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Título do Projeto:
Autor:
Orientador:
Orientador:
Prof. Fabio Toshio Kanizawa
Niterói,
2017.
D EDICATÓRIA
À minha avó, Maria Luiza Cunha Leal, “Dinda”, que apesar de não estar mais
fisicamente comigo, está sempre ao meu lado, me protegendo e guiando todos os meus
passos, sempre presente nos meus pensamentos e orações.
A GRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, pois Ele é o meu guia em todos os momentos da
minha vida, iluminando todos os meus caminhos, sempre.
Agradeço a meus pais, que sempre estiveram ao meu lado, mostrando o caminho
certo a ser percorrido e sempre fizeram tudo ao alcance deles para que eu tivesse a
oportunidade de buscar meus sonhos. Meu pai, Ocimar, o melhor pai e exemplo de
homem que eu poderia desejar; à minha mãe, Rita, que me transformou na pessoa que
sou hoje, e continua me influenciando todos os dias; àqueles que tenho a honra de poder
chamar de irmãos, Frederico e Rafael, e são partes fundamentais da minha trajetória; aos
meus avós, Paulo, Maria Luiza, Sebastião e Odília e toda minha família.
Agradeço muito ao meu professor orientador, Fabio Toshio Kanizawa, por, além
de ter sido um dos melhores professores com quem tive a oportunidade de ter aulas
durante a graduação, ter confiado em mim para a realização deste trabalho, pela atenção
ímpar durante a execução do mesmo e pela orientação que permitiu a execução de um
projeto por muito tempo desejado.
Agradeço a todos os meus amigos que estiveram comigo durante todos esses anos,
Marco Souza, que conheci na primeira semana de aulas e me acompanhou durante toda a
graduação; Leonardo Sanches, parceiro de Baja e para a vida; Ingrid Targa, que sempre
me apoia, incentiva e com quem sei que posso contar em qualquer momento; Jean
Azevedo, que me comprovou que a distância não é nenhum empecilho para se manter
uma grande amizade; Gabriel Faza, talvez o mais antigo de todos, e que está ao meu lado
até hoje; Hugo Salgueiro, amigo para todas as horas; Frederico Xavier, mentor e
conselheiro das mais variadas situações; Rafael Lobo, parceiro de Baja, café, estudos e
pra vida; João Lucas Amado, uma garantia de boas conversas sempre; Adilson Júnior,
que sempre ajudou a tornar momentos de tensão mais leves, com felicidade, simpatia e
amizade; Givaldo Filho, o botafoguense mais querido, que cativa todos por onde passa
com sua animação, não sendo diferente comigo; e agradeço também a todos não citados,
porém que tiveram algum impacto direta ou indiretamente na minha vida.
Por fim, mas com certeza não menos importante, agradeço imensamente à Equipe
Tuffão Baja SAE, da qual tive a oportunidade de fazer parte por quatro anos durante a
minha graduação e ficará marcada na minha história, sendo a responsável por alguns dos
melhores momentos da minha vida, me permitindo conhecer pessoas, histórias e lugares
que não havia imaginado, além de contribuir diretamente para a o meu desenvolvimento
tanto acadêmico, quanto profissional e pessoal.
R ESUMO
Este trabalho teve como principal objetivo a análise do desempenho térmico de
um disco de freio para um veículo de competição da categoria Baja SAE, visto que apesar
de ser um tópico muito importante para a execução de um bom projeto, não é possível
encontrar estudos sobre este tema. Foi realizada uma abordagem numérica do problema
proposto, onde obteve-se equações que permitissem o cálculo do perfil de temperaturas
resultante na superfície do disco de freio, em seguida foi feita uma abordagem
computacional do mesmo problema, onde utilizou-se o programa comercial Ansys para a
solução do mesmo, de maneira a ser possível comparar os resultados obtidos através de
ambas abordagens. Os resultados da comparação foram satisfatórios e comprovaram a
eficiência do método computacional proposto, permitindo que fosse realizada ainda a
simulação térmica de geometrias de discos de freio que não poderiam ser modelados
numericamente. Desta maneira este trabalho visa auxiliar na melhoria dos futuros projetos
de equipes de Baja SAE, sobretudo da Equipe Tuffão Baja SAE, que representa a
Universidade Federal Fluminense na competição Baja SAE Brasil.
AVC3 Área do volume de controle para troca de calor por convecção/radiação [m²]
τ Torque [N.m]
WT Trabalho [N.m]
AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 7
RESUMO ............................................................................................................. 9
ABSTRACT....................................................................................................... 10
SUMÁRIO ......................................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 20
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 86
1 INTRODUÇÃO
1.1 BAJA SAE
Os alunos que participam do Baja SAE BRASIL devem formar equipes que
representarão a Instituição de Ensino Superior à qual estão ligados. Estas equipes são
desafiadas anualmente a participar da competição, que reúne os estudantes e promove a
avaliação comparativa dos projetos (SAE BRASIL, 2017)
Existem vários métodos que podem ser utilizados para realizar a frenagem de um
dispositivo. Em veículos, tanto de passeio e carga quanto de competição, são utilizados
principalmente os freios a tambor e a disco, ambos baseados em atrito, descritos nas
próximas seções.
21
1.2.1 Freio a tambor
22
1.2.2 Freio a disco
23
1.3 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
24
deve estar sempre em limites aceitáveis durante a utilização, para
apresentar uma boa eficiência de frenagem independente da condição de
operação.
