco de Almeida, que vinha de
cargos ilustres de Angola e Pernambuco.

Em 1700, Vitória contava com a presença entre seus moradores de


um bacharel formado pela Universidade de Coimbra, João Trancoso da
Lira, nomeado pelo donatário Manoel Garcia Pimentel, ouvidor da
capitania.

Falecendo Pimentel em 1711, em princípios do ano, o governador


geral ordenou ao capitão-mor e aos oficiais da Câmara de Vitória que
tomassem posse da capitania para a Coroa, vez que o donatário Pimentel
não deixara herdeiros.

A relação da Bahia, chamada a decidir, reconheceu o direito de


Cosme Rolim de Moura, primo e cunhado de Pimentel, a herança da
capitania; contudo, o Conselho Ultramarino, por consulta de 18 de junho
de 1715, disse ser conveniente a compra da donataria por conta da
Fazenda Real para se incorporar à Coroa.

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. Assim, Rolim de Moura desfez-se da capitania pelo mesmo preço

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que Francisco Gil a comprara ( quarenta mil cruzados ) pagos em quatro
prestações anuais de igual valor.

3 - FUNDAÇÃO DE VITÓRIA
A primeiro de novembro de 1549, partiram da Bahia com destino a
São Vicente, os jesuítas Leonardo Nunes e Diogo Jácome, fazendo escala
no porto do Espírito Santo e aqui recebendo o noviço Mateus Nogueira.

Era vigário da capitania o padre Francisco da Luz, que substituía o


seu irmão, padre João Dormundo. João Dormundo fora nomeado vigário
do Espírito Santo à 13 de janeiro de 1541, sendo originário da Ilha da
Madeira. Ele veio inicialmente para Ilhéus, onde lhe nasceram os filhos,
pois era casado com dona Marta de Souza Lobo, uma das órfãs protegidas
da rainha e mandada ao governador para que se casasse bem.

Com a fixação da sede da capitania na ilha de Santo Antônio, onde


a defesa era mais fácil, desenvolveu-se a população da grande ilha sob o
nome de Vila de Nossa Senhora da Vitória, ou simplesmente Vitória.
Outros nome teve a ilha, como o de Vila Nova em contraposição à Vila
Velha, onde se rezavam missas na igrejinha de Santa Luzia. Entre marco e
abril de 1551, desembarcaram aqui os padres Afonso Brás e Simão
Gonçalves, que eram irmãos, cujas presenças concorreram para apaziguar
um pouco os selvagens e os portugueses que laboravam na ilha. Contudo,
a trégua foi breve, pois logo os índios voltaram a investir contra a Vila
Nova do Espírito Santo. A 8 de setembro de 1551, os colonizadores
tiveram grande vitória sobre os silvícolas, daí novamente Ter sido mudado
o nome da ilha para Vitória, o que foi definitivo.

Consta que o nome de Vila da Vitória foi dado em 1550 e que nesse
ano já estavam oficializadas perante o Governo Geral, a existência e
denominação da vila de Vitória.

Em 1550, a Bahia centralizava os negócios públicos e era o


“armazém da colônia”, onde se abasteciam as capitanias das utilidades

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vindas diretamente de Lisboa. Assim, o provedor-mor autorizava o
tesoureiro e o almoxarife dos armazéns de Salvador a fornecerem a
Francisco de Oliveira, feitor e almoxarife do Espírito Santo, objetos de
pesagem, espadas, etc.. Contudo, nesse mesmo ano, a capitania

inaugurava o comércio diretamente com Portugal e Angola, com a


instalação da alfândega na Capitania. Antes disso, em 1545, o Espírito
Santo já despachara o primeiro carregamento de açúcar para Portugal, no
navio de Brás Teles.

4 - INDEPENDENTE DA BAHIA
A 18 de marco de 1823, a Vila de Vitória foi declarada cidade, por ato
de sua Majestade Imperial. O primeiro Presidente da província do Espírito
Santo foi Inácio Acioli de Vasconcelos, que ocupou o Palácio
Governamental à 24 de fevereiro de 1824, instalado no antigo Colégio
dos Jesuítas.

O primeiro Bispo da Diocese foi Dom João Batista Corrêa Nery e foi
empossado em 23 de maio de 1897. A comarca de Vitória existia desde
1819 e se classificava como arciprestado na parte eclesiástica, tendo o
bispado sido criado a 15 de novembro de 1895, de acordo com a bula do
Papa Leão XIII.

O Espírito Santo dependia da Bahia por ordem administrativa e


militar, até que a carta régia de 29 de maio de 1809 veio desfazer esses
laços, criando aqui a Junta da Administração e Arrecadação da Real
Fazenda, ao mesmo tempo em que era extinta a Provedoria subordinada
a Junta sediada em Salvador.

Por decreto de 3 de setembro de 1810 declarou-se que a capitania


do Espírito Santo se tornava independente da Bahia, no que concerne as
atividades militares. Isso aconteceu no governo de Manuel Vieira de
Albuquerque e Tovar, que deixou o exercício em 1811.

Francisco Alberto Rubin assumiu o governo do Espírito Santo em 6


de outubro de 1812, embora nomeado a 12 de junho e empossado à 5 de
outubro. Rubin abriu a estrada de Vitória à Vila Rica, em Mina Gerais para
a passagem das boiadas, obra iniciada em 1814 e só em 1820 começou
a ser utilizada, com a vinda da primeira boiada mineira. A obra foi muito
custosa e exigia, para a sua utilização, a manutenção de guarnições

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militares
botocudos.
posta em quartéis de 3 em 3 léguas, para evitar os assaltos dos

Por iniciativa do intendente geral da polícia, Paulo Fernandes Viana,


vieram para o Brasil trinta casais de açorianos, inaugurando o movimento
imigratório europeu para o Brasil em grande escala, por Dom João, tendo
sido instalados na povoação que ganhou o nome de Viana, em
homenagem ao intendente da polícia. A primeira pedra para a edificação
da igreja Nossa Senhora da Conceição, em Viana, foi lançada pelo
governador Rubin, em 15 de dezembro de 1815.

Francisco Alberto Rubin pagou ao Banco do Brasil divida imposta


pela coroa à capitania, abriu estradas, construiu um hospital para os
pobres, restaurou a Santa Casa de Misericórdia de Vitória, criou aulas na
capital e em Vilas da Capitania. deixou o governo do Espírito Santo em 12
de setembro de 1819, tendo sido nomeado governador do Ceará.

Baltazar de Souza Botelho assumiu o governo do Estado à 20 de


marco de 1820, tendo governado o Piauí até 14 de julho de 1819.
Baltazar enfrentou movimentos militares e populares, desde o Motim da
Tropa de Linha, que desandou em desatinos, como pilhagem ao comércio
e tiros pelas ruas de Vitória. O governador entregou o comando da tropa à
Josué Marcelino de Vasconcelos, sargento-mor de Artilharia de Linha e
oficial de engenharia em comissão.

Domingos José Martins é sem dúvida a figura espírito-santense que


desperta, na história, a maior curiosidade ao estudante de hoje. Nascido
em Itapemirim, a 9 de maio de 1781, foi encaminhado à Bahia e daí à
Lisboa para estudar. De Portugal foi para a Inglaterra, onde trabalhou no
comércio, tornando-se empresário de sucesso. Em Londres, Domingos
Martins conheceu Hipólito da Costa, diretor do jornal Correio Brasiliense,
órgão que lutava pela emancipação do Brasil do julgo de Portugal.

Voltando ao Brasil, Domingos Martins radicou-se em Pernambuco,


em cuja capital engajou-se na propaganda dos ideais de liberdade. Veio a
Revolução Pernambucana, em 1817, quando Domingos Martins
representou o comércio na Junta governativa revolucionária. Tendo sido
preso, com outros rebeldes, foi encaminhado à Salvador, onde,
juntamente com José Luiz Mendonça e o Padre Miguel Joaquim de
Almeida, conhecido como Padre Miguelino, foi executado no Campo da
Pólvora, a 12 de Junho do mesmo ano.

A direção da província do Espírito Santo passou a ser exercida pela


Junta do Governo Provisório, a 2 de marco de 1822, Junta essa criada
pela lei das cortes de Lisboa à 1 de outubro de 1821.

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Sedições e agitações ocorreram, com devassas e prisões de
militares e civis. O comandante das armas Coronel Júlio Fernandes Leão
chegou a apresentar-se frente ao Palácio, com toda a forca armada,
gritando: “Abaixo a Junta! Morra a Junta!” Finalmente a tropa aderiu à
causa da Junta e juntou-se aos soldados do Palácio, tendo o Coronel
Leão que fugir para a sua casa, com alguns companheiros fiéis, de onde
continuou no exercício de suas funções até que foi substituído em agosto
de 1822.

Capixaba de nascimento, o ouvidor Manuel Pinto Ribeiro Pereira de


Sampaio chegou a Vitória, encarregado pelo grande oriente do Brasil, de
apaziguar os exaltados e propagar as idéias de independência pátria
porque se batiam aquela Ordem Maçônica. O Príncipe Dom Pedro havia
proclamado a Independência do Brasil, a 7 de setembro de 1822, em São
Paulo. À 13 de maio de 1822, D. Pedro havia aceitado o título de
Defensor Perpétuo do Brasil, fato que causou grande júbilo aos
capixabas. À 12 de outubro de 1822, era assinado em Vitória o Auto da
Independência.

A Junta do Governo Provisório tinha como vogal o Capitão José


Francisco de Andrade Almeida Monjardim, que foi credenciado junto ao
Imperador para apresentar as congratulações da Província.

O movimento emancipador foi ganhando adesões por parte das


vilas e São Mateus foi uma delas, tornando-se o centro da atenção na
província, por sua proximidade com a Bahia, onde Madeira de Melo,
comandante das armas, apresentava ainda a maior resistência. Em
janeiro de 1823, São Mateus aclamou o novo soberano do Brasil,
aderindo ao governo da Junta Provisória. Até Caravelas, que pertencia ao
Espírito Santo, também aderiu a Junta, após Ter sido ocupada
militarmente pelas tropas da capital.

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5 - OS INDIOS
Araribóia era o chefe dos duzentos índios Terminós que foram do
Espírito Santo combater os franceses de Villegaignon, na ilha de Niterói.
Nascido no Espírito Santo, Araribóia, que significa “cobra feroz”, em
reconhecimento aos grandes serviços prestados às armas portuguesas,
recebeu o hábito de Cavaleiro da Ordem de Cristo e o posto de capitão-
mor da sua aldeia, que era Niterói, no Rio de Janeiro. Seu nome de
batismo foi Martin Afonso Araribóia.

Maracaiaguacu, o “gato grande”, mantinha boas relações com os


colonos e gozava de prestígio junto a Vasco Coutinho e os jesuítas. Seu
irmão, “cão grande”, mudara-se para Guarapari, ficando mais próximo dos
jesuítas. Quando morreu o filho de Gato Grande, Sebastião Lemos, o
próprio donatário e os religiosos prestigiaram o ato fúnebre com suas
presenças e participações na cerimônia. Duarte Lemos fora um dos
padrinhos do Terminó batizado, filho de Gato Grande.

