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Na mesma conferência Queirós se referiu a Gustave Flaubert e a seu estilo realista como
a máxima representação do movimento literário. Para Eça o adultério aparece em Madame
Bovary de forma nua e crua, diferentemente do cinismo poético e mascarado originário do
ultrarromantismo. Na perspectiva do português ali o amor ilegítimo “surge aos nossos olhos
gotejando miséria e podridão, pavoroso como um espectro diante do qual instintivamente se
recua com repulsão e horror” (QUEIRÓS apud LOURENÇO, 2012, p. 414). Eça de Queirós
ainda afirma que o realismo se caracteriza veementemente pelo intuito de moral, justiça e
verdade que o autor se impôs a delatar.
Essa nova forma de narrar influencia Eça em suas obras conseguintes, a se destacar o
Primo Basílio, e é exatamente esse estilo pioneiro de narrador realista-naturalista – impessoal
e imparcial no julgamento da ação das personagens – que sofre dura censura e desaprovação
em questões de crítica literária. A reclamação temerária dos críticos da época à obra era de que
não havia uma certa repudia do autor e do narrador à conduta de Luísa no romance. Essa
perspectiva própria dos personagens em relação à ação que ocorre será fruto de inúmeras
reclamações ao longo da consolidação do realismo-naturalismo e seu novo estilo de narrar.