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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Palmas – TO
2017
RESUMO
o Transtorno do espectro do autismo (TEA) é marcado por prejuízos nas áreas de
interação social, comunicação, comportamento e processamento sensorial. Aspectos
relacionados a prejuízos no repertório de interação social, bem como estratégias para
torná-la mais adequada têm sido amplamente estudados. Dentre estas estratégias, as
que utilizam música têm recebido atenção.
O presente trabalho tem por objetivo apresentar as características e dificuldades
de uma criança com TEA e também apresentar os benefícios que a música pode
causar. No primeiro capítulo será abordado, Transtorno do Espectro do Autismo,
conceitos, diretrizes e seu desenvolvimento, no segundo, serão apresentadas as
principais dificuldades de socialização e algumas características da criança com TEA
, e por último, a música como um instrumento benéfico para a interação social.
Palavras-chave: Autismo. Criança. Socialização .
SUMÁRIO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................1
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................7
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1 BREVE HISTÓRICO DO AUTISMO
O autismo é um distúrbio neurológico caracterizado por comprometimento da
interação social, comunicação verbal e não-verbal e comportamento restrito e
repetitivo, é uma síndrome na qual a criança nasce com ela, e não algo que é adquirido
após seu nascimento ou por conta do convívio familiar, ter dificuldade em relacionar-
se não quer dizer que não apresentam afetividade, a síndrome não escolhe,
simplesmente acontece, sem escolher região, etnia e classe.
A palavra autismo foi criada pelo psiquiatra Eugen Bleuler. Há referências de que
Freud, em uma carta para Jung em 13 de maio de 1907, o teria comentado. Segundo
Maciel e Garcia Filho (2012, p. 26), Bleuler deu esse nome ao isolamento em que
pacientes esquizofrênicos viviam. “ Vem da palavra grega authos, que quer dizer por
si próprio, acrescentando o sufixo ismo. Pessoas escondidas em si mesmas”.
Orrú (2012), apresenta o estudo do psiquiatra austríaco, Leo Kanner (o primeiro
profissional que fez a descrição dessa síndrome) , residente nos Estados Unidos,
médico do departamento de psiquiatria infantil do Hospital Johns Hopkins, que
publicou, por volta de 1943, o artigo intitulado: Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo.
Neste artigo, descreve o caso de onze crianças com quadro de autismo severo,
marcado por características de obsessividade, estereotipias e ecolalia bem
acentuados. Outro traço importante percebido por Kanner em seu estudo foi que o
distúrbio afeta a interação da criança com seu ambiente, e pessoas desde o início de
sua vida.
As crianças com TEA apresentam dificuldades em entender as regras de convívio
social, a comunicação não verbal, a intencionalidade do outro e o que os outros
esperam dela. Com essas dificuldades funcionais, o impacto na eficiência da
comunicação é muito grande, fazendo com que o desenvolvimento do cérebro social
mantenha-se cada vez mais lento para exercer as funções necessárias para a
interação social que é a cada momento mais e mais complexa conforme a faixa etária.
Portanto, houve uma atualização na definição dos quadros de Autismo Infantil,
passando para transtornos de neurodesenvolvimento, ou seja, os processos de
socialização, comunicação e aprendizado encontram-se prejudicados.
Santos (2013, p. 06) estabelece que :”Os prejuízos nos mecanismos biológicos
estão relacionados à adaptação social levando a emergência de fenótipos
heterogêneos, associados aos quadros de Transtornos Globais do Desenvolvimento.”
2 - AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DE SOCIALIZAÇÃO EM TEA
Segundo Passerino (2004) entre todas as deficiências cognitivas ( percepção
visual e auditiva, sensibilidade para perceber necessidades de compartilhamento
social, atraso de linguagem para se comunicar e para entender expressões
linguísticas sociais, dificuldade de aprendizagem simbólica e problemas em perceber
espacialmente as referências faciais das pessoas) a que mais se “destaca” , é a falta
de socialização. Este sintoma traz, para o indivíduo com o TEA, dificuldade de
integração ambiental, que acarreta obstáculos ao desenvolvimento da autonomia e,
consequentemente, oferece prejuízo na qualidade de vida.