Quando surgiu no Porto de Vitória, em 1558, uma nau francesa,


afim de negociar com os portugueses, esses desconfiados usaram Simão
Azeredo e Mestre Náo, um francês que aqui vivia, afim de parlamentar a
bordo. Estes fizeram tudo para que as negociações não se entabulassem,
exagerando quanto ao poderio da terra, de forma que os franceses foram
aportar em Itapemirim, onde pretendiam se carregar de pau-brasil.
Entretanto, encontraram ali a resistência de Maracaiaguacu, que

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aprisionou vinte deles, tomando-lhes duas chalupas, uma ferraria e
roupas.

Os jesuítas – ANCHIETA
O Frei Pedro Palácios chegou à Vila do Espírito Santo no ano de
1558. Natural de Medina do Rio Seco, próximo de Salamanca, recebeu o
hábito franciscano na Espanha, transferindo-se depois para Portugal.
Obteve licença para vir ao Brasil, fazendo-se mensageiro de um navio
que aportou na Vila do Espírito Santo. Fundou em Vila Velha o Santuário
de Nossa Senhora da Penha. Pregou por 12 anos a religião de Cristo,
tendo trazido importantes pecas de arte sacra, a partir do Retrato da
Virgem.

Os inacianos também prestaram grandes serviços na medicina e na


enfermagem. Uma epidemia varreu a capitania em 1558, matando uma
média de 13 pessoas por dia, em Vitória. Mais ou menos 600 índios
morreram em breve tempo.

Os loiolistas foram os vanguardeiros na arquitetura colonial no


Espírito Santo, tanto na religiosa como na residencial. Os índios aldeados
formaram o braço direito nas construções, sob a direção técnica dos
jesuítas.

Sempre ativos na guerra ou na paz, os jesuítas prestaram


inestimável colaboração na colonização do Espírito Santo. Eles fundaram
o primeiro estabelecimento de ensino, o Colégio de Santiago, em 1556.
Ao ser fechado por Manuel de Nóbrega, chamava-se Colégio dos
Meninos de Jesus do Espírito Santo e foi substituído por uma escola de
ler, escrever e contar, também de sua responsabilidade.

As aldeias deram lugar às povoações da Capitânia, resultando


sempre na formação de Vilas e cidades. A primeira delas foi formada com
a gente de Maracaiaguacu, em 1555, a Aldeia de Nossa Senhora da
Conceição da Serra, hoje apenas Serra.

O padre Afonso Brás foi o primeiro missionário do Espírito Santo.


Ele nasceu em São Paio dos Arcos, Anadia, em 1524. Veio para o Brasil
em 1550. Fundou o Colégio do Espírito Santo em 1551 e é um dos
fundadores de São Paulo, quando dirigiu a construção das primeiras
casas. No Rio de Janeiro trabalhou na Companhia como carpinteiro e
mestre de obras, onde faleceu à 30 de maio de 1610.

O padre José de Anchieta veio depois. Transitando pelo Espírito


Santo pela primeira vez em 1553, logo depois de haver chegado ao

16
..
..
..
.. veio em 1565 como visitador, em nome
.
Brasil,
Nóbrega. Disse Hélio Abranches que: “desde
do padre Manuel da
sua nomeação para
propósito da Província do Brasil, no segundo semestre do ano de 1577,
até sua morte, vão precisamente 20 anos. E nestes 20 anos, sua ação de
presença, ação de ministério sacerdotal indefeso e carinhoso – já ali não
mais se interrompe. Se entre 1592 e 1594 se ausenta, é para exercer o
ofício de visitador das casas do sul, entre as quais se enumeram as do
Espírito Santo. Como provincial sua passagem por ali se assinala todos
os anos, menos talvez no ano de 1581. Em 1583, de regresso à Bahia,
logra conciliar o povo com o donatário Vasco Fernandes Coutinho, o
segundo desse nome”.

Como superior em Vitória logo a seguir, passa então cinco anos, de


1588 a 1592, catequizando, pregando, consolando e aconselhando,
sendo as suas cartas da mais rica substância espiritual.

Entre os pontos marcantes da presença de Anchieta em Vitória,


assinala-se a sua intervenção em 1562, apaziguando os índios Aimorés,
que vieram do interior dispostos a destruir a capital do Espírito Santo. Em
1566, celebrou Anchieta duas missas de natal, em Vitória, de passagem
para o Rio de Janeiro na esquadra de Mem de Sá.

Em 1569, encarregado de visitar a capitania, percorreu as aldeias


existentes e fundou as dos Reis Magos, Guarapari, Reritiba e São João.
Em 1585 fundou uma residência em Guarapari, construindo uma capela
dedicada à Sant’ana, objetivando a permanência de padres nessa aldeia.
Por ocasião da inauguração dessa igreja, Anchieta encenou, em 8 de
dezembro, um auto teatral, com a participação dos silvícolas.

As obras de conclusão do Colégio de São Tiago, da igreja e da


residência em Reritiba, deram-se na sua gestão como superior em Vitória.
A igreja ainda existe e foi dedicada à Nossa Senhora da Assunção.

O donatário Vasco Fernandes Coutinho faleceu em Vitória, a 5 de


maio de 1588, recebendo do padre Anchieta a mais caridosa assistência.

Em 1589 foi encenado em Guaraparim, hoje Guarapari, o auto


Recebimento que fizeram os índios de Guaraparim ao padre provincial
Marcal Beliarte, ou “Vinde Pastor Desejado”, ou “Auto de Guaraparim”. A
peca foi escrita em português e tupi, por José de Anchieta. A 15 de agosto
de 1590, em Reritiba, foi encenada a peca “No dia da Assunção, quando
levaram sua imagem a Reritiba”, ou “Dia da Assunção, quando levaram
sua imagem a Reritiba”, escrito por Anchieta em tupi, adaptado à média,
ritmo e rima trazidos do português e do castelhano, como costumava
fazer em suas produções em tupi. Em 1591, em fins do ano, foi encenado
em uma das aldeias o auto “Ao padre Bartolomeu Simões Pereira”, ou “O

17
recebimento do administrador apostólico Bartolomeu Simões Pereira”, ou
“Diálogo”, ou “Auto do Crisma”, escrito em português e tupi.

Em abril de 1592, Anchieta viajou para a Bahia, em companhia do


padre Marcal Beliarte. Recebendo daquele padre a comunicação de que
fora nomeado visitador das casas do sul ausentando-se por dois anos da
capitania do Espírito Santo, deixando o cargo de superior em Vitória. As
casas do sul tinham sede no Rio de Janeiro.

Retornando aos Espírito Santo definitivamente, em 1594, o padre


Anchieta dava conta a 7 de setembro ao padre Cláudio Acquaviva, o
Geral, de sua comissão como visitador em nome do ex-provincial Beliarte
nas capitanias do sul.

Reassumindo o cargo de superior em Vitória, Anchieta permaneceu


até fins de 1595, época que, além das hostilidades dos índios Goitacases,
a capitania padecia de violenta epidemia, agravada por terrível seca, que
só terminou em 27 de agosto, véspera da festa de Santo Agostinho,
durante a procissão organizada por Anchieta afim de pedir a Deus o
término de tais flagelos. Foi quando, em regozijo, Anchieta escreveu o
“Auto da Vila de Vitória” , ou “de São Maurício”, refletindo em várias
passagens os danos sofridos pela capitania.

Em 1595, a 22 de setembro, estréia no adro da igreja de São Tiago,


em Vitória, o auto “Na Vila de Vitória”, ou “Auto da Vila de Vitória”, ou
“Auto de São Maurício”, escrita em castelhano e português por Anchieta,
sendo a melhor elaborada.

A Vila de Vitória recebeu em 1595 a relíquia das Onze Mil Virgens, entre
grandes festejos, provavelmente à 21 de outubro, oportunidade em que
foi encenado no adro da igreja de São Tiago o “Auto de Santa Úrsula”
escrito em português por Anchieta. Em começos de 1596, Anchieta levou
a cena em Reritiba o auto “Recebimento do padre Marcos da Costa”, em
português e tupi.

Em junho de 1596, levantou-se Anchieta da cama, pois jazia


gravemente enfermo, em Reritiba, para atender o chamado de retornar à
Vitória, permanecendo seis meses, até a chegada do novo superior,
padre Pero Soares.

Pressentindo a aproximação da morte, o padre José de Anchieta


regressou a Reritiba, de canoa no mês de maio de 1597, onde viveu
apenas três semanas. Mesmo acamado, redigiu sua última composição,
em espanhol “O da Companhia de Jesus no Brasil”, conhecida como
“Vida dos padres ilustres”, ou “Primeiros padres da província”.

A 9 de junho de 1597, um Domingo pela manhã, morreu o padre


Anchieta, na aldeia de Reritiba. Assistido pelos jesuítas Jerônimo

18
..
..
..
..
.
Rodrigues,
Gato, que
seu enfermeiro, Antônio Manuel Dias e Diogo Fernandes
lhe administrou o viático e a santa unção. Com grande
acompanhamento de índios e portugueses, com o padre João Fernandes
à frente do cortejo, foi conduzido a pé por mais de 14 léguas – cerca de
85 km – até a Vila de Vitória, sendo sepultado na igreja de São Tiago, ao
lado da sepultura do padre Gregório Serrão. O padre Bartolomeu Simões
Pereira que lhe celebrou as exéquias, proclamou a José de Anchieta “O
apostolo do Brasil”, título que vigora até hoje, em todas as referências a
sua pessoa.

Cumprira-se sua previsão, de quando estava enfermo no Rio de


Janeiro, ao ver a aflição dos seus companheiros, tranqüilizando-os de que
não morreria ali: “No Espírito Santo me esperam os meus últimos dias”.

Morreu, pois, Anchieta, aos 63 anos de idade, deixando importante


obra epistolar, já publicada no Brasil, teatral e, quase inédita, sua “Arte da
Gramática da Língua mais usada na costa do Brasil”, escrita em 1595 e
da qual tivera várias cópias, à mão, evidentemente, para atender a
solicitações.

Foi também Anchieta o primeiro professor do Brasil.

Dos doze autos de Anchieta de que se tem conhecimento, oito


foram compostos e representados no Espirito Santo.

19
6 - IMIGRANTES
Em 1847, vieram para o Brasil e se instalaram em terraços
banhados pelo rio Jucú, 36 famílias de imigrantes vindos da Prússia
Renena, que formaram a colônia de Santa Isabel, hoje município de
Domingos Martins.

Os pomeranos chegaram ao Espírito Santo de 1829 a 1833,


introduzidos por Mr. Henrici, em cumprimento do contrato celebrado com
o governo em 12 de novembro de 1829, para a tarefa especial de
trabalharem na estrada que ligava Itacibá à Minas Gerais. Depois de
1865, outros grupos alemães deslocaram-se de Santa Leopoldina à
Santa Isabel, instalando-se em Biriricas e Pau Amarelo.

Os suíços, em número de 160, chegaram em 1856, estabelecendo-


se à 8 km ao norte da atual cidade de Santa Leopoldina. Novos
imigrantes, da Alemanha e de Luxemburgo, em número de 222,
chegaram em 1857 ao Espírito Santo, instalando-se em sítios do atual
distrito de Jetibá, em Santa Leopoldina.

