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onomia, Poder e Gestão Territórios

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urroRA
Economia, Poder e Gestão de Territórios
Marcelo Milano FalcãoVieira
Euripedes Falcão Vieira

Geoestra égia
Globa
Economia, Poder e Gestão de Territórios

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FGV
EDITORA
ISBN - 978-85-225-0624-8

Copyright © Marcelo Milano Falcão Vieira e Euripedes Falcão Vieira

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Os conceitos emitidos neste livro são de inteira responsabilidade dos autores.

Lediçãc - 2007

Preparação de originais: Mariflor Rocha

Editoração eletrônica: Maristela Almeida

Revisão: Mauro Pinto de Faria e Aleidis de Beltran

Capa: Alvaro Magalhães

Ficha catalográfica elaborada pela


Biblioteca Mario Henrique Simonsen/Ffi'V

Vieira, Marcelo Milano Falcão


Geoestratégia global: economia, poder e gestão de territórios/
Marcelo Milano Falcão Vieira, Euripedes Falcão Vieira. - Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2007.
l60p.
Inclui bibl iografia.

I. Globalização. 2. Geografia econômica. 3. Relações econômicas


internacionais. 4. Espaço em economia. L Vieira, Euripedes Falcão,
1933- IT. Fundação Getulio Vargas. lIl. Título.

CDD-910.133
Introdução à modernidade global

áuma nova ordem econômica internacional, marcada por um tempo


H de grandes mudanças e rupturas. O fim do grande confronto ideoló-
gico do século XX e com ele do sistema econômico, social e cultural centraliza-
do e dominado pelo Estado, abriu caminho a novas conformações espaciais,
relações econômicas e sociais de caráter global, motivando inúmeros processos
dialéticos que se renovam rapidamente. A fronteira tecnológica em deslocamen-
to permanente, o avanço do conhecimento, a inundação da informação, os po-
deres transnacionais e as soberanias nacionais compartilhadas são algumas das
mudanças e rupturas com o passado ainda recente.
As forças econômicas transterritoriais liberadas pela onda do impulso glo-
bal avançaram sobre as territorialidades nacionais, afetando as soberanias e al-
terando as forças internas de sustentação do Estado-nação. O poder de trans-
formação foi de tal ordem que levou Bauman (2005:34) a afirmar: "globalização
significa que o Estado não tem mais o poder ou o desejo de manter uma união
sólida e inabalável com a nação". Ainda Bauman (2005:51):
o Estado-nação não é mais o depositário natural da confiança pública. A
confiança foi exilada do lar em que viveu durante a maior parte da história
moderna. Agora está flutuando à deriva em busca de abrigos alternativos
_ mas nenhuma das alternativas oferecidas conseguiu até agora equiparar-
se, como porto de escala, à solidez e aparente "neutralidade" do Estado-
nação.
Essa é, na verdade, a razão da perplexidade com o fenômeno da globalização.
Ele desestrutura as sólidas bases do Estado-nação, rompendo, de certa forma,
s laços de cumplicidade entre o Estado, território e sociedade, ou seja, entre a
nação e o Estado.
A palavra globalização tem uma função de signo no processo dialético que
capitaneia a mudança na sociedade e a transformação profunda nas relações
ntre países e blocos econômicos. Contudo, a globalização "não é um conceito
11

A IIHllII'IIIIdll I, d( I til LI' ux n V s ch qu 'às 01 IVII, II 111()111i'. A A II III'" I 11iI111I riItI li I, ,,' IIlt111111I I 1111111
I 11111111
1\1111,.11
I 11'111111I '" lli!l,l , ,I I 1I1I,
II 111:.1'li iluri rli lu I I r dutiva, m rcados e os poderes global .nfraquece- dill,IIIII,t.dH'II·lidIIH.II}\IIII'IIII" \i" ;1'1/1,d.A. 1:.II.III·gi,r·,!\lldlrit.I'lJldll 1111
I 11111 )\' I rn ' S P d res nacionais. A passagem de uma a outra ordem produziu !.i.·dl'lll,r. l·rlllÇ.l:,\jlll :I':ollltllll m às prúucus ILl'ill,lilll iOll,rll 111111""
(I . I I 1111as, na estrutura social, abalos que não puderam ser evitados pela pró- d 111 ronom i .r inu-i n.t do bllmlo naçao. Os Iligar s s ·(ilSOlllll~'oIll. ;11./111
J11ill rupi I Zdas mudanças, inserções e novas dependências. As desestruturações S \lI Sp'tÇOSnacionais strut ~gicos para a p raci nalizaçao das .it ivkl.u l. I" I
1111l'I'I1'l, guçaram o conflito entre o Estado e a nação. Há um crescente afasta- 110mi as uansnaci nais, nurna conforrnaçã ge gráfica. lnt 'I'I1UI11tIllt, 01111111\ I
11111110 ntr o Estado e a sociedade nacional impulsionado pela perspectiva cI ins orça naecon mia global, as privatizações, desregulam 'lll.tÇ<l(,,1 '1111"
glohal, inundada de novos interesses, valores e símbolos. O Estado (República) S spaciais, benefícios fiscais e política de investiment s na dívidil 11,'1111" I
1111América Latina caminha em direção a negociações econômicas globais; os l êm uma conformação institucional. Dessa forma, a institucí naliznçuo dll I
int 'r sses sociais no plano interno ficam subjacentes. O Estado, na verdade, lado-nação por práticas políticas cede a formas de modelagem in LiLlIciol1011 ti I
III Ia mais como preposto de interesses transterritoriais, claramente sobrepos- transnacionalidade dos eventos econômicos.
lps a s objetivos nacionais. Há, evidentemente, na nova realidade, perda da A realidade global mostra um cenário no qual a transterrit rial i l.u l dI I'
i111ratividade entre Estado e nação. eventos econômicos perpassa as nacionalidades. O fenômeno econ 111 i (I, d"
A sociedade cibernética (ciberespaço-tempo) é um horizonte de novas lu- ponto de vista puramente analítico, é transnacional, portanto, envolv mio v 111
z eventos que começa a modelar o sujeito individual, o sujeito coletivo e a as nacionalidades, isoladamente ou' associadas. Isso conduz à idéia d r 1 ,rin«, " I
" ciedade como totalidade nacional. A mudança de comportamento é uma inflexão de territórios nas dimensões geográfica, jurídica, política e militar. N i;M 11111
ti sujeito atuante que se encaixa em nova estrutura cognitiva comandada pela texto se formam os blocos econômicos com a intenção de assegurar a S p'I.,t .
iccnologia microeletrônica. A configuração tempo-espaço como realidade virtual membros melhores condições de participação no comércio internacional, t)
inc rporada ao modo de vida pressupõe uma adeguação da agenda organizacional. governos nacionais, dentro da lógica dos investimentos externos, f rc lIl,1I1\
S gue-se um ciclo de mudanças, inovações e formas comportamentais simétri- oferecer facilidades à instalação de lugares globais e benefícios fiscai às Ime I I
as ao domínio tecnológico contínuo do cotidiano. Os ciclos de mudanças se tivas de produção. Assim, a natureza dos fluxos específicos de cada unidruk ti,
in erem na dinâmica da sociedade que, ao perpassar dos anos, produziu formas produção, independentemente da base física, deixa de ser nacional, assumhulo
im bólicas de domínio social. um caráter transterritoriaI no sistema de complementação de comp n 11111'.
A sociedade dos novos paradigmas, na introdução à época cibernética, acen- montagens, insumos, matéria-prima e tecnologia. Os espaços econôrn ico: dl I1
Lua uma dissonância sistêmica. O crescimento econômico não é propriamente nidos por acordos multilaterais, blocos econômicos, criam novas linhas dI (1"
um projeto de desenvolvimento baseado em estratégia social. Os indicadores do xos e com elas a imagem de interação em redes.
cr scimento quase sempre se contrapõem aos índices de desenvolvimento hu- A ordem econômica transterritorial se realiza em configurações t rriu» i,li,
mano. Isso significa que crescimento como meta do sistema capitalista pode logísticas, produzindo cenários geoestratégicos nos quais se articulam a irnpr u
r Icançar alta significância de desempenho e resultados positivos, porém, pouco tância do lugar, o regionalismo, o local da ação e as manifestações de p ) I 'I, A
Ll nada tem a ver com o desenvolvimento tomado como o conjunto harmônico regionalização é uma forma de reordenarnento dos territórios, uma territorinl il1.,111
I atividades econômicas e os avanços sociais. Pode-se considerar essa uma transnacional, origem e destino dos fluxos cruzados da produç ti,
I bases das desigualdades sociais que conduz a um conformismo responsável comercialização. A globalização e o território, nacional ou transnaci nul, ' 111
r Ia perenidade do paradoxo do crescimento. uma associação da nova ordem produtiva internacional, pois caracterizam 111 I1
Na atual ordem global, Estado-nação não pode ser conceituado como o foi dos pontos vitais da economia atual: a multipolaridade produtiva, OLl s j I, Ii
lurante o período da modernidade industrial. A ordem internacional mudou e múltiplos territórios de produção, e o tráfego policêntrico que repr ,'l111 \
c m ela os poderes escaparam rapidamente das dimensões nacionais para uma movimentação fragmentada de componentes entre os pólos de produção I 1111 1\ I

c nfiguração transterritorial. Os poderes globais transcendem amplamente a tagens. Para Boisier (2005:49) "globalização e território configuram um 1'11
I 'r ri torialidade e a soberania nacionais. São poderes dominantes ou comparti- sobre cuja interação e existência concreta há posições divergentes, rI li, JlII I
Ihados, mas sempre poderes que provocam rupturas de identidades. alguns a globalização desvaloriza o território e para outros, ao contrário, pllll I1I
11111 III'V 1I11I/ll lU I ',lil ri tI".'Tltl d I 'nu " c I1ll11u, 1I 111111111'1im i n \8 I
I ItI, h: I ItI ) 11 I t , on truld n vi - stratégic gl b ti.
I r '\ urnn I gic i rêmica deterrninante da relativa agr g ção de valor ao
11'11iióri . Na gl balização nada é permanente e tudo se estabelece e se sustenta
(111 ur t praz . Na visão dos interesses produtivos globais, "a empresa deixa de
I I onsid rada como a expressão concreta do capitalismo; ela aparece cada vez

IIl,ri, m uma unidade estratégica no mercado internacional competitivo e


I om g nte de utilização de novas técnologias", segundo Touraine (1999: 150).
A It1I rc a, como unidade estratégica é, pois, transitória, dependente da logística
Parte I
qu I gula os mercados e das circunstâncias nacionais que possam beneficiar
ll1 , rar os resultados. Por conseqüência, a unidade estratégica de produção
globu] não é projetada para uma existência de longo prazo.
A ra industrial, com suporte em tecnologias pesadas e fixas, caracterizava
IIJ11tl produção de longo prazo e a sociedade que ela instituiu foi igualmente de

11'g prazo nas manifestações de costumes e comportamentos; uma modernidade


ti I ngo prazo. A sociedade que a sucedeu, cibernética, com suporte em
I 11 logias leves, com estruturas flexíveis e transferíveis de um lugar a outro e
om a rapidez da inovação, caracteriza-se por uma modernidade de curto prazo.
A ra cibernética é um tempo de mudanças e flexibilidades, do transitório, en-
11111.urna sociedade do curto prazo, invadida pela onda inovadora.
Espaço global

Globalização é uma ordem econômica ampla, complexa


e dominante. É preciso, acima de tudo, ter noção de sua
funcionalidade sistêmica. A globalização tem uma lógica de
ação, de articulação, funcionando em tempo real por meio de
uma gigantesca teia de interconexões. A partir do entendimento
da razão global, do poder irradiado e da gestão do território>
poderão ser montadas, com sucesso, as políticas de planejamento
e gestão estratégica. O cenário global está em nosso cotidiano,
portanto, é a realidade de nossas vidas. Ele, também, incorpora
identidades nacionais e compartilha poder e gestão.
1

