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reconhecimento”, assumir como tema transversal da sua obra poética a sátira e o seu
antropocentrismo.
1. Fome de reconhecimento
Jorge Sena foi um escritor que, desde muito novo, viveu e exibiu uma incontida e quase
frenética fome de reconhecimento (pag 9).
“Valerá realmente a pena? Que interesse terá tudo isto? Haverá de facto quem nos leia com a
mesma atenção que pusemos no escrever? Quais mais os anos passam, e quanto mais o
convívio dos outros vai passando por mim, mais vou desesperando, e a tal ponto, que, se me
surge alguém a referir-me o que eu algures disse, fico literalmente pasmado, numa elada
gaguez de quase gratidão”.
2. Temas
Quando lhe perguntaram o que melhor caraterizava a sua poesia, se o amor, a música, a
política ou a cultura, Sena respondeu que todos eles, mas depois acrescentou que a sátira era
claramente uma nota dominante em muito do que escrevia.
(…) Não era só aos pontos fracos dos seus compatriotas que Sena dirigia os seus ataques;
criticava definitivamente a mediocridade, a falsidade, a hipocrisia, independentemente da raça,
da nacionalidade, da posição social ou da idade. Conforme, o “Beco sem saída” ilustra:
3. Antropocentrismo
I
Soube-me sempre a destino a minha vida.
Por isso, ainda hoje que
Todo o sal secou no fundo do mar
E o mar é câmara, ainda hoje a ignoro
Com que as crianças começam a sentir-se reais
(…)
III
Viemos e crescemos
Jugando que era extenso um abando impassível.
E, mesmo julgando,
Procuramos sinais de transigência,
Golpes circulares e lentos num papel perdido…
Estas ruas, porém, foram encurtando com o tempo.
IV
Não é de um medo enorme que ressurge a vida?
As crianças nascem com uma coragem que perdem-
As mães provocam-nas em si com uma coragem de carne.
E os homens levam-nas consigo sem as conhecer.
Perseguição (1942)
Ode ao Destino
As Evidências (1955)
Fidelidade (1958)
Desencontro
Post-Scriptum (1960)
Fontes consultadas: