Sunteți pe pagina 1din 31

Universidade do Vale do Itajaí

Centro de Educação São José


Curso de Relações Internacionais

O Etanol na Diplomacia Presidencial do Governo Lula

Cristian Beltrame

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a banca examinadora do
curso de Relações Internacionais
como parte das exigências para a
obtenção do título de bacharel em
Relações Internacionais, pela
Universidade do Vale do Itajaí

Professor Orientador: Paulo Jonas Grando

UNIVALI- São José


SÃO JOSÉ - 2008
RESUMO
O presente artigo trabalha o tema do etanol na diplomacia presidencial brasileira. Sua delimitação aponta
para a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na condução da política externa referente ao
etanol. Para isto procurou-se responder a seguinte questão: quais as possíveis motivações em termos
políticos, econômicos, sociais e ambientais que estimulam a atuação do presidente Lula a trabalhar para
a internacionalização do etanol? Neste sentido, foi trabalhado o conceito de diplomacia presidencial, sua
tipologia e as principais características da diplomacia presidencial brasileira. No segundo tópico foram
levantadas as motivações políticas, econômicas, sociais e ambientais. Para finalizar, no terceiro tópico,
apresenta-se os principais resultados da ação da diplomacia presidencial brasileira em termos de:
acordos, memorandos, protocolos e negociações em curso, envolvendo ações para a internacionalização
do etanol e de toda a sua cadeia produtiva. O artigo conclui que: ao estimular a discussão sobre o tema
dos biocombustíveis com investidores e países estrangeiros, a atuação do presidente Lula referente ao
etanol ampliou a presença do Brasil no cenário internacional, trouxe novos investimentos externos, bem
como apontou que esta prática tem o potencial de gerar novos empregos e renda ao país.

Palavras-chave: Diplomacia Presidencial, Etanol, Governo Lula, Política Externa.

Abstract
The present article has the purpose to work the subject of ethanol in Brazilian´s presidential diplomacy.
Its delimitation examines the performance of the president Luiz Inacio Lula da Silva in the foreign
policy conduction´s referring the ethanol. For this, it was answered the following question: which
motivations in terms politicians, economic, social and ambiental stimulates the performance of the
president Lula to work for the internationalization of the ethanol? In this direction, it was worked the
concept of presidential diplomacy, its typology and the characteristics of the Brazilian´s presidential
diplomacy. In the second moment it was worked the motivations in terms politics, economic, social and
ambiental. To finish, in the third topic the main results of the action of the Brazilian presidential
diplomacy had been presented in terms of: agreements, memorandum, protocols and negotiations in
course, involving action for the internationalization of ethanol and its productive chain. The article
concludes: to stimulate discussion on the topic of biofuels with foreign investors countries, the actions
of President Lula for the ethanol expanded the presence of Brazil in the international arena, has brought
new investments from the others countries and pointed out that this practice has the potential to generate
new jobs and income in Brazil.

Key words: Presidential diplomacy, Ethanol, Lula´s Government, Foreign Policy.

2
O Etanol na Diplomacia Presidencial do Governo Lula
Cristian Beltrame

Sumário: Introdução; 1-A diplomacia presidencial: conceito, tipologia, características;


1.1-O conceito de diplomacia presidencial; 1.2-Diplomacia presidencial: uma tipologia;
1.3-Características da diplomacia presidencial brasileira; 2-A atuação do presidente Lula
na condução da política externa sobre o etanol; 2.1-Do Pro-Álcool aos Motores Flex
Fuel; 2.2-Do petróleo ao etanol: aspectos ambientais; 2.3-Da elevação dos preços
internacionais do petróleo à segurança nacional; 2.4-Da padronização internacional à
universalização da produção e consumo do etanol; 2.5-Dos benefícios econômicos e
sociais à cadeia produtiva da cana-de-açúcar; 3-Principais resultados da diplomacia
presidencial para o etanol: acordos, protocolos, memorandos e negociações em curso; 4-
A diplomacia presidencial no caso do etanol: apontamentos para concluir; 5-Referências.

Introdução

“O Brasil outra vez sai na frente [na área dos biocombustíveis]. Não vai demorar
20 anos para que os biocombustíveis sejam uma nova revolução na matriz
energética do planeta e motivo para que os países que foram pobres no século 20
se transformem em países prósperos no século 21". Luiz Inácio Lula da Silva1

O presente artigo tem como finalidade discutir sobre o tema do etanol na


diplomacia presidencial brasileira. Sua delimitação aborda a atuação do Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em relação à conquista de novos mercados para um produto nacional
que os especialistas apontam como muito promissor nos mercados internacionais: o
etanol feito a partir da cana-de-açúcar.
Nos últimos anos é possível observar uma posição mais ativa do presidente da
república na condução da política externa, pois a presença da figura do mandatário trouxe
nova ênfase às relações internacionais do Brasil, pautada no apelo à opinião pública
nacional e na sua própria personalidade, a qual combina uma atuação carismática e até
folclórica do presidente Lula no exterior. Neste sentido, este artigo procura responder a
seguinte questão: quais são as possíveis motivações (econômicas, políticas e

1
FIORI, Mylena. Produção de biocombustíveis colocará Brasil no "grupo seletivo dos países ricos", diz
Lula. Agência Brasil, 24 mai. 2007. Disponível em:
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/05/23/materia.2007-05-23.4297709285/view, acessado em
26/05/2008.

3
ambientais...) que estimulam o presidente Lula a trabalhar para a internacionalização do
etanol?
A utilização de combustíveis renováveis vem assumindo crescente importância no
cenário internacional. O contínuo aumento dos preços do petróleo, juntamente com a
perspectiva da possível escassez deste bem, permite antever possibilidades para o
emprego, em maiores quantidades, de combustíveis renováveis como o etanol. Outra
questão advém da necessidade de conter o aquecimento global, causado em grande parte
pelas emissões dos resíduos dos combustíveis fósseis, pois seu uso contribui para reduzir
as emissões de gases de efeito estufa. O Brasil está bem posicionado nesta questão, pois a
cerca de três décadas vêm atuando na busca por matrizes energéticas alternativas às
vigentes.
O pressuposto exemplo brasileiro de utilização do etanol derivado da cana-de-
açúcar como combustível, misturado a gasolina ou utilizado isoladamente, reafirma a
viabilidade de sua implantação em âmbito mundial. Para que isto se torne viável são
necessários avanços na infra-estrutura de produção e também para a sua distribuição, pois
os países que adotarem esta alternativa necessitam contar concretamente com a garantia
de abastecimento.
O país domina completamente toda cadeia produtiva do etanol. Na produção da
matéria-prima, possui disponibilidade de terras para o cultivo, mão-de-obra especializada
e tecnologia nacional de ponta na área de cultivares e de insumos. Também domina a
tecnologia necessária no setor de máquinas agrícolas e equipamentos para o plantio e
colheita. Na área da transformação da cana em álcool combustível o Brasil possui um
parque industrial bastante importante: um dos maiores do mundo. No setor de bens de
produção, conta com capacidade, qualificação e eficiência para produzir usinas e todo o
maquinário necessário para ampliar a atividade. No setor de consumo o país desenvolveu
tecnologia própria para utilizar o etanol, com destaque para área de motores. Ao
implementar a tecnologia de motores flex-fuel2, os automóveis passaram a ser movidos a

2
A tecnologia dos veículos flex-fuel foi inicialmente desenvolvida nos EUA a partir da Corporate Average
Fuel Economy (CAFE) nos EUA. Estes veículos admitem operar com qualquer porcentagem de etanol na
mistura combustível, entretanto os pesquisadores brasileiros adaptaram esta tecnologia para o Brasil,
tornando-a viável economicamente. Corporate Average Fuel. CAFE – Overview, Corporate Average
Fuel. Disp em: <http://www.nhtsa.dot.gov/cars/rules/cafe/overview.htm> acessado em 10 de abril de 2008.

4
álcool ou a gasolina individualmente, ou ainda, os dois combustíveis podem ser utilizados
ao mesmo tempo em diferentes proporções de mistura. Estes são alguns dos que aspectos
credenciam o Brasil como líder mundial neste setor.
O etanol pode ser uma oportunidade de ampliar os negócios internacionais para o
país e também permite ampliar o comércio em outros segmentos da cadeia produtiva
como: insumos, maquinários, tecnologia. Por isso, no contexto político-estratégico, a
diplomacia presidencial do presidente Lula em relação ao etanol pode permitir ao país
galgar posições na hierarquia internacional de poder, pois segundo Michel T. Klare
(2001) em um futuro próximo as contendas internacionais serão por recursos naturais,
principalmente o petróleo.
O presidente Lula se transformou no “garoto propaganda do etanol”. Em suas
viagens internacionais, junto a delegações empresariais e de governos estrangeiros, o
presidente tem trabalhado a questão do etanol apresentando a experiência brasileira no
setor e a capacidade deste combustível em reduzir ou até mesmo em substituir a queima
de combustíveis fósseis por combustíveis mais limpos e renováveis. Esta situação não
acontece em muitos países, os quais dependem quase que exclusivamente da queima de
combustíveis fósseis em sua matriz energética. Neste aspecto, o Brasil se destaca por
apresentar reduzida dependência internacional em um setor vital como é o de energia.
Dado a amplitude dos aspectos elencados, este artigo tem como objetivo geral
identificar os principais resultados da diplomacia presidencial do governo Lula para o
etanol. Para viabilizar este intento procurou-se: a) conceituar diplomacia presidencial; b)
identificar as motivações políticas, econômicas, sociais e ambientais para a adoção do
etanol como alternativa energética; e c) descrever os principais resultados da diplomacia
presidencial para o etanol: acordos, protocolos, memorandos e negociações em curso.
Diante do exposto, o artigo discute inicialmente a diplomacia presidencial ao
abordar suas características, tipos e conceito. Na mesma seção são trabalhados aspectos
da diplomacia presidencial brasileira em relação ao etanol com a finalidade de identificar
as possíveis motivações para o presidente se dedicar a promover a internacionalização do
etanol. No segundo momento tratou-se das motivações políticas, econômicas, sociais e
ambientais que estimulam a atuação da diplomacia presidencial brasileira em
internacionalizar o etanol, bem como se examinou a capacidade da cadeia produtiva

5
nacional em relação ao etanol. Para concluir a apresentação dos dados e das informações,
no terceiro tópico foram apresentados os principais resultados da ação da diplomacia
presidencial em termos de: acordos, memorandos, protocolos e negociações que estão em
curso, envolvendo ações de internacionalização do etanol.