Logística do espaço

G lobalização, poder e território caracterizam o espaço aberto da nova


ordem econômica mundial. Rompem-se as barreiras nacionais, criam-
se novas conformações espaciais e o poder torna-se transnacional. A idéia glo-
bal não é uma idéia ideológica. É o resultado lógico da expansão da atividade
produtiva em modelagem tecnocognitiva renovada. A construção de uma teoria
crítica à globalização não pode situar-se no campo das generalizações ou aliar-
se à contraposição de alternativas quase sempre retiradas do passado, ou até
mesmo a falta delas em vista do vazio ideológico e da ausência de utopias.
Para Boisier (2005:48) "a globalização é uma poderosa metáfora para des-
crever vários processos mundiais em curso". Outro autor, Canclini (1999)
cunhou uma expressão conceitual, de fino humor: "todo lo que nos es culpa de Ia
corriente dei Nino, es culpa de Ia globalización". A globalização é, na verdade, o
cenário de produção transnacional ao qual se associam, bem ou mal, os cenári-
os nacionais. Para Canclini (1999:21) se coloca a questão de globalizar ou de-
fender a identidade; a um só tempo se entende a globalização como forma de
expansão dos mercados, aumentando a potencialidade econômica das nações;
concomitantemente a ela se atribui o enfraquecimento do Estado-nação. A idéia
de se manter as identidades nacionais num cenário global, onde domina o poder
transnacional, pode representar a possibilidade concreta de equilíbrios entre
sistemas de forças internas e externas.
A globalização foi transformada em muro das lamentações sociais. A ela se
vem atribuindo todos os males das desigualdades, dos confrontos pela terra,
pelo teto, pela justiça, pela distribuição da renda e pela exclusão social. Mas
esses males já existiam antes do processo de globalização das atividades produ-
tivas. A ordem econômica global pode ter agravado em parte esses problemas,
principalmente, considerando as distorções que levaram ao predomínio da espe-
culação financeira sobre o processo produtivo. Mas é preciso considerar outras
variáveis importantes como questões políticas internas, a falta de projetos nacio-
nais de desenvolvimento, a carência de formação educacional adeguada em face
111111111111 j11111t ti' 111111111:1111'11
'1Iljlllllutllliltl, lnilmun nt r 11 i 111-
li 1,"1 I II 1111\li I li li 111U l r pr dutivos e, m luvid 1,1 ra os paí s d,l, UIII "li 1lIIl'I1lÍ1 I t '11'11 10, 'v ntos d ug m. nto d vi t rr ico,os
111111: pull' 'S, I [u ta d r produção humana, I '1'1
ltórios I od '111, 'I' I < 1'11'ça ntiga, intermediária ou recente em escala de
(',1\ I ulizaç~ é uma con:epção cognitiva, uma representação lingüística e l -mpc g I gic é. Gnômenos naturais. A localizaçãoé uma categoria geoeconômica
11111 I 11111 r s,:o de moder~dade. Concepção cognitiva por ser a idealização de fundam ntal, pois as formas espaciais que caracterizam o território poderão garan-
1111111 ~J~~ rmaçao de produçao em espaços transterritoriais. Como bem afirmou tir um uporte físico à construção do espaço social, definindo funções específi-
l 11111111 (1999:45) a globalização é "um objeto cultural não identificado" cul- cas. Para Rattenbach (apud Ratzel, 1985: 15) "a localização de um território se
111111 conôrnico, para garantir, enfaticamente, duas bases fundamentais da acha compreendida, de imediato, pela dimensão e a forma do mesmo". Entre esses
volu u. e do sucesso da civilização. Ela representa uma transgressão de elementos da definição territorial e o processo social se estabelecem vinculações
111xl -rnidade a partir do momento em que incorpora, ao processo produtivo, o pertinentes que, por sua vez, definem funcionalidades espaciais. .
Iq ort ~a entrante tecnologia microeletrônica. A sociedade industrial, de Os determinantes da construção física do território estão compreendIdos
I 11,1logias pesad~s e de fi~idez" c?stumes e poder, fica irremediavelmente para na dialética da natureza. São forças que atuam com maior ou menor intensida-
I I IS. Avança a sociedade cibernética, das tecnologias leves, da flexibilidade de
de, dependendo da energia gerada a partir de fenômenos naturais: Tomando
out r costumes e poder. Há um tempo intervalar entre as duas sociedades uma escala ampla de tempo e de ocorrência de fenômenos naturaIS, pode-se,
~"n.l~ransição mod:lando a face da nova época que se instala. É um tempo curt~ com base em Tricart e Cailleux (1995)., afirmar que sobre as geoestruturas se
I I I tificando uma epoca de intensas e rápidas inovações. A modernidade que desencadeiam processos físico-químicos que modificam, permanentemente, as
,11,~~~,t?cada pelos ventos da mudança e inovação, tem sua própria expressão formas, como resultado de "combinações em proporções variáveis, ao mesmo
1IIIgUItica, a ser assimilada na voragem do transitório paradigmático. tempo, oposição ou adaptação, ação, ao mesmo tempo reação, ou seja, unidade
Poder e uma ordem de comandos hierarquizados e funcionalizados. A dialética dialética" . Cada fenômeno natural corresponde sempre a duas ordens de gran-
do P der, político e econômico, estabelece as bases para a gestão do território.
deza: temporal e espacial.
.. ~ugares globais, ou lugares-sedes da ação econômica são territorializados Os determinantes sociais atuantes sobre o espaço físico seguem, de modo
11I I nal~e~t~, m~s ~s fluxos de poder são desterritorializados, ou seja, são geral, e de início, as especificidades naturais. São definid~s, no pr~cesso ~is~ó-
ti 11;~ern~onaJs. Ha varias manifestações de poder na atual ordem econômica e rico inicial, as funcionalidades que poderão servir de base a formaçao econorruca
p< lítica I~:ernacional: o poder de supremacias nacionais, o poder de e social. Contudo, não se gera uma definição espacial deterrninistaou passiva, mas,
111cro.rregroes, o poder de organismos financeiros e de grupos de países repre- como afirmou Ratzel, a localização compreende uma dinâmica de entrega e recep-
I I1~Utl:OS de escalas de riqueza e o poder de organizações não-governamentais. ção permanente. Essa dinâmica responde pel as redefinições, os reordenamentos
I) lineia-se, ~lar~ente, no horizonte global, o poder econômico compartilha-
e as geoestratégias dos espaços econômicos. -
II obre.tern~onalldades nacionais e transnacionais, principalmente, o forma- O espaço logístico pode se formar num ambie~te natural em ~~oluça~,
11.1 c.l reglOna~lsmo territoria!. A realidade mostra um poder econômico diferen- como no caso de uma condição portuária, ou orla flUVIal.Os espaços flSICOSsao
Ia I dos antigos expansionismos sustentados por acões militares (Hobsbawm ambientes naturais, com maior ou menor dinamicidade evolutiva, onde atuam
1 5; Arrighi, 1994). . ,
as forças da natureza; sobre eles se constroem os espaços sociais. A diversidade
T~rritó~ioé a ba~e fís~ca?e localização da atividade econômica. Para Barquero de formas da superfície terrestre, "l'epiderme de Ia Terre", Tricart e Cailleux (1995),
02.15) a globalização e um processo vinculado ao território, não apenas caracteriza os espaços naturais. Os processos naturais são permanentes, produ-
p rq~e envolve n~ções e países, mas, sobretudo, porque a dinâmica econômica zindo formas que representam um contínuo estado de transição; da mesma
ajuste produtivo dependem das decisões sobre investimento e localização maneira, pode-se falar na transição dos impulsos civilizadores. Alguns fenôme-
I 1Ila~as pelos atores econômicos, sendo também uma função dos fatores de nos naturais são lentos e de longa duração; outros, porém, se caracterizan1. por
1Ir içao do terri:..ório"~Assim, para Barquero (2002:39) "o território é um agente uma dinâmica mais ativa, cuja intensidade produz formas que evoluem em
ti tr nsformaçao e nao mero suporte dos recursos e atividades econômicas" temporalidades geológicas mais breves. As temporalidades geológicas sã~ in:-
N economia global a localização do território tem dois pressupostos im- portantes do ponto de vista econômico, pois são font~s de recursos ren~vavels
j1u,lluntes à l.o~ística e à estratégia para o espaço produtivo: os determinantes ou não. Nelas se formaram, ao longo dos anos, os geosslstemas e os ecosslstemas
11I e SOCiaIS.Nas localizações territoriais, as formas, as dimensões e a di-
lI! II 111111'li li, 111(," d,',I\I\1rMullt , lil1ld,l 111 'de 111111<,c.l"dllll 111ill,
A fi '111.1I 11\(1'1\1I I I 111,11111111 1111 'I ,il produtlvu lpli 1 h 11 ~P IÇ
I V 11111 c 'c 11111,fI 1111l. A 11 Ir 'nl simplici d d lgunu« Inllll" e 'P I III
tll1!1I11io 'tl, lilllltlH ti ti', -nvolvirncnto. A 111i r c nc ntraça d n rgia
I Ilc I li 1,1111 (1111I 'X ic.J ad d f, tere que a natureza aciona J 1111011'111 111nte
n rni il c q ra la a d l rminado t mpo-espaço produtivo aumenta o
VII'il I 'It 111J I. I 8).
riun I dinâmica d d s nvolvimento.A mesma intensidade produz resulta-
() ,'P iç ciaJmente construído, no qual as gerações se sucedem. ali-
dif r nciais quando se consideram as variáveis que a formam, ou seja, o
IIlr /1111110 pr cesso civilizador é extremamente dinâmico. A evolução das
I drão das práticas produtivas, os níveis tecnológicos e o contexto étnico/cul-
e I IIlz I { ,a x mplo dos espaços naturais, é diferenciada em processos mais
rural. No encadeamento lógico do sistema, quanto mais elevado for o nível
I c,I 111110 di nâmicos. As variáveis que condicionaram os ritmos de desenvolvi-
t cnológico e mais apropriadas as práticas produtivas maior será, naturalmente,
111'I1!O d grupos sociais ao longo dos processos civilizadores são inúmeras,
o ritmo do desenvolvimento (figura 1). É possível identificar esse cenário com a
1'1Itlt'lld r consideradas as referentes ao maior ou menor isolamento geográ-
teoria territorial do desenvolvimento. Conforme Barquero (2002:39) "o desen-
Ih I I, I maior ou menor grau de modernização, a condições climáticas específi-
volvimento endógeno é, antes de tudo, uma estratégia para a ação. As comuni-
I I'" I padrão cultural, aos impactos da conquista e da dominação. Essas variá-
dades locais têm uma identidade própria, que as leva a tomarem iniciativas
Vc i. , r r sua vez, condicionam a evolução dos processos sociodemográficos.
visando assegurar o seu desenvolvimento": Forma-se, no conjunto, um campo
1'.11I V I ntei (1974:15) "os processos demográficos, sociais em sua essência,
de forças mutuamente dependentes, no qual a visão política representa um
« munifestam mais ou menos intensamente como resultado do desenvolvi-
fator decisivo.
IIIl'lll do modo de produção, o que, também, de certa forma influi no cresci-
A visão política pode estabelecer planos de utilização dos espaços econômi-
1I1l111 das forças produtivas". O processo de desenvolvimento se move com
cos, concentrando atividades produtivas em zoneamentos regionalizados. Regiões
IIldil r u menor intensidade, de acordo com o potencial de energia que atua
urbanas e pólos de desenvolvimento são realidades na economia global. A Re-
«11I istema produtivo. Assim, quanto maior a energia aplicada, tanto me-
gião Metropolitana de Porto Alegre é um exemplo expressivo; nela se concen-
11Il! l mpo necessário ao ritmo evolutivo do sistema espacial de produção,
tram mais de 50% do parque industrial gaúcho e mais de 48% de toda a popula-
\ mforrne Vieira e Rangel (1993:69). Combinam-se, nessa equação, as variáveis
ção do Rio Grande do Sul. A produção desse novo espaço industrial já não
pllllticu, tecnológica, prática produtiva e étnico-cultural (figura 1).
ocorre no interior do centro urbano. Ao contrário, dele se distancia, partindo da
periferia e se expandindo por áreas de municípios limítrofes, guardando, contu-
Figura 1
do, relações de conexão por vários fluxos, caracterizando a contigüidade e a
Configuração tempo-espaço no processo produtivo:
extensão das regiões polarizadas ou espaços polarizados (Boudeville, 1961).
relação energia/ritmo de desenvolvimento
Essa tendência levaria à prática política de aperfeiçoar o planejamento espa-
cial estratégico das atividades produtivas. O que se seguiu foi o espaço urbano
desindustrializado e a conseq üente criação, segundo determinantes logísticos,
Y
dos espaços industriais programados. Outros exemplos podem ser citados: o
ABC paulista; os novos sistemas regionais metropolitanos de Hong Kong e
Y'
Pearl River Delta; Tóquio-Yocohama-Nagoya; as zonas econômicas especiais
o
a. Y" (China); o alto Reno (Baden-Würtemberg); San Diego-Tijuana; o norte da
E
~ Itália; Cingapura; Malásia; Coréia do Sul; além das tecnópoles (Seul-Inchon,
Moscou-Zelenograd, Taipei-Hsinshu, Xangai; Tóquio; Paris-Sud; Corredor M-4
Londres; Vale do Silício; Triângulo de Pesquisas da Carolina do Norte; Muni-
x X'
que etc.). Todos são espaços de inovação tecnológica (Castells, 1999; Ohmae,
Espaço 1996 e outros).
X maior energia X' menor energia A formação de blocos regionais e continentais sob a forma de macromercados
Y' maior tempo Y" menor tempo - Mercosul, Pacto Andino, Nafta, Alca (em formação), UE (União Européia),
Asean (Associação dos Países do Sudeste Asiático), Apec (Cooperação Econô-
,,

