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CABOCO DE RAIZ E RAIZ DE CABOCO

“A incidência maior de caboclos em terreiros bantus, ou deles derivados, tem sido


interpretada como decorrente de terem entrado no país, como escravos, antes dos jejes e
nagôs (CASTRO, 1980:138).”

Em dezembro de 2004, acompanhei Pai Passinho ( meu Zelador) a uma festa de caboclo num
Terreiro Ketu, belíssimo, dirigido pelo Babalorixá Olavo de Logum Edé, situado na rota do
Aeroporto, aqui em Salvador(Ba).

Estiveram presentes muitos Caboclos; de penas, Boiadeiros e Capangueiros (tipo de Boiadeiro


curador, rezador). Estavam vestidos a caráter com todos os adereços que caracterizam esses
personagens do Norte, do Centro e do Sul do Brasil, em especial os Boiadeiros do Norte e do
Sul.

Enquanto a festa se desenrolava, havia alguns intervalos onde os Balorixás em sua maioria, e
alguns Tat´etus riá Nkissi, como era o caso de meu pai, comentavam principalmente sobre o
fato do aumento de festas de caboclos em Terreiros Ketu, quando foram citados inúmeros
Terreiros .

Vejam o que diz Mundicarmo Ferretti :

O fato de alguns caboclos recebidos nos terreiros afro-brasileiros serem conhecidos por nomes
indígenas, como Tabajara e Tupã, não deve ser visto como prova de que ali são cultuados
ancestrais e divindades indígenas. Afirma-se no Tambor de Mina que o turco Tabajara, nasceu
em Damasco e recebeu esse nome no Brasil, ao entrar na aldeia de Caboclo Velho (o índio
Sapequara).

As entidades espirituais não africanas cultuadas em terreiros brasileiros (de Candomblé,


Xangô, Mina, Batuque e Umbanda) têm sido classificadas, em conformidade com a fábula das
"três raças formadoras da sociedade nacional" de quem fala Roberto da MATA (1981:59-63),
nas seguintes categorias:

1) caboclos (representantes da população nativa/indígena ou de segmentos populares da


sociedade brasileira ligados a área rural);

2) pretos-velhos (representantes dos escravos africanos);

3) e senhores ou "gente fina" (representantes do colonizador europeu - branco).

Os caboclos parecem mais antigos e surgiram, tanto na Bahia como no Maranhão (Nordeste do
Brasil), em terreiros nagôs (iorubanos) e bantus (congo, angola, cambinda).

Diz ainda: “ Os boiadeiros, apesar de ligados a atividades rurais, como são no Brasil muitos
descendentes de índio, parece que geralmente não têm origem indígena e, às vezes, são
apresentados em letras de músicas cantadas em rituais como sendo de Angola ou da Hungria.”

“A sua representação como angolanos reforça a idéia de que o surgimento das entidades
espirituais não africanas nos terreiros brasileiros tem muito a ver com a cultura bantu ou com
os Candomblés bantu.”
Já a sua representação como provenientes da Hungria sugere sua associação a ciganos - povos
nômades oriundos, provavelmente, do Egito, Índia e Caldéia, que foram escravizados ou
perseguidos na Hungria e em diversos países da Europa, e que foram muito numerosos na
Hungria, onde, em 1761, houve uma frustrada tentativa para a sua sedentarização (SANT'ANA,
1983:30). São conhecidos no Brasil desde o Século XVI (SANT'ANA, 1983:33) e aparecem em
São Luís, nas representações natalinas dos terreiros, como tendo vindo do Egito, e em rituais
por eles realizados para entidades femininas, como provenientes da Espanha .

“Boa noite prá quem é de boa noite,


bom dia prá quem é de bom dia,
A benção, meu pai, a benção
Sou boiadeiro, filho da Hungria”.
(Samba Angola - Casa Fanti-Ashanti

No Maranhão o termo caboclo designa também turcos (como a Cabocla Mariana), europeus
de origem nobre (como Antônio Luiz, vulgo Corre-Beirada - filho de Dom Luís, Rei de França) e
encantados das matas (florestas), como os Surrupiras, sem ligação com a pecuária e de origem
indígena discutível.

