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A partir dessa descrição, é bem possível que se trate de um caso de ansiedade latente, visto
que a pessoa não consegue lidar de maneira devida com seus afetos e isso pode ter sido efeito
de algum tipo de planejamento desmedido ou não sucedido em sua ontogênese.
CASO 2
O Sr. A.C, 38 anos, casado, foi encaminhado para consulta psiquiátrica por tentar suicídio,
ateando fogo em si mesmo. Há cerca de três meses vem sentindo tristeza, não consegue
levantar-se da cama e sente-se muito cansado (1). Relatou que as manhãs eram terríveis,
levantava-se e se sentia incapaz para realizar as atividades do dia-a-dia (2), tais como: lavar
louça, tomar banho e ir trabalhar. À noite, quando dormia, despertava de hora em hora
durante a madrugada (6). Ele mal falava com as pessoas e isolava-se o mais que podia. Seu
apetite tinha diminuído e perdeu quatro quilos no período (7). Queixava-se, ainda, de dores
intensas, principalmente na cabeça. Sentia sua cabeça vazia e não assimilava o que lia.
Perdeu o interesse por tudo e a vida lhe parecia sem graça (3). Julgava-se inútil e achava ser
responsável pelo sofrimento de sua família. Começou a ouvir vozes que o acusavam de
arruinar a sua família e o estimulavam ao suicídio (4). Relatou, ainda, que há dois anos teve
um quadro semelhante e tentou o suicídio com medicamentos, tendo feito tratamento
ambulatorial, ficando assintomático
CASO 3
Uma mulher de 50 anos vai à consulta acompanhada de familiares. Declara que aos 14 anos
de idade passou por evento de estresse intenso que foi a ameaça de morte por parte de um
vizinho, por motivos dos quais não se lembra (1). Descreve que logo após o fato, desenvolveu
uma sensação de medo importante, com períodos de substancial restrição social e sofrimento
(2). Deu prosseguimento à sua vida e desenvolvimento, casou-se, teve filhos e trabalha no
mesmo emprego há cerca de 17 anos. Tem períodos em que sente uma importante piora do
medo, com uma significativa sensação de persecutoriedade (3). Muitas vezes acha que as
pessoas, mesmo aquelas que não conhece, estão a perseguindo e comentando algo sobre si e
seu comportamento (4). Nos últimos anos, tem grande dificuldade em ficar sozinha e acredita
que, mesmo em casa, haja sempre alguém a vigiando. Em alguns momentos tem “visões” de
vultos que ficam na vizinhança (5). Associada a essa percepção de medo se considera uma
pessoa ansiosa (6). Há mais de 5 anos sente sempre que algo de ruim ou catastrófico está para
acontecer , mas nunca teve medo de enfrentar situações, por mais adversas que fossem (7).
1 - amnésia anterógrada, isto é, afeto da memória que faz com que sejam esquecidos os
eventos que aconteceram antes do trauma.
2 - alteração da afetividade: aparenta sintomas autonômicos da ansiedade
3 - alteração sensoperceptiva: alucinação visual-auditiva (sentimento de perseguição); e ainda
alteração da afetividade: aparenta sintomas autonômicos da ansiedade intermitentes;
CASO 4
R.C. 28 anos, solteiro, com escolaridade superior incompleta, sem profissão, mora com a
família e é por ela sustentado. Foi encaminhado para a consulta psiquiátrica porque estava
convencido que os seus sobrinhos eram falsos e que haviam sido trocados por outras pessoas
(1). Tornou-se desconfiado e julgava ser espionado. Dizia que as pessoas sabiam o que ele
estava pensando, e que até a televisão captava seu pensamento (2). Ouvia vozes comentando
sobre o que estava fazendo e dizia que aqueles que passavam por seus sobrinhos eram
impostores (3). RC relata que a primeira vez que escutou vozes foi aos 22 anos de idade, que
tinha medo de sair nas ruas e julgava que as pessoas faziam algo contra ele (4). Ao chegar em
casa sentia cheiro de flor, mesmo sem flor e julgava que sua comida tinha remédio. Parou de
ingerir remédios e deixou de tomar banho, justificando que o chuveiro deixava-o amarelo (5).
Ele percebeu, um dia, que duas vozes, em sua cabeça, estavam comentando sobre o que
estava fazendo (6). Julgou que os vizinhos instalaram uma antena parabólica para captar seus
pensamentos (7). Todas essas alterações são de ocorrência diária, com duração contínua de
semanas e meses. Foi internado seis vezes em hospitais psiquiátricos, mas, mesmo com o
tratamento, continuava desconfiado, retraído, passivo, com responsividade emocional restrita.
Não conseguiu voltar a estudar e ter um emprego (8).