Silva (2012), afirma que:
Pessoas com autismo apresentam muitas dificuldades na socialização, com
variados níveis de gravidade. Existem crianças com problemas mais severos,
que praticamente se isolam em um mundo impenetrável; outras não
conseguem se socializar com ninguém; e aquelas que apresentam
dificuldades muito sutis, quase imperceptíveis para a maioria das pessoas,
inclusive para alguns profissionais. Estas últimas apresentam apenas traços
do autismo, porém não fecham diagnóstico.
Há um detalhe universal nas crianças com autismo, o contato social será sempre
prejudicado. Esta é uma característica que tem que estar presente para se realizar o
diagnóstico, porém a intensidade da manifestação varia de pessoa a pessoa.
A falta de habilidade social os mantém distantes de outras pessoas. O isolamento,
característico da síndrome, acontece pelo motivo de não saberem e não aprenderem
a interagir com outras pessoas e, que, por isso, não conseguem manter vínculos ou
desenvolvê-los.
Uma criança que é considerada cognitivamente normal, no seu primeiro ano de
vida, já interage com as demais pessoas, olhando-as nos olhos, imitando-as,
gesticulando e fazendo os primeiros experimentos sonoros. Com isso, uma criança
que não apresenta interação , já é motivo para se preocupar
É comum que a criança autista não tolere o contato e apresente estereotipias e
comportamentos de autoestimulação, além de serem afetados por quadros de
ansiedade e depressão, que agravam ainda mais o processo de socialização.
Além da dificuldade que a criança já carrega consigo por conta do transtorno, é na
fase escolar que as complicações ficam visíveis, pois será nela que será exigida do
aluno, atenção, compreensão, entrosamento, desenvolvimento, socialização,
situações que para uma criança com TEA torna-se algo completamente dificultoso,
causando em determinados casos, ainda mais isolamento deste, o profissional que
trabalhar com esta criança tem que estar apto .
Existem diversos recursos, escolas e profissionais especializados para se trabalhar
com a síndrome, são por meio dessas pessoas que a criança será estimulada todos
os dias, proporcionando seu aprendizado e desenvolvimento, com educadores
especializados e escolas específicas a criança tem possibilidade de aprender e até
mesmo se relacionar, de acordo com cada caso.
A música como terapia não se trata de inibir as estereotipias e/ou fixações, mas
de canalizá-las para a auto-expressão, através dos diferentes tipos de interação. As
interações podem ocorrer de diversas formas e em diversos âmbitos: interações com
o instrumental, tendo o instrumento como objeto intermediário de uma relação, quer
seja com o musicoterapeuta e/ou com seus pares; interação com o som/música, quer
através de melodias ou ritmos conhecidos, quer através de sons novos ao seu
universo sonoro, buscando oportunizar a percepção de novas fontes sonoras;
interação com a atitude lúdica, tanto com o musicoterapeuta (que possibilitará a
inserção dos elementos novos) como com os familiares e/ou grupo, oportunizando
novos encontros e novas percepções sociais e sonoras, onde irão captar a atenção
da criança e desenvolver em si mesmos a confiança e naturalidade de que necessitam
para se engajarem no processo interacional.
Através deste trabalho, percebemos que a música tem um objetivo principal “abrir
um canal de comunicação” com a criança, quer seja através do olhar, do toque (nos
instrumentos) ou da escuta (percepção dos estímulos sonoros). Neste momento
também se gera a possibilidade de canalizar as estereotipias e/ou comportamentos
inadequados, utilizando os instrumentos sonoro-musicais para re-significar ações e/ou
condutas para atividades construtivas.
Estes são alguns caminhos que podem ser experimentados no Autismo Infantil.
Permitir estímulos que criam pontes e conexões podem ser valiosos para um cérebro
que tanto precisa de novas integrações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACIEL, M. M; GARCIA FILHO, A. P; Brincanto: autismo tamanho família. São Paulo, editora
Scortecci, 2012.
SILVA, A. B. B; Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro, editora Fontanar, 2012.
ROSA, N. S. S; Educação musical para pré-escola. São Paulo Editora Ática, 1990.