Sessenta famílias tirolesas chegaram à 9 de maio de 1875, pelo


navio Rivadavia, ao Rio de Janeiro, destinando-se ao Espírito Santo; aqui
foram distribuídos, em 26 de junho de 1875, lotes aos colonos, nas terras
de Canaã, em Santa Tereza, onde desde 1874 já se instalaram oito
imigrantes italianos, criando o núcleo colonial Conde d’Eu, na localidade
onde se situa hoje o município de Ibiracú.

20
..
..
..
.. Em 1876, o núcleo recebia novos grupos de italianos, vindo em
.
1977 colonos alemãs e suíços, fixando-se no vale do rio Vinte e Cinco de
Julho. Poloneses chegaram em 1877, fixando-se ao longo do rio Cinco de
Novembro.

Os primeiros italianos que chegaram ao vale do rio São Mateus, em


1890, deram o nome de Nova Venécia. Para São Mateus, os primeiros
imigrantes chegaram em 1888 e também eram italianos.

Para o atual município de Anchieta, chegam os primeiros imigrantes


europeus em 1877, subindo e fundando o povoado do Alto do Benevente,
que hoje é o município de Alfredo Chaves. Uma leva de exclusivamente
italianos chegou à localidade em 1878, vindo novo grupo em 1979, em
maior número que os anteriores.

Criado o Núcleo Colonial de Afonso Pena, a 28 km de Baixo


Guandu, afluíram estrangeiros de várias procedências, como
portugueses, franceses, alemães, italianos, espanhóis, poloneses.

Em 1857, 48 colonos portugueses, franceses e alemães fundaram


com Nicolau Rodrigues dos Santos Franca Leite, à margem do Rio Doce,
a colônia de Fransilvânia. A colônia ficava entre os rios Pancas e São
João, no município de Colatina.

21
7 - A CORRIDA DO OURO
AS BANDEIRAS
As expedições ao interior do Espírito Santo se repetiam a todo ano,
em busca não só de ouro, mas de esmeraldas e outras pedras preciosas.
João Correia de Sá, Duarte Corrêa, Agostinho Barbalho Bezerra, são
nomes dos bandeirantes que empreenderam viagens frustradas.

Antônio e Domingos Azeredo persistiram na aventura, que, se de


pronto não resultou em êxito, pelo menos contribuiu muito para o
desbravamento dos sertões capixabas. Sem o aparato dos bandeirantes
paulistas, os nossos realizaram muito na conquista de terras para o
Espírito Santo.

Deve-se ao capitão Antônio Luís de Espinha o descobrimento de


minas, supostamente de esmeraldas, no governo do capitão-mor Antônio
Mendes de Figueiredo. Noticias de umas jazidas de prata chegaram a
empolgar as autoridades, havendo um explorador perdido o roteiro e
morrido de desgosto.

A compra da capitania por Francisco Gil de Araújo, tinha como


interesse principal a exploração das minas que se supunha existir. Tanto
que uma das suas principais providências foi embargar a jornada que

22
..
..
..
.. Gonçalves
José .
esmeraldas.
de Oliveira se propusera fazer até a região das

A euforia pelas noticias de achados de pedras preciosas tomava


conta dos corações dos aventureiros. As bandeiras partiam uma após
outras. A coroa acenava aos bandeirantes com promessas de títulos,
honrarias, posições de mando, fazendo convergir para o Espírito Santo
sertanistas de todos os lugares.

Finalmente, em 1692 ou 1683, Antônio Rodrigues Arzão,


bandeirante paulista trouxe à Vitória a notícia de que encontrara ouro no
território capixaba, trazendo como prova três oitavos do cobiçado metal.
Desse ouro, duas memórias foram feitas, sendo que o descobridor ficou
com uma e deu a outra ao capitão-mor João Velasco de Molina.

Antônio Arzão descobriu ouro na região de Caeté, e, mesmo doente,


tentou regressar ao rio Casca, mas não encontrou pessoas que o
quisessem acompanhar. Então voltou para Santos e para Taubaté, sua
cidade natal, onde faleceu.

Até mesmo os jesuítas, que preferiram instalar-se nas suas


propriedades rurais, não mais saiam para a catequese; agora, deram-se à
caca de minas, saindo à frente das bandeiras.

O território onde o ouro começou ser revelado, denominou-se as


“Minas Gerais”, localizando-se as lavras mais ricas na faixa de terra
compreendidas pelos limites traçados na carta de doação `a capitania de
Vasco Fernandes Coutinho.

Em 1702, Francisco Monteiro de Morais, provedor da Fazenda, à


frente de 20 brancos e 40 índios lançou-se em demanda ao Rio Doce, à
cata do ouro. Com a morte de alguns membros da expedição, os índios e
os brancos abandonaram o chefe, ficando apenas 5 brancos, 3 índios e 4
negros. A expedição foi coroada de êxito.

Em carta do padre Luiz da Grã, de 24 de abril de 1555, há notícias


de que os moradores da Vila de Vitória estão muito satisfeitos com o
achado em suas terras de ouro, prata e muito ferro, além de certas pedras
preciosas. Isso no governo de Vasco Coutinho.

O donatário oferecia vantagens a quem revelasse onde se


encontravam as minas de ouro ou diamantes. Com sua comitiva, viera
um entendido em mineração, o espanhol Felipe Guilhem, que, com a
falência de Vasco, emigrara para Ilhéus, tendo perdido pessoas de sua
família, vítima de doenças.

23
Guilhem prosperou, ocupando o cargo de vereador em Ilhéus,
quando foi chamado por Tomé de Souza para retornar à mineração. Mais
tarde, Guilhem foi nomeado provedor da Fazenda em Porto Seguro.

O explorador Pedro Bueno Cocunda adquiriu terras no Espírito


Santo, para onde veio em 1705, explorando os ribeiros de Cataguazes,
onde Bartolomeu Bueno encontrara ouro. Cacunda era capitão-mor e
informou a el-rei em 1735 haver povoado uma serra chamada Castelo,
não prosseguindo com suas conquistas por Ter recebido ordens de Dom
Loureço de Almeida para interrompê-las.

Com a confirmação da existência de minas nas terras capixabas,


muitas discórdias, proibições e atos punitivos surgiram. A capitania
tornara-se o centro das atenções latino-americanas, de sorte que motivou
uma crise de alimentação, pelo que o governo proibiu a exportação de
qualquer gênero alimentício, disciplinou o porte de armas, etc.

OS ESCRAVOS
O tráfico de escravos diretamente entre o Espírito Santo e a África
começou em fins de 1521, sendo o pagamento feito com açúcar e outros
gêneros, por privilégio especial concedido unicamente a esta capitania.

O padre Afonso Brás relata que a obra de doutrinação diária se


estendia aos escravos da vila, que eram muitos. Ainda há noticias a
respeito da religião dominante, que era católica, em 1551, com algumas
opções que eram as da judaica e a das africanas, trazidas pelos
escravos. Assim, o candomblé chegou às nossas terras desde o primeiro
século do descobrimento, ao mesmo tempo que a religião cristã, o que
nos leva a pensar que o sincretismo religioso tenha nascido também
naquela época.

A presença do escravo africano foi marcante, não só na lavoura da


cana-de-açúcar, no beneficiamento nos engenhos, bem assim, na defesa
da terra contra os invasores estrangeiros.

Há notícias também da existência de mocambos de negros no


Espírito Santo, possivelmente, quilombos formados por escravos fugidos
dos seus senhores, que obrigaram a grandes esforços para destruí-los.

24
..
..
..
..
.
A INSURREICÃO DE QUEIMADO
A povoação do Queimado foi palco de uma insurreição, em 19 de
marco de 1849. O padre italiano Gregório José Maria Benes, interessado
em construir uma igreja em louvor a São José, prometera conseguir
liberdade para um grupo de escravos que foram dispostos ao seu serviço.
Concluída a obra no tempo previsto para as festas, a liberdade fora
negada aos negros. Estes não se conformaram, protestando veemente,
no que resultou em luta encarniçada que durou três dias. Com o reforço
de uma companhia de polícia, comandada pelo capitão Manuel Vieira da
Vitória, os escravos foram rechaçados, com muitas baixas. Os que não
pereceram nas lutas foram mortos na forca, acoitados e castigados por
outros modos de suplício.

Com o tempo a igreja foi abandonada entre matagais, no município


da Serra.

A insurreição conseguiu aliciar mais duzentos homens armados,


deflagrada que foi por três ou quatro escravos. Apenas vinte soldados
compunham o efetivo policial que desbaratou o levante. Dos que
escaparam à justiça sumária, 38 foram submetidos à júri, sendo 6
absolvidos, 5 condenados à pena máxima e os demais aos acoites. Três
dos condenados à morte conseguiram fugir e enquanto Chico Prego e
João da Viúva Monteiro subiram ao patíbulo.

A ABOLICÃO DA ESCRAVATURA
A luta pela liberdade dos escravos na província já se esboçava de
algum tempo, pois a 17 de outubro de 1869 era fundada a Sociedade
Abolicionista da Escravatura do Espírito Santo, sendo daquele ano a Lei
Provincial no. 25, que autorizava a presidência a dar 6 contos de Réis, por
exercício, na alforria de escravos de 5 à 10 anos de idade.

Até o Presidente da Província Francisco Ferreira Corrêa colaborou,


nomeando à 21 de marco de 1872, para os diversos municípios,
comissões de 5 membros encarregadas de angariar fundos destinados às
manumissões. Diversas entidades existiam, como a Sociedade
Libertadora Domingos Martins, o Clube Abolicionista João Clímaco, a
Sociedade Libertadora São Benedito do Rosário, a Sociedade Libertadora
Rosariense, a Emancipadora Primeiro de Janeiro, todas em Vitória.

O Espírito Santo era a unidade do Império que mais possuía


escravos, à época da abolição: 13. 403, dos 6.965 só em Cachoeiro de
Itapemirim. A Lei Áurea de 13 de maio de 1888 foi largamente festejado
em Vitória.

25
Dos abolicionistas capixabas, destacaram-se Afonso Cláudio,
Cândido Costa, Aleixo Neto, Aristides Freire, Lima Escobar, Costa Pereira
e vários outros intelectuais.

A REPÚBLICA
O primeiro clube republicano capixaba data de 1887, que teve a
frente Bernardo Horta de Araújo, Antônio Gomes Aguirre, Joaquim Pires
de Amorim e Afonso Cláudio. A 16 de setembro de 1888, reuniu-se em
Cachoeiro do Itapemirim o primeiro Congresso Republicano Provincial do
Espírito Santo, que indicou o nome de Bernardo Horta para candidato do
partido no pleito de 31 de agosto de 1889, do qual saiu eleito pelo
segundo distrito eleitoral. Esse distrito se compunha dos municípios de
Viana, Guarapari, Benevente, Itapemirim e Cachoeiro do Itapemirim.

Chegando à Vitória o conhecimento do que se passava no Rio de


Janeiro, a 16 de novembro de 1888 era empossado governador do
Espírito Santo, perante a câmara municipal de Vitória, Afonso Cláudio,
que assumiu no dia 20, governando até o dia 9 de setembro de 1890,
quando, por motivo de saúde passou o cargo ao terceiro vice-presidente,
Constante Gomes Sodré.

