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Para que o Estado possa configurar como responsável civil por danos causados é necessário que
todos os seus pressupostos sejam demonstrados cabalmente, quais sejam, o dano, a culpa do agente
e o nexo de causalidade. Porém, na responsabilidade objetiva, a culpa do agente não pode ser
considerada pressuposto.
Neste espaço será voltado para as ocorrências (fatos) que excluem o nexo causal, quais sejam, a
força maior, o caso fortuito, o fato de terceiros e a culpa exclusiva da vítima, de modo a afastar a
obrigação do Estado se responsabilizar por indenizar o particular (administrado).
No que concerne ao caso fortuito e força maior, a previsão é impossível de ser considerada, por isso
a responsabilidade do Estado é afastada devido à ausência do nexo causal entre o fato e o dano.
Os CASOS FORTUITOS, fatos imprevisíveis, da natureza, que ocorrem e que as pessoas não tem
como prevê-los e muito menos condições para enfrentá-los no momento da ocorrência, ainda que
conhecidos, mas impossível de evita-los. Os CASOS DE FORÇA MAIOR, ainda que previsíveis,
porém inevitáveis, intransponíveis para que os agentes possam executá-los.
A disposição legal para a mencionada verificação está disposta no Parágrafo Único, do art. 393, do
Código Civil, vigente:
“O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não
era possível evitar ou impedir.”
OS FATOS DE TERCEIROS não admitem o Estado assumir a obrigação pela indenização do dano,
salvo se houver participação e/ou envolvimento de agente público. Em havendo, o agente deverá ser
responsabilizado, conforme preceito do art. 942 do Código Civil, vigente:
Também se enquadra nos FATOS DE TERCEIROS os danos causados por movimentos populares
quando em protestos e revolta contra o Governo ou quaisquer outros tipos de manifestações de
grande participação de pessoas e que hajam depredação dos bens particulares.
Caso não houvesse estas possibilidades e o Estado fosse acionado para indenizar todos os danos
ocorridos com terceiros, por certo, seria impossível suportar as demandas desta natureza.
Neste sentido, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná não acolheu recurso contra sentença que
não possibilitou pagamento de indenização por danos causados em vítima de teve culpa direta na
ocorrência ao adentrar em espaço público, porém não aberto ao público. E mais, por não estar
aberto ao público e ser devidamente fechado não precisava ser vigiado:
“EMENTA: DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores da 3ª Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. APELAÇÃO CÍVEL.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. QUEDA DE DEPENDÊNCIA DE VILA
OLÍMPICA MUNICIPAL. ESPAÇO CERCADO, MURADO E FECHADO. ÁREA
RESTRITA E NÃO ABERTA AO PÚBLICO. INGRESSO VOLUNTÁRIO E
DESAUTORIZADO. PROVA TESTEMUNHAL E FOTOGRÁFICA. CULPA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA CARACTERIZADA. EXCLUDENTE A
RESPONSABILIDADE DO ESTADO. OMISSÃO AO DEVER DA VIGILÃNCIA.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DO DEVER DE CAUTELA. PRECEDENTES.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO.” (TJPR – 3ª C. Cível – AC
– 12963398-1, rel. Des. Vicente Del Prete Misurelli, 27/01/2015)
Em caso deste tipo o Tribunal de Justiça de São Paulo, bem como do Distrito Federal sentenciaram:
Caso a contribuição da vítima não seja comprovada para afastar o nexo causal, a responsabilidade
objetiva do Estado não será afastada, excluída, pois o fato poderia ocorrer independentemente da
participação da vítima.
Vê-se que existe dificuldade em conceituar a responsabilidade civil do Estado com causa de danos à
terceiros, por falta exclusiva ou concorrente da vítima, qual seja para afastar o nexo causal, pois
somente com a efetiva e real comprovação da sua não existência é que haverá o indicativo da
responsabilidade objetiva do Estado.