11111 111I 11" ( do 11I 11l!l) polru iz I 'u' us e ativ Ia ~;lI"II{~ri I~I ck li Ilux "
11" Ido .t \lI JlUI'IÇU, 111L1ltiI1ICi(nal implantam unidades m ntud r d c n-
t IgllI IÇ11)(I 111,I' i n 11P' ra ar nder as demandas dos mercados intra e inter-
2
11~.1I1Jl tis 'i nt r ntin ntais, redimensionando a geoestratégia aos espaços
111:1(I os dos lugar s globais.
N t logística do tempo-espaço global distinguem-se o lugar-sede e os cen-
1111,ti c mand , por meio de ações e poder do espectro transterritorial. A
LJII 1.1da b rreiras espaciais foi condição essencial para que se instalassem os
1\11\\I s gl bais e deles irradiassem formas de poder e gestão dos territórios. A Dialética dos espaços econômicos
I1pUId 2 mostra as conexões estabelecidas na configuração tempo-espaço eco-
1\(1I11i global. fragmentados
Figura 2
A ordem transterritorial
Tempo-espaço econômico global E sse novo patamar da geoestratégia dos espaços econômicos, com su-
porte nos atributos logísticos, responde pela definição ou reordena-
mento do território, caracterizando os lugares globais, fragmentando-os dos
lugares locais: é a dialética dos espaços fragmentados. Pode-se considerar uma
mudança substancial na caracterização dos espaços econômicos, a partir da
importância do lugar no processo de inserção na economia global. Lugares 10- •
cais estão se transformando em lugares globais. Essa mudança não se mostra
apenas física, mas, sobretudo, de métodos de produção e de gestão diferenciada.
Transterritorialidade
Centros de comando A queda das barreiras espaciais que favoreceu o avanço da globalização não
produz, necessariamente, a homogeneização do espaço. Ao contrário, há a pos-
sibilidade de fragmentação do espaço, ou seja, espaços diferenciados de produ-
ção e gestão em territorialidades nacionais ou macrorregiões supranacionais.
Queda das barreiras espaciais
Operacionalização dos lugares globais Estabelecer a diferenciação dos espaços a partir do deslocamento do centro
Livre movimentação de capitais de decisões para o exterior encontra o argumento de Santos (1996:217-220) de
Fluxos cruzados de produção que afirma-se ainda mais, a dialética do território, mediante um controle local
ti

da parcela técnica da produção e um controle remoto da parcela política da


produção". Caracteriza-se, assim, a dicotomia econômica dos lugares sedes da
ação e dos lugares centros da ação. A globalização de espaços locais ou regio-
nais à produção e aos transportes (portos) pode conduzir à diferenciação entre
o local e o global. Em Santos (1996:272) "cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto
de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticarnente". A frag-
mentação dos espaços econômicos pode ser uma possibilidade que se concretize
a partir da razão global e da razão local. Se ocorrer, essa possibilidade sugere a
questão do poder. Instalada a razão global, o poder de controle do lugar global
pode se sobrepor ao poder do lugar local, mesmo em territorialidades contíguas.
No processo de uniformização ou fragmentação dos espaços regionais há
conflitos, o que é natural; por isso, Oicken (1992) admite uma tensão entre as
forças da globalização e da localização. Para Morin (1980) o mundo caminha
11 I1 I 1 h m g neidade, unificação e organização, ao mesmo tempo está em vi A uu 11 f,~ du tpituli Illtl,llI 1'11 L.I LI, '1.1 I t, indu uriul p It I míni
li, h 'l r geneidade, de conflitos e de crise. O novo modernismo territorial trouxe illr\ IlIliI i()lwl! 101 ti, Ir 11181 Ir' , c rn m 11 nhurna da f ses pr c d nt s,
IIIILI" s formas de fragmentação do espaço, e recortes temporais nos espaços .1I1I11Ui' xtra rdin ri capacid de: a flexibilidade. Braudel (I986) já destacava
vu tuais criados pelas novas tecnologias da microeletrônica. Assim, pode-se con- HS I capacidad d voluir sob novas formas de organização espacial e renovada
iI I rar a fragmentação do espaço em sentido virtual e real. É virtual porque dial 'lica de convencimento, argumentando sobre a flexibilidade ilimitada, o
111 xiste à ação econômica e realiza o espaço produtivo quando se torna objeto cl tisrno e a capacidade de mudança e adaptação do capitalismo. A transição à
I' cnico de uma estratégia logística. Passa a ser real quando desenvolve a ação rn dernidade global produziu a gigantesca onda econômica e financeira que se
nômica. derramou sobre Estados-nações de vários continentes. A globalização abriu
A economia global é um processo de expansão planetária da economia capi- amplos caminhos a formas espaciais diferenciadas, territorializando e
I dista em novo formato, mas está longe de ser um manto econômico unifican- desterritorializando espaços nacionais, transformando-os em espaços produti-
\ II1os espaços econômicos, incorporando todos os territórios aos mercados glo- vos transterritoriais, dispersos e unidos ao mesmo tempo pelas redes globais.
h ris e padronizando o consumo em nível mundial. O fato de desencadear a A fragmentação tempo-espaço, as novas estratégias de produção e os con-
iuerra dos lugares, de implementar estratégias de domínio regionais, de trasla- dicionamentos sociais imanentes colocam a questão da atualidade. Os aconte-
II Ir-se dos lugares e incorporar novos contingentes de consumidores mostra, cimentos de atualidade ocorreram em todas as principais fases do desenvolvi-
\ I iramente, que a fase atual da expansão capitalista global é de fragmentar espa- mento da sociedade. Não importa o enquadramento em pré-modernidade,
I,IIS, torná-Ios lugares globais e deles projetar influências de poder que possam modernidade ou pós-modernidade. Há sempre uma atualidade, marcada por um
I' egurar o controle dos mercados. signo que representa a causa do progresso. Kant afirmou que é preciso determi-
A incorporação de novos lugares ao processo de produção e circulação glo- nar se há uma causa possível para o progresso; se for estabelecida uma causa
h" só tem interesse se incorporar, igualmente, um novo espaço de consumo. torna-se necessário demonstrar que ela atua efetivamente, destacando um de-
A territorialidades da América Latina, visadas para a instalação de estratégias terminado acontecimento identificador de sua atuação concreta. Foucault (1996)
ti . produção global, estão voltadas para mercados regionais/nacionais e considerou importante isolar no interior da história um acontecimento que
u ansregionais. A queda das barreiras espaciais, o enfraquecimento do Estado- tenha o valor de signo.
IHIÇão,o rolo compressor da dialética global facilitaram o encaminhamento à Pode-se então perguntar: qual o signo que efetivamente condiciona o pro-
d sterritorialização dos novos espaços produtivos. Mesmo com resistências, gresso, que possa ser considerado causa determinante dele na atualidade: o
t ssa é uma tendência difícil de ser contida. O passar do tempo e as pressões conhecimento, a informação, a tecnologia, a mudança e a inovação? Sim, um
xternas, segundo Castells (I 999: 120) "fazem com que países, regiões e popu- signo plural, sintetizado na singularidade da revolução global. Em torno dele,
lações estejam em mudança constante, o que equivale à instabilidade induzida contudo, há o espetáculo global. Talvez seja adequado pensar como Foucault
p Ia própria estrutura" . (1996) que há uma heroificaçâo irônica da realidade. Não é a grande mudança
A fragmentação do espaço tem sido, ao longo da história, e destacada- no cenário econômico-social o fato mais significativo, mas o espetáculo em
mente da história do colonialismo e do imperialismo econômico, uma su- torno dele: o mercado, os perfis dos atores principais, a magia das palavras
.ssão de reordenamentos territoriais. Domínios políticos estratégicos, so- eficiência, modernização, competição, adaptação e privatização. Essa é a exube-
I re recursos naturais e sobre mercados, marcaram a dinâmica da fragmentação rante cena do espetáculo que se contrapõe à perplexidade dos que vêem o pre-
los espaços mundiais. Atualmente ocorre, talvez, o maior processo de sente com olhar crítico, ou dos que apenas a assistem e se deixam arrastar por
I -ordenamento do espaço, desde a repartição da África pelas potências euro- ela. A atualidade - fragmentação do tempo-espaço -, a razão econômica global
p ias (ocidentais) em Berlim (I 875). O fim da bipolaridade ideológica e a e a razão social condicionada identificam o cenário de Foucault (1996:95): "não
I' volução da microeletrônica liberaram as ondas de expansão das novas fren- estão mais além do instante presente, nem atrás dele, senão nele"!
l de produção, com inovadas estruturas organizacionais e estratégias glo- Atualmente é relevante considerar as rápidas e profundas inovações no campo
I ' is. A queda das barreiras espaciais permitiu o reordenamento do espaço do conhecimento. Os avanços da ciência, da tecnologia, os padrões de produção
mundial sob novos interesses de multipolaridade produtiva, geoestratégias e de consumo introduzem o tempo da inovação, no qual os modos de ser, de
1 gionais e globalização dos mercados. comportamento, formação pessoal e integração social se desvinculam rapida-
111 '111 ti tu I ) () 1111 II1 11, 111 I LI linha uma atuali 1I I 'ill\ Pllt ,l iv I. (~llm 1111111 1111 ',1111 "Ia o, I onjuntu:
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I1 ,íst i Ii I

braçã o da inteligência, da extraordinária capacidade da mente humana de ampli- ,Idn I íun 11111 -ntul nus tratégia glob is. A figura 3 mostra o entido da
ar sempre a fronteira do conhecimento. Na segunda metade do século XX, li- di.tI' I i .1 do lugar, a c n xão entre o r rdenarnento, produção global, movi-
berta dos condicionamentos e dogmas que a impediam de inovar, a inteligência 111l nrnça Ia rr dução eo mercado.
humana rompeu seguidamente as fronteiras do conhecimento, numa velocida-
de até então não ousada. No presente, não há barreiras para o novo, para a Figura 3
prática da ciência e para as novas tecnologias, inclusive as da vida. Desdobramento da dialética dos lugares em direção ao lugar mercado
O velho (recente) mundo das idéias e das práticas conservadoras não pode-
rá resistir à força do ideário da época atual. É um avanço rápido, introduzindo,
continuamente, a alta tecnologia e a transformação dos padrões de comporta- Dialética dos lugares Reordenamento