8- OSGOVERNADORES

Constante Gomes Sodré promoveu a primeira qualificação eleitoral


republicana, com a eleição dos representantes do Estado à constituinte
federal, decretando a constituição provisória estadual à 20 de junho de
1891.

O Barão de Monjardim foi eleito governador do Estado à 6 de junho


de 1891, tomando posse no dia seguinte. Recebeu o governo das mãos
de Antônio Aguirre, que sucedeu ao tenente-coronel Henrique da Silva
Coutinho, segundo vice-governador, a quem Sodré entregara o governo a
20 de novembro de 1890.

O Estado foi dirigido por uma Junta Governativa, composta pelo


coronel Inácio Henrique de Golveia (substituído pelo alferes Edgar Eurico
Daemon, interinamente), Graciano dos Santos Neves e Galdino Teixeira,
desde de 18 de dezembro de 1891, pois Monjardim sob pressão para
renunciar o poder, passara o governo ao vice-presidente Antônio Aguirre,
que foi deposto.

26
..
..
..
.. Com a promulgação da nova constituição, a 2 de maio de 1892, foi
.
eleito presidente do Estado José de Melo Carvalho Munis Freire, que
realizou arrojadas obras na terra capixaba.

Graciano dos Santos Neves sucedeu à Munis Freire, governando de


1896 a 1897, quando foi obrigado a renunciar, face a grave crise
financeira que enfrentou desde o início de seu mandato. Ele deixou o
governo à 2 de outubro de 1897. José Marcelino Pessoa de Vasconcelos
foi eleito em seu lugar, governando até 1900, quando passou o exercício
a Munis Freire, novamente eleito para o cargo.

O coronel Henrique da Silva Coutinho governou o Estado de 1904 a


1908, que instalou em Vitória os bondes puxados à burros, dedicou-se
aos problemas da instrução primária e da imigração.

A 23 de maio de 1908, assumiu a presidência, Jerônimo de Souza


Monteiro, promovendo o congracamento dos partidos, abriu estradas,
fomentou a produção agrícola, melhoria dos rebanhos bovinos,
construção da usina de Paineiras (considerada a melhor do Brasil).
Desenvolveu o ensino público e trouxe melhoras ao aparelho
administrativo. Trouxe para Vitória água, esgoto e luz elétrica, com a
instalação dos bondes elétricos. A água e a luz foram inaugurados à 5 de
setembro de 1909; os esgotos, à 29 de janeiro de 1911; os bondes
elétricos, a 21 de junho do mesmo ano. Contudo, Vila Velha já gozava de
luz elétrica desde junho de 1910 e Cachoeiro do Itapemirim desde 1903.

Marcondes Alves de Souza substituiu a Jerônimo Monteiro, no


governo do Estado, tendo visitado todos os municípios em 1913. Em seu
governo houve a Revolta do Xandoca, que dividiu o Espírito Santo em
dois partidos, liderados por José Gomes Pinheiro Júnior e Bernardino
Monteiro, tendo este vencido e tentado instalar um segundo governo em
Colatina. Xandoca era o apelido de Alexandre Calmon, partidário de José
Gomes e tinha sido companheiro de chapa para a vice-presidência de
Bernardino Monteiro, com quem rompeu.

Bernardino Monteiro assumiu o governo no auge da Primeira Guerra


Mundial, a 23 de maio de 1916. Na mesma data Pinheiro Júnior instalava
em Colatina o seu governo, proclamada capital do Estado, deixando
Xandoca, seu vice, em seu lugar e embarcando para o Rio de Janeiro,
indo para Teresópolis, onde tinha sua clínica. Alexandre Calmon ficou em
Colatina até 29 de junho de 1916, internando-se no território mineiro com
um grupo de companheiros solidários ao chefe vencido.

Monteiro construiu as estradas de traçado mais difícil: de Santa


Leopoldina à Santa Tereza e de Castelo à Munis Freire.

27
Um movimento armado eclodiu, por forca da disputa política do
governo sucessório, com o estouro de uma revolta no Batalhão de
Polícia, a 23 de maio de 1920. A 26 de maio a luta armada começou,
entre elementos da forca policial dividida em duas facções. Foi quando o
Presidente da República decretou a intervenção federal no Estado,
através do decreto de 27 de maio de 1920.

Finalmente, o Presidente da República, Epitácio Pessoa, sancionou,


a 21 de julho, a Lei que reconheceu a Nestor Gomes como presidente do
Estado legitimamente eleito.

Florentino Avidos foi quem sucedeu à Gomes, governando de 1924


a 1928, realizando obras de inestimável valor, como a ponte sobre o rio
Doce, em Colatina e a famosa “Cinco Pontes” que liga Vitória ao
continente e leva o seu nome. Esta ponte ligava mesmo Vila Velha à Ilha
do Príncipe, que por sua vez era ligada à Vitória pela ponte hoje
conhecida como “Ponte Seca”, no final do Mercado da Vila Rubim,
surgido com o aterro do mangue.

Presidia o Espírito Santo, quando estourou o movimento


revolucionário de 1930, Aristeu Borges de Aguiar, empossado à 30 de
junho de 1928. Incompatibilizado politicamente com a situação, sem o
apoio das forcas militares federais, Aguiar abandonou o cargo à 16 de
outubro de 1928,embarcando no navio Atlanta, indo para o Rio de
Janeiro. Substitui-o o presidente do congresso Antônio Francisco de
Ataíde. Duas horas mais tarde assumia o governo o interventor federal
coronel José Armando Ribeiro de Paula, nomeado por decreto de 16 de
outubro de 1930, do Presidente da República.

Com a entrada na capital das forcas revolucionárias na noite de 18


de outubro, o coronel Ribeiro de Paula, ao ver-se desamparado pelos
soldados do terceiro BC, abandonou o governo. No dia seguinte, o chefe
revolucionário deu posse à Junta Governativa, composta por João
Manuel de Carvalho, capitão João Punaro Bley e Afonso Corrêa Lírio. O
capitão João Punaro Bley foi nomeado interventor federal no Espírito
Santo por decreto do governo provisório de 15 de novembro de 1930,
sendo empossado dia 22.

Punaro Bley governou o Estado até janeiro de 1943, sendo que, de


1930 à 1935 na qualidade de interventor federal, de 1935 a 1937 como
governador constitucional e de 1937 a 1943 novamente como interventor.
Bley regularizou as finanças do Estado e realizou operosa administração
em todos os setores, concluindo obras do governo anterior e implantando
novas.

De 1943 a 1945, ocupou a interventoria do Estado, Jones dos


Santos Neves, que assumiu o governo com o Espírito Santo em boa

28
..
..
..
..
.
situação financeira, realizando uma administração brilhante e profícua.
Neves foi o primeiro governante capixaba a instalar o Plano de
Valorização Econômica do Estado.

Carlos Fernandes Monteiro Lindemberg tomou posse no governo do


Espírito Santo à 29 de marco de 1947, tendo o seu governo sido marcado
por grandes realizações. Construindo e concluindo estradas, como a que
liga Vitória ao Rio de Janeiro, voltando seus olhos também para o ensino
superior, com a criação da Faculdade de Medicina e a reabertura da
Faculdade de Odontologia. Foi sucedido por Jones dos Santos Neves em
1951, empossado agora como governador à 31 de janeiro, tendo o
Estado sido governado também por José Rodrigues Sette.

Jones foi substituído pelo coronel Francisco Alves de Ataíde, que


tomou posse à 10 de outubro de 1952.

Francisco Lacerda de Aguiar assumiu o governo do Estado à 31 de


janeiro de 1955, tendo sua administração sido marcada com o ponto final
no caso Mantena, questão de limites com o Estado de Minas Gerais que
se vinha prolongando há vários decênios e que teve acordo firmado entre
os governadores Lacerda e Magalhães Pinto, a 15 de setembro de 1963,
na Segunda gestão do governador capixaba, que foi de 1963 a 1966. O
primeiro período do governo Francisco Lacerda de Aguiar se estendeu até
1958.

A capital do Espírito Santo teve a oportunidade de escolher o seu


primeiro prefeito, em sua história, que foi o jornalista Adelpho Poli
Monjardim, de tradicional família capixaba. Monjardim governou a cidade
de 22 de dezembro de 1955 a 9 de junho de 1957 e num segundo
mandato até 31 de janeiro de 1959, marcando sua administração com a
construção de amplas avenidas, orgulho de quantos vivem em Vitória.

Carlos Lindemberg voltou ao governo do Estado em 31 de janeiro


de 1959, cuidando dos problemas do campo, da saúde pública, da rede
escolar, ao asfaltamento de estradas e à eletrificação dos municípios.
Assumiu o governo Raul Giuberti, em 10 de outubro de 1959, como vice-
governador, bem assim Helsio Pinheiro Cordeiro, em 6 de julho de 1962 e
Asdrubal Martins Soares em 5 de agosto do mesmo ano, voltando
Francisco Lacerda de Aguiar ao governo em 31 de janeiro de 1963.
Assumiu Rubens Rangel, como substituto, em 5 de abril de 1966.

Estabelecidas novas normas pela Revolução de 1964, foi eleito pela


Assembléia Legislativa governador Cristiano Dias Lopes Filho, que tomou
posse à 31 de janeiro de 1967, conseguindo a simpatia do governo
federal, que permitiu ao Estado superar a crise do café e dirigir à
educação melhores recursos.

29
A eletrificação de municípios do norte do Estado e a construção de
novas rodovias tiveram no governo de Cristiano Lopes ocasião.

Foi eleito pela Assembléia Legislativa a 3 de outubro de 1970 para o


governo do estado, Arthur Gerhardt Santos, um engenheiro. A tônica do
seu governo foi a industrialização do Estado, mesmo ressentindo-se da
falta de recursos próprios e tendo que atrair recursos nacionais e
internacionais para isso.

Sucedeu à Arthur Carlos Gerhardt dos Santos, em 1975, o


advogado e então deputado federal Élcio Alvares, eleito pela Assembléia
Legislativa. Élcio construiu a Rodoviária Grande Vitória, a Ponte do
Príncipe, que liga Vitória à Cariacica e deu início à construção de Terceira
Ponte, ligando a Enseada do Suá à Vila Velha. Levou a eletrificação rural
à vários municípios.

Eurico Vieira Rezende assumiu o governo do Estado em 15 de


marco de 1979, também eleito pela Assembléia Legislativa, apresentando
um dia antes de sua posse um programa de governo à imprensa,
intitulado “Estado do Espírito Santo – Governo 1979/1983”.

Eleito pelo voto direto, em novembro de 1982, Gerson Camata, um


radialista, tomou posse no ano seguinte e deu início a um programa de
governo popular, atendendo ao público todas as quartas-feiras em
audiência no Palácio Anchieta. Exercia o mandato de deputado federal ao
concorrer e vencer o pleito que o levou ao governo do Estado. Na metade
do seu exercício, desincompatibilizou-se do cargo para concorrer ao
Senado Federal, passando o governo do Espírito Santo ao seu vice-
governador José Morais. Venceu e continua no senado, sendo a primeira-
dama Rita Camata eleita para a Câmara Federal.