1- A diplomacia presidencial: conceito, tipologia, características.

Nesta seção, expõe-se o conceito de diplomacia presidencial, sua tipologia e por


fim as características da diplomacia presidencial brasileira. Para isto, foi estudado o
conceito de diplomacia presidencial na obra de Sergio Danese, Diplomacia
Presidencial: história e crítica. Este livro é peça fundamental para análise do tema.
Também foi visitado o conceito de diplomacia cunhado por Martin Wight, bem como foi
pesquisada a dissertação de Alessandra Falcão Preto aonde, a partir da compilação dos
principais autores que trabalharam o tema, a autora trabalha o conceito de diplomacia
presidencial e o papel da presidência da república na formulação de política externa.

1.1- O conceito de diplomacia presidencial.

Nos anos 80 ocorreram mudanças expressivas no cenário nacional e internacional.


O fim da Guerra Fria permitiu o surgimento de novos atores e questões que trouxeram
novos desafios à inserção internacional dos países, principalmente naqueles em processo
de desenvolvimento, dos quais o Brasil faz parte. Internamente, houve o processo de
democratização, fator que contribuiu para que a sociedade passasse a se organizar com
mais intensidade para influenciar a tomada de decisão. O Itamaraty reagiu a esta mudança
criando canais de diálogo com a sociedade civil em temas da política externa. Porém, o
fez via centralização das ações na figura do presidente da república, para deter mais apoio
da opinião pública interna e gerar maior comprometimento internacional, entretanto,
manteve o controle sobre a agenda da política externa (PRETO, 2006).
Neste cenário, temas que até então eram secundários passam a ganhar
importância, como a questão da segurança energética e do meio ambiente. Estas questões
têm levado diversos países a buscar alternativas aos combustíveis fósseis e a tentar

6
projetar iniciativas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Neste contexto a
diplomacia brasileira elegeu o etanol como alternativa capaz de substituir a utilização dos
combustíveis fósseis, reduzir as emissões de gases poluentes e trazer benefícios
econômicos e políticos ao país. Para isto, o presidente da república assumiu a condução
da política externa referente ao etanol.
Para Martin Wight (2002, p. 107) “diplomacia é o sistema e a arte da comunicação
entre os estados. O sistema diplomático é a instituição mestra das relações internacionais.
Ele pode ser convenientemente dividido em duas categorias: as embaixadas residentes e
as conferências”. Para este autor, tradicionalmente, a diplomacia foi praticada por
diplomatas de carreira que serviam seus Estados no exterior. Mas, devido à
multiplicidade de atores e de questões que surgiram no cenário internacional
contemporâneo a condução da política externa de alguns Estados passou por um processo
de reformulação e assim, em algumas questões, o corpo burocrático foi substituído pela
presença mais forte e efetiva do presidente da república na condução da política externa
nacional. A este fenômeno dá-se o nome de “diplomacia presidencial”.
A diplomacia presidencial nasceu nos Estados Unidos, na administração do
governo do presidente Theodore Roosevelt e a partir de então se expandiu para outros
países. Entretanto, antes da atuação de Roosevelt, a diplomacia presidencial havia se
manifestado de modo esporádico a exemplo da Doutrina Monroe, e em algumas
intervenções dos presidentes Cleveland e Mckinley (PRETO, 2006).
No Brasil começou-se a falar em diplomacia presidencial a partir da postura mais
ativa do presidente Fernando Henrique Cardoso na condução da política externa
brasileira. Segundo Danese (1999, p. 51), diplomacia presidencial pode ser definida como
“a condução pessoal de assuntos de política externa, fora da mera rotina das atribuições
ex officio, pelo presidente, ou, no caso de um regime parlamentarista, pelo chefe de
estado e/ou pelo chefe de governo”. O mesmo autor ainda destaca que a participação do
presidente na condução da política externa implica em observar “às expectativas que cria,
à capacidade dos mandatários de alavancar itens da agenda, à pressão política que eles
são capazes de gerar com sua atuação e à autoridade e visibilidade que emprestam aos
atos de que participam ou referendam com a sua presença” (op. cit. 1999, p. 70).

7
Para Malamud (2005, apud PRETO, 2006, p.43), diplomacia presidencial é:
[...] um mecanismo entendido como um recurso para dirigir as negociações
entre os presidentes, sempre que uma decisão crucial precisa ser feita ou um
conflito critico necessita ser resolvido [ela é] compreendida como uma
diplomacia de cúpula, oposta a diplomacia institucionalizada, profissional.

Esta forma de diplomacia pode ser compreendida por seu caráter mais prático e
menos burocrática, pela qual é exercitada a opção da busca por resultados mais rápidos e
o comprometimento entre as partes é maior. Para Lafer (2002, p. 16), num regime
democrático e na era da globalização, a política externa não se reduz às chancelarias:
“Ela requer lidar tanto com a multiplicidade de atores - governamentais e não-
governamentais – presentes na vida internacional, quanto com a agenda da opinião
publica”. A presença do presidente da república na condução da política externa gerou
maior comprometimento internacional para o país e, internamente, tal conduta aproximou
os temas da política externa da opinião pública, ao produzir maior visibilidade na mídia e
por conseqüência na população.
Para Danese (1999, p.90) a “opinião publica é um forte elemento, pois a
diplomacia de cúpula moderna reage a ela, tentando cooptá-la ou impressioná-la, mas
sempre dialogando com ela e com a política interna em geral”. O autor acrescenta que
muitas vezes as decisões de política externa são tomadas levando-se em conta
exclusivamente à opinião publica e os interesses de política interna. Para o autor em
discussão (op. cit. 1999, p. 70) a intensidade e a generalização na utilização da
diplomacia presidencial ganharam força devido à “freqüência e abrangência com que se
recorre à figura dos chefes de estado e governo para fazer diplomacia, em áreas, temas e
situações em que, até a relativamente pouco tempo, era comum recorrer-se aos
chanceleres ou a plenipotenciários.”
É consensual na literatura que trabalha o tema da diplomacia presidencial que seu
conceito ainda não foi elaborado. Existem algumas obras que abordam este assunto,
porém sua definição ainda não está completa. Entretanto, diplomacia presidencial
necessita ser considerada não apenas como um conceito teórico, mas, como uma prática
político-diplomática utilizada pelos chefes de estado e/ou de governo para a condução de
assuntos em matéria de política externa. É esta a principal perspectiva do trabalho.

8
1.2- Diplomacia presidencial: uma tipologia.

A diplomacia de cúpula ou presidencial pode apresentar-se em diferentes graus de


intensidade e inserção, como aponta Danese (1999, p.63-64). Ela pode ser diferenciada
em quatro momentos. O primeiro é a diplomacia presidencial de “grau zero”, que é
exercida quando o presidente participa de atos protocolares, atos administrativos e atos
nominais. Neste sentido não há propriamente ação é apenas a participação do presidente
em matérias que lhe compete. O segundo momento é a diplomacia presidencial de
“primeiro grau”, exercida por meio de uma reação a situações ou a estímulos externos e
ocorre quando há a necessidade de maior legitimação na definição de temas que até então
eram tratados por diplomatas, e que necessitem da aprovação do presidente. Neste sentido
há ação, mas esta é vista como resposta a uma demanda externa. A diplomacia
presidencial de “segundo grau” implica a participação mais ativa do presidente na
condução de alguns temas da agenda internacional, para cumprir a determinados
objetivos. Por fim, na diplomacia presidencial de “terceiro grau” o mandatário, no caso o
presidente, toma a iniciativa e conduz pessoalmente a política externa, orientando os
diplomatas e assumindo a responsabilidade pela ação e pelos resultados.
Danese (1999) também aponta que a diplomacia presidencial apresenta-se em três
vertentes: na primeira há a condução pessoal do processo decisório em questões de
política externa; na segunda, denominada de diplomacia de iniciativas, o mandatário
propõe e assume as iniciativas de política externa; e a terceira é a diplomacia de
encontros e deslocamentos. Ao conduzir pessoalmente a política externa, as ações do
mandatário devem ultrapassar os atos protocolares. Interesse, capacidade, conhecimento
sobre assuntos de política externa são fundamentais. Neste sentido, o presidente observa
as oportunidades de inserção internacional e a urgência com que determinados temas
devem ser tratados e assume um papel central na condução da política externa.
A diplomacia de iniciativas é o resultado prático da primeira vertente em que há a
identificação dos interesses por parte do presidente na área internacional, sendo que neste
caso o mandatário apresenta-se de forma mais afirmativa, propondo temas e assumindo
iniciativas na condução externa do país. Exemplo desta vertente foi vivenciado por meio
da iniciativa do presidente Bill Clinton para promover a paz entre judeus e palestinos nos
Acordos de Camp David, ou através da iniciativa do presidente Juscelino Kubistchek
com a proposta da Operação Pan-Americana.

9
A diplomacia dos encontros e deslocamentos historicamente serviu para lograr os
seguintes objetivos:
1) um gesto político ou de relações públicas em relação ao país visitado; 2) A
explicitação de uma diplomacia afirmativa em função de interesses concretos
do país do viajante; e por fim, 3) A conclusão de um processo negociador, de
adoção de decisões conjuntas ou de aproximação entre países, que precisa de
chancela do mais alto nível.(DANESE, 1999, p.398).