Distorções onduladas no disco: O aquecimento do disco pode provocar
distorções de forma ondulada na geometria do mesmo causadas pela
dilatação do material do disco, que por fazer com que a área de contato da
pastilha e do disco seja irregular ao longo da rotação (Hartsock & Fash,
2000).
25
Pontos de aquecimento no disco: O aumento de pressão em determinados
pontos do disco devido a variação na sua geometria, causa o aparecimento
de pontos de aquecimento no mesmo, referidos como hot spots (pontos
quentes). Esses pontos de aquecimento concentram a geração e a condução
de calor no local, causando mudanças metalúrgicas e formação da
martensita, como mostra Iombriller (2002), fazendo com que esses pontos
sejam mais duros do que o resto da superfície.
Trincas no disco: Outra consequência pode ser o aparecimento de manchas
de aquecimento, que apesar de surgirem pelo mesmo motivo dos pontos
de aquecimento, se propagam em áreas maiores do disco, causando o
aparecimento de trincas térmicas por causa do escoamento plástico do
material da superfície, e devido ao uso repetitivo do disco de freio, as
trincas podem progredir e levar à falha total do disco, como sugere
Brezolin (2007).
26
Sendo que 𝐹𝑁 é a força de normal à superfície de atrito e 𝜇𝑑 é o coeficiente de
atrito cinético, que depende das superfícies que estão em contato, da temperatura e de
possíveis contaminantes.
𝑙𝑝
𝑇𝑓𝑟 = 𝐹𝑓𝑟 (𝑟𝑑 − 2 ) (2)
𝑑𝑊 = 𝜏 𝑑𝜃 (3)
𝑑𝑊 𝑑𝜃
𝑃𝑜𝑡 = = 𝜏 𝑑𝑡 (4)
𝑑𝑡
Logo
𝑃𝑜𝑡 = 𝜏𝜔 (5)
27
1.5 MÁXIMO FLUXO DE CALOR
0,0288(439−0,46𝑇𝑑 )
𝑞 ′′ = (7)
𝛿
Sendo que o fluxo considerado é aquele que ocorre na área varrida, ou seja, a área
de contato da pastilha com o disco. Uma consideração que ainda deve ser feita, é neste
cálculo, não deve ser utilizada a área varrida total, e sim apenas uma parcela que no caso
de pinças fixas deve ser de 70 a 75% e no caso de pinças flutuantes é de 50 a 65%.
Este valor será avaliado futuramente, como forma de validar a geometria do disco
de freio, baseando-se na máxima temperatura atingida pelo mesmo.
1.6 MOTIVAÇÃO
O projeto atual, porém, contém falhas por não ter sido desenvolvido um estudo
confiável em relação às cargas térmicas atuantes no processo de frenagem, fato que
permitiu o surgimento de problemas desta natureza, sobretudo a ocorrência de
deformações onduladas no disco e o aparecimento de pontos de calor na sua superfície,
diminuindo muito a vida útil dos discos projetados, inclusive impedindo que sua
28
utilização fosse possível durante duas competições consecutivas, comprometendo muito
a confiabilidade do protótipo.
1.7 OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo modelar e analisar um disco de freio para
um veículo de competição da categoria Baja SAE focado na solução do problema térmico,
com o objetivo de prever o desempenho dos componentes para distintas condições de
operação e solicitação, de modo a prevenir possíveis problemas decorrentes de
superaquecimento. Para tanto serão realizadas abordagens numérica e computacional,
onde serão modelados os modos de transferência de calor no disco de freio. Assim, os
seguintes objetivos específicos podem ser listados:
29
Por fim, desta maneira acredita-se que será possível desenvolver um método de
análise térmica confiável que possa ser aplicado em situações distintas de projetos de
discos de freio.
30
2 MODELAGEM TÉRMICA DO DISCO DE FREIO
2.1 DIMENSIONAMENTO MECÂNICO
A pressão da linha pode ser expressa em função da força que imposta pelo cilindro
mestre Fcm e da área do embolo do mesmo Acm, conforme a seguinte relação:
𝐴𝑝𝑖𝑛ç𝑎
𝐹𝑓𝑟 = 2𝜇𝑑 𝐹𝐶𝑀 (9)
𝐴𝐶𝑀
A força exercida pelo cilindro mestre Fcm pode ser reescrita em função de uma
constante B de distribuição do próprio cilindro mestre, que representa a porcentagem de
força de saída do cilindro mestre que será dividida entre os eixos dianteiro e traseiro do
veículo, da força de acionamento e da relação de pedal K, uma constante que faz a
multiplicação da força de acionamento exercida pelo piloto no pedal de freio para o
cilindro mestre, que deve ser definida pelo projetista do sistema de freios, podendo variar
de acordo com a necessidade do projeto, e é dada pela seguinte relação:
𝐴𝑝𝑖𝑛ç𝑎
𝐹𝑓𝑟 = 2𝜇𝑑 𝐵𝐾𝐹𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 (10)
𝐴𝐶𝑀
31
Desta maneira, é possível relacionar todos os parâmetros de projeto, com a
potência de frenagem.
𝐴𝑝𝑖𝑛ç𝑎 𝑙𝑝
𝑃𝑜𝑡𝑓𝑟 = 2𝜇𝑑 𝐵𝐾𝐹𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 (𝑟𝑑 − 2 ) 𝜔 (11)
𝐴𝐶𝑀
32
resfriamento de Newton. O parâmetro de proporcionalidade é o coeficiente de
transferência de calor, o qual depende de características do campo de velocidades,
propriedades do fluido e de geometria do disco de freio. Ainda segundo Lienhard (2016)
uma forma de representar a quantidade de calor transferida por convecção é dada por.