José Morais governou até o fim do Mandato, passando o cargo ao


médico Max Mauro, em marco de 1987. Mauro concluiu e inaugurou a
Terceira Ponte, enfrentou muitas greves, inclusive dos médicos e dos
professores. Veio depois o governo do engenheiro Albuíno Azeredo, que
implantou o Sistema Transcol. Foi sucedido pelo médico Vítor Buaiz.
Atualmente, o advogado José Inácio Ferreira que tomou posse em janeiro
de 1999, tendo como vice, Celso Vasconcelos.

BASE ECONÔMICA
Predominou o açúcar, na fase colonial, a base para a economia do
Espírito Santo. Dez anos depois da chegada do primeiro donatário, a

30
..
..
..
..
.
capitania já possuía sete engenhos, com perspectiva de produção de mil
arrobas de açúcar, exportando-se diretamente o excedente para Lisboa.

O café também representou, de um certo tempo para cá, fonte de


riqueza considerável para o Estado. Em 1910 o café atingia a 407.970
sacas exportadas, chegando em 1926 à 1.224.434.

As crises que vieram no decorrer do século, derrubaram a


produtividade do café. O êxodo rural causou baixas nesse setor da
agricultura capixaba.

POPULAÇÃO
Em 1920, o Recenseamento Geral da República realizado à 1 º de
setembro, acusou uma população no Estado de 457. 328 habitantes, dos
quais 159.986 eram de pessoas de profissão definida. No censo de 1940,
a população do Espírito Santo era de 750.107 pessoas como “população
de fato”. Em 1950, era de 1.033.049 habitantes a nossa população. A
estimativa para 1990 é de 2.523.900 habitantes em todo Estado.

ENSINO
Em 1908, o Estado contava com 125 escolas para uma população
de 250 mil habitantes. Não havia magistério, nem orientação pedagógica.

A 24 de maio de 1906 fundou-se o Ginásio Espírito-santense. A


escola normal foi reconstruída e reestruturada. O Colégio Nossa Senhora
Auxiliadora das Irmãs do Carmo mantinha internato para as jovens do
interior. Reabriu-se a Biblioteca Pública, fundou-se a Escola de Belas
Artes, intituiram-se os Congressos Pedagógicos. A Escola de Pintura
descobria vocações, incutindo o gosto pelas Artes Plásticas. A 23 de maio
de 1912, era de 247 o número de escolas no Espírito Santo.

A UNIVERSIDADE
Criada por Lei estadual de 5 de maio de 1954, pelo governador
Jones Santos Neves, a Universidade do Espírito Santo compreendia as
unidades de ensino: Faculdade de Odontologia; Escola de Belas Artes;
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; Escola Politécnica; e, Escola
de Música. A Faculdade de Direito foi criada em 1930 e foi desde 1950

31
estabelecimento isolado de ensino superior, sob a jurisdição do Ministério
da Educação.

A 31 de janeiro de 1961, por Lei Federal, a Universidade foi


integrada no plano de ensino, sob a dependência do Ministério da
Educação, passando a denominar-se Universidade Federal do Espírito
Santo, oferecendo em oito unidades, um total de 23 cursos diferentes.

Um nome é destacado entre todos os educadores que laboraram no


ensino superior no Estado: Ceciliano Abel de Almeida, que teve a
continuidade do seu trabalho no seu filho Nelson Abel de Almeida.

O Museu de Biologia Mello Leitão é também lembrado como


instituição cultural, obra devida ao devotamento de Augusto Ruschi, nome
de projeção nacional, conquistada pelos seus trabalhos sobre orquídeas,
beija-flores e morcegos transmissores do micróbio da raiva bovina.

O Estado do Espírito Santo conta hoje, além da UFES, com várias


Fundações, Sociedades e Unidades universitárias, a partir de Vitória que
abriga a FAESA e a FACUM.

No município de Linhares vamos encontrar escolas de


Administração, Ciências Contábeis, Pedagogia, etc.; em Vila Velha existe
os cursos de Direito, Administração, Economia, etc.; em Colatina
encontramos Faculdades com os mais variados cursos; em Cachoeiro
encontramos um bom curso de Filosofia e Letras entre outros; em Alegre,
a Faculdade de Agronomia é a melhor opção do município (sendo esta
uma extensão da UFES).

Em São Mateus existe também uma extensão da UFES, com


cursos que já existem na capital. Em Cariacica, encontra-se um projeto da
instalação da Fundação Universitária Cariaciquense, fruto do trabalho
persistente do idealista Professor Gessé Laurindo da Silva, que a muito
se vem arrastando, sendo que já dispõe de sede própria.

32
..
..
..
..
.

A POLÍCIA MILITAR
O Espírito Santo, desde quando Capitania, experimentou várias
modalidades de forcas policiais militares, a nível de administração local. O
Regimento de Infantaria de Milícias criado em 1766, as Companhias de
Cavalaria do mesmo ano, a Companhia de 60 Infantes, o Esquadrão de
Cavalaria, a Companhia de Homens Pretos, eram prenúncios da criação
futura de um corpo de polícia ou de uma forca pública, para os serviços
de policiamento e de segurança pública do Estado.

Em 1820 foi criado o Corpo de Forca de Linha, existindo outras


organizações militares, até que a 6 de abril de 1835, por Lei Providencial,
da Assembléia Legislativa, sancionada pelo Presidente da Província
Manoel José Pires da Silva Pontes, a Guarda de Polícia Providencial,

33
composta de três oficiais, um 1º sargento, dois 2º sargentos, um furriel,
seis cabos, dois cornetas e cem soldados.

O primeiro comandante da Guarda de Polícia do Espírito Santo foi o


alferes Antônio Ferreira Rufino. Em 1843, São Mateus foi sacudida por
movimentos revolucionários, sendo necessária a intervenção da forca
policial.

Mesmo prestando bons e reconhecidos serviços, o Corpo Policial foi


dissolvido em 1844, para contenção de despesas, pois a Província
passava por grande crise econômica entre os anos de 1843 e 1848,
sendo a Guarda Policial substituída por uma Companhia de Guerrilha,
destinada unicamente a prender criminosos e escravos fugidos.

Em 1845 foi instituída a força de Pedestres, que pouca ajuda


prestou na guarnição da Capital, tendo sido em 1846 destinada a
guarnecer a estrada de Minas. Cogitava-se da reorganização da força
Pública da Província. Não estando organizada ainda a Guarda Nacional,
compunha-se a força Pública do Corpo de Pedestres e da Companhia de
Caçadores, aos quais se encontravam engajados os soldados da Guarda
Policial. Em 1861, surgiu a Companhia de Polícia, pela Lei no.7 de 3 de
julho, reunindo as forças existentes.

A Guarda Municipal foi criada em 1874, para o serviço de


policiamento local. Julgada onerosa aos cofres públicos, sem poder
prestar os serviços a que se destinava, que seria o de auxiliar a força
policial no policiamento do interior, foi extinta em 1875.

A força Policial teve seu nome mudado para o Corpo de Polícia, em


1892, tendo recebido também as seguintes denominações: Corpo Militar
de Polícia, em 1908; Regimento Policial Militar, em 1924; força Policial,
em 1933; Polícia Militar, em 1924; força Policial Militar, em 1940 e
novamente, Polícia Militar, em 1946.

A Milícia do Espírito Santo participou da Guerra do Paraguai, em


1875, integrando o Corpo de Voluntários da Pátria, tomou parte na
Revolução Paulista de 1924, participou da Revolução de 1930, bem
assim da Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo.

Considerada força Auxiliar e Reserva do Exército, gozando das


mesmas vantagens a este atribuídas quando mobilizada ou a serviço da
União, a PM está organizada no âmbito estadual conforme a Lei no. 3044
de 31 de dezembro de 1975.

Destinada a cumprir missões de policiamento, atua de maneira


preventiva e em alguns casos repressivamente, para assegurar a
manutenção da ordem pública, tendo ainda missões de defesa territorial e
de segurança interna. A PMES, como contribuição básica, é responsável

34
..
..
..
.. planejamento, coordenação e execução do policiamento ostensivo
pelo .
fardado e a preservação e extinção de incêndios.

É patrono da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo, o capitão

X
João Antunes Barbosa Brandão, que no período imperial comandou por
dez anos a Companhia de Polícia.

A primeira sede da PMES foi o Quartel do Moscoso, demolido em


1957. O Comando Geral hoje está instalado no Quartel de Maruípe. A
Banda de Música da PMES foi criada em 1840 e até 1902 era formada
por músicos civis, que nas tocadas eram uniformizados.

1) A Polícia Militar hoje abrange o Corpo de Bombeiros, a Companhia de


Polícia Feminina, a Companhia de Polícia de Guardas, a Companhia
de Polícia de Trânsito, a Companhia de Chock e a Companhia de
Polícia de Rádio Patrulha; quatro Batalhões de Polícia Militar, o 1 º
BPM em Maruípe, o 2º BPM em Nova Venécia, o 3º BPM em Alegre e,
o 4º BPM em Vila Velha.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
O corpo legislativo do Espírito Santo foi criado em agosto de 1834,
mas só começou a funcionar a partir de janeiro de 1835, quando os
primeiros 20 deputados foram empossados e o legislativo instalado.

Dos 20 deputados iniciais, 5 eram padres, sendo um deles, o padre


João Clímaco de Alvarenga Rangel, eleito o presidente da Assembléia
Provincial. Á 10 de janeiro de 1835 era criada a primeira lei no legislativo
estadual, criando a Secretaria do Governo.

A Assembléia Legislativa do Espírito Santo providenciou a criação


dos corpos policiais, pediu a ligação com Minas Gerais por Rodovia e
com o Norte por via marítima. Deu ao governo meios para sufocar a
insurreição de Queimados. Não existiam os partidos políticos e só anos
depois vieram a surgir dois deles, os Republicanos e os Liberais.

35
Com a chegada da República à 15 de novembro de 1889 e a
conseqüente queda do Império, a Assembléia Legislativa do Espírito
Santo, província transformada em Estado, criou o cargo de governador,
em sessão de 6 de julho de 1891, sendo eleito para o cargo o Barão de
Monjardim.

A primeira constituição republicana do Estado foi aprovada à 20 de


junho de 1891 pelos 26 representantes eleitos pela comunidade.
Revogada em fevereiro de 1892, a Assembléia, agora com 25
representantes, sob o nome de Congresso Constituinte, promulgou à 2 de
maio a nova constituição. O mandato dos deputados era de três anos.

De constituinte em constituinte, de constituição em constituição, a


Assembléia Legislativa veio realizando o seu trabalho, até que em 1937,
mesmo tendo dado o seu apoio ao Golpe de Getúlio Vargas, foi
desativada. Voltando à atividade em 1947, foi reinstalada em 29 de
março, trazendo com surpresa a eleição da primeira mulher deputada
Judith Leão Castello Ribeiro.

Outra surpresa em 1947 foi a presença na Assembléia de um


deputado eleito pelo Partido Comunista, Benjamim Campos, que perdeu
o seu mandato com o cancelamento do registro do seu partido. Em 1961
o número de deputados foi elevado para 43, permitindo a convocação de
11 suplentes; caindo a convocação por decisão do Tribunal de Justiça, a
Assembléia voltou a contar com os 32 deputados de antes.

As leis eram todas manuscritas e a Assembléia Legislativa conta


hoje com 27 deputados, funcionando no Palácio Domingos Martins,
próximo ao Palácio Anchieta, ocupado pelo Governo do Estado.