Além do nome Surrupira lembrar Curupira (ser da mitologia tupi que protege a mata e assusta
os caçadores), em algumas casas os Surrupiras são denominados Curupiro, ou mesmo,
Curupira. Contudo, nos terreiros de São Luís, os Surrupiras são conhecidos como entidades da
mata do "Gangá" e classificados, por Mãe Elzita, como "Fulupa", termos que parecem remeter
à África - aos Felupe (povo da Guiné Bissau, de quem fala SILVA/1983) e a uma "nação"
africana muito conhecida em Cuba - Gangá (GUANCHE, 1983).

Eu sou Caboclo Guerreiro


Guerreiro de Alexandria
Guerreriro é homem nobre
Filho do Rei da Turquia
(Terreiro de Yemanjá - de Pai Jorge)

- “EU TAMBEM SEI DE VÁRIAS PESSOAS QUE TIVERAM SUA INICIAÇÃO MISTURADA COM O
CULTO DOS CABOLCLOS CHAMADOS DE CABOCLOS DE ANGOLA OU BOIADEIROS, OS
ABSURDOS SÃO MUITOS CHEGAM A SUSPENDER E CONFIRAMR KAMBONDOS E MAKOTAS PRA
ESSAS DIVINDADES. NA VERDADE PELO QUE CONHEÇO, INICIAÇÃO, CONFIRMAÇÃO SÃO
CULTURAS BANTU E OU YORUBA, NADA TEM HAVER COM CABOCLOS/BOIADEIROS.

KUKUMBO”

- Mano Kukumbo, o meu Zelador é filho de santo de Mam´étu Kizunguirá, que por sua vez era
filha de Maria Neném. Pois bem, ele tem assentado por aquela Mam´etu, minha avó de santo,
o caboclo dele que se chama Caboclo Eru, o qual suspendeu e já foi confirmada para ele, uma
Makota. Essas duas Mam´etus são consideradas tradicionalistas, portanto ... será que é
absurdo mesmo?
Continuem lendo essa postagem que ainda vamos ter “mais absurdos”...

Em dezembro de 2004 acompanhei meu pai à Casa Matriz do Tumbenci, para visitar a mãe
carnal da atual Matriarca, Mametu Cajamungongo, que é sua irmã de santo. Lá encontra-se os
assentamentos dos caboclos e o retrato da Cabocla Kissanga, os quais, todos se manifestavam
em Maria Neném, a “Mãe do Angola na Bahia” !!! O retrato falado e pintado de Kissanga está
no barracão do Tumbensi para quem quiser ver.

“O caso dos turcos no Tambor de Mina demonstra a dificuldade de se fazer grandes


generalizações na religião afro-brasileira e os riscos de se interpretar a existência de todas as
entidades caboclas em termo de sincretismo afro-ameríndio. Levando-se em conta os dados
aqui apresentados, dificilmente se poderia considerar aquelas entidades como seres da
mitologia ou ancestrais indígenas.

A mitologia dos turcos no Tambor de Mina tem como matriz principal gestas (estórias) de
Carlos Magno e não mitos de índios brasileiros, como o do Curupira que, certamente, tem
relação com o do Surrupira encontrado do Tambor de Mina. Os turcos não poderiam ser
também encarados como entidades espirituais introduzidas do Tambor de Mina por curador
(pajé), uma vez que a fundadora do Terreiro da Turquia, alem de negra, foi preparada em casa
de "fundamento" africano ("taipa").

No Tambor de Mina do Maranhão, Almirante Balão, Ferrabrás de Alexandria, Princesa Floripes


não são apenas personagens literários ou de representações folclóricas, são encantados que
entraram na aldeia do índio Sapequara, que lutaram na Guerra do Paraguai (episódios alheios
àquele texto literário, que foram acrescentados a ele no Brasil, provavelmente, no Terreiro da
Turquia). Na Mina aquela narrativa pode ser também enriquecida por episódios ocorridos nos
terreiros, com os filhos-de-santo em transe com eles, como a relação deles com o vodum
Averequete, padrinho de todos os turcos no Terreiro da Turquia.