33
Figura 6 - Divisão do disco em seções para análise
Onde o raio r é determinado pelo índice i, o ângulo θ pelo índice j e por se tratar
de uma situação de regime não-permanente existe um tempo de transição entre o primeiro
e o último segmentos, igual a t, que representa o intervalo de tempo necessário para uma
rotação completa do disco de freio, que é determinado pelo índice m. A Figura 7 ilustra a
nomenclatura adotada para identificação dos elementos da discretização do disco de freio.
34
Figura 7 - Seções do disco de freio
𝑉
ℎ( )
𝐴
𝐵𝑖 = (15)
𝑘
Os projetos de discos de freio necessitam que exista uma região vazada no seu
centro, onde são inseridos eixos girantes ou cubo de roda, em geral, além de possuir uma
pista externa relativamente pequena, variando de acordo com o tipo de pastilha adequada
para o disco; desta maneira existirão apenas duas seções no sentido radial do disco de
freio, conforme mostradas na Figura 7, uma faixa externa que entrará em contato com a
pastilha de freio, representada pelo índice i+1, e uma faixa interna que estará sujeira às
consequências desta interação, representada pelo índice i.
35
Figura 8 - Área do volume de controle
𝑑𝐸
𝑞𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (20)
𝑑𝑡
Sendo que a taxa de calor total será a soma da dissipação por condução, convecção
e radiação, e do calor adicionado por atrito na interface pastilha-disco, quando houver,
sendo possível reescrever a equação da primeira lei da termodinâmica em função das
formas de transmissão de calor estudadas:
36
𝑑𝐸
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 + 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 + 𝑞𝑟𝑎𝑑 + 𝑞𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = (21)
𝑑𝑡
(𝑇𝑖,𝑗,𝑚 −𝑇𝑖,𝑗−1,𝑚 )
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘∆𝑟𝛿 (22)
𝑟∆𝜃
(𝑇𝑖,𝑗,𝑚 −𝑇𝑖,𝑗+1,𝑚 )
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘∆𝑟𝛿 (23)
𝑟∆𝜃
(𝑇𝑖,𝑗,𝑚 −𝑇𝑖+1,𝑗,𝑚 )
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘𝑟∆𝜃𝛿 (24)
∆𝑟
(𝑇𝑖+1,𝑗,𝑚 −𝑇𝑖+1,𝑗−1,𝑚 )
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘∆𝑟𝛿 (25)
𝑟∆𝜃
(𝑇𝑖+1,𝑗,𝑚 −𝑇𝑖+1,𝑗+1,𝑚 )
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘∆𝑟𝛿 (26)
𝑟∆𝜃
(𝑇𝑖+1,𝑗,𝑚 −𝑇𝑖,𝑗,𝑚 )
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘𝑟∆𝜃𝛿 (27)
∆𝑟
37
Desta forma é possível concatenar as equações demonstradas de forma a
representar a condução total de calor em cada uma das faixas em que o disco foi dividido:
(28)
(29)
Neste caso duas situações distintas ocorrem, para a faixa interna, com o índice i,
a dissipação por radiação sempre estará presente, porém para a faixa externa, em i+1, a
radiação só estará presente nos momentos em que não houver contato da pastilha com o
disco. É possível estabelecer uma relação entre a variação temporal, dada pelo índice m,
e a variação angular, dada pelo índice j, visto que ambas irão variar igualmente conforme
o disco é rotacionado, fazendo com que o contato entre a pastilha e o disco exista apenas
nas posições em que o valor de j seja igual ao valor de m, única situação em que não
ocorrerá a dissipação do calor por radiação no modelo analítico.
Desta maneira, a taxa de transferência de calor por face dos elementos é dada por:
38
Para a faixa externa (maior raio)
Sendo que β é uma constante para determinar quando haverá dissipação de calor
por radiação, tendo valor igual a 1 quando m+1 = j e valor igual a 0 quando m+1≠j.
Assim como no caso da dissipação por radiação, ocorrem duas situações distintas
para a dissipação por convecção. Na faixa interna ela sempre estará presente, porém na
faixa externa, só aparecerá nas mesmas condições da radiação, quando a pastilha não
estiver em contato com o disco naquele local.
Segundo Kreith (2001) o número de Reynolds para um disco girando é dado por
𝜔𝑟 2
𝑅𝑒 = 𝑣
(34)
39
onde ν é a viscosidade cinemática, e ω é a velocidade angular.
0,8
𝑘𝑎𝑟 𝜔×𝑟 2
ℎ= 0,0149 ( ) (36)
𝑟 𝑣
40
Sendo que esta taxa de calor adicionado por atrito ocorrerá apenas na faixa externa
do disco de freio, quando a pastilha estiver em contato com a seção do disco a ser
analisada. Assim, da Equação 11 é possível fazer:
𝐴𝑝𝑖𝑛ç𝑎 𝑙𝑝
𝑞𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = [2𝜇𝑑 𝐵𝐾𝐹𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 (𝑟𝑑 − 2 ) 𝜔] 𝛽 (38)
𝐴𝐶𝑀
Como está sendo considerado um sistema transiente, significa que haverá variação
da temperatura de acordo com a variação do tempo; desta maneira o lado direito da
equação da conservação de energia, Eq. (36), representa a taxa de armazenamento de
energia, ou taxa de aumento na energia interna, que pode ser expressa também em função
da variação da temperatura no tempo.