JORNAIS
O primeiro jornal a circular no Espírito Santo foi O ESTAFETA,
impresso em Vitória em 1840, na tipografia do alferes Aires Vieira de
Albuquerque Tovar, que também foi a primeira aqui instalada.

Era de interesse do Presidente da Província Joaquim José de


Oliveira, a existência de um órgão local para a publicação dos atos da
Assembléia. “O ESTAFETA”, que saiu somente o primeiro número,
inaugurou o jornalismo no Espírito Santo. Pelo contrato estabelecido entre
o alfeires Aires e o governo, o jornal teria que sair duas vezes por
semana, ficando o governo com direito à 120 exemplares de cada
número que se editasse.

Com a morte de Tovar, sua viúva encostou as máquinas, vendendo-


as mais tarde, em 1848, a Pedro Antônio de Azeredo, que lançou como
editor-proprietário o CORREIO DE VITÓRIA. A 17 de dezembro de 1853,

36
..
..
..
.. o periódico A REGENERAÇÃO, redigido pelo professor Manuel
saia .
Ferreira das Neves. Por ser imparcial e literário, pouco durou, extinguindo-
se em 1855.

Muitos jornais, diários ou periódicos, circularam no Espírito Santo no


decorrer do século XX, chegando aos nossos dias com os diários A
TRIBUNA, que deixou de circular por algum tempo, voltando em forma de
tablóide; e, A GAZETA, ambos impressos a off set ; o JORNAL DA
CIDADE, que teve como diretora a Maria Nilce em 1989, este composto a
linotipos. Todos editados em Vitória.

Em Cariacica, edita-se em Campo Grande o CORREIO POPULAR,


semanário regular editado sob a égide dos irmãos Gomes.

Um suplemento social-noticioso, VIDA VITÓRIA, circula na capital,


bem assim a revista MUCKYNEWS dedicada exclusivamente à vida
social.

Uma publicação que deixou saudades foi a Revista literária VIDA


CAPIXABA, onde muitos intelectuais do Espírito Santo se iniciaram na
literatura.

SOCIEDADES CULTURAIS
Além das entidades que cultivavam a beneficência, como a Sociedade
Mantenedora da Colônia Orfanológica Treze de Maio, de Cachoeiro do Itapemirim,
existia ainda naquela cidade o Grêmio Bibliotecário Cachoeirense, em 1889.

Em Vitória, no mesmo ano, existiam o Grêmio Literário Vitoriense, o Bouquet


das moças, o Bailante Treze de Maio, a Sociedade Carnavalesca de Vitória, que
promoviam momentos literários em suas reuniões.

Havia a Sociedade de Música e a Sociedade Musical Urânia, esta em


Anchieta e aquela em Santa Isabel.

A maçonaria já existia na Província, desde 1872, pela Loja União e Progresso,


que mantinha uma escola noturna e vasta biblioteca. Ainda eram conhecidas a
Sociedade Espírito-santense de Imigração e a Assembléia Paroquial, aquela em
Vitória e esta em Santa Isabel.

Nos dias de hoje, as entidades máximas que reúnem os intelectuais capixabas


são a Academia Espírito-santense de Letras, nascida do idealismo de Alarico de
Freitas, advogado e do jornalista Sezefredo Garcia Rezende, à 31 de junho de 1921,
hoje presidida pelo médico José Moyses; e, o Instituto Histórico e Geográfico do

37
Espírito Santo, fundado à 12 de junho de 1916, que tem como presidente atual o
professor Alberto Stange Júnior.

Em Vila Velha criou-se a Academia de Letras Humberto de Campos, que


depois de alguns anos de recesso, voltou a atividade. Em Cachoeiro do Itapemirim,
fundada à 19 de maio de 1962, brilha a Academia Cachoeirense de Letras, presidida
pelo poeta e advogado Evandro Moreira, que na cidade de Alegre dirige o jornal
MENSAGEM.

Os órgãos culturais sediados na capital que possuem sede própria e


desenvolvem um programa ativo e ininterrupto, contribuindo real e efetivamente para
o desenvolvimento da cultura capixaba, são a Academia Espírito-Santense de Letras
e o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Além das Bibliotecas Públicas,
Estaduais e Municipais e os órgãos ligados as Secretarias de Cultura.

No Museu de Biologia Mello Leitão, criado pelo cientista Augusto Ruschi,


encontra-se uma coleção de pássaros empalhados, beija-flores de espécies
diversas, colibris, e até um exemplar do sapo dendoprata que o mordeu à dez anos.
O veneno do sapo, que contribuiu para o agravamento de seu estado de saúde, fora
extirpado pela pajelância do feiticeiro índio Sapaim, com o prestígio pessoal do
cacique Raoni, operação realizado no Rio de Janeiro. O cientista faleceu em 3 de
junho de 1986, aos 70 anos de idade, sendo enterrado na Floresta dos Pássaros
que tanto amou, em Santa Tereza. Em sua homenagem a Casa da Moeda lançou
uma cédula com sua efígie.

TEATRO
O Teatro no Espírito Santo começou, sem dúvida, à 8 de dezembro
de 1585, quando José de Anchieta estreou em Guarapari o auto “Na
Aldeia de Guaraparim”, de sua autoria.

Manifestações cênicas ocorreram durante os séculos subsequentes,


até que em 1816 se tem notícia de grandes festejos na vila de Vitória que
duraram nove dias, no mês de maio, quando foi levado à cena em um
anfiteatro levantado em frente ao Palácio, um drama de composição do
padre Marcelino Pinto Ribeiro Duarte. Era a fase familiar-comunitária, que
alcançou o auge do seu desenvolvimento na Segunda metade do século
XIX, no que influenciou, principalmente, a quase inexistência de meios de
comunicação entre o Espírito Santo e o resto do mundo.

O primeiro Teatro foi inaugurado em 1875, em São Mateus, pois os


espetáculos eram improvisados em instituições públicas, fazendas,
praças, prefeituras, centros comunitários, residências particulares, ruas,
etc.

38
..
..
..
..
. Dos teatrólogos citados, anotam-se também o padre Francisco
Antunes de Siqueira, nascido em 1832 e falecido em 1897; ele foi o
primeiro capixaba a Ter uma peca publicada, a “Dona Minhoca”, uma
farsa de 1860. Aristides Brasiliano de Barcelos Freire, nascido em 1849 e
falecido em 1922, também natural de Vitória, que foi o primeiro grande
teatrólogo do Espírito Santo, foi além de autor, ator e diretor e teve um
repertório de 14 peças originais, a partir de “Surpresa de um Tio”, uma
comédia composta em 1876. Cândido Vieira da Costa nasceu em 1855,
falecendo em 1931, natural de Vitória, aqui escreveu dramas e comédias,
e teve em 1900 o seu drama teatral “Pedro Alvares Cabral” publicado em
Lisboa. Amâncio Pinto Pereira nasceu em Vitória em 1862, falecendo em
1918, foi o anunciador da novela no Espírito Santo e escreveu dramas,
comédias e revistas.

Após estes vieram Ciro Vieira Cunha, Frederico Augusto Codeceira,


o Galicocô, Ernesto da Silva Guimarães, Virgínia Gasparini Tamanini,
Américo Guimarães Costa, Flodoaldo Viana (este que foi o fundador do
Teatro Escola de Vitória, em 28 de julho de 1951). O TEV foi o primeiro
grupo de teatro a ser reconhecido como de utilidade pública. Suas peças
eram encenadas no Teatro Carlos Gomes. Houve ainda Paulo de Paula,
criador do Teatro Barra, em 1974; Antônio Carlos Neves, o Toninho
Neves, fundador do Grupo Geração, de intensa atividade; Paulo Eduardo
Torre; Milson Abreu Henriques, que foi um dos fundadores do Grupo
Geração em 1966; Luís Tadeu Teixeira; Gilson Pinciara Sarmento; Renato
Saudino – já percebeu que estamos na área contemporânea? – Oscar de
Almeida Gama Filho e, outros nomes de importância no teatro atual
capixaba.

Os grupos de teatro foram vários, desde o Grupo praça Oito; o


serviço de Teatro da Fundação Cultural, dirigido por Marien Calixte; o
Grupo Equipe; o Laboratório; o Grupo de Teatro Amador Carlos Gomes; a
Companhia Teatral Plim-Plim; Grupo Ato Ação; Teatro Aberto; o Grupo
Phantasias de Assucar e o Grupo do Diretório Acadêmico do Centro
Biomédico; o de Teatro Bolsista/Arte da UFES; o Grupo União; o Ponto de
Partida; O Grupo; o IBEU-TUC; o Informação; o Ataque Cardíaco, etc.

Os espaços para encenação das pecas eram vários: nestes 400


anos de história do teatro capixaba, os palcos foram igrejas, salões
paroquiais, colégios, cinemas, clubes sociais, etc. E também praças
públicas. Como casas de espetáculos teatrais, anotamos: Teatro
Municipal de Santa Leopoldina, Teatro Municipal de IbiraÇú, Teatro São
José em Alegre, Cine-Teatro de Afonso Cláudio e de Conceição do
Castelo, Cine-Teatro de Guarapari, o Teatro Estúdio, o Teatro SCAV, etc.

O primeiro Festival de Teatro Amador ocorreu em 1967, promovido


pelo ator Milson Henriques e Hamilton de Almeida (outro grande nome do
texto teatral capixaba).

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Inaugurado em 20 de setembro de 1875, o Teatro de São Mateus foi
a primeira casa de espetáculos a existir no território capixaba. Existiu
também, em 1882, supõe-se, o Teatrinho Capixaba.

O Teatro Melpômene foi inaugurado em 22 de maio de 1896,


possuindo iluminação elétrica própria e 1.200 lugares. um princípio de
incêndio provocou um pânico desastroso em 1924, quando era exibido o
filme “Ordens Secretas”. A primeira peça de autor capixaba exibida foi
“Ontem e Hoje” de Ubaldo Rodrigues, que conseguiu casas repletas por
sucessivos dias.

O Teatro Carlos Gomes foi inaugurado em 5 de janeiro de 1927,


com a peça “Verde e Amarelo”, de Patrocínio Filho, pela Companhia Tan-
Tan. Construído por André Carloni, o teatro foi vendido ao Governo do
Estado em 1934.

BIBLIOGRAFIA
1) OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Espírito Santo.

2) BALESTRERO, Heribaldo Lopes. O Povoamento do Espírito Santo.

3) DEMONER, Sônia Maria. História da Polícia Militar do Espírito Santo.

4) BITTENCOURT, Gabriel. Notícias do Espírito Santo.

5) CLÁUDIO, Afonso. Insurreição de Queimados.

6) BITTENCOURT, Gabriel. Espírito Santo: Alguns Aspectos da Independência.

7) MORAES, Cícero. Geografia do Espírito Santo.

8) SANTOS, João Felício dos. Benedita Torreão da Sangria Desatada.

9) RIBEIRO, Judith Leão Castello. Presença.

10) MORAES, Evaristo de. A Escravidão Africana no Brasil.

40
..
..
..
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11). GAMA, Oscar. História do Teatro Capixaba: 395 anos.
.
12) SAMPAIO, Coelho. Adeus, Meu Cricaré.

