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Ministrantes:
FLORIANÓPOLIS - SC
2004
Prefácio
Este texto foi elaborado para servir de material de apoio ao curso de Estabilidade de
Tensão, ministrado por professores do Laboratório de Sistemas de Potência Labspot,
vinculado ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). O curso aborda os mecanismos de instabilidade
de tensão, modelagem de componentes do sistema elétrico de potência, as abordagens
baseadas em modelagem estática e dinâmica do problema de estabilidade de tensão,
ações de controle e o controle secundário de tensão. Maior ênfase foi dada aos métodos
baseados em modelagem estática do sistema, dado que tais métodos tendem a fornecer
mais facilmente ı́ndices de proximidade da instabilidade de tensão e quantificação de
ações de controle e vem sendo mais usados pela indústria atualmente. O objetivo na
elaboração do texto foi apresentar uma visão abrangente do problema, mas que não
esgota o estudo. As referências listadas no trabalho constituem uma complementação
importante para o estudo do tema.
ii
Sumário
1 Introdução 1
Introdução
Definições e conceitos de
estabilidade de tensão
2.1 Introdução
A operação dos sistemas de energia elétrica sob condições-limite da sua capacidade de
carregamento faz com que esses sistemas fiquem sujeitos a um progressivo declı́nio na
magnitude da tensão. Isto pode ocorrer após a rede ser submetida a um crescimento
súbito de carga e/ou a uma contingência, situações que acontecem principalmente nos
perı́odos de demanda elevada (pico de carga).
Este problema, ao qual convencionou-se associar a estabilidade da tensão, envolve
três aspectos básicos:
• as caracterı́sticas da carga;
Estes aspectos podem interagir entre si, de forma a fazer com que a instabilidade de
tensão apresente dois comportamentos distintos: um dinâmico rápido e outro dinâmico
lento.
Os sistemas de potência apresentam geralmente diferentes tipos de cargas e equi-
pamentos, com as mais diversas caracterı́sticas de funcionamento. Um distúrbio pode
influenciar mais significativamente equipamentos e cargas que tenham respostas rápidas
ou lentas, contribuindo mais decisivamente para a ocorrência de um ou de outro tipo
de instabilidade (dinâmica rápida ou dinâmica lenta). Por exemplo, a caracterı́stica
do motor de indução é determinante para uma forma mais rápida de instabilidade, ao
passo que um fenômeno de incremento de carga/transferência de potência influenciará
mais fortemente a instabilidade que se apresenta de uma forma lenta.
EEL-UFSC 5
Mesmo que um ponto de equilı́brio seja estável, grandes perturbações podem fazer
com que a trajetória se afaste do ponto de equilı́brio. É importante então determinar-se
o conjunto de condições iniciais criadas por perturbações para as quais o sistema volta
ao ponto de equilı́brio. Este conjunto determina o domı́nio de atração do ponto de
equilı́brio.
No caso de sistemas elétricos, a estabilidade eletromecânica ilustra os pontos acima.
Quando o sistema não tem torque sincronizante o ponto de equilı́brio desaparece. Isto
é ilustrado pela curva P × δ, quando a potência mecânica for maior do que a potência
máxima transmitida.
Quando o ponto de equilı́brio existe, o sistema pode ter torque de amortecimento
negativo, e portanto o ponto de equilı́brio é instável.
Mesmo quando o ponto de equilı́brio é estável, uma grande perturbação, um curto
circuito, por exemplo, pode provocar a instabilidade, através da perda de sincronismo
de uma ou mais máquinas. Neste caso, a perturbação tirou o sistema do domı́nio de
atração e a trajetória do sistema não retorna mais ao ponto de equilı́brio.
Aos problemas de existência e estabilidade do ponto de equilı́brio é associado o
conceito de estabilidade para pequenas oscilações. Ao problema do efeito de grandes
perturbações é associado o conceito de estabilidade transitória.
Se o sistema elétrico de potência for encarado apenas como um sistema dinâmico,
é indiferente se o problema de estabilidade é de natureza eletromecânica ou de tensão.
Do ponto de vista do engenheiro de sistemas de potência, esta separação é importante
já que as origens de uma ou outra forma de instabilidade podem ser diferentes exigindo
diferentes medidas para afastar o sistema da possibilidade de instabilidade. No entanto,
os mesmos conceitos discutidos acima se aplicam ao caso de estabilidade de tensão.
No caso de estabilidade de tensão é ainda útil fazer uma separação do fenômeno na
escala de tempo, em estabilidade a curto prazo ou estabilidade transitória de tensão
e estabilidade a longo prazo. A razão disto é que no caso de estabilidade de tensão a
atuação de dispositivos lentos, como taps de transformadores e limitadores de corrente
de sobreexcitação tem uma influência grande no sistema. Algumas vezes, equipamentos
chaveados também atuam. Com isto, além da dinâmica lenta, o sistema é variante no
tempo. Um exemplo ilustra este ponto. Supondo a abertura de uma linha que causa
uma depressão de tensões. O sistema é estável para esta perturbação, com um novo
ponto de operação com tensões mais baixas e portanto é estável a curto prazo. Mas
supondo que após algum tempo os taps atuem para elevar as tensões no lado da carga.
Isto aumenta a transferência e as perdas reativas, causando novas quedas de tensões
e outras atuações de taps. Eventualmente limites de máxima corrente de campo de
um ou mais geradores podem ser atingidos, agravando mais o problema. Assim, após
um tempo de vários minutos, o sistema pode caminhar para uma instabilidade, se
medidas não forem tomadas. Em geral a estabilidade de curto prazo está relacionada
ao problema do domı́nio de atração e a estabilidade a longo prazo ao problema de
estabilidade de pequenas perturbações, mas isto não necessariamente é verdade. No
caso da estabilidade a longo prazo, a evolução do sistema pode levar ao desparecimento
do ponto de equilı́brio ou a um ponto de equilı́brio instável.
A discussão acima justifica as definições dadas a seguir, que formalizam a discussão
acima. As definições apresentadas seguem a referência [37].
pequenas perturbações se, após qualquer pequena perturbação, as tensões próximas às
cargas são idênticas ou retornam a seus valores pré-distúrbio.
Isto significa que um novo ponto de equilı́brio estável é encontrado, mas os valores
de tensão neste ponto de operação são inaceitáveis. Em um incidente real se observou
que o sistema atingiu um novo ponto de operação com tensões da ordem de 0.5 pu.
E∠O jX V ∠θ
P + jQ
?
tanφ = 0.0
0.67
5.03 2.41
PX
E2
desprezada.
A tensão na barra de carga é dada por
V = E − jXI
S = P + jQ =
ou
EV
P = − sen θ
X
V 2 EV
Q = − + cos θ
X X
A Equação da tensão versus potência é obtida eliminando-se θ:
s r
E2 E4
V = − QX ± − X 2 − X 2 P 2 − XE 2 Q
2 4
Para cada valor de fator de potência curvas P × V ou Q × V podem ser traçadas.
Esta curvas representam a tensão para cada potência ativa ou reativa trasmitida
à carga, para um determinado fator de potência. A Figura mostra as curvas P V e
a Figura mostra as curvas QV . Estas curvas podem ser usadas para ilustrar alguns
mecanismos básicos de instabilidade de tensão.
A seguir examinaremos vários possı́veis cenários de instabilidade de instabilidade.
No primeiro cenário tem-se uma carga do tipo potência constante. Esta carga é re-
presentada juntamente com a curva P V do sistema na Figura. Os pontos A e B,
correspondentes a intercessão entre a reta que representa a potência constante e a
curva P V , representam possı́veis pontos de operaçào do sistema. O ponto A é estável,
EEL-UFSC 11
V
E 6
Aumento de carga
-
PX
E2
6
V
E 6
Carga
Pós-falta
Pré-falta
PX
E2
pois um pequeno aumento de carga, resulta em uma tensão menor. Uma redução da
carga produz um aumento de tensào. Já no ponto B, um aumento de carga produz
um aumento da tensão e uma redução da carga produz uma tensão menor.
Vamos supor agora um aumento de carga correspondente à reta mostrada na Figura.
Observa-se que não é possı́vel encontrar uma intercessão com a curva P V e portanto
não existe um ponto de operaçào para este caso.
Outro possı́vel cenário é a ocorrência de uma contingência que leve a uma nova
curva P V , sem que a carga se altere, como mostrado na Figura . Neste caso, não
existe intercessão entre a curva P V e a caracterı́stica de carga, e não existe um novo
ponto de operaçào após a contingência.
Embora a análise tenha sido feita para uma caracterı́stica de carga do tipo potência
constante, uma análise semelhante pode ser feita para o caso de cargas com outras
caracterı́sticas.
12 Capı́tulo 2: Definições e conceitos de estabilidade de tensão
CAPÍTULO 3
3.1 Introdução
Neste capı́tulo os modelos dos diversos componentes do sistema de potência, usados
para estudos de estabilidade de tensão, serão apresentados. Modelos detalhados são
necessários para estudos usando a abordagem baseada na modelagem dinâmica do
sistema. Denominaremos aqui de modelagem estática a modelagem para estudos ba-
seados nas equações do fluxo de potência, e de modelagem dinâmica a modelagem que
considera aspectos dinâmcos do comportamento do sistema. A abordagem baseada na
modelagem usada no fluxo de potência é mais simples, e usaremos uma seção para dis-
cutir as principais hipóteses deste modelo, deixando os detalhes para o Capı́tulo 4.. Os
modelos usados na abordagem dinâmica serão apresentados com mais detalhes neste
capı́tulo.
Este modelo é válido desde que a potência fornecida esteja dentro dos limites do
gerador. Se o limite de máxima potência for atingido, a barra é chaveada para P Q,
ou seja, as potências ativas e reativas são fixadas e a tensão da barra é calculada.
A modelagem da capacidade de fornecimento de potência reativa por uma potência
máxima é uma aproximação, desde que a corrente de campo é que é limitada.