Atualmente, acontece uma intensa proliferação dos encontros e deslocamentos


internacionais dos mandatários, sendo que em muitas modalidades a diplomacia
presidencial substitui ou complementa a diplomacia tradicional ou burocrática. Em seu
trabalho Danese (op. cit. p. 402-404) se refere a um estudo da Presidência da República
para estabelecer as modalidades de encontros e deslocamentos internacionais
presidenciais, observando os seguintes aspectos:
1) As viagens [enquanto] candidato;
2) Viagens do presidente-eleito: a) viagem de trabalho como parte de um
projeto diplomático e de apresentação das políticas a serem seguidas pelo
governo no plano interno e no plano internacional e b) viagem de lazer e/ou
protocolar;
3) Visita privada (eventualmente encontros com autoridades locais);
4) Posses presidenciais e coroações;
5) Funerais de Estado;
6) Atos comemorativos: unilaterais, bilaterais ou multilaterais;
7) Escala técnica com contato oficial;
8) Visitas bilaterais unitárias, nas três categorias usualmente utilizadas pelos
protocolos: visita de Estado; oficial e de trabalho;
9) Encontros bilaterais regulares, alternando a sede;
10) Encontros bilaterais paralelos e compromissos regionais ou multilaterais;
11) Encontros sub-regionais paralelos a compromissos regionais ou
multilaterais;
12) Encontros de fronteira: a) do lado do país do mandatário; b) do outro lado
da fronteira; nos dois lados alternadamente; d) em cidades de um dos dois
países mais próximas da fronteira;
13) Encontros regionais e sub-regionais: a) regulares que figuram como itens
obrigatórios nas agendas dos mandatários; b) ad hoc, em função de
problemas tópicos ou de preparação para encontros maiores;
14) Encontros de coalizões limitadas ou coalizões pluri-regionais: a) regulares;
b) ad doc;
15) Mecanismos permanentes de coordenação de macro-políticas;
16) Encontros multilaterais e grandes conferências de cúpula;
17) Viagens unilaterais para participação em seminários internacionais, em
atividades acadêmicas ou contatos empresariais;
18) Viagem para tratamento de saúde.

Danese (1999) ressalta que estas modalidades podem ser utilizadas de forma
isolada ou em várias combinações. Desta maneira, dependendo da necessidade do
interlocutor ou da oportunidade presente nestes encontros os deslocamentos podem

10
intercalar-se, sendo que cada viagem pode comportar uma combinação de várias
modalidades.

1.3 Características da diplomacia presidencial brasileira.

A diplomacia presidencial no Brasil passou a ganhar força no governo do


presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). Antes de FHC, a diplomacia presidencial
foi conduzida de forma esporádica. O exemplo mais antigo é a visita de Campos Salles à
Argentina. Getúlio Vargas também atuou no contexto internacional principalmente em
encontros de fronteira e no acordo para implantar a Companhia Siderúrgica Nacional,
junto ao governo norte-americano. O Presidente Eurico Gaspar Dutra também usou do
expediente da diplomacia presidencial, esta, marcada especialmente pela primeira visita
de um mandatário republicano do Brasil a Washington. Antes de FHC, apenas Juscelino
Kubistchek exerceu praticamente todos os tipos de diplomacia presidencial: viagem de
presidente-eleito, freqüentes recepções de chefes de estado estrangeiros, participação em
uma reunião de cúpula regional, visitas presidenciais ao exterior, encontros de fronteira, a
intervenção pessoal e direta na ruptura com o Fundo Monetário Internacional, e na
iniciativa de propor a Operação Pan-Americana (OPA) (DANESE, 1999).
A iniciativa do presidente JK com a OPA buscava discutir e propor ações para
eliminar a miséria no continente por meio de ações de cooperação internacional. Seu
objetivo era viabilizar o desenvolvimento econômico, conter o comunismo e expandir a
democracia. Apesar de seu fracasso institucional, a Operação Pan-Americana gerou as
bases para a criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento, instituição financeira
responsável pelo financiamento de projetos de infra-estrutura na América Latina, e a
Associação Latino Americana de Livre Comércio (ALALC). (CARDOSO, 1998).
Após a administração de JK a diplomacia presidencial no Brasil retornou ao seu
aspecto protocolar e, de maneira esporádica, a Presidência da República participou da
condução da política externa. No entanto, com FHC a diplomacia presidencial brasileira
passou por um processo de reformulação. O presidente passou a propor e assumiu
iniciativas em diversos temas da agenda internacional, de forma mais intensa que seus
antecessores.

11
O perfil pessoal do presidente FHC e sua atuação como responsável pelo
Ministério das Relações Exteriores na gestão do presidente Itamar Franco o credenciaram
na condução da política externa brasileira. Seu renome internacional como professor e
sociólogo e sua experiência como chanceler geraram expectativas na imprensa em
relação à agenda internacional do presidente no exterior, principalmente no que tange ao
marketing das políticas governamentais e à estabilização da economia brasileira. Tais
características fortaleceram a presença de FHC na condução da política externa brasileira,
e aproximaram os temas de política externa da opinião pública (DANESE, 1999).
De acordo com LAMPREIA (1995, apud DANESE, 1999. p.35) em discurso
perante a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, os objetivos das
visitas internacionais, no governo Fernando Henrique Cardoso foram os seguintes:
1)Elevar o nível de participação do Brasil nos foros internacionais […]; 2)
Explorar, junto aos nossos parceiros mais importantes, as vantagens que temos
conquistado em matéria de estabilização econômica […] reformas estruturais e
abertura da economia […] 3) Mobilizar o Governo, os meios políticos e
empresariais e a sociedade civil organizada em função de interesses específicos
no relacionamento com países individuais ou no âmbito multilateral […] 4)
Atualizar e aperfeiçoar as relações com parceiros-chave do Brasil […] 5)
Informar nossos parceiros das políticas governamentais e de seu impacto no
crescimento econômico e nas oportunidades de investimento produtivo no país;
6) Ampliar as parcerias, envolvendo cada vez mais o setor privado e a sociedade
civil organizada nos países-objetivo.

Fernando Henrique Cardoso destacou a importância da diplomacia de chefes de


estado como “a mais clara manifestação do desejo de dois países de intensificarem e
dinamizarem as suas relações” (CARDOSO, 1997, apud DANESE, p.41). Neste sentido,
o foco da diplomacia presidencial do governo FHC foi de favorecer e ampliar as relações
e o diálogo com seus parceiros internacionais, sobretudo na América Latina,
principalmente com a Argentina para fortalecer o MERCOSUL, e em outros países se
concentrou em elevar a presença internacional do Brasil.
Com o fim do mandato de FHC em dezembro de 2002, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva Presidência da República. Logo nos primeiros meses de seu governo, o
novo mandatário aponta para a continuidade das ações em relação à diplomacia
presidencial, que figuraria como vetor da política externa brasileira. A presença de Lula
no cenário internacional foi ampliada devido ao seu perfil carismático e até mesmo
folclórico, de retirante e de ex líder sindical de esquerda, que chegou a presidência.

12
Segundo o Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a postura da
diplomacia no governo Lula pode ser compreendida pela participação mais “ativa e
altiva” e “multi-presencial” do presidente na condução da política externa, deixando a
retórica propositiva do governo anterior para linhas de ação de fato. As iniciativas do
presidente referem-se às negociações comerciais internacionais e a busca por alianças
estratégicas com atores importantes da política internacional, com destaque para as
alianças preferenciais com os países do Sul, em desenvolvimento, a América Latina, a
Índia, a África do Sul e a China, além de fortalecer e ampliar as relações com o
MERCOSUL (ALMEIDA, 2004).
Destaca-se, neste sentido, a presença do presidente Lula a dois encontros quase
que simultâneos, nos primeiros meses de mandato, o Fórum Social Mundial realizado em
Porto Alegre e ao Fórum Econômico Mundial realizado na cidade de Davos na Suíça.
Estes eventos demonstraram a capacidade do presidente em dialogar tanto com as
pressões econômicas quanto com as sociais (ALMEIDA, 2004).
Atualmente, observa-se a iniciativa do presidente Lula em introduzir na pauta
internacional o tema do etanol, combustível produzido através da cana-de-açúcar. Em
suas viagens e em encontros com representantes de outros Estados, o presidente sempre
procura trabalhar o tema dos biocombustíveis como uma alternativa capaz de reduzir ou
mesmo, até certo grau, de substituir o consumo de combustíveis fosseis, trazer
investimentos ao país, gerar renda e desenvolvimento por meio de novos empregos e
empreendimentos, além de diminuir a dependência externa por combustíveis fósseis.

2- A atuação do presidente Lula na política externa sobre o etanol.

"Os biocombustíveis são fontes de energia barata, renovável e limpa. Geram


empregos no campo, agregam valor à produção agrícola, ajudam a proteger o
meio ambiente e diversificam a pauta exportadora”.
Luiz Inácio Lula da Silva3 (2007)

A diplomacia do presidente Lula em relação ao etanol busca ganhos políticos,


econômicos, sociais, ambientais para o país. Os ganhos decorrentes das atividades que
envolvem a cadeia produtiva do etanol permitem justificar a postura afirmativa da

3
SANTANA, Érica. Biocombustível pode ser uma revolução para economia e população paraguaia, diz
Lula. Agência Brasil, 21 maio 2007, disponível em:
<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/05/21/materia.2007-05-21.7816394830/view>, acessado
em 26/05/2008.

13
Presidência da República em relação ao tema. Neste sentido, três fatores estão levando a
ascensão da utilização dos biocombustíveis em âmbito mundial: a) a segurança energética
que pode diversificar a matriz energética mundial e reduzir a dependência com relação
ao petróleo, cada vez mais caro e escasso; b) as preocupações ambientais derivadas da
queima de combustíveis fósseis que causam o aquecimento global; e c) a inclusão social,
pois no plantio são gerados empregos e renda aos produtores rurais e em toda cadeia
produtiva da cana-de-açúcar. É com este foco que esta seção discute o assunto.

2.1- Do Pro-Álcool aos Motores Flex Fuel.