mento individual e coletivo. Os novos modelos de negócios, de relações de


trabalho, de organização social e de gestão pública se imporão cada vez mais,
vencendo o confronto, inevitável, com a antiga práxis da sociedade industrial.
Os negócios estão transitando de uma realidade física, nas relações entre pro-
dutores, comerciantes e consumidores para outra, virtual, por cujas vias imateriais
I· Produção global

fluem os interesses e as transações. O atual modelo de organização social vive a


crise da passagem do antigo (recente) para o novo; é um tempo para outras
relações de trabalho com vínculos diferenciados entre os agentes da produção. Tráfego policêntrico
A profundidade da crise social será tanto maior quanto menor o entendimento
que os países periféricos tiverem do esgotamento do modelo industrial e sua
substituição pelo modelo informacional ou pós-industrial.
Essa fragmentação do tempo, esses recortes temporais no mundo do co-
nhecimento precipitam, rapidamente, mudanças comportamentais. A sensação Mercado
que se recolhe tanto da redefinição espacial como em arcos do tempo, cada vez
mais comprimidos, é de que tudo é transitivo, tudo é efêmero e, nada, portanto,
O sentido dialético está na redefinição do território, nas estratégias so-
se fixa num espaço e num tempo duradouro. Trata-se, como acentuou lanni
bre ele aplicadas e na logística que os lugares de produção possam oferecer
(1998: 170) do universo da fragmentação; "fragmentam-se o espaço e o tempo, o
ao circuito global. Boisier (2005:48) considera, nessa visão, que "a
pensado e o pensamento, a realidade e a virtualidade, o todo e a parte". Porém,
globalização desencadeia múltiplas dialéticas", A descontinuidade dos luga-
no mesmo tempo da fragmentação, o mundo global une por meio de amplo
res é compensada pelos mercados transregionais, pelos benefícios fiscais, pela
sistema de redes, as formas espaciais e os fluxos que nele se originam.
desconcentração sindical, pela política de salários e pela convergência gover-
A geografia econômica é um espaço em movimento, capaz de conduzir à
mudança social. Nesse sentido, é uma evolução bem caracterizada pela idéia de namental.
passado, presente e futuro. A dinâmica da totalidade do espaço é fonte de cria- A globalização da economia dimensionou o mercado em espaço mundial de
ção de formas sociais ou de adaptações que se produzem nos contextos de consumo. Paradoxalmente, porém, tornou-se um espaço de produção domina-
redefinição das espacialidades. Os lugares que, por força de configurações do por poucos gigantes da economia global. Há um outro paradoxo a ser obser-,
geoestratégicas, passam à condição de espaços em redefinição ficam sujeitos, vado. As marcas se multiplicaram, as origens também, os preços se equivalem
com maior intensidade, aos determinantes de mudanças na totalidade social. nos padrões de qualidade e a confiabilidade é sustentada pelo avanço tecnológico.
Na verdade, os lugares são afetados pelas novas situações econômicas resultan- No entanto, no reverso da dialética do mercado estão, dominantemente, na
tes das estratégias globais, afetando, igualmente, as relações sociais estabelecidas. cadeia produtiva, e para uma imensa diversidade de produtos, poucos conglo-
I'

111ru I ' C norm s. uracteriza-se, assim, um amplo d rníni do m 'rc tU(


mundial por poucas corporações transnacionais, embora com fragmentaçõ s
.m mercados nacionais, regionais e locais. No fundo está o espectro amplo d
economia global, representada por poucas e poderosas estruturas organizacionais
para gerar lucro, poder e influência de poder.

Modernidade global e ordem


transterritorial

A sociedade que rompeu o terceiro milênio viu e sentiu a onda inovado-


ra. Não, naturalmente, em sua totalidade, em vista das diferenças
t imporaís do impulso civilizador, da maior ou menor capacidade de acompanhar
ritmo das transformações e da base cultural. sobre a qual se alicerçam as
ociedades instituídas. Há uma sociedade humana total e há sociedades nacio-
nais diferenciadas em núcleos simbólicos. Tomada em sua totalidade, a socieda-
de humana é um engenho de criação, desenvolvimento, cultura, saber e arte. O •
estágio atual pode ser considerado uma etapa avançada de conhecimento, como,
também, um tempo retardatário, freado pelas ideologias e teologias dominantes
até seus esgotamentos.
As conquistas tecnológicas e científicas seguramente teriam atingido eta-
pas mais avançadas sem os condicionamentos impostos por sectarismos
prevalentes em largos períodos da evolução humana. A dura luta pela seculari-
zação das idéias permitiu uma posição de fronteira para o pensamento, consoli-
dando a especulação científica e o poder de criação e renovação permanente da
tecnologia. Saindo de posições absolutistas na condução da sociedade e da ciên-
cia, a capacidade humana viu-se, em dado momento, diante de um mundo de
relatividades e de incertezas. No novo plano diante da especulação científica e
das percepções de realidades mutantes, a sociedade começou a quebrar a inércia
do desenvolvimento e, rapidamente, projetar o conhecimento à práxis da vida
cotidiana.
A modernidade global não representa uma simples etapa da longa
modernidade industrial. Não foi apenas um nó desamarrado, mas um golpe que
a cortou, uma ruptura, uma clivagem que separou definitivamente duas épocas.
Olhando pela perspectiva da totalidade, a civilização humana é um sucesso. As
parcialidades, porém, revelam descompassos, dissonâncias, atrasos e brutalida-
des na mesma escala de grandeza. Contudo, o que prevalece no mundo global é
o sucesso da civilização, atrás do qual se movem os deslocados históricos e os
IIli ti I P n I III S 11 rd f11internacional. A I' 11..111
li!lI!li 1III I dI IllId Iri dn-
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lilltllllll1 11111( di pl 111111111 I ,A Illf11111 i I, ult urui: Xl rnus, muls rt
di, 1111. I negócí s, cimadenacionalidades,d s beranias .tI'(loflt'irs. 111111((X I Id I .vlnl: 1111 (1I111111110vil1l
'!1L n igr t ri ,um n t v I c nário de
A t cn~logia facilitou a derrubada das barreiras nacionais, p rrnitindo flu- 1/1orP)1' IÇIi ti osuu» S mp rtam ntos. ontudo, nada enfraquecia o
x , d r laçoes e de poder pelas vias do ciberespaço-tempo. A ordem transnacional -nt id ) d t 1ri torial idade dos comandos nacionais. As tecnologias, mesmo
movimenta fisicamente os produtos da atividade econômica - realidade con- '.'1 imp rtadas, ram representadas por objetos pesados e fixos, montados em
r ta - mas as relações de negócios, o poder, o jogo de interesses e as rand fábricas, o que levaria Bauman (2001: 132) a falar em "modernidade
r tarívídades especulativas ocupam o tempo-espaço virtual; é um mundo repre- da".
s ntado pelo imaginário de códigos, símbolos e fluxos. A expansão das grandes empresas em busca do domínio de mercados pro-
A modernidade global é um cenário novo de transitividade eloqüente, e duziu, no século XX, o chamado imperialismo econômico. Empresas de grande
provavelmente assim se manterá por longo tempo. É o pós à modernidade ante- porte deixaram suas territorialidades e se instalaram em pontos-chave dos espa-
r~or,fixando uma configuração de incertezas. A pós-modernidade - transposi- ços mundiais. Essa é a primeira fase de um processo econômico que se desdo-
çao de uma a outra modernidade - abriu, na verdade, um amplo leque de incer- braria em poder e influência de poder dentro das territorialidades nacionais. O
te~a~ caracterizando, marcando fortemente, o avanço da sociedade para os aparato das tecnologias mecânicas, pesadas, configurou uma geoestratégia de
próximos anos. fixidez, de longa duração, e de certa forma, incorporando a unidade multinacional
A tr~nsterritori:lidade,é um conceito novo, ainda indefinido e carregado à vida e aos hábitos de consumo de cada país. Numa segunda fase, as grandes
~e novas mterpretaçoes, analises e configurações tempo-espaço. As territoria- empresas multinacionais passaram a atuar regionalmente, mas limitadas pelas
lidades marcaram profundamente as nacionalidades, mesmo em circunstânci- regras impostas em cada território nacional. Após a II Guerra Mundial, em
as polí~i~a~in~sitadas ou dependências econômicas. As tentativas de violação pleno domínio das empresas multinacionais em todos os continentes, germi-
de terntonos tidos como nacionais por agrupamentos étnicos resultaram, sem- nam as sementes de nova dimensão tecnológica, cujo espectro delineava, fatal-
pre, em conflitos intermináveis. Na Europa, no Oriente Médio e na África mente, uma ruptura de época tão marcante como o foi a do século XVIII com a
negra ainda persistem sangrentas disputas étnicas em torno de domínios introdução da máquina a vapor.
territoriais. O território é a base física da nação, sua autolimitação onde se A partir de 1970, a microeletrônica revoluciona os meios e métodos de
desenrolam os eventos simbólicos das sociedades nacionais. Nele estão as- produção, circulação e informação. A era industrial, a modernidade pesada de
entadas a consciência nacional, a inspiração ao patriotismo e aos ideais nacio- Bauman ou para outros a modernidade industrial, começa a declinar. Inicia-se,
nalistas. A ordem política e cultural em torno das territorialidades nacionais principalmente, na década de 1990, um conjunto de profundas e rápidas trans-
orientou o esforço pelo desenvolvimento, no qual não somente os indicadores formações na sociedade. Do ponto de vista da primazia de produção, o tempo-
econômicos t~vessem importância, mas, igualmente, as condições de vida, as espaço então configurado passou a ser conhecido como era pós-industrial; po-
formas de açao e o comportamento do cidadão, a dignidade existencial e a rém no conjunto de mudanças na sociedade e nas relações internacionais
cul~ura. A ordem política teria de ordenar a vida nacional, exercer o poder representou uma transposição de época.
Um novo tempo - da modernidade cibernética, do ciberespaço-tempo e
nacional e manter firme e indissociável a unidade Estado/sociedade. Ainda
suas cibervias, da primazia do conhecimento, dos novos valores, significâncias,
que as formas de governo, predominantemente, repúblicas, muitas vezes re-
signos e símbolos - domina as formas organizacionais, de gestão e os compor-
pre~~ntassem formas de tirania sobre a nação, na verdade, o poder no âmbito
tamentos. A materialização da vida na realidade física tem nova e forte concor-
político se voltava para dentro, para o mundo simbólico das nacionalidades.
rente: a realidade virtual. Na seqüência dos eventos entra em cena a
Ergu~r a grande nação representava o mote para o qual convergiam os esforços
dos diversos segmentos da sociedade. multipolaridade produtiva, não na forma acabada, mas na de componentes que
viajam pelo mundo em direção às montadoras. É a globalização da produção, a
A territorialização da sociedade sintetiza as iniciativas individuais e coleti-
queda das barreiras nacionais, a desterritorialização dos espaços nacionais, as
vas de caráter econômico, social e cultural, projetando na consciência nacional
perdas de comandos internos estratégicos e, conseqüentemente, de parte das
os valores : si~os .identific.ados como instituições próprias. As relações políti-
soberanias. Um altar-mor global se ergue sobre os escombros da antiga ordem
cas e econorrucas internacionais para grande número de países significaram
industrial e da modernidade a ela intrínseca. A ordem transterritorial se impõe; os
Illrilll illlt'llldlrll MI 11(' ,li 1,1.lllllillll11llll'11I ,llCllll ',llInh"m, 0111111\1
111Itll'I, Klol li , ,111 'PO '1111)1> I od 'r naci 11.11' 11 li 111111") lut iV,I,
1111111111 id ItI ',111 I! ,,111'tlllt) 1 ~, 1111'1111.lndic id r s ec n mic favoráv i
( 111m'SS 1111111diver a pacialidades, tendo c f110 I!ti 1 'I I: t i I 111Ir . n C 11
I \1I11r IJ111 111IO/-l111 '110 [IVi r 'LV i' 111 rd m sociaL.. , ...
l'tlP i ilizaçâ flexível.
Um,1 aract ríst i u marcant daordemtransterntonalestanaflexIbIh-
A rdem econômica transterritorial vem sendo modelada em diferentes
ti Itll sist êmica na estratégias específicas para determinadas situações. O
fOI mal s geográficos. O multilateralismo econômico é uma conseqüência na-
1 '111P _ paço dos eventos econômicos está comprimido pela instantaneidade
turul de interesses de produção-consumo regionais. Os blocos regionais se
formam politicamente com a intenção de assegurar aos países-membros me-
l.rs l cnologias da informação. As relações que produzem fluxos de deman-
ti IS decisões não têm caráter de permanência por tempo médio ou longo.
Ih res condições de participação no comércio internacional. Nesse sentido há
Tudo se desenrola em cenários de urgência, de rotatividade e por isso mesmo
r rtes articulações para a definição de geoestratégias para os espaços econô-
sistema tem de ser flexível. Talvez aí se encontre o fundamento às incerte-
micos globais. Os territórios passam a ser objeto de estratégias globais em
c ntexto de multipolaridade produtiva. As cadeias de produção se instalam zas que caracterizam a época atual. A idéia de futuro se assoc~a à inovação, a
m territorialidades nacionais, desterritorializadas na operacionalização dos novas tecnologias. a mudanças permanentes no modo de VIda. O Estado-
n uxos de demandas e decisões. Como as unidades produtoras de componen- nação, de sua parte, não vive o projeto de desenvolvimento, mais dem~rado
tes e as montadoras estão em espaços redefinidos - lugares globais - em em relação ao de crescimento, mais imediato e oferecendo a sen:a~ao de
várias partes do mundo, os fluxos físicos da produção se movimentam em sucesso à gestão de apoio em que se' transformou o Estado-repubhca. A
leias de distribuição. Paralelamente ao movimento físico ocorre outra movi- transterritorialidade é uma idéia de flexibilidade territorial e de incerteza
mentação, a dos fluxos que comandam as relações de negócios pelas cibervias. nos arranjos que orientam a ordem econômica. Não é, conceitualmente, um
A ordem econômica global configura, pois, um tempo-espaço de realidades lugar fixo, do qual partem sempre e com a mesma intensidade fluxos de.
físicas e virtuais; são realidades vinculadas, estreitamente, na cumplicidade interesses empresariais. Esses se deslocam de um lugar a outro de acordo
dos interesses relevantes. com o foco centrado na logística, capaz de sustentar por algum tempo as
A transterritorialidade é uma ordem de seqüências econômicas produzi- estratégias temporárias de ação. . .
das na dinâmica global. A fragmentação da territorialidade total em lugares A transterritorialidade das atividades econômicas incorpora as nacionalida-
logísticos às estratégias de produção multidimensiona a ação e o poder em des. O produto transterritorial traz a marca n~cional: o ~ue, do pon~o de vista
escala mundial. Os lugares de produção global interligam-se em redes físicas analítico, torna-o um objeto transnacional, pOIS,o trânsito global ate a monta-
e inforrnáticas, independente dos territórios nacionais onde se situam. Os gem final pode envolver várias nacionalidades. Na dimensão tran~r:acional ope-
governos nacionais, dentro da lógica dos investimentos externos, procuram ram os investimentos produtivos, em territorialidades geoestrate81cas. Se pen-
oferecer facilidades à instalação de lugares globais e benefícios fiscais às inicia- sarmos em focos de atividades econômicas complementares em várias
tivas de produção. Nesse sentido, a natureza dos fluxos específicos de cada nacionalidades teremos, de um lado, a transnacionalidade dos focos e, de outro,
unidade de produção, independentemente da base física, deixa de ser nacio- a transterritorialidade de lugares nacionais onde se produz globalmente; são os
nal, assumindo um caráter transterritorial no sistema de complementação de lugares globais. A ordenação política internacional tende ao fortalec~mento de
componentes, montagens, insumos, matéria-prima e tecnologia. blocos transnacionais nos quais se localizam territórios de produçao, alguns
Na ordem de seqüência dos eventos transterritoriais os espaços nacio- delineando zoneamentos apropriados às atividades específicas, por exemplo, de
nais, e o que neles for produzido, entram rapidamente no tráfego global da alta tecnologia. No conjunto, as territorialidades de produç~o assumen; ~aráter
economia. Tem-se, a partir dessa realidade, uma economia de complementações complementar às atividades econômicas globais. As relaçoes de negocies, os
responsável pela grande movimentação internacional de bens de produção e fluxos cruzados de componentes e produtos acabados, o poder e as influências
le consumo. Uma conseqüência da intensificação do tráfego físico global se de poder identificam a ordem transterritorial que se movimenta independe~te-
faz sentir na insuficiência dos meios de transporte marítimo, em processo de mente de limites nacionais. Na verdade, o poder nacional passa a ser exercido
redimensionamento à nova realidade. Outra repercussão ocorre no incremen- de acordo com os interesses de uma ordem econômica que se coloca além do
t das exportações de países onde a inserção na economia global se deu com controle do Estado-nação.
1111I1ll 11'lZ:t 81 bal tab I cid pela visão daconfigur ção tempo-e p ç
I1I11dlll Iv ~I bal, p Ias e tratégias de ação e pelas articulações das macrorregiõ
11 I lira 'I- ilu tra as estratégias de ação global.
4
Figura 4
A razão global e suas principais áreas de domínio