Um dos geradores é modelado como uma barra de folga, onde a tensão e o ângulo
são fixados e as potências ativa e reativa são calculadas.
−V1d = Xq Iq
Eq0 − V1q = −Xd0 Id
EEL-UFSC 15
Vref − V K Ef d
1 + sT
• Corrente constante - o módulo da corrente solicitada pela carga não varia durante
o transitório, podendo ser calculado a partir da potência complexa S, que varia
com o módulo da tensão (S = S0 V /V0 ), e da tensão complexa;
c 1 P0 c2 Q 0
Pz + Qz = 2
− 2 |V |2 (3.6.3)
|V0 | |V0 |
onde:
Neste caso, as parcelas ativa e reativa de cada carga são representadas por po-
linômios da forma :
h i
V V 2
P = P 0 a 1 + b 1 V0 + c (
1 V0 )
h i (3.6.4)
Q = Q 0 a 2 + b 2 V + c 2 ( V )2
V0 V0
P
= ( VV0 )kp
P0
(3.6.5)
Q
= ( VV0 )kq
Q0
onde Kp e Kq são constantes que dependem dos valores nominais das variáveis P e Q.
Cargas estáticas são pouco afetadas por variações na frequência, ou seja pf = qf =
0, e para cargas que se comportam como impedâncias constantes tem-se pv = qv = 2.
Rs Xe Xr R1 X1 + X r
I¯ I¯r I¯r
Rr Rr
V̄ Xm V¯1
s s
As perdas resistivas são dadas por Rr Ir2 , que descontadas da potência de entreferro
produzem a potência correspondente ao torque do motor
Rr
Pe = Ir2 (1 − s) (3.6.17)
s
Rr
Te = Ir2 = Pef (3.6.19)
s
2 Rr
V 2 Xm
Te (V, s) = " s (3.6.20)
2 #
Rr
Re2 + (Xe + Xm )2
R1 +
s
Rr
V12
Te (V1 , s) = s
Rr 2
(3.6.21)
R1 + s + (X1 + Xr )2
Te
1.9
Motor Gerador
1.5
1.1
0.7
0.3
s
−0.1 0.0
1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 −0.2 −0.4 −0.6 −0.8 −1.0
−0.5
−0.9
−1.3
−1.7
Te
Tmax
Motor Gerador
I E
T0
Motor travado
s
1.0 0.0 −1.0
Para o caso onde T0 < Tmax , tem-se dois pontos de operação, dados pelos pontos
E e I, correspondentes à intercessão entre a caracterı́stica da carga e a caracterı́stica
do motor. Se, no entanto, T0 > Tmax , não existem pontos de intercessão, e neste caso
o motor estola, ou seja, a velocidade diminui até o motor parar (e o escorregamento
aumenta até s = 1).
Pode-se analisar a estabilidade dos pontos de equilı́brio E e I, através das seguin-
tes consideraçòes. No caso do ponto de equilı́brio E, para um pequeno aumento do
escorregamento (ou seja, a velocidade do motor diminui), o torque do motor aumenta,
tendendo a restabelecer a velocidade. Por outro lado, se o o escorregamento diminui
(ou seja, a velocidade do motor aumenta), o torque diminui, tendendo novamente a
restabelecer a velocidade. Portanto, este é um ponto de equilı́brio estável. Para o caso
do ponto I, um aumento de escorregamento causa uma diminuição do torque, causando
a desaceleração do motor até a parada. Por outro lado, uma diminuição do escorre-
gamento fará com que o torque aumente, fazendo com que a velocidade aumente até
que o motor alcance o ponto de operação estável E. Portanto, o ponto de operação I
é instável.
Para o modelo de torque constante, o motor de indução em regime permanente
pode ser visto como uma carga tipo potência constante atrás da reatância de dispersão
do rotor. Isto segue do fato de que no equilı́brio o torque mecânico da carga é igual ao
torque elétrico. Por outro lado, este tem o mesmo valor em pu da potência de entreferro.
Pode-se então representar o motor de indução por um dos diagramas da Figura 3.6.2.2.
Portanto, no regime permanente, a potência do motor é sempre restaurada para o valor
Pef , na barra terminal i, independente da tensão aplicada no motor. Por outro lado,
no regime transitório, o motor, para um dado valor de escorregamento, comporta-se
como uma impedância constante.
Modelo de torque quadrático
Neste caso a carga é representada por
Te , Tm
2.8
2.4
2.0
E3
1.6
I1
1.2
0.8
E1
E4 E2
0.4
0.0 s
1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0
V
P
6
tlig tdes
- -
GV 2
G
Pdem
- t
ou
tlig
Pdem = G V 2
tlig + tdes
Definindo-se o parâmetro do ciclo térmico por
tlig
f=
tlig + tdes
ou seja, a relação entre o tempo em que a chave fica ligada e o tempo total do ciclo,
obtem-se
Pdem = f G V 2
Pe = P 0 (3.6.29)
Qe = Q 0 (3.6.30)
P = Pe (3.6.33)
Q = Qe (3.6.34)
ou seja, a demanda ativa e reativa da carga tende para os valores em regime permanente,
com constantes de tempo TP e TQ , respectivamente.
P = P0 (3.6.37)
Q = Q0 (3.6.38)
EEL-UFSC 27
I¯ = Ȳ V̄ (3.7.5)
ẋ = f (x, y, zc , zd ) (3.8.1)
4 5
MI
2
1
Ifmax
d − 1 vOXL ? +
- - - - Ef d
T0 −
6+
0
If d
3.9.2.4 Cargas
O exemplo apresentado possui duas cargas, na barra 5; uma carga estática, aqui repre-
sentada por um modelo exponencial e um motor de indução.
O modelo exponencial é dado por
( P
P0
= ( VV55 )kp
Q
0
V5 kq (3.9.6)
Q0
= ( V5
)
0
Rs Xe Xr
I¯ I¯r
Rr
V̄5 Xm
s
4.1 Introdução
1
Este capı́tulo apresenta os fundamentos para o estudo da estabilidade de tensão a
partir de uma modelagem estática do sistema. Inicialmente são mostrados os conceitos
básicos da análise da estabilidade de tensão através de modelos estáticos. Posterior-
mente, o processo de solução do problema de fluxo de potência através do método de
Newton-Raphson é revisado, com ênfase na interpretação dos termos da matriz Jaco-
biana. Em seguida, são mostradas algumas estratégias de solução do fluxo de potência
baseadas no uso de um fator de amortecimento, o qual tem por objetivo evitar a di-
vergência do processo iterativo de solução. Após isto, são sumarizados os métodos
para a determinação do máximo carregamento do sistema. Apresenta-se a base teórica
do método da continuação, juntamente com os fundamentos do uso de algoritmos de
otimização. São descritos ainda ı́ndices que indicam proximidade do ponto crı́tico e
a margem de segurança sob o ponto de vista de carregamento à partir da condição
de operação corrente do sistema. Finalmente, são mostradas as ações de controle que
podem ser determinadas sob condições de carregamento elevado.
Por outro lado, no que diz respeito à capacidade dos equipamentos, nota-se que os
sistemas elétricos tendem cada vez mais, a operar próximos de seus limites máximos.
Algumas das possı́veis causas para essa condição de operação são:
• o aumento desordenado da demanda no sistema (ativa e reativa);
• a busca de lucros cada vez maiores por parte das companhias que gerenciam o
setor elétrico.
Observa-se que as dificuldades para um planejamento de operação econômico, se-
guro e de boa qualidade nos sistemas de energia elétrica são incontáveis, e crescem
mais ainda conforme as dimensões e peculiaridades desses sistemas se acentuam. Den-
tre essas, duas das mais crı́ticas são:
• o aumento aleatório e rápido das demandas de potências ativa e reativa nas
barras do sistema. Desde que o perfil de tensões nodais está fortemente associado
a essa demanda, variações do tipo mencionado resultam em modificações nesse
perfil, levando, em casos extremos, a rede elétrica a situações nas quais não é
possı́vel a determinação de um ponto de operação viável. É fato conhecido que
essas condições crı́ticas são, em geral, atingidas por causa da falta de suporte de
potência reativa durante o crescimento súbito da carga;
• restrição de carga, a qual requer que o balanço de potência em cada barra seja
satisfeito;
EEL-UFSC 35
Região de
emergência Região de
operação
Superfı́cie
limite Σ
• região sem solução, na qual as equações do fluxo de potência não possuem ne-
nhuma solução real. Tentativas de operação do sistema nessa região podem con-
duzir o mesmo a instabilidade ou até memso o colapso de tensão [36]. Carrega-
mento excessivo e/ou contingências podem ocasionar a não existência de soluções.
Neste caso, é importante determinar que modificações podem ser realizadas no
sistema de modo a restaurar a solução para as equações da rede elétrica. Esta
região também é chamada de região infactı́vel do fluxo de potência.
Na superfı́cie limite que separa as regiões com e sem solução do fluxo de potência
(denotada por Σ na figura 4.1) as equações estáticas do fluxo de carga apresentam uma
única solução e a matriz Jacobiana do fluxo de potência convencional torna-se singular
[15]. Observa-se que, a medida em que as soluções do fluxo de carga se aproximam da
superfı́cie Σ, estas soluções se aproximam uma da outra até que ambas são coincidentes
e se localizam em uma bifurcação sela-nó [21]. Neste ponto, o sistema, em geral, fica
sujeito a problemas de instabilidade de tensão [1, 9].
A obtenção de soluções reaia para as equações da rede elétrica sob condições de
carregamento crı́tico é dificultada pela singularidade da matriz Jacobiana do fluxo de
potência convencional na fronteira da região das soluções viáveis. Para determinar
este tipo de solução, diversas metodologias são propostas na literatura, entre as quais
pode-se citar:
Essas metodologias fornecem uma solução para o fluxo de potência de acordo com
as caracterı́sticas de busca dessa solução. As técnicas baseadas na solução do fluxo
de potência com amortecimento, não levam em consideração quão longe o ponto de
operação obtido está daquele correspondente a especificação inicial da demanda. Essas
abordagens são extensões do método de Newton-Raphson convencional e a principal
modificação consiste no uso de um fator de passo para atualizar as variáveis do fluxo
de potência. Nos casos, onde a solução real não existe, a divergência é evitada com o
fator de passo tendendo a zero.