Com a elevação dos preços do petróleo na década de setenta, diversos países


começaram a investir em fontes energéticas alternativas para reduzir sua dependência dos
recursos fósseis. Os biocombustíveis, com maior ênfase para o etanol, foram a principal
opção produzida pelo Brasil. Naquele contexto, o governo criou o Programa Nacional do
Álcool (Pro-Álcool), cuja finalidade seria a de minimizar a crise no setor sucro-
açucareiro, pois o preço do açúcar apresentava forte queda no mercado internacional. Ao
mesmo tempo, buscava-se reduzir os desequilíbrios nas contas externas do país. Naquele
momento o Brasil importava aproximadamente 80% do petróleo consumido, o que
correspondia à cerca de 50% da balança comercial (LEITE & CORTEZ, 2008).
Desde a criação do Pro-álcool, em 1975, até os dias atuais, a produção brasileira
de álcool passou de aproximadamente 555 milhões de litros para 22,8 bilhões de litros em
2007, sendo que deste montante aproximadamente 3,5 bilhões foram destinados à
exportação (PORTO, 2008). O Pro-álcool teve seu apogeu na década de setenta e oitenta,
devido principalmente aos incentivos governamentais à produção de etanol e aos
benefícios concedidos à indústria automobilística, que passou a comercializar carros que
utilizavam exclusivamente o álcool como combustível. Em 1986, cerca de 96% dos
veículos vendidos para o mercado doméstico eram movidos a álcool (LEME, 2004).
No final dos anos oitenta o Pro-álcool entrou em colapso, devido aos seguintes
fatores: 1) a redução da confiança da população devido a crise de desabastecimento, pois
chegou a faltar álcool nas bombas dos postos de combustíveis; 2) a queda do preço do
petróleo no mercado internacional afetou a competitividade do álcool em relação à

14
gasolina; e 3) a forte valorização dos preços do açúcar4 no mercado internacional fez com
que as usinas desviassem a produção de álcool combustível para o açúcar
(MAGALHÃES & KUPERMAN, 1991).
Em 1990, com o fim dos subsídios e da desregulamentação governamental que
dava ao setor garantias de preço, o setor sucro-alcooleiro entrou em declínio. Entretanto,
devido à obrigatoriedade da mistura de álcool a gasolina5 sua produção permaneceu
estável, em aproximadamente 12 bilhões de litros anuais. Em 2003 o setor ganhou novo
impulso com a introdução dos veículos flex fuel6 que utilizam motores movidos a álcool
ou gasolina. Atualmente, cerca de 90% dos automóveis novos vendidos no Brasil
utilizam esta tecnologia, cuja frota atual destes veículos alcança a marca de 2,6 milhões
de unidades (ANFAVEA, 2008).

2.2- Do petróleo ao etanol: aspectos ambientais.

Atualmente, a questão da sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente


colocaram novamente a questão da utilização dos recursos renováveis. É também neste
contexto que o Brasil, em especial o presidente Lula, vem trabalhando para incorporar à
matriz energética mundial o etanol combustível, produzido a partir da cana-de-açúcar.
Em termos ambientais o etanol pode contribuir para conter o aquecimento global sendo
considerado como uma alternativa de energia renovável, capaz de diminuir ou em certa
medida até substituir a utilização de combustíveis fósseis.
Devido ao seu ciclo neutro, o CO2 emitido durante a combustão do etanol é
reabsorvido por fotossíntese no cultivo da cana de açúcar, diferentemente do que ocorre
com a queima dos combustíveis fósseis. Além disso, a emissão de CO2 na combustão do
etanol é menor que a dos combustíveis fósseis. De acordo com Szwarc (2008) enquanto
um veículo movido exclusivamente com gasolina emite aproximadamente, 2,2 kg
CO2/litro o mesmo veiculo com etanol emite cerca de 1,3 kg CO2/litro, ou seja, cerca de

4
Em dezembro de 1979, a cotação do preço do açúcar era de U$$ 399 por tonelada, em 1990, sua cotação
ultrapassou os U$$ 1,000 por tonelada (MAGALHÃES, 1991).
5
A proporção da mistura pode variar de 20% a 25%, de acordo com a oferta do produto.
6
Os veículos Flex Fuel, são equipados com sistema de gerenciamento do motor capaz de identificar a
presença de gasolina e/ou etanol no tanque de combustível do veiculo e ajustar automaticamente a operação
do motor para o combustível existente, podendo operar com até 100% de etanol.

15
40% a menos que a emissão de um veículo movido à gasolina. Além disto, o etanol pode
ser utilizado para substituir o MTBE (Éter Metil Terbutílico). Este aditivo é utilizado para
aumentar a octanagem da gasolina, entretanto, oferece alto risco à saúde e ao meio
ambiente, diferentemente do etanol que tem a mesma função, porém, é considerado como
um combustível limpo em termos ambientais.
A utilização em larga escala do etanol na matriz energética brasileira evitou a
emissão de 800 milhões de toneladas de CO2 entre 1975/2007. E mais, neste período
foram substituídos por etanol cerca 854 milhões de barris equivalentes de petróleo
(PORTO, 2008). Neste sentido, o etanol, além de auxiliar na mitigação das emissões de
gases de efeito estufa, também ajudou a equilibrar a balança de pagamentos brasileira.

2.3- Da elevação dos preços internacionais do petróleo à segurança nacional.

Em âmbito mundial, atualmente, verifica-se uma crescente demanda por parte das
economias emergentes por energia. Este fator vem exercendo grande pressão na
capacidade instalada de extração de petróleo, produzindo o encarecimento deste bem
(tabela 01). Neste contexto, os biocombustíveis poderão suprir uma importante parte da
demanda mundial por energia, motivada principalmente por considerações de ordem
ambiental, pela elevação dos preços do petróleo no mercado internacional e também pela
incerteza na oferta de combustíveis fósseis no médio e longo prazo (UCA-Universidade
Corporativa 2007).
Tabela 017:
Europe Brent Spot Price FOB (Dollars per Barrel)
Ano Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun Jul Ago. Set. Out. Nov Dec.
2002 19.42 20.28 23.70 25.73 25.35 24.08 25.74 26.65 28.40 27.54 24.34 28.33
2003 31.18 32.77 30.61 25.00 25.86 27.65 28.35 29.89 27.11 29.61 28.75 29.81
2004 31.28 30.86 33.63 33.59 37.57 35.18 38.22 42.74 43.20 49.78 43.11 39.60
2005 44.51 45.48 53.10 51.88 48.65 54.35 57.52 63.98 62.91 58.54 55.24 56.86
2006 62.99 60.21 62.06 70.26 69.78 68.56 73.67 73.23 61.96 57.81 58.76 62.47
2007 53.68 57.56 62.05 67.49 67.21 71.05 76.93 70.76 77.17 82.34 92.41 90.93
2008 92.18 94.99 103.64 109.07 122.80

Fonte: U.S. Energy Information Administration

7
Petroleum navigator. Energy Information Administration,2002-2008. Disponível em
<http://tonto.eia.doe.gov/dnav/pet/hist/rbrteM.htm>,acessado: 10/06/2008

16
Os dados da tabela 01 mostram que os preços do petróleo vêm aumentando
constantemente desde fevereiro de 2004. A partir de março de 2008, o petróleo rompeu a
barreira psicológica dos U$S 100,00 e continua em evolução. Como um barril de petróleo
contém o equivalente a 159 litros, e deste total deriva várias frações de produtos
destilados, o etanol produzido no Brasil, com custo de produção aproximado de U$S 0,22
o litro, se torna competitivo em relação ao petróleo. Tal situação decorre dos avanços
tecnológicos na área de cultivo e no processo de industrialização da cana-de-açúcar que
tiveram como resultado uma forte redução nos custos de produção com sensível aumento
da produtividade. Estes aspectos levaram o etanol a uma situação em que praticamente
não há necessidade de subsídios para competir com a gasolina, considerando o petróleo a
preços acima de US$ 45,00 o barril (MACEDO, 2008).
A preocupação com a questão energética está na ordem do dia e a busca por
alternativas aos combustíveis fósseis vem assumindo um papel de destaque no processo
decisório dos países. Em termos político-estratégicos a energia pode ser compreendida
como um elemento fundamental para o crescimento e o desenvolvimento das sociedades
modernas (SIMÕES, 2008). É o que disse o Presidente dos Estados Unidos George W.
Bush. Em visita ao Brasil ele observou que: “Os EUA estão interessados em diversificar
[principalmente a partir dos biocombustíveis] as fontes de geração de energia. Queremos
reduzir a dependência do petróleo, também por uma questão de segurança nacional8”.
Partindo deste pressuposto o Embaixador Antônio Simões (2008) aponta que:

[...] Energia e estratégia estão indissociavelmente relacionadas. A questão


central da energia nos anos 90 passou a ser acesso a recursos naturais. A
escassez dos recursos e a luta por acesso a recursos energéticos passaram a
constituir um dos principais fatores por trás dos grandes conflitos. O petróleo é
recurso absolutamente indispensável ao funcionamento de qualquer economia
moderna. Por ser necessário tanto na operacionalidade de um establishment
militar quanto nas mais diversas atividades produtivas civis, a interrupção de seu
fornecimento equivale a um colapso literal de qualquer sociedade
contemporânea. Por isso, os Estados centrais buscam controlar o acesso às
reservas e às rotas pelas quais o óleo chega aos mercados consumidores.

A partir do que Simões coloca, observa-se que diversificação da matriz energética


pode reduzir a dependência dos países por recursos fósseis tornando-os menos suscetíveis
a crises externas de fornecimento de energia. Como a garantia de fornecimento de energia
é uma das bases para o desenvolvimento dos Estados, neste sentido, o Brasil está bem

8
Em Guarulhos Lula e Busch anunciam parceria e enaltecem etanol. Badauê on line, São Luís, 9 março
2007. Disp. em: <http://www.badaueonline.com.br/2007/3/9/Pagina19736.htm>, acesso em 04/06/2008.

17
posicionado: é praticamente auto-suficiente em energia, além de possuir condições de
fornecer ao mercado externo, tecnologias para produção e utilização do etanol.