Existe um Candomblé, conhecido, como, “candomblé pé de serra”, “candomblé do camisão”,


“candomblé dos antigos” “candomblé de caboco de angola” praticado em Coaraci e Almadina,
no Interior da Bahia, pelas pessoas da terra, chamadas caboclos, filhos de índios Tapuias e seus
descendentes, que ao se juntarem com os negros escravos Yorubanos, Jejes e Bantus
passaram a praticar um candomblé cheio de milonga e sincretismo, cultuando principalmente
os Minkissi, Njila, e Vumbe. É o CANDOMBLÉ DE ANGOLA DA NAÇÃO DE CABOCLO AMURAXÓ.

Nessa Nação, a cabeça é feita para um Nkisi (masculino) ou uma Nkissiane (feminino) do
Angola o(a) qual tem juntó, tem Exu (Njila e Exu para eles só muda o nome). Na feitura, a Mãe
de Santo catula, raspa apenas a corôa do mutuê (uma roda na cabeça, no local da moleira), ou
seja, não se raspa a cabeça toda, se faz o orô, o santo “dá o nome na praça” e a muzenza tem
Digina. (Será mano Otuajô que o Senhor estava se referindo a esta Nação em uma de suas
postagens neste tema?)

Segundo o meu Zelador, que teve a sua primeira iniciação nessa Nação, é igualzinho aos rituais
da Nação Angola, como aliás não poderia deixar de ser, já que brotaram das mãos dos negros
bantus, no que se refere ao culto aos Minkissi.
A esta Nação pertenceram Mãe Vitória, Aruakamba de Zaze ( primeira Mãe de Santo de meu
Zelador), matriarca do Terreiro Aldeia do Ecutá que é do Arirá que Muclariá que Muclarioci,
cujo barracão ainda existe na Serra de Coaraci –Ba, tendo sido inaugurado em 1920.

Desde 1910 que Mãe Vitória tinha casa aberta, iniciada por Mãe Luzia em Terreiro de
Candomblé lessé Orixá. Com o falecimento desta, tirou a mão do vumbe com um pai de santo
da Nação d´Amuraxó; nada mais, nada menos que Miguel Arcanjo. Ele foi para aquela região a
convite de Mestre Severiano Manoel de Abreu que recebia o Encantado Jubiabá (o que fez
Joãozinho da Goméia, e por isso dizem que ele não foi feito de santo) num Candomblé de
Caboco de Nazaré das Farinhas, mas era filho de Município da Região.

O Terreiro Viva Deus, no tempo de meu pai eras dirigido fundado por "VÔ FELICIANO" que
tambem era muito amigo de Miguel Arcanjo, não tenho certeza se o VÔ foi o fundador. Mas a
Nação é Angola. Passamos por lá em dezembro de 2004. Atualmente é uma Mam´etu quem
dirige. Infelizmente naquele dia ela não pôde nos atender , porem nos encaminhou para a casa
da Makota Itana Damuraxó para que nos entendessemos com ela. Vimos o Terreiro por fora e
entramos na casa da Mametu. Tudo lá nos reporta a Nkissi e a Caboclo.

O Terreiro de Massanga, que era de Miguel Arcanjo, não foi conservado, acabou e os filhos
foram beber das águas dos Ketu. Ele foi o Pai de Santo de Rufino do Beiru.

O Caboco de Miguel Arcacanjo se chamava Gentil e ele cantava assim:


Sou eu Xororó do Xó
Gentil de Amuraxó
Sou filho de Maduxó
Sou eu Xororó do Xó

O Terreiro do Tumbenci que foi levantado por Maria Neném, ficava quase em frente ao
Terreiro de Massangua de Miguel Arcanjo. Com a venda dos lotes da roça dela que era muito
grande, os assentamentos foram transferidos para a parte da terra que ficou para a sua
sobrinha carnal, onde existe hoje o Tumbenci sob a direção de Lembamuxi.