A utilização do autovetor à esquerda associado ao autovalor nulo da matriz Jaco-
biana singular [29] permite determinar uma solução de mı́nima norma euclidiana, no
sentido do ponto de operação ser o mais próximo possı́vel da especificação da demanda.
Nesse caso, a solução obtida também é apenas viável. Esta técnica alia a simplicidade
das abordagens baseadas no método de Newton-Raphson com controle de passo [23]
com as informações fornecidas pelo autovetor à esquerda. Isto resulta em desbalanços
de potência mı́nimos interpretados como o alı́vio de carga que deve ser feito para que
a solução real das equações da rede elétrica seja restaurada.
Por outro lado, as técnicas de otimização permitem a incorporação de restrições de
desigualdade na sua modelagem, de modo a fornecerem soluções do fluxo de potência
no interior da região operativa do sistema. A técnica proposta em [19], baseada no
algoritmo não-linear Primal-Dual de Pontos Interiores, caracteriza-se por um aumento
da dimensão e da complexidade do problema devido à modelagem das restrições adici-
onais, o que pode, em alguns casos, dificultar o processo de busca da solução.
A figura 4.2 ilustra as soluções situadas nos limites das regiões de soluções operaci-
onal e de emergência. Nesta figura, o ponto A representa uma carga para a qual não
há solução das equações do fluxo de potência convencional, o ponto B corresponde a
uma solução na superfı́cie limite da região das soluções de emergência e o ponto C se
refere a uma solução operacional.
Observe que diferentes modelagens fornecem soluções distintas. O ponto B pertence
a uma região, na qual as soluções do fluxo de potência possuem uma ou mais restrições
EEL-UFSC 37
Superfı́cie
limite Σ
operacionais violadas enquanto que o ponto C representa uma solução na qual todos os
limites operacionais incluı́dos na formulação do problema de determinação da medida
corretiva são satisfeitos.
V02
Regiao estável
Ponto de bifurcação
sela-nó
Regiao instável
V01
P0 P
tal que a magnitude da tensão do sistema tende a diminuir. Para corrigir esta redução,
medidas corretivas recomendariam um ajuste na magnitude da tensão gerada ou nos
taps, ou alternativamente uma redução na carga. Este procedimento seria tomado
até que fosse atingido um ponto de equilı́brio (região estável ). Por outro lado, na
parte inferior da curva, um aumento na demanda causa uma elevação na magnitude da
tensão do sistema. Isto faz com que o sistema não atinja um ponto de equilı́brio, pois
a redução da carga recomendada pela estratégia corretiva também causa decréscimo
na magnitude da tensão (região instável ).
O extremo da curva é o chamado ponto crı́tico ou ponto de bifurcação estática sela-
nó. Este ponto pode ser interpretado da seguinte maneira: para uma determinada
condição de carga, em adição à solução normal do fluxo de carga, que é tipicamente o
ponto de operação corrente, outras soluções podem ser encontradas para as equações
da rede elétrica em regime permanente. A solução mais próxima ao ponto de equilı́brio
estável (operação corrente) é o ponto de equilı́brio instável. Estes pontos de equilı́brio
se aproximam um do outro quando o sistema é carregado, até o ponto onde somente
uma única solução existe. Neste ponto de bifurcação, um autovalor da matriz Jacobiana
da solução do fluxo de potência via Newton-Raphson se torna zero; isto é, esta matriz
se torna singular. Logo, para pontos de operação próximos ao ponto crı́tico, a matriz
Jacobiana se torna numericamente mal-condicionada.
O limite de carregamento estático da rede (ponto critico da curva PV) não é neces-
sariamente o limite de instabilidade de tensão. A instabilidade e o colapso de tensão
podem ocorrer antes do ponto crı́tico, o qual representa um limite de capacidade da
rede estabelecido com base num padrão especı́fico de carregamento-geração.
O colapso de tensão ocorre após a operação do sistema em pontos da parte su-
perior da curva PV, em situações de extremo carregamento, causado por distúrbios
que provocam desbalanço entre a produção e o consumo de potência reativa. Nesta
situação crı́tica, a magnitude de tensão em certas barras do sistema tornam-se muito
sensı́veis às variações de demanda, as quais possuem caracterı́sticas próprias e de difı́cil
determinação.
Nesta abordagem particular do problema, o ponto crı́tico pode ser estimado através
EEL-UFSC 39
• Análise de Sensibilidade
Neste tipo de abordagem, a proximidade entre as condições de operação corrente
e de carregamento crı́tico é medida verificando-se o ponto onde a derivada da
injeção de potência ativa em relação à magnitude da tensão se anula. Isto pode ser
feito de forma aproximada através das relações de sensibilidade entre a magnitude
das tensões e a variação no carregamento do sistema.
• Múltiplas Soluções
Esta abordagem utiliza pares de solução do fluxo de potência para se aproximar do
limite de carregamento. O par de soluções é constituı́do de um ponto de operação
e de uma solução de baixa tensão, os quais tendem a se coalescer no limite de
carregamento. Geralmente utiliza-se neste tipo de análise o método de Newton
em coordenadas retangulares. Os autovetores esquerdo e direito correspondentes
ao autovalor zero do Jacobiano são também aproximados em termos do par de
soluções.
• Autovalores
Nestas abordagens, é aplicada uma decomposição em autovalores de uma subma-
triz de sensibilidade que relaciona os incrementos na injeção de potência reativa
e magnitude da tensão. O objetivo é obter uma medida relativa da proximi-
dade da instabilidade de tensão, sendo a análise efetuada geralmente em áreas
sujeitas a esta instabilidade. Em virtude da submatriz de sensibilidade ser quase
simétrica, é esperado obter-se somente um conjunto de autovalores e autovetores
reais, muito similares aqueles da abordagem descrita anteriormente.
• Otimização Estática
Neste tipo de abordagem, visa-se identificar a máxima carga que pode ser aten-
dida pelo sistema através da busca de um ajuste ótimo para os controles, obtendo-
se uma solução das equações da rede elétrica que satisfaça às restrições de carga
e operacionais. Esta formulação permite a inclusão dos limites de geração de
potência ativa e reativa, tapes e a representação da relação carga-tensão. O
ponto de operação de máxima carga obtido via otimização não possui a matriz
Jacobiana do fluxo de potência singular; ou seja, este ponto de operação não é o
mesmo ponto crı́tico de curva PV.
40 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
Pk (V, δ) − Pk = 0 k = 1, n
(4.3.1)
Qk (V, δ) − Qk = 0 k = 1, n
P k = P g k − P dk
(4.3.2)
Q k = Q g k − Q dk
onde, {K} é o conjunto de barras adjacentes à barra k; Gkm e Bkm são termos da
matriz admitância de barra; δkm = δk − δm é a diferença angular entre os nós k e m;
δk e δm são os ângulos da tensão das barras k e m, respectivamente; Vk e Vm são as
magnitudes da tensão nas barras k e m, respectivamente.
As variáveis envolvidas nas equações (4.3.1) podem ser particionadas em dois gru-
pos:
• Variáveis de Controle: são aquelas que podem ser monitoradas diretamente pelo
operador do sistema; tipicamente,
Deve ser ressaltado que além do módulo e ângulo da tensão em todas as barras do
sistema, após a convergência do processo iterativo a matriz Jacobiana é disponı́vel na
forma fatorada. A análise da natureza desta matriz revela que os seus termos expressam
a sensibilidade entre os incrementos nos ângulos e nas magnitudes da tensão nodas com
relação aos desbalanços de potência. O procedimento generalizado para a obtenção das
relações de sensibilidade de primeira ordem entre as variáveis do sistema de potência
é descrito na seção seguinte.
e, portanto,
−1
∂g(u0 , x0 , p) ∂g(u0 , x0 , p)
∆x = − ∆u (4.3.15)
∂x ∂u
ou, alternativamente,
∆x = Sxu ∆u (4.3.16)
onde −1
∂g(u0 , x0 , p) ∂g(u0 , x0 , p)
Sxu =
∂x ∂u
é a matriz de sensibilidade que relaciona os incrementos nas variáveis de controle e
dependentes.
Note que conjuntos distintos de variáveis de controle e dependentes e de equações
g(u, x, p) = 0 podem ser tomados. Por exemplo, se as equações e variáveis envolvidas
no processo iterativo da solução do fluxo de potência via Newton-Raphson (ângulos da
EEL-UFSC 45
tensão das barras PV e PQ e magnitude da tensão nas barras PQ) forem selecionadas,
a equação
−1
∆δ P V HP V,P V HP V,P Q NP V,P Q ∆P P V
∆δ P Q = HP Q,P V HP Q,P Q NP Q,P Q ∆P P Q
∆V P Q MP Q,P V MP Q,P Q LP Q,P Q ∆QP Q
Exemplo 4.4.1
Considere o sistema da figura 4.4, o qual é constituı́do por duas barras interligadas por
1 2
j0,1 pu
Pd2 + jQd2 pu(M V A)
V1 = 1, 0∠00 pu V2
a qual é a expressão analı́tica que define a superfı́cie limite Σ da região onde existem
soluções reais para o conjunto de equações (4.4.1).
A figura 4.5 mostra a região onde as equações da rede têm solução real, a superfı́cie
limite e a região onde não existe solução real para as equações do fluxo de potência.
Observa-se que os pontos a, b e c representam condições nas quais o fluxo de potência
possui solução real. Nos pontos a e b, as equações da rede elétrica possuem duas
soluções, e no ponto c, apenas uma. Por outro lado, o ponto d representa uma condição
na qual as demandas especificadas inviabilizam a existência de uma solução real para o
sistema de equações não-lineares. Portanto, o conjunto de pontos abaixo da superfı́cie
Σ caracteriza a região onde soluções reais existem para a demanda especificada. O
conjunto de pontos situados acima de Σ representa a região onde a especificação da
demanda inviabiliza a determinação de soluções reais para o problema de fluxo de
potência.