Teia global, interatividade e


Estratégias globais de ação
novos significados
Controle de matérias-primas
Razão global Capitais de investimento

A
(transterritoríal) Tecnologia de ponta organização do espaço social, econômico e cultural evoluiu, desde os
Conhecimento e informação
Domínío de mercados
primórdios da civilização, em sistemas de relações pessoais, grupais e
Armamentos territoriais. Assim, as configurações espaciais foram construídas em cada pro-
cesso civilizador, projetando inter-relações sociais que deram origem a sistemas
localizados de atividades produtivas. O sistema espacial produtivo, com suporte
Artículações macrorregíonaís numa estrutura físico-ambiental criou, durante as diversas etapas do desenvol-
vimento econômico, padrões de produção e, conseqüentemente, o estabeleci- •
mento de fluxos cruzados entre nós de uma estrutura sistêmica. Os fluxos que
se produziram internamente no sistema espacial estabeleceram as redes de rela-
ções produtivas e de expansão demo gráfica, criando um campo de forças sociais
capazes de produzir alargamento na dimensão espacial.
A direção dos fluxos, inter-relacionando a produção e o consumo, determi-
nou, nas dimensões locais, regionais, nacionais e internacionais, a organização
de sistemas de ligações convenientes. Esses sistemas de ligações sociais e eco-
nômicas configuraram as imagens espaciais das redes - enlaces de linhas e nós
- e as relações de dependência que se estabeleceram entre produtores e consu-
midores, entre o econômico e o social, entre o político e o cultural. Um fato
gerado numa dimensão territorial é repassado à outra, que produz um novo fato
e retoma à dimensão anterior ou gera novas linhas de fluxos, formando uma
imagem de rede.
As redes podem ser traçadas nos espaços da objetividade e da subjetividade.
A natureza concreta das atividades humanas cria os espaços e as redes objeti-
vas. A sociedade do conhecimento e da informação, os padrões de comporta-
mento, as diversas hierarquizações de comandos e decisões, a interatividade
virtual formam os espaços e as redes subjetivas. A alta tecnologia contraiu o
tempo e o espaço; um segundo basta para reduzir as distâncias a pontos virtu-
ais, tornando-as subjetividades lógicas. Nasce o ciberespaço e com ele as am-
plas e complexas teias das estruturas organizacionais.
/I

J\<..'C norniu de, 11V lveu um diversificado sisterna dc r desqu c n titui I d"l I 1I I1 I I dI 111(11 li 111I1(lgl (1l!'1 luz 111)
1111 -nt I ~ I)

IltÍI d"d -, A illllilll 11111 ti I r I, ) li, l!iS i cons6rci e parcerias re-


I I do funcionamento do sistema produtivo e da própria organização da soci eda- ç I

I global. O homem é um ser produtivo, o que fundamenta a prática econômic duziu 111Sli \111'11( lI. dim '\1 d mcrcado.Oespaçodeopçõesdeconsumo
a organização do território. Produzir é ter o sentido do movimento da fluidez lima lis] uta ntr I r dutos muitas vezes de mesma origem. Também são
da troca e das relações que se criam e multiplicam. Desse complexo formam-se: ( . l,th I 'cida r s de domínio na distribuição de bens de consumo. Dessa for-
I