𝜕𝐸 𝜕𝑇
= 𝑚𝑐𝑝 𝜕𝑡 (39)
𝜕𝑡
(𝑇𝑖,𝑗,𝑚+1 −𝑇𝑖,𝑗,𝑚 )
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 = 𝑟∆𝜃∆𝑟𝛿𝜌𝑐𝑝 (40)
∆𝑡
Que ocorre de maneira análoga para a faixa externa do disco, apenas alterando o
índice i para i+1.
41
equação para cálculo da distância de frenagem através da velocidade inicial do veículo e
da propriedade de atrito do pneu com o solo através de algumas correlações:
Sendo que o trabalho realizado pode ser expresso pela seguinte equação:
𝑣 2
∆𝑠 = 2𝑔𝜇0 (44)
𝑝𝑠
Como o disco está no mesmo eixo do pneu, a distância percorrida em uma rotação
deve ser calculada em relação às rotações do eixo.
𝑙 = 𝜋𝐷 (45)
∆𝑠
𝑁 = 𝜋𝐷 (46)
42
2.3.3 Tempo máximo de frenagem
𝑣
𝑡𝑓𝑟 = 𝑔𝜇0 (47)
𝑝𝑠
Desta maneira, torna-se possível calcular o tempo gasto durante uma rotação
completa do disco de freio, para que em seguida descubra-se o tempo gasto em cada seção
do disco, um valor dependente do número de seções em que o mesmo for dividido para
análise.
𝑡𝑓𝑟
𝑡𝑟𝑜𝑡 = 𝑁
(48)
Será dependente do número de seções em que o disco for dividido para análise.
𝑡
∆𝑡 = 𝑗 𝑟𝑜𝑡 (49)
𝑀Á𝑋
Sendo que 𝑗𝑀Á𝑋 é o número de seções em que o disco é dividido ao longo de sua
variação angular.
i=1 (50)
j = 1,…,10 (51)
m = 1,…,10 (52)
Sendo que, da seção 2.3, é possível descobrir a quantidade de vezes que será
necessário repetir o procedimento, de acordo com a distância total de frenagem.
43
Assim, a variação temporal de temperatura para cada elemento do modelo
proposto pode ser estimada a partir das equações de conservação de energia descritas na
seção 2.2, as quais contemplam a previsão de transferência por condução, convecção e
radiação, bem como o aquecimento do disco de freio devido ao atrito com a pastilha. As
equações resultantes para obtenção da temperatura em cada um dos elementos são
apresentadas abaixo:
Sendo os coeficientes:
𝑘∆𝑟𝛿
𝑟∆𝜃
𝑏1 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (55)
∆𝑡
𝑘𝑟∆𝜃𝛿
∆𝑟
𝑐1 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (56)
∆𝑡
−𝐹1−2 𝜀𝜎𝑟∆𝑟∆𝜃
𝑑1 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (57)
∆𝑡
Sendo os coeficientes:
44
𝑘∆𝑟𝛿
𝑟∆𝜃
𝑏2 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (61)
∆𝑡
𝑘𝑟∆𝜃𝛿
∆𝑟
𝑐2 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (62)
∆𝑡
−𝐹1−2 𝜀𝜎𝑟∆𝑟∆𝜃
𝑑2 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (1 − 𝛽) (63)
∆𝑡
45
O cálculo numérico foi realizado com o auxílio de uma planilha eletrônica para
otimizar o processo do cálculo do perfil de temperaturas na superfície do disco, foram
escritas as equações demonstradas na seção 2.4 de forma a tornar necessário apenas
informar os valores das condições iniciais de projeto e demais constantes conhecidas para
que fosse possível obter os resultados desejados. Pelo fato de se tratar de cálculos
relativamente simples, o cálculo é realizado praticamente de forma instantânea, além de
permitir a alteração dos parâmetros iniciais de forma simples, sem prejudicar o
processamento dos dados, facilitando a comparação do comportamento resultante de
alterações como diâmetro e espessura do disco, tornando todo o processo ágil e eficiente.
Para que a comparação entre os valores obtidos fosse adequada, algumas variáveis
de projeto foram transformadas em constantes, para servirem como condições de
contorno para a abordagem analítica, sendo a velocidade inicial do veículo, para a qual
se utilizou o valor da velocidade máxima atingida pelo protótipo da Equipe Tuffão Baja
SAE durante a prova de aceleração e velocidade da competição Nacional de 2017,
resultando no maior torque de frenagem do sistema; além das informações relativas ao
material utilizado no disco, por serem propriedades cujos valores se praticamente não se
alteram quando comparamos entre os materiais mais utilizados na fabricação de discos
de freios.
46
1. Verificação do número de Biot, que deve respeitar a condição explicada
no item 2.2 para que a aplicação da abordagem analítica seja válida para o
modelo proposto;
2. Cálculo da distribuição final de temperaturas na superfície do disco de
freio, realizado com o auxílio de uma planilha eletrônica, de acordo com
as equações (42) a (48);
3. Verificação do fluxo de calor atuante no disco de freio, de acordo com o
item 1.6, para que se avalie a possibilidade de ocorrência de falhas de
natureza térmica no disco. Este deve ser o passo final pois é necessário que
se conheça a maior temperatura atingida na superfície do disco para que o
cálculo do fluxo permitido seja realizado. É válido mencionar que a fim
de realizar uma análise conservativa, o valor da área varrida utilizado no
cálculo do fluxo de calor deve ser sempre o maior possível, ou seja, no
caso de pinças flutuantes, como o caso estudado, deve ser de 65% da área
varrida total.
47
Todos os modelos propostos cumpriram os requisitos necessários para que a
abordagem matemática desenvolvida pudesse ser aplicada e também para que o disco
proposto possa ser fabricado sem que exista risco de falha térmica. Na Tabela 3 estão
apresentadas as máximas temperaturas atingidas nas faixas interna e externa em cada um
desses cenários.
48
Figura 9 - Variação de temperatura por volta.
Adicionalmente, pode ser observado a partir da Figura 9 que a temperatura da
faixa interna do disco apresenta reduzido incremento da temperatura no início da
frenagem, o que é atribuído ao processo transiente sendo necessário inicialmente o
aquecimento da banda em contato com a pastilha, para posteriormente transferir calor
para a faixa interna. A partir das análises, constata-se aquecimento significativo da faixa
interior do disco a partir de nove rotações com frenagem, fenômeno que ocorreria apenas
com velocidades iniciais maiores do que a considerada na atual análise, sendo que as
temperaturas máximas desta faixa são inferiores às da faixa externa, conforme esperado.
O método desenvolvido na seção anterior considera que cada uma das seções da
faixa externa do disco tem a mesma área da pastilha de freio, porém a partir dos resultados
obtidos é possível que se realize uma otimização da abordagem proposta, que consiste em
diminuir o volume de controle analisado para que o cálculo do ganho de temperatura na
superfície do disco de freio ocorra em seções menores, ocorrendo uma diminuição do
tamanho do elemento analisado, o que permite uma precisão maior dos resultados obtidos,
por minimizar os erros provenientes de aproximações que são feitas durante a
modelagem.
49
As equações utilizadas neste processo de validação são as mesmas apresentadas
na seção 2.3, com a diferença de que com o surgimento de faixas intermediárias na divisão
do disco de freio, é necessário também que se desenvolva duas novas equações, que
representam o perfil de temperatura em cada uma dessas faixas intermediárias, que podem
ser divididas em duas categorias, sendo aquelas mais internas ao disco, onde não haverá
contato com a pastilha, e aquelas mais externas ao disco, onde haverá contato com a
pastilha durante a frenagem, e por consequência haverá aporte de calor; assim, o
coeficiente β demonstrado na seção anterior será válido também para as equações a
seguir:
Sendo os coeficientes:
𝑘∆𝑟𝛿
𝑟∆𝜃
𝑏3 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (67)
∆𝑡
𝑘𝑟∆𝜃𝛿
∆𝑟
𝑐3 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (68)
∆𝑡
−𝐹1−2 𝜀𝜎𝑟∆𝑟∆𝜃
𝑑3 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (69)
∆𝑡
50
Sendo os coeficientes:
𝑘∆𝑟𝛿
𝑟∆𝜃
𝑏4 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (73)
∆𝑡
𝑘𝑟∆𝜃𝛿
∆𝑟
𝑐4 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (74)
∆𝑡
−𝐹1−2 𝜀𝜎𝑟∆𝑟∆𝜃
𝑑4 = 𝑟∆𝑟∆𝜃𝛿𝜌𝑐𝑝 (1 − 𝛽) (75)
∆𝑡
51
Figura 11 - 2º Refino Numérico (320 divisões)
52
Figura 13 - 4º Refino Numérico (5120 divisões)
Índice
Índice i Índice j
m
1º Refino 1a3 1 a 20 1 a 20
2º Refino 1a7 1 a 40 1 a 40
3º Refino 1 a 15 1 a 80 1 a 80
4º Refino 1 a 31 1 a 160 1 a 160
53
todos os modelos analisados, diminuindo cerca de 3% do valor da temperatura máxima
obtida inicialmente; e a partir dos refinos subsequentes a diferença entre os valores
obtidos já se mostrava muito pequena, com variações inferiores a 1%, demonstrando a
convergência dos resultados obtidos de forma numérica, conforme pode ser visto na
tabela a seguir.
54
3 ANÁLISE COMPUTACIONAL DO DISCO DE FREIO
Durante o capítulo anterior foi discutida uma abordagem matemática para o
cálculo do perfil de temperaturas existente no disco de freio durante o processo de
frenagem, onde foram feitas as considerações possíveis para que o modelo abordasse
fielmente o comportamento real deste processo.
55
de se modelar o problema analiticamente de forma confiável quanto pela impossibilidade
de se representar com fidelidade as condições de contorno que envolvam o problema, que
ocorre de maneira mais simples com o uso de ferramentas numéricas. Deve ficar claro
que também existem imprecisões nos resultados obtidos por essas ferramentas
computacionais, sendo o objetivo principal deste capítulo a realização de uma
metodologia de cálculo computacional que diminua o máximo possível dos erros
envolvidos na análise por simulação numérica computacional.
3.1.1 CAE
O Método dos Elementos Finitos pode ser definido como um método matemático,
no qual um meio contínuo é discretizado em elementos que mantém as propriedades de
quem os originou, esses elementos são descritos por equações diferenciais e resolvidos
por modelos matemáticos para que sejam obtidos os resultados desejados (Lotti,
Machado, Mazzieiro, & Landré Jr., 2006).
56
Sendo uma das principais bases para a utilização de programas CAE o Método
dos Elementos Finitos é amplamente utilizado no meio da engenheira, e tratando-se de
equipes de competição, como Baja e Fórmula SAE essa utilização se torna muito
necessária, para que exista a possibilidade de se verificar a viabilidade, confiabilidade e
desempenho das peças modeladas antes da sua fabricação, para que não exista desperdício
financeiro e de tempo durante o projeto.
1. Pré-processamento
Nesta etapa se prepara o problema que será solucionado, modela-se o
fenômeno, implementa-se as condições inicias e de contorno, escolhem-se
as propriedades dos materiais e caso seja possível são feitas as
simplificações que facilitem a análise, desde que não prejudiquem os
resultados. É nesta etapa que são determinados os elementos a serem
analisados, criando-se a discretização do domínio, ou seja, a malha; é
consenso que um pré-processamento bem feito facilita a resolução
computacional, aumentando a confiabilidade dos resultados obtidos.
57
2. Processamento
Esta etapa depende diretamente do que foi feito na etapa anterior, pois é
neste momento que o computador irá efetivamente realizar os cálculos e
por consequência gerar os arquivos onde os resultados da análise estarão
disponíveis.
3. Pós-processamento
Na última etapa que os dados obtidos devem ser analisados, de forma que
o projetista deve avaliar o comportamento do modelo para verificar se ele
pode ser aprovado ou se existe a necessidade de realizar alterações no
projeto. Como a análise numérica possui incertezas acumuladas é
importante que se analise os resultados obtidos com modelos
experimentais ou analíticos confiáveis, a fim de se comprovar a veracidade
dos dados obtidos.
Teixeira, Kessler, & Maliska (2009) promoveram uma discussão sobre formas de
minimizar os erros envolvidos na análise numérica computacional, além de identificar as
principais fontes de incertezas neste tipo de análise:
58
Define-se a convergência aceitável da solução quando o resíduo atinge um valor
abaixo de um critério especificado pelo projetista, significando que a solução não mude
significativamente entre uma iteração e a seguinte. Portanto, para se garantir uma boa
convergência da solução é importante que se estabeleça um critério para a discretização
do domínio do problema.
59
modelos considerados serão discos maciços, sem qualquer alívio de massa, para se
assemelhar com o modelo proposto na abordagem analítica do problema.
Como discutido anteriormente, esta é uma das etapas mais importantes da análise
computacional, visto que é neste momento que é feita a escolha da malha que servirá
como base para a implantação da técnica por elementos finitos na análise. Recomenda-se
60
que inicialmente seja feita uma malha grosseira, analisando se existe continuidade nos
elementos gerados, pois caso contrário este já seria um empecilho para a simulação, e
após a primeira obtenção de resultados se verifique a necessidade de refino da malha; esta
recomendação ocorre pois quanto mais refinada for a malha gerada, maior será o esforço
computacional gasto para resolver a análise, inclusive com um tempo de processamento
maior, dessa maneira, o refino deve ser realizado após uma verificação de coerência dos
resultados obtidos com os previstos, para evitar gasto computacional desnecessário.
A malha gerada para o modelo deve ser composta por elementos SOLID90
hexaédricos, com 20 nós cada, pois este tipo de elemento é recomendado para análises
térmicas transientes ou estacionárias, possuindo um grau de liberdade, relativo à
temperatura, em cada nó, este tipo de elemento é indicado para análises térmicas em
componentes com geometrias curvas e cilíndricas (ANSYS, 2017). No caso de se fazer
refino de malha a principal região a ser refinada deve ser aquela na qual existe o contato
da pastilha de freio com o disco, por ser o local onde ocorre a maior variação de
temperatura no processo.
61
Figura 17 - Malha padrão
3.4.4 Condições iniciais e de contorno
62
Figura 18 - Representação da taxa de calor fornecida por atrito na frenagem
63
Na Figura 19 está parcialmente representada a forma como simula-se o contato da
pastilha com o disco de freio, como o modelo foi dividido em dez seções iguais, cada uma
das seções entra em contato com a pastilha uma vez a cada rotação do disco, e apenas
nestes intervalos de tempo que ocorrerá a adição de calor por atrito nas mesmas.
64
Tabela 6 - Simulações computacionais e dados das malhas utilizadas, conforme
modelos descritos em Tabela 2.
Temperatura
Número de Nós Número de Elementos Tempo de análise
Máxima (K)
1º Modelo 389,01 1963 255 1 m 40 s
2º Modelo 380,17 1905 251 1 m 33 s
3º Modelo 374,30 1930 251 1 m 35 s
4º Modelo 367,42 1913 250 1 m 37 s
5º Modelo 383,18 2786 404 2 m 40 s
6º Modelo 377,37 2542 357 2 m 00 s
7º Modelo 369,29 2647 392 2 m 06 s
8º Modelo 360,41 2491 359 2 m 00 s
9º Modelo 380,24 2868 240 1 m 35 s
10º Modelo 372,29 1833 235 1 m 40 s
11º Modelo 365,63 1823 235 2 m 07s
12º Modelo 360,23 2357 302 2 m 59 s
13º Modelo 374,73 2107 272 2 m 05 s
14º Modelo 367,34 2107 272 2 m 26 s
15º Modelo 361,15 2107 272 1 m 50 s
16º Modelo 356,48 2099 273 2 m 21 s
17º Modelo 369,30 3403 450 3 m 19 s
18º Modelo 362,38 3447 452 3 m 23 s
19º Modelo 356,68 3389 448 3 m 03 s
20º Modelo 352,01 3406 449 2 m 37 s
A comparação entre os resultados obtidos através dos dois métodos utilizados foi
satisfatória, visto que os valores dos erros relativos foram muito baixos, comprovando a
validade do método computacional utilizado para execução da análise; desta maneira é
interessante que se avalie o quanto é possível otimizar os resultados obtidos de forma
computacional, para que seja possível estabelecer uma faixa de incertezas presentes nos
resultados obtidos quando não for possível realizar a comparação com dados analíticos.
65
malhas refinadas, porém adotou-se esse tipo de malha para se otimizar a comparação dos
resultados; nesta etapa, porém, foi realizado um estudo de convergência de malha nos
modelos 3 e 4, pois estes foram os que apresentaram os maiores erros relativos dos
resultados computacionais com os numéricos, para que fosse possível conhecer o
comportamento da análise térmica com o refino de malha computacional.
Em ambos os casos não foi possível realizar um 6º refino das malhas dos modelos
por se atingir a limitação do número de nós/elementos impostos pela versão utilizada do
software; porém é importante notar que de qualquer maneira este refino se mostrava
desnecessário, visto que o número de nós, elementos e o tempo de análise iriam aumentar
ainda mais, porém os resultados obtidos não sofreriam alterações que justificassem o
esforço computacional realizado, visto que os três últimos processos já apresentavam
pequenas variações entre os resultados, com um tempo de processamento elevado.
66
Analisando os resultados do refino de malha do modelo 4, que possuía o maior
erro relativo com o resultado analítico dos modelos propostos, nota-se que através do
primeiro processo de refino de malha realizado, a variação entre os resultados obtidos
computacionalmente (utilizando a malha padrão e a primeira malha otimizada) foi de
0,82%, diminuindo o erro relativo entre as temperaturas obtidas analiticamente e
computacionalmente de 5,82% para 5,05%, enquanto no quarto refino essa variação
(entre os valores obtidos através da terceira e da quarta malhas otimizadas) era de 0,05%,
diminuindo o erro relativo em relação à temperatura obtida pelo método analítico para
4,58%. Ou seja, a variação entre valores obtidos por meio de duas malhas distintas se
tornou muito pequena, indicando que os valores obtidos estavam convergindo, e que não
havia necessidade de mais refinos, pois o processo não impactaria de forma relevante no
resultado obtido.
67
Observando a mesma área nas imagens a seguir nota-se que com o refino da malha
os resultados obtidos, além de se aproximarem do valor analítico, tornam-se mais
homogêneos, sem uma grande variação dentro de uma mesma seção analisada, sendo este
o comportamento esperado.
68
Figura 24 - 4º Refino de Malha (2920 elementos)
69
Figura 26 - Valores Máximos na Malha Otimizada (3735 elementos)
Através de uma rápida análise dos valores indicados é possível perceber uma
uniformidade dos resultados obtidos, com variações que podem ser consideradas normais
em uma análise computacional; uma média entre os valores indicados na Figura 26 resulta
em uma temperatura média de 357,39 K para a seção mais quente do disco de freio, que
comparada com o valor máximo da temperatura obtido analiticamente resulta em um erro
relativo de apenas 3,18%.
71
4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS
A Tabela 9 mostra a maior temperatura atingida na superfície do disco de freio
pela abordagens numérica e computacional, em cada um dos 20 modelos propostos.
Também está representado o valor do erro percentual relativo entre os cálculos dos dois
métodos. Sendo que o erro é dado por:
𝑇𝑐𝑜𝑚𝑝𝑢𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 −𝑇𝑎𝑛𝑎𝑙í𝑡𝑖𝑐𝑎
𝐸𝑟 = ( ) × 100% (77)
𝑇𝑐𝑜𝑚𝑝𝑢𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
72
Figura 27 - Comparação dos Resultados das Abordagens Numérica e Computacional
Os resultados obtidos através dos dois métodos foram bem próximos, resultado
em um erro relativo mínimo de 3,98 % e erro máximo igual a 6,02%, valores baixos
quando comparados com a magnitude das temperaturas atingidas pelo disco de freio.
Deve-se ressaltar que uma prática comum nesse tipo comparação, entre resultados
analíticos e computacionais, é que sejam aceitas discrepâncias entre valores de até 5%, o
que representa que alguns dos modelos analisados estariam fora da faixa definida como
erro relativo aceitável, porém através do processo de refino de malha explicado na seção
anterior esses valores seriam menores, visto que pelo processo de refino, o maior erro
original atingiu um valor de 4,60%, indicando que caso o mesmo processo fosse realizado
para os demais modelos todos os resultados obtidos estariam dentro da faixa de erro
relativo aceitável.
73
baixa, com valores semelhantes para os 20 modelos utilizados, sendo que a variação entre
essas quantidades ocorre pelas diferenças geométricas dos modelos. Como pode ser visto
na Figura 20 essa malha grosseira apresentou algumas falhas na região interna do disco,
causadas pela geometria circular desse tipo de peça; esse erro, porém, interfere pouco no
resultado final da análise, dado que a região de maior interesse é a mais externa do disco,
por ser a área onde existe o contato do material de fricção com o disco durante o momento
da frenagem. A limitação do software é de 32.000 nós/elementos, o que permite um
processo de refino de malha com o objetivo de se diminuírem os erros resultantes da
simulação numérica.