Q(pu)
2,5
Superfı́cie limite Σ
d
c
Região sem
b soluções reais
a Região com
duas soluções reais
5,0 P (pu)
Se o fluxo de potência possui solução real, o valor de F deve ser nulo, ou seja,
as equações dos balanços de potências são satisfeitas. Caso as equações do fluxo de
potência não tenham solução real,
e portanto F (V2 , δ2 ) 6= 0.
A tabela 4.1 mostra as soluções obtidas especificando-se diferentes valores de potência
demandada.
A análise da tabela 4.1 mostra que, conforme a demanda na barra 2 vai aumentando,
as soluções do fluxo de potência vão se aproximando, até o ponto em que as duas
soluções se unem numa única solução, no ponto de bifurcação sela-nó. A partir desse
48 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
Solução P d2 Q d2 V2 δ2 V2 δ2
(MW) (Mvar) pu graus pu graus
1 100 80 0,1414 -45 0,9055 -6,34
2 180 144 0,2910 -38,20 0,7920 -13,14
3 240 192 0,5546 -25,64 - -
4 340 272 - - - -
ponto, não há solução real para as equações do fluxo de potência. Isto caracteriza o
limite entre as regiões com e sem soluções reais para o fluxo de potência. Utilizando-
se um método de fluxo de potência convencional (Newton-Raphson, por exemplo), a
determinação deste ponto de operação é inviável. No caso do ponto d, a função F
possui um único ponto de mı́nimo, igual a 1,3671, correspondente a uma demanda de
239,98 MW e 192,41 Mvar na tensão de 0,5546 ∠ − 25, 640 pu.
∆x = −J(x)−1 f (x)
x1 = x0 + ∆x
EEL-UFSC 49
o qual é utilizado como um novo ponto de partida para o processo iterativo formado
pelas equações (4.4.2). O processo termina quando o maior desbalanço de potência em
magnitude satisfaz uma tolerância pré-especificada.
O método de Newton-Raphson com amortecimento utiliza um fator de correção, o
qual tem por finalidade controlar a magnitude do incremento calculada a cada iteração
do processo. O objetivo é fazer com que a cada iteração uma melhor aproximação
do problema linear ao problema não-linear seja obtida. Ao final de cada iteração, as
variáveis são atualizadas usando-se a expressão
x1 = x0 + ∆x
1
g(x) = xt Q0 x (4.4.4)
2
onde Q0 é um arranjo de dimensão (m × m × m) e x é um vetor (m × 1), cujas
componentes são as partes real e imaginária da tensão complexa nas barras.
50 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
3. Calcular os coeficientes d0 , d1 , d2 e d3 .
é aproximada no ponto x(k) , ao longo da direção de Newton ∆x(k) , por uma função
quadrática Φ(ε), onde ε é um escalar que indica o comprimento do passo na direção
∆x(k) . Com a utilização de três pontos Φ1 , Φ2 e Φ3 , respectivamente, em ε1 = −∆ε,
ε2 = 0 e ε3 = ∆ε, a função de aproximação é
Φ1 − Φ 3 Φ1 − 2Φ2 + Φ3 2
Φ(ε) = Φ2 − ε+ ε (4.4.9)
2∆ε 2∆ε2
onde Φi = F x(k) + εi ∆x(k) .
O valor do passo ε é determinado de forma que Φ(ε) tenha valor mı́nimo. Isto pode
ser obtido derivando-se esta função e igualando o resultado a zero; isto é,
dΦ(ε) ∆ε(Φ1 − Φ3 )
=0:ε=
dε 2Φ1 − 4Φ2 + 2Φ3
Precauções devem ser tomadas no cálculo do valor de ±∆ε. Se ∆ε for muito
pequeno, erros de arredondamento podem tornar-se excessivos nos cálculos de Φ 1 e Φ3 ,
comprometendo a construção da parábola. Por outro lado, se ∆ε for muito grande, a
parábola pode não pertencer à vizinhança de x(k) . Para garantir que ∆ε possua uma
magnitude adequada, Φ1 e Φ3 da equação (4.4.9) são calculados em duas direções a
partir do ponto x(k) , a uma distância
k ∆x(k−1) k
∆ε = ξε(k−1)
k ∆x(k) k
Esta formulação assegura que Φ1 e Φ3 são calculados em distâncias que são frações da
correção da iteração anterior, um de cada lado de x(k) . Segundo os autores, o valor de
ξ igual a 0,25 mostrou-se adequado nos testes realizados.
Os principais passos para a aplicação do algoritmo de Dehnel e Dommel estão
apresentados a seguir.
Nestas equações Pg0i e Q0gi são as gerações especificadas de potências ativa e reativa
da barra i, respectivamente, para um caso base; Pd0i e Q0di são as demandas especificadas
de potências ativa e reativa da barra i, respectivamente para um caso base; ∆P di e ∆Qdi
são os incrementos de carga de potências ativa e reativa, com ∆Pgi sendo o incremento
de geração ativa, todos em relação à barra i; e (V, δ) são os ângulos das tensões das
barras PV e PQ e a magnitude das tensões das barras PQ.
Essas equações são algébricas e não-lineares, e representam o sistema de potência
operando em regime permanente. Na forma compacta elas podem ser expressas como
g(x, ρ) = 0 (4.5.2)
onde g(·, ·) é o vetor das equações não lineares do fluxo de potência, expressas em função
do ângulo e da magnitude da tensão (representados pelo vetor x) e pelo parâmetro da
carga ρ.
Observa-se que a variável adicional ρ foi incluı́da no conjunto de equações da rede
elétrica, enquanto que o número destas equações permaneceu o mesmo.
Baseando-se na forma parametrizada das equações não-lineares que representam
a rede elétrica, expressa na equação (4.5.2), o Método da Continuação emprega um
esquema de predição-correção para a busca da solução de máximo carregamento. Este
esquema automatiza a obtenção do ponto crı́tico, determinando uma seqüência de
soluções do fluxo de potência, conforme mostrado na figura 4.6. Denotando por x 0
a solução de um caso base, a aplicação desta técnica é fundamentada no seguinte
procedimento:
f (x)
Solução corrigida
(xc = x0 + ∆x)
x0 x
especifica o valor de uma variável, conforme requerido para a solução do sistema linear.
Estabelecer que o último elemento do vetor b é igual a + 1, significa estimar um estado
de operação correspondente ao incremento de carga especificado. Isto pode ser feito
com qualquer uma das variáveis do vetor tangente de predição.
O valor predito para as variáveis nesta etapa é dado por
Observe-se ainda que xpred e ρpred são estimativas baseadas no modelo linearizado
das equações da rede parametrizadas. Estes valores não necessariamente satisfazem
o conjunto de equações algébricas não-lineares do sistema elétrico. A solução exata
destas é obtida na etapa de correção, descrita a seguir, com as estimativas da etapa de
predição usadas como valores iniciais das variáveis consideradas.
ui − upred
i =0 (4.5.5)
passo do proceso iterativo o componente ∆ρ, do vetor tangente de predição, for menor
do que zero, isto significa que a convergência da etapa de correção ocorrerá num ponto
da parte inferior da curva, indicando que o ponto crı́tico foi ultrapassado. Neste caso,
poder-se-ia optar pelo prosseguimento do processo iterativo, e com os valores de ∆ρ
negativos obter a parte inferior da curva P-V.
4.5.1.5 Algoritmo
O procedimento adotado na aplicação do método da continuação pode ser sumariado
na seguinte seqüência de passos:
4. com base na magnitude relativa do vetor tangente, critério expresso pela equação
(4.5.6), selecionar o parâmetro da continuação para a próxima iteração;
Exemplo 4.5.1
Para ilustrar a teoria descrita nas seções anteriores, apresenta-se a seguir um exem-
plo no qual a reformulação do conjunto de equações do fluxo de potência para a fase
de correção consiste em adicionar ao mesmo uma equação semelhante à (4.5.5). A
demanda do sistema foi aumentada uniformemente, mantendo-se o fator de potência
constante.
O sistema exemplo da figura 4.7, cujos os dados das linhas de transmissão dados
nas tabelas 4.2 e 4.3, foi utilizado para mostrar a aplicação do método da continuação.
G1 Pd2 + jQd2
1 2
G3 Pd3 + jQd3
Bs h
Linha Barras R X
2
(%) (%) (%)
1 1-2 10,00 100,0 1,0
2 1-3 20,0 200,0 2,0
3 2-3 10,0 100,0 1,00
onde
P2 (V, δ) = V2 [V1 (G21 cos δ21 + B21 sin δ21 ) + V3 (G23 cos δ23 + B23 sin δ23 )]
P3 (V, δ) = V3 [V1 (G31 cos δ31 + B31 sin δ31 ) + V2 (G32 cos δ32 + B32 sin δ32 )]
Q2 (V, δ) = V2 [V1 (G21 sin δ21 − B21 cos δ21 ) + V3 (G23 sin δ23 − B23 cos δ23 )]
e Gij e Bij são termos da matriz admitância de barra.
Os incrementos ∆Pd2 , ∆Pd3 , ∆Qd2 , ∆Pg2 , ∆Pg2 são calculados através das ex-
pressões
∆Pdi = 0, 025Pd0i
∆Qdi = 0, 025Q0di
∆Pgi = 0, 025Pg0i
onde Pd0i , Q0di e Pg0i são as demandas de potência ativa e reativa, respectivamente, e a
geração de potência ativa correspondentes ao caso base. Portanto, a taxa de variação
da carga e da geração de potência ativa é de 2,5 %.
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,0000 0,0000 20,33 -0,86 - -
2 PQ 0,9828 -6,600 - - 5,00 2,00
3 PV 0,9800 -10,36 50,00 -1,63 65,0 -
Tabela 4.3: Solução do fluxo de potência para o caso base - sistema de 3 barras
EEL-UFSC 59
∆ρ 1, 0000
A análise das componentes do vetor tangente revela que o elemento de maior mag-
nitude do vetor tangente é ∆ρ e portanto este é o parâmetro da continuação selecionado
para a próxima iteração.
Os valores preditos para a primeira iteração do método da continuação são
δ2 −0, 1182
δ3 −0, 1855
V2 = 0, 9822
ρ 1, 0000
Desde que ρ foi selecionado como o parâmetro da continuação, na fase de correção
a equação a ser adicionada ao sistema não linear da equação (4.5.8) é
ρ − 1, 0 = 0, 0
ρ 1, 0000
60 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
O processo iterativo prossegue de acordo com este procedimento, até que o incre-
mento ∆ρ se torne negativo.
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,100 0,0000 132,71 96,94 - -
2 PQ 0,798 -46,41 - - 12,27 5,89
3 PV 1,100 -82,42 60,00 109,82 159,51 -
4.5.1.6 Comentários
Além das duas técnicas descritas nas seções anteriores para as etapas de predição
e correção, outras formas de predição (denominada Método da Secante) e correção
(chamada Correção Perpendicular) são encontradas na literatura.
O método da secante consiste em determinar a solução predita em função de duas
soluções da curva de soluções das equações não-lineares calculadas previamente. neste
caso, o ponto predito é dado por
(k−1)
− x(k)
pred base
x x x
= +α
ρpred ρbase ρ(k−1) − ρ(k)
(k−1) (k)
x x
onde (k−1) e são as duas últimas soluções corrigidas disponı́veis.
ρ ρ(k)
A vantagem do uso desta estratégia para o cálculo do ponto predito é que não
há necessidade de resolver o sistema linear expresso pela equação (4.5.3) para outros
pontos além da primeira solução do processo iterativo do método da continuação.
Uma boa predição do método da secante é função: da proximidade dos pontos;
da magnitude dos incrementos determinada na fase da predição e da parte da curva
de solução das equações não-lineares onde está se realizando a predição (plana ou
inclinada, próxima ao extremo da curva).
EEL-UFSC 61
Uma técnica alternativa de correção pode ser estabelecida com base no vetor per-
pendicular ao vetor tangente de predição da equação (4.5.3); ou seja, ao invés da
equação ui − upred
i = 0, a equação a ser incluı́da no sistema não-linear 4.5.2 é expressa
como
t
(x − xpred )
∆x ∆ρ =0 (4.5.11)
(ρ − ρpred )
onde xpred ) e ρpred ) é o ponto predito, assim como o vetor tangente ∆xt ∆ρ é
• a convergência para uma solução em que ρ seja maior que o ρ da solução anterior,
mas com magnitude das tensões maior do que a correspondente à solução anterior.
Estes problemas são causados pelo não atendimento das restrições de desigualdade
no ponto predito e a imposição desta restrição na etapa de correção; ou seja, se na
etapa de predição as desigualdade não forem verificadas, na etapa de correção, que
consiste na solução das equações do fluxo de potência, corre-se o risco de uma eventual
conversão de barra tipo PV em PQ, ocasionando uma correção bastante diversa daquela
estimada.
62 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
M aximizar ρ
sujeito a g(x, ρ) = 0
(4.5.12)
xm ≤ x ≤ x M
hm ≤ h(x) ≤ xM
onde ∆Pi (x, ρ) e ∆Qi (x, ρ) são os vetores dos desbalanços de potências ativa e reativa
parametrizados; Pgi e Qgi são as potência ativa e reativa geradas, respectivamente;
Pdi0 e Qdi0 são os vetores com os valores iniciais das demandas de potências ativa e
reativa, respectivamente; e ∆Pdi e ∆Qdi são os vetores com as direções de variação das
demandas de potências ativa e reativa, respectivamente.
Os componentes ∆Pdi e ∆Qdi , os quais são especificados pelo usuário, definem a
direção de crescimento de carga na qual o processo de otimização irá buscar um ponto
de operação que satisfaça as restriçOes de capacidade e operacionais correspondente a
um carregamwento extremo.
Para as barras de geração, a direção de variação das demandas de potências ativa e
reativa pode ser feita igual a zero. Isto implica em que, nestas barras, toda a demanda
é suposta ser atendida localmente. Para as barras de injeção nula, o mesmo artifı́cio é
utilizado de modo que, ao final do processo iterativo, a restrição de injeção de potência
nula nestas barras seja satisfeita. As barras PQ consideradas no presente contexto são
àquelas que efetivamente possuem demanda de energia elétrica ou barras de injeção
nula. No caso dessas barras, uma direção de decréscimo (∆Pdi e ∆Qdi é especificada a
priori.
O vetor h(x) é composto pelas restrições operacionais do sistema de energia elétrica.
Entre outras restrições, este vetor poderá conter:
[x , ρ]
M aximizar ρ
sujeito a Pgj − (Pd0j + ρ∆Pdj ) − Pj (V, δ) = 0
Qgj − (Q0dj + ρ∆Qdj ) − Qj (V, δ) = 0
(4.5.15)
Pgmj ≤ Pgj = (Pd0j + ρ∆Pdj ) + Pj (V, δ) ≤ PgMj
0
Qm M
gj ≤ Qgj = (Qdj + ρ∆Qdj ) + Qj (V, δ) ≤ Qgj
Vjm ≤ Vj ≤ VjM
onde todas as variáveis foram definidas previamente e por simplificação não foram
incluı́dos os taps dos transformadores.
A solução do problema representado pela equação (4.5.15) fornece:
Observe que a inclusão das restrições de desigualdade faz com que a solução do
problema 4.5.15 seja diferente daquela obtida através do Método da Continuação.
64 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
Barra Tipo V δ Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,100 0,0000 119,13 59,71 - -
2 PQ 0,900 -36,06 - - 11,82 5,67
3 PV 1,100 -64,32 60,00 73,81 153,64 -
Exemplo 4.5.2
No caso do sistema de três barras da figura 4.7, a solução das equações da rede elétrica
sob a condição de máximo carregamento operativo é mostrada na tabela 4.5. Verifica-
se que, devido a imposição do limite de magnitude de tensão na barra de carga, uma
demanda menor do que aquela mostrada na tabela 4.4 é suprida.
onde ∆Vj é a variação da magnitude da tensão da barra crı́tica, obtida do vetor tangente
de predição. O incremento ∆Pj é a variação de carga imposta à barra crı́tica j, expressa
como
∆Pj = ∆ρ∆Pdj
onde ∆Pdj corresponde à direção de variação da demanda na j-ésima barra.
Este ı́ndice se aproxima de zero quanto mais próximo o sistema está do ponto crı́tico
da curva P-V.
O critério de cálculo do ı́ndice de proximidade do ponto crı́tico deve ser estendido
para que seja utilizada não apenas a variação de carga da própria barra crı́tica, mas
também a variação de carga global do sistema. A razão disto é que a variação global
é responsável pela queda de tensão da barra crı́tica. Isto fornece os dois ı́ndices de
colapso de tensão dados abaixo
∆Ptotal
IP CTativo = −
∆Vj
e
∆Qtotal
IP CTreativo = −
∆Vj
onde,
n
X
∆Ptotal = ∆ρ ∆Pdi
i=1
e n
X
∆Qtotal = ∆ρ ∆Qdi
i=1
tal que σ1 ≥ σ2 ≥ σ3 ≥ . . . ≥ σm .
Supondo que a matriz Jacobiana é de ordem m × m, a equação anterior pode ser
re-escrita como m
X
J= ui σi vit
i=1
ou, alternativamente,
m
∆δ X ∆P
= σi−1 vi uti
∆V ∆Q
i=1
Tomando-se
∆P
= um (4.6.2)
∆Q
então
∆δ −1
= σm vm (4.6.3)
∆V
Assim, os vetores singulares direito e esquerdo vm e um podem ser interpretados
da seguinte forma:
onde os termos upi e uqi se referem aos componentes de um correspondentes às injeções
de potência ativa e reativa, respectivamente.
onde o ı́ndice j se refere às barras que possuem geradores ou compensadores estáticos
instalados.
Pdtot
(4.7.1)
Qdtot − Qsup
dtot
iccr =
Qdtot
onde icca e iccr são os ı́ndices de corte de carga nas demandas de potências ativa e
reativa, respectivamente; Pdtot e Qdtot são os valores totais de demanda de potências
ativa e reativa, respectivamente; e Pdsuptot
e Qsup
dtot são os valores totais de demanda de
potências ativa e reativa que podem ser supridos pelo sistema de energia elétrica de
modo a que as equações do fluxo de carga ainda apresentem uma solução real.
70 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
Exemplo 4.7.1
Considere o sistema de duas barras, apresentado na figura reffigsis2, com um nı́vel de
demanda de 340 MW e 272 MVAr. Conforme mostrado anteriormente, o sistema não
apresenta ponto de operação viável neste nı́vel de carregamento. Em outras palavras,
não existe solução real para as equações do fluxo de potência.
Na tabela 4.6 são apresentados os resultados obtidos da aplicação das abordagens ba-
seadas no método de Newton-Raphson com fator de amortecimento ao sistema-exemplo.
As soluções A e B correspondem respectivamente às aplicações dos métodos de Iwamoto
e Tamura e Dehnel e Dommel.
Solução Pdsup
2
Q d2 V2 δ2 d icca iccr
(MW) (Mvar) pu graus % %
A 325,46 144,08 0,5978 -32,99 1,2875 4,28 47,03
B 261,27 181,74 0,5647 -27,56 1,1977 23,16 33,18
∂F (x)
= 0 : [S(x) − Sesp ]t J(xm ) = 0
∂x
Como [S(x) − Sesp ] é diferente de zero, isto implica em que J(xm ) é singular.
cada barra do sistema. Portanto, o sistema pode ser levado à fronteira da região
de solvabilidade se as injeções forem modificadas de forma a que todos os des-
balanços de potências sejam zerados. De um modo mais formal, isto pode ser
concluı́do observando que [Sesp − Sm ] é o autovetor à esquerda, w m , correspon-
dente ao autovalor nulo da matriz Jacobiana J(xm ). Em [12] e [13], mostra-se
que wm é paralelo ao vetor normal à Σ em Sm . Como Sesp é um elemento que
emana normalmente de Sm , a direção ótima para se retornar à Σ é a direção
oposta à normal; isto é, [Sesp − Sm ].