mo suporte à produção e à organização do território, as redes técnicas para a mu e fortalece, pelas redes globais de produtos e serviços, uma nova modalida-
irculação e o consumo. Para Castells (1999:497) "redes constituem a nova I ,distorcida, da competição de mercado: a competitividade. Há duas percep-
rnorfolcgia social de nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica ç es bem nítidas na economia global. A competição, que é sadia, aprimora e
de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de qualifica os produtos; a outra é a competitividade, produto menos nobre da
experiência, poder e cultura". O autor complementa: "embora a forma de orga- globalização. A cornpetitividade é destrutiva, é a guerra pelos melhores lugares,
nização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo pelas melhores vantagens e por conquistas sem competidores. A competitividade
paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para sua expan- é uma corruptela da competição; ela representa o poder de corromper, de do-
ão penetrante em toda estrutura social". minar e de impor um estado de consumo antes do estado de produção. A
O fundamento da rede é a interconexão nas relações de produção e consu- competitividade produz o enfraquecimento dos valores morais e estimula a
mo. O movimento, que se forma entre pontos nodais do sistema de produção violência. Há uma subjetividade lógica na competitividade, uma real diminui-
global, representa fluxos de trocas em dimensões produtivas e de consumo ção dos custos de produção e uma falsa vantagem na concorrência aos consu-
diferenciadas. Assim, no tempo-espaço produtivo se desenvolvem forças cuja midores.
dinâmica se dirige para os centros nodais do sistema. Formaram-se sistemas No âmbito da economia global há grandes formatos de redes: as redes espa-
interconectados de mútuo atendimento. Nos sistemas de colonização se forma- ciais de produção; as redes de montagens globais; as redes de distribuição glo-
ram, de um lado, os núcleos urbanos concentrados e de outro a dispersão rural, bais; as redes financeiras globais; as redes de telecomunicações e a internet; e
ligada por fluxos de fornecimento de insumos e produtos. Os fluxos que se as redes globais do crime organizado.
estabelecem no interior de cada sistema produtivo criam uma configuração de As redes espaciais de produção fundamentam a noção de lugar global, como
enlaces, responsáveis pelas relações de troca que direciona, pelo fortalecimento um espaço-mundo, sem barreiras nacionais, contemplado com generosos bene-
das forças produtivas e sociais, a evolução do arranjo espacial em formação, em fícios fiscais, financiamentos privilegiados, concessão de áreas infra-estruturadas
expansão ou em redefinição. e amplo suporte logístico. Essas redes de produção possuem várias tipologias.
A economia global desenvolveu um novo sistema de rede que, na verdade, Pode ser um espaço portuário-retroportuário, como é o caso do sítio onde se
significaa reorganização da sociedade com fundamento na economia informacional, localiza o Superporto do Rio Grande (RS) e a área contígua de unidades indus-
o que exige rígidas vinculações entre os atores econômicos e institucionais. Há triais, caracterizando um lugar global conjunto, ou pode se tratar de um forma-
certos paradoxos que se levantam diante da nova ordem econômica. Se há uma to mais complexo como uma região urbana formada por várias cidades princi-
dialética da abertura, da flexibilidade, da competição, há, também, pouco espaço pais, intermediárias e centros urbanos menores; nesse caso forma-se uma região
para determinadas liberdades fora das redes estabelecidas. Por elas é que fluem global com um sistema próprio de redes internas conectadas às redes globais.
material ou imaterialmente, utilizando códigos de comunicação compartilha- Como exemplos se pode citar a Região Metropolitana de Porto Alegre, o ABC
dos, os fluxos da vida econômica e, seqüencialrnente, as relações de poder e o paulista e a Região Urbana de Pearl River, que tem como região central a confor-
processo inovador das técnicas. mação territorial centralizada em Guangzhou (China).
Essa profunda transformação no atual modo de produção global muda, igual- Muitas redes espaciais se formaram em contextos de regiões nacionais de
mente, a noção de mercado. Na prática, e conceitualrnente, o mercado deixa de bons níveis de exportação. Na nova ordem econômica internacional, as redes se
er o lugar de atração, regulação e dispersão de produtos e consumo, para tor- ampliaram e passaram a formar vários pontos conectores da multipolaridade
nar-se uma imagem abstrata do sistema de redes. O que se produz é para um global, integrando-os parcial ou totalmente. Alguns espaços produtivos emer-
consumo real e também para um consumo potencial a ser criado e estimulado giram em áreas previamente selecionadas para a implantação de unidades estra-
I elo sistema produtivo por meio de intensa divulgação na sociedade consumi- tégicas de produção, originando lugares globais. Os lugares globais se tornam,
111111111111111111, pll/llD, IID, li 1'1' I S 1)1 lis I' plllt!III, li. I "1"'," 111111 1>111111, 11IlI. IIv 'rsi I u, lpr rUI da t rna rn i
I' 1I/lIIIlÍ Ii I f{11111 IlI1I 11111111
\llllllltldllllO 01(1 111'11' S rua "C mpl xa u ut uru cl 111I1·1111I11~1I1II olllpl' .1.1 su uí ur.r c-m r rd 10'. ~pl I S c nôrnic sepoJíticos.
IIIIIII'Iço s prúti I' p ci i e temporais" (Har vey, 199 :201). d(IIIH I r- A, m nt ,LI r IS ik I lIi. r I r nt m um formato produtivo ao qual se asso-
I 1"1 11'11 i IS spaci i qu geram fluxos, transferências e interações no processo itu chamad s si L mistas, conjunto de fornecedores periféricos, conectados
d I I< Id li\, 10 r produção social. A economia passa a ser, portanto, o espaço para m red . As grandes corporações automotivas oferecem um exemplo significati-
111111\'1/\1 maça de fluxos da produção, da circulação e do consumo globais. vo. Espalhadas pelo mundo, as montadoras de automóveis e caminhões se tor-
() I'. I uç d fluxos forma uma imagem de redes, nas quais se desdobram nam o centro de convergência de uma ampla e diversificada rede de componen-
1/111'11.1/11nt relações, comportamentos, hierarquias e poder. Esses espaços tes nacionais e globais. Na verdade, o funcionamento de uma montadora origina
1II,mdn I tinidos por acordos multilaterais, formando blocos econômicos, cri- dois sistemas nodais: um de convergência e outro de irradiação. Fluxos de com-
11I1IHIV'18linhas de fluxos e com elas a imagem de interconexão, de integração. ponentes, financeiros, de poder e de consumo consubstanciam as duas redes.
( ) M 'r ad omum do Cone Sul (Mercosul), o Acordo de Livre Comércio da A mobilidade espacial é uma característica da economia global. A liberdade
1\ II I 'I i a do Norte (Nafta) , aAssociação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) , de trasladar-se para outros espaços faz parte do conjunto de estratégias das
I ( '1)( I r ção Econômica para Ásia e Pacífico (Apec) e a União Européia repre- grandes empresas. Porter (1993:69) vincula a estratégia global com o lugar
-nuun c mplexos mecanismos de transferências e interações, multiplicando e mais vantajoso: "um dos grandes benefícios desfrutados por uma empresa glo-
1/11 rrando as redes regionais às redes globais. As redes econômicas que se bal é a capacidade de espalhar diferentes atividades entre países, de modo a
I', l.th I ceram com a globalização, impuseram inovações institucionais em ce- refletir diferentes localizações preferidas" . Afinal, a compressão do tempo e do
11011 jllS ti relações políticas e culturais. A concepção política emergente da rea- . espaço eliminou alguns inconvenientes das distâncias. As tecnologias que dão
1IIIId 'instalada unifica uma base econômica em grande escala, que, associada à suporte à velocidade dos negócios se tornaram uma nova categoria de produto.
h I I política, cria uma identidade político-econômica, unindo, num sistema de Os fluxos de informação que asseguram a fluidez, a eficiência e a racionalidade •
11111 s, múltiplos interesses. A União Européia com sua imensa diversidade dos negócios circulam pela imaterialidade do espaço cibernético, a gerar redes
I I mornica, étnica e cultural é bem representativa. de sustentação à produção, à montagem, à circulação e ao consumo de merca-
A tendência que se projeta é para aprofundar as negociações entre os paí- dorias. As redes de montagem criaram sistemas locais de fornecimento de com-
I, tjll já integram blocos regionais, institucionalizando os acordos econômi- ponentes e de prestação de serviço, representados por um conjunto de peque-
1111 m bases políticas mais amplas. Os novos sistemas produtivos, políticos e nas e médias empresas que se tornam satélites das grandes empresas.
1I I U!1 umo não são, todavia, compartimentados. Abertos, permitem exparl- Uma unidade de montagem de produtos industrializados, ao gerar siste-
IH S associações intra-regionais, como as linhas de interesses entre o Mercosul mas e subsistemas de contratação, representa um efeito multiplicador nas ca-
I II BI co Andino, e em escala mais ampla, futuramente, com a Área de Livre deias produtivas. A tipologia fabril de um passado não muito distante já não
I I m rcio das Américas (A lc a) . As grandes desigualdades econômicas, existe mais; na verdade não existem mais projetos de fábricas, mas projetos de
II 11 I gicas, sociais e culturais dificultam a unificação de interesses nacionais negócios, unidades estratégicas, em torno de um objeto prioritário de monta-
1111' países das Américas. A união econômica das Américas é uma possibi- gem. A General Motors criou um espaço integrado de montagem em Gravataí
1111"I ainda distante, dada a disparidade de poder entre os EUA e os demais (RS). O sistema operacional é inovador, pois, em área de 386 hectares foi insta-
p li, ,principalmente, os do bloco latino-americano. No continente africano lado um complexo automotivo (140 mil m? de área construída), unindo em re-
) I xi te um tratado preliminar que cria a União Africana, assinado em Lomé des de espaço e tempo, fornecedores e comprador, num verdadeiro condomínio
( li ) em 12 de julho de 2000. O novo organismo está voltado a um conjunto industrial. Formou-se, assim, uma rede sistemista, cuja proximidade, a partir
I1I I ire rias regionais em áreas estratégicas de desenvolvimento, à instalação de de um modelo matemático, garante rapidez, eficiência e baixos custos
11m I rlamento e um tribunal continental, a um fundo monetário africano , à operacionais. Essa integração espacial, comprador/fornecedor segue o sistema
I limln çâo de fronteiras e à criação de uma moeda única. Essa nova estrutura just-in-time (entrega no horário solicitado), o que permite que os estoques aten-
III1i((i de caráter continental substitui a Organização da Unidade Africana (OUA) dam somente a produção diária. As informações entre comprador e fornecedores
1Ilmll m Addis Abeba (Etiópia) em 1963 e que teve um papel importante na luta circulam rapidamente por um sistema informatizado, compondo, juntamente com
ontra a discriminação racial na África do Sul. Essa tendência à formação de a operacionalização de entrega, o tempo curto, não só entre a rede de fornecedo-
I '111 1I1lldt (111
I 1 rur tituint mi tu li 1'"11 ( tI d, 'IH 1IIIIIIId II 'IIIII!{II rll 111 . .,

, !lI I t' I . pr I ri . V ícul sp ciais, elétricos ou a gás, op I' im U listribuiçâ dlvid 111 111 111 1/0 P.I 111t1( .11 01 lz IÇ S: ti r ai
r d r ais vrrtuais. A
dI' <l11l1 n nt entre os sistemistas e o núcleo de montagem da unidade l du III til lovi III h/tIli ,I.: U r xl c merciais de distribuição de produtos
111

IIHIIII I I 1"1. Um exército de robôs opera as principais tarefas de alta precisão,


ornprad dir t m nt d fábricas, e as redes de intermediação que distribuem
1 1111011'1 fi.bricação de componentes por parte dos sistemistas quanto na mon- pl' dut para os pontos-de-venda ou revenda. A escal.a.global da distribuição
I , • m d veículo. p d polarizar áreas que se tornam lugares de alta rotauVldade na distribuição e
\ 1 ar tto Filho e Pires (1999:28) lembram que a "terceirização, parceirização, c mercialízaçâo de produtos. Cidades fronteiriças, com áreas de livre-comércio,
IIh intratação, facção e outras formas de repasse da produção criam as redes c ntros turísticos internacionais, as rotas do contrabando global constituem
111!/(!OWIl, ou seja, em torno de uma montadora se sistematiza uma rede de fome- extensas redes de distribuição e comercialização de mercadorias. As redes virtu-
t lor ,todos, empresa-mãe e dependentes, competindo por liderança de cus- ais ganharam força nos últimos anos, através das lojas da. internet. Há uma
autor lembra, ainda, outro tipo de rede de empresas, a chamada rede tendência à multiplicação de lojas que operem apenas no SIstel11avirtual. Por
ri .xfv I, formada por pequenas empresas, em forma de consórcios, que podem outro lado, grandes grupos econômicos estão criando megaportais para intensi-
" unçar participação competitiva no mercado global. A unidade de produção, ficar o sistema business-to-business. Participar de uma rede global eledistribuição
i11 I P ndentemente da escala, será global sempre gue se estabeleçam conexões de produtos requer, principalmente para as pequena~ e médias empresas, estra-
t ntr países (Yip, 1996:1). tégias que muitas vezes não podem ser alcançadas Isol~damente. As relações
A produção associada pode ser representada, ainda, por estruturas coopera- com os mercados são muitas vezes complexas e exigem COnhecimentos
Iiva um outro modelo de redes. Nesse complexo se formam, setorialmente, os
r
especializados. Isso leva as empresas, pequenas e méd~a~, principalmente, a
',i:l mas integrados de produção, como o de automotores, das agroindústrias, formarem as cadeias de valores, em associações empresarlills, formando-se" um
1I farmacoquimica, das cadeias de alimentos, das malharias, da petroquímica, consórcio de empresas que passará a gerir o processo relacional entre elas e o
I,l~t lecomunicações, e muitos outros. Um produto passa por vários trânsitos mercado" (Casarotto Filho e Pires, 1999:62). Os autores chamam a atenção
ti c mposição e montagem até o objeto final de consumo. para a responsividade, ou seja, a resposta rápida. Um exemplo de responsívidade
A economia globalizada passa a ser, na verdade, um mix estratégico de foi dado acima, no sistema integrado de compra e entrega no horário solicitado,
m ntadoras para a produção de um objeto de consumo. As parcerias que se entre a montadora de automóveis e os sistemistas. As respostas rápidas come-
'sl belecem entre as unidades montadoras e os fornecedores estimulam a pro- çam em ambientes de grande competição, tanto na produção quanto na distri-
lutividade a partir da pesquisa, via internet, dos melhores preços, das melhores buição dos produtos. Independentemente dos ambientes de ne.gócios, as redes
( ndições ao atendimento das necessidades de insumos e componentes. A de produção e distribuição se integram de tal maneira que uma Inclui a outra ao
nectividade em escala global é facilitada pelos portais e sistemas de transmis- estabelecer-se, satisfatoriamente, a dinâmica econômica de respOstas rápidas e
• 1 de dados, o que aumenta substancialmente a capacidade de utilização dos eficientes.
ursos disponibilizados pelas tecnologias da informação. As redes financeiras globais transportam pelo mundo, instantaneamente,
Além de proporcionar rapidez e maior produtividade nas diversas etapas do os valores e significados da nova economia. A informação financeira, na varieda-
I r cesso de montagem, o uso de tecnologias da informação pode garantir uma de de sua aplicação, se desloca para todos os cantos do mundo em movimen-
rma de inclusão social, a chamada inclusão digital. Essa afirmativa é válida não só tos rápidos, caracterizando a economia de velocidade. O tempo é o instante da
I Ir pessoas que procuram oportunidades no mercado de trabalho, como para em- negociação, da aplicação, que pode representar garthos ou perda.sextraordinári-
I I as e até mesmo para países quando se trata de vantagens competitivas. Ou se é as. A distância não conta mais, é vencida irremediavelmente pela lI),stantaneidade
I line ou se é offline, ou seja, se está incluído ou não. Os sistemas de transmissão da informação que produz relatos gue por sua vez se movem em redes próprias
I dados vêm ganhando mais confiabilidade com a adoção da certificação digital de decisão. Uma das mais extraordinárias operações que circulam pelas redes
I ir operações no mercado financeiro, operações comerciais, rotinas acadêmicas e, financeiras globais tem caráter especulativo. movimentando diariamente nas
I r ticamente, todas as formas de utilização da informação digital, bolsas de valores do mundo cifras vultosas. Com essa tecnologia da
As redes de distribuição globais formam uma engrenagem diversificada, instantaneidade, recursos substanciais entram e saem das bolsas devalores, provo-
p r vezes complexa e quase sempre representativa de estruturas nodais nos cando, muitas vezes, profundas crises nos sistemas financeiros nacionais. O
I ,I "I 11 11" ',I "" I