13) STANGE JÚNIOR, Alberto. Montanhas de Vitória e outros Escritos.

14) MONJARDIM, Adelpho Poli. O Espírito Santo na História, na Lenda e no Folclore.

15) ELTON, Elmo. Logradouros Antigos de Vitória.

16) SILVA, Eduardo Cavalcante. Anchieta nosso Santo.

17) ELTON, Elmo. Academia Espírito-santense de Letras.

18) COSTA, Ricardo Brunow. Expansão Urbana da Área Norte de Vitória.

19) Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE.

20) Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo No. 35, 36, 37 e 39.

21) Revista da Academia Cachoeirense de Letras No. 5.

22) Boletins “Academia”, Academia Espírito-santense de Letras.

23) Jornal A Gazeta, Edições Especiais, Vitória/ES.

24) GRAVE, João e Coelho Neto. Dicionário Lelo Universal.

25) FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio.

26) ELTON, Elmo. Anchieta.

27) SILVA, Degental Tenório. Guia de Vitória.

28) “Sol”, Guia de Informação Turística.

Apêndice 1
Panorama do Estado do Espírito Santo

O Estado do Espírito Santo situa-se na Região Sudeste brasileira, limitando-se ao


norte com a Bahia, ao sul com o Rio de Janeiro, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste
com Minas Gerais.

41
Com uma população estimada em 2.023.742 habitantes, em sua totalidade, temos
na área da Grande Vitória o levantamento seguinte: na Capital, Vitória, contam-se
207.560 habitantes; em Vila Velha , seu mais populoso município, 203.498; em Cariacica,
198.171 habitantes; na Serra, 82.450; e, em Viana, 23.459 habitantes, formando um total
de 706.138 habitantes espalhados entre as Sedes e vilas, que são os maiores bairros
entre a Capital e os municípios limítrofes. Seu distritos são bastante populosos e
movimentados.

A temperatura máxima absoluta no Estado é de 36, 3 graus centígrados; a média


compensada é de 24,6º c.; a mínima absoluta é de 15,1º c. e a pressão atmosférica fica
em 1.012,3 Mb.

A superfície do Espírito Santo é de 45.597 Km2.

Governado pelo Dr. José Inácio Ferreira, desde janeiro de 1999, o Estado goza de
situação privilegiada geograficamente, próximo que se encontra dos grandes centros
populacionais, econômicos e culturais do País, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo
Horizonte, sendo que sua Capital se distancia do Rio de Janeiro apenas 513 Km.

Riquezas Minerais

Sendo o primeiro produtor de mármore do Brasil, o Espírito Santo tem nos


municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Castelo suas principais jazidas, localidades que
também têm no seu solo o calcário.

O petróleo já é explorado em São Mateus, Conceição da Barra e Linhares, onde se


encontra também argila. A areia monazítica é encontrada em cerca de 140 Km. de praias
capixabas, nos municípios de Marataízes, Guarapari, Jacaraípe, Nova Almeida e
Enseada de Santa Cruz.

As pedras semipreciosas água-marinha, ametista, topázio, turmalina e outras são


encontradas nas localidades de Pancas, Baixo Guandu, Colatina, Itarana, Santa Tereza,
Afonso Cláudio, Domingos Martins, Ibiracu e João Neiva.

O Espírito Santo é considerado o Estado produtor das melhores águas-marinha do


Brasil. O ouro já foi muito explorado no município de Afonso Cláudio, na época existente
na localidade de Lagoa Seca, hoje distrito de Pontões.

Águas minerais também existem no Espírito Santo. Elas podem ser encontradas em
Domingos Martins (água Campinho e água Ingá), Cachoeiro de Itapemirim (água São
José do Frade) e no Bairro de Fátima, na Serra (água mineral Linhágua).

Siderurgia e Indústrias

No planalto de Carapina, município da Serra, ocupando uma área total de


13.733.000 metros quadrados, situa-se a Companhia Siderúrgica de Tubarão. O
consórcio reúne a Siderbrás, a Fisinder (italiana) e a Kawasaki (japonesa) e produz
placas de aço semi-acabadas.

42
..
..
..
.. Abrangendo Empresas locais, nacionais e multinacionais, conta o Espírito Santo
.
com considerável número de indústrias, instaladas principalmente nos municípios de
Aracruz, Serra, Cariacica, Vila Velha, Viana, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Itarana,
Conceição da Barra, Ibiracu, Domingos Martins, Mimoso do Sul, Anchieta, Linhares,
Santa Tereza, e naturalmente, a Capital: Vitória.

Assim, temos no Espírito Santo as Empresas: Aracruz Celulose; Arcos para Violino;
Atlantic Veener do Brasil; Braspérola; Companhia Ferro e Aço; Chocolates Garoto;
Chocolates Vitória; CCPL; Café Cafuzo; Café Glória; Coca Cola; Cerveja Antártica;
Calcados Itapuã; Cemetal Cobraice; Cimento Itabira; Frigorífico Frincasa; Frisa; Frigoeste;
Fuvisa Fundição; Guaraná Coroa; Iogurte Iakut; Lages Incospal; Logasa; Mobrasa;
Ornato; Pepsi Cola; Real Café Solúvel; Salibrás; Selita; Tercon; Usinas de Pelotizacão;
Samarco; CST; Telhas Simonassi; Ultramar Tubos de Concreto; Uniformes Profissionais;
e, CVRD.

Atracões Turísticas da Capital e do Interior

A Capital capixaba, por si, já é uma atracão turística, pois é uma ilha a Cidade de
Vitória. A Baía de Vitória, sempre cheia de navios de grande porte, com suas pontes que
ligam a capital aos municípios de Vila Velha e Cariacica, como a centenária e popular
“Cinco Pontes”, construída no tempo do Império e as modernas 2 ª Ponte, que liga a ilha
ao continente em Cariacica. A mais recente ponte é a 3 ª Ponte, monumental, que liga a
Praia do Canto, em Vitória à Praia da Costa, em Vila Velha.

Existe a Ilha do Rosário, onde foi sepultado Vasco Fernandes Coutinho; A Ilha do
Boi, onde encontramos o Hotel Escola SENAC; e, a Ilha do Frade, uma ilha residencial
situada à 8 Km do centro de Vitória.

O Farol de Santa Luzia, situado na Praia da Costa, em Vila Velha, representa outra
atracão. Assim como o Convento da Penha, situado no alto da Penha, na mesma
localidade Vila-velhense. O Morro da Fonte Grande, a pedra da Cebola e do Penedo, que
fica na entrada da Baía de Vitória, são também atracões da Grande Vitória.

A Capital guarda belezas arquitetônicas sem igual. O Palácio do Governo, situado


na Cidade Alta, conhecido como Palácio Anchieta, foi por volta de 1922 sede das
representações teatrais de Vitória. A Catedral Metropolitana, com sua arquitetura mista de
neo-gótico e bizantino, situa-se igualmente na Cidade Alta, possuindo lindos vitrais. O
Forte de São João, que abrigou o Clube de Regatas Saldanha da Gama, hoje é Sede da
Secretaria Estadual de Esporte e Cultura.

O Palácio Domingos Martins, um monumental prédio público, abriga ainda a


Assembléia Legislativa do Estado, que deve ser transferido para uma nova sede na
Enseada do Suá.

Há o Museu Solar Monjardim, que fica aos cuidados da Universidade Federal do


Espírito Santo, datado do século XVII, em Jucutuquara; a Capela de Santa Luzia, na
Cidade Alta; o Museu Mello Leitão e o Museu de Biologia, situados em Santa Tereza.

As montanhas O Frade e a Freira, situados em Rio Novo do Sul; as Furnas do


Limoeiro, em Castelo; o Pico do Itabira, em Cachoeiro de Itapemirim; as Ilhas Flutuantes,
em Viana (Grande Vitória); o Vale de Canaã, em Santa Tereza; o Rio Subterrâneo, que
corre próximo à Santa Leopoldina; o Ninho das Águias, esculpido num dos flancos do

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Morro Moxuara, em Cariacica, são as belezas naturais que mais se destacam no Estado
do Espírito Santo.

No Parque Nacional de Caparaó, à 221 km de Vitória, está o Pico da Bandeira, com


2.890 metros de altitude, ficando à sudeste do Estado, próximo à Iúna.

As cidades turísticas do Espírito Santo estão representadas por: Anchieta, à 88 km


de Vitória; Guarapari, à 58 km; Cachoeiro do Itapemirim, que ficou famosa pelos nomes
que revelou: Rubem Braga (literatura), Jece Valadão (cinema), Carlos Imperial (produção
musical), Raul Sampaio (compositor), Roberto Carlos (cantor) – tendo na cidade Um
Museu com seu nome. Ainda são turísticos os municípios de Colatina, no Vale do Rio
Doce; Campinho, montanhosa e de influência germânica, valoriza Domingos Martins;
Linhares; Santa Tereza; Serra; Conceição da Barra; Santa Leopoldina; São Mateus; e,
Vila Velha, cujas peculiaridades atrativas estão inseridas nas respectivas monografias.

As praias capixabas ou espírito-santense se estendem por mais de 140 km de


belezas e saúde: Camburí, Jacaraípe, Manguinhos, Carapebus, Nova Almeida, estas três
últimas no município da Serra; Santa Cruz, Barra do Riacho, Pontal do Ipiranga, Guriri,
Conceição da Barra e Itaúnas, estas situadas ao norte do Estado.

Para o sul, temos as de Marataízes, das Neves, Guarapari, Ponta da Fruta, Barra
do Jucú, Itaparica, Praia da Costa, e as lagoas Jabaeté e Vermelha, no município de Vila
Velha, excetuando as três primeiras praias citadas. Em Guarapari, por exemplo, temos 14
excelentes praias no município. Ainda para o sul, vamos encontrar as de Santa Mônica,
Praia do Sol, Setiba, Perocão, Três praias, Meaípe, Ubú e Iriri. As de Piúma estão à 4 km
de Iriri e as de Itapemirim estão à 130 km de Vitória e apenas a 54 km de Cachoeiro do
Itapemirim.

Ensino, Educação e Cultura

No ensino superior, conta o Espírito Santo com a Universidade Federal do Espírito


Santo (UFES), estabelecida no “Campus Alaor de Queiroz Araújo” situado na Av.
Fernando Ferrari, em Goiabeiras.

Além da Reitoria, encontram-se no Campus Universitário, os Centros: Tecnológico,


de Ciências Sociais, Ciências Exatas, Jurídico e Econômico, Pedagógico, de Artes,
Educação Física, etc, a Biblioteca Central, a Comissão Coordenadora de Vestibulares, a
Fundação Ceciliano Abel de Almeida (importantes obras de autores locais são editadas
por essa Fundação), O outro Campus da Universidade Federal na Capital situa-se em
Maruípe, contendo todos os Centros ligados à saúde e o Hospital Universitário, conhecido
como Hospital das Clínicas.

A Biblioteca Estadual situa-se à Av. João Batista Parra, 165 em Bento Ferreira. E a
Biblioteca Municipal situa-se na Av. Jerônimo Monteiro, no Prédio da Escola de Teatro e
Dança FAFI.

A Aracruz Celulose tem prestigiado os novos intelectuais capixabas.