A distância entre esta solução para as equações do fluxo de potência e S esp é
então dada por q
d(S ) = [Sesp − Sm ]t [Sesp − Sm ]
esp
a qual pode ser utilizada como uma medida do grau de dificuldade de solução
para o fluxo de potência, tendo como direção ótima de retorno à solvabilidade o
vetor [Sesp − S m ].
• Se S(x) − Sesp = 0 não possui solução real, então o fluxo de potência converge
para um ponto x∗ onde a matriz Jacobiana de S(x∗ ) é singular. Isto pode ser
verificado observando que a direção ∆x(k) em cada iteração é dada por
−1
∆x(k) = −J x(k) S(x(k) ) − Sesp
∂F (x) t
∇F (x(k) ) = = S(x(k) ) − Sesp J(x(k) ) = 0
∂x
EEL-UFSC 73
for perpendicular a direção ∆x(k) ; o que implica em que o seu produto interno
tem que ser nulo. Entretanto, durante o processo iterativo J(x(k) ) não é singular,
tornando-se singular apenas na solução, daı́
t
S(x(k) ) − Sesp S(x(k) ) − Sesp
∇F (x(k) ) • ∆x(k)
=− 6= 0
k ∆x(k) k k ∆x(k) k
visto que S(x(k) ) − Sesp 6= 0. Por outro lado, pode-se observar que conforme
J(x(k) ) se aproxima da singularidade, a equação (2.68) se aproxima de zero, visto
que k ∆x(k) k→ ∞.
Q w
S
S(x)
Superfı́cie Σ
(uma solução viável)
P
1. Fazer S 0 = S esp .
5. Retornar ao passo 2.
1
F (x) = [S(x) − Sesp ]t W [S(x) − Sesp ]
2
Com esta função objetivo, o problema pode ser resolvido através do mesmo algo-
ritmo apresentado na [29]. Entretanto, a componente do autovetor à esquerda associada
à restrição de magnitude de tensão corresponderá a uma mudança em Vs2 escalonado
pelo peso da equação correspondente às barras PV.
constante) para que essas equações sejam satisfeitas. Neste caso, o grau de dificuldade
de obtenção de solução real é expresso em termos da quantidade de carga a ser cortada.
No cálculo desta quantidade, é prevista a otimização de alguns controles, tais como
tapes de transformadores com comutação sob carga, tensões em barras de geração
e/ou despachos de potência ativa, de forma a permitir a observação do impacto destes
controles na solução do problema.
Em termos analı́ticos, o problema de mı́nimo corte de carga [19] é expresso como
M inimizar Ptd θ
sujeito a (1 − θ)Pdi − Pi (x) = 0
(4.7.2)
(1 − θ)Qdi − Qi (x) = 0
a ≤ (θ, x ≤ b
onde Pdi e Qdi são as demandas de potências ativa e reativa, respectivamente, na barra
i; Pi (x) e Qi (x) são as equações de potências ativa e reativa, respectivamente, na barra
i; θ é um vetor contendo a fração da carga a ser cortada em cada barra; P d é o vetor
das demandas de potência ativa nas cargas; x é o vetor das variáveis de otimização.
No problema expresso pela equação (4.7.2), as duas primeiras restrições representam
as equações do balanço de potências ativa e reativa, respectivamente, na barra i; e a
terceira restrição, representa os limites nas variáveis. Por exemplo, cada componente
do vetor θ pode ser maior ou igual a zero e menor ou igual a um. Observe-se que, se
um conjunto de potências ativa e reativa nas cargas for especificado de modo que a
solução real do fluxo de potência exista, na solução ótima do problema 4.7.2, θ i = 0
para i = 1, 2, ..., n.
O problema representado pela equação (4.7.2) pode ser resolvido através do método
de Pontos Interiores Primal-Dual, fornecendo a solução das equações da rede elétrica
e os componentes do vetor θ.
Exemplo 4.7.2
A tabela 4.7 apresenta os resultados da aplicação dos métodos baseados no autovetor
à esquerda e no algoritmo de otimização no sistema-exemplo de duas barras da figura
4.4. Neste caso, a solução C corresponde ao método baseado no uso do autovalor à
esquerda [29] enquanto que G se refere à solução obtida via método de otimização [19].
Solução Pdsup
2
Q d2 V2 δ2 d icca iccr
(MW) (Mvar) pu graus % %
C 288,34 169,71 0,5774 -29,38 1,1694 16,66 37,61
D 139,80 111,84 0,9167 -8,35 2,5638 58,88 58,88
sendo operacional devido à magnitude da tensão na barra 2. Por outro lado, esta
distância aumenta consideravelmente com a utilização do método de otimização. Neste
caso, além da obtenção da solução para as equações da rede elétrica, a modelagem do
problema inclui restrições operativas. Portanto, a solução obtida não somente satisfaz
as equações estáticas do fluxo de potência, como também as restrições operacionais.
Neste exemplo, a geração de potência ativa foi limitada a um máximo de 250 MW, a
geração de potência reativa foi especificada na faixa entre -95 e 150 MVAr, e os limites
de 0,90 e 1,05 pu foram considerados para a magnitude da tensão nas barras.
A observação da tabela 4.7, confirma que a solução fornecida pela abordagem base-
ada no autovetor à esquerda proposta em [29], embora fornecendo a menor distância,
também não é uma solução operacional. Por outro lado, a solução obtida via técnicas
de otimização está situada no interior da região das soluções reais do fluxo de potência,
sendo portanto a que apresenta a maior distância entre a demanda especificada e a de-
manda máxima que pode ser suprida pelo sistema. Neste caso, os limites do sistema
são respeitados, constituindo-se esta solução em um ponto operacional.
Este exemplo simples mostra a influência das diferentes abordagens que determinam
soluções corretivas sobre o ponto de operação do sistema de energia elétrica. As meto-
dologias baseadas no método de Newton-Raphson com fator de amortecimento fornecem
soluções que se localizam na superfı́cie limite Σ, sendo portanto potencialmente sujei-
tas a problemas de instabilidade ou mesmo colapso de tensão. Estes pontos constituem
bifurcações do tipo “nó-sela” nos quais as soluções do fluxo de potência convergem para
uma única solução [21]. A abordagem proposta em [29], embora fornecendo a menor
distância, não resulta numa solução operacional, pois esta também se localiza sobre
a superfı́cie limite Σ. Por outro lado, a utilização de técnicas de otimização, mesmo
requerendo maior corte de carga, fornece soluções operacionais para o problema. Do
ponto de vista técnico, esta é a abordagem que apresenta soluções de melhor qualidade,
visto que os limites operacionais são respeitados.
Vjm ≤ Vj ≤ VjM
onde f (x) é o vetor dos desbalanços de potências ativa e reativa nas barras potenci-
almente sujeitas ao corte de carga; g(x) é o vetor dos desbalanços de potências ativa
e reativa nas barras de injeção nula e naquelas barras que devem ter as suas deman-
das atendidas integralmente; h(x) o vetor das restrições funcionais; e x é o vetor das
variáveis do sistema de potência com seus limites mı́nimos e máximos, respectivamente,
xm e x M .
Quando esta estratégia é aplicada, limites para o corte na demanda em cada barra
de carga podem ser utilizados. Em geral o limite inferior é zero e o valor do limite
superior é atribuı́do inicialmente um valor pequeno, o qual vai sendo gradativamente
aumentado. A solução deste problema fornece o mı́nimo corte de carga que pode ser
feito no sistema, atendendo-se todas as restrições impostas e fornecendo a mı́nima
norma euclidiana dos quadrados dos balanços de potências nas barras de carga. Em
outras palavras, isto representa o mı́nimo corte de carga requerido para se atingir um
ponto de operação aceitável. Com o limite máximo para o corte de carga é possı́vel,
então, testar-se outras possibilidades operacionais para o sistema de potência.
78 Capı́tulo 4: Análise por modelagem estática
Exemplo 4.8.1
As metodologias sugeridas na seção anterior aplicadas ao sistema de duas barras apre-
sentado enteriormente resultam nos valores numéricos mostrados na tabela 4.8. As
soluções E e F referem-se respectivamente ao corte de carga numa direção pré-especificada
e de mı́nimo resı́duo.
Solução Pdsup
2
Q d2 V2 δ2 d icca iccr
(MW) (Mvar) pu graus % %
E 139,82 111,86 0,9169 -8,35 2,5635 58,88 58,88
F 249,44 73,15 0,9377 -14,68 2,1850 26,64 73,11
4.9 Conclusões
O estudo da estabilidade de tensão via modelos estáticos fornece uma primeira in-
dicação quantitativa e qualitativa do problema e das suas soluções. Esses modelos são
em geral baseados nas equações do sistema de potência em regime permanente, mais
especificamente as equações do fluxo de potência convencional.
Um sistema de duas barras ilustra as principais caracterı́sticas da análise do pro-
blema de estabilidade de tensão através da modelagem estática. Abordagens encontra-
das na literatura e metodologias opcionais baseadas no uso de técnicas de otimização
podem ser utilizadas para:
• evitar a divergência do processo iterativo de solução do fluxo de potência;
• determinar pontos de máximo carregamento operacionais e não operacionais;
• calcular ı́ndices de proximidade do ponto crı́tico de carregamento e margens de
demanda;
• identificar áreas sensı́veis ao problema de estabilidade de tensão;
EEL-UFSC 79
5.1 Introdução
No capı́tulo precedente a estabilidade de tensão foi analisada com os elementos do
sistema de potência descritos por suas equações estáticas. Embora aquela abordagem
permita a detecção da proximidade da instabilidade de tensão e forneça ı́ndices de
proximidade da instabilidade, o fato de a modelagem ser simplificada pode causar
imprecisão na indicação da instabilidade ou mesmo restringir os tipos de fenômenos que
podem ser detectados por aquela abordagem. A abordagem por modelagem dinâmica,
ao considerar a dinâmica dos elementos do sistema de potência, e especialmente das
cargas, permite maior precisão na detecção da instabilidade de tensão, além da detecção
de um espectro maior de fenômenos associados à instabilidade de tensão. Como o
fenômeno de instabilidade é essencialmente dinâmico, esta abordagem parece mais
adequada. No entanto, ela também é mais complexa tanto em termos de modelagem
como de métodos para a detecção da instabilidade e da determinação de ı́ndices de
proximidade.
Neste capı́tulo estudaremos a abordagem por modelagem dinâmica da estabili-
dade de tensão. Começaremos este estudo revendo alguns conceitos já discutidos no
Capı́tulo 2, sobre a natureza do problema de estabilidade em sistemas dinâmicos de
maneira geral e de sistemas de potência de maneira particular.
5.3.1 Bifurcações
Seja um sistema não-linear, descrito por
.
x= f (x, λ) (5.3.1)
0 = f (x0 , λ) (5.3.2)
Nesta definição, [x] é uma medida escalar de x. Possı́veis medidas são [x] = xk , com
1 ≤ k ≤ n, [x] = ||x||2 ou [x] = ||x||∞ .
O diagrama de bifurcação permite visualizar o aparecimento e desaparecimento
de soluções com a variação de λ, o que se traduz no diagrama pelo aparecimento de
novos ramos, término de ramos e intercessão de ramos. Os pontos correspondentes são
chamados de pontos de bifurcação ou ramificação.
1. f (x0 , λ0 ) = 0
2. posto fx (x0 , λ0 ) = n − 1
3. fλ (x0 , λ0 ) ∈
/ espaço gerado por fx (x0 , λ0 ), ou seja posto [fx (x0 , λ0 ) f λ (x0 , λ0 )] =
n
d2 λ(σ0 )
4. exite uma parametrização x(σ), λ(σ), com x(σ0 ) = x0 , λ(σ0 ) = λ0 e dσ 2
6= 0
jacobiana cruza o eixo imaginário, sendo que um ciclo limite aparece ou desaparece a
partir do ponto de bifurcação.
Definição 5.3.4 Bifurcação de Hopf
Uma bifurcação de um ramo de pontos de equilı́brio para um ramo de oscilações
periódicas é chamada uma bifurcação de Hopf.
O seguinte teorema, devido a Hopf, fornece as condições de ocorrência desta bi-
furcação
Teorema 5.3.1 Supondo que para f ∈ C 2
1. f (x0 , λ0 ) = 0
2. fx (x0 , λ0 ) tem um único par de autovalores puramente imaginários µ(λ0 ) = ±jβ
e nenhum outro autovalor com parte real zero
d(Reµ(λ0 ))
3. dλ
6= 0
então existe o surgimento de um ciclo limite em (x0 , λ0 ). O perı́odo inicial (da oscilação
de amplitude zero) é T0 = 2πβ
.
A bifurcação de Hopf pode ser supercrı́tica ou subcrı́tica. No caso supercrı́tico,
o ponto de equlı́brio é inicialmente estável para λ < λ0 e instável para λ > λ0 . Os
ciclos limite que emergem, são estáveis. No caso subcrı́tico, tanto o ponto de equilı́brio
quanto os ciclos limite, são instáveis para λ < λ0 . A Figura ?? ilustra estes conceitos.
Bifurcações de Hopf em sistemas de potência podem ocorrer não somente rela-
cionadas à instabilidade de tensão, mas também à estabilidade eletromecânica para
pequenas perturbações ou associada à instabilidade dos modos da excitatriz. Existe
discordância quanto à instabilidade de tensão estar realmente associada à bifurcação de
Hopf. Alguns autores afirmam que a bifurcação de Hopf é causada por reguladores com
ajuste inadequado. O fato de que os incidentes relatados na literatura apresentam um
afundamento monotônico da tensão, parecem reforçar este argumento. Por outro lado,
comportamento oscilatório eu um incidente real de instabilidade de tensão foi citado na
referência [10]. Vários artigos, por sua vez, mostram a possibilidade de aparecimento
de bifurcações de Hopf em modelos de sistemas de potência [25, 26]. Embora a maior
parte destes modelos sejam reduzidos e simplificados, não há razão para descartar o
aparecimento de tais bifurcações em sistemas reais.
86 Capı́tulo 5: Análise por modelagem dinâmica
λ λ
Focos instáveis Focos instáveis
dφ(t; z)
= f (φ(t; z), λ)
dt
Diferenciando-se com relação a z, tem-se
d ∂φ(t; z) ∂f (φ, λ) ∂φ(t; z)
= (5.3.4)
dt ∂z ∂φ ∂z
∂φ(0; z)
Como φ(o; z) = z, tem-se = I.
∂z
Da equação (5.3.4) conclui-se que a matriz de monodromia é dada por Φ(T ), onde
Φ(t) resolve a equação
.
∗
Φ= fx (x , λ)Φ, Φ(0) = I
Φ é a matriz de solução fundamental desta equação, de dimensão n × n.
Os autovalores da matriz de monodromia, chamados multiplicadores de Floquet, e
denotados por µj , com j = 1...n, determinam a estabilidade das soluções na vizinhança
de γ [32]. Um destes autovalores, associado com perturbações na dire ção de γ, é sempre
unitário. Os demais n − 1 autovalores determinam a estabilidade da solução periódica.
A solução é estável se |µj | < 1 para j = 1...n − 1, e instável se existe j tal que
|µj | > 1. Portanto o interior do cı́rculo unitário constitui a região de estabilidade para
os multiplicadores de Floquet.
Deve-se observar ainda que os autovalores da matriz de monodromia são os auto-
∂P(p)
valores de , onde p é o ponto fixo do mapeamento de Poincaré.
∂q
P(q, λ) = q
com q ∈ Σ.
∂P
Para o caso onde µ(λ0 ) = 1, tem-se que um autovalor de é 1 para λ = λ0 .
∂q
A equação para determinar os pontos fixos do mapeamento pode ser escrita como:
−
f (q, λ) = P(q, λ) − q = 0
5.3.4.2 Crises
O conceito de crise está associada ao conceito de atratores caóticos.
Definição 5.3.6 Atrator caótico
Um conjunto Λ é um atrator caótico (ou conjunto invariante caótico ou atrator
estranho) se ele tem as seguintes propriedades:
1. Alta sensibilidade às condições iniciais: trajetórias partindo de pontos arbitra-
riamente próximos irão eventualmente divergir, tornando qualquer predição im-
possı́vel.
90 Capı́tulo 5: Análise por modelagem dinâmica
2. órbitas periódicas: Λ contem órbitas periódicas com todos os perı́odos. Ele também
contem infinitas órbitas não-periódicas.
3. órbita densa: existe uma órbita que é densa em Λ.
4. Conjunto de Cantor: Λ é um conjunto de Cantor, ou seja, tem dimensão fractal.
Neste trabalho não será apresentada uma descrição detalhada da teoria de caos. O
interesse se concentra no fenômeno de crise.
Definição 5.3.7 Crise
Uma crise é a colisão entre um atrator caótico e um ponto fixo instável ou órbita
periódica, coexistentes.
Uma crise pode ser classificada como crise de limite (¨boundary crisis¨) ou crise
interior.
A crise de limite se caracteriza pela súbita destruição do atrator caótico e sua base
de atração. O atrator caótico deixa de existir assim que os valores de parâmetros
passam o ponto de crise. Trajetórias que partem da região ocupada anteriormente
pelo atrator caótico parecem continuar a ter um comportamento caótico, mas deixam
a região, após um intervalo de tempo finito..
Na crise interior, a colisão se dá com a base de atração. A crise interior resulta em
uma ampliação do domı́nio de atração.
ẋ = f (x, y, zc , zd ) (5.4.1)
z˙c = hc (x, y, zc , zd ) (5.4.2)
xd (k + 1) = = hd (x, y, zc , zd (k)) (5.4.3)
f (x, y, zc , zd ) = 0
Como as equações diferenciais associadas à dinâmica rápida não são resolvidas pelo
método numérico, passos de integração de valor mais elevado podem ser usados.
92 Capı́tulo 5: Análise por modelagem dinâmica
CAPÍTULO 6
6.1 Introdução
Neste capı́tulo consideraremos as ações de controle que podem ser efetuadas para man-
ter a estabilidade de tensão ou aumentar as margens de segurança, afastando o sistema
de uma possı́vel instabilidade.
As ações de controle dependem da natureza da instabilidade. Separaremos estas
ações para o caso de instabilidade de tensão para curto prazo e estabilidade de tensão
a longo prazo.
Para a tensão Vc compensada além da barra terminal verifica-se pela Figura 6.1:
Vc = VBT − Xc Ix (6.3.1)
onde:
Ix é a componente reativa da corrente terminal do gerador;
Xc é a compensação de queda de corrente reativa.
1 2
Usualmente de a de Xt , a reatância do transformador elevador, é compensada.
2 3
Da condição de regime permanente tem-se:
Vc = Vgref (6.3.2)
A Equação (6.3.3) mostra que para se obter a tensão terminal (ou VBT ) é tomado o
valor de corrente reativa, multiplicado pelo ganho proporcional à reatância compensada
e somado à referência do regulador de tensão.
A equação da tensão no lado de alta é obtida da rede elétrica:
barra de alta tensão, conforme a Figura 6.1, ou adiante e mais afastada do terminal do
gerador ou ainda a potência reativa nas máquinas.
A tensão pode ser realimentada ainda de uma barra de alta tensão de outra su-
bestação. O controle conjunto pode também compensar uma reatância de linha sem
realimentar a tensão de barra.
No caso do Sistema Sul do Brasil, há algum tempo o Controle Conjunto de Volt-
Ampères Reativos (Joint VAR Control) foi usado em algumas usinas. No caso de
solicitação pela rede elétrica este controle permite uma injeção momentânea de potência
reativa, mas logo a referência de potência reativa reajusta automaticamente a excitação
para manter os VARs e não a tensão, o que não é desejável para a estabilidade de tensão.
CAPÍTULO 7
7.1 Introdução
O objetivo deste capı́tulo é o estudo do controle secundário de tensão, cujo objetivo é
a melhoria dos nı́veis de tensão do sistema e aumentar as margens de estabilidade de
tensão.
Faremos uma breve revisão do controle de tensão em sistemas elétricos, antes de
estudar especificamente o controle secundário de tensão.
Na Figura 7.1 está um diagrama com os três nı́veis de controle automático de tensão
aplicados a uma área de um sistema.
Os três nı́veis hierárquicos de controle de tensão tem tempos de resposta bem dife-
rentes para evitar interações, como mostrado na Tabela 7.1.
Na Figura 7.2 estão mostradas as duas malhas do controle secundário, junto ao
controle primário.
EEL-UFSC 101
Controle
Primário Secundário Terciário
de Tensão
Minuto Hora
Escala Segundo
(por exemplo, uma (por exemplo, uma
de Tempo (resposta em miliseg.)
atualização cada 10 s) atualização cada 15 min)
Elemento
Gerador Área de Transmissão Sistema Elétrico
Abrangido
Ajusta a tensão do
Determina o valor
Mantém a tensão gerador para
Função de tensão das
terminal do gerador controlar a tensão
barras piloto
da barra piloto
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voltage stability analysis. volume 10, pages 304–310, Maio 1991.
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A.1 Resumo
• Discordâncias de Potência
Barras PV e PQ:
n
X
∆Pi = Piesp − Picalc (e, f ) = Piesp − [ei (Gik ek − fk Bik ) + fi (fk Gik + ek Bik )]
k=1
Barras PQ:
n
X
∆Qi = Qesp
i − Qcalc
i (e, f ) = Qesp
i − [fi (Gik ek − fk Bik ) − ei (fk Gik + ek Bik )]
k=1
lembrando que:
Yik = Gik + jBik
Vk = ek + jfk = |Vk |∠δk
Si = Pi + jQi = Vi Ii∗ (A.1.1)
n
X n
X
Si = V i Yik∗ Vk∗ = (ei + jfi ) (Gik − jBik ) (ek − fk )
k=1 k=1
∂∆P ∂∆P
− −
∆P
∂e ∂f
∂∆Q ∂∆Q
∆e
∆Q = − −
∂e ∂f ∆f
2
∆|V |
∂∆|V |2 ∂∆|V |2
− −
∂e ∂f
(v) (v−1)
ek = e k + ∆ek
(v) (v−1)
(A.1.2)
fk = f k + ∆fk
EEL-UFSC 109
∂∆Pi ∂Pi
− = = −ei Bik + fi Gik i 6= k
∂fk ∂fk
n
∂∆Pi ∂Pi X
− = = 2ei Gii + (Gik ek − fk Bik )
∂ei ∂ei k=1, k6=i
n
∂∆Pi ∂Pi X
− = = 2fi Gii + (fk Gik + ek Bik )
∂fi ∂ei
k=1, k6=i
∂∆Qi ∂Qi
− = = fi Gik − ei Bik i 6= k
∂ek ∂ek
(A.1.3)
∂∆Qi ∂Qi
− = = −fi Bik − ei Gik i 6= k
∂fk ∂fk
n
∂∆Qi ∂Qi X
− = = −2ei Bii − (ek Bik − fk Gik )
∂ei ∂ei
k=1, k6=i
n
∂∆Qi ∂Qi X
− = = −2fi Bii + (Gik ek − Bik fk )
∂fi ∂fi k=1, k6=i
adj(A)
A−1 =
det(A)
Observação B.1.1
det[adj(A)] = [det(A)]n−1
Observação B.2.1
O posto de uma matriz Am×n é no máximo igual ao menor entre o número de linhas e
de colunas da matriz, isto é ρ(A) ≤ min{m, n}.
Observação B.2.2
O posto de uma matriz A, também pode ser definida como o máximo número de linhas
(ou colunas) linearmente independentes da matriz.
Observação B.2.3
Uma matriz A é dita de posto completo se o seu posto for igual ao mı́nimo entre m e
n.
x1 = y
x2 = ẏ
..
x3 = y
EEL-UFSC 113
x˙1 = x2 (B.3.2)
x˙2 = x3 (B.3.3)
x˙3 = x1 − 10x2 + 5x3 (B.3.4)
λ1 = −0.1
λ2 = 2.55 + i2
λ3 = 2.55 − i2
Revisão de cálculo
Em termos matriciais,
∂f /∂x1
∂f /∂x2
∇f (x) = ∇x f (x) = ..
.
∂f /∂xn
Observação C.2.1
É comum representar o gradiente por um vetor linha.
Cn = {x | f (x) = k, k = escalar}
Exemplo C.2.1
Para f (x, y) = 8 + (x1 − 4)2 + 2(x2 − 2)2 (figura C.1) o gráfico de f é a superfı́cie
z = 8 + (x1 − 4)2 + 2(x2 − 2)2 . A curva no plano x1 x2 ,obtida para z = 24 é a elipse
(x1 − 4)2 + 2(x2 − 2)2 = 16. Para z = k, as curvas de nı́vel de f são as elipses
(x1 − 4)2 + 2(x2 − 2)2 = k − 8.
EEL-UFSC 117
18
14
10
gradf
−2
−6
−10
−10 −6 −2 2 6 10 14 18
A expressão anterior mostra que para α = 0 (isto é, u colinear com ∇f (x, y)) a
função tem a máxima taxa de variação. Portanto, a direção da máxima taxa
de variação de uma função é dada pelo seu vetor gradiente. Representando
o gradiente no plano f (x, y) = k tem-se que ele é perpendicular às curvas de nı́vel da
função f .
∂2f ∂2f
, para i 6= j e para i = j
∂xi ∂xj ∂x2i
Se f é uma função contı́nua e duas vezes diferenciável, estas n2 segundas derivadas
parciais podem ser representadas por uma matriz quadrada, simética, denominada
matriz Hessiana de f (x), e denotada por
∂ 2 f /∂x21 ∂ 2 f /∂x1 ∂x2 . . . ∂ 2 f /∂x1 ∂xn
∂ 2 f /∂x2 ∂x1 ∂ 2 f /∂x22 . . . ∂ 2 f /∂x2 ∂xn
∇2 f (x) = ∇2xx f (x) = .. ..
. . .
. .
∂ 2 f /∂xn ∂x1 ∂ 2 f /∂xn ∂x2 . . . ∂ 2 f /∂x2n
Uma vez que
∂2f ∂2f
=
∂xi ∂xj ∂xj ∂xi
pode ser visto facilmente que a Hessiana é uma matriz simétrica.
Se a matriz Hessiana de f é constante, f é dita função quadrática, e neste caso
é expressa como,
1
f (x) = xT Gx + cT x + α
2
onde, G é uma matriz constante; c é um vetor, e α é um escalar.
Note que, o vetor gradiente da função quadrática é
∇f (x) = Gx + c
Portanto, se
f1 (x)
f2 (x)
f (x) = ..
.
fm (x)
EEL-UFSC 119
então
∂f1 /∂x1 ∂f1 /∂x2 . . . ∂f1 /∂xn
∂f (x) ∂f2 /∂x1 ∂f2 /∂x2 . . . ∂f2 /∂xn
= ..
∂x
.
∂fm /∂x1 ∂fm /∂x2 . . . ∂fm /∂xn
Se f ∈ C 2 é possı́vel definir m Hessianas ∇2 f1 (x), ∇2 f2 (x), ...∇2 fm (x) correspon-
dentes às m funções que compõem f . A segunda derivada de f é um tensor de 3a ordem,
porém seu uso explı́cito usualmente não é necessário. Dado um vetor λt = [λ1 , λ2 , ...λm ],
a função λt f tem gradiente igual a λt ∇f (x), representado neste caso por um vetor linha
e onde ∇f é uma notação alternativa para o jacobiano, e Hessiana
m
X
λt ∇2 f (x) = λi ∇2 fi (x)
i=1
Observação C.2.2
A matriz Hessiana da função escalar f (x) : R n → R1 é a matriz Jacobiana da função
vetorial ∇f (x).
Observação C.2.3
A taxa de variação de f no ponto x ao longo da direção p é dada pela quantidade
∇f (x)T p, a qual é denominada derivada direcional.
Observação C.2.4
O escalar pT ∇2 f (x)p pode ser interpretado como 2a derivada de f ao longo de p, e é
comumente conhecido como curvatura de f ao longo de p;
Observação C.2.5
A direção p tal que pT ∇2 f (x)p > 0(< 0)) é chamada direção de curvatura positiva
(negativa);
Observação C.2.6
A expansão em série de Taylor de uma função geral f em torno de um ponto x permite
determinar aproximações simples da função na vizinhança de x. Assim,
f (x + p) ∼
= f (x) + ∇f (x)T p
define uma função linear do vetor n-dimensional p (distante ||p|| de x) e é uma apro-
ximação de f com erro da ordem ||p||2 ;
120 Capı́tulo C: Revisão de cálculo
Observação C.2.7
De maneira análoga à observação anterior
1
f (x + p) ∼
= f (x) + ∇f (x)T p + pT ∇2 f (x)p
2
define uma aproximação quadrática de f com erro da ordem ||p|| 3 .
Anotações
2 Anotações
Anotações 3
4 Anotações
Anotações 5
6 Anotações
Anotações 7
8 Anotações
Anotações 9
10 Anotações
Anotações 11