2.4- Da universalização da produção e consumo do etanol à padronização do


etanol

Atualmente, a produção mundial de etanol não ultrapassa os 50 bilhões de litros,


sendo que 70% é produzido por Brasil e Estados Unidos. Para universalizar a produção e
o consumo de etanol, o presidente Lula trabalha o tema em suas viagens internacionais,
reuniões de cúpulas ou em visitas de delegações estrangeiras ao Brasil. Mas, segundo o
ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues: “o Brasil não pode ter a pretensão de
suprir o mundo todo com etanol. Ninguém tem o desejo de ficar dependente de um único
país, porque seria o mesmo que continuar dependendo do petróleo produzido por um
pequeno número de países” 9. O diagnóstico de Rodrigues aponta para o fato de que a
ampliação da produção do etanol por outros países poderá dar maior segurança aos
governos que adotarem esta opção, devido à maior garantia de abastecimento. De acordo
com o ex Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando
Furlan10 as exportações brasileiras de etanol podem ultrapassar cinco bilhões de litros em
2010. Como a demanda internacional por energia deve crescer nos próximos anos, existe
a necessidade de se definir as regras para a formação deste mercado, por meio da
padronização internacional do produto etanol.
Neste sentido, o Brasil vem trabalhando com o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO11) o Programa Brasileiro para
Certificação de Biocombustíveis para atestar que o biocombustível brasileiro segue
requisitos mínimos de qualidade e padronização. O Programa “visa contribuir para
superar as possíveis barreiras técnicas ao biocombustível brasileiro; facilitar o comércio
9
Rodrigues, Roberto. Com P&D, em 10 anos, o Brasil poderá produzir duas vezes mais
etanol, na mesma área plantada", diz ex-ministro da Agricultura. Boletim Eletrônico dedicado a Inovação
Tecnológica, 15 fev. 2006. Disponível em: http://www.inovacao.unicamp.br/etanol/report/entre-
rodrigues070215.php, acessado em 10/06/2008.
10
IEA-Instituto de Economia Agrícola. Brasil Quer Usar Etanol Para Vender Mais Ao Japão.
Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=8827, acessado em 10/05/2008.
11
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Programa
Brasileiro de Certificação em Biocombústiveis. Disponivel em:
http://www.inmetro.gov.br/painelsetorial/biocombustiveis/index.asp, acessado em 12/06/2008.

18
exterior e o acesso a novos mercados” bem como: “estimular a melhoria contínua da
qualidade; minimizar o impacto socioambiental provocado pelo processo produtivo,
tornar o etanol brasileiro mais competitivo e valorizar a imagem do biocombustível
brasileiro nos mercados interno e externo”. O programa pretende ainda, “possibilitar que
o Programa seja estendido a outros países que necessitem demonstrar a sua
sustentabilidade, fator determinante para ampliar a oferta mundial e a conseqüente
transformação do etanol em commodity internacional” (INMETRO).

2.5- Dos Benefícios econômicos e sociais à cadeia produtiva da cana-de-açúcar.

Para substituir 10% da demanda mundial de gasolina por etanol, a produção deve
quadruplicar e atingir a marca de 200 bilhões de litros. É o que se observa em um estudo
desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) da
Unicamp, pelo qual o Brasil poderia produzir 50% da oferta ao mercado mundial. Esse
potencial pode ser alcançado pelo país até o ano de 2025, e o restante os demais países
produziriam. (LEITE & CORTEZ, 2008).
O país pode aumentar sua produção sem, necessariamente, ocupar uma área
exagerada para o plantio de cana-de-açúcar. Segundo cálculos técnicos, o espaço
equivaleria ao ocupado pela lavoura de soja, cerca de vinte milhões de hectares
(EMBRAPA12). Em termos econômicos, a atividade poderia envolver uma quantia de
US$ 30 bilhões anuais, somente com as exportações de etanol, e a geração de 5 milhões
de empregos. Entretanto, não se tratam apenas de empregos rurais, são, sobretudo,
empregos no setor produtivo em usinas e destilarias, assim como em outros setores que
integram a cadeia produtiva do etanol (adubos, fertilizantes, tratores, e equipamentos
agrícolas, e de comercialização e transporte), e de iniciação cientifica e tecnológica
(pesquisa e desenvolvimento, e no setor automotivo) (LEITE & CORTEZ, 2008).
O ex ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando
13
Furlan acredita que nos próximos três anos, somente o mercado japonês poderá

12
EMBRAPA soja. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em:
<http://www.cnpso.embrapa.br/index.php?op_page=22&cod_pai=16>, acessado em 10/06/2008
13
RODRIGUES, Peterson. Furlan quer menos protecionismo do governo japonês na área agrícola.
Agência Brasil, 06 mar. 2007. Disponível em:

19
representar 25% das exportações brasileiras de etanol. Esta quantidade representaria 1,8
bilhões de litros de etanol. Para Alfred Szwarc, assessor da presidência da União da
Indústria Canavieira do Estado de São Paulo (UNICA), as exportações de etanol devem
dobrar, atingindo sete bilhões de litros entre 2012 e 2013, pois só a meta dos EUA, de
reduzir o consumo de combustíveis fósseis em 20% até 2017, significa que somente nos
Estados Unidos a demanda por etanol poderá atingir 132 bilhões de litros por ano.
Atualmente o Brasil produz 473 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, safra
2007/2008, e a expectativa é que em 2014 esta produção alcance os 700 milhões de
toneladas. Para tanto, o país deverá investir em torno de US$ 19 bilhões de dólares: US$
11,8 bilhões na construção de 114 novas usinas e US$ 7,2 bilhões para a área agrícola.
Hoje o Brasil possui 357 unidades em operação e outras 43 em construção. No momento
a cana-de-açúcar ocupa uma área de aproximadamente 6,1 milhões de hectares, sendo
que, a área destinada à produção de etanol equivale a 50% deste montante (NASTARI,
2006). Segundo o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes14, a meta do Brasil para
os próximos dez anos é aumentar a área plantada de cana-de-açúcar destinada à produção
de álcool combustível de três milhões de hectares para nove milhões de hectares.
Para viabilizar a expansão das lavouras necessárias, o Brasil possui enormes
vantagens comparativas em relação aos demais países: terras em abundância e com
qualidade para o plantio da cana-de-açúcar. As estimativas apontam que o país tem
condições de ampliar em 90 milhões de hectares a área plantada. O preço das terras é
relativamente baixo e o país dispõe de mão-de-obra necessária e capacidade tecnológica
para viabilizar a ampliação dos negócios. Nota-se, assim, detém condições de aumentar a
produção de etanol, pois conta com área suficiente para aumentar as plantações de cana e
também possui tecnologia e experiência técnica para se destacar como o produtor mais
eficiente, com um custo de produção de US$ 0,22 por litro de álcool, ante US$ 0,30 dos
EUA e US$ 0,53 da União Européia (OLIVEIRA, 2007).

<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/03/06/materia.2007-03-06.5626965609/view> acessado
em 10/06/2008.
14
Stephanes diz que meta do país é triplicar área plantada de cana em 10 anos. Folha de São Paulo
Online, 17 jun. 2007. Folha Dinheiro. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u117272.shtml>.acessado em 12/05/2008.

20
Portanto, decorrente dos fatores apontados o país vem atraindo investimentos
externos no setor da agroenergia, principalmente para a produção de etanol. Desde 2000,
o Brasil recebeu mais 2,2 bilhões de dólares em investimentos no setor e a expectativa é
que este montante aumente ainda mais nos próximos anos. Isto acarretaria em mais
recursos na conta de capital e internamente o país poderia ampliar a oferta de empregos
diretos e indiretos, hoje estimados em mais de 1 milhão de empregos (OLIVEIRA, 2007).

3- Principais resultados da diplomacia presidencial para o etanol: acordos,


protocolos, memorandos e negociações em curso.

“Hoje, no mundo, cerca de 20 países produzem energia para 200 países. O Brasil
defende a democratização da produção energética: podemos ter 100 ou 120
países produzindo energia para 200 países15”. Lula (2007)

Nesta seção enumeram-se os principais resultados da diplomacia presidencial em


termos de acordos, protocolos, memorandos e negociações em curso para viabilizar as
exportações de etanol e também dos elementos que compõem a cadeia produtiva, como
máquinas, usinas e tecnologias relativas à atividade.
Com objetivo de internacionalizar a produção e o consumo do etanol, a
diplomacia do presidente Lula tem trabalhado o tema sob três eixos de ação: em âmbito
global, regional e bilateral. Em âmbito global, busca democratizar e universalizar a
produção mundial de etanol. Para ampliar e fortalecer o comércio internacional deste bem
é necessário criar mecanismos para padronizar a produção e estabelecer normas
internacionais para o produto etanol. Neste contexto foi criado em 2007 o Fórum
Internacional de Biocombustíveis por Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia
e a Comissão Européia (SIMÕES, 2008).
Este Fórum tem por finalidade coordenar, por meio de reuniões periódicas entre
as partes, a produção e o consumo de biocombustíveis entre os principais Estados
produtores através de grupos de trabalho para desenvolver e ampliar atividades conjuntas.

15
Reportagem na integra café com o presidente. Agência Brasil, 9 jul. 2007. Disponível em:
<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/07/09/materia.2007-07-09.9365486425/view>, acessado
em 11/06/2008.

21
O objetivo é desenvolver padrões e normas internacionais para os biocombustíveis; trocar
informações sobre avanços científicos e tecnológicos; trabalhar aspectos relativos ao
comércio internacional; bem como resolver questões de infra-estrutura e logística. Os
resultados destes estudos serão apresentados na Conferência Internacional de
Biocombustíveis, que será realizada no Brasil, em novembro de 2008 (SIMÕES, 2008).
Em âmbito regional, o Brasil vem procurando estimular a integração energética da
América do Sul. A diversificação da matriz energética da região se daria pelo incentivo
ao uso de energia renováveis. Neste contexto foi assinado Memorando de Entendimento
do MERCOSUL para criar um grupo de Trabalho Especial, dedicado à fortalecer a
cooperação energética entre os países membros. O foco é demonstrar os benefícios ao
desenvolvimento das comunidades rurais e ao meio ambiente pela oportunidade de se
produzir riqueza (biocombustíveis) de modo sustentável (SIMÕES, 2008).
No âmbito bilateral, as iniciativas compreendem cooperação técnica e a promoção
de intercâmbios científicos e acadêmicos. Esta linha de ação tem-se dado por meio da
assinatura de diversos acordos, protocolos e memorandos. Por acordo, a Divisão de Atos
Internacionais (DAI) do Ministério das Relações Exteriores define que é:
[...] uma expressão de uso livre e de alta incidência na prática internacional,
embora alguns juristas entendam por acordo os atos internacionais com reduzido
número de participantes e importância relativa. Esses acordos criam o arcabouço
institucional que orientará a execução da cooperação. Acordos podem ser
firmados, ainda, entre um país e uma organização internacional, a exemplo dos
acordos operacionais para a execução de programas de cooperação e os acordos
de sede16.

O Brasil tem feito amplo uso dos acordos em suas negociações bilaterais de
natureza política, econômica, comercial, cultural, científica e técnica. Em relação aos
biocombustíveis, o país assinou diversos acordos de cooperação técnica e científica
orientados para o desenvolvimento de técnicas de produção com o intuito de aumentar a
produtividade do setor, ampliar e universalizar a utilização e a comercialização de
biocombustíveis. Para facilitar as trocas de informações entre os Estados-parte, estes
acordos prevêem o intercâmbio de profissionais e visitas periódicas.
Por protocolos, a Divisão de Atos Internacionais (DAI) do Ministério das
Relações Exteriores estabelece que:

16
Denominação dos Atos Internacionais. Ministério das Relações Exteriores, Divisão de Atos
Internacionais, disponível em: http://www2.mre.gov.br/dai/003.html, acessado em: 02/06/2008.

22
Protocolo é um termo que tem sido usado nas mais diversas acepções, tanto para
acordos bilaterais quanto para multilaterais. Aparece designando acordos menos
formais que os tratados, ou acordos complementares ou interpretativos de
tratados ou convenções anteriores. É utilizado ainda para designar a ata final de
uma conferência internacional.

No Brasil os protocolos (de intenções) têm sido utilizados para sinalizar um início
de compromisso entre as partes. Estes protocolos estabelecem investimentos no setor não
apenas para a produção do etanol, mas, principalmente, para as áreas de logística e
distribuição. Como exemplo tem-se os protocolos de intenções firmados com a
Dinamarca17 e Japão que prevêem investimentos para a construção de alcooldutos que
interligaria as regiões produtoras aos terminais portuários. Por memorando de
entendimento, a Divisão de Atos Internacionais (DAI) do Ministério das Relações
Exteriores, aponta que:
Memorando é uma designação comum para atos redigidos de forma
simplificada, destinados a registrar princípios gerais que orientarão as relações
entre as Partes, seja nos planos político, econômico, cultural ou em outros. O
memorando de entendimento é semelhante ao acordo, com exceção do
articulado, que deve ser substituído por parágrafos numerados com algarismos
arábicos. Seu fecho é simplificado. Na medida em que não crie compromissos
gravosos para a União, pode normalmente entrar em vigor na data da assinatura
(op. cit.).

Neste sentido, a atuação do presidente na condução da política externa referente


aos biocombustíveis gerou de concreto a assinatura de uma série de Memorandos de
Entendimento, dentre os quais são enumerados o Memorando de Entendimento entre os
Membros do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul18, MERCOSUL19 (Argentina,
Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela). Uruguai20, Chile21, Jamaica22, Equador, Itália23,

17
Infosucro –Sistema Agroindustrial, Inovação e Competitividade. Energias renováveis na agenda de
Lula em três países. Disponível em: http://www.nuca.ie.ufrj.br/infosucro/assuntos/biomassa_0709.htm,
acessado em 10/06/2008.
18
Memorando de entendimento entre os membros do fórum de diálogo Índia – Brasil - África do Sul, para
estabelecer força-tarefa trilateral sobre biocombustíveis. Ministério das Relações Exteriores, Brasília, 13
de setembro de 2006. Divisão dos Atos Internacionais. Disponível em:
<http://www2.mre.gov.br/dai/b_ibas_3881_2006.htm>, acessado em 12/05/2008.
19
XXXI Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum. Mercosul Portal Oficial. Brasília, 15 de
dezembro de 2006. Ata 02/06 Anexo II Decisões Aprovadas. Dec. CMC 36/06 Memorando de
entendimento, MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela). Disponível. em:
<http://www.mercosur.int/msweb/SM/Actas%20TEMPORARIAS/CMC/XXXI%20CMC%20FINAL/ANE
XOS/CMC_2006_ACTA02_ANE06_PT_MemoBiocombustibles.pdf>, acessado em 12/05/2008.
20
Memorando de Entendimento Brasil-Uruguai. In Ministério das Relações Exteriores. Disponível em:
http://www.mre.gov.br/index.php?Itemid=61&id=1797&option=com_content&task=view, acessado
em 18/04/2008.

23
EUA24. Reino Unido25, Venezuela26, China27, Paraguai28, Índia29, Alemanha30, Holanda31,
Suécia32, Sempra Energy33, entre outros.
Nas negociações referentes à padronização internacional do etanol o memorando
de entendimento firmado entre Brasil e EUA prevê a assinatura de uma declaração
conjunta a partir da qual o INMETRO e seu correspondente americano NIST (National
Institute of Standards and Technology) iniciarão o processo de padronização. Os dois
órgãos estabelecerão padrões de medição de impurezas e potenciais energéticos dos
diversos tipos de etanol e também de calibragem de instrumentos. A necessidade de que

21
Memorando de Entendimento Brasil-Uruguai. In Ministério das Relações Exteriores. Disponível em:
http://www.mre.gov.br/index.php?Itemid=61&id=1797&option=com_content&task=view, acessado
em 18/04/2008.
22
Memorando de Entendimento Brasil-Jamaica na Área de Açúcar e Etanol. Ministério das Relações
Exteriores, 16 de maio de 2005. Atas em vigor assinado com a Jamaica. Disponível em:
<http://www2.mre.gov.br/dai/b_jama_07_5513.htm>, acessado em 10/05/2008.
23
LYRA, T. Paulo, Prodi critica negociações bilaterais e defende OMC. Disponível em:
<http://www.sindlab.org/noticia02.asp?noticia=10386>, acessado em 19/05/2008.
24
MARRA, Ana Paula. Memorando estabelece cooperação Brasil-EUA na área de biocombustíveis com
incidência bilateral, regional e global, Agência Brasil, 9 de março de 2007. Disponível em:
<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/03/09/materia.2007-03-09.7276318850/view>, acessado
em 28/04/2008.
25
EMBAIXADA, Britânica. Reino Unido e Brasil assinam Memorando de Entendimento na área de
energia. Diplomacia e Negócios, 21 de fevereiro de 2006. Disponível em:
<http://www.diplomaciaenegocios.com.br/ntc.asp?Cod=373>, acessado em 19/05/2008.
26
Memorando de Entendimento para cooperação na área da indústria do etanol Brasil-Venezuela. Disp. em:
www.mme.gov.br/download.do;jsessionid=B9B9675A853BF82EC7373ED9BF6F3188?attachmentId=150
6&download, acessado em 19/05/2008. .
27
Memorando de Entendimento Brasil-China. Disponível em:
http://www.cebc.org.br/sites/500/521/download/protocolos/6_Memorando_Entendimento_Industrial.pdf,
acessado em 19/05/2008.
28
Memorando de Entendimento Brasil-Paraguai. Ministério da Ciência e Tecnologia, Assunção, 21 de
maio de 2007. Legislação; outros atos; Memorandos de entendimentos. Disponível em:
<http://acessibilidade.mct.gov.br/index.php/content/view/55643.html>, acessado em 19/05/2008.
29
Memorando de Entendimento Brasil-Índia. Disponível em:
http://www.indiaconsulate.org.br/comercial/novidades/MOUethanol.htm, acessado em 12/05/2008
30
HOFFMAN, Geraldo. Brasil quer exportar etanol para UE, Deutsche Welle, 03 de junho de 2004.
Economia. Disp. em: <http://www.dw3d.de/dw/article/0,2144,1223777,00.html>, acessado em 28/05/2008.
31
Brasil e Holanda fecham acordo em biocombustível. Jornal Correio do Brasil, 11 de abril de
2008.Energia e meio ambiente.Disponível em: <http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=137079>,
acessado em 02/06/2008.
32
WALLIN, V. Claudia. Suécia elimina sobretaxa ao etanol brasileiro. BBC Brasil, Estocolmo 11 de
setembro de 2007. Repórter BBC. Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070911_suecia_etanol_dg.shtml>, acessado
em 26/05/2008.
33
SIQUEIRA, Chico. Álcool/Grupo quer investir US$ 4,2 bi no Brasil. O Estado de São Paulo, 16/02/07.
<www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=309839>, acesso em
12/05/2008.

24
as normas sejam fixadas em conjunto é para evitar possíveis distorções de parâmetros que
possam resultar em barreiras técnicas à importação do etanol brasileiro.

4-A diplomacia presidencial no caso do etanol: apontamentos para concluir.

A presença mais forte e efetiva do presidente da república na condução da política


externa, na questão dos biocombustíveis, vem orientando a diplomacia tradicional na
condução da política externa para fomentar os biocombustíveis e torná-los conhecidos
mundialmente. Nas motivações políticas, econômicas, sociais e ambientais que
condicionam a atuação do presidente Lula em internacionalizar o etanol, foram
identificados três fatores: o primeiro está ligado à segurança energética, o segundo aborda
as preocupações ambientais, o terceiro fator está ligado à inclusão social.
Observa-se que o Brasil precisa avançar no terceiro fator, pois as condições de
trabalho nos canaviais não são ideais, por mais que avanços tenham sidos alcançados no
processo produtivo da cana. Este elemento tem o potencial de gerar críticas dos
interlocutores de outros países e pode suscitar a necessidade do mandatário brasileiro
produzir justificativas adequadas, ou ações práticas a nível interno para melhorar as
condições de trabalho. Provavelmente a segunda opção deverá ser observada.
Como o objetivo do presidente Lula é ampliar a produção e o consumo mundial
de etanol para diversificar a pauta exportadora do Brasil, sua padronização internacional
permite superar possíveis barreiras técnicas e potencializa a universalização dos
biocombustíveis. A diplomacia presidencial de Lula também estimula que outros países
passem a produzir e comercializar o etanol, já que isto poderia ampliar a rede de
fornecedores ao trazer maior segurança de abastecimento aos países que optarem pela
inserção do etanol em sua matriz energética. Este aspecto pôde ser constatado em termos
de acordos, protocolos, memorandos e negociações com diversos países. Estas parcerias
prevêem cooperação técnica e cientifica, transferência tecnológica, intercâmbio de
informações e pesquisadores e também estabelecem investimentos no setor sucro-
alcooleiro, na área de produção, logística, transporte e comercialização do etanol.

25
O discurso do Presidente Lula na Conferência da FAO34 (Organização das Nações
para Agricultura e Alimentação), realizada em Roma em junho de 2008, destacou
aspectos importantes sobre seu pensamento em relação ao tema do etanol. Ao iniciar sua
fala, o presidente chamou a atenção para o “enorme potencial dos biocombustíveis
[destacando que] eles são decisivos no combate ao aquecimento global. E podem jogar
um papel importantíssimo no desenvolvimento econômico e social dos países mais
pobres”. Segundo ele: “[...] Os biocombustíveis geram renda e empregos, sobretudo no
campo, ao mesmo tempo em que produzem energia limpa e renovável. [...] desenvolvidos
de forma criteriosa, de acordo com a realidade de cada país, podem ser um instrumento
importante para gerar renda e retirar países da insegurança alimentar e energética.”

No mesmo discurso o presidente defendeu o etanol brasileiro em relação a


questão da fome no mundo. Em suas própria palavras...

[...]A produção brasileira de etanol à base de cana-de-açúcar ocupa uma parte


muito pequena de terras agricultáveis e não reduz a área de produção de
alimentos. [...] O Brasil tem 340 milhões de hectares de terras agricultáveis: 200
milhões são de pastagens e 63 milhões de lavouras, dos quais apenas 7 milhões
de hectares de cana. Metade é usada na produção de açúcar. A outra metade, em
torno de 3,6 milhões de hectares, é destinada à produção de etanol. Ou seja, toda
a cana do Brasil está em 2% da sua área agrícola, e todo o etanol é produzido em
apenas 1% dessa mesma área. Desde 1970, quando lançamos nosso programa de
etanol, a produção do etanol de cana por hectare mais do que dobrou. Por outro
lado, de 1990 para cá, nossa produção de grãos cresceu 142%. Já a área plantada
expandiu-se no mesmo período apenas 24%. Ou seja, no fundamental, nossa
produção de grãos cresceu graças a um espetacular aumento de produtividade.
Assim, não se sustenta a afirmação de que o crescimento da produção de etanol
no Brasil se faz às expensas da produção de alimentos.

Em relação à questão ambiental o presidente Lula complementa que:

[...] o etanol de cana no Brasil não agride a Amazônia, não tira terra da produção
de alimentos, nem diminui a oferta de comida na mesa dos brasileiros e dos
povos do mundo [...] O etanol brasileiro é competitivo porque temos tecnologia,
temos terras férteis, temos sol em abundância, temos água, e temos agricultores
competentes. [...] Boa parte dos países da África, da América Latina e do
Caribe, além de alguns países asiáticos, reúne condições semelhantes. E, com
cooperação, transferência de tecnologia e mercados abertos, podem também
produzir etanol [...], gerando emprego, renda e progresso para suas populações.
[...]O mundo precisa decidir também como lidar com a gravíssima ameaça que
representa o aquecimento global. [...] O mundo não pode continuar queimando
combustíveis fósseis ao ritmo atual. O etanol não é apenas um combustível

34
Discurso do Presidente Lula na FAO, 03 de junho 2008. Disponível em:
http://grupobeatrice.blogspot.com/2008/06/discurso-do-presidente-lula-na-fao-roma.html, acessado em
10/06/2008.

26
limpo. É também um combustível que limpa o planeta enquanto está sendo
produzido.

O discurso do presidente Lula na FAO destacou o potencial dos biocombustíveis


para combater o aquecimento global e sua capacidade em trazer desenvolvimento
econômico e social a países mais pobres. Isto parece ser importante. Por outro lado, a
atuação do mandatário brasileiro na questão, observando-se o que o país vem produzindo
de acordos internacionais nesta questão é de que o presidente Lula tem agido mais no
sentido de abrir canais de discussão de interlocução com governos estrangeiros e
investidores internacionais. Mas, por outro lado, ao propagandear o uso do etanol como
alternativa energética, o Presidente estimula a discussão sobre o tema e, pelo peso que o
Chefe de Estado possui nas pautas da mídia, coloca esta discussão em uma esfera mais
ampla do que aconteceria se fosse feita pela diplomacia tradicional. Esta ação do
presidente está permitindo que a opção do etanol possa ser conhecida em vários países.
Contudo, alguns problemas tendem a atormentar a defesa que o presidente fez do
etanol em outros países. Merece destaque as condições de trabalho nos canaviais do
Brasil. Observa-se assim que não basta o presidente dizer que o etanol é ambientalmente
sustentável, economicamente competitivo em relação ao petróleo e por isso com boas
possibilidades de expansão da produção. É necessário que a atividade seja socialmente
responsável. Nesse contexto outras questões emergem, pois podem assumir crescente
importância: a questão da segurança alimentar e a do desflorestamento para estabelecer
novas áreas para o cultivo da cana-de-açúcar. Isto acontece porque surgirão novas
pressões externas e o Brasil terá que atuar em relação a estas questões. Por isso, elas
merecem ser investigadas pelos internacionalistas.

27
5. REFERÊNCIAS

Livros
DANESE, Sergio. Diplomacia presidencial: história e critica. Rio de Janeiro: Topbooks, c 1999.
MAGALHAES, J. P. de A. & KUPERMAN, N. Pró-Álcool: uma avaliação global. Rio de Janeiro:
ASTEL, 1991.
WIGHT, Martin. A política do poder. Prefácio de Henrique Altemani de Oliveira, 2.ed. Brasilia: Instituto
de Pesquisa de Relações Internacionais / Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, editora da UNB, 2002.
Livros em formato eletrônico
AMORIM, Celso. Biocombustíveis no Brasil: realidades e perspectivas. In: MINISTÉRIO DAS
RELAÇÕES EXTERIORES. Prefácio. Brasília 2008. Livro em formato eletrônico, disponível em:
<http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_01-prefacio.pdf>. Acessado em 08/04/2008.
CARDOSO, Ana Maria Ribas. A Operação Pan-Americana – A Diplomacia nos Tempos de JK.
Disponível em: <http://www.univercidade.edu/uc/cursos/graduacao/ri/pdf/opa.pdf>. Acessado em
15/03/2008.
JUNIOR, Henry Joseph. Tecnologia de Motores Flexíveis. In: MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES. Biocombustíveis no Brasil: realidades e perspectivas. Brasília, 2008. Livro em formato
eletrônico. Disponível em: <http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_06-
tecnologiademotores.pdf>. Acessado em 08/04/2008.
LEITE, R. C. & CORTEZ, L. A. B. O Etanol Combustível no Brasil. In: MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES. Biocombustíveis no Brasil: realidades e perspectivas. Brasília 2008. Livro em formato
eletrônico, disponível em: <http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_04-
etanolcombustivelnobrasil.pdf>.Acessado em: 08/04/2008.
LEME, Rodrigo Marcelo. Álcool combustível derivado da Cana-de-Açúcar e o desenvolvimento
Sustentável. Disponível em:
<http://paginas.agr.unicamp.br/energia/agre2004/Fscommand/PDF/Agrener/Trabalho%20110.pdf>.
Acessado em 12/04/2008.
MACEDO, I. De C. Situação atual e perspectivas do etanol. In: MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES. Biocombustíveis no Brasil: realidades e perspectivas. Brasília 2008. Livro em formato
eletrônico. Disponível em: <http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_05-
situacaoatualetanol.pdf>. Acessado em: 08/04/2008.
MORAES, Márcia Azanha Ferraz Dias de. Considerações sobre a indústria do etanol do Brasil. In:
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Biocombustíveis no Brasil: realidades e perspectivas.
Brasília 2008. Livro em formato eletrônico. Disponível em:
<http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_08-consideracoesetanol.pdf>.Acessado em:
08/04/2008.
PRETO, Alessandra Falcão. O Conceito de Diplomacia Presidencial: o Papel da Presidência da
República na Formulação de Política Externa. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-16102006-195630/>. Acessado em 12/03/2008.
SAUER, Ildo, Biocombustíveis no Brasil: comercialização e logística. In: MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES
EXTERIORES. Biocombustíveis no Brasil: realidades e perspectivas. Brasília 2008. livro em formato
eletrônico, disponível em: <http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_03-
biocombustiveisnobrasil.pdf>.Acessado em 08/04/2008

SIMÕES, A. J. F. Biocombustíveis: A experiência brasileira e o desafio da consolidação do Mercado


Internacional. In: MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Biocombustíveis no Brasil: realidades
e perspectivas. Brasília 2008. livro em formato eletrônico, disponível em:
<http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_02-experienciabrasileira.pdf>.Acessado em:
08/04/2008.