De estabelecimentos particulares e tradicionais de ensino superior, vamos encontrar


em Vila Velha, a Faculdade de Vila Velha (UVV); a Faculdade de Ciências e Letras, em
Alegre; as Faculdades de Filosofia, ciências e Letras Madre Gertrudes, a de Ciências
Contábeis e Administrativas, e a Faculdade de Direito, em Cachoeiro de Itapemirim; o

44
..
..
..
.. de línguas Modernas e o Nacional de Estudos Pedagógicos, a Fundação
.
Instituto
Gildásio Amado, em Colatina. De ensino religioso, existe o Seminário Teológico Batista,
em Vitória.

Os estabelecimentos de ensino técnico tradicional existente na Capital são: a Escola


Técnica Federal e a Escola Técnica do Comércio Capixaba. Em São João de Petrópolis,
no município de Santa Tereza, existe uma Escola Agrotécnica.

Na Capital, contam-se com aproximadamente 45 estabelecimentos tradicionais de


ensino de 1º e 2º graus, incluindo a rede particular. No interior, perto de 75 escolas nos
mesmos níveis e condições qualitativas (estimativa levantada entre as redes escolares
servidas por telefone).

Lazer Cultural
A Secretaria Estadual de Esporte e Cultura mantinha um “Circo Cultural”, onde,
além de pecas teatrais, shows e espetáculos musicais, há ainda uma programação de
cursos populares, artesanato, em oficinas permanentes que são levadas, não só no
Circo, como nas comunidades periféricas da Grande Vitória. Hoje esse circo esta
praticamente desativado.

Gomes, onde os concertos e grandes


A cidade conta com o Teatro Carlos
pecas e companhias teatrais são apresentadas. Os shows muito
populares são levados a se apresentar no Clube Álvares Cabral. O Teatro
da Casa da Cultura tem servido às Companhias locais e shows de música
popular, este Teatro a algum tempo está em reforma. No interior, o Teatro
de São Mateus marcou com grandes nomes do teatro carioca e paulista.

O Centro Cultural Carmélia Maria de Souza ocupa uma área de 14 mil metros quadrados.
O Centro abriga feira de artesanato, play-graund com 200 m2 e palco aberto com 400 m,
área para jogos de mesa com 110 m e duas quadras esportivas. Museu do Café, Espaço
de Arte, centro de artesanato, cinema e teatro, ocupam espaços internos.

Parques
Ocupando uma área de aproximadamente 50 mil metros quadrados, na Ilha do
Príncipe, em Vitória, o Parque Tancredo Neves é um belo local de lazer do povo
capixaba.

O Parque Moscoso é o mais tradicional do Estado, além disso o mais seguro por ser
gradeado, e o que é mais importante, o que contém uma bela flora e fauna,
espetacularmente no Centro da Cidade. Existem ainda em Vitória os novos parques:
Praça dos Namorados, Praça dos desejos (ambas na Praia do Canto), Horto de Maruípe
e Parque Pedra da Cebola.

45
Governo do Estado
O Governo do Estado é exercido pelo Dr. José Inácio Ferreira, que tem como vice o
Sr. Celso Vasconcelos.

As Secretarias de Estado estão assim determinadas: de Administração e Recursos


Humanos; Agricultura; Bem-estar Social; Educação; Esporte e Cultura; Comunicação
Social; Fazenda; Indústria e Comércio; Interior; Transporte; Saúde; Segurança Pública.

O Poder Legislativo está constituído de mais de 30 deputados que assumiram seus


cargos a poucos meses, sob a presidência do Dr. José Carlos Gratz.

O Poder Judiciário mudou-se no ano anterior da Cidade Alta para o novo Palácio da
Justiça situado na Enseada do Suá, é lá que os magistrados se reúnem para decidir as
questões do Estado.

Gerais
Anualmente, no mês de Agosto, realiza-se a Feira Capixaba dos Municípios, lá se
presencia todas as manifestações culturais de cada município capixaba, com bastante
ênfase nas comidas típicas, tudo sob o auspício da Unidade Comunitária de Integração
Social.

O Estado é servido por Companhias aéreas como a Transbrasil, a VASP, a VARIG,


a Rio-sul, e taxis aéreos, em vôos comerciais para toda a parte do Brasil, desde Manaus
à Foz do Iguaçu.

Há vários Portos Marítimos, como o Cais Comercial de Vitória.

Duas Ferrovias servem ao Espírito Santo: a Vitória-Minas e a Rede Ferroviária


Federal.

O transporte rodoviário é liderado pela Viação Itapemirim (a maior da América do


Sul e terceira maior no mundo) que percorre 16 Estados do Brasil. A Viação Águia Branca
serve à maioria dos municípios capixabas, além de outras. Podemos dizer que Vitória é
servida de uma moderna Estação Rodoviária, apesar de ainda Ter proporções menores,
comparado a das grandes cidades brasileiras.

46
..
..
..
..
.

Apêndice 2
CARIACICA
No princípio eram índios, depois vieram os religiosos. Em toda a fase da
colonização dos territórios brasileiros a história se repete e não seria diferente em
Cariacica. Estabeleceram-se os engenhos de cana-de-açúcar e as fazendas: Itaoca,
roças Velhas, CaÇaroca, Maricá, Ibiapaba.

Em 1749, a Fazenda Itaoca contava com igreja e residência própria do superior,


padre Domingos da Silva. CaÇaroca se tornava famosa por seu canal e ruínas, em torna
da qual circulavam notícias fantásticas de tesouros enterrados pelos jesuítas. Maricá,
além das ruínas jesuíticas, possuía também um cemitério e roças Velhas, situada perto
da antiga sede do município, abrigava uma grande fazenda.

O movimento crescia e quartéis foram instalados no município para a defesa do


trânsito e transporte dos produtos agrícolas até Porto de Cariacica, Itaquari e Porto Velho.
Cariacica tornara-se o centro de abastecimento de Vitória, o distrito de São João Batista
foi criado em conseqüência da Lei No. 5, de 16 de dezembro de 1837, que levou o
território a freguesia, assinada pelo presidente da Província José Tomás Nabuco de
Araújo. A construção da Matriz foi autorizada pela Lei No. 6 de 1839, porém a construção
só foi realizada graças ao frei Ubaldo de Civitela em 1845, no planalto Água Fria, a oeste
do Porto de Cariacica, local que passou a chamar-se Morro da Igreja.

Cariacica era o nome de um rio que desce da Serra Moxuara, formação granítica de
grande altitude também conhecida por Moxuar e Monxuar (veio de diamantes), ou
Moxuara (pedra limão). Outra versão é a que o nome da gigantesca pedra veio de
Mouxoir (lenço), expressão dos franceses ao aportarem em Vitória ao verem a pedra
encimada por extensa neblina, lembrando um lenço.

O topônimo Cariacica vem de Carijacica, palavra de origem tupi, que quer dizer:
chegada de branco.

Os pomeranos chegados à Cariacica, que temos notícias alhures, muito


contribuíram para o desenvolvimento da agricultura, bem assim os alemães vindo de
Santa Leopoldina e de Santa Isabel. Em 1859, José Rodrigues Paiva obteve vasta
extensão de terras em Pau Amarelo. Em 1865, grandes lotes de terra foram transferidos a
Inácio Pinto da Rocha, Antero da Silva Coutinho e Maria José Laura Mendonça. Em
1866, igual benefício foi conseguido à José Rodrigues de Atalaia e em 1867 à Camilo
Pinto Rangel; em 1974, o beneficiado foi José Francisco Monteiro chegou a um status
econômico considerável em 1880, de sorte que passou-se a cogitar sua autonomia, o que
foi conseguido pelo decreto lei estadual No. 57, de 25 de novembro de 1890, assinado
pelo governador Constante Sodré, passando Cariacica à município desmembrado de
Vitória. Por esse ato o município foi elevado à categoria de Vila, cuja instalação se deu
em 30 de dezembro de 1890. O município é constituído de dois distritos: Sede, que
funciona em Campo Grande e Itaquari.

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VOCABULÁRIO
1- ABORÍGENE - indígena.
2- ACIRRARAM - irritaram
3- AMORTIZOU - extinguiu aos poucos.
4- AUTOS - gênero dramático originário da Idade Média.
5- BAIXAS - perdas que um efetivo militar sofre, por morte ou
aprisionamento dos seus integrantes.
6- BANDEIRANTES - exploradores que desbravavam os sertões em
busca de minas.
7- BOTOCUDOS - tribo indígena.
8- CHALUPA - antigo navio à vela.
9- CHUÇOS - vara ou pau armado de aguilhão.
10- CONFEDERAÇÃO - liga, associação, reunião.
11- CORTEJO - comitiva pomposa.
12- DELAÇÃO - denuncia.
13- DÍZIMO - a décima parte.
14- DONATÁRIO - o que recebe uma doação.
15- ECLESIÁSTICA - relativo à Igreja.
16- EFÍGIE - retrato.
17- EMANCIPAÇÃO - independência.
18- EMPREITADA - obra por conta de alguém.
19- ENGAJADAS - alistadas, incluídas no efetivo.
20- ENTABOLASSEM - estabelecessem.
21- EPIDEMIA - doença que surge rápida num lugar e ao mesmo tempo
acomete muitas pessoas.
22- ESTRUTURA - composição, formação sólida.
23- EXÉQUIAS - cerimônias ou honras fúnebres.
24- FEITICEIRO - pajé.
25- FERRARIA - grande porção de ferros.
26- HEREZIA - doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja.
27- HOMÍZIO - esconderijo à vigilância da justiça.

48
..
..
..
.. INACIANO - religioso da ordem dos jesuítas, fundada por santo Inácio
28- . de Loyola.
29- IMIGRANTES - pessoas que ingressam num país, que não é o seu,
para morar nele.
30- INCREMENTOU - desenvolveu.
31- INDOLE - temperamento.
32- INSURREIÇÃO - rebelião, revolta.
33- JESUÍTAS - padres da Companhia de Jesus.
34- LEVIANO - que julga ou procede irrefletidamente.
35- NÁUS - navios.
36- ORIGINÁRIO - proveniente, nascido.
37- PATÍBULO - estrado onde os condenados sofrem a pena de morte.
38- PAJELÂNCIA - trabalho do pajé de uma tribo, objetivando curar uma
pessoa e afastar os maus espíritos.
39- PICADA - atalho estreito aberto no mato à golpes de facão.
40- QUINTA - grande propriedade rústica com casa de morada.
41- REFREGAS - encontro entre forças ou pessoas inimigas.
42- RELÍQUIA - objeto antigo e valioso.
43- SANTA INQUISIÇÃO - Tribunal Católico formado na Idade Média
para julgar casos de bruxarias e heresias, os condenados eram
jogados vivos na fogueira.
44- SANCIONADA - aprovada.
45- SEVÍLCULA - índios.
46- SODOMIA - homossexualismo, desejo sexual entre pessoas do
mesmo sexo.
47- SUMÁRIA - resumida, breve, sem formalidades.
48- TRÁFICO - negócio indecoroso.
49- TRÉGUA - suspensão temporária de hostilidades.
50- TROPA - grupamento militar.
51- TUPI - língua falada pelos índios.
52- VANGUARDEIROS - primeiros.
53- VIÁTICO - sacramento da eucaristia administradas aos enfermos
acamados.

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