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AH I' I s d L I c municações e a internet estabeleceram os princípios da d 1$do sécul XX. Em outr paí s formaram-se as tecnópoles (China, Japão,
Ilt Il'd.t 1 ci bcrnética, conectada por meio da tecnologia, por onde fluem negó- AI .m. nha, Inglaterra, França e outras de menor investimento) responsáveis
,1111 pod r influência de poder. O final do século XX e o início do século XXI
I
pela ampliação do conhecimento científico e tecnológico. No Brasil a Universi-
n u ».uurur» um extraordinário trânsito tecnológico, no qual os avanços na ti d de Campinas (Unicamp) tornou-se um centro especializado no desenvolvi-
11111'0 I 'tr' nica, computação, telecomunicações e opto eletrônica se sucederam mento de fibras ópticas que têm sido largamente utilizadas na transmissão de
I"pid,IIl1 rue, produzindo mudanças permanentes no âmbito das organizações, energia elétrica, numa extensão de mais de 70 mil km em território brasileiro.
ti" pr dução e dos serviços. Praticamente nada é permanente no mundo da Também na área de telefonia e informática o Brasil faz investimentos substanci-
Illr( rrn tização e das fibras ópticas. Para Castells (1999:501) "o processo atual ais, garantindo o novo modelo de infovias por meio do ciberespaço-tempo. A
(I . t run f rmação tecnológica expande-se exponencialmente em razão da capa- utilização dos cabos de fibra óptica garante maior eficiência e menor custo
I iel \ I de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma lingua- operacional. As redes de fibra óptica serão estendidas do Brasil para a Argentina
rlI111 íigital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, e Chile, chegando aos EUA via oceano Pacífico. As redes de fibra óptica facilita-
pn ada e transmitida", Tudo é digital no mundo tecnológico integrado, onde rão a formação dos chamados data centers, cuja função será de armazenar infor-
I. I' \1,ç - es por ações coordenadas formam a sofisticada base conectiva das redes mações para usuários, liberando a formação de arquivos nas empresas e insti-
til inf rmatização e telecomunicações,
tuições. As redes de telecomunicações e a internet são os signos maiores da era
Nas revoluções tecnológicas anteriores os avanços não foram tão rápidos e da informação. As tecnologias eletrônicas informacionais condicionaram ou-
lI!'111di ponibilizados para uso corrente tão imediatamente como na atual revo- tras tecnologias, organizacionais e de gerenciamento, mudando radicalmente o •
111 to informacional. Basta lembrar que o microcomputador foi criado em 1975 perfil das empresas e instituições públicas (mais lentas) e privadas. Presente-
I (0l11 çou a ser comercializado em 1977. O segundo passo importante para a mente, há os portais corporativos, representativos da revolução na gestão da
I"pi [a evolução da internet foi dado no final dos anos 1960 com a instalação, informação e do conhecimento, e o sistema de banda larga que permite ampla
jl"la Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos convergência no contexto de redes, garantindo uma conectividade segura, au-
nUA. de nova rede eletrônica de informação, Nos primeiros anos da década de mento da disponibilidade, da velocidade e de maior segurança.
1970 a interconexão em rede tornaria a internet um novo e poderoso instru- As redes globais do crime organizado formam uma ampla zona cinzenta no
111mo de comunicação, responsável por mudanças substanciais nas relações de contraponto à sociedade legal. Há, verdadeiramente, uma realidade dicotórnica
ti ~ a, negócios e comportamentos em todo o mundo. Os anos 1970 represen- no processo de globalização econômica. A globalização da economia amparada
I 1111,portanto, o epicentro de ondas de inovação tecnológica em rápida seqüên- em códigos, normas e acordos juridicamente estabelecidos e a globalização à
i 1, provocando mudanças permanentes nas sociedades mais evoluídas. Esse margem da lei, o contrapoder do crime como forma de garantir a gigantesca rede
'r ie ntro da microeletrônica foi exatamente o Vale do Silício no condado de de negócios ilícitos. O vulto dos negócios ilegais é de tal ordem, tanto em
S II1LaClara, ao sul de São Francisco, na Califórnia, sob a inspiração e apoio da termos de diversificação de atividades, quanto em relação aos valores envolvi-
Univ rsidade de Stanford. Mas antes dos anos 1970 pode-se considerar como dos, que levou a ONU a realizar a Conferência sobre o Crime Organizado em
111ircos importantes na evolução tecnológica: a 11Guerra Mundial e a Era Espa- 1994. Os informes saídos dessa conferência são alarmantes, pois mostram um
i lI. A máquina de guerra norte-americana precisava superar a alemã no aperfei- cenário de degradação da sociedade organizada, com o crime se tornando uma
(Jumento e na introdução de novas tecnologias, assim como na conquista do prática corrente nas estruturas do poder político, econômico e financeiro, além
t ,I ço era preciso suplantar a ex-URSS. A partir de 1960 os EUA passaram a de criar uma contracultura de organização e estratégias das práticas ilegais.
iIIV tir pesadamente em ciência e tecnologia, o paradigma para a supremacia na As mais importantes organizações criminosas do mundo estavam delimita-
( orrida espacial, no poder militar e na dominação econômica. das em fronteiras nacionais dos países capitalistas até o desmoronamento do
A partir dos anos 1970, os espaços em ciência e tecnologia se ampliaram império soviético. As máfias norte-americana, italiana, japonesa, chinesa (Hong
1111várias universidades e centros especializados. Os vultosos investimentos Kong e Taiwan) e o cartel colombiano atuavam em contextos nacionais e regio-
1I11 ,111 I1I 11 rlm 111 " '1111 I I UI11 t 11 X I tdn 'Ul'11I 1111 !lUI I t1id I I ,. A 1"" I~III 11111111111 1 /1111111 1 '"11111111"IlII'" poli I I dI 1111pli.1I li, 111'dlltl',t!1
:ltI\! tli . IÇ\( de rim rguniz do c n ctado, d nv Iv J1 I trai gias d 111111111111 ( 1111111111,11111" 1J1I11/lllcln'. ptld 'Ipúbl] os, Fi
, ti, I sln (OI111l,
I~ te) o I r Iça m l dos os países, se incorporou, no reverso, ao proces o d 111111 1111 '11( , lill il ht.tI" I 'li tl .Iimit s -ntr atividad 'S da n mia I ,[\1 II
:1,ihullz Iça cl onomia. A partir de 1991, com o fim da bipolaridade ideológi- onomi.t de rime.
I, '11' nv itando-se do caos econômico dos países do antigo bloco soviético e da () ziro d milho s de d lar /dia em aplicações meramente especulativa
HII slu rn P rticuJar, o crime organizado se expandiu para o Leste europeu. A 11 I Ivag m d s mas vultosas de dinheiro sujo em negócios amparados legal-
I1 Illsi I d comunismo para o capitalismo abriu um vasto campo de ação às 111 .ntc ' o contraponto ao crescimento da fome, da miséria e da pobreza pel
uiizaç - es criminosas, produzindo novas associações mafiosas, conectadas mundo; é o capitalismo cinzento, fora e dentro da lei ao mesmo tempo, sem
\' I I lícitas internacionais. O crime organizado global tornou-se um gigan- mpromisso com a sociedade organizada. As sociedades nacionais ficaram, após
I t, o f nômeno de caráter delituoso, operacionalizado segundo estratégias em vendaval da globalização, vulneráveis à ação do crime organizado. A democra-
" I , cujas dimensões em valores e atividades comprometem a segurança de cia por seu turno também se enfraquece, tornando-se um instrumento adequa-
I d. '$ da sociedade como um todo. A conferência da ONU sobre o crime do à expansão do crime organizado. O contrapoder do crime organizado se infiltra
\lI inizado global revelou a diversidade de ações das máfias organizadas: tráfico e corrompe os poderes instituídos; é como uma entropia sistêmica, provocando
ti UI gas, de armas, de órgãos humanos, de mulheres e crianças, movimenta- a erosão na dimensão ética da política e o implacável desgaste moral das insti-
10 d imigrantes ilegais, contrabando de material radioativo, prostituição, jo- tuições públicas, particularmente.
H' s I azar, seqüestros, terrorismo, agiotagem, extorsões, falsificações, assas- As chamadas economias emergentes dependem fundamentalmente do aparte
inatos, comércio de objetos roubados, venda de informações confidenciais, de recursos externos, sob a forma de investimentos nas bolsas de valores, in-
( H III mas de corrupção, manipulações financeiras e lavagem de dinheiro, entre vestimentos na dívida e na transferência de ativos dentro do processo de
nutra ações. Segundo estimativas da ONU o crime organizado global lucra privatização das empresas públicas. A política de abertura foi estimulada por
1,1 I a de US$ 750 bilhões anuais, cifra maior que o PIE de muitos países perifé- organismos e investidores externos, aumentando o nível de endividamento das
11 s. Parte desse vultoso lucro vai para os negócios legais, ou seja, são recur- economias nacionais periféricas. As duas dimensões da economia global- eco-
() grados na economia do crime e reinvestidos na economia legal. Segundo nomia legal e economia do crime - podem se confundir, proteger e agir de
.ISl lls (1999:215), acordo com um padrão de amoralismo econômico. A estabilidade das economias
assim sustentadas é extremamente precária, podendo sofrer oscilações bruscas
todo sistema criminoso só faz sentido, do ponto de vista empresarial, se os
de acordo com os interesses dos investidores externos. Para obter maiores van-
lucros gerados puderem ser aplicados e reinvestidos na economia legal. tagens fiscais nos países enfraquecidos pela dependência de entrada de recursos
Isso vem se tornando cada vez mais complicado, dado o espantoso volume externos via bolsas de valores ou compra de ativos produtivos (empresas) ou
de capital representado por esses lucros. Por esse motivo, a lavagem de financeiros (bancos), o crime organizado global estabelece estratégias de chan-
dinheiro é a grande matriz do crime global e seu elo mais direto com o tagem, provocando, inclusive, crises no sistema financeiro, o que leva, invaria-
capitalismo global.
velmente, os países atingidos a cederem em benefícios fiscais. O crime organi-
Talvez isso explique de alguma forma a dificuldade de combate ao crime zado transnacional é uma dura realidade global. Está presente em todos os
irganizado, pois, não raro, muitos países dependem dos investimentos oriun- segmentos da vida social, com um poder de organização difícil de combater
I da lavagem do dinheiro sujo em bolsas, processos de privatização e outras porque os interesses em jogo permeiam vínculos cada vez mais estreitos com a
m dalidades de sustentação financeira dentro dos padrões capitalistas globais. sociedade formal. No Brasil têm sido denunciadas as máfias que operam a lava-
O crime organizado, unindo em rede os interesses das diversas máfias na- gem de dinheiro e remessas ilegais em dólares para o exterior, o tráfico de dro-
nais e regionais, tornou-se uma dinâmica e complexa estrutura financeira gas e a corrupção política.
bal, caracterizando-se pela diversidade, amplitude, adaptação ao ambiente e A teia global configura uma interatividade sistêmica, projetando novos sig-
reestruturando de acordo coma evolução das técnicas. O poder que emana nificados. Se a modernidade é global e cibernética o é conseq üentemente interativa
du entranhas do crime organizado global está fora de controle: poder de expan- e portadora dos significados, símbolos e signos correspondentes. Gradativamente,