28
SZWARC, Alfred. O Etanol e o Controle de Emissões de Gases de Efeito Estufa. In: MINISTÉRIO
DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Biocombustíveis no Brasil: realidades e perspectivas. Brasília 2008.
livro em formato eletrônico, disponível em:
<http://www.dc.mre.gov.br/brasil/download/Biocombustíveis_07-etanolcontroleemissoes.pdf>. Acessado
em: 08/04/2008.
Matéria de jornal em meio eletrônico
Agência Brasil. Leia a íntegra do programa Café com Presidente. Agência Brasil, 9 jul. 2007. Disponível
em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/07/09/materia.2007-07-09.9365486425/view>.
Acessado em 11/06/2008.
Badauê on line. Em Guarulhos Lula e Busch anunciam parceria e enaltecem etanol. Badauê on line,São
Luís, 9 mar. 2007. Disponível em: <http://www.badaueonline.com.br/2007/3/9/Pagina19736.htm>.
Acessado em 04/06/2008.
Correio do Brasil. Brasil e Holanda fecham acordo em biocombustível.Correio do Brasil, 11 de abr. de
2008. Disponível em: <http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=137079>. Acessado em
02/06/2008.
Diplomacia e Negócios. Reino Unido e Brasil assinam Memorando de Entendimento na área de energia.
Diplomacia e Negócios. 21 de fev. de 2006. Disponível em:
<http://www.diplomaciaenegocios.com.br/ntc.asp?Cod=373>, acessado em 19/05/2008.
FIORI, Mylena. Produção de biocombústiveis colocará Brasil no "grupo seletivo dos países ricos", diz
Lula. Agência Brasil, 24 mai. 2007. Disponível em:
<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/05/23/materia.2007-05-23.4297709285/view>. Acessado
em 26/05/2008.
Folha on line. Stephanes diz que meta do país é triplicar área plantada de cana em 10 anos. Folha de São
Paulo on line, 17 de mai. 2007.Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u117272.shtml>.Acessado em: 21/05/2008.

Gazeta Mercantil. Energias renováveis na agenda de Lula em três países. Gazeta Mercantil, 1 de set. de
2007. Disponível em: <http://www.nuca.ie.ufrj.br/infosucro/assuntos/biomassa_0709.htm>. Acessado em
10/06/2008.
Grupo Beatrice. Discurso do Presidente Lula Na FAO ... Roma, Grupo Beatrice. Disponível em:
<http://grupobeatrice.blogspot.com/2008/06/discurso-do-presidente-lula-na-fao-roma.html>. Acessado em
10/06/2008.

HOFFMAN, Geraldo. Brasil quer exportar etanol para UE. Deutsche Welle, 03 de jun. de 2004.Disponível
em: <http://www.dw3d.de/dw/article/0,2144,1223777,00.html>.Acessado em 28/05/2008.
LYRA, T. Paulo. Prodi critica negociações bilaterais e defende OMC. Laboratório Sindical, 28 de mar. de
2007. Disponível em: <http://www.sindlab.org/noticia02.asp?noticia=10386>. Acessado em 19/05/2008.
MARRA, Ana Paula. Memorando estabelece cooperação Brasil-EUA na área de biocombustíveis com
incidência bilateral, regional e global. Agência Brasil, 9 de mar. de 2007. Disponível em:
<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/03/09/materia.2007-03-09.7276318850/view>.Acessado
em 28/04/2008.
RODRIGUES, Peterson. Furlan quer menos protecionismo do governo japonês na área agrícola. Agência
Brasil, 06 mar. 2007. Disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/03/06/materia.2007-
03-06.5626965609/view> Acessado em 10/06/2008.
RODRIGUES, Roberto. Com P&D, em 10 anos, o Brasil poderá produzir duas vezes mais etanol, na
mesma área plantada. Boletim Eletrônico dedicado a Inovação Tecnológica. 15 fev. 2006. Disponível
em: <http://www.inovacao.unicamp.br/etanol/report/entre-rodrigues070215.php>, acessado em 10/06/2008.

29
SANTANA, Érica. Biocombustível pode ser uma revolução para economia e população paraguaia, diz
Lula. Agência Brasil, 21 mai. 2007. Disponível em:
<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/05/21/materia.2007-05-21.7816394830/view>. Acessado
em 26/05/2008.
SIQUEIRA, Chico. 1m Álcool/Grupo quer investir US$ 4,2 bi no Brasil. O Estado de São Paulo, 16 de
fev. de 2007. Disponível em:
<www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=309839>. Acessado
em 12/05/2008.
WALLIN, V. Claudia. Suécia elimina sobretaxa ao etanol brasileiro. BBC Brasil, 11 de set. de
2007.Disponível em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070911_suecia_etanol_dg.shtml>.Acessado
em 26/05/2008.
Revistas Especializadas
LAFER, Celso. Brasil: dilemas e desafios da política externa. Revista de estudos avançados, São
Paulo,v.38, n.14, p.260-267, jan/abr.2000.

KLARE, Michael T. The New Geography of Conflict. Foreign Affairs, New York, Vol 80, N. 3, p. 49-61,
May/June 2001.

ALMEIDA, Paulo Roberto de. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula. Revista
Brasileira de Política Internacional, Brasília, v.47, n.0001, p.162-184, jun/2004.
Sites especializados
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. Veículos Flex
Fuel. Disponível em: <http://www.anfavea.com.br/noticias/flexfuel.html>. Acessado em 12/05/2007.
CORPORATE AVERAGE FUEL. CAFE Overview. Disponível em:
<http://www.nhtsa.dot.gov/cars/rules/cafe/overview.htm>. Acessado em 10/04/2008.
Divisão de Atos Internacionais. Denominação dos Atos Internacionais. In. MINISTÉRIO DAS
RELAÇÕES EXTERIORES, disponível em: <http://www2.mre.gov.br/dai/003.html>. Acessado em:
02/06/2008.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Soja. Disponível em:
<http://www.cnpso.embrapa.br/index.php?op_page=22&cod_pai=16>, acessado em 10/06/2008.
ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION. Evolução dos preços internacionais do Petróleo:
2002/2008. Disponível em <http://tonto.eia.doe.gov/dnav/pet/hist/rbrteM.htm>.Acessado: 10/06/2008
Indian Consulate. Memorando de Entendimento Brasil-Índia. Disponível em:
<http://www.indiaconsulate.org.br/comercial/novidades/MOUethanol.htm>. Acessado em 12/05/2008.
INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Brasil Quer Usar Etanol Para Vender Mais Ao Japão.
Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=8827>, acessado em 10/05/2008.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL.
Programa Brasileiro de Certificação em Biocombústiveis. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/painelsetorial/biocombustiveis/index.asp>.Acessado em 12/06/2008.
MERCADO COMUM DO SUL. XXXI Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum. Brasília,
15 de dezembro de 2006. Ata 02/06 Anexo II Decisões Aprovadas. Dec. CMC 36/06 Memorando de
entendimento, MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela). Disponível. em:
<http://www.mercosur.int/msweb/SM/Actas%20TEMPORARIAS/CMC/XXXI%20CMC%20FINAL/ANE
XOS/CMC_2006_ACTA02_ANE06_PT_MemoBiocombustibles.pdf>.Acessado em 12/05/2008.
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Memorando de entendimento entre os membros do
fórum de diálogo Índia – Brasil - África do Sul, para estabelecer força-tarefa trilateral sobre

30
biocombustíveis. Brasília, 13 de setembro de 2006. Divisão dos Atos Internacionais. Disponível em:
<http://www2.mre.gov.br/dai/b_ibas_3881_2006.htm>, acessado em 12/05/2008.
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Perspectivas para os biocombustíveis. Disponível
em:<http://www.mre.gov.br/index.php?Itemid=61&id=1797&option=com_content&task=view>.Acesso
em 18/04/2008.
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Memorando de Entendimento Brasil-Jamaica na
Área de Açúcar e Etanol, 16 de mai. de 2005. Disponível em:
<http://www2.mre.gov.br/dai/b_jama_07_5513.htm>. Acessado em 10/05/2008.
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Memorando de Entendimento para cooperação na
área da indústria do etanol Brasil-Venezuela. Disponível em:
<www.mme.gov.br/download.do;jsessionid=B9B9675A853BF82EC7373ED9BF6F3188?attachmentId=15
06&download>.Acessado em 19/05/2008.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Memorando de
Entendimento Brasil-China. Disponível em:
<http://www.cebc.org.br/sites/500/521/download/protocolos/6_Memorando_Entendimento_Industrial.pdf>
.Acessado em 19/05/2008
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Memorando de Entendimento Brasil-Paraguai. 21 de
maio de 2007. Disponível em:
<http://acessibilidade.mct.gov.br/index.php/content/view/55643.html>.Acessado em 19/05/2008.
Revistas especializadas em formato eletrônico
MELLO, F. T. de et al. Álcool combustível e biodiesel no Brasil: quo vadis? Rev. Econ. Sociol.
Rural v.45 n.3 Brasília jul./set. 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v45n3/a01v45n3.pdf>. Acessado em: 05/03/2008.
NASTARI, Plínio M. O Setor Brasileiro de Cana-de-açúcar Perspectivas de Crescimento. Disponível
em: <http://portalexame.abril.com.br/static/aberto/complementos/870/nastari_presentation.pdf>.Acessado
em 20/04/2008.
OLIVEIRA, Luiz César de. Uma “dose” de álcool na macroeconomia brasileira. Disponível em:
<http://www.cofecon.org.br/dmdocuments/Uma%20dose%20de%20%E1lcool%20na%20Macroeconomia
%20brasileira.pdf>. Acessado em 06/06/2008.
Publicações de Eventos on line
PORTO, Laura. Programas, Iniciativas e Ações do Setor Energético que contribuem para a Mitigação dos
Efeitos das Mudanças Climáticas. In: FÓRUM DE DISCUSSÕES SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS E
CONSUMO RESPONSÁVEL – SUSTENTAR, 2008, Florianópolis. Anais Eletrônicos... Florianópolis:
Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 2008.
Disponível em: <http://www.funcoge.org.br/Laura_Porto.pdf>. Acessado em 10/05/2008.

31

S-ar putea să vă placă și