São do Amburaxó os herdeiros do Terrreiro de Massangua, e desta Nação muitas rezas e foram
herdadas pelos atuais filhos do Viva Deus Filho, em pleno funcionamento em Salvador-Ba. (de
lá temos a Makota Itana D´Amburaxó, minha xará e irmã pelo coração) e outras
personalidades Ilustres do atual Candomblé de Angola. O Viva Deus Filho é Terreiro da Nação
de Angola e está situado na Segunda Travessa São Thomé, Engomadeira, Fim de Linha, Lote nº
57B.Miguel Arcanjo e Maria Neném eram muito amigos, daí começou o enredo do Tumbenci
com a Nação D´Amuraxó. Conta-se, que nenhum Barco era recolhido em nenhum dos dois
terreiros sem a presença de ambos.

No D´Amuraxó fala-se línguagem Tapuia misturada com línguas Bantu (principalmente Kiribum
e Kimbundo).

Meu pai incluiu muitas rezas e palavras do Amburaxó no seu Unzó em homenagem a Mãe
Vitória que foi uma Mãe boníssima, segundo ele e toda a sua familia. Inclusive, antes de rezar
o Sequesé de Mamãe nós rezamos em Amburaxó e sabemos pela tradução que são palavras
que se referem a Dandalunda conversando com Deus Criador e no final ela pergunta “
kolodiá?” = o que será? O que nos reserva o futuro? Clareia Pai... É lindíssima!
TUDO ISSO É MEU PAI QUE ME CONTA E ME LEVA NOS LOCAIS PARA EU VER E CONSTATAR.
Outras coisas eu busco, leio, corro atrás... tudo dito aqui pode ser provado e comprovado...

Pelo exposto e por outros detalhes do passado, é que eu disse aqui no fórum no item
“prevalência dos iorubanos no candomblé”, que os “nossos mais velhos” aceitaram a milonga
das nações e o sincretismo. Eu me pergunto: como sair da milonga, com tanta paixão
envolvida nas lembranças, nas homenagens, nas recordações do dia a dia vivido com esses
Veneráveis vultos de nossa história de raiz que eram milongueiros??? TUDO NO BRASIL TEM
MILONGA!!! Somente o bolso do trabalhador é puro.

Os caboclos conversam com as pessoas; como esquece-los, negá-los ou tentar excluí-los?

Tudo que Vó Kizunguirá assentou em nossa unzó É SAGRADO, ninguém mexe. No Bate Folha,
nosso primo, é a mesma coisa, tudo que Bisa Maria Neném plantou está lá....

Na minha cabeça e no meu coração, estão muito imbricados os detalhes de alguns ritos,
zuelas, rezas, provérbios do Amuraxó, do dialeto Kiribum (a língua morta dos Apelegis, tão
usada por minha Vó). Imagine na cabeça de meu velho pai e de seus irmãos...

É importante o resgate cultural, SEM A MENOR SOMBRA DE DUVIDA. Todos querem saber de
onde vêem. Mas... nunca foi feito aqui o que era feito lá em África. Além disso o que era feito
lá não era geral; cada tribo fazia de um jeito e milongavam também, como arrumaríamos hoje
esses antepassados sem nenhum registro?

Entendo que é preciso dar tempo ao tempo. Vamos ter que respeitar a emoção das
lembranças dos que conviveram com os Veneráveis, até porque ERRADO NÃO ESTÁ quando
consideramos o CANDOMBLÉ como legado deixado pelos africanos e não por um africano, ou
uma nação. O valor da identidade cultural tomou corpo posteriormente, pelo desejo de cada
fiel manter a tradição de sua tribo, de seu povo.

Os Terreiros Ketus, principalmente os mais antigos e tombados, são hoje Sociedade de


Preservação do Asé Bangbosé. Isto obriga a todos os terreiros Ketus conhecerem e
reconhecerem como foi pensado o Candomblé em sua nascente no BRASIL. Eles têm um
parâmetro, e nós?

Em nossas raízes bantas estão a complacência, a boa convivência pacifica com índios e
degredados de todas as raças, de todas as cores de pele, de todas as religiões o que nos coloca
no meio desta plêiade de Entidades espirituais chamada CABOCLO BRASILEIRO, que honra a
Nação de Angola, portanto, por que não, CABOCLO DE ANGOLA???

Kolo diá?

(Em Amuraxó, vale dizer, "o que será o amanhã?" )

Fiquem em Paz

Mutarerê, Bahia, 26 setembro de 2016,

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