74
5 MODELOS OTIMIZADOS DE DISCOS DE FREIO
Os discos de freio utilizados por equipes de Baja SAE raramente são sólidos, sem
qualquer tipo de alívio de massa, como o modelado na parte analítica deste trabalho; em
geral possuem geometrias mais bem trabalhadas, buscando sempre a redução de massa
dos componentes do protótipo, para que se otimize o projeto, e também por questão
estética, visto que um dos critérios de avaliação durante as competições é de se realizar
um projeto que seja comercializável e atrativo para o público consumidor. Conforme
discutido nas seções anteriores o método numérico desenvolvido no presente trabalho não
se aplica nestes casos, pela complexidade de se modelar tais geometrias
matematicamente, porém a partir do momento que se comprovou a eficácia do método de
análise computacional é possível que os valores resultantes desse tipo de análise sejam
considerados reais, desde que se tenha em mente que existe um erro proveniente deste
tipo de análise, e realizando os procedimentos explicados na seção anterior procura-se
minimizar os erros computacionais, não comprometendo o projeto do disco de freio.
76
A partir dos parâmetros mencionados foram modelados três discos de freio com
geometrias distintas, para que possa ser realizada uma comparação entre os resultados
obtidos pela análise térmica dos mesmos, de modo a se avaliar a influência das variações
realizadas em suas geometrias no comportamento térmico do disco, determinando-se a
melhor escolha para a Equipe.
77
Figura 29 - Segundo Modelo Otimizado (Modelo O2)
78
Os três modelos propostos apresentam vantagens em comparação com os discos
maciços modelados na seção anterior, além da redução de massa já mencionada, possuem
uma maior capacidade de transferência de calor por convecção, pois devido aos alívios
de massa em suas superfícies resultam em uma maior área para esse tipo de troca térmica,
essas alterações na geometria também auxiliam a evitar a deformação do disco de freio,
por impedir que o material liberado pelas pastilhas de freio fique preso no disco, o que
diminuiria a vida útil da peça. Essas variações geométricas observadas nas imagens acima
produzem algumas diferenças entre os modelos, sendo que as principais que influenciam
no comportamento térmico do disco de freio estão demonstradas na tabela a seguir, assim
como os resultados da temperatura máxima atingida na superfície de cada modelo, e o
fluxo de calor permitido calculado através da equação 7, cujos valores são maiores do que
os do fluxo de calor existente comprovando que não existe risco de falha térmica nestes
modelos.
79
Figura 31 - Resultado da Análise Computacional (Modelo O1)
80
Figura 33- Resultado da Análise Computacional (Modelo O3)
81
Figura 34 - Gráfico Temperatura [K] x Tempo de Resfriamento [s]
82
temperatura máxima é baixa relativa àquela que poderia causar falhas de natureza
térmicas, além de demonstrar uma capacidade de resfriamento eficiente; este modelo
também resulta em uma grande redução de massa em comparação com os demais modelos
sugeridos, e sua geometria possui uma particularidade que permite uma melhora na
eficiência de frenagem, visto que competições Baja SAE ocorrem em locais com muita
lama e pedras, itens que em contato com o disco modificam a superfície de contato
pastilha/disco, diminuindo a eficácia da frenagem, e os alívios de massa existentes na
superfície do disco promovem um comportamento “autolimpante” do disco, favorecendo
o desprendimento da contaminação indesejada.
83
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O presente trabalho teve como principal objetivo a modelagem dos modos de
transferência de calor no disco de freio para um veículo de competição da categoria Baja
SAE, através de abordagens numérica e computacional, de modo a se tornar possível a
previsão do comportamento térmico desse componente, e a consequente prevenção de
falhas de natureza térmica.
Em seguida foi realizada uma comparação entre alguns modelos de discos de freio
propostos, que poderiam ser analisados tanto numericamente quanto
computacionalmente, que englobam um número razoável de opções de projeto de
veículos Baja SAE. Nesta etapa foi possível perceber a validade do método
computacional proposto, visto que os resultados obtidos através dos dois métodos foram
muito próximos, apresentando erros relativos muito pequenos, que se encontravam na
faixa de erros permitida pelo projeto.
Por fim foram propostas três geometrias distintas de discos de freio, de acordo
com a necessidade atual da Equipe Tuffão Baja SAE, que não poderiam ser analisados
através do método analítico, devido às limitações presentes no mesmo, porém que se torna
confiável com a comprovação da validade do método numérico implementado. Foram
realizadas algumas considerações sobre os três modelos propostos, principalmente em
relação ao comportamento térmico dos mesmos.
84
Portanto espera-se que o presente trabalho possa contribuir para o
desenvolvimento não só da Equipe Tuffão Baja SAE, assim como para as demais
participantes do projeto Baja SAE. As abordagens analítica e numérica utilizadas se
mostraram confiáveis e possíveis de serem aplicadas durante o projeto do disco de freio,
cada uma com suas vantagens e limitações conforme explicado durante o trabalho. É
importante ressaltar que a análise desenvolvida se preocupou apenas com o
comportamento térmico do disco de freio, sendo imprescindível que o projetista também
avalie os demais esforços atuantes na peça, para que não existam falhas de outras
naturezas durante sua utilização.
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Unidos.
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86
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