I sobre os espaços disponibilizados pela abertura econômica; poder de ativar passa-se de uma sociedade simbólica nacional a uma sociedade simbólica
transterritorial. Mas deve-se considerar que a sociedade nacional ainda mantém
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'1IIIdld slmbólica tra» L rrit rial urna rniragem d ~ 111101.
ê Illhj,tiva qu d, I,IIU lu 1:,'1ldu n.ul.i Io: 'I 10 E Lati parecia sepultada nos escombros da
IIH 1111I ons iêncí col tiva, sem, contudo, despertar os me m 'S ntirnentos 11(;11 Ira Mundial. Contudo, r aparece como símbolo de poder na dissociação
, .11u II Iiz I I r d s nacionalidades. Tudo gira em torno de razões transitórias, dI, 1~Slild com a naçao, avançando contra a sociedade como se ela fosse um ente
'I 1,:1,I ~ tivarn nte, alguma razão. Vive-se muito mais a razão externa do que a 111LIginal à institucionalização e ao poder do Estado. O retrocesso nas crenças e
1111 I 111'1,tulv z por essa não oferecer as perspectivas e os encantamentos, ainda
I" li j1lss'lg iros, do mundo global. A consciência coletiva individualizada move-
'I j11 10sopro dos ventos de ilogismos muitas vezes exóticos. Basta ser diferen-
1 ráticas da fé, dominadas pela interatividade da práxis de submissão das consci-
encia à falsidade dos significados, identifica-se, corporifica-se e materializa-se
ti forma ultrajante na decadência cultural e educacional.
Ir Jl,II ,I a ânsia coletiva incorporar e desincorporar, tão rapidamente quanto A principal forma de interatividade contemporânea é a que se impõe pelas
I"', sív I, a imbologia da sociedade global e transitiva. Os valores permanentes, relações econômicas transterritoriais. As linhas de dependência entre os centros
l'i int ratividades de longo prazo, a significância dos signos se alteram em e as sedes das atividades econômicas são de tal importância à implementação de
1/1to tempo, e passam da dimensão interna à externa sem compromissos. Os estratégias de negócios, que só a nova realidade do ciberespaço- tempo pode torná-
Jloli r instituídos nacionalmente sofrem a erosão legal da ação dos agentes Ias efetivamente interativas. Forma-se uma cadeia conectiva de demandas e deci-
lill 111 delam as novas realidades. Nada mais se mantém como pétreo, não- sões a ligar os atores envolvidos; todos se voltam, mutuamente, às metas e aos
It II' ativo, incluindo a ordem jurídica, que pode ser descontinuada, não por objetivos estabelecidos. É um mundo de forças cujo equilíbrio depende da obser-
1IH 1111ntos de modernização, mas por soluções de caráter jurídico-político. vância de regulação própria, intransferível, impostergável, fria e não-so!idária.
N arquitetura do universo tudo muda: o estado físico, a velocidade, as Um evento novo pode afetar o sistema, desequilibrá-Ia e provocar perdas. E preci-
i/1'ularidades, o poder de radiação; tudo se transforma, evolui, nasce e renas- so absorver tendências que ameacem o sistema, convertê-las, incorporá-Ias e diri-
, . Mas o tempo flui sempre num mesmo sentido, independentemente da dire- gi-Ias, evitando riscos às subjetividades básicas de credibilidade e segurança.
t,.In 110 spaço. O tempo não é retroativo, embora o espaço possa sê-lo no sen- A interatividade sistêmica e seus significados, explícitos ou não, represen-
lido <1 expansão e contração. O tempo pode mudar de perspectiva para o tam um poder de dominação sem limites, estendendo-se sobre Estados-nações,
11h. rvador em um ponto aleatório no universo. Ele olha para o cenário cósmico estruturas institucionais e consciências políticas. Um poder simplesmente pre-
, su t frente e se o olhar seguir em direção às projeções luminosas, como uma sente, invocado, corretamente ou não, mas funcionando como antídoto a qual-
1IIV pacial voando à velocidade da luz, irá sofrer o paradoxo do tempo. Sai em quer tentativa de contraposição. A emasculação de significados contrastante é
liI ça ao passado e mesmo que altere a direção, o sentido do tempo será sem- logo tentada por artifícios dialéticos ou imposições legais. O Estado, auto-sufi-
pl mesmo até o momento em que se aproximará do presente e do futuro. À ciente em suas prerrogativas e mesmo nas que não lhe são outorgadas, gerencia
111dida que se aproxima dos objetos cósmicos notará mudanças estruturais, e oferece garantias à interatividade dos interesses globais. Isso significa, por
pui stará cada vez mais próximo do tempo da luz; o passado torna-se presente outro ângulo, a quebra da interatividade entre o Estado e a nação. O Estado se
I LIturo na concomitância do real e do virtual. O tempo não mudou de sentido, fortalece em suas novas funções e a nação se enfraquece em seus liames inter-
Ip 'nas de perspectiva para o observador cujo olhar saiu de uma realidade cós- nos, perde impulso e se desassocia nas desigualdades e no individualismo.
IIli 1 observável que não mais existia em seu ponto de origem - passado _ A sociedade global é interativa, A atualidade cibernética garante a
1111r 1 utra - presente - e de transformações permanentes - futuro. interatividade do sistema de produção, geração de riqueza e cultura. A produção
A mudança na sociedade precisa ter esse sentido do tempo. Para a frente, é de alta eficiência pelo uso de tecnologias de ponta, pelo avanço do conheci-
ti11<1do passado para o futuro, construindo o presente moderno com as tran- mento e pela instantaneidade das informações; a riqueza é gerada e concentrada
I o de novas modernidades ditadas por novas formas de convívio social. Tudo com a redução do emprego e da renda. Ao contrário da riqueza que interage
qu r troage é uma perda, uma lesão individual e coletiva. Assim, nas guerras, pelos avanços da tecnologia e do saber, a pobreza interage apenas em fragmen-
11/11ircaico simbólico de retrocesso na atual fase de desenvolvimento da socie- tações, nas favelas, nos cortiços, nos espaços imundos e doentios da civiliza-
,L ItI total. A guerra é uma lesão irreparável de caráter individual para os que ção. Há interatividade e significados negativos nas redes do crime organizado,
1111.1 d ixam a vida e um mergulho coletivo na insegurança e incerteza. A nas farsas políticas, nos preconceitos e na própria democracia. A democracia
,,,d m jurídica simboliza na sociedade, quando resguardada, a segurança, a liberal não é um passaporte a um mundo melhor. Ela representa, no âmbito dos
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li 'lIllld lisa, ubsor vid I I '1111'lnnt m nte por padrões comportamentais mutantes,
I .uih ,na teia das interatividades
( ) I 1'ó1 e dos significados, é que o sujeito
SI' ruindo mpre a n v regras, as novas tecnologias, as novas exigências do
111iI ( 'I 111individual nem coletivo. É um ser perdido em suas ligações mais III I -nam nto econômico. As proximidades maiores estão no mundo virtual, no
di IIV.! te r, tivas, esforçando-se ao limite para manter um espaço de sobrevi- ilere paço-tem po onde as relações e os sentimentos estão mais presentes. Não
VI111;'1. suj iro vive a solidão social no emaranhado de teias que o prendem ao nu r alidade física, praticamente dispensável ou eventual, mas na comunicação,
I II 111,1, '1 S condicionamentos reais e à subjetividade dos símbolos e dos signi- n contato virtual e na linguagem dos códigos cibernéticos.
I I «Ios. A s ciedade simbólica, o poder simbólico, o sujeito simbólico; um mundo O sujeito é e não é interativo. Por contingência existencial vê-se obrigado a
II ..iJll i'> logias degradadas, desconectadas, regido pela transitoriedade das for- participar da sociedade interativa, de onde retira os princípios vitais à sua sobrevi-
111I" I expressões, da arte e da cultura. Mas, sobretudo, é proeminente o vência. Mas não é interativo na sua individualidade, nas respostas que dá a si
1p,l1if/c.d simbólico da nova ordem, da realidade que se impõe, sem raízes, próprio, a seu mundo particular. Como autodefesa às agressões que sofre do Estado
( 111P rmanência, sendo uma atualidade de tempo transitivo. e da sociedade, resguarda-se, protege-se à sua maneira e resiste ao limite à absorção
A tr nsterritorialidade simbólica não tem lugar definido; move-se no mun- ideológica, à padronização, ao alinhamento lógico. Forma-se na consciência do
dll ({sic e no virtual, onde o sujeito já não é o principal agente da mudança. sujeito global a dualidade do comportamento. Precisa adequar-se e o faz por neces-
( U Jl1 tr nsforma é um ente abstrato, a tecnologia, presencial nas duas reali- sidade de sobrevivência; é o seu mundo exterior, com seus estereótipos, nada em
d It! s, a física, num realismo concreto de inusitada miniaturização, e a virtual conformidade com o outro mundo que o anima, povoado de idéias e desejos que
di I 'i I erespaço-tempo. Atrás, em posição subjacente está o sujeito, ainda que ficam retidos nos recantos de sua interioridade. Ele, o sujeito global, vivencia a
dl'l ent r do conhecimento, preso, irremediavelmente, à condição de elemento interatividade e os significados da nova realidade, mas vinga-se povoando sua men- •
III sist ma, peça do conjunto da engrenagem econômica e dos arranjos soei- te com a majestade da sociedade simbólica que ele considera justa e solidária.
d,. P uco, muito pouco o individualiza, e muito menos o coletiviza. É o A figura 5 ilustra a interatividade sistêmica e os significados na ordem
i: I ma, invisível, mas presente, sentido, mas não tangível. O sistema induz, econômica e a questão do sujeito multicultural, deslocado de alguma identida-
11m inda, irradia poder, mas não é observável, apenas sentido. O sujeito preci- de própria, mas conservando símbolos nacionais.
I,IU quar-se, ser parte da sociedade simbólica, ainda que essa o despreze e
111) raro o exclua. Se a sociedade é ordenada para todos e a democracia é para Figura 5
I vi r a todos, em li berdade e segurança há, efetivamente, algo de errado na A interatividade sistêmica e os ambientes geoestratégicos
pl tic conceitual. As profundas desigualdades, a violência, a abjeta condição
I 'vida de um terço da humanidade não condizem com o concei to de sociedade
Ciberespaço-tempo
[u tu democracia participativa. Mas combina com a sociedade global, com
• 111riqueza, poder e exclusão; a democracia é a liberal-econômica, com a tira-
1111 I mercado e das supremacias dominantes.
Interatividade sistêmica
A estruturas comunitárias e as iniciativas solidárias pouco representam
um práticas de vida de longa duração. As relações comunitárias e com elas a
eliid iriedade perdem a espontaneidade, o rito do permanente, o prazer da ação
Teias em ambientes geoestratégicos
I (lI 'I iv . O que predomina nas comunidades habitacionais, profissionais e ou-
II 1 sentido do sujeito só, como um solista no coletivo or uestral. Ele depen-
I ti 1 C munidade, mas nela é um componente, uma parte de sintonia cujos laços
Interesses econômicos
111P ssageiros, frágeis e por vezes egoísticos. Nada o une a nada, ele transita
Manifestações de poder
I' 10 símbolos que pouco significado a ele oferecem e que não são dele, da naciona- Influência de poder
l,tI 11 ' da qual ele é produto. Os novos costumes, os signos vivenciados, as Gestão do território
Multiculturalismo
Parte 11
A discussão sobre o poder - especialmente a relação
entre os poderes nacional e transtenitorial - conduz a
uma refexão importante sobre as mudanças e rupturas
nas relações entre as organizações e a sociedade.

ISBN 978-85-225-0624-8